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LITERATURA DO NOSSO TEMPO
Poetas do séc. XX
“Só há grandes literaturas onde o povo é permeável à cultura.”
Miguel Torga, Diário (1944)
Programa:1- Contextulização
(Marta Perpétua)
2- Fernando Pessoa(Marta Perpétua)
3- Florbela Espanca(Carla Duarte)
4- José Régio(Carlos Santos)
5- Jorge de Sena(Helder Delgado)
6- Eugénio de Andrade(Micaela Oliveira)
7 – Alexandre O’Neill(Maria Rodina)
8- Ruy Bello(Carlos Silva)
Literatura
“A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a
arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer
dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque
usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma
vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é
uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa.
Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que
ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.”
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
Fernando Pessoa
Mensagem
Escrita por Fernando Pessoa, entre 1913 e 1934, – num período de crescente crise nacional.
Publicada no dia 1 de dezembro de 1934, no aniversário da restauração da independência.
Única obra completa em português, publicada em vida do poeta.
Mar Português
Óleo de Carlos Alberto Santos
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Óleo de Carlos Alberto Santos