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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA T T E E O O L L O O G G I I A A S S I I S S T T E E M M Á Á T T I I C C A A I I T T E E O O L L O O G G I I A A : : A A D D o o u u t t r r i i n n a a d d e e D D e e u u s s TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL Uma Escola de Treinamento da Palavra e do Espírito

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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA

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TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL

Uma Escola de Treinamento da Palavra e do Espírito

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TEOLOGIA SISTEMÁTICA I

TEOLOGIA

© 2005. José Evaristo de Oliveira Filho.

© 2005. TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL.

Mossoró-RN

1ª Edição: 2005.

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por

TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL

Rua Eufrásio de Oliveira, 38 – Alto da Conceição.

Mossoró-RN

É expressamente proibida a reprodução comercial deste manual, por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos,

gravação, estocagem em banco de dados, etc.).

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Teologia Sistemática I - Teologia

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Conteúdo Visão Geral ................................................................................ 5

Lição Um: A Existência De Deus ................................................ 8

O Argumento Bíblico Da Existência De Deus ........................................... 8

Os Argumentos Lógicos Da Existência De Deus ..................................... 10

Argumento Cosmológico ....................................................................... 10

O Argumento Teleológico ...................................................................... 11

Argumento Antropológico .................................................................... 12

Argumento Ontológico .......................................................................... 13

Argumento Histórico Ou Etnológico .................................................... 13

Argumento Psicológico ......................................................................... 14

Argumento Biológico ............................................................................ 14

Argumento De Congruência ................................................................. 14

Argumento Cristológico ........................................................................ 14

Lição Dois: Idéias Anti-Bíblicas Sobre Deus............................ 16

Idéias Teístas ............................................................................................ 16

Panteísmo .............................................................................................. 16

Panenteísmo ........................................................................................... 17

Politeísmo ............................................................................................... 17

Henoteísmo ........................................................................................... 18

Dualismo ............................................................................................... 18

Deísmo ................................................................................................... 18

Gnosticismo ........................................................................................... 18

Ideías Não-Teístas .................................................................................... 19

Ateísmo .................................................................................................. 19

Agnosticismo ......................................................................................... 19

Lição Três: A Cognoscibilidade De Deus ................................. 21

É Possível Conhecer A Deus .................................................................... 21

O Nosso Conhecimento De Deus É Limitado ......................................... 22

O Nosso Conhecimento É Verdadeiro ..................................................... 23

Como Nós Conhecemos A Deus............................................................... 24

Através Da Revelação Geral .................................................................. 24

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Através Da Revelação Especial ............................................................. 25

Conhecendo Sobre Deus E A Deus .......................................................... 27

Lição Quatro: A Natureza De Deus .......................................... 28

A Espiritualidade De Deus ....................................................................... 28

A Personalidade De Deus ......................................................................... 29

A Unidade De Deus .................................................................................. 29

A Triunidade De Deus .............................................................................. 29

Lição Cinco: Atributos Incomunicáveis ................................... 31

Atributos Incomunicáveis ........................................................................ 32

1. Independência ................................................................................... 32

2. Imutabilidade .................................................................................... 33

3. Infinitude ........................................................................................... 34

4. Eternidade .................................... Erro! Indicador não definido.

5. Onipresença ....................................................................................... 34

6. Unidade ............................................................................................. 36

7. Onisciência ........................................................................................ 37

8. Onipotência ....................................................................................... 38

Lição Seis: Atributos Comunicáveis ........................................ 40

Os Atributos Comunicáveis ..................................................................... 40

Espiritualidade ...................................................................................... 40

Sabedoria ............................................................................................... 41

Verdade.................................................................................................. 42

Bondade ................................................................................................. 42

Amor ...................................................................................................... 43

Graça ...................................................................................................... 44

Misericórdia, Compaixão ...................................................................... 44

Paciência ................................................................................................ 45

Santidade ............................................................................................... 46

Justiça .................................................................................................... 47

Vontade ................................................................................................. 49

Observações Finais .................................................................................. 52

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Lição Sete: A Trindade ............................................................ 53

Definição .................................................................................................. 53

A Unidade De Deus ............................................................................... 54

A Tri-Personalidade De Deus ............................................................... 55

A Consubstancialidade De Deus ........................................................... 57

O Testemunho Das Escrituras ................................................................. 57

A Trindade No Antigo Testamento ....................................................... 57

No Novo Testamento ............................................................................ 58

Doutrinas Erradas Sobre A Trindade ...................................................... 58

O Triteísmo ............................................................................................ 59

O Unitarianismo .................................................................................... 59

O Modalismo Ou Sabelianismo ............................................................ 59

Arianismo .............................................................................................. 60

Subordicionismo ................................................................................... 61

Adocianismo .......................................................................................... 61

Considerações Finais ............................................................................... 61

Lição Oito: Os Nomes De Deus ................................................ 63

Importância Do Nome De Deus .............................................................. 64

Para A Revelação ................................................................................... 64

Para A Relação Deus Com O Seu Povo ................................................. 65

Nomes Identificadores De Sua Divindade ........................................... 67

Nomes Redentores ................................................................................ 68

Lição Nove: A Providência Divina ............................................ 71

O Que É A Providência Divina ................................................................. 72

Idéias Erradas Sobre A Providência De Deus ......................................... 72

Deísmo ................................................................................................... 73

Fatalismo ............................................................................................... 73

Panteísmo .............................................................................................. 73

Misticismo ............................................................................................. 73

Fatalismo X Predestinação ...................................................................... 74

A Providência É Realmente Bíblica? ....................................................... 75

A Extensão Da Providência ...................................................................... 77

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Como Deus Governa Todas As Coisas ..................................................... 78

Universal ............................................................................................... 78

Particular ............................................................................................... 78

Eficaz ..................................................................................................... 78

Abraça Até Os Eventos Aparentemente Acidentais ............................. 79

É Consistente Com Sua Própria Perfeição ........................................... 79

É Para A Sua Própria Glória ................................................................. 79

A Providência E As Ações Pecaminosas .................................................. 79

A Soberania De Deus É A Chave .............................................................. 79

A Providência E Você ...............................................................................80

Lição Dez: Os Decretos De Deus .............................................. 84

A Natureza Dos Decretos ......................................................................... 84

A Extensão Dos Decretos De Deus .......................................................... 85

Problemas Com A Aceitação Dos Decretos De Deus .............................. 85

O Problema Do Pecado ......................................................................... 86

O Problema Da Vontade ....................................................................... 88

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TEOLOGIA SISTEMÁTICA I

TEOLOGIA

VISÃO GERAL

DESCRIÇÃO DO CURSO

Este curso trará da teologia propriamente dita, ou seja, a doutrina de Deus. A Teologia é o estudo de Deus e de Suas relações com o homem. Ela se baseia nas Escrituras, que nos dá a plena revelação da Deidade conforme Deus revelou a Si mesmo.

O objeto deste estudo é o Deus revelado na Bíblia. A Bíblia nos ensina que Deus revelou a Si mesma como o único Deus Criador, existente em três Pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo; distinguíveis, mas indivisíveis em essência; co-eternas, co-existentes, co-iguais em natureza, atributos, poder e glória. A fé cristã, apoiada nas Escrituras, afirma a existência de apenas um eterno Deus, que é indivisível e inseparável em essência; e nesta única essência há três distinções eternas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Sendo a Teologia o estudo de Deus, neste curso nós estudaremos os seguintes tópicos:

A Existência de Deus

Idéias Anti-Bíblicas Sobre Deus

A Cognoscibilidade de Deus

A Natureza de Deus

O Caráter de Deus

A Trindade

Os Nomes de Deus

A Providência de Deus

Os Decretos de Deus

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OBJETIVOS DO CURSO

Ao concluir este curso você será capaz de:

Explicar a existência de Deus em termos bíblicos e racionais.

Identificar as principais idéias anti-bíblicas sobre Deus.

Provar biblicamente que Deus pode ser conhecido e se fez conhecer.

Compreender a natureza de Deus.

Descrever o caráter de Deus em termos de atributos comunicáveis e incomunicáveis.

Compreender a doutrina bíblica da Trindade e sua importância para a fé cristã.

Apreciar os nomes de Deus e as implicações do mesmo.

Compreender a Providência de Deus e ser grato por ela.

Compreender os Decretos de Deus e como eles afetam a sua vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bíblia de Estudo NVI: Editora Vida.

Bíblia de Estudo de Genebra: Editora Cultura Cristã.

Introdução A Teologia Sistemática: Roger L. Smalling, T.M.

Teologia Sistemática, Wayne Grudem: Edições Vida Nova, 2000.

Outline In Systematic Theology, Sid Litke: Biblical Studies Press, Biblical Studies Foundation, 1998.

Foundations Of Christian Doctrine, Kevin J. Conner. KJC Publications: 1980.

Survey Studies in Reformed Theology, Bob Burridge: 1997.

REQUERIMENTOS DO CURSO

Este manual pode ser estudado em dois níveis: enriquecimento e diploma.

Enriquecimento: você pode usar este manual para seu enriquecimento pessoal, não sendo necessário, portanto, que você faça a matrícula ou envie-nos os trabalhos escritos.

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Diploma: para receber os créditos referentes ao curso e o diploma no final do programa, você deve efetuar a matrícula e completar o exame final.

QUESTÕES PARA REVISÃO E EXAME FINAL

Questões Para Revisão: Ao concluir o conteúdo da lição, complete as questões para revisão. Você pode usar suas notas pessoais, sua Bíblia ou o conteúdo do estudo principal para as respostas. O propósito delas é ajudá-lo a focalizar os principais pontos do estudo e prepará-lo para o exame final.

Exame Final: No final de cada manual existe um exame final que foi elaborado para testar os seus conhecimentos e, conseqüentemente, esse exame serve para a sua aprovação no curso/manual. Para ser aprovado no curso/manual, você deverá conseguir pelo menos 70% de respostas corretas.

FORMATO DO MANUAL

Visão Geral: Traz todas as informações referentes ao manual: descrição da matéria, objetivos, referências bibliográficas, requerimentos, questões para revisão, exame final e qualquer outra informação necessária.

Lições: Cada lição contém:

Número e Título da Lição.

Objetivos.

Versículo-Chave.

O Conteúdo da Lição.

Questões Para Revisão.

Exame Final: No final deste manual você encontrará um exame final que contará pontos para a aprovação no curso/manual.

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LIÇÃO UM

A EXISTÊNCIA DE DEUS

Versículos-Chave “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1.1).

INTRODUÇÃO

A Bíblia não discute a existência de Deus; ela a declara. As primeiras palavras da Bíblia são:

“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1.1).

Aqui se declara o importante fato da criação e se dá por certo a mais sublime das verdades – a existência de Deus. Não há uma série de argumentos para provar que Deus existe; simplesmente se admite o fato. Moisés teve, sem dúvida, sob a inspiração divina, as melhores razões para seguir o método que adotou. O fato de que a Bíblia não discute a existência de Deus não quer dizer que não haja provas possíveis para prová-la. Em seguida, nós veremos uma série de argumentos que comprovam a existência de Deus.

O ARGUMENTO BÍBLICO DA EXISTÊNCIA DE DEUS

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5).

Os escritores bíblicos dão como um fato certo a existência de Deus. Nunca tentam prová-la, mas assumem-na como algo certo e inquestionável. Algumas pessoas tentam negar a existência de Deus e a Bíblia chama isso de insensatez (Salmos 14.1) e perversidade (Salmos 10.3-4). A insensatez e a perversidade humana são causadas pelo pecado; este cega o nosso entendimento para a verdade e nos leva a negar a existência do Deus Eterno.

Por outro lado, toda a Bíblia é um forte testemunho de que Deus existe, já que a criação de tal livro se encontra além dos recursos humanos. E, ao

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lermos a Bíblia, nos damos conta de que há uma série de verdades que sustentam a existência de Deus.

1. Deus se revela como o único Deus que sempre existiu.

“Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá” (Isaías 43.10).

Deus se revela aos seres humanos como o único verdadeiro Deus existente. Antes Dele não houve nenhum e depois Dele não haverá ninguém. Deus sempre existiu, portanto, não houve e nem poderia haver nada ou ninguém antes Dele. Deus sempre existirá, portanto, não haverá um „depois de Deus‟.

2. A Criação exige e sustenta a existência de Deus.

“Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Salmos 100.3).

“Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus” (Hebreus 3.4).

Deus se declara o Criador de todas as coisas e Ele de fato é. O universo e tudo que nele há foi invenção de Deus. A raça humana foi criação de Deus e, assim, permanece como um testemunho da existência de Deus. Nós existimos porque Deus existe e nos criou. Se não houvesse um Deus Criador não haveria os seres criados.

3. A Experiência humana corrobora com a existência de Deus.

“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim” (Eclesiastes 3.11).

Deus fez todas as coisas no seu devido tempo e tudo que Ele fez é belo. A „eternidade‟ colocada em nosso coração se refere à capacidade de entender que tudo existe por causa Dele e para Ele e, assim, apreciarmos a Sua divina existência.

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade,

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claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Romanos 1.20).

Nós somos indesculpáveis diante de Deus, pois Deus pode ser conhecido claramente por meio da criação. A criação testifica claramente do poder e da divindade de um Criador.

4. A Existência de Deus é testemunhada pelas nações.

“Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 1.11).

Deus se fez conhecer entre as nações. O Senhor se manifestou e agiu de maneira especial para com a nação de Israel, porém, não se deixou sem testemunho entre nações. Mesmo entre os povos mais „primitivos‟, distantes de qualquer influência judaico-cristã, há um conhecimento básico da divindade, porque Deus jamais deixou de ter um testemunho na terra e entre as nações.

OS ARGUMENTOS LÓGICOS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Através dos séculos as mentes mais brilhantes têm tratado de demonstrar a existência de Deus. Estas são argumentos filosóficos elaborados por filósofos cristãos e não-cristãos a partir de fatos observáveis na natureza e que têm o propósito de evidenciar a existência de Deus. Eles procuram mostrar que não irracional crer na existência de Deus. Ainda que tais argumentos possam ser insuficientes para alguns, pelo menos eles demonstram que é mais razoável crer que Deus existe do que o contrário.

A seguir, nós veremos os principais argumentos filosóficos ou tradicionais para a existência de Deus.

ARGUMENTO COSMOLÓGICO:

A palavra „cosmológico‟ vem de cosmos, que significa „mundo, ordem‟. O argumento cosmológico se baseia no seguinte raciocínio: o tudo existe porque há uma causa e sem uma causa nada existiria. Esse argumento é baseado em Romanos 1.20:

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade,

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claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.

O universo deve ter uma primeira causa ou criador. Nós sabemos que não há efeito sem causa. Este universo tão grandioso, com todos seus planetas e astros de distintas categorias, nem sempre existiu. Se hoje existe, como de fato existe, deve ter alguém que o fez e esse criador é Deus (Gênesis 1.1).

Muitas pessoas que se consideram sábias rejeitam a existência de Deus e pretendem ensinar que o universo se fez sozinho. A idéia de que o mundo apareceu do nada e criou a si mesmo é ridícula e é preciso mais fé para crer nessa – perdoe-me – idiotice do que crer no primeiro capítulo de Gênesis.

O apóstolo Paulo ensina que em todas as épocas, desde que o mundo foi criado, a mente humana tem sido capaz de reconhecer „seu eterno poder‟ e „divindade‟ por meio das „coisas que foram criadas‟, ou seja, a criação. Assim, as pessoas se tornam „indesculpáveis‟, pois não têm desculpas para negar a existência de Deus ou viver como se não houvesse Deus.

O ARGUMENTO TELEOLÓGICO:

A palavra „teleológico‟ vem de „telos‟, que significa „fim, meta‟. A harmonia que o universo exibe e aponta a existência de um projetista. Este argumento parte do princípio de que se há um projeto no mundo, deve haver um projetista. Como haveria um projeto se não houvesse um projetista? Esse projetista é Deus:

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmos 19.1).

A elaboração maravilhosa deste universo aponta para uma Mente Suprema. Este universo foi projetado com perfeição. Encontramos evidências de adaptação em tudo que nos rodeia. O mundo parece adaptado ao homem e aos animais. Os pulmões e o ar se adaptam mutuamente. As aves se adaptam ao ar e os peixes ao mar. Tudo parece estar no lugar exato. Tudo parecer existir e funcionar de acordo com um grande plano.

Nós podemos pensar e dizer que o plano tem que existir antes da coisa e, assim, primeiro nós concebemos a idéia e depois a realizamos, ou seja, a idéia se materializa. Temos que aceitar que a idéia ou plano deste mundo existia antes da sua realidade e se houve uma idéia teve que haver

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um Planejador ou uma Mente suprema que primeiro concebeu a Idéia, o plano, e logo o materializou, e o resultado é o mundo que nos rodeia.

As coisas complicadas deste universo nos fazem crer que Aquele que o projetou e criou tem que ser um Ser infinitamente sábio e só pode ser Deus revelado na Bíblia.

ARGUMENTO ANTROPOLÓGICO:

A palavra „antropológico‟ vem de antropos, que significa „homem‟. A personalidade do homem exige a existência de um Criador pessoal. Como haveria um ser inteligente se não houvesse um Criador inteligente? Como é possível que bilhões se seres humanos, cada um distinto e singular, porém, cada um trazendo a indelével marca de Seu Criador, se não houvesse um?

A constituição moral do homem também aponta para a existência de um Legislador. O homem tem uma natureza moral, isto é, a sua vida é regulada pelos conceitos de bem e mal, certo e errado. Ele sabe que há uma maneira certa de agir e que deve evitar a maneira errada. Esse conhecimento se chama „consciência‟. Quando o homem age com retidão a consciência o aprova e elogia; quando ele age mal, a consciência o condena.

O que podemos deduzir desse conhecimento universal do bem e do mal que é inato ao homem? Deduzimos que não pode haver leis sem um legislador. Nós deduzimos que Deus colocou no coração do homem, como leis primárias, os conceitos de bem e mal, certo e errado. Isso não pode ser uma invenção inerente ao homem, pois ele não é capaz de criar por si mesmo algo que o governa e frequentemente o condena. De fato, se tivéssemos que criar uma consciência, nós a faríamos sem noção de „mal‟ ou de „errado‟, para que não fôssemos acusados por ela.

O mundo moral com suas leis eternas é tão real e verdadeiro quanto o físico. Assim como o mundo físico, pela lei de causa e efeito, nos faz crer na existência de uma causa criadora (o Deus Criador), assim também o mundo moral nos faz pensar num Supremo Legislador, que concebeu essas leis e as „escreveu em nosso coração‟.

Este argumento é apoiado claramente pelas Escrituras:

“Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Romanos 2.14-15).

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“Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?” (Tiago 4.12).

ARGUMENTO ONTOLÓGICO:

A palavra „ontológico‟ vem de ontos, „existência‟. O homem tem a idéia de um ser perfeito. A existência é um dos atributos da perfeição, então, tal ser tem que existir. E, de onde as pessoas tirariam a idéia de um Ser Perfeito (Deus) exceto de Deus mesmo?

De fato, Deus deixou algumas „pistas‟ da Sua existência, de maneira que o homem pudesse buscá-lo e conhecê-lo:

“De um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós” (Atos 17.26-27).

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Romanos 1.19).

ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO:

A história humana nos mostra que existe uma Mão invisível guiando, governando e controlando os destinos das nações. Através do estudo da história nós podemos ver a clara mão de Deus se movendo por trás de tudo para realizar a Sua vontade (Apocalipse 17.17).

A religiosidade que se observa em todos os povos através da história também testemunha a existência de Deus. Pois, de onde os povos tirariam essa idéia de „deus‟ se não houve um Deus verdadeiro. De fato, a crença na existência de Deus está tão espalhada quanto a raça humana, ainda que em muitas coisas essa crença se encontre pervertida. Como alguém já disse, „o homem é incuravelmente religioso‟. O homem sente tão profundamente a necessidade de adorar quanto sente a necessidade de satisfazer suas necessidades físicas e não está feliz até que encontra a Deus, e o adora e o serve de maneira inteligente. Quem tem colocado tal instinto no homem? É certo que esta é um dos vestígios que apontam para a existência de Deus, o criador do homem.

Deus, que criou o homem com a finalidade de que este o adorasse e o servisse na terra como os anjos fazem no céu, estampou na raça humana,

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com caracteres que não se apagam, a consciência religiosa, a qual apesar dos raciocínios contrários, e apesar do pecado, não pode ser apagada.

ARGUMENTO PSICOLÓGICO:

O homem notoriamente tem um vazio na alma que não pode ser preenchido por nada neste mundo. Por isso ele busca incansavelmente, mas sem solução, preencher este vazio com os prazeres deste mundo, verdadeiros ou ilusórios. O fato é que a alma não pode encontrar descanso, paz ou satisfação permanente exceto em Deus.

ARGUMENTO BIOLÓGICO:

É um fato cientificamente comprovado que toda a vida neste planeta se origina de uma fonte de vida pré-existente. Deus é a fonte da existência de vida neste planeta! (Salmos 36.9; João 11.25; 14.6; 10.28; 1.1-5).

ARGUMENTO DE CONGRUÊNCIA:

A melhor explicação de determinados fatos é provavelmente a verdade. A existência de Deus explica melhor que qualquer teoria os fatos da natureza.

ARGUMENTO CRISTOLÓGICO:

O Cristo da história é um fato e é impossível explicar a pessoa de Jesus Cristo à parte da existência de Deus. Tudo o que Ele foi, tudo o que Ele fez e tudo que Ele disse, atesta a existência de Deus (João 1.1-3, 14-18; 14.6-9; 1 Timóteo 3.16).

Lição 1 - Questões Para Revisão

1. A Bíblia tenta provar a existência de Deus? Justifique.

2. O que diz o argumento bíblico da existência de Deus?

3. O que diz o argumento cosmológico da existência de Deus?

4. O que diz o argumento teleológico da existência de Deus?

5. O que diz o argumento antropológico da existência de Deus?

6. O que diz o argumento ontológico da existência de Deus?

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7. O que diz o argumento histórico da existência de Deus?

8. O que diz o argumento psicológico da existência de Deus?

9. O que diz o argumento biológico da existência de Deus?

10. O que diz o argumento cristológico da existência de Deus?

11. O que é teísmo?

12. O que é panteísmo?

13. O que é panenteísmo?

14. O que é politeísmo?

15. O que é henoteísmo?

16. O que é dualismo?

17. O que é deísmo?

18. O que é o gnosticismo?

19. O que é ateísmo?

20. O que é agnosticismo?

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LIÇÃO DOIS

IDÉIAS ANTI-BÍBLICAS SOBRE DEUS

Versículos-Chave “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10.4-5).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, nós analisamos as provas bíblicas e racionais para a existência de Deus. Nesta lição, antes de considerarmos o que a Bíblia ensina sobre a natureza e caráter de Deus, nós estudaremos algumas idéias filosóficas sobre Deus.

Uma breve consideração das filosofias cristãs e não-cristãs sobre Deus nos mostra que há basicamente dois agrupamentos: Teísta e Não-Teísta. As idéias teístas defendem que há um deus ou deuses. As idéias não-teístas defendem que não há nenhum Deus.

IDÉIAS TEÍSTAS

PANTEÍSMO:

Panteísmo é composto de duas palavras “pan” (tudo) e “theos” (Deus). É a crença de que Deus está em tudo e tudo é Deus – árvores, pássaros, animais, etc., tudo é parte de Deus. Ele faz da natureza deus e não percebe o Deus da natureza.

Variações do panteísmo:

1. Materialismo Panteísta – É a teoria da eternidade da matéria e da espontânea geração da vida. O universo e a natureza formam o único Deus que pode ser adorado. Ele faz da matéria eterna e não percebe o Deus que fez a matéria.

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2. Hilozoísmo – Também chamado de “pan-psiquismo”. É a teoria que faz de um princípio de vida seu deus e não percebe o Deus que é a fonte de vida.

3. Neutralismo – A teoria diz que a realidade final não consiste nem de matéria nem de uma mente infinita, mas de uma substância neutra da qual a matéria e a mente são apenas manifestações ou aspectos. Ela faz de alguma substância neutra seu deus e não percebe o Deus criador de todas as substâncias.

4. Idealismo – É a teoria que a realidade final é da natureza da mente, que o mundo é um produto da mente, seja ela individual ou coletiva. Ela faz da mente seu deus e não percebe o Deus que é uma pessoa real que tem uma mente perfeita.

5. Misticismo Filosófico – É qualquer filosofia que busca descobrir a natureza da realidade através do processo do pensamento ou intuição humana. Ela faz do próprio homem seu deus e não percebe o Deus que fez todos os homens.

PANENTEÍSMO:

É a crença de que Deus está em tudo e tudo está em Deus. Enquanto que para o panteísmo "deus" é o Universo na mesma medida em que o Universo é "deus", para o panenteísmo, ele contém em si a totalidade do Universo, mas esse não contém em si a totalidade de deus, ou seja, deus é maior que o Universo. Por outro lado, enquanto que o deus panenteísta se aproxima do teísmo na medida em que ele é apresentado com personalidade e vontade própria (inclusivamente, ele tem uma preocupação especial com o homem), o deus panteísta é, basicamente, uma analogia usada para referir-se aos atributos de divindade do Universo.

POLITEÍSMO:

A palavra “politeísmo” é composta de duas palavras: “poly” (muitos) e “theos” (Deus). Portanto, politeísmo é a adoração de muitos deuses. O politeísmo faz muitos deuses e não percebe o único Deus verdadeiro.

No politeísmo as forças da natureza têm sido identificadas como divindades. Uma característica universal do politeísmo é a adoção pelos seres divinos tanto de formas e características humanas como de paixões e comportamentos humanos.

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HENOTEÍSMO:

Forma de politeísmo que crê que há um deus para cada povo e que há deuses que são mais importantes do que outros, ou seja, existe um deus mais poderoso do que os outros e que é capaz de impor a sua vontade aos demais.

DUALISMO:

Dualismo é a teoria de que há dois princípios distintos ou deuses de eterno e igual poder que estão em guerra um com o outro. Ela faz do bem e do mal deuses iguais e falha em descobrir um Deus bom que julgará todo o mal.

DEÍSMO:

A palavra surgiu como um meio termo para ateísmo e teísmo. Os ateístas dizem que o deísmo é simplesmente a crença de quem não tem conhecimento suficiente para ser um ateu.

O deísmo é a crença em Deus, mas não de acordo com os ensinamentos da revelação bíblica, mas sim tal qual se pode admitir pela razão natural. Ela se apóia somente na razão e nega a revelação, os milagres e o sobrenatural.

Além disso, o deísmo crê que Deus está apenas presente na criação pelo Seu poder, não em Seu ser e natureza. Ele defende que Deus estabeleceu várias leis da natureza em movimento na criação e deixou o universo correr por si mesmo por meio destas leis. Essa teoria apresenta um deus ausente, um deus que não tem nada a ver com a criatura que ele criou e não percebe o Deus onipotente e onipresente.

GNOSTICISMO:

Nome derivado do termo grego gnosis (conhecimento). Os gnósticos tornaram-se uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos que, segundo eles, tornava-os superiores aos cristãos comuns que não tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias pagãs anteriores ao Cristianismo. Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do Cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte e negativa influência na Igreja. A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O Supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual "bom". A partir dele, procediam sucessivos seres finitos (éons), quando um deles (Sofia) deu à luz a Demiurgo (deus criador), que criou o mundo material "mau", juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o

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constituem. Os Cristãos gnósticos ensinavam que a salvação vem por meio de um desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo espiritual mais elevado. Cristo, embora parecesse ser um homem, nunca assumiu um corpo físico; portanto, não foi sujeito às fraquezas e emoções humanas1.

IDEÍAS NÃO-TEÍSTAS

ATEÍSMO:

Nega a existência de Deus e de qualquer deus. Pode ser dividido em diversos ramos:

1. Ateísmo Prático. Crê que talvez haja um Deus, mas vive como se não houvesse. Não tem interesse em questões religiosas por causa da hipocrisia daqueles que são religiosos.

2. Ateísmo Dogmático. Abertamente declara sua descrença na existência de qualquer deus.

3. Ateísmo Virtual. Gera definições abstratas sobre Deus como “consciência social” ou “o desconhecido” ou “a ordem moral do universo”.

4. Ateísmo Crítico. Nega a existência de Deus alegando que ninguém pode demonstrar ou provar a existência de Deus.

5. Ateísmo Clássico. Negação de deus ou deuses de algumas religiões em particular.

6. Ateísmo Racionalista. Entroniza a razão e destrona a fé na existência de Deus. Reivindica que a razão é a única fonte de conhecimento.

AGNOSTICISMO:

Esta visão não-cristã defende que ninguém pode saber se Deus existe ou não. Ela não nega, mas também não afirma a existência de Deus. O Gnóstico é aquele que diz “eu sei tudo”. O Agnóstico é aquele que diz “eu não posso saber” ou “eu não sei nada”. Há diversos tipos:

1. Positivismo. Defende que não existe nada além dos fatos verdadeiramente observáveis. Deus não pode ser examinado como um fato, portanto, Ele não existe.

1 Fonte: Dicionário de Religiões - Editora Vida.

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2. Pragmatismo. Sustenta que não há nenhuma revelação especial de Deus e que a razão humana é incompetente para descobrir se Deus existe ou não.

3. Existencialismo. Defende a filosofia de que o indivíduo pode exercitar sua livre vontade e fazer o que gosta num universo sem um propósito. É a filosofia de “não-moralidade” porque não há um Deus.

Lição 2 - Questões Para Revisão

1. O que é teísmo?

2. O que é panteísmo?

3. O que é panenteísmo?

4. O que é politeísmo?

5. O que é henoteísmo?

6. O que é dualismo?

7. O que é deísmo?

8. O que é gnosticismo?

9. O que é ateísmo?

10. O que é agnosticismo?

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LIÇÃO TRÊS

A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS

Versículos-Chave “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21).

INTRODUÇÃO

A doutrina da cognoscibilidade nos ajuda a responder estas perguntas. „Cognoscibilidade‟ vem de „cognoscitivo‟, ou seja, que tem capacidade de conhecer. Nós cremos que é possível conhecer a Deus e isso de uma maneira verdadeira e íntima. Porém, há muitos que negam essa possibilidade. O agnosticismo, por exemplo, é a crença que nega dogmaticamente a possibilidade de conhecermos a Deus. Será que nós podemos conhecer a Deus? Quanto de Deus nós podemos conhecer? E, como nós sabemos sobre Deus?

Nós procuraremos responder a estas perguntas nesta lição.

É POSSÍVEL CONHECER A DEUS

Sim, nós cremos que é possível conhecermos a Deus. Porém, devemos reconhecer que só podemos conhecê-lo se Ele se revelar a nós. E desde o começo do mundo Deus tem se revelado aos homens, seja de maneira subjetiva ou objetiva. Se Deus não tivesse se revelado, nós jamais seríamos capazes de conhecê-lo.

Porque nós somos pecadores, nós não temos um conhecimento inerente de Deus. O pecado nos deixa numa situação onde não podemos conhecer a Deus:

“Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus” (Oséias 4.1).

Assim, sendo pecadores, nós não podemos conhecer a Deus por nossa própria sabedoria:

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“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21).

E, mesmo quando Deus se revela e se faz conhecido aos homens, estes rejeitam a revelação de Deus:

“Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Romanos 1.21).

“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes” (Romanos 1.28).

Portanto, se Deus não tivesse tomado a dianteira e se revelado a nós, jamais poderíamos conhecê-lo e tomar conhecimento Dele pela nossa própria busca. Deus, porém, se revelou de várias maneiras e deixou-nos várias „sinais‟ para “buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós” (Atos 17.27).

O NOSSO CONHECIMENTO DE DEUS É LIMITADO

Apesar do nosso pecado, nós podemos conhecer a Deus. Mas devemos admitir que o nosso conhecimento de Deus é limitado. Deus é infinito e nós somos finitos, portanto, nós não podemos conhecê-lo plenamente. Esta limitação tem sido chamada de a incompreensibilidade de Deus e Ele nos fala dela em Sua Palavra:

“Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas” (Eclesiastes 11.5).

“Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?” (Isaías 40.13, 14).

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus

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caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55.8, 9).

“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?” (Romanos 11.33-35).

O NOSSO CONHECIMENTO É VERDADEIRO

Como cristãos, ainda que seja limitado, o nosso conhecimento de Deus é verdadeiro. Deus pode ser conhecido pelos homens e é conhecido de maneira especial pelo crente porque Ele tomou a iniciativa de dar-se a conhecer e, ainda que não revele tudo de Si mesmo, o que Ele revela é verdadeiro. Portanto, o que Deus revelou de Si mesmo pode ser conhecido e admirado.

“Agora, pois, pergunta aos tempos passados, que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até à outra, se sucedeu jamais coisa tamanha como esta ou se se ouviu coisa como esta; ou se algum povo ouviu falar a voz de algum deus do meio do fogo, como tu a ouviste, ficando vivo; ou se um deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo, com provas, e com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão poderosa, e com braço estendido, e com grandes espantos, segundo tudo quanto o SENHOR, vosso Deus, vos fez no Egito, aos vossos olhos. A ti te foi mostrado para que soubesses que o SENHOR é Deus; nenhum outro há, senão ele” (Deuteronômio 4.32-35).

“Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.25-27).

Ver também 1 Coríntios 2.7-16. Não é necessário conhecer exaustivamente para conhecer verdadeiramente.

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COMO NÓS CONHECEMOS A DEUS

Não podemos conhecer tudo sobre Deus porque nós somos pecadores limitados. Mas Deus revelou a Si mesmo e, por meio de Sua revelação nós podemos conhecê-lo, tal conhecimento é verdadeiro.

Há muitas pessoas, livros e religiões que pretensamente tentam indicar o caminho para o conhecimento de Deus. Porém, estes caminhos são falsos e nos levam à decepção. Assim, nós precisamos saber como podemos conhecer sobre Deus em verdade?

ATRAVÉS DA REVELAÇÃO GERAL:

A revelação geral é aquela que vem por meio da criação e da consciência humana. É algo que Deus tornou naturalmente disponível a todos os seres humanos de todas as épocas e lugares.

A Bíblia nos informa que mesmo antes da Bíblia ser produzida e Deus se revelar por meio de Seu Filho Jesus (João 1.18), Deus se revelou aos homens por meio de Sua bondade providencial na natureza:

“Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria” (Atos 14.15-17).

Nem tudo de Deus pode ser conhecido, mas o que pode ser conhecido se manifesta entre os homens por meio das coisas criadas. A criação é uma manifestação clara de Deus aos homens:

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se

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loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Romanos 1.19-23).

Deus também se revelou e se revela na consciência humana:

“Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho” (Romanos 2.14-16).

Todos estes textos não somente provam que Deus existe, mas também que é possível conhecê-lo por meio Seu poder criativo manifestado no universo.

ATRAVÉS DA REVELAÇÃO ESPECIAL:

A revelação especial de Deus se aplica aos meios não naturais – a criação e a consciência – pelos quais Deus se faz conhecido aos homens. Os milagres, o cumprimento das profecias, o próprio Senhor e a Bíblia, todos estes são parte da revelação especial de Deus.

1. Os milagres revelam Deus ao homem. „Um milagre é um fato ou acontecimento fora do comum, que Deus realiza para confirmar o seu poder, o seu amor e a sua mensagem2‟. Os milagres de Deus são intervenções claras de Seu poder no reino natural, quando Aquele que estabeleceu as leis naturais estende-as ou cria exceções à regra. Por exemplo, em Josué 10.11-14 nós temos o relato do sol parando. Isso está além da compreensão natural e vai contra todas as leis naturais, porém, é um fato. Por meio deste milagre, Deus manifestou o Seu poder e aqueles que o testemunharam puderam reconhecer que havia um Deus capaz de interferir no natural e ajudar-nos em nossos problemas cotidianos.

Os milagres de Deus, porém, não estão confinados ao relato bíblico. De fato, muitas pessoas em nossos dias têm sido atraídas ao evangelho e a Cristo por meio dos atuais milagres de cura e libertação, entre outros. A ação do poder e do amor se revelou de maneira tão clara que as pessoas

2 Dicionário da Bíblia de Almeida.

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conheceram que havia um Deus e que Ele se importava com elas. Desta maneira, elas deram ouvidos ao evangelho e creram em Cristo para a salvação.

2. O cumprimento da profecia revela Deus. O fato de Deus tornar um fato conhecido muito tempo antes de ele acontecer é uma maneira do próprio Deus se fazer conhecido ao mundo. Exemplos de profecias bíblicas que foram profetizadas muito antes de seu cumprimento abundam. Porém, podemos citar a profecia de Daniel 9.24-27, onde o profeta predisse, em 538 a.C., que Jesus viria como o Salvador e Príncipe prometido para Israel exatamente 483 anos depois que o imperador persa desse aos judeus permissão para reconstruir a cidade de Jerusalém que estava em ruínas nesta época. Essa profecia foi clara e definitivamente cumprida no tempo exato.

A Bíblia também contém uma grande quantidade de profecias tratando das nações e cidades específicas ao longo da história, todas as quais foram literalmente cumpridas. Mais de 300 profecias foram cumpridas pelo próprio Jesus Cristo durante a sua primeira vinda. Por exemplo, Miquéias profetiza o lugar do nascimento de Cristo pelo menos 650 antes de Seu nascimento (Miquéias 5.2; Mateus 2.1).

3. Jesus Cristo em Si mesmo revela Deus.

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas” (Hebreus 1.1).

O Senhor Jesus é um revelação singular de Deus. Ele não foi a primeira e nem a forma final da revelação sobre Deus, mas foi a própria revelação de Deus. O próprio Deus se fez conhecido no corpo, nas palavras e na pessoa do Filho, Jesus. É por isso que o evangelho é a revelação superior à antiga, pois na anterior, a revelação nunca foi feita no Filho. No Evangelho nós conhecemos a Deus no Seu próprio Filho. Jesus nos fez conhecer por Si mesmo o poder, a sabedoria e a bondade do Pai. A plenitude da divindade habitou Nele corporalmente, não tipicamente ou em figura, mas em realidade. É por isso que nós dizemos que Ele é a revelação singular de Deus.

4. As Escrituras como um todo revela Deus.

Deus não somente se fez conhecido nos milagres, no cumprimento profético e na pessoa do Filho, mas também por meio da Bíblia, a Palavra escrita de Deus.

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A Palavra escrita de Deus permanece como o registro normativo da revelação de Deus e a expressão final de Sua Palavra comunicada aos homens para fazer-se conhecido. Por que ela nos comunica os milagres de Deus, as profecias e a pessoa e obras de Jesus, a Bíblia tem o lugar singular de autoridade em termos de registro escrito. Ela não é Deus, como o Senhor Jesus, mas nos faz conhecer sobre Deus e a Deus. Ela a autoridade final em tudo o que podemos conhecer sobre Deus. Ela é a única fonte de revelação completa e autoritativa sobre Deus.

CONHECENDO SOBRE DEUS E A DEUS

Deus se revela e se faz conhecido de várias maneiras. Porém, há uma diferença entre conhecermos sobre Deus e conhecermos a Deus. Nós podemos conhecer sobre Deus lendo a Bíblia e livros cristãos, mas podemos fazer isso a nossa vida toda e não conhecermos a Deus; nós adquirimos apenas as informações sobre Deus, mas não o conhecemos pessoalmente.

O conhecimento sobre Deus é muito importante e deve ser cultivado constantemente pelo estudo das Escrituras („examinais as Escrituras‟), mas precisamos ter um relacionamento, um conhecimento pessoal de Deus para termos vida (João 5.39-40). Assim, a informação que nós temos de Deus deve ser transformada em conhecimento pessoal de Deus, por meio da meditação, oração e adoração.

Lição 3 - Questões Para Revisão

1. É possível conhecer a Deus? Justifique.

2. Como é possível ter um conhecimento verdadeiro, porém, limitado de Deus?

3. Como nós conhecemos a Deus?

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LIÇÃO QUATRO

A NATUREZA DE DEUS

Versículos-Chave “Deus é Espírito...” (João 4.24).

INTRODUÇÃO

A infinita não pode compreender plenamente a Deus, mas tudo o que Deus revelou de Si mesmo pode e dever ser conhecido. Muitas são as perguntas das pessoas sobre Deus, mas há duas em especial que são mais comuns: (1) quem é Deus? E (2) qual é a forma de Deus?

As respostas são encontras na Bíblia e sistematizadas na doutrina da natureza de Deus, que é o tema desta lição.

Há quatro fatos na natureza de Deus que nos ajudam a compreendê-lo:

Deus é Espírito

Deus é uma Pessoa

Deus é Uno

Deus é Trino

A ESPIRITUALIDADE DE DEUS

Deus é Espírito (João 4.23 com Lucas 24.39).

Esta é uma grande verdade revelada quanto à natureza de Deus. Deus é espírito – isso quer dizer que Ele não tem corpo é incorpóreo. Algumas vezes na Escritura nós lemos sobre „as mãos de Deus‟. Este tipo de „personificação‟ de chama „antropomorfias‟, de antropos (homem) e morfa (forma). Esta linguagem é necessária para trazer o infinito ao finito, ou seja, para que possamos compreender melhor, porém, ela nunca é usada para significar que Deus tem realmente um corpo físico igual ao do homem.

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A PERSONALIDADE DE DEUS

Deus não é humano, porém Ele é uma “pessoa” como o homem. Ao dizer que Deus é uma pessoa ou que tem personalidade, nós queremos dizer que Ele tem em si os elementos que constituem a personalidade, a saber: intelecto, sentimento e vontade. Deus pensa (Jeremias 29.11; Isaías 46.11; Zacarias 1.6), sente (Salmos 33.5; 103.8-11; Santiago 5.11) e tem ações volitivas (Salmos 115.3; Isaías 46.10-13; Daniel 4.35; Mateus 19.26); então, Ele tem personalidade. É bom lembrar que a personalidade está radica no espírito e não no corpo, por isso Deus, ainda que não tenha corpo, tem personalidade. É neste sentido que nós somos criados à “imagem de Deus” (Gênesis 1.26, 27; 9.6). É claro, Ele não compartilha nossas imperfeições, mas ele compartilha nossa natureza pessoal. Deus não é uma “força”. Ele é um ser pessoal.

A UNIDADE DE DEUS

Por unidade queremos dizer que Deus é uno – um ser absolutamente perfeito, supremo e todo-poderoso. Assim, a idéia do politeísmo (doutrina de muitos deuses) é repugnante e contraditória.

A Bíblia ensina claramente a unidade de Deus:

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Deuteronômio 4.6).

“Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que não me conheces” (Isaías 45.5).

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5).

“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8.4).

A TRIUNIDADE DE DEUS

É muito difícil definir a trindade de Deus sem cair em erro, por isso nós dedicamos uma lição só para estudarmos este tema. Porém, aqui nós queremos introduzi-lo.

A doutrina da Trindade significa que há apenas um Deus, mas na unidade de Deus há três pessoas igualmente eternas, da mesma substância, mas distintas umas das outras.

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O „Catecismo Maior3‟ diz que:

Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro (Deuteronômio 6.4: Jeremias 10.10; 1 Coríntios 8.4). Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais (Mateus 3.16-17, e 28.19; 2 Coríntios 13.13; João 10.30). O Pai gerou o Filho, o Filho foi gerado pelo Pai, e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, desde toda à eternidade (Hebreus 1.5-6; João 1.14 e 15.26; Gálatas 4.6). As Escrituras revelam que o Filho e o Espírito Santo são Deus igualmente com o Pai, atribuindo-lhes os mesmos nomes, atributos, obras e culto que só a Deus pertencem (Jeremias 23.6; Isaías 6.3, 5, 8; João 12.41; Atos 28.25; 1 João 5.20; Salmos 45.6; Atos 5.3-4; João 1.1; Isaías 9.6; João 2.24-25; 1 Coríntios 2.10-11; Colossenses 1.16; Gênesis 1.2; Mateus 28.19; 2 Coríntios 13.13).

Lição 4 - Questões Para Revisão

1. O que queremos dizer com a „espiritualidade‟ de Deus?

2. O que queremos dizer com „Deus é uma pessoa‟?

3. O que queremos dizer com a „unidade de Deus‟?

4. O que queremos dizer com a „triunidade de Deus‟?

3 Um documento preparado, entre outros, num período de 5 anos e meio na Abadia de Westminster, por um sínodo formado por diversos teólogos calvinistas.

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LIÇÃO CINCO

O CARÁTER DE DEUS (I):

ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS

Versículos-Chave “O único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver...” (1 Timóteo 6.16).

INTRODUÇÃO

„Como nós podemos descrever Deus? Como Ele é em Suas características peculiares?‟ Nós só podemos conhecer a Deus como Ele é porque Ele tem se revelado a nós de várias maneiras. Ele tem se revelado na criação, no cumprimento das profecias, no Senhor Jesus e na Bíblia. A Bíblia é a revelação final de Deus porque ela é o registro exato e fiel de tudo o que Ele quis que nós conhecêssemos. Na Bíblia nós temos a convergência e o registro escrito de todas as outras formas de revelação de Deus. Assim, ela se tornou de uma vez por todas o único e autoritativo registro escrito da vontade e da pessoa de Deus. Portanto, se quisermos saber como é Deus, nós devemos examinar as Escrituras.

O caráter ou os atributos de Deus são encontrados em toda a Bíblia. A maioria das teologias sistemática emprega o termo „atributos‟ para descrever os diversos aspectos do caráter de Deus. Porém, devido ao fato da palavra „atributo‟ derivar de „atribuir‟, algumas pessoas podem ter a idéia equivocada de que ela significa „conceder algo a Deus‟, algo que Ele não teria por Si mesmo, que fosse inerente à Sua natureza. Assim, nós usaremos a palavra „atributo‟ sempre como sinônimo de caráter, pois estaremos tratando das qualidades inerentes de Deus, Suas „excelências‟ ou „virtudes‟ (1 Pedro 2.9). Estas palavras comunicam bem a idéia das perfeições próprias de Deus.

CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS DE DEUS

Tradicionalmente se costuma dividir os atributos de Deus em duas categorias, para facilitar o seu estudo. As duas categorias são: (1) os atributos incomunicáveis – aqueles que são existem em Deus; e (2) os

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atributos comunicáveis – aqueles que de alguma maneira e com certas limitações foram comunicadas aos seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus.

ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS

1. INDEPENDÊNCIA:

Deus existe por Si mesmo. A Bíblia nos ensina que Deus é distinto, livre, e de uma existência independente. Ele existe antes de todas as coisas e por Ele todas elas existem (Salmos 90.2; 1 Coríntios 8.6; Apocalipse 4.11).

Num sentido mais absoluto, Ele é o Senhor de toda a terra (Êxodo 23.17; Deuteronômio 10.17; Josué 3.13). Ele não depende de nada, mas tudo depende Dele (Romanos 11.36).

Ele mata e dá vida, forma a luz e cria as trevas (Deuteronômio 32.39; Isaías 45.5-7; 54.16). Ele faz conforme a sua própria vontade com os habitantes dos céus e da terra (Daniel 4.35), de maneira que as pessoas são em Suas mãos como o barro nas mãos do oleiro (Isaías 64.8; Jeremias 18.1; Romanos 9.21).

O Seu conselho, Sua boa vontade, é a base final para tudo o que ocorre (Salmos 33.11; Provérbios 19.21; Isaías 46.10; Mateus 11.26; Atos 2.23; 4.28; Efésios 1.5, 9, 11). Ele faz tudo por causa de Seu nome e para a Sua glória (Deuteronômio 32.27, Josué 7.9; 1 Samuel 12.22; Salmos 25.11; 31.3; 79.9; 106.8; 109.21; 143.11; Provérbios 16.4; Isaías 48.9; Jeremias 14.7, 21; Ezequiel 20.9, 14, 22, 44). Ele não necessita de nada e é todo-suficiente (Jó 22.2, 2; Salmos 50.18ss.; Atos 17.25).

Ele tem vida em Si mesmo (João 5.26). Ele é absolutamente independente não somente em Sua existência, mas também consequentemente em Suas virtudes e perfeições, em Seus decretos e obras. Ele é independente em Seu conselho (Romanos 11.34-35); em Sua vontade (Daniel 4.35); em Seu amor (Oséias 14.5); em Seu poder (Salmos 115.3), e etc., portanto, independente em todas as coisas.

Ele é a única fonte de vida e da existência, de toda luz e amor, a fonte de toda bênção (Salmos 36.9; Atos 17.25). Por meio de sua independência, Deus é absolutamente diferente de toda criatura. Toda criatura é dependente de Deus quanto à sua origem, subsistência e desenvolvimento.

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2. IMUTABILIDADE:

A Imutabilidade de Deus significa que Ele não muda em seu ser, propósito ou promessas. Às vezes, parece que a Bíblia não dá apoio à imutabilidade, pois a Bíblia apresenta Deus por todos os lados como estando sempre em contato muito próximo com Sua criação. No princípio ele criou os céus e a terra; portanto, de um estado de não criatividade Ele passou a um estado de atividade criadora. A partir deste princípio, por assim dizer, Ele vive a vida do mundo. Num sentido muito especial, Ele vive a vida de Israel; vem e vai; se revela e se esconde; retira Seu apoio e o proporciona. Ele se arrepende (Gênesis 6.6; 1 Samuel 15.11; Amós 7.3, 6, etc.); muda Seu propósito (Êxodo 32.10-14; Jonas 3.10); se ira (Números 11.1, 10; Salmos 106.40) e se volta do ardor de Sua ira (Deuteronômio 13.17; 2 Crônicas 12.12; 30.8; Jeremias 18.8, 10; 26.3).

A Sua relação com o crente é distinta de Sua relação com o não-crente (Provérbios 11.20; 12.22), com o puro Ele se mostra pura e com o perverso, severo (Salmos 18.25, 26). Na plenitude dos tempos se fez carne em Cristo e por meio do Espírito Santo vem morar na Igreja.

Sem dúvida, apesar de tudo o foi dito anteriormente, a Bíblia testifica que em todas estas variadas relações e experiências, Deus permanece o mesmo - Ele não muda. Ainda que tudo pereça, Ele permanece (Salmos 102.26-28). Ele é o Senhor, que permanece eternamente o mesmo. Ele se descreve como “o SENHOR, o primeiro, e com os últimos eu mesmo” (Isaías 41.4; ver também 43.10; 46.4; 48.12).

Ele é quem é (Deuteronômio 32.29) (ver também João 8.58; Hebreus 13.8), o Deus imortal, o único e sábio, o que permanece sempre o mesmo (Romanos 1.23; 1 Timóteo 1.17; 6.16; Hebreus 1.11, 12).

Além disso, sendo imutável em Sua essência, Ele é imitável em Seus pensamentos e vontade, em Seus propósitos e decretos: Ele não é homem para que se arrependa. Ele cumpre Suas ameaças (Números 15.29; 1 Samuel 11.29). Os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis (Romanos 11.29). Ele não rejeitou ao Seu povo. Ele aperfeiçoa e termina o que principia (Salmos 138.8; Filipenses 1.8). Numa palavra, “eu, o SENHOR, não mudo” (Malaquias 3.6). Nele não já mudança nem sombra de variação (Tiago 1.17).

Na Bíblia, Deus é chamado de a Rocha (Deuteronômio 32.4, 15, 18, 30, 31, 37; 1 Samuel 2.2; 2 Samuel 22.3, 32; Salmos 19.14; 31.2; 62.2,1 6; 73.26). Em Deus, o homem pode descansar firmemente.

À luz destas verdades, é claro que a linguagem bíblica, que apresenta Deus envolvido numa atividade que muda para com Sua criação, tem que ser considerada antropomórfica4 ou antropopática5. Há mudanças ao

4 Que atribui a Deus formas e atos próprios do ser humano.

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redor de Deus, há mudança em Suas relações com os homens, porém, não há mudanças em Seu ser, pois a imutabilidade de Deus não deve ser confundida com imobilidade.

3. INFINITUDE/ETERNIDADE:

A infinitude de Deus significa que Deus está livre de todas as limitações. Deus se mantém acima das limitações das criaturas. Ele possui cada virtude num grau absoluto, perfeito. A infinitude de Deus é qualificativa, não quantitativa; intensa, não extensiva; positiva, não negativa.

A infinitude em relação ao tempo é eternidade; em relação ao espaço é onipresença. Em certo sentido, infinitude é sinônimo de perfeição.

A eternidade de Deus significa que Ele está livre das limitações do tempo. A Bíblia não fala nem de um princípio nem de um fim da existência de Deus. Ainda que às vezes Deus seja representado como imanente no tempo, Ele é, sem dúvida, ao mesmo tempo, transcendente.

Ele é o primeiro e o último (Isaías 41.4; Apocalipse 1.8); existia antes do mundo (Gênesis 1.1; João 1.1; 17.5, 24) e permanece para sempre (Salmos 102.26, 27). O número de Seus anos é inescrutável (Jó 36.26). Mil anos aos Seus olhos são como o dia de ontem (Salmos 90.4; 2 Pedro 3.8). Ele é Deus eternamente (Isaías 40.28; Romanos 16.26) e mora na eternidade (Isaías 57.15). Ele é imortal (1 Timóteo 6.16), Aquele que é e que era e que há de vir (Êxodo 3.14; Apocalipse 1.4, 8).

A Bíblia fala de Deus, nestas passagens, de forma antropomórfica, e da eternidade em forma de tempo. Sem dúvida, claramente ensina que Deus transcende o tempo e que não pode ser medido por meio da medida do tempo. O conceito de eternidade tem três características: exclui „princípio‟, „fim‟ e „sucessão de momentos‟. Deus não está sujeito ao tempo, mas sim que o usa para o cumprimento de Seus propósitos. Por assim dizer, o tempo é um servo da eternidade, de onde se prova que Deus é o „Rei Eterno‟ (1 Timóteo 1.17).

4. ONIPRESENÇA:

A onipresença de Deus significa que Ele está em todo lugar. A infinitude aplicada ao espaço é a imensidão. O corolário da imensidão é a onipresença.

Na Bíblia, Deus é visto como o Senhor dos céus de da terra (Gênesis 14.19, 22; Deuteronômio 10.14). Os céus não podem contê-lo (1 Reis 8.27;

5 Que atribui a Deus sentimentos próprios do ser humano.

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2 Crônica 2.6; Isaías 66.1; Atos 7.48). Isto não significa que Deus está excluído do espaço; pelo contrário, Ele enche os céus e a terra; nada pode escapar de Sua presença (Jeremias 23.23, 24; Salmos 139.7-10). Nele vivemos, nos movemos e existimos (Atos 17.27, 28).

Além disso, Ele não está presente no mesmo nível e da mesma maneira em todo o lugar. A Bíblia ensina que o céu, ainda que criado, tem sido a morada de Deus e Seu trono desde o momento da criação (Deuteronômio 26.15; 2 Samuel 22.7; 1 Reis 8.32; Salmos 11.4; 33.13; 115.3; Isaías 63.15; Mateus 5.34; 6.9; João 14.2; efésios 1.20; Atos 1.3; Apocalipse 4.11 e ss., etc.). Porém, Deus desce do céu (Gênesis 11.5, 7; 18.21; Êxodo 3.8), caminho no jardim (Gênesis 3.8), aparece com freqüência em vários lugares (Gênesis 12.15, 18, 19, etc.;) e num sentido especial, desce ao Seu povo no Sinai (Êxodo 19.9, 11, 18, 20; Deuteronômio 33.2; Juízes 5.4).

Enquanto permite que as nações caminhem segundo seu próprio parecer (Atos 14.16), Ele habita de maneira especial no meio de Israel (Êxodo 19.6; 25.8; Deuteronômio 7.6; 14.2; 26.19; Jeremias 11.4; Ezequiel 11.20; 37.21), na terra de Canaã (Juízes 11.24; 1 Samuel 26.19; 2 Samuel 14.16; 2 reis 1.3-16; 5.17), em Jerusalém (Êxodo 20.24; Deuteronômio 12.11, 14, 23; etc.; 2 Reis 21.7; Ezequiel 1.3; 5.16; 7.1; Salmos 135.21; Isaías 24.23; Jeremias 3.17; João 3.16; etc.; Apocalipse 21.10), no tabernáculo e no templo de Sião, o que é chamado de Sua casa (Êxodo 40.34, 35; 1 Reis 8.10; 11.2.; 1 Crônicas 5.14; Salmos 912), por cima da arca, em meio aos querubins (1 Samuel 4.4; 2 Samuel 6.2; 2 Reis 19.15; 1 Crônicas 13.6; Salmos 80.1; 99.1). Porém, vez após vez os profetas protestam a confiança do povo na presença de Deus no meio de Israel (Isaías 48.1,2; Jeremias 3.16; 27.16), porque Deus está longe dos ímpios (Salmos 11.5; 35.10 e ss.; 50.15 e ss.; 145.20), porém, os justos verão a Sua face (Salmos 11.7). Ele habita com os contritos e humildes de coração (Salmos 51.11; 57.15).

Quando os Israelitas o abandonam, Ele se volta para eles em Cristo, em quem habita a plenitude da deidade (Colossenses 2.9). Através de Jesus Cristo e de Seu Espírito, Ele habita a Igreja como em Seu templo (João 14.23; Romanos 8.9, 11; 1 Coríntios 3.16; 6.19; Efésios 2.21; 3.17), até que habite com Seu povo e seja tudo em todos (1 Coríntios 15.28; Apocalipse 21.3).

Existem diferentes pontos de vista com respeito à onipresença de Deus:

O politeísmo, o gnosticismo e o maniqueísmo negam a onipresença de Deus.

Alguns dos primeiros teólogos aceitavam a onipresença da vontade de Deus, não do ser de Deus.

Os arminianos, no geral, recusam comprometer-se com este assunto.

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O deísmo confina Deus ao céu.

Agostinho e outros ensinaram que Deus é transcendente ao espaço porque o espaço é um modo de existência próprio das criaturas imanentes no espaço: preenchendo cada unidade do espaço com o todo do seu ser, não difuso através do espaço como a luz ou o éter.

Os teólogos posteriores, tanto católicos quanto os reformados concordam com Agostinho.

Algumas das implicações da doutrinas da onipresença de Deus:

Deus é transcendente acima do espaço.

Ele é imanente em todo o espaço.

O próprio espaço pressupõe a imensidade de Deus.

Deus não está presente no mesmo sentido em cada criatura. Devemos distinguir entre Sua imanência física e espiritual; também em Sua imanência no ímpio e no crente; e entre Sua imanência no crente e em Cristo.

O pecado separa de Deus não espacialmente, mas sim, espiritualmente; não é com respeito ao lugar, mas sim com respeito a não ser como Ele que afasta o homem de Deus. Por tanto, o acercar-se de Deus e buscar a Sua presença não requere uma peregrinação literal, mas sim arrependimento, humilhação e fé.

5. UNIDADE:

Isso significa que Deus é uma só essência. A unidade de Deus é o último dos atributos incomunicáveis. Este atributo inclui tanto a unidade de Deus quanto a Sua simplicidade. O primeiro quer dizer que há somente um Deus, que Sua natureza torna impossível a existência de outros seres divinos e, consequentemente, que todos os outros seres existem por Ele e para Ele. A simplicidade de Deus diz respeito à Sua unicidade interna ou qualificativa.

O Senhor é o criador do universo (Gênesis 1 e 2), o possuidor e juiz de toda a terra (Gênesis 14.19,2 2; 18.25), o único Senhor (Deuteronômio 6.4), Aquele que não aceitará outros deuses diante Dele (Êxodo 20.3). Além Dele não há outro Deus (Deuteronômio 4.35; 32.39; Salmos 18.31; 83.17; Isaías 43.10; 44.6; 45.5, etc.), os deuses dos pagãos são chamados de „aqueles que não são deuses‟, vaidades, coisas de nada, vento e confusão, ídolos sem valor algum (Deuteronômio 32.21; Salmos 96.5; Isaías 41.29; 44.9, 20; Jeremias 2.5, 11; 10.15; 16.19; 51.17, 18; Daniel 5.23; Habacuque 2.19; etc.).

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No Novo Testamento a unidade de Deus se torna mais clara na pessoa do Senhor Jesus Cristo (João 17.3; Atos 17.24; Romanos 3.30; 1 Coríntios 8.5, 6; efésios 4.5, 6; 1 Timóteo 2.5). A unicidade de Deus inclui mais que a unidade numérica. Inclui também Sua simplicidade. Isto é claro quando consideramos que quando a Bíblia nos dá uma descrição da plenitude do ser de Deus usa tanto advérbios quanto nomes. A Bíblia não só nos diz que Deus é fiel, justo, vivo, onisciente, amoroso, etc. (Jeremias 10.10; 23.6; João 1.4, 5, 9; 16.6; 1 Coríntios 1.30; 1 João 1.5; 4.8) e que cada atributo é idêntico com o ser de Deus por razão do fato de que cada uma de Suas virtudes é absolutamente perfeita.

6. ONISCIÊNCIA:

A onisciência de Deus significa que Ele sabe tudo o possível e atual de forma direta e imediata. Deus é luz e não há nenhuma treva Nele (1 João 1.5), Ele habita a luz inacessível (1 Timóteo 6.16) e a fonte de toda luz (Salmos 4.7; 27.1; 36.10; 43.3; João 1.4, 9; 8.12, etc.). Quando Deus é chamado de „luz‟, isso se refere principalmente á perfeição do conhecimento de Seu ser, de maneira que nada está escondido à Sua consciência.

Na Bíblia, a palavra „luz‟ é também um símbolo de pureza, castidade, santidade, e de gozo, alegria e bênção (Salmos 27.1; 36.9; 97.11; Isaías 60.19; João 1.4; Efésios 5.8). Por outro lado, a palavra „trevas‟ não só simboliza o erro e ignorância, mas também a corrupção moral, o pecado e a miséria (Salmos 82.5; Eclesiastes 2.13, 14; Isaías 8.22; Mateus 8.12; Lucas 22.53; João 3.19; Romanos 3.12; Efésios 5.8 e ss.; 1 Pedro 2.9, etc.).

Sem dúvida, o significado simbólico de „luz‟, o qual permanece no pano de fundo é o de „conhecimento‟. A razão disto é que a maior função da luz é revelar aquilo que está escondido nas trevas (Efésios 5.13). Daí a consciência ser chamada de „luz‟ (Mateus 6.22, 23). A conotação moral da palavra segue naturalmente seu significado intelectual. Assim como nos escondemos, e amamos as trevas, e nos atrevemos a manifestar-nos, e não nos vemos como realmente somos quando estamos contaminados pelo pecado, também, quando ganhamos o valor de ver-nos como somos, começamos a amar a luz, e andamos na luz, e Deus, por meio de Cristo, a luz verdadeira, brilha em nossos corações para dar-nos a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo (Gênesis 3.8; João 1.5; 3.19; João 1.4; 5.12; 9.5; 12.35; Mateus 5.4, 16; João 3.21; Romanos 13.12; Efésios 5.8; Filipenses 2.15; 1 Tessalonicenses 5.5; 1 João 1.7, etc.). Por tanto, quando se aplica o termo „luz‟ a Deus, significa antes de tudo, que Deus possui um perfeito conhecimento de Si mesmo, já que nunca tem sido contaminado pelo pecado. A existência trinitária de Deus é uma de perfeito conhecimento (Mateus 11.27; João 1.17; 10.15; 1 Coríntios 2.10).

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Além disso, Deus é consciente de e conhece perfeitamente tudo aquilo que possui uma existência distinta de Si mesmo. A Bíblia não dá nenhuma evidência de que exista algo desconhecido para Deus. Ainda que o método de Deus para adquirir conhecimento seja, às vezes, descrito de forma antropomórfica (Gênesis 3.9 e ss.; 11.5; 18.21; etc.), Ele é onisciente (Salmos 94.9, Jó 12.13; 28.12-27; Salmos 17.5; Romanos 11.33; 16.27; Efésios 3.10), seus olhos estão sobre toda a terra (2 Crônicas 16.9), todas as cosias estão diante de Seus olhos (Hebreus 4.13). Ele conhece até mesmo as coisas de menor importância (Mateus 6.8, 32; 10.30), assim como os objetos mais escondidos (Jeremias 11.20; 17.9, 10; 20.12; Salmos 7.10; 1 Reis 8.39; Ezequiel 11.5; 1 Coríntios 3.20; 1 Tessalonicenses 2.4; Apocalipse 2.23).

Ele conhece ao homem desde a sua origem (Salmos 139), o dia e a noite (Salmos 139.11, 12), o além e o abismo (Provérbios 15.11), a maldade e o pecado (Salmos 69.6; Jeremias 16.17; 18.23; 32.19), o que pode chegar a ser (1 Samuel 23.10-13; 2 Samuel 12.8; 2 Reis 13.19; Salmos 81.14,15; Jeremias 26.2, 3; 38.17-20; Mateus 11.21) e o futuro (Isaías 41.22 e ss.; 42.9; 43.9-12); os dias de nossa vida (Salmos 31.15; 39.5; 139.6, 16; Jó 14.5; Atos 17.26). Ele sabe todas as coisas (1 João 3.20).

Este conhecimento de Deus não é o resultado de estudo e observação, mas sim de um conhecimento eterno (1 Coríntios 2.7; Romanos 8.29; Efésios 1.4, 5; 2 Timóteo 1.9). Portanto, Seu conhecimento não pode crescer (Isaías 40.3 e ss.; Romanos 11.34); é um conhecimento certo e definido (Salmos 139.1-3; Hebreus 4.13); de maneira que as revelações de Deus são sempre verdade (João 8.26; 17.17; Tito 1.2) e todas as suas obras não dão a conhecer a Sua sabedoria (Salmos 104.24; 136.5) e devem levar-nos à adoração (Salmos 139.17 e ss.; Isaías 40.28; Jó 11.7 e ss.; Romanos 11.33; 1 Coríntios 2.11).

O conhecimento de Deus abarca tudo (Hebreus 4.13) e é intuitivo, ou seja, não procede de observação, já que Ele conhece as coisas antes que existam (Isaías 46.10). Todas as coisas estão eternamente presentes em Sua mente.

7. ONIPOTÊNCIA:

Onipotência significa que Deus pode fazer o quer. A idéia do poder de Deus está no contexto de nomes de Deus tais como El, Elohim, El-Shaddai, Adonai. Além disso, Deus é chamado de Deus grande e temível (Deuteronômio 7.21), o forte de Israel (Isaías 1.24), Deus grande e poderoso, cujo nome é Senhor dos Exércitos (Jeremias 32.18), poderoso em força (Jó 9.4, 36.5), forte e poderoso (Salmos 34.8), Rei de reis e Senhor de senhores (1 Timóteo 6.15).

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A onipotência de Deus é manifestada em todas as Suas obras, a criação, a providência, a redenção de Israel do Egito, nas leis da natureza. Os escritores bíblicos fazem referência a este atributo de Deus com o propósito de que Seu povo possa ser consolado. Deus é poderoso em fortaleza (Isaías 40.26), criou os céus e a terra (Gênesis 1; Isaías 42.5; 44.24; 45.12, 18; Zacarias 12.1) e os estabelece por meio de Seus decretos eternos (Jeremias 5.22; 10.10). Ele cria e faz a fala; mata e dá vida; liberta e destrói (Êxodo 4.11; Deuteronômio 32.39; 1 Samuel 2.6; 2 Reis 5.7; Êxodo 15; Deuteronômio 26.8; 1 Samuel 14.6; Mateus 10.28).

Ele possui poder absoluto sobre tudo, de maneira que nada pode resistir à Sua mão (Salmos 8, 18, 19, 24, etc.; Jó 5.9-27; 12.14-21). Nada é mui difícil para ele, mas tudo é possível (Gênesis 18.14; Zacarias 8.6; Jeremias 32.27; Mateus 19.26; Lucas 1.37; 18.27).

Ele pode suscitar filhos a Abraão até mesmo das pedras (Mateus 3.9) e faz o que quer (Salmos 115.3; Isaías 14.24). Seu poder se manifesta na redenção e na ressurreição de Cristo (Romanos 1.4; Efésios 1.20), em dar-nos muito além do que pedimos ou pensamos ou entendemos (Efésios 3.20; 2 Coríntios 9.8), e na ressurreição do último dia (João 5.25). O poder de Deus é a fonte de todo o poder e autoridade, capacidade e destreza nas criaturas (Gênesis 1.26), do governo dos reis (Provérbios 8.15; Romanos 13.1-16), da força de Seu povo (Deuteronômio 8.17, 18; Salmos 68.35), o poder do cavalo (Jó 39.22), do som do trovão (Salmos 29.4; 68.33). Numa palavra, o poder pertence a Deus (Salmos 62.11), glória e força são suas possessões (Salmos 96.7; Apocalipse 4.11; 5.12; 7.12; 19.1).

Lição 5 - Questões Para Revisão

1. O que são os atributos „incomunicáveis de Deus‟?

2. O que significa a „independência de Deus‟?

3. O que significa a „imutabilidade de Deus‟?

4. O que significa a „infinitude de Deus‟?

5. O que significa a „eternidade de Deus‟?

6. O que significa a „onipresença de Deus‟?

7. O que significa a „unidade de Deus‟?

8. O que significa a „onisciência de Deus‟?

9. O que significa a „onipotência de Deus‟?

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LIÇÃO SEIS

O CARÁTER DE DEUS (II):

ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS

Versículos-Chave “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Romanos 1.19).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, nós consideramos os atributos incomunicáveis de Deus, que são aqueles que são exclusivos de Deus e os homens não podem partilhar. Pertence exclusivamente à Deidade. Nesta lição, nós estudaremos os atributos comunicáveis, aqueles que, em certa medida, Deus compartilha com os homens.

OS ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS

ESPIRITUALIDADE:

Deus é imaterial, invisível, sem composição ou extensão. Ainda que a Bíblia fale de Deus em linguagem antromórfica e dê a Ele várias partes físicas, ela não faz isso indiscriminadamente. Ela diz somente que Deus tem coração (1 Samuel 13.14), mas nunca órgãos de digestão ou reprodutivos. A Bíblia também diz que Deus tem olhos (2 Crônicas 16.9), ouvidos (Números 11.1) e olfato (2 Coríntios 2.15), porém, não diz que tenha os sentidos de gosto ou de tato. Em nenhum lugar é dito que Deus tenha corpo.

Ainda que no Antigo Testamento não seja dito especificamente que Deus é espírito, a Sua espiritualidade é implicada por todos os lados. Ele existe em Si mesmo (Êxodo 3.13; Isaías 41.4; 44.6); é eterno (Deuteronômio 32.40; Salmos 90.1 ss.; 102.27), onipresente (Deuteronômio 10.14; Salmos 139.1 ss.; Jeremias 23.23, 24), incomparável (Isaías 40.18, 25; 46.5-9; Salmos 89.6, 8), invisível (Êxodo 33.20, 23), de quem nenhuma representação pode ser feita (Êxodo 20.4;

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Deuteronômio 5.8), já que não possui forma (Deuteronômio 4.12, 15-16), Deus e o homem estão relacionados entre si como o espírito e a carne (Isaías 31.3). Ainda que Deus tenha se revelado freqüentemente por meio de teofanias, sonhos e visões, e em certo sentido chegou a ser visível (Gênesis 32.30; Êxodo 24.10; 33.11; Números 12.8; Deuteronômio 5.24; Juízes 13.22; 1 Reis 22.19; Isaías 6.1), sem dúvida, é através de Seu Espírito, de maneira especial, que Ele está presente na criação, e que Ele cria e preserva todas as coisas (Salmos 139.7; Gênesis 2.7; Jó 33.4; Salmos 33.6; 104.30, etc.).

No Novo Testamento, a espiritualidade de Deus é revelada de maneira mais evidente. De forma implícita, a espiritualidade de Deus é ensinada cada vez que a Ele é atribuída tanta a eternidade quanto a onipresença (Romanos 16.16; 1 Timóteo 6.16; 1 Pedro 1.23; Apocalipse 1.8; 10.6; 15.7; Atos 17.29; Romanos 1.22). Sem dúvida, explicitamente o Senhor Jesus Cristo diz que Deus é espírito (João 4.24). Os apóstolos não dizem assim de maneira explícita, porém, diz que Deus é invisível (João 1.18; 6.46; Romanos 1.20; Colossenses 1.15; 1 Timóteo 1.17; 6.16; 1 João 4.12, 20), o que não está em conflito com a visão de Deus na face de Jesus Cristo (João 14.7-9; Jó 19.26; Salmos 17.15; Mateus 5.8; 1 Coríntios 13.12; 1 João 3.2; Apocalipse 22.4).

Dentre os que aceitam o ensinamento bíblico da invisibilidade de Deus no sentido de que Ele não pode ser visto pelos olhos físicos, surgiu uma pergunta: “É possível a visão direta e espiritual da essência de Deus?”.

O consenso de opinião é que tal visão é impossível na terra. Os teólogos católico-romanos sustentam que é possível no estado de glória. Porém, os teólogos protestantes, de maneira geral, esta visão direta e espiritual da essência de Deus está em conflito com o ensinamento bíblico da incompreensibilidade de Deus.

SABEDORIA:

A sabedoria de Deus é o atributo divino que aplica o conhecimento ao fim que mais O glorifique. A sabedoria é o conhecimento visto de outro ângulo, porém, tem no homem, por exemplo, a sua origem em diferentes capacidades da alma. A fonte do conhecimento é o estudo, enquanto que a da sabedoria é o discernimento. O conhecimento é teórico, a sabedoria é prática. A sabedoria usa de alguma forma o conhecimento. O conhecimento tem a ver unicamente com a mente. A sabedoria envolve tanto a mente quanto a vontade.

A sabedoria de Deus é Sua inteligência, tal como se manifesta na adaptação dos meios para a realização dos fins determinados. Sendo que o fim maior que Deus tem tudo o que faz é Sua própria glória, nós podemos dizer que a sabedoria é a aplicação do conhecimento divino ao

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fim que mais O glorifique. Tanto a criação quanto a redenção são produtos da sabedoria de Deus (Jó 9.4; 12.13, 37, 38; Isaías 40.28; Salmos 104.24; Jeremias 10.12). Em Provérbios 8.22 e ss., a sabedoria por meio da qual Deus criou o mundo é personificada.

No Novo Testamento também é dito que Deus é sábio (Romanos 16.27; 1 Timóteo 1.17; Judas 25; Apocalipse 5.12; 7.12) e a sabedoria de Deus revelada na cruz é louvada (1 Coríntios 1.18), em Cristo (1 Coríntios 1.24), na Igreja (Efésios 3.10) e na providência divina em benefício de Israel e dos Gentios (Romanos 11.33).

VERDADE:

Deus é veraz em tudo que diz e fiel no cumprimento de Suas predições e promessas. Nele não pode existir mentira ou engano (Salmos 100.5, 146.5-6; Isaías 25.1; 2 Timóteo 2.13; Tito 1.2; Apocalipse 15.3).

Em Jeremias 10.10, nós lemos „Deus é verdade‟. Em João 14.6, Cristo se proclama como a „verdade‟ e em „ João 5.6 nós lemos que o Espírito Santo é a verdade. Isto significa que a Deidade (Trindade) é a verdade em sua essência.

O selo que está em todas as promessas de Deus é este: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mateus 24.35). Vale a pena confiar nas promessas de alguém que não pode mentir.

BONDADE:

Deus possui absoluta perfeição e felicidade em Si mesmo. Ele permanece solícito e terno para com Suas criaturas.

Existem diferentes interpretações do termo „bondade‟. De acordo com Sócrates, a bondade se identifica com a utilidade. É bom aquilo que é útil para algum propósito. De acordo com esta interpretação, a bondade absoluta não existe; é sempre relativa. A utilidade é a norma para determinar o que é bom e o que é mal. Sem dúvida, à luz da Bíblia, é possível falar do bem num sentido ético, sem levar em conta a sua „utilidade‟, suas vantagens ou desvantagens.

Deus é aquele que é bom em e por Si mesmo. É um valor absoluto Dele (Marcos 10.18). De acordo com a Bíblia, Deus é a soma total de todas as perfeições. Todas as virtudes estão presentes Nele num sentido absoluto. Ele é „perfeito‟ (Mateus 5.48) e o único que é bom (Marcos 10.18; Lucas 18.19).

A Bondade de Deus é uma com Sua absoluta perfeição. Ele não necessita se tornar nada, porque o que Ele é, o é desde a eternidade. Ele não tem um propósito fora de Si mesmo, mas sim que é suficiente, todo-

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suficiente e auto-suficiente (Salmos 50.8 e ss.; Isaías 40.28 e ss.; Habacuque 2.20). Deus é a soma total de toda bondade, de todo bem e o que é bom em Si mesmo é bom para os demais. Deus é o bem maior para todas as criaturas, a meta de toda bênção (Salmos 4.7, 8; 73.25, 26).

Agostinho frisou que Deus é o bem supremo para todas as criaturas. Ele é Aquele a quem todas as criaturas anelam, consciente ou inconscientemente. A criatura não encontra descansou senão somente em Deus (Salmos 42.1). Como o bem supremo, Deus é a fonte de toda virtude. Não há nenhum bem na criatura, exceto aquele que vem de Deus.

A Bíblia está de louvor a Deus por Sua bondade para com suas criaturas (Salmos 8, 19, 36.5-7; 65.12; 147.9; Mateus 5.45; Atos 14.17; Tiago 1.17); a bondade de Deus está sobre todas as Suas obras e permanece para sempre (Salmos 145.9, Salmos 136).

AMOR:

„Deus é amor‟ (1 João 4.8). Alguém perguntou certa vez; “Por que Deus ama”? A resposta foi que „assim como a natureza do sol é brilhar, a natureza de Deus é amar‟. O cristianismo é a única „religião‟ que apresenta o Ser Supremo como um Deus de amor. As religiões pagãs têm deuses odiosos, vingativos e maus.

A Bíblia nos mostra que há objetos especiais do amor de Deus como o Senhor Jesus Cristo (Mateus 3.17; 17.5), o povo judeu (2 Samuel 7.23; 2 Crônicas 2.11; 9.8), os crentes (João 14.21-23; 16.27; 1 João 4.8-10) e os pecadores em geral (João 3.16).

O amor de Deus se manifesta na criação dos anjos. O que ama trata de fazer feliz ao objeto amado. Deus tem criado uns seres felizes, os quais, com sua natureza espiritual estão dedicados ao serviço mais alto e sublime que um ser pode aspirar – o serviço de Deus. O fato de que Deus os sustente nessa felicidade demonstra que Ele os ama.

Deus também manifestou o Seu amor na criação do homem, fazendo com que ele fosse superior a todas as outras criaturas. Ele também manifestou o Seu amor ao preparar um mundo tão belo para servir de lar ao homem. Além disso, Ele também manifesta o Seu amor pelo homem suprindo as suas necessidades.

A redenção, porém, é a manifestação máxima do amor de Deus, que foi ao extremo de sacrificar a Seu próprio Filho para tornar possível a nossa salvação (João 3.16). O amor de Deus é um dos temas mais sublimes da Bíblia. Um poema sobre o amor de Deus, diz assim:

"Se todo o mar fosse tinta, E o céu fosse um grande papel, E cada homem um escritor,

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E cada folha um pincel, Não bastaria para escrever O grande amor de Deus”.

GRAÇA:

Graça é o favor imerecido de Deus. Quando a bondade de Deus se manifesta àqueles que nada merecem, exceto o juízo, ela é chamada de “graça”.

Quando a Bíblia fala da graça de Deus, o objeto de tal graça nunca é a criação em geral ou os pagãos, mas somente o Seu povo. A graça de Deus foi dada a Noé (Gênesis 6.8), a Moisés (Êxodo 33.12, 17; 34.9; Jó 8.5; 9.15; Daniel 1.9), aos humildes (Provérbios 3.34; Daniel 4.27), especialmente a Israel Seu servo. O fato de Deus escolher, dirigir, libertar, redimir e derramar bênçãos sobre Israel e não sobre outras nações se deve à graça de Deus (Êxodo 15.13; 16; 19.4; 34.6, 7; Deuteronômio 4.37; 7.8; 8.14, 17; 9.5, 27; 10.14 e ss., 33.3; Isaías 35.10; 42.21; 43.1, 15, 21; 54.5; 63.9; Jeremias 3.4, 19; 31.9, 20; Ezequiel 16; Oséias 8.14; 11.1.).

Deus faz todas as coisas por amor ao Seu nome (Números 14.13; Salmos 115.1; Isaías 43.21, 25 e ss.; 48.9, 11; Ezequiel 36.22). No Novo Testamento, “graça” é a tradução de charis, que objetivamente significa “beleza, encanto, perdão” (Lucas 4.22; Colossenses 4.6; Efésios 4.29) e subjetivamente indica “favor ou inclinação favorável da parte do doador, e gratidão e devoção da parte do recipiente”.

Com respeito a Deus, a graça é Seu favor imerecido, voluntário para com os pecadores culpáveis, proporcionando-lhes justificação e vida em vez de morte (Romanos 5.15; 1 Pedro 5.10). Esta graça se manifesta no envio de Jesus Cristo, quem está “cheio de graça” (João 1.14 e ss.; 1 Pedro 1.13) e na dádiva de todo tipo de bênçãos, todas as quais são dons da graça, e são chamadas de „graça‟ (Romanos 5.20; 6.1; Efésios 1.7; 2.5, 8; Filipenses 1.2; Colossenses 1.2; Tito 3.7), e em tudo isso se excluem totalmente os méritos humanos (João 1.17; Romanos 4.4, 16; 6.14, 23; 11.15 e ss.; Efésios 2.8; Gálatas 5.3, 4).

MISERICÓRDIA, COMPAIXÃO:

A misericórdia divina é o favor para com o necessitado. Há dois sentidos principais em que a palavra „misericórdia‟ é usada na Bíblia. Primeiramente, se refere ao amor leal de Deus. Neste sentido, indica principalmente o favor de Deus para com Seu povo como resultado da relação pactual que Ele mantém com eles (Gênesis 39.21; Números 14.19; 2 Samuel 7.15; 22.51; Salmos 18.50; 1 Crônicas 17.13; Neemias 1.5).

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A misericórdia é o princípio do perdão (Salmos 6.4; 31.17; 44.26; 109.26; Lamentações 3.22), da graça (Salmos 51.1), do consolo (Salmos 119.76), e permanece para sempre (Isaías 54.8, 10), é melhor do que a vida (Salmos 63.3).

A misericórdia de Deus tem revelado todas as suas riquezas em Cristo (Romanos 2.4; 2 Coríntios 10.1; Efésios 2.7; Colossenses 3.12; Tito 3.4) e é dada a todos os crentes para guiá-los ao arrependimento (Romanos 2.4; 11.22; Gálatas 5.22).

O segundo sentido da palavra é „compaixão‟, a bondade de Deus para com aqueles que estão em necessidade. Vez após vez a Bíblia faz menção da compaixão, a misericórdia de Deus (Êxodo 34.6; Deuteronômio 4.31; 2 Crônicas 30.9; Salmos 86.15; 103.8; 111.4; 112.4; 145.8, etc.). Esta compaixão está em contraste com a atitude do homem (2 Samuel 24.14; Provérbios 12.10; Daniel 9.9, 18). A misericórdia de Deus é multifacetada (Salmos 119.156), grande (Neemias 9.19; Salmos 51.12), nunca falha (Lamentações 3.22), é terna (Salmos 103.13), se manifesta a milhares (Êxodo 20.6) e vem depois do castigo (Isaías 14.1; 49.13 e ss.).

No Novo Testamento é chamado de Pai de misericórdia (2 Coríntios 1.3), tem revelado Sua compaixão em Jesus Cristo (Lucas 1.50 e ss.), quem é misericordioso e compassivo em Sua função sumo sacerdotal (Mateus 18.27; 20.24; Hebreus 2.17) e revela as riquezas de Sua graça (misericórdia, Efésios 2.4) na salvação dos crentes (Romanos 9.23; 11.30; 1 Coríntios 7.25; 2 Coríntios 4.1; 1 Timóteo 1.13; Hebreus 3.16).

PACIÊNCIA:

Geralmente se diz que a paciência é „Deus não julgando imediatamente o pecado‟. Porém, a Bíblia também faz referência a outro aspecto da bondade divina, que é a qualidade „em virtude da qual Ele suporta o obstinado e ímpio apesar de sua desobediente persistência‟. É a paciência ou longanimidade de Deus (Êxodo 34.6; Números 14.18; Neemias 9.17; Salmos 86.15; 103.8; 145.8; João 4.2; João 2.13; Neemias 1.3).

Esta paciência se manifestou em todo o período do AT (Romanos 3.25) e mesmo agora se manifesta aos pecadores, segundo o exemplo do Senhor Jesus Cristo (1 Timóteo 1.16; 2 Pedro 3.15; Romanos 2.4; 9.22; 1 Pedro 3.20). Sem dúvida, esta paciência não deve ser interpretada como se Deus ignora-se o pecado e se esquecesse de dar justa retribuição ao mesmo (Salmos 50.21).

A Bíblia claramente ensina que Deus, tendo dado bondosamente oportunidade para o arrependimento, julgará aos que não se arrependerem (Romanos 2.4-5; Mateus 25.46).

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SANTIDADE:

Deus quer e mantém eternamente a Sua excelência moral. A palavra „santo‟ é usada primeiramente com referência a todo tipo de pessoa e coisas que têm sido separadas de sua esfera comum e têm sido colocadas numa relação especial com Deus e com Seu serviço.

Assim, a Bíblia fala da „terra santa‟ (Êxodo 3.5), santa convocação (Êxodo 12.16), santo dia de repouso – sábado (Êxodo 16.23), nação santa (Êxodo 19.6), lugar santo (êxodo 29.31), azeite da santa unção (Êxodo 30.25), santo jubileu (Levítico 25.12), casa santa (Números 5.17), e etc. Em todos esses casos a palavra santo não significa um atributo ético, mas sim que as pessoas e os objetos designados santos foram separados para Deus e Seu serviço e que foram separados da esfera comum.

Esta relação especial com Deus não é natural. O mundo está por natureza em oposição a Deus. É Deus quem santifica a Israel, é Ele quem escolhe separá-lo para si e Seu serviço, 'eu sou o Senhor que os santifica‟ (Êxodo 31.13; Levítico 20.8; 21.8; 22.9, 16, 32; Ezequiel 20.12; 37.28). Este processo de santificação inclui, negativamente, que a pessoa ou coisa é separada dos demais e, positivamente, que é dedicada ao serviço de Deus por meio de certos regulamentos. Sem dúvida, santificação é mais que somente separar. Significa que por meio destes regulamentos (lavagens, aspersão de sangue, etc.), a coisa perde seu caráter comum e recebe um novo selo ou distintivo, que deve manifestar-se em todo o lugar. As cerimônias necessárias para a santificação indicam que também as impurezas e o pecado da criatura entre debaixo da consideração e é tirado por meio delas (Levítico 8.15; 16.16; Jó 1.5) e etc.

Portanto, santo e puro são sinônimos (Êxodo 30.35; Levítico 16.19), porém, não significa que pureza cobre tudo o que se quer dizer com santidade.

Quando se fala da santidade de Deus, ela tem também este duplo aspecto. Em primeiro lugar, a santidade de Deus se refere à Sua majestade, Sua exaltação e separação de tudo o que foi criado. Assim, santidade é sinônimo de divindade (Amós 4.2). O Senhor é Deus e não homem; é o Santo no meio deles (Oséias 1.9). A santidade de Deus é revelada em Sua relação com Seu povo, na eleição, no pacto; na revelação especial em Sua morada no meio deles (Êxodo 29.43-46; Levítico 11.44, 45; 20.26; Salmos 114.1, 2). A lei dada a Israel tem como propósito a santificação do povo e, como base, a santidade de Deus.

Em segundo lugar, a santidade de Deus se refere à Sua pureza e ausência total de pecado. Este aspecto da santidade de Deus inclui também a idéia de separação, porém, esta vez, do pecado (Jó 34.10; Habacuque 1.13). Contudo, a idéia de santidade moral não é somente negativa, no sentido de separação do pecado, mas também positiva, no

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sentido de Sua excelência moral ou ética, que revela ao homem sua pecaminosidade (Isaías 6.5). Portanto, a santidade de Deus se converte no princípio do castigo do pecado (Levítico 11.44, 45; 19.2; 20.7, 26; 1 Reis 9.3-7; 2 Crônicas 7.16-20).

Santificar a Deus significa temê-lo (Isaías 8.13; 29.23). Quando o homem desonra Seu nome e quebra Seu pacto, Deus santifica a Si mesmo por meio da justiça e do castigo (Isaías 5.16; Ezequiel 28.22).

No Novo Testamento, o Espírito Santo é o princípio de santificação da Igreja mediante a aplicação da obra redentora de Cristo (Efésios 5.25, 26) e a Palavra (João 17.17). A Igreja consiste de indivíduos santos e sem mancha (Efésios 1.1, 4; Colossenses 1.2, 22; 3.12; 1 Coríntios 7.14).

JUSTIÇA:

A justiça de Deus é basicamente o que Ele exige que se cumpra de acordo com a Sua natureza e caráter. Existe uma estreita relação entre a santidade e a justiça de Deus.

Uma das palavras hebraicas usadas para „justo‟, (saddiq), indica o estado de uma pessoa que obedece à lei, que está em harmonia com ela (Gênesis 30.33; 38.26; 1 Samuel 24.18; Salmos 15.2). O Pentateuco contém somente duas ocasiões em que esta palavra se aplica a Deus (Êxodo 9.27; Deuteronômio 32.4). Isto é porque a justiça de Deus é revelada primeiramente na história, no governo do mundo, e em sua direção providencial de Israel. Portanto, a justiça de Deus recebe um maior tratamento nos salmos e nos profetas.

A justiça de Deus é revelada em todo lugar, até mesmo na preservação dos animais do campo (Salmos 36.6). Deus é o juiz de toda a terra (Gênesis 18.25). Uma coisa que chama a atenção na Bíblia é que a „justiça remunerativa‟ (que recompensa) de Deus é muito mais proeminente do que a „justiça retributiva‟ (que castiga). Sem dúvida, há referências à justiça retributiva de Deus, pois Deus não tem o culpado por inocente (Êxodo 20.7; Naum 1.3) e não perdoa (Ezequiel 7.4, 9, 27; 8.18; 9.10). Ele não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno (Deuteronômio 10.17); Seu juízo é imparcial (Jó 13.6-12; 22.2-4; 34.10-12; 35.6, 7). Ele é justo e todos os Seus juízos são juízos justos (Salmos 119.137; 129.4). O castigo dos ímpios, frequentemente, é atribuído á justiça de Deus (Êxodo 6.5; 7.4; Salmos 7.12; 9.5-9; 28.4; 52.13, 73; 96.10; 2 Crônicas 12.5-7; Neemias 9.33; Lamentações 1.18; Isaías 5.16; 10.22; Daniel 9.14; Romanos 2.5; 2 Tessalonicenses 1.5-10).

Sem dúvida, o castigo dos ímpios é mais frequentemente atribuído à ira de Deus, e que a justiça de Deus é, na Bíblia, representada como o princípio da salvação de Seu povo. A ira de Deus é despertada pelos pecados de Israel (Josué 9.20), pela idolatria (Deuteronômio 9.19) e os

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pecados do povo (Isaías 42.24, 25; Jeremias 7.20; 21.5; 32.31). Esta ira é terrível (Salmos 76.7), causa temos (Salmos 2.5; 90.7), angústia (Jó 21.17; Salmos 102.10), castigo (Salmos 6.1; 38.1; Jeremias 10.24), destruição (Jeremias 42.18; 2 Crônicas 29.8). De acordo com Deuteronômio 6.15; 29.20; 32.21; Jó 16.9; Naum 1.2, a ira, o furor e os zelos de Deus estão intimamente ligados.

Deus normalmente aborrece os feitos pecaminosos (Deuteronômio 16.22; Salmos 45.7; Provérbios 6.16), ainda que de forma excepcional, é dito que Ele aborrece a indivíduos (Salmos 5.5; Malaquias 1.3; Romanos 9.13). A ira de Deus se revela às vezes nos juízos (Números 31.2, 3; Juízes 5.2; 11.36; 2 Samuel 4.8; Salmos 18.48), porém, se revelará com toda a sua força no dia da ira (Deuteronômio 32.41, 42; Salmos 94.1; 149.7; Isaías 34.8; 35.4; 59.17; 61.2, 4; Jeremias 46.10; 50.15, 28; Ezequiel 25.14).

Com respeito à justiça remunerativa de Deus, o aspecto dela por meio do qual Deus justifica o justo (aquele que por sua obediência aos mandamentos de Deus está de lado da justiça), a Bíblia também contêm amplos ensinamentos. Na lei, todo juiz e todo israelita é advertido a não torcer a justiça do pobre, a não perseguir o justo, a não aceitar suborno, a não perseguir o estrangeiro, à viúva e ao órfão (Êxodo 23.6-9). A justiça consiste em que todos recebem justo juízo, que o grande e o pequeno são tratados da mesma maneira (Deuteronômio 1.16,17; 16.19; Levítico 19.20)

Deus é o verdadeiro juiz. Ele é justo porque faz justiça ao justo (Salmos 7.9), o ajuda (Salmos 31.1), lhe responde (Salmos 65.5), o escuta (Salmos 143.1), o livra (Salmos 143.11), o vivifica (Salmos 119.40), o redime (Salmos 34.22), lhe concede a justiça que merecem (Salmos 35.23). Assim, nestes casos, a justiça de Deus é sinônima de Sua misericórdia, Seu amor leal (Salmos 22.31; 33.5; 35.28; Isaías 45.21; Jeremias 9.24; Oséias 2.18; Zacarias 9.9). A manifestação da justiça de Deus é a manifestação de Sua misericórdia (Salmos 112.4; 116.5; 119.15-19). Até mesmo o perdão de pecados é devido à justiça de Deus (Salmos 51.14; 103.17; 1 João 1.9). Por isso o povo de Deus, ainda que pecaminoso, favorece uma causa justa, confia em Deus, e espera, portanto, que Ele lhe conceda Sua justiça, que peleje suas batalhas, e lhes dê a vitória da salvação (Salmos 17.1 e ss.; 18.20, 21; 34.15; 103.6; 140.12).

Israel receberá a justiça do Senhor a través do Messias, quem também trará a justiça às nações (Isaías 42.1) e criará novos céus e nova terra nos quais mora a justiça (Isaías 65.17 e ss.). A justiça de Deus em relação a Seu povo consiste de que Ele lhes concede a Sua justiça. A justiça de Deus através do Messias traz a justiça a Seu povo, e esta justiça, em Cristo, é o meio para a reconciliação – a reconciliação em virtude da qual Ele segue sendo justo quando justifica ao ímpio que crê (Romanos 3.21-31).

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VONTADE:

A vontade de Deus significa simplesmente que Ele faz o que quer segundo a Sua natureza e caráter. As diferentes palavras hebraicas e gregas traduzidas como vontade têm o sentido de vontade, desejo, favor, beneplácito e conselho.

Já que a Bíblia é principalmente a história dói desenvolvimento do propósito redentor de Deus, a maioria das alusões à vontade de Deus se refere a Ele. Sem dúvida, há ocasiões quando o propósito de Deus, Sua vontade, é visto como a causa final de tudo o que ocorre (Apocalipse 4.11). Mas é necessário fazer distinções ao estudar a vontade de Deus.

A vontade de Deus é tanto necessária quanto livre. É necessária com respeito a Si mesmo e é livre com respeito à criação. A vontade necessária de Deus significa que Ele não pode negar a Si mesmo, que Ele deve agir de acordo com a Sua natureza. Sua vontade está completamente em harmonia com todo o Seu ser, Sua santidade, Sua justiça, Sua bondade e verdade. Assim, há certas coisas que Deus não pode fazer (2 Timóteo 2.13; Hebreus 6.18; Tiago 1.13; 1 Samuel 15.29; Números 23.19), porque são contrárias ao Seu próprio ser. A vontade de Deus não é arbitraria.

A vontade de Deus de Deus é livre com respeito à criação. Ele não tinha que criar o mundo. A criação, a preservação e a salvação são produtos da livre vontade de Deus. Nós podemos dizer que Deus tem que responder contra o pecado devido à Sua natureza santa, mas Ele não tem salvar. A salvação é um ato da livre vontade de Deus.

A vontade de Deus é dividida também em decretiva e preceptiva. A vontade decretiva às vezes é chamada de „Sua vontade secreta‟. É o atributo divino por meio do qual ele tem decretado e determinado o que vai fazer. É chamada de secreta porque somente Ele a conhece, exceto os detalhes que Ele quer revelar. Sua vontade preceptiva é o atributo por meio do qual Deus expressa o que devemos fazer.

Deuteronômio 29.29 se refere a esta distinção na vontade de Deus. As seguintes referências tratam da Sua vontade decretiva: Salmos 115.3; Daniel 4.17, 25, 32, 35; Romanos 9.18-19; 11.33-34; Efésios 1.5, 9, 11. As seguintes referências tratam da Sua vontade preceptiva: Mateus 7.21; 12.50, João 4.34; 7.17; Romanos 12.2; Deuteronômio 30.14.

Outra distinção na vontade de Deus tem sido chamada de Sua vontade antecedente e subseqüente ou conseqüente. Na mesma linha de pensamento, outros distinguem entre a vontade intencional, circunstancial e final de Deus.

Os que favorecem esta distinção crêem que Deus oferece suficiente graça salvadora a toda à humanidade; então, depois da decisão pessoal da criatura, Deus ajuda Sua vontade a esta decisão e determina o que mais ele fará sob as novas circunstâncias. Os casos de sofrimento são

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explicados dizendo que não é causado pela vontade antecedente ou intencional de Deus, mas sim pela circunstancial. Porque Deus é Deus, Ele alcançará Sua meta final; assim, Sua vontade consequencial é cumprida. Esta última distinção é inadequada à luz do ensinamento bíblico de que Deus está no controle absoluto de tudo o que acontece. Esta distinção reconhece a realidade do mal que existe contra o desejo divino, e que Deus permite certas coisas sem desejá-las, porém, falha em ver que a vontade de Deus é mais que disposição, e que o sentido bíblico mais comum dele é „boa vontade‟, a qual é soberanamente e eficazmente imutável e idêntica ao ser de Deus.

O anterior parece sugerir que a vontade de Deus é a razão de ser do pecado e que, portanto, pode ser dito que Deus é Seu autor, enquanto que a Bíblia diz que o pecado está diametralmente oposto a Sua natureza santa. À luz desta dificuldade, alguns têm dito que Deus unicamente previu o pecado, porém, que em nenhum sentido pode ser dito que esteja relacionado com Sua vontade. Outros, com passagens como Atos 2.23 e 4.28 em mente, sustentam que, de alguma maneira, até mesmo a maldade está contida dentro da vontade permissiva de Deus. Ele é o Senhor, até mesmo de um mundo contra Ele, e cumprirá Seu propósito (Isaías 45.8-11).

Quando se fala da vontade permissiva de Deus, se refere principalmente ao Seu não impedimento do mal, físico ou moral, por razões compreendidas somente em Seu sábio propósito. O termo „permissiva‟ não deve ser considerado no sentido que tem quando falamos de uma „sociedade permissiva‟, que aprova ou vista grossa ao pecado. Deus sempre aborrece e rejeita o mal com toda a força de Seu santo ser. Ao não impedi-lo, Ele simplesmente está cumprindo Seu propósito para o estabelecimento de um mundo melhor no futuro, habitado por seres racionais livres. De acordo com o que a Bíblia diz, há um mundo melhor e vindouro onde não haverá mais o pecado (2 Pedro 3.13).

Deus não é o criador do pecado ou do mal. Geisler6 defende este princípio lançando mão do argumento de Agostinho, que se resume no fato de Deus é o autor de tudo o que existe no universo; contudo, o mal não é uma coisa ou substância, mas sim a privação ou falta nas coisas. Portanto, não devemos concluir que Deus é o autor do mal. Por privação, Agostinho quer dizer a falta de algo que deveria estar alio. A enfermidade é a falta de saúde. Se Deus é bom, todo ato feito por Deus é bom. O mal que existe, somente existe como a privação de algo àquilo que foi criado bom por Deus. Porém, a privação não é o mesmo que ausência ou negação do bem. A visão não se encontra nem no cego nem na pedra. Porém, é privação para o cego, e mera ausência na pedra. Privação é a ausência ou falta de algo que deveria estar ali.

6 As Raízes do Mal, pg. 46-60.

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Porém, se Deus é o criado de tudo o que existe e tudo o que Ele fez é bom, de onde vem esta privação? A resposta é que toda coisa criada tem dentro de a possibilidade (ainda que não tenha a necessidade) de ser destruída ou sofrer privação. O que causou a privação nas coisas boas que Deus fez foi a capacidade de autodeterminação, a vontade livre que Deus deu à criatura. É bom ser livre para tomar decisões, porém, com essa capacidade vem também o poder de fazer o mal. O livre arbítrio é a causa do mal. As criaturas livres escolheram fazer o mal quando se afastaram do bem infinito do Criador ao bem menor das criaturas, desejando de existir para si mesmas e não para Deus. O orgulho é o princípio de todo o pecado. Quando a criatura considera seu próprio bem mais importante que o de Deus.

Depois Geisler passa a considerar a pergunta por que um Deus absolutamente bom fez criaturas com livre arbítrio se Ele sabia que eles escolheram o mal? A resposta é que esta é a única forma de alcançar um mundo moralmente superior com criaturas livres. Um mundo onde o pecado nunca ocorresse não proporcionaria a oportunidade de alcançar as virtudes maiores ou os níveis principais de outras virtudes. Onde não há tribulação, não há paciência. A coragem só é possível onde existe medo do mal.

Isto leva a outra pergunta: como pode ser permitido o mal nos casos onde haverá aqueles que não respondem positivamente? A dor e o mal fazem algumas pessoas melhores, porém, a outras as converte em pessoas amargas. A resposta é que se consegue um bem maior quando, pelo menos, se concede a oportunidade de alcançar virtudes maiores, ainda que estas virtudes nem sempre sejam alcançadas por todos. Um mundo mal oferece oportunidades para a experiência e a expressão da bondade e o amor que não oferece um mundo onde o mal não existe.

Em conclusão, um mundo hipotético onde o pecado nunca tivesse existido pode ser logicamente possível, ainda que possa ser impossível de alcançar na realidade. Ademais, um mundo sem pecado não é o melhor de todos os mundos possíveis. O melhor dos mundos possíveis é um onde os homens são livres e os bens maiores possíveis enquanto que uma solução final será alcançada. Este mundo caído não é o melhor de todos os mundos possíveis, mas é o melhor caminho para alcançar o melhor dos mundos possíveis. Pelo melhor dos mundos não se deve entender o melhor dos mundos concebíveis, mas sim o melhor dos mundos alcançáveis com criaturas moralmente livres. Deus „não quer que ninguém se perca, mas que todos cheguem ao arrependimento‟ (2 Pedro 3.9). Porém, ele não salvará aos que não querem ir contra a Sua vontade (Mateus 23.37).

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OBSERVAÇÕES FINAIS

Ao concluirmos esta lição, nós queremos relembrar alguns pontos importantes:

Os atributos de Deus não devem ser considerados como „partes‟ de Deus.

Os atributos se relacionam uns com os outros.

Um atributo não limita a outro.

Os atributos não podem ser separados. Eles foram separados apenas por razões de estudo.

Todos os atributos são próprios de cada Pessoa da Trindade.

Os atributos são características essenciais de Deus. Deus não seria Deus se Lhe faltasse algum deles.

Os atributos não são virtudes que o homem adjudica a Deus.

Por estarem baseados na revelação, e por ser a revelação limitada, não devemos concluir necessariamente que os atributos que conhecemos são os únicos atributos que Deus possui.

Lição 6 - Questões Para Revisão

1. O que queremos dizer com atributos „comunicáveis‟?

2. O que significa o atributo da espiritualidade de Deus?

3. O que significa o atributo da sabedoria de Deus?

4. O que significa o atributo da verdade de Deus?

5. O que significa o atributo da bondade de Deus?

6. O que significa o atributo da amor de Deus?

7. O que significa o atributo da graça de Deus?

8. O que significa o atributo da misericórdia de Deus?

9. O que significa o atributo da paciência de Deus?

10. O que significa o atributo da santidade de Deus?

11. O que significa o atributo da justiça de Deus?

12. O que significa o atributo da vontade de Deus?

13. O que significa o atributo da bondade de Deus?

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LIÇÃO SETE

A TRINDADE

Versículos-Chave “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19).

INTRODUÇÃO

Dentre todas as doutrinas bíblicas sobre Deus, talvez a doutrina da Trindade seja aqueles que mais tenhamos dificuldade de compreender. Afinal, como seres humanos limitados e pecadores podem compreender plenamente os mistérios de Deus? Não podemos!

Contudo, não devemos confundir a impossibilidade de conhecimento pleno com a idéia agnóstica de que é impossível conhecer alguma coisa sobre Deus. Nós podemos! A Bíblia contém todas as informações que podemos e precisamos conhecer para nos relacionarmos com Deus e cumprirmos a Sua vontade. As questões „encobertas‟ (Deuteronômio 29.29) ou de difícil compreensão não impedem que nos relacionemos com Deus com intimidade.

Portanto, devemos lembrar que ao estudarmos a Trindade, nós devemos estar mais preocupados em nos relacionarmos com o Deus Trino do que em descobrir todas as respostas que envolvem esta doutrina.

DEFINIÇÃO

A palavra „Trindade‟ não se encontra nas Escrituras, mas é usada para expressar a doutrina da unidade de Deus como consistindo em três pessoas distintas. A palavra deriva do grego „trias‟, que foi usada pela primeira vez por Theophilus (168 d.C.) ou do latim „trinitas‟, usada pela primeira vez por Tertuliano (220 d.C.) para expressar esta doutrina.

De fato, uma palavra não tem que, necessariamente aparecer nas Escrituras, para que tenhamos que crer na verdade que ela expressa. Este é um dos assuntos no qual nós temos que nos preocupar mais com o conteúdo do que com a embalagem. Portanto, não devemos nos sentir pressionado ou pensarmos que não há bases bíblicas para a Trindade

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simplesmente porque a palavra não ocorre na Bíblia. A grande maioria dos termos teológicos não aparece na Bíblia e até mesmo aqueles que não crêem na Trindade fazem uso de tais termos. Por exemplo, „Cristologia‟ não é um termo emprego nas Escrituras, porém, até mesmo aqueles que não crêem na Trindade usam o termo para expressar a doutrina de Cristo. E o mesmo se dá com muitos outros termos.

Então, o „problema‟ com a Trindade não está no termo, mas sim no fato de que, de maneira alguma, pode ser plenamente compreendido; é uma doutrina que não pode ser apoiada pela razão e depende exclusivamente da revelação escrita.

Portanto, mesmo que não usemos a palavra „Trindade‟, nós precisamos definir corretamente esta doutrina. O maior de todos os defensores da doutrina da Trindade disse sobre a Trindade:

“Nós adoramos a um Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas nem dividir a essência”.

Wayne Grudem define a Trindade nestes termos:

“Deus existe eternamente como três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – e cada pessoa é plenamente Deus, e existe um só Deus7”.

Nas duas definições acima nós encontramos os três elementos que sempre devem estar presentes em toda e qualquer definição do Deus Trino, quer a palavra „Trindade‟ seja usada ou não, a saber:

Há um só Deus – Unidade.

Deus „é‟ três pessoas – Tri-personalidade.

Cada pessoa é plenamente Deus – Consubstancialidade.

A UNIDADE DE DEUS:

A unidade de Deus é claramente declarada em toda a Bíblia:

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Deuteronômio 4.6).

“Para que todos os povos da terra saibam que o SENHOR é Deus e que não há outro” (1 Reis 8.60).

“Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Isaías 44.6).

7 Grudem, Wayne. Teologia Sistemática, pg. 165. Edições Vida Nova: 2000.

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“Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!... Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele” (Marcos 12.29, 32).

“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8.4).

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5).

Porém, o que isso significa? Algumas pessoas pensam que só há um Deus porque o Pai, Filho e Espírito Santo têm um só propósito ou uma plena concordância no que pensam, mas a unidade de Deus significa mais do que isso. Significa que Deus é um só ser, que as três pessoas da deidade são um em essência, um na natureza essencial ou substância.

A TRI-PERSONALIDADE DE DEUS:

Deus „é‟ três pessoas. Isso significa que há três pessoas distintas na Deidade. E aqui não devemos confundir „pessoas‟ com „deuses‟, pois não há três deuses, mas sim um só Deus em três pessoas. É claro, nós não podemos compreender isso plenamente, mas devemos aceitar o testemunho das Escrituras a este respeito.

Por tri-personalidade nós queremos dizer que há três pessoas distintas na Deidade. Isso significa que o Pai não é o Filho e não é o Espírito; que o Filho não é o Pai e nem é o Espírito. Que o Espírito não é o Pai e nem o Filho.

Há diversos textos bíblicos provando que os três são pessoas distintas na Deidade. Por exemplo:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19).

“Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Coríntios 13.12-13 ou 13.14).

Nas cartas de Paulo, de maneira especial, nós sempre encontramos textos onde há uma conjunção das três pessoas:

“Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar,

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recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós” (1 Tessalonicenses 1.2-5; ver também 2 Tessalonicenses 2.13-14).

“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 3.4-6).

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (1 Coríntios 12.4).

Na epístola aos Efésios, diversas vezes, Paulo cita conjuntamente as três pessoas da Trindade:

“Pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente; pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito” (Efésios 3.3-5).

“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor” (Efésios 3.14, 17).

“Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Efésios 4.4- 6).

“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre

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vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5.18-20).

A CONSUBSTANCIALIDADE DE DEUS:

Há um só Deus, porém, Deus „é‟ três pessoas e cada pessoa é plenamente Deus. As três pessoas são da mesma substância ou essência. A prova básica disso é o fato de cada uma das três pessoas, distintamente, é chamada de Deus (não de um deus, mas de Deus).

O Pai é chamado claramente de Deus e é plenamente Deus; isso é evidente em todo o Antigo Testamento e diversas vezes no Novo Testamento.

O Filho também é chamado de Deus e é plenamente Deus (João 1.1-4; João 20.28-31; Hebreus 1.10; Tito 2.13; 2 Pedro 1.1; Isaías 9.5; Colossenses 2.9).

O Espírito Santo também é chamado de Deus e Seus atributos mostram adicionalmente que Ele é plenamente Deus (Atos 5.3-4; 1 Coríntios 3.16; Salmos 139.7-9; 1 Coríntios 2.10-11).

O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS

O que já estudamos provê dados suficientes para cremos na doutrina bíblica da Trindade, ainda que, por alguma razão desnecessária, não queiramos usar o termo. Contudo, nós queremos mostrar um pouco mais do testemunho unânime das Escrituras acerca da Trindade.

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO:

No AT, a doutrina da Trindade se apresenta de maneira discreta e parcial, talvez porque o forte politeísmo das nações vizinhas de Israel pudesse influenciar negativamente esta doutrina e produzir um erro sem precedentes que dificilmente seria apagado da história bíblica. Mas, as evidências de que a doutrina já estava imbuída no AT podem ser vistas nos seguintes fatos:

1. Um dos nomes hebraicos de Deus, Elohim, sendo um nome plural, aponta para a tri-personalidade de Deus (Gênesis 1.26; 3.22, 23; Êxodo 18.11).

2. Deus fala de Si mesmo com pronomes no plural (“nós” – Gênesis 1.26; 3.22; 11.7; Isaías 6.8) e verbos no plural (Gênesis 1.26; 11.7).

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3. O “Anjo do Senhor” é algumas vezes claramente “Deus”, porém, Ele é distinto de “Deus” (O Pai). Assim Ele deve ser Cristo numa forma pré-encarnada (Gênesis 16.7-13; 18.1-21; 19.1-28; Malaquias 3.1).

4. Outras passagens claramente distinguem as Pessoas da Deidade (Pai/Senhor/Espírito – Isaías 48.12, 16; SENHOR/Senhor – Salmos 45.6, 7; 110.1; Oséias 1.7).

5. O tríplice louvor de Isaías 6.3 à luz de João 12.37-41 e Atos 28.25-27.

6. As bênçãos tríplices de Gênesis 48.15,16; Números 6.24-27.

7. Evidências quanto à deidade do Filho (Salmos 2.7; Isaías 9.6; Miquéias 5.2; Juízes 13.20-22 com Zacarias 1.7-17).

8. Evidências quanto à deidade do Espírito Santo (Gênesis 1.2; 6.3; Isaías 48.16; 11.2; Salmos 139.7; Zacarias 5.6; Isaías 63.10; Salmos 104.29, 30).

NO NOVO TESTAMENTO:

A evidência quanto à Trindade no Novo Testamento é muito mais abundante que no AT devido à revelação progressiva. O argumento para provar a Trindade seguirá principalmente na linha de que há três pessoas que são Deus.

A divindade do Pai é muito óbvia e isso pode ser nas referências já citadas na definição, mas há duas referências claríssimas no NT que devem ser conhecidas por todo estudante da Bíblia:

“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (João 6.27).

“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele” (1 Coríntios 8.6).

A divindade do Filho e do Espírito será estudada nas suas respectivas matérias (Cristologia e Pneumatologia).

DOUTRINAS ERRADAS SOBRE A TRINDADE

Desde o começo da Igreja surgiram alguns ensinamentos errados sobre a pessoa de Deus, ora beirando o politeísmo, ora negando a existência das três pessoas na Trindade. Os principais ensinamentos errados, que ainda sobrevivem na atualidade, são:

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O TRITEÍSMO:

O Triteísmo é um „politeísmo‟ cristão, pois enquanto nega todas as outras supostas divindades pagãs, cai no erro de afirmar a existência de três deuses – o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Aqui não é necessário fazer muitos comentários porque o testemunho unânime do AT e do NT é que há somente um Deus, então, a idéia de três deuses não só é estranha ao Judaísmo e Cristianismo quanto contraditória ao que é revelado claramente na Bíblia.

O UNITARIANISMO:

Esta doutrina nega a existência de três pessoas na Deidade. Algumas das primeiras igrejas pentecostais do mundo eram e continuam sendo unitaristas, como a Igreja Pentecostal Unida. O unitarismo geralmente é modalista ou sabelianista.

O MODALISMO OU SABELIANISMO8:

O modalismo diz que só há uma única pessoa na Deidade e esta se revela a nós em três formas ou modos diferentes, ou seja, a única pessoa da divindade se expressa de três maneiras diferentes para cumprir papéis ou funções diferentes.

A tese levantada é que houve uma sucessão de manifestações de Deus, com uma ênfase específica para cada época, porém, era a mesma pessoa se manifestando em formas diferentes. Assim, esta única pessoa se revelou como o Pai no AT, como o Filho na época dos Evangelhos e, depois, como o Espírito Santo.

Wayne Grudem diz que „o erro fatal do modalismo é negar necessariamente as relações pessoais entre os membros da Trindade, relações que aparecem em muitos trechos das Escrituras (ou afirmar necessariamente que essas relações era apenas ilusão, e não reais). Assim, deve necessariamente negar três pessoas distintas no batismo de Jesus, quando o Pai fala do céu e o Espírito desde sobre Jesus como uma pomba... O modalismo acaba diluindo o âmago da doutrina da expiação – ou seja, a idéia de que Deus enviou Seu Filho como sacrifício vicário, de que o Filho carregou a ira de Deus em nosso lugar e de que o Pai, representando os interesses da Trindade, viu o sofrimento de cristo e ficou satisfeito (Isaías 53.11) 9‟.

8 É chamada de sabelianismo por causa de um famoso pregador chamado Sabélio no século III e que defendia esta doutrina. 9 Grudem, Wayne. Teologia Sistemática, pg. 178. Edições Vida Nova: 2000.

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ARIANISMO:

O termo vem de Ário, que era bispo de Alexandria. As idéias dele foram julgadas e condenadas no Concílio de Nicéia em 325 d.C. e ele morreu cerca de dez anos depois.

A doutrina ensinada por Ário enfatizava que Deus Filho foi criado por Deus Pai e que antes disso não havia nem o Filho e nem o Espírito Santo, mas somente Deus Pai. Dessa maneira, Jesus não é igual a Deus, mas somente „semelhante a Deus‟ em alguns aspectos.

Os arianos (como os Testemunhas de Jeová) se baseiam em textos bíblicos onde aparece a palavra „unigênito‟ referindo-se a Cristo (João 1.14; 3.16) e „primogênito‟ (Colossenses 1.15) para defender que Cristo não era eterno, portanto, igual ao Pai, mas foi criado pelo Pai – Ele não existia, mas passou a existir como o primeiro ser criado por Deus Pai.

Criar uma doutrina baseada simplesmente numa palavra é uma coisa perigosa, especialmente quando não estuda o significado dela nos diferentes contextos onde aparece. Ser o „primogênito‟, por exemplo, não significa necessariamente que a pessoa a primeira a ser gerada e nem que foi gerada (no caso de Cristo).

Segundo os usos e costumes bíblicos, ser o primogênito significava receber os direitos de liderança na família. É assim, por exemplo, que Esaú vendeu os seus direitos de primogenitura a Jacó. Legalmente, Jacó se tornou o „primogênito‟ e é por isso que a linhagem de Israel é contada por ele e não por Esaú que, biologicamente, foi o primeiro filho nascido. Assim, o fato de Cristo ser o primogênito da criação, não significa que Ele foi o primeiro ser criado, mas sim que Ele recebeu os direitos de governar sobre a criação. O mesmo princípio é usado na expressão „o primogênito de entre os mortos‟ (Colossenses 1.18). Não significa que Cristo foi o primeiro a ser levantado de entre os mortos, mas sim que recebeu tal título e direito por ser quem é – o Filho de Deus.

A controvérsia de Ário girou grandemente na questão de Cristo ser „criado‟ ou „gerado‟. Para o Concílio de Nicéia, a diferença afirmou taxativamente que Cristo não havia sido criado, mas sim gerado. Segundo credo, Cristo foi „... Gerado, não criado, sendo da mesma substância do Pai...‟. Em Constantinopla (381 d.C.), foi reafirmada a declaração, porém, acrescentou-se „antes de todas as eras‟ para enfatizar a natureza eterna do Filho.

A questão não era simplesmente uma disputa de palavras, mas de significado. Se Cristo foi gerado, então, Ele não era igual ao Pai, portanto, não era Deus. O fundamento da Igreja, porém, é a revelação de que Cristo é o Filho de Deus, portanto, igual a Deus (Mateus 16.18). O próprio Jesus também declarou que Ele era um com o Pai, não somente em propósito, mas em essência ou substância – da mesma natureza do Pai (João 10.40).

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Não reconhecer a divindade de Deus é resumir o evangelho a um mero conjunto de conceitos éticos elevados, porém, sem destituído de revelação e autoridade divina.

SUBORDICIONISMO:

Enquanto que o arianismo negava a divindade de Cristo, afirmando que Ele havia sido criado e não gerado, o subordicionismo não negava a Sua divindade ou eternidade (não criado), mas afirmava que Cristo não era igual ao Pai em Seu ser e atributos, mas inferior ou subordinado.

Orígenes defendeu esta doutrina, mas a igreja não a aceitou, e o Concílio de Nicéia também rejeitou formalmente esta doutrina.

ADOCIANISMO:

A palavra „adocianismo‟ vem de „adoção‟. Esta doutrina afirma que Jesus viveu como um ser humano normal e comum até o Seu batismo, quando então foi adotado por Deus como Filho e recebeu poderes especiais. Segundo esta doutrina, Cristo não existia antes de nascer, portanto, não era eterno. Tampouco Jesus era Deus antes de ser adotado pelo Pai, mas apenas um homem comum.

Esta doutrina nunca foi bem aceita e não tem seguidores dentro do cristianismo sério da atualidade. Porém, é afirmada por ateus ou descrentes que somente conseguem enxergar um Jesus com poderes sobrenaturais ou „paranormal‟, porém, não como sendo Deus.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A doutrina da trindade (tri-unidade) é „conhecível‟ e „crível‟, mas nunca será completamente „explicável‟ por mentes ou palavras humanas. Os mecanismos de como a tri-unidade existe e funciona permanecem um mistério para nós assim como a Encarnação (Cristo é Deus e Homem).

De fato, como os cristãos, nós sabemos que a natureza trina de Deus foi necessária:

Pois apenas o sacrifício perfeito do Filho divino poderia pagar pelos nossos pecados (João 3.16).

Pois apenas o Espírito divino poderia habitar em todos nós (João 14.16, 17).

Pois o Pai em Si mesmo deve ser distinto para realizar tal plano.

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Lição 7 - Questões Para Revisão

1. Como a teologia define „Trindade‟ em relação ao ser de Deus?

2. Quais são os textos bíblicos que você pode citar que comprovam a unidade de Deus?

3. Quais são os textos bíblicos que você pode citar que comprovam a tri-personalidade de Deus?

4. O que significa a consubstancialidade de Deus?

5. Quais sãos as evidências da Trindade no Antigo Testamento?

6. Quais sãos as evidências da Trindade no Novo Testamento?

7. O que é o triteísmo?

8. O que é unitarianismo?

9. O que é o modalismo?

10. O que é a o arianismo?

11. O que é o subordicionismo?

12. O que é o adocianismo?

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LIÇÃO OITO

OS NOMES DE DEUS

Versículos-Chave “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra... e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja”.

INTRODUÇÃO

Nós precisamos conhecer não apenas sobre Deus, mas também a Deus. E uma maneira muito simples de conhecermos a Deus é meditando em e invocando-o por Seus nomes.

Em João 17.6 e 26, Jesus fez a Sua oração sumo sacerdotal, e disse:

“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra... e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja”.

Jesus, no Novo Testamento, manifestou as verdadeiras dimensões do nome de Deus no Antigo Testamento aos Seus discípulos, e de fato “colocou carne” nos termos teológicos que se referem ao nosso Deus. Ele quis mostrar que Deus, de fato, estava manifestado na carne, em Cristo. Assim, nós vemos os significados dos nomes de Deus no Antigo Testamento se cumprindo no ministério de Jesus.

Contudo, ao tratarmos com qualquer nome, há algumas limitações que são automaticamente impostas. Um simples nome pode revelar apenas uma faceta de uma dimensão do caráter de uma pessoa. Se a plenitude dos céus não pode conter a Deus, como poderia um nome descrevê-lo plenamente? Nenhum nome dá-nos uma visão completa do caráter de Deus. Mas há um número de nomes (alguns compostos) para Deus que O revelam em alguns aspectos do Seu caráter e em Seus tratamentos para com a humanidade. É isso que estudaremos nesta lição.

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IMPORTÂNCIA DO NOME DE DEUS

Algumas pessoas desconsideram a importância dos nomes de Deus; porém, este é um tópico muito importante, tanto para a revelação quanto para a relação de Deus com o Seu povo.

PARA A REVELAÇÃO:

O nome de Deus é importante porque na Bíblia o nome corresponde à essência da pessoa:

“Não se importe o meu senhor com este homem de Belial, a saber, com Nabal; porque o que significa o seu nome ele é. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele; eu, porém, tua serva, não vi os moços de meu senhor, que enviaste” (1 Samuel 25.25).

Além disso, o nome de Deus revela aspectos de Seu ser:

“Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros. Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração” (Êxodo 3.13-15).

“Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu sou o SENHOR. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR, não lhes fui conhecido” (Êxodo 3.2, 3).

O nome de Deus revela as suas motivações para agir:

“O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante das nações no meio das quais eles estavam, diante das quais eu me dei a conhecer a eles, para os tirar da terra do Egito” (Ezequiel 20.9).

“Mas também os filhos se rebelaram contra mim e não andaram nos meus estatutos, nem guardaram os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles; antes, profanaram os meus sábados. Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para

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cumprir contra eles a minha ira no deserto. Mas detive a mão e o fiz por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante das nações perante as quais os fiz sair” (Ezequiel 20.21 -22).

O Nome de Deus representa ao próprio Deus e Seus atributos:

“Não fareis assim para com o SENHOR, vosso Deus, mas buscareis o lugar que o SENHOR, vosso Deus, escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o seu nome e sua habitação; e para lá ireis” (Deuteronômio 12.4, 5).

“O SENHOR te responda no dia da tribulação; o nome do Deus de Jacó te eleve em segurança” (Salmo 20.1).

“Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como fogo devorador” (Isaías 30.27).

“Graças te rendemos, ó Deus; graças te rendemos, e invocamos o teu nome, e declaramos as tuas maravilhas” (Salmo 75.1).

PARA A RELAÇÃO DEUS COM O SEU POVO:

O nome de Deus dá confiança ao Seu povo:

“Pois o SENHOR, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo, porque aprouve ao SENHOR fazer-vos o seu povo” (1 Samuel 12.22).

“Todas as nações me cercaram, mas em nome do SENHOR as destruí. Cercaram-me, cercaram-me de todos os lados; mas em nome do SENHOR as destruí. Como abelhas me cercaram, porém como fogo em espinhos foram queimadas; em nome do SENHOR as destruí” (Salmo 118.10-12).

“Quem há entre vós que tema ao SENHOR e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus” (Isaías 50.10).

O nome de Deus proporciona direção ao Seu povo:

“Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a

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alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome” (Salmos 23.2-3).

“Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás” (Salmos 33.1).

O nome de Deus é fonte de gozo para Seu povo:

“Nele, o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome” (Salmos 33.21).

O nome de Deus é amado por Seu povo:

“Volta-te para mim e tem piedade de mim, segundo costumas fazer aos que amam o teu nome” (Salmos 119.132).

O nome de Deus é fonte de provisão para Seu povo:

“Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR” (Miquéias 5.3-4).

O nome de Deus estimula o louvor de Seu povo:

“Como o teu nome, ó Deus, assim o teu louvor se estende até aos confins da terra; a tua destra está cheia de justiça” (Salmos 48.10).

O nome de Deus garante a salvação de Seu povo:

“Como o teu nome, ó Deus, assim o teu louvor se estende até aos confins da terra; a tua destra está cheia de justiça” (Salmos 48.10).

“Torre forte é o nome do SENHOR, à qual o justo se acolhe e está seguro” (Provérbios 18.10).

“Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és

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nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” (Isaías 63.16).

O nome de Deus dever ser reverenciado por Seu povo:

“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20.7).

“Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados” (1 Timóteo 6.1).

O nome de Deus será a recompensa dos vencedores:

“Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome” (Apocalipse 3.12).

QUAIS SÃO OS NOMES DE DEUS?

Os nomes de Deus enfatizam quem Ele é e o que Ele faz.

NOMES IDENTIFICADORES DE SUA DIVINDADE:

Esses são os nomes que identificam Deus como „Deus‟ em Sua revelação ao homem.

1. Elohim: A primeira palavra na Escritura usada para Deus é Elohim. Elohim expressa a idéia geral de grandeza e glória. Ela contém a idéia de poder criativo e governante.

2. Yahweh: Uma outra palavra revelada como nome de Deus é Yahweh ou Jeová, e fala de Sua vida e ser. Ele é o Ser que é absolutamente auto-existente, o Único que possui em Si mesmo a vida essencial, a existência permanente. Ele é verdadeiramente o Deus vivo.

3. El Shaddai: O próximo nome é El Shaddai. Esta palavra é traduzida como “Todo-Poderoso”, e sugere a natureza todo-poderosa de Deus. Shaddai significa “Aquele que nutre, supre e satisfaz”. El Shaddai significa “O Todo-Poderoso para nutrir, suprir e satisfazer”. O Único que pode abrigar e derramar um

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aguaceiro de sustento e bênçãos. O conceito de abundância está estritamente conectado com o grande nome de Deus.

4. Adonai: A próxima palavra é Adon ou Adonai, e tem uma pluralidade de significados. Ela confirma o conceito da Trindade no Antigo Testamento, e é usado em Salmos 110.1, “O Senhor [Yaweh] disse ao meu Senhor [Adon]”. O nome fala de apropriação e direito de dono ou mestre, e indica que Deus é o dono de cada membro da família humana e que Ele exige nossa completa obediência a Ele.

NOMES REDENTORES:

Esses são os nomes que Deus revelou em relação com o Seu plano redentor. Tais nomes são compostos e associados com „Jeová‟ ou „Iavé‟.

1. Jeová-Jiré: Há diversos nomes redentores de Deus, ou seja, que estão associados ao Seu plano de redenção, e que exigem nossa atenção. O primeiro é Jeová-Jiré. Ele significa simplesmente que Ele é o Deus que provê às nossas necessidades, ou declarado ainda mais simplesmente, “O Deus que proverá”. Esta é uma promessa para cada um de nós. Quando Isaque perguntou a Abraão onde estava o Cordeiro para o sacrifício, Seu pai disse “Jeová-Jiré”, Deus proverá. Este nome fala, primeiramente, de nossa grande libertação. Este é um atributo do caráter de Deus. Deus traz grande libertação ao Seu povo. Ele está comprometido em suprir nossas necessidades. Quando ele foi à cruz para redimir o homem pelo sacrifício de Si mesmo, Ele era Jeová-Jiré; Deus providenciando libertação, Deus providenciando salvação.

2. Jeová-Rafá: O próximo nome redentor é Jeová-Rafá. Ele significa Jeová Cura; “Eu sou o Deus que cura” (Êxodo 15.26). Jeová garantiu a Si mesmo como o curador do Seu povo. Este nome fala-nos de cura no seu sentido completo: corpo, alma e espírito. O Jeová que curava no Antigo Testamento é o Jesus que curou no Novo Testamento e que continua curando até hoje. Em outras palavras, Jesus manifestou o nome de Deus aos discípulos quando curou os enfermos.

3. Jeová-Nissí: Significa “O Senhor minha bandeira”. A palavra bandeira pode significar diversas coisas. Ela refere-se à vara que Moisés usou para abrir o Mar Vermelho ou quando ele feriu a rocha de onde saiu água. A vara era o símbolo e garantia da presença e poder de Deus. Uma bandeira nos tempos antigos não era necessariamente uma bandeira como nos dias atuais, mas era uma vara lisa com algum tipo de ornamento nela. Ela era um sinal de libertação e salvação. Este nome fala de Jeová como levantando um

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estandarte ou uma bandeira contra as nações. Quando os braços de Moisés estavam fracos na batalha, a vara de Deus estava abaixada e o inimigo prevalecia. Tão logo Arão e Hur seguravam as mãos e a vara de Moisés, o povo de Israel prevalecia. Jeová-Nissí significa “O Senhor mesmo é a minha bandeira”. Jesus, portanto, é a nossa bandeira. A bandeira de redenção. Como a serpente que Moisés levantou no deserto, uma bandeira para o povo, Jesus foi levantado na cruz como nossa bandeira. Cristo crucificado é a bandeira da Igreja. Ela é o sinal de nossa vitória. Ela é o sinal de autoridade que Deus tem dado aos crentes. O nome de Jesus representa esta vitória.

4. Jeová-m’Kaddesh: Este nome é encontrado em Levítico 20.8, e significa “O Senhor que santifica”. Santificar significa dedicar, consagrar ou fazer santo, ou colocar a parte, separar. Santidade é o mais impressionante de todos os atributos de Deus. Ele constitui Sua plenitude e Sua perfeição. O Espírito de Deus é chamado “O Espírito Santo”. É a natureza de Deus que faz Seu povo santo. Nós somos ordenados a nos santificar como um ato de livre vontade. Então Seu poder nos faz santos.

5. Jeová-Shalom: Ele significa “O Senhor é paz” é encontrado em Juizes 6.24. Israel tinha estado vivendo em apostasia, e conseqüentemente estava sob o domínio do inimigo. Jeová apareceu a Gideão como um libertador e Ele chamou a Si mesmo de Jeová-shalom, numa confiante antecipação de vitória e paz. O nome fala de uma harmonia de relacionamento ou reconciliação baseado na realização de uma transação, o pagamento de um débito, o dar de satisfação. Jesus é chamado de Príncipe da Paz. Shalom foi a forma mais comum de saudação nos dias bíblicos e fala também da paz que tem entre Deus e o homem por causa da propiciação. Sendo justificados pela fé nós temos paz com Deus. Jeová deseja paz aos Seus discípulos. O nome de Jesus representa paz para o crente.

6. Jeová-Tsikdenu: Significa “O Senhor nossa justiça”. Este nome revela dois fatos para nós: que o Senhor é nossa justiça e que nossa própria justiça é como trapos imundos. Romanos 3.20 diz, “nenhum homem será justificado diante Dele”. Para que nós possamos ser justos, nós precisamos ter a justiça de Deus imputada a nós. A justiça de um inocente sofredor deve ser considerada como a do pecador se ele quer permanecer diante de Deus. Isto é o que aconteceu através de Cristo quando Deus O fez pecado por nós, Aquele que nunca conheceu pecado, para que nós pudéssemos ser feitos justiça de Deus Nele. Sua justiça é colocada sobre nós como um Dom gratuito, através da fé. Este nome revela-nos o tremendo Dom que Deus tem dado aos crentes.

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7. Jeová - Roí: Significa “O Senhor é o meu pastor”. Ele é encontrado no primeiro versículo do Salmo 23, “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”. O significado primário da palavra “pastor” é alimentar ou conduzir ao pasto, como um pastor faz com seu rebanho. O Senhor é o pastor do Seu povo. Isto traz-nos a idéia de cuidado compassivo, Deus descendo para liderar-nos e alimentar-nos como Seu rebanho. Ele protege as ovelhas dos lobos que atacam-nas. Ele providencia alimento, pasto e água. Em João 10, Jesus é descrito como o Bom Pastor. Quando Ele avistou a cidade de Jerusalém, Seu coração de Pastor ficou tão entristecido que Ele lamentou e chorou sobre a cidade. Jesus foi o pleno cumprimento deste nome de Deus no Novo Testamento.

8. Jeová-Shamá: O significado do nome é “O Senhor está ali”, e é encontrado em Ezequiel 48.35 descrevendo a grande cidade de Deus que Ezequiel chama de „O Senhor está ali‟, Jeová-Shamá. A idéia é que a contínua presença de Deus sempre está entre nós. Deus desejou revelar isto à humanidade tanto no tabernáculo como no templo do Antigo Testamento. Sua presença sempre estava no meio do Seu povo no tabernáculo. Do mesmo modo, Jesus, no Novo Testamento, se tornou carne e trouxe o tabernáculo para o nosso meio. Na Nova Aliança, Sua presença está agora nos crentes, como templos vivos de Deus. Nós somos templos do Espírito Santo. Apocalipse 21.3 declara, “Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles.”

Lição 8 - Questões Para Revisão

1. Qual é a importância do estudo dos nomes de Deus?

2. Qual é a importância do nome de Deus para a revelação?

3. Qual é a importância do nome de Deus para a relação de Deus com o Seu povo?

4. Quantos e quais nomes de Deus você pode citar de memória?

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LIÇÃO NOVE

A PROVIDÊNCIA DIVINA

Versículos-Chave “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração” (Atos 17.28).

INTRODUÇÃO

Deus é o Criador do universo. Todas as coisas existem por meio Dele e para Ele. Ele preserva todas as coisas e as sustenta pela Palavra de Seu poder. Ele governa tudo o que há no universo – pessoas, coisas e eventos. Ele permite a interação humana com Sua vontade, mas também determina que certos eventos e ações aconteçam para cumprir Seus propósitos. Deus não criou o mundo e o entregou à sua própria sorte. Deus não entregou o universo ao acaso. Não há nada que aconteça no universo que não esteja sob a Sua supervisão, permissão ou decreto. Este procedimento divino constantemente de preservação, manutenção e ação no universo é chamado de „providência divina‟.

A doutrina da providência divina, muitas vezes, tem sido uma questão controversa na teologia evangélica. O debate normalmente acontece entre os arminianos e calvinistas (ou reformados), e gira em torno dos limites da providência divina e suas conexões com a predestinação e o controle de Deus sobre as coisas criadas.

Nesta lição, nós não entraremos na polêmica do tema, mas procuraremos apresentar a doutrina da providência divina a partir de uma perspectiva teológica equilibrada e resumida, evitando os pontos de maior conflito entre as linhas teológicas arminiana e calvinista. Embora a teologia apresentada neste programa de treinamento seja essencialmente reformada, nós não cremos que não haja nada a ser aprendido com quem defende argumentos diferentes.

No entanto, nós cremos que a doutrina reformada da providência é uma expressão mais exata do que nós podemos conhecer acerca do tema, porque ela não somente procura ser fiel as Escrituras, mas também, e exatamente por isso, visa tão somente a glória de Deus e nunca a do

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homem – um erro que outras linhas teológicas podem cometer facilmente, ainda que não seja intencionalmente.

O QUE É A PROVIDÊNCIA DIVINA

Evitando o campo da polêmica, nós precisamos definir, de maneira simples e breve, o que é a providência divina. Nós podemos definir a providência divina como a maneira pela qual Deus está continuamente e efetivamente agindo, na Sua santa, sábia e poderosa vontade, em preservar e governar todas as criaturas e as suas ações, a para Sua própria glória.

Originalmente, a palavra „providenciar‟ vem de „prever‟. No grego, a palavra correspondente é pronoia, que significa „pensar de antemão; planejar‟. Este pensar de antemão e a previsão de algo implica num objetivo final, um alvo e um propósito definido, um plano a ser realizado ou cumprido. Assim, a doutrina da providência divina se refere ao cuidado da preservação e governo que Deus exerce sobre todas as coisas que Ele criou, de maneira que elas possam cumprir os fins – o plano divino – para os quais elas foram criadas.

“Providência é o termo mais compreensível na língua da teologia. Ele é o pano de fundo de todos os diversos departamentos da verdade cristã... ele penetra e enche todo o compasso das relações do homem com o seu Feitor. Ele conecta o Deus invisível com a criação visível, e a criação visível com a obra de redenção, e a redenção com a salvação pessoal, e a salvação pessoal com o fim de todas as coisas. Ele leva nossos pensamentos de volta ao supremo propósito que estava no começo com Deus, e adiante, para o fim previsto, e a consumação de todas as coisas, o que inclui a infinita variedade dos tratamentos de Deus com o homem10”.

A providência divina significa, em última análise, que nada acontece no universo e, especialmente, no mundo, sem a supervisão, preservação, cooperação ou controle divino.

IDÉIAS ERRADAS SOBRE A PROVIDÊNCIA DE DEUS

Há diversas idéias erradas sobre Deus no que diz respeito à Sua providência. Vejamos algumas destas:

10 Pope, W. B. Compendium of Christian Theology, Vol. I, pg. 456.

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DEÍSMO:

O deísmo trata Deus como Criador, mas não como Preservador da criação. Deus é visto como um ser que estabeleceu o universo e o colocou para funcionar. Deus, então, fez e equipou o universo com leis naturais e, depois, deixou-o funcionando como uma máquina. Dentro dos limites das leis naturais, se presume que a mudança seja o fator governante de todas as coisas.

Esta visão do mundo não tem nenhum lugar para um Deus pessoal. Ele olha para as descrições estáticas dos eventos para calcular o que é observado. O deus do deísta é impessoal, e nem tem feito aliança com o homem para abençoá-lo e nem tem revelado a si mesmo a ele. O deus do deísmo – se tem alguma consciência – teve que esperar para ver no que ia dar a sua criação.

FATALISMO:

O fatalismo destrói a natureza pessoal do Criador e do homem. Ele vê tudo se movendo rumo a um fim fixo que não tem nenhum lugar para um propósito amoroso ou um indivíduo digno. Cada pessoa é vista como pouco mais do que uma peça na engrenagem da grande máquina cósmica que impessoalmente leva a uma finalidade inevitável. Nada pode ocorrer que não seja parte do movimento total do cosmo e, portanto, visto que não há nenhum Deus pessoal, não pode ter nenhum pecado ou rebelião verdadeira ou real. O destino é visto como o autor de tudo o que acontece, quer o chamemos de „bem‟ ou de „mal‟. Para o fatalista, tudo é „sem sentido, sem misericórdia e sem esperança‟.

Mais adiante nós exploraremos brevemente a visão fatalista em contraste com a visão bíblica da predestinação.

PANTEÍSMO:

O panteísmo faz com que tudo seja uma extensão de Deus. Para o panteísta Deus não somente é visto, mas também está presente em todas as ações. Se tudo é Deus em ser e ação, então, tudo é Deus. Se tudo é Deus, então, não há pecado ou ação contrário ao seu prazer. Também não há nem redenção e nem necessidade dela. O panteísmo nega a realidade do indivíduo como uma pessoa distinta. Também elimina a possibilidade de uma verdadeira moralidade objetiva.

MISTICISMO:

O misticismo vê Deus como totalmente „outro‟ além de Sua criação. O místico nega a objetividade da revelação de Deus. Ele sustentaria que

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ninguém pode realmente conhecer a Deus com qualquer certeza. Ele faz de Deus e de Sua providência algo que nunca se pode conhecer. Para o místico, não há um propósito certo para coisa alguma. Nós devemos apenas aceitar as coisas em nossa ignorância.

FATALISMO X PREDESTINAÇÃO

Os cristãos frequentemente têm dificuldade em compreender o que separa as duas visões principais sobre o que dirige todas as coisas a certo resultado. Uma delas é o fatalismo e a outra é o conceito chamado de predestinação11.

A dificuldade vem de duas influências em ação na nossa natureza caída. Uma é o desejo de imaginar que o indivíduo, não algo fora dele, tem o controle final de seu próprio destino. A outra é uma revolta contra o conceito de um Deus pessoal e soberano que está além de nossa plena compreensão.

A idéia de controle pessoal de todas as coisas leva ao extremo que nega que o fim de todas as coisas não tem qualquer elemento determinado para ele. O naturalismo puro domina o pensamento da cultura ocidental em nossa era presente. As leis físicas e as escolhas humanas são vistas como os fatores controladores para a direção dos eventos na história.

Mas existe também um longo e persistente entendimento de que há alguma coisa mais movendo todas as coisas para um fim estabelecido. Assim, para preservar o segundo preconceito contra o controle de um Deus pessoal alguns tem aceitado a visão do fatalismo.

Graças a Deus, o crente não é deixado para especular sobre tais coisas dentre de seus próprios preconceitos humanos. Ele tem uma Bíblia que registra as próprias palavras de Deus e claramente mostra Deus governando os eventos „incertos‟ e, ao mesmo tempo, fazendo a diferença entre Seu soberano controle e a idéia pagã do fatalismo.

O fatalismo vê Deus como nada mais do que as obras de forças naturais e impessoais desconhecidas que farão todas as coisas acontecerem de uma determinada maneira. O estóico chama isso de Destino. Um estudioso explicou o destino por imaginar um homem como um besouro de água levado por uma correnteza. Ele pode lutar ou pode se deixar levar por ela em paz simplesmente por aceitar sua destruição. Se nós virmos a providência divina como nada mais além de „destino‟, então, o melhor que nós podemos fazer é entregar-nos aos horrores que poderão vir adiante, e nos deixarmos levar pelo destino cego.

11 Nós veremos mais sobre a predestinação ao estudarmos a Soteriologia.

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Mas esta não é visão bíblica da providência de Deus. O destino é como o funcionamento de uma máquina sem razão ou propósito. O Deus da Escritura age pessoalmente para realizar Seu plano para um objetivo específico e conhecido por dirigir todas as coisas para Sua própria glória e para a bênção de Seu povo.

A Bíblia afirma claramente que Deus faz acontecer tudo o que Ele determina. Nada pode ocorrer que possa frustrar ou arruinar os Seus planos (Salmos 115.3; 135.6 e Jó 42.2).

Até mesmo os atos do pecado e do mal são permitidos ocorrer de maneira que eles são usados para servir ao propósito de Deus. Ainda que isso não faça com que o mal seja bom, mostra que o mal nunca está além do controle de Deus. Deus pode controlar o mar sem que Ele seja a causa dele. O mal condena o rebelde, mas ele é empregado para revelar mais da gloriosa perfeição de Deus (veja Gênesis 50.20; Atos 2.23; 4.27-28). A natureza pessoal de Deus deu a Jó a coragem para dizer “embora Ele me mate, ainda esperarei nele” (Jó 13.15, NVI).

Não há heresia maior do que reduzir a obra amorosa de nosso Deus soberano a meras forças agindo cegamente. Nós somos criados em Sua imagem como pessoas, não como máquinas. Nós agimos, pensamos e escolhemos. Nós somos os únicos responsáveis pelo nosso pecado. Mas, seja para o bem que nós fazemos, a nossa fé, arrependimento e obediência, Deus apenas proporciona a habilidade. Ele dá vida aos nossos corações caídos, converte-nos pelo Espírito Santo e dá-nos uma nova natureza que nos impele a fazer o bem. Porém, mesmo em Sua obra de graça, nós vimos como pessoas voluntárias, não como máquinas ou como rebeldes gritando e se queixando do amor redentor.

A posição bíblica, definitivamente, não é a mesma do fatalismo. O fatalismo arrasta-nos para um destino irracional sem nenhum propósito e não nos considera como pessoas reais. A predestinação tem um bom propósito e foi projetado por um Deus amoroso para revelar Sua própria glória e produzir os benefícios para Seu povo. A doutrina bíblica trata-nos como pessoas que participam como seres reais que refletem a soberana obra de Deus em nossos corações. O ensinamento bíblico não nos deixa culpar a Deus por nossa rebelião, porém, igualmente, não nos deixa levar o crédito por nossa restauração ou pelo bem que nós fazemos.

A PROVIDÊNCIA É REALMENTE BÍBLICA?

O testemunho das Escrituras é que Deus é o criador de todas as coisas, e diretamente dispõe e governa todas as criaturas, ações e coisas, do maior ao menor, em todo o tempo. É a Sua sábia e santa providência, de acordo com o Seu infalível pré-conhecimento e o livre e imutável conselho de Sua própria vontade, que rege todas as coisas.

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A Bíblia mostra claramente que Deus preserva e governa todas as coisas, até mesmo por meio de causas secundárias, ou seja, quando Ele faz uso, por exemplo, das leis da natureza e da ação humana. Assim, alguém pode pensar que vive por causa de seu emprego e o salário que recebe, mas de acordo com o pensamento geral das Escrituras, é Deus quem sustenta você, ainda que use o seu emprego. Pois, de fato, você só tem tal emprego porque Deus o permitiu e/ou o causou.

Davi era um guerreiro e realmente „batalhava‟ para obter vitórias sobre os seus inimigos. No entanto, ele atribui a sua preservação e sustentação a Deus:

“Também me deste o escudo da tua salvação, a tua direita me susteve, e a tua clemência me engrandeceu” (Salmos 18.35).

“A minha alma apega-se a ti; a tua destra me ampara” (Salmos 63.8).

Paulo deixa claro que Deus não somente nos deu a vida, mas constantemente nos permite e nos faz viver, mover e existir:

“Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração” (Atos 17.28).

Note que o versículo acima não diz que Deus nos criou e nos deixou à nossa própria sorte, mas exatamente agora Ele age para que continuemos vivos – Ele nos preserva, constantemente, vivos e existindo. E até quando nos movemos, isso está sob o cuidado e controle de Deus; é por Sua vontade e poder.

O apóstolo também revela que todas as coisas subsistem em Cristo:

“Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Colossenses 1.17).

A palavra „subsistem‟ significa não apenas que as coisas foram chamadas do nada a existência por meio de Cristo, mas principalmente que elas são mantidas em seu presente estado por Ele. Deus não somente criou todas as coisas por meio de Cristo (João 1.1-3), mas também conserva todas as coisas por meio de Cristo.

Isso significa que Deus faz com que todas as coisas preservem as propriedades com as quais Ele as criou e, mesmo quando elas são alteradas por alguma outra força ou lei da natureza, ainda assim Deus está no controle e tem determinado que isso seja assim. Por exemplo, Deus criou a água e, dentro de Suas leis, Ele permite que a água sofra a alteração de estado, mas a água permanece sendo água e nunca se transformará num ser humano! Você pode poluir, congelar e fazer evaporar a água, mas jamais poderá transformá-la em pedra, porque Deus

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preserva as propriedades naturais da água para que ela permaneça conforme determinou o Seu ato criativo.

O universo foi criado por Deus e é sustentado pela Palavra de Seu poder:

“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hebreus 1.3).

Isso significa que todas as coisas criadas por Deus no universo sempre serão as mesmas e que o universo sempre funcionará de maneiras previsíveis, pois Deus determinou de antemão como tudo deveria funcionar e preserva todas as coisas funcionando da maneira como Ele determinou.

A EXTENSÃO DA PROVIDÊNCIA

Até onde Deus estende a Sua obra providencial? Será que Deus realmente preserva e controla todas as coisas atualmente?

A Bíblia diz que Deus preserva e controla todas as coisas e que Ele executa a Sua vontade de acordo com o Seu pré-conhecimento e propósitos. Nada escapa de Seu controle e tudo acontece de acordo com a Sua permissão e o propósito determinado por Ele.

Para nós, seres humanos pecadores e limitados, é difícil imaginar que Deus está no controle de tudo, especialmente quanto nós passamos por situações difíceis e o mal parece prevalecer sobre o bem.

Mas o testemunho bíblico é inequívoco quando nos mostra que Deus é tão sábio, amoroso e poderoso que Ele pode agir em todas as situações – até mesmo através da tolice e das más escolhas humanas – de tal maneira que Seu plano é levado adiante e o nosso bem maior é realizado. A escolha humana, de fato, não é a palavra final nos eventos e situações da vida. Mas o é a soberana providência divina.

Assim, o escopo ou alcance da providência (preservação e governo) é bem maior do que gostaríamos ou podemos entender plenamente. Assim, convém simplesmente aceitarmos a revelação bíblica, pois, de acordo com a Bíblia, a providência de Deus se estende:

Ao mundo natural – Salmos 104.14; 135.5-7; Atos 14.17.

À criação bruta – Salmos 104.21-29; Mateus 6.26; 10.29.

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Aos negócios dos homens – 1 Crônicas 16.31; Salmos 47.7; Provérbios 21.1; Jó 12.23; Daniel 2.21; 4.25; inclusive dos indivíduos – 1 Samuel 2.6; Salmos 18.30; Lucas 1.53; Tiago 4.13-15.

Às livres ações dos homens – Êxodo 12.36; 1 Samuel 24.9-15; Salmos 33.14, 15; Provérbios 16.1; 19.21; 20.24; 21.1.

Às más ações dos homens– 2 Samuel 16.10; 24.1; Romanos 11.32; Atos 4.27, 28.

Às boas ações dos homens – Filipenses 2.13; 4.13; 2 Coríntios 12.9, 10; Efésios 2.10.

COMO DEUS GOVERNA TODAS AS COISAS

A maneira como Deus exerce Seu governo providencial não é completamente explicado nas Escrituras. Mas nós sabemos que a Bíblia declara como fato que Deus governa todas as criaturas e todas as suas ações. A Bíblia declara também que tal governo providencial é:

UNIVERSAL:

“Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos, para com os que guardam a sua aliança e para com os que se lembram dos seus preceitos e os cumprem. Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo” (Salmos 103.17-19).

PARTICULAR:

“Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais” (Mateus 10.29-31).

EFICAZ:

“O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações” (Salmos 33.11).

“Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem o pode dissuadir? O que ele deseja, isso fará” (Jó 23.13).

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ABRAÇA ATÉ OS EVENTOS APARENTEMENTE ACIDENTAIS:

“O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos... A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (Provérbios 16.9, 33).

“Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá” (Provérbios 19.21).

“Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Provérbios 21.1).

É CONSISTENTE COM SUA PRÓPRIA PERFEIÇÃO:

“Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.13).

É PARA A SUA PRÓPRIA GLÓRIA:

“Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra” (Romanos 9.17).

“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).

A PROVIDÊNCIA E AS AÇÕES PECAMINOSAS

Se Deus está no controle de tudo, porque Ele permite o pecado? Por que Ele permite que os homens pequem?

Não podemos responder completamente a esta pergunta e não adianta „inventar‟ uma resposta racionalmente aceitável. Como cristãos, nós precisamos confiar na Pessoa e na Palavra de Deus. Assim, nós sabemos, pelo testemunho das Escrituras, que Deus não causa ou aprova o pecado, mas apenas o permite e limita (Gênesis 50.20; Atos 3.13; Gênesis 45.5; 50.20; 1 Samuel 6.6; Êxodo 7.13; 14.17; Atos 2.23; 3.18; 4.27, 28).

A SOBERANIA DE DEUS É A CHAVE

A Bíblia diz que Deus é soberano (Atos 4.24; Judas 1.4). Um soberano é alguém que tem soberania, ou seja, o direito e o poder de dominar e

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exercer autoridade sobre tudo que está sob seu domínio. Deus é o supremo soberano, pois tudo está sob o Seu domínio e Ele pode fazer o que quiser com tudo aquilo que Ele criou. É claro, Deus é incapaz de fazer qualquer coisa que vá contra a Sua natureza ou caráter (ver as lições sobre O Caráter de Deus), então, nós podemos confiar que tudo o que Ele faz é justo, amoroso, sábio, perfeito e etc. Nós podemos não entender os caminhos e os pensamentos de Deus, mas devemos reconhecer humildemente que Ele é soberano e livre para fazer o que Sua vontade perfeita determinar.

Aceitar a soberania de Deus facilita grandemente o entendimento dos caminhos de Deus, ainda que não o possamos conhecer plenamente, e nos ajuda a caminhar com Deus na base de uma fé sólida e verdadeira. Portanto, aceitar que Deus é livre e tem o direito de fazer o que bem entender com as Suas criaturas, suas ações e destino, é a chave para entendermos e aceitarmos a providência de Deus em todas as coisas. Se, porém, negarmos a soberania de Deus, nós lutaremos com diversos fatos incompreensíveis relatados na Bíblia e exemplificados cotidianamente nesta vida. Isso, por fim, nos levará à descrença, o que é inútil, pois a nossa fé ou falta dela não anula ou comprova os fatos. Deus é soberano e continuará agindo com soberania, mesmo quando eu não entenda ou creia nisso. Eu, porém, perderei os benefícios que advém de confiar no Deus soberano que, mesmo quando faz e determina coisas incompreensíveis, permanece fiel a Si mesmo, ao Seu amor e justiça.

A PROVIDÊNCIA E VOCÊ

Aceitar a providência de Deus em Sua vida é um passo de fé muito importante e profundo. Isso implica em saber e aceitar amplamente que:

“... que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8.28).

Assim, nós reconhecemos que todas as pessoas e todas as situações em nossa vida podem ser usadas por Deus como parte de Seu sábio plano para desenvolver-me espiritualmente. Tudo o que nós passamos pode nos beneficiar se nós escolhermos cooperar com Deus. Nenhuma pessoa ou situação pode frustrar o plano de Deus para fazer-se conhecido em e através de mim e de você.

Quais são os efeitos práticos de aceitar e confiar na divina providência? Os efeitos são muitos e são positivos. Ao aceitarmos a providência divina nós lidamos melhor com:

O Medo: Muitas vezes nós pensamentos que as nossas más ações ou decisões erradas, bem como as dos outros, é a palavra final nos

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eventos e situações complicadas da vida. Porém, a doutrina da providência nos ajuda a perceber que nada acontecerá que não fizer parte do plano de Deus para nossas vidas. E isso deve nos livrar do medo e das conseqüências.

O Controle: Quando eu confio na soberania de Deus, eu não tenho que fazer as coisas do meu jeito e manipular as pessoas para fazer o que eu quero. Eu posso confiar que Deus agirá através de diferentes meios e/ou numa ocasião diferente da que eu tinha em mente. Quando eu tento controlar, eu estou agindo como se eu cresse que as pessoas podem impedir o que Deus tem prometido para mim.

O Conflito: O conflito é tanto vertical quanto horizontal. Sem a perspectiva da soberania de Deus, todo conflito é apenas algo entre eu e você e eu estando certo, é claro. A questão se torna algo que eu devo vencer. Eu devo controlar ou serei controlado. Mas se eu confio na soberania providencial de Deus, eu não tenho que ganhar e defender-me porque Deus pode ensinar-me através do conflito mesmo se a outra pessoa estiver errada ou não me compreendendo corretamente.

O Sofrimento: Se eu confio na providência divina, eu esperarei que Deus me mostre algum bem no meu sofrimento, mesmo que eu só o veja depois. Por exemplo, quando eu estou estressado e sofrendo pressão no trabalho; quando estou ocupado e sem tempo; quando estou deprimido por causa dos muitos problemas; quando o casamento vai mal por causa de más escolhas ou negligencia no passado; quando estou doente; quando sou maltratado ainda que inocente; quando perco um ente querido; quando estou sozinho... Se eu não aceitar que Deus soberanamente permite estas coisas para realizar algum propósito que eu ainda não vejo, eu não poderei confiar em Deus em tais situações. Nós devemos entender que o sofrimento não pode tirar o que Deus quer nos dar e nem nos manter afastado do Seu amor por nós (Romanos 8.28-39). E devemos lembrar também que grande parte do que chamamos de sofrimento é apenas aquilo que sentimos por perder o controle e a frustração de não fazermos ou termos as coisas da nossa maneira.

As Decisões: Se eu confio na soberania de Deus, eu sei que Ele quer levar-me a cumprir Seu plano e que Ele sabe o que e como eu devo contribuir. Ele está comprometido em dar-me uma vida significativa e com propósito. Sem esta perspectiva, nós tendemos a ver Sua direção como algo que atrapalha a nossa agenda e planos. O resultado é que a nossa carreira, família ou outros planos se tornam um substituto para nossa real posição na obra de Deus.

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O Evangelismo: Sem a soberania de Deus, o evangelismo não passa de minha tentativa para convencer alguém a comprar rapidamente um sistema religioso que poderia ser inconveniente ou ofensivo para ele. Se eu confio na soberania de Deus, eu sei que Deus quer que eu alcance as pessoas, e que Ele é capaz de orquestrar os eventos de maneira que aqueles que O buscam cruzem meu caminho.

O Fracasso: O fracasso é parte de nosso treinamento e história espiritual. Sem a soberania de Deus, a falha é simplesmente um esforço gasto e uma área onde eu devo ter vergonha. Normalmente nós evitamos o fracasso, e quando o encontramos, ele é frequentemente negado. Nós também procuramos culpar os outros. Deus, porém, é capaz de transformar o nosso fracasso e vitória, ainda quando Ele não reverta uma situação, mas quando nos faz entender que nada acontece fora de Sua vontade ou sem ter um propósito que resultará em nosso bem final (Romanos 8.28).

Vale a pena concluir esta lição sobre a providência divina citando J. Oswald Sanders em Maturidade Espiritual:

“O Deus de Jacó é proeminentemente o Deus da segunda chance para os cristãos que têm falhado e falham persistentemente. A segunda chance não reverte as conseqüências dos fracassos passados, mas até mesmo o fracasso pode ser o caminho para novas vitórias. Para o filho de Deus, o fracasso pode ter um importante valor educativo. Deus não desperdiça nem mesmo os fracassos. A lição que resulta da vida de Jacó é que nenhum fracasso necessita ser final. Há esperança com o Deus de Jacó para qualquer disposição ou temperamento. Nenhuma derrota do passado coloca as futuras vitórias fora de alcance. Quando Deus salva e segura uma pessoa é porque Ele a buscou com uma perseverança que nunca se acaba, de maneira que Ele pudesse abençoá-la. Deus vira a mesa do diabo por criar um ministério mais amplo do que nossas próprias derrotas”.

Lição 9 - Questões Para Revisão

1. O que é a providência divina?

2. Como o deísmo tem uma idéia errada sobre a providência de Deus?

3. Como o fatalismo tem uma idéia errada sobre a providência de Deus?

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4. Como o panteísmo tem uma idéia errada sobre a providência de Deus?

5. Como o misticismo tem uma idéia errada sobre a providência de Deus?

6. Como o fatalismo e a predestinação diferem?

7. A providência é uma doutrina bíblica? Justifique.

8. Até onde se estende a providência divina?

9. Como Deus governa todas as coisas?

10. Qual é a chave para entendermos e aceitarmos a providência divina?

11. Como a doutrina da providência afeta a sua vida?

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LIÇÃO DEZ

OS DECRETOS DE DEUS

Versículos-Chave “Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade” (Efésios 1.11).

INTRODUÇÃO

O que são os „decretos de Deus‟? A Confissão de Westminster define-os assim:

“O decreto de Deus é o Seu propósito eterno, segundo o conselho de Sua própria vontade, em virtude da qual tem preordenado para a Sua própria glória tudo o que acontece”.

O Catecismo Maior de Westminster diz:

“Os decretos de Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho da sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, Ele, para a sua própria glória, imutavelmente predestinou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e os homens”.

Como você pode observar, há uma íntima conexão entre a providência divina e os decretos de Deus, pois é por meio de Seus decretos que Deus preserva e governa todas as coisas.

Nesta lição, nós veremos a natureza dos decretos de Deus, a extensão de Seus decretos e uma breve análise dos dois principais problemas relacionados à aceitação dos decretos de Deus.

A NATUREZA DOS DECRETOS

Nós podemos dizer que Deus só tem um decreto, o qual pode ser chamado de Seu „propósito‟ (Efésios 1.11). Contudo, há uma sucessão de eventos em sua realização e pontos específicos são definidos para a criação, o mundo, as pessoas, a Igreja, e etc. Assim, é melhor falarmos dos „decretos‟ de Deus, pois o propósito de Deus é totalmente inclusivo, tantos em seus fins quanto nos meios.

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Além disso, os decretos de Deus são „doxológicos‟ (Efésios 1.6, 12), ou seja, a sua meta é a glória de Deus. Eles também são sábios (Romanos 11.33), amorosos (Efésios 1.5), eternos (Efésios 1.4; 3.11), eficazes e não podem ser frustrados (Isaías 46.10). Eles são incondicionais (Efésios 1.9, 11) e dependem somente da vontade de Deus. Eles são permissivos (Atos 2.22, 23), pois Deus não efetua diretamente as más ações, mas decide, dentro de limites estabelecidos no conselho divino, não impedir a vontade pecaminosa.

A EXTENSÃO DOS DECRETOS DE DEUS

Nada no universo pode ser considerada uma exceção aos decretos de Deus. Ainda que os eventos no universo possam ser considerados como estando condicionados a outros eventos, nunca é acurado dizer que qualquer um dos decretos esteja condicionado a alguma coisa que não tenha sido decretada por Deus.

Se fosse assim, isso tornaria a condição mais absoluta em determinar o curso dos eventos do que Deus. Se qualquer simples influência é a condição externa aos decretos de Deus, então, Ele não poderia controlar com absoluta certeza o resultado de Seu universo em relação ao Seu propósito pretendido. Ou seja, Deus não conseguirá o fim pretendido antes da criação do mundo para tudo o que Ele criou se Ele mesmo não estiver no controle, na direção e na execução de Seu plano. Tudo, então, está condicionado a Deus e não às condições prevalecentes no universo. Pois, do contrário, esta questão condicional teria um controle soberano final e contradiria as declarações da Palavra de Deus.

PROBLEMAS COM A ACEITAÇÃO DOS DECRETOS DE DEUS

Quando nós mencionamos o fato de que tudo acontece no universo acontece por decreto de Deus, por Sua vontade e determinação, nós somos desafiados a lidar com dois problemas: o pecado e a vontade humana. Se aceitarmos os decretos de Deus, então, nós teremos que ver o que a Bíblia ensina sobre estes temas, pois parece incoerente dizer que Deus está no controle tudo e Ele é bom, se há pecado no mundo e se Ele responsabiliza o homem por seus pecados. Afinal de contas, se Deus criou o pecado e o mal, por que Ele responsabiliza o homem por seus pecados?

Antes de estudarmos mais detidamente estas questões, nós devemos primeiro entender que estes problemas resultam de nosso entendimento humano limitado e insuficiente. Como na questão de Trindade e em algumas outras, há certa quantidade de mistério envolvendo tais particularidades de Deus, de maneira que não podemos saber plenamente sobre Ele, exceto aquilo que Deus mesmo nos revelou em Sua Palavra.

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O PROBLEMA DO PECADO:

Ainda que Deus não seja autor do pecado (Salmos 92.15; Tiago 1.13; 1 João 1.5), Ele poderia tê-lo evitado, mas o permitiu e continua permitindo. Isso significa que Ele considerou sábio permiti-lo, ainda que isso fosse custar o sacrifício de Seu Filho.

„Pecado‟ é uma ação ou desejo contrário aos princípios morais de Deus. Seria contraditório à natureza revelada de Deus imaginar que Ele não realizaria o que Ele quer fazer ou que Ele fizesse coisas contrárias ao que Ele quer que seja feito. Por definição, isto seria pecado e Deus não pode pecar (1 João 1.5; Tiago 1.13, 17). E é impossível que Deus, como nos é revelado nas Escrituras, escolhesse fazer alguma coisa contrária ao Seu desejo ou natureza. Deus não pode ter uma „personalidade dividida‟ onde Ele estaria em desacordo consigo mesmo.

Deus é capaz de impedir que os homens pequem (veja, por exemplo, Gênesis 20.6). Mas Deus também é capaz de usar os pecados de Suas criaturas para realizar os Seus decretos. Foi isso o que aconteceu, por exemplo, com José (Gênesis 45.7-8; 50.20). Esse princípio também é ensinado em outras passagens bíblicas como Salmos 76.10; Atos 14.16 e Salmos 106.15.

Embora o pecado possa ser restringido por Deus, e embora Ele obviamente o permita, Ele sempre o emprega para a Sua glória final. Contudo, jamais a Bíblia diz que o pecado é produzido por Deus ou que Deus fecha os olhos a ele. O pecado permanece sendo aquilo que é contrário aos princípios morais de Deus.

Visto que a mente de Deus não é divida em partes, os decretos relacionados ao pecado e ao mal não estão separados dos demais elementos de Seu plano ou propósito comum para o universo. Tudo é completa e eternamente inclinado para cumprir Seu plano final de glória e bondade. Este plano indivisível é revelado a nós em partes individuais porque esta é maneira que nós seres finitos podem compreender as coisas. O conhecimento sistemático é uma característica somente da criatura, não do Criador. Dividir a mente divina em compartimentos é degradar a natureza unificada e perfeita de Deus. Portanto, ver o pecado como um ato de Deus colocaria a Ele mesmo contra Si. Isto é inconsistente com a natureza auto-revelada de Deus e contraditório a Si mesmo.

O decreto de Deus concernente ao pecado é „permissivo‟, não „eficaz‟. O melhor termo para descrever o relacionamento de Deus para com a inclusão do mal em Seu universo é „permitido‟. Deus „permite‟ que Suas criaturas se rebelem. Ele tem permitido que elas ajam com base em seus desejos corruptos (Atos 14.16; 17.30).

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Portanto, nós dizemos que Deus não é a causa do pecado. O termo „causa‟ é usado para aquilo que é diretamente responsável por uma ação ou que diretamente traz uma mudança ou ação a um ser. O pecador é aquele que é diretamente responsável por seu pecado e as demais pessoas, exceto Deus, sempre são consideradas como os agentes diretos do mal.

Dizer que Deus é a „causa‟ do pecado seria usar este termo de maneira inapropriada. Seria igualmente errado chamar Deus de o autor do pecado. Um autor é sempre a causa eficaz de sua obra e é responsável por ela.

Mas, alguém poderia questionar, „a Bíblia não diz que Deus causa o mal‟?

Algumas más traduções do texto bíblico original podem fazer com que Deus aparentemente seja o autor ou a causa do pecado. Mas uma tradução mais fiel mostra a intenção original da passagem. A palavra hebraica ra‟ significa „calamidade, desastre‟. Ela só pode ser usada para significar alguma coisa má de maneira secundária e derivada. Ela não é equivalente ao termo hebraico kha-tah‟, que significa „pecado, fazer o mal, cair, perder‟. O segundo termo não é usado com respeito às ações de Deus; apenas o primeiro. Deus, como o Senhor de toda a criação, certamente, pode estar por trás do que nós podemos chamar de calamidades ou desastres naturais e, de fato, Ele mesmo diz na Bíblia que já produziu algumas destas calamidades históricas do mundo, como o dilúvio, as pragas do Egito e etc. Mas, tais coisas não são más no sentido de que elas tenham alguma intenção ímpia contrária aos princípios morais de Deus.

Em Isaías 45.7 nós lemos que o Senhor „cria‟ o mal. Contudo, a tradução apropriada seria „causa a calamidade‟ ou „cria o desastre‟. A tradução da NVI se aproxima do sentido real ao dizer que o Senhor cria a „desgraça‟. O sentido é que Deus, em Sua sabedoria e por Suas próprias razões, é capaz de produzir calamidades ou desastres naturais; não existe aqui um sentido moral na palavra „mal‟. Em Amós 3.6 nós lemos que não sucederá nenhuma „mal‟ à cidade se o Senhor não o fizer. Novamente, a palavra „mal‟ deveria ser traduzida como calamidade ou desgraça; não há uma implicação de atitude moralmente pecaminosa da parte do Senhor.

Finalmente, nós não podemos verdadeira e plenamente solucionar o problema da permissão do pecado, visto que Deus não nos revelou os detalhes explicando-o. Mas não podemos questionar o fato de que há tal permissão, visto que isso é claramente revelado nas Escrituras.

O problema que nós enfrentamos tem a ver com o emprego que Deus faz dos maus atos das criaturas como uma parte de Seu plano. E aí, até mesmos os arminianos reconhecem que Deus pré-conhece todas as coisas, incluindo o advento do pecado e suas conseqüências. Porém, como Hodge explica, „ele (o arminiano) é incapaz assim como o calvinista de

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explicar por que Deus, a despeito deste conhecimento seguro, não mudou estas condições12‟.

No entanto, convém notar que o pecado não é uma coisa criada que existe independentemente. É um atributo, uma condição moral de um agente que é contrário ao bem moral como definido pela própria natureza de Deus. Ele não é mais uma coisa criada em adição ao „bem‟.

Os atributos de Deus não são criados, eles são eternos. O bem é eterno porque é uma característica da natureza divina. A criação da imperfeita, falível e mutável moralidade das criaturas traria à existência a possibilidade do que é oposto às perfeições de Deus. Nós vemos por meio da revelação escrita que em Seu relacionamento com tais criaturas e ao mal que elas produziriam, Deus pretendeu mostrar as Suas próprias perfeições. Deus não é a causa do pecado, mas ele tem uma causa. O mal somente pode ser encontrado na criatura. Portanto, a criatura é a única e suficiente causa primária do pecado. Nós não somos criados como máquinas que seguem uma programação impessoal. Nós somos pessoas que agem moralmente. Nós somos responsáveis por nossas ações diante de Deus e é por isso que a doutrina dos decretos divinos difere completamente da doutrina do fatalismo.

O PROBLEMA DA VONTADE:

Todas as ações das criaturas inteligentes não são meramente as ações de Deus. Ele criou um universo de seres sobre os quais se diz que podem agir livremente e responsavelmente como as causas imediatas de suas próprias ações morais. Quando os indivíduos fazem coisas más, não é Deus o Criador e Preservador que está agindo. Se Deus fosse a causa imediata de cada ação, isso faria com que todos os eventos fossem “Deus em movimento”. E isso não seria nada além de panteísmo, ou mais exatamente, pandeísmo. O Criador é distinto de Sua criação. Muitas coisas acontecem pela direta e imediata ação de Deus, porém, muitas ocorrem devida às causas secundárias que Deus usa para Seus próprios fins e para a Sua glória. Assim, Ele não faz o homem pecar, mas Ele pode usar até mesmo a vontade e os atos pecaminosos do homem para trazer glória ao Seu nome e cumprir Seu plano. E é justamente esta realidade das causas secundárias que separa o cristão teísta do pandeísmo.

Assim, nós entendemos que o decreto divino não é inconsistente com a vontade humana. A Bíblia revela que o decreto é totalmente inclusivo (Efésios 1.11), porém, ao mesmo tempo, também ensina que o homem é livre e, portanto, responsável (Gênesis 50.19, 20; Atos 2.23; 4.27, 28) e

12 Hodge, A. A. Confession of Faith, pg. 68.

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não há nenhuma evidência na Bíblia de que os autores inspirados tenham percebido algum tipo de contradição neste assunto (Atos 27.21-31).

Mas, como conciliar a providência divina e os decretos de Deus com a responsabilidade humana? Se Deus é quem determina o resultado final de todas as ações e decisões humanas, sendo a causa primária ou fazendo uso de causas secundárias, como Ele pode responsabilizar o homem por suas más ações e os seus resultados?

Aqui, então, nós entramos no terreno do „livre-arbítrio‟. Esta doutrina é um dos pontos fortes da polêmica entre arminianos e calvinistas. Mas, para que possamos entender a questão do livre-arbítrio e da responsabilidade humana, nós precisamos primeiramente definir o que significa „livre‟. Se „livre‟ significa que o homem pode fazer qualquer coisa que Ele quiser independente da vontade efetiva ou permissiva13 de Deus, o fato é que não existe „livre-arbítrio‟. Pois o homem não é senhor de si mesmo, embora ele tente ser.

O ser humano não está além do controle de Deus, portanto, não é capaz de decidir qualquer coisa que esteja além da vontade, propósito ou decretos de Deus. Grudem escreve sobre isso e explica:

“As Escrituras em lugar nenhum dizem que somos „livres‟ no sentido de estar além do controle de Deus ou de ser capazes de tomar decisões não provocadas por algo... Tampouco dizem que somos „livres‟ no sentido de ser capazes de agir retamente por conta própria, sem auxílio do poder divino14”.

Contudo, o homem é livre para fazer escolhas voluntárias que provocam resultados reais. O homem não é um robô ou está aqui „só para cumprir tabela‟. A visão bíblica não é fatalista ou determinista. Há um Deus pessoal que se relaciona com uma criatura pessoal criada à Sua imagem e semelhança, que tem livre vontade para escolher e tomar decisões que afetam a sua vida e pelas quais é responsabilizado. Porém, sem a graça e o poder de Deus, o homem é incapaz de buscar a Deus ou viver uma vida reta, ou fazer qualquer outra coisa para o bem.

13 A palavra é usada aqui simplesmente significando ‘que permite’, sem qualquer conotação moral negativa. 14 Grudem, Wayne. Teologia Sistemática, pg. 261. Edições Vida Nova: 2000.

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Lição 10 - Questões Para Revisão

1. O que são os „decretos de Deus‟?

2. Qual é a extensão dos decretos de Deus?

3. Quais são os dois principais problemas com a aceitação dos decretos de Deus?

4. Deus é o autor ou a causa do pecado? Justifique.

5. Os decretos de Deus são incompatíveis com a vontade humana? Justifique.

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Exame Final

Este exame final consiste de 50 questões. Cada questão vale 2 pontos.

Portanto, o máximo de pontos que podem ser obtidos neste exame é 100.

1. A Bíblia tenta provar a existência de Deus? Justifique. 2. O que diz o argumento bíblico da existência de Deus? 3. O que dizem os argumentos cosmológico, teleológico, antropológico,

ontológico, histórico, psicológico, biológico, cristológico da existência de Deus?

4. O que é teísmo? 5. O que é panteísmo, panenteísmo, politeísmo e henoteísmo? 6. O que é dualismo? 7. O que é deísmo e gnosticismo? 8. O que é ateísmo e agnosticismo? 9. É possível conhecer a Deus? Justifique. 10. Como é possível ter um conhecimento verdadeiro, porém, limitado

de Deus? 11. Como nós conhecemos a Deus? 12. O que queremos dizer com a „espiritualidade‟ de Deus? 13. O que queremos dizer com „Deus é uma pessoa‟? 14. O que queremos dizer com a „unidade de Deus‟? 15. O que queremos dizer com a „triunidade de Deus‟? 16. O que são os atributos „incomunicáveis de Deus‟? 17. Dê o significado dos seguintes atributos incomunicáveis de Deus

a) Independência b) Imutabilidade c) Infinitude d) Eternidade e) Onipresença f) Unidade g) Onisciência h) Onipotência

18. O que queremos dizer com atributos „comunicáveis‟? 19. Dê o significado dos seguintes atributos comunicáveis de Deus

a) Espiritualidade b) Sabedoria c) Verdade d) Bondade e) Amor f) Graça g) Misericórdia h) Paciência i) Santidade

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j) Justiça k) Vontade l) Bondade

20. Como a teologia define „Trindade‟ em relação ao ser de Deus? 21. Quais são os textos bíblicos que você pode citar que comprovam a

unidade de Deus? 22. Quais são os textos bíblicos que você pode citar que comprovam a tri-

personalidade de Deus? 23. O que significa a consubstancialidade de Deus? 24. Quais sãos as evidências da Trindade no Antigo Testamento? 25. Quais sãos as evidências da Trindade no Novo Testamento? 26. O que é o triteísmo? 27. O que é unitarianismo? 28. O que é o modalismo? 29. O que é a o arianismo? 30. O que é o subordicionismo e adocianismo? 31. Qual é a importância do estudo dos nomes de Deus? 32. Qual é a importância do nome de Deus para a revelação? 33. Qual é a importância do nome de Deus para a relação de Deus com o

Seu povo? 34. Quantos e quais nomes de Deus você pode citar de memória? 35. O que é a providência divina? 36. Como o deísmo tem uma idéia errada sobre a providência de Deus? 37. Como o fatalismo tem uma idéia errada sobre a providência de Deus? 38. Como o panteísmo tem uma idéia errada sobre a providência de

Deus? 39. Como o misticismo tem uma idéia errada sobre a providência de

Deus? 40. Como o fatalismo e a predestinação diferem? 41. A providência é uma doutrina bíblica? Justifique. 42. Até onde se estende a providência divina? 43. Como Deus governa todas as coisas? 44. Qual é a chave para entendermos e aceitarmos a providência divina? 45. Como a doutrina da providência afeta a sua vida? 46. O que são os „decretos de Deus‟? 47. Qual é a extensão dos decretos de Deus? 48. Quais são os dois principais problemas com a aceitação dos decretos

de Deus? 49. Deus é o autor ou a causa do pecado? Justifique. 50. Os decretos de Deus são incompatíveis com a vontade humana?

Justifique.

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Este manual faz parte de uma série de diversos manuais

desenvolvidos para o treinamento ministerial, pastoral e teológico

do Programa de Educação Teológica a Distância, que visa

equipar cada crente para o cumprimento de seu papel dado por

Deus na evangelização do mundo e na edificação da igreja.

Para maiores informações, por favor, escreva-nos:

Rua Eufrásio de Oliveira, 38

59600-410, Mossoró-Rn

Brasil

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