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o militante socialista Tribuna Livre da luta de classes Publicação Mensal 02 Últimos desenvolvimentos do caos e da barbárie na europa 03 editorial: a luta do povo trabalhador derrotará as pressões e as chantagens da comissão europeia 4/5 congresso da cgtP: entre o desejo e a realidade 07 crP e direitos da mulher 08 a propósito – eliminação dos exames 09 Professores e educadores formam comissão de Defesa da escola Pública / Fim ao clima de prepotência e de medo nas escolas 10 requalificação/modernização da Linha do oeste 11 MS promove "círculo de Discussão" na marinha grande 12 França: o governo de Hollande quer desmantelar o código do trabalho 13 cimeira europeia de 18/19 de Fevereiro: “Estamos a dançar em cima de um vulcão” 14 encontro em defesa dos sindicalistas espanhóis 15 espanha: o que impede a constituição de um governo favorável aos trabalhadores e aos povos? 16 trabalhadores sul-africanos reforçam organização 17 eua: as primárias são uma expressão da crise política 18 realizou-se 9º congresso da iVª internacional 19 o que há por detrás da instabilidade da Bolsa? 20 Brasil: a cut apela a uma marcha nacional em Brasília, a 31 de março Indice Director: Joaquim Pagarete ano XViii (ii Série) 120 28 De março De 2016 1 euro Contra as pressões e ameaças da U.E. Soberano é o Povo Não ao golpe de Estado no Brasil!

Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista · crP e direitos da mulher 08 a propósito ... implementação do Tratado de Maastricht – e que o governo d oP SD/C l ev

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o militante

socialista

Tribuna Livre da luta de classes

Publicação Mensal

02 Últimos desenvolvimentos do caos e da barbárie na europa

03 editorial: a luta do povo trabalhador derrotará as pressões e as chantagens da comissão europeia

4/5 congresso da cgtP: entre o desejo e a realidade

07 crP e direitos da mulher

08 a propósito – eliminação dos exames

09 Professores e educadores formam comissão de Defesa da escola Pública /Fim ao clima de prepotência e de medo nas escolas

10 requalificação/modernização da Linha do oeste

11 MS promove "círculo de Discussão" na marinha grande

12 França: o governo de Hollande quer desmantelar o código do trabalho

13 cimeira europeia de 18/19 de Fevereiro: “Estamos a dançar em cima

de um vulcão”

14 encontro em defesa dos sindicalistas espanhóis

15 espanha: o que impede a constituição de um governo favorável aos trabalhadores e aos povos?

16 trabalhadores sul-africanos reforçam organização

17 eua: as primárias são uma expressão da crise política

18 realizou-se 9º congresso da iVª internacional

19 o que há por detrás da instabilidade daBolsa?

20 Brasil: a cut apela a uma marcha nacional em Brasília, a 31 de março

Indice

Director: Joaquim Pagarete ano XViii (ii Série) nº 120 28 De março De 2016 1 euro

Contra as pressões e ameaçasda U.E.

Soberano é o Povo

Não ao golpe de Estado no Brasil!

actualidade internacional

Últimos desenvolvimentos do caos e da barbárie na Europaum novo massacre,agora em Bruxelas

Às 8 horas da manhã,do passado dia 22 deMarço, teve lugarum novo massacreno coração da

Europa. Depois de Paris e deIstambul (alguns dias antes),agora foi Bruxelas o novoalvo da incursão, nocontinente europeu, da guerraque devasta o Médio-Oriente,esmaga os seus povos sob umdilúvio de bombas e lança –em condições trágicas –milhões de homens, demulheres e de crianças nasrotas do exílio.A História se encarregará derevelar, a seu tempo, overdadeiro rosto das forças (edos poderosos interessesmateriais) que se escondempor detrás dos delinquentes etraficantes, recrutados noatoleiro da decomposição eda degradação sociais dasociedade capitalista, paralhes servir de instrumentos,aterrorizando e, massacrandoao acaso, toda a população.

o acordo uniãoeuropeia – turquia…para expulsar osrefugiados

Ao cabo de largos meses devergonhoso sofrimento demilhões de refugiados, a 18de Março reuniram-se, denovo, em Cimeira (a 3ª emmenos de um mês!) osChefes de Estado e degoverno da União Europeia. Longe de pôr fim a estacatástrofe que eles própriosorganizaram, esses Chefes eos burocratas “europeus”assinaram, com o Governoturco, um Acordo que visaexpulsar dos países daunião europeia – de formaexpedita – os refugiadossírios e de outros países,além de quaisquer outrosmigrantes, que chegam às

suas fronteiras. trata-se deuma deportação queameaça milhões de sereshumanos. Não os reconhecem comorefugiados, chamando-lhes“migrantes ilegais”. Os governantes europeusespezinham, assim, umdireito humano fundamental,implantado pela RevoluçãoFrancesa, que inscreveu nasua Constituição: o povofrancês “dá asilo aosestrangeiros expulsos da suapátria por causa daliberdade, e nega esse direitoaos tiranos”.Há que constatar que esseAcordo infame foi subscritopor todos os governos da UE,desde o húngaro Orban aHollande, desde Rajoy atéTsipras e António Costa.

França e Inglaterra.Os governos da Hungria, daÁustria, da Macedónia, entreoutros, decidemunilateralmente erguer murose barreiras de arame farpado,fechar fronteiras, paraimpedir a entrada de 2milhões de refugiados, querepresentam apenas 0,4% dapopulação europeia.A decisão unilateral de fecharfronteiras, por estes governos,está em rota de colisão comas decisões tomadas pelasinstâncias comunitárias, é aexpressão da desagregação daUnião Europeia. O acordo deSchengen, um dos pilares daUnião Europeia, está em riscode ruir. As divergências profundasentre as forças políticas, faceà questão dos refugiados,

sua entrada, a União Europeiaacaba de tomar a decisão deexpulsar estes refugiados paraas zonas de onde fugiram,colocando-os novamente na“boca do lobo”. Em total violação das leis eTratados internacionais dodireito de asilo e do dever deprotecção aos refugiados, aUE decide repatriar osrefugiados, atirando-os denovo para o “corredor damorte” de onde se tinhamevadido. Em que é que estadecisão se diferencia de umcrime de guerra?Angela Merkel preocupa-secom razão ao afirmar que aquestão dos refugiados “tem

todo o potencial para fazer

implodir a União Europeia”.Os factores de desagregaçãovão-se adensando eacumulando.

que saída para estasituação?

Ao mesmo tempo que aCimeira da União Europeiatratou os refugiados destamaneira, a generalidade dosseus governos ataca os direitossociais e laborais dos povos daEuropa e cria o terreno para axenofobia e o racismo, para oenfrentamento das populaçõeslocais com esses refugiados,uma vez que os Orçamentosdos Estados e dos Municípiosnão chegam para prestarserviços públicos condignos auns e outros.Então, a saída para estasituação só pode estar na lutados trabalhadores, em cadapaís, para – em unidade comas suas organizações –rejeitarem a divisão e os novosataques, incluírem asnecessidades dos refugiadosnas suas reivindicações,reclamando os mesmosdireitos políticos e sociaispara todos os trabalhadorese os jovens (refugiadosincluídos). n

J. P.

Note-se, contudo, que tanto oPCP/Verdes como o BE semanifestaram, publicamente,contra a assinatura desseAcordo. Como é que umGoverno que se reclama deesquerda pode subscreveruma tal “negociata”?

um salto qualitativo nadesagregação da uniãoeuropeia

À grave crise económica ebancária, em que a UE estámergulhada, veio juntar-se acrise humanitária dosrefugiados, em fuga de umaguerra levada a cabo pelosEUA, Rússia, Arábia Sauditae, também, pelos governos de

fragilizaram a posição deAngela Merkel na Alemanha.A agonia da Presidênciafrancesa, o impassegovernativo em Espanha, aderrota da direita emPortugal, a alforria que aburguesia do Reino Unidoconseguiu arrancar da UniãoEuropeia – obtendo tudo oque lhe convém e excluindotudo o que não lhe interessa –dá uma pálida ideia dadimensão e profundidade dacrise em que está mergulhadaa União Europeia.Depois do tratamentodesumano que tem infligidoaos refugiados – nos campos-“tampão”, onde os têm sidoacantonados – e de travar a

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

E d i t o r i a lFicha técnica

Tribuna livre impulsionada pelo POUS

o militantesocialista

Proprietário: Carmelinda PereiraNIF: 149281919

editor: POUS - Partido Operáriode Unidade SocialistaNIPC: 504211269

Sede: Rua de Sto António da Glória, 52-B / cave C 1250-217 LISBOA

Nº de registo na ERC: 123029

Director: Joaquim Pagarete

comissão de redacção:Carmelinda PereiraAires RodriguesJosé LopesJoaquim Pagarete

impressão: Imaginação ImpressaRua Braancamp, 15A 1250-049 Lisboa

edição: 150 Exemplares

a nossa história:

O jornal “o militante Socialista”nasceu em 1975, sob aresponsabilidade de militantes doPartido Socialista (PS),pertencentes às Coordenadorasdos núcleos de empresa,organizados na sua Comissão deTrabalho.Nasceu identificado com os ideais da Revolução do 25 de Abril, do socialismo e da democracia.Esses mesmos ideais continuarama ser assumidos pela corrente desocialistas afastados do PS, quefundaram o Partido Operário deUnidadeSocialista (POUS), em conjuntocom a Secção portuguesa da IVª Internacional.Em continuidade com os ideaisque presidiram à publicação dos primeiros “Militantes Socialistas”, o POUSimpulsiona actualmente estejornal, como tribuna livre da lutade classes, aberta a todas ascorrentes e militantes queintervêm democraticamente para defender as conquistas do 25de Abril.A defesa destas conquistas exige o desenvolvimento de uma acção política totalmenteindependente das instituiçõesligadas aos Estados, às religiõesou ao capital – e, por isso, a orientação de “O MilitanteSocialista” identifica-se com a doAcordo Internacional dosTrabalhadorese dos Povos.

OE2016: A luta do povo trabalhadorderrotará as pressões e as chantagens da

Comissão Europeiaintroduzidos “naespecialidade”.

Numa palavra, trata-se de umOrçamento que é expressãode uma maioria, que seapresenta “de mãos atadas” eretrocede em relação aoprometido investimento, nosserviços públicos e noaparelho produtivo,indispensável ao crescimentoeconómico e à reposição doscortes feitos pelo governoPSD-CDS nas funções sociaisdo Estado.

as pressões e aschantagens da comissãoeuropeia continuamA reafirmação do respeitopelos compromissos europeuse internacionais, não permitiuque António Costa voltasse deBruxelas com o Orçamentoque levou. Nem a astúcia ecapacidade negocial atribuídaa António Costa conseguiramdemover a ComissãoEuropeia dos seus intentos.António Costa voltou com umOrçamento pior do que o quelevou. Em relação aoOrçamento que trouxe, apressão já está a ser exercidapara serem aplicadas medidasadicionais de austeridade.

A impressão digital dasInstituições da UniãoEuropeia já está posta noOrçamento. O garrote já foianunciado pelo Comissário“socialista” Moscovici.Segundo ele, a questão nãoestá em saber “se” vão sernecessárias (ou não) maismedidas; a questão está emfazer o Governo perceber que“essas medidas terão de ser

implementadas”.

Em nome dos “mercados”(isto é, do capital financeiro),

Portugal é actualmenteum país arrasado pelaspolíticas de destruiçãoeconómica e socialditadas pelas

instituições da UniãoEuropeia – desde aimplementação do Tratado deMaastricht – e que o governodo PSD/CDS levou ao seuextremo.Foi para pôr termo a estadestruição, que o povo,através da sua luta e do seuvoto, colocou em maioria ospartidos de esquerda naAssembleia da República, queconduziu a um acordo entre amaioria PS/BE/CDU, quepermitisse acabar com asmedidas de austeridade ecomeçasse a dar resposta aosanseios e necessidadesprementes da população.

O Orçamento do Estado para2016 deveria ter respondido aessa necessária viragem. Mas,à parte algumas correcçõesefectuadas nos cortes salariaise nas pensões de aposentação,e da reversão de algumasinjustiças sociais maisflagrantes, a linha geral desteOrçamento não responde àsnecessidades mais urgentespor que todos esperavam.

De facto, o OE para 2016 tempor base a cativação de maisde 8 mil milhões de eurospara o pagamento dos jurosde uma dívida de que o povoportuguês não é responsável.Acresce que o Governo do PSe os Partidos que o apoiam, aocederem às ingerências epressões da ComissãoEuropeia, efectuaram noOrçamento cortes adicionaisde 1100 milhões de euros, emrelação à proposta inicial doGoverno, que estão longe deser compensados pelosexíguos benefícios

o Comissário Moscoviciexige medidas adicionais,antes mesmo do Orçamentocomeçar a ser executado.

Se ceder à pressão deBruxelas e Washington, eavançar com medidasadicionais de austeridade, ogoverno de António Costaestará a atingir e a corroer asua base social de apoio – apopulação trabalhadora, ospensionistas, os reformados,os desempregados e osjovens, as classes maisdesprotegidas e que maissofreram com a austeridade.

Perante este quadro, osdeputados da actual maioriaparlamentar têm que optar.

Ou respondem a Bruxelas, oua quem neles confiou o voto.Ou protegem uma UniãoEuropeia em agonia, e, paraisso, minam a sua base socialde apoio – o povo que oselegeu! Ou, então, apoiam-senessa base, defendendo-a dosataques da União Europeia!

Nenhum deputado, nenhumGrupo Parlamentar que apoiao Governo do PS podeescamotear esta questão.

Cada um dos deputados, cadaum dos Grupos Parlamentaresque apoia o Governo do PStem de fazer a sua opção.

Ficar refém dessa chantagem,será deixar ao PSD, ao CDS eà extrema-direita o terrenopropício para capitalizar odescontentamento geradonessas camadas da populaçãoe facilitar-lhes o regresso aopoder. A vida mostra que nãohá lugar para terceiras vias. n

Comissão de Redacção

actualidade nacional >>>

Congresso da CGTP: Entre o desejo

Sendo a CGTP a maisimportanteConfederação sindicaldos trabalhadoresportugueses – suporte

imprescindível da suamobilização e da preservaçãode todos os direitosdemocráticos da sociedadeportuguesa – o seu XIIICongresso, realizado a 26 e 27de Fevereiro, centrou aatenção, por um lado, dosmeios ditos de “Comunicação”social (ao serviço dasorganizações representantes dosistema capitalista) e, por outrolado, dos militantes eorganizações empenhados nocombate pelo socialismo.Os órgãos de Comunicaçãosocial sabem bem que acapacidade para continuar aaplicar as medidas para asobrevivência do sistema(desemprego, pobreza,decomposição social,pilhagem da riqueza produzidano país,…) terminará no diaem que os trabalhadores –livremente unidos no quadroda democracia assente emassembleias de trabalhadoresque elegerão os seus delegadosporta-vozes das reivindicaçõese propostas para resolver osproblemas – disserem: Basta!

Por isso tiveram que olharcom muita atenção para oCongresso da CGTP, paracompreenderem a suaorientação e se certificaremsobre a capacidade da suaDirecção para controlar omovimento dostrabalhadores, no quadro depropostas e acções quepermitam ao actual Governoaplicar o programa acordadocom Bruxelas.

Não será por isso que oExpresso online coloca comotítulo num dos seus artigossobre este Congresso: “Odia em que a CGTP mudou oseu discurso”?

Para os militantesconscientes de que é estemovimento de unidade daclasse trabalhadora com assuas organizações – tãotemido pelo sistema – que épreciso ajudar a desenvolver,o Congresso da CGTP foium momento relevante. Eisto porque este movimentounido é feito com asorganizações sindicais, enomeadamente com a CGTP– seja qual for oentendimento que cada umtenha obre a orientação dasua Direcção.

O desejo mais profundodestes militantes era que oCongresso tivesseconstituído um apelo àconstrução da mobilizaçãoque permitisse aostrabalhadores, com a CGTP– a partir dos seus sindicatose CTs – realizar a unidadecom as populações, parafazer vingar a vontade dereconstrução do país,incompatível com asubordinação às instituiçõesda União Europeia.

Não seria expectável quedaquele Congresso saísse umplano de mobilização paraimpedir a continuação daentrega do sector financeiroportuguês aos grandesbancos internacionais, talcomo o pretendem aComissão Europeia e oBCE?

Não seria expectável quefosse organizada umaresposta àqueles quepretendem despedir miltrabalhadores no NovoBanco, para a seguir oentregarem a um bancoprivado?

No entanto, não podemosdizer que estas aspiraçõesnão tivessem estadoimplícitas nas intervençõesda maioria dos delegados,aspirações que ArménioCarlos – reeleito comoSecretário-Geral da CGTP –teve em conta no seudiscurso de encerramento doCongresso.

Se existir – dentro dasorganizações da CGTP, anível de quadros e dirigentessindicais – uma forçamilitante animada de taisobjectivos, por que não hão-de os trabalhadoresportugueses impedir, com aCGTP, a continuação dapolítica ditada porBruxelas? n

Vista geral do XIII Congresso da CGTP.

Síntese de alguns dospontos constantes dacarta reivindicativada cgtP- Exigir alterações no Códigodo Trabalho, em matériasrelativas aos despedimentose indemnizações, de forma agarantir o cumprimento danorma constitucional sobresegurança de emprego(artigo 53ºda CRP);

- Assegurar uma mais justa

repartição do rendimento

entre o trabalho e o capital,

com o aumento do salário

mínimo como um imperativo

nacional e o aumento geral

dos salários para elevar o

nível de vida dos

trabalhadores;

- Exigir a imediata reposiçãodo horário de 35 horas detrabalho máximo semanalpara todos os trabalhadoresda Administração Pública;

- Lutar pela reduçãoprogressiva dos horáriossuperiores às 35 horas nosrestantes sectores deactividade, sem desregulaçãodos horários nem diminuiçãode salário, de forma aassegurar a articulação davida profissional com a vidapessoal, familiar e cívica ecomo contributo para criarpostos de trabalho dequalidade e combater odesemprego;

- Reposição das condiçõesque garantam a efectivaçãodo direito de contrataçãocolectiva consagrado naConstituição, o que passa porrevogar as normas relativas àcaducidade das convenções erepor as disposiçõesanteriores ao Código doTrabalho de 2003. n

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

e a realidade Em vésperas do Congresso,dirigentes e militantes devários sindicatos da CGTPderam a conhecer um longoManifesto – através dos órgãosda Comunicação Social – ondedeclaravam:“O sindicalismo de classe,independente, democrático esolidário que a CGTP-INrepresenta, é chamado [nestenovo quadro político] a ter umpapel da maior relevânciasocial e política para aconsolidação e odesenvolvimento de soluçõespolíticas favoráveis aostrabalhadores e ao país.”E para conseguir este desígnioa “minoria da CGTP” propõeque a Central sindical exija

“um diálogo social e umaconcertação social efectivos,não discriminatórios e nãoinstrumentalizados” e, poroutro lado, que promova“a filiação na ConfederaçãoInternacional dos Sindicatos(CSI, na sigla inglesa), agrande Central sindicalmundial”.Será este o caminho que irápermitir aprofundar a práticade um “sindicalismo de classe,independente, democrático esolidário”, com o qual todosestamos de acordo?Trata-se de um tema quemerece ser largamentediscutido no seio domovimento operário e das suasorganizações. n

Discurso final de arméniocarlos (excertos)

“As promessas e protocolosentre os partidos queformam a base do governoestão a ser cumpridas. É umsinal positivo que implicaresponsabilidade para amaioria da Assembleia daRepública e para a CGTP.

Não estamos à procura depôr em causa essa maiorianem o Governo.

Ser reivindicativo não é paradestruir; é para construir eevitar que a Direita cheguede novo ao poder.

Somos pelo diálogo e anegociação, para conseguirboas soluções.

Contrapomos às pressões dopatronato e dos poderesinternacionais a mobilizaçãodos trabalhadoresdefendendo as suasreivindicações.”

trechos dasintervenções de algunsdelegados

“Agora temos que reclamara concretização da vitória,com uma política soberanaconcretizada na ruptura coma União Europeia, estruturairreformável.” – umdelegado de Braga

“Tudo passa por nós. Nós,CGTP, somos a máquina deforça que dá capacidade atodos os trabalhadores para

lutar. Passa por mim, passapor ti. Se pensas só em ti,ficas sozinho. Se pensastambém em mim, ficamosnós”. Trabalhadora precária,que explicou a sua situação:“Pertenço a uma das muitasempresas a trabalhar para aEDP, através de projectos.Neste caso, mesmo tendo umvínculo a esta empresasubcontratada, se ela perdero contrato, serei despedida.”

“Estamos a viver temposcontraditórios porque, porum lado, a luta mudou asituação política, mas, poroutro lado, as condiçõesestruturais são as mesmas. Énecessário não desarmar econtinuar a luta para parara continuação das condiçõesde exploração dostrabalhadores da hotelaria.Cada vez há mais trabalhoprecário neste sector.Estamos a lutar contra oroubo dos feriados.” –trabalhador do Sindicato daindústria de Hotelaria

“Ninguém percorrerá pornós o caminho daesperança” - delegado doSindicato dos Metalúrgicos

“A concertação social é umsistema de naturezacorporativa que apela àcolaboração de classes,como se os interesses docapital e do trabalho fossemconvergentes. A concertaçãosocial instrumentalizadaprocura sobrepor-se àAssembleia da República. Osresultados lá produzidos sãodesfavoráveis aostrabalhadores. A CGTP estánesta instância, mas semabandonar a luta.” -Fernando Farias, membro daComissão Executiva daCGTP n

Um grupo de militantes etrabalhadores (muitos deles aocupar posições em estruturassindicais ou em Comissões detrabalhadores) dirigiu-se aoCongresso nos seguintestermos:“Saudamos esta reuniãomagna, com o profundo desejoque dela saiam decisões quelevem à mobilização unida doconjunto dos trabalhadoresportugueses, com as suasorganizações, para –fortalecendo assim a novacorrelação de forçasmaterializada na maioria dedeputados da Assembleia daRepública eleitos com o votodo povo – pôr um fim efectivoàs políticas de austeridade ede destruição do nosso país.(…) Sabemos que nada estáalguma vez garantido. Massabemos também – pela nossaprópria experiência – quetemos capacidade pararealizar a unidade com osnossos sindicatos e aspopulações para que, com anossa força assim organizada,a maioria PS/BE/CDU naAssembleia da Repúblicaexerça a sua soberania

fazendo aprovar um OE querespeite as necessidades e avontade dos trabalhadores edo país e não as do capitalfinanceiro e obrigue à retiradadas exigências da UniãoEuropeia e do FMI, e crie ascondições para realizar asmedidas politicas, económicase sociais que permitam aoconjunto de povo portuguêsviver em condições dedignidade.É com esta confiança que nosdirigimos ao Congresso daCGTP, esperando que os seusdelegados aprovem umaResolução que possa conduzirà realização dessamobilização unida. Umamobilização que fará parte doprocesso de mobilização eresistência desenvolvido emEspanha, em França, em Itáliaou na Grécia ou nos outrospaíses da União Europeia,confrontados à mesmaofensiva, pondo na ordem dodia a exigência de políticas decooperação solidária entre ospovos, incompatíveis com osditames das instituições deBruxelas.” n

Joaquim PagareteConvidado ao Congresso

o modo como decorreu o congresso

um manifesto da “minoria da cgtP”

mensagem enviada ao congresso da cgtP

TAP: Anulação completa da privatização, para garantira gestão pública ao serviço do país e das populações

Quando foiconhecida a posiçãoda ANAC(AutoridadeNacional da

Aviação Civil) ninguém ficouadmirado ou escandalizado.A 19 de Fevereiro, o Públiconoticiava, sob o título“ANAC continua com

dúvidas sobre quem manda

na TAP e bloqueia gestão”

que “Regulador impõemedidas cautelares à TAPpor três meses para evitar«decisões de gestãoextraordinária» ou quetenham impacto nopatrimónio da empresa” e,mais à frente, “Quando já sefalava em fazer do Estado denovo o maior accionista(com 50% do capital daTAP), o regulador daaviação civil (ANAC)congelou o processo naetapa anterior – em que oEstado vendeu 61% docapital da TAP ao consórcioAtlantic Gateway. (…)Segundo a ANAC, existem«fundados indícios dedesconformidade daestrutura de controlosocietário e financiamento»da TAP e da PGA com oregulamento europeu dotransporte aéreo que obrigaa que seja um cidadãocomunitário a deter ocontrolo das companhias.”Asituação tinha sidodenunciada pelasorganizações dostrabalhadores (que semantiveram fiéis ao mandatodo plenário de trabalhadoresque decidiu opor-se àprivatização) e pelaassociação Olho Vivo / NãoTAPe os olhos. A ANACveio confirmar a razão quetinham e, igualmente, pôs anu porque Passos Coelhoprecipitou a assinatura daprivatização quando já não

era Governo.Curiosamente, a ComissãoEuropeia mostrou, diasdepois a sua preocupação porrazão diferente. A26 de Fevereiro, o Públicotitulava “Bruxelas vê riscos

orçamentais na reversão das

concessões nos transportes”,acrescentando: “Chamando-lhe um «retrocesso»,Bruxelas criticou esta sexta-feira as decisões tomadaspelo actual Governo quelevaram à reversão dasconcessões nos transportespúblicos e à alteração domodelo de privatização daTAP.” Desde logo, tornou-se evidente o aproveitamentoda Comissão Europeia parapressionar o Governoportuguês no sentido deevitar a tomada de medidasque, sendo justas, são noentanto insuficientes.Também o Público, de 25 deFevereiro, esclarecia oscontornos do novo acordo:“(…) o contrato que, nofinal, fará do Estado o maioraccionista, com 50% dasacções, após um investimentolíquido de 1,9 milhões deeuros. O consórcio dePedrosa e Neelemancontrolará entre 45% e 50%,dependendo da adesão dostrabalhadores à compra dos5% que lhes estãoreservados. No entanto, alémda gestão se manter naesfera privada, o Estadoterá, no máximo, 18,5% dosdireitos económicos (…).”Na verdade, as primeiras

medidas da “nova”Administração da TAP (que éa “antiga”, contratada parapreparar a privatização) sãoesclarecedoras. Fecho derotas para serem oferecidas acompanhias “low-coast”,com a falsa justificação deserem não rentáveis.Transferência de contratos defornecimento de aviõesnovos da TAP para a Azul, novalor de milhões de euros,para equipar esta última (queo não conseguiria se nãofosse assim) a custo zero. Em“compensação”, a TAPcompra à Azul equipamento(aviões) desadequado à suaoperação normal e, nalgunscasos, obsoleto.

É o caminho que seprevia e que conduzirá aodesmantelamento daempresa, continuando agestão danosa que vinhasendo prosseguida, masagora sem a limitação de setratar de uma empresapública (ou seja,completamente fora decontrolo).É o caminho que, seprosseguido, começará porpôr em causa os direitos dostrabalhadores e os enviarápara o desemprego e/ou paraa emigração.Para impedir que tal aconteçaé necessária a efectiva gestãopública da TAP (como dequalquer outra empresa),devidamente controladapelos trabalhadores e pelaspopulações. Isso permitiráque ela seja um elemento decoesão nacional, no quadro

de um Plano nacional detransportes, virado para odesenvolvimento económicoe social do país, assumidocomo um serviço público dereferência e garantindo osdireitos e conquistas dostrabalhadores.A forma de garantir ascondições para que tal possaocorrer passa pelo controlopelo Estado da totalidade docapital social da empresa. A privatização da TAP temde ser totalmente revertida eo seu capital ser 100%público. As necessidades dopaís e dos trabalhadores daTAP – e a própria posição daANAC – justificam e exigema anulação da venda da TAP,sem qualquer resgate ouindemnização.Sabemos que a posição doGoverno – pressionado pelaComissão Europeia – não éessa. O acordo a que chegoucom Neeleman traduz-senum máximo de 50% decapital público e semgarantias de gestão públicada empresa. Cabe à maioriade deputados PS/BE/CDUfazerem valer a soberaniaque o povo lhes concedeu eaprovarem, na Assembleia daRepública, a reversão daprivatização, sem condições.Será a mobilização e a lutados trabalhadores, e daspopulações, apoiados nassuas organizações, que opoderá garantir. Asdirecções dessasorganizações – e, emparticular, as direcções daCGTP e da UGT – têm aresponsabilidade de levar acabo as acções para aconcretização dessamobilização nacional. n

actualidade nacional >>>

ANO XVII ( II Série ) nº 120 de 25 de Março de 2016 Publicação do

A Constituição da República Portuguesa e os direitos da mulher

No passado dia 8 deMarço, CarmelindaPereira – dirigentedo POUS edeputada

constituinte – a convite doCentro de Formação doSindicato dos Professores daRegião Centro (SPRC)participou numa reunião-debate sobre o Diainternacional da Mulher.Transcrevemos algunstrechos da sua intervençãonesse debate (1).

«(…) Estamos aqui, unidas eunidos no reconhecimento àluta das mulheres que sebateram contra as condiçõesde trabalho sub-humanas,das mulheres que se bateram– e pagaram muitas com asua própria vida – pelaredução de horários detrabalho de 16 horas diárias,por creches e direitos dematernidade (…). A todaselas prestamos a nossahomenagem, como aprestamos às mulheresportuguesas que se baterampela conquista dos direitoscívicos, incluindo o de votarna Primeira República, quese bateram pelaemancipação cultural esocial em pleno fascismo,que participaram nas lutasclandestinas, foramperseguidas, presas,torturadas e algumas mortas,no combate pela liberdade,contra guerra e contra aexploração.

É deste percurso tão violentoe tão doloroso que emerge aRevolução de Abril. Arevolução que colocou, ladoa lado, trabalhadores etrabalhadoras das cidades edos campos a participaremnas reuniões, nasassembleias, nasmanifestações e nas greves,para ver realizada, na

prática, a assunção de todosdireitos que a Constituiçãoaprovada em 1976consignou.

Direitos das mulheres, doshomens e das crianças,direitos de toda a sociedade.Os direitos do trabalho – daliberdade sindical àsComissões de trabalhadores,da greve à contrataçãocolectiva.

As funções sociais do Estado,as nacionalizações, asunidades colectivas deprodução e as cooperativas.

E, ao lado destes direitos, oreconhecimento de comotodos somos iguais perante alei. E, em consequênciadisto, as mulheres sãosenhoras da sua própriavida, do seu contratocolectivo, do seu passaporte,da sua correspondência,valores de cidadania queagora parecem tão normais –como normal é a liberdade ea democracia, e de que só sedá falta se ela desaparecer.

Direitos decorrentes dosprincípios consignados naConstituição de Abril, (…)obra de militantes que selimitavam a dar a forma delei ao que, na prática, estavaa ser realizado pelostrabalhadores e pelaspopulações.

(…) Bem me recordo[enquanto deputadaconstituinte do PS] como osmeus camaradas – operáriosda Lisnave de Almada e daEfacec do Porto – sebateram e escreveram, peloseu próprio punho, o textosobre o direito dostrabalhadores a fazerem-serepresentar (…) emComissões de trabalhadorespara exercer o controlo degestão das empresas, tal

como estava a acontecer naprática, ou como estesmilitantes impuseram oartigo que afirmava: “Asnacionalizações sãoconquistas irreversíveis dasclasses trabalhadoras”.

(…) Lembro-me, também,dos obstáculos políticosexteriores ao PS e de que sealimentava, para ganhar voz,quem nessa altura já queriaoutro destino para a nossarevolução, os obstáculosdaqueles que se opunham àAssembleia Constituinte ondese estavam a passar a escritoas conquistas que estavam aser feitas na vida real.Obstáculos geradores deterríveis divisões nas fileirasdo povo trabalhador,obstáculos materializados emforças que chamavam àAssembleia Constituinte o“circo de S. Bento”.

A vocação de uma Revoluçãoé ser vitoriosa. A nossaprometia sê-lo, começandopor se estender por toda aPenínsula Ibérica. Ossenhores do mundo não odeixaram. Não deixaram,conseguindo impedir que aclasse operária e os povos doEstado espanhol pusessemfim à Monarquia eproclamassem a República.

(…) Em vez desse caminho,em vez do caminho darevolução de Abrilconsignado na Constituição,que apesar de tudo foi feita,

o nosso país entrou – semsequer o povo saber o que oesperava – na CEE (depoisUnião Europeia), com osresultados que estão à vistade todos nós e dos povos detoda a Europa.

As consequências dessadecisão histórica sãotrágicas para o nosso país,para os nossos filhos e netos,para os povos da Europa,para toda a Humanidade.

(…) Hoje, precisamos defazer tudo o que estiver aonosso alcance para preservara nova correlação de forçasimposta pela luta e pelo votodo povo.

Fazê-lo, exige de todos nós acapacidade de continuar amobilização unida,esperando que a maioriaPS/BE/PCP/Verdes seentenda sobre a rejeição dasimposições da UniãoEuropeia. Uma mobilizaçãopara que o governo do PSaceite esta orientação,procurando pontos de apoiona mobilização do povoportuguês e nas suasorganizações, bem como nasorganizações internacionaisempenhadas na defesa dapaz, dos refugiados, dotrabalho com direitos, naconstrução de umaverdadeira União Livre dePovos e Nações Soberanas.

Lutando sobre este eixo,estaremos a preservar eaprofundar a correlação deforças que só a luta podemanter, estaremos areganhar a matriz da EscolaPública do 25 de Abril e asegurar as conquistas darevolução consignadas naConstituição.» n

(1) Ver a versão integral na páginado POUS na Internet(http://www.pous4.pt.vu).

Eliminação dos exames

Aanunciadaeliminação dasprovas finais do 2ºciclo, em particular,ultrapassou em

muito o programa desteGoverno no qual AntónioCosta se propunha apenas –e passamos a citar:«Reavaliar a realização deexames nos primeiros anosde escolaridade, práticasistematicamente criticadapelas organizaçõesinternacionais com trabalhorelevante na área daeducação, aprofundando asua articulação com aavaliação interna».Por outro lado, aRecomendação do ConselhoNacional de Educação nosentido da reavaliação daadequação das provas finaisdos 4º e 6º anos aosobjectivos de aprendizagemdos ciclos que encerram,bem como da revisão dascondições da sua realização,também não apontam para ahipótese da eliminaçãodestas provas finais de ciclo.

É conhecida a posiçãobastante crítica daFENPROF (a maiorfederação representativa dosprofessores em Portugal)sobre esta matéria, podendoaqui citar-se, a títuloexemplificativo: «(…)quando a escola se centrademasiado nos resultados

académicos e emmecanismos de seleção,como exames e rankings,sem investir em meios desuperação dasdesvantagens de partida demuitos estudantes de meiosdesfavorecidos, ocorre riscomanifesto de segregaçãosocial.» (Plano de acção daFENPROF 2013-2016,ponto 50).

A eliminação dos examesdomina, há muito, a agendapolítica e ideológica nacionale, para o cidadão comum, oproblema assume estesprecisos contornos porque,«em política o que parece,é», passando por cima dodito salazarento.

António Avelãs, ex-presidente do SPGL (o maiorsindicato da FENPROF),defende que «os examesestão longe de ser oprocesso mais interessante eadequado de avaliação dotrabalho desenvolvido naescola. O bom uso deexames pode ajudá-la, mas oculto sagrado dos examesnão faz a escola progredir:condu-la à estagnação e aoconservadorismo.» (EscolaInformação, Janeiro, 2016)

Vigora entre nós umaexcessiva tendência para a«cultura da nota», comprejuízo para a preocupaçãoatinente aos processos quepromovem a aquisição dasaprendizagens. Os textosnormativos colocam a ênfasena Avaliação sumativa emdetrimento da formativa(esta é contínua e sistemáticae tem função diagnóstica,enquanto que a primeira seexpressa na “nota” quepermite a transição para oano de escolaridadesubsequente).

Está feito o inventárioargumentativo para umamudança de cultura deretenção a favor de umacultura de investimento emprogramas que visem ocombate ao insucesso e amelhoria das condições deensino e de aprendizagem.

Perante todas estasconstatações, chegamos àposição do actual Ministroda Educação – que poderesumir-se nesta densadeclaração recolhida pelaimprensa aquando da estreiado governante noParlamento: «Existemestudos nacionais einternacionais, amparadosacima de tudo por estudosda OCDE, que mostram quea avaliação formativa[provas de aferição] traz umimpacto mais positivo nestasidades de formação e osexames só se justificam nasfases mais avançadas. [Essesestudos] dizem claramentenão aos exames nestas fasesem concreto.» (OObservador, 13/1/2016).

Paulo Guinote – Professor eautor do livro “A GrandeMarcha dos Professores” –traz a colacao a questão daautoridade dos professores,no meio de tudo isto: «Dizerque os exames não servempara nada transmite aosalunos a perceção de quepodem fazer qualquer coisaporque têm direito aosucesso. É extremamentenocivo porque desmobilizaos alunos bons e pode fazerda escolaridade até ao 9ºano um imenso recreio. Edesautoriza o professor nasala de aula porque põe oaluno a dizer: “Não me podetocar, não me pode chumbar,o que é que me podefazer?”.»(Expresso, 27/2/2016)

À direita fala-se que o fimanunciado destes examesdestrói as «noções deexigência e hierarquia», aqualidade do ensino, apromoção do mérito e acultura do rigorconquistadas. À esquerda,por exemplo, no PCP, lê-seque «os exames levam a umatriagem social no percursoescolar das crianças ejovens portugueses» e têm oobjectivo de «iniciar aselecção social e económicados estudantes logo no iníciodos seus percursosescolares». (Avante,21/1/2016).

A principal diferença queexiste entre os exames eprovas finais do ensinobásico e as provas deaferição reside nos efeitosproduzidos sobre aclassificação final e aprogressão escolar dosalunos.

De pouco valerá mudar onome às coisas, se tudocontinuar na mesma.

Será bem-vinda umaavaliação externa que possacontribuir para diminuir asdesigualdades sociais, face àmáxima constitucional emcomo compete ao Estado«garantir a todos oscidadãos, segundo as suascapacidades, o acesso aosgraus mais elevados doensino, da investigaçãocientífica e da criaçãoartística»

Chegados aqui, ponderemossobre o papel de cada agentena escola, face às leis dapsicologia humana. Temostanto para debater e tão poucotempo para decidir… bem. n

José Luz

Professor

A propósitoensino >>>

Professores e educadores formam Comissão de Defesa da Escola PúblicaE dirigem-se aos deputados da maioria PS/BE/CDU

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

Docentes de diferentesgraus de ensinoparticiparam numencontro, a 12 de março,na escola Sophia de melloBreyner, de carnaxide.

A reunião pautou-se por umadiscussão rica e concretasobre as dificuldades vividasnas escolas, causadas porproblemas de toda a ordem –desde a ausência de meiospara responder a alunoscarenciados de tudo, exceptode violência e pobreza, àimpossibilidade de umagestão do currículo nacionaltendo em conta amulticulturalidade dapopulação escolar, aofuncionamentoantidemocrático a anti-cooperativo das escolas, comraras excepções, ou aoshorários de trabalho dedocentes e dos alunos.Dificuldades e problemasperante os quais se tornaimperiosa a acçãoempenhada dos seusdocentes, apoiados naconcretização da viragemnas políticas de educaçãoque Governo e deputadosdevem assumir.

O Encontro – que contoucom a participação de duasdirigentes do SPGL –adoptou uma Resolução comas principais exigênciaspelas quais os docentes sepropõem continuar a agir;decidiu também enviar asconclusões do Encontro aosdeputados da Comissão deEducação da Assembleia daRepública, pertencentes aospartidos que formam a basedo Governo e constituir-seem Comissão de Defesa daEscola Pública, para darcontinuidade ao seu trabalho.

excertos dosdocumentos aprovados

“Aquilo que é legítimoesperar de um Governoassente numa maioria deesquerda é que – partindo dosacordos desta maioria,plasmados no seu Programa– legisle, com carácter deurgência, para salvar aEscola Pública que a políticaanterior desmantelou,desfigurou, colocando-a nocaminho da privatização.

(…) É necessário um fortesinal do Governo que devolvaaos professores o ânimo quelhes foi retirado, para, assim,tomarem em mãos o processode reconstrução da EscolaPública, no qual sãoimprescindíveis.

Um tal sinal impõe:

- O restabelecimento da livreeleição dos ConselhosPedagógicos e restantesórgãos intermédios (…).

- A proibição de horárioslectivos atentatórios doprocesso de desenvolvimentosensório-motor, emocional ecognitivo, ouvindo, para isto,a opinião de psicólogos epedopsiquiatras.

- (…) As alterações efectivasque é preciso operar nosistema de Ensino exigem queos professores sejam ouvidosde forma articulada, emconjunto com as suasorganizações sindicais, e não,exclusivamente, pela voz doórgão unipessoal de Direcçãoda instituição.

Apoiando a decisão doMinistro da Educação, deordenar um rigoroso examedo processo que permitiu ao

Governo anteriorcomprometer-se com ofinanciamento de centenas deturmas em escolas privadas –quando a lei só permite talsituação em caso deinexistência da EscolaPública – consideramos queé urgente repor as verbasque, sobretudo desde há 4anos, têm sido retiradas aoOrçamento para aEducação. Verbas que sãoimprescindíveis para supriro défice de profissionais(professores e restantestécnicos) necessários a uma

resposta educativa eficaz,pondo termo, em particular,à situação de injustiça dedezenas de milhar deprofessores (muitos commais de 15 anos de serviço),remunerados como seestivessem em início decarreira, a pretexto de aindanão estarem vinculados.Esta situação é ilegale ilegítima”. n

C.P.

A FENPROF organizou, emLisboa, a 12 de Março, umEncontro Nacional sobre“Administração e Gestãodas escolas – por umaEscola democrática”. Neleinterveio ManuelaMendonça, presidente doSindicato dos Professores doNorte, que – denunciando oclima de medo que se vivenas escolas – apresentou aspropostas desta Federaçãosindical sobre Gestão eAdministração escolar, e fezum apelo aos professores erestantes intervenientes noprocesso educativo nasescolas a debaterem-nas e aproporem as alterações queconsiderarem mais justas

O conteúdo da suaintervenção foi corroboradopor testemunhos vivos econcretos apresentados porvários dos docentesparticipantes. Testemunhossobre situações inauditas deperseguição, processosdisciplinares, avaliaçõesinjustas, etc.

Tais situações são o coroláriode uma Gestão escolarlegalizada pelo Decreto-leide 2008, imposto pelaministra da Educação deentão, Maria de LurdesRodrigues (MLR), e queabre o caminho àprivatização do Ensino,como alertou Licínio Lima,investigador da Universidadedo Minho, outro dosoradores do Encontro.

Tudo isto foi dito napresença de duas deputadas– uma do PCP e outra do BE.

Perante o quadro descritopor todos os intervenientes,Carmelinda Pereiraquestionou se não era aaltura de ser posto fimimediato ao Decreto-lei deMLR, por decisão da novamaioria da Assembleia daRepública, como esta o fezem relação aos exames noEnsino básico. n

Fim ao clima de prepotência e de medo nas escolas

tribuna

OMS tem procuradodivulgar asiniciativas quevisam arequalificação desta

Linha, uma reivindicaçãodas populações do OesteLitoral, um fator estratégicopara o desenvolvimento daregião e uma alternativa àrodovia com benefíciosambientais.Entrevistámos ElviraFerreira (EF), deputada daAssembleia Municipal daMarinha Grande pelo Grupo+Concelho, que, em 24 deFevereiro, participou numareunião sobre a Linha doOeste promovida pelaAssembleia Municipal deLoures.

MS - tem havido, por partede sucessivos governos, umdesinvestimento nestaLinha, que, nalguns troços,só não foi encerrada devidoaos protestos emovimentações daspopulações. emcontrapartida, multiplicou-se a construção deautoestradas. existirãorazões políticas para oabandono da ferrovia?

EF - É nítido odesinvestimento na Linha doOeste. Muitas das estações eapeadeiros foram encerradose os horários sãocompletamente desajustadosdas necessidades dos utentes.Por outro lado, favoreceram-se as grandes empresas deconstrução e houve grandesinvestimentos na construçãode autoestradas com todas asconsequências ambientais ede tráfego que daíresultaram.

MS - acha que a propostado governo de eletrificaçãoda Linha só até caldas da

rainha responde àsnecessidades e àsaspirações das populaçõesdo oeste Litoral?

EF - Claramente que não. Oque foi evidente na reuniãoem Loures foi que nenhumdos membros dasAssembleias Municipaispresentes defenderam talopção, nem mesmo os deCaldas da Rainha.

MS - qual foi o sentido dasua intervenção na reuniãoque teve lugar em Loures?

EF - Referi a importância daeletrificação desta linha paraa Marinha Grande, dado serum polo industrial, turísticoe de passageiros. Alguns dosproblemas existentesderivados da circulação deperto de 400 camiões diáriosque entram e saem daMarinha Grande seriam, emgrande parte, resolvidos. Considerei que não devemosdesperdiçar estaoportunidade para exigir oque é verdadeiramente vitalpara a nossa região. Assim,apresentei uma proposta quefoi pensada na (para a?)interligação com a opção jádefinida pelo atual Governo,

Aveiro – Vilar Formoso –Espanha, que contempla umcorredor ferroviário em cruz,Lisboa – Aveiro, passandopor Marinha Grande e Leiria,e Figueira da Foz – Coimbra,com cruzamento em Moinhodo Almoxarife e apontandocomo elemento nuclear, ameio do percurso, oaeroporto de Monte Real. Estas razões são transversaisa todos os concelhos,sobretudo aos localizados anorte das Caldas da Rainhaque, seguramente, seriam omotor do desenvolvimentode toda a Região Centro,potenciando, deste modo, asvalências já existentes, comosão o caso: 1. Eixo turístico Figueira daFoz – Coimbra 2. Portos: Figueira da Foz eAveiro 3. Turismo religioso: Fátima,Alcobaça e Batalha 4. Turismo: praias do litoral 5. Interfaces de mercadoriasem setores líderes do PIBnacional (pasta de papel epapel – Figueira da Foz;vidros – Marinha Grande;cimentos e rações – Leiria; eprodução agrícola –Alcobaça, Torres Vedras,Bombarral e Loures).

Por último, apresentei umaproposta, que foi aceite, como objetivo de ser criada umaComissão executiva restrita,a fim de elaborar umdocumento-base paradiscussão que, depois deaceite por todos, sejaenviado ao Governo.

MS - estiveramrepresentadas muitasautarquias?

EF - Estavam mais de 50representantes dasAssembleias Municipais –desde Lisboa até à Figueirada Foz – e tambémvereadores de Loures, TorresVedras e Marinha Grande.

MS - quais os passos queirão ser dados para oprosseguimento destadiscussão?

EF - O que se decidiu nestareunião foi que, muito embreve, os trabalhos iriamcontinuar, tendo a MarinhaGrande proposto ser anfitriãdessa reunião.

MS - na sua opinião quaissão os fatoresindispensáveis para que omodelo proposto sejaviável e sustentável?

EF - O modelo queapresentei é um modelo maisabrangente do que a simpleseletrificação da Linha doOeste, que perspetiva umaopção em relação à Linha doNorte e que potencializará odesenvolvimento da RegiãoLitoral onde vivem ummilhão e duzentas ecinquenta mil pessoas, ouseja, mais de 10% dapopulação portuguesa.

MS - qual o papel que asautarquias podem

Requalificação/modernização da Linha do OestePapel determinante das autarquias para o seu sucesso

livreANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

desempenhar para aconcretização darequalificação?

EF - As Autarquias podemdesempenhar um papelimportante nestarequalificação, apresentandouma proposta que sirva osinteresses de todas, que sejaconsensual e que depois sejaenviada à tutela.

MS - e qual deverá ser ocontributo dessasautarquias como parceirasdo projeto para asustentabilidade da Linha eo serviço às populações?

EF - As Autarquias têm umimportante contributo a darao nível das políticas demobilidade, inseridas numaestratégia global dedesenvolvimento dasregiões, potenciando as suascapacidades instaladas e osseus equipamentos. E, porexemplo, adequando epromovendo ligaçõesintermodais entre a ferroviae os transportes urbanos depassageiros.

MS - Finalmente, do pontode vista ambiental, qual asua opinião sobre otransporte ferroviário faceao rodoviário?

EF - O transporte ferroviárioé mais seguro e económico,não poluente e mais rápido.A opção pela ferroviaproporcionaria uma melhoriasignificativa do ambiente dasregiões que abrange, cujaopção pelo rodoviário temagravado a vida daspopulações, dado o seuimpacto nas ruascircundantes às fábricas e aoruído que daí advém. n

“Círculo de Discussão” doMilitante Socialista temreunido semanalmente, àmesma mesa, um núcleo devárias e diferentessensibilidades, para debatertemas actuais com impacto navida dos cidadãos e no país,tendo-se iniciado no dia 7 deMarço. Nessa sessão, o tema emdebate foi “Perda desoberania – o negóciobancário e o seu impacto navida dos portugueses”.Numa noite fria de inverno,cerca das 21:30, sentados auma mesa, estavam AdrianaAfonso, Aires Rodrigues,António Crespo, EditeCarvalho, Fernando Quadros,Luís Santos, Maria JoãoRoldão, Rui Rodrigues ePrudência Valente. Chegava-seaos 101 dias de governação deAntónio Costa. Os temas emcima da mesa são as matériasactuais, decisões cujoconteúdo e desenlace têmconsequências na vida dosportugueses. A opção pelaleitura do artigo “União

Bancária – a concentração

bancária e a eliminação dos

pequenos bancos ”, de PedroNunes, publicado nas páginas4 e 5 do nº 119 de “O militantesocialista”, foi unânime nomesmo nível de interesse porestas matérias, sendo que,numa era em que os cidadãosestão dissociados da leitura eda participação activa –política ou não, mas estão-no éum facto – este provavelmentefoi o único grupo que, numaárea de 3500 km2 (!)… sesentou a ler e a discutir umtema actual, nesta noiteinvernosa.Texto lido em voz alta pelaAdriana que, com a suapronúncia brasileira, ajudou asuavizar as palavras, se é quetais palavras podem sersuavizadas. Palavras cuja

mensagem é a decisão davenda do Banif ao SantanderTotta, prelúdio de umareorganização do sistemafinanceiro nacional, em proldo capital e não do cidadão,assim como são as palavras daerradicação dos pequenosbancos, por imposição daUnião Europeia. O desrespeitopelos cidadãos que, directa ouindirectamente sofrem – acurto, a médio e/ou longoprazo – o impacto destasdecisões, foi tema em debate.Estes cidadãos trabalham nasempresas ou nas instituiçõespúblicas, e chega-se ao cerneda questão: onde tudo isto nosleva, à dependência, em sumaà falta de soberania nos temasessenciais que são a base daorganização social eeconómica de uma sociedade,que deixou de estar virada paraos seus cidadãos.Este tema trouxe a reflexãosobre a lógica de entregar oBanif ao Santander. Nãohaverá alternativa? Entreoutros, abordou-se o tema dossindicatos e a força deles no

contexto actual, assim como seleu (e o grupo inteirou-se) deuma Carta aberta a entregarnos bancos, pela defesa dospostos de trabalho dosbancários. Este tema foiretomado num nova reuniãodo Círculo realizada a 14 deMarço.

Próximos temas adebater no círculo

“A causa da guerra na Síria e

os porquês das guerras”, comreflexão sobre os artigos deXabier Arrizabalo, publicadosno MS (números 117 a 119),subordinados ao tema“Exploração, imperialismo eguerra”.Para início de reflexão, junta-se a frase lapidar do camaradaFernando Quadros: “Orefugiado não é o produto dotransbordo de uma populaçãoque sobra, mas a fuga de umapopulação que sofre.”Ficaram ainda agendados doistemas para próximas sessões:“A eutanásia” e “A

liberalização das drogas”. n

MS promove "Círculo de Discussão"na Marinha Grande

Na Zona de Oeiras, houveuma nova reunião de debate, a10 de Março, com aparticipação de militantes doPOUS, centrada sobre doistemas: o desaparecimento“efectivo” da Plataforma Livre / Tempo de Avançar(com a maior parte dosparticipantes na reunião aquestionarem-se sobre ascausas políticas que levaram atal desaparecimento) e o tema“O que é marxismo?”.Este último tema, proposto porum membro do POUS, só foibrevemente debatido, mascomeçaram a ser abordadasquestões que ficaram de seraprofundadas em próximasreuniões. Tais como: a

actualidade da luta de classes edo marxismo (como métodoanálise e de acção para lançaras bases de uma novasociedade, uma vez que asociedade capitalista cada dianos demonstra que só temcomo futuro a guerra e abarbárie); a “linguagemmarxista” e a sua nãocompreensão pelageneralidade das pessoas e, emparticular, os jovens; oproletariado hoje é diferentedo da época de Marx.Além da continuação de umciclo de debates regulares, estegrupo tem também comoperspectiva, a médio prazo, aintervenção no quadro daAutarquia. n

reuniões de debate em oeiras

actualidade internacional >>>

O governo de Hollande quer desmantelar o Código do Trabalhocom o revólver na cabeça,por parte da entidadepatronal.

Direitos colectivos paratodos os trabalhadora

No século XIX não existia,em França, Código doTrabalho. As contrataçõesentre patrões e trabalhadoreseram regidas pelo CódigoCivil, o qual respeita àrelação entre pessoasprivadas (por exemplo, ocontrato de aluguer de umqualquer bem material).Legalmente, essa relação eraconsiderada um contratoestabelecido, livremente,entre duas pessoas iguais.Em nome dessa norma, ossindicatos e as greves eramproibidos e reprimidos, poisiam contra a “liberdade decontratar”.

Ora, numa empresa otrabalhador está submetido auma ligação de subordinaçãodecorrente das relações deexploração capitalista.Incorporando essasubordinação, o Código doTrabalho, de 1910,representou um imensoprogresso ao reconhecer –implicitamente – que asociedade está dividida emduas classes com interessesopostos: os trabalhadores eos capitalistas. O trabalhadordeixou de ser consideradocomo indivíduo isolado quenegociava, em “pé deigualdade”, com o seupatrão. Passou a ter o direitoà contratação colectiva.

o fim do princípio do “mais

favorável”

O Código do Trabalho protegetodos os trabalhadores, emtodas as empresas, de todo opaís, qualquer que seja o seutamanho e sector deactividade.

De acordo com o princípiodo “mais favorável”,conquistado em 1936, asconvenções colectivaspodem completar o Códigodo Trabalho, mas à condiçãode oferecer aos trabalhadoresgarantias superiores a esseCódigo. Pela mesma lógica,acordos por empresa podemcompletar a Convençãocolectiva, desde queproporcionem direitos maisfavoráveis.

O projecto El Khomri deitaabaixo este edifício. OAcordo de Empresa passa aser superior à legislaçãonacional e impõe-se emrelação aos contratos detrabalho existentes. Ostrabalhadores que recusarema alteração poderão serdespedidos.

organização da mobilizaçãounida para impor a retiradado projecto do governo

Logo que saiu este projecto,todas as Centrais sindicaisdeclararam não o aceitar.Mas, num primeiro tempo,tanto a CFDT como a CGTse dispuseram a discuti-lo e aapresentar propostas dealteração, enquanto a CGT /Force Ouvrière (FO) orecusou, exigindo a suaretirada pura e simples.

Apoiados na posição da FO,muitas organizaçõessindicais ligadas à CGTfizeram a mesma exigência,levando a que FO, CGT eSolidaires tenham acabadopor ter a mesma posição derejeição total e decididoapelar à mobilização paraobrigar o Governo aretroceder.

De facto as mobilizaçõesnacionais de 9 de Marçolevaram a que o Governotivesse recuado no seu

projecto original,apresentando um novo textoque obteve a assinatura dosdirigentes da CFDT (umaFederação sindical que temcomo orientação central a“concertação social” entre asclasses).

Mas as outras grandesorganizações sindicais dostrabalhadores – CGT, FO,Federação Sindical Unitária(FSU) e União SindicalSolidaires – bem como asdos estudantes (UniãoNacional dos EstudantesFranceses, União NacionalLiceal e Sindicato dosEstudantes do Ensino Liceal)subscreveram um Apeloconjunto a uma greve inter-profissional e amanifestações, para 31 deMarço, “pela retirada doprojecto de lei de reforma doCódigo do Trabalho, pois elecontinua a diminuir osdireitos dos assalariados e aaumentar a precariedade,em particular dos jovens”. n

“Em Portugal, épreciso tirar a Troikadas leis laborais”

Declaração de CatarinaMartins – porta-voz do Blocode Esquerda – numa entrevistaà rádio TSF, a 19 de Março.Esta dirigente do BEacrescentou: “Portugal nãopode ser um offshore laboral.Um recibo verde, um contratode trabalho temporário, umestágio, não podem ser usadospara substituir um posto detrabalho permanente.”

Sendo assim, o que impede oBE de propor, na Assembleiada República, a revogaçãoimediata de todas as normasanti-laborais que o PSD/CDS– apoiados na Troika –impuseram na anteriorlegislatura? n

França

Em França, as lutashistóricas dostrabalhadoresconquistaram umavasta rede de

protecção social e de direitoslaborais, que constituem umobstáculo à “redução docusto do trabalho” e ao“aumento dacompetitividade”.O pilar dessa rede é oCódigo do Trabalho [àimagem do que se passa emPortugal] que, no quadro dapolítica de guerra impostapelo imperialismo, estáameaçado dedesmantelamento por umprojecto de lei do governo deHollande, apresentado pelasua ministra do Trabalho,Myriam El Khomri.

Na linha dos ataques contra a“dimensão ou as gordurasdo Estado” e a “força dossindicatos” El Khomriencabeça uma ofensivacontra a Segurança Social, alimitação da jornada detrabalho, o valor das horasextraordinárias e asexigências legais para osdespedimentos. Para issopropõe-se dinamitar oscontratos colectivos porsector, a nível nacional, poracordos empresa a empresa.

Actualmente, todos ostrabalhadores são protegidospela mesma legislação paratodo o país. Se prevalecer oacordo por empresa, haveráum direito local superior àlegislação nacional resultadode uma “negociação” ouvotação por referendo emque os trabalhadores estarão

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

Cimeira europeia de 18 e 19 de Fevereiro“Estamos a dançar em cima de um vulcão”

Um apelo de militantes e de sindicalistassobre a União Europeia (extratos)

Éesta a fórmulautilizada por um altofuncionário da UniãoEuropeia, na noite de18 de Fevereiro,

resumindo a reunião dos 28chefes de Estado e deGoverno europeus.Como de costume, estaCimeira (mais uma paramarcar o ponto!) concluiu-secom uma acta de conclusõesunânime.Mas, tratou-se de umaunanimidade de purafachada.Em relação ao chamado“Brexit” (a ameaça de saídado Reino Unido da UniãoEuropeia), os 28 chefes deEstado e de Governoeuropeus puseram-se deacordo para que Cameron (oPrimeiro-ministro britânico)pudesse voltar para Londrescom um texto que lhepermita fazer campanha pelo“sim” à manutenção da Grã-Bretanha na União Europeia,no referendo cuja data foientretanto fixada para 23 deJunho (ver caixa comextratos de um apelo desindicalistas ingleses).Durante os dias queprecederam a Cimeiraeuropeia, todos “exageraramo conflito”, como foiexplicitado por uma fonteeuropeia anónima: “Temos osentimento de estar aparticipar num vasto planocomum, apenas para ajudarCameron a fazer com que osim [no referendo] ganhe.”De facto, os representantesda City (isto é, do capitalfinanceiro) tinham exigido,nos dias precedentes, que aGrã-Bretanha continue naUnião Europeia. E daíresultam as conclusões daCimeira Europeia, que dão aCameron argumentos paraapelar a votar sim.Mas, mais uma vez, é sobre

a questão dos refugiados quea União Europeia sedesmantela cada vez mais.Na véspera da Cimeiraeuropeia, a Áustria tinhadecidido instaurar uma quotadiária de solicitadores deasilo autorizados a entrar noseu território, limitando-a a80 por dia. De imediato, aComissão Europeia dirigiuuma carta ao Chanceler(Chefe do governo) social-democrata austríaco,comunicando-lhe – entreoutras coisas – que essadecisão era “claramenteincompatível” com o Direitoeuropeu.Tudo isto não impediu aCimeira Europeia de adoptar,por unanimidade,conclusões… que ninguémpensa – nem sequer umsegundo! – poderem resolveros problemas e colmatar osdesacordos crescentes entreos diferentes Estadoseuropeus.Porque, após a decisão daÁustria, há a ameaça de um“efeito dominó”, assimresumido por uma fontediplomática europeia: “Nãoqueremos estes muros quearriscam isolar a Grécia,impedindo-a de fazer as suasreformas e de efectuar osreembolsos aos seuscredores internacionais.”O que o jornal francês LeMonde, de 20 de Fevereiro,resume deste modo: “O quese desenha é um cenário decatástrofe temido por muitagente (…). Se as fronteiraseuropeias se fecharem mais,muitos milhares demigrantes poderiam serapanhados numa armadilhana Grécia (1). Totalmentedesestabilizada por estacrise humanitária, Atenasseria incapaz de pôr emprática a reforma dasaposentações exigida pelos

seus credores internacionais.Seguir-se-ia uma crisefinanceira, conjugada comuma crise política (…) e deum novo desafio para aEuropa.”Donde decorre a fórmula quecitámos no início: “Estamosa dançar em cima de umvulcão”. n

“A farsa miserável de DavidCameron visando renegociaro estatuto da Grã-Bretanhano seio da União Europeiasó serve para sublinhar ocarácter regressivo e anatureza antidemocráticadesta instituição.A extrema austeridadeimposta ao povo gregoensina-nos que a União nãoé apenas antidemocrática emsi mesma, mas também – emais profundamente – que assuas instituições nãopermitem a expressãodemocrática da opinião damaioria do povo levantando-se contra os projectos decomércio livre.A UE estáindissociavelmente ligada àsprivatizações, aos cortes nosorçamentos sociais, aosbaixos salários e aosataques contra os direitosdos sindicatos. (…)

Considerar que a liberdadede trabalho na UE é umabarreira à xenofobia é falso.Mas, sem direitos operáriose sem uma alternativa àausteridade, os migrantesserão uma presa fácil dasforças xenófobas, com ousem Acordos de Schengen(…). Por estas razões,apelamos a votar para que aGrã-Bretanha saia da UniãoEuropeia.”Dos signatários fazem parte:

Mick Cash, Secretário-Geral

do Sindicato da Ferrovia, da

Marinha e dos Transpor-

tes (RMT); Ian Hodgson,

Presidente do Sindicato dos

Padeiros e da Indústria

Alimentar; Tariq Ali,

escritor; e Alex Gordon,

ex-Presidente do RMT. n

A 20 de Fevereiro, numa

conferência de imprensa em

frente da sua residência oficial,

em Londres, David Cameron – a

quem foi dado o estatuto de

estar, simultaneamente, “dentro

e fora da União Europeia” –

anunciando a data do referendo

na Grã-Bretanha.

(1) Basta ver o que se passou nafronteira entre a Macedónia e aGrécia, a 28 de Fevereiro, onde aPolícia da Macedónia atacou centenasde refugiados com granadas de gáslacrimogéneo.

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Encontro em defesa dos sindicalistas espanhóisCampanha apoia 300 perseguidos por fazerem greve e exige revogação de artigo franquista do Código Penal

Em Madrid, aComissãoInternacional emdefesa dos 300perseguidos e pela

revogação do artigo 315.3 doCódigo Penal organizou umgrande Encontro internacional,a 5 de Fevereiro. Esse artigo,inspirado na legislação daditadura de Franco, permiteperseguições judiciais porcausa de actividades grevistas. Realizado em vésperas dojulgamento de 8 companheirosda Airbus e quando osprocessos contra mais de 300trabalhadores resultaram emvárias condenações à prisão, oEncontro contou com aparticipação de dirigentes dasCentrais sindicais CCOO eUGT, de advogados dostrabalhadores, e de deputadose dirigentes do PartidoSocialista (PSOE), Podemos,Esquerda Unida - UnidadePopular (IU-UP) e PartidoComunista Espanhol (PCE). Falaram na tribuna, entreoutros, Júlio Turra (Membroda Comissão Executiva daCentral Única dosTrabalhadores - CUT, Brasil),Christian Renard (CGT daConstrução Civil de Paris,França), Gérard Bauvert(Comité Internacional Contra aRepressão - CICR) e HenriqueGomes. (Delegado Sindicaldos Bancarios do Sul e Ilhas,Portugal.

Da delegação portuguesatambém fez parte Jorge Torres,membro da Comissão deTrabalhadores da Saica PackPortugal.

Declaração da comissãointernacional de 4 demarço (extratos)

“A absolvição dos 8 da Airbusé uma grande vitória para ostrabalhadores, os seussindicatos e organizações, emEspanha e a nívelinternacional.

Ganhámos uma batalha muitoimportante, mas devemoscontinuar a luta até àrevogação do artigo 315.3 e aanulação de todos osprocessos por motivo de grevedos 300 trabalhadores esindicalistas.

Teve um grande êxito acampanha «A greve não é umdelito», organizada pelasCCOO e a UGT. Ela tevevários momentos importantes,durante a semana de 9 a 12 deMarço, na qual teve lugar oprocesso. A 9 houve umagrande manifestação emGetafe, com mais de 5000trabalhadores e a populaçãolocal que, connosco,acompanharam os 8sindicalistas da Airbus, desdeas portas da sua fábrica até às

portas do Tribunal.

Com a maior unidaderealizada nestes últimostempos: representantes dasCCOO e da UGT, dos partidospolíticos (como Podemos,Esquerda Unida - UnidadePopular e o PSOE), com oPresidente da Câmara e osmembros da Assembleiamunicipal de Getafe (exceptoo PP), assim como osrepresentantes do mundo daCultura e da Universidade,acompanharam e apoiaram noprocesso judicial os 8trabalhadores da Airbus. Apósessa manifestação, houveainda uma outra em Madrid, a11 de Fevereiro, ao apelo da«Cumbre Syndical» (CimeiraSindical), bem como outrosactos e mobilizações em todo oEstado espanhol e acçõesnoutros países.

(…) A contribuição que estaComissão está a dar – com oapoio do CICR – é juntar ostestemunhos internacionais desimpatia e de solidariedade,que são numerosos eimportantes. Houve iniciativasde apoio em 20 países (Brasil,EUA, México, França,Alemanha, Bélgica, Suíça,Portugal,…), através decomunicados de sindicatos ede forças políticas.

(…) Agradecemos efelicitamos os 8 camarades daAirbus pela sua tenacidade egrande exemplo de dignidade!Queremos também realçar oexcelente trabalho da equipade advogados dos sindicatos,que conseguiram respondereficazmente a um processojudicial cheio deirregularidades.

Isto é também um ponto deapoio para a luta pelaliberdade sindical noutrospaíses, onde este direito énegado e o direito à greve é

perseguido.

Conseguimos uma vitóriamuito importante, massabemos que não podemosficar por aqui. Existem aindacerca de 300 trabalhadoresincriminados e tentamcontinuar a criminalizar odireito à greve; defendê-lo éessencial para que existademocracia.

(…) Por todos estes motivos,pedimos a todos os que – em20 países, se solidarizaramcom a causa dos 8 da Airbus edos 300 processados por terfeito uma greve em Espanha –se dirijam, mais uma vez, aoGoverno espanhol emexercício, organizandodelegações ou concentraçõesdiante das Embaixadasespanholas nos respectivospaíses, enviando Resoluçõesde solidariedade das vossasorganizações, com a exigênciade que o Governo espanholanule todos os processos pormotivo de greve, como dos 8da Airbus, e revogue o artigo315.3 do Código Penal, quetem sido vergonhosamentemantido desde a época daditadura franquista, quando agreve e os sindicatos eramconsiderados ilegais e nemsequer havia umaConstituição.” n

o MS foi informado que, noestado espanhol, estão a serorganizadas delegações aosgrupos parlamentares e àPresidência do Parlamento paraque se ponham de acordo econvoquem, logo que possível, umplenário para a votação de umaproposta de Lei conjunta querevogue o artigo 315.3 e anule (ouarquive) todos os casos em litígiopor participação numa greve emespanha.

Getafe (arredores de Madrid), a 9 de Fevereiro: manifestação de apoio aos 8 da Airbus.

Um fracassodeterminado, emlarga medida, peloconteúdo doprograma com que o

candidato se apresentava. Defacto, o conteúdo do Acordopara um Programa deGoverno – que Sanchéztinha concluído comCiudadanos – implica acontinuação da políticaaplicada neste país desdeMaio de 2010, quando ogoverno de Zapatero decidiusubmeter-se às ordens docapital financeiro e fazeraprovar pelas Cortes(Parlamento) um primeiroplano de austeridade e umareforma do Código doTrabalho.É necessário recordar que,nessa altura, o Secretário-geral da União Geral dosTrabalhadores (UGT),Cándido Méndez, declarouque isso significava umaruptura com os trabalhadorese organizou – em conjuntocom a outra grande Centralsindical (as ComisionesObreras – CCOO) – a grevegeral de 29 de Setembrodesse mesmo ano.Esta política levou à derrotado PSOE (que perdeu maisde quatro milhões de votosem relação às eleiçõesprecedentes de 2008) e àvitória eleitoral de Rajoy(líder do Partido Popular –PP), com uma maioriaabsoluta.Rajoy, com o seu Governo,prosseguiu e aprofundou apolítica que o PSOE tinha

o que impede a constituição de um governofavorável aos trabalhadores e aos povos?Na primeira semana de Março teve lugar a primeiravolta do escrutínio para a investidura do chefe doGoverno. O fracasso da candidatura de PedroSanchéz (Secretário-geral do PSOE) era esperado.

Manifestação sindical em Barcelona, em 2015.

Estado espanhol

aplicado. Em particular,impôs uma nova reforma doCódigo do Trabalho,provocando uma situação dedesemprego generalizado, debaixa dos salários e deenorme precariedade.

após as eleições de 20de Dezembro

O resultado destas últimaseleições legislativas – comuma expressiva derrota doPP – é o produto da rejeiçãogeneralizada destas políticasno terreno eleitoral, apósmobilizações sistemáticasdos trabalhadores e daspopulações que nãoconseguiram fazer Rajoyrecuar.Isto decorreu, em particular,da falta de vontade de unificarestas mobilizações e de aslevar à vitória. Após a grevegeral de Novembro de 2012,os dirigentes das Centraissindicais abandonaram a viada mobilização e optaram porvoltar ao “diálogo social”,decretando uma tréguaefectiva com o Governo.Foi também esta política dedestruição das conquistassociais – as quais são a basematerial para o entendimentoentre os povos – que facilitoua subida eleitoral dospartidários da independênciana Catalunha, porque ostrabalhadores e a populaçãodesta nação não viramnenhuma perspectiva de lutaunida contra o governo deRajoy, no conjunto do Estadoespanhol (…).

Para a imensa maioriahá questões que nãopodem esperar

Seja qual for o resultado dasmanobras e das combinaçõesparlamentares, para ostrabalhadores, para ajuventude e para os povos, éurgente e possível começar atomar medidas para revertera política aplicada nosúltimos 6 anos. Não é umacaso estarem a multiplicar-se as moções e propostas(dos sindicatos e de todo otipo de colectivos) dirigidasaos grupos parlamentarespara que eles revoguem aLOMCE (“Lei Orgânicapara a Melhoria daQualidade Educativa”, quepõe em causa o Ensinopúblico), o artigo 315.3 doCódigo penal (ver pg 15?) eoutras leis retrógradas –como a chamada “leimordaça” limitadora daliberdade de expressão.Estudantes e professoresuniversitários estão amanifestar-se,nomeadamente contra oDecreto 3+2 (o chamado“Processo de Bolonha”, deque sabemos adesqualificação do ensino aque tem levado emPortugal).Apesar disto, o Parlamentonão age. Porquê? De umponto de vista legal, nadaimpede que o Parlamento se

reúna e legisle. O Governo(do PP) em funções não éum obstáculo intransponível.Na verdade, o obstáculo nãoé nem formal nemparlamentar. O obstáculo épolítico.De onde resulta esteobstáculo? Em primeirolugar, reside na vontadeencarniçada da Direcção doPSOE de manter as linhasorientadoras fixadas pelocapital financeiro – inscritasno Plano de Estabilidade daUnião Europeia, ao qual oAcordo PSOE/Ciudadanosjura fidelidade – e deproteger o regime daMonarquia, que demonstroua sua incompatibilidade como direito dos povos adisporem de si próprios.A política da Direcção doPSOE choca-se frontalmentecom a vontade e asnecessidades dostrabalhadores, da juventude edos povos, que querem umaresposta às suasreivindicações – quer dizer,exercer a sua soberania.A vitória dos trabalhadoressindicalistas da Airbus, emrelação ao processo judicialque lhes tinha sido movido,mostra que é possível enecessário impor a força e avontade da maioria, emtodos os terrenos. n

7 de Março de 2016

Correspondente em Madrid

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

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Movimento pelo Socialismoestá no caminho certo.

em Dezembro,manifestações exigiram ademissão de Jacob Zuma(presidente da república,membro do anc),retomando slogans dosestudantes contra oaumento das propinas(“Zuma deve cair!”; “As

propinas devem cair!”). anumsa denunciou-as comouma manobra doimperialismo, mesmoreconhecendo aexasperação da populaçãocontra Zuma. o quepensam disso?

Zuma representa o partido nopoder. E como o Governorecebe ordens das instituiçõesimperialistas, o povo e ostrabalhadores querem fazê-locair. A Numsa tem umaDirecção centrista em vias deruptura com o ANC, do qualprovém, e tende a vermanobras imperialistas portrás de cada movimentooposto ao ANC. Claro, osbrancos apoiam essasmanifestações porquedetestam Zuma, mas erafundamentalmente ummovimento contra a políticado Governo. Os nossoscamaradas organizarammanifestações, e avançaram apalavra de ordem “O ANCdeve cair”, mais clara do que“Zuma deve cair”. Zuma estáao serviço do imperialismo efaz aquilo que este lhe pede.Mas, para o imperialismo, oproblema não é a manutençãode Zuma no poder. O que elepretende é manter lá ogoverno, comandado peloANC, a pôr em prática umapolítica subordinada aos seusinteresses, com ou semZuma. n

Na Azânia (África doSul), importantesdesenvolvimentosocorrem nomovimento

operário. Reproduzimos umaentrevista a esse respeito comtrês dirigentes do PartidoSocialista da Azânia (SOPA,na sigla em inglês): LybonMabasa, Phineas Malapela eHamilton Hukwe. Phineas eHamilton são tambémdirigentes das Centraissindicais Cosatu e Nactu.Esta entrevista foi publicadaoriginalmente em“Informações Operárias”,jornal do Partido OperárioIndependente (POI) deFrança. A Cosatu (principal Centralsindical do país, com 1,8milhões de membros) – emconjunto com o CongressoNacional Africano (ANC) e oPartido Comunista da Áfricado Sul (PCAS) – faz parteoficialmente da aliançatriangular que sustenta oGoverno. A Nactu é umaCentral sindical que foifundada por militantes daConsciência Negra (dirigidapor Steve Biko) e doCongresso Pan-Africano,ambos opostos ao ANC .

qual é a situação na azânia(África do Sul), mais de trêsanos após o massacre demarikana, no qual a políciamatou mineiros negros quefaziam greve?

A situação da classe operáriae do povo é difícil,principalmente por causa daqueda da cotação do rand(moeda sul-africana), o quefez os preços aumentaremmuito. A taxa de desemprego,que já era elevada,particularmente na juventude,agora é ainda pior. Ascompanhias mineirasanunciaram milhares dedespedimentos. Mas, ao

mesmo tempo, a resistênciados trabalhadores ésignificativa. A situaçãoaberta após o massacre deMarikana, a greve dosmineiros e a enormemobilização que se seguiu épré-revolucionária. Depois,no ano passado, houve omovimento dos estudantescontra o aumento do custodas propinas universitárias,apoiado pelos trabalhadores.O que está em jogo em todosestes movimentos são osprivilégios da minoria brancaem relação à maioria negraexplorada, privilégiosmantidos pelos acordos deKempton Park, que puseramfim ao apartheid, em 1994,para proteger a propriedadeda terra e das minas nas mãosdos Brancos. Sabem-nomuito bem o Governo e opartido no poder (o ANC) eassusta-os esta mobilização,em particular aoaproximarem-se as eleiçõeslocais de Maio.

Depois do congresso dacosatu, que confirmou aexpulsão da sua Federaçãomais importante, a numsa(metalúrgicos), e do seu ex-secretário-geral, Vavi – quese opuseram ao apoio dacosatu ao governo anc-PcaS – qual é a situação nomovimento sindical?

A Numsa bateu-se para serreintegrada, mas, depois doCongresso extraordinário da

Cosatu realizado em Julho,retirou o pedido dereintegração. Ela propôs arealização, no próximo mêsde Maio, de uma conferênciachamada Cúpula dosTrabalhadores, para criar umanova Central sindical,reunindo também ossindicatos que decidiram sairda Cosatu – a Nactu, aFedusa (segunda Centralsindical do país) e a Consawu(quarta maior Central).

a cúpula dostrabalhadores lançou ummovimento pelo Socialismo,para constituir um partidode trabalhadoresindependente dos partidosdirigentes. o que pensa oSoPa?

O Movimento peloSocialismo reúne váriospartidos, todos reivindicando-se do socialismo e ligados aomovimento operário: Azapo,Keep Left, Left Front, LeftUnity, Socialist Group,WASP e SOPA. Nas eleiçõeslocais de Maio, o Movimentopelo Socialismo e a Numsaapoiarão candidatosapresentados por cada umdesses partidos. Acreditamosque esse movimento abrecaminho para a constituiçãode um partido detrabalhadores de massa. OSOPA nunca se considerou opartido operário de massasacabado. Nós semprebatalhámos para construirum, e pensamos que o

Trabalhadores sul-africanos reforçam organizaçãoMovimentos dão passos para formar uma nova central sindical e um partido operário de massas

Manifestação dos estudantes universitários de Pretória, em Outubro de 2015.

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

As primárias são uma expressão da crise política

O significado da candidatura de “esquerda” de Bernie Sanders

Os resultados daseleições primáriaspara o cargo dePresidente dos EUArealizadas nos

primeiros Estados (Iowa, NewHampshire, Nevada eCarolina do Sul) são umaexpressão da crise que atingeos dois grandes partidos destepaís – o Partido Democrata eo Partido Republicano.As primárias do PartidoRepublicano mostraram afragmentação deste partido,com três dos candidatosconsiderados como “a direitada direita” a assumirem adianteira, enquanto acandidatura de Jeff Bush –que faz parte de uma grandefamília capitalista dos EUA,ligada à indústria dearmamento e ao petróleo –desistiu logo a seguir (poisnão conseguia ultrapassar10% dos votos).

No campo dos democratas, acrise manifesta-se através daincapacidade de HillaryClinton – também elarepresentante de um sector docapital financeiro – emdesembaraçar-se de BernieSanders, que, no início dacampanha, aparecia como umcandidato marginal.O resultado destas primeirasprimárias exprime tanto arejeição da política dos doisgrandes partidos pelapopulação dos EUA, como acrise da classe dominanteamericana, que se mostraincapaz, nesta situação, deseleccionar um candidatocapaz de se afirmarclaramente como orepresentante dos seusinteresses.Por todo o lado se fala dasurpresa que constituiSanders, que se apresentacomo “socialista”.

Nomeadamente ele fazcampanha retomando, comosua, a posição da AFL-CIO(1) sobre a introdução de ummecanismo de SegurançaSocial.Muitos jovens, camadas dapequena-burguesia atingidapela crise e tambémsindicatos da AFL-CIOapoiam a candidatura deSanders.Um dos sindicatos que oapoiam é o Sindicato dasEnfermeiras – sindicato comgrande militância ecombatividade, que organizoumuitas mobilizações e greves.E é precisamente aqui que aquestão se põe. Sanders, quese diz socialista, é candidatoàs primárias no quadro doPartido Democrata – que éum dos dois grandes partidosnos EUA. Durante dezenas deanos, a AFL-CIO apoiou oscandidatos do Partido

Democrata; mas, desde hávinte anos, existe ummovimento profundo no seiodos sindicatos da AFL-CIOpara acabar com este apoio.De facto, isto é o resultado dapolítica do Partido Democrata– o qual, quando chega aopoder, faz mais ou menos amesma política que o PartidoRepublicano.Esta ruptura com um númerocrescente de sindicatosintegrados na AFL-CIOacentuou-se nos últimos anos,com muitos a avançarem comuma velha reivindicação domovimento operário dosEUA: que os sindicatosconstituam o seu própriopartido, face aos dois grandespartidos capitalistas. n

(1) A AFL-CIO é a principalConfederação sindical dos EUA,englobando trabalhadores de todos ossectores de actividade.

EUA

Sanders já declarou que,caso não seja oescolhido, apelará avotar na candidaturavencedora das

primárias do PartidoDemocrata, no caso HillaryClinton, a outra candidata. Assim, essa candidatura “deesquerda”, no quadro dasprimárias, está a ter comoresultado reaproximar umasérie de sindicatos, como odas enfermeiras, que setinham afastado dessePartido. A campanha de Sanders tempouco impacto sobre os

negros americanos. Aindamais do que todos os outrosamericanos, a grande maiorianegra não vota nas eleições,excepção feita à primeiraeleição de Obama, ondehouve uma verdadeiramobilização. Apesar dealgumas referências a LutherKing e aos direitos civis, asua campanha não apareceaos olhos dos negros, sujeitosao racismo e à opressão,como uma candidatura deruptura com o sistema. Sanders utiliza umalinguagem de esquerda paraatrair de volta ao PartidoDemocrata os sindicatos quese tinham distanciado, e porisso tornou-se numaarmadilha para aindependência do movimentosindical. Esta armadilha pode assumirformas bastante sofisticadas.

Por exemplo, o agrupamentode militantes sindicais LaborFightback Network (Rede deResposta Operária) apela ossindicatos que apoiamSanders a “reunir-se paraavançar na via de umapolítica operáriaindependente e sensibilizar asorganizações das«comunidades» com oobjectivo de constituir umLabor Party (…). Só umagrupamento desse tipopermitirá agrupar jovens eter impacto sobre ascomunidades de cor: Afro-Americanos, Latinos,Asiáticos, nativos (Índios),muçulmanos e outrasnacionalidades oprimidas,com base num programa quereflicta as suasnecessidades”. Deixemos de lado asurpreendente lista das

“comunidades de cor”, emparticular os muçulmanos quenão são nem “comunidade”nem “nacionalidadeoprimida,” mas sim umareligião! Bem como o factode colocá-las “no mesmosaco” da população negra. Acreditar que é possíveltransformar a campanha deSanders em ponto de apoiopara construir o Labor Party éuma ilusão mortal. Ele não éum candidato operárioextraviado no meio doPartido Democrata. E casofosse escolhido por essepartido? Deveria ser apoiado?Essas artimanhas e manobras,cobertas por uma linguagemradical, têm como únicoresultado erguer obstáculossuplementares ao combatepelo Labor Party, empurrandomilitantes para um impasse. n

flashes internacionais>>>

o 9º congresso da iVªinternacional, culminandouma batalha de seis meses emdefesa das suas tradiçõespolíticas e organizativas, virouuma página e concentrou-sena tarefa do momento: aurgente necessidade, quandoo conjunto da situaçãomundial sofre tremendosabalos, de inserir-se na classeoperária e nas suasorganizações, para ajudá-la atravar a ofensiva destruidorado imperialismo e organizar asua contra-ofensivaemancipadora. registrando uma grandehomogeneidade na livrediscussão travada entre osdelegados vindos dos quatrocantos do mundo, ocongresso – além de umaresolução sobre as tarefas daiVª internacional e das suassecções – adoptou umaDeclaração dirigida a todos osmilitantes do movimentooperário, da qualreproduzimos largos extratos(ver a versão integral napágina do PouShttp://www.pous4.pt.vu).

Declaração do 9ºcongresso mundial

“A aceleração semprecedentes dadecomposição detodo o sistema dedominação do

imperialismo manifesta-sehoje, simultaneamente, naameaça iminente dedesmoronamento de todo osistema financeiro mundial,na extensão brutal à Europade uma guerra que destrói,desde há dezenas de anos, oMédio-Oriente e a África, e

na migração de dezenas demilhões de homens, demulheres e de crianças,expulsos das suas casas pelamiséria e pela guerra. (…)Numa tentativa desesperadade salvar o sistema bárbarode exploração abafado sob opeso das suas contradiçõesfundamentais, oimperialismo (incluindotodas as suas componentes,em concorrência entre si)decidiu pôr em prática, damaneira mais cínica, oshorrores que ele próprioorganizou. O seu objectivo éaterrorizar os trabalhadorese os povos de todo o mundo,para tentar dotar-se dosmeios para dinamitar asprincipais conquistas sociaise políticas arrancadas pelaluta secular do proletariado– o que nunca conseguiufazer. Decidiu também tentar,nesse mesmo movimento,varrer todas as conquistasdemocráticas arrancadaspela luta emancipadora dospovos, que arrancaram a suaprópria soberania das mãosdas potências coloniais. (…)

Claramente, a

humanidade

chegou a uma fase

crucial da sua

história

Nesta situação de contra-revolução desencadeadapelo imperialismo em todosos continentes, num cenáriode extensão da guerra,

preparam-se gigantescasexplosões revolucionárias –à imagem das que sacudirama Tunísia e o Egipto em2011, da que prossegue e seaprofunda na Palestina, oudas que se preparam naAmérica Latina. (…)Nos países imperialistas, oconjunto dos partidospolíticos que se reclamavamtradicionalmente da classeoperária estão submetidos aum processo dedesintegração, rejeitadospelas massas por teremacompanhado, servilmente,as políticas dos respectivosgovernos (de direita como deesquerda) e por – cada um àsua maneira – teremacompanhado a preparaçãoda ofensiva assassina que seestá a desenvolver agora.Nesta situação, os

trabalhadores procuram

encontrar pontos de apoio

nas suas organizações de

classe, especialmente nossindicatos, tentando valer-sedelas para organizar aresistência.Nunca, no seio destasorganizações, ameaçadas dedesmantelamento pelapressão que o capitalfinanceiro exerce para forçá-las a acompanhar os seusplanos, a crise atingiutamanhas proporções. Aexistência e a independênciadas organizações tornam-se,assim, um dos objectivosfundamentais da luta declasses.Nos países dominados, ospartidos operários ouaqueles que se reclamam do

“anti-imperialismo” – quese desenvolveram na lutapara defender a nação (esobreviveram) – perante anova ofensiva lançada peloimperialismo estão numdilema: ou sobreviver edesenvolver-se ajudando aagrupar a nação sob aliderança da classeoperária, para realizar astarefas democráticasnacionais e levantá-la contraas pretensões doimperialismo e dos seusagentes oligarcas…, ouentão desaparecer.É neste terreno comum ealtamente político que sejoga, sob formasparticulares a cada um doscinco continentes, oresultado da luta contra aguerra e a barbárie. É nesteterreno que se joga o destinoda humanidade. E é tambémneste terreno que sereforçam e se reconstruirão,tecendo novos laços desolidariedade à escalainternacional, os autênticospartidos operáriosindependentes de que aclasse operária necessitapara arrancar o poder dasmãos do capital financeiro.É neste quadro que a IVªInternacional apoia asactividades do AcordoInternacional dosTrabalhadores e dos Povos.(...)A IVª Internacional,

reunida no seu 9º

Congresso Mundial,

convida todos os

trabalhadores, militantes e

jovens a associarem-se a

este combate, a participaremna elaboração das formasque ele deverá tomar emrelação aos rápidosdesenvolvimentos dasituação e, para isso, a IVªInternacional convida-os ajuntarem-se às suasfileiras.” n

Teve lugar o 9º Congresso da IVª InternacionalRealizado de 8 a 10 de Fevereiro em Paris, ele reforça a organização para enfrentar a crise mundial

Acto de apresentação das conclusões do IX Congresso mundial

ANO XVIII ( II Série ) nº 120 de 28 de Março de 2016 / Publicação do

Acotação da grandeBanca da Europaafundou-se em2016, com quedasque atingiram

43,9% no Unicredit (Itália),38,8% no Deutsche Bank(Alemanha), 35,5% naSocieté Générale e 28,5% noBNP (França), e 27,4% noSantander (Espanha) – (dadosde Bloomberg, até 12 deFevereiro). Trata-se apenas demais uma expressão dainstabilidade da economiacapitalista, que deixa a nú ocarácter propagandístico dodiscurso de que já foisuperada a crise que rebentouem 2007-2008 (como jámencionámos num artigoprévio em relação àsdificuldades da economiachinesa, a qual frequentesvezes é colocada comosubstituta da dos EUA à frentede um hipotéticorelançamento económicomundial – ver MS nº 119). Aversão oficial continua atentar vender o embuste deque o problema não é a“máquina” (o capitalismo)mas sim a “condução damáquina” (a gestão da políticaeconómica). Trata-se de umaformulação idealista queoculta, interesseiramente, queo futuro económico não éresultado do acaso, mas simdas leis que regem aeconomia capitalista.Sustenta-se, assim, que osproblemas podem serresolvidos no quadro do

capitalismo, sempre e quandose apliquem as políticasadequadas.A esta posição juntam-se asvozes do “pensamento críticoúnico”, que não hesitam eminventar novos termos paracamuflar a essência da gravesituação actual, sócompreensível a partir dacaracterização do capitalismode hoje como imperialista e,portanto, em continuidade detoda a sua trajectória ao longodo século XX (trajectóriaregida pela incapacidade denovos desenvolvimentossistemáticos das forçasprodutivas). A “penúltima” é afinanceirização, que atribui osproblemas à actuação do“capital mau”, o financeiro,por oposição ao “capitalbom”, que é o industrial.Sobre isto desenvolve-se umatremenda retórica, como a quefala de um novo modeloprodutivo para a economiaespanhola, omitindo, acimade tudo, que nem sequer sepoderá começar a falar disso,de uma forma minimamenteséria, no quadro do colete-de-forças da União Europeia e doeuro, que impossibilitainclusive que seja utilizada aalavanca do investimentopúblico para a produção. Um exemplo destasformulações dá-o otestemunho de um “peritofinanceiro” afirmando que “osoperadores dos mercadosactuam como uma manada eos gestores simplificam osproblemas ao máximo, nãosão sofisticados. É este oproblema”. (El País,14.2.2016). É fácil! A gravesituação social em que seencontra a imensa maioria dapopulação mundial, inclusivenas economias historicamentemais desenvolvidas, decorreda falta de sofisticação dos

gestores. Mas, falemos asério. Quais são as causas queprovocam a instabilidade daBolsa? Qual é o significadodessa instabilidade? Queimplicações tem ela para oque verdadeiramente importaà maioria da população (ostrabalhadores) – isto é, oemprego, os salários, etc.? Na segunda parte deste artigofalaremos destas questõescom mais detalhe, masdeclaramos de imediato que ainstabilidade bolsista não temnada de circunstancial, sendoapenas mais uma expressão

da crise crónica docapitalismo. No quadro destacrise, a destruição doemprego, a deterioração dascondições de trabalho – e, emparticular os ataques aossalários, em todas as suasformas – não poderãoafrouxar. O que, por sua vez,revela a imperiosanecessidade, para ostrabalhadores, de seorganizarem politicamente deuma forma completamenteindependente de qualquercompromisso com asinstituições do capital. n

O que há por detrás da instabilidade da Bolsa? Crise crónica do capitalismo, capital fictício e destruição de forças produtivas

Desde a queda do Lehman Brothers queos Fundos não perdiam tanto dinheiro

por Xabier Arrizabalo (Primeira parte)

60 mil milhões de dólares. Foi este o montante que saiu dos Fundos de

investimento só no mês de Janeiro. É o valor mais elevado desde Setembro de 2008

e o pior início de ano em mais de duas décadas.

Segundo o Jornal deNegócios de 28 deFevereiro, só no mês de

Janeiro os Fundos deinvestimento perderam maisde 60 mil milhões de dólares,cerca de 54,8 mil milhões deeuros, de acordo com os dadosda Thompson Reuters Lipper,citados este domingo peloFinancial Times.Desde a queda do bancoLehman Brothers, emSetembro de 2008, que o valorretirado dos Fundos deinvestimento em apenas ummês não era tão elevado. Oprimeiro mês de 2016 marca

também o pior início de anoem, pelo menos, duas décadas.As saídas foramparticularmente significativasnos Fundos europeus: 42,6 milmilhões de euros, ou seja 78%do total.Em declarações ao jornalbritânico, o Director executivoda consultora CreateResearch, Amin Rajan,explica que os “investidoresestão extremamente nervososcom a possibilidade de umcontágio nos mercados. Efugiram após a turbulêncianos mercados chineses noinício de 2016”. n

actualidade internacional

Brasil: Prisão de Lula

Reunida a 18 e 19 deFevereiro em SãoPaulo, a Direcçãonacional da CentralÚnica dos

Trabalhadores (CUT)abordou a difícil situação emque se encontra a classeoperária: os ataquessucessivos do Governo, avaga de despedimentos emvários setores da economia,em particular na Siderurgia.Eles são o resultado doprolongamento doajustamento fiscal de 2015,agora sob a batuta doministro Barbosa.Lula e outros dirigentes doPT, que participaram nareunião, ouviram fortescríticas dos dirigentessindicais sobre a intençãoafirmada por Dilma dereforma regressiva daSegurança Social. AResolução adoptada reflecteo estado de espírito reinantena reunião de exigir dogoverno de Dilma umamudança de rumo.O apelo inicialmente previstopara a Marcha nacional de 31de Março, que tinha já comoobjectivo manifestar contra a“reforma” da SegurançaSocial e incluía as palavrasde ordem “Não aoajustamento fiscal” e “Defesado emprego e dos direitosdos trabalhadores”, nos diasque se seguiram à reunião daDN CUT já foi engrossadacom outros temas deemergência. A 24 de Fevereiro – com oaval do Governo – o Senadoaprovou um Projecto de Leiretirando a obrigatoriedadede participação da Petrobrásna exploração petrolífera, emregime de partilha, do Pré-sal(offshore perto da costa –NdR). Este facto provocou

adoptado um Programa deemergência distinto doPrograma do Governo (verabaixo).É a primeira vez que istoacontece, nos treze anos emque o PT tem assegurado oGoverno.A 4 de Março, a Direcçãonacional do PT fez um apeloaos seus militantes esimpatizantes para semanifestarem, em todas ascidades, contra a prisão deLula. n

O Correspondente

A CUT apela a uma marcha em Brasília, a 31 de Março

uma reacção imediata daFederação dos Trabalhadoresdo Petróleo e da CUT, queconvocaram umaconcentração diante daCâmara dos Deputados paratravar este Projecto. A manifestação de 31 deMarço, que começa a serpreparada em todo o país,integra nas suasreivindicações a luta contra aprivatização da Petrobrás.

Porquê esta ofensivacontra o Pt doBrasil?

Na madrugada de 4 de Março2016, a Polícia Federalprendeu Lula (ex-Presidentedo Brasil e dirigente doPartido dos Trabalhadores -PT), tendo-o libertado após 3horas de interrogatório. Trata-se, indiscutivelmente,de um golpe contra os maiselementares direitosdemocráticos e de uma novaetapa na escalada de ataquescontra o PT, visando a suadestruição. É, também, umataque contra a CUT – aCentral sindical maioritária –e o conjunto do movimentooperário.Em nome da luta contra acorrupção, o aparelhojudicial – herdado daditadura – dá o seu apoio àofensiva do imperialismo edos seus agentes locais para

obrigar o governo de Dilma air mais longe naimplementação de medidascontra os trabalhadores,contra as empresasnacionalizadas e os serviçospúblicos.É necessário ter em contaque esta prisão teve lugarapós a Direcção da CUT (nasua sessão plenária de 18 e19 de Fevereiro) ter decididoa realização de uma Marchanacional em Brasília(a 31 de Março) e daDirecção nacional do PT,reunida a 26 de Fevereiro, ter

Rio de Janeiro (Brasil), a 6 de Março de

2016: manifestação do PT.

1. Forte redução da taxabásica de juros comoelemento fundamental paradiminuir o défice nominalda União (o Brasil é umaunião federal de Estados –NdR), aumentar oinvestimento público,impedir a subida da taxa decâmbio, embaratecer ocrédito e incentivar aretoma do crescimentoeconómico. 2. Utilização de parte dasReservas internacionaispara constituir um FundoNacional deDesenvolvimento eEmprego, destinado a obrasde infraestrutura,saneamento básico,habitação, renovaçãoenergética e mobilidadeurbana. 3. Ampliação do Programa“Minha Casa, MinhaVida”.8. Retoma da reformaagrária, com prioridadeimediata para a distribuiçãode terras aos “trabalhadoressem terra” acampados juntodos grandes latifúndios. 10. Tributação de juros

sobre capital próprio, com arevogação do benefíciofiscal. 11. Tributação sobre lucrose dividendos, eliminandoisenção de Imposto deRenda. 12. Adopção de um regimeprogressivo para o ImpostoTerritorial Rural sobrepropriedades nãocultivadas. 13. Extensão aos barcos eaviões do Imposto sobrePropriedade de VeículosAutomotores (IPVA). 14. Adoção de Impostosobre as Grandes Fortunas(IGF). 15. Revisão da tabela doimposto de renda sobrepessoas físicas, comaumento do limiar deisenção e ampliaçãoprogressiva das taxas decontribuição. 16. Aumento do impostosobre doações e grandesheranças. 17. Fim da isenção decontribuição para aSegurança Social dosexportadores agrícolas e dasentidades filantrópicas. n

alguns pontos do Programa de emergência do Pt