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2 SUMÁRIO 1. Conceito...................................................................................................4 2. Características..................................................................................... ...5 3. Natureza jurídica da solidariedade.......................................... .............5 4. Solidariedade e Indivisibilidade....................................... .....................5 5. Princípio da inexistência da solidariedade presumida......................6 6. Princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação a solidariedade.......................................... ................................................6 7. Espécies de obrigação solidária.............................................. ............7 7.1. Solidariedade Ativa......................................................... ....................7 7.1.1. Extinção da obrigação solidária..............................................8

Trabalho de Direito Civil II - Obrigações Solidárias

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SUMÁRIO

1. Conceito...................................................................................................4

2. Características........................................................................................5

3. Natureza jurídica da solidariedade.......................................................5

4. Solidariedade e Indivisibilidade............................................................5

5. Princípio da inexistência da solidariedade presumida......................6

6. Princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação a

solidariedade..........................................................................................6

7. Espécies de obrigação solidária..........................................................7

7.1. Solidariedade Ativa.............................................................................7

7.1.1. Extinção da obrigação solidária..............................................8

7.2. Solidariedade Passiva........................................................................9

7.2.1. Relações entre os codevedores solidários e o credor....... ...11

7.2.2. Renúncia da solidariedade.....................................................12

7.2.3. Impossibilidade da prestação.................................................12

7.2.4. Perdas e danos.......................................................................13

7.2.5. Responsabilidade pelos juros................................................14

7.2.6. Oponibilidade de defesa dos devedores..............................14

7.2.6.1. Exceções Comuns, Reais ou Gerais......................15

I. Resultantes da natureza da obrigação............................ 15

II. Causas de extinção da obrigação opostas a todos os

devedores..........................................................................15

7.2.6.2. Exceções Pessoais..................................................16

I. Ao credor demandado ......................................................16

II. A outro codevedor.............................................................16

7.2.7 Insolvência de um dos codevedores solidários..................... 16

REFERÊNCIAS ............................................................................................18

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Obrigações Solidárias

1. Conceito

Obrigação solidária é aquela caracterizada pela multiplicidade de credores

e/ou devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse

credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse

único devedor.

É o que dispõe o art. 264 do Código Civil:

" Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um

devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida toda".

Desta forma, pode o credor exigir de qualquer codevedor o cumprimento por

inteiro da obrigação. Cumprido por este a exigência, liberados estarão todos os

demais devedores face o credor comum (art.275, CC). Se Chao, Douglas e Brener,

ao realizarem uma festa de "despedida de solteiro" para Vilson, danificarem o

apartamento duplex de Soromenho, na Lagoa, causando-lhe estragos no valor de

R$ 180.000,00 (Cento e oitenta mil reais), como a obrigação em que incorrem é

solidária (art. 942 CC), Soromenho poderá exigir de apenas um deles, se quiser, o

pagamento dos R$ 180.000,00 (Cento e oitenta mil reais). Por outro lado, se

Douglas pagar o total da indenização, Chao e Brener ficam plenamente liberados

perante o credor comum.

Se algum dos devedores for ou se tornar insolvente, quem sofre o prejuízo de

tal fato, não é o credor, como sucede na obrigação conjunta, mas os outros

devedores, que podem ser chamados a solver a dívida por inteiro.

Na realidade, na solidariedade não se tem uma única obrigação, mas tantas

obrigações quantos forem os titulares. Cada devedor passará a responder não só

pela sua quota como também pelas dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a

prestação, poderá recobrar dos outros as respectivas partes.

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2. Características

a) Pluralidade de sujeitos ativos ou passivos.

b) Multiplicidade de vínculos.

c) Unidade de prestação.

d) Corresponsabilidade dos interessados.

3. Natureza jurídica da solidariedade

A solidariedade é uma qualidade atribuída à obrigação que decorre da lei ou

da convenção entre as partes. Constitui uma importante garantia para a tutela do

crédito, não se podendo negar sua analogia com a fiança, com a qual, entretanto

não se confunde.

A fiança, quanto à sua origem, resulta exclusivamente da vontade das partes

e quanto ao seu conteúdo, caracteriza-se como uma obrigação acessória.

A solidariedade constitui uma maneira de assegurar o cumprimento da

obrigação, reforçando-a e estimulando o pagamento do débito. Havendo pluralidade

de devedores, a lei ou as partes, pretendendo facilitar o recebimento do crédito e

principalmente prevenir o credor contra o risco da insolvência de algum dos

obrigados, instituirão o regime da solidariedade ativa.

A solidariedade passiva, por sua vez, é a qualidade que a lei, ou a vontade

das partes, empresta à obrigação em virtude da qual um, alguns ou todos os

devedores se obrigam pela integral solução de seu montante.

4. Solidariedade e Indivisibilidade

A solidariedade assemelha-se à indivisibilidade em um único aspecto: em

ambos os casos, o credor pode exigir de um só dos devedores o pagamento da

totalidade do objeto devido.

No entanto diferem em vários pontos, a saber:

I. O devedor solidário pode ser compelido a pagar, sozinho, a dívida

inteira, por ser devedor do todo. Já nas obrigações indivisíveis, o

codevedor só deve sua quota-parte. Pode o mesmo, no entanto, ser

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compelido ao pagamento da totalidade do objeto somente por ser

impossível fracioná-lo.

II. A obrigação indivisível perde tal qualidade caso se resolva em perdas e

danos (art. 263 CC). O que não ocorre com a solidariedade, uma vez

que esta decorre da lei ou da vontade das partes e independe da

divisibilidade ou indivisibilidade do objeto.

III. A solidariedade tem caráter subjetivo, advindo da lei ou do contrato,

mas recai sobre as próprias pessoas. A indivisibilidade, por sua vez,

tem índole objetiva, resultando da natureza da coisa, que constitui

objeto da prestação.

IV. A função prática da solidariedade consiste em reforçar o direito do

credor, em parte como garantia, em parte como favorecimento da

satisfação creditícia. A indivisibilidade, ao contrário, destina-se a tornar

possível a realização unitária da obrigação.

5. Princípio da inexistência da solidariedade presumida

Dispõe o art. 265 do Código Civil:

"A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes".

Desse modo, se não houver menção explícita no título constitutivo da

obrigação ou em algum artigo da lei, ela não será solidária, porque a solidariedade

não se presume. Será então divisível ou indivisível, dependendo da natureza do

objeto.

6. Princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação a

solidariedade

É totalmente possível a possibilidade de estipular a natureza jurídica, seja

como condicional, seja como a prazo, bem como, a efetuação do pagamento em

local distinto do que aquele pré-estabelecido. Para tanto, deve ser estabelecido no

título originário da relação obrigacional. Tal fato ocorre, uma vez que a solidariedade

encontra sustentação na prestação e não pelo modo pelo qual é devida.

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Dispõe o art. 266 do Código Civil:

"A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e

condicional, ou a prazo,ou pagável em lugar diferente, para o outro".

Por exemplo, para um pode advir de culpa contratual, e para outro, de culpa

extracontratual. Pode ocorrer, por exemplo, na colisão de um ônibus com outro

veículo, o ferimento de um dos passageiros, que poderá demandar, por este fato,

solidariamente, a empresa transportadora, por inadimplemento contratual (contrato

de adesão), e o proprietário do veículo que colidiu com o coletivo, com fundamento

na responsabilidade aquiliana ou extracontratual.

7. Espécies de obrigação solidária

a) Solidariedade Ativa: é aquela onde há pluralidade de credores.

b) Solidariedade Passiva: é aquela onde há pluralidade de devedores.

c) Solidariedade Recíproca ou Mista: é aquela onde há simultaneamente

pluralidade de credores e devedores.

Os Diplomas Civis de 1916 e 2002 disciplinaram apenas as duas primeiras

modalidades de solidariedade, quais sejam, a ativa e a passiva, não estabelecendo

regras sobre a solidariedade recíproca ou mista. Na vida prática raramente se

encontra um caso onde se aplica este tipo de solidariedade.

7.1. Solidariedade Ativa

Solidariedade ativa é a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e

o devedor comum, em virtude da qual cada um tem o direito de exigir deste o

cumprimento integral da prestação. Pagando o débito a qualquer um dos

cocredores, o devedor se exonera da obrigação.

Porém o direito de escolha só é possível enquanto não houver cobrança

judicial. Após a propositura da ação de execução cessará o direito de escolha e pelo

chamado princípio da prevenção (bastante parecido com o que vige no direito

processual - Arts. 106 e 107 CPC) o devedor só se libera pagando ao credor-autor

da ação. Não se exonerará, porém, se vier a pagar a qualquer outro cocredor,

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arriscando-se, se o fizer a pagar duas vezes. É o que preceitua a máxima do direito:

"Quem paga mal, paga duas vezes".

Contudo, o credor que recebe a prestação por inteiro do devedor comum,

deve entregar a cada cocredor solidário a quota-parte de cada um.

Exemplo desta espécie de solidariedade encontra-se na conta bancária

conjunta, por permitir que cada correntista saque todo o dinheiro depositado.

Contudo a solidariedade se dá na relação entre os correntistas e o banco.

Entretanto, os cotitulares não são devedores solidários perante o portador de

cheque emitido por qualquer um deles sem suficiente provisão de fundos, posição

esta adotada pelo Superior Tribunal de Justiça.

São características da solidariedade ativa:

a) Qualquer credor pode promover medidas assecuratórias e de

conservação dos direitos;

b) Assim, se um deles constitui em mora o devedor comum a todos

aproveitam os seus efeitos;

c) A interrupção da prescrição, requerida por um, estende-se a todos (art.

204 § 1º CC);

d) Qualquer credor pode ingressar em juízo com a ação adequada, assim

obtendo o cumprimento da prestação, com extinção da dívida. Mas só

pode executar a sentença o próprio credor-autor e não outro, estranho

à lide (art.567 CPC);

e) Se um dos cocredores se torna incapaz, nenhuma influência exercerá

tal circunstância sobre a solidariedade;

f) Se um dos credores decai da ação, não ficam os outros inibidos de

acionar,por sua vez, o devedor comum.

7.1.1.Extinção da obrigação solidária

Prescreve o art. 269 do Código Civil:

"O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante que foi

pago".

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Do exposto acima fica claro que não é todo e qualquer pagamento feito a um

dos credores, senão o integral, que produz a extinção total da dívida. O pagamento

parcial a extingue somente "até o montante do que foi pago".

A redação do referido artigo do atual Código Civil é melhor do que a do art.

900 do Diploma de 1916, segundo o qual "o pagamento feito a um dos credores

extingue inteiramente a dívida".

A quitação do accipiens libera o devedor em face de todos os outros

cocredores, até o montante do que foi pago, podendo estes exigir a diferença, ou, se

for o caso, provar, por todos os meios admitidos em direito, a simulação ou fraude

que porventura a macule.

Se o devedor pagou quantia superior à quota do accipiens, cada um dos

credores pode reclamar o inteiro menos essa parte, sem ser obrigado a fazer

imputação quanto ao mencionado excesso.

7.2. Solidariedade Passiva

A solidariedade passiva consiste na concorrência de dois ou mais devedores,

cada um com o dever de prestar a dívida toda, ou seja, o credor comum pode exigir

o pagamento integral da dívida de qualquer um dos codevedores.

Ao contrário da solidariedade ativa, a passiva é muito freqüente nas relações

obrigacionais do cotidiano.

A solidariedade passiva é relação obrigacional que nasce da lei ou da vontade

das partes, tendo multiplicidade de devedores, sendo que cada um deles responde

in totum et totalier pelo cumprimento da prestação, como se fosse o único devedor.

Cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se tivesse

contraído a dívida sozinho. O Código Civil contempla a solidariedade passiva nos

seguintes artigos: art. 942 e § único (autores, coautores e as pessoas designadas no

art. 932 - pais, tutores, empregadores, etc. - pelos atos ilícitos que praticaram); art.

154 (terceiro autor da coação e a parte a quem a ela aproveita, se a conhecia); art.

585 (entre as pessoas que forem simultaneamente comodatárias da mesma coisa,

para com o comodante); art. 828,II (entre o devedor principal e fiador, se este se

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obrigou como principal pagador, ou devedor solidário); art. 1.003 e § único (entre

cedente e cessionário de quotas de sociedade).

Contudo, não se compreende solidariedade nas obrigações de fazer, quando

convencionado que o devedor deve cumprir a prestação pessoalmente,uma vez que

a solidariedade é um benefício do credor que visa facilitar a cobrança, tornando face

a ele, cada um dos sujeitos passivos da obrigação (codevedores) o devedor único,

que se responsabiliza pelo integral cumprimento da prestação, ainda que seja esta

divisível.

Como principal efeito da solidariedade tem-se que ao credor cabe exigir de

qualquer dos devedores o cumprimento integral da prestação. Trata-se, no entanto,

de uma faculdade e não um dever ou ônus, pois o credor pode ou não usá-la ou

dispor dela apenas em parte, pode exigir de todos os devedores o cumprimento ou

só de alguns deles ou ainda exigir de qualquer deles apenas uma parte da dívida

comum.

No caso de pagamento integral da dívida, extingue-se a obrigação, ficando

então todos os codevedores exonerados da prestação. Se, porém, for parcial o

pagamento e efetuado por um dos devedores, os outros ficarão liberados até a

concorrência da importância paga, permanecendo solidariamente devedores do

quantum remanescente.

No entanto, conforme aduz a leitura do § único do art. 275 do CC, a

propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores, não implicará

em renúncia da solidariedade, ou seja, o liame estabelecido entre o credor e os

codevedores pela solidariedade não se rompe com o ajuizamento de ação de

cobrança daquele contra um ou alguns destes.

Já o devedor demandado pela prestação integral pode chamar os outros ao

processo, com fundamento nos arts. 77 e seguintes do Código de Processo Civil,

não só para que o auxiliem na defesa, mas também para que a eventual sentença

condenatória valha como coisa julgada pela ocasião do exercício do direito de

regresso contra os codevedores. Ainda que sejam vários os codevedores

condenados, o credor pode mover a execução contra apenas um deles, de acordo

com seu interesse, buscando a penhora de seus bens.

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7.2.1. Relações entre os codevedores solidários e o credor

Conforme prescreve o art. 277 do Código Civil:

"Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não

aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada".

E ainda o art. 388 do mesmo Diploma:

"Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele

correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já não

lhes pode cobrar o débito sem a dedução da parte remitida".

Tem-se pacificado do exposto acima que o pagamento parcial reduz o crédito,

restando ao credor, cobrar do que já pagou ou dos demais devedores, apenas o

saldo remanescente.

A remissão ou perdão pessoal dado pelo credor a um dos devedores

solidários não extingue a solidariedade em relação aos codevedores, produzindo tão

somente a redução da dívida, proporcionalmente ao valor remitido. Assim sendo, o

credor só estará legitimado a exigir dos demais devedores o seu crédito se fizer a

dedução da parte daquele a quem beneficiou, ou seja, os codevedores não

contemplados pelo perdão só poderão ser demandados com a dedução da quota

relativa ao devedor relevado, e não mais pela totalidade da dívida.

Por outro lado o Código Civil estabelece a ineficácia da estipulação adicional

gravosa aos codevedores solidários que não participaram da avença.

Prescreve o art. 278 do Código Civil:

"Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos

devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem o consentimento

destes".

Para que um aditamento contratual, acordado entre um dos devedores e o

credor, obrigue solidariamente os demais devedores solidários, exige-se que nele

hajam consentido.

Há, no entanto, exceções à regra de que o novo ônus só atinge a quem anuiu.

O art. 204 § 1º, do Código Civil proclama que a interrupção da prescrição, operada

contra um dos codevedores, estende-se aos demais, havendo, assim, comunicação

de efeitos interruptivos.

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7.2.2. Renúncia da solidariedade

Dado que a solidariedade constitui benefício instituído em favor do credor,

sendo portanto uma faculdade do mesmo, pode dele abrir mão, ainda que se trate

de vínculo resultante de lei, conforme preceitua o art. 282 e § único do novo diploma,

verbis:" o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de

todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou

mais devedores, subsistirá a dos demais".

Quando a renúncia é efetivada em prol de todos os coobrigados denomina-se

absoluta.neste caso, não mais haverá solidariedade passiva, pois cada coobrigado

passará a dever pro rata, isto é, a responder somente por sua quota.

Já quando a renúncia é operada em proveito de um, ou de alguns devedores

apenas, diz-se relativa. Desta forma, o credor divide a obrigação em duas partes:

uma pela qual reponde o devedor favorecido, correspondente somente à sua quota;

e a outra, a que se acham solidariamente sujeitos os demais.

A renúncia relativa da solidariedade acarreta os seguintes efeitos, em relação

aos devedores:

a) os contemplados continuam devedores, porém não mais da totalidade,

mas apenas de sua quota-parte no débito;

b) suportam sua parte na insolvência de seus ex-codevedores.

Os não exonerados permanecem na mesma situação de devedores

solidários. Contudo, o credor não poderá acioná-los senão deduzindo do débito a

parte correspondentes aos devedores cuja obrigação deixou de ser solidária.

A renúncia ao benefício da solidariedade distingue-se da remissão da dívida.

Com efeito, o credor que apenas renuncia a solidariedade continua sendo credor,

embora sem a vantagem de poder exigir de um dos devedores a prestação por

inteiro, ao passo que aquele que remite o débito abre mão de seu crédito,

exonerando o devedor da obrigação.

7.2.3. Impossibilidade da prestação

Caso a prestação torne-se impossível, faz-se necessário indagar se a

impossibilidade decorreu de culpa do devedor. Considera-se, a princípio, todo o

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inadimplemento como culposo. Cabe porém, ao inadimplente provar que a

impossibilidade da prestação decorreu de caso fortuito ou força maior para exonerar-

se da obrigação, uma vez que os dois dispositivos retromencionados constituem

excludentes da responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, pois rompem o

nexo de causalidade.

São requisitos para a configuração do caso fortuito ou força maior:

a) o fato deve ser necessário e não determinado por culpa do devedor;

b) o fato deve ser superveniente e inevitável;

c) o fato deve ser irresistível.

A impossibilidade de cumprimento da prestação determina a resolução da

obrigação, somente se a impossibilidade for absoluta, isto é alcançar a todos

indistintamente. Caso a impossibilidade seja relativa, isto é, que só ocorre em

relação ao devedor, esta mão resolve o contrato. A insolvência, por exemplo,

impossibilita o devedor de solver a dívida, contudo tal impossibilidade, por ser

relativa à pessoa do devedor, não tem efeito liberatório.

7.2.4. Perdas e danos

Se a impossibilidade decorrer do fortuito, resolve-se a obrigação sem ônus

para qualquer das partes, todavia se decorrer de culpa ou dolo do devedor, este

responderá pelo equivalente em dinheiro, mais perdas e danos.

O Código Civil disciplina a manutenção da solidariedade quanto à obrigação

de pagar o equivalente, porém, restringe exclusivamente ao culpado a

responsabilidade pelas perdas e danos. O legislador pátrio entendeu que as perdas

e danos constituem uma pena e que assim sendo, não devem ultrapassar da pessoa

do próprio culpado.

Com efeito, tratando-se de culpa pessoal, não pode a sanção civil ultrapassar

a pessoa do próprio negligente ou imprudente, considerando-se que pode ser

responsabilizado por culpa alheia. Dessa forma, somente arcará com os ônus das

perdas e danos o devedor de que se provou a culpa.

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7.2.5. Responsabilidade pelos juros

Juros são rendimentos do capital, sendo considerados frutos civis da coisa,

assim como os aluguéis. Os juros representam o pagamento pela utilização de

capital alheio, integrando a classe das coisas acessórias (art. 95 CC).

Os juros moratórios são devidos em razão do inadimplemento e correm a

partir da constituição em mora. Podem ser convencionados ou não, sem que para

isso exista limite previamente estipulado na lei.

No primeiro caso denominam-se moratórios convencionais. Mesmo que não

sejam convencionados, os juros moratórios serão sempre devidos à taxa legal, ou

seja, "segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos

devidos à Fazenda Nacional" (art. 406 CC). São devidos ainda que não se alegue

prejuízo, nem tenham sido pedidos na inicial, uma vez que o prejuízo resulta do

próprio fato do retardamento culposo do devedor em cumprir a obrigação ou

executar a prestação com que o credor contava.

Os juros da mora são acessórios da obrigação principal, dela inseparáveis,

sob pena de quebra da solidariedade, ou seja, a prestação poderá ser exigida de

qualquer um dos codevedores solidários, integralmente e ainda acrescida dos juros

moratórios.Contudo cabe ao codevedor culpado suportar perante seus demais

consortes na relação obrigacional o ônus referente aos juros.

7.2.6. Oponibilidade de defesa dos devedores

Qualquer devedor demandado pode opor defesa que tiver contra a própria

obrigação, alegando por exemplo, prescrição, nulidade, extinção, etc. Tais defesas

ou exceções, uma vez que poder ser perquiridas por qualquer devedor, denominam-

se comuns, reais ou gerais. São assim chamadas pois reportam-se ao objeto da

obrigação ou à sua fonte, objetivamente considerada, e por isso aproveitam a todos

os devedores.

Como a obrigação solidária é subjetivamente complexa, podem existir meios

de defesa, exceções, particulares e próprias só a um, ou alguns, dos devedores.

Desta forma, só o devedor exclusivamente alcançado por tal exceção poderá alegá-

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la. Tratam-se das chamadas exceções pessoais, que não atingem nem contaminam

o vínculo dos demais devedores.

7.2.6.1. Exceções Comuns, Reais ou Gerais

I. Resultantes da natureza da obrigação

a) Nulidade absoluta do negócio jurídico;

b) Anulabilidade do negócio jurídico, resultante da incapacidade de

todos os codevedores, ou de um vício do consentimento

experimentado por todos os codevedores;

c) Falso motivo, nos termos do art. 140 do Código Civil, quando

relativo a todos os devedores;

d) Não implemento de condição suspensiva ou não esgotamento

do termo;

e) Inadimplemento da obrigação pelo credor, nos contratos

bilaterais, permitindo a arguição da exceptio non adimpleti

contractus.

II. Causas de extinção da obrigação opostas a todos os

devedores

a) Pagamento, mesmo que feito por um só aproveita a todos;

b) Dação em pagamento, desde que o credor consinta em receber

de um dos devedores coisa que não seja dinheiro, em

substituição da prestação que lhe era devida (art. 356 CC);

c) Pagamento em consignação, que configura modo indireto de

extinção de obrigação;

d) Novação, compensação e transação;

e) Impossibilidade da prestação decorrente de caso fortuito ou

força maior;

f) Remissão;

g) Confusão;

h) Prescrição.

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7.2.6.2. Exceções Pessoais

I. Ao credor demandado: são aquelas em que o devedor demandado

pode pessoalmente invocar, mas podem ser opostas pelos demais, até

a concorrência da parte daquele na dívida.

a) Remissão subjetiva, concedida a um dos codevedores e que

importa a diminuição correspondente da dívida (art. 388 CC);

b) Confusão, quando pode realizar-se na pessoa de um dos

devedores solidários e comunicar-se aos outros com igual

eficácia, limitada à quota daquele a cujo respeito diretamente

aproveitava;

c) Renúncia da solidariedade feita pelo credor em favor de um ou

alguns dos devedores.

II. A outro codevedor: são aquelas em que o devedor demandado pode

pessoalmente invocar para o todo, todavia não aproveitam aos outros

devedores nem no tocante à porção da dívida do devedor em cuja

pessoa a exceção nasceu, tais como as fundadas ma incapacidade

relativa do agente, no vício resultante do erro, dolo, coação, etc.

Nesses o que há é um codevedor a menos para suportar o encargo da

dívida, mas o montante desta não diminui, permanecendo cada um dos

outros devedores obrigados pela totalidade.

7.2.7 Insolvência de um dos codevedores solidários

O estado de insolvência de um dos codevedores solidários impede o

procedimento do rateio de forma igualitária, determinando o acréscimo da

responsabilidade dos codevedores para suprir a quota do insolvente.

Conforme prescreve o art. 284 do Código Civil:

"No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da

solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente".

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Assim, se quatro são os devedores solidários e um deles cai em insolvência,

os outros três respondem, em partes iguais, pela quota deste, ainda que um deles

tenha sido exonerado da solidariedade pelo credor.

Tomando como exemplo a famigerada "despedida de solteiro" de Vilson, onde

Chao, Douglas e Brener, além do próprio Vilson, em decorrência da elevada

concentração etílica na corrente sanguínea após a festa, promoveram

conjuntamente a destruição do apartamento de Soromenho. A monta do prejuízo foi

como já mencionado anteriormente de R$ 180.000,00 (Cento e oitenta mil reais).

Consta que Soromenho renunciou à solidariedade em prol de Vilson, que lhe pagou

a sua parte, correspondente a R$ 45.000,00 (Quarenta e cinco mil reais).

Posteriormente, Brener caiu em estado de insolvência, ficando impossibilitado de

contribuir para o pagamento da dívida, tendo Chao efetuado sozinho o pagamento

dos R$ 135.000,00 (Cento e trinta e cinco mil reais) restantes. Neste caso, Chao,

como titular do direito de regresso, poderá exigir de Douglas a soma de R$

60.000,00 (R$ 45.000,00 da sua quota + R$ 15.000,00 de participação na quota do

insolvente), de Vilson, que foi exonerado da solidariedade pelo credor comum

(Soromenho), Chao poderá exigir R$ 15.000,00 (participação na quota do

insolvente), ficando ele próprio desfalcado de R$ 60.000,00 (R$ 45.000,00 da sua

quota inicial, acrescidos da participação, no montante de R$ 15.000,00, na parte do

insolvente).

É direito dos coobrigados repartir, entre todos, inclusive o devedor exonerado

pelo credor, a parte do insolvente. Pode o credor romper o vínculo da solidariedade

em relação ao seu crédito, mas não pode dispor do direito alheio.

Page 17: Trabalho de Direito Civil II - Obrigações Solidárias

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Novo Código Civil

Brasileiro. Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume I. 8ª ed. São

Paulo. Saraiva, 2010.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das obrigações: parte geral. 12ª ed.

São Paulo. Saraiva, 2011 - (Coleção sinopses jurídicas; v.5)

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. 29. ed. São

Paulo. Saraiva, 1997, v. 4.