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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.935/2008-4 GRUPO I – CLASSE VII – Plenário TC 028.935/2008-4 Natureza: Acompanhamento Entidade: Caixa Econômica Federal (CAIXA) Interessado: Tribunal de Contas da União Advogado constituído nos autos: não há SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO DAS OPERAÇÕES REALIZADAS PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL COM AMPARO NA MP Nº 443, DE 21/10/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.908, DE 3/3/2009. RECOMENDAÇÕES. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Reproduzo a seguir o relatório de acompanhamento de fls. 142/160 – v. p., elaborado pela equipe técnica da 2ª Secex: “1. Introdução 1.1 Motivação do trabalho 1.1.1 A presente fiscalização trata do acompanhamento das operações realizadas pela Caixa Econômica Federal com amparo na MP nº 443, de 21/10/2008, convertida na Lei nº 11.908, de 3/3/2009. 1.1.2 O trabalho foi motivado pelo Acórdão nº 28/2009-TCU- Plenário (fls. 30/31, principal), proferido no âmbito deste processo, por meio do qual o Tribunal decidiu: “9.3. determinar que a 2ª Secex realize, nos termos do art. 241 do Regimento Interno/TCU, o acompanhamento dos atos praticados com base nas MPs 442 e 443/2008, e nas leis que vierem a ser convertidas, avaliando-os nos aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, constituindo anexo próprio para cada aquisição realizada pelo Banco do Brasil ou pela Caixa Econômica Federal com arrimo nos referidos normativos; 9.4. autorizar a Unidade Técnica competente a realizar as diligências e audiências que se fizerem necessárias ao saneamento dos autos; (...)” 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.935/2008-4

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 028.935/2008-4 Natureza: AcompanhamentoEntidade: Caixa Econômica Federal (CAIXA)Interessado: Tribunal de Contas da União Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO DAS OPERAÇÕES REALIZADAS PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL COM AMPARO NA MP Nº 443, DE 21/10/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.908, DE 3/3/2009. RECOMENDAÇÕES. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Reproduzo a seguir o relatório de acompanhamento de fls. 142/160 – v. p., elaborado pela equipe técnica da 2ª Secex:

“1. Introdução

1.1 Motivação do trabalho

1.1.1 A presente fiscalização trata do acompanhamento das operações realizadas pela Caixa Econômica Federal com amparo na MP nº 443, de 21/10/2008, convertida na Lei nº 11.908, de 3/3/2009.

1.1.2 O trabalho foi motivado pelo Acórdão nº 28/2009-TCU-Plenário (fls. 30/31, principal), proferido no âmbito deste processo, por meio do qual o Tribunal decidiu:

“9.3. determinar que a 2ª Secex realize, nos termos do art. 241 do Regimento Interno/TCU, o acompanhamento dos atos praticados com base nas MPs 442 e 443/2008, e nas leis que vierem a ser convertidas, avaliando-os nos aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, constituindo anexo próprio para cada aquisição realizada pelo Banco do Brasil ou pela Caixa Econômica Federal com arrimo nos referidos normativos;

9.4. autorizar a Unidade Técnica competente a realizar as diligências e audiências que se fizerem necessárias ao saneamento dos autos; (...)”

1.1.3 As operações realizadas pelo Banco do Brasil – BB com base na MP nº 443/2008 estão sendo acompanhadas pelo Tribunal no âmbito do TC 030.037/2008-7, de relatoria do Ministro Aroldo Cedraz.

1.1.4 Esta Unidade Técnica já examinou as aquisições até então realizadas pelo BB (Nossa Caixa, Banco Votorantim, BESC e BEP). O respectivo relatório foi apreciado pelo Tribunal na Sessão Plenária de 4/11/2009, na qual foi prolatado o Acórdão nº 2.570/2009-TCU-Plenário. Cópia da referida deliberação, assim como do relatório e do voto que a fundamentaram, foi juntada a este processo (fls. 91/138, principal), haja vista a correlação entre as matérias.

1.1.5 Dessa forma, a fim de cumprir a determinação do Acórdão nº 28/2009-TCU-Plenário, a presente fiscalização abarcou somente as ações praticadas pela Caixa Econômica Federal.

1.1.6 A equipe de auditoria conduziu os trabalhos considerando também o Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário (fls. 71/72, principal), oriundo de Solicitação do Congresso

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Nacional, Proposta de Fiscalização e Controle nº 76/2009, da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle -CFFC da Câmara dos Deputados, no bojo do TC 018.213/2009-3, de relatoria do Ministro Valmir Campelo. Na citada deliberação, o TCU decidiu:

“9.2. determinar à 2ª Secex que, nas auditorias em andamento e em futuras auditorias a serem realizadas com o objetivo de examinar a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos praticados com base na Lei 11.908/2009, organize os trabalhos de auditoria de forma que os relatórios contemplem a estrutura sugerida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nos termos reproduzidos no item 4 do voto condutor deste acórdão (...)”

1.1.7 De acordo com a solicitação encaminhada por aquele colegiado do Legislativo, os trabalhos de auditoria que tenham como objeto os atos praticados com base na Lei nº 11.908/2009 deveriam examinar a legalidade, a legitimidade e a economicidade de cada constituição de subsidiária integral ou controlada, bem assim de cada aquisição de participação em instituições financeiras, averiguando, dentre outros, os seguintes aspectos, consignados no item 4 do voto condutor do Acórdão nº 2.451/2009–TCU-Plenário:

(i) o valor da avaliação de cada transação fiscalizada;

(ii) a estrutura para a concretização da operação: prazos e forma de pagamento;

(iii) principais acionistas cedentes e respectivos CPFs;

(iv) a metodologia empregada, da qual resultou o valor da avaliação, indicando, principalmente, os seguintes tópicos a respeito da instituição adquirida: análise do ativo; análise do passivo; forma de tratamento dos passivos contingentes, inclusive os trabalhistas e tributários; forma de tratamento dos intangíveis.

1.1.8 Cumpre assinalar que, por meio do Acórdão nº 2.451/2009–TCU-Plenário, o Tribunal determinou a extensão ao presente processo dos atributos de urgência, tramitação preferencial, apreciação pelo plenário e na forma unitária, nos termos do art. 14, inciso III da Resolução-TCU nº 215/2008.

1.1.9 Como subsídio ao atendimento da referida Solicitação do Congresso Nacional, será proposta a juntada deste relatório de auditoria, bem como da deliberação que sobrevier, ao TC 018.213/2009-3.

1.1.10 Tendo em vista as deliberações do Tribunal, elaborou-se a instrução preliminar de fls. 53/56, principal, com a finalidade de conhecer os atos praticados pela Caixa Econômica Federal e de colher elementos para a realização do acompanhamento, o qual foi formalizado pela Portaria de Fiscalização nº 1.315, de 4/9/2009 e alterações.

1.2 Operações sob acompanhamento da 2ª SECEX

1.2.1 A MP nº 443/2008 foi editada pelo Governo Federal para combater os efeitos da crise financeira internacional sobre o mercado brasileiro, em especial a falta de liquidez e a consequente retração no crédito.

1.2.2 Da exposição de motivos da MP pode-se depreender que foram dois os objetivos principais que nortearam a edição da norma:

(i) dotar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal de mecanismos para fazer frente à crise internacional, minimizando o impacto das turbulências sobre o sistema financeiro doméstico; e

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(ii) igualar as condições de concorrência desses bancos públicos com instituições privadas no processo de consolidação do sistema financeiro brasileiro, oferecendo uma oportunidade para o fortalecimento dessas instituições.

1.2.3 A MP nº 443/2008 foi convertida na Lei nº 11.908/2009. Em apertada síntese, a Lei autoriza o BB e a CAIXA a constituírem subsidiárias integrais ou controladas, bem como adquirir direta ou indiretamente, após aval do Banco Central, participação em instituições financeiras, públicas ou privadas, sediadas no Brasil. Além disso, autoriza expressamente a constituição da CAIXA - Banco de Investimentos S/A, subsidiária integral da CAIXA, para exploração de atividades de banco de investimento.

1.2.4 Os atos praticados pela CAIXA com arrimo na referida Lei, acompanhados neste trabalho, foram os seguintes:

(i) a criação da subsidiária integral CAIXA Participações S/A – CAIXAPAR;

(ii) as providências para a criação da subsidiária integral CAIXA Banco de Investimentos – CAIXA BI; e

(iii) os procedimentos iniciais para a aquisição das primeiras participações societárias.

1.2.5 Nessas condições, o objetivo deste trabalho foi definido na Portaria de Fiscalização nº 1315, de 4/9/2009, e consiste em verificar a legitimidade, a legalidade e a economicidade dos atos praticados pela Caixa Econômica Federal com base na MP nº 443/2008, convertida na Lei nº 11.908/2009, sem prejuízo da fiscalização das ações futuras praticadas na mesma linha.

1.2.6 Os trabalhos de auditoria foram desenvolvidos no seguinte sentido:

(i) avaliar a legalidade e a legitimidade dos processos de criação da CAIXA-BI e da CAIXAPAR;

(ii) verificar se os riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pela CAIXAPAR, em especial o risco de comprometimento do capital regulatório da CAIXA, o risco de adequação da estrutura da empresa e os riscos do processo de aquisição de novas participações societárias, foram identificados e estão sendo adequadamente tratados pelos responsáveis; e

(iii) atender ao Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário, por meio do qual o Tribunal determinou que as auditorias com objetivo de avaliar as ações praticadas com base na Lei nº 11.908/2009 contemplem a estrutura sugerida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nos termos do item 4 do voto condutor da deliberação.

1.2.7 Não fez parte do escopo deste trabalho a análise da contratação das empresas avaliadoras. Tal assunto, contudo, poderá ser avaliado em processo específico, a critério do Tribunal.

1.3 Metodologia do acompanhamento

1.3.1 O acompanhamento foi executado segundo as metodologias de auditoria empregadas pelo Tribunal de Contas da União.

1.3.2 Assim, elaborou-se a Matriz de Planejamento (fls. 140/141, principal) com as seguintes questões de auditoria:

(i) Questão 1: a legalidade e legitimidade foram atendidas no processo de criação da CAIXA – BI e da CAIXAPAR ?

(ii) Questão 2: os riscos para a CAIXA foram identificados e estão sendo adequadamente tratados?

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(iii) Questão 3: qual a situação atual das negociações em andamento na CAIXAPAR para aquisição de participações em instituições financeiras, conforme autorizações constantes dos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 11.908/2009?

1.3.3 A Matriz de Planejamento foi apresentada aos gestores para que tomassem conhecimento do escopo do trabalho e para orientá-los na disponibilização das informações que viessem a ser solicitadas pela equipe de auditoria.

1.3.4 Os procedimentos aplicados estão detalhados na Matriz de Planejamento dentro de cada questão. As informações necessárias foram obtidas mediante ofícios de requisição, elaboração de questionários e por meio de reuniões com os gestores. A técnica de análise documental foi utilizada predominantemente na apreciação dos dados disponibilizados.

1.3.5 Para verificação do tratamento dado pelos responsáveis aos riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pela CAIXAPAR (questão de auditoria nº 2), foi elaborada uma matriz de riscos e controles (Apêndice I deste relatório), cujos campos foram adaptados da metodologia COSO.

1.3.6 Em relação à questão de auditoria nº 3, compete esclarecer que ela foi formulada para responder aos quesitos solicitados na PFC nº 76/2009 da CFFC da Câmara dos Deputados, conforme determinação do Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário (item 1.1.7 deste relatório).

1.3.7 Entretanto, nesta etapa do acompanhamento não foi possível atender aos itens que se referem à estruturação e aos valores de eventuais aquisições de participações societárias, haja vista que, até o término da execução dos trabalhos da equipe de auditoria, as primeiras negociações para esse fim ainda estavam em andamento na CAIXAPAR, de modo que nenhuma transação havia sido concretizada. Esse assunto será tratado com maiores detalhes no item 4 deste relatório.

1.3.8 Por fim, vale mencionar que os documentos que foram indicados pelos gestores como sigilosos foram juntados aos anexos 2, 3 e 4 deste processo, razão pela qual será proposto que os referidos volumes tenham o tratamento de resguardo previsto no art. 9º e 10 da Resolução TCU nº 191/2006.

1.4 Volume de recursos fiscalizados e os benefícios de controle

1.4.1 O volume de recursos fiscalizados atinge o montante de R$ 2,5 bilhões, considerando o capital social da CAIXAPAR a ser integralizado pela CAIXA.

1.4.2 O capital social da CAIXA-BI não foi considerado no volume de recursos fiscalizados, haja vista que a subsidiária ainda encontrava-se em processo de criação (item 2.3 deste relatório).

1.4.3 Os benefícios resultantes do acompanhamento do Tribunal já estão sendo obtidos, tendo em conta que este tipo de fiscalização estimula o aperfeiçoamento da gestão pública e gera expectativa de controle, proporcionando tempestividade na identificação e na mitigação das situações de risco que possam comprometer o desempenho da CAIXA.

1.4.4 Dessa forma, espera-se contribuir para que as operações realizadas com base na Lei nº 11.908/2009 possam efetivamente agregar valor ao banco público.

2. Criação da CAIXAPAR e da CAIXA - BI

2.1 Considerações iniciais

2.1.1 Este tópico destina-se a responder a questão nº 1 da Matriz de Planejamento, qual seja: “A legalidade e a legitimidade foram atendidas no processo de criação da CAIXA-BI e da CAIXAPAR?”.

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2.1.2 Para tanto, procurou-se identificar o cumprimento pela CAIXA dos procedimentos legais aplicáveis à criação das subsidiárias.

2.1.3 Além disso, foram analisadas as cláusulas do estatuto social da CAIXAPAR e da minuta do estatuto da CAIXA - BI, com vistas a identificar a presença dos requisitos exigidos pela legislação societária. Também foi analisada a estrutura de governança das subsidiárias com a finalidade de concluir sobre sua adequabilidade e capacidade de fiscalizar as ações da diretoria.

2.1.4 Por fim, buscou-se verificar se os objetivos das entidades estão aderentes aos princípios da MP nº 443/2008 (Lei nº 11.908/2009) delineados em sua exposição de motivos, bem como ao planejamento estratégico da CAIXA.

2.2 Criação da CAIXAPAR

2.2.1 Inicialmente, foi verificado que a CAIXA cumpriu os procedimentos legais necessários para constituição da CAIXAPAR.

2.2.3 No que se refere à análise do estatuto social da empresa, firmado por meio de escritura pública (fls. 105/111, anexo 3), verificou-se que ele apresenta as cláusulas exigidas pela legislação societária.

2.2.4 A estrutura de governança estabelecida no estatuto é formada pela Assembleia Geral, Conselho de Administração e Conselho Fiscal. Há previsão no estatuto de que as atividades de controladoria e auditoria sejam desempenhadas pelas unidades da CAIXA.

2.2.5 O Conselho de Administração é composto pelo presidente da CAIXA, pelo Diretor Presidente da CAIXAPAR e por um membro indicado pelo Ministro do Planejamento. O Conselho Fiscal, por sua vez, é composto por um membro indicado pelo Ministro da Fazenda e dois membros indicados pela CAIXA.

2.2.6 Dessa forma, entende-se que a estrutura de governança pode ser considerada adequada ao porte e às atividades da empresa, e possui condições de exercer a fiscalização sobre as atividades da diretoria.

2.2.7 O objeto social da CAIXAPAR está definido no art. 6º do seu estatuto, e consiste em adquirir e alienar participações societárias em empresas públicas ou privadas sediadas no Brasil, em especial instituições financeiras e assemelhadas, com vistas ao cumprimento de atividades dispostas no objeto social da CAIXA.

2.2.8 Verificou-se que a estratégia da CAIXAPAR consiste em adquirir participações em empresas com atuação em negócios complementares aos da CAIXA, que permitam estender o acesso de seus clientes a produtos que ela ainda não oferece, ou em negócios similares, que promovam a expansão da oferta dos produtos da CAIXA por meio das investidas.

2.2.9 Percebe-se que a estratégia de atuação da empresa está voltada para apoiar o crescimento da CAIXA, que atualmente enfrenta acirrada competição no setor bancário, que passou recentemente por um forte processo de consolidação. Nesse particular, pode-se concluir que os objetivos da CAIXAPAR são compatíveis com os fundamentos que motivaram a edição da MP nº 443/2008, convertida na Lei nº 11.908/2009.

2.2.10 Da mesma forma, pode-se considerar que os objetivos da CAIXAPAR são aderentes ao planejamento estratégico da CAIXA. No “Plano Estratégico 2009-2015” (fls. 177/184, anexo 2), a CAIXA lista os desafios da empresa para o período. Entre estes, verifica-se que a atuação da CAIXAPAR nos moldes previstos pode auxiliar na superação dos desafios relacionados à ampliação da sua participação no mercado de crédito e na ampliação da capacidade e alternativas de distribuição.

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2.3 Criação da CAIXA – BI

2.3.1 Até o término dos trabalhos da equipe de auditoria, o processo de constituição da CAIXA – BI ainda não havia sido concluído, haja vista que a CAIXA aguardava a deliberação do Ministério da Fazenda sobre a constituição da subsidiária, solicitada por meio do Ofício nº 084/2009-CAIXA, de 2 de março de 2009 (fl. 185, anexo 2).

2.3.2 Apesar disso, foi analisada a minuta do estatuto social da empresa (fls. 123/139, anexo 2), verificando-se que ela apresenta as cláusulas exigidas pela legislação societária.

2.3.3 A estrutura de governança prevista para a CAIXA-BI (fl. 53, anexo 2) é formada por: Assembleia-Geral (tendo como acionista único a CAIXA); Conselho Fiscal; Conselho de Administração; Conselho de Gestão de Recursos de Terceiros e Diretoria. As responsabilidades e atribuições do Comitê de Auditoria serão exercidas pela estrutura equivalente da CAIXA.

2.3.4 Da análise da minuta do estatuto social da CAIXA-BI pode-se concluir que a composição dos órgãos da estrutura de governança prevista pode ser considerada adequada para o desempenho independente de suas atividades, de forma a garantir que a CAIXA-BI alcance os seus objetivos.

2.3.5 O objeto social da CAIXA-BI, conforme aprovado pelos Conselhos Diretor e de Administração da CAIXA, é a realização de operações típicas de banco de investimento. Assim, tal como a CAIXAPAR, a CAIXA-BI encontra-se alinhada ao planejamento estratégico da CAIXA, principalmente na superação dos desafios relacionados à ampliação da sua participação no mercado na captação de recursos.

2.3.6 A criação da CAIXA- BI foi autorizada expressamente pela MP nº 443/2008, para o desenvolvimento de atividades típicas de banco de investimentos, de modo que sua criação está em conformidade com a referida norma.

2.4 Conclusão

2.4.1 Por todo o exposto, pode-se concluir que a criação da CAIXAPAR e os procedimentos até então adotados para criação da CAIXA–BI atenderam aos critérios de legalidade e legitimidade.

3. Análise das situações de risco

3.1 Considerações iniciais

3.1.1 Este tópico destina-se a responder à questão nº 2 da Matriz de Planejamento: “Os riscos para a CAIXA foram identificados e estão sendo adequadamente tratados?”.

3.1.2 Para tanto, analisou-se a estrutura de gerenciamento de riscos da CAIXA e as medidas adotadas pela CAIXA e pela CAIXAPAR na identificação e mitigação dos riscos advindos da criação da subsidiária e do seu funcionamento. A análise foi focada, inicialmente, nos riscos de comprometimento do capital regulatório da CAIXA, nos riscos de adequação de estrutura da CAIXA e nos riscos relacionados aos processos de aquisição de participações societárias. No curso da fiscalização, considerou-se necessário tratar também do risco de não estabelecimento de metas e indicadores de desempenho para a CAIXAPAR.

3.1.3 Na análise, foram utilizadas as informações coletadas durante os trabalhos de auditoria, por meio das quais foi elaborada uma matriz de riscos e controles (Apêndice I deste relatório), cujos campos foram adaptados da metodologia COSO. Também foi importante fonte de informações o Relatório de Avaliação dos Riscos Operacionais na Caixa Participações S.A., elaborado pela Superintendência Nacional de Riscos Corporativos - SUCOR da CAIXA (fls. 154/169, anexo 4).

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3.1.4 Ressalte-se que esta análise restringiu-se à CAIXAPAR, tendo em vista que o processo de criação da CAIXA-BI encontrava-se em andamento, conforme mencionado no item 2.3 deste relatório.

3.2 A estrutura de gerenciamento de riscos da CAIXA

3.2.1 De acordo com a política de riscos da CAIXA, participam do processo de gerenciamento de riscos os Conselhos de Administração e Diretor, o Comitê de Riscos, as áreas específicas responsáveis pelo gerenciamento de risco corporativo e risco de crédito, a unidade de controles institucionais, os gestores e empregados da CAIXA e as auditorias interna e externa. A SUCOR é a responsável pelo gerenciamento, comunicação e monitoramento dos riscos e dos limites de exposição a riscos.

3.2.2 Foi constatado que a política de riscos da CAIXA está sendo reformulada e ampliada para fazer frente às peculiaridades de um conglomerado financeiro, tendo em vista as atividades da CAIXAPAR.

3.2.3 Verificou-se que a CAIXA, por intermédio da SUCOR, adota continuamente procedimentos de avaliação e mitigação dos riscos de crédito, mercado, liquidez, operacional e de modelagem, conforme as exigências da legislação em vigor.

3.2.4 Em virtude da criação da CAIXAPAR, constatou-se que a SUCOR realizou um mapeamento de riscos operacionais na subsidiária, formulando diversas recomendações para mitigar os riscos identificados. Conforme informado pelos gestores, o cronograma de implementação dessas ações encerra-se em março de 2010 (fl. 180-v, anexo 4).

3.2.5 Da análise dos documentos e informações disponibilizados, pode-se considerar que a estrutura de gerenciamento de riscos da CAIXA é adequada para tratar dos riscos a que o patrimônio da instituição está exposto, incluindo os decorrentes das atividades da CAIXAPAR.

3.3 Risco de comprometimento do capital regulatório da CAIXA

3.3.1 Analisou-se o impacto da criação e das atividades da CAIXAPAR no capital regulatório da CAIXA, para verificar se a subsidiária pode comprometer a capacidade da controladora de realizar novos empréstimos e financiamentos.

3.3.2 A Resolução nº 3.490/2007 do Conselho Monetário Nacional estabelece a obrigatoriedade de manutenção, pelas instituições financeiras, de Patrimônio de Referência – PR superior ao Patrimônio de Referência Exigido – PRE, calculado a partir da soma das parcelas referentes ao risco de mercado, ao risco operacional e às exposições ponderadas pelo fator de ponderação de risco, que englobam o risco de crédito. A mesma norma estabelece que o cálculo do PRE dos conglomerados econômico-financeiros deve ser feito de forma consolidada, motivo pelo qual as atividades da CAIXAPAR afetarão diretamente o capital exigido da CAIXA.

3.3.3 No documento NT SUCOR 013/09 (fls. 170/175, anexo 4), a área de risco corporativo da CAIXA avaliou o impacto da CAIXAPAR no capital regulatório da CAIXA, classificando-o como irrelevante.

3.3.4 Quanto à parcela referente às exposições ponderadas pelo risco, a constituição da CAIXAPAR não deve gerar reflexos significativos, porque a integralização do capital, seja em dinheiro, títulos públicos ou participações detidas pela CAIXA, acarretará tão somente transferência dos riscos da controladora para a controlada.

3.3.5 Cada aquisição de participação, no entanto, deve gerar um impacto nesta parcela. Isso ocorre porque, segundo o planejamento da CAIXAPAR, até as primeiras aquisições os recursos deverão estar aplicados em títulos públicos, que dispensam a alocação de capital. A partir das

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aquisições, a alocação de capital passa a ser de 11% sobre o valor investido, segundo a Circular nº 3.360/2007 do Banco Central.

3.3.6 Ressalte-se, todavia, que o impacto potencial das aquisições sobre o conglomerado é relativamente baixo, considerando que o seu Patrimônio de Referência deve girar em torno de R$ 30 bilhões (fl. 173-v, anexo 4). O orçamento da CAIXAPAR para o biênio 2009-2010 prevê a aquisição de novas participações no montante de R$ 3,309 bilhões até o final do período, o que geraria uma exigência adicional de capital de R$ 364 milhões.

3.3.7 No que tange à parcela de risco de mercado, nesse caso referente ao risco de flutuação da taxa de juros dos títulos públicos mantidos em carteira, verificou-se que a criação da CAIXAPAR não deverá provocar impacto significante, porque também ocorrerá a transferência de risco, que não afeta o cálculo para o conglomerado. À medida que a subsidiária se desfaça desses títulos para investimento nas participações, o valor da parcela de risco de mercado tende a diminuir.

3.3.8 A parcela de risco operacional, por sua vez, segundo os cálculos da CAIXA, será de R$ 35,4 milhões ao fim de 2010, representando um impacto pouco relevante para o conglomerado. A metodologia de cálculo utilizada, no entanto, é própria de instituições financeiras. Por isso, a CAIXAPAR deverá adotar, até junho de 2010, metodologia específica para cálculo da sua parcela de risco operacional, conforme determina o art. 13 da Circular nº 3.383/2008 do Banco Central.

3.3.9 Além das implicações analisadas, a CAIXA pode sofrer impacto relevante em sua exigência de capital se a CAIXAPAR realizar negócio que acarrete a obrigatoriedade de elaboração de demonstrações financeiras consolidadas, incluindo a empresa investida, o que afetaria o cálculo do PRE.

3.3.10 A consolidação é obrigatória quando há aquisição do controle ou em outras situações análogas definidas na regulamentação vigente. Nesse caso, o impacto pode ser significativo, dependendo da estrutura de capital da empresa investida.

3.3.11 Assim, existe a necessidade de avaliação das implicações no capital regulatório do conglomerado para cada negócio que envolva a consolidação de demonstrações financeiras. Verificou-se que a referida análise será realizada pela SUCOR quando de sua participação no processo de aprovação das aquisições realizadas pela CAIXAPAR.

3.3.12 Pelo exposto, pode-se concluir que o impacto da criação da CAIXAPAR no capital regulatório do conglomerado econômico-financeiro é mínimo, e não deve acarretar, de imediato, comprometimento significativo do capital regulatório da CAIXA.

3.4 Risco de adequação da estrutura da CAIXAPAR

3.4.1 A análise dessa situação de risco pretendeu verificar se a estrutura disponível para o desenvolvimento das atividades da CAIXAPAR é adequada para fazer frente às características e à complexidade das suas atribuições.

3.4.2 Verificou-se que a CAIXAPAR conta com duas diretorias executivas, um diretor-geral e um diretor presidente, além de pessoal de apoio técnico. A CAIXAPAR informou que, na estruturação das diretorias executivas, buscou-se o aproveitamento dos quadros de profissionais que já atuavam na gestão das participações detidas pela CAIXA.

3.4.3 Conforme apurado pela equipe de auditoria, as competências das diretorias da CAIXAPAR estão definidas em normativo específico da empresa (fls. 182/184, anexo 4).

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3.4.4 De outra parte, os níveis de autoridade e responsabilidade estão definidos no estatuto social da CAIXAPAR (fl. 109, anexo 3), o qual descreve as atribuições e competências específicas do diretor presidente, do diretor-geral e dos diretores-executivos da empresa.

3.4.5 Pode-se perceber que a estrutura da CAIXAPAR é bastante simplificada. Isso se deve ao fato de que muitas atividades da empresa, como auditoria interna, controladoria, administração de recursos humanos, assessoria jurídica, ouvidoria e gestão de riscos, serão desenvolvidas pelas unidades equivalentes da CAIXA.

3.4.6 Para viabilizar essa estrutura de suporte, verificou-se que foi firmado um Convênio de Compartilhamento entre a CAIXA e a CAIXAPAR. Além disso, para definir as condições específicas do apoio a ser prestado pelas unidades da CAIXA, estão sendo firmados aditivos ao referido Convênio de Compartilhamento, a exemplo do assinado em 12/11/2009 com a Auditoria Interna (fls. 141/143, anexo 4).

3.4.7 Da análise dos dados e informações disponibilizados, pode-se concluir que a estrutura da CAIXAPAR é adequada para o desenvolvimento de suas atividades. A estrutura enxuta facilita o fluxo de informações e torna a implementação das decisões mais ágil.

3.4.8 Não obstante, há que se considerar a eventual necessidade de ajustes na estrutura das unidades da CAIXA que prestarão apoio à subsidiária, ante as novas demandas a que elas serão submetidas.

3.4.9 Como exemplo, pode-se citar o esforço adicional a ser direcionado para as equipes envolvidas com a gestão dos riscos de crédito, mercado, liquidez e operacional da CAIXA, caso haja a necessidade de consolidação de balanços financeiros com instituições investidas. Nessa situação, as responsabilidades da unidade de gerenciamento de riscos deverão ser ampliadas para também abranger a coleta, o processamento e a análise das informações geradas pela instituição adquirida.

3.4.10 Da mesma maneira, outras unidades também poderão ter suas responsabilidades ampliadas em um grau que requeira a adequação de suas estruturas face às atividades da CAIXAPAR.

3.4.11 Contudo, verificou-se que essa eventual necessidade de adequação é preocupação dos gestores. Ademais, pode-se considerar que os aditivos contratuais firmados entre a CAIXAPAR e as unidades da CAIXA, definindo os termos e as condições do apoio a ser prestado, são instrumentos aptos a mitigar os riscos que envolvem essa situação.

3.5 Riscos no procedimento de aquisição de novas participações pela CAIXAPAR

3.5.1 Nesta análise, buscou-se verificar se os riscos que envolvem o procedimento de aquisição de novas participações pela CAIXAPAR foram identificados e estão sendo adequadamente tratados pelos gestores.

3.5.2 Constatou-se que o processo decisório para aquisição de participações societárias foi definido formalmente (fls. 149/152, anexo 3), estabelecendo as responsabilidades no âmbito da CAIXAPAR e da CAIXA.

3.5.3 Pode-se considerar a identificação das instituições alvo e as respectivas avaliações econômico-financeiras como pontos críticos do referido processo. Por isso, esses pontos foram analisados detalhadamente.

3.5.4 Quanto à identificação das instituições alvo, verificou-se que a CAIXAPAR contratou empresa de consultoria para, dentre outros serviços, elaborar o Plano Estratégico de Atuação da empresa e realizar estudo de mercado para identificação de potenciais empresas alvo. No referido trabalho, a empresa de consultoria identificou as empresas atuantes no mercado que

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poderiam proporcionar ganhos de sinergia para a CAIXA, detalhando as características de cada uma e os benefícios e riscos de uma eventual parceria.

3.5.5 Ademais, constatou-se que as diretrizes para a escolha dos setores e das empresas alvo foram consignadas no planejamento estratégico da CAIXAPAR (fls. 130/147, anexo 3), com base no trabalho da consultoria,

3.5.6 Na identificação da empresa alvo está prevista, ainda, a manifestação do Comitê de Investimentos da CAIXAPAR e das áreas de negócio da CAIXA com interesse na aquisição.

3.5.7 Dessa forma, pode-se concluir que a CAIXAPAR adotou providências adequadas para definir as diretrizes e o procedimento para identificação e seleção das empresas investidas.

3.5.8 No que tange às avaliações econômico-financeiras para determinação do valor das instituições alvo, verificou-se que a CAIXAPAR se vale dos trabalhos elaborados por empresas de consultoria, conforme exigido pela Lei nº 11.908/2009. A empresa informou que realiza uma análise crítica das premissas, metodologias e valores adotados pelas empresas avaliadoras.

3.5.9 Vale salientar que as diversas metodologias empregadas pelo mercado em trabalhos de valuation envolvem a utilização de premissas subjetivas que podem interferir de forma significativa no valor final da avaliação, aumentando o risco do negócio. Como exemplo, pode-se citar a projeção de fluxos de caixa e a determinação de taxas de desconto, quando o valor da transação é estimado pela metodologia do fluxo de caixa descontado. Nesse caso, os valores encontrados podem variar em função das premissas assumidas pelo avaliador.

3.5.10 Para mitigar esse riso nos negócios entabulados pela CAIXAPAR, é razoável que os fundamentos dos trabalhos de valuation reflitam as expectativas e os interesses da empresa. Todavia, constatou-se que não existem metodologias, premissas e parâmetros técnicos definidos formalmente pelos escalões decisórios da CAIXAPAR para orientar a validação desses trabalhos, ou mesmo a sua elaboração interna.

3.5.11 Tal matéria também foi objeto de recomendação na avaliação de riscos operacionais realizada pela SUCOR (fl. 165, anexo 4).

3.5.12 Pela relevância do tema para o desenvolvimento das atividades da CAIXAPAR, notadamente a aquisição de novas participações societárias, será proposta recomendação para que a CAIXA formalize em normativo específico os fundamentos que deverão ser utilizados pela CAIXAPAR na validação dos trabalhos de valuation elaborados pelas consultorias contratadas, assim como nos trabalhos do gênero realizados internamente.

3.5.13 Sobre os riscos no procedimento de aquisição de novas participações, também foi verificado que a Auditoria Interna da CAIXA possui planejamento para realizar, no exercício de 2010, trabalhos específicos no gerenciamento das participações estratégicas da CAIXA. Entretanto, constatou-se que o escopo dos trabalhos do gênero realizados em exercícios anteriores abrangia a gestão das participações existentes e o retorno que elas proporcionavam para a CAIXA na qualidade de acionista.

3.5.14 Tendo em conta os objetivos da CAIXAPAR e as atividades adicionais que serão desenvolvidas pela empresa, com destaque para a aquisição de novas participações societárias, pode-se considerar razoável que o escopo dos trabalhos de Auditoria Interna deva também contemplar a análise do processo de aquisição de novas participações pela subsidiária.

3.5.15 Por isso, será proposta recomendação para que a Auditoria Interna da CAIXA inclua em seu planejamento de atividades de auditoria a avaliação do processo de aquisição de novas participações pela CAIXAPAR, incluindo a análise das ações e atividades de controle implantadas para mitigar com os riscos identificados no processo.

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3.5.16 Outro ponto constatado foi a inexistência de instruções de trabalho padronizadas no âmbito da CAIXAPAR. Essa deficiência também foi detectada no mapeamento de risco operacional realizado pela SUCOR. Como consequência, foi sugerida por aquela gerência de riscos a criação de normativos para a padronização de procedimentos.

3.5.17 Pode-se considerar que a atuação da área de riscos da CAIXA e a efetiva implementação da recomendação pela CAIXAPAR, são suficientes para mitigar o risco da inexistência de procedimentos de trabalho padronizados.

3.6 Risco de não estabelecimento de metas e indicadores de desempenho

3.6.1 Além das situações de risco analisadas anteriormente, procurou-se avaliar os indicadores e metas de desempenho utilizados pela CAIXAPAR no planejamento e na execução de suas atividades.

3.6.2 A CAIXAPAR informou que adota os indicadores e metodologias de acompanhamento e mensuração de resultados implantados pela CAIXA, os quais norteiam o processo decisório de governança da controladora.

3.6.3 No entanto, não foi identificada definição formal dos indicadores estabelecendo os parâmetros a serem atingidos e os objetivos da mensuração específicos para a CAIXAPAR e para as empresas investidas.

3.6.4 Verificou-se que no mapeamento de riscos operacionais realizado pela SUCOR foi recomendado à CAIXAPAR o acompanhamento do resultado das empresas investidas. Tal proposta, todavia, não contemplou expressamente a definição formal de indicadores e metas de desempenho.

3.6.5 A utilização de índices do gênero como instrumento de gestão pode permitir à diretoria da CAIXAPAR avaliar com maior efetividade e objetividade o desempenho das empresas investidas e, por consequência, o seu próprio desempenho. Além disso, desenvolve parâmetros e critérios para subsidiar as ações de controle interno e externo.

3.6.6 Por isso, será recomendado à CAIXA que defina formalmente os indicadores e metas de desempenho para o desenvolvimento das atividades da CAIXAPAR e das empresas investidas, estabelecendo os parâmetros a serem atingidos e os objetivos da mensuração.

3.7 Conclusão

3.7.1 Da análise dos documentos e informações disponibilizados, verificou-se que os riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pela CAIXAPAR foram identificados e estão sendo tratados pelos responsáveis. Não obstante, serão propostas recomendações que pretendem auxiliar o aperfeiçoamento dos controles internos da empresa e do processo de aquisição de novas participações societárias.

4. Negociações em andamento na CAIXAPAR

4.1 Considerações iniciais

4.1.2 Este tópico destina-se a responder a questão nº 3 da Matriz de Planejamento: “Qual a situação atual das negociações em andamento na CAIXAPAR para aquisição de participações em instituições financeiras, conforme autorizações constantes dos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 11.908/2009?”.

4.1.3 Esta questão de auditoria foi incluída no planejamento dos trabalhos em função do Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário, por meio do qual o Tribunal determinou que as auditorias com objetivo de avaliar as ações praticadas com base na Lei nº 11.908/2009

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contemplem a estrutura sugerida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, a qual foi reproduzida no item 1.1.7 deste relatório. Assim, buscou-se estruturar este trabalho na forma determinada pelo referido Acórdão.

4.2 Estágio das negociações em andamento

4.2.1 Segundo informações prestadas pela CAIXAPAR (fls. 136/137, anexo 4), os primeiros processos de aquisição de participações ainda estavam em andamento durante a execução dos trabalhos da equipe de auditoria.

4.2.2 O negócio mais adiantado havia passado pelas fases de avaliação e due diligence, realizadas pela empresa de consultoria contratada. Os resultados desses trabalhos e as minutas do contrato de compra e venda e dos acordos operacional e de acionistas estavam sendo analisados pelo jurídico e pela área de riscos da CAIXA.

4.2.3 Outro processo em andamento encontrava-se em fase de due diligence, conduzida pela empresa de consultoria contratada.

4.2.4 De posse dessas informações, concluiu-se que o estágio das negociações ainda não permitia que elas fossem avaliadas de acordo com a estrutura sugerida pela CFFC da Câmara dos Deputados.

4.2.5 Contudo, durante a fase final de elaboração deste relatório, a CAIXA divulgou comunicado (fl. 176, anexo 4) informando que a CAIXAPAR e o Banco PanAmericano S.A assinaram no dia 1/12/2009 contrato de compra e venda de ações no valor de R$ 739,2 milhões, envolvendo a aquisição de participação acionária de 49% do capital social votante e de 20,69% das ações preferenciais do PanAmericano, o que representa 35,54% do capital social total do banco.

4.2.6 Assim, a análise da referida operação, assim como de outras aquisições que porventura sejam concretizadas, deve ser incluída no planejamento das atividades de fiscalização da 2ª Secex para 2010, de forma a atender a determinação do Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário.

5. Processos Conexos

5.1 O TC 030.037/2008-7, de relatoria do Ministro Aroldo Cedraz, oriundo da Comunicação acerca da Medida Provisória nº 443/2008 feita ao Plenário do TCU, publicada na Ata nº 46, de 5/11/2008, tem como objeto o acompanhamento das operações de incorporação e de aquisição de participação em instituições financeiras efetuadas pelo Banco do Brasil.

5.2 O TC 018.213/2009-3, de relatoria do Ministro Valmir Campelo, oriundo de Solicitação do Congresso Nacional, trata da PFC nº 76/2009, da CFFC da Câmara dos Deputados, pela qual aquele colegiado do Legislativo solicita auxílio do TCU na fiscalização e controle dos atos praticados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal com base na Lei nº 11.908/2009.

5.3 Será proposta a juntada de cópia da Decisão que vier a ser adotada pelo Tribunal, assim como do Relatório e do Voto que a fundamentarem, aos referidos processos.

6. Conclusão

6.1 Esta fiscalização tratou dos seguintes atos praticados pela Caixa Econômica Federal com amparo na Medida Provisória nº 443/2008, convertida na Lei nº 11.908/2009: (i) a criação da subsidiária integral CAIXA Participações S/A – CAIXAPAR; (ii) as providências para a criação da subsidiária integral CAIXA Banco de Investimentos – CAIXA-BI; e (iii) os procedimentos iniciais para a aquisição das primeiras participações societárias.

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6.2 No desenvolvimento dos trabalhos procurou-se: (i) avaliar a legalidade e a legitimidade dos processos de criação das referidas subsidiárias; (ii) verificar se os riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pela CAIXAPAR foram identificados e estão sendo adequadamente tratados pelos responsáveis; e (iii) atender ao Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário, por meio do qual o Tribunal determinou que as auditorias com objetivo de avaliar as ações praticadas com base na Lei nº 11.908/2009 contemplem a estrutura sugerida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nos termos do item 4 do voto condutor da deliberação.

6.3 No que se refere à criação das subsidiárias, não foram identificadas irregularidades na criação da CAIXAPAR. Em relação à CAIXA-BI, foi verificado que a criação da empresa ainda não havia sido finalizada, de modo que não foi possível concluir sobre a legalidade e a legitimidade do processo. De toda sorte, não foram identificadas inconsistências nas ações praticadas até o término da fiscalização.

6.4 Com relação aos riscos decorrentes das atividades da CAIXAPAR, verificou-se que foram adotadas ações para identificá-los e que, no geral, os seus efeitos estão sendo adequadamente tratados pelos responsáveis.

6.5 No relatório de mapeamento dos riscos operacionais realizado pela Superintendência de Riscos Corporativos da CAIXA foram sugeridas várias medidas que, se efetivamente implementadas pela CAIXAPAR, poderão contribuir para a mitigação dos riscos identificados. A verificação da adoção dessas medidas poderá ser objeto das próximas etapas deste acompanhamento.

6.6 Não obstante, serão propostas recomendações relativas à definição formal dos fundamentos utilizados na validação de trabalhos de valuation, à análise do processo de aquisição de novas participações pela auditoria interna e à definição formal de indicadores e metas de desempenho (respectivamente, itens 3.5.12, 3.5.15 e 3.6.6 deste relatório). Tais recomendações pretendem auxiliar o aperfeiçoamento dos controles internos e do processo de aquisição de novas participações societárias pela CAIXAPAR.

6.7 Quanto à determinação do Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário, verificou-se que as negociações para aquisição das primeiras participações societárias pela CAIXAPAR ainda estavam em andamento durante a execução dos trabalhos da equipe de auditoria, de modo que não foi possível realizar a avaliação conforme a estrutura sugerida pela CFFC da Câmara dos Deputados.

6.8 Contudo, próximo ao término da elaboração deste relatório, foi divulgada a aquisição pela CAIXAPAR de participação acionária equivalente a 35,54% do capital social total do Banco PanAmericano S.A., sendo o contrato de compra e venda de ações assinado em 1/12/2009.

6.9 Assim, a análise da referida operação, assim como das outras aquisições que porventura sejam concretizadas, deve ser incluída no planejamento das atividades de fiscalização da 2ª Secex para 2010, de forma a atender a determinação do Acórdão nº 2.451/2009 – TCU – Plenário.

7. Proposta de encaminhamento

7.1 Ante o exposto, submete-se o presente Relatório à consideração superior, propondo ao Tribunal de Contas da União:

7.1.1 Recomendar à Caixa Econômica Federal, nos termos do art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que:

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a) formalize em normativo específico as metodologias, as premissas e os parâmetros técnicos que deverão ser utilizados pela CAIXAPAR na validação dos trabalhos de valuation elaborados pelas consultorias contratadas, assim como nos trabalhos do gênero realizados internamente;

b) inclua em seu planejamento de atividades de auditoria interna a avaliação do processo de aquisição de novas participações pela CAIXAPAR, incluindo a análise das ações e atividades de controle implantadas para mitigar com os riscos identificados no processo;

c) defina formalmente os indicadores e metas de desempenho para o desenvolvimento das atividades da CAIXAPAR e das empresas investidas, estabelecendo os parâmetros a serem atingidos e os objetivos da mensuração.

7.1.2 Determinar que os volumes do anexo 2, anexo 3 e anexo 4 deste processo tenham tratamento sigiloso no âmbito deste Tribunal, nos termos no artigo 9º e 10 da Resolução TCU nº 191/2006;

7.1.3 Juntar cópia da Decisão que vier a ser adotada pelo Tribunal, assim como do Relatório e do Voto que a fundamentarem, ao TC 018.213/2009-3, como subsídio ao atendimento da Solicitação do Congresso Nacional de que trata o referido processo, e ao TC 030.037/2008-7, haja vista a correlação entre as matérias;

7.1.4 Encaminhar cópia da Decisão que vier a ser adotada pelo Tribunal, assim como do Relatório e do Voto que a fundamentarem, aos titulares do Ministério da Fazenda e da Caixa Econômica Federal.”

2. O titular da 2ª Secex manifestou-se de acordo com a proposta de encaminhamento acima transcrita, porém efetuou os seguintes acréscimos (fl. 170, v. p.):

a) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser adotada ao Deputado Federal Paulo Renato Souza;

b) arquivar os autos, sem prejuízo de que novas ações de acompanhamento sejam implementadas de acordo com a sistemática prevista na Resolução TCU nº 185/2005.

3. Considerando que o processo de criação da CAIXA - Banco de Investimentos S/A (CAIXA-BI) não havia sido finalizado até o término da execução dos trabalhos de fiscalização (13/11/2009), o que não permitiu manifestação conclusiva sobre a regularidade dos respectivos procedimentos, determinei à 2ª Secex, em 8/2/2010, que apurasse se o processo de criação da CAIXA-BI havia sido concluído, avaliando os possíveis reflexos no relatório de acompanhamento acima transcrito (fl. 174, v. p.).

4. Em atendimento, a Caixa Econômica Federal informou que a constituição da subsidiária ainda não havia sido finalizada (fl. 176 – v. p.), razão pela qual determinei o sobrestamento dos autos pelo prazo de 60 dias, informando esse encaminhamento à Caixa Econômica Federal e ao Ministério da Fazenda (fl. 181, v. p.).

5. Ao término do prazo acima referido, a unidade técnica encaminhou novo expediente à Caixa Econômica Federal solicitando informações atualizadas sobre o caso (fl. 190, v. p.). Em 29/6/2010, a Caixa Econômica Federal informou que ainda aguarda a autorização do Ministério da Fazenda para prosseguimento do processo de constituição da subsidiária (fls. 191/193, v. p.).

6. A 2ª Secex, considerando que não houve avanços na criação da CAIXA-BI desde o término dos trabalhos de fiscalização realizados pela unidade técnica, consignou não haver necessidade de alteração do relatório de acompanhamento acima transcrito, uma vez que o exame das questões que foram tratadas no presente trabalho pode ser feito independentemente da análise da criação da CAIXA-BI. No seu entender, esse encaminhamento seria importante pois permitiria que as

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recomendações propostas fossem, desde logo, efetuadas à Caixa Econômica Federal. Ademais, pondera a unidade técnica que a constituição do banco de investimentos em questão é uma autorização concedida pela Lei nº 11.908/2009, que não estabeleceu prazo para a sua efetivação.

7. Ante o exposto, a 2ª Secex, em pareceres uniformes, propõe:

a) levantar o sobrestamento dos autos, nos termos do art. 39, § 3º, da Resolução TCU nº 191/2006;

b) adotar o encaminhamento apresentado às fls. 159/160, com os acréscimos sugeridos pelo titular da unidade (vide item 2 precedente).

É o relatório.

VOTO

O presente acompanhamento avaliou a legitimidade, a legalidade e a economicidade dos atos praticados pela Caixa Econômica Federal com amparo na Medida Provisória nº 443/2008, convertida na Lei nº 11.908/2009, que autoriza o Banco do Brasil S/A e a Caixa Econômica Federal a constituírem subsidiárias integrais ou controladas, bem como adquirir direta ou indiretamente, após aval do Banco Central, participação em instituições financeiras, públicas ou privadas, sediadas no Brasil. Ademais, dispõe que:

“Art. 4o Fica autorizada a criação da empresa CAIXA - Banco de Investimentos S.A., sociedade por ações, subsidiária integral da Caixa Econômica Federal, com o objetivo de explorar atividades de banco de investimento, participações e demais operações previstas na legislação aplicável.”

2. Consoante exposto no relatório precedente, a criação da empresa CAIXA - Banco de Investimentos S/A ainda não foi finalizada, razão pela qual a unidade técnica não se pronunciou sobre a legalidade e a legitimidade do processo, não obstante não ter identificado irregularidades nas ações praticadas até o término da fiscalização. Menciono que, de acordo com informações atualizadas obtidas pelo meu gabinete, a situação permanece a mesma.

3. Considerando que a lei não estabeleceu prazo para a criação da referida subsidiária da Caixa Econômica Federal, bem como o fato de que as questões tratadas nos autos podem ser analisadas independentemente da criação da CAIXA-BI, entendo que o presente processo está em condições de ser apreciado pelo Plenário deste Tribunal, levantando-se o seu sobrestamento, nos termos sugeridos pela 2ª Secex.

4. A unidade técnica, com base na documentação e nas informações disponibilizadas, concluiu que:

a) não foram identificadas ocorrências que pudessem comprometer a legalidade e a legitimidade da criação da CAIXAPAR;

b) os riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pela CAIXAPAR foram identificados e estão sendo adequadamente tratados pelos responsáveis. Não obstante, propôs recomendações que buscam aperfeiçoar os controles internos e o processo de aquisição de novas participações societárias;

c) como as negociações para aquisição das primeiras participações societárias pela CAIXAPAR estavam em andamento, a avaliação, na forma determinada pelo Acórdão nº 2.451/2009- TCU-Plenário, não foi realizada.

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5. Como visto, com respeito às operações realizadas pela Caixa Econômica Federal com amparo na Lei nº 11.908/2009, examinadas pela equipe de acompanhamento, não há grandes reparos a fazer.

6. No entanto, verifico que o contrato de compra e venda de ações no valor de R$ 739,2 milhões, assinado no dia 1/12/2009 entre a CAIXAPAR e o Banco PanAmericano S/A, que envolveu a aquisição de participação acionária de 49% do capital social votante e de 20,69% das ações preferenciais do PanAmericano, não foi analisado no presente processo. No entender da unidade técnica, estes autos devem ser arquivados e novas ações de acompanhamento serem implementadas de acordo com a sistemática prevista na Resolução TCU nº 185/2005, que “Dispõe sobre o plano de fiscalização previsto no art. 244 do Regimento Interno do TCU”.

7. Divirjo desse entendimento. O item 9.3 do Acórdão nº 28/2009-Plenário, proferido no âmbito deste processo, determina à 2ª Secex que ”realize, nos termos do art. 241 do Regimento Interno/TCU, o acompanhamento dos atos praticados com base nas MPs 442 e 443/2008, e nas leis que vierem a ser convertidas, avaliando-os nos aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, constituindo anexo próprio para cada aquisição realizada pelo Banco do Brasil ou pela Caixa Econômica Federal com arrimo nos referidos normativos;” (grifei). Tal comando, aprovado por este Colegiado, visa a racionalidade processual, tendo em vista que as informações existentes nos autos são importantes para subsidiar as instruções futuras.

8. Dessa forma, entendo que o contrato de compra e venda de ações acima referido deve ser objeto de análise pela 2ª Secex nos presentes autos, em anexo próprio, como determinado no Acórdão nº 28/2009-Plenário. Por conseguinte, deixo de efetuar as recomendações propostas pela unidade técnica, uma vez que a análise a ser empreendida nesse contrato, assinado entre a CAIXAPAR e o Banco PanAmericano S/A, pode trazer reflexos no teor dessas recomendações.

9. Finalmente, deixo de juntar cópia da deliberação que vier a ser proferida nestes autos aos processos TC 018.213/2009-3 e TC 030.037/2008-7, visto que ambos já estão encerrados (Acórdãos nº 246/2010-Plenário e 2.570/2009-Plenário, respectivamente).

Ante o exposto, Voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1 de dezembro de 2010.

RAIMUNDO CARREIRORelator

ACÓRDÃO Nº 3251/2010 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 028.935/2008-4.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.935/2008-4

2. Grupo II - Classe V - Assunto: Acompanhamento3. Interessado: Tribunal de Contas da União4. Entidade: Caixa Econômica Federal (CAIXA)5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: 2ª Secex8. Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do relatório do acompanhamento

das operações realizadas pela Caixa Econômica Federal com amparo na MP nº 443, de 21/10/2008, convertida na Lei nº 11.908, de 3/3/2009.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. ante o disposto no item 9.3 do Acórdão nº 28/2009-TCU-Plenário, determinar à 2ª Secex que:

9.1.1. analise, sob os aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, o contrato de compra e venda de ações no valor de R$ 739,2 milhões, assinado no dia 1º/12/2009 entre a CAIXAPAR e o Banco PanAmericano S/A, envolvendo a aquisição de participação acionária de 49% do capital social votante e de 20,69% das ações preferenciais do PanAmericano, o que representa 35,54% do capital social total do banco;

9.1.2. analise, sob os aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, todas as aquisições efetuadas pela Caixa Econômica Federal com fundamento na Lei nº 11.908/2009, até o presente;

9.1.3. constitua anexo próprio para cada aquisição mencionada nos subitens anteriores; 9.2. determinar que os volumes do anexo 2, 3 e 4 deste processo tenham tratamento

sigiloso no âmbito deste Tribunal, nos termos no artigo 9º e 10 da Resolução TCU nº 191/2006;9.3. encaminhar cópia deste acórdão, relatório e voto ao Ministro de Estado da Fazenda, ao

Presidente da Caixa Econômica Federal e ao Secretário de Estado da Educação de São Paulo Paulo Renato Souza.

10. Ata n° 47/2010 – Plenário.11. Data da Sessão: 1/12/2010 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3251-47/10-P.13. Especificação do quorum:13.1. Ministros presentes: Ubiratan Aguiar (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Raimundo Carreiro (Relator) e José Jorge.13.2. Auditores convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

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Page 18: Tribunal de Contas da União€¦ · Web view2010/12/15  · 6.1 Esta fiscalização tratou dos seguintes atos praticados pela Caixa Econômica Federal com amparo na Medida Provisória

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.935/2008-4

13.3. Auditores presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)UBIRATAN AGUIAR

(Assinado Eletronicamente)RAIMUNDO CARREIRO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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