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História da Igreja I: Aula 12: Tentativas de mudanças internas

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Aula ministrada no curso de História Eclesiástica II no Seminário Teológico Shalom, em 2014. Esta aula apresenta os diversos movimentos que tentaram mudar a Igreja Católica por dentro, como o movimento dos místicos, os pré-reformadores e o movimento conciliar.

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  • 1. Tentativas de Reforma Interna Msticos, Pr-reformadores e Conciliares Histria Eclesistica I Pr. Andr dos Santos Falco Nascimento Blog: http://prfalcao.blogspot.com Email: [email protected] Seminrio Teolgico Shalom

2. Declnio do Papado (1309-1439) Exigncia do celibato forou diversos clrigos a tomarem concubinas ou se perderem em casos de amor ilcito com mulheres de suas congregaes, tendo que lidar com a questo dos filhos nascidos dessas unies. Alguns davam mais ateno a seus filhos do que a suas funes clericais. Clrigos gozando de vida de luxria, especialmente durante a Renascena. Feudalismo que gera dupla obedincia a papa e ao senhor gera diviso de interesses em muitos casos, gerando clrigos que se preocupavam mais com suas responsabilidades seculares do que as tarefas de ordem espiritual. Cativeiro Babilnico (1309-1377) e Grande Cisma (1378-1417) foram responsveis pela perda do prestgio do papa. 3. Declnio do Papado (1309-1439) Cobrana de impostos papais para sustentar duas cortes torna-se uma carga pesada para o povo da Europa. As rendas papais eram obtidas atravs de: Rendas de propriedades papais. Dzimos pagos pelos fieis. Anatas (pagamento do primeiro salrio do ano ao papa de parte do dignatrio eclesistico) Direito do suprimento (pagamento de clrigos e dependentes de despesas de viagens do papa enquanto em sua regio). Dinheiro de Pedro (pagamento anual feito por leigos em muitas regies). Renda de cargos vacantes e numerosas taxas. Surgimento de naes-estado cria sentimento de animosidade a ideia de um Sacro Imprio Romano e uma Igreja Universal. Rei e classe mdia se sustentam para centralizar poder e desafiar a autoridade papal. 4. Cativeiro Babilnico Clemente V, francs escolhido pelos cardeais em 1305 como novo papa, era fraco e de moral duvidosa. Influenciado pelo rei francs, muda a sede do papado para a Frana em 1305 e para Avignon em 1309. Aos olhos da Europa, tal movimento colocou o papado sob controle francs. Residncia papal permanece em Avignon at 1377, com pleno domnio dos reis franceses. Santa Catariana de Siena (1347-1380), mstica de renome, pressionou o papa Gregrio XI a retornar a Roma, restaurando a ordem e reconquistando o prestgio do papado como autoridade internacional independente. Assim ele o faz em 1377, encerrando o Cativeiro Babilnico. 5. Grande Cisma Aps a morte de Gregrio XI, os cardeais elegeram o homem que se tornaria Urbano VI. Porm, sua falta de tato com os cardeais atraiu sua ira, o que fez com que eles elegessem Clemente VII como papa em 1378. Clemente VII, devidamente empossado, resolve mudar a sede do papado novamente para Avignon, gerando o Grande Cisma. Ambos entendiam ser o papa legtimo e autntico sucessor de So Pedro. O norte da Itlia, Alemanha, Escandinvia e Inglaterra seguiram o papa romano. Frana, Espanha, Esccia e o sul da Itlia seguiram o papa francs. A crise s foi resolvida com o surgimento do Movimento Conciliar, como veremos a seguir. 6. Os msticos O movimento mstico foi uma resposta natural de uma populao desejosa de lutar contra o formalismo religioso da poca. O movimento demonstra um desejo de contato direto com Deus no ato do culto, em vez de participao passiva em atos de culto friamente formais e conduzidos por um sacerdote. O desejo do mstico um contato direto com Deus atravs da intuio imediata e contemplao. Se a nfase a unio da essncia do mstico com a essncia da divindade na experincia do xtase, coroao da experincia mstica, falamos de misticismo filosfico (misticismo teuto). Se a nfase reside numa unio emocional com a divindade pela intuio, o misticismo psicolgico (misticismo latino). O principal objetivo de ambos a apreenso imediata de Deus numa forma extrarracional em que o mstico espera por Ele numa atitude receptiva e passiva. 7. Causas do Misticismo Escolasticismo e sua exaltao da razo, em detrimento da natureza emocional do homem. Surgimento do nominalismo escolstico, com sua nfase no indivduo, alimenta muitos a se enredarem pelos caminhos msticos. Protesto e revolta contra os tempos atribulados e igreja decadente e corrompida. Peste Negra de 1348 e 1349 gera fervor religioso. Revolta dos Camponeses de 1381 na Inglaterra demonstra insatisfao social associada s ideias de Wycliffe. 8. Msticos de renome Misticismo latino Bernardo de Claraval (1090-1153), monge cisterciense, pode ser considerado precursor do movimento. Destacava a identidade da vontade e do amor a Deus, em lugar de uma identidade de essncia. Catarina de Siena (1347-1380) foi grande representante do movimento latino. Cria que Deus lhe falava em vises e aparentemente usou tais vises para fins dignos. Denunciou os abusos clericais e persuadiu Gregrio XI a retornar para Roma em 1376. Sua coragem levou-a a se opor at ao pecado praticado pelo papado. 9. Msticos de renome Misticismo teuto Meister Eckhart (c. 1260-c. 1327), frade dominicano fundador do movimento teuto. Estudou na Universidade de Paris. Cria que s o divino era real e que o objetivo do cristo deveria ser a unio espiritual com Deus com a fuso da essncia humana e divina na experincia do xtase. Chegava a afirmar que Deus precisa tornar-se em mim e eu preciso me tornar em Deus. Suas ideias estavam to prximas do neoplatonismo que foi acusado de pantesmo e suas ideias foram condenadas numa bula papal aps sua morte. Apesar das ideias pantestas, Eckhart ensinou tambm a necessidade do servio cristo como fruto da unidade mstica com Deus. 10. Msticos de renome Misticismo teuto Johannes Tauler (c. 1300-1361) prosseguiu com os ensinamentos de Eckhart e liderou um grupo de dominicanos conhecido como Amigos de Deus. Mais evanglico que seu mestre, pregou a experincia interior de Deus como mais vital para o bem-estar da alma do que as cerimnias externas. O grupo montou seu centro de operaes no vale do Reno, recebendo auxlio de um banqueiro, Ruleman Merswin, para conseguir uma casa religiosa onde os membros do grupo puderam fixar residncia. Heinrich Suso foi o poeta do grupo e expressou seus sentimentos em poesia. O pequeno volume mstico, Theologia Germanica, associado geralmente ao grupo. Este livro ajudou Lutero em sua luta pela salvao e foi editado pelo mesmo em 1516. Porm, contm o mesmo tom pantesta de Eckhart. 11. Msticos de renome Misticismo teuto Devotio Moderna (Irmos da Vida Comum): Movimento mais prtico e menos pantesta dos Pases Baixos, centrado em Deventer. O movimento foi influenciado por Joo de Ruysbroeck (1293-1381), que conheceu os escritos de Eckhart e alguns dos Amigos de Deus. Influenciou Gerhard Groote (1340-1384) a destacar o lugar do NT na evoluo da experincia mstica. Groote se tornou o lder do movimento e influenciou seu discpulo, Florentius Radewijns (1350-1400) a abrir uma casa para os Irmos da Vida Comum em Windeshein. A nova ordem era de leigos que viviam sob uma regra em comunidade e dedicavam-se ao ensino e outros servios prticos do que a experincia passiva de Deus. A Imitao de Cristo foi a grande obra do movimento. Associada a Thomas Kempis (1380-1471), educado em Deventer sob os olhos de Radewijns, entrou para um mosteiro agostiniano em Zwolle. A obra reflete a nfase mais prtica dos irmos. 12. Precursores da Reforma Enquanto os msticos tentaram tornar a religio mais pessoal, alguns homens empenharam-se numa tentativa de retorno ao ideal da Igreja representada no NT. John Wycliffe (c. 1328-1384) foi o primeiro prerreformador. Estudante e professor de Oxford, Wycliffe conseguiu desafiar o papa de sua poca. Wycliffe viveu em tempos conturbados na Inglaterra. O papado em Avignon fez com que o povo ingls no desejasse enviar dinheiro a um papa sob domnio de seu grande inimigo, o rei francs. A grande carga de impostos papais levou a um grande sentimento de insatisfao com a Igreja Romana. A Inglaterra se aproveitou da comoo para proibir a indicao papal de clrigos para cargos eclesiticos ingleses (1351) e proibir a prtica clerical de retirar causas das cortes inglesas para lev-las a Roma (1353), alm de segurar o pagamento anual de mil marcos, prtica da poca do Rei Joo. 13. Precursores da Reforma At 1378, Wycliffe desejava reformar a Igreja Romana eliminando os clrigos imorais e despojando suas propriedades, fonte da corrupo. Entendia que, caso os clrigos falhassem em cumprir suas funes, a autoridade civil poderia tomar os seus bens e entreg-los a quem servisse a Deus dignamente. Tal ensinamento agradou os nobres ingleses, que vislumbraram a possibilidade de colocar as mos nas propriedades da Igreja. A proteo deles e de Joo de Gaunt impediram que Wycliffe fosse importunado. A partir de 1379, por conta do Grande Cisma, Wycliffe comea a se opor aos dogmas da Igreja Romana com ideias revolucionrias, como a Bblia como nica autoridade para o crente e a ideia de que a Igreja Romana deveria se amoldar ao padro da Igreja do Novo Testamento. 14. Precursores da Reforma De forma a apoiar suas ideias, Wycliffe decidiu traduzir o NT para o ingls, completando o trabalho em 1382. Nicolau de Hereford completou a traduo de grande parte do AT para o ingls em 1384. Desta forma, os ingleses puderam, pela primeira vez, ler a Bblia toda em sua prpria lngua. Ainda em 1382, Wycliffe foi alm e combateu a transubstanciao, defendendo que a substncia dos elementos era indestrutvel e que Cristo estava espiritualmente presente no sacramento, sendo percebido pela f. Esta ideia destrua a autoridade sacerdotal para reter a salvao de algum por ter nas mos o corpo e sangue de Cristo na Santa Ceia. As ideias de Wycliffe foram condenadas em Londres, em 1382, sendo obrigado a se retirar para seu pastorado em Lutterworth. 15. Precursores da Reforma Apesar de no conseguir que a Igreja aceitasse seus dogmas, Wycliffe providenciou a propagao de suas ideias com a fundao de um grupo de pregadores leigos, os lolardos. Em 1401, a Igreja Romana, distorcendo uma declarao do Parlamento, introduziu a pena de morte como castigo a suas pregaes. A influncia de Wycliffe na Inglaterra foi enorme. A Bblia no vernculo e a criao dos lolardos para proclamar ideias evanglicas entre o povo comum da Inglaterra, juntamente com seus ensinamentos de igualdade na Igreja, serviram para agitar o povo, ao ponto de contribuir para a Revolta dos Camponeses de 1381. Um grupo de estudantes bomios na Inglaterra, ao travarem contato com seus ensinos, os levaram para seu pas, onde influenciariam John Huss. 16. Precursores da Reforma John Huss (c. 1373-1415), pastor da Capela de Belm de 1402 a 1414, foi outro grande pr-reformador. Formado na Universidade de Praga, aonde ensinou e chegou a ser reitor, Huss conheceu os escritos de Wycliffe quando lecionava ali e comeou a propag-las, pregando contra as falhas morais do clero, bispos e papa e defendendo a doutrina Wycliffista da Santa Ceia. Em meio a um sentimento nacionalista, Huss causou comoo na Universidade de Praga ao convencer o Rei Venceslau a que a nao bomia tivesse trs votos, contra um cada de bvaros, saxes e poloneses. Isso causou um xodo entre 5 e 20 mil doutores, mestres e alunos da universidade, causando seu declnio. Na sada, os revoltosos denunciaram Huss por suas ideias reformistas, gerando inimizade com o papa. 17. Precursores da Reforma Com a ocorrncia do Grande Cisma, Huss apoiou o papa Alexandre V, na esperana de que este aceitasse suas ideias. Contudo, o antipapa rejeitou os ensinamentos de Wycliffe e ordenou que seus livros fossem queimados e a pregao cessasse. Huss tentou apelar da deciso, mas acabou excomungado pelo antipapa. Aps a morte de Alexandre V, seu sucessor, Joo XXIII, conclamou uma cruzada contra o rei de Npoles, que apoiava o papa rival Gregrio XII. Tal pregao chegou a Praga e rapidamente foi usado o artifcio das indulgncias para se cobrir as despesas da cruzada, o que foi rapidamente condenado por Huss e seus seguidores. Sua principal obra foi o livro De Ecclesia (1413), na verdade um extrato de duas obras de Wycliffe. 18. Precursores da Reforma O fim da vida de Huss foi trgico. Durante o Conclio de Constana, Huss foi convocado para defender suas ideias perante o clero. Recebendo um salvo-conduto do Imperador Sigismundo, Huss viajou para o Conclio na certeza de que estaria seguro. Contudo, ao chegar ao local, o salvo- conduto foi desconsiderado e Huss foi imediatamente preso. Aps repetidas acusaes sobre doutrinas que jamais teria pregado e defendendo as que pregou, exigindo que fosse rebatido com base nas Escrituras Sagradas Huss foi condenado pelo Conclio como herege e entregue s autoridades seculares, que o amarraram estaca e o queimaram vivo, em 6/7/1415. Com a morte de Huss, revoltas armadas com sentido cruzado surgiram na Bomia. Trs foram lanadas contra Roma, sem sucesso. Contudo, um sculo depois, mais de 90% das terras rurais bomias eram Hussitas. 19. Precursores da Reforma As ideias de Huss permaneceram atravs de seus seguidores. O grupo mais radical, conhecido como taborita, rejeitava tudo na f e na prtica da Igreja Romana que no se encontrasse na Bblia. Os utraquistas, por outro lado, achava que s o que era estritamente proibido deveria ser erradicado, e que os leigos deveriam receber o po e o vinho. Do grupo taborita saiu um grupo menor que formou aquilo que ficou conhecido como a Unitas Fratrum (Irmos Unidos), ou Irmos Bomios, em meados do sc. XV. Deste grupo saiu a Igreja Morvia, que existe at hoje. Uma curiosidade do grupo que foi a f dos irmos morvios que ajudou John Wesley a encontrar a luz e iniciar seu ministrio. Os ensinos de Huss tambm serviram de inspirao para Lutero, quando enfrentou problemas semelhantes na Alemanha em seus dias. 20. Precursores da Reforma Savonarola (1452-1498): Reformador florentino, este monge dominicano procurou reformar O Estado e a Igreja da cidade, contudo sua pregao contra a vida desregrada do infame papa Alexandre VI (Rodrigo de Brgia) acabou custando-lhe a vida, sendo condenado ao enforcamento. Savonarola ficou conhecido como grande pregador e profeta, iniciando seu ministrio de forma itinerante pelo norte da Itlia, antes de ser convidado a ser o principal pregador da Catedral de So Marcos em Florena, bancada pela poderosa famlia Mdici. Em suas pregaes, afirmava que teria predito diversos acontecimentos, como a morte de Inocncio VIII e a investida francesa sobre a Itlia, que causava preocupaes poca. 21. Precursores da Reforma A partir de uma pregao baseada em uma elaborada viso com Maria, Savonarola convenceu o povo de que a forma de enfrentar uma possvel aniquilao pelas mos francesas e reconquistar a glria terrena e riquezas incontveis seria uma moralizao da sociedade. Com base nisso, passou leis combatendo a sodomia, adultrio, embriaguez pblica e outras transgresses. Durante um tempo, o papa Alexandre VI tolerou as pregaes do frade, porm, quando Florena recusou-se a se unir sua Liga Sagrada na resistncia ao rei francs, Alexandre VI excomungou Savonarola e ameaou a cidade de interdito, caso Savonarola no fosse contido. Inicialmente o frade aceitou, porm durante o perodo em que foi calado, escreveu sua obra prima, O Triunfo da Cruz, uma celebrao da vitria da Cruz sobre o pecado e a morte, e uma explorao do que ser cristo. 22. Precursores da Reforma O fim de Savonarola comeou quando comeou a afirmar que podia efetuar milagres. Foi confrontado por um frade franciscano, exigindo que ele provasse isso andando sobre as chamas. O julgamento pelo fogo, o primeiro em 400 anos, foi marcado para 7/4/1498, porm no ocorreu por conta de adiamentos forados e um temporal que impediu o ato. Culpado pelo povo, que achava que o nus da prova estava sobre ele, Savonarola caiu em desgraa. A Catedral de So Marcos foi atacada, e o frade, junto com seus dois principais assessores, foi preso, julgado e condenado por seus ensinamentos. Sob tortura, confessou que suas vises eram falsas, e acabou sendo enforcado e tendo seu corpo queimado, com suas cinzas sendo jogadas no rio Arno para que seus restos mortais no servissem de relquias. 23. Movimento Conciliar Ao contrrio do movimento pr-reformador, que pretendia usar a Bblia como forma de combater a corrupo dentro da Igreja Romana, o movimento conciliar foi uma proposta de reforma pela criao de uma liderana eclesistica que representasse os leigos. Com a representao do povo, o movimento cria que conseguiria eliminar os lderes eclesisticos corruptos. A necessidade de reforma tornou-se evidente com o Grande Cisma de 1378. Neste ano, Urbano VI foi eleito papa, porm, devido a conflitos com os cardeais, atraiu sua ira, levando-os a se reunir em um snodo e eleger Clemente VII como novo papa, que imediatamente retornou para Avignon. Com a crise, a Igreja Romana passou a ter dois papas e duas cortes, ambos proclamando-se sucessores legtimos de Pedro. 24. Movimento Conciliar A soluo para a questo foi levantada pelos telogos da Universidade de Paris, que sugeriram a convocao de um conclio da Igreja Romana para resolver o problema. Para tal, usavam como argumento os conclios ecumnicos de 325 a 451, usados para resolver disputas divisrias na Igreja. Para justificar a formao de um conclio para derrubar um dos papas, comeou-se a defender que o Estado e a Igreja eram hierarquias separadas e que, na Igreja, reunida em um conclio geral, guiada apenas pelo NT, poderia proclamar um dogma, indicar seus dignitrios e era autoridade suprema da Igreja a agir para o bem do corpo inteiro de cristos. Essa ideia foi defendida por Marclio de Pdua e Joo de Jandum na obra Defensor Pacis (1324). 25. Movimento Conciliar Conclios do sc. XV Conclio de Pisa (1409): Neste ano, os tronos papais eram ocupados por Bento XIII em Avignon e Gregrio XII em Roma. O Conclio convocado pelos cardeais, estabeleceu no incio que eles teriam autoridade para chamar os papas responsabilidade pelo Grande Cisma. No final, o conclio deps Bento XIII e Gregrio XII e elegeu Alexandre V como papa legtimo. Apesar da deciso do conclio, os dois papas anteriores decidiram no abandonar seus postos. Desta forma, o resultado concreto do Conclio de Pisa era que, agora, a Igreja Romana possua trs papas, e no apenas dois. Com a morte de Alexandre V, em 1410, sucedeu-o Joo XXIII. 26. Movimento Conciliar Conclios do sc. XV Conclio de Constana (1414-1418): Convocado por Sigismundo, Imperador do Sacro Imprio Romano, e pelo papa Joo XXIII para acabar com o Grande Cisma, encerrar a heresia e reformar a Igreja na cabea e nos membros, foi convocado com base no precedente aberto por Constantino quando convocou o Conclio de Niceia, em 325. Para frustrar os interesses de Joo XXIII de controlar o Conclio atravs do voto majoritrio, os membros do Conclio decidiram que votariam como grupos nacionais de clrigos, assim abafando o poder do clero romano, grande maioria na Igreja. O Conclio declarou-se legtimo e afirmou seu direito de autoridade suprema da Igreja Romana. Gregrio XII abdicou e, depois de negociaes, Bento XIII e Joo XXIII foram depostos em 1415. Martinho V foi eleito o novo papa e, de quebra, o Conclio ainda condenou as ideias de Wycliffe e condenou Huss fogueira. 27. Movimento Conciliar Conclios do sc. XV Conclios da Basileia e Ferrara-Florena (1431-1449): Com a insatisfao da Bomia com a morte de Huss e a necessidade de continuar a Reforma, um novo Conclio foi convocado para a Basileira, em 1431. Ele se arrastou at 1449, mas ento o movimento reformista havia arrefecido pelo ressurgimento do poder papal. Basileia conseguiu depor o papa Eugnio IV em 1439, dois anos aps este ter convocado um Conclio rival em Ferrara. Este conclio, transferido para Florena em 1439 por causa da peste, tentou sem sucesso reunificar as igrejas grega e romana, mas estabeleceu os sete sacramentos a serem aceitos pela Igreja Romana. Em 1449, o Conclio da Basileia reconheceu a derrota e se dissolveu. Pouco tempo de pois, Pio II, em bula promulgada em 1460, condenou apelos a futuros conclios gerais, enterrando de vez a possibilidade de reforma por meio de Conclios convocados por pessoas que no fossem o prprio papa. 28. Fontes Texto base: CAIRNS, Earle E. O Cristianismo atravs dos sculos: uma histria da igreja crist. 3 ed. Trad. Israel Belo de Azevedo e Valdemar Kroker. So Paulo: Vida Nova, 2008. Textos auxiliares: DREHER, Martin N. Coleo Histria da Igreja, 4 vols. 4 ed. So Leopoldo: Sinodal, 1996. GONZALEZ, Justo L. Histria ilustrada do cristianismo. 10 vols. So Paulo: Vida Nova, 1983