TRF 3 - CEF Ação Monitória Cheque Especial - Cobrança Indevida = B O M

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Ação Monitória = Jurisprudência

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  • suspensos em face do deferimento dos benefcios da assistncia judiciria.Registre-se. Publique-se. Intimem-se.Aps, o transito em julgado, prossiga-se na execuo, nos termos do artigo 475 J do Cdigo de Processo Civil,conforme redao determinada pela Lei n 11.232/05. 0003408-32.2008.403.6100 (2008.61.00.003408-3) - CAIXA ECONOMICA FEDERAL(SP235460 - RENATOVIDAL DE LIMA E SP067217 - LUIZ FERNANDO MAIA) X BERCO S IMPORT COM/ DE PECAS PARAAUTOS LTDA(SP107633 - MAURO ROSNER) X BERCO ACHERBOIM(SP154357 - SRGIO DEOLIVEIRA) X MARIA LIMA ACHEBOIM(SP154357 - SRGIO DE OLIVEIRA)Trata-se de ao monitria ajuizada pela Caixa Econmica Federal fundamentada em suposto inadimplemento decontrato de crdito rotativo celebrado entre as partes, apresentando os extratos da conta corrente e demonstrativoatualizado do dbito at 30/11/2007, totalizando o montante de R$ 22.956,85 (vinte e dois mil novecentos ecinquenta seis reais e oitenta e cinco centavos).Devidamente citada e intimada, a executada apresentou embargosao mandado monitrio, alegando preliminarmente, carncia da ao, em face de ausncia de notificao previa daresciso contratual, bem como na constituio em mora. No mrito, alegou o seguinte:a) aplicao do Cdigo deDefesa do Consumidor;b) ocorrncia de cobrana de juros sobre juros, anatocismoc) comisso de permannciacumulada com outros encargos: d) condenao da embargante em litigncia de m-f, em face de ausncia deliquidez da dvida;f) aplicao do artigo 940 do Cdigo Civil, uma vez que no presente caso est caracterizado quea embargada pede mais do que devido, devendo ressarcir a embargante pelo dobro do que est sendocobrado.Devidamente intimado embargada impugnou os presentes embargos monitrios (fls. 129/141). orelatrio. Fundamento e decido. Afasto a preliminar de carncia da ao, tendo em vista que h no contratopreviso de resciso e vencimento antecipado da dvida, nos termos acordado na clusula 26, sem que haja anotificao judicial ou extrajudicial.Passo ao exame propriamente dito do mrito.Sustenta a CEF que credora daquantia de R$ 22.956,85, saldo apurado at 30 de novembro de 2007, proveniente de Contrato de Crdito firmadoem junho de 2005. Constatou-se o inadimplemento da obrigao dos muturios, apurando-se o valor da dvida oradiscutida. O contrato firmado entre as partes possui dois limites de crdito, um na modalidade de Crdito RotativoFlutuante, Girocaixa Instantneo, no valor de R$ 10.000,00 e o outro, na modalidade de Crdito Rotativo Fixo,Cheque Empresa Caixa, no valor de R$ 2.100,00.No perodo de vigncia do contrato (antes do inadimplemento),os encargos contratuais foram relativos aos juros remuneratrios, calculados taxa prefixada, para o CrditoRotativo Fixo e a taxa ps-fixada representada pela composio da Taxa Referencial - TR, do primeiro dia do msdo perodo de apurao, divulgada pelo Banco Central do Brasil e taxa de rentabilidade definidadiferenciadamente para cada Sublimite, nos termos definidos na clusula nona, item a. Incidindo, ainda, conformeitem b da mesma clusula (IOF e CPMF) sobre operao de lanamento, observada a alquota em vigor e o valorda base de clculo, na forma da legislao vigente. Foi estabelecido que a taxa efetiva de rentabilidade vigente nadata de assinatura do contrato de 2,37% a taxa mensal, CCH, sublimite cauo de cheque e de 6,54% a taxamensal, CROT - crdito rotativo de cheque empresarial, que incidiro sobre a mdia de saldo devedorutilizado.Aps o inadimplemento, clusula 24: No caso de impontualidade no pagamento de qualquer dbito,inclusive na hiptese do vencimento antecipado da dvida, o saldo devedor apurado na forma deste contrato ficarsujeito comisso de permanncia, cuja taxa ser obtida pela composio da taxa CDI - Certificado de DepsitoInterbancrio, divulgado pelo BACEN no dia 15 de cada ms, a ser aplicado durante o ms subsequente, acrescidada taxa de rentabilidade de at 10% (dez por cento) ao ms.Inicialmente, h que se ressaltar que se aplica oCdigo de Defesa do Consumidor aos contratos bancrios, uma vez que estes se inserem no conceito de relao deconsumo (art. 52, da Lei n 8.078/90). O CDC utiliza conceitos gerais e amplos ao definir consumidor, fornecedor,produto e servio, abrangendo, assim, grande nmero de atividades especficas, dentre as quais se encontra abancria. Os bancos, na qualidade de prestadores de servio, encontram-se especialmente contemplados peloartigo 3., 2., do Cdigo.Nesse sentido a Smula n. 297 do Eg. Superior Tribunal de Justia, que dispe que OCdigo de Defesa do Consumidor aplicvel s instituies financeiras (Segunda Seo, julgado em 12.05.2004,DJ 09.09.2004 p. 149).Com efeito, os contratos bancrios so tpicos contratos de adeso, pois se caracterizam,primordialmente, pela ausncia de discusso prvia sobre as clusulas contratuais. Trata-se de contratosimpressos, padronizados por determinao do Banco Central, que faz com que as operaes bancrias sejampraticadas com uniformidade, determinando, por vezes, a minuta do contrato. Assim, o cliente, necessitandosatisfazer interesse que por outro modo no pode ser atendido, se sujeita aos ditames contratuais.Todavia, o CDCno vedou o regramento contratual pela forma adesiva. verdade que nessa espcie contratual o juiz deve sermais sensvel quanto s clusulas celebradas, dada posio de prevalncia que assume o fornecedor. No entanto,isso no significa que, s por isso, as clusulas assim estabelecidas sejam nulas de pleno direito, uma vez que oprprio artigo 54 do Cdigo de Defesa do Consumidor prev essa espcie contratual. Assim sendo, restaevidenciada a aplicao do Cdigo de Defesa do Consumidor ao caso em tela e, por conseguinte, tambm apossibilidade de serem anuladas eventuais clusulas contratuais abusivas, nos termos do art. 51 daquele diplomanormativo. Vejamos. Insurge-se o embargante face estipulao de juros.As taxas de juros cobradas pelasinstituies financeiras so divulgadas pelo Banco Central do Brasil. A Lei n 4.595-64 autorizou o ConselhoMonetrio Nacional a formular a poltica da moeda e do crdito no Brasil. No art. 3, a Lei referida permitiu

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  • quele rgo, por intermdio do Banco Central, fixar os juros e taxas a serem exigidos pelos estabelecimentosfinanceiros nas operaes de crdito. Assim, no a instituio financeira quem fixa as taxas de juros, mas tudodepende da poltica econmica e cambial.A cobrana de juros pelas instituies financeiras, encontra amparo naLei n 4.595-64. O Supremo Tribunal Federal j firmou entendimento de que as instituies financeiras no sesubordinam s disposies do Decreto n 22.626-33 e Smula 121 do S.T.F., conforme Smula 596 daquelemesmo Tribunal, porque esto sujeitas s normas do mercado financeiro, ditadas pelo Conselho MonetrioNacional e Banco Central do Brasil (RE n 78.953, RTJ 71/916). As taxas de juros so fixadas de acordo com asregras do mercado financeiro, no estando sujeitas a qualquer limitao. A respeito do assunto, decidiu o STF:...De fato, a Lei n 4.595/64, autorizou o Conselho Monetrio Nacional a formular a poltica da moeda e do crdito,no Brasil, e em vrios itens do art. 3, permitiu aquele rgo, atravs do Banco Central, fixar os juros e taxas aserem exigidos pelos estabelecimentos financeiros em suas operaes de crdito. Assim, a cobrana de taxas queexcedem o prescrito no Decreto n 22.626/33, no ilegal, sujeitando-se os seus percentuais unicamente aoslimites fixados pelo Conselho Monetrio Nacional e no aos estipulados pela Lei de Usura. (RE n 82.508, RTJ77/966).A Constituio Federal, no artigo 192, pargrafo 3, previa a limitao dos juros reais em 12% a.a.Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que tal dispositivo constitucional dependia de regulamentao, ouseja, era norma de eficcia limitada, no auto-aplicvel (ADIN n 4). Aps a deciso do Supremo TribunalFederal, a jurisprudncia foi majoritria pela necessidade de regulamentao. Atualmente no h como invocar taldispositivo, uma vez que ele foi revogado pela Emenda Constitucional n 40, de 29.5.03. Assim, no havendoqualquer norma legal que determine a aplicao da taxa de juros de, no mximo, 12% a.a., resulta que deve serrespeitado o previsto nos contratos celebrados entre as partes.Dessa forma, deve-se reconhecer a impossibilidadede limitao legal dos juros ao percentual de 12% em relao CEF, segundo a linha da Corte Mxima deste Pas(Smula 648). Assim, analisemos a fixao dos juros remuneratrios.Da leitura do contrato em questo, observa-se que no foi especificada a taxa de juros aplicvel no mtuo, restando apenas consignado que incidem jurospraticados pela CAIXA.Ora, evidenciar-se-ia com isso a chamada clusula potestativa, principalmente porque adevida informao prvia ao consumidor no foi demonstrada pela autora, caracterizando nulidade que deve serreconhecida (art. 115 do Cdigo Civil de 1916; art. 122 do Cdigo Civil de 2003).Ademais, a simples alegao deque as taxas contratadas so abusivas tampouco pode ser acolhida, uma vez que a concesso de crdito no monoplio de uma ou outra instituio financeira, havendo efetiva competio de mercado.Nestes termos, jurosso definidos conforme o custo do dinheiro tomado e o preo do dinheiro emprestado no mercado, sendo notrioem tempos passados de instabilidade e no presente de relativa estabilidade econmica, a flutuao das taxas dejuros condicionada ao sabor das variveis sazonais e ao humor da economia global (EDUARDO FORTUNA,Mercado Financeiro - Produtos e Servios, RJ, Ed. Qualitymark, 11 ed., p. 37-49, n. 4, 1998).Neste sentido, ospercentuais de juros so condicionados s diretrizes de poltica monetria, fiscal, cambial e de renda impostas pelomercado e pelo governo federal visando promoo do desenvolvimento econmico, garantindo o pleno empregoe sua estabilidade, o equilbrio do volume financeiro e das transaes econmicas com o exterior, a estabilidade depreos e controle da inflao, promovendo dessa forma a distribuio de riqueza e de rendas.Portanto, relevanotar, com o respaldo na jurisprudncia do Colendo Superior Tribunal de Justia, que o entendimento maisadequado aquele que somente considera abusiva a contratao de taxas de juros que, concretamente e semjustificado risco, sejam discrepantes da taxa mdia de mercado, o que no ocorre no caso em anlise. Nestesentido: REsp n 590.439/RS - 4T. Rel. Min. Aldir Passarinho Jr. - DJU 31.05.2004, p.323. Ainda, REsp n327.727/SP - 4T. Rel. Min. Csar Asfor Rocha - DJU 08.03.2004, p.166 e REsp n 407.097/RS - 2Seo - Rel.Min. Ari Pargendler - DJU 29.09.2003, p.142.Assim, deve ser observada a taxa pactuada em respeito ao princpiopacta sunt servanda.Ainda, h que se considerar que a forma como prevista contratualmente a incidncia dos jurosmoratrios evidencia sua capitalizao mensal.Com efeito, eram acrescidos, mensalmente, ao saldo devedor,valores a ttulo de juros, que passavam a integrar o dbito relativo ao contrato. Patente a existncia decapitalizao. Tem-se a incidncia de juros, aplicados mensalmente, sobre uma base de clculo com juros jincorporados.A questo sobre a legitimidade de tal conduta restou superada, com a edio da Medida Provisria2.170-36, de 23.8.2001, que em seu artigo 5. abriu exceo legal capitalizao dos juros com periodicidadeinferior a um ano, nas operaes realizadas por instituies que integram o Sistema Financeiro Nacional:Art. 5oNas operaes realizadas pelas instituies integrantes do Sistema Financeiro Nacional, admissvel acapitalizao de juros com periodicidade inferior a um ano.Tal norma permanece em vigor, com fora de lei, atque medida provisria ulterior a revogue explicitamente ou at deliberao definitiva do Congresso Nacional, emrazo do disposto no artigo 2. da Emenda Constitucional 32, de 11.9.2001.Portanto, a capitalizao de jurosmensais em mtuo bancrio autorizada por medida provisria com fora de lei.Essa norma incide no caso, pois ocontrato foi assinado aps a data de publicao da Medida Provisria 1.963-17 (30.3.2000), quando foi a primeiraedio da referida medida que veiculou tal norma. Assim, no h proibio de prtica de capitalizao de juros narelao jurdica em questo. Neste sentido os recentes julgados do Egrgio Superior Tribunal de Justia: (. . .)2.Com a edio da MP n 1.963-17/2000, atualmente reeditada sob o n 2.170-36/2001, a Segunda Seo desteTribunal passou a admitir a capitalizao mensal nos contratos firmados posteriormente sua entrada em vigor,desde que houvesse previso contratual. Contudo, as instncias ordinrias no se manifestaram acerca da

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  • pactuao da capitalizao de juros, nem, tampouco, da data em que foi celebrado o contrato, o que impossibilita,nesta esfera recursal extraordinria a verificao de tais requisitos, sob pena de afrontar o disposto nos enunciadossumulares ns 5 e 7 da Smula do Superior Tribunal de Justia.3. A comisso de permanncia admitida duranteo perodo de inadimplemento contratual, no podendo, contudo, ser cumulada com a correo monetria (Smula30/STJ), com os juros remuneratrios (Smula 296/STJ) e moratrios, nem com a multa contratual; na espcie, adeciso vergastada, ao afastar aquele encargo e manter a incidncia da correo monetria, da multa e dos jurosmoratrios, procedeu em harmonia com a jurisprudncia deste Sodalcio.4. A compensao de valores e arepetio de indbito so cabveis sempre que verificado o pagamento indevido, em repdio ao enriquecimentoilcito de quem o receber, independentemente da comprovao do erro.5. Agravo conhecido em parte e, naextenso, improvido.(AgRg no REsp 941.834/RS, Rel. Ministro Hlio Quaglia Barbosa, Quarta Turma, julgadoem 25.09.2007, DJ 08.10.2007 p. 310)No h o que se falar, portanto, na ilegalidade da capitalizao de juros nemem violao s normas constantes da Lei n. 8.078/90 - o denominado Cdigo de Proteo do Consumidor.Notocante a Comisso de Permanncia.Esse instituto foi criado pela Resoluo n 15 do BACEN, de 28/01/66. regulado atualmente pela Resoluo n 1129/86, a qual torna pblico que o Conselho Monetrio Nacional, dentrodas atribuies que lhe foram conferidas pela Lei n 4.595/64, art. 4, incisos VI e IX, resolveu I - facultar aosbancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento, caixas econmicas, cooperativas decrdito, sociedades de crdito, financiamento e investimento e sociedades de arrendamento mercantil cobrar deseus devedores por dia de atraso no pagamento ou na liquidao de seus dbitos, alm de juros de mora na formada legislao em vigor, comisso de permanncia, que ser calculada s mesmas taxas pactuadas no contratooriginal ou taxa de mercado no dia do pagamento; II - Alm dos encargos previstos no item anterior, no serpermitida a cobrana de quaisquer outras quantias compensatrias pelo atraso no pagamento dos dbitosvencidos..Sobre o carter da comisso de permanncia, Arnaldo Rizzardo (in: Contratos de Crdito Bancrio. 6.ed. So Paulo: RT, 2003. p. 339/340) esclarece:... dada a natureza da comisso de permanncia, que a mesma dacorreo monetria, tal entendimento no deve prevalecer. A correo monetria no remunera o capital, masapenas assegura sua identidade no tempo. Da mesma forma, a comisso de permanncia tem evidente carter deatualizao da dvida, sendo cobrada com base na Lei n 4.595, em cujo art. 30 regula o valor interno da moeda,para tanto prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionrios ou deflacionrios de origem interna ou externa. (...)Da a finalidade da comisso de permanncia, que no pode abranger a remunerao do capital, o que obtidomediante juros.A comisso de permanncia foi criada quando ainda no se admitia a cobrana de correomonetria nos dbitos judiciais, isto , antes da Lei n 6.899/81, possibilitando que as instituies financeirasfossem compensadas pela perda inflacionria em face do inadimplemento. Infere-se que tem dupla funo:propiciar a proteo contra a corroso da moeda e a remunerao pela prorrogao forada do contrato, decorrentedo no pagamento da dvida em seu vencimento. No entanto, em virtude da natureza da comisso de permanncia,que, conforme visto acima, visa coibir prejuzos em virtude do processo inflacionrio, pacificou-se oentendimento de que a cobrana cumulada da comisso de permanncia e da correo monetria configuraria bisin idem. Da o porqu da comisso de permanncia no poder ser cobrada cumulativamente com a correomonetria, conforme preconiza a Smula 30, do STJ. Tambm no pode haver cumulao com jurosremuneratrios, devendo ser calculada considerando a taxa mdia do mercado. Nesse sentido: Recurso especial.Omisso inexistente. Ao monitria.Conta-corrente. Mtuo bancrio comum. Limitao dos juros em 12% aoano. Comisso de permanncia. Precedentes. 1. O Tribunal a quo no incorreu em qualquer omisso, decidindo,fundamentadamente, todas as questes postas ao seu alcance.2. Conforme jurisprudncia desta Corte, em regra, aomtuo bancrio comum, aqui representado por contrato de abertura de crdito em conta-corrente, no se aplica alimitao dos juros em 12% ao ano, estabelecida na Lei de Usura (Decreto n 22.626/33). Aplicao da Smula n596/STF. 3. A comisso de permanncia, por si s, legal, no cumulada com a correo monetria (Smula n30/STJ), nem com os juros remuneratrios, devendo ser calculada considerando a taxa mdia do mercado,segundo a espcie de operao, apurada pelo Banco Central do Brasil (REsp n 271.214/RS, 2 Seo, julgado em12/3/03), limitada taxa do contrato. 4. Recurso especial conhecido e provido, em parte.(RESP 34565-1/RS, STJ,rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJU de 26.05.2003, pg. 359)Com efeito, a comisso depermanncia devida para o perodo de inadimplncia, no podendo ser cumulada com correo monetria(smula 30/STJ) e nem com juros remuneratrios. Estes sero devidos at o advento da mora, quando podero sersubstitudos pela comisso de permanncia, calculada pela variao da taxa mdia do mercado, segundo as normasdo Banco Central, limitada aos valores dos encargos do perodo de vigncia do contrato, acrescida dos encargosda inadimplncia e observado o teor da Smula n. 30-STJ.Alis, nesse mesmo sentido, dispe a Resoluo doBACEN acima transcrita ao determinar que indevida a cobrana de quaisquer outras quantias compensatriasem caso de inadimplemento.O entendimento de impossibilidade de cumulao da Comisso de Permanncia comoutros encargos pacfica, conforme demonstra a deciso abaixo:CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO.CONTRATO DE MTUO BANCRIO. JUROS. TAXA. LIMITE LEGAL. CDIGO CIVIL 1916, ART. 1.063.INCIDNCIA QUANDO NO PACTUADOS. COMISSO DE PERMANNCIA. INCIDNCIA. PERODODE INADIMPLNCIA. LIMITE.I. Reconhecida inexistncia de clusula expressa sobre a taxa de jurosremuneratrios incidentes em contrato de mtuo bancrio, aplicvel a taxa de juros legal. Elevao ao dobro

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  • promovida pelas instncias ordinrias que se mantm, com base no art. 1 do Decreto n. 22.626/33, em virtude daausncia de impugnao.II. Segundo o entendimento pacificado na egrgia Segunda Seo (Resp n. 271.214/RS,Rel. p/ acrdo Min. Carlos Alberto Menezes Direito, por maioria, DJU de 04.08.2003), os juros remuneratriossero devidos at o advento da mora, quando podero ser substitudos pela comisso de permanncia, calculadapela variao da taxa mdia do mercado, segundo as normas do Banco Central, limitada taxa de juros pactuada,acrescida dos encargos contratuais previstos para a inadimplncia e observado o teor da Smula n. 30-STJ.III.Agravo parcialmente provido. (STJ - 4. Turma - AGRESP 619346 - Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior.DJ: 06/09/2004, p. 269, grifo nosso) Portanto, os juros remuneratrios, embora possam ser exigidos mesmo aps amora, no podero ser cobrados cumulativamente com a comisso de permanncia, competindo instituiocredora optar pela incidncia desta (comisso de permanncia) ou daqueles (juros remuneratrios + juros demora). Por fim, importante citar a Smula n 294 do Superior Tribunal de Justia que tambm trata do instituto dacomisso de permanncia, e que reitera os termos da Resoluo do BACEN no que tange possibilidade de amesma ser fixada segundo a taxa mdia de mercado fixada pelo Banco Central:Smula 294: No potestativa aclusula contratual que prev a comisso de permanncia, calculada pela taxa mdia de mercado apurada peloBanco Central do Brasil, limitada taxa do contrato.No caso em tela, a comisso de permanncia se acha previstada seguinte forma no contrato firmado (fl. 15):CLUSULA VIGSIMA QUARTA - No caso de impontualidadena satisfao do pagamento de qualquer dbito, inclusive na hiptese do vencimento antecipado da dvida, odbito apurado na forma deste contrato, ficar sujeito Comisso de Permanncia, cuja taxa ser obtida pelacomposio da taxa de CDI - Certificado de Depsito Interbancrio, divulgada pelo Banco Central no dia 15 decada ms, a ser aplicada durante o ms subseqente, acrescida da taxa de rentabilidade de at 10% (dez por cento)ao ms.Verifica-se, assim, que a comisso de permanncia foi cobrada segundo taxa varivel, uma vez que foicalculada com base na composio dos custos financeiros de captao em CDI, incorridos no ms anterior.Inexiste violao ao Cdigo de Defesa do Consumidor (art. 46) quanto correo monetria segundo a variaodo CDI, na medida que tal rubrica pode ser conhecida antecipadamente pelo contratante. No obstante, a comissode permanncia no caso em tela tambm composta de taxa de rentabilidade de at 10% ao ms, que ambgua eofensiva ao Cdigo de Defesa do Consumidor, pois a clusula contratual, na forma que est redigida, deixa aoarbtrio nico e exclusivo da instituio financeira o percentual de taxa de rentabilidade que incidir sobre odbito, o que afronta o Cdigo de Defesa do Consumidor, em especial o art. 46 e o art. 52.Portanto, a ttulo decomisso de permanncia, a CEF no pode cobrar taxa de rentabilidade de 10% (dez por cento), que dever serexcluda do clculo da dvida.No tocante a condenao em litigncia de m-f, no existe nos autos elementos quetipifiquem as hipteses previstas no artigo 17, do Cdigo de Processo Civil, uma vez que o valor requerido nopresente feito foi elaborado com base no contrato assinado entre as partes. Ressalta-se nesse sentido que ocontrato juntado aos autos acompanhado das planilhas de clculos constitui elementos suficientes para se aferir liquidez e a certeza do presente ttulo, atravs de simples clculos aritmticos.O entendimento da jurisprudncia neste sentido:PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.EXECUO.CDULA DE CRDITO BANCRIO. TTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. LEI10.931/2004.1. A cdula de crdito bancrio, mesmo quando o valor nela expresso seja oriundo de saldo devedorem contrato de abertura de crdito em conta corrente, tem natureza de ttulo executivo, exprimindo obrigaolquida e certa, por fora do disposto na Lei n. 10.930/2004. Precedente da 4a Turma do STJ.2. Agravo regimentala que se nega provimento.(AgRg no REsp 1038215/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTATURMA, julgado em 26/10/2010, DJe 19/11/2010)Outra sorte no merece o pedido de aplicao do artigo 940 doCdigo Civil, tendo em vista que no foi comprovada a m-f, no h como aplicar os pressupostos do referidodiploma legal.Em face do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE OS PEDIDOS FIRMADOS NOSEMBARGOS, na forma da fundamentao supra, para: declarar a nulidade parcial da clusula 14, que prev acobrana da taxa de rentabilidade de 10%, e determino que o valor do dbito deva ser recalculado para que acomisso de permanncia seja calculada apenas pela variao da taxa de CDI, limitada aos valores dos encargosdo perodo de vigncia do contrato, eliminando-se a taxa de rentabilidade. Portanto, reconheo a CEF credora doru, com a(s) devida(s) excluso(es) determinadas, razo pela qual converto parcialmente o mandado inicial emmandado executivo (artigo 1.102c e pargrafos, do CPC), constituindo de pleno direito o ttulo executivo judicialda Caixa Econmica Federal, segundo os parmetros fixados acima, e determino o prosseguimento do feito naforma prevista no Livro II, Ttulo II, Captulos II e IV do Cdigo de Processo Civil. Aps o trnsito em julgado, aCEF dever adequar o clculo do seu crdito aos termos desta sentena, na forma do artigo 475-B, doCPC.Considerando as modificaes realizadas, as partes decaram em partes aproximadamente iguais, razo pelaqual declaro compensados os honorrios advocatcios (artigo 21 do Cdigo de Processo Civil).Registre-se.Publique-se. Intimem-se. 0011253-18.2008.403.6100 (2008.61.00.011253-7) - CAIXA ECONOMICA FEDERAL(SP163607 - GUSTAVOOUVINHAS GAVIOLI) X NEUSA MARIA LOURENCO(SP211679 - ROGRIO DOS SANTOS E SP028304 -REINALDO TOLEDO)Cuida-se de embargos declaratrios opostos pela r Neusa Maria Loureno, que sustenta omisso na sentena

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