Trabalho de Conclusão de

Curso

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Ciência da Computação

Escrita da Monografia

Parte II

Sumário

• Incorreções em textos

• Recomendações

• Contribuições significativas da profa. Adriana e

prof. Clodis.

Sobre erros frequentes em textos

científicos (Waszlawick, 2009)

Uso de advérbios

• Advérbio: palavra que modifica um verbo e é

bastante comum na língua portuguesa:

– Em um texto científico frequentemente estraga uma

frase que sem ele poderia ficar bem melhor.

• É útil em textos dissertativos (livros, por exemplo),

para enfatizar ideias, mas deve ser minimizado em

textos científicos: pode reforçar

desnecessariamente certas afirmações.

Uso de advérbios – exemplo

• “... a experiência demonstra que as abordagens são

equivalentes...” → OK

• “... a experiência demonstra definitivamente que as

abordagens são equivalentes...” → dá um ar de

prepotência ao texto (o que não é necessário na

frase acima);

• As duas frases têm o mesmo sentido, mas a 1ª soa

melhor do que a 2ª.

Kkkkkkk

• Evitar o uso de:

– Brincadeiras;

– Piadas;

– Ironias;...

• A não ser que você seja um “Papa” na área em

questão, NÃO use esses recursos no texto

científico.

Julgamento de valor

• Não se espera que o autor utilize julgamento de

valor sobre temas que não podem ser avaliados

como bons ou ruins;

• “... orientação a objetos é melhor e o projeto

estruturado é inadequado para o desenvolvimento de

software...” → é uma questão de opinião;

Julgamento de valor

• Não diga que algo é bom: saliente uma (ou mais)

qualidade que se julga boa;

– Ex: “… no contexto do presente trabalho, optou-se por

utilizar orientação a objetos porque…”

• Não diga que algo é ruim: apresente uma

explicação baseada em fatos verificáveis sobre os

defeitos que se julga serem um problema.

Outras expressões

• Evitar: “Hoje em dia...” ou “Atualmente...” → a

monografia, em geral, é para ser um trabalho

atemporal, embora os avanços científicos;

• Deve-se usar frases mais precisas e com

embasamento científico:

– Em vez de “... atualmente a Internet é bastante usada...”,

usar algo como “... em 2017, XXX milhões de pessoas

usavam a Internet... (REFERÊNCIA, 2017)”

Outras expressões

• Evitar “... houve surpresa ao perceber que...” → é

uma questão do aluno se ele ficou surpreso!

• Deve-se dizer o que foi percebido e, de preferência,

mostrar como isso foi percebido para que os leitores

também possam perceber.

Outras expressões

• “... uma nova abordagem...”, : EVITAR

• Em vez de qualificar o trabalho como novo,

alternativo ou diferente, mostre em que aspecto ele

é novo, alternativo, diferente, melhor…

Outras expressões

• “obviamente” ou “claramente” → cuidar para não

insultar o leitor, pois se está dizendo que algo é

óbvio: se for, não precisa ser dito, senão não se deve

dizer que é.

• “na verdade” pode dar a impressão que tudo o que

foi escrito anteriormente era mentira.

• Evitar o uso da 1ª pessoa (ou o plural) bem como a

2ª pessoa → monografia é impessoal (não é uma

narrativa para usar a 1ª ou a 2ª pessoa).

Outras expressões

• Ao usar pronomes indefinidos “todos”, “muitos”, “alguns”

ou “nenhum” – é preciso ter certeza de que há uma

evidência ou prova de que a afirmação possa ser

qualificada dessa forma.

– “... muitos estudantes têm problemas com a escrita da

monografia...” → falar é uma coisa, colocar em um texto

científico, é outra.

• Melhor usar uma citação: “... segundo Fulano (2019),

muitos alunos têm problemas com a escrita da

monografia...” → Fulano (2019) deverá ter mostrado ou

provado essa afirmação.

Outras recomendações

• Usar voz ativa no lugar da passiva;

– Empregou-se a técnica X (voz ativa)

– A técnica X foi empregada

• Escrever no tempo presente;

• Melhor colocar frases afirmativas. Mas se

necessário, colocar negações no início da frase

– Não é bacana ler um parágrafo longo, cheio de

afirmações e, só no final, encontrar uma expressão onde

nega-se tudo;

Outras recomendações

• Preferível usar frases afirmativas:

– “... nenhum programa rodou em menos de 10

segundos...” → não muito bom;

– “... todos os programas rodaram em 10 segundos ou

mais...” → melhor.

Outras dicas (Chinneck, 1988)

• Levar em conta qual será a capacidade de

compreensão do leitor-alvo: o texto deve ser

suficientemente informativo (didático!) para esse

leitor-alvo:

– Não detalhar demais conceitos que seriam triviais;

– Não deixar de explicar conceitos que provavelmente não

são de conhecimento do leitor-alvo.

Outras dicas (Chinneck, 1988)

• Não fazer com que o leitor tenha de dar duro: o

texto deve ser o mais acessível (didático!) possível:

– Quanto mais dificuldades os avaliadores tiverem para

encontrar as respostas às questões fundamentais sobre o

trabalho, pior será sua impressão sobre o texto e maior a

probabilidade que exijam grandes mudanças no texto

final.

Outras dicas (Chinneck, 1988)

• A forma de escrever deve ser impossível de ser mais clara:

– Escreva cada frase com cuidado;

– Verifique se a frase escrita tem sentido;

– Verifique se o que foi escrito apresenta alguma informação útil

de forma clara;

– Verifique se cada termo usado já foi devidamente explicado

no nível de compreensão do leitor-alvo;

– Garanta que todas as ambiguidades foram eliminadas.

– Regra: leia e releia o que escreveu!!

Outras dicas (Chinneck, 1988)

• A monografia não é uma história;

• O texto não será uma cronologia do que você fez (ou

tentou fazer);

• O texto é um documento formal que apresenta

resultados de uma pesquisa formal;

Os Sete Pecados Capitais

• Para Moro (2009), são 7 erros impensáveis em um

texto científico;

1. Frases longas (repletas de vírgulas ou não):

– Ao serem detectadas, procurar dividí-las em frases

menores, usando pontos para isso;

– Mas deve-se cuidar para que cada frase lida

individualmente faça sentido, tendo sujeito, verbo e

objeto, quando for o caso.

Os Sete Pecados Capitais

2. Erros ortográficos:

– Um bom conteúdo pode até passar despercebido se o

autor cometer erros desse tipo (palavras mal escritas);

3. Tradução literal e imbromation:

– Não “enrolar”

– Seja cuidadoso.

Os Sete Pecados Capitais

4. Imagens ou tabelas ilegíveis

– Letras pequenas ou borradas não servirão para

comunicar alguma coisa;

– Legendas coloridas são perfeitas, mas quando impressas

em preto e branco ficam indistinguíveis.

– Devem estar comentadas e referenciadas

– Regra: tabelas e imagens ilustram textos.

Os Sete Pecados Capitais

5. Erros gramaticais (concordância, conjugação,

crase, pontuação...): acontecem com frequência

após revisões malfeitas do texto:

– Mudar sujeito de masculino para feminino (ou vice-versa) ou

do singular para o plural (ou vice-versa). Exemplo:

• Original: “o método foi devidamente demonstrado”;

• Após revisão: “os passos foram devidamente demonstrado”.

• Original: “se fará uma pesquisa em que…”

• Após o trabalho feito: “se fará uma pesquisa em que…

Os Sete Pecados Capitais

6. Cópia literal:

– Se não usar aspas e citação da fonte, é plágio →

CRIME.

7. Blábláblá (encher linguiça):

– Quantas páginas deve ter uma monografia?

– Escreva o que for necessário – apenas isso!

Dicas (Moro, 2009)

• Usar revisores automáticos de texto:

– Cuidado com a falta de acentos: algumas palavras

possuem as duas formas, com e sem acento. Exemplo:

análise (substantivo) e analise (conjugação do verbo

analisar).

• Dividir os parágrafos cuidadosamente:

– Cada parágrafo deve apresentar uma ideia central

(introduzida e comentada no mesmo parágrafo;

– Ao mudar a ideia, muda-se o parágrafo.

Dicas (Moro, 2009)

• Uma seção ou capítulo deve ser formado por mais

de um parágrafo;

• Sessões numeradas são formadas por texto:

– Errado criar uma seção (3.2.1 Exemplos de algoritmos) e

preenchê-la apenas com uma lista de itens;

– A seção sempre inicia com um texto;

– Lista de itens podem fazer parte da seção mas nunca

serão sua totalidade.

Dicas (Moro, 2009)

• Cada frase deve ter um sujeito e um verbo:

– Títulos de seções, figuras e tabelas podem ser sentenças

sem verbo (“Testes finais”);

• O texto de uma seção trata do assunto daquela

seção (não pode ser continuação do título da seção

anterior).

– 3.2.1 Testes finais

• “Os testes finais foram realizados...”

Dicas (Moro, 2009)

• Esclarecer as siglas utilizadas:

– Sempre que for usada uma sigla pela primeira vez, ela

deve ser definida por extenso (mesmo que ela esteja

definida na lista de abreviações e siglas);

– Vale inclusive para siglas bastante famosas em

determinadas área (Ex. Engenharia de Software):

• XP = Extreme Programming;

• RUP = Rational Unified Process;

Dicas (Moro, 2009)

• Consistência no uso de tempo verbal

– Seja consistente no use de tempo verbal - não fique

trocando entre passado e presente;

Dicas (Moro, 2009)

• Figura ou tabela?

– Se os dados mostram uma tendência, criando uma

ilustração interessante, faça uma figura

– Se os números apenas estão lá, sem qualquer tendência

interessante em evidência, uma tabela deveria ser

suficiente

– Tabelas também são preferíveis para apresentar números

exatos.

Mais sugestões (Hexsel, 2004)

• Usar gráficos planos: mais claros do que os

pseudotridimensionais;

• Evitar anglicismos sempre que possível (obs.: se

for usar termos estrangeiros, eles devem estar

grafados em itálico);

• Inserir as referências de forma a não atrapalhar a

leitura (no final da frase, antes do ponto final).

Pontuação

• Nunca coloca-se espaço antes de um sinal de

pontuação, mas sempre se coloca espaço após o

sinal se houver uma palavra seguida:

– Esta é uma frase.O ponto final da frase anterior deveria

um espaço depois dele.

– Esta é uma frase . O ponto final da frase anterior tem

um espaço antes que não deveria existir.

– Esta é uma frase. O ponto final está bem colocado.

Parênteses e similares

• ( ), [ ] e { }: nunca deve haver espaço na parte

interna desses símbolos;

• Se do lado de fora constar uma palavra, então usa-

se espaço;

• Se após um fecha parênteses ou similar houver um

sinal de pontuação, então não se usa espaço.

• Exemplos:

Parênteses e similares

– Este teste (corretamente formatado) está entre

parênteses.

– Este outro(mal formatado) ficou com o abre parênteses

colado na palavra anterior.

– Este aqui ( mal formatado) tem um espaço a mais depois

do abre parênteses.

– Finalmente (bem formatado), este aqui suprime o espaço

após o fecha parênteses devido à virgula.

Letras maiúsculas

• Erro bastante comum: uso inadequado de letras

maiúsculas no início de palavras;

• Títulos de capítulos ou seções não levam sinal de

pontuação, mas os substantivos, adjetivos e a

maioria dos verbos devem iniciar em maiúscula;

• Exemplos:

Letras maiúsculas

– Título do Trabalho com Letras Maiúsculas Corretamente

Usadas

– Título do Trabalho com Ponto Final que não Deveria

Existir.

– Título do trabalho sem as letras que deveriam estar

maiúsculas

• Exceção: verbos de ligação (ser, estar, ter, etc) que

não devem iniciar em maiúscula no meio do título.

Letras maiúsculas

• Um título só terá pontuação final se for uma

interrogação ou exclamação:

– Como Fazer um Título Correto?

Letras maiúsculas

• No texto em geral, as maiúsculas só devem ser

usadas:

– No início de frases (novo parágrafo ou após um ponto);

– Nomes próprios ou em substantivos que representem

conceitos com um único exemplar: Humanidade e

Universo;

– Nomear ciências: Ciência da Computação, Física,

Matemática, etc.

Letras maiúsculas

• Exemplos:

– O Sistema que foi desenvolvido... →

INCORRETO

– A Engenharia de Software trata de conceitos →

CORRETO

– Esta Dissertação foi escrita... → INCORRETO

• Regras de estilo não afetam o conteúdo,

mas tornam o texto mais agradável de ser

lido.

Referências

- Chinneck, J. W. Como Organizar sua Monografia. Disponível em: http://www.sce.carleton.ca/faculty/chinneck/thesis/ThesisPortuguese.html Data do último acesso: 14/04/2018.

- Moro, M. M. A Arte de Escrever Artigos Científicos. Disponível em:

http://homepages.dcc.ufmg.br/~mirella/doku.php?id=escrita. Data do último acesso: 17/04/2018.

- Hexsel, R. A. Pequeno Manual da Escrita Técnica. Relatório Técnico

RT-DINF004/2004. Disponível em: http://www.inf.ufpr.br/pos/techreport/RT_DINF004_2004.pdf Data do último acesso: 17/04/2018.

- Wazlawick, R. S. Metodologia de Pesquisa para Ciência da Computação, Rio de Janeiro, Elsevier, 2009.