FERNANDA MARIA MARTINS
TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA
ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS-
MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2
UBERABA
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Fernanda Maria Martins
TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA
ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS-
MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Educação Física, área de
concentração “Educação Física,
Esporte e Saúde” (Linha de
pesquisa: Exercício Físico, Ajustes
e Adaptações Neuromusculares,
Cardiorrespiratórias e Endócrino-
metabólicas.), da Universidade do
Triângulo Mineiro, como requisito
parcial para obtenção do título de
mestre.
Orientador: Dr. Fábio Lera Orsatti
UBERABA
2017
Fernanda Maria Martins
TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COMO UMA
ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA MULHERES NA PÓS-
MENOPAUSA COM ALTO RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física, área de concentração “Educação Física, Esporte e Saúde” (Linha de pesquisa: Exercício Físico, Ajustes e Adaptações Neuromusculares, Cardiorrespiratórias e Endócrino-metabólicas.), da Universidade do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do título de mestre.
Aprovada em 21 de fevereiro de 2017
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Fábio Lera Orsatti – Orientador
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Prof. Dr. Jair Sindra Virtuoso Júnior
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Prof. Dr. Erick Prado de Oliveira
Universidade Federal de Uberlândia
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela
oportunidade e força durante realização desta etapa. A
toda minha família, em especial meus pais (Maria
Auxiliadora Machado Martins e Luiz Carlos Martins)
pelo amor, apoio, compreensão e dedicação durante
toda a minha vida, obrigada por sempre acreditarem
em mim. Aos meus irmãos, Fabiana Maria Martins e
Fábio Marcos Martins, pelo amor, companheirismo e
incentivo durante a realização desta pesquisa. E aos
meus amigos, Fernanda Gabriela Martins Gonçalves,
Mariana Cecílio, Josy Murcia, Alexandre de Freitas e
Kermit Júnior por estarem sempre ao meu lado, me
ouvindo e aconselhando nos momentos mais difíceis.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Fábio Lera Orsatti, pela oportunidade de fazer parte do seu
grupo de pesquisa, por acreditar e confiar no meu trabalho. Pela paciência, pela
partilha de conhecimento e pelos ensinamentos que auxiliaram no meu
amadurecimento profissional.
A todos os integrantes do BioEx, Aletéia de Paula Souza, Paulo Ricardo
Prado Nunes, Marcelo Augusto da Silva Carneiro, Anselmo Alves de Oliveira,
Cristiane Maria de Castro Franco, Gederson Kardec Gomes, Jairo de Freitas
Rodrigues de Souza, Thalles Racine Gonçalves Bernardes da Silva, Weverton
Fonseca Soares, Vitor Lopes Soares e Gersiel de Oliveira pelas ajudas durante o
desenvolvimento do projeto de pesquisa e pelos momentos de descontração.
À professora Dra. Marcia Antoniazi Michelin pela confiança e por conceder o
espaço de seu laboratório, Instituto de Pesquisa em Oncologia, para a realização
das coletas de dados.
À professora Dra. Elizabete Aparecida M. R. de Resende pela ajuda,
confiança e por auxiliar na realização dos exames sanguíneos.
Ao Professor Dr. Erick Prado de Oliveira pelas contribuições na área de
nutrição e pelas considerações durante a escrita dos artigos científicos.
Às nutricionistas e pós graduandas em Ciência da Saúde da UFU, Paula
Nahas, Luana Thomazetto Rossato e Flávia De Branco pela ajuda durante as
coletas dos dados nutricionais, pela amizade e momentos de descontração.
Às funcionárias da Pós-Graduação Angélica Fatureto e Ana Lúcia de
Figueiredo, obrigada pela atenção e eficiência.
Aos funcionários da limpeza da Pós-Graduação, obrigada por sempre
manterem organizados e limpos os equipamentos de musculação e a quadra de
esportes.
As voluntárias da pesquisa, obrigada pelo confiança, comprometimento e
carinho com o estudo.
Enfim, a todos aqueles que contribuíram com a minha formação e
amadurecimento profissional, o meu muito obrigado!
"Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes."
Isaac Newton
RESUMO
A menopausa está associada às alterações na composição corporal e aumentos dos
marcadores inflamatórios. A inflamação crônca causa resistência insulínica e
diabetes. Em contrapartida, o treinamento combinado (COM) é capaz de prevenir ou
melhorar a inflamação crônica e distúrbios metabólicos em idosos. No entanto, COM
apresenta longa sessão de duração e a falta de tempo é uma razão comum para
não praticar exercício. Sendo assim, o treinamento intervalado de alta intensidade
(HIIT) surge como uma proposta de tratamento tempo-eficiente. Porém, existem
poucos estudos que apoiam o HIIT como estratégia de intervenção em idosos, além
disso, não há estudos que compararam HIIT com o COM. Portanto, o objetivo do
estudo foi avaliar se o HIIT é uma estratégia tempo-eficiente, comparado ao COM,
capaz promover adaptações positivas sobre a composição corporal, força muscular
e marcadores inflamatórios e de resistência à insulina (RI) em mulheres na pós-
menopausa (PM) com alto risco de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Finalizaram o
estudo 16 mulheres na PM distribuídas aleatoriamente em dois grupos: COM (n=8) e
HIIT (n=8). Os protocolos foram realizados três vezes por semana durante 12
semanas. A composição corporal foi determinada utilizando DEXA. Os indicadores
metabólicos foram determinados por métodos automatizados e os indicadores
inflamatórios por método de imunoensaio enzimático. Ambos os grupos
apresentaram aumento significativo (P<0,05) no índice de massa muscular (IMM) e
IL1ra. Houve diminuição significativa (P< 0,05) na glicose de jejum, HbA1c, insulina,
HOMA-IR e MCP-1 (tendência para MCP-1; P = 0,056) em ambos os grupos. Os
efeitos do HIIT foram estatisticamente (P> 0,05) indistinguíveis dos efeitos do COM.
Apenas o COM aumentou a força muscular e o HIIT aumentou a IL-6. Foram
observadas correlações negativas entre as alterações na IL-6 com as alterações na
insulina e HOMA-IR (P <0,05), apenas no grupo HIIT. Os achados sugerem que
protocolo HIIT é uma estratégia de tratamento tempo-eficiente alternativo capaz de
promover a melhorias na massa muscular, RI e marcadores inflamatórios em
mulheres na PM com alto risco de DM2.
Palavras chave: Exercício Físico. Hemoglobina Glicada. Inflamação. Pós-
menopausa.
ABSTRACT
Menopause is associated with changes in body composition and increases in
inflammatory markers. The chronic inflammation cause insulin resistance and
diabetes. In contrast, combined training (COM) is able to prevent or ameliorate
chronic inflammation and metabolic disorders in elderly. However, the COM presents
a long period session which may be a common reason to people not do exercise due
to lack of time. Thus, high-intensity interval training (HIIT) appears as a proposal for a
time-efficient treatment. However, there are few randomized controlled trials to
support the HIIT as alternative time-efficient treatment strategy in older adults, mainly
in older women at risk for metabolic disorders. The objective was compared the
effects of an adapted HIIT protocol with a COM protocol on body composition and
muscle strength and insulin resistance and inflammatory markers in postmenopausal
women (PW) with high risk for type 2 diabetes mellitus (TDM2). Sixteen PW high risk
for TDM2 were divided into two groups: HIIT (n=8) and COM (n=8). Both groups
performed a three–day-a-week routine for 12 weeks. The body composition was
measured using DXA. The blood indicators were measured by automated methods
and inflammatory makers were measured by markers enzyme-linked immunesorbent
assay. Both groups led to significant (P < 0.05) increase in muscle mass index (MMI)
and IL1ra and significant decrease in fasting glucose, HbA1c, Insulin, HOMA-IR and
MCP-1 (trend to MCP-1, P = 0.056). The effects of HIIT were statistically (P > 0.05)
indistinguishable from the effects of COMT. There were significant (P < 0.05)
interactions of time by groups in muscle strength, indicating that only the COMT
increased muscle strength. In HIIT, a significant increase in IL-6 was noted from pre-
training to post-training. Negative correlations were observed between the changes
in IL-6 with the changes in insulin and HOMA-IR (P < 0.05) only in HIIT group. The
results of the present investigation suggest that the adapted HIIT protocol is an
alternative time-efficient treatment strategy to improve muscle mass, insulin
resistance, and inflammatory markers in PW with high risk for TDM2.
Key words: Physical Exercise. Glycated Hemoglobin. Inflammation.
Postmenopause.
LISTA DE SIGLAS
AMPK- proteínas quinases ativadas por mitógeno
CHO / Weight- Ingestão de carboidrato/ peso corporal
COM- Treinamento combinado
DHEA-S- Sulfato de dehidroepiandrosterona
DM2- Diabetes mellitus tipo 2
E/PC- Ingestão de energia/ peso corporal
E2- Estradiol
FCmáx- Frequência cardíaca máxima
FSH- Hormônio folículo-estimulante
% G – percentual de gordura corporal
GLP1- peptídeo semelhante a glucagon 1
HbA1c - Hemoglobina glicada
HIIT- Treinamento intervalado de alta intensidade
HOMA-IR - Modelo de avaliação da homeostase
IL1-ra- Interleucina 1 (receptor antagonista)
IL-6- Interleucina-6
IMC- Índice de massa corporal
LH- Hormônio luteinizante
LPD/ Weight- Ingestão de lipídios / peso corporal
MCP-1- Proteína quimiotática de monócitos-1
MMI- Índice de massa muscular
PCR- Proteína C reativa
PM- Pós-menopausa
PTN /Weight- - Ingestão de proteína / peso corporal
1RM- Uma repetição máxima
RI- Resistência Insulínica
T4- Tetraiodotironina
TPM- tempo pós-menopausa
TH- Terapia hormonal
TS- Tempo sentado
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 MENOPAUSA, INFLAMAÇÃO E DIABETES ................................................... 13
1.2 TREINAMENTO COMBINADO (COM) ............................................................ 15
1.3 TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE (HIIT) .................. 16
1.4 EXERCÍCIO FÍSICO, INFLAMAÇÃO E DIABETES ......................................... 18
1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 19
1.6 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19
1.6.1 Objetivo geral ........................................................................................... 19
1.6.2 Objetivos específicos .............................................................................. 20
2 MÉTODOS ............................................................................................................. 20
2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO....................................................................... 20
2.2. AVALIAÇÕES ................................................................................................. 23
2.2.1 Anamnese ................................................................................................. 23
2.2.2 Avaliação antropométrica e da composição corporal .......................... 23
2.2.3 Hábitos alimentares ................................................................................. 24
2.2.4 Tempo sentado ........................................................................................ 24
2.2.5 Teste de uma repetição máxima (1 RM) ................................................. 24
2.2.6 Processamento e análises das amostras sanguíneas ......................... 25
2.2.7 Método colorimétrico automatizado - glicose, hemoglobina glicada e
proteína c reativa .............................................................................................. 26
2.2.8 Método eletroquimioluminescencia – tetraiodotironina, insulina,
sulfato de deidroepiandrosterona, estradiol, hormônio luteinizante e
testosterona ...................................................................................................... 26
2.2.9 Método Elisa (imunoensaio enzimático) – citocinas: interleucina 1-ra
(IL1-ra), interleucina-6 (IL-6) e proteína quimiotática de monócitos-1 (MCP-
1). ....................................................................................................................... 27
2.2.10 Modelo de avaliação da homeostase (HOMA-IR) ................................ 27
2.3 PROTOCOLO DE TREINAMENTO ................................................................. 27
2.3.1 Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) .............................. 28
2.3.2 Treinamento combinado (COM) .............................................................. 29
2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 31
3 RESULTADOS ....................................................................................................... 31
4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 37
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43
ANEXO A: Low physical function is associated with insulin resistance markers
in obesity postmenopausal women……………………………………………..…….50
ANEXO B: Hiit is a time-efficient strategy to improve muscle mass and
inflammatory and insulin resistance markers in postmenopausal women with
high risk for type 2 diabetes mellitus………….…………………………..………….69
13
1 INTRODUÇÃO
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estimou, em 2013, 11.933.580
pessoas, na faixa etária de 20 a 79 anos, diagnosticadas com diabetes no Brasil
(SOCIEDADE BARSILEIRA DE DIABETES, 2015). O número de diabéticos está
aumentando devido ao crescimento e envelhecimento da população. Um estudo
multicêntrico relatou o aumento de 6,4 vezes na incidência de diabetes provocada
pelo processo de envelhecimento (MALERBI; FRANCO, 1992). As mulheres são
mais acometidas pela doença, sendo a prevalência de 7,0% nas mulheres e de 5,4%
nos homens (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, 2014). A diabetes mellitus
tipo 2 (DM2) é a forma mais prevalente da doença e caracteriza-se pela
hiperglicemia provocada pela deficiência na ação e/ou secreção da insulina
(CHENG, 2005).
A DM2 está entre os principais problemas de saúde pública e proporciona alto
gasto econômico aos órgãos públicos, através de despesas com medicamentos,
cuidados hospitalares e tratamento das complicações (ex; nefropatia, retinopatia,
amputação e doença cardiovascular) (DA ROCHA FERNANDES et al., 2016). Por
exemplo, no Brasil, o custo anual da doença é de aproximadamente 2.108 dolares
por paciente (BAHIA et al., 2011). Além disso, a diabetes está associada
diretamente a maior taxa de mortalidade. Em 2010, o número total de óbitos
atribuíveis à diabetes em todo o mundo foi estimado em 3,96 milhões na faixa etária
20-79 anos (ROGLIC; UNWIN, 2010). Portanto, interveções para previnir a diebetes
é necessário para reduzir a mortalidade e a sobrecarga na saúde pública.
1.1 MENOPAUSA, INFLAMAÇÃO E DIABETES
O aumento da expectativa de vida proporcionou o crescimento acentuado da
população idosa, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em
desenvolvimento. Em 2016, estimou-se 24,9 milhões de pessoas acima de 60 anos,
das quais mais da metade foi composta por mulheres (55,7%) (DATASUS et al.,
2012). Devido ao aumento da expectativa de vida há um maior número de mulheres
atingindo a menopausa. Esse período é acompanhado pela interrupção permanente
14
da menstruação caracterizada por um intervalo mínimo de um ano da última
menstruação e o tempo de vida após a menopausa é denominado de período pós-
menopausa (PM) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1981).
A menopausa é acompanhada por alterações na composição corporal que
são caracterizadas por um aumento da gordura corporal (obesidade),
concomitantemente com a diminuição da função e massa musculares (sarcopenia)
(KAMEL; MAAS; DUTHIE JR, 2002; TOTH et al., 2000). A associação dessas duas
condições provocam efeito sinérgico em vários marcadores de saúde (CLEASBY;
JAMIESON; ATHERTON, 2016). O aumento da gordura corporal e a baixa massa
muscular estão relacionados ao aumento crônico dos níveis de marcadores
inflamatórios (PCR, MCP-1, IL-6 e IL1-ra) (LISKO et al., 2012; PICHE et al., 2005;
VISSER et al., 2002), denominado inflamação crônica de baixo grau (FRANCESCHI;
CAMPISI, 2014). Visser et al. relataram que idosos com alto níveis de IL-6
aparesentam menor massa muscular quando comparados à idosos com baixos
níveis (VISSER et al., 2002). Lisko et al. mostraram que os marcadores inflamatórios
( PCR e IL-6) estão associados positivamente com índice de massa corporal (IMC) e
com a cincunferência da cintura (CC) em mulheres idosas (LISKO et al., 2012).
Sendo assim, as alterações na composição corporal apresentam papel crítico sobre
a inflamação crônica em idosos.
A inflamação crônica de baixo grau está relaconada ao desenvolvimento de
várias condicões patológicas, por exemplo, a DM2 (PITSAVOS et al., 2007). Estudos
têm mostrado que o aumento dos marcadores inflamatórios foram associados a
resistência à insulina (RI) e a pré-diabetes (PITSAVOS et al., 2007; SHOELSON;
LEE; GOLDFINE, 2006). A inflamação de baixo grau precede o aparecimento da
DM2 (GROSSMANN et al., 2015; HERDER et al., 2006). A DM2 aumenta o risco de
doença cardiovascular, sendo esta a principal causa de morte entre as mulheres no
período pós-menopausa (BRAND et al., 2013; HARTZ; HE; RIMM, 2012; ZHANG et
al., 2008).
15
1.2 TREINAMENTO COMBINADO (COM)
A RI está inversamente associada ao nível de atividade física, sendo assim,
indivíduos com estilos de vida sedentários apresentam níveis mais elevados de
glicose e insulina sanguíneas do que os indivíduos ativos (KAVOURAS et al., 2007).
Além disso, menores níveis de atividade física estão associados com a inflamação
crônica de baixo grau em mulheres idosas (ALVES; DA SILVA; SPRITZER, 2016).
Neste contexto, a prática de atividade física de forma regular (exercício físico) é uma
importante estratégia não-farmacológica capaz de promover a melhorar da
composição corporal (obesidade e sarcopenia), reduz os marcadores de RI e de
inflamação crônica de baixo grau, podendo prevenir o risco do desenvolvimento de
DM2 em indivíduos de meia idade e idosos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS et
al., 2009; GARBER et al., 2011a).
O American College of Sports Medicine recomenda a prática de 150 minutos
de atividade física de intensidade moderada por semana, combinando exercício de
força com exercício aeróbio para idosos saudáveis (AMERICAN COLLEGE OF
SPORTS et al., 2009; GARBER et al., 2011a). Estas recomendações baseiam-se
principalmente nos efeitos de cada modalidade, por exemplo, o exercício de força,
para aumentar a massa muscular e o desempenho físico e o exercício aeróbico para
diminuir a gordura corporal e melhorar a capacidade aeróbia máxima (AMERICAN
COLLEGE OF SPORTS et al., 2009; SLENTZ et al., 2011). Além disso, essas
adaptações provocadas pelo treinamento de força e o aeróbio são importantes para
prevenir ou melhorar vários marcadores de saúde (inflamação de baixo grau e
distúrbios metabólicos) em idosos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS et al., 2009;
GARBER et al., 2011a; SLENTZ et al., 2011; TOMELERI et al., 2016). Um recente
estudo mostrou que a combinação do treinamento de força com o aeróbio reduziu
65% o risco de incidência de diabetes em mulheres idosas (SHIROMA et al., 2016).
Interessantemente, o COM parece ser mais eficiente na redução da glicemia do que
treinamentos isolados (aeróbios ou força). Por exemplo, em indivíduos com DM2 os
níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) foram reduzidos quando os indivíduos foram
submetidos a nove meses de treinamento combinado (COM), porém HbA1c não
reduziu quando os indivíduos foram submetidos ao treinamentos aeróbio ou de força
(CHURCH et al., 2010). Além disso, a glicemia de jejum melhorou em mulheres de
16
meia idade após 12 semanas de COM, no entanto, elas não mostraram melhora
quando realizaram apenas o treinamento aeróbio (SEO et al., 2010).
Complementarmente, a RI foi reduzida em idosos após seis meses de COM
(BARRY; CHURCH; BLAIR, 2009).
Embora os benefícios para a saúde com a prática do COM têm sido
documentados, muitas questões não resolvidas cercam esse tipo de exercício. Por
exemplo, COM apresenta longa sessão de duração (~ 60 min.) e um alto volume de
treinamento o que pode ser uma razão comum para que as pessoas não pratiquem
exercício físico, devido à falta de tempo (GILLEN, JENNA B; GIBALA, 2013; GODIN
et al., 1994; SLENTZ et al., 2011; TROST et al., 2002), principalmente entre adultos
com alto risco ou diagnosticados com DM2 (KORKIAKANGAS; ALAHUHTA;
LAITINEN, 2009). A compreensão dos efeitos de diferentes tipos de exercício físico
considerado “tempo-eficientes” sobre diferentes condições é de extrema importância
se quisermos encontrar estratégias de tratamento efecientes para adultos com alto
risco de DM2.
1.3 TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE (HIIT)
Os estudos sobre diferentes protocolos tempo-eficiente com o exercício físico
intervalado de alta intensidade vem crescendo na literatura. O treinamento
intervalado de alta intensidade (HIIT) é um protocolo realizado em um curto período
de tempo (menor 30 minutos) e, portanto, apontado como uma possível solução
para a falta de tempo (THOMPSON, 2013). O HIIT caracteriza-se pela realização de
exercícios rápidos e intensos (> 80% da freqüência cardíaca máxima, FCmáx) por
curto tempo, seguido por períodos de recuperação que pode ser ativa (exercícios de
baixa intensidade) ou de repouso (GIBALA; GILLEN; PERCIVAL, 2014).
Um modelo HIIT comumente estudado em pacientes com DM2 consiste em
realizar dez séries de 60 segundos de exercícios de alta intensidade (ex: em
bicicletas ou com peso corporal) intercalados por 60 segundos de recuperação entre
as séries (GIBALA et al., 2012; GILLEN, J. et al., 2012; LITTLE et al., 2011).
Estudos têm mostrado que o HIIT foi eficiente na redução da gordura corporal,
aumento da capacidade cardiorrespiratória (BOUTCHER, 2010; GIBALA et al.,
17
2012; GILLEN, JENNA B; GIBALA, 2013) e redução da RI (CASSIDY et al., 2017)
em jovens e adultos de meia idade com risco de distúrbios metabólicos. Portanto,
HIIT parece ser uma estratégia de intervenção tempo-eficiente para melhorar vários
marcadores de saúde em adultos mais velhos. No entanto, existem poucos ensaios
clínicos controlados randomizados que apoiam o HIIT como uma estratégia de
intervenção eficiente em idosos, principalmente em mulheres idosas com ou em
risco de distúrbios metabólicos (GIBALA et al., 2012). Além disso, a maioria dos
estudos comparou o HIIT com o treinamento aeróbio (ou treinamento contínuo de
intensidade moderada) (GIBALA et al., 2014), mas, até onde sabemos, nenhum
estudo prévio comparou o HIIT com treinamento de resistência ou COM (CASSIDY
et al., 2017).
A necessidade de equipamentos específicos (esteira ou bicicleta) ou o alto
nível de habilidade motora para o desempenho do exercício de alta intensidade,
exigido na maioria dos protocolos de HIIT estudados, pode apresentar uma barreira
adicional para prática com idosos ou individuos com alto risco ou diagnosticada com
DM2 (KORKIAKANGAS et al., 2009). Recentemente, um interessante estudo
mostrou que seis semanas de HIIT adaptado realizado fora do laboratório ( subida e
descida em alta intensidade de uma escada) aumentou a aptidão cardiorrespiratória
e mostrou tendência em reduzir RI em mulheres jovens saudáveis (ALLISON et al.,
2017). No entanto, subir e descer de uma escada em alta intensidade pode não ser
uma estratégia de intervenção adequada para idosos sedentários, porque este
exercício requer um alto nível de habilidade motora, portanto, esta abordagem
levaria ao alto risco de quedas e fraturas (BERG et al., 1997). Sendo assim, são
necessários mais estudos para elucidar se protocolos HIIT adaptados diferentes,
práticos e seguros podem ser uma estratégia de tratamento tempo eficiênte em
idosos com risco de distúrbios metabólicos.
Além disso, tem sido proposto que a melhora dos marcadores inflamatórios
(IL-6, MCP-1, PCR e IL1-ra) após o treinamento pode contribuir para a melhora dos
marcadores de RI (BALDUCCI et al., 2010; DONATH, MARC Y; SHOELSON,
STEVEN E, 2011; KARSTOFT; PEDERSEN, 2015; KNUDSEN; PEDERSEN,
2015). Contudo, os mecanismos pelos quais o HIIT induz alterações benéficas na
sensibilidade à insulina permanecem mal compreendidos. Enquanto que a redução
dos marcadores de resistência insulínica com HIIT é observada (CASSIDY et al.,
18
2017), os efeitos do HIIT sobre marcadores inflamatórios permanecem obscuros.
Uma meta-análise recente constituída por sessenta e cinco estudos de intervenção
indicaram que o HIIT parece não ter efeito sobre a PCR e a IL-6 em populações com
sobrepeso / obesidade (BATACAN, R. B. et al., 2016).
1.4 EXERCÍCIO FÍSICO, INFLAMAÇÃO E DIABETES
As alterações na composição corporal provocada pela menopausa estão
associadas aos aumentos crônicos dos marcadores inflamatórios (IL-6, PCR e IL1-β)
(LISKO et al., 2012; PICHE et al., 2005; VISSER et al., 2002). Estudos têm
mostrado que a inflamação crônica de baixo grau causa o desenvolvimento da
resistência insulínica, consequentemente, DM2 (PITSAVOS et al., 2007;
SHOELSON et al., 2006). A DM2 aumenta o risco de doença cardiovascular, sendo
está a principal causa de morte entre as mulheres no período pós-menopausa
(BRAND et al., 2013; HARTZ et al., 2012; ZHANG et al., 2008).
O músculo esquelético é considerado um órgão endócrino que durante a
contração muscular produz e secreta citocinas, denominada miocinas (PEDERSEN,
BENTE K, 2013) . A IL -6 é tipicamente a primeira miocina presente na circulação
durante o exercício. Embora, cronicamente, a IL-6 esteja associada à inflamação,
agudamente, em reposta ao exercício, está miocina pode atuar como um regulador
essencial do metabolismo da glicose (PEDERSEN, B. K., 2013; PEDERSEN;
FEBBRAIO, 2012). Interessantemente, o aumento da IL-6 durante o exercício é
seguido pelo aumento de citocinas anti-inflamatórias, tais como a IL-1ra, enquanto
que citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-1β) não aumentam (PEDERSEN, B. K.,
2013; PEDERSEN; FEBBRAIO, 2012). Estudos sugerem que a IL-6 derivada do
músculo esquelético tem propriedades anti-inflamatórias, enquanto a IL-6 derivada
de monócitos ou macrófagos tem propriedades pró-inflamatórias (KARSTOFT;
PEDERSEN, 2015). O aumento dos níveis de IL-6 promove o aumento da captação
periférica de glicose, diminui a RI e induz a oxidação dos lipídios (KARSTOFT;
PEDERSEN, 2015; KNUDSEN; PEDERSEN, 2015).
Além disso, o exercício físico estimula a produção de IL-1ra e está citocina,
por sua vez, inibe a sinalização de IL-1β. A IL-1β é uma citocina pró-inflamatória que
19
está envolvida na disfunção e apoptose das células beta pancreáticas e
subsequentemente ao desenvolvimento da diabetes (DONATH, M. Y.; SHOELSON,
S. E., 2011). A inibição da IL-1β pela IL-1ra melhora a disfunção das células beta e
a homeostase da glicose em indivíduos com DM2 (LARSEN et al., 2007). Portanto, o
perfil de citocinas induzidas pelo exercício difere consistentemente do perfil de
citocinas induzida pela infecção (PEDERSEN, B. K., 2013), sendo assim, o exercício
físico pode ser uma estratégia relevante para a prevenção ou tratamento da DM2.
1.5 JUSTIFICATIVA
Uma razão comum para as pessoas não praticarem o exercício físico de
forma regular é a falta de tempo, principalmente entre os adultos de alto risco ou
diagnosticado com DM2. Sendo assim, torna-se necessário o entendimento dos
efeitos de diferentes tipos de exercício físico práticos, seguros e tempo-eficientes
para evitar distúrbios metabólicos e prevenir a DM2. Além disso, existem poucos
ensaios clínicos controlados randomizados que apoiam o HIIT como uma estratégia
de intervenção eficiente em idosos, principalmente em mulheres idosas com ou em
risco de distúrbios metabólicos.
1.6 OBJETIVOS
1.6.1 Objetivo geral
O objetivo do estudo foi avaliar se o HIIT é uma estratégia tempo-eficiente,
comparado ao COM, capaz promover adaptações positivas sobre a composição
corporal, força muscular, marcadores de RI e inflamatórios em mulheres na PM com
alto risco de DM2. Além disso, verificar se as alterações nos marcadores
inflamatórios observados no HIIT quando comparado ao COM estão associadas as
alterações nos marcadores RI.
20
1.6.2 Objetivos específicos
a) Avaliar se o HIIT é capaz de promover adaptações similares ao COM no
índice de massa muscular (IMM), percentual de gordura (G%) e força
muscular;
b) Avaliar se o HIIT promove adaptações similares ao COM na glicose,
hemoglobina glicada (HbA1c), insulina e modelo de avaliação homeostático
da resistência insulínica (HOMA-IR);
c) Avaliar se o HIIT promove alterações similares ao COM na Interleucina 1-
receptor antagonista (IL1-ra), Interleucina-6 (IL-6), proteína quimiotática de
monócitos 1 (MCP-1) e proteína C reativa (PCR);
d) Verificar se as alterações de IL1-ra e IL-6 se associam com as alterações da
glicemia, HbA1c, insulina e HOMA-IR;
2 MÉTODOS
2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Todas as mulheres selecionadas concordaram com os termos do estudo e
assinaram o consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa local sob o número 451.081/2015.
O estudo clínico, randomizado e controlado iniciou- se com 165 mulheres que
foram atendidas entre fevereiro e novembro de 2015 no laboratório de pesquisa em
Biologia do Exercício (BioEx) do Programa de Pós-Graduação em Educação Física
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Fig.1). Foram selecionadas 32
mulheres, as quais cumpriram os critérios de inclusão do estudo que foram:
ausência de diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1 e 2, no entanto, com
hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 5,7% (ASSOCIATION, 2010), não praticantes de
exercícios físicos (por exemplo, treinamento aeróbio supervisionado ou não
supervisionado ou outro tipo de exercício), idade igual ou superior a 45 anos e que
21
encontravam-se no período PM (amenorréia espontânea durante pelo menos 12
meses).
Após a seleção, quatro mulheres foram excluídas devido os critérios de
exclusão que foram: presença de disfunções hepática, disfunções tireoidianas,
miopatias, artropatias, neuropatias, doenças infecciosas e desordens
tromboembolicas e gastrointestinais; pressão arterial não controlada e alcoólatras.
Deste modo, o tamanho da amostra foi reduziada para 28 mulheres. As voluntárias
foram randomizadas para os seguintes grupos: 14 mulheres no grupo de
treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e 14 mulheres no grupo de
treinamento combinado (COM). Porém, no grupo HIIT, seis mulheres deixaram o
estudo por problemas de saúde (n=2), por problemas familiares (n=3), por
orientação médica (n=1). No grupo COM, seis mulher deixaram o estudo por
problemas de saúde (n=2), por problemas familiares (n=2) e por orientação médica
(n=2). Sendo assim, o estudo finalizou com uma amostra de 16 mulheres da
seguinte maneira: grupo HIIT com oito mulheres e o grupo COM com oito mulheres.
22
23
2.2. AVALIAÇÕES
2.2.1 Anamnese
Preliminarmente, todos os participantes do estudo realizaram a anamnese
para obtenção dos seguintes dados: idade, indicadores de saúde (relatos de
doenças atuais e pregressas), medicamentos, prática de exercício físico, tempo
sentado e de menopausa.
2.2.2 Avaliação antropométrica e da composição corporal
Para mensuração da massa corporal foi utilizada balança antropométrica tipo
plataforma e digital (Lider®, Brasil), com capacidade até 300 kg e precisão de 0,05
kg, com o indivíduo descalço e com mínimo de roupa. A estatura foi determinada por
estadiômetro acoplado a balança com precisão de 0,5 cm. Após a avaliação desses
componentes antropométricos foi calculado o índice de massa corporal (IMC =
massa corporal (kg) /estatura2 (m2))
A composição corporal total e regional dos tecidos moles ( percentual de
gordura corporal e massa magra livre de minerais) foram medidas utilizando
absorciometria de raios-x de dupla energia (Lunar iDXA, GE Healthcare, USA) e
quantificada pelo software Encore versão 14.10. Vinte e quatro horas antes da
avaliação, as voluntárias foram instruídas a ingerir no mínimo dois litros de água
para padronizar o nível de hidratação muscular e a realizarem jejum de 8 a 10 horas
antes da avaliação. Durante a mensuração, as voluntárias usaram roupas leves,
confortáveis e sem a presença de objetos metálicos (ORSATTI et al., 2012). Utilizou-
se a massa magra apendicular livre de minerais dividida pela altura quadrada (m2)
como sendo o índice de massa muscular (MMI).
24
2.2.3 Hábitos alimentares
A ingestão alimentar foi avaliada por meio de recordatório alimentar de 24
horas (CINTRA et al., 1997). Foram realizados três recordatórios no momento inicial
e final do estudo. Os recordatórios foram realizados em dias não consecutivos,
referentes a dois dias de semana e um dia de final de semana. As análises de dados
alimentares foram realizadas por uma nutricionista que utilizou o software Dietpro
(versão 5.7i). Para a quantificação dos dados foi implementado um banco de dados
no programa contendo os alimentos geralmente consumidos pelas voluntárias e
também foi utilizado a tabela americana de composição alimentar (USDA -
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) (PEHRSSON et al., 2000). A
energia e os macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) foram
quantificados utilizando a média dos três dias.
2.2.4 Tempo sentado
O tempo sentado foi quantificado utilizando a seção específica do
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ-SF) versão curta, que
possibilita a estimativa do número total de horas e minutos por dia que o indivíduo
pernamece sentado. As voluntárias foram instruídas a pensarem sobre o tempo que
permanecera sentado no trabalho, em casa e/ou durante as atividades de lazer em
três dias da semana anterior a avaliação (ROSENBERG et al., 2008) . Elas foram
orientadas a estimar o número total de horas e minutos por dia que permanecera
sentadas para dois dias úteis e um dia do fim de semana. A média do tempo
sentado dos dias na semana foi multiplicada por cinco e o tempo do dia do final de
semana foi multiplicado por dois. Os valores foram somando para determinar o
tempo sentado da semana. Os valores são apresentados em minutos por semana.
2.2.5 Teste de uma repetição máxima (1 RM)
O teste de uma repetição máxima (1 RM) foi realizado para avaliar força
máxima no momento inicial e após 12 semanas de intervenção do estudo.
25
Previamente ao teste de 1-RM, as voluntárias realizaram três sessões de exercícios,
em dias alternados, para familiarização com o equipamento e as técnicas de cada
exercício. Durante o período de familiarização, as voluntárias realizaram os
exercícios com cargas baixas e subjetivas. Após está semana, foi realizada uma
sessão de familiarização com o teste 1RM e, após 48 horas, o re-teste do 1RM.
No dia do teste, estipulou-se aquecimento de 15 a 20 repetições, com carga
subjetiva (identificada como 20 a 30% de 1 RM após a determinação da carga
máxima do teste) e 1 minuto de descanso. Em seguida, a carga foi aumentada
(identificada como 40 a 60% de 1 RM) e solicitado às mulheres a realização de oito
a 12 repetições e 1 minuto de descanso. E por fim, aumentou-se a carga
(identificada como 60 a 80% de 1 RM) e foi solicitado às mulheres a realização de
três a cinco repetições.
Após este procedimento, a carga foi aumentada consideravelmente e
realizada a primeira tentativa de 1 RM. Caso a voluntária fosse (ou não) incapaz de
realizar o movimento, teve 3 à 5 minutos de repouso antes da próxima tentativa com
uma nova carga (maior ou menor dependo do desempenho). Procedeu-se até
encontrar a carga equivalente a 1 RM para cada exercício. Foram realizadas no
máximo de três a cinco tentativas para determinar a carga máxima (ORSATTI et al.,
2012). A carga máxima adotada foi aquela alcançada na última execução do
exercício com sucesso e com movimento completo pelo indivíduo. Para avaliar os
ganhos de força musculares, somente o teste de 1 RM do exercício de cadeira
extensora foi repetido no final do estudo. Todas as medidas de 1RM foram
realizadas por um examinador experiente.
2.2.6 Processamento e análises das amostras sanguíneas
As amostras sanguíneas foram colhidas por profissional qualificado entre as
oito e dez horas da manhã, após 8-10 horas de jejum. As amostras do momento
pós-intervenção foram colhidas após 48 horas da última sessão de treinamento para
evitar efeito residual do exercício.
A punção venosa foi realizada em sistema fechado a vácuo (Vacutainer®,
England), na fossa antecubital, obtendo-se 16 ml de sangue, coletado diretamente
em tubo seco com gel separador de soro e tubo com EDTA (anticoagulante) para o
26
plasma. Ao final de cada coleta, uma parte do sangue foi centrifugado por 10
minutos (3.000 rpm) e foram separados o soro e plasma sanguíneo, posteriormente,
as amostras foram armazenadas em um freezer à -800C para analises futuras. E a
outra parte do sangue foi encaminhada para análise bioquímica imediata. As
avaliações bioquímicas, hormonais e inflamatórias foram realizadas no Hospital
Escola e Laboratório de Pesquisa em Biologia do Exercício (BioEx) ambos da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Os bioquímicos (entre parênteses, valores de normalidade do KIT): glicose
(60 a 99 mg/dL), hemoglobina glicada (4,8 a 5,9 %), proteína c reativa (< 0,5 mg/dL)
e os hormônios: tetraiodotironina (0,93 a 1,7 ng/mL), estradiol (até 54,7 pg/mL),
hormônio luteinizante (7,7 a 58,5 mUI/mL), hormônio folículo estimulante (25,8 -
134,8 mUI/mL), insulina (2,6 a 24,9 mU/mL), sulfato de deidroepiandrosterona (35 -
437 ug/dL), e testosterona (2,9 a 40,8 ng/dL) foram avaliados pelo cassete de
reação da Roche® (USA) específico para cada marcador biológico através de
métodos automatizados no aparelho Cobas 6000.
2.2.7 Método colorimétrico automatizado - glicose, hemoglobina glicada e
proteína c reativa
Método de análise quantitativa que se baseia na comparação da cor
produzida por uma reação química com uma cor padrão. De acordo com a
intensidade da cor produzida, determina-se a concentração do determinado analito
(substância que se quer analisar).
2.2.8 Método eletroquimioluminescencia – tetraiodotironina, insulina, sulfato
de deidroepiandrosterona, estradiol, hormônio luteinizante e testosterona
Utiliza a emissão de luz através da aplicação de potenciais de oxidação ou
redução a um eletrodo imerso em soluções que emitem radiação. A mistura é fixada
magneticamente na superfície do eletrodo e o que não se fixar é removido. Por fim,
há uma aplicação de corrente elétrica no eletrodo que induz uma emissão
quimioluminescente, medida por um fotomultiplicador.
27
2.2.9 Método Elisa (imunoensaio enzimático) – citocinas: interleucina 1-ra (IL1-
ra), interleucina-6 (IL-6) e proteína quimiotática de monócitos-1 (MCP-1).
Consiste num anticorpo conjugado a uma enzima capaz de modificar um
cromógeno, através da reação com seu substrato específico, gerando colorações
diferentes de acordo com o cromógeno.
2.2.10 Modelo de avaliação da homeostase (HOMA-IR)
Foi utilizado o HOMA-IR como indicador de resistência insulínica com o valor
de referência de alteração maior que 2,7 (GELONEZE et al., 2006).
HOMA-IR= Glicose de jejum (mg/dL) x (insulina de jejum (mg/dL) x 0,05551) /
22,5 (BONORA et al., 2000).
2.3 PROTOCOLO DE TREINAMENTO
Todas as sessões de treinamento foram realizadas no ginásio esportivo da
Universidade Federal do Triâgulo Mineiro, três dias por semana (freqüência de
treinamento: HIIT = 93,7% ± 9,4% e COM = 92,3% ± 7,9%) em dias não
consecutivos durante 12 semanas. Todas as sessões foram supervisionadas por
profissionais de Educação Física qualificados. Antes e após cada sessão de treino,
realizaram-se 5 minutos de aquecimento (caminhada leve) e 3 minutos de volta à
calma (alongamento).
Para prescrever a intensidade do treinamento foram utilizados de forma
conjunta a equação de Karvonen: (FCmáx= 220 – idade) (KARVONEN; KENTALA;
MUSTALA, 1957) e a escala de percepção de esforço de Borg adaptada (0-10)
(UTTER et al., 2004).
No final do estudo, as avaliações foram realizadas 48 horas após a última
sessão de treinamento para evitar efeitos residuais da última sessão.
28
2.3.1 Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)
O protocolo HIIT foi composto por dez séries de 60 segundos de exercícios
de alta intensidade (>85% da Fcmáx ou escala Borg adaptada entre 7-8)
intercalados por períodos de recuperação de 60 segundos de exercício de baixa
intensidade (caminhada leve) (Tabela 1). O exercício de alta intesidade consistiu de
30 segundos de subida e descida no step mais 30 segundos de agachamentos com
o peso do corpo o mais rápido possível. A altura do step foi de 16 cm e os
agachamentos eram realizados à 90 graus de flexão do joelho. Todas as voluntárias
foram orientadas a realizar o maior número de subidas e descidas no step e de
agachamentos possíveis. Para assegurar a zona de treinamento de alta intensidade
de todas as séries, as voluntárias foram estimuladas a aumentar ou se necessários
diminuir o número de subindas e descidas no step e de agachamento. Caso as
voluntárias ainda não atingisse a zona alvo de treinamento era solicidado que
durante a realização dos exercícios (alta intensidade) fizessem a elavação dos
braços acima da cabeça, com ou sem a adição de halteres ( meio a um quilograma).
A progressão HIIT foi separadas em semanas: semana 1, quatro séries de 60
s de exercício (30 s de subida e descida do step mais 30 s de agachamento livre) de
alta intensidade (>85% da Fcmáx ou escala Borg adaptada entre 7-8) intercalados
por um período de recuperação de 4 min de exercício de baixa intensidade
(caminhada leve); semana 2, seis séries de 60 s de exercício de alta intensidade
intercalados por um período de recuperação de 3 min de exercício de baixa
intensidade; semana 3, oito séries de 60 s de exercício de alta intensidade
intercalados por um período de recuperação de 2 min de exercício de baixa
intensidade e semanas 4-12, dez séries de 60 s de exercício de alta intensidade
intercalados por um período de recuperação de 60 s de exercício de baixa
intensidade.
A frequência cardíaca era aferida na artéria radial imediatamente após os
exercícios de alta intendidade em todas as séries. Os batimentos cardíacos eram
mensurados durante 15 segundos e multiplicados por quatro (FC = número de
batimentos em 15s x 4). E escala de Borg era mostrada a cada participante para
determinar sua classificação de esforço percebido.
29
2.3.2 Treinamento combinado (COM)
O protocolo COM seguiu a recomendação do American College of Sports
Medicine Guidelines (GARBER et al., 2011a). O protocolo COM (duração total ~ 60
min) foi composto por 30 min de caminhada de intesidade moderada (70% da Fcmáx
ou escala de Borg adaptada entre 5-6) ao longo de um piso plano em torno de uma
quadra de esportes, seguido por cinco exercícios de força à 70% de 1RM (três
séries de 8- 12 repetições com intervalo de descanso de 1,5 minutos entre séries e
exercícios) (Tabela 1). Os exercícios de força foram realizados em máquimas de
musculação (Buick Fitness®, Brasil), na seguinte ordem: agachamento na barra
guiada (90 graus de flexão do joelho), supino, mesa flexora, remada sentada e
cadeira extensora unilateral. Durante a caminhada, a frequência cardíaca foi medida
e a escala de Borg adaptada foi aplicada a cada 10 min para assegurar a
intensidade relativa (70% da FCmax ou escala de borg entre 5-6). Caso a voluntária
excedesse ou não atingisse a zona alvo do treinamento, a voluntária era estimulada
pelos profissionais de Educação Física a diminuirem ou aumentarem a velocidade
de caminhada, respectivamente. Para os exercícios resistidos, a carga foi ajustada
na 6ª semana de treinamento para manter a intesidade de 70% de 1RM entre 8 a 12
repetições máximas até a 12 ª semana de treinamento. A progressão do COM foi
separada em semana: semana 1, caminhada de 15 min (70% da FCmáx e escala de
Borg adapatada entre 5-6) e uma série de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco
exercícios; semana 2, caminhada de 20 min (70% da FCmáx ou escala de Borg
adaptada entre 5-6) e duas séries de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco
exercícios; semana 3, caminhada de 25 min (70% da FCmáx ou escala de Borg
adaptada entre 5-6) e duas séries de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco
exercícios e semanas 4-12, caminhada de 30 min (70% FCmáx ou escala de Borg
adaptada entre 5-6) e três séries de 8-12 repetições à 70% de 1RM nos cinco
exercícios, com intervalo de descanso de 1,5 min entre as séries e as repetições.
A freqüência cardíaca era aferida na artéria radial a cada 10 min durante a
fase aeróbia. Os batimentos cardíacos eram mensurados durante 15 segundos e
multiplicados por quatro (FC = número de batimentos em 15s x 4). E a escala de
Borg era mostrada a cada participante para determinar sua classificação de esforço
percebido.
30
Table 1. Tabela de caracterização dos protocolos de treinamento
Média dos esforços de uma
sessão
Média do 1ª esforço
Média do 10ª
esforço
Média da melhor sessão
Média de todas as sessões
HIIT
HIIT
HIIT
HIIT
COMT
FCmax, % 86,2 ± 2,7
91,8 ± 1,8
89,0 ± 2,1
86,7 ± 1,7
71,8 ± 4,0
Número de subidas e descidas no step 20,0 ± 2,4
16,6 ± 2,6
18,4 ± 2,7
17,8 ± 2,4
____
Número de agachamentos 21,0 ± 4,6
18,6 ± 4,4
19,7 ± 4,1
19,8 ± 3,3
____
Escala de Borg 6,1 ± 0,9
8,5 ± 1,1
7,1 ± 0,7
7,0 ± 0,5
5,5 ± 0,6 Os valores são apresentados em média e desvio padrão. HIIT- Treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; FCmax- frequência cardíaca máxima; %- percentual.
31
2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A distribuição dos dados foi determinada utilizando o teste de Shapiro wilk. Os
dados são apresentados com média e desvio padrão. Teste t independete foi
utilizado para comparar as características basais entre os grupos (COM vs HIIT). As
variáveis categóricas foram testadas utilizando o teste qui-quadrado e os dados
foram apresentados em porcentagem. ANOVA de medidas repetidas foi utilizado
para comparar as variáveis quantitativas entre os grupos. Se necessário, foi utilizado
um post hoc (teste t de pareado) para comparação intergrupos. O teste de Mauchley
foi utilizado para avaliar a esferecidade (medida repetida). A homogêneidade das
variâncias intragrupo foi testada pelo teste de Levene. ANCOVA foi utilizado para
confirmar os resultados da ANOVA (interação), ajustando para o uso de terapia
hormonal e fumo. Foi utilizado correlação parcial (ajustada para idade) para
determinar se as alterações nos marcadores inflamatórios estavam associadas as
alterações nos marcadores RI nos grupos HIIT e COM, separadamente. O tamanho
do efeito para a amostra dependente (d de Cohen) e delta% (valor pós – valor pré /
valor pré x 100) foram calculados para este estudo. O nível significativo foi fixado em
p <0,05.
3 RESULTADOS
As características basais das voluntárias foram interpretadas e comparadas
estatisticamente entre os grupos (Tabela 2). A idade e os valores hormonais
estavam dentro dos parâmetros de normalidade para mulheres na PM. Todas as
voluntárias apresentaram sobrepeso e excesso de gordura corporal (%G). Não
houve diferença significativa (P <0,05) entre os grupos quanto às características
clínicas basais e à ingestão diária de energia e dos macronutrientes (tabela 2).
Todas as mulheres relataram não ser diabéticas ou fazer uso de
medicamentos antidiabéticos. No entanto, uma mulher (HbA1c = 7,38%) do grupo
HIIT e uma mulher (HbA1c = 7,16%) do grupo COM foram classificada pela HbA1c
como sendo diabéticas (HbA1c ≥ 6,5%). Após o treinamento, uma mulher foi
reclassificada de diabética para pré-diabética e duas mulheres foram reclassificadas
32
de pré-diabeticas para não-diabéticas no grupo HIIT. No grupo COM, uma mulher foi
reclassificada de diabética para pre-diabética e duas mulheres foram reclassificadas
de pré-diabetes para não diabéticas.
Tabela 2. Características físicas e condições clínicas das voluntárias
HIIT (n=8) COM (n=8) P
Características gerais
Idade (anos) 64,3 ± 6,7 65,0 ± 6,3 0,852
TPM (anos) 17,7 ± 9,5 19,1 ± 9,3 0,775
TH (%) 25,0 0,0 0,130
Fumo (%) 25,0 12,5 0,521
TS (min/semana) 3311,0 ± 886,4 3029,8 ± 996,3 0,565
Tratamento médico
Hipertensão (%) 62,5 50,0 0,614
Estatinas (%) 12,5 12,5 1,000
Beta -bloqueadores (%) 0,0 12,5 0,301
IECA (%) 62,5 50,0 0,614
AINEs (%) 12,5 12,5 1,000
Composição corporal
Peso corporal (kg) 68,9 ± 18,2 64,3 ± 15,0 0,594
Altura (cm2) 153,5 ± 5,1 154,5 ± 3,9 0,092
IMC (kg m2) 29,2 ± 7,1 27,0 ± 6,2 0,531
Gordura corporal (%) 41,9 ± 7,4 40,6 ± 9,5 0,752
Metabólicos
HbA1c (%) 6,2 ± 0,5 6,1 ± 0,4 0,786
E2 (pg/mL) 12,2 ± 7,3 11,8 ± 7,7 0,939
Testosterona (ng/dL) 21,4 ± 27,0 4,8 ± 3,3 0,108
FSH (mUI/L) 65,6 ± 26,9 90,1 ± 38,2 0,161
LH (mUI/L) 28,5 ± 15,6 35,6 ± 20,7 0,451
DHEA-S (ug/dL) 44,5 ± 19,6 36,3 ± 19,4 0,411
T4 (ng/dL) 1,0 ± 0,0 1,1 ± 0,1 0,663
Ingestão dietética
E / PC (g/kg) 20,0 ± 5,0 21,7 ± 7,0 0,574
CHO / PC (g/kg) 2,7 ± 0,8 3,0 ± 0,9 0,641
PTN / PC (g/kg) 0,6 ± 0,2 0,7 ± 0,2 0,641
LPD/ PC (g/kg) 0,6 ± 0,1 0,7 ± 0,3 0,339
CHO (%) 55,2 ± 6,0 56,0 ± 7,5 0,818
33
LPD (%) 30,1 ± 5,6 31,9 ± 5,1 0,509
Fibra (g) 13,2 ± 5,9 12,7 ± 5,0 0,872 Os valores são apresentados com média e desvio padrão ou porcentagens (%). HIIT-treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; TPM- tempo pós-menopausa; TH- terapia hormonal; TS- tempo sentado; IECA- bloqueadores do receptor da angiotensina II; AINEs - anti-inflamatórios não esteroides; IMC- índice de massa corporal; HbA1c %- percentual de hemoglobina glicada; E2- estradiol; FSH- hormônio folículo- estimulante; LH- hormônio luteinizante; DHEA-S- sulfato de deidroepiandrosterona; T4- tetraiodotironina livre; E/ PC- ingestão de energia/ peso corporal; CHO / PC- carboidrato / peso corporal; PTN / PC- proteína / peso corporal; LPD/ PC- lipídios / peso corporal; CHO: carboidrato; LPD- lipídios.
As alterações na composição corporal e na força muscular após 12 semanas
de intervenção (pré vs. pós) foram interpretadas e comparadas estatisticamente
(Tabela 3). Houve efeito significativo (p<0,05) do tempo sobre o IMM, Indicando que
as intervenções aumentaram IMM, sem interação entre os grupos. Não houve
alteração significativa no %G. Foi observada uma interação significativa (P <0,05) na
força muscular, indicando melhora apenas no grupo COM. Estes resultados foram
confirmados pela ANCOVA, após o ajuste para o uso de terapia hormonal e fumo.
34
Tabela 3. Avaliação da composição corporal e força muscular das voluntárias antes e após 12 semanas de intervenção
HIIT (n = 8) COM (n = 8)
P Tempo
P Interação
P Ajustado ‡
Pré Pós Delta
% TE Pré Pós
Delta %
TE
% G 41,9 ± 7,4 41,2 ± 6,7 -1,7 0,11 40,6 ± 9,5 40,5 ± 8,7 -0,2 0,00 0,151 0,234 0,103
IMM (kg/m2) 6,6 ± 0,7 6,8 ± 0,9 3,0 0,27 6,6 ± 1,1 6,8 ± 1,3 3,0 0,18 0,007 0,990 0,808
Força muscular (kg) 56,2 ± 17,7 56,8 ± 21,9 1,1 0,03 47,8 ± 8,5 64,0 ± 12,6* 33,9 1,49 0,002 0,003 0,008 Os valores são apresentados com média e desvio padrão. HIIT- treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; %G- percentual de
gordura corporal; IMM- índice de massa muscular; TE- tamanho do efeito. O nível de siginificância foi fixado em p <0,05. ‡ ANCOVA ajustada para terapia
hormonal e fumo.* diferença entre grupos (HIIT vs COM).
35
As alterações na RI e dos marcadores de inflamação após 12 semanas de
intervenção (pré vs. pós) foram interpretadas e comparadas estatisticamente (tabela
4). Houve efeito significativo (P <0,05) do tempo sobre a HbA1c, insulina, glicose,
HOMA-IR e IL-1ra, indicando que as intervenções melhoram estes marcadores.
Houve uma tendência (P = 0,056) em relação à redução da MCP-1. Foi observada
uma tendência de interação (tempo x grupo) na IL-6, indicando um aumento apenas
no grupo HIIT. Não houve alteração significativa na PCR. Estes resultados foram
confirmados pela ANCOVA, após o ajuste para o uso de terapia hormonal e fumo.
36
Tabela 4. Avaliação dos marcadores de resistência insulínica e inflamatório das voluntárias antes e após 12 semanas de intervenção
HIIT (n = 8) COM (n = 8)
P Tempo
P interação
Pré Pós Delta
% TE Pré Pós
Delta %
TE P
Ajustado‡
Bioquímicos Glicose (mg/dL)
109,7± 23,1 101,5 ± 14,1 -7,5 0,43 95,1 ± 14,9 92,6 ± 17,1 -2,6 0,16 0,045 0,263 0,210
HbA1c (%) 6,2 ± 0,5 5,9 ± 0,3 -4,8 0,49 6,1 ± 0,4 5,9 ± 0,2 -3,3 0,67 0,021 0,946 0,939
Insulina (mU/mL)
13,6 ± 6,1 11,1 ± 4,2 -18,3 0,47 9,9 ± 5,8 8,6 ± 4,7 -13,1 0,26 0,022 0,432 0,239
HOMA-IR 3,8 ± 2,2 2,8 ± 1,1 -26,3 0,58 2,4 ± 1,7 2,1 ± 1,5 -12,5 0,21 0,025 0,233 0,112
Inflamatório
PCR (mg/L) 0,5 ± 0,5 0,7 ± 0,7 40,0 0,10 0,1 ± 0,1 0,1 ± 0,1 0,0 0,00 0,244 0,244 0,179 MCP-1 (mg/L) 425,0 ± 68,0 375,0 ± 121,5 -11,8 0,51 445,9 ± 149,1 342,1 ± 121,3 -23,3 0,76 0,056 0,478 0,191
IL-6 (pg/ml) 1,4 ± 1,1 2,6 ± 2,2* 85,7 0,70 1,3 ± 1,8 1,2 ± 1,1 -7,7 0,03 0,125 0,097 0,080 IL1ra (pg/ml) 482,5 ± 258,3 741,0 ± 428,6 53,5 0,73 303,6 ± 121,1 588,9 ± 265,0 94,0 1,38 <0,001 0,758 0,422 Os valores são apresentados com média e desvio padrão. HIIT- treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; HbA1c-%- percentual
de hemoglobina glicada; HOMA-IR - índice de avaliação do modelo homeostático; PCR- proteína C reativa; MCP1- proteína quimiotática de monócitos-1; IL6-
Interleucina-6; IL-1ra- interleucina-1 receptor antagonista; TE- tamanho do efeito. O nível de siginificância foi fixado em p <0,05. ‡ ANCOVA ajustado para terapia
hormonal e fumo.* diferença entre grupos (HIIT vs COM).
37
Foram realizadas correlações parciais para examinar a importância relativa
das alterações na IL-6 com as alterações nos marcadores RI no HIIT e COM,
ajustando-se para a idade (Tabela 5). Observaram-se correlações negativas entre as
alterações na IL-6 com as alterações na insulina e HOMA-IR (P <0,05) apenas no
grupo HIIT.
Table 5. Análise de correlação parcial entre as alterações na IL-6 com as alterações nos marcadores RI em PM
HIIT (n= 8) COM (n= 8)
R2 P R2 P
HOMA-IR -0,59 0,043 0,03 0,718
Insulina -0,69 0,020 0,01 0,864
HbA1c 0,05 0,635 0,10 0,492
Glicose -0,35 0,168 0,12 0,456
HIIT- treinamento intervalado de alta intensidade; COM- treinamento combinado; HOMA-IR - índice de avaliação do modelo homeostático; HbA1c-%- percentual de hemoglobina glicada. Todos os valores foram ajustados para idade. Nível de significância estabelecido P<0,05.
4 DISCUSSÃO
As razões comuns para as pessoas não praticarem o exercício físico de forma
regular é a falta de tempo (GILLEN, JENNA B; GIBALA, 2013; GODIN et al., 1994;
TROST et al., 2002) e a falta de acesso aos equipamentos e/ou instalações de
atividade física, principalmente entre os adultos com alto risco ou diagnosticado com
DM2 (KORKIAKANGAS et al., 2009). Sendo assim, o entendimento dos efeitos de
diferentes tipos de exercício físico práticos, acessíveis, seguros e, principalmente,
tempo-eficientes parece ser necessário para evitar distúrbios metabólicos e prevenir
a DM2 pela atividade física. Nesse contexto, nós demonstramos que 12 semanas de
um protocolo adaptado HIIT foi capaz de reduzir os marcadores de resistência
insulina, aumentar a IL-1ra e a massa muscular de forma semelhante ao COM em
mulheres na PM com alto risco de DM2. Estes resultados foram confirmados pela
ANCOVA, após o ajuste para o uso de terapia hormonal e fumo. No entanto, existem
evidências conflitantes na literatura sobre a capacidade do HIIT em reduzir os
38
marcadores de inflamação, incluindo ensaios recentes em indivíduos com sobrepeso
e obesidade (BATACAN, R. B., JR. et al., 2016). Nesse sentido, nós mostramos que
o HIIT aumentou a IL-6 em comparação com o COM, mas que a redução observada
nos marcadores de resistência insulínica (HOMA-IR e insulina) foi mediada, em
parte, pelo aumento da IL-6. Sendo assim, nossos resultados proporcionam
evidências de que o HIIT pode ser incorporado no tratamento de mulheres na PM
com alto risco de DM2 como uma alternativa tempo-eficiente (acessível e segura)
capaz de aumentar a massa muscular e consequentemente melhorar os marcadores
inflamatórios e a saúde metabólica.
Estratégias capazes de promover a manutenção e/ou o aumento da massa
muscular são importantes para combater a sarcopenia e melhora da captação de
glicose sanguínea em idosos (CLEASBY et al., 2016). Nossos resultados revelaram
que o HIIT aumentou IMM de forma semelhante ao COM em mulheres na PM com
alto risco de DM2 (Tabela 3). Segundo nossos conhecimentos, nenhum estudo
anterior investigou os efeitos do HIIT sobre a massa muscular em mulheres mais
velhas. Apenas dois estudos investigaram os efeitos do HIIT sobre os ganhos de
massa muscular (GILLEN, J. B. et al., 2013; RACIL et al., 2016). Estes estudos
demonstraram que o HIIT foi capaz de melhorar a massa muscular da perna em
mulheres jovens com sobrepeso / obesidade (GILLEN, J. B. et al., 2013; RACIL et
al., 2016). Embora seja amplamente aceito que o treinamento de força com alta
carga ( ≥ 70% de uma repetição máxima;1RM) é necessário para induzir aumentos
significativos no tamanho do músculo (tal como o COM) (AMERICAN COLLEGE OF
SPORTS et al., 2009; GARBER et al., 2011b), estudos recentes têm apoiado que
exercícios realizados com baixa carga (16-50% de 1RM ou com peso corporal)
também promovem aumentos significativos no tamanho do músculo e são capazes
de ativar vias de sinalização hipertróficas (AGERGAARD et al., 2016; BARCELOS
et al., 2015; GILLEN, J. B. et al., 2013; RACIL et al., 2016). Alguns desses estudos
sugerem que a hipertrofia muscular promovida pelo exercício de baixa carga é
obtida quando o exercício é realizado até, ou próximo, a fadiga voluntária (ou falha)
(BARCELOS et al., 2015) e / ou quando o exercício é realizado em alto volume
(AGERGAARD et al., 2016). Agergaard et al. mostraram que 10 séries de 36
repetições (movimento) à 16% de 1RM é suficiente para aumentar a síntese de
proteínas musculares e a sinalização hipertrófica em idosos (AGERGAARD et al.,
39
2016). A elevação de uma carga de 16% de 1RM pode exigir um esforço muito
menor do que a elevação do próprio peso corporal. No presente estudo, as
voluntárias realizaram 10 blocos de exercício de alta intensidade intervalado (isto é,
30s de subida e descida de um step e 30s de agachamento com peso corporal) o
mais rápido possível. Entretanto, as voluntárias realizaram 17,8 de subida e descida
e 19,8 agachamentos com o peso corporal, realizando aproximadamente 38
repetições (movimento) em cada bloco. Sendo assim, o HIIT proposto por esse
estudo (exercícios realizados com peso corporal) parece ser suficiente para induzir a
síntese protéica muscular e a sinalização hipertrófica, consequentemente, promover
hipertrofia em mulheres na PM com alto risco de DM2.
Nossos resultados mostraram que o HIIT e o COM reduziram a glicose de
jejum após 12 semanas de intervenção. O HIIT e o COM reduziram a glicose em ~
7,5% e ~ 2,7%, respectivamente (Tabela 4). Nossos resultados assemelha-se a
estudos anteriores que mostraram uma pequena (≤ 14%) ou nenhuma redução da
glicose de jejum após intervencões com diferentes tipos de exercícios (BATACAN,
R. B., JR. et al., 2016; CASSIDY et al., 2017; JELLEYMAN et al., 2015). Como a
glicose de jejum está associada à sensibilidade insulínica hepática, essa pequena
redução após o exercício tem sido atribuída a um pequeno déficit energético
provocado pelo exercício e, conseqüentemente, uma pequena redução da gordura
hepática (CASSIDY et al., 2017; LIM et al., 2011). Por exemplo, enquanto uma
semana de dieta com baixo consumo energético (600 kcal) reduz 30% do teor de
gordura hepática e 35% da glicose de jejum (LIM et al., 2011), oito meses de
treinamento aeróbio ou COM reduzem 6% ou 4%, respectivamente (SLENTZ et al.,
2011) e reduz a glicose de jejum em ≤ 14% (BATACAN, R. B., JR. et al., 2016;
CASSIDY et al., 2017; JELLEYMAN et al., 2015).
Nossos resultados mostraram que o HIIT foi capaz de reduzir a HbA1c
similarmente ao COM em mulheres na PM com alto risco de DM2 (Tabela 4). O HIIT
mostrou reduções na HbA1c de ~ 0,30%. Nossos resultados estão de acordo com
uma meta-análise que encontrou uma redução semelhante de 0,25% da HbA1c
após intervenção com o HIIT em pessoas com síndrome metabólica / DM2
(JELLEYMAN et al., 2015). Estes resultados indicam importantes efeitos preventivos
do HIIT para mulheres na PM com alto risco de DM2 porque a cada 1% de redução
da HbA1c representa redução de 21% das mortes relacionadas à diabetes e a 14%
40
do infarto do miocárdio em pacientes com DM2 (STRATTON et al., 2000), as duas
principais causas de morte entre as mulheres na pós-menopausa (PW) (BRAND et
al., 2013; HARTZ et al., 2012; ZHANG et al., 2008).
Nossos resultados também revelaram que ambos protocolos foram eficazes
na redução da insulina e do HOMA-IR em mulheres na PM com alto risco de DM2
(Tabela 4). Embora não tenha havido interação estatística, o HIIT mostrou um
tamanho do efeito moderado (TE = 0,58) enquanto que o COM apresentou um
tamanho do efeito pequeno (TE = 0,21) no HOMA-IR. Em uma meta-análise,
Jelleyman et al. também observaram redução do HOMA-IR após HIIT (JELLEYMAN
et al., 2015). No entanto, Jelleyman et al. observaram uma redução do HOMA-RI de
0,55, enquanto que em nosso estudo houve redução de 1,0 (26,3%). Esta
discrepância não é clara, mas pode estar relacionada aos altos níveis basais do
HOMA-IR no grupo HIIT (valor basal: HOMA-IR = 3,8). Jelleyman et al. mostraram
através uma equação de regressão que para se obter uma redução de 0,5 ou mais
no HOMA-IR, o seu valor basal deve ser de pelo menos 3,18 (JELLEYMAN et al.,
2015). Isso poderia explicar o pequeno efeito do HOMA-IR no grupo COM (valor
basal: HOMA-IR = 2,4) quando comparado ao HIIT. Coletivamente, esses achados
sugerem que o HIIT pode melhorar a sensibilidade à insulina naqueles que são
resistentes à insulina. Portanto, o HIIT parece ser uma estratégia de tratamento
tempo eficiente alternativa às intervenções tradicionais com atividade física para
mulheres na PM com alto risco de DM2.
Nossos resultados mostraram que o HIIT aumentou a IL-6 quando comparado
ao momento basal em mulheres na PM com alto risco de DM2 (Tabela 4). O efeito
crônico do HIIT na IL-6 não é bem estabelecido (BATACAN, R. B., JR. et al., 2016).
A dificuldade na interpretação dos resultados tem sido atribuída ao pequeno número
de estudos publicados sobre HIIT e IL-6 (principalmente com mulheres mais velhas
com ou em risco de distúrbios metabólicos) em variadas populações (BATACAN, R.
B., JR. et al., 2016). Outro aspecto importante sobre a dificuldade da interpretação
dos resultados é devido ao fato de que a IL-6 é considerada uma citocina pro-
inflamatória e o aumento da IL-6 após HIIT tem sido atribuído ao aumento do estado
inflamatório induzido pelo treinamento (RICHARDSON et al., 2016). Em contraste
com a crença de que a IL-6 é uma citocina pró-inflamatória, existe evidências que
suportam um papel metabólico positivo da IL-6 induzida pelo exercício (IL-6 derivada
41
do músculo) na DM2 (KARSTOFT; PEDERSEN, 2015) . Diferentemente da IL-6
derivada dos macrófagos, que causa a ativação da via de sinalização do fator
nuclear-Kappa B, a via de sinalização da IL-6 derivada do músculo envolve um cross
talk entre o Ca2+/fator nuclear de células T ativadas (NFAT) e a p38/proteínas
quinases ativadas por mitógeno (MAPK), sugerindo que a IL-6 derivada do músculo
esquelético tem propriedades anti-inflamatórias, enquanto a IL-6 derivada de
monócitos ou macrófagos apresenta propriedades pró-inflamatórias. Os níveis de IL-
6 agudamente aumentados podem inibir o TNF-α e estimular IL-1ra (limitando a
sinalização de IL-1β), exercendo assim um efeito anti-inflamatório (KARSTOFT;
PEDERSEN, 2015; KNUDSEN; PEDERSEN, 2015). Além disso, o aumento dos
níveis de IL-6 pode promover o aumento da captação periférica de glicose, diminuir
a RI e induzir a oxidação dos lipídios (KARSTOFT; PEDERSEN, 2015). De forma
crônica, os elevados níveis de IL-6 pode aumentar a secreção de insulina através do
aumento na secreção do peptídeo semelhante a glucagon-1 (GLP-1) pelas células L
e células alfa em condições de aumento da demanda de insulina (ELLINGSGAARD
et al., 2011). Nesse sentido, nós associamos as alterações na IL-6 com alterações
dos marcadores de RI e encontramos uma associação negativa entre as alterações
na IL-6 e as alterações no HOMA-IR e insulina (Tabela 5). Assim, nossos dados
reforçam a descoberta anterior e sugerem que o HIIT melhora os marcadores de RI
através do aumento da IL-6 em mulheres na PM com alto risco de DM2.
A progressão do pré-diabetes para DM2 ocorre quando as células β
pancreáticas não conseguem compensar a RI pela produção de insulina (DONATH,
MARC Y; SHOELSON, STEVEN E, 2011). A infiltração de células imunes nos
adipócitos e nas ilhotas pancreáticas tem sido relacionada à deficiência de insulina e
ao desenvolvimento de DM2 (DONATH, MARC Y; SHOELSON, STEVEN E, 2011).
A MCP-1 tem sido relatado como um caminho possível para o desenvolvimento
dessa condição patológica, recrutando monócitos para o tecido-alvo (DONATH,
MARC Y; SHOELSON, STEVEN E, 2011). De fato, tem sido relatado que a MCP-1 é
um fator de risco independente para o desenvolvimento de DM2 (HERDER et al.,
2006). A MCP-1 pode ser induzida por IL-1β (citocina pró-inflamatória). Existe
evidência de que a IL-1β induz a produção de MCP-1 nas ilhotas e, portanto, está
envolvida na inflamação e dano das células beta pancreáticas (DONATH, MARC Y;
SHOELSON, STEVEN E, 2011). IL-1ra é uma citocina anti-inflamatória bem
42
conhecida que limita a sinalização de IL-1β (DONATH, MARC Y; SHOELSON,
STEVEN E, 2011; KARSTOFT; PEDERSEN, 2015). Além disso, a inibição da IL-1β
pela anakinra (um recombinante humano de IL-1ra) melhora a disfunção das células
beta e a homeostase da glicose em indivíduos com DM2 (LARSEN et al., 2007).
Nossos resultados revelaram que o HIIT foi capaz de promover o aumento da IL-1ra
similarmente ao COM em mulheres PM com alto risco para DM2 (Tabela 4). Além
disso, HIIT e COM apresentaram uma tendência (P = 0,056) para reduzir MCP-1,
sem diferença entre eles (Tabela 4). Embora os estudos sobre o efeito crônico do
exercício sobre os níveis circulantes de IL-1ra e MCP-1 sejam muito escassos, tem
sido relatado que o treinamento aeróbio e o treinamento de força de alta intensidade
aumenta IL-1ra (FORTI et al., 2016; KARSTOFT; PEDERSEN, 2015) e que o
treinamento aeróbico reduz MCP-1 (FRANÇA-PINTO et al., 2015). Para nosso
conhecimento, o presente estudo é o primeiro a mostrar que 12 semanas de HIIT
aumentou a IL-1ra e mostrou uma tendência em reduzir MCP-1 de forma
semelhante ao COM em mulheres na PM com alto risco de DM2. Desse modo, dado
o papel da IL-1β e do MCP-1 sobre o dano das células β pancreáticas, a descoberta
de que o HIIT induz o aumento da IL-1ra e a redução circulante do MCP-1 pode
indicar que HIIT é uma estratégia de tratamento tempo-eficiente (e acessível)
importante para prevenir os danos mediados pela IL-1β nas células β pancreáticas e
impedir a progressão da pré-diabetes para DM2 em mulheres na PM com alto risco
de DM2.
Contrário aos nossos resultados, alguns estudos observaram redução da
PCR e IL-6 após o treinamento (MAVROS et al., 2014; TOMELERI et al., 2016) em
mulheres idosas. Os mecanismos pelos quais o treinamento altera a IL-6 e a PCR
ainda não foram totalmente elucidados, porém alguns estudos mostraram que a
redução da PCR e IL-6 em idosos com DM2 e obesidade estão relacionadas às
melhoras na gordura corporal após o treinamento (MAVROS et al., 2014;
TOMELERI et al., 2016). A gordura corporal produz e secreta a IL-6 que pode
contribuir desproporcionalmente para o aumento dos níveis circulantes dos
marcadores inflamatórios. Em nosso estudo, a gordura corporal não foi alterada
após 12 semanas de intervenção, fato este que pode explicar a discrepância entre
nosso estudo dos demais.
43
5 CONCLUSÃO
Os achados do presente estudo mostraram que o protocolo HIIT adaptado é
uma estratégia de tratamento tempo-eficiente capaz de promover a melhora da
massa muscular, da RI e dos marcadores inflamatórios em mulheres na PM com alto
risco de DM2. E que as alterações na IL-6 estão relacionadas a melhora da
resistência à insulina. Esses achados reforçam o importante papel do protocolo HIIT
adaptado para o envelhecimento saudável e para a redução de algumas barreiras
relacionada a prática do exercício físico (ex.; falta de tempo).
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