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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ENGENHARIA DE PETRÓLEO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ESTUDO DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE VAPOR E SOLVENTE(C6/C7)
EM RESERVATÓRIOS DE ÓLEOS PESADO, USANDO POÇOS VERTICAIS
Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Junho, 2017
Natal/RN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
ii Karynne Karolynne Furtado dos Santos
KARYNNE KAROLYNNE FURTADO DOS SANTOS
ESTUDO DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE VAPOR E SOLVENTE(C6/C7)
EM RESERVATÓRIOS DE ÓLEOS PESADO, USANDO POÇOS VERTICAIS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como parte dos
requisitos para obtenção do Grau em
Engenharia de Petróleo pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador (a): Profª Dra. Jennys Lourdes Meneses Barillas
Natal/RN, Junho de 2017
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
iii Karynne Karolynne Furtado dos Santos
KARYNNE KAROLYNNE FURTADO DOS SANTOS
ESTUDO DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE VAPOR E SOLVENTE
(C6/C7) EM RESERVATÓRIOS DE ÓLEOS PESADO, USANDO POÇOS
VERTICAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos
para obtenção do Grau em Engenharia de Petróleo pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
iv Karynne Karolynne Furtado dos Santos
EPÍGRAFE
“Não é sobre chegar
no topo do mundo
e saber que venceu.
É sobre escalar e sentir
que o caminho te fortaleceu...”
(Ana Vilela)
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
v Karynne Karolynne Furtado dos Santos
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, pois sem ele eu não teria conseguido
chegar ao fim dessa caminhada.
Aos meus pais, Márcia Maria Furtado, Márcio Valério Freitas dos Santos e
meu padrasto Carlos Jean da Costa Pinheiro por toda luta diária, em prol de
me oferecer uma educação de qualidade, sempre me ensinando que a riqueza
dessa vida está nos estudos. Por todo o apoio, atenção e compreensão
durante toda essa jornada, MUITO OBRIGADA ainda seria pouco.
Ao meu filho Guilherme Augusto Coutinho, a luz da minha vida, tão querido
e tão amado que apesar dos percalços que tivemos de enfrentar entre os
caminhos, só me traz alegria e me ensina a ser cada vez melhor.
Aos meus irmãos, Luiz Furtado Neto, Leticia Freitas dos Santos e Luciana
Freitas dos Santos.
As minhas avós maravilhosas Iracema Fernandes Furtado e Tereza Maria
Freitas dos Santos, por todo o amor oferecido, e pelos sábios conselhos.
À todos os meus tios especialmente Marcos Antônio Furtado, Magna Maria
Furtado e Maria de Fátima Fernandes. Aos meus primos em especial Stefany
Louise Furtado Malveira.
Aos amigos Gabriela Queiroz, Társis Andrade, Fernanda Amorim, João
Felipe pontes, Mauricio Rêgo, Cassio Almeida, Dennise Lorena Sarah Myako e
Amanda Fraifer.
À minha amiga mais querida e mais amada Kilvia Lisanna, um presente
que a vida me deu, alguém que eu vou levar pra vida. Sem ela eu certamente
não teria chegado até aqui. Muito obrigada por sonhar meus sonhos comigo,
por ser apoio quando eu preciso e por compartilhar tantos momentos ao meu
lado.
À minha professora orientadora Jennys Lourdes Meneses Barillas, que
se mostrou muito mais que uma orientadora, sempre me oferecendo a maior
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
vi Karynne Karolynne Furtado dos Santos
atenção, solucionando minhas inúmeras dúvidas e questionamentos e me
acalmando nos meus momentos de desespero.
À todos os colegas do grupo Petroamigos por terem me acolhido em sua
turma me fazendo sentir parte dela.
Aos meus colegas de laboratório em especial Ismael Alves um grande
companheiro que eu tive o prazer de compartilhar os meus dias, durante a
elaboração deste trabalho.
À CMG pela licença do simulador de reservatórios concedida.
À todos os professores do curso de Engenharia de Petróleo da UFRN,
por todo o conhecimento e experiência passada no decorrer do curso.
E, por fim, agradeço a UFRN por toda estrutura em laboratórios e sala
de aulas.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
vii Karynne Karolynne Furtado dos Santos
SANTOS, Karynne Karolynne Furtado - ESTUDO DO PROCESSO DE
INJEÇÃO DE VAPOR E SOLVENTE (C6/C7) EM RESERVATÓRIOS DE
ÓLEO PESADO, USANDO POÇOS VERTICAIS. Trabalho de conclusão de
curso, Departamento de Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Natal – RN, Brasil.
Orientador(a): Profª Dra. Jennys Lourdes Meneses Barillas
RESUMO Em virtude da expansão cada vez maior dos campos ditos não convencionais,
a indústria petrolífera vem investindo cada vez mais na aplicação dos métodos
de recuperação suplementar. Os processos térmicos têm sido grandes aliados
quando se deseja recuperar óleos pesados. Através da injeção de vapor tem-
se a redução substancial da viscosidade acompanhada de melhor varrido e
produção do óleo. Uma alternativa que vem ganhando cada vez mais destaque
é a adição combinada de um método miscível com um método térmico. Juntos
eles oferecem além da redução da viscosidade, redução das tensões
interfaciais facilitando assim a produção do óleo pesado. O presente estudo
oferece análises realizadas por meio de simulações numéricas onde se
observa a influência dos parâmetros de distância entre poços, vazões de
injeção, porcentagens de vapor e solvente injetados e tipos de solventes em
relação à produção acumulada de óleo e do fator de recuperação. Os
resultados obtidos atestam que a adição combinada de vapor com solvente
obteve respostas positivas e melhoras satisfatórias na recuperação do óleo.
Palavras chaves: óleo pesado, vapor, solvente, métodos de recuperação.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
viii Karynne Karolynne Furtado dos Santos
SANTOS, Karynne Karolynne Furtado – STUDY OF THE STEAM AND SOLVENT (C6/C7) INJECTION PROCESS IN HEAVY OIL RESERVOIRS, USING VERTICAL WELLS. Final paper, Departament of Petroleum Engineering, Federal University of Rio Grande do Norte. Natal – RN, Brasil.
Guiding: Profª Dra. Jennys Lourdes Meneses Barillas
ABSTRACT
Due to the increasing expansion of so-called non-conventional fields, the oil
industry has been increasingly investing in the application of supplementary
recovery methods. The thermal processes have been great allies when it is
desired to recover heavy oils. Through the injection of steam has the substantial
reduction of viscosity accompanied by better sweeping and production of the oil.
An alternative that is gaining prominence is the combined addition of a miscible
method with a thermal method. Together they offer, besides reducing viscosity,
reducing interfacial tensions, facilitating the production of heavy oil. The present
study offers numerical simulations where the influence of distance parameters
between wells, injection flows, injected solvent and solvent percentages and
solvent types in relation to cumulative oil production and recovery factor are
observed. The results obtained confirm that the combined addition of solvent
vapor shows positive responses and satisfactory improvements in oil recovery.
Keywords: heavy oil, steam, solvent, recovery methods.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
ix Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS.................................................................................. 15
1.1. OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................. 15
2. ASPECTOS TEÓRICOS ..................................................................... 17
2.1 GRAU API DO ÓLEO ................................................................... 17
2.2 MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO ................................................. 18
2.3 MÉTODOS TÉRMICOS ................................................................ 19
2.3.1 Injeção de Vapor .................................................................... 20
2.3.2 Métodos Miscíveis .................................................................. 22
2.4 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS ....................... 23
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................. 25
3.1 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS ......................................... 25
3.1.1 Winprop .................................................................................. 25
3.1.2 Builder .................................................................................... 25
3.1.3 STARS ................................................................................... 26
3.1.4 Results Graph e 3D ................................................................ 26
3.2 MODELAGEM DO FLUIDO .......................................................... 26
3.2.1 Influência do Solvente ............................................................ 31
3.2.2 Interação rocha-fluido ............................................................ 33
3.3 MODELAGEM FÍSICA DO RESERVATÓRIO .............................. 34
3.3.1 Refinamento do Reservatório ................................................. 36
3.4 CONDIÇÕES OPERACIONAIS .................................................... 38
3.5 DEFINIÇÃO DO MODELO BASE ................................................. 38
3.6 TIPOS DE CONFIGURAÇÕES ANALISADAS ............................. 40
3.6.1 Configuração 2 ....................................................................... 40
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
x Karynne Karolynne Furtado dos Santos
3.6.2 Configuração 3 ....................................................................... 41
3.7 METODOLOGIA ........................................................................... 42
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................ 44
4.1 ANÁLISE DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS ........................ 44
4.1.1 Análise entre a Recuperação Primária e a configuração 1 .... 44
4.2 INFLUÊNCIA DA DISTÂNCIA ENTRE OS POÇOS ..................... 46
4.3 INFLUÊNCIA DO TIPO DE SOLVENTE INJETADO .................... 49
4.4 ANÁLISE ENTRE TODAS AS CONFIGURAÇÕES REALIZADAS
50
4.5 INFLUÊNCIA DAS VAZÕES DE INJEÇÃO .................................. 51
4.6 COMPARATIVO ENTRE O MENOR E O MAIOR FATOR DE
RECUPERAÇÃO .......................................................................................... 53
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................. 60
5.1 CONCLUSÕES ............................................................................. 60
5.2 RECOMENDAÇÕES .................................................................... 60
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 61
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
xi Karynne Karolynne Furtado dos Santos
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Fluxograma dos métodos de recuperação............................... 19
Figura 2.2 - Injeção contínua de vapor........................................................ 21
Figura 3.1 - Diagrama de fases ................................................................... 29
Figura 3.2 - Ajuste da viscosidade após a regressão ................................. 30
Figura 3.3- Curva da viscosidade do óleo em função da temperatura ........ 31
Figura 3.4 Curva da viscosidade do óleo com a influência do solvente C6
em função da temperatura ............................................................................... 32
Figura 3.5 Curva da viscosidade com influência do solvente C7 em função
da temperatura ................................................................................................. 32
Figura 3.6 - Vista 3D do reservatório .......................................................... 35
Figura 3.7-Vista areal original do reservatório ............................................ 37
Figura 3.8 Vista Ij da distribuição dos poços do modelo base .................... 39
Figura 3.9 Vista 3D do modelo base ........................................................... 39
Figura 3.10 Saturação de óleo no reservatório na vista 3D ........................ 40
Figura 3.11 Vista IJ e 3D da configuração 2 ............................................... 41
Figura 3.12 Vista IJ E 3D das configurações 3 e 4 ..................................... 42
Figura 4.1 Análise entre a recuperação primária e o modelo base ............. 45
Figura 4.2 Análise sobre a influência das distancias entre os poços .......... 47
Figura 4.3 Comparativo entre o caso 1 e 2 para a viscosidade .................. 48
Figura 4.4 Análise da influência do tipo de solvente ................................... 50
Figura 4.5 Análise entre todas as configurações desenvolvidas ................. 51
Figura 4.6 Comparação entre as vazões para a configuração 3 ................. 52
Figura 4.7 - Comparação entre os casos 1 e 2 ........................................... 53
Figura 4.8 - Comparativo pressão dos casos 1 e 2 nos anos 2000, 2010,
2020 ................................................................................................................. 54
Figura 4.9 - Comparativo temperatura dos casos 1 e 2 nos anos 2000, 2010,
2020 ................................................................................................................. 55
Figura 4.10 - Comparativo viscosidade dos casos 1 e 2 nos anos 2000,
2010, 2020 ....................................................................................................... 57
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
xii Karynne Karolynne Furtado dos Santos
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1- Classificação do óleo ............................................................... 17
Tabela 3.1 - Composição original do fluído ................................................. 27
Tabela 3.2 - Propriedades do óleo .............................................................. 27
Tabela 3.3 - Características do óleo ........................................................... 27
Tabela 3.4 Composição dos Pseudocomponentes ..................................... 28
Tabela 3.5-Permeabilidade do sistema água-óleo ...................................... 33
Tabela 3.6-Permeabilidade relativa do sistema gás-líquido ........................ 34
Tabela 3.7-Características do Reservatório ................................................ 36
Tabela 3.8-Condições operacionais do reservatório ................................... 38
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
14 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
1. INTRODUÇÃO
A crescente expansão de campos considerados não convencionais, levou a
indústria petrolífera a investir com mais afinco na produção de óleos pesados.
Inicialmente, essa alternativa se apresenta pouco atrativa visto que, além desse óleo
ter pouco valor comercial, ainda há uma série de fatores que dificultam seu
escoamento e portanto o seu transporte.
Recuperar óleos pesados, é bastante desafiador pois esses reservatórios
apresentam elevado grau de complexibilidade. Embora, haja bastante óleo no
interior das jazidas,apenas uma pequena parte na prática consegue ser
retirada(Rosa, 2006).
A produção desse óleo vem atrelada a aplicação de métodos que se mostrem
eficazes na sua recuperação.Há uma série de métodos que se destinam a suprir
esta necessidade, desse modo, o principal desafio enfretado pela industria é
escolher a melhor opção que forneça concomitantemente eficácia e custo beneficio.
Os métodos especiais de recuperação (térmicos, miscíveis, químicos entre
outros) atuam quando os métodos ditos convencionais nâo se apresentam mais
como um meio eficaz. As baixas recuperações dos processos convencionais são
devido aos aspectos de geologia da formação, altas viscosidades do óleo e elevadas
tensões interfaciais entre o fluido injetado e o óleo (Queiroz et al., 2005).
A diminuição das forças interfaciais são viabilizadas pelo uso de solventes (que
são hidrocarbonetos que atuam facilitando a produção de óleo pesado). Entretanto,
em uma ação isolada não se apresenta como uma alternativa viável em função do
alto custo. Quando injetado junto com o vapor o solvente vaporizado se condensa e
mistura-se com o óleo do reservatório criando uma zona de baixa viscosidade dessa
forma a razão de mobilidade entre o fluido deslocante e o fluido deslocado é
melhorada conferindo melhor varrido, redução de caminhos preferenciais e portanto
melhor fator de recuperação (Shu e Hartman, 1998).
O presente trabalho apresenta um reservatório de óleo pesado e analisa a
aplicação combinada de um metodo térmico (injeção de vapor), com um método
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
15 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
miscível (injeção de solvente). É esperado que essa ação conjunta promova redução
da viscosidade e diminuição das forças interfaciais presentes, visando conferir
melhor varrido e fluidez do óleo.
Com o auxilio do uso de simuladores, foi possível realizar simulações a fim de,
analisar a sensibilidade de certos parâmetros como: distância entre poços, tipos de
fluidos injetados, porcentagens dos fluidos injetados, e entre outros, de modo que se
possa observar como se comportam e como respondem graficamente em termos de
produção acumulada e fator de recuperação ou seja , o quanto que essa alternativa
se apresenta como uma opção viável para o presente estudo.
Estruturalmente esta abordagem foi disposta em seis capítulos onde no primeiro
tem-se uma introdução, na sequência uma abordagem teórica, prosseguindo com os
materiais e métodos utilizados, logo em seguida, se revelam os resultados e as
discussões, em sequência as conclusões e recomendações e por fim, as referências
bibliográficas utilizadas.
1.1 OBJETIVOS
Desenvolver a área proposta usando o método de injeção contínua de vapor e
solvente (hexano e heptano), utilizando poços injetores e produtores, com o auxílio
do simulador STARS da CMG.
1.1. OBJETIVO ESPECÍFICO
Realizar um estudo das configurações operacionais do processo, tais como:
configuração de malhas, vazão de injeção, porcentagens de vapor e solvente, tipos
de solventes, entre outros.
CAPÍTULO 2
ASPECTOS TEÓRICOS
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
17 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
2. ASPECTOS TEÓRICOS
Neste capítulo, se faz necessário abordar certos conceitos de vital importância
para melhor entendimento do trabalho.
2.1 GRAU API DO ÓLEO
Para compreender conceitos já citados anteriormente como óleo pesado, é
necessário entender essa classificação que foi feita a partir da propriedade física da
densidade do petróleo, chamada de grau API, de acordo com o instituto americano
de petróleo.
Entrando com o valor da densidade do óleo na equação abaixo, é possível
estimar em qual categoria o óleo se apresenta.
°API =
Onde: γ = Gravidade ou densidade especifica do óleo (densidade do
óleo/densidade da água) nas condições padrão (14,7 psia e 60ºF).
A classificação é dada em quatro categorias distintas: óleo leve, mediano,
pesado e extrapesado conforme apresentado na Tabela 2.1.
Tabela 2.1- Classificação do óleo
Tipo de óleo Densidade API Leve ≤ 0,87 ≥ 31,1° Mediano 0,87 < ≤ 0,92 22 ≤ °API < 31
Pesado 0,92 < ≤ 1,00 10 < °API < 22
Extrapesado >1,00 °API ≤ 10 Fonte: ANP - 2014
Quanto maior for o grau API, mais leve o óleo será (ROSA et. al., 2011).
Portanto, menor teor de contaminantes ele terá e mais volátil será o que explica o
porquê do óleo leve ter maior valor comercial quando comparado ao óleo pesado.
Além do mais, se falarmos a respeito da extração, novamente o óleo leve se
apresenta como uma melhor alternativa visto que, quanto mais leve menos viscoso
esse óleo é, e, melhor será sua extração e produção diferindo assim do óleo pesado
que na maioria das vezes necessita de métodos de recuperação para a sua
produção.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
18 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
2.2 MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO
Durante a vida inicial de cada reservatório, este tem a capacidade de elevar e
deslocar por meio de energia natural o óleo até o poço produtor. Essa capacidade é
denominada de recuperação primária. Em razão das elevadas viscosidades dos
óleos pesados, a recuperação primária nesses reservatórios é expressivamente
baixa (inferior a 6%) (BUTLER E MOKRYS, 1991).
Com o passar do tempo, a produção cai e com ela cai a pressão e a temperatura
fazendo com que esse reservatório necessite de uma energia extra que suplemente
essa produção.
Nesse contexto, surgem os métodos de recuperação suplementar que agem
dando suporte e aumentando a produção de óleo através de uma energia extra, não
oriunda do próprio reservatório com a finalidade de melhorar a mobilidade do fluido
dentro do reservatório.
A terminologia utilizada para esses métodos se baseia nos critérios que
envolvem confiabilidade e tecnologias. Para os métodos que envolvem tecnologias
já bem conhecidas e que oferecem elevado grau de confiança e eficácia na
aplicação, como é o caso da injeção de fluidos nomeiam-se métodos convencionais
de recuperação. Já aqueles que necessitam de uma tecnologia mais sofisticada
ainda não satisfatoriamente desenvolvida classificam-se como métodos especiais de
recuperação. (CURBELO, 2006).
Na Figura 2.1 ilustra-se um fluxograma com os principais métodos:
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
19 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 2.1 - Fluxograma dos métodos de recuperação
Fonte: Silva, 2013
Partindo dos métodos especiais, o presente estudo deu enfoque a uma categoria
de método térmico (injeção de vapor) e miscível (Injeção de solvente).
Os métodos especiais de recuperação são empregados para atuar nos pontos
onde o processo convencional não conseguiu atingir as taxas de recuperação
desejadas (Queiroz, 2006).
2.3 MÉTODOS TÉRMICOS
Graças aos métodos térmicos, foi possível viabilizar a produção de óleos
pesados em campos denominados não convencionais. A principal aplicação desse
método é a injeção de vapor, que vem se consagrando ao longo dos anos e se
revelando como uma alternativa economicamente viável auxiliando na recuperação
deste tipo de óleo. (QUEIROZ et. al. 2005).
Por meio do aquecimento do óleo, é esperado que quando se utilize o processo
de injeção de vapor, a viscosidade seja o parâmetro que sofra expressiva mudança
sendo essencialmente reduzida.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
20 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
A classificação dos métodos térmicos engloba a injeção de fluidos quentes
podendo ser água ou vapor e a combustão in situ. Quando se quer diferenciar uma
categoria da outra se destaca que na injeção de fluidos, o calor é gerado na
superfície diferente da combustão in situ onde o calor é gerado no interior do
reservatório.
Segundo (GALVÃO, 2008), nos métodos térmicos onde se injeta fluidos quentes
a água é a matéria prima que vai gerar calor. Esta pode ser aquecida até atingir a
temperatura de vapor ou convertida em vapor. A fração em peso de água convertida
para fase vapor denomina-se qualidade do vapor. Após atingir a qualidade de 100%,
um sequencial fornecimento de calor aumenta a temperatura até produzir o que se
chama de vapor superaquecido.
Como dito anteriormente, a viscosidade sofre considerável redução com o
aquecimento do reservatório. Entretanto, na prática essa melhoria só ocorre de fato
nos intervalos iniciais. Após atingir certa temperatura, se ganha muito pouco no
decréscimo dessa propriedade. Vale ressaltar ainda, que as mais pronunciadas
reduções são observadas quando se tem óleos de grau API mais baixos e
geralmente mais viscosos. (ROSA ET. AL, 2005).
2.3.1 Injeção de Vapor
Consiste no processo de injetar vapor no interior do reservatório, objetivando
reduzir a viscosidade do fluido melhorando desta forma a mobilidade do mesmo e,
portanto a sua produção. Está subdividida em injeção contínua de vapor e injeção
cíclica.
A injeção continua de vapor como o próprio nome diz, consiste em injetar
continuamente o fluido. Além disso, tanto os processos de injeção e produção se
dão em poços distintos. Os processos de injeção cíclica são caracterizados pelo
aparecimento de três etapas não presente nos processos contínuos. Sendo elas
fase de injeção, fase de soaking (fechamento do poço) e por fim a fase de produção.
Vale ressaltar ainda, que diferentemente da injeção contínua, na cíclica tem-se
injeção e produção ocorrendo no mesmo poço (alternando entre si os processos)
O método de injeção de vapor ocorre segundo a Figura 2.2: quando uma zona de
vapor se forma ao redor do poço injetor, esta se expande com a contínua injeção do
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
21 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
fluido e nessa zona a temperatura é aproximadamente aquela a do vapor injetado.
Adiante do vapor, forma-se uma região condensada através da qual a temperatura
diminui.
Figura 2.2 - Injeção contínua de vapor
Fonte: Galvão, 2008
A quantidade de calor recebida e retida pela formação determina a resposta ao
processo de injeção de vapor. O crescimento rápido e continuado da zona de vapor,
resultando em alta vazão de deslocamento do óleo, requer que um mínimo de calor
seja perdido através das linhas de superfície, nos poços de injeção e para as
formações adjacentes. As perdas de calor nesse caso são função da temperatura de
injeção, das características do reservatório e do equipamento utilizado (Rosa et.al.,
2006).
Apesar da aparente eficácia do método, algumas condições devem ser
respeitadas para a melhor aplicabilidade do mesmo. Sendo elas as condições e as
características do reservatório, e as características do fluido. Por exemplo, segundo
(QUEIROZ, 2006), não é recomendável utilizar esse método em reservatórios muito
profundos devido as grandes perdas de calor.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
22 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Esperando minimizar as perdas de calor inerentes aos processos térmicos, uma
boa alternativa é injetar solvente sozinho ou junto com vapor visto que a viscosidade
do óleo também pode ser reduzida mediante a adição desses hidrocarbonetos.
(Azin, et. al.,2008).
2.3.2 Métodos Miscíveis
Quando se propõe a utilizar um método miscível, deseja-se que o fluido que foi
injetado possua miscibilidade com o óleo do reservatório (ou seja, quando os fluidos
se misturarem em todas as proporções formarem uma mistura homogênea) Tal feito
se faz relevante visto que na medida em que, quando se alcance a miscibilidade não
se faça presente tensões interfaciais, fazendo com que o óleo seja mais bem
deslocado até o poço produtor.
Esses métodos podem ser classificados em Miscível ao Primeiro Contato (MPC)
ou Miscível a Múltiplos Contatos (MMC), dependendo da maneira como a
miscibilidade é desenvolvida.
Quando a miscibilidade não ocorre no primeiro contato, o óleo e o solvente
injetado não são miscíveis nas condições de reservatório. Esse processo depende
da composição do óleo e do solvente e de suas eventuais modificações. À medida
que o solvente se move no reservatório os fluidos vão se tornando miscíveis.
Entretanto nem sempre é possível se alcançar essa miscibilidade.
Tal miscibilidade quando ocorrida com óleos brutos, por exemplo, não se
apresenta como uma alternativa economicamente viável por isso segundo (GREEN,
1998) o mais comum é que se injetem pequenas quantidades do solvente.
Quando os fluidos envolvidos são gases e líquidos, as interações entre eles são
chamadas de superficiais. Já quando essa interação ocorre apenas entre líquidos as
propriedades resultantes denominam-se interfaciais. Avaliar as forças interfaciais é
relevante na medida em que essas influenciam diretamente na eficácia da
recuperação do óleo. (ROSA et. al., 2005).
Nas recuperações de óleos pesado envolvendo processos de injeção de
solvente, a solubilidade molecular e a difusividade também tem influência direta nas
taxas de recuperação. Estes parâmetros dependem fortemente da pressão, da
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
23 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
temperatura da formação e das propriedades físico químicas do sistema. (LUO et.
al., 2007)
2.4 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS
Constitui-se de uma ferramenta imprescindível utilizada na engenharia de
petróleo com a finalidade de prever o comportamento dos reservatórios tendo como
fundamento as curvas de declínio, balanço de materiais e a teoria de Buckley-Levrett
(ROSA, et. al., 2006).
Outras competências segundo (COTIA 2012), afirmam que com essa ferramenta
é possível determinar a previsão da produção de água, óleo e gás do reservatório,
os melhores locais para se realizar a perfuração e entre outras.
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo 2017.1
25 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo, foram abordados aspectos a respeito da metodologia utilizada no
desenvolvimento do trabalho, compreendendo desde modelagem do fluido até a
modelagem do reservatório. Para sucesso de tais desenvolvimentos, fez-se uso de
diversas ferramentas computacionais onde nela foi possível inserir dados referentes
às propriedades rocha-fluído, condições operacionais entre outros.
3.1 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS
Para realizar as modelagens de fluido e reservatório foram utilizadas as
ferramentas do simulador CMG (Computer Modeling Group). Sendo elas: Winprop,
Builder, Stars, Results Graph e Results 3D.
3.1.1 Winprop
O módulo Winprop garante a partir de dados inseridos, a modelagem do fluido
presente no interior do reservatório. Outras competências segundo BAUTISTA
(2010) envolvem:
• Agrupamento (“Lumping”) de componentes;
• Ajustes de dados de laboratórios através da regressão;
• Simulações de processos de contato múltiplos;
• Construção do diagrama de fases;
• Simulação de experimentos de laboratórios (Liberação diferencial, teste do
separador óleo-gás, etc).
Após a inserção de todos os dados a ferramenta winprop será responsável pela
geração de um arquivo de extensão (.str), constituindo o modelo de fluido que
posteriormente será inserido no módulo de outra ferramenta: o Builder.
3.1.2 Builder
Ferramenta responsável pela criação e modelagem do reservatório a partir de
dados como: descrição do modelo do reservatório, propriedades rocha-fluido,
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26 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
condições iniciais, características do fluido, modelo numérico, criação e configuração
dos poços.
3.1.3 STARS
O STARS (STEAM, THERMAL AND ADVANCED PROCESSES RESERVOIR
SIMULATION) é um simulador trifásico de múltiplos componentes que tem como
objetivo simular recuperações utilizando o método térmico, por exemplo: injeção
contínua e cíclica de vapor, combustão in situ, além de processos que podem conter
aditivos químicos, nele é possível utilizar variedades de sistemas de malha, podem
ser cartesianos, cilíndricos ou de profundidade e espessura variáveis, também pode
variar a porosidade, pode ser realizado na escala de laboratório ou de campo
(BARILLAS, 2005)
3.1.4 Results Graph e 3D
O Results Graph e o Results 3D são ferramentas de pós-processamento para
gerar os resultados em 2D e 3D respectivamente (CMG, 2007).
A partir de arquivos de extensão (.irf) gerados, é possível observar o
comportamento de certos parâmetros de vital importância para o desenvolvimento
do trabalho como: saturação dos componentes óleo, água, gás, pressão,
viscosidade entre outros em formato 2 ou 3D a partir do (Results 3D), ou ainda obter
informações gráficas a respeito de produção acumulada, fator de recuperação,
vazão de óleo entre outros(Results Graph).
3.2 MODELAGEM DO FLUIDO
A partir do módulo do Winprop, foi elaborado o modelo de fluido. Para isso foram
inseridos dados como: composição do fluido do reservatório, fator volume formação
do óleo, densidade do óleo em função da pressão, viscosidade, grau API, massa
específica do óleo entre outros. As tabelas Tabela 3.1, Tabela 3.2 e Tabela 3.3
trazem informações a respeito da composição original do fluido, e das características
e propriedades do óleo.
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27 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Tabela 3.1 - Composição original do fluído
Componentes Composição (%) Componentes Composição (%)
Co2 0,45 C9 0,04
N2 0,27 C10 0,12
C1 9,91 C11 0,63
C2 0,18 C12 0,73
C3 0,27 C13 1,39
iC4 0,10 C14 1,06
nC4 0,13 C15 2,73
iC5 0,04 C16 1,41
nc5 0,05 C17 2,15
C6 0,05 C18 1,53
C7 0,07 C19 4,03
C8 0,10 C20+ 71,58 Fonte: Do Autor
Propriedades do óleo
Tabela 3.2 - Propriedades do óleo
Densidade do gás 0,7010
Massa molecular C20+ 543
Densidade C20+ 0,9763
Grau API 16,76
Coeficiente de expansão térmica do óleo 6,8845 X 10-4 1/°C Fonte: Do Autor
Características do óleo
Tabela 3.3 - Características do óleo
Pressão (Kgf/cm
2)
g/cm3) Bo
(m3/m
3Std)
Rs (m
3/m
3Std)
(cP)
71,03 0,936 1,0241 6,35 819,2
61,03 0,935 1,0254 6,35 794,4
51,03 0,934 1,0268 6,35 769,6
41,03 0,933 1,0282 6,35 741,6
27,03 0,933 1,0304 6,35 706,2
16,03 0,936 1,0240 3,87 816,3
1,03 0,941 1,0138 0 1121,1 Fonte: Do Autor
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Com a finalidade de acelerar o processo da simulação se fez necessário realizar
um agrupamento dos componentes transformando um sistema de multicomponentes
em pseudocomponentes. Tal feito foi permitido mediante ao uso do “Lumping”
ferramenta disponível no módulo do Winprop que possibilita a criação desse novo
grupo de componentes. Assim sendo, a Tabela 3.4 dispõe como se configurou o
agrupamento realizado e nela: é possível notar a presença de maior proporção dos
componentes C40+ corroborando assim, a alta viscosidade do óleo.
Tabela 3.4 Composição dos Pseudocomponentes
Componentes Fração Molar
CO2-N2 0.0071949367
CH4-CH3 0.10352714
IC4-C5 0.0026981013
C6-C19 0.17077982
C20-C30 0.31073599
C31-C39 0.15084183
C40+ 0.25422218
Fonte: Do Autor
Tendo em posse os dados do sistema de multicomponentes e
pseudocomponentes, foi possível construir um envelope de fases para ambos os
sistemas. Este envelope se encontra na Figura 3.1 onde nota-se a correspondência
entre o envelope de fase do sistema de pseucomponentes em relação à formação
original do fluido. Dessa forma, é possível utilizar o sistema de pseudocomponentes
na modelagem do fluido do reservatório.
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29 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 3.1 - Diagrama de fases
Fonte: Do Autor
A Figura 3.2: apresenta o ajuste da viscosidade em função da pressão para o
óleo e para o gás, obtida após a regressão realizada para a modelagem do fluido na
ferramenta do Winprop.
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30 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 3.2 - Ajuste da viscosidade após a regressão
Fonte: Do Autor
E na Figura 3.3 é possível observar que à medida que a temperatura se eleva, a
viscosidade se reduz substancialmente fato este presente quando se trabalha com
métodos térmicos.
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Figura 3.3- Curva da viscosidade do óleo em função da temperatura
Fonte: Do Autor
3.2.1 Influência do Solvente
O solvente injetado no reservatório juntamente com o vapor foram o C6(C6H14) e
o C7(C7H16). A escolha destes pode ser creditada a influência de diversos fatores
como: pressão, temperatura, peso molecular, solubilidade entre outros.
A Figura 3.4 e a Figura 3.5, mostra o comportamento da viscosidade em relação
com a temperatura com a presença do solvente C6 e C7 respectivamente.
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Figura 3.4 Curva da viscosidade do óleo com a influência do solvente C6 em função da temperatura
Fonte: Do Autor
Figura 3.5 Curva da viscosidade com influência do solvente C7 em função da temperatura
Fonte: Do Autor
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Ambas as imagens retratam que a viscosidade também vai decrescendo
expressivamente com a diminuição da temperatura.
3.2.2 Interação rocha-fluido
Nas tabelas Tabela 3.5 e Tabela 3.6 e encontram-se dados a respeito das
permeabilidades relativas e pressões capilares dos sistemas água-óleo/ líquido-gás
Tabela 3.5-Permeabilidade do sistema água-óleo
Sw1 Krw Krow Pcow
0,29 0 0,9 2,416
0,3176 0,0016 0,8285 1,697
0,3452 0,0044 0,758 1,229
0,3728 0,008 0,6886 0,913
0,4004 0,0124 0,6203 0,694
0,4281 0,0173 0,5533 0,537
0,4557 0,0228 0,4876 0,423
0,4833 0,0287 0,4233 0,338
0,5109 0,035 0,3607 0,273
0,5385 0,0418 0,2997 0,224
0,5661 0,049 0,2409 0,185
0,5937 0,0565 0,1843 0,154
0,6213 0,0644 0,1305 0,13
0,6489 0,0726 0,0802 0,11
0,6766 0,0812 0,0349 0,094
0,7042 0,09 0 0,081
1 0,3 0 0,022 Fonte: Do Autor
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Tabela 3.6-Permeabilidade relativa do sistema gás-líquido
SI1 Krg Krog Pcgo
0,71 0,45 0 0,1441
0,7293 0,406 0,0139 0,1307
0,7487 0,363 0,0395 0,1188
0,768 0,322 0,0726 0,1083
0,7777 0,283 0,1117 0,0989
0,797 0,245 0,1564 0,0906
0,8163 0,209 0,2048 0,0831
0,8357 0,175 0,2587 0,0764
0,855 0,143 0,3161 0,0703
0,8743 0,114 0,3769 0,0649
0,8937 0,0866 0,4421 0,06
0,913 0,062 0,5096 0,0555
0,9227 0,0402 0,5805 0,0515
0,942 0,0219 0,6547 0,0478
0,9613 0,0077 0,7313 0,0444
0,9807 0 0,8111 0,0414
1 0 0,9 0,0384 Fonte: Do Autor
Onde Sl1 é a saturação do líquido, Krg é a permeabilidade relativa do gás, Krog é
a permeabilidade relativa do sistema gás-óleo e Pcgo é a pressão capilar do sistema
gás-óleo.
3.3 MODELAGEM FÍSICA DO RESERVATÓRIO
O modelo físico do reservatório dispõe de dimensões 1000 x 750 x 46 disposto
em um sistema de coordenadas cartesianas nas direções (x, y, z). A Figura 3.6
mostra uma vista 3D do reservatório.
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Figura 3.6 - Vista 3D do reservatório
Fonte: Do Autor
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Dados referentes as características do reservatório podem ser observados na Tabela 3-7.
Tabela 3.7-Características do Reservatório
Contato água-óleo 230m
Porosidade @ 287 psi 0,25
Permeabilidade Horizontal (kh) 1050mD
Permeabilidade Vertical (kv) 0,12*kh
Compressibilidade da formação @ 287 psi
7x10-81/psi
Pressão de Referência 287 psi@198m
Espessura da última camada 20m
Temperatura inicial do reservatório
38°C
Topo do reservatório 198m
Capacidade calorífica volumétrica da formação
2,437x106J/m3/-K
Condutividade térmica da rocha 2,74x105 J/m-dia-C
Condutividade térmica da fase água
5,35x104 J/m-dia-K
Condutividade térmica da fase óleo
1,15x104 J/m-dia-K
Condutividade térmica da fase gás
3900 J/m-dia-C
Capacidade calorifica volumétrica da formação Overburden e Underburden
2,347x106 J/m3/-K
Condutividades térmicas Overburden e Underburden
1,496x105
Fonte: Do Autor
3.3.1 Refinamento do Reservatório
Inicialmente foram fornecidas curvas de nível conforme a Figura 3.7 para
posteriormente realizar a modelagem do reservatório
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37 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 3.7-Vista areal original do reservatório
Fonte: Do Autor
Durante a realização do refinamento, foi necessário dividir o reservatório em até
dez mil blocos. Ficando assim com 31 blocos de 32.26m no eixo x, 29 blocos de
25.86 no eixo y e 11 blocos de 2.6m e 1 bloco de 20m no eixo z totalizando 9889
blocos.
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3.4 CONDIÇÕES OPERACIONAIS
Durante a modelagem do reservatório foi preciso definir as condições
operacionais dos poços. Estes dados se encontram na Tabela 3.8.
Tabela 3.8-Condições operacionais do reservatório
Temperatura dos fluidos injetados (vapor+solvente)
286.87°C
Qualidade do Vapor 0.6
Pressão máxima do poço injetor 7200 kpa
Pressão mínima do poço produtor
197kpa
Vazão de injeção 10m3/d inicialmente
Tempo do projeto 20 anos Fonte: Do Autor
3.5 DEFINIÇÃO DO MODELO BASE
Após a definição dos modelos de fluido e reservatório respectivamente, tornou-se
necessário definir uma configuração inicial que foi chamada de modelo base para
que posteriormente se possa realizar modificações e aperfeiçoamentos. Nesta, foi
definida uma configuração caracterizada por: uma malha nine spot normal com
vazão inicial de 10 m3/d e 5% de solvente C6 distando os poços horizontalmente
cerca de 300m. As Figura 3.8 e Figura 3.9 mostram imagens com as vistas IJ e 3D
mostrando como esses poços foram inicialmente distribuídos.
Esta configuração foi analisada em três cenários variando as porcentagens de
solvente C6 em cada um sendo respectivamente 5,10 e 15% de C6.
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39 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 3.8 Vista Ij da distribuição dos poços do modelo base
Fonte: Do Autor
Figura 3.9 Vista 3D do modelo base
Fonte: Do Auto
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40 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Depois de uma definição prévia de um modelo inicial foi visto onde estariam
localizadas as regiões de óleo através da imagem da saturação de óleo, para que
dessa forma fosse possível observar os locais mais favoráveis para colocar os
poços.
Figura 3.10 Saturação de óleo no reservatório na vista 3D
Fonte: Do Autor
3.6 TIPOS DE CONFIGURAÇÕES ANALISADAS
Além do modelo inicial previamente definido no presente estudo, foi elaborado
outras duas configurações objetivando sempre aperfeiçoar o modelo original a partir
de análise dos parâmetros de vazões de injeção, porcentagens de vapor e solvente,
distância entre poços e configuração das malhas.
3.6.1 Configuração 2
Nesta configuração foi mantida a malha do modelo base, entretanto, a distância
horizontal entre os poços foi diminuída ficando aproximadamente 200m. Quanto as
condições operacionais, foi mantido o intervalo de vazões sendo 10 m3/d
inicialmente até 50m3/d. Diferentemente da configuração 1, não houve variação na
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41 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
taxa de solvente ficando fixa em 10% de C6. A Figura 3.11 mostra a vista em dois
formatos.
Figura 3.11 Vista IJ e 3D da configuração 2
Fonte: Do Autor
3.6.2 Configuração 3
Uma nova proposta foi optar pela mudança de malha distribuindo mais poços em
toda área do reservatório. Nesta configuração, portanto, foi elaborado um modelo de
quatro malhas Five spot normal com nove poços injetores e quatro poços
produtores. A distância horizontal entre os poços foi de cerca de 300m. Com relação
às condições operacionais foi mantida a porcentagem de 10% de C 6 e as mesmas
taxas de vazões.
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42 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 3.12 Vista IJ E 3D das configurações 3 e 4
Fonte: Do Autor
Posteriormente a configuração 3, teve seu solvente alterado visando uma
proposta de melhoria. Logo, foi mantida a mesma malha, as mesmas condições
operacionais, mudando apenas o tipo de solvente injetado sendo agora o C7, mas
na mesma proporção da configuração anterior de 10%.
3.7 METODOLOGIA
Durante a execução do trabalho foram desenvolvidas diversas configurações a
fim de compará-las entre si a partir da análise de alguns parâmetros como: a
distância entre os poços, vazão de injeção, produção acumulada entre outros e em
sequência, determinar o modelo padrão que seria utilizado como base para
posteriores modificações e aperfeiçoamentos. Assim sendo, a elaboração do
presente trabalho se constituiu de:
Modelagem do fluído;
Modelagem do reservatório;
Desenvolvimento de uma configuração inicial (Modelo base);
A partir da configuração inicial, foram desenvolvidas outras duas;
Escolha da melhor configuração;
Aperfeiçoamentos da melhor configuração.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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44 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são revelados os resultados e discussões a respeito das
respostas obtidas através das simulações onde foi analisada a influência dos
parâmetros operacionais na aplicabilidade do método em estudo.
4.1 ANÁLISE DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
Foram desenvolvidas diversas configurações a partir de simulações,
objetivando avaliar a eficiência do método a partir da influência da distância
entre os poços, vazões de injeção, porcentagens de vapor e solvente injetados
e tipos de solventes a fim de mensurar como estes parâmetros respondem em
termo de produção acumulada de óleo e fator de recuperação.
Durante a realização dos cálculos da produção acumulada foi necessário
retirar todo solvente injetado para evitar que se acentue o volume de óleo
produzido
Para cálculos de fator de recuperação o volume original do reservatório
(VOIP) utilizado foi de 2.188.000 m3std.
Então:
( ) ( ) ( )
( )
4.1.1 Comparativo entre a Recuperação Primária e o modelo base
Como visto anteriormente, a recuperação primária corresponde à
capacidade dos reservatórios utilizarem sua própria energia para produzir seus
fluidos. Mas nem sempre essa recuperação é eficiente, fazendo necessário
aplicar outros métodos que suplementem essa produção.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
45 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Em virtude desse fato, foi feita uma análise entre a recuperação
primária e o modelo base. Tal análise vem atestar a necessidade ou não, que o
reservatório tem em fazer uso de um método de recuperação que contenha
uma energia não oriunda da própria formação.
A Figura 4.1 mostra o comparativo do comportamento do reservatório
quando não há injeção de vapor e solvente, ou seja, na condição de
recuperação primária, e quando há aplicação do método. Nela são mostrados
os valores de produção acumulada em função do tempo e fator de recuperação
Para a comparação descrita, foi injetada no modelo base inicialmente uma
taxa de 5% de solvente C6 e 95% de vapor com uma vazão de 10 m3/d com a
finalidade de perceber como o reservatório se comportava com uma pequena
adição de solvente combinada com vapor.
Figura 4.1 Análise entre a recuperação primária e o modelo base
Fonte: Do Autor
Infere-se a partir do gráfico da Figura 4.1, que esse reservatório: não produz
óleo em quantidades suficiente por meio de sua energia natural. Quando se
injeta a menor quantidade de solvente combinado com vapor, o reservatório já
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46 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
responde um pouco melhor em termos de produção acumulada quando
comparado com a recuperação primária. De acordo com o gráfico, quando se
compara uma com a outra, há um incremento na produção de cerca de 31240
m3/d, indicando assim a necessidade da aplicação de um método de
recuperação suplementar.
Apesar disto, as porcentagens de fator de recuperação contidas no gráfico,
revelam uma recuperação excessivamente baixa indicando que esta
configuração não é satisfatória.
4.2 INFLUÊNCIA DA DISTÂNCIA ENTRE OS POÇOS
A distância entre poços é um dos parâmetros essenciais que interferem
diretamente na produção de óleo. Tal parâmetro se mostra relevante visto que
quanto mais próximos os poços estiverem, mais rapidamente o óleo é
deslocado até o poço produtor. Com isso, ocorre aumento do varrido e,
portanto aumento da produção.
Entende-se por aumentar o varrido, aumentar a quantidade de óleo
deslocada que acontece devido à redução da viscosidade fato este, ocorrido
em razão da eficácia da aplicabilidade da junção do método térmico com o
miscível.
A Figura 4.2 denota a influência que a redução das distâncias horizontais
teve sobre a produção acumulada e o fator de recuperação.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
47 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 4.2 Análise sobre a influência das distancias entre os poços
Fonte: Do Autor
A partir da Figura 4.2, observa-se que quando a distância horizontal entre
os poços foi diminuída, os resultados na produção de óleo foram
consideravelmente mais positivos.
Com a distancia menor, a produção acumulada pra um cenário de 10% de
solvente C6 e 90% de vapor com uma vazão de 10m3/d foi incrementada em
aproximadamente 521781.5706 m3/d.
A Figura 4.3, traz imagens em 3D do parâmetro da viscosidade a fim de
justificar a melhora da configuração 2 em relação a configuração 1.
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48 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 4.3 Comparativo entre o caso 1 e 2 para a viscosidade
Fonte: Do Autor
Na configuração 2, a aplicação do método se mostra mais eficiente em
relação a configuração 1. Quando o solvente entrou em contato com o óleo, a
condição de miscibilidade foi alcançada fazendo com que assim a viscosidade
fosse reduzida. No cenário da data 01/01/2000, a viscosidade era de cerca de
897cp. À medida que o solvente e o vapor injetado foram se misturando com o
óleo, este foi diluído graças à redução das forças viscosas e capilares fazendo
com que, ao final do projeto a viscosidade chegasse a atingir valores próximos
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
49 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
de 90cp na região superior do reservatório indicando assim, que uma parcela
de óleo significativa teve sua viscosidade diminuída.
O mesmo não se observa na configuração1, onde a aplicação do método
não se mostrou muito benéfica. Quando se analisa os três cenários nas
respectivas datas de 2000, 2010 e 2020, observa-se que uma menor parte do
óleo teve uma redução sensível da viscosidade. A ineficácia da aplicabilidade
do método pode ser devido à presença do solvente no reservatório, ficando
este retido em seu interior evitando assim a sua expansão e mobilidade por
todo o reservatório.
4.3 INFLUÊNCIA DO TIPO DE SOLVENTE INJETADO
Quando se trabalha com métodos que envolvam injeção de solvente, deve-
se ater além da eficácia que este proporciona os custos envolvidos durante a
sua aplicação. Por isso, como já foi discutido, é usual coinjeta-lo com outro
fluido como vapor.
Para o estudo feito, optou-se por analisar a influência de dois tipos de
solvente o C 6 (hexano) e o C 7 (heptano). Para um cenário de 10% de C 6 e
10% de C7 na configuração 3, com vazão máxima de 50m3/d, os resultados
em termos de produção acumulada e fator de recuperação são mostrados na
Figura 4.4.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo- CEP/CT/UFRN 2017.1
50 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
Figura 4.4 Análise da influência do tipo de solvente
Fonte: Do Autor
A Figura 4.4 infere maior produção acumulada de óleo e fator de
recuperação para a configuração 3 que teve como fluido injetado o C6. Tal
sucesso pode ser atribuído a miscibilidade alcançada entre o solvente e o óleo.
Outros fatores responsáveis por esse fato podem estar relacionados às
condições de pressão e temperatura em que se encontra o reservatório. O que
permite que o C 6 se misture ao óleo da formação reduzindo as forças viscosas
e capilares presentes melhorando o varrido. A diferença da produção de óleo
entre os dois foi em torno de 240.827,5465m3/d.
4.4 ANÁLISE ENTRE TODAS AS CONFIGURAÇÕES REALIZADAS
Depois de realizadas todas as configurações para a elaboração do presente
trabalho, fez-se, necessário compará-las a fim de escolher o melhor modelo. A
Figura 4-5 mostra o comparativo realizado entre as configurações. Em todas as
configurações foi utilizada uma vazão de 30m3/d.
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Figura 4.5 Análise entre todas as configurações desenvolvidas
Fonte: Do Autor
De acordo com a Figura 4.5, a configuração que ofereceu melhor valor de
produção acumulada e fator de recuperação foi a de número 3 no cenário de
10% de solvente C6 para uma vazão intermediária de Q= 30m3/d. Entretanto,
uma análise durante os tempos iniciais mostra uma antecipação do banco de
óleo, para a configuração 2. A melhora da configuração 3 sobre a 2 ocorre já
nos tempos finais do projeto.
Credita-se tal sucesso ao conjunto da escolha de melhor configuração de
poços, tipo de solvente e porcentagem de vapor e solvente.
4.5 INFLUÊNCIA DAS VAZÕES DE INJEÇÃO
Uma vez escolhida a melhor configuração, deve-se analisar a melhor vazão,
que ofereça maior valor de produção acumulada e fator de recuperação. Feito
isto, foi feita uma análise que mostra a comparação entre o menor e o maior
fator de recuperação de todas as configurações realizadas no decorrer do
trabalho.
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52 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
A Figura 4.6 mostra as curvas e de produção acumulada em função do
tempo acompanhada de seus valores de fator de recuperação para a melhor
configuração, com um intervalo de vazão de 10 a 50 m3/d.
Figura 4.6 Comparação entre as vazões para a configuração 3
Fonte: Do Autor
Pode-se constatar a partir da Figura 4.6 Comparação entre as vazões
para a configuração 3, que quanto maior a vazão, maior a produção
acumulada visto que, mais massa está sendo injetada no reservatório. O que
leva a um maior deslocamento do óleo até o poço produtor. Isso se torna
verdade quando, partindo do conceito de entalpia, que corresponde a uma
relação de massa por energia, quanto mais massa se injeta, mais calor está
sendo colocado no reservatório e este, é o responsável direto pela diminuição
da viscosidade do fluído e, portanto pelo seu deslocamento.
Esse deslocamento acontece porque quando se injeta o vapor junto com o
solvente ocorre um aquecimento no reservatório e nos fluidos existentes em
seu interior. Com o aquecimento, vem à redução das forças capilares e
viscosas fazendo com que o óleo seja varrido com mais facilidade.
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4.6 COMPARATIVO ENTRE O MENOR E O MAIOR FATOR DE
RECUPERAÇÃO
Após escolhida a melhor configuração foi realizado a última comparação
que atesta a importância dos aperfeiçoamentos realizados no decorrer do
presente trabalho. A comparação entre as configurações 1 e 3 em um cenário
de 10% de solvente C 6 para a melhor vazão de Q=50m3/d, reflete fielmente o
incremento de um fator de recuperação sobre o outro.
Objetivando esclarecer os principais fatores que fizeram da configuração 1
o pior caso, deve-se ater a outras propriedades que influenciam diretamente na
produção acumulada de óleo. Sendo essas: pressão, temperatura e
viscosidade. Para a comparação em questão serão denominadas as
configurações 1 e 3 como caso 1 e caso 2, respectivamente. Ao final das
análises é esperado que seja elucidado o comportamento distinto entre ambos
casos.
A Figura 4.7 mostra as curvas de produção acumulada e seus respectivos
valores de recuperação para ambos os casos. Em seguida temos a Figura 4.8,
Figura 4.9 e Figura 4.10 que apresenta uma comparação em três datas
distintas 2000, 2010 e 2020 na vista 3D das respectivas propriedades citadas.
Figura 4.7 - Comparação entre os casos 1 e 2
Fonte: Do Autor
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Infere-se através da Figura 4.7, uma baixa produção acumulada de óleo e
consequentemente, um baixo fator de recuperação para o caso 1. De acordo
com o gráfico a produção acumulada do caso 1 não chega nem a metade da
capacidade de produção do caso 2. Tal constatação advém do insucesso
quanto à eficácia de alguns parâmetros já citados anteriormente
Figura 4.8 - Comparativo pressão dos casos 1 e 2 nos anos 2000, 2010, 2020
Fonte: Do Autor
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Para um reservatório produzir, é necessário que a pressão vá caindo ao
longo do tempo visto que a produção de óleo está associada à descompressão
dos fluídos. Quando se analisa tal propriedade no caso 1, vê-se que o
comportamento da pressão destoa daquele que é esperado aumentando assim
expressivamente com o passar do tempo, caracterizando um problema de
injetividade no qual compromete a produção do fluido.
Diferentemente do caso 1, o caso 2 se apresenta bastante eficaz, a
pressão vai caindo ao longo do tempo, garantido que ocorra produção de
fluidos, a viscosidade diminui substancialmente com o aumento da temperatura
e com isso uma maior quantidade de óleo é varrida até o poço produtor.
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Figura 4.9 - Comparativo temperatura dos casos 1 e 2 nos anos 2000, 2010, 2020
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Figura 4.10 - Comparativo viscosidade dos casos 1 e 2 nos anos 2000, 2010, 2020
Fonte: Do Autor
.
É esperado com a aplicação de um método térmico combinada com um
método miscível, que a viscosidade seja o parâmetro que sofra maior mudança
expressiva com o aumento da temperatura. Desta forma, a diminuição da
viscosidade proporciona um melhor deslocamento do óleo até o poço produtor
aumentando assim o seu varrido e, portanto a sua produção.
Apesar de todo o benefício que o método se propõe, vê-se que não obteve
sucesso no caso 1 nem pra maior vazão de injeção que se utilizasse. Tal
constatação é reflexo dos números expressos nos gráficos de produção
acumulada e fator de recuperação do caso 1 sendo expressivamente baixos.
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Credita-se essa melhora significativa, a combinação da configuração de
poços mais adequada em conjunto com a adição do solvente e vapor no
interior do reservatório que atingiu uma maior área de expansão reduzindo
assim a viscosidade de uma maior parcela de óleo.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Nesta seção foram abordadas algumas conclusões referentes a esse
trabalho com base nos resultados obtidos e, além disso, foram feitas sugestões
de recomendações para aperfeiçoar ainda mais o projeto.
5.1 CONCLUSÕES
As conclusões obtidas são:
• Quando se deseja recuperar óleos pesados, a aplicação de um método
térmico combinada com um método miscível se mostra eficiente aumentando a
produção acumulada de óleo.
• Na comparação entre a configuração 1 e 2, a dois se mostra mais eficiente
em razão de possuir menor distância horizontal entre poços o que antecipa a
chegada do banco de óleo ao poço produtor;
•Na análise entre os dois tipos de solventes trabalhados no decorrer do projeto,
o C6 se mostrou mais eficiente quando comparado com o C7 por apresentar
maior miscibilidade com o fluido da formação;
• A escolha pela melhor configuração: malha 4 FIVES-SPOT, Q=50m3/d,
DH=200m injetando 10% de solvente C6 e 90% de vapor, ofereceu os melhores
valores de produção acumulada e fator de recuperação.
•A escolha da melhor vazão foi creditada a maior taxa de injeção Q=50m3/d,
em virtude de estar injetando mais massa no reservatório;
•O incremento do fator de recuperação do caso 2 em relação ao caso 1 foi
devido a melhor escolha dos parâmetros de: configurações de malhas, menor
distancia horizontal entre os poços e tipos de fluidos.
5.2 RECOMENDAÇÕES
Algumas recomendações para trabalhos futuros são:
• Estudar o método mantendo a vazão de vapor constante, e mudando a
porcentagem de solvente.
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• Fazer uma análise com poços horizontais aplicando o método VAPEX.
• Não injetar solvente durante todo o tempo do projeto, evitando a produção
excessiva do mesmo.
• Fazer um estudo com outros tipos de solventes.
• Realizar um estudo técnico econômico objetivando analisar a viabilidade
econômica do projeto.
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CAPÍTULO 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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62 Karynne Karolynne Furtado dos Santos
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