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4. Teoria Comportamental ou Escola Behaviorista A teoria Comportamental da Administração, também conhecida como teoria Behaviorista e foi profundamente influenciada pelas chamadas ciências do comportamento, principalmente a psicologia. Surgiu no final dos anos quarenta nos EUA, por volta de 1947, dentro de uma fundamentação notadamente democrática. Essa teoria surgiu em torno de novas proposições sobre a motivação humana elaboradas por autores como McGregor. Maslow e Herzberg. Esses autores, em linhas gerais, defendiam que o administrador precisa conhecer os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente as pessoas e a teoria Comportamental surgia para auxiliar os administradores nesta tarefa. 4.1. As Necessidades Humanas Básicas Maslow desenvolveu uma teoria motivacional onde defendeu que as necessidades humanas podem ser organizadas e colocadas em níveis que retratariam uma hierarquia de importância e influência. Desta forma, a base da pirâmide estão localizadas aquelas necessidades mais primárias dos homens as quais também são encontradas nos animais, já em seu topo estaria aquelas necessidades mais elevadas e de caráter exclusivamente humano. Essa hierarquia de necessidades humanas é muito semelhante aquela que foi desenvolvida pela Escola das Relações Humanas, conforme podemos retratar na figura abaixo:

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4. Teoria Comportamental ou Escola Behaviorista

A teoria Comportamental da Administração, também conhecida como teoria Behaviorista e foi profundamente influenciada pelas chamadas ciências do comportamento, principalmente a psicologia. Surgiu no final dos anos quarenta nos EUA, por volta de 1947, dentro de uma fundamentação notadamente democrática. Essa teoria surgiu em torno de novas proposições sobre a motivação humana elaboradas por autores como McGregor. Maslow e Herzberg. Esses autores, em linhas gerais, defendiam que o administrador precisa conhecer os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente as pessoas e a teoria Comportamental surgia para auxiliar os administradores nesta tarefa.

4.1. As Necessidades Humanas Básicas

Maslow desenvolveu uma teoria motivacional onde defendeu que as necessidades humanas podem ser organizadas e colocadas em níveis que retratariam uma hierarquia de importância e influência. Desta forma, a base da pirâmide estão localizadas aquelas necessidades mais primárias dos homens as quais também são encontradas nos animais, já em seu topo estaria aquelas necessidades mais elevadas e de caráter exclusivamente humano. Essa hierarquia de necessidades humanas é muito semelhante aquela que foi desenvolvida pela Escola das Relações Humanas, conforme podemos retratar na figura abaixo:

A Hierarquia das Necessidades Humanas Segundo Maslow

Necessidades

de

auto- realização

Necessidades de Estima Secundárias

Necessidades Sociais

Necessidades de Segurança Primárias

Necessidades Fisiológicas

Auto-Realização: Trabalho criativo e desafiante; Diversidade e autonomia; Participação nas decisões.

Estima: Responsabilidade por resultados; Orgulho e reconhecimento; Promoções.

Sociais: Amizade dos colegas; Interação com clientes; Gerente amigável.

Segurança: Condições seguras de trabalho; Remuneração e benefícios; Estabilidade no emprego.

Fisiológicas: Intervalos de descanso; Conforto físico; Horário de trabalho razoável.

EQUILÍBRIO INCENTIVO OU ESTÍMULO Interno

Externo

NECESSIDADE OUTENSÃO NERVOSA

AÇÃO OU COMPORTAMENTO

SATISFAÇÃO OU ELIMINAÇÃO DATENSÃO NERVOSA

4.1.1. O Ciclo Motivacional

O ciclo motivacional é um esquema gráfico que ilustra como ocorre à motivação nos indivíduos. Essa foi uma outra contribuição, como já vimos, retirada da Escola das Relações Humanas e aproveitada pela Abordagem Comportamentalista. A figura abaixo ilustra o ciclo motivacional:

O CICLO MOTIVACIONAL

O ciclo motivacional parte do princípio que a motivação, no sentido psicológico do termo, é uma tensão nervosa persistente, decorrente de uma necessidade que leva o indivíduo a algum tipo de comportamento visando a sua satisfação, ou seja, a eliminação dessa tensão nervosa. Esse ciclo é composto das seguintes etapas:

Equilíbrio: onde o individuo encontra-se sem necessidade alguma;

Incentivo ou estímulo: é aquilo que vai interromper o equilíbrio e criar uma necessidade. Ele pode ser interno, caso seja uma lembrança, ou externo, caso seja algo percebido pelos nossos sentidos;

Necessidade: é a tensão nervosa criada pelo estímulo que nos leva empreender uma ação ou ter um determinado comportamento para poder eliminá-la;

Ação ou comportamento: é aquilo que fazemos para eliminarmos a tensão nervosa, ou seja, a necessidade;

Satisfação: é eliminação da tensão nervosa, o que provoca uma ótima sensação;

Retorno ao equilíbrio: uma vez eliminada a tensão nervosa o indivíduo volta para o estágio do equilíbrio e inicia imediatamente um novo ciclo.

Às vezes surge uma barreira intransponível que impede a pessoa de atingir a satisfação. Neste caso pode ocorrer o processo de substituição ou transferência que consiste em substituir a necessidade que não pode ser satisfeita por outra similar, parecida, que pode ser satisfeita. Desta forma o indivíduo atinge a satisfação e evita a frustração.

No caso da necessidade não puder ser satisfeita e nem substituída irá ocorrer o processo de frustração que constitui em eliminar a necessidade através da agressividade e da apatia.

4.1.2. As Novas Proposições Sobre a Motivação Humana

A teoria comportamental procura explicar o comportamento das organizações através do comportamento particular de cada indivíduo. Um aspecto central, por sua vez, para entendermos o comportamento das pessoas é entendermos o que as motivam. Consequentemente, o estudo da motivação humana é fundamental para os autores comportamentalistas e por isso esses resgataram antigos estudos sobre o assunto, como o ciclo motivacional desenvolvido pela teoria das Relações Humanas e criaram também novas proposições sobre esse assunto, tais como a teoria X e Y de McGregor e a teoria dos Dois Fatores de Herzberg.

4.1.3. Liderança

Provavelmente o conceito sobre liderança mais simples e mais difundido é aquele que diz que essa é a capacidade que alguns indivíduos possuem de influenciar, em maior ou menor grau, outros indivíduos. Assim, quanto maior é a capacidade que o indivíduo tem de influenciar outros indivíduos, maior será a sua capacidade de liderança e vice e versa.

O estudo do conceito de liderança é importante por dois motivos:

1. A maioria das organizações informais possui lideres informais e esses exercem uma enorme influência sobre os membros do seu grupo. Como esses grupos informais exercem um papel fundamental nas relações dos trabalhadores e suas empresas, é fundamental saber identificar esses lideres;

2. As empresas desejam que aqueles que ocupam cargos de confiança como chefes e gerentes, por exemplo, possuam alguma capacidade natural de liderança para que não dependam apenas dos instrumentos institucionais de coerção, fornecidos pelas organizações, para que possam influenciar o comportamento dos seus subordinados. Aliás, é isso que distingue o conceito de líder do conceito de autoridade, uma vez que esse último tem a capacidade de influenciar outras pessoas principalmente devido aos poderes que uma instituição lhe fornece para esse fim.

A liderança não deve ser confundida com autoridade. Essa última é uma liderança institucionalizada, ou seja, uma pessoa que recebeu poderes formais de uma organização para poder influenciar os seus subordinados. Obviamente as empresas preferem que aqueles que irão ocupar cargos de direção e, portanto, que possuem autoridade, tenha uma capacidade natural de liderança.

Os lideres costuma apresentar três estilos:

Líder autocrático: é aquele que centraliza o poder e as informações e toma decisões sem ouvir os membros do seu grupo. Na sua ausência o grupo sente muito a sua falta e fica praticamente paralisado;

Líder democrático: centraliza parcialmente o poder e as informações e ouve os membros do grupo antes de tomar as decisões. Na sua ausência o grupo não fica totalmente paralisado porque é capaz de tomar decisões simples;

Líder Liberal: age mais como um coordenador e por isso não centraliza o poder e as informações, tomando todas as decisões junto com o grupo. Na sua ausência o grupo não sente sua falta e toma todas as decisões.

4.2. A Teoria dos Dois Fatores de Herzberg

Herzberg desenvolveu uma teoria que tentou explicar o comportamento das pessoas em seu ambiente de trabalho através de dois fatores, que seriam os responsáveis por esse comportamento. Os dois fatores de Herzberg são:

1. Higiênicos ou extrínsecos, são aqueles que estão no ambiente que envolvem as pessoas, incluindo as condições onde elas exercem o seu trabalho. Esses fatores são controlados pela empresa e, consequentemente, as pessoas não possuem controle sobre elas. São exemplos desses fatores o salário, benefícios sociais, estilo de liderança da chefia, etc.;

2. Fatores motivacionais ou intrínsecos, são aqueles que estão ligados ao conteúdo do cargo e as características das tarefas executadas. Esses fatores são controlados pelos indivíduos porque estão relacionados diretamente com o que a pessoa faz e o cargo que desempenha.

Quando os fatores higiênicos estão sendo atendidos, isso não gera maior satisfação, porém se não atendidos geram insatisfação. Já quando os fatores motivacionais estão sendo atendidos, isso gera mais satisfação, porém se não atendidos isso não gera insatisfação.

4.3. Teoria X e Y de McGregor

Os defensores da teoria Comportamental preocuparam-se muito com os estilos de administração. McGregor, por exemplo, formula suas famosas teoria X e teoria Y, onde a primeira representa o estilo de administração tal como foi defendido por autores como Taylor, Fayol e mesmo Weber, ou seja, o bitolamento da iniciativa individual, o aprisionamento da criatividade do indivíduo etc. Já a segunda seria a moderna concepção da administração, de acordo com a teoria Comportamental, cujo estilo de administração é caracterizado pelo dinamismo, abertura e espírito democrático, através do qual administrar é um processo de criar oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, etc..

A figura abaixo ilustra como as organizações podem variar entre as teorias X e Y

Teoria Y Participativo

Teoria X Autoritário

1 2 3 4 5

4.4. Teoria Z

A Teoria Z, defendida nos tempos atuais traz uma grande contribuição para as teorias da administração, esta teoria que hoje é muito praticada fundamenta-se em preceitos e comportamentos vividos principalmente nos países orientais, tais como o Japão, Coréia, Taiwan, etc. Atualmente essa teoria é seguida e imitada por inúmeros países, inclusive o Brasil. Essa teoria, na verdade é hoje uma prática, prática esta que redescobre o Homem, a partir do momento que lhe abre a imaginação, permite liberdade de expressão e participação na vida das empresas.

Uma das principais características da Teoria Z é a ênfase dada a idéia de que o sucesso das administrações está ligada à motivação humana e não simplesmente na tecnologia dos processos produtivos. As máquinas são ferramentas sofisticadas a serviço do homem e, portanto, necessitando continuamente de aperfeiçoamentos do próprio homem.

Algumas idéias defendidas pela Teoria Z são:

A crença que o homem deseja participar;

O maior patrimônio de uma empresa são seus recursos humanos;

O homem é criativo;

Todo ser humano deseja ser original;

O trabalhador homem deseja a liberdade;

As empresas devem estimular a iniciativa por que o homem a deseja;

A maioria das pessoas são responsáveis;

As pessoas desejam estabilidade;

Todos buscam uma qualidade de vida melhor;

A insatisfação é uma característica humana;

As pessoas sabem trabalhar em grupo;

A coerência e a estabilidade do grupo significam uma maior segurança do indivíduo.

Estes conceitos hoje difundidos pela "Teoria Z", foram tirados do dia a dia das organizações orientais e, atualmente, também de algumas organizações ocidentais, e o resultado obtido tem sido a conquista de estabilidade no emprego, remuneração mais condizente, satisfação de participação nos problemas e sucesso das organizações.

A Teoria Z, não significa o fim do conceito de hierarquia de linha, como acreditam alguns, porém já não representa tanto peso na administração. Qualquer empregado ou grupo de empregados se reúne e questiona aspectos como: os métodos, os processos, as rotinas, os obstáculos, os custos, etc. e sugere mudanças, mudanças estas que racionalizam a vida comum do dia a dia e melhoram o desempenho individual das partes que leva a melhora do todo.

4.5. Tipos de Supervisão Segundo Likert

Likert, por sua vez, propõe quatro sistemas organizacionais que variam desde um sistema autoritário explorador até um sistema participativo grupal e eminentemente democrático. Desta forma, no sistema mais autoritário teríamos chefes igualmente autoritários e no sistema mais democrático teríamos chefes também mais democráticos e liberais.

4.6. Tipos de Supervisão Segundo Likert

Assim, segundo Likert temos os seguintes sistemas e tipos de supervisão:

Sistema Autoritário Coercitivo: supervisão de estilo extremamente autoritário;

Sistema Autoritário Benevolente: supervisão de estilo muito autoritário;

Sistema Consultivo: supervisão centralizadora que permite pequena participação;

Sistema Participativo: supervisão mais participativa de todas.

4.7. Processo Decisorial

O Processo decisorial também foi um dos principais assuntos que ocuparam os defensores da teoria Comportamental. Segundo essa teoria, todo indivíduo é um tomador de decisão, baseando-se nas informações que recebe do deu ambiente. Essas informações são processadas conforme as convicções de quem esta tomando as decisões, suas atitudes e pontos de vista em todas as circunstâncias. A organização, deste modo é vista como um sistema de decisões onde todos se comportam racionalmente apenas em relação a um conjunto de informações que conseguem obter a respeito de seus ambientes. Para que os participantes tenham atitudes apropriadas com as da organização, esta utiliza uma série de artifícios para orientar as decisões. Essa ideia de um tomador de decisões, dentro de uma racionalidade limitada pela escassez de informações possíveis de se obter e processar, leva ao conceito do “homem administrativo, que seria aquele cujo comportamento busca soluções satisfatórias, e não soluções ótimas”.

Herbert Simon, com o objetivo de explicar o comportamento humano nas organizações criou a Teoria das Decisões onde a organização é concebida como um sistema de decisões. Como cada pessoa participa da organização escolhendo e tomando decisões individuais de forma racional e consciente, nessa concepção cada pessoa esta continuamente tomando decisões, independentemente da posição na ocupada na hierarquia, do tipo de trabalho e mesmo do tipo de situação, tornando a organização um intricado e complexo sistema de tomadas de decisões.

Um aspecto das organizações apontado pela teoria Comportamental foi o conflito permanente existente entre os objetivos individuais e os organizacionais. Assim, à medida que as organizações vão pressionando os indivíduos para que esses se esforcem para que ela possa atingir seus objetivos, elas acabam privando as pessoas de atingirem seus objetivos pessoais, e vice-versa. Devido a essa preocupação, foram desenvolvidos uma série de modelos e proposições que são apresentadas pelos autores behavioristas para evitar os aspectos negativos de tal conflito.

Outro tema muito discutido pela teoria Comportamental da Administração é o comportamento organizacional. A reciprocidade entre indivíduos e organizações e suas relações de intercâmbio são importantes para o estudo das organizações.

Finalmente, a teoria Comportamental da Administração foi alvo de um número muito extenso de críticas, entre as quais se destacam: a ênfase excessiva dada as pessoas, abordagem muito descritiva, a relatividade das teorias de motivação, análise organizacional a partir do comportamento dos indivíduos etc..

QUESTIONÁRIO VIII

1. Quais são as origens da teoria Comportamental?

2. Segundo os behavioristas o que é necessário para dirigir bem?

3. Explique a hierarquia das necessidades de Maslow

4. Explique a teoria X e a teoria Y de McGregor.

5. Explique cada uma das necessidades de Maslow.

6. O que Likert fala sobre os estilos de administração?

7. Explique o Grid Gerencial.

8. O Processo Decisorial é importante para a teoria Comportamental? Explique.

9. No que se constitui a Teoria das Decisões?

10. Explique por que as organizações formam um sistema complexo de tomadas de decisões.

11. No que se constitui o homem administrativo.

12. Explique o conflito entre os objetivos individuais e organizacionais.

13. O comportamento organizacional preocupou os behavioristas? Explique.

14. Cite algumas criticas que foram formuladas contra a teoria Comportamental.