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Trabalho de Organização e Técnicas Comerciais

Trabalho de sociedade empresária e simples

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Organização e Técnicas Comerciais

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Trabalho de Organização e

Técnicas Comerciais

Organização e Técnicas Comerciais – Sociedade Empresária e Sociedade Simples 2

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Colégio Estadual de Magé

Magé, 28 de abril de 2009

Professor (a): Geany Santana da Silva

Alunos (as): ____________________________________________________________________

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Curso: Técnico em Contabilidade

Série: 1º ano Módulo: I Turma: 4.008 Turno: Noite

Disciplina: Organização e Técnicas Comerciais

Tema: Sociedade: Sociedade Empresária e Sociedade Simples

Organização e Técnicas Comerciais – Sociedade Empresária e Sociedade Simples 3

Índice Introdução..............................................................................................................................................04

Sociedade: Sociedade Empresária e Sociedade Simples....................................................................05

Sociedade.................................................................................................................................05

Sociedade Empresária..............................................................................................................05

Sociedade Simples...................................................................................................................07

Conclusão..............................................................................................................................................12

Bibliografia.............................................................................................................................................13

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Introdução A Sociedade além de ser a reunião de duas ou mais pessoas, pode ser uma Sociedade Empresária ou Simples.

A Sociedade Empresária é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de empresa.

Desta forma, podemos dizer que "Sociedade Empresária" é a reunião de dois mais

empresários, para a exploração, em conjunto, de atividade(s) econômica(s). A Sociedades Simples são sociedades formadas por pessoas que exercem profissão

intelectual (gênero), de natureza científica, literária ou artística (espécies), mesmo se contar com auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

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Sociedade: Sociedade Empresária e Sociedade Simples

Conceito de Sociedade

Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada.

A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.

A sociedade por ser: Sociedade Empresária e Sociedade Simples, de acordo com o próprio contrato estabelecido pelos sócios.

Conceito de Sociedade Empresária

Com o advento da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que revogou o antigo Código Civil de 1916, muitos questionamentos foram e estão sendo feitos acerca da distinção, conceitos e regras que difere a Sociedade Empresária da Sociedade Simples, ambas disciplinadas no Livro II, artigo 966 e seguintes do atual Código Civil.

A Sociedade Empresária tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro, inclusive a sociedade por ações, independentemente de seu objeto, devendo inscrever-se na Junta Comercial do respectivo Estado. (art. 982 e § único);

Isto é, sociedade empresária é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica

organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de empresa.

Desta forma, podemos dizer que "sociedade empresária" é a reunião de dois mais

empresários, para a exploração, em conjunto, de atividade(s) econômica(s).

Primordial é, antes de tudo, entendermos acerca do conceito de empresário, disciplinado pela norma legal, em seu artigo 966:

Art. 966 "Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços".

Com exceção a este conceito, encontram-se aqueles que exercem profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.

Conceitua, ainda, a lei 4.137/62, art. 6º, a definição de Empresa, como sendo "toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração por pessoa física ou jurídica de qualquer atividade com fins lucrativos".

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Desta forma, depreende-se dos conceitos acima, que as sociedades não personificadas e as sociedades personificas estão inseridas no contexto de empresa, hodiernamente chamadas de sociedades empresárias, onde estas, as personificadas, estão devidamente registradas nos órgãos competentes, e aquelas, as não personificadas, pendentes do competente registro.

O conceito de sociedade, que é aquela que se constitui por no mínimo de duas pessoas, unidas por contrato, com o mesmo objetivo, para criarem uma sociedade empresária, para exploração de qualquer atividade lícita com objetivo de lucro.

Assim, podemos definir Sociedade Empresária como sendo aquela constituída por no mínimo de duas pessoas, com objeto lícito descrito em seu contrato social, natureza essencialmente mercantil, sujeita ao Registro Público de Empresas Mercantis, onde o a execução de tal objeto não comporte a exceção prevista no parágrafo único do artigo 966 do NCC (Novo Código Civil).

Da Constituição

A Sociedade Empresária constituir-se-á segundo um dos tipos disciplinados nos artigos 1.039 a 1.092, onde os mais usuais são a Sociedade Limitada e a Sociedade Anônima, o que não impede a constituição sob as outras formas previstas em lei.

Do Registro da Sociedade

O registro da sociedade é de vital importância a sua existência vez que sua personalidade jurídica só se realiza com a inscrição de seus atos constitutivos no Registro que lhe for próprio.

Assim, a Sociedade Empresária terá seu registro arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis, cujos serviços são executados pelas MM Juntas Comerciais existentes em cada uma das unidades federativas do País.

Vale ressaltar que esses registros, apesar de se diferenciarem nos procedimentos burocráticos postos em prática, têm as mesmas finalidades, quais sejam, as de dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos que lhes são submetidos, na forma da lei.

Da Responsabilidade

A constituição de uma Sociedade Empresária, independentemente do tipo jurídico adotado, a responsabilidade dos sócios será limitada, desde que não haja previsão expressa de responsabilidade subsidiária pelas obrigações contraídas pela sociedade. Mesmo assim, o contrato social deverá conter cláusula definindo os limites da responsabilidade dos sócios.

Adequação ao Novo Código Civil – Prazo

Conforme disciplina o artigo 2.031 do NCC, a sociedade empresária, terá o prazo de 1 (um) ano, a contar da vigência do Código, para promover a adaptação de seus respectivos contratos ou estatutos, conforme o caso, aos ditames da lei.

O prazo termina em 10 de Janeiro de 2004, e caso a sociedade não promova tais alterações, em alguns casos, poderá ser considerada extinta, deixando de existir no mundo jurídico, trazendo efeitos nefastos aos sócios que responderão com os bens particulares as obrigações da sociedade.

Personalização da Sociedade Empresária A Personalização das sociedades empresariais gera três conseqüências precisas, a saber:

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a) Titularidade Negocial – Quando a Sociedade empresarial realiza negócios jurídicos, embora ela o faça necessariamente pelas mãos de seu representante legal, é ela, pessoa jurídica, como sujeito de direito autônomo, personalizado, que assume um dos pólos da relação negocial. O eventual sócio que a representou não é parte do negócio jurídico, mas sim a Sociedade.

b) Titularidade Processual – A pessoa jurídica pode demandar e ser demandada em juízo; tem

capacidade para ser parte processual. A ação referente a negócio da Sociedade deve ser endereçada contra a pessoa jurídica e não os seus sócios ou seu representante legal. Quem outorga mandato judicial, recebe citação, recorre, é ela como sujeito de direito autônomo.

c) Responsabilidade Patrimonial – Em conseqüência, ainda, de sua personalização, a

Sociedade terá patrimônio próprio, seu, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios. Sujeito de direito personalizado autônomo, a pessoa jurídica responderá com seu patrimônio pelas obrigações que assumir. Os sócios, em regra, não responderão pelas obrigações da Sociedade. Somente em hipótese excepcionais, que serão examinadas a seu tempo, poderá ser responsabilizado o sócio pelas obrigações da Sociedade.

Classificação quanto à Responsabilidade dos Sócios pelas

Obrigações Sociais As sociedades empresárias, segundo o critério que considera a responsabilidade dos sócios

pelas obrigações sociais, subdividem-se em: Sociedades de Responsabilidade Ilimitada - Todos os sócios respondem pelas obrigações

sociais ilimitadamente (sociedade em nome coletivo). Sociedades de Responsabilidade Mista - Apenas parte dos sócios responde de forma

ilimitada (sociedade em comandita simples ou por ações). Sociedade de Responsabilidade limitada - Todos os sócios respondem de forma limitada

pelas obrigações sociais (sociedades por quotas de responsabilidade e anônimas).

Conceito de Sociedade Simples

Com a entrada em vigor do novo Código Civil Brasileiro, em janeiro de 2003, importantes alterações afetaram diretamente as atividades mercantis e civis. E para bem entender isto, cumpre lembrar que o Código Comercial de 1850 e o Código Civil de 1916, que regulavam o direito das sociedades, adotavam como critério de divisão as atividades exercidas por elas.

Dispunham os referidos diplomas que a sociedade constituída com o objetivo social de prestação de serviços (sociedade civil) tinha o seu contrato social registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, exceto as sociedades reguladas por lei especial, como por exemplo, a de advogados. De outro lado, a sociedade mercantil, constituída com o objetivo de exercer atividades de indústria e/ou comércio, tinha o seu contrato social registrado nas Juntas Comerciais dos Estados.

Tratamento semelhante era conferido às firmas individuais e aos autônomos. O empreendedor que desejasse atuar por conta própria, ou seja, sem a participação de um ou mais sócios em qualquer ramo de atividade mercantil (indústria e/ou comércio, ainda que também prestasse algum tipo serviço), deveria constituir uma Firma Individual, promovendo o registro na Junta Comercial. Caso o objetivo fosse atuar exclusivamente na prestação de serviços, deveria registrar-se como autônomo junto ao respectivo Município.

Com o novo Código Civil, a apontada divisão foi modificada. O atual sistema jurídico passou a adotar divisão que não se apóia mais na atividade desenvolvida, eis que se fundamenta na teoria da empresa.

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Sociedade Simples é a reunião de duas ou mais pessoas (que, caso atuassem individualmente seriam consideradas autônomas), que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade própria de empresário.

A sociedade simples constitui nova espécie societária introduzida no direito brasileiro pelo atual Código Civil. Possível afirmar que, de certo modo, nada mais é do que a substituta da antiga sociedade civil.

Importante registrar que ela assume papel de destaque no Direito de Empresa, posto que as

disposições que a disciplinam funcionam, com relação aos demais tipos societários,como legislação subsidiária. Em sua forma típica, somente poderá ser utilizada para as atividades não empresariais, resumindo-se o seu campo de abrangência ao exercício de atividade de natureza intelectual.

Os atos constitutivos, que terão natureza contratual, exigem instrumento escrito, que poderá

revestir a forma pública ou particular, no qual serão declaradas as condições e características básicas da sociedade nos termos exigidos pelo art. 997.

O objeto social, que será declinado no contrato, compreenderá qualquer atividade que se

enquadre no conceito de natureza intelectual. Quanto ao capital social, elemento importante a ser considerado em face da sua possível

vinculação com futura limitação da responsabilidade, como nas demais sociedades poderá ser integralizado com qualquer bem suscetível de avaliação em dinheiro. Importante referir uma particularidade da sociedade simples relativa aos sócios e sua participação no capital social. É possível a presença de sócio de serviço, nos moldes do que ocorria na sociedade de capital e indústria, tipo este não mais existente no ordenamento jurídico brasileiro. Esta espécie de sócio não participa do capital social. Todavia, salvo estipulação em contrário, participará do lucro na proporção da média de valor das cotas, conforme preceitua o art. 1.007 do C.C/2002. Significa que se não houver ajuste específico delimitando a forma de sua participação nos lucros, esta corresponderá à média da participação dos demais sócios.

Para o cálculo respectivo basta proceder a soma das participações dos sócios, dividindo

depois o valor encontrado pelo número de sócios de capital. O resultado alcançado indicará o nível de participação do sócio de serviço nos lucros da sociedade. Tal regra para ser equilibrada, deverá ser aplicada considerando o quadro social existente no momento em que o sócio de serviço ingressa na sociedade.

Desta forma, qualquer alteração posterior do quadro social somente modificará o quociente

inicial, se o sócio de serviço interessado concordar com a modificação.

Obrigações e Responsabilidades

1. Generalidades

Cabe alertar que não deve ser confundida esta obrigação do sócio, com sua eventual responsabilidade pelas dívidas da sociedade. Como adiante será demonstrado, dependendo do tipo societário adotado, o sócio poderá responder limitadamente à sua quota de capital, ou até mesmo por todo o capital social declarado, como também poderá ficar vinculado de maneira ilimitada e subsidiária pelas obrigações sociais.

Na verdade, a responsabilidade pelas obrigações da sociedade não constitui fato

indissociável da condição de sócio, ficando vinculada ao contexto societário no qual está inserida. Em outras palavras, tudo vai depender do tipo societário escolhido. Destaca-se que nem

sempre a obrigação de contribuir para a constituição do capital social se fará presente. Há, algumas exceções, que estão indicadas na lei, e que correspondem a casos em que o sócio apenas participa dos resultados, como por exemplo o sócio de serviço, na sociedade simples, e o sócio oculto, eventualmente, na sociedade em conta de participação.

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Este dever de lealdade resulta da regra constante do § 3°, do art.1.010 do C.C./2002, clara no sentido de que responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças ao seu voto. São obrigações dos sócios não só a de contribuição para a constituição do capital social, como também a de observância seu dever de lealdade, pelo que suas ações precisam ser dirigidas à execução do objeto social da sociedade. 2. Integralização do Capital Social

Como acima foi destacado, ao integrar uma sociedade surge para o sócio a obrigação de contribuir para a formação do capital social. Sem dúvida essa representa a principal obrigação decorrente da condição de sócio. Na forma já sinalizada, não deve ser confundida esta obrigação do sócio para com a sociedade, com sua eventual responsabilidade subsidiária ou solidária pelas dívidas sociais. Como mais adiante restará demonstrado, dependendo do tipo societário o sócio poderá responder de forma limitada à sua quota de capital ou até mesmo por todo o capital subscrito. Pode ainda esta responsabilidade ser solidária e ilimitada.

Portanto, a criação de uma sociedade gera diversas conseqüências para seus integrantes,

entre elas direitos e obrigações essenciais à adquirida condição de sócio, que possibilita a fruição do benefício econômico e delimitação de sua responsabilidade pelos débitos contraídos pela sociedade. A partir de então, cumpridas suas obrigações, pode o sócio exigir sua participação nos lucros nos limites de sua quota, bem como pode se retirar da sociedade nos casos definidos pelo contrato ou pela lei.

Em síntese, suas obrigações nascem a partir da data do contrato social, se este não fixar

outro termo inicial, e se extinguem a partir da liquidação da sociedade, com o pagamento de todas as obrigações sociais (art. 1.001 do C.C./2002). 3. Sócio Remisso

Deve o sócio na forma e no prazo previsto no regramento da sociedade, promover a integralização do capital subscrito. É chamado de sócio remisso o que descumprir com essa obrigação. Não a cumprindo, poderá ser notificado pela sociedade para adimplir a obrigação no prazo de trinta dias, sob pena de responder perante esta pelo dano emergente resultante da mora.

Alternativamente, é facultado à maioria dos sócios optar em substituição à indenização,

excluir o sócio remisso ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, nos termos previstos pelo artigo 1.004 do C.C./2002.

A análise precisa das possibilidades constantes da apontada norma não autoriza conclusão

pela existência de conflito. A notificação constante do caput será exigida apenas no caso de haver interesse na cobrança do dano emergente resultante da mora. A notificação serviria justamente para alertar o sócio remisso, de que o atraso na integralização do capital social subscrito está causando ou causará prejuízos à sociedade, e que será ele responsável pelos danos emergentes resultantes de sua mora.

Destaca-se aqui o fato de que o legislador estabeleceu limite para esta indenização, que

somente poderá contemplar o dano emergente da mora. Com efeito, mesmo que eventualmente demonstrada a presença de lucros cessantes, estes não poderão integrar o pedido indenizatório. A limitação mostra-se adequada à espécie, visto que dispondo os demais sócios de várias alternativas, inclusive o afastamento do sócio remisso, podem utilizar medidas para adequar o capital social às necessidades da sociedade, como por exemplo o ingresso de novo sócio ou aumento do capital pelos já integrantes, permitindo a manutenção ou retomada da regular atividade da mesma.

De outro lado, se houver opção pela exclusão ou redução da participação societária,

dispensada estará no nosso sentir a providência, visto que, efetivamente, o não pagamento de obrigação positiva e líquida no vencimento, constitui o sócio em mora de pleno direito.

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4. Defeito na integralização

Por fim, possível responsabilizar ainda o sócio no caso de defeito na integralização. É que sendo possível a integralização do capital subscrito mediante utilização de créditos ou bens, o sócio responde pela evicção no caso dos bens e pela solvência do devedor quando ocorrer transferência de crédito.

Destaca-se que no caso de utilização de bens ou créditos, incide a regra do parágrafo único

do art.1.053, segundo a qual pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios.

Em outras palavras, o legislador resolveu envolver todos os integrantes da sociedade, de

modo a exigir que os mesmos se auto-fiscalizem, quando promoverem a integralização mediante bens ou créditos. Na verdade, esta obrigação de auto-fiscalizar nada mais é do que a aplicação ampla da regra do art. 1.052.

Distribuição de lucro

Duas disposições no atual Código Civil fixam regras a respeito da distribuição de lucros e suas conseqüências. A primeira corresponde ao art. 1.009, que prevê a responsabilização dos administradores e dos sócios no caso de distribuição de lucros ilícitos ou fictícios. Segundo a referida norma, nesta hipótese haverá responsabilidade solidária dos administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou devendo conhecer-lhes a ilegitimidade.

Pela redação do artigo verifica-se que em ambas as hipóteses, a responsabilidade independe

de condição, ou seja, tem natureza objetiva. E isto pelo fato de que nos dois casos, por óbvio, tanto administradores, como sócios, se não conheciam a irregularidade da distribuição, no mínimo deveriam dela conhecer.

A segunda regra é a do artigo 1.059, constante do Capítulo IV, que trata da sociedade limitada, segundo a qual os sócios são obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas a qualquer título, ainda que autorizadas pelo contrato, quando tais lucros ou quantias se distribuírem com prejuízo do capital.

Especificamente no que tange a débitos de natureza tributária, há norma específica a Lei

4.357, de 16 de julho de 1964, que veda às pessoas jurídicas que estiverem em débitos para com a Fazenda Pública Federal e Previdência Social, distribui resultados aos seus integrantes e consultores.

Recentemente, ajuste foi feito em nível de penalizacão para os casos de inobservância da

regra supra citada, com a alteração da redação dos parágrafos do art. 32 pela Lei 11.051/04. Em relação às normas acima indicadas duas observações se fazem necessárias. A primeira,

de que a multa somente tem aplicação para os casos em que haja débito tributário devidamente inscrito, cuja exigibilidade não esteja suspensa por uma das alternativas constantes do artigo 151 do CTN. E a segunda, de que cessada a suspensão, deverão ser os sócios cientificados individualmente para promover a reposição dos valores recebidos, pena de multa e ajuizamento de demanda específica contra cada um deles, que respondem pessoalmente até o limite das quantias recebidas. Responsabilidade dos Sócios nas Relações Externas da Sociedade

Simples

Inicialmente destacamos que a sociedade simples pode ser vista como espécie de sociedade como também pode ser avaliada sob a ótica de tipo societário. Tal afirmação é feita considerando que a segunda parte do artigo 983 do Código Civil, estabelece a possibilidade da sociedade simples constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts.1.039 a 1.092, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. E este registro é de grande importância de modo a permitir a análise das várias possibilidades de vinculação dos sócios às obrigações da sociedade.

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Na verdade, a matéria relativa à responsabilidade dos sócios na sociedade simples abriga inegáveis equívocos por parte da doutrina. E isto foi mero resultado, em nosso entender, da análise apressada e isolada da regra do art. 1.023 do novo Código Civil, segundo a qual na insuficiência dos bens sociais para atender às dívidas da sociedade, "respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participam das perdas sociais, salvo cláusula de solidariedade".

Se há norma prevendo que cabe ao contrato dispor a respeito da responsabilidade subsidiária

dos sócios, bem como dispositivo autorizando a adoção de tipo societário em que há limitação da responsabilidade, tudo vai depender do que estiver fixado no contrato social.

Em outras palavras, a responsabilidade dos sócios vai depender do tipo societário adotado. A responsabilidade dos sócios da sociedade simples comporta todo tipo possível. Se a forma da sociedade for pura, a responsabilidade poderá ser subsidiária ou solidária, dependendo do que estabelecer o contrato social; se a forma for a especial, dependerá da legislação específica a ser aplicada obrigatoriamente; e se a forma for a alternativa, ficará vinculada ao tipo societário escolhido pelos sócios.

Constituição da Sociedade Simples

De acordo com o código civil, a Sociedade Simples possui regras próprias (artigos 997 a

1.038) que a regulamenta, neste caso chamamos de Sociedade Simples "pura", se ela for constituída obedecendo às normas que lhe são próprias.

Entretanto, na sua constituição pode optar por uma das modalidades de sociedade

empresária, exceto Sociedade Anônimas e Sociedade em Comandita por Ações, que serão sempre sociedades empresárias.

Assim, a Sociedade Simples pode ser constituída como Sociedade em Nome Coletivo;

Sociedade em Comandita Simples; e Sociedade Limitada. Nestes casos, se a Sociedade Simples optar por uma dos tipos de sociedade acima (art. 983), deverá se submeter às normas da respectiva sociedade, lembrando que a sociedade cooperativa será sempre considerada Sociedade Simples.

Considerações finais

Em algumas linhas tentamos apresentar algumas informações a respeito do novo tipo societário que surgiu com o advento do Código Civil brasileiro de 2002, a sociedade simples, assim como do contexto em que ela está incluída.

De tudo podemos concluir que surgiu no direito italiano uma forma de sociedade estranha,

ocupando o lugar das antigas sociedades civis. Sendo uma sociedade destinada aqueles que almejam lucro, mas, sem no entanto, fazê-lo com a produção de bens e serviços, ou seja, exercendo atividade típica de empresário, e sim prestando serviços oriundos da profissão que o sócio possua.

No direito brasileiro sua importância ainda é maior, porque sua regulação é supletiva das

demais formas societárias. Além disso, nosso ordenamento possibilitou que a sociedade simples assumisse a forma de sociedades empresárias, sem perder as suas qualidades substanciais.

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Conclusão

Podemos concluir que, a sociedade pode ser dividida em:

A Sociedade Empresária tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro, inclusive a sociedade por ações, independentemente de seu objeto, devendo inscrever-se na Junta Comercial do Estado de origem da empresa. Procura exercer profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, constituindo elemento da empresa.

Dessa forma, podemos afirmar que a Sociedade Empresária é composta por dois ou mais empresários, para a exploração, em conjunto, de atividade econômica.

A Sociedade Simples é aquela organizada por no mínimo de dois sócios, com objeto lícito descrito em seu contrato social, natureza essencialmente não mercantil, onde para a execução de seu objeto, os sócios recaiam na exceção prevista acima, ou seja, exerçam profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que para a execução necessitem de auxiliares ou colaboradores.

Cabe esclarecer que às Sociedades Simples, a execução do objeto descrito em seu contrato social, deverá ser realizada exclusivamente pelos sócios, não comportando a contratação de terceiros.

Desta forma, a sociedade simples poderá adotar um dos seguintes tipos societários:

a) Sociedade em Nome Coletivo;

b) Sociedade em Comandita Simples;

c) Sociedade Limitada.

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Bibliografia

1. MARINHO, Guilherme Martins. UNESP (campus de Franca-SP)

2. SALLES, Venício Antonio de Paula. Juiz de Direito Corregedor da 1ª Vara de Registros Públicos

da cidade de São Paulo.

3. ARRUDA, Angelo - advogado em Lajeado (RS), professor de Direito na UNIVATES

4. COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 11ª. Edição São Paulo, Editora Saraiva,

1999.

5. NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. 3ª Edição São Paulo, Editora

Saraiva, 2003.

6. BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 8ª Edição. Rio de Janeiro, Editora Renovar,

2003.

7. COELHO,Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo, Editora Saraiva, 17ª Edição,

2006.