Tópico Avançado-Dotados e Talentosos

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  • 8/14/2019 Tpico Avanado-Dotados e Talentosos

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    Curso de Ps Graduao Lato Sensu Especializao em Educao

    Especial para Dotados e Talentosos.

    Universidade Camilo Castelo Branco Unicastelo

    TPICOS AVANADOS EM ESTUDOS PS-GRADUADOS EMEDUCAO ESPECIAL.

    Antes de quaisquer consideraes devemos especificar o que Educar, assim

    sendo, recorrerei definio de Maturana (2001), que acho pertinente quando diz que

    o processo em que o sujeito ao conviver com o outro, se transforma, espontaneamente,

    de maneira que seu modo de viver se faz, progressivamente, mais congruente com o

    outro, no espao de convivncia.

    Realmente, este convvio, se fortalece no mbito escolar, onde a criana interage

    umas com as outras, trazendo de casa a educao familiar e agregando atravs da escola

    uma educao institucional e de valores aceitos pela sociedade em que vive. Neste

    espao to diversificado, que per si, proporcionaria a incluso dos diferentes, tantosocial como cognitivos, mas o que vemos que isto realmente no acontece.

    Por qu? A resposta est no sistema de educao como diz Pierre Bourdieu,

    este sistema traz em seu conjunto os mecanismos institucionais e habituais pelo quais

    se encontram asseguradas, segundo a expresso de Durkheim, a conservao de uma

    cultura herdada do passado.

    Assim a Escola sendo uma Instituio do Estado, deveria ser tratada como

    funo de Estado e no Poltica. Ento vemos duas vertentes, que colaboram para o caos

    educacional que vivemos.

    Sabemos que em 1929, o estado do Rio de Janeiro, na reforma que fez no seu

    sistema educacional previu o atendimento aos super-normais. Mas s foi em meados do

    sculo XX, quando a Lei 4024/61, focou nos Artigos 8 e 9 educao dosexcepcionais, palavra usada por Helena Antipoff para denominar as crianas com

    deficincia mental, os que tinham problemas de conduta e os superdotados. Em 1967, o

    Ministrio de Educao e Cultura criou uma comisso para estabelecer critrios de

    identificao e atendimentos aos superdotados. Mas, com o deslocamento neste nterim

    dos alunos da classe mdia para as escolas privadas e os da classe popular para as

    escolas pblicas e consequente aumento da demanda, em 1971, foi criado o Servio de

    Educao Especial, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, que levaram a

    promulgao da Lei 5692/71, no seu Artigo 9, refere-se ao trato especializado e a

    acelerao s crianas superdotadas, a critrio dos Conselhos de Educao, Federal,

    Estaduais e Municipais.Como ato contnuo, foi criado neste ano o Projeto Prioritrio n

    35, que estabeleceu a educao de superdotados e focou prioritariamente a EducaoEspecial, inserindo-a no Plano Setorial de Educao e Cultura, agendado para o perodo

    de 1972 a 1974, fixando uma poltica de ao do MEC com relao ao superdotado.

    (NOVAE,1979). J em 1971, defendia um atendimento diferenciado s crianas

    superdotadas e talentosas, o que hoje tido como ideal de educao para elas na Europa

    e nos Estados Unidos, enquanto que no Brasil pretende-se alcanar por meio da

    Educao Inclusiva. A lei de 71 veio reforar a de 31, que j previa a programao do

    enriquecimento curricular, a acelerao no estudo ou ambas, apenas acrescentou a

    monitoria.

    Foi a partir da Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, em Jomtien,

    Tailndia, em 1990, em continuidade em Salamanca na Espanha, 1994, que passou a ser

    conhecida pela histria da Educao, como A Declarao de Salamanca, antes de uma

    declarao de princpios gerais e universais, parte da constatao da particularizao dos

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    sistemas de ensino. Nela estabelece que cada pas, estado ou municpio precisa

    desenvolver sistemas educacionais de acordo com suas necessidades especficas, e

    constataram que os grupos excludos na dcada de 40, ainda continuavam sendo

    excludos at aquele momento.

    Como, foi constatado que o sistema de ensino previlegia os chamados alunos

    normais, propem uma Educao Inclusiva, desta forma a Declarao de Salamanca,parte do pressuposto que: As escolas regulares com a orientao para a educao

    inclusiva, so o meio mais eficaz no combate das atitudes discriminatrias, propiciando

    condies para o desenvolvimento de comunidades integradas, base de construo da

    sociedade inclusiva e obteno de uma real educao para todos.

    Esta Declarao tambm visou comprometer os governos, para que envidassem

    esforos na adoo de princpios da educao inclusiva nas leis e polticas pblicas.

    Frente a este compromisso, e cumprindo a Constituio de 1988, o Brasil vem

    estabelecendo estas mudanas com a LDBEN 9394/96. Mas tambm no foi surpresa

    nenhuma pela, histria da educao brasileira, que esta lei, que estabelece as novas

    diretrizes e bases da educao, tenha um captulo para tratar das questes da Educao

    Especial, Captulo V, e cite os alunos superdotados em seu texto legislativo, Art.58.Como conseqncia, da Declarao de Salamanca, visou-se adequar melhor o

    conceito de superdotado para altas habilidades e a excluso do conectivo alternativo ou

    que possibilitava aos alunos com fracasso escolar serem identificados por suas altas

    potencialidades (Delou,1996).

    No Art.5, inciso III, Altas habilidades/superdotao, foi definido como: grande

    facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos,

    procedimentos e atitudes. Este artigo da Lei, foi regulamentado, na questo dos alunos

    com altas habilidades/superdotados, pela Resoluo N 2 de 2001, do CNE/CEB, mas o

    quesito, acelerao dos estudos cabe aos estados e municpios, regulament-la.

    A Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao

    Inclusiva, de 2008, traduz em seus objetivos e diretrizes essa orientao, ou seja, a

    garantia do acesso escolarizao na sala de aula comum do ensino regular e a oferta do

    atendimento educacional especializado complementar, aos alunos com deficincia,

    transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotao. O

    atendimento educacional especializado deve ser organizado em salas de recursos

    multifuncionais ou centros de atendimento educacional especializado, no contraturno do

    ensino regular, disponibilizando recursos pedaggicos e de acessibilidade que eliminem

    as barreiras para a participao e aprendizagem, considerando as necessidades

    especficas dos alunos, conforme Decreto n 6.571, de 17 de setembro de 2008. O

    Decreto Legislativo n186, de 9 de julho de 2008 que ratifica com status de emenda

    constitucional a Conveno da ONU sobre Os Direitos das Pessoas com Deficincia,traz em seu artigo 24 que os estados- parte devem assegurar sistemas educacionais

    inclusivos em todos os nveis. Art. 6o do Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007,

    passa a vigorar acrescido do seguinte artigo:

    Art. 9o-A. Admitir-se-, a partir de 1o de janeiro de 2010, para efeito da distribuio

    dos recursos do FUNDEB, o cmputo das matriculas dos alunos da educao regular da

    rede pblica que recebem atendimento educacional especializado, sem prejuzo do

    cmputo dessas matrculas na educao bsica regular.( Os alunos com altas

    habilidades/superdotados, os TDHA e os com dificuldades de aprendizagem, sero

    amparados, mas no recebero dinheiro).

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm#art9ahttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm#art9ahttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm#art9ahttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm#art9ahttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm#art9ahttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm#art9a
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    Pargrafo nico. O atendimento educacional especializado poder ser oferecido pelos

    sistemas pblicos de ensino ou pelas instituies mencionadas no art. 14. (NR)

    Sendo professora da rede municipal de So Jos dos Campos, na qual fui

    Orientadora Pedaggica, durante cinco anos e meio. Percebi que h um descompasso na

    implantao das polticas pblicas de Educao Especial e os professores, alunos esociedade, no se mudam um habitus por decreto ou por presso externa. A Educao

    tem que fazer sentido, para haver mudanas, ela um processo de vida: a escola deve

    representar a vida presente, to real e vital para o aluno como a que ele vive em seu

    cotidiano (Dewey) e tambm para o professor, elaborando uma nova narrativa pessoal

    (Rorty), ao repensar o seu papel numa Escola significativa e de oportunidade para todos.

    Para tal se faz necessrio, uma formao holstica, que integre os conceitos de

    Homem, Sociedade, Educao, Conhecimento e Currculo dentro de uma nova

    epistemologia, que nasce no bero ciberntico com os princpios de auto-organizao e

    recursividade, implicando uma lgica no-linear, tendo como valor central a

    Transformao e o professor uma postura Transdisciplinar, para levar o aluno a serQuestionador e Cidado. Ento a Escola neste novo contexto, ter um papel

    fundamental de Reconstruo Social, baseada na igualdade de oportunidades,

    transformando a prtica pedaggica e a avaliao, por competncia, a qual obriga a se

    pensar numa metodologia complexa.