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Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais Departamento de Odontologia TENSÕES GERADAS EM PRÓTESE SOBRE IMPLANTE COM DIFERENTES MATERIAIS RESTAURADORES: Estudo fotoelástico YURI FONSECA FERREIRA Belo Horizonte 2010

TENSÕES GERADAS EM PRÓTESE SOBRE IMPLANTE COM …

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Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais Departamento de Odontologia

TENSÕES GERADAS EM PRÓTESE

SOBRE IMPLANTE COM DIFERENTES

MATERIAIS RESTAURADORES: Estudo

fotoelástico

YURI FONSECA FERREIRA

Belo Horizonte 2010

Yuri Fonseca Ferreira

TENSÕES GERADAS EM PRÓTESE

SOBRE IMPLANTE COM DIFERENTES

MATERIAIS RESTAURADORES: Estudo

fotoelástico

Belo Horizonte

2010

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

em Odontologia da Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Odontologia.

Área de concentração: Clínicas Odontológicas.

Ênfase: Prótese Dentária.

Orientador: Prof. Dr. Wellington Côrrea Jansen

Co-orientador: Prof. Dr. Perrin Smith Neto

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Ferreira, Yuri Fonseca F383t Tensões geradas em prótese sobre implante com diferentes materiais

restauradores: estudo fotoelástico / Yuri Fonseca Ferreira. Belo Horizonte, 2010. 86f. : il. Orientador: Wellington Côrrea Jansen Co-orientador: Perrin Smith Neto Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Odontologia. 1. Implantes dentários osseointegrados. 2. Elasticidade. 3. Materiais

dentários. 4. Prótese dentária. 5. Biomecânica. I. Jansen, Wellington Côrrea. II. Smith Neto, Perrin. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. IV. Título.

CDU: 616.314-089.843

FOLHA DE APROVAÇÃO

DEDICATÓRIA

A minha mãe, Maria da Conceição, meu porto seguro, fonte inesgotável de

amor, espiritualidade e carinho.

A meu pai, Paganino (in memorian), exemplo de vida, pessoa que me

apresentou a magnífica ciência da Odontologia, sendo precursor dessa caminhada.

A meu irmão, Fayer, pelo carinho, conselhos e palavras de incentivo.

A Juliana, minha companheira fiel, parceira de projetos e conquistas, pela

dedicação e incentivo constantes. Você me faz ser um homem melhor!

AGRADECIMENTOS

À Deus, por me oferecer a possibilidade de trilhar este caminho e guiar meus

passos.

Ao amigo e orientador Prof. Dr. Wellington Côrrea Jansen, um grande

mestre da Odontologia e da vida, com um imensurável conhecimento, sensibilidade

e sabedoria de lidar com as relações humanas. Tenho grande admiração pelo seu

caráter, humildade e conhecimento. Você além de ensinar-me a teoria de forma

magnífica, ensinou-me a vislumbrar a essência das coisas, inserindo ideais que me

acompanharão pelo resto da minha vida. Obrigado pelos votos de confiança

depositados em mim ao longo dos anos e pela convivência, brindando momentos de

crescimento intelectual e espiritual.

Aos professores Dr. Paulo Isaías Seraidarian e Dr. Marcos Dias Lanza,

minha eterna gratidão por ter compartilhado comigo, de forma tão perfeita,

momentos de intensa sabedoria recheados de conhecimento.

Aos demais professores do programa mestrado, MESTRES do saber,

MESTRES da vida. Vocês com seus conhecimentos, testemunhos e experiências de

vida, me nortearam ao longo deste período e fizeram parte do meu crescimento.

Aos amigos Deícola Coelho e Rildo Pêgo, verdadeiros companheiros desta

caminhada. Agradeço a vocês todo o apoio, incentivo, coleguismo, características de

“mosqueteiros”. Saibam que nossa convivência neste período foi muito gratificante e

algo mágico, pois suas amizades ficam cravadas em meu coração.

Ao Prof. Dr. Perrin Smith Neto , co-orientador deste trabalho, pelas

orientações.

Aos demais colegas de mestrado.

Aos funcionários da PUC MINAS, pela educação e presteza sempre que

solicitados, favorecendo um ambiente de trabalho saudável e prazeroso.

“Jamais considere seus estudos como uma obrigação,

mas como uma oportunidade invejável para aprender a

conhecer a influência libertadora da beleza do rein o do

espírito, para seu próprio prazer pessoal e para pr oveito da

comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer”.

Albert Einstein 1879-1955

“Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A presença distante das estrelas!”

Mário Quintana

RESUMO

Em tratamentos reabilitadores protéticos implantossuportados, pode-se optar

por diferentes tipos de materiais de cobertura oclusal. Estes se diferem quanto ao

módulo de elasticidade e resiliência, refletindo na absorção de impacto. O tipo de

material pode ter influência na magnitude das tensões geradas durante a função

mastigatória. Em consulta à literatura pertinente, observa-se que esta questão não é

consensual. O objetivo deste estudo é avaliar as tensões geradas em prótese

unitária sobre implante com diferentes tipos de materiais de superfície oclusal, por

meio da análise fotoelástica, no intuito de esclarecer qual material seria mais

indicado para esta modalidade de tratamento. Foram confeccionados quatro

modelos padrões de uma hemimandíbula, em resina fotoelástica, representativa de

um arco edêntulo atrófico e divididos em quatro grupos distintos variando

comprimento do implante, material de cobertura oclusal (liga Ni-Cr, cerômero e

porcelana) e angulação do implante. Foi aplicada uma força de 100 N perpendicular

à superfície oclusal das coroas. Utilizou-se uma máquina fotográfica acoplada a um

polariscópio para observação das franjas no modelo fotoelástico e posterior análise.

Em todos os modelos verificou-se uma concentração de tensão no ápice e região

cervical do implante e uma variação de tensões em função do material protético de

cobertura oclusal e angulação do implante.

Palavras-chave: Implantes osseointegrados. Análise fotoelástica. Materiais

oclusais. Prótese implantossurpotada. Biomecânica.

ABSTRACT

In supported implant prosthetic rehabilitation treatments, you can choose

different types of materials for occlusal coverage.These will differ in the elasticity and

resilience, reflecting the impact absorption. The type of material can have influence

on the magnitude of stresses generated during chewing. In consultation with the

relevant literature, it is noted that this issue is not consensual. The aim of this study is

to evaluate the stresses generated in prosthodontic implant on different types of

occlusal surface material by means of photoelastic analysis, to clarify what material

would be more suitable for this treatment modality. We made four standard models of

a hemimandible in photoelastic, representing an atrophic edentulous arch and

divided into four groups varying length of the implant, occlusal covering material (Ni-

Cr, ceromer porcelain) and angulation of the implant. It was a force of 100 N

perpendicular to the occlusal surface of crowns. We used a camera attached to a

polariscope to observe the fringes in the photoelastic model and further analysis. In

all models there was a stress concentration at the apex and neck of the implant and

a range of voltages depending on the material covering the occlusal and prosthetic

implant angulation.

Keywords: Osseointegrated implants. Photoelastic analysis. Occlusal materials.

Supported implant prosthesis. Biomechanics.

LISTA DE ABREVIATURA

cm – Centímetros

EVA - etil-vinil-acetileno

F- Força

Fig- Figura

Gpa - Gigapascal

mm – Milímetros

Mpa - Megapascal

µm - micrometro

N – Newtons

Ni-Cr – Níquel cromo

n - Número

p – Página

Pa - Pascal

v - Volume

LISTA DE ARTIGOS

1. Tensões geradas em prótese sobre implante com

diferentes materiais restauradores: estudo fotoelástico

2. Análise fotoelástica na Odontologia: revisão de

literatura.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------11

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS ----------------------------------------------------------------- 14

3 OBJETIVOS ----------------------------------------------------------------------------------------- 27

3.1 Objetivos específicos -------------------------------------------------------------------------- 27

4 METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------- 28

4.1 Construção do modelo fotoelástico -------------------------------------------------------28

4.2 Teste fotoelástico --------------------------------------------------------------------------------35

4.3 Análise fotoelástica-------------------------------------------------------------------------------39

REFERÊNCIAS GERAIS -------------------------------------------------------------------------- 44

APÊNDICE – ARTIGOS ---------------------------------------------------------------------------- 50

ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------------- 78

11

1 INTRODUÇÃO

O grande avanço nos implantes dentários surgiram no século XX , por meio

da osseointegração, preconizado por Bränemark como opção de reabilitar pacientes

totalmente edentados. Como essas soluções implantodônticas resultaram em

tratamentos eficientes, outros tipos de protocolos foram sugeridos, ampliando o uso

de implantes para perdas unitárias e tratamentos protéticos envolvendo dentes

naturais e implantes.

Bränemark et al. (1969) descreveram pela primeira vez o processo de

reparação que se inicia após a instalação cirúrgica do implante, podendo originar

união biológica entre osso e metal, denominado de osseointegração.

Diferentemente do dente natural que apresenta grau de mobilidade à custa de

um ligamento periodontal, no implante as cargas são diretamente transferidas ao

osso, em consequência da ausência de mecanismo amortecedor ou de distribuição

de tensões, o ligamento periodontal (ULBRICH et al., 2000).

Ranger et al. (1995) afirmaram que uma das consequências de uma

sobrecarga no implante seria inicialmente uma reabsorção e esta poderia gerar ou

contribuir para fraturas de componentes de implantes. A tensão e deformação

desenvolvidas pelas cargas oclusais são frequentemente descritas e associadas às

perdas ósseas em torno dos implantes, parafusos frouxos e fraturados, fratura de

implantes e do material restaurador (SCHWARZ, 2000; BERGLUNDH et al., 2002;

NEDIR et al., 2006).

Em tratamentos reabilitadores protéticos implantossuportados, pode-se optar

por diferentes tipos de materiais de cobertura oclusal. Estes se diferem quanto ao

módulo de elasticidade e resiliência, refletindo na absorção de impacto. Como o

implante se difere do dente natural pela ausência do ligamento periodontal, o

comportamento biomecânico também é diferente. O tipo de material pode ter

influência na magnitude das tensões geradas durante a função mastigatória. Em

consulta à literatura, observa-se que este fato não é consensual.

Çiftçi e Canay (2000) constataram, após análise pelo método de elemento

finito, variações de tensões geradas pela carga mastigatória em função do material

de revestimento das próteses sobre os implantes osseointegrados.

12

É consenso na literatura que a biomecânica dos implantes seria menos

prejudicial para o osso adjacente se houvesse um sistema que permitisse

mobilidade semelhante ao ligamento periodontal (SCHWARZ, 2000; BERGLUNDH

et al., 2002; NEDIR et al., 2006).

A perda óssea marginal é um fator que leva ao insucesso. Na implantodontia,

a reabsorção da crista óssea é um fenômeno recorrente e em casos mais extensos

pode estender-se até regiões mais apicais do dente, comprometendo todo o trabalho

protético implantodôntico. A perda óssea tem sido atribuída a alguns fatores como

peri-implantite e estímulos mecânicos inadequados com transferência excessiva de

forças à crista óssea (HARTMAN; COCHRAN, 2004; HERMANN et al., 2001; KING

et al., 2002 ). Uma das tentativas de minimizar esta tensão gerada em prótese sobre

implante é a utilização de um material de superfície oclusal que dissipe esta força ou

que, pelo menos, cause menor transmissão de forças ao implante e ao osso.

Há diferentes tipos de materiais de superfície oclusal que podem ser

utilizados em prótese sobre implante. Os materiais diferem-se quanto à rigidez e ao

módulo de elasticidade. Os materiais mais comumente usados na superfície oclusal

de uma prótese implantossuportada são a resina, a porcelana e o metal.

Segundo Anusavice (1998), a resina possui um comportamento resiliente,

com capacidade de absorver impacto e parte da energia quando recebe tensões,

sendo que o mesmo não ocorre para uma porcelana, que é rígida. Seguindo este

raciocínio poderíamos dizer que a resina seria o material de escolha para uma

prótese unitária sobre implante. Em contrapartida, a porcelana apresenta melhor

estética e maior durabilidade.

A análise fotoelástica é amplamente consagrada nos estudos de transmissão

de forças no meio odontológico e vem sendo utilizada com frequência em pesquisas

de transmissão de forças ao redor de dentes naturais pilares de próteses fixas e

removíveis (DEINES et al., 1993; UEDA et al., 2004) ou ao redor de implantes

osseointegrados sob sobredentaduras (FEDERICK; CAPUTO,1996). O modelo

fotoelástico é constituído por uma resina resiliente, diferente do osso humano que

possui variadas densidades. Apesar da magnitude da tensão sobre o osso poder ser

diferente do modelo fotoelástico, a localização e o padrão geral de tensões são

semelhantes. A técnica da fotoelasticidade propicia uma visão bidimensional e

tridimensional, dando uma informação relativa da magnitude e da concentração de

tensões (INAN; KESIN,1999).

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O emprego de superfícies oclusais de resina vem sendo preconizado em

protocolos clínicos de tratamento implantodôntico, principalmente quando se trata de

carregamento progressivo do osso (MISCH, 1993). Entretanto, na prática clínica

diária, baseando-se em cobranças estéticas e durabilidade do material, a porcelana

é bastante utilizada e aceita para tal tratamento.

O objetivo deste estudo foi avaliar as tensões geradas em prótese unitária

sobre implante com diferentes tipos de materiais de superfície oclusal, por meio da

análise fotoelástica, no intuito de estabelecer qual material seria mais indicado para

esta modalidade de tratamento.

14

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Glikman, et al. (1970) empregaram a análise fotoelástica para a avaliação da

distribuição de esforços no periodonto ao redor de dentes molares inferiores com

carga oclusal, quando os mesmos eram considerados isoladamente ou como pilares

de prótese fixa.

Brodsky, Caputo e Furstman (1975), definiram o método fotoelástico como

uma técnica capaz de transformar tensões induzidas em um determinado corpo em

padrões diferentes de luz, denominados franjas. A concentração de tensões é

diretamente proporcional ao número de franjas formadas. Realizaram, para

comprovação da eficiência do método fotoelástico, um estudo que tinha como

objetivo demonstrar a compatibilidade de dados clínicos com achados histológicos.

Foram instalados aparelhos ortodônticos em cães e gatos e nos respectivos

modelos fotoelásticos. Observou-se uma correlação positiva entre os achados

histológicos dos espécimes previamente preparadas com os modelos fotoelásticos.

Onde a visualização mostrou forças de compressão e tração fotoelástica,

encontravam-se, respectivamente, evidências de estiramento e compressão de

fibras periodontais. Nas áreas com altas concentrações de tensões no modelo,

surgiram áreas de hialinização no material histológico.

Em 1977, Almeida e Gomide utilizaram a resina epóxi como material

fotoelástico básico. A condição para escolha dos materiais visa reproduzir ao

máximo o modelo mestre e não camuflar nenhum tipo de resultado. Os materiais

fotoelásticos epóxicos curados com aminas ou anidridos e policarbonatos são

utilizados, considerando-se algumas propriedades importantes. Estas incluem alta

constante óptica, baixo módulo de elasticidade, resistência à tensão, boa resposta

óptica, fácil obtenção, transparência, ausência de manchas ópticas e de tensões

residuais, baixo custo e características que possibilitem sua utilização em modelos

de superfícies irregulares.

Skalak (1983), em estudo in vitro, demonstrou que utilizando cargas de

impacto nas coroas sobre implantes com diferentes materiais protéticos, estas

apresentam um comportamento diferente nas forças transmitidas aos implantes.

Observou neste estudo uma redução significativa do impacto quando foi utilizada a

resina acrílica, comparado à porcelana ou à liga de ouro. Sugeriu que a cobertura

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oclusal de próteses sobre implantes deveria ser feita com materiais menos rígidos

do que a porcelana e o metal, como uma resina acrílica, por exemplo.

Em 1986, Campos Jr. et al. salientaram que o fenômeno da fotoelasticidade

foi descoberto por Sir David Brewster, em 1816, quando observou faixas coloridas

em um vidro sob tensão. Este método teve grandes avanços com o advento das

resinas sintéticas nos anos 60. O princípio básico da fotoelasticidade baseia-se no

surgimento de faixas coloridas correspondentes à concentração de tensões,

denominadas franjas ou bandas, em determinados materiais transparentes que,

quando submetidos a tensões e iluminados por luz polarizada, podem ser analisados

qualitativa e quantitativamente. A técnica possui como vantagem a possibilidade de

visualização conjunta de tensões internas nos corpos, sem necessidade de gráficos

ou esquemas comuns a outras técnicas, além da possibilidade de aplicação em

corpos com morfologia complexa. Os modelos devem ser uma reprodução fiel do

original, e estarem livres de tensões previamente à análise.

A análise fotoelástica baseia-se na habilidade de certos materiais

transparentes exibirem padrões coloridos quando submetidos a cargas visualizadas

com luz polarizada. Os padrões coloridos são chamados de franjas isocromáticas.

Quanto maior o número de franjas, maior a intensidade de tensão, e quanto mais

próximas as franjas umas das outras, maior a concentração desta tensão (FRENCH

et al., 1989).

Gracis et al. (1991) analisaram o efeito de amortecimento de cinco materiais

restauradores utilizados em próteses sobre implantes, quando submetidos a forças

de impacto. Os autores construíram um dispositivo especial em que superfícies de

diversos materiais de cobertura oclusal eram posicionadas sobre um componente

protético de implante acoplado a uma célula de carga. Esta registrava o impacto

transmitido sobre a superfície do implante. Os materiais utilizados como cobertura

oclusal de uma prótese sobre implante unitário foram: liga de ouro, liga nobre para

metalocerâmica, porcelana, resina fotoativada, resina polimerizada por calor e

pressão. Os autores verificaram que as duas resinas reduziram as forças de impacto

em 50% quando comparadas à porcelana ou às ligas metálicas.

Hobkirk e Psarros (1992) avaliaram clinicamente indivíduos portadores de

próteses parciais fixas sobre implantes, com o objetivo de medir tensões

mastigatórias em próteses com cobertura oclusal de porcelana e de resina acrílica.

Com o auxilio de um transdutor eletrônico de força, foi mensurada a força de

16

mastigação em pacientes durante o ciclo mastigatório, sob a interposição de

diversas consistências de alimentos. Não foram encontradas diferenças

significativas nas forças mastigatórias, tampouco no padrão de mastigação em

função da diferenciação do material de cobertura oclusal.

Também em 1992, Laganá apontou algumas limitações da técnica fotoelástica.

Principalmente por ser uma técnica indireta, exige um alto grau de fidelidade e

preparo do modelo, sobretudo quando se quer analisar quantitativamente as

tensões. De acordo com a autora, é importante conhecer o limite de elasticidade do

material do modelo para não comprometer a pesquisa.

Ainda em 1992, Naert et al. acompanharam 146 pacientes nos quais foram

instalados 509 implantes dentários, sendo que 217 eram próteses parciais fixas.

Houve 3,9% e 1,4 % de perda de implantes na maxila e na mandíbula,

respectivamente. O uso de porcelana ou de resina como revestimento oclusal não

influenciou a perda óssea marginal ao redor dos implantes. Houve dificuldades

técnicas de acordo com os materiais utilizados, ocorrendo fratura oclusal nas coroas

de resina em 20% dos pacientes. Os autores afirmaram que o uso de porcelana

como revestimento oclusal é recomendado por permitir uma maior longevidade,

melhor estética e menor índice de complicações clínicas, como fratura.

Misch (1993) propôs um modelo de carga progressiva na implantodontia com

o objetivo de prevenir a diminuição de perda óssea na região cervical do implante e,

consequentemente, uma falha prematura. Foi apresentado um protocolo para

carregamento progressivo do implante que agrupava fatores como tempo, dieta,

material oclusal, oclusão e desenho da prótese. Segundo este protocolo, o intervalo

de tempo para a confecção da prótese era diretamente relacionado com a densidade

óssea observada no ato cirúrgico. Com relação especificamente ao material oclusal

da prótese, durante a fase de carga progressiva, eram confeccionadas próteses em

acrílico, com o intuito de redução de impacto sobre a interface osso e implante.

Ainda em 1993, Gomide e Marques introduziram a técnica da fotoelasticidade

no ensino da engenharia, para análise de tensões e deformações bi ou

tridimensionais, de forma acessível e simples. O uso da fotoelasticidade é

particularmente útil em peças com formas geométricas complicadas e/ou distribuição

complexa de carga.

Murphi et al. (1995), através de método dos Elementos Finitos aplicaram

cargas em uma região de cantilever distal e avaliaram padrões de tensões na região

17

peri-implante. Em todas as condições de carga, maiores tensões ocorreram na

margem óssea distal adjacente ao cantilever.

A metodologia de polarização circular difere da polarização linear da luz, que

não utiliza os filtros de um quarto de onda. A principal vantagem do polariscópio

circular é a eliminação das franjas isoclínicas (acinzentadas e negras), que se

sobrepõem às isocromáticas (coloridas), resultando em uma imagem mais clara e

livre de interferências (FEDERICK; CAPUTO, 1996).

Neste mesmo ano, Papavasiliou et al. estudaram, pelo método dos Elementos

Finitos, a possibilidade das cargas oclusais causarem microfraturas no osso.

Introduziram fatores de variação, como tipos de mandíbulas, materiais de

revestimento oclusal, ausência de osso cortical, elementos intramóveis, direção de

carregamento e níveis de carregamento. Não foram verificadas diferenças entre os

materiais oclusais, e a ausência de osso cortical aumentou as tensões da interface.

O uso de elementos intramóveis diminuiu as tensões. As tensões aumentam nas

menores mandíbulas. As cargas oblíquas aumentaram as tensões em quinze vezes.

Concluíram que as condições que favorecem as microfraturas são as cargas

oblíquas, as altas magnitudes de tensões oclusais e a ausência de osso cortical.

Ainda neste ano, Rotter, Blackwell e Dalton, em estudo clínico, avaliaram

implantes que receberam carga progressiva no momento da reabertura e

correlacionaram com a estabilidade secundária desses implantes. Verificaram que,

após dois anos, esses implantes que receberam carregamento progressivo tinham

um comportamento mais estável no osso, ao contrário dos que não receberam.

Segundo Matthys (1997), aplicando-se gradualmente uma carga, as áreas

mais tensionadas começarão a apresentar uma coloração, na seguinte sequência:

cinza, branco, amarelo, laranja, vermelho, violeta e azul. Neste é encontrada a

primeira franja, N=1. Este ponto é chamado de tonalidade de passagem, que é a

transição do violeta para o azul para esta primeira franja, sendo que nas demais

franjas ocorrerá do vermelho para o verde. A seguir, tem-se: azul acentuado, azul

esverdeado, amarelo esverdeado, laranja, rosa, vermelho e verde, onde está a

segunda franja. Dando continuidade na aplicação da carga, o ciclo de cores das

franjas será repetido, mas não serão exatamente as mesmas cores do primeiro ciclo,

pois ocorrerá a extinção simultânea de duas ou mais cores.

Stegaroiu et al. (1998) avaliaram, através do Método dos Elementos Finitos

em 3D, a distribuição de tensão no osso, no implante e no pilar quando porcelana,

18

liga de ouro e resina acrílica foram utilizadas como cobertura oclusal em uma

prótese parcial fixa de 3 elementos. Foi aplicada uma carga axial, uma vestíbulo

lingual e outra no centro do pôntico. Os autores concluíram que houve um aumento

na tensão gerada na interface implante pilar, e que na interface osso implante não

foi possível detectar, pelo método aplicado, a influência do material de cobertura

oclusal na geração de tensão.

Segundo Anusavice (1998), as propriedades mecânicas são aquelas definidas

pelas leis da mecânica, que é a ciência que lida com as interações entre energia e

forças entre os corpos. Uma propriedade importante em prótese é a resistência, que

se refere à capacidade de um material resistir a forças aplicadas, sem fratura ou

deformações excessivas. A resistência também pode ser conceituada como o nível

médio de tensões no qual um material exibe certa quantidade de deformação

plástica, ou no qual ocorre a fratura em muitos corpos de prova com o mesmo

tamanho e forma. A tensão é a força por unidade de área agindo nos átomos de um

plano ou material. Quando uma força externa age em um corpo, uma reação ocorre

para se opor a essa força com igual magnitude e direção oposta. A força aplicada

dividida pela área na qual atua é chamada de tensão. Sempre que uma tensão está

presente, há uma deformação induzida. A deformação pode ser elástica ou plástica

ou uma combinação de ambas. A deformação elástica é reversível e desaparece

quando a força é removida. Já uma deformação plástica representa uma

deformação permanente do material, que não se recupera após a remoção da força.

O módulo de elasticidade descreve a rigidez relativa de um material. Quanto maior o

seu valor, maior a tensão necessária para que exista uma deformação no material.

Ainda neste ano, Sendyk, através de um estudo utilizando o Método dos

Elementos Finitos, comparou porcelana e resina como materiais de cobertura

oclusal na utilização em prótese sobre implantes. Concluiu que não há diferença na

magnitude de transmissão de forças entre os dois materiais quando usados para

cobertura oclusal.

Soumere e Dejou (1999) observaram três diferentes materiais de cobertura

oclusal, no que se refere à capacidade de absorverem tensões em uma prótese

sobre implante. Os materiais foram resina composta, liga de ouro e cerâmica. Foi

medida a amplitude máxima da força transmitida e o tempo necessário para atingir o

pico da força, após aplicação de uma carga de 100 N. A liga de ouro transmitiu a

maior força no menor espaço de tempo. A resina composta não reduziu a força de

19

impacto quando comparada à porcelana, porém, o tempo para atingir o nível máximo

de força foi maior na resina em comparação à porcelana.

Também em 1999, Inan e Kesin avaliaram os efeitos dos materiais utilizados

em superfícies oclusais de coroas na distribuição de tensões em próteses sobre

implantes. Foi utilizado um modelo mandibular fotoelástico, no qual foram inseridos

dois implantes. As infra-estruturas foram confeccionadas em Ni-Cr e revestidas com

cinco materiais de cobertura oclusal diferentes: resina acrílica, porcelana, duas

resinas compostas fotoativadas e a própria liga de Ni-Cr. Houve aplicação de cargas

verticais e oblíquas que induziram diferentes resultados. A maior concentração de

tensão foi verificada com a prótese em porcelana, seguida pela de acrílico. As

resinas compostas apresentaram comportamento equivalente, enquanto a menor

tensão foi verificada com a prótese em Ni-Cr. Os autores concluíram que as próteses

sobre implantes deveriam ser construídas com as coberturas oclusais metálicas ou

em resina composta fotoativada.

Duyck et al. (2000) investigaram a influência dos materiais protéticos na carga

de implantes in vivo por meio de extensômetros. Próteses em metal e em resina

acrílica foram instaladas nos pacientes, sendo submetidas a cargas controladas de

50 N em diversas posições ao longo da superfície oclusal, e durante a mordida em

máxima intercuspidação. Os resultados mostraram uma melhor distribuição de

momentos de força nas próteses metálicas em comparação com as acrílicas.

Nenhuma alteração nas cargas foi verificada.

Neste ano, Sethi instalou um total de 2261 implantes em 467 pacientes,

utilizando pilares angulados variando de 0 a 45 graus. Estes foram avaliados em um

período de até 96 meses, com média de observação de 28,8 meses. Concluiu que

pilares angulados, independente do grau, podem ser usados sem comprometer a

sobrevivência em longo prazo dos implantes.

Também em 2000, Çiftçi e Canay investigaram o efeito de diversos materiais

utilizados na fabricação de coroas para próteses parciais fixas implantossuportadas

na distribuição de tensões em torno dos implantes. Analisaram, por meio do método

de Elemento Finito 3D, cinco diferentes materiais: porcelana, liga de ouro, resina,

resina composta reforçada e resina acrílica. Os pontos de referência foram

determinados no osso cortical, onde forças perpendiculares, oblíquas e horizontais

foram aplicadas. Os valores de tensão criados por forças oblíquas e horizontais

pareciam mais altos do que aqueles criados por forças verticais. Foi observada

20

tensão concentrada na região cortical ao redor do implante, nos primeiros

milímetros. A liga de ouro e a porcelana produziram as maiores tensões. Verificaram

que os materiais de maior módulo de elasticidade transmitem maior tensão ao osso

em torno do implante, e que nenhum material atende a todas as exigências de

estética, transmissão de força e durabilidade no meio bucal.

Ainda neste ano, Mericske-Stern et al. realizaram medidas in vivo das forças

transmitidas por uma prótese fixa com oclusais em porcelana, e uma overdenture,

totalmente em resina acrílica, retida sobre cinco implantes. Como metodologia,

utilizou transdutores piezoelétricos que possibilitaram registros de força em três

dimensões. Verificaram que os padrões mastigatórios foram similares e que a

transmissão de forças para os implantes foi semelhante para ambos os tipos de

próteses.

Çiftçi e Canay (2001) propuseram um estudo utilizando o método de análise

por Elementos Finitos para avaliar quatro tipos diferentes de materiais restauradores

sobre implantes: porcelana, resina a base de polimetilmetacrilato, resina composta

de micropartículas e ionômero de vidro modificado. Foram instalados dois implantes

de 4,0 mm x 13,0 mm Calcitek® na mandíbula, região do segundo pré-molar e

segundo molar. Foi modelada uma estrutura de níquel-cromo representando uma

ponte entre o segundo pré-molar e o segundo molar e, sobre esta, colocaram o

material restaurador com uma espessura de 1,5 mm. Foram aplicadas cargas nos

sentidos: horizontal, oblíquo a 30º e vertical. Como resultado, foi observado que a

resina acrílica absorve mais impacto entre os materiais testados, devido ao seu

baixo módulo de elasticidade. Concluíram que, em comparação com a porcelana, a

resina acrílica suportou mais tensão sob cargas estáticas.

Para Geng, Tan e Liu (2001), os fatores que afetaram a transmissão de

cargas à interface osso implante incluem o tipo de carga, as propriedades dos

materiais dos implantes e da prótese, a geometria do implante, a estrutura da

superfície do implante, a qualidade e a quantidade de osso circunjacente, bem como

a natureza da interface osso implante.

Elias et al. (2002) analisaram pelo método dos Elementos Finitos 3D as

tensões de implantes osseointegrados com diferentes materiais de cobertura da

coroa protética. Foram comparadas uma porcelana, uma resina composta direta,

uma resina composta indireta e uma resina acrílica. Constataram que a coroa de

porcelana absorve as menores forças, entretanto, transmite para a região inferior do

21

pilar intermediário as maiores tensões. Esta tensão localiza-se próximo ao osso

cortical de suporte. Este comportamento também ocorreu de forma inversa nas

coroas de resina composta e acrílica, onde houve uma maior absorção da força e

menor transmissão da tensão. Materiais com menor módulo de elasticidade

transmitem menores tensões para estruturas de suporte do implante.

Bassit, Lindstrom e Rangert (2002) utilizaram extensômetros para medir a

força transferida a um implante após a aplicação de um impacto in vivo e in vitro,

sobre coroas com dois tipos de materiais de cobertura oclusal, como resina acrílica e

porcelana. Houve uma diferença entre o tempo de transmissão da força nos

modelos in vivo e in vitro. A diferença se deve provavelmente à resiliência do dente

antagonista, do osso alveolar e da ação muscular. Observaram que os diferentes

materiais de cobertura não levaram a diferenças nos resultados entre os pacientes.

Afirmaram que a diferença entre a resiliência da resina acrílica e da porcelana não

seria suficiente para causar uma modificação clínica significante na transmissão de

forças por próteses. Sugere ainda a criação de um modelo in vitro com menor

resiliência para demonstrar esse fenômeno. Dessa forma, os autores afirmaram que

o material oclusal não é um fator que interfere na transmissão de forças aos

implantes.

O polariscópio circular é composto por uma fonte que emite luz, um difusor de

luz e quatro filtros ópticos. Os filtros ópticos se subdividem em: polarizador, dois

filtros de um quarto de onda e um filtro analisador. Um mecanismo de aplicação de

forças também compõe o sistema juntamente com um recipiente contendo óleo

mineral. O filtro polarizador tem como função selecionar as ondas de luz que vêm da

lâmpada, permitindo a passagem de impulsos com apenas planos de orientação.

Sequencialmente, a luz atravessa outro tipo de filtro (um quarto de onda), que possui

efeito retardante da transmissão da luz e torna a polarização circular. Ao passar pelo

corpo de prova, se este estiver sofrendo algum tipo de tensão, a luz pode sofrer

mudanças na sua trajetória. Em seguida, a luz passa pelo segundo filtro de um

quarto de onda, que possui como característica a capacidade de neutralizar a

circularização da luz obtida pelo primeiro filtro de um quarto de onda, resultando em

uma luz linearmente polarizada. O último filtro analisador é responsável pela

extinção da luz (Ferreira Jr, 2003).

Meirelles (2003) avaliou fotoelasticamente as distribuições de tensões em

implantes dentários cilíndricos rosqueados com hexágono externo e interno,

22

simulando carregamento de 10 Kgf e 15 graus de inclinação em relação ao longo

eixo do implante. Observou uma menor concentração de tensões em implantes do

tipo hexágono interno na região cervical, não havendo diferenças significativas em

outras regiões entre os tipos de conexão interna e externa.

Oliveira (2003) executou um trabalho que tinha por finalidade desenvolver um

material fotoelástico utilizando resina epóxi (bisfenol A + epoliglicol), catalizada por

um benzenometanol mais isoforonadiamina, conhecidos comercialmente por

Adesivo B Flexível A e B, respectivamente, produzidos pela Polipox Indústria e

Comércio Ltda. Após a caracterização do melhor material, um modelo contendo um

implante rosqueável, tipo Branemark com hexágono externo, foi vazado com a

resina proposta e o conjunto submetido a esforços de 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 kgf. Para

compreensão dos resultados, as franjas visualizadas num polariscópio foram

fotografadas e analisadas qualitativamente, definindo-se o número de ordens e seu

valor para cada nível de força, gradualmente aplicada. Verificou-se que a resina

permite boa leitura, exibe adequadas propriedades fotoelásticas, sem tensões

residuais, possibilita a aplicação de cargas e visualização de um grande número de

franjas, constituindo-se em um material com potencial para aplicação na

Odontologia.

Stegaroiu et al., em 2004, avaliaram o efeito de três diferentes materiais de

cobertura oclusal de prótese sobre implante e a tensão gerada em torno dos

implantes submetidos à cargas estáticas e cíclicas. Os materiais utilizados nas

próteses foram resina composta, resina acrílica e liga de ouro. Foi concluído que os

três materiais testados possuem o mesmo comportamento quanto à tensão

transmitida ao osso.

Rabelo Neto, em 2004, analisou a influência da ciclagem térmica nas

propriedades mecânicas de cinco marcas comerciais de resinas de laboratório.

Através de uma matriz metálica cilíndrica na forma de cone segmentado foram

obtidos dez corpos de prova para cada material sendo a metade (n=5), submetida a

500 ciclos nas temperaturas de 5oC a 55oC com intervalos de 1 min em máquina de

termo-ciclagem. As amostras foram submetidas a testes de compressão em

máquina de ensaio universal até a ruptura do corpo de prova e com os dados

anotados foi construído gráficos de tensão x deformação. Concluiu que após a

ciclagem térmica, as resinas apresentaram um melhor comportamento mecânico,

com melhor elasticidade e plasticidade do que em todas as resinas analisadas.

23

Markarian (2005) realizou um estudo que tinha como objetivo comparar, por

análise fotoelástica e dinâmica, a transmissão de forças sobre diferentes materiais

de recobrimento oclusal de próteses unitárias implantossuportadas. Foi

confeccionado um modelo de hemimandíbula em resina fotoelástica com anatomia

semelhante ao da região de pré-molares inferiores. A hemimandíbula apresentava

característica não atrófica. Instalou-se um implante de conexão hexagonal interno de

3,75 mm x 11,5 mm. Três tipos de próteses foram confeccionadas com materiais de

rigidez decrescente: coroa metálica, resina composta e com um disco de EVA( etil

vinil acetileno) interposto com espessura de 2,5 mm. As tensões geradas com uma

carga de 100 N foram observadas por meio de um polariscópio circular, de forma

qualitativa. Esta força foi aplicada no sentido axial, de forma compressiva sobre cada

tipo de prótese. Os três tipos de próteses apresentaram resultados semelhantes no

que diz respeito a intensidade e a localização das tensões. A análise dinâmica

mostrou que, quando aplicada uma força de 100 N, o implante a recebe

instantaneamente. Concluiu-se que materiais protéticos com menor rigidez não são

capazes de amortecer forças transmitidas a implantes unitários, ou até mesmo

retardar sua transmissão pelo tempo.

Markarian et al. (2007) analisaram fotoelasticamente a distribuição de tensões

sobre três implantes com diferentes níveis de ajuste vertical. Dois modelos

fotoelásticos foram criados: um com implantes paralelos e outro com o implante

angulado a 30 graus. Um polariscópio plano foi usado para observar as franjas

geradas no modelo fotoelástico. Estas franjas foram fotografadas e analisadas

seguindo condições experimentais. Inicialmente, apenas com a infra-estrutura

assentada, após introdução do torque nos componentes segundo recomendações

do fabricante. Em um segundo momento, com aplicação de carga vertical de 100 N.

Em ambos os modelos, a análise de tensão foi realizada com infra-estruturas com

ótima adaptação (até 10 micrometros de desajuste) e também em infra-estruturas

com desajuste de 150 micrometros no implante central. Os resultados indicaram que

nos implantes angulados existiu uma concentração de tensão maior e heterogênea

na região apical dos implantes laterais. No modelo com implantes paralelos, houve

uma melhor distribuição de tensões ao longo do eixo do implante. O uso de infra-

estruturas desadaptadas aumenta a quantidade de pré-carga nos implantes.

Concluíram que os implantes angulados geram padrões de tensão oblíqua, que não

são transferidas de forma homogênea para o modelo fotoelástico.

24

Quaresma et al. (2008) utilizaram o teste de Elementos Finitos e avaliaram

dois sistemas de implantes diferentes quanto à distribuição das tensões na prótese,

no pilar e no osso alveolar, simulando forças oclusais. Foram usados implantes com

conexão interna, sendo que um era aparafusado a um pilar cilíndrico e o outro foi um

implante cônico, conectado a um pilar sólido. Para a coroa, foi utilizada uma liga de

prata-paládio coberta com porcelana. Em cada caso, foi simulada uma carga de 100

N com sentido vertical na cúspide vestibular. Observou-se que o implante com o

cilindro aparafusado produz mais tensões sobre o osso alveolar e sobre as próteses.

Por outro lado, produz menor tensão sobre o implante e a conexão. Contrariamente,

o implante cônico conectado a um pilar sólido gerou menor tensão sobre o osso

alveolar e sobre a prótese, e maior tensão sobre o pilar.

Eraslan e Ínan, em 2009, avaliaram o efeito de diferentes tipos de implantes,

correlacionando-os com características de distribuição de tensões nas estruturas de

apoio através de análise de Elemento Finito em 3D. Concluiu-se que diferentes

formas de roscas do implante influenciam na distribuição de tensões, e que estas

tensões se concentram principalmente na região mais cervical dos implantes.

Bernardes et al. (2009) aplicaram a fotoelasticidade para comparar a

transmissão de forças envolvidas na região peri-implantar submetidas a diferentes

modelos de implantes (hexágono externo, hexágono interno, cônico interno, e

conexão contínua ao pilar). As amostras foram submetidas a cargas verticais de

compressão e observou-se que a conexão interna possui a menor condição de

tensão peri-implantar, enquanto o hexágono externo possui a maior tensão e os

outros grupos valores intermediários.

Aguiar Jr., em 2009, analisou qualitativa e quantitativamente, por meio da

técnica fotoelástica, o comportamento biomecânico de coroas unitárias sobre

implantes de plataforma tipo hexágono interno com pilar ucla. Foram confeccionadas

coroas aparafusadas e cimentadas simulando a reabilitação da área posterior da

mandíbula com e sem a presença de elemento distal aos implantes. Analisaram

também a liga metálica da infra-estrutura (Ni-Cr-Ti) ou (Ni-Cr) e o tipo de material

estético. Confeccionaram modelos fotoelásticos retangulares simulando o espaço

protético com ausência de segundo pré-molar e primeiro molar, reabilitado com

coroas sobre implantes. Três modelos de aplicação de carga foram utilizados para

produzir quatro diferentes condições de carregamento na superfície oclusal das

coroas: 1) puntiforme, obtido com uma ponta simples para carregamento no pré-

25

molar ou no molar com 5 kgf; 2) puntiforme simultânea, obtida por uma ponta dupla

para carregamento das duas coroas ao mesmo tempo com 10 kgf; 3) oclusal

distribuído, obtido com uma ponta que simulou a oclusão antagonista com 10kgf. Em

relação à comparação do material de revestimento das coroas, foi concluído que

coroas revestidas em resina, de modo geral, geraram maior concentração de

tensões em torno dos implantes, quando comparadas às coras revestidas em

cerâmicas.

Assunção et al. (2009) destacaram, por meio de um artigo sobre métodos

utilizados para avaliar o comportamento biomecânico de implantes, que a análise

fotoelástica de tensões tem sido usada efetivamente na engenharia e na indústria há

muitos anos. O método foi introduzido na odontologia em 1935, quando avaliou

diferentes tipos de movimentação ortodôntica. Este oferece boas informações

qualitativas de concentração e localização de tensões em estruturas de diferentes

geometrias, porém possui algumas limitações quanto a dados quantitativos.

Ogawa et al. (2010) avaliaram, através de forças axiais e momentos de

flexão, implantes com suporte fixo em arco completo em relação ao número,

distribuição e material da prótese. Em relação à variação do material, foram

instalados sete implantes em uma mandíbula edêntula e confeccionados três

diferentes tipos de próteses: titânio, acrílico e acrílico reforçado com fibras. Com

relação ao tipo de material, observou menor fadiga no material de titânio, já que é

mais rígido, produzindo menos efeitos danosos aos implantes esplintados.

Rubo (2010) avaliou, por meio de análise pelo método de Elemento Finito em

3D, a distribuição de tensões em prótese fixas implantossuportadas de acordo com

algumas variáveis presentes em casos clínicos. Confeccionou-se um modelo

geométrico representativo da região anterior de uma mandíbula edêntula, com cinco

implantes instalados. As variáveis introduzidas no modelo de computador foram

comprimento do cantilever, módulo de elasticidade do osso, comprimento do pilar,

comprimento do implante e tipo de liga (Ag-Pd ou Co-Cr). Foi simulada uma carga

vertical de 100 N. Verificou-se que quanto maior o cantilever, maior a tensão. O

módulo de elasticidade do osso não teve grande significância. Quanto maior o

comprimento do pilar e do implante, menor tensão ao osso. Observou essa diferença

de tensão quando comparou implantes de comprimento 10 mm e 13 mm. À medida

que aumentou o comprimento dos implantes, o nível de tensão no osso diminuiu. Já

nos implantes de 13 mm e 15 mm, não obteve resultado com diferença significativa.

26

A liga mais rígida distribui melhor as tensões, concluindo que as propriedades físicas

relativas dos materiais possuem grande influência na distribuição de tensões em

prótese fixa implantossuportada, que contribui significativamente para a longevidade

deste trabalho.

Pellizzer et al. (2010) avaliaram a distribuição de tensões dos sistemas de

retenção aparafusada e cimentada em próteses parciais fixas, por meio de método

fotoelástico. Dois modelos de resina fotoelástica com formato retangular, com dois

implantes 4 x 10 mm em cada modelo, localizados no segundo pré-molar e região de

molar, foram confeccionados variando o sistema de retenção. As próteses foram

padronizadas quanto à liga (Ni-Cr). Forças axiais e oblíquas de 100 N foram

aplicadas através de uma máquina de ensaio universal. Resultados foram

observados e fotografados no campo de um polariscópio circular e analisados

qualitativamente com o auxílio de um programa computadorizado. Concluiu-se que

houve uma melhor distribuição de tensão e uma menor magnitude de estresse sobre

as próteses cimentadas, e que a carga oblíqua causou um aumento na

concentração de tensão em todos os modelos.

Também em 2010, Pellizzer et al. analisaram a influência da angulação do

implante e o tipo de intermediário (Ucla e Esteticone) na distribuição das tensões em

próteses aparafusadas implantossuportadas, pelo método da fotoelasticidade.

Foram confeccionados três modelos fotoelásticos de hemimandíbula não atrófica.

Os implantes foram posicionados a 0, 17 e 30 graus. O conjunto foi posicionado em

um polariscópio circular com aplicação de uma carga de 100 N em direção axial e

oblíqua (45 graus) em pontos fixos na superfície oclusal das coroas, com o auxílio de

uma máquina de ensaio universal (Emic). As tensões geradas foram registradas

através de fotos e depois analisadas qualitativamente. Os resultados mostraram o

mesmo número de franjas para os dois tipos de intermediários, sendo que as franjas

aumentaram proporcionalmente à angulação. Quando da aplicação da carga

oblíqua, houve um maior número de franjas.

27

3 OBJETIVO

O objetivo deste estudo é avaliar o material mais indicado para esta

modalidade de tratamento através do estudo das tensões geradas em prótese

unitária sobre implante com diferentes tipos de materiais de superfície oclusal.

3.1Objetivos específicos :

Através de modelo fotoelástico, avaliar o comportamento dos materiais de

cobertura oclusal de uma prótese sobre implante ( cerâmica, cerômero, NiCr );

Avaliar a influência do comprimento do implante na magnitude das tensões;

Avaliar a influência da inclinação do pilar ( reto ou 17 graus) na distribuição

das tensões.

28

4 METODOLOGIA

Este trabalho objetivou avaliar as tensões geradas em prótese sobre implante

com diferentes módulos de elasticidade de materiais de cobertura oclusal. Foi

realizado no laboratório de Engenharia Mecânica da PUC-MINAS, por meio de

análise fotoelástica.

4.1 Construção do modelo fotoelástico

Para a realização deste experimento, foi confeccionado um modelo padrão de

uma hemimandíbula, obtida a partir da reprodução de uma mandíbula de um crânio

humano em material plástico, usado com finalidade didática e próximo da escala 1:1.

Esta hemimandíbula, representativa de um arco edêntulo atrófico, foi reproduzida

com silicone 920 (cor azul, uso industrial, data de fabricação 24/02/2010, Casa da

Resina, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil), catalisador 503 (uso industrial,

fabricado em 24/02/2010, Casa da Resina, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil) na

proporção de 100g de silicone para 3,0 mL de catalisador (FIG. 1). O molde foi

preenchido com resina acrílica de polimerização química JET, na cor transparente

(Clássico, São Paulo, Brasil). Foram confeccionadas quatro peças anatômicas

similares (FIG. 2).

Figura 1: Silicone industrial e catalizador

29

Figura 2: Peça anatômica em resina acrílica

Cada peça anatômica foi previamente medida com régua e paquímetro para a

demarcação de uma área a ser perfurada na região do primeiro molar inferior (FIG. 3

e FIG. 4). Em seguida, as hemimandíbulas foram perfuradas na área demarcada,

com o auxílio de um micromotor Beltec lb 100 (Beltec Indústria e Comércio de

Equipamentos Odontológicos Ltda, Araraquara, Brasil) e uma fresa cilíndrica (Fresa

Maxicut de corte liso, grosso, número 79, Edenta, Áustria), acoplada a um

paralelômetro (BioArt, São Carlos, SP, Brasil) para garantir um paralelismo

adequado e equivalente aos outros modelos (FIG. 5). No caso dos implantes

angulados, foi utilizado um transferidor de ângulo para determinação da inclinação

correta que se pretendia, procurando desta forma a similaridade com a situação

clínica. Os implantes foram instalados nos respectivos modelos de acordo com os

grupos, e fixados com cera utilidade. As perfurações realizadas respeitaram as

medidas pré-estabelecidas dos implantes.

30

Figura 3: Peça anatômica com paquímetro

Figura 4: Peça anatômica com régua

31

Figura 5: Peça anatômica com paralelizador

Os quatro modelos foram divididos em quatro grupos distintos para

posteriores análises e comparações: Grupo 1: hemimandíbula com implante 3,75 x 9

mm e pilar cilindro reto. Grupo 2: hemimandíbula com implante 3,75 x 9 mm e pilar

com inclinação de 17 graus. Grupo 3: hemimandíbula com implante 3,75 x 13 mm e

pilar cilindro reto. Grupo 4: hemimandíbula com implante 3,75 x 13 mm e pilar com

inclinação de 17 graus.

Os implantes utilizados foram da marca Neodent® (Neodent, Curitiba, PR,

Brasil), de conexão externa hexagonal com diâmetro 3,75 mm e plataforma protética

4.1, variando o comprimento de 9 mm e 13 mm. Sobre estes implantes foram

aparafusados componentes protéticos cilíndricos da marca Neodent® (Neodent,

Curitiba, PR, BR), sendo dois retos e dois angulados (17 graus), conforme descrição

dos grupos (FIG. 6).

32

Figura 6: Peça anatômica com implante e componente protético fixados

Para os grupos 1 e 3, que receberam um pilar cilíndrico reto, foram

confeccionadas três coroas totais, com os seguintes materiais: liga de Ni-Cr

(Wironia, Bego, Alemanha) módulo de elasticidade de 200 Gpa (informação do

fabricante); cerômero (VMLC Vita Zhanfabrik, Alemanha) módulo de elasticidade de

4,50 GPa (informação do fabricante); cerâmica (Vita VM13, Zanhfabrik, Alemanha)

módulo de elasticidade de 58 Gpa (informação do fabricante).

Da mesma forma, para os grupos 2 e 4, que receberam um pilar angulado (17

graus), foram confeccionadas também três coroas totais com os mesmos materiais.

Todas as coroas foram obtidas a partir de um enceramento que serviu como

matriz para reprodução e padronização do volume de material das coroas.

Nos quatro modelos de hemimandíbula, os implantes foram posicionados e

previamente acoplados aos seus componentes protéticos, de acordo com os grupos

experimentais. Estes foram fixados em suas posições com cera utilidade, e sobre

eles foram colocadas as coroas tanto para os componentes retos quanto para os

angulados (FIG. 7). Com as quatro hemimandíbulas assim preparadas, passou-se a

reproduzí-las com o silicone industrial, como usado anteriormente. As

hemimandíbulas foram acondicionadas em um recipiente de 95 x 12 x 20 mm, que

serviu de contenção para o silicone industrial, como anteriormente utilizado (FIG. 8 e

FIG. 9). Este molde obtido foi preenchido com resina fotoelástica (resina epóxi

flexível G3, Polipox, São Paulo, SP, Brasil), proporcionada volumetricamente em

2,5 partes de resina para 1 parte de endurecedor. Os modelos fotoelásticos foram

33

observados quanto à presença de bolhas internas. Havendo a presença de bolhas, o

modelo era descartado, pois estas inviabilizam o teste fotoelástico já que

representarão um ponto de concentração de tensões, prejudicando a propagação de

franjas. Verificou-se também, antes da aplicação das forças, por meio do

polariscópio (confeccionado por José Luiz Silva Ribeiro, mestrando em Engenharia

Mecânica, na oficina de mecânica do Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais), se o modelo estava livre de tensões residuais (FIG. 10).

Quando observada a tensão, o modelo foi colocado em estufa a cinquenta graus

celsius por dez minutos, para eliminação dessas tensões, evitando interferências no

resultado. De acordo com Oliveira (2005), a resina fotoelástica exibe adequadas

propriedades fotoelásticas, desde que esteja livre de tensões residuais,

possibilitando a aplicação de cargas e a visualização de um grande número de

franjas, constituindo um material com boas aplicações para experimentos na área da

odontologia.

Figura 7: Peças anatômicas com as respectivas coroas

34

Figura 8: Modelos acondicionados no recipiente

Figura 9: Colocação do silicone industrial

Figura 10: Modelo livre de tensões residuais

35

4.2 Teste fotoelástico

Para a aplicação de força sobre o modelo fotoelástico construído, optou-se

por reproduzir a superfície oclusal de um dente no qual é possível obter contatos

antagônicos em similaridade à condição bucal. Esta superfície oclusal foi obtida

com resina acrílica vermelha (Duralay, Reliance Dental Mfg Co.Worth, IL, USA),

pela técnica do pincel sobre a superfície oclusal das coroas do modelo fotoelástico.

Com o auxílio de um filme de papel carbono AccuFilm II (Parkell, Nova Iorque,

Estados Unidos), os contatos das duas superfícies foram determinados em três

pontos. Procurou-se desta forma reproduzir ou, pelo menos, aproximar-se da função

mastigatória (FIG. 11, FIG.12 e FIG.13).

Figura 11: Reprodução da superfície oclusal

36

Figura 12: Teste de compatibilidade da superfície oclusal

Figura 13: Após a verificação de contatos oclusais com o papel carbono

Esta superfície antagônica em resina acrílica vermelha foi incluída em

revestimento odontológico fosfatado Bellavest SH(Bego Herbst Gmb H&Co.,

Bremen, Alemanha) e submetido ao processo de fundição odontológica por cera

perdida. O metal utilizado foi uma liga de Ni-Cr (Bego Herbst Gmb H&Co., Bremen,

Alemanha). Obteve-se assim, um dispositivo metálico utilizado como antagonista

que, acoplado à haste superior de uma célula de carga (Kratos modelo 1 número de

série 8IJ7984) e indicador digital do tipo dinamômetro (Kratos Modelo IE-1000,

número de série 3530, ano de fabricação 05/2004), foi utilizado em todos os testes

de aplicação de força sobre o modelo fotoelástico. O mesmo dispositivo serviu para

37

todos os ensaios, devido ao fato de que todas as coroas utilizadas neste

experimento foram obtidos de um mesmo padrão (FIG. 14).

Figura 14: Dispositivo para aplicação de carga

A força aplicada foi de 100 N (Sahin et al., 2002) dividido pelos três pontos (A:

33,3 N; B: 33,3 N; C: 33,3 N). O direcionamento de aplicação da força foi

perpendicular à superfície oclusal das coroas no modelo fotoelástico. Foi utilizado

um polariscópio (confeccionado por José Luiz Silva Ribeiro, mestrando em

Engenharia Mecânica, na oficina do Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais), adaptado a um projetor com lâmpadas de filamento de

tungstênio de 300 W, halógenas, formato de palito, tipo HA 300 da Philips, o que

permitiu uma fonte de luz branca, de alta intensidade, com fluxo luminoso de 5.100

lúmens (FIG. 15). Não foi necessário o uso de reatores ou outros acessórios além

dos suportes das lâmpadas e da fiação. Os suportes posicionaram as lâmpadas e a

fiação para a obtenção das imagens fotoelásticas. A utilização do polariscópio na

análise de tensões permite uma visualização da distribuição das tensões no modelo

em estudo. As franjas luminosas foram consequência da passagem da luz

polarizada através do material fotoelástico.

38

Figura 15: Fonte de luz (A); filtro polarizador (B); célula de carga (C); leitor da célula de carga (D);

dispositivo de aplicação da carga (E); recipiente com óleo mineral (F); filtro analisador (G); máquina

fotográfica (H).

O modelo fotoelástico foi mergulhado em um dispositivo em acrílico

transparente, construído para este experimento, contendo óleo mineral puro para

melhorar a visualização das franjas. As imagens fotoelásticas foram obtidas pelo

acoplamento de uma máquina fotográfica digital RebelXTi (Canon, Tóquio, Japão),

regulada no modo automático, para registrar as imagens para posterior análise das

franjas nos quatro modelos fotoelásticos.

A aplicação da força de 100 N sobre o modelo fotoelástico ocorreu da

seguinte maneira: nos quatro grupos experimentais, a força foi aplicada com contato

direto da superfície do dispositivo antagonista com a superfície oclusal da coroa no

modelo fotoelástico. Em primeiro lugar, obtiveram-se as imagens fotoelásticas com a

coroa metálica posicionada nos modelos, de acordo com os grupos experimentais.

Em seguida, com a coroa de cerâmica e, na sequência, com a coroa de cerômero.

As imagens assim obtidas foram devidamente identificadas e armazenadas em

arquivo eletrônico para posterior análise.

A B C

D

E

F G H

D

39

4.3 Análise fotoelástica

As imagens foram analisadas qualitativamente quanto à direção de

propagação e à concentração das mesmas, adotando como critério que, quanto

maior o número de franjas, maior a magnitude da tensão. Quanto mais próximas

estiverem, maior a concentração da tensão (FIG. 16).

Figura 16: Passagem de ordem de franja em luz branca. Fonte: Matthys (1997)

Como o modelo da hemimandíbula possui diferentes espessuras na região peri-

implantar, há o risco da tensão verificada em um determinado ponto não ter a

mesma intensidade em relação à outra região, mesmo a ordem de franja sendo a

mesma, já que a espessura é inversamente proporcional à tensão.

A equação considerada como básica na fotoelasticidade pode ser escrita

desta forma:

Onde:

• σ1 e σ2 = tensões principais

• N = ordem de franja

• h = espessura do modelo

40

• fσ = λ / K0 = fator de franja do material, onde λ = comprimento de onda e K0

= coeficiente de tensão ótica do material.

Ela permite quantificar a diferença entre as tensões principais σ1 - σ2, que por

sua vez, é igual ao dobro da tensão cisalhante máxima (τ), já que:

E, sendo assim:

, logo,

De forma simplificada, a fotoelasticidade bidimensional, para uma aplicação

básica, deve seguir os seguintes passos:

• Fabricação do modelo fotoelástico;

• Calibração do material fotoelástico;

• Captura da imagem digital;

• Determinação das ordens de franja.

A calibração do material fotoelástico é realizada por meio de um disco circular

sob a carga compressiva, onde o fator de franja (fσ) do material pode ser calculado,

pois a geometria do material é bem conhecida (FIG. 17 e FIG. 18).

Figura 17: Molde e peça para calibração. Fonte: Souza et al. (2005).

Fator de franja do material:

onde: D = diâmetro e P = carga aplicada.

41

Figura 18: Exemplo de peça submetida à compressão. Fonte: Souza et al. (2005).

Sendo assim, basta obter a relação P/N para encontrar o fator de franja do

material da seguinte forma:

• Observam-se as passagens de ordens de franja no centro do corpo de

prova correspondentes a N= 0; 1; 2; 3; ..., no campo escuro e N= 0,5; 1,5;

2,5; 3,5; ..., no campo claro. Anota-se a carga P correspondente a cada

passagem.

• Obtém-se assim uma tabela que originará os pontos do gráfico P versus

N.

• O valor de P/N é determinado traçando uma reta pelos vários pontos do

gráfico P versus N e calculando sua inclinação.

O fator de franja encontrado foi fσ = 0,21 N/mm2.

Foram estipulados pontos ao longo dos modelos e enumerados, para que

fosse possível obter a medida da espessura de cada ponto através de um

paquímetro. Estes pontos iniciam com o número 1 (região cervical distal) e

contornam todo o implante até chegar no último número correspondente à região

cervical mesial. Depois da realização do teste, foram observados os números de

ordem de franja para cada ponto e calculado o valor da tensão cisalhante desses

pontos (FIG. 19, FIG. 20, FIG. 21 e FIG 22).

42

Figura 19: Implante angulado longo

1 ( h= 8,60 mm) 4( h= 10,40 mm) 7(h=9,90mm)

2 ( h=10,40 mm) 5( h= 9 mm) 8(h=10mm)

3 ( h= 10,50 mm) 6( h=9mm) 9(h= 9,30mm)

Figura 20: Implante angulado curto

1 ( h= 9,25 mm) 4( h= 10 mm)

2 ( h=11 mm) 5( h= 9 mm)

3 ( h= 10,50 mm)

43

Figura 21: Implante reto longo

1 ( h= 10,30 mm) 4( h= 8 mm) 7 (h=9,15mm)

2 ( h=11,20 mm) 5( h= 7,80 mm) 8(h=9,70mm)

3 ( h= 10,40 mm) 6( h=8,20mm) 9(h= 9,10mm)

Figura 22: Implante reto curto

1 ( h=8,60 mm) 4( h= 8,40 mm) 7(h=7,55mm)

2 ( h=9,35 mm) 5( h= 8 mm)

3 ( h= 9,25 mm) 6( h=8,10mm)

Inicialmente, foram construídas tabelas que mostram, para cada ponto, a

espessura, o número de ordem de franja e a tensão cisalhante máxima. Depois

foram elaborados gráficos com a distribuição das tensões cisalhantes para cada

ponto dos modelos.

44

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50

APÊNDICE A – ARTIGO ( Tensões geradas em prótese sobre implante com diferentes

materiais restauradores: estudo fotoelástico).

(Stress generated in the prosthesis on implants with different restorative materials:

photoelastic study).

RESUMO

Em tratamentos reabilitadores protéticos implantossuportados, pode-se optar por

diferentes tipos de materiais de cobertura oclusal. Estes se diferem quanto ao módulo de

elasticidade e resiliência, refletindo na absorção de impacto. O tipo de material pode ter

influência na magnitude das tensões geradas durante a função mastigatória. Em consulta à

literatura pertinente, observa-se que esta questão não é consensual. O objetivo deste estudo

foi avaliar as tensões geradas em prótese unitária sobre implante com diferentes tipos de

materiais de superfície oclusal, diferente tamanho e angulação do implante, por meio da

análise fotoelástica, no intuito de esclarecer qual material seria mais indicado para esta

modalidade de tratamento. Foram confeccionados quatro modelos padrões de uma

hemimandíbula, em resina fotoelástica, representativa de um arco edêntulo atrófico e

divididos em quatro grupos distintos variando comprimento do implante, material de

cobertura oclusal (liga Ni-Cr, cerômero e porcelana) e angulação do implante. Foi aplicada

uma força de 100 N perpendicular à superfície oclusal das coroas. Utilizou-se uma máquina

fotográfica acoplada a um polariscópio para observação das franjas no modelo fotoelástico e

posterior análise. Em todos os modelos verificou-se uma concentração de tensão no ápice e

região cervical do implante e uma variação de tensões em função do material protético de

cobertura oclusal e angulação do implante.

Palavras chave: Implantes osseointegrados, análise fotoelástica, materiais oclusais, prótese

implantossurpotada, biomecânica.

ABSTRACT

In supported implant prosthetic rehabilitation treatments, you can choose different

types of materials for occlusal coverage.These will differ in the elasticity and resilience,

reflecting the impact absorption. The type of material can have influence on the magnitude of

51

stresses generated during chewing. In consultation with the relevant literature, it is noted that

this issue is not consensual. The aim of this study is to evaluate the stresses generated in

prosthodontic implant on different types of occlusal surface material by means of photoelastic

analysis, to clarify what material would be more suitable for this treatment modality. We

made four standard models of a hemimandible in photoelastic, representing an atrophic

edentulous arch and divided into four groups varying length of the implant, occlusal covering

material (Ni-Cr, ceromer porcelain) and angulation of the implant. It was a force of 100 N

perpendicular to the occlusal surface of crowns. We used a camera attached to a polariscope

to observe the fringes in the photoelastic model and further analysis. In all models there was a

stress concentration at the apex and neck of the implant and a range of voltages depending on

the material covering the occlusal and prosthetic implant angulation.

Keywords: Osseointegrated implants, photoelastic analysis, oclusal materials, supported

implant prosthesis, biomechanics.

52

INTRODUÇÃO

Uma das consequências de uma sobrecarga no implante seria inicialmente uma

reabsorção, que poderia gerar ou contribuir para fraturas de componentes de implantes1. A

tensão e a deformação desenvolvidas pelas cargas oclusais são frequentemente descritas e

associadas às perdas ósseas em torno dos implantes, parafusos frouxos e fraturados, fratura de

implantes e do material restaurador 2-4.

Como o implante se difere do dente natural pela ausência do ligamento periodontal, o

comportamento biomecânico também é diferente. O tipo de material pode ter influência na

magnitude das tensões geradas durante a função mastigatória. Em consulta à literatura

pertinente, observa-se que este fato não é consensual.

Os autores5 constataram, após análise pelo método de Elemento Finito, variações de

tensões geradas pela carga mastigatória em função do material de revestimento das próteses

sobre os implantes osseointegrados.

A análise fotoelástica é amplamente consagrada nos estudos de transmissão de forças

no meio odontológico e vem sendo utilizada com frequência em pesquisas de transmissão de

forças ao redor de dentes naturais pilares de próteses fixas e removíveis6-7 ou ao redor de

implantes osseointegrados sob sobredentaduras8.

Há diferentes tipos de materiais de superfície oclusal que podem ser utilizados em

prótese sobre implante. Estes se diferem quanto à rigidez e ao módulo de elasticidade,

podendo influenciar na magnitude das tensões geradas durante a função mastigatória. Em

consulta à literatura pertinente, observa-se que não é consensual esta influência do material de

cobertura oclusal de uma prótese fixa unitária implantossuportada.

O objetivo deste estudo foi avaliar as tensões geradas em prótese unitária sobre

implante com diferentes tipos de materiais de superfície oclusal. A metodologia utilizada foi

análise fotoelástica, com o intuito de esclarecer qual material é mais indicado para esta

modalidade de tratamento, já que na literatura, esta questão não é consensual.

53

REVISÃO DE LITERATURA

O princípio básico da fotoelasticidade baseia-se no surgimento de faixas coloridas

correspondentes à concentração de tensões, denominadas franjas ou bandas, em determinados

materiais transparentes que, quando submetidos a tensões e iluminados por luz polarizada,

podem ser analisados qualitativa e quantitativamente9. Quanto maior o número de franjas,

maior a intensidade de tensão, e quanto mais próximas as franjas umas das outras, maior a

concentração desta tensão10-11.

Em estudo in vitro,12 foi demonstrado que, utilizando cargas de impacto nas coroas

sobre implantes com diferentes materiais protéticos, estas apresentam um comportamento

diferente nas forças transmitidas aos implantes. Observou neste estudo uma redução

significativa do impacto quando foi utilizada a resina acrílica, comparado à porcelana ou à

liga de ouro. Sugeriu que a cobertura oclusal de próteses sobre implantes deveria ser feita com

materiais menos rígidos do que a porcelana e o metal, como uma resina acrílica, por exemplo.

Outros autores13 utilizaram cinco materiais diferentes (liga de ouro, liga nobre para

metalocerâmica, porcelana, resina fotoativada, resina polimerizada por calor e pressão), como

cobertura oclusal de uma prótese sobre implante unitário. Verificaram que as duas resinas

reduziram as forças de impacto em 50% quando comparadas à porcelana ou às ligas

metálicas. Porém, em outro estudo14, não foram encontradas diferenças significativas nas

forças mastigatórias, tampouco no padrão de mastigação em função da diferenciação do

material de cobertura oclusal. Alguns autores15 afirmam que o uso de porcelana como

revestimento oclusal é recomendado por permitir uma maior longevidade, melhor estética e

menor índice de complicações clínicas, como fratura.

Foi proposto um modelo de carga progressiva na implantodontia16, apresentando um

protocolo para carregamento progressivo do implante que agrupava fatores como tempo,

dieta, material oclusal, oclusão e desenho da prótese. Segundo este protocolo, o intervalo de

tempo para a confecção da prótese era diretamente relacionado com a densidade óssea

observada no ato cirúrgico.

Utilizando-se do método fotoelástico, autores17 concluíram que as próteses sobre

implantes deveriam ser construídas com as coberturas oclusais metálicas ou em resina

composta fotoativada. Também com a fotoelasticidade, foi observada18 uma menor

concentração de tensões em implantes do tipo hexágono interno na região cervical, não

havendo diferenças significativas em outras regiões entre os tipos de conexão interna e

externa.

54

A influência da ciclagem térmica nas propriedades mecânicas de cinco marcas

comerciais de resinas de laboratório foi analisada19, concluindo que após a ciclagem térmica,

as resinas apresentaram um melhor comportamento mecânico, com melhor elasticidade e

plasticidade do que em todas as resinas analisadas.

Em um estudo20 comparativo com diferentes materiais de recobrimento oclusal de

próteses unitárias implantossuportadas. utilizando análise fotoelástica e dinâmica, concluiu-se

que materiais protéticos com menor rigidez não são capazes de amortecer forças transmitidas

a implantes unitários. Também por meio de análise fotoelástica, observaram 21que os

implantes angulados geram padrões de tensão oblíqua, que não são transferidas de forma

homogênea para o modelo fotoelástico.

Alguns autores22 aplicaram a fotoelasticidade para comparar a transmissão de forças

envolvidas na região peri-implantar submetidas a diferentes modelos de implantes, o

hexágono externo transmitiu a maior tensão.

Também pela fotoelasticidade, foi analisada23 a influência da angulação do implante e

o tipo de intermediário (Ucla e Esteticone) na distribuição das tensões em próteses

aparafusadas implantossuportadas. Os resultados mostraram o mesmo número de franjas para

os dois tipos de intermediários, sendo que as franjas aumentaram proporcionalmente à

angulação. Quando da aplicação da carga oblíqua, houve um maior número de franjas.

Utilizou-se de extensômetros para medir a força transferida a um implante após a aplicação

de um impacto in vivo e in vitro, sobre coroas com dois tipos de materiais de cobertura

oclusal, como resina acrílica e porcelana. Os autores24 afirmaram que o material oclusal não é

um fator que interfere na transmissão de forças aos implantes. Porém, em outro estudo 25, foi

observado que a resina composta não reduziu a força de impacto quando comparada à

porcelana, no entanto, o tempo para atingir o nível máximo de força foi maior na resina em

comparação à porcelana.

Por meio de extensômetros26 investigaram a influência dos materiais protéticos na

carga de implantes in vivo. Os resultados mostraram uma melhor distribuição de momentos de

força nas próteses metálicas em comparação com as acrílicas. Nenhuma alteração nas cargas

foi verificada. Em outro experimento27, em que materiais utilizados nas próteses foram resina

composta, resina acrílica e liga de ouro, foi concluído que os três materiais testados possuem

o mesmo comportamento quanto à tensão transmitida ao osso. Porém, por meio método de

Elemento Finito em 3D, autores28 concluíram que as propriedades físicas relativas dos

materiais possuem grande influência na distribuição de tensões em prótese fixa

implantossuportada.

55

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi confeccionado um modelo padrão de uma hemimandíbula, obtida a partir da

reprodução de uma mandíbula de um crânio humano em material plástico, usado com

finalidade didática e próximo da escala 1:1. Esta hemimandíbula, representativa de um arco

edêntulo atrófico, foi reproduzida com silicone 920 (cor azul, uso industrial, data de

fabricação 24/02/2010, Casa da Resina, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil), catalisador

503 (uso industrial, fabricado em 24/02/2010, Casa da Resina, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil) na proporção de 100g de silicone para 3,0 mL de catalisador. O molde foi preenchido

com resina acrílica de polimerização química JET, na cor transparente (Clássico, São Paulo,

Brasil). Foram confeccionadas quatro peças anatômicas similares.

Cada peça anatômica foi previamente medida com régua e paquímetro para a

demarcação de uma área a ser perfurada na região do primeiro molar inferior. Em seguida, as

hemimandíbulas foram perfuradas na área demarcada, com o auxílio de um micromotor

Beltec lb 100 (Beltec Indústria e Comércio de Equipamentos Odontológicos Ltda,

Araraquara, Brasil) e uma fresa cilíndrica (Fresa Maxicut de corte liso, grosso, número 79,

Edenta, Áustria), acoplada a um paralelômetro (BioArt, São Carlos, SP, Brasil) para garantir

um paralelismo adequado e equivalente aos outros modelos. No caso dos implantes

angulados, foi utilizado um transferidor de ângulo para determinação da inclinação correta

que se pretendia, procurando desta forma a similaridade com a situação clínica. Os implantes

foram instalados nos respectivos modelos de acordo com os grupos, e fixados com cera

utilidade. As perfurações realizadas respeitaram as medidas pré-estabelecidas dos implantes.

Os quatro modelos foram divididos em quatro grupos distintos para posteriores

análises e comparações: Grupo 1: hemimandíbula com implante 3,75 x 9 mm e pilar cilindro

reto. Grupo 2: hemimandíbula com implante 3,75 x 9 mm e pilar com inclinação de 17 graus.

Grupo 3: hemimandíbula com implante 3,75 x 13 mm e pilar cilindro reto. Grupo 4:

hemimandíbula com implante 3,75 x 13 mm e pilar com inclinação de 17 graus.

Os implantes utilizados foram da marca Neodent® (Neodent, Curitiba, PR, Brasil), de

conexão externa hexagonal com diâmetro 3,75 mm e plataforma protética 4.1, variando o

comprimento de 9 mm e 13 mm. Sobre estes implantes foram aparafusados componentes

protéticos cilíndricos da marca Neodent® (Neodent, Curitiba, PR, BR), sendo dois retos e dois

angulados (17 graus), conforme descrição dos grupos.

Para os grupos 1 e 3, que receberam um pilar cilíndrico reto, foram confeccionadas

três coroas totais, com os seguintes materiais: liga de Ni-Cr (Wironia, Bego, Alemanha)

56

módulo de elasticidade de 200 Gpa (informação do fabricante); cerômero (VMLC Vita

Zhanfabrik, Alemanha) módulo de elasticidade de 4500 MPa (informação do fabricante);

cerâmica (Vita VM13, Zanhfabrik, Alemanha) módulo de elasticidade de 58 Gpa

(informação do fabricante).

Da mesma forma, para os grupos 2 e 4, que receberam um pilar angulado (17 graus),

foram confeccionadas também três coroas totais com os mesmos materiais.

Todas as coroas foram obtidas a partir de um enceramento que serviu como matriz

para reprodução e padronização do volume de material das coroas.

Nos quatro modelos de hemimandíbula, os implantes foram posicionados e

previamente acoplados aos seus componentes protéticos, de acordo com os grupos

experimentais. Estes foram fixados em suas posições com cera utilidade, e sobre eles foram

colocadas as coroas tanto para os componentes retos quanto para os angulados. Com as quatro

hemimandíbulas assim preparadas, passou-se a reproduzí-las com o silicone industrial, como

usado anteriormente. As hemimandíbulas foram acondicionadas em um recipiente de 95 x 12

x 20 mm, que serviu de contenção para o silicone industrial, como anteriormente utilizado.

Este molde obtido foi preenchido com resina fotoelástica (resina epóxi flexível G3, Polipox,

São Paulo, SP, Brasil), proporcionada volumetricamente em 2,5 partes de resina para 1 parte

de endurecedor. Os modelos fotoelásticos foram observados quanto à presença de bolhas

internas. Havendo a presença de bolhas, o modelo era descartado, pois estas inviabilizam o

teste fotoelástico já que representarão um ponto de concentração de tensões, prejudicando a

propagação de franjas. Verificou-se também, antes da aplicação das forças, por meio do

polariscópio (confeccionado por José Luiz Silva Ribeiro, mestrando em Engenharia

Mecânica, na oficina de mecânica do Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais), se o modelo estava livre de tensões residuais. Quando observada a tensão, o

modelo foi colocado em estufa a cinquenta graus celsius por dez minutos, para eliminação

dessas tensões, evitando interferências no resultado.

Para a aplicação de força sobre o modelo fotoelástico construído, optou-se por

reproduzir a superfície oclusal de um dente no qual é possível obter contatos antagônicos em

similaridade à condição bucal. Esta superfície oclusal foi obtida com resina acrílica vermelha

(Duralay, Reliance Dental Mfg Co.Worth, IL, USA), pela técnica do pincel sobre a

superfície oclusal das coroas do modelo fotoelástico. Com o auxílio de um filme de papel

carbono AccuFilm II (Parkell, Nova Iorque, Estados Unidos), os contatos das duas

57

superfícies foram determinados em três pontos. Procurou-se desta forma reproduzir ou, pelo

menos, aproximar-se da função mastigatória.

Esta superfície antagônica em resina acrílica vermelha foi incluída em revestimento

odontológico fosfatado Bellavest SH(Bego Herbst Gmb H&Co., Bremen, Alemanha) e

submetido ao processo de fundição odontológica por cera perdida. O metal utilizado foi uma

liga de Ni-Cr (Bego Herbst Gmb H&Co., Bremen, Alemanha). Obteve-se assim, um

dispositivo metálico utilizado como antagonista que, acoplado à haste superior de uma célula

de carga (Kratos modelo 1 número de série 8IJ7984) e indicador digital do tipo dinamômetro

(Kratos Modelo IE-1000, número de série 3530, ano de fabricação 05/2004), foi utilizado em

todos os testes de aplicação de força sobre o modelo fotoelástico. O mesmo dispositivo serviu

para todos os ensaios, devido ao fato de que todas as coroas utilizadas neste experimento

foram obtidos de um mesmo padrão

A força aplicada foi de 100 N 29 dividido pelos três pontos (A: 33,3 N; B: 33,3 N; C:

33,3 N). O direcionamento de aplicação da força foi perpendicular à superfície oclusal das

coroas no modelo fotoelástico. Foi utilizado um polariscópio (confeccionado por José Luiz

Silva Ribeiro, mestrando em Engenharia Mecânica, na oficina do Instituto Politécnico da

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), adaptado a um projetor com lâmpadas de

filamento de tungstênio de 300 W, halógenas, formato de palito, tipo HA 300 da Philips, o

que permitiu uma fonte de luz branca, de alta intensidade, com fluxo luminoso de 5.100

lúmens. Não foi necessário o uso de reatores ou outros acessórios além dos suportes das

lâmpadas e da fiação. Os suportes posicionaram as lâmpadas e a fiação para a obtenção das

imagens fotoelásticas.

O modelo fotoelástico foi mergulhado em um dispositivo em acrílico transparente,

construído para este experimento, contendo óleo mineral puro para melhorar a visualização

das franjas. As imagens fotoelásticas foram obtidas pelo acoplamento de uma máquina

fotográfica digital RebelXTi (Canon, Tóquio, Japão), regulada no modo automático, para

registrar as imagens para posterior análise das franjas nos quatro modelos fotoelásticos.

A aplicação da força de 100 N sobre o modelo fotoelástico ocorreu da seguinte maneira: nos

quatro grupos experimentais, a força foi aplicada com contato direto da superfície do

dispositivo antagonista com a superfície oclusal da coroa no modelo fotoelástico. Em primeiro

lugar, obtiveram-se as imagens fotoelásticas com a coroa metálica posicionada nos modelos,

de acordo com os grupos experimentais. Em seguida, com a coroa de cerâmica e, na

58

sequência, com a coroa de cerômero. As imagens assim obtidas foram devidamente

identificadas e armazenadas em arquivo eletrônico para posterior análise.

Foram estipulados pontos ao longo dos modelos e enumerados, para que fosse possível

obter a medida da espessura de cada ponto através de um paquímetro. Estes pontos iniciam

com o número 1 (região cervical distal) e contornam todo o implante até chegar ao último

número correspondente à região cervical mesial. Depois da realização do teste, foram

observados os números de ordem de franja para cada ponto e calculado o valor da tensão

cisalhante desses pontos

Inicialmente, foram construídas tabelas que mostram, para cada ponto, a espessura, o

número de ordem de franja e a tensão cisalhante máxima. Depois foram elaborados gráficos

com a distribuição das tensões cisalhantes para cada ponto dos modelos.

RESULTADOS

Nas figuras 1,2 e 3, podemos observar as franjas formadas nos modelos fotoelásticos

de coroas de cerômero, porcelana e metal respectivamente, usando o implante longo e

angulado. As maiores tensões foram observadas na região do ápice e cervical do implante. A

análise do gráfico1 mostra pouca diferença entre o material cerômero e porcelana, mostrando

nos pontos 1 e 5 uma igualdade nas tensões. Os pontos 1 e 5 correspondem respectivamente à

região cervical distal e ápice do implante. Não se observou no ponto 9 que corresponde à

região cervical mesial o mesmo comportamento com relação a estes materiais. Outra

observação interessante é que, para os pontos de 1 e 5, o comportamento entre a cerâmica e o

cerômero foram iguais , ligeiramente maiores para a porcelana ( 2,3 e 4). Para o metal os

valores de tensão obtidos foram na maioria dos pontos menores que os outros materiais. Já

para o pontos 8 e 9, correspondentes à região cervical mesial, o comportamento do metal foi

igual à da porcelana.

59

Figura 1: cerômero Figura 2: porcelana Figura 3: metal

Gráfico 1 : comparação dos valores das tensões cisalhantes.

Nas figuras 4,5 e 6, podemos observar as franjas formadas nos modelos fotoelásticos

de coroas de cerômero, porcelana e metal respectivamente, usando o implante curto e

angulado. As maiores tensões foram observadas na região do ápice e cervical do implante. A

análise do gráfico2 mostra pouca diferença entre o material cerômero e porcelana, mostrando

no ponto 5 uma igualdade nas tensões. O ponto 5 corresponde à região do ápice do implante.

A porcelana apresentou com um nível de tensão ligeiramente maior do que o cerômero nos

pontos 1 e 2( região distal), invertendo esta situação nos pontos 4 e 5 (região mesial). Para o

metal os valores de tensão obtidos foram menores que os outros materiais.

60

Figura 4: cerômero Figura 5: porcelana Figura 6: metal

l

Gráfico 2 : comparação dos valores das tensões cisalhantes

Nas figuras 7,8 e 9, podemos observar as franjas formadas nos modelos fotoelásticos

de coroas de cerômero, porcelana e metal respectivamente, usando o implante longo e retoAs

maiores tensões foram observadas na região do ápice e cervical do implante respectivamente.

No gráfico 3 para a porcelana e o cerômero foram observados níveis de tensões semelhantes

no ápice do implante (ponto 5) e região cervical mesial (pontos 8 e 9). A porcelana apresentou

com um nível de tensão ligeiramente menor na cervical do implante lado distal (ponto 1). Para

o metal, foi observado que em toda extensão da análise foram observadas níveis de tensões

menores em relação aos outros materiais analisados.

61

Figua 7: cerômero Figura 8: porcelana Figura 9: metal

Gráfico 3: comparação dos valores das tensões cisalhantes.

Nas figuras 10, 11 e 12, podemos observar as franjas formadas nos modelos

fotoelásticos de coroas de cerômero, porcelana e metal respectivamente, usando o implante

curto e reto no gráfico As maiores concentrações de tensões observadas estão nos pontos (4,

1 e 7), correspondentes à regiao do ápice do implante e cervical respectivamente. Foram

observados níveis semelhantes de tensões entre a porcelana e o cerômero na região do ápice

do implante (ponto 4). O cerômero apresentou na região cervical distal do implante (pontos 1

e 2) como o material que mais produziu tensões, em contrapartida,a porcelana apresentou na

região cervical distal (pontos 6 e 7) como o material que mais produziu tensões. O metal, na

quase totalidae das regiões observadas, produziu menores tensões quando comparado aos

outros dois materiais, tendo seu nível maior de tensão observado no ponto 7 (região cervical

mesial).

62

Figura 10: cerômero Figura 11: porcelana Figura 12: metal

Gráfico 4 : comparação dos valores das tensões cisalhantes.

DISCUSSÃO

A análise fotoelástica possui como característica marcante a obtenção de informações

diretas sobre as tensões geradas no modelo, em consequência de uma força aplicada 9-10-11.

Isto permitiu comparar padrões de tensões na região adjacente ao implante após a aplicação

de 100 N de força.

Neste estudo, optamos por construir um modelo fotoelástico atrófico de uma

hemimandíbula, com o intuito de simular situações mais próximas da clínica odontológica. A

técnica fotoelástica possibilita a aplicação em corpos com morfologia complexa9. Observamos

63

na literatura que a maioria dos estudos fotoelásticos 18,20-21-22- 23 não são fiéis quando

observamos os modelos fotoelásticos. Geralmente são retangulares, ou em forma de

mandíbula não atrófica, podendo camuflar alguma informação real.

Durante a confecção e ensaios com modelos fotoelásticos, alguns cuidados foram

observados para que não houvesse influência na qualidade do resultado. Estes cuidados

incluem manipulação do material, confecção dos modelos, não exceder o limite de

elasticidade da resina fotoelástica, o apoio preciso do modelo para aplicação da carga e a

ausência de tensões residuais prévias à análise9.

Depois da análise qualitativa dos resultados, um método simplificado para quantificar

as tensões foi executado, uma vez que o modelo fotoelástico, por ser atrófico, apresentava-se

com diferentes espessuras nos pontos de franjas analisados. Isto poderia comprometer a

análise dos resultados, tendo em vista que, na equação considerada básica na

fotoelasticidade10, as diferenças de tensões são inversamente proporcionais à espessura do

material fotoelástico.

Não há um consenso na literatura sobre qual tipo de material seria mais interessante de

ser utilizado para cobertura oclusal em prótese sobre implante unitária, em função das tensões

transmitidas à região peri-implantar. Para alguns autores14-15,17,20,27, não foram encontradas

diferenças significativas nas forças mastigatórias, nem no padrão de mastigação em função da

diferenciação do material de cobertura oclusal.

Por outro lado, vários autores12-13,26,28 obtiveram resultados que atestam que o tipo de

material de cobertura oclusal em prótese fixa sobre implante possui efeitos diferentes na

transmissão de tensões ao osso circunjacente ao implante. Neste quesito, estes estudos estão

de acordo com os resultados obtidos neste trabalho.

No presente estudo, foi obtido como resultado que, na maioria das situações, o

material porcelana obteve índices de transmissão de tensão bastante semelhantes ao do

cerômero, o que pode ser justificado por um estudo19 em que o autor avaliou a resistência a

compressão de resinas compostas indiretas antes e após a ciclagem térmica. Os gráficos de

tensão x deformação mostrados pelo autor demonstram que, antes da ciclagem térmica, a

resina mostrou uma curva pouco inclinada e com uma reta até o limite de proporcionalidade.

O ponto de fratura coincidiu com o limite elástico. Esta é uma característica biomecânica

semelhante a um comportamento biomecânico de uma porcelana. Tal fato demonstrou que o

cerômero, antes de se submeter a variações térmicas, possui propriedades resilientes

semelhantes à porcelana.

64

Foi proposto como solução para a transmissão de forças ao osso pelos implantes, o uso

de um carregamento progressivo, levando em consideração a qualidade óssea do local. Com

isso, poderíamos usar diferentes materiais de acordo com a qualidade óssea, a fim de

minimizar tensões excessivas, já que na cavidade bucal encontramos diferentes tipos de ossos.

Uma limitação do estudo foi quanto ao uso do material fotoelástico. A resina fotoelástica

poderia ter módulos de elasticidade semelhantes aos tipos de osso alveolar (cortical e

esponjoso). Assim, teríamos comportamentos mecânicos diferentes para características ósseas

diferentes.

A divergência dos resultados dos estudos quanto ao material de cobertura oclusal

poderia ser explicada também pelos diferentes materiais com diferentes fabricantes. Muitos

estudos não mencionaram, por exemplo, qual porcelana foi utilizada. Sabemos que hoje, na

odontologia, há diferentes marcas de porcelana com diferentes características de resistência.

Logo, não há uma padronização nos estudos quanto a este quesito, não podendo ter efeitos

comparativos com outros estudos. Tal fato também se aplica aos cerômeros e ligas metálicas.

Neste estudo, a coroa de metal obteve um comportamento de transmissão de tensões

menor do que a porcelana e o cerômero, sendo equivalente a outros estudos.

Outro fator que devemos considerar é o tempo de transmissão da tensão de cada

material em função da carga aplicada. A velocidade de transmissão da força dos materiais é

diferente, e o tempo necessário para atingir o pico de força também é diferente25. Em nosso

estudo, a análise foi feita para os diferentes modelos nos 100 N. Porém, com outras forças

poderíamos ter resultados diferentes.

Quanto à conexão do implante utilizado, a de componente interno tem efeitos

melhores para a região peri-implantar22. No presente estudo, utilizamos a hexagonal externa, o

que pode gerar resultados diferentes.

A forma de aplicação da força também foi uma particularidade no trabalho. Visando

estar mais próximo da realidade, foi confeccionado um dispositivo simulando um dente

antagonista, com pontos de contatos distribuídos, diferentemente de alguns trabalhos 22-23.

O que se percebe é que todos os estudos possuem vários elementos variáveis em suas

metodologias, que podem levar a conclusões diferentes. Portanto, não há consenso no que se

refere a este tema. Porém, os resultados dos estudos mostram que há uma concentração de

tensões predominantes na região cervical dos implantes e região apical, o que se confirma

com a literatura do ponto de vista qualitativo. As variações ocorrem quando a análise é

quantitativa.

65

Nos implantes retos, se compararmos o curto e o longo, não houve grandes diferenças

nas concentrações de tensão, como em alguns trabalhos 28. No presente estudo, utilizou-se

implantes de 9 mm e 13 mm de comprimento. Talvez, caso esta diferença de comprimento

dos implantes fosse maior, poderíamos obter resultados diferentes.

Se compararmos os resultados de implantes angulados com os retos no estudo,

podemos observar que os angulados causam um maior nível de tensão do que os retos, o que

está de acordo com alguns autores 23.

A geração de tensões na área peri-implantar de implantes odontológicos,

independentemente do modelo de análise, ainda necessita de maiores estudos. A sensibilidade

do método para detectar e localizar as tensões, bem como a padronização dos dados que

alimentam estes métodos, deveriam ser melhor estudados.

CONCLUSÕES

1. Foi observado em todos os modelos que os níveis maiores de tensão estavam

localizados no ápice e na região cervical dos implantes.

2. A variação de material de cobertura oclusal das próteses sobre implantes influencia na

transmissão de tensão ao osso adjacente ao implante, sendo a superfície metálica a que

apresentou a menor tensão

3. Não há um consenso na literatura sobre qual tipo de material de cobertura oclusal seria

mais indicado para amenizar as transmissões de tensões.

4. As próteses, quando instaladas sobre implantes angulados, geram maiores níveis de

tensão ao osso.

5. A diferença de comprimento dos implantes utilizados neste estudo não causou grandes

diferenças de tensão no osso.

6. A porcelana obteve índices de transmissão de tensão bastante semelhantes aos do

cerômero.

7. Este tema ainda precisa de mais estudos, independente do método de análise. Não há

uma padronização das metodologias utilizadas.

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271-282, 2002

69

APÊNDICE B – ARTIGO ( Análise fotoelástica na odontologia: revisão de literatura)

(Photoelastic analysis in dentistry: a review).

RESUMO

A técnica da fotoelasticidade tem sido utilizada com propriedade para estudo de

distribuições de tensões na área odontológica. Descoberta em 1816, a fotoelasticidade obteve

grandes avanços com o advento das resinas sintéticas na década de sessenta. O princípio

básico da fotoelasticidade baseia-se no surgimento de faixas coloridas correspondentes a

concentrações de tensões, denominadas franjas ou bandas, em determinados materiais

transparentes que, quando submetidos a tensões e iluminados por luz polarizada, podem ser

analisados qualitativa e quantitativamente. Baixo custo, relativa facilidade de execução da

técnica, fácil visualização e compreensão de resultados, credenciam a fotoelasticidade para ser

empregada nos estudos odontológicos. No entanto, faz-se necessário seguir alguns critérios

para confecção e análise do modelo fotoelástico para a credibilidade da pesquisa

Palavras chave: Análise fotoelástica. Implantes dentais. Prótese implantossuportada.

ABSTRACT

The photoelasticity technique has been used to study the property distributions of

stresses in the dental field. Discovered in 1816, the photoelasticity got great strideswith the

advent of synthetic resins in the sixties. The basic principle of photoelasticity is based

on the appearance of colored bands corresponding to stress concentrations,called fringes or

bands in certain transparentmaterials that, when subjected to tensionand

illuminated by polarized light can be analyzed qualitatively

and quantitatively. Lowcost, relative ease of the technique, easy visualization and

understanding of findings,certify the photoelasticity to be employed in dental studies. Howeve

r, it is necessary tofollow certain criteria for preparation and analysis of photoelastic

model for thecredibility of research.

Key words: Photoelastic analysis. Dental implants. Prosthesis implantossuportada.

70

INTRODUÇÃO

A expectativa de vida humana vem aumentando juntamente com os avanços dos

mecanismos preventivos e da moderna odontologia restauradora. Agregada a estes valores, a

bioengenharia contribui para este processo através da construção de raízes artificiais

confeccionadas a partir de um corpo metálico de titânio, os implantes dentais osseointegrados.

O revolucionário conceito de implantes osseointegrados1, orientou uma corrida às

pesquisas, e inúmeros estudos abordam desempenho desses dispositivos na recuperação dos

espaços protéticos2.

Pesquisadores, baseados em métodos como Elementos Finitos e análise fotoelástica,

que visam obter um resultado esclarecedor em suas pesquisas, buscam respostas para

comportamentos biomecânicos dos diferentes tipos de implantes e componentes protéticos

utilizados em reabilitação oral. Como resultado final, busca-se promover, cada vez mais, a

longevidade dos tratamentos reabilitadores e melhorar seu comportamento biomecânico na

cavidade bucal.

Todavia, as aplicações de métodos de Elementos Finitos exigem conhecimentos mais

profundos a respeito de modelos matemáticos e conhecimentos de softwares, podendo

dificultar a utilização e não ser aplicáveis em todos os casos2.

A técnica da fotoelasticidade tem sido utilizada com propriedade nas mais diferentes

áreas da engenharia, estudando a distribuição de esforços. Em conseqüência do baixo custo,

associado à facilidade técnica de execução dos testes e compreensão dos resultados, seu

emprego em odontologia tem sido cada vez maior.

Este artigo contemplará o método de análise fotoelástica, elucidando seus

mecanismos, suas vantagens e desvantagens, sua interpretação e seu papel benéfico para o

estudo de tensões na área reabilitadora odontológica.

REVISÃO DA LITERATURA

O fenômeno da fotoelasticidade foi descoberto por Sir David Brewster, em 1816,

quando em um vidro sob tensão observou faixas coloridas3. Este método teve grandes avanços

com o advento das resinas sintéticas nos anos 60. O princípio básico da fotoelasticidade

baseia-se no surgimento de faixas coloridas correspondente a concentração de tensões,

denominadas franjas ou bandas, em determinados materiais transparentes que, quando

submetidos a tensões e iluminados por luz polarizada, podem ser analisados qualitativa e

quantitativamente. A técnica possui como vantagem a possibilidade de visualização conjunta

de tensões internas nos corpos, sem necessidade de gráficos ou esquemas comuns a outras

71

técnicas, além da possibilidade de aplicação em corpos com morfologia complexa. São

exigidos que os modelos tenham uma reprodução fiel do original, além de estarem livre de

tensões previamente à análise.

A análise fotoelástica foi empregada em um estudo para avaliação da distribuição de

esforços no periodonto, ao redor de dentes molares inferiores com carga oclusal, quando os

mesmos eram considerados isoladamente ou como pilares de prótese fixa4.

O método fotoelástico foi definido como uma técnica capaz de transformar tensões

induzidas em um determinado interior de um corpo em padrões diferentes de luz denominados

franjas5. A concentração de tensões é diretamente proporcional ao número de franjas

formadas. Realizaram, para comprovação da eficiência do método fotoelástico, um estudo que

tinha como objetivo demonstrar a compatibilidade de dados clínicos e achados histológicos.

Foram instalados aparelhos ortodônticos em cães e gatos e nos respectivos modelos

fotoelásticos. Observou-se uma correlação positiva entre os achados histológicos dos

espécimes previamente preparados e os modelos fotoelásticos. Onde a visualização mostrou

forças de compressão e tração fotoelástica, encontravam-se, respectivamente, evidências de

estiramento e compressão de fibras periodontais. Nas áreas com altas concentrações de

tensões no modelo, surgiram áreas de hialinização no material histológico.

A fotoelasticidade é baseada na habilidade de certos materiais transparentes exibirem

padrões coloridos quando submetidos a cargas, que são visualizadas com luz polarizada. Os

padrões coloridos são chamados de franjas isocromáticas. Quanto maior o número de franjas,

maior a intensidade de tensão, Quanto mais próximas as franjas umas das outras, maior a

concentração de tensão6.

Foi introduzia a técnica da fotoelasticidade no ensino da engenharia, para análise de

tensões e deformações bi ou tridimensionais, de forma acessível e simples. O uso da

fotoelasticidade é particularmente útil em peças com formas geométricas complicadas e/ou

distribuição complexa de carga7.A condição para escolha dos materiais visa fidelizar ao

máximo o modelo mestre e não camuflar nenhum tipo de resultado8. Os materiais

fotoelásticos utilizados são normalmente resinas epóxi, curadas com aminas ou anidridos,

policarbonatos, tendo em vistas algumas propriedades, como alta constante óptica, baixo

módulo de elasticidade, resistência à tensão, boa resposta óptica, fácil obtenção,

transparência, ausência de manchas ópticas e de tensões residuais, baixo custo e

características que possibilitem sua utilização em modelos de superfícies irregulares.

Quando um modelo fotoelástico transparente é submetido a um estado de

tensão/deformação, a luz polarizada que o atravessa é examinada por um aparelho –

72

polariscópio – permitindo a obtenção das tensões através da interpretação dos parâmetros

ópticos observados. Se a luz comum for utilizada, os efeitos ópticos manifestam-se como

franjas coloridas. Com luz monocromática há uma série alternada de franjas brancas e pretas2

O polariscópio circular é composto por uma fonte que emite luz, um difusor de luz e quatro

filtros ópticos. Os filtros ópticos subdividem-se em: polarizador, dois filtros de um quarto de

onda e um filtro analisador. Um mecanismo de aplicação de forças também compõe o sistema

juntamente com um recipiente contendo óleo mineral.

Figura 1: Fonte de luz (A); filtro polarizador (B); célula de carga (C); leitor da célula de carga (D); dispositivo de

aplicação da carga (E); recipiente com óleo mineral (F); filtro analisador (G); máquina fotográfica (H).

O filtro polarizador tem como função selecionar as ondas de luz que vêm da lâmpada,

permitindo a passagem de impulsos com apenas planos de orientação. Sequencialmente, a luz

atravessa outro tipo de filtro (um quarto de onda), que possui efeito retardante da transmissão

da luz e torna a polarização circular. Ao passar pelo corpo de prova, se este estiver sofrendo

algum tipo de tensão, a luz pode sofrer mudanças na sua trajetória. Em seguida, a luz passa

pelo segundo filtro de um quarto de onda, que possui como característica a capacidade de

neutralizar a circularização da luz obtida pelo primeiro filtro de um quarto de onda, resultando

em uma luz linearmente polarizada. O último filtro analisador é responsável pela extinção da

luz9.

A

B

C

D

F

G E H

73

Figura 2 - Arranjo dos filtros e suas respectivas angulações, para um polarizador circular ajustado em campo

escuro - Adaptado de Ferreira Jr (2003).

Na configuração de campo claro, os filtros polarizadores são orientados

paralelamente, o que torna o fundo claro. Na configuração de campo escuro, o polarizador e o

analisador são angulados em 90º, o que extingue a transmissão da luz, tornando escuro o

fundo da imagem obtida. A metodologia de polarização circular difere da polarização linear

da luz, que não utiliza os filtros de um quarto de onda. A principal vantagem do polariscópio

circular é a eliminação das franjas isoclínicas (acinzentadas e negras), que se sobrepõem às

isocromáticas (coloridas), resultando em uma imagem mais clara e livre de interferências10.

O autor11 realizou um estudo que tinha como objetivo comparar, por análise

fotoelástica e dinâmica, a transmissão de forças através de cargas sobre diferentes materiais

oclusais protéticos de próteses unitárias implantossuportadas. Foi confeccionado um modelo

em resina fotoelástica com anatomia semelhante ao da região de pré-molares inferiores, com

um implante hexágono interno de 3,75 mm x 11,5 mm. Foram elaborados três tipos de

próteses com materiais de rigidez decrescente: metálica, resina composta e um disco de EVA

interposto com espessura de 2,5 mm. As tensões geradas com uma carga de 100N foram

observadas através de um polariscópio circular, de forma qualitativa, onde esta força foi

aplicada no sentido axial, de forma compressiva sobre cada tipo de prótese. Os três tipos de

próteses apresentaram resultados similares no que diz respeito à intensidade e localização de

tensões. A análise dinâmica mostrou que, quando aplicada uma força de 100N, o implante a

recebe instantaneamente. Foi concluído que materiais protéticos com menor rigidez não são

74

capazes de amortecer forças transmitidas a implantes unitários, ou até mesmo de retardar sua

transmissão pelo tempo.

Também através da técnica fotoelástica, verificou qualitativa e quantitativamente o

comportamento biomecânico de coroas unitárias sobre implantes de plataforma tipo hexágono

interno com pilar UCLA. Foram confeccionadas coroas parafusadas e cimentadas simulando a

reabilitação da área posterior da mandíbula com e sem a presença de elemento distal aos

implantes. A liga metálica da infra-estrutura, (NI-Cr-TI) ou (Ni-Cr), e o tipo de material

estético também foram analisados. Foram confeccionados modelos fotoelásticos simulando

espaço protético com ausência de segundo pré-molar e de primeiro molar, reabilitado com

coroas sobre implantes. Três modelos de aplicação de carga foram utilizados para produzir

quatro diferentes condições de carregamento na superfície oclusal das coroas: 1 – puntiforme:

obtido com uma ponta simples para carregamento no pré-molar ou no molar com 5 kgf; 2 –

puntiforme simultânea: obtida por uma ponta dupla para carregamento das duas coroas ao

mesmo tempo com 10 kgf; 3 – oclusal distribuído: obtido com uma ponta que simulou a

oclusão antagonista com 10 kgf em relação à comparação do material de revestimento das

coroas. Concluiu que coroas revestidas em resina, de modo geral, geraram maior concentração

de tensões em torno dos implantes quando comparadas às coras revestidas em cerâmicas12.

Através de um artigo sobre métodos utilizados para avaliar o comportamento biomecânico de

implantes, foi destacado que a análise fotoelástica de tensões tem sido usada efetivamente na

engenharia e na indústria há muitos anos13. O método foi introduzido na odontologia em

1935, quando avaliou diferentes tipos de movimentação ortodôntica. Oferece boas

informações qualitativas de concentração e localização de tensões em estruturas de diferentes

geometrias, porém possui algumas limitações quanto a dados quantitativos.

Aplicando gradualmente uma carga, as áreas mais tensionadas começarão a apresentar

uma coloração, na sequência: cinza, branco, amarelo, laranja, vermelho, violeta e azul, sendo

aí encontrada a primeira franja, N =114. Este ponto é chamado de tonalidade de passagem, que

é a transição do violeta para o azul para esta primeira franja, sendo que, nas demais franjas,

dará-se do vermelho para o verde. A seguir tem-se: azul acentuado, azul esverdeado, amarelo

esverdeado, laranja, rosa, vermelho e verde, onde tem-se a segunda franja. Continuando-se na

aplicação de carga, o ciclo de cores das franjas será repetido, mas não serão exatamente as

mesmas cores do primeiro ciclo, pois ocorrerá a extinção simultânea de duas ou mais cores.

75

Figura 16: Passagem de ordem de franja em luz branca. Fonte: Matthys (1997)

A técnica fotoelástica possui algumas limitações. Esta, principalmente por ser uma

técnica indireta, exige um alto grau de fidelidade e preparo do modelo original, sobretudo

quando se quer analisar quantitativamente as tensões. De acordo com a autora15, faz-se

importante conhecer o limite de elasticidade do material do modelo para não ultrapassá-lo e

comprometer a pesquisa.

DISCUSSÃO

A odontologia e suas vertentes, no que diz respeito a novas técnicas, novos materiais,

vêm caminhando a passos largos, e é necessária a evidência científica para atestar essas

novidades.

No campo do estudo de tensões induzidas por forças externas na boca, o método de

análise fotoelástica apresenta-se como uma alternativa eficaz, devido a sua facilidade técnica,

bons resultados e baixo custo, se comparado a outros métodos de pesquisa2. Por outro lado, é

argumentado que o método fotoelástico é crítico e de difícil execução, exigindo do

pesquisador elaboração de modelos precisos e padronizados com relação às suas dimensões15.

Do ponto de vista odontológico, a construção de modelos precisos não é um impedimento

real. Construir modelos precisos é mais assimilável pela odontologia do que trabalhar

modelos e conceitos matemáticos de outros tipos de análise.

O método de Elementos Finitos, por exemplo, já exige um grau maior de

complexidade, com aquisição de softwares especializados e modelos matemáticos,

envolvendo um maior tempo na pesquisa e elevando o custo do trabalho.

Certos critérios devem ser seguidos para a utilização da técnica fotoelástica no que se

refere ao tipo de material. É consenso na literatura que o material deve apresentar

propriedades técnicas capazes de, com um auxílio da luz polarizada, sob tensão, manifestar as

propriedades ópticas, não mascarando ou simulando um resultado falso do teste.

76

Na odontologia, trabalhamos com formas geométricas irregulares, muitas vezes

difíceis de serem reprodutíveis em outros métodos. A fotoelasticidade permite atribuir aos

testes experimentais uma conformidade e similaridade dessas formas, atestando a

originalidade e credibilidade do trabalho. Porém, faz-se necessário uma adequada

manipulação do material, o conhecimento deste material a ser utilizado e, principalmente, o

seu limite elástico, para não comprometer o estudo a ser feito.

CONCLUSÕES

1 - A análise fotoelástica já vem sendo utilizada há muitos anos no campo da engenharia com

comprovada eficácia, podendo também contribuir na área odontológica.

2 - É uma técnica de baixo custo, acessível, que permite boa leitura de resultados, o que

justifica seu uso rotineiro nas pesquisas odontológicas.

3 - É utilizada principalmente para avaliar direções e níveis de tensões obtidas quando um

corpo é submetido a uma carga.

4 - Faz-se necessário seguir critérios para confecção e análise do modelo para a credibilidade

da pesquisa.

REFERÊNCIAS

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studies. Scand J Plast Reconstr Surg 1969;3(2):81-100

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tensões produzidas por implantes odontológicos (dissertação de mestrado),

Universidade Federal de Uberlândia, 2003

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Cult.,São Paulo, v.16,PT.1,n.1,p.20-25, 1986Aguiar junior, F. A. Análise fotoelástica

da tensões geradas por coroas unitárias sobre implantes adjacentes na região posterior

da mandíbula. Efeito de sistemas de retenção e materiais de revestimento estético.

2009.108f. Dissertação (Mestrado em reabilitação oral) – faculdade de odontologia de

Ribeirão Preto, universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009

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77

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histopathologic correlation. Am J Orthod, St. Louis, v.67, n.1, p.1-10, 1975.

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commercially available osseointegrated implants. Int J Periodontics Restorative Dent

1989;9(3):221-30.

7. GOMIDE, H. A., MARQUES, P. R. Modelos fotoelásticos para o ensino na

engenharia. XXI Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia COBENGE, v.2, p.

614-623, 1993.

8. ALMEIDA, C. A., GOMIDE, H. A. Desenvolvimento de um material fotoelástico

com multi-módulos de elasticidade. Anais do IV Congresso Brasileiro de Engenharia

Mecânica, p. 369-376, 1977.

9. FERREIRA JR A, F, G. Desenvolvimento de um sistema para análise automática do

padrão de franjas fotoelásticas isocromáticas [Tese de Mestrado]. São Paulo:

Universidade de São Paulo; 2003Assunção. W. G. et al. Biomechanics studies in

dentistry: bioengineering applied in oral implantology. J Craniofac Surg, Boston, v.20,

n.4, p.1173-77, 2009.

10. FEDERICK D, R, CAPUTO A, A. Effects of overdenture retention designs and

implant orientations on load transfer characteristics. J Prosthet Dent 1996;76(6):624-

32.

11. MARKARIAN R, A. Biomecânica da transmissão de cargas a implantes unitários

emfunção dos materiais protéticos - análise fotoelástica e dinâmica [Dissertação

deMestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universidade de são Paulo;

2005

12. AGUIAR JR., F. A. Análise fotoelástica das tensões geradas por coroas unitárias sobre

implantes adjacentes na região posterior da mandíbula. Efeito de sistemas de retenção

e materiais de revestimento estético.2009.108f. Dissertação (Mestrado em reabilitação

oral) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,

Ribeirão Preto, 2009.

13. ASSUNÇÃO, W. G. et al. Biomechanics studies in dentistry: bioengineering applied

in oral implantology. J Craniofac Surg, Boston, v.20, n.4, p.1173-77, 2009.

14. MATTHYS, D. R., 1997, ''Isochromatic Fringes'', Marquette University Website,

(academic.mu.edu), resumo de aulas do Prof. Matthys, Marquette University Physics

Dept., Milwaukee, WI, USA.

78

15. LAGANÁ, D. C. Estudo comparative do comportamento biomecânico das próteses

removíveis de extremidade livre e das próteses parciais fixas em cantilever. Análise

fotoelástica das reações das estruturas de suporte (Tese de Doutorado). São Paulo:

Faculdade de Odontologia da USP; 1992

79

ANEXOS (medidas das tensões cisalhantes nos modelos fotoelásticos)

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 8,60 2,50 30,523,26 2 10,40 2,50 25,240,38 3 10,50 2,50 25,000,00 4 10,40 2,50 25,240,38 5 9,00 3,50 40,833,33 6 9,00 3,00 35,000,00 7 9,90 2,85 30,227,27 8 10,00 2,85 29,925,00 9 9,30 2,85 32,177,42

Tabela 1: Cerômero / Angulado longo

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 8,60 2,50 30,523,26 2 10,40 2,85 28,774,04 3 10,50 2,85 28,500,00 4 10,40 2,85 28,774,04 5 9,00 3,50 40,833,33 6 9,00 2,85 33,250,00 7 9,90 2,50 26,515,15 8 10,00 2,50 26,250,00 9 9,30 2,50 28,225,81

Tabela 2: Porcelana / Angulado longo

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 8,60 1,22 14,895,35 2 10,40 1,50 15,144,23 3 10,50 1,50 15,000,00 4 10,40 2,50 25,240,38 5 9,00 2,50 29,166,67 6 9,00 1,50 17,500,00 7 9,90 1,50 15,909,09 8 10,00 2,50 26,250,00 9 9,30 2,50 28,225,81

Tabela 3: Metal / Angulado longo

80

Gráfico 1: Cerômero / Angulado longo

Gráfico 2: Porcelana / Angulado longo

Gráfico 3: Metal / Angulado longo

81

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 9,25 2,13 24,178,38 2 11,00 2,32 22,145,45 3 10,50 2,85 28,500,00 4 10,00 2,50 26,250,00 5 9,00 2,50 29,166,67

Tabela 4: Cerômero / Angulado curto

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 9,25 2,32 26,335,14 2 11,00 2,50 23,863,64 3 10,50 2,85 28,500,00 4 10,00 2,32 24,360,00 5 9,00 2,32 27,066,67

Tabela 5: Porcelana / Angulado curto

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 9,25 1,50 17,027,03 2 11,00 2,13 20,331,82 3 10,50 2,50 25,000,00 4 10,00 2,13 22,365,00 5 9,00 1,50 17,500,00

Tabela 6: Metal / Angulado curto

82

Gráfico 4: Cerômero / Angulado curto

Gráfico 5: Porcelana / Angulado curto

Gráfico 6: Metal / Angulado curto

83

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 10,30 2,50 25,485,44 2 11,20 1,50 14,062,50 3 10,40 2,32 23,423,08 4 8,00 2,13 27,956,25 5 7,80 2,50 33,653,85 6 8,20 1,30 16,646,34 7 9,15 1,50 17,213,11 8 9,70 1,50 16,237,11 9 9,10 1,50 17,307,69

Tabela 7: Cerômero / Reto longo

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 10,30 2,32 23,650,49 2 11,20 2,13 19,968,75 3 10,40 2,13 21,504,81 4 8,00 1,89 24,806,25 5 7,80 2,50 33,653,85 6 8,20 1,89 24,201,22 7 9,15 1,89 21,688,52 8 9,70 1,50 16,237,11 9 9,10 1,50 17,307,69

Tabela 8: Porcelana / Reto longo

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 10,30 1,50 15,291,26 2 11,20 1,50 14,062,50 3 10,40 1,77 17,870,19 4 8,00 1,50 19,687,50 5 7,80 1,89 25,442,31 6 8,20 1,50 19,207,32 7 9,15 0,50 5,737,70 8 9,70 0,50 5,412,37 9 9,10 0,50 5,769,23

Tabela 9: Metal / Reto longo

84

Gráfico 7: Cerômero / Reto longo

Gráfico 8: Porcelana / Reto longo

Gráfico 9: Metal / Reto longo

85

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 8,60 2,13 26,005,81 2 9,35 1,89 21,224,60 3 9,25 1,77 20,091,89 4 8,40 2,50 31,250,00 5 8,00 1,50 19,687,50 6 8,10 1,50 19,444,44 7 7,55 1,50 20,860,93

Tabela 10: Cerômero / Reto curto

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 8,60 1,50 18,313,95 2 9,35 1,72 19,315,51 3 9,25 1,50 17,027,03 4 8,40 2,50 31,250,00 5 8,00 1,72 22,575,00 6 8,10 2,13 27,611,11 7 7,55 1,89 26,284,77

Tabela 11: Porcelana / Reto curto

Pontos Espessura

(mm) N τ

(Pa=N/m2)

1 8,60 0,78 9,523,26 2 9,35 0,50 5,614,97 3 9,25 1,50 17,027,03 4 8,40 1,50 18,750,00 5 8,00 1,30 17,062,50 6 8,10 1,30 16,851,85 7 7,55 1,50 20,860,93

Tabela 12: Metal / Reto curto

86

Gráfico 10: Cerômero / Reto curto

Gráfico 11: Porcelana / Reto curto

Gráfico 12: Metal / Reto curto