596
Charles C. Teologia Básica O A L C A N/C E D F . TODOS W s %

Teologia Básica - Charles C. Ryrie.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • Charles C.

    Teologia BsicaO A L C A N/C E D F. T O D O S

    W s%

  • A teologia para todosUm dos maiores obstculos para aqueles que se dedicam aos estudos teolgicos a complexidade uos escritos acadmicos. Charles C. Ryrie aceitou o desafio de tornar acessvel aos leitores as mais complexas c impor- t t Ttes questes da teologia sistem tica sem banaliz-las.O exto simples e preciso, a diagramao moderna e envolvente, o uso de quadros e diagramas e os diversos ndices para consulta fazem de Teologia Bsica um guia indispensvel para aqueles que desejam usu- frr ir os conhecimentos de um dos maiures telogos do nosso tempo.C) Dr. Ryrie i: conduz numa viagem fascinunU pela teologia crist evisita os principais temas que nos perm item entender melhor porque cremos no que cremos, tais como:

    Deus 0 P eeafex

    0 Homem Jesus (misi

    A Bblia A SalvaClo

    Os Anjos 0 Ks|>Hloh

    A Jg ij ja 0 DiaboDemnios 0 PorviiVy

    Por sua clareza e preciso, Teologia Bsica alcana no somente estudantes de Teologia, bem como professores de religio, lderes e todo aquele que valoriza o saber teolgico.O Dr. Ryrie, conhecido por ter elaborado as anotaes que tornaram A Bblia Anotada um sucesso de vendas, no Brasil e no exterior, oferece uma notvel contribuio ao entendimento de Deus. Graas ao seu esforo, o leitor no poder dizer que o estudo da teologia para poucos. Agora, de fato, o conhecimento teolgico est ao alcance de todos!

    Charles C. Ryrie foi professor emrito do Seminrio Teolgico de Dallas, no qual fez seu m estrado e doutorado. Possui ttulos em nvel de doutorado pela Universidade de Edinburgo (Esccia) e pelo Seminrio Teolgico da Universidade Drew, em Nova Jersey. Ele autor dc dezenas elivros e das anotaes de/i BbliaAnotada, publicada pelaEditotaiMundo Cristo.

    ______ ISBN 85-

    555Editora MUNDO CRISTO

    Teologia/Referncias

  • T r a d u z i d o p o r

    J A R B A S A R A G 0

    1 5Editora Mundo Cristo

    So Pauio

  • r i

    T e o l o g i a B s ic a

    C a t e g o r ia : T e o l o g ia / R e f e r n c ia

    S) 2000 por Charles Caldwell Ryrie Publicadc iriginalmente pela M oody Press, Chicago, EUA.

    :lg11nalTtulo Original em jpg&s: Basic Theology - A popular systematic |;uide to

    understanding biblical tru th Preparao: liege Maria S. Marucci Reviso: Thefifc Jos f ie ira Capa: Douglas Lucas Foto: Claudinei Franzini - Julho de 2003 Diagramao: Viviane R. Fernandes Costa Impresso: Imprensa da F

    Os textos das referncias bblicas foram extrados da vqjsi) Almeida Revista e Atualizada (Sociedade Bblica do Brasil), 2a edi" salvo indicao especfica.

    A Ia edio brasileira foi publicada em fevereiro de 2004, com uma tiragem de 5.000 exemplares.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    2e

    Ryrie, Charles Caldwell, 1925 -Teologia Bsica -%Vo alcance de todos / Charles Caldwell Ryrie; ttaduzilo por Jarbas Arag. So Paulo: M undo Crislo, 2004H j

    Ttulo original: Basic Theology A popular systematic "u ide tounderstanding biblical tru th

    Bibliografia.ISBN 8 5 -7 3 2 I-6 -B

    1. Teologia - Ensino bblico2. Teologia - Estudo e ensino I. Ttulo.

    03-5619 C D D -230.607

    &

    0

    ndice para catlogo sistemtico:

    1. Teologia bblica: Estudo e ensino 230.607

    Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados pela

    Associao Religiosa Editora Mundo CristoRua Antonio Carlos T^cconi, 79 CEP 04810-020 So Paulo-SP Brasil Telefone: (11) 5668-1700 - Hnme page: www.mundlicristacom.br

    Editora associada a: Associao Brasileira de Direitos Reprogrcos j ociao Brasileira de Editores Cristos Cmara Brasileira do Livro Evangelical Christian Publishers dissociation

    Printed in Brazil 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 05 06 07 09 10 11

  • S u m r io

    Q uem deveria le r u m livro de teologia?...........................................................................9

    P a r t e 1

    P r o l e g m e n o s

    1. C onceitos e definies..................................................................................................... 152. A lguns p ressuposto s....................................................................................................... 193. A questo da a u to r id a d e .............................................................................................. 23

    P a r t e 2

    O D e u s V iv o e V e r d a d e ir o

    4. O conhecim ento de D eus............................................................................................ 295. A revelao de D eus...................................................................................................... 336. As perfeies de D eus................................................................................................... 417. Os nom es de D eus.......................................................................................................... 538. A triu n id ad e de D eus.................................................................................................... 59

    P a r t e 3

    A B b l i a : I n s p ir a d a p o r D e u s

    9. Revelao especial..............................................................................................................7110. A d o u trin a bblica da in sp irao ................................................................................... 7511. Desvios d a d o u trin a bblica da in sp irao ...................................................................8112. A in e rrn c ia da Bblia.......................................................................................................8513. A in e rrn c ia e os ensinam entos de C risto ................................................................ 9514. Passagens problem ticas.............................................................................................. 10515. O cn o n .............................................................................................................................1 ] 716. A in te rp re tao da Bblia.............................................................................................123

  • P a r t e 4

    A n j o s : E s p r i t o s M in is t r a d o r e s

    17. A existncia dos an jos.......................................................................................................13518. A criao dos an jos............................................................................................................13919. A na tu reza dos an jos......................................................................................................... 14120. A organizao dos an jos.................................................................................................. 14521. O m inistrio dos an jos.....................................................................................................149

    P a r t e 5

    N o s s o A d v e r s r io , o D ia b o

    22. A rea lidade de Satans.....................................................................................................15523. A criao e o pecado de Satans................................................................................. 15924. A atuao de S atans........................................................................................................16525. O m u n d o de Satans........................................................................................................ 171

    P a r t e 6

    D e m n io s : E s p r it o s I m u n d o s

    26. A rea lidade dos d em n ios.............................................................................................. 17727. Com o so os dem nios?.................................................................................................. 18328. O que os dem nios fazem ?.............................................................................................187

    P a r t e 7

    O H o m e m : A I m a g e m d e D e u s

    29. Evoluo e o rig en s............................................................................................................19530. A Bblia e as o rig en s......................................................................................................... 20731. A criao do h o m em ........................................................................................................ 21732. As facetas do h o m em ....................................................................................................... 22533. A q u ed a do h o m e m ....................................................................................................... 231

    PVRTE 8

    O P e c a d o

    34. O conceito bblico de p ecad o ........................................................................................ 23935. Os ensinos de Cristo a respeito do p ecad o ..............................................................24536. O pecado h e rd a d o ............................................................................................................25137. A im putao do p ecad o .................................................................................................. 25538. Pecados pessoais................................................................................................................26139. O cristo e o p ecad o .........................................................................................................265

  • P a r t e 9

    J e s u s C r i s t o , N o s s o S e n h o r

    40. O Cristo p r -en ca rn ad o ................................................................................................. 27341. A encarnao de C risto ...................................................................................................27742. A pessoa do C risto en c a rn a d o ....... . ........................................................................28343. Cristo: Profeta, Sacerdote e R ei....................................................................................29144. O auto-esvaziam ento de C risto .................................................................................... 29945. A im pecabilidade de C risto ............................................................................................30346. A ressu rre io e a ascenso de C risto ........................................................................ 30947. Os m inistrios ps-ascenso de C risto ....................................................................... 315

    P a r t e 1 0

    T o G r a n d e S a lv a o

    48. A lgum as consideraes in tro d u t ria s .........................................................................32149. A term inologia bblica..................................................................................................... 32350. A paixo de C risto ............................................................................................................3255 1 . 0 significado d a m orte de C risto .................................................................................33152. A lgum as conseqncias da salvao........................................................................... 34553. Teorias da exp iao ......................................................................................................... 35554. A d o u tr in a d a eleio...................................................................................................... 35955. A extenso da exp iao .................................................................................................. 36956. A aplicao d a salvao................................................................................................... 37757. A segurana do cristo .................................................................................................... 38158. O que o evangelho?......................................................................................................389

    P a r t e 11

    O E s p r it o S a n t o

    59. Q uem o Esprito Santo?.............................................................................................. 39760. O Esprito Santo no A ntigo T estam en to ....................................................................4016 1 . 0 Esprito Santo na vida de Nosso S enhor............................................................40562. A habitao do Esprito em nosso in te rio r............................................................... 41163. O selo do E sp rito .............................................................................................................41564. O batism o do Esprito S an to .........................................................................................41965. Os dons do E sp rito .........................................................................................................42566. A p len itu d e do E sp rito ..................................................................................................43567. O utros m inistrios do E sprito ..................................................................................... 44168. H istria da d o u trin a do E sprito .................................................................................445

  • P a r t e 1 2

    E d if ic a r e i a M in h a I g r e ja

    69. O que a Ig re ja? ............................................................................................................ 45570. A singu laridade da Ig re ja ............................................................................................45971. Princpios e/ou p ad ro ? .................................................................................................. 46772. Os tipos de governo d a ig re ja .................................................................................... 47173. L iderana qualificada p a ra a ig re ja .............................................................................47974. As o rdenanas da Ig re ja .............................................................................................. 48975. A adorao da ig re ja ........................................................................................................49776. O u tros m inistrios da ig re ja ..........................................................................................503

    P a r t e 13

    O P o r v ir

    77. In tro d u o Escatologia................................................................................................50978. A viso ps-m ilenista........................................................................................................51179. A viso am ilenista............................................................................................................. 51780. A viso p r-m ilen ista ....................................................................................................... 52381. A aliana de Deus com A brao ..................................................................................52782. A aliana de D eus com Davi.......................................................................................53383. U m p an o ram a dos eventos fu tu ro s ............................................................................ 53784. A trib u lao ........................................................................................................................ 54185. A a rreb a tam en to da Ig re ja ............................................................................................55786. A viso pr-tribulacionista do a rreb a tam en to ..........................................................56387. Os habitan tes do re ino m ilenar....................................................................................56988. A viso m esotribulacionista do a rreb a tam en to ....................................................... 57989. A viso ps-tribulacionista do a rreb a tam en to ..........................................................58390. O m iln io ............................................................................................................................ 59391. Os ju lgam en to s fu tu ro s .................................................................................................. 59792. R essurreio e destino e te rn o ...................................................................................... 603

    P a r t e 1 4

    P a s s a g e n s C e n t r a i s

    93. .Algumas passagens centrais p a ra o estudo da teo logia........................................613

    P a r t e 1 5

    D e f i n i e s

    94. A lgum as definies p a ra o estudo da teo logia ........................................................ 623

    nd ice de passagens bblicas................................................................................................. 631nd ice de assun tos....................................................................................................................641Sobre o au to r..............................................................................................................................661

  • famlia, a igreja local, o local de trabalho , etc. Alm disso, os que acred itam no D eus v erd ad e iro reconhecem que tam bm precisam p re s ta r contas ao Senhor. As vezes, at parece que escapam os da re sp o n sabilidade de nos re p o rta r a D eus p o r aquilo que fazem os, mas n ingum fug ir da fu tu ra p restao de contas, pois todos irem os com parecer an te o tribunal de Cristo. Essa teologia do ju zo fora-nos a p en sa r sobre um aspecto da Pessoa de Deus que deveria expressar-se em nossa vida m ed ian te u m a viso de m u n d o sbria e equilib rada hoje.

    Bons telogos existem , mas com d iferen tes caractersticas. A lguns so, pelos pad r es do m u n d o , considerados ignoran tes, a in d a que conheam m uitas verdades sobre Deus. O utros estudam m uito , m as no de m aneira sistem tica e tcnica. Ao passo que ou tros so a ltam en te capacitados e lem m uito a respeito do assunto. H , tam bm , telogos profissionais, mas esses no so a m aioria.

    Este livro foi escrito p a ra leigos. Se estivesse escrevendo a profissionais, teria dito m uitas coisas de m odo d iferen te . N o te ria feito um esforo de liberado p a ra m an te r a linguagem sim ples, ap resen tad o explicaes fceis, u m a vez que profissionais so capazes de e n te n d e r a linguagem teolgica com plexa e explicaes tcnicas. N o usaria ilustraes (em bora a lguns livros tcnicos faam uso desse recurso) nem teria m an tido u m n m ero reduz ido de notas. Os profissionais sem pre q u erem ter certeza de que o au to r leu tu d o a respeito daquele assunto (mas quem

    consegue fazer isso?). O m n im o que esp e ram te r u m a p ro v a de que vrios livros fo ram consu ltados. Isso p o d e ser feito pe la anlise d a q u a n tid a d e e d a v aried ad e das notas, sendo que algum as devem ser de obras atuais. A cred ito que j d e m onstre i, em o u tro s livros, que sou capaz de fazer isso. P orm , nesta o b ra decid i u sa r u m n m e ro m n im o de notas de ro d ap . U sei som en te o necessrio p a ra d o c u m e n ta r a lgum a declarao que o le ito r pudesse p e n sa r q u e n o e ra verd ica ou p a ra d e ix a r claro q u e no estou fazendo afirm aes in fu n d ad as. Mas, na m aio ria das vezes, usei as no tas p a ra in d ica r livros e artigos que acred ito serem u m a con tribu io til ao assun to ab o rd ad o . Dessa m an e ira , possvel q u e o le ito r faa u m a investigao m ais p ro fu n d a , se assim desejar.

    Se teologia p en sa r sobre D eus e ex p ressar esses pensam entos, en to ju lg u e este livro com base na idia de que ele reflete (ou no) pensam entos corretos a respeito de Deus e de que os expressa de m an eira co rre ta e sim ples, sendo capaz de g e ra r m u danas em seu m odo de p en sa r e de viver.

    A expresso s d o u tr in a , usada p o r Paulo, q u e r d izer d o u trin a c o rre ta (veja 2 T m 4:3; T t 1:9). Espera-se que a s d o u trin a e a s teologia sem pre resu ltem em u m a vida santa. Q u an d o Paulo orava pelas igrejas, ped ia que crescessem no conhecim ento , pois en ten d ia que isso p ro d u z iria um viver santo (veja Fp 1:9-11; Cl 1:9 ,10). A s teologia expressa no som ente na declarao

  • de f, mas tam bm p o r m eio de um a vida fru tfera e de u m viver santo, e a vida santa deve estar baseada em um a s teologia.

    C om o a teologia afeta a m in h a ou a sua vida nossa responsabilidade

    pessoal e individual. Mas o objetivo su p rem o p ara o estudo da teologia que sejam os feitos conform e im agem de Cristo. Em ltim a anlise, n e n h u m livro capaz de fazer isso. Som ente Deus e voc.

  • Parte 1

    P r o l e g m e n o s

  • 1

    C o n c e it o s e d e fin i e s

    Prolegm enos, o ttu lo da p rim e ira p a r te deste livro, u m a expresso g rega que significa p refcio ou consideraes p re lim in ares. E u m a o p o rtu n id a d e de o au to r m o stra r a seus leitores o p lano geral d a ob ra que tem em m ente , estabelecendo sua ex tenso e tam bm suas lim itaes. Alm disso, tra ta de alguns p ressu p o sto s d e suas id ia s e d os p ro c e d im e n to s q u e o a u to r p la n e ja usar. Os pro legm enos servem p a ra o rien ta r os leitores sobre o que o au to r p laneja fazer no livro.

    I. O CONCEITO DE TEOLOGIAQ u an d o se diz que u m livro tra ta de teologia, isso im plica m o stra r sua ex tenso , nfase e lim itaes. A palavra teologia fo rm ada de duas partes: theos, que q u e r d izer D eus, e logos, a expresso racional, os meios da in te rp re tao racional d a f religiosa. Ento , podem os d izer que teologia significa a in te rp re tao racional da f relig iosa. A teologia crist, p o rtan to , a in te rp re tao racional d a f crist.

    Existem pelo m enos trs e lem entos includos no conceito geral de teologia.

    (1) Teologia inteligvel. Ela p ode ser co m p reen d id a pela m en te h u m a na de m an eira o rd e n a d a e racional.

    (2) Teologia re q u e r explicao. Isso, p o r sua vez, envolve a exegese

    (anlise dos textos no original) e a sistem atizao das idias.

    (3) A f crist tem sua base na Bblia, p o r isso a teologia crist um estudo baseado na Bblia. Logo, teologia a descoberta, a sistem atizao e a ap resen tao das verdades a respeito de Deus.

    II. OS TIPOS DE TEOLOGIAOs d iferen tes tipos de teologia podem ser catalogados de vrias m aneiras.

    (1) Por poca: p o r exem plo , teologia patrstica, teologia m edieval, teologia re fo rm ad a e teologia con tem pornea .

    (2) P or p o n to de vista: p o r ex em plo, teologia a rm in ian a (d efen d id a p o r A rm nio), teo logia calvinista (d e fen d id a p o r Jo o C alvino), teo lo gia catlica, teo logia b a rth ia n a

  • (d efen d id a p o r K arl B arth), teologia da libertao, etc.

    (3) Por nfase: p o r exem plo, teologia histrica, teologia bblica, teologia sistem tica, teologia apologtica, teologia exegtica, etc. A lgum as dessas d iferenas so m uito im portan tes p a ra todo aquele que estuda teologia.

    A. Teologia histricaA teologia h ist rica ab o rd a o que os estudiosos, ind iv idual ou coletivam en te , pen sam sobre os ensinos da Bblia, con fo rm e os p ro n u n c ia m e n tos dos conclios realizados pela Ig reja . M ostra com o a Ig re ja estabeleceu tan to o que v e rd ad e iro q u an to o que e r ra d o e serve p a ra g u ia r a teologia em seu p r p rio e n te n d im e n to e declaraes d o u tr inrias. U m e s tu d an te capaz de chegar, de m a n e ira m ais eficiente, a suas p r p ria s concluses a respeito da v e rd ad e q u an d o conhece as con tribu ies e os e rro s da h ist ria da Igreja. Q u an d o parece r a p ro p ria do , incluirei as h istrias de algum as do u trin as neste livro.

    B. Teologia bblicaA pesar de a expresso teologia bblica te r sido usada de vrias m aneiras, ela serve p a ra ro tu la r um a nfase especfica no estudo da teolc gia. De m aneira no-tcnica, pode referir-se teologia pietista (em contraste com a teologia filosfica), ou a um a teologia baseada na Bblia (em contraste com u m a que in terage com os p ensadores con tem porneos), ou a inda teologia exegtica (em contraste com a teologia especulativa).

    A lgum as teologias bblicas con tem p o rneas, de perspectiva liberal, en q u a dram -se nesta ltim a categoria, exegtica, m esm o que sua exegese no rep re sen te fielm ente o ensino bblico. M uitas vezes, seus escritos so apenas com entrios a respeito de tu d o o que a Bblia diz sobre assuntos com o o Reino de Deus, as alianas, Deus (se for teologia bblica do A ntigo T estam ento) ou questes com o os ensinam entos de Jesus, de Paulo e do cristianism o prim itivo (quando se tra ta de teologia bblica do Novo T estam ento).

    Tecnicam ente, a teologia bblica tem um enfoque bem mais p en e tran te do que esse. Ela lida de m odo sistem tico com o progresso nistoricam ente condicionado da auto-revelao de Deus na Bblia. Q uatro caractersticas surgem dessa definio:

    (1) Os resu ltados d o estudo da teologia bblica devem ser ap re sen ta dos de m an eira sistemtica. Nesse aspecto, ela com o as ou tras reas dos estudos bblicos e teolgicos. O sistem a o u m an e ira p o r m eio d a qual a teologia bblica ap resen tad a no utiliza, necessariam ente, as m esm as divises que a teologia sistemtica. No tem de us-las, tam pouco precisa evit-las.

    (2) A teologia bblica cen trada no contexto histrico e geogrfico no qual ocorreu a revelao de Deus. Investiga a vida dos escritores da Bblia, as circunstncias que os m otivaram a escrever e a situao histrica dos destinatrios de seus escritos.

    (3) A teologia bblica estuda a revelao na seqncia progressiva em que ela foi dada. Essa teologia

  • reconhece que a revelao no foi co m ple tada p o r D eus de u m a s vez, m as foi ap re se n ta d a aos poucos, n u m a srie de estgios sucessivos e u tilizando diversos g ru p o s de p essoas. A Bblia u m reg is tro do p ro g resso dessa revelao, e a teologia bblica concen tra-se nela. A teologia sistem tica, em con traste , considera a revelao com o algo com pleto e fechado.

    (4) A teo log ia b b lica tem na B blia a sua fon te . N a v e rd a d e , as teo log ias sistem ticas o rto d o x a s fazem o m esm o. Isso n o q u e r d izer q u e a teo lo g ia b blica ou a sis tem tica no possam o u no re tire m m a te ria l de o u tra s fon tes, m as a teo lo g ia ou a d o u tr in a , p o r si s, n o p ro v m de o u tra fo n te q u e no seja a Bblia.

    C. Teologia sistemticaA teologia sistem tica co rre laciona os dados da revelao bblica com o um todo , p a ra ex ib ir s istem aticam ente a im agem com ple ta da au to-revelao de Deus.

    A teologia sistem tica p o d e incluir o con tex to histrico, a apologtica (defesa da f) e o trabalho exegtico, mas concentra-se na e s tru tu ra total da d o u trin a bblica.

    Em resum o: teologia descobrir, sistem atizar e a p re sen ta r as verdades a respeito de Deus. A teologia h ist rica faz isso ao concen trar-se no que outros tm dito a respeito dessas verdades ao longo da histria. A teologia bblica faz isso ao considerar a revelao progressiva das verdades de Deus. A teologia sistem tica ap resen ta sua e s tru tu ra total.

  • 2

    A lg u n s pressu po sto s

    I. PRESSUPOSTOS BSICOSDe m an e ira conscien te ou inconsciente, todos agem baseados em alguns p ressupostos. Ao a firm ar que D eus no existe, o a teu precisa a c red ita r nesse p ressu p o sto bsico. Por a c re d ita r nisso, en ca ra o m u n d o , a h u m a n id a d e e o fu tu ro de m odo co m p le tam en te d ife ren te de u m testa. O agnstico afirm a que no p o dem os co n h ecer a D eus, mas p rec isa c re r nisso, pois a base de sua viso de m u n d o e da vida. Se possvel co n h ecer o D eus v erd ad e iro , en to to d o esse sistem a cai p o r te rra . O testa ac red ita q u e ex iste um D eus. R e n e evidncias p a ra con firm a r e a p o ia r essa crena, m as a base de tu d o sua f.

    O trin ita rian o acred ita que D eus u m a triu n id ad e . Sua f est baseada na Bblia, p o rtan to tam bm acred ita que a Bblia verdade.

    Esses so os p ressupostos fu n d a m entais. Se a Bblia no verdade ira , en to o triun ita rism o falso, e Jesus C risto no quem afirm ava ser. N ada ap ren d em o s sobre a tr in d ad e ou sobre C risto apenas p o r m eio da

    na tu reza ou com a m en te h um ana . No podem os te r certeza de que aquilo que ap ren d em o s na Bblia sobre o D eus tri n o v e rd ad e a m enos que acred item os que nossa fon te d igna de confiana. Logo, a crena na veracidade d a Bblia um p ressuposto bsico. Essa questo ser tra ta d a com m aior p ro fu n d id ad e q u an d o ab o rd arm o s a inspirao e a in e rrn c ia da Bblia.

    II. OS PRESSUPOSTOS INTERPRETATIVOS

    Se nossa fon te to im p o rtan te , en to devem os nos p re o c u p a r com a m an eira com o a encaram os e com o a utilizam os. U m a teologia co rre ta baseia-se n a exegese co rre ta . Os estudos exegticos devem ser feitos an tes de u m a sistem atizao teolgica, assim com o os tijolos p recisam ser fabricados an tes de serem usados na construo de um prd io .

    A. A necessidade da interpretao simples e normal

    Farem os u m a discusso mais p ro fu n d a sobre herm en u tica na Parte 3.

  • M esm o assim, precisam os afirm ar, aqui, a im portncia da in te rp re tao no rm al com o a base d a exegese co rre ta . Ao revelar a si m esm o a ns, Deus desejava com unicar a verdade, no escond-la. Por isso, fazem os u m a in te rp re tao bblica p ressu p o n d o o uso dos cnones norm ais da in te rp re tao. Mas lem bre-se de que a existncia de smbolos, parbolas, tipos, etc. d e p en d e de u m sen tido literal. Alm disso, sua in te rp re tao sem pre deve estar fu n d am en tad a no conceito de que Deus com unica-se de m aneira norm al, simples ou literal. Se ig n o ra rmos isso, acabarem os caindo no m esm o tipo de exegese confusa que caracterizou os in t rp re te s patrsticos e m edievais.

    B. A prioridade d Novo Testamento

    Toda E scritu ra in sp irad a p o r D eus e til. Porm , com o fonte de d o u trin a ,o N ovo T estam ento recebe p rio rid a de. A revelao do A ntigo T estam ento foi parcial e serviu de p reparao , en q u an to a do N ovo T estam ento com pleta, p o d en d o ser considerada o pice da revelao. A d o u trin a da T rindade, p o r exem plo , m esm o que possa ser identificada no A ntigo T estam ento , s foi revelada no Novo T estam ento . O u, en to , pense nas g randes diferenas e n tre o que ensinado no A ntigo e no Novo Testam ento a respeito da expiao, da justificao e da ressurreio . A firm ar isso no m in im izar os ensinam entos do A ntigo T estam ento , nem p ressu p o r que ele seja m enos insp irado . O que estam os q u e ren d o d izer que, na revelao progressiva de Deus,

    cronologicam ente o A ntigo T estam ento vem antes e, p o rtan to , teologicam en te incom pleto , o cu p an d o u m a posio p rep a ra t ria . A teologia do A ntigo T estam ento tem sua im portncia , mas acaba sendo incom ple ta sem a contribuio da verdade do Novo T estam ento.

    C. A legitimidade das EscriturasOs liberais e os neo-ortodoxos, m uitas vezes, criticam os conservadores p o r usarem som ente as Escrituras p a ra em basar suas concluses. Por que reclam am tanto? A penas p o rq u e m encionar as Escrituras vai lev-los a concluses conservadoras e no liberais. A legam que essa um a m etodologia ilegtim a, no erud ita , p o rm no mais ilegtim a do que as

    | notas de ro d a p das obras eruditas!Para p ro v ar isso, as Escrituras

    devem ser em p reg ad as de m aneira co rre ta , assim com o as notas de

    1 rodap . N a v erdade , devem ser j usadas p a ra revelar o que rea lm en te

    q u erem dizer, nu n ca fora de con tex to nem em citaes parciais q u an d o a relao com o todo p u d e r a lte ra r o significado. De m an eira especial, os textos do A ntigo T estam ento no devem ser forados p a ra inclu ir verdades que som ente foram reveladas p o ste rio rm en te no Novo T estam ento.

    III. PRESSUPOSTOS SISTEMTICOS

    A. A necessidade de um sistemaA diferena e n tre a exegese e a teologia o sistem a utilizado. A exegese analisa o significado dos

  • textos; a teologia co rrelaciona essas anlises. O exegeta lu ta p a ra ap re sen ta r o significado da verdade; o te lo go, p o r sua vez, o sistem a da verdade.O objetivo d a teologia, seja ela bblica ou sistem tica, a organizao dos ensinam entos considerados.

    B. As limitaes de um sistemateolgico

    Em resum o, as lim itaes de um sistem a teolgico devem coincidir com as lim itaes da revelao bblica. N o esforo de ap re sen ta r u m sistem a com pleto, os telogos, m uitas vezes, so ten tados a p re e n c h e r as lacunas existentes nas evidncias bblicas com lgica e dedues que no p o d em ser com provadas.

    A lgica e as dedues tm seu lu g ar ap ro p riad o . A revelao de D eus o rd e ira e racional, p o rtan to , a lgica possui um lu g ar assegurado na investigao cientfica dessa revelao. Q u an d o as palavras so reu n id as fo rm ando frases, assum em im plicaes que os telogos devem p ro c u ra r en tender.

    N o en tan to , q u an d o a lgica constitu i u m m eio de criar a verdade, com o se assim fosse, en to o telogo ser cu lpado de im p o r seu sistem a sobre as lim itaes da v erd ad e bblica. As vezes, isso m otivado pelo desejo de re sp o n d e r a questes que as Escrituras no tra tam claram ente. Nesses casos (e existe u m a srie deles n a Bblia), a m elh o r resposta o silncio, no u m exerccio lgico habilidoso, dedues sem bases consistentes nem um sentim entalism o bem -in tencionado . A lguns exem plos de reas que constituem um a ten ta

    o especial so a relao e n tre a soberan ia div ina e a responsabilidade h u m an a; o alcance do sacrifcio de Jesus e a salvao das crianas que m orrem .

    IV. PRESSUPOSTOS PESSOAIST am bm podem os estabelecer alguns p ressupostos a respeito do estu d an te de teologia.

    A. Ele deve crerOs m pios certam en te p o d em escrever e e s tu d a r teologia, mas u m cristo tem u m en ten d im en to e u m a p e rs pectiva sobre a v erd ad e de Deus de que n e n h u m incrdu lo capaz. As questes mais p ro fu n d as em relao a D eus so ensinadas pelo Esprito, algo que o incrdu lo no possui (1 Co 2:10-16).

    Os cristos tam bm precisam te r f, pois algum as reas da revelao de Deus no p o d em ser to ta lm en te com preend idas p o r nossa m en te finita.

    B. Ele deve pensarO cristo sem pre dever ten ta r p en sa r teologicam ente. Isso envolve raciocinar de m an eira exegtica (para e n te n d e r seu significado preciso); p en sar de m an eira sistem tica (para conseguir co rre lacionar os fatos de m aneira adequada); p en sa r criticam en te (para avaliar a p rio rid ad e das evidncias relacionadas) e p en sar de m aneira sinttica (para com binar e ap re sen ta r os ensinam entos com o um todo).

    A teologia e a exegese sem pre devem interagir. A exegese no ap resen ta todas as respostas. Q u an d o

  • h o u v er mais de u m a opo exegtica legtim a, a teologia ind icar a opo a ser ado tada . A lgum as passagens, p o r exem plo, ap a ren tem en te p o d em en sin ar que a segurana e te rn a existe, ou tras no. Nesse caso, o sistem a teolgico do in t rp re te far com que ele tom e u m a deciso. Por ou tro lado, n e n h u m sistem a teolgico deve ser to rg ido que no esteja aberto a m udanas ou ao refinam ento das revelaes da exegese.

    C. Ele deve dependerS om ente o in telecto no fo rm a u m telogo. Se ac red ita rm o s n a re a lid a d e do m in istrio de ensino do E sp rito Santo , en to ce rtam en te esse deve ser um elem en to co n sid erad o n o estu d o d a teologia (Jo 16:12-15).O co n te d o do c u rrcu lo do E sp rito inclu i to d a a v erdade , en fa tizando especia lm ente a revelao d o p r p rio C risto que, claro, en con tra -se nas E scritu ras. E x p e ri

    m e n ta r isso re q u e r u m a a titu d e conscien te de d ep en d n c ia do Esprito , que ser re fle tida n a h u m ild ad e do in t rp re te e no estudo d iligen te daqu ilo q u e o Esprito ensin o u a o u tro s ao longo d a h ist ria. O estu d o bblico in d u tiv o u m a b oa m an e ira de estudar, m as fazer apenas isso ig n o ra r os resu ltad o s do trab a lh o de ou tro s , e fazer isso sempre p o d e ser u m a rep e tio inefic ien te d o que o u tro s j fizeram .

    D. Ele deve adorarE studar teologia no u m m ero exerccio acadm ico, em b o ra m uitos pensem assim. E u m a experincia que m uda , convence, ex p an d e , desafia e, p o r fim, leva a u m a g ran d e reverncia a Deus. A dorao im plicao reconhecim en to do valor daquilo que ad o rad o . C om o um m ortal p o d e dedicar-se a e s tu d ar D eus sem reco n h ecer a in d a mais o valor do Senhor?

  • 3

    A QUESTO DA AUTORIDADE

    A au to rid ad e o princ p io fu n d am en ta l no estudo da teologia. Presum e-se que todos os que a tu am d e n tro do conceito mais am plo de teologia crist reco n h e cem a au to rid ad e de D eus com o n o rm a su p rem a p a ra a verdade. N o en tan to , a m an eira com o a a u to rid ad e de Deus en ten d id a e expressa varia consideravelm en te no m eio cristo.

    I. AUTORIDADE NO LIBERALISMO

    A subjetividade a p rinc ipal caracterstica do liberalism o, em bora o en foque dessa subjetividade varie de um a pessoa p a ra ou tra . Por isso, a lgum p o d e dizer: A Palavra de D eus inclui q u a lq u er ato de D eus pelo qual a com unicao oco rre e n tre D eus e o h o m em .1 Essa com unicao acon tece p o r m eio da razo, dos sen tim entos ou da conscincia hum ana.

    A. RazoA razo sem pre ocupou espao p red o m in an te no pen sam en to liberal. O bviam ente, na esfera da razo que os conceitos so form ados e nela esto as bases da com unicao in terpessoal. A razo u m canal necessrio p a ra d a r e receber a verdade, e o evanglico reconhece isso. Mas o liberalism o recen tem en te estabeleceu a razo

    h u m an a com o o ju iz da v e rd ad e e, m uitas vezes, com o o c riad o r da verdade. A razo to rnou -se au t n o m a, no estando sujeita a u m a a u to rid ad e m aior ou exterior, m as tam bm severam ente lim itada p o r sua fm itude e falibilidade.

    B. SentimentosCom o u m a reao ao racionalism o, Schleierm acher (1768-1834) desenvolveu sua teologia dos sentim entos. E n fatizou a anlise das experincias religiosas e baseou a religio nos sentim entos ou na conscincia. Desse m odo, sua teologia transform ou-se em an tropologia e psicologia. Por isso,Karl B arth considerou Schleierm achero pice do liberalism o religioso.

    C. ConscinciaEssa fo rm a de liberalism o enfatiza a conscincia com o a base da au to rid a

  • de. Nosso conhecim ento lim itado e no podem os confiar nele, p o r isso os instintos m orais bsicos da alm a h u m an a passam a ser a base da au to rid ad e . Im m an u e l K ant (1724- 1804) encabeou esse m odo de pensar. U m a vez mais, a teologia passou a ser an tropologia .

    Em todas as form as de liberalism o, de u m a m an eira ou o u tra , a na tu reza h u m an a a fonte da v erd ad e relig iosa. A Bblia, ento , en carad a com o p ro d u to da razo hu m an a , que con tm idias a respeito de D eus, do p r p rio ser h u m an o e do m undo . R egistra o desenvolvim ento histrico das experincias religiosas e crenas do hom em , no sendo, com o acred itam os conservadores, o reg istro da m ensagem de u m Deus tran scen d en te q u e in te rfe re no curso da histria.

    II. AUTORIDADE NA NEO-ORTODOXIA

    A neo-o rtodox ia , algum as vezes, eq u ip a rad a ao liberalism o e, ou tras, viso conservadora. O m otivo p a ra essa confuso o fato de que ela ro m p eu com o liberalism o ao insistir que Deus, no o hom em , deve iniciar a revelao (por isso parece ser conservadora). Por ou tro lado, a neo- o rtodox ia co n tin u o u ensinando um a viso liberal da Bblia (por isso parece ser liberal).

    Para a neo-ortodox ia , a base da au to rid ad e a Palavra [o V erbo, na ARA], Ao m enos foi isso o que expressou Karl B arth (1886-1968). C on tudo , a Palavra p rinc ipa lm en te Cristo. A Bblia te s tem u n h a da Palavra, m as faz isso de m an eira falvel, e a p roclam ao crist

    resum e-se a um a palavra a respeito da Palavra.

    O Deus soberano tom ou a iniciativa de revelar-se a si m esm o centrando-se, antes de mais nada, na revelao de Cristo. Os anos que Cristo viveu na T erra m anifestaram o pon to alto da revelao, e sua m orte foi o clmax dessa revelao. A Bblia testem unha a revelao de Deus, m esm o que seja in te rp re tad a p o r todos os cnones do liberalismo. A Bblia, po rtan to , no possui au to ridade absoluta; sua au to ridade apenas instrum ental, pois serve com o in strum en to falvel p o r m eio do qual encontram os Cristo, a Palavra [o Verbo vivo]. Foi nesse encontro de f no m om ento de crise que Deus com unicou a si m esm o. Essa a verdade absoluta.

    E m bora a neo -o rtodox ia [ou o barth ian ism o] p ro cu re a objetividade n a iniciativa soberana de Deus, pe em prtica a subjetividade nas ex p e rincias de encon tros de f. M esmo que a Bblia esteja envolvida nessas experincias, no se p e rm ite que seja seu ju iz sup rem o . C om o vem os, a n eo-ortodox ia carece de um p ad ro objetivo e ex te rn o de au to rid ad e .

    III. A AUTORIDADE NA TEOLOGIA CONSERVADORA

    N a teologia conservadora, a base da au to rid ad e objetiva e ex te rn a ao hom em .

    A. Catolicismo conservadorN o catolicism o rom ano , a au to rid ad e final recai sobre a p r p ria Igreja.Para estabelecer a v erdade , a Bblia deve ser usada, m as precisa ser

  • in te rp re ta d a pela Igreja . Alm disso, as tradies da Ig re ja so, ju n tam en te com a Bblia, fonte da revelao divina. Os conclios ecum nicos e os papas, de tem pos em tem pos, fazem pro n u n ciam en to s considerados infalveis e, p o rtan to , de ixando aos m em bros da igreja a obrigao de cum pri-los.

    A Ig re ja O rto d o x a similar, pois tam bm coloca sua a u to rid ad e na tradio, na p r p ria Ig re ja e, tam bm , na Bblia. A pesar de os evanglicos re je itarem a trad io com o fonte de au to rid ad e , deveriam reconhecer que a au to rid ad e do catolicismo no recai sobre hom em , com o ensina o liberalism o.

    B. Protestantismo conservadorA palavra conservador exclui as bases de a u to rid ad e hum anstica e subjetiva do liberalism o, e o te rm o p ro testan tism o elim ina a Ig re ja com o base de au to rid ad e . Por isso, poderam os dizer que esse o ram o do cristianism o que lim ita o escopo d a a u to rid ad e religiosa B blia.- As E scrituras contm a revelao subjetiva de Deus e, p o rtan to , so a base da au to rid ad e do pro testan tism o conservador.

    D evem os re ssa lta r q u e o e n te n d im e n to d a reve lao de D eus na B blia envolve o p rocesso rac io n a l de u m a m e n te re d im id a , u m co m p ro m isso de f nas q u est es no rev e lad as ou no e n te n d id a s , u m a d e p e n d n c ia do m in is t rio de en s in o do E sp rito S an to , u m a conscincia c la ra d ia n te de D eus e a lg u m c o n h e c im e n to das lies en s in ad as p e la h is t ria .

    De fo rm a p rtica, algum as vezes, m esm o que no o faam n a teoria, os conservadores podem e rea lm ente chegam a n eg ar que a Bblia sua n ica base de au to ridade .

    (1) N a prtica, algum as tradies e denom inaes do a seus credos um a au to ridade equ iparada da Bblia. Os credos podem fornecer declaraes teis a respeito da verdade, mas jam ais podem ser juizes autorizados da verdade. .As declaraes dos credos sem pre devem ser consideradas falveis, com possibilidade de precisar de reviso peridica e constantem ente submissas au to ridade bblica.

    (2) N a prtica, alguns g rupos a tribuem trad io e a seus ritos au to rid ad e eq u ip a rad a da Bblia.A Ig re ja recebeu um m an d am en to divino p a ra estabelecer diretrizesa seus m em bros (H b 13:7-17), mas tam bm so falveis, precisam de reviso perid ica e sem pre devem estar submissas au to rid ad e bblica.

    (3) N a prtica, alguns conservadores fazem da ex perincia religiosa sua au to rid ad e . As experincias sadias so fru to da fidelidade a u to rid ad e bblica, mas todas as experincias devem ser guiadas, governadas e contro ladas pela Bblia. T o rn a r um a experincia norm ativa e fonte de a u to rid ad e com eter o m esm o e rro do liberalism o, substitu indo um critrio objetivo pelo existencialism o subjetivo.

    C onsidere o objetivo deste grfico: q u an d o a au to rid ad e objetiva substitu da, com prom etida ou ab an d o nada , o tesm o ser enfraquecido ou at m esm o abandonado .

  • O r t o d o x i a N e o - O r t o d o x i a L i b e r a l i s m o A c r e d i t a e m :

    X O bjetiv idade

    X X T ranscendncia

    X X X Tesmo

    1. D e W o l f , L. H aro ld . The Case fo r Theology in Liberal Perspective. F iladlfia: W estm inster, 1959, p. 17.

    2. C a r n e l l , E dw ard Jo h n . The Case fo r Orthodox Theology. Filadlfia: W estm inster,1 9 6 9 , p . 13.

  • Parte 2

    O D eus V iv o e V er d a d eir o

  • 4

    O CONHECIMENTO DE EUS

    I. A POSSIBILIDADE DE CONHECER A DEUS

    Sem dv ida algum a, o conhecim ento d e D eus algo desejvel. Os anseios religiosos da h u m an id ad e testificam isso. Mas seria ele possvel?

    As E scritu ras a testam dois fatos: nossa in cap ac id ad e de c o m p re e n d e r a D eus e a possib ilidade de conhec-lo. A firm ar q u e o S en h o r incom preensvel equivale a d izer que nossa m en te no capaz de conhec-lo. A firm ar que ele cognoscvel eq u ivale a d izer que p o d e ser conhecido. As du as afirm aes so v e rd ad e iras , a in d a que n e n h u m a delas em sen tido absoluto. D izer que D eus incom preensvel equivale a a firm ar que o ho m em no p o d e conhecer tu d o a respe ito do Senhor. D izer que ele p o d e ser conhecido , no o m esm o que a firm ar que o ho m em capaz de co n h ecer tu d o a resp e ito do Senhor.

    Essas duas verdades esto p re se n tes nas Escrituras. Nossa incapacidade de conhec-lo p ode ser vista em J 11:7 e Isaas 40:18; en q u an to a possibilidade de conhec-lo vista

    em versculos com o Jo o 14:7; 17:3 e1 Jo o 5:20.

    II. AS CARACTERSTICAS DO CONHECIMENTO DE DEUS

    O conhecim ento de Deus p o d e ser caracterizado em relao sua fonte, seu con tedo , sua p rogresso e seus propsitos.

    A. Sua fonteO p r p rio Deus a fonte do conhecim ento que tem os dele. C om certeza, to d a v erd ad e a v e rd ad e de D eus, m as esse clich deveria ser usado de m an eira mais cu idadosa do que rea lm en te . A penas a verdade absoluta p rovm de Deus, pois desde que o pecado e n tro u no curso da histria, o hom em cria aquilo que cham a de verdade, m as que, de fato, no . Alm disso, o hom em tem p ervertido , a lte rado , d ilu do e corro m p id o o que o rig inalm ente e ra a v erd ad e absoluta p roven ien te de Deus. Para ns, hoje em dia, a nica m ed ida infalvel p a ra d e te rm in a r a verdade a Palavra escrita de Deus. E m bora a n a tu reza seja capaz de

  • revelar algum as coisas a respeito do Senhor, ela lim itada e p o d e ser in te rp re ta d a e rro n eam en te pela h u m an id ad e . A m en te hum ana, m esm o que m uitas vezes ten h a um alcance im pressionante, est obscurecida e possui limitaes. As experincias hum anas, at m esm o as religiosas, carecem de cred ib ilidade com o fontes do v erd ad e iro conhecim ento de Deus, a m enos que estejam de acordo com a Palavra de Deus.

    C ertam en te , o conhecim ento da v e rd ad e ira religio deve vir da p a rte de Deus. Em u m a dispensao a n te rior, o ju d a sm o era a v e rd ad e ira religio revelada p o r Deus. H oje, o juda sm o no mais a religio v e rd a deira , som ente o cristianism o pode ser classificado assim. E o ve rd ad e iro conhecim ento do cristianism o foi revelado p o r m eio de C risto e de seus apstolos. U m dos propsitos da encarnao foi revelar a Deus (Jo 1:18; 14:7). A prom essa d a v inda do Esprito , aps a ascenso de Cristo, inclui u m a revelao m aior a respeito de Jesu s e do Pai (Jo 16:13-15; At 1:8).O E sprito Santo abre as E scrituras ao cristo p a ra que ele possa conhecer a D eus de m aneira mais com pleta.

    B. Seu contedoO conhecim ento total de D eus tan to factual qu an to pessoal. C onhecer fatos a respeito de um a pessoa sem conhecer a pessoa algo lim itado.Por o u tro lado, conhecer u m a pessoa sem conhecer os fatos a respeito dela algo superficial. Deus revelou m uitos fatos a seu respeito , e todos eles so im p o rtan tes p a ra fazer que nosso relac ionam ento com ele seja

    algo ntim o, in teligen te e til. Se ele tivesse apenas revelado fatos sem p e rm itir que fosse possvel conhec-lo de m an eira pessoal, esse conhecim ento factual teria u tilidade nfim a, e ce rtam en te no seria e terno . Assim com o as relaes hum anas, o re lacion am en to hom em -D eus, no p ode existir sem o conhecim ento de a lg u m as verdades m nim as a respeito das pessoas envolvidas. Alm disso, o re lac ionam ento pessoal gera o desejo de conhecer mais fatos, o que, p o r sua vez, a p ro fu n d a o re lacionam ento , e assim p o r d iante. Esse ciclo deve ser a experincia pessoal de cada estu d an te de teologia. () conhecim ento de Deus deve a p ro fu n d a r nosso re lac ionam ento com ele, e isso, p o r sua vez, au m en ta r o nosso desejo de conhecer mais a respeitef do Senhor.

    C. Sua progressoO conhecim ento de Deus e de suas obras foi revelado progressivam ente atravs da histria. A p rova mais bvia disso ob tida na com parao d a teologia ju d a ica incom pleta com a revelao mais com pleta da teologia crist. Basta analisar, p o r exem plo, d o u trin as com o T rin d ad e , cristologia,o E sprito Santo, ressu rre io e escatologia. A tarefa da teologia bblica reg is tra r essa progresso .

    D. Seu propsito1. Fazer com que as pessoas possuam a vida e te rn a (Jo 17:3; 1 T m 2:4).

    2. E stim ular o crescim ento cristo (2 Pe 3:18) com conhecim ento d o u tr inrio (Jo 7:17; Rm 6:9,16; E f 1:18) e um estilo de vida com discern im ento (Fp 1:9,10; 2 Pe 1:5).

  • 3. A lertar sobre o ju zo v indouro (Os 4:6; H b 10:26,27).

    4. G erar a v e rd ad e ira adorao a Deus (Rm 11:33-36).

    III. PR-REQUISITOS PARA O CONHECIMENTO DE DEUS

    A. Deus iniciou a sua auto-revelao

    O conhecim ento de Deus d iferente de todos os outros tipos de conhecim ento que o hom em possa adquirir, pois s vai at o nde Deus o revela. Se Deus no tom asse a iniciativa de revelar a si m esm o, o hom em no teria meios de conhec-lo. Portanto, o ser hum an o deve colocar a si m esm o em submisso a Deus, que objeto de seu conhecim ento. Em outras esferas do conhecim ento acadm ico, o ser hum ano , m uitas vezes, coloca-se acima do objeto de investigao, mas isso no pode oco rre r no estudo de Deus.

    B. Deus criou a linguagem para a comunicao

    C ertam en te , a proviso dos m eios p a ra com unicar essa revelao p a rte essencial d a revelao divina. O reg istro da revelao pessoal de Deus em Cristo tam bm necessita de a lguns m eios p a ra reg is tra r e com un icar essa revelao. Foi p a ra esse p ropsito que Deus nos d eu a capacid ad e de falar e, tam bm , a linguagem oral. O S enhor e laborou a linguagem e a d eu ao p rim eiro hom em e p rim e ira m u lh e r p a ra que pudesse en tregar-lhes suas instrues (Gn 1:28-30) e p a ra que eles fossem capazes de se com unicar com Deus

    (3:8-13). A linguagem tam bm devia fazer p a rte do dom nio h u m an o sobre a criao antes da queda e do processo de n o m ear os anim ais. M esm o aps a diviso da lngua orig inal em m uitas ou tras (em Babel), as lnguas constitu am u m m odo de criar com unicao ern todos os nveis. A creditam os que o Deus onisciente assegurou-se de que essas linguagens eram suficientes p a ra com unicar sua au to-revelao ao hom em .

    C. Deus criou o homem sua imagem

    Q u an d o Deus criou o h o m em sua im agem e sem elhana, ele o fez com o a si p r p rio , u m ser racional e in teligente. C on tudo , m esm o se tra tan d o de u m a inteligncia real, a in te ligncia h u m an a no idntica divina. Portan to , os seres h um anos possuem a hab ilidade de e n te n d e r o significado das palavras e a lgica p o r trs das frases e dos pargrafos. O pecado rem oveu a garan tia de que o en te n d im ento h u m an o sem pre p o d e ser co n fivel, mas no errad icou a habilidade de com preenso do ser hum ano .

    D. Deus nos deu o Esprito SantoDeus d eu seu E sprito Santo aos cristos p a ra revelar as coisas de Deus (Jo 16:13-15; 1 Co 2:10). Isso no to rn a o cristo infalvel, m as pode dar-lhe a habilidade de d istingu ir a verdade d e rro (1 Jo 2:27).

    Essas obras de D eus possibilitam que conheam os e que obedeam os aos m uitos m andam en tos das E scrituras p a ra serm os capazes de conhecer ao S en h o r (Rm 6:16; 1 Co 3:16; 5:6;6:19; T g 4:4).

  • 5

    A REVELAO DE EUS

    H isto ricam en te , as duas m aneiras p o r m eio das quais D eus to m o u a iniciativa de reve la r a si m esm o fo ram cham adas de revelao g e ra l e de revelao especial. A revelao geral inclui tu d o o que D eus revelou no m u n d o nossa volta, inclusive o hom em , ao passo q u e a revelao especial inclui as vrias m aneiras que ele usou p a ra co m u n ica r sua m ensagem , com pilada na Bblia. A revelao geral a lgum as vezes cham ada de teologia n a tu ra l e a revelao especial ch am ad a de teologia rev e lad a. Mas, claro, o que revelado pela n a tu re z a tam bm foi revelado na teologia. A lguns au to res usam o te rm o p r - q u e d a p a ra d esig n ar a revelao geral e p s-q u ed a ou so trica p a ra a rev e lao especial. C o n tu d o , tan to a revelao gera l q u an to a especial p ro v m de D eus e so a respe ito de Deus.

    N a m aior p a rte deste captulo, discutirem os a revelao geral, de ixando o u tros aspectos da d o u trin a da revelao p a ra a Parte 3 do livro. A revelao geral ap resen ta evidncias da existncia de Deus. A revelao especial, p o r o u tro lado, gera lm ente p ressupe a existncia de Deus.

    I. CARACTERSTICAS DA REVELAO GERAL

    A revelao geral exa tam en te o que indica: geral. Ela geral em sua abrangncia; ou seja, afeta todas as pessoas (Mt 5:45; At 14:17). geral no aspecto geogrfico; ou seja, encob re todo o p lane ta (SI 19:2). Ela geral em sua m etodologia; ou seja, utiliza m eios universais, com o o calor do Sol (vv. 4-6), e a conscincia h u m an a (Rm 2:14,15). Assim, essa revelao afetaria todas as pessoas,

    in d ep en d en tem en te de o nde estejam e/ou da poca em que ten h am vivido. Pode trazer luz e v e rd ad e a todos, mas, se re je itada, tra r condenao.

    II. MEIOS DA REVELAO GERAL

    A revelao geral chegou h u m a n id ad e de m uitas m aneiras:

    A. Pela criao1. Afirmao. De m an eira simples, essa linha de evidncia (o argum en to

  • cosm olgico da existncia de Deus) a iirm a tjue o un iverso a nosso re d o r um efeito que re q u e r u m a causa adequada .

    2. Pressupostos. Essa linha de evidncia depencle de trs p ressupostos: a) todo efeito tem u m a causa; b) o efeito causado d e p en d e da causa queo gerou; e c) a na tu reza no pode o rig in ar a si m esm a.

    3. Argumentao. Se algo existe hoje (o cosmo), ou ele veio do nada ou foi gerado de algo que deve ser e terno . Esse algo e te rn o da segunda opo p ode ser tan to o p r p rio cosmo (que precisaria ser e te rn o ou te r um p rincp io e terno), qu an to o acaso ou at m esm o Deus, o ser e terno .

    Dizer que o cosm o veio do nada rem ete-nos idia de que ele criou a si p r p rio . Isso u m a contrad io lgica, pois p a ra algo g e ra r a si m esm o necessrio que ele, ao m esm o tem po e da m esm a m aneira , exista e no exista. Alm disso, a au togerao jam ais foi cientificam ente d em o n strad a e com provada.

    U m a variao desse po n to de vista que afirm a a e te rn id ad e da m atria cham ada de teoria do estado e te r n o . Ela sugere que a m atria constan tem en te criada p e rto do cen tro do universo e d es tru d a no p e rm e tro mais ex te rn o do espao.N o en tan to , no h evidncias . ;.,ra apo ia r esta teoria e, caso fosse . erda- de, isso violaria a lei cla conservao de m assa e de energia.

    Ser que essa questo de causa e efeito no se aplicaria a Deus? Ele tam bm no um efeito que necessita de um a causa? A resposta no, pois Deus no um efeito (um efeito

    algo que re q u e r um a causa). Ele e terno .

    Se o cosm o no gerou a si m esm o, en to deve te r sua origem em algo eterno . U m a opo en te n d e r que o processo csmico e te rn o , mas isso dificilm ente considerado . N a verdade, quase todos acred itam que o universo teve u m incio, in d e p e n d e n tem en te de qu an to tem po atrs isso possa te r ocorrido .

    O u tra hiptese a da existncia de algum princpio e terno no acaso ou de um a inteligncia cega. A creditar nessa opo req u er m uita f. E possvel dem o n stra r m atem aticam ente queo acaso (algo aleatrio) no poderia te r p roduzido o que vemos hoje no universo. Mesmt que fosse capaz de p ro d u z ir molculas e tom os, a m atria-p rim a do universo, esse princpio inanim ado tam bm seria capaz de gera r os aspectos im ateriais da vida, com o a alm a e o esprito?

    A terce ira opo o a rgum en to testa, ou seja, esse ser e te rn o que criou o cosm o Deus. Isso no significa que o un iverso revele todos os detalhes do car te r desse ser e te rn o , mas im plica que existe um ser in teligente, vivo e poderoso que fo rm ou o universo. Vivo p o rq u e a no-vida incapaz de g e ra r a vida. Poderoso, p o rq u e essa a na tu reza do que foi form ado. In teligen te, p o rq u e existe o rd em e h arm o n ia no cosmo, algo que o acaso no conseguiria gerar.

    4. Escrituras. D uas passagens- chave das Escrituras m ostram a criao com o um canal de revelao.

    a. Salmos 19:1-6. N este salm o, Davi escreveu sobre (1) a con tinu idade da

  • revelao p o r in te rm d io d a criao (vv. 1, 2). Os verbos exp ressam ao co n tn u a , ind icando q u e os cus, o firm am en to , o d ia e a no ite co n tin u a m en te p ro c lam am a glria de Deus. Ele tam bm escreveu que (2) o cen tro , ou a ren a , dessa revelao ( un iverso , os cus e a T e rra (v. 4).(3) O ca r te r dessa revelao b astan te claro, m esm o no sendo verbal (v. 3) e (4) a tinge a todas as pessoas e todos os lugares. Ela reco b re a T e rra toda, e todo m u n d o p o d e perceb-la . A m aioria das pessoas consegue p e rceb e r o Sol e o ciclo do d ia e da no ite , e a t m esm o os cegos so capazes de sen tir o calor do Sol (v. 6). Essa revelao deve lev an ta r dvidas na m en te das pessoas. De o n d e viria este calor? O uem criou o Sol? (5) A lm disso, o co n te d o dessa revelao d up lo . Revela algo a respe ito d a g lria e da g ran d eza de Deus.

    b. Romanos 1:18-32. N essa passa- gem -chave, a nfase est sobre a revelao d a ira de D eus, pois a h u m a n id a d e re je ita o que p o d e ria co n h ecer sobre o S en h o r p o r in te r m dio da criao.

    (1) A revelao de sua ira (v. 18). A ira de Deus revelada con tra todos os que sup rim em a verdade e que praticam a in iq idade. Os detalhes de com o essa ira revelada so m encionados nos versculos 24-32.

    (2) Os m otivos p a ra a sua ira (vv. 19-23). Existem dois m otivos: possvel co n h ecer algo a respe ito de D eus, m as em vez de receb er essa v e rd ad e , as pessoas re je ita ram a revelao e rea lm en te a p e rv e r te ram . O kosmos, ou seja, as coisas que

    fo ram c riad as, revela c la ram en te (desde o incio da criao) o p o d e r de Deus e a n a tu re z a d ivina. Em o u tras palavras, ao observar o un iverso a seu redo r, to d a a h u m a n id ad e d everia reco n h ecer que existe u m Ser su p rem o . Em vez de disso, os hom ens re je ita ram essa v e rd ad e e cria ram dolos, ap esa r de serem m uito su p erio res a eles.

    (3) O resu ltad o de sua ira (vv. 24- 32). Pelo fato de os h o m en s te rem re je itad o a revelao geral, D eus os e n tre g o u (vv. 24, 26, 28). A lguns pen sam que isso foi u m a perm isso d a d a s pessoas p a ra que sofressem as conseqncias de seus pecados. Mas o verbo est na voz ativa, nos versculos 24, 26 e 28, in d ican d o queo S en h o r tom ou u m a a titu d e . O u tro s in te rp re ta m esse verbo em sen tido restritivo , isto , D eus p riv o u o h o m em d a g raa com um . O u tro g ru p o en te n d e que essa foi um a a titu d e positiva, que d em o n s tra o ju zo divino ao e n tre g a r as pessoas p a ra serem ju lg ad as . Essa noo inclui u m sen tido privativo, m as u m p o n to de vista que enfatiza mais a ao do que a perm isso . Essa p erspectiva en te n d e , ao m esm o tem po , q u e as pessoas so re sp o n s veis p o r suas a titu d es pecam inosas (Ef 4:19 usa o m esm o verbo). O hom em co n d en ad o ju s ta m e n te p o rq u e no aceitou o que Deus revelou sobre si m esm o p o r m eio da criao.

    N o rm a n G eisler re a f irm o u o a rg u m e n to cosm olgico d a seg u in te form a:

    (a) E xiste um se r (ou seres) lim itado(s) e m utvel(e is). N eg ar

  • isso ex ige u m a co n firm ao de um ser ex is te n te , p o r isso a n u la a si m esm a.

    (b) A existncia p resen te de cada ser lim itado e m utvel foi causada p o r o u tro ser. A po tencialidade dessa existncia som ente p ode ser atualizada p o r o u tra existncia.

    (c) N o p o d e haver u m regresso infinito at o que gerou esse ser.

    O ARGUMENTO

    C a usa

    O po n Q 1 nada

    O po n g 2 Algo e te rn o -----

    a. M atria e te rn ab. Acaso e te rnoc. Deus e te rno

    B. Pela ordem do universo1. Afirmao. O p ropsito , a o rd em e a com posio do que vem os no m u n d o necessita de um planejador.A apresen tao mais p o p u la r desse a rg u m en to teleolgico encontra-se no livro Natural Theology, de W illiam Paley (de 1802). Ele inclui sua fam osa ilustrao de que u m relgio, p ara ser fo rm ado, exige u m relojoeiro.Do m esm o m odo, a form ao do m u n d o necessita que algum o te n h a p lanejado .

    2. Argumentao. Para ser mais eficaz, o a rg u m en to teleolgico deveria ab o rd a r os aspectos mais gerais da form ao da na tu reza em

    (d) Logo, existe u m a C ausa p rim ria p a ra a existncia atual destes seres.

    (e) Essa C ausa p rim ria deve ser infinita, necessria, e te rn a , simples, im utvel e nica.

    (f) Ao co m p ara r o ser defend ido p o r essa linha de a rgum entao como Deus das Escrituras, conclum os que eles so idnticos.'

    COSMOLGICO

    E f e i t o

    Mundo>

    vez de o lh a r p a ra seus detalhes. Podem os usar a ilustrao de J.O liver Buswell: o fato de no existirem dois flocos de neve iguais um a evidncia m uito m en o r do propsito e do p lano estabelecido p o r Deus p a ra o m u n d o do que a im po rtan te posio que a neve possui no ciclo das estaes e a proviso p a ra u m ed ecer a te r ra .2 Alm disso, alguns dos detalhes especficos da na tu reza no fazem sentido p a ra ns, m uitas vezes p o r causa da operao do m aligno. Mas a im agem geral que possum os revela o rd em e p lanejam ento . U m a ao a leatria jam ais p o d eria te r p ro d u z id o u m a organizao to

  • com plexa com o a que observam os no m undo .

    3. As Escrituras. O Salmo 19:2 declara que o m u n d o a evidncia do conhecim ento do C riador. Q u an d o os habitan tes cie L istra estavam prestes a o ferecer sacrifcios a Paulo e B arnabe p o r p en sarem que e ram deuses,Paulo os p ro ib iu usando esse a rg u m ento teleolgico da existncia do Deus verdade iro (At 14:15-18). A na tu reza ap resen ta o ciclo das estaes e a ddiva que a chuva, que traz fa rtu ra e alegria hum an id ad e . Essa o rd em n a tu ra l das coisas serve com o testem u n h a da existncia do Deus vivo e verdadeiro , disse Paulo.

    C. Pela criao do homem1. Afirmao. C om o p o d e o hom em , um ser m oral, in te ligen te e vivo, ser explicado p a rte de u m D eus m oral, in teligen te e vivo?

    2. Argumentao. O cham ado a rg u m en to an tro p o l g ico da ex istncia de D eus acaba p o r d ividir- se de vrias m aneiras. Buswell, p o r exem plo , d istingue o a rg u m en to an tropo lg ico (Deus criou o hom em sua im agem ) e o arg u m en to m oral (como surg iram as idias de certo e e rrado?).3 Dale M oody divide esse a rg u m en to bsico em qu a tro partes: o a rgum en to m oral, a existncia da m ente , o ser com pleto (ou seja, a alma), e a conscincia religiosa.4 Para m im , essas divises so apenas aspectos do a rg u m en to antropolgico bsico, pois todos concentram -se no hom em . P ortan to , in d e p e n d e n te m en te da faceta da existncia do hom em ou da ex perincia enfatizada, seja a m oralidade , a inteligncia, as em o

    es ou a conscincia religiosa, todas con tinuam sendo u m aspecto da vida h u m an a e p erten cem ao a rgum en to antropolgico.

    As d iversas facetas d o h o m e m e to d as elas em c o n ju n to ex igem alg u m as exp licaes sob re sua o rig em . T odas c o rro b o ra m p a ra p ro v a r a ex is tn c ia de u m ser m o ra l, in te lig e n te e vivo, o q u a l p o d e r ia te r g e ra d o o ho m em . Foras m a te ria is , in a n im a d a s ou inco n sc ien tes d ific ilm en te p o d e riam te r g e ra d o o h o m em . A ev o lu o n o p o d e p ro d u z ir a a lm a, a conscincia ou os in s tin to s re lig io sos. Os do los in an im ad o s n o so capazes de c ria r vida.

    3. As Escrituras. O salm ista declarou: O que fez o ouvido, acaso, no ouvir? E o que fo rm ou os olhos ser que no enxerga? (SI 94:9). Em ou tras palavras, as c ria tu ras vivas e in teligentes declaram a existncia de um criad o r vivo e in teligente.

    Paulo usou o m esm o argum en to no A repago. Se ns somos gerao de Deus, ele a rgum en ta , en to Deus no p ode ser com o u m dolo de ouro ou de p ra ta fo rm ado pela sua criao (At 17:28,29). E necessrio que Deus, assim com o sua gerao, seja um ser vivo e in teligente.

    D. Pelo seu prprio serO arg u m en to ontolgico (ou seja, o a rg u m en to baseado no estudo do se r) foi ap resen tad o de vrias form as p o r Anselm o, Descartes e ou tros, sendo aceito p o r uns (Hegel), m as re je itado p o r ou tros (Kant).

    1. Afirmao. O a rg u m en to este: (a) tem os u m a idia de um Ser Mais

  • Perfeito; (b) a idia de um Ser Mais Perfeito inclui a ex istncia , pois u m Ser, q u e perfe ito , m as que no exista, no seria to p e rfe ito q u an to u m ser que existe; (c) p o rta n to , j que a idia da ex istncia est con tida na concepo desse Ser Mais P erfe ito, este Ser Mais Perfeito deve existir.

    2. Discusso. A pesar de esse a rg u m ento ser dedutivo , existe um arg u m en to indutivo. De o n d e vem a idia de Deus? N em todas as idias que as pessoas possuem c o rre sp o n d em a u m a rea lidade ontolgica. Mas as idias tm causas e precisam ser com provadas. Sabem os que existe a idia de um coelh inho d a Pscoa . Mas isso no prova a rea lidade dessa idia. De m odo similar, a idia de Deus existe. Com o ela p ode ser com provada? Esse o aspecto indutivo do a rgum ento . A questo que essa idia no pode ser explicada com dados no-testas.

    III. O CONTEDO DA REVELAO GERAL

    Existem passagens bblicas relevantes que nos m ostram com a u to rid ad e o que podem os a p re n d e r da revelao geral. Isso no o m esm o que dizer cjue todos iro e n te n d e r todas ou a lg u m as dessas coisas, m as foi o q u e Deus com unicou utilizando vrios meios pelos quais a revelao gerai > m anifesta:

    (1) Sua glria (SI 19:1).(2) Seu poder para realizar a cria

    o do universo (SI 19:1).(3) Sua suprem acia (Rra 1:20).(4) Sua natureza divina (Rm 1:20).

    j (5) Seu controle providencial claj natureza (At 14:17).I (6) Sua bondade (Mt 5:45).j (7) Sua inteligncia (At 17:29).| (8) Sua existncia (At 17:28).

    IV. O VALOR DA REVELAO GERAL

    Ao d e te rm in a r o valor da revelao geral, as pessoas co rrem dois riscos: superestim -lo ou subestim -lo. A lguns do a im presso de que tudoo que revelado p o r in te rm d io da revelao geral p rova a existncia do

    I v erd ad e iro Deus cla Bblia. Issol parece superestim ar seu valor. O u tros1 no do valor a isso, m as estoi igualm ente errados, pois a Bblia no j reflete o uso desses argum entos. Mas ! en to , qual o valor adequado? j

    ! A. Para mostrar a graa de DeusI O fato de Deus no te r re tido sua

    g raa aps a p rim e ira rebelio (ou as posteriores) p o r si s j graa. O

    ' fato de ele no te r p a rad o de se com unicar com a h u m an id ad e aps as pessoas te rem d ado as costas a ele no algo insignificante. Sua graa

    1 con tnua revelada, p o rq u e ele con tinua usan d o a revelao geral

    ' com o um m eio p a ra que as pessoas ' conheam algo a respeito do Deus ! verdadeiro . A lguns so afetadosi positivam ente pela g raa com um ,I m o stran d o evidncia de m oralidade | e, m uitas vezes, buscando mais dessai verdade.

    I B. Para colaborar com oi argumento do tesmoI Seria p re ten so d izer que esses

    argum en tos sobre a existncia de

  • Deus provam a existncia do Deus da Bblia. A inda que m uitas verdades a respeito de Deus sejam reveladas p o r in te rm d io da revelao geral, m uitas coisas im portan tes jam ais sero reveladas com a utilizao desses meios. Porm , as questes levantada < pela revelao geral e as respostas que ap resen ta apiam as declaraes do tesm o, em oposio, p o r exem plo, ao atesm o, ao agnosticism o ou ao evolucionism o.

    C. Para condenar com justia os que a rejeitam

    Essas lin h as de ev id n c ia colocam sob re o h o m em e a m u lh e r no- re g e n e ra d o s a re sp o n sa b ilid a d e de d a re m a lg u m a resp o sta . D eus in ten c io n av a q u e as pessoas fossem capazes de p e rc e b e r q u e u m a exp licao m ecn ica, a te s ta e irra c io n a l in a d e q u a d a p a ra ex p lica r este m u n d o to ta lm e n te in te g ra d o e as vrias facetas do ho m em . A h u m a n id a d e d ev eria re s p o n d e r re c o n h e c en d o q u e deve h av e r um ser vivo, p o d e ro so , in te lig e n te e so b re n a tu ra l p o r trs disso tu d o .

    Se os hom ens no fazem esse reconhecim ento m nim o, p o rm fundam en ta l, e em vez disso do as costas e ap resen tam o u tra explicao, en to Deus estar sendo justo se rejeit-los e no lhes oferecer mais verdades. A rejeio do que foi revelado na revelao geral suficiente p a ra um a condenao justa . C on tudo , isso no im plica que a aceitaco da revelao greral sufi-J o Ociente p ara g a ran tir a salvao e terna. Isso no acontece, sim plesm ente

    p o rq u e no h revelao da m orte sacrificial do Filho de Deus.

    Se o que eu disse parece levantar um a d u p la questo, tu d o bem . N o h n ad a in e ren tem en te e rra d o com o fato de um a idia ser dup la , desde que os dois aspectos abo rdados sejam justos. E, nesse caso, am bos so. Deus p rovidenciou , antes da fundao do m u n d o , um C ordeiro p a ra ser sacrificado pelo pecado. P ortan to , apenas a revelao geral no p o d eria salvar. O b ter a salvao fora do C ordeiro seria um a proviso injusta. Mas no co n d en ar aqueles que rejeitam a revelao d u ra n te sua pereg rinao na T e rra tam bm seria incoeren te p a ra u m Deus santo. Ento , a rejeio das verdades da revelao geral traz ju s ta condenao sobre eles toda vez que ela ocorre.

    Im agine que um aluno bem - in tencionado p ro cu re um colega que precisa de mil dlares p a ra p ag ar as m ensalidades da un iversidade e lhe oferece dez dlares com p reocupao e am or (sendo isso tudo o que possui). Mas o o u tro a luno pega a no ta e joga-a no cho, d izendo com deboche:

    De que m e ad ian ta essa quan tiaz inha insignificante?

    Assim, que obrigao teria esse aluno , d ian te dessa a titu d e de desdm do colega, de em penhar-se p ara p rov idenciar um a ajuda m aior? C on tudo , se fosse capaz de dar-lhe os mil dlares, algum o acusaria de ser injusto com o a luno necessitado? A ceitar a oferta de dez dlares no salvar a pessoa que precisa de mil dlares, mas rejeit-la o condenar . No devem os nos esquecer de que a m aioria das pessoas que j viveram

  • na T e rra acabaram re je itando a revelao de D eus p o r m eio da na tu reza , e essa rejeio veio com zom baria e com a substituio delibe

    ra d a de Deus p o r suas p rp rias d iv indades. A cabaram co n d en an d o a si m esm os e, q u an d o Deus os rejeitar,o far de m aneira justa .

    1. G e i s l e r , N o rm an . Philosophy o f Religion. G ra n d R ap ids: Z o n d e rv an , 1981, p p . 190-208.

    2. B u s w e l l , J . Oliver. A Systematic Theology o f the Christian Religion. G ran d Rapids: Z ondervan , 1962, p. 87.

    3. Ibid., v. 1, pp . 90,1.4. M o o d y , Dale. The Word o f Truth. G ran d R apids: E erdm ans, 1981, pp . 83,4.

  • 6

    AS PERFEIES DE EUS

    A questo ap resen tad a no captu lo 4 era Deus pode ser conhecido?; neste cap tu lo , tra ta rem os de o u tro pon to : Deus pode ser defin ido? Se u m a definio consiste de u m a palavra ou frase que expressa a na tu reza essencial de um a pessoa ou coisa, en to Deus no p ode ser defin ido, pois no existe u m a palavra ou frase que expresse a essncia de sua natu reza . N ingum seria capaz de fo rm ular um a definio de Deus.

    Mas se encararm os a definio com o u m a descrio, en to possvel defin ir Deus, m esm o que no seja de m an eira categrica. N a v erdade , a m aioria das definies de Deus so descritivas. U m a das mais famosas, que p o d e ser en co n tra d a no Bi eve Catecism o de W estm inster, ilustra esse tipo de definio, q u an d o descreve Deus com o esprito , infinito, e te rn o e im utvel em seu ser, sabedoria, poder, san tidade, justia, b o n d ad e e v e rd ad e (p erg u n ta 4). A descrio mais ex tensa da Confisso de F de W estm inster apenas acrescenta mais a tribu tos com o am or, m isericrdia e liberdade. C on tudo , essas definies apenas listam alguns dos a tribu tos de Deus.

    A tributos so as qualidades ineren tes a um sujeito. Elas o identificam , d istin guem ou analisam . A m aioria dos telogos cham aria este captu lo de Os A tributos de D eus. Eu p re firo u sar o te rm o perfeies, pois todas as qualidades ou a tribu tos de Deus so perfeitos. Seus a tribu tos so suas perfeies.

    I. CARACTERSTICAS DAS PERFEIES DE DEUS

    As vrias perfeies de Deus no so partes que com pem Deus. C ada u m a delas descreve o que ele . O am or, p o r exem plo, no sim plesm ente p a rte da na tu reza de Deus; em seu ser total, ele am or. E m bora o S enhor possa m o stra r u m a qualidade

    ou o u tra em d e te rm in ad o m om ento , no h qualidade que seja in d e p e n d en te ou que se destaque mais que ou tra . M esm o q u an d o D eus dem o n stra sua ira , ele con tinua sendo am or. E q u an d o d em o n stra am or, no ab an dona sua san tidade.

    Deus mais do que a som a de todas as suas perfeies. M esm o

  • depois de listar todos os atribu tos divinos que podem os en co n tra r em sua revelao, a inda assim no conseguirem os descrever a Deus com pletam ente . Isso o co rre p o r causa d a sua incom preensib ilidade. E m bora pudssem os dizer que tem os um a lista com pleta de todas as perfeies de Deus, no conseguiram os com p re e n d e r seu significado, pois o hom em finito no capaz de co m p re e n d e r um Deus infinito.

    As perfeies de Deus so conhecidas p o r ns p o r in te rm d io da revelao. () hom em no as a tribu i a Deus; o S en h o r quem as revela ao hom em . O hom em p ode sugerir a lguns a tribu tos a Deus, mas eles no p o d eriam ser p resum idos com o verdadeiros, a m enos que sejam revelados pelo p r p rio Senhor.

    As perfeies de Deus descrevem igualm ente o Pai, o Filho e o Esprito Santo. D escrevem a n atu reza do Deus tri n o e, p o rtan to , cada um a das pessoas da T rindade.

    II. CATEGORIAS DAS PERFEIES DE DEUS

    A m aioria dos telogos ap resen ta algum as classificaes p a ra os a tr ib u tos de Deus.

    A. Atributos naturais (no-morais) e morais

    Os prim eiros, com o a auto-exi.Mncia e a in fin itude, so p a rte do que Deus . Os dem ais, com o justia e san tidade, esto relacionados com a vontade de Deus. Mas todas essas qualidades cham adas de no-m orais so caractersticas do ser mais m oral do universo , e todos os seus atribu tos

    m orais so p a rte da na tu reza de Deus.

    B. Atributos absolutos e relativosOs atribu tos absolutos incluem os que p e rten cem essncia de Deus (e tern idade, infin itude), e os atribu tos relativos pertencem essncia de Deus, estando relacionados com sua criao (como a oniscincia). Veja bem , esta um a distino artificial, pois no somos capazes de estabelecei tal distino, um a vez que, na verdade, todos os atribu tos divinos esto relacionados com a criao.

    C. Atributos incomunicveis e comunicveis

    Os prim eiros s . aqueles exclusivos de D eus (e tern idade, infinitude), en q u an to os dem ais so os que podem ser encon trados em nvel relativo ou lim itado nas pessoas (sabedoria, justia). Os atribu tos com unicveis so encon trados nas pessoas, m esm o que de form a lim itada, mas no p o rq u e Deus, de a lgum a m aneira , os com unicou. Isso ocorre som ente p o rq u e a h u m an id ad e foi criada im agem de Deus.

    As ca teg o rias a t p o d e m te r a lg u m p ro p s ito , m as n em tan to assim , em m in h a op in io . E m b o ra a lg u n s dos a tr ib u to s possam ser c lassificados em u m a ou o u tra dessas ca teg o rias su g e rid a s , a lguns no so classificados to fac ilm en te . A p esar d e a sa n tid a d e g e ra lm e n te e s ta r n a lista dos a tr ib u to s c o m u n icveis, c e r ta m e n te o m esm o no o c o rre com a sa n tid a d e de D eus. A inda q u e a on isc incia com ce rteza seja in co m u n icv e l, a h u m a n id a d e

  • possui conhecim ento lim itado. A classificao, m uitas vezes, mais a rb itr ria do que bvia. U m a considerao im p o rtan te o estudo das p r p rias perfeies, no de sua classificao. Passarem os a tra ta r disso agora.

    III. LISTA DAS PERFEIES DE DEUS

    C olocarem os aqui as 14 perfeies de Deus em o rd em alfabtica, levando em conta: (a) seu significado, (b) as declaraes das Escrituras e (c) aplicao e/ou q u a lq u er p rob lem a envolvido.

    A. Amor1. Significado. Assim com o m uitos te rm os cristos, o am o r mais d iscu tido do que p ro p ria m e n te defin ido . N em m esm o u m d icionrio po d e o fe recer m u ita a juda. O am o r consiste de afeio e tam bm de correo . Os bebs so cu idados, mas tam bm co rrig idos, e am bas constituem expresses do am o r dos pais. A lm disso, os pais fazem as du as coisas c ren d o que fazem o m elh o r p a ra os filhos n aquele m om ento . O am o r busca o bem daqueles a quem se am a. O que o bem ? Para D eus, a perfeio da san tid ad e e tu d o o que esse conceito im plica. Am ar, p a ra D eus, buscar o m aio r bem de todos e a g lria das suas perfeies. Isso im plica q u e em Deus h ausncia de egosm o, o queo d iferencia dos seres hum anos.

    2. Escrituras. A Bblia declara d ire tam en te que Deus a m o r(1 Jo 4:8). A ausncia do artigo o an tes de am o r (o versculo no diz

    que Deus o am or) indica que essa na tu reza de Deus. A p resena do artigo antes de D eus (literalm ente,o Deus am or) m ostra que essa declarao no pode ser lida ao con trrio . No se p ode dizer O am or D eus (como afirm a a seita da C incia Crist).

    3. Aplicaes. C om o cada pessoa da T rin d ad e possui todos os atributos, en to deve haver a lgum a in terao am orosa (inconcebvel p a ra os hom ens, com certeza) d e n tro da T rindade.

    Deus, que am or, perm ite que ele p r p rio am e os pecadores. Isso graa (Ef 2:4-8).

    O am or de D eus foi d e rra m a d o no corao do cristo (Rm 5:5).

    Q u an d o corrige, D eus d em onstra seu am o r p o r seus filhos (H b 12:6).

    4. Algumas palavras relacionadas ao assunto. In tim am en te relacionadas com o am o r esto a bondade , a m isericrdia, a longan im idade e a graa. M esm o que haja distines, no so precisas. A b o n d ad e divina p ode ser defin ida com o a p reo cu p a o benevolen te com suas cria turas (At 14:17). A m isericrd ia o aspecto de sua b o n d ad e que faz Deus d e m o n stra r p iedade e com paixo (Ef 2:4; T g 5:11). A longan im idade fala sobre um con tro le d ian te das p rovocaes (1 Pe 3:20; 2 Pe 3:15). G raa o favor im erecido de Deus dem ons-Itrad o ao hom em p rim ariam en te pela pessoa e obra de Jesus Cristo. Todos esses conceitos esto relacionados e so gerados do am or do Deus que amor.

    5. Uma heresia. A heresia do universalism o surge de um conceito

  • distorcido dos a tribu tos de Deus. O universalism o ensina que, com o Deus am or, no final acabar salvando todas as pessoas. Mas a perfeio do am o r de Deus no o p e ra em d esa rm onia com suas ou tras perfeies, inclusive a san tidade e a justia.Logo, o am or no p ode so b repo r sua san tidade e salvar os que reje itam a m orte de Cristo p o r seus pecados. Alm disso, o universalism o, na verdade, no possui u m a definio ap ro p riad a de am or, pois v apenas os aspectos de afeio do am o r e no seus aspectos correlatos. E im p o rtan te lem b ra r que o universalism o co n tra diz d ire tam en te as declaraes das Escrituras (veja Mc 9:45-48).

    B. Eternidade1. Significado. O a tribu to d a e te rn id a de im plica que Deus no tem com eo n em fim. Sua existncia e te rna . De nosso po n to de vista, isso se estende p a ra o passado e p a ra o fu tu ro , sem in te rru p es nem lim itaes causadas p o r u m a sucesso de eventos. R eu n in d o essas idias, B erk h o f define e te rn id ad e com o a perfeio de D eus pela qual ele elevado, acim a de todos os lim ites tem porais e de to d a sucesso de m om entos, e tem a to talidade da sua existncia num nico p resen te indivisvel.1

    A e te rn id ad e de D eus e sua auto- existncia so conceitos in ter-relaH o- nados. A lguns telogos usam a palavra asse idade p a ra d en o m in ar sua auto-existncia. O u seja, Deus d ep en d e a se, d e si m esm o. Se Deus existe e te rn am en te , p o rtan to nu n ca foi gerado nem veio a existir. Ele in fin itam ente auto-ex isten te .

    2. Escrituras. A e te rn id ad e de Deus d em o n strad a pelo Salmo 90:2 : de e te rn id ad e a e te rn id a d e , e em Gnesis 21:33, em que o te rm o ElOlam, o D eus e te rn o , u m a variao do te rm o orig inal que significa o Deus d a e te rn id a d e .

    3. Questo. Q ual a relao de Deus com a sucesso dos eventos? Ele e terno , p o rtan to v o passado e o fu tu ro to c laram en te qu an to o p resen te . Alm disso, deve v-los com o partes in teg ran tes de um a sucesso de eventos histricos. A pesar disso, de m an eira a lgum a est p reso a essa sucesso. U m a ilustrao dessa v erd ad e en co n trad a na cena celestial de Apocalipse 6:9-11, em queo S enhor resp o n d e questo dos m rtires sobre qu an to tem po se passaria at que fossem vingados, dizendo-lhes p a ra e sp e ra r at que certos eventos ocorressem na T erra .

    4. Uma ramificao. U m a ram ificao con fo rtado ra da e te rn id ad e de Deus que ele n u n ca deixou nem deixar de existir. Assim sendo, seu contro le susten tad o r e providencial de todas as coisas e eventos est assegurado.

    C. Imutabilidade1. Significado. Im u tab ilidade significa que D eus im utvel e, p o rtan to , no m uda. Isso no q u e r d izer que ele esteja im vel o u inativo, m as sim que nu n ca se altera , cresce nem se desenvolve.

    2. Escrituras. M alaquias 3:6 e T iago 1:17 falam sobre a im utab ilidade divina. O bserve, no p rim eiro versculo, que a im utab ilidade assegura a preservao de Israel.

  • 3. Problema. Se Deus imutvel, como, ento, podem os afirm ar que ele se arrepende? (veja G n 6:6; Jo 3:10). Mas, se realm ente houve u m a m u d a n a em Deus, ele no im utvel ou no soberano, ou n en h u m a das duas. A m aioria dos in trp re tes en ten d e que esses versculos usam de u m an tro p o m orfism o, isto , de um a in terp re tao do que no hum an o em term os hum anos. N a revelao g radual do plano de Deus, parecem oco rre r algum as m udanas. No en tan to , isso pode ser en tend ido apenas pela perspectiva hum ana, pois o p lano e terno de Deus im utvel, com o ele o .

    O u tra possibilidade que essa expresso p o d e significar, sim plesm ente, que Deus lam en tou ou condoeu-se, o que elim ina q u a lquer conceito de m udana.

    4. Ramificaes em relao a Deus.Se a auto-existncia pudesse m udar, isso to rn a ria a existncia dep en d en te ; a e te rn id ad e se tran sfo rm aria em tem po; a perfeio em im perfeio e, p o rtan to , Deus se transfo rm aria em no-D eus.2 A im utab ilidade g aran te que n e n h u m a das perfeies divinas m ude.

    5. Ramificaes em relao a ns. A im utab ilidade oferece conforto e segurana de que as prom essas de Deus no falharo (Ml 3:6; 2 T m 2:13). A im utab ilidade lem bra-nos de que a a titude de Deus em relao ao pecado, p o r exem plo , no m uda. Logo, Deus n u n ca pode ser coagido ou induzido m udana.

    D. Infinitude1. Significado. In fin itu d e (ou infin idade) significa que Deus no tem limites

    nem limitaes. Ele no lim itado de m aneira a lgum a pelo universo nem p o r lim ites de tem po ou espao. Mas isso no significa que est, de algum m odo, espalhado pelo universo , um a p a rte aqui e o u tra ali. A infin idade de Deus deve ser concebida com o intensiva, antes que ex tensiva.... 3

    2. Escrituras. Salom o reconheceu a in fin itude de Deus d u ra n te a dedicao do tem plo (1 Rs 8:27), e Paulo usou esse a trib u to de Deus p a ra a rg u m en ta r con tra os falsos deuses dos atenienses (At 17:24-28).

    3. Observao. As vezes, esse a tribu to cham ado de im ensidade. Isso o d istingue da on ip resena, pois enfatiza a transcendncia de Deus (um a vez que ele no est lim itado pelo espao), en q u an to a on ip resena concentra-se na im anncia de Deus (um a vez que ele est p resen te em todos os lugares).

    E. Justia1. Significado. A pesar de estar relacion ad a com a san tid ad e , a ju stia um a trib u to d istin to de D eus. A san tid a de est re lac io n ad a