20
OAB - Testes Comentados - Direito Civil - Parte Geral PARTE GERAL – TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1. (SC-2007-1) Assinale a alternativa correta: a) Pode ser decretada a morte presumida, sem decretação de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. b) De acordo com a Lei de introdução ao código civil, salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 60 (sessenta) dias depois de oficialmente publicada. c) Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e certo. d) Pode-se requerer a sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta setenta anos de idade, e que de três datam as últimas notícias dele. A alternativa correta é a letra “a”, pois a extrema probabilidade de morte de quem estava em perigo de vida e o desaparecimento em campanha ou sido feito prisioneiro e desaparecido até dois anos após o término da guerra são as duas possibilidades de declaração de morte presumida sem decretação de ausência. Salientando que tal declaração somente poderá ser requerida após esgotadas as buscas e averiguações e a sentença fixará a data provável do falecimento (art. 7º, CC). O prazo da "vacatio legis" em território nacional é de 45 dias depois de oficialmente publicada a lei, salvo disposição em contrário (art. 1º, LIIC). Cláusula que subordina a eficácia do negócio jurídico a evento futuro e certo é termo inicial e não condição. A condição é aquela cláusula que subordina a eficácia (condição suspensiva) ou ineficácia (condição resolutiva) do negócio jurídico a evento futuro e incerto (arts. 121 e seguintes, CC). A sucessão definitiva poderá ser requerida após dez anos da sentença que concede a sucessão provisória ou provando que o ausente conta com oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele (art. 37, CC).

Testes Parte Geral

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Testes Parte Geral

OAB - Testes Comentados - Direito Civil - Parte Geral

                   PARTE GERAL – TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

1. (SC-2007-1) Assinale a alternativa correta:

a) Pode ser decretada a morte presumida, sem decretação de ausência, se for

extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

b) De acordo com a Lei de introdução ao código civil, salvo disposição contrária, a

lei começa a vigorar em todo o País 60 (sessenta) dias depois de oficialmente

publicada.

c) Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das

partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e certo.

d) Pode-se requerer a sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta setenta

anos de idade, e que de três datam as últimas notícias dele.

     A alternativa correta é a letra “a”, pois a extrema probabilidade de morte de

quem estava em perigo de vida e o desaparecimento em campanha ou sido feito

prisioneiro e desaparecido até dois anos após o término da guerra são as duas

possibilidades de declaração de morte presumida sem decretação de ausência.

Salientando que tal declaração somente poderá ser requerida após esgotadas as

buscas e averiguações e a sentença fixará a data provável do falecimento (art. 7º,

CC).

     O prazo da "vacatio legis" em território nacional é de 45 dias depois de

oficialmente publicada a lei, salvo disposição em contrário (art. 1º, LIIC).

     Cláusula que subordina a eficácia do negócio jurídico a evento futuro e certo é

termo inicial e não condição. A condição é aquela cláusula que subordina a eficácia

(condição suspensiva) ou ineficácia (condição resolutiva) do negócio jurídico a

evento futuro e incerto (arts. 121 e seguintes, CC).

     A sucessão definitiva poderá ser requerida após dez anos da sentença que

concede a sucessão provisória ou provando que o ausente conta com oitenta anos

de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele (art. 37, CC).

2. (PR-2006-1) Analise as afirmativas  abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

I - A morte presumida somente pode ser declarada após prévia declaração de

ausência, com a abertura da sucessão definitiva.

Page 2: Testes Parte Geral

II - Aqueles que, por deficiência mental, tenham o seu discernimento reduzido são,

à luz do Código Civil de 2002, relativamente incapazes.

III – Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, conforme o Código

Civil de 2002, são relativamente incapazes.

a) todas as afirmativas estão corretas.

b) apenas as afirmativas II e III estão corretas.

c) apenas a afirmativa III está correta.

d) apenas a afirmativa II está correta.

     A morte presumida é declarada com a abertura da sucessão definitiva (art. 6º,

CC), porém, mesmo sem esta poderá ocorrer aquela em duas hipóteses: extrema

probabilidade de morte de quem estava em perigo e desaparecimento em

campanha ou feito prisioneiro se não for encontrado até dois anos após o término

da guerra (art. 7º, CC).

     São relativamente incapazes para os atos da vida civil os menores de 18 e

maiores de 16 anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxico , e os que, por

deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, os excepcionais sem

desenvolvimento completo e os pródigos (art. 4º, CC).

     Assim, a alternativa correta é a letra “b”, pois apenas as afirmativas II e III estão

corretas.

3. (RS-2006-1) Quanto à capacidade civil, pode-se afirmar que:

a) Os menores de 18 anos são absolutamente incapazes para exercer pessoalmente

qualquer ato da vida civil.

b) Os pródigos são incapazes relativamente a certos atos.

c) São relativamente incapazes os que, mesmo por causa transitória, não puderem

exprimir sua vontade.

d) Os menores de 16 anos podem contratar, sem que haja vício de vontade.

     Os menores de 16 anos (impúberes) é que são absolutamente incapazes,

juntamente com os enfermos mentais ou deficientes que não tiverem o necessário

discernimento para os atos de vida civil e os que, mesmo por causa transitória, não

puderem exprimir a sua vontade (art. 3º, CC). O negócio jurídico celebrado por

absolutamente incapaz é eivado de vício de nulidade (art. 166, I, CC), assim sendo,

Page 3: Testes Parte Geral

menores de 16 anos não podem contratar ou serem contratados.

     Já os relativamente incapazes (art. 4º, CC) são os menores de 18 e maiores de

16 anos (púberes), bem como os ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em

tóxicos e os que, por enfermidade mental, tiverem o discernimento reduzido, os

excepcionais sem desenvolvimento mental completo e os pródigos (sujeito que

dilapida seu patrimônio). Assim, a alternativa correta é a “b”.

4. (RS-2006-1) Assinale a assertiva correta sobre a validade do ato jurídico:

a) O negócio jurídico, quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz, é nulo

de pleno direito, porém sujeito à ratificação.

b) Quando a solenidade exigir forma prescrita em lei, se formalizado por outros

meios, desde que alcançado o objetivo, é válido o ato praticado.

c) Existem atos jurídicos que, mesmo celebrados por incapazes, poderão gerar

efeitos.

d)O negócio jurídico depende da vontade da lei para ser eficaz.

     A preterição de solenidade exigida por lei é um dos vícios de nulidade que

inquinam um ato jurídico (art. 166, CC), e sendo nulo, tal ato não é passível de

ratificação e nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169, CC).

     O negócio jurídico, espécie de ato jurídico (fato humano), gera efeitos regulados

entre a disposição volitiva das partes e  apenas balizados pelos limites normativos,

pois baseia-se no princípio da autonomia da vontade e da estipulação negocial.

     Destarte, a afirmativa correta é a letra “c” pois os atos jurídicos realizados por

relativamente incapazes são anuláveis (art. 171, I, CC), e estes, ao contrário dos

atos nulos, se convalescem no tempo (escoando o prazo decadencial - arts. 178 e

179, CC) e podem ser confirmados pelas partes (art. 172, CC), tendo eficácia até a

sentença que declara a anulabilidade (sentença com efeitos "ex nunc").

5. (PR-2007-1) Sobre os negócios jurídicos assinale a alternativa CORRETA:

a) É nulo o negocio jurídico simulado celebrado após a vigência do Código Civil de

2002, exceto quando se tratar de simulação relativa, hipótese em que o negocio

jurídico será anulável.

b) É anulável o negócio jurídico realizado após a vigência do Código Civil de 2002,

exceto quando se tratar de simulação relativa, hipótese em que o negocio jurídico

Page 4: Testes Parte Geral

será nulo.

c) os negócios jurídicos realizados em fraude contra credores, conforme o Código

Civil, sempre dependem da prova cabal do cosilium fraudis

d) Os negocio jurídicos nulos não podem ser confirmados, mas podem sofrer

conversão substancial em negócios jurídicos válidos.

 

     A simulação absoluta é aquela em que o sujeito declara uma vontade criando a

expectativa de um negócio jurídico, que em verdade, ele não tem intenção

nenhuma de realizá-lo. Enquanto que na simulação relativa um negócio jurídico se

efetiva, porém, sob a aparência de outro, fictício. As duas formas de simulação, com

o advento do Código Civil de 2002, são vícios de nulidade (art. 167, CC).  Não se

confunde estas espécies de simulação com a dissimulação que é a utilização de um

artifício para ocultar um negócio jurídico existente, subsistindo este (negócio

existente e dissimulado) se válido for na forma e na substância.

     A fraude contra credores assim como a simulação é um vício social, porém, ao

contrário desta, induz anulabilidade. São atos que desfalcam o patrimônio do

devedor, evitando uma futura execução. Se o ato for de liberalidade como a doação

(art. 538, CC) ou a remissão de dívidas (art. 385, CC) e praticado por devedor

insolvente ou em decorrência destes atos se reduzir a ela é necessário a

configuração do "consilium fraudis", isto é, que os atos tenham sido realizados com

má-fé do devedor, ou deste com terceiro, com intenção de prejudicar o credor.

Entretanto, quando os atos de desfalque do patrimônio de devedor forem a título

oneroso não é necessário a existência do "consilium fraudis", necessitando porém

que a insolvência do devedor seja notória ou que haja motivo para ser conhecida do

outro contratante (art. 159, CC).

     O negócio jurídico nulo, ao contrário do anulável, é insuscetível de convalidação

ou de confirmação (art. 169, CC). Todavia, pode o negócio jurídico nulo se converter

em outro válido quando não proibido legalmente, estando presentes os requisitos

do novo negócio e houver a intenção dos contratantes em efetivá-lo (art. 170, CC).

Assim, a alternativa correta é a letra “d”, pois o negócio jurídico nulo não se

confirma nem se convalesce, mas pode se transformar em outro negócio estando

presentes o requisitos de forma e substância do novo contrato, havendo a intenção

das partes e não sendo vedado legalmente.

6. (RS-2006-1) Em se tratando de direitos da personalidade, assinale a assertiva

correta:

a) Na hipótese de manutenção da ordem pública, a lei civil autoriza a divulgação da

imagem da pessoa sem a sua devida e prévia autorização.

Page 5: Testes Parte Geral

b) Os direitos da personalidade enquadram-se no campo dos direitos relativos.

c) Ocorrendo a morte da pessoa, cessa a tutela sobre sua personalidade.

d) Não há previsão legal que regule a possibilidade de alteração do sobrenome da

pessoa.

     Os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis

(art. 11, CC). Também: absolutos, indisponíveis, imprescritíveis, impenhoráveis,

inexpropriáveis e ilimitados. Todavia, existem alguns direitos da personalidade que

podem sofrer restrições admitidas legalmente como a divulgação de escritos, a

transmissão da palavra ou a publicação, exposição ou a utilização da imagem de

uma pessoa, sem sua prévia autorização, quando for necessário à administração da

justiça ou a manutenção da ordem pública (art. 20, caput, CC), estando correta a

letra “a”.

     Com a morte do sujeito, que não cessa a tutela sobre a sua personalidade, ou

mesmo com a sua ausência, é parte legítima para requerer a proteção de seus

direitos o seu cônjuge, ascendentes ou seus descendentes (art. 20, parágrafo único,

CC).

     O nome civil da pessoa natural é parte integrante de sua personalidade e

elemento que individualiza o sujeito perante o corpo social. É formado pelo

prenome (ex. José), e pelo sobrenome, ou também chamado de patronímico (ex.

Silva), que poderá advir maternal ou paternalmente, podendo conter também um

agnome (ex. filho, neto etc.). A alteração ou retificação do prenome, sobrenome ou

agnome é possível em determinadas hipóteses e possui previsão legal (Lei nº

6.015/73).

7. (RS-2007-1) Em relação aos direitos de personalidade, assinale a assertiva

correta.

a) Em princípio, o prenome da pessoa natural é definitivo.

b) Somente o cônjuge pode tutelar a honra da pessoa falecida.

c) Nosso ordenamento legal não outorga proteção ao pseudônimo.

d) O ato de disposição do próprio corpo não admite restrições de qualquer espécie.

     São partes legítimas para requerer a proteção dos direitos da personalidade do

sujeito falecido o seu cônjuge, ascendentes e descendentes (art. 20, parágrafo

Page 6: Testes Parte Geral

único, CC).

     O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da mesma proteção jurídica

dada ao nome (art. 19, CC).

     O ato de disposição do próprio corpo, feita por pessoa capaz, é possível desde

que não contrarie os bons costumes, não traga risco para a integridade física do

doador nem comprometa suas aptidões vitais e não provoque deformação ou

mutilação (art. 13, CC; Lei nº 9.434/97 art. 9º). A disposição do próprio corpo, em

vida ou depois da morte, só é permitida de forma gratuita e para fins científicos

(estudos) ou terapêuticos (transplantes).

     A alternativa correta é a letra “a”. A retificação ou alteração do prenome é

possível somente em determinadas hipóteses como a exposição ao ridículo,

homonímias, apelido público conhecido, erro gráfico evidente, tradução, proteção à

testemunhas etc.(art. 58 da Lei nº 6.015/73). Ora, como o nome não pode ser

alterado ao mero alvedrio, ele é, em princípio, definitivo.

8. (RS-2006-2) Em se tratando de pessoa física, assinale a assertiva correta.

a) A emancipação feita pelos pais prescinde de escritura pública.

b) Não se admite morte presumida.

c) Para alteração do prenome, é suficiente a manifestação de vontade do titular

junto ao Cartório de Registro Civil.

d) Após a morte da pessoa, sua honra poderá ser defendida por seus parentes.

     A emancipação voluntária depende de escritura pública e independe de

homologação judicial (art. 5º, I, e 9º, II, CC). A emancipação judicial também se dá

por instrumento público (art. 91 da Lei nº 6.015/73).

     A morte presumida é admitida com ou sem a decretação de ausência, sendo que

nesta, apenas em determinadas hipóteses (art. 6º e 7º, CC).

     A alteração do prenome não está submetida ao talante de seu titular, podendo

ocorrer a alteração apenas em determinadas hipóteses (art. 58 da Lei nº 6.015/73).

     Após a morte do sujeito titular dos direitos da personalidade, estes podem ser

defendidos por seus ascendentes, descendentes e cônjuge (art. 20, parágrafo único,

do CC). Correta a letra “d”.

9. (PR-2007-1) Sobre a personalidade jurídica e a capacidade de exercício, assinale

a alternativa CORRETA:

Page 7: Testes Parte Geral

a) Sabendo que a capacidade de exercício é a medida da personalidade jurídica,

pode-se afirmar que, sendo os menores de 16 (dezesseis anos) absolutamente

incapazes, não são eles dotados de personalidade jurídica.

b) Todas as pessoas naturais, mesmo as absolutamente incapazes, são dotadas de

direitos da personalidade, conceito este que não é sinônimo de personalidade

jurídica.

c)  Afirmar-se que os viciados em tóxico são relativamente incapazes é o mesmo

que afirmar que eles são dotados de personalidade condicional.

d) a personalidade jurídica do absolutamente incapaz sem discernimento para os

atos da vida civil somente é subtraída após a sentença de interdição.

     A personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair

deveres, sendo adquirida no nascimento (art. 2º, CC) e extinguida na morte da

pessoa natural. Assim, todo o ser humano é dotado de personalidade jurídica, seja

ele capaz ou incapaz. Aliás, toda a pessoa possui capacidade de direito ou de gozo,

pois a capacidade citada nos artigos 3º e 4º do nosso Código Civil se refere a

capacidade de fato ou de exercício, esta sim, sendo a medida da personalidade.

     A sentença de interdição subtrai a capacidade de fato de uma pessoa mas nunca

a sua personalidade jurídica, necessitando ela de outra pessoa (representante ou

assistente) para poder exercer seus direitos e contrair deveres. Em suma, a

personalidade jurídica de uma pessoa e a sua capacidade civil de direito jamais

podem ser cerceados ou mitigados, extinguindo-se apenas com a morte.

     Na alternativa “b”, que é a correta, aparece outro conceito que são os direitos

da personalidade; estes são os direitos subjetivos de uma pessoa em defender

aquilo que lhe é próprio (vida, integridade, liberdade etc.). Estes direitos não se

confundem com a personalidade jurídica, pois esta é a aptidão da pessoa para

contrair deveres e direitos, inclusive os direitos de personalidade, que podem ser ou

não inatos. Com a morte do sujeito, a aptidão para contrair direitos e deveres

(personalidade jurídica) se extingue, porém, os seus direitos de personalidade

continuam a existir e são ainda tutelados pelo ordenamento jurídico.

     Destarte, todas as pessoas naturais, capazes de exercerem seus direitos ou não,

são dotadas de personalidade jurídica e titulares de direitos da personalidade.

10. (RS-2006-1) Em nosso ordenamento jurídico, quanto às pessoas jurídicas,

assinale a assertiva correta:

a) O Ministério Público é parte ilegítima para requerer a desconsideração da

personalidade jurídica em caso de desvio de finalidade.

Page 8: Testes Parte Geral

b) Não se aplica às pessoas jurídicas o regime dos direitos da personalidade

previsto no Código Civil.

c) As pessoas jurídicas não podem pleitear dano moral.

d) Quando se tratar de tutela do consumidor, a desconsideração da personalidade

jurídica poderá ocorrer mesmo que não se configure o abuso de direito.

     A proteção aos direitos da personalidade é aplicável, no que couber (nome,

marca, honra, imagem etc.), às pessoas jurídicas (art. 52, CC). Violados estes

direitos, nasce na pessoa jurídica a pretensão na reparação de possíveis danos

materiais e morais.

     A pessoa jurídica é autônoma em relação aos seus membros no tocante ao

exercício de seus direitos e cumprimento de suas obrigações. Entretanto, o abuso

de sua personalidade jurídica pelos seus membros, caracterizado pelo desvio de

finalidade ou pela confusão patrimonial, configura abuso de direito e dá azo a

desconsideração da personalidade jurídica estendendo a responsabilidade

patrimonial, provisoriamente e em caso determinado, sobre os bens particulares

dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. A desconsideração pode ser

requerida pela parte ou pelo Ministério Público quando lhe couber intervir no

processo, sendo parte legítima para tal requerimento (art. 50, CC).

     No que tange a relação de consumo a desconsideração da personalidade da

pessoa jurídica pode ocorrer pelo abuso do direito ou mesmo por outros motivos

como a falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa

jurídica provocados por má administração (art. 28, CDC) , ou mesmo quando a

personalidade obstaculizar de alguma forma o ressarcimento de prejuízos causados

aos consumidores (art. 28, parágrafo 5º, CDC). Assim a assertiva correta é a letra

“d” pois a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica quando situada em

uma relação de consumo pode ocorrer mesmo sem o abuso do direito, baseando-se

em outras hipóteses normativas.

11. (PR-2006-3) Assinale a alternativa CORRETA:

a) A personalidade jurídica das pessoas jurídicas de direitos privado - que também

pode ser denominada como direitos da personalidade – sempre poderá ser

desconsiderada quando se revelar como óbice ao ressarcimento integral dos danos

produzidos às pessoas naturais ou a outras pessoas jurídicas.

b) A afirmativa constante no Código Civil de que “toda pessoa é capaz de direitos e

deveres na ordem civil” comporta exceções, sendo exemplo mais emblemático a

incapacidade absoluta dos menores de 16 (dezesseis) anos, pelo que se pode

afirmar que somente são dotados de personalidade jurídica aqueles entes ou

Page 9: Testes Parte Geral

sujeitos aos quais a lei atribui plena capacidade de exercício.

c) Nem todos os direitos da personalidade se aplicam às pessoas jurídicas.

d) Atendendo ao princípio da segurança jurídica, base fundante no ordenamento

jurídico, o Código Civil tipifica de modo exauriente o rol dos direitos da

personalidade passíveis de proteção jurídica.

     A personalidade jurídica da pessoa (natural ou jurídica) não se confunde com os

seus direitos de personalidade. Estes, são os poderes que toda a pessoa possui de

defender o que lhe é próprio (nome, honra, vida etc.). Aquela, é a aptidão genérica

para contrair direitos e deveres, sendo inerente a todo ser humano, capaz ou

incapaz.

     A personalidade jurídica da pessoa jurídica pode ser desconsiderada sempre que

houver o seu abuso, o que configura abuso de direito (art. 187, CC), caracterizado

pelo desvio da finalidade ou pela confusão patrimonial (art. 50, CC). A hipótese da

personalidade como óbice para ressarcimento aplica-se apenas na relação de

consumo, quando os credores são consumidores (art. 28 parágrafo 5º, CDC).

     Os direitos da personalidade não são arrolados taxativamente e nem regulados

de forma esgotável pelo Código Civil que serve ao tema apenas onze artigos.

     No tocante às pessoas jurídicas, nem todos os direitos da personalidade lhes são

aplicados, reservando apenas o que couber (art. 52, CC). Correta a alternativa “c”.

12. (RS-2006-2) Em se tratando de pessoa jurídica, assinale a assertiva correta:

a) A decretação da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica pressupõe

a existência de fraude a credores

b) A pessoa jurídica tem direito a pleitear dano moral.

c) Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público.

d) Adquire-se a personalidade jurídica mediante a assinatura do contrato social.

     A fraude contra credores, vício social de anulabilidade, não é pressuposto para a

desconsideração da personalidade da pessoa jurídica que ocorre em caso de abuso

de direito configurado com o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial (art.

50, CC), ou em se tratando de relação de consumo, em outras hipóteses (art. 28,

CDC).

     Os partidos políticos são pessoas jurídica de direito privado (art. 44, inciso V,

CC).

Page 10: Testes Parte Geral

     A personalidade jurídica da pessoa jurídica é obtida a partir de sua existência

legal, o que, em caso de pessoa jurídica de direito privado, inicia com a inscrição do

ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC; art. 119 da Lei nº 6.015/73).

     A alternativa correta é a letra “b”, pois a pessoa jurídica, como titular de direitos

subjetivos, pode pleitear judicialmente danos materiais e morais.

13. (RS-2007-1) Sobre pessoas jurídicas, assinale a assertiva incorreta.

a) Para que se altere o estatuto da fundação, é necessário dar vista ao Ministério

Público.

b) Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado.

c) Compete tanto à assembléia-geral quanto ao Conselho de Administração alterar

o estatuto da associação.

d) Os condomínios edilícios são pessoas jurídicas de direito privado

     A alteração do estatuto de uma fundação requer: deliberação de dois terços dos

membros competentes para gerir e representar a fundação; que a modificação não

contrarie ou desvirtue o fim da pessoa jurídica; e que seja aprovada pelo Ministério

Público, ou, em caso  de denegação deste, pelo Poder Judiciário (art. 67, CC).

     São pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades, as

fundações, as organizações religiosas e os partidos políticos (art. 44, CC).

14. (PR-2007-1) Sobre as pessoas jurídicas, assinale a alternativa CORRETA:

a) Nas pessoas jurídicas constituídas sob a forma de associações, não há entre os

associados, nos termos do Código Civil, direitos e obrigações recíprocos.

b) Nos termos do Código Civil, as sociedades existem como pessoas jurídicas desde

o instante em que é firmado o contrato social.

c) A desconsideração da personalidade da pessoa jurídica implica a sua

despersonalização para todo e qualquer fim.

d) A desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica gera a

responsabilização patrimonial dos administradores, jamais estendendo, porém, os

efeitos das obrigações da pessoa jurídica ao patrimônio de sócios não

administradores.

Page 11: Testes Parte Geral

     As sociedades, bem como as outras pessoas jurídicas de direito privado,

adquirem a personalidade jurídica a partir de sua existência legal, que acontece

com o registro do titulo constitutivo no respectivo registro (arts. 45, 985, e 1.150,

CC).

     A desconsideração da personalidade da pessoa jurídica estende a

responsabilização patrimonial aos bens particulares dos administradores, podendo

alcançar os dos sócios não administradores da pessoa jurídica. Porém, os bens dos

sócios não podem ser executados antes dos bens sociais (benefício de ordem).

     A desconsideração da personalidade jurídica é episódica, ou seja, é feita

provisoriamente e em dado caso concreto, surtindo efeitos em certas e

determinadas relações de obrigações  (art. 50, CC).

     Destarte, a alternativa correta é a letra “a”, conforme parágrafo único do artigo

53 do CC. Cada associado constitui uma universalidade de direitos, deveres e bens

e a associação outra (princípio da autonomia da pessoa jurídica). Não se confunde a

inexistência sinalagmática entre os associados com a igualdade de direitos entre

eles (art. 55, CC), pois estes são postos em detrimento deles com a associação,

podendo ser reduzido com a instituição de categoria e vantagens especiais.

15. (PR-2006-1) Analise as afirmativas  abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

I – As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito publico

interno, arroladas em tal condição no Código Civil de 2002.

II – A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado, como regra,

independe de registro, bastando a aprovação de seu contrato social pelo Poder

Executivo.

III – nem todos os direitos de personalidade  se aplicam às pessoas jurídicas.

a)todas as afirmativas estão corretas.

b)apenas as afirmativas II e III estão corretas.

c)apenas a afirmativa III está correta.

d)apenas a afirmativa II está correta.

     As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, da

Administração indireta.

     A existência legal e a personalidade jurídica da pessoa jurídica é obtida a partir

da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC; art. 119 da Lei nº

6.015/73).

     No tocante às pessoas jurídicas, nem todos os direitos da personalidade lhes são

aplicados, reservando apenas o que couber (art. 52, CC).

     Assim, a alternativa correta é a letra “c”, sendo que apenas a afirmativa III é

Page 12: Testes Parte Geral

verdadeira.

16. (RS-2006-1) Quanto à matéria de prescrição e decadência, assinale a assertiva

correta:

a) Os novos prazos prescricionais instituídos pelo Código Civil de 2002 têm

aplicação imediata, sem a incidência de regra de transição relativamente aos

prazos do Código de 1916.

b) Os prazos prescricionais podem ser alterados pelas partes, tendo em vista o

princípio da autonomia da vontade.

c) A interrupção da prescrição somente pode ser utilizada uma vez pelo particular.

d) Aplicam-se à decadência, de regra, as normas que impedem, suspendem ou

interrompem a prescrição.

     Os novos prazos estabelecidos pelo Código de 2002 (Lei nº 10.406), inclusive os

decadenciais e prescricionais, possuem regra de transição em relação aos prazos do

diploma revogado (art. 2.028, CC).

     Os prazos prescricionais não podem ser estabelecidos ou alterados pela vontade

das partes (art. 192, CC); sendo silente a lei, o prazo será de dez anos (art. 205,

CC). A sua interrupção, que poderá ser feita por qualquer interessado (art. 203, CC),

somente poderá ocorrer uma vez (letra “c” correta), reiniciando o fluxo

prescricional ( art. 202, CC).

     As causas preclusivas (suspensão, interrupção e impedimento) do fluxo temporal

prescricional não são aplicadas ao instituto da decadência (art. 207, CC), salvo

disposição legal em contrário, como as causas obstativas do fluxo decadencial em

reclamar sobre vícios de produtos ou serviços (art. 26, CDC).

17. (RS-2006-2) Em relação à prescrição, assinale a assertiva correta.

a) A ação declaratória de nulidade não prescreve.

b) A ação de investigação de paternidade prescreve em 10 anos.

c) O Juiz não pode declarar de ofício a prescrição.

d) A alegação de prescrição somente pode ocorrer em primeiro grau de jurisdição.

Page 13: Testes Parte Geral

     As ações declaratórias são imprescritíveis em sentido amplo (correta a letra “a”),

isto é, não estão sujeitas à prazo prescricional nem decadencial, bem como as

ações constitutivas que não tenham prazo como, por exemplo, a investigação de

paternidade. Assim, estão sujeitas à prescrição (lato sensu) todas as ações

condenatórias (sujeitas à prescrição) e as ações constitutivas que possuam prazo

(sujeitas à decadência).

     A alegação da prescrição pode ocorrer em qualquer grau de jurisdição (art. 193,

CC) e pode ser reconhecida "ex officio" pelo órgão judicante (art. 194 do CC

revogado pela Lei nº 11.280/06, com redação ao parágrafo 5º do art. 219 do CPC).

18. (PR-2006-2) Assinale a alternativa CORRETA:

a) A decadência convencional pode ser objeto de renúncia.

b) A prescrição não pode ser conhecida de ofício pelo juiz, salvo se favorecer ao

absolutamente incapaz.

c) Ao fluir do prazo decadencial se suspende na hipótese de casamento entre

credor e devedora.

d) Admite-se a renúncia à prescrição no que diz respeito às pretensões creditícias,

desde que a renúncia seja definida desde logo, no momento da celebração da

avença.

     A prescrição pode ser reconhecida "ex officio" pelo órgão judicante em qualquer

caso (art. 194 do CC revogado pela lei 11.280/06, com redação ao parágrafo 5º do

art. 219 do CPC).

     É a prescrição que não corre entre os cônjuges na constância da sociedade

conjugal (art. 197, I, CC), podendo ser uma causa impeditiva ou suspensiva, o que

vai depender se o casamento ou a união estável for contraída antes ou depois de

iniciar o fluxo temporal.

     A prescrição pode ser renunciada  tácita ou expressamente pelo prescribente

somente após consumada e sem prejuízo de terceiros.

     A decadência pode ser legal ("ex vi legis") ou convencional ("ex vi voluntatis"). A

primeira, não pode ser objeto de renúncia (art. 209, CC) e pode ser reconhecida "ex

officio" pelo juiz. A segunda, pode ser renunciada (alternativa “a” correta) e não

pode ser reconhecida "ex officio" pelo juiz (art. 211, CC).

Page 14: Testes Parte Geral

19. (RS-2006-1) Relativamente à Lei de Introdução do Código Civil, assinale a

assertiva correta:

a) A lei começa a vigorar no prazo de 45 dias após sua promulgação, sem exceções.

b) Considera-se ato jurídico perfeito aquele já consumado segundo a lei vigente ao

tempo em

que se efetuou.

c) O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país onde foi

celebrado o casamento.

d) Na aplicação da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia.

     O prazo da "vacatio legis" será de 45 dias depois de oficialmente publicada

apenas se não houver disposição em contrário. Ressaltando que nos Estados

estrangeiros,a lei brasileira admitida tem a vacância de três meses (art. 1º, LICC).

     O regime de bens legal ou convencional aplicado à sociedade conjugal ou a

união estável obedece à lei do país em que os nubentes tiverem domicílio e, sendo

este diverso, a lei do primeiro domicílio conjugal (art. 7º, parágrafo 4º, LICC). Não

tendo domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele

em que se encontre. (art. 7º, parágrafo 8º, LICC).

     O juiz utiliza a analogia, os princípios gerais do direito e os costumes para decidir

em casos onde há omissão legislativa, e não na aplicação da lei (arts. 4º LICC, 126

CPC, e 8º CLT).

     A alternativa correta é a letra “b” que utilizou o conceito de ato jurídico perfeito

dado pelo artigo 6º, parágrafo 1º, da LICC.

20. (RS-2006-3) Em relação aos direitos civis, é correto afirmar que

a) a prodigalidade conduz à incapacidade absoluta.

b) em princípio, as pertenças acompanham a sorte do principal.

c) havendo conflito de interesse entre representante e representado, o negócio

jurídico praticado é passível de anulação.

d) não corre prescrição contra os relativamente incapazes.

     Os pródigos, após sentença de interdição, são relativamente incapazes (art. 4º,

IV, CC).

Page 15: Testes Parte Geral

     Pertenças são os bens que, não constituindo parte integrante do principal (e aqui

ele se diferencia do acessório), se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço

ou ao aformoseamento de outro (art. 92, CC). Em  regra, ao contrário dos bens

acessórios, as pertenças não acompanham o principal, salvo se o contrário resultar

da lei, da manifestação de vontade ou das circunstâncias do caso (art. 93 CC).

     A prescrição (e a decadênica) não corre contra os absolutamente incapazes (art.

198, I, e 3º, CC).

     O negócio jurídico realizado pelo representante em conflito de interesse com o

representado, com pessoa que sabia ou deveria saber de tal conflito,  é passível de

anulação, com um prazo decadencial de 180 dias contados a partir da cessação da

incapacidade (art. 119, CC). Correta a letra “c”.

21. (PR-2006-1) Assinale a alternativa CORRETA:

a) Não serão anuláveis por fraude contra credores os contratos de disposição

gratuita dos bens do devedor insolvente quando a insolvência não for notória, ou

não houver motivo para ser conhecida do devedor ou do outro contratante.

b) As garantias de dívida que o devedor já insolvente der a algum credor se

presumem, em regra, como fraudatórias dos direitos dos outros credores.

c) O negócio jurídico simulado praticado a partir do dia 12 de janeiro de 2003 é

anulável.

d) A convalescença do negocio jurídico nulo de dá por sua conversão substancial,

que sempre deverá contar com o consentimento de todos os integrantes da relação

jurídica.

     A fraude contra credores é um vício social que induz anulabilidade. São atos que

desfalcam o patrimônio do devedor, evitando uma futura execução. A insolvência

notória ou com motivo para ser conhecida são requisitos para configuração da

fraude contra credores quando os atos que desfalcam o patrimônio do devedor

forem a título oneroso.(art. 159, CC). Se o ato for de liberalidade, como a doação

(art. 538, CC) ou a remissão de dívidas (art. 385, CC), não é necessário estes

requisitos; aliás, nem mesmo necessita o devedor estar em insolvência, desde que

os atos de liberalidade o reduzam a tal. Todavia, na fraude contra credores de

negócio jurídicos a título gratuito se faz necessário o "consilium fraudis".

     A garantia real (art. 1419, CC) dada a um credor pelo devedor insolvente

presume-se fraudatória dos direitos dos demais credores (art. 163, CC). Correta a

letra “b”.

Page 16: Testes Parte Geral

     A simulação é também vicio social e induz nulidade nos negócio jurídicos

realizados sob a égide no Código Civil de 2002 (art. 167, CC).

     O negócio jurídico nulo, ao contrário do anulável, é insuscetível de convalidação

ou de confirmação (art. 169, CC). Todavia, pode o negócio jurídico nulo se converter

em outro válido quando não proibido legalmente, estando presentes os requisitos

do novo negócio e houver a intenção dos contratantes em efetivá-lo (art. 170, CC).

Mas, se trata de conversão substancial em outro negócio jurídico e não a

convalescença do negócio nulo.

22. (PR-2006-2) Sobre o negócio jurídico, assinale a alternativa CORRETA:

a) O Código Civil admite hipóteses de anulação do negócio jurídico por erro de

direito.

b) O negócio jurídico de disposição patrimonial onerosa poderá ser anulado por

fraude contra credores, ainda que o adquirente não saiba da insolvência do

alienante nem tenha motivos para conhecê-la.

c) Somente a comprovação de má-fé por parte do adquirente propicia a anulação

do negócio jurídico de disposição patrimonial gratuita sob o fundamento da fraude

contra credores.

d) A simulação absoluta gera nulidade do negócio jurídico, ao passo que a

simulação relativa gera a sua anulabilidade.

     A fraude contra credores feita a título oneroso é anulável desde que feita por

devedor cuja insolvência seja notória ou que exista motivos para conhecê-la,

dispensando o "consilium fraudis" (art. 159, CC). Porém, se o ato de desfalque do

patrimônio for a título gratuito(art. 158, CC) é necessário, além do "consilium

fraudis" (ma-fé do devedor ou do devedor com terceiro) que o devedor seja

insolvente ou que se reduza a ela com os atos fraudulentos. Assim, é preciso não

somente a comprovação da má-fé, como também os elementos do "eventus damni"

(ato de desfalque) e a insolvência (anterior ou posterior ao ato).

     A simulação absoluta é aquela em que o sujeito declara uma vontade criando a

expectativa de um negócio jurídico, que em verdade, ele não tem intenção

nenhuma de realizá-lo. Enquanto que na simulação relativa um negócio jurídico se

efetiva, porém, sob a aparência de outro, fictício. As duas formas de simulação, com

o advento do Código Civil de 2002, são vícios de nulidade (art. 167, CC).

     O erro é uma falsa noção da realidade por uma das partes, o que macula de

anulabilidade o negócio jurídico, quando este erro for substancial e escusável (art.

138, CC). O erro de direito é a ignorância, o falso conhecimento ou a má

Page 17: Testes Parte Geral

interpretação de uma norma jurídica, o que vicia o consentimento apenas se a

manifestação volitiva eivada de erro for o único motivo ou o motivo principal do

negócio jurídico (139, III, CC). Não se trata de uma escusa ao cumprimento da lei

(art. 3º, LICC), mas sim, de um cumprimento defeituoso por um erro na

manifestação volitiva única ou principal, visto que somente poderá incidir em

normas dispositivas (sujeita ao livre acordo das partes) e jamais em norma cogente

ou impositiva. Assim, a resposta correta é a letra “a”.

23. (PR-2006-3) Assinale a alternativa CORRETA:

a) O termo inicial suspende a aquisição do direito subjetivo.

b) A condição suspensiva, quando implementada, interrompe a possibilidade de

exercício de um direito subjetivo que já existia quando da celebração do negócio

jurídico.

c) Em regra, enquanto o encargo não é cumprido, o beneficiário do ato de

liberalidade não adquire o direito subjetivo.

d) A inexecução do encargo imposto a uma liberalidade, em regra, não gera a

extinção de pleno direto do direito adquirido por meio do ato de liberalidade.

     O termo é a cláusula que subordina a eficácia (termo inicial ou suspensivo) ou a

ineficácia (termo final ou resolutivo) do negócio jurídico a evento futuro e certo.

     A condição é a cláusula que subordina a eficácia (condição supensiva) ou a

ineficácia (condição resolutiva) do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

     Encargo ou modo é a cláusula que impõe ao adquirente um ônus em decorrência

da coisa adquirida.

     O termo inicial suspende o exercício do direito subjetivo, mas não a sua

aquisição (art. 131, CC). O encargo, por sua vez, não suspende nem a aquisição

nem o exercício do direito subjetivo (art. 136, CC), salvo se imposto pelo disponente

como condição suspensiva, visto que esta, suspende tanto a aquisição como o

exercício do direito subjetivo (art. 125, CC).

     Dessarte, a alternativa correta é a letra “d” (embora infeliz sintatica e

semânticamente), pois a inexecução do encargo, em regra, não extingue o direito

adquirido na liberalidade.