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Todos e Todas CAMPANHA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO … · Assim, e graças à solidariedade do povo cubano, tivemos acesso ao método de alfabetização SIM, EU POSSO! do Instituto

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Todos e TodasSem Terra Estudando

CAMPANHA NACIONALDE ALFABETIZAÇÃO NO MST

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EXPEDIENTE

A Cartilha “Campanha de Nacional de Alfabetização no MST” é umapublicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Fotos: Arquivo MST

Secretaria Nacional:Alameda Barão de Limeira, 123201202-002 São Paulo - SPTelefax: (11) 3361-3866Correio eletrônico: [email protected]

julho de 2007

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SUMÁRIO

I – Apresentação .................................................................................. 05

II – Realidade da Educação no Brasil ................................................ 07

III – O que queremos com a Campanha ........................................... 09

IV – A organicidade ........................................................................... 11

V – Metodologia ................................................................................. 13

VI – Formação de Educadores .......................................................... 15

VII – Infra estrutura necessária ......................................................... 16

VIII – A mística como elemento fundamental ................................... 18

IX – Divulgação ................................................................................. 20

X – Avaliar no começo, durante e no fim ........................................... 23

XI – Conquistar a escolarização, uma missão de todos ...................... 24

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Resolver o problema do analfabetismo no Brasil é umatarefa tão nobre e digna quanto o ato de lutar pela terra epela reforma agrária. A luta pela educação universal é umaprioridade de toda a militância, por isso, e com grande alegria,é que o MST assumiu a bandeira: Todos e Todas Sem TerraEstudando - Campanha Nacional de Alfabetização noMST!

Em 23 anos de existência do nosso Movimento, odesafio da educação e da alfabetização sempre caminhoujunto com nosso processo de luta, organização emobilização dos trabalhadores/as rurais. Em nossosprimeiros acampamentos já existia a escola, embaixo de umaárvore, num barraco... Com a mesma preocupação dealfabetizar e educar. Não estamos portanto começando umaCampanha do zero, temos acúmulos práticos e teóricos.Temos experiências e temos milhares de pessoas que foramalfabetizadas e educadas nas escolas do MST, com nossaprópria pedagogia, voltada para a realidade do campo ecom uma perspectiva transformadora.

Assumimos como questão de honra acabar com oanalfabetismo em nossas áreas de assentamentos eacampamentos, através da adoção de vários métodospedagógicos e inspirados em nosso grande mestre PauloFreire. Pela grandeza da missão, nos coube também a tarefade conhecer outras experiências no Brasil e na América Latina,no espírito de aprender com outros processos históricos.Assim, e graças à solidariedade do povo cubano, tivemosacesso ao método de alfabetização SIM, EU POSSO! doInstituto Pedagógico Latino Americano e Caribenho deCuba, no ano de 2005. E de lá pra cá, toda a militância e oconjunto de nosso Movimento vem fortalecendo um belo

I - APRESENTAÇÃO

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processo de alfabetização em todos os lugares onde temosfamílias Sem Terra.

Lançamos no Encontro da Coordenação Nacional em2004, Goiânia-GO, a linha política de Todo e Toda Sem TerraEstudando. Logo depois, na reunião da Coordenação Nacionaldo MST, em Salvador-BA, no mês de janeiro de 2007,realizamos um belo Ato pela Educação e contra oAnalfabetismo, e por último, numa profunda mística duranteo nosso 5º Congresso Nacional, em Brasília, com mais de17.500 delegados/as, todos no mesmo coro e voz, agarramos aresponsabilidade histórica com as futuras gerações, afirmandoque esta Campanha será a nossa contribuição solidária com asociedade brasileira.

As tarefas estão lançadas, o desafio é grande. Estamosfazendo chegar até você, este pequeno Manual de orientaçõespráticas. O mais importante é compreender o tamanho daresponsabilidade e não permitir que tenhamos companheirose companheiras analfabetos em nossas comunidades.

Vamos à luta pela alfabetização! Vamos construir territórios livres do analfabetismo! Um ótimo estudo!

VAMOS TODOS À CAMPANHA, ESSA LUTA É NOSSA!

Direção Nacional do MST

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Os índices de analfabetismo no Brasil são ainda muitoelevados e bastante preocupantes, principalmente nas regiõesmais pobres do país e na área rural. No campo, de maneirageral, a taxa de analfabetismo entre os adultos (acima de 15anos) é de 28,7%, enquanto que na zona urbana essa taxa éde 10,3%, num total de cerca de 15 milhões de brasileirosadultos que não sabem ler nem escrever. Essa situaçãodemonstra que a garantia do ensino fundamental, obrigatórioe gratuito, previsto na Constituição Federal, não vem sendocumprida. O acesso à educação em todos os níveis é negadoao povo brasileiro: hoje apenas 50% dos jovens ingressamno ensino médio; destes, apenas 50% se formam e apenas8% dos jovens entram no ensino superior público.

A Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária,realizada em 2004, sobre a situação educacional nas áreas deassentamentos e acampamentos revela que nesses lugares 23%dos adultos são analfabetos, o que nos leva a considerar que otrabalho de alfabetização realizado pelos Movimentos Sociais,mesmo sob condições adversas, tem contribuído para aredução dos índices de analfabetismo no campo.

Para além disso, esse trabalho tem garantido que essaalfabetização seja realizada tendo em conta métodos e conteúdosadequados à realidade de vida de cada jovem e adulto, no nossocaso, à realidade dos trabalhadores/as rurais, historicamenteexcluídos do direito à educação, ou submetidos a umaeducação precária e distante da sua realidade.

Porém tudo o que temos feito ainda não é suficiente,nossa principal tarefa é acabar com o analfabetismo em nossasáreas e em todo o Brasil. O desafio permanece!

II) REALIDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL E O PAPEL

DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

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EDUCAÇÃO,UMA BANDEIRA HISTÓRICA DO MST

- cerca de 2.000 escolas públicas conquistadas nosacampamentos e assentamentos em todo país;

- mais de 200 mil crianças e adolescentes Sem Terraestudando, cerca de 95% a partir de um currículoespecial para jovens do campo;

- mais de 3.900 professores;

- alfabetização de jovens e adultos que envolve acada ano 2 mil educadores e mais de 28 mileducandos;

- convênios com mais de 13 universidades públicaspara cursos de nível superior de graduação eespecialização: pedagogia, história, geografia,agronomia, entre outros;

- 28 médicos formados em Cuba e mais 100 jovenssem terra estudando Medicina atualmente em Cuba eVenezuela .

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1. Desencadear um processo de alfabetização de todos etodas jovens e adultos dos assentamentos e acampamentoscoordenados pelo MST que não tiveram acesso à leitura eà escrita, contribuindo para que essas áreas se tornemterritórios livres do analfabetismo;

2. Envolver na campanha de alfabetização todos/as os sujeitosdo Movimento Sem Terra, assentados e acampados, é deverde todos se envolverem nesta nobre tarefa;

3. Realizar a formação de educadores e educadoras para oexercício da Educação de Jovens e Adultos;

4. Despertar nos trabalhadores e trabalhadoras do campoo desejo de dar continuidade ao seu processo deescolarização;

5. Buscar junto ao poder público formas de garantir aostrabalhadores e trabalhadoras o direito de continuarem oseu processo de escolarização. É nosso direito estudar!

6. Propiciar a elevação do nível de consciência social,cultural, ideológica e política dos Sem Terra do MST.

III – O QUE QUEREMOS COM A CAMPANHA:

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“Ninguém educa ninguém. Ninguém seeduca a si mesmo. As pessoas se educamentre si, mediatizadas pelo mundo”

Paulo Freire

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O compromisso de Todos e Todas Sem TerraEstudando, deve ser uma responsabilidade coletiva de todosos dirigentes e militantes, das escolas e de todos os setorese instâncias do MST, envolvendo desde os núcleos defamílias até às coordenações e direções locais, regionais,estaduais e nacional. Será uma grande obra coletiva.

Como se organizar?

√ A campanha de alfabetização dever ter uma CoordenaçãoEstadual, uma equipe forte, com a participação integral dossetores: educação, formação, cultura, comunicação, frentede massa, produção, saúde e coletivo da juventude. Estaorganicidade deve acontecer no núcleo, na comunidade, naregião, na Brigada. A equipe precisa organizar calendáriosde reuniões.

√ É necessário envolver todos os militantes do MST naCampanha, assumindo tarefas na articulação e concretização.A partir da organicidade local, podemos fazer reuniões:a)nos núcleos, b) nos coletivos, c) nas comunidades, e d)nas instâncias locais e regionais, para divulgar a campanhae conscientizar da importância de superar o analfabetismo:

√ Os cursos formais e não formais devem ter no conteúdo dasetapas o tema: método de trabalho com alfabetização dejovens e adultos. É tarefa dos educandos, no tempocomunidade, envolver-se e serem os educadores daCampanha de Alfabetização.

IV – A ORGANICIDADE

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Para o MST a educação acontece de maneirapermanente, num movimento continuado de formação daspessoas. Escolarizar é incentivar a pensar com a própriacabeça, é desafiar a interpretar a realidade para mudá-la, éelevar o nível de consciência.

Passo a passo...

√ Devemos realizar em cada local um diagnóstico queidentifique as pessoas que não lêem e não escrevem e o graude escolaridade médio da comunidade, e fazer umlevantamento dos possíveis educadores e organização dasturmas. Não há limite para o número de turmas.

√ Devemos ter atenção para perceber se algum educando/atem problemas de visão, uma vez que estes podem prejudicaro seu processo de aprendizagem. Neste caso devemos procurarsoluções coletivas (consultas no oftalmologista, aquisição deóculos junto às secretarias de saúde, etc..)

√ Sim, Eu Posso! - este é o primeiro passo do processo dealfabetização. Um método, que através do uso de umanovela de alfabetização, possibilita ao jovem ou adulto, seapropriar dos códigos da leitura e escrita no período detrês meses. O educador será um facilitador do processode aprendizagem, estando sempre presente. Aprender aler e escrever é um passo importante, porém nosso dever éa continuidade no processo de alfabetização durante maiscinco meses, para assim avançar no nível de estudo e deescolarização

V – METODOLOGIA

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√ Depois do Sim, Eu Posso!, o educando deverá continuarseus estudos durante cinco meses, orientado peloeducador e com o apoio de um material didáticoorganizado por temáticas que dialogam, problematizam,questionam e projetam transformações na realidade locale global das famílias assentadas e acampadas.

√ Após o período de oito meses devemos incentivar oseducandos a continuar os estudos, garantindo que osmesmos ingressem na Educação de Jovens e Adultos -EJA da rede regular de ensino.

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Recomendamos que cada estado organize cursos deformação, seminários e encontros, para motivação eformação dos educadores. O envolvimento da militânciado MST é indispensável nesta campanha. E acima de tudoa participação efetiva dos educadores e educadoras, senãoa campanha corre risco de não se concretizar.

Acreditamos na necessidade da formação política epedagógica continuada dos nossos educadores e educadorasdurante todo o desenvolvimento da campanha dealfabetização, para que se sintam preparados do ponto devista político e pedagógico, para assumir e desenvolver estaimportante missão revolucionária.

VI - A FORMAÇÃO DE EDUCADORES

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Para que o trabalho seja realizado com sucessonecessitamos de uma certa infra estrutura:

√ luz elétrica na escola, pavilhão ou clube do assentamento ouacampamento;

√ aparelho de televisão;

√ aparelho de DVD;

√ reprodução das aulas em DVD;

√ reprodução das cartilhas;

√ quadro (que possibilite escrever com giz)

√ materiais pedagógico-didáticos: pincel, lápis, caneta, caderno,borracha, papel, lápis de cor e de cera;

√ transporte para coordenadores e educadores que não sãoda comunidade;

√ óculos de grau para quem tem problemas de visão;

√ e outros.

Tudo isto será possível se construirmos parceriassolidárias com as instituições da sociedade, por exemplo:governos estaduais e municipais, sindicatos rurais e urbanos,igrejas, comércio local, organizações estudantis, escolasparticulares e outras organizações de acordo com asarticulações e especificidades locais.

VII – INFRA-ESTRUTURA NECESSÁRIA

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Porém, e se não for possível conseguirmos todosestes materiais e equipamentos?

Mesmo sem as condições materiais, alfabetização éacima de tudo vontade política. O importante é semprebuscarmos as melhores condições, mas na falta do acessoa este direito, fazemos como a exemplo da luta pela terra,“lutamos fazendo”. Assim, devemos nos esforçar por buscaralternativas e seguir adiante com o processo de alfabetização.Como:

• Proporcionar aulas individuais (todos podem seralfabetizadores voluntários);

• Cada núcleo assume as pessoas que não são alfabetizadas deseu núcleo, e quem já tem este conhecimento pode ser oalfabetizador;

• Se no núcleo não tem quem possa ser o alfabetizador, oassentamento/acampamento deve discutir quem vai ser oresponsável por esta tarefa;

• O núcleo também pode assumir a aquisição de caderno,lápis, enfim, os materiais necessários, pois o volume pornúcleo é menor e é possível criar as condições.

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A mística de aprender e ensinar deve ser a base dacampanha de alfabetização das famílias Sem Terra, de formaque os educandos/as sintam prazer em se alfabetizar e oseducadores/as estejam preparados para mediar o processo deaprendizagem e assumir com compromisso a campanha dealfabetização.

Cada comunidade e turma precisa criar sua mística e oentusiasmo próprio. Algumas dicas:

√ Garantir que o local onde acontece o processo dealfabetização seja um de fato um ambiente educativo,agradável, ornamentado, organizado, com: letrado, jogos,cantinho de leitura, mural informativo e de aniversariantes,etc.

√ Realizar um trabalho de fortalecimento do direito enecessidade da educação dos trabalhadores e trabalhadorasdo campo ou seja, “para trabalhar na roça é necessário estudar”.Organizar debates e prosas nas comunidades sobre o tema.

√ O processo de alfabetização dos adultos deve dialogarcom o processo educativo das crianças na escolagarantido troca de experiências através da: escrita (cartas,etc..), visitas, contação de história dos adultos para ascrianças e realização de atividades culturais em conjunto.

√ Criar uma simbologia através de uma placa ou bandeira,que emule e identifique as comunidades que se tornamterritórios livres do analfabetismo.

√ Garantir a realização de uma festa de formatura de todasas turmas com a entrega de um documento que certifique

VIII – A MÍSTICA COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL

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que o jovem ou adulto está alfabetizado. Confraternizar ecomemorar a conquista!

VOCÊ SABIA QUE...

...CUBA foi declarada Território Livre de Analfabetismo no dia 22 dedezembro de 1961?

Durante todo o ano de 1961, a Revolução Cubana mobilizou grande parte dapopulação para a realização da Campanha Nacional de Alfabetização com oobjetivo de reduzir o analfabetismo e aumentar a porcentagem de populaçãoescolarizada. Mais de 250 mil voluntários, na sua maioria jovens, ensinaram aler e a escrever a quase um milhão de cubanos em todo o país, muitos delesem áreas rurais isoladas, reduzindo o índice de analfabetismo de um percentualsuperior a 20% em 1959 para 3,9%.

Desde essa data, Cuba tem contribuído solidariamente com vários países nessaimportante tarefa de alfabetização. Atualmente cerca de 2,3 milhões depessoas de 15 países estão estudando com o método “Yo sí puedo”.

VENEZUELA utilizou o método cubano no Plano Extraordinário deAlfabetização Simón Rodríguez, mais conhecido como Missão Robinson, edurante cerca de dois anos e meio conseguiu alfabetizar cerca de 1,5 milhõesde pessoas.

No EQUADOR vários prefeitos indígenas adotaram o método.

BOLÍVIA, com o apoio de Cuba e Venezuela, pretende erradicar oanalfabetismo para o ano de 2008. Tanto nas áreas urbanas como nas rurais,os povos Aymara e Quechua estão aprendendo a ler e escrever nos seuspróprios idiomas.

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A principal tarefa na divulgação é organizar asolidariedade em torno da Campanha de Alfabetização, paraisso devemos utilizar todas as formas de divulgação, agitaçãoe propaganda na sociedade e em nossa base social ao nossoalcance.

a) Para o público externo:√ Realizar uma ampla mobilização da sociedade, tornando

pública a luta pela superação do analfabetismo e pelodireito a educação, de forma que este direito seja legitimadopela população brasileira.

√ Realizar um ato de lançamento da campanha nas capitais,com amigos, aliados e com outras forças sociais;

√ Ocupar espaços nas rádios amigas e comerciais, com osmateriais da campanha ou dando entrevistas, por exemplo;

√ Combinar com padres, bispos e pastores e nas missas ecultos comentar sobre a importância da Campanha;

b) Para o público interno:

√ Garantir que a campanha seja lançada em cada local, reunindoeducandos e educadores, convidando todas famílias dacomunidade para participar assim como as autoridadeslocais, dirigentes do MST a nível estadual, professores ealunos universitários, amigos e etc.

√ Produzir camisetas e bonés com o lema da campanha;

√ Utilizar as nossas rádios comunitárias para divulgar acampanha e também os resultados;

IX - DIVULGAÇÃO

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√ Organizar peças de teatro, como forma de agitação epropaganda;

√ Realizar encontros de formação e seminários em nossasáreas;

√ Produzir faixas que motivem e chamem as pessoas paraparticipar das aulas;

√ Dar visibilidade às turmas de alfabetização na comunidadeatravés de: programas nas rádios comunitárias,participação dos educandos nos momentos culturais dacomunidade, organização das turmas para realização detarefas em benefício da comunidade (embelezamento,mural, arborização nas ruas, produção de hortaagroecológica com as crianças da escola, entre outros).

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A avaliação é um dos elementos indispensáveis nodesenvolvimento de processos educativo. Considerando estaimportância, a avaliação deverá ser cotidiana, tanto doprocesso coletivo envolvendo educandos, educadores,coordenadores de turmas, a militância e os dirigentes, comotambém do processo de aprendizagem de cada educando.Propomos as seguintes etapas:

1) Nos primeiros três meses deverá ser feita uma avaliaçãosemanal para perceber no educando as dificuldades deaprendizagem, os limites e os avanços conquistados.

2) No final dos três meses, a avaliação será feita através deuma carta escrita pelo educando/a, que cada um devededicar a quem desejar, e que deverá ser lida em sala deaula para os companheiros/as de turma e educador/a.

3) Nos meses seguintes devem ser organizados momentosde leituras e de escritas coletivas para que se percebamos avanços e limites dos educandos. E criar umametodologia de superação.

4) Mensalmente também deverá ser feita uma avaliaçãocoletiva entre educadores e coordenadores de turmas paraperceber os limites e as possibilidades de avanços noprocesso de aprendizagem e no desenvolvimento em geralda campanha.

X – AVALIAR NO COMEÇO, DURANTE E NO FIM

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Sabemos que a educação do campo é um direito nossoe um dever do Estado, e no nosso caso, é um compromissodas comunidades lutar pela garantia desse direito. No MST,compreendemos como organização, que no atual momentoda luta de classes é imprescindível que todo e toda SemTerra eleve o seu grau de escolaridade, para que consigamosresponder as demandas da luta pela Reforma Agrária naconstrução da justiça social e da soberania popular.

Por Lei, o poder público é responsável em garantirescola no local onde residem aos jovens e adultos que nãotiveram acesso à escolarização em tempo regular. Énecessário que façamos um trabalho junto às escolas deassentamentos para que incluam no seu Projeto PolíticoPedagógico a ESCOLARIZAÇÃO dos jovens e adultos,garantindo sua aprovação através de negociações junto àsSecretarias Municipais e Estaduais de Educação.

O projeto político-pedagógico deve ser elaborado deacordo com a realidade local, respeitando a organização dotrabalho e vida cotidiana das famílias, por exemplo:condensar as aulas em alguns dias da semana, ou ter aulastodos os dias, ou nos finais de semana etc. Diante da lei deeducação várias coisas são possíveis de serem feitas e servalidadas.

Todos e todas jovens e adultos que passarem peloprocesso de alfabetização, ou que já estão alfabetizadosdevem ser organizados em turmas e coletivamentenegociarem com o poder público para que possam continuarseus estudos no local onde vivem até o Ensino Médio, depoisgarantir a participação em cursos universitários. Acontinuidade da escolarização deve ser uma luta do conjuntodo Movimento Sem Terra.

XI – CONQUISTAR A ESCOLARIZAÇÃO, UMA MISSÃO

DE TODOS

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Elogio do aprendizado

Aprenda o mais simples!Para aqueles cuja hora chegou

Nunca é tarde demais!Aprenda o ABC; não basta, mas

Aprenda! Não desanime!Comece! É preciso saber tudo!

Você tem que assumir o comando!

Aprenda, homem no asilo!Aprenda, homem na prisão!Arenda, mulher na cozinha!

Aprenda, ancião!Você tem que assumir o comando!

Frequente a escola, você que não tem casa!Adquira conhecimento, você que sente frio!

Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.Você tem que assumir o comando.

Não se envergonhe de perguntar, camarada!Não se deixei convencer

Veja com seus olhos!O que não sabe por conta própria

Não sabe.Verifique a conta

É você que vai pagar.Ponha o dedo sobre cada item

Pergunte: O que é isso?Você tem que assumir o comando.

Bertolt Brecht

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