20
o militante socialista Tribuna Livre da luta de classes Publicação Mensal 02 Ficar de bem com gregos e com troi(k)anos? 03 editorial: “Criar uma contestação nacional à ingerência da Comissão Europeia” 4/5 união Bancária – a concentração bancária e a eliminação dos pequenos Bancos 6/7 tribuna livre: a privatização da taP 08 contribuição de augusto Pascoal 09 contribuições de teófilo Braga e de Paula santos 10 contribuições de Luísa Patrício e de carlos silva 11 contribuições de sílvia timóteo e carmelinda Pereira 12/13 Plenário nacional de sindicatos da cgtP: é tempo de acção para concretizar a mudança esperada! 14/15 a questão dos refugiados continua na ordem do dia 16 espanha: a defesa dos 300 sindicalistas argélia: alerta máximo 17 estado espanhol: não há saída sem romper com rajoy 18 Flashes internacionais: Brasil, china e coreia do sul 19 exploração, imperialismo e guerra - por Xabier arrizabalo (3ª parte) 20 carta-ultimato da comissão europeia ao governo do Ps Indice Director: Joaquim Pagarete ano XVii (ii série) 119 5 De FeVereiro De 2016 1 euro O povo não aceita a chantagem da União Europeia e do FMI! A soberania – para aprovar um Orçamento do Estado que responda às necessidades do país, dos trabalhadores e das populações – está nas mãos da maioria PS/BE/CDU!

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o militante

socialista

Tribuna Livre da luta de classes

Publicação Mensal

02 Ficar de bem com gregos e com troi(k)anos?

03 editorial: “Criar uma contestação nacional à ingerência da Comissão Europeia”

4/5 união Bancária – a concentração

bancária e a eliminação dos pequenos

Bancos

6/7 tribuna livre: a privatização da taP

08 contribuição de augusto Pascoal

09 contribuições de teófilo Braga

e de Paula santos

10 contribuições de Luísa Patrício

e de carlos silva

11 contribuições de sílvia timóteo

e carmelinda Pereira

12/13 Plenário nacional de

sindicatos da cgtP: é tempo de acção

para concretizar a mudança esperada!

14/15 a questão dos refugiados

continua na ordem do dia

16 espanha: a defesa dos 300 sindicalistas

argélia: alerta máximo

17 estado espanhol: não há saída sem

romper com rajoy

18 Flashes internacionais: Brasil, china e

coreia do sul

19 exploração, imperialismo e guerra

- por Xabier arrizabalo (3ª parte)

20 carta-ultimato da comissão europeia

ao governo do Ps

Indice

Director: Joaquim Pagarete ano XVii (ii série) nº 119 5 De FeVereiro De 2016 1 euro

O povo não aceita achantagem da União Europeiae do FMI!

A soberania – para aprovar um Orçamento do Estado que responda às necessidadesdo país, dos trabalhadores e das populações – está nasmãos da maioria PS/BE/CDU!

a posição do governo deantónio costa«A palavra dada aosparceiros nacionais – leia-seBloco de Esquerda, PCP eVerdes – “foi cumprida”. Aomesmo tempo, os“compromissosinternacionais sãorespeitados”. É com a somadestas parcelas que ogoverno acredita que oOrçamento do Estado (OE)para 2016 vai ser aprovadona Assembleia e aceite porBruxelas.» (DN, 23/1/2016)

a posição de marianamortágua (Be)«O esboço (draft) “respeitaos pontos essenciais doacordo que estabelecemoscom o PS. As medidaspelas quais tanto lutámos –repor salários, retirar asobretaxa, descongelarpensões, mais apoios norendimento social deinserção, apoio aos idosos,reposição do abono defamília – constam destedraft do Orçamento”,comentou a bloquistaMariana Mortágua.

A deputada do BE fez, noentanto, questão de deixaralguns recados como queavisando que o cheque (aaprovação do OE 2016)ainda não está assinado:“Não permitiremos que, emnome de uma qualquersubserviência a Bruxelas,este governo quebre oscompromissos que fez, quercom os eleitores quer com oBE, até porque acreditamosque são as medidas quepermitem ao país sair dacrise e ter o que merece, queé algum espaço pararespirar”.» (DN, 23/1/2016)

actualidade nacional >>>

Ficar de bem com gregos e com troi(k)anos?Revista da imprensa sobre o “esboço de OE para 2016”

a posição de Jerónimode sousa (PcP)«Já o secretário-geral doPCP manifestou-se sem“pedras no sapato” e deixouimplícita a sua aprovação,com base na assumidaatitude “construtiva” paracom o esboço de OE. “Cadacoisa tem o seu tempo.Estamos a fazer o exame, adar a nossa contribuição àproposta, esta ou aquelapreocupação, mas comsentido construtivo. Nãoestamos aqui com pedras nosapato. Queremos que saiaum Orçamento. Mesmosabendo dessesconstrangimentos edificuldades, pontos departida diferentes, o nossoesforço é a procura deconvergência”, afirmouJerónimo de Sousa.

Sem querer antecipar o votofavorável ao documento nageneralidade – se for dado,será o primeiro OE aprovadopelo PCP em 41 anos dedemocracia –, Jerónimosublinhou que os comunistasestão “sinceramenteempenhados nesse examecomum que está a verificar-see na perspetiva de que oorçamento corresponda aosinal que o povo portuguêsquis dar nas eleições de 4 deoutubro”. Já os Verdesfalaram em sintonia eadmitiram dar luz verde aoOE.» (DN, 23/1/2016)

a posição da direita e donovo Pr«O PSD defendeu hoje que “oesboço de OE para 2016 tempressupostos irrealistas e umaestratégia imprudente,agravando a incerteza e adesconfiança”. Pelocontrário, Marcelo Rebelo deSousa – que pretende ser um

Presidente da República“para coadjuvar o Governo,se este estiver numa situaçãocomplexa” – considerou que“o esboço do Orçamento doEstado para 2016 é uma basede trabalho razoável” e disseesperar que “haja condiçõespara que quem suporta oGoverno possa fazerviabilizar e passar oOrçamento”.» (DiárioEconómico, 22/1/2016)

a posição do Diário deNotíciasCom o título “As dúvidassobre 2016”, o editorialistaAndré Macedo afirma: «Parafazer (uma) inversão demarcha sem escandalizarBruxelas, Mário Centenocomprometeu-se a acelerar aredução da dívida pública eaceitou ser um poucochinhomais exigente na meta dodéfice público nominal (2,6%do PIB, em vez dos 2,8%anunciados antes daseleições), embora aindamuito aquém do quepropusera Passos Coelho emabril do ano passado (1,9%).O défice estrutural, outroindicador-chave paraBruxelas, também seaproxima da exigênciaeuropeia, embora ainda auma distância considerável

(0,2 pontos percentuais emvez de 0,5), o que obrigará anegociações difíceis e talveza mais medidas deconsolidação orçamental.Terá António Costa margempara convencer Bloco ePCP?» (DN, 23/1/2016)

a posição do PúblicoCom o título “Costaobrigado a jogar em doistabuleiros”, a DirecçãoEditorial deste jornalpergunta: “É possívelagradar a Bruxelas e nãohipotecar os acordos àesquerda e as promessaseleitorais? E responde:«Costa tenta fazer aquadratura do círculo, já queterá a consciência de queconciliar a redução do déficecom os tais compromissos àesquerda poderá ser tarefade difícil execução. (…) Aoafirmar que não vaisacrificar os compromissosassumidos, António Costa dáa ideia de estar a bater o péa Bruxelas, apesar de saberque no Orçamento terá deinscrever o valor que lhe sejaditado pela Comissão.»(Público, Editorial de20/1/2016) n

Joaquim Pagarete

Éo próprio Primeiro-ministro que, numaentrevista ao Finantial

Times (de 24/1/2016),assegura que “o esboço deOrçamento para 2016 resultade semanas de conversaçõesintensivas com responsáveisda Comissão Europeia”.Parece, então, que AntónioCosta está a “jogar numúnico tabuleiro” – o quedecorre dos ditames do

Tratado Orçamentalveiculados pela ComissãoEuropeia!A pergunta pertinente é: serápossível ficar de bem comgregos e com troi(k)anos? Istoé, responder positivamente aomandato “anti-austeridade”que o povo deu, a 4 deOutubro, ao PS e aos partidosque o apoiam e, emsimultâneo, subordinar-se àsexigências da Troika.

afinal, costa "joga num só tabuleiro"?

ANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

E d i t o r i a lFicha técnica

Tribuna livre impulsionada pelo POUS

o militantesocialista

Proprietário: Carmelinda PereiraNIF: 149281919

editor: POUS - Partido Operáriode Unidade SocialistaNIPC: 504211269

sede: Rua de Sto António da Glória, 52-B / cave C 1250-217 LISBOA

Nº de registo na ERC: 123029

Director: Joaquim Pagarete

comissão de redacção:Carmelinda PereiraAires RodriguesJosé LopesJoaquim Pagarete

impressão: Imaginação ImpressaRua Braancamp, 15A 1250-049 Lisboa

edição: 150 Exemplares

a nossa história:

O jornal “o militante socialista”nasceu em 1975, sob aresponsabilidade de militantes doPartido Socialista (PS),pertencentes às Coordenadorasdos núcleos de empresa,organizados na sua Comissão deTrabalho.Nasceu identificado com os ideais da Revolução do 25 de Abril, do socialismo e da democracia.Esses mesmos ideais continuarama ser assumidos pela corrente desocialistas afastados do PS, quefundaram o Partido Operário deUnidadeSocialista (POUS), em conjuntocom a Secção portuguesa da IVª Internacional.Em continuidade com os ideaisque presidiram à publicação dos primeiros “Militantes Socialistas”, o POUSimpulsiona actualmente estejornal, como tribuna livre da lutade classes, aberta a todas ascorrentes e militantes queintervêm democraticamente para defender as conquistas do 25de Abril.A defesa destas conquistas exige o desenvolvimento de uma acção política totalmenteindependente das instituiçõesligadas aos Estados, às religiõesou ao capital – e, por isso, a orientação de “O MilitanteSocialista” identifica-se com a doAcordo Internacional dosTrabalhadorese dos Povos.

CGTP: “Criar uma contestação nacionalà ingerência da Comissão Europeia”

célere em entregar o Banif aum banco estrangeiro,acompanhado de um dote de2255 milhões. São essescompromissos que levam aque o aumento do saláriomínimo tivesse sidocompensado com a reduçãoda contribuição das empresaspara a Segurança Social, oucom o aumento do impostosobre os combustíveis.

Mesmo assim, com umOrçamento feito segundo alógica do sistema defendidopela União Europeia, aí estáela, acompanhada pelasagências de rating, pelaUnidade Técnica de ApoioOrçamental, pelo PSD e CDS,com todos os comentadores deserviço a dizer que vem aí denovo o “desequilíbrio dascontas públicas”.

Os trabalhadores não ficamsurpreendidos. A realidadediz-nos que tudo o que depositivo foi conseguidoresultou do esforço demobilização concreta e parao preservar e aumentar nãoresta senão esse caminho.

Têm razão os bancários aodirigirem-se às Direcçõessindicais do sector da Banca– bem como da CGTP e daUGT – dizendo-lhes: “O quese espera das nossasorganizações de classe é queorganizem o combate, paraque todos juntos,consigamos concretizar anossa mais elementarpretensão – o direito aotrabalho” (ver pg 5).

Não será esta mobilizaçãounida que pode impedir queseja dada mais umamachadada na soberania dopovo português?

As medidas positivastomadas peloGoverno, após aviolência dapolítica revanchista

e de destruição imposta pelogoverno PSD/CDS, sópodem ser recebidas comagrado pelo conjunto dostrabalhadores e da populaçãoem geral.

Mas elas implicam outras,para de facto romper com aausteridade e potencializartudo o que Portugal possui,num quadro de partilha ecooperação com outrospovos.

Elas implicam, por exemplo– como afirma a Direcção daCGTP – mexer nos lucrosdas grandes empresas,algumas estratégicas e queforam alienadas à naçãoportuguesa. É o caso da EDP,para já não falarmos danecessidade de retomar o seucontrolo, como o Governoprocura fazer na TAP.

Mas o “esboço” doOrçamento do Estado para2016 não obedece a estalógica: ele é feito de modo apreservar todos oscompromissos do EstadoPortuguês com asinstituições internacionais docapital financeiro.

Esses compromissosimpõem um Orçamento quetem à cabeça a entrega demais de 8 mil milhões deeuros para pagar os juros deuma dívida que o povo nãocontraiu. São eles quetornam complicado pôr emprática a decisão de repor ohorário das 35 horas aosfuncionários públicos,quando o Governo foi tão

A Direcção da CGTP

afirmou, em Conferência de

imprensa, a 2 de Fevereiro:

“A Comissão Europeia (CE)persiste numa linha errada,que pressupõe a retirada dedireitos às pessoas, por isso,é necessário que o Governoresista a esta pressão e énecessário criar umacontestação nacional a estaingerência, para mostrarque o caminho não podecontinuar a ser este”.

Todos temos presente o

caminho que a Comissão

Europeia impôs à Grécia,

depois do governo de Tsipras

ter levado 6 meses a querer

firmar com ela “um bom

acordo”. Todos também

sabemos, pela nossa própria

experiência, que os

“mercados” (isto é, o capital

financeiro) e as instituições

que zelam pelos seus

interesses só compreendem

uma única linguagem: a da

força unida dos

trabalhadores com as suas

organizações.

O que trabalhadores esperam

da Direcção da CGTP é que

ela comece a organizar,

desde já, a mobilização

unida com todas as

componentes do movimento

sindical e da população –

dirigindo-se, em particular à

Direcção da UGT e aos seus

sindicatos – para impedir na

prática essa “ingerência daComissão Europeia”! n

A Comissão de Redacção

actualidade nacional >>>

União Bancária – a concentração bancária

A20.12.2015, a UniãoEuropeia ultrapassouuma barreira, que atéentão nunca tinhatransposto. Um novo

salto qualitativo foi dado.Para socorrer um grande bancosedeado na Zona euro (obanco espanhol Santander), aUnião Europeia determinouque esse resgate fosse feitoatravés da falência de umpequeno banco português (oBanif), maioritariamentedetido pelo Estado1, e quefosse o povo português afinanciar, com os seusimpostos, esse resgate.O Banif foi, pura esimplesmente, eliminado dosistema financeiro pela UniãoEuropeia.O Banif era um banco demédia dimensão, com 163balcões, 1600 trabalhadores,com uma carteira de crédito de€9435 milhões, com umvolume de €6271 milhões dedepósitos e que, segundo oBanco de Portugal, “… semprereportou rácios prudenciaisacima dos limites legais.”2

Formalmente, o Banif cumpriaos rácios mínimos de capital,tinha um plano derecapitalização aprovado pelaComissão Europeia até 2017, etinha acordado, em meados de2013, um “CommitmentCatalog” com a Direcção-Geral da Concorrência (DG-Comp) da Comissão Europeia(Ricardo Cabral, nosemanário “Expresso” de16.1.2016).

em aparente violação dassuas próprias regras, acomissão europeiasentenciou a morte do Banif.

Porquê? Por que sim!Mas, antes de eliminar o Banife de “entregar” o “filetmignon”3 ao Santander, a DGComp determinou ainda que oEstado português injectassepreviamente, nessa partevaliosa, um “bónus” adicional

consequências políticasimediatas da “injecção” de€2255 milhões no Banif

A presidente do Conselho deSupervisão do Banco CentralEuropeu, Daniéle Nouy, nume-mail dirigido a MárioCenteno, “com oconhecimento de VítorConstâncio”, vice-presidentedo BCE (e ex-governador doBanco de Portugal), deixouum “aviso” claro ao Governo:

“A Comissão Europeia foimuito clara neste aspecto;por isso, recomendo quenem percam tempo atentar fazer passar essaspropostas [de compra dosoutros bancos candidatos àcompra do Banif, que nãoo Santander].”Ou seja, cumpra-se! Ocumprimento da“injecção” de 2255milhões de euros no Banifditada pela ComissãoEuropeia teve um efeitoimediato – Portugaldificilmente sairá doProcedimento de DéficeExcessivo (PDE).Depois de ter provocado oacréscimo do DéficeOrçamental, em virtude dofinanciamento por eladitado, é a própriaComissão que vem“cobrar” ao Estadoportuguês o “preço” da suaobediência, do respeitopelas regras europeias.É perverso? É! Mas é anatureza do capitalfinanceiro!

o problema herdado nãojustifica a opção tomada

O actual governo PS invoca ofacto deste caso ter sidoherdado do anterior governo(PSD-CDS), para “justificar” adecisão tomada sobre o Banif. as culpas alheias, justamenteatribuídas ao anterior Governo,podiam ser percebidas peloscidadãos, se o actual governo

de €2255 milhões (agravandoo Défice Orçamental e aDívida Pública).

são estas decisões quearruínam os orçamentos dosestados e as suas finançaspúblicas!

Em vez de se opôr àeliminação do Banif e dizerque este banco, sendomaioritariamente detido peloEstado, ficava na esferapública, o actual governo deAntónio Costa (PS) entendeuque deveria aplicar as“instruções” da ComissãoEuropeia. Os resultados estãoà vista: 500 trabalhadoresameaçados de despedimento, adestruição de mais um bancode base nacional, e o aumentarda dependência e exposição doPaís à chantagem do grandeCapital Financeiro.

Propósitos da união europeiano sector financeiro

“Respeitar as regras da UniãoEuropeia” significou, nestecaso, sacar os nossos impostospara capitalizar – através dautilização de um “banco-veículo” (Banif) previamentecapitalizado – um banco deoutro país, que incorpora esse“veículo”.Este caso ilustra bem o papel ea função da União Europeia edas suas “DG-Comp”, no queao sector financeiro dizrespeito – eliminação dospequenos bancos (através daespoliação do seu património ea transferência coerciva do seunegócio para os grandesbancos), o fomento daconcentração bancária nosgrandes grupos financeiros eo “resgate” dos bancos emfalência iminente, à custa daextorsão de impostos àpopulação trabalhadora dosdiversos países.O Público de 27/1/2016(pág. 19), num artigo sobre oBanif dizia:

“As informações que têmvindo a público nasúltimas semanas dão contade uma intençãodeliberada, por parte daComissão Europeia e doBanco Central Europeu,de fomentar aconsolidação da bancaespanhola, através daabsorção dos bancosportugueses. E comcolaboração do Banco dePortugal.”Eis os propósitos da UniãoEuropeia.A União Europeia já nãose limita a deixar que a“selecção natural”, dasempresas e dos bancos,decorra apenas das “leis”da concorrência. A UniãoEuropeia e as suasInstituições (onde a DG-Comp desempenha umpapel fundamental nestamatéria) passaram aassumir, elas próprias, essafunção – a função deeliminar do mercado,empresas e bancos, usandoa força coerciva de queelas se auto-investiram (aexclusividade da emissãode moeda e dofinanciamento dos Estadosda Zona euro), paraeliminar ou amputarsectores produtivos da suacapacidade produtiva(como foi o caso da frotapesqueira), para ameaçarou chantagear os Povosdesses Países de lhescortarem o financiamento,caso não acatem as suas“instruções”, “directivas” e“regras”, como aconteceucom a Grécia.Querer manter a UniãoEuropeia e pretendermudar as “suas regras”, écomo se pedissem a umpredador para deixar decaçar as suas presas. a união europeia não é“reformável”, nem“democratizável”!

ANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

e a eliminação dos pequenos Bancos

(PS) as invocasse paracorrigir o que de mal forafeito pelo anterior, mas nãopodem ser aceites paraafastar as culpas própriasou as suas exclusivasresponsabilidades nasolução adoptada.Reforçar a gestão privadados bancos só agrava oproblema. Se não se eliminaro “tumor” que tem causado oproblema, a “doença” iráalastrar-se a todo o“organismo”.O actual governo (PS) deviater mantido o Banif na esferapública e assumir a gestãopública do banco.

a escolha tem de ser feita.

Ou se aplicam as “regras” deBruxelas, de Frankfurt e deWashington, ou se opta peladefesa da soberania e dosinteresses dos Povos.O “caso” Banif demonstra,que a defesa do interessepúblico e da soberania dopovo português, exige aruptura com a UniãoEuropeia e as “suas regras”,exige que se rompa comaqueles que, para salvar osinteresses do CapitalFinanceiro, não hesitam emdestruir a economia dospaíses, em lançar os povosna miséria e fomentar aguerra.

essa ruptura tem que serfeita. como fazê-lo?

Esta questão tem que serdiscutida, porque os

(1) Na sequência das sucessivas“ajudas” públicas, estimadas em€4600 milhões – em 2013, €825milhões de injecção de capital; em2015, €2255 milhões de injecção decapital, €746 milhões de garantiaspúblicas e €800 milhões de “créditosfiscais” (dedução / perdão de impostossobre lucros futuros) – o Banif passoua ser um banco de capitais públicos e oEstado o seu proprietário.

(2) Comunicado de 20.12.2015 doBanco de Portugal sobre a venda doBanif ao Santander.

(3) O Banif foi dividido em dois. Aparte valiosa (a rede de balcões, acarteira de crédito, os depósitos e miltrabalhadores do ex-Banif) foi“entregue” ao Santander pela quantiairrisória de €150 milhões. A parte nãobancária (seguradora), cerca de 500trabalhadores e os activos dificilmenterecuperáveis foram “armazenados”numa empresa criada para promover arecuperação desses activos e irdespedindo os trabalhadores, que paralá transitaram.

A23.1.2016 foi adoptado,na Assembleia daRepública, um

Orçamento Rectificativo. Nelehavia uma rubrica de 2255milhões de euroscorrespondentes a umainjecção de capital no Banifpelo governo PSD/CDS –verba que visou “sanear” ascontas deste banco, a fim de o“preparar” para a venda aoSantander-Totta pela irrisóriaquantia de €150 milhões. Maisum verdadeiro desfalque doErário público!Para justificar a apresentaçãodeste Orçamento Rectificativoe o voto favorável do Grupoparlamentar do PS, AntónioCosta argumentou que este“negócio” tinha sido herdadodo anterior Governo. Mas osgrupos parlamentares do BE,do PCP e do PEV, bem como odeputado do PAN (apoiantesdo governo do PS) votaramcontra. No quadro dos “jogosparlamentares”, o seu votocontra foi apoiado pelo Grupoparlamentar do CDS, queaproveitou para “sacudir aágua do capote”. De facto, oseu voto favorável (ou deabstenção) não era necessário,uma vez que a prometidaabstenção do PSD bastavapara viabilizar o Orçamento econfirmar a venda do Banif.Foi posto a circular entre ostrabalhadores da Banca –

contra o despedimento dostrabalhadores do Banif – quediz nomeadamente:«É inaceitável que se decidacapitalizar um banco (oSantander), à custa da mortede outro (o Banif)! Tem quese parar de imediato com odesmantelamento da Bancade base nacional!Nós, bancários, não podemoscontinuar a ser vítimas dagestão danosa dos banqueiros. Hoje, querem despedir 501trabalhadores do Banif. Parao Novo Banco foramnoticiados milhares!A CGTP e a UGT, bem comotodos os Sindicatos do sectorBancário têm especiaisresponsabilidades! O que seespera das nossasorganizações de classe é queorganizem o combate, paraque todos juntos, consigamosconcretizar a nossa maiselementar pretensão – odireito ao trabalho.Nem um só despedimento!

Garantias escritas e públicasaos bancários e aos seusSindicatos de que, a todos ostrabalhadores do ex-Banif(hoje na OITANTE), serãoassegurados os seus postos detrabalho na Banca, bemcomo os mesmos direitos ebenefícios anteriores àliquidação forçada do Banifvigentes no sector bancário!»

Venda ao desbarato do Banif, 501trabalhadores ameaçados de despedimento

João Rendeiro, ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), fala claro

Numa entrevista ao jornalOJE (de 15.1.2016),João Rendeiro afirma:

“A tendência natural dosistema bancário (emPortugal) é no sentido daconcentração, quer pelapressão regulatória europeia,quer pela pressão económica

e doméstica…”.Vaticina que outros bancosirão seguir as pisadas doBanif, sendo engolidos pelosgrandes bancos que sãopropriedade do capitalfinanceiro internacional: oNovo Banco, o BancoPortuguês de Investimento

(BPI) e o Montepio,perspectivando, também, odesmantelamento/privatiza-ção da Caixa Geral deDepósitos, a curto prazo. Háoutros analistas que dizemque este processo estaráconcluído dentro de 3 a 5anos! n

interesses dos povos sãoincompatíveis com osinteresses do CapitalFinanceiro defendidos pelaUnião Europeia! n

Pedro Nunes

tribuna

A privatização da TAP

Já se passaram dois mesesdesde o dia em que umGoverno minoritárioportuguês, contra avontade da maioria

parlamentar dos partidos comassento na Assembleia daRepública Portuguesa,assinou o contrato criminosode venda de 61% da TAPSGPS, S.A. ao consórcioAtlantic Gateway.

Desde esse dia pudemosobservar que o GovernoPSD/CDS foi demitido dassuas funções e um novoGoverno do Partido Socialistafoi nomeado em seu lugar,cumprindo todos os princípiosprevistos na Constituição daRepublica Portuguesa.

Começo por referir que avenda da TAP não foi umadecisão puramente económicacomo adiante irei explicarmais profundamente, maspelo contrário, foi uma opçãoideológica da duplaPassos/Portas, da mesmaforma que também foi umaopção ideológica a venda dosCTT, da REN, da EDP, da PTou dos Estaleiros Navais deViana do Castelo, entre tantasoutras privatizações quedesfalcaram a economia donosso país para as próximasdécadas.

No entanto, neste momento,gostaria de tentar esclareceros mais incautos sobre umadas verdadeiras razões doanterior Governo ter optadopela ideologia “neoliberal” deprivatizar as maioresEmpresas estratégicasnacionais.Quem nos (des)governou nos4 últimos anos tinha como

principal objectivo vender onosso país aos grandesinvestidores nacionais eestrangeiros, para que estespudessem no futurocondicionar as políticas dosGovernos eleitosdemocraticamente pelo povo,objetivo que me parece que oGoverno do Partido Socialistaainda não percebeu.

Senão vejamos, de que outraforma seria possível perpetuara governação do nosso paíssem ter uma maioria dedeputados na Assembleia daRepública ou sequerconcorrer às eleiçõeslegislativas?

A resposta a esta questão ésimples e reside numafórmula que o GovernoPassos/Portasmaquiavelicamente elaborou,que tinha como princípiobasilar privatizar a maioriadas Empresas estratégicas donosso país, para que ospolíticos que fossemnomeados para os Conselhosde Administração dessasEmpresas passassem agovernar o país fora do localapropriado, a Assembleia daRepública.

Assim podemos verificaruma das razões pela qualatrás afirmei que o Governodo Partido Socialista aindanão compreendeu averdadeira necessidade deanular rapidamente todas asprivatizações que ocorreramna anterior legislatura,porque estas Empresas são ogrande dinamizador daeconomia do país e as queempregam um número muitoelevado de trabalhadores,que a qualquer momentopode transformar as contasda Segurança Social e doDesemprego.

Desta forma, seja qual for oPartido que vença as futuraseleições legislativas e formeGoverno, na verdade nuncairá Governar, porque o poderestará sempre nas mãosdaqueles que compraramestas Empresas a preço desaldo com a desculpa que aTroika assim obrigava e que,assim, irão comandar aeconomia portuguesa.

E assim chegamos àprivatização da TAP, quetambém não foi uma opçãoeconómica pois haviam outrassoluções que não passavampela sua privatização.

E sendo este o assunto que meleva a escrever, a TAP, refirocomo exemplo que estaEmpresa estratégica aindatem no seu Conselho deAdministração dois membrosnomeados pelo anteriorGoverno PSD/CDS, queainda não foram substituídospor membros nomeados peloactual Governo.

Tendo sido a privatização daTAP e das restantes EmpresasEstratégicas, como já referiatrás, uma mera opçãopolítica, passo a exemplificaralguns pontos que sustentam aminha análise.

Relativamente à venda daTAP, e neste caso emparticular, grande parte daestratégia diplomática donosso país ficará dependentede quem controla acompanhia aérea nacional,bastando observar o seguinte:

- A abertura de rotasdiplomáticas que sempre foiusada para melhorar relaçõesentre Portugal e outros paísesou para possibilitar negóciosque visaram melhorar aeconomia portuguesa, como

será feita a partir de agora, sequem manda na TAP é umprivado, que até nem éportuguês?

- As empresas que gravitam àvolta da TAP e que fornecemmateriais tais como: refeições,papel, bebidas, encostos decabeça, etc., e que empregamdezenas de milhares detrabalhadores, o que lhesacontecerá se esses produtospassarem a ser adquiridos noBrasil, país onde a TAPpoderá obter auxilio estatalcontornando desta forma asregras europeias?

- A TAP financia cerca de 3%da Segurança Social e éresponsável por cerca de1,5% do PIB Nacional. Já asvendas no exterior perfazemcerca de 1% do PIB Nacional.Ou seja, o valor da TAP para aeconomia portuguesasignifica, pelo menos, duasAutoEuropa, desde quemantenha o seu negócio emPortugal, algo que me parecedifícil de acontecer se oEstado não detiver a maioriado capital.

Existem muitos outrosargumentos quer políticosquer económicos quecontrariam a opção deprivatizar a TAP, mas aimportância dos acimareferidos já determinava queeste negócio não tivesse sidorealizado por um Governominoritário e até mesmo umconsiderado maioritário noactual sistema eleitoral, poiscoloca em grande perigo osinteresses económicos eestratégicos do nosso país enão estamos a considerarquais as verdadeiras opçõesda efectiva maioria dosportugueses pois, todossabemos que mais de 50%dos eleitores não vão votar.

livreANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

Flashes da Imprensa

No entanto, com a TAP erestantes empresasestratégicas privatizadasquem efectivamente terá opoder de controlar Portugalserá, como já referi, quemestiver à frente dos destinosdestas empresas.Passam eles a ser os “DonosDisto Tudo”, substituindonesse lugar o antigo detentordo título de “DDT”.

Por último, quero aindarecordar as inúmerasilegalidades que deveriamobrigar o Governo lideradopor António Costa, actualPrimeiro-Ministro, a ter queanular rapidamente a vendaao consórcio AtlanticGateway e cumprir apromessa eleitoral de revertera privatização da TAP.

As ilegalidades que nestemomento existem são asseguintes:

- O Controlo Efectivo não édetido por um cidadãoeuropeu. A Autoridade daConcorrência (AdC) e aAutoridade Nacional para aAeronáutica Civil (ANAC) jáse pronunciaram sobre essaquestão e ambos osreguladores foram objectivosem considerar que oHumberto Pedrosa não detémo Controlo Efectivo da TAP;

- As Resoluções do Conselhode Ministros sobre medidasde controlo e conclusão donegócio (RCM n.º 90/2015,de 22 Outubro e RCM n.º 91-A/2015, de 12 de Novembro),em que o Governo da PàF, porintermédio da primeiraresolução, veio introduzir umconjunto de medidasadicionais ao controlo dofinanciamento da TAP e nasegunda resolução veiocomunicar que estavamreunidas as condições paraproceder à conclusão doprocesso de privatização,esquecendo-se que ambas asResoluções são consideradas

alterações às regras deconcurso e permitem ao novoGoverno anular a venda;

- Parecer da ANAC, oprimeiro parecer do reguladorda aviação civil portuguesafoi negativo (1) e, pelo menospor essa razão, o Governo daPàF não deveria ter assinado ocontrato de venda da TAP.

Ainda estamos a aguardarpela decisão definitiva doregulador aéreo que,obrigatoriamente, terá que serNEGATIVA, porque oControlo Efectivo, mesmodepois das alterações decosmética que a duplaNeeleman/Pedrosa fez aosestatutos da Atlantic Gateway,continua a não ser detido peloSr. Humberto Pedrosa.

E sendo dado pela ANACuma decisão negativa, onegócio com a AtlanticGateway terá que ser anuladopara que a TAP não venha aperder a licença de voo;

- Alteração da estratégiaexistente à data do concurso.No momento de lançamentoda privatização, a estratégia daTAP assentava no início derotas para a Ásia e MédioOriente, situação que foiclaramente corroborada peloGoverno nas palavras do Sr.Vice-Primeiro-Ministro, PauloPortas, numa viagem à ArábiaSaudita, mais especificamenteno dia 2 de Abril de 2014,descrevendo a intenção delançar um voo directo entreLisboa e Riade, para que fossepossível alcançar um acordode proteção de investimentos eaumentar as relaçõeseconómicas.

Relativamente à estratégia daTAP antes da privatização, estaassentava nos aviões A350 queo Sr. David Neeleman decidiuque já não eram necessários,porque a companhia aéreaportuguesa não iniciaria asrotas do Oriente e que em suasubstituição seriam adquiridos

os aviões A330 e A321 para asrotas do Atlântico Sul.

O que o Sr. Neelemanesqueceu-se de referir é queos A350 irão para a Azul,companhia aérea brasileiraque é detida por ele e que faza rota do Atlântico Sul.

Desta forma, o consórcioAtlantic Gateway alterou ospressupostos estratégicosexistentes à data do concurso,aos quais, de acordo com osmesmos, se deveria submeter,cometendo, assim, umailegalidade que permite aanulação do negócio peloGoverno de António Costa.

Para finalizar, recordo maisuma vez o dia em que oGoverno da PàF foi demitidona Assembleia da República eem que António Costa fez umdiscurso no qual disse:“Palavra dada, Palavrahonrada”.

Pois bem, Caro Sr. Primeiro-Ministro, agora eu e todosaqueles que lutaram e aindalutam pela não privatizaçãoda TAP desejamos confirmarque é um Homem que honraa sua palavra e anulerapidamente este negócioferido de ilegalidades várias,como aqui tive oportunidadede enumerar.

A TAP tem que ser pública,Portugal precisa de umacompanhia aérea quedefenda os seus interessesnacionais e estratégicos. n

Bruno Fialho Dirigente do Sindicato Nacional

do Pessoal de Voo da AviaçãoCivil - SNPVAC

(1) A ANAC tem 90 dias – acontar desde 26 de Novembro –para se pronunciar sobre oprocesso de venda.

No DN de 15 de Janeiro érealçado que: «O maiorimpedimento ao negócio [de reversão da privatização daTAP] volta a ser a lei daconcorrência europeia que proíbeque o Estado preste auxíliosfinanceiros a uma série de setores,desregulando, assim, o mercado.É por isso que algumas questõesjá abordadas – como a conversãoda dívida da TAP em capital querevertesse para o Estado – nãopodem avançar.» n

E, em relação ao papel daComissão Europeia comofacilitadora da privatização, oDN de 8 de Dezembro de 2015já tinha afirmado: «A ajudar osnovos donos da TAP estará avontade da Comissão Europeiade aliviar a proibição deestrangeiros deteremcompanhias de aviaçãoeuropeias. Num relatório sobreo mercado, Bruxelas diz que aabertura pode permitir maiorcrescimento para o sector.» n

tribuna

1 - O Governo deveráorientar a sua atuação norespeito pelos compromissosassumidos com os GruposParlamentares que o apoiame pelo seu programa,

democráticas socialmentejustas, capazes deproporcionar melhorqualidade de vida e proteçãosocial aos trabalhadores noativo e aos pensionistas.

2 - As comissões detrabalhadores, os sindicatos eas confederações sindicais,enquanto representantes dostrabalhadores, deverãoassumir firmemente as suasreivindicações, dandoprioridade ao diálogo socialcom o Governo, com asentidades patronais e as suasrepresentantes, na procuradas respostas que desejampara cada uma delas,mantendo a mobilização dostrabalhadores para agirem, sea tal forem obrigados. Nestacircunstância, os dirigentesdas organizaçõesrepresentativas dostrabalhadores devemprocurar conseguir a unidadena ação, pelas suas

reivindicações comuns,desenvolvendo-agradualmente, atéconseguirem osentendimentos necessários àsua satisfação.

3 - Aos militantes quedesejam participar namobilização dos trabalharese das populações, na linha deorientação que se espera donovo quadro político queresultou das eleições dopassado dia 4 de outubro,caberá um papeldeterminante nainterpretação dos motivos edos níveis de insatisfaçãosocial e laboral que osafetam e no aprofundamentodo que, enquanto militantes,podem fazer a favor daunidade na ação, caso a caso.A reposição dos salários edas pensões, a alteração dalegislação laboral que nossetores público e privadolesa os trabalhadores, arevogação do regime decaducidade das convençõescoletivas e o regresso denormativos mais favoráveis,a atualização progressiva dosalário mínimo nacional paraos 600 euros mensais, areposição das 35 horas detrabalho semanal naadministração pública, areposição dos direitosperdidos pelos trabalhadorescom as políticas de direita, areversão das privatizaçõesabusivamente por eledecididas, a defesa e avalorização da EscolaPública, do Serviço Nacionalde Saúde e da SegurançaSocial universal e solidária,são aspetos que a todos nospodem mobilizar e unir,nesse trabalho quepoderemos assumir, ao ladoe com as organizaçõesrepresentativas dostrabalhadores, procurandoque as expetativas que aseleições de 4 de outubroabriram se concretizem. n

Augusto PascoalMilitante do PS, sindicalista

Diálogo entre militantes

OGoverno português assenta em acordos práticos à esquerda, de que decorrem promessaspolíticas que a maioria do povo espera ver concretizadas. Por outro lado, as grandesconfederações patronais tudo fazem para não perderem aquilo que conseguiramreconquistar com o governo PSD/CDS, aplicando o Memorando da Troika.Troika esta que não desarma na tentativa de obrigar o Estado a reduzir o défice a menos

3%, de acordo com o que está estipulado no Tratado Orçamental e a tomar medidas anti-laborais,como a facilitação do despedimento sem justa causa.Notemos que a Comissão Europeia evoca os compromissos do Estado português de reduzir o déficeabaixo de 3%, para pôr em causa o cumprimento do programa do Governo, no que diz respeito amedidas como tais como a redução do IVA na restauração ou o restabelecimento do horário detrabalho das 35 horas na Administração Pública.Mas foi mãos largas, em relação a esse mesmo défice, ao exigir a entrega de um bancointervencionado pelo Estado (Banif) ao banco Santander (que figura na lista dos 20 maiores daEuropa), acompanhada de um dote de mais de 2 mil milhões de euros. Aqui o défice já pôdedisparar…Arménio Carlos, em nome da Direção da CGTP, afirmou no Plenário nacional de sindicatos de 14de Janeiro desta Central sindical: “Quanto mais depressa o Governo cumprir as promessas feitasaos trabalhadores e ao povo em geral, maior será a mobilização destes, esvaziando a força dadireita que quer enfraquecer a base de apoio do Governo para criar as condições de o fazer cair.”

Pedimos a vários responsáveis e militantes do movimento operário a sua opinião sobre asituação política agora existente, nomeadamente respondendo a estas perguntas. Publicamosalgumas das respostas que recebemos.

1. Nesta situação, o quedeve fazer o Governo?

2. Qual deve ser o papeldas organizações dostrabalhadores?

3. Qual o nosso papelcomo militantes quequeremos participar namobilização dostrabalhadores e daspopulações, paraconcretizar o processo de viragem que oresultado das eleições de 4 de Outubro abriu?

aprovado na Assembleia daRepública, em diálogo comos partidos políticos, com osparceiros sociais e as suasorganizações representativas.Porque deste Governo élegítimo esperar políticasprogressistas, de rutura comas opções e as práticas dosgovernos de direita, éessencial conseguir que oapoio parlamentar semantenha e reforce durante alegislatura, para que fiqueprovado que Portugal pode edeve ser governado àesquerda. É desejável queassim seja, para que naEuropa e no Mundo surjamsoluções de teor idêntico,próximas dos trabalhadores,progressistas, com políticas

livreANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

Não tenho qualquerfiliação partidária, hámais de trinta anos, ecada vez tenhomenos paciência

para acompanhar as tricaspartidárias, nomeadamente asdos partidos do chamado arcodo poder. Aliado aodesinteresse pela informação,também me desinteressei pelaparticipação nos actoseleitorais que, do meu pontode vista, não passam defraudes, pois – para além dosmeios diferentes à disposiçãodos diversos concorrentes – amaioria dos cidadãos, porterem sido deseducados e porestarem ligados a interessesque não são o bem-comum,vota em quem lhes dará maisbenesses ou em quem lhesvendeu melhor a imagem. Apesar da minha indiferençapelos jogos do poder, depois

de ter sofrido na pele, tal comoos restantes trabalhadores, oscortes salariais, ocongelamento da carreira, oagravamento dos impostos,etc., por parte da coligaçãoPSD-PP, ansiava pela queda dadupla Passos-Portas, esperavaum crescimento da esquerdaparlamentar e pensava que oPartido Socialista ganharia aseleições, ainda que por maioriarelativa.

Afinal, o homem que correucom António José Seguro“por ganhar duas eleições porpouco”, não foi capaz demobilizar os eleitores e perdeuas eleições para quemmassacrou o povo durantequatro anos.

Após as eleições, assistiu-se aalgo de inédito: os doispartidos com programas eideologias (ou falta delas) maispróximas, o Partido Social-Democrata e o PartidoSocialista, não se entenderampara constituir um novogoverno. Tal facto – aliado àabertura dos dois partidos maisà esquerda, o PCP e o Blocode Esquerda, para apoiaremum governo do Partido

Socialista – fez com que,perante os fracos resultadosalcançados, António Costa nãosó não se demitisse de líder doPS como passasse a primeiro-ministro.

As primeiras medidas queestão a ser tomadas pelogoverno do Partido Socialista,como as reposições salariais ea redução do horário semanalda Função Pública, resultamdo cumprimento das suaspromessas eleitorais e dorespeito pelos acordoscelebrados com o BE, o PCP eOs Verdes.

No que diz respeito ao Banif, ogoverno deu continuidade aoque vinha sendo feito, isto é,salvou-o à custa doscontribuintes. Como nãopoderia deixar de ser, para talcontou com a preciosa ajudados dois partidos que foramforçados, pelos números, apassar algum tempo naoposição.

Já li várias vezes que, emalgumas circunstâncias, se nãotem sido em todas, os PartidosSocialistas são os melhoresgestores do capitalismo, pois o

seu palavreado centrista ou deesquerda engana maistrabalhadores do que ospartidos de direita e, emPortugal, não tem sido nemserá diferente.

Tal como tem acontecido nosAçores, onde o PartidoSocialista governa desde 1996,a nível nacional serãodistribuídas algumas migalhaspor quem trabalha, veja-se oaumento das pensões, e verbaschorudas pelos grandesinteresses económicos ebancos.

Não havendo qualqueralteração do modeloeconómico, não se pondo emcausa o modelo dedemocracia representativa,onde os representantes cadavez mais se representam a simesmos, não contestando asubserviência face àComissão Europeia, pouco,muito pouco, espero dequem nos governa. n

Teófilo BragaProfessor, residente na Ilha de

São Miguel - Açores

O que esperar do Governo Socialista?

O que queremos de nós e do país?

Oque queremos de nóse do país é apergunta que temosque fazer. O quequeremos para o

nosso futuro e dos nossosfilhos? Temos que retomar asrédeas do nosso país e donosso futuro. Reconstruirmo-nos enquanto povo.Tornarmo-nos independentes omais possível,economicamente, dos outros épara mim fundamental. É

necessário reconstruirmos oque foi destruído pela UniãoEuropeia e deixarmos de serapenas um país de serviços.

A nossa autoestima, comopovo, também depende danossa capacidade deprovarmos aos outros e a nósque podemos ser e fazer aquiloa que nos dispusermos. Temosque ter a coragem deassumirmos uma identidadeprópria, na educação(sobretudo), na forma de estarcom os outros e deresolvermos os nossosproblemas. Que não têm nemdevem ser iguais aos outrosmas sim que tenham umcunho muito nosso.

Não podemos continuar a ser opovo que “não se governa enão se deixa governar”.Devemos aprender com oserros dos outros e partir para aconstrução de objetivosbaseados nas nossas melhorescapacidades, naquilo quetemos de melhor e dediferente, que pode fazer adiferença no mundo.

Dar aos jovens estruturas,apoio e esperança naconstrução do futuro, que édeles, e no qual devem serimplicados. Saber o quequerem, as suas expectativas einteresses, e partir daí parauma base educativa realista e

de futuro. Tem que se cortarcom metodologiasultrapassadas e desadequadas aum mundo que está emconstante mudança e queevolui de forma vertiginosa.

A educação é a base de umanação. Tracemos um projetode futuro e tentemos alcançá-lo. Procuremos as estratégiasadequadas e alcançaremos,com certeza, um futuro para asnossas crianças que as realizecomo seres humanos. Tudo oresto virá, em seguida,naturalmente! n

Paula Cristina SantosEducadora de infância, dirigente

do SPGL

tribuna

Tendo-se concluído oprocesso eleitoral coma vitória à primeiravolta do candidato dadireita, importa

reflectir no comportamentodas esquerdas que facilitoueste desfecho.A insistência em concorrer àseleições presidenciais comcandidato próprio, quer porparte do PCP, que por parte doBE, levaram a uma dispersãode votos que impediu apassagem à segunda volta docandidato de esquerda maisvotado, Sampaio da Nóvoa.Algumas leituras temos defazer no que respeita aoprocesso. O actual Presidente, durante oseu magistério, levou a umdesgaste da figura, do papel eda importância do Presidenteda República, que terminoucom o aparecimento de figuras“folclóricas” a concorrerem aolugar de mais alto magistradoda Nação.Na área do PS, surgiram cincocandidaturas.A situação criada só podiafacilitar a eleição do candidatoapoiado pela direita e que era,de longe, o mais conhecido e omais popular. Perante esta situação, odesfecho só podia ser o quefoi.Algumas surpresas porémtivémos na noite eleitoral,nomeadamente a votação emMarisa Matias que, para alémde fixar o número de eleitoresdo BE, ultrapassou largamentea votação em Maria de Beléme no candidato do PCP.Este facto deve levar ospartidos a reflectirem, larga ehonestamente. Sendo certo queera expectável que o eleitoradodo PCP se mantivesse,percebe-se que também aí há

mudanças. Relativamente àcandidatura de Maria deBelém, quer a própria, quer oPS, são responsáveis pelosresultados obtidos.É verdade que as eleições paraa Presidência da Repúblicasão, ou deviam ser,suprapartidárias; mas, como ospróprios candidatos e ospartidos se reclamam dasmesmas áreas políticas, échegada a hora de fazer estedebate.E, aqui chegados, temos aindaa abstenção.O descrédito e a falta deconfiança nas instituições, bemcomo o exercício do cargopelo atual Presidente, sãofactores incontornáveis destarealidade que, per si,beneficiou o Presidente eleito.

Papel das organizaçõesdos trabalhadoresConsidero que, na situaçãoactual, as organizações dostrabalhadores devem ter umpapel vigilante mas deresponsabilidade.Pode existir a tentação deconseguir na rua o que não foipossível obter nas urnas. Não devem, nem podem, asorganizações de trabalhadoresvir para a rua reivindicar efazer greves com o intuito depressionar o Governo a não seafastar das suas promessas edas medidas de esquerda, semterem claramente definido quea quebra de apoio ao Governopermitirá o avanço da direita.Estamos, pois, perante umequilíbrio difícil, que nosobriga a nós – militantes departidos de esquerda – a umavigilância e militância activa,diária, nos nossos locais detrabalho e na rua.Hoje, mais do que nunca,somos obreiros de Um TempoNovo e não podemos “terpausa nem descanso”. n

Maria Luísa Alves Patríciomilitante do PS

Balanço das eleições presidenciais Do pós-4 de Outubro à eleição de Marcelo

Oentendimentoacordado entre oPS, BE, PCP/PEVno pós-4 deOutubro, resultante

duma conjugação de diversasestratégias e factoresconjunturais, foihistoricamente importante,na medida em que travou emparte a política deausteridade no país. Porém,tal feito histórico não anulanem os diferenciadosobjetivos e programas entreos partidos subscritores doacordo, como tão poucoapaga as contradições defundo entre capital etrabalho.Se, por um lado, o BE e oPCP/PEV têm constituídosuportes – ainda que críticose construtivos – do novogoverno, o PS, porconstrangimentoseconómico-financeirosexternos e internos, vemcumprindo, ainda queretardando no tempo, aconcretização dalgumaspromessas (35 horas, 13%IVA na restauração).O PS, a par de medidaspositivas (por exemplo:abolição da PACC,revogação de exames da 4ª e6ª classes, adopção decrianças por casaishomossexuais), perdeu umaoportunidade de se mostrarintransigente na defesa dasoberania portuguesa,integrando o Banif na CaixaGeral de Depósitos, mesmosabendo que teria deenfrentar poderososinteresses de credores e suasregras na UE.Não obstante o compreen-sível gradualismo, oGoverno só reforçará a suacredibilidade se for de

encontro às expectativas demelhoria por parte dostrabalhadores do sectorpúblico e privado, dosreformados, dos jovens e doscidadãos em geral.Por sua vez, a tarefa centraldas organizações dostrabalhadores, associações,movimentos sociais e dospróprios partidos deesquerda consistirá emmobilizar-se pelocumprimento das promessasmas, atendendo ao terrenoainda frágil, não poderãonem deverão esticar a corda,pois romper o frágilequilíbrio teria elevadíssi-mos custos para ostrabalhadores.De resto, as instânciasrevanchistas e até dechantagem no pós-4 deOutubro têm sido, para alémdo PSD/CDS erepresentantes dasassociações patronais,instituições da Troika, asagências de rating – todasempenhadas em tornar difícila implementação de acordosprogressistas ou querevertam em favor dostrabalhadores e, em últimainstância, apostadas emvergar governos e paísesdependentes e (semi)periféricos num novo quadrode neocolonialismo internona Europa.A eleição de Marcelo paraPresidente da República,possível por algumaambiguidade do PS e nãodesmontagem da figura deMarcelo, mesmo quando nãorepresente nos próximostempos um factor de ameaçaao actual governo, pode – amédio prazo e em contextosde crise – representar umrisco, no sentido dedesestabilizar o acordo entrePS, BE e PCP/PEV. n

Manuel Carlos Silva

professor universitário e sindicalista

livreANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

Importantes passos positivos dados na Educação

tempos de “mudança estruturante”na escola Pública

Éinquestionável que,num espaço de tempotão curto – relembroque este Governotomou posse no final

de Novembro –, muitastenham sido as medidasaprovadas na Assembleia daRepública por esta novamaioria de esquerdaencabeçada por António Costae apoiada pelo PCP e peloBloco de Esquerda, querevelam uma clara rupturacom a política do anteriorGoverno e uma aproximaçãoàs exigências daqueles que oselegeram.Destaco a restituição doscortes dos salários dosfuncionários públicos e oregresso às 35h, assim comoas promessas da descida doIVA da restauração, arestituição dos feriadosnacionais, a adopção porcasais homossexuais e a lei doaborto, entre outras.

Relativamente à questão daEducação, que é aquela que –por razões profissionais –mais me toca de perto,congratulo-me pela extinçãodos exames do 4º e 6º anos epela sua substituição porprovas de aferição nos anosintermédios, assim como ofim da PACC (Prova deAvaliação de Conhecimentose Capacidades) a que osdocentes com menos de cincoanos de serviço estavamsujeitos.

No que diz respeito à situaçãodos professores contratados(na qual me encontro há 19anos), não posso deixar deelogiar o fim da BCE (Bolsade Contratação de Escola –sistema de colocação deprofessores utilizado nas

escolas existentes nosTerritórios Educativos deIntervenção Prioritária ou comAutonomia), sistema esse que,nos últimos anos, tem sidogerador de uma das maisprofundas situações deinjustiça visíveis pelaultrapassagem dos docentesmais graduados por colegascom menos anos deexperiência.

Parece que o actual ministroda Educação, Tiago BrandãoRodrigues, ouviu as críticas eos pedidos dos docentescontratados e decidiu acabar,de vez, com a famigeradaBCE e retomar o antigosistema de colocação dosdocentes através de umconcurso único (nacional) –baseado exclusivamente nagraduação profissional – comoacontecia antes da infeliz einesquecível passagem deNuno Crato pelo Ministério daEducação e Ciência.

Seria bom que, seguindo omesmo critério de justiça, oactual ministro se debruçassesobre a questão dos docentescontratados,ininterruptamente, há dezenasde anos, e agilizasse a suaentrada nos quadros,respeitando a directiva que aComissão Europeia impôs aoEstado Português, com oobjectivo de terminar com adiscriminação laboral de queesta classe tem sido alvo.

Nesse sentido, éimprescindível a revogaçãoimediata do sistema devinculação conhecido por“norma-travão” – que, àsemelhança da BCE, veiofomentar os atropeloscolocando nos quadroscolegas com menor graduaçãoprofissional, mas que,bafejados pela sorte,conseguiram que lhes fosserenovado o seu contratadodurante cinco anos e, desta

forma, passaram à frente decolegas com muito mais anosde serviço.

Nos últimos anos, as escolastêm visto o número deprofessores do quadro adiminuir, o quadro docenteestá cada vez maisenvelhecido, as aposentaçõestêm aumentado e as saídas nãotêm sido compensadas peloreduzido número deprofessores que entram nosquadros.

Apesar da nova equipaministerial ter revelado umaabertura ao diálogo e umasensibilidade relativamente acertas questões, muito háainda a fazer no sector daEducação em Portugal. Parabem de todos, de Portugal edo Ensino esperemos que asexpectativas depositadas nestanova maioria não saiamgoradas. n

Sílvia TimóteoDirigente do SPGL

Os docentes e as suasorganizaçõessindicais acolhem evalorizam comopositivas o conjunto

de medidas tomadas peloactual ministro da Educação.Trata-se, agora, de passar“às medidas de carácterestrutural”, como afirma aDirecção da FENPROF, parareconstruir aquilo que foidesmantelado pelo ministroNuno Crato, num programade subversão total das Leisde Bases do SistemaEducativo em que assenta aconstrução da Escola Públicade qualidade para todos.

Para iniciar o processo dereconstrução da EscolaPública portuguesa – aquelaque conseguiu um saltoinédito na formação dasgerações pós-25 de abril – aFENPROF adoptou um vastoprograma de iniciativas.

Assim, ao mesmo tempo quetem o seu dossiê de conjuntopara negociar com oMinistério da Educação,apresentou na Assembleia daRepública, em Dezembropassado, uma petição (com30 mil assinaturas) para quea idade da reforma seja com36 anos de serviço, tem emmãos a negociação da novaLei sobre a concretização doconcurso nacional para todasas escolas e uma campanhapara defender o primeirociclo do Ensino básico,aquele que mais ataquessofreu da parte do governoPSD/CDS, quer na vida dascrianças quer na dosdocentes e restantestrabalhadoresimprescindíveis ao seufuncionamento.

Para que estas reivindicaçõesdos docentes sejamconseguidas, é preciso queeles voltem a controlar osseus sindicatos, procurandopontes para a realização daunidade entre todos, ereatando com os momentosmais altos da suamobilização unida. n

Carmelinda Pereira

Plenário Nacional de Sindicatos da CGTP, realizado em Lisboa a 14 de Janeiro de 2016.

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Plenário Nacional de Sindicatos É tempo de acção para concretizar a mudança

Como militanteligada ao meusindicato (osindicato dosProfessores da

grande Lisboa – sPgL)procurei ouvir atentamenteo que se passou nesteplenário. este é um relatosintético do muito que foidito pelos diferentesquadros sindicais queintervieram, entre os maisde seiscentos presentes. acgtP é a maiororganização sindical dostrabalhadores portugueses.Por ela passa,inevitavelmente, o caminhoda luta de que dependem osdireitos sociais e laborais,bem como a vida de toda apopulação trabalhadora.sabemos bem que osdireitos – transformados emlei para todos os cidadãos –sempre dependeram da lutada classe trabalhadora,organizada com os seussindicatos, como o lembrouarménio carlos.

é esta compreensão que melevou a partilhar estainformação com os leitoresdo Militante Socialista.sobre ela cada um fará oseu juízo. trata-se dossindicatos que temos – quejamais poderão ser umpartido político – mas nosquais a intervenção de todosos militantes pode serpreciosa.

Carmelinda Pereirasindicalizada no SPGL

Lutar para concretizara mudança,podemos dizer quefoi o eixo orientadordo plenário nacional

da CGTP, realizado nopassado dia 14 de Janeiro,em Lisboa. Um eixoexplicitado nas suasintervenções, por ArménioCarlos, Coordenadornacional da CGTP. Logo naabertura do plenário,afirmou: “Estamossatisfeitos com o que sepassou (referindo a novacorrelação de forçasexistentes na Assembleia daRepública, produto da lutasem tréguas dostrabalhadores), mas o piorque nos poderia acontecerseria entrarmos numasituação de passividade”.Arménio Carlos lembrou que os agentes económicos – que perderam o poder naAssembleia da República eno Governo – vão bater-separa não perder tudo o queganharam com esseGoverno: por isso, omomento é de confronto.E, assim, quanto mais

depressa o Governoconcretizar as promessasassumidas e asreivindicações dostrabalhadores, maior será asatisfação e mobilizaçãodestes para enfraquecer cadavez mais o PSD e o CDS. “ACGTP tem uma atituderesponsável. Está disponívelpara negociar, mas é precisoum sinal”. Foi nesta linha deorientação que ArménioCarlos afirmou: “A CGTPapoiará todas asmobilizações pelasreivindicações e, ao mesmotempo, todas as medidaspositivas do Governo”.

Além de aspectosimportantes relativos aoCongresso da CGTP, arealizar nos dias 26 e 27 deFevereiro, em Almada, asintervenções debruçaram-sesobre as próximas eleiçõespresidenciais (mostrando aimportância para ostrabalhadores e para amaioria do povo da eleiçãode um candidato defensordas conquistas do 25 deAbril) e, também, sobre a

controversa concertaçãosocial.

reivindicações centraisonde foi colocada atónica

- Revogação das normasmais gravosas do Código doTrabalho, em particular arevogação da caducidade doscontratos coletivos detrabalho

- Rejeição absoluta dequalquer redução da TSU(Taxa Social Única), quer emrelação aos trabalhadores,quer em relação às entidadespatronais

- Aumento dos salários

- Reposição imediata dohorário das 35 horassemanais na Função Pública

- Reposição de todos os diasde férias, que o governoPSD/CDS cortou, além dosquatro feriados

- Negociação dos tempos detrabalho com as Direcçõessindicais. “Banco de horasnão entra no léxico daCGTP”.

excertos da resoluçãogeral aprovadas

Na Resolução geral, com otítulo «reivindicar paramelhorar as condições devida! Lutar paraconcretizar a mudançanecessária!», é afirmado:

“(…) A CGTP-IN valorizaum conjunto de medidasaprovadas pela maioria dedeputados na Assembleia daRepública, nomeadamente, areposição dos quatroferiados roubados, areversão da concessão dagestão a operadores

argumentaçãodesenvolvida porarménio carlos, apropósito do custoorçamental da reposiçãodo horário de 35 horas eda redução da tsu paraas entidades patronais

“izem-nos que não érealista a reposiçãoimediata do horário das

35 horas aos trabalhadoresda Função Pública, porquepesará no Orçamento doEstado mais 200 milhões deeuros.Mas, por que não se poderátocar nos lucros dasempresas estratégicas paraobter as receitas quedeixaram de pertencer aoEstado português por viadas privatizações?Só a EDP – entre 2009 e2014 – obteve 4,5 milmilhões de euros em lucros.”

Justo seria mexer nafactura da EDP

Por que não baixar o custoda factura da EDP, para asfamílias e para as empresas?Não será o valorelevadíssimo do preço daenergia um dos que maispesam nos custos deprodução?

Mexer nos lucros da EDP éconsiderado ilegal. Masmexer no dinheiro daSegurança Social, para“compensar” as entidadespatronais do aumento de 30euros no salário mínimonacional ou reduzir o saláriodos trabalhadores daFunção Pública (através do aumento dohorário de trabalho parapoupar 200 milhões deeuros) já será legal… Masnão é legítimo. n

ANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

da CGTP esperada !

privados das empresaspúblicas de transportes deLisboa e do Porto, aeliminação de algumas dasmais gravosas medidas naeducação, assim comosalienta a importância darápida aprovação de outrasmedidas, tais como aaplicação imediata das 35horas para todos ostrabalhadores daAdministração Pública e arestituição do complementode reforma aos aposentadosda Carris e do Metro.

Mas é necessário que oGoverno vá mais longe eenfrente os interessesinstalados e do grandecapital. A persistência naprivatização da CP Carga, asolução encontrada para oBANIF (que penalizadirectamente ostrabalhadores do Banco, osdemais trabalhadores e opovo, para salvar osaccionistas), a redução daTSU dos patrões a pretextodo aumento do SMN, a nãorevogação da caducidadedas convenções colectivas detrabalho e o despachoministerial que tentacoarctar o direitoconstitucional de greve naPetrogal, constituem, entreoutros, exemplos quejustificam uma redobradaacção dos trabalhadores, naexigência de respostapositiva aos problemas comque se confrontam e àsreivindicações queapresentam.

A mudança de políticaimplica uma respostaimediata a questõesconcretas que têm umarelação directa com o bem-estar, a qualidade de vidados trabalhadores e a coesãoeconómica e social em todo

o território nacional. Odesenvolvimento do país éindissociável da valorizaçãodo trabalho e dostrabalhadores. Neste sentido,a CGTP-IN dará o seu apoioa todas as medidas laboraise sociais que sejam positivaspara os trabalhadores e opaís e combaterá as quesejam negativas e lesivas dosdireitos dos assalariados ede cedência a interesses dosgrupos económicos efinanceiros.

A hora é de acção. Vamosesclarecer, mobilizar eapresentar reivindicaçõesconcretas que, respondendoaos inúmeros problemas quesubsistem, façam dostrabalhadores osprotagonistas do processoque concretize a mudançanecessária.”

alguns apontamentos de intervenções feitas noplenário

“Que ninguém se iluda coma ideia de que a concertaçãosocial nos vai dar algumacoisa. Ela é uma antecâmarapara dar força às posiçõesdas confederações patronais.Quem apresentou a propostada redução da TSU comocontrapartida para oaumento do salário mínimofoi a UGT. A CGTP está lápara ver e não para secomprometer.” – ArménioCarlos.

“A concertação social está avoltar em força pelas mãosda direita. Este tema deveser discutido no Congressoda CGTP. O que estamos afazer na concertação social?Como é que se passa para ostrabalhadores toda ainformação, incluindo asnegociações da concertaçãosocial?

A Assembleia da República éque é o centro do poder. Elavoltou a ter este papel. É otempo de lutar pela redução

do horário de trabalho nosector privado, nem que sejade forma gradual.

O aumento do saláriomínimo não pode sersuportado com dinheiro dostrabalhadores. Aquilo que oGoverno fez, reduzindo aTSU, é um sinalextremamente negativo.” –Francisco Alves, Dirigentedo SITE/CSRA (1) emembro do ConselhoNacional da CGTP.

“Pelos contratos colectivosde trabalho, pelo direito decidadania – é fácil dizê-loaqui nesta sala, mas épreciso defendê-lo lá fora. OPSD e o CDS têm o seucandidato às Presidenciais.Mas nós somos muito maisdo que eles. Temos que falarcom todos os trabalhadores,nos nossos locais detrabalho. Nem um podemosdeixar de fora, poisprecisamos de um candidatoque defenda os direitos deAbril.” – Trabalhador daRegião Autónoma daMadeira.

“ Queremos as trinta e cincohoras porque elas sãonossas. Se não nos foremrestituídas, temos que fecharos serviços – não há outraforma. Somos muitos osassistentes operacionais –nas escolas, nos hospitais,nos centros de saúde – quevemos o nosso salário aatingir, agora, o valor dos530 euros. Não foram só ostrabalhadores do sectorprivado que beneficiaram doaumento do salário mínimo.Temos que estar todosjuntos, pois só unidosconseguiremos ganhar.” –Trabalhadora da FunçãoPública. n

(1) Sindicato dos Trabalhadoresdas Indústrias Transformadoras,Energia e Actividades doAmbiente, Centro Sul e RegiõesAutónomas.

para ir trabalhar na Suécia –vai ter controlos a partir deagora. Trata-se de um assuntoimportante, porque «a pontedo Oresund se tornou, desdea sua abertura no ano 2000,o símbolo de um mercado detrabalho sem fronteiras» (LeMonde,6 de Janeiro de 2016).Nesse mesmo dia, oPrimeiro-ministrodinamarquês anuncioucontrolos aleatórios nafronteira com a Alemanha,declarando: «É evidente quese a UE não puder protegeras suas fronteiras externas,teremos cada vez mais paísesa serem obrigados aintroduzir controlo nasfronteiras interiores.»

actualidade internacional >>>

A questão dos refugiados continua

O desmembramento da União Europeia acentua-se,com os novos encerramentos de fronteiras

Os primeiros dias deJaneiro revelaramum importanteaprofundar da crisede desmembramento

da União Europeia (UE). É certo que a lista deconclusões da Cimeira da UEdo final de Dezembro tinhaconseguido ser adoptada porunanimidade… Mas, logo a 4de Janeiro, foi noticiado que aSuécia tinha acabado deestabelecer controlos nosacessos à Dinamarca.A ponte do Oresund – queliga Malmöe a Copenhaga eque constitui a porta deentrada principal para osmigrantes, mas também paramilhares de Dinamarquesesque a cruzam todos os dias

não é possível compreender a chamada “crise dos refugiados” sem partir do seu enquadramento económico e social, à escala mundial. transcrevemosdois artigos do semanário do Poi, nº 384, de 13 de Janeiro, que nos esclarecem sobre as verdadeiras causas desta catástrofe mundial.

o pano de fundo da crise económica

“Nunca estivemos tãoperto de uma criseequivalente à de 2008.Tendo como fundo oafundamento da

economia chinesa, todos ospaíses emergentes estãoameaçados, ao mesmo tempoque uma crise deflacionistacontinua uma possibilidadena Europa, as matérias-primas e o petróleo seafundam, e se acumulaminquietantes bolhasfinanceiras» – explica umeconomista citado pelarevista francesa Le Point, a 7de Janeiro.Peritos e outros especialistas

lançam-se em grandesanálises sobre asconsequências doabrandamento chinês, sobre aactividade económica dosEUA e da Alemanha –primeiro parceiro comercialda China na Europa. Tambémse debruçam sobre a queda dacotação do petróleo e as suasconsequências sobre os paísesque o produzem e sobre aeconomia mundial.Cada um destes peritosrivaliza nos prognósticoseconómicos. Como se sepudesse analisar a economiamundial tomando apenas emconta parâmetroseconómicos, como se asituação de desarticulação daeconomia mundial não

estivesse relacionada com acrise das grandes potências ea guerra generalizada. Há um elemento que foiquase escondido, mas que édeterminante: a decisão –tomada pela Administraçãodos EUA, no final do Verão –de autorizar, sob certascondições, a exportação depetróleo produzido no país.Depois da crise petrolífera de1973 – por razões de defesa ede segurança nacionais – osEUA proibiramcompletamente a exportaçãode petróleo americano. Desdehá mais de um ano que ascompanhias petrolíferasvinham a exercer pressãosobre a Administração paraque ela tornasse flexível essa

proibição.Com o aumento em flecha daextracção de gás de xisto, aprodução de petróleo dosEUA subiu, no ano passadopara 7,5 milhões de barris pordia, quando era apenas de 3milhões em 1973.Trata-se, portanto, de umadecisão histórica, comrepercussões mundiais, a queObama acabou de tomar. São estas as características dasituação política e económicamundial, dominada peloimperialismo dos EUA emcrise, o qual – para sedefender – propaga a crise àescala mundial. n

Marguerite Leuwen

ANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

na ordem do diaO efeito-dominó ameaça todaa União Europeia. OMinistro-presidente doSchleswig-Holstein – a regiãoda Alemanha fronteiriça coma Dinamarca, passou-se: «Istopode afectar a boacoabitação na região ecomplicar a vida dostrabalhadores fronteiriços.»Mais geralmente, é a própriaexistência do EspaçoSchengen (ver caixa) que estáameaçada, como o indicou, a10 de Janeiro, um porta-vozdo Ministro dos NegóciosEstrangeiros alemão, aodeclarar: «Schengen é muitoimportante, mas está emrisco.»Face a este «risco», aComissão Europeia reuniucom urgência, representantesdos governos dinamarquês,sueco e alemão para tentarcolmatar as brechas. À saídadessa reunião, o Comissárioeuropeu para as Migrações,Dimitris Avramopoulos,tentou tranquilizar as hostesao afirmar: «Estamos todosde acordo em preservarSchengen, sendo necessáriovoltar à situação anterior omais depressa possível.» Noentanto, a reunião não decidiunada sobre a reabertura dafronteira e o Secretário deEstado alemão, Ole Schröder,resumiu assim o sentimentogeral: «Nós não temos umsistema funcional devigilância das fronteirasexternas da União,especialmente entre a Gréciae a Turquia, e a relocalizaçãodos refugiados na União nãofunciona.» É dizer pouco,uma vez que o balanço actualdo chamado sistema de“relocalização” de 160 milrefugiados na União –decidido no Outono por umaCimeira europeia – conseguiucontabilizar 272 migrantesparticipantes neste programa:272 em 160 mil, e não falam

dos milhões de refugiadosnão abrangidos por esteprograma!E a este desmembramentojunta-se, agora, umaverdadeira crise política aseguir ao “caso” da Gare deColónia – onde, na noite dapassagem de Ano, centenasde mulheres foram agredidas.O Presidente da CDU (opartido de Angela Merkel, nopoder) de Hesse declarou:«Colónia mudou tudo, aspessoas começam a duvidar.»Pelo seu lado, o Presidente daComissão dos AssuntosEuropeus no Bundestag(Parlamento alemão)afirmou: «Com Colóniamudou a qualidade do debatepolítico sobre os refugiados».E o jornal Der Spiegel, degrande tiragem, resumia a 9de Janeiro: «Colónia é oinício do fim do politicamentecorrecto.» Portanto, a criseatinge agora a Alemanha, aqual – através da chancelerAngela Merkel – pressionouaté aqui os outros Estadoseuropeus para acolher osrefugiados. Em toda a União Europeia,todos os governos se“queixam” do afluxo derefugiados… enquanto osbombardeamentos na Síriacontinuam, criando cada vezmais refugiados!Com a mão esquerda,Hollande e os outrosgovernantes europeus fechamas fronteiras, ou pelo menosrestabelecem o controlo deentradas; e, com a mãodireita, Hollande intensificaos bombardeamentos.Este impasse só acentuaainda mais odesmembramento da UniãoEuropeia e continua a revelara impotência da ComissãoEuropeia, que está como quesuspensa no ar. n

Daniel Shapira

OEspaço Schengenorganiza a livrecirculação dos

trabalhadores no interior dospaíses signatários (26Estados europeus, sendo 4 deentre eles não-membros daUnião Europeia, na qualalguns Estados nãoratificaram esse Espaço).Trata-se de um dispositivoessencial da União Europeiapara fomentar uniformizaçãodos mercados de trabalho, ouseja, o seu nivelamento porbaixo no interior da UE. OAcordo de Schengen e a suaConvenção foram assinados

Ageneralidade dapopulação francesadeseja o fim do

pesadelo e da angústiaprovocados pelos atentadosde Paris de 13 de Novembrode 2015, mas ela é lúcida: ascausas desses continuam aexistir. A começar pelapolítica externa guerreira daPresidência da República, àqual todos os partidos sesubmetem.Esta angústia generalizadacontrasta com a arrogância do

O Espaço Schengenem Schengen, noLuxemburgo, em 1985 e1990, respectivamente.Foi o Tratado de Amsterdão,de 1997, queinstitucionalizou os Acordosde Schengen. O Tratado deLisboa, de 2007,acrescentou-lhe o objectivode ser um «espaço deliberdade, de segurança e dejustiça», isto é, umacooperação policial ejudiciária reforçada ao níveleuropeu. É este pilar da UE que estáhoje desmembrado e à beirade explodir. n

“É a própria existência do EspaçoSchengen que está ameaçada”um porta-voz do ministro alemão dos negócios estrangeiros

As causas da vinda em massa de refugiadoscontinuam a existir

Governo, ordenando ao povo,pela boca de Cambadélis –actual Primeiro-secretário doPS – que se prepare para“anos de sangue”, porque,afirma Valls – o Primeiro-ministro, inebriado pelaunanimidade no Parlamento –“a guerra será longa, apenasestamos no seu início”.Notemos que, já em 2013,68% dos Francesescondenavam osbombardeamentos no Médio-Oriente. n

Trata-se de um nível histórico. Segundo as

estimativas publicadas pelo Banco Mundial, a 18

de Dezembro, o número de migrantes deverá

ascender a 250 milhões neste ano, em todo o

mundo, com um crescimento enorme de

refugiados na Europa.

actualidade internacional >>>

Espanha Argélia Alerta MáximoO julgamento dossindicalistas da Airbus,num quadro de crisepolíticapor Pablo Garcia Cano

a 9, 10 e 11 de Fevereiroestá anunciado o julgamentodos 8 camaradassindicalistas da airbus emespanha, por terem feito eapelado à greve. esteprocesso judicial chama aatenção de todo omovimento operário, e ascofederações sindicais emespanha pronunciaram-sepela sua absolvição. esteprocesso, se for levado pordiante, vai ter lugar numasituação de extrema crisepolítica (ver pg 17).

Com efeito, as últimaseleições legislativaslevaram a umafragmentação políticana qual nenhuma

força é maioritária. O rei, emconjunto com todas as forçaspolíticas, procura encontraruma solução, temendo umasituação de vazio político.Embora as novas Cortes(Câmara dos deputados) e oSenado tenham capacidadepara adoptar leis e tomarmedidas, o governo de Rajoycontinua em funções.Por outro lado, váriosagrupamentos tomaram ainiciativa de se dirigir aosGrupos parlamentares paraque eles ajam. E, a 19 deJaneiro, realizou-se ummeeting em Madrid,convocada pelas CCOO e aUGT, pela absolvição doscamaradas da Airbus.A 5 de Fevereiro, terá lugaroutro meeting no mesmosentido (ver cartaz), cujo

Apelo diz:«A 20 de Novembro, foiconstituída, no Centro deAdvogados de Atocha deMadrid, uma Comissãointernacional de defesa desses300 sindicalistas e pelarevogação do artigo 315.3 doCódigo Penal. Na Assembleiada sua constituição foi dadaconta da campanha que está aser desenvolvida porinstâncias políticas e sindicaisem 15 países.Estes camaradas dirigiram-seàs embaixadas espanholas nosrespectivos países, exigindo aanulação dos processos contraesses trabalhadores e aretirada do artigo em questãodo Código Penal.Entre as intervenções feitasnessa Assembleia, destacamosa do camarada Alcazar (umdos 8 inculpados da Airbus) ea do camarada Ruben da UGT(também inculpado). Uma dasnossas decisões foi prepararum meeting internacional emMadrid, imediatamente antesdo julgamento dos 8 da Airbus(previsto de 9 a 11 deFevereiro, no Tribunal deGetafe).Este meeting terá lugar a 5 deFevereiro, às 18h, no salão doCentro Dotacional Integral deArganzuela (Calle Canarias,em Madrid).» n

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reproduzimos passagens deuma conferência de imprensade Louisa Hanounesecretária-geral do Partidodos trabalhadores (Pt) daargélia – relatada pelo jornalargelino El Watan, de 17 deJaneiro de 2016 – queconsiderou estar o país “numasituação financeirainsustentável”.

“A partir de agora, todosos sábados, o partido vaiorganizar um meetingnuma zona do país”,indicou Louisa Hanoune,

que considera que “a Argéliaestá em estado de alertamáximo” e que “o país vaiatravessar uma zona deturbulência muito forte”. Eisto porque, a Lei de finanças(LF - Orçamento do Estado)para 2016 empurra o país“para um ponto de ruptura”,quando a situação já éinsustentável.“Mesmo o Egipto e a Tunísia,antes da queda dos presidentesMoubarak e Ben Ali, nãoatingiram um tal limiar”,afirmou a líder do PT,sublinhando que para sair dacrise é preciso tomar outrasmedidas, como a ruptura doAcordo de Associaçãoassinado com a UniãoEuropeia que “com o qual aArgélia paga mais do queganha”, tal como a cobrançade um imposto sobre asfortunas dos 5 mil“multimilionários” e arecuperação dos 90 milmilhões de dinares (cerca de135M€) de créditos detidospelos“amigos e os espertos”.Tanto mais que a LF não é umtexto sagrado e pode ser

modificado por uma LFcomplementar.Durante a sua intervenção,Louisa Hanoune censurou denovo o Presidente do Fórumdas Empresas, Ali Haddad, nomomento em que este solicitou180 mil milhões de dinares aoBanco Nacional da Argélia,dando como garantia os seus830 mercados públicos.“Porque é que não deu comogarantia como o seu hotel emEspanha e os seus inúmerosbens no estrangeiro?”,perguntou a líder do PT. “Istopassa-se no momento em queuma violenta crise financeira,económica e social ameaça aestabilidade do país. Vamo-nos calar perante estasderrapagens e pilhagens?”,questionou.“Reserva-se a austeridadepara a maioria do povo, edão-se mais presentes àminoria”, considerou LouisaHanoune, que advertiu“contra o perigo desomalização” que paira sobreo país.Além disso, no seu discursoela voltou a abordar a revisãoda Constituição, dizendo que odecorrer ao ConselhoConstitucional (o equivalentedo Tribunal Constitucional, emPortugal) não faz “nenhumsentido”, porque ocomunicado do Conselho deMinistros precisou que esteprojecto de revisão passarápelo Parlamento.Uma decisão que coloca opovo perante um factoconsumado e que é contráriaàs promessas do presidenteBouteflika, que tinhaassegurado, em 2011, querecorreria ao povo paraadoptar a revisão daConstituição.“Quem tem medo do povo,para não lhe permitir que dê asua opinião?”, indignou-seLouisa Hanoune, que nãoexclui uma rejeição da lei pelapopulação e as consequênciasdaí decorrentes. n

ANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

Estado espanholO que está em jogo na crise em que o país está mergulhadoPublicamos abaixo umdocumento de InformaciónObrera, jornal de militantes etrabalhadores que combatemem Espanha para a aliança dostrabalhadores e dos povospara acabar com a Monarquiae abrir caminho à União livredas repúblicas soberanas.

não há saída semromper com rajoy

Para qualquertrabalhador dequalquer dos povosde Espanha, paraqualquer simples

cidadão, a situação parecesem saída.Com efeito, à última hora,depois de três meses de“negociações”, a CUP(Candidatura de UnidadePopular) da Catalunha,fazendo hara-kiri, decidiuviabilizar a investidura dosucessor de Artur Mas,Carles Puigdemont, alcaidede Gerona. Puigdemontanuncia a intenção de“desligar” a Catalunha, em18 meses, mas através de umpacto com o Estado e acomunidade internacional.Ora, ninguém consegueocultar que esta manobraprocura impedir uma derrotados independentistas e dosunionistas numas eleiçõesantecipadas, os quais estãofragilizados pelos resultadosde 20 de Dezembro (últimaseleições gerais em Espanha).Contudo, o presidente deCatalunya Sí Que Es Pot(Sim, é possível!), Rabell,afirma com razão que estadeclaração de investidura éuma fanfarronice e que nãose resolve com uma

combinação parlamentar oque as urnas não indicaram(recordemos que menos de48% votaram pelaindependência).Rajoy, desacreditado naseleições, agarra-se àdeclaração de Puigdemontpara exigir o apoio do PSOEe de todas as organizações einstituições. E proclama: “O Estado está mais forteque antes”. Vão aumentar aspressões do capitalfinanceiro para que haja umgoverno de União Nacional.É o que pedem os mercados,o que sem vergonhaexige Dijselbloem,o presidente doEurogrupo:“Espanha tem quefazer mais [cortes]:o problema é,sobretudo, queGoverno o irá fazere quando”.Contudo, a direitanão pode oferecernenhum plano paraaglutinar a reacção.Espera que o Estadode direito (asinstituiçõesfranquistas com orei à cabeça) resolvao problema. Só pormagia! AMonarquia e oaparelho de Estadodecomposto são o primeiroobstáculo.Este impasse das instituiçõesdo regime monárquico estácheio de ameaças para ostrabalhadores e os povos, aviver numa situaçãoinsustentável. O novopresidente catalão jáameaçou retirar dinheiro doscofres da Segurança Social,que Rajoy entretanto tinhadesfalcado. Todas asinstituições, incluindo aspequenas autarquias,

continuam a pagarreligiosamente aos bancosuma dívida insuportável enenhuma tem meios paraassumir qualquer protecçãosocial ou serviço público.A última coisa de que ostrabalhadores e os povosnecessitam é uma escaladainterminável de provocaçõespara os pôr em confronto,como pretende Rajoy. A Direcção do PSOE estánuma encruzilhada: cerrafileiras com Rajoy contra aCatalunha, mas não apoia ainvestidura de Rajoy. Fala,

por um lado, de“negociação”com aCatalunha e, poroutro, apoia asmedidasrepressivas. Dizestar à procurade apoios paraum Governo de“mudança”, aomesmo tempoque nega aopovo catalão odireito a decidir.A maioria dopovo tem direitoa reclamar aoPartidoSocialista – etambém aPodemos e àsoutras forças

eleitas a 20 de Dezembropara correr com Rajoy – queabram uma saída baseadaem: - anular as medidas anti-sociais e antidemocráticas dogoverno de Rajoy;- garantir as reivindicaçõesmais urgentes;- dar uma respostademocrática à exigência dopovo catalão (reafirmada a20 de Dezembro) de exercero direito à autodeterminação,e assim garantir a

convivência fraterna entre ospovos, sem imposições porparte do regime monárquico.O povo catalão deve poderdecidir se quer federar-se,unir-se ou separar-se. Os trabalhadores e os outrospovos não têm nenhuminteresse em opor-se à suavontade; pelo contrário,todos necessitam derecuperar a soberania,sequestrada pelos bancos e aNATO. O interesse dostrabalhadores de todo o paíse das suas organizações éque este direito possa serexercido, por exemplomediante um referendo. Estaé a única base para manter aunidade da classe operária ea luta para recuperar osdireitos perdidos, acabarcom os cortes, com as leisliberticidas e as perseguiçõesaos sindicalistas.De facto, o Governo e asinstituições levaram-nos aum verdadeiro beco semsaída.Mas, há uma saída separtirmos dos interesses damaioria social, dostrabalhadores e dos povos. ointeresse comum éencontrar uma saídademocrática. Forjar aaliança entre ostrabalhadores e os povos, amais ampla frente deorganizações operárias edemocráticas, para acabarcom o governo de rajoy edo PP. E, com este primeiropasso, abrir um processoconstituinte que varra aherança franquista e as suasinstituições (a começar pelaMonarquia), que reverta oscortes, as contrarreformassociais e políticas, ereconheça o exercício real dodireito à autodeterminação,única via para restabelecer afraternidade entre os povos.n

“Abrir umprocessoconstituinteque varra a herançafranquista eas suasinstituições,a começarpelaMonarquia”

flashes internacionais>>>

Brasil China

Coreia do Sul

Os trabalhadoresinterrogam-se sobreo significado dasaída de Levy, apóso seu substituto,

Barbosa, ter entrado emfunções com um discurso afavor do “ajustamentofiscal”. Porum lado, éclaro que foi arua – amobilizaçãodas massas,com as suasorganizações,contra oajustamentoque Levysimbolizava –que impôs asua saída.Mas, poroutro lado, ogoverno deDilma nãomodificou a sua política de concessõesao imperialismo.(…) Levy postode parte, aquestão central éagora “abaixo oajustamentofiscal”, além darecusa daanunciada reforma daSegurança Social, e daexigência de mudançaconcreta de políticaeconómica – nomeadamente,da baixa das taxas de juro,do fim do excedente (1) e dacentralização dos câmbios.A CUT discute com outrasorganizações sobre uma“marcha a Brasília”, emMarço, onde estas questõesseriam colocadas. (…)Apesar de ter sido umperíodo de festas (Natal e Ano Novo), houvemobilizações operárias: a

luta contra os despedimentosou contra o fecho de fábricasda Siderurgia (Cubatão eVolta Redonda), assim comonovas ameaças dasconstrutoras de automóveisque não ficaram satisfeitascom o “Plano Para oEmprego” (PPE), um

mecanismo dedesregulamentaçãocom o pretexto deser uma ajuda aoemprego.A Volkswagen, porexemplo – que é asegunda fabricantede automóveis aimplementar oPPE – anuncia quevai colocar maisde 1200trabalhadores em“desempregotécnico”,prenunciandonovosdespedimentos.Diversos sectoresda Função Pública,dos três níveis (2),estão a serparticularmenteatingidos peloatraso nopagamento dossalários (ou pelo

seu pagamento parcelar) e oscortes orçamentais,provocados pelo ajustamentofiscal. n

(1) O excedente (ou saldo) primárioé o resultado das contas públicasexcluindo o pagamento de juros.Normalmente, os governos usam umprocesso de contenção das despesas,de forma a obter um saldo positivo(também designado por superavit).

(2) A Função Pública no Brasil estárepartida por 3 níveis: o federal(conjunto dos Estados), o estatal e oautárquico.

Na Província deGuangzhou, no sulda China (ondeexistem fábricas queexportam para todo

o mundo e são responsáveispor 30 a 40% do PIB daChina), foram presos – a 3 e 5 de Dezembro de 2015 – militantes defensores dosseus colegas trabalhadores, osquais até agora continuam sobprisão.O mais conhecido de entreeles é Zeng Feiyang,responsável do PanyuMigrant Workers Centre dacidade de Guangdong.Segundo o seu advogado, eleé acusado de ter «perturbado

a ordem social». Os jornaisestatais acusam os setemilitantes presos de terem«incitado os trabalhadores afazer greve», de «aceitaremdinheiro do estrangeiro» e,portanto, de «perturbarem aordem social».Isto deve ser correlacionadocom o facto de que, no anopassado (2015) – segundo osdados divulgados pelo ChinaLabour Bulletin – o númerode greves foi de 2 774, odobro das que tiveram lugarem 2014.É esta subida do número degreves que leva o regimechinês a reprimir os militantesque ajudam os trabalhadores aorganizarem-se. n

Após a demissão de Levy: e agora?

Libertação imediata dos militantes presos!

Repressão e Código doTrabalho

“O governo de

Dilma não

modificou a sua

política de

concessões ao

imperialismo!” No início de Janeiro,Han Sang-gyun, oSecretário-geral daConfederação dosSindicatos da

Coreia (KoreanConfederation of TradeUnions – KCTU), foi preso eacusado de “insurreição”. Oseu verdadeiro crime foi aKCTU ter ajudado, de formaapreciável, à mobilizaçãodos trabalhadores contra areforma do Código doTrabalho. Mas, a obstinaçãodo Governo em querer forçara passagem desta reformafez com que as outrasConfederações sindicais –que tinham aceite participarnas negociações trilaterais(com o Governo e o

Patronato) sobre a reforma –acabam de anunciar que serecusam a participar napróxima reunião.Responsáveis deConfederações que, até aqui,tinham aceite este quadro denegociação, como é o casoda Federação dos SindicatosCoreanos (Federation ofKorean Trade Unions –FKTU), anunciaram anulidade das negociaçõesque tinham tido lugar.Estas tomadas de posiçãosão um testemunho darejeição massiva dostrabalhadores em relação aesta reforma do Código doTrabalho, que conduziria auma desregulamentaçãogeneralizada. n

ANO XVII ( II Série ) nº 119 de 5 de Fevereiro de 2016 Publicação do

Como foi explicado nasedições anteriores do MS, asguerras não sãoacontecimentos excepcionaisno capitalismo; pelocontrário, fazem partenecessariamente da suaprópria natureza. E de umaforma cada vez mais aguda.

Por isso mesmo, após aSegunda GuerraMundial passarampoucos meses até aodesencadear de novas

guerras, como as da Indochina,Palestina, Coreia, etc. E temhavido inúmeras conflagraçõesaté agora, inclusive na própriaEuropa (guerras contra aJugoslávia ou a Ucrânia). Háum denominador comum emtodas: a sua motivaçãoeconómica, só compreensívelà luz das exigências daexploração e da competiçãopelos mercados que regem aacumulação capitalista,particularmente destrutivadesde o arranque do seuestádio imperialista no iníciodo século XX.No quadro da fuga para afrente do capitalismocaracterística deste estádio,que expressa contradiçõescada vez mais agudas, aconcorrência entre osprincipais capitais financeirosdo mundo – protegidos pelasrespectivas potênciasimperialistas – conduzinevitavelmente a conflitos, emostra a impossibilidade dequalquer ilusão de umcapitalismo mais ou menospacífico.

Neste contexto, o estalar dacrise mundial, no início dadécada de 1970, revela ocarácter fictício da alegada“idade dourada” docapitalismo após 1945.A herança que o imperialismodos EUA recebeu (entronizadocomo dominante) é caracteri-zada, acima de tudo, pela suainstabilidade, o que émostrado, de forma clara, por– desde essa crise – não terhavido nenhum períodomerecedor de ser qualificadocomo expansivo: de facto, adestruição de forças produtivasé cada vez mais sistemática.Destruição verificada, emprimeiro lugar e sobretudo, nadesvalorização da principalcomponente dessas forçasprodutivas – a força detrabalho (sendo este e nãooutro o conteúdo das políticasde ajustamento permanente doFMI e das instituições ao seuserviço, como é o caso da UE).Actualmente, os gastos emarmamento estão estimados naordem dos biliões (ou seja,milhões de milhões) dedólares, mais de 2% do PIBmundial (cerca de 80 biliõesde dólares). Este dado ilustra,com clareza, o negócioassociado à economia dearmamento. Como explicavaRosa Luxemburgo, no seulivro “A acumulação docapital”, de 1913: “Omilitarismo é também para ocapital, no âmbito puramenteeconómico, um meio deprimeira ordem para a realiza-ção de mais-valia, ou seja umaárea de acumulação (...) que assegura, à custa dascondições normais de vida dostrabalhadores, tanto o sustentodo órgão de dominaçãocapitalista – o Exército perma-nente – como a criação de ummagnífico campo de acumu-lação para o capital (...)”. Mas acrescentava também que

“ao chegar a certo ponto, ascondições de acumulaçãotransformam-se, para ocapital, em condições da suaruína”. Porque o capital nãotem, nem poderá ter, um“plano b”. Mas também não há substitutopara os EUA na sua condiçãode potência dominante, pormais que se tenham propostomuitos pretensos candidatos –em particular a Chinaultimamente, hipótese que jácomeça a esvaziar-se perante asua debilidade associada aolugar subordinado que ocupana economia mundial. Talcomo também acontece, demaneira particular, com aEuropa – e nomeadamentecom a Alemanha – cujasubordinação é expressa emespecial na actuação da Troika,que constitui um cavalo deTróia dos EUA para a tutela dasua política económica, atravésdo FMI. A proporção nosgastos mundiais emarmamento é muito eloquente:a parte dos EUA ascende a35% ou 41%, segundo asfontes (SIPRI e IISS,respectivamente), enquanto ada China – apesar da suapopulação que é mais doquádruplo da dos EUA –apenas representa 12%, e a daAlemanha menos de 3%.Contudo, não se trata somenteda guerra na sua forma bélica

clássica; trata-se também daguerra que, à escala mundial,o capital financeiro – dirigidopelo dos EUA – empreendecontra a classe trabalhadora.E que se expressa nas jámensionadas políticas deajustamento permanente e, emparticular, no combate contraqualquer governo que pretendagarantir, em alguma medida,as condições de vida dapopulação. Revela-se, assim,a impossibilidade de qualquerperspectiva de “capitalismobom”, comprovada peladramática situação –observada todos os dias naEuropa – dos refugiados,provocados pela guerra naSíria e noutros países dessazona, cujo direito de asilo éatacado, mostrando novamenteo carácter da UE.Voltemos a Rosa Luxemburgo:“A guerra constitui o factorimprescindível do desenvol-vimento capitalista (...). Do ponto de vista da classecapitalista (...) o militarismotornou-se imprescindível (...).O impulso do desenvolvimentocapitalista converteu omilitarismo, também, emdoença capitalista”. Aconclusão, para ostrabalhadores é inequívoca:devemos rejeitar firmementenão só a guerra, mas tambémqualquer colaboração com osseus causadores. n

Exploração, imperialismo e guerra por Xabier Arrizabalo (Terceira e última parte)

Manifestação recente contra a guerra, em Madrid, frente ao Ministério dos Negócios

Estrangeiros do Estado espanhol.

actualidade internacional

Na segunda páginadeste MS foi feitauma resenha dasreacções dosprincipais “actores”

políticos e órgãos daComunicação Social emrelação à proposta“preliminar” de Orçamento doEstado para 2016, elaboradapelo Governo e enviada paraBruxelas, “solicitando” àComissão Europeia (CE) o seuparecer “prévio” sobre essaproposta (1).

A 26 de Janeiro, foidivulgada a resposta oficialda Comissão Europeia – a“guardiã dos Tratados daUnião Europeia” – numaCarta assinada pelo seu Vice-presidente, ValdisDombrovskis, e pelo seuComissário para os AssuntosEconómicos, PierreMoscovici. Nessa Carta erafeito um ultimato aoGoverno português, dando-lhe um prazo de 3 dias (!)para satisfazer as suasexigências (2).

Note-se que esta Carta foienviada exactamente no diaem que representantes daTroika (composta pelo FMI,CE e Banco CentralEuropeu), que se dizia teremsaído em Maio de 2014 pela“porta do fundo”… voltavama entrar em Lisboa pela“porta grande”, com oobjectivo de efectuarem ochamado “controlo técnico”das Contas do Estadoportuguês!

De facto, trata-se de umaverdadeira chantagem que aComissão Europeia está afazer ao povo português,usando como pretexto aproposta de Orçamento doEstado que lhe foi apresen-tada pelo governo do PS.

Com o título “Costa sobfogo: Bruxelas pressionamas esquerda garante que

não cede”, o DN de 29 deJaneiro resume assim oposicionamento dos partidosque apoiam o Governo: «BEdiz que primeiro-ministrotem a oportunidade demostrar que não é Passos,PCP acusa ComissãoEuropeia de “abertaingerência” na políticanacional», acrescentando«Chefe do governo recusater preocupações de maior(perante a Carta recebida deBruxelas)».

E detalha: «CatarinaMartins, em entrevista à SIC,a 27 de Janeiro, sublinhouque “temos de ver qual é operigo de não se fazer frentea Bruxelas” e que “o medo ésempre o pior conselheiro” –a propósito de um eventualchumbo das instituiçõescomunitárias ao OE – e foiassertiva no recado aoexecutivo PS: “O OEtambém é o momento deAntónio Costa mostrar que édiferente ser ele o primeiro-ministro e não ser maisPedro Passos Coelho”. Paraa porta-voz dos bloquistas, é

Carta-ultimato da Comissão Europeia ao governo do PS“determinantesaber” se o OE serácapaz de “geraremprego”,condição sine quanon para que a suabancada viabilize odocumento. (…)Do lado bloquista,existe umaprofundaconvicção: asmatérias de acordoterão de estarvertidas no OE.Caso contrário,nada feito.

Em Lisboa, o PCPnão quis falar sobreo assunto, mas asua eurodeputadaInês Zuber subiu otom e acusou a CEde fazer uma

“aberta ingerência e umainaceitável pressão” que visadistorcer o diálogo àesquerda. Zuber enviouquestões sobre os compro-missos pedidos por Bruxelasao Governo e, citada peloObservador, perguntou sealgum desses compro-missospõe em causa “medidas dejustiça social, recuperaçãode direitos e rendi-mentos”acordados com BE e PCP.

Também o Governo garanteque o agravamento daausteridade, com o intuito dereduzir o défice estrutural aoritmo a que a Europapretende, é um cenário quenão se coloca. (…) “Aposição do governo é clara:de virar a página daausteridade, respeitando asregras europeias e o quadroorçamental.”

(…) Discurso duro comBruxelas teve o deputadoPorfírio Silva, que é tambémmembro do SecretariadoNacional do PS. “Não valeevitar as palavras: éperfeitamente possível queBruxelas esteja a tentar

tramar o governo português.Vamos ver como prossegue ojogo, mas não é de agoraque o barrosismosobrevivente na ComissãoEuropeia é um derivado doPPE, o partido da direitaeuropeia que luta pelahegemonia absoluta na UE.Estejamos atentos.”,escreveu no Facebook.»(DN, 29/1/2016)

Assim, a Comissão Europeiajá iniciou as hostilidadescontra as medidas, ainda quetímidas e insuficientes,anunciadas no projecto deOrçamento do Estado peloactual Governo – reposiçãodos cortes e alteração doregime de propriedade dealgumas empresas do setorpúblico (águas, transportes,…). No plano externo, jálançou as suas “tropas dechoque” (os grandes bancos,as agências de “rating”,…) e,internamente, usa os seuspartidos (PSD, CDS), os“comentadores de serviço” ea Unidade Técnica de ApoioOrçamental (UTAO)… todos“demonstrando” aimpossibilidade de seremaplicadas tais medidas.

é necessária umaresposta unida dos trabalhadores comas suas organizações para derrotar estachantagem! n

Joaquim Pagarete

(1) Esta é uma obrigação impostapelo chamado Tratado Orçamentalda União Europeia.

(2) A principal exigência da CE é,segundo o DN de 31/2016, o “factodo défice estrutural só descer 0,2%,quando o recomendado no ConselhoEuropeu de Julho havia sido 0,6%.E do nosso próprio país – ainda nasmãos de Passos e Maria LuísAlbuquerque – ter assumido noPrograma de Estabilidade umaredução de 0,5%.”

É esta a subordinação completa que a Comissão

Europeia e o Eurogrupo exigem do governo do PS.