50
FERNANDA MARIA MARTINS TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS- MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 UBERABA 2017

TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

  • Upload
    hahanh

  • View
    228

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

FERNANDA MARIA MARTINS

TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA

ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS-

MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

UBERABA

2017

Page 2: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Fernanda Maria Martins

TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA

ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS-

MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Educação Física, área de

concentração “Educação Física,

Esporte e Saúde” (Linha de

pesquisa: Exercício Físico, Ajustes

e Adaptações Neuromusculares,

Cardiorrespiratórias e Endócrino-

metabólicas.), da Universidade do

Triângulo Mineiro, como requisito

parcial para obtenção do título de

mestre.

Orientador: Dr. Fábio Lera Orsatti

UBERABA

2017

Page 3: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação
Page 4: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

Fernanda Maria Martins

TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA

ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS-

MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física, área de concentração “Educação Física, Esporte e Saúde” (Linha de pesquisa: Exercício Físico, Ajustes e Adaptações Neuromusculares, Cardiorrespiratórias e Endócrino-metabólicas.), da Universidade do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do título de mestre.

Aprovada em 21 de fevereiro de 2017

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Fábio Lera Orsatti – Orientador

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Prof. Dr. Jair Sindra Virtuoso Júnior

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Prof. Dr. Erick Prado de Oliveira

Universidade Federal de Uberlândia

Page 5: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela

oportunidade e força durante realização desta etapa. A

toda minha família, em especial meus pais (Maria

Auxiliadora Machado Martins e Luiz Carlos Martins)

pelo amor, apoio, compreensão e dedicação durante

toda a minha vida, obrigada por sempre acreditarem

em mim. Aos meus irmãos, Fabiana Maria Martins e

Fábio Marcos Martins, pelo amor, companheirismo e

incentivo durante a realização desta pesquisa. E aos

meus amigos, Fernanda Gabriela Martins Gonçalves,

Mariana Cecílio, Josy Murcia, Alexandre de Freitas e

Kermit Júnior por estarem sempre ao meu lado, me

ouvindo e aconselhando nos momentos mais difíceis.

Page 6: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

AGRADECIMENTOS

Ao professor Fábio Lera Orsatti, pela oportunidade de fazer parte do seu

grupo de pesquisa, por acreditar e confiar no meu trabalho. Pela paciência, pela

partilha de conhecimento e pelos ensinamentos que auxiliaram no meu

amadurecimento profissional.

A todos os integrantes do BioEx, Aletéia de Paula Souza, Paulo Ricardo

Prado Nunes, Marcelo Augusto da Silva Carneiro, Anselmo Alves de Oliveira,

Cristiane Maria de Castro Franco, Gederson Kardec Gomes, Jairo de Freitas

Rodrigues de Souza, Thalles Racine Gonçalves Bernardes da Silva, Weverton

Fonseca Soares, Vitor Lopes Soares e Gersiel de Oliveira pelas ajudas durante o

desenvolvimento do projeto de pesquisa e pelos momentos de descontração.

À professora Dra. Marcia Antoniazi Michelin pela confiança e por conceder o

espaço de seu laboratório, Instituto de Pesquisa em Oncologia, para a realização

das coletas de dados.

À professora Dra. Elizabete Aparecida M. R. de Resende pela ajuda,

confiança e por auxiliar na realização dos exames sanguíneos.

Ao Professor Dr. Erick Prado de Oliveira pelas contribuições na área de

nutrição e pelas considerações durante a escrita dos artigos científicos.

Às nutricionistas e pós graduandas em Ciência da Saúde da UFU, Paula

Nahas, Luana Thomazetto Rossato e Flávia De Branco pela ajuda durante as

coletas dos dados nutricionais, pela amizade e momentos de descontração.

Às funcionárias da Pós-Graduação Angélica Fatureto e Ana Lúcia de

Figueiredo, obrigada pela atenção e eficiência.

Aos funcionários da limpeza da Pós-Graduação, obrigada por sempre

manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação e a quadra de

esportes.

As voluntárias da pesquisa, obrigada pelo confiança, comprometimento e

carinho com o estudo.

Enfim, a todos aqueles que contribuíram com a minha formação e

amadurecimento profissional, o meu muito obrigado!

Page 7: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

"Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes."

Isaac Newton

Page 8: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

RESUMO

A menopausa está associada às alterações na composição corporal e aumentos dos

marcadores inflamatórios. A inflamação crônca causa resistência insulínica e

diabetes. Em contrapartida, o treinamento combinado (COM) é capaz de prevenir ou

melhorar a inflamação crônica e distúrbios metabólicos em idosos. No entanto, COM

apresenta longa sessão de duração e a falta de tempo é uma razão comum para

não praticar exercício. Sendo assim, o treinamento intervalado de alta intensidade

(HIIT) surge como uma proposta de tratamento tempo-eficiente. Porém, existem

poucos estudos que apoiam o HIIT como estratégia de intervenção em idosos, além

disso, não há estudos que compararam HIIT com o COM. Portanto, o objetivo do

estudo foi avaliar se o HIIT é uma estratégia tempo-eficiente, comparado ao COM,

capaz promover adaptações positivas sobre a composição corporal, força muscular

e marcadores inflamatórios e de resistência à insulina (RI) em mulheres na pós-

menopausa (PM) com alto risco de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Finalizaram o

estudo 16 mulheres na PM distribuídas aleatoriamente em dois grupos: COM (n=8) e

HIIT (n=8). Os protocolos foram realizados três vezes por semana durante 12

semanas. A composição corporal foi determinada utilizando DEXA. Os indicadores

metabólicos foram determinados por métodos automatizados e os indicadores

inflamatórios por método de imunoensaio enzimático. Ambos os grupos

apresentaram aumento significativo (P<0,05) no índice de massa muscular (IMM) e

IL1ra. Houve diminuição significativa (P< 0,05) na glicose de jejum, HbA1c, insulina,

HOMA-IR e MCP-1 (tendência para MCP-1; P = 0,056) em ambos os grupos. Os

efeitos do HIIT foram estatisticamente (P> 0,05) indistinguíveis dos efeitos do COM.

Apenas o COM aumentou a força muscular e o HIIT aumentou a IL-6. Foram

observadas correlações negativas entre as alterações na IL-6 com as alterações na

insulina e HOMA-IR (P <0,05), apenas no grupo HIIT. Os achados sugerem que

protocolo HIIT é uma estratégia de tratamento tempo-eficiente alternativo capaz de

promover a melhorias na massa muscular, RI e marcadores inflamatórios em

mulheres na PM com alto risco de DM2.

Palavras chave: Exercício Físico. Hemoglobina Glicada. Inflamação. Pós-

menopausa.

Page 9: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

ABSTRACT

Menopause is associated with changes in body composition and increases in

inflammatory markers. The chronic inflammation cause insulin resistance and

diabetes. In contrast, combined training (COM) is able to prevent or ameliorate

chronic inflammation and metabolic disorders in elderly. However, the COM presents

a long period session which may be a common reason to people not do exercise due

to lack of time. Thus, high-intensity interval training (HIIT) appears as a proposal for a

time-efficient treatment. However, there are few randomized controlled trials to

support the HIIT as alternative time-efficient treatment strategy in older adults, mainly

in older women at risk for metabolic disorders. The objective was compared the

effects of an adapted HIIT protocol with a COM protocol on body composition and

muscle strength and insulin resistance and inflammatory markers in postmenopausal

women (PW) with high risk for type 2 diabetes mellitus (TDM2). Sixteen PW high risk

for TDM2 were divided into two groups: HIIT (n=8) and COM (n=8). Both groups

performed a three–day-a-week routine for 12 weeks. The body composition was

measured using DXA. The blood indicators were measured by automated methods

and inflammatory makers were measured by markers enzyme-linked immunesorbent

assay. Both groups led to significant (P < 0.05) increase in muscle mass index (MMI)

and IL1ra and significant decrease in fasting glucose, HbA1c, Insulin, HOMA-IR and

MCP-1 (trend to MCP-1, P = 0.056). The effects of HIIT were statistically (P > 0.05)

indistinguishable from the effects of COMT. There were significant (P < 0.05)

interactions of time by groups in muscle strength, indicating that only the COMT

increased muscle strength. In HIIT, a significant increase in IL-6 was noted from pre-

training to post-training. Negative correlations were observed between the changes

in IL-6 with the changes in insulin and HOMA-IR (P < 0.05) only in HIIT group. The

results of the present investigation suggest that the adapted HIIT protocol is an

alternative time-efficient treatment strategy to improve muscle mass, insulin

resistance, and inflammatory markers in PW with high risk for TDM2.

Key words: Physical Exercise. Glycated Hemoglobin. Inflammation.

Postmenopause.

Page 10: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

LISTA DE SIGLAS

AMPK- proteínas quinases ativadas por mitógeno

CHO / Weight- Ingestão de carboidrato/ peso corporal

COM- Treinamento combinado

DHEA-S- Sulfato de dehidroepiandrosterona

DM2- Diabetes mellitus tipo 2

E/PC- Ingestão de energia/ peso corporal

E2- Estradiol

FCmáx- Frequência cardíaca máxima

FSH- Hormônio folículo-estimulante

% G – percentual de gordura corporal

GLP1- peptídeo semelhante a glucagon 1

HbA1c - Hemoglobina glicada

HIIT- Treinamento intervalado de alta intensidade

HOMA-IR - Modelo de avaliação da homeostase

IL1-ra- Interleucina 1 (receptor antagonista)

IL-6- Interleucina-6

IMC- Índice de massa corporal

LH- Hormônio luteinizante

LPD/ Weight- Ingestão de lipídios / peso corporal

MCP-1- Proteína quimiotática de monócitos-1

MMI- Índice de massa muscular

PCR- Proteína C reativa

PM- Pós-menopausa

Page 11: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

PTN /Weight- - Ingestão de proteína / peso corporal

1RM- Uma repetição máxima

RI- Resistência Insulínica

T4- Tetraiodotironina

TPM- tempo pós-menopausa

TH- Terapia hormonal

TS- Tempo sentado

Page 12: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 MENOPAUSA, INFLAMAÇÃO E DIABETES ................................................... 13

1.2 TREINAMENTO COMBINADO (COM) ............................................................ 15

1.3 TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE (HIIT) .................. 16

1.4 EXERCÍCIO FÍSICO, INFLAMAÇÃO E DIABETES ......................................... 18

1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 19

1.6 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19

1.6.1 Objetivo geral ........................................................................................... 19

1.6.2 Objetivos específicos .............................................................................. 20

2 MÉTODOS ............................................................................................................. 20

2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO....................................................................... 20

2.2. AVALIAÇÕES ................................................................................................. 23

2.2.1 Anamnese ................................................................................................. 23

2.2.2 Avaliação antropométrica e da composição corporal .......................... 23

2.2.3 Hábitos alimentares ................................................................................. 24

2.2.4 Tempo sentado ........................................................................................ 24

2.2.5 Teste de uma repetição máxima (1 RM) ................................................. 24

2.2.6 Processamento e análises das amostras sanguíneas ......................... 25

2.2.7 Método colorimétrico automatizado - glicose, hemoglobina glicada e

proteína c reativa .............................................................................................. 26

2.2.8 Método eletroquimioluminescencia – tetraiodotironina, insulina,

sulfato de deidroepiandrosterona, estradiol, hormônio luteinizante e

testosterona ...................................................................................................... 26

2.2.9 Método Elisa (imunoensaio enzimático) – citocinas: interleucina 1-ra

(IL1-ra), interleucina-6 (IL-6) e proteína quimiotática de monócitos-1 (MCP-

1). ....................................................................................................................... 27

2.2.10 Modelo de avaliação da homeostase (HOMA-IR) ................................ 27

2.3 PROTOCOLO DE TREINAMENTO ................................................................. 27

2.3.1 Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) .............................. 28

2.3.2 Treinamento combinado (COM) .............................................................. 29

2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 31

3 RESULTADOS ....................................................................................................... 31

4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 37

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43

Page 13: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43

ANEXO A: Low physical function is associated with insulin resistance markers

in obesity postmenopausal women……………………………………………..…….50

ANEXO B: Hiit is a time-efficient strategy to improve muscle mass and

inflammatory and insulin resistance markers in postmenopausal women with

high risk for type 2 diabetes mellitus………….…………………………..………….69

Page 14: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

13

1 INTRODUÇÃO

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estimou, em 2013, 11.933.580

pessoas, na faixa etária de 20 a 79 anos, diagnosticadas com diabetes no Brasil

(SOCIEDADE BARSILEIRA DE DIABETES, 2015). O número de diabéticos está

aumentando devido ao crescimento e envelhecimento da população. Um estudo

multicêntrico relatou o aumento de 6,4 vezes na incidência de diabetes provocada

pelo processo de envelhecimento (MALERBI; FRANCO, 1992). As mulheres são

mais acometidas pela doença, sendo a prevalência de 7,0% nas mulheres e de 5,4%

nos homens (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, 2014). A diabetes mellitus

tipo 2 (DM2) é a forma mais prevalente da doença e caracteriza-se pela

hiperglicemia provocada pela deficiência na ação e/ou secreção da insulina

(CHENG, 2005).

A DM2 está entre os principais problemas de saúde pública e proporciona alto

gasto econômico aos órgãos públicos, através de despesas com medicamentos,

cuidados hospitalares e tratamento das complicações (ex; nefropatia, retinopatia,

amputação e doença cardiovascular) (DA ROCHA FERNANDES et al., 2016). Por

exemplo, no Brasil, o custo anual da doença é de aproximadamente 2.108 dolares

por paciente (BAHIA et al., 2011). Além disso, a diabetes está associada

diretamente a maior taxa de mortalidade. Em 2010, o número total de óbitos

atribuíveis à diabetes em todo o mundo foi estimado em 3,96 milhões na faixa etária

20-79 anos (ROGLIC; UNWIN, 2010). Portanto, interveções para previnir a diebetes

é necessário para reduzir a mortalidade e a sobrecarga na saúde pública.

1.1 MENOPAUSA, INFLAMAÇÃO E DIABETES

O aumento da expectativa de vida proporcionou o crescimento acentuado da

população idosa, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em

desenvolvimento. Em 2016, estimou-se 24,9 milhões de pessoas acima de 60 anos,

das quais mais da metade foi composta por mulheres (55,7%) (DATASUS et al.,

2012). Devido ao aumento da expectativa de vida há um maior número de mulheres

atingindo a menopausa. Esse período é acompanhado pela interrupção permanente

Page 15: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

14

da menstruação caracterizada por um intervalo mínimo de um ano da última

menstruação e o tempo de vida após a menopausa é denominado de período pós-

menopausa (PM) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1981).

A menopausa é acompanhada por alterações na composição corporal que

são caracterizadas por um aumento da gordura corporal (obesidade),

concomitantemente com a diminuição da função e massa musculares (sarcopenia)

(KAMEL; MAAS; DUTHIE JR, 2002; TOTH et al., 2000). A associação dessas duas

condições provocam efeito sinérgico em vários marcadores de saúde (CLEASBY;

JAMIESON; ATHERTON, 2016). O aumento da gordura corporal e a baixa massa

muscular estão relacionados ao aumento crônico dos níveis de marcadores

inflamatórios (PCR, MCP-1, IL-6 e IL1-ra) (LISKO et al., 2012; PICHE et al., 2005;

VISSER et al., 2002), denominado inflamação crônica de baixo grau (FRANCESCHI;

CAMPISI, 2014). Visser et al. relataram que idosos com alto níveis de IL-6

aparesentam menor massa muscular quando comparados à idosos com baixos

níveis (VISSER et al., 2002). Lisko et al. mostraram que os marcadores inflamatórios

( PCR e IL-6) estão associados positivamente com índice de massa corporal (IMC) e

com a cincunferência da cintura (CC) em mulheres idosas (LISKO et al., 2012).

Sendo assim, as alterações na composição corporal apresentam papel crítico sobre

a inflamação crônica em idosos.

A inflamação crônica de baixo grau está relaconada ao desenvolvimento de

várias condicões patológicas, por exemplo, a DM2 (PITSAVOS et al., 2007). Estudos

têm mostrado que o aumento dos marcadores inflamatórios foram associados a

resistência à insulina (RI) e a pré-diabetes (PITSAVOS et al., 2007; SHOELSON;

LEE; GOLDFINE, 2006). A inflamação de baixo grau precede o aparecimento da

DM2 (GROSSMANN et al., 2015; HERDER et al., 2006). A DM2 aumenta o risco de

doença cardiovascular, sendo esta a principal causa de morte entre as mulheres no

período pós-menopausa (BRAND et al., 2013; HARTZ; HE; RIMM, 2012; ZHANG et

al., 2008).

Page 16: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

15

1.2 TREINAMENTO COMBINADO (COM)

A RI está inversamente associada ao nível de atividade física, sendo assim,

indivíduos com estilos de vida sedentários apresentam níveis mais elevados de

glicose e insulina sanguíneas do que os indivíduos ativos (KAVOURAS et al., 2007).

Além disso, menores níveis de atividade física estão associados com a inflamação

crônica de baixo grau em mulheres idosas (ALVES; DA SILVA; SPRITZER, 2016).

Neste contexto, a prática de atividade física de forma regular (exercício físico) é uma

importante estratégia não-farmacológica capaz de promover a melhorar da

composição corporal (obesidade e sarcopenia), reduz os marcadores de RI e de

inflamação crônica de baixo grau, podendo prevenir o risco do desenvolvimento de

DM2 em indivíduos de meia idade e idosos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS et

al., 2009; GARBER et al., 2011a).

O American College of Sports Medicine recomenda a prática de 150 minutos

de atividade física de intensidade moderada por semana, combinando exercício de

força com exercício aeróbio para idosos saudáveis (AMERICAN COLLEGE OF

SPORTS et al., 2009; GARBER et al., 2011a). Estas recomendações baseiam-se

principalmente nos efeitos de cada modalidade, por exemplo, o exercício de força,

para aumentar a massa muscular e o desempenho físico e o exercício aeróbico para

diminuir a gordura corporal e melhorar a capacidade aeróbia máxima (AMERICAN

COLLEGE OF SPORTS et al., 2009; SLENTZ et al., 2011). Além disso, essas

adaptações provocadas pelo treinamento de força e o aeróbio são importantes para

prevenir ou melhorar vários marcadores de saúde (inflamação de baixo grau e

distúrbios metabólicos) em idosos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS et al., 2009;

GARBER et al., 2011a; SLENTZ et al., 2011; TOMELERI et al., 2016). Um recente

estudo mostrou que a combinação do treinamento de força com o aeróbio reduziu

65% o risco de incidência de diabetes em mulheres idosas (SHIROMA et al., 2016).

Interessantemente, o COM parece ser mais eficiente na redução da glicemia do que

treinamentos isolados (aeróbios ou força). Por exemplo, em indivíduos com DM2 os

níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) foram reduzidos quando os indivíduos foram

submetidos a nove meses de treinamento combinado (COM), porém HbA1c não

reduziu quando os indivíduos foram submetidos ao treinamentos aeróbio ou de força

(CHURCH et al., 2010). Além disso, a glicemia de jejum melhorou em mulheres de

Page 17: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

16

meia idade após 12 semanas de COM, no entanto, elas não mostraram melhora

quando realizaram apenas o treinamento aeróbio (SEO et al., 2010).

Complementarmente, a RI foi reduzida em idosos após seis meses de COM

(BARRY; CHURCH; BLAIR, 2009).

Embora os benefícios para a saúde com a prática do COM têm sido

documentados, muitas questões não resolvidas cercam esse tipo de exercício. Por

exemplo, COM apresenta longa sessão de duração (~ 60 min.) e um alto volume de

treinamento o que pode ser uma razão comum para que as pessoas não pratiquem

exercício físico, devido à falta de tempo (GILLEN, JENNA B; GIBALA, 2013; GODIN

et al., 1994; SLENTZ et al., 2011; TROST et al., 2002), principalmente entre adultos

com alto risco ou diagnosticados com DM2 (KORKIAKANGAS; ALAHUHTA;

LAITINEN, 2009). A compreensão dos efeitos de diferentes tipos de exercício físico

considerado “tempo-eficientes” sobre diferentes condições é de extrema importância

se quisermos encontrar estratégias de tratamento efecientes para adultos com alto

risco de DM2.

1.3 TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE (HIIT)

Os estudos sobre diferentes protocolos tempo-eficiente com o exercício físico

intervalado de alta intensidade vem crescendo na literatura. O treinamento

intervalado de alta intensidade (HIIT) é um protocolo realizado em um curto período

de tempo (menor 30 minutos) e, portanto, apontado como uma possível solução

para a falta de tempo (THOMPSON, 2013). O HIIT caracteriza-se pela realização de

exercícios rápidos e intensos (> 80% da freqüência cardíaca máxima, FCmáx) por

curto tempo, seguido por períodos de recuperação que pode ser ativa (exercícios de

baixa intensidade) ou de repouso (GIBALA; GILLEN; PERCIVAL, 2014).

Um modelo HIIT comumente estudado em pacientes com DM2 consiste em

realizar dez séries de 60 segundos de exercícios de alta intensidade (ex: em

bicicletas ou com peso corporal) intercalados por 60 segundos de recuperação entre

as séries (GIBALA et al., 2012; GILLEN, J. et al., 2012; LITTLE et al., 2011).

Estudos têm mostrado que o HIIT foi eficiente na redução da gordura corporal,

aumento da capacidade cardiorrespiratória (BOUTCHER, 2010; GIBALA et al.,

Page 18: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

17

2012; GILLEN, JENNA B; GIBALA, 2013) e redução da RI (CASSIDY et al., 2017)

em jovens e adultos de meia idade com risco de distúrbios metabólicos. Portanto,

HIIT parece ser uma estratégia de intervenção tempo-eficiente para melhorar vários

marcadores de saúde em adultos mais velhos. No entanto, existem poucos ensaios

clínicos controlados randomizados que apoiam o HIIT como uma estratégia de

intervenção eficiente em idosos, principalmente em mulheres idosas com ou em

risco de distúrbios metabólicos (GIBALA et al., 2012). Além disso, a maioria dos

estudos comparou o HIIT com o treinamento aeróbio (ou treinamento contínuo de

intensidade moderada) (GIBALA et al., 2014), mas, até onde sabemos, nenhum

estudo prévio comparou o HIIT com treinamento de resistência ou COM (CASSIDY

et al., 2017).

A necessidade de equipamentos específicos (esteira ou bicicleta) ou o alto

nível de habilidade motora para o desempenho do exercício de alta intensidade,

exigido na maioria dos protocolos de HIIT estudados, pode apresentar uma barreira

adicional para prática com idosos ou individuos com alto risco ou diagnosticada com

DM2 (KORKIAKANGAS et al., 2009). Recentemente, um interessante estudo

mostrou que seis semanas de HIIT adaptado realizado fora do laboratório ( subida e

descida em alta intensidade de uma escada) aumentou a aptidão cardiorrespiratória

e mostrou tendência em reduzir RI em mulheres jovens saudáveis (ALLISON et al.,

2017). No entanto, subir e descer de uma escada em alta intensidade pode não ser

uma estratégia de intervenção adequada para idosos sedentários, porque este

exercício requer um alto nível de habilidade motora, portanto, esta abordagem

levaria ao alto risco de quedas e fraturas (BERG et al., 1997). Sendo assim, são

necessários mais estudos para elucidar se protocolos HIIT adaptados diferentes,

práticos e seguros podem ser uma estratégia de tratamento tempo eficiênte em

idosos com risco de distúrbios metabólicos.

Além disso, tem sido proposto que a melhora dos marcadores inflamatórios

(IL-6, MCP-1, PCR e IL1-ra) após o treinamento pode contribuir para a melhora dos

marcadores de RI (BALDUCCI et al., 2010; DONATH, MARC Y; SHOELSON,

STEVEN E, 2011; KARSTOFT; PEDERSEN, 2015; KNUDSEN; PEDERSEN,

2015). Contudo, os mecanismos pelos quais o HIIT induz alterações benéficas na

sensibilidade à insulina permanecem mal compreendidos. Enquanto que a redução

dos marcadores de resistência insulínica com HIIT é observada (CASSIDY et al.,

Page 19: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

18

2017), os efeitos do HIIT sobre marcadores inflamatórios permanecem obscuros.

Uma meta-análise recente constituída por sessenta e cinco estudos de intervenção

indicaram que o HIIT parece não ter efeito sobre a PCR e a IL-6 em populações com

sobrepeso / obesidade (BATACAN, R. B. et al., 2016).

1.4 EXERCÍCIO FÍSICO, INFLAMAÇÃO E DIABETES

As alterações na composição corporal provocada pela menopausa estão

associadas aos aumentos crônicos dos marcadores inflamatórios (IL-6, PCR e IL1-β)

(LISKO et al., 2012; PICHE et al., 2005; VISSER et al., 2002). Estudos têm

mostrado que a inflamação crônica de baixo grau causa o desenvolvimento da

resistência insulínica, consequentemente, DM2 (PITSAVOS et al., 2007;

SHOELSON et al., 2006). A DM2 aumenta o risco de doença cardiovascular, sendo

está a principal causa de morte entre as mulheres no período pós-menopausa

(BRAND et al., 2013; HARTZ et al., 2012; ZHANG et al., 2008).

O músculo esquelético é considerado um órgão endócrino que durante a

contração muscular produz e secreta citocinas, denominada miocinas (PEDERSEN,

BENTE K, 2013) . A IL -6 é tipicamente a primeira miocina presente na circulação

durante o exercício. Embora, cronicamente, a IL-6 esteja associada à inflamação,

agudamente, em reposta ao exercício, está miocina pode atuar como um regulador

essencial do metabolismo da glicose (PEDERSEN, B. K., 2013; PEDERSEN;

FEBBRAIO, 2012). Interessantemente, o aumento da IL-6 durante o exercício é

seguido pelo aumento de citocinas anti-inflamatórias, tais como a IL-1ra, enquanto

que citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-1β) não aumentam (PEDERSEN, B. K.,

2013; PEDERSEN; FEBBRAIO, 2012). Estudos sugerem que a IL-6 derivada do

músculo esquelético tem propriedades anti-inflamatórias, enquanto a IL-6 derivada

de monócitos ou macrófagos tem propriedades pró-inflamatórias (KARSTOFT;

PEDERSEN, 2015). O aumento dos níveis de IL-6 promove o aumento da captação

periférica de glicose, diminui a RI e induz a oxidação dos lipídios (KARSTOFT;

PEDERSEN, 2015; KNUDSEN; PEDERSEN, 2015).

Além disso, o exercício físico estimula a produção de IL-1ra e está citocina,

por sua vez, inibe a sinalização de IL-1β. A IL-1β é uma citocina pró-inflamatória que

Page 20: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

19

está envolvida na disfunção e apoptose das células beta pancreáticas e

subsequentemente ao desenvolvimento da diabetes (DONATH, M. Y.; SHOELSON,

S. E., 2011). A inibição da IL-1β pela IL-1ra melhora a disfunção das células beta e

a homeostase da glicose em indivíduos com DM2 (LARSEN et al., 2007). Portanto, o

perfil de citocinas induzidas pelo exercício difere consistentemente do perfil de

citocinas induzida pela infecção (PEDERSEN, B. K., 2013), sendo assim, o exercício

físico pode ser uma estratégia relevante para a prevenção ou tratamento da DM2.

1.5 JUSTIFICATIVA

Uma razão comum para as pessoas não praticarem o exercício físico de

forma regular é a falta de tempo, principalmente entre os adultos de alto risco ou

diagnosticado com DM2. Sendo assim, torna-se necessário o entendimento dos

efeitos de diferentes tipos de exercício físico práticos, seguros e tempo-eficientes

para evitar distúrbios metabólicos e prevenir a DM2. Além disso, existem poucos

ensaios clínicos controlados randomizados que apoiam o HIIT como uma estratégia

de intervenção eficiente em idosos, principalmente em mulheres idosas com ou em

risco de distúrbios metabólicos.

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo geral

O objetivo do estudo foi avaliar se o HIIT é uma estratégia tempo-eficiente,

comparado ao COM, capaz promover adaptações positivas sobre a composição

corporal, força muscular, marcadores de RI e inflamatórios em mulheres na PM com

alto risco de DM2. Além disso, verificar se as alterações nos marcadores

inflamatórios observados no HIIT quando comparado ao COM estão associadas as

alterações nos marcadores RI.

Page 21: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

20

1.6.2 Objetivos específicos

a) Avaliar se o HIIT é capaz de promover adaptações similares ao COM no

índice de massa muscular (IMM), percentual de gordura (G%) e força

muscular;

b) Avaliar se o HIIT promove adaptações similares ao COM na glicose,

hemoglobina glicada (HbA1c), insulina e modelo de avaliação homeostático

da resistência insulínica (HOMA-IR);

c) Avaliar se o HIIT promove alterações similares ao COM na Interleucina 1-

receptor antagonista (IL1-ra), Interleucina-6 (IL-6), proteína quimiotática de

monócitos 1 (MCP-1) e proteína C reativa (PCR);

d) Verificar se as alterações de IL1-ra e IL-6 se associam com as alterações da

glicemia, HbA1c, insulina e HOMA-IR;

2 MÉTODOS

2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Todas as mulheres selecionadas concordaram com os termos do estudo e

assinaram o consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa local sob o número 451.081/2015.

O estudo clínico, randomizado e controlado iniciou- se com 165 mulheres que

foram atendidas entre fevereiro e novembro de 2015 no laboratório de pesquisa em

Biologia do Exercício (BioEx) do Programa de Pós-Graduação em Educação Física

da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Fig.1). Foram selecionadas 32

mulheres, as quais cumpriram os critérios de inclusão do estudo que foram:

ausência de diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1 e 2, no entanto, com

hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 5,7% (ASSOCIATION, 2010), não praticantes de

exercícios físicos (por exemplo, treinamento aeróbio supervisionado ou não

supervisionado ou outro tipo de exercício), idade igual ou superior a 45 anos e que

Page 22: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

21

encontravam-se no período PM (amenorréia espontânea durante pelo menos 12

meses).

Após a seleção, quatro mulheres foram excluídas devido os critérios de

exclusão que foram: presença de disfunções hepática, disfunções tireoidianas,

miopatias, artropatias, neuropatias, doenças infecciosas e desordens

tromboembolicas e gastrointestinais; pressão arterial não controlada e alcoólatras.

Deste modo, o tamanho da amostra foi reduziada para 28 mulheres. As voluntárias

foram randomizadas para os seguintes grupos: 14 mulheres no grupo de

treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e 14 mulheres no grupo de

treinamento combinado (COM). Porém, no grupo HIIT, seis mulheres deixaram o

estudo por problemas de saúde (n=2), por problemas familiares (n=3), por

orientação médica (n=1). No grupo COM, seis mulher deixaram o estudo por

problemas de saúde (n=2), por problemas familiares (n=2) e por orientação médica

(n=2). Sendo assim, o estudo finalizou com uma amostra de 16 mulheres da

seguinte maneira: grupo HIIT com oito mulheres e o grupo COM com oito mulheres.

Page 23: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

22

Page 24: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

23

2.2. AVALIAÇÕES

2.2.1 Anamnese

Preliminarmente, todos os participantes do estudo realizaram a anamnese

para obtenção dos seguintes dados: idade, indicadores de saúde (relatos de

doenças atuais e pregressas), medicamentos, prática de exercício físico, tempo

sentado e de menopausa.

2.2.2 Avaliação antropométrica e da composição corporal

Para mensuração da massa corporal foi utilizada balança antropométrica tipo

plataforma e digital (Lider®, Brasil), com capacidade até 300 kg e precisão de 0,05

kg, com o indivíduo descalço e com mínimo de roupa. A estatura foi determinada por

estadiômetro acoplado a balança com precisão de 0,5 cm. Após a avaliação desses

componentes antropométricos foi calculado o índice de massa corporal (IMC =

massa corporal (kg) /estatura2 (m2))

A composição corporal total e regional dos tecidos moles ( percentual de

gordura corporal e massa magra livre de minerais) foram medidas utilizando

absorciometria de raios-x de dupla energia (Lunar iDXA, GE Healthcare, USA) e

quantificada pelo software Encore versão 14.10. Vinte e quatro horas antes da

avaliação, as voluntárias foram instruídas a ingerir no mínimo dois litros de água

para padronizar o nível de hidratação muscular e a realizarem jejum de 8 a 10 horas

antes da avaliação. Durante a mensuração, as voluntárias usaram roupas leves,

confortáveis e sem a presença de objetos metálicos (ORSATTI et al., 2012). Utilizou-

se a massa magra apendicular livre de minerais dividida pela altura quadrada (m2)

como sendo o índice de massa muscular (MMI).

Page 25: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

24

2.2.3 Hábitos alimentares

A ingestão alimentar foi avaliada por meio de recordatório alimentar de 24

horas (CINTRA et al., 1997). Foram realizados três recordatórios no momento inicial

e final do estudo. Os recordatórios foram realizados em dias não consecutivos,

referentes a dois dias de semana e um dia de final de semana. As análises de dados

alimentares foram realizadas por uma nutricionista que utilizou o software Dietpro

(versão 5.7i). Para a quantificação dos dados foi implementado um banco de dados

no programa contendo os alimentos geralmente consumidos pelas voluntárias e

também foi utilizado a tabela americana de composição alimentar (USDA -

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) (PEHRSSON et al., 2000). A

energia e os macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) foram

quantificados utilizando a média dos três dias.

2.2.4 Tempo sentado

O tempo sentado foi quantificado utilizando a seção específica do

Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ-SF) versão curta, que

possibilita a estimativa do número total de horas e minutos por dia que o indivíduo

pernamece sentado. As voluntárias foram instruídas a pensarem sobre o tempo que

permanecera sentado no trabalho, em casa e/ou durante as atividades de lazer em

três dias da semana anterior a avaliação (ROSENBERG et al., 2008) . Elas foram

orientadas a estimar o número total de horas e minutos por dia que permanecera

sentadas para dois dias úteis e um dia do fim de semana. A média do tempo

sentado dos dias na semana foi multiplicada por cinco e o tempo do dia do final de

semana foi multiplicado por dois. Os valores foram somando para determinar o

tempo sentado da semana. Os valores são apresentados em minutos por semana.

2.2.5 Teste de uma repetição máxima (1 RM)

O teste de uma repetição máxima (1 RM) foi realizado para avaliar força

máxima no momento inicial e após 12 semanas de intervenção do estudo.

Page 26: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

25

Previamente ao teste de 1-RM, as voluntárias realizaram três sessões de exercícios,

em dias alternados, para familiarização com o equipamento e as técnicas de cada

exercício. Durante o período de familiarização, as voluntárias realizaram os

exercícios com cargas baixas e subjetivas. Após está semana, foi realizada uma

sessão de familiarização com o teste 1RM e, após 48 horas, o re-teste do 1RM.

No dia do teste, estipulou-se aquecimento de 15 a 20 repetições, com carga

subjetiva (identificada como 20 a 30% de 1 RM após a determinação da carga

máxima do teste) e 1 minuto de descanso. Em seguida, a carga foi aumentada

(identificada como 40 a 60% de 1 RM) e solicitado às mulheres a realização de oito

a 12 repetições e 1 minuto de descanso. E por fim, aumentou-se a carga

(identificada como 60 a 80% de 1 RM) e foi solicitado às mulheres a realização de

três a cinco repetições.

Após este procedimento, a carga foi aumentada consideravelmente e

realizada a primeira tentativa de 1 RM. Caso a voluntária fosse (ou não) incapaz de

realizar o movimento, teve 3 à 5 minutos de repouso antes da próxima tentativa com

uma nova carga (maior ou menor dependo do desempenho). Procedeu-se até

encontrar a carga equivalente a 1 RM para cada exercício. Foram realizadas no

máximo de três a cinco tentativas para determinar a carga máxima (ORSATTI et al.,

2012). A carga máxima adotada foi aquela alcançada na última execução do

exercício com sucesso e com movimento completo pelo indivíduo. Para avaliar os

ganhos de força musculares, somente o teste de 1 RM do exercício de cadeira

extensora foi repetido no final do estudo. Todas as medidas de 1RM foram

realizadas por um examinador experiente.

2.2.6 Processamento e análises das amostras sanguíneas

As amostras sanguíneas foram colhidas por profissional qualificado entre as

oito e dez horas da manhã, após 8-10 horas de jejum. As amostras do momento

pós-intervenção foram colhidas após 48 horas da última sessão de treinamento para

evitar efeito residual do exercício.

A punção venosa foi realizada em sistema fechado a vácuo (Vacutainer®,

England), na fossa antecubital, obtendo-se 16 ml de sangue, coletado diretamente

em tubo seco com gel separador de soro e tubo com EDTA (anticoagulante) para o

Page 27: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

26

plasma. Ao final de cada coleta, uma parte do sangue foi centrifugado por 10

minutos (3.000 rpm) e foram separados o soro e plasma sanguíneo, posteriormente,

as amostras foram armazenadas em um freezer à -800C para analises futuras. E a

outra parte do sangue foi encaminhada para análise bioquímica imediata. As

avaliações bioquímicas, hormonais e inflamatórias foram realizadas no Hospital

Escola e Laboratório de Pesquisa em Biologia do Exercício (BioEx) ambos da

Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Os bioquímicos (entre parênteses, valores de normalidade do KIT): glicose

(60 a 99 mg/dL), hemoglobina glicada (4,8 a 5,9 %), proteína c reativa (< 0,5 mg/dL)

e os hormônios: tetraiodotironina (0,93 a 1,7 ng/mL), estradiol (até 54,7 pg/mL),

hormônio luteinizante (7,7 a 58,5 mUI/mL), hormônio folículo estimulante (25,8 -

134,8 mUI/mL), insulina (2,6 a 24,9 mU/mL), sulfato de deidroepiandrosterona (35 -

437 ug/dL), e testosterona (2,9 a 40,8 ng/dL) foram avaliados pelo cassete de

reação da Roche® (USA) específico para cada marcador biológico através de

métodos automatizados no aparelho Cobas 6000.

2.2.7 Método colorimétrico automatizado - glicose, hemoglobina glicada e

proteína c reativa

Método de análise quantitativa que se baseia na comparação da cor

produzida por uma reação química com uma cor padrão. De acordo com a

intensidade da cor produzida, determina-se a concentração do determinado analito

(substância que se quer analisar).

2.2.8 Método eletroquimioluminescencia – tetraiodotironina, insulina, sulfato

de deidroepiandrosterona, estradiol, hormônio luteinizante e testosterona

Utiliza a emissão de luz através da aplicação de potenciais de oxidação ou

redução a um eletrodo imerso em soluções que emitem radiação. A mistura é fixada

magneticamente na superfície do eletrodo e o que não se fixar é removido. Por fim,

há uma aplicação de corrente elétrica no eletrodo que induz uma emissão

quimioluminescente, medida por um fotomultiplicador.

Page 28: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

27

2.2.9 Método Elisa (imunoensaio enzimático) – citocinas: interleucina 1-ra (IL1-

ra), interleucina-6 (IL-6) e proteína quimiotática de monócitos-1 (MCP-1).

Consiste num anticorpo conjugado a uma enzima capaz de modificar um

cromógeno, através da reação com seu substrato específico, gerando colorações

diferentes de acordo com o cromógeno.

2.2.10 Modelo de avaliação da homeostase (HOMA-IR)

Foi utilizado o HOMA-IR como indicador de resistência insulínica com o valor

de referência de alteração maior que 2,7 (GELONEZE et al., 2006).

HOMA-IR= Glicose de jejum (mg/dL) x (insulina de jejum (mg/dL) x 0,05551) /

22,5 (BONORA et al., 2000).

2.3 PROTOCOLO DE TREINAMENTO

Todas as sessões de treinamento foram realizadas no ginásio esportivo da

Universidade Federal do Triâgulo Mineiro, três dias por semana (freqüência de

treinamento: HIIT = 93,7% ± 9,4% e COM = 92,3% ± 7,9%) em dias não

consecutivos durante 12 semanas. Todas as sessões foram supervisionadas por

profissionais de Educação Física qualificados. Antes e após cada sessão de treino,

realizaram-se 5 minutos de aquecimento (caminhada leve) e 3 minutos de volta à

calma (alongamento).

Para prescrever a intensidade do treinamento foram utilizados de forma

conjunta a equação de Karvonen: (FCmáx= 220 – idade) (KARVONEN; KENTALA;

MUSTALA, 1957) e a escala de percepção de esforço de Borg adaptada (0-10)

(UTTER et al., 2004).

No final do estudo, as avaliações foram realizadas 48 horas após a última

sessão de treinamento para evitar efeitos residuais da última sessão.

Page 29: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

28

2.3.1 Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)

O protocolo HIIT foi composto por dez séries de 60 segundos de exercícios

de alta intensidade (>85% da Fcmáx ou escala Borg adaptada entre 7-8)

intercalados por períodos de recuperação de 60 segundos de exercício de baixa

intensidade (caminhada leve) (Tabela 1). O exercício de alta intesidade consistiu de

30 segundos de subida e descida no step mais 30 segundos de agachamentos com

o peso do corpo o mais rápido possível. A altura do step foi de 16 cm e os

agachamentos eram realizados à 90 graus de flexão do joelho. Todas as voluntárias

foram orientadas a realizar o maior número de subidas e descidas no step e de

agachamentos possíveis. Para assegurar a zona de treinamento de alta intensidade

de todas as séries, as voluntárias foram estimuladas a aumentar ou se necessários

diminuir o número de subindas e descidas no step e de agachamento. Caso as

voluntárias ainda não atingisse a zona alvo de treinamento era solicidado que

durante a realização dos exercícios (alta intensidade) fizessem a elavação dos

braços acima da cabeça, com ou sem a adição de halteres ( meio a um quilograma).

A progressão HIIT foi separadas em semanas: semana 1, quatro séries de 60

s de exercício (30 s de subida e descida do step mais 30 s de agachamento livre) de

alta intensidade (>85% da Fcmáx ou escala Borg adaptada entre 7-8) intercalados

por um período de recuperação de 4 min de exercício de baixa intensidade

(caminhada leve); semana 2, seis séries de 60 s de exercício de alta intensidade

intercalados por um período de recuperação de 3 min de exercício de baixa

intensidade; semana 3, oito séries de 60 s de exercício de alta intensidade

intercalados por um período de recuperação de 2 min de exercício de baixa

intensidade e semanas 4-12, dez séries de 60 s de exercício de alta intensidade

intercalados por um período de recuperação de 60 s de exercício de baixa

intensidade.

A frequência cardíaca era aferida na artéria radial imediatamente após os

exercícios de alta intendidade em todas as séries. Os batimentos cardíacos eram

mensurados durante 15 segundos e multiplicados por quatro (FC = número de

batimentos em 15s x 4). E escala de Borg era mostrada a cada participante para

determinar sua classificação de esforço percebido.

Page 30: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

29

2.3.2 Treinamento combinado (COM)

O protocolo COM seguiu a recomendação do American College of Sports

Medicine Guidelines (GARBER et al., 2011a). O protocolo COM (duração total ~ 60

min) foi composto por 30 min de caminhada de intesidade moderada (70% da Fcmáx

ou escala de Borg adaptada entre 5-6) ao longo de um piso plano em torno de uma

quadra de esportes, seguido por cinco exercícios de força à 70% de 1RM (três

séries de 8- 12 repetições com intervalo de descanso de 1,5 minutos entre séries e

exercícios) (Tabela 1). Os exercícios de força foram realizados em máquimas de

musculação (Buick Fitness®, Brasil), na seguinte ordem: agachamento na barra

guiada (90 graus de flexão do joelho), supino, mesa flexora, remada sentada e

cadeira extensora unilateral. Durante a caminhada, a frequência cardíaca foi medida

e a escala de Borg adaptada foi aplicada a cada 10 min para assegurar a

intensidade relativa (70% da FCmax ou escala de borg entre 5-6). Caso a voluntária

excedesse ou não atingisse a zona alvo do treinamento, a voluntária era estimulada

pelos profissionais de Educação Física a diminuirem ou aumentarem a velocidade

de caminhada, respectivamente. Para os exercícios resistidos, a carga foi ajustada

na 6ª semana de treinamento para manter a intesidade de 70% de 1RM entre 8 a 12

repetições máximas até a 12 ª semana de treinamento. A progressão do COM foi

separada em semana: semana 1, caminhada de 15 min (70% da FCmáx e escala de

Borg adapatada entre 5-6) e uma série de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco

exercícios; semana 2, caminhada de 20 min (70% da FCmáx ou escala de Borg

adaptada entre 5-6) e duas séries de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco

exercícios; semana 3, caminhada de 25 min (70% da FCmáx ou escala de Borg

adaptada entre 5-6) e duas séries de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco

exercícios e semanas 4-12, caminhada de 30 min (70% FCmáx ou escala de Borg

adaptada entre 5-6) e três séries de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco

exercícios, com intervalo de descanso de 1,5 min entre as séries e as repetições.

A freqüência cardíaca era aferida na artéria radial a cada 10 min durante a

fase aeróbia. Os batimentos cardíacos eram mensurados durante 15 segundos e

multiplicados por quatro (FC = número de batimentos em 15s x 4). E a escala de

Borg era mostrada a cada participante para determinar sua classificação de esforço

percebido.

Page 31: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

30

Table 1. Tabela de caracterização dos protocolos de treinamento

Média dos esforços de uma

sessão

Média do 1ª esforço

Média do 10ª

esforço

Média da melhor sessão

Média de todas as sessões

HIIT

HIIT

HIIT

HIIT

COMT

FCmax, % 86,2 ± 2,7

91,8 ± 1,8

89,0 ± 2,1

86,7 ± 1,7

71,8 ± 4,0

Número de subidas e descidas no step 20,0 ± 2,4

16,6 ± 2,6

18,4 ± 2,7

17,8 ± 2,4

____

Número de agachamentos 21,0 ± 4,6

18,6 ± 4,4

19,7 ± 4,1

19,8 ± 3,3

____

Escala de Borg 6,1 ± 0,9

8,5 ± 1,1

7,1 ± 0,7

7,0 ± 0,5

5,5 ± 0,6 Os valores são apresentados em média e desvio padrão. HIIT- Treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; FCmax- frequência cardíaca máxima; %- percentual.

Page 32: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

31

2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A distribuição dos dados foi determinada utilizando o teste de Shapiro wilk. Os

dados são apresentados com média e desvio padrão. Teste t independete foi

utilizado para comparar as características basais entre os grupos (COM vs HIIT). As

variáveis categóricas foram testadas utilizando o teste qui-quadrado e os dados

foram apresentados em porcentagem. ANOVA de medidas repetidas foi utilizado

para comparar as variáveis quantitativas entre os grupos. Se necessário, foi utilizado

um post hoc (teste t de pareado) para comparação intergrupos. O teste de Mauchley

foi utilizado para avaliar a esferecidade (medida repetida). A homogêneidade das

variâncias intragrupo foi testada pelo teste de Levene. ANCOVA foi utilizado para

confirmar os resultados da ANOVA (interação), ajustando para o uso de terapia

hormonal e fumo. Foi utilizado correlação parcial (ajustada para idade) para

determinar se as alterações nos marcadores inflamatórios estavam associadas as

alterações nos marcadores RI nos grupos HIIT e COM, separadamente. O tamanho

do efeito para a amostra dependente (d de Cohen) e delta% (valor pós – valor pré /

valor pré x 100) foram calculados para este estudo. O nível significativo foi fixado em

p <0,05.

3 RESULTADOS

As características basais das voluntárias foram interpretadas e comparadas

estatisticamente entre os grupos (Tabela 2). A idade e os valores hormonais

estavam dentro dos parâmetros de normalidade para mulheres na PM. Todas as

voluntárias apresentaram sobrepeso e excesso de gordura corporal (%G). Não

houve diferença significativa (P <0,05) entre os grupos quanto às características

clínicas basais e à ingestão diária de energia e dos macronutrientes (tabela 2).

Todas as mulheres relataram não ser diabéticas ou fazer uso de

medicamentos antidiabéticos. No entanto, uma mulher (HbA1c = 7,38%) do grupo

HIIT e uma mulher (HbA1c = 7,16%) do grupo COM foram classificada pela HbA1c

como sendo diabéticas (HbA1c ≥ 6,5%). Após o treinamento, uma mulher foi

reclassificada de diabética para pré-diabética e duas mulheres foram reclassificadas

Page 33: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

32

de pré-diabeticas para não-diabéticas no grupo HIIT. No grupo COM, uma mulher foi

reclassificada de diabética para pre-diabética e duas mulheres foram reclassificadas

de pré-diabetes para não diabéticas.

Tabela 2. Características físicas e condições clínicas das voluntárias

HIIT (n=8) COM (n=8) P

Características gerais

Idade (anos) 64,3 ± 6,7 65,0 ± 6,3 0,852

TPM (anos) 17,7 ± 9,5 19,1 ± 9,3 0,775

TH (%) 25,0 0,0 0,130

Fumo (%) 25,0 12,5 0,521

TS (min/semana) 3311,0 ± 886,4 3029,8 ± 996,3 0,565

Tratamento médico

Hipertensão (%) 62,5 50,0 0,614

Estatinas (%) 12,5 12,5 1,000

Beta -bloqueadores (%) 0,0 12,5 0,301

IECA (%) 62,5 50,0 0,614

AINEs (%) 12,5 12,5 1,000

Composição corporal

Peso corporal (kg) 68,9 ± 18,2 64,3 ± 15,0 0,594

Altura (cm2) 153,5 ± 5,1 154,5 ± 3,9 0,092

IMC (kg m2) 29,2 ± 7,1 27,0 ± 6,2 0,531

Gordura corporal (%) 41,9 ± 7,4 40,6 ± 9,5 0,752

Metabólicos

HbA1c (%) 6,2 ± 0,5 6,1 ± 0,4 0,786

E2 (pg/mL) 12,2 ± 7,3 11,8 ± 7,7 0,939

Testosterona (ng/dL) 21,4 ± 27,0 4,8 ± 3,3 0,108

FSH (mUI/L) 65,6 ± 26,9 90,1 ± 38,2 0,161

LH (mUI/L) 28,5 ± 15,6 35,6 ± 20,7 0,451

DHEA-S (ug/dL) 44,5 ± 19,6 36,3 ± 19,4 0,411

T4 (ng/dL) 1,0 ± 0,0 1,1 ± 0,1 0,663

Ingestão dietética

E / PC (g/kg) 20,0 ± 5,0 21,7 ± 7,0 0,574

CHO / PC (g/kg) 2,7 ± 0,8 3,0 ± 0,9 0,641

PTN / PC (g/kg) 0,6 ± 0,2 0,7 ± 0,2 0,641

LPD/ PC (g/kg) 0,6 ± 0,1 0,7 ± 0,3 0,339

CHO (%) 55,2 ± 6,0 56,0 ± 7,5 0,818

Page 34: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

33

LPD (%) 30,1 ± 5,6 31,9 ± 5,1 0,509

Fibra (g) 13,2 ± 5,9 12,7 ± 5,0 0,872 Os valores são apresentados com média e desvio padrão ou porcentagens (%). HIIT-treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; TPM- tempo pós-menopausa; TH- terapia hormonal; TS- tempo sentado; IECA- bloqueadores do receptor da angiotensina II; AINEs - anti-inflamatórios não esteroides; IMC- índice de massa corporal; HbA1c %- percentual de hemoglobina glicada; E2- estradiol; FSH- hormônio folículo- estimulante; LH- hormônio luteinizante; DHEA-S- sulfato de deidroepiandrosterona; T4- tetraiodotironina livre; E/ PC- ingestão de energia/ peso corporal; CHO / PC- carboidrato / peso corporal; PTN / PC- proteína / peso corporal; LPD/ PC- lipídios / peso corporal; CHO: carboidrato; LPD- lipídios.

As alterações na composição corporal e na força muscular após 12 semanas

de intervenção (pré vs. pós) foram interpretadas e comparadas estatisticamente

(Tabela 3). Houve efeito significativo (p<0,05) do tempo sobre o IMM, Indicando que

as intervenções aumentaram IMM, sem interação entre os grupos. Não houve

alteração significativa no %G. Foi observada uma interação significativa (P <0,05) na

força muscular, indicando melhora apenas no grupo COM. Estes resultados foram

confirmados pela ANCOVA, após o ajuste para o uso de terapia hormonal e fumo.

Page 35: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

34

Tabela 3. Avaliação da composição corporal e força muscular das voluntárias antes e após 12 semanas de intervenção

HIIT (n = 8) COM (n = 8)

P Tempo

P Interação

P Ajustado ‡

Pré Pós Delta

% TE Pré Pós

Delta %

TE

% G 41,9 ± 7,4 41,2 ± 6,7 -1,7 0,11 40,6 ± 9,5 40,5 ± 8,7 -0,2 0,00 0,151 0,234 0,103

IMM (kg/m2) 6,6 ± 0,7 6,8 ± 0,9 3,0 0,27 6,6 ± 1,1 6,8 ± 1,3 3,0 0,18 0,007 0,990 0,808

Força muscular (kg) 56,2 ± 17,7 56,8 ± 21,9 1,1 0,03 47,8 ± 8,5 64,0 ± 12,6* 33,9 1,49 0,002 0,003 0,008 Os valores são apresentados com média e desvio padrão. HIIT- treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; %G- percentual de

gordura corporal; IMM- índice de massa muscular; TE- tamanho do efeito. O nível de siginificância foi fixado em p <0,05. ‡ ANCOVA ajustada para terapia

hormonal e fumo.* diferença entre grupos (HIIT vs COM).

Page 36: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

35

As alterações na RI e dos marcadores de inflamação após 12 semanas de

intervenção (pré vs. pós) foram interpretadas e comparadas estatisticamente (tabela

4). Houve efeito significativo (P <0,05) do tempo sobre a HbA1c, insulina, glicose,

HOMA-IR e IL-1ra, indicando que as intervenções melhoram estes marcadores.

Houve uma tendência (P = 0,056) em relação à redução da MCP-1. Foi observada

uma tendência de interação (tempo x grupo) na IL-6, indicando um aumento apenas

no grupo HIIT. Não houve alteração significativa na PCR. Estes resultados foram

confirmados pela ANCOVA, após o ajuste para o uso de terapia hormonal e fumo.

Page 37: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

36

Tabela 4. Avaliação dos marcadores de resistência insulínica e inflamatório das voluntárias antes e após 12 semanas de intervenção

HIIT (n = 8) COM (n = 8)

P Tempo

P interação

Pré Pós Delta

% TE Pré Pós

Delta %

TE P

Ajustado‡

Bioquímicos Glicose (mg/dL)

109,7± 23,1 101,5 ± 14,1 -7,5 0,43 95,1 ± 14,9 92,6 ± 17,1 -2,6 0,16 0,045 0,263 0,210

HbA1c (%) 6,2 ± 0,5 5,9 ± 0,3 -4,8 0,49 6,1 ± 0,4 5,9 ± 0,2 -3,3 0,67 0,021 0,946 0,939

Insulina (mU/mL)

13,6 ± 6,1 11,1 ± 4,2 -18,3 0,47 9,9 ± 5,8 8,6 ± 4,7 -13,1 0,26 0,022 0,432 0,239

HOMA-IR 3,8 ± 2,2 2,8 ± 1,1 -26,3 0,58 2,4 ± 1,7 2,1 ± 1,5 -12,5 0,21 0,025 0,233 0,112

Inflamatório

PCR (mg/L) 0,5 ± 0,5 0,7 ± 0,7 40,0 0,10 0,1 ± 0,1 0,1 ± 0,1 0,0 0,00 0,244 0,244 0,179 MCP-1 (mg/L) 425,0 ± 68,0 375,0 ± 121,5 -11,8 0,51 445,9 ± 149,1 342,1 ± 121,3 -23,3 0,76 0,056 0,478 0,191

IL-6 (pg/ml) 1,4 ± 1,1 2,6 ± 2,2* 85,7 0,70 1,3 ± 1,8 1,2 ± 1,1 -7,7 0,03 0,125 0,097 0,080 IL1ra (pg/ml) 482,5 ± 258,3 741,0 ± 428,6 53,5 0,73 303,6 ± 121,1 588,9 ± 265,0 94,0 1,38 <0,001 0,758 0,422 Os valores são apresentados com média e desvio padrão. HIIT- treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; HbA1c-%- percentual

de hemoglobina glicada; HOMA-IR - índice de avaliação do modelo homeostático; PCR- proteína C reativa; MCP1- proteína quimiotática de monócitos-1; IL6-

Interleucina-6; IL-1ra- interleucina-1 receptor antagonista; TE- tamanho do efeito. O nível de siginificância foi fixado em p <0,05. ‡ ANCOVA ajustado para terapia

hormonal e fumo.* diferença entre grupos (HIIT vs COM).

Page 38: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

37

Foram realizadas correlações parciais para examinar a importância relativa

das alterações na IL-6 com as alterações nos marcadores RI no HIIT e COM,

ajustando-se para a idade (Tabela 5). Observaram-se correlações negativas entre as

alterações na IL-6 com as alterações na insulina e HOMA-IR (P <0,05) apenas no

grupo HIIT.

Table 5. Análise de correlação parcial entre as alterações na IL-6 com as alterações nos marcadores RI em PM

HIIT (n= 8) COM (n= 8)

R2 P R2 P

HOMA-IR -0,59 0,043 0,03 0,718

Insulina -0,69 0,020 0,01 0,864

HbA1c 0,05 0,635 0,10 0,492

Glicose -0,35 0,168 0,12 0,456

HIIT- treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; HOMA-IR - índice de avaliação do modelo homeostático; HbA1c-%- percentual de hemoglobina glicada. Todos os valores foram ajustados para idade. Nível de significância estabelecido P<0,05.

4 DISCUSSÃO

As razões comuns para as pessoas não praticarem o exercício físico de forma

regular é a falta de tempo (GILLEN, JENNA B; GIBALA, 2013; GODIN et al., 1994;

TROST et al., 2002) e a falta de acesso aos equipamentos e/ou instalações de

atividade física, principalmente entre os adultos com alto risco ou diagnosticado com

DM2 (KORKIAKANGAS et al., 2009). Sendo assim, o entendimento dos efeitos de

diferentes tipos de exercício físico práticos, acessíveis, seguros e, principalmente,

tempo-eficientes parece ser necessário para evitar distúrbios metabólicos e prevenir

a DM2 pela atividade física. Nesse contexto, nós demonstramos que 12 semanas de

um protocolo adaptado HIIT foi capaz de reduzir os marcadores de resistência

insulina, aumentar a IL-1ra e a massa muscular de forma semelhante ao COM em

mulheres na PM com alto risco de DM2. Estes resultados foram confirmados pela

ANCOVA, após o ajuste para o uso de terapia hormonal e fumo. No entanto, existem

evidências conflitantes na literatura sobre a capacidade do HIIT em reduzir os

Page 39: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

38

marcadores de inflamação, incluindo ensaios recentes em indivíduos com sobrepeso

e obesidade (BATACAN, R. B., JR. et al., 2016). Nesse sentido, nós mostramos que

o HIIT aumentou a IL-6 em comparação com o COM, mas que a redução observada

nos marcadores de resistência insulínica (HOMA-IR e insulina) foi mediada, em

parte, pelo aumento da IL-6. Sendo assim, nossos resultados proporcionam

evidências de que o HIIT pode ser incorporado no tratamento de mulheres na PM

com alto risco de DM2 como uma alternativa tempo-eficiente (acessível e segura)

capaz de aumentar a massa muscular e consequentemente melhorar os marcadores

inflamatórios e a saúde metabólica.

Estratégias capazes de promover a manutenção e/ou o aumento da massa

muscular são importantes para combater a sarcopenia e melhora da captação de

glicose sanguínea em idosos (CLEASBY et al., 2016). Nossos resultados revelaram

que o HIIT aumentou IMM de forma semelhante ao COM em mulheres na PM com

alto risco de DM2 (Tabela 3). Segundo nossos conhecimentos, nenhum estudo

anterior investigou os efeitos do HIIT sobre a massa muscular em mulheres mais

velhas. Apenas dois estudos investigaram os efeitos do HIIT sobre os ganhos de

massa muscular (GILLEN, J. B. et al., 2013; RACIL et al., 2016). Estes estudos

demonstraram que o HIIT foi capaz de melhorar a massa muscular da perna em

mulheres jovens com sobrepeso / obesidade (GILLEN, J. B. et al., 2013; RACIL et

al., 2016). Embora seja amplamente aceito que o treinamento de força com alta

carga ( ≥ 70% de uma repetição máxima;1RM) é necessário para induzir aumentos

significativos no tamanho do músculo (tal como o COM) (AMERICAN COLLEGE OF

SPORTS et al., 2009; GARBER et al., 2011b), estudos recentes têm apoiado que

exercícios realizados com baixa carga (16-50% de 1RM ou com peso corporal)

também promovem aumentos significativos no tamanho do músculo e são capazes

de ativar vias de sinalização hipertróficas (AGERGAARD et al., 2016; BARCELOS

et al., 2015; GILLEN, J. B. et al., 2013; RACIL et al., 2016). Alguns desses estudos

sugerem que a hipertrofia muscular promovida pelo exercício de baixa carga é

obtida quando o exercício é realizado até, ou próximo, a fadiga voluntária (ou falha)

(BARCELOS et al., 2015) e / ou quando o exercício é realizado em alto volume

(AGERGAARD et al., 2016). Agergaard et al. mostraram que 10 séries de 36

repetições (movimento) à 16% de 1RM é suficiente para aumentar a síntese de

proteínas musculares e a sinalização hipertrófica em idosos (AGERGAARD et al.,

Page 40: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

39

2016). A elevação de uma carga de 16% de 1RM pode exigir um esforço muito

menor do que a elevação do próprio peso corporal. No presente estudo, as

voluntárias realizaram 10 blocos de exercício de alta intensidade intervalado (isto é,

30s de subida e descida de um step e 30s de agachamento com peso corporal) o

mais rápido possível. Entretanto, as voluntárias realizaram 17,8 de subida e descida

e 19,8 agachamentos com o peso corporal, realizando aproximadamente 38

repetições (movimento) em cada bloco. Sendo assim, o HIIT proposto por esse

estudo (exercícios realizados com peso corporal) parece ser suficiente para induzir a

síntese protéica muscular e a sinalização hipertrófica, consequentemente, promover

hipertrofia em mulheres na PM com alto risco de DM2.

Nossos resultados mostraram que o HIIT e o COM reduziram a glicose de

jejum após 12 semanas de intervenção. O HIIT e o COM reduziram a glicose em ~

7,5% e ~ 2,7%, respectivamente (Tabela 4). Nossos resultados assemelha-se a

estudos anteriores que mostraram uma pequena (≤ 14%) ou nenhuma redução da

glicose de jejum após intervencões com diferentes tipos de exercícios (BATACAN,

R. B., JR. et al., 2016; CASSIDY et al., 2017; JELLEYMAN et al., 2015). Como a

glicose de jejum está associada à sensibilidade insulínica hepática, essa pequena

redução após o exercício tem sido atribuída a um pequeno déficit energético

provocado pelo exercício e, conseqüentemente, uma pequena redução da gordura

hepática (CASSIDY et al., 2017; LIM et al., 2011). Por exemplo, enquanto uma

semana de dieta com baixo consumo energético (600 kcal) reduz 30% do teor de

gordura hepática e 35% da glicose de jejum (LIM et al., 2011), oito meses de

treinamento aeróbio ou COM reduzem 6% ou 4%, respectivamente (SLENTZ et al.,

2011) e reduz a glicose de jejum em ≤ 14% (BATACAN, R. B., JR. et al., 2016;

CASSIDY et al., 2017; JELLEYMAN et al., 2015).

Nossos resultados mostraram que o HIIT foi capaz de reduzir a HbA1c

similarmente ao COM em mulheres na PM com alto risco de DM2 (Tabela 4). O HIIT

mostrou reduções na HbA1c de ~ 0,30%. Nossos resultados estão de acordo com

uma meta-análise que encontrou uma redução semelhante de 0,25% da HbA1c

após intervenção com o HIIT em pessoas com síndrome metabólica / DM2

(JELLEYMAN et al., 2015). Estes resultados indicam importantes efeitos preventivos

do HIIT para mulheres na PM com alto risco de DM2 porque a cada 1% de redução

da HbA1c representa redução de 21% das mortes relacionadas à diabetes e a 14%

Page 41: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

40

do infarto do miocárdio em pacientes com DM2 (STRATTON et al., 2000), as duas

principais causas de morte entre as mulheres na pós-menopausa (PW) (BRAND et

al., 2013; HARTZ et al., 2012; ZHANG et al., 2008).

Nossos resultados também revelaram que ambos protocolos foram eficazes

na redução da insulina e do HOMA-IR em mulheres na PM com alto risco de DM2

(Tabela 4). Embora não tenha havido interação estatística, o HIIT mostrou um

tamanho do efeito moderado (TE = 0,58) enquanto que o COM apresentou um

tamanho do efeito pequeno (TE = 0,21) no HOMA-IR. Em uma meta-análise,

Jelleyman et al. também observaram redução do HOMA-IR após HIIT (JELLEYMAN

et al., 2015). No entanto, Jelleyman et al. observaram uma redução do HOMA-RI de

0,55, enquanto que em nosso estudo houve redução de 1,0 (26,3%). Esta

discrepância não é clara, mas pode estar relacionada aos altos níveis basais do

HOMA-IR no grupo HIIT (valor basal: HOMA-IR = 3,8). Jelleyman et al. mostraram

através uma equação de regressão que para se obter uma redução de 0,5 ou mais

no HOMA-IR, o seu valor basal deve ser de pelo menos 3,18 (JELLEYMAN et al.,

2015). Isso poderia explicar o pequeno efeito do HOMA-IR no grupo COM (valor

basal: HOMA-IR = 2,4) quando comparado ao HIIT. Coletivamente, esses achados

sugerem que o HIIT pode melhorar a sensibilidade à insulina naqueles que são

resistentes à insulina. Portanto, o HIIT parece ser uma estratégia de tratamento

tempo eficiente alternativa às intervenções tradicionais com atividade física para

mulheres na PM com alto risco de DM2.

Nossos resultados mostraram que o HIIT aumentou a IL-6 quando comparado

ao momento basal em mulheres na PM com alto risco de DM2 (Tabela 4). O efeito

crônico do HIIT na IL-6 não é bem estabelecido (BATACAN, R. B., JR. et al., 2016).

A dificuldade na interpretação dos resultados tem sido atribuída ao pequeno número

de estudos publicados sobre HIIT e IL-6 (principalmente com mulheres mais velhas

com ou em risco de distúrbios metabólicos) em variadas populações (BATACAN, R.

B., JR. et al., 2016). Outro aspecto importante sobre a dificuldade da interpretação

dos resultados é devido ao fato de que a IL-6 é considerada uma citocina pro-

inflamatória e o aumento da IL-6 após HIIT tem sido atribuído ao aumento do estado

inflamatório induzido pelo treinamento (RICHARDSON et al., 2016). Em contraste

com a crença de que a IL-6 é uma citocina pró-inflamatória, existe evidências que

suportam um papel metabólico positivo da IL-6 induzida pelo exercício (IL-6 derivada

Page 42: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

41

do músculo) na DM2 (KARSTOFT; PEDERSEN, 2015) . Diferentemente da IL-6

derivada dos macrófagos, que causa a ativação da via de sinalização do fator

nuclear-Kappa B, a via de sinalização da IL-6 derivada do músculo envolve um cross

talk entre o Ca2+/fator nuclear de células T ativadas (NFAT) e a p38/proteínas

quinases ativadas por mitógeno (MAPK), sugerindo que a IL-6 derivada do músculo

esquelético tem propriedades anti-inflamatórias, enquanto a IL-6 derivada de

monócitos ou macrófagos apresenta propriedades pró-inflamatórias. Os níveis de IL-

6 agudamente aumentados podem inibir o TNF-α e estimular IL-1ra (limitando a

sinalização de IL-1β), exercendo assim um efeito anti-inflamatório (KARSTOFT;

PEDERSEN, 2015; KNUDSEN; PEDERSEN, 2015). Além disso, o aumento dos

níveis de IL-6 pode promover o aumento da captação periférica de glicose, diminuir

a RI e induzir a oxidação dos lipídios (KARSTOFT; PEDERSEN, 2015). De forma

crônica, os elevados níveis de IL-6 pode aumentar a secreção de insulina através do

aumento na secreção do peptídeo semelhante a glucagon-1 (GLP-1) pelas células L

e células alfa em condições de aumento da demanda de insulina (ELLINGSGAARD

et al., 2011). Nesse sentido, nós associamos as alterações na IL-6 com alterações

dos marcadores de RI e encontramos uma associação negativa entre as alterações

na IL-6 e as alterações no HOMA-IR e insulina (Tabela 5). Assim, nossos dados

reforçam a descoberta anterior e sugerem que o HIIT melhora os marcadores de RI

através do aumento da IL-6 em mulheres na PM com alto risco de DM2.

A progressão do pré-diabetes para DM2 ocorre quando as células β

pancreáticas não conseguem compensar a RI pela produção de insulina (DONATH,

MARC Y; SHOELSON, STEVEN E, 2011). A infiltração de células imunes nos

adipócitos e nas ilhotas pancreáticas tem sido relacionada à deficiência de insulina e

ao desenvolvimento de DM2 (DONATH, MARC Y; SHOELSON, STEVEN E, 2011).

A MCP-1 tem sido relatado como um caminho possível para o desenvolvimento

dessa condição patológica, recrutando monócitos para o tecido-alvo (DONATH,

MARC Y; SHOELSON, STEVEN E, 2011). De fato, tem sido relatado que a MCP-1 é

um fator de risco independente para o desenvolvimento de DM2 (HERDER et al.,

2006). A MCP-1 pode ser induzida por IL-1β (citocina pró-inflamatória). Existe

evidência de que a IL-1β induz a produção de MCP-1 nas ilhotas e, portanto, está

envolvida na inflamação e dano das células beta pancreáticas (DONATH, MARC Y;

SHOELSON, STEVEN E, 2011). IL-1ra é uma citocina anti-inflamatória bem

Page 43: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

42

conhecida que limita a sinalização de IL-1β (DONATH, MARC Y; SHOELSON,

STEVEN E, 2011; KARSTOFT; PEDERSEN, 2015). Além disso, a inibição da IL-1β

pela anakinra (um recombinante humano de IL-1ra) melhora a disfunção das células

beta e a homeostase da glicose em indivíduos com DM2 (LARSEN et al., 2007).

Nossos resultados revelaram que o HIIT foi capaz de promover o aumento da IL-1ra

similarmente ao COM em mulheres PM com alto risco para DM2 (Tabela 4). Além

disso, HIIT e COM apresentaram uma tendência (P = 0,056) para reduzir MCP-1,

sem diferença entre eles (Tabela 4). Embora os estudos sobre o efeito crônico do

exercício sobre os níveis circulantes de IL-1ra e MCP-1 sejam muito escassos, tem

sido relatado que o treinamento aeróbio e o treinamento de força de alta intensidade

aumenta IL-1ra (FORTI et al., 2016; KARSTOFT; PEDERSEN, 2015) e que o

treinamento aeróbico reduz MCP-1 (FRANÇA-PINTO et al., 2015). Para nosso

conhecimento, o presente estudo é o primeiro a mostrar que 12 semanas de HIIT

aumentou a IL-1ra e mostrou uma tendência em reduzir MCP-1 de forma

semelhante ao COM em mulheres na PM com alto risco de DM2. Desse modo, dado

o papel da IL-1β e do MCP-1 sobre o dano das células β pancreáticas, a descoberta

de que o HIIT induz o aumento da IL-1ra e a redução circulante do MCP-1 pode

indicar que HIIT é uma estratégia de tratamento tempo-eficiente (e acessível)

importante para prevenir os danos mediados pela IL-1β nas células β pancreáticas e

impedir a progressão da pré-diabetes para DM2 em mulheres na PM com alto risco

de DM2.

Contrário aos nossos resultados, alguns estudos observaram redução da

PCR e IL-6 após o treinamento (MAVROS et al., 2014; TOMELERI et al., 2016) em

mulheres idosas. Os mecanismos pelos quais o treinamento altera a IL-6 e a PCR

ainda não foram totalmente elucidados, porém alguns estudos mostraram que a

redução da PCR e IL-6 em idosos com DM2 e obesidade estão relacionadas às

melhoras na gordura corporal após o treinamento (MAVROS et al., 2014;

TOMELERI et al., 2016). A gordura corporal produz e secreta a IL-6 que pode

contribuir desproporcionalmente para o aumento dos níveis circulantes dos

marcadores inflamatórios. Em nosso estudo, a gordura corporal não foi alterada

após 12 semanas de intervenção, fato este que pode explicar a discrepância entre

nosso estudo dos demais.

Page 44: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

43

5 CONCLUSÃO

Os achados do presente estudo mostraram que o protocolo HIIT adaptado é

uma estratégia de tratamento tempo-eficiente capaz de promover a melhora da

massa muscular, da RI e dos marcadores inflamatórios em mulheres na PM com alto

risco de DM2. E que as alterações na IL-6 estão relacionadas a melhora da

resistência à insulina. Esses achados reforçam o importante papel do protocolo HIIT

adaptado para o envelhecimento saudável e para a redução de algumas barreiras

relacionada a prática do exercício físico (ex.; falta de tempo).

REFERÊNCIAS AGERGAARD, J. et al. Light-load resistance exercise increases muscle protein synthesis and hypertrophy signaling in elderly men. Am J Physiol Endocrinol Metab, p. ajpendo 00164 2016, Oct 25 2016. ALLISON, M. K. et al. Brief Intense Stair Climbing Improves Cardiorespiratory Fitness. Med Sci Sports Exerc, v. 49, n. 2, p. 298-307, Feb 2017. ALVES, B. C.; DA SILVA, T. R.; SPRITZER, P. M. Sedentary Lifestyle and High-Carbohydrate Intake are Associated with Low-Grade Chronic Inflammation in Post-Menopause: A Cross-sectional Study. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia/RBGO Gynecology and Obstetrics, v. 38, n. 07, p. 317-324, 2016. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS, M. et al. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc, v. 41, n. 7, p. 1510-30, Jul 2009. ASSOCIATION, A. D. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes care, v. 33, n. Supplement 1, p. S62-S69, 2010. BAHIA, L. R. et al. The costs of type 2 diabetes mellitus outpatient care in the Brazilian public health system. Value in Health, v. 14, n. 5, p. S137-S140, 2011. BALDUCCI, S. et al. Anti-inflammatory effect of exercise training in subjects with type 2 diabetes and the metabolic syndrome is dependent on exercise modalities and independent of weight loss. Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases, v. 20, n. 8, p. 608-617, 2010. BARCELOS, L. C. et al. Low-load resistance training promotes muscular adaptation regardless of vascular occlusion, load, or volume. Eur J Appl Physiol, v. 115, n. 7, p. 1559-68, Jul 2015.

Page 45: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

44

BARRY, V. W.; CHURCH, T.; BLAIR, S. N. Effects of exercise modality on insulin resistance and functional limitation in older adults. Current Cardiovascular Risk Reports, v. 3, n. 4, p. 235-236, 2009. BATACAN, R. B. et al. Effects of high-intensity interval training on cardiometabolic health: a systematic review and meta-analysis of intervention studies. British Journal of Sports Medicine, p. bjsports-2015-095841, 2016. BERG, W. P. et al. Circumstances and consequences of falls in independent community-dwelling older adults. Age Ageing, v. 26, n. 4, p. 261-8, Jul 1997. BONORA, E. et al. Homeostasis model assessment closely mirrors the glucose clamp technique in the assessment of insulin sensitivity: studies in subjects with various degrees of glucose tolerance and insulin sensitivity. Diabetes care, v. 23, n. 1, p. 57-63, 2000. BOUTCHER, S. H. High-intensity intermittent exercise and fat loss. Journal of obesity, v. 2011, 2010. BRAND, J. S. et al. Age at menopause, reproductive life span, and type 2 diabetes risk: results from the EPIC-InterAct study. Diabetes Care, v. 36, n. 4, p. 1012-9, Apr 2013. CASSIDY, S. et al. High-intensity interval training: a review of its impact on glucose control and cardiometabolic health. Diabetologia, v. 60, n. 1, p. 7-23, Jan 2017. CHENG, D. Prevalence, predisposition and prevention of type II diabetes. Nutrition & metabolism, v. 2, n. 1, p. 29, 2005. CHURCH, T. S. et al. Effects of aerobic and resistance training on hemoglobin A1c levels in patients with type 2 diabetes: a randomized controlled trial. Jama, v. 304, n. 20, p. 2253-2262, 2010. CINTRA, I. D. P. et al. Métodos de inquéritos dietéticos. Cad Nutr, v. 13, n. 2, p. 11-23, 1997. CLEASBY, M. E.; JAMIESON, P. M.; ATHERTON, P. J. Insulin resistance and sarcopenia: mechanistic links between common co-morbidities. Journal of Endocrinology, v. 229, n. 2, p. R67-R81, 2016. DA ROCHA FERNANDES, J. et al. IDF Diabetes Atlas estimates of 2014 global health expenditures on diabetes. Diabetes Research and Clinical Practice, v. 117, p. 48-54, 2016. DATASUS, I. et al. Informações de saúde: Ministério da Saúde Brasília 2012. DONATH, M. Y.; SHOELSON, S. E. Type 2 diabetes as an inflammatory disease. Nat Rev Immunol, v. 11, n. 2, p. 98-107, Feb 2011.

Page 46: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

45

DONATH, M. Y.; SHOELSON, S. E. Type 2 diabetes as an inflammatory disease. Nature Reviews Immunology, v. 11, n. 2, p. 98-107, 2011. ELLINGSGAARD, H. et al. Interleukin-6 enhances insulin secretion by increasing glucagon-like peptide-1 secretion from L cells and alpha cells. Nat Med, v. 17, n. 11, p. 1481-9, Oct 30 2011. FORTI, L. N. et al. Load-Specific Inflammation Mediating Effects of Resistance Training in Older Persons. Journal of the American Medical Directors Association, v. 17, n. 6, p. 547-552, 2016. FRANÇA-PINTO, A. et al. Aerobic training decreases bronchial hyperresponsiveness and systemic inflammation in patients with moderate or severe asthma: a randomised controlled trial. Thorax, v. 70, n. 8, p. 732-739, 2015. FRANCESCHI, C.; CAMPISI, J. Chronic inflammation (inflammaging) and its potential contribution to age-associated diseases. J Gerontol A Biol Sci Med Sci, v. 69 Suppl 1, p. S4-9, Jun 2014. GARBER, C. E. et al. American College of Sports Medicine position stand. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Medicine and science in sports and exercise, v. 43, n. 7, p. 1334-1359, 2011a. ______. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 43, n. 7, p. 1334-1359, 2011b. GELONEZE, B. et al. The threshold value for insulin resistance (HOMA-IR) in an admixtured population: IR in the Brazilian metabolic syndrome study. Diabetes research and clinical practice, v. 72, n. 2, p. 219-220, 2006. GIBALA, M. J.; GILLEN, J. B.; PERCIVAL, M. E. Physiological and health-related adaptations to low-volume interval training: influences of nutrition and sex. Sports Medicine, v. 44, n. 2, p. 127-137, 2014.

GIBALA, M. J. et al. Physiological adaptations to low‐volume, high‐intensity interval training in health and disease. The Journal of physiology, v. 590, n. 5, p. 1077-1084, 2012.

GILLEN, J. et al. Acute high‐intensity interval exercise reduces the postprandial glucose response and prevalence of hyperglycaemia in patients with type 2 diabetes. Diabetes, Obesity and Metabolism, v. 14, n. 6, p. 575-577, 2012. GILLEN, J. B.; GIBALA, M. J. Is high-intensity interval training a time-efficient exercise strategy to improve health and fitness? Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 39, n. 3, p. 409-412, 2013.

Page 47: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

46

GILLEN, J. B. et al. Interval training in the fed or fasted state improves body composition and muscle oxidative capacity in overweight women. Obesity (Silver Spring), v. 21, n. 11, p. 2249-55, Nov 2013. GODIN, G. et al. Differences in perceived barriers to exercise between high and low intenders: observations among different populations. American Journal of Health Promotion, v. 8, n. 4, p. 279-385, 1994. GROSSMANN, V. et al. Profile of the Immune and Inflammatory Response in Individuals With Prediabetes and Type 2 Diabetes. Diabetes Care, v. 38, n. 7, p. 1356-64, Jul 2015. HARTZ, A.; HE, T.; RIMM, A. Comparison of adiposity measures as risk factors in postmenopausal women. J Clin Endocrinol Metab, v. 97, n. 1, p. 227-33, Jan 2012. HERDER, C. et al. Chemokines as risk factors for type 2 diabetes: results from the MONICA/KORA Augsburg study, 1984–2002. Diabetologia, v. 49, n. 5, p. 921, 2006. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, E. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Rio de Janeiro 2014. JELLEYMAN, C. et al. The effects of high-intensity interval training on glucose regulation and insulin resistance: a meta-analysis. Obes Rev, v. 16, n. 11, p. 942-61, Nov 2015. KAMEL, H. K.; MAAS, D.; DUTHIE JR, E. H. Role of hormones in the pathogenesis and management of sarcopenia. Drugs & aging, v. 19, n. 11, p. 865-877, 2002. KARSTOFT, K.; PEDERSEN, B. K. Exercise and type 2 diabetes: focus on metabolism and inflammation. Immunology and cell biology, 2015. KARVONEN, M. J.; KENTALA, E.; MUSTALA, O. The effects of training on heart rate; a longitudinal study. Annales medicinae experimentalis et biologiae Fenniae, 1957. p.307. KAVOURAS, S. A. et al. Physical activity, obesity status, and glycemic control: the ATTICA study. Medicine and science in sports and exercise, v. 39, n. 4, p. 606, 2007. KNUDSEN, S. H.; PEDERSEN, B. K. Targeting inflammation through a physical active lifestyle and pharmaceuticals for the treatment of type 2 diabetes. Current Diabetes Reports, v. 15, n. 10, p. 82, 2015. KORKIAKANGAS, E. E.; ALAHUHTA, M. A.; LAITINEN, J. H. Barriers to regular exercise among adults at high risk or diagnosed with type 2 diabetes: a systematic review. Health Promotion International, p. dap031, 2009.

Page 48: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

47

LARSEN, C. M. et al. Interleukin-1-receptor antagonist in type 2 diabetes mellitus. N Engl J Med, v. 356, n. 15, p. 1517-26, Apr 12 2007. LIM, E. L. et al. Reversal of type 2 diabetes: normalisation of beta cell function in association with decreased pancreas and liver triacylglycerol. Diabetologia, v. 54, n. 10, p. 2506-14, Oct 2011. LISKO, I. et al. Inflammation, adiposity, and mortality in the oldest old. Rejuvenation Res, v. 15, n. 5, p. 445-52, Oct 2012. LITTLE, J. P. et al. Low-volume high-intensity interval training reduces hyperglycemia and increases muscle mitochondrial capacity in patients with type 2 diabetes. Journal of applied physiology, v. 111, n. 6, p. 1554-1560, 2011. MALERBI, D. A.; FRANCO, L. J. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30–69 yr. Diabetes care, v. 15, n. 11, p. 1509-1516, 1992. MAVROS, Y. et al. Reductions in C-reactive protein in older adults with type 2 diabetes are related to improvements in body composition following a randomized controlled trial of resistance training. J Cachexia Sarcopenia Muscle, v. 5, n. 2, p. 111-20, Jun 2014. ORSATTI, F. L. et al. Muscle mass gain after resistance training is inversely correlated with trunk adiposity gain in postmenopausal women. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 26, n. 8, p. 2130-2139, 2012. PEDERSEN, B. K. Muscle as a secretory organ. Comprehensive Physiology, 2013. PEDERSEN, B. K.; FEBBRAIO, M. A. Muscles, exercise and obesity: skeletal muscle as a secretory organ. Nat Rev Endocrinol, v. 8, n. 8, p. 457-65, Aug 2012. PEHRSSON, P. et al. USDA's national food and nutrient analysis program: food sampling. Journal of Food Composition and Analysis, v. 13, n. 4, p. 379-389, 2000. PICHE, M. E. et al. Relation of high-sensitivity C-reactive protein, interleukin-6, tumor necrosis factor-alpha, and fibrinogen to abdominal adipose tissue, blood pressure, and cholesterol and triglyceride levels in healthy postmenopausal women. Am J Cardiol, v. 96, n. 1, p. 92-7, Jul 01 2005. PITSAVOS, C. et al. Association Between Low-Grade Systemic Inflammation and Type 2 Diabetes Mellitus Among Men and Women from the ATTICA Study. Rev Diabet Stud, v. 4, n. 2, p. 98-104, Summer 2007. RACIL, G. et al. Plyometric exercise combined with high-intensity interval training improves metabolic abnormalities in young obese females more so than interval training alone. Appl Physiol Nutr Metab, v. 41, n. 1, p. 103-9, Jan 2016.

Page 49: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

48

RICHARDSON, A. J. et al. Similar Inflammatory Responses following Sprint Interval Training Performed in Hypoxia and Normoxia. Front Physiol, v. 7, p. 332, 2016. ROGLIC, G.; UNWIN, N. Mortality attributable to diabetes: estimates for the year 2010. Diabetes research and clinical practice, v. 87, n. 1, p. 15-19, 2010. ROSENBERG, D. E. et al. Assessment of sedentary behavior with the International Physical Activity Questionnaire. Journal of physical activity & health, v. 5, p. S30, 2008. SEO, D.-I. et al. 12 weeks of combined exercise is better than aerobic exercise for increasing growth hormone in middle-aged women. International journal of sport nutrition, v. 20, n. 1, p. 21, 2010. SHIROMA, E. J. et al. Strength Training and the Risk of Type 2 Diabetes and Cardiovascular Disease. Medicine and science in sports and exercise, 2016. SHOELSON, S. E.; LEE, J.; GOLDFINE, A. B. Inflammation and insulin resistance. The Journal of clinical investigation, v. 116, n. 7, p. 1793-1801, 2006. SLENTZ, C. A. et al. Effects of aerobic vs. resistance training on visceral and liver fat stores, liver enzymes, and insulin resistance by HOMA in overweight adults from STRRIDE AT/RT. Am J Physiol Endocrinol Metab, v. 301, n. 5, p. E1033-9, Nov 2011. SOCIEDADE BARSILEIRA DE DIABETES, S. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014-2015. São Paulo, 2015. STRATTON, I. M. et al. Association of glycaemia with macrovascular and microvascular complications of type 2 diabetes (UKPDS 35): prospective observational study. BMJ, v. 321, n. 7258, p. 405-12, Aug 12 2000. THOMPSON, W. R. Now trending: worldwide survey of fitness trends for 2014. ACSM Health Fitness J, v. 17, n. 6, p. 10-20, 2013. TOMELERI, C. M. et al. Resistance training improves inflammatory level, lipid and glycemic profiles in obese older women: A randomized controlled trial. Exp Gerontol, v. 84, p. 80-87, Nov 2016. TOTH, M. et al. Effect of menopausal status on body composition and abdominal fat distribution. International journal of obesity, v. 24, n. 2, p. 226-231, 2000. TROST, S. G. et al. Correlates of adults' participation in physical activity: review and update. Medicine and science in sports and exercise, v. 34, n. 12, p. 1996-2001, 2002. UTTER, A. C. et al. Validation of the Adult OMNI Scale of perceived exertion for walking/running exercise. Medicine and science in sports and exercise, v. 36, n. 10, p. 1776-1780, 2004.

Page 50: TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE …bdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/371/5/Dissert Fernanda M Martins s... · manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação

49

VISSER, M. et al. Relationship of interleukin-6 and tumor necrosis factor-α with muscle mass and muscle strength in elderly men and women The Health ABC Study. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 57, n. 5, p. M326-M332, 2002. WORLD HEALTH ORGANIZATION, W. Research on the menopause. WHO Technical Report Series, n. 670, 1981. ZHANG, C. et al. Abdominal obesity and the risk of all-cause, cardiovascular, and cancer mortality: sixteen years of follow-up in US women. Circulation, v. 117, n. 13, p. 1658-67, Apr 1 2008.