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TUR ISMO ESTADO DE MINAS T E R Ç A - F E I R A , 3 0 D E A G O S T O D E 2 0 1 1 8 Cidade no Sul de Minas Gerais oferece atrativos para os fãs de belas paisagens, com o clima frio e religiosidade acompanhados do queijo parmesão produzido nas fazendas MANTIQUEIRA Juliana - 22/08/2011 “O Brasil é tão grande, tão maravilhoso, e eu o conheço muito pouco... Gostaria muito de conhecer o Memorial das Cavalhadas, em Pirenópolis, goiás. Por quê? Porque imagino Goiás como um estado no coração do Brasil, árido, repleto de vegetação do cerrado e com uma grande riqueza cultural, histórica e folclórica pouco difundida e conhecida entre nós. As cavalhadas são festas religiosas, carregadas de simbologia e cultura, que muitas comunidades não deixam se perder no tempo. Além de Pirenópolis ser considerado um local mágico...” Textos extraídos na íntegra do blog Expedição Cultural. Ana Alaíde - 25/08/2011 “Muitos aspectos da cultura e do ambiente encontrados nas narrativas de Guimarães Rosa permanecem até hoje. Essa profundidade e subjetividade da paisagem, viver e fazer do povo sertanejo e a região de Januária, ribeirinha do Gerais, é citada no livro GS:Veredas por 16 vezes. Movida por esta literatura – paisagem cultural, venho capturando imagens fotográficas a mais de duas décadas; são imagens que falam por si do universo Roseano. Tenho vontade de conhecer o Museu Rosa e mostrar minha apreensão de que ‘Deus é paciência’ – como dito por Riobaldo.” Welcome, Alagoa N a história da pequena cidade mineira está registrada a existência de uma lagoa cheia de material precioso, descoberto e levado Estrada Real afora nas épocas da exploração mineral. Hoje, centenas de anos depois, ficou somente o nome, em homenagem. Alagoa, a 420 quilômetros de Belo Horizonte, na região da Serra da Mantiquei- ra, é atualmente uma terra boa para se viver, que tenta incenti- var o turismo local sem perder o charme e o jeito de pequena cida- de, com os 2.709 habitantes apro- veitando-se de uma fórmula pouco falível: cachoeiras admirá- veis, frio de bater o queixo e o queijo parmesão conhecido na- cionalmente. Seja bem-vindo. A placa ‘Welcome! Cachoeira do Zé Pena’ foi deixada em Alagoa por um grupo de turistas ingleses, que conheceram a cidade no início do ano. A admiração veio depois de conhecerem aquela que é con- siderada a mais alta das Terras Al- tas, na região de São Lourenço, Sul de Minas. Para alguns, Alagoa lem- bra a Europa e, mais perto, ali em São Paulo, Campos de Jordão. As geadas no inverno são compreen- síveis quando se descobre que, no fim do mês de julho último, os ter- mômetros registraram quatro graus negativos. Essa cidade, que completa 49 anos de emancipação neste ano, cercada de montanhas e cortada por vales, abriga a produção de queijo parmesão que é vendida para o Vale do Paraíba (área que abrange parte do Leste do Estado de São Paulo e o Sul do Rio de Ja- neiro), Juiz de Fora e São Lourenço. Por mês, 60 mil quilos de queijo são produzidos nas três fábricas e em diversas fazendas de forma ar- tesanal. O laticínio é um dos prin- cipais atrativos da cidade. A uma altitude de 1.132 metros, o leite é gordo, explica Eli Chaves, de 66 anos, fazendeiro que produz há 30 anos o queijo na cidade. “A topografia da Serra é propícia pa- ra a fabricação. A vaca produz um leite mais cheio de gordura, com mais sólidos, que produz uma massa melhor”, conta. Segundo ele, a pastagem nativa é um dos segredos do sucesso. Mas e quem quiser experimen- tar o produto em Alagoa? É bem- vindo nas fábricas e nas fazendas, conta Eli. E, nos últimos dois anos, pensando em ajudar a desenvol- ver o turismo na cidade, a prefei- tura criou o Festival do Queijo e do Queijeiro de Alagoa, que reúne fa- zendeiros, população e turistas pa- ra shows musicais e a esperada de- gustação, todo segundo sábado de maio. Além dessa festa, a tradição católica é forte na cidade. Um dos festejos, que dura nove dias, é em homenagem a Nhá Chica, figura considerada pelos fiéis como santa e em processo de beatificação e ca- nonização no Vaticano. Alagoa, in- clusive, é devota não por acaso: fi- lha de escravos, Chica teria nasci- do em um distrito de São João del- Rei e morado, até o falecimento, em Baependi, cidade vizinha a Alagoa. Na cidade, um devoto, em agradecimento a uma graça al- cançada, criou a tradição da festa de Nhá em Alagoa: há 43 anos, no dia 14 de junho, é feita uma festa para a quase santa. NATUREZA As belezas naturais de Alagoa são um capítulo à parte. No inverno, as temperaturas caem, chegando ao negativo; no verão, o clima é seco e é possível aproveitar os mananciais e as ca- choeiras do Ouro Fala, do Zé Pena, além da Pedra Santo Agostinho. Uma das atividades procuradas é a descida de boia, que virou for- ma de comemorar o aniversário da cidade. 28 de dezembro, já há uma década, dezenas de pessoas sobem em caminhões com suas boias para a parte alta do rio Aiu- ruoca. De lá, ao meio-dia, come- çam a descer, em um percurso de três horas, até a ponte. “Lá, todos estão reunidos para tomar vinho, que é oferecido pe- la prefeitura, e curtir os shows, com os fogos de artifício e toda a festa”, conta Adriano Moraes, de 40 anos, professor de educação fí- sica e secretário de Esportes da ci- dade. Tudo com segurança, já que o Corpo de Bombeiros de São Lourenço marca presença. “No ano passado, recebemos um pes- soal do Campo Grande (RJ), com o Bloco do Beijo-Sapo. Fizeram um carnaval para a gente. E, cla- ro, desceram de boia também”, relembra Moraes. Para as próxi- mas edições, a ideia é premiar os participantes da descida, em ca- tegorias de idade, de tempo etc. O investimento em turismo na cidade ainda é pequeno, mas crescente, segundo explica a se- cretária da pasta, a professora Ma- ria Aparecida Carvalho Monteiro, a Cidinha. Para ela, Alagoa está preparada para receber os turis- tas e tem uma estrutura de pou- sadas, restaurantes, bares e cen- tros culturais. “Acreditamos que o turismo pode ser uma fonte de renda que nos ajude a manter nossos filhos aqui na cidade, mo- rando conosco, sem a necessida- de de ir trabalhar em outras cida- des”, conta. “Mas não se cria de uma hora para outra. É uma gran- de luta manter a cidade limpa, criar belezas extras, resguardar a identidade, os valores, as festas”, complementa. Boa sorte na cami- nhada, Maria. A cidade agradece. (Com Anderson Rocha). O leite é gordo e deixa o queijo mais gostoso. Na placa, o registro dos ingleses que se encantaram As casinhas no Centro Histórico dão todo o charme à pacata e agradável cidade de 2.700 habitantes. Temperatura bem baixa no inverno é um atrativo a mais NHÁ CHICA RELIGIOSA PERSONAGEM DA NOTÍCIA Francisca de Paula de Jesus, ou Nhá Chica, nasceu em 1808 em um distrito próximo a São João del-Rei. Mudou-se com a família para Baependi, cidade vizinha a Alagoa, onde viveu até a morte. Órfã em 1818, cresceu com espe- cial veneração a Nossa Senhora da Conceição. Nunca se casou, se dedicando à vida religiosa. Jovem, era procurada para dar conselhos e fazer orações, por pessoas que vinham de localidades variadas. Em 1954, construiu uma igreji- nha ao lado de casa, que mais tar- de iria se tornar a obra de assis- tência social para menores. Atual- mente, a associação atende a 160 crianças. Morreu no dia 14 de ju- nho de 1895, aos 87 anos e foi en- terrada no interior do Santuário, em Baependi. É considerada san- ta por muitos católicos. Atual- mente, encontra-se em processo de análise a beatificação e canoni- zação no Vaticano. Quase santa FONTE: www.nhachica.org.br (site oficial) POUSADA PICA-PAU: R$ 60 o casal. Apartamento com suíte e televisão. Café do manhã incluído. Cachoeira das Borboletas próxima, a quatro quilômetros. (35) 3366-1221 (Nadir) POUSADA ANJOS DA MONTANHA: Casal diária de R$ 80 a R$ 100. Café da manhã. Almoço e jantar servidos no fogão a lenha (à parte). (35) 9962-5255 (Cintia) Informações turísticas: (35) 3366-1292. Secretaria de Turismo de Alagoa. Serviço FOTOS DIVULGAÇÃO/SEC. DE TURISMO

Turismo em Alagoa (MG)

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Reportagem sobre a cidade de Alagoa (MG), publicada na edição de 30 de agosto de 2011 do caderno de Turismo do jornal Estado de Minas.

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Page 1: Turismo em Alagoa (MG)

TURISMO

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Cidade no Sul de Minas Gerais oferece atrativos para os fãs de belas paisagens, como clima frio e religiosidade acompanhados do queijo parmesão produzido nas fazendas

❚ MANTIQUEIRA

Juliana - 22/08/2011

“O Brasil é tão grande, tão maravilhoso, e eu oconheço muito pouco... Gostaria muito deconhecer o Memorial das Cavalhadas, emPirenópolis, goiás. Por quê? Porque imaginoGoiás como um estado no coração do Brasil,árido, repleto de vegetação do cerrado e comuma grande riqueza cultural, histórica e folclóricapouco difundida e conhecida entre nós. Ascavalhadas são festas religiosas, carregadas desimbologia e cultura, que muitas comunidadesnão deixam se perder no tempo. Além dePirenópolis ser considerado um local mágico...”

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Ana Alaíde - 25/08/2011

“Muitos aspectos da cultura e do ambienteencontrados nas narrativas de Guimarães Rosapermanecem até hoje. Essa profundidade esubjetividade da paisagem, viver e fazer do povosertanejo e a região de Januária, ribeirinha doGerais, é citada no livro GS:Veredas por 16 vezes.Movida por esta literatura – paisagem cultural,venho capturando imagens fotográficas a maisde duas décadas; são imagens que falam por sido universo Roseano. Tenho vontade deconhecer o Museu Rosa e mostrar minhaapreensão de que ‘Deus é paciência’– como ditopor Riobaldo.”

Welcome, Alagoa

Na história da pequenacidade mineira estáregistradaaexistênciadeumalagoacheiadematerial precioso,

descoberto e levado Estrada Realafora nas épocas da exploraçãomineral. Hoje, centenas de anosdepois, ficou somente o nome,em homenagem. Alagoa, a 420quilômetros de Belo Horizonte,na região da Serra da Mantiquei-ra, é atualmente uma terra boapara se viver, que tenta incenti-var o turismo local sem perder ocharme e o jeito de pequena cida-de, com os 2.709 habitantes apro-veitando-se de uma fórmulapouco falível: cachoeiras admirá-veis, frio de bater o queixo e oqueijo parmesão conhecido na-cionalmente. Seja bem-vindo.

A placa ‘Welcome! Cachoeirado Zé Pena’ foi deixada em Alagoapor um grupo de turistas ingleses,queconheceramacidadenoiníciodo ano. A admiração veio depoisde conhecerem aquela que é con-siderada a mais alta das Terras Al-tas, na região de São Lourenço, SuldeMinas.Paraalguns,Alagoalem-bra a Europa e, mais perto, ali emSão Paulo, Campos de Jordão. Asgeadas no inverno são compreen-síveis quando se descobre que, nofimdomêsdejulhoúltimo,oster-mômetros registraram quatrograus negativos.

Essa cidade, que completa 49anos de emancipação neste ano,cercada de montanhas e cortadapor vales, abriga a produção dequeijo parmesão que é vendidapara o Vale do Paraíba (área queabrange parte do Leste do Estadode São Paulo e o Sul do Rio de Ja-neiro), Juiz de Fora e São Lourenço.Por mês, 60 mil quilos de queijosão produzidos nas três fábricas eem diversas fazendas de forma ar-tesanal. O laticínio é um dos prin-cipais atrativos da cidade.

Aumaaltitudede1.132metros,o leite é gordo, explica Eli Chaves,de 66 anos, fazendeiro que produzhá 30 anos o queijo na cidade. “Atopografia da Serra é propícia pa-ra a fabricação. A vaca produz umleite mais cheio de gordura, commais sólidos, que produz umamassa melhor”, conta. Segundoele, a pastagem nativa é um dossegredos do sucesso.

Masequemquiserexperimen-tar o produto em Alagoa? É bem-vindo nas fábricas e nas fazendas,conta Eli. E, nos últimos dois anos,pensando em ajudar a desenvol-ver o turismo na cidade, a prefei-

turacriouoFestivaldoQueijoedoQueijeiro de Alagoa, que reúne fa-zendeiros,populaçãoeturistaspa-rashowsmusicaiseaesperadade-gustação, todo segundo sábado demaio. Além dessa festa, a tradiçãocatólica é forte na cidade. Um dosfestejos, que dura nove dias, é emhomenagem a Nhá Chica, figuraconsideradapelosfiéiscomosantaeemprocessodebeatificaçãoeca-nonização no Vaticano. Alagoa, in-clusive, é devota não por acaso: fi-lha de escravos, Chica teria nasci-do em um distrito de São João del-Rei e morado, até o falecimento,em Baependi, cidade vizinha aAlagoa. Na cidade, um devoto, emagradecimento a uma graça al-cançada, criou a tradição da festade Nhá em Alagoa: há 43 anos, nodia 14 de junho, é feita uma festapara a quase santa.

NATUREZA As belezas naturais deAlagoa são um capítulo à parte.No inverno, as temperaturascaem, chegando ao negativo; no

verão, o clima é seco e é possívelaproveitar os mananciais e as ca-choeiras do Ouro Fala, do Zé Pena,além da Pedra Santo Agostinho.Uma das atividades procuradas éa descida de boia, que virou for-ma de comemorar o aniversárioda cidade. 28 de dezembro, já háuma década, dezenas de pessoassobem em caminhões com suasboias para a parte alta do rio Aiu-ruoca. De lá, ao meio-dia, come-çam a descer, em um percurso detrês horas, até a ponte.

“Lá, todos estão reunidos paratomar vinho, que é oferecido pe-la prefeitura, e curtir os shows,com os fogos de artifício e toda afesta”, conta Adriano Moraes, de40 anos, professor de educação fí-sica e secretário de Esportes da ci-dade. Tudo com segurança, jáque o Corpo de Bombeiros de SãoLourenço marca presença. “Noano passado, recebemos um pes-soal do Campo Grande (RJ), como Bloco do Beijo-Sapo. Fizeramum carnaval para a gente. E, cla-

ro, desceram de boia também”,relembra Moraes. Para as próxi-mas edições, a ideia é premiar osparticipantes da descida, em ca-tegorias de idade, de tempo etc.

O investimento em turismona cidade ainda é pequeno, mascrescente, segundo explica a se-cretária da pasta, a professora Ma-ria Aparecida Carvalho Monteiro,a Cidinha. Para ela, Alagoa estápreparada para receber os turis-tas e tem uma estrutura de pou-sadas, restaurantes, bares e cen-tros culturais. “Acreditamos queo turismo pode ser uma fonte derenda que nos ajude a manternossos filhos aqui na cidade, mo-rando conosco, sem a necessida-de de ir trabalhar em outras cida-des”, conta. “Mas não se cria deuma hora para outra. É uma gran-de luta manter a cidade limpa,criar belezas extras, resguardar aidentidade, os valores, as festas”,complementa. Boa sorte na cami-nhada, Maria. A cidade agradece.(Com Anderson Rocha).

O leite é gordo e deixa o queijo mais gostoso. Na placa, o registro dos ingleses que se encantaram

As casinhas no Centro Histórico dão todo o charme à pacata e agradável cidade de 2.700 habitantes. Temperatura bem baixa no inverno é um atrativo a mais

NHÁ CHICARELIGIOSA

PERSONAGEMDA NOTÍCIA

Francisca de Paula de Jesus, ouNhá Chica, nasceu em 1808 emum distrito próximo a São Joãodel-Rei. Mudou-se com a famíliapara Baependi, cidade vizinha aAlagoa, onde viveu até a morte.Órfã em 1818, cresceu com espe-cial veneração a Nossa Senhorada Conceição. Nunca se casou, sededicando à vida religiosa. Jovem,era procurada para dar conselhose fazer orações, por pessoas quevinham de localidades variadas.Em 1954, construiu uma igreji-nha ao lado de casa, que mais tar-de iria se tornar a obra de assis-tência social para menores. Atual-mente, a associação atende a 160crianças. Morreu no dia 14 de ju-nho de 1895, aos 87 anos e foi en-terrada no interior do Santuário,em Baependi. É considerada san-ta por muitos católicos. Atual-mente, encontra-se em processode análise a beatificação e canoni-zação no Vaticano.

Quase santa

FONTE: www.nhachica.org.br (site oficial)

●● POUSADA PICA-PAU: R$ 60 o casal.Apartamento com suíte e televisão.Café do manhã incluído. Cachoeira dasBorboletas próxima, a quatroquilômetros.(35) 3366-1221 (Nadir)

●● POUSADA ANJOS DA MONTANHA:Casal diária de R$ 80 a R$ 100.Café da manhã. Almoçoe jantar servidosno fogão a lenha (à parte).(35) 9962-5255 (Cintia)

Informações turísticas:(35) 3366-1292.Secretaria de Turismo de Alagoa.

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