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Genitália ambígua
Marcelo Marcondes Stegani Disciplina de Cirurgia Pediátrica
Classificação tradicional
• Pseudohermafroditismo feminino - 2 ovários• Pseudohermafroditismo masculino - 2 testículos• Hermafrodita verdadeiro - ovário e/ou testículo e/ou
ovotestis• Disgenesia gonadal mista - testículo e gônada em
estria• Disgenesia gonadal pura - gônadas em estria
bilaterais
Embriologia da diferenciação sexual
Sexo cromossômico
Sexo gonadal
Sexo fenotípico
• Identidade do gênero aparência fenotípica + desenvolvimento cerebral pré e pós-natal
Diferenciação gonadal
• Fator de determinação testicular– Sequência de 35 quilobases localizado no braço
curto do cromossomo Y - gene SRY– SRY ausente ovário
Diferenciação dos ductos internos
• Efeito parácrino da gônada ipsi-lateral
• Testículo presente
Testosterona
Substância inibidora mülleriana (MIS)
Diferenciação dos ductos internos
• Testosterona - células de Leydig - induz ductos de Wolff para desenvolver epidídimo, deferente e vesícula seminal
• MIS - células de Sertoli - 8a semana - inibe o desenvolvimento das estruturas müllerianas - trompas de falópio, útero e 1/3 superior da vagina
Diferenciação da genitália externa
Testosterona5--redutase
Dihidrotestosterona
Genitália ambígua
• Emergência médica e social
• Equipe multidisciplinar - neonatologista, endocrinologista, cirurgião, geneticista, conselheiro
Incidência
• Hiperplasia congênita de supra-renal– 1:15.000 nascimentos
• Disgenesia gonadal mista
• Hipospádia– 1:300 meninos nascidos– <1% com distopia testicular
Quadro clínico
• História familiar de genitália ambígua, infertilidade ou alterações na puberdade
• História de óbito precoce síndrome adrenogenital
• Ingestão materna de drogas no 1o trimestre• Virilização materna tumor produtor de
androgênio
Exame físico
• Genitália externa– Tamanho e grau de diferenciação do falo
• Clitoromegalia• Hipospádia
– Posição do meato uretral– Pregas labio-escrotais separadas ou fundidas na
linha média– Rugosidade escrotal ou pregas labio-escrotais
pigmentadas sugerem síndrome adrenogenital
Exame físico
• Palpação das gônadas– Gônada inguinal palpável afasta sexo gonadal
feminino, síndrome de Turner e disgenesia gonadal pura
– Gônadas impalpáveis mesmo em virilização completa suspeitar de HCSR
Exame físico
• Toque retal– Útero e colo uterino estruturas müllerianas– Estrogênio materno faz aumento do útero
Quando suspeitar
• Aparentemente masculino– Testículos impalpáveis bilaterais em criança de
termo– Hipospádia com separação escrotal– Testículo impalpável com hipospádia
• Indeterminado– Genitália ambígua
Quando suspeitar
• Aparentemente feminino– Hipertrofia de clítoris de qualquer grau– Vulva encurtada com abertura única– Hérnia inguinal contendo gônada
Pseudohermafroditismo feminino
• Androgênios maternos– Drogas uso de agentes progestacionais ou
androgênios no 1o trimestre• Após 1o trimestre podem induzir clitoromegalia sem
fusão labio-escrotal
– Anormalidade endócrina produtora de hormônio virilizante tumor ovariano
Pseudohermafroditismo feminino
• Hiperplasia congênita de supra-renal– 60% dos casos de intersexualidade– Bloqueio enzimático que impede a produção de
cortisol– Manifestações clínicas dependem do nível do
bloqueio enzimático
Pseudohermafroditismo feminino
• Hiperplasia congênita de supra-renal– Apresentação variável: grau de aumento do falo,
extensão da fusão das pregas uretrais, tamanho e nível de entrada da vagina no seio urogenital
– Estruturas müllerianas internas preservadas– Requer estabilização endócrina
Pseudohermafroditismo feminino
• Hiperplasia congênita de supra-renal– 21-hidroxilase
• 90% dos casos HCSR• 75% com nefropatia perdedora de sal• Hipotensão colapso vascular óbito• Autossômico recessivo
– 11-hidroxilase– 3--hidroxiesteróide desidrogenase
• Única forma de HCSR que pode causar genitália ambígua no sexo masculino
Hermafroditismo verdadeiro
• < 10% dos casos de intersexualidade
• Tendência à masculinização da genitália
• Cariótipo mais comum: 46, XX; mosaicismo é comum
• Combinação de ovário/testículo/ovotestis
• 2/3 têm ovotestis– 1/3 têm ovotestis bilateralmente
Hermafroditismo verdadeiro
• Testículo mais presente à direita (57,4%)
• Ovário mais presente à esquerda (62%)– Normalmente intra-abdominal
• Gônada palpável em 61% dos casos– 60% são ovotestis
• Infertilidade é comum
• Tumores gonadais são raros
Pseudohermafroditismo masculino
• Deficiência isolada da MIS– Genitália masculina com testículos retidos– Mais comum é fenótipo masculino com hérnia inguinal
em um lado e gônada impalpável contralateral; estruturas müllerianas internas; deferente bilateral
• Deficiência da biossíntese de testosterona– Baixa virilização– Genitália responde à administração exógena de
testosterona
Pseudohermafroditismo masculino
• Insensibilidade androgênica– Genitália externa e próstata não respondem à
DHT– Sem receptor ou com receptor que não funciona
adequadamente– Herança ligada ao X
Pseudohermafroditismo masculino
• Insensibilidade androgênica– Hérnia inguinal é comum; sem estruturas
müllerianas– Puberdade amenorréia– Deficiência na pilificação corporal; mamas bem
formadas porém sem estroma– Fenótipo completamente feminino
Pseudohermafroditismo masculino
• Insensibilidade androgênica– Alta incidência de malignização
orquiectomia• Mais jovem aos 14 anos• 6% de malignização• 30% aos 50 anos
– Avaliar necessidade de vaginoplastia
Pseudohermafroditismo masculino
• Deficiência de 5--redutase– Não há produção de DHT– Genitália minimamente virilizada (hipospádia
pseudovaginal perineoescrotal)– Algum grau de aumento do falo– Virilização extrema na puberdade!
• Aumento significativo do pênis• Voz masculina e massa muscular
Pseudohermafroditismo masculino
• Deficiência de 5--redutase– Cariótipo 46,XY– Diminuição da atividade da 5--redutase na
cultura de fibroblastos da pele– Tendência em manter no sexo masculino
Disgenesia gonadal mista
• Diferenciação testicular anormal
• Gônada em estria em um lado e testículo no outro
• Grau de virilização variável– Todos têm vagina e útero– Maioria tem trompas do lado da gônada em
estria
Disgenesia gonadal mista
• Maioria é mosaicismo, XO/XY
• Alto risco de malignização quando há cromossomo Y– 25% das gônadas, incluindo em estria– Gonadoblastoma, seminoma e carcinoma de
células embrionárias– Gonadectomia precoce
Disgenesia gonadal mista
• Tendência em manter no sexo feminino– Presença de útero e vagina– 1/3 com baixa estatura– Alta incidência de virilização externa inadequada
• Sexo masculino somente nos altamente virilizados com testículos tópicos
Disgenesia gonadal pura
• Gônadas em estria bilaterais• Fenótipo completamente feminino• Na puberdade não ocorrem as transformações
habituais• Síndrome de Turner (45,XO)• Sem risco de malignização• XY têm risco de malignização gonadectomia
– 1/3 desenvolvem disgerminoma ou gonadoblastoma
Diagnóstico
• Exames laboratoriais– Análise cromossômica– Avaliação endocrinológica– Testes séricos/eletrólitos– Níveis de receptores de androgênios– Níveis de 5--redutase tipo II
Diagnóstico
Diagnóstico
• Exames de imagem– Ecografia de trato urinário
• Visualização das supra-renais• Identificação das estruturas müllerianas
– Genitografia• Anatomia ductal
Diagnóstico
• Laparotomia exploradora com biópsia gonadal
• Laparoscopia diagnóstica com biópsia gonadal
Tratamento clínico
Tratamento cirúrgico
• Virilização no sexo feminino– Genitoplastia femininizante
• Vaginoplastia• Clitoroplastia
• Sub-virilização no sexo masculino– Reconstrução da hipospádia
Masculino
• Micropênis– Comprimento estendido < 2,5 desvios-padrões
para a idade
• Pseudo-micropênis– Pênis escondido no obeso– Pênis palmado por prega cutânea
• Transposição peno-escrotal
Feminino
• Aderências vulvares– Inflamação crônica da vulva– Aplicação tópica de creme de estrogênio a 1% 2
vezes/dia por 2 semanas
• Clitoromegalia– Exposição fetal a androgênios
Feminino
• Hidrocolpo-hidrometrocolpo– Hímen imperfurado ou septo vaginal transverso
• Persitência do seio urogenital e cloaca
Controvérsias
• Readequação do gênero– Opção familiar e médica pode não corresponder
com preferência do adulto– Principal órgão sexual é o cérebro efeito
hormonal intra-útero
• Alterações psicológicas– Viés cerebral
Identidade de gênero
• Percepção pessoal• Auto-intitulação• Papel de gênero
– Manifestações externas da personalidade que refletem a identidade de gênero
– Dado pela sociedade baseado no comportamento e na aparência
• Disforia de gênero
Identidade de gênero
• Sexo é genital• Gênero é cerebral• Influências pré-natais• Desenvolvimento precoce
– Deste intra-útero– Constância de gênero adquirida aos 6 anos de
idade
• Desenvolvimento contínuo