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1 TEMPO COMUNIDADE, EDUCAÇÃO DO CAMPO E RESISTÊNCIA CAMPONESA NO ASSENTAMENTO MILTON SANTOS Ana Salles de Simas 1 Danitielle Cineli Simonato 2 Ellen Gallerani Correa 3 José Simões Nunes 4 Marcelo de Albuquerque Vaz Pupo 5 Mayra Vergotti Ferrigno 6 Theo Martins Lubliner 71 RESUMO: A chamada Educação do Campo é estruturada em dois momentos pedagógicos: o Tempo Comunidade (TC), compreendendo a vivência na comunidade rural, e o Tempo Escola (TE). Ambas as etapas dessa proposta de educação (Pedagogia de Alternância) promovem aprendizado e geram conhecimento. Mas é sobre o caráter de vivência do Tempo Comunidade o principal foco desse artigo, realizado por estudantes de especialização lato sensu do curso do PRONERA Residência Agrária, da Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP. Já percorremos dois Tempos Escola e no presente momento estamos no segundo Tempo Comunidade. Pudemos escolher o Assentamento Milton Santos (ou Projeto de Desenvolvimento Sustentável Comuna da Terra Milton Santos), que se localiza na região metropolitana de Campinas para a vivência do TC. Motiva-nos o protagonismo que os agricultores e agricultoras deste assentamento desempenharam durante as ofensivas jurídicas ao longo do ano de 2012, quando, ameaçadas de desejo, as 68 famílias se manifestaram através da ocupação do prédio do INCRA e do Instituto Lula, ambos na capital paulista. Estes acontecimentos direcionam nossa integração junto à comunidade ao mesmo tempo que nos oportunizam uma rica formação política. O processo de apreensão da realidade durante os primeiros meses deste ano de 2014 nos indica a multiplicidade de fontes de informação e intercessores que o território possui entre a gestão campesina de vida e trabalho e o canavial sucroalcooleiro que circunscreve os 104 hectares conquistados em 2005. O presente artigo propõe dialogar com a Educação do Campo, de forma que, juntos à comunidade, possamos contribuir para efetivar práticas como estratégia de resistência e permanência na terra ocupada e a produção sadia de alimentos. 1Residente Agrária - UNICAMP [email protected] 2 Mestra em Agroecologia e Desenvolvimento Rural UFSCar [email protected] 3 Doutoranda em Ciência Política UNICAMP - [email protected] 4 Mestrando em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável UFFS - [email protected] 5 Doutorando em Ensino de Ciências UNICAMP - [email protected] 6 Mestra em Antropologia Social UNICAMP [email protected] 7 Mestrando em Economia UNICAMP - [email protected]

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TEMPO COMUNIDADE, EDUCAÇÃO DO CAMPO E RESISTÊNCIA

CAMPONESA NO ASSENTAMENTO MILTON SANTOS

Ana Salles de Simas1

Danitielle Cineli Simonato2

Ellen Gallerani Correa3

José Simões Nunes4

Marcelo de Albuquerque Vaz Pupo5

Mayra Vergotti Ferrigno6

Theo Martins Lubliner71

RESUMO: A chamada Educação do Campo é estruturada em dois momentos pedagógicos: o

Tempo Comunidade (TC), compreendendo a vivência na comunidade rural, e o Tempo Escola

(TE). Ambas as etapas dessa proposta de educação (Pedagogia de Alternância) promovem

aprendizado e geram conhecimento. Mas é sobre o caráter de vivência do Tempo Comunidade

o principal foco desse artigo, realizado por estudantes de especialização lato sensu do curso

do PRONERA – Residência Agrária, da Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP. Já

percorremos dois Tempos Escola e no presente momento estamos no segundo Tempo

Comunidade. Pudemos escolher o Assentamento Milton Santos (ou Projeto de

Desenvolvimento Sustentável Comuna da Terra Milton Santos), que se localiza na região

metropolitana de Campinas para a vivência do TC. Motiva-nos o protagonismo que os

agricultores e agricultoras deste assentamento desempenharam durante as ofensivas jurídicas

ao longo do ano de 2012, quando, ameaçadas de desejo, as 68 famílias se manifestaram

através da ocupação do prédio do INCRA e do Instituto Lula, ambos na capital paulista. Estes

acontecimentos direcionam nossa integração junto à comunidade ao mesmo tempo que nos

oportunizam uma rica formação política. O processo de apreensão da realidade durante os

primeiros meses deste ano de 2014 nos indica a multiplicidade de fontes de informação e

intercessores que o território possui entre a gestão campesina de vida e trabalho e o canavial

sucroalcooleiro que circunscreve os 104 hectares conquistados em 2005. O presente artigo

propõe dialogar com a Educação do Campo, de forma que, juntos à comunidade, possamos

contribuir para efetivar práticas como estratégia de resistência e permanência na terra ocupada

e a produção sadia de alimentos.

1Residente Agrária - UNICAMP – [email protected]

2 Mestra em Agroecologia e Desenvolvimento Rural – UFSCar – [email protected]

3 Doutoranda em Ciência Política – UNICAMP - [email protected]

4 Mestrando em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável – UFFS - [email protected]

5 Doutorando em Ensino de Ciências – UNICAMP - [email protected]

6 Mestra em Antropologia Social – UNICAMP – [email protected]

7 Mestrando em Economia – UNICAMP - [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

É possível conceber diversas formas de se estabelecer uma relação entre universidade

e setores da sociedade para fins de pesquisa e produção de conhecimento. O fato de que é

possível identificar uma pluralidade de formas com que pesquisadores atuam é notório,

portanto, na afirmação de que a universidade é palco permanente de disputas que incidem

diretamente nas posturas em jogo, principalmente entre àquelas pessoas diretamente

envolvidas na sistematização dos dados e na publicação de conhecimentos.

Ou seja, falamos aqui do método, do como, e de projetos político-pedagógicos que o

orientam.

Partindo desse pressuposto, pensemos então em dizer algumas palavras sobre como se

deu e se dá a relação entre os estudantes e o assentamento, atentando para o fato de que na

composição do grupo que atua no assentamento pela Residência Agrária contamos com um

morador do Milton Santos.

Esse fato implica numa certa inserção para se estabelecer os primeiros contatos e

aproximações com as famílias e com a comunidade, e de certa forma este é um dos fatores

que contribuem para que tenhamos apoio, boa acolhida e colaboração para com nossas

demandas enquanto educandos.

O contexto político dessa relação que agora se estabelece pelo curso do PRONERA,

no entanto, é mais amplo, fazendo com que alguns de nós já tivéssemos contato e atuação

conjunta com a organização do assentamento e algumas de suas lideranças, sejam do MST ou

não.

Esses dois fatores fizeram com que nosso contato inicial para efetivar o tempo

comunidade se desse por uma dessas lideranças, fator que influencia nosso trabalho até o

momento. Deixar claro nosso propósito enquanto educandos, nos apresentarmos como grupo

disposto a contribuir com os projetos em andamento e perceber as demandas locais e já

existentes foi uma preocupação que tivemos, buscando uma postura que possa assumir

responsabilidades que não se restrinjam às tarefas universitárias, mas que exercite a

solidariedade política que seja cabível e viável no transcurso do tempo que lá estivermos.

Essa intenção nos mobiliza a entrar em contato com outros núcleos de base e outros

sujeitos e lideranças locais, afim de que possamos visualizar da melhor maneira o cenário em

questão e seus conflitos. Acreditamos que estes, antes do que meros desvios de rota, são, ao

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contrário, elementos que reafirmam o processo democrático, e que distorções ocorrem quando

as decisões que incidem sobre a comunidade não contam ou contam pouco com a participação

direta das famílias envolvidas. As formas e canais de expressão onde o indivíduo ou grupo de

indivíduos possam se utilizar maneira que se sintam contemplados em seus desejos e

vontades, são, nesse sentido, essenciais à participação popular.

Ao mesmo tempo, recompor e reinventar as estruturas de representatividade política

não é uma tarefa fácil e elementar, e é exatamente por esse motivo que a canalização da

criatividade e dos esforços coletivos é imprescindível para que os problemas e os inevitáveis

abalos possam ser encarados em co-responsabilidade. Nesse sentido, os aprofundamentos

conceituais da prática associativa e cooperativa devem ser levados em conta. Como dizem

alguns autores, a autogestão da sociedade prepara-se na autogestão das lutas — os

assentamentos, entre outros territórios populares, são, portanto, vistos como espaços de

excelência na luta pela transformação social.

Esta assunção é uma das vertentes com as quais o núcleo de educandos do Milton

Santos pode contribuir e alocar disposição, o que nos remete a compreender as implicações

conceituais que geram interlocução entre o papel da universidade, a educação do campo e os

territórios camponeses. Como educandos nos interessa viver e estudar os significados postos

pelas pessoas do assentamento Milton Santos. Acreditamos que a aproximação com a base,

com as famílias e seu cotidiano, são essenciais para a formação que a Residência Agrária

proporciona.

E é este jogo de significados, os sentidos que nos promovem a reflexão sobre

produção de vida e alimento e suas implicações socioambientais, que têm a capacidade de

atenuar fronteiras e limites — culturais, econômicas, étnicas. Aproximação para promoção da

alteridade transformadora que refaz identidades.

Nesse âmbito de interação, a identificação de afinidades gera simpatia e afetividade;

respeito e amizade. Os propósitos se aproximam em planejamento e estratégias, em

cooperação, em parceria que satisfaz a razão acadêmica e a sensibilidade das emoções. Nem

toda prática pedagógica é um ato de amor, mas quando é ou tem chance de ser, ela torna-se

algo pra além da formalidade e da institucionalidade que a promove, ela torna-se a amálgama

de rotas de vida que reinterpreta a ação humana.

É, portanto na relação com os agrupamentos — famílias, jovens, grupo SAF-Horta,

rádio comunitária — onde repousa a essência organizativa do assentamento e onde

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pretendemos permanecer, fortalecendo os esforços na produção orgânica e em sua

comercialização, atividades que se vinculam à própria essencialidade de um assentamento

rural. Esta é a estratégia sociopolítica do grupo, fazer acontecer as atividades produtivas e

fazer valer canais de expressão e comunicação desse papel social que cumpre a comunidade,

dando visibilidade à agricultura familiar e camponesa e à agroecologia.

2. EDUCAÇÃO DO CAMPO E PRONERA

O processo de aprendizagem baseado na Pedagogia de Alternância é um dos pilares da

Educação do Campo, cujos princípios inspiraram o Programa Nacional de Educação da

Reforma Agrária (PRONERA) e, consequentemente, o curso de especialização lato sensu

Residência Agrária. Desta forma, para iniciar nossa reflexão sobre o tema, retomaremos

brevemente o processo de constituição da Educação no Campo no Brasil, bem como seus

principais fundamentos.

De acordo com Caldart (2008), a Educação do Campo nasceu como

mobilização/pressão de movimentos sociais por uma política educacional para comunidades

camponesas. Este processo de mobilização/pressão combinava tanto as lutas dos sem-terra

pela implantação de escolas públicas nas áreas de reforma agrária quanto as de diversas

organizações e comunidades camponesas para não perder suas escolas, suas experiências de

educação e seu próprio território. Em outras palavras, a Educação do Campo teve origem nas

experiências de luta pelo direito à educação e por um projeto político-pedagógico vinculado

aos interesses da classe trabalhadora no campo, a qual é composta por uma diversidade de

segmentos sociais: povos indígenas e da floresta, comunidades tradicionais e camponesas,

quilombolas, agricultores familiares, assentados, acampados, extrativistas, pescadores

artesanais, ribeirinhos e trabalhadores assalariados rurais (CALDART et al., 2012).

O movimento da Educação do Campo teve como ponto de partida o I Encontro

Nacional de Educadores da Reforma Agrária (ENERA) realizado em 1997 e a expressão

“Educação do Campo” foi cunhada posteriormente na I Conferência Nacional Por Uma

Educação Básica do Campo ocorrida em Luziânia/GO em 1998. Como resultado destes

espaços de discussão e articulação dos movimentos sociais e sindicais do campo, é criado o

PRONERA em 16 de abril de 1998 por meio da Portaria n. 10/98.

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A Educação do Campo tem como um dos seus fundamentos a construção de um outro

projeto de campo e de educação que seja alternativo à visão liberal de educação atualmente

hegemônica. Segundo Caldart (2008), um dos aspectos centrais deste novo projeto é a

proposta de uma visão alargada de educação em contraposição a uma visão “escolacentrista”,

que toma a escola como referência única em todos os processos formativos. Este aspecto da

Educação do Campo está diretamente relacionado ao tema de nossa discussão neste artigo.

Mais adiante, discutiremos algumas das dificuldades que essa nova proposta encontra para se

concretizar na prática, sobretudo quando ela se articula com o modelo tradicional de

construção do conhecimento das universidades, já que os cursos do PRONERA se dão pelas

parcerias com estas instituições de ensino.

Neste sentido, a visão alargada de educação reivindicada pela Educação do Campo

consiste em pensar a lógica da vida do campo como totalidade em suas múltiplas e diversas

dimensões. Ou seja, esta proposta pedagógica procura dar conta dos diversos processos

formativos que os sujeitos coletivos do campo estão envolvidos: processos econômicos,

políticos e culturais. Dentro desta concepção, a escola é um dos espaços onde estes processos

formativos ocorrem, mas não o único (CALDART, 2008). É dentro desta perspectiva,

portanto, que o método da Pedagogia da Alternância utilizado nos cursos do PRONERA se

insere. Seu objetivo é formar educadores e extensionsitas a partir da articulação do ensino

escolar (Tempo Escola) com a vivência na comunidade (Tempo Comunidade) com intuito de

promover esta “visão alargada de educação”.

3. TEMPO COMUNIDADE: UM MOMENTO DE APROXIMAÇÃO

Segundo o Manual de Operações do PRONERA (Programa Nacional de Educação na

Reforma Agrária) 2012, os projetos devem apresentar uma estratégia de ação para o Tempo

Comunidade. Neste período, os educandos devem atuar nas áreas de assentamento em equipes

interdisciplinares para realizar uma vivência com as famílias e realizarão um diagnóstico, na

perspectiva de compreensão da realidade local. Nesse sentido é importante compreender que o

objetivo central desse primeiro momento é o estabelecimento de uma relação de confiança e

companheirismo entre residentes e assentados e não um “diagnóstico da realidade local”. Para

tanto é imprescindível que haja um entendimento coletivo da equipe de educandos de que essa

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relação não se trata de mais um projeto de pesquisa, mas sim de uma relação de solidariedade

entre diferentes sujeitos da luta pela terra.

Nossa aproximação com o assentamento se deu através de um dos membros da equipe

e de uma assentada, ambos companheiros de luta pela terra na Região de Campinas, ou seja,

essa relação se construiu não de um diagnóstico ou simplesmente por uma boa intenção de

algumas pessoas em contribuir com o desenvolvimento do assentamento, mas por uma

ligação orgânica de companheirismo através da luta pela existência do Assentamento Milton

Santos e por uma luta maior.

Através desse contato, a ideia inicial era conhecermos com maior propriedade o

assentamento e a vida dos assentados. Para tanto, resolvemos estabelecer uma conversa com

as famílias, as lideranças e os coordenadores da associação do assentamento, para conhecer as

atividades que estão sendo desenvolvidas no assentamento e com as quais poderíamos

contribuir. Foi na aproximação dessas atividades que começamos a conhecer melhor o

assentamento e os(as) assentados(as).

Ao contrário de uma prática comum, seja na extensão, da pesquisa ou da pesquisa-

ação, de realização de questionários ou entrevistas, optamos por conversas informais,

participação em espaços coletivos, espaços de confraternização e de trabalho/mutirão.

Optamos por não aplicar as diretrizes como um questionário fechado, ou uma conversa formal

cheia de perguntas, pois consideramos esse tipo de intervenção constrangedora a qual boa

parte dos assentados já estão saturados, como relatados por muitos. Boa parte dos assentados

está cansada de pesquisadores que usufruem de informações dos assentamentos, enquanto a

realidade do assentamento em nada melhora, ou piora. Nosso objetivo era, portanto, criar um

laço de respeito, confiança e solidariedade, em vez de insistirmos em obter informações a

qualquer custo.

Para obter outros dados que nos eram necessários para compreender aquela realidade,

optamos por ver alguns trabalhos (monografias, artigos, teses, dissertações, vídeos,

documentários) que já foram feitos sobre o assentamento, inclusive alguns deles pelos

próprios assentados.

4. ALGUNS DADOS E RELATOS SOBRE O ASSENTAMENTO MILTON SANTOS

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O Assentamento Milton Santos está localizado no município de Americana, na Região

Sudeste do Estado de São Paulo. Está situado na bacia do córrego Jacutinga, entre os

municípios de Americana e Cosmópolis e foi homologado em 23 de dezembro de 2005.

O assentamento é composto atualmente por 68 famílias, distribuídas ao longo de uma

área de aproximadamente 104 hectares, cada lote tem cerca de 0,97 hectares, este também

possui duas áreas sociais de um hectare aproximadamente, sendo uma no município de

Americana e outra no município de Cosmópolis.

O assentamento foi criado a partir de uma nova proposta de assentamento vislumbrada

pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o PDS (Projeto de

Desenvolvimento Sustentável). Os PDS foram criados pela Portaria Inteministerial nº. 01, do

Ministério de Desenvolvimento Agrário e o Ministério do Meio Ambiente, de 24 de janeiro

de 1999, e consistem na produção de alimentos mesclada com a produção florestal, por meio

da implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), além do manejo destas áreas para a

extração de essências, óleos, madeiras, palmito, etc. (JULIO, 2006).

No caso do assentamento Milton Santos, sua construção baseou-se em uma nova

concepção de Reforma Agrária: a Comuna da Terra, na qual os títulos da terra não são

concedidos individualmente, mas passados para todos os assentados, como uma forma de

evitar a evasão dos assentados e irregularidades no acesso a terra como a compra/venda de

lotes.

egundo ilva “a Comuna da erra possuiria alguns elementos diferenciais em

relação aos assentamentos antigos, nos uais a valori ação da comunidade enfati ada,

buscando a construção de um espaço social e político comum”.

As famílias se organizam através da formação de núcleos, além de disporem de um

espaço destinado a atividades coletivas, que corresponde à área de uso comum do

assentamento, local onde acontecem as mais diversas atividades, como oficinas, seminários,

reuniões, místicas, festas, cerimônias religiosas etc (SILVA, 2007).

O assentamento é formado por famílias, em sua maioria de origem urbana, que

viveram muitos anos em cidades próximas como Limeira, Sumaré e Campinas, e a área do

assentamento está inserida em uma região tradicional de latifúndios monocultores de cana-de-

açúcar.

Por vezes, a demanda de assistência técnica é necessária, visto que as famílias viviam

em áreas urbanizadas. Sabemos que de fato há assistências técnicas positivas, com trocas de

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conhecimentos entre a equipe que vai ao assentamento e os assentados. Por outro lado, há

muitas visitas técnicas negativas, pois a experiência diária dos assentados não é considerada

como conhecimento a ser compartilhado e o conhecimento científico do profissional técnico

acaba por atravessar outros tipos de saberes. Mesmo que algumas famílias tenham origem

urbana, a vivência desses agricultores no assentamento as capacita diariamente. O técnico

apenas complementaria essa experiência.

A pesquisa de SALIM (2007) nos conta uma história de luta até a conquista da terra

pelos assentados.

A conquista do Pré-Assentamento Comuna da Terra Milton Santos foi o

resultado de quarenta e dois dias de luta e ocupações por um grupo de

famílias em busca do acesso a terra. Muitos deles já faziam parte do

movimento e tiveram participação em outros acampamentos em sua

trajetória de vida e luta.

Este processo de luta, as informações sobre as ocupações e a descrição do

pré-assentamento foram levantadas a partir de entrevistas realizadas ao longo

dos trabalhos de campo com os integrantes do MST. Entrevista com

funcionários do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP);

consultas à reportagens de periódicos e bibliografia sobre o assunto.

O grupo que realizou os acampamentos foi formado através de um trabalho

de base realizado por integrantes do MST no segundo semestre de 2005, na

Região Metropolitana de Campinas (RMC) e município de Limeira.

Os militantes do MST se espalharam nos bairros dos municípios divulgando

que estariam realizando um trabalho de base, explicando a situação, que a

luta pela reforma agrária começa debaixo da lona preta, com vento, chuva e

sol.

Desta forma, na manhã do dia 12 de novembro de 2005 cerca de 100

famílias, juntamente com estudantes e sindicalistas, entre outros apoiadores,

ocuparam a fazenda Santo Antônio em Limeira, da antiga Granja Malavazzi.

Até o início de dezembro, o acampamento acolheu mais pessoas, chegando

ao número de 300 famílias.

A fazenda Santo Antônio está situada no bairro Jardim da Lagoa Nova,

próximo à antiga estrada ue liga Limeira à anta Bárbara d’ Oeste e possui

uma área de 230 hectares, sendo que apenas uma parte da propriedade foi

utilizada para o acampamento.

A alegação dos integrantes do movimento era que a granja Malavazzi havia

falido e não realizou o pagamento dos encargos trabalhistas, estando

penhorada e no poder da justiça, portanto a fazenda poderia ser utilizada para

a reforma agrária.

Na primeira assembleia do acampamento foi escolhido o seu nome,

Acampamento Milton Santos, homenageando o geógrafo (in memorian), que

ocupou a posição de embaixador no governo do Jânio Quadros,

comprometido com as causas populares e com discussões referentes à

globalização. De acordo com o líder do assentamento Elias Antônio dos

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antos, “Gordo”, o MST normalmente escolhe nomes de pessoas que

lutaram contra o capitalismo e a favor da erradicação da pobreza.

Após diálogos com o ITESP, com a Polícia Militar e com a liminar de

reintegração de posse, no dia 07 de dezembro de 2005, às 19h, os integrantes

do movimento desocuparam a fazenda.

A reintegração de posse foi baseada na alegação de esbulho possessório por

parte do proprietário do imóvel. O esbulho possessório baseado na “[...]

acusação de ato ilegal triplificado no artigo 161, parágrafo 1º, inciso II, do

Código Penal”. FELICIANO, 6, p. 1 6 .

No mesmo dia as famílias realizaram uma nova ocupação, próxima à rodovia

que liga Limeira a Arthur Nogueira, a fazenda Santa Júlia, no bairro Ferrão,

com área de 90 hectares. Os membros da coordenação do movimento

continuavam não querendo confrontos com a Polícia Militar, mas esperavam

queo INCRA encontrasse uma área para que as famílias fossem assentadas,

já que, não tinham para onde ir.

Os integrantes do acampamento reivindicaram a questão da improdutividade

da fazenda Santa Júlia, uma vez que a mesma não estava cumprindo sua

função social. A liminar de reintegração de posse foi novamente concedida,

mas a desocupação não ocorreu, pois os acampados aguardavam a decisão

do INCRA referente a uma nova área para realizar o assentamento das

famílias.

No dia 23 de dezembro de 2005, após duas liminares de reintegração de

posse nas áreas ocupadas, o INCRA organizou a retirada das famílias da

fazenda Santa Júlia que foram acompanhadas pela Polícia Militar Rodoviária

até uma nova área definitiva, próxima ao bairro Antônio Zanaga, em

Americana.

O INCRA já havia regularizado a compra desta área em Americana, na

região conhecida como Pós-represa, para fins de reforma agrária em

fevereiro de 2004, quando a mesma foi ocupada pelo acampamento Terra

Sem Males.

A área utilizada para o novo assentamento corresponde ao sítio Boa Vista,

confiscado e incorporado ao patrimônio do Instituto Nacional de Previdência

Social (atual Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS) e comprado

pelo INCRA para fins de reforma agrária (SALIM, 2007).

4.1 Assentamento Milton Santos: Resistência e Luta!

Com o assentamento consolidado e em plena produção, em julho de 2012, uma

situação inesperada veio tirar o sossego dos assentados do Assentamento Milton Santos.

Historicamente a área que hoje corresponde ao assentamento fora comprada pela

família Abdalla, mas por dívidas trabalhistas com a União a área foi repassada ao INSS,

através do Decreto 77.666/1976, em 1976 como forma de pagamento. Porém a área era usada

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irregularmente pela Usina Ester, para a monocultura de cana de açúcar, embora a usina não

tivesse o título de propriedade.

A família Abdalla entrou na justiça solicitando a posse da área, alegando que o

patrimônio arrecadado era maior que a dívida. A partir desse fato, o juiz emitiu uma liminar

de despejo para o INCRA. A liminar concedia 30 dias para saída da área, mas conseguiram a

prorrogação do prazo para mais 90 dias, somando 120 dias a partir de 04 de julho de 2012.

Nesse embate, as famílias começaram um processo de resistência e luta contra o

despejo, realizando reuniões, acordos com os governos estadual e federal, mas sem sucesso.

As famílias, então, em parceria com organizações e entidades elaboraram um dossiê

com vários documentos, denunciando a grilagem de terras na região. Foram feitas assembleias

abertas ao público, com os representantes do INCRA e da Presidência da República.

De acordo com a pesquisa de Nunes (2013), na época, os assentados declararam que

não sairiam do Assentamento, pois se a Usina Ester ameaçasse plantar cana-de-açúcar na área,

seria por “cima dos corpos dos assentados”, pois eles estariam dispostos a lutar pelos seus

direitos e pelo dever do Estado.

Em dezembro de 2012, as famílias intensificaram a luta contra o despejo e ocuparam o

escritório da presidenta Dilma, em São Paulo, também ocuparam o INCRA e fizeram

passeatas na capital e no município de Americana.

No dia 20 de dezembro de 2012, as famílias ocuparam a via Anhanguera, uma das

principais rodovias do Estado (Figuras 1 e 2), solicitando que a presidenta assinasse a

desapropriação por interesse social, entendendo que seria a única medida a permitir a

permanência das famílias.

Figura – 1 Ocupação da Rodovia Anhanguera em dezembro de 2012

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Fonte: José Simões Nunes, 2012

Em luta, as famílias permaneceram esperando o despejo que estava marcado para ser

entre os dias de Natal e Ano Novo. A resistência dessas famílias foi intensa, e pode ser

constatada na construção de grandes barreiras de pneus nas entradas do assentamento (Figura

2).

Já no começo do ano 2013, movimentos sociais diversos, estudantes, professores

universitários, pastorais de igrejas se mobilizaram e somaram-se ao coletivo na luta pela causa

do Assentamento Milton Santos. O suporte para essa mobilização se deu através de notícias

veiculadas pela internet, em redes sociais, pela televisão, por rádio entre outros meios de

comunicação.

Figura – 2 Formação das barricadas na entrada do Assentamento Milton Santos em dezembro de 2012

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Fonte: José Simões Nunes, 2012

As famílias também ocuparam o Instituto Lula, a fim de divulgar a injustiça pela qual

estavam passando e fi eram a Campanha “ omos odos Assentamento Milton antos” ue

surtiu efeito positivo, pois a Juíza Federal Louise Filgueira emitiu uma suspensão da liminar

de despejo até que fossem julgados os processos da área e determinou o recolhimento

provisório do mandado de reintegração de posse expedido em primeira instância (NUNES,

2013).

Esse processo ainda corre na justiça nos dias atuais (2014), e os assentados ainda

aguardam a decisão final, portanto a RESISTÊNCIA e LUTA para permanecer na terra.

5. A RELAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E OS ASSENTAMENTOS: ALGUNS

APONTAMENTOS CRÍTICOS SOBRE O TEMPO COMUNIDADE

Sabemos que as práticas de ensino, pesquisa e extensão da universidade pública têm

como objetivo promover a pesquisa e o conhecimento, bem como formar seu quadro discente.

Na maioria das vezes, esse fim justifica quaisquer meios utilizados. Dito em outros termos,

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muitas vezes não são de fato questionados os métodos para o alcance daquele objetivo e a

falta de compreensão das realidades a serem analisadas compromete a eficiência

metodológica, que se torna a simples obtenção de dados, pouco discutidos e refletidos pela

comunidade acadêmica. Isso acontece tanto com aqueles que produzem conhecimento para o

agronegócio como com aqueles que produzem para a agroecologia. A chave desta questão

parece estar para além do caráter mercantilista ou humanista da formação e do conhecimento.

A pergunta que surge é: o que estamos construindo com essas práticas? Cabe nesse artigo

problematizar o caminho daqueles que veem na universidade uma possibilidade de

transformação da sociedade. Compreender esse caminho significa poder visualizar onde

poderemos ou não chegar.

Quando nos propomos a construir um curso de educação do campo e agroecologia, ou

seja, de luta pela terra, devemos nos perguntar se o caminho que estamos seguindo é correto

ou se nossos esforços são suficientes para nossos objetivos. Perguntamos: deveria ser o

objetivo central de um curso como esse a boa formação de quadros para o setor público, ou

essa poderia ser a consequência de um curso que constrói junto aos verdadeiros sujeitos (os

assentados) uma nova forma de fazer ciência? A educação do campo, a extensão rural e a

pedagogia da alternância não poderiam quebrar paradigmas ao invés de reproduzir uma lógica

universitária?

É necessário compreender que a formação crítica e engajada politicamente dos

residentes e de universitários em geral deve ser consequência e não o objetivo de uma

intervenção da universidade em um assentamento seja essa intervenção de pesquisa, de

pesquisa-ação ou de extensão. Na atual lógica, os sujeitos (assentados) são tratados como

objetos de estudo enquanto aqueles que deveriam ser os apoiadores (estudantes) são tratados

como sujeitos.

O assentamento não é simplesmente um local de pesquisa, mas a casa e a vida de

muitas pessoas. Portanto, é também um local de construção política e social, que promove e

articula diversos saberes e novos conhecimentos. Deixar algum legado, seja papel ou

concreto, no assentamento não só não garante a melhoria da condição de vida daquelas

pessoas, como pode significar a piora.

6. CONCLUSÃO

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A Universidade é um local de análise de dados que são coletados, em geral, fora dela;

um lugar de discussão de ideias; uma estrutura vinculada a uma estrutura maior que a

organiza (mercado que pode financiar pesquisas e estudos; políticas públicas, que podem

direcionar as verbas e estabelecerem currículos) e um conjunto de práticas cotidiano formado

por todas as pessoas que ali trabalham e estudam. Isso gera tanto um potencial interessante de

suscitar transformações, como de reproduzir realidades.

Conhecimentos predominantemente urbanos e de tradição estrangeira (sobretudo

europeia, na origem, e estadunidense, atualmente) acabam por estruturam o funcionamento e

o conteúdo de grande parte da Academia. No entanto, esse é apenas um olhar possível.

Momentos de Tempo Comunidade, em uma pedagogia mais aberta a diferentes modos de

conhecer, geram um conhecimento profundo, pois proporcionam trocas entre realidades

distantes. É na diferença de visões de mundo que questionamos o nosso modo de pensar. É no

contato direto com outras práticas cotidianas, que o nossos referência particulares se

multiplica e começam a dialogar umas com as outras.

A pedagogia da alternância da Educação do Campo, ao se abrir de uma certa forma

para a realidade rural e local, pode proporcionar o questionamento de algumas estruturas dos

modos de pensar que predominam na academia. Ainda assim, a força maior de muitas

experiências contrárias, vistas como hegemônicas, num meio onde pessoas supostamente mais

semelhantes se relacionam entre si, reproduzem estruturas que ainda silenciam vozes de

sujeitos que (ainda) dizemos estar às margens. Margem de que? Econômica, se for em um

mundo ue supervalori a o “material”; margem da “educação”, em um mundo ue valori a a

escrita como forma de conhecimento, ao invés da tradição oral; a empresa ou da escola, ao

invés do aprendizado familiar e comunitário; da saúde pela ciência e pelos hospitais, ao invés

da experiência e dos usos medicinais de muitos anciãos que aprendem com as plantas e com

tantos elementos que observam da natureza. São esses sujeitos, agricultores, assentados,

quilombolas, povos da floresta e tantos outros, justamente aqueles que nos forcem o arroz e

feijão que consumimos os nomes dos lugares que visitamos e modos de pensar o mundo e a

natureza, por um olhar menos mercantilizado e mais baseado nos vínculos solidários.

7. REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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história de luta. IV Simpósio sobre Reforma Agrária e Assentamentos Rurais: controvérsias

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Curso de Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais, Departamento de Centro de

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Manual de Operações do PRONERA, INCRA. Disponível em: <www.incra.gov.br/portal/

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