OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 201401

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SOCIEDADE PIAUIENSE DE ENSINO SUPERIOR INSTITUTO CAMILLO FILHO - ICFBACHARELADO EM DIREITODISCIPLINA: DIREITO CIVIL II- OBRIGAESPROFESSOR: DILSON REIS DA ROCHA1 PERIODO DE 2014 Enviado em16/04/2014

Posso no concordar com nenhuma das palavras que voc disser, mas defenderei at a morte o direito de voc diz-las. Voltaire

OBRIGAES SOLIDRIAS

Pela analise do artigo 264 do Cdigo Civil denota-se que ocorre solidariedadequando na mesma obrigao concorre mais de umcredor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado a divida toda.Desta forma o credor poder exigir de qualquer devedor o cumprimento da obrigao, se o devedordemandado cumprir a obrigao libera os demais. Porem o devedor que pagar a divida todasub-roga-se, passando a ser credor dos demais codevedores na parte que corresponde a cada um. Portanto se Jos e Francisco forem devedores solidrios dePedro no valor de R$ 5.000,00 Pedro pode cobrar os cinco mil reais de qualquer devedor, caso receba o valor total do devedor Jos este ter direito de cobrar de Francisco o valor de R$ 2.500,00 reais correspondente a sua parte.Confirma-se que o mecanismo da obrigao solidria impe levar em considerao a existncia de duas relaes: uma interna, entre os devedores solidrios; e outraexterna, entre estes e o credor ou credores.No esquea: se um dos devedores solidrios tornar-se insolvente quem sofre o prejuzo no o credor, mas os outros devedores que podem ser chamados a solver a divida por inteiro. As caractersticas das obrigaes solidrias so:

Pluralidade de credores ou devedores, pois imprescindvel a ocorrncia de mais de um credor ou devedor. Multiplicidade de vnculos, podendo ser iguais ou diferentes. Unicidade da prestao, visto que cada devedor responde pelo dbito todo e cadacredor pode exigi-lo por inteiro. E a corresponsabilidade dos interessados, j que o pagamento da obrigao por um dos devedores extingue a dos demais.

Lembre-se:Se a obrigao for solidria caso exista pluralidade de credores, (solidariedade ativa) o credor que receber o pagamento responde perante os demais pelas parcelas de cada um.

Natureza jurdica

Na solidariedade entre os credores, aquele que receber a prestao age na qualidade de representante dos demais, portanto o devedor pode pagar a qualquer credor independente de cauo de garantia. Por sua vez tambm representa os demais aquele quepaga a prestao. Desta forma a natureza jurdica da solidariedade representa um modo de assegurar o cumprimento da obrigao, reforando-se e estimulando o pagamento do dbito.

Diferenas entre solidariedade e indivisibilidade.

Existe diferenas entre solidariedade e indivisibilidade, desta forma cada devedor solidrio pode ser obrigado a pagar a divida toda, por ser o devedor do todo. Nas obrigaes indivisveis o codevedor s deve a sua parte, podendo ser obrigado a cumprir o todo quando no for possvelfracionar a obrigao. Desta forma a solidariedade assemelha-se indivisibilidade por um nico aspecto:em ambos os casos, o credor pode exigir de um s dos devedores o pagamento da totalidade do objeto devido.Portanto as obrigaes solidrias diferem das obrigaes indivisveis nos seguintes pontos:

A causa da solidariedade o titulo, e na indivisibilidade normalmente a natureza da prestao;Na solidariedade cada devedor obrigado pela divida inteira, enquanto na indivisibilidade solve-se a totalidade, em razo de no poder repartir as cotas devidas. A indivisibilidade se justifica pela prpria natureza da prestao, mas na solidariedade sempre de origem tcnica, vale dizer, resulta de lei ou da vontade das partes. A solidariedade continuamesmo quando convertida em perdas e danos, o que no ocorre na indivisibilidade.

Princpios comuns solidariedade

Pela gide do Cdigo Civil dois so os princpios comuns solidariedade (artigos 265 e 266). Seno vejamos: No presuno da solidariedade O artigo 265 no admite a solidariedadepresumida, ou resulta de lei ou da vontade das partes, portanto no se admite a solidariedade que no esteja prevista em lei ou no contrato. assim, poisa solidariedade consiste em instituto excepcional, e, como toda exceo, no pode ser presumida.

Solidariedade legal

J mencionamosque a solidariedade pode ser estipulada pela vontade das partes ou pode derivar de expressa disposio de lei. Podemos citar alguns exemplos de solidariedade proveniente de lei, seno vejamos: O artigo 932 do CdigoCivil menciona vrios exemplos de solidariedade legal. (pai/filhos menores, tutor/curadore empregado/empregador).O mesmo diploma legal em seu artigo 672 menciona a solidariedade entre advogados, quando constar o nome destes no instrumento procuratrio na qualidade de outorgados (recebe os poderes). J o artigo 680 do CCpreceitua que se o mandato for outorgado (quem autoriza) por duas ou mais pessoas para negcios comuns cada um deles responsvel solidrio perante o mandatrio (advogado). A Consolidao das Leis do Trabalho em seu artigo 2 estabeleceresponsabilidade solidaria do grupo empresarial pelos direitos trabalhistas de seus empregados. Dessa forma se Jos trabalha no Armazm Paraba, estabelecimento este que faz parte de um grupo empresarial o grupo responsvel pelos direitos trabalhistas no pagos a Jos. O artigo 942 do Cdigo Civil preceitua que se uma pessoasofreu ofensas morais de duas pessoas, estas respondem de forma solidaria pela reparao do dano.

Lembre-se: A solidariedade contratual decorrente da vontade das partes. Para o nascimento da responsabilidadesolidaria contratual no necessrio palavras solenes, a mesma resulta de expresses equivalentes, como por inteiro, pelo todo, pro indiviso, cada um por todos, um por todos, todos por um, etc.

Variabilidade- Observe o artigo 266 do Cdigo Civil para perceber que a obrigao pode ser diferente entre credores ou devedores. Desta forma a obrigao pode ser solidria entre os devedores, porem a data de vencimento da obrigao mesmo solidria pode ser diferente, vencendo para um no dia 15 e para outro dia 20, podendo tambmo vencimento ser em locais diferentes para cada devedor. Tendo em vista este princpio percebe-se que a divida pode estar vencida para um e no vencida para outros, desta formaquando da cobrana o credor deve propor a ao contra o devedor que contenha o menor nmero de obstculos, ou seja, deve reclamar o dbito todo do devedor no atingido pelas clusulas apostas na obrigao.

Desta forma se a divida foi constituda com vencimentos diferentes, dias 10,15, e 20, no dia 21 a divida pode ser cobrada de qualquer devedor, porem no dia 11 s poder ser cobrada daquele cujo vencimento da divida ocorreu no dia 10. Portanto enquanto pendente condio suspensiva estipulada para um dos devedores, o credor no poder acion-lo. No entanto, sendo titularde um direito eventual (tem o direito mais ainda no pode exerc-lo, art. 125 do CC) poder praticar atos conservatrios do direito, como no caso de cobrar antecipadamente a divida diante da lapidao do patrimnio pelo devedor. Lembre-se: O princpio da variabilidade de suma importncia quando da oposio das excees ou matria de defesa, desta forma quando o credor demandar um devedor solidrioeste pode opor as excees comuns e pessoais, as excees pessoais nascem em grande parte da variabilidade das relaes.

interessante ressaltarmos que se existirem relaes variveis, como no caso de vencimentos diferentes, se o devedor pagar a divida toda este sub-roga-se nos direitos do credor porem s poder exercer o direito de regresso em relao ao demais codevedores aps o vencimento da divida. Portanto se existirem trs devedores solidrios com vencimentos para os dias 01, 15 e 30 aquele que pagar no dia 02 sub-roga-se nos direitos do credor porem s poder cobrar a parte dos demais nos respectivos dias de vencimento.

Espcies de obrigaes solidrias

1.A SOLIDARIEDADE ATIVA:

Exemplo:A + B + CD = devedor Divida de R$ 6.000,00

Na solidariedade ativa h multiplicidade de credores, sendo que internamente so detentores deuma quota da obrigao, como a obrigao solidaria na relao externa cada credor poder reclamar a divida por inteiro, porem o credor que receber dever entregar a parte correspondente a cada cocredor. No mundo moderno praticamente no existe a solidariedade ativa, porem a vantagem oferecer ao devedor a comodidade de pagar a qualquer dos credores a sua escolha. Diferente da obrigao indivisvelcom pluralidade de credores na obrigao solidaria o devedor poder pagar a qualquer credor independente de cauo de ratificao.A maioria dos doutrinadores mencionam como exemplo de solidariedade ativa a situao em que trs irmos proprietrios de um imvel alugam o mesmo para uma pessoa, se no contrato mencionar que so credores solidrios qualquer credor poder reclamar do devedor do aluguel o valor da divida toda, caso receba, responde internamente pela quota dos demais.

No esquea: na abertura de conta conjuntaexiste a solidariedade ativa, podendo cada um movimentar a conta, sendo devedores solidrios do banco. Porem mesmo sendo marido e mulher os titulares da conta conjunta, no so devedores solidrios em relao a terceiros, desta forma se um deles emitir um cheque sem fundos respondersozinho pela divida. O mesmo no ocorre com a conta solidria, pois nesta existe a responsabilidade solidria com relao a terceiros, desta forma se Maria e Josforem detentores de conta solidaria e se o cheque desta conta for emitido em favor do credor Pedro. No caso do cheque no tiver fundos Pedro pode executar o valor dequalquer um pois so devedores solidrios perante terceiros.

Efeitos jurdicos da solidariedade ativa:

J mencionamos que a solidariedade caracteriza-se pela ocorrncia de mltiplos titulares em uma mesma relao obrigacional, cada um tendo direito ou sendo responsvel pela divida por inteiro. Para entendermos os efeitosde uma relao jurdica solidaria necessrio a analise da relao pelo prisma interno e externo, seno vejamos:

1. Relao externa:

Cada credor pode exigir do devedor a prestao por inteiro. Qualquer credor pode promover medidas para conservao de seu crdito. Portanto qualquer credor pode ingressar na justia com a ao cabvel visando o cumprimento da obrigao, porem a execuo da sentenas pode ser feita pelo credor autor da ao. O devedor no pode pagar somente a sua parte, deve sim pagar a divida por inteiro. Enquanto alguns dos credores solidrios no demandarem (entrar comuma ao) o devedor comum, este poder pagar a qualquer um dos cocredores, porem se for proposta a ao a divida s pode ser paga ao autor da mesma.

Portanto se Jos, Pedro e Paulo so credores solidrios de Francisco, antes de sercobrado Francisco pode pagar a divida toda a qualquer credor. Se Jospropor ao de cobrana contra Francisco a divida s pode ser paga para o autor da ao. Neste caso acontece o que o direitodenomina de principio da preveno judicial, ou seja, vincula o credor demandante ao devedor demandado. Desta forma o devedor perde a liberdade de pagar a qualquer um, devendo pagar somente aquele que propsa ao sob pena de pagar novamente.

Lembre-se: se o juiz julgarimprocedente a ao proposta por Jos, cessa a preveno e volta a liberdade do devedor, podendo pagar a qualquer credor a divida toda.

O pagamento feito a um dos credores solidrios extingue a divida at o montante do que foi pago:a regra traduz a essncia da solidariedade. Se qualquercredor tem direito de exigir a divida por inteiro, o pagamento que lhe faa, necessariamente, h de extinguir a divida. Se o pagamento for parcial, a extino apenas da parte do debito que foi paga. Se total o pagamento, plena a extino, restando liberado o devedor.No caso de pagamento parcial a divida continua solidaria pelo restante.Se um dos credores solidrios falecer deixando herdeiros, cada um destes s ter direito a exigir e receber a quota crdito que corresponder ao seu quinho hereditrio, salvo se a obrigao for indivisvel (art. 270).

Exemplo: A+ B + CD= devedor Divida R$ 6.000,00

Com a morte de A seus herdeiros E e F apenas podero reclamar da quota do crdito do falecido (R$ 2.000,00), a metade relativa ao seu quinho hereditrio, assim E e F s podero cobrar de forma individual o valor de R$ 1.000,00 de D. Mas a prestao poder ser reclamada por inteiro se o falecido deixou um nico herdeiro, se todos agirem em conjunto ou se a coisa for indivisvel. Portanto se o credor A falecerdeixando somente o herdeiro E este poder cobrar de D o valor da divida toda (R$ 6.000,00) independente da mesma ser ou no indivisvel.Caso o falecido tenha dois herdeiros, E e Festes agindo conjuntamente tambm podero cobrar a divida toda.Convertendo-se a prestao em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos da solidariedade. (271 do CC).

Entenda: Jos, Pedro e Francisco so credores solidrios de um cavalo em relao a Paulo. Qualquer devedor pode cobrar a divida toda no por ser indivisvel e sim por ser solidria. Caso o cavalo venha a morrer a prestao se converte em perdas e danos. Digamos que o valor do cavalo foi liquidado em R$ 6.000,00 (seis mil reais), desta forma este valor poderser cobrado por qualquer credor solidrio.

Lembre-se:que nas obrigaes indivisveis no solidrias quando a obrigao for convertida em perdas e danos, cada devedor s paga a sua parte.

A um dos credores solidrios no pode o devedor opor excees pessoais oponveis aos outros credores (opor exceo pessoal matria de defesa que s diz respeitocontra um credor). (art. 273 do CC).

Veja: Se a divida for solidria, sendo Jos, Pedro e Joo credores de Francisco no valor de R$ 3.000,00, caso o Jos perdoe a sua parte, Francisco continua devedor na quantia de 2.000,00, podendo ser cobrado por Pedro ou Joo. Caso Joo venha cobrar Francisco este no pode alegar em matria de defesa que foi perdoado na divida. No pode, pois este argumento s poderser alegado em relao a Jos. (exceo pessoal contra Jos).

O devedor demandado pode opor ao credor as excees pessoais e as comuns a todos, no lhe aproveitando, porem as pessoais aoutro codevedor. Ao ser cobrado pelo credor que perdoou sua divida, o devedor em matria de defesa alega que esta no pode ser cobrada em virtude da remisso, neste caso uma exceo pessoal que s pode ser oposta contra o credor remitente. Poremse a divida j estava prescrita com relao a todos os credores quando da cobrana por um deles o devedor alega a prescrio, sendo esta uma exceo que pode ser oposta contra todos, portanto uma exceo comum.

Lembre-se: que diante do principio da variabilidade a divida pode ter datas de pagamento diferentes, portanto a prescrio s matria de defesa comumquando a divida tiver sido constituda no mesmo dia.

O julgamento contrrio a um dos credores solidrios no atinge os demais; o julgamento favorvel aproveita-lhes, a menos que se funde em exceopessoal ao credor demandado.

Este o preceituado no artigo 274 do CC, para melhor entendimento podemos mencionar que quando um credor demandar um devedor e tiver a aojulgada improcedente no probe os demais credores de ingressarem na justia. J o julgamento a favor do credor aproveitado pelos demais, desde que ojulgamento no tenha sido efetuado com base em exceo pessoal deste credor. Assim se existirem trs credores solidrios A, B e C de um devedor D, qualquer um pode cobrar D. No caso de A cobrar D e a ao for julgada improcedente tendo em vista a prescrio da cobrana, este julgamento pode no afetar os demais credores, isto porque a divida para estes pode no estar prescrita, podendo desta forma o credor B e C cobrar o devedor.

O credor que perdoar a divida responder peranteos outros credores, que em virtude do perdo (remisso) podero cobrar a divida do credor que perdoou e no mais do devedor que viu sua divida se extinguir (CC art. 272) .

2. Relao interna

Neste caso deve ser analisada a relao entre os cocredores, portanto pela gide do artigo272 se o credor receber ou perdoar a divida este responde perante os demais pela parte que lhes caiba.

Direito de regresso- o pagamento feito a um dos credores o coloca na condio de devedor da parte dos demais credores. Portantoo credor que receber o crdito transforma-se em devedor dos demais, na parte que cabe a cada um podendo sofrer ao de cobrana.

Portanto se A+B+Cforem credores de D, e A cobrar e receber a divida toda de D esta estar extinta, e aquele que recebeu dever repassar a quota de cada cocredor, no fazendo o repasse, os cocredores B e C no podem cobrar do devedor D isto porque ao pagar a divida toda a relao externa se extingue independente de cauo de ratificao.

Extino da obrigao solidria

No custa lembrar que pela gide do artigo 269 do Cdigo Civil o pagamento feito a um dos cocredores solidrios extingue a divida at o montante do que foi pago, desta forma o pagamento feito a um dos cocredores produz a extino do crdito para todos os demais.

Lembre-se: somente o pagamento integral que tem o poder de extinguir a divida e liberar odevedor.

Lembre-se: o pagamento pode ser feito de forma direta (pagar com a coisa objeto da obrigao) ou pagamento indireto (pagar com coisa diversadesde que com anuncia do credor).

Lembre-se: que nas obrigaes solidrias o pagamento pode ser feito pelodevedor a qualquer credor independente de cauo de garantia dos demais.

Lembre-se:se o pagamento tiver sido parcial, a solidariedade permanece no restante, desta formase A + B + C so credores solidrios de D em divida de R$ 6.000,00 e D vem a pagar a quantia de R$ 3.000,00, a divida continua solidaria no resto.

Lembre-se: de pouca ou nenhuma valia a solidariedade ativa, por depender da confiana entre os credores. Podemos citar como exemplo a conta corrente conjunta, onde os titulares so credores e o banco devedor dos valores depositados, de sorte que qualquer um dos correntistas pode sacar a totalidade dos numerrios, no cabendo ao banco indagar qual a quota parte de cada um.

RESUMINDO:

Cada um dos credoressolidrios pode exigir do devedor a prestao por inteiro. Enquantoos credores solidrios no ingressarem em juzo para receber o credito do devedor comum, o devedor pode pagar a qualquer deles independente de cauo de ratificao. Se alguns dos credoresacionar o devedor por falta de cumprimento da prestao, o mesmo s poder satisfazer a obrigao ao demandante. Realizado o pagamento ao qualquer dos credores solidrios, faz extinguir a divida. No caso de falecimento de um dos credores solidrios, os herdeiros s poderoexigir a quota parte que caiba a cada um, exceto se a obrigao for indivisvel.

2. A SOLIDARIEDADE PASSIVA

Exemplo:A + B + CD = CredorDivida de R$ 6.000,00

Ocorre, quando na obrigao concorrem dois ou mais devedores, cada um com a responsabilidade pela divida toda. Esta solidariedade pode ser derivada de lei ou da vontade das partes e cria a obrigao para o devedor pagar a divida toda como se fosse o nico responsvel. Assim, estabelecida a solidariedade entre os devedores o credor passa a ter o direito de exigir de qualquer um deles a divida por inteiro, aumentando sua proteo contra os riscos da insolvncia.

No esquea: a solidariedade passiva deve ser analisada na forma externa e interna. Quando se fala na forma externa deve ser analisada a relao entre os devedorese o credor. A forma interna a relao entre os codevedores. Desta forma quando um devedor pagar a divida toda, a relao externa fica extinta, ou seja, acaba a relao com o credor. Porem tem inicio a fase interna onde o devedor que pagou a divida toda pode cobrar dos demais devedores a parte que cada um devia ao credor originrio.

No esquea: a solidariedade passiva pode ser derivada de um acordo entre as partes. Porem em muitos momentos a lei prev a existncia da solidariedade passiva, seno vejamos: a solidariedade do pai pelos atos dos filhos (filho menor), entre devedor principal e fiadore entre patro e empregado. (art. 932 do CC).

2.1 Consequncias jurdicas da solidariedade / Relao entre os codevedoressolidrios e o credor. (Relao externa)

Direitos do credor. (275 do CC)

Na solidariedade passiva unificam-se os devedores, possibilitando ao credor, para maior segurana do crdito, exigir e receber de qualquer deles o adimplemento, parcial ou total, da divida comum. O principal efeito da solidariedade passiva consiste no direito do credor de exigir de qualquer dos devedores o cumprimento integral da obrigao. Se o pagamento for integral exonera os devedores. Se for parcial e efetuado por um dosdevedores, os outros ficaro liberados at o valor pago, permanecendo a solidariedade no valor restante. Se o devedor acionado no efetuar o pagamento, poder o credor agir contra os demais codevedores, conjunta ou individualmente (CC, art. 275 e pargrafo nico).

Lembre-se: o devedor demandado pela prestao integral da dividapode chamar os outros ao processo, com fundamento no artigo 77 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, no para que lhes auxiliem na defesa, mas tambm para que a eventual sentena condenatria valha como coisa julgada por ocasio do direito de regresso contra os codevedores. Para melhor entendimento: A, B e C so devedores de D, sendo que o credor cobra o devedor A, quando for citado pelo juiz para efetuar o pagamento o devedor A pode pagar a prestao e cobrar aos demais devedores, ou pode chamar ao processo os outros devedores.A vantagem do chamamento ao processo possibilitar que na mesma ao caso o juiz julgue procedente o pedido do credor, mandar que o pagamento seja feito por todos os devedores.

Efeitosda morte de um dos devedores solidrios. (276 do CC)

Se um dos devedores solidrios falecer deixando herdeiros, nenhum deles ser obrigado, senoa quota que corresponder ao seu quinho hereditrio, salvo se a obrigao for indivisvel. Quando divisvel a divida se desmembraem relao a cada um dos herdeiros.Portanto falecendo um dos devedores solidrios, a obrigao divide-se entre os herdeiros, cada um destes s poder ser exigido at o limite de seu quinhohereditrio, salvo se indivisvel a obrigao. Verifica-seque a morte de um dos devedores solidrios no rompe a solidariedade, que continua a onerar os demais codevedores.

Para melhor entendimento:

A + B+ C so devedores solidrios de D (valor total da divida de R$ 300.000,00. Como se sabe a divida pode ser exigida de qualquer dos devedores. O certo que B faleceu deixando os filhos E e F. Neste caso cada um deles s estar obrigado a pagar a quota que corresponder a seu quinho hereditrio, isto , a metade (1/2) da quota de B (50.000,00).

Paraque no reste duvida o artigo 276 do Cdigo Civil deve ser analisado da seguinte forma:

a) Divida indivisvel: diante do falecimento de B qualquer herdeiro, individualmente, pode ser obrigado a pagar tudo. (ex. no caso da divida ser um touro reprodutorD pode cobrar a divida toda de A, C , E e F pois no altera a solidariedade).

b) Divida divisvel:nesse caso, a situao varia, dependendo se o herdeiro for acionado individualmente ou reunido com os demais herdeiros.

b.1) Acionado individualmente: qualquer herdeiro paga apenas sua quota parte, no podendo obviamente ultrapassar as foras da herana, mesmo que tenha patrimnio pessoal superior. (no casodeve ser acionado para pagar o valor de R$ 50.000,00 ou seja, metade da parte que cabia ao devedor B)

b.2) Acionamento coletivo dos herdeiros: somente reunidos, os herdeiros podem ser obrigados a pagar a divida toda, pois ocupam a posio do devedor falecido. (neste caso se o credor cobrarE eF conjuntamente cobra a divida toda).

Lembre-se: no caso dosherdeiros serem acionados conjuntamente e pagarem a divida toda nasce para estes o direito de regresso frente ao demais devedores. Desta forma,quando falamos de divida toda o valor de R$ 300.000,00 e no o valor de R$ 100.00,00 que a quota que cabia internamente a B.

Lembre-se:a garantia de que cada devedor quando cobrado individualmente s responde pelo seu quinho hereditrio est contido nos artigos 1.792 e 1.997 do Cdigo Civil.

Consequncias do pagamento pessoal e da remisso (277 do CC)

O pagamento parcial feito por um dos codevedores, bem como a remisso por ele recebida, no aproveitaaos demais, seno at o valor da quantia paga ou perdoada. Deduz-se que o pagamento parcialreduz o crdito, sendo assim, o credor s pode cobrar do que pagou parcialmente, ou dos outros devedores s o saldo remanescente. O perdo pessoal dado pelo credor a um dos devedores solidrios noextingue a solidariedade em relao aos demais devedores, acarretando a reduo da divida no valor perdoado. Desta forma o credor pode cobrar seu crdito, desde que reduza a parte perdoada.

Exemplo: Jos, Pedro e Francisco so devedores solidrios de R$ 3.000,00 trs mil reais para Joaquim. SePedro pagar R$ 1.000,00, reais (pagamento parcial), Joaquim poder cobrar dos devedores a quantia de R$ 2.000,00. (continuando solidriano restante).

Aproveitando o mesmo exemplo caso Joaquim perdoe a parte correspondente a Jos (1.000,00) Joaquim pode cobrar de Pedro e Francisco a divida abatendo o valor perdoado, portanto pode cobrar o valor de 2.000,00.

Lembre-se: o devedor solidrio queefetua o pagamento parcial permanece obrigado pelo restante da divida, em solidariedade com seus consortes, a menos que o credor exonere-o de responsabilidade, pelos termos expressos na quitao. Lembre-se: que o devedor que teve a sua divida perdoada fica liberado da divida,desta forma o credor s pode cobrar os demais abatendo do valor total a parte que foi perdoada.

Discutiremos posteriormente se o devedor que teve sua parte perdoada est liberado definitivamente da divida ou se volta para responder pela parte do insolvente.

Clusula condio adicional ( 278 do CC)

Se existirem devedores solidrios, qualquer clusula, condio ou obrigao adicional, estipulada entre um dos codevedores solidrios e o credor, no poder agravar a posio dos outros devedores sem o consentimento destes. Desta forma nenhum dos devedores est autorizado a negociar com o credor, obrigao adicional que agrave a obrigao e piore a posio dos outros devedores sem o devido consentimento destes. O devedor pode negociar com o credor clausulas semo consentimento dos outros devedores, porem esta obrigao torna-se pessoal cabendo somente ao devedor que negociar o pagamento desta obrigao adicional, no sendo portanto solidria com o demais.

Assim se a A+B+C forem devedores solidrios de Dna quantia de R$ 6.000,00 e atravs de um negcio jurdico sem a anuncia de A e B C solicitou mais R$ 1.000,00 reais para D, assim o credor pode demandar A e B em R$ 6.000,00 e demandar C em R$ 7.000,00 pois a clusula adicional foi negociada entre C e D sem intervenincia dos demais devedores.

Impossibilidade de prestao (279 do CC)

Se ocorrer a impossibilidade de prestao por culpa de um dos devedores solidrios, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente. Porem as perdas e danos quem paga o devedor culpado.

Lembre-se: o devedor no responde pelos prejuzos decorrentes de fora maior ou caso fortuito, se no for por ele responsabilizado. Para que o devedor no tenha culpa, o fato deve ser inevitvel, no ter culpa antecedente do devedor, ser irresistvel a fora do ser humano e no se encontrar em mora.

Deve-se ressaltar que na solidariedade passiva o caso fortuito e a fora maior s exonera os devedores se o evento atingir todos os codevedores.

Lembre-se: quando o cumprimento torna-se impossvel sem culpa resolve-se aobrigao sem perdas e danos. Porem se decorrer de culpa do devedor responde pelo valor em dinheiro mais perdas e danos.

Se trs amigos tomarem emprestado um animal e se ainda no estiverem em mora com relao devoluo do mesmo, no respondem pelo perecimento em virtude de fora maior. Porem se for por culpa dos amigos, respondero em conjunto pela obrigao.Se a impossibilidade por culpa de um devedor solidrio, todos respondempelo valor do animal, porm as perdas e danos cabe ao culpado. Com efeito, tratando-se de culpa pessoal, no pode a sano civil ultrapassar a pessoado prprio negligente ou imprudente, considerando-se que ningum pode ser responsabilizado por culpa alheia.

Responsabilidade pelos juros (280 do CC)

Na situao em que a obrigao no for paga no prazo determinado, todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ao tenha sido proposta somente contra um dos devedores.Desta forma quando o atraso que gerara mora ocorrer por culpa de um dos devedores, a ao poder ser proposta contra todos, porem o culpado responde aos outros pela obrigao acrescida. Se Jose, Francisco e Pedro forem devedores solidrios e estiverem inadimplentes,a prestao acrescida dos juros da mora pode ser cobrada de qualquer devedor, porem se a mora tiver ocorrido por culpa de Pedro (este recebeu o dinheiro dos demais e no pagou no dia) vai responder perante Jos e Francisco pela mora, ou seja, pelo valor acrescido a prestao. Isto ocorre porque a mora de um dos devedoresno pode ser nociva aos demais.

Meios de defesa dos devedores (281 do CC)

J mencionamos que os meios de defesa so as respostas dos devedoresquando demandados judicialmente pelo credor, sendo cabvel opor as excees pessoais e as comuns a todos, sendo que, as pessoais s aproveitam para o devedor detentor do direito de opor esta exceo, portanto no pode ser aproveitada pelos demais codevedores.

Lembre-se: j mencionamos que existem excees comuns, sendo estas os argumentos de defesa que podem ser aproveitados por todos os codevedores. Porem quando um codevedor demandado no pode aproveitar as exceespessoais de outro codevedor. Quando um codevedor demandado e alegar que a divida est prescrita, caso a obrigao tenha vencido no mesmo dia para todos os codevedores, estamos diante de uma exceo comum, desta forma aproveita a todos os codevedores. Se o devedor for cobrado antes do vencimento ou pendente condio suspensiva, este pode opor uma exceo pessoal (aproveita somente para ele). Neste caso se suadivida vence no dia 18 e cobrado no dia 10 este alega que a divida ainda no est vencida, nem o devedor est inserido nas condies do artigo 333 do Cdigo Civil para ter a divida cobrada antecipadamente.

Como matria de defesa o demandado pode alegar ainda:

1. Prescrio.2. Pagamento direto ou indireto.3. Perdo da divida. 4. Compensao (alegar que tambm credor). 5. Renuncia da solidariedade para no pagar a divida toda. 6. Impossibilidade sem culpa.7. Exceptio non adimpleticontractus (exceo do contrato no cumprido, ou seja, no pode exigir o cumprimento da obrigao quem no cumpriu a sua parte no contrato). 8. Vcios de consentimento ou incapacidade quando da formao do contrato. 9. Termo ou condio. 10. Ilicitudedo objeto

Traduzindo:A + B + CD = Credor

Se o credor acionaro devedor A e a deciso judicial a ele favorvel for fundada em exceo pessoal e exclusiva a este devedor, no aproveita aos demais. Desta forma o credorno perde o direito de acionar os demais devedores. Se ao contrario, a decisofavorvel ao devedor A se fundar em matria comum a todos os devedores, certo que os efeitos do julgado se estendem a todos os devedores solidrios.De outro modo, o julgamento contrario ao devedor A pode no atingir os demais, isto porque a relao interna pode ser varivel.

Renuncia da solidariedade (282 do CC)

A renncia diz respeito apenas solidariedade, no a obrigao em si, que continua inalterada. O credor abre mo apenas do direito de exigir que a prestao seja paga pelo conjunto de devedores. Pela gide do artigo 282 do CC o credor pode renunciar a solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Se renunciar a um devedor a solidariedade subsiste nos demais. Pode ocorrer a renuncia em relao a todos os devedores, sendo que a partir destemomento cada devedor ser responsvel somente pela sua parte. Se ocorrer a renuncia para um s devedor, este continua devedor individual desua parte.

Exemplo: Jos, Pedro e Francisco so devedores solidrios na quantia de R$ 3.000,00 reais, ocorre que o credor renunciou a solidariedade em relao ao devedor Jos. Com a renuncia o credor poder cobrar de forma solidria2.000,00 reais de Pedro ou Francisco, porem s poder cobrar de Jos a sua parte, no caso 1.000,00 reais, isto porque o credor renunciou a solidariedade em seu benefcio. No h duvida, que a solidariedade dos devedores no exonerados, refere-se divida deduzida, ou seja, com o abatimento da parte do devedor exonerado da solidariedade.

2.2 Relao dos codevedores entre si / relao interna

Segundo o artigo 283 o devedor que pagar a divida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, presumindo-se iguais as partes de todos os codevedores.

Exemplo: Jos, Pedro e Joo so devedores solidrios no valor de R$ 3.000,00 aqueleque pagar a divida sub-roga-se nos direitos do credor , desta forma como internamente a relao no solidaria vai cobrar o valor de R$ 1.000,00 de cada codevedor.

Lembre-se:da divida de interesse exclusivo, neste caso se quem pagou o interessado nico nada pode cobrar dos demais. Se quem pagou no era o interessadopode cobrar do devedor exclusivo o valor total da divida. (art. 285 do CC).

Insolvnciade um dos codevedores solidrios (284 do CC)A insolvncia de um dos codevedores solidrios impede o procedimento do rateio de forma igualitria, desta forma ser determinado o acrscimo da responsabilidade dos codevedores para cobrir a parte do insolvente. Portanto se o credor renunciar a solidariedade de um entretrs devedores solidrios, se um dos devedores que continuam solidrios ficar insolvente o devedor beneficiado com a renuncia volta a responder pela metade da parte do devedor insolvente. (Veja artigo284 do CC.)

Um exemplo ir facilitar o entendimento, seno vejamos:

Exemplo: Jose, Pedro e Luciano.Raquel

Jos, Pedro e Luciano so devedores solidrios de Raquelna quantia de R$ 3.000,00. No caso de Raquel renunciar a solidariedade em favor de Jos esta ainda poder cobrar o valor de 2.000,00 de forma solidria de Pedro e Luciano e R$ 1.000,00 de Jos. Se Pedro pagar a divida de R$ 2.000,00 e o Luciano ficar insolvente, o Jos mesmo exonerado da solidariedade volta para responder pela metade do valor da divida do insolvente. Assim Jos responde por 500,00 reais que o valor da metade da divida interna de Luciano, j Pedro fica responsvel para pagar 1.500,00 que o valor de sua parte mais 500, 00 da parte de Luciano. Como Pedro j tinha pago a divida toda (2.000,00 em virtude da renuncia da solidariedade), pode em ao regressiva cobrar R$ 500,00 de Jos, pois mesmo sendo beneficirio da renuncia da solidariedade volta a responder por parte da divida do insolvente. Veja outro exemplo: A + B + CD = credor

A, B e C so devedores solidrios de D pela quantia de R$ 30.000,00. D renuncia a solidariedade em favor de A, perdendo, ento o direito de exigir der A uma prestao acima de sua parte no debito, isto , R$ 10.000,00: B e C respondero solidariamente por R$ 20.000,00, abatendo da divida inicial de R$ 30.000,00 a quota de A (R$ 10.000,00). Assim os R$ 10.000,00 restantes s podero ser reclamados daquele que se beneficiou com a renuncia da solidariedade.O Cdigo Civil menciona claramente que o devedor que obteve a renuncia da solidariedade volta a responder pela parte do insolvente. A discusso no direito brasileiro se o devedor queteve a sua parte da divida perdoada volta para dividir com os demais a parte correspondente a do insolvente. Alguns doutrinadores defendem a tese de que o devedor perdoado na parte que lhe cabe na divida fica exonerado totalmente da relao jurdica, no respondendo pela parte do insolvente. Maria Helena Diniz (2011.p. 203) cita o Enunciado 350 do Conselho da Justia Federal, que defende que o perdoado fica liberado do vinculo obrigacional, inclusive no que tange a parte do insolvente. Outros autores, como o caso de Flavio Tartuce (2006.p.100) defende a tese de que diante da insolvncia de um dos devedores ocorrer o rateio proporcional, por regra entre os devedores restantes, defendendo porem que o rateio da parte do insolvente atinge os que tiveram suas dividas perdoadas. Pabro Stolze (2011.p. 114) menciona que se o credor perdoar a divida de um dos codevedores solidrios, este volta a responder pela parte do insolvente. Carlos Roberto Gonalves (2010.p.158)ao tratar da remisso obtida por um dos codevedores solidrios, preceitua que altera a relao interna entre eles, visto que que o perdoado se liberou de sua parte na divida, porem continua responsvel somente pela quota de eventual insolvente.

Dividasolidria de interesse exclusivo (285 do CC)

Se a divida solidria interessar exclusivamente a um dos devedores, responder estepor toda ela para aquele que pagar. Oexposto o mandamento legal do artigo 285 do Cdigo Civil.

Para facilitar o entendimento podemos mencionar o seguinte exemplo:

Jos solicitou um emprstimo junto ao Banco do Brasil, sendo que o banco requereu a garantia de dois devedores solidrios. Para ajudar o amigo, Pedro e Paulo tornaram-se devedores solidrios de Jos, veja que a divida interessava somente a Jos ficando este com todo o dinheiro do emprstimo. Por ser divida solidria o banco pode cobrar o valor de qualquer um, porem se cobrar e receber a divida toda de Jos este nosub-roga em relao aos demais devedores, pois Jos o nico interessado na divida. Se o Banco do Brasil cobrar e receber a dividatoda de Pedro ou Paulo estes podero cobrar o valor integral da divida do verdadeiro devedor que o Jos. Caso o bancocobre e receba a divida toda de Jos este no poder cobrar nenhum valor de Pedro e Paulo.

Lembre-se: que a solidariedade passiva bastante comumno mundo jurdico, os detentores do capital e os fornecedores de bens e servios querem vender seus produtos, porem querem ter a certeza de que iro receber de seus devedores, para tanto exigem garantias podendo estas recair em bens ou em pessoas. Quando recaisobre pessoas estes podem ser devedores solidrios (avalista) ou devedores subsidirios (fiadores). Caso voc avalize um emprstimo para um amigo fique de logo sabendo que voc tornou-se devedor solidrio e pode ser obrigado a pagar a divida toda.A regra geral de que o fiador devedor subsidirio, portanto detentor do benefcio de ordem, isto quer dizer que ao ser cobradoantes do devedor principal o fiador pode alegar que no foi observado a ordem de cobrana.A fiana uma garantia acessria ao contrato, o fiador participa e tem conhecimentode que est garantindo um dbito, isto porque teve acesso ao procedimento que gerou a divida, tendo inclusive prestado a garantia juntamente com sua esposa, exceto quando casado sob o regime da separao de bens.J o aval uma garantia dada aos ttulos de crdito, portanto para se tornar avalista no necessrio as formalidades da fiana, basta assinar o titulo como avalista para que a obrigao solidria se concretize.Por ser devedor solidrio o avalista no pode exercer o benefcio de ordem, portanto pode ser cobrado pelo credor, sem que antes o credor tenha cobrado o devedor principal. Assim como a fiana, o aval deve ser precedido da outorga marital, ou seja, o consentimento de marido ou esposa.

Concluindo:

A + B + C D = credor

Se A + B + C forem devedores solidrios frente ao credor D, porem B e C sendo avalistas, a divida de interesse exclusivo do devedor A. Neste caso se o devedor A for cobrado pelo credor D caso efetue o pagamento no tem ao regressiva contra B e C. Perante o credor, o devedor principal e os avalistas so devedores solidrios, podendo este cobrar a dvida de qualquer um. Se o devedor B for demandado, caso efetue o pagamento de toda divida sub-roga-se nos direitos do credor, portanto pode cobrar em ao regressiva o valor total da divida do devedor A (divida de interesse exclusivo). Porem seno receber o valor de A pode cobrar do avalista C a metade da divida. Para que no reste duvidas entre solidariedade ativa e passiva passaremos a analisar um quadro comparativo com suas caractersticas, bem, como ser analisado um quadro comparativo entre as diferenas entre solidariedade e indivisibilidade.

Diferenas entre solidariedade ativa e passiva

Solidariedadeativa Solidariedade passiva

Seo devedor pagar parte da divida a umdos credores, mantm-se a solidariedadeativa quanto aosaldo devedor em favor dos credores(art.269)Se o devedorpagarparte da divida, remanescea solidariedadepassiva quanto aoresto dadivida, para os demaiscodevedores (art. 275).

Se um dos credores remitir ou receber a divida, responde perante os demais pela parte que lhescouber (art. 272). Seo credor remitir a divida em relaoa um dos codevedores, os demaisficam responsveis pelo saldo da divida (art. 277)

Seum credor falece, os herdeiros s podem exigir a sua quota, salvose a obrigaofor indivisvel (ex.cavalo) (art. 270).Seum dos devedores falece, os herdeiross estaro obrigados por sua quota, salvo se a obrigao for indivisvel. (art. 276).

Convertendo-se a prestao em perdase danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade (art. 271)Impossibilitadaa prestao por dolo ou culpade um dos devedores, todos so solidariamenteobrigados ao pagamento doequivalente,mas por perdas e danos responde so culpado. (art.279).

O devedorno podeopor aos demais credores,as excees pessoais oponveisa um deles. (art. 272).Odevedor demandado pode opor ao credor asexceesquelheforem pessoais e ascomuns; nolhe aproveitando as asexcees pessoaisa outro codevedor.

Diferenas entre obrigao solidria e obrigao indivisvel

Solidariedade (Entre sujeitos ativos ou passivos)Indivisibilidade (do objeto)

decorrenteda vontade das partes ou daLeiDecorreda natureza fsica ou jurdica da prestao 258 /CC

O devedorpaga o todo porque deve o todo. O credorrecebe por inteiro porque credor do todoOdevedor paga o todo porque notem como ratear a coisasem prejudicar lhe a natureza, no tem como repartir a coisa.

Analisa-se o fenmeno dasolidariedadesobo aspecto subjetivo, ou seja a vontadedas partesA situao vista sob o ngulo objetivo (dos objetos).

Visafacilitar o recebimento do crdito e o pagamento do dbito. Assegura a unidade da prestao.Ex. cavalo, terreno.

Cessacom a morte do credor e do DevedorSubsisteenquanto a prestao suportar(a morte no encerraa natureza da coisa)

Asperdas e danosdevidas em decorrnciada solidariedade continuamcom esse carter 271/CCA indivisibilidade no acompanhaas perdas e danos. Elatermina quando a obrigao se converte emem perdas e danos. CC 263.

RESUMINDO:

1. Efeitos da solidariedadeativa

J comentamos que muito difcil encontrarmos casos de solidariedade ativa, contudo possvel concluir enumerando alguns efeitos:

A + B + C= credores solidrios\D = devedor

Enquanto um credor no ingressar em juzocom a ao de cobrana, a divida poder ser paga a qualquer um. Portantose um credor j ingressou em juzo com a devida ao nenhum outro poder receber o pagamento. (268)O pagamento integral efetuado a qualquer credor extingue inteiramente a divida (269). Neste caso por ser uma obrigao solidaria no necessrio cauo. Falecendo um credor solidrio deixando herdeiros, cada um s poder receber sua quotaparte, salvo se: a) o objeto da prestao for indivisvel, b) existir apenas um herdeiro; c) todos agirem conjuntamente.O credor que perdoar a divida responder perante os outros credores,que em virtude do perdo (remisso), podero cobrara divida do credor que perdoou e no mais do devedor que viu sua divida se extinguir. (272)Se a prestao, por impossibilidade, converter-se em perdas e danos, subsiste asolidariedade pelo equivalente. (271).

2. Efeitos da solidariedadepassiva

Diferente da solidariedade ativa a passiva bastante comum no direito moderno, sendo possvelenumerar alguns efeitos:

A + B + C= devedores solidrios \D = credor

2.1 Entreos devedores e o credor / relao externa

O credor pode exigir de um ou algunsdos devedores a divida toda ou parte dela. (275) O recebimento ou o perdo parcial da divida, pelo credor, faz com que a solidariedade persista pelo restante (277). No caso de impossibilidade do cumprimento da prestao, a responsabilidade por perdas e danos s do culpado, entretanto, todos os devedores respondem pelo equivalente de maneira solidria (279) Se aquele que ficouincumbido de pagar, atrasar, todos respondem perante o credor pelos juros moratrios deste atraso, entretanto, o culpado pela mora responder perante os outros devedores, reembolsando integralmente o valor dos juros pagos pelo outro ou pelos outros devedores (275). Se o credoracionar um devedor e no conseguir receber, poder, ingressar com ao contra outros(s) devedor(s) (275). O devedor demandado (que sofrer a cobrana) poder opor contra o credor as defesas (excees) que tambm so comuns aos outros devedores (pagamento j efetuado, objeto ilcito, nulidade, prescrio etc) e as suas particulares (renuncia da solidariedade por exemplo), todavia no possvel utilizar as particulares de outros devedores.Se o devedor falecer deixando herdeiros, nenhum destes ser obrigado a pagar seno a quota que corresponder ao seu quinho hereditrio, salvo se a obrigao for indivisvel. Se a divida solidria interessar exclusivamente a um dos devedores, responder este por todaela para com aquele que pagar. Qualqueralterao posterior ao contrato, estipulado entre um dos devedores solidrios e o credor, que venha a agravar a situao dos demais s ter validade se for efetivada com a concordncia destes.

2.2 Entre os devedores / relao interna

Quitada a divida por um dos devedores, aqueleque pagar estar autorizado a cobrar a quota parte de cada um dos codevedores, agora sem a solidariedade: Se algum deles cair em insolvncia (no puder pagar), poder o devedor que pagou ratear a quota deste insolvente entre os devedores remanescentes (283).Mesmo aquele devedor que foi exonerado da solidariedade pelo credor dever contribuir pelo rateio da parte do insolvente.

Lembre-se: que neste caso existeuma discusso sobre a possibilidade do devedor perdoado na divida voltar a relao jurdica para responder pela parte do insolvente. Na lio dePablo Stolze / Rodolfo Pamplona quando o credor exonerar qualquer devedor (perdoando-lhe a divida, aceitando pagamento parcial, ou renunciando a solidariedade) este volta para contribuir pela quota do insolvente.Sobre o mesmo assuntoexistem outros doutrinadores que defendem a tese de que o devedor perdoado no responde por eventual insolvncia dos outros devedores (Maria Helena Diniz).

Se a divida for de interesse exclusivo de umdevedor solidrio, aquele que na qualidade de fiador pagar integralmente a divida, poder cobrar a divida toda do devedor principal. (285).

Lembre-se:diferente da solidariedade ativa, a passiva de grande incidncia e importncia no mundo das relaes obrigacionais, pois garante ao credor maior possibilidade de sucesso no recebimento da prestao acordada, tendo em vista a multiplicidade de devedores.

TRANSMISSO DAS OBRIGAES

O direito moderno admite, sem maioresproblemas, a transmisso das obrigaes, tanto do lado ativo quanto passivo, podendo ser processada a titulo gratuito ou oneroso, por ato inter vivos ou mortis causa, podendo englobar a transferncia de um negcio jurdico que pode ser um direito, um dever, uma ao ou at mesmo um complexo de direitos, deveres e bens, no podendo porem ser cedidos direitos personalssimos. O ato pelo qual se processa esta transmisso chama-se cesso, quem transmite denominado cedente, quem recebe (adquirente) denominado cessionrio e so das seguintes espcies: cesso de credito, cesso de debito e cesso de contrato.A cesso um instituto importante e bastante utilizado na vidanegocial moderna, como forma de potencializar e incrementar os negcios em geral. A relao jurdica nasce entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. A posio do sujeito ativo pode ser transmitida a terceiro, assim tambm a posio do devedor. Nesses casos, quando o credor ou o devedor transmitem suas posies a terceiros, haver transmisso de crditos e dbitos. O ato determinante dessa transmissibilidadedenomina-se cesso, que vem a ser a transferncia , a titulo gratuito ou oneroso de direitos e obrigaes, de modo que quem adquire, (cessionrio), passa a exercer posio jurdica igual do cedente. Na verdade, a possibilidade da modificao do vinculo obrigacional pela troca de uma das partes representa conquista moderna, isto porque no direito romano privilegiava-se a noo individualista e personalista dos partcipes, sem qualquer possibilidade de serem substitudos, sob pena de extino das obrigaes.Com a substituio de um dos sujeitos da relao obrigacional, o direito ou a obrigao continua a existir como se no houvesse sofrido qualquer alterao. H certas obrigaes que no podem ser transmitidas, porque resulta de expressa determinao legal, de ajustes entre as partes, ou da prpria natureza das obrigaes. Entre as obrigaes intransmissveis podemos mencionaras personalssimas e o direito de preferencia.

Espcies detransmisso.

1.Cesso de crdito / 286 do CC.

um negocio jurdico bilateral, gratuito ou oneroso pelo qual o credor de uma obrigao transfere a outra pessoa, no todo ou em parte seus direitos na relao obrigacional, independente do consentimento do devedor.

Exemplo: Joscredor de Pedro no valor de R$ 400,00 Francisco.

Jos credor de Pedro e transfere o crdito para Francisco. O credor que transfere seus direitos denomina-se cedente. O terceiro a quem sotransmitidos esses direitos denomina-se cessionrio. O outro personagem, que o devedor originriodenomina-se cedido. Com relao ao cessionrio o principal efeito decorre da aquisio datitularidade do crdito cedido com todas as garantias legais e contratuais, facultando-lhe inclusive exercer os atos conservatrios do direito cedido, independente do conhecimento da cesso pelo devedor. O credor quando ceder seu crdito necessita comunicar ao devedor, porem no necessrio a concordncia deste. A comunicao pode ser feitatanto pelo cedente como pelo cessionrio, servindo esta para que o devedor fique sabendo que a divida deve ser paga ao novo credor. Portanto antesde ser notificado se o devedor pagar ao credor originrio est pagando bem, ficando exonerado da divida. Aps a notificao o devedor pode opor contra o cessionrio as excees que tinha contra o credor originrio, podendo tambm opor a qualquer tempo as excees que tratam dos vcios de consentimento.

Requisitos da cesso de crdito.

Para que ocorra a cesso temos em primeiro lugar que observar se o objeto da obrigao pode ser transmitido. Isto porque certo que os direitos personalssimos no podem ser objetos de transmisso. Afinal se temos direito a receber alimentos dos pais, no podemos transmitir esse crdito para outra pessoa, tendo em vista que este um crdito pessoal. Temos que observar tambm que a cesso importa em alienao, desta forma o cedente h de ser pessoa capaz e legitimada a praticar atos de alienao, sendo necessrio comprovar quer proprietrio do crdito cedido.

No esquea: o tutor no pode adquirir os crditos do tutelado. O testamenteiro no pode adquirir os crditosque esto sob sua administrao. Os paisque esto na administrao dos bens dos filhos no podem sem autorizao do juiz transferir estes crditos.

Espcies de cesso de crdito.

A cesso de crdito comportaalgumas divises bsicas, e entre elas as seguintes espcies:

1.Quanto ao objeto a ser transferido: a) total: b) parcial.Setotal o cedente transfere todo o crdito; se parcial poder permanecer na relao jurdica se mantiver parte do crdito. 2.Quanto aottulo ou causa da transmisso: a) convencional, b) judicial, c) legal.

A cesso convencional aquela que decorrente da vontade das partes, podendoser gratuita ou onerosa. Nas cesses onerosas o cedente ser responsvel por garantir a existncia dos crditos. A cesso convencional pode ser parcial ou total, sendo parcial o cedente permanece na relao jurdica, sendo totalno permanece na relao jurdica, a no ser como devedor solidrio. A cesso legal ocorre quando a prprialei define a cesso de credito, o caso da situao que existe trs devedores solidrios pela divida toda, desta forma aquele que paga sub-roga-se no direito do credor independente da vontade dos demais devedores. A cesso judicial, tambm se processa sem a vontade convencional das partes, operando-se atravs de uma ordem judicial. o caso da adjudicao compulsria, onde algumcompra um imvel, tendo o vendedor assumido o compromisso de efetuar a transmisso da propriedade, no efetuando a transmisso de forma voluntaria o titular do credito solicita que o juiz autorize a transmisso independente da vontade do devedor. Como exemplo desta cesso judicial podemosmencionar que Jos comprou uma casa de Francisco, tendo este se comprometido a passar a escritura da casa. Se o Francisco no fizer a cesso do imvel, Jos poderrequerer ao juiz que autorize a transmisso independente da vontade do Francisco, para tanto deve propor a Ao de Adjudicao Compulsria. A cesso de crdito pode ocorrer da forma pro soluto e pro solvendo, Quando ocorrer na forma pro solutoo cedente garante a existncia do crdito, sem responsabilidadepela solvncia do devedor. Na cesso pro solvendo, o cedente obriga-se no caso do devedor cedido no pagar, desta forma o cedente continuaresponsvel pelo cumprimento da obrigao se o devedor nofizer.

Um exemplo pode melhor esclarecer a situao, senovejamos:

A (cedente) credor de B (cedido) na quantia de R$ 3.000,00, independente da vontade de B o credor cedeu o seu crdito para C (cessionrio). Dependendo da negociao entre A e C atransmisso do credito pode ocorrer na forma pro soluto ou pro solvendo. Se ocorrer na forma pro soluto A garante a existncia do crditomais no responde pela insolvncia de B, desta forma A esta liberado da relao jurdica. Se ocorrer na forma pro solvendo A garante a existncia do crdito, e fica responsvel pela solvncia de B. Desta forma seC cobrar e no receber de B, pode cobrar de A o valor que lhe foi repassado. Fica claro que na forma pro solvendo no existe a liberao de A. Na cesso pro solvendo o cedente (credor originrio) garante o crdito cedido e a devoluo do valor no caso do devedor no cumprir sua obrigao. Desta formase A credor de B na quantia de R$ 3.000,00 e repassa o crdito para C pelo valor de R$ 2.700,00. Caso B no venha a pagar ao novo credor C este ter ao regressiva contra A no valor que pagou, portanto s ter direito a receber R$ 2.700,00. Neste caso o C devolve ao credor originrio o titulo, portanto A podercobrar de B o valor total do titulo, no caso $ 3.000,00.

Acessrios do crdito cedido/ 287

Na cesso de crdito vale a regra geral de direito segundo a qual o acessrio segue o principal. O objeto principal da cesso, o crdito, aparecequase sempre acompanhado de bens acessrios, como os juros, as garantias reais e as fidejussrias (pessoal) e assim por diante. Tais acessrios seguem automaticamente o crdito em sua transmisso, salvo no caso das partes convencionarem diversamente. Desta forma na cesso de crdito, as garantias pessoais e reais eventualmente prestadas pelo devedor ou por terceiros frente ao credor originrio, cedente, transferem-se com o crdito para o novo credor. A conservaodas garantias de muita utilidade para o novo credor, que no fica a depender de constituio de novas garantias, alm do mais as mesmas permanecem pois foram prestadas em confiana ao devedor, e como pode se notar este continua o mesmo.

Forma de cesso/ 288

A cesso de crdito deve ser feita de forma escrita para que produza efeitos entre as partes e terceiros, sendo que o instrumento deve conter a indicao do lugar, o acordo entre as partes, definindo ainda a extenso da cesso.

Lembre-se: que esta formalidade necessria para valer contra terceiros, isto porque a cesso entre cedente e cessionriopode ser feita de forma simplificada pelo simples acordo entre as partes.

Conforme artigo 288 do Cdigo Civilpara valer contra terceiro deve ser feita por meio de instrumento pblico ou instrumento particular revestido das solenidades do 1 do art. 654 do Cdigo Civil, desta forma o instrumento particular deve conter a indicao do lugar onde foi passado, a qualificao do cedente e do cessionrio, a data e o objeto da cesso com a designao e a extenso dos direitos cedidos, e ser registrado em cartrio.Desta forma o novo credor para poder cobrar do devedor originrio deve apresentar a cesso de crdito nostermos do artigo 288 do CC.Com relao validade contra terceiros, dois exemplos podem esclarecer a questo, seno vejamos.Exemplo 01 -Jos proprietrio de um carro e transfere o mesmo para Pedro apenas assinando no documento a autorizao para que Pedro efetue a transferncia de propriedade do veiculo junto ao Detran. Ocorre que Pedro no efetuoua transferncia junto ao rgo de transito, sendo que o carro permanece registrado neste rgo em nome de Jos.

Pedro envolveu-se em um acidente, tendo fugido do local tentando no ser identificado para pagar os prejuzos ou responder a processo criminal. Ocorre que um pedestreanotou a placa do carro tendo repassado a mesma para a autoridade policial.De posse da placa a autoridade policial descobriu o endereo do proprietrio (como o carro aindano foi transferido oficialmente junto ao Detran, consta como proprietrio o Jos).Veja ento o desfecho final:a transferncia para valer como prova entre Jos ePedro basta um documento particular assinado pelo cedente, porem para valer contra terceiros (proprietrio do carro que foi batido por Pedro) depende de transferncia oficial.Veja que oficialmente o carro ainda est no nome de Jos sendo que este vai sofrer a ao de perdas e danosmovida pelo proprietrio do veiculo que foi abalroado por Pedro.

Exemplo 02 -Digamos que Jos credor de R$ 1.000,00 em relao a Francisco.

Nestecaso: Jos ( credor/cedente)------------ Francisco (devedor/cedido)

Paulo (terceiro/cessionrio)

O crdito pode ser cedido de Jos para Paulo, sendo que a forma desta transmissopode ser efetuada atravs de um documento particular, sem muitas formalidades. Ocorre que o artigo 288 menciona quepara valer contra terceiro necessrio que a transmisso da obrigao seja efetuada por meio de instrumento pblico ou instrumento particular revestido das solenidades do artigo 654 1 do CC.

Para entendimento do exemplo algumas observaes devem ser feitas:

1. Instrumento pblico aquele que feito pelas partesdiretamente no cartrio.2. Instrumento particular pode ser feito entre as partes e depois registradoem cartrio (art. 221 do CC). 3. Terceiro aquele que no intervm no contrato de cesso, mas que, possuindo direitos anteriores cesso, podem v-los prejudicados em consequncia dela.

Concluindo:

A cesso para valer entre Jos e Paulono necessita de muitas formalidades, desde que possa provar que Paulo passou a ser o novo credor de Francisco.Porem para valer contra terceiro necessrio o documento pblico ou particularna forma do artigo 654 do CC. J sabemos que Jos credor de Francisco em R$ 1.000,00 podendo ser devedor de Luiz, tambm em R$ 1.000,00. Neste caso Luiz pode solicitar que o crdito que Jos tem perante Francisco seja penhorado. (veja que a transferncia de crdito de Jos para Paulo pode prejudicar Luiz).Ao ter o pedido de crdito penhorado Jos alegaque o mesmo j foi cedido para Paulo e mostra como prova um simples recibo sem as formalidades necessrias, neste caso a transferncia no vai ter validade nenhuma em relao a Luiz tendo em vista que no foi observando as formalidades previstas nos artigos 654 e 221 do Cdigo Civil.Desta forma diante da ausncia destas formalidades vai ser desconsiderada a transmisso de Jos para Paulo, podendo o crdito que Jos tem com Francisco ser penhorado em benefcio de Luiz.

Registro da cesso de crdito hipotecrio/ 289

O registro da cesso de crdito hipotecrio ser efetuado usualmente no Registro de Ttulos e Documentos. Todavia, em se tratando de crdito hipotecrio, o cessionrio tem, adicionalmente, o direito de averbar a cesso junto ao registro de Imvel em que houver registrado a hipoteca.

Para melhor entendimento esta cesso ocorre da seguinte forma:Jos deseja contratar um emprstimo com o Banco do Brasil, para efetivar o emprstimo oferece como garantia um imvel de sua propriedade. Quando da realizao do negociovai ser registrado em cartrio que o imvel de Jos est hipotecado perante o banco.Por ser o proprietrio Jos podenegociar um contrato de promessa de compra e venda do imvel com Francisco. Desta forma como o imvel no pode ser liberado em virtude da divida com o banco, Francisco registra junto ao cartrioonde est hipotecado o imvel a promessa de compra e venda, desta forma se Francisco pagar a divida junto ao banco sub-roga-se nos direitos do credor.

Notificao do devedor/ 290

Acima foi exposto que o acordo entre o cedente e o cessionrio torna existente e valida a cesso. Sua eficcia com relao a terceiros, como j se viu, depende de registro do instrumento particular ou escritura pblica no cartrio competente. Com relao ao devedor cedido o artigo 290 do CC exige que o mesmo seja notificado, desta forma a cesso no tem eficcia com a ausncia deste requisito, isto porque se no receber a notificao continua vinculado ao credor originrio.A notificao no elemento necessrio realizao do negcio, porem deve ser efetivada para que o devedor saiba a quem pagar sua divida. Esta notificao pode serefetuada tanto pelo cedente como pelo cessionrio.

Lembre-se:quem realmente tem interesse em comunicar para o devedor o cessionrio, isto porque se o devedor no for notificado e pagar ao credor originrio est pagando bem. No cabendo ao cessionrio propor ao de cobranacontra o cedido, cabendo porem ao contra o cedente. J mencionamos que a notificao tem a importncia de acionar o direito do devedor cedido de opor as excees pessoas que detinha contra o cedente, como a compensao, a ocorrncia de dolo, coao ou outros vcios. Se nada openeste momento, entende-se que houve anuncia do devedor nos termos da cesso e renncia s eventuais excees pessoas ao cedente.

Pluralidade de cesses/ 291

Nas cesses de crdito o cessionrio deve se preocupar com a existncia do crdito cedido e a formalizao da transmisso. Como a cesso de credito produz a transferncia do polo ativo da relao obrigacional, evidente que no pode o cedente proceder a mais de uma cesso do mesmo credito. Todavia, poder faz-lo pormalcia. Ocorrendomais de uma cesso do mesmo credito, preciso verificar qual delas prevalece frente ao devedor, j que s um credor cessionrio poder ser satisfeito. Desta forma a soluo apontada pelo artigo 291 do CC, que torna soberana aquela cesso que se operou coma tradio do titulo cedido.Com relao ao cheque, e por ser este umtitulo ao portador o devedor paga bem a quem lhe apresenta o titulo de credito.

Liberao do devedor / 292

J mencionamos que a anuncia do devedor cedido no essencial para a validade da cesso, porem o mesmo deve ser notificado, isto porque pela gide do artigo292 o devedor fica desobrigado se pagar ao credor originrio antes da notificao da cesso do crdito. A notificao ou a cincia tem o condo de aperfeioar a cesso, vinculando o devedor ao novo credor. A partir da, fica o devedor adstrito a efetuar o pagamento frente ao cessionrio.

Atos conservatrios do credito cedido / 293

Aps a realizao da cesso de crdito do cedente para o cessionrio, este adquire o direito independente de conhecimento da cesso pelo cedidode exercer os atos conservatrios de seus direitos. Para melhor entendimento podemos mencionar o seguinte exemplo: Jos (cedente) __________Pedro (cedido)

Francisco (cessionrio)

A partir do momento da cessode Jos para Francisco, este independente do conhecimento da cesso por parte de Pedro j pode exercer seus direitos, podendo, notificar o devedor da cesso, executar o devedor, constituir em mora etc. Ao atribuir ao cessionrio o direito de praticar tais atos independente da cincia do devedor, o Cdigo Civil reafirma a ideia de que a cesso uma relao que se estabelece entre cedente e cessionrio sem necessidade do consentimento por parte do devedor.Pode acontecer de voc fazer uma compra a prazo em uma determinada lojae ser cobrado por uma empresa que voc no conhece. Neste caso ocorreu a cesso de credito, portantono cabe nenhuma ao de perdas e danos contra o novo credor.

Excees gerais e pessoaisoponveis ao cessionrio / 294

Excees so os meios de defesaque o devedor pode usar contra o credor quando demandado para o pagamento de uma divida. As geraisse relacionam ao objeto da obrigao, como o pagamento ou impossibilidade sem culpa. Excees pessoaisso aquelas que se prendem pessoa do devedor ou do credor, como a compensao, o dolo, etc. Desta forma, o devedor, aps ser notificado da cesso pode opor ao cessionrio as excees que lhe competirem, bem como as que tinha contra o cedente. Se o devedor, notificado da cesso no ope nesse momento, as excees pessoais que tiver contra o cedente, no poder mais alegar contra o cessionrio as excees que eram cabveis contra o primeiro, como o pagamento da divida, compensao, etc. Porem a qualquer tempo poder alegar no s contra o cessionrio como tambm contra o cedente os vcios que, por sua natureza, afetam diretamente o titulo ou ato, tornando-o nulo, como a incapacidade do agente, o erro, o dolo etc. Veja que a anuncia do devedor no essencial para a cesso, porem o mesmo deve ser notificado, primeiro para saber a quem deve pagar, segundo porque aps ser notificado chegado o momento de opor as matrias de defesa.

Exemplo: Jos (cedente) --------------------------Pedro (cedido)

Francisco (cessionrio)

Se no tiver ocorrido cesso, no momento em que Joscobrar Pedro este poder opor as matrias de defesa que por ventura tenha contra o credor originrio (pagamento, prescrio, vcios, etc).Se tiver ocorrido a cesso no momento em que Pedro for notificado por Jos ou por Francisconasce o direito de opor contra o cessionrio as excees que tinha contra o cedente (provar que j pagou a divida para Jos), ou poder opor as excees contra o cessionrio, (provar que Francisco seu devedor, desta forma as dividas devem ser compensadas). Se o devedor cedido no oporneste momento as excees, perde o direito de alegar que a divida j foi paga, que est prescrita, etc. porem poder alegar a qualquer tempo vcios de consentimento na formao do negocio jurdico.

Responsabilidade do cedente (artigos 295/297 do CC)

Quando da transmisso o cedente s fica responsvel pela existncia do crdito,no respondendo pela solvncia do devedor, neste caso o risco corre por conta do adquirente cessionrio(pro soluto). Porem podeser estabelecido no contrato que o cedente fique responsvel se o devedor no pagar a divida para o novo credor(pro solvendo)Se ficar convencionado expressamente que o cedente responde pela solvncia, sua responsabilidade limitar-se- ao que recebeu do cessionrio.

Exemplo: se Jos tiverum credito de 200,00 (cheque) contra Pedro e transfere este credito pelo valor de 150,00 para Joaquim, no caso do cheque no ter provimento de fundos Jos devolve para Joaquim o valor que recebeu na transmisso, no caso 150,00 acrescidos dos juros, isto se na cesso ficar responsvel pela solvncia do devedor. No caso de no ficar responsvel o prejuzo ser de Joaquim, podendo este entrar com ao executiva contra o emitente do cheque. Podemos concluir, que tanto na cesso gratuitacomo na onerosa o cedente deve garantir o crdito, porem s responde pela solvncia do cedido se devidamente acertado com o cessionrio. Na sesso gratuita, o cedente somente responde pela existncia do crditose tiver procedido de m-f. Se estiver de boa-f no responde sequer pela existncia do credito, j que o cessionrio o recebeu sem qualquer nus e por mera liberalidade.

Do credito penhorado (art. 298 do CC)

Como os crditos so bens que compem o patrimnio de uma pessoa, tambm esto sujeitos a penhora. Uma vez penhorado o credito, ele no pode mais ser objeto de transferncia sob pena de fraude a execuo.Portanto o crdito uma vez penhorado, no pode mais ser transferido pelocredor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que pagar, no tendo sido notificao dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiros.

Um exemplo poderajudar no entendimento do artigo:

Jos -----------Pedro | Francisco

Jos credor de Pedrono valor de R$ 1.000,00 com vencimento para 30 de maio de 2014. Por ser credor de Jos na quantia de R$ 1.000,00 Franciscosolicita ao juiz que o crdito de Jos com relao a Pedro seja penhorado. Se o juiz acatar a penhora solicitada por Francisco deve informarpara Pedro que sua divida em relao a Jos est penhorada, desta forma sabendo da penhora o Pedro no deve entregar o dinheiro a Jos. No caso de ter conhecimento da penhora de seu credito Jos no podertransmitir o mesmo at a deciso final da justia.Se Pedro sabendo da penhora do crdito entregar o valor de R$ 1.000,00 para Jos corre o risco de pagar duas vezes. Se pagar por desconhecimento da penhora est pagando bem e no poder sofrer nenhuma ao de Francisco. Porem Francisco poderpropor ao contra Jos quando este ceder um credito que sabia ter sido penhorado por ordem judicial.

Efeitos da cesso de crdito

O cedente em regra no garante a solvncia do devedor, porem assume uma obrigao de garantia, ou seja, tem que garantir a existncia do crdito, provandono s sua titularidade como tambm sua validade, devendo o crdito ser resultante de um negocio jurdico licito. Com a cesso o cessionrio passa a ter os mesmosdireitos do credor a quem substituiu, com todos os seus acessrios, vantagens e nus, podendo independente do conhecimento da cesso pelo devedor, exercer os atos conservatrios do direito cedido. Destaforma o cessionrio passar a ocupar a mesma posio do cedente, podendo proceder com relao ao devedor como se fosse o credor originrio. Antes da notificao o devedor poderpagar ao credor originrio, exonerando-se da obrigao, de modo que o cessionrio nenhuma ao ter contra o devedor no notificado, mas sim contra o cedente. Se mais de uma cessofor notificada ao devedor para pagar bem deve pagar ao cessionrio que lhe apresente o titulo da cesso. possvel que o devedor cedido oponha contra o novo credor as exceespessoais que tinha contra o credor originrio (perdo, pagamento, prescrio, etc). Se o devedornotificado da cesso, no ope nesse momento, as excees pessoais que tiver contra o cedente, no poder mais arguir contra o cessionrio as excees que eram cabveis contra o credor primitivo, (pagamento da divida ou compensao). Poder, no entanto alegar aqualquer tempo no s contra o cedente como tambm contra o cessionrio os vcios que, por sua natureza, afetam diretamente o titulo ou ato.

2. CESSO DE DBITOOU ASSUNO DA DIVIDA (299/303 DO CC)

A assuno de divida exerce funo econmica e social semelhante sesso de credito, na medida em que facilita o acerto de contas sem deslocamento de numerrio, dinamizando a circulao de bens e permitindo a continuidade das relaes econmicas.

Um exemplo poder esclarecer esta figura jurdica:

Exemplo:Jos credor de Pedro no valor de R$ 400,00Francisco.

Neste caso a discusso sobre a possibilidade do devedor ceder sua divida para um terceiro. Com base no Cdigo Civil h possibilidade jurdicado dbito ser transferido da pessoa do devedor para um terceiro, que tomar seu lugar na relao obrigacional, sem que haja alterao na substancia ou extino da obrigao.Esta uma novidade contida no novo Cdigo Civil e um negcio jurdico bilateral, pelo qual o devedor (cedente), com anuncia expressa do credor (cedido), transfere a um terceiro (assuntor ou cessionrio) os encargos obrigacionais, de modo que assume a posio do devedor originrio substituindo-o na relao jurdica.Se na cesso de crdito bastaa comunicao para o cedido, na cesso de divida a mesma s pode ocorrer se houver uma concordncia do credor. Pela gide do artigo 299 do CC facultado a terceiro assumir a obrigao do devedor com o consentimentoexpresso do credor, situao que se processa a exonerao do devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assuno, era insolvente e o credor o ignorava. Na prtica, a assuno de divida comum em fuses ou incorporaes de empresas, transferncia de financiamento imobilirio para outro muturio e alienaode estabelecimento comercial com a transmisso do passivo.

Caractersticas

A regra geral que na cesso de divida a pessoa fsica ou jurdica se obriga perante o credor a pagar a prestao devida por outra pessoa, desta forma o cessionrio assume a condio de devedor na relao contratual liberando o devedor primitivo. Porem no ocorre a liberao do devedor originriose o terceiro que assumiu sua divida era insolvente e o credor ignorava este fato. A mais substancial caracterstica que distingue a cesso de crdito e a assuno da divida que esta necessita de consentimento expresso do credor, isto porque para o credor de evidente relevncia a identidade do devedor, na medida que seu patrimnio serve de garantia ao cumprimento da obrigao. A assuno pode ocorrer com relao a transmisso de bem hipotecado, sendo que o adquirente deste bem assume o pagamento, devendo porem notificar ao credor para emitir sua concordncia. Caso seja notificado e no emitir declarao de vontade em trinta diasconsidera-se como concordncia(art.303).A cesso de dbitopode resultar de um negocio entre o terceiro e o credor ou entre o terceiro e o devedor, sempre sendo necessrio a concordncia do credor para se processar a transmisso.

Espcies de assuno de divida

A transmisso da divida pode ser realizada mediante contrato entre o terceiro e o credor, sem a participao ou anuncia do devedor; e mediante acordo entre o terceiro e o devedor, com a concordncia expressa do credor.

1.Transmisso por delegao configura-sequando o devedor transfere a terceiro, com o consentimento do credor, o debito com este contrado. O devedor (delegante) delega o dbito a terceiro (delegado), com o consentimento do credor (delegatrio).

Exemplo:Pedro (credor) ------------------ Jos (devedor)Francisco Efeitos:

Pedro credor de Jos no valor de 500,00 reais este transfere com o consentimento de Pedro sua divida para Francisco. Ao ser comunicado para emitir sua anuncia Pedro pode ou no liberar Jos, se liberar,Jos sai da relao jurdica, se no liberar Jos pode continuar na relao jurdica como devedor solidrio ou subsidirio. (liberatrio/cumulativo).No caso de Pedro liberar o devedor Jose ocorrer a insolvncia do novo devedor Francisco,nada poder ser cobrado de Jos pois este foi liberado da relao jurdica com a concordncia do credor.No caso de Jos continuar na relao, jurdica de forma subsidiaria ou solidaria a insolvncia de Francisco permite a Pedro cobrar do devedor originrio.

2. Transmisso por expromisso configura-sequando uma pessoa assume espontaneamente a divida de outra. So partes deste contrato:a pessoa que se compromete a pagar, chamada expromitente ou cessionrio e o credor. O devedor originrio no participadessa estipulao.

Exemplo: Pedro (credor) ------------------ Jos (devedor) Francisco(cessionrio)

Efeitos:

Pedro credor de Jos no valor de 500,00 reais. Francisco com o consentimento de Pedro assume a divida de Jos. Ao negociar com Francisco, Pedro pode concordar ou no com a substituio. Pode concordar de forma liberatria ou cumulativa. Observe que o devedor no aparece nesta negociao. Diante da negociao entre credor e o novo devedor, pode ser negociado a transmisso na forma liberatria ou cumulativa, na forma liberatria Jos sai da relao jurdica, sendo que a insolvncia de Francisco no permite a cobrana ao devedor originrio. (Jos) Quando a liberao ocorrer na forma cumulativa Jos permanece na relao jurdica de forma solidaria ou subsidiaria, desta forma continua a responder por eventual insolvncia de Francisco.

Lembre-se: existem divergncias entre os doutrinadorescom relao a cesso de divida na forma cumulativa, para alguns basta a existncia de dois devedores para que a divida seja considerada solidria. Para outros necessrio que a transmisso defina que so devedores cumulativos e solidrios, argumentam desta forma pois no existe solidariedade presumida. Esta questo interessa, pois se forem devedores solidrios a divida pode ser cobrada de qualquerum. Se for devedor subsidirio a divida deve ser cobrada do novo devedor, no caso desteno pagar, possibilita a cobrana ao devedor originrio.

Lembre-se: Como na cesso de divida necessrio o consentimento expresso do credor (art.299), se este devidamente provocado pelo cedido ou pelo cessionrio para consentir com a cesso no oferecer resposta, seu silencio deve ser analisado como recusa. Para a maioria da doutrina o Cdigo Civil de 2002 segue a transmissopor delegao, por mencionar a necessidade da concordncia do credor. Se optasse pela expromisso no mencionava a concordncia, afinal nesta forma de cesso o prprio credor que negociacom terceiros.

Garantias prestadas pelo novo devedor / 300

certo que a assuno da divida no altera os elementos essenciais da relao jurdicaobrigacional, que se transfere tal e qual ao novo devedor, sem que seja necessrio extinguir a obrigao original para constituir nova. Desta forma oselementos acessrios da relao obrigacional (juros) acompanham o dbito. Ocorreque o Cdigo Civil em seu artigo 300 exclui expressamente as garantias especiais prestadas pelo devedor primitivo em face do credor, ai includos o penhor, a hipoteca e outras formas de assegurar o pagamento da divida.

Paulo /fiadorExplicando: Pedro (credor) -----------------Jos (devedor) (terceiro) Francisco

Do exemplo acima podemos notar que Pedro ao efetuar um negcio jurdico com Jos exigiu uma garantia pessoal, tendo esta recado sobre Paulo na qualidade de fiador.Quando da assuno da divida Jos repassacom o consentimento expresso de Pedro sua divida com as mesmas caractersticas para Francisco. Ocorreque pela gide do artigo 300 do CC, Paulo que era fiador de Jos no acompanha automaticamente atransmisso, desta forma se no consentir Paulo deixa de ser fiador do novo devedor, isto porque sua fiana foi prestada em virtude de sua amizade com Jos. Porem se o fiador quiser poderratificar, no momento da transferncia do debito a fiana prestada ao devedor originrio. Portanto sua manifestao de vontade , de qualquer modo, indispensvel para a manuteno da garantia.

Anulao da assuno da divida / 301

A assuno da divida, como negocio jurdico que , podeter sua anulao decretada em virtude de inmeras causas, como a incapacidade relativa do contratante, o dolo de uma das partes, a coao e a fraude contra credores, entre outros vcios.

Paulo /fiadorExplicando: Pedro (credor) -----------------Jos (devedor) (terceiro)Francisco Se for anulada a cesso de debito de Jos para Franciscoa relao jurdica originria se restaura, desta forma se a transmisso tiver ocorrido na forma liberatria, ou seja, Jos saiu da relao e Francisco ficou como devedor, a anulao torna sem efeito a cesso, portanto Jos continua a dever Pedro.Existem divergncias se Paulo continua como fiador diante da restaurao da divida. Paraalguns doutrinadores a fiana foi extinta quando da cesso, desta forma s volta a relao originaria com a anuncia expressa do fiador. Naturalmente no se restaura a fianadiante da anulao da cesso, porem o artigo 301 menciona que se o fiador conhecia o vicio que causou a anulao da cesso a restaurao da divida anterior plena, ou seja, permanece a divida originaria com a garantia prestada por terceiro (fiador).

Exceesgerais e pessoais oponveis ao credor / 302

A substituio do polo passivo da relao obrigacional no altera a substancia da obrigao. A exceorelativa ao objeto da obrigao, como a impossibilidade da prestao, continuam a disposio do novo devedor, no sofrendo, com a assuno da divida, qualquer alterao.

Por outro lado,as excees pessoais frente ao credor de que dispunha o devedor primitivo extinguem-se com a sua liberao do vinculo obrigacional. Assim no cabe ao novo devedor invocar frente ao credor as excees de que era titular somente o devedor primitivo,como o dolo, a coao e a compensao.Porem o novo devedor pode invocar frente ao credor to somente aquelas excees que lhe sejam prprias ou aquelas que digam respeito ao objeto da obrigao transmitida.

Explicando: Pedro (credor) -----------------Jos (devedor) (terceiro)Francisco

Se Jos transfere a divida para Francisco com o consentimento expresso de Pedro,ficando liberando do vinculo obrigacional, as excees que Jos tinha contra Pedro se extinguem, desta forma Francisco no pode alegar contra Pedro as excees pessoais que diziam respeito ao devedor primitivo (compensao).Francisco poder, entretanto opor asexcees que lhe sejam prprias ou aquelas que digam respeito ao objeto da obrigao transmitida, como o exemplo da prescrio.

Adquirente de imvel hipotecado / 303

O Cdigo Civil atribui ao adquirente de imvel hipotecado a faculdadede assumir a divida de terceiro, divida esta garantida pelo imvel adquirido. Para tanto, deve-se notificar o credor da assuno da divida, a fim de obter o consentimento. Nada impede que a notificao parta no do adquirente do imvel, mas do devedor originrio. De qualquer modo, se, em trinta diascontados da data de recebimento da notificao, o credor no manifestar a sua recusa, presume-se concedida a aprovao necessria a transferncia da obrigao.

Um exemplo poder facilitar o entendimento, seno vejamos:

Banco---------------------Jos Pedro

Jos solicitou um emprstimo junto a um determinado banco, para tanto ofereceu como garantia real um imvel. Jos desejando transferir o imvel hipotecado para Pedronotifica o banco para que consinta com a cesso. Passadostrinta dias da notificao o banco no se manifestou, neste caso o seu silencio considerado como aceite.Veja que o banco no se manifestou, pois a hipoteca uma garantia real, portanto mesmo que seja efetuado uma compra e venda do imvel este s poder ser transferido para o comprador se efetuado o pagamento da divida para com o banco. Portanto aquele que adquire o imvel hipotecado pode efetuar o pagamento do debito junto a instituio financeira, sendo que a partir da liberao da hipoteca o imvel estar livre para ser transferido.

Resumindo os efeitos da assuno de divida

O efeito principal da assuno a substituio do devedor na relao obrigacional, desta forma os encargos obrigacionais transferem-se ao novo devedor, que assume a mesma posiodo devedor originrio no que diz respeito a divida. Portanto a regra a liberao do devedor primitivo, com a subsistncia do vinculo obrigacional, salvo se o novo devedor, ao tempo da assuno da divida, era insolvente e o credor o ignorava (art. 299). Cessao dos privilgios e garantias pessoaisdo devedor primitivo. Desta formaextingue-se as garantias pessoais dadas pelo devedor originrio. Portantoo fiador do devedor originrio no acompanha a transferncia da divida, exceto com sua concordncia.

Exemplo: Jossolicita de Pedro um emprstimo na quantia de R$ 5.000,00. Parater mais garantia que vai receber, Pedro condiciona o emprstimo a presena de um fiador de Jos.

No caso de Pedro concordar que Jospasse a sua divida para Francisco o fiador de Jos no acompanha a transferncia, exceto se concordar em ser fiador de Francisco.

Sobrevivncia das garantias reais (penhor, hipoteca), prestadas pelo devedor originrio, que garantem a divida, excetuando comoj mencionamos as garantias pessoas (fiana, aval ou hipoteca de terceiro). Salvo expressa concordncia dosterceiros, as garantias por eles prestadas se extinguem com a assuno da divida. Ocorrendo a anulao da substituio do devedor, acarretaa restaurao da divida, ou melhor o retorno das partes ao statu quo ante, com todas as suas garantias, salvo as prestadas por terceiros, a no ser que ele tivesse cincia do vicio que inquinava a obrigao (art. 301).Conclui-se do acima exposto que a vontade de legisladorfoi proteger o credor, desta forma se a transmisso para terceiro for anulada por algum vcio retorna a relao originaria, como se a transmisso no tivesse existido. Neste casodeve se observar as garantias pessoais dada por terceiro (fiana) sendo que esta no se restaura, exceto com a concordncia do fiador ou se este sabia quando da transmisso que a mesma no podia ser legalmente efetuada diante do vcio existente.

A cesso de divida ocorrecom a anuncia do credor, desta forma quando da cesso na forma de delegao, ou seja, um negocio entre devedor e terceiro, esta deve ser comunicada ao credor, caso este no responda o silencio tidocomonegativa (art. 299). Veja que nos termos do artigo 303 do Cdigo Civil existe a possibilidade de algum adquirir um imvel hipotecado, sendo que o adquirente assume a responsabilidade de efetuar o pagamento da divida. Nestecaso se o credor for notificado para concordar com assuno da divida e no responder em 30 dias seu silencio considerado comoaceite. O novo devedor no pode opor as excees pessoais que competiam ao devedor primitivo (art. 302).

3. DA CESSODE POSIO CONTRATUAL

Estamos diante de uma figura jurdica no prevista no Cdigo Civil de 2002, porem em virtude de sua importncia prtica no mundo jurdico a doutrina a coloca como possvel,pois mesmo no sendo contrato previsto no Cdigo Civil, possvel de ser efetuado. (veja artigo 425 do CC). Artigo esteque permite as partes estipularem contratos atpicos (no previstos no Cdigo Civil), observadas as normas gerais fixadas no CC. Normalmente aplicada s obrigaes diferidas ou de trato sucessivo (contrato em andamento), a possibilidade de transferir o contrato pode ser bastante til e pratica para as partes envolvidas que no necessitaro fazer um distrato do pacto existente, tendo em vista que um terceiro assumir a posio de credor ou devedor.Na cesso de posio contratual ocorre a transmisso dos direitos e obrigaes, bem como dos crditos e dbitos emergentes. Consiste a cesso de posio contratual na transferncia da inteira posio, quer ativa ou passiva do conjunto de direitos e obrigaes.Tomando por base um contrato de aluguel de um imvel podemos mencionar a possibilidade de algum ceder sua posio de locatrio no contrato. Caso isto ocorra transfere a um terceiro a obrigao de pagar o aluguel, porem tambm transfere o direito de morar no imvelpelo prazo do contrato.

Lembre-se: que na cesso de crdito ocorre transmisso do crdito. Na assuno da divida ocorre transmisso das dividas. J na posiocontratual ocorre a transmisso de crditos e dbitos.

A cesso envolve trs personagens:o cedente(transfere sua posio contratual); o cessionrio (que adquire a posio) e o cedido (o outro contraente que consente na cesso) sendo que a finalidade transmitir a terceiro a inteira posio, com seus crditos e dbitos.

Natureza jurdica:

Deve-se reconhecer como natureza jurdica da cesso de posio contratualcomo um negcio jurdico independente, em que se procede transmisso ao cessionrio por ato entrevivos, da inteira posio contratual do cedente.

Caractersticas da cesso de posio contratual.

Como a transferncia de crditos e dbitos, serve para a transmisso do contrato em sua integridade, indispensvel concordncia do cedido, isto porque no se pode ceder a posio de um contrato sem a consentimento da outra parte.

Efeitos da cesso da posio contratual

Tomando por base um contrato de locao entre Jos (locador/dono do imvel)e Pedro (locatrio/ aluga o imvel). No caso de Jos concordar que Pedro ceda sua posio no contrato paraFrancisco estes so os efeitos jurdicos:

Jos (cedido)---------------------Pedro (cedente) / Francisco (cessionrio)

1. Efeito entre o cedido (Jos) e o cedente (Pedro).

A cesso pode ocorrer com ou sem liberao do cedente perante o contraente cedido. A liberao do cedente a conseqncia normal da cesso de posio, porem o cedido pode exigir que o mesmo continue responsvel caso o adquirente da posio no venha cumprir com sua obrigao. Fica claro, que mesmo no existindo a palavra solidariedade, o consentimento do cedido sem a liberao do cedente demonstra a criao de um vinculo de solidaried