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TRABALHO EM AMBIENTE VIRTUAL Causas, Efeitos e Conformação

TRABALHO EM AMBIENTE VIRTUAL - ltr.com.br · Brasil : Trabalho em ambiente ... oportunidade ímpar do trabalho conjunto no Programa de Doutorado da PUC ... Brasileira de Teletrabalho

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TRABALHOEM AMBIENTE

VIRTUAL Causas, Efeitos e Conformação

CÉLIO PEREIRA OLIVEIRA NETO

TRABALHOEM AMBIENTE

VIRTU AL Causas, Efeitos e Conformação

R

EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101Outubro, 2018

Produção Gráfi ca e Editoração Eletrônica: RLUXProjeto de capa: FABIO GIGLIO Impressão: BOK2

Versão impressa — LTr 6121.8 — ISBN 978-85-361-9811-8Versão digital — LTr 9452.0 — ISBN 978-85-361-9830-9

Todos os direitos reservados

Índice para catálogo sistemático:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira Neto, Célio PereiraTrabalho em ambiente virtual : causas, efeitos e conformação / Célio

Pereira Oliveira Neto. — São Paulo : LTr, 2018.

Bibliografi a.

1. Ambientes virtuais compartilhados 2. Direito do trabalho 3. Direito do trabalho — Brasil 4. Inovações tecnológicas — Aspectos econômicos 5. Ino-vações tecnológicas — Aspectos sociais 6. Tecnologia da informação I. Título.

18-19734 CDU-34:331.82(81)

1. Brasil : Trabalho em ambiente virtual : Direito do trabalho 34:331.82(81)

Agradeço ao Professor Doutor Paulo Sergio João, por me conceder a oportunidade ímpar do trabalho conjunto no Programa de Doutorado da PUC/SP.

Obrigado pelos seus ensinamentos e amizade.

Aos Professores Doutores Renato Rua de Almeida e Tércio Sampaio Ferraz Júnior, que me ajudaram a desenvolver o raciocínio para as

investigações do presente trabalho.

Aos colegas das diferentes turmas com os quais convivi e muito apreendi nos debates profícuos, dedicando-os especial carinho e amizade.

Ao apoio na fase final, por parte do então presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades, advogado Wolnei Tadeu Ferreira, que

municiou a investigação com dados atuais do teletrabalho.

À minha sócia, Professora Doutora Nadia Regina de Carvalho Mikos pelo incentivo, apoio incondicional e troca de ideias, assim como aos demais colegas

de escritório por estarem ao meu lado.

Ao meu grande mestre na vida profissional, Luiz Felipe Haj Mussi ( in memoriam), por quem nutro sentimento de admiração profunda e perene.

Ao meu pai Lucas, pela educação rígida, e por ter me ensinado o caminho da dedicação e da perseverança. Agradeço à minha mãe Judy, por sempre

demonstrar confiança e orgulho nas atividades que exerço.

À minha esposa Anna e aos meus filhos Arthur e Laura, por mais uma vez serem compreensivos quanto aos períodos em que estive ausente, ou

mesmo quando presente — dedicado aos estudos, e ao final impaciente com aqueles que são o grande amor da minha vida. Espero, todavia, ter

passado mensagem positiva de dedicação e perseverança na busca da concretização de sonhos.

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Sumário

APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 9

PREFÁCIO ............................................................................................................. 11

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1. AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS ...................................................................... 15

1.1. A Primeira Revolução Industrial ....................................................................... 15

1.2. A Segunda Revolução Industrial ...................................................................... 16

1.3. A Terceira Revolução Industrial ....................................................................... 21

1.4. A Quarta Revolução Industrial ........................................................................ 26

1.4.1. Avanços Tecnológicos e a Economia .................................................... 28

1.4.2. Avanços Tecnológicos e a Empresa ...................................................... 32

1.4.3. Avanços Tecnológicos e o Trabalhador ................................................. 36

2. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ................................................................. 43

2.1. Construção da Sociedade da Informação ........................................................ 43

2.1.1. Informação Massificada ....................................................................... 45

2.1.2. Informação Personalizada — Adrenalina social ...................................... 46

2.1.3. Reflexão sobre Imaterial, Virtual e Líquido ............................................ 49

2.2. Características das Novas Gerações da Sociedade da Informação ................... 53

2.2.1. Liberdade: Quebra de Paradigmas ........................................................ 56

2.2.2. Inovação e Flexibilidade ........................................................................ 60

3. DIREITOS DA PERSONALIDADE NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .......... 63

3.1. Direitos da Personalidade: Origem, Conceito e Fundamentos ......................... 63

3.2. Liberdade de Expressão em Ambiente Virtual ................................................. 70

3.3. Impacto do Ambiente Virtual .......................................................................... 75

3.4. Direito de Desconexão ................................................................................... 78

3.5. Dano Existencial .............................................................................................. 83

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4. TELETRABALHO ............................................................................................... 88

4.1. Aspectos Conceituais ...................................................................................... 89

4.2. Origem e Desenvolvimento ............................................................................. 92

4.3. Enquadramento Legal ..................................................................................... 94

4.4. Vantagens e Desvantagens ............................................................................. 99

5. FORMALIDADES E PRÁTICA DO TELETRABALHO ......................................... 109

5.1. Aspectos Formais ............................................................................................ 109

5.2. Mudança de Regime e Reversibilidade ............................................................ 110

5.3. Ônus da Atividade ......................................................................................... 112

5.4. Controle de Jornada/Ausência ........................................................................ 116

5.5. Teletrabalho e o Direito de Desconexão .......................................................... 122

5.6. Teletrabalho e a Representação de Trabalhadores .......................................... 126

6. PREVENÇÃO EMPRESARIAL EM AMBIENTE VIRTUAL .................................. 134

6.1. Política de Integração e Adaptação do Teletrabalhador .................................. 134

6.2. Política de Prevenção de Doenças e Acidentes para o Teletrabalhador ............ 140

6.3. Política de Uso das Redes Sociais .................................................................... 145

6.4. Política de Uso de Recursos Eletrônicos ........................................................... 148

6.5. Política de Proteção de Dados do Trabalhador ................................................ 151

7. PROPOSTA DE PROJETO DE LEI ..................................................................... 155

7.1. Estudo dos Projetos de Lei no Cenário Nacional .............................................. 155

7.1.1. Projeto de Lei do Senado n. 274, de 2013 ........................................... 155

7.1.2. Projeto de Lei n. 4.505, de 2008 .......................................................... 160

7.1.3. Projeto de Lei n. 4.793, de 2012 .......................................................... 165

7.2. Proposta de Projeto de Lei .............................................................................. 166

CONCLUSÃO ........................................................................................................ 183

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 187

ANEXOS ............................................................................................................... 199

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APRESENTAÇÃO

A Reforma Trabalhista, introduzida pela Lei n. 13.467/17, gerou enormes impactos na regulação do mercado de trabalho. Uma de suas dimensões mais positivas foi a regulamentação do teletrabalho, também denominado trabalho à distância. Mas o objeto do livro ora lançado por Célio Pereira Oliveira Neto vai além, para se debruçar sobre o trabalho virtual, nas relações em ciberespaço, nas mais complexas e sofisticadas redes que interligam os indivíduos no planeta.

O autor participou ativamente dos debates desse tema, desde que foi incluído no projeto de reforma. Não satisfeito com isso, e percebendo que um dos reflexos mais visíveis das novas tecnologias da comunicação e informação no mundo do trabalho foi permitir que as pessoas não precisassem mais se deslocar para os locais de trabalho, nos grandes centros urbanos, elegeu como tema de sua tese de doutorado, na PUC de São Paulo, o trabalho em ambiente virtual. Por óbvio que os impactos, embora imediatos na economia, são mais lentos no mundo do direito, até que se construam regras claras e objetivas para se incorporarem no ordenamento jurídico, graças à contribuição jurisprudencial e doutrinária. Nessa lógica do tempo do direito — kairós, como momento oportuno, entre tantos sentidos —, livros como o que agora tenho a honra de apresentar se mostram como referência obrigatória pela atualidade do tema. Daí a necessidade de se destacar não apenas a obra, como seu autor.

Célio Pereira Oliveira Neto é um advogado ilustre, sócio fundador da Célio Neto Advogados, uma das mais prestigiadas bancas do Paraná. Sua notoriedade como advogado se deve a sua diferenciada formação. Antes do curso de Direito, graduou-se em Administração de Empresas. Já durante seu curso de Direito, teve o privilégio de trabalhar com o renomado e saudoso professor João Regis Fassbender Teixeira, seu grande incentivador, sem falar do apoio e incentivo que recebeu de Luiz Felipe Haj Mussi.

Essa sua “fome de conhecimento” não iria parar mais. Após concluir a pós-gra-duação lato sensu (COGEAE — PUC/SP), entre outras já cursadas, foi incentivado pelo prof. Paulo Sérgio João a ingressar no mestrado e depois no doutorado, obtendo os invejáveis títulos de mestre e doutor, ambos pela PUC de São Paulo. Por uma década fez a ponte Curitiba-São Paulo sem se descuidar de seus compro-missos profissionais e familiares. Não bastasse, durante o doutorado, participou de curso de extensão, na Università degli Studi di Roma Tor Vergata.

Além de professor convidado nos cursos de pós-graduação da EMATRA IX e de outras entidades como PUC do Paraná, é membro de diversas entidades, entre

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as quais se destacam a Associação Comercial do Paraná, da qual é membro do Conselho Deliberativo; Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná, onde atua como membro do Conselho, tendo inclusive fundado o Instituto Mundo do Trabalho, sendo seu atual presidente.

Célio Pereira Oliveira Neto se destaca ainda como autor de artigos e de diversas obras coletivas, sendo autor do livro “Cláusula de não concorrência no contrato de emprego: efeitos do princípio da proporcionalidade”, publicado pela LTr, e agora do livro que tenho a honra de apresentar.

Seu livro “Trabalho em Ambiente Virtual – causas, efeitos e conformação” corresponde à tese de doutorado, sob a orientação do professor Paulo Sérgio João, defendida perante banca, na PUC de São Paulo, que tive honra de integrar. O trabalho tem metodologia impecável, observando os padrões científicos. Após examinar aspectos históricos e percorrer os quatro estágios da chamada Revolução Industrial, debruça-se sobre a complexa sociedade da informação. Antes de examinar o telebrabalho propriamente dito, lança importantes luzes sobre tema central e caro para o Direito do Trabalho: direitos da personalidade na sociedade da informação. Com essa base histórica e teórica, preparou o caminho para lançar sua contribuição doutrinária, passando a examinar, de um lado, as formalidades e práticas do teletrabalho e, de outro, o “calcanhar de Aquiles” do teletrabalho: aspectos envolvendo prevenção empresarial em ambiente virtual. Por fim, lança seu desafio, ao apresentar proposta para aperfeiçoar o novo estatuto do teletrabalho, introduzido pela Reforma Trabalhista.

O livro corresponde a uma referência necessária para todos quanto ope-ram e pensam o Direito, em especial o Direito do Trabalho, como advogados, magistrados, procuradores ou auditores fiscais do trabalho e mesmo estudan-tes. Destina-se, ainda, aos trabalhadores, que numa velocidade fantástica, vão ocupando seus lugares no mundo virtual, e aos empresários, que aceitaram o desafio do empreendedorismo.

Não temos ideia clara da sociedade que estamos construindo e que valores estamos preservando. Mas o homem continua sendo a razão de ser do Direito e das políticas do Estado. Preservar sua intimidade e seus valores fundamentais como ser humano em seu ambiente virtual de trabalho corresponde a um dos grandes desafios na construção do novo mundo do trabalho, em plena Quarta Revolução Industrial. Parabéns ao Célio Pereira Oliveira Neto pela oportuna contribuição para esse importante desafio.

Nelson MannrichProfessor Titular da USP e presidente honorário da Academia

Brasileira de Direito do Trabalho. Advogado.

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PREFÁCIO

Com muita honra recebi o convite para apresentar o Prefácio dessa obra, de autoria do Dr. Célio Pereira Oliveira Neto cuja paixão pelo Direito do Trabalho foi observada desde o Curso de Especialização em Direito do Trabalho, com aulas e seminários aos sábados. Depois, com muito empenho e competência, veio o Mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, agora, esta obra que é fruto da tese de doutorado, “Trabalho em Ambiente Virtual – causas, efeitos e conformações”, título original mantido pela sua adequação exata ao conteúdo que examina.

A transformação no modo de produção e de entrega dos serviços contratados trouxe para o Direito do Trabalho dimensões nunca imaginadas. A evolução da tecnologia e dos meios de comunicação ampliou o local de trabalho, transferindo-o, sempre que possível, para além do espaço físico da empresa.

O desafio a que se submeteu o autor é para poucos, pois o mundo do trabalho, em constante mudança, exige do pesquisador percepção dos momentos mais relevantes pelos quais o Direito do Trabalho foi impulsionado a se atualizar para albergar os fatos, fonte do Direito e, do Direito do Trabalho essencialmente.

Desta forma, a obra traz os momentos históricos das Revoluções Industriais, com acentuada informação sobre a Quarta Revolução Industrial, de que trata Klaus Schwab na obra “Aplicando a Quarta Revolução Industrial” (Editora Edipro, São Paulo, 2018).

Os modelos de informação de dados construíram um novo tipo de sociedade e, como diz com propriedade o autor, a quebra de paradigmas foi inevitável nas novas gerações que, segundo diz, “não pretendem permanecer horas em conges-tionamentos ou desperdiçar grande parte da sua vida no caminho casa/trabalho/casa”. Por esta razão, ter previsão legal para as novas situações de trabalho pare-ceu oportuno.

Todavia, os avanços tecnológicos são adequados ao respeito dos direitos fundamentais do trabalhador, preservando a liberdade de expressão em ambiente virtual, o direito de desconexão e o dano existencial, temas abordados com maestria pelo Dr. Célio Neto. Portanto, a evolução da tecnologia da informação deve servir ao homem e não torná-lo escravo e sem limite do tempo para o trabalho.

Neste sentido, o nosso autor trouxe para avaliação as novas disposições legais (Lei n. 13.467/17) que cuidam do teletrabalho, fazendo uma avaliação formal

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e prática com muita acuidade e equilíbrio, com reflexões relevantes quanto às consequências decorrentes dessa regulamentação.

Parabenizo Dr. Célio pela excelente obra e tenho certeza de que os leitores farão bom uso desta obra que não poderá faltar na biblioteca de todos os estudiosos e operadores do Direito do Trabalho.

Paulo Sérgio JoãoProfessor Doutor, Coordenador do Núcleo de Pesquisa

em Direito do Trabalho da PUC/SP.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objeto tratar do trabalho em ambiente virtual, compreendendo principalmente o teletrabalho (trabalho à distancia realizado por meio das tecnologias das comunicações e informática), mas não só este.

A opção por envolver o trabalho virtual de forma mais ampla deriva da intenção de enfrentar temas recentes, contemplando também o trabalhador presencial, quando se trata de relações em ciberespaço.

Afinal, o espaço virtual passa a fazer parte da vida das pessoas, em ambien-te de interação instantânea, sem limites de fronteiras. O homem, assim, alcança lugares geograficamente distantes sem sair do lugar, sendo “atingido” pela infor-mação a todo tempo, sem trégua.

Nesse sentido, a escolha do tema se deu dadas as profundas mudanças que a tecnologia gerou e está provocando nas relações do trabalho, e tem por escopo apresentar singela contribuição, acompanhada de propostas de conformação, a fim de que seja dada concreção aos direitos fundamentais dos trabalhadores, mediante o adequado sopesamento quando da existência de conflitos com outros direitos de ordem constitucional.

Se, no passado os empregos tinham a intenção de eternidade, na sociedade atual tudo é efêmero, líquido, dissolve-se no tempo e no espaço. A aceleração da sociedade da informação muda o modo de viver, trabalhar e se relacionar, e a fusão das tecnologias digital, física e biológica gera transformações até então inimagináveis, não se podendo estimar para onde a humanidade será levada.

A sociedade funciona em rede, conectada full time. Logo, não poderia ficar de fora da abordagem o direito a não fazer uso da tecnologia, quando esta carrega consigo o trabalho nos momentos de gozo do lazer e descanso, ou seja, o respeito ao direito de desconexão.

O fato é que a tecnologia foi criada pelo homem, e, portanto, tem de ser utilizada como aliada, deixando às máquinas a realização do trabalho impensado, enfadonho, repetitivo e de más condições, próprio das primeiras revoluções industriais.

As relações do trabalho foram e estão sendo em grande parte modificadas, passando a ser exercidas em ambiente virtual, de sorte que se faz necessário avaliar como o teletrabalho, a internet, as redes socais e as comunicações eletrônicas

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têm gerado consequências no ambiente laboral, se há necessidade de conformar situações, e até que ponto.

A combinação da evolução tecnológica vivida com o que está por vir reserva mutações profundas, provocando necessária reflexão acerca do que esperar para as relações do trabalho.

Mas, a inquietação não permite a inércia, movendo para a pesquisa a respeito do que ocorreu ao longo das anteriores revoluções industriais (capítulo 1), refletindo sobre as transformações que geraram a sociedade da informação (capítulo 2) e alteraram inclusive a forma de exercício dos direitos da personalidade, seja no uso das redes sociais, seja provocando abalo ao gozo da desconexão do trabalho (capítulo 3).

O avanço das tecnologias da comunicação e da informática, combinados com o perfil dos trabalhadores das gerações Y e Z inserem uma nova dinâmica no mundo do trabalho, empoderando o regime de trabalho à distância por meio da telemática.

O teletrabalho representa modalidade especial de contrato de trabalho, sendo estudado quanto aos seus aspectos conceituais, origem e desenvolvimento, além de suas vantagens e desvantagens (capítulo 4).

Os aspectos formais do teletrabalho, a mudança de regime de trabalho e a reversibilidade são temas abordados, conjuntamente com o ônus da atividade no exercício do labor e as temáticas de jornada e descanso. Igualmente, há menção à atuação das representações de trabalhadores em favor de teletrabalhadores (capítulo 5).

Seja em ambiente presencial, seja em regime de teletrabalho, tratou-se de políticas empresariais preventivas, de sorte a conformar as relações do trabalho a uma nova dinâmica de produção e da própria sociedade (capítulo 6).

E, por fim, coube análise dos projetos de lei que tramitam nas casas legislativas, apresentando proposta com o escopo de que a Academia contribua para conformação do trabalho (neste compreendido as suas relações) em ambiente virtual (capítulo 7).

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1. AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

Inicia-se em célere sobrevoo histórico, com o objetivo de observar que antes da Primeira Revolução Industrial, durante milhares de anos, o ser humano viveu em pequenos grupos, subsistindo do plantio, pesca, caça e pastoreio, valendo-se de fontes de energia renováveis, tais como florestas, rios e vento, ou outras fontes naturais de que são exemplos o barro e a madeira.

Não havia possibilidade de ascensão social. A terra era a base da economia, vivia-se em aldeias, e o nascimento determinava a trajetória imutável de status social a ser ocupado.

As pessoas viviam aglutinadas, em grandes famílias, compostas por parentes de diferentes graus, em um sentido muito mais amplo do que o atual, produzindo tudo o que consumiam em unidade econômica de subsistência. Vieram, contudo, as diferentes revoluções industriais que modificaram esse aparentemente pacato cenário.

1.1. A Primeira Revolução Industrial

Iniciada na Inglaterra, aproximadamente na metade do século XVIII, a Primeira Revolução Industrial conheceu a máquina a vapor, dando início à produção mecânica.(1) O período de duração pode ser datado, de modo aproximado, entre 1760 e 1860.

A partir da máquina a vapor, o desenvolvimento tecnológico começa a provocar efeitos significativos nas relações do trabalho, extinguindo a economia de tipo feudal, e gerando grandes empreendimentos fabris, do que é exemplo a fábrica de Owen, na Escócia, que em 1804 possuía 3000 empregados.

A Primeira Revolução Industrial caracterizou-se pelo uso da ferramenta, que representava a extensão da mão do homem. Esse mundo ferramental dependia da ação do homem, que se enxergava como o que produzia, ou seja, o carpinteiro não só fazia mesas, se fazia carpinteiro.(2)

(1) SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016. p. 15.(2) FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. O direito, entre o futuro e o passado. São Paulo: Noeses, 2014. p. 62.