953
.' RESERVADOl ( <,Ii'i 1 1 '" li', , ~1'\\:: I' i( li I i ,li " li !\I , < \:\ \1: li;' . I' - b :] I .~ A presente obra é composta de dois volumes, cujos assun~ tos sao os abaixo discriminados: 19 VOLUME - UMA EXPLICAÇÃO NECESS~RIA INTRODUÇÃO • A VIO~NCIA EM TRES ATOS • A TERCEIRA TENTATIVA DETO~ffiDA DO PODER 1964 - ENGAJAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS (1969) ,I 29 VOLUME - 3~ PARTE \ • A TERCEIRA rfENTATIVA DE TOHADA DO PODER 1970 - 1973 4~ PARTE •A QUARTA! TENTATIVA DE'TOMADA DO PODER 1974 - ••• \ , , 11E S E. RV f\ O O\ " ,

Tentativas de Tomada do Poder

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    RESERVADOl

    (

  • CAPITULO II

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    4

    2

    XVII

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    -----

    ..0:' " ~

    ...............

    .........................

    ...............................

    a o., _._u_ .. _.~_. _._ . , - .........

    ..........~.............................

    O Partido Comunista do Brasil (PCB)

    A Aliana Nacional Libertadora (ANL) ,

    A aprovao d~ Internacional Comunista ..

    A Intentona . ~I:

    \

    A vinda dos estrangeiros ~.~.~

    7

    8

    9

    A ase do obscurantismo e da indefinio .. ~. 11

    As atividades do PC-SBle ~

    A formao do PC-SBIC

    __ ,_,"4"

    J.. A mudana da linha da Te .. 1414

    16

    17

    19

    20

    A INTENTONA COMUNISTA

    ~. A Internacional comunis~a

    3. O Trabalho de Massa

    2 .Os caminhos da revoluo :i

    .2.

    3.

    -4.

    ...J.. Os objetivos da Revoluo Comunista

    O ~ARTIDO COMUNISTA - SE9 BRASILEIRA DA INTEN~ACIONAL

    .'"COMUNISTA(PC-SBIC) ,1. 1

    - 'CAP1TULO III

    ~ PRIMEIRA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER

    ..A .:FONTE DA VIOL~NCIA

    .- CAPITULO I "

    " .

    A VJ:O~NCIA EM T~S ATOS

    ~. Primeiro ato

    .- la PARTE

    , ._ .UMA EXPLICA!O NECESS~IA _ ' XIII

    19 'VOLUME

    .'

    ,, .

    . _ J:NTRODU~O '.......................................... XVII

    ._--------.,-1 R" E S E R V A O OI,

    SUMARIO

    AS TENTATIVAS DE TOMADA DO PODER

    ~. Segundo ato XIX

    3. Terceiro ato . XXII

    ~. Violncia, nunca mais~ XXVI

    iI'

    II

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  • "r~':~~.. ------I~.E S ER.V A-;;;;AS TENTATIVAS DE TO~mnA DO PODER-- SUMRIO - Continua9o II

    CAP1TULO IV

    J. A violncia comunista . 33

    2. Bernardino Pinto de Almeida e Afonso Jos dos San

    'OS CRIMES DO PCB

    A volta clandestinidade .

    CAPITULO V

    25

    26

    27

    28

    29

    30

    Janei~,o li " . .

    Agostd" .. "

    IV Congresso . 0

    "Manifesto de

    "Manifesto de

    A legalizao do PCB

    o PCB E O CAMINHO DA LUTA ARMADA

    1. A reorganizao do PCB

    2.

    3.

    4. O

    5. O

    6. O

    li1),i1I

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    tos ... ~..... '.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 34

    3. "Elza Fernandes" 35

    ~. Ma~ia Silveira e Domingos Antunes Azevedo 38

    2a PARTE

    A SEGUNDA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER

    CAPITULO I

    AS DlVERG~NCIAS NO MOVIMENTO COMUNISTA

    'I. A IV Internacional 422. O PORT quebra o exclusivismo do PCB 43

    3. O XX Congresso do PCUS f' . 45

    4. O V Congresso do PCB ~ ~ 46"

    5. PC do B: a primeira grande ciso no PCB 48

    6. POLOP: uma criao da esquerda independente 50

    7. AP: uma criao da esquerda catlica 52

    CAPTULO II

    A At'1hOCOMUNISTA" '.Y"'"~ -.... -- ...--. -.---- -- ..- .. -L'.

    . ~~O PCB e seus objetivos ...

    Reforma ou Revoluo? ..:

    As Ligas Camponesas .

    As crises polticas de junho e julho de 1962

    Jango obtem plenos poderes

    1.

    2.

    3.

    4.

    -\-5.

    '1- 6.

    A explorao das dificuldades e das ambies 56

    57

    59

    61

    63

    64

    c:: ,: n \I ~ n n , 0 _

    . I.,i \

  • f'. ~

    ...- .............. 124mandato presidencial

    iniciais ' 122

    desenyolvimento -:+23

    o iderio da Revoluo de Maro ~ 117O Ato Institucional n9 1 , 118

    ~ .A eleio de Castelo Branco ~20

    Os desencontros

    S.A estratgia do

    6. A prorrogao do

    :1.

    2.

    3.

    4.

    CAP1TULO 111

    CAPTULO IV

    A'REVOLUO DEMOCRTICA DE 1964

    ~. Ascenso e queda de Goulart ~ 99

    2. A'iniciativa da reao ..100

    3. A'reao. no Campo Poltico ~__'.102

    4. O apoio da imprensa ....103

    5. Amplia-se a reao ~ ~104

    6. As mulheres envolvem-se decididamente ~106,. I

    7.A evoluo da posio ~os militares .~l07

    8. A vitria da democracia .'111

    9. O pronunciamento dos polticos ~112

    O ASSALTO AO PODER

    7. Crescem as'presses para muan~s 66

    8. O Movimento Campons ~.69

    9. Cedendo s pressoes ~~.~. 71

    ~. A rebelio dos sargentos de Braslia ' 74

    2. O Estado de stio ~ ~ 77

    3~ A frente 6nica ~~ 79

    4. Os Grupos dos Onze ~ 80

    5. O plano revolucionrio . 84

    6. O comicio das reformas '................. 85

    7. A rebelio dos marinheiros no Rio de Janeiro ~.86

    .8. A.reunio no Automvel Clube . 89

    .A TERCEIRA TENTATIVA DE TOl1ADA DO PODER

    - CAPTULO I

    ,1964

    -3a PARTE

    !RESERVAOO

    AS TENTATIVAS DE'TO~A DO PODER - SUMRIO - continuao II1

  • . -,.'V.-.

    .~n E S E 'H V A O O1AS TENTATIVAS DE TOMFnA DO PODER - SU~\RIO- Co~tinuao IV

    i\

    ,

    AS

    ~"\P!TULO II

    1965

    131

    132

    134

    137

    139

    126

    128

    128

    129

    130

    ..................

    ......................

    As eleies de governadores ~

    O Pacto de Montevidu e a Frente Popular de Liber-tao (FPL) '. _. ~

    Influncias marxistas na Igreja iI

    Um mil novecentos e ses~enta e quatro

    CUba e o foquisrno .

    As pri~eiras denncias de torturas .

    Pega ladr~o ~ 0 .

    B i 1 "O - po t 1 11r zo a e a peraao ~n ass~ go

    O PORT e suas ligaes com o Movimento Rural do ~rordeste e com Brizola 7

    o Ato Institucional n9 2 O Movimento Estudantil inicia as manifestaes .

    8. O PCS: uma linha radical

    9. O PC do B: uma linha revolucionria .

    A POLOP e a "Guerrilha de Copacabana"

    7. O restabelecimento da ordem

    I. A Revoluo estreita suas bases

    2.

    3.

    4.

    5.

    6.

    13.

    14.

    1.5.

    16.

    10.

    11.

    12.

    7. Jefferson Cardin e as escaramuas das Foras Arma-das de.Libertao.Nacional (FALN).

    8. O ~CB: mudana para a linha de massa :

    9. A AP transforma-se numa organizao revolucionria1~. A POLOP e Brizola

    11. Um mil novecentos e sessenta e cinco .............CPTULO III

    1966. .~ .A continuidade da poltica Econmica 160

    2. O~umprimento do calendrio eleitoral 161

    3. Nova Constituio -; -~. 162,4. O Movimento Estudantil inicia o enfrentamento 164

    ~-----------I R F. S E R V AOO~~---------_...J'r

    (~~) I

    5. Cuba e a Tricontinental, a OLAS e a OCLAE

    6. O Movimento de Resistncia Militar Ncionalista(MRMN) e a Resistncia Armada Nacionalista (RAN)

    7. Brizo1a e o Movimento Nacionalista Revolucionrio

    11I

    II~

    8. Acirramento da luta interna no PCB ...............

    165

    168

    170

    171

  • . .

    . IRESERVADO

    .AS TENTATIVAS DE :'TOMADADO PODER - SUM1\RIO - Continuao ~ V

    9. O PC do B inicia a preparao para a luta armada 172

    10. O PCR ea AV: duas' dissidncias '0.0 PC do B 174

    11. A AP intensifica suas a~ividades ~.~ ~

    12. O refluxo do PORT . 176

    13. A POLOP consolida a sua doutrina . ~ 177

    14. Um mil novecentos e sessenta e seis 177.

    182

    183

    184

    187

    189 .

    190

    191

    193

    195

    198

    199

    200

    202

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    204

    206

    208

    209

    210

    212

    ....................

    CAPiTULO IV

    1967

    1. 'Inicia-se a volta norm~lid~de

    7. O MNR, Capara e a Guerrilha do Tringulo Mineiro ~f~-::----=--:---:-- -----8. 1..s atividades da RAN '

    9. As dissidncias e o VI Congresso doPCB ~~

    10~ A Dissidncia de Niteri e o primeiro.MR-8

    11. A.~ormao da Dissidncia da Guanabara .

    ~ 12. O Agrupamento Comunista de so Paulo

    13. O "Encontro" da Corrente Revolucionria .~.~.. . .14. O PC do B fortalece a luta ideolgica .~

    15. A Ala Vermelha do PC do B assume a posp foquis~a.

    16. O Debate terico e ideolgico da AP .~

    17. O IV Congreiso e os "rachas" da POLOP

    ~18. A Fora Armada de Liber~ao Nacional (FALN).~~

    19. Atividades do clero na subverso ...1

    20. Um mil novecentos e ses~en~a e sete w~

    .3. A Frente Ampla _. ~

    4. O aparente refluxo do Movimento Estudantil .~..5. A reorganizao do Movimento Operrio e S'indical

    6 . A OLAS e a I COSPAL l

    1. O "caminho das pedras" 216

    2. A retomada do desenvo1vimento~ 218

    3. As "pedras do caminho" ~ 218. .'

    '4. O Congresso Cultural de Havana '221. ~ .

    5. O Movimento Estudantil.de~encadeia o enfrentamento.g~neralizado _._,. 222

    6. As manifestaes operrias . 230

    2. As dificuldades polticas

    RESERVA09

    CAPTULO V

    1968

    ~ \

  • I.I" 0-,

    27. O surgimento do Movimento de Ao Revolucionria -(MAA) 27 6

    305

    307

    308

    310

    311

    278

    281

    283

    286

    295

    259

    257

    232

    234

    Continuao VI

    Bcvolucionria

    .e

    RESERVADO

    Costa e Silva

    .............4..............

    fRE SE n V~~'

    DE TO~mnI\DO PODER - SUMRIO -

    eleio de um novo Presidente

    eleio do Presidente Mdici e a.novaC':I11stituio.,

    Movimento Estudantil entra em descenso

    o Ato Institucional n9 5

    o surgimento do Movimento popular de Libertao(MPL)

    Atuao de padres estrangeiros na subverso

    Expande~se pelo mundo a violncia estudantil

    Um mil novecentos e sessenta e oito

    o PCB estrutura-se para o Trabalho de Massa A formao do Partido Comunista Brasileir; Revolu-cionirio (PCBR)

    2. O

    3. A

    4. A

    5. O

    ~

    1. Reflexos do AI-Simpedimentolde

    CAPTULO VI

    1969

    29.

    30.

    31.

    32.

    28.

    (VPR) 262

    22. O assassinato do Capito Chandler ~ ; 266

    23. A definio ideolgica da AP 270

    24. Ncleo Marxista-Leninista (NML), uma dissidncia daAP 273

    25. O surgiment~ da Frao Bolchevique Trotskista (FBT). 275

    26. O surgimento da organizao Combate 19 de Maio (OC.19 Maio) . "................................. 276

    21. Osurgimento da Vanguarda popular

    9. Da Ala Marighela ao Agrupamento Comunista de soPaulo . 238

    10. Frades dominicanos aderem ao Agrupamento Comunista. 244

    11. AC!Spexpande-se alm do eixo Rio-so Paulo ~

    12. O surgimento da Corrente em Minas Gerais 247

    13. O PC do B recebe adeses 251

    14. A Ala Vermelha do PC do B inicia os assaltos 253.15. O PCR tenta realizar trabalho no campo 254

    16. O MR-8 estende suas atividades ao Paran 255

    17. A DI/GB atua no Movimento Estudantil S~i . .

    18. A Dissidncia da Dissipncia : 256

    19. O surgimento do Partido Operrio Comunista ~

    20. O surgimento do Comando de Libertao Nacional (CO-~INA) 0 ~ ~ ~

    1_')7.'XII '.'~".8.. /

    AS TEN'l'2'..'l'IVI\S

  • '.

    "

    - II

    312

    313

    318

    321

    323

    326

    330

    332

    335

    337

    339

    343

    348

    351

    continuao VII

    central .Preto/SI' e no Cear ~

    , ,

    na subverso ................

    352

    Marx, Mao, Marighela e Guevara - M3-G 354

    O pc do B e a Guerra popularl 357

    A consolidao da Ala Vermelha , 359

    O surgimento do Movimento Revolucionrio Tiradentes'(MRT I 362

    ALN: as a5es na Guanabara ~

    ALN: as "quedas" em so Paulo .

    Os dominicanos levam Marighela morte ~.

    ALN: remanescentes reestruturam-se em so Paulo

    FALN: a aproximao com a Igreja e o seu desmantel~men to ...... ,- . . .. ............. ..... .. ,

    ALN em'Ribeiro

    ALN no Planalto

    Os dominicanos

    'ALN: a guerra psicolgica .

    6. O PCB desencadeia a "guer'rade papel"

    7~ A fuga da penitenciria e a desarticulao do MAR

    O PCBR inicia as a5es armadas~ .

    O fim da Corrente .......... ~...

    Ao Libertadora Nacional (ALN) ~

    ALN - Ascenso terrorista em so Paulo

    21.

    22.

    23.

    24.

    RESERVADO

    125 O pCR atua no campo ~ 365

    I 26. O fim do primeiro MR-8 .. J-L.A -&-a~-"'-~9-S- -'

    I 27.'A DI/GB inicia as aes ~rmadas e assume a siglaMR~. n .

    28. O sequestro do Embaixador Charles Burke Elbrick 370. .29. Os prenncios da ciso dQ pOC 379/----

    l 30. O COLINA funde-se com a VPR . ~~~31. VPR: as "quedas" do primeiro trimestre e a fuso com

    o COLINA . _ ~ . ,. '. ! 385AI" d -". . 388~32. A VAR-Pa mares e a ,gran,e aao ~,

    ~33. VAR-p: O "congresso do Racha" ~ 392

    ~4. A VAR-P encerra o seu I Congresso Nacional 396

    35. O ressurgimento da VPR .~ 398

    36. Resistncia Bemocrtica (REDE) 400,37. A "Corrente Dois'" da AP funda o partido Revolucio-

    nrio dos Trabalhadores 403

    38. A FBT estrutura-se em nvel nacional ~. 406,.

    39. MPL: ~uta Armada x Conscientizao das Massas 40640. Do MNR surge o Grupo independncia ou Morte :. 410

    41. Um mil novecentos e sessenta e nove .......,. 411 r,

    8.

    9.

    10.

    11.

    12.

    13.

    14.

    15.

    16.

    17.

    \X18.19

    .rx. 20.

    IRESERVADO

    AS ~ENTATIVAS DE'TOMADA DQ PODER - SUMRIO

  • -------------1' RESERVAOO1P""" I ,1--------------

    lo!; TENTA'l'IV1\SDE TOMADA DO'PODER - 5UHRIO - Continuao... VIII

    f\III

    -CAPITULO VII

    o ENGAJAMENTO DAS FORAS A~mnAS"1. A intranquilidade crescente

    3. Moleque sabido . o ~

    4. A revelao surpreenden~e .

    5. A cilula subversiva do 49 RI ~ ~

    6. O assalto ao 49 RI ...

    458

    418

    418

    420

    421

    423

    426

    428

    431

    434

    437

    439

    443

    448

    452

    453

    ...........................................2. O acaso

    7. Inexperincia? ...................

    8. O fio da meada ............9. Intensifica-se o trabalho' na Cia PE

    10. Modificaes no esquema de segurana

    11. ~ criada a "Operao Bandeirante" - OBAN

    12. Dificuldades e desencontros

    13. Os Cent~os de Operaes de Defes~ Interna - CODI . I .

    14. Evoluo na estrutura d9sODI/DOI ~

    15. A batalha perdida ~ :~.~

    'ANEXO A- QUADRO DE EVOLUO DAS ORGANIZAOES'SUB-VERSIVAS NO BR1\SILATt: 1973 '.

    i

    'i

    I ~I:

    iI I

    I'II'III'

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    i i

  • .....----------r~E S E R V A O O]r-- X_'V---,UMA EXPLICAAo NECESSRIA

    No final dos anos sessenta, diversas organizae5 clandes

    tinas de corte comunista iniciaram uma nova tentativa de tomada

    do poder, desta vez por meio da lu:t-aarmada.

    Ao iniciarmos as pesquisas para este trabalho, nosso obj~

    tivo era estudar os fatos que compoem esse episdio entre os,

    anos de 1967 e 1973. Pelo conhecimento que tnhamos, tal pero-

    do enquadrava os anos em que a luta havia sido mais acirrada e

    violenta.

    Para a compreensao dessa luta,foram suscitadas muitas peE

    guntas: Como se formaram? Qual a inspirao ideolgica? Quais

    os objetivos das organizaes subversiv~s nela empenhadas? Qual

    o carter da revoluo que pretendiam fazer? Quais as experin-

    cias externas que pr~cu~aram apreender? Quais os modelos e mt~

    dos revolucionrios que tentaram transplantar para nosso --~ais?

    Como se estruturaram? Como se compunha sua infra-estrutura de

    ~poio, de inteligncia, etc.? Em!que segmentos sociais e de que

    forma recrutavam seus quadros e 'como os formavam no Pas e no

    exterior? O que buscavam ao perpetrar assaltos, seqestros, as-

    sassinatos e outras formas cruentas de terrorismo? Que objeti-

    vos alcanaram com essas aes?

    As indagaes, porm, .no se esgotavam em torno dessas or-

    ganizaes clandestinas. Envolviam o prprio Estado e o sistema

    pol~tico vige~te. O nvel que as aes terroristas alcanaram

    polocava em cheque o monoplio da fora armada organizada? Tir~

    va do sistema poltico a sua caracterstica de universalidade e

    a qualidade final de sua fora? O seu combate exigia o ~nvolvi-

    mento das Foras Armadas? Era ~mprescindvel que provoc~sse a i

    ~estri~o da liberdade e que.,se suprimisse do pbliGO as infor- .

    maes a que tem direito numa sociedade democrtica?

    t,sabid9 que as'aoes ~mpreendidas acabaram por envolver,, '

    as Foras Armadas, e a esse resp:ito outras questes tinham que

    ser levantadas porque fazem ~arte da luta a ser exa~inada. Esta

    vam as Foras, Armadas preparrdas.e estruturadas para esse comba

    te inslito? Tiveram que pro~ov~r'alt~raes na sua estrutura,

    na instruo, nos seus efetivos, na conduta das operaces?:,Que sacrifcios lhes foram impo~toS? Como atuaram? Venceram ai

    ~ .~); , ," -. j

    'luta? Mas o fizeram' em todos os seus aspectos? 'i

    Naturalmente saoamos que, para responder a es,saambicio-

    sa lista de'indagaes e a outras que surgiriam no ~ecorrer do

    ----------1 R E S E R V A. O ,O l----'---------.::=====-:---::::_- --'.."

    'I

    li',I

    I.

    I,I

    i. I

    , I1. Ir," I

    i,Ili

  • .-

    o recuo ao passado colocou-nos diante de urnaoutra'viso:a do processo mais amplo da subverso que.se materializa em no~

    so Pas, na seqncia dessas tentativas de tornadado poder pe-

    los comunistas, nas suas diferentes formas. Se a extrapolao

    do limite anterior do perodo inicilmente fixado mostrou-se im

    portante, muito mais o seria no seu outro extremo, buscando urna

    viso alm de 1974 -- urnaviso dO,hoje. Ai tivemos a percepao

    ntida daquilo que consubstan~ia a quarta tentativa da tornadado poder.,

    Essa tentativa de fato j teve incio h alguns anos. Ven

    cida',na forma de luta que escolheU' -- a luta armada _" a es-

    querda revolucionria tem buscado transformar a derrota militar

    que lhe foi imposta, em todoswos qua~rantes do territ6rio nacio..nal, em vit6ria poltica.Ap6s a autocritica, urnaa uma ,das diferentes organizaes

    envolvidas na luta armada, concluram Que foi um 'erro se lan-

    ----------.,--[~.~_sE nV A O O \ _._'-a:-:;"''J:Zr~F~

    E~SE fi V A ~~ XV,Il

    temtrabalho, teramos que ultrapassar os limites do perodo de

    po, prevfarnente estipulado, como foco de nossa ateno.

    Era de nosso conhecimento, por exemplo, que a primeira

    das organizaes da esque~da revolucionria havia sU~gido em

    1961 e que outras tiveram origem no perodo que medeia ess~ ano

    e 1967. Sabillnos,tambm, que quase todas as organizaes haviam

    surgido ou se formado em oposio linha poltica do PCB, ten-

    tando ser, cada urnadelas, urnaalternativa a ele. Sabamos, pOE

    tanto, que para conhecer as causas dessas divergncias e compr~

    ender as disSidncias, cis?es e'fus?cs, que'caracterizaram o p~

    rodo de que nos ocuparemos prioritariamente, teramos que re-

    cuar no tempo, pelo menos at 1956 -- ano em que se realizou o

    XX Congresso do Partido Comunista da Unio Sovitica (PCUS),que

    foi a geratriz das mais srias discordncias no Movimento Comu-

    nista Internacional. A rigor, esse entendimento teria que nos

    fazer retroceder at o ano da fundao do Partido Comunis

    ta - Seo Brasileira da Internacional Comunista (?C-SBIC).

    Esse retorno no tempo, ainda que feito apenas a pontos es

    senciais . comp'reenso da luta a;t"mad.a,que permanecia cornonos-

    so objetivo prioritrio, permitiria que perpassssemos duas ou-

    tras tentativas de tornadado poder pelos comunistas: a primeira,I ,

    em 1935, pelo caminho da violncia, e a segunda, que culminou. .

    com a Revoluo Democrtica de 1964, pela chamada via pacfica,

    ~ cujo limite anterio~, nao muito nitido, pode estar em 1961,1956 ou mesmo antes.

    ---~--------~-----

  • [~) XVIIR. ~ S f R V A O~ .

    arem na aventura militarista, sem antes terem conseguido o

    apoio de boa parte da populao. A partir desse momento, reini-'

    ciaram a luta para a tomada do poder mudando de estratgia.

    Ao op~arem por essa mudana, colocaram-se lado a lado com

    a esquerda ortodoxa, de que divergia~ desde os 6l~imoi anos dadcada de cinqenta, vendo-se perseguindo os mesmos objetivos

    tticos e valendo-se das mesmas tcnicas e processos. Nessa fa-

    se, encontraram ainda um poderoso aliado, o clero dito "progre~

    sistall, que pouco a pouco tirara a mscara e propugnava por urna

    "nova sociedade", igualitria e sem classes, urnasociedade tam-

    bm socialista.

    Se esses fatores j nos induziam a fazer urnapequena modi

    ficao na estrutura inicialmente imaginada para este livro,

    dois outros nos levaram deciso definitiva., . I

    O primeiro que, se boa partr dos possiveis,leitores deste livro viveu essas exp~rincias pass~das, muito~ deles, corno

    ns mesmos, podero constatar cornonossa memria fraca. No en

    ~anto, o que nos preocupava .era o fato de a maioria da popula-

    o brasileira ser formada por jovens de menos ~e 30 anos. Ob-

    viamente, n~o eram nascidos quando se deu.a primeira experin-

    cia, e, ou no eram nascidos ou eram muit9 jovens' quando ocor-

    reu a segunda, que j conheceram deturpada ideologicamente.

    O seg~ndo fato que concluimos que, se a terc~ira tenta-

    tiva da tornada do poder - nosso foco de ateno - foi a mais

    violenta e a mais nitida, nem por isso foi a mais perigpsa.

    Assim, sem nos desviarmos da luta armada - 'a terceira

    tentativa de tomada do poder, cuja histri.a ainda no fpi escri

    ta --, faremos numa prime~ra e segunda par~es deste livro urna

    ret~ospectiva dos pontos essenciais, respectivamente da primei-

    ra e segunda tentativas de ~omaqa do poder. Alis, o fracasso

    de uma tentativa sempre uma das causas'e o ponto de partida

    para a tentat~va seguinte. DaI, tambm, a importncia d~ss~ co~

    nhecimento anterior para a compreenso da luta armada. fin~lme~

    te,' esperamos que as informaes que transmitiremos ao longo

    deste trabalho e as concluses que comporao uma quarta par~e do,livro sejam suficientes para que o leitor faa a sua pr~ria

    avaliao da quarta tentativa de tomada do poder, para nos a

    maip perigosa e, por 'isso, a mais importante.

    Se conseguirmos transmiti~ e~sa percepco final para nos-

    sos leitores, teremos atingido nosso objetivo e ficarem.os com a

    certeza de haver conse 'uldo prestar uma simples mas' a mais sig-

    '., RESERVADO"

  • (REsERvAnol XV_l_I_I__ \

    das homenagens que poderiamos oferecer aos companhei

    ro~ que tombaram nessa luta, hoje esquecidos c at vilipendia-

    dos. Suas m5es, esposas, filhos e amigos j no ter50 dvidas

    de que eles no morreram em vo. Porque,. ao longo da histria,

    temos a certeza de que a Ptria livre, democrtica e justa sera

    reconhecida a todos os que se empenharam nesse combate.

    o Coordenador da equipe de pesquisa e redao.

    RESERVADO

  • R E S E .H V A O O XIX

    INTRODUl\O

    A VIOLENCIA EM TR~S ATOS

    ."V.6 na.o 0.6 ve.Jte..t.6 IIla.t.6, pOlLqlle. 0.6 VL

    dOu.ILO.6 .6 e.lLo /IHl.t.tO 1I1a..t.6 v.tO.e.C?.H-tO.6, od.i.!!.,

    . t . ".60.6, v~nga.. ~VO.6 ( 1 )

    1.Primeiro ato

    .O pblico e as autoridades j estavam reu~idos no. Parque-----'13 de Mai~, .aguardan~o o incio das comemoraoes que seriam le:

    vdas a s pr~tiC"ados pelos lderes da Comuna de Paris.

    . '

    A~.~esmo te~po, u~a segunda exploso atingiu a residn-

    cip.do comand~~-te;-do'IV Exrcito. Mais tarde, foi encontrada uma------ ..-...... -~--, ,

    te~ceira bomba, falhrida,num vaso de flores da Cmara Municipal\' _" -de'Recife, onde havia_sido realiza6a uma sesso solene em come-

    morao ao segundo aniversro' da Revoluo de'31 de'Maro. Es-~ . .-::; __ . ._.__ . __. _ __ !-- J_ .

    ...;. _. o. . _ .-""'-'

    _,_Passados os primeiros momentos, quando a fuma,ase e~v.aiu,

    os relgios registravam 8 horas e 47 minutos. J .podia~ s~r.vi~

    tos, na parte externa do prdio, manchas negras, burac9s e fa-lhas de onde havia se desprendido o reboco,tal a viol~ncia da'

    exploso. A enorme vidraa do.sexto andar do edifcio havia se

    estilhaado com o deslocamento de ar provocado pel~ petardo de

    alto teor.~~t_y'a_perpetrado.'o,.primeiro. atentado terr~~j..~_t.:::._~~._capi-

    tal pernambucana

  • tabornba falhada deveria estar sendo vista como um parcial fra-

    Para corrigi-lo, em 20 ~~~_io d~6_6, ~~~i--5 apos esse

    ensaio geral, foram lanados dois coquet.i~olo.toyll e um pe.. - - -

    tardo de dinami.t.e.__.contra os portes da Assemblia Legislativa--do Estado de Pernambuco.

    ' ..,.-.l.n.E S E R v A O 0)_. ,

    As autoridades, desconcertadas, buscavam os autores dos

    atos terroristas, sem sucesso. O Governo no dispunha de orgaos

    estruturados para um eficiente c~~Eate .a.-.?_.~_errorisI)lo.A Nao,

    estarrecida, vislumbrava tempos difceis que estariam por vir.

    Em 25 de julho de 1966, nova srie de tr~s bombas, com as

    mesmas caractersticas das anteriores, sacode Recife. Uma, na

    sede da Unio dos Estudantes de Pernambuco (UEP), ferindo, com. . .escoriaes e queimaduras no rosto e nas mos, o civil Jos Lei

    t.e.Outra, nos escritrios do Servio de Informaes dos Estados

    Unidos (USIS), causando, apenas, dariosmateriais. A terceira

    bomba, entretanto, acarretando vtimas fatais, passou a ser o

    marco balizador do incio da luta terrorista no Brasil.

    Na manh desse dia, o Marechal Costa e Silva, candidato

    Presid~ncia da Repblica, era esperado por cerca de 300 pessoas

    que lotavam a estao de passageiros do Aeroporto Internacional. .

    dos Guararapes. s 8,30 hora~, poucos minutos antes da chegada

    do Marechal, o servio de som anunciou que, em virtude de' pane

    no 'avio, ele estava se deslocando por via terrestre, de joo

    Pessoa at Recife, indo diretamen~e para o prdio da SUperinte~

    dncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Esse comunicado

    provocou o incio da retirada do pblico.

    casso no planejamento terrorista.

    !

    "

    ,II

    I:1

    JI'I1

    Ii

    o guarda-civil Sebastio Tomaz de Aquino, o "Paraba", o~, .

    trora popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu que uma

    maleta escura estava abandonada junto livraria "SODILERIl, lo-

    calizada no 'saguo do aeroporto. Julgando que algum a havia es

    quecido, pegou-a para entreg-la no balco d~ Departamento de

    Aviao Civil (DAC). Ocorreu uma forte ex~loso. O som ampliado

    pelo. recinto, a 'fumaa, os estragos produzidos e os gemidos dos..feridos provocaram o pnico e a correria do pblico. Passados

    os momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trgico saldo

    de 15 vitimas. ;

    Morreram o jornalista Edson Rgis de Carvalho~ casado e

    IR E S. E H V A..O. O .

  • lO

    2. Segundo ato

    Em seus primeiros depoimentos, Lungaretti revelou a exis-

    i, i

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    I

    XXIInESEnVJ\D~

    -'( R E S E R V~-----------_--I

    i

    Ficaram, ainda, gravemente fetidos os advogados Haroldo

    Collares da Cunha Barreto e Antonio Pedro Morais da Cunha, os

    funcionrios pblicos Fernando Ferreira'Raposo e Ivancir de Cas

    tro, os estudantes Jos Oliveira Silvestre e Amaro Duarte Dias,

    a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciria Idallna

    Maia, o guarda-civil Jos Severino Pessoa Barreto, alm de Euni

    ce Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de ap~

    nas 6 anos de idade.

    O'acaso, transferindo o local da chegada do futuro Presi-

    dente, impediu que a tragdia fosse maior. O terrorismo indis-

    criminado, atingindo pessoas inocentes, inclusive mulhers e

    criana~, mostrou a frieza e O.f~natismo de seus executores.

    Naquela epoca, em Recife, apenas uma organizao subversi

    va, o'P~rtido Comunista Revolucionrio (PCR), defendia a luta

    armada como forma de tomada do poder. Entretanto " os inquritos

    abertos nunca conseguiram prov~s para apontar os autores dos

    atentados. Dois militantes comunistas, ento indiciados, vivem,

    hqje, no Brasil. Um professor do Departamento de Engenharia

    Eltrica de uma Universidade Federal. O outro, ex-canq'idatoa D~

    putado Estadual, trabal~ava, em 1985, como engenheiro da pre!ei

    tura de so Paulo.

    ,No dia 16 de abril de 1970, foi preso, no ~io de Janeiro,

    Celso Lungaretti, militante do Setor de Inteligncia da VanguaE'

    da popular Revolucionria (VRR) , uma das organizaes comunis-.tas que seguiam a linha militaris~a cubana.

    pai de cinco 'filhos, com u~ rombo no abdmen, e o Almirante re-

    formado Nelson Passos Fernandes, com o crnio esfacelado, doi-I

    xando viva e um filho menor. O guarda-civil "Paraba" sofreu

    ferimento lcero-contuso no fr~ntal e no maxilar, no membro in-

    ferior esquerdo e na coxa direita, com exposio ssea, e que

    resultou na amputao de sua perna direita. O ento'Tenente-Co-

    ronel do Exrcito Sylvio Ferreira da Silva sofreu amputao

    traumtica dos ,dedos da mo esquerda, fratura exposta no ombro

    do mesmo lado, leses graves na coxa e queimaduras de primeiro

    e segundo grau,s.

  • ...!----,-----------

    .-I~-;'S E R V fi O~ ~ ....I

    "

    tncia de uma rea de treinamento de guerrilhas, organizada e

    dirigida pela VPR, localizada num sitio da reg~o de Jacupirn-

    ga, prxima a Registro, no Vale da Ribeira, a cerca de 250 qui-

    lmetros ao sul da Grande so Paulo.

    Dois dias depois, foi presa, tambm no Rio de Janeiro, Ma

    ria do Carmo Brito, militante da VPR, que confirmou a denncia

    de Lungaretti.

    Imediatamente, tropas do Exrcito e.da Policia Militar do

    Estado de so Paulo foram deslocadas para a rea, a fim de apu-

    rar a veracidade das declaraes dos dois militantes.

    Desde janeiro de 1970, a VPR, com a colaborao de outras

    organizaes comunistas, instalara essa area de treinamento sob

    o comando de Carlos Lmnarca ex-Capito do Exrcito --, abri-

    gando duas ba~es, num total de 18 terroristas vindos de.so Pau

    lo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

    As primeiras tropas, ao chegarem regio, em'20 de abril,

    encontraram apenas 9 terroristas na rea, pois 1 j havia sa-

    do no inicio do ms e os outros 8, inclu~ive um boliviano, reti

    rarron-se na manh daquele dia,.poro~em de Lamarca, e~ decorr~

    cia da priso de 'Flozino, um dos proprietr.lo,sda rea. Permane

    ceram apenas os elementos necessrios para desativar as bases.

    Na noite do dia 21, um tiroteio marcou o primeiro choque,

    e, no dia seguinte, foram descobertas uma base e uma rea de. .

    treinamento, encontrando-se armamento, munio, alimentos, medi

    camntos, rdios-transmissores, materiaJ. de acampamento~ mapas,

    f~rdamentos, bssolas, etc. I

    Em 26 de abril, foi descoberta nova rea de treinamento.

    Darcy Rodrigues e Jos Lavecchia haviam permanecido em um Posto

    'de Observao, a fim de acompanhar os movimentos das tropas re-

    gulares. Entretanto, a quebra de seu rdio-transmissor os isolou

    dos demais terroristas, levando-os a tentar a fuga da rea cer- ~-

    cada. No dia seguinte, ambos foram presos, 'quando pediam caro

    na na BR-116.

    A partir dai, alguns dias passaram sem que houvesse qual-

    quer contato. Uma parte da ,tropa da Polcia Militar foi retira-

    da; permanecendo, apenas, um .peloto~ Como voluntrio para co-

    mand-lo, apresentou-se um jovem de 23 anos, o Tenente Alberto

    MendesJnior. Com 5 anos de policial Militar, o Tenqnte Mendes

    ~--------~---JRESERVAOO

    --

  • .-:-...,. .. ,- -.

    'i

    XXIII

    R E S E R V A O .0

    RESEHVADO

    Um dos terroristas, com um golpe astucioso, aproveitando-

    se daquele momento psicolgico, gritou-lhes para que se entre-

    gassem. Julgando-se envolvido, o Oficial aceitou render-se, des

    de que seus homens pudessem receber o socorro necessrio. Tendo

    os demais componentes da patrulha permanecido cornorefns, o Te.. .

    nente levou os feridos para Set~ Barras sob a intim~q de sus-

    pender os bloqueios existentes na estrada.

    De madrugada, a p e sozipho, o Tenente Mendes b~scou con

    tato com os terroristas, preocupado que estava com o resta~te

    de seus homens. Interrogado por Lamarca, afirmou que no havia

    neQhum bloqueio na direo de Sete Barras. Todos, entq, gegui-

    ra~ para l.'Prximo a essa localidade, foram surpreenqidQspor.-...-' .- . ' . ,um tiroteio. Dois terroristas, ~dmauro Gpfert e Jos ~rajo de

    Nbrega, desgarraram-se do grupo (foram presos poucos dias de-';

    po;is) e os 5 terroristas restan:tes'e61,brenharam-seno m~to~. le-:

    va~do o Tenente da polcia Militar. Depois de andarem um dia e~ , "

    rne~o, no.incio da tqrde do dia 10.de ma~o de 1970, pararam pa-, . ..

    ra urndescanso. O Ten~nte.Mend~s foi'acusado de t-los' t~ado,

    e responsabilizado pelo "d~saparecimento" dos seus c?mp~nhei-

    ros. Por isso, teria que ser executado. Nesse momento, Carlos

    II

    ..

    o dia 8 de maio marcou a tentativa de fuga dos 7 terro-ristas restantes. Alugaram uma "pick-up"e, no final da tarde, ao

    pararem num posto de gasolina, em Eldorado Paulista, foram abor

    dados por seis policiais militares que lhes exigiram a identifii

    cao. Apesar de alegarem a'condio de caadores, no consegui

    ram ser convincentes. Os policiais desconfiaram e, ao tentarem

    sacar suas armas, foram alvejados por tiros que partira~ dos ter

    roristas que se encontravam na carroceria do veculo. Aps o ti

    roteio, sem mortes, a "pick_up" rumou para Sete Barras.

    era conhecido, entre seus companheiros, por seu esprito afvel

    c alegre e pelo altrusmo no cumprimento das'misses. Idealis-

    ta, acreditava que era seu dever permanecer na rea, ao lado de

    seus subordinados.

    Ciente do ocorrido~ o Tenente Mendes organi~ou uma patru-

    lha, que, em duas viaturas, dirigiu-se de Sete B~rras para Eld~

    rado. Cerca das 21 horas,. houve o encontro com os terro~istas.

    Intenso tiroteio foi travadp. O Tenente Mendes, em dado momen-,

    to, verificou que dversos de seus comandados estavam feridos

    bala, necessitando urgentes socorros mdicos.

  • ... XXIV

    Dos 5 assassinos do Tenente Mendes, sabe-se que:

    Ainda em setemb~-odo meSITOano, a VPR emitiu um comunicado "Ao

    ..Povo Brasiliro", onde tenta justificar o assassinato do Tenen-te Mendes, no qual aparece o seguinte trecho:

    "A 6en~en~ de mo~~e de um T~ibunal Revoluclon~~i~ dev~6eJL cumplLid~ pOIL 6u~ilame.nto. Na entanto, I'lOJ.> encoltt~~vamo6' pIL

    xim06 ao inimigo, dint~o de um ce~co ~ue p5de. be~ executado em

    v~lLtude d~ exi~tnci~ de muita~ e~t~~daJ.> na lLegio. O Te.nenteMende.6 60i c.onden~do ~ ntolLlLelL~ c.olLonhada.6 de 6

    uzil, e. a.6.6im o

    fio)..,' .6ndo depdi.6 entelLlLado".

    Alguns meses mais tarde, em 8 de setembro de 1970, Ariston

    Oliveira Lucena, que havia sido preso, apontou o local onde o

    Tenente Mendes estava enterrado. As fotografias tiradas de seu

    crnio atestam o horrendo crime cometido.

    ~a"QQ. m~nutQS o~ols, QS trs terroristas retornaram, e,

    ';~:"""'~!!f''''.~~~t':f:f~!ti!di:! !?~ili" ;1,a;L, "o ~l)~ !;!'n" F~\l imore de s foa" hou-J:tl~ ~181:~fi~ag' iif6I!11! ~ lili eitM{~tt ~~~ill'~'1l2l1!'1~QIt- 1'''''' ~.... -.!:. .do e com a base do crnio partida, o Tenente Mendes gemia e con

    torcia-se em dores. Digenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe ou-

    troS golpes na cabea~ esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena

    vala e com seus coturnos ao lado da cabea ensanguentada, o Te-

    nente Mendes foi enterrado .

    Lamarca, Yoshitane Fugimore e Digenes Sobrosa de Souza afasta-

    ram-se, ficando Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima

    tornando conta do prisioneiro.

    I

    , _ i

    _ o ex-Cap~tao Carlos: Lamarca morreu na tarde de 17 de se

    tembro de 1971, no interior da Bahia, durante tiroteio com a

    foras de segurana;_ Yoshitane Fugimore morreu em 5 de dezembro ~e 1970, em

    so Paulo, durante tiroteio com as foras ~e segurana;

    _ Digenes Sobrosa de Souza e Ariston Oliveira Lucena fo-

    ram anistiados em 1979 e-vivem livremente no Brasil; e

    _ Gilberto Faria Lima fugiu para o'e~terior e desconhece-

    se o ,seu paradeiro atual./

    3.Terceiro ato

    A manh de 23 de maro de 1971 encontrou o jovem advogado

    de 26 anos, srgio Moura Barbosa, escrevendo uma .carta; em seUc

    RESERVADO ------'-

  • RESERVADO, xxv

    quarto de pensa0 no bairro de Indianpolis,na capital de so

    Paulo. Os bigodes bem aparqdos e as longas suas contrastavam

    com o aspecto conturbado de seu rosto, que nao conseguia escon-

    der a cris~ pela qual estava passando. I

    .Trs frases foram colocadas 'em destaque na primeira folhada carta: liA Revoluo nao tem prazo e nem pressa"; "No pedi-

    mos licena a ningum para prati:ar atos revolucionrios'; e "No I

    devemos ter medo de errar. ~ prercrvel errar'fazendo do que na

    da fazer". Em torno de cada frase,. todas de Carlos Marighela, o

    jovem tecia ilaes prpriasp tiradas de sua experincia rcvolu

    cionria corno ativo militante da Ao Libertadora Nacional (AIN).

    Ao mesmo tempo, lembrava-se das profundas transformaes

    que ocorreram em sua vida e em seu pensamento, desde 1967,quan-

    do era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e estu-

    dante de Sociologia Poltica da Universidade Mackenzie, em so

    Paulo.Pensava casar-se com Maria Ins e j estava iniciando a

    montagem de um apartamento na Rua da Consolao.

    Naquela epoca, as concepoes militaristas exportadas por

    Fidel Castro e Che Guevara empolg~vam os jovens, e Marighela

    surgia como o lder comunista que os levaria tomada do poderatravs da luta armada.

    Impetuoso, desprendido e idealista, largou o PCB e inte-

    grou-se ao agrup~mento de Marighela, que, no incio ,de 1968, da-

    ria origem ALN. ,Naquela manh, a carta servia como repo$it-

    rio de suas dvidas: "Fao e~~e~ comen~~~o~ a p~op~~to da ~~_

    ~uaio em que no~ encon~~amo~: cornple~a de6en~~va e ab~olu~a

    6al~a de ~mag~naio pa~a ~a~~mo~ dela. O d~~a6~o, que ~e no~ap~e~en~a no a~ual mornen~o ~.do~ rna~~ ~~~~o~, na med~da em que

    e.6~: em jogo a plr..plr..~acon6~ana no m~~odo de luta. que ~dotamo~.:; .

    O~mpa~~ e em que no~ encon~~amo~ ameaa COmpJLOme~e~ o mov~men~o

    ~evoluc~on~~o b~a.6~le~~o, levando-o, no mZn~mo, i e.6tagnao.... --".. .. .- - .. - ...e, no m:x~mo, i extino".

    Esse ~om pessimista est~va muito longe das esperanas que

    depositara nos mtodos revolucion~os cubanos. Lembrava-se de

    sua priso, em fins de julho de 1968, quando f.ora denunciado

    por estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba.~ '

    Conseguindo esconder suas lig~9cs com a ALN, em pouco~ dias

    foi liberado. Lembrava-s'e, taIT\bm,da sua primeira tentativa p~

    ra ir a Havana, atravs de ROIt)a,quando foi detido, em ,6 de,.. ,a.. t '

    I .._ , R E S E li V A D. O I

  • :

    " RESERVADO XXVI

    Com o crescimento de suas indecises, no aceitou, depro~

    to, a funo que lhe foi oferecida de ser o cObrdenador da ALN

    na Guanabara. Ao aceit-la, aps um perodo de reflexo, a pro-

    posta j fora canc~lada. FOi,.ento, int,..eg:r::adoa um "Grupo de

    Fogo" da ALN em so Paulo, no .qual participara de diversos as-

    saltos~ ati aquela manh. Seu descoritentamento, entretanto, era

    SERVADO

    Codinome: nome falso usado pelos comunistas em suas.atividades rev~lu-cionrins.

    agosto de 1968, no aeroporto do Galeo, no Rio de Janeiro. Con-

    duzido Policia do Exrcito, foi liberado trs dias depois. F.!,nalmcnte, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos

    ,em Cuba, usando o codinome (2) de "Carlos". Aprendeu a lidar

    com armamentos e explosivos, a executar sabotagens, a realizar

    assaltos e familiarizou-se com as tcnicas de guerrilhas urbana

    e rural .Em junho,de 1970, voltou ao Brasil, retornando suas li-gaes com a ALN.

    Em face de'suainteli~ncia:.a~uda-e dos conhecimentos que

    trazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, pas-

    sando a trabalhar a nvel de sua Coordenao Nacional. Foi qua!!

    do, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramen-

    te a ALN, com a morte de seu lder Joaquim Cmara Ferreira, o

    "Velho" ou "Toledo", quase um ano aps a morte de Marighel.a (em

    novembro de 1969). 'Lembrava-:-seque, durante 4 meses,. ficou sem

    ligaes com a organizao. Premido pela insegurana, no compa

    receu a vrios pontos, sendo destitudo da Coordenao Nacio-

    nal. No ~stava c6ncordando com a direo empreendida ALN e

    escreveu, na carta, que havia entrado "em e~~endimento com ou-

    ~~o~ companhei~06 igualmente em de6aco~do com a conduc~o . dadaao nOd~o movimenton.

    ( 2)

    No incio de fevereiro de 1971, foi chamado para urnadis-'

    cussao com a Coordenao Nacional e, na carta, assim descreveu. .

    a reunio: nAo toma~em conhecimento de m~u contato pa~alel9, o~

    comp~nhei~o~ do Comando chama~am-me pa~a uma didriu6d~o, a q~al

    tkan~cok~eu num.clima pouco amidt~~o, includive Com o .emp~ego,

    pela~ dua~ pa~te~, de palavka~ inconveniente~ paka.uma di6CU~-

    4~O polZtica. Con6e~~o que 6iquei ~Ukp~~~o c~m a keacio d06 co~

    panhei~o~ po~ n~o denota~em quklque~ ~en~o de autoc~Ztica e ~o-i

    men~e en~ende~em a minha condu~a cpmo um ~imple6 a~o de indi6ci

    p.t..inanNo sabia, o jovem,'que a ALN suspeitava de que houves-

    se trado o "Velho":--' _.'----...-..- ...

  • J.

    1

    XXVII

    visi~l: "FuL Ln~egaado nea.e gaupo, eapeaando que, 6Lna

    Lmente .'pudeaae taabaLhaa dentao de Uma eEll,~a 6aLxa de autonomLa e apLL

    ca4 meu~ conhec~mento~ e tecn~ca~ em p40l do mov~mento. AZ pe~-. ~

    manec~ po~ qua~e doi4 me~e~, e q~al nio 60i a minha decepao ao

    ve4i6ica~ que.tambem a1 e~tava ~nulado ... Tive a ~en~ao deca4i _

    t~aio polZt~ca". No ~abia, o jovem, que a ~LN estava conside-

    rando o seu trabalho, nO"Grupo de Fo~o~ como desgastante e "ainda somado vacilao diante do inimigo".

    No final da carta, Srgio, mantendo a iluso revolucio_nria, teceu comentrios acerca de sua sada da ALN:

    UA~~im, ji nio hi nenhuma p044ibil~dade de cont~nua~ tole4ando o~ e4~04 e om~4~5e4 polZt~ca~ de uma di~ecio que ji tevea opo~tun~dade de ~e cO~~~9i~ e nao o 6ez.

    .Em ~i con4c~~ncia, jamai4 pode4ei 4e~ acu4ado de a~~iV~4_

    ta, opo~tun~4~a ou de~40ti4ta.

    coe.~.No vacilo e nao tenho dida4 quanto -a4 m~nha~ conv.lc_Cont~nua4ei t4abalhando pela Revoluo, PO~4 ela e o meu

    nico omp40m~~40.

    P~Ocu4a~e~ onde p044a 4e~ e6et~vamente t~l ao movimente ~ob4e ~4to con0e~4a~emo4 pe440almente".

    Ao final, assinava "Vicente", o codinome que haVia passa-do a usar depois de.seu regresso de Cuba.

    i

    It,I

    III

    i

    (3) ~ICobrir um ponto": comparecer a um ponto de encontro (entre mil itantesde uma organizao comunista).

    No final da tar~e, circulava, procedendo s costumeiras

    evasivas, pelas ruas do JardimEu~opa, tradicional bairro pau-

    listano. Na altura do nmero 405 da Rua Capava, aprpximou-se

    um VOlkswagen gren, com dois ocupantes, que dispararam mais de

    10 tiros de revlver 38 e pistola 9rnrn. Um Glaxie,com 3 elemen-\ ~

    tos, dava cobertura ao. Apesar da reao do jovem, que che-

    gou a descarregar sua arma, foi'atingido por 8 disparos. Morto

    Terminada a redao, pegou o seu revlver calibre 38 e

    uma lata 'cheia de balas com um pavio guisa de bomba caseira'e saiu para "cobrir um ponto" (3) com wn militante da A~N. No s~

    bia que seria traido. No sabia, inClusive, que o deSCOntenta_

    mento da ALN era tanto que ele j havia sido SUbmetido, e condenado, a um "Tribunal ReVOlucionrio".

    r RESEnVAOQ

  • 1-'

    ma.,'t

    nos quais a.

    sugestivos os

    Ao lado do corpo, ;foram jogados panfletos,

    ALN assumia a autoria do "justamento" (5). so

    seguintes trechos desse "Comunicado":

    nA. Aco Li.bell..ta.doll.a.Na.c.i.ona..t (ALNl exec.u.tou, d1.a.23 de

    co de 7977, Mll.c.i.o Lei..te Toledo.

    E~~a. exec.uo .te~e o ni.m de ll.e~gua.ll.da.1l.a. oll.ga.ni.za.c.o.

    ~. 'Violncia, nunca mais!

    ... . .. ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..~ .

    To!ell.nc.i.a. e c.onc.i.li.a.c;o ,.ti.vell.a.m une~.ta..6 c.on.6eqUnc.i.a..6, 'na Il.evo!uco bll.a~i.lei.Il.a..

    1empell.a.- nOJ ~ ~a.bell. c.ompll.eendell. o momen.to que pa..6.6a. a.

    guell.ll.a Il.evoluc.i.onll.i.a e no~~a. ll.e.6pon.6a.bi.li.da.de di.a.n.te dela. enoJ

    ~a palavll.a de oll.dem ll.evoluc.i.on.ll.i.a~

    A.o M~wn.t ll.e".6pon.6abi.li.dad,!- na." oll.ga.ni.zaco c.ada. quadlto 'de

    ve anal~all. ~ua. c.a.pac.i.dade e ~eu pltepalto.

    ~epoi..6 di.~.to no ~e peltmi..tem ltec.ao.6

    .um Oll.ga.ni.za.c;.o ll.etlo.tuc.i.on.Il.i.a.,em gt'VVta. dec.la.ll.a.da., n.o PE-de pell.mi.;ti.1l.a. quem .tenha. uma. .6.Il.i.ede i.noll.ma.ce.6 c.omo a.~ que ,epo~~uZa., va.c.i.la.ce.6de~ta. e~p.c.i.e, mui..to meno.6 uma. deec.co de.6. ,-~e gll.a.u em ~ua~ i.lei.ll.a~

    hESE'R~AD 0_1

    na ~alada" seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresa de

    ter reconhecido seus assassinos. Da ao faziam parte seus com-

    panheiros da direo nacional da organizao subversiva Yuri X~

    vier Pereira e Carlos Eugnio Sarmento Coelho da Paz (ltClnentelt),

    este ltimo o autor dos disparos fatais. (4)

    .4............................................................

    .............- .... ~.............................................

    so marcos como os descri tos fruto de mentes deturpa:-

    das pela ideologia -- ~ue balizam o aminho sangrento e estril(4) Justiamento: homicdio qualificado, prat"icado pelos subversivos e ter

    YQristas contra companheiros que tentam evitar uma ao ou que abando':"nam a organizao, ou, ainda~ contra os que, direta ou indiretamente,comhatcma subverso, ' .

    (5) Participaram, ainda, da ao, dando-lhe cobertura: Antonio Srgio deMatos, Pnulo de Tal"so C(>1.L1C't-';:::c..,.1 . (:;,. . Jos Hilton Bnrbos.,.

    .. /R E S E fi V.~ '>.. ~-,,--_ __ ,

    Enterrado dias depois em ~auru, seu irmo mais velho, en-I

    ,to Deputado Federal por so Pablo, declarou sabe~' que ele ha-

    via sido morto pelos prprios companheiros comunistas.

    o jovem no era "advogado" e nem se chamava "Srgio Moura. .Barbosa", "Carlos" ou "Vicente".' Seu nome'verdadeiro era Mrcio

    Leite Toledo.

  • XXIX

    I, I

    i,; ,

    ! I

    do terrorismo, que por quase urna dcada enxovalhou a cultura

    nacional, intranquilizando e enchendo, de dor a famlia brasilei

    ra.

    Essas aes degradantes, que acabam de ser narradas, saoi

    tidas como atos herico~ pelos seguidores da ideologia que con-

    sidera ~a viol~ncia como o motor da histria". Para essas pes-

    soas, todos os meios so vlidos e justificveis pelos fins po

    lticos que almejam alcanar. Acolitados por seus iguais, seus

    nomes, hoje, designam ruas, praas e at escolas no Rio de Ja-

    neiro e em outros locais qo Pas.

    Os inquritos para apurao desses atos criminosos contra

    a pessoa humana tambm transitaram na Justia l1ilitar entre

    abril de 1964 e maro de 1979. Porm, e?sas pessoas mortas e fe

    ridas onde se incluem mulheres e at crianas e, na maioria,,

    completamente alheias ao enfrentamento ideolgico --, por serem

    inocentes e'no terroristas, no esto incluldas' na categoria

    daquelas protegidas pelos "direitos humands" de'certas sinecu-

    ras e nem partilham de urna "humanidade comum" de certas igrejas.

    Nem parece que a imagem de Deus, estampada na pessoa huwana, e

    sempre nica.

    A razo, porem, e m~i~o simples. Essa Igr~jaest sabida-

    mente infiltrada, assim como o Movimento de Direitos 'Humanos do

    minado, P?r agentes dessa mesma ideologia, como ficar documen-

    tado ao longo deste livro.

    Corno gostaramos de poder crer que esses atos cruis de

    assassinatos premeditados, assaI tos a mo armada', ate~tados e

    seqestros com fins pOlticos e qualquer tipo de v'iol~ncia pe~

    soa humana nao viessem ~ ocorrer no Brasil, nunca mais!

    --_.-- ..~.- --.- -.---~.~.

    RESERVADO"

    I/:

    I!

  • ~ S E fi V A O O)..

    AEROPORTO DE GUARARAPES

    !

    It1I1

    1 SOLIDAREDADE

    NOSAGUf\O

    CCM os FERIOOS

    o JORNALISTA Rf:Grs DE CARVALHONfD

    RESISTIRIA AOS FERIMENTOS

    O TENENTE-CORONEL SYLVIO FERREIRA.DA SILVA AGUARDANIX> SOCORRO

    o CORPO 00 J\I1.lIRANTE WILSCN ro- O GUl\r.J)~ CIVIL SEI3l\STrJi.O TCW\Z DEJ.m5 FERNANDES SENOO ru::rrRAOO m 1\OUTNn E"1 ESTAOODE CIlOQUE E l-lUrrI.J\OO

    IRESEnVA~

    ---

  • 1111,,."

    !Jli'I'iI

    I

    I.

    I:~.\i

    \1

    TEN MENDES JNIOR,M)RI'Q A CORO

    NHADAS, AOS 23 AIDS DE IDADE.

    N)S RESTOS HOIUJ\IS, ~ H1\RC1\ D~ VIOLENCIl\, -J~ E R VA 00

    ,,' ..JJ -'-':;~-" :!.;.:v~""'.;ls.;,:~;H..".;,..\.!-..'::1~;'7'.-;:~~. ~: __ ." Ir. - . ~I '''-i~ ~/.;.~~~, .,..:..: ~rr'~..--~~t' . v' '~-',..,' ,,~ " -' ~ ..~. "--'\ : ~ t :.." .. ~~ . '.,. I.y:i.-:~~. ~t.\:r:r~_~.~~-::#~ ~ ;c":--~~'."~'~'~'t' ".'~.i"~ -.,.~. -"' . '"' .. (1 t: '.:';::'''':'~'0'" '2r; ~ ' ,...J'! .:. ':".~',:,""'.-!". " ,'.,.. ,,';'tL

    ~.;.:.;:"~~n...r-_ i.-...../~:..-"'~~';''''''..~.'.:,,~;-:(\~-\ .. r-:).' :.r_' ~'~~Tft ," \ :I'\. ....v:.~..f# ~...,.... ~r" '. """" .... ~.. '.t'.(-:. '"i~;.". _ ~ \:" ' . ' .. "... . '* .. " ..- J ,r ~t.~' ".' .. "',1" '-/" .{;..'.. ;, " .....

    .'.:. ".I~ }:~"'~;"'.f~':":;'.I."'r.' _~.;-.:,/r 00'1. ;-.' "' . .:.#.~.J~"1.a.,~~.i:~j;..,.~~ ._"~.,.. .,J", ~ ......\ .C.':~.; r:~ .. , ..." "~';"!"." . '._J ,r).,..f_' ., . ..,... '. \o.~'" ' . , .,.,..., , "\.4 ljI.~ .. \

    110:, "t......:~1 :.1:-' :)1. .... ;.,r .',.', ..'' ,..,',.. _./.!.,... ~.. " . ,. .". . \ . I'" . '.. -.!!.... ~ --""...

    IRE S E nv A O O]O CRIME DE SETE B~RRAS

    SErE BARRAS, REGISTRO/SP: CENRIO DO ASSASSINATO 00 TE!'! PMSP ALBERI'O HENDES

    JNIOR.

  • XXXII

    , .

    iPELA VIOL~NCIA DE SEUS COHPANIIEIROSMRCIO SURPREENDIDO

    ,

    -------------1 R E S E n V A ~~r "JUS'fIAt-1.ENTO" DE Hi\RCIO LEITE TOLEDO

  • , I

    R'E S E R V)

    1A O O.

    !

    I..

    .--

    1~ P A R T .E

    ~ .

    A TENTATIVA DE TOMADA DO PODER

    .

    ." ' ..-.- .. .. - .,

    ,

    I.. ..I i

    . ,\ .. I

    I ,

    [n R V A O JE S E .0 I"

    A PRIMEIR

    ---...-.-"-. _. .....- ..- .

  • A FONTE DA VIOLENCIA

    os objetivos

    - representado

    O esquema, a seguir aprepentado, sintetiza

    ~s~leninistas, a partir da democracia

    um tringulo em equilibrio instvel (1).

    dos

    por

    (1) Embora se nos apresente paradoxal, a defesa, pelos comunistas, da demo-cracia, com as liberdades elevadas ao mximo, ela se justifica. ' Qu'antomais dbil e sem defesa a democracia, mais fcil sua dcsestabilizaco ea deflagrnio do processo de tom~da do poder. "

    . I~_~__$ E R V A O ? I

    ..Os trotskistas, apesar de se considerarem ~stas-leni-

    nistas, no advogam essa etapa intermediria para a implantao

    da "ditadura do proletariado". Para eles.a revoluo, desde ~

    inicio, ter carter socialista.

    Fs E .~ V -A O OCAPITULO I

    ,Esta ~tapa ,do socialismo marxista~leninista, tambm chama

    da de "socialismo cientifico", no deve ser confundida cemO:ltros

    tipos de socialismo, ditos democrticos e no leninistas.

    Mas, ainda antes de chegar ao socialismo ou ditadura do

    proletariado, os comunistas de~endem a existncia de um objeti~

    vo intermedirio, onde seria implantado um Estado do tipo "pro-

    gressista", cujo governo seria Gomp~sto pelo proletariado~ pelo

    campesinato e, ainda, por uma parcelcJ.da burgues'icJ. a p~quena

    parcela'hacionalista~

    Segundo essa ideologia, para a chegada ao objetivo final,

    ter que ser atingido um estgio. anterior, transitrio, verda-

    deiro trampolim para "o salto final".,t o estgio do socialis-mo, da destruio do Estado burgus, sobre cujas runas o prole

    tariado erigir um Estado prprio,. caracterizado pela '~ditadutt

    do proletaria~o" sobre as demais classes.

    o objetivo final da revoluo marxista-leninista atin-gir o cammisrrD-"a ltima e grande sntese" -, urna sociedadesemEstado e sem classes. Sem classes e, portanto, sem a luta de

    classes, o comunismo seriaa ~'sociedade perfeita ", onde, no ha-

    vendo contradies, o materialismo ,histrico no seria aplicado.

    1. Os objetivos da Revoluo Comunista

  • RE S E R V 1\

    2. Os Caminhos da Revoluo

    'Para atingir seus objetivos estratgicos, a violncia tem

    sido o caminho apontado pelos idelogos comunistas. Na prtica,

    a histria mostra ter sido a violncia a tnica de sua revolu-

    o. Em nenhum pais do mundo os comunistas lograram alcanar o

    poder por outra via.

    Marx, referindo-se Comuna de Paris, disse que um dos

    seus erros fundamentais "6o~.a magnan~m~dade de~~eeeJ~~~a do

    p4ole~a~~ado: em vez de ex~e~m~na~ o~ ~eu~ ~n~m~go~, ded~eou-~ea exe4ee~ ~n6lu~ne~a mo~al ~ob~e ele~" (2).

    Engels, seu dileto companheiro, complementou:

    " v~ol~ne~a joga ou~~o papel na h~~~~~~a, ~em um papel~evolue~on~~o: ~, ~eguhdo a 6~a~e de Ma~x, a pan~~~na de toda

    a velha ~oe~edade, ~ o ~n~~~umento eo~ a aj~da do qual o mov~-

    men~o ~oe~al ~e d~nam~za e 4o~pe 604ma~ polZt~ea~ mo~ta~"(3).

    Len~n, em seu famoso livro "O Estado e a Revoluo", di-

    zia: " l~be~dade da "ela~~e ope~4~a n~o ~ po~~Zvel ~em uma 4e~uoluc~o ~ang4en~a" (4).

    Com tais premissas, baseadas na lei fundamental marxista

    da transformao e apoiadas nos seus conceitos de mo~al, compr~.

    ende-se a fonte da violncia (5).

    Embora Marx e Engels insistissem na necessidade universal

    da violncia, chegaram a admitir, em.casos especiais, a possibi.lidade de uma mudana social por meio~ pacificos. Seria inacei-

    tvel que inteligncias to lcidas no a admitissem. Suo Tzu

    j nos ensinava h 500 anos A.C., e principio de guerfa cada

    vez mais vlido, que no se faz uso da fora quando Se podeconguistar os objetivos al~ejados, a despeito do inimigo, sem

    i~Z~-lo. Ademais, o emprego da fora apresenta sempre um risco

    pel~ resposta violenta que necessariamente provoca.

    Para Lenin, a base de toda'a doutrina de Marx e Eqgeb"es

    t na necessidade de inculcar sistematiamentenas massas a idia'"

    da revoluo violenta. No entanto, na sua obra antes citada, ao. \\

    expor a do~trina marxista do Estado e as tarefas do proletaria-

    (2) Marx, K.: "A guerra civil na Frana", 1933, pgina SO.(3) Engels, F.: liA DUhring", Ed. 'Sociales, Pat'is, 1950.(4) Lenin, V. L: "O Estado e 'a Revoluo", 1935, pgina 9.(5) O processo do emprcr,o da violncia para a tomada do poder 'c chamado, pe-

    los comunis tas, .de "lu! . . rI R E S E Il V 1\ D. ,0 .

    3

  • R E S E 'R V A O O

    do na revoluo, examina a utilizao da violncia para a toma-

    da do poder, mas considera, tambim, ~ possibilidade da passagem

    pacifica para o socialismo, bem como trata da necessidade de 'um

    estgio intermedirio, para a implantao da ditadura do prole-

    tariado.

    Assim reduzidos as suas formas mais simples, podem ser

    sintetizados em dois os caminhos uti.lizados pelos comunistas p.!.

    ra a tomada do poder: o uso da violncia (ou luta armada) e a

    ,"via pacfica".

    Ao longo do tempo" os objetivos e a estratigia para con-

    quist-los acabaram por transformarem-se nos po~tos fundamen-

    tais de divergncia entre os comunistas. Em torno delas, Trotsky,

    Stalin, Mao Tsetung, Kruschev e Fidel Castro, para citar apenas

    os principais atores dessa histria, desenvolveriam suas pr-

    prias concepes da r~voluo.

    Essas concepes diferenciadas daro margem a um vasto es

    pectro de organizaes, todas intituladas marxistas-leninistas,

    com ~s quais travaremos contato no correr deste livro.

    3. O Trabalho de Massa

    As formas utilizadas pelos comunistas para alcanar 'seu

    objetivo fundamental __o a tomada do poder' --, possivelmente por

    ter.sido Lenin um estudioso de Clausewitz e ter ~ua prpria fi-o

    losofia da guerra, assemelham-se muito s da conquista de um ob

    jetiyo militar na guerra, o que nos oferece uma imagem propicia

    para a compreenso do problema.

    Para a conquista de um objetivo na gue!ra, h um rduo e

    persistente trabalho de preparao a realizar. As tropas preci-

    sam ser mobilizadas e organizadas; devem aprender tticas e tic

    nicas de combate, durante um perodo relativamente longo.de in~

    truo; precisam ser'equipadas e supridas de uma quase intermi-, "

    nvel sr~e de artigos; necessitam de apoio de fogo~ de engenh~

    ria, de comunicaes, de sade, etc Deixando de lado uma s-

    rie de outras necessidades, tais como o conhecimento sobreocam

    po de batalha, as info~maes sobre o inimigo, etc., devem, so-

    bretudo, estar moralmente preparadas e possuir determinao e..vontade de lutar. Eis, ento,: que' se deslocam para o campo da

    Iluta. Chegado esse momento -- o da batalha ~ o combate pode

    ou nao se realizar. Se o inimigo est orgnizado, tem foras su

    I. [RESERVADO

    1.. .. '.

  • I

    I-R-.-E, -S-E--R-V-'-A-O--'i o 1

    ficientes e vontade de lutar, haver, fatalmente, o combate. Se

    o inimigo, porm,' fraco ou est combalido, mal posicionado ou

    sem determinaco, ele pode.entregar-se praticamente sem luta.Na

    terminologia militar, nesta ltima situao, diz-se que o inimi

    90 "caiu pela manobra". Sem ser necessrio o uso da fora, sera

    atingido o mesmo fim: sua submisso~ vontade do 'ex~rcito que

    empreendeu a opera~o.

    Esses so, pois, os dois caminhos para a conquista do ob-

    jetivo: o d violncia da luta armada -- e o da manobra. Es-

    te ltimo, em relao' ao anterior, pode ser considerado "pacifi

    co". O rduo trabalho prvio indispensvel para se utilizar

    ambos os caminhos, porque se ele no existir, no haver,' no mo

    menta do combate, a necessria desproporo de fora e de vonta

    de, suficiente para qu~ a ao contra o inimigo seja bem suce-

    dida ou o obrigue a render-se sem combater.

    5

    , -O trabalho de massa e a preparaao para o combate. Na horadecisiva da batalha,. a sociedade organizada pode re~gir e 1u-

    Para tomada do poder pelos comunistas, tambm existe umtrabalho prviO, rduo e persistente, denominado por eles de trabalho de massa.O trabalho de massa consiste nas atividades de in

    filtrao e recrutamento,' organizao, doutrinao e mobiliza-

    ao, desenvolvidas sob tcnicas ~e agitao e pr~paganda, visan'

    do a criar a vontade e as condies para a mudana raqical das

    estruturas e do regime (6) (7).

    O tr~balho de massa objetiva: incutir em seus alvos a ideo

    .logia comunista como ,a nica soluo para todos os 'problemas;

    m~nar a crena nos valores da sociedade ocidental ~ no regime;

    enfraquecer as salvaguardas e os instrumentos 'juridico~ de'defe-

    s~ do Estadoicontrolar a estrutura administrativa e influir nas

    decises governamentais; e, at~ando sobre os diversos segmentos

    sociais, re~duc-Ios, organiz~i~s, mobiliz-los e'o~ieryt-Ios

    p~ra a tomada do poder.

    I 11R E S E fi V ~ O/0 ,

    Agitao (Dicionrio da lnguq russa, de Ojcgov)-atuao ~untQ s gra~des'massas, com o objetivo de inculcar algumas idias e lemas destinados .sua educao poltica e a atra-ls para a soluo dos deveres polticos c sociais mais importantes.Em todos os 'Partidos Comunista$ existe uma Seo de Agitao e Propagan 'da (SAP), que se encarregn ~de$saatividade. A teoria comu~istn distin=gue, por~m, uma ntividndeda outra: a agitao promove uma/_ou poucasidias, que apresenta fi mnssa popular; a propaganda, ao contrrio, ofe-rece muitas idias a uma ou poucas pessoas . /unbos so processos condi-

    cionantes.

    {7 )

  • n E S E"R V fi O O

    -tar -- o ~ue e norm~l --, ou, se desmor~lizada e sem determin~_

    o, pode, simplesmente, "ca~ pela man.obra", pacificamente.

    ,

    ~._-~._._- - ~

    6

  • .'[R ,f S f R V A ~ O

    CApITULO II

    ."

    7

    O PARTIDO COMUNISTA - SEO BRASILEIRA DA INTERNA_

    CIONAL COlvIUNISTA (PC-SBIC)

    1. A Internacional Comunista

    o lanamento do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels situa-se no exato momento em que duas correntes vo chocar-se na

    doutrina e nos fatos: 1848 , com efeito, o ano das revolues

    europias. O brado lanado no Manifesto __ "p40let~~0& de to-

    do& 0& paZ&e&" u.n~-VO&" - teria conseqUncia prtica. Em breve

    seria ten~ada a unio dos operrios, acima das fronteiras nacio-

    nais,para combater o capitalismo e impl?ntar o socialismo ..

    O conceito de internacionalismo proletrio da derivado

    deu origem formao das Internacionais, verdadeirasmultina_cionais ideolgicas, que, sob o pretexto de dirigir a luta em

    nome da classe operria, passaram a fomentar a criao de parti

    dos em vrios pases, que subordinariam seus programas partid-rios s resolues de seus Congressos.

    ..

    em Londres a Associao Internacio_- .

    (AIT)., que ficou Posteriormente conhecida

    Reunia diferentes correntes ~o moviment~

    Em 1864, foi fundada

    nal dos Trabalhadores

    como I Internacional.

    operrio europeu, que se opunha ao capitalismo, clestacanc'lo-seen

    tre elas a dos marxistas e anarquistas. ,No suportando as dis~

    senses ode grupos anarquistas que no queriam se submeter au-

    toridade centralizadora de Marx e ao processo da Comuna de Pa~~is, encerrou suas atividades em 1876 ..

    A 11 Internacional surgiu em 1889 (1). Depois de depuradados anarquistas e dos comunista's e de ter passado por al\lun~p~

    rodos de crise e recesso, reSSurgiu, em 1951, j Com o nome deInternacional Socialista.

    (1) A.II Internacional perdurou ati a 1~ Guerra !~ndial. quando o nlciona

    -lismo mostrou_se, na prtica, mais forte e decisivo do qucoo intemaeion~lismo.. _

    rLRESERVAO"O

    A IIr Internacional, tambm conhecida como Comintern Ou I!!~ernacional Comunista (IC), foi criada em 1919, por Lenin. Apro

    - -veitando-se da base fsica 'cOnseguida cm a revoluo russa, em'1917, a IC pde colocar em prtica SUa doutrina de expanso mUn

    dial do comunismo, aIicerada na ..c~perincia dos sovietcs: ~No. \seu Ir Congresso Mundial, ~ealizado em 1920, a IC aprovou ~eu

    .~

    ,I

    ~],

  • 8

    a p~l.e~-

    na '~ua

    40cLal. Vevelt:que ..~em a. delt-dUaJunrunento11em

    ..............................................................."3~ - No~ paZ~e~ bu~gue~e~1 a aci~ legal deve.~e~ com6in!

    da com a acio ilegal. Ne~~e~ paZ~eJ, deve~a ~e~ c~iada uma apa-

    ~elhagem clande~tina do Pa~tido, capaz de atua~ deciJivamenteno momento opo~tunoN.

    ........~ , ~ .. .

    "14' - Tod04 o~ paAtido~ comuni4ta4 ~io obAigado~

    taA ~odo o.auxZlLo nece~~:~io i~ Rep~blica~ ~ovL~tLca~1luta 6ace i cont~a-~evol~cio" .

    "16~ - Tod04 o~ .paAtido~ comunL~ta~ ~io' ob~igado~ a obed!.

    ceA i~ Ae~olu5e4 e deci~5eJ da rnt~~na~ional Comuni~ta, con~i-deAada como um paAtido mundial ~nico".

    lL~ta~ e ~enuncLa~ ao p~t~Loti~mo e ao pacL6i~mc~e~ demon~t~ado ao~ ope~a~Lo~1 ~L4tematLcamente,'~ubada ~evolucLonALa do capLtalLJmo nao haveAapa~ mundLalN.

    ,

    ............................................................". ..

    2. A formao do PC-SBlC

    estatuto e estabeleceu as 2; condies exigidas para a filiao

    dos diversos partidos comunistas, das quais algumas so trans-critas a seguir:

    ..................'. ................................. ...........

    "4' VeveAa ~e~ 6eLta ampla campanha de agLtacio e P~Op!ganda na~ 0~g4nLzac5e~ mLlLta~e~1 pa~tLcula~mente no Ex~~cLtoN.

    No Brasil, as duas primeiras dcadas deste sculo foram

    marcadas por algumas poucas agitaes de cunh social.

    O movimento operrio e sindical, por nove anos, desde1908,I

    dirigido pela Confederao Operria Brasileira (COB), possuia

    traos anarquistas e voltava-se, b~sicamente, para agitaes.contra a guerra mundial, inclusive, com ameaas degreve geral.

    Essas condies, que espelhavam a rigidez da linha leni-

    nista, proporcionaram ao Partido Comunista da Unio Sovitica

    (PCUS) a oportunidade de expandir o Movimento Comunista Interna

    cional (MCl), subordinando os interesses nacionais dos pa~es

    submetidos aos dos soviticos e facilitando a interfernci~ nas

    .polticas. internas das 'demais naoes.

    !"-"-----.-------F S E H V ~ O ~

    -------------[R ESERv~

  • IH!: ~ C H V A O ~~ _

    .'o marxismo-Ieninismo, ainda pouco conhecido e freqente-

    mente confundido com o anarquismo, procurava florescer em 7 ou

    8 cidades brasileiras com a criao de alguns grupos que, ape-

    sar de se intitularem comunistas, no passavam, na verdade, de

    anarco-sindicalistas.

    Foi quando, no inicio da d~cada de 20, a Internacional Co

    munista (IC) e suas 21 condies de filiao chegaram ao nos-

    so Pais, e nossos "comunistas" as assumiram, pressurosos.

    Em 25 de maro de 1922, nas cidades do Rio de Janeiro c Ni

    ter6i, num congresso que 'durOu trs dias, 9 pessoas fundaram o

    Partido Comunista - Seo Brasileira da Internacional Comunista(PC-SBIC)

    . ;3. As atividades do P-SBIC

    De acordo com Haroldo Lima, atual Deputado Federal pelo

    PC do B da Bahia:

    e "...o COt1glr.eJ.>J.>o diJ.>cutiu e a.plr.Ovou dJ.>21 condicei-'de i!!:.glr.eJ.>J.>ona. lntelr.na.c.i.ona..e. Comuni.6ta., 'e.e.ege. uma. ' Com.i.J.>J.>.oCentlr.a..e..

    , ,

    Executiva., clr.iou um Comi:t~ de SOCOIr.Ir.Oa.O.6 F.e.a.ge.e.a.do.6. Ru.6.6o.6,.t1La..tou de que.6.t~~.6 plr..tica..6 e encelr.lr.OU .6euJ.> tlr.a.ba..e.hoJ.> entoa.ndo

    o h.i.no in.telr.na.ciona..e. do.6 .t1r.a.ba..e.ha.dolr.eJ.>,a. lntelr.na.c.i.ona..e.",(2).

    Desde o nome e a s~gla (PC-SBIC), obedecendo i 17~ condi~ao, at renncia ao pacifismo social, o novo Partido aceita-

    va a ag~tao permanente e a tese da derrubada revolucionria,. ,das estruturas vigentes, renegava as regras de convivncia da

    sociedade brasileira, propunha-se a realizar atividades legais li

    e ilegais e subordinava-se s Repblicas Socia~istas Soviticas. II'

    entidade civil.

    da revQlta te-

    desenvolvimento I'I

    o PC-SBIC surgiu legal, registrado comoTrs meses depois, o estado e sitio,decorrente

    nentista,colocava-o na ilegalidade e inibia o.- .. - .. '. . .... . .,de suas atividades de agita~o.

    Em 1924, um fato viria repercutir no'PC-SBIC: a realiza-oI

    ao do V Congresso da IC, em ju~ho/~ulho, j sob o impacto da :i

    morte de Lenin. Nesse Congresso, rc, mudando de tti~a, pas- .::sou a adotar a da "Frente ~nica'" vista, por Zinoviev, como "um 'I'

    ------ .;/,1

    . (2) Lima. H.: "Itinerrio das Lutas do PC do Brasil". 1981. pagina 4. WI;

    rR E S E n v t. o"'0 I~.-- ..-------- ,t,!

    H

    rI' li

  • mtodo para agitao e mobilizao' das massasll (3).

    No final de 1926, modificou-se o quadro poltico-institu-

    cional, com o governo de Washington Lus trazendo ventos libera

    lizantes, tendo o PC 'inclusive, um curto perodo de legalidade, de

    19 de julho a 11"de agosto de 1927. Obedecendo aos ditames 'do VCongresso da IC, a direo do Partido lanou a palavra de ordem

    "Ampla agitao das massas", justificada pela necessidade de "f~

    zer surgir o Partido da obscuridade ilegal luz do sol da maisintensa agitao poltica".

    Partindo da teoria prtica, criou o Bloco Operrio e Ca!,!!pons (BOC) como uma "frente nica operria", que, no por ac~

    50, tinha, na sigla, as mesmas letras da conhecida e j extinta

    COB.

    Ainda seguindo a ttica de frente, o PC-SBIC iniciou um tra

    balho de aproximao com Prestes, que se encontrava na Bol-

    via (4).

    Mas; o ano de 1928 foi marcado pela crise econmica mun-

    dial. Pensando ~m aproveitar a mis~ria que adv~ria para os ope-..rrios, a IC realizou o seu VI Congresso, de julho a s~tembro,

    mudando a ttica de IIfrente nica" para a de "classe contra

    classe". O proletariado mundial, premido pela crise, poderia

    ser arrastado para a revoluo. Era a oportunidade para os comu\

    nistas isolarem-se e lutar contra todas as posies antagni-

    cas, desde as burguesas at as operrias. A IC determinara o fim

    da IIfrente". Na URSS, iniciava-se a "cortina de ferro".

    Tal resoluo pegou o PC-SBrc de su~presa. Para as elei-

    oes de outubro de 1928, j lanara candidatos atravs do BOC,

    que, gradativamente, se vinha tornando o substituto legal do PC.Imediatamente, o PC-SBIC convocou o seu 111 Congresso,rea

    lizado em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, em Niteri. Alm

    de reeleger A;t~~jiid;'per~ira como secretrio-geral, o Congre~

    so do PC-SBlC determinou a-intensificao do trabalho clandesti

    no do PC,a fim de no ser ultrapassado pelo ~OC.Com tal, medi-

    da, pensava acalmar os chefes moscovitas, que viam, no BOC, a

    continuao da antiga ttica de IIfrenj:enica".

    (3) Zinoviev foi o primeiro chefe do.Comintern e o.encarregado de expor, no.seu V Congresso, a estratgia que seria aplicada tanto "Frente nica"quanto s atividades das orGanizaes de frente.

    (4) Prestes a essa poca ainda no se tornara comunista.

    ,R f. S E R V A O O

    "

  • .'~'E S E R V A O ~.

    , -11

    Ledo engano. No compreendiam, ainda, os comunistas brasi

    leiros, que a curvatura dos dorsos no era, apenas, temporria,

    guisa de um ~umprimento. Ela teria que ser permanente, com aboca sujando-se de terra.

    ,Vivia~se, em Moscou, a plena poca dos expurgos. O poder~

    so Stalin, com mao de ferro, mandava assassinar os princip~is

    dirigentes do Comit Central (CC) e o fantasma do tr9tskismo

    servia de motivo para o prosseguimento das eliminaes, tanto

    na "p,tria-mo" como 'nos partidos satli tos.

    A I Conferncia dos Partidos Comunistas da Amrica Lati-

    na, realizado em junho de 1929, em Buenos Aires, condenou "a po

    litica do PC-SBlC frente questo do Bloco Operrio e Camponse o seu atrelamento a este rgo" (5)

    .O ano de 1930 foi decisivo para o PC-SBlC. Em fevereiro,

    a IC baixou, a "Resoluo sobre a questo brasileira", com base

    na Conferncia de Buenos Aires. Nesse documento, critica a poli

    tica de frente ainda adotada pelo PC-SBIC e ironiza o BOCcomo

    sendo wn "segundo partido' operrio". Ao mesmo tempo, induz o paE

    tido a "preparar-se para a luta, a fim de 'encabear a insurrci-

    ao revolucionria".

    Os dias de Astrojild~ Pereira estavam contad~s. Em novem-bro de 1930., uma Conferncia do PC-SBlC expulsa o sec.r~trio-ge

    ralo Em so Paulo, foi afastada uma dissidncia trtskista lide

    rada por Mrio Pedrosa.

    Numa guinada para a esque~da, o Partido encerra sua poli-

    tica de alianas, expurga'os intelectuais de sua direo e ini~

    eia uma fase de proletariza~o.

    4. A fase do obscurantismo e da indefinio

    O periodo comprerindido entre o final de 1930 e os medos

    de 1934 caracterizou~se por um quase obscurantismo do PC-SBIC,

    que, empreg~ndo uma linha dbia e equivocada, se emaranhava em

    sucessivas crises. ,A agitao politica no Brasil,entretanto, foi i~tensa. Em

    1930, ainda s~b influ~ncia dos ideais do tenentism~, formou-se

    a Aliana Liberal, um agrupa~~nto de oposies~Em qutubro c no

    (5' Carone, E.: "O PCB - 1922 a 1943"t Difel S.A.,RJ, 1982,' p~gina 9.I

    '. I-----------. R E S E n V AO/O

  • ),2DllStRVAGO

    ~o ac~t~~o o resultado das eleies presi-,

    ladl~~a o p~ulista Jlio Pre~tes, a Aliana, a

    do'am DOY!~~ntorevolucionrio, alou Getlio Vargas ao

    INesse incio da dcada de 30, o prestgio de Luiz Carlos

    Prestes, ento exilado no Prata, ainda era muito grande. As re-

    percusses nacionais da sua Coluna faziam-no um dos mais respe!

    tados lderes entre os tenentes. No entanto, era, ainda, um re-

    volucionrio em busca de uma ideologia.

    Em maio de 1930, Prestes criou a Liga de Ao Revolucion

    ria (LAR), defininqo-se contra a Aliana Liberal. Em maro de

    1931, aderiu, publicamente, ao comunismo. OPC-SBIC logo tentou

    incorporar a LAR; Prestes, no entanto, com a fora de sua lide-

    rana, tentava engolfar o PC-SBIC.

    O maior lder comunista do Brasil no pertencia aos quadros'

    do PC!

    Essa inslita situao foi, aparentemente, resolvida com. .

    uma inslita soluo: Prestes deixou a Argentina e foi residir

    na URSS, para ser o representante brasileiro na Internacional

    Conhi"n j.s ta.

    Na rea internacional, a poltica de "classe contra clas-

    seu revelara-se desastrosa para o PCUS. No houve a to deseja- .

    da recesso mundial, e a fora de Hitler, aproximando-se, gra-. .dualmente, do Japo e da Itlia, aterrorizava os soviticos. E;?ses fatos marcaram uma nova linha poltica: ~oi aliviado o'iso-

    lamento e retomado o dilogo com as naes ocidentais, culminan

    do com o ingresso da URSS na Liga .das Naes em 1934.

    A tudo isso assistia o PC-SBIC, atarantado. Debatendo-se

    entre as ordens de Moscou, padecia de uma correta definio da

    linha politica e era envolvido por sucessivas crises de direo.

    Apesar do sectarismo obreirista, caracterstico d~sse pe-

    rodo, a intensificao da atividade clandestina do PC-SBIC trou

    xe-lhe um dividendo: o relativo sucesso no trapalho militar, de

    infiltrao e recrutamento nas Foras Armadas.

    Aproveitando o idealismo revolucionrio, e at certo pon-..to ingnuo, do movimento tenentista, cc;mseguiu a simpatia de mu!

    tos militares. A atuao de mili~ares no Partido, cQmo Mauricio

    Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregrio Bezerr~ ~gl!

    fRESEI1VADO

  • berto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Darata e o prprio Prestes,.sao exemplos desse trabalho de infiltrao e recrutamento.

    Esse trabalho militar foi decisivo para o advento da pri-

    meira tentativa de tomada do poder pelos comunistas, por meio

    da luta armada

    .--- - --".- -

    , .

    "

  • ...-.-~------- -.ER V A O O 14CAPITULO 111

    A INTENTONA COMUNISTA

    1. A mudana da linha da IC

    Induzido pela Internacional Comunista, o PC-SBIC esfora-

    ra-se por se inserir no processo revolucionrio brasileiro, que

    teve incio no ano de sua fun~ao e que pass.a por 1924/26 e vai

    desaguar em 1930. Esse perodo de revoltas e revolues tinha,

    porm, como motivao, uma problemtica interna, voltada para

    os problemas estruturais e sociais, mas essencialmente brasilei

    ros~ Talvez por isso mesmo que as direes do PC-SEIC jamais

    foram capazes de entend-los. Suas anlises estereotipadasviam,

    em cada ocasio, apenas urna luta entre os "jmperialisrros"ingls e

    norte-americano. Com esse dualismo mecanicista explicam tambm

    a revoluo de 1932. Deste modo, por construrem suas anlises

    sobre abstraes de carter ideo~gi~o, no conseguiram sintoni

    zar o Partido com o processo revolu'cionrio em curso e acabaram

    por perder o "bonde da histria". Essa frustrao iria'faz-los

    desembocar na Intentona de 1935.

    Vimos, no capItulo anterior, que a URSS, em 1934, mudara

    Sua poltica externa, do isolamento para o dilogo com o oci-. .dente. As ameaas nazistas e fascistas contriburam para alte-

    rar a linha poltica da IC.

    A poltica de "classe contra classe" nao dera resultados

    e levara ao ostracismo diversos partidos comunistas. Quase que

    num "retorno s origens", a poltic~ d~ "frente" foi retomada,' __

    modificando-se o termo "Gnica" pelo "popular".

    De um modo geral, a frente popular pretendia englobar to-

    dos os.individuos e'grupos numa luta contra o fascismo, indepe~

    dentemente de "suas ideologias. E, ~ claro, aproveitar essa fren

    te para ~omar o poder.

    I'

    2. A vinda dos estrangeiros

    Concluindo que no Brasil j amadurecia uma situao revo-. ,..lucionria e que a nova polit~ca de "fren.tepopular" desencadea

    ria a revoluo, a curto prazo, a IC decidiu enviar diversos "de

    legados", todos especialistas,' a fim de acelerar o processo. Com

    "-------...;...-----L~._E S E nv_~--.:---------- ...

  • v~io com sua

    d~tilgrafa.

    isso pretendia suprira falta de quadros dirigentes do PC-SDlC

    que ,pudessem levar a tarefa a bom termo. Na realidade, a lC en-

    viou um selecionado grupo de espies e agitadores profissionais.No inicio de 1934, chegou ao Brasil o ex-deputado alemo

    Arthur Ernsf Ewert, mais conhecido com "Harry Berger". Tendo

    atuado nos Estados Unidos, a soldo de Moscou, Berger veio acom-

    panhado de sua mulher, a comunista alem Elise Saborowski, que

    entrou no Pais com o nome falso de Machla Lenczycki. Berger acre

    ditava que a revoluo comunista teria inicio com a criao de o'

    uma "vasta frente popular antiimperialista", composta I?or oper

    rios, camponeses e uma parcela da burguesia nacionalista. A ao

    de derrubada do governo seria efetuada pelas "partes revolucio-

    nrias infiltradas no Exrcito" e pelos' "operrios e camponeses

    articulados em formae~ armadas", embrio de um futuro "Exrci

    to Revolucionrio do Povo". O governo a ser institudo seria um

    "Governo popular Nacional Revolucionrio", com Prestes a fren-

    te

    O mirabolante pIario de Berger, tirado dos comp6nd~os dou-

    trinrios do marxismo-leninismo, no levava em conta, apenas, um

    pequenino detalhe: a poltica brasileira, aquinhoada com uma no

    va Constituio de fundo liberal e populista, es~ava cansada dos

    mais de 10 anos de crise e ansiava por um pouco de paz e estabi .

    lid,ade.

    Outros agitado~es profissionais vieram para o Brqsil, ama~do de Moscou, durante o ano de 1934. Rodolfo Ghioldi e Car-

    me~, um casal de argentin~s, vieram como jornalistas. Ghioldi,'

    na realidade, pertencia ao Comit Executivo da .lC,era dirigen-

    te do PC argentino e escpndia-se sob o nome falso de "Lqciano

    Busteros". O casal Len-Jules Vale e Alphonsine veio da B~lgica.

    para cuidar das finanas. A esposa de Augusto Guralsk,' seret-

    rio do Bureau Sul-Americano qu~ a ~C mantinha em Montev~du! veio

    pa~a dar instruo aos quadros do PC-SBle. Para com~niar-se

    clandestinamente com o grupo, foi enviado um jovem omunista

    nQrte-americano, Victor Allen Qarron. O especialista e~ sabota-

    g~ns e explosivos no foi esqulfcido: Paul Franz Gruber;, alemo,I'

    mulher, Erika, qu~ poderia servir como motorista e\\

    : I

    ! I

    I,i

    (J)

    ,-Para maiores detalhes do plano revolucionrio de Bcrgcr, ver Arago, J.C.: "A Intentona Comunista", Biblicx,R.J., pg.inns 36 c 37.. -' ~

  • 1(,iI .I {HESEH'lf.O 0\

    O grupo de espies instalou-se no Rio de Janeiro. De acor \

    do com o insuspeito Fernando Morais; "Uma. .i.den.t.i.da.de..c.Ontum o~

    u.n.

  • \RESEHVAOO17

    9

    Comunista), usando a sigla PCD. Esse concltive mudou a linha po-

    litica do Partido, segundo os ditames da sua matriz. A luta era

    antifascista e deveria ser formada uma "frente popular contra os

    integralistas".

    o PCB, radicalizando-se, passou' a considerar-se corroa "vanguarda na transformao da atual crise econmica em .crise revo-

    lucionria __ que j se processa -- encaminhando todas as lutas

    para a revoiuio operria e camponesa". Conclamou os camponeses

    tomada violenta das terras e sua defesa pelas armas.Exortoua luta das massas "em ampla frente Gnica, para transformao da

    guerra imperialista em guerra civil, em luta armada das massas

    laboriosas pela derrubada do feudalismo e do capitalismo". A l~

    ta, segundo o PCB, deveria ser elevada !'ata tornada do poder,

    instaurando o Governo Operrio e Campons, a Ditadura Democrti

    ca baseada nos Conselhos de operrios, camponeses~ soldados..e

    marinheiros". Com relao ao marxismo-leninismo, jactava-se o. I

    Parti~o de que era o "Gnico neste pais que est baseado nessa

    ideologia, a qual j levou. vitria o proletariado e as massas

    populares da sexta parte do mundo, a Unio Sovitica" (3).

    Em documento dado a pGblico logo depois da Conferncia, o

    PCD, vislumbrando as eleies de outubro, criticou a via parla';'

    mentar, sob ~ualquer forma ou rtulo com que se apre?entsse, ~,

    firmando que "de modo alg4m re~olve a situao das mas~~s;' ,si-

    tuao que s poder ser resolvida pela derruba~a vol~nta dos-, .

    se governo e sua substituio p~lo gove~no dos soviets (c~nse-

    lho) de operrios, camponeses, soldados e marinhei~os" (4)

    .A nova lina politica do "povo PCB", .em agosto qe 1934, .pasou a ser a da insurreio aram~da para a derrubada do goveE

    no e a tornada do poder. Os ~atos 090rridos no ano peguinte mos-

    tr~riam se estava preparado para isso e se iria alcanar seu ob

    je'tivo---..--- .. --\_. -- --.- -- ....--...

    4. A Aliana Nacional Libertadora (ANL)

    Traada a linha'poltica da "frente popular", faltava, ao

    PB, a criao de uma organizao ,que a concretizasse e que pu-

    desse congregar operrios, e:?tudantes, militares e intelectuais. II

    "

    IR E S E fi V A o;.;

    "A Classe Operrin", 'jornal do 'pcn, de. 19 de agosto de 1934.Carone, E.: "O pcn - 1922 a 1943", Difel S.A., RJ, 1982, pginas 143 a159, transcreve onrtigo'A,posic;no do pcn frente s 'eleies", do CC/PCB.

    (3 )(4 )

  • datada

    ".

    1---------------f R E SER V 1\ O O laEm fevereiro de 1935, foi fundada essa frente, sob o nome

    de Aliana Nacional Libertadora (ANL).

    Em 19 de maro, pela primeira vez, rene-se a sua direto-

    ria. Dos seis principais dirigentes, trs eram militares: o pre

    sidente, Hercolino Cascardo, comandante da ~arinha; ovice-pres!

    dente, Amorety Osrio, capito do Exrcito; e o secret5rio-ge-

    ral, Roberto Henrique Sisson, tambm oficial da Marinha.

    Entretanto, desses tr~, s o secretrio-geral, Sisson,

    era do PCB, que pretendia, dk acordo com a poltica de frente,congregar o maior nmero possvel de liberais, escondendoa orien

    tao do Partido. Mantinha para si, no entanto, a principal po-

    sio daANL.

    ~rofi~al de maro, a Aliana promoveu a sua primeira reu-

    nio pblica, no Teatro Joo Caetano, na cidade do Rio de Janei

    ro. Neste evento, mais de mil pessoas ouvem o programa da:ANL e

    aplaudem quando Prestes indicado como seu presidente de honra.

    Uma 'carta de adeso do t1cava~eiro da Esperana",

    de 3 de maio, d um grande impulso frente.

    Com base e semelhana da estrutura clandestina do PCB,a ANL organizou-se com rapidez, apo~ada nas t~cnicas marxistas-

    leninistas de agitao e propaganda e em dezenas de jornais di-

    rigidos pelo Partido. Apesar de ser mais forte no Rio de Ja~ei-

    ro, so Paulo e Minas Gerais, a Aliana propagou-se por todo o

    Pais. Calcula-se que, em maio, j possua cerca de 100 mil mili

    tantes, organizados em 1.600 clulas.

    A frente progredia, escudada em bandeiras que empolgavam

    as massas, os militarese os liberais. O PCB a orientava, crescen-

    do sua sombra. A data de 5 de julho, comemorao dos 13 anosdo levante dos 18 do Forte e da revoluo tenentista, traou uma

    linha demarcatria no desenvolvimento da Aliana . _a.a ..... ~" . ... '.

    Prestes, que chegara ao Brasil em 15 de abril de 1935, ra

    dicara-se no Rio de Janeiro, aps.curtas passagens po~ Florian

    polis, Curitiba e so Paulo. Observando o des~volvimento da ANL,,concluiu que j estava na hora de fazer um pronunciamento mais

    incisivo, definidor dos reais rumos da Aliana.

    Em 5 de julho, lanou um manifesto contendo as bases do

    "Governo popular nacionalista revolucionriol', acusando Getlio. .Vargas de fascista e de subordinado ao imperialismo e convocan-

    "------------[ R E S E R V Ao O O I '"

  • fn.ESERVhOO 19

    do os ex-revolucion5rios, militares, padres,jovcns e a pequena

    burguesia a engajar-se na luta pela implantao de um "governo

    popular". Em determinado trecho, Prestes afirma que "a situao

    de guerra e cada um precisa ocupar o seu posto", conclamando:

    "B~a6ilei~o6! O~9ani~ai o V0660 5d~o con~~a OA dominado~e6 ~~an6

    6o~mando-o na o~ca -

  • 6. A Intentona

    r 11 E S E R V _~~ __ ..L-.- ";""-'"

    Os ,senhores soviticos determinaram. Os cegos brasileiros

    obedeceram.

    20

    R. J., 1980,

    ,I ~- E S E 11 V A O O

    (6) Lcvinc, R.M.: "O Regime de Vargas", Ed. Nova Frontci,ra,prina 10t.

    -Muito'j foi escrito sobre a Intentona Comunista de 1935.,.

    Como sntese, basta-nos relembrar que os atos de terror tiveram

    o prprio Dimitrov, dirigente blgaro da IC e encarregadode fundamentar a poltica de frente, teceu consideraes sobre

    a ANL e incentivou a sua ao: "No BltallLe., o Palt.tJ.do CO/llu/1J.ll.ta,

    que deu uma. boa ba~e ao de~envolvJ.men.ta de uma 6lten.te con.tlta o

    i.mpvlJ.a'l.J.llmoao clti.altuma Al.i.anca de emancJ.paco naci.onal, deve

    empenha.lt':"lle CO/ll .toda.!.>-~ ~UCL6 OIt.M .pa./ta.,-i.mpu.UJ.ol1a./t~.6a. 1Ite.l1.t e , con-qui.4tindo a me~ma, ~obltetudo o~ mi.th;e~ de campone~e~, e oltJ.en-

    tando O' mOQi.me.n.to no ~entido da 60ltmaco dede~.tacamentoll de um

    ExeltcJ..to Populalt RevolucJ.onltJ.o ex.t'Jle.mame.n.te d(l.votado, a.t qLLe

    4ej~ alcancado o objetivo 6inal e no ~en.tJ.do da oltganJ.zaco do

    podelL dell4a AlJ.anca Naci.onal LJ.belttadolLa".

    Estava aprovada ,a ANL como instrumento de luta. As pondi-

    es no inteiramente favorveis da situao b~asileira'no pa-

    reciam preocupar os dirigentes da .IC.

    Segundo Levine, "All oltdeli~ de Mo~cou palLa que o PCB

    ag.l.4lle de qua.tquelL mane.l.lLa, a de~pe,.l.to do ll~U de~plLepalLo - con etltalt.l.avam qualquelt e~.tJ.ma.tJ.va ~enllata da lLea.tJ.dade blLa~J.leilta,

    mall 04 6.l.eJ.ll,legal.l.~tall, obedeceltam cegamente all J.nlltlLuc5e.ll lLe

    cebi.dall" (6). -- ...-.- .._----" .. -

    rio-g?~al, Antonio Maciel Bqnfim, o "Miranda". Nesse Congresso,

    Van Mine, delegado holands do Comit Executivo da IC para a

    Amrica do ,Sul, em discurso de apoio "frente popular", apre-

    sentou informaes alvissareiras sobre a ANL, afirmando .que era

    uma "ampla e bem organizada associao" e que dela "j part~ci-

    pava um grande nmero de oficiais do Exrcito e da Marinha bra-

    sileiros".

    Tal afirmao no deixava de ser verdade, em valores abso

    lutos. Baseando-se nos dados exagerados levados por "Miranda",

    os comunistas da IC tomavam o Brasil como uma "republiqueta sul!. -

    americana" e pensavam que algu~as poucas dezenas de oficiais re

    'presentassem "um grande nmero".

  • [n 1': S E n V 1\ ~~I- 2_01,

    inicio na noite de 23 de novembro, em Natal, na manh

    Recife, e na madrugada de 27, no Rio de Janeiro.

    de 24, em

    Apenas no Rio Grande do Norte, o levante ampliou-se, com

    participao restrita de alguns setores da popula~o. Em Recife,

    a participao foi extremamente reduzida e, no Rio de Janeiro,

    a revolta restringiu-se a dois quartis, a Escola de Aviao,

    na Vila Militar, e o 39 Regimento de Infantaria, na Praia Verme

    lha.

    Apesar do plano prever insurreio nas cidades e, depois,

    a formao de colunas par tomar o interior, o levante confinou

    se a trs cidades, isoladas entre si, pouco extravazando dos mu

    ros de alguns quart~is ..No dia 27 de novembro, a Intentona per-

    deu a impulso e fracassou.

    tt As massas populares mostraram nao haver tomado conhecimento do quadro pi.ntado pelos comunistas. O lema da.1\NL, "po';'TeE

    ra e Liberdade", no sensibilizou o proletariado. A rebeldia e

    a mobilizao das massas s6 existiam na imaginao e no desejp

    dos comunistas, vidos de.chegar ao