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OPINIÃO 29 TERÇA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2013 A GAZETA Atraso lamentável Evandro Milet Ex-diretor da Finep e ex-presidente da CDV O projeto básico do Parque Tecnológico de Vitória é de 1990, mas até hoje ele não saiu do papel. Resta-nos assistir ao sucesso do Parque da UFRJ Tive oportunidade de participar do evento de comemoração dos dez anos do Parque Tecnológico da UFRJ no último dia 18 . É simplesmente im- pressionante o que aconteceu ali, um orgulho para todos os brasileiros, mas que deixa a nós capixabas com uma ponta de inveja. Na linha do tempo, a inauguração do parque foi precedida pela inauguração da incubadora de em- presas da Coppe em 1994 e que inspirou a criação do parque. A nossa incubadora primeira, a Tec- vitória, foi inaugurada em 1995, o pro- jeto básico do Parque Tecnológico de Vitória é de 1990, e ainda em 1994 Álvaro Abreu colocou, no PDU de Vi- tória, a área do outro lado do mangue, confrontando com a Ufes, onde hoje se situa a Univix, como Zona de Parque Tecnológico e nada mais poderia ser edificado ali que não fosse um desses ambientes de inovação. Verdade que o Rio de Janeiro tinha uma genética favorável, pelo fato de a UFRJ ser uma das maiores e melhores uni- versidades do Brasil e principalmente ser a sede da Petrobras, cujo Centro de Pesquisas, o Cenpes se instalara pio- neiramente nesse parque em 1973. Além disso, a natureza ainda fez com que o Estado se transformasse no maior pro- dutor de petróleo graças à descoberta da Bacia de Campos e depois do pré-sal. Hoje já estão instalados ou se instalando lá os centros de pesquisas de grandes empresas atuantes na área de petróleo como a FMC, Halliburton, Schlumberger, GE, Baker-Hughes, Tenaris, EMC 2 , BG Group e Georadar. E não é só petróleo, para lá vai também a l´Oreal de cos- méticos. Além de abrigar centenas de pesquisadores de muitas nacionalidades, os prédios têm projetos arquitetônicos arrojados e belíssimos configurando um ambiente de interação científica e tec- nológica sem igual no mundo do pe- tróleo, segundo testemunhos abalizados. E por que o nosso parque, mais antigo em concepção, ficou parado no tempo até hoje? Difícil explicar: a pouca ex- pressão tecnológica do Estado, a ig- norância do tema ciência, tecnologia e inovação nos meios políticos e na so- ciedade em geral, a baixa classificação da nossa universidade federal nos ran- kings, poucos empreendedores inova- dores ou todas as respostas anteriores. Porém, como disse certa vez Victor Hugo, o célebre escritor francês, nada é mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou. Parece que enfim sai o nosso Parque depois de lutas inglórias com SPU, invasões, burocracias, incompre- ensões, incompetências e falta de em- penho. Que tenha sucesso e que em dez anos possamos nos orgulhar como pode hoje a população do Rio de Janeiro.

TERÇA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2013 A GAZETA Gutman …...teza da impunidade, a capacidade de cometer todos desatinos e merecer co-mo prêmio uma aposentadoria com todas as vantagens,

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Page 1: TERÇA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2013 A GAZETA Gutman …...teza da impunidade, a capacidade de cometer todos desatinos e merecer co-mo prêmio uma aposentadoria com todas as vantagens,

OPINIÃO29TERÇA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2013 A GAZETA

Perdendoo rumo

Gutman Uchôa de MendonçaEscreve aos sábados e às terças-feiras neste espaçoSite: www.uchoademendonca.jor.br

Causou espanto nacional a decisão de juíza federalde Brasília ao aceitar pedido de colegas magistradospara torná-los parcialmente isentos do IR

O Brasil está passando por uma pro-funda crise de identidade moral. Oschamados interesses políticos mais tor-pes, mais abjetos, mais sórdidos, pas-saram a fazer parte do cotidiano social.O chamado homem público está dei-xando de ser respeitado por não seimpor ou por denegrir sua própria ima-gem.

Nós, brasileiros (se já não somos muitointeligentes) somos péssimos observa-dores. O problema nacional, o cerne daquestão, não reside na classe política. Oproblema brasileiro, em primeiríssimoplano, é a degenerescên-cia da Justiça.

Qualquer pessoa, comum pouco de conheci-mento, sabe que existeuma falência grave nocomportamento ético damagistratura. E toda ela?Não! Em toda regra exis-tem exceções, mas agrandeza, o lustre daJustiça está se amesqui-nhando, exatamenteporque sua intocabilida-de, sua irremovibilidade,sua segurança acima de

todos os mortais, no Brasil, caminhapara um despenhadeiro...

A justiça precisa ser, tem que ser,incorruptível, altiva, soberana, séria,inflexivelmente correta. Esse é o pro-blema nacional! A vitaliciedade, a cer-teza da impunidade, a capacidade decometer todos desatinos e merecer co-mo prêmio uma aposentadoria comtodas as vantagens, é um erro que secomete contra todos os segmentos so-ciais que contribuem para que a Justiçaexista.

Causou espanto nacional a decisão deuma juíza federal de Brasília ao aceitar opedido de colegas magistrados paratornar isento do Imposto de Renda oterço de adicional sobre as férias dosmagistrados, podendo a medida – tre-mendamente injusta com relação aosdemais conjuntos de trabalhadores –gerar uma brutal sangria nos cofres

públicos, porque, forço-samente, terá que ser ex-tensiva a todos que con-tribuem com o IR.

O episódio das indeni-zações sobre alimentaçãode magistrados, em pro-cesso de retroatividade eoutras benesses que cir-culam pela imprensa, nosdão uma certeza: quempensa sério está com me-do do Brasil.

Não é só a má políticaque está afundando anossa democracia.

Atrasolamentável

Evandro MiletEx-diretor da Finep e ex-presidente da CDV

O projeto básico do Parque Tecnológico de Vitóriaé de 1990, mas até hoje ele não saiu do papel.Resta-nos assistir ao sucesso do Parque da UFRJ

Tive oportunidade de participar doevento de comemoração dos dez anosdo Parque Tecnológico da UFRJ noúltimo dia 18 . É simplesmente im-pressionante o que aconteceu ali, umorgulho para todos os brasileiros, masque deixa a nós capixabas com umaponta de inveja. Na linha do tempo, ainauguração do parque foi precedidapela inauguração da incubadora de em-presas da Coppe em 1994 e que inspiroua criação do parque.

A nossa incubadora primeira, a Tec-vitória, foi inaugurada em 1995, o pro-jeto básico do Parque Tecnológico deVitória é de 1990, e ainda em 1994Álvaro Abreu colocou, no PDU de Vi-tória, a área do outro lado do mangue,confrontando com a Ufes, onde hoje sesitua a Univix, como Zona de ParqueTecnológico e nada mais poderia seredificado ali que não fosse um dessesambientes de inovação.

Verdade que o Rio de Janeiro tinha umagenética favorável, pelo fato de a UFRJser uma das maiores e melhores uni-versidades do Brasil e principalmente sera sede da Petrobras, cujo Centro dePesquisas, o Cenpes se instalara pio-neiramente nesse parque em 1973. Além

disso, a natureza ainda fez com que oEstado se transformasse no maior pro-dutor de petróleo graças à descoberta daBacia de Campos e depois do pré-sal.

Hoje já estão instalados ou se instalandolá os centros de pesquisas de grandesempresas atuantes na área de petróleocomo a FMC, Halliburton, Schlumberger,GE, Baker-Hughes, Tenaris, EMC2, BGGroup e Georadar. E não é só petróleo,para lá vai também a l´Oreal de cos-méticos. Além de abrigar centenas depesquisadores de muitas nacionalidades,os prédios têm projetos arquitetônicosarrojados e belíssimos configurando umambiente de interação científica e tec-nológica sem igual no mundo do pe-tróleo, segundo testemunhos abalizados.

E por que o nosso parque, mais antigoem concepção, ficou parado no tempoaté hoje? Difícil explicar: a pouca ex-pressão tecnológica do Estado, a ig-norância do tema ciência, tecnologia einovação nos meios políticos e na so-ciedade em geral, a baixa classificaçãoda nossa universidade federal nos ran-kings, poucos empreendedores inova-dores ou todas as respostas anteriores.

Porém, como disse certa vez VictorHugo, o célebre escritor francês, nada émais forte do que uma ideia cujo tempochegou. Parece que enfim sai o nossoParque depois de lutas inglórias comSPU, invasões, burocracias, incompre-ensões, incompetências e falta de em-penho. Que tenha sucesso e que em dezanos possamos nos orgulhar como podehoje a população do Rio de Janeiro.

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Vaidade (também)é coisa de homem

Gustavo MelloÉ cirurgião plástico e especialista em transplante capilar

Muitas vezes, as mulheres são muito exclusivistas e acham que só elas têm o direito de se embelezar

Muitos não falam abertamente, mas éfato que vaidade também é coisa dehomem. Hoje, a ala masculina estádisposta a investir na boa aparência,com tratamentos estéticos simples e atécom cirurgias. Talvez isso não fique tãoevidente porque, diferentemente dasmulheres, os homens preferem manterem segredo a preocupação com a belezae o que são capazes de fazer parabuscá-la.

Números da Sociedade Brasileira deCirurgia Plástica (SBCP) revelam que,nos últimos anos, a quantidade de ho-mens que se submeteram a algum pro-cedimento cirúrgico com fins estéticosmais que dobrou. No dia a dia nosconsultórios isso fica claro. Se antes elesrepresentavam 10% dos pacientes, hojeos homens são 35% das pessoas quechegam ao consultório em busca de umacerto com a autoestima.

E os resultados fazem diferença não sóno reflexo no espelho. De bem consigomesmo, o indivíduo melhora o rela-cionamento com as pessoas ao redor ese torna mais produtivo até no trabalho.Isso sem falar nas oportunidades queaumentam. Pesquisas comprovam quepessoas consideradas mais belas sãofavorecidas no mercado de trabalho,mesmo em cargos que nada têm a vercom a aparência.

A iniciativa de buscar um tratamentoou procedimento estético por parte daala masculina tem suas peculiaridades.Os homens quase nunca chegam aoconsultório por indicação, como fazemas mulheres. Eles pesquisam na in-ternet, buscam referência em jornais,mas não saem fazendo alarde sobre o

interesse estético. Por isso a relaçãoentre médico e paciente deve ser ba-seada, acima de tudo, em discrição esigilo. Há casos de procedimentos queos maridos fazem e não contam para asmulheres, como uma cirurgia de trans-plante capilar, por exemplo. E a evo-lução das técnicas permite isso, já queos procedimentos podem ser feitos comincisões mínimas, tempo de recupe-ração curto e resultados muito natu-rais.

E isso não é somente porque a maioriados homens é machista. Muitas vezes,as mulheres são muito exclusivistas eacham que só elas têm o direito de seembelezar. As que se encaixam nesseperfil, entretanto, devem se atualizar.Vaidade é, sim, coisa de homem.

Documento:AG24CAON029;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:23 de Sep de 2013 18:38:02