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TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PARA PESSOAS COM ANEMIA FALCIFORME

Sandra Maria Ferraz Mello • Doutora em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas

• Mestre em Odontologia

• Especialista em Odontologia para Pacientes Especiais e Gerontologia

• Pós-graduada em Odontologia Hospitalar – Hospital Santa Catarina/ SP

• Docente do curso de Odontologia – UFBA/UNIME

• Área Técnica de Saúde Bucal - SESAB

Posição 6 da cadeia β da HEMOGLOBINA

Mutação do cromossomo 11

BOTELHO et al., 2009; LORENZI, 2006; NUZZO E FONSECA, 2004.

DOENÇA FALCIFORME (DF)

BRASIL. MS, 2017. Disponível em http://www.blog.saude.gov.br/index.php/agendams/2011?view=archive&month=9. Acesso em 30/06/2017.

DOENÇA FALCIFORME

Anemia hemolítica crônica

Obstrução de vasos sanguíneos com crises dolorosas.

Enfartamento e necrose em diversos órgãos.

Falcização das

hemácias

CORDEIRO et al., 2003

DOENÇA FALCIFORME

INCIDÊNCIA DA DF

Fonte: Portal da Saúde - Programas Estaduais de Triagem Neonatal, 2013.

ESTADO PROPORÇÃO

Bahia 1:17

Rio de Janeiro 1:20

Pernambuco, Maranhão

1:23

Espírito Santo, Goiás

1:25

Minas Gerais 1:30

São Paulo 1:35

Rio Grande do Sul

1:65

Incidência de nascidos vivos com Traço Falciforme

Fonte: VII Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme, 2013.

ANEMIA FALCIFORME (AF)

SESAB, 20 de Agosto de 2012

AA AS AA AS SS

DIAGNÓSTICO DA AF

• Laboratorial - exame de eletroforese de hemoglobina.

• “Teste do pezinho” – para recém nascidos com até 04 (quatro) meses de vida e até o 5º (quinto) dia útil de vida da criança.

AVC

Cardiopatia

Retinopatia

Nefropatia

Necrose óssea avascular

Priapismo

Hipogonadismo

Hipertensão pulmonar

Síndrome mão-pé

Febre

Suscetibilidade aumentada a infecções

Hipoesplenismo

Úlceras maleolares

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Osteomielite

Compl. Hepatobiliares

VASO-OCLUSÃO

CRISES ÁLGICAS

Síndr.Torác. Aguda

Alterações e Complicações Bucais

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DOS PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME

MANIFESTAÇÕES BUCAIS

• palidez da mucosa pela anemia crônica ou icterícia resultante da hemólise;

• atraso da erupção dos dentes;

• alterações das células da superfície da língua;

• transtornos na mineralização do esmalte e da dentina

Paciente ,11 anos e 8 meses, sexo masculino, ainda apresentava os incisivos laterais inferiores decíduos, devendo ter sua esfoliação, geralmente, a partir dos 7 anos .

Atraso na Irrupção

Calcificação da Câmara Pulpar

Imagem sugestiva de necrose pulpar em paciente falcêmico, sendo descoberto por alteração na coloração.

A câmara pulpar mostra calcificações semelhantes a dentículos, resultado de trombose dos vasos sangüíneos que irrigam a área afetada.

Carr, 1993

Opacidade dentária: 67% Okafor, 1986

MANIFESTAÇÕES BUCAIS

Mais susceptíveis a infecções, a doença periodontal e ao desenvolvimento da cárie dentária, devido a vários fatores específicos como:

alterações de formação e de calcificação do esmalte/dentina

(alta prevalência de opacidades dentárias);

uso frequente e contínuo de medicamentos contendo sacarose;

alta frequência de intercorrências e de internações acarretadas

pela ausência de higiene oral adequada.

Alterações Periodontais

* PERIODONTITE *Adolescentes Nigerianos: > prevalência e aumento na severidade da doença periodontal. Birshop et al., 1996; Arowojohu, 1999.

Infecção Crônica → fator de risco para eventos tromboembolíticos e aterosclerotícos. Promove uma carga de endotoxinas (lipopolissacarídeos) e citocinas inflamatórias.

Beck et al., 1998

Estímulo Inflamatório para precipitar a crise.

DOENÇA PERIODONTAL

Cárie Dental

Susceptibilidade * CPO-D 21 % mais alto * Acima de 20 anos (P:40; C:20; O:3,5) * > Prevalência de cárie dental em crianças com AF

Laurence, 2002; Fukuda, 2005; Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2005

1

• Hiperplasia compensadora dos espaços medulares

2 • Expansão de maxila

3 • Maloclusão

4

• Protrusão maxilar - 35% (aumento na atividade da MO)

5 • Diastemas: 27%

MÁ OCLUSÃO

ALTERAÇÕES RADIOGRÁFICAS NOS MAXILARES

• Trabéculas ósseas: nº pode estar reduzido; parecem grosseiras e nitidamente definidas; horizontais, proeminentes entre os dentes, conferem o aspecto de uma escada.

• Atraso na erupção dentária ou um grau de periodontite incomum.

• Possibilidade do desenvolvimento precoce de deformidades cranianas, tal como turricefalia (alteração no fechamento das suturas frontoparietal e parietoccipital).

RODRIGUES MJ, MENEZES VA de, LUNA ACA, 2013

• Perda da trabeculagem dando a imagem de espaços medulares grandes e irregulares (maior no osso alveolar)

• Hipercementose

• 79% a 100% dos pacientes com DF apresentam menor densidade óssea na maxila e mandíbula.

Cordeiro et al., 2003

Osteoporose generalizada de leve

a grave

Crises

Vasoclusivas

COMPLICAÇÕES BUCAIS

Parestesia Labial e Neuropatia do Nervo Mandibular

• A perda da sensação provavelmente se deve a uma isquemia no suprimento sanguíneo.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

• Isquemia no suprimento sanguíneo para o nervo alveolar inferior, sendo altamente dolorosa, normalmente resulta em parestesia do lábio, devido à vasoclusão.

• A retomada da sensação pode ser lenta, podendo levar até 18 meses.

Osteomielite Mandíbula: > risco Anemia falciforme: 100 vezes mais frequente e 29% desses pacientes apresentam pelo menos um episódio de osteomielite durante sua vida. Sinais e sintomas: febre e dor localizada, exsudato no sulco gengival, edema facial, linfoadenopatia.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

• Vasoclusão da microcirculação da polpa dental pelas células falciformes, durante uma crise falcêmica, pode resultar em dor (pulpite) na ausência de qualquer patologia dental e levar à necrose pulpar em dentes hígidos.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007; Andrews, J. End., 1983;

Necrose Pulpar Assintomática

Dor Orofacial

- Risco 9 vezes > de experimentar a dor na área maxilofacial, sendo esta mais frequente e de maior duração.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

– Dor de dente sem patologia, associada -acima de 16 anos; – Dor na maxila e mandíbula-rara em pacientes jovens. Cox, Oral Surg, 1984

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO

o Anamnese:

o Crises

o Transfusões

o AVC

o Infecções

o Período crônico

o Anestesia (local)

o Antibioticoprofilaxia

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007; BOTELHO et al, 2009.

ANESTESIA

• Devem ser sempre utilizadas, com o anestésico indicado, tanto

na forma infiltrativa como na regional, sem nenhum problema

para o paciente falcêmico.

• A prilocaína deve ser evitada pelo risco de causar

metemoglobinemia.

• O uso de vasoconstrictor está relacionado às condições

sistêmica.

Haddad, 2007; Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2005

Terapia Medicamentosa

Antibióticos

Antibiótico terapêutico está indicado para os casos de infecção já instalada.

A profilaxia com antibiótico não deverá ser empregada em intervalos menores que 15 dias.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

MINISTÉRIO DA SAÚDE , 2007

Crianças de até 5 anos que fazem uso regular de penicilina via oral ou parenteral, não há necessidade de ser submetido a profilaxia antibiótica.

Antibiótico Profilático

Antibiótico Profilático (Alergias)

Medicamento Adultos Crianças (maiores de 5 anos)

Indicação

Eritromicina 500mg ou 250mg

500mg, via oral, 01h antes do procedimento

250mg - 40mg/Kg, via oral, 1h antes do procedimento (dose máxima de 2g

•Polimentos coronários em pacientes com gengivite •Raspagens supragengivais e subgengivais •Extrações de dentes decíduos/permanente •Pulpotomias e pulpectomias •Cirurgias bucais.

Azitromicina ou Claritromicina 500mg

500mg, via oral, uma hora antes do procedimento

15mg/kg, que não deve exceder a dose do adulto, por via oral, uma hora antes do procedimento.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007

Terapia Medicamentosa

ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL

• Procedimento deve ser realizado na 1ª consulta do

tratamento:

• RAR supragengival; tratamento restaurador atraumático

(ART), com selamento das cavidades com CIV e polimento

coronário. Os restos radiculares e os bordos dos

remanescentes coronários devem ser arredondados para não

causarem feridas nos tecidos moles.

• Caso haja inflamação gengival acentuada, que provocará

sangramento considerável diante da raspagem e do polimento

coronário, deve-se fazer antibioticoterapia profilática.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS

Orientação de Higiene Oral (OHO):

- Flúor

- Nutrição e dieta

- Aplicação de selantes

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

TRATAMENTO CIRÚRGICO

Pré-operatório: - orientar o paciente a estar acompanhado e bem alimentado

no dia da cirurgia;

- cirurgião-dentista e hematologista devem avaliar o paciente;

- realizar radiografias, considerando-se a sua qualidade, a

relação das raízes com o seio maxilar e o canal alveolar

inferior, o nº de raízes, a posição e tamanho das raízes, a

existência de reabsorção, a existência de tratamento

endodôntico, a perda de osso alveolar e a densidade óssea;

- prescrever antibioticoterapia profilática e,

- planejar o ato cirúrgico. Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2005

Trans-operatório ou ato cirúrgico:

- realizar bochecho com clorexidina a 0,12%;

- fazer a anti-sepsia do campo operatório;

- anestesiar o paciente através da técnica infiltrativa ou

regional;

- realizar a exodontia da forma mais atraumática possível;

- curetar o alvéolo com o intuito de se remover cistos, tecido

de granulação.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2005

Pós-operatório:

- prescrição de analgésico;

- prescrição de antibiótico;

- dar orientação por escrito;

- remover a sutura no 8º dia após a cirurgia.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

TRATAMENTO PERIODONTAL

Terapia principal – antiinfecciosa com o paciente fora de crises

falcêmicas e controlado em relação a sua condição sistêmica.

Realizar raspagens supra e subgengivais e alisamento

radicular com a devida antibioticoprofilaxia.

Paciente controlado em relação à infecção no momento do

reexame, o torna apto para realizar extrações e tratamentos

endodônticos complementares, cirurgias periodontais e

tratamento restaurador e protético definitivo.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

TRATAMENTO ENDODÔNTICO

• Pulpotomia, biopulpectomia e necropulpectomia – realizados

com antibioticoprofilaxia.

• Técnica para a terapia endodôntica – rigorosamente respeitada

a antissepsia da cavidade bucal (clorexidina a 0,12%), anestesia,

isolamento absoluto, remoção de tecido cariado, acesso,

limpeza da cavidade, modelagem e obturação do sistema de

canais radiculares.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

TRATAMENTO RESTAURADOR E REABILITADOR (PROTÉTICO)

• Técnicas odontológicas rotineiras.

• Instrução de higiene oral, controle da dieta, terapia com flúor e

intervenção em aspectos do hospedeiro fazem parte do

tratamento reabilitador.

• Cuidados com o uso da caneta de alta rotação, matrizes e cunhas

para não lesar tecidos moles, evitando infecções.

• Controle da doença cárie e dos trabalhos reabilitadores - através

de consultas de manutenção.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

TRATAMENTO ORTODÔNTICO

Não há contraindicações mas requer cuidados. Os aparelhos ortodônticos devem ser planejados de modo a não

provocar irritações ou traumas nos tecidos moles. Forças ortodônticas ou ortopédicas intensas (ancoragem extra-oral

ou disjunção maxilar) - requerem um manejo mais cuidadoso e o uso de forças leves e continuas, com espaço para ativação de no mínimo 3 semanas.

Atentar para as peculiaridades fisiopatológicas da doença: • possibilidade de necrose pulpar envolvendo dentes sadios • mudanças ósseas durante os movimentos ortodônticos • episódios de dor mandibular • maior susceptibilidade a infecções.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

IMPLANTES DENTÁRIOS

• Contra-indicação relativa em virtude de possíveis riscos de complicações ósseas.

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

CONTROLE E MANUTENÇÃO

Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme, 2007

A continuidade dos cuidados evita complicações na cavidade bucal, importantes para contribuir com a sua saúde em geral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

• A Anemia Falciforme é uma doença crônica incurável, mas tratável, devendo ser detectada no recém-nascido para prevenção e controle, minimizando sofrimento aos seus portadores.

• O tratamento odontológico deve ser realizado no período crônico da doença.

• O cirurgião-dentista desempenha um papel importante na prevenção das complicações e infecções, proporcionando melhoria na qualidade de vida dos paciente falcêmicos.

REFERÊNCIAS Botelho DS, Vergne AA, Bittencourt S, Ribeiro EDP. Perfil sistêmico e conduta odontológica em pacientes com anemia falciforme. Recife: Int J Dent 2009 Jan/Mar; 8(1): 28-35.

Birshop K. et al. Oral complications associated with sickle cell anemia. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol endod, v. 82, n.6, p. 225-228, Aug. 1996.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual de Saúde Bucal na Doença Falciforme. Disponível em: http://www.saude.gov.br/editora. Acesso em: 25/05/2010.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual da anemia falciforme para a população / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007.

Carr MM. Dental management of patients with sickles cell anemia. J. Can. Dent. Ass., [S.l.], v. 59, n. 2, p. 180-182, 1993.

Cordeiro MS et al. Anemia falciforme – aspectos clínicos, laboratoriais e radiográficos de interesse para o cirurgião – dentista. Revista do CROMG: vol. 9, nº 2 – Abril/Maio/Junho – 2003.

REFERÊNCIAS Hosni JS, Fonseca MS, Silva LCP, Cruz RA. Protocolo de atendimento odontológico para paciente com anemia falciforme. Minas Gerais: Arq bras odontol 2008; 4(2): 104-12. Lorenzi TF. Manual de Hematologia: Propedêutica e Clínica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. Nuzzo DVPD, Fonseca SF. Anemia falciforme e infecções. Rio de Janeiro: J Pediatr 2004; 80(5): 347-54. RodrigueS MJ, Menezes VA de, Luna ACA. Saúde bucal e anemia falciforme. RGO - Rev Gaúcha Odontol., Porto Alegre, v.61, suplemento 0, p. 505-510, jul./dez., 2013 Mello SMF, Araújo RPC, Alves C. Oral Considerations in the Management of Sickle Cell Disease: A Case Report. OHDM - Vol. 11 - No. 3 - September, 2012. Verrastro T, Lorenzi TF, Neto SW. Hematologia e Hemoterapia: Fundamentos de morfologia, fisiologia, patologia e clínica. 1ª ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2006.

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