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TEORIA DA REGULAÇÃO E ABORDAGEM NEO-SHUMPETERIANA: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A POSSIBILIDADE DE COMPLEMENTARIDADE E CONVERGÊNCIA TEÓRICA 1 - INTRODUÇÃO O objetivo do artigo é buscar nas referencias teóricas da Escola da Regulação e nos trabalhos neo-schumpeterianos pontos de convergência ou complementaridade que nos permitam utilizar seus arcabouços teóricos e metodológicos como instrumentos de análise nas mudanças estruturais e dinâmicas de longo prazo nas economias capitalistas. Entendemos que a compreensão de diferenças básicas ou pontos de convergência ou complementaridade podem nos trazer elementos importantes no intuito de aproximar essas abordagens com vistas ao estabelecimento de um instrumental analítico para a interpretação da evolução econômica recente. Dividimos o trabalho em 4 itens além dessa introdução e das considerações finais. Nos itens 2 e 3 faremos uma síntese das contribuições regulacionistas e neo-schumpeterianas, respectivamente. Na seção 4, partindo das discussões na literatura e daquelas feitas nos itens anteriores, procuraremos identificar os possíveis pontos de convergência e complementaridade entre as abordagens teóricas em tela. Finalmente, no item 5, faremos algumas reflexões a título de considerações finais. 2 – A ABORDAGEM REGULACIONISTA: CAMINHOS E OBSTÁCULOS As teorias desenvolvidas pela chamada Escola Francesa de Regulação (EFR) nos parecem um referencial analítico instigante para discutir a questão do desenvolvimento. Partindo do trabalho fundador de Aglieta (1976), a EFR tem como principal característica a rejeição do paradigma neoclássico de independência entre o econômico e o social. Repousa suas teorias tanto nos aspectos concretos do processo de produção quanto nas formas sociais globais. Nesse sentido, as relações sociais passam a ser o centro dos processos econômicos, que se perpetuam ou entram em crise em função de lutas, compromissos e relações de força de uma sociedade: “...o sujeito econômico, soberano e imutável, desde dos tempos antigos às sociedades contemporâneas, não existe; as relações sociais são os sujeitos da história. As relações sociais não são ligações vantajosas mutuamente (...) são separações que contém sua própria definição como atributos irredutíveis, a rivalidade, o antagonismo, a violência...” (Aglieta, 1976, apud Sabóia, 1988, p.3) Para a reprodução dessas relações sociais, supõe-se a aceitação, por parte dos atores sociais, de regras básicas de ação voltadas para a produção e o consumo e caracterizadas por elementos técnicos e materiais. Desta forma, no intuito de confrontar a teoria com o mundo real os trabalhos em termos de regulação propõem conceitos baseados em diferentes níveis de

Teoria Da Regulação e Abordagem Neo-shumpeteriana

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  • TEORIA DA REGULAO E ABORDAGEM NEO-SHUMPETERIANA: ALGUMAS REFLEXES SOBRE A POSSIBILIDADE DE

    COMPLEMENTARIDADE E CONVERGNCIA TERICA 1 - INTRODUO

    O objetivo do artigo buscar nas referencias tericas da Escola da Regulao e nos trabalhos neo-schumpeterianos pontos de convergncia ou complementaridade que nos permitam utilizar seus arcabouos tericos e metodolgicos como instrumentos de anlise nas mudanas estruturais e dinmicas de longo prazo nas economias capitalistas. Entendemos que a compreenso de diferenas bsicas ou pontos de convergncia ou complementaridade podem nos trazer elementos importantes no intuito de aproximar essas abordagens com vistas ao estabelecimento de um instrumental analtico para a interpretao da evoluo econmica recente. Dividimos o trabalho em 4 itens alm dessa introduo e das consideraes finais. Nos itens 2 e 3 faremos uma sntese das contribuies regulacionistas e neo-schumpeterianas, respectivamente. Na seo 4, partindo das discusses na literatura e daquelas feitas nos itens anteriores, procuraremos identificar os possveis pontos de convergncia e complementaridade entre as abordagens tericas em tela. Finalmente, no item 5, faremos algumas reflexes a ttulo de consideraes finais. 2 A ABORDAGEM REGULACIONISTA: CAMINHOS E OBSTCULOS As teorias desenvolvidas pela chamada Escola Francesa de Regulao (EFR) nos parecem um referencial analtico instigante para discutir a questo do desenvolvimento. Partindo do trabalho fundador de Aglieta (1976), a EFR tem como principal caracterstica a rejeio do paradigma neoclssico de independncia entre o econmico e o social. Repousa suas teorias tanto nos aspectos concretos do processo de produo quanto nas formas sociais globais. Nesse sentido, as relaes sociais passam a ser o centro dos processos econmicos, que se perpetuam ou entram em crise em funo de lutas, compromissos e relaes de fora de uma sociedade:

    ...o sujeito econmico, soberano e imutvel, desde dos tempos antigos s sociedades contemporneas, no existe; as relaes sociais so os sujeitos da histria. As relaes sociais no so ligaes vantajosas mutuamente (...) so separaes que contm sua prpria definio como atributos irredutveis, a rivalidade, o antagonismo, a violncia... (Aglieta, 1976, apud Sabia, 1988, p.3)

    Para a reproduo dessas relaes sociais, supe-se a aceitao, por parte dos atores sociais, de regras bsicas de ao voltadas para a produo e o consumo e caracterizadas por elementos tcnicos e materiais. Desta forma, no intuito de confrontar a teoria com o mundo real os trabalhos em termos de regulao propem conceitos baseados em diferentes nveis de

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    abstrao. Partem do conceito de modo de produo, o nvel mais abstrato da anlise, e chegam at as formas institucionais que so os elementos que permitem a relao estabilizada entre os agentes econmicos e sociais. devido o carter geral e abstrato do conceito de modo de produo que surge, na teoria da regulao, a necessidade de construo de um conceito intermedirio, o de regime de acumulao. De fato, difcil aproximar ou confrontar diretamente a idia de modo de produo puro na realidade social existente, uma vez que, seria raro que um modo de produo puro representasse a totalidade das relaes constitutivas de uma formao social (Boyer, 1990, p.68). A partir dessa argumentao, podemos entender melhor existncia da noo de regime de acumulao na teoria regulacionista, como categoria necessria explicao e anlise dos fenmenos econmicos e sociais, e que definida por Boyer (1990) como:

    conjunto das regularidades que asseguram uma progresso geral e relativamente coerente da acumulao do capital, ou seja, que permitem absorver ou repartir no tempo as distores e os desequilbrios que surgem permanentemente ao longo do prprio processo(Boyer, 1990, p.71).

    Pela definio acima podemos verificar que o regime de acumulao no , necessariamente, um processo estvel e nico num mesmo modo de produo e que se desenvolve de maneira tranqila a longo prazo. importante considerar, num regime de acumulao, a ocorrncia de possveis rupturas e conflitos, sem esquecer a possibilidade de estar associado, ainda, a crises. Outro aspecto que dever ser salientado que a progresso de um regime de acumulao, se d a partir das formas de regulao e/ou das formas institucionais. As formas de regulao so os procedimentos sociais que asseguram a modificao conjunta das normas de produo e de consumo de um dado regime de acumulao (Lipietz, 1988). Por sua vez, as formas institucionais so as representaes formais onde se operam as formas de regulao, ou seja, atravs das formas institucionais que se relacionam os agentes econmicos induzidos pelas formas de regulao. Estas formas institucionais, de acordo com Boyer (1990), podem ser entendidas como toda a codificao de uma ou vrias relaes sociais fundamentais, que se apresentam em constante evoluo e que permitem uma melhor compreenso das regularidades de um determinado perodo histrico ou espao geopoltico. Os trabalhos em termos de regulao apontam cinco relaes sociais que eles consideram relaes sociais fundamentais para suas anlises. A primeira delas a relao salarial, ou a sntese das relaes entre os diferentes tipos de organizao do trabalho, o modo de vida e as modalidades de reproduo dos assalariados. Nesse sentido, a relao salarial, pressupe as configuraes histricas da relao capital/trabalho no que se refere ao tipo dos meios de produo, forma da diviso social e tcnica do trabalho, capacidade de mobilizao e dos vnculos dos assalariados empresa, aos determinantes da renda salarial direta ou indireta, e, finalmente, ligao entre o modo de vida dos assalariados e a sua capacidade de aquisio de mercadorias ou utilizao de servios coletivos extramercado (Boyer, 1990). Em suma, trata das normas de tempo, intensidade, valor, consumo, qualificao, hierarquia salarial e segmentao da fora de trabalho (Lipietz, 1988). Uma Segunda relao social fundamental a gesto da moeda. De acordo com Boyer (1990), a moeda seria um meio de relacionar os centros de acumulao com os assalariados e outros atores da economia mercantil. Teria o poder de manter as relaes entre os espaos

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    nacionais e internacionais, uma vez que constitui, por um lado, um dos atributos centrais dos Estados-Naes, tendendo a homogeneizar um espao de circulao de mercadorias no interior de fronteiras essencialmente polticas. Por outro lado, diante da iniciativa dos agentes da relao mercantil e da possibilidade de conversibilidade instituda pelas autoridades monetrias, estabelece uma correspondncia com outros espaos de circulao, onde a lgica monetria supera a do Estado-Nao e impe limites sua autonomia. Portanto, a forma de restrio monetria ou gesto da moeda, caracteriza-se tambm, como uma das formas institucionais fundamentais, sobretudo no aspecto macroeconmico. A maneira especfica de criao de moeda e instituio do crdito um outro aspecto que se deve observar quanto gesto da moeda. Na verdade, a moeda torna-se a base da reproduo dos sistemas mercantis, incutindo a estes uma regulao tanto monetria quanto real. Isso significa dizer que a dinmica das relaes entre crdito e moeda pode agir sobre os rumos da acumulao, da produo e do emprego, a partir do controle da emisso, da circulao e da forma do engajamento da utilizao da moeda e do crdito no setor produtivo.

    A concorrncia intercapitalista, surge tambm como relao social fundamental medida que, estudar a articulao entre as leis da acumulao do capital e as leis da concorrncia intercapitalista significa evidenciar o processo contraditrio da relao salarial e de estratificao de duas classes socais opostas (a burguesia e o proletariado) constituda por esta relao (Aglieta, 1976). Por outro lado, a concorrncia dos capitais autnomos procede do antagonismo fundamental inerente relao salarial (relao capital/trabalho), que a fora motriz da acumulao do capital. Neste sentido, a expanso da relao salarial, traz no seu bojo, o desenvolvimento desigual dos capitais, reforando assim sua concentrao. Ao fazer estas colocaes, Aglieta (1976) tenta demonstrar que o estudo das leis da concorrncia no seu sentido mais geral (o modo de funcionamento de determinados mercados) deve considerar a anlise das relaes intercapitalistas no seu sentido mais restrito, ou seja, enquanto forma institucional. Isto , tratar da concorrncia intercapitalista significa, fundamentalmente, preocupar-se com o modo de organizao das relaes entre as unidades produtivas que so os centros da acumulao fracionada (Boyer, 1990). Nesse aspecto, as abordagens em termos de regulao apresentam basicamente dois casos polarizados: a) os mecanismos concorrenciais, quando a validao dos trabalhos privados deve ser definida ex-post, no mercado, ou b) mecanismos monopolistas1, caso prevaleam certas regras de socializao ex-ante da produo para uma demanda social de montante e composio sensivelmente equivalentes.

    A adeso do Estado-Nao ao regime internacional e a relao entre o Estado, o capital e o regime de acumulao, so as ltimas relaes sociais fundamentais. A forma em que se d adeso de cada pas ao regime internacional um elemento bsico para compreender as foras que asseguram a coeso de todo o regime internacional. Esta questo no pode ser resumida dicotomia economia fechada/aberta nem forma como cada pas adere ao regime, uma vez que uma mesma caracterstica pode favorecer o crescimento de um pas e, ao mesmo tempo, inibir, ou pelo menos dificultar este processo em outro pas. Na realidade, a adeso do Estado-Nao ao regime internacional fundamental para a diviso internacional do trabalho.

    Boyer (1990), cita o processo de industrializao da economia britnica (importao de produtos agrcolas e matrias-primas destinadas indstria associada a produo e exportao de produtos txteis) como um exemplo do resultado bem articulado do 1 - Aqui, define-se como mecanismos monopolistas os mecanismos responsveis pelas formas estabilizadoras, num modelo de desenvolvimento, que deixam pouco espao para o livre mercado. Por exemplo: as convenes coletivas e a indexao dos salrios no fordismo (Jetin, 1996).

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    desenvolvimento de um regime de acumulao com o resto do mundo. Assim, deve-se conseguir definir, ou pelo menos entender, o equivalente de formas institucionais nacionais e apontar diferentes princpios de coeso com o regime internacional. Concluindo a anlise sobre as formas institucionais, nos resta discutirmos a natureza das relaes entre o Estado, o capital e a acumulao. Ainda segundo Boyer (1990), o Estado apareceu como a sntese de um conjunto de compromissos institucionalizados. Nesta perspectiva, as formas institucionais e os compromissos institucionalizados mostram-se diretamente interdependentes, uma vez que:

    De um lado, as formas da relao salarial e da concorrncia interferem na gesto das transferncias sociais e das despesas pblicas de carter econmico. De outro lado, o direito, os regulamentos a as regras promovidas ou autenticadas pelo Estado tm um papel quase sempre determinante na difuso e, por vezes, na prpria gnese das formas institucionais fundamentais. (...)Em funo da multiplicidade e da complexidade destes vnculos entre intervenes do Estado e a atividade econmica, compreendemos por que foi possvel associar a passagem de um regime de acumulao a outro, a uma mutao das formas do Estado. Circunscrito ou inserido, o Estado faz, portanto, parte integrante da definio, da montagem e depois da crise de todo e qualquer regime de acumulao... (Boyer, 1990, p.78)

    Aglieta (1976), por sua vez, afirma que quanto mais a classe capitalista se divide em funo de mudanas nas formas de concorrncia, mas ela conduzida a buscar sua unidade no Estado e consolidar seu domnio obrigando a sociedade a manter relaes permeadas por este Estado. De fato, sob a responsabilidade do Estado est a conduo de duas das mais essenciais formas institucionais: emisso da moeda e relao salarial. Neste ltimo caso, especificamente atravs da capacidade estatal de interferir sobre o valor da fora de trabalho, por meio da regulamentao sobre os rendimentos disponveis(o salrio mnimo, por exemplo). A descrio de um regime de acumulao, de formas institucionais e de formas de regulao no explicam totalmente como os agentes econmicos conseguem ajustar as suas decises dirias, uma vez que estas podem ser encaradas como restries pontuais ou parciais. Resta-nos apresentar, qual seria o elemento ou fio condutor que estabeleceria a relao de uma noo macro como o regime de acumulao e as formas institucionais fundamentais; ou, ainda, de que maneira as formas de regulao ou as regularidades parciais convergem para a regulao de todo o sistema ? para responder a este questionamento que surge a noo de modo de regulao, voltada para a busca do entendimento sobre a interao entre a passagem de um conjunto de racionalidades, limitadas face s decises mltiplas e descentralizadas de produo e de troca, e a coerncia dinmica do sistema como um todo. Assim, qualifica-se como modo de regulao:

    todos os comportamentos dos atores sociais e econmicos que tenham, completamente, as funes de reproduzir as relaes sociais; de sustentar o regime de acumulao em vigor e garantir a

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    compatibilidade ou coerncia das diversas decises tomadas por parte dos agentes econmicos (Boyer, 1990, p.80)

    Em suma, o cerne da abordagem regulacionista que o modo capitalista de produo

    evolui atravs de modelos de desenvolvimento, sustentados por um regime de acumulao e um modo de regulao especficos. O regime de acumulao uma forma especfica assumida pelo processo de acumulao capitalista, cujo objetivo precpuo assegurar a acumulao do capital, atravs da absoro ou repartio, no tempo ou no espao, de suas distores e seus desequilbrios, dando uma idia de coerncia ao processo. O modo de regulao, por sua vez, deve ser analisado e entendido como todos os comportamentos institucionalizados, formais ou informais, que tenham o objetivo de reproduzir, sustentar e tornar compatvel com a coerncia do regime de acumulao as decises dos agentes econmicos, que, a priori, so individuais e independentes. Dentro desta perspectiva, regime de acumulao e modo de regulao so faces de uma mesma moeda que sustentam um modelo de desenvolvimento sob o modo de produo capitalista. Do exposto, cabe-nos indagar qual seria a forma que os modelos de desenvolvimento evoluem no tempo, isto , o que provocaria a passagem de um modelo de desenvolvimento a outro ? De acordo com as observaes precedentes e conforme Farias (1998), a evoluo do modo de produo capitalista e a sucesso de seus estgios de desenvolvimento so delimitados por grandes crises que funcionam como mecanismos de passagem de um estgio para outro. Cada estgio correspondendo, assim, a um perodo de estabilidade em que a acumulao do capital progride de forma ininterrupta e onde perceptvel um conjunto de regularidades que garante a reproduo do sistema, at que surja uma nova crise ou um novo elo entre um modelo de desenvolvimento e outro. Verifica-se, assim, que as teorizaes sobre as crises, mesmo na teoria da regulao, esto associadas aos movimentos cclicos, tendendo a serem aceitas como parte integrante do prprio sistema. Isto , o elo entre uma fase de boom e um perodo de recesso, depresso, estabilidade e nova retomada do crescimento, sendo que a dimenso e a forma das crises dependem das variantes do modo de regulao em vigor, ou seja, as crises devem ser concebidas como rupturas na continuidade da reproduo das relaes sociais, estando presentes, inclusive, no prprio modo de regulao e jamais podendo estar ausente de um regime de acumulao (Aglieta, 1976). A partir da tipologia desenvolvida por Boyer2, observa-se a existncia de dois tipos fundamentais de crise. A primeira, classificada de pequena crise, seria resultante de episdios conjunturais atrelados s contradies do prprio processo de acumulao, provocando uma queda na taxa de lucro, com possibilidades de recuperao posterior. As grandes crises ou as crises estruturais so identificadas nos momentos em que a dinmica econmica e social entra em contradio com o modo de desenvolvimento que a impulsiona. Sobressai, ento, o carter contraditrio da reproduo do sistema a longo prazo. Este tipo de crise tem afetado historicamente tanto a regulao como o regime de acumulao3.

    2 - Em Regulao e Crise do Capitalismo... , Aglieta (1976) j se refere s pequenas crises e grandes crises. Optamos pela abordagem de Boyer por consider-la de melhor compreenso e mais prxima da interpretao que pretendemos dar, a este assunto, no presente trabalho. 3 - Os regulacionistas, reconhecem sobretudo as crises estruturais sob capitalismo do final do sculo XIX e a de 1929.

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    As grandes crises podem ser distinguidas por duas vias: quando a regulao desestabiliza o regime de acumulao (crise no modo de regulao) ou quando a crise deste ltimo afeta a regulao (crise no regime de acumulao). Boyer (1990) define crise no modo de regulao como o momento em que os mecanismos ligados regulao vigente apresentam-se incapazes de reverter os desdobramentos desfavorveis, mesmo quando, ao menos inicialmente, o regime de acumulao mostra-se vivel. Segundo o autor, pode-se perceber trs circunstncias: 1. As perturbaes externas e internas de um novo tipo no podem ser resolvidas no interior

    de um modo de regulao, cuja estabilidade estrutural (progressivamente constituda ao longo da histria) depende de outros fatores aleatrios. Em certa medida, este tipo de crise complementar quele definido anteriormente: a dimenso do choque exgeno tem menos relevncia do que sua incompatibilidade ou inadequao frente formao econmica em questo;

    2. As lutas sociopolticas questionam os compromissos institucionalizados e a conjuno de estratgias individuais destri os componentes da regulao, fazendo com que a nova configurao das estruturas sociais torne-se incompatvel com a ampla reproduo econmica do sistema. Assim, a crise passa a expressar o conflito entre o tempo do poltico e o tempo do econmico, nos aspectos relacionados acelerao, a periodizao e o descompasso, entre eles.

    3. Por oposio, o prprio aprofundamento da lgica da regulao em vigor que pode levar ao esgotamento das possibilidades de crescimento e ao incio de uma crise de longo prazo. A depresso representa, ento, menos o resultado da insuficincia e do carter embrionrio da regulao do que sua plena maturidade. De certo modo, os sucessos do passado contribuem na gnese, quando no no impulso inicial, e na forma exata da crise atual. Ainda que o acaso e o acidental tenham importante papel no curso de uma crise do sistema de regulao, no podemos reduzi-la a uma simples flutuao gigante ou a uma perturbao de novo tipo. Desta forma, importante distinguir os fatores de impulso dos fatores de propagao: a regulao entra em crise quando os desequilbrios locais conjugam-se e no podem mais serem reduzidos pelos procedimentos scio-econmicos vigentes.

    Essas trs formas de crise da regulao podem resultar de algumas das formas

    institucionais do prprio modo de regulao. Ou seja, da inadequao no tipo de concorrncia, da relao salarial, das intervenes do Estado, da gesto monetria ou, ainda, da modalidade de insero nas relaes internacionais. Enfim, a crise no regime de acumulao ou modelo de desenvolvimento entendida como o aumento, at o limite mximo, das contradies no interior das formas institucionais mais essenciais. Assim, so questionadas as regularidades mais fundamentais, aquelas que legitimam a organizao da produo, o horizonte de valorizao do capital, a repartio do valor e a composio da demanda social.

    3 A ABORDAGEM NEO-SCHUMPTERIANA: CAMINHOS E OBSTCULOS Possas (1986) aponta que sob o rtulo neo-schumpeteriano situam-se contribuies de volume e importncia crescente que procuram focalizar, com inspirao nos trabalhos de Schumpeter dinmica capitalista, o processo de transformao econmica e institucional que periodicamente tem lugar na economia, em diferentes graus de intensidade e abrangncia, sob o impacto de inovaes tecnolgicas.

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    Para efeito deste trabalho, abordaremos as contribuies neo-schumpeterianas da corrente de autores da Science Policy Research Unit (S.P.R.U) da Sussex University, na Inglaterra. So dois os motivos bsicos para esse recorte metodolgico: i) De acordo com Alban (1999), a SPRU agrupa, em suas linhas de pesquisa, os principais pesquisadores neo-schumpeterianos envolvidos com o estudo dos chamados ciclos longos de desenvolvimento, o que em ltima anlise, a discusso de trata este artigo e ii) No nosso entendimento, as contribuies dos autores ligados a SPRU, e sua respectiva taxonomia, facilita nossa intento em realizar uma discusso comparativa com as contribuies da EFR. O ponto de partida das anlises neo-schumpeterianas da SPRU foi, de acordo com Alban (1999), o trabalho de Freeman, Clark e Soete de 19824: Unemployement and technical innovation: a study of long waves and economic development. Nesse trabalho os autores apontam que a chamada teoria do bunchs de inovaes a la Mensch5, enquanto elemento explicativo do ciclo econmico, insuficiente. Obviamente, enquanto neo-schumpeterianos, a idia de bunchs de inovaes o elemento fundamental para anlise desses autores. A discordncia fundamental, entre as interpretaes, situa-se na anlise das inovaes incrementais e do mecanismo de acelerao, proposto por Mensch:

    Esses autores, embora reconhecendo o pioneirismo do trabalho de Mensch, desmontam com base em estatsticas mais completas e atualizadas a consistncia do seu principal argumento, qual seja, a ocorrncia do mecanismo acelerador de inovaes durante a crises (...)Uma inovao em si, ou mesmo um conjunto delas, no provoca nenhum ciclo econmico. Como j percebera Schumpeter, o que provoca o ciclo a difuso conjunta das inovaes, gerando um grande investimento agregado com desdobramentos macroeconmicos em todo o sistema. (...) Os autores consideram que o processo de difuso no se d pela mera cpia carbono das inovaes, mas sim pelo desenvolvimento das mesmas. Este desenvolvimento, por sua vez, no ocorre ao acaso, mas sim seguindo determinadas trajetrias tecnolgicas, que consistem em formas padres de se enfrentar os problemas e os potenciais tcnico-organizacionais que surgem no espraiamento das inovaes. Deste modo, como as trajetrias no so exclusivas de um nico produto, e muitas vezes exigem concomitncia de vrios produtos, engendra-se em determinados momentos a criao de sistemas tecnolgicos, que levam ao surgimento e desenvolvimento conjunto de clusters de inovaes (Alban, 1999, p.60/61)

    4 - Alban (1999), aponta que o primeiro trabalho a retomar de modo mais amplo a teoria schumpeteriana dos ciclos longos foi Stalemate in Technology, trabalho de Gerhard O Mensch de 1979 (primeira edio em alemo 1975). Contudo, a sua contribuio no pode ser considerada genuinamente neo-schumpeterianas, visto que, o autor no procurava avanar a teoria a partir do mesmo. Ao contrrio, continuava Alban, ele indicava a todo o momento o seu propsito de criar um modelo novo explicativo para o ciclo. Paradoxalmente, seu insucesso que permite analisar seu trabalho como uma primeira contribuio neo-schumpeterianas. 5 - A teoria dos bunchs foi colocada inicialmente por Mensch (1975). O Autor assume como Schumpeter, que as fases do desenvolvimento econmico decorrem do surgimento peridico de bunchs de inovaes radicais, que ele chamava de bsicas. Para ele, contudo, essas inovaes bsicas no so acabadas, mas sim o ponto de partida para desdobramentos tecnolgicos. Ou seja, o processo de difuso dessas inovaes associadas aos melhoramentos (inovaes incrementais) que abrem novas oportunidades de investimento. exatamente essas inovaes incrementais e o conseqente aparecimento de novas inovaes radicais que caracterizam o ciclo econmico (Alban, 1999).

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    Diante dessa nova feio do problema, surge a necessidade de explicao para o aparecimento de um sistema de inovaes abrangente, num ambiente composto por uma diversidade de empresas. Ou como coloca Jetin (1996): como que se instala, durante alguns perodos, uma ordem tecnolgica que ir organizar os esforos das empresas, dando uma direo ao desenvolvimento do progresso tecnolgico ?.

    A primeira resposta dada a essa questo foi elaborada por Giovanni Dosi, em 1982, ao estabelecer o conceito de paradigma tecnolgico6:

    um paradigma tecnolgico pode ser definido como um padro para a soluo de problemas tcno-econmicos selecionados, baseados em princpios altamente especficos derivados das cincias naturais. Um paradigma tecnolgico tambm um conjunto de (...) [produtos e] artefatos bsicos a serem desenvolvidos (...) e um conjunto de heursticas [para definio dos objetos de pesquisas] (...) Em outros termos, paradigmas tecnolgicos definem as oportunidades tecnolgicas para novas inovaes e os procedimentos bsicos de como explora-las (Dosi, citado por Alban, 1999, p.61/62)

    Jetin (1996), aponta que a definio de paradigma tecnolgico de Dosi encerra ao mesmo tempo um conceito tcnico, medida que seu enfoque sobre a lgica da tcnica, e microeconmica (mesoeconmica) por que se refere a empresas ou indstria. Nesse sentido, os paradigmas definem as oportunidades tecnolgicas para as inovaes posteriores e ao mesmo tempo os procedimentos bsicos que vo permitir a explorao dessas novidades. Dessa forma, so os paradigmas tecnolgicos que vo guiar os esforos de pesquisa em determinadas direes. Essas direes, por sua vez, definiro as trajetrias tecnolgicas, ou: a estruturao e o desenvolvimento dos clusters de inovaes bsicas em um dado sistema tecnolgico (Alban, 1999). Assim, percebe-se que enquanto o paradigma tecnolgico define o quadro geral e as oportunidades tecnolgicas, as trajetrias, so uma escolha mais precisa dentro de um conjunto definido pelo paradigma, explorando todas as possibilidades at a exausto das suas potencialidades. Significa dizer que para se adotar uma nova trajetria ser necessrio um outro paradigma (Jetin, 1996). Surge, aqui, uma segunda questo: quais seriam os elementos que definiriam a periodicidade de um paradigma tecnolgico ? Ou de acordo com Alban (1999): porque razo os ciclos longos engendrados pela difuso dos sistemas tecnolgicos tendiam a ocorrer a cada 50 anos ? A essa pergunta, duas respostas so apresentadas. A primeira delas, segundo o prprio Alban (1999), a sua eliminao, ou seja, a substituio da idia de ciclos pela noo de ondas longas7: A segunda resposta , na realidade, um aprofundamento e desenvolvimento da noo de paradigma tecnolgico para a noo de paradigma tcno-econmico, que engloba e supera o primeiro, em contedo e abrangncia:

    6 - De acordo com Jetin (1996), a idia de Dosi foi de que o desenvolvimento da tecnologia era cada vez mais parecido com o desenvolvimento da cincia. Dessa forma, seria possvel usar a noo de paradigma de Thomas Kuhn. Ele usou as mesmas noes para entender como se formam os novos conhecimentos em tecnologia. 7 - os autores chegam concluso de que a periodicidade constante simplesmente no existe (ou pelo menos no pde ser comprovada) e assim preferem considerar e denominar o fenmeno como de ondas longas e no ciclos longos (Alban, 1999, p.62/63)

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    Surgindo como uma viso auxiliar, a percepo de que a emergncia de um novo sistema tecnolgico exigia mudanas estruturais profundas se tornou uma das vigas mestras da teoria neo-shumpeteriana. Com base na mesma, Carlota Perez formula, j em 1983, o conceito de paradigma tecno-econmico (...) Em linhas gerais, os autores consideram a emergncia de um novo paradigma tecno-econmico como o surgimento de um importante sistema tecnolgico, ou mesmo um conjunto articulado de sistemas tecnolgicos, possibilitando e engendrando o progresso tcnico em todos, ou quase todos os setores da economia, associado a toda uma estrutura social e insitucional (Alban, 1999, p.63/64)

    Com o aprofundamento do conceito e do desenvolvimento terico da noo de paradigma tecnolgico, verifica-se que a revoluo tecnolgica que d origem s ondas longas de desenvolvimento no apenas supera a discusso no nvel micro e mesoeconomico mas interfere, fundamentalmente, em toda a estrutura scio institucional. Jetin (1996), afirma que o ponto de partida dessa nova noo que, cada poca histrica marcada por uma ou duas inovaes radicais que influenciam a economia inteira, partindo de um fator chave que modifica radicalmente a estrutura de custos relativos de um grande nmero de industrias ao mesmo tempo. Essa mudana influencia os processos de fabricao, a organizao administrativa, a organizao do trabalho, as formas de cooperao entre as empresas e tambm as formas de concorrncia. Nota-se que sob o paradigma tecno-econmico a mudana geral no tem s a ver com a base tecnolgica, mas tambm, com inovaes tcnicas, gerenciais e sociais. E esse conjunto de inovaes que vai progressivamente adquirir uma coerncia, tornando-se um sistema interligado pelos sistemas que o compe. Aqui, surge novamente outra questo fundamental para as anlises em termos neo-schumpeterianos. Ou seja, enquanto sob a noo de paradigma tecnolgico, o esgotamento desse paradigma poderia ser encarado como um prenncio de uma nova onda de inovaes radicais, sob a noo ampliada de paradigma tecno-econmico, a sua transformao implica uma crise de transio. Em outros termos, a tenso existente entre o fim de um paradigma tecno-econmico e o surgimento de um novo, por englobar toda uma estrutura scio-institucional, caracteriza-se como crise de transio medida que faz-se necessrio uma adequao dos mecanismos institucionais do antigo paradigma para o novo.

    A partir disto evidente que o perodo de transio a fase descendente e a depresso da onda longa caracterizado por profundas mudanas estruturais na economia e tais mudanas requerem transformaes igualmente profundas na moldura social e institucional. A ocorrncia de prolongadas tendncias recessivas indica a ampliao do grau de desacordo entre o subsistema tecno-econmico e a antiga moldura scio-institucional. Isto mostra a necessidade de uma completa reformatao do comportamento social e das instituies para atender aos requerimentos e ao potencial da mudana que j ter ocorrido numa considervel extenso da esfera tecno-econmica. Esta reformatao acontece em funo de um processo poltico de busca, experimentao e adaptao, que, quando

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    estiver concludo, atravs de vrias mudanas sociais e polticas a nvel nacional e internacional, facilitar a fase ascendente de onda longa (Freeman e Perez, 1980 citado por Alban, 1999, p.63/64)

    Em suma, a abordagem dos neo-schumpeterianos da SPRU compem uma interpretao para ciclos longos, os quais so caracterizados por um fator chave ou um paradigma tecno-econmico que explica todo o seu encadeamento.

    A idia que atravs da diversidade aparente das tcnicas que caracterizam cada ciclo de crescimento, existe um conjunto de princpios especficos, que vo ser aceitos enquanto common sense pelos empresrios e engenheiros. (...) Esses princpios estruturam as inovaes, a organizao da firma, a organizao de cada ramo industrial, as inovaes a nvel de um pas e as inovaes de um pas para o outro. As inovaes, em todos os nveis, vo progressivamente, difundir-se pela sociedade inteira e vo gerar ganhos de produtividade muito importantes na fase ascendente do ciclo Kondratieff. Depois desse perodo de difuso geral, os ganhos de produtividade vo decrescer por causa da mudana da atividade tecnolgica de uma fase de aplicao das inovaes radicais a uma fase de aplicao das inovaes implementares; os ganhos de produtividade, que foram inicialmente importantes, vo ser menores ao longo da fase descendente do ciclo de Kondratieff (Jetin, 1996, p. 13)

    A diminuio dos ganhos de produtividade gerar, necessariamente, um processo de reestruturao, inclusive com novas inovaes tecnolgicas onde as empresas mais fortes tendem a se fortalecerem ainda mais (compra de aes de empresas mais fracas, fuses etc), caracterizando um verdadeiro processo de centralizao de capital nas firmas sobreviventes (Jetin, 1996). Aqui, o termo firmas sobreviventes deve ser melhor qualificado. Essas empresas so consideradas sobreviventes porque o processo de restruturao, latu senso, as tornaram capazes de sobreviver aos obstculos impostos pelo antigo paradigma, transformando-as, assim, como modelos vitoriosos a serem imitados. Com efeito, de acordo com o arcabouo terico em discusso, essas empresas no teriam lugar no antigo paradigma tecno-economico, fazendo-se necessrio, portanto, uma nova adequao da estrutura scio institucional. E esse novo processo de adaptao que faz com que um novo ciclo seja retomado. Em resumo: ocorrendo uma inovao radical, num primeiro momento as estruturas scio-institucionais agem como amarras para o desenvolvimento de inovaes incrementais. Contudo, num segundo momento, com a sobrevivncia e reestruturao de determinadas empresas, a despeito dessas amarras scio-insitucionais, as inovaes incrementais passam a ser realizadas dando incio a um novo processo de crescimento paulatinamente criao e/ou adequao de novos mecanismos institucionais e entre esses dois momentos que se instala a chamada crise de transio entre paradigmas tecno-econmicos. Do exposto, o que podemos notar que sob a abordagem neo-shumpeteriana, existe um contedo acentuado de determinismo tecnolgico. Isto , a inovao radical que ser responsvel tanto pela fase de cadncia (tenso entre a inovao e as estruturas scio-institucionais) e ascenso (adequao entre as inovaes e as estruturas scio-institucionais)

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    dos longas ondas de desenvolvimento. Ou seja, o arcabouo analtico em discusso, apresenta-se como determinista no sentido tecnolgico medida que demonstra a passividade da dimenso institucional e social, em comparao a nfase dada a dimenso tcnica, no que diz respeito aos seus efeitos de mdio e longo prazos sobre todo o ambiente econmico e social. Alis, essa uma das principais crticas feitas s contribuies tericas neo-schumpeterianas8 4 REGULACIONISTAS vcs NEO-SCHUMPETERIANOS: CONSIDRAES SOBRE POSSIBILIDADES DE CONVERGNCIA OU COMPLEMENTARIDADE A idia de convergncia ou complementaridade entre as abordagens regulacionistas e neo-schumpeterianas no nenhuma novidade. Na realidade, as discusses sobre a afinidade terica entre essas duas correntes da economia poltica j possui uma literatura razovel. No Brasil, Possas (1986), por exemplo, julga que esses dois arcabouos tericos so os dois grandes blocos de abordagens contemporneas, no convencionais, economia da mudana tecnolgica com a mesma noo de abrangncia e profundidade de preocupaes que, j no incio dos anos 80, vinha tendo grande difuso e influncia entre os pesquisadores. Jetin (1996), por sua vez, ao analisar as teorias do progresso tcnico e as firmas multinacionais, utiliza o arcabouo terico da regulao como resposta principal crtica por ele apontada s abordagens neo-schumpeterianas desenvolvidas por C. Perez e C. Freeman que exatamente a ausncia de um tratamento mais elaborado sobre os dispositivos institucionais ligados diretamente a determinao do nvel de educao nos diversos pases, uma vez que o nvel educacional seria, segundo ele, condio sine qua non para que se pudesse usar de maneira eficiente as novas tecnologias.

    Recentemente, Alban (1999), utiliza a taxonomia regulacionista e neo-shumpeteriana na construo de seus argumentos para sua anlise do chamado crescimento sem emprego:

    Nos termos do modelo sntese, pode-se dizer que o fordismo [grifo nosso], ao garantir institucionalmente o repasse dos ganhos de produtividade para os salrios, evita a rota de fuga especulativa, mantendo a economia permanente em gi*. O marco institucional fordista [grifo nosso], por conseguinte, embora no sendo a causa primria, atua como principal mantenedor do processo de crescimento com equilbrio de pleno emprego. A causa primria continua sendo o paradigma tecnolgico [grifo nosso] de base micro eletrnica, em que os grandes ganhos de produtividade s podem se dar com a explorao de escalas estanques crescentes, exigindo investimentos tambm crescentes (Alban, 1999, p.171/172)9

    8 - Ver Jetin (1996), Dockes (1990) e Dockes (1993). 9 - Aqui, devemos salientar que a construo analtica do autor no se resume na relao crtica ou absoro pura e simples das categorias de anlise dessas correntes tericas, mas de um conjunto de contribuies tericas ao estudo do desenvolvimento. Devemos salientar tambm que sua interpretao sobre o termo fordismo, por exemplo, fundamentalmente crtica. esse aparato (aparato econmico-institucional) denominado equivocadamente de fordismo, que garante de fato a continuidade e a qualidade dos anos dourados. O que nos interessa, de fato, a utilizao pelo autor, num mesmo argumento, categorias tipicamente regulacionistas como fordismo e marco institucional fordista e neo-schumpeterianas (paradigma tecnolgico), o que indica sua opo por tratar essas categorias como se fizessem parte de um mesmo arcabouo conceitual.

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    Do exposto, podemos perceber que as linhas de pesquisas sob essas duas correntes tericas possuem vrios pontos, no s de convergncia, mas principalmente de complementaridade que, a grosso modo, se justificam pela abrangncia de suas pretenses (mudanas institucionais e dinmica de longo prazos das economias capitalistas desenvolvidas) pelo tempo de decantao (ambas possuem aproximadamente vinte anos) e pela crescente influncia entre os pesquisadores brasileiros (Veiga, 1998). A essa observao, adicionaramos o fato de que ambas esto fora do chamado fluxo principal de trabalhos em economia (mainstream). Outro aspecto que devemos considerar que, a maioria dos autores que abordam essa questo apontam tanto as semelhanas quanto as diferenas entre as abordagens regulacionistas e neo-schumpeterianas esto mais em seus respectivos cdigos genticos, do que em suas eventuais adaptaes ao ambiente no qual se desenvolveram. Ou seja, as diferenas fundamentais entre as abordagens estariam nas suas razes: Schumpeter para os neo-schumpeterianos e Marx para os regulacionistas (Veiga, 1998) Apesar de, em tese, concordamos com a afirmao acima, no nos ateremos a discutir as divergncias ou possibilidades de convergncia entre Schumpeter e Marx. Em primeiro lugar, tal esforo extrapolaria os objetivos desse trabalho. Por outro lado, entendemos que as contribuies regulacionistas e neo-schumpeterianas, em si, j demandam a necessidade de esclarecimento de pontos de contato entre suas taxonomias, independentemente, de suas origens genealgicas, mesmo porque, enquanto escolas de pensamento esto em plena construo. De acordo com Veiga (1998), o que mais distingue, hoje, os projetos neo-schumpeterianos (evolucionistas) e regulacionistas so suas respectivas nfases nas inovaes e nas instituies:

    Hoje, o que mais distingue os projetos evolucionista e regulacionista so justamente suas respectivas nfases nas inovaes. Para os primeiros, os perodos de expanso esto ligados introduo e difuso de importantes invenes, enquanto as depresses so perodos de transio entre dois regimes tecnolgicos. Para os ltimos, a taxa de acumulao no essencialmente determinada pelo progresso tecnolgico, mas depende crucialmente das instituies que permitem o exerccio do poder pelos capitalistas. (Veiga, 1998, p.90)

    Do que foi visto, verifica-se, de antemo, que no podemos falar em divergncia entre essas duas correntes de pensamento - pelo o menos no sentido lato desta palavra - e sim estritamente quando se procura atribuir qual seria o elemento responsvel, em ltima instncia, pelo surgimento, expanso e depresso das ondas longas de desenvolvimento (ou de um modelo de desenvolvimento). Nesse ponto, acreditamos ser necessrio um questionamento que nos parece fundamental para a melhor compreenso dessas discusses. Isto , seria, realmente, possvel que as transformaes econmicas e sociais num determinado perodo de ondas longas de desenvolvimento, serem resultantes, fundamentalmente, de apenas um conjunto de eventos de uma mesma ordem ou mesma categoria analtica como tecnologia ou instituies ? Em outros termos, a nfase nas instituies ou a nfase nas tecnologias seria, de fato, uma forma metodolgica apropriada para discutir as questes de natureza complexa que envolvem todo um processo cclico da economia ?

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    A nossa resposta, de antemo, evidentemente no. Alm disso, o que queremos apresentar que no nos parece s ser impossvel conseguir isolar o papel do desenvolvimento tecnolgico ou do desenvolvimento institucional enquanto vetores principais das ondas longas de desenvolvimento, mas essencialmente, que a atual complexidade das relaes sociais, inclusive econmicas, exige, no nosso entendimento, a necessidade de identificao desses vetores no tempo e no espao que, por serem to imbricados, podem se alternar em momentos especficos e em velocidades cada vez maiores, possibilitando concluses equivocadas sobre os complexos processos da economia e da sociedade.

    A questo chave, nessa discusso, nos parece que tentar estabelecer uma sntese entre essas contribuies tericas. Com efeito, Freeman (1988) citado por Veiga (1998), por exemplo, j apontava que a possibilidade de sntese entre essas duas correntes de pensamento ocorreria em situaes que ambas, mutualmente, prestassem mais ateno na outra. Os regulacionistas nas determinaes tecnolgicas e os neo-schumpeterianos nas formas institucionais. Aqui, mais uma vez, nos parece evidente que o sentido de complementaridade supera a idia de convergncia entre essas duas abordagens.

    Docks (1990), por sua vez, vislumbra nas possibilidades de ligaes tericas entre inovaes e conflitos a possibilidade dessa sntese, questionando que se as sociedades so cheias de conflitos inerentes a seus modos de interao social e recorrentes devido inovao, no pode-se estudar uma inovao separadamente do conflito ou vice versa:

    Nous parlons de pour exprimer l`ide selon laquelle les conflits pluriels produisent des innovations et les innovations dplacent les conflits, des conflits qui, eux-mmes, affectent les diverses dimensions du social. Ces conflits pluriels ne produisent pas mcaniquement des innovations: celles-ci se dveloppent, ou sont orientes, voires touffes, travers les modalits de la rgulation coise des conflits et des innovations. Cest essentiellement travers ce processus conflictuel de production des innovations, en particulier des innovations conomiques et techniques, leur contenu, la rapidit du processus de leur pntration sont sociallement marqus. (Docks, 1990, p.36)

    Ao introduzir a noo dialtica inovao/conflito o autor procura integrar noo de paradigma tecno-econmico os elementos que ele considera mais importantes na anlise do desenvolvimento que so os dispositivos institucionais, os quais ele considera os filtros das relaes sociais ou as estruturas de acumulao da produo dos sistemas de informao. Na realidade, a contribuio de Docks (1990), estabelece uma nova categoria de anlise associada noo de paradigma tecno-econmico que a noo de paradigma scio-tcnico:

    Si, partant du paradigme nous y intgrons lments de notre problematique gnral, nous abutissons au concept de . Il s`agit de predre en compte les relations des conflits et des innovations, les institutions,(...) dans la mise en uvre des systmes dinnovation. Par paradigme socio-conomique, nous entendons unu faon dominante de penser la production au sens large (pas seullement le proces de travail), cest--dire lorganization sociale, conomique et technique de la productions partage para lensamble des entrepreneur et

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    (les couches dominantes) et Qui tend etre diffuse dans lensemble de la population concerne. (Docks, 1990, p.39/40)

    Por sua vez, Dosi e Coriat (1995 a, 1995 b e 1995 c), citado por Veiga (1998), apontam que se faz necessrio a juno entre as noes macroeconmicas da abordagem regulacionista e as microeconmicas da abordagem neo-schumpeterianas. Para eles, essa seria a forma mais eficaz do estabelecimento dos pontos de convergncia entre as interpretaes tericas. Contudo, o prprio Veiga (1998), j apontava que mesmo constituindo a manifestao mais avanada da possvel confluncia entre essas correntes tericas, esses trs trabalhos esto longe de estabelecer com clareza, qual ser o resultado terico do processo convergente, mesmo porque, apesar deles fornecerem uma espcie de taxonomia das potenciais complementaridades descritivas e analticas (metodolgicas), eles reconhecem que falta muito trabalho terico para que se chegue a uma teoria que articule as vantagens epistemolgicas dos regulacionistas e neo-schumpeterianos.

    (..) we want to suggest that a theory-informed dialogue between bottom-up (microfundaded, etc) evolutionary approaches and more top-down (aggregate, albeit institutionally richer ) regulation ones is likely to be a formidable but analytically promising challenge. Not only it would help to rigorously define the bridges between micro behaviours and enties at different levels of aggregation, but it would also highlight potential conflicts of interpretations which are currently often confused by level-of-description issues (...) Yes, all this na enormous task. Very fascinating and extremely difficult. The way we see it pursued, it involves tight and troublesome interchanges between empirical investigations, appreciative theorizing and formal modeling efforts. It is likely to involve also major adjustments in the building blocks of institutionalist/evolutionary themselves. (Coriat e Dosi, 1995, citado por Veiga, 1998, p. 95 )

    Enfim, a idia de convergncia ou complementaridade entre as abordagens regulacionistas e neo-schumpeterianas deixaram de ser simples sinalizaes para se constituir em possibilidade real de anlise dos fatos econmicos, em particular, as ondas longas de desenvolvimento. Contudo, muito ainda tem que ser feito para a utilizao analtica conjunta dessas abordagens tericas com vistas a uma interpretao satisfatria do processo de desenvolvimento capitalista. 5 CONSIDERAES FINAIS Recentemente, relendo um velho romance10, nos deparamos com a seguinte frase: sei que tentador considerar todos os sintomas como manifestao de um nico estado subjacente, mas esse no o nosso caso . Essa frase, dita pelo mdico que, na estria, tentava tratar das fortes dores de cabea do filosofo alemo Nietzsche, traduz totalmente o nosso sentimento em relao ao que foi discutido durante o texto. Mais do que isso, essa

    10 - YALON, Irvin. Quando Nietzsche chorou: o romance da obsesso. Rio de Janeiro. Ediouro.1995.

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    nossa perspectiva quando procuramos analisar questes complexas relativa ao desenvolvimento econmico e social. A nfase na tecnologia, dada pelos neo-schumpeterianos ou nos dispositivos institucionais, dada pelos regulacionistas , no nosso entendimento, a tentativa das respectivas abordagens tericas em encontrar uma nica causa ou, mais precisamente, causa matriz das longas ondas de desenvolvimento. A despeito da legitimidade cientfica de tal misso, acreditamos que atualmente o esforo dos pesquisadores dessas correntes de pensamento deveria se concentrar na construo de uma sntese entre essas abordagens tericas, visto que, elas trazem conjuntamente, os dois pontos que julgamos fundamentais - tecnologia e instituies - para a compreenso efetiva dos problemas complexos e crescentes da sociedade contempornea, em particular, na esfera econmica. Dessa forma, guisa de concluso, vislumbramos trs questes fundamentais que devem ser respondidas com vistas a uma construo efetiva de uma sntese entre essas abordagens tericas: i) de fato possvel a juno terica e metodolgica de contribuies analticas pautadas em trabalhos de Marx e Schumpeter ? ii) O nvel de amadurecimento, ou melhor, o estado da arte dessas correntes tericas permitem, realmente, a construo de uma taxonomia comum ? iii) Ser mesmo possvel que esta to esperada sntese surja das contribuies de regulacionistas ou neo-schumpeterianos ? Obviamente, no temos a pretenso de responder a essas questes. O que pretendemos com elas participar do debate tentando apresentar algumas reflexes a respeito do tema. Em primeiro lugar, no temos certeza se a questo crucial seria se conseguir estabelecer pontos de contato, entre as origens tericas dessas abordagens. Com efeito, entendemos que as contribuies regulacionistas e neo-schumpeterianas, j apresentam um desenvolvimento razovel que, se em essncia no se diferencia da sua origem genealgica, j propem elementos tericos que extrapolam - em muito - seus trabalhos fundadores. Por outro lado, entendemos tambm que o desenvolvimento de interpretaes tericas pode ser algo associado a quebra ou superao de paradigmas, ou melhor, de exemplos compartilhados uma vez que quando tal acontece, o conhecimento desenvolve-se diferente do que sucede quando governado por regras (Kuhn, 1977, p. 381). Em segundo lugar, entendemos que a possibilidade de sntese, ou convergncia, pressupe a idia de juno de dois corpos tericos concludos. Isto , onde conceitos e categorias de anlise possam ser utilizados ou refutados na sua totalidade. As discusses em torno dos termos paradigma tecnolgico, paradigma tecno-econmico nos neo-schumpeterianos e paradigma tecnolgico (modelo de industrializao) e paradigma scio-econmico dos regulacionistas so exemplos de como se encontram algumas das categorias de anlise dessas correntes de pensamento. Os quatro termos (conceitos e categorias), apresentados acima, so alm de diferentes entre si, diferentes tambm com seu respectivo par epistemolgico. No caso neo-schumpeterianos nos parece que esta questo est bem resolvida, no sentido de que o paradigma tecno-econmico parece absorver e sobrepor a noo de paradigma tecnolgico sem entrar em conflito com outras categorias apresentadas. No caso regulacionista, isso no muito evidente, apesar de caminhar no mesmo sentido. A noo de paradigma scio-econmico, por exemplo, no s extrapola a idia de modelo de industrializao (paradigma tecnolgico a la Lipietz) como tenta abarcar elementos dos conceitos de modo de regulao e regime de acumulao. Em suma, apesar das possibilidades de convergncia em alguns pontos especficos, acreditamos que a idia de complementaridade entre as categorias de anlise torna-se a questo central para a construo de uma taxonomia em comum. Ou seja, as diferenas no esto apenas nos signos, mas fundamentalmente no contedo desses signos.

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    Finalmente, a questo que julgamos mais complexa: ser possvel se construir uma sntese partindo de contribuies puramente neo-schumpeterianas e/ou regulacionistas ? Acreditamos que no. Por mais paradoxal que possa parecer, verificamos no decorrer do texto que existe, na realidade, uma tentativa de imposio de uma contribuio sobre a outra no que diz respeito ao seu enfoque analtico no sentido de definio da causa motriz para as ondas longas de desenvolvimento. Mesmo considerando os trabalhos de Coriat e Dosi, citados anteriormente, temos a impresso de que o que mais aproxima esses dois autores numa interpretao comum a afinidade microeconmica existente entre eles (em funo dos trabalhos anteriores desses autores, Coriat em particular nos parece o mais neo-schumpeteriano dos regulacionistas) do que a possibilidade de sintetizao das teorias em todo se escopo. Nesse sentido, que colocamos mais um ponto para reflexo que, na realidade, se constitui - de fato - em uma grande provocao nos sentidos tericos, metodolgicos e at mesmo epistemolgicos. Isto : at que ponto, uma interpretao terica de fora dessas duas abordagens, as discusses a respeito de direitos de propriedade a la North ou a teoria dos custos de transao a la Willianson, por exemplo, no poderiam se constituir no fio condutor para apontarmos, em situaes especficas no tempo e no espao, em que medida os dispositivos institucionais e tecnolgicos, em conjunto ou alternadamente, foram responsveis pelo surgimento, evoluo e mudanas nas ondas longas de desenvolvimento ? Evidentemente, a resposta a essa questo exige um amplo espao para o debate cuja dimenso extrapola os limites desse trabalho, mas algumas pistas nessa direo j esto sendo colocadas. Os trabalhos de Pond (1994) e Amann (1999), so exemplos inequvocos disso. Diante do exposto, finalizamos nosso texto entendendo que as abordagens regulacionistas e neo-schumpeterianas apresentam-se, na realidade, como duas importantes escolas de pensamento econmico que procuram discutir elementos cruciais para uma melhor compreenso dos fenmenos das ondas longas de desenvolvimento. A aproximao terica entre elas, apesar de parecer evidente num primeiro momento, numa anlise mais aprofundada suscita consideraes de ordem terica e metodolgica relativamente complexas que ainda no possuem uma sntese satisfatria, nem mesmo dentro dos respectivos arcabouos conceituais neo-schumpeterianos e regulacionistas, dificultando, portanto, a construo de uma taxonomia comum. Contudo, e at mesmo por isso, essas correntes de pensamento se constituem, efetivamente, num campo de pesquisa instigante, desafiador e, acima de tudo, uma opo intelectual muito interessante para se discutir o atual processo de desenvolvimento.

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