135
A ECONOMIA PORTUGUESA EM 2002 1. INTRODUÇÃO O Produto Interno Bruto (PIB) português deve- rá apresentar, em 2002, um crescimento real entre 0 e 1 por cento. Registou-se, assim, uma marcada de- saceleração da actividade económica em relação ao ano de 2001, em que o PIB cresceu 1.8 por cento (ver Quadro 1.1). O abrandamento da economia portuguesa abrangeu a generalidade das compo- nentes da despesa e dos sectores produtivos. A de- saceleração da actividade económica tem-se verifi- cado gradualmente ao longo do ano, o que é ilus- trado de uma forma clara pela evolução do indica- dor coincidente do Banco de Portugal e também pelo indicador de sentimento económico, divulga- do pela Comissão Europeia. O actual intervalo de previsão coincide com o divulgado no Boletim Económico de Junho, tanto no que se refere ao ponto central como à amplitude. Não obstante a manutenção do ponto central do intervalo de previsão, registaram-se alterações em termos de composição da despesa, sendo de assi- nalar a revisão em baixa da procura interna priva- da — em particular no que se refere ao consumo de bens duradouros e ao investimento — e as revi- sões para cima da despesa final das administra- ções públicas e do contributo da procura externa líquida para o crescimento do produto. A manu- tenção da amplitude do intervalo de previsão (1) re- flecte o grau de incerteza excepcional a que estão sujeitas as actuais projecções, resultante, em gran- de parte, das revisões sucessivas que se têm verifi- cado nos dados do comércio externo (ver Caixa 1: Revisões aos dados do comércio internacional). A insta- bilidade destes dados dificulta a análise da evolu- ção da economia portuguesa em 2002, em particu- lar no que se refere ao comportamento das quotas de mercado dos exportadores, da evolução da pro- cura interna e do próprio saldo de mercadorias. A execução orçamental de 2002, nomeadamente no que se refere ao risco de não ser cumprido o objec- tivo de 2.8 por cento do PIB definido pelo Governo para o défice das administrações públicas, consti- tui um segundo elemento de incerteza. O enquadramento externo da economia portu- guesa continuou a caracterizar-se por condições globalmente desfavoráveis. Assim, apesar de as actuais projecções das organizações internacionais continuarem a apontar para uma recuperação do PIB mundial em 2002, a actividade económica da área do euro — na qual se concentram cerca de dois terços das transacções económicas da econo- mia portuguesa com o exterior — irá registar uma Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 5 Textos de política e situação económica Quadro 1.1 PRINCIPAIS INDICADORES ECONÓMICOS Taxas de variação em percentagem Por memória: 2001 2002 2002 BE Junho 2002 Consumo privado ........ 1.0 -¼ ;¾ ½ ; 1½ Consumo público......... 2.9 1.1 0.9 FBCF ................... -0.4 -5¼ ; -3¼ -5.0 ; -3.0 Procura interna .......... 1.1 -1 ; 0 -¾ ; ¼ Exportações.............. 1.7 ¾; 2¼ 1 ; 2½ Procura global ........... 1.3 ½;½ -¼ ; ¾ Importações ............. 0.1 -2½ ; -½ -1½; ½ PIB ..................... 1.8 0;1 0;1 Balança corrente + balança de capital (% PIB) ...... -8.4 -6¾ ; -5¼ -6½ ; -5.0 Índice Harmonizado de Preços no Consumidor. . 4.4 3.5; 3.7 3.5; 4.5 (1) Refira-se, a propósito, que nos Boletins Económico de Setembro de 1999, 2000 e 2001 os intervalos de previsão para o PIB do ano em análise tinham uma amplitude de 0.5 pontos percentuais (p.p.), metade da que é agora apresentada.

Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

A ECONOMIA PORTUGUESA EM 2002

1. INTRODUÇÃO

O Produto Interno Bruto (PIB) português deve-rá apresentar, em 2002, um crescimento real entre 0e 1 por cento. Registou-se, assim, uma marcada de-saceleração da actividade económica em relação aoano de 2001, em que o PIB cresceu 1.8 por cento(ver Quadro 1.1). O abrandamento da economiaportuguesa abrangeu a generalidade das compo-nentes da despesa e dos sectores produtivos. A de-saceleração da actividade económica tem-se verifi-cado gradualmente ao longo do ano, o que é ilus-trado de uma forma clara pela evolução do indica-dor coincidente do Banco de Portugal e tambémpelo indicador de sentimento económico, divulga-do pela Comissão Europeia.

O actual intervalo de previsão coincide com odivulgado no Boletim Económico de Junho, tanto noque se refere ao ponto central como à amplitude.Não obstante a manutenção do ponto central dointervalo de previsão, registaram-se alterações emtermos de composição da despesa, sendo de assi-nalar a revisão em baixa da procura interna priva-da — em particular no que se refere ao consumode bens duradouros e ao investimento — e as revi-sões para cima da despesa final das administra-ções públicas e do contributo da procura externalíquida para o crescimento do produto. A manu-tenção da amplitude do intervalo de previsão(1) re-flecte o grau de incerteza excepcional a que estãosujeitas as actuais projecções, resultante, em gran-de parte, das revisões sucessivas que se têm verifi-cado nos dados do comércio externo (ver Caixa 1:Revisões aos dados do comércio internacional). A insta-bilidade destes dados dificulta a análise da evolu-

ção da economia portuguesa em 2002, em particu-lar no que se refere ao comportamento das quotasde mercado dos exportadores, da evolução da pro-cura interna e do próprio saldo de mercadorias. Aexecução orçamental de 2002, nomeadamente noque se refere ao risco de não ser cumprido o objec-tivo de 2.8 por cento do PIB definido pelo Governopara o défice das administrações públicas, consti-tui um segundo elemento de incerteza.

O enquadramento externo da economia portu-guesa continuou a caracterizar-se por condiçõesglobalmente desfavoráveis. Assim, apesar de asactuais projecções das organizações internacionaiscontinuarem a apontar para uma recuperação doPIB mundial em 2002, a actividade económica daárea do euro — na qual se concentram cerca dedois terços das transacções económicas da econo-mia portuguesa com o exterior — irá registar uma

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 5

Textos de política e situação económica

Quadro 1.1

PRINCIPAIS INDICADORES ECONÓMICOS

Taxas de variação em percentagem

Por memória:

2001 2002 2002

BE Junho 2002

Consumo privado . . . . . . . . 1.0 -¼ ;¾ ½ ; 1½Consumo público. . . . . . . . . 2.9 1.1 0.9FBCF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.4 -5¼ ; -3¼ -5.0 ; -3.0Procura interna . . . . . . . . . . 1.1 -1 ; 0 -¾ ; ¼Exportações. . . . . . . . . . . . . . 1.7 ¾; 2¼ 1 ; 2½Procura global . . . . . . . . . . . 1.3 ½ ; ½ -¼ ; ¾Importações . . . . . . . . . . . . . 0.1 -2½ ; -½ -1½; ½PIB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.8 0 ; 1 0 ; 1

Balança corrente + balançade capital (% PIB) . . . . . . -8.4 -6¾ ; -5¼ -6½ ; -5.0

Índice Harmonizado dePreços no Consumidor. . 4.4 3.5; 3.7 3.5; 4.5

(1) Refira-se, a propósito, que nos Boletins Económico de Setembrode 1999, 2000 e 2001 os intervalos de previsão para o PIB do anoem análise tinham uma amplitude de 0.5 pontos percentuais(p.p.), metade da que é agora apresentada.

Page 2: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

desaceleração no ano corrente, com o PIB a apre-sentar um crescimento de 0.9 por cento (1.5 porcento em 2001). Refira-se que, com a excepção darecessão de 1993, este crescimento do produtoconstitui o valor mais baixo desde o início da déca-da de 90. Em paralelo, continuou a assistir-se auma deterioração acentuada das condições dosmercados financeiros, com os principais índicesaccionistas a apresentar quedas substanciais e ele-vados níveis de volatilidade. Num contexto depressões inflacionistas moderadas, a turbulêncianos mercados financeiros e as dúvidas crescentesquanto ao dinamismo da recuperação económicalevaram a que as autoridades monetárias das prin-cipais economias avançadas tivessem decidido, aolongo de 2002, manter inalteradas as suas taxas dejuro oficiais. Em resultado, as taxas de juro bancá-rias praticadas em Portugal mantiveram-se prati-camente constantes no decurso do corrente ano,em níveis muito baixos, tanto em termos nominaiscomo em termos reais.

O processo de ajustamento da economia portu-guesa continuou em 2002, num contexto em que oenquadramento externo é particularmente desfa-vorável para esse efeito. As características princi-pais deste processo de ajustamento foram, em2002, as seguintes: reduções, em termos reais, dadespesa final das famílias e das empresas; aumen-to da taxa de poupança dos particulares, reforçan-do os aumentos verificados nos dois anos anterio-res; continuação da alteração do padrão de cresci-mento económico, verificando-se um contributonegativo da procura interna para o crescimento, oque já não acontecia desde 1993 e um novo au-mento do contributo da procura externa líquida;redução das necessidades de financiamento daeconomia portuguesa face ao exterior. Por seulado, tanto o consumo como o investimento dasadministrações públicas deverão registar uma de-saceleração expressiva face ao elevado crescimentoobservado nos anos anteriores.

O consumo privado verificou um crescimentoreal marginalmente positivo, reflectindo um con-junto relativamente amplo de factores: desacelera-ção do rendimento disponível, restrições financei-ras associadas aos elevados níveis de endivida-mento das famílias e níveis de confiança muitobaixos. Neste último caso, é provável que as pers-pectivas menos favoráveis no mercado de traba-lho, num contexto de um aumento do desempre-

go, constituam o principal factor explicativo. Adi-cionalmente, as dificuldades de consolidação fi-nanceira das administrações públicas deverão es-tar igualmente a gerar incerteza sobre o comporta-mento futuro da economia, com um provável im-pacto negativo na confiança dos consumidores. Oinvestimento das famílias em habitação deverá re-gistar um decréscimo em 2002, reflectindo o mes-mo tipo de factores e ainda a continuação de umprocesso de ajustamento após a expansão muitoacentuada do parque habitacional no final da dé-cada de 90. O investimento das empresas voltou aregistar uma redução em 2002, reflectindo pers-pectivas pouco favoráveis de evolução da procura(interna e externa), restrições financeiras associa-das aos elevados níveis de endividamento atingi-dos nos últimos anos e, ainda, níveis menos eleva-dos de utilização da capacidade produtiva. Final-mente, e que no diz respeito à procura externa, aevolução projectada neste Boletim Económico assu-me, como cenário central, um crescimento das ex-portações de bens e serviços próximo do verifica-do em 2001 — o que, no contexto de um cenáriointernacional mais desfavorável, corresponde aum comportamento mais favorável das quotas demercado das exportações portuguesas — e umaqueda em termos reais das importações, o que jánão acontecia desde 1993. A evolução das importa-ções reflecte o comportamento das componentescom maior conteúdo importado, como as despesasem bens de consumo duradouro e o investimentoem equipamento, que registaram reduções muitosignificativas em termos reais, em linha com o seupadrão de comportamento cíclico habitual.

A informação disponível permite projectar,para 2002, uma redução do défice conjunto das ba-lanças corrente e de capital — que traduz as neces-sidades de financiamento da economia portuguesaface ao exterior — de um valor de 8.4 por cento doPIB em 2001 para o intervalo de variação de -6 ¾ a-5 ¼ do PIB. Para esta redução contribui, de umaforma decisiva, a redução do défice da balança demercadorias, que reflecte dois factores principais: aevolução projectada para os volumes das exporta-ções e de importações; e o ganho de termos de tro-ca, parcialmente justificado pela evolução dos pre-ços do petróleo nos mercados internacionais. Aforte recuperação estimada para as transferênciaspúblicas associadas a fundos recebidos pela UniãoEuropeia permitirá também uma melhoria da ba-

6 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Page 3: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

lança de capital e uma estabilização da balança detransferências correntes, num quadro de reduçãodo saldo das transferências privadas. Finalmente,refira-se o novo aumento previsto para o défice dabalança de rendimentos, associado ao forte au-mento do endividamento externo da economiaportuguesa face ao exterior nos últimos anos.

Em 2002, a taxa de inflação em Portugal, medi-da pela variação média anual do Índice Harmoni-zado de Preços no Consumidor (IHPC), deverá re-gistar um valor no intervalo de 3.5 a 3.7 por cento,o que constitui uma redução em relação ao valorde 4.4 por cento, observado em 2001. O abranda-mento dos preços reflecte, no essencial, três facto-res principais — menor crescimento dos preçosdos bens alimentares não transformados, reduçõesnos preços das importações e desaceleração dossalários nominais — cujo efeito conjunto prevale-ceu sobre os factores que actuaram em sentidocontrário: o processo de conversão em euros depreços em escudos, que afectou o comportamentodos preços no primeiro trimestre, e o aumento dataxa normal do Imposto sobre o Valor Acrescenta-do (IVA), que afectou a evolução do IHPC a partirde Junho de 2002.

A evolução dos preços a partir de Maio tradu-ziu um comportamento da inflação mais favoráveldo que o projectado no Boletim Económico deJunho. Assim, o intervalo de variação de 3.5 a 4.5por cento então apresentado, para a variação mé-dia anual do IHPC, é revisto agora para o intervalode 3.5 a 3.7 por cento. Esta alteração reflecte, no es-sencial, uma reavaliação do impacto nos preços dasubida da taxa normal do IVA — que se estimaagora ser menos intenso e mais desfasado do queo então assumido — e uma revisão nas hipótesestécnicas do exercício, em resultado da apreciaçãoda taxa de câmbio de euro(2) e de uma evoluçãomais favorável da generalidade dos preços inter-nacionais de bens de consumo do que o então as-sumido (ver Caixa 2: Inflação em 2002: desvio em re-lação à projecção anterior).

No Orçamento Rectificativo de 2002 o Governoassumiu que o défice das administrações públicasno corrente ano se situaria em 2.8 por cento. Estevalor foi confirmado na notificação do Procedimen-to dos Défices Excessivos do final de Agosto e no

Relatório do Orçamento de Estado para 2003, apre-sentado no início de Outubro. A informação dispo-nível sugere, contudo, que há um risco de se ultra-passar o défice previsto de 2.8 por cento. Os princi-pais elementos de risco decorrem da dificuldade,na actual conjuntura económica, de realizar a recei-ta prevista no programa de vendas de patrimóniodefinido pelo Governo, da quase inevitabilidade dea receita fiscal se situar abaixo do previsto no Orça-mento Rectificativo, da provável derrapagem nadespesa em alguns serviços autónomos, como oServiço Nacional de Saúde, e, finalmente, da possi-bilidade do défice da administração regional e localvir a exceder o admitido na notificação do Procedi-mento dos Défices Excessivos de Agosto.

2. ENQUADRAMENTO INTERNACIONAL

2.1. Enquadramento internacional da área do euro

Conforme esperado no início do ano, a econo-mia mundial iniciou em 2002 uma recuperação,após a forte desaceleração observada em 2001. Arecuperação da actividade económica foi particu-larmente significativa no primeiro trimestre doano, com o crescimento a exceder as expectativasem algumas regiões do mundo, com destaque paraos Estados Unidos e as economias dos mercadosemergentes da Ásia. A informação disponível paraos segundo e terceiro trimestres aponta, contudo,para alguma perda de dinamismo, pelo que sub-sistem dúvidas quanto ao ritmo e à sustentabilida-de da recuperação económica mundial. As mais re-centes projecções do Fundo Monetário Internacio-nal (FMI), divulgadas no final de Setembro, apon-tam para um crescimento da economia mundial de2.8 por cento em 2002, após 2.2 por cento em 2001(Quadro 2.1). Apesar da projecção para o cresci-mento económico mundial em 2002 se ter mantidoinalterada face às previsões de Abril, verifica-ram-se alterações importantes entre países, desta-cando-se a revisão em alta do crescimento previstopara as economias asiáticas e a deterioração signi-ficativa das perspectivas de crescimento para aAmérica Latina, bem como a revisão em baixa docrescimento para a área do euro. A projecção parao crescimento do PIB nos Estados Unidos em 2002foi revista marginalmente em baixa. As pressõesinflacionistas a nível global mantêm-se relativa-mente contidas, projectando-se em 2002 uma redu-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 7

Textos de política e situação económica

(2) As projecções macroeconómicas do Eurosistema são elaboradassob a hipótese técnica de taxas de câmbio constantes.

Page 4: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ção da taxa de inflação na generalidade das econo-mias ou regiões, com excepção da América Latina.Não obstante, regista-se em 2002 um aumento dospreços das matérias-primas, que estará a reflectir arecuperação da actividade económica global, bemcomo, no caso do petróleo, a deterioração da situa-ção política no Médio Oriente (Gráfico 2.1). Em 16de Outubro, o preço do barril de petróleo (Brent)situava-se em 28.5 dólares, o que representa umasubida de cerca de 8 dólares em relação aos preçosobservados no início de 2002.

Apesar da recuperação da actividade económi-ca, assistiu-se a partir do final do primeiro trimes-tre deste ano a uma deterioração acentuada dascondições nos mercados financeiros internacionais.Nos mercados accionistas, os principais índicesapresentaram quedas substanciais e os níveis devolatilidade ultrapassaram, no caso dos EstadosUnidos e da área do euro, os observados na se-quência das crises asiática e russa (Gráficos 2.2A e2.2B). Este comportamento reflectiu o aumento dos

8 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 2.1

PROJECÇÕES DO FMI

Taxa de variação, em percentagem

PIB Preços no consumidor

2000 2001 2002 2002(rev.

Abr.02)

2000 2001 2002 2002(rev.

Abr.02)

Economia mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.7 2.2 2.8 0.0 — — — —Países em transição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.6 5.0 3.9 0.0 20.2 15.9 11.3 0.5

Rússia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.0 5.0 4.4 0.0 20.8 20.7 15.8 1.7Países em desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . 5.7 3.9 4.2 -0.1 6.1 5.7 5.6 -0.2

Países asiáticos em desenvolvimento. . . . . 6.7 5.6 6.1 0.2 1.9 2.6 2.1 -0.4ASEAN-4(a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.1 2.6 3.6 0.3 3.0 6.6 6.2 -0.4América Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.0 0.6 -0.6 -1.3 8.1 6.4 8.6 0.4Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.4 1.5 1.5 -1.0 7.0 6.8 6.5 0.4

Economias avançadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.8 0.8 1.7 0.0 2.3 2.2 1.4 0.1NIC(b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.5 0.8 4.7 1.1 1.1 1.9 1.1 -0.2EUA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.8 0.3 2.2 -0.1 3.4 2.8 1.5 0.1Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 -0.3 -0.5 0.5 -0.8 -0.7 -1.0 0.1Reino Unido(c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 1.9 1.7 -0.3 2.1 2.1 1.9 -0.5

Por memória: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .União Europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5 1.6 1.1 -0.4 2.3 2.6 2.1 0.1Área do euro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5 1.5 0.9 -0.5 2.4 2.6 2.1 0.2

Fonte: FMI, World Economic Outlook Setembro 2002.

Notas:

(a) Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia.

(b) Coreia, Hong-Kong, Taiwan e Singapura.

(c) Preços no consumidor excluindo juros de crédito hipotecário.

Gráfico 2.1PREÇOS INTERNACIONAIS

DE MATÉRIAS-PRIMAS

Em dólares norte-americanos

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

Jan.97 Jan.98 Jan.99 Jan.00 Jan.01 Jan.02

US

Dp

or

ba

rril

60.0

70.0

80.0

90.0

100.0

110.0

120.0

130.0

140.0

Índ

ice

(19

92

=1

00

)

Petróleo (Brent )

Matérias-primasnão energéticas(esc. dir.)

Fontes:Thomson Financial Datastream e HWWA.

Page 5: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

prémios de risco e a redução dos lucros esperadosdas empresas cotadas, sobretudo norte-ameri-canas, na sequência da divulgação de irregularida-des contabilísticas e, posteriormente, da incertezacrescente quanto à sustentabilidade da recupera-ção económica em curso. Neste contexto, os preçosdas acções na área do euro, medidos pelo índiceDow Jones Eurostoxx, diminuíram 34 por cento,em relação ao final de 2001, enquanto, no mesmoperíodo, os preços das acções norte-americanas,medidos pelo índice S&P 500, diminuíram 26 porcento (Quadro 2.2). A deterioração da confiançados investidores gerou uma preferência por acti-vos de menor risco, que se traduziu num aumentogeneralizado dos preços no mercado obrigacionis-ta. A correspondente redução das taxas de rendibi-lidade foi mais acentuada no caso dos títulos dadívida pública, pelo que se observou um aumentodos diferenciais de rendibilidade entre a dívidaprivada e a dívida pública, tanto nos Estados Uni-dos, como na área do euro, em particular no casodos títulos com maior risco. Nos Estados Unidos,por exemplo, onde as taxas de juro das obrigaçõesdo tesouro a 10 anos atingiram níveis mínimosdesde o início da década de 60, os diferenciais dejuro para as empresas com melhor rating aumenta-ram 53 pontos base, entre o final de 2001 e 16 deOutubro de 2002, enquanto para as empresas compior rating o diferencial aumentou 118 pontosbase. Na área do euro, no mesmo período, os dife-renciais de juro para as empresas com melhor ra-ting mantiveram-se praticamente inalterados, en-quanto para as empresas com pior rating o diferen-cial aumentou 78 pontos base. Nos mercados daseconomias emergentes, assistiu-se igualmente auma deterioração das condições de financiamento,particularmente acentuada no caso de países comoo Brasil ou a Turquia, afectados pela incertezaquanto à evolução da situação política e dúvidasquanto à sustentabilidade da dívida(3). Finalmente,no mercado cambial, o dólar depreciou-se face àsprincipais moedas, reflectindo a redução dos flu-xos de investimento para os Estados Unidos. Entreo final de 2001 e meados de Outubro de 2002, odólar depreciou-se cerca de 10 por cento em rela-ção ao euro, embora quando analisada em termosefectivos nominais a depreciação da moeda nor-te-americana tenha sido inferior (6 por cento).

Num contexto de pressões inflacionistas mode-radas, a turbulência nos mercados financeiros e as

dúvidas crescentes quanto ao dinamismo da recu-peração em curso levaram a que as autoridadesmonetárias das principais economias avançadas ti-vessem decidido manter inalteradas as suas taxasde juro oficiais. Assim, a Reserva Federal nor-te-americana manteve o objectivo para a taxa de

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 9

Textos de política e situação económica

Gráfico 2.2AÍNDICES DE ACÇÕES

Na própria moeda

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

Jan.99 Ago.99 Mar.00 Nov.00 Jun.01 Jan.02 Set.02

Jan

eir

od

e2

00

0=

10

00

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

Jan

eir

od

e1

99

9=

10

00

S&P 500

Nikkei225

Dow Jones EuroStoxx alargado

Fontes: Bloomberg e Banco de Portugal.

Gráfico 2.2BVOLATILIDADES HISTÓRICAS

DOS ÍNDICES BOLSISTAS(a)

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Jan.97 Out.97 Jul.98 Abr.99 Jan.00 Out.00 Jul.01 Abr.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

S&P 500 Dow Jones Euro Stoxx Nikkei

Crise Russa

CriseAsiática

Atentados 11Setembro

Fonte: Bloomberg.Nota:(a) Cálculos do Banco de Portugal: desvio-padrão das va-

riações diárias das últimas 60 observações.

(3) Por exemplo, no caso do Brasil, entre o final de 2001 e 16 deOutubro de 2002, o real depreciou-se cerca de 40 por cento emrelação ao dólar.

Page 6: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

juro dos Fed funds em 1.75 por cento — o nível ve-rificado desde 11 de Dezembro de 2001 — enquan-to a taxa de juro mínima aplicável às operaçõesprincipais de refinanciamento do Banco CentralEuropeu permaneceu no valor fixado em 11 deNovembro de 2001 (3.25 por cento).

De acordo com as projecções do FMI, a econo-mia norte-americana deverá apresentar em 2002um crescimento de 2.2 por cento, após um aumen-to de 0.3 por cento no ano anterior.(4) Depois deuma recuperação significativa do PIB no final de2001 e início de 2002, a actividade económica apre-sentou uma moderação a partir do segundo tri-mestre (Quadro 2.3). O crescimento particularmen-

te elevado do PIB no primeiro trimestre (1.2 porcento face ao trimestre anterior) ficou a dever-seem grande medida ao contributo significativo davariação de existências por parte do sector priva-do. As despesas das famílias, nomeadamente emautomóveis e habitação, apresentaram igualmenteum forte crescimento no primeiro trimestre. Paraesta evolução terá contribuído a descida acentuadadas taxas de juro em 2001, a melhoria do rendi-mento real disponível, associada a reduções de im-

10 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 2.2

MERCADOS FINANCEIROS

Taxa de variação em percentagem, salvo indicação em contrário; valores diários

Variação até 16 de Outubro de 2002, desde

Mar.2000 (a) 11 Set. 2001 28 Dez. 2001

Mercado accionistaS&P 500 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -40 -21 -26Nasdaq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -74 -27 -38Nikkei 225 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -55 -13 -16FTSE100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -38 -19 -23Dow Jones Eurostoxx. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -54 -28 -34

Mercado obrigacionistaTaxas de Juro das Obrigações das Empresas

Estados UnidosDiferencial (variação do nível; pontos base)

Empresas com rating AAA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 48 53Empresas com rating BBB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 119 118

Área do euroDiferencial (variação do nível; pontos base)

Empresas com rating AAA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -14 -3 1Empresas com rating BBB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 20 78

Taxas de Juro das Obrigações do Tesouro a 10 anos(variação do nível; pontos base)

Estados Unidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -220 -76 -100Área do Euro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -78 -29 -40Japão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -75 -36 -31

Diferenciais de taxa de juro nos mercados emergentes(EMBI+, variação do nível; pontos base) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 74 243

Mercado cambial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Dólar/Euro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 10 11Iene/Euro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 12 6Taxa de câmbio efectiva do euro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 5 5Taxa de câmbio efectiva do dólar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 -3 -6

Fontes: Bloomberg; BIS e BCE.

Nota:

(a) Corresponde ao mês em que os índices bolsistas dos Estados Unidos e da área do euro atingiram máximos históricos.

(4) Aquando da habitual revisão anual das contas nacionais (efec-tuada em meados deste ano), o crescimento em 2001 foi revistoem baixa 0.9 p.p.

Page 7: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

postos e ao comportamento dos salários reais, bemcomo o forte crescimento dos preços das habita-ções, que tem incentivado o recurso ao créditopara fins de consumo e atenuado os efeitos rique-za negativos decorrentes da queda dos preços dasacções desde 2000. No segundo trimestre, a activi-dade cresceu 0.3 por cento face ao trimestre ante-rior, reflectindo uma evolução mais moderada dascomponentes da procura que tinham apresentadocrescimentos mais elevados no primeiro trimestre.A FBCF não residencial do sector privado voltou aregistar variações negativas na primeira metadedo ano, ainda que menos acentuadas do que asevidenciadas no decurso do ano anterior, numcontexto em que a utilização de capacidade na in-dústria se manteve a níveis reduzidos face à médiada última década. No que se refere ao sector exter-no, observou-se uma aceleração significativa tantodas exportações como das importações. As indica-ções para o terceiro trimestre apontam para a ma-

nutenção de um crescimento elevado para o con-sumo privado, ainda que novamente associado àexistência de incentivos para a aquisição de auto-móveis. O investimento empresarial deverá man-ter a trajectória de recuperação evidenciada no pri-meiro semestre e o investimento residencial ter-se-á mantido dinâmico. No entanto, os indicadoresde confiança sugerem um maior pessimismo deempresários e consumidores no terceiro trimestre.Acresce ainda que a elevada volatilidade dos mer-cados financeiros evidenciada nos últimos mesesveio aumentar significativamente a incerteza emtorno das perspectivas de crescimento da econo-mia norte-americana. Em particular, para além dasquedas dos preços nos mercados accionistas se po-derem agravar, persiste a possibilidade de umajustamento forte do dólar, dada a manutenção deum elevado défice da balança corrente. Não obs-tante a redução das necessidades de financiamentodo sector privado, o FMI prevê um agravamento

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 11

Textos de política e situação económica

Quadro 2.3

EUA – INDICADORES ECONÓMICOS

Taxa de variação homóloga Taxa de variaçãoem cadeia

2001 2002(a) 2001 2002 2001 2002

III IV I II III III IV I II

Contas NacionaisProduto interno bruto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.3 2.2 -0.4 0.1 1.4 2.2 - -0.1 0.7 1.2 0.3

Consumo privado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 2.9 1.8 2.8 3.0 3.1 - 0.4 1.5 0.8 0.4Despesa pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.7 4.4 3.2 5.1 5.1 4.0 - -0.3 2.5 1.4 0.4Formação bruta de capital fixo (sector privado) . . . . . . . . . . . . . . . -3.8 -2.0 -5.1 -6.7 -6.3 -3.7 - -1.1 -2.3 -0.1 -0.2Não residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -5.2 - -7.4 -9.3 -9.4 -6.3 - -1.5 -2.8 -1.5 -0.6Residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.3 - 1.9 1.0 2.4 3.2 - 0.1 -0.9 3.4 0.7

Procura interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.4 2.7 -0.3 0.1 1.8 2.8 - 0.0 0.7 1.4 0.7Exportações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -5.4 -2.7 -10.1 -11.4 -9.3 -3.0 - -4.6 -2.5 0.9 3.4Importações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -2.9 2.6 -7.1 -8.0 -4.1 2.6 - -3.1 -1.3 2.1 5.1

Mercado de trabalhoTaxa de desemprego (em percentagem) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.8 5.9 4.8 5.6 5.6 5.9 5.7Emprego por conta de outrem (sector não agrícola) . . . . . . . . . . . . . 0.2 - 0.1 -0.8 -1.3 -1.1 - -0.2 -0.6 -0.3 0.0

Indústria transformadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -4.2 - -5.2 -6.7 -7.2 -6.1 - -1.9 -2.1 -1.7 -1.0Construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.5 - 0.5 -0.6 -2.1 -2.3 - -0.3 -0.6 -0.5 -0.9Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.9 - 0.9 0.2 -0.2 -0.2 - 0.1 -0.4 0.0 0.1

Balança de PagamentosBalança Corrente (em percentagem do PIB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -3.9 -4.6 -3.6 -3.7 -4.4 -5.0 -Finanças Públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Saldo das Administrações Públicas (em percentagem do PIB)(a). . . -0.2 -2.6Dívida das Administrações Públicas (em percentagem do PIB)(a) . 56.4 57.0Preços no consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.8 1.5 2.7 1.9 1.3 1.3 - 0.2 -0.1 0.3 0.8

Fontes: Thomson Financial Datastream, Department of Commerce e FMI.

Nota:

(a) Estimativas do FMI, World Economic Outlook Setembro 2002.

Page 8: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

do défice da balança corrente em percentagem doPIB de 3.9 por cento, em 2001, para 4.6 por cento,em 2002. Esta evolução reflecte o aumento signifi-cativo das necessidades de financiamento das ad-ministrações públicas.

No Japão, permanece a situação de deflação edeverá registar-se uma nova contracção da activi-dade económica em 2002, reflectindo a ausência deprogressos significativos na resolução dos proble-mas estruturais que, nos últimos anos, têm afecta-do a economia e, em particular, o sector bancário.No primeiro semestre deste ano, o PIB apresentoualguma recuperação, suportada pelo comporta-mento das exportações e por alguma melhoria daprocura interna.(5) Em Outubro, o Banco Central doJapão anunciou que irá proceder à compra de ac-ções aos bancos comerciais, no âmbito de um con-junto de medidas que permita às instituições fi-nanceiras reduzir os seus activos em acções, demodo a facilitar a resolução do problema do crédi-to de cobrança duvidosa e garantir a estabilidadedo sistema financeiro.

No Reino Unido, de acordo com as projecçõesdo FMI, o crescimento do PIB deverá atingir 1.7por cento em 2002, o que compara com 1.9 porcento no ano passado. Depois da actividade econó-mica se ter apresentado relativamente fraca na se-gunda metade de 2001 e início de 2002, obser-vou-se uma melhoria no segundo trimestre. A re-cuperação da actividade económica neste trimestrereflectiu a evolução favorável evidenciada pelocontributo do sector externo para o crescimento,em grande medida resultado da aceleração signifi-cativa das exportações. O consumo privado cres-ceu novamente a taxas apreciáveis, beneficiandonomeadamente da situação favorável do mercadode trabalho, bem como do aumento do preço dashabitações — cerca de 20 por cento no terceiro tri-

mestre de 2002, em termos homólogos — que con-tinuou a incentivar o recurso ao crédito para finsde consumo. A FBCF voltou a apresentar cresci-mentos negativos durante o primeiro semestre doano.

A recuperação económica tem sido particular-mente intensa nas economias de mercados emer-gentes asiáticas, com a actividade a crescer signifi-cativamente desde o início do ano, suportada poruma forte aceleração da produção industrial e dasexportações. Em 2002, de acordo com as projecçõesdo FMI, o crescimento do PIB no conjunto dos no-vos países industrializados da Ásia deverá situ-ar-se em 4.7 por cento, o que corresponde a umarevisão de 1.1 p.p. face às projecções divulgadasem Abril. Contrastando com os sinais de recupera-ção em diversas regiões do mundo, a situação eco-nómica e financeira na América Latina sofreu umadeterioração na primeira metade de 2002, nãomostrando até ao momento quaisquer indícios deinversão. Uma parte significativa da queda regista-da no PIB no conjunto da região ficou a dever-se àcrise na Argentina e aos efeitos de contágio a al-guns países vizinhos. Muito embora tivesse sidodas economias da região a que melhor resistiu aosefeitos da crise na Argentina, o Brasil enfrentouuma forte deterioração na confiança dos investido-res no segundo trimestre de 2002, que se reflectiunuma significativa depreciação do real e num alar-gamento dos diferenciais de taxa de juro. Esta alte-ração no sentimento dos investidores em relação àeconomia brasileira deveu-se em grande parte a in-certezas relacionadas com a orientação política queresultará das eleições presidenciais de Outubro.

2.2. Área do euro

2.2.1. Evolução económica na área do euro

De acordo com as projecções do FMI, a activi-dade económica na área do euro deverá apresentaruma desaceleração em 2002, de 1.5 para 0.9 porcento (Quadro 2.1). Na primeira metade do ano,apesar de alguma recuperação face ao comporta-mento particularmente negativo evidenciado emfinais do ano passado, o PIB registou um cresci-mento modesto e inferior ao esperado no início doano. O sector externo evoluiu favoravelmente e aprocura interna, apesar de ter apresentado algumaestabilização, manteve-se fraca (Quadro 2.4). Nos

12 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(5) A actividade económica apresentou um crescimento em cadeianulo no início do ano e de 0.6 por cento no segundo trimestre,depois de se ter reduzido nos três trimestres anteriores. Refi-ra-se que as contas nacionais japonesas sofreram uma revisãosignificativa devido à introdução de alterações metodológicas.As principais alterações efectuadas foram a inclusão de fontesde dados adicionais (em particular do lado da oferta) e melho-rias no método de estimação. As taxas de variação a partir dosegundo trimestre de 2001 (inclusive) passaram a reflectir anova metodologia, tendo-se mantido inalteradas as séries decontas nacionais para o período anterior. De referir que o pri-meiro trimestre de 2002 foi o que sofreu a maior revisão (a vari-ação em cadeia passou de 1.4 para 0.0 por cento).

Page 9: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

dois primeiros trimestres de 2002, o crescimentodo PIB situou-se em 0.4 por cento. O consumo pri-vado apresentou-se particularmente fraco no iníciodo ano, tendo recuperado ligeiramente no segun-do trimestre. A análise dos indicadores de con-fiança sugere que os consumidores na área doeuro poderão ter adiado decisões de consumo du-rante este período, na medida em que piorou subs-tancialmente a sua avaliação quer quanto à situa-ção económica geral, quer quanto à sua própria si-tuação financeira nos últimos doze meses. Tal po-derá ter sido ainda agravado por uma percepção

particularmente desfavorável quanto à evoluçãoda inflação nos primeiros meses do ano, que pare-ce estar em parte associada à transição para o eurofiduciário. A FBCF prolongou na primeira metadedo ano a trajectória de enfraquecimento observadano decurso do ano anterior e apresenta quedas háseis trimestres consecutivos. Este comportamentopoderá estar a reflectir a incerteza quanto à evolu-ção da economia global, bem como eventuais si-tuações de fragilidade financeira em algumas em-presas de diversos países da área do euro, que seestarão a tornar mais evidentes no contexto da de-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 13

Textos de política e situação económica

Quadro 2.4

ÁREA DO EURO – INDICADORES ECONÓMICOS

Taxa de variação homóloga Taxa de variação em cadeia

2000 2001 2002(e) 2001 2002 2001 2002

III IV I II III III IV I II III

Contas NacionaisProduto interno bruto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5 1.4 0.9 1.4 0.4 0.3 0.7 - 0.2 -0.3 0.4 0.4 -

Consumo privado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 1.8 0.8 1.8 1.7 0.6 0.4 - 0.2 0.0 -0.2 0.3 -Consumo público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.9 1.9 1.8 2.2 1.5 2.1 2.0 - 0.4 0.4 0.8 0.4 -Formação bruta de capital fixo . . . . . . . . . . 4.8 -0.7 -1.6 -1.7 -2.4 -2.7 -2.7 - -0.7 -0.8 -0.6 -0.7 -Exportações(a). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.7 2.6 0.9 1.3 -2.9 -2.9 0.0 - -0.2 -1.4 -0.2 1.8 -Importações(a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.2 1.3 0.3 -0.4 -4.6 -4.5 -2.6 - -1.5 -1.5 -0.9 1.3 -

Contributos (em p.p.):Procura interna (exc. var. exist.) . . . . . . . . . 2.8 1.3 0.6 1.1 0.7 0.1 0.0 - 0.0 -0.1 -0.1 0.1 -Variação de existências . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 -0.4 -0.1 -0.4 -0.8 -0.4 -0.3 - -0.3 -0.2 0.2 0.1 -Procura externa líquida . . . . . . . . . . . . . . . . 0.7 0.5 0.4 0.6 0.6 0.5 0.9 - 0.5 0.0 0.2 0.2 -

Mercado de trabalhoTaxa de desemprego (em percentagem). . . . 8.5 8.0 8.4 8.0 8.1 8.1 8.2 -Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1 1.3 0.4 1.1 0.8 0.7 - - 0.1 0.2 0.1 - -

Indústria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.6 0.4 - 0.1 -0.5 -0.9 - - -0.2 -0.3 -0.3 - -Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.9 1.7 - 1.7 1.5 1.5 - - 0.4 0.4 0.3 - -Construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.6 0.4 - 0.3 -0.2 -0.5 - - -0.2 -0.2 -0.2 - -

Balança de PagamentosBalança Corrente (em percentagem

do PIB)(b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.3 0.4 1.1 - - - - - - - - - -

Finanças PúblicasSaldo das Administrações Públicas

(em percentagem do PIB)(c) . . . . . . . . . . . . -0.9 -1.5 -1.9 - - - - - - - - - -Dívida das Administrações Públicas

(em percentagem do PIB). . . . . . . . . . . . . . 69.4 69.2 69.4 - - - - - - - - - -

IHPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 2.5 2.1 2.4 2.1 2.6 2.1 2.0 0.0 0.3 0.8 1.0 0.0

Fontes: Eurostat, Banco Central Europeu e FMI.

Notas:

(a) Inclui comércio entre os países participantes na área do euro.

(b) Estimativas do FMI, World Economic Outlook Setembro 2002, obtidas por soma dos saldos das balanças dos países pertencentes à área doeuro.

(c) Exclui receitas de licenças de UMTS.

(e) Estimativas do FMI, World Economic Outlook Setembro 2002.

Page 10: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

terioração das condições nos mercados financeiros.No que respeita à evolução do sector externo, queras exportações quer as importações de bens e ser-viços aceleraram no decurso da primeira metadedo ano. A informação obtida a partir dos indicado-res compósitos e equações de previsão de curtoprazo sugere que a actividade económica não esta-rá a acelerar na segunda metade do ano. Estas in-dicações são consistentes com alguns sinais de de-terioração da confiança dos consumidores e indus-triais evidentes no terceiro trimestre.

As projecções do FMI apontam para uma redu-ção da taxa de inflação na área do euro para 2.1por cento em 2002. A projectada desaceleração dospreços reflecte a desaceleração dos preços de im-portação motivada pela apreciação da taxa decâmbio do euro, bem como as perspectivas poucofavoráveis quanto à evolução da actividade econó-mica. Após ter convergido para 2.0 por cento no fi-nal de 2001, a variação homóloga do Índice Har-monizado de Preços no Consumidor (IHPC) au-mentou para 2.7 por cento em Janeiro de 2002. Nabase desta subida do nível da inflação estiveramfactores relacionados com condições meteorológi-cas adversas, subida do preço do petróleo, aumen-tos na tributação indirecta e efeitos associados àintrodução do euro fiduciário. Até final do primei-ro semestre, a inflação apresentou uma trajectóriadescendente, tendo-se situado em 1.8 por cento emJunho. Esta evolução ficou a dever-se em grandemedida à desaceleração dos bens alimentares nãotransformados (de um aumento de 8.4 por centoem Janeiro para 1.1 por cento em Junho). A com-ponente energética evidenciou igualmente umadesaceleração significativa (de uma queda de 1.9por cento em Janeiro para uma queda de 3.6 porcento em Junho). A trajectória descendente da in-flação foi interrompida no terceiro trimestre, re-flectindo em grande medida um efeito de base as-sociado às quedas significativas evidenciadas dospreços da energia no período homólogo. Em Se-tembro, a variação homóloga do IHPC situou-seem 2.1 por cento.

A informação disponível aponta para uma de-terioração do saldo orçamental e da dívida públicaem percentagem do PIB num conjunto importantede países da área do euro. De acordo com as pro-jecções do FMI, o défice orçamental na área doeuro deverá aumentar de 1.5 por cento do PIB em2001, para 1.9 por cento do PIB em 2002.

O comportamento económico dos diversospaíses que compõem a área do euro é bastante di-verso (Quadro 2.5), reflectindo diferentes condi-ções estruturais, mas também assimetrias na trans-missão dos recentes choques globais, como sejam asubida dos preços do petróleo, a instabilidade nosmercados financeiros ou a diminuição dos fluxoscomerciais a nível internacional. Relativamente àseconomias de maior dimensão, o comportamentotem sido particularmente modesto no caso da Ale-manha e da Itália, enquanto as economias francesae espanhola têm apresentado taxas de crescimentomais elevadas. Em termos gerais, as economias daárea do euro cujo crescimento tem dependido deforma mais significativa do desempenho das ex-portações apresentam maior vulnerabilidade àmaterialização da recuperação da economia mun-dial e, em particular, da economia norte-americana(Gráfico 2.3).

Na Alemanha, de acordo com as projecções doFMI, o PIB deverá registar um crescimento de 0.5por cento, em 2002, o que traduz uma revisão embaixa de 0.4 p.p. face às projecções de Abril. A acti-vidade cresceu 0.3 por cento, quer no primeiroquer no segundo trimestres, depois de ter apresen-tado quedas nos dois trimestres anteriores. O con-sumo privado apresentou-se fraco, apesar de terevidenciado sinais de alguma melhoria no segun-do trimestre (variação em cadeia de 0.2 por cento,após ter registado quedas nos três trimestres ante-riores). A evolução desfavorável do mercado detrabalho estará a afectar negativamente as despe-sas dos consumidores, bem como a existência deperspectivas pouco optimistas em relação à activi-dade económica futura. A FBCF continua a evi-denciar um comportamento bastante negativo,tanto na componente de equipamento e materialde transporte, como na construção. Depois de umaforte contracção no último trimestre de 2001, na se-quência da redução dos fluxos internacionais decomércio após os acontecimentos de 11 de Setem-bro, as exportações de bens e serviços aceleraramno decurso da primeira metade de 2002, porventu-ra reflectindo a recuperação das importações dosEUA e economias de mercados emergentes daÁsia. Por sua vez, e em virtude do comportamentoparticularmente desfavorável da procura internano início do ano, as importações apresentaramuma recuperação apenas no segundo trimestre. Ataxa de inflação, medida pelo IHPC, continua a

14 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Page 11: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

apresentar valores reduzidos, depois de uma fortedesaceleração iniciada no segundo semestre de2001 e apenas interrompida temporariamente emJaneiro de 2002 (Gráfico 2.4). Em Setembro, a infla-ção situou-se em 1.0 por cento.

Em França, o crescimento do PIB deverá atingir1.2 por cento em 2002, o que representa uma revi-são em baixa de 0.2 p.p. relativamente às projec-ções de Abril do FMI. Após uma forte desacelera-ção no último trimestre de 2001, a actividade eco-nómica parece apresentar sinais de recuperaçãomais evidentes no primeiro semestre de 2002. Aeconomia francesa apresentou um crescimento de0.5 por cento, tanto no primeiro como no segundotrimestre de 2002. O consumo privado surge comoo principal impulsionador da recuperação econó-mica. A FBCF evidenciou alguma melhoria em re-lação ao comportamento muito negativo observa-do no final de 2001. As exportações e as importa-ções, após uma contracção significativa no final de

2001, apresentam indícios de recuperação, maisevidentes no caso das primeiras. Em Setembro, ataxa de variação homóloga do IHPC situou-se em1.8 por cento.

De acordo com as projecções mais recentes doFMI, o PIB em Itália deverá apresentar um cresci-mento de 0.7 por cento, em 2002, o que traduzuma revisão em baixa de 0.7 p.p., face às projec-ções de Abril. Juntamente com a Alemanha, a Itá-lia tem sido entre os países de maior dimensão daárea aquele cujos sinais de recuperação têm sidomenos evidentes. O PIB italiano apresentou umcrescimento marginalmente positivo na primeirametade do ano. O consumo privado e a FBCF con-tinuaram a apresentar-se fracos, ainda que tenhamevidenciado alguma melhoria no segundo trimes-tre. Depois de um comportamento particularmentedesfavorável das exportações no início deste ano,apenas parcialmente compensado pela desacelera-ção das importações, no segundo trimestre regis-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 15

Textos de política e situação económica

Quadro 2.5

ÁREA DO EURO – PROJECÇÕES DO FMI

Taxa de variação, em percentagem

PIB Preços no consumidor

2000 2001 2002 2002(rev.

Abr.02)

2000 2001 2002 2002(rev.

Abr.02)

Área do euro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5 1.5 0.9 -0.5 2.4 2.6 2.1 0.2Alemanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.9 0.6 0.5 -0.4 2.1 2.4 1.4 -0.1França . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 1.8 1.2 -0.2 1.8 1.8 1.8 0.3Itália. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.9 1.8 0.7 -0.7 2.6 2.7 2.4 0.2Espanha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 2.7 2.0 -0.3 3.5 3.2 2.8 0.5Países Baixos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4 1.2 0.4 -1.0 2.3 5.1 3.8 0.4Bélgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.0 1.0 0.6 -0.3 2.7 2.4 1.6 0.5Áustria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.0 1.0 0.9 -0.4 2.0 2.3 1.8 —Portugal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 1.7 0.4 -0.4 2.8 4.4 3.7 0.8Grécia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.1 4.1 3.7 0.3 2.9 3.7 3.8 0.5Finlândia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.6 0.7 1.1 -0.3 3.0 2.7 2.2 0.7Irlanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.5 5.9 3.8 0.6 5.3 4.0 4.4 —Luxemburgo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.5 3.5 2.7 -0.3 3.2 2.7 2.0 -0.1

Por memória:Desvio-padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 1.6 1.3 — 0.9 1.0 1.0 —Desvio-padrão ponderado(a) . . . . . . . . . 1.2 1.0 0.7 — 6.3 8.3 7.9 —Máximo-Mínimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.6 5.3 3.4 — 3.5 3.3 3.0 —

Fonte: FMI, World Economic Outlook Setembro 2002.

Nota:

(a) No caso do PIB ponderado pelos pesos nacionais no PIB da área do euro (pesos de 2001 em PPP) e no caso dos preços no consumidorpelos pesos nacionais no IHPC da área do euro (baseados nos gastos em consumo privado, conceito de contas nacionais).

Page 12: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

tou-se uma melhoria quer das exportações querdas importações, o que se traduziu num aumentoassinalável do contributo do sector externo para ocrescimento do PIB. Depois de ter diminuído aolongo de quase todo o segundo semestre de 2001,a inflação em Itália voltou a subir no início de2002, situando-se actualmente em valores próxi-mos de 2.5 por cento.

As projecções de crescimento do FMI apontampara uma desaceleração do PIB em Espanha para2.0 por cento em 2002, o que representa uma revi-são em baixa de 0.3 p.p. relativamente às projec-ções de Abril. Nos dois primeiros trimestres de2002, a economia espanhola cresceu a taxas em ca-deia em torno de 0.5 por cento, depois de ter apre-sentado um crescimento nulo no final de 2001. Talcomo na economia francesa, o consumo privadonão se apresentou tão fraco como nas economiasalemã e italiana, mas cresceu a taxas mais modes-tas do que as evidenciadas no ano passado. AFBCF manteve-se relativamente estável, apresen-tando um comportamento menos desfavorável doque a maioria dos países grandes da área do euro.Na primeira metade do ano, o contributo da pro-cura externa líquida para o crescimento evidenci-ou uma melhoria face ao comportamento observa-do no final de 2001. Em relação à evolução da in-flação, a Espanha pertence ao conjunto de paísesda área do euro que tem apresentado taxas de in-flação consistentemente acima de 3.0 por cento ao

16 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 2.3PRODUTO INTERNO BRUTOE COMPOSIÇÃO DA DESPESA

Produto interno bruto

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I

Taxa

de

varia

ção

hom

ólo

ga

Área do euro

Espanha

Alemanha

França

Itália

Procura interna

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I

Taxa

de

varia

ção

hom

ólo

ga

Área do euro

Espanha

França

Alemanha

Itália

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I

Ta

xad

eva

ria

ção

ho

log

a

Área do euro

Espanha

França

Alemanha

Itália

Exportações

-8.0

-4.0

0.0

4.0

8.0

12.0

16.0

20.0

1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I

Taxa

de

variaçã

ohom

ólo

ga

Área do euro

Espanha

França

Alemanha

Itália

Importações

-8.0

-4.0

0.0

4.0

8.0

12.0

16.0

20.0

1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I

Taxa

de

varia

ção

hom

ólo

ga

Área do euro

Espanha

Alemanha

França

Itália

Fontes:Thomson Financial Datastream e Eurostat.

Gráfico 2.4ÁREA DO EURO

ÍNDICE HARMONIZADO DE PREÇOSNO CONSUMIDOR

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Jan.01 Abr.01 Jul.01 Out.01 Jan.02 Abr.02 Jul.02

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

Espanha

Itália

Área doeuro

França

Alemanha

Fonte: Eurostat.

Page 13: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

longo de 2002, e no qual se inclui também osPaíses Baixos, Portugal, Irlanda e Grécia. A taxa devariação homóloga do IHPC em Espanha subiu de3.1 por cento, em Janeiro de 2002, para 3.5 por cen-to, em Setembro.

2.2.2. Evolução monetária e financeira

Nos primeiros dez meses de 2002, o Conselhodo BCE manteve inalteradas as respectivas taxasde juro oficiais nos níveis verificados desde No-vembro de 2001. Assim, e como anteriormente re-ferido, a taxa de juro mínima aplicável às opera-ções principais de refinanciamento situou-se em3.25 por cento. A decisão de não alterar as taxas dejuro reflecte a avaliação do Conselho do BCE deque o nível destas é apropriado para a manuten-ção da estabilidade de preços na área do euro nomédio prazo. Nos primeiros meses do ano, a pers-pectiva de uma recuperação rápida da actividadeeconómica na área do euro e as preocupações rela-tivamente aos resultados das negociações salariaisem curso tornavam os riscos para a estabilidade depreços essencialmente ascendentes. No entanto, apartir do segundo trimestre, começaram a surgirindicadores que apontavam para a deterioraçãodas perspectivas de crescimento na área do euro,tornando os riscos para a estabilidade de preçosprogressivamente mais equilibrados. A tendênciade apreciação do euro, verificada a partir do iníciode Abril, contribuiu igualmente de forma impor-tante para atenuar as pressões inflacionistas naárea do euro. O euro atingiu valores máximos faceà moeda norte-americana em meados de Julho,tendo-se situado em alguns momentos acima darespectiva paridade. Entre Março e meados de Ou-tubro, o euro registou, em termos médios, umaapreciação em relação ao dólar de 12 por cento (emtermos efectivos nominais, o euro apreciou-se cer-ca de 6 por cento, no mesmo período).

As expectativas de mercado relativamente àevolução das taxas de juro oficiais na área do eurosofreram alterações significativas desde o início doano (Gráfico 2.5). Até Maio, num contexto em quepredominavam os riscos ascendentes para a evolu-ção da inflação e a expectativa dominante era deuma clara recuperação da actividade económica naárea do euro, os mercados esperavam uma subidadas taxas de juro oficiais entre 50 e 75 pontos base

até final do ano. No entanto, a partir do segundotrimestre, num quadro de instabilidade nos merca-dos financeiros internacionais e de aumento da in-certeza a nível global, começaram a surgir sinaisde alguma perda de dinamismo da actividade,passando a levantar-se dúvidas quanto ao ritmo eà sustentabilidade da recuperação económica.Como resultado, as expectativas quanto à magni-tude da subida das taxas de juro oficiais do BCEforam sendo sucessivamente revistas em baixa.Em meados de Outubro, de acordo com a informa-ção contida nos contratos de futuros sobre a taxade juro a 3 meses, os mercados pareciam esperarque a próxima alteração das taxas de juro do BCEfosse no sentido de redução.

O comportamento da curva de rendimentos domercado monetário na área do euro ao longo de2002 tem reflectido as expectativas de mercado re-lativamente à evolução futura das taxas de juro o-ficiais. O declive da curva de rendimentos do mer-cado monetário da área do euro, medido pelo dife-rencial entre a taxa de juro a 1 ano e a 3 meses, au-mentou progressivamente, chegando a atingir va-lores próximos de 50 pontos base em Maio. Poste-riormente, o diferencial reduziu-se sucessivamen-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 17

Textos de política e situação económica

Gráfico 2.5ÁREA DO EURO

TAXA DE JURO DAS OPERAÇÕES PRINCIPAISDE REFINANCIAMENTO, TAXA DE JURO A 3

MESES E TAXAS DE JURO A 3 MESES IMPLÍCITASNOS CONTRATOS DE FUTUROS(a)

2.75

3.00

3.25

3.50

3.75

4.00

4.25

4.50

4.75

5.00

5.25

Dez.01 Mar.02 Jul.02 Nov.02 Fev.03 Jun.03 Out.03 Jan.04

Em

pe

rce

nta

ge

m

3M Taxa O.P.R.

31-Jul.

28-Mar.

16-Out.

28-Jun.

Fontes: Bloomberg e Banco de Portugal.Nota:(a) Nas datas assinaladas o eixo das abcissas refere-se às

datas de vencimento dos contratos.

Page 14: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

te, situando-se, em meados de Outubro em -16pontos base (Quadro 2.6).(6)

Provavelmente reflectindo a deterioração dasperspectivas quanto à recuperação económica naárea do euro, as taxas de juro das obrigações de dí-vida pública a 10 anos iniciaram, a partir do finaldo primeiro trimestre de 2002, um movimentoacentuado de descida. Em meados de Outubro,esta taxa de juro situava-se em 4.5 por cento, emtermos médios, ou seja, cerca de 80 pontos baseabaixo do nível registado em Março. Neste perío-do, a redução das taxas de juro de longo prazo foi

mais significativa nos Estados Unidos, pelo que odiferencial (negativo) face à área do euro, que erade 4 pontos base, em Março, se alargou para cercade 50 pontos base.

Os índices do mercado accionista da área doeuro, que se encontravam relativamente estáveis

18 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 2.6

ÁREA DO EURO – INDICADORES MONETÁRIOS E FINANCEIROS

Unidades 2000 2001 2002

Dez. Dez. Jan. Mar. Jun. Ago. Set. Out.(a)

Taxa de câmbio do euroDólar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . dólares, média de período 0.897 0.892 0.883 0.876 0.955 0.978 0.981 0.984Iene . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ienes, média de período 100.6 113.4 117.1 114.7 117.8 116.3 118.4 121.8Libra esterlina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libras, média de período 0.613 0.620 0.617 0.616 0.644 0.636 0.631 0.630Índice de taxa de câmbio efectiva . . . . . . . . . . 1999T1=100, média de período 85.4 87.7 87.6 86.8 90.6 91.1 91.2 91.8

Taxas de juroTaxas de intervenção do SEBC

Operações principais de refinanciamento . em %, fim de período 3.00 3.25 3.25 3.25 3.25 3.25 3.25 3.25Facilidade permanente de cedência deliquidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, fim de período 4.00 4.25 4.25 4.25 4.25 4.25 4.25 4.25Facilidade permanente de depósito . . . . . . em %, fim de período 2.00 2.25 2.25 2.25 2.25 2.25 2.25 2.25

Mercado monetário interbancárioEONIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, média de período 4.83 3.34 3.29 3.26 3.35 3.29 3.32 3.29Euribor 3 meses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, média de período 4.94 3.34 3.34 3.39 3.46 3.35 3.31 3.26Euribor 12 meses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, média de período 4.88 3.30 3.48 3.82 3.87 3.44 3.24 3.10

Taxas de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública5 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, média de período 4.82 4.33 4.48 4.90 4.70 4.15 3.85 3.7810 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, média de período 5.07 4.96 5.02 5.32 5.16 4.73 4.52 4.53

Mercados bolsistasÍndice Dow Jones Eurostoxx. . . . . . . . . . . . . . . em pontos, média de período 395.6 308.1 308.3 315.5 269.8 231.3 211.8 196.1

Agregados monetários e de créditoM3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, tvh 4.1 8.1 7.8 7.2 7.1 7.0 - -

média móvel de 3 meses 3.9 7.9 7.7 7.3 7.3 - - -M2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, tvh 3.6 6.5 6.8 6.2 6.5 6.5 - -M1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, tvh 5.3 5.6 6.7 5.8 6.9 7.8 - -Crédito a residentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em %, tvh 6.0 5.2 5.2 4.9 4.4 4.2 - -

Credito ao sector privado . . . . . . . . . . . . . . . em %, tvh 10.1 6.7 6.2 5.5 5.4 5.2 - -Crédito às administrações públicas . . . . . . . em %, tvh -6.6 0.0 1.6 2.8 1.0 0.7 - -

Fonte: BCE.

Nota:

(a) Com base na média até 16 de Outubro.

(6) Recorde-se que, em 2001, o diferencial entre as taxas de juro domercado monetário a 1 ano e a 3 meses manteve-se negativo erelativamente estável, reflectindo deslocações paralelas, parabaixo, de todo o segmento curto da curva de rendimentos, numcontexto em que o BCE reduziu as taxas de juro de intervençãopor quatro vezes (em Maio, Agosto, Setembro e Novembro).

Page 15: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

desde Dezembro de 2001, iniciaram a partir deMarço um movimento de queda bastante acentua-do, em linha com o comportamento dos índicesdos principais mercados internacionais. Assim, en-tre Março e meados de Outubro, o índice Dow Jo-nes Eurostoxx registou uma redução, em termosmédios, de 38 por cento.

A taxa de crescimento do agregado monetárioM3, apesar de ter registado uma diminuição emrelação aos níveis verificados no final de 2001, temmantido valores elevados. A média de três mesesdas taxas de crescimento homólogas, correspon-dente ao período de Junho a Agosto, situou-se em7.1 por cento (0.2 p.p. abaixo da média observadanos três meses terminados em Julho). No contextoda instabilidade que afectou os mercados accionis-tas, o forte crescimento do M3 poderá estar a re-flectir em alguma medida ajustamentos de carteirapor parte dos agentes económicos a favor de acti-vos líquidos de curto prazo. No que se refere àscontrapartidas do agregado M3, a taxa de cresci-mento do crédito concedido a residentes na áreado euro tem mantido uma tendência decrescente,situando-se em Agosto em 4.2 por cento (5.2 porcento, em Dezembro de 2001). Num quadro emque existem condições favoráveis em termos decusto de financiamento, a desaceleração do créditona área do euro estará a reflectir o abrandamentoda actividade económica na área do euro, bemcomo as incertezas em torno da sua recuperação.

3. CONDIÇÕES MONETÁRIAS DA ECONOMIAPORTUGUESA

3.1. Condições monetárias

A evolução monetária e financeira da economiaportuguesa, em 2002, acompanhou os desenvolvi-mentos dos mercados financeiros internacionais,descritos no ponto anterior, que se caracterizarampor uma relativa estabilidade das taxas de juro domercado monetário, desde o final de 2001, e pelaredução continuada das taxas de juro de longoprazo das obrigações de dívida pública e dos índi-ces de cotações de acções, em particular desdeMarço.

Assim, a instabilidade apresentada pelos mer-cados accionistas da área do euro, ao longo de2002, reflectiu-se também na queda acentuada re-gistada pelo índice PSI-Geral, o qual, em termos

médios mensais, reduziu-se mais de 22 por centoem Setembro, relativamente a Dezembro de 2001.Em linha com a intensificação da procura dos in-vestidores por títulos de rendimento fixo, a taxa derentabilidade das obrigações do Tesouro com ma-turidade residual de 10 anos registou, desde Junhode 2002, um movimento continuado de descida, si-tuando-se o respectivo valor, em Setembro, em4.63 por cento (em média mensal), 0.38 p.p. abaixodo valor médio de Dezembro do ano anterior. Aredução observada nas taxas de juro das obriga-ções portuguesas foi, todavia, menos acentuada doque a verificada, em média, na área do euro; emconsequência, o diferencial entre as taxas de renta-bilidade de longo prazo das Obrigações de Tesou-ro, em Portugal, e a média da área do euro alar-gou-se, de 5 p.b., em Dezembro de 2001, para 11p.b. em Setembro de 2002, valor que continua a sermuito baixo em termos históricos.

Apesar das alterações de declive da curva derendimentos, as taxas de juro nos prazos mais cur-tos do mercado monetário do euro (até 3 meses)apresentaram-se razoavelmente estáveis, ao longode 2002. Em linha com esta relativa estabilidade,as taxas de juro bancárias nominais, em Portugal,mantiveram-se praticamente inalteradas ao longode 2002 (Quadro 3.1 e Gráficos 3.1 e 3.2). Assim, ataxa de juro dos depósitos a prazo (181 dias a 1ano) situava-se, em Setembro, em 2.9 por cento, aomesmo nível de Dezembro de 2001. Nos três pri-meiros trimestres do ano, esta taxa oscilou ligeira-mente, entre 2.9 e 3.1 por cento, sendo o seu valormédio (3.0 por cento) inferior em 0.4 p.p. à médiade 2001. Em consequência, o diferencial entre astaxas de juro do mercado monetário e dos depósi-tos a prazo, para prazos comparáveis — que se ti-nha reduzido significativamente ao longo de 2001— manteve-se em 0.4 p.p., em Setembro, o mesmonível de final de 2001.

Quanto às taxas de juro das operações activas,também estas permaneceram estáveis, desde o fi-nal de 2001, em níveis próximos dos mínimos re-gistados em meados de 1999. Com efeito, a taxa dejuro dos empréstimos a sociedades não financeiras(91 a 180 dias) situava-se, em Setembro de 2002,em 5.1 por cento, 0.1 p.p. abaixo do valor de De-zembro do ano anterior; em termos médios, no pe-ríodo de Janeiro a Setembro, esta taxa foi de 5.1por cento, 0.8 p.p. abaixo da média de 2001. Porseu lado, a taxa de juro dos empréstimos a particu-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 19

Textos de política e situação económica

Page 16: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

lares (por prazo superior a 5 anos) registava, emSetembro, o mesmo valor de Dezembro de 2001,5.0 por cento, sendo que, ao longo do ano, mante-

ve-se estável, situando-se o seu valor médio em 5.1por cento, 1 p.p. abaixo da média de 2001.

20 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 3.1

PORTUGAL – TAXAS DE JURO NOMINAIS

Operações princi-pais de refinancia-mento do BCE (a)

Euribora 3 meses

Taxa de rendibili-dade de obrigaçõesdo Tesouro emiti-

das a taxafixa com maturida-de residual de 10

anos

Taxas de jurodos depósitos a

prazo(181 dias a 1 ano)

Taxas de juro dosempréstimos

(excepto desconto)a sociedades

não financeirasprivadas

(91 a 180 dias)

Taxas de juro dosempréstimos

(excepto desconto)a particularese emigrantes

(mais de 5 anos)

1999Mar. . . . . . . . . . . . . . 3.00 3.1 4.2 2.5 5.5 5.2Jun. . . . . . . . . . . . . . 2.50 2.6 4.7 2.2 4.8 4.9Set. . . . . . . . . . . . . . . 2.50 2.7 5.4 2.3 4.9 4.9Dez. . . . . . . . . . . . . . 3.00 3.5 5.5 2.4 5.1 5.0

2000Mar. . . . . . . . . . . . . . 3.50 3.8 5.6 2.6 5.7 5.2Jun. . . . . . . . . . . . . . 4.25 4.5 5.5 3.0 5.6 6.0Set. . . . . . . . . . . . . . . 4.50 4.9 5.6 3.3 6.4 6.6Dez. . . . . . . . . . . . . . 4.75 4.9 5.3 3.5 6.4 6.9

2001Mar. . . . . . . . . . . . . . 4.75 4.7 5.1 3.6 5.9 6.6Jun. . . . . . . . . . . . . . 4.50 4.5 5.4 3.6 6.0 6.2Set. . . . . . . . . . . . . . . 3.75 4.0 5.2 3.2 5.8 5.9Dez. . . . . . . . . . . . . . 3.25 3.3 5.0 2.9 5.2 5.0

2002Mar . . . . . . . . . . . . . 3.25 3.4 5.4 2.9 5.1 5.1Jun. . . . . . . . . . . . . . 3.25 3.5 5.3 3.1 5.1 5.2Set. . . . . . . . . . . . . . . 3.25 3.3 4.6 2.9 5.1 5.0

Nota:

(a) Valor no final do período. Para as restantes taxas, valores médios mensais.

Gráfico 3.1ÍNDICE CAMBIAL EFECTIVO NOMINAL

E TAXAS DE JURO NO MERCADO MONETÁRIO

99.999.6

99.0

101.5

97

98

99

100

101

102

103

104

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Índ

ice

(De

z1

99

9=

10

0)

-1

0

1

2

3

4

5

6

Pe

rce

nta

ge

m

ICE nominal para Portugal(índice)

ICE nominalpara Portugal(média anual)

Euribor a3 meses(esc.dir.)

Euribor a3 meses(médiaanual

(esc.dir.)

Gráfico 3.2PORTUGAL: TAXAS DE JURO BANCÁRIAS E

DO MERCADO MONETÁRIO

1

2

3

4

5

6

7

8

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Mercadomonetárioa 3 meses

Depósitos a prazo(181 dias a 1 ano)

Empréstimos asociedades não

financeiras(91 a 180 dias)

Empréstimos aparticulares(mais de 5 anos)

Nota: Última observação: Setembro 2002.

Page 17: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Como consequência da estabilidade das taxasde juro nominais e dos níveis de inflação, mais ele-vados em Portugal do que na média da área doeuro, as taxas de juro reais mantiveram-se, nosnove meses terminados em Setembro de 2002, emtorno de valores historicamente reduzidos, regista-dos desde o início de 2001(7) (Gráfico 3.3).

A evolução das taxas de juro, ao longo de 2002,terá permitido à economia portuguesa beneficiarde condições monetárias mais acomodatícias doque as verificadas no ano anterior. Realce-se que,até meados de Abril, as condições propiciadas pelamanutenção das taxas de juro em níveis historica-mente reduzidos foram reforçadas pela deprecia-ção, ainda que ligeira, do índice cambial efectivonominal (cerca de 0.2 por cento, em Abril, relativa-mente ao valor de final de 2001). Este, posterior-mente, inverteu a sua trajectória, reflectindo amarcada apreciação do euro face ao USD, situan-do-se, no final de Setembro, 0.87 por cento acimado valor de Dezembro de 2001, mitigando, assim,o carácter acomodatício do enquadramento mone-tário da economia portuguesa, nos segundo e ter-ceiro trimestres do ano.

Reflectindo a persistência de taxas de juro reaisnegativas nas operações passivas e o abrandamen-to pronunciado da actividade económica, em par-ticular da procura interna privada, os depósitos do

sector privado não financeiro registaram, em 2002,um crescimento muito moderado, por comparaçãocom os dois anos anteriores. De facto, em 2002, ataxa de crescimento dos depósitos do sector priva-do não financeiro (incluindo emigrantes), no siste-ma bancário residente, prosseguiu a tendência dedesaceleração evidenciada no ano anterior, apre-sentando um crescimento marginalmente positivo(0.5 por cento, em Agosto), o que compara com 4.4por cento, registados em Dezembro de 2001. Po-rém, a desaceleração observada foi muito influen-ciada pelo comportamento dos depósitos de emi-grantes, que registaram uma redução de 11.0 porcento em Agosto, já que o agregado de depósitosque exclui estes últimos — incluindo, apenas, osparticulares e sociedades não financeiras residen-tes — não apresentou um abrandamento tão forteno mesmo período. De facto, a respectiva taxa devariação homóloga situou-se em 2.1 por cento, emAgosto de 2002 (3.0 p.p. abaixo do observado emDezembro de 2001), tendo-se mantido em tornodesse valor desde Fevereiro (gráfico 3.4). O com-portamento registado pelos depósitos de emigran-tes deverá associar-se, em grande parte, à desloca-lização de poupanças deste conjunto de agenteseconómicos para instituições bancárias não resi-dentes, as quais, todavia, pertencerão ao perímetrode consolidação dos grupos bancários portugue-ses.

Se, ao invés da perspectiva do sistema bancárioresidente, forem tomados todos os depósitos dosector privado não financeiro (incluindo emigran-tes), constituídos em Portugal e no exterior(8), veri-fica-se que a taxa de variação homóloga desteagregado se apresentou, no primeiro semestre de2002, relativamente estabilizada, num nível próxi-mo do observado um ano antes (4.9 por cento, emJunho de 2002, após 3.1 por cento e 7.5 por cento,respectivamente, em Junho e Dezembro de 2001)(Gráfico 3.5). Nesta acepção, os depósitos totais departiculares (incluindo emigrantes) cresceram 5.2por cento em Junho de 2002, 2.8 p.p. abaixo da va-riação em Dezembro de 2001.(9) No caso das socie-dades não financeiras, o agregado correspondenteapresentou uma taxa de crescimento de 3.7 porcento, em Junho de 2002, o que — embora contras-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 21

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.3PORTUGAL: TAXAS DE JURO

BANCÁRIAS REAIS

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Mercadomonetárioa 3 meses

Depósitos a prazo(181 dias a 1 ano)

Empréstimos asociedades não

financeiras(91 a 180 dias)

Empréstimos aparticulares(mais de 5 anos)

Nota: Última observação: Setembro 2002.

(7) Define-se taxa de juro real como a diferença entre a taxa de juronominal anual e a taxa de inflação homóloga.

(8) Para os depósitos no exterior utilizaram-se as Estatísticas daPosição de Investimento Internacional (com frequência trimes-tral).

Page 18: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

tando com os decréscimos verificados, desde o iní-cio do ano, nos depósitos constituídos no sistemabancário residente por este sector — representa,ainda assim, uma redução do ritmo de crescimen-to em relação a Dezembro de 2001 (menos 2.4p.p.).(10)

Paralelamente à desaceleração denotada pelasaplicações em depósitos do sector privado não fi-nanceiro, terá ocorrido uma maior preferência dosagentes económicos por depósitos transferíveis emdetrimento dos depósitos a prazo, em resultado doreduzido custo de oportunidade de detenção de

aplicações financeiras com elevado grau de liqui-dez, decorrente do nível historicamente baixo dastaxas de juro nominais (Gráfico 3.6). Num contextode grande volatilidade nos mercados accionistas,esta maior preferência dos investidores por aplica-ções de maior liquidez deverá estar a reflectir-se,também, na evolução das aplicações em outrasclasses de activos de baixo risco e liquidez eleva-da, nomeadamente os Fundos de Investimentocom carteiras maioritariamente constituídas pordepósitos no mercado monetário ou obrigações.

Os desenvolvimentos referidos são consistentescom o aumento, estimado em 2002, para a taxa depoupança dos particulares, cuja recuperação re-flectirá o aumento do nível de poupança por moti-vo de precaução — tendo em conta as perspectivasmenos favoráveis para a evolução do rendimento— e, à semelhança do ano anterior, deverá, emparte, continuar a associar-se ao ajustamento da si-tuação financeira das famílias para fazer face àamortização da dívida contraída ao longo dos últi-mos anos.(11)

O crédito bancário ao sector privado não finan-ceiro manteve, em 2002, a tendência de desacelera-ção evidenciada desde meados de 1999, em linhacom o abrandamento de todas as componentes da

22 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.4DEPÓSITOS DO SECTOR PRIVADO NÃOFINANCEIRO NO SISTEMA BANCÁRIO

RESIDENTE

Taxa de variação homóloga

-1

1

3

5

7

9

11

13

15

17

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Sector privadonão financeiro,

(incluindoemigrantes)

Sector privadonão financeiro,

(excluindoemigrantes)

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Emigrantes

Sociedadesnão financeiras

Particulares(excluindoemigrantes)

Gráfico 3.5DEPÓSITOS DO SECTOR PRIVADO NÃOFINANCEIRO NO SISTEMA BANCÁRIO

RESIDENTE E NO EXTERIOR

Taxa de variação homóloga

(9) Excluindo emigrantes, os depósitos de particulares no sistemabancário residente, aumentaram, em Agosto de 2002, 3.8 porcento, em termos homólogos, 1.5 p.p. abaixo da variação no úl-timo mês de 2001, tendo-se registado uma relativa estabilidadedo ritmo de crescimento deste agregado, desde o início do ano.

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

Dez.98 Jun.99 Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02E

mp

erc

en

tag

em

Total Particulares (incluindo emigrantes)

Sociedades não financeiras

(10)A taxa de variação homóloga dos depósitos das empresas nãofinanceiras, no sistema bancário residente, em Agosto, foi de -4.9 por cento (4.0 por cento, em Dezembro de 2002).

Page 19: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

procura interna privada. No entanto, continuou aexpandir-se a um ritmo mais elevado do que o doPIB nominal, reflectindo, em larga medida, o nívelhistoricamente baixo das taxas de juro nominais ereais. Assim, em Agosto de 2002, a taxa de cresci-mento deste agregado, ajustado de operações detitularização(12), situou-se em 9.1 por cento, 3.4 p.p.abaixo da registada no final de 2001. As suas com-ponentes tiveram, no entanto, uma evolução dis-tinta ao longo dos oito primeiros meses do ano.Enquanto que o crédito bancário a sociedades nãofinanceiras manteve, de forma continuada, a ten-dência de abrandamento do ano anterior, o créditoconcedido a particulares continuou a expandir-sea um ritmo elevado, próximo do registado no últi-

mo trimestre de 2001, em particular na parceladestinada à aquisição de habitação (que representamais de 75 por cento do saldo em dívida dos parti-culares) (Gráfico 3.7).

A taxa de crescimento do crédito às sociedadesnão financeiras passou de 13.3 por cento, em De-zembro de 2001, para 6.1 por cento, em Agosto de2002, sendo esta desaceleração extensiva à genera-lidade dos ramos da economia. Registaram-se, emparticular, decréscimos significativos no ritmo decrescimento dos empréstimos bancários aos ramosda construção (cuja taxa diminuiu de 19.6 por cen-to, em Dezembro de 2001, para 7.5 por cento, emAgosto de 2002), das actividades imobiliárias (de40.2 por cento, para 26.3 por cento), dos serviços

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 23

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.6CONTRIBUTOS PARA A TAXA DECRESCIMENTO DOS DEPÓSITOS E

EQUIPARADOS DO SECTOR PRIVADONÃO FINANCEIRO(a) E TAXA DE JURO

DOS DEPÓSITOS

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0Taxa de juro nominal dos depósitos aprazo (181 dias a 1 ano) (esc.dir.)

Depósito com pré-aviso,a prazo e equiparados adepósitos

Depósitos transferíveis

Nota:(a) Depósitos e equiparados a depósitos, no sistema ban-

cário residente. Sector privado não financeiro, inclu-indo emigrantes.

(11)Estima-se que o grau de esforço dos particulares não será alte-rado significativamente, em 2002. Na hipótese de rolamentocompleto da dívida por prazo inferior a 1 ano, o grau de esfor-ço situar-se-á em 2002 entre 12 e 13 por cento do rendimentodisponível, um valor semelhante ao verificado em 2001. A suacomposição, porém, será ligeiramente alterada, reflectindo oefeito desfasado da redução registada nas taxas de juro implíci-tas: a parcela de encargos com juros deverá diminuir cerca de0.5 p.p. do rendimento disponível, enquanto que o esforço dosparticulares associado à amortização da dívida irá crescer, pra-ticamente o mesmo valor.

Gráfico 3.7CRÉDITO AO SECTOR PRIVADO

NÃO FINANCEIROAJUSTADO DE OPERAÇÕES

DE TITULARIZAÇÃO

Taxa de variação homóloga

5

10

15

20

25

30

35

40

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02E

mp

erc

en

tag

em

Particulares

Sociedadesnão financeiras

Crédito ao sector privadonão financeiro

Nota: Última observação:Agosto 2002.

(12)Nos últimos anos foram realizadas algumas operações de titu-larização de crédito por instituições financeiras, que se terão re-flectido num abrandamento do crédito bancário, uma vez queimplicaram abatimentos de dimensão relevante no stock de cré-dito na carteira dos bancos, sobretudo no final de 2001. Note-seque estes abatimentos à carteira de crédito dos bancos não re-presentam reduções no nível de endividamento global do sec-tor privado não financeiro, tratando-se apenas de umatransferência de responsabilidades deste sector para a carteirade outras entidades. Como tal, todos os agregados de créditoanalisados nesta secção foram ajustados, salvo referência emcontrário, de forma a que os montantes associados a estas ope-rações (bem como as respectivas amortizações) continuassem aser considerados no crédito concedido ao sector privado não fi-nanceiro.

Page 20: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

prestados às empresas (de 53.7 por cento para 5.1por cento) e do comércio (de 1.9 por cento para-1.8 por cento). O financiamento das empresas noexterior terá tido uma evolução análoga à do cré-dito interno, mantendo, ao longo do primeiro se-mestre de 2002, o mesmo peso de 2001 no créditobancário total (interno e externo) às sociedadesnão financeiras (cerca de 11 por cento).

Em Agosto de 2002, a taxa de crescimento docrédito concedido a particulares registou um ligei-ro aumento de 0.4 p.p., relativamente ao valor deDezembro de 2001, situando-se em 12.2 por cento.Esta evolução foi marcada pelo crescimento forteque o crédito à habitação continuou a evidenciar.Com efeito, observa-se uma tendência claramentecrescente desta componente do crédito a particula-res, desde o início do ano, quando se consideramtaxas de crescimento trimestrais anualizadas sobrevalores corrigidos de sazonalidade, (Gráfico 3.8B).Em Agosto de 2002, a taxa de variação homólogado crédito a particulares para aquisição de habita-ção situou-se em 15.3 por cento, que compara com15.0 por cento, em Dezembro. Esta evolução teráreflectido, em parte, algum efeito de antecipaçãoda aquisição de habitação no período transitórioque se seguiu ao anúncio, em Maio, do fim das bo-nificações aos juros do crédito à habitação, regimeque deixou de vigorar no final de Setembro (paraprocessos novos de crédito).

Ao contrário, o crédito a particulares para ou-tros fins que não habitação registou uma ligeiradesaceleração (de 3.2 por cento em Dezembro de2001, para 3.1 por cento, em Agosto de 2002), apre-sentando a respectiva taxa de variação alguma ir-regularidade ao longo do período, em torno de va-lores que se situaram abaixo do crescimento médiono ano anterior. Dado o elevado grau de endivida-mento atingido pelos particulares — cerca de 97por cento do rendimento disponível, no final de2001, estimando-se que ultrapasse 100 por centono final do ano corrente —, a continuada deterio-ração da confiança dos consumidores em 2002 e adissipação dos efeitos transitórios do fim dos regi-mes bonificados de crédito, é de esperar que o cré-dito a particulares retome, no último trimestre doano, a trajectória de desaceleração interrompida nofinal de 2001.

3.2. Evolução da síntese monetária(13)

A evolução registada pelo crédito e pelos depó-sitos do sector privado não financeiro, desde o iní-cio do ano até Agosto de 2002, reflectiu-se em alte-rações evidentes na Síntese Monetária naquele pe-ríodo, quando comparada com o mesmo períodode 2001 (Quadro 3.2).(14) Assim, a variação regista-

24 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.8ACRÉDITO BANCÁRIO CONCEDIDO AO SECTOR

PRIVADO NÃO FINANCEIRO RESIDENTE

Taxas de crescimento trimestrais anualizadassobre valores corrigidos de sazonalidade e de

operações de titularização de crédito

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Sociedades não financeiras

Particulares

Crédito ao sector privadonão financeiro

Particulares - habitação

Nota: Última observação: Agosto 2002.

Gráfico 3.8BCRÉDITO BANCÁRIO A PARTICULARES

PARA HABITAÇÃO

Taxas de crescimento trimestrais anualizadassobre valores corrigidos de sazonalidade e de

operações de titularização de crédito

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Nota: Última observação: Agosto 2002.

Page 21: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

da pelo crédito interno concedido pelas institui-ções financeiras monetárias residentes, nos oitoprimeiros meses do ano, representou pouco maisde metade da observada um ano antes, reflectindoa significativa desaceleração evidenciada pelo cré-dito bancário ao sector privado não monetário (emparticular, às sociedades não financeiras). Apenaso crédito a particulares verificou uma variação su-perior à registada no mesmo período de 2001, emlinha com o forte crescimento que o crédito à habi-tação continuou a denotar.

A acentuada diminuição observada nos depósi-tos de sociedades não financeiras e particularesimpossibilitou ao sistema bancário residente cap-

tar, internamente, os recursos necessários à expan-são do seu activo. Em consequência, a posição cre-dora do sector monetário residente face ao sectorprivado não financeiro aumentou, no período emanálise (6.6 p. p. do PIB, em relação à situação em

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 25

Textos de política e situação económica

Quadro 3.2

SÍNTESE MONETÁRIA

Milhões de euros

Variações absolutas

1999 2000 2001 2001 2002 Dez. 99 Dez. 00 Dez. 00 Dez. 01

Dez. Dez. Ago. Dez. Ago. Dez. 00 Ago. 01 Dez .01 Ago. 02

Activos líquidos sobre o exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 985 -6 788 -15 308 -19 270 -25 310 -15 773 -8 520 -12 483 -6 040Banco de Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 623 14 985 15 194 16 050 14 501 -3 638 209 1 065 -1 550Outras instituições financeiras monetárias . . . . . . . . -9 637 -21 773 -30 502 -35 321 -39 811 -12 136 -8 729 -13 548 -4 490

Dos quais:Denominados em euros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -10 741 -19 559 -28 595 -34 518 -37 718 -8 818 -9 036 -14 959 -3 200

Crédito às Administrações Públicas . . . . . . . . . . . . . . . 8 764 8 496 8 517 9 082 7 327 -268 21 585 -1 755

Crédito interno (excepto às AdministraçõesPúblicas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 577 160 783 175 397 179 401 186 962 31 206 14 615 18 618 7 561

Particulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 859 68 921 73 879 76 063 81 443 12 062 4 958 7 142 5 380Sociedades não financeiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 500 70 667 77 584 80 085 82 274 14 167 6 917 9 418 2 189Instituições financeiras não monetárias . . . . . . . . . . . 16 217 21 195 23 934 23 253 23 244 4 977 2 740 2 059 -9

Circulação monetária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 620 5 392 5 369 4 451 6 080 -228 -23 -941 1 630

Depósitos e equiparados - total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 507 120 125 118 298 123 236 119 506 5 618 -1 827 3 111 -3 731Instituições financeiras não monetárias . . . . . . . . . . . 9 661 9 843 9 011 10 360 10 019 182 -833 517 -341Administrações Públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 872 8 181 6 807 6 329 6 540 -690 -1 374 -1 852 211Sociedades não financeiras e particulares . . . . . . . . . 95 974 102 100 102 480 106 547 102 947 6 126 380 4 447 -3 600

Títulos excepto capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 319 17 476 21 926 22 514 23 428 4 157 4 450 5 037 915

Unidades de participação em Fundosdo Mercado Monetário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 115 153 166 335 115 38 51 169

Capital e reservas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 827 25 920 26 534 27 867 28 597 5 093 614 1 947 730

Diversos (líquido) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -6 947 -6 538 -3 673 -9 021 -8 968 410 2 865 -2 483 53

Por memória: Taxas de variação homóloga

Dez.00 Ago. 01 Dez.01 Ago. 02

Contributo para o agregado M1 da área do euro . . 45 537 47 723 47 670 51 177 51 915 4.8 5.5 7.2 8.9Contributo para o agregado M3 da área do euro . . 113 135 119 794 124 496 126 685 131 393 5.9 6.5 5.8 5.5

(13)Os agregados de crédito considerados nesta secção não foramajustados de operações de titularização.

(14)Os valores apresentados no quadro referem-se a activos líqui-dos de passivos em relação a outras instituições financeiras mo-netárias não residentes, de acordo com o critério utilizado nasEstatísticas Monetárias e Financeiras. Desta forma, os valoresreflectem, em parte, operações com instituições não residentesintegradas em grupos financeiros sujeitos à supervisão em baseconsolidada pelo Banco de Portugal.

Page 22: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

2001), verificando-se, em contrapartida, um agra-vamento da posição devedora face ao exterior dasinstituições monetárias residentes (em cerca de 5p.p. do PIB) (Gráfico 3.9). É de referir, no entanto,que este agravamento se deve, em grande parte,ao aumento das responsabilidades líquidas em re-lação a filiais de bancos portugueses.

Refira-se que, maioritariamente, os passivos ex-ternos do sector monetário são denominados emeuros, embora se tenha verificado, no período con-siderado de 2002, uma parte crescente de respon-sabilidades externas, em termos líquidos, denomi-nadas em outras moedas. Acresce, ainda, que par-te significativa deste financiamento externo é cap-tada através de filiais de bancos portugueses noexterior: por um lado, através da emissão de títu-los e, por outro, via captação de depósitos de clien-tes. Em particular, no período referido, a reduçãoregistada pelos depósitos de sociedades não finan-ceiras e de particulares no sistema monetário terásido compensada, em parte, por um acréscimo deaplicações destes sectores fora do território nacio-nal, em filiais e sucursais pertencentes ao períme-tro de consolidação dos grupos bancários portu-gueses, conforme sugere a evolução dos depósitostotais de residentes nas respectivas contas consoli-

dadas. Com base nas contas consolidadas, é possí-vel, também, verificar que a emissão de títulos nosmercados financeiros internacionais continua a au-mentar e que o financiamento interbancário (líqui-do) obtido no exterior regista uma queda, em2002.(15)

4. POLÍTICA ORÇAMENTAL

No início de Maio, o Governo saído das elei-ções legislativas de 17 de Março apresentou àAssembleia da República a Lei de Alteração doOrçamento do Estado de 2002 (Orçamento Rectifi-cativo de 2002). O objectivo essencial deste docu-mento era assegurar que o défice das administra-ções públicas em 2002, numa óptica de Contas Na-cionais, não viesse a ultrapassar o valor de referên-cia definido no Tratado da União Europeia e noPacto de Estabilidade. Com efeito, no quadro defi-nido pelo Orçamento do Estado para 2002, a exe-cução orçamental nos primeiros meses do ano, oapuramento de nova informação sobre as contaspúblicas em 2001, a necessidade de alterar algunsprocedimentos metodológicos, em particular emrelação ao registo dos impostos e contribuições so-ciais, e a alteração do cenário macroeconómiconum sentido menos favorável tornavam evidenteo risco de se atingir em 2002 um défice claramenteacima de 3 por cento do PIB. No sentido de inver-ter a tendência para o agravamento do défice, oOrçamento Rectificativo incluiu um conjunto demedidas visando o aumento da receita e o controloda despesa, fixando o objectivo para o défice em2.8 por cento do PIB.

Do lado da receita é de destacar, em particular,a subida da taxa normal do IVA de 17 para 19 porcento. No que respeita à despesa, as principais me-didas passaram pelo estabelecimento de limites aocrescimento das despesas dos serviços e fundosautónomos e ao endividamento adicional das au-tarquias, o congelamento de parte da despesa eminvestimento da administração central, sem afectara comparticipação de projectos co-financiados pelaUnião Europeia, e a eliminação da bonificação dejuros em novos contratos de crédito à habitação.

A notificação do Procedimento dos DéficesExcessivos (PDE) do final de Agosto e o Relatório

26 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.9POSIÇÃO LÍQUIDA DO SECTOR MONETÁRIO

(DESAGREGAÇÃO POR SECTORINSTITUCIONAL)

Em percentagem do PIB

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

1998 1999 2000 2001 2002(até

Agosto)

Em

perc

enta

gem

do

PIB

ParticularesSociedades não financeirasInstituições financeiras não monetáriasDisponibilidades líquidas sobre o exterior (DLX) (Banco de Portugal)DLX (Outras instituições financeiras monetárias)

Nota:(a) A posição líquida do sector monetário face a cada sec-

tor é definida como a diferença entre os activos e ospassivos do sector monetário face a esse sector.

(15)Ver texto “O sistema bancário no primeiro semestre de 2002",publicado neste Boletim Económico.

Page 23: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

do Orçamento do Estado para 2003 confirmam oobjectivo para o défice em 2002 assumido na Pri-mavera, mas fazendo-o agora depender da realiza-ção nos últimos meses do ano de vendas de patri-mónio pelo Estado, incluindo a venda da rede fixaà Portugal Telecom, que ascenderiam a 0.6-0.7 porcento do PIB. Na verdade, a revisão das contas de2001, a deterioração gradual do cenário macroeco-nómico e as dificuldades de controlo da despesaem diversas áreas inviabilizaram o objectivo parao défice definido no Orçamento Rectificativo, semmedidas adicionais do lado da receita. Em qual-quer caso, a informação disponível sugere que háo risco de o défice das administrações públicasportuguesa em 2002, compilado de acordo com ametodologia das Contas Nacionais, ultrapassar 2.8por cento do PIB.

De acordo com a notificação do PDE de Agostoo rácio da dívida pública deverá aumentar de 55.5,no final de 2001, para 59.3 por cento, no final de2003. Esta evolução será explicada, em larga medi-da, pelo elevado montante dos ajustamentos défi-ce-dívida, estimados em 3.4 por cento do PIB, queresultam da realização de operações financeirasque afectam a dívida pública mas não o défice, dopagamento pelo Orçamento de 2002 de despesasrelativas a anos anteriores e das regularizações dedívidas pelo Tesouro, em particular referentes aoServiço Nacional de Saúde.

5. A EVOLUÇÃO DO PRODUTO EM 2002

De acordo com as estimativas do Banco de Por-tugal apresentadas neste Boletim Económico (Qua-dro 1.1), em 2002 a economia portuguesa deverácrescer entre 0 e 1 por cento em termos reais (1.8por cento em 2001)(16). As actuais estimativas estãosujeitas a um grau de incerteza superior ao habitu-al, relacionado com os dados do comércio externo.Estes dados têm vindo a ser objecto de revisõessignificativas ao longo de 2002, dificultando a ava-liação do comportamento dos fluxos de comérciocom o exterior na primeira metade do ano e a pre-visão para a segunda metade (ver Caixa 1: Revisõesaos dados do comércio internacional). Deste modo econtrariamente ao procedimento habitual, a ampli-tude dos intervalos de previsão mantém-se face aoBoletim Económico de Junho.

A recomposição do padrão de crescimento eco-nómico verificada nos dois anos anteriores deverá

acentuar-se em 2002. O contributo da procura in-terna para o crescimento, que se tinha vindo pro-gressivamente a reduzir, torna-se negativo nesteano. Esta evolução é determinada pela desacelera-ção do consumo privado e pela redução da forma-ção bruta de capital fixo (FBCF) — agregados queno final da década de 1990 registaram taxas decrescimento muito elevadas — correspondendo àcontinuação do processo de ajustamento da econo-mia portuguesa iniciado em 2000. O consumo pú-blico também apresenta uma desaceleração, masdeverá manter um crescimento superior ao doproduto. As exportações poderão apresentar umcrescimento próximo do verificado no ano ante-rior, o que, num contexto de desaceleração da pro-cura externa dirigida aos produtores portugueses,implicará a realização de ganhos de quota de mer-cado superiores aos observados em 2001. Como,por outro lado, as importações desaceleram signi-ficativamente — já que a componente de mercado-rias deverá traduzir a menor procura de bens im-portados para satisfação da procura interna — ocontributo da procura externa líquida para o cres-cimento deverá ser mais positivo do que no anoanterior.

O actual intervalo de previsão para o cresci-mento do PIB não difere do apresentado BoletimEconómico de Junho de 2002. No entanto, em ter-mos de composição, é de referir que se deverá ve-rificar um crescimento da procura interna inferiorao previsto anteriormente. Tal resultará do menordinamismo previsto para a componente privadadesta procura — quer consumo quer investimento— uma vez que para o investimento e, em menorgrau, para o consumo das administrações públicasse estima agora um crescimento superior ao entãoprojectado. Em particular, estima-se que a FBCFdas administrações públicas cresça cerca de 6 por

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 27

Textos de política e situação económica

(16)A estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto em 2001foi revista de 1.9 para 1.8 por cento, reflectindo a incorporaçãode nova informação entretanto divulgada. Por um lado, foiconsiderada a informação para as administrações públicas di-vulgada, no início de Setembro, no âmbito do procedimentodos défices excessivos. Por outro lado, o Instituto Nacional deEstatística publicou valores definitivos para o comércio externode mercadorias em 2001, de que resultou uma revisão em baixadas taxas de crescimento nominal das exportações e das impor-tações, de 5.8 por cento e 2.3 por cento, respectivamente, para3.6 por cento e 1.8 por cento (ver Caixa 1: Revisões aos dados docomércio internacional). Finalmente, refira-se a inclusão de novainformação relevante para o consumo privado.

Page 24: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

cento em 2002(17), em termos nominais, quando a“projecção da Primavera” incorporava uma hipó-tese de redução. Relativamente ao contributo daprocura externa líquida para o crescimento, esti-ma-se que seja mais positivo do que anteriormenteconsiderado: o crescimento das exportações será li-geiramente inferior, mas será compensado poruma redução mais acentuada das importações. Re-fira-se que a revisão do crescimento previsto paraas exportações é menos significativa do que a revi-são da procura externa dirigida aos exportadoresportugueses: a variação do indicador de procuraexterna relevante foi revista em baixa em cerca de1.5 p.p. entre o Boletim Económico de Junho e as ac-tuais estimativas, reflectindo os menores cresci-mentos projectados para as principais economiasde destino das exportações portuguesas (ver sec-ção 2 deste artigo). Deste modo, a actual estimati-va para o crescimento das exportações pressupõeganhos de quota de mercado externo superioresaos considerados no Boletim Económico de Junho de2002.

A desaceleração da actividade económica evi-denciada por estas estimativas é também sugeridapelo indicador coincidente de actividade económi-ca, cujo crescimento nos primeiros três trimestresdo ano se situou claramente abaixo do verificadoem 2001 (Gráfico 5.1). O indicador sugere aindaque o perfil intra-anual do PIB será marcado poruma desaceleração do primeiro para o segundo se-mestre. A mesma indicação é fornecida pelo indi-cador de sentimento económico para Portugal, di-vulgado pela Comissão Europeia.

O consumo privado deverá registar uma taxade crescimento entre -¼ e ¾ por cento em 2002 (1por cento em 2001). A desaceleração das despesasdas famílias é sugerida quer pelo indicador coinci-dente do consumo privado no primeiro semestre— indicador que resume a informação de naturezaqualitativa sobre esta variável — quer pela forteredução do indicador de confiança dos consumi-dores até ao terceiro trimestre de 2002, que se en-contra ao nível dos valores mínimos da série histó-rica (Gráfico 5.2).

O menor ritmo de crescimento do consumo pri-vado, relativamente ao ano anterior, verifica-se nas

diversas classes de consumo, com excepção doconsumo de automóveis. Efectivamente, o consu-mo de automóveis é uma das componentes dadespesa que apresentará uma redução em 2002,mas esta deverá ainda assim ser inferior à observa-da no ano anterior.(18) O número de veículos auto-móveis ligeiros de passageiros vendidos, incluin-

28 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(17)Note-se que esta estimativa para a FBCF das administraçõespúblicas não incorpora as vendas de património (que são regis-tadas como desinvestimento).

Gráfico 5.1INDICADOR COINCIDENTE

DA ACTIVIDADE

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

(%)

Gráfico 5.2INDICADOR COINCIDENTE DO CONSUMOPRIVADO E INDICADOR DE CONFIANÇA

DOS CONSUMIDORES

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

(%)

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Sald

ode

resp

ost

as

ext

rem

as

(mm

3)

-cv

s

Indicador de confiança(esc. dir.)

Indicador coincidente esc. esq.)

Fontes: Comissão Europeia e Banco de Portugal.

(18)Recorde-se que, em 2001, as vendas de automóveis ligeiros depassageiros, em particular veículos todo-o-terreno foram parti-cularmente afectadas pelas alterações na fiscalidade sobre veí-culos automóveis.

Page 25: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

do todo-o-terreno, reduziu-se 8.9 por cento no pe-ríodo de Janeiro a Setembro, o que compara comuma redução de 12 por cento em 2001. Refira-seque a despesa das famílias neste tipo de bens teráregistado uma queda menos acentuada do que asugerida pelo número de veículos vendidos no pe-ríodo, dado que a procura de automóveis de gamamais elevada tem sido relativamente menos afecta-da do que a de gamas inferiores. Excluindo os au-tomóveis, a desaceleração do consumo privadotorna-se mais marcada, em particular na compo-nente de outros bens. Tal é evidenciado pela fortedesaceleração do índice de volume de negócios nocomércio a retalho (que exclui a aquisição de auto-móveis e combustíveis), quer em termos nominaisquer em termos reais, no período de Janeiro aAgosto face ao ano anterior. A despesa em bensduradouros, tradicionalmente mais sensível à evo-lução do ciclo económico, deverá apresentar umavariação real negativa, conforme também sugeridopelo índice de volume de negócios no comércio aretalho desse tipo de bens. Prevê-se que o consu-mo de serviços também desacelere, mas mantendotaxas de crescimento superiores às do consumo to-tal.

Um conjunto de factores explicam o comporta-mento das despesas de consumo privado em 2002.Por um lado, o rendimento disponível real deveráapresentar um crescimento inferior ao do anoanterior, resultante quer de uma menor variaçãodo emprego quer de alguma desaceleração docrescimento dos salários (ver secção 6. Emprego eSalários). Por outro lado, as restrições impostas pe-los elevados níveis de endividamento das famíliase a necessidade de reduzir o seu ritmo de cresci-mento para níveis mais sustentáveis terão contri-buído igualmente para moderar o crescimentodesta variável, tal como verificado em 2001. Esteesforço de ajustamento da situação financeira dasfamílias reflectir-se-á numa nova subida da taxa depoupança em 2002, apesar do abrandamento pre-visto para o rendimento disponível real. Finalmen-te, num contexto de incerteza, face às perspectivaspouco favoráveis quanto à situação económica —traduzidas, como já referido, por níveis de con-fiança dos consumidores muito baixos — as famí-lias terão optado por adiar algumas decisões deconsumo, nomeadamente de bens de consumo du-radouro, e aumentar a taxa de poupança por moti-vos de precaução.

De acordo com as actuais estimativas, o consu-mo público deverá registar um crescimento em vo-lume de 1.1 por cento em 2002 — ligeiramente aci-ma da previsão do Boletim Económico de Junho —após um crescimento de 2.9 por cento em 2001.Para esta desaceleração contribuirão as despesascom pessoal, com um crescimento real de 1.7 porcento (2.8 por cento em 2001) e, sobretudo, as des-pesas em bens e serviços com um decréscimo de0.8 por cento em termos reais (crescimento de 3.2por cento em 2001) (veja-se secção 4. Política Orça-mental).

A formação bruta de capital fixo (FBCF) regista-rá um decréscimo em 2002, mais acentuado do queo observado no ano anterior. Estima-se que estavariável diminua entre 5¼ e 3¼ por cento (-0.4 porcento em 2001), a que corresponde uma estimativacentral ligeiramente mais negativa do que a do in-tervalo de previsão apresentado no Boletim Econó-mico de Junho. A redução da FBCF será comum atodas as suas componentes (material de transpor-te, máquinas e equipamentos e construção) e, emtermos de sectores institucionais, é de realçar, a re-dução do investimento das empresas e das famí-lias. O investimento das administrações públicas,tal como já referido, deverá registar um crescimen-to nominal de cerca de 6 por cento em 2002, o querepresenta uma desaceleração face ao ano anterior(cerca de 15 por cento). Em termos intra-anuais,deverá observar-se uma redução bastante mais in-tensa no segundo semestre do ano, muito influen-ciada pela evolução da FBCF em construção.

Estima-se que o investimento em material detransporte registe uma diminuição superior a 20por cento, após a redução significativa já observa-da em 2001 (-14.7 por cento).(19) Os indicadores so-bre vendas de veículos comerciais são ilustrativosda evolução negativa desta componente do inves-timento, tendo as vendas de veículos comerciais li-geiros apresentado um decréscimo de 12.3 porcento no período de Janeiro a Setembro de 2002,enquanto as vendas de veículos comerciais pesa-dos caíram 31.5 por cento durante o mesmo perío-do. A FBCF em máquinas e equipamentos deverá

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 29

Textos de política e situação económica

(19)Recorde-se que tal como sucedido com os automóveis paraconsumo privado, também a componente FBCF em veículosautomóveis apresentou um decréscimo significativo em 2001em consequência das alterações fiscais sobre veículos comer-ciais ligeiros.

Page 26: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

registar igualmente uma redução, embora menosacentuada do que no ano anterior. A redução esti-mada para a FBCF em equipamento (material detransporte e máquinas) em 2002 resulta basica-mente de dois tipos de factores. Por um lado, veri-ficou-se uma desaceleração da procura interna eexterna e as perspectivas sobre a sua evolução fu-tura continuam incertas. Esta evolução reflectiu-senuma deterioração da confiança na indústria em2002 (ver Gráfico 5.3). Por outro lado, as elevadastaxas de investimento registadas no passado re-cente implicaram um aumento significativo da ca-pacidade produtiva das empresas que, perante aevolução cíclica da economia portuguesa, limita anecessidade de novos investimentos nos próximostempos. Refira-se que a taxa de utilização da capa-cidade produtiva na indústria continuou a situ-ar-se a níveis inferiores aos do período homólogonos trimestres observados de 2002, segundo oInquérito da Comissão Europeia. Por último, refi-ra-se que o comportamento deste tipo de investi-mento deverá continuar a ser condicionado peloelevado nível de endividamento das empresas.

O investimento em construção deverá registaruma queda, após um crescimento real de 3 porcento em 2001. Este decréscimo da FBCF em cons-trução em 2002 reflecte, por um lado, a desacelera-ção do subsector de obras públicas — para a qualcontribuirá o menor crescimento da FBCF das ad-ministrações públicas(20) — e por outro, o decrésci-mo estimado para o segmento habitação (que aliásjá tinha apresentado uma evolução negativa em2001). A evolução negativa da FBCF em habitaçãoreflectirá, sobretudo, um reajustamento após a ex-pansão muito acentuada e rápida do parque habi-tacional observada no final da década de 90.

Os empresários do sector da construção têmvindo a evidenciar um maior pessimismo, de acor-do com o inquérito de conjuntura do INE ao sec-tor, opinião que é partilhada pelos empresáriosdos subsectores de obras públicas e de construçãoresidencial. O Gráfico 5.4 mostra um perfil descen-dente dos saldos de respostas extremas relativos àapreciação da actividade nestes dois subsectoresdesde o início do ano. Relativamente ao segmentoda construção de edifícios residenciais, a diminui-ção da actividade é sugerida ainda pela redução

do número de fogos novos licenciados para habi-tação (cerca de -9 por cento até Agosto, após que-da de 10.2 por cento em 2001) e do número de fo-gos concluídos para habitação (-9.9 por cento naprimeira metade de 2002, face a -2 por cento em2001). O índice Confidencial Imobiliário apresenta-va uma variação homóloga nula em Setembro de2002, que compara com uma variação de 2.1 procento em Dezembro de 2001. Esta desaceleraçãodos preços da habitação fornece igualmente umaindicação do abrandamento deste mercado. Refi-ra-se, contudo, que o crédito concedido a particu-lares para aquisição de habitação apresentou taxasde crescimento elevadas até Agosto (15.3 por cen-to, contra 15.0 por cento em Dezembro de 2002). Adiferença homóloga entre os saldos de crédito àhabitação — indicador que traduz o fluxo de cré-dito novo deduzido das amortizações do capitalem dívida — foi de 17.9 por cento no período deJaneiro a Agosto, que compara com uma reduçãode 10.8 por cento no ano de 2001. Esta evolução docrédito deverá estar associada à compra de fogosnovos construídos em anos anteriores que estari-am em stock(21), bem como à compra de fogos usa-dos.

Estima-se que a actividade na construção, emparticular do segmento habitação, seja afectadamais negativamente na parte final do ano, o queestá patente nas opiniões dos empresários da cons-

30 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 5.3INDICADOR DE CONFIANÇA NA INDÚSTRIA

TRANSFORMADORA

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Sa

ldo

de

resp

ost

as

ext

rem

as

(mm

3)

-vc

sFonte: Comissão Europeia.

(20)Note-se que nem todo o investimento em obras públicas é pro-movido directamente pelas administrações públicas.

Page 27: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

trução relativamente às questões sobre as perspec-tivas de actividade e a carteira de encomendas.

Em 2002, as exportações de bens e serviços de-verão crescer entre ¾ e 2¼ por cento, o que compa-ra com 1.7 por cento em 2001. O crescimento dasvendas de mercadorias ao exterior deverá situar-sepróximo do observado no ano anterior, apesar dadesaceleração da procura externa dirigida aos ex-portadores portugueses (em cerca de 1.5 p.p.). Deacordo com as estimativas do Banco de Portugal,as exportações de mercadorias terão registadouma variação real praticamente nula(22), no primei-ro semestre do ano, (o que compara com 1.8 porcento no conjunto do ano de 2001). Dado que seestima que a procura externa dirigida às exporta-ções portuguesas tenha registado uma queda nesteperíodo, tal evolução indicia um comportamentofavorável da quota de mercado dos produtoresportugueses no exterior. Assim, a previsão anualpara o crescimento das exportações de mercado-rias contempla igualmente um ganho de quota,condicional à estimativa para a variação das ex-portações no primeiro semestre que, como já refe-rido, está sujeita a um grau de incerteza superiorao habitual (ver Caixa 1: Revisões aos dados do co-mércio internacional). Este ganho de quota deveráser superior ao observado em 2001(23) e estará asso-ciado a esforços acrescidos das empresas residen-tes na colocação dos seus produtos no mercado ex-terno, num contexto de redução da procura inter-na. Ao nível da componente de serviços, obser-var-se-á uma redução das exportações de turismo,

em parte compensada por uma aceleração das ex-portações de outros serviços. Em termos in-tra-anuais, deverá verificar-se uma aceleração dasexportações de mercadorias no segundo semestre,em linha com o comportamento previsto da procu-ra externa.

Relativamente às importações de bens e servi-ços, as estimativas do Banco de Portugal apontampara um decréscimo entre 2½ e ½ por cento, o quecompara com uma variação aproximadamentenula no ano anterior. Refira-se que esta estimativacorresponde a uma revisão em baixa relativamentesignificativa das projecções apresentadas no Bole-tim Económico de Junho. A evolução estimada paraas importações em 2002 é consistente com o com-portamento da procura interna reflectindo, emparticular, a forte redução do consumo de bens du-radouros e do investimento em material de trans-porte e máquinas. No primeiro semestre de 2002,as importações de mercadorias terão registado umdecréscimo real de quase meio por cento, com base

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 31

Textos de política e situação económica

(21)De acordo com o sistema europeu de contas, em geral, a cons-trução de novos fogos deveria ser considerada como uma acu-mulação de existências até ao momento da sua venda, alturaem que se verificaria uma redução das existências e um aumen-to da formação bruta de capital fixo em construção. No entanto,dadas as limitações dos indicadores estatísticos disponíveis,nas estimativas do Banco de Portugal, a construção dos novosfogos é registada logo como investimento em construção (e nãona altura da sua venda). Este procedimento não afecta as esti-mativas da formação bruta de capital (formação bruta de capi-tal fixo mais variação de existências) e, logo, do produtointerno bruto em cada ano. Pode, no entanto, desvirtuar as esti-mativas da repartição do investimento em construção entre fa-mílias e empresas em cada ano.

(22)Na elaboração desta estimativa utilizou-se uma taxa de varia-ção nominal das exportações do primeiro semestre mais baixado que a implícita na publicação de Julho do comércio externo(-0.5 por cento), procurando antecipar novas correcções aos da-dos. A estimativa do Banco de Portugal para o deflator nesteperíodo é de -2.5 por cento, com base em informação fornecidapelo INE.

Gráfico 5.4APRECIAÇÃO DA ACTIVIDADE DO SECTOR

DE CONSTRUÇÃO E OBRAS PÚBLICAS

Principais subsectores

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001Jan.02

Sa

ldo

de

resp

ost

as

ext

rem

as

(mm

3)

Obras públicas Habitação

Edifícios não residenciais

Fonte: INE, “Inquérito Mensal de Conjuntura à Constru-ção e Obras Públicas”.

(23)Da revisão dos dados do comércio externo de 2001 (de provi-sórios para definitivos), referida na nota de pé-de-página 1, re-sultou uma significativa revisão em baixa do ganho de quotade mercado das exportações registado nesse ano apresentadono relatório anual de 2001 (2.7 por cento). Esse ganho, à luzdos novos dados, é agora marginal (0.4 por cento). Ver Caixa 1:Revisões aos dados do comércio internacional.

Page 28: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

em estimativas do Banco de Portugal(24) (aumentode 1.2 por cento no conjunto de 2001).

As estimativas do Banco de Portugal para aevolução real das exportações e das importaçõesno conjunto do ano de 2002 traduzem-se, por umlado, num aumento do contributo da procura ex-terna líquida para o crescimento do produto face a2001 (em cerca de 0.5 p.p.) e, por outro lado, impli-cam um efeito volume positivo na variação do sal-do da balança de bens e serviços com o exterior(isto é, contribuem para uma redução do déficeface ao ano anterior). A redução do défice da ba-lança de bens e serviços em 2002 resultará igual-mente de um efeito termos de troca positivo. Asestimativas do Banco de Portugal para os deflato-res do comércio externo em 2002 têm implícito umganho nos termos de troca. Tal como aconteceu noano anterior, mas em menor grau, esta variação é,em parte, explicada pela evolução dos preços dopetróleo nos mercados internacionais.

6. EMPREGO E SALÁRIOS

Ao longo de 2002, deverá observar-se uma di-minuição da taxa de crescimento do emprego total— acentuando a evolução verificada desde 1999 —que será acompanhada por um aumento da taxade desemprego, confirmando a tendência de au-mento verificada ao longo de 2001. Este comporta-mento deve-se à manutenção das fortes taxas decrescimento da oferta de emprego, com um au-mento sustentado da população activa. A desacele-ração do emprego dá-se num contexto de forteabrandamento da actividade, estimando-se que avariação da produtividade aparente do trabalhovenha a ser negativa em 2002. As remuneraçõesnominais deverão registar um crescimento inferiorao do ano anterior, traduzindo-se num menor cres-cimento das remunerações reais, mas ainda assimsuperior ao da produtividade — o que sucederápelo quinto ano consecutivo. A conjugação destes

factores conduzirá à manutenção de um elevadocrescimento dos custos unitários do trabalho.

De acordo com as estimativas do Banco de Por-tugal, a taxa de desemprego em 2002 dever-se-á si-tuar entre 4.5 e 4.7 por cento (4.1 por cento em2001), mantendo-se, desta forma, a tendência parao aumento do número de desempregados já obser-vada ao longo de 2001. No primeiro semestre de2002, segundo os dados do Inquérito ao Empregodo INE, a taxa de desemprego fixou-se em 4.5 porcento, 0.4 p.p. acima da observada no período ho-mólogo de 2001. O número de desempregados au-mentou de forma significativa, cerca de 12 por cen-to, entre os primeiros semestres de 2001 e 2002.(25)

As estimativas do Banco de Portugal para oemprego total em 2002 apontam para um cresci-mento de cerca de 0.8 por cento, menos 0.8 p.p. doque em 2001. De acordo com os dados do Inquéri-to ao Emprego do INE, a variação do emprego to-tal foi de 1.0 por cento no primeiro semestre. Estecrescimento resultou de uma variação de 1.3 porcento do emprego por conta de outrem e de umavariação de 0.5 por cento de todas as outras for-mas de emprego, um crescimento qualitativamen-te semelhante ao registado em 2001. No entanto,ao contrário do observado no ano anterior, o cres-cimento do emprego por conta de outrem resultaexclusivamente de um aumento do número de tra-balhadores contratados a prazo (mais 11.5 por cen-to), já que se verificou uma diminuição do númerode trabalhadores com contrato permanente (menos1.3 por cento). Em termos sectoriais, foram a cons-trução e os serviços que mais contribuíram para ocrescimento do emprego total. A indústria trans-formadora e a agricultura tiveram, ao longo doprimeiro semestre de 2002, variações negativas novolume de emprego.

Estima-se que as remunerações nominais portrabalhador no sector privado cresçam a uma taxade 4.5 por cento, 1.3 p.p. abaixo do estimado para2001. Com base na informação disponível sobre avariação dos salários acordados em processo de

32 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(24)Tal como no caso das exportações, na elaboração desta estima-tiva utilizou-se uma taxa de variação nominal das importaçõesdo primeiro semestre mais baixa do que a implícita na publica-ção de Julho do comércio externo (-4.7 por cento), para procu-rar antecipar novas correcções aos dados. A estimativa doBanco de Portugal para o deflator das importações neste perío-do é de -4.9 por cento, com base em informação fornecida peloINE.

(25)A introdução da informação referente ao Censo de 2001 nosapuramentos do Inquérito ao Emprego do INE impossibilitauma comparação rigorosa do primeiro semestre de 2001 e2002. Os dados divulgados pelo INE permitem apenas umaanálise em termos de variação homóloga do segundo trimestrede cada um dos anos. O crescimento do desemprego neste pe-ríodo foi ligeiramente superior, situando-se em cerca de 17 porcento.

Page 29: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

negociação colectiva para o sector privado atéAgosto de 2001, este valor fixa o desvio salarial es-timado em 0.8 por cento, 1.1 p.p. abaixo do estima-do para o ano de 2001. Esta redução pode reflectiras alterações já observadas no mercado de traba-lho com a ligeira desaceleração do crescimento doemprego e aumento da taxa de desemprego. Noentanto, o crescimento dos salários reais subjacen-te a estas previsões é de 0.8 por cento, o que apesarde ser menor do que o verificado em 2001 (1.2 porcento) está claramente acima da estimativa para avariação da produtividade aparente por trabalha-dor (-0.3 por cento).

7. INFLAÇÃO

Em 2002, a taxa de inflação em Portugal, medi-da pela variação média anual do Índice Harmoni-zado de Preços no Consumidor (IHPC)(26), deveráregistar um valor no intervalo de 3.5 a 3.7 por cen-to, o que constitui uma redução em relação ao va-lor de 4.4 por cento, observado em 2001 (ver gráfi-co 7.1). A evolução dos preços a partir de Maio tra-duziu um comportamento da inflação mais favorá-vel do que o projectado no Boletim Económico deJunho, onde foi apresentado um intervalo de vari-ação de 3.5 a 4.5 por cento. Esta alteração reflecte,no essencial, uma reavaliação do impacto nos pre-ços da subida da taxa normal do IVA — que se es-tima agora ser menos intenso e mais desfasado doque o então assumido — e uma revisão nas hipóte-ses técnicas do exercício, em resultado da aprecia-ção da taxa de câmbio de euro(27) e de uma evolu-ção mais favorável da generalidade dos preços in-ternacionais de bens de consumo do que o entãoassumido. A explicação da revisão do intervalo de

previsão é apresentada na Caixa 2: Inflação em2002: desvio em relação à projecção anterior.

O abrandamento dos preços observado em 2002reflecte, no essencial, três factores principais —menor crescimento dos preços dos bens alimenta-res não transformados, reduções nos preços dasimportações e desaceleração dos salários nominais— cujo efeito conjunto prevaleceu sobre os factoresque actuaram em sentido contrário: o processo deconversão em euros de preços em escudos e o au-mento da taxa normal do Imposto sobre o ValorAcrescentado (IVA), que afectaram a evolução dospreços no consumidor no primeiro trimestre e apartir de Junho de 2002, respectivamente.

A redução da taxa de inflação em 2002 resultou,de uma forma decisiva, da diminuição do cresci-mento médio anual dos preços dos bens alimenta-res não transformados, em relação aos níveis anor-malmente elevados observados em 2001. Os pre-ços destes bens tendem a apresentar oscilações re-lativamente bruscas e significativas, muitas vezesdeterminadas por alterações acentuadas das con-dições meteorológicas. Efectivamente, com base naevolução do IPC (Índice de Preços no Consumi-dor)(28), estes preços cresceram 0.3 por cento nostrês primeiros trimestres de 2002, após um cresci-mento médio anual de 8.8 por cento em 2001.(29)

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 33

Textos de política e situação económica

(26)Conforme foi referido no Boletim Económico de Junho, as projec-ções então publicadas enquadravam-se num exercício conjuntode previsão do Eurosistema. No contexto destes exercícios pe-riódicos, o índice de preços relevante é o IHPC, já que é combase neste índice de preços que o Conselho do BCE anunciou adefinição quantitativa de estabilidade de preços. Este índice éobtido a partir da mesma informação mensal que suporta oapuramento do IPC, divergindo deste último, sobretudo, pelospesos relativos utilizados para agregar os índices de preços ele-mentares. Esses pesos têm como referência a estrutura de des-pesa dos consumidores presentes no território português,incluindo portanto turistas, e não apenas a dos consumidoresresidentes como é o caso do IPC. Em termos práticos, contudo,a variação média anual dos dois índices é muito semelhante.

(27)As projecções macroeconómicas do Eurosistema são elaboradassob a hipótese técnica de taxas de câmbio constantes.

Gráfico 7.1ÍNDICE HARMONIZADO DE PREÇOS

NO CONSUMIDOR

Taxas de variação homóloga e média

0

1

2

3

4

5

6

Jan.00 Jan.01 Jan.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Taxa de variaçãohomólogaTaxa de variaçãomédia anual

Fontes: INE e Eurostat.

Page 30: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Dado o peso ainda significativo deste tipo de bensno cabaz do IPC, esta evolução contribuiu de umaforma quantitativamente muito significativa paraa redução da inflação.

Um segundo factor que favoreceu a redução dainflação foi a diminuição dos preços das importa-ções.(30) De acordo com estimativas do Banco dePortugal sobre informação disponibilizada peloINE, os preços das importações de mercadorias re-gistaram uma variação na ordem de -4.9 por centono primeiro semestre de 2002 (aumento de 0.4 porcento em 2001). Os preços das importações de bensde consumo registaram, aliás, uma oscilação aindamais pronunciada, pois tendo aumentado 4.0 porcento em 2001 (aumento que se situou em cerca de3.1 e 4.4 por cento nos preços das importações debens de consumo alimentares e não alimentares,respectivamente), diminuíram 2.1 por cento noprimeiro semestre de 2002 (-2.2 e -2.1 por cento,respectivamente).

O abrandamento das pressões no mercado detrabalho constitui um terceiro aspecto favorávelpara o comportamento da inflação. Em 2002, veri-ficou-se uma desaceleração de 1.6 p.p. das remu-nerações nominais por trabalhador, para o conjun-to da economia (de 5.9 por cento em 2001 para 4.3por cento em 2002). Esta evolução ocorre num con-texto de abrandamento significativo da actividadeeconómica e do emprego e de crescimento da taxade desemprego. Sublinhe-se, no entanto, que atransmissão aos preços no consumidor desta desa-celeração salarial poderá ter sido atenuada pelavariação negativa da produtividade aparente dotrabalho. Com efeito, as actuais estimativas con-templam uma redução da taxa de crescimento dos

custos unitários de trabalho por unidade produzi-da, de 2001 para 2002, inferior à apresentada pelasremunerações nominais por trabalhador.

A evolução dos preços em 2002 foi afectada, deuma forma desfavorável, por dois efeitos princi-pais. Em primeiro lugar, o processo de conversãoem euros de preços em escudos afectou a evoluçãodos índices de preços no primeiro trimestre. Os re-sultados apresentados num estudo publicado nes-te Boletim Económico(31) indicam que este impactoterá sido da ordem dos 0.2 pontos percentuais naevolução do IPC, nos três primeiros meses de 2002.Por tipo de bens será de destacar o impacto eleva-do no caso dos serviços, estimado em cerca de 0.5p.p. na taxa de variação de preços no mesmo pe-ríodo. Em segundo lugar, o aumento em Junho dataxa normal do Imposto sobre o Valor Acrescenta-do (IVA), de 17 para 19 por cento, implicou um im-pacto gradual ascendente sobre os índices de pre-ços, já que o INE recolhe os preços de algumas ru-bricas do índice numa base trimestral. No caso dea repercussão nos preços no consumidor ser inte-gral, esse impacto atingiria uma magnitude acu-mulada de cerca de 0.8 p.p.. Contudo, a evidênciadisponível, aponta para que esse impacto seja me-nos intenso — não excedendo 0.6 p.p. — e maisdesfasado no tempo. Uma leitura relativamentedetalhada da evolução das rubricas elementaresdo IPC sugere que a subida da taxa normal do IVAterá tido uma repercussão significativa nos preçosda generalidade dos serviços e dos alimentaresnão processados sujeitos à taxa normal do IVA, en-quanto no caso dos industriais não energéticos separece ter registado uma repercussão relativamen-te diminuta para alguns bens.

O efeito na inflação destas forças de sinal con-trário encontra-se reflectido na evolução das medi-das de tendência habitualmente utilizada peloBanco de Portugal. Estas medidas tendem a exclu-ir ou a atribuir um peso muito reduzido a compo-nentes cujos preços apresentem comportamentosanormalmente voláteis, o que se verifica com fre-quência no caso dos bens alimentares não proces-sados. Estes indicadores apresentaram em 2002, noperíodo até Setembro, uma variação média próxi-ma, no caso da média aparada, ou ligeiramente su-perior, no caso da componente principal, da verifi-

34 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(28)A análise da parte restante desta secção é baseada na evoluçãodo IPC, com excepção da sua parte final em que, para se anali-sar a evolução do diferencial da inflação com a área do euro, seutiliza o IHPC.

(29)Uma análise a um nível mais desagregado do que o referido notexto principal indica que as componentes “carne” e “produtoshortícolas, batatas e outros tubérculos” do IPC atingiram umpico no segundo trimestre de 2001, registando-se a partir daíuma descida dos preços respectivos. Este comportamento in-duz efeitos de base significativos na evolução do IPC. Note-seque os bens alimentares não transformados têm um peso de13.0 por cento no cabaz do IPC.

(30)Este factor está, parcialmente, relacionado com o anterior, jáque uma proporção significativa do consumo de bens alimenta-res não processados é importada. De qualquer forma, a redu-ção generalizada dos preços de importação tenderá atransmitir-se aos restantes preços no consumidor.

(31)Ver o artigo"Análise do impacto da conversão de escudos em euros“,publicado neste Boletim.

Page 31: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

cada no ano de 2001 (ver Gráfico 7.2 e Quadro 7.1).Refira-se, adicionalmente, que a variação homólo-ga do IPC se situou acima dos indicadores de ten-dência ao longo de 2001 e abaixo ao longo de 2002.A evolução destes indicadores ilustra, assim, o pa-pel decisivo do comportamento dos bens alimen-tares não transformados para a desaceleração dainflação. Os restantes efeitos — redução dos pre-ços de importação, desaceleração dos custos salari-ais, processo de conversão em euros de preços emescudos e alteração da taxa normal do IVA — ten-dem a abranger um conjunto significativo de pre-ços, havendo lugar a uma influência directa nosindicadores de tendência. Estes indicadores suge-rem que, ao longo de 2002 e excluindo as já referi-das variações anómalas de preços, os efeitos men-cionados combinaram-se de forma a haver uma re-sistência significativa à redução da inflação.

A taxa de variação homóloga do IPC reduziu-sede 3.9 por cento no último trimestre de 2001 paravalores da ordem dos 3.3-3.4 por cento nos doisprimeiros trimestres de 2002, subindo para 3.6 porcento no terceiro trimestre (Quadro 7.1). A evolu-ção do IPC neste período foi muito influenciada,como já referido, pela evolução dos alimentares

não transformados — cuja variação homóloga tri-mestral passou de 5.9 por cento no último trimes-tre de 2001 para -1.5 por cento no terceiro trimestrede 2002. Adicionalmente, a evolução do IPC foitambém influenciada pelo comportamento dos

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 35

Textos de política e situação económica

Gráfico 7.2IPC – MEDIDAS DE TENDÊNCIA

Taxas de variação homóloga

0

1

2

3

4

5

6

Jan.00 Jan.01 Jan.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Total

Média Aparada a10 por cento

Componente principal

Fontes: INE e Banco de Portugal.

Quadro 7.1

IPC – PRINCIPAIS AGREGADOS

Taxas de variação homóloga, em percentagem

Pesos nototal

2000 2001 2002 2001 2002 2002 2002

Jan. - Set. IV I II III

Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 2.9 4.4 3.4 3.9 3.3 3.4 3.6Total excluindo alimentares não

transformados e energéticos . . . . . . . . . . 78.1 2.5 3.6 4.4 3.8 4.1 4.3 4.7

Agregados

Bens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68.9 2.2 4.2 2.3 3.6 2.5 2.3 2.2Alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25.8 1.9 6.1 2.0 4.8 3.4 1.6 1.0

Não transformados. . . . . . . . . . . . . . 13.0 2.5 8.8 0.3 5.9 2.8 -0.5 -1.5Transformados . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.8 1.4 3.1 3.9 3.6 4.0 4.0 3.7

Industriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43.1 2.4 3.1 2.6 2.8 2.0 2.8 3.0Não energéticos. . . . . . . . . . . . . . . . . 34.3 1.4 2.5 3.1 2.9 3.1 3.2 3.1Energéticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.8 6.1 5.2 0.6 2.6 -2.0 1.3 2.4

Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.1 4.2 4.8 5.8 4.8 5.1 5.6 6.5

Por Memória:

Medidas de tendência

Média aparada a 10 por cento . . . . . . . . 2.8 3.9 3.8 3.8 3.6 3.8 4.0Componente principal . . . . . . . . . . . . . . . 2.7 3.4 3.7 3.5 3.6 3.6 3.8

Fontes: INE e Banco de Portugal.

Page 32: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

preços dos combustíveis. Estes preços diminuíram4.8 por cento em Janeiro de 2002(32), mas a partir deMarço os preços máximos dos combustíveis passa-ram a ser sensíveis à cotação internacional do pe-tróleo, o que se traduziu em sucessivos aumentosdestes preços até Maio.(33) Na sequência destes au-mentos, verificaram-se igualmente ajustamentosde preços em alguns sectores particularmente sen-síveis ao preço dos combustíveis, como é o caso dogás e dos serviços de transporte.(34) Em resultadoda subida dos preços dos combustíveis e do gás noconsumidor, a componente energética do IPC re-gistou uma aceleração desde o final do primeirotrimestre.

Excluindo os produtos alimentares não trans-formados e os energéticos(35), a variação homólogado IPC aumentou, de uma forma regular, de 3.8por cento no último trimestre de 2001 para 4.7 porcento no terceiro trimestre de 2003 (Gráfico 7.3). Aaceleração deste subconjunto do IPC foi determi-nada pela evolução dos preços dos serviços, já que,tanto no que se refere aos bens alimentares trans-formados como aos bens industriais não energéti-cos, a variação homóloga dos preços no terceirotrimestre de 2002 foi apenas marginalmente supe-rior à observada no quarto trimestre de 2001.

Os preços dos serviços aceleraram de uma for-ma muito acentuada, de 4.8 por cento no quartotrimestre de 2001 para 6.5 por cento no terceiro tri-mestre de 2002. Esta aceleração parece ir além, emparticular a partir do segundo trimestre do ano(36),do que o que poderia ser atribuído aos efeitos doprocesso de conversão em euros de preços em es-

cudos e da subida da taxa normal do IVA. A evi-dência disponível aponta, assim, para uma persis-tência significativa de aumentos muito acentuadosde preços — que aliás foi generalizada às rubricaselementares que compõem este agregado — e emalguns casos com acelerações excedendo clara-mente o que pode ser atribuído aos dois factoresespecíficos referidos.(37) Esta evolução parece suge-rir, no caso dos serviços, uma transmissão relativa-mente reduzida da desaceleração salarial para ospreços no consumidor.

No que se refere aos bens alimentares transfor-mados, a variação homóloga no terceiro trimestrede 2002 situou-se num valor muito próximo do ve-rificado no último trimestre de 2001. Esta evoluçãoindicia que os efeitos dos factores favoráveis,

36 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(32)Anteriormente os preços dos combustíveis no consumidor ti-nham sido apenas aumentados em Janeiro de 2001, tendo per-manecido inalterados desde essa data.

(33)A não alteração dos preços dos combustíveis no consumidorem Junho deveu-se à descida temporária do Imposto sobreProdutos Petrolíferos (ISP) que compensou o impacto da subi-da da taxa normal do IVA sobre os preços dos combustíveis.

(34)Habitualmente a revisão destes preços tem lugar em Janeiro.Contudo, em 2002, a actualização teve lugar em Março (após ofim de obrigatoriedade de dupla fixação dos preços) e nova-mente em Agosto.

(35)Há uma ampla evidência empírica de que o IPC excluindo osprodutos alimentares não transformados e os energéticos —por vezes também referido como inflação subjacente — nãoconstitui um indicador apropriado de tendência da inflação,em particular por ser relativamente atrasado em relação à pró-pria inflação observada. Para uma aplicação para Portugal ve-ja-se C. Coimbra e P.D. Neves (1997), “Indicadores detendência de inflação”, Boletim Económico do Banco de Portu-gal, volume 3, número 1, Março de 1997.

Gráfico 7.3IPC – TOTAL EXCLUINDO BENS

ALIMENTARES NÃO TRANSFORMADOSE ENERGÉTICOS

Taxas de variação homóloga

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

Jan.00 Jan.01 Jan.02E

mp

erc

en

tag

em

Diferencial (p.p.)

Total

Total excluindobens alimentaresnão transformadose energéticos

Fontes: INE e Banco de Portugal.

(36)Com efeito, o aumento de 0.6 p.p. da variação homóloga dacomponente de serviços do IPC, entre Dezembro de 2001 eMarço de 2002, esteve sobretudo relacionada com aumentossignificativos nos preços das rubricas “manutenção e repara-ções”, “restaurantes e cafés”, “espectáculos” e “serviços de ca-beleireiro”, os quais deverão ter estado associados ao processode conversão em euros de preços em escudos. Estimativasapresentadas no artigo “Análise do impacto da conversão de escu-dos em euros”, publicado neste Boletim, apontam para um im-pacto de cerca de 0.5 p.p. naquele agregado do IPC.

(37)Por exemplo, a variação trimestral dos preços da rubrica “res-taurantes e hotéis” passou de 4.6 por cento no quarto trimestrede 2001 para 6.0 no terceiro trimestre de 2002, não tendo sidoafectada pela subida da taxa normal do IVA.

Page 33: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 37

Textos de política e situação económica

Gráfico 7. 4ÍNDICE HARMONIZADO DE PREÇOS NO CONSUMIDOR – TOTAL E AGREGADOS

Taxas de variação homóloga e diferenciais

Total

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Total sem energéticos

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Total sem energéticos e semalimentares não transformados

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Bens Alimentares não transformados

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

14.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Diferencial

Euro

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Alimentares transformados

Industriais energéticos

-15.0

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Industriais não energéticos

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Serviços

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

I/99 I/00 I/01 I/02

Portugal

Euro

Diferencial

Fonte: Eurostat.

Page 34: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

como o comportamento dos preços de importaçãodeste tipo de bens, terão sido contrariados pelosefeitos do processo de conversão em euros de pre-ços em escudos e da subida da taxa normal doIVA.

Finalmente, no caso dos bens industriais nãoenergéticos — agrupamento do IPC para o qual ataxa normal do IVA incide sobre uma maior propor-ção de despesas de consumo — verificou-se tam-bém uma relativa estabilidade da variação homólo-ga trimestral do índice desta classe. Refira-se, emparticular, que a evolução dos preços da rubrica“vestuário e calçado” sugere que a transmissão doaumento do IVA para os preços no consumidor terásido adiada, pelo menos em parte, para o lançamen-to de novas colecções, contribuindo assim para umimpacto mais atrasado no índice de preços.

O IHPC constitui o indicador mais apropriadopara analisar a evolução do diferencial de inflaçãoentre Portugal e a área do euro. Com base neste ín-dice de preços, o diferencial de inflação diminuiude 1.9 p.p. no quarto trimestre de 2001 para 0.8p.p. no primeiro trimestre de 2002, aumentando nosegundo e, novamente, no terceiro trimestres para1.4 e 1.7 p.p., respectivamente (Gráfico 7.4.). A evo-lução do diferencial de inflação entre Portugal e aárea do euro tem sido particularmente influencia-da pelo comportamento diferenciado dos preçosdos bens alimentares não processados — compo-nente mais irregular do índice e com um peso con-sideravelmente superior para Portugal(38) — e dosbens industriais energéticos, em resultado de umadiferente repercussão nos preços no consumidorda evolução do preço do petróleo nos mercadosinternacionais. Excluindo ao IHPC estes dois agre-gados, por conveniência da análise, verifica-se queeste diferencial de inflação se situou em 1.5 p.p. noprimeiro trimestre de 2002, valor em torno do qualtinha já flutuado ao longo de 2001. Tal indicia queo impacto da conversão em euros de preços em es-cudos não determinou, neste período, qualquerefeito específico que distinguisse Portugal no con-junto da área. Contudo, no segundo trimestre e,novamente, no terceiro trimestre aquele diferencialaumentou para 1.8 p.p. e 2.3 p.p., respectivamente.Este aumento deverá estar em grande parte relaci-onado com os ajustamentos de preços verificados

no IHPC português, em resultado da alteração dataxa normal do IVA.

O Gráfico 7.4 evidencia também a existência deum diferencial muito elevado, no caso dos servi-ços, que deverá estar relacionado com o facto de,em Portugal, os custos salariais terem registado re-gularmente crescimentos superiores aos observa-dos para o conjunto da área do euro. Em 2002, em-bora em desaceleração, o crescimento dos custosde trabalho por unidade produzida em Portugal,deverá ter continuado a situar-se em níveis superi-ores. Esta diferença persistente constitui um obstá-culo à redução significativa do diferencial de infla-ção entre Portugal e a área do euro. O aumento dodiferencial no segundo e no terceiro trimestre re-flecte, numa parte muito significativa, o já referidoefeito da alteração da taxa normal do IVA na evo-lução dos preços em Portugal.

8. BALANÇA DE PAGAMENTOS

Em 2002, as necessidades de financiamento daeconomia portuguesa deverão diminuir, tal comoo sucedido no ano anterior. Deste modo, o déficeagregado das balanças corrente e de capital deverásituar-se entre 5¼ e 6¾ por cento do PIB em 2002, oque compara com 8.4 por cento em 2001 (Quadro1.1). Para a redução deste défice deverá contribuiruma nova redução do défice da balança de bens eserviços (em cerca de 2 p.p. do PIB). A forte recu-peração assumida para as transferências públicasassociadas a fundos recebidos pela União Euro-peia (UE) permitirá uma melhoria da balança decapital e uma estabilização da balança de transfe-rências correntes — neste último caso, mesmo coma redução prevista do saldo das transferências pri-vadas. Assinale-se, por último, o novo aumentoprevisto para o défice da balança de rendimentos,associada ao aumento do endividamento externoda economia portuguesa — em particular das ins-tituições financeiras monetárias — face ao exteriornos últimos anos.

No primeiro semestre de 2002, o défice resul-tante da soma da balança corrente e de capital foide 8.9 por cento, face a 10.7 por cento no mesmoperíodo do ano 2001 (Quadro 8.1). Esta evoluçãoresultou de um comportamento favorável quer dabalança corrente, quer da balança de capital. A re-dução do défice da balança corrente, de 11.0 para10.0 por cento do PIB, resultou de uma nova redu-

38 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(38)O peso dos bens alimentares não processados no IHPC é de12.8 por cento em Portugal e de 8.1 por cento na área do euro.

Page 35: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Quadro 8.1

BALANÇA DE PAGAMENTOS

Em milhões de euros

Jan.-Dez.2001

Janeiro a Junho 2001 Janeiro a Junho 2002 Saldo em % PIB

Saldo Débito Crédito Saldo Débito Crédito Saldo Jan.-Dez. 01 Jan.-Jun. 01 Jan.-Jun. 02

Balança Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -11 539.4 31 363.0 24 704.8 -6 658.2 30 630.9 24 333.3 -6 297.6 -9.3 -11.0 -10.0Mercadorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -14 923.3 22 039.0 14 605.9 -7 433.1 20 878.6 14 262.8 -6 615.7 -12.1 -12.3 -10.5Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 924.5 3 485.0 4 292.9 807.9 3 445.7 4 383.4 937.7 2.4 1.3 1.5

Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -445.6 1 105.8 832.9 -272.9 1 034.0 843.5 -190.5 -0.4 -0.5 -0.3Viagens e turismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 768.6 1 135.8 2 516.9 1 381.2 1 151.5 2 547.9 1 396.3 3.0 2.3 2.2Seguros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -39.6 51.2 35.9 -15.3 77.6 42.2 -35.4 0.0 0.0 -0.1Direitos de utilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -232.6 150.1 12.5 -137.6 163.9 14.3 -149.5 -0.2 -0.2 -0.2Outros serviços. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -48.5 925.9 837.2 -88.8 923.6 872.2 -51.4 0.0 -0.1 -0.1Operações governamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -77.6 116.3 57.5 -58.7 95.1 63.3 -31.8 -0.1 -0.1 -0.1

Rendimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -3 423.5 4 670.6 2 988.6 -1 681.9 4 887.2 2 928.4 -1 958.8 -2.8 -2.8 -3.1Rendimentos de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.7 78.0 81.2 3.1 79.8 62.7 -17.1 0.0 0.0 0.0Rendimentos de investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . -3 428.1 4 592.5 2 907.5 -1 685.1 4 807.4 2 865.7 -1 941.7 -2.8 -2.8 -3.1

Transferências correntes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 882.8 1 168.5 2 817.3 1 648.9 1 419.4 2 758.6 1 339.2 3.1 2.7 2.1Transferências públicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188.3 740.3 726.2 -14.1 831.4 756.4 -74.9 0.2 0.0 -0.1Transferências privadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 694.5 428.2 2 091.1 1 662.9 588.0 2 002.2 1 414.1 3.0 2.7 2.2

Balança de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 195.6 109.8 321.6 211.8 103.5 797.9 694.5 1.0 0.4 1.1Transferências de capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 214.5 87.1 302.0 214.9 90.1 785.9 695.8 1.0 0.4 1.1

Transferências públicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 206.9 22.8 237.8 215.0 30.4 730.4 700.0 1.0 0.4 1.1Transferências privadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.7 64.3 64.3 -0.1 59.6 55.5 -4.2 0.0 0.0 0.0

Aquisição/cedência de activos não prod. não fin. . . -19.0 22.7 19.6 -3.1 13.4 12.0 -1.4 0.0 0.0 0.0Balança Financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 550.0 341 326.6 347 886.6 6 560.0 312 293.4 318 284.5 5 991.1 8.5 10.8 9.5

Investimento directo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -2 100.6 17 952.4 15 720.5 -2 231.9 10 450.7 12 207.4 1 756.7 -1.7 -3.7 2.8Investimento de Portugal no exterior . . . . . . . . . . . . -8 818.9 8 727.8 2 137.3 -6 590.5 1 971.0 1 292.1 -678.9 -7.1 -10.9 -1.1Investimento do exterior em Portugal . . . . . . . . . . . 6 718.3 9 224.5 13 583.1 4 358.6 8 479.7 10 915.2 2 435.6 5.4 7.2 3.9

Investimento de carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 248.5 78 611.4 78 101.3 -510.1 88 921.2 88 925.1 3.9 1.8 -0.8 0.0Activos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -7 174.6 28 164.5 24 546.2 -3 618.3 41 482.0 37 976.4 -3 505.7 -5.8 -6.0 -5.6Passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 423.1 50 447.0 53 555.2 3 108.2 47 439.2 50 948.7 3 509.5 7.6 5.1 5.6

Derivados financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 284.3 1 811.0 2 019.8 208.8 1 587.8 1 492.3 -95.5 0.2 0.3 -0.2Outro investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 087.6 216 195.9 225 405.6 9 209.7 185 330.6 190 563.4 5 232.9 9.0 15.2 8.3

Activos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -5 429.9 109 722.6 109 220.3 -502.3 98 558.9 90 385.3 -8 173.6 -4.4 -0.8 -13.0Passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 517.5 106 473.2 116 185.3 9 712.0 86 771.7 100 178.2 13 406.5 13.3 16.1 21.3

Activos de reserva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -969.8 26 755.9 26 639.4 -116.5 26 003.1 25 096.3 -906.8 -0.8 -0.2 -1.4Erros e omissões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -206.2 -113.6 -387.9 -0.2 -0.2 -0.6

Por memória:

Balança Corrente + Balança de Capital . . . . . . . . . . . . -10 343.9 31 472.8 25 026.4 -6 446.4 30 734.4 25 131.2 -5 603.2 -8.4 -10.7 -8.9

Page 36: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ção do défice da balança de mercadorias e de umligeiro aumento do excedente da balança de servi-ços (Gráfico 8.1). Ao nível das restantes compo-nentes verificou-se uma redução das transferên-cias correntes (em cerca de 0.6 p.p. do PIB) e umagravamento do défice da balança de rendimentos(de 2.8 para 3.1 por cento do PIB).

O défice da balança de mercadorias reduziu-sede 12.3 por cento do PIB nos primeiros seis mesesde 2001 para 10.5 por cento do PIB no primeiro se-mestre de 2002. Como se pode constatar pelo Grá-fico 8.2, a redução do défice comercial no primeirosemestre resultou, em larga medida, de um efeitotermos de troca, associado à significativa variaçãopositiva dos termos de troca no comércio de mer-cadorias (2.5 por cento no período Janeiro-Junhode 2002, o que compara com -0.9 por cento no mes-mo período do ano anterior), que reflecte, em par-te, o comportamento do preço do petróleo. Deacordo com estimativas preliminares(39), no primei-ro semestre de 2002, os preços de exportações demercadorias terão diminuído 2.5 por cento en-quanto os preços das importações de mercadoriasterão diminuído 4.8 por cento, resultando no refe-rido ganho significativo dos termos de troca e numcontributo positivo do efeito preço, em contrastecom o sucedido nos últimos dois anos. Em termosreais, verificou-se um crescimento praticamentenulo das exportações (0.1 por cento) e uma redu-ção, em cerca de 0.5 por cento, das importações,determinando assim um efeito volume igualmentepositivo.

Na primeira metade de 2002, o excedente dabalança de serviços ascendeu a 1.5 por cento doPIB, face a 1.3 por cento no mesmo período de2001. Registou-se, neste período, uma redução dodéfice de serviços de transportes, resultando, emparte, da evolução do défice associado a fretes demercadorias e um aumento do excedente de ou-tros serviços fornecidos por empresas. Por outrolado, em percentagem do PIB, o saldo de viagens eturismo piorou ligeiramente nos primeiros seismeses de 2002 face ao mesmo período do ano ante-rior, de 2.3 para 2.2 por cento do PIB. As receitasnominais de turismo cresceram 1.2 por cento faceao período homólogo, apresentando uma desace-leração quando comparado com o ano anterior.

Este comportamento está em linha com a evoluçãodesfavorável das dormidas de estrangeiros em es-tabelecimentos de hotelaria nacionais. As despesasem viagens e turismo efectuadas no exterior porresidentes aumentaram 1.4 por cento, em termosnominais, apresentando igualmente um comporta-mento menos dinâmico que o registado no anoanterior.

O défice da balança de rendimentos aumentoude 2.8 para 3.1 por cento do PIB no primeiro se-mestre de 2002. Este comportamento ficou a de-ver-se ao aumento do défice de rendimentos deoutro investimento, de 1.3 para 1.9 por cento doPIB. O défice de rendimentos de investimento di-recto apresentou valores semelhantes aos do perío-do homólogo (0.8 por cento do PIB) enquanto queo défice de rendimentos de investimento de cartei-ra apresentou uma ligeira redução (de 0.6 para 0.5por cento do PIB).

O excedente de transferências correntes dimi-nuiu de 2.7 por cento, no primeiro semestre de2001, para 2.1 por cento do PIB, no mesmo períododo ano 2002, como resultado da evolução dastransferências privadas. Esta evolução resulta nãosó de uma redução, em cerca de 8 por cento, dasremessas de emigrantes — para a qual contribuí-ram em particular as remessas provenientes deFrança e Alemanha — mas também de um novoaumento das remessas de imigrantes superior a100 por cento, associado aos fluxos imigratóriosprovenientes da Europa de Leste. No mesmo pe-ríodo, ao nível das transferências públicas corren-

Textos de política e situação económica

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 40

(39)Estimativas do Banco de Portugal sobre informação fornecidapelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Gráfico 8.1COMPOSIÇÃO DA BALANÇA CORRENTE

Saldos

-12.2

-13.5

1.3

-2.8-2.6

3.0

0.9

-12.3-11.0

2.7

-3.1

2.11.5

-10.5-10.0

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

BalançaCorrente

Serviços TransferênciasCorrentes

Em

pe

rce

nta

ge

md

oP

IB

Jan./Jun. 2000Jan./Jun. 2001Jan./Jun. 2002

Mercadorias Rendi-mentos

Page 37: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

tes verificou-se uma ligeira redução, em termos lí-quidos, dos recebimentos dos fundos provenientesda União Europeia. Por sua vez, o excedente dabalança de capital aumentou de 0.4 para 1.1 porcento do PIB, reflectindo o aumento das transfe-rências públicas de capital recebidas por Portugalda União Europeia. Refira-se, em particular, queos recebimentos no âmbito do FEDER aumenta-ram significativamente na primeira metade do

ano, após variações negativas verificadas nos últi-mos dois anos.

A balança financeira registou uma entrada lí-quida de fundos, equivalente a 9.5 por cento doPIB, o que compara com 10.8 por cento nos primei-ros seis meses de 2001 (Quadro 8.2). Analisandopor sector institucional residente (Gráfico 8.3) veri-fica-se que as instituições financeiras monetáriasforam uma vez mais o sector que mais contribuiupara a evolução no primeiro semestre de 2002 (7.9por cento do PIB), embora em menor grau do queo observado no período homólogo (17.7 por centodo PIB). As operações financeiras com o exteriordas autoridades monetárias estiveram na origemde uma nova entrada de fundos (2.8 por cento nosprimeiros seis meses de 2002, face a 2.3 por centodo PIB no período homólogo de 2001). Para a en-trada líquida de fundos na economia portuguesacontribuíram ainda, e ao contrário do registado noano anterior, as operações financeiras de activos epassivos das administrações públicas e das socie-dades não financeiras e particulares. Tal como noano anterior, as operações efectuadas pelas insti-tuições financeiras não monetárias, em particularpor fundos de investimento, resultaram numa saí-da líquida de fundos.

Analisando por tipo de investimento (Gráfico8.4), as operações incluídas em Outro Investimento

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 41

Textos de política e situação económica

Gráfico 8.2DECOMPOSIÇÃO DA VARIAÇÃO DO SALDO

DA BALANÇA DE MERCADORIAS(a)

-2000

-1500

-1000

-500

0

500

1000

Variaçãototal (b)

Efeitovolume

Efeitopreço

Efeitotermos de

troca

Milh

õe

sd

ee

uro

s

Jan-Jun 2000Jan-Jun 2001Jan-Jun 2002

Notas:(a) A variação do saldo da balança de mercadorias pode

ser decomposta em:- efeito volume – efeito da variação das quantidades

exportadas e importadas( )[ ] ( )[ ]X V P M V Pt t t t t t− −+ − +1 11 1. . . .x x m m

- efeito preço – efeito do crescimento médio dos preçosdo comércio externo

( ) ( )X P M Pt t t t− −−1 1. .- efeito termos de troca – efeito da variação relativa

dos preços de exportação e importação( )[ ] ( )[ ]X P P M P Pt t t t t t− −− − −1 1. .x m

Sendo:X Mt t− −1 1e – exportações e importações, do ano t-1, apreços correntesV Vtx e mt – crescimento das exportações e importa-ções, em volume, no ano tP Pt tx e m – crescimento dos preços de exportação eimportação, no ano tPt – crescimento médio dos preços de comércio exter-no, no ano t ( )[ ]P Pt tx m+ /2Note-se que o efeito volume inclui o efeito cruzadopreço-volume, de modo que a soma dos três efeitoscoincida com a variação total. Esse efeito não é, noentanto, muito significativo.

(b) Uma variação positiva significa uma redução do défi-ce da balança de mercadorias.

Gráfico 8.3BALANÇA FINANCEIRA

Saldos

17.5

7.8

4.2

18.1

-8.0

2.3

-0.7

-6.3

1.50.5

-4.7

10.8

17.7

-2.2

7.99.5

2.8

-3.2

-10

-5

0

5

10

15

20

Em

perc

enta

gem

do

PIB

Janeiro-Junho 2000Janeiro-Junho 2001Janeiro-Junho 2002

(+) Entradas Líquidasde Capitais

(-) Saídas Líquidas de Capitais

AutoridadesMonetárias(a)

Total Administ.Públicas

InstituiçõesFinanceiras

nãoMonetárias

Sociedadesnão

Financeiras eParticulares

InstituiçõesFinanceirasMonetárias

Nota:(a) Inclui pagamentos internacionais efectuados pelas ins-

tituições financeiras monetárias residentes através dosistema TARGET a partir de Janeiro de 1999.

Page 38: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

continuaram a ser a principal fonte de entradas lí-quidas de fundos, embora em montante inferior,em percentagem do PIB, ao observado no períodohomólogo (15.2 e 8.3 por cento do PIB nos primei-ros seis meses de 2001 e 2002, respectivamente).Estas entradas de fundos resultaram quer de ope-rações com o exterior efectuadas por instituiçõesfinanceiras monetárias, quer directamente atravésdo sistema TARGET.(40) Deste modo, o sector mo-netário como um todo, instituições financeiras mo-netárias e autoridades monetárias, foi responsávelpor uma entrada líquida deste tipo de fundosequivalente a 10.1 por cento do PIB na primeirametade deste ano (16.7 por cento no primeiro se-mestre de 2001). Tal como no ano anterior, a capta-ção de recursos por parte das instituições financei-ras monetárias está associada a operações de de-pósito e empréstimos de longo prazo (7.6 por cen-to do PIB face a 11.4 por cento do PIB no mesmoperíodo do ano anterior). Grande parte destas en-tradas relaciona-se com o registo de transferênciaspara instituições financeiras monetárias residentesde fundos obtidos através da emissão de títulos dedívida de médio e longo prazo, em mercados in-ternacionais por filiais no exterior de bancos por-

tugueses.(41) Na primeira metade de 2002, o saldodas operações de empréstimos e depósitos efectua-das no âmbito do sistema TARGET atingiu 3.2 porcento do PIB (2.7 por cento do PIB nos primeirosseis meses de 2001). Pelo contrário, as operaçõesincluídas na rubrica Outro Investimento efectua-das por Sociedades não financeiras e particulares,na sua maior parte depósitos, resultaram nova-mente numa saída líquida de fundos (1.3 e 1.6 porcento do PIB na primeira metade de 2001 e 2002,respectivamente).

Nos primeiros seis meses de 2002, as operaçõesde investimento directo do exterior em Portugal ede Portugal no exterior resultaram numa entradalíquida de fundos equivalente a 2.8 por cento doPIB, que contrasta com a saída registada no mes-mo período do ano anterior (3.7 por cento do PIB).Em termos líquidos, quer o investimento directodo estrangeiro em Portugal quer o investimentodirecto de Portugal no exterior registaram uma re-dução face ao ano anterior, bastante mais significa-tiva no segundo caso. Estes fluxos, no primeiro se-mestre de 2002, terão deixado de estar afectadospor grandes operações intra-grupo, ao contráriodo sucedido nos últimos dois anos. Adicionalmen-te, a desaceleração da actividade económica a ní-vel mundial terá contribuído igualmente para a re-dução dos fluxos de investimento directo. O inves-timento directo do estrangeiro em Portugal atingiu3.9 por cento do PIB (7.2 por cento no primeiro se-mestre de 2001), enquanto o investimento directode Portugal no exterior atingiu apenas 1.1 por cen-to do PIB no primeiro semestre de 2002 face a 10.9por cento no mesmo período de 2001.

As operações de Investimento de Carteira apre-sentaram um saldo nulo, em termos líquidos, quecontrasta com um défice ligeiro nos primeiros seismeses de 2001 (0.8 por cento do PIB). Este compor-tamento reflecte quer um aumento das aplicaçõeslíquidas de não residentes em títulos nacionais (de5.1 para 5.6 por cento do PIB) quer uma reduçãodas aplicações líquidas de residentes em títulos es-trangeiros (de 6.0 para 5.6 por cento do PIB). O in-vestimento de não residentes voltou a ser, essen-cialmente, direccionado para obrigações e outrostítulos de longo prazo (7.6 face a 5.9 por cento doPIB) reflectindo, em grande parte, o maior investi-

Textos de política e situação económica

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 42

(40)As operações efectuadas por instituições financeiras monetáriasresidentes no âmbito do sistema TARGET são registados na Ba-lança de Pagamentos como variação de Passivos das Autorida-des Monetárias na rubrica Outro Investimento.

Gráfico 8.4BALANÇA FINANCEIRA

Saldos

17.5

-1.7

0.0

18.6

0.7

-3.7

-0.8

0.2

2.8

0.0

-1.6

10.8

15.2

8.39.5

-5.0

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

Total InvestimentoDirecto

Investimentode Carteira

OutroInvestimento

Outros (a)

Em

pe

rce

nta

ge

md

oP

IB Janeiro-Junho 2000Janeiro-Junho 2001Janeiro-Junho 2002

(+) Entradas líquidas

(-) Saídaslíquidas

Nota:(a) Inclui Activos de Reserva e Derivados Financeiros.

(41)Ver texto “O sistema bancário no primeiro semestre de 2002",publicado neste Boletim Económico.

Page 39: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

mento em títulos de dívida pública (de 0.8 para 5.4por cento do PIB). Pelo contrário, verifica-se umdesinvestimento líquido mais acentuado em ins-trumentos do mercado monetário nos primeirosseis meses deste ano quando comparado comigual período do ano anterior (3.8 e 0.6 por cento,respectivamente). Este comportamento está direc-tamente relacionado com a evolução das amortiza-

ções de títulos de curto prazo emitidos pela admi-nistração pública. No primeiro semestre de 2002,os não residentes investiram igualmente em títulosde participação de capital (1.8 por cento do PIB),que compara com um saldo praticamente nulo(-0.2 por cento do PIB) no primeiro semestre de2001. Os investidores residentes voltaram a direc-cionar a maioria das suas aplicações no exterior

Textos de política e situação económica

43 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Quadro 8.2

BALANÇA FINANCEIRA(a)

Em percentagem do PIB

Jan-Dez2001

Janeiro-Junho 2001 Janeiro-Junho 2002

Variaçãolíquida

Variaçãode passivos

Variaçãode activos

Variaçãolíquida

Variaçãode passivos

Variaçãode activos

Variaçãolíquida

Balança Financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.5 25.4 -14.6 10.8 28.2 -18.7 9.5Investimento Directo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -1.7 7.2 -10.9 -3.7 3.9 -1.1 2.8Investimento de Carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.8 5.1 -6.0 -0.8 5.6 -5.6 0.0Derivados Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.2 -3.0 3.3 0.3 -2.5 2.4 -0.2Outro Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.0 16.1 -0.8 15.2 21.3 -13.0 8.3Activos de Reserva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.8 - -0.2 -0.2 - -1.4 -1.4

Por sector institucional residente:

Autoridades Monetárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.3 2.3 0.0 2.3 3.8 -1.0 2.8Investimento de Carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.4 - 0.1 0.1 - 0.2 0.2Derivados Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0Outro Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.1 2.3 0.0 2.3 3.8 0.2 4.0Activos de Reserva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.8 - -0.2 -0.2 - -1.4 -1.4

Administrações Públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.8 -0.1 -0.6 -0.7 1.4 0.1 1.5Investimento Directo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0Investimento de Carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.9 0.6 -1.1 -0.6 1.9 -0.4 1.5Derivados Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.1 -0.6 0.6 0.1 -0.5 0.4 -0.1Outro Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.2 -0.1 -0.1 -0.2 0.0 0.0 0.0

Instituições Financeiras Monetárias . . . . . . . . . . . 13.4 15.2 2.5 17.7 17.7 -9.8 7.9Investimento Directo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.4 0.0 0.6 0.6 0.1 0.1 0.3Investimento de Carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.6 3.2 -0.9 2.3 1.7 0.0 1.7Derivados Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.2 -2.1 2.5 0.5 -1.9 1.7 -0.1Outro Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.0 14.1 0.2 14.4 17.8 -11.8 6.1

Instituições Financeiras não Monetárias. . . . . . . . -4.0 0.1 -6.4 -6.3 1.6 -4.8 -3.2Investimento Directo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -1.3 0.2 -3.0 -2.9 0.8 0.0 0.8Investimento de Carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -2.8 0.1 -3.5 -3.5 0.9 -4.7 -3.8Derivados Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 -0.1 0.1 0.0 -0.1 0.1 0.0Outro Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 0.0 0.1 0.0 0.0 -0.2 -0.2

Sociedades não Financeiras e Particulares . . . . . . -3.4 7.9 -10.1 -2.2 3.7 -3.2 0.5Investimento Directo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 7.1 -8.5 -1.4 3.0 -1.2 1.7Investimento de Carteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.3 1.3 -0.6 0.7 1.1 -0.8 0.3Derivados Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.1 -0.2 0.0 -0.2 -0.1 0.1 0.1Outro Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -3.0 -0.3 -1.0 -1.3 -0.3 -1.3 -1.6

Nota:(a) Um sinal (+) significa um aumento de passivos externos ou uma diminuição de activos externos, isto é uma entrada de fundos. Um si-

nal (-) significa uma diminuição de passivos externos ou um aumento de activos externos, isto é uma saída de fundos.

Page 40: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

em obrigações e outros títulos de dívida de longoprazo (4.3 face a 4.1 por cento do PIB), tendo-se re-gistado uma redução do investimento líquido eminstrumentos do mercado monetário (de 0.9 para0.1 por cento do PIB) e um ligeiro aumento, empercentagem do PIB, do investimento líquido emtítulos de participação de capital (de 1.0 para 1.3por cento do PIB). Deste modo, o investimento decarteira no exterior continuou a ser efectuado porinstituições financeiras não monetárias, em parti-cular por fundos de investimento, o que deverá es-tar relacionado com estratégias de diversificaçãode carteira destas instituições no âmbito da partici-pação de Portugal na área do euro.

9. CONCLUSÃO

Face às projecções divulgadas no Boletim Econó-mico de Junho passado, que corresponderam aoexercício da Primavera, o intervalo para a taxa devariação do PIB em 2002 não foi revisto. Ao nívelda composição do crescimento, porém, são de re-gistar algumas alterações. A despesa interna priva-da foi revista em baixa, com destaque para a des-pesa em bens de consumo duradouro e para o in-vestimento, que são as componentes com maiorconteúdo importado e que registarão taxas de va-riação claramente negativas em 2002. No seu con-junto, a despesa final das administrações públicasdeverá igualmente desacelerar em 2002, emboramenos do que o suposto no exercício da Primave-ra. O contributo da procura interna total, privada epública, para o crescimento do PIB português em2002 deverá ser negativo, entre -1 e 0 p.p.

De forma consistente com a revisão da procurainterna, as importações de bens e serviços foramsignificativamente revistas em baixa. Dado que ataxa de crescimento das exportações de bens e ser-viços se manteve quase inalterada em relação àprojecção da Primavera, não obstante a significati-va deterioração da procura externa relevante paraa economia portuguesa, o contributo para o cresci-mento das exportações líquidas de importações foirevisto para cima, compensando a redução da pro-cura interna e permitindo algum crescimento doPIB, embora modesto.

Como referido ao longo do texto deste artigo,as projecções actuais estão afectadas por umagrande incerteza, mais elevada do que é habitualnesta altura do ano. Às incertezas significativas so-

bre a execução orçamental em 2002, junta-se o pa-drão anómalo de revisão das estatísticas do comér-cio externo (incluindo os dados definitivos para2001). Apesar da incerteza acrescida, não são espe-radas alterações qualitativas importantes na avali-ação que o Banco de Portugal faz da evolução re-cente da economia portuguesa. Os principais tra-ços da análise têm a ver com a inevitabilidade doajustamento dos desequilíbrios gerados na segun-da metade da década de 90. Neste período, o pa-drão de crescimento da economia portuguesa foicaracterizado por fortes expansões das despesasinternas pública e privada, esta última financiadapor um considerável aumento do endividamentodas famílias e empresas, num contexto de acentua-da descida das taxas de juro nominais e reais. Ocrescente défice da balança comercial, que atingiuum máximo em 2000, foi o espelho do padrão decrescimento desequilibrado da economia portu-guesa, implicando o alargamento do défice con-junto da balança corrente e de capital. A partir de2000, o sector privado começou gradualmente aajustar o seu comportamento, verificando-se umadesaceleração da procura interna privada e umaredução progressiva das suas necessidades de fi-nanciamento. Em sentido contrário, teve lugar em2001 um aumento expressivo das necessidades definanciamento das administrações públicas, cujodéfice atingiu 4.1 por cento do PIB. Esta evoluçãoresultou da desaceleração das receitas fiscais, ape-nas em parte explicada pelo abrandamento econó-mico, e da resiliência do forte crescimento da des-pesa pública.

A evolução do comportamento do sector priva-do em 2002 é consistente com a continuação doprocesso de ajustamento, embora num enquadra-mento internacional bastante mais desfavorável doque nos anos anteriores. As dificuldades de conso-lidação financeira das administrações públicas de-verão estar igualmente a gerar incerteza no sectorprivado sobre o comportamento futuro da econo-mia, para além dos efeitos desfavoráveis de curtoprazo na actividade associados a um maior apertoda política orçamental.

Apesar do ajustamento já efectuado pelo sectorprivado, por comparação com a situação nos finaisda década de 90, este processo está longe de estarconcluído, sendo de esperar que prossiga, deseja-velmente de forma gradual, nos próximos anos. Odéfice conjunto das balanças corrente e de capital,

Textos de política e situação económica

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 44

Page 41: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

que traduz as necessidades líquidas de financia-mento dos agentes económicos residentes face aoexterior, ainda se situa em 2002 num valor muitoelevado, entre 5¼ e 6¾ por cento do PIB, e terá quecontinuar a reduzir-se nos próximos anos, para va-lores que estabilizem a posição de investimento in-ternacional da economia portuguesa.

No que respeita às administrações públicas, oesforço de saneamento financeiro e consolidaçãoainda mal se iniciou e terá que ser aprofundadonos próximos anos. Como reconhecido pelo Go-verno, algumas medidas de geração de receita ex-traordinária, como as elevadas vendas de patrimó-nio previstas para 2002 e 2003, devem ser encara-das como medidas de emergência, para trazer odéfice público o mais rapidamente possível paravalores inferiores ao valor de referência de 3 porcento do PIB estabelecido no Tratado da União Eu-ropeia e no Protocolo Relativo ao Procedimentodos Défices Excessivos, a ele anexo. Estas medidasnão traduzem uma verdadeira consolidação orça-mental, apenas permitindo mais tempo para podertomar medidas de consolidação. É essencial que oesforço, que ainda mal se iniciou, prossiga de for-ma determinada nos próximos anos — e, preferen-cialmente, recorrendo a uma contenção da despesaprimária corrente — mesmo que tal implique am-pliar de alguma forma, no curto prazo, os efeitossobre o crescimento económico decorrentes doajustamento endógeno das componentes privadasda procura. A manterem-se os níveis actuais de dé-fice, próximos de 3 por cento do PIB, será difícil in-verter o aumento recente do rácio da dívida públi-ca em relação ao PIB, que deverá atingir, no finalde 2002, um valor muito próximo do valor de refe-rência de 60 por cento.

É enganador pensar que a actual controvérsiasobre o Pacto de Estabilidade e Crescimento é umargumento válido para adiar o esforço de consoli-dação orçamental. Por um lado, porque, em ter-mos relativos, a situação portuguesa de partida émais desfavorável do que noutros Estados-membros. Por outro lado, um desregramento orça-mental numa união monetária, como a área do

euro, poderá criar riscos para a estabilidade depreços que levem o Banco Central Europeu a rea-gir, apertando a política monetária e compensan-do, por essa via, os estímulos orçamentais. Por ou-tro lado ainda, a inexistência de regras que garan-tam, ao nível da área do euro, a sustentabilidadedas finanças públicas de cada um dos Estados-membros tenderá a penalizar mais os pequenospaíses com pior situação orçamental, porque elesnecessitarão de financiar os défices nos mercadosde capitais e perderão parcialmente a cobertura deconfiança que lhes é dada pela existência de regrascomuns credíveis. É altamente provável, por isso,que uma deterioração orçamental na área do europrejudique, bastante mais do que beneficie, a si-tuação portuguesa, se a consolidação orçamentalnão prosseguir com determinação. Aliás, deve sali-entar-se que o imperativo de consolidação orça-mental não decorre sobretudo da obrigação decumprir os requisitos do Pacto de Estabilidade eCrescimento, mas sim da necessidade de assegurarcondições de crescimento económico sustentáveispara Portugal.

Outro elemento fundamental do ajustamentoda economia portuguesa no futuro próximo será amoderação salarial. Conforme tem sido repetida-mente afirmado pelo Banco de Portugal, o cresci-mento médio das remunerações reais por trabalha-dor no conjunto da economia não pode continuara ser superior ao crescimento da produtividade,como aconteceu nos últimos seis anos. Caso con-trário, a economia portuguesa continuará a perdercompetitividade e serão inevitáveis custos eleva-dos em termos de maior desemprego e menorcrescimento. No sentido de favorecer a moderaçãosalarial, será importante o papel sinalizador quepode assumir uma clara contenção na actualizaçãodas tabelas salariais da função pública, justificadatambém, e sobretudo, pela preocupação de ajusta-mento orçamental.

Texto redigido com a informação disponível até 16 deOutubro de 2002.

Textos de política e situação económica

45 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Page 42: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Textos de política e situação económica

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 46

Caixa 1: REVISÕES AOS DADOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

As estatísticas de exportações e importações de mercadorias são um elemento fundamental na produção de es-timativas de contas nacionais no Banco de Portugal, determinando não só uma parte significativa do contributoda procura externa líquida para o crescimento mas influenciando igualmente as estimativas da procura interna.As contínuas revisões que têm sido registadas, ao longo de 2002, nas taxas de variação homóloga do comércio demercadorias implicam, assim, um maior grau de incerteza para as estimativas divulgadas neste “Boletim Econó-mico”.

Os resultados preliminares do comércio internacional divulgados mensalmente pelo Instituto Nacional deEstatística (INE) têm origem, no caso do comércio intra-comunitário, na acumulação de valores declarados pelasempresas cujo montante de comércio se situe acima de determinados limiares estatísticos.(1) Por exemplo, a publi-cação do comércio internacional de Março reporta os valores relativos a exportações e importações in-tra-comunitárias para o período de Janeiro a Março contidos nas declarações entradas até ao fecho de informaçãodessa publicação. Dado que não é feita nenhuma extrapolação de resultados para contemplar as não respostas, osvalores para cada mês são, em geral, sistematicamente revistos para cima nas publicações seguintes porque dãoentrada novas declarações referentes a esse período (em atraso).

As revisões registadas em 2002 constituem uma alteração significativa em relação ao padrão de revisões obser-vado em anos anteriores. Com efeito, a habitual revisão em alta dos valores referentes a um dado mês está a ser bas-tante menos significativa que a observada em anos anteriores.(2) Tal origina que as variações homólogas mensaisou acumuladas — obtidas comparando os níveis da publicação de determinado mês de 2002 com os mesmos níveisda publicação homóloga de 2001, para assegurar compatibilidade(3) — estejam a sofrer significativas revisões embaixa ao longo de 2002. Estas revisões acentuaram-se nos últimos meses (publicações de Junho e Julho) (ver Qua-dro 1). Refira-se, a título ilustrativo, que a taxa de variação das exportações de mercadorias no primeiro trimestrereportada na publicação de Março era de 0.4 por cento, tendo sido revista para -2.6 por cento na publicação deJunho e para -3.5 por cento na publicação de Julho. No caso das importações, a variação trimestral reportada napublicação de Março, -3.2 por cento, foi posteriormente revista para -5.8 e -6.5 por cento em Junho e em Julho, res-pectivamente.

Neste contexto, na elaboração das estimativas dos fluxos de comércio de mercadorias com o exterior no primei-ro semestre, o Banco de Portugal tomou a opção de considerar taxas de crescimento nominais das exportações eimportações para o período inferiores às implícitas na publicação de Julho do INE, procurando antecipar novas re-visões dos dados. Estas correcções podem, no entanto, vir a ser mais ou menos significativas do que o assumidopelo Banco de Portugal, constituindo portanto uma fonte apreciável de incerteza. Note-se ainda que é provávelque as revisões dos dados nominais venham igualmente a implicar uma revisão dos deflatores trimestrais do co-mércio externo do INE para os dois primeiros trimestres do ano — que são utilizados nas estimativas do Banco dePortugal — para cujo apuramento foram utilizadas as primeiras versões de dados para cada trimestre.

Embora de natureza diferente, verificou-se igualmente uma revisão substancial das taxas de variação das ex-portações e das importações referentes ao ano de 2001, com a divulgação pelo Instituto Nacional de Estatística dosdados definitivos do comércio internacional. Em resultado, os crescimentos nominais das exportações e das im-portações foram revistos para 3.6 por cento e 1.8 por cento, respectivamente, no conjunto do ano de 2001. Face aoscrescimentos implícitos na publicação do comércio internacional de Dezembro de 2001, estas taxas implicam umarevisão em baixa de 2.2 e 0.5 pontos percentuais, respectivamente, (Quadro 2). Esta revisão — mais acentuada nocaso das exportações — explica, em larga medida, a revisão em baixa do crescimento do PIB em 2001.(4) O menor

(1) Os dados do comércio extra-comunitário são reportados pelas alfândegas, de forma exaustiva.(2) Na publicação de Julho, foram observadas inclusivamente revisões para baixo de dados em valor em alguns meses, em particular no caso das ex-

portações, o que nunca tinha sido observado em anos anteriores.(3) A lógica desta comparação de primeiras versões é que, se as datas de fecho da informação de cada publicação não forem substancialmente alteradas

de ano para ano, se poderá obter uma amostra de empresas declarantes semelhante nos dois períodos.(4) Ver nota de pé-de-página 1 no texto principal.

Page 43: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Textos de política e situação económica

47 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

crescimento das exportações implícito nos dados definitivos resultou igualmente numa significativa revisão embaixa do ganho de quota de mercado externo dos exportadores portugueses em 2001. A estimativa desse ganho norelatório anual de 2001 era de 2.7 por cento, com base nos dados provisórios do comércio externo. À luz dos dadosdefinitivos, esse ganho é agora marginal (0.4 por cento).

Quadro 1

COMÉRCIO INTERNACIONAL – REVISÕES ÀS TAXAS DE VARIAÇÃOHOMÓLOGA MENSAIS E ACUMULADAS EM 2002

Taxa de variação homóloga mensal, em percentagem Taxa de variação homóloga acumulada,em percentagem

Publicação do mês Publicação do mês

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul.

Importações2002

Jan.. . . . . . . . . . -2.8 -1.5 -2.6 -4.3 -4.0 -3.8 -4.9 -2.8 -1.5 -2.6 -4.3 -4.0 -3.8 -4.9Fev . . . . . . . . . . 4.1 0.2 -2.1 -1.9 -2.8 -2.7 1.3 -1.2 -3.2 -3.0 -3.3 -3.8Mar. . . . . . . . . . -6.7 -8.6 -8.6 -10.1 -11.0 -3.2 -5.2 -5.0 -5.8 -6.5Abr. . . . . . . . . . 7.6 7.6 6.2 5.8 -2.2 -2.0 -2.9 -3.5Maio . . . . . . . . -4.3 -7.7 -7.2 -2.5 -3.9 -4.3Jun . . . . . . . . . . -2.5 -6.6 -3.7 -4.7Jul. . . . . . . . . . . 5.8 -3.3

Exportações2002

Jan . . . . . . . . . . -0.6 4.5 1.9 -0.3 0.2 -0.6 -1.4 -0.6 4.5 1.9 -0.3 0.2 -0.6 -1.4Fev . . . . . . . . . . -0.1 2.2 1.1 1.8 -1.2 -1.8 2.2 2.1 0.4 1.0 -0.9 -1.6Mar. . . . . . . . . . -2.5 -2.3 -4.0 -5.6 -6.8 0.4 -0.5 -0.8 -2.6 -3.5Abr. . . . . . . . . . 15.0 16.4 12.7 12.1 3.1 3.2 1.0 0.2Maio . . . . . . . . 4.6 1.3 -0.9 3.5 1.1 0.0Jun . . . . . . . . . . 1.7 -2.9 1.2 -0.5Jul. . . . . . . . . . . 9.1 0.9

Quadro 2

COMÉRCIO INTERNACIONAL – REVISÕES ÀS TAXAS DE VARIAÇÃO EM 2001

Taxa de variação acumulada Janeiro-Dezembro,em percentagem

Revisão, em p.p.

Publicação de:

Dez.(A) Definitivos (B) (B)-(A)

ImportaçõesTotal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 1.8 -0.5

Bens de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.5 6.9 -0.6Alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.7 11.0 0.3Outros bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.8 4.7 -1.1

Bens de equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -0.8 -0.3 0.6Material de transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -5.4 -4.5 0.9Outros bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.6 3.7 0.1

Combustíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -4.6 -4.4 0.3Bens intermédios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.6 2.7 -1.9

ExportaçõesTotal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.8 3.6 -2.2

Bens de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.9 2.4 -2.6Alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.7 1.8 -0.9Outros bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.4 2.5 -2.9

Bens de equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17.2 15.0 -2.1Material de transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18.9 15.9 -3.0Outros bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14.7 13.8 -0.9

Combustíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -24.1 -24.3 -0.2Bens intermédios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -1.6 -3.4 -1.8

Page 44: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Textos de política e situação económica

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 48

Caixa 2: INFLAÇÃO EM 2002 – DESVIO EM RELAÇÃO À PROJECÇÃO ANTERIOR

Este “Boletim Económico” actualiza a projecçãoda taxa de variação média do Índice Harmonizado dePreços no Consumidor (IHPC) em 2002 para o inter-valo de 3.5 a 3.7 por cento, o que constitui uma revi-são em baixa da projecção publicada no “Boletim Eco-nómico” de Junho, então fixada no intervalo de 3.5 a4.5 por cento. A evolução mais favorável do IHPC, emrelação ao anteriormente projectado, reflecte essenci-almente dois factores:

(i) O impacto nos preços do aumento da taxa nor-mal do IVA em Junho, de 17 para 19 por cento,terá sido menor do que o anteriormente anteci-pado.

A informação disponível sugere que o impacto noíndice de preços no consumidor deverá ter sido infe-rior ao esperado (0.6 contra 0.8 por cento), reflectindouma repercussão não integral do aumento da taxanormal do IVA nos preços do consumidor, associada auma diminuição das margens de lucro, num contextode fraco dinamismo do consumo privado.

Por outro lado, a transmissão do aumento do IVAaos preços no consumidor terá sido mais lenta do que oesperado, contribuindo também desta forma para umimpacto menor na taxa de inflação média de 2002. Aeste propósito, refira-se o comportamento do preço dotabaco, onde a existência de stocks terá contribuídopara esse maior desfasamento e, em particular, a evo-lução dos preços da rubrica “vestuário e calçado”.Neste último caso, a transmissão do aumento do IVApara os preços no consumidor terá sido adiada para olançamento de novas colecções devido à ocorrência dahabitual época dos saldos, os quais terão sido particu-larmente acentuados este ano, contribuindo mesmopara uma redução da taxa de variação homóloga dospreços desta componente (ver Gráfico).

Em resultado, estima-se agora que o impacto do aumento da taxa de IVA na variação média anual do IHPC, em2002, seja de cerca de 0.2 pontos percentuais, o que compara com os 0.4 pontos percentuais anteriormente estima-dos.

(ii) Os preços de importação de bens de consumo registaram uma evolução mais favorável relativamente aoque tinha sido anteriormente projectado.

Contrariamente ao que aconteceu com outros factores explicativos de inflação - que se estima terem tido umaevolução em linha com o projectado, nomeadamente os salários e os preços condicionados por procedimentos de na-

Gráfico 1VESTUÁRIO E CALÇADO

Taxas de variação homóloga

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Set. Nov. Jan.02 Mar. Mai. Jul. Set.

15

16

17

18

19

20

Taxa normal do IVA (esc. dir.)

Gráfico 2TAXA DE CÂMBIO EFECTIVA DO EURO

1.º trimestre de 1999 = 100

80

82

84

86

88

90

92

94

Jan.01 Mar. Mai. Jul. Set. Nov. Jan.02 Mar. Mai. Jul. Set.

Médias trimestrais

Nota: Um aumento do índice corresponde a uma aprecia-ção do euro.

Page 45: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Textos de política e situação económica

49 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

tureza administrativa —, os preços de importação de bens de consumo registaram uma evolução mais favorável doque a prevista em Junho. Com efeito, os preços de importação de bens de consumo deverão registar, em termos mé-dios anuais, um crescimento virtualmente nulo, ao contrário do aumento projectado no exercício anterior. Umaparte desta revisão estará relacionada com uma evolução mais favorável da generalidade dos preços internacionaisde bens de consumo e com a apreciação da taxa de câmbio do euro na segunda metade do ano (ver Gráfico 2). Re-corde-se, a este propósito, que as projecções macroeconómicas do Eurosistema são elaboradas sob a hipótese técnicade taxas de câmbio constantes. Estima-se que esta evolução tenha contribuído em cerca de 0.1-0.2 pontos percen-tuais para o desvio da taxa de inflação média em 2002.

Page 46: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

O SISTEMA BANCÁRIO NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2002

1. INTRODUÇÃO

Na sequência da opção seguida no RelatórioAnual de 2001, a análise do sistema bancário(1) rea-lizada neste artigo assenta em dados da actividadeconsolidada,(2) porque esta é a que melhor reflectea situação económica dos bancos enquanto gruposempresariais. Analisam-se, assim, as contas glo-bais dos bancos, independentemente do territórioem que se desenvolvem. Naturalmente que, face àreduzida internacionalização dos bancos com sedeem Portugal, a parte mais substancial dos seus re-sultados deriva da actividade desenvolvida emPortugal.

No primeiro semestre de 2002 verificou-se umabrandamento da actividade do sistema bancárioportuguês, o qual esteve associado à diminuição

da taxa de crescimento do crédito a clientes (Qua-dro 1.1). Por sua vez, assistiu-se a uma ligeira ace-leração na captação de recursos junto dos clientes.O abrandamento na concessão de crédito a clientesestará a reflectir um ajustamento da situação fi-nanceira dos agentes económicos, em face doabrandamento da actividade económica interna edo seu elevado nível de endividamento, tendosido particularmente visível ao nível do créditoconcedido às sociedades não financeiras.

O abrandamento da actividade económica terátambém contribuído para um ligeiro aumento dosindicadores de incumprimento do crédito que, ain-da assim, se mantém em níveis bastante reduzi-dos. Em face desta evolução, assistiu-se a um si-gnificativo aumento na constituição de provisões,o que permitiu limitar a deterioração dos rácios deprovisionamento do crédito.

O desequilíbrio entre as taxas de crescimentodo crédito e dos recursos captados junto dos clien-tes diminuiu durante o primeiro semestre de 2002.Este facto, conjugado com o continuado recurso aofinanciamento através da emissão de títulos e dacontratação de empréstimos subordinados, permi-tiu uma significativa redução dos financiamentosinterbancários (em termos líquidos), em particulardos financiamentos interbancários obtidos juntode instituições não residentes (assim se reforçandoum movimento já visível em 2001, e que traduzuma inversão da tendência iniciada com a partici-pação na União Monetária). Neste contexto, verifi-cou-se uma melhoria dos rácios de liquidez.

Os indicadores de rendibilidade registaram, noprimeiro semestre de 2002, níveis comparáveis aosobservados para a totalidade do ano de 2001, em-bora claramente inferiores aos observados em pe-ríodo homólogo de 2001. Saliente-se, no entanto,

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 51

Textos de política e situação económica

(1) Salvo referência em contrário, o agregado considerado para osistema bancário português refere-se ao conjunto dos bancos(incluindo a Caixa Económica Montepio Geral), das restantescaixas económicas e das caixas de crédito agrícola mútuo, sen-do excluídos os bancos com sede ou actividade exclusiva nooff-shore da Madeira, e/ou actividade predominante com nãoresidentes. São consideradas como bancos, e incluídas no agre-gado, as sucursais de instituições de crédito com sede em outroEstado-membro da União Europeia — com excepção daquelasque não sejam classificáveis como instituições financeiras mo-netárias (IFM) — assim como as sucursais de instituições decrédito com origem em países terceiros.

(2) A análise reporta-se primordialmente ao agregado do sistemabancário — actividade consolidada calculado por agregaçãosimples dos: (i) balanços dos grupos financeiros, em base con-solidada, que incluem no perímetro de consolidação pelo me-nos uma IFM com actividade predominante em Portugal e (ii)balanços das IFM, em base individual, que não são objecto deconsolidação em Portugal. No entanto, sempre que tal se justi-ficar (seja por necessidade de maior detalhe ou de análise deperíodos mais longos), recorrer-se-á a análise de dados em baseindividual e às Estatísticas Monetárias e Financeiras. Para maisdetalhes, ver o Suplemento ao Boletim Estatístico de Agosto de2001, “Balanço estatístico” e “balanço contabilístico” das outrasinstituições financeiras monetárias.

Page 47: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

que os resultados obtidos no primeiro semestre de2001 estiveram associados, em grande parte, a re-duzidas dotações de provisões nesse período.(3)

Verificou-se uma redução na margem financeira(essencialmente como resultado da diminuiçãodos diferenciais entre taxas de juro activas e passi-vas) que, no entanto, foi em larga medida compen-sada por um aumento dos outros resultados cor-rentes (derivado do expressivo aumento dos resul-tados de operações financeiras).

Em Junho de 2002, os rácios de adequação defundos próprios mantiveram-se em níveis muitosemelhantes aos observados no período homólogode 2001 (e ligeiramente superiores aos de Dezem-bro de 2001). Note-se, no entanto, que, durante osúltimos doze meses, a evolução dos fundos pró-prios foi essencialmente sustentada pela emissãode títulos de dívida, tendo os fundos próprios debase mantido o seu nível quase inalterado. Duran-te o primeiro semestre de 2002, e ao contrário dosucedido no segundo semestre de 2001, verifi-cou-se um aumento dos fundos próprios de base.

52 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(3) No primeiro semestre de 2001, o fluxo de provisões constituí-das correspondeu a 0.38 por cento do activo médio, valor quecompara com 0.56 por cento, no primeiro semestre de 2000 ecom 0.54 por cento nos primeiros seis meses de 2002.

Quadro 1.1

QUADRO SÍNTESE

Base consolidada

1999 2000 2001 2000 2001 2002

Dez. Dez. Dez. Jun. Jun. Jun.

Em percentagem do activo total médioMargem financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.45 2.21 2.24 2.30 2.26 2.10Outros resultados correntes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.33 1.30 1.17 1.45 1.21 1.25Produto bancário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.77 3.51 3.41 3.75 3.47 3.35Custos administrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.07 1.79 1.73 1.90 1.70 1.66Resultados extraordinários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.40 0.27 0.01 0.12 0.01 0.09Amortizações do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.31 0.25 0.24 0.26 0.23 0.22Provisões líquidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.66 0.63 0.45 0.56 0.38 0.54Impostos sobre lucros do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.20 0.19 0.16 0.24 0.22 0.17Resultados antes de interesses minoritários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.92 0.91 0.85 0.91 0.95 0.85Resultado do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.70 0.70 0.69 0.59 0.78 0.73

Rendibilidade dos capitais próprios (ROE) (a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14.7 15.1 14.9 14.7 16.5 15.3Rendibilidade dos capitais próprios (ROE) (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16.1 16.6 17.2 13.8 19.1 18.8Custos administrativos (em percentagem do produto bancário). . . . . 54.8 51.1 50.7 50.7 49.1 49.6Cobertura dos passivos interbancários por activos de elevada

liquidez (em percentagem) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101.4 88.6 91.4 91.8 88.9 94.0Crédito e juros vencidos (em percentagem do crédito bruto) . . . . . . . n.d. 2.18 2.12 n.d. 2.11 2.21Provisionamento específico do crédito (em percentagem do crédito

bruto). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.78 1.48 1.42 1.67 1.41 1.44

Crédito e juros vencidos, líquidos de provisões específicas(em percentagem do crédito líquido de provisões específicas) n.d. 0.72 0.71 n.d. 0.71 0.78

Taxas de variaçãoResultados antes de interesses minoritários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17.4 14.9 3.4 n.d. 18.6 -3.4Resultado do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15.4 16.8 9.4 n.d. 48.2 0.3Crédito (bruto) a clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25.9 21.7 13.2 n.d. 17.5 9.6Recursos de clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.3 9.9 7.0 n.d. 4.6 7.4

Rácio de adequação de fundos próprios (em percentagem) (c) . . . . . . 10.8 9.2 9.5 9.5 9.8 9.8

Empregados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 969 58 485 56 147 61 869 58 738 55 268Balcões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 482 5 649 5 590 5 606 5 582 5 472

Activo total médio (EUR milhões) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 773 237 223 264 622 229 298 259 915 278 558

Notas:(a) Resultados antes de dedução de interesses minoritários em percentagem do capital próprio.(b) Resultados após dedução de interesses minoritários em percentagem do capital próprio deduzido de interesses minoritários.(c) Fundos próprios/(Requisitos totais*12.5).Os dados semestrais são, quando necessário, anualizados.

Page 48: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

2. ESTRUTURA DO MERCADO

No final do primeiro semestre de 2002 existiamem Portugal 59 bancos em actividade,(4) dos quais28 eram não domésticos (Gráfico 2.1).(5) O sistema

bancário português incluía ainda 133 caixas de cré-dito agrícola mútuo e 5 caixas económicas. Emcomparação com o observado em Dezembro de2001, verificou-se a entrada de 2 novos bancos (1dos quais não doméstico) e a cessação de activida-de de 4 caixas de crédito agrícola mútuo.

No final de Junho de 2002, os bancos represen-tavam mais de 95 por cento do total do sistema,seja este medido pelo activo líquido, pelo crédito aclientes ou pelos recursos captados junto de clien-tes (Quadro 2.1). A importância da actividade dascaixas económicas e das caixas de crédito agrícolamútuo manteve-se relativamente limitada porcomparação com os bancos. Embora representemrespectivamente 2.5 e 67.5 por cento do número to-tal de instituições e 0.4 e 12.4 por cento do númerototal de balcões, o seu peso conjunto em termos deactivo líquido, crédito a clientes e recursos de cli-entes não ultrapassa os 3.0, 3.1 e 4.8 por cento dototal do sistema bancário. Globalmente, estamosperante instituições de reduzida dimensão média,

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 53

Textos de política e situação económica

Gráfico 2.1NÚMERO DE INSTITUIÇÕES

NO SISTEMA BANCÁRIO

59 55 58 58 57 59

25 25 29 27 27 28

146 147 144 140 137 133

6 5 5 5 5 5

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Bancos - TotalBancos - não domésticosCaixas de Crédito Agrícola MútuoCaixas Económicas

Nota: O grupo dos “bancos” inclui a Caixa EconómicaMontepio Geral. Não estão incluídos os bancoscom sede ou actividade predominante no off-shoreda Madeira, e/ou actividade predominante comnão residentes.

Quadro 2.1

ESTRUTURA DO SISTEMA BANCÁRIO(a)

30 de Junho de 2002

EUR milhões

Bancos(b) % dos quais:não

domésticos

% Caixaseconómicas

% Caixas decrédito agrí-cola mútuo

%

Número de instituições. . . . . . . . . . . . . 59 29.9 28 14.2 5 2.5 133 67.5

Activo líquido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272 888.0 97.0 50 902.4 18.1 340.9 0.1 8 190.5 2.9Crédito a clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 435.1 96.9 31 542.9 16.8 217.6 0.1 5 635.2 3.0Recursos de clientes . . . . . . . . . . . . . . . 143 688.6 95.2 25 844.3 17.1 282.6 0.2 7 028.4 4.7

Balcões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 773.0 87.2 806.0 14.7 20.0 0.4 679.0 12.4Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 795.0 93.7 9 036.0 16.3 146.0 0.3 3 327.0 6.0

Notas:

(a) Base consolidada para as variáveis de balanço (activo, crédito e recursos) e dados individuais para o número de empregados e balcões.Não são considerados no cálculo os bancos com sede ou actividade exclusiva no off-shore Madeira, e/ou actividade predominante comnão residentes.

(b) Inclui a Caixa Económica Montepio Geral.

(4) Incluindo a Caixa Económica Montepio Geral.(5) Englobando-se neste subconjunto as filiais (na acepção de insti-

tuições com sede em Portugal, cujo capital é maioritariamentedetido por grupos bancários com sede em outros países) e assucursais de bancos estrangeiros, incluindo as sucursais debancos com sede em países da União Europeia.

Page 49: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

com actividade de âmbito predominantemente lo-cal.

As quotas de mercado dos cinco maiores gru-pos bancários (em base consolidada) reduziram-seligeiramente durante o primeiro semestre de 2002,em linha com o que vem sucedendo desde 2000(Quadro 2.2). Em termos de peso no activo total, aredução foi de 79.6 por cento (do total do sistemabancário), em Dezembro de 2001, para 78.4 porcento, em Junho de 2002. A redução mais significa-tiva verificou-se em termos de peso no total dosrecursos obtidos junto de clientes, que verificouuma diminuição de 2.6 pontos percentuais, para76.4 por cento. Já no crédito a clientes, a reduçãofoi pouco expressiva, de 0.4 pontos percentuais,para 79.7 por cento.

No tocante à importância dos bancos não do-mésticos no conjunto do sistema bancário portu-guês, a sua quota no total do activo do sistemabancário fixou-se em 18.1 por cento (17.7 por centoem Dezembro de 2001). A alteração mais significa-tiva foi o aumento da quota destas instituições naobtenção de recursos de clientes que, aumentando1.4 pontos percentuais durante os primeiros seismeses de 2002, se fixou em 17.1 por cento emJunho de 2002 (Quadro 2.3). Note-se que o ganhode quota na captação de recursos destas institui-

ções esteve estreitamente associado à evolução deum conjunto restrito de instituições, que regista-ram um significativo aumento nos depósitos cap-tados junto de não residentes.(6)

3. ACTIVIDADE BANCÁRIA

Em base consolidada e medida em termos doactivo total, a actividade bancária aumentou 5.9por cento no primeiro semestre de 2002 em termoshomólogos, o que compara com 10.9 e 11.1 porcento respectivamente em Junho e Dezembro de2001 (Quadros 3.1 e 3.2). A desaceleração verifica-da esteve estreitamente associada à moderação doritmo de crescimento do crédito sobre clientes (lí-quido de provisões específicas), rubrica cuja taxade variação diminuiu 3.7 pontos percentuais entreDezembro de 2001 e Junho de 2002, situando-seem 9.6 por cento no final do primeiro semestre de2002. A diminuição da taxa de variação do activoexplica-se também pelos menores contributos dasaplicações em outras instituições de crédito e dostítulos e imobilizações financeiras (líquidos deprovisões). Em termos de rubricas do passivo, háque salientar a diminuição da obtenção de recur-sos junto de outras instituições de crédito (em es-pecial junto de instituições de crédito no estrangei-ro, invertendo-se assim a tendência que se haviaverificado durante os últimos anos), e a aceleração(ainda que ligeira) na captação de recursos de cli-entes residentes.

54 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 2.2

QUOTA DE MERCADO DOS CINCO MAIORESGRUPOS BANCÁRIOS

Base consolidada

Em percentagem

1999 2000 2001 2002

Dez. Dez. Jun. Dez. Jun.

Crédito a clientes . . . . . 75.6 81.6 81.0 80.1 79.7Recursos de clientes . . 77.9 80.9 78.9 79.0 76.4Activo . . . . . . . . . . . . . . 75.0 81.8 80.2 79.6 78.4Balcões. . . . . . . . . . . . . . 67.3 71.5 70.8 69.5 68.6

Nota: Não são considerados no cálculo os bancos com sede ouactividade exclusiva no off-shore Madeira, e/ou actividadepredominante com não residentes.

Quadro 2.3

QUOTA DE MERCADO DOS BANCOSNÃO DOMÉSTICOS

Base consolidada

Em percentagem

1999 2000 2001 2002

Dez. Dez. Jun. Dez. Jun.

Crédito a clientes (bruto) . . . 8.1 15.9 15.7 16.9 16.8Recursos de clientes . . . . . . . 5.2 14.9 16.1 15.7 17.1Activo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.6 16.0 16.9 17.7 18.1Balcões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.0 14.0 14.1 15.6 14.7

Nota: Não são considerados no cálculo os bancos com sede ouactividade exclusiva no off-shore Madeira, e/ou actividadepredominante com não residentes.

(6) Se a captação de recursos de não residentes deste conjunto deinstituições não fosse considerada, em vez de se assistir, no to-tal do sistema, a um aumento de 7.0 para 7.4 por cento na taxade variação dos recursos de clientes (Quadro 3.2), ter-se-ia veri-ficado uma diminuição desta taxa, de 6.2 para 5.5 por cento.

Page 50: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 55

Textos de política e situação económica

Quadro 3.1

BALANÇO DO SISTEMA BANCÁRIO

Base consolidada

EUR milhões

1998 1999 2000 2000 2001 2001 2002

Dez. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun.

Caixa e activos face a bancos centrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 867 10 829 8 930 9 642 7 892 10 063 8 121dos quais: caixa e activos face ao Banco de Portugal . . . . . . . . . . 8 608 10 026 8 158 8 592 6 897 8 987 7 371

Aplicações em outras instituições de crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 984 27 254 31 174 28 596 32 318 33 887 33 425No país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 10 952 10 283 12 768 10 185No estrangeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 17 644 22 036 21 119 23 240

Crédito sobre clientes (líquido de provisões) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 523 131 213 145 930 160 235 171 860 181 468 188 288Crédito vencido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 3 553 3 677 3 903 4 222Provisões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 577 2 377 2 473 2 406 2 458 2 609 2 754

Títulos e imobilizações financeiras (líquidos de provisões). . . . . . 33 594 31 843 36 308 36 984 37 427 35 950 33 593Imobilizado não financeiro e outros activos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 560 17 880 17 235 15 262 16 306 17 096 17 992

Total do activo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190 527 219 019 239 577 250 719 265 804 278 464 281 419

Recursos de bancos centrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 690 3 158 2 954 3 462 3 061 2 766 2 149dos quais: do Banco de Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 383 2 658 2 658 3 300 2 818 2 258 1 934

Recursos de outras instituições de crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 748 44 920 52 692 51 834 55 602 57 017 52 019No país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 10 024 8 513 11 099 9 420No estrangeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 41 810 47 089 45 918 42 599

Recursos de clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 729 127 606 134 422 140 205 140 655 150 033 150 997dos quais:

Depósitos de clientes residentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 109 976 105 109 113 851 110 603Depósitos de clientes não residentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 30 181 35 462 36 083 40 403

Responsabilidades representadas por títulos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 606 13 225 18 633 23 106 30 604 32 973 39 042das quais: obrigações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 239 10 072 14 997 18 214 24 435 27 307 31 204

Passivos subordinados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 892 4 521 5 100 5 392 7 200 8 076 8 305Provisões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 847 2 263 2 536 3 119 3 422 3 354 3 382Outros passivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 217 9 487 8 832 9 015 10 314 8 810 9 986Capitais próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 798 13 840 14 408 14 587 14 947 15 436 15 539

Resultado líquido do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 241 1 431 681 1 672 1 008 1 829 1 011

Total do passivo e capitais próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190 527 219 019 239 577 250 719 265 804 278 464 281 419

Por memória:

Depósitos à ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 659 44 363 44 828 47 188 45 343 53 033 51 222Depósitos a prazo e de poupança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 975 83 195 89 490 92 969 95 228 96 901 99 784

Aplicações em outras inst. de crédito líquidas de recursos . . . . . . -10 764 -17 666 -21 518 -23 237 -23 283 -23 130 -18 594No país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 928 1 770 1 669 765No estrangeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. -24 165 -25 054 -24 799 -19 359

Recursos de clientes (incluindo títulos emitidos) . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 149 071 150 061 160 518 162 077dos quais:

Recursos de clientes (depósitos e equiparados) . . . . . . . . . . . . . 116 729 127 606 134 422 140 205 140 655 150 033 150 997Títulos emitidos na posse de clientes residentes (estimativa) . . n.d. n.d. n.d. 8 866 9 405 10 485 11 080

No sub-conjunto das instituições domésticasAplicações em outras inst. de crédito líquidas de recursos . . . . . -8 319 -14 038 -18 704 -19 753 -21 567 -18 612 -16 454

No país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 727 901 156 -36No estrangeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. -20 480 -22 468 -18 768 -16 418

Recursos de clientes (incluindo títulos emitidos) . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. n.d. 126 812 125 527 135 045 134 154dos quais:Recursos de clientes (depósitos e equiparados) . . . . . . . . . . . . . . 110 268 120 976 114 386 119 381 117 953 126 449 125 155Títulos emitidos na posse de clientes residentes (estimativa) . . n.d. n.d. n.d. 7 431 7 574 8 596 8 999

Page 51: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Quadro 3.2

BALANÇO

Base consolidada

Estrutura em percentagem do activo Taxa de variação homóloga

1998 1999 2000 2001 2001 2002 1999 2000 2001 2001 2002

Dez. Dez. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Dez. Jun. Dez. Jun.

Caixa e activos face a bancos centrais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.7 4.9 3.8 3.0 3.6 2.9 22.1 -11.0 -11.6 4.4 2.9dos quais: caixa e activos face ao Banco de Portugal . . . . . . . . . . 4.5 4.6 3.4 2.6 3.2 2.6 16.5 -14.3 -15.5 4.6 6.9

Aplicações em outras instituições de crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16.3 12.4 11.4 12.2 12.2 11.9 -12.0 4.9 3.7 18.5 3.4No país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 4.4 3.9 4.6 3.6 n.d. n.d. n.d. 16.6 -1.0No estrangeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 7.0 8.3 7.6 8.3 n.d. n.d. n.d. 19.7 5.5

Crédito sobre clientes (líquido de provisões) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54.3 59.9 63.9 64.7 65.2 66.9 26.7 22.1 17.8 13.3 9.6Crédito vencido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 1.4 1.4 1.4 1.5 n.d. n.d. n.d. 9.8 14.8Provisões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.4 1.1 1.0 0.9 0.9 1.0 -7.8 1.2 -0.6 8.4 12.0

Títulos e imobilizações financeiras (líquidos de provisões) . . . . . . 17.6 14.5 14.8 14.1 12.9 11.9 -5.2 16.1 3.1 -2.8 -10.2Imobilizado não financeiro e outros activos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.1 8.2 6.1 6.1 6.1 6.4 31.9 -14.6 -5.4 12.0 10.3

Total do activo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 15.0 14.5 10.9 11.1 5.9

Recursos de bancos centrais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.9 1.4 1.4 1.2 1.0 0.8 86.8 9.6 3.6 -20.1 -29.8dos quais: do Banco de Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.7 1.2 1.3 1.1 0.8 0.7 92.1 24.2 6.0 -31.6 -31.4

Recursos de outras instituições de crédito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.9 20.5 20.7 20.9 20.5 18.5 7.6 15.4 5.5 10.0 -6.4No país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 4.0 3.2 4.0 3.3 n.d. n.d. n.d. 10.7 10.7No estrangeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 16.7 17.7 16.5 15.1 n.d. n.d. n.d. 9.8 -9.5

Recursos de clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61.3 58.3 55.9 52.9 53.9 53.7 9.3 9.9 4.6 7.0 7.4dos quais:

Depósitos de clientes residentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 43.9 39.5 40.9 39.3 n.d. n.d. n.d. 3.5 5.2Depósitos de clientes não residentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n.d. n.d. 12.0 13.3 13.0 14.4 n.d. n.d. n.d. 19.6 13.9

Responsabilidades representadas por títulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5 6.0 9.2 11.5 11.8 13.9 100.2 74.7 64.2 42.7 27.6das quais: obrigações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.7 4.6 7.3 9.2 9.8 11.1 92.3 80.8 62.9 49.9 27.7

Passivos subordinados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.0 2.1 2.2 2.7 2.9 3.0 16.2 19.3 41.2 49.8 15.3Provisões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.0 1.0 1.2 1.3 1.2 1.2 22.5 37.8 35.0 7.5 -1.2Outros passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 4.3 3.6 3.9 3.2 3.5 52.6 -5.0 16.8 -2.3 -3.2Capitais próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.2 6.3 5.8 5.6 5.5 5.5 17.3 5.4 3.7 5.8 4.0

Resultado líquido do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.7 0.7 0.7 0.4 0.7 0.4 15.4 16.8 48.2 9.4 0.3

Total do passivo e capitais próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 15.0 14.5 10.9 11.1 5.9

Por memória:

Depósitos à ordem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19.8 20.3 18.8 17.1 19.0 18.2 17.8 6.4 1.1 12.4 13.0Depósitos a prazo e de poupança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41.5 38.0 37.1 35.8 34.8 35.5 5.3 11.7 6.4 4.2 4.8

Page 52: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

3.1. Crédito

No primeiro semestre de 2002 manteve-se oabrandamento da actividade de concessão de cré-dito pelo sistema bancário, já visível no decurso de2001. Em Junho de 2002, em termos de dados con-solidados do sistema bancário, a taxa de variaçãohomóloga do crédito a clientes (líquido de provi-sões específicas) fixou-se em 9.6 por cento, valorque compara com 13.3 por cento no final de 2001(e com 17.8 por cento em Junho de 2001).

A evolução dos agregados de crédito concedidopelo sistema bancário tem sido condicionada pelarealização de operações de titularização, atravésdas quais os créditos originalmente concedidos pe-las instituições bancárias são cedidos a outras ins-tituições (daí resultando a sua supressão do balan-ço das instituições bancárias). A informação dispo-nível aponta para que o peso dos empréstimos ti-tularizados no total dos empréstimos originalmen-te concedidos pelo sistema bancário ao sector pri-vado não financeiro (sociedades não financeiras eparticulares) tenha ascendido em Junho de 2002 a1.7 por cento, valor que compara com 0.7 e 1.5 porcento em Junho e Dezembro de 2001.

Não obstante, o peso do crédito a clientes noactivo do sistema bancário continuou a aumentar,situando-se, em Junho de 2002, em 66.9 por cento(65.2 por cento em Dezembro de 2001). Tendo porbase valores em base individual, é possível obser-var que o crédito a residentes (rubrica que repre-senta cerca de 94 por cento do total do crédito con-cedido, em termos líquidos de provisões) registouem Junho de 2002 uma taxa de variação homólogade 8.1 por cento, que compara com 13.0 por centono final de 2001 (e com 19.7 por cento em Junho de2001).

A análise das Estatísticas Monetárias e Finan-ceiras(7) permite constatar que o abrandamento docrédito a residentes no primeiro semestre de 2002se explicou essencialmente pela significativa desa-celeração do crédito a sociedades não financeiras.Ao invés, o crescimento do crédito a particularesmanteve-se relativamente sustentado (pelas opera-ções de crédito para aquisição de habitação).

3.1.1.Particulares

Em Junho de 2002, a taxa de variação do créditoa particulares fixou-se em 10.3 por cento (10.2 porcento em Agosto), valor que compara com 10.4 porcento em Dezembro de 2001 (Quadro 3.3 e Gráfico3.1). Os empréstimos para aquisição de habitaçãoregistaram uma taxa de variação de 13.1 por cento(valor igual ao de Dezembro de 2001, posterior-mente mantido em Agosto de 2002). Os determi-nantes da acessibilidade ao mercado da habitaçãocom recurso ao crédito bancário mantiveram-se re-lativamente estáveis (Gráfico 3.2). Tal como suce-deu em período homólogo de 2001, verificou-se no

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 57

Textos de política e situação económica

(7) Fonte dos dados utilizados na análise por sector institucionalda evolução do crédito ao sector privado não financeiro, com-posto por particulares e sociedades não financeiras.

Gráfico 3.1CRÉDITO BANCÁRIO A PARTICULARES

Taxa de variação homóloga

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Habitação Outros fins Total

-0.08

-0.06

-0.04

-0.02

0

0.02

0.04

0.06

0.08

99

Q1

99

Q2

99

Q3

99

Q4

00

Q1

00

Q2

00

Q3

00

Q4

01

Q1

01

Q2

01

Q3

01

Q4

02

Q1

02

Q2

Em

pe

rce

nta

ge

m

Taxa de juroPreço relativo da habitaçãoRemuneração real por trabalhadorIndicador de acessibilidade

Fonte: Estatísticas Monetárias e Financeiras.

Gráfico 3.2INDICADOR DE ACESSIBILIDADE

E SEUS COMPONENTES

Taxa de variação em cadeia

Page 53: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Quadro 3.3

EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS AO SECTOR PRIVADO NÃO FINANCEIRO

Taxa de variação homóloga – percentagem

Particulares Sociedades não financeiras Totalparticulares e

sociedadesnão

financeiras

Total Por finalidade Total Por sector de actividade

Habitação Outrasfinalidades (a)

Agricultura,produção

animal,silvicultura,caça e pesca

Indústrias ex-tractivas

Indústriastransfor-madoras

Produção edistribuição

de electricida-de, gás e água

Construção Serviços

Total do qual:

Serviços presta-dos principal-mente às em-

presas

Actividadesimobiliárias

1998Dez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.4 34.6 23.5 22.9 4.6 3.1 15.6 23.1 33.3 24.4 35.6 25.5 27.3

1999Mar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.5 34.5 23.6 27.5 15.8 19.3 15.1 42.2 30.5 32.4 55.4 30.9 29.6Jun. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34.9 37.6 27.9 26.7 16.3 41.1 14.6 66.9 29.0 29.5 60.2 32.3 31.0Set . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.2 32.6 27.4 28.0 30.2 41.9 13.4 52.0 33.7 31.2 91.1 33.4 29.7Dez. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27.6 30.1 20.9 26.6 24.8 37.1 13.5 41.9 31.6 29.8 74.5 41.8 27.1

2000Mar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27.3 28.4 23.9 27.2 10.0 10.8 16.7 33.1 40.9 28.1 62.9 42.6 27.2Jun . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20.4 22.2 15.0 26.6 10.8 16.9 20.9 16.5 41.0 25.9 52.4 38.9 23.2Set . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20.3 22.2 15.1 26.3 4.1 -1.9 20.4 26.0 39.4 25.9 45.3 44.0 23.1Dez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.2 20.3 24.1 24.1 5.3 6.1 14.6 40.5 39.9 22.7 42.2 30.5 22.6

2001Mar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17.9 17.5 19.0 23.0 -0.8 7.4 11.9 6.0 32.2 26.3 64.8 32.1 20.3Abr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18.6 18.1 20.2 18.3 4.4 2.7 11.9 5.5 30.3 18.3 24.5 29.8 18.4Mai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16.9 16.7 17.7 18.2 -0.7 -1.6 10.2 15.9 29.8 18.5 22.0 33.3 17.5Jun . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16.5 16.4 16.9 22.7 4.4 0.6 8.9 5.7 30.1 27.6 69.9 40.2 19.4Jul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16.4 16.2 17.0 20.8 2.7 10.0 9.6 1.1 26.3 25.3 68.7 36.7 18.5Ago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15.5 15.9 14.1 20.8 4.3 10.0 8.4 3.2 29.8 24.2 67.4 36.1 18.0Set . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14.7 15.9 11.4 20.3 0.8 12.7 8.3 0.8 28.4 23.9 71.2 36.6 17.4Out . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.8 15.8 7.8 17.0 3.1 22.4 7.1 -5.4 25.8 19.5 55.1 35.9 15.3Nov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.1 15.7 5.5 17.3 2.8 17.6 6.0 -6.3 24.7 21.1 57.3 36.5 15.1Dez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.4 13.1 2.8 16.4 8.0 24.4 9.9 -11.1 19.6 19.7 48.3 41.7 13.2

2002Jan.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.5 13.4 2.0 15.8 6.8 23.2 7.5 -7.6 19.7 19.1 48.4 37.9 13.0Fev. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.2 13.7 4.0 14.5 4.5 24.2 6.3 -8.3 19.8 17.2 41.0 33.3 12.8Mar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.5 13.7 5.0 11.5 9.3 29.1 5.4 8.3 18.1 11.3 12.4 34.8 11.5Abr. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.9 13.3 3.6 11.6 0.8 31.6 2.8 8.1 18.0 12.6 16.0 36.9 11.2Mai. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.2 13.7 3.7 10.6 0.9 23.3 1.8 -1.6 16.7 12.3 18.6 36.1 10.9Jun . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.3 13.1 1.8 9.4 0.3 14.1 4.7 1.5 12.5 10.5 13.6 28.0 9.9Jul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.0 13.2 0.4 9.2 2.2 23.6 5.8 -1.2 11.0 10.1 8.5 29.4 9.6Ago.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.2 13.1 1.3 7.7 1.2 21.1 6.3 5.6 7.5 8.3 6.8 26.5 9.0

Por memória:

Percentagem de empréstimos ao sectorprivado não financeiro em Dez. 2001. . . . . 51.5 38.9 12.6 48.5 0.6 0.4 9.0 1.4 9.8 27.1 5.8 5.9 100.0

Fonte: Estatísticas Monetárias e Financeiras.Nota: (a) Inclui todos os créditos a particulares não destinados à aquisição de habitação, nomeadamente os créditos ao consumo.

Page 54: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

segundo trimestre de 2002 um aumento no núme-ro de contratos de crédito para aquisição de habi-tação, aumento esse que foi comum aos vários re-gimes (Gráfico 3.3). De notar que no início de Maioo Governo anunciou o fim da bonificação dos ju-ros na concessão de novos créditos para aquisição,construção, conservação e beneficiação de habita-ção. A medida, que entrou em vigor no início deOutubro, terá feito aumentar temporariamente aprocura de crédito para habitação (nos regimes bo-nificados), na medida em que terá induzido umaantecipação de contratos, visando obter ainda obenefício (antes do seu fim anunciado). Daqui nãoterá, contudo, decorrido uma pressão sensível so-bre os preços da habitação, já que, quando compa-rada com a situação observada nos anos de 1998 a2000, a evolução de preços no mercado da habita-ção tem sido, desde há uns meses, muito modera-da. Em Agosto, a taxa de variação dos preços dahabitação situou-se em 1.1 por cento (Gráfico3.4).(8)

O crédito a particulares para outras finalidadesdesacelerou, tendo a respectiva taxa de variaçãodiminuído de 2.8 por cento em Dezembro de 2001para 1.8 por cento em Junho de 2002 (1.3 por centoem Agosto). A evolução neste segmento deverá a

estar a reflectir de forma mais imediata a evoluçãodesfavorável da conjuntura, conjugando-se umamenor pressão da procura com uma eventualmaior restritividade das instituições bancárias naconcessão deste tipo de créditos (tipicamente semgarantias reais).

3.1.2. Sociedades não financeiras

O crescimento do crédito a sociedades não fi-nanceiras fixou-se em 9.4 por cento em Junho de2002 (7.7 por cento em Agosto), tendo diminuídode forma significativa desde o final de 2001 (quan-do registou um valor de 16.4 por cento). Esta desa-celeração estará a reflectir o ajustamento da situa-ção financeira das empresas face ao claro abranda-mento da actividade económica em Portugal veri-ficado no período mais recente. A taxa de variaçãosemestral anualizada tem-se mantido de formaconsistente abaixo das taxas de variação homólo-ga, tendo-se situado, em Agosto de 2002, em 6.9por cento (sugerindo que a tendência de reduçãoda taxa de variação homóloga se poderá prolon-gar). A moderação no recurso ao crédito pelas so-ciedades não financeiras residentes tem tambémsido visível ao nível da contratação de emprésti-mos sindicados nos mercados internacionais (Qua-dro 3.4).

A análise em termos sectoriais permite consta-tar que a desaceleração esteve associada à evolu-ção dos empréstimos observada nos serviços e na

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 59

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.3NÚMERO DE NOVOS CONTRATOS

DE CRÉDITO À HABITAÇÃO

0

50

100

150

200

250

300

350

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

1ºT

20

01

2ºT

20

01

3ºT

20

01

4ºT

20

01

1ºT

20

02

2ºT

20

02

Índ

ice

19

94

=1

00

Regimes bonificadosRegime GeralTotal

Fonte: Direcção-Geral do Tesouro.Nota: Os valores trimestrais de 2001 e 2002 foram anuali-

zados.

Gráfico 3.4PREÇOS DE HABITAÇÃO

Taxas de variação homóloga

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Jan.95 Jan.96 Jan.97 Jan.98 Jan.99 Jan.00 Jan.01 Jan.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Taxa de variação nominalTaxa de variação em termos relativos face ao IPC

Fonte: Newsletter Confidencial Imobiliário.

(8) Em termos reais, a variação foi negativa (de -2.5 por cento),mantendo-se uma situação já observada desde Maio de 2001.

Page 55: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

construção (sectores cujas taxas de variação dimi-nuíram de 19.7 e 19.6 por cento, em Dezembro de2001, para 10.5 e 12.5 por cento, respectivamente,em Junho de 2002 (8.3 e 7.5 por cento em Agosto).Note-se que no sub-sector dos “Serviços PrestadosEssencialmente às Empresas” a desaceleração foiparticularmente pronunciada, tendo a respectivataxa de variação passado de 48.3 por cento, no fi-nal de 2001, para 13.6 por cento em Junho de 2002(6.8 por cento em Agosto). Neste sub-sector estãoincluídos os empréstimos bancários às holdings dosprincipais grupos não financeiros portugueses,que posteriormente distribuem esses financiamen-tos pelas restantes empresas do grupo.(9)

No final do primeiro semestre de 2002, o pesodos empréstimos relacionados com o sector imobi-liário no total dos empréstimos concedidos pelosistema bancário atingiu os 55.5 por cento (56.3por cento em Agosto), o que compara com 54.6 porcento em Dezembro de 2001. Para esta subida con-tribuiu essencialmente o aumento do peso do cré-dito a particulares para aquisição de habitação,que atingiu 40.5 por cento do total dos emprésti-mos concedidos pelo sistema bancário em Agostode 2002 (38.9 por cento em Dezembro de 2001).

3.1.3. Exposição aos mercados emergentes

A exposição agregada dos bancos portuguesescom exposições em mercados emergentes represen-tava, em Junho de 2002, 1.3 por cento do activo to-tal ajustado da actividade interbancária (Quadro3.5).(10) A exposição face ao Brasil, a mais significati-va de entre as consideradas, ter-se-á mantido relati-vamente estável em Junho de 2002, por compara-ção com Dezembro de 2001 (1.0 por cento do activototal médio ajustado da actividade interbancária).

60 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 3.4

EMPRÉSTIMOS SINDICADOS INTERNACIONAIS A EMPRESASNÃO FINANCEIRAS RESIDENTES EM PORTUGAL (a)

EUR milhões

1996 1997 1998 1999 2000 2001 1ºSem.2002

2.ºSem.2002 (b)

Total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 335.9 2 260.4 3 596.3 2 676.6 5 724.7 4 369.9 1 650.0 670.0dos quais:

Para aquisição de empresas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 0.0 2 731.4 25.0 3 083.7 1 765.0 0.0 0.0Financiamento de infra-estruturas rodoviárias(nomeadamente projectos com “portagem virtual”) . . . . . 24.6 208.7 419.0 1 262.5 1 881.2 1 409.9 0.0 670.0

Montante estimado do envolvimento dos bancos portuguesesTotal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 310.6 444.7 1 612.3 1 127.9 1 343.7 680.1 57.7 0.0

do qual:Para aquisição de empresas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.0 0.0 1 480.0 5.0 601.7 75.1 0.0 0.0Financiamento de infra-estruturas rodoviárias(nomeadamente projectos com “portagem virtual”) . 8.2 0.0 147.9 812.5 655.1 570.4 0.0 0.0

Fonte: Dealogic.Nota:(a) Os montantes apresentados referem-se aos novos empréstimos lançados em cada ano. Note-se que parte desses empréstimos se refere a

linhas de crédito, pelo que poderão reflectir-se em crédito efectivo apenas em datas posteriores à da respectiva contratação, à medidaque venham a ser utilizadas.

(b) Até meados de Setembro.

Quadro 3.5

EXPOSIÇÕES AGREGADAS DO SISTEMABANCÁRIO PORTUGUÊS FACE A MERCADOS

EMERGENTES

Base individual

Em percentagem do activo totalajustado da actividade interbancária

2000 2001 2002(a)

Jun. Dez. Jun. Dez. Jun.

Total (América Latina,Leste Europeu e Ásia) . . 1.6 1.6 1.5 1.4 1.3

Do qual: Brasil. . . . . . . 0.9 0.8 0.9 1.0 1.0

Nota: São considerados apenas os bancos com exposição efectivanos mercados emergentes referidos.

(a) O perímetro das zonas geográficas verificou uma ligeira altera-ção.

(9) Este facto é limitativo da análise da evolução sectorial do crédi-to concedido às sociedades não financeiras.

Page 56: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

3.1.4. Incumprimento e provisionamento do crédito

No primeiro semestre de 2002, os indicadoresapontam para um aumento das situações de in-cumprimento associadas ao crédito bancário. Estaevolução estará a reflectir (com algum desfasa-mento) a evolução menos favorável da conjunturaeconómica (Gráfico 3.5). Em termos consolidados,o stock de crédito e juros vencidos registou emJunho de 2001 uma taxa de crescimento de 14.8por cento, que compara com 9.8 por cento em De-zembro de 2001. O rácio entre o crédito e jurosvencidos e o crédito total (bruto) situou-se em 2.21por cento em Junho de 2002, valor que comparacom 2.11 por cento em Junho de 2001 e com 2.12por cento em Dezembro de 2001 (Quadro 1.1).Ainda assim, deve salientar-se que a intensidadedo incumprimento na carteira dos bancos portu-gueses se mantém em níveis historicamente redu-zidos.

Considerando agora dados em base individual,verifica-se que a taxa de incumprimento global nocrédito a clientes (medida pelo rácio entre os crédi-tos e juros vencidos e o stock bruto de crédito con-cedido) se situava, em Junho de 2002, em 2.12 porcento, nível ligeiramente superior ao verificado nofinal de 2001 (2.04 por cento) (Gráfico 3.6). O mes-mo indicador, mas agora considerando somente assituações de incumprimento mais recente (créditovencido há menos de um ano), registou também,no mesmo período, um ligeiro aumento, de 0.06

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 61

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.5CRÉDITO VENCIDO

E ACTIVIDADE ECONÓMICA

Base individual

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

Dez.91 Dez.93 Dez.95 Dez.97 Dez.99 Dez.01

Em

pe

rce

nta

ge

m

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Em

pe

rce

nta

ge

m

Indicador coincidentede actividade - taxa devariação homóloga

Crédito a clientesresidentes vencidohá menos de 1 anoem percentagem docrédito a clientesresidentes (esc. dir.)

Gráfico 3.6RÁCIO DE INCUMPRIMENTONO CRÉDITO A CLIENTES E

PROVISIONAMENTO TOTAL DO CRÉDITO

Percentagem do crédito concedido brutobase individual

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Dez.90 Dez.92 Dez.94 Dez.96 Dez.98 Dez.00

Em

pe

rce

nta

ge

m

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Provisionamento total do crédito(percentagem do crédito bruto)

Rácio de incumprimento(percentagem do crédito bruto)

Gráfico 3.7RÁCIOS DE INCUMPRIMENTO

NO CRÉDITO A CLIENTES RESIDENTES

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Dez.94 Dez.95 Dez.96 Dez.97 Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01

Em

pe

rce

nta

ge

m

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Em

pe

rce

nta

ge

m

TotalParticulares - totalParticulares - habitaçãoSociedades não financeiras

Fonte: Estatísticas Monetárias e Financeiras.

(10)Não se estabelecem comparações inter-temporais, na medidaem que o universo de países considerado nas várias regiões sealterou ligeiramente em Junho de 2002, o que derivou, nomea-damente, da exclusão de alguns países em processo final deadesão à União Europeia. De qualquer forma, manter-se-á váli-da a ideia de que a exposição internacional do sistema bancárioportuguês se mantém, em termos globais, em níveis limitados.Refira-se que, para efeitos de risco-país, 24.5 por cento das ex-posições do sistema se encontram isentas da constituição deprovisões para risco-país (vide o nº 12º do Aviso nº 3/95).

Page 57: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

pontos percentuais, para 0.73 por cento. Tendocomo base a informação das estatísticas monetá-rias e financeiras, verifica-se que o aumento nas si-tuações de incumprimento foi comum às socieda-des não financeiras e aos particulares (Gráfico 3.7).

Em Junho de 2002, a taxa de variação do créditoem incumprimento pelas sociedades não financei-ras foi de 2.8 por cento (aumentando posterior-mente para 5.6 por cento em Agosto). O rácio deincumprimento das sociedades não financeiras fi-xou-se em 2.42 por cento, valor que compara com2.36 por cento no final de 2001 (e com 2.57 por cen-to em Junho de 2001). Em termos sectoriais, real-ce-se (pela sua importância no total) o aumentoverificado no rácio relativo ao sector da constru-ção, que, apesar de se manter inferior à média datotalidade dos sectores, aumentou em Junho 0.48pontos percentuais face a Dezembro de 2001, para2.20 por cento em Junho de 2002 (2.19 por centoem Agosto).

Já o stock de crédito em incumprimento pelosparticulares registou em Junho de 2002 uma taxade variação de 21.7 por cento (27.4 por cento emAgosto). O rácio de incumprimento associado aosparticulares aumentou de 1.97 por cento em De-zembro de 2001 para 2.06 por cento em Junho de2002 (2.16 por cento no final de Agosto) (Gráfico3.8). Este indicador atingiu um valor mínimo emDezembro de 2000, de 1.84 por cento, tendo vindoa aumentar gradualmente desde então. Para esteaumento tem contribuído particularmente o au-

mento no incumprimento associado ao créditopara outros fins (que não habitação), cujo rácio au-mentou de 4.43 por cento em Dezembro de 2001para 4.66 por cento em Junho de 2002 (4.90 porcento em Agosto). No primeiro semestre de 2002,o rácio de incumprimento no crédito à habitação(historicamente mais reduzido) aumentou 0.11pontos percentuais, para 1.29 por cento (1.36 porcento em Agosto).

Em base consolidada, o rácio de provisiona-mento específico do crédito (que considera as pro-visões específicas para crédito em percentagem docrédito bruto total) aumentou de 1.42 por cento, nofinal de 2001, para 1.44 por cento, em Junho de2002. Por sua vez, o rácio entre os créditos e jurosvencidos, líquidos de provisões específicas paracrédito, e o crédito concedido, também líquidodessas provisões, aumentou de 0.71 por cento nofinal de 2001 (e em Junho do mesmo ano) para 0.78por cento em Junho de 2002 (Gráfico 3.9).(11) Estasevoluções têm implícitos aumentos de 9.6 por cen-to no stock de crédito bruto, de 12.0 por cento nasprovisões e de 14.8 por cento no crédito e jurosvencidos. Verificou-se assim uma diminuição dacobertura dos créditos e juros vencidos por provi-sões específicas, tendo o respectivo rácio passado

62 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.8RÁCIOS DE INCUMPRIMENTO DO CRÉDITO

BANCÁRIO A PARTICULARES

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Dez.97 Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01

Em

pe

rce

nta

ge

m

Particulares - total

Particulares - habitação

Particulares - outros fins

Fonte: Estatística Monetárias e Financeiras.

Gráfico 3.9CRÉDITO VENCIDO LÍQUIDO DE PROVISÕES

PARA CRÉDITO VENCIDO EM PERCENTAGEMDO CRÉDITO TOTAL LÍQUIDO DE PROVISÕES

PARA CRÉDITO VENCIDO

Base individual

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Dez.90 Dez.92 Dez.94 Dez.96 Dez.98 Dez.00E

mp

erc

en

tag

em

(11)O Gráfico 3.9 apresenta valores em base individual, uma vezque não existem valores em base consolidada anteriores a 2000.

Page 58: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

de 66.7 por cento no final de 2001 (66.8 por centoem Junho de 2001) para 65.2 por cento em Junhode 2002.

A evolução observada em termos consolidadosteve paralelismo em termos de dados em base in-dividual. O rácio de provisionamento total do cré-dito vencido (por provisões específicas para crédi-to e por provisões para riscos gerais de crédito) fi-xou-se em 121.6 por cento, verificando uma dimi-nuição de 4.8 pontos percentuais face ao nível deDezembro de 2001 (depois de ter diminuído 8.7pontos percentuais durante o ano de 2001) (Gráfi-co 3.10). A evolução no período recente reflecte ofacto de as taxas de crescimento do crédito venci-do terem excedido sistematicamente as associadasà evolução das provisões (a título de ilustração, emJunho de 2002, o crédito vencido aumentou 14.4por cento, ao passo que as provisões totais paracrédito, excluindo risco-país, registaram uma taxade variação de 7.9 por cento). Já o rácio entre asprovisões totais para crédito e o crédito total con-cedido manteve-se no nível verificado no final de2001, 2.61 por cento.

A diminuição globalmente verificada nos ráciosde provisionamento terá resultado da já referidaaceleração no surgimento de novas situações deincumprimento e do carácter progressivo dos re-quisitos de provisionamento mínimo. De facto, oaumento verificado na proporção de créditos cujaidentificação do respectivo incumprimento é maisrecente origina menores exigências de provisiona-

mento específico do crédito (tal implica que, namedida em as situações de incumprimento persis-tam, as exigências de provisionamento irão pro-gressivamente aumentando).

3.1.5. Carteira de títulos

Em Junho de 2002, o valor da carteira de títulose imobilizações financeiras do sistema bancário(em base consolidada, líquida de provisões) dimi-nuiu 10.2 por cento (em Dezembro de 2001, a taxade variação foi de -2.8 por cento). Para esta evolu-ção contribuiu a diminuição de 14.9 por cento nacarteira de títulos, que só parcialmente foi com-pensada pelo aumento de 6.9 por cento na carteirade imobilizações financeiras.

Em termos brutos, a componente de rendimen-to fixo da carteira de títulos, a dominante no totalda carteira (Gráfico 3.11), diminuiu 18.0 por cento,para o que contribuiu principalmente a redução dacarteira de títulos emitidos por emitentes nacio-nais, quer públicos, quer privados. A carteira de tí-tulos de rendimento variável (que em Junho de2002 representava cerca de 14 por cento do total dacarteira de títulos do sistema bancário) aumentou19.5 por cento em termos brutos (19.0 por centoem termos líquidos de provisões). Este aumentoresultou de maiores aplicações em títulos de rendi-mento variável de emitentes nacionais (componen-te que, em Junho de 2002, aumentou 28.8 por centoem termos homólogos), na medida em que a com-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 63

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.10PROVISIONAMENTO TOTAL DO CRÉDITO EM

PERCENTAGEM DO CRÉDITO VENCIDO

Base individual

70

80

90

100

110

120

130

140

Dez.89 Dez.91 Dez.93 Dez.95 Dez.97 Dez.99 Dez.01

Em

pe

rce

nta

ge

md

ocr

éd

itove

nci

do

Gráfico 3.11TÍTULOS E IMOBILIZAÇÕES FINANCEIRAS DO

SISTEMA BANCÁRIO PORTUGUÊS

Estrutura – base consolidada

24.923.621.122.8

21.421.620.718.2

19.6 18.416.7 15.3

11.611.712.510.5

15.817.719.018.3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Títulos dívida pública (ou equiparados) portuguesaTítulos dívida pública (ou equiparados) estrangeiraTítulos de rendimento fixo de emitentes privados residentesTítulos de rendimento fixo de emitentes privados não residentesImobilizações financeirasTítulos de rendimento variável de emitentes residentesTítulos de rendimento variável de emitentes não residentes

8.8 6.51.7 1.8 7.01.79.3

1.7

Page 59: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

resultou de maiores aplicações em títulos de rendi-mento variável de emitentes nacionais (componen-te que, em Junho de 2002, aumentou 28.8 por centoem termos homólogos), na medida em que a com-ponente de títulos emitidos por emitentes estran-geiros registou uma diminuição de 13.3 por cento.

3.2. Recursos

Em Junho de 2002, a taxa de variação homólogados recursos de clientes (constituídos essencial-mente pelos depósitos de clientes) fixou-se em 7.4por cento (7.0 por cento no final de 2001 e 4.6 porcento em Junho do mesmo ano). A aceleração veri-ficada esteve associada ao aumento da taxa de va-riação dos depósitos de residentes, de 3.5 por cen-to, em Dezembro de 2001, para 5.2 por cento emJunho de 2002. Por seu turno, os depósitos de cli-entes não residentes desaceleraram, tendo a res-pectiva taxa de variação diminuído de 19.6 porcento para 13.9 por cento no mesmo período.

A ligeira recuperação do ritmo de crescimentodos depósitos de clientes, e em particular dos cli-entes residentes, é consistente com o aumento dataxa de poupança (que reflectirá, em parte, o moti-vo de precaução, face à deterioração geral da con-juntura e à fraqueza das expectativas quanto à suaevolução futura) e com o aumento da aversão ainstrumentos com maior risco (face à evoluçãocontinuamente adversa dos mercados accionistas).Neste contexto, e não obstante o reduzido nível(nominal e real) das taxas de juro passivas, é natu-ral a canalização de fundos para aplicações de ren-dimento fixo (de que os depósitos são um exem-plo). Em termos de composição, tanto os depósitosà ordem como os depósitos a prazo verificaramaumentos nas taxas de variação homóloga, de 12.4para 13.0 por cento, no caso dos depósitos à or-dem, e de 4.2 para 4.8 por cento no caso dos depó-sitos a prazo.

Não obstante o significativo abrandamento naconcessão de crédito e o maior crescimento dos re-cursos de clientes, aquele continuou a crescer a ta-xas superiores às destes últimos, pelo que se man-teve a tendência de aumento da intensidade na

utilização de recursos de clientes. Em Junho de2002, o crédito a clientes (líquido de provisões) re-presentava 124.7 por cento dos recursos de clientes(Gráfico 3.12), tendo aumentado relativamente a121.0 por cento no final de 2001 (e a 122.2 por cen-to em Junho de 2001).(12) Será no entanto de salien-tar que, no decurso dos últimos doze meses, se ve-rificou um abrandamento na intensidade de utili-zação de recursos de clientes relativamente ao ve-rificado desde 1998.

Igual conclusão é obtida se se considerar umamedida alternativa de recursos captados, com ca-rácter de estabilidade, junto dos clientes, adicio-nando aos recursos de clientes uma estimativa dostítulos (emitidos pelos bancos) na posse do sectorresidente não monetário. Quando comparado comesta medida, o crédito a clientes (líquido de provi-sões) representava 116.2 por cento em Junho de2002 (tendo aumentado face aos valores de De-zembro de 2000 e de 2001, 107.5 e 113.1 por cento,respectivamente).(13)

No decurso dos últimos anos, este crescente de-sequilíbrio entre crédito e recursos de clientes temsido compensado pelos bancos pelo recurso acres-cido a fontes de financiamento alternativas, no-meadamente através de emissões de títulos e da

64 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.12RÁCIO ENTRE CRÉDITO (LÍQUIDO DE

PROVISÕES) E RECURSOS DE CLIENTES

Base consolidada

106.9

124.7121.0

122.2

108.6

114.3

102.8

88.7

125.2

119.3

122.8

112.9

99.6

87.0

80

90

100

110

120

130

140

Dez.98 Jun.99 Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Total sistemabancário

Instituições domésticas

(12)Para o subconjunto das instituições domésticas, o crédito a cli-entes (líquido de provisões) representava em Junho de 2002,125.2 por cento dos recursos de clientes, o que compara com119.3 por cento no final de 2001 (e 122.8 por cento em Junho de2001).

(13)Para o sub-conjunto dos bancos domésticos, este rácio passoude 106.3 por cento no final de 2000, para 111.7 por cento emDezembro de 2001 e posteriormente, para 116.9 por cento emJunho de 2002.

Page 60: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

em Junho de 2002, 80.2 por cento do crédito totalconcedido pelo sistema bancário (82.7 por centoem Dezembro de 2001 e 87.5 por cento no final de2000) (Gráficos 3.13 e 3.14). Reflectindo essencial-mente o recurso acrescido aos mercados internaci-onais de obrigações (potenciado pelo reduzido ní-vel das taxas de juro de longo prazo), assistiu-se aum progressivo aumento do peso das responsabi-lidades representadas por títulos.

Em Junho de 2002 verificou-se, conforme já re-ferido, uma ligeira aceleração na captação de re-cursos de clientes, em simultâneo com um abran-damento da concessão de crédito (por comparação

com Dezembro de 2001). Assim, a discrepância en-tre fluxos (anuais) de crédito e de recursos de cli-entes captados diminuiu, tendo o rácio entre estasduas grandezas atingido 63.0 por cento, o quecompara com 46.3 por cento no final de 2001 e com24.0 em Junho de 2001 (Gráfico 3.15).(14) O montan-te de recursos captados através da emissão de títu-los representou 51.4 por cento do fluxo anual decrédito concedido (o que compara com cerca de 46por cento em Junho e Dezembro de 2001). Verifi-cou-se uma diminuição nos passivos interbancá-rios (líquidos de activos), equivalente a 28.5 porcento do fluxo de crédito, correspondendo essa di-minuição a uma significativa redução dos passivosinterbancários (líquidos de activos) face ao exte-rior. Para o subconjunto dos grupos bancários do-mésticos, a diminuição foi ainda mais significativa,correspondendo a cerca de 43 por cento do fluxode crédito concedido durante o período compreen-dido entre Junho de 2001 e Junho de 2002 (Gráfico3.16). Para este subconjunto de instituições, a emis-são de obrigações, nos mercados internacionais,através de filais com sede no exterior, manteve-se

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 65

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.13FONTES DE FINANCIAMENTO

DO SISTEMA BANCÁRIO

Percentagem do crédito total – base consolidada

112.8 97.3

80.282.781.887.5

6.410.1

14.417.8 18.2

20.7

4.23.43.43.8

4.5 4.4

0

20

40

60

80

100

120

140

Dez.98 Dez.99 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Passivos subordinadosResponsabilidades representadas por títulosRecursos de clientesPassivos interbancários (líquidos de activos interbancários)

10.4 13.5 14.5 13.5 12.8 9.9

Gráfico 3.14FONTES DE FINANCIAMENTO DOS GRUPOS

BANCÁRIOS DOMÉSTICOS

Percentagem do crédito total – base consolidada

14.914.712.39.2 12.4 10.5

79.683.581.188.4101.2116.7

22.219.718.915.39.5

6.2 4.53.63.5

3.8

4.7 4.7

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Dez.98 Dez.99 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Passivos subordinadosResponsabilidades representadas por títulosRecursos de clientesPassivos interbancários (líquidos de activos interbancários)

(14)Se considerarmos novamente o conceito alargado de recursosde clientes (incluindo títulos emitidos pelos bancos e detidospelo sector residente não monetário), o rácio entre o fluxo anualde crédito e de recursos passa de 53.9 por cento em Dezembrode 2001 para 73.1 por cento em Junho de 2002 (valor semelhan-te ao obtido para o subconjunto dos bancos domésticos).

Gráfico 3.15FONTES DE FINANCIAMENTO

DO SISTEMA BANCÁRIO

Fluxos em percentagem do fluxo de créditoconcedido – base consolidada

63.0

-28.5

19.224.96.8

-0.5

46.324.0

43.439.3

51.4

46.5

46.2

34.023.9

6.7

12.6

8.12.33.0

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

Dez.99 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Passivos subordinadosResponsabilidades representadas por títulosRecursos de clientesPassivos interbancários (líquidos de activos interbancários)

Page 61: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

como uma importante fonte de recursos (Gráfico3.17).

A evolução recente na estrutura de financia-mento do sistema bancário, para além de contribu-ir para o aumento do rácio de adequação de capi-tal (ver a secção 5. Solvabilidade), contribuiu tam-bém para a ligeira recuperação das medidas de li-quidez do sistema. Em Junho de 2002, o rácio entreos activos de elevada liquidez(15) e os passivos in-terbancários situava-se em 94.0 por cento, valorque compara com 91.4 por cento no final de 2001 e

com 88.9 por cento em Junho de 2001 (Gráfico3.18).

Em Junho de 2001, os capitais próprios do siste-ma bancário, em base consolidada, aumentaram4.0 por cento em termos homólogos, representan-do 5.5 por cento do activo total, nível semelhanteao registado no final de 2001.

4. RENDIBILIDADE

Tendo como referência dados em base consoli-dada, observa-se no primeiro semestre de 2002que os resultados líquidos do sistema bancário au-mentaram 0.3 por cento face aos do primeiro se-mestre de 2001 (Quadros 4.1 e 4.2). Já os resultadoslíquidos antes de interesses minoritários reduzi-ram-se 3.4 por cento quando comparados com osobtidos no período homólogo de 2001, prosseguin-do a tendência de desaceleração iniciada no segun-do semestre de 2001. De facto, no primeiro semes-tre de 2001 a taxa de variação homóloga dos resul-tados líquidos (antes de interesses minoritários) ti-nha sido de 18.6 por cento, que compara com ape-nas 3.4 por cento no conjunto do ano. Como conse-quência desta evolução, os rácios de rendibilidade

66 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.16FONTES DE FINANCIAMENTO DOS GRUPOS

BANCÁRIOS DOMÉSTICOS

Fluxos em percentagem do fluxo de créditoconcedido – base consolidada

9.8-7.2 -42.9

28.024.5

60.742.029.1

16.641.3

62.5

56.839.0

48.022.2

7.62.44.0

14.6

7.4

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

Dez.99 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Passivos subordinadosResponsabilidades representadas por títulosRecursos de clientesPassivos interbancários (líquidos de activos interbancários)

Gráfico 3.17EMISSÕES INTERNACIONAIS DE OBRIGAÇÕESATRAVÉS DE FILIAIS, COM SEDE NO EXTERIOR,

DE GRUPOS BANCÁRIOS PORTUGUESES

20.2 20.9 21.0

54.652.855.8

14.717.69.8

8.714.1 9.6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1999 2001

Em

pe

rce

nta

ge

m

0

800

1600

2400

3200

4000

4800

5600

6400

7200

8000

Milh

õe

se

uro

s

mais de 10 anos ou obrigações perpétuas5 a 10 anos2 a 5 anosaté 2 anosTotal emissões

Estrutura por maturidade residualna data considerada

Saldovivo a

31Dez.00

Saldovivo a

31Dez.01

Saldovivo a

31Dez.02

(Até finalde Ago.)

Fonte: Dealogic e Bloomberg.

Gráfico 3.18RÁCIO DE COBERTURA DOS PASSIVOS

INTERBANCÁRIOS POR ACTIVOSDE ELEVADA LIQUIDEZ

Base consolidada

91.4

91.894.0

88.988.6

101.4

124.6

93.3

92.1

84.3

90.786.8

106.6

131.8

60

70

80

90

100

110

120

130

140

Dez.98 Jun.99 Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Total sistema bancário

Instituições domésticas

Nota: Os activos de elevada liquidez incluem como acti-vos interbancários e títulos de entidades públicas (eequiparadas).

(15)Em que se incluem os activos interbancários e os títulos de enti-dades públicas (e equiparadas).

Page 62: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

diminuíram de forma significativa face aos obser-vados no período homólogo de 2001 (Gráfico 4.1),mas situaram-se em níveis próximos dos regista-dos no conjunto do ano anterior. Note-se que aevolução observada no primeiro semestre de 2002foi fortemente condicionada (em particular nos rá-cios de rendibilidade líquida) pela reduzida cons-

tituição de provisões nos primeiros seis meses de2001 (quando registaram uma redução de 22.9 porcento face ao verificado em período comparável de2000). Assim, dever-se-á reter a ideia de que, em-bora se possa ter observado uma ligeira deteriora-ção dos rácios de rendibilidade (a avaliar pelo rá-cio de rendibilidade bruta do activo), estes manti-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 67

Textos de política e situação económica

Quadro 4.1

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Base consolidada

EUR milhões

Taxa de variação ho-móloga

2000 2001 2002 2001 2002

Jun. Jun. Jun. Jun. J un.

1. Juros e proveitos equiparados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7190 8666 7382 20.5 -14.82. Juros e custos equiparados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4556 5727 4459 25.7 -22.13. Margem financeira (1-2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2633 2939 2923 11.6 -0.5

4. Rendimento de títulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 152 153 22.4 0.35. Comissões líquidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 878 802 857 -8.6 6.86. Resultado de operações financeiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383 158 285 -58.7 80.47. Resultados em empresas assoc. e filiais exc. da consolidação (líq.) (a) . . 112 107 103 -5.0 -3.58. Outros proveitos de exploração (líq.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 350 341 111.8 -2.59. Outros resultados correntes (4+5+6+7+8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1663 1569 1738 -5.6 10.8

10. Produto bancário (3+9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4296 4508 4662 4.9 3.4

11. Custos com o pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1379 1358 1383 -1.5 1.812. Fornecimentos e serviços de terceiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 798 856 928 7.2 8.513. Custos administrativos (11+12) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2177 2214 2311 1.7 4.414. Resultado bruto global (10-13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2119 2295 2351 8.3 2.4

15. Resultados extraordinários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 8 124 -94.2 1453.416. Amortizações do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303 297 300 -1.7 0.917. Provisões líquidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 639 492 747 -22.9 51.618. Resultados antes de impostos e de minoritários (14+15-16-17). . . . . . . 1314 1513 1428 15.1 -5.6

19. Impostos sobre lucros do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276 281 237 1.8 -15.520. Resultados antes de minoritários (b) (18-19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1039 1232 1190 18.6 -3.4

21. Interesses minoritários (líquidos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 358 224 179 -37.5 -19.922. Resultado do exercício (20-21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 681 1008 1011 48.2 0.3

Notas:

(a) Na rubrica “resultados em empresas associadas e em filiais excluídas da consolidação” é registada a parte dos resultados gerados porempresas associadas e em filiais excluídas da consolidação, parte essa atribuível ao grupo em função da percentagem de participaçãodetida nessas empresas. Empresas associadas são aquelas em que existe uma influência significativa na gestão, presumindo-se que talexiste quando a participação corresponda a, pelo menos, 20 por cento dos direitos de voto. Por seu lado, empresas filiais excluídas daconsolidação são aquelas que prosseguem actividades incompatíveis com o objectivo das contas consolidadas, nomeadamente as em-presas comerciais, industriais, agrícolas e de seguros.

(b) O resultado antes de interesses minoritários permite ter uma medida mais rigorosa dos resultados gerados por todo o activo consoli-dado, devendo por isso ser utilizado para efeitos de comparação com a rendibilidade em base individual.

Page 63: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

veram, no primeiro semestre de 2002, um nívelcomparável aos relativos à totalidade do ano de2001.

A rendibilidade líquida do activo médio(ROA)(16) situou-se no final do primeiro semestrede 2002 em 0.85 por cento, o que representa umaredução de 0.10 pontos percentuais face ao nívelverificado no período homólogo de 2001. A rendi-bilidade bruta do activo médio(17) registou igual-mente uma redução, tendo passado de 1.77 porcento, no primeiro semestre de 2001, para 1.69 porcento em igual período de 2002. A rendibilidade lí-quida dos capitais próprios (ROE) situou-se em15.3 por cento no primeiro semestre de 2002, nível

que compara com 16.5 por cento no semestre ho-mólogo de 2001 (e com 14.9 por cento em 2001).Esta evolução esteve associada à evolução negati-va observada na margem financeira, que diminuiude forma significativa, e da evolução conjunta dealgumas outras rubricas (das quais se destacou osignificativo aumento nas provisões, que regista-ram uma taxa de variação de 51.6 por cento face ao

68 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 4.2

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Base consolidada

Em percentagem do activo médio

2000 2001 2002

Jun. Jun. Jun.

1. Juros e proveitos equiparados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.27 6.67 5.302. Juros e custos equiparados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.97 4.41 3.203. Margem financeira (1-2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.30 2.26 2.10

4. Rendimento de títulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.11 0.12 0.115. Comissões líquidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.77 0.62 0.616. Resultado de operações financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.33 0.12 0.207. Resultados em empresas assoc. e filiais exc. da consolidação (líq.) (a) . . . . 0.10 0.08 0.078. Outros proveitos de exploração (líq.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.14 0.27 0.249. Outros resultados correntes (4+5+6+7+8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.45 1.21 1.25

10. Produto bancário (3+9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.75 3.47 3.35

11. Custos com o pessoal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.20 1.05 0.9912. Fornecimentos e serviços de terceiros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.70 0.66 0.6713. Custos administrativos (11+12) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.90 1.70 1.6614. Resultado bruto global (10-13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.85 1.77 1.69

15. Resultados extraordinários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.12 0.01 0.0916. Amortizações do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.26 0.23 0.2217. Provisões líquidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.56 0.38 0.5418. Resultados antes de impostos e de minoritários (14+15-16-17) . . . . . . . . 1.15 1.16 1.02

19. Impostos sobre lucros do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.24 0.22 0.1720. Resultados antes de minoritários (b) (18-19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.91 0.95 0.85

21. Interesses minoritários (líquidos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.31 0.17 0.1322. Resultado do exercício (20-21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.59 0.78 0.73

Activo médio (EUR milhões) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229298 259915 278558

Notas:(a) Na rubrica “resultados em empresas associadas e em filiais excluídas da consolidação” é registada a parte dos resultados gerados por

empresas associadas e em filiais excluídas da consolidação, parte essa atribuível ao grupo em função da percentagem de participaçãodetida nessas empresas. Empresas associadas são aquelas em que existe uma influência significativa na gestão, presumindo-se que talexiste quando a participação corresponda a, pelo menos, 20 por cento dos direitos de voto. Por seu lado, empresas filiais excluídas daconsolidação são aquelas que prosseguem actividades incompatíveis com o objectivo das contas consolidadas, nomeadamente as em-presas comerciais, industriais, agrícolas e de seguros.

(b) O resultado antes de interesses minoritários permite ter uma medida mais rigorosa dos resultados gerados por todo o activo consoli-dado, devendo por isso ser utilizado para efeitos de comparação com a rendibilidade em base individual.

(16)Para efeitos de cálculo da rendibilidade líquida do activo edos capitais próprios foram considerados os resultados antesde interesses minoritários.

(17)A rendibilidade bruta do activo médio define-se pelo rácio en-tre o resultado bruto global e o activo médio.

Page 64: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

observado no primeiro semestre de 2001) (Gráfico4.2). Esta evolução negativa foi parcialmente com-pensada pelo contributo positivo derivado da evo-lução dos “Outros Resultados Correntes”, que au-mentaram 10.8 por cento face ao verificado no pri-meiro semestre de 2001, reflectindo, em larga me-dida, a evolução dos resultados em operações fi-nanceiras.

No primeiro semestre de 2002, a margem finan-ceira registou uma diminuição de 0.5 por cento emtermos homólogos, o que contrasta com os aumen-tos verificados no primeiro semestre e no conjuntodo ano de 2001, 11.6 e 13.4 por cento, respectiva-mente. Em percentagem do activo total médio, a

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 69

Textos de política e situação económica

Gráfico 4.1RENDIBILIDADE DO ACTIVO

E DOS CAPITAIS PRÓPRIOS

Base consolidada

0.91

1.85 1.77 1.69

0.910.84 0.850.950.850.92

1.70

1.81

1.72 1.68

16.5

15.314.9

13.6

14.715.1

14.7

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01 Jun.00 Jun.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

10

11

12

13

14

15

16

17

Em

pe

rcen

tag

em

Rendibilidade líquida do activo (ROA) (a)Rendibilidade bruta do activo(b)Rendibilidade líquida dos capitais próprios (ROE) (esc. dir.) (a)

Notas:(a) Para efeitos de cálculo da rendibilidade líquida do ac-

tivo e dos capitais próprios foram considerados os re-sultados antes de interesses minoritários.

(b) A rendibilidade bruta global é definida como o resul-tado bruto global em percentagem do activo médio.

Gráfico 4.2DECOMPOSIÇÃO DA VARIAÇÃO

DA RENDIBILIDADE LÍQUIDADOS CAPITAIS PRÓPRIOS

Base consolidada

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Dez.99 Dez.00 Dez.01 Jun.01 Jun.02

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

Margem financeira Outros resultados correntesCustos administrativos OutrosTotal

Gráfico 4.3MARGEM FINANCEIRA

EM PERCENTAGEM DO ACTIVO MÉDIO

Base consolidada

2.522.45

2.21 2.24 2.30 2.262.10

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01 Jun.00 Jun.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

mGráfico 4.4

DECOMPOSIÇÃO DA VARIAÇÃODA MARGEM FINANCEIRA EM PERCENTAGEM

DO ACTIVO TOTAL MÉDIO

Base individual

-0.30

-0.25

-0.20

-0.15

-0.10

-0.05

0.00

0.05

0.10

0.15

1998 1999 2000 2001 1ºSem2001

1ºSem2002

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

(a)(b)

(d)

(c)

(e)

Notas:(a) Efeito da alteração da estrutura do balanço.(b) Efeito da variação do diferencial entre taxas médias

das operações activas e passivas.(c) Efeito com origem em operações extra-patrimoniais.(d) Efeito da alteração do nível da taxa de juro.(e) Variação total da margem financeira em percentagem

do activo médio.

Page 65: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

margem financeira fixou-se em 2.10 por cento noprimeiro semestre de 2002, valor que comparacom 2.26 em Junho de 2001 (Gráfico 4.3). Esta di-minuição da margem financeira em percentagemdo activo total médio esteve associada à diminui-ção do diferencial entre as taxas médias das opera-ções activas e passivas (Gráfico 4.4 e Quadro 4.3).Este efeito só foi parcialmente compensado peloaumento do peso do crédito na estrutura dos acti-vos do sistema bancário. Note-se que o crédito é oactivo que proporciona às instituições bancáriasuma maior remuneração, pelo que o aumento dopeso desta rubrica no total do activo contribuipara um aumento da margem financeira. Por ou-tro lado, o recurso acrescido à emissão de títuloscomo fonte de recursos do sistema bancário terá

também penalizado a margem financeira peloacréscimo nos juros a pagar, uma vez que este tipode passivo é tipicamente remunerado a taxas su-periores às praticadas nas outras fontes de recur-sos (nomeadamente depósitos e passivos interban-cários).

Durante o primeiro semestre de 2002 assistiu-sea uma compressão das margens entre taxas de re-muneração de activos e passivos remunerados (eentre crédito e depósitos). Em relação aos valoresverificados em Junho de 2001, o diferencial entreas taxas implícitas nos activos e nos passivos re-munerados diminuiu 0.15 pontos percentuais. Porsua vez, o diferencial entre as taxas implícitas nocrédito e nos depósitos diminuiu 0.51 pontos per-centuais. Esta evolução ficou a dever-se a uma re-

70 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 4.3

TAXAS DE REMUNERAÇÃO MÉDIA IMPLÍCITA(a) DAS PRINCIPAIS RUBRICAS DO BALANÇO

Em percentagem

1997 1998 1999 2000 2001 2002

1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem.

Activos interbancários (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.25 4.30 3.45 3.60 4.46 3.00Activos não interbancários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.31 7.00 5.74 5.42 6.25 5.08Crédito (bruto) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.17 7.76 6.23 5.71 6.64 5.36Títulos (bruto) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.08 5.70 4.68 4.96 5.43 4.31Outros activos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.71 2.13 1.15 0.84 1.02 1.35

Activos remunerados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.13 5.99 4.96 4.85 5.78 4.56

Passivos interbancários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.47 4.65 3.70 3.91 4.77 3.19Passivos não interbancários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.70 3.58 2.49 2.59 3.36 2.58Depósitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.40 3.40 2.34 2.28 3.03 2.27

Depósitos à ordem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.96 1.51 0.90 1.00 1.27 0.92Depósitos a prazo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.43 4.31 3.10 3.02 4.01 3.05Outros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.04 2.24 1.87 1.40 1.57 1.26

Títulos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.07 5.33 3.30 4.18 4.51 3.41Títulos participação e empréstimos subordinados . . . . . . . . 6.87 5.73 4.56 5.23 5.75 4.70Outros recursos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.83 3.09 1.74 1.79 1.99 2.04

Passivos remunerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.98 3.98 2.95 3.08 3.86 2.79

Diferenciais (pontos percentuais):

Activos remunerados-passivos remunerados . . . . . . . . . . . . 2.15 2.01 2.01 1.77 1.92 1.77

Activos não interbancários-passivos não interbancários . . . 3.62 3.41 3.24 2.84 2.89 2.50

Crédito-depósitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.77 4.36 3.89 3.44 3.61 3.09Activos interbancários – passivos interbancários . . . . . . . . . -0.22 -0.35 -0.24 -0.31 -0.31 -0.19

Notas:

(a) taxas de remuneração média implícita calculadas como o rácio entre o fluxo de juros anual e o stock médio anual da correspondenterubrica do balanço.

(b) Inclui: caixa, depósitos à ordem no Banco de Portugal, disponibilidades sobre instituições de crédito e aplicações em instituições decrédito.

Page 66: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

dução dos diferenciais nas operações de depósito aprazo, apurados em comparação com as taxas dejuro do mercado monetário de prazo comparável(Gráficos 4.5 e 4.6). Em termos de valor médio dosoito primeiros meses do ano face a idêntico perío-do do ano anterior, verificou-se uma redução de0.4 pontos percentuais no diferencial entre as taxasde juro do mercado monetário e as taxas de jurodas novas operações de depósito a prazo (Gráfico4.7). Esta diminuição de margem no mercado dedepósitos deverá estar associada a um maior esfor-

ço de captação de recursos junto dos clientes, vi-sando uma recomposição da estrutura de financia-mento do sistema bancário, privilegiando recursosmais estáveis e com menor custo associado.

No mercado do crédito verificou-se uma redu-ção do nível médio (período de Janeiro a Agosto)do diferencial entre taxas de juro do crédito a par-ticulares e as taxas de juro do mercado monetário:o valor de 2.02 por cento nos primeiros oito mesesde 2002 compara com 2.33 por cento em períodohomólogo de 2001(18) (Gráfico 4.8). Por sua vez, odiferencial entre taxas de juro do crédito a socieda-des não financeiras e taxas de juro do mercado

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 71

Textos de política e situação económica

Gráfico 4.5DIFERENCIAIS DE TAXAS DE JURO BANCÁRIAS

RELATIVAMENTE ÀS TAXAS DE JURO DOMERCADO MONETÁRIO

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Jan.95 Jan.96 Jan.97 Jan.98 Jan.99 Jan.00 Jan.01 Jan.02

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

Total (esc. esq.)

Empréstimos (esc.esq.)

Depósitos (esc.dir, invertida)

Gráfico 4.6DIFERENCIAIS DE TAXAS DE JURO BANCÁRIAS

RELATIVAMENTE ÀS TAXAS DE JURO DOMERCADO MONETÁRIO

Médias de 12 meses

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Dez.94 Dez.95 Dez.96 Dez.97 Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

Total (esc. esq.)

Empréstimos(esc. dir.)

Depósitos (esc. dir. invertida)

Nota: Taxas de juro praticadas em novas operações nomês em questão.

Gráfico 4.7DIFERENCIAL ENTRE TAXAS DE JURO MÉDIASDO MERCADO MONETÁRIO E TAXAS DE JURO

MÉDIAS DOS DEPÓSITOS

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

Em

pe

rcen

tag

em

Diferencial depósitos

Euribor 6 meses (esc. dir.)

Gráfico 4.8DIFERENCIAIS DE TAXA DE JURO DOS

EMPRÉSTIMOS FACE ÀS TAXAS DE JURO DOMERCADO MONETÁRIO

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Po

nto

sp

erc

en

tua

is

Empréstimos a particulares

Empréstimos aempresas nãofinanceiras

Page 67: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

monetário manteve-se relativamente estável, regis-tando-se no período compreendido de Janeiro aAgosto de 2002 um valor de 1.67 por cento (menos0.04 pontos percentuais que em período homólogode 2001).

Não obstante alguma tendência de redução du-rante os oito primeiros meses de 2002, os diferen-ciais de juro nas operações de crédito mantêm-seainda superiores aos valores mínimos atingidosem 2000, na sequência da sua clara redução desdemeados da década de 90.

Os outros resultados correntes registaram, emJunho de 2002, uma taxa de variação homóloga de10.8 por cento (valor que compara com -5.6 e 0.0por cento, respectivamente em Junho e Dezembrode 2001). Para esta evolução contribuíram a me-lhoria dos resultados em operações financeiras e oaumento nas comissões líquidas.

No primeiro semestre de 2002, os resultados deoperações financeiras (em base consolidada) au-mentaram 80.4 por cento face ao período homólo-go de 2001. Esta evolução terá derivado, no essen-cial, de aumentos nos lucros e diferenças de reava-liação cambial e dos lucros e nos proveitos de ope-rações extra-patrimoniais, podendo assim ser asso-

ciados à valorização que o euro verificou no se-gundo trimestre de 2002.

A melhoria dos resultados correntes estevetambém associada ao aumento verificado nas co-missões (líquidas) que, em termos consolidados,aumentaram 6.8 por cento na primeira metade de2002 (após diminuírem 8.6 em idêntico período de2001). Nas contas em base individual (para asquais existe detalhe adicional), a variação verifica-da foi de 8.4 por cento, valor que compara com adiminuição de 1.1 por cento verificada na primeirametade de 2001. No primeiro semestre de 2002, ascomissões relacionadas com o mercado de títulos,com serviços prestados e com garantias e compro-missos aumentaram 5.4, 7.2 e 6.1 por cento, respec-tivamente. Por sua vez, as comissões associadas àcobrança e transferência de valores diminuíram7.5 por cento.

Como resultado da evolução observada namargem financeira e nos outros resultados corren-tes, o produto bancário aumentou, na primeirametade de 2002, 3.4 por cento em base consolidada(valor que compara com 4.9 por cento no períodohomólogo de 2001) (Gráfico 4.9). O peso do produ-to bancário, em termos do activo total médio, di-minuiu assim para 3.35 por cento (3.47 por centono período referido em 2001).

No primeiro semestre de 2002, os custos admi-nistrativos registaram uma taxa de variação de 4.4por cento (1.7 por cento no período homólogo de2001). Esta taxa de variação resultou do crescimen-

72 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 4.9COMPOSIÇÃO DO PRODUTO BANCÁRIO

Base consolidada

18.9 20.0 20.0 18.5 20.4 17.8 18.4

15.1 17.2 15.717.0 18.917.018.3

64.1 64.9 62.9 65.8 61.3 65.2 62.7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01 Jun.00 Jun.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Margem financeiraOutros proveitos (líq.)Comissões

Outros resultados correntes

Gráfico 4.10RÁCIO ENTRE CUSTOS ADMINISTRATIVOS

E PRODUTO BANCÁRIO

Base consolidada

33.7 33.831.6 30.2

32.130.1 29.7

20.4 21.1 19.5 20.518.6 19.0 19.9

54.1 54.851.1 50.7 50.7 49.1 49.6

0

10

20

30

40

50

60

Dez.98 Dez.99 Dez.00 Dez.01 Jun.00 Jun.01 Jun.02

Em

pe

rce

nta

ge

m

Custos com pessoal em % do produto bancárioFornecimentos e serviços externos em % do produto bancárioCustos administrativos em % do produto bancário

(18)Esta diminuição estará a reflectir, em grande medida, um efeitode composição, que se traduz no facto de o crédito à habitaçãoter sido claramente mais importante em termos de fluxo no pe-ríodo mais recente, tendo associadas taxas de juro claramenteinferiores às do crédito para outros fins. Note-se que os dadosde taxas de juro (e de diferenciais) se referem a novas opera-ções.

Page 68: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

to de 8.5 por cento nos fornecimentos e serviços deterceiros (contributo de 3.3 pontos percentuais) edo aumento de 1.8 por cento nos custos com o pes-soal (contributo de 1.1 pontos percentuais). No pe-ríodo de Janeiro a Junho de 2002, o rácio entre es-tes custos e o produto bancário fixou-se em 49.6por cento, valor que compara com 49.1 por centonos primeiros seis meses de 2001 (Gráfico 4.10). Se,adicionalmente aos custos administrativos, foremtambém consideradas as amortizações (obtendo-seassim uma medida mais abrangente de custos ope-racionais), o rácio face ao produto bancário atin-giu, no primeiro semestre de 2002, 56.0 por cento(55.7 por cento no período homólogo de 2001).

Face ao observado no primeiro semestre de2001, verificou-se um reforço na constituição deprovisões (líquidas). Em percentagem do activomédio, o fluxo (anualizado) de provisões constituí-das durante os primeiros seis meses de 2002 cor-respondeu a 0.54 por cento do activo médio, quan-do havia sido de 0.38 por cento em período homó-logo de 2001. Para este aumento contribuiu princi-palmente o acréscimo nas provisões para créditode cobrança duvidosa e crédito vencido (cujo peso,em percentagem do activo médio, aumentou de0.24 por cento no primeiro semestre de 2001 para0.38 por cento no primeiro semestre de 2002). Porseu turno, o peso das provisões para depreciaçãode títulos aumentou de 0.03 (durante os primeiroseis meses de 2001) para 0.09 por cento do activomédio, em período homólogo de 2002. Note-seque, face à entrada em vigor do um novo regimede provisionamento de menos-valias latentes emparticipações financeiras, em 30 de Junho de 2002,será de esperar (na medida em que não se verifi-que uma profunda inversão na evolução dos mer-cados accionistas) um aumento (ainda que gradu-al) nas provisões associadas à desvalorização dasparticipações financeiras que constam do balançodas instituições bancárias.(19)

5. SOLVABILIDADE

Em Junho de 2002, os rácios de solvabilidadedo sistema bancário evidenciaram ligeiros aumen-tos face aos valores observados no final de 2001(embora se situassem em níveis próximos dos ve-rificados em Junho de 2001). O rácio de adequaçãoglobal dos fundos próprios, em base consolidada,situou-se em 9.8 por cento (9.5 por cento em De-

zembro de 2001 – Quadro 5.1). Quando elaboradoconsiderando apenas os fundos próprios de base,o mesmo rácio situou-se em 7.3 por cento (nívelidêntico ao verificado no final de 2001).

Em linha com o abrandamento registado naconcessão de crédito, os requisitos de fundos pró-prios registaram uma significativa desaceleração,tendo a respectiva taxa de variação homóloga pas-sado de 6.2 por cento, em Dezembro de 2001, para4.0 por cento em Junho de 2002. Os fundos pró-prios registaram em Junho uma taxa de variaçãode 4.4 por cento (que compara com 9.5 por centoverificados em Dezembro de 2001). No decursodos últimos doze meses, a evolução dos fundospróprios reflectiu essencialmente a emissão de tí-tulos de dívida (nomeadamente empréstimos su-bordinados, englobados nos fundos próprios com-plementares). No entanto, durante o primeiro se-mestre de 2002, e ao contrário do sucedido no se-gundo semestre de 2001, verificou-se um aumentodos fundos próprios de base.

6. CONCLUSÃO

A actividade do sistema bancário no primeirosemestre de 2002 desenvolveu-se num contexto re-lativamente adverso, que não deixou de ter impac-to sobre a sua situação financeira.

Na primeira metade do ano assistiu-se a um au-mento significativo do crédito em incumprimento.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 73

Textos de política e situação económica

(19)O Aviso 4/2002, do Banco de Portugal veio estabelecer umnovo regime de provisionamento de menos-valias latentes emparticipações financeiras. No anterior regime, as participaçõesconsideradas estratégicas pelos bancos só estavam sujeitas àconstituição de provisões se as empresas participadas apresen-tassem situação financeira difícil (ou sinais de persistente dete-rioração). O novo regime visa a adopção de requisitos deprovisionamento mais eficazes, e a dedução aos fundos pró-prios de parte dessas menos valias, quando as mesmas excede-rem determinados níveis. O impacto desta alteração de regimesobre os resultados do sistema bancário não deverá ser muitoprofundo no decurso de 2002 e 2003, na medida em que se esta-beleceu um período transitório, durante o qual as provisões po-dem ser constituídas sobre as reservas, não influenciando aconta de resultados. Adicionalmente, o regime transitório esta-belece que, para as menos-valias latentes apuradas à data deentrada em vigor do novo regime, existe uma ponderação gra-dual e crescente, por um período máximo de 5 anos, para asparticipações financeiras em empresas não sujeitas à supervi-são do Banco de Portugal ou do Instituto de Seguros de Portu-gal, mas que se pode estender até aos 10 anos, no caso dasparticipações financeiras em instituições sujeitas à supervisãodo Banco de Portugal ou do Instituto de Seguros de Portugal.

Page 69: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Trata-se de um desenvolvimento esperado, tendoem conta as condições cíclicas da economia, e quedeverá continuar no futuro próximo. Muito embo-ra a magnitude da subida seja incerta, alguns fac-tores apontam no sentido de mitigar o aumento dorácio do crédito em incumprimento na situaçãoactual, comparativamente à situação vivida na faseidêntica do ciclo económico anterior. Por um lado,o nível das taxas de juro é agora muito mais baixoe a sua volatilidade é também muito menor. Poroutro, o boom de crédito vivido nos últimos anosesteve em larga medida associado a um forte cres-cimento do crédito à habitação, categoria do crédi-to que historicamente apresenta um rácio de in-cumprimento muito inferior à média. No entanto,refira-se que, na medida em que se tenha verifica-do um relaxamento nas condições de concessão decrédito à habitação por parte dos bancos, no perío-do em que se verificou a sua massificação, os fac-tores favoráveis acima mencionados poderão seratenuados.

Na sequência do aumento do crédito em in-cumprimento, registou-se também uma subida dasprovisões específicas. Apesar disso, os indicadoresde rendibilidade situaram-se, na primeira metadedo ano, em níveis próximos dos registados no con-junto do ano anterior, se bem que inferiores aosvalores anormalmente elevados registados no pri-meiro semestre de 2001. Será, no entanto, de refe-rir que a evolução favorável dos “outros resulta-dos correntes”, que, em larga medida, compensoua redução da margem financeira, esteve associadaa um forte aumento dos lucros em operações fi-

nanceiras, que tenderão a assumir um caráctertemporário.

A evolução muito negativa observada nos mer-cados accionistas traduziu-se num aumento dasmenos valias latentes em participações financeirasdos bancos portugueses. Tendo em conta o novoregime de provisionamento das referidas menosvalias, e caso não haja uma inversão notória daevolução recente dos mercados accionistas, é deantecipar, a prazo, um aumento das referidas pro-visões.

Continuou a observar-se, no período em análi-se, uma redução do diferencial de crescimento en-tre crédito e depósitos de clientes. Esta situaçãoteve como consequência uma menor necessidadede financiamento em mercado (em termos de fluxoanual) por parte do sistema bancário português, oque permitiu uma redução em valor absoluto dofinanciamento interbancário obtido no exterior.Estes desenvolvimentos, que se traduziram numamelhoria da situação de liquidez do sistema, cons-tituem um reflexo directo da continuação do pro-cesso de ajustamento do sector privado iniciadoem 2000. De facto, à semelhança do observado an-teriormente, as necessidades de financiamentodeste sector deverão voltar a reduzir-se em 2002,conduzindo à diminuição das necessidades de fi-nanciamento da economia face ao exterior. Tendoem conta que o sistema bancário tem, em largamedida, intermediado o financiamento externo daeconomia portuguesa, a menor necessidade de fi-nanciamento externo da economia traduz-se direc-tamente em menor financiamento de mercado porparte do sector bancário, reduzindo, assim, a suavulnerabilidade a choques que afectem as respecti-vas condições de financiamento internacional.

74 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Page 70: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Quadro 5.1

ADEQUAÇÃO DE FUNDOS PRÓPRIOS

Base consolidada

Base consolidada

Milhões de euros Variação homóloga (em percentagem)

1998 1999 2000 2001 2002 1999 2000 2001 2002

Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun.

1. Fundos próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1.1. Fundos próprios de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 714.8 10 436.7 11 025.9 11 663.1 12 991.0 13 502.9 13 202.0 13 454.6 13.5 11.8 17.8 15.8 1.6 -0.4

1.2. Fundos próprios complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 834.1 3 917.4 4 268.9 4 866.2 5 026.3 6 557.0 7 040.2 7 278.9 11.3 24.2 17.7 34.7 40.1 11.0

1.3. Deduções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 821.1 422.1 512.7 1 678.6 2 272.6 2 769.0 2 998.2 2 685.8 -37.6 297.7 343.3 65.0 31.9 -3.0

1.4. Fundos próprios suplementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.7 10.6 27.3 17.3 0.4 1.5 1.2 0.7 115.8 63.4 -98.6 -91.4 225.0 -56.2

Total dos fundos próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 740.4 13 942.6 14 809.5 14 867.9 15 745.1 17 292.4 17 245.3 18 048.4 16.2 6.6 6.3 16.3 9.5 4.4

2. Requisitos de fundos próprios

2.1. Rácio de solvabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 747.5 9 582.7 10 651.8 12 061.3 13 184.5 13 724.7 14 078.4 14 372.0 21.8 25.9 23.8 13.8 6.8 4.7

2.2. Riscos de posição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234.3 222.6 180.6 276.7 284.2 312.6 288.6 252.4 -22.9 24.3 57.3 13.0 1.6 -19.3

2.3. Riscos de liquidação e contraparte . . . . . . . . . . . . . . . . . 37.5 49.3 47.8 27.4 30.7 41.2 40.8 30.0 27.3 -44.4 -35.7 50.3 32.9 -27.1

2.4. Riscos cambiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134.5 58.0 79.2 119.7 134.9 75.3 87.3 67.0 -41.1 106.5 70.4 -37.1 -35.3 -11.1

2.5. Outros requisitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.1 1.3 0.0 0.1 20.7 0.0 1.5 0.1 - -91.4 - -90.6 -92.8 856.1

Total dos requisitos de fundos próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 153.9 9 914.0 10 959.4 12 485.3 13 655.1 14 153.8 14 496.7 14 721.5 19.7 25.9 24.6 13.4 6.2 4.0

3.Rácios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Variação face ao período homólogo (pontos percentuais)

3.1. Fundos próprios/Requisitos totais . . . . . . . . . . . . . . . . . 139.2 140.6 135.1 119.1 115.3 122.2 119.0 122.6 -4.0 -21.6 -19.8 3.1 3.7 0.4

3.2. Fundos próprios/(Requisitos totais x 12.5) . . . . . . . . . . 11.1 11.3 10.8 9.5 9.2 9.8 9.5 9.8 -0.3 -1.7 -1.6 0.2 0.3 0.0

3.3. Fundos próprios de base/(Requisitos totais x 12.5) . . . 8.5 8.4 8.0 7.5 7.6 7.6 7.3 7.3 -0.4 -0.9 -0.4 0.2 -0.3 -0.3

Page 71: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS NO MERCADO DE CÂMBIOS E DE PRODUTOSDERIVADOS PORTUGUÊS EM 2001 e 2002

1. INTRODUÇÃO

O Banco de Portugal alterou em 2001 a periodi-cidade do inquérito à Actividade nos Mercados deCâmbios e de Produtos Derivados, de semestralpara anual. Com a introdução desta alteração o in-quérito passou a realizar-se em Março/Abril decada ano, mantendo-se, no entanto, no essencial, omodelo do mesmo.

Assim, em 2002, o inquérito continuou a reco-lher informação sobre as posições em produtos de-rivados(1) detidas pelos bancos no último dia útildo mês de Março; assim como, informação relativaàs transacções efectuadas nos mercados de câmbi-os e de derivados sobre taxas de juro, durante omês de Abril.

Refira-se, no entanto, que em 2001, a necessida-de de caracterizar a actividade no mercado doeuro determinou que o inquérito passasse tambéma contemplar uma desagregação por tipo de con-trapartes que permitisse identificar as operaçõesrealizadas com contrapartes residentes na zonaeuro.

O presente texto incluirá a análise dos resulta-dos dos inquéritos realizados em 2001 e 2002, efec-tuando-se sempre que se considere relevante umareferência comparativa com os resultados finais doinquérito trienal dos bancos centrais de Abril de2001, apurados pelo Banco de Pagamentos Inter-nacionais (BIS).

Na análise inter-temporal dos resultados dosdois inquéritos importa referir que o impacto das

flutuações cambiais sobre os totais agregados,quer das transacções, quer das posições, quandoexpressos em dólares, foi diminuto. Tal derivou dofacto de se terem verificado reduzidas variaçõescambiais nas taxas de câmbio envolvendo o dólar,entre as datas de referência dos dois inquéritos.

A análise global dos dados recolhidos permitesintetizar os principais desenvolvimentos regista-dos pelo mercado português entre 2001 e 2002:

• a relativa estabilização do turnover no merca-do de balcão;

• o incremento da actividade no mercado dosderivados sobre taxas de juro, em contrastecom a continuação do declínio do volume detransacções no mercado cambial tradicional;

• a expansão dos montantes das posições emaberto, quer de derivados cambiais, quer dederivados sobre taxas de juro, reflectindo,provavelmente o alargamento dos prazos decontratação verificado nas transacções;

• a manutenção da predominância do euro,quer em termos de turnover, quer no que res-peita às posições, com maior expressão nosegmento dos derivados sobre taxas de juro;o aparecimento do real brasileiro com algu-ma expressividade na actividade de algumasinstituições;

• a continuação das instituições financeiras nãoresidentes como principais contrapartes;

• a manutenção do peso residual das posiçõesem derivados de acções, mercadorias e decrédito, apesar de um ligeiro incremento donúmero de participantes no segmento de de-rivados de acções;

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 77

Textos de política e situação económica

(1) O inquérito alargou o seu âmbito em Abril de 2000, passando acobrir, para além das posições dos derivados sobre taxas decâmbio e sobre taxas de juro, também as posições de derivadossobre acções, mercadorias e derivados de crédito; passou tam-bém a recolher informação sobre a forma de condução dasoperações.

Page 72: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

• o crescimento da actividade no mercado debolsa sobretudo motivado pelo dinamismodos instrumentos sobre taxas de juro;

• a manutenção de um elevado grau de con-centração nos mercados OTC e de bolsa, em-bora com um decréscimo no segmento dosderivados cambiais.

2. MERCADO DE BALCÃO (OTC)

2.1. Volumes transaccionados(2)

Os resultados do inquérito do Banco de Portu-gal de Abril de 2002 apontam para uma relativaestabilização dos volumes transaccionados nomercado de balcão. Após as quedas fortes regista-das a seguir à criação do euro, o volume diáriomédio de transacções nos mercados cambial e dederivados sobre taxas de câmbio e sobre taxas dejuro registou apenas uma ligeira diminuição entreAbril de 2001 e Abril de 2002 (Gráfico 1).

O decréscimo do turnover do mercado tradicio-nal(3), que detém um peso superior a 75% no totaldas transacções, mais do que compensou o cresci-mento algo significativo registado pelos outros de-

rivados cambiais não tradicionais(4) e pelos deriva-dos sobre taxas de juro (Quadro 1).

As transacções dos outros derivados cambiais,embora tenham verificado um incremento, manti-veram uma importância muito reduzida no turno-ver total do mercado de balcão, continuando a res-tringir-se a um número muito limitado de institui-

78 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 1

MERCADO DE BALCÃO

Volume diário médio de transacções

Em milhões de dólares e percentagens do total

Total Mercadocambial

tradicional

% Outrosderivadoscambiais

% Derivadostaxas juro

%

1997Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5006 3484 70 21 0 1501 30Outubro. . . . . . . . . . . . . . . . . . 5657 4495 80 13 0 1149 20

1998Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5434 4398 81 38 1 998 18Outubro. . . . . . . . . . . . . . . . . . 7330 6054 83 16 0 1260 17

1999Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2635 2099 80 3 0 533 20Outubro. . . . . . . . . . . . . . . . . . 2812 2180 78 5 0 627 22

2000Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2418 1978 82 59 2 381 16Outubro. . . . . . . . . . . . . . . . . . 1728 1446 84 110 6 172 10

2001Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2049 1709 83 12 1 328 16

2002Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2007 1518 76 78 4 411 20

Variação (%): . . . . . . . . . . . . . . . . .Abril 00/Abril 01 . . . . . . . . . . . . -15.3 -13.6 -79.7 -13.9Abril 01/Abril 02 . . . . . . . . . . . . -2.0 -11.2 550.0 25.3

Gráfico 1MERCADO DE BALCÃO

Volume diário médio de transacções

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Abr.97 Abr.98 Abr.99 Abr.00 Abr.01 Abr.02

Milh

õe

sd

ed

óla

res

Mercado cambial tradicionalDerivados taxas de juroOutros derivados taxas de câmbioTotal

Page 73: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ções. Salienta-se, no entanto, que mais de 90% daactividade deste segmento se continuou a concen-trar nas opções cambiais, as quais foram compra-das sobretudo a clientes não financeiros residentese vendidas a empresas financeiras não residentesfora da zona euro.

Contrastando com a evolução descendente ve-rificada na sequência da criação do euro, o turno-ver dos instrumentos sobre taxas de juro aumentou(25%(5)), reflectindo unicamente a expansão daactividade do segmento dos interest rate swaps(IRS).

Mercado cambial tradicional

Entre 2001 e 2002, o turnover diário médio nomercado cambial tradicional reduziu-se 11%, para1518 milhões de dólares, após ter registado no anoanterior um decréscimo de cerca de 14%. Estenovo declínio da actividade reflectiu contudo uni-camente a diminuição do turnover dos forwards (ou-tright forwards e foreign exchange swaps). Com efeito,os volumes transaccionados das operações spot au-mentaram, suspendendo o movimento de quedaque vinham registando desde a criação do euro(Quadro 2). Esta evolução confirmou a tendênciaprevalecente no mercado português de aumentoda importância do turnover spot e de redução daquota dos forwards (Gráfico 2), a qual refira-se, pormemória, é contrária à tendência global que se temvindo a detectar desde 1992 nos mercados interna-cionais, de acordo com os resultados dos inquéri-tos trienais coordenados pelo BIS.

No caso português, no entanto, a consolidaçãodo recurso directo ao mercado monetário do eurocontinuou a ditar uma cada vez menor necessida-de de recurso aos forex swaps como instrumento de“funding”.

Em resultado, o peso das operações spot au-mentou para 67%, enquanto o dos forex swaps di-

minuiu para 29% e o dos outright forwards se redu-ziu para 4%.

Os resultados do inquérito de 2002 sugeremtambém alterações quanto à estrutura dos volu-mes transaccionados por tipo de contrapartes. Oturnover realizado pelos bancos nacionais com em-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 79

Textos de política e situação económica

Quadro 2

MERCADO CAMBIAL TRADICIONAL

Volume diário médio de transacções

Milhões de dólares

Spot Outrights Fx. swaps

1997

Abril . . . . . . . . . . . . 1957 223 1304

Outubro . . . . . . . . . 1699 246 2550

1998

Abril . . . . . . . . . . . . 1834 337 2227

Outubro . . . . . . . . . 2271 446 3337

1999

Abril . . . . . . . . . . . . 1151 255 693

Outubro . . . . . . . . . 1054 246 880

2000

Abril . . . . . . . . . . . . 925 185 868

Outubro . . . . . . . . . 850 135 461

2001

Abril . . . . . . . . . . . . 917 104 688

2002

Abril . . . . . . . . . . . . 1014 66 438

Variação (%):

Abril 00/Abril 01 . . . -0.9 -43.8 -20.7

Abril 01/Abril 02 . . . 10.6 -36.5 -36.3

(2) Os dados sobre as transacções serão sempre referidos em ter-mos de volumes diários médios, corrigidos da duplicação re-sultante das transacções efectuadas no mercado interbancáriodoméstico.

(3) O mercado cambial tradicional compreende as operações spot,os outright forwards e os foreign exchange swaps.

(4) Os outros derivados cambiais abrangem os currency swaps (in-cluem os cross currency interest rate swaps) e as opções.

(5) Sempre que não se efectuem referências em contrário, as per-centagens referem-se a Abril de 2002 e as comparações in-ter-temporais ao período entre Abril de 2001 e Abril de 2002.

Gráfico 2MERCADO CAMBIAL TRADICIONAL

Distribuição por instrumentos

54%47%

55%

42%56%

67%

6%9%

12%8%

6%4%

40%

44%

33%

50%

38%

29%

0

500

1000

1500

2000

2500

Abr.97 Abr.98 Abr.99 Abr.00 Abr.01 Abr.02

Milh

õe

sd

ed

óla

res

Spot Outrights Fx. swaps

Page 74: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

presas financeiras, quer residentes quer não resi-dentes, contraiu-se de forma expressiva, enquantoo turnover realizado com clientes não financeirosregistou um incremento generalizado. Estes movi-mentos determinaram uma perda significativa daimportância das contrapartes financeiras a favordas não financeiras, que aumentaram para 30% oseu peso no total (Quadro 3), contrariamente à ten-dência detectada a nível internacional pelo inqué-rito do BIS. A perda de quota das contrapartes fi-nanceiras registou-se com empresas não perten-centes à área do euro, já que o peso das empresasda área do euro permaneceu estável em cerca de26%. Este movimento teve como contrapartida umaumento da importância dos clientes não financei-ros, em particular dos residentes, reforçando-se as-sim a preferência estrutural dos nossos bancos pe-las transacções com entidades residentes no seg-mento não financeiro.

Importa referir, ainda, que os dados sugeremque se terá esgotado o impacto da criação do eurono mercado interbancário doméstico. A importân-cia do negócio entre as instituições de crédito na-cionais parece ter estabilizado em torno de umaquota de cerca de 5%, após as perdas verificadasna sequência imediata do acesso a um mercadomonetário muito mais amplo que o do escudo.Para esta manutenção terá também contribuído a

pausa verificada, nos dois últimos anos, no proces-so de fusões bancárias no mercado português.

A estrutura da distribuição por moedas no mer-cado cambial tradicional continuou, entretanto, aevidenciar uma relativa estabilidade (Quadro 4). Oeuro e o dólar continuaram a ser as duas moedasmais importantes, com um peso de 84% e de 75%,respectivamente, no total das transacções. Na ter-ceira posição, o iene aumentou o seu peso para14%, substituindo a libra esterlina, que passou aocupar a 4ª posição com 10%.

Entre as restantes moedas é de destacar o au-mento de importância que têm vindo a registar astransacções com as moedas nórdicas, cujo peso su-biu para 7% em 2002, fruto de um aumento em ter-mos absolutos e relativos do turnover envolvendoas coroas sueca e norueguesa.

O dólar/euro continuou a ser o par mais tran-saccionado, contabilizando cerca de 60% do turno-ver total, bem distante do euro/iene e do euro/li-bra, respectivamente os segundo e terceiro paresmais importantes, com 9% e 8%. Manteve-se, as-sim, em 2002, a predominância do euro nas tran-sacções envolvendo o iene e a libra esterlina. Umpadrão que também se verificou nas transacçõescom moedas nórdicas (as quais se resumiram qua-se exclusivamente a operações spot). Com um pa-drão distinto, o negócio com o franco suíço conti-

80 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 3

MERCADO CAMBIAL TRADICIONAL

Distribuição por tipo de contrapartes

Em percentagem do total

1997 1998 1999 2000 2001 2002

Abr. Abr. Abr. Abr. Abr. Abr.

Empresas financeiras . . . . . 85 80 82 80 77 70Residentes. . . . . . . . . . . . 14 11 10 8 5 5Não residentes . . . . . . . . 71 69 72 72 72 65

dos quais zona euro . . 21 21Clientes não financeiros . . 15 20 18 20 23 30

Residentes. . . . . . . . . . . . 13 17 14 19 16 21Não residentes . . . . . . . . 2 3 4 1 7 9

dos quais zona euro . . 3 4100 100 100 100 100 100

Total residentes . . . . . . . . . . 27 28 24 27 21 26Total não residentes . . . . . . 73 72 76 73 79 74

dos quais zona euro . . . . 24 25

Quadro 4

MERCADO CAMBIAL TRADICIONAL

Distribuição por moedas

Em percentagem do total(a)

1999 2000 2001 2002

Abr. Abr. Abr. Abr.

EUR. . . . . . . . . . . . . . . . . 79 86 86 84USD. . . . . . . . . . . . . . . . . 83 79 74 75JPY. . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 11 13 14GBP . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 13 13 10CHF. . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3 7 7DKK . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4 2SEK . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1 2NOK . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1 3Outras Europa . . . . . . . . 2 0 1Outras moedas . . . . . . . 6 2 1 2

Nota:

(a) No mercado cambial, a desagregação por moedas totaliza 200% do turnover total porque são contabilizados os dois lados decada operação.

Page 75: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

nuou, por sua vez, a ser sobretudo realizado com odólar.

A análise da evolução da estrutura do tipo denegócio por instrumento, entre 2001 e 2002, revelauma estabilidade nas operações spot e alteraçõesno que respeita aos outright forwards e aos foreignexchange swaps (Quadro 5).

As operações spot continuaram a ser sobretudorealizadas entre o euro e o dólar e em outros paresde moedas envolvendo o euro, com empresas fi-nanceiras não residentes situadas fora da zonaeuro, através de sistemas de negociação do tipo

electronic broker ou por dealing automático (incluin-do o sistema de dealing da Reuters).

Em contraste com a estabilidade observadapelo tipo de negócio característico das operaçõesspot, as transacções de outright forwards evidenci-aram algumas alterações relevantes: um aumentodo peso das transacções em que entra o dólar (emparticular com o euro e o real brasileiro), contrari-ando a anterior preferência pelos pares envolven-do a divisa europeia; uma diminuição da impor-tância dos clientes não financeiros residentes a fa-vor das empresas financeiras não residentes, so-bretudo da zona euro; uma menor concentraçãodas operações contratadas nos prazos até 7 dias; eum reforço do telefone tradicional como forma decondução preferencial das transacções.

O negócio dos forex swaps registou também al-terações, das quais se destacam: a diminuição dopeso dos contratos entre o euro e o dólar, a par deum aumento de quota das transacções envolvendoa libra esterlina, em particular com o euro; a redu-ção da importância das empresas financeiras nãoresidentes, tradicionalmente contraparte na quasetotalidade destas transacções, por contrapartida deum incremento no peso dos clientes não financei-ros não residentes; a diminuição da concentraçãodestes contratos em prazos muito curtos; e uma re-partição mais equitativa do negócio realizado viasistemas automáticos de dealing, até agora os maisusados nas transacções entre bancos, e através dotelefone.

Derivados sobre taxas de juro

O volume diário médio das transacções no mer-cado de derivados sobre taxas de juro OTC situou--se em 411 milhões de dólares em Abril de 2002, oque representou um acréscimo de 25%, face ao tur-nover contabilizado em Abril de 2001 (Quadro 1).Este crescimento seguiu-se a uma quase duplica-ção dos volumes transaccionados entre Outubrode 2000 e Abril de 2001, o que sugere uma clara in-versão na evolução descendente que registou apósa criação do euro.

O motor do crescimento da actividade nos ins-trumentos sobre taxas de juro está a ser contudounicamente motivado pela expansão do segmentodos interest rate swaps (IRS), uma vez que os FRAcontinuaram em queda acentuada e as opçõesmantiveram um turnover inexpressivo (Quadro 6).

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 81

Textos de política e situação económica

Quadro 5

MERCADO CAMBIAL TRADICIONAL

Caracterização do tipo de negócio por instrumento

Percentagens do turnover total por instrumento

Spot Outrightforwards

Fx. swaps

2001 2002 2001 2002 2001 2002

Contrapartes . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100Empresas financeiras . . . . . . 71 70 60 65 87 71

Residentes. . . . . . . . . . . . . . 6 6 7 2 2 1Não residentes . . . . . . . . . . 65 64 53 63 85 70

dos quais zona euro . . . 11 15 4 11 38 37Clientes não financeiros . . . 29 30 40 35 13 29

Residentes. . . . . . . . . . . . . . 26 28 39 33 2Não residentes . . . . . . . . . . 3 2 1 2 13 27

dos quais zona euro . . . 1 6 12

Pares de moedas . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100EUR/USD . . . . . . . . . . . . . . . 46 53 57 63 80 76EUR/JPY . . . . . . . . . . . . . . . . 13 13 10 5 1 2EUR/GBP . . . . . . . . . . . . . . . 12 6 5 6 7 11EUR/CHF . . . . . . . . . . . . . . . 2 3 5 1 1EUR/DKK. . . . . . . . . . . . . . . 7 2EUR/SEK . . . . . . . . . . . . . . . 1 2 5EUR/NOK. . . . . . . . . . . . . . . 1 3 4EUR/outras. . . . . . . . . . . . . . 1 1USD/JPY . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4 5 2 7 6USD/GBP . . . . . . . . . . . . . . . 4 3 5 3 1 3USD/CHF . . . . . . . . . . . . . . . 9 7 2 1USD/outras. . . . . . . . . . . . . . 1 2 2 20 2 2Outros pares . . . . . . . . . . . . . 1 1

Prazos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100[Até 7 dias] . . . . . . . . . . . . . . 100 100 61 50 86 67]7 dias - 1 mês] . . . . . . . . . . . 14 26 8 13]1 mês - 1 ano] . . . . . . . . . . . . 25 24 6 20]1 ano - 5 anos] . . . . . . . . . . .> 5 anos . . . . . . . . . . . . . . . . .

Condução da operação . . . . . . 100 100 100 100 100 100Dealing automático. . . . . . . . . . 12 31 10 15 72 45Broker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 14 35 5 10 13Electronic broker . . . . . . . . . . . . . 38 36 1Outro (inclui telefone) . . . . . . . 39 19 55 80 17 42

Page 76: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Os IRS reforçaram, assim, a sua predominância,com um peso de 94% no total das transacções(Gráfico 3). Esta expansão reflecte o desenvolvi-mento da utilização dos IRS como instrumento dehedging e de tomada de posições, o qual terá sidopossivelmente ampliado num contexto de grandeincerteza em relação ao ritmo de crescimento eco-nómico nos EUA e na área do euro e de elevada

volatilidade das expectativas quanto ao enviesa-mento das respectivas políticas monetárias. De no-tar que esta tendência também tem sido reveladapelos inquéritos que o BIS tem realizado a nível in-ternacional. Emerge, no entanto, uma distinção emrelação ao mercado português, relacionada com astaxas de juro de denominação dos contratos.Assim, enquanto a nível internacional o cresci-mento dos swaps se registou no segmento dos con-tratos do dólar e do euro, em Portugal a expansãoverificou-se apenas no segmento dos euro swaps.

Dado o peso diminuto detido pelos restantesinstrumentos (FRA com 5% e opções com 1%), aestrutura do mercado dos derivados sobre taxasde juro confunde-se com a estrutura dos IRS, con-forme é comprovado pela comparação entre osquadros relativos ao total das transacções (quadros7 e 8) e o que individualiza os IRS (quadro 9).Assim, optou-se por restringir a análise da estrutu-ra do mercado à dos swaps sobre taxas de juro.

A estrutura do negócio dos IRS manteve-se re-lativamente estável (Quadro 9), identificando-seapenas ligeiras alterações derivadas da exploraçãopontual de alguns nichos de mercado. Os swapscontinuaram, predominantemente, a incidir sobreas taxas de juro do euro e a ser contratados comempresas financeiras não residentes em prazos até1 ano. Apesar do padrão característico deste negó-cio se ter mantido, importa realçar algumas especi-

82 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 6

DERIVADOS SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Volume diário médio de transacções

Milhões de dólares

FRA IRS Opções

1997Abril . . . . . . . . . . . . . . 1331 170 0Outubro. . . . . . . . . . . . 902 244 3

1998Abril . . . . . . . . . . . . . . 801 157 40Outubro. . . . . . . . . . . . 1054 206 0

1999Abril . . . . . . . . . . . . . . 345 186 2Outubro. . . . . . . . . . . . 346 277 4

2000Abril . . . . . . . . . . . . . . 225 156 0Outubro. . . . . . . . . . . . 32 140 0

2001Abril . . . . . . . . . . . . . . 38 288 2

2002Abril . . . . . . . . . . . . . . 22 384 5

Variação (%):Abril 00/Abril 01 . . . . . . -83.1 84.6 0.0Abril 01/Abril .02 . . . . . -42.1 33.3 0.0

Gráfico 3DERIVADOS SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Volume diário médio de transacções

5%

89%

80%

65%

59%

12%

94%

11% 16% 35% 41%

88%

1%0%4%

0% 0% 0%0

500

1000

1500

Abr.97 Abr.98 Abr.99 Abr.00 Abr.01 Abr.02

Milh

õe

sd

ed

óla

res

FRA IRS Opções OTC

Quadro 7

DERIVADOS SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Distribuição por tipo de contrapartes

Em percentagem do total

1997 1998 1999 2000 2001 2002

Abr. Abr. Abr. Abr. Abr. Abr.

Empresas financeiras . . . . . . 100 99 99 98 97 91Residentes . . . . . . . . . . . . 39 33 16 7 8 3Não residentes . . . . . . . . 61 66 83 91 89 88

dos quais zona euro . 30 50Clientes não financeiros . . . 0 1 1 2 3 9

Residentes . . . . . . . . . . . . 0 1 1 1 3 3Não residentes . . . . . . . . 0 0 0 1 0 6

dos quais zona euro . . 0 6100 100 100 100 100 100

Total residentes. . . . . . . . . . . 39 34 17 8 11 6Total não residentes . . . . . . . 61 66 83 92 89 94

dos quais zona euro . . . . . 30 56

Page 77: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ficidades detectadas na comparação dos resulta-dos dos inquéritos de 2001 e 2002. Verificou-seuma maior diversificação por moedas neste tipode contratos, tendo o real brasileiro ganho algumsignificado. Aliás foi este facto que determinou umaumento do peso dos clientes não financeiros nãoresidentes da zona euro como contrapartes dastransacções de IRS, uma vez que os swaps sobre oreal brasileiro foram predominantemente contrata-dos com este tipo de contraparte. Este factor foiigualmente responsável pela maior utilização dotelefone directo como forma de condução das tran-sacções de IRS.

O negócio dos IRS concentrou-se sobretudo noscontratos indexados às taxas da euribor a 3 e 6 me-ses. Diferentemente do que se passa a nível inter-nacional, os bancos portugueses revelaram-se, nageneralidade, ainda pouco activos nos chamadoseónia swaps, um tipo de instrumento utilizado nacobertura de operações do mercado monetário. Noentanto, os dados do inquérito de 2002 sugerem al-gum desenvolvimento neste segmento, tendo al-gumas instituições reportado já um significativoincremento de actividade neste tipo de produto.

No que diz respeito aos FRA, e tendo presenteque são transaccionados por um número muito li-mitado de bancos, importa destacar que este tipode contratos passaram a estar mais concentradosno mercado do euro. O peso das empresas finan-ceiras pertencentes à área do euro como contrapar-tes nestes contratos aumentou, enquanto desapa-receram por completo as transacções sobre o dólar,passando os FRA a serem exclusivamente denomi-nados em euros.

2.2. Montantes em carteira

De acordo com os resultados dos inquéritos re-alizados em 2001 e 2002, os montantes nocionaisdas posições em aberto de derivados OTC regista-ram um aumento entre os dois anos, que reflecteuma expansão em todos os segmentos.

Os derivados de taxa de juro apresentaram umritmo de expansão (26%) ligeiramente superior aosderivados cambiais (16%), mantendo-se a clara su-premacia dos derivados sobre taxa de juro (Gráfico4). Esta distribuição em termos de pesos relativos,contrasta com a verificada nas transacções, mas re-flecte as estruturas prevalecentes a nível interna-cional.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 83

Textos de política e situação económica

Quadro 9

DERIVADOS SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Caracterização do tipo de negócio por instrumento

Percentagens do turnover total por instrumento

FRA IRS

2001 2002 2001 2002

Contrapartes. . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100

Empresas financeiras . . . . . . 100 100 96 91

Residentes . . . . . . . . . . . . . . 0 5 9 3Não residentes. . . . . . . . . . . 100 95 87 88

dos quais zona euro. . . . 13 64 32 50Clientes não financeiros . . . . 0 0 4 9

Residentes . . . . . . . . . . . . . . 0 0 4 3Não residentes. . . . . . . . . . . 0 0 0 6

dos quais zona euro. . . . 0 0 0 6

Moedas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100

EUR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 100 98 90USD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 0 2 4JPY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0GBP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 1CHF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0Outras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 5

Prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100

[Até 7 dias] . . . . . . . . . . . . . . . 11 36 45 23]7 dias - 1 mês] . . . . . . . . . . . . 0 0 15 5]1 mês - 1 ano]. . . . . . . . . . . . . 89 64 15 27]1 ano - 5 anos] . . . . . . . . . . . . 0 0 6 17> 5 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 19 28

Condução da operação . . . . . . . 100 100 100 100

Dealing automático . . . . . . . . . . 0 5 36 39Broker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 36 28 19Electronic broker. . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0Outro (inclui telefone). . . . . . . . 0 59 36 42

Quadro 8

DERIVADOS SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Distribuição por moedas

Em percentagem do total

1999 2000 2001 2002

Abr. Abr. Abr. Abr.

EUR . . . . . . . . . . . . . . . 65 93 88 89

USD . . . . . . . . . . . . . . . 7 4 9 5

JPY . . . . . . . . . . . . . . . . 1 0 0 0

GBP . . . . . . . . . . . . . . . 12 0 3 1

Outras moedas. . . . . . 15 3 0 5

Page 78: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

As posições nos derivados de acções, mercado-rias e de crédito continuam a apresentar um pesoresidual (cerca de 2% do total das posições OTC)(Gráfico 4). Relativamente aos derivados de ac-ções, embora se verifique uma participação maisalargada do que em anteriores inquéritos, o núme-ro de instituições a reportar posições em abertoneste segmento continua a ser reduzido, limitan-do-se a cerca de um terço dos bancos participan-tes. Em Abril de 2002, cerca de 60% destas posi-ções referem-se a opções e o restante a swaps, sen-do a principal contraparte as instituições financei-ras não residentes. Relativamente aos derivados decrédito e sobre mercadorias, a actividade registadacontinua a ser virtualmente inexistente. De realçarque, a nível internacional, o segmento dos deriva-dos de crédito tem apresentado um desenvolvi-mento muito significativo, mas que se mantémtambém com um peso residual.

Derivados cambiais

Nos derivados cambiais, após alguma reduçãoverificada em 2001, as posições em aberto no anode 2002 registaram um acréscimo (apresentando omontante mais elevado desde a introdução doeuro, em 1999). Tal evolução deverá reflectir, emgrande medida, a alteração verificada a nível dosprazos de contratação das transacções, onde se ve-rificou uma significativa contracção do peso dosprazos até 7 dias (Quadro 5). Para o crescimentodeste segmento contribuiu um aumento das posi-

ções em todos os tipos de instrumentos sobre taxasde câmbio (Quadro 10).

O aumento generalizado das posições nos di-versos tipos de derivados cambiais resultou numamanutenção do peso relativo dos diferentes instru-mentos. Os forwards mantiveram-se como os ins-trumentos com maior peso neste segmento, segui-dos pelos currency swaps. As opções mantiveramum peso reduzido em termos das posições totais(Gráfico 5).

Em termos da desagregação por moedas(6), e noque se refere ao peso relativo das diversas divisas,há a salientar a diminuição do peso do euro e, emmenor grau, da libra esterlina, em compensação

84 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Gráfico 4POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOS OTC

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Mar.00 Mar.01 Mar.02

Milh

õe

sd

óla

res

Der. Cambiais Der. Tx Juro Outros derivados

80%

79%

84%

15% 19%18%

1% 2% 2%

(6) Nos derivados cambiais a desagregação por moedas totaliza200% do total das posições porque são contabilizados os doislados de cada operação. Caso a desagregação seja por pares demoedas, totaliza 100%.

Quadro 10

POSIÇÕES EM ABERTODE DERIVADOS CAMBIAIS OTC

Milhões de dólares

Total Forwards CurrencySwaps

OpçõesOTC

1995Março. . . . . . . . . . . . . . . . 26955 20009 3595 3351Setembro . . . . . . . . . . . . . 22865 16987 3854 2024

1996Março. . . . . . . . . . . . . . . . 25238 19656 3507 2075Setembro . . . . . . . . . . . . . 26977 19445 5247 2285

1997Março. . . . . . . . . . . . . . . . 21910 16645 3430 1835Setembro . . . . . . . . . . . . . 24742 18256 5405 1081

1998Março. . . . . . . . . . . . . . . . 25336 18558 5049 1729Setembro . . . . . . . . . . . . . 29180 23611 4315 1254

1999Março. . . . . . . . . . . . . . . . 19549 14903 3012 1634Setembro . . . . . . . . . . . . . 20029 14073 5073 883

2000Março. . . . . . . . . . . . . . . . 20954 13357 5684 1913Setembro . . . . . . . . . . . . . 19709 12866 5787 1056

2001Março. . . . . . . . . . . . . . . . 19561 13629 5496 436

2002Março. . . . . . . . . . . . . . . . 22710 15961 6136 613

Variação (%):Março 00 /Março 01. . . -6.6 2.0 -3.3 -77.2Março 01 /Março 02. . . 16.1 17.1 11.6 40.6

Page 79: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

do significativo aumento do real brasileiro (Qua-dro 11). Porém, a perda de importância do euroapenas se verifica em termos da sua quota, umavez que em termos absolutos se verificou um au-mento das posições em aberto nesta moeda.Importa, no entanto, referir que o aumento dopeso relativo do real brasileiro reflecte sobretudoestratégias de negócio de algumas instituições enão traduz um padrão generalizado pela maioriados participantes no inquérito. Em termos da de-sagregação por pares de moedas continua a verifi-car-se uma grande concentração com cerca de 80%das posições a referirem-se apenas a 3 pares demoedas: EUR/USD, EUR/JPY e EUR/GBP.

A análise da decomposição por contrapartesdos dados recolhidos, permite identificar a manu-tenção de algumas tendências, contrárias às obser-vadas em termos de transacções de derivadoscambiais. Por um lado, continua a verificar-se umaumento do peso das contrapartes não residentes,cuja quota em Março de 2002 se situou em 82%.Este reforço da posição relativa dos não residentesreflecte, sobretudo, o aumento das posições deti-das por empresas financeiras não residentes.Assim, assistiu-se, paralelamente, à continuaçãoda tendência de aumento da quota das contrapar-tes financeiras, em detrimento dos clientes não fi-nanceiros (Quadro 12).

Numa análise desagregada por instrumento ve-rifica-se alguma homogeneidade em termos da de-sagregação por contrapartes e moedas, verifican-do-se que a principal contraparte são as empresasfinanceiras não residentes, sendo a maioria das po-sições cambiais denominadas no par EUR/USD(Quadro13). Importa, no entanto, salientar nos cur-rency swaps o peso significativo alcançado emMarço de 2002 pela cotação EUR/JPY assim comopela cotação USD/BRL (esta última resulta, comojá foi referido, de opções estratégicas específicas deum número muito limitado de instituições). Relati-vamente às opções, há a salientar o peso de 32%da cotação USD/CAD, embora também esta resul-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 85

Textos de política e situação económica

Gráfico 5POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOS

CAMBIAIS OTC

Desagregação por instrumentos

73%77%

64%70% 70%

76%

16% 20%15%

27% 28% 27%

8% 9%

2%7%8%

3%0%

20%

40%

60%

80%

100%

Mar.97 Mar.98 Mar.99 Mar.00 Mar.01 Mar.02

Forwards Currency Swaps Opções OTC

Quadro 11

POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOSCAMBIAIS OTC

Desagregação por moedas

Em percentagem do total

1999 2000 2001 2002

Abr. Abr. Abr. Abr.

EUR . . . . . . . . . . . . . . 92 94 93 85USD . . . . . . . . . . . . . . 69 76 70 73JPY. . . . . . . . . . . . . . . 18 15 17 17GBP . . . . . . . . . . . . . . 14 9 17 13CHF. . . . . . . . . . . . . . 2 1 1 1BRL . . . . . . . . . . . . . . 0 0 8Outras Europa . . . . . 2 3 0 1Outras moedas . . . . 3 2 2 2

Quadro 12

POSIÇÕES EM ABERTODE DERIVADOS CAMBIAIS OTC

Desagregação por contrapartes

Em percentagem do total

1997 1998 1999 2000 2001 2002

Mar. Mar. Mar. Mar. Mar. Mar.

Empresas financeiras. . . 79 70 55 60 68 74

Residentes . . . . . . . . . . . 5 9 8 7 4 3Não residentes . . . . . . . 74 61 47 53 64 71

dos quais zona euro . 17 18Clientes não financeiros 21 30 45 40 32 26

Residentes . . . . . . . . . . 20 28 34 31 22 15Não residentes . . . . . . . 1 2 11 9 10 11dos quais zona euro . 3 3

100 100 100 100 100 100

Total residentes . . . . . . . 25 37 42 38 26 18

Total não residentes. . . . 75 63 58 62 74 82

dos quais zona euro . . 20 21

Page 80: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

tante de opções específicas de um número reduzi-do de instituições.

Em termos da decomposição por prazos verifi-cam-se maiores divergências. As posições em aber-to de forwards e de opções concentram-se nos pra-zos até 1 ano (em particular entre 1 mês e 1 ano),enquanto as posições de currency swaps são na suamaioria em prazos entre 1 e 5 anos. Para a maturi-dade mais alargada dos currency swaps contribuiuo facto deste instrumento surgir associado a opera-ções de cobertura de emissões em moeda estran-geira por parte de algumas instituições.

Derivados sobre taxas de juro

No segmento dos derivados OTC sobre taxasde juro, após a queda verificada em 2001, assis-tiu-se em 2002 a uma reversão total desse movi-mento (Quadro 14).

O forte aumento dos montantes em carteiraquer de interest rate swaps (IRS), quer de opções,mais do que compensou a contracção verificadanos forward rate agreements (FRA). Assim, em ter-mos do peso relativo dos diferentes instrumentos,manteve-se a tendência que se vem a registar des-de 1997 de forte ganho de quota dos IRS em detri-mento dos FRA.

Os IRS continuaram a reforçar a sua posição deinstrumento dominante nas carteiras das institui-ções, tendo alcançado uma quota de 92% emMarço de 2002 (Gráfico 6). Também a nível inter-

86 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 13

POSIÇÕES EM ABERTODE DERIVADOS CAMBIAIS OTC

Caracterização do tipo de negóciopor instrumento

Percentagens das posições em aberto por instrumento

Forwards CurrencySwaps

Opções OTC

2001 2002 2001 2002 2001 2002

Mar. Mar. Ma r. Mar. Mar. Mar.

Contrapartes. . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100

Empresas financeiras . . . . 65 72 75 80 76 74

Residentes . . . . . . . . . . . . 4 3 3 2 30 21Não residentes. . . . . . . . . 61 69 72 78 46 53

dos quais zona euro . 20 20 9 12 0 27Clientes não financeiros . 35 28 25 20 24 26

Residentes . . . . . . . . . . . . 23 13 19 20 16 18Não residentes. . . . . . . . . 12 15 6 0 8 8

dos quais zona euro. . . 4 4 0 0 0 0

Pares de moedas . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100

EUR/USD . . . . . . . . . . . . 59 59 76 56 54 43EUR/JPY . . . . . . . . . . . . 13 9 15 25 36 9EUR/GBP. . . . . . . . . . . . . 17 13 8 8 2 5EUR/CHF . . . . . . . . . . . . 1 1 1 0 0 4EUR/ outras . . . . . . . . . . 1 2 0 0 0 3GBP/USD. . . . . . . . . . . . . 4 2 0 0 0 0USD/JPY . . . . . . . . . . . . . 3 4 0 0 8 4USD/CHF . . . . . . . . . . . . 1 1 0 0 0 0USD/Outras . . . . . . . . . . 1 9 0 11 0 32Outras . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0 0 0

Prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100

[Até 7 dias] . . . . . . . . . . . . 13 9 0 0 10 5]7 dias - 1 mês]. . . . . . . . . 15 18 0 1 13 38]1 mês - 1 ano]. . . . . . . . . . 59 60 13 13 64 46]1 ano - 5 anos] . . . . . . . . . 7 3 72 73 0 11> 5 anos . . . . . . . . . . . . . . . 6 10 15 13 13 0

Quadro 14

POSIÇÕES EM ABERTODE DERIVADOS SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Milhões de dólares

Total FRA IRS OpçõesOTC

OutrosOTC

1995Março . . . . . . . . . . . . . . . 7552 2707 4845 0 0Setembro . . . . . . . . . . . . 15968 7591 7947 430 0

1996Março . . . . . . . . . . . . . . . 28488 17709 10293 486 0Setembro . . . . . . . . . . . . 38805 24046 14282 477 0

1997Março . . . . . . . . . . . . . . . 83853 63373 19472 1008 0Setembro . . . . . . . . . . . . 117103 81229 33809 1664 401

1998Março . . . . . . . . . . . . . . . 133178 84711 44773 3440 254Setembro . . . . . . . . . . . . 130838 68420 57405 4821 192

1999Março . . . . . . . . . . . . . . . 130574 66449 62424 1701 0Setembro . . . . . . . . . . . . 129402 46470 78945 3511 476

2000Março . . . . . . . . . . . . . . . 113297 29788 80558 2656 295Setembro . . . . . . . . . . . . 91268 14904 73330 1787 1247

2001Março . . . . . . . . . . . . . . . 82283 7254 72173 1367 1489

2002Março . . . . . . . . . . . . . . . 104027 933 95230 7864 0

Variação (%): . . . . . . . . . .Março 00 / Março 01. . -27.4 -75.6 -10.4 -48.5 404.7Março 01 / Março 02. . 26.4 -87.1 31.9 475.3 -100.0

Page 81: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

nacional se verifica esta tendência, reflectindo acrescente liquidez do mercado destes instrumen-tos, num contexto de integração do mercado deswaps na área do euro e de uma maior sofisticaçãona gestão de risco. Por outro lado, as opções (devi-do, quer ao aumento das posições neste instru-mento em termos absolutos, quer à redução dosmontantes de FRA) alcançaram o lugar de 2º ins-trumento nos derivados sobre taxa de juro, tendoos FRA passado a apresentar um peso residual.

Na desagregação por moedas, e analisando opeso relativo das taxas de juro de cada divisa, veri-fica-se uma assinalável estabilidade entre 2001 e2002, com as taxas de juro do euro a representaremcerca de 80% dos montantes em carteira (Quadro

15). Importa, no entanto, realçar o reforço da posi-ção das taxas de juro do euro face a 2000, em resul-tado da perda de importância da libra esterlina eda coroa sueca.

Também relativamente à estrutura por contra-partes, é assinalável a estabilidade entre 2001 e2002, quer em termos da divisão entre residentes enão residentes, quer na desagregação entre contra-partes financeiras e não financeiras. As empresasfinanceiras não residentes mantiveram-se como aprincipal contraparte (representando cerca de 84%das posições), sendo de realçar, de entre estas, oaumento do peso das contrapartes residentes nazona euro (Quadro 16).

A análise desagregada por instrumento revelauma relativa homogeneidade em termos demoedas e contrapartes e maior diversidade no quese refere à estrutura por prazos (Quadro 17).Importa, no entanto, realçar que a estrutura dasposições é muito mais estável em termos tempo-rais nos IRS, do que nos restantes instrumentos, re-flectindo a maior liquidez e profundidade do mer-cado deste instrumento (não sendo assim afectadapor alterações da estratégia de negócio de algumasinstituições, o que acontece, nomeadamente, nomercado das opções).

Quanto às moedas, a predominância das taxasde juro do euro é clara nos 3 tipos de instrumen-tos. Relativamente às contrapartes, as empresas fi-nanceiras não residentes revelam-se como a princi-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 87

Textos de política e situação económica

Quadro 15

POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOSSOBRE TAXAS DE JURO OTC

Desagregação por moedas

Em percentagem do total

1999 2000 2001 2002

Abr. Abr. Abr. Abr.

EUR . . . . . . . . . . . . . . . 75 69 80 83USD . . . . . . . . . . . . . . . 7 13 12 11JPY . . . . . . . . . . . . . . . . 0 1 0 0GBP . . . . . . . . . . . . . . . 10 9 5 3Outras Europa . . . . . . 6 2 2Outras moedas. . . . . . 8 2 1 1

Gráfico 6POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOS

SOBRE TAXAS DE JURO OTC

Desagregação por instrumentos

63%

51%

26%

88%91%

9%

1%

76%

23%

34%

72%

48%

3%1%2%

2%1%8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Mar.97 Mar.98 Mar.99 Mar.00 Mar.01 Mar.02

FRA Swaps Opções OTC Outros

2%

Quadro 16

POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOSSOBRE TAXAS DE JURO OTC

Desagregação por contrapartes

Em percentagem do total

1997 1998 1999 2000 2001 2002

Mar. Mar Mar. Mar. Mar. Mar.

Empresas financeiras. . . . 98 97 91 91 93 92Residentes . . . . . . . . . . . . 36 25 17 10 9 8Não residentes . . . . . . . . 62 72 74 81 84 84

dos quais zona euro . 22 32Clientes não financeiros . 2 3 9 9 7 8

Residentes . . . . . . . . . . . . 2 2 2 3 4 6Não residentes . . . . . . . . 0 1 7 6 3 2

dos quais zona euro . 0 1100 100 100 100 100 100

Total residentes . . . . . . . . 38 27 19 13 13 14Total não residentes. . . . . 62 73 81 87 87 86

dos quais zona euro . . . 22 33

Page 82: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

pal contraparte. De salientar que, enquanto o pesodas empresas financeiras não residentes da zonaeuro é de apenas 30% nos IRS e FRA, no caso dasopções estas contrapartes representaram 60% emMarço de 2002. Relativamente às maturidades dasposições em aberto, as posições em prazos inferio-res a 1 mês são praticamente inexistentes. Nos IRSexiste uma maior concentração nos prazos entre 1e 5 anos, enquanto nas opções as posições se divi-dem equitativamente entre os prazos de 1 mês a 1ano e 1 a 5 anos. Por último, as posições em FRAconcentram-se, quase exclusivamente, entre 1 mêse 1ano.

3. MERCADO ORGANIZADO

Os resultados do inquérito de Abril de 2002apontam para uma recuperação da actividade nomercado de bolsa. O volume diário médio de tran-

sacções dos produtos derivados sobre taxas decâmbio e sobre taxas de juro, no mercado de bolsa,situou-se em 3335 milhões de dólares, mais do queseptuplicando face ao averbado em Abril de 2001.A aceleração da actividade das operações em bolsafoi, assim, mais forte do que a registada pelos pro-dutos derivados não tradicionais (currency swaps,FRA, IRS e opções) no mercado de balcão (Gráfico7). O crescimento foi, no entanto, tal como sucedeuno mercado de balcão, basicamente motivado pe-los instrumentos sobre taxas de juro, já que as op-ções e os futuros cambiais continuaram a deter umpeso diminuto no turnover total (Quadro 18).

A análise dos dados relativos às transacções embolsa, do inquérito de Abril de 2002, deverá, con-tudo, ter em conta, que o aumento registado peloturnover reflecte sobretudo a expansão da activida-de reportada por um número muito limitado deinstituições, as quais são responsáveis por cerca de85% do total transaccionado no mercado de bolsa.

Resultante desta distorção, as transacções nosegmento sobre taxas de juro deixaram de se res-tringir aos futuros, como sucedeu até 2001, parapassarem a revelar uma intensa actividade em op-ções, em particular de contratos sobre o dólar embolsas dos EUA. A quota dos futuros desceu para14%, enquanto a das opções aumentou para 86%.

Relativamente às transacções de futuros impor-ta, no entanto, salientar que também registaramum incremento (11%), embora muito menos acen-tuado que o das opções, tendo sido reportadas por

88 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

Quadro 17

POSIÇÕES EM ABERTO DE DERIVADOSSOBRE TAXAS DE JURO OTC

Caracterização do tipo de negócio por instrumento

Percentagens das posições em aberto por instrumento

FRA IRS Opções OTC

2001 2002 2001 2002 2001 2002

Mar. Mar. Mar. Mar. Mar. Mar.

Contrapartes . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100Empresas financeiras. . . . 89 75 95 93 37 83

Residentes . . . . . . . . . . . . 2 9 10 8 0 5Não residentes . . . . . . . . 87 66 85 85 37 78

dos quais zona euro . . 34 30 21 29 16 60Clientes não financeiros . 11 25 5 7 63 17

Residentes . . . . . . . . . . . . 1 24 3 5 59 12Não residentes . . . . . . . . 10 1 2 2 4 5

dos quais zona euro . . 0 1 0 0 0 5

Moedas . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100EUR . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 85 78 83 90 74USD . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 0 13 11 10 21GBP. . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 0 5 3 0 5JPY . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0 0 0SEK . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 2 1 0 0Outras . . . . . . . . . . . . . . . 0 15 2 2 0 0

Prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100 100 100[Até 7 dias] . . . . . . . . . . . 0 0 1 0 0 0]7 dias - 1 mês] . . . . . . . . 0 0 1 3 0 0]1 mês - 1 ano]. . . . . . . . . 98 96 21 26 35 49]1 ano - 5 anos] . . . . . . . . 0 4 48 48 40 47> 5 anos . . . . . . . . . . . . . . 2 0 29 23 25 4

Gráfico 7DERIVADOS OTC E EM BOLSA

Volume diário médio de transacções

76%50%

47%

28%44% 13%24%

50%

53%

72%

56%

87%

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Abr.97 Abr.98 Abr.99 Abr.00 Abr.01 Abr.02

TotalDerivados não tradicionais OTCDerivados em bolsa

Page 83: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

um número mais alargado de instituições do queem Abril de 2001.

O aumento do turnover em contratos sobre ta-xas de juro do euro (118%) registou-se a par de umdecréscimo nas transacções sobre taxas de juro do

dólar (-60%). O incremento de actividade nos con-tratos sobre o euro deu-se no segmento dos futu-ros sobre taxas de juro de curto prazo, os quais re-forçaram, assim, a sua predominância no total dastransacções de futuros, de 54% para 60% (Gráfico8).

Analisando a evolução do tipo de negócio asso-ciado às transacções de futuros sobre taxas de jurode curto e longo prazos (até 1 ano e superiores a 1ano), há ainda a realçar: o aumento do peso dasbolsas estrangeiras da zona euro como contrapar-tes nos contratos de futuros sobre taxas de curtoprazo, contrastando com uma ligeira diminuiçãoda sua importância nos contratos de futuros sobretaxas de longo prazo (Quadro 19); e o reforço doeuro nos contratos de futuros sobre taxas de curtoprazo a par da manutenção da sua quase total do-minância no segmento dos contratos sobre taxasde longo prazo.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 89

Textos de política e situação económica

Gráfico 8FUTUROS SOBRE TAXAS DE JURO

Volume diário médio de transacções

54%

63%

57%

60%

46%

37%

43%

40%

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Abr.99 Abr.00 Abr.01 Abr.02

Futuros sobre taxas de juro < 1 anoFuturos sobre taxas de juro > 1 ano

Quadro 18

DERIVADOS TRANSACCIONADOS EM BOLSA

Volume diário médio de transacções

Milhões de dólares

Total Deriva-dos

cambiais

% Deriva-dos so-

bre taxasde juro

%

1997Abril . . . . . . . . . . . 473 0 0.0 473 100.0Outubro. . . . . . . . . 570 0 0.0 570 100.0

1998Abril . . . . . . . . . . . 1055 2 0.2 1053 99.8Outubro. . . . . . . . . 685 1 0.1 684 99.9

1999Abril . . . . . . . . . . . 598 1 0.2 597 99.8Outubro. . . . . . . . . 728 1 0.1 727 99.9

2000Abril . . . . . . . . . . . 1158 1 0.1 1157 99.9Outubro. . . . . . . . . 574 0 0.0 574 100.0

2001Abril . . . . . . . . . . . 435 2 0.5 433 99.5

2002Abril . . . . . . . . . . . 3338 3 0.1 3335 99.9

Variação (%): . . . . . . . .Abril 00/Abril 01 . . . -62.4 100.0 -62.6Abril01/Abril 02 . . . 667.4 50.0 670.2

Quadro 19

FUTUROS SOBRE TAXAS DE JURO

Caracterização do tipo de negócio

Percentagens do turnover total por instrumento

Futuros sobretaxas de juro

inferiores a 1 ano

Futuros sobretaxas de juro

superiores a 1 ano

2001 2002 2001 2002

Contrapartes . . . . . . . . . . .Bolsas estrangeiras . . . . 100 100 100 100

zona euro . . . . . . . . . . 14 55 94 92fora da zona euro. . . . 86 45 6 8

Moedas . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100EUR. . . . . . . . . . . . . . . . . 35 57 92 91USD. . . . . . . . . . . . . . . . . 60 30 7 8JPY . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0GBP. . . . . . . . . . . . . . . . . 5 7 1 1CHF . . . . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0Outras . . . . . . . . . . . . . . 0 6 0 0

Prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100[Até 7 dias]. . . . . . . . . . . 22 33 60 57]7 dias - 1 mês] . . . . . . . 0 0 0 0]1 mês - 1 ano] . . . . . . . . 65 60 40 9]1 ano - 5 anos] . . . . . . . 13 7 0 34> 5 anos . . . . . . . . . . . . . 0 0 0 0

Condução da operação . . 100 100 100 100Dealing automático . . . . . . 0 0 0 0Broker . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 100 100 100Electronic broker . . . . . . . . . 0 0 0 0Outro (inclui telefone) . . . 0 0 0 0

Page 84: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

4. GRAU DE CONCENTRAÇÃO DO VOLUMEDE TRANSACÇÕES NOS MERCADOS DECÂMBIOS E DE PRODUTOS DERIVADOS

Os dados recolhidos nos inquéritos realizadosem 2001 e 2002 realçam a heterogeneidade das ten-dências de evolução do grau de concentração entreos diferentes segmentos de mercado(7). O aumentoda concentração a que se havia assistido em anosanteriores na sequência, sobretudo, do processo dereestruturação do sector bancário, registou uma in-terrupção em 2002, que se verificou de forma maisclara no segmento dos derivados cambiais.

No entanto, o grau de concentração do merca-do português continua a revelar-se bastante eleva-do. Quer em termos de volumes transaccionados,quer em termos das posições em aberto, as três eseis instituições financeiras(8) mais activas detêmquotas conjuntas superiores a 50% e 80%, respecti-vamente (Quadros 20 e 21).

Relativamente ao segmento dos derivados cam-biais, constata-se uma significativa redução dograu de concentração, quer no que se refere àstransacções, quer em termos das posições. Sendoos foreign exchange swaps o instrumento com maior

peso, a estrutura dos derivados cambiais é forte-mente condicionada pela estrutura deste segmen-to, em que se verifica actualmente uma distribui-ção de quotas entre as instituições mais activas si-gnificativamente mais homogénea.

Nos derivados sobre taxas de juro verifica-seum aumento do grau de concentração dos volu-mes transaccionados pelas 3 e 6 instituições maisactivas. Porém, este movimento não reflecte umasubida generalizada da concentração nos diversosinstrumentos sobre taxas de juro, mas um acrésci-mo da concentração no segmento das opções de

90 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Textos de política e situação económica

(7) O cálculo das quotas de mercado foi baseado em todas as ope-rações reportadas, quer sejam relativas ao mercado de balcão,quer ao mercado de bolsa.

(8) Em termos das instituições financeiras intervenientes no mer-cado português há a considerar duas realidades distintas: i) ados bancos pertencentes a grupos financeiros portugueses; e ii)a dos bancos que intervêm individualmente no mercado portu-guês. Dada a estratégia conjunta que geralmente é adoptadapor cada grupo financeiro, na análise das quotas foi considera-do o peso conjunto das várias instituições que compõem ummesmo grupo e não o seu peso individual.

Quadro 20

VOLUMES TRANSACCIONADOS

Indicadores de concentração

n Q 3 Q 6

Spot1997 . . . . . . . . . . . . . . . . 29 62.8 85.21998 . . . . . . . . . . . . . . . . 28 56.3 82.41999 . . . . . . . . . . . . . . . . 28 67.1 85.22000 . . . . . . . . . . . . . . . . 27 70.0 87.12001 . . . . . . . . . . . . . . . . 25 70.5 88.82002 . . . . . . . . . . . . . . . . 26 64.4 92.4

Derivados cambiais1997 . . . . . . . . . . . . . . . . 23 69.0 87.31998 . . . . . . . . . . . . . . . . 26 61.6 87.61999 . . . . . . . . . . . . . . . . 26 75.3 86.32000 . . . . . . . . . . . . . . . . 21 82.7 94.62001 . . . . . . . . . . . . . . . . 22 75.9 88.82002 . . . . . . . . . . . . . . . . 20 54.3 84.8

Derivados taxa juro1997 . . . . . . . . . . . . . . . . 14 69.7 93.21998 . . . . . . . . . . . . . . . . 15 71.6 96.11999 . . . . . . . . . . . . . . . . 13 68.6 92.42000 . . . . . . . . . . . . . . . . 10 85.0 99.22001 . . . . . . . . . . . . . . . . 11 75.6 97.02002 . . . . . . . . . . . . . . . . 13 94.2 99.4

Quadro 21

POSIÇÕES EM ABERTO

Indicadores de concentração

n Q 3 Q 6

Derivados cambiais

1997 . . . . . . . . . . . . . . . 23 54.0 75.21998 . . . . . . . . . . . . . . . 26 53.3 64.61999 . . . . . . . . . . . . . . . 26 38.6 50.02000 . . . . . . . . . . . . . . . 21 69.8 88.82001 . . . . . . . . . . . . . . . 22 70.8 88.52002 . . . . . . . . . . . . . . . 20 55.9 82.2

Derivados taxa juro

1997 . . . . . . . . . . . . . . . 14 74.9 89.61998 . . . . . . . . . . . . . . . 15 81.2 94.51999 . . . . . . . . . . . . . . . 13 68.9 89.62000 . . . . . . . . . . . . . . . 10 84.9 98.62001 . . . . . . . . . . . . . . . 11 87.7 97.92002 . . . . . . . . . . . . . . . 13 84.8 96.8

Derivados acções

1997 . . . . . . . . . . . . . . . - - -1998 . . . . . . . . . . . . . . . - - -1999 . . . . . . . . . . . . . . . - - -2000 . . . . . . . . . . . . . . . 6 94.0 100.02001 . . . . . . . . . . . . . . . 8 85.7 99.82002 . . . . . . . . . . . . . . . 13 82.6 99.2

Page 85: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

bolsa (resultante de um aumento muito significati-vo da actividade reportada por um número muitolimitado de instituições). De facto, este é um seg-mento tradicionalmente afectado pelo carácteralgo irregular das opções estratégicas das institui-ções que nele participam. No mesmo sentido, emtermos das posições em aberto, não se verificou amesma evolução, tendo os valores de Q3 e Q6 re-gistado uma ligeira redução.

Por último, no segmento dos derivados sobreacções, regista-se uma redução do grau de concen-tração em termos das posições em aberto. Estaevolução deverá traduzir o desenvolvimento destemercado ainda recente, em que se verifica um pro-gressivo aumento do número de instituições quenele participam.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 91

Textos de política e situação económica

Page 86: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

INDICADORES COMPÓSITOS PARA A ACTIVIDADE ECONÓMICANA ÁREA DO EURO*

António Rua**

1. INTRODUÇÃO

Num contexto de política monetária comum, oacompanhamento da evolução da actividade eco-nómica na área do euro, numa base regular, assu-me uma especial relevância. Apesar da melhoriaque se tem vindo a registar, a informação estatísti-ca disponível referente à área do euro como umtodo é ainda relativamente limitada e publicadacom algum desfasamento. No âmbito da avaliaçãoda situação económica é importante dispor de me-didas sintéticas representativas da actividade noconjunto da economia. A medida que reconhecida-mente melhor se enquadra neste perfil é o ProdutoInterno Bruto (PIB). Contudo, o PIB só é disponibi-lizado trimestralmente e divulgado com um atrasosignificativo, o que dificulta uma avaliação fre-quente e em tempo útil da evolução da actividadeeconómica. De facto, a primeira estimativa para oPIB da área do euro num dado trimestre é divulga-da 70 dias após o fim desse trimestre.(1) Assim, sur-ge a necessidade de recorrer a outras medidas sin-téticas que forneçam atempadamente e de formamais frequente informação acerca da evolução daeconomia na área do euro. O objectivo deste artigoé o de avaliar o desempenho de alguns indicado-res económicos compósitos, que estão a ser actual-mente produzidos e divulgados numa base regu-

lar por diversos organismos, em que se incluem aComissão Europeia, a Organização para a Coope-ração e Desenvolvimento Económico (OCDE) e oCentre for Economic Policy Research (CEPR). Preten-de-se averiguar em que medida estes indicadorescompósitos permitem acompanhar o crescimentodo PIB. Para tal, é feito recurso a técnicas quer nodomínio temporal quer no domínio da frequência.

Este artigo encontra-se organizado da seguinteforma. Na secção 2 é feita uma breve descrição dametodologia utilizada para avaliar os indicadorescompósitos. Na secção 3 são apresentadas as prin-cipais características dos indicadores produzidospelos diferentes organismos e é feita uma avalia-ção global do seu desempenho. A secção 4 abordaquestões adicionais relativas à utilização práticados indicadores e a secção 5 conclui.

2. METODOLOGIA

Para avaliar as propriedades de um determina-do indicador compósito é necessário confrontá-locom uma série de referência que se considerecomo representativa da evolução da actividadeeconómica na área do euro. Esta escolha recaiu na-turalmente sobre o PIB, dado ser a variável maisabrangente de entre as estatísticas oficiais publica-das para a área do euro e por ser acompanhada re-gularmente na análise de conjuntura económica.Dado que a série do PIB é trimestral, a avaliaçãodos indicadores foi feita em termos trimestrais(não obstante estes serem de periodicidade men-sal). Assim, cada indicador compósito foi compa-rado com a taxa de variação em cadeia e/ou taxade variação homóloga do PIB, consoante o apro-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 95

Artigos

* As opiniões expressas neste artigo são da inteira responsabili-dade do autor e não coincidem necessariamente com a posiçãodo Banco de Portugal.

** Departamento de Estudos Económicos.O autor agradece os comentários e sugestões de MaximianoPinheiro, Pedro Duarte Neves, Marta Abreu, Ildeberta Abreu eJosé Ferreira Machado.

(1) Além disso, esta estimativa é susceptível de ser revista (a se-gunda estimativa e a estimativa final são disponibilizadas comum atraso de 100 e 120 dias, respectivamente).

Page 87: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

priado em cada caso. Em relação ao período amos-tral, foi adoptado o período mais longo comumdisponível para os indicadores analisados — 1988I a 2001 IV — por forma a facilitar a comparaçãode resultados. Dado que a série oficial do PIB daárea do euro disponibilizada pelo Eurostat se iniciaem 1991, foi necessário retropolar esta série, ten-do-se utilizado para o efeito a série construída porFagan et al. (2001).(2)

A avaliação do comportamento do indicadorcompósito face à evolução da série de referênciafoi feita recorrendo quer a técnicas convencionaisno domínio temporal quer a técnicas no domínioda frequência. Em primeiro lugar, a relação entre oindicador e o PIB foi analisada com recurso ao cor-relograma cruzado. O correlograma cruzado ba-seia-se no coeficiente de correlação linear entre asvariáveis para vários desfasamentos, que não émais do que uma medida do grau de associação li-near entre as variáveis. O desfasamento onde acorrelação é máxima foi utilizado para classificar oindicador compósito como atrasado, coincidenteou avançado.

Em segundo lugar, recorreu-se à análise espec-tral. A ideia fundamental subjacente à análise nodomínio da frequência é a de que qualquer proces-so estacionário pode ser visto como a soma de umnúmero infinito de componentes periódicas nãocorrelacionadas (teorema da representação espec-tral). A análise no domínio da frequência permi-te-nos estudar a relação entre as componentes pe-riódicas das variáveis associadas a uma determi-nada frequência �, ou seja, de periodicidade

2�

�unidades de tempo. Foram calculadas três medi-das no domínio da frequência: a coerência, a fase ea correlação dinâmica.(3) A coerência pode ser in-terpretada como sendo o valor absoluto do coefici-ente de correlação entre as duas variáveis em de-terminada frequência, abstraindo do eventual des-fasamento existente entre as duas variáveis. Porsua vez, a fase mede o desfasamento existente en-tre as variáveis em determinada frequência. A cor-relação dinâmica não é mais do que o coeficientede correlação contemporânea entre as variáveis emdeterminada frequência.

Em terceiro lugar, testou-se a causalidade deGranger entre o indicador compósito e a variávelde referência, no sentido de avaliar se os valorespassados do indicador compósito contribuem paramelhorar as previsões do valor corrente da variá-vel de referência. Na prática, este teste consiste emestimar um modelo vectorial autoregressivo (VAR)bivariado de ordem p irrestrito(4) e testar se o indi-cador compósito pode ser eliminado da parte doVAR que descreve a dinâmica da variável de refe-rência. A hipótese nula do teste é a de que o indi-cador compósito não causa, no sentido de Granger,a variável de referência.

Finalmente, os indicadores compósitos foramavaliados em função do momento do tempo emque são divulgados e pelo facto de serem disponi-bilizados mensalmente.

Para aferir da utilidade acrescida que decorreda utilização de cada indicador compósito noacompanhamento da evolução do PIB, o desempe-nho do indicador foi comparado com o de umbenchmark. Este benchmark destina-se a estabelecerum critério mínimo de desempenho a ser preen-chido pelos indicadores analisados. Neste sentido,considerou-se que um possível benchmark consisti-ria em ajustar um processo autoregressivo à sériede referência. Esta abordagem permite avaliar emque medida se pode aferir da evolução presente dasérie de referência utilizando apenas informaçãopassada. Assim, ajustou-se um processo autore-gressivo de ordem p à taxa de variação em cadeiado PIB e utilizando uma abordagem do geral parao particular, obteve-se o seguinte processo AR(1)para a taxa de variação em cadeia do PIB (tvc)(com os respectivos t-rácios):

tvc tvct t� . .

( . ) ( . )� � �033 037 1

3 57 2 96

R2 = 0.14 Desvio-padrão = 0.44 DW = 2.05 T = 56.

No Gráfico 1, compara-se a evolução do bench-mark com a da série de referência. A correlaçãocontemporânea entre a taxa de variação em cadeiado PIB e a obtida com o modelo AR(1) é de 0.37.Uma vez obtida uma estimativa para a taxa de va-riação em cadeia do PIB num dado trimestre éimediata a obtenção da taxa de variação homóloga

96 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(2) Refira-se que os resultados apresentados na secção seguintenão diferem substancialmente dos que seriam obtidos utilizan-do apenas o período para o qual está disponível a série oficialdo Eurostat.

(3) Ver Anexo para mais detalhes.(4) A ordem do VAR foi determinada minimizando o critério de

Schwarz.

Page 88: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

correspondente, uma vez que se encontra disponí-vel a informação relativa aos três trimestres ante-riores (Gráfico 2). A correlação entre a taxa de va-riação homóloga observada do PIB e a obtida coma referida estimativa é de 0.95.

3. INDICADORES COMPÓSITOS

Os indicadores compósitos pretendem sinteti-zar num único indicador a informação contidanum conjunto de variáveis económicas. Este con-junto pode compreender, por exemplo, informaçãode natureza qualitativa proveniente de inquéritos

de opinião realizados em diversos sectores econó-micos, indicadores da actividade real interna e ex-terna, bem como variáveis monetárias e financei-ras. A selecção das variáveis a incluir no indicadoré feita com base em critérios de natureza estatísticae económica, procurando tanto quanto possívelque o indicador compósito obtido seja representa-tivo de toda a economia. Em geral, após a referidaselecção, as variáveis são normalizadas (de formaa evitar que as séries com maior amplitude cíclicadominem o indicador) e posteriormente agrega-das. Desta forma, é obtida uma medida sintéticada evolução da actividade económica.

Os indicadores analisados neste artigo são o�COIN divulgado pelo CEPR, o Composite LeadingIndicator desenvolvido pela OCDE, o Economic Sen-timent Indicator e o Business Climate Indicator pro-postos pela Comissão Europeia e o HandelsblattIndicator utilizado pelo jornal alemão Handelsblatt.

3.1. �COIN

O CEPR publica um indicador coincidente parao ciclo económico da área do euro, o �COIN, que sedestina a facilitar a avaliação da situação económi-ca corrente.(5) A construção deste indicador partedo pressuposto de que o PIB, apesar de ser umaboa medida sintética da actividade económica, éafectado por erros de medição e ruído que dificul-tam a análise do estado da economia. Daí que, oobjectivo do indicador seja o de proporcionar aodecisor de política económica uma medida da acti-vidade isenta desse ruído. O indicador é de perio-dicidade mensal e baseia-se num conjunto alarga-do de informação (que inclui dados referentesquer às seis maiores economias da área do euroquer à área do euro como um todo e abrangendoos diversos sectores da actividade económica). Omodelo subjacente ao �COIN pode ser descrito su-mariamente da seguinte forma. Cada variável évista como a soma de duas componentes indepen-dentes, a componente comum e a componenteidiossincrática. A componente comum é determi-nada por um número reduzido de factores comunsa todas as variáveis,(6) enquanto que a componenteidiossincrática é afectada exclusivamente por fac-tores específicos à própria variável. Por seu lado, a

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 97

Artigos

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

1988T1 1990T1 1992T1 1994T1 1996T1 1998T1 2000T1

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

(em

pe

rce

nta

ge

m)

PIB

Benchmark

Gráfico 1TAXA DE VARIAÇÃO EM CADEIA DO PIB

E A RESULTANTE DO MODELO AR(1)

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

1988T1 1990T1 1992T1 1994T1 1996T1 1998T1 2000T1

Taxa

de

vari

açã

oe

mca

de

ia(e

mp

erc

en

tag

em

)

PIB

Benchmark

Gráfico 2TAXA DE VARIAÇÃO HOMÓLOGA DO PIBE A OBTIDA UTILIZANDO A ESTIMATIVAPARA A TAXA DE VARIAÇÃO EM CADEIA

RESULTANTE DO MODELO AR(1)

(5) Ver Altissimo et al. (2001).(6) Empiricamente, foram considerados quatro factores comuns.

Page 89: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

componente comum é vista como a soma de duascomponentes independentes, a componente cíclicae a componente de curto prazo, sendo esta últimacaracterizada por uma elevada volatilidade.(7) Aidentificação destas componentes não observáveisé feita recorrendo ao conjunto alargado de infor-mação atrás mencionado, em que todas as variá-veis são previamente corrigidas de sazonalidade,estacionarizadas e normalizadas.(8) O �COIN é de-finido como sendo a componente cíclica da com-ponente comum do PIB.(9)

O �COIN é utilizado pelo CEPR para acompa-nhar a evolução da taxa de variação em cadeia tri-mestral do PIB da área do euro.(10) Através da ins-pecção gráfica (Gráfico 3) torna-se evidente o efei-to resultante da eliminação das flutuações de curtoprazo aquando do cálculo do indicador. De facto, o�COIN fornece uma versão alisada da evolução dataxa de variação em cadeia do PIB, permitindodesta forma obviar os problemas de interpretaçãoda evolução da actividade económica decorrentesda irregularidade patente na referida taxa.

A correlação máxima entre este indicador e ataxa de variação em cadeia do PIB é dada pela cor-

relação contemporânea que apresenta um valor de0.78 (isto é, superior à obtida com o modelo bench-mark AR(1)) (Gráfico 4). As características de indi-cador coincidente são confirmadas no domínio dafrequência. O desfasamento é negligenciável e acorrelação dinâmica regista valores muito eleva-dos. Além disso, apresenta uma coerência particu-larmente elevada nas frequências baixas (isto é, emciclos longos) face ao observado nas frequênciasaltas (isto é, em ciclos curtos), visto que o indica-dor descura precisamente a componente associadaa estas últimas. Adicionalmente, o �COIN causa àGranger a taxa de variação em cadeia do PIB. Vis-to que o indicador apresenta uma correlação com ataxa de variação em cadeia do PIB mais elevada doque a obtida com o modelo AR(1), torna-se evi-dente que a estimativa que daí decorre para a taxade variação homóloga também será melhor. Defacto, a correlação entre a taxa de variação homó-loga do PIB e a obtida recorrendo à estimativa queo indicador proporciona para a taxa de variaçãoem cadeia é de 0.98.(11)

3.2 Composite Leading Indicator

A OCDE desenvolveu um conjunto de indica-dores compósitos com o intuito de permitir umamelhor avaliação da situação económica actual ede antecipar desenvolvimentos futuros nos paísesmembros. O Composite Leading Indicator (CLI),(12)

tem por objectivo principal antecipar os pontos deviragem da actividade económica e resulta daagregação de diversas variáveis que manifestamter um comportamento avançado face ao ciclo eco-nómico (em particular, face ao ciclo da produçãoindustrial, que é tomada pela OCDE como proxyda actividade económica). Contudo, dada a seme-lhança entre o ciclo da produção industrial e o doPIB, a OCDE alega que o CLI pode ser usado paraavançar este último. A definição de ciclo utilizadapela OCDE refere-se a desvios face à tendência delongo prazo.(13) A pré-selecção das séries a incluirno indicador compósito, que é de periodicidademensal, foi feita com base nos seguintes critérios:relevância económica, comportamento cíclico e

98 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 3PIB E �COIN

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

1988T1 1990T1 1992T1 1994T1 1996T1 1998T1 2000T1

Taxa

de

vari

açã

oe

mca

de

ia(e

mp

erc

en

tag

em

)

PIB

�COIN

(7) Em particular, foram incluídas nesta componente todas as flu-tuações de periodicidade inferior a 14 meses.

(8) O método utilizado assenta na metodologia proposta por Forniet al. (2000).

(9) A série mensal para o PIB foi obtida através da interpolação li-near da série trimestral.

(10)Refira-se que o CEPR alerta para o facto de que os últimos va-lores do indicador devem ser interpretados com precaução vis-to basearem-se em informação parcial e preliminar.

(11)O indicador foi normalizado por forma a ter a mesma média edesvio-padrão da taxa de variação em cadeia do PIB no perío-do amostral considerado.

(12)Ver OCDE (1987).

Page 90: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

qualidade estatística (ou seja, um grau de cobertu-ra significativo, periodicidade mensal, divulgaçãoatempada, inexistência de quebras estatísticas ealvo de revisões pouco frequentes). A selecção fi-nal das componentes do CLI foi feita de forma amaximizar o seu desempenho em termos de detec-

ção dos pontos de viragem, correlação com a sériede referência e cobertura, tanto quanto possível,de diferentes sectores da economia. As séries quefazem parte do CLI sofrem um conjunto de trans-formações: as séries trimestrais são convertidas emmensais através de interpolação linear, são alisa-das (de forma a reduzir a irregularidade no indica-dor final), normalizadas, ponderadas e finalmenteagregadas (na forma de desvios em relação à ten-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 99

Artigos

Gráfico 4MEDIDAS DE CO-MOVIMENTO ENTRE A TAXA DE VARIAÇÃO EM CADEIA DO PIB E O �COIN

(13)Esta tendência é estimada utilizando o método Phase AverageTrend (PAT) desenvolvido pelo NBER.

�8 �6 �4 �2 0 2 4 6 8�1

�0.5

0

0.5

1

Correlação cruzada(a)

Desfasamento

Coerência(b)

Fase(c)

0 �

������2�

�8

�6

�4

�2

0

2

4

6

8

Frequência

Correlação dinâmica

0 �

������2�

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Frequência

0 �

������2�

�1

�0.5

0

0.5

1

Frequência

Notas:(a) Um desfasamento positivo deve ser interpretado como o atraso, em termos de períodos, do indicador compósito face à variável

de referência. Os valores fora do intervalo delimitado pelas linhas a tracejado são considerados significativamente diferentes dezero. O intervalo de confiança (com um nível de significância de 5 por cento) é dado aproximadamente por �196. T em que Té o número total de observações.

(b) Os valores acima da linha a tracejado são considerados significativamente diferentes de zero (com um nível de significância de5 por cento) (ver Koopmans (1974)).

(c) A fase aparece medida em períodos de tempo. Neste caso, um valor positivo para a fase deve ser interpretado como o atraso,em termos de períodos, do indicador compósito face à variável de referência.

Page 91: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

dência de longo prazo).(14) Em geral, para cadapaís, o CLI é uma média simples das componen-tes.(15) O CLI para a área do euro resulta da agrega-ção dos países que a constituem, utilizando ponde-radores derivados da produção na indústria.

A OCDE disponibiliza o CLI quer como ratio totrend, isto é, desvio em relação à tendência de lon-go prazo, quer como trend restored,(16) ou seja,numa forma directamente comparável com a dasérie de referência original. Assim sendo, proce-deu-se à análise do comportamento do CLI trendrestored tomando a sua variação em cadeia e com-parando-a com a variação equivalente do PIB.Através da análise gráfica (Gráfico 5), a variaçãoem cadeia do CLI aparenta ser um indicador avan-çado.

Tal é confirmado pelo facto da correlação máxi-ma, 0.55, ser atingida no desfasamento -1 (isto é,não só a correlação máxima é superior à obtidacom recurso ao modelo AR(1) como também apre-senta um avanço) (Gráfico 6). Note-se, contudo,que a correlação cruzada no desfasamento -2 épraticamente igual à registada no desfasamento -1.Do ponto de vista da análise espectral, saliente-se

o facto de se confirmar o avanço face à série de re-ferência, em particular, em frequências relativa-mente baixas, ou seja, em ciclos relativamente lon-gos. Também neste caso, causa à Granger a varia-ção em cadeia do PIB. Além disso, utilizando asestimativas que o indicador proporciona para ataxa de variação em cadeia do PIB(17) em cada tri-mestre e a informação passada disponível,obtém-se uma correlação máxima com a taxa devariação homóloga do PIB de 0.82 no desfasamen-to -1.

3.3 Economic Sentiment Indicator

Os inquéritos de opinião realizados nos diver-sos sectores da economia proporcionam uma dasfontes privilegiadas de informação acerca da acti-vidade económica, na medida em que a evoluçãoda mesma é determinada pelo comportamento dosagentes económicos, que é por sua vez condiciona-do pelo meio que os rodeia. Os diversos agenteseconómicos são inquiridos quer sobre aspectos di-rectamente relacionados com a sua actividade quersobre variáveis sobre as quais não têm controlo.Com base nos inquéritos de opinião realizadosmensalmente nos países da área do euro, a Comis-são Europeia construiu um indicador compósito,designado por Economic Sentiment Indicator (ESIN),com o objectivo de reflectir a evolução da activida-de económica global.(18) O ESIN é calculado comouma média ponderada de indicadores de con-fiança para diferentes sectores da economia, no-meadamente confiança na indústria (com um pesode 40 por cento), dos consumidores (20 por cento),na construção (20 por cento) e no comércio a reta-lho (20 por cento).(19) Refira-se que cada indicadorde confiança é obtido como uma média aritmética

100 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 5PIB E CLI

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

1988T1 1990T1 1992T1 1994T1 1996T1 1998T1 2000T1

Taxa

de

vari

açã

oe

mca

de

ia(e

mp

erc

en

tag

em

)

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

Taxa

de

vari

açã

oe

mca

de

ia(e

mp

erc

en

tag

em

)

PIB

CLI (esc. dir.)

(14)Além disso, a amplitude cíclica do CLI é ajustada de forma aser semelhante à da série de referência.

(15)Refira-se que, em particular, os últimos valores do CLI podemestar sujeitos a revisões significativas. Tal deve-se ao facto dadivulgação atempada do CLI obrigar a que este seja por vezescalculado com base em informação relativa a apenas parte dassuas componentes. Além disso, as estimativas da tendência, emparticular no período mais recente, podem ser substancialmen-te revistas na presença de dados adicionais.

(16)É obtido multiplicando o CLI ratio to trend pela tendência da sé-rie de referência. A tendência para uma zona geográfica é obti-da agregando com os pesos referidos as tendências dos paísespertencentes a essa zona.

(17)Após normalização, tal como indicado na nota de rodapé 11.(18)Ver Comissão Europeia (1997).(19)Refira-se que a actual composição do ESIN foi introduzida em

2001 (ver Comissão Europeia (2001)), com o objectivo de res-tringir o ESIN aos resultados dos inquéritos de opinião aos em-presários e aos consumidores e de melhorar as suaspropriedades estatísticas como indicador compósito. De acordocom informação da Comissão Europeia, os restantes procedi-mentos de cálculo do indicador (ver Comissão Europeia (1997))mantiveram-se inalterados.

Page 92: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

dos saldos de respostas extremas (corrigidos devariações sazonais (c.v.s.)) a algumas questões dorespectivo inquérito. Para obter o ESIN, as primei-ras diferenças das séries que o compõem são nor-malizadas, ponderadas (utilizando os pesos referi-dos) e posteriormente acumuladas para se obterum índice.

Seguindo o procedimento da Comissão Euro-peia, a avaliação deste indicador foi efectuada to-mando como referência a taxa de variação homó-loga do PIB. Através da inspecção gráfica da suaevolução ao longo do tempo (Gráfico 7), é possívelconstatar que o ESIN tem acompanhado de formarazoável o comportamento da série de referência,apesar de um comportamento menos satisfatóriono final do período amostral.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 101

Artigos

Gráfico 6MEDIDAS DE CO-MOVIMENTO ENTRE A TAXA DE VARIAÇÃO EM CADEIA DO PIB

E A TAXA DE VARIAÇÃO EM CADEIA DO CLI

Correlação cruzada

�8 �6 �4 �2 0 2 4 6 8�1

�0.5

0

0.5

1

Desfasamento

Coerência

0 �

������2�

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Frequência

Fase

0 �

������2�

�8

�6

�4

�2

0

2

4

6

8

Frequência

Correlação dinâmica

0 �

������2�

�1

�0.5

0

0.5

1

Frequência

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

1988T1 1990T1 1992T1 1994T1 1996T1 1998T1 2000T1

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

(em

pe

rce

nta

ge

m)

90

92

94

96

98

100

102

104

106

Índ

ice

(19

95

=1

00

)

PIB

ESIN (esc. dir.)

Gráfico 7PIB E ESIN

Page 93: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Mediante as correlações cruzadas obtidas (Grá-fico 8), é possível verificar que o ESIN atinge a cor-relação máxima com a variação homóloga do PIB,0.86, no desfasamento 1, o que parece indicar queeste se comporta como um indicador ligeiramenteatrasado. Assim, quer em termos de correlaçãomáxima quer em termos de desfasamento, este in-dicador comporta-se pior do que o benchmark con-siderado. Recorrendo à análise espectral é possívelverificar que, em frequências relativamente baixas,o ESIN apresenta uma coerência elevada e um li-geiro atraso. Adicionalmente, é possível concluirque o ESIN causa à Granger a variação homólogado PIB.

3.4 Business Climate Indicator

A Comissão Europeia, perante a necessidade deuma melhor compreensão do ciclo económico naárea do euro, desenvolveu um indicador baseadono inquérito de opinião mensal à indústria trans-formadora destinado a avaliar de forma atempadaa situação cíclica na área, o Business Climate Indica-tor (BCI).(20) Embora a indústria represente menosde 25 por cento da produção na área do euro, estaescolha foi justificada pelo facto das flutuações daactividade industrial serem responsáveis por maisde metade das variações do PIB e por escassez dedados, em particular, referentes aos serviços. De

102 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 8MEDIDAS DE CO-MOVIMENTO ENTRE A VARIAÇÃO HOMÓLOGA DO PIB E O ESIN

�8 �6 �4 �2 0 2 4 6 8�1

�0.5

0

0.5

1

Correlação cruzada

Desfasamento

Coerência

0 �

������2�

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Frequência

Fase

0 �

������2�

�8

�6

�4

�2

0

2

4

6

8

Frequência

Correlação dinâmica

0 �

������2�

�1

�0.5

0

0.5

1

Frequência

(20)Ver Comissão Europeia (2000).

Page 94: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

entre as questões que são colocadas aos industriaisdos países da área do euro, a Comissão Europeiadecidiu integrar neste indicador as seguintes: ten-dência da produção nos últimos meses, carteira deencomendas, carteira de encomendas para expor-tação, stocks e expectativas de produção.(21) No cál-culo do BCI são utilizados os saldos de respostasextremas a cada uma destas questões, c.v.s. O indi-cador destina-se a captar a componente comum aeste conjunto de séries, assumindo para tal quecada variável pode ser descrita como a soma deum factor comum a todas e de uma componenteidiossincrática.(22) De acordo com a Comissão Eu-ropeia, o BCI pode ser interpretado como qualqueroutra questão do inquérito, isto é, o nível pode sercomparado com uma média histórica e quer osmovimentos de curto prazo quer a tendência po-dem ser analisados. Assim, um nível elevado (bai-xo) sinaliza uma posição cíclica favorável (adver-sa) e uma subida (descida) aponta para uma me-lhoria (deterioração) da actividade económica.

A Comissão Europeia compara a evolução des-te indicador com a taxa de variação homóloga daprodução industrial na área do euro. Similarmen-te, neste artigo, decidiu-se utilizar, para efeitos de

avaliação do BCI, a taxa de variação homóloga doPIB como medida da evolução da actividade eco-nómica. A análise gráfica (Gráfico 9) mostra que oBCI tem apresentado uma evolução semelhante àda variação homóloga do PIB.

A correlação cruzada máxima com a série de re-ferência corresponde à correlação contemporânea,0.88 (Gráfico 10). Ou seja, o BCI revela-se um indi-cador coincidente e com um elevado grau de asso-ciação linear (embora inferior aquele que pode serobtido com o benchmark sugerido). A conclusãoque se retira da análise no domínio da frequência éidêntica. Em frequências relativamente baixas, oBCI apresenta uma coerência elevada e, em média,uma fase nula, o que se traduz naturalmente numacorrelação dinâmica elevada. Além disso, este in-dicador também causa à Granger a taxa de varia-ção homóloga do PIB.

3.5 Handelsblatt Indicator

Em contraste com os dois últimos indicadorescompósitos apresentados, que se baseiam exclusi-vamente em inquéritos de opinião, o indicador di-vulgado pelo jornal alemão Handelsblatt (HI), utili-za igualmente dados quantitativos.(23) Este indica-dor mensal, destinado a acompanhar a conjunturaeconómica na área do euro, é calculado como umamédia ponderada de seis séries (após normaliza-ção). As séries são: indicadores de confiança na in-dústria e dos consumidores da Comissão Europeiac.v.s. (com pesos de 40 e 10 por cento, respectiva-mente), crescimento face ao mês anterior da pro-dução industrial (excluindo construção) c.v.s. (20por cento), crescimento homólogo do agregadomonetário M2 (10 por cento), crescimento homólo-go do índice harmonizado de preços no consumi-dor (10 por cento, com sinal simétrico) e a diferen-ça entre a taxa de rendibilidade das obrigações dedívida pública a 10 anos e a taxa de juro a 3 meses(10 por cento).

O Handelsblatt utiliza como série de referência ataxa de variação média anual do PIB terminadaem cada trimestre. Em linha com este procedimen-to, decidiu-se avaliar o desempenho do HI face àtaxa de variação homóloga do PIB. A evolução re-vela-se bastante semelhante(24) (Gráfico 11).

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 103

Artigos

Gráfico 9PIB E BCI

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

1988T1 1990T1 1992T1 1994T1 1996T1 1998T1 2000T1

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

(em

pe

rce

nta

ge

m)

-3.5

-2.5

-1.5

-0.5

0.5

1.5

2.5

PIB

BCI (esc. dir.)

(21)Apenas a pergunta relativa a expectativas de preços de vendanos próximos meses foi excluída, dado a análise gráfica sugerirque estaria menos directamente relacionada com expectativasreferentes ao clima económico na área do euro.

(22)O modelo é estimado por máxima verosimilhança ignorando anatureza temporal e autocorrelacionada das variáveis, isto é,num contexto estático, ao contrário, por exemplo, do modelodinâmico de Stock e Watson (1992).

(23)Ver Handelsblatt (1999). Refira-se que a informação metodológi-ca disponível acerca deste indicador é relativamente escassa.

Page 95: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

O HI denota uma elevada correlação com a va-riação homóloga do PIB sendo a correlação máxi-ma dada pela contemporânea, 0.92 (Gráfico 12).Esta correlação é, no entanto, inferior à obtida como benchmark. Note-se ainda que a correlação cruza-da no desfasamento 1 é praticamente igual à con-temporânea, o que aponta no sentido do indicadorser coincidente ou ligeiramente atrasado. No do-mínio da frequência, a correlação dinâmica é ele-vada, em particular, em frequências relativamentebaixas mas é onde também se parece registar um

104 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 10MEDIDAS DE CO-MOVIMENTO ENTRE A VARIAÇÃO HOMÓLOGA DO PIB E O BCI

�8 �6 �4 �2 0 2 4 6 8�1

�0.5

0

0.5

1

Correlação cruzada

0 �

������2�

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Frequência

Fase

Desfasamento

Coerência

0 �

������2�

�8

�6

�4

�2

0

2

4

6

8

Frequência

Correlação dinâmica

0 �

������2�

�1

�0.5

0

0.5

1

Frequência

Gráfico 11PIB E HI

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

1992T3 1994T3 1996T3 1998T3 2000T3

Taxa

de

vari

açã

oh

om

ólo

ga

(em

pe

rce

nta

ge

m)

PIB

HI

(24)Devido à indisponibilidade de dados, não foi possível analisaro HI para o mesmo período amostral dos outros indicadores,tendo sido apenas considerado o sub-período iniciado no ter-ceiro trimestre de 1992. Dada a reduzida dimensão da amostraos resultados devem ser interpretados com precaução.

Page 96: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ligeiro atraso, confirmando a avaliação obtida apartir das correlações cruzadas. Este indicadorcausa à Granger a variação homóloga do PIB.

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃODOS INDICADORES

Na secção anterior procedeu-se à análise deta-lhada do comportamento dos diferentes indicado-res compósitos face à evolução do PIB. Essa análi-se permitiu inferir algumas conclusões em relaçãoao seu desempenho. O �COIN mostrou-se comoum indicador coincidente capaz de captar de for-ma bastante satisfatória a trajectória da evoluçãoda taxa de variação em cadeia do PIB. De facto,apresenta uma correlação elevada com a série dereferência e bastante superior à obtida com o mo-

delo AR(1). Por sua vez, o CLI revela-se o único in-dicador com características de avanço para a varia-ção em cadeia do PIB. Face à taxa de variação ho-móloga do PIB, quer o ESIN quer o BCI vêem asua utilidade reduzida pelo facto de apresentaremuma correlação inferior à que é possível obter como benchmark, agravada no caso do ESIN pelo factodo indicador registar um ligeiro atraso. Em relaçãoao HI, a classificação como coincidente ou atrasa-do não é provavelmente robusta ao período amos-tral considerado, pelo que a incerteza quanto aodesfasamento relevante pode criar dificuldades nasua utilização. Além disso, também regista um de-sempenho inferior ao obtido com o benchmark.

Uma questão relevante que não foi ainda abor-dada refere-se ao momento do tempo em que cadaindicador é disponibilizado. De facto, os indicado-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 105

Artigos

Gráfico 12MEDIDAS DE CO-MOVIMENTO ENTRE A VARIAÇÃO HOMÓLOGA DO PIB E O HI

�8 �6 �4 �2 0 2 4 6 8�1

�0.5

0

0.5

1

Correlação cruzada

Desfasamento

Coerência

0 �

������2�

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Frequência

Fase

0 �

������2�

�8

�6

�4

�2

0

2

4

6

8

Frequência

Correlação dinâmica

0 �

������2�

�1

�0.5

0

0.5

1

Frequência

Page 97: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

res podem ver a sua utilidade reforçada pelo factode estarem disponíveis com maior celeridade doque a série de referência para um dado trimestre(Quadro 1). Por exemplo, indicadores classifica-dos, em termos de correlações cruzadas, como co-incidentes (�COIN, BCI e HI) acabam por ter uminteresse acrescido devido ao facto da sua divulga-ção anteceder a do PIB. Obviamente, o indicadoranteriormente classificado como avançado (CLI)vê a sua utilidade reforçada. Em relação aos indi-cadores atrasados, o ganho adicional em termos depublicação pode não ser o suficiente para compen-sar o atraso em termos de correlações cruzadas(como acontece, por exemplo, no caso do ESIN).Note-se que, em termos de disponibilização, obenchmark AR(1) é muito pouco exigente, porquepara o seu cálculo apenas é necessário conhecer oPIB do trimestre anterior.

Após a introdução deste elemento adicional decomparação, o grau de celeridade na disponibili-zação, é possível concluir que qualquer um dos in-dicadores cuja série de referência é a taxa de varia-ção homóloga do PIB continua a apresentar umdesempenho pior do que aquele que é obtido como benchmark. Em relação aos restantes indicadores,o �COIN, apesar de estar disponível depois do

106 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Quadro 1

DESEMPENHO DOS INDICADORES(EM TERMOS TRIMESTRAIS)

Série dereferência

PIB

Correlaçãocruzadamáxima

Desfasamentoem que acorrelaçãocruzada émáxima

(em meses)(a)

Desfasamentoem termos de

publicação(em meses)(b)

�COIN. . . tvc 0.78 0 -1.5tvh 0.98

CLI. . . . . . tvc 0.55 -3 -1tvh 0.82

ESIN . . . . tvh 0.86 3 -2BCI. . . . . . tvh 0.88 0 -2HI . . . . . . tvh 0.92 0 -3

Benchmark(AR(1)) . . tvc 0.37 0 -3

tvh 0.95

Notas:

(a) Não obstante a avaliação ter sido feita em termos trimestrais,os trimestres foram transformados em meses para facilitar aleitura do quadro.

(b) Diferença, em termos de meses, entre o momento em que oindicador fica disponível para um dado trimestre e o mo-mento em que é publicada a primeira estimativa do PIB paraesse mesmo trimestre.

Quadro 2

DESEMPENHO DOS INDICADORES COM INFORMAÇÃO INCOMPLETA PARA CADA TRIMESTRE

Utilizando apenas a informação disponível (a)

Até ao 1º mês do trimestre Até ao 2º mês do trimestre

Série dereferência

PIB

Correlaçãocruzadamáxima

Desfasamentoem que acorrelaçãocruzada émáxima

(em meses)(b)

Desfasamentoem termos depublicação(em meses)

Correlaçãocruzadamáxima

Desfasamentoem que acorrelaçãocruzada émáxima

(em meses)(b)

Desfasamentoem termos depublicação(em meses)

�COIN . . . . . . . . . tvc 0.73 3 -3.5 0.76 0 -2.5tvh 0.96 0.98

CLI. . . . . . . . . . . . tvc 0.54 -3 -3 0.55 -3 -2tvh 0.82 0.82

ESIN . . . . . . . . . . tvh 0.86 3 -4 0.86 3 -3BCI. . . . . . . . . . . . tvh 0.86 3 -4 0.88 0 -3HI(c) . . . . . . . . . . . tvh 0.78 0 -5 0.81 0 -4

Notas:

(a) Verificou-se empiricamente que, para todos os indicadores excluindo o CLI, a melhor opção será utilizar apenas os meses já disponíveispara o trimestre. No caso do CLI, a melhor opção é utilizar a informação relativa aos últimos três meses (terminados em cada mês dotrimestre).

(b) Não obstante a avaliação ter sido feita em termos trimestrais, os trimestres foram transformados em meses para facilitar a leitura doquadro.

(c) Devido à indisponibilidade de dados, o período amostral considerado foi de Jan-97 a Dez-01.

Page 98: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

benchmark, a sua utilidade continua assente no fac-to de possuir uma correlação bastante mais eleva-da com a taxa de variação em cadeia do PIB.(25) Noque diz respeito ao CLI, continua a ser o indica-dor que fornece de forma mais atempada informa-ção acerca da evolução da actividade.

Outro factor que se deve ter em conta na avalia-ção da utilidade dos indicadores prende-se com asua natureza mensal. De facto, mesmo antes do tri-mestre estar concluído, os indicadores forneceminformação parcial acerca do trimestre em cursoque pode ser utilizada para antecipar a evoluçãoda série de referência. Se, por um lado, tal permiteum ganho em termos de disponibilização, por ou-tro lado, um indicador baseado em informaçãoparcial pode evidenciar uma deterioração signifi-cativa do seu desempenho. O Quadro 2 sintetiza odesempenho dos indicadores, em termos de corre-lações cruzadas, quando se utiliza informação in-completa para cada trimestre. Note-se que, a utili-zação de informação referente até ao segundo mêsdo trimestre não acarreta praticamente nenhumcusto em termos de desempenho e possibilita umganho adicional de um mês face à situação em queé usado o trimestre completo do indicador. No en-tanto, na situação em que só é utilizada informa-ção até ao primeiro mês do trimestre, alguns indi-cadores revelam alguma deterioração do seu de-sempenho global (em particular, o BCI e o �COIN).Não obstante a utilidade acrescida que advém danatureza mensal dos indicadores compósitos con-siderados, comparativamente, o �COIN e o CLIcontinuam a revelar-se os mais interessantes. Defacto, quando utilizados para obter uma estimati-va para a variação homóloga do PIB, estes indica-dores apresentam um desempenho superior aosrestantes.

5. CONCLUSÃO

Neste artigo, procurou-se averiguar em quemedida os indicadores compósitos propostos pordiferentes organismos fornecem informação útil eatempada sobre a evolução da actividade econó-mica na área do euro, medida pelo PIB. O desem-penho dos indicadores compósitos foi avaliado re-correndo a técnicas no domínio temporal e no do-mínio da frequência. Contudo, a utilização práticadestes indicadores deve ter em conta não só a aná-lise em termos de propriedades estatísticas, mastambém o facto de estes indicadores serem dispo-nibilizados mais rapidamente do que a série de re-ferência e de terem periodicidade mais frequente.Tendo como referência a variação em cadeia doPIB, o �COIN revelou-se um indicador coincidentefortemente correlacionado e que tem o atractivoadicional de fornecer de forma atempada uma in-formação relativamente alisada, facilitando porisso a análise conjuntural. Por sua vez, o CompositeLeading Indicator mostrou ser um indicador avan-çado em termos estatísticos e apresenta um ganhoem termos de publicação. Refira-se ainda que apartir de qualquer um destes indicadores é possí-vel retirar uma estimativa implícita para a varia-ção homóloga do PIB. Em relação aos indicadorescuja série de referência é a variação homóloga doPIB, isto é, Economic Sentiment Indicator, BusinessClimate Indicator e Handelsblatt Indicator, nenhumdeles apresenta um desempenho superior àqueleque é possível obter com os indicadores anterioresou, por exemplo, ajustando um processo autore-gressivo à taxa de variação em cadeia do PIB e ob-tendo a taxa da variação homóloga implícita dadaa informação passada disponível.

REFERÊNCIAS

Altissimo, F., Bassanetti, A., Cristadoro, R., Forni,M., Lippi, M., Reichlin, L. e Veronese, G.(2001), “EuroCOIN: A Real Time CoincidentIndicator of the Euro Area Business Cycle”,CEPR Discussion Paper no. 3108.

Comissão Europeia (1997), “The Joint HarmonisedEU Programme of Business and ConsumerSurveys”, European Economy, no. 6.

Comissão Europeia (2000), “Business Climate In-dicator for the Euro Area” (Presentation Pa-per).

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 107

Artigos

(25)Adicionalmente, o desempenho do �COIN foi ainda comparadocom o do índice de produção industrial, que é reconhecida-mente um indicador mensal bem correlacionado contempora-neamente com a evolução da actividade económica e que podeser utilizado directamente, na medida em que não está sujeitoao tratamento estatístico subjacente à construção de um indica-dor compósito. O �COIN registou contudo um comportamentosuperior ao da produção industrial no acompanhamento daevolução da taxa de variação em cadeia do PIB. Ajustando parao facto da produção industrial ser divulgada depois do �COIN,a taxa de variação em cadeia do índice de produção industrialapresenta uma correlação contemporânea de 0.65 com a taxa devariação em cadeia do PIB.

Page 99: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Comissão Europeia (2001), European Economy, Sup-plement B, 8-9/2001.

Croux, C., Forni, M. e Reichlin, L. (2001), “A Mea-sure of Comovement for Economic Variables:Theory and Empirics”, The Review of Econ-omics and Statistics, 83, 232-241.

Fagan, G., Henry, J. e Mestre, R. (2001), “AnArea-Wide Model (AWM) for the Euro Area”,ECB Working Paper no. 42.

Forni, M., Hallin, M., Lippi, M. e Reichlin, L.(2000), “The Generalized Dynamic-FactorModel: Identification and Estimation”, TheReview of Economics and Statistics, 82, 540-554.

Handelsblatt (1999), “Eurokonjunktur-Indikator”,no. 201.

Koopmans, L. H. (1974), “The Spectral Analysis ofTime Series”, Academic Press.

OCDE (1987), “OECD Leading Indicators andBusiness Cycles in Member Countries,Sources and Methods 1960-1985”, no. 39.

Stock, J. H. e Watson, M. W. (1992), “A Procedurefor Predicting Recessions with Leading Indi-cators: Econometric Issues and Recent Expe-rience”, NBER Working Paper no. 4014.

Wei, W. (1990), “Time Series Analysis: Univariateand Multivariate Methods”, Addison-Wesley.

108 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Page 100: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ANEXO(26)

No domínio da frequência, o análogo à matrizde autocovariâncias, � � , é dado pelo espectromultivariado,

� � � �F e i��

� � �

�� � � � ���

�1

2 ,

onde � é a frequência medida em radianos. Para oprocesso bivariado � �x yt t. , os elementos da diago-nal do espectro multivariado correspondem aosespectros individuais de xt e de yt e os elementosfora da diagonal referem-se ao espectro cruzado.Em geral, o espectro cruzado assume valores com-plexos, pelo que pode ser decomposto em partereal e parte imaginária,

� � � � � �f c iqxy xy xy� � �� � .

A coerência é definida por

� �� �

� � � �� �C

f

f fCxy

xy

x y

xy��

� ��� � �

| |, .0 1

A fase é dada por

� �� �

� �� �

�xyxy

xy

q

c� �

��

��

�tan 1

tendo que ser dividida por � para ficar expressaem unidades de tempo.

A correlação dinâmica foi proposta por Crouxet al. (2001) e é definida por

� �� �

� � � �� �

� �xy

xy

x y

c

f f� .

A obtenção destas medidas envolve a estimaçãodo espectro multivariado. Os espectros multivaria-dos foram estimados neste artigo através da técni-ca de pre-whitening, com recurso a um VAR(4), eutilizando a janela de Parzen com parâmetro detruncagem igual a T3 .

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 109

Artigos

(26)Ver Wei (1990) para uma introdução à análise espectral.

Page 101: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ANÁLISE DO IMPACTO DA CONVERSÃO DE ESCUDOS EM EUROS*

Daniel Santos**, Rui Evangelista** ,Teresa Nascimento*** e Carlos Coimbra ***

1. INTRODUÇÃO

A conversão das moedas nacionais em euros,ocorrida no início de 2002, suscitou entre as opi-niões públicas dos países da área do euro algunsreceios sobre o seu efeito na inflação. Com infor-mação já disponível para esse período, é agorapossível avaliar até que ponto esses receios eramjustificados.

Seguindo-se a um trabalho preliminar de simu-lação realizado no segundo semestre de 2001,(1)

com este estudo pretende-se analisar os efeitos daintrodução do euro sobre o comportamento dospreços no consumidor em Portugal. A informaçãoentretanto disponibilizada confirmou a ideia deque o impacto da conversão sobre o Índice de Pre-ços no Consumidor (IPC) terá sido relativamentereduzido, contribuindo contudo para um ligeiroaumento do índice global. Ao nível mais detalha-do das diversas componentes deste índice detecta-ram-se, no entanto, alguns efeitos significativos daconversão. Efectivamente, no presente estudo ob-teve-se uma indicação quantitativa do impacto daconversão na evolução do Índice de Preços noConsumidor, nacional e harmonizado, na ordem

dos 0.2 pontos percentuais no conjunto dos trêsprimeiros meses de 2002. Estudos similares têmsido conduzidos por diversos Bancos Centrais doEurosistema, concluindo igualmente que o impac-to da conversão das respectivas moedas nacionaisem euros terá sido pouco significativo. O Eurostatatribuiu à introdução do euro 0.0-0.16 pontos per-centuais do aumento total de 0.8 por cento no Índi-ce Harmonizado de Preços no Consumidor, regis-tado entre o quarto trimestre de 2001 e o primeirotrimestre de 2002.(2)

O Instituto Nacional de Estatística (INE) inici-ou, em Novembro de 2001, a recolha de preços emeuros com o fim de preparar o sistema de cálculodo IPC na nova unidade monetária, mantendo, noentanto, até Fevereiro de 2002 a recolha dos preçosem escudos. Esta informação permitiu tambémavaliar a prática da dupla fixação de preços, o res-peito pelas regras de conversão e ainda detectarcrescimentos significativos de preços durante o pe-ríodo de conversão. Confirmando indicações denatureza qualitativa, obtidas designadamente deorganizações de consumidores, da Direcção Geraldo Comércio e da Concorrência e de órgãos de co-municação social, o acompanhamento dos preçosdurante o período de conversão revelou que, emgeral, não se terão verificado irregularidades deamplitude significativa. Apenas um número muitopequeno de casos pontuais foi detectado, concen-trando-se, nomeadamente, no sector dos “restau-rantes e cafés”. Os novos e mais elevados preços

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 111

Artigos

* As opiniões expressas no artigo são da responsabilidade dosautores e não coincidem necessariamente com as posições dasinstituições em que trabalham. Os autores agradecem a colabo-ração do Eng. José Figueiredo do Instituto Nacional de Estatís-tica no desenvolvimento e implementação de aplicaçõesinformáticas para tratamento da informação de base.

** Instituto Nacional de Estatística.*** Banco de Portugal.(1) Ver Santos, Evangelista, Nascimento e Coimbra, “Conversão

dos preços de escudos para euros: estimativa quantitativa doseu efeito sobre o IPC”, Boletim Económico, Volume 7, Número3, Setembro de 2001.

(2) Eurostat, “April 2002 Euro-indicators News Release nº58/2002 - 16May 2002".

Page 102: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

para alguns produtos deste sector, como os do café“expresso”, parecem ter correspondido a preços fi-xados para facilitar os pagamentos na nova unida-de. Noutros casos particulares, como os dos preçosdos espectáculos, portagens e jogos de azar, o ajus-tamento dos preços de escudos para euros parecetambém ter sido feito para cima.

Apesar de não serem representativos do com-portamento global dos preços no consumidor, es-tes casos pontuais, pelo facto de corresponderem aprodutos frequentemente adquiridos, poderão tercontribuído para gerar um sentimento de suspeitaentre os consumidores de que se estariam a regis-tar aumentos de preços anormalmente elevadosdevido à conversão. De qualquer modo, não é deexcluir a existência de alguns efeitos associados aoprocesso de conversão de escudos para euros, no-meadamente os relacionados com arredondamen-tos e com custos adicionais envolvidos na prepara-ção do comércio para a nova moeda. A alteraçãodos catálogos para preços em euros poderá terproporcionado uma ocasião “natural” para queum certo número de preços tenham sido aumenta-dos. No entanto, como atrás se referiu, a análise daevolução dos índices elementares do IPC atéMarço de 2002, que irá ser apresentada neste arti-go, não permitiu inferir um efeito muito significa-tivo da conversão de escudos em euros sobre ocomportamento geral dos preços.

Na próxima secção deste artigo apresentam-seos resultados relativos à dupla recolha de preços,sendo salientado que o cumprimento da obrigato-riedade da dupla fixação de preços e o respeito dasregras de conversão foram, de forma geral, obser-vados, permitindo que a transição se tivesse pro-cessado sem incidentes significativos. Na terceirasecção, tendo presente o trabalho preliminar efec-tuado no ano anterior centrado no possível com-portamento dos chamados preços “atractivos”, re-tiram-se algumas indicações sobre o comporta-mento verificado durante a conversão recorrendoa um conjunto de gráficos que permitem evidenci-ar características como a persistência/volatilidadedestes preços. Nesta secção, são ainda apresenta-dos gráficos relativos à evolução do preço de al-guns produtos onde se terão detectado indíciosclaros do impacto da introdução do numerário emeuro. Na quarta secção, são apresentados o mode-lo geral utilizado para obter a referência quantita-tiva para o impacto da conversão no crescimento

geral dos preços no consumidor nos três primeirosmeses de 2002 e os resultados obtidos. Na últimasecção, apresentam-se as conclusões.

2. A DUPLA FIXAÇÃO DE PREÇOS

O INE levou a cabo, durante os meses de No-vembro de 2001 a Fevereiro de 2002, uma dupla re-colha de preços em escudos e em euros com o in-tuito de, por um lado, preparar o sistema de cálcu-lo do IPC à nova moeda e, por outro, apurar dadosque permitissem avaliar as práticas adoptadas pe-los agentes económicos quanto à dupla fixação depreços e ao respeito pelas regras de conversão.

Este exercício da dupla recolha foi desenvolvi-do com base na estrutura de recolha de preços uti-lizada na compilação mensal do IPC permitindo,desta forma, a obtenção de informação discrimina-da por região estatística, tipo de produto e tipo deestabelecimento, sobre as práticas da dupla fixaçãode preços e a existência de erros de conversão erespectiva intensidade associados à incidência se-gundo as formas de comércio e categorias de pro-dutos. As conclusões sobre tais práticas basea-ram-se numa amostra de 79122 preços, cobrindocerca de ¾ do total de observações utilizadas nacompilação do índice mensal.(3)

Nesta amostra, foi possível observar que se foigeneralizando a dupla fixação de preços. Efectiva-mente, em Novembro de 2001 os preços expressossimultaneamente em escudos e em euros corres-pondiam a 72 por cento da amostra. Apesar deconstituir uma percentagem já elevada, este valoraumentou para 82.3 , 95.4 e 97.3 por cento nos trêsmeses seguintes.

No Gráfico 1 observa-se, através das linhas emtorno de seis eixos, a evolução ao longo dos quatromeses das percentagens de observações com duplafixação de preços nas regiões consideradas para oapuramento do IPC. Os valores apurados para osquatro meses indicam que se, inicialmente, haviaalguma diferenciação geográfica na prática da du-pla fixação de preços, essa diferenciação desapare-ceu, atingindo-se, para o último mês em que as

112 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(3) As características de determinados preços (recolha central, pre-ços complexos, preços observados directamente junto dos con-sumidores como no caso dos serviços de arrendamento)justificam esta diferença face à totalidade da amostra do IPC(104 mil preços).

Page 103: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

duas moedas circularam em simultâneo, valoressuperiores aos 95 por cento em todas as regiões.

A evolução da dupla fixação de preços foi tam-bém analisada por categoria de produto. O Qua-dro 1 apresenta a evolução da taxa de dupla afixa-ção discriminada pelas doze classes de produtosque constituem o IPC. Valores inferiores a 90 porcento no final do período são apenas observadosem algumas classes de serviços, destacando-se ocaso da classe da educação, o que poderá estar li-gado, em grande medida, a particularidades na

forma como são estabelecidos os preços nestasclasses, que se manifestam designadamente na fal-ta da sua exibição pública.

A evolução da prática de dupla fixação de pre-ços foi ainda estudada atendendo ao tipo de esta-belecimento. No Gráfico 2, observa-se que, para osquatro meses considerados, os supermercados, hi-permercados e as lojas de “discount” são o tipo deestabelecimentos onde a prática de dupla fixaçãode preços se encontrava mais generalizada, embo-ra todos os tipos de estabelecimentos tenham evo-luído para taxas elevadas em Fevereiro de 2002. O

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 113

Artigos

Gráfico 1

EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE DUPLA FIXAÇÃODE PREÇOS POR REGIÃO DO PAÍS

50.0%

70.0%

90.0%

Norte

Centro

LVT

Alentejo

Algarve

RAs

Nov. 2001Dez. 2001Jan. 2002Fev. 2002100%

Quadro 1

TAXAS DE DUPLA DENOMINAÇÃO DOS PREÇOS

Em percentagem

Classes de despesa 2001 2002

Nov. Dez Jan. Fev.

Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83.5 85.9 97.0 98.7Bebidas alcoólicas e tabaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83.7 88.4 98.3 99.6Vestuário e calçado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63.8 82.3 96.3 98.7Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48.3 68.2 92.8 96.4Acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação . . . . 67.9 83.2 96.4 98.6Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60.3 79.2 97.2 96.5Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57.6 71.1 84.5 87.9Comunicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77.2 76.7 86.6 86.6Lazer, recreação e cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62.4 80.6 93.8 97.3Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17.8 22.2 41.4 49.8Hotéis, cafés e restaurantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76.6 85.8 98.0 98.8Bens e serviços diversos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63.9 76.3 91.8 95.5Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71.7 82.3 95.4 97.5

Gráfico 2

EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE DUPLA FIXAÇÃOPOR TIPOS DE ESTABELECIMENTOS

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

100.0

Nov. 2001 Dez. 2001 Jan. 2002 Fev. 2002

Em

pe

rce

nta

ge

m

Supermercados, Hipermercadose lojas discount Mercados

Outros

Lojasespecializadas

Total

Page 104: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

facto de estabelecimentos correspondentes a mer-cados, lojas especializadas e outros,(4) registaremvalores inferiores sugere ter existido, sobretudo nocomércio mais tradicional, uma maior dificuldadede adaptação ao euro (e.g., dupla etiquetagem,adopção de software adaptado ao período de tran-sição, etc.).

Além da dupla fixação de preços, outra questãoque mereceu análise foi a de avaliar o respeito pe-las regras de conversão dos preços de escudospara euros.

O Quadro 2 apresenta a evolução das percenta-gens de produtos cuja conversão se processou deforma correcta. Este quadro revela que a propor-ção de preços convertidos correctamente se situaem qualquer dos meses observados acima dos 95por cento.

Saliente-se que, para cerca de 13 dos preços da

amostra, converter escudos em euros de acordocom a taxa oficial 1 euro = 200,482 ou de acordocom taxa “simplificada” 1 euro = 200 escudos, de-termina preços expressos em cêntimos de euroexactamente iguais.

Relativamente aos quase 5 por cento de conver-sões incorrectas, refira-se que, em parte significati-va, estão associados a casos em que a utilização dataxa “simplificada” determinou preços em cênti-mos de euro que são diferentes e ligeiramente

mais elevados(5) dos que seriam obtidos se fosseutilizada a taxa de conversão oficial.

Analisando por tipos de estabelecimentos, oGráfico 3 mostra que os supermercados, hipermer-cados e lojas “discount” apresentam, face aos res-tantes estabelecimentos, um comportamento dis-tinto, evidenciando valores percentuais superiores,nunca inferiores a 98 por cento. Por outro lado, osestabelecimentos ligados ao comércio mais tradici-onal apresentam uma evolução diferente, verifi-cando-se, num ou em ambos os meses de circula-ção simultânea, uma diminuição das percentagensde produtos correctamente convertidos, muitoprovavelmente devido à adopção da taxa de con-versão “simplificada”.

Em termos de comparação internacional, verifi-ca-se que os valores apurados para Portugal se en-contram em linha com resultados que têm sido di-vulgados sobre as práticas da dupla fixação depreços e a existência de erros de conversão naZona Euro (Eurostat, 2002).(6) Numa amostra de2605 empresas inquiridas em Janeiro de 2002, oBanco Central da Bélgica apurou que 56 por centoda totalidade das empresas praticavam a dupla fi-xação de preços, sendo este valor de 95 por centopara empresas do comércio a retalho. Em França, o

114 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

80.0

82.0

84.0

86.0

88.0

90.0

92.0

94.0

96.0

98.0

100.0

Nov. 2001 Dez. 2001 Jan. 2002 Fev. 2002

Em

pe

rce

nta

ge

m

Supermercados, Hipermercados e lojas discount

Mercados

Lojas especializadas

Outros

(4) A categoria “outros” inclui a prestação de serviços públicos ouprivados (cabeleireiros, serviços públicos e privados prestadosem clínicas e hospitais, estabelecimentos de ensino, etc.) que,obviamente, não podem ser categorizadas num tipo de estabe-lecimento específico.

Quadro 2

PERCENTAGEM DE PREÇOS COM TAXA DECONVERSÃO CORRECTA (1� = 200.482 PTE)

2001 2002

Regiões Nov. Dez. Jan Fev.

Norte. . . . . . . . . . . . . . . . . 94.0 93.2 95.5 94.0Centro . . . . . . . . . . . . . . . . 95.8 96.3 95.3 95.8Lisboa e Vale do Tejo . . . 95.0 95.6 97.1 97.1Alentejo . . . . . . . . . . . . . . 93.6 96.6 93.5 90.5Algarve. . . . . . . . . . . . . . . 96.9 97.3 95.7 95.7Regiões Autónomas . . . . 97.1 97.8 95.9 96.5Total . . . . . . . . . . . . . . . . . 95.0 95.4 95.8 95.2

(5) A utilização da taxa “simplificada” pode no máximo deter-minar um aumento dos preço de 0.24 por cento(=200.482/200*100).

(6) Embora não tenham sido muitos os países a divulgar informa-ção sobre esta matéria.

Gráfico 3

PERCENTAGEM DE PREÇOS CORRECTAMENTE

CONVERTIDOS SEGUNDO O TIPO

DE ESTABELECIMENTO

Page 105: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Ministério da Economia, das Finanças e da Indús-tria tem acompanhado, numa base mensal, os pre-ços de cerca de 20.000 produtos de grande consu-mo em mais de 2.900 pontos de venda. Entre 7 - 10de Janeiro de 2002 este organismo apurou que 98,7por cento dos preços estavam correctamente con-vertidos. Em Abril do corrente ano, esta mesmapercentagem subiu para os 99,6 por cento. Estesvalores são ligeiramente superiores aos observa-dos no caso português. Por outro lado, o Institutode Estatística da Holanda reportou ter observado,para Dezembro de 2001, uma percentagem de 84por cento de preços correctamente convertidos.

Em resumo, a análise da informação revela queo cumprimento da obrigatoriedade da dupla fixa-ção de preços e o respeito pelas regras de conver-são foram, em geral, observadas o que obviamentelimitou potenciais impactos sobre os preços que aintrodução do euro pudesse implicar. No entanto,embora correspondendo a práticas minoritárias,verificou-se a existência de conversões incorrectasde escudos para euros, em grande medida associa-das à utilização da taxa de conversão 1 euro = 200escudos, tendo estas sido observadas com maisfrequência em estabelecimentos de comércio tradi-cional e de prestação de serviços. Este fenómenoajuda a entender os resultados que são apresenta-dos nas secções seguintes, onde se mostra que oimpacto da conversão do numerário, embora glo-balmente muito pequeno, foi sentido num conjun-to de produtos que, pela frequência com que sãotransaccionados, poderá ter gerado na opinião pú-blica o sentimento de um impacto global mais si-gnificativo.

3. O COMPORTAMENTO DE PREÇOSATRACTIVOS

No comércio a retalho, para simplificar os pa-gamentos, tendo em conta a abundância relativa eo valor nominal das diversas moedas e notas emcirculação, é relativamente comum a fixação doschamados preços “convenientes”. Por este motivo,muitos dos preços “convenientes” correspondem apreços em que os últimos dígitos correspondem aoalgarismo zero. Além desta prática, podemos dis-tinguir ainda outra, também relativamente fre-quente, em que se pretende induzir o consumidora subavaliar o custo dos produtos, fixando o preçoum pouco abaixo dum valor arredondado. Esta

prática de fixação dos preços corresponde aos cha-mados preços “psicológicos”, como é o caso depreços que têm como último dígito o algarismo 9ou os algarismos 90. Exemplos destes preços emescudos eram 499$00 ou 4990$00 em vez de 500$00e de 5000$00, respectivamente.

Após a conversão dos preços “psicológicos” e“convenientes”, designados habitualmente por“atractivos”, usando a taxa de conversão oficial doeuro, os preços resultantes são, em geral, “nãoatractivos” em euros. Este facto originou receiosde aumentos de preços para atingir níveis também“atractivos” em euros, com impacto ascendentesobre a inflação.

Assim, para acompanhar a evolução de preços“atractivos” e fornecer informação sobre como es-tes preços foram adaptados durante o período deconversão, foi feita uma análise, numa base men-sal, da micro informação subjacente ao IPC doINE.

O Gráfico 4 permite, por comparação com o pe-ríodo homólogo do ano anterior, avaliar a persis-tência de preços convenientes após a conclusão doperíodo de conversão. Assim, por exemplo, naparte da esquerda do gráfico, para um cabaz deprodutos que tinham preços com o valor “conveni-ente” de 500$00 em Dezembro de 2000, é apresen-tada a proporção relativa dos preços que se man-têm com este valor três meses depois, ou seja, emMarço de 2001. De modo semelhante, na parte dadireita é possível observar que dos preços que ti-nham o valor de 500$00 em Dezembro de 2001, aproporção dos que mantêm esse valor em Março2002 (após conversão) é inferior a 25 por cento. Aobservação do Gráfico 4 sugere alguma atenuaçãoda persistência dos preços “convenientes” em es-cudos com a introdução do novo numerário, parti-cularmente nos preços superiores a 400$.(7) NoGráfico 5, apresenta-se informação para os mes-mos períodos sobre a persistência dos preços “psi-cológicos” . Neste caso não é tão evidente uma al-teração da persistência, possivelmente porque aadaptação a um preço “psicológico” em euros émais demorada do que a adaptação a um preço“conveniente” em euros. De qualquer modo, refi-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 115

Artigos

(7) Note-se que, para valores inferiores a 400$00, a aplicação dataxa “simplificada” (200$00 por euro) ou da taxa oficial, deter-mina na generalidade dos casos preços em euros idênticos.

Page 106: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

ra-se que os preços “psicológicos” têm no cabaz doIPC um peso inferior ao dos “convenientes”.

A menor persistência dos preços “convenien-tes” em escudos, no período de Dezembro de 2001a Março de 2002, poderá ter traduzido a transição

para preços “convenientes” em euros. Para ilustraresta ideia apresenta-se em seguida um conjunto degráficos onde esse comportamento é patente. Porexemplo, no Gráfico 6B é apresentada, mês a mêsneste período, a frequência dos preços de um ca-baz de produtos que tinham o valor de 700$00 emDezembro de 2001. Simultaneamente, no Gráfico

116 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 4PERSISTÊNCIA(a) DE PREÇOS “CONVENIENTES”EXPRESSOS EM ESCUDOS EM MARÇO DE 2001

E MARÇO DE 2002

100 75 50 25 0 25 50 75 100

90

120

150

200

250

380

500

750

1100

1300

1600

1800

2200

2800

20012002

Nota:(a) Avaliada pela fracção dos preços que em Março de

2001 (Março de 2002) mantinham o nível “convenien-te” observado em Dezembro de 2000 (Dezembro de2001).

Gráfico 5PERSISTÊNCIA(a) DE PREÇOS “PSICOLÓGICOS”EXPRESSOS EM ESCUDOS EM MARÇO DE 2001

E MARÇO DE 2002

100 75 50 25 0 25 50 75 100

89

119

149

169

189

219

239

259

349

499

799

980

1099

1399

1980

20012002

Nota:(a) Avaliada pela fracção dos preços que em Março de

2001 (Março de 2002) mantinham o nível “psicológi-co” observado em Dezembro de 2000 (Dezembro de2001).

Gráfico 6AFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇO IGUAL A 700$EM DEZEMBRO DE 2000

Período: Entre Dezembro de 2000 e Março de 2001

(Frequências superiores a 2.0%)

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

400$2�

500$2.49�

600$2.99�

650$3.24�

700$3.49�

750$3.74�

780$3.89�

800$3.99�

850$4.24�

900$4.49�

980$4.89�

1000$4.99�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001/Janeiro2001/Fevereiro2001/Março

Valor mais representativo em Março de 2001 700$

Segundo valor mais representativo em Março de 2001 800$

Gráfico 6BFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇO IGUAL A 700$EM DEZEMBRO DE 2001

Período: Entre Dezembro de 2001 e Março de 2002

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

501$2.5�

599$2.99�

600$2.99�

601$3�

650$3.24�

652$3.25�

700$3.49�

702$3.5�

740$3.69�

750$3.74�

800$3.99�

802$4�

900$4.49�

1000$4.99�

1002$5�

1200$5.99�

1203$6�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2002/Janeiro2002/Fevereiro2002/Março

Valor mais representativo em Março de 2002 700$

Segundo valor mais representativo em Março de 2002 702$

Page 107: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

6A apresenta-se o mesmo tipo de evolução para operíodo homólogo do ano anterior, que funcionacomo período de referência, traduzindo o que sepassaria sem o impacto da introdução do euro. Porcomparação com a evolução neste período de refe-rência, torna-se possível detectar efeitos nos preçosassociados com a introdução do euro nos primei-ros meses de 2002. Assim, note-se que a frequênciado preço de 700$ diminuiu de 56 por cento em Ja-neiro de 2001 para 38 por cento em Março de 2001,enquanto entre os mesmos períodos de 2002 a des-cida foi de 56 por cento para 26 por cento. A desci-da mais acentuada da frequência do preço de 700$,em 2002, terá sido influenciada pelo facto do preçode 700 escudos, depois de convertido, correspon-der a 3.49 euros, valor que não é um preço “conve-niente” em euros. Deste modo, em Março de 2002o segundo preço mais representativo torna-se 3.50euros (Gráfico 6B), enquanto em Março de 2001(Gráfico 6A) o preço correspondente em escudos(702 escudos) não aparecia na distribuição, poden-do-se assim concluir que houve uma convergênciapara um novo preço “conveniente” em euros. Ou-tros exemplos são os preços de 1000 escudos (Grá-fico 7) e 1600 escudos (Gráfico 8), que quando con-vertidos dão preços não “convenientes” em euros(respectivamente 4.99 e 7.98 euros). Em conse-quência, estes preços foram arredondados paracima para atingir um novo preço “conveniente”em euros, respectivamente para 5.00 e 8.00 em eu-ros. Note-se que cada um destes valores se tornou,em Março de 2002, o valor mais representativo.

A observação dos Gráficos 6 a 8 sugere que, noperíodo de Dezembro de 2001 a Março de 2002, aestratégia de preços foi progressivamente alteradaem direcção a preços “convenientes” em euros, en-quanto no período homólogo do ano anterior a es-tratégia de preços se revelou muito mais estável.Com efeito, conforme referido anteriormente, emmuitos casos, os preços que eram anteriormente“convenientes” em escudos não se revelaram “con-venientes” em euros, verificando-se uma conver-gência para novos preços “convenientes” em euros.

É de salientar, no entanto, que o ajustamentopara novos preços “convenientes” em euros pode-rá nem sempre ter sido para valores mais eleva-dos. Veja-se, por exemplo, o Gráfico 9 relativo aopreço de 250, que depois de convertidos dá 1.25euros. Neste caso aparece o 1 euro como o segun-do valor mais representativo em Março de 2002.

Por último, é de referir que quando um preço“conveniente” em escudos se converte num preçotambém “conveniente” em euros, este valor tendea permanecer como o valor mais frequente emMarço de 2002. Pode ser apresentado como exem-plo o preço de 100 escudos (Gráfico 10).

Relativamente aos preços “psicológicos”, o quese observa é que, nalguns casos, os preços “psico-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 117

Artigos

Gráfico 7AFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 1000$ EM DEZEMBRO DE 2000

Período: Entre Dezembro de 2000 e Março de 2001

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

800$3.99�

850$4.24�

900$4.49�

1000$4.99�

1099$5.48�

1100$5.49�

1200$5.99�

1300$6.48�

1400$6.98�

1500$7.48�

Em

perc

enta

gem

2001/Janeiro2001/Fevereiro2001/Março

Valor mais representativo em Março de 2001 1000$

Segundo valor mais representativo em Março de 2001 1200$

Gráfico 7BFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 1000$ EM DEZEMBRO DE 2001

Período: Entre Dezembro de 2001 e Março de 2002

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

800$3.99�

900$4.49�

902$4.5�

950$4.74�

1000$4.99�

1002$5�

1100$5.49�

1200$5.99�

1201$5.99�

1203$6�

1400$6.98�

1403$7�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2002/Janeiro2002/Fevereiro2002/Março

Valor mais representativo em Março de 2002 1002$

Segundo valor mais representativo em Março de 2002 1000$

Page 108: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

lógicos” em escudos se transformaram em preços“convenientes” em euros, possivelmente porquenuma primeira fase a procura de um preço “psico-lógico” em euros é mais difícil do que a procura deum preço “conveniente” em euros. Tome-se comoexemplo o preço “psicológico” de 149 escudos,que depois de convertido corresponde a 0.74 eu-ros. O que se observa é o aparecimento de 0.75 eu-

ros como o segundo valor mais frequente emMarço de 2002 (Gráfico 11), que é um preço “con-veniente” em euros e não um preço “psicológico”em euros, e que corresponde a um valor em escu-dos que não aparecia nos meses anteriores de 2002nem nos primeiros meses de 2001.

A convergência para preços “convenientes” emeuros, detectada através do acompanhamento da

118 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 8AFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇO IGUAL A 1600$EM DEZEMBRO DE 2000

Período: Entre Dezembro de 2000 e Março de 2001

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

1200$5.99�

1400$6.98�

1500$7.48�

1600$7.98�

1650$8.23�

1700$8.48�

1800$8.98�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001/Janeiro2001/Fevereiro2001/Março

Valor mais representativo em Março de 2001 1600$

Segundo valor mais representativo em Março de 2001 1500$

Gráfico 8BFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇO IGUAL A 1600$EM DEZEMBRO DE 2001

Período: Entre Dezembro de 2001 e Março de 2002

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

1200$5.99�

1300$6.48�

1400$6.98�

1500$7.48�

1504$7.5�

1600$7.98�

1604$8�

1700$8.48�

1704$8.5�

1800$8.98�

1804$9�

1900$9.48�

2000$9.98�

2005$10�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2002/Janeiro

2002/Fevereiro

2002/Março

Valor mais representativo em Março de 2002 1604$

Segundo valor mais representativo em Março de 2002 1600$

Gráfico 9AFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 250$ EM DEZEMBRO DE 2000

Período: Entre Dezembro de 2000 e Março de 2001

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

200$1�

250$1.25�

260$1.3�

280$1.4�

300$1.5�

350$1.75�

400$2�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001/Janeiro2001/Fevereiro2001/Março

Valor mais representativo em Março de 2001 250$

Segundo valor mais representativo em Março de 2001 300$

Gráfico 9BFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 250$ EM DEZEMBRO DE 2001

Período: Entre Dezembro de 2001 e Março de 2002

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

150$0.75�

200$1�

249$1.24�

250$1.25�

251$1.25�

260$1.3�

261$1.3�

271$1.35�

280$1.4�

281$1.4�

300$1.5�

301$1.5�

350$1.75�

401$2�

501$2.5�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2002/Janeiro2002/Fevereiro2002/Março

Valor mais representativo em Março de 2002 251$

Segundo valor mais representativo em Março de 2002 200$

Page 109: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

dinâmica dos preços de um cabaz de produtoscom um determinado preço “atractivo” em De-zembro de 2001, é confirmada pelo estudo da dis-tribuição dos preços de um conjunto de produtosespecíficos onde o impacto da introdução do nu-merário em euro foi patente, atendendo nomeada-mente ao facto de terem registado crescimentosmédios claramente superiores ao observado para o

conjunto do IPC. Assim, nos Gráficos 12 a 15, éapresentada, para quatro produtos — (i) café aobalcão; (ii) cerveja imperial ao balcão; (iii) refeiçãocompleta em restaurantes de 2ª e 3ª categoria e (iv)bilhetes de cinema — a distribuição dos respecti-vos preços em escudos em Janeiro de 2001 e nosmeses de Janeiro e Fevereiro de 2002 e ainda a dis-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 119

Artigos

Gráfico 10AFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 100$ EM DEZEMBRO DE 2000

Período: Entre Dezembro de 2000 e Março de 2001

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100$0.5�

110$0.55�

120$0.6�

130$0.65�

150$0.75�

200$1�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001/Janeiro

2001/Fevereiro

2001/Março

Valor mais representativo em Março de 2001 100$

Segundo valor mais representativo em Março de 2001 120$

Gráfico 10BFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 100$ EM DEZEMBRO DE 2001

Período: Entre Dezembro de 2001 e Março de 2002

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100$0.5�

110$0.55�

120$0.6�

150$0.75�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2002/Janeiro2002/Fevereiro2002/Março

Valor mais representativo em Março de 2002 100$

Segundo valor mais representativo em Março de 2002 110$

Gráfico 11AFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇO IGUAL A 149$EM DEZEMBRO DE 2000

Período: Entre Dezembro de 2000 e Março de 2001

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

99$0.49�

139$0.69�

144$0.72�

145$0.72�

149$0.74�

157$0.78�

158$0.79�

159$0.79�

169$0.84�

175$0.87�

199$0.99�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001/Janeiro2001/Fevereiro2001/Março

Valor mais representativo em Março de 2001 149$

Segundo valor mais representativo em Março de 2001 159$

Gráfico 11BFREQUÊNCIA DOS PREÇOS DE UM CONJUNTO

DE PRODUTOS COM PREÇOIGUAL A 149$ EM DEZEMBRO DE 2001

Período: Entre Dezembro de 2001 e Março de 2002

(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

98$0.49�

118$0.59�

128$0.64�

129$0.64�

130$0.65�

138$0.69�

139$0.69�

146$0.73�

148$0.74�

149$0.74�

150$0.75�

154$0.77�

158$0.79�

159$0.79�

160$0.8�

174$0.87�

198$0.99�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2002/Janeiro2002/Fevereiro2002/Março

Valor mais representativo em Março de 2002 148$

Segundo valor mais representativo em Março de 2002 150$

Page 110: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

tribuição dos seus preços em euros no mês deMarço de 2002.

Da observação destes gráficos pode concluir-se,em primeiro lugar, que, para qualquer um destesquatro produtos, os preços “convenientes” em es-cudos dominaram a distribuição em Janeiro de2001. Efectivamente as modas das distribuiçõesdos preços destes produtos correspondiam entãoaos preços 80$00, 120$00, 1800$00 e 700$00, respec-tivamente para o café ao balcão, cerveja imperialao balcão, refeição completa em restaurantes de 2ªe 3ª categoria e bilhetes de cinema. Em segundolugar é visível que a frequência dos preços “conve-nientes” em escudos diminuiu ao longo do perío-do em estudo, enquanto a dos “convenientes” emeuros aumentou. Veja-se, por exemplo, o caso docafé ao balcão, cujo preço de 90 escudos se tornoufrequente a partir de Janeiro de 2002, sendo inclu-sivamente a moda em Março de 2002 (Gráfico 12).Verifica-se ainda que, neste último mês, começa aadquirir uma representatividade significativa opreço de 100 escudos, correspondente a 0.50 euros,que é um preço eventualmente mais “convenien-te” do que 0.45 euros. Comportamento idênticoaos do preço do café ao balcão pode ser observadopara o preço da cerveja imperial ao balcão (Gráfico13).

Em relação aos preços de uma refeição comple-ta em restaurantes de 2ª e 3ª categoria (Gráfico 14)e dos bilhetes de cinema (Gráfico 15), é muito claraa convergência para preços “convenientes” em eu-ros (mais elevados). De facto, para cada um destesprodutos, verifica-se que a tendência para a con-vergência para preços “convenientes” em euros seacentuou em Março, conforme se pode observar,nos gráficos apresentados, pela deslocação da dis-tribuição dos preços para a direita.

4. INDICAÇÕES QUANTITATIVAS PARA OIMPACTO DA CONVERSÃO DE ESCUDOSPARA EUROS NA EVOLUÇÃO DO ÍNDICEDE PREÇOS NO CONSUMIDOR NOPRIMEIRO TRIMESTRE DE 2002

Na secção anterior apresentou-se um conjuntode informação que indica que a conversão de escu-dos para euros teve algum reflexo no comporta-mento dos preços. Nesta secção, continuando autilizar informação relativamente detalhada, pro-

cura-se dar o passo adicional de obter estimativaspara o impacto da conversão na evolução do IPC.

Não se pode identificar com rigor o impactoquantitativo da conversão, visto que não é possívelreconstituir o que teria sido a evolução do IPCcaso ela não se tivesse verificado. Por outras pala-vras, não é possível estabelecer um contrafactualque permitisse avaliar sem ambiguidade o impac-to da conversão. O reconhecimento desta impossi-bilidade não impede, contudo, que se tente obteralgumas indicações quantitativas sobre esse im-pacto, que obviamente devem ser encaradas com

120 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Gráfico 12DISTRIBUIÇÃO DOS PREÇOS

DO CAFÉ AO BALCÃO(Frequências superiores a 2.0%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

70$0.35�

75$0.37�

80$0.4�

85$0.42�

90$0.45�

95$0.47�

100$0.5�

120$0.6�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001Janeiro

2002 Janeiro

2002 Fevereiro

2002 Março

Gráfico 13DISTRIBUIÇÃO DOS PREÇOS

DA IMPERIAL AO BALCÃO(Frequências superiores a 2.0%)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

100$0.5�

110$0.55�

120$0.6�

125$0.62�

130$0.65�

140$0.7�

150$0.75�

160$0.8�

Em

pe

rce

nta

ge

m

2001Janeiro

2002 Janeiro

2002 Fevereiro

2002 Março

Page 111: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 121

Artigos

Gráfico 14DISTRIBUIÇÃO DOS PREÇOS DE UMA REFEIÇÃO COMPLETA

EM RESTAURANTES DE 2ª/3ª CATEGORIA(Frequências superiores a 2.0%)

0

1

2

3

4

5

6

7

1000

$4.

99�

1002

$5�

1200

$5.

99�

1250

$6.

23�

1300

$6.

48�

1303

$6.

5�

1350

$6.

73�

1400

$6.

98�

1403

$7�

1450

$7.

23�

1500

$7.

48�

1504

$7.

5�

1600

$7.

98�

1680

$8.

38�

1700

$8.

48�

1750

$8.

73�

1800

$8.

98�

1900

$9.

48�

2000

$9.

98�

2100

$10

.47�

2175

$10

.85�

2199

$10

.97�

2200

$10

.97�

2300

$11

.47�

Em

perc

enta

gem

2001 Janeiro

2002 Janeiro

2002 Fevereiro

2002 Março

Gráfico 15DISTRIBUIÇÃO DOS PREÇOS DE BILHETES DE CINEMA

(Frequências superiores a 2.0%)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

400$ 2�

449$

2.24

450$

2.24

500$

2.49

501$

2.5�

550$

2.74

551$

2.75

600$

2.99

601$ 3�

650$

3.24

651$

3.25

700$

3.49

702$

3.5�

725$

3.62

750$

3.74

800$

3.99

802$ 4� 842$

4.2�

850$

4.24

852$

4.25

883$

4.4�

900$

4.49

901$

4.49

902$

4.5�

908$

4.53

1000

$4.

99�

Em

perc

enta

gem

2001Janeiro2002 Janeiro2002 Fevereiro2002 Março

Page 112: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

alguma cautela atendendo às limitações metodoló-gicas que necessariamente as afectam.

A ideia central para a elaboração das estimati-vas apresentadas nesta secção foi a de tentar detec-tar nos três primeiros meses do ano qualquer indí-cio de comportamento anormal das séries de índi-ces de preços, ainda que tais indícios possam even-tualmente reflectir outros fenómenos além da con-versão de escudos para euros. Assim, para cadaum dos 189 índices elementares em que pode serdesagregado o índice de preços no consumidor(série com base em 1997), foi efectuada uma re-gressão linear tendo como referência o modelo ge-nérico seguinte:

y c y z t Jn t n n j n t i n j jji

n n, , , , ,� � � ��� � ����

� � � �

��

1

11

1

6

1

2, , ,n n n tF M� �� 3

com n = 1, 2, ..., 189 e t = 1, 2,..., 65. Nesta expres-são, yn t, corresponde à taxa de variação em cadeiamensal (expressa em percentagem) do índice depreços n no mês t, cn corresponde a uma constante,zj corresponde a uma variável “dummy” sazonalpara o mês j, J corresponde a uma variável“dummy” que assume o valor 1 em Janeiro de 2002sendo nula em todos os outros meses da sériemensal iniciada em Fevereiro de 1997 até Junho de2002, F e M correspondem a “dummies” semelhan-tes à anterior que, na série, assumem o valor 1 res-pectivamente em Fevereiro e em Março de 2002,n t, representa uma variável aleatória residual.

Como se verifica, ao incluir, além da constantee das “dummies” sazonais, uma componente au-to-regressiva considerando desfasamentos de 1 a 6meses(8) e uma tendência linear, o modelo tem umuma especificação relativamente geral, o que éapropriado para testar, através das “dummies” refe-rentes a Janeiro, Fevereiro e Março de 2002, se exis-tiram indícios de variações anormais nestes me-ses.(9)

O valor estimado para cada um dos coeficien-tes, associados a estas variáveis, quando estatisti-camente significativo, pode ser interpretado comoacréscimo (ou diminuição) em pontos percentuais,na taxa de variação mensal que, de acordo com omodelo ensaiado, o índice de preços em causa ten-deria a apresentar nesse mês. Note-se que o factodestes coeficientes assumirem valores significati-vos pode estar associado a outros fenómenos, para

além do efeito da conversão de escudos para eu-ros, que se poderão ter também verificado nos me-ses considerados, bem como, reflectir insuficiênci-as da própria especificação do modelo ensaiado.No entanto, apenas como primeira referênciaquantitativa foi feita a agregação dos impactoscaptados nos meses considerados na variaçãomensal do IPC, atendendo ao peso específico decada índice elementar no índice de preços do con-sumidor, e na variação de algumas das suas prin-cipais componentes.(10)

No Quadro 3 apresentam-se resultados da agre-gação dos impactos estimados, verificando-se que,no conjunto dos três meses, o impacto estimado érelativamente pequeno, situando-se perto de umadécima de ponto percentual. Em Janeiro, o impac-to atinge maior expressão, reflectindo nomeada-mente os impactos positivos estimados nos bensalimentares não processados e nos serviços. EmMarço, o valor negativo deve-se essencialmente aum impacto negativo apurado nos bens alimenta-res.

Dado que, como se referiu, os impactos estima-dos poderem reflectir vários factores, procedeu-sea uma nova agregação excluindo índices cujas va-

122 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(8) O número de desfasamentos considerado baseou-se num estu-do prévio efectuado em 20 índices, elementares escolhidos deforma aleatória, com recurso ao teste de Breusch-Godfrey.

(9) Poder-se-ia considerar “dummies” adicionais referentes a No-vembro e a Dezembro de 2001, admitindo que no período dedupla fixação se poderiam ter verificado estratégias de aumen-tos de preços relativamente significativos visando anteciparpreços convenientes em euros. De facto foi testada uma versãodo modelo alargada comportando também estas “dummies”,não se tendo apurado efeitos significativos nestes dois meses.Em termos de resultados detalhados, apenas um caso merecedestaque quando esta versão foi ensaiada, a variação mensaldo índice de preços de jornais e revistas, terá sido anormalmen-te elevada não só em Janeiro de 2002 como também em Dezem-bro de 2001. Adicionalmente, foi ainda testada uma versão emque, além das “dummies” correspondentes ao três primeirosmeses dos anos se incluiu “dummies” referentes aos três últimosmeses da amostra, i.e., Abril, Maio e Junho de 2002. Em termosagregados, os resultados obtidos para os três primeiros mesesnão se alteraram e para Abril e Maio não se obtiveram resulta-dos significativos. Para Junho, o pequeno efeito agregado posi-tivo obtido expressa, em grande medida, o impacto daalteração da taxa normal do IVA então ocorrida.

(10)Consideraram-se nesta secção, por razões de economia na apre-sentação, grandes componentes e não as 12 classes do IPC,dado que a análise por classes não acrescenta nada de qualitati-vamente diferente à análise por grandes componentes. Emtodo o caso, os resultados estão disponíveis também por classee portanto podem ser obtidos se solicitados.

Page 113: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

riações anormais nos meses fosse manifestamenteatribuível a factores específicos que não poderiamser de nenhuma forma relacionados com a altera-ção do numerário. Assim, excluíram-se os efeitosdetectados em Janeiro de 2002 nos índices de pre-ços relativos à electricidade, às rendas de casa eaos combustíveis. No primeiro caso, a variação po-sitiva aparentemente anormal verificada em Janei-ro, decorreu de um aumento dos preços nos con-sumidores, previamente autorizado pela EntidadeReguladora do Sistema Eléctrico, reflectindo o im-pacto dos desvios ocorridos em 2000 por causa doaumento acima do previsto dos combustíveis. Nosegundo caso, a variação também positiva, aparen-

temente anormal, no início de 2002 decorre daaplicação do regime legal de actualização de ren-das de habitação que implica que a actualização deuma proporção significativa de rendas dependado comportamento da inflação registada no passa-do. Recorde-se que a inflação em 2001 foi superiorà verificada no ano precedente. No terceiro caso, adescida de preços em Janeiro foi determinada dis-cricionariamente pelo Governo, rompendo com aprática anterior de estabilidade de preços doscombustíveis no consumidor. Dado o peso que orespectivo índice assume no IPC, a exclusão doefeito anormal de descida dos preços dos combus-tíveis no consumidor acaba por mais do que com-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 123

Artigos

Quadro 3

RESULTADOS GLOBAIS OBTIDOS DA APLICAÇÃO DO MODELO ECONOMÉTRICO

Peso 2002 2002 2002 2002

(%) Jan /Dez Fev/Jan Mar/Fev acumulado

Índice de Preços no Consumidor – Total . . . . . . . 100.0 0.07 0.06 -0.05 0.08

Bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68.9 -0.07 0.07 -0.14 -0.14Alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25.8 0.39 0.18 -0.32 0.25

Não processados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.0 0.61 0.19 -0.54 0.26Processados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.8 0.14 0.18 -0.08 0.24

Indústrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43.1 -0.36 0.00 -0.02 -0.38Energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.8 -2.11 0.00 0.00 -2.11Não energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34.3 0.10 -0.01 -0.03 0.06

Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.1 0.37 0.03 0.14 0.54

Quadro 4

RESULTADOS OBTIDOS DA APLICAÇÃO DO MODELO ECONOMÉTRICO, EXCLUINDO EFEITOSNÃO IMPUTÁVEIS À CONVERSÃO DE ESCUDOS EM EUROS

Peso 2002 2002 2002 2002

(%) Jan./ Dez. Fev./Jan. Mar./Fev. acumulado

Índice de Preços no Consumidor – Total . . . . 100.0 0.24 0.06 -0.05 0.24

Bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68.9 0.19 0.07 -0.14 0.11Alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25.8 0.39 0.18 -0.32 0.25

Não processados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.0 0.61 0.19 -0.54 0.26Processados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.8 0.14 0.18 -0.08 0.24

Indústrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43.1 0.06 0.00 -0.02 0.03Energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.8 -0.09 0.00 0.00 -0.09Não energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34.3 0.10 -0.01 -0.03 0.06

Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.1 0.34 0.03 0.14 0.51

Page 114: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

pensar os outros dois efeitos referidos conforme sepode perceber da observação dos resultados apre-sentados no Quadro 4. Efectivamente o efeito glo-bal no trimestre, após estas exclusões, sobe para0.24 pontos percentuais, o mesmo valor que é esti-mado para Janeiro, já que os efeitos estimadospara Fevereiro e Março são praticamente simétri-cos.

Conforme se referiu atrás, os índices de preçosdos bens alimentares não processados têm umacontribuição muito significativa para o efeito posi-tivo detectado em Janeiro e para o efeito negativode Março. Tipicamente estes índices apresentamuma volatilidade muito superior à dos índices deoutras componentes do IPC. Essa grande volatili-dade fundamenta o receio de que os efeitos anor-mais detectados possam afinal reflectir factoresmuito específicos, eventualmente, de ocorrênciarelativamente errática (por exemplo, as condiçõesmeteorológicas afectam por vezes de forma signifi-cativa o comportamento destes índices). Por essemotivo, procurando uma referência quantitativaque, presumivelmente, esteja mais próxima do im-pacto da conversão no período em análise, noQuadro 5 apresentam-se os resultados excluindoainda os índices de preços de bens alimentares nãoprocessados. Relativamente ao quadro anterior,embora haja uma redução do impacto em Janeiro euma subida em Março, o impacto global não é pra-

ticamente alterado, mantendo-se em cerca de 2 dé-cimas de ponto percentual.

Estes resultados apontam para que o impactoglobal da conversão na evolução do IPC tenhasido relativamente reduzido, embora a um nívelmais detalhado, seja legítimo admitir alguns efei-tos significativos, como aliás foi assinalado na sec-ção anterior, particularmente, no preço de algunsserviços. Comparando estes resultados com as es-timativas apresentadas no artigo publicado no Bo-letim Económico do Banco de Portugal de Setem-bro de 2001, eles situam-se perto do cenário de im-pacto mais elevado da conversão do numerárioentão apresentado.

5. CONCLUSÕES

O processo de substituição física do escudopelo euro, que se iniciou em 1 de Janeiro de 2002,decorreu com normalidade e de forma gradual. Osresultados da dupla recolha dos preços, no âmbitodo apuramento do IPC, durante o período de obri-gatoriedade de dupla fixação dos preços, evidenci-aram que se verificou um elevado respeito pelasregras de conversão. Detectaram-se, no entanto, al-guns casos em que a conversão não obedeceu àtaxa oficial, devido, em grande medida à utiliza-ção da taxa simplificada de 200 escudos por euro.Estes casos foram detectados, na sua maioria, em

124 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Quadro 5

RESULTADOS OBTIDOS DA APLICAÇÃO DO MODELO ECONOMÉTRICO, EXCLUINDO EFEITOS NÃOIMPUTÁVEIS À CONVERSÃO DE ESCUDOS EM EUROS E AINDA OS ÍNDICES DE BENS ALIMENTARES

NÃO PROCESSADOS: ESTIMATIVA DO IMPACTO DA CONVERSÃO DE ESCUDOS PARA EUROS NOÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR

Peso 2002 2002 2002 2002

(%) Jan /Dez Fev/Jan Mar/Fev acumulado

Índice de Preços no Consumidor – Total . . . 100.0 0.15 0.03 0.03 0.21

Bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68.9 0.06 0.03 -0.03 0.06Alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25.8 0.07 0.08 -0.04 0.11

Não processados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.0 0.00 0.00 0.00 0.00Processados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.8 0.14 0.18 -0.08 0.24

Indústrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43.1 0.06 0.00 -0.02 0.03Energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.8 -0.09 0.00 0.00 -0.09Não energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34.3 0.10 -0.01 -0.03 0.06

Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.1 0.34 0.03 0.14 0.51

Page 115: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

estabelecimentos de comércio tradicional e deprestação de serviços.

Uma análise desenvolvida a um nível muitodetalhado da evolução de preços “convenientes”em escudos de Dezembro de 2001 até Março de2002, tendo como referência o período homólogoanterior, mostrou a convergência dos preços ante-riormente expressos em escudos para preços “con-venientes” em euros. Esta convergência terá, emgeral, exercido um pequeno efeito no sentido deum aumento dos preços.

Este exercício confirmou também sinais de au-mentos de preços induzidos pela conversão em al-guns produtos específicos, a partir de Janeiro de2002. Estes casos pontuais corresponderam muitasvezes a bens e serviços comprados frequentementee geralmente pagos em numerário, deixando porisso os consumidores com a impressão de que a in-flação aumentou devido à introdução do euro.São exemplos os preços de um café, de uma refei-ção num restaurante ou dos bilhetes de cinema,que foram apresentados pelos meios de comunica-ção social ou pelas organizações de consumidores.

Para ter uma referência quantitativa sobre o im-pacto global da conversão de escudos para eurosna inflação, explorou-se a informação dos índices

elementares constituintes do IPC. Os resultadosobtidos sugerem que globalmente o impacto sobreo Índice de Preços no Consumidor, nacional e har-monizado, terá sido relativamente reduzido, na or-dem dos 0.2 pontos percentuais nos três primeirosmeses de 2002.

REFERÊNCIAS

Folkerstma, C.K. (2001), “The Euro and Psycho-logical Prices: Simulations of the Worst caseScenario”, DNB Research MemorandumWO&E, nº659/0114 (June).

Aucremanne L. e Cornille D. (2001), “AttractivePrices and Euro Rounding Effects on Infla-tion”, Document Series (November 2001), Re-search Department, National Bank of Bel-gium.

Santos D., Evangelista R., Nascimento T. eCoimbra C. (2001), “Conversão dos preços deEscudos para Euros: Estimativa Quantitativado seu Efeito sobre o IPC”, Boletim Económicodo Banco de Portugal, Volume 7, Número3,Setembro de 2001.

EUROSTAT, “Euro-indicators News Releasenº23-28 February 2002" e ”Euro-indicatorsNews Release nº58 - 16 May 2002".

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 125

Artigos

Page 116: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

O CANAL DE CRÉDITO BANCÁRIO DA POLÍTICA MONETÁRIA EM PORTUGAL*

Luísa Farinha**Carlos Robalo Marques**

1. INTRODUÇÃO

O mecanismo através do qual a política mone-tária é transmitida à economia real continua a serum tópico central de debate na macroeconomia. Ainvestigação mais recente tem vindo a examinar opapel desempenhado pelos bancos na transmissãoda política monetária, com o objectivo de investi-gar a existência de um canal de crédito e avaliar aimportância relativa dos canais da moeda e de cré-dito.

O canal taxa de juro da política monetária cons-titui o mecanismo de transmissão básico nos mo-delos macro convencionais: dado o grau conside-rável de rigidez dos preços, um aumento das taxasde juro nominais, por exemplo, traduz-se num au-mento da taxa de juro real e do custo de utilizaçãodo capital. Estas alterações, por sua vez, condu-zem a um adiamento das decisões do consumo ede investimento. Mas, tal como referem Bernankee Gertler (1995), a resposta às alterações das taxasde juro induzidas pelas decisões de política mone-tária é consideravelmente mais ampla do que a im-plícita nas estimativas convencionais da elasticida-de taxa de juro do consumo e do investimento.

Esta observação sugere que outros mecanismospara além do canal taxa de juro podem tambémestar presentes na transmissão da política monetá-ria.

Um mecanismo alternativo é o chamado canalde crédito. Dado que os bancos precisam de captardepósitos como fonte importante de fundos, a po-lítica monetária restritiva, ao reduzir o volumeagregado das reservas bancárias, reduzirá a dispo-nibilidade dos empréstimos bancários. E dado queuma parcela significativa de empresas e particula-res se financia fortemente no sistema bancário,uma redução da oferta de empréstimos implicaráuma diminuição da despesa agregada. Este meca-nismo adicional é conhecido na literatura como ocanal de crédito da política monetária.

Distinguir a importância relativa dos canaismonetário e de crédito é útil por vários motivos.Primeiro, compreender quais os agregados finan-ceiros que sofrem o impacto da política monetáriacontribuirá para uma melhor compreensão da li-gação entre os sectores financeiros e reais da eco-nomia. Segundo, uma melhor compreensão domecanismo de transmissão ajudará as autoridadesmonetárias e os analistas a interpretar os movi-mentos dos agregados financeiros. Finalmente, in-formação adicional sobre o mecanismo de trans-missão poderá conduzir a uma escolha mais acer-tada dos objectivos intermédios. Em particular, seo canal de crédito constituir uma parte importantedo mecanismo de transmissão, as rubricas dos ac-tivos dos bancos deverão ser alvo de mais atenção.

A importância do canal de crédito varia emfunção da forma como os bancos dependem dos

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 127

Artigos

* As opiniões expressas neste artigo são da inteira responsabili-dade dos autores e não coincidem necessariamente com a posi-ção do Banco de Portugal.

** Departamento de Estudos Económicos.O presente artigo constitui uma versão substancialmente abre-viada de Farinha e Marques (2001). Agradecemos em especial,sem os implicar, a Ignazio Angeloni, Anil Kashyap, MichaelEhrmann, Vítor Gaspar, Leo de Haan, Ferreira Machado, Maxi-miano Pinheiro e Nuno Ribeiro, pelos comentários preciosos.Agradecemos ainda as sugestões úteis dos membros do Mone-tary Transmission Network (MTN). Aplica-se a cláusula dedesresponsabilização usual.

Page 117: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

depósitos para se financiarem e da forma comoajustam a sua oferta de empréstimos na sequênciade uma alteração das reservas. O objectivo desteartigo consiste em demonstrar que a oferta de em-préstimos bancários depende dos depósitos bancá-rios e, portanto, a política monetária, ao afectar osdepósitos bancários, poderá fazer deslocar a fun-ção oferta de empréstimos bancários.

Uma vez que o canal de crédito se manifestaatravés de deslocações da função oferta de em-préstimos, identificar o canal de crédito implicadistinguir as deslocações da função oferta de em-préstimos das deslocações da função procura deempréstimos provocadas pelos choques da políticamonetária.

A nível empírico, a maior parte da literaturamais relevante tentou identificar o canal de créditoatravés da estimação de uma forma reduzida parao mercado do crédito, utilizando variáveis em pri-meiras diferenças (ou seja, variáveis estacionariza-das). No presente artigo defende-se que a aborda-gem de forma reduzida requer fortes restrições deidentificação e não permite a estimação dos parâ-metros relevantes. Em alternativa, sugerimos uma“abordagem estrutural” que consiste em estimardirectamente a função oferta de empréstimos ban-cários, utilizando variáveis em níveis. Para esseefeito, recorremos a técnicas muito recentes da co-integração com dados de painel.(1)

A principal conclusão do presente artigo é quehá evidência de um canal de crédito na transmis-são da política monetária na economia portuguesa.Além disso os resultados sugerem que a importân-cia deste canal é maior para os bancos menos capi-talizados. Por outro lado, a dimensão e a liquideznão parecem ser características bancárias relevan-tes na determinação da importância do canal decrédito.

A parte restante do artigo está organizada doseguinte modo: a Secção 2 faz uma breve caracteri-zação das principais alterações verificadas no sec-tor bancário português durante as décadas de oi-tenta e de noventa; a Secção 3 descreve a aborda-gem seguida, que tem como objectivo a identifica-ção e o cálculo do canal de crédito; a Secção 4 apre-senta as conclusões empíricas para Portugal e aSecção 5 sintetiza as principais conclusões.

2. EVOLUÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA EDO SECTOR BANCÁRIO EM PORTUGALDURANTE A DÉCADA DE NOVENTA

Desde o início da década de oitenta o sistemafinanceiro português passou por um processo deliberalização fundamental iniciado com a aberturado sector bancário à iniciativa privada em 1983.(2)

Neste período, foram também dados os primeirospassos para a eliminação dos controlos administra-tivos das taxas de juro e do crescimento do crédito.Além disso, as restrições explícitas à composiçãodos activos dos bancos foram retiradas e a seg-mentação das actividades bancárias imposta porlei foi gradualmente eliminada, culminando no es-tabelecimento da banca universal em 1992.

Num enquadramento substancialmente maiscompetitivo, o número de bancos aumentou de 14em 1984 para 27 em 1989 e 58 em 1997.(3) Tal comonos restantes países europeus, a competição inter-nacional provocou várias ondas de aquisições, emespecial após 1994. No entanto, o número de ban-cos continuou a aumentar, sendo a entrada de no-vos bancos fortemente dominada por instituiçõesestrangeiras.

Outro passo importante na liberalização do sis-tema bancário português consistiu no processo dereprivatização iniciado em 1989, que transferiugradualmente para a gestão privada a maior parteda actividade bancária. Desde 1993, as principaismedidas relacionaram-se com a harmonização deprocedimentos e regulamentos dentro da UE, no-meadamente as regras de adequação de capital.

No âmbito da política monetária e cambial,após ter abandonado o regime de câmbios desli-zantes em Outubro de 1990, o escudo aderiu aomecanismo de taxa de câmbio (MTC) europeu emAbril de 1992. Em Dezembro do mesmo ano, fo-ram retiradas as restantes restrições aos fluxos decapitais internacionais.

A descida contínua da inflação desde o inícioda década de noventa e a estabilidade da taxa decâmbio após 1993 permitiram a redução sustenta-da das taxas de juro. O processo de convergência

128 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(1) Para pormenores técnicos, o leitor interessado poderá consultarFarinha e Marques (2001).

(2) O estabelecimento de empresas de investimento privado, pos-teriormente transformadas em bancos de investimento, foi au-torizado em 1979.

(3) Excluindo instituições cooperativas, cujo número é relativa-mente grande (160 em 1998), mas representam apenas perto de3 por cento do total de activos das instituições de crédito.

Page 118: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

nominal aumentou as perspectivas de participaçãona UEM, o que, por sua vez, facilitou a estabilida-de e a convergência das taxas de câmbio. Esta evo-lução reflectiu-se numa descida substancial doprémio de risco cambial do escudo desde meadosde 1995.

A redução sustentada e significativa das taxasde juro nominais a curto e a longo prazo, sentidacomo permanente, reduziu as restrições de liqui-dez dos agentes económicos, contribuindo assimpara o forte crescimento da procura de crédito ob-servada neste período.

O Gráfico 1 mostra os valores trimestrais agre-gados da evolução dos empréstimos bancáriosconcedidos aos sectores não financeiros privadosda economia, assim como a evolução dos depósi-tos agregados detidos nos bancos pelos sectoresprivados não financeiros.(4) Após a desaceleraçãoobservada no período de recessão entre 1992 e1994, no período de 1995-1997 o crédito retomou atendência ascendente do início da década de no-venta (taxa de crescimento anual média em termosreais de 14 por cento neste período, em compara-ção com 16 por cento em 1991) e acelerou forte-mente em 1998 e 1999 (taxa de crescimento anual

em termos reais de 24 por cento). Até 1994 os de-pósitos evoluíram em paralelo com o crédito, masa partir de 1995/1996 apresentaram claramenteuma taxa de crescimento bastante menor (5.2 porcento em termos reais durante o período 1995-1997e 6 por cento em 1998/1999).

Esta evolução divergente entre o crédito e osdepósitos resultou, por um lado, da eliminaçãodos controlos sobre os fluxos de capitais interna-cionais e, por outro, de uma redução significativado risco cambial do escudo, o que possibilitouuma maior integração entre o mercado monetárioportuguês e o internacional.

O Gráfico 2 apresenta a evolução das principaisfontes de financiamento dos bancos alternativasaos depósitos. É notória a coincidência entre o au-mento da taxa de crescimento dos empréstimos e,por um lado, a descida das obrigações de dívidapública na carteira dos bancos e, por outro, o au-mento dos fundos (líquidos) obtidos nos mercadosmonetários internacionais. Os bancos substituíramparcialmente o seu investimento em títulos de dí-vida pública por crédito concedido aos sectoresprivados não financeiros. Todo este processoter-se-á iniciado em 1995 e acelerado em 1998. Defacto, o peso dos títulos de dívida pública nos ba-lanços dos bancos diminuiu significativamente de19.5 por cento dos activos totais em 1992 para 5.7por cento em 1998 (13.4 por cento em 1995).

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 129

Artigos

Gráfico 1CRÉDITO E DEPÓSITOS

9.0

9.5

10.0

10.5

11.0

11.5

12.0

90

-I

90-I

II

91

-I

91-I

II

92

-I

92-I

II

93

-I

93-I

II

94

-I

94-I

II

95

-I

95-I

II

96

-I

96-I

II

97

-I

97-I

II

98

-I

98-I

II

99

-I

99-I

II

log

de

EU

Rm

ilhõ

es

Crédito

Depósitos

Gráfico 2AS PRINCIPAIS FONTES DE FINANCIAMENTO

EXCEPTO DEPÓSITOS

-10000

-5000

0

5000

10000

15000

20000

25000

90

-I

90-I

II

91

-I

91-I

II

92

-I

92-I

II

93

-I

93-I

II

94

-I

94-I

II

95

-I

95-I

II

96

-I

96-I

II

97

-I

97-I

II

98

-I

98-I

II

99

-I

99-I

II

EU

Rm

ilhõ

es

Capital

Obrigações de dívida pública

Fundos externos líquidos

(4) Os valores analisados nesta secção foram calculados a partir dedados não consolidados da amostra de 18 conglomerados ban-cários, para os quais podem ser obtidas séries consistentes aolongo do período 1990-1998. Em Dezembro de 1998, o crédito eos depósitos nestes 18 bancos atingiram 96 por cento e 98 porcento do total do crédito e dos depósitos, respectivamente. Estaé ainda a amostra dos bancos utilizada nos cálculos economé-tricos a seguir apresentados.

Page 119: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

3. IDENTIFICAÇÃO DO CANAL DE CRÉDITO— UMA ABORDAGEM ALTERNATIVA

A nível empírico, na maior parte da literaturamais relevante tenta-se identificar o canal de crédi-to através da estimação da forma reduzida de ummodelo para o mercado do crédito bancário, utili-zando variáveis em diferenças (ver, por exemplo,Kashyap e Stein (1995), Favero et al. (1999)). Aequação estimada é geralmente uma versão dinâ-mica (em diferenças) do modelo estático:

� �ln / ln lnC P y y z rt t t it t� � � � �� � � �0 1 2 3

� � � �� � � � � �4 5 6 7r z z zt it t t it it [1]

em que � �C Pt

/ representa os empréstimos bancá-rios (em termos reais), yt uma variável de escala(normalmente o PIB), � t a taxa de inflação, rt ataxa de juro da política monetária e zit uma carac-terística específica dos bancos (dimensão, liquidezou capitalização).

Nesta abordagem, que designaremos de “abor-dagem da forma reduzida”, o facto de �3 estimadoser (significativamente) negativo e �4 estimado ser(significativamente) positivo é considerado evi-dência da existência do canal de crédito. A ideia éque se o efeito da política monetária sobre o crédi-to bancário é maior para os bancos mais pequenos,menos líquidos ou menos capitalizados, existe evi-dência do canal de crédito.

Neste artigo apresenta-se uma abordagem eco-nométrica alternativa, partindo de um modeloIS/LM simples incluindo os mercados monetário ede crédito, tal como em Bernanke e Blinder (1988).Este modelo, em nossa opinião, permite uma me-lhor compreensão das restrições de identificaçãoque estão subjacentes à equação da forma reduzi-da [1]. O modelo é composto por quatro equações:funções procura de moeda, oferta de moeda, pro-cura de empréstimos e oferta de empréstimos. Poruma questão de espaço, ignoramos os pormenoresdo modelo e discutimos apenas a função oferta deempréstimos, que consiste no seguinte (abaixo decada coeficiente está o sinal esperado correspon-dente, de acordo com a teoria económica):

� �� �

� �� �

� �ln / ln / ln /C P D P D P zits

it it it� � � �� �

� � �01 1 2

� � � � � �� � �

� � �

� � � �3 4 5l it t t [2]

A equação [2] considera que a oferta de em-préstimos bancários, em termos reais, (C P/ ), de-pende do nível do total de depósitos, em termosreais, detidos pelo sector privado nos bancos,� �D P/ , da taxa de inflação, � t , como uma medidade incerteza na economia, assim como das taxas dejuro dos empréstimos, lt , e das obrigações, it .(5) Osactivos detidos pelos bancos sob a forma de obri-gações são considerados substitutos dos emprésti-mos, detidos sobretudo por motivos de liquidez.

A hipótese nula � 1 0 em [2] capta a ideia deque as carteiras de crédito dos bancos não estãoimunes às alterações da política monetária, ou seja,às alterações dos depósitos provocadas pela políti-ca monetária. Esta hipótese desempenha um papelprimordial na análise, dado constituir uma condi-ção-chave para a existência do canal de crédito. Seos bancos pudessem substituir sem custos a perdade depósitos por outras fontes de fundos, taiscomo a emissão de certificados de depósitos ou detítulos de participação, ou ainda através da vendade títulos, esperaríamos que � 1 não fosse significa-tivamente diferente de zero.

O termo � �� 2 ln /D P zit it pretende captar a ideia

de que as deslocações da curva da oferta provoca-das pelas alterações da política monetária depen-dem de algumas características específicas dosbancos (dimensão, liquidez, capitalização, etc.)medidas por zit . Em princípio, espera-se que � 2 0

para que a amplitude das deslocações da oferta deempréstimos seja maior para bancos pequenos,menos líquidos ou menos capitalizados.

Para observarmos o modo como o canal de cré-dito funciona no modelo, suponhamos, por exem-plo, que o banco central aumenta a taxa de descon-to. Tal reduzirá a quantidade de equilíbrio demoeda na economia, ou seja, os depósitos no nossomodelo, através da interacção entre a oferta e aprocura de moeda. Por sua vez, a queda dos depó-sitos detidos pelo sector privado nos bancos fazdeslocar a função oferta de empréstimos para aesquerda, se � 1 0� em [2]. Este mecanismo detransmissão adicional — a deslocação para a es-querda da oferta de empréstimos — é conhecidona literatura como o canal de crédito.

130 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(5) Tal como será explicado mais à frente, esta função oferta podeser justificada, em termos teóricos, no contexto de um bancoque maximiza os lucros, no qual o montante de depósitos estáfora do controlo do banco, sendo determinado pela políticamonetária do banco central.

Page 120: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

O coeficiente � 3 também é importante, na me-dida em que determina a inclinação da curva daoferta. É óbvio que, para que a deslocação para aesquerda ocorra, a curva da oferta não pode serhorizontal. Por outras palavras, precisamos dopressuposto adicional de que � 3 em [2] é finito.Assim, para testar a existência do canal de créditoe avaliar a sua importância necessitamos estimar� 1 e � 3 na equação [2]. Quanto maior for � 1 (ouseja, quanto mais os bancos dependerem dos de-pósitos para se financiarem) e menor for � 3 maisimportante será o canal de crédito.

Resolvendo o modelo para as quatro variáveisendógenas, obtém-se uma forma reduzida para ocrédito bancário, muito parecida com a equação[1]. A partir dessa equação, é possível discutir asrestrições que é necessário impor aos coeficientesdas funções procura e oferta de moeda e de em-préstimos necessárias para garantir que se podemtirar conclusões sobre a existência do canal de cré-dito a partir de uma forma reduzida como a equa-ção [1].(6)

Na nossa opinião, algumas destas condiçõessão muito restritivas. Por este motivo, seguiremosuma abordagem diferente que consiste em estimardirectamente a curva da oferta [2]. Esta abordagemalternativa tem a vantagem de permitir a obtençãode estimativas directas dos coeficientes relevantes,o que não é o caso da abordagem de “forma redu-zida”.

Parte-se do pressuposto que os depósitos, as-sim como a taxa de juro das obrigações, são exóge-nos a nível do banco, para podermos utilizar um“modelo estrutural” consistindo apenas numaequação para a procura de empréstimos e numaequação da oferta de empréstimos. O pressupostoda exogeneidade dos depósitos constitui provavel-mente a principal limitação da nossa abordagem,mas esta é uma questão que precisa de ser mais in-vestigada também a nível teórico.

Claro que este modelo também levanta umaquestão de identificação e de estimação. Dado sercomposto por apenas duas equações “estruturais”com variáveis I(1) o problema de identificaçãoconsiste em garantir que podemos distinguir aequação da oferta da equação da procura. Pode-mos discutir as restrições de identificação recor-

rendo à abordagem de cointegração. No âmbito dacointegração podemos considerar que o modelo deduas equações corresponde às relações de equilí-brio de longo prazo de um modelo VAR que coin-tegra duas equações com regressores exógenos.Neste contexto, é necessário pressupor que exis-tem dois vectores simples de cointegração (umpara a equação oferta e outro para a equação daprocura) e que os regressores exógenos são elesmesmos não cointegrados (ver, por exemplo, Jo-hansen (1995) e Pesaran e Shin (1998)). Neste caso,a condição de identificação requer a imposição deuma restrição em cada vector de cointegração(para além da condição de normalização). Esta res-trição pode, evidentemente, ser uma restrição denulidade do coeficiente, que consiste em excluirum regressor exógeno de cada equação. Por outraspalavras, a ideia básica é que a curva da oferta decrédito está identificada, desde que a curva daprocura inclua pelo menos uma variável explicati-va que não conste da equação da oferta. Partindodo pressuposto de que os depósitos e a taxa dejuro das obrigações são exógenos a nível do banco,verificamos que a curva da oferta [2] é identificadadesde que partamos do pressuposto de que a cur-va da procura inclui uma variável de escala (PIB,por exemplo) como regressor adicional (por suavez, a curva da procura será identificada porque acurva da oferta inclui � �ln /D P como regressoradicional exógeno).(7)

Consideremos agora a questão da estimação.Até ao momento, na literatura, os modelos empíri-cos que utilizam dados de painel foram estimadoscom variáveis em primeiras diferenças para con-tornar o problema potencial de não estacionarida-de decorrente da dimensão temporal dos dados.No entanto, é sabido que na maioria dos casos estaabordagem não resolve o problema da inconsistên-cia, em especial se o modelo estimado incluir efei-tos específicos e variáveis endógenas desfasadas.(8)

Por outro lado, esta abordagem negligenciadesde o início a possibilidade de uma relação entreos níveis das variáveis relevantes. Por outras pala-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 131

Artigos

(6) Para uma discussão mais aprofundada das restrições “de iden-tificação” ver Farinha e Marques (2001).

(7) De notar que estas também seriam restrições de identificação seabordássemos a questão de identificação no contexto conven-cional com variáveis estacionárias (Ver Intrilligator et al. (1996)e Zha (1997)).

(8) Ver Alvarez e Arellano (1998) para uma resenha das proprieda-des assimptópicas dos vários estimadores, em painéis dinâmi-cos, com regressores estacionários.

Page 121: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

vras, esta abordagem não contempla a possibilida-de de um efeito a longo prazo da política monetá-ria sobre os depósitos e o crédito, o que contraria aabordagem usual da literatura teórica, que postulaa existência de relações entre os níveis das variá-veis moeda e crédito.

Diferentemente, o modelo deste artigo foi esti-mado em níveis utilizando técnicas de cointegra-ção recentemente desenvolvidas para dados de pa-inel. Desta forma é possível obter estimadores (su-per)consistentes para os parâmetros da equação daoferta, mesmo quando alguns dos regressores es-tão correlacionados com os resíduos.(9) A equaçãoda oferta de crédito, sendo estática, deverá ser vis-ta como relação de cointegração, cujos coeficientessão os efeitos de longo prazo.

As funções de oferta de empréstimos estimadassão generalizações da equação [2], que incluemdois regressores adicionais: o capital do banco e ocusto do financiamento externo alternativo aos de-pósitos e ao capital, st . A equação básica é a se-guinte:

� �� �

� �� �

� �ln / ln / ln /C P D P K Pit

si it it

� � � �� �

� � �0 1 2

� � � � � � � �� � � �

� � � �

� � � � �3 4 5 6l i st t t t [3]

Podemos justificar esta generalização com fun-damentos quer econométricos quer económicos.Do ponto de vista econométrico, a introdução docapital em [3] tem por objectivo evitar que os de-pósitos apareçam como a variável de “escala” sim-ples, o que poderá enviesar os resultados, favore-cendo a conclusão da existência do canal de crédi-to. Do ponto de vista económico, podemos justifi-car a equação [3] no contexto do modelo desenvol-vido em Courakis (1988), no qual os bancos maxi-mizam os lucros (decidindo sobre os montantes deactivos e passivos que controlam) condicionadasàs variáveis que não podem controlar (como o ca-pital e/ou os depósitos, por exemplo). Neste con-texto, a oferta de empréstimos pode ser vista comoo resultado do comportamento maximizador dolucro de um banco no qual os depósitos e o capitalsão tratados como exógenos. Presume-se que obanco escolhe o volume de crédito, títulos e finan-

ciamento externo, por forma a maximizar os lucrosesperados para um determinado nível de depósi-tos e de capital.

A possibilidade de existirem outras formas definanciamento externo alternativo aos depósitos eao capital (tais como os fundos do mercado mone-tário, os certificados de depósitos, etc.) é conside-rada introduzindo na equação de crédito uma taxade juro representativa do custo desses fundos,st .(10)

4. EVIDÊNCIA EMPÍRICA UTILIZANDODADOS BANCÁRIOS MICROPORTUGUESES

Na estimação utilizaram-se dados do balançode uma amostra de 18 conglomerados bancários,para os quais estão disponíveis dados trimestraisconsistentes de 1990/1 a 1998/4.(11)

Tal como esperado, dada a evolução do créditoe dos depósitos descrita na Secção 2, alguns testespreliminares mostraram que nos últimos anos daamostra a relação entre o crédito concedido ao sec-tor privado e os depósitos sofreu uma quebra deestrutura. Para minimizar as consequências negati-vas desta quebra sobre os modelos estimados, ex-cluímos da amostra os dados de 1998. Assim, utili-zaram-se 8 anos de dados trimestrais relativos a 18conglomerados bancários.

As equações foram estimadas através dos esti-madores POLS, (Pooled OLS) PCOLS, (Panel biascorrected OLS) DPOLS (Dynamic panel OLS) ePFMOLS (Panel fully modified OLS) (ver, Kao eChiang (2000)).(12) Os resultados obtidos pelos trêsprimeiros estimadores são basicamente semelhan-tes. Nessas regressões a maioria dos coeficientesparece não ser significativamente diferente de zeroou ter os sinais errados. Pelo contrário, os resulta-dos fornecidos pelo estimador PFMOLS são bas-tante razoáveis em termos de sinal e de magnitu-de. Pelo facto de estarmos a utilizar uma amostra

132 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(9) Sobre esta questão, ver, por exemplo, Phillips e Moon (1999),Kao e Chiang (2000), Pedroni (1996), Pesaran, Shin e Smith(1999), Binder, Hsiao e Pesaran (2000), Pesaran e Shin (1995).Phillips e Moon (2000), Baltagi e Kao (2000) e Banerjee (1999)constituem resenhas interessantes sobre o assunto.

(10)De facto, as equações apresentadas na secção seguinte incluemapenas duas (e não três) taxas de juro. Devido a uma forte coli-nearidade não podemos calcular separadamente os três coefici-entes. Retirámos it da equação, dado que, na verdade, não serevelou significativo nas regressões preliminares.

(11)Durante a década de noventa, teve lugar um processo impor-tante de aquisições. No entanto, muitas instituições não se fun-diram, constituindo conglomerados bancários.

(12)Utilizámos o conjunto econométrico NPT 1.2 recentemente de-senvolvido por Chiang e Kao (2001).

Page 122: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

pequena, a correlação dos resíduos, assim como aendogeneidade de alguns dos regressores, poderáexplicar estas diferenças.(13) Por este motivo, apre-sentam-se e comentam-se apenas os resultados ob-tidos com o estimador PFMOLS.

As equações estimadas são apresentadas noQuadro 1. Por baixo de cada coeficiente está a esta-tística t que tem uma distribução assimptótica nor-mal. Para cada equação foram efectuados váriostestes de cointegração. A hipótese nula de existên-cia de uma raiz unitária nos resíduos foi semprerejeitada, de forma que todas equações apresenta-das no Quadro 1 são relações de cointegração váli-das.

A coluna 1 apresenta os resultados da especifi-cação básica [3]. É óbvio que todos os coeficientessão estatisticamente significativos e exibem o sinalesperado para uma função de oferta de emprésti-mos. Apesar de os coeficientes estimados de lt e st

st não parecerem muito diferentes em termos abso-lutos, a hipótese nula de que são iguais em magni-tude é estatisticamente rejeitada. Na verdade, asestatísticas t para esta restrição são sempre maio-res do que dois (ver última linha do Quadro 1).

Dado que o coeficiente de � �ln /D P , � 1, é signi-ficativamente positivo e o coeficiente de lt , � 3, fini-to, concluímos haver evidência de que existe umcanal de crédito na transmissão da política mone-tária em Portugal.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 133

Artigos

Quadro 1

RESULTADOS DA ESTIMAÇÃO DA EQUAÇÃO[3] (MÉTODO PFMOLS)

(1) (2)Dimensão Liquidez Capitalização

Regressores . . . . . . . . . . (3) (4) (5) (6) (7) (8)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

� �ln /D Pitln . . . . . . . . . 0.615 0.721 0.676 0.49 0.633 0.717 0.409 0.713

(24.83) (28.99) (14.61) (10.86) (18.38) (21.34) (14.97) (26.26)

� �ln / .D P zit it . . . . . . . . 0.156 0.049 -0.051 0.027 -3.947 -0.747

(8.16) (2.80) (-0.75) (0.54) (-16.23) (-6.97)

� �ln /K Pit

. . . . . . . . . . . 0.156 -0.525 0.13 0.47(3.00) (-10.11) (2.74) (7.89)

� �ln / .K P zit it . . . . . . . . -0.101 0.022 6.462

(-3.03) (0.13) (12.14)lt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19.318 16.734 17.953 22.262 14.787 12.839 22.187 16.617

(15.00) (12.96) (16.14) (18.91) -12.1 (10.34) (18.01) (12.4)l zt it . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.523 101.926 111.513 24.639

(0.81) (8.40) (9.30) (1.79)st . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -15.905 -14.442 -11.767 -16.11 -11.835 -10.801 -17.096 -13.595

(-11.85) (-10.77) (-10.22) (-13.24) (-9.55) (-8.59) (-13.63) (-10.08)s zt it . . . . . . . . . . . . . . . . . -1.41 -72.969 -79.466 13.953

(-2.26) (-6.38) (-7.10) (1.04)� t . . . . . . . . . . . . . . . . . . -2.504 -1.114 -7.538 -6.476 -0.47 0.635 -5.114 -3.069

(-2.24) (-1.02) (-7.66) (-6.45) (-0.45) (0.61) (-4.70) (-2.76)zit . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0.411 0.214 -8.213 -9.005 -6.589 -0.444

(5.04) (3.55) (-13.27) (-14.26) (-5.15) (-1.32)Restrição diferencial . . (4.3) (2.98) — (8.79) — — — (3.81)

Legenda:

Estatística t em parêntesis.� �ln /D P = log natural do total de depósitos deflacionado pelo índice de preços no consumidor.� �ln /K P = log natural do capital total deflacionado pelo índice de preços no consumidor.

lt = taxa de juro dos empréstimos a longo prazo em decimais (empréstimos a 5 anos).

st = taxa de juro de curto prazo do mercado monetário português em decimais.

� t = taxa de inflação em decimais (quartas diferenças do log IPC).

zit = medida das características específicas dos bancos (dimensão, liquidez ou capitalização).

(13)As propriedades específicas do estimador FMOLS explicamprovavelmente as diferenças dos resultados. Por exemplo, é sa-bido que o estimador POLS é consistente, mas não superconsis-tente, se os regressores estiverem relacionados com os resíduose pode apresentar enviesamentos substanciais em amostras fi-nitas. Os resultados de simulação mostram ainda que o estima-dor PCOLS não melhora significativamente relativamente aoPOLS simples (ver, por exemplo, Baltagi e Kao (2000)). Pelocontrário, o PFMOLS é superconsistente, mesmo quando os re-gressores estão relacionados com os resíduos.

Page 123: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Comparando os resultados das colunas (1) e (2),vemos ainda que a conclusão sobre a existência docanal de crédito não depende da regressão calcula-da incluir ou não o capital dos bancos como re-gressor adicional.

Os restantes resultados de regressão apresenta-dos no Quadro 1 resultam da inclusão de termosinteractivos na regressão. Estes termos combinamas variáveis explicativas da equação básica comtrês características específicas dos bancos, normal-mente vistas como importantes fontes potenciaisda heterogeneidade dos bancos: dimensão, liqui-dez e capitalização. Estas três variáveis são indica-das por zit no Quadro 1. No caso da dimensão e dacapitalização a variável zit é medida pelas diferen-ças face à média em cada período temporal, ouseja,

z xN

x x xit it it it ti

N

� � � ���

11

[4]

em que xit representa o log dos activos totais, comomedida da dimensão, e o rácio de capital, como in-dicador de capitalização. Ao definir dimensão ecapitalização deste modo asseguramos que a va-riável zit capta os efeitos diferenciais puros. Nocaso da liquidez, a variável zit é medida pela dife-rença face à média de cada banco, ou seja,

z xT

x x xit it it it it

T

� � � ���

11

[5]

em que xit representa o rácio de liquidez como me-dida da liquidez do banco.(14) Esta definição per-mite-nos ter em conta a existência de períodos deliquidez excedentária geral (positiva ou negativa)para o conjunto do sector bancário, o que deveráter sido o caso do sistema bancário português du-rante a maior parte do período amostral.

Consideremos agora o modelo da coluna (3) doQuadro 1. O facto de o coeficiente em

� �ln /D P zit it ser positivo significa que o coeficien-

te dos depósitos é menor para os bancos pequenose, portanto, no caso português a oferta de emprés-timos dos bancos pequenos depende menos dosdepósitos do que a dos grandes bancos. Por outraspalavras, tudo o resto constante, poderíamos con-cluir que o canal de crédito é menos importantepara os bancos pequenos. No entanto, na Secção 3

verificámos que para avaliar a importância relati-va do canal de crédito bancário necessitamos nãosó de observar o coeficiente dos depósitos, mastambém o coeficiente da taxa de juro dos emprésti-mos. Assim, nos resultados do Quadro 1, paraavaliar a magnitude relativa do canal de créditopara dois bancos diferentes, devemos observarquer o coeficiente de � �ln /D P z

it it quer o coeficien-te de l zt it , dado que o efeito de uma descida docoeficiente dos depósitos poderá ser compensadopor um aumento do coeficiente da taxa de juro dosempréstimos e vice-versa.

Uma vez que os coeficientes dos termos de inte-racção l zt it e s zt it são ambos estatisticamente nãodiferentes de zero, podemos sem dúvida concluirque os bancos pequenos portugueses dependemmenos dos depósitos do que os grandes bancos ou,por outras palavras, que o canal de crédito bancá-rio parece ser menos importante para os bancospequenos.(15) Este resultado no entanto não surpre-ende no caso português. Portugal é um país pe-queno com um número de bancos não muito gran-de, onde mesmo os bancos mais pequenos são su-ficientemente grandes para não serem descrimina-dos no acesso aos mercados de financiamento.

As colunas (5) e (6) apresentam os modelos emque se considera a liquidez como a característicaespecífica relevante. O primeiro ponto importantea assinalar é que o coeficiente de � �ln /D P z

it it e ode � �ln /K P z

it it não são estatisticamente diferentesde zero. O facto de o coeficiente de � �ln /K P z

it it

ser zero significa que, no caso português, a depen-dência dos bancos face aos depósitos não variacom o rácio de liquidez dos bancos.(16) Por outrolado, acontece que o coeficiente da taxa de juro dosempréstimos é menor para os bancos menos líqui-dos(17) (dado que o coeficiente de l zt it é positivo), oque significa que a curva da oferta é menos incli-nada, reduzindo a importância do canal de créditopara os bancos menos líquidos. Este resultado con-tra-intuitivo não é, no entanto, surpreendente, por-que os bancos portugueses apresentaram um rácio

134 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

(14)Uma discussão da equação [5] é apresentada em Farinha eMarques (2001).

(15)De notar que o coeficiente de � �ln /K P na coluna (3) tem o si-nal errado, mas a conclusão acima apresentada mantém-separa o modelo na coluna (4), o qual foi estimado depois de ex-cluir � �ln /K P it e � �ln /K P zit it e depois de verificar que os coe-ficientes em l zt it e s zt it continuavam estatisticamente nãodiferentes de zero. No entanto, na coluna (4) o coeficiente esti-mado de � �ln /D P zit it é muito mais pequeno e a estatística tnão é muito elevada em termos relativos.

Page 124: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

de liquidez elevado no início do período amostraldevido à existência de limites de crédito e de rá-cios mínimos obrigatórios de detenção de dívidapública. Além disso, existe também alguma evi-dência de que o conjunto do sistema bancário teráfuncionado em condições de liquidez excedentáriaglobal durante a maior parte do período amostral.Deste modo, os coeficientes de l zt it e de s zt it podemaparecer significativamente diferentes de zero porestarem a captar os efeitos de uma quebra de es-trutura que teria ocorrido no período, como vere-mos mais adiante. Em geral, neste caso, poder-se-áconcluir que a liquidez dos bancos portuguesesnão desempenhou o papel de um “escudo” contraos choques da política monetária durante a décadade noventa.

As colunas (7) e (8) apresentam os dois modelosestimados com o rácio de capitalização como va-riável de interacção. Neste caso temos o coeficientede � �ln /D P z

it it negativo e os coeficientes de l zt it

e s zt it iguais a zero, podendo concluir com segu-rança que o canal de crédito parece ser mais im-portante para os bancos menos capitalizados.

Evidentemente, estas conclusões são válidasapenas no pressuposto de que os modelos estima-dos no Quadro 1 são estáveis. Mas se observarmosde novo os Gráficos 1 e 2 conclui-se que durante1996 e 1997 a taxa de crescimento de crédito ultra-passou largamente a taxa de crescimento dos de-pósitos ao mesmo tempo que os bancos procura-ram financiar-se através de formas alternativas aosdepósitos, em particular nos mercados monetáriosinternacionais. Este facto levanta a questão de sa-ber se as conclusões se mantêm quando se admitea existência de uma quebra estrutural nos últimosdois anos da amostra.

Para investigar esta questão “interagimos” asvariáveis da especificação básica (3) com uma va-riável dummy, que é zero para os primeiros seisanos de dados (1990/1 a 1995/4) e igual a 1 para

os dois últimos anos da amostra (1996/1 a1997/4).

Os resultados obtidos sugerem fortemente aexistência de uma quebra estrutural que terá ocor-rido nos últimos dois anos da amostra, dado queos coeficientes das variáveis interactivas (com avariável dummy) são em geral significativamentediferentes de zero. No entanto, saliente-se que to-das as conclusões relevantes tiradas do Quadro 1permanecem válidas. Em particular, conclui-se dequalquer forma que a dependência dos bancosface aos depósitos não varia com o rácio de liqui-dez do banco e que o canal de crédito é mais im-portante para os bancos menos capitalizados.(18)

5. CONCLUSÕES

No presente artigo investiga-se a existência deum canal de crédito utilizando dados trimestraisdos balanços dos bancos portugueses para o perío-do de 1990-1997. Este canal de transmissão funcio-na através de deslocações da função oferta de em-préstimos provocadas pela redução dos depósitosbancários na sequência de um choque da políticamonetária restritiva.

Ao contrário das abordagens anteriores, que re-corriam basicamente a equações (dinâmicas) daforma reduzida para o crédito bancário, utilizandovariáveis em diferenças, o presente artigo propõeuma abordagem alternativa, estimando directa-mente uma função oferta de empréstimos com asvariáveis em níveis e explorando assim resultadosrecentes de cointegração para dados de painel nãoestacionários.

Concluímos que existe um canal de crédito naeconomia portuguesa e que a importância destecanal é maior para os bancos menos capitalizados.A dimensão, tal como a liquidez, não parecem sercaracterísticas relevantes para determinar a impor-tância do canal de crédito bancário.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 135

Artigos

(16)De notar que esta conclusão depende do facto de a variável li-quidez ser definida como em [5]. Se preferirmos definir liqui-dez como em [4] o coeficiente de � �ln /D P zit it aparecesignificativamente diferente de zero e negativo. Este resultadomostra que o modo como o zit é definido é importante para aanálise empírica.

(17)De notar que um banco ilíquido é aquele para o qual o rácio deliquidez corrente está abaixo do rácio de liquidez média daamostra.

(18)Para uma discussão aprofundada dos resultados, ver Farinha eMarques (2001).

Page 125: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

REFERÊNCIAS

Alvarez, J. e Arellano, M, (1998), “The time seriesand cross-section asymptotics of dynamicpanel data estimators”, mimeo;

Baltagi, B.H. e C. Kao, (2000), “Nonstationary pan-els, cointegration in panels and dynamic pan-els: a survey”, em Advances in Econometrics,Vol. 15, “Nonstationary panels, panelcointegration, and dynamic panels”, editadopor B.D. Baltagi;

Banerjee, A., (1999), “Panel data unit roots andcointegration: an overview”, Oxford Bulletinof economics and Statistics, special issue,607-629;

Bernanke, B. S. e Blinder A. S, (1988) “Credit,money, and aggregate demand”, The Ameri-can Economic Review, Vol.78, No.2, 435-439;

Bernanke, B. S. and Gertler M., (1995) “Inside theblack box: The credit channel of monetarypolicy transmission”, Journal of Economic Per-spectives, Vol. 9, N.º 4, 27-48;

Binder, M., C. Hsiao e M.H. Pesaran, (2000), “Esti-mation and inference in short panel vectorautoregressions with unit roots andcointegration”, mimeo;

Chiang, M-H. e C. Kao, (2001), “Nonstationarypanel time series using NPT 1.2 - A userguide”, Center for Policy Research, SyracuseUniversity;

Courakis, A. S., (1988), “Modelling portfolio selec-tion”, The Economic Journal, 98, 619-642;

Farinha, Luísa, Marques, Carlos R., (2001), “Thebank lending channel of monetary policy:identification and estimation using Portu-guese micro bank data”, Documento deTrabalho do BCE N.º 102;

Favero, Carlo A., Giavazzi, F. e Flabi, L. (1999),“The transmission mechanism of monetarypolicy in Europe: evidence from banks’ bal-ance sheets”, Documento de Trabalho NBER7231;

Intrilligator, M., Bodkin, R., Hsiao C., (1996), “Ec-onometric models, techniques and applica-tions”, Prentice-Hall International, Inc.;

Johansen S., 1995, “Identifying restrictions of lin-ear equations with applications to simulta-neous equations and cointegration”, Journalof Econometrics, 69, 111-132;

Kao, C. e M-H. Chiang, (2000), “On the estimationand inference of a cointegrated regression inpanel data”, em Advances in Econometrics,Vol. 15, “Nonstationary panels, panelcointegration, and dynamic panels”, editadopor B.D. Baltagi;

Kashyap, A. K. e Stein, J. C., (1995), “The impactof monetary policy on bank balance sheets”,Carnegie-Rochester Conference Series onPublic Policy 42, 151-195;

Pedroni, P., (1996), “Fully modified OLS for heter-ogeneous cointegrated panels and the case ofpurchasing power parity”, Documento deTrabalho, Department of Economics, IndianaUniversity;

Pesaran, M. H. e Y. Shin, (1995), “Estimatinglong-run relationships from dynamic hetero-geneous panels”, Journal of Econometrics, 68,79-113;

Pesaran, M. H. e Ron P. Smith, (1998), “Structuralanalysis of cointegrating VARs”, Journal ofEconomic Surveys, Vol. 123, N.º 5, 471-505;

Pesaran, M.H., Y. Shin e R.P. Smith, (1999),“Pooled mean group estimation of dynamicheterogeneous panels”, Journal of the Ameri-can Statistical Association, Vol. 94, N.º 446,621-634;

Phillips, P.C.B. e H. R. Moon, (1999), “Linear re-gression limit theory for nonstationary paneldata”, Econometrica, Vol. 67, N.º 5, 1057-1111;

Phillips, P.C.B. e H. R. Moon, (2000),“Nonstationary panel data analysis: an over-view of some recent developments”, Econo-metric Reviews, 19 (3), 263-286;

Stein, J. C., (1998), “An adverse-selection model ofbank asset and liability management withimplications for the transmission of monetarypolicy”, RAND Journal of Economics, Vol. 29,N.º 3, 466-486;

Zha, T., (1997), “Identifying monetary policy: aprimer”, Economic Review, Federal Bank ofAtlanta, segundo trimestre;

136 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Artigos

Page 126: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

Janeiro 2002*

� 7 de Janeiro (Regulamento da CMVMnº8/2001, DR nº 299 Suplemento, 2ª Série)

Estabelece, nos termos da alínea n) do artº 9 e do artº 26 do Estatuto daCMVM, aprovado pelo Dec.-Lei nº 473/99, de 8-11, e da alínea b) do nº 1do art. 353 do Código dos Valores Mobiliários, aprovado pelo Dec.-Leinº 486/99, de 13-11, as taxas devidas à Comissão do Mercado de ValoresMobiliários. Revoga o Regulamento nº 35/2000, de 14-12. O presente Regu-lamento entra em vigor em 1-1-2002.

� 7 de Janeiro (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 1/2002/DET)

Esclarece sobre o processo de troca de notas e moedas em escudos por ou-tras expressas em euros, nomeadamente sobre o que dispõem os artigos 3º,4º e 6º do Dec.-Lei nº 117/2001, de 17 de Abril. Entende-se, nesta medida,que esta troca não pode ser subordinada a qualquer restrição que a lei nãopreveja e que a exigência de comissões ou outra remuneração atenta contrao próprio curso legal da moeda.

� 15 de Janeiro (Dec.-Lei nº 8-D/2002, DRnº 12, 2º Supl., 1ª Série A)

Altera o Dec.-Lei nº 394/99, de 13-10, que aprovou o regime jurídico dasentidades gestoras de mercados de valores mobiliários e de sistemas cone-xos, republicando-o.

� 23 de Janeiro (Despacho nº 1598/2002, DRnº 19, 2ª Série)

Aprova, nos termos previstos no nº 1 do artº 63 da Lei nº 5/98, de 31-01,ajustamentos do Plano de Contas do Banco de Portugal, sendo os mesmos,de aplicação às contas do exercício de 2001.

� 23 de Janeiro (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 8/02/DSBDR)

Esclarece dúvidas sobre o enquadramento prudencial dos títulos commaior grau de subordinação, emitidos no âmbito de operações de titulari-zação, detidos por entidades que, embora pertencentes ao grupo da insti-tuição originariamente cedente dos activos, não se encontram sujeitas àsdisposições do Aviso nº 10/2001, de 6-11.

� 26 de Janeiro (Regulamento nº 134/2002 doConselho, JOCE nº 24, Série L)

Altera o nº 2 do artº 7º do Regulamento (CE) nº 2531/98 do Conselho de23-11-98, relativo à aplicação de reservas mínimas obrigatórias pelo BancoCentral Europeu.

Fevereiro

� 4 de Fevereiro (Carta-Circular do Bancode Portugal nº 2/DMR)

Comunica, na sequência da Carta-Circular nº 347/DMR, de 27-10-99, que ataxa de remuneração dos Títulos de Depósito Série B será de 3,34%, para operíodo trimestral de contagem de juros que se inicia em 4-2-2002.

� 5 de Fevereiro (Regulamento da CMVMnº 1/2002, DR nº 30, 2ª Série)

Estabelece, para efeitos do disposto no nº 1 do artº 36 do Dec.-Leinº 453/99, de 5-11, o regime a que deve obedecer a contabilidade dos fun-dos de titularização de créditos.

� 6 de Fevereiro (Portaria nº 113-B/2002, DRnº 31 Supl., 1ª Série B)

Determina, nos termos do nº 3 do artº 1 do Dec.-Lei nº 88/94, de 2-4, que osvalores mobiliários representativos de dívida pública emitidos ao abrigoda Resolução do Conselho de Ministros nº 9-A/2002, de 12-1, sejam acres-centados à lista publicada através da Portaria nº 377-A/94, de 15-6.

� 9 de Fevereiro (Regulamento da CMVMnº 4/2002, DR nº 34, 2ª Série)

Estabelece, ao abrigo do disposto no nº 1, alínea b), do artº 353 do Códigodos Valores Mobiliários, e para os efeitos do disposto no nº 2 do artº 47-A eno artº 47-B, ambos do Dec.-Lei nº 276/94, de 2-11, os termos e as condi-ções em que as entidades gestoras de fundos de investimento mobiliáriopodem constituir fundos de índices e fundos garantidos.

� 11 de Fevereiro (Regulamento da CMVMnº 3/2002, DR nº 35, 2ª Série)

Estabelece, em concretização do disposto no Dec.-Lei nº 276/94, de 2-11, asregras aplicáveis aos fundos de investimento mobiliário em matéria de va-lorização dos seus activos, dos custos que lhes podem ser imputados, e docálculo do valor das unidades de participação e da actuação das entidades

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 I

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

* A cronologia das medidas de política monetária do Eurosistema encontra-se no Boletim Mensal do Banco Central Europeu.

Page 127: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

gestoras sempre que se registem erros. Revoga os Regulamentos nºs.16/99, de 14-10, 4/2000, de 16-2, e 26/2000, de 19-8.

� 13 de Fevereiro (Carta-Circular do Bancode Portugal nº 5/DET)

Informa as instituições de crédito sobre os procedimentos a adoptar relati-vamente ao depósito de notas denominadas em euro no Banco de Portugal.

� 13 de Fevereiro (Carta-Circular do Bancode Portugal nº 6/DET)

Comunica, na sequência da decisão do Banco Central Europeu de3-12-2001, as condições em que o Banco de Portugal procederá à troca denotas denominadas em euro, com curso legal, mutiladas ou danificadas. Apresente decisão vigora desde o dia 1-1-2002.

� 13 de Fevereiro (Directiva 2001/108/CE doParlamento Europeu e do Conselho, JOCEnº 41, Série L )

Altera a Directiva 85/611/CEE do Conselho que coordena as disposiçõeslegislativas, regulamentares e administrativas respeitantes a alguns orga-nismos de investimento colectivo em valores mobiliários (OICVM), no quediz respeito aos investimentos em OICVM. Os Estados-Membros adopta-rão até 13-8-2003, o mais tardar, as disposições legislativas, regulamentarese administrativas necessárias para dar cumprimento à presente directiva.Do facto informarão imediatamente a Comissão. Os Estados-Membrosaplicarão estas medidas, o mais tardar, até 13-02-2004.

� 14 de Fevereiro (Carta-Circular do Bancode Portugal nº 17/02/DSBDR)

Determina o envio ao Banco de Portugal de um relatório, com periodicida-de semestral, com quantificação das provisões económicas adequadas aorisco implícito na carteira de crédito.

� 15 de Fevereiro (Despacho nº 3497/2002,DR nº 39, 2ª Série)

Autoriza, ao abrigo do disposto no nº 2 do artº 74 da Lei nº 109-B/2001, de27-12, o Instituto de Gestão do Crédito Público a intervir no mercado se-cundário de dívida pública como parte em operações de reporte, tendo porobjecto valores mobiliários representativos de dívida pública directa doEstado admitidos ao mercado especial de dívida pública (MEDIP).

� 15 de Fevereiro (Instrução do Banco dePortugal nº 3/2002, BNBP nº 2/2002)

Estabelece um exercício de simulação de um regime designado por provi-sionamento anti-ciclo ou dinâmico.

� 15 de Fevereiro (Instrução do Banco dePortugal nº 4/2002, BNBP nº 2/2002)

Estabelece os elementos de informação sobre responsabilidades por pen-sões de reforma e de sobrevivência a enviar ao Banco de Portugal. Revogaa Instrução nº 13/99, publicada no BNBP nº 6, de 15.06.99.

� 19 de Fevereiro (Carta-Circular do Bancode Portugal nº 11/DPGCO)

Adverte as instituições de crédito de que, na sequência de algumas recla-mações relacionadas com a aposição de um prazo de validade nos impres-sos de cheque em euros, deverão ter em atenção alguns aspectos relaciona-dos com o dever de informação dos clientes bancários no âmbito dos con-tratos associados à movimentação por cheque das respectivas contas de de-pósito.

� 20 de Fevereiro (Carta-Circular do Bancode Portugal nº 18/02/DSBDR)

Informa que o Banco de Portugal decidiu proceder à alteração do critériovalorimétrico constante da alínea b) do ponto 1. do Capítulo V do Plano deContas para o Sistema Bancário, na sequência de sugestões apresentadaspor algumas instituições no sentido de poderem utilizar na valorização dassuas carteiras de negociação, as cotações praticadas no MEDIP (MercadoEspecial de Dívida Pública). Informa igualmente que esta alteração é válidapara efeitos do apuramento, nos termos do nº 10 do Aviso nº 3/95, das me-nos valias latentes dos títulos da carteira de investimento e constituição dasrespectivas provisões. A presente alteração entra em vigor em 1-3-2002.

Março

� 2 de Março (Dec.-Lei nº 42/2002, DR nº 52,1ª Série A)

Estabelece o regime jurídico das instituições de moeda electrónica. Trans-põe para o direito interno a Directiva nº 2000/28/CE, do Parlamento Euro-peu e do Conselho, de 18-9, que altera a Directiva nº 2000/12/CE, do Con-selho, de 20-3, relativa ao acesso à actividade das instituições de crédito eao seu exercício, e a Directiva nº 2000/46/CE, do Parlamento Europeu e doConselho, de 18-9, relativa ao acesso à actividade das instituições de

II Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

Page 128: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

moeda electrónica e ao seu exercício, bem como à sua supervisão pruden-cial.

� 13 de Março (Aviso do Banco de Portugalnº 1/2002, DR nº 61, 1ª Série B)

Redefine o Sistema de Débitos Directos (SDD). Revoga o Aviso nº 3/2000,de 11-08, in DR 1ª Série B, nº 193, de 22-8-2000.

� 14 de Março (Regulamento da CMVMnº 5/2002, DR nº 62, 2ª Série)

Altera os artºs. 29, 31, 32 e 34 do Regulamento nº 5/2000, de 23-02, que re-gulamenta o funcionamento dos mercados em geral e, em especial, dosmercados de bolsa. Rectificado pela Rectificação nº 686/2002, de 14-03, inDR 2ª Série, nº 74, de 28-03-2002.

� 14 de Março (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 10/DET)

Chama a atenção para a necessidade de, nas operações de troca, por euros,de notas e moedas expressas em escudos, serem observadas as normasconstantes do Dec.-Lei nº 117/2001, de 17-04, bem como as recomendaçõesveiculadas pela Carta-Circular nº 1/DET, de 07-01-2002.

� 20 de Março (Dec.-Lei nº 60/2002, DRnº 67, 1ª Série A)

Aprova o novo regime jurídico dos fundos de investimento imobiliário, oqual entra em vigor 90 dias após a respectiva publicação. Com a entradaem vigor do presente regime é revogado o Dec.-Lei nº 294/905, de 17-11,alterado pelo Dec.-Lei nº 323/97, de 26-11.

� 20 de Março (Dec.-Lei nº 61/2002, DRnº 67, 1ª Série A)

Dá nova redacção aos arts. 16 e 17 do Código dos Valores Mobiliários,aprovado pelo Dec.-Lei nº 486/99, de 13-11.

� 20 de Março (Dec.-Lei nº 62/2002, DRnº 67, 1ª Série A)

Dá nova redacção aos arts. 7, 8, 18 e 35 do Dec.-Lei nº 276/94, de 2-11, coma redacção que lhes foi dada pelo Dec.-Lei nº 323/99, de 13-08, o qual esta-belece o regime jurídico dos fundos de investimento imobiliário.

� 27 de Março (Portaria nº 323/2002, DRnº 73, 1ª Série B)

Altera os arts. 1, 3, 4 e 6 e adita os arts. 3-A e 7-A à Portaria nº 1303/2001,de 22-11, por forma a alargar a base de incidência das taxas de supervisãodevidas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

� 27 de Março (Aviso do Banco de Portugalnº 2/2002, DR nº 88, 1ª Série B

Adita um nº 2-A ao Aviso nº 1/95, de 17-02, por forma a prever a prestaçãode informação relativa a serviços e produtos que possam ser solicitados ouadquiridos através da Internet. O presente aviso entra em vigor no prazo de30 dias a contar da sua publicação.

Abril

� 5 de Abril Dec.-Lei nº 82/2002, DR nº 80, 1ªSérie A)

Altera os arts. 4 a 7, 12, 16, 17, 19, 23, 27, 28, 34, 37 e 38 e os Capítulos III eIV do Dec.-Lei nº 453/99 de 5-11, que estabelece o regime de titularizaçãode créditos. Este Dec.-Lei , com as alterações introduzidas pelo presente di-ploma, é republicado em anexo.

� 26 de Abril (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 6/DMR)

Comunica, na sequência da Carta-Circular nº 347/DMR, de 27-10-99, que ataxa de remuneração dos Títulos de Depósito Série B será de 3,30%, para operíodo trimestral de contagem de juros que se inicia em 4-5-2002.

� 30 de Abril (Portaria nº 505/2002, DRnº 100, 1ª Série B)

Aprova, ao abrigo do artº 5 do Dec.-Lei nº 232/96, de 05-12, e para efeitosda Directiva nº 93/22/CEE, a lista de mercados regulamentados. Revoga aPortaria nº 27/99, de 18-01.

Maio

� 4 de Maio (Dec.-Lei nº 122/2002, DRnº 103, 1ª Série A)

Aprova o regime jurídico das novas séries de certificados de aforro. Dánova redacção ao artº 7 do Dec.-Lei nº 172-B/86, de 30-06, e aos arts. 18 e 19de Dec.-Lei nº 43454, de 30-12-1960.

� 7 de Maio (Regulamento da CMVMnº 6/2002, DR nº 105, 2ª Série)

Determina, ao abrigo do disposto na alínea b) do artº 247, e no artº 11 doCódigo dos Valores Mobiliários, a obrigatoriedade de, no âmbito da pres-tação de informação financeira ao mercado, os emitentes de valores mobi-

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 III

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

Page 129: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

liários admitidos à negociação em mercado regulamentado elaborarem epublicarem informação por segmentos. O presente regulamento é aplicávela partir da prestação de contas anuais relativas ao exercício que se iniciouem ou após 1 de Janeiro de 2002 e cuja divulgação ocorra após a sua entra-da em vigor. Todavia, relativamente a entidades que não sigam o PlanoOficial de Contabilidade, como, por exemplo, as instituições de crédito e associedades financeiras, o Regulamento apenas será aplicável, a partir dapublicação de regulamentação ulterior pela CMVM.

� 8 de Maio (Regulamento da CMVMnº 7/2002, DR nº 120, 2ª Série)

Procede ao reconhecimento dos certificados como um novo tipo de valormobiliário, define o seu conceito e identifica as respectivas modalidades,mandando aplicar-lhes subsidiariamente o regime dos warrants autóno-mos.

� 15 de Maio (Instrução do Banco dePortugal nº 8/2002, BNBP 5/2002)

Revoga a Instrução nº 70/96, publicada no BNBP nº 1, de 17.06.96. Estabe-lece mecanismos preventivos de utilização do sistema financeiro portuguêspara efeitos de branqueamento de capitais.

� 21 de Maio (Aviso do Banco de Portugalnº 3/2002, DR nº 129, 1ª Série B)

Altera a parte I do anexo ao Aviso nº 1/93, de 08.06.93, aditando-lhe umnº 10, relativo aos requisitos de fundos próprios aplicáveis aos compro-missos de pagamento irrevogáveis decorrentes das contribuições obriga-tórias para o Fundo de Garantia de Depósitos.

� 31 de Maio (Lei nº 16-A/2002, DR nº 125,1ª Série A, Suplemento)

Altera o Orçamento do Estado para 2002, aprovado pela Lei nº 109-B/2001,de 27-12, na parte relativa aos mapas I a IV anexos, substituindo-os na par-te respectiva, por outros de igual numeração. Procede à extinção, reestrutu-ração e fusão de diversos organismos e consagra inúmeras disposições,muitas de âmbito fiscal, tendo-se procedido às respectivas alterações nosvários diplomas a que faz referência, com excepção da tabela I, a que se re-fere o nº 1 do art. 8 do Regulamento do Imposto Municipal sobre Veículos,aprovado pelo Decreto-Lei nº 143/78, de 12-06, relativamente ao qual éigualmente repristinado o nº 3 do citado artº 8, e alterado o art. 10. Rectifi-cada pela Declaração de Rectificação nº 21-A/2002, de 31-05.

Junho

� 18 de Junho (Regulamento da CMVMnº 8/2002, DR nº 138, 2ª Série, Suplemento)

Estabelece, ao abrigo do disposto no artº 60 do Dec.-Lei nº 60/2002, de20-3, um conjunto de normas que concretizam o regime jurídico dos fun-dos de investimento imobiliário. Revoga os regulamentos nº 96/03, de29-03, 97/11, de 26-07, e 98/05, de 27/05. O presente regulamento entra emvigor no dia 18-6-2002.

� 19 de Junho (Portaria nº 676/2002, DRnº 139, 1ª Série B)

Altera, ao abrigo do disposto no nº 1 do artº 95 e no nº 1 do artº 196 do Re-gime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovadopelo Dec.-Lei nº 298/92, de 31-12, e do disposto no nº 3 do artº 40 doDec.-Lei nº 453/99, de 5-11, o capital social mínimo das sociedades gesto-ras de fundos de titularização de créditos e das sociedades de titularizaçãode créditos. Revoga a Portaria nº 284/2000, de 23-5.

� 25 de Junho (Aviso do Banco de Portugalnº 4/2002, DR nº 144, 1ª Série B)

Estabelece o regime prudencial das menos valias latentes em participaçõesfinanceiras (níveis mínimos de provisionamento e deduções aos fundospróprios). Altera os Avisos n.ºs 3/95, de 30-6, e 12/92, de 29-12. O presenteaviso entra em vigor em 30-6-2002.

� 26 de Junho (Regulamento do Instituto deSeguros de Portugal nº 35/2002 (Normanº 12/2002-R), DR nº 145, 2ª Série)

Introduz alterações ao plano de contas para os fundos de pensões. Altera onº 3.2. e cria os nºs. 3.4 e 3.5 na norma regulamentar nº 12/95-R, de 6-7.

� 26 de Junho (Regulamento do Instituto deSeguros de Portugal nº 33/2002 (Normanº 10/2002-R), DR nº 145, 2ª Série)

Estabelece as regras aplicáveis às operações de reporte e de empréstimo devalores efectuadas nos fundos de pensões pelas entidades gestoras dosmesmos que operem em Portugal, bem como à sua respectiva contabiliza-ção.

IV Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

Page 130: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

� 26 de Junho (Regulamento do Instituto deSeguros de Portugal nº 32/2002 (Normanº 9/2002-R), DR nº 145, 2ª Série)

Estabelece as regras aplicáveis às operações de reporte e de empréstimo devalores efectuadas pelas empresas de seguros que operem em Portugal ouno estrangeiro sob a supervisão dos Instituto de Seguros de Portugal, bemcomo à sua respectiva contabilização.

� 26 de Junho (Regulamento do Instituto deSeguros de Portugal nº 30/2002 (Normanº 7/2002-R), DR nº 145, 2ª Série)

Estabelece as regras aplicáveis à utilização e contabilização de produtos de-rivados pelas empresas de seguros que operem em Portugal ou no estran-geiro sob a supervisão do Instituto de Seguros de Portugal. Revoga a nor-ma nº 15/98-R, de 20-11.

� 26 de Junho (Regulamento do Instituto deSeguros de Portugal nº 31/2002 (Normanº 8/2002-R), DR nº 145, 2ª Série)

Estabelece as regras aplicáveis à utilização e contabilização de produtos de-rivados nos fundos de pensões pelas entidades gestoras dos mesmos queoperam em Portugal. Revoga a norma nº 16/98-R, de 20-11.

� 26 de Junho (Regulamento do Instituto deSeguros de Portugal nº 34/2002 (Normanº 11/2002-R), DR nº 145, 2ª Série)

Introduz alterações ao plano de contas para as empresas de seguros, apro-vado pela norma regulamentar nº 7/94-R, de 27-4, alterada pela norma re-gulamentar nº 14/95-R, de 20-7.

Julho

� 2 de Julho (Regulamento da CMVMnº 9/2002, DR nº 150, 2ª Série)

Altera o artº 53º do Regulamento nº 10/2000, de 23-2 (emissões de warrantsautónomos), da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.

� 8 de Julho (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 68/2002/DSB)

Esclarece que os empréstimos garantidos por hipoteca sobre imóveis desti-nados à habitação do mutuário e concedidos até à data da entrada em vi-gor do Aviso nº 1/2001 (14.02.2001), poderão beneficiar da anterior ponde-ração para efeitos do rácio de solvabilidade, se as respectivas avaliações fo-rem efectuadas dentro do prazo de 3 anos a contar da referida data.

� 10 de Julho (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 69/2002/DSB)

Recomenda às instituições de crédito e sociedades financeiras que exami-nem com especial atenção as operações contratadas com diversas pessoassingulares ou colectivas residentes em determinados países ou territórios,no âmbito das medidas preventivas do branqueamento de capitais. Revogaa Carta-Circular nº 36/2001/DSB, de 17-10-2001.

� 11 de Julho (Recomendação do Conselho)2002/549/CE, JOCE nº 182, Série L

Recomendação do Conselho relativa às orientações gerais das políticas eco-nómicas dos Estados Membros e da Comunidade.

� 15 de Julho (Orientação do BCE2002/07/15, JOCE nº 185, Série L)

Altera a Orientação BCE/2000/7 relativa aos instrumentos e procedimen-tos de política monetária do Eurosistema (BCE/2002/2).

� 19 de Julho (Regulamento da CMVMnº 10/2002, DR nº 165, 2ª Série)

Define o valor da taxa a cobrar pelos serviços prestados pela CMVM relaci-onados com o registo de avaliadores de imóveis. Adita uma alínea h) ao nº1 do artº 5 do Regulamento nº 8/2001, de 28-12.

� 19 de Julho (Comunicação do BCE 2002/C173/02, JOCE nº 173, Série C)

Publica as autoridades nacionais competentes designadas pelos EstadosMembros para lutarem contra a falsificação de dinheiro, referidas na alíneab) do artº 2º do Regulamento (CE) nº 1338/2001 do Conselho e também, emconformidade com o Regulamento (CE) nº 1339/2001 do Conselho, quetornou extensivos os efeitos daquele regulamento aos Estados Membrosque não adoptaram o euro como moeda única.

� 22 de Julho (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 71/02/DSBDR)

Comunica que as sociedades corretoras, as sociedades mediadoras dosmercados monetário ou de câmbios, as sociedades gestoras de patrimóni-os, as sociedades gestoras de fundos de investimento, as sociedades admi-nistradoras de compras em grupo, as agências de câmbios e as sociedadesgestoras de fundos de titularização de créditos ficam dispensadas da elabo-ração e envio ao Banco de Portugal, do relatório sobre provisões económi-cas previsto na Carta-Circular nº 17/02/DSBDR.

� 24 de Julho (Portaria nº 866/2002, DRnº 169, 1ª Série)

Altera, ao abrigo do nº 1 do artº 95 e do nº 1 do artº 196 do Regime Geraldas Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado peloDec.-Lei nº 298/92, de 31-12, as alíneas h) e i) do nº 1 da Portaria nº 95/94,

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 V

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

Page 131: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

de 09-02 (fixa o capital social mínimo das instituições de crédito e socieda-des financeiras). Procede à alteração do capital social mínimo das socieda-des financeiras de corretagem e das sociedades corretoras, o qual deveráestar realizado até 30-9-2002. Revoga a Portaria nº 102/2002, de 1-2.

Agosto

� 9 de Agosto (Instrução nº 1/2002 do IGCP,DR nº 183, 2ª Série)

Fixa, ao abrigo do artº 10, nº 1, alínea c), do Dec.-Lei nº 122/2002, de 4-5, astaxas a cobrar pela prestação de serviços conexos com operações realizadassobre certificados de aforro.

� 9 de Agosto (Circular do Instituto deSeguros de Portugal nº 31/02, DR nº 183, 3ªSérie, Parte A)

Publica a lista, com referência a 17-7-2002, das empresas de seguros e socie-dades gestoras de fundos de pensões registadas no Instituto de Seguros dePortugal e, como tal, habilitadas a exercer a respectiva actividade.

� 14 de Agosto (Carta-Circular do Banco dePortugal nº 73/02/DSBDR)

Esclarece algumas questões relacionadas com a obrigatoriedade do envio,ao Banco de Portugal, de um relatório elaborado pelo auditor externo decada instituição, com a quantificação das provisões económicas adequadasao risco implícito da respectiva carteira de crédito, a que se refere a Car-ta-Circular nº 17/2002/DSB, de 14-02.

� 16 de Agosto (Instrução do Banco dePortugal nº 22/02)

Altera a Instrução n.º 23/97, no que se refere à lista de índices largamentediversificados.

� 20 de Agosto (Aviso do Banco de Portugalnº 5/2002, DR nº 191, 1ª Série B)

Procede à correcção da redacção dos pontos 4 e 5 do nº 5 do Aviso nº 4/2002,de 20-06.

� 21 de Agosto (Dec.-Lei nº 188/2002, DRnº 192, 1ª Série A)

Procede à criação do Fundo de Garantia de Titularização de Créditos(FGTC), cujo objecto consiste na concessão de garantias no âmbito de ope-rações de aquisição de títulos representativos de direitos de crédito a mé-dio e longo prazos sobre pequenas e médias empresas que desenvolvam asua actividade no âmbito do Programa Operacional da Economia.

� 21 de Agosto (Dec.-Lei nº 186/2002, DRnº 192, 1ª Série A)

Procede à criação de um novo tipo de instituição de crédito, as instituiçõesfinanceiras de crédito, cujo objecto consiste na prática de todas as opera-ções permitidas aos bancos, com excepção da recepção de depósitos, e quese regem pelo presente diploma e pelo disposto no Dec.-Lei nº 298/92, de31-12 (Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras) elegislação complementar. Revoga o artº 4 do Dec.-Lei nº 72/95, de 15-04, eo nº 1 do artº 4º do Dec.-Lei nº 171/95, de 18-07.

� 21 de Agosto (Dec.-Lei nº 187/2002, DRnº 192, 1ª Série A)

Procede à criação dos fundos de sindicação de capital de risco, cujo objectoé a realização de operações combinadas na área do capital de risco, atravésdo investimento em participações no capital de empresas e do financia-mento de entidades especializadas no domínio do capital de risco, tendoem vista o reforço do capital de pequenas e médias empresas que desen-volvam a sua actividade no âmbito do Programa Operacional da Econo-mia.

� 24 de Agosto (Regulamento da CMVMnº 11/2002, DR nº 195, 2ª Série)

Estabelece o regime a que deve obedecer a contabilidade dos fundos de in-vestimento imobiliário. O presente regulamento entra em vigor em1-8-2002. Os fundos constituídos e em actividade à data de entrada em vi-gor deste diploma, podem continuar a organizar a respectiva contabilida-de, nomeadamente no que se refere à prestação mensal de informação, nostermos do regulamento da CMVM nº 96/16, de 13-12, que se manterá emvigor até 31-12-2002.

� 24 de Agosto (Regulamento da CMVMnº 12/2002, DR nº 195, 2ª Série)

Fixa os elementos que podem integrar os fundos próprios das sociedadesde titularização de créditos e enuncia as regras aplicáveis à contabilidadedeste tipo de sociedades. Altera o regulamento da CMVM nº 10/2000, de10-02, e revoga os arts. 4, 48 e 49 do mesmo diploma.

VI Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

Page 132: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

� 26 de Agosto (Regulamento da CMVMnº 13/2002, DR nº 196, 2ª Série)

Altera o artº 1, adita um artº 8-A e revoga a alínea b) do nº 2 do artº 3 doRegulamento nº 11/2000 da CMVM, de 23-02-2000 (Deveres de Informa-ção).

Setembro

� 16 de Setembro (Carta-Circularnº 72/2002/DSB)

Comunica que a determinação das datas valor dos lançamentos de opera-ções com reflexos nas contas de depósito à ordem vai deixar de estar sujei-ta a regulamentação emitida pelo Banco de Portugal e informa de que, nes-se sentido, o Banco irá proceder à revogação da Instrução nº 50/96 e à alte-ração do Aviso nº 1/95.

� 16 de Setembro (Instrução do Banco dePortugal nº 24/2002)

Determina que as sucursais, em Portugal, das instituições de crédito e soci-edades financeiras com sede em outro Estado-membro da UE, procedam àelaboração de um relatório sobre o sistema de prevenção de branqueamen-to de capitais.

� 17 de Setembro (Portaria nº 1403/2002, DRnº 215, 2ª Série)

Determina, ao abrigo do nº 1 do artº 95 do Regime Geral das Instituições deCrédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo DL nº 298/92, de 31-12,que as instituições financeiras de crédito devem possuir um capital socialnão inferior a 10 milhões de euros.

� 26 de Setembro (Dec.-Lei nº 201/2002, DRnº 223, 1ª Série A)

Altera o Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financei-ras, aprovado pelo DL nº 298/92, de 31-12. Reformula as espécies de insti-tuições de crédito e sociedades financeiras (v.g. cria as instituições financei-ras de crédito e deixa de incluir, entre as sociedades financeiras, as socieda-des administradoras de compras em grupo, embora prevendo um regimetransitório para as actualmente existentes). Revê o enquadramento pruden-cial das instituições de crédito e sociedades financeiras, em particular nosdomínios do regime de autorização da respectiva constituição e da aquisi-ção de participações qualificadas, bem como do registo dos membros dosórgãos sociais. Reforça a efectividade dos métodos de supervisão, em con-sonância com os standards internacionalmente aceites. Introduz modifica-ções no processo de saneamento financeiro, facultando designadamenteuma intervenção mais ampla ao Banco de Portugal, ao Fundo de Garantiade Depósitos e a outras entidades do sistema financeiro.

� 28 de Setembro (Aviso do Banco dePortugal nº 6/2002, DR nº 225, 1ª Série B)

Estabelece um conjunto de deveres informativos que visam conferir maiortransparência e equidade aos domínios promocional e negocial dos instru-mentos de captação de aforro estruturado (ICAE). O presente aviso entraem vigor 60 dias após a sua publicação.

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 VII

Cronologia das principais medidas financeiras 2002

Page 133: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

WORKING PAPERS

1998

1/98 A COMPARATIVE STUDY OF THE PORTUGUESE AND SPANISH LABOUR MARKETS

— Olympia Bover, Pilar Garcia-Perea, Pedro Portugal

2/98 EARNING FUNCTIONS IN PORTUGAL 1982-1994: EVIDENCE FROM QUANTILE REGRESSIONS

— José A. F. Machado, José Mata

3/98 WHAT HIDES BEHIND AN UNEMPLOYMENT RATE: COMPARING PORTUGUESE

AND US UNEMPLOYMENT

— Olivier Blanchard, Pedro Portugal

4/98 UNEMPLOYMENT INSURANCE AND JOBLESSNESS IN PORTUGAL

— Pedro Portugal, John T. Addison

5/98 EMU, EXCHANGE RATE VOLATILITY AND BID-ASK SPREADS

— Nuno Cassola, Carlos Santos

6/98 CONSUMER EXPENDITURE AND COINTEGRATION

— Carlos Robalo Marques, Pedro Duarte Neves

7/98 ON THE TIME-VARYING EFFECTS OF UNEMPLOYMENT INSURANCE ON JOBLESSNESS

— John T. Addison, Pedro Portugal

8/98 JOB SEARCH METHODS AND OUTCOMES

— John T. Addison, Pedro Portugal

1999

1/99 PRICE STABILITY AND INTERMEDIATE TARGETS FOR MONETARY POLICY

— Vítor Gaspar, Ildeberta Abreu

2/99 THE OPTIMAL MIX OF TAXES ON MONEY, CONSUMPTION AND INCOME

— Fiorella De Fiore, Pedro Teles

3/99 OPTIMAL EXECUTIVE COMPENSATION: BONUS, GOLDEN PARACHUTES, STOCK OWNERSHIP

AND STOCK OPTIONS

— Chongwoo Choe

4/99 SIMULATED LIKELIHOOD ESTIMATION OF NON-LINEAR DIFFUSION PROCESSES THROUGH

NON-PARAMETRIC PROCEDURE WITH AN APPLICATION TO THE PORTUGUESE INTEREST RATE

— João Nicolau

5/99 IBERIAN FINANCIAL INTEGRATION

— Bernardino Adão

6/99 CLOSURE AND DIVESTITURE BY FOREIGN ENTRANTS: THE IMPACT OF ENTRY AND POST-ENTRY

STRATEGIES

— José Mata, Pedro Portugal

2000

1/00 UNEMPLOYMENT DURATION: COMPETING AND DEFECTIVE RISKS

— John T. Addison, Pedro Portugal

2/00 THE ESTIMATION OF RISK PREMIUM IMPLICIT IN OIL PRICES

— Jorge Barros Luís

3/00 EVALUATING CORE INFLATION INDICATORS

— Carlos Robalo Marques, Pedro Duarte Neves, Luís Morais Sarmento

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 i

Working papers

Page 134: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

4/00 LABOR MARKETS AND KALEIDOSCOPIC COMPARATIVE ADVANTAGE

— Daniel A. Traça

5/00 WHY SHOULD CENTRAL BANKS AVOID THE USE OF THE UNDERLYING INFLATION INDICATOR?

— Carlos Robalo Marques, Pedro Duarte Neves, Afonso Gonçalves da Silva

6/00 USING THE ASYMMETRIC TRIMMED MEAN AS A CORE INFLATION INDICATOR

— Carlos Robalo Marques, João Machado Mota

2001

1/01 THE SURVIVAL OF NEW DOMESTIC AND FOREIGN OWNED FIRMS

— José Mata, Pedro Portugal

2/01 GAPS AND TRIANGLES

— Bernardino Adão, Isabel Correia, Pedro Teles

3/01 A NEW REPRESENTATION FOR THE FOREIGN CURRENCY RISK PREMIUM

— Bernardino Adão, Fátima Silva

4/01 ENTRY MISTAKES WITH STRATEGIC PRICING

— Bernardino Adão

5/01 FINANCING IN THE EUROSYSTEM: FIXED VERSUS VARIABLE RATE TENDERS

— Margarida Catalão-Lopes

6/01 AGGREGATION, PERSISTENCE AND VOLATILITY IN A MACROMODEL

— Karim Abadir, Gabriel Talmain

7/01 SOME FACTS ABOUT THE CYCLICAL CONVERGENCE IN THE EURO ZONE

— Frederico Belo

8/01 TENURE, BUSINESS CYCLE AND THE WAGE-SETTING PROCESS

— Leandro Arozamena, Mário Centeno

9/01 USING THE FIRST PRINCIPAL COMPONENT AS A CORE INFLATION INDICATOR

— José Ferreira Machado, Carlos Robalo Marques, Pedro Duarte Neves,Afonso Gonçalves da Silva

10/01 IDENTIFICATION WITH AVERAGED DATA AND IMPLICATIONS FOR HEDONIC REGRESSION

STUDIES

— José A.F. Machado, João M.C. Santos Silva

2002

1/02 QUANTILE REGRESSION ANALYSIS OF TRANSITION DATA

— José A.F. Machado, Pedro Portugal

2/02 SHOULD WE DISTINGUISH BETWEEN STATIC AND DYNAMIC LONG RUNEQUILIBRIUM IN ERROR CORRECTION MODELS?— Susana Botas, Carlos Robalo Marques

3/02 MODELLING TAYLOR RULE UNCERTAINTY

— Fernando Martins, José A. F. Machado, Paulo Soares Esteves

4/02 PATTERNS OF ENTRY, POST-ENTRY GROWTH AND SURVIVAL: A COMPARISON BETWEEN

DOMESTIC AND FOREIGN OWNED FIRMS

— José Mata, Pedro Portugal

5/02 BUSINESS CYCLES: CYCLICAL COMOVEMENT WITHIN THE EUROPEAN UNION IN THE PERIOD

1960-1999. A FREQUENCY DOMAIN APPROACH

— João Valle e Azevedo

6/02 AN “ART”, NOT A “SCIENCE”? CENTRAL BANK MANAGEMENT IN PORTUGAL UNDER THE

GOLD STANDARD, 1854-1891

— Jaime Reis

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 ii

Working papers

Page 135: Textos de política e situação económica · 2016-10-12 · ta prevista no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal

7/02 MERGE OR CONCENTRATE? SOME INSIGHTS FOR ANTITRUST POLICY

— Margarida Catalão-Lopes

8/02 DISENTANGLING THE MINIMUM WAGE PUZZLE: ANALYSIS OF WORKER ACCESSIONS AND

SEPARATIONS FROM A LONGITUDINAL MATCHED EMPLOYER-EMPLOYEE DATA SET

— Pedro Portugal, Ana Rute Cardoso

9/02 THE MATCH QUALITY GAINS FROM UNEMPLOYMENT INSURANCE

— Mário Centeno

10/02 HEDONIC PRICES INDEXES FOR NEW PASSENGER CARS IN PORTUGAL (1997-2001)

— Hugo J. Reis, J.M.C. Santos Silva

11/02 THE ANALYSIS OF SEASONAL RETURN ANOMALIES IN THE PORTUGUESE STOCK MARKET

— Miguel Balbina, Nuno C. Martins

12/02 DOES MONEY GRANGER CAUSE INFLATION IN THE EURO AREA?

— Carlos Robalo Marques, Joaquim Pina

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 iii

Working papers