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TRABALHO: atividade essencialmente humana na sua
relação com a natureza.
Objeto de múltipla e ambígua atribuição de significados e
sentidos, que guardam entre si correlações e contradições.
Extraído de Borges, L. e Yamamoto, O. (2004) O Mundo do Trabalho
Critérios para diferenciar os diversos âmbitos do TRABALHO:
* Relações de poder (trabalho baseado em hierarquia);
* Natureza da atividade (classificação das profissões e funções);
* Contrato de trabalho (empregados, patrões, trabalhadores autônomos);
* Formalidade do contrato de trabalho (trabalho no mercado formal e/ou informal);
* Complexidade da tarefa (classificação em trabalho repetitivo, abstrato, etc.);
Critérios para diferenciar os diversos âmbitos do TRABALHO:
* Tipo de esforço (trabalho braçal e intelectual);
* Remuneração (trabalho remunerado ou voluntário);
* Qualidade da remuneração (trabalho bem e mal remunerado);
* Forma de pagamento (por salário fixo, por produção e misto);
* Autoria do trabalho (homens ou animais)
Esses critérios podem ser combinados em vários níveis de complexidade.
Para MARX, são elementos fundamentais do TRABALHO:
• INTERMEDIAÇÃO DA CULTURA (criação e utilização de instrumentos)
• INTENCIONALIDADE (proposital e consciente)
• Utilização das CAPACIDADES COGNITIVAS HUMANAS
• “TRABALHO é uma ação essencial para estabelecer a relação entre o homem e a natureza e entre a sociedade e a natureza.
Deriva de necessidades naturais mas realiza-se na interação entre os homens, seguindo as condições sócio-históricas em que as pessoas vivem”.
(RICARDO ANTUNES)
IMPORTANTE:
O processo histórico determina as formas concretas que assumem as sociedades. Porém, essa determinação histórica não tem o caráter de imposição, nem a rigidez
de uma reação química.
Portanto, o modo de produção, a maneira pela qual os processos de trabalho são
organizados e exercitados, é basicamente o produto histórico das relações sociais
dominantes nessas sociedades.
A REPRESENTAÇÃO DO TRABALHO DEPENDE DOS SEGUINTES FATORES:
a) do acesso à tecnologia, aos recursos naturais e ao domínio do saber fazer;
b) da posição do homem na estrutura social;
c) das condições em que o homem executa as suas tarefas;
d) do controle que o homem tem sobre o trabalho;
e) da cultura de seu tempo;
f) dos exemplos de trabalhadores que circulam no seu meio
Depende ainda:
A forma de executarmos o TRABALHO e de pensarmos sobre ele varia de acordo com as
seguintes dimensões:
a) CONCRETA (tecnologia, condições materiais / ambientais);
b) GERENCIAL (modo como o trabalho é gerido, dirigido e controlado);
c) SÓCIO-ECONÔMICA (modo de realizar o trabalho, e as estruturas sociais, econômicas e políticas, nível de oferta de emprego, força de trabalho, etc.);
d) IDEOLÓGICA (discurso sobre o trabalho / relações de poder na sociedade);
e) SIMBÓLICA (aspectos subjetivos da relação homem / trabalho)
Estas dimensões estão imbricadas umas nas outras.
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE TRABALHO:
• Surgimento do Capitalismo → surgimento do TRABALHO ASSALARIADO
• Dono do capital X possuidores da força de trabalho → “liberdade” proporciona a venda da força de trabalho como uma mercadoria
• DIMENSÃO ECONÔMICA DO TRABALHO: trabalho é o que se faz para ganhar a vida ou que se é pago para fazer (EMPREGO)
Consequências do modo de produção capitalista:
• Separação dos ambientes doméstico e de trabalho;
• Reunião de inúmeras pessoas num mesmo lugar (fábrica), em torno de uma única atividade econômica;
• Intensificação do crescimento das cidades e sua separação do campo;
• Planejamento, organização, fiscalização e controle da execução do trabalho (gestão), padronização de produtos e procedimentos e a adoção de regras disciplinares pelo trabalhador.
WEBER – análise do Protestantismo
√ autoridade hierárquica vista como natural √ valorização do cumprimento de um dever
√ profissão concebida como dom divino √ incentivo ao trabalho
sistemático, metódico e árduo, e à poupança (riqueza)
Protestantismo → VISÃO UTILITARISTA DO TRABALHO: trabalho prevê a abundância geral
e o sucesso individual (categoria central para os indivíduos → desenvolvimento de uma IDEOLOGIA DO TRABALHO
ALIENAÇÃO para MARX:• trabalhador não possui os meios de produção
• trabalhador não tem controle sobre o produto e o processo de produção
• trabalhador é suprimido de seu saber fazer e da identificação com a tarefa e com o produto
• trabalho parcelado
• monotonia do trabalho = excessiva simplificação e eliminação da necessidade de qualificação do trabalhador
MAIS-VALIA> quando se prolonga a duração do processo de produção (extensão da jornada de trabalho) → ABSOLUTA
> quando se divide parceladamente o trabalho e introduz a máquina (extração de um rendimento superior de um operário num mesmo período de tempo) → RELATIVA
CONSEQUÊNCIAS:• O parcelamento das tarefas tem como
objetivo o crescimento da MAIS-VALIA RELATIVA (extração de um rendimento superior de um operário num mesmo período de tempo)
• Efeito social:• acumulação do capital• pauperização das massas
• Exército de reserva → dele faz parte todo trabalhador desempregado ou parcialmente empregado → condiciona a submissão à exploração.
Para MARX, a exploração é uma característica inerente ao sistema capitalista, e o trabalho
assume a forma de mercadoria porque é:
• a) alienante (o trabalhador desconhece o processo produtivo e não se identifica com os produtos do seu trabalho);
• b) explorador (objetivos do trabalho vinculam-se à acumulação de capital);
• c) humilhante (afeta negativamente a auto-estima);
• d) monótono (em sua organização e conteúdo da tarefa);
Para MARX, a exploração é uma característica inerente ao sistema capitalista, e o trabalho
assume a forma de mercadoria porque é:
• e) discriminante (classifica os homens à medida que classifica os trabalhos);
• f) embrutecedor (não desenvolve as potencialidades humanas devido ao seu conteúdo pobre);
• g) submisso (pela aceitação passiva das características do trabalho e do emprego, pela imposição da organização interna do processo de trabalho, pelas relações sociais mais amplas e pela força do exército de reserva da mão-de-obra).
TAYLOR: • Julgava existir identidade de interesses entre
capital e trabalho (Teoria da Conciliação);
• Segundo ele, era preciso garantir ao trabalhador altos salários, e ao empregador, baixo custo de produção;
• Propôs a substituição dos métodos tradicionais (oriundos da experiência prática), pelos científicos (com a adoção do método de Tempos e Movimentos, destinado a eliminar movimentos desnecessários e agilizar movimentos lentos, buscando a eficiência);
TAYLOR:
• Radicalizou a divisão entre concepção (reunião de conhecimentos) e execução do trabalho, separando, portanto, gerentes e trabalhadores;
• Considerava que,na execução, o trabalhador devia ser poupado de pensar para que pudesse repetir os movimentos ininterruptamente, ganhando em rapidez e exatidão;
• Padronização, parcelamento e divisão entre concepção e execução do trabalho → principais instrumentos para aumentar a produtividade e o controle sobre o trabalho.
TAYLOR:
• Seleção científica de trabalhadores a partir de um perfil de tarefas (que pressupõe acúmulo de conhecimentos prévios) + treinamento sistemático → criam um espaço pedagógico na fábrica, de ADESTRAMENTO de indivíduos.
• Portanto, o taylorismo intensificou o processo de exploração e de alienação; além disso, a defesa de supervisão estrita, embutia a concepção de um trabalho hierarquizado e subordinado.
FAYOL, contemporâneo de TAYLOR, preocupou-se com as funções gerenciais
• Conseqüências dos modelos por eles propostos:
1 – simplificação do trabalho (falta de conteúdo dos mesmos);
2 – redução dos requisitos de qualificação;3 – retirada do sentido de valores baseados na
hierarquia por idade ou por experiência;4 – previsão de que a personalidade se adaptasse
ao trabalho;5 – defesa do parcelamento das tarefas como algo
natural;6 – adoção de uma visão de homem como sendo
motivado exclusivamente pelo dinheiro
TAYLOR e FAYOL
Promoveram, com a utilização de seus paradigmas administrativos,
a COISIFICAÇÃO DO TRABALHO E DO
TRABALHADOR (que passou a ser visto como um entre os vários fatores de produção)
FORD, também contemporâneo dos autores citados
• Propôs inovações tecnológicas (esteira rolante) e propostas econômicas (produção em massa afetando o consumo). Preocupava-se com:
• padronização da produção (peças idênticas / utilização de modelos / fabricação de um único tipo de carro);
• controle permanente da exatidão das peças;• uso de máquinas especializadas;• movimento das peças através de esteiras,
evitando o deslocamento dos operários e garantindo fluxo contínuo de produção
FORD, também contemporâneo dos autores citados
• Portanto, o ritmo de trabalho era controlado pela cadência das máquinas, e não mais pela supervisão humana direta.
• A questão salarial foi muito enfatizada por FORD, em especial no que se referia à aplicação dos rendimentos pelos trabalhadores em seu cotidiano.
• Nesse modelo também se observou o esvaziamento do conteúdo do trabalho