Upload
joana-sousa
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
1/7
Castelo BrancoAbril 2013
Enfermagem
2Ano/2Semestre
2012/2013
Prof. IL
Testamento Vital, o enfermeiro e a objeco deconscincia.
Filme The bucket list
JBS
Para que se efectue a relao entre o filme The Bucket List e o tema Testamento
Vital, o enfermeiro e a objeco de conscincia necessrio, em primeiro lugar,
esclarecer alguns conceitos relevantes para o trabalho.
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
2/7
Castelo BrancoAbril 2013
Uma forma de respeitar os desejos dos doentes incompetentes so as directivas
antecipadas (DA) produzidas quando o doente estava consciente. As directivas antecipadas
podem ser de dois tipos: o testamento vital, em que ficam escritas instrues sobre os
procedimentos mdicos que o doente aceita ou rejeita em certas circunstncias; e a
procurao, que um documento legal que designa uma pessoa para tomar decises em
nome do doente; Em 2012, finda a discusso Parlamentar, foi aprovada a Lei 25/2012, de
16 de Julho, que regula as directivas antecipadas de vontade, designadamente sob a forma
de testamento vital, a nomeao de procurador de cuidados de sade e cria o Registo
Nacional do Testamento Vital. (PARECER do Conselho Nacional de tica para as
Cincias da Vida 69/CVECV/2012, pg.2)
Assim, com o testamento vital, o doente tem sobre si a capacidade de tomar decises nasseguintes reas: situao clnica em que as DAV produzem efeitos, cuidados de sade a
receber e no receber, validade do documento e sobre outras hipteses de tratamento (ex.
Medidas paliativas, administrao de frmacos de controlo de sintomas e assistncia
religiosa.) (PARECER do Conselho Nacional de tica para as Cincias da Vida
69/CVECV/2012, pg.2)
Relativamente objeco de conscincia em enfermagem entende-se que um
direito, assumindo, no exerccio deste direito, o dever de proceder segundo osregulamentos internos que regem o seu comportamento de modo a no prejudicar os
direitos das outras pessoas que est consagrado no Cdigo Deontolgico dos Enfermeiros.
Considera-se objector de conscincia o enfermeiro que, por motivos de ordem fisiolgica,
tica, moral ou religiosa, esteja convicto de que lhe no legtimo obedecer a uma ordem
particular, por considerar que um atentado contra a vida, dignidade da pessoa humana ou
contra o cdigo deontolgico. (Regulamento do exerccio do direito objeco de
conscincia previsto no art.92, n1, al.a) do Estatudo da Ordem dos Enfermeiros.)Mas esta objeco no tomada de nimo leve, e a recusa da prtica do acto da sua
profisso tem de ser devidamente justificada por escrito, explicitando todas as razes da
recusa ao superior hierrquico ou a quem faa as suas vezes. Tambm necessrio
comunicar a sua deciso, por carta, ao Presidente do Conselho Jurisdicional Regional da
Seco da Ordem onde est inscrito. (Regulamento do exerccio do direito objeco de
conscincia previsto no art.92, n1, al.a) do Estatudo da Ordem dos Enfermeiros.)
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
3/7
Castelo BrancoAbril 2013
No filme The Bucket List, nas cenas em que Edward Cole e Carter Chambers
decidem gastar o tempo que lhes resta a fazer tudo aquilo que sempre desejaram, com a
realizao de uma lista de desejos finais, pode-se encontrar uma relao com o Testamento
Vital, pois apesar de ser um documento de caracter jurdico, tambm uma simples folha
que assevera as vontades do ser humano para a sua prpria vida. E deste modo podemos
encontrar uma relao indirecta entre o Testamento Vital e a lista dos desejos. Ambos os
documentos so fruto da deciso do prprio indivduo, valorizando assim a autonomia e
livre-arbtrio, representam ainda o que eles querem de futuro para o resto da vida
preservando assim o direito de decidirem sobre si prprios. O testamento vital permite ao
indivduo a capacidade de decidir antecipadamente como deseja ser cuidado no fim da vida
e deixar este testemunho documentado. E isso verifica-se no filme The Bucket Listpois,essa vontade est descrita na lista dos desejos de Carter e Edward quando mencionam os
cuidados aps morte e o local onde querem ser sepultados. (Cremados, e as cinzas
colocadas em latas de caf Chock Full Onuts e enterrados no cume do monte Kailash,
no Tibete). Na minha opinio, termos conscincia que vamos morrer no difcil, pois
inevitavelmente ningum est a salvo desse destino. Mas, ter conscincia da morte por
circunstncias inesperadas e mais cedo do que estvamos espera muito duro. Levam a
pessoa a pensar em tudo o que j viveu e o que lhe ainda falta para viver e, aos poucos epoucos os desejos finais comeam a aumentar, um ltimo beijo, um ltimo mergulho na
praia, um ltimo passeio de barco necessrio firmeza, aceitao mas essencialmente
coragem para ter conscincia da prpria morte e acima de tudo decidir, sob a forma de
Testamento Vital os ltimos cuidados nos seus ltimos momentos de vida. neste campo
que entram os enfermeiros, pois so os principais cuidadores desde o incio ao fim da vida,
desde o nascimento at morte. Mas a presena no apenas fsica, o papel do enfermeiro
muito mais do que isso. O processo de morte de um paciente causa um impacto muitogrande na identidade pessoal e profissional de toda a equipa que o cuida, mas como os
enfermeiros so os profissionais de sade que mais tempo passam lado a lado com o
doente, deste modo o impacto muito maior. Kubler-Ross cita uma carta dirigida aos
enfermeiros e que foi escrita por uma aluna de enfermagem em fase final de vida. Atravs
desta carta, ela tenta alertar os enfermeiros para a problemtica da fuga e dos medos: ... Se
tivssemos ao menos a coragem de fazer o ponto da nossa situao e admitirmos os nossos
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
4/7
Castelo BrancoAbril 2013
medos, vs tal como eu, seria que isto vos iria prejudicar na vossa preciosa competncia
profissional? Ser proibido comunicarmos como pessoas, no momento da minha morte?
ento necessrio em primeiro lugar, como enfermeiros, ultrapassarmos as nossasdificuldades pessoais de adaptao ao processo da morte. Essas dificuldades podem de ser
por falta de informao (ex. no conhecer as tcnicas bsicas de comunicao); Por medos
(ex. relacionados com a falta de resposta para as diferentes situaes relativas
comunicao); E por instabilidade da equipa de sade;
Pensado que todas as dificuldades esto ultrapassadas, centramo-nos agora no papel
do enfermeiro na realizao do Testamento Vital.
Na minha opinio o enfermeiro, considerando que o cuidador principal do doente,
deve em primeiro lugar respeitar. Respeitar as suas opinies e decises sem levantar
qualquer juzo de valor, porque por mais que possa achar que conhece a pessoa que est a
lidar, no conhece a sua histria de vida e as suas vivncias. Deve ainda manter uma
relao emptica com o doente, conseguindo por em prtica as regras bsicas da
comunicao e deste modo, demonstrar que uma pessoa confivel e que est disposta a
ouvir e a ajudar. Deve ainda garantir que o doente conhece toda a sua situao, deste os
tratamentos que pode realizar, as espectativas sobre os resultados dos mesmos, qual a sua
situao clnica actual e futura. Ou seja, dar todo o conhecimento possvel ao doente, com
calma, pouca informao de cada vez, para que ele consiga, com o seu prprio livre-
arbtrio, decidir sobre os tratamentos que quer ou no efectuar e quais os cuidados que
deseja ou no receber quando estiver incompetente de tomar decises. esperado ainda
dos enfermeiros, que estes tenham a sensibilidade treinada sobre os assuntos ticos para
conseguirem tomar e/ou ajudar a tomar decises consideradas ticas.
Na actualidade, em virtude do contnuo avano tcnico-cientfico, o enfermeiro
desafiado a julgar e escolher condutas entre caminhos distintos de aces. Apesar de
Beauchamp e Childress (2002) atestarem que [...] enfrentar dilemas, reflectir sobre eles e
buscar a escolha para resolv-los, uma caracterstica da condio humana [...], na
prtica, o desconforto de decidir e ajudar a decidir os cuidados outra pessoa acarreta
desgaste ao enfermeiro e as decises podero no trazer os resultados esperados. Diante
dessas situaes, ele fica exposto a decises que anteriormente no existiam e, para tal,
precisa sentir-se apto para tomar as mesmas.
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
5/7
Castelo BrancoAbril 2013
Quando o doente quer por em prtica o Testamento Vital, o enfermeiro pode muitas
vezes sentir que aquela deciso entra em conflito com a sua moral, a sua tica, ou se achar
que um atentado contra a vida, contra a dignidade da pessoa humana ou contra o cdigo
deontolgico. Deste modo, assegurado aos profissionais de sade que prestam cuidados
de sade ao outorgante o direito objeco de conscincia quando solicitados para o
cumprimento do disposto no documento de directivas antecipadas de vontade. (Lei n.
25/2012de 16 de Julho, artigo n161, alnea c) da Constituio.)
Concluindo, o filme The Bucket List um grande exemplo de aceitao. Retrata
perfeitamente a valorizao da pessoa no final da vida, pois mesmo nesta fase conseguem-
se tomar decises sobre o futuro, mesmo que curto e realizar objetivos de vida. Com a lista
dos desejos, mais propriamente a vontade de decidir antecipadamente como se deseja sercuidado no fim da vida, consegui estabelecer uma relao com o Testamento Vital, pois
este no nada mais do que, uma lista onde o doente deixa por escrito os seus desejos
futuros em relao ao como quer ser tratado no final da vida. Podemos ainda concluir que
o papel do enfermeiro nesta situao no fcil, porque para alm de ele ser um
profissional impossvel no se deixar envolver pessoalmente, trazendo ao de cima
questes ticas, morais, religiosas que vo de encontro sua prpria maneira de agir e
pensar. Pondo, deste modo em prtica o seu direito objeco de conscincia. Nodeixando de ser piores enfermeiros por isso. Na minha opinio, de valorizar o enfermeiro
que cuida ou rejeita cuidados dentro do seu campo tico, tomando decises com
responsabilidade, coerncia e acima de tudo, aceitao. Pois imprescindvel aceitar o que
fazemos e essencialmente aceitar o que a pessoa quer para que, a boa prtica de
enfermagem seja garantida.
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
6/7
Castelo BrancoAbril 2013
Bibliografia:
Dirio da Repblica, 1. srie N. 180.(16 de Setembro de 2009). Obtido em 16 de Abril de
2013, de http://dre.pt/pdf1sdip/2009/09/18000/0652806550.pdf
Ordem dos Enfermeiros.(16 de Setembro de 2009). Obtido em 16 de Abril de 2013, de Cdigo
Deontolgico dos enfermeiros Inserido no Estatuto da OE republicado como anexo pela
Lei n. 111/2009 de 16 de Setembro:
http://www.ordemenfermeiros.pt/legislacao/Documents/LegislacaoOE/CodigoDeontolog
ico.pdf
Conselho Nacional de tica para as Cincias da Vida . (Dezembro de 2010). Obtido em 16 de Abril
de 2013, de Parecer sobre os projectos de lei relaticos s declaraes antecipadas da
vontade:http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1293115760_Parecer%2059%20CNECV%202
010%20DAV.pdf
Concelho Nacional de tica Para as Cincias da Vida. (Dezembro de 2012). Obtido em 16 de Abril
de 2013, de Parecer sobre as Propostas de Portaria que regulamentam o Modelo do
Testamento Vital e o Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV):
http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1357838805_Parecer%2069%20CNECV%202
012%20DAV_aprovado.pdf
Portal da Sade.(12 de Julho de 2012). Obtido em 2013 de Abril de 16, de Assembleia da
Repblica Lei n25/2012 Regula as diretivas antecipadas de vontade, designadamente sob
a forma de testamento vital, e a nomeao de procurador de sade e cria o Registo
Nacional do Testamento Vital (RENTEV).:
http://www.portaldasaude.pt/NR/rdonlyres/0B43C2DF-C929-4914-A79A-
E52C48D87AC5/0/TestamentoVital.pdf
Gonalves, J. A. (2006). A Boa Morte: tica no fim da vida. Obtido em 16 de Abril de 2013, de
http://repositorio-
aberto.up.pt/bitstream/10216/22105/3/A%20Boa%20Morte%20%20tica%20no%20Fim%
20da%20Vida.pdf
Luclia Nunes, M. R. (Dezembro de 2010). Conselho Nacional de tica Para as Cincias da Vida .
Obtido em 16 de Abril de 2013, de Memorando sobre os projectos de lei relativos s
declarao antecepidas de vontade:
http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1293115784_Memorando%20Parecer%2059
%20CNECV_DAV.pdf
Nogueira, C. M. (Setembro de 2010).Atitudes dos Enfermeiros em Decises de Fim de Vida. Obtido
em 16 de Abril de 2013, de
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/14607/1/tese_AEDFV.pdf
7/22/2019 Testamento Vital.pdf
7/7
Castelo BrancoAbril 2013