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TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH ...€¦ · Promover uma roda de conversa com os docentes participantes da formação a partir de gráficos com o número

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FICHA CATALOGRÁFICA

Título: TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) ENTENDER

E FLEXIBILIZAR VAMOS COMEÇAR?

Autora Elizane Zanlorensi Spréa

Disciplina/Área Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e

sua localização

Colégio Estadual Macedo Soares Ensino

Fundamental e Médio.

Município da escola Campo Largo

Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Sul

Professora Orientadora Marta Rejane Proença Filietaz

Instituição de Ensino Superior UTFPR – Curitiba

Relação Interdisciplinar Todas as disciplinas

Resumo Este caderno tem o objetivo de apresentar

estratégias e encaminhamentos para incluir os

alunos com Transtorno de Déficit de

Atenção/Hiperatividade (TDAH) do Ensino

Fundamental Anos Finais, por meio de uma

formação em serviço para os professores. Os

estudos partiram de uma hipótese inicial de

pesquisa que considerou as possibilidades do

pedagogo articular a hora atividade do professor

para realizar estudos e discussões, os quais

servirão para reconhecer os alunos com TDAH

como sujeitos sócio histórico capazes de superar

dificuldades e alcançarem o sucesso processo

ensino aprendizagem. A metodologia utilizada

será a pesquisa ação e pretende-se neste trabalho

analisar, discutir e incentivar os professores a

reverem seus planos de trabalho docente

buscando adotar a prática das flexibilizações

curriculares no desenvolvimento metodológico de

suas aulas no intuito de promover a inserção do

estudante com TDAH no sistema educacional do

Colégio Estadual Desembargador Clotário

Portugal.

Palavras-chave Pedagogo; Professor; Inserção; Transtorno de

Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).

Formato do Material Didático Caderno Temático

Público Alvo Professores do Ensino Fundamental Anos Finais.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

(TDAH) ENTENDER E FLEXIBILIZAR VAMOS COMEÇAR?

ELIZANE ZANLORENSI SPRÉA

CURITIBA

2016

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

PDE – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

ELIZANE ZANLORENSI SPREA

Professor Pedagogo: O Mediador Na Inserção Do Aluno Com TDAH No Ensino

Fundamental Anos Finais.

Atividade apresentada como requisito

parcial para conclusão do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, da

Secretaria de Estado da Educação do

Paraná.

Orientador(a) IES – UTFPR: Marta Rejane

Proença Filietaz.

CURITIBA

2016

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SUMÁRIO

UNIDADE I

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SUJEITOS DA REALIDADE

8

UNIDADE II

COMPREENDENDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

19

UNIDADE III

ENCAMINHAMENTOS E ESTRATÉGIAS PARA INSERÇÃO DO

ALUNO COM TDAH

37

UNIDADE IV

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR

47

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ÍCONES DESTE CADERNO

INDICAÇÃO DE VÍDEO

Fonte: https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-tira-do-filme-com-imagens-coloridas-image28293365

LEITURA COMPLEMENTAR

Fonte: https://pt.dreamstime.com/ilustrao-stock-meninos-e-livros-de-leitura-da-menina-image61213513

PARA PENSAR

Fonte: https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-royalty-free-menino-esperto-que-pensa-muitas-ideias-image35871409

TRABALHO EM GRUPO

Fonte: https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-royalty-free-grupo-de-estudo-image25466289

INDICAÇÃO DE SITES

Fonte: https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-royalty-free-cone-da-informao-image17480059

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APRESENTAÇÃO

O presente Caderno Temático apresenta algumas orientações fundamentais para

os professores e demais envolvidos no processo ensino aprendizagem dos estudantes

portadores de Transtorno de Déficit e Atenção e Hiperatividade (TDAH), no que se refere

ao seu desenvolvimento e aprendizagem a fim de poder ajudá-los a superar as

dificuldades, adaptar/flexibilizar o currículo, por meio de orientações e sugestões de

estratégias de ensino na busca do sucesso escolar desse educando.

O Caderno Temático elaborado compõem uma das produções didáticas do PDE –

Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná – SEED, ano 2016/2017, este material será utilizado no decorrer do processo de

implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, que propõem a formação em

serviço de professores do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Desembargador

Clotário Portugal, com uma proposta de estudos e pesquisas relacionadas às pessoas

com TDAH e com algumas orientações e encaminhamentos necessários para inserção

dos hiperativos no Ensino Regular.

Este caderno está dividido em quatro unidades de estudo, com carga horária total

de 20 horas de curso o qual será certificado pela UTFPR – Universidade Tecnológica

Federal do Paraná.

Na primeira unidade apresentamos uma contextualização sobre a educação

inclusiva e os sujeitos da realidade. O objetivo desta unidade é sensibilizar os

profissionais envolvidos quanto às barreiras enfrentadas por portadores de necessidades

educacionais especiais.

Na segunda unidade trazemos o que é o TDAH, como é diagnosticado o transtorno

entre outras características necessárias ao professor conhecer para trabalhar com estes

estudantes. O objetivo desta unidade é compreender o que é TDAH, como tratá-lo e

identificá-lo, para melhor trabalhar com os estudantes que possuem esse transtorno.

Na terceira unidade apresento um aprofundamento teórico sobre os

encaminhamentos e estratégias que devem ser adotados para inserção do educando

diagnosticado com TDAH. O objetivo desta unidade é definir estratégias,

encaminhamentos e materiais pedagógicos que possam subsidiar o processo ensino-

aprendizagem dos estudantes com TDAH no Ensino Fundamental − Anos Finais.

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Na última unidade, concluo o Caderno Temático abordando a importância da

flexibilização curricular, a fim de contribuir com a qualidade da escola pública. O objetivo

desta unidade é apresentar estratégias e possibilidades de flexibilização curricular para os

estudantes com TDAH, a começar pelo Plano de trabalho docente

Este trabalho em desenvolvimento tem o propósito de cumprir o que rege as

políticas públicas a respeito da educação inclusiva de combate ao preconceito à

discriminação, destaca-se a importância do pedagogo escolar mediar o trabalho

pedagógico de tal modo que com a formação em serviço proporcionada aos docentes

desperte o interesse e os incentive à pratica da flexibilização curricular.

Indicação de vídeo:

Diferença

http://www.youtube.com/watch?v=s4AO5Z3upj4

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UNIDADE I

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SUJEITOS DA REALIDADE

Hoje, a inserção de alunos com dificuldades de aprendizagem, com transtornos

funcionais específicos (TFE) neste estudo os portadores de transtorno de déficit de

atenção e hiperatividade, estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia, assim cabe

a nós pedagogos mediar a organização do trabalho pedagógico e fazer com que o

professor consiga trabalhar as diferenças da escola pública, organizando o processo de

aprendizagem e os encaminhamentos metodológicos diante da realidade que estamos

vivendo na busca do sucesso escolar e do reconhecimento de todos como sujeitos sócio

históricos capazes de superar qualquer limitação.

Assim, percebendo as dificuldades encontradas no trabalho com alunos

diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), faz-se

necessário um aprofundamento teórico sobre o assunto daí a relevância destes estudos

nesta formação continuada sobre o tema.

1 - OS SUJEITOS SÓCIO HISTÓRICOS

O homem é um ser de natureza social que, para sobreviver, necessita de

condições ofertadas pela sociedade o homem não nasce humano. De acordo com

Daniels, 2002, p.96: “O homem não nasce ser humano: ele se torna um. Ele tem dentro

de si tanto do ser humano quanto assimilou do que é humano tanto quanto viu, ouviu e

cheirou à sua volta, tanto quanto as coisas feitas pelo trabalho social chegaram às suas

mãos e à sua linguagem”, sendo assim, ele aprende a ser humano na interação com as

outras pessoas, necessita produzir sua existência, adaptando a natureza a si e ajustando-

a de acordo com as suas necessidades. E faz isso por meio do trabalho. A ação

intencional do homem na natureza, mediante seu trabalho, é o que promove o

desenvolvimento histórico, isto é, a construção do mundo cultural.

Objetivo: sensibilizar os profissionais envolvidos quanto às barreiras enfrentadas por

portadores de necessidades educacionais especiais.

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Vygotsky enfatiza, em sua obra, a importância dos processos de aprendizado. Para ele, desde o nascimento da criança, o aprendizado está relacionado ao desenvolvimento e é “um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas”. Existe um percurso de desenvolvimento, em parte definido pelo processo de maturação do organismo individual, pertencente à espécie humana, mas é o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento que, não fosse do contato do individuo com certo ambiente cultural, não ocorreriam. (OLIVEIRA, 1993, p. 56).

Segundo Marx (2006), a educação enquanto atividade humana é partícipe da

totalidade da organização social. Não pode ser entendida de forma isolada do contexto

social mais global, pois, como aspecto dessa totalidade, ela se faz e refaz

articuladamente no interior das relações sociais. Ora, sendo um elemento da totalidade

social, temos que considerá-la historicamente determinada por um modo de produção

dominante − atualmente o capitalista − que divide a sociedade em classes, sendo uma a

que detém os meios de produção (burguesia) e a outra a que fornece a mão de obra

(classe trabalhadora assalariada). Assim, o homem é determinado como um ser histórico

que se encontra, por um lado, determinado por um conjunto de relações, por outro, em

construção a partir de sua práxis individual e coletiva.

Como afirma Saviani, utilizando-se de outras palavras:

[...] o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo. (SAVIANI, 2011, p. 21).

Partindo desse pressuposto básico, é possível buscar a compreensão da

organização da prática pedagógica, entendendo a educação como trabalho de natureza

particular, não material, cuja especificidade é a de constituir uma segunda natureza, a

propriamente humana.

Assim, o objeto da educação escolar é trabalhar com o conhecimento científico

de forma intencional e sistemática, utilizando-se de diferentes formas de abordagem do

conteúdo para garantir a apropriação do conhecimento por todos os estudantes.

No processo de seu desenvolvimento, a criança não só cresce, não só amadurece, mas, ao mesmo tempo - e isso é a coisa mais fundamental que se pode observar em nossa análise da mente infantil - a criança adquire inúmeras novas habilidades, inúmeras formas de comportamento. No processo de desenvolvimento, a criança não só amadurece, mas também se torna reequipada. É exatamente esse reequipamento - que causa o maior desenvolvimento e mudança que observamos na criança à medida que se transforma num adulto cultural. É isso que constitui a diferença mais pronunciada entre o desenvolvimento dos seres humanos e o dos animais. (VIGOTSKI; LURIA, 1996, p. 177).

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É a partir do ensino, do trabalho educativo, que os estudantes deverão incorporar

novos conhecimentos e experiências, de forma a, gradativamente, ampliarem,

aprofundarem e articularem sua compreensão da prática social, a partir da incorporação

de um conjunto de noções básicas, relativas às áreas do conhecimento. Desse modo, é

fundamental que o professor acompanhe a elaboração que os alunos passam a realizar à

medida que adquiram tal domínio, pois é essa a referência para a organização do ensino

de noções mais complexas.

A escola vista como espaço de humanização para todos, como espaço de

atualização histórica de todos os trabalhadores da educação que nela atuam e de seus

usuários pode ser viabilizada pela promoção do contato cultural, papel este que deve ser

organizado, selecionado, ordenado e desenvolvido pelo pedagogo com uma

intencionalidade, a partir da efetivação do trabalho com as dimensões que perpassam o

trabalho pedagógico.

Vídeo: Rubem Alves – O PAPEL DO PROFESSOR

Neste vídeo, Rubem Alves acredita que o papel do professor é

ensinar o aluno a pensar provocando a curiosidade da criança ou

adolescente.

https://www.youtube.com/watch?v=_OsYdePR1IU

Vídeo: O OLHAR DO EDUCADOR

Este vídeo traz uma reflexão sobre o posicionamento do professor diante da diversidade encontrada dentro das salas de aula. Foi desenvolvido a partir de uma fala de um orientador pedagógico e estudioso da Dislexia.

https://www.youtube.com/watch?v=C3trLt0IoOw&list=RDC3trLt0IoOw#t=6

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TRABALHO EM GRUPO

Atividade: Após assistir os vídeos sugeridos acima e ler o poema “Deficiências”

(Mário Quintana), discutir quem são os sujeitos de sua realidade escolar?

Promover uma roda de conversa com os docentes participantes da formação a

partir de gráficos com o número de educandos portadores de TDAH, refletindo

sobre o que é feito para que estes se sintam acolhidos e consigam o sucesso no

processo de ensino, desenvolvimento e aprendizagem. Escolher um

representante para registrar as principais ideias debatidas, as quais irão compor

um portfólio da formação.

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2 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Ao considerar que vivemos em uma sociedade permeada por diversidades étnicas,

culturais, socioeconômicas e de diferenças individuais, observamos a importância de

estudar o paradigma da educação inclusiva, que contempla em sua legislação uma

educação para todos com a finalidade de amenizar a exclusão e o preconceito social

entre os indivíduos frente à realidade educacional.

Uma breve contextualização histórica sobre a deficiência nos mostra os

paradigmas vividos pela Educação Especial e as profundas transformações ocorridas. Na

etapa de extermínio a pessoa com necessidades especiais não tinha direito sequer à vida;

já na etapa filantrópica, era uma eterna criança, doente, inválida e incapaz; na etapa

científica, por sua vez, são privilegiadas causas e efeitos da deficiência, pautada no

princípio orientador que esse sujeito é uma pessoa limitada, mas capaz e independente,

possuidora de direitos e deveres. Percebe-se na etapa científica uma mudança de

concepções, forçando atitudes e posturas dentro de um enfoque social.

Conforme descrito no documento Marcos Políticos-legais da Educação Especial

(2010) no Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do

Império, com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em

1854, atual Instituto Benjamin Constant, e o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, em

1857, ambos no Rio de Janeiro. No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi

(1926), instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em

1954, é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e,

em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional, na Sociedade Pestalozzi,

especializado às pessoas com superdotação.

Ainda de acordo com referido documento, em 1961 o atendimento educacional às

pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDBEN, Lei n.º 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à

educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.

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A Lei n.º 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento especial”

para alunos com “deficiências físicas, mentais, os quais se encontram em atraso

considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados” acaba reforçando os

encaminhamentos dos alunos para as classes especiais, porém estas leis foram

revogadas em 1996 com a implementação da Lei nº 9394/96, a qual estabelece hoje as

diretrizes e bases da educação nacional.

O ano de 1981 é o embrião do conceito da sociedade inclusiva e foi considerado o

Ano Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência. De 1983 a 1992 (década das

Nações Unidas para a pessoa portadora de deficiência), foram consolidados os princípios

do processo de construção da cidadania de indivíduos diferentes.

A Constituição Federal de 1988 propõe como objetivo fundamental “promover o

bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras

formas de discriminação” (art. 3º, inc. IV). No art. 205, define a educação como direito de

todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a

qualificação para o trabalho. Estabelece, no art. 206, inc. I, “igualdade de condições de

acesso e permanência na escola”, como um dos princípios para o ensino e, garante como

dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente

na rede regular de ensino (art. 208). Tal documento propõe, inclusive, diretrizes para a

compreensão da Educação Especial como modalidade de educação escolar, obrigatória e

gratuita, ofertada, também, em estabelecimentos públicos de ensino, o acesso aos alunos

com deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos e a integração das

escolas especiais aos sistemas de ensino.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n.º 8.069/90, art. 55, reforça os

dispositivos legais citados na Constituição, ao determinar que “Os pais ou responsáveis

têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”, também

nesta década outros documentos vieram e influenciar as politicas públicas da educação

inclusiva, citados a seguir.

Em 1990, os princípios abordados na Constituição são reforçados e explicitados,

com maior clareza nos documentos internacionais, entre estes a Declaração Mundial de

Educação para Todos, em que as Nações Unidas, representadas pela UNESCO na

Conferência Mundial de Educação para Todos (Jontien-Tailândia), consolidou

compromissos éticos e políticos a fim de garantir a democratização da educação,

independentemente das diferenças particulares dos alunos, que desencadeou em 1994

em uma conferência organizada pelo governo espanhol em cooperação com a UNESCO,

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a qual reuniu especialistas, administradores de políticas públicas, representantes das

Nações Unidas, organizações governamentais e não governamentais, a fim de analisarem

as mudanças políticas fundamentais, necessárias para favorecer o enfoque da então

denominada Educação Integradora.

Na ocasião, foi elaborada a Declaração de Salamanca, a qual recomenda que as

escolas se ajustem às necessidades dos alunos, quaisquer que sejam suas condições

físicas, sociais e linguísticas, incluindo aqueles que vivem nas ruas, que trabalham, os

nômades e as minorias étnicas, culturais e sociais. O documento propunha que a escola

desenvolvesse uma educação para todos e que, para tanto, fossem desencadeadas com

urgência ações que transformassem em realidade uma educação capaz de reconhecer

diferenças, promover aprendizagem e atender às necessidades de cada criança,

individualmente.

Após quatro anos, em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial

que, ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de

aprendizagem, não provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que

sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mantém a

responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da educação

especial.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9.394/96, no art.

59, inc. I, preconiza que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com

necessidades especiais:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular

Em 2001, o Ministério da Educação homologou a Resolução n.º 02/2001 do

Conselho Nacional da Educação, referente às Diretrizes Nacionais para Educação

Especial na Educação Básica, instituindo as bases para elaboração de normas para

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Educação Especial, a fim de reorganizar a proposta de educação escolar dos alunos com

necessidades educacionais especiais, no contexto da educação inclusiva, definindo:

Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica.

Assim, a educação especial poderá ser oferecida na forma de recursos e serviços

especializados, cujas finalidades serão determinadas pelas necessidades reais dos

alunos, que indicarão o tipo, o momento e o local do atendimento especializado.

Na sequência, em 2008, foi criada a Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva, a qual considera o processo histórico da educação

especial como subárea do conhecimento, considerando a inclusão como novo paradigma

da atualidade, ao ter como objetivo: assegurar a inclusão de alunos com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Estabelece como garantia o

acesso com participação e aprendizagem no ensino comum; oferta do atendimento

educacional especializado; continuidade de estudos e acesso aos níveis mais elevados

de ensino; promoção da acessibilidade universal; formação continuada de professores

para o atendimento educacional especializado; formação dos profissionais da educação e

comunidade escolar; transversalidade da modalidade de ensino especial desde a

educação infantil até a educação superior; e articulação intersetorial na implementação

das políticas públicas. (BRASIL, 2008)

Em 2011, é elaborado o Plano Nacional de Educação (PNE), projeto de lei que

propõe em sua Meta 4 “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos o atendimento

escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades ou superdotação na rede regular de ensino”. Entre as estratégias, está

garantir repasses duplos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) a estudantes

incluídos; implantar mais salas de recursos multifuncionais; fomentar a formação de

professores de AEE (Atendimento Educacional Especializado); ampliar a oferta AEE;

manter e aprofundar o programa nacional de acessibilidade nas escolas públicas;

promover a articulação entre o ensino regular e o AEE; acompanhar e monitorar o acesso

à escola de quem recebe o benefício de prestação continuada.

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O Estado do Paraná, visando acompanhar a trajetória e as legislações que

ampararam a educação especial, criou no ano de 2006 as Diretrizes da Educação

Especial para a Construção de Currículos Inclusivos, documento que resume a trajetória

da Educação Especial.

Embora desde a Conferência Mundial de Educação para Todos, em 1990, tenham sido delineados os caminhos para uma educação inclusiva, seus contornos são diferenciados apenas na Declaração de Salamanca, em 1994, documento que inspirou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), o Plano Nacional de Educação (2001), as Diretrizes Educação Especial Nacionais para a Educação Especial para a Educação Básica (2001) e, particularmente, a Deliberação CEE/PR n. 02/2003. Em todos esses documentos encontram-se princípios, conceitos e diretrizes de ação anunciadas em Salamanca. (PARANÁ, 1996, p. 40)

O documento apresenta também subsídios teórico-metodológicos necessários para

a construção de propostas pedagógicas abertas e flexíveis, base para adoção de

currículos inclusivos e acima de tudo integradores.

Em 2015, é instituída a Lei n.º 13.146, que dispõe sobre a Inclusão da Pessoa com

Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), “destinada a assegurar e a promover,

em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por

pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”.

Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de

longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1

o A

avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação.

Assim, ao considerar neste estudo que os estudantes com transtornos funcionais

específicos (TDAH) devem ser respeitados em suas limitações no desempenho de

determinadas atividades, o currículo escolar precisa ser flexibilizado e/ou adaptado,

assunto este que será elucidado no próximo subtema.

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TRABALHO EM GRUPO

Disponível em: http://sistemasdegestaointegrada.blogspot.com.br/2016/04/exclusao-x-segregacao-x-integracao-x.html

ESTUDO DO TEXTO: A ESCOLA COMO ESPAÇO INCLUSIVO

O texto traz a reflexão sobre como devemos atuar em uma escola inclusiva, aborda

também a questão do fracasso escolar. Nos leva a refletir em como incluir sem criar

falsos mecanismos de inclusão, ou seja, criar uma inclusão que não seja excludente.

https://drive.google.com/file/d/0B3FgK4ikNVQWU2YzS0E1cTZiU2QtZWZDcmxjZE

lwMnhOVUhF/view?usp=sharing

Após a leitura dos textos: “Políticas educacionais e educação inclusiva” e “A escola como

espaço inclusivo”, e a análise da imagem abaixo, discuta com seus pares e registre para

posterior compartilhamento, as seguintes questões:

1- Como você entende a inclusão hoje? Tenha como base as práticas realizadas no

seu ambiente escolar.

2- Você concorda com a ideia de que a escola deve ser um espaço inclusivo?

3- Como você deve agir se tiver em sua sala de aula um educando portador de

necessidades educativas especiais? Para você o aluno com TDAH pode ser

considerado como um caso de inclusão?

4- Você concorda que a autoestima positiva é importante para o processo ensino

aprendizagem dos estudantes? E como você trabalharia esta questão com os que

tem TDAH?

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VÍDEO: TDAH LEGIÃO URBANA QUASE SEM

QUERER Este vídeo é um clipe da música do Legião Urbana “Quase sem querer”, associado ao TDAH.

https://www.youtube.com/watch?v=tfMze1vnUHQ

Filme: “PRECIOSA” (“PRECIOUS”), DE LEE DANIELS. Sinopse: Anos 1980, Nova Iorque. A garota está grávida e é mãe de uma criança apelidada de mongo por ser portadora de síndrome de Down. Bullying, preconceito, pobreza, e por aí percorrem as discussões que serão estimuladas pela fita.

https://www.youtube.com/watch?v=3Z37bBftlVw&t=46s

Após as discussões e a sensibilização dos cursistas ao tema da inclusão será

realizada uma palestra com a Professora e Psicopedagoga Ivane Passeti, a qual retomará

a trajetória da inclusão no Brasil e o TDAH.

Os participantes deverão anotar os principais pontos discutidos e elucidados para

depois debater com demais colegas e anexar ao portfólio da formação.

PARA PENSAR:

Como eu enquanto professor (a) tenho agido com os

estudantes TDAH? O que já fiz para contribuir com seu

processo ensino-aprendizagem?

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UNIDADE II

COMPREENDENDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

TRABALHO EM GRUPO

1 – CONCEITO DE TDAH

A escola atualmente tem um grande desafio de abandonar o pensamento linear de

que todos são iguais e de pensar na diversidade que compõe uma sala de aula. Diante da

atual realidade, muitos estudantes, desde crianças, possuem diversos distúrbios ou

transtornos que não são diagnosticados e tratados de forma adequada.

Não há uma receita pronta ou fácil para administrar distúrbios ou transtornos na

sala de aula. A eficácia depende do conhecimento dos professores e pedagogos da

escola e a sua persistência está em buscar meios de promover a aprendizagem desses

estudantes.

Com relação aos alunos que possuem TDAH, constata-se que existem alguns

deles que são demasiadamente agitados, crianças/adolescentes “desastrados,

desajustados, que não conseguem prestar atenção em nada, que sonham acordados e

Objetivo: Compreender o que é TDAH, como tratá-lo e identificá-lo, para

melhor trabalhar com os estudantes que possuem esse transtorno.

ESTUDO DO TEXTO:

Para trabalhar este capítulo propomos que os cursistas sejam divididos em

5 grupos, cada grupo ficará com um subtema os quais deverão ler o texto

disponível neste material e os materiais complementares sugeridos. Após a leitura

deverão preparar a apresentação em mídia ou com cartazes, na sequencia

deverão expor o assunto para os demais participantes. Cada grupo deverá

entregar uma síntese de seu assunto para compor o portfólio do curso.

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que se distraem ao menor dos estímulos” (SILVA, 2009, p. 11), os famosos hiperativos,

ou melhor, alunos com TDAH, conforme relata a autora:

O TDAH se caracteriza por três sintomas básicos: desatenção, impulsividade e

hiperatividade física e mental. Costuma se manifestar ainda na infância e em

cerca de 70% dos casos o transtorno continua na vida adulta. Ele acomete ambos

os sexos, independentemente do grau de escolaridade, situação socioeconômica

ou nível cultural, o que pode resultar em sérios prejuízos na qualidade de vida das

pessoas que têm, caso não sejam diagnosticadas e orientadas precocemente.

(SILVA, 2009, p. 12).

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) caracteriza o

TDAH com a seguinte definição:

A característica essencial do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento. A desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão. A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva (como uma criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar ou conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (p.ex., atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso) e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo (p.ex., assumir um emprego sem informações adequadas). (DSM – 5, 2014, p. 61)

É relevante salientar que essas características do TDAH começam a se exteriorizar

na infância, e as manifestações do transtorno estão presentes em mais de um ambiente,

não só na escola, mas também na convivência familiar e no trabalho, por exemplo. De

acordo com estudos mais recentes, o TDAH é considerado um transtorno biopsicossocial,

cuja causa é multifatorial, tendo a interação de fatores ambientais e genéticos, além de

heterogeneidade clínica. (ROHDE, 2003).

VÍDEO: TDAH – CEREBRO DIREITO E OS HEMISFÉRIOS

CEREBRAIS Este link irá abrir o blog Supera TDAH, e neste você encontrará um

vídeo, que mostrará como funciona a mente de um TDAH,

explicando os hemisférios cerebrais.

http://superatdah.com/tdah-cerebro-direito-e-os-hemisferios-cerebrais/

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2 – O HISTÓRICO DO TDAH

Para a compreensão do TDAH é importante conhecer seu histórico, pois nem

sempre se teve a compreensão como temos hoje, para chegar a diagnóstico conhecido e

aceito foram e são realizados muitos estudos sobre o assunto.

Hoje esse transtorno é parte integrante do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM – atualmente em sua quinta edição, o DSM-V), publicado pela

Associação Americana de Psiquiatria, este material trouxe um avanço significativo por

permitir uma elevada confiabilidade diagnóstica. Segundo Rohde e Mattos, 2003, “No

caso do TDAH, ele foi particularmente importante, porque o diagnóstico correto,

fundamentado em sintomas bem-definidos, permitiu que, na última década, uma enorme

quantidade de estudos clínicos, genéticos, epidemiológicos e neurofisiológicos” fossem

desenvolvidos.

Assim para melhor compreensão de seu histórico, propomos que façam a leitura do

texto a seguir:

LEITURA COMPLEMENTAR

O TDAH ao longo do tempo

(O texto encontra-se a seguir)

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Fonte: ( Adaptado Cartilha ABDA – Uma conversa com educadores).

O TDAH ao longo do tempo

As primeiras descrições de crianças que apresentavam quadros semelhantes

ao que se descreve atualmente como TDAH surgiram na literatura infantil alemã

em meados do século XIX. Traduzidos para o português, e publicados no Brasil

na década de 1950, com os nomes de “João Felpudo” e “Juca e Chico”, os livros

descreviam crianças muito “danadas”, e com grande dificuldade para seguir as

regras propostas pelos pais. Em 1917, um médico chamado Von Economo fez a

primeira descrição clínica dessa patologia. Segundo ele: “Temos nos deparado

com uma série de casos nas instituições psiquiátricas que não fecham com

nenhum diagnóstico conhecido. Apesar disso, eles apresentam similaridades

quanto ao tipo de início do quadro e sintomatologia que nos força a agrupá-los

em uma nova categoria diagnóstica... Estas crianças parecem ter perdido a

inibição, tornam-se inoportunas, impertinentes e desrespeitosas. São cheias de

espertezas, muito falantes...”

Ao longo do tempo, o TDAH recebeu várias denominações, como por

exemplo, lesão cerebral mínima, síndrome hipercinética e disfunção cerebral

mínima. Os critérios utilizados para o diagnóstico de TDAH também têm variado

bastante. Essas diferenças nos nomes e nos critérios diagnósticos podem

confundir as pessoas. Por outro lado, na maioria das vezes os nomes mudaram

para acompanhar os resultados das pesquisas e dessa forma refletir o maior

conhecimento sobre o TDAH. Por exemplo, o termo “lesão cerebral mínima” foi

utilizado no período em que se acreditava que seus portadores teriam uma lesão

no cérebro, o que apesar de causar problemas graves no comportamento do

paciente, era “mínima” o suficiente para não ser detectada em exames

radiológicos e menos grave que problemas neurológicos tais como tumores

cerebrais. Atualmente, sabe-se que o TDAH não é consequência de nenhuma

lesão no cérebro.

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3 – EPIDEMIOLOGIA DO TDAH

O TDAH é um transtorno neurobiológico, que gera pequenas alterações na região

frontal do cérebro, de causas genéticas, caracterizado por sintomas de desatenção,

inquietude e impulsividade. Segunda a Associação Brasileira de Déficit de Atenção

(ABDA) atinge de 3% a 5% das crianças, assim é frequente e muito presente no cotidiano

escolar, em crianças, adolescentes e adultos, independente de seu país ou cultura , não

sendo proveniente de fatores ambientais como a falta de limites dos pais, ou

consequência de problemas psicológicos, por exemplo.

O texto a seguir também da Cartilha da ABDA – Uma conversa com educadores

nos traz resumidamente a prevalência do TDAH, e o quanto é importante conhecermos

sobre o assunto.

Epidemiologia do TDAH

Estudos epidemiológicos realizados em diversos países, com

características culturais muito diversas, revelaram que o TDAH existe em todas

as culturas. Esses estudos comprovam que o TDAH NÃO é secundário a fatores

ambientais como estilo de educação dos pais (a famosa “falta de limites”) ou

consequência de conflitos psicológicos.

Estudos epidemiológicos investigam quantos indivíduos têm um

diagnóstico específico, em um determinado período de tempo. Esse número

total é chamado de “taxa de prevalência”, ou apenas “prevalência”. Essa taxa

permite compreender o quanto é comum, ou raro, um determinado diagnóstico

numa população. Em relação ao TDAH, estudos americanos apontaram

prevalências entre 2,5% a 8,0% (Rowland e cols., 2001). Em 1999, um estudo

brasileiro, usando uma amostra de escolares de 12 a 14 anos, encontrou taxa

de prevalência de 5,8% nesses estudantes (Rohde e cols., 1999).

Em 2007, foi publicado um dos estudos considerados como mais

importantes sobre a prevalência de TDAH. Esse estudo avaliou os resultados de

mais de 8 mil estudos em todo o mundo e conseguiu demonstrar que a

estimativa mais correta para a prevalência de TDAH seria de 5% da população

infantil mundial (Polanczyck e cols., 2007).Para explicar melhor a relevância

desses achados, imagine uma classe de 40 alunos. Considerando uma taxa de

5%, a estimativa é que ao menos duas crianças da classe sejam portadoras de

TDAH!

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Fonte : Cartilha ABDA – Conversa com educadores.

Sites: Como detectar transtornos de aprendizagem

Este site apresenta uma reportagem da revista Época, em que

pesquisas mostram que, em países em desenvolvimento cerca de 40%

dos alunos de séries iniciais têm dificuldades de aprendizagem. Destes,

apenas 6% têm distúrbios de origem neurobiológica.

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/08/como-detectar-

transtornos-de-aprendizagem.html

Segundo Rohde e Mattos, 2003, na última década grandes avanços foram obtidos

na área do TDAH, o quadro clínico está melhor definido. As co-morbidades tem sido

melhor detalhadas e os estudos referente a este assunto estão sendo mais aprofundados.

Fatores etiológicos tem sido investigados, como anormalidades nos circuitos subcórtico-

frontais. Pesquisas genéticas, tem em estudos, investigações promissoras a respeito do

tema tratado.

Continuação...

Quando avaliamos as frequências nas clínicas ou ambulatórios para

atendimento de saúde mental, encontra-se que o TDAH é o transtorno mais

comumente encaminhado para serviços especializados em psiquiatria da

infância e da adolescência.

Apesar de ser mais frequente na infância, existem evidências crescentes

de que o TDAH afeta pessoas de todas as idades, e que cerca de 60 a 80 %

das crianças com TDAH mantêm os sintomas na adolescência e na vida adulta.

Também existem evidências científicas de que quando diagnosticado é

importante dar início ao tratamento, tendo em vista que a persistência dos

sintomas pode causar graves comprometimentos do aprendizado, da

autoestima e dos relacionamentos social e familiar.

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4 – COMO DIAGNOSTICAR O TDAH?

O diagnóstico do TDAH é clínico, deve ser realizado por um neuropediatra ou

psiquiatra, mas nas escolas enquanto educadores, docentes, pedagogos, direção,

podemos ficar atentos à algumas manifestações, e contribuir para identificar indícios

comportamentais ou psicológicos da hiperatividade.

De acordo com Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA):

O diagnóstico é inteiramente clínico, feito com base nos sintomas, da mesma maneira que outros problemas, como a síndrome do pânico e a depressão. Não é necessário exame de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro que avalie características físicas. Os pais não precisam se sentir inseguros por conta do diagnóstico ser feito sem exames, pois na psiquiatria é assim mesmo que funciona. Outros profissionais, como pediatras e neurologistas especializados na doença, também podem auxiliar no processo de diagnóstico.

No entanto, ao se fazer um diagnóstico do TDAH, exige-se bastante cuidado e

experiência, pois existem vários outros transtornos que podem imitar o TDAH em seus

sintomas. Daí a importância de uma investigação profunda dos casos.

Feito o diagnóstico é importante seguir as recomendações médicas e terapêuticas

para se ter sucesso no tratamento deste transtorno. Assim para entender melhor

solicitamos que leiam o texto a seguir.

Fonte: https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-royalty-free-equipa-mdica-image8215749

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A seguir trazemos um pouco mais de informações sobre os

manuais de classificação e os critérios diagnósticos do TDAH.

Fonte : Adaptado - ABDA – Cartilha Uma conversa com educadores.

Como diagnosticar o TDAH?*

O diagnóstico de TDAH é clínico. Não existe, até o momento, NENHUM

exame ou teste que possa sozinho dar seu diagnóstico, nem mesmo os mais

modernos tais como ressonância magnética funcional, PET, SPECT,

eletroencefalograma digital ou dosagem de substâncias no sangue ou em fios

de cabelo.

Para se elaborar um diagnóstico correto dessa condição são necessárias

várias avaliações, muitas vezes com abordagem multidisciplinar. A avaliação

clínica com médico deve coletar informações não apenas da observação da

criança durante a consulta, mas também realizar entrevista com os pais e/ou

cuidadores dessa criança, solicitar informações da escola que a criança

frequenta sobre seu comportamento, sociabilidade e aprendizado, além da

utilização de escalas de avaliação da presença e gravidade dos sintomas.

Após reunir todas essas informações, o médico deve avaliar se o paciente

preenche os critérios diagnósticos para o TDAH. Esses critérios diagnósticos

estão descritos nos manuais de classificação (MC). Correspondem a uma lista

de sintomas e sinais, elaborados por um grupo de pesquisadores especialistas

no assunto, e utilizados para homogeneizar a forma de se avaliar se um

indivíduo tem ou não uma determinada doença.

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Manuais de Classificação (MC)

O objetivo principal dos MC é melhorar a comunicação entre os pesquisadores

e os clínicos. Mais especificamente, para pesquisadores, os MC permitem que eles

compartilhem descobertas; aumentem a confiabilidade e validação dos resultados

de pesquisas; e assim encorajem o aumento gradual do conhecimento. Para os

clínicos, os MC ajudam na escolha do tratamento mais adequado e possibilitam a

avaliação dos benefícios das intervenções terapêuticas. Sendo assim, os MC

devem apresentar definições descritivas, com ênfase nos comportamentos

apresentados pelos pacientes e nos achados clínicos mais frequentes,

independente de sabermos ou não quais os fatores etiológicos envolvidos nos

diversos diagnósticos.

Atualmente, os MC mais utilizados são o Manual de Diagnóstico e Estatística

da Associação Psiquiátrica Americana, que já está na sua quinta versão, o DSM-V

e o Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, décima

versão, o CID-10.

Apesar das enormes vantagens que o DSM-V e a CID-10 proporcionaram, é

preciso estar atento para que eles não sejam utilizados de forma equivocada. Ou

seja, os manuais NUNCA podem ser usados para estigmatizar as pessoas. Da

mesma forma, é importante lembrar que o diagnóstico é o início do tratamento, não

o seu fim. Levantamos essa questão porque muitos professores perguntam se ao

dizer o diagnóstico para alguém ou discutir sobre o mesmo com a família não existe

o risco de “rotular” o paciente.

É interessante pensar que essa pergunta só é feita para diagnósticos

psiquiátricos. Para qualquer outra especialidade, quando vamos ao médico

queremos sempre saber o que temos. Por exemplo, caso uma criança esteja com

febre e tosse, os pais com certeza vão querer saber se seu filho (a) tem bronquite,

pneumonia, ou apenas um resfriado, antes de medicá-lo (a) com uma aspirina ou

antibiótico.

Da mesma forma, em psiquiatria, também é extremamente importante

identificar e discutir com o paciente e seus familiares as hipóteses diagnósticas

antes de iniciar o tratamento. Se nós, profissionais (tanto da área de saúde quanto

de educação), não nos sentirmos à vontade para discutir um diagnóstico específico,

como vamos exigir que uma criança com TDAH tenha os mesmos direitos de outra

com qualquer problema clínico tais como pneumonia ou diabetes?

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A seguir, na Tabela 1 apresentamos os sintomas descritos no critério “A”, e

exemplos de como esses sintomas podem se apresentar na sala de aula estas

informações são fundamentadas na Cartilha Uma conversa com educadores da

ABDA.

onte : (Adaptado - ABDA – Cartilha Uma conversa com educadores)

Lista de Sintomas do TDAH de acordo com o DSM-V:

A. Ou a presença de seis (ou mais) sintomas de desatenção persistiram

pelo período mínimo de seis meses, em grau mal adaptativo e inconsistente

com o nível de desenvolvimento OU a presença de seis (ou mais) dos

seguintes sintomas de hiperatividade/impulsividade, por no mínimo seis

meses, em um grau mal adaptativo e inconsistente com o desenvolvimento.

B. Alguns dos sintomas de desatenção ou hiperatividade/impulsividade já

estavam presentes antes dos 7 anos de idade. Algum comprometimento

causado pelos sintomas está presente em 2 ou mais contextos (p. ex. na

escola, ou trabalho e em casa).

C. Deve haver claras evidências de comprometimento clinicamente

importante no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

D. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um

transtorno global do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno

psicótico, nem são melhor explicados por outro transtorno mental (p.

ex.,transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo ou

transtorno de personalidade).

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Tabela 1 – Sintomas de TDAH e exemplos de sua apresentação na sala de aula.

Sintomas de DESATENÇÃO Exemplos de situações. Na escola, o

aluno:

Não presta atenção a detalhes e/ou

comete erros por omissão ou

descuido.

Faz atividade na página diferente da

solicitada pelo professor;

Ao fazer cálculos, não percebe o sinal

indicativo das operações ;

Pula questões ;

Tem dificuldade para manter a

atenção em tarefas ou atividades

lúdicas;

Durante o intervalo não consegue

jogar dama ou xadrez com os

colegas;

Parece não ouvir quando lhe dirigem a

palavra (cabeça “no mundo da lua”);

Está mais preocupado com a hora do

recreio e situações de lazer;

Desenha no caderno e não percebe

que estão falando com ele;

Tem dificuldades em seguir instruções

e/ou terminar tarefas;

Não percebe que a consigna indica

um determinado comando e executa

de outra forma;

Em perguntas sequenciadas em geral

respondem apenas uma;

Dificuldade para organizar tarefas e

atividades;

Guarda os materiais fotocopiados em

pastas trocadas;

Na véspera da prova resolve fazer

uma pesquisa de outra matéria;

Demonstra ojeriza ou reluta em

envolver-se em tarefas que exijam

esforço mental continuado;

Inicia uma resposta, palavra ou frase

deixando-a incompleta;

Desiste da leitura de um texto ou

tarefa só pelo seu tamanho;

Perde coisas necessárias para as

tarefas e atividades;

Leva gravuras para uma pesquisa em

sala e deixa no transporte escolar;

Perde frequentemente o material;

Distrai-se facilmente por estímulos

que não tem nada a ver com o que

está fazendo;

Procura saber quem é o

aniversariante da sala ao lado quando

escuta o “parabéns”;

Envolve-se nas conversas paralelas

dos colegas;

Apresenta esquecimento em

atividades diárias.

Esquece a mochila na escola com

todo o seu material;

Não traz as tarefas e trabalhos a

serem entregues no dia.

Fonte : (Adaptado - ABDA – Cartilha Uma conversa com educadores)

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Tabela 2 – Sintomas de TDAH e exemplos de sua apresentação na sala de aula.

Sintomas de HIPERATIVIDADE/

IMPULSIVIDADE

Exemplos de situações. Na escola, o

aluno:

Irrequieto com as mãos e com os

pés ou se remexe na cadeira;

Pega todos os objetos próximos a

si;

Batuca na mesa durante a aula;

Escorrega e deita-se na cadeira

inúmeras vezes;

Não consegue ficar sentado por

muito tempo;

Solicita inúmeras vezes a ir no

banheiro ou beber água;

Tem sempre algo a buscar na

mesa dos colegas;

Corre ou escala em demasia, ou tem

sensação de inquietude (parece

estar com “bicho carpinteiro”);

Referem que não consegue parar

de pensar ou ficar parado;

Tem dificuldade para brincar ou se

envolver silenciosamente em

atividades de lazer;

Não fala, grita;

No jogo fala todo o tempo;

Está “a mil por hora”, ou age como

se estivesse “a todo vapor”;

Não anda, corre;

Esbarra frequentemente nos

objetos expostos pela sala;

Fala em demasia; Contando sobre o fim de semana,

agrega outras; informações sem

conseguir finalizar e deixar os

demais falarem;

Dá respostas precipitadas antes das

perguntas terem sido completamente

formuladas;

Ao ser perguntado o que se fez no

fim de semana responde o que

terminou de fazer no recreio;

O professor vai dirigir uma

pergunta ao grupo e antes que

conclua ele interrompe dando uma

resposta;

Tem dificuldade em esperar sua vez; Não obedece filas;

Interrompe, intromete-se nas

conversas ou jogo dos outros;

Interrompe o professor no meio de

uma explicação.

Fonte : (Adaptado - ABDA – Cartilha Uma conversa com educadores)

Como podemos observar esses sintomas são comuns a várias pessoas, muitas

vezes quando lemos rapidamente esses critérios dizemos que apresentamos vários deles

e nos perguntamos se temos TDAH. No entanto, é importante ressaltar que existe a

possibilidade de alguns desses sintomas estarem presentes em várias pessoas com

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diferentes intensidades mas sem causar grandes prejuízos em suas vidas, o que já não é

o mesmo com as pessoas diagnosticadas com TDAH.

Dessa forma para que se tenha um diagnóstico de TDAH é importante observar

outras características abordadas a seguir.

Fonte : (Adaptado - ABDA – Cartilha Uma conversa com educadores)

Para o diagnóstico de TDAH, é necessário ter também algumas outras

características. Por exemplo, é provável que qualquer pessoa fique desatenta ao assistir

uma aula sobre um assunto que nunca ouviu falar ou tem dificuldade de entender. A

pessoa com TDAH não consegue focar a atenção mesmo quando está familiarizada

com o assunto.

Existe apenas um diagnóstico de TDAH, com três formas de apresentação

de acordo com os tipos de sintomas predominantes. Ou seja, a pessoa pertencerá

ao subtipo predominantemente desatento caso tenha ao menos seis sintomas de

desatenção; ao subtipo predominantemente hiperativo/impulsivo caso tenha ao

menos seis sintomas de hiperatividade/impulsividade; e ao subtipo combinado

caso apresente no mínimo seis sintomas de desatenção E seis sintomas de

hiperatividade/impulsividade.

Portanto, quando uma pessoa preencher os critérios de desatenção do DSM-IV,

mesmo que seja tranquila e não tenha os sintomas de hiperatividade, não é correto

dizer que tem distúrbio de déficit de atenção (DDA) ou transtorno de déficit de atenção

(TDA). O correto é afirmar que tem TDAH, subtipo predominantemente desatento.

De acordo com o DSM-IV e a CID-10, os critérios diagnósticos são os mesmos,

independente da idade ou do sexo da pessoa. Quando os sintomas continuam

presentes até a idade adulta, o que é mais frequente do que se imaginava

anteriormente, eles geralmente se modificam ao longo do tempo.

Por exemplo, durante a adolescência, aumenta o risco dos pacientes se

envolverem em atividades de alto risco, tais como dirigir em alta velocidade ou de forma

imprudente. Quando não tratados, esses adolescentes têm risco aumentado para abuso

e dependência química (de álcool e drogas), além da dificuldade para atingir os

objetivos e cumprir os compromissos.

Adultos com TDAH, caso não tenham sido tratados, relatam uma sensação

interna de inquietação, e dificuldade para organizar as atividades diárias e lembrar dos

compromissos no prazo adequado.

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5 – QUAL O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO TDAH?

Depois de tudo que já vimos sobre o TDAH, você pode se questionar o que nós

professores temos a ver? O que precisamos saber sobre o processo de diagnóstico e seu

tratamento?

Um dos maiores desafios encontrados pelos pedagogos e professores nas escolas

hoje se deve ao fato de alguns educandos apresentarem o desempenho escolar abaixo

do esperado. Dentre os diversos fatores explicativos para tal realidade, encontra-se o

estudante com TDAH-Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Devido às

características de comportamento apresentadas por educandos com este quadro, a

escola pode se deparar com obstáculos para implentar a inserção destes discentes em

um processo de ensino-aprendizagem satisfatório.

Dessa forma o professor tem que conhecer muito para isso vamos realizar a leitura

do texto a seguir:

QUAL O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO DIAGNÓSTICO E NO

TRATAMENTO DO TDAH?

A reposta é: os professores têm TUDO a ver com esse processo. Os

professores têm uma condição privilegiada de observação do comportamento

das crianças sob os seus cuidados, pois as observam em uma grande variedade

de situações, tais como em atividades individuais dirigidas, em atividades de

trabalho grupal, em atividades de lazer, durante a interação com outros adultos e

com crianças de diversas idades. O fato dos professores terem experiência com

um grande número de crianças possibilita a distinção entre os comportamentos

esperados para a faixa etária e os comportamentos atípicos. Como os

professores passam bastante tempo com as crianças, às vezes até mais que os

pais (principalmente na pré-escola e nas séries iniciais do ensino fundamental),

têm o potencial de perceber o problema antes deles, ao menos que existe algo

errado com a criança.

Essa possibilidade de identificar precocemente os sintomas e encaminhar a

criança o mais rápido possível para a avaliação médica transforma não apenas

os professores, mas toda a equipe técnica da escola em peças fundamentais no

processo diagnóstico e de tratamento do TDAH. Para explicar melhor, é preciso

discutir duas questões: quais as etapas envolvidas no processo diagnóstico e

quais as consequências do TDAH para o processo de escolarização.

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QUAIS AS ETAPAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DIAGNÓSTICO?

O processo diagnóstico pode ser feito por médicos com ou sem o auxílio de

uma equipe multidisciplinar que pode ser composta por: neuropsicólogo,

psicólogo, psicopedagogo, e/ou fonoaudiólogo. Em todas as circunstâncias deve

ser composto por vários dos passos descritos abaixo:

Entrevistas com os pais (levantamento de queixas e sintomas e relato

sobre o comportamento da criança em casa e em atividades sociais);

Entrevistas com professores (relato sobre o comportamento da criança na

escola, levantamento de queixas, sintomas, desempenho escolar,

relacionamentos com adultos e crianças,);

Questionários e escalas de sintomas para ser preenchidos por pais e

professores, por exemplo Snap IV.

Avaliação/observação da criança no consultório;

Avaliação neuropsicológica;

Avaliação psicopedagógica;

Avaliação fonoaudiológica.

Para auxiliar nesse processo, algumas ações do professor são

extremamente importantes:

- Prestar especial atenção e descrever as atividades e comportamentos do

aprendiz, sem preocupação com nomes técnicos. Dar exemplos práticos

sobre os comportamentos da criança tanto para os pais quanto para os

profissionais de saúde; Ter interesse em estudar o TDAH. O conhecimento sobre as patologias, as

necessidades pedagógicas e o manejo comportamental dessas crianças é

fundamental para a identificação precoce dos sintomas e o encaminhamento

para avaliação médica.

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6 – COMO SE TRATA O TDAH?

A partir do momento que se tem o diagnóstico do TDAH deve-se pensar em um

tratamento adequado e a família deve ser informada das opções de tratamento. Primeiro

é preciso entender que os tratamentos disponíveis não curam o distúrbio. O que os

tratamentos irão proporcionar é a redução dos sintomas.

Fonte: http://pt.123rf.com/photo_35529820_transtorno-tdah.html

Segundo REX e NICHOLAS, 2003, o tratamento mais comum do TDAH, envolve

medicação. A classe mais comum para atenuar os sintomas são os pscicoestimulantes.

Abordaremos um pouco mais no texto a seguir, porém sem muitos detalhes uma

vez que o objetivo de nosso trabalho é buscar formas de trabalhar com os estudantes

diagnosticados com TDAH no ambiente escolar de forma a proporcionar a seu sucesso no

processo ensino aprendizagem.

O tratamento do TDAH envolve abordagens múltiplas:

Intervenções psicoeducacionais:

- com a família;

- com o paciente;

- com a escola.

Intervenções psicoterapêuticas, psicopedagógicas e de

reabilitação neuropsicológica;

Intervenções psicofarmacológicas

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Fonte : (Adaptado - ABDA – Cartilha Uma conversa com educadores)

VÍDEO: DE FRENTE COM GABI - DR. PAULO MATTOS - 05/09/10 No link a seguir temos o vídeo “De Frente Com Gabi”, que

recebe o médico neuropsiquiatra Dr. Paulo Mattos. Ele é

especialista em Transtorno do Déficit de Atenção e

Hiperatividade, conhecido pela sigla TDAH. O convidado de Marília Gabriela

explica tudo sobre esse mal que afeta principalmente as crianças.

https://www.youtube.com/watch?v=NTyD2-63BWM

Entretanto, é importante ressaltar que desde 1937 os estimulantes vêm

sendo utilizados no tratamento do TDAH. Dentre os estimulantes do sistema

nervoso central, o metilfenidato é o único aprovado no Brasil para o TDAH. Já foi

demonstrado como sendo eficaz e seguro em mais de 200 ensaios clínicos

desenvolvidos com o máximo rigor metodológico. Os principais efeitos adversos do

metilfenidato são: perda do apetite, irritabilidade, alteração do sono (insônia),

dores de cabeça, dores abdominais.

Existem também outras opções farmacológicas, nos casos em que o

paciente não responde bem ao metilfenidato. Por exemplo, antidepressivos

tricíclicos, clonidina, bupropiona, atomoxetina emodafinil, porém, sem indicação

aprovada para TDAH no Brasil.

Não devemos nos esquecer que frequentemente as doenças psiquiátricas

não se apresentam sozinhas, há o que chamamos de “comorbidades”, ou seja, é

possível que a pessoa portadora de TDAH tenha também outros diagnósticos, tais

como transtorno de conduta; transtorno opositor desafiante; transtornos de humor;

e transtornos de aprendizagem. Acredita-se que até 70% das crianças com TDAH

também apresentem pelo menos um dos transtornos de aprendizagem, sendo que

o transtorno mais comumente observado é o de expressão escrita, seguidos pelos

transtornos de leitura e, finalmente, pelos transtornos de matemática.

Na hora de se escolher o melhor tratamento devemos sempre observar a

presença ou não de comorbidades para se fazer um projeto de tratamento mais

efetivo.

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VÍDEO: A história das pessoas com deficiência no Brasil

Este link é de uma aula em que o Professor Emilio Figueira, por

meio de um vídeo, mostra a história das pessoas com

deficiência desde o Descobrimento do Brasil até chegar aos

tempos da Educação Inclusiva. Depois aborda o conceito inclusivo no

âmbito legislativo e pedagógico.

https://www.youtube.com/watch?v=uIfzPlJ4Pqc

LEITURA COMPLEMENTAR

Livro Levados da Breca

http://www.aprendercrianca.com.br/transtorno-deficit-atencao-

hiperatividade

LEITURA COMPLEMENTAR

Declaração de Salamanca http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência

(Estatuto da Pessoa com Deficiência).

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

Site: Mitos e verdades sobre o TDAH.

Este site apresenta vários textos e artigos sobre TDAH um deles é este dos mitos e verdades sobre TDAH. http://neurosaber.com.br/materiais/

Na próxima unidade, serão propostos alguns encaminhamentos e sugeridas

algumas estratégias para se trabalhar no colégio as quais irão ajudar os professores e

todo os envolvidos no processo ensino aprendizagem na inserção do estudante TDAH e

no seu sucesso escolar, uma vez que muitos dos educandos TDAH acabam fracassando

em seus estudos por falta de entendimento que estes necessitam de um olhar inclusivo.

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UNIDADE III

ENCAMINHAMENTOS E ESTRATÉGIAS PARA

INSERÇÃO DO ALUNO COM TDAH

1 – TDAH E O AMBIENTE ESCOLAR

No ambiente escolar, as dificuldades do aluno com TDAH são manifestadas nas

atividades em grupos, quando o educando tem dificuldades de interagir com os colegas,

na falta de organização dos seus pertences, na dificuldade de terminar os trabalhos e as

atividades solicitadas. Segundo (BENCZIK, 2002, in ROHDE; MATTOS et al), “em geral, o

professor observa uma discrepância entre o potencial intelectual da criança e o

desempenho acadêmico da mesma, o que pode ocorrer mesmo entre crianças com

inteligência superior à média.”

Assim, um educando com TDAH deve frequentar uma escola que seja acolhedora,

preocupada com o desenvolvimento global dos seus discentes, que trabalhe de forma que

o desenvolvimento potencial de seu alunado seja valorizado, que respeite as diferenças,

que reforce os pontos fortes dos educandos e os auxiliem na superação dos pontos

fracos, pois estes necessitam de apoio e intervenções pedagógicas mais intensos.

(Rohde; Mattos et al, 2003, p. 204).

Nesta unidade, vamos apresentar algumas sugestões de encaminhamentos e

estratégias de ensino para os educando com TDAH, uma vez que este transtorno não

afeta somente o comportamento do estudante como também suas capacidades para a

aprendizagem, assim a escola precisa assumir seu papel de organizar processo de

ensino voltado a todos, favorecendo ao máximo a aprendizagem.

Para que isso ocorra, é necessário que direção, pedagogos, equipes

administrativas e professores se unam para planejar e implementar práticas que deem

conta da aprendizagem dos estudantes que se encontram sob sua responsabilidade.

Objetivo: Definir estratégias, encaminhamentos e materiais pedagógicos

que possam subsidiar o processo ensino-aprendizagem dos estudantes com

TDAH no Ensino Fundamental − Anos Finais

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2 – ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Para dar subsídios aos professores e demais envolvidos na aprendizagem dos

estudantes apresentamos a seguir algumas estratégias baseados na ABDA – Uma

conversa com educadores, estas estratégias fazem parte de um programa de treinamento

de manejo comportamental para professores e outros profissionais da área de educação,

desenvolvido pela Equipe do Projeto Inclusão Sustentável (PROIS).

Consequências do TDAH para a escolarização

Muitos estudos têm mostrado relações importantes entre o TDAH e uma

série de dificuldades na aprendizagem e no desempenho escolar. Estudos de

acompanhamento prospectivo demonstraram que o TDAH é fator de risco

para baixo desempenho acadêmico crônico e para altos índices de abandono

escolar. A maioria das suspensões e expulsões ocorrem com crianças com TDAH

e os adolescentes com TDAH apresentam maior risco de abandono escolar

ao longo do ensino fundamental ou de não continuidade após o ensino

fundamental, o que causa importante impacto ao longo da vida adulta na

autoestima, nas opções vocacionais e profissionais e na socialização dos

indivíduos. Por exemplo, nos Estados Unidos, encontrou-se que pelo menos

1/3 das crianças com TDAH foi ou será reprovado pelo menos uma vez ao

longo do ensino fundamental, e que a maioria das crianças com TDAH

apresenta desempenho acadêmico inferior à sua capacidade intelectual.

As dificuldades enfrentadas pelos alunos com TDAH na escola, muitas

vezes, são principalmente atribuídas às dificuldades comportamentais por

eles apresentadas. Mas, como descrito acima, as crianças com TDAH podem

apresentar comprometimentos em diversas funções psíquicas que contribuem

para o fracasso escolar.

“ENSINAR NÃO É TRANSFERIR CONHECIMENTO, MAS CRIAR POSSIBILIDADES

PARA SUA PRÓPRIA PRODUÇÃO OU A SUA CONSTRUÇÃO”

(PAULO FREIRE)

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RECEBENDO E ACOLHENDO O ALUNO

Identifique quais os talentos que seu aluno possui. Estimule, aprove, encoraje e ajude no desenvolvimento deste.

Elogie sempre que possível e minimize ao máximo evidenciar os fracassos.

O prejuízo à autoestima frequentemente é o aspecto mais devastador para o TDAH.

O prazer está diretamente relacionado à capacidade de aprender. Seja criativo e afetivo buscando estratégias que estimulem o interesse do aluno para que este encontre prazer na sala de aula.

Solicite ajuda sempre que necessário. Lembre-se que o aluno com TDAH conta com profissionais especializados neste transtorno.

Evite o estigma conversando com seus alunos sobre as necessidades específicas de cada um, com transtorno ou não.

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ORGANIZANDO O ESPAÇO – MONITORANDO O

PROCESSO

A rotina e organização são elementos fundamentais para o

desenvolvimento dos alunos, principalmente para os portadores de

TDAH. A organização externa irá refletir diretamente em uma maior

organização interna. Assim, alertas e lembretes serão de extrema

valia.

Quanto mais próximo de você e mais distante de estímulos

distratores, maior benefício ele poderá alcançar.

Estabeleça combinados. Estes precisam ser claros e diretos. Lembre-

se que ele se tornará mais seguro se souber o que se espera dele.

Deixe claras as regras e os limites inclusive prevendo consequências

ao descumprimento destes. Seja seguro e firme na aplicação das

punições quando necessárias, optando por uma modalidade

educativa, por exemplo, em situações de briga no parque, afaste-o do

conflito porém mantenha-o no ambiente para que ele possa observar

como seus pares interagem.

Avalie diariamente com seu aluno o seu comportamento e

desempenho estimulando a auto avaliação.

Informe frequentemente os progressos alcançados por seu aluno,

buscando estimular avanços ainda maiores.

Dê ênfase a tudo o que é permitido e valorize cada ação dessa

natureza.

Ajude seu aluno a descobrir por si próprio as estratégias mais

funcionais.

Estimule que seu aluno peça ajuda e dê auxílios apenas quando

necessário.

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PROCEDIMENTOS FACILITADORES

Estabeleça contato visual sempre que possível isto possibilitará uma maior sustentação da atenção.

Proponha uma programação diária e tente cumpri-la. Se possível,

além de falar coloque-a no quadro. Em caso de mudanças ou

situações que fogem a rotina, comunique o mais previamente

possível.

A repetição é um forte aliado na busca pelo melhor desempenho do

aluno.

Estimule o desenvolvimento de técnicas que auxiliem a memorização.

Use listas, rimas, músicas, etc.

Determine intervalos entre as tarefas como forma de recompensa

pelo esforço feito. Esta medida poderá aumentar o tempo da

atenção concentrada e redução da impulsividade.

Combine saídas de sala estratégicas e assegure o retorno. Para

tanto, conte com o pessoal de apoio da escola.

Monitore o grau de estimulação proporcionado por cada atividade.

Lembre-se que muitas vezes o aluno com TDAH pode alcançar um

grau de excitabilidade maior do que o previsto por você, criando

situações de difícil controle.

Adote um sistema de pontuação. Incentivos e recompensas, em

geral, alcançam bons resultados.

https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-professor-e-aluno-que-esto-no-quadro-negro-image53593421

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INTEGRANDO AO GRUPO

A integração ao grupo será um fator de crescimento. Esteja

atento ao grau de aceitação da turma em relação a este aluno.

Identifique possíveis parceiros de trabalho. Grandes conquistas

podem ser obtidas através do contato com os pares.

Sua capacidade de liderança, improviso e criatividade são

ferramentas que podem auxiliar no nivelamento da atenção do

grupo e em especial do aluno com TDAH. Use o humor sempre

que possível.

Fonte:https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-logotipo-da-educao-e-formao-image26193355

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REALIZANDO TAREFAS, TESTES E PROVAS

• As instruções devem ser simples. Tente evitar mais de uma

consigna por questão.

• Destaque palavras-chaves fazendo uso de cores, sublinhado

ou negrito.

• Estimule o aluno destacar e sublinhar as informações

importantes contidas nos textos e enunciados.

• Evite atividades longas, subdividindo-as em tarefas

menores. Reduza o sentimento de “eu nunca serei capaz de

fazer isso”.

• Mescle tarefas com maior grau de exigência com as de menor.

• Incentive a leitura e compreensão por tópicos.

• Utilize procedimentos alternativos como testes orais, uso do

computador, máquina de calcular, dentre outros.

• Estimule a prática de fazer resumos. Isto facilita a

estruturação das ideias e fixação do conteúdo.

• Oriente o aluno a como responder provas de múltiplas

escolhas ou abertas.

• Estenda o tempo para a execução de tarefas, testes e provas.

• A agenda pode contribuir na organização do aluno e na

comunicação entre escola e família.

• Incentive a revisão das tarefas e provas.

http://www.la-croix.com/Famille/Education/Handicap-travail-enseignants-tient-bricolage-heroique-2016-01-29-1200736172

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https://www.dreamstime.com/stock-photography-extended-family-group-looking-down-camera-

image14640362

CONTATO COM A FAMÍLIA, DEVERES E TRABALHOS DE

CASA

Mantenha constante contato com a família. Tente utilizar as

informações fornecidas por ela com o objetivo de compreender o

seu aluno melhor.

Procure nesses encontros enfatizar os ganhos e não apenas

pontuar as dificuldades.

Evite chamá-los apenas quando há problemas.

Ajude seu aluno a fazer um cronograma de tarefas e estudos de casa. Isto poderá contribuir para minimizar a tendência a deixar tudo para depois.

Tente anunciar previamente os temas e familiarizar o aluno com

situações que posteriormente serão vivenciadas.

Estimule a atividade física.

https://www.dreamstime.com/stock-photography-extended-family-group-looking-down-camera-image14640362

“Por melhor que seja uma escola, ela nunca vai suprir a carência

de uma família ausente. Portanto, a família deve participar de

verdade do processo educativo de seus filhos.” (Gabriel Chalita).

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Diante de todos os encaminhamentos e estratégias propostos nesta unidade e

pensando em sua prática profissional, propomos a seguir uma atividade para ser

realizada em grupos. Não esqueçam que os portadores de TDAH, possuem

características positivas que devem ser valorizadas, tais como: “bom nível intelectivo,

criatividade aguçada, grande sensibilidade, forte senso de intuição”.

TRABALHO EM GRUPO

Atividade

Entendendo a importância de a escola ser um espaço de inclusão e

sabendo que para contemplar esse desafio se faz necessário a capacitação de

professores e demais profissionais da educação para os mesmos tenham

subsídios para identificar, auxiliar e adotar estratégias que venham a contribuir

com o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes que apresentam TDAH,

propomos que vocês reflitam sobre as questões abaixo, e baseando-se nos

materiais estudados, materiais complementares sugeridos neste caderno e em sua

prática, registre suas respostas ou considerações em seu portfólio. Após

responderem será realizada uma roda de conversa para expor as discussões.

Quais as dificuldades de tornar a escola um espaço inclusivo?

Quando os estudantes com TDAH são identificados ou laudados, como

são atendidas suas dificuldades em sala de aula? Há um trabalho

diferenciado?

https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-aluno-que-levanta-mo-na-sala-de-aula-image50495622

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LEITURA COMPLEMENTAR

TEXTO: Sugestões Práticas : Transtorno de Déficit de

Atenção / Hiperatividade (TDAH): Orientações para a Família

Este artigo apresenta vários encaminhamentos para família e

escola no tratamento com a pessoa TDAH, além de trazer de forma muito clara o

que é o transtorno.

http://docplayer.com.br/8526533-Sugestoes-praticas-transtorno-de-deficit-de-

atencao-hiperatividade-tdah-orientacoes.html

Para trabalhar esta unidade de estudos será convidada a professora da sala de

recursos do Colégio Estadual Desembargador Clotário Portugal, a pedagoga Nayanna

Reinaldin Kuhlkamp, a qual poderá realizar uma roda de conversa com os professores

discutindo e sugerindo práticas para sala de aula em relação os TDAH.

http://pt.123rf.com/stock-photo/reuni%C3%83%C2%A3o.html?mediapopup=46746679

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UNIDADE IV

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E FLEXIBILIZAÇÃO

CURRICULAR

1 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA E FLEXIBILIZAÇÃO/ADAPTAÇÃO

CURRICULAR

Antes de falar sobre a educação inclusiva e a flexibilização/adaptação curricular, é

importante compreender o conceito de currículo.

O currículo pode ser considerado a identidade da escola, delineando o perfil de

cidadão que se deseja formar, a partir de uma concepção de homem capaz de construir

história. Deriva da palavra latina “currere”, que se refere à carreira, a um processo de

escolaridade dos indivíduos. Segundo Saviani (2011),

[...] Um currículo é, pois, uma escola funcionando, quer dizer, uma escola

desempenhando a função que lhe é própria.

Vê-se, assim, que para existir a escola não basta a existência do saber

sistematizado. É necessário viabilizar as condições de sua transmissão e

assimilação. Isso implica dosa-lo e sequenciá-lo de modo que a criança passe

gradativamente do seu não domínio ao seu domínio. Ora, o saber dosado e

sequenciado para efeitos de sua transmissão – assimilação no espaço escolar ao

longo de um tempo determinado, é o que nós convencionamos chamar de saber

escolar. (SAVIANI, 2011, p. 17).

Desta forma, tomando como base Demerval Saviani, que entende um currículo

por uma perspectiva crítica, deve-se questionar: O que ensinar? Para que ensinar? Para

quem ensinar? Como ensinar? Tais questionamentos nos remetem a uma reflexão sobre

a realidade particular de cada escola, como instituição inserida em um determinado

espaço social, espaço este que influencia e é influenciado pela escola.

Para Coll (1996, p. 33-45),

o currículo é um elo entre a declaração de princípios gerais e a sua tradução

operacional, entre a teoria educacional e a prática pedagógica, entre o

Objetivo: Apresentar estratégias e possibilidades de flexibilização curricular

para os estudantes com TDAH, a começar pelo Plano de trabalho docente.

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planejamento e a ação, entre o prescrito e o que realmente sucede nas salas de

aula [...] currículo é o projeto que preside as atividades educativas escolares,

define suas intenções e proporciona guias de ação adequadas e úteis para os

professores que são diretamente responsáveis por sua execução.

Já para Moreira (1997, p. 11-12, in Oliveira, 2008, p. 538), “não há consenso

sobre o que é currículo, sobretudo porque é um conceito relacionado a uma complexidade

de problemas e a uma construção cultural, histórica e socialmente determinada”.

A concepção de currículo do Projeto Politico Pedagógico do Colégio Macedo

Soares, exposta a seguir, mostra que o coletivo escolar está fundamentado em uma

concepção de currículo que valoriza o educando enquanto sujeito do processo ensino-

aprendizagem, de acordo com a base teórica proposta neste estudo.

O currículo é concebido enquanto uma instância dinâmica, alimentada pela

avaliação constante do processo de aprendizagem e do curso. Este modelo de

currículo dinâmico traz à tona não só os conceitos previamente selecionados pelo

professor, mas o conjunto de saberes presentes no contexto social que ganham

relevância na proposta de problemas contextualizados. Os problemas são

definidos a partir de objetivos e do conteúdo para promover a colaboração. Assim,

a aprendizagem não fica restrita ao conteúdo, mas é ampliada a partir da busca de

novas informações e interação para solução do problema, compõem-se pelos

objetivos definidos do curso e das disciplinas, pela seleção de experiências.(PPP,

Col. Est. Macedo Soares, 2015).

Ao conceber uma escola que visa à educação para todos os sujeitos respeitando

os diferentes tipos de aprendizagens, Carvalho (2010, p. 104-105) afirma que

Para assegurar e garantir que todos os aprendizes tenham experiências de

aprendizagens ricas, relevantes e adequadas às suas características individuais e

diferenciadas, há necessidade de flexibilizar a proposta curricular, especialmente

quando se trata de alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem porque

têm necessidades educacionais especiais (transitórias, ou não).

Com a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e seu

claro princípio inclusivo, fundamenta-se a implementação de currículos abertos e flexíveis,

capazes de atingir todos os educandos dos sistemas educacionais.

Em 2000, com a influência dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e de um

projeto do MEC denominado Projeto Escola Viva, composto por cinco cartilhas voltadas à

inclusão, “há uma clara orientação político-pedagógica para a implementação de

adaptações curriculares de grande porte e de pequeno porte como respostas educativas

do sistema que favoreciam a inclusão de todos os alunos [...]” (FLORIANI; FERNANDES,

[s/d], p. 5).

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De acordo com essas autoras, o termo adaptação “nos remete à ideia de ajuste

mecânico, físico, localizado”. Seria uma prática educativa voltada mais para o plano

individual e trabalhada mais nas salas de recursos multifuncionais. Já a flexibilidade

curricular está relacionada ao significado prático e instrumental dos conteúdos básicos e é

mais voltada ao grupo de estudantes, almejando um equilíbrio entre o comum e o

individual, numa perspectiva de modificação na forma de ensinar em sala de aula.

Para Carvalho (2010), as adaptações/flexibilizações curriculares “consistem em

modificações espontaneamente realizadas pelos professores e, também, em todas as

estratégias que são intencionalmente organizadas para dar respostas às necessidades de

cada aluno”, especialmente os que apresentam necessidades educacionais especiais e

transtornos funcionais específicos, entre estes os alunos com TDAH.

É nesse sentido que Manjon (1995), in Carvalho (2010), cita o conceito elaborado

pelo Ministério da Educação e Ciência da Espanha (1992):

Quando se fala de adaptações curriculares está se falando sobretudo e, em

primeiro lugar, de uma estratégia de planejamento e de atuação docente e, nesse

sentido, de um processo para tratar de responder ás necessidades de

aprendizagem de cada aluno (...) fundamentado em uma série de critérios para

guiar a tomada de decisões com respeito ao que é, ao que o aluno ou aluna deve

aprender, como e quando e qual é a melhor forma de organizar o ensino para que

todos saiam beneficiados (MANJON, 1995, p.81).

Nessa perspectiva, não se trata de o professor elaborar um currículo diferenciado

para os discentes que apresentam algum tipo de dificuldade, mas sim de fazer “nele

ajustes necessários (flexibilizações nos objetivos, conteúdos, metodologia de ensino,

temporalidade, e nas práticas de avaliação da aprendizagem) de modo a oferecer a todos

a verdadeira igualdade de oportunidades de construir conhecimentos” (CARVALHO,

2010, p. 105).

Por esse motivo a escola deve desenvolver um trabalho que reconheça os alunos

que possuem laudo de TDAH como sujeitos de direitos capazes de atingir um resultado

satisfatório em seu processo ensino-aprendizagem se forem respeitados dentro de seus

limites e potencialidades.

PARA PENSAR:

Consultar o texto: Práticas em educação especial e inclusiva na área da deficiência mental (MEC) Disponível em:

http://www2.fc.unesp.br/educacaoespecial/material/Livro10.pdf

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Para lembrar:

Para estruturar as flexibilizações na escola inclusiva é preciso que se reflita

sobre os possíveis ajustes relativos à organização didática. Qualquer adaptação

não poderá constituir um plano paralelo, segregado ou excludente. As

flexibilizações e/ou adequações da prática pedagógica deverão estar a serviço

de uma única premissa: diferenciar os meios para igualar os direitos,

principalmente o direito à participação, ao convívio. (Nova Escola)

A flexibilização curricular não se trata simplesmente em reduzir, suprimir

ou tornar os conteúdos empobrecidos. Pelo contrário, é preciso torná-los

mais significativos, mais próximos do contexto de vida do estudante,

podendo compactá-los ou ampliá-los, conforme for necessário. (Gestão

em Foco; SEED, p24)

As adequações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais

de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem

que e realize a adequação do currículo regular, quando necessário, para

torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades

especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável,

passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos.

Nessas circunstâncias, as adequações curriculares implicam a

planificação pedagógica e a ações docentes fundamentadas em critérios

que definem:

o quê o aluno deve aprender;

como e quando aprender;

que formas de ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem;

o quê, como e quando avaliar o aluno.

(MEC)

PARA SABER MAIS ...

http://acervo.novaescola.org.br/formacao/palavra-especialista-desafios-educacao-

inclusiva-foco-redes-apoio-734436.shtml?page=3

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/gestao_em_foco/edu

cacao_especial_unidade1.pdf

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf

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2 - A FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR NA PRÁTICA

Para que os estudantes com TDAH possam participar

integralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais com

resultados favoráveis, alguns aspectos precisam ser considerados, destacando-se entre

eles:

a preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores;

o apoio adequado e recursos especializados, quando forem necessários;

as adequações curriculares e de acesso ao currículo.

Apresentar em slides fragmentos do texto sobre Flexibilização Curricular de

LOPES, Esther disponível em:

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_esther_lopes.pdf

1ª Etapa: Formulação das adaptações curriculares

Para iniciar este trabalho o professor deve ter como referência, por um lado,

a situação do aluno, ou seja, um conhecimento exato de quais são as

potencialidades e dificuldades do aluno nas distintas áreas curriculares ou

dito de outro modo, quais são as necessidades educativas especiais do aluno

e por outro lado, a proposta curricular do seu grupo de referência (a

série/ciclo na qual o aluno está inserido). Com base nestas informações e

levando em conta os recursos disponíveis, o professor poderá decidir o tipo e

o grau de adaptações ou flexibilizações que seria conveniente pôr em

andamento para ajudar o aluno a progredir em sua aprendizagem.

2ª Etapa: Implementação das Adaptações Curriculares

Uma vez definidas as adaptações curriculares, o professor deverá buscar

estratégias que lhe permitam pô-las em prática, sem que isto implique deixar

de atender os demais alunos, pelo contrário, ele deve garantir que tais ações

conduzam ao enriquecimento da própria prática pedagógica e das experiências

de aprendizagem de todo o grupo.

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Após a leitura dos textos e discussões dos aspectos mais importantes da

flexibilização curricular, os professores deverão pensar em seus Planos de trabalho de

docente (PTD), em como estão organizados e se contemplam as adaptações necessárias

aos estudantes TDAH.

ATIVIDADE

Na intenção de iniciar um trabalho efetivo no que se refere à flexibilização curricular no Colégio Estadual Desembargador Clotário Portugal, os

professores deverão com base no quadro a seguir reescrever uma parte de seu PTD adequando às necessidades dos estudantes TDAH.

As adaptações sugeridas podem se referir a quaisquer dos itens abaixo: • Objetivos de ensino

• Conteúdo • Método de ensino

• Sistema de avaliação

http://pt.123rf.com/photo_38879760_educa%C3%A7%C3%A3o,-trabalho-em-equipe-e-as-pessoas-conceito---sorrindo-alunos-com-pap%C3%A9is-colocando-as-m%C3%A3os-em.html

3ª Etapa: Continuidade e Avaliação das Adaptações

Curriculares

No decorrer do processo ensino aprendizagem, o professor deverá verificar

se as adaptações estabelecidas para o aluno, com necessidades educativas

especiais, estão sendo eficazes, ou seja, se facilitam a aprendizagem, caso

contrário será necessário revisá-las, com vistas a mudanças pertinentes.

Quando as adaptações implicam em modificações nos conteúdos e objetivos

de aprendizagem é preciso avaliar o nível de sucesso alcançado pelo aluno

em função das referidas modificações e não em relação aos conteúdos

estabelecidos para a série/ciclo.

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As adaptações no nível de sala de aula estão basicamente relacionadas à:

Objetivos - o professor pode investir mais tempo, ou utilizar maior variedade de

estratégias pedagógicas na busca de alcançar determinados objetivos,

em detrimento de outros, menos necessários, numa escala de

prioridade estabelecida a partir da análise do conhecimento já

apreendido pelo aluno, e do grau de importância do referido objetivo

para o seu desenvolvimento e a aprendizagem significativa do aluno.

- eliminação de determinados objetivos ou conteúdos, cuidando para

que não sejam aqueles considerados básicos. Estas adaptações se

referem aos ajustes que o professor pode fazer nos objetivos

pedagógicos constantes de seu plano de ensino. Consistem em

modificações organizadas para dar respostas às necessidades de cada

aluno, em especial daqueles que apresentam dificuldades de

aprendizagem, decorrentes ou não de deficiência. Ressalta-se a

necessidade de cuidado e conhecimento suficientes para não ocorrer o

empobrecimento do currículo oferecido ao aluno, por conta das

adaptações que se está propondo.

Conteúdos - os tipos de adaptação de conteúdo podem ser a priorização de tipos

de conteúdos, a priorização de áreas ou unidades de conteúdos, a

reformulação da sequência de conteúdos, ou ainda, a eliminação de

conteúdos secundários, acompanhando as adaptações propostas para

os objetivos educacionais.

Metodologia

e

Organização

Didática

- adaptar o método de ensino às necessidades de cada aluno é, na

realidade, um procedimento fundamental na atuação profissional de

todo educador, já que o ensino não ocorrerá, de fato, se o professor

não atender ao jeito que cada um tem para aprender. Faz parte da

tarefa de ensinar procurar estratégias que melhor respondam às

características e às necessidades peculiares de cada aluno. Muitas

vezes, para responder efetivamente às necessidades educacionais

especiais de alunos, faz-se necessário modificar os procedimentos de

ensino, tanto introduzindo atividades alternativas às previstas, como

introduzindo atividades complementares àquelas que havíamos

originalmente planejado.

- a seleção de um método mais acessível para o aluno;

- a introdução de atividades complementares que requeiram habilidades

diferentes ou a fixação e consolidação de conhecimentos já ministrados

– utilizadas para reforçar ou apoiar o aluno, oferecer oportunidades de

prática suplementar ou aprofundamento. São facilitadas pelos trabalhos

diversificados, que se realizam no mesmo segmento temporal;

- a introdução de atividades prévias que preparam o aluno para novas

aprendizagens à introdução de atividades alternativas além das

planejadas para a turma, enquanto os demais colegas realizam outras

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Metodologia

e

Organização

Didática

atividades. É indicada nas atividades mais complexas que exigem uma

sequênciação de tarefas;

- a alteração do nível de abstração de uma atividade oferecendo

recursos de apoio, sejam visuais, auditivos, gráficos, materiais

manipulativos etc.;

- a alteração do nível de complexidade das atividades por meio de

recursos do tipo: eliminar partes de seus componentes (simplificar um

problema matemático, excluindo a necessidade de alguns cálculos, é

um exemplo); ou explicitar os passos que devem ser seguidos para

orientar a solução da tarefa, ou seja, oferecer apoio, especificando

passo a passo a sua realização;

Materiais - a adaptação do material pedagógico propicia a interação, convivência,

autonomia e independência nas ações; aprendizado de conceitos,

melhoria de autoestima e afetividade do aluno com necessidades

educacionais especiais, bem como favorece o aprendizado dos demais

alunos da turma, que eles tiverem acesso ou necessitar utilizar.

Avaliação - propor modificações sensíveis na forma de apresentação das técnicas

e dos instrumentos de avaliação, a sua linguagem, de um modo

diferente dos demais alunos de modo que atenda às peculiaridades dos

que apresentam necessidades especiais.

O documento do MEC/SEESP (2000) nos apresenta alguns exemplos

de ajustes possíveis e necessários, tais como:

• utilizar diferentes procedimentos de avaliação, adaptando-os aos

diferentes estilos e possibilidades de expressão dos alunos;

• possibilitar que o aluno com severo comprometimento dos

movimentos de braços e mãos se utilize do livro de signos

para se comunicar, em vez de exigir dele que escreva com

lápis, ou caneta, em papel;

• Julgamos importante reforçar que as adaptações feitas, neste item da

proposta curricular, devem estar diretamente relacionadas com os

objetivos e os conteúdos estabelecidos.

Espaço físico

e

Organização

tempo

- alteração no tempo previsto para a realização das atividades ou

conteúdos;

- ao período para alcançar determinados objetivos.

O vídeo a seguir, também pode ser usado como base para a atividade proposta

nesta unidade.

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VÍDEO AULA: “Adaptações curriculares como operacionalizá las” com a professora Maria de Fátima Minetto Caldeira Silva disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=D2R_1bCyTxA

Neste vídeo (32 min) a professora faz uma retomada

sobre o conceito de currículo, as formas de adaptações curriculares e o papel do professor no processo.

Para finalizar propor que os professores realizem uma avaliação desta

formação em serviço, evidenciando como as discussões e reflexões realizadas refletem

nas práticas pedagógicas e na construção de uma escola inclusiva.

Neste momento cada um deverá apresentar seu portfólio com o material de

todo o curso.

“Crianças são como borboletas ao vento...

algumas voam rápido... algumas voam pausadamente... mas todas voam do seu

melhor jeito. Cada uma é diferente, cada uma é linda e cada uma é especial”

(autor desconhecido)

PLENÁRIA

Após a elaboração do PTD, cada professor

deverá apresentá-lo para o grande grupo, neste

momento serão compartilhadas e discutidas as

alterações que cada um realizou.

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