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10 l defesa de espinho l 05/dezembro/2013 Portugal Neste mar de lágrimas… Entre a espuma branca Das ondas salgadas, Que nos levam os sonhos De uma vida com esperança… Este mar de lágrimas Neste país que sofre, Seus erros descobre Na imensidão das fragas. Duma serra íngreme de amargura Difícil de transpor. Oh… desespero que invades Este povo sagrado. Oh… terra de paixão… Sonhos adiados… Dum viver livre e com alegria! Mas eis que atraiçoado, Este eleitorado, obediente, Elegeu gente, que ignora o sentido estadista. Com promessas, mentiras e hostilidades, Fogem às responsabilidades. Onda crescente num mar revolto, De cantigas na boca dum fadista, Que deixa a esperança Para quem parte, voltar… E ver o embalar duma criança, Nas asas duma gaivota… Que regressa a terra firme. Num país que é e será sempre Portugal… Joaquim Ribeiro OPINIÃO "PORTUGA ESPINHENSE" Joaquim Ribeiro [email protected] Nova vaga de emigrantes Sem números onde me possa sustentar, fico-me ape- nas por aquilo que os meus olhos me revelam e pelos tes- temunhos recolhidos. A che- gada da chamada nova vaga de emigrantes a França, tem chamado a atenção de todos e nem sempre é seguida duma boa preparação e acompa- nhamento sustentado por compatriotas, amigos ou fa- miliares que os recebem. Des- tes aventureiros que chegam cheios de problemas que os acompanhou e vai acompa- nhar por muito tempo, mui- tos destes não arrastam con- sigo a tradição da boa ima- gem que ao longo dos tem- pos os portugueses se orgu- lhavam de possuir. Pelo con- trário, alguns destes que cá têm chegado já angariaram a má fama de oportunistas dos subsídios de ajuda em tudo o que está contemplado na Constituição francesa. A par deste princípio, ain- da carregam maus hábitos, que talvez quem sabe, foi o motivo de terem partido: o endividamento compulsivo e sem limites que os levam a passarem cheques até ficarem inibidos de o poderem fazer. Esta é já uma prática que co- meça a denegrir a boa imagem que foi construída ao longo de décadas pelos humildes mas honestos emigrantes que atra- íram a atenção e até mesmo admiração, dos franceses. Fico triste por registar es- tas passagens. Mas sabemos que é a realidade. Triste tam- bém, por saber de uns tantos a quem a vida permitiu ganhos económicos consideráveis e que em vez de ajudarem os seus compatriotas, estendem-lhes a mão para os explorarem em seguida, tirando partido da sua dificuldade de integração lin- guística. Magoado pelos ingra- tos que recebem ajuda e em troca dão a ignorância de des- culpas sem fundamento. Per- mitindo que quem os ajudou se sinta retraído a nova ajuda a quem chega. Perplexo por sen- tir rivalidades entre quem de- veria defender os mesmos objetivos, como a representa- ção dos valores culturais portu- gueses. Não concebo uma li- nha orientadora de gestão duma coletividade, sem a sã amizade entre os participantes que a integram. E não aceito que em nome das nossas raízes e tradições, onde encaixa o folclore e o desporto, se cami- nhe de costas voltadas, em vez de traçarmos caminhos corres- pondentes. Pois aqui também vemos a luta pelo poder e a razão pela qual alguns combatem para saírem do anonimato. Pelo con- trário, fico satisfeito com os desagrado de outros, quando procuram melhorar o que vai mal. A esses eu junto-me e dou o meu singelo apoio. Este é o outro lado duma face mais ne- gra, que compõe o núcleo da emigração portuguesa. E por- que se deve pôr as questões e não ignora-las, também não devemos esquecer o verso da medalha. E esse é o que gosto de destacar: Grandes amiza- des que se constroem em torno dos mesmos ideais e imensa solidariedade com espírito de ajuda, aliada a uma forte von- tade em acolher e dar em do- bro o que receberam. Mas não esperemos receber sem dar. Para quem pensa partir e aqui encontrar saída profissional, é aconselhável a cautela nas afirmações, que a vida nos ensinou a ter. É aconselhável humildade e não exibicio- nismo. E porque há escolhas que nos são colocadas e que temos que tomar, cabe a cada um decidir segundo os seus critérios e modo de vida. Quando se esbate a es- perança, pomos a questão: – Partir ou ficar?… É da nossa genética, so- mos um povo que não vira- mos a cara à luta. Mas quan- do questionados com a falta de saídas profissionais no país, em vez de irmos à luta, preferimos a emigração. Tem sido a escolha e preferência de muitos. Deste modo, es- pero ter contribuído para al- guns esclarecimentos a ques- tões que me têm sido postas, nomeadamente por alguns leitores deste jornal. Como escrevia Miguel Torga… “É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indigna- do, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disso. Falta-lhe o romantis- mo cívico da agressão. So- mos, socialmente uma coleti- vidade pacifica de revolta- dos…” Cerca de três centenas de juristas, agentes de execução, solicitadores, advogados e ma- gistrados, estiveram, na sexta- dora da Ordem dos Advogados e Câmara dos Solicitadores), Henrique Delgado (juiz de di- reito do Juízo de Execução de Ovar), Maria João Areias (juíza desembargadora) e José Paulo Carvalho (advogado e profes- sor universitário no ISVOUGA). A iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Espi- nho. No seminário estiveram pre- sentes, entre outros, o deputa- do e líder da bancada parla- mentar do Partido Social De- mocrata, Luís Montenegro e o presidente da Câmara Munici- pal de Espinho, Pinto Moreira que reafirmou a importância deste tipo de eventos para o concelho de Espinho. Pinto Moreira agradeceu a Armando Branco “por ter trazido mais este evento para a sua e nossa cidade”. Manuel Proença Três centenas de juristas no Multimeios “O Novo Paradigma do Processo Civil” feira à tarde no Centro Mul- timeios, no seminário intitulado “O Novo Paradigma do Proces- so Civil/O Atual Regime: Teoria e Vicissitudes da Prática”. Tra- tou-se de uma iniciativa da Sociedade de Advogados Gil Moreira dos Santos, Caldei- ra, Cernadas & Associados (GMSCC) e da Sociedade de Agentes de Execução, Arman- do Branco, Zita Pereira & Asso- ciados, “suscitado pela entrada em vigor do novo Código de Processo Civil”. O evento, dirigido a profis- sionais da área da Justiça, con- tou com um painel dedicado à exposição de ideias sobre as principais mudanças introdu- zidas no processo declarativo, no que é encarado como “O Novo Paradigma”. O seminário contou com intervenções de Gil Moreira dos Santos (professor associado na Universidade Portucalense), Joel Timóteo Ramos Pereira (juiz de direito de Círculo e Juíz- Secretário do Conselho Superi- or de Magistratura), Paulo Rios (deputado e membro da Co- missão de Assuntos Constituci- onais, Direitos, Liberdades e Garantias) e Fernando Ro- drigues (presidente do Conse- lho Regional do Norte da Câ- mara dos Solicitadores), Már- cia Passos (advogada e forma- Fotos MP

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10 l defesa de espinho l 05/dezembro/2013

PortugalNeste mar de lágrimas…Entre a espuma brancaDas ondas salgadas,Que nos levam os sonhos

De uma vida com esperança…Este mar de lágrimasNeste país que sofre,Seus erros descobreNa imensidão das fragas.Duma serra íngreme de amarguraDifícil de transpor.Oh… desespero que invadesEste povo sagrado.

Oh… terra de paixão…Sonhos adiados…Dum viver livre e com alegria!Mas eis que atraiçoado,Este eleitorado, obediente,Elegeu gente, que ignora o sentido estadista.Com promessas, mentiras e hostilidades,Fogem às responsabilidades.Onda crescente num mar revolto,

De cantigas na boca dum fadista,Que deixa a esperançaPara quem parte, voltar…E ver o embalar duma criança,Nas asas duma gaivota…Que regressa a terra firme.Num país que é e será sempre Portugal…

Joaquim Ribeiro

OPINIÃO

"PORTUGA ESPINHENSE"

Joaquim [email protected]

Nova vagade emigrantes

Sem números onde mepossa sustentar, fico-me ape-nas por aquilo que os meusolhos me revelam e pelos tes-temunhos recolhidos. A che-gada da chamada nova vagade emigrantes a França, temchamado a atenção de todose nem sempre é seguida dumaboa preparação e acompa-nhamento sustentado porcompatriotas, amigos ou fa-miliares que os recebem. Des-tes aventureiros que chegamcheios de problemas que osacompanhou e vai acompa-nhar por muito tempo, mui-tos destes não arrastam con-sigo a tradição da boa ima-gem que ao longo dos tem-pos os portugueses se orgu-lhavam de possuir. Pelo con-trário, alguns destes que cátêm chegado já angariaram amá fama de oportunistas dossubsídios de ajuda em tudo oque está contemplado naConstituição francesa.

A par deste princípio, ain-da carregam maus hábitos,que talvez quem sabe, foi omotivo de terem partido: oendividamento compulsivo e

sem limites que os levam apassarem cheques até ficareminibidos de o poderem fazer.Esta é já uma prática que co-meça a denegrir a boa imagemque foi construída ao longo dedécadas pelos humildes mashonestos emigrantes que atra-íram a atenção e até mesmoadmiração, dos franceses.

Fico triste por registar es-tas passagens. Mas sabemosque é a realidade. Triste tam-bém, por saber de uns tantos aquem a vida permitiu ganhoseconómicos consideráveis e queem vez de ajudarem os seuscompatriotas, estendem-lhes amão para os explorarem emseguida, tirando partido da suadificuldade de integração lin-

guística. Magoado pelos ingra-tos que recebem ajuda e emtroca dão a ignorância de des-culpas sem fundamento. Per-mitindo que quem os ajudou sesinta retraído a nova ajuda aquem chega. Perplexo por sen-tir rivalidades entre quem de-veria defender os mesmosobjetivos, como a representa-ção dos valores culturais portu-gueses. Não concebo uma li-nha orientadora de gestãoduma coletividade, sem a sãamizade entre os participantesque a integram. E não aceito

que em nome das nossas raízese tradições, onde encaixa ofolclore e o desporto, se cami-nhe de costas voltadas, em vezde traçarmos caminhos corres-pondentes.

Pois aqui também vemos aluta pelo poder e a razão pelaqual alguns combatem parasaírem do anonimato. Pelo con-trário, fico satisfeito com osdesagrado de outros, quandoprocuram melhorar o que vaimal. A esses eu junto-me e douo meu singelo apoio. Este é ooutro lado duma face mais ne-

gra, que compõe o núcleo daemigração portuguesa. E por-que se deve pôr as questões enão ignora-las, também nãodevemos esquecer o verso damedalha. E esse é o que gostode destacar: Grandes amiza-des que se constroem em tornodos mesmos ideais e imensasolidariedade com espírito deajuda, aliada a uma forte von-tade em acolher e dar em do-bro o que receberam. Mas nãoesperemos receber sem dar.Para quem pensa partir e aquiencontrar saída profissional, é

aconselhável a cautela nasafirmações, que a vida nosensinou a ter. É aconselhávelhumildade e não exibicio-nismo. E porque há escolhasque nos são colocadas e quetemos que tomar, cabe a cadaum decidir segundo os seuscritérios e modo de vida.

Quando se esbate a es-perança, pomos a questão:

– Partir ou ficar?…É da nossa genética, so-

mos um povo que não vira-mos a cara à luta. Mas quan-do questionados com a faltade saídas profissionais nopaís, em vez de irmos à luta,preferimos a emigração. Temsido a escolha e preferênciade muitos. Deste modo, es-pero ter contribuído para al-guns esclarecimentos a ques-tões que me têm sido postas,nomeadamente por algunsleitores deste jornal.

Como escrevia MiguelTorga…

“É um fenómeno curioso:o país ergue-se indignado,moureja o dia inteiro indigna-do, come, bebe e diverte-seindignado, mas não passadisso. Falta-lhe o romantis-mo cívico da agressão. So-mos, socialmente uma coleti-vidade pacifica de revolta-dos…”

Cerca de três centenas dejuristas, agentes de execução,solicitadores, advogados e ma-gistrados, estiveram, na sexta-

dora da Ordem dos Advogadose Câmara dos Solicitadores),Henrique Delgado (juiz de di-reito do Juízo de Execução deOvar), Maria João Areias (juízadesembargadora) e José PauloCarvalho (advogado e profes-sor universitário no ISVOUGA).A iniciativa contou com o apoioda Câmara Municipal de Espi-nho.

No seminário estiveram pre-sentes, entre outros, o deputa-do e líder da bancada parla-mentar do Partido Social De-mocrata, Luís Montenegro e opresidente da Câmara Munici-pal de Espinho, Pinto Moreiraque reafirmou a importânciadeste tipo de eventos para oconcelho de Espinho. PintoMoreira agradeceu a ArmandoBranco “por ter trazido maiseste evento para a sua e nossacidade”.

Manuel Proença

Três centenas de juristas no Multimeios“O Novo Paradigma do Processo Civil”

feira à tarde no Centro Mul-timeios, no seminário intitulado“O Novo Paradigma do Proces-so Civil/O Atual Regime: Teoria

e Vicissitudes da Prática”. Tra-tou-se de uma iniciativa daSociedade de Advogados GilMoreira dos Santos, Caldei-

ra, Cernadas & Associados(GMSCC) e da Sociedade deAgentes de Execução, Arman-do Branco, Zita Pereira & Asso-

ciados, “suscitado pela entradaem vigor do novo Código deProcesso Civil”.

O evento, dirigido a profis-sionais da área da Justiça, con-tou com um painel dedicado àexposição de ideias sobre asprincipais mudanças introdu-zidas no processo declarativo,no que é encarado como “ONovo Paradigma”.

O seminário contou comintervenções de Gil Moreira dosSantos (professor associado naUniversidade Portucalense),Joel Timóteo Ramos Pereira(juiz de direito de Círculo e Juíz-Secretário do Conselho Superi-or de Magistratura), Paulo Rios(deputado e membro da Co-missão de Assuntos Constituci-onais, Direitos, Liberdades eGarantias) e Fernando Ro-drigues (presidente do Conse-lho Regional do Norte da Câ-mara dos Solicitadores), Már-cia Passos (advogada e forma-

Fotos MP