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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ROBERTA MONTEIRO DE OLIVEIRA TURISMO PEDAGÓGICO: A RELAÇÃO ENTRE AGÊNCIAS DE TURISMO E ESCOLAS São Paulo 2008

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ROBERTA MONTEIRO DE OLIVEIRA

TURISMO PEDAGÓGICO: A RELAÇÃO ENTRE AGÊNCIAS DE TURISMO E ESCOLAS

São Paulo 2008

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ROBERTA MONTEIRO DE OLIVEIRA

TURISMO PEDAGÓGICO: A RELAÇÃO ENTRE AGÊNCIAS DE TURISMO E ESCOLAS

Dissertação de Mestrado apresentado à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre do Programa de Mestrado em Hospitalidade, área de concentração em Planejamento e Gestão Estratégica em Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Raul Amaral Rego.

São Paulo 2008

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FICHA CATALOGRAFICA

O51 Oliveira, Roberta Monteiro de Turismo pedagógico: a relação entre agências de turismo e escolas / Roberta Monteiro de Oliveira - 2008. 107f.: il.; 30 cm. Orientador: Raul Amaral Rego. Dissertação (Mestrado em Hospitalidade) - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2008. Bibliografia: f.85-99. 1. Hospitalidade. 2. Turismo pedagógico. 3.

Agências de turismo. 4. Serviços. 5. Educação. I. Título.

CDD 647.94

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ROBERTA MONTEIRO DE OLIVEIRA

TURISMO PEDAGÓGICO: A RELAÇÃO ENRE AGÊNCIAS DE TURISMO E ESCOLAS

Dissertação de Mestrado apresentado à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre do Programa de Mestrado em Hospitalidade, área de concentração em Planejamento e Gestão Estratégica em Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Raul Amaral Rego.

Aprovado em 13 de outubro de 2008

Prof. Dr. Raul Amaral Rego (orientador)

Prof. Dr. Mário Carlos Beni

Profa. Dra. Mirian Rejowski

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Dedico este trabalho a todas as pessoas que

acreditam que as limitações podem ser

transformadas em superação e os obstáculos

são lições a serem aprendidas.

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Agradeço

A Deus pela fé que rege os meus dias e por me fazer acreditar que os sonhos podem se tornar realidade.

Ao Junior, meu companheiro de todos os momentos, pelo carinho e compreensão e principalmente por me incentivar e acreditar nos meus objetivos.

Ao Arthur, meu amado filho, por ser meu raio de sol e pela infindável energia que auxiliou no término desta etapa de minha vida, o mestrado, e o início de outra, ser mãe.

A minha mãe por ser o exemplo de coragem e determinação e por me ensinar que a paciência e o amor são os alicerces da vida. Ao meu pai que me ensinou que devemos transformar os percalços que a vida nos apresenta em aprendizado.

As minhas irmãs Rosemeire, Rosana, Regina e aos meus cunhados Philippe, Lage, Casagrandi, Renata e Fabiano agradeço pelas palavras de incentivo e carinho nos momentos de desalento. Aos meus sobrinhos pelo carinho e alegria por tornarem os meus dias mais coloridos e aos meus sogros Rosa Maria e Mauro por compreenderem e assim abdicaram de preciosos momentos em família.

Aos amigos, Ana Chaves pela sabedoria e paciência em entender minhas dificuldades e me incentivar nos momentos mais incertos; ao Renê por ter acreditado em meu potencial enquanto professora e a Luciane pela cumplicidade.

Aos meus alunos que são a essência do meu aperfeiçoamento, enquanto educadora e profissional.

Aos professores do Curso de Mestrado por compartilharem o conhecimento intelectual e os inesquecíveis momentos de convívio social e principalmente ao Prof. Raul pelas sábias orientações e por me mostrar as diferentes possibilidades de ampliar o meu conhecimento científico.

Aos mestres Mário Beni, Mirian Rejowski e Maria do Rosário que me concederam imprescindíveis informações, auxiliando-me no aprimoramento da minha pesquisa.

A Milena da Escola Carandá, ao Silvio do Colégio Santa Cruz, ao José da Agência Ambiental, ao Marcelo da Agência Quíron e as demais pessoas que contribuíram com preciosas informações sobre o planejamento, realização e avaliação do estudo do meio, tema desta pesquisa.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental...................................................................................................30

Figura 2 Diagrama de Serviços - Agência de turismo especializada em turismo

pedagógico....................................................................................................56 Figura 3 Natureza e determinantes das expectativas do cliente em relação aos serviços........................................................................................................................58 Figura 4 Ginásio Santa Cruz, em 1952........................................................................63 Figura 5 Colégio Santa Cruz, em 2007........................................................................64 Figura 6 Fotografia tirada em 05/06/2007 – Sr. Valdomiro e Sra. Valquíria..............78 Figura 7 Fotografia tirada em 05/06/2007 – alunos entrevistando meeiro..................79 Figura 8 Fotografia tirada em 05/06/2007 – Representantes do MST.........................79

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Escola: Plano de visitas técnicas e viagens de estudos do meio – Visita ao Assentamento do MST.................................................................................................38 Quadro 2 Circuitos de distribuição..............................................................................45 Quadro 3 Agência de Turismo: Plano de visitas técnicas e viagens de estudo do meio – Visita ao Assentamento do MST..............................................................................60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABAV- Associação Brasileira de Agências de Viagens

IFTA – Federação Internacional das Agências de Viagens

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

GDS - Global Distribution Systems

MEC – Ministério da Educação

MST - Movimento dos trabalhadores rurais sem terra

PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................10

1 CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO, VIAGENS E O ESTUDO DO MEIO................ .................17

1.1 Propostas pedagógicas e o estudo do meio.....................................................................17

1.2 O estudo do meio no cenário brasileiro..........................................................................20

1.3 O uso do estudo do meio como atividade pedagógica....................................................24

1.4 A inserção do estudo do meio nos Parâmetros Curriculares Nacionais..........................27

1.5 A inserção do estudo do meio no planejamento pedagógico..........................................34

1.6 Principais questões identificadas para pesquisa..............................................................39

2 CAPÍTULO 2 – AGÊNCIAS DE VIAGENS........................................................................40

2.1 Breve caracterização das agências de viagens................................................................40

2.2 Os serviços prestados pelas agências de viagens............................................................44

2.3 A especialização das agências de viagens em turismo pedagógico................................50

2.4 O planejamento dos serviços de turismo pedagógico.....................................................54

2.5 A análise das necessidades e expectativas da escola......................................................57

2.6 Principais questões identificadas para pesquisa..............................................................61

3 CAPÍTULO 3 – RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO..........................................62

3.1 Colégio Santa Cruz.........................................................................................................63

3.2 Escola Carandá................................................................................................................67

3.3 Quíron Turismo Educacional..........................................................................................71

3.4 Agência Ambiental Expedições......................................................................................74

3.5 Visita ao Assentamento – MST - realizada pela

Escola Carandá e Quíron Turismo Educacional...........................................................76

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... ...82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................85

BIBLIOGRAFIA AMPLIADA................................................................................................90

APÊNDICES – Roteiros Entrevista........................................................................................100

ANEXOS – Termos de Consentimento...............................................................................103

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RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo estudar o relacionamento entre as escolas particulares e as agências de turismo especializadas em turismo pedagógico, no que diz respeito ao planejamento, realização e avaliação de viagens para estudos do meio, verificando as atribuições das agências de turismo e das instituições escolares. Do ponto de vista das escolas, buscou-se compreender as teorias pedagógicas que perpassam a educação contemporânea, bem como as metodologias utilizadas no processo ensino-aprendizagem, com destaque para as formas de inserção dos estudos do meio no planejamento de ensino. Do lado das agências, buscou-se, na teoria, a compreensão das características dos serviços prestados pelas agências de turismo no segmento educacional, com ênfase no processo de desenvolvimento do roteiro turístico com finalidade pedagógica, analisando as formas pelas quais as agências desenham este tipo de roteiro. Para isso recorreu-se à literatura específica sobre agências de turismo e à literatura sobre marketing de serviços, principalmente quanto ao uso de diagramas de serviços. O trabalho abrangeu uma pesquisa de campo a partir de um estudo comparativo entre duas escolas do ensino fundamental e duas agências especializadas em turismo pedagógico. O instrumento utilizado foi roteiro de entrevista semi-estruturado com coordenador pedagógico e com orientador educacional, além dos agentes de viagens que organizam essas atividades de campo. Nos resultados de pesquisa apresentados, procurou-se identificar as formas pelas quais as escolas e agências interagem na formatação das viagens, destacando as atribuições de cada uma no processo de planejamento, elaboração, realização e avaliação dos serviços. Verificou-se que as agências pesquisadas desenham os roteiros à luz das diretrizes pedagógicas, oferecendo soluções compatíveis com os requisitos e restrições impostas pelas escolas. Em relação às escolas analisadas, os resultados evidenciaram um bom grau de satisfação com os serviços prestados.

Palavras -chave

Turismo Pedagógico. Estudo do Meio. Agências de Turismo. Serviços. Educação.

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ABSTRACT

The present research aims at studying the relationship between private schools and travel agencies specialized in pedagogical tourism, regarding planning, accomplishment and evaluation of the traveling by means of study, verifying the attributions of the travel agencies and the school institutions. From the school's point of view, the search was to comprehend the pedagogical theories that postpone the contemporary education, as the methodologies used in the teaching-learning process, with emphasis for the insertion forms by means of study in the teaching planning. On the other hand, the travel agencies searched, in theory, the characteristics comprehension of the service given by the travel agencies on the educational segment, with emphasis in the developing process of a touristic guide with pedagogical finality, analyzing the forms which the agencies draw this kind of guide. For this, specific literature was overrun about travel agencies and service marketing, especially as the use of service diagrams. The labor included a field research from a comparative study between two elementary teaching schools and two travel agencies specialized in pedagogical tourism. The used instrument was a semi-structured interview guide with a pedagogical coordinator and with an educational guider, besides the travel agents who organize these field activities. The presented research results were to search identification of forms which the schools and agencies interact on the definition of the trips, emphasizing the attribution of each one in the planning process, elaborating, accomplishment and evaluation of the services. It was verified that the searched agencies design the guides based on pedagogical discernment, offering compatible solutions with the requirements and restrictions imposed by the schools. Regarding the analyzed schools, the results attested a good grade of satisfaction with the services given. Key words Pedagogical Tourism. By means of study. Travel Agencies. Services. Education.

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INTRODUÇÃO

O ato de ensinar e aprender faz parte da evolução humana, considerando-se que desde

sempre o homem utilizou técnicas para suprir suas necessidades de sobrevivência e que são

passadas de geração à geração por meio do senso comum ou da ciência. Nesse sentido,

Rubem Alves (2000) menciona que a construção do conhecimento implica no despertar do

interesse, dúvida, indagação, ocasionando assim a investigação sobre um determinado

assunto, visando a descobrir soluções e respostas. Assim, o senso comum corresponde àquilo

que as pessoas acreditam, almejam, seja por meio de crenças ou idéias. Já a ciência apesar de

ter início no senso comum, tem como objetivo especializar-se em um determinado assunto,

comprovando-o por meio de métodos e técnicas no âmbito da investigação, reflexão e

experimentação, possibilitando legitimar as hipóteses teóricas.

Tanto o senso comum como a ciência podem ser instigados por meio do processo de

educação, que contempla o ato de ensinar e aprender, sendo preciso a participação do

emissor e receptor para que ele aconteça no universo que condiz à relação entre pai e filho,

professor e aluno, mestre e aprendiz, preceptor e discípulo etc. Nessa conexão o importante é

o aprendizado mútuo, socializando conhecimentos, tendo como cenário o núcleo familiar,

escolar, profissional; independentemente do nível social ou núcleo cultural em que o

indivíduo se encontra.

Para Brandão (2006) a educação ajuda a pensar tipos de homens, guerreiros ou

burocratas, passando o saber uns aos outros, dando continuidade ao processo de produção de

crenças e idéias que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes, construindo, assim, tipos

de sociedades, sendo que não há uma única forma, nem um único modelo de educação.

Assim, a escola não é apenas o lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor.

O saber tribal, que vai do fabrico do arco e flecha à recitação das rezas sagradas aos deuses da tribo, não é aprendido na escola. Tudo o que se sabe, aos poucos se adquire, por viver muitas e diferentes situações de trocas entre pessoas, com o corpo, com a consciência. As pessoas convivem umas com as outras e o saber flui, pelos atos de quem sabe-e-faz, para quem não-sabe-e-aprende. São situações de aprendizado. A criança vê, entende, imita e aprende com a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa. (BRANDÃO, 2006. p. 17-18).

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Podemos constatar essa afirmação no trecho da carta1 escrita pelos Índios das Seis

Nações para os governantes de Virgínia e Maryland, Estados Unidos (Estes queriam que os

índios enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos). Os chefes agradecendo e

recusando escreveram o seguinte:

[...] nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa. [...] Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não seriam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens”. (BRANDÃO, 2006 P. 8).

Cada grupo tem sua cultura; não podemos dizer que a educação de determinado povo é

melhor do que a outra, pois cada qual tem as suas especificidades. Assim, não devemos e nem

podemos ser etnocêntricos2. Na educação não há verdade absoluta.

A educação escolar, eixo norteador desta pesquisa, pode ser aprendida tanto em sala

de aula por meio da teoria, como também, em muitos casos é importante que a prática, ou

seja, o ato de fazer, vivenciar ou mesmo observar estejam inseridos no processo de

aprendizagem do aluno.

Há diferentes maneiras de se utilizar a prática como aprendizado, por exemplo, as

atividades realizadas em laboratórios, podendo ser na esfera escolar (laboratório de química),

social (entrevistas com a comunidade), atividades de campo (visitas técnicas em museus,

teatros, centros comerciais, indústrias, bairros etc.) ou mesmo viagens para outros lugares,

sejam tradicionais ou emergentes. É importante salientar que as escolas utilizam diferentes

1 texto retirado do livro O que é educação de Carlos Rodrigues Brandão, 2006 p. 8 2 Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. (ROCHA, 1999. p. 7)

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denominações para o estudo do meio, sendo elas: “atividades extraclasse”, “visitas técnicas”,

“trabalhos de campo”, “viagens de estudo” de um dia ou mais, “vivência extraclasse”, etc.

As atividades de campo, há muito tempo, acontecem em diversos lugares do mundo.

Nos Estados Unidos as viagens de estudo do meio são conhecidas como viagens de campo

(field trips); no Reino Unido como viagem escolar (school trip). No Brasil, o estudo do meio

teve início por volta de 1910, durante a Escola Moderna, tendo Ferrer3 como idealizador e a

pedagogia libertária como referência. Ainda hoje há muitas escolas que contemplam essas

atividades de campo em seus currículos, tendo como referências os Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCNs, articulando assim o conhecimento teórico e prático, possibilitando que o

aluno, por meio desse aprendizado, desenvolva conhecimento intelectual, e que a escola

traga, à luz da sua formação, aspectos sociais, ambientais e culturais, formando cidadãos mais

conscientes.

É importante que os professores conheçam a política de educação e os projetos

educacionais que fazem parte do sistema, pois é a partir do conhecimento global que será

possível fazer um adequado planejamento educacional e curricular, o plano de ensino, de

curso, de unidade e de aula. Foi então que se constatou a necessidade de elaborar um

instrumento denominado “plano de estudo do meio como” demostrado no capítulo 1.

Com base nesse cenário, verificou-se a necessidade de estudar e compreender um

pouco mais deste universo, aspirando-se que este trabalho sirva como referência teórica para

as escolas, agências de turismo e também para a academia, pois constatou-se que este nicho

de mercado ainda é emergente e que há pouca bibliografia específica sobre o assunto. Desta

maneira, entende-se que há muito que ser produzido e desenvolvido, sendo este o início de um

longo caminho.

Os orientadores educacionais poderão utilizar essa pesquisa para compreender quais

são as atribuições e responsabilidades de uma agência de turismo, bem como entender a

função do agente de viagem no processo de formatação de pacotes turísticos. Por outro lado,

as agências de turismo encontrarão informações sobre o universo escolar, ou seja, aspectos

relevantes sobre a finalidade de documentos como os PCNs, o projeto pedagógico da escola, o

currículo escolar, os conteúdos básicos e as metodologias de ensino.

3 O educador espanhol Francisco Ferrer Guardiã (1859-1909) fundador da escola moderna, nacionalista e libertária, foi o mais destacado crítico da escola tradicional, apoiando-se no pensamento iluminista. Ferrer foi um revolucionário que acreditava no valor da educação como remédio absoluto para os males da sociedade. (GADOTTI, 2001. p. 174)

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O interesse pelo tema foi despertado com base na atuação no ensino superior, no

processo de realização de viagens e visitas técnicas com alunos do Curso de Turismo, bem

como na necessidade de ampliar conhecimentos relacionados às áreas concernentes à

Hospitalidade e Turismo. Desse modo, o objetivo principal desta pesquisa foi compreender as

relações existentes entre as escolas e as agências de turismo (operadoras), verificando a

especialização das viagens de estudos do meio.

Os objetivos específicos da pesquisa são: verificar os fundamentos das atividades de

estudos do meio no cenário educacional brasileiro; entender a importância do estudo do meio

como método de ensino; conhecer e compreender as funções das agências de turismo;

verificar os procedimentos das agências de turismo, especializadas em turismo pedagógico, e

das escolas no processo de planejamento, realização e avaliação das viagens de estudos do

meio.

Algumas questões foram pensadas, tais como:

• As agências de turismo oferecem pacotes e roteiros desenvolvidos de acordo com as

diretrizes pedagógicas das escolas?

• As agências de turismo têm contribuído para que os estudos do meio cumpram

plenamente com os objetivos contemplados no planejamento curricular?

Para uma melhor compreensão do tema, buscaram-se como referenciais teóricos obras

de alguns autores, tais como: Ghiraldelli (1992) e Gadotti (2001) que fundamentaram os

estudos sobre educação aqui apresentados; Pontuscka (1994) e Haydt (2003) no que se refere

ao estudo do meio como método de ensino; Rejowski (2001; 2002; 2008), Cordeiro (2008) e

Beni (2006) sobre a evolução, tipologia e conceitos das agências de turismo no mundo e no

Brasil; Piza (1982) sobre a utilização do Turismo como possibilidade de aprendizagem no

âmbito escolar – Turismo Pedagógico; Lovelock; Wright (2001), Zeithaml; Bitner (2003),

Cobra (2001) como base para o entendimento e compreensão dos aspectos inerentes a

marketing de serviços; bem como Dencker (1998), Schlütler (2003) e Yin (2001),

colaborando no contexto metodológico da pesquisa científica.

É importante ressaltar que a nomenclatura utilizada para agências de turismo, neste

estudo, tem como base a pesquisa realizada pela autora Rejowski, (2008, p.3) da qual se

utiliza o termo “agências de viagens” para designar a trajetória dessas empresas no mundo,

termo mais usual, e “agências de turismo” ao referir-se a essas empresas no cenário brasileiro,

termo legalmente utilizado.

Este estudo está estruturado em três capítulos. No primeiro, constam algumas questões

sobre a função do estudo do meio como recurso pedagógico em diferentes linhas, a trajetória

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desse método de ensino no Brasil, bem como o estudo do meio no contexto que se refere ao

planejamento educacional.

O segundo capítulo refere-se a alguns aspectos evolutivos das agências de turismo no

mundo e no Brasil, tipos de serviços oferecidos por essas agências e as diferentes

denominações das viagens, com o objetivo de aprendizagem.

No terceiro capítulo foram apresentados os resultados obtidos dos estudos de casos, a

partir da análise das entrevistas realizadas, visando a compreender as atribuições de cada um

no processo de planejamento, realização e avaliação das atividades relacionadas ao estudo do

meio.

A metodologia utilizada nesta pesquisa foi o estudo comparativo entre duas escolas do

ensino fundamental e duas agências de turismo, especializadas em turismo pedagógico,

pretendendo-se compreender os fenômenos que envolvem aspectos relacionados ao Turismo

Pedagógico, tanto no contexto das instituições escolares, quanto das operadoras turísticas.

Segundo Yin (2001, p.21) o estudo de caso tem algumas características principais como:

[...] permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores.

De acordo com Dencker (1998, p. 127) o estudo de caso é “estudo profundo e

exaustivo de determinados objetos ou situações. Permite o conhecimento em profundidade

dos processos e relações sociais”. A autora enfatiza ainda que esse estudo pode envolver

exame de registros, observação de ocorrência de fatos, entrevistas estruturadas e não-

estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. O objetivo do estudo de caso, por sua vez,

pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou até

mesmo uma situação.

Nesse sentido, Yin (2001, p. 27) ressalta que “o estudo de caso é a estratégia escolhida

ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular

comportamentos relevantes” tendo como questões do tipo “como” ou “por que” sobre o qual

o pesquisador tem pouco ou nenhum controle. Schramm apud Yin (2001, p.31) cita que:

[...] a essência de um estudo de caso, a principal tendência em todos os tipos de estudo de caso, é que ela tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados.

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Assim, pretendeu-se verificar, por meio do estudo de caso, questões que envolvam

todo o processo das viagens, desde a escolha do destino até os resultados obtidos, bem como

as decisões de cada um, pedagogos e agentes de viagens em todo o processo da viagem.

O objetivo principal deste estudo foi compreender as relações existentes entre o papel

desempenhado pelas escolas e agências de turismo, no processo de elaboração de roteiros

turísticos de interesse pedagógico, tendo como base: Como é o processo de planejamento,

realização e avaliação das viagens de estudos do meio, considerando as atribuições das

instituições escolares e turísticas?

Para realizar tal análise foi preciso entender aspectos no âmbito da educação, estudos

do meio, propostas pedagógicas, agências de viagens, funções do agente de viagem,

expectativas dos clientes, roteiros turísticos etc.

Para tanto, algumas questões foram indagadas por meio de entrevistas aos

orientadores pedagógicos e aos agentes de viagens, tais como: quais critérios a escola utiliza

para a realização da escolha dos destinos a serem visitados? De que maneira a agência de

turismo colabora com a escola durante o processo de planejamento das viagens de estudos do

meio?

Segundo Yin, para a entrevista ter êxito, o entrevistador

[...] tem que ser bom ouvinte e não ser enganado por suas próprias ideologias e preconceitos, ser adaptável e flexível; ter noção clara sobre as questões que estão sendo estudadas, ser imparcial em relação a noções preconcebidas, incluindo aquelas que se originam de uma teoria. (2001 p. 81).

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas4 com a coordenadora pedagógica da

Escola Carandá e com o orientador educacional do Colégio Santa Cruz, ambos profissionais

responsáveis pelas viagens de estudo do meio, no ensino fundamental.

A escolha para realizar a pesquisa no Colégio Santa Cruz deu-se pelo fato de ser um

das primeiras escolas a realizar o estudo do meio, utilizando-se dos serviços de uma Agência

de Turismo, como cita em seu artigo Piza (1992) “em 1962, três colégios realizaram esse

roteiro: “Sion”, “Santa Cruz” e o “Deux Oiseaux”. O destino escolhido foi Cidades Históricas

– Minas Gerais”. E também por esta escola ser considerada uma das mais tradicionais da

cidade de São Paulo atuando na área educacional há 56 anos.

4 Os roteiros das entrevistas semi-estruturadas aplicados nas escolas e agências de turismo encontram-se no apêndice 1.

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O Colégio Carandá foi escolhido por realizar atividades de campo há mais de 30 anos

e, também, por realizar atividades de estudo do meio em assentamentos do MST –

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A escola também conta com os serviços de

uma agência especializada em Turismo Pedagógico.

As agências de turismo (operadoras) Quíron Turismo Educacional e a Agência

Ambiental Expedições foram escolhidas por serem especializadas em Turismo Pedagógico e

por ambas prestarem serviços ao Colégio Santa Cruz, sendo que a Quíron também presta

serviços ao Colégio Carandá.

As entrevistas foram realizadas com o Sr. Sílvio Hotimsky, orientador educacional,

(Colégio Santa Cruz) e Srta. Milena Terron, coordenadora pedagógica, (Escola Carandá) que

planejam, juntamente com os professores, as atividades de campo e com os agentes de

viagens Sr. José Zuquim (Agência Ambiental) e o Sr. Marcelo Salum (Agência Quíron)

responsáveis pelo processo de elaboração, realização e avaliação das viagens de estudos do

meio.

A pesquisadora realizou visita ao assentamento do MST na cidade de Sumaré - SP. Os

métodos utilizados foram de observação e entrevistas não estruturadas, sendo que os

entrevistados foram: o professor, a orientadora educacional, os alunos, o monitor e os

anfitriões. O objetivo era compreender a opinião de cada um referente aos aspectos que

envolvem atividades de estudo do meio. Para tanto, foi utilizado caderno de campo, máquina

fotográfica e gravador. De acordo com Schütler as entrevistas não estruturadas “consistem em

uma conversa sem restrições entre o pesquisador e o entrevistado sobre temas relacionados

com o objeto de estudo” (2003, p. 107).

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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO, VIAGENS E O ESTUDO DO MEIO

1.1 Propostas pedagógicas e o estudo do meio

Com o objetivo de aprimorar a educação, tornando-a um aprendizado flexível,

dinâmico e mútuo entre professores e alunos, muitos educadores começaram tratar o aluno

como o centro do processo de ensino, um ser pensante que tem condições de dar a sua opinião

e expressar seus interesses, contrariando a educação tradicional.

Nesse sentido, há muito tempo a educação vem sendo estudada por diferentes nações,

tendo diversos pensadores de renome, que a partir de idéias pedagógicas propuseram-se

compreender, analisar e discutir a Educação e as suas influências na evolução humana. No

âmbito do pensamento pedagógico, serão abordadas as idéias de alguns educadores que

ressaltaram o estudo do meio como recurso de aprendizagem e que muitas escolas se

inspiraram, tendo-as como referência.

Dentre esses educadores citaremos Ferrer e a Escola Moderna como movimento da

pedagogia libertária; Freinet, abordando a educação pelo trabalho e a pedagogia do bom

senso; Dewey, instigando o aprendizado por meio do aprender fazendo; Montessori,

defendendo métodos ativos; Piaget, com a psicopedagogia e a educação para a ação;

Nidelcolff, discutindo a formação do professor e a escola para o povo e os educadores

brasileiros, Paulo Freire com a concepção dialética de aprendizagem e Maurício Tragtenberg.

Segundo Ghiraldelli (1992), Francisco Ferrer5 foi um livre pensador espanhol, criador

da Escola Moderna, considerada um movimento da pedagogia libertária cartacterizada por

abordar a questáo pedagógica a partir de uma perspectiva libertária e igualitária, eliminando

relações autoritárias presentes no modelo educacional e tradicional. Preocupado em

desenvolver um outro tipo de formação pedagógica em oposição a formação educacional

gerida pelo Estado ou pela Igreja, esse educador foi relevante na inserção do estudo do meio

no Brasil, como veremos mais adiante.

Outro educador, Celéstin Freinet6, de acordo com Gadotti (2001, p. 178) foi um dos

precursores da Escola Nova, sendo que seus princípios pedagógicos eram baseados na

5 (1859-1909) 6 (1886-1966)

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valorização do trabalho manual, tendo destaque tanto na prática quanto na teoria da educação.

Para o autor, Freinet:

[...] centrava a educação no trabalho, na expressão livre, na pesquisa. O estudo do meio, o texto livre, a imprensa na escola, a correspondência interescolar são algumas das técnicas que empregava. Para ele a escola popular do futuro seria a escola do trabalho. (GADOTTI, 2001, p. 178).

Deste modo, percebe-se que o estudo do meio é apresentado como instrumento de

aprendizagem, possibilitando que o aluno vivencie o meio social e se prepare para adaptar-se

à vida comunitária. Freinet dava à criança consciência de sua capacidade a fim de convertê-la

em autora de seu próprio futuro em meio à grande ação coletiva.

Já Maria Montessori7, nascida na Itália, também pioneira da educação pré-escolar e da

Escola Nova, utilizava-se de métodos ativos, a partir dos quais propunha:

[...] despertar a atividade infantil através do estímulo de promover a auto-educação da criança, colocando meios de trabalhos adequados à sua disposição. Portanto, o educador não atuaria diretamente sobre a criança, mas ofereceria meios para a sua auto-formação, pois ela acreditava que só a criança é educadora da sua personalidade. (GADOTTI, 2001, p. 151).

O mesmo autor informa que o material criado por Montessori teve papel

preponderante no seu trabalho educativo, pressupondo a compreensão das coisas a partir delas

mesmas, tendo como função estimular e desenvolver na criança um impulso interior que se

manifestasse no trabalho espontâneo do intelecto. Essa pedagogia foi inicialmente praticada

com crianças da educação infantil e das primeiras séries do ensino fundamental, sendo que o

material utilizado era composto por peças sólidas de diversos tamanhos, formas e cores com a

finalidade de prepará-las para resolver “problemas” por meio da concentração e, ao

finalizarem as atividades, socializarem os resultados com o grupo.

Dessa forma, percebe-se que as escolas que utilizam a educação, inspiradas em

Montessori, possuem ambientes com inúmeras opções de atividades lúdicas, fazendo com que

a criança utilize a criatividade e a reflexão para resolver situações e compartilhar os resultados

com o grupo.

Segundo Gadotti (2001, p. 148), o filósofo e pedagogo norte-americano, John Dewey8,

também exerceu grande influência sobre toda a pedagogia contemporânea, pois foi defensor

7 (1870-1952). 8 (1859-1952)

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da Escola Nova, na qual propunha aprendizagem por meio da atividade pessoal do aluno.

“Através dos princípios da iniciativa, originalidade e cooperação, pretendia liberar as

potencialidades do indivíduo rumo a uma ordem social que, em vez de ser mudada, deveria

ser progressivamente aperfeiçoada”. O estudo do meio era utilizado para que o aluno

verificasse realmente a realidade, pois nessa pedagogia acreditava-se que o papel do educador

era mostrar um caminho e não se omitir, pois a omissão é também uma forma de intervenção.

Jean Piaget9 ganhou renome mundial com seus estudos sobre os processos de

construção do pensamento nas crianças. Fosnot (1998) enfatiza que a idéia mais importante da

teoria desse psicólogo suíço é ter considerado que a aprendizagem não é um processo passivo,

sendo preciso buscar meios para despertar o interesse dos alunos e dar a eles um papel mais

ativo, assim:

Não nascemos sabendo das coisas e não aprendemos nos impregnando do mundo. Construímos ativamente nossos conhecimentos em nossas interações com pessoas e objetos, de acordo com nossas possibilidades e interesses. Apesar de todas as suas ramificações, essa é a idéia central do construtivismo. (FOSNOT, 1998, p. 46).

A partir desta concepção, percebe-se que o estudo do meio é utilizado como forma de

conhecer o mundo e fazer parte atuante dele.

Ainda de acordo com Gadotti (2001), a educadora Maria Teresa Nidelcoff

desenvolveu suas atividades práticas com crianças da classe trabalhadora nos bairros

operários de Buenos Aires (Argentina). Sua obra situa-se entre aquelas que buscam o estudo

da própria realidade como técnica de transformação e mudança, utilizando-se o estudo do

meio como instrumento de aprendizagem.

No Brasil há também alguns nomes que merecem destaque, como o educador Paulo

Freire10. A obra desse autor fundamenta-se no aprendizado mútuo, ou seja:

[...] na teoria do conhecimento aplicado à educação, sustentada por uma concepção dialética em que educador e educando aprendem juntos numa relação dinâmica na qual a prática, orientada pela teoria, reorienta essa teoria, num processo constante de aperfeiçoamento. (GADOTTI, 2001, p. 253).

9 (1896-1980) 10 (1921-1997). Paulo Freire natural de Recife, considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente, ganhou diversos prêmios tendo como destaque o Prêmio Educação para Paz da Unesco, em 1986.

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Percebe-se, portanto, que esse educador acreditava na prática como processo de

aprendizagem, evidenciando conceitos como compartilhar conhecimentos entre o professor e

aluno.

Gadotti (2001, p. 261) cita também Maurício Tragtenberg como um dos poucos

pensadores anarquistas contemporâneos. As propostas desse autor são contextualizadas nas

“lutas das classes subalternas e de participação política do trabalhador na empresa e na escola,

visando a reeducação dos próprios trabalhadores em geral e dos trabalhadores em educação,

em particular”. Esse autor chama a atenção dos estudantes para aspectos sociais, informando-

os sobre seus direitos utilizando-se da corrente de pensamento influenciada pela ação político-

pedagógica.

Esses são alguns nomes que ressaltaram a importância do estudo do meio como

processo de aprendizagem, contribuindo na formação sócio-cultural do aluno. Muitas escolas

brasileiras fundamentam-se nesses ideais pedagógicos.

1.2 O estudo do meio no cenário brasileiro

Compreende-se que, atualmente, no cenário brasileiro, há inúmeros problemas na

educação que precisam ser sanados; muitos deles poderiam ser resolvidos se houvesse maior

envolvimento dos gestores na melhoria da qualidade de ensino no nível fundamental e médio.

É notório que estas deficiências são reflexo da desigualdade social, tendo suas origens no

Brasil do século XIX.

A educação no Brasil passou e ainda passa por diferentes desafios. Durante a Primeira

República11, dois movimentos ideológicos tiveram grande destaque, sendo eles: o entusiasmo

pela educação e o otimismo pedagógico liderados pelos intelectuais das classes dominantes.

Nesse período, o país precisava se adequar à nova fase; diante dos acontecimentos da época,

como por exemplo, o fim do regime de escravidão, a adoção do trabalho assalariado e a

expansão da lavoura cafeeira. A modernização estava acontecendo naquele momento e a

educação precisava passar por mudanças e adequações. Muitas famílias queriam uma melhor

escolarização para seus filhos, através de carreiras burocráticas e intelectuais que

proporcionassem caminho mais promissor (Ghiraldelli, 1992).

11 (1889 – 1930)

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Um dos momentos importantes na história da educação aconteceu na Primeira Guerra

Mundial12, quando surgiu significativo entusiamo pelo patriotismo e nacionalismo. Os

intelectuais almejavam o desenvolvimento do país e sabiam da importância da educação

popular, que era na época considerada caótica, pois o analfabetismo era generalizado13. Nesse

momento, surgiram as “ligas contra o analfabetismo” que se multiplicaram pelo país - Liga de

Defesa Nacional (1916) e Liga Nacionalista do Brasil, (1917) – fundadas por intelectuais que,

imbuídos pelo fervor nacionalista, pregavam o civismo, o escotismo, um patriotismo

exacerbado, desenvolvendo campanhas com o objetivo de erradicar o analfabetismo. Foi

nessa época que três correntes pedagógicas distintas formaram o cenário das lutas político-

pedagógicas: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Libertária.

A Pedagogia Tradicional era gerida por intelectuais ligados às oligarquias dirigentes e

pela Igreja. A Pedagogia Nova emergiu no interior de movimentos da burguesia e das classes

médias que buscavam a modernidade do Estado e da sociedade. Já a Pedagogia Libertária teve

a sua origem com os intelectuais ligados aos projetos dos movimentos sociais populares. É

essencial enfatizar que essas correntes tiveram que enfrentar ou assimilar os preceitos de

uma herança pedagógica constituída pela pedagogia Jesuítica, a partir do documento Ratio

Studiorum14.

A educação dos jesuítas destinava-se à formação das elites burguesas, para prepará-las a exercer a hegemonia cultural e política. Eficientes na formação das classes dirigentes, os jesuitas descuidaram completamente da educação popular. (GADOTTI, 2001, P. 72).

Assim, com base nesse cenário, onde a educação era para poucos, havia grande

número de analfabetos, pois, com se deduz as escolas eram destinadas aos filhos das classes

sociais mais abastadas. Os jovens pobres, desde cedo, eram obrigados a trabalhar para ajudar

os pais. Os empresários não sentiam necessidade de que o trabalhador fosse alfabetizado, pois

o trabalho realizado na fábrica era braçal, havendo entretanto, resistências.

Os anarquistas não concordavam com essa concepção. A filosofia desse grupo fundamentava-se no fato de que “ninguém nasce escravo, pobre, rico, trabalhador, doutor, político ou presidente. As diferenciações existentes foram criadas por uns poucos, por uma minoria, ocasionando deveres sem direitos, obrigações sem possibilidades iguais, situações que o tempo

12 (1914 – 1918) 13 Em 1920, 75% da população era analfabeta. (GHIRALDELLI, 1992, P. 18) 14Ratio Studiorum é o plano de estudos, de métodos é a base filosófica dos jesuítas. Representa o primeiro sistema organizado de educação católica. Ela foi promulgada em 1599, depois de um período de elaboração e experimentação. (GADOTTI, 2001, p. 72)

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consolidou, tornou costume convertendo em leis, em normas de vida” (RODRIGUES apud PONTUSCHKA p. 166).

A Pedagogia Libertária chegou ao Brasil pelas mãos dos imigrantes e duas vertentes

foram divulgadas pela imprensa ligada ao movimento operário da Primeira República:

Educação Racionalista ligada ao nome do anarquista Raul Robim15 e a Educação Racionalista

ligada às obras de Ferrer. Para Ghiraldelli (1992) essa pedagogia buscava moldar o ensino

para a construção de um novo homem, sem divisão de classes, sem hierarquia burocratizada,

sem centralização de poder, baseando-se na transformação social contida nas propostas do

movimento operário de linha anarquista. Para que acontecessem as reflexões e análises

críticas era necessário que os alunos vivenciassem como as coisas de fato aconteciam. Este

método resultou no surgimento do estudo do meio.

As escolas anarquistas foram as primeiras no Brasil a introduzir atividades semelhantes ao estudo do meio nas escolas que seguiam a pedagogia de Ferrer, fundador da Escola Moderna de Barcelona, Espanha. (TRAGTEMBERG apud PONTUSCHKA, 1994, p. 165).

Foi então, por volta de 1910, que surgiram as escolas livres, chamadas de Escolas

Modernas, tendo Ferrer como idealizador. Era um local de debates, diálogos e reflexões que

levaram o aluno a pensar de forma crítica, tornando-o consciente de seus direitos e deveres

como aluno e cidadão. A Escola Moderna era laica, não havia distinção de sexo ou classe

social, também não era gratuita, recebendo sustento diferenciado de cada família. O objetivo

era desenvolver a educação em amplo sentido: livre expressão, produção de textos críticos,

contato com métodos experimentais.

Escola Racionalista de Ferrer é mista e prega a coeducaçao sexual e das classes. Na medida em que não é financiada pelo Estado ou Igreja ela é paga, conforme as possibilidades financeiras do aluno; preocupa-se com a difusão da cultura junto ao povo, estabelece o curso noturno e uma Universidade Popular. (TRAGTENBERG, 1982, p. 102).

As escolas das primeiras décadas do século XX tinham como objetivo oferecer um

ensino fundamentado na observação e formação do espírito crítico. Os trabalhos realizados

fora da sala por tais escolas tinham como objetivo que os alunos, observando, descrevendo o

15 (1837-1912)

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meio, dito natural, e o social do qual eram parte, pudessem refletir sobre desigualdades e

injustiças, promovendo mudanças na sociedade, no sentido de saná-las.

De acordo com Pontuscka (1994), o estudo do meio era uma forma dos anarquistas

estudarem o meio em que viviam, visando a modificá-lo. Conhecer os problemas e buscar

soluções era o que queriam. Afinal, não eram simples coadjuvantes, mas os atores principais

de uma história real, porém desleal. Assim, já em 1900, Luigi Basile fundou a Escola Dante

Alighieri, situada no bairro do Brás em São Paulo, sendo o reduto de imigrantes,

principalmente italianos anarquistas.

Os cidadãos, na época das Escolas Modernas, estavam buscando seus direitos e, claro,

incomodando os políticos e patrões que os tratavam de forma limitada e preconceituosa, visto

que, para muitos, o saber significava uma forma de poder. Foi então que no final da década

de 1920, o movimento foi frontalmente combatido. As escolas foram fechadas e os líderes

mortos. Desta forma, as Escolas Modernas utilizavam o estudo do meio como instrumento

para conhecer a realidade, visando a transformá-la em uma sociedade mais justa. Com o

término das mesmas, esse método sofreu mudanças no movimento da Escola Nova. Isso

veremos com mais detalhes a seguir.

Com o fim da Primeira Guerra, o cenário financeiro e mercantil internacional passava

por transformações. A Inglaterra perdeu espaço para os Estados Unidos, e o Brasil, tradicional

cliente dos bancos ingleses, estreitou parcerias com os norte-americanos, refletindo mudanças,

não apenas na vida econômica do brasileiro, mas também, na área cultural que se estendeu

para o campo educacional pedagógico.

Em 1896, nos Estados Unidos, o professor universitário John Dewey (1859-1952) criou a University Elementary Scholl, acoplada à Universidade de Chicago. Dewey foi sem dúvida o maior filósofo da educação nos EUA. Seus textos causaram grande impacto na sociedade americana. A partir dos anos 20 os textos de Dewey, e também de escolanovistas europeus, começaram a conquistar a intelectualidade jovem no Brasil preocupada com questões educacionais. O imperialismo americano impôs não só padrões novos de consumo de bens materiais, mas também padrões novos de consumo de bens culturais, que trouxeram ao país as teorias pedagógicas do Movimento da Escola Nova. (GHIRALDELLI, 1992, p.25).

Sendo assim, o movimento da Escola Nova colocava a criança, e não mais o professor,

no centro do processo educacional, refletindo sobre a liberdade e interesse do educando.

Adotava métodos de trabalho em grupo, incentivava a prática de trabalhos manuais,

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valorizava os estudos de psicologia experimental. Dewey formulou cinco passos para o

funcionamento do raciocínio indutivo: tomada de consciência do problema, análise de

elementos e coleta de informações, sugestões para a solução de problemas – hipóteses,

desenvolvimento das sugestões apresentadas e experimentação e recusa ou aceitação das

soluções.

O Brasil passava por um processo de urbanização, industrialização e modernização na

década de 1920. Muitos jovens intelectuais como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo,

Lourenço Filho, Francisco Campos, etc, promoveram reformas educacionais fundadas nos

princípios da Pedagogia Nova, que era vista como pensamento educacional completo, pois

possuía uma política educacional, organizacional e metodológica própria. Essas características

foram fundamentais para que as reformas educacionais fossem realizadas e, além de combater

a Pedagogia Tradicional, sufocou as possíveis transformações que estavam sendo defendidas

pela Pedagogia Libertária.

Portanto, os escolanovistas resgataram o estudo do meio das Escolas Modernas,

embora com outros objetivos, pois os anarquistas almejavam conhecer o meio, propondo-se

transformar a sociedade, já o movimento escolanovista desejava estudá-lo para integrar o

aluno ao seu meio.

1.3 O uso do estudo do meio como atividade pedagógica

A educação na esfera escolar compõe-se de dois pilares fundamentais que dão alicerce

ao aprendizado: teoria e prática. Esses dois elementos se completam e ambos são importantes

na vida do aluno. Aranha (1989, p. 27) ressalta que a “teoria não é anterior nem superior à

prática, ou vice-versa, porque ambas estão presentes numa constante relação de troca mútua”.

De acordo com Ponstuschka (1994, 249) o estudo do meio é “desde uma saída de

alunos e professores, cujo objetivo principal seja entretenimento, até trabalhos

interdisciplinares que demandem pesquisas de campo, bibliográfica, iconográfica e portanto,

investimento em trabalho individual e coletivo”.

Já Mendonça e Neiman (2003) enfatizam que para atingir os objetivos desse tipo de

estudo, deve ser organizado e ter como princípio a realização de um trabalho educacional

completo, no qual o lazer tem um caráter fundamental, pois eles abordam que a aprendizagem

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por intermédio do lúdico pode ser mais marcante, por ser social e natural, do que as

tradicionais tentativas de transmitir conhecimento.

Segundo Nérici (1981, p. 350) “o estudo do meio representa o estudo dos diversos

conjuntos significativos da natureza e da sociedade, que interessam à vida do educando, a fim

de torná-lo mais consciente da realidade que o envolve e da qual tem de participar”.

Sendo assim, esse encontro entre o aluno e o meio favorece a descoberta ou

constatação de assuntos abordados inicialmente na teoria, mas que podem ser observados,

analisados e questionados, tendo como base o cenário real, contribuindo assim com a

construção do conhecimento. Essas atividades possibilitam também a interação entre alunos,

professores, comunidade local, sendo, portanto, um aprendizado não só escolar, mas pessoal e

social.

O estudo do meio por tratar-se de uma atividade que possibilita o envolvimento de

diversas disciplinas como geografia, história, ciências naturais etc precisa ser bem articulado

entre os professores, sendo necessário um adequado planejamento, realização e avaliação.

Desta forma, Haydt (2003) salienta que é importante ter objetivos bem definidos, deixando

claro aos alunos a razão pela qual foi escolhido aquele destino, os aspectos que serão

analisados e como os alunos serão avaliados.

Ao final de cada atividade de campo, é essencial que o professor encontre propostas

para que os alunos organizem as informações obtidas, sistematizando interpretações, teorias,

dados, materiais e propostas para problemas detectados, atribuindo a esse trabalho uma

função social, como conhecimentos que possam ser socializados e compartilhados com outras

pessoas.

No processo de avaliação, o aluno poderá apresentar os dados de diferentes maneiras

de expressão com o objetivo de descrever o que foi observado e estudado, sendo por meio de

apresentação de peça teatral, elaboração de jornal, contendo fotos e relatos dos moradores

entrevistados, painel de discussão, etc, possibilitando que os professores realizam uma

avaliação adequada. Krasilchik salienta que “A avaliação dá ao professor informações sobre o

seu ensino, permintindo identificar onde seu trabalho deixou de dar resultados esperados,

como e onde os estudantes tiveram dificuldade, permitindo que falhas possam ser reparadas".

(KRASILCHIK, 2002, p.168).

Assim, entende-se que estudar o meio possibilita que o aluno traga para o debate as

observações vivenciadas, ampliando os seus conhecimentos. Por exemplo, quando a

professora pede que o aluno entreviste o carteiro do seu bairro ou seus familiares, ao

compartilhar as respostas com os colegas, ele está inserindo a sua realidade em sala de aula,

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pois todos, juntamente com a professora, elaboram as questões, baseadas na teoria, e

transpõem os muros escolares para obter as respostas, utilizando-se do saber fazer,

correlacionando, assim, a teoria com a prática. Nesse sentido, Veiga ressalta que:

No processo escolar, o pedagógico e o social necessitam ser trabalhados de forma interativa para não se incorrer na negação do próprio ato educativo. O tratamento simultâneo do pedagógico e do social exige o emprego de uma metodologia processual-dialética em todo o continuum do processo educativo. (VEIGA, 2006, P. 47).

Haydt (1999) evidencia que a escola, que utiliza o estudo do meio como método

pedagógico, deve apresentar diretrizes e condições por meio das quais os alunos possam

entrar em contato com a realidade, tanto circundante como mais distante, promovendo o

estudo do meio de forma direta, objetiva e ordenada, propiciando, assim, a aquisição de

conhecimentos geográficos, históricos, econômicos, sociais, políticos, científicos, artísticos.

Esse recurso pedagógico possibilita que o aluno desenvolva habilidades como observar,

pesquisar, entrevistar, organizar e sistematizar os dados coletados para, assim, analisá-los e

tirar suas próprias conclusões, utilizando-se de diferentes formas de expressão para descrever

o que foi observado e estudado, sendo assim:

[...] pedagogos e professores de disciplinas específicas continuam a conceituar o Estudo do Meio como técnica ou um conjunto de técnicas, no entanto, ele somente atingirá os objetivos para uma possível transformação se for utilizado como método, superando conhecimentos puramente escolares, levando aluno e professor a um compromisso com a sociedade e suas transformações e mesmo despertando a consciência de não utilizar o Estudo do Meio somente como forma de consumo das informações, considerando as pessoas como objeto, mas como sujeitos que em suas diferenças podem crescer mutuamente, podem trocar, podem ensinar e aprender. (PONTUSCHKA, 1994, p. 173).

Para Giaretta o estudo do meio é:

[...] um método de ensino que estabelece uma relação entre teoria e prática, utilizando um objeto de estudo para que o aluno possa continuar o processo de aprendizado, iniciado em sala de aula. (GIARETTA, 2003, p. 45).

Portanto, entende-se que o foco principal das atividades, que têm como propósito

estudar o meio, contribui com as necessidades de aprendizagem do aluno, sendo essencial que

os professores conheçam o perfil do grupo, bem como os conteúdos que serão ministrados no

curso durante o ano letivo, para assim optarem pelo melhor destino, levando em consideração

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aspectos pedagógicos, organizacionais e financeiros. Nesse sentido, o coordenador

pedagógico pode contar com o auxílio de agências de viagens especializadas, pois estas

conhecem os serviços e infra-estrutura adequadas para melhor atendê-los.

1.4 A inserção do estudo do meio nos Paramêtros Curriculares Nacionais

A educação tem papel primordial no desenvolvimento das pessoas, pois nela está

contida a possibilidade de transformar alunos em profissionais atuantes, que farão parte de um

mercado globalizado exigindo, cada vez mais, jovens capazes de adaptar a era da tecnologia,

competitividade e avanços científicos. Com base nesse contexto, as escolas, procurando

atender as necessidades educacionais e humanísticas dos alunos, precisaram adequar-se,

utilizando o planejamento educacional e curricular, como referência. Nesse sentido, foram

elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs - para orientar os educadores, sendo

que estes parâmetros “procuram, de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais,

políticas existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir referências

nacionais, comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras” (BRASIL, 1998, p.

5). Sendo assim, a escola é um dos locais onde o jovem tem condições de ter acesso ao

conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao

exercício de cidadania.

Os PCNs foram elaborados, coletivamente, por grande número de pedagogos e

publicados no final do século XX pelo MEC – Ministério da Educação. Seu objetivo é servir

como referência para o trabalho das escolas de ensino fundamental e médio da rede pública.

No entanto, muitas escolas da rede particular também os utilizam. Desta forma, estes

documentos têm de estar atualizados, correspondendo às necessidades educacionais referentes

aos conteúdos e técnicas, seja em função de avanços da ciência acadêmica, seja por vontade

de reformular os métodos de ensino, tendo como contribuição “ampliar e aprofundar um

debate que envolva escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação

positiva no sistema educativo brasileiro” (BRASIL, 1998, p. 5).

Os PCNs orientam de que maneira os alunos podem ser capazes de compreender os

seus direitos e deveres perante a sociedade, utilizando-se do diálogo como forma de mediar

conflitos, conhecer não só o Brasil, mas diferentes dimensões de seu patrimônio sócio-cultural

e ambiental, como também outros povos e nações, reconhecendo-se como cidadão e

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utilizando-se de diferentes linguagens, informações e recursos tecnológicos, como meios para

produzir, expressar e comunicar suas idéias e construir conhecimentos. Seguem os objetivos

que estão contemplados nos PCNs do ensino fundamental do terceiro e quarto ciclos:

• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;

• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes

situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;

• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais,

materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;

• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro,

bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;

• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,

identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;

• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de

confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;

• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos

saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;

• utilizar as diferentes linguagens — verbal, musical, matemática, gráfica,

plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;

• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para

adquirir e construir conhecimentos; • questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los,

utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. (BRASIL, 1998, p. 7-8).

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Percebe-se que os objetivos agora englobam aspectos formativos e não apenas

informativos, onde os alunos estão inseridos não somente em questões pedagógicas, mas

também no que se refere aos aspectos psicológicos, valorizando, assim, a participação do

estudante no processo de aprendizagem. Nesse sentido, os educadores elaboraram os PCNs do

terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental, como demonstrado na figura 1, contemplando

as seguintes disciplinas: língua portuguesa, matemática, ciências naturais, história, geografia,

arte, educação física e língua estrangeira, matérias que são subdivididas em diferentes eixos

temáticos, devendo ser flexíveis, pois:

[...] não representam um programa de curso e tampouco uma proposta curricular a ser seguida de forma dogmática. Eles representam subsídios teóricos que devem ser entendidos como ponto de partida, e não de chegada, para o professor trabalhar os conteúdos no ensino fundamental. (BRASIL – geografia, 1998, p. 37).

Os PCNs contemplam as atividades de campo como o estudo do meio, tanto nas

disciplinas tradicionais, como nos temas transversais, desde que sejam articulados às

atividades de classe. Neles estão contidos eixos temáticos que têm como função nortear e dar

diretrizes ao planejamento pedagógico do professor, permitindo a seleção e a organização de

conteúdos, conforme as especificidades da disciplina e dos objetivos pedagógicos. Já os temas

emergentes, denominados de temas transversais (Ética, Pluralidade Cultural, Trabalho e

Consumo, Saúde, Orientação Sexual, Meio Ambiente) também estão contemplados nos PCNs

e merecem especial atenção do professor, pois possibilitam a formação integral do aluno,

além de garantir a interdisciplinaridade no currículo das escolas. É importante ressaltar que os

assuntos transversais podem e devem ser abordados em todas as disciplinas, bem como nas

atividades práticas.

Os educadores que elaboraram os PCNs validaram o estudo do meio como um

importante recurso didático. No entanto, ressaltaram que essa atividade deve, ter como

princípio, ampliar o conhecimento do aluno referente a sua identidade enquanto aluno e

cidadão, tanto na esfera local quanto global, articulando, assim, capacidades como

observação, reflexão, comparação, discussão e análise de assuntos pertinentes aos fatores

naturais, sociais, econômicos e políticos dos quais faz parte. Nérici enfatiza que:

O estudo do meio se presta para trabalhos de alto valor informativo e formativo para o educando, principalmente pelo seu aspecto integrativo, uma vez que um mesmo fato do meio pode ser estudado por todas ou quase todas as disciplinas de um currículo, o que torna os estudos mais ricos e significativos. (NÉRICI, 1981, p. 351).

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Figura 1: Estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental Fonte: Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998

Portanto, o estudo do meio, por se tratar de uma atividade interdisciplinar e por

viabilizar a articulaçao de disciplinas, propicia ao aluno que ele aprenda conceitos teóricos em

sala de aula e depois tenha possibilidade de vivência-los.

Podemos identificar, por exemplo, que na disciplina de Ciências Naturais os assuntos

referentes à relação entre homem e natureza, contribuem para o desenvolvimento de uma

consciência social e planetária, tendo quatro eixos temáticos: Terra e Universo, Vida e

Ambiente, Ser Humano e Saúde, Tecnologia e Sociedade, culminando em conhecimento

maior sobre a vida e sobre sua condição singular na natureza, permitindo ao aluno se

posicionar acerca de questões polêmicas, dentre as quais os desmatamentos, acúmulo de

poluentes, etc. bem como, aspectos que tangem à herança biológica, como as condições

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culturais, sociais e afetivas, contribuindo para a percepção da sua integridade pessoal e na

formação da sua auto-estima.

Por exemplo, nas Ciências Naturais os objetivos propostos envolvem visitas a

ambientes naturais, áreas de preservação ou conservação, áreas de plantações, ambientes

industriais e comerciais, entre outros locais, podendo ser realizadas nas proximidades da

escola ou em locais mais distantes. O importante é fazer com que o aluno reflita sobre os

aspectos ambientais e sócio-culturais dos quais faz parte e que essas atividades estejam

contempladas nos planos de ensino e que sejam adequadamente planejadas. Assim:

O desenvolvimento de atividades em espaços com essas características traz a vantagem de possibilitar ao estudante a percepção de que fenômenos e processos naturais estão presentes no ambiente como um todo, não apenas no que ingenuamente é chamado de natureza.. Além disso, possibilitam explorar aspectos relacionados com os impactos provocados pela ação humana nos ambientes e sua interação com o trabalho produtivo e projetos sociais. (BRASIL – Ciências Naturais, 1998, p.126).

Um dos objetivos principais das Ciências Naturais é propiciar condições ao aluno

vivenciar o que se denomina método científico, ou seja, a partir de observações, levantar

hipóteses e testá-las, pois se acredita que a investigação mais ampla garante melhor

aprendizagem dos conhecimentos científicos. Sendo assim, o trabalho de campo é

fundamental, pois além de ser articulado com as atividades de classe, contempla desde visitas

planejadas a ambientes naturais, como áreas de preservação, conservação, áreas de produção

primária (plantações) e industrial, até a praça próxima à escola. Esse planejamento dependerá

de como está inserido no plano de ensino do professor.

Os PCNs, que abordam os aspectos referentes à disciplina de Geografia, apresentam

assuntos relacionados à compreensão de diferentes sociedades que interagem com a natureza

na construção de seu espaço, bem como à área do conhecimento comprometida em tornar o

mundo compreensível para os alunos, explicável e passível de transformações, valorizando os

aspectos socioambientais que caracterizam seu patrimônio cultural e ambiental.

O estudo do meio é um recurso didático muito utilizado nesta disciplina, tendo

interface com outras disciplinas como história, ciências naturais, artes etc. Esta

interdisciplinaridade possibilita ao aluno aprender a trabalhar recortes temporais e espaciais

de forma local e global, observando, conhecendo, explicando, comparando e representando as

características do lugar em que vive e de diferentes paisagens e espaços geográficos com sua

historicidade. Entretanto, “sem perder de vista as especificidades de cada uma das áreas, o

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professor pode aproveitar o que há em comum para tratar um mesmo assunto sob vários

ângulos” (BRASIL – geografia, 1998, p. 53).

Na disciplina de História, o aluno tem a possibilidade de refletir de forma geral noções

de diferença, semelhança, transformação e permanência entre nações, adquirindo novos

domínios cognitivos, possibilitando melhor conhecimento sobre si, seu grupo, sua região, seu

país, o mundo, bem como práticas sociais, culturais, políticas e econômicas construídas por

diferentes povos. As atividades escolares com essas noções também evidenciam para o aluno

as dimensões da História, entendida como conhecimento, experiência e prática social,

fortalecendo os laços de identidade com o presente, e com gerações passadas refletindo em

um melhor entendimento do presente. (BRASIL – história, 1998).

Um dos objetivos desta disciplina é conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes

grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas

e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, continuidades e

descontinuidades, conflitos e contradições sociais. Assim, deve contribuir para a formação do

estudante como cidadão, possibilitando a sua participação social, política e atitudes críticas

diante da realidade atual, aprendendo a discernir os limites e as possibilidades de sua atuação,

na permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se insere (BRASIL –

história, 1998).

O estudo do meio também é parte integrante desta disciplina como recurso didático,

pois propicia contatos diretos com documentos e locais históricos, incentivando os estudantes

a construírem suas próprias observações, especulações, indagações, explicações e sínteses

para questões históricas, como, por exemplo, sobre a preservação do patrimônio histórico

cultural da localidade onde vivem.

É no local, conhecendo pessoalmente casas, ruas, obras de arte, campos cultivados, aglomerações urbanas, conversando com os moradores das cidades ou do campo, que os alunos se sensibilizam para as fontes de pesquisa histórica, isto é, para os .materiais. sobre os quais os especialistas se debruçam na interpretação de como seria a vida em outros tempos, como se dão as relações entre os homens na sociedade de hoje, como o passado permanece no presente ou como são organizados os espaços urbanos ou rurais. O estudo do meio é, então, um recurso pedagógico privilegiado, já que possibilita aos estudantes adquirirem, progressivamente, o olhar indagador sobre o mundo. (BRASIL – história, 1998, p. 94).

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Portanto, os alunos além de identificarem significações pessoais com as atividades,

têm a possibilidade de enxergar a si próprios como sujeitos participativos e compromissados

com a História e com as realidades presente e futura.

Desta forma, os PCNs ressaltam que o estudo do meio não se relaciona à simples

aquisição de informações fora da sala de aula ou a simples constatação de conhecimentos já

encontrados em fontes bibliográficas ou periódicos científicos, pois trata-se de uma atividade

realizada in loco na paisagem humana e geográfica que tem, como princípio, instigar o aluno

ao aprendizado, pois é um recurso didático que:

[...] envolve uma metodologia de pesquisa e de organização de novos conhecimentos, que requer atividades anteriores à visita, levantamento de questões a serem investigadas, seleção de informações, observação de campo, confrontação entre os dados levantados e os conhecimentos já organizados por pesquisadores, interpretação, organização de dados e conclusões. Possibilita o reconhecimento da interdisciplinaridade e de que a apreensão do conhecimento histórico ocorre na relação que estabelece com outros conhecimentos físicos, biológicos, geográficos, artísticos. (BRASIL – história, 1998, p. 93).

Nesse sentido, os educadores, que elaboraram o PCNs de História, tiveram a

preocupação em apresentar sugestões de metodologias de trabalho na organização de estudos

do meio que norteiam o trabalho dos professores, sendo eles:

• criar atividades anteriores à saída, que envolvam levantamento de hipóteses e de expectativas prévias;

• criar atividades de pesquisa, destacando diferentes abordagens,

interpretações e autores (reportagens, jornais, enciclopédias, livros especializados, filmes) sobre o local a ser visitado. Existem propostas de estudo do meio que sugerem que as pesquisas sejam desenvolvidas após o estudo de campo. Nesse caso, o professor pode experimentar e avaliar diferentes alternativas metodológicas;

• se possível, integrar várias áreas, permitindo investigações mais

conjunturais dos locais a serem visitados que incluam, por exemplo, pesquisas geográficas, históricas, biológicas, ambientais, urbanísticas, literárias, hábitos e costumes, estilos artísticos, culinária, etc;

• antes de realizar a atividade, solicitar que os alunos organizem, em forma

de textos ou desenhos, as informações que já dominam, para que subsidiem as hipóteses e as indagações, no local;

• se possível, conseguir um ou mais especialistas para conversar com os

alunos sobre o que irão encontrar na visita ou sobre o tema estudado. Como no caso da pesquisa, a conversa com o especialista pode ser posterior ao estudo de campo;

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• o professor deve visitar o local com antecedência, para que possa ser, também, informante e guia ao longo dos trabalhos;

• organizar, junto com os alunos, um roteiro de pesquisa, um mapa do local

e uma divisão de tarefas; • conseguir com antecedência ou posteriormente, para estudo em classe,

mapas de várias épocas sobre o local, para análise da transformação da paisagem e da ocupação humana;

• conversar com os alunos antes da excursão sobre condutas necessárias no

local, como, por exemplo, interferências prejudiciais aos patrimônios ambientais, históricos, artísticos ou arqueológicos. (BRASIL – história, 1998, p. 94-95).

Contudo, tanto as disciplinas citadas quanto, as de Arte, Educação Física, Língua

Portuguesa e Estrangeira podem estar presentes em atividades que contemplam o estudo do

meio. Como exemplo, atividades ligadas às linguagens artísticas, contemplando as artes

visuais, a música, o teatro e a dança podendo, assim, colaborar no processo de avaliação da

visita, ou seja, o professor de arte instiga os alunos a apresentarem peças teatrais, refletindo o

que foi observado e o conhecimento adquirido durante o estudo. Pode-se, também, se utilizar

dos temas transversais para agregar valor a essas atividades. Nesse sentido, o professor de

Educação Física pode orientar os alunos em assuntos que englobam a ética, pluralidade

cultural, trabalho e consumo, saúde e meio ambiente, pois o aluno, ao fazer a visita ou

viagem, estará distante do seu núcleo familiar, devendo saber como se portar perante os seus

colegas, professores e comunidade local.

1.5 A inserção do estudo do meio no planejamento pedagógico

Como apresentado anteriormente, os PCNs são utilizados como referência na

elaboração do projeto educativo da escola, articulando e contribuindo no processo de

planejamento educacional, curricular, de ensino, plano de curso e plano de aula.

De acordo com Turra et al. (1995, p. 16), o planejamento educacional “constitui a

abordagem racional e científica dos problemas da educação, evolvendo o aprimoramento

gradual de conceitos e meios de análise, visando a estudar a eficiência e a produtividade do

sistema educacional, em seus múltiplos aspectos”. Assim, é fundamental que os professores

conheçam a política de educação e os projetos educacionais que fazem parte do sistema

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educacional, pois é a partir do conhecimento global que será possível fazer um adequado

planejamento curricular, ou seja, o currículo de hoje deve ser funcional, sendo necessário:

[...] promover não só a aprendizagem de conteúdo e habilidades específicas, mas também fornecer condições, favoráveis à aplicação e integração desses conhecimentos. Este planejamento é relativo à escola. Através dele são estabelecidas as linhas-mestras que norteiam todo o trabalho. O planejamento curricular deve refletir os melhores meios de cultivar o desenvolvimento da ação escolar, envolvendo, sempre, todos os elementos participantes do processo. (TURRA et al., 1995, p. 17-18).

Sendo assim, é a partir de um adequado planejamento curricular que os educadores

terão subsídios para fazer um plano de ensino mais funcional, indicando, assim, atividade

direcional, metódica e sistematizada que será empreendida pelo professor junto a seus alunos,

em busca de propósitos definidos. É importante que esse plano seja feito anualmente ou

semestralmente.

O plano de ensino pode abranger três tipos: o plano de curso, o plano de unidade e o

plano de aula. Turra et al., definem o plano de curso como:

[...] um instrumento de trabalho, amplo, genérico, sintético, que serve de marco de referência às operações de ensino-aprendizagem que se desencadearão durante o curso, derivadas dos fins a serem alcançados. Pode referir-se a uma disciplina, ou a uma área de estudo, em particular considerando, entretanto, o relacionamento que deve existir entre várias disciplinas, ou áreas de estudo, no sentido de manter a integração do conhecimento como um todo. (TURRA et al., 1995, p. 235-236).

Já o plano de unidade ou unidade de ensino é um documento mais específico e

analítico das tarefas que serão realizadas em um determinado período de tempo, comparado

ao plano de curso, pois:

[...] enquanto o plano de curso oferece uma descrição geral, uma visão panorâmica, dos meios de ensino que serão utilizados para o alcance dos objetivos gerais do curso, o plano de unidade procura reunir, num todo organizado, mais específico, temas ou conteúdos listados no plano de curso, que guardem uma estrutura intima, isto é, que se inter-relacionem e se complementem, compondo um conjunto mais facilmente compreensível, devido a sua significação. (TURRA et al., 1995, p. 248).

O mesmo autor ressalta que o plano de aula é um instrumento de trabalho que

sistematiza os objetivos, conteúdos, procedimentos, cronograma e recursos que serão

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utilizados para a realização de uma atividade com o propósito de organizar as atividades que

se desenvolvem entre professor e aluno, numa dinâmica de ensino-aprendizagem.

Sendo assim, para que os resultados das atividades referentes ao estudo do meio sejam

positivos, é necessário que estejam atrelados aos conteúdos curriculares e que tenham suas

propostas contidas nos PCNs, além de serem previamente discutidas as melhores

possibilidades para serem inseridas nos planos de ensino, plano de curso e que tenha um plano

de unidade para ser organizado de forma sistematizada e coerente. Para isso, é importante que

se realizem três etapas fundamentais para o êxito dessas atividades de campo que são:

planejamento, desenvolvimento e avaliação.

Além dos diversos instrumentos utilizados pela escola como: planejamento

educacional e curricular; o plano de ensino, de curso, de unidade e de aula, constatou-se a

necessidade de elaborar um instrumento denominado plano de estudo do meio16, tendo, como

referência, as informações contidas no plano de aula elaborado por Turra et al. (1995, p. 257).

ver Quadro 1.

O objetivo desse instrumento é ter melhor visibilidade da proposta direcionada às

atividades de campo, seja em uma visita ou viagem. As informações contidas são as

seguintes: dados de identificação (curso, turma, disciplina, professores responsáveis,

semestre), tema central, local e duração da viagem; objetivos, conteúdos, procedimentos,

recursos e avaliação.

No campo que se refere aos dados de identificação constam as informações específicas

da escola como disciplinas envolvidas, professores responsáveis, turma, semestre etc. Já no

campo, que enfatiza os dados do estudo do meio, encontram-se o assunto central, o local, a

duração da viagem. Também podem-se identificar os dados da agência de viagens

responsável, como nome, guia de turismo, telefone, site e e-mail. Os dados mais específicos

são as datas, os locais que serão visitados, os objetivos de cada atividade, o cronograma

diário, contendo o período que os estudantes ficarão em cada local, os conteúdos que serão

ministrados pelos professores, os recursos utilizados e de que maneira serão avaliados. Assim,

pretende-se que as informações contidas nessa ficha facilite a organizaçao da viagem

auxiliando os professores e a agência de turismo em todo o seu processo.

O estudo do meio, muitas vezes, além de ser planejado e avaliado pelos orientadores

educacionais e professores, é também por eles realizado, ou seja, o processo de contato com o

16 As informações contidas no plano de estudo do meio referem-se a visita realizada com a Escola Carandá ao Assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e a registros (textos e filme) pesquisados pela autora sobre a reforma agrária no Brasil.

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Quadro 1 – Escola: Plano de visitas técnicas e viagens de estudos do meio – Visita ao Assentamento do MST Fonte: Roberta Monteiro. Quadro adaptado do plano de unidade elaborado por Turra et al., 1995, p. 257

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destino a ser visitado é feito pela escola, sendo que poderia ser realizado por profissionais

especializados, principalmente na organização e realização das viagens de estudos do meio,

como veremos no próximo capítulo.

1.6 Principais questões identificadas para pesquisa

A partir dos aspectos analisados neste capítulo, podem ser destacadas algumas

questões a serem investigadas no estudo das relações entre as escolas e as agências de

viagens.

Em primeiro lugar, considera-se relevante identificar quais as diferenças de tratamento

do estudo do meio nas escolas, conforme variam suas propostas pedagógicas. Do ponto de

vista das agências especializadas em turismo pedagógico, qual seria o grau de compreensão

sobre esta possível influência da proposta pedagógica sobre as necessidades da escola para a

formatação do estudo do meio? Como decorreria a comunicação entre as escolas e as

agências, sobre este tema, que pode parecer complexo para não especialistas no assunto

No que diz respeito aos Parâmetros Curriculares, as escolas estariam tratando o estudo

do meio em conformidade com tais Parâmetros? Tais orientações estariam sendo discutidas

entre as escolas e as agências, no planejamento conjunto do estudo do meio?

Em relação ao método de planejamento pedagógico, as estruturas dos planos de aula,

ou das unidades de aprendizagem, estariam sendo contempladas pela agência como base para

a formatação da viagem de estudo do meio, para a elaboração do roteiro turístico?

Estas e outras questões oriundas da reflexão teórica estão consolidadas no roteiro da

pesquisa de campo.

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CAPÍTULO 2 - AGÊNCIAS DE VIAGENS E TURISMO PEDAGÓGI CO

2.1 Breve caracterização das agências de viagens

Os aspectos históricos relacionados ao surgimento das agências de viagens e turismo

remetem ao século XVIII e, segundo Acerenza (2003), especificamente no ano de 1670, teve

início um fenômeno chamado grand tour, onde jovens da nobreza e da classe média

realizavam viagens ao redor do mundo, com duração média de três anos, com o objetivo de

complementar os conhecimentos teóricos e obter experiência prática. Este tipo de viagem

costumava ser destinada para os jovens que iriam assumir os negócios da família, ou ingressar

na carreira política. Apesar de o principal objetivo do grand tour ter sido ligado diretamente

aos aspectos culturais e educacionais, os jovens dedicavam-se, também, aos prazeres do local

visitado, desfrutando de atividades de lazer nesse período.

No período que se inicia no século 16 e chega até quase meados do século 19 é que se estabelecem as bases do turismo moderno. Durante este período, origina-se o denominado grand tour, do qual se deriva posteriormente o termo turismo, e é nessa época que começam a se desenvolver os centros de férias, muitos dos quais perduram, como é o caso concreto de Bath, na Inglaterra. (ACERENZA, 2003, p. 64-65).

Somente em meados do século XIX a organização profissional das viagens começou a

ter destaque, pois até então o turismo não se configurava como importante fenômeno social e

econômico como veremos em alguns relatos de renomados autores.

Rejowski e Perussi (2008) abordam alguns aspectos evolutivos importantes sobre o

cenário das agências de viagens no mundo e no Brasil. É importante salientar que, apesar da

prestação de serviços a viajantes ter ocorrido nos tempos antigos de forma espontânea, foi em

meados do século XIX que surgiram registros na literatura ocidental, inicialmente na Europa e

depois na América do Norte, sobre essa temática.

O primeiro agente a registrar os passageiros em embarcações de navios a vapor para

alguns portos do Canal de Bristol, Inglaterra e para Dublin, Irlanda, foi Robert Smart, no ano

de 1822. Em 1840, surge a agência de viagens “Abreu Turismo” sediada na cidade do Porto,

tendo como idealizador Bernardo de Abreu. Os serviços oferecidos eram passagens de trem

de Lisboa para Porto e de navio para América do Sul. Essa agência foi referência também no

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Brasil, pois possibilitou a vinda de muitos imigrantes ao providenciar a documentação

necessária exigida na época (REJOWSKI & PERUSSI, 2008).

O inglês Thomas Bennett, cônsul-geral da Inglaterra em Oslo, destacou-se pela criação

de pacotes turísticos individuais. Ele organizava passeios pela Noruega para visitantes

ingleses. Dessa experiência surgiu, em 1850, a agência de viagens, que oferecia transporte e

hospedagem. Em 1863, Stangen fundou a primeira agência de viagens na Alemanha. Já na

Itália o nome de destaque foi Massimiliano Chiari que, em 1871, abriu em Milão uma agência

para recepcionar turistas estrangeiros. Na França, a primeira agência de viagens foi fundada

por Alphonse Lubin, em 1873, na cidade de Lyon (REJOWSKI; PERUSSI, 2008).

No ano de 1876, a agência La Compagnie dés Wagon-Lits foi fundada na Bélgica, com foco na comercialização de bilhetes ferroviários europeus. Essa empresa obteve tal crescimento que, em 1890, contava com 160 escritórios espalhados pela Europa e Norte da África. A empresa consolidou-se a partir de 1925, com a abertura do primeiro “Palácio da Viagem” em Paris, oferecendo serviços turísticos principalmente para viajante de negócios (CHOI apud REJOWSKI; PERUSSI, 2008, p. 5).

No continente americano, em 1889, situada em Saint Augustine, Flórida, surge a

primeira agência de viagem “Ask Mr. Foster”. Em 1979, a empresa foi adquirida pela

“Carlson”, mas foi somente em 1990 que o nome “Ask Mr. Foster” foi retirado do mercado.

Rejowski salienta que:

Apesar da American Express ter sido fundada em 1850, antes da Ask Mr. Foster, a sua atuação era no transporte expresso de valores, documentos e encomendas. Somente em 1890 vinculou-se ao turismo, a partir do crescimento dos seus negócios em Paris e Londres onde dava assistência a turistas americanos. (REJOWSKI, 2002, p. 55).

Um nome de grande destaque e referência na área de Turismo é o de Tomas Cook que

não poderia faltar nessa breve descrição sobre o tema, pois ele é considerado o primeiro

agente de viagem profissional, sendo um homem empreendedor e visionário. Sua atividade

teve inicio com o planejamento e realização de uma viagem para cerca de 570 pessoas de

Leicester a Lougborugh, cujo principal objetivo era a participação em um Congresso

Antialcoólico que aconteceu em 5 de julho de 1841. Cook fretou um trem e, por apenas um

shilling, muitos tiveram a oportunidade de viajar. O caráter dessa viagem era filantrópico, mas

como Cook tinha a mente preparada e o espírito aberto, percebeu que este segmento poderia

ser comercialmente explorado. Dessa lacuna, encontrada no mercado, nasceu em 1851 a

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“Thomas Cook & Son”, em Leicester. A cidade escolhida para sediar a filial foi Londres, em

1865, tendo como gestor o filho, John Mason Cook.

Rejowski e Perussi (2008) mencionam que no ano de 1891, mais de 30 mil bilhetes

haviam sido vendidos pela agência “Cook” e 1,8 milhões de milhas de estradas de ferro, rios e

oceanos foram percorridos. Em 1892, ano do falecimento de Thomas Cook, sua empresa

possuía 84 escritórios e 85 agências ao redor do mundo, empregando cerca de 1.700 pessoas e

sendo considerada a mais importante da época.

A maior contribuição de Cook para o turismo está, sem dúvida, na introdução do conceito da excursão organizada nessa atividade, conhecida hoje com o nome de pacote turístico, pois permitiu que uma grande massa da população tivesse acesso às viagens de férias. (ACERENZA, 2002, p. 73).

Em 1878, havia um total de 250 agências de turismo no mundo. O mercado teve de se

organizar e se preparar para atender às necessidades daqueles que queriam viajar, surgindo,

então, várias entidades ligadas ao setor. Esse crescimento provocou a criação , em 1919, da

International Federation of Travel Agencies (IFTA – Federação Internacional das Agências

de Viagens). Com o passar do tempo as agências de viagens foram se aprimorando para

atender várias necessidades dos consumidores. Na Europa, em 1925, surgiram as agências

especializadas em excursões rodoviárias. Em 1928, surgiram as primeiras operadoras

turísticas (atacadistas) nos Estados Unidos, organizando os tours e utilizando as agências de

viagens como intermediadoras para a venda dos produtos.

Na década de 1930, as classes burguesa e média, buscando viajar em pacotes de férias,

optavam por realizar viagens com grupos em automóveis e ônibus, lembrando que o boom das

viagens aéreas só aconteceu em 1950, ocasionando o turismo massivo.

Cinco anos após o término da Segunda Guerra Mundial, eclode o turismo massivo, com visitas organizadas para a clientela de poder aquisitivo regular. Nessa época, ressurgem as operadoras turísticas, responsáveis diretas pelo fenômeno da massificação do turismo, desenvolvendo o conceito de produto turístico aliado aos pacotes de viagens (package tours) e as vôos charters. (REJOWSKI; PERUSSI, 2008, p. 6).

Em 1957, a companhia britânica “Horizon” foi pioneira em oferecer pacotes de férias,

promovendo viagens para Córsega com hospedagem e transporte. Com a eclosão do turismo

massivo, houve crescimento e desenvolvimento das companhias aéreas, maior integração e

expansão das operadoras e agências de viagens, surgimento de técnicas de marketing e

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avanços tecnológicos, ocasionando desta forma, consumidores mais exigentes e produtos

turísticos diferenciados e, portanto, mercado mais competitivo17.

No Brasil, durante muito tempo o transporte utilizado entre continentes foi o navio que

levava brasileiros à Europa e trazia imigrantes, havendo empresas especializadas para atender

esse púbico.

Em 1904, Charles Miller, o introdutor do futebol no Brasil, assumiu a empresa que havia sido fundada por seu tio em 1880; a empresa passa a ostentar o seu sobrenome e a representar a Royal Mail Lines (conhecida como Mala Real Inglesa), cujos navios levaram muitos brasileiros para a Europa e trouxeram muitos imigrantes para o Brasil. (REJOWSKI; PERUSSI, 2008 p. 8).

Apesar de, em 1919, a “Exprinter” (Expresso Internacional) já realizar atividades na

cidade de Porto Alegre e a “Wagon-Lits”, em 1936, na cidade de São Paulo, eram filiais de

empresas sediadas em outros países, sendo que somente em 1943 surgiu a primeira agência de

viagens realmente brasileira.

A primeira agência de viagens eminentemente brasileira foi fundada no ano de 1943 – a Agência Geral de Turismo [...]. Na época São Paulo tinha menos de dois milhões de habitantes, não havia grandes redes hoteleiras e nem a aviação comercial estava desenvolvida no Brasil. Mas havia uma procura relevante de turismo marítimo para viagens nacionais e internacionais. A Agência Geral começou criando excursões de ônibus, e [...] lançou o primeiro Carnaval Aéreo para o Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que eram feitas reservas de hotéis nas estâncias balneárias (cura de 21 dias) (REJOWSKI, 2001, p. 38).

Ainda segundo Rejowski (2001), as agências de viagens começaram a crescer

consideravelmente no Brasil, entre o ano de 1947 e 1950, tanto assim, que em 1956 foi

fundado o Sindicato das Empresas de Turismo do Estado de São Paulo. Em 1959, surgiu a

Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) ano em que foi criada também sua

Delegacia Regional de São Paulo. Com base nesse cenário, o setor teve que se organizar e se

profissionalizar, surgindo assim órgãos públicos e privados.

Outra importante colaboração para o amadurecimento do setor foi o interesse de

diversos estudiosos de diferentes países e áreas do saber, em pesquisar os aspectos sociais,

17 Esse progresso perdura até os dias atuais, levando em consideração principalmente as necessidades e

desejos dos consumidores.

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culturais, ambientais e econômicos ocasionados pelo Turismo, levando em consideração, não

somente o papel do turista, como também, do anfitrião, fomentando discussões e análises

sobre o tema.

2.2 Os serviços prestados pelas agências de viagens

Sabe-se que as agências de turismo fazem parte do setor terciário da economia e têm

como função intermediar as empresas turísticas e o consumidor final. Para a realização de tal

atividade, é necessário conhecimento de mercado, desde os meios de hospedagem ofertados

no destino, até os atrativos naturais e culturais oferecidos no local, perpassando pelo

transporte, alimentação, aluguel de carro, valor de ingressos em eventos, bem como clima,

cultura, geografia, economia, hábitos, costumes etc.

Para tanto, é importante que a agência de turismo analise as oportunidades e ameaças

que envolvem a cidade, ao montar um pacote turístico, pois a partir desse estudo, terá visão

ampla sobre os problemas que o turista irá encontrar, podendo assim alertá-lo e orientá-lo

sobre as precauções necessárias para minimizar os percalços. Com o objetivo de atender o

cliente de maneira satisfatória é importante que a agência de turismo conheça as necessidades

e motivações do consumidor, pois assim terá subsídios para pesquisar, classificar e filtrar as

melhores opções e condições, assessorando-o e orientando-o. Com tais informações, terá base

para oferecer destinos que atendam as necessidades e desejos deste consumidor. Para que isso

ocorra, é importante que o agente de viagem analise tanto o perfil do cliente, como também,

os seus medos, limitações, desejos etc.

Os serviços oferecidos pelas agências de turismo são diversos, merecendo destaque a

montagem de pacotes turísticos; elaboração de roteiros turísticos, organização de viagens

individuais ou coletivas para diferentes públicos, inclusive roteiros personalizados

denominados de forfaits18. As agências de turismo estudam as melhores oportunidades,

visando a atender diferentes públicos, podendo especializar-se em determinado nicho de

mercado ou atendendo uma diversa gama deles. Elas realizam pesquisas de dados e

18 Forfait é a viagem totalmente organizada, ou conjunto de serviços, incluindo passagens de ida e volta, hospedagem, alimentação, alojamento, traslados, excursões locais, gratificações etc, programas conforme os desejos dos clientes, com um preço final fixo. É a viagem elaborada, mediante a orientação do cliente e uso de determinados produtos turísticos, selecionados dentre as ofertas existentes. (TOMELIN, 2001, p.105)

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informações sobre o destino, serviços turísticos e atrativos, objetivando oferecer o melhor

produto para cada cliente.

Após o estabelecimento dos produtos ou serviços turísticos a serem ofertados, bem

como seus preços e as técnicas de comunicação empregadas, o passo seguinte é definir o

processo de distribuição, utilizando-se da melhor maneira para que o produto chegue até o

cliente. Ou seja, deve-se assegurar que os produtos sejam colocados ao alcance do

consumidor, da melhor forma possível. De acordo com Beni, a distribuição poderá ser feita de

três maneiras:

A empresa efetua a distribuição e venda diretamente aos consumidores; a empresa pode optar por intermediários, como as operadoras turísticas e agências de viagens; a empresa pode optar também pela venda direta e através de intermediários simultaneamente. (BENI, 2006, p. 194).

Já para Casteli apud Beni (2006, p. 196), pode ser realizada de várias formas, como

mostra o quadro 2.

Quadro 2: Circuitos de distribuição Fonte: Castelli apud Beni (2006 p. 196).

A primeira forma de distribuição acontece direto do produtor (P) ao consumidor, sem

interferência de intermediários. Já a segunda tem como intermediador o varejista (V). A

terceira forma conta com dois intermediários: o atacadista (A) e o varejista. Neste caso, o

atacadista não entra em contato com o consumidor e nem o varejista com o produtor. Na

quarta maneira surge o papel do revendedor (R), como intermediário entre o atacadista e o

varejista. É importante salientar que quanto maior o número de intermediários entre o

produtor e o consumidor, menor será o controle de distribuição pelo produtor.

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Beni (2006) salienta que alguns produtos necessitam de intermediação para chegar ao

consumidor final, onerando, muitas vezes, o preço final. Para tanto, é importante que tais

produtos passem somente por intermediários dispensáveis, pois é nesse processo de

intermediação que o cliente tem informações das quais dificilmente disporia. Nesse sentido,

muitos destinos estão sendo transformados em produtos e inseridos nos sistemas globais de

distribuição, denominados como GDS (Global Distribution Systems), que se integram à

Internet, dos quais estão sendo disponibilizados serviços e complementos aos clientes 365

dias/ano e 24 horas/dia, facilitando o conhecimento e rapidez das informações sobre os

destinos, ficando sob responsabilidade do consumidor apenas fazer a reserva via web e

escolher a agência que irá se responsabilizar pela documentação.

O autor ressalta ainda que “cerca de 150 mil terminais e 1 milhão de operadores fazem

negócios com novos mercados. Hoje, por exemplo, fazer uma reserva de hotel, em qualquer

localidade do planeta, demora apenas 7 segundos” (2006, p. 200). Devido a essa velocidade e

versatilidade nas informações contidas no Setor Turístico, no âmbito da tecnologia da

informação, conceitos e responsabilidades, é importante que a agência esclareça ao

consumidor informações corretas e precisas, principalmente no que diz respeito aos direitos e

deveres de ambas as partes (agência – cliente), para que não haja dúvidas. Para tanto, é

necessário saber as atribuições desempenhadas por estas empresas.

Dentre as diferentes funções das agências de turismo, Petrocchi e Bona (2003)

salientam que essas empresas são organizações que têm a finalidade de comercializar

produtos turísticos, orientando as pessoas que desejam viajar, estudando as melhores

condições, tanto em nível operacional quanto financeiro, assessorando assim, sobre os

destinos e itinerários que mais condizem com as necessidades dos clientes.

Já Tomelin e Teixeira (2005, p. 688) relatam que as referidas empresas são

responsáveis pela produção e intermediação de serviços de agenciamento de viagens.

Enfatizam que “as relações com os demais elementos que compõem a atividade turística são

de extrema interdependência, pois nada é feito de forma isolada. Um hotel terá um

crescimento na sua taxa de ocupação, se utilizar todo o potencial de promoção e distribuição

que as agências puderem oferecer”. A partir dessa afirmação, constata-se o quão são

importantes estas parcerias envolvendo não somente as agências e empresas do trade, mas

fundamentalmente os consumidores.

Neste sentido, Torre apud Tomelin; Teixeira (2005, p. 688) destaca que as agências

devem se preocupar com a “organização, promoção, reservas e vendas de serviços de

transporte, alojamento, alimentação, visitas a lugares e a eventos de interesse, transporte local

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e, ainda, devem facilitar o trâmite de documentos como: passaportes, vistos, seguros, créditos

etc”.

Os conceitos acima expostos sobre as funções das agências de viagens são citados de

forma geral. No entanto, para que houvesse um melhor entendimento, foram estabelecidas

nomenclaturas com a finalidade de caracterizar as atribuições das empresas que prestam

serviços de agenciamento. Braga (2008) cita que no Brasil, conforme o Decreto Federal nº

5.406 de 30 de março de 2005, quando foi estabelecida nova denominação para as empresas

do setor turístico, como um fato que precede a lei, as agências produtoras passaram a ser

chamadas de operadoras turísticas, e as distribuidoras, de agências de viagem, sendo definidas

da seguinte maneira:

• Operadoras turísticas ou agências produtoras: aquelas que têm como objetivo principal construir pacotes19. Conjugam transporte da origem até o destino turístico, transporte na localidade visitada, serviços de guias acompanhantes e locais, hospedagem, alimentação, passeios, atividades de entretenimento, conexão com outros destinos, viabilizando o usufruto e convívio do turista com o espaço turístico.

• Agências de viagens ou agências distribuidoras: aquelas que fazem conexão entre os produtos turísticos e os consumidores. Atuam como intermediadoras entre o público consumidor e os equipamentos e serviços turísticos, tais como empresas de transportes, meios de hospedagem, serviços receptivos, restaurantes, locais de entretenimento, seguro viagem, documentação de viagem e pacotes turísticos. (BRAGA, 2008, p. 22).

É importante ressaltar que na legislação, tanto as operadoras turísticas, quanto as

agências de viagens, enquadram-se na categoria de agências de turismo. Lohmann (2008)

destaca que as operadoras turísticas além de serem responsáveis pelo planejamento,

elaboração, marketing e reserva, no que envolve a operação dos pacotes turísticos, podem

vender diretamente para o consumidor final ou utilizar canal de distribuição, notadamente às

agências de viagens.

De acordo com o mesmo autor, as agências de viagens oferecem três funções básicas:

intermediação, operação e consultoria. Nos serviços ofertados, envolvendo sua intermediação,

exercem papel de mediadora entre as empresas do setor e os turistas. No processo de

operação, sua função é planejar, organizar e vender pacotes elaborados, para atender um ou

19 Pacotes turísticos é a combinação de diversos serviços turísticos, de forma a organizar uma viagem para um grupo de pessoas, visando à diminuição de custos e, conseqüentemente, oferecendo um preço final menor do que a soma dos valores dos serviços individualizados. A produção do pacote turístico constitui o principal serviço das operadoras turísticas (BRAGA, 2008, p. 22)

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mais turistas. Esses pacotes, geralmente, distinguem-se daqueles oferecidos pelas operadoras

turísticas, uma vez que são personalizados (forfaits). Já no que tange aos serviços de

consultoria, as agências tratam de informar e aconselhar os viajantes em seus planos de

viagens, sem necessariamente vender qualquer tipo de produto turístico.

As agências de viagens, visando a atender as diferentes necessidades dos

consumidores, que estão cada vez mais exigentes, e que fazem parte de um mercado

competitivo, baseiam-se em elementos norteadores como a globalização e a tecnologia da

informação, seguindo as tendências mercadológicas, das quais envolvem transações

eletrônicas de bens e serviços, no que diz respeito aos negócios on-line, conforme

argumentam Santos e Murad:

Após a popularização da rede internacional de informações, a World Wide Web, ou apenas www, em 1994, as empresas começaram a disponibilizar informações de suas empresas na Internet através de portais (sites) e a partir daí a realizar transações eletrônicas de bens e serviços, o chamado e-commerce. (SANTOS; MURAD, 2008, p. 105).

Assim, verifica-se que a Internet se tornou instrumento importante para o trade

turístico, possibilitando uma maneira das empresas divulgarem seus serviços diretamente ao

consumidor, podendo este planejar a viagem de forma rápida e, dependendo da empresa, de

forma confiável, consultando preços; escalas; conexões de passagens aéreas em diferentes

companhias, acomodações em hotéis, locação de carros entre outros serviços e, dependendo

do interesse, poderá consolidar a compra, realizando esse trâmite, também por meio das

agências virtuais, o que constitui mais uma facilidade para o consumidor.

Contudo, é importante dominar não só as informações sobre os produtos e serviços

oferecidos no destino, mas, principalmente, saber a motivação da viagem, os desejos e

limitações do cliente, pois, só assim, poderá satisfazer, não somente as necessidades

essenciais, mas dedicar atenção especial, no que é surpreendente e inesperado, superando as

expectativas. Beni (2006) enfatiza que, nessa nova era do turismo, compram-se

predominantemente idéias, não produtos e Tomelin (2001) acrescenta:

Perceber mudanças, detectar novas necessidades, evoluir nas relações como o cliente exige know how, treinamento, ferramenta e transformar uma massa disforme de dados em informação, conhecimento profundo e ação dirigida, podendo, finalmente, mensurar o resultado de todas estas ações que deverão refletir competências de inovação praticadas pelo novo profissional – o agente de viagens. (TOMELIN, 2001 p. 107).

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Portanto, devido ao leque de canais de distribuição que o mercado oferece, o agente

deve aprimorar seus conhecimentos e utilizar-se de teorias modernas como, por exemplo,

customização, ou seja, valorizar as necessidades, oferecendo exatamente o que o consumidor

quer, preocupando-se com a qualidade na prestação de serviços, tendo como objetivo fidelizá-

los.

Os clientes desejam que o agente seja muito mais que o articulador do processo

construtivo da viagem, que o acompanhe em todo o planejamento, da viagem até o seu

retorno. Assim, é essencial que o agente faça parte, seja “cúmplice” de cada momento. Petra

define este profissional como:

O agente, ao atender um cliente, deve considerar principalmente três aspectos: psicológico, material e intelectual. O psicológico para identificar características peculiares do individuo e suas motivações de viagem; o material, para definir claramente quanto o cliente quer e pode gastar na viagem; e o intelectual para levantar o nível educacional e seus interesses intelectuais. Com esses três aspectos, o agente constrói um perfil do cliente, básico para a oferta de serviços e produtos adequados ao mesmo. (PETRA, 1986, p. 43).

Desta maneira, o agente de viagem deve ter como palavras de ordem a customização e

a fidelização. A customização permite à empresa, ao cliente ou a ambos, desenvolver um

produto, serviço ou comunicações que reflitam o valor que o cliente procura, mas não é

sinônimo de personalização. Segundo Gordon apud Tomelin (2001, p. 104) “customizar é

valorizar a personalidade do cliente, atendendo suas necessidades, desejos, gostos,

administrando seus temores”. Para Kotler e Keller a customização ocorre quando “a empresa

é capaz de produzir individualmente bens diferenciados” (2006, p. 12).

Assim, a relação entre o agente de viagem e o cliente tem início, mas não pode ter fim.

É preciso que haja preocupação contínua do primeiro em relação ao segundo, mantendo-o

informado sobre diversos assuntos, conforme suas motivações de viagens. Há estratégias que

podem trazer bons resultados, como encaminhar prospectos sobre congressos, feiras ou

mesmo descontos em datas especiais, além da utilização do call center, transformando a

central de atendimento em central de relacionamento; para isso é essencial que a agência

tenha banco de dados atualizado e confiável.

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2.3 A especialização das agências de viagens em turismo pedagógico

Verifica-se que as pessoas viajam por diferentes motivações: saúde, negócios, lazer,

religião, cultura, educação, entre outros. Devido a essa diversidade, muitas agências optaram

por especializar-se em determinado nicho de mercado, podendo focar as estratégias de vendas

em destinos como, por exemplo, Disney World ou segmentos, como Turismo Pedagógico.

Seguem abaixo as definições de Petrocchi e Bona (2001) referentes aos tipos de agências:

• Agências corporativas: focadas no mercado das empresas, vendem principalmente passagens aéreas e reservas de hotéis para organizações e executivos;

• Agências generalistas: atuam na comercialização de produtos turísticos

em geral, como os de lazer, de negócios ou qualquer outra modalidade. Podem comercializar serviços de um hotel numa região próxima ou pacotes turísticos para destinos internacionais. Sua atuação é pautada no atendimento às necessidades dos clientes;

• Agências especializadas: atuam focadas exclusivamente em um nicho de

mercado ou em um tipo específico de destino ou de turismo. (PETROCCHI e BONA, 2003, p. 152-153).

As escolas, que adotam o estudo do meio em seu currículo, podem ser consideradas

como parte de um nicho de mercado bem distinto, composto por clientes com necessidades

específicas, que vão bem além da mera realização de uma viagem. As viagens e visitas de

estudo do meio devem possibilitar ao aluno aprender, muito além de conceitos teóricos em

sala de aula, vivenciando-os por meio das atividades empíricas. Para isso, os alunos devem ser

envolvidos de fato com o meio, estabelecendo relações, entre a teoria e a prática, que atendam

às necessidades didático-pedagógicas. Entretanto, verifica-se que essas atividades, muitas

vezes, além de serem planejadas e avaliadas pelos coordenadores pedagógicos e professores,

são também por eles realizadas, ou seja, o processo de contato com o destino a ser visitado é

feito pela escola, sendo que poderia ser realizado por profissionais especializados,

principalmente, na organização e realização das viagens de estudo do meio.

Contudo, percebe-se que o turismo utilizado como recurso de aprendizagem tem sido

difundido por meio de modalidades como turismo educativo, turismo de intercâmbio cultural,

turismo educacional, turismo de estudo e turismo pedagógico que foram tendo destaque no

decorrer do tempo.

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Segundo Swarbrooke e Horner (2002), o turismo educativo tem uma longa história,

datando dos dias em que os membros enriquecidos das elites grega e romana viajavam para

melhorar sua compreensão do mundo. Em décadas mais recentes, o turismo educativo

desenvolveu-se de diversas maneiras, dentre elas: o intercâmbio de estudantes, onde os jovens

viajam para outros países com o objetivo de estudar e aprender mais sobre a língua e cultura

de outros povos e as viagens de férias com interesse especial, sendo a principal motivação

aprender algo novo, como a prática da pintura e aulas de culinária desenvolvidas em um

determinado destino.

Ansarah (2005), denomina essa segmentação como Turismo de Intercâmbio Cultural

que é resultado de segmentos já existentes, consolidando novos segmentos no mercado, sendo

atividades realizadas em vários destinos no exterior, tendo como ênfase as facilidades nas

negociações aduaneiras e crescente valorização do conhecimento de outras culturas e idiomas,

impulsionando a demanda por práticas educacionais no exterior.

[...] o mercado convencionou como intercâmbio toda e qualquer viagem de estudos de idiomas, cursos de áreas específicas, estágios no exterior, trabalho remunerado, ou seja, toda e qualquer viagem com a função de agregar algum conhecimento (GIARETTA apud ANSARAH, 2005, p.292).

Beni (2006), ressalta que o Turismo Educacional tem como referência a antiga prática

utilizada na Europa e também nos Estados Unidos, tanto por colégios, quanto pelas

Universidades particulares, sendo também adotada no Brasil por algumas escolas de elite.

Essas viagens culturais consistiam no acompanhamento de professores especializados da

própria instituição de ensino, tendo como objetivo promover o desenvolvimento educacional,

principalmente em destinações no exterior. No entanto, as viagens estão sendo cada vez mais

disseminadas no âmbito regional e nacional.

Américo Pellegrini (2000, p. 273) denomina o Turismo de Estudo como sendo “a

modalidade de turismo que inclui programas para aprendizado, treinamento, ou ampliação de

conhecimentos in situ, envolvendo os professores e os alunos com profissionais locais”. Dessa

forma, percebe-se quão importante é o envolvimento tanto da escola, quanto do destino a ser

visitado no processo de aprendizagem do aluno, ao estudar o meio ambiente, pois acredita-se

que essa reflexão e essa análise farão dele um cidadão mais consciente.

O Turismo Pedagógico é um segmento que está tendo importante destaque no Brasil.

Giaretta (2003, p. 45) o define como sendo uma “prática educacional usada por instituições de

ensino num contexto teórico e prático, que em alguns casos envolvem viagens, com

deslocamento e finalidade de estudo”.

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A agência de turismo que se especializa em determinado nicho de mercado necessita

de aproximação bem consolidada, entre agente de viagem e cliente, devido às peculiaridades e

objetivos que deverão ser atingidos durante a viagem.

No Brasil na década de 1960, surge a primeira agência de turismo a atuar com o

objetivo de fomentar o turismo pedagógico. Sediada em São Paulo, a Toledo Piza

Empreendimentos Ltda, teve como idealizador Domingos de Toledo Piza, licenciado em

Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, bacharel em

Direito pela Faculdade de Direito da USP.

Piza relata que sua trajetória com o estudo do meio, teve início na experiência

pedagógica que exerceu durante os anos de magistério, dentre eles, atuando como professor

de Pedagogia, Filosofia da Educação e História da Educação, no Instituto Caetano de

Campos. Foi em um encontro, reunindo os colégios mais elitizados de São Paulo (Santa Cruz,

Sion, Assunção, Deux Oiseaux), no ano de 1962, que Piza teve apenas 15 minutos para

apresentar o processo educativo “Estudo do Meio”. A temática desse Seminário foi sobre o

“curriculum” da Escola Nova. A proposta foi a realização de uma viagem de cunho

pedagógico, tendo os serviços da VARIG, como transportadora, e dele como organizador. No

final da explanação, o “Colégio Sion” solicitou um programa, tendo como centro de interesse

Minas – Cidades Históricas. “Iniciaram-se, assim, os primeiros roteiros sistematizados sob o

enfoque do “Estudo do Meio”, no mercado de viagens no Brasil”. (PIZA, 1992, p. 72).

Piza (1992) salienta que o primeiro roteiro sistematizado de “Estudo do Meio”, tendo

por centro de interesse Minas – Cidades Históricas, foi feito através de uma Companhia Aérea

e não de uma Secretaria de Educação. Em 1962, três colégios realizaram esse roteiro: “Sion”,

“Santa Cruz” e o “Deux Oiseaux”. No ano seguinte, o “Deux Oiseaux” solicitou um roteiro ao

Nordeste, tendo como foco as seguintes cidades: Fortaleza, Recife, João Pessoa, Salvador e

Paulo Afonso. Em 1973, já contando com grupo de profissionais de turismo, professores,

líderes e universitários, Piza publicou folhetos, divulgando os programas de viagem de cunho

pedagógico, para os colégios de São Paulo. Nesta ferramenta constava “modus fasciendi” do

processo, incluindo a possibilidade, tanto de operacionalizar, quanto customizar e

personalizar, adaptando as necessidades de cada Colégio. “Os roteiros eram passíveis de

adaptação, mediante o centro de interesse escolhido e a orientação pedagógica de cada

colégio”. (PIZA, 1992, p. 74).

Ainda segundo o autor, um dos objetivos da viagem de estudo do meio é conscientizar

os alunos de que as atividades são realizadas fora da sala de aula, mas nela se iniciam e

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terminam, mantendo sempre o foco de ensino-aprendizagem para começar a desenvolver as

fases, como descritas a seguir:

• Primeira fase: Preparação

Escolha e o preparo teórico do centro de interesse, relacionado com a viagem. Os

professores das diversas disciplinas envolvidas ministram o conteúdo necessário, inserido em

um plano integrado de ensino preestabelecido.

• Segunda fase: Execução

Realização da viagem, onde os dados são registrados por meio de figuras, entrevistas,

filmagens, conforme o interesse de cada disciplina envolvida: história, geografia, biologia,

ciência. Nesta etapa é de suma importância a interação entre professores, guias e alunos, bem

como a comunidade local e os locais visitados, adquirindo conhecimentos e gerando análises

e discussões.

• Terceira fase: Avaliação

Durante a realização da viagem, diariamente, por 15 minutos, promover um “bate

papo” informal, para verificar se os resultados estão sendo realmente profícuos. É nessa fase,

que a capacidade de raciocínio, memorização, compreensão, expressão verbal e escrita, além

do relacionamento e trabalho de grupo, serão desenvolvidas.

Após a viagem, já em classe, o aluno poderá ser avaliado de diversas formas: trabalhos

em grupo, dramatização de situações, conclusões individuais, exposição de material coletado,

apresentação de fotos e slides, e outras manifestações criativas sobre a experiência vivida,

verificando, assim, se a viagem atingiu os objetivos inicialmente propostos, pois com base nos

resultados obtidos nos trabalhos dos alunos, é possível avaliar o trabalho dos professores e

guias, assim como a eficácia da viagem.

Piza (1992, p. 77) salienta que por meio da sua operadora organizou “os primeiros

roteiros sistematizados e com preocupação ecológica a serem veiculados no mercado de

viagens no Brasil, dirigidos a um público estudantil de colégios tradicionais e elitizados da

cidade de São Paulo”. Com base nessas experiências precursoras, aliando o Turismo e a

Educação, foram desenvolvidos mais de 68 roteiros, nacionais e internacionais. A Agência

Toledo Piza foi considerada, dentro da filosofia de ensino, como – “Escola é Vida” – pois

acreditava-se que somente por meio da vivência da realidade que o aprendizado se

concretizaria. Assim, os serviços oferecidos pela agência eram roteiros especializados, tanto

em estudo do meio, quanto em viagens de confraternização, conforme o objetivo a ser

atingido pela Escola.

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2.4 O planejamento dos serviços de turismo pedagógico

Para a caracterização das atribuições e responsabilidades das agências de viagens e das

escolas, no que diz respeito ao turismo pedagógico, optou-se pelo uso de um diagrama de

serviço, ferramenta capaz de formatar e especificar os processos tangíveis.

Um diagrama de serviço é uma figura ou um mapa que representa com precisão o sistema do serviço, para que as diversas pessoas envolvidas na sua execução possam compreender e trabalhar com o serviço de forma objetiva no que diz respeito aos seus próprios papéis ou aos seus pontos de vista individuais. (ZEITHAML; BITNER, 2003, p. 69).

O diagrama de serviço representado na figura 2, exemplifica os quatro campos de ação

que caracterizam o serviço de turismo pedagógico: as ações dos clientes, o contato de linha de

frente, o contato de retaguarda e os processos de apoio. Estes campos de ação são separados

por três linhas horizontais. A primeira é a linha de interação, representando as interações entre

cliente (escola) e empresa (agência). A segunda linha horizontal é a linha de visibilidade que

separa todas as atividades de serviços, visíveis ao cliente, daquelas que não o são. Essa linha

também separa o que os funcionários de contato fazem na linha de frente e o que é feito na

retaguarda.

A terceira é a linha de integração interna, que separa as atividades do pessoal de

contato, daquelas do pessoal ligado a outras atividades, e funcionários responsáveis pelo

apoio aos serviços. As linhas verticais, que cruzam a linha de interações, representam os

contatos internos, bem como as evidências físicas que referem-se ao contato com os

elementos tangíveis do serviço.

No processo de serviço elaborado, como exemplo, primeiramente, a agência de

turismo encaminha via correio ou e-mail, prospectos sobre os serviços da agência

especializada em turismo pedagógico (linha de visibilidade). Depois do primeiro contato, o

agente de turismo (linha de interação) agenda um horário com o coordenador pedagógico e

professores, com o objetivo de compreender informações sobre a inserção do estudo do meio

no processo de ensino-aprendizagem, tendo como referências a proposta pedagógica, o

currículo e o perfil do aluno, visando a entender o universo escolar, tanto no que diz respeito

às necessidades pedagógicas, quanto às organizacionais, das quais servirão como base para a

formatação do desenho do roteiro turístico.

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A partir do entendimento das necessidades pedagógicas e organizacionais da viagem,

o terceiro passo é contatar as empresas prestadoras de serviços (linha de integração interna),

desde hotéis, restaurantes, serviços de recepção, horários e valores dos atrativos, até, se

necessário, agendar horários com palestrantes, artesãos etc.

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Figura 2: Diagrama de Serviços - Agência de turismo especializada em turismo pedagógico Fonte: Roberta Monteiro. Figura adaptada do diagrama de serviços de hospedagem em hotéis, elaborado por Zeithaml; Bitner, 2003, p. 197

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Depois de algumas reuniões com o coordenador pedagógico (linha de interação),

culminando no fechamento do roteiro turístico, será realizada a viagem (evidências físicas),

tendo o guia de turismo como representante da agência. Após a viagem, é importante que o

agente de turismo (linha de interação) realize avaliações com os coordenadores e professores,

visando a verificar se os objetivos e expectativas da viagem foram atendidos, começando

assim um novo ciclo.

2.5 A análise das necessidades e expectativas das escolas

É importante que os agentes de viagens conheçam os tipos de expectativas do

consumidor, evidenciando o universo que contempla as viagens pedagógicas. De acordo com

Zeithaml e Bitner,

as expectativas dos clientes são crenças a respeito da execução do serviço que funcionam como padrões ou pontos de referência com relação aos quais o desempenho é julgado. Conhecer o que o cliente espera é o primeiro e possivelmente o mais importante passo na prestação de serviço de qualidade (2003, p. 66).

De acordo com Zeithaml e Bitner (2003, p. 78), as expectativas dos clientes podem ser

determinadas pelos seguintes elementos: serviço desejado e adequado; zona de tolerância;

intensificadores permanentes e transitórios de serviços; necessidades pessoais; alternativas

percebidas de serviços; papel do serviço percebido pelo próprio cliente; fatores situacionais;

promessas explícitas e implícitas de serviços; boca a boca, experiência passada. Estes

elementos são ilustrados, conforme a figura 3.

No centro da figura está a perspectiva detalhada das expectativas, ressaltando os dois

níveis - desejado e adequado - e a zona de tolerância que os separa. Os elementos, mostrados

com a seqüência de caixa dos lados do modelo, representam as fontes que influenciam a

formação das expectativas.

Um fator que influencia o serviço adequado é o serviço esperado, que é o nível de

serviços que os clientes acreditam que irão receber. Desta maneira, se a escola contratar os

serviços de agência especializada em turismo pedagógico, a expectativa é que o guia de

turismo, não só acompanhe e esclareça informações sobre o atrativo, natural ou cultural, mas

que exerça papel de articulador entre o aluno e o meio, auxiliando os professores em assuntos

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mais específicos que foram, previamente, estudados em sala de aula, como por exemplo:

botânica, história, geografia, etc.

INTENSIFICADORES PER-MANENTES DE SERVIÇOS

- expectativas derivadas- filosofias pessoais de serviços

NECESSIDADES PESSOAIS

SERVIÇOESPERADO

serviçodesejado

zonda de tolerância

serviçoadequado

SERVIÇO PERCEBIDO

INTENSIFICADORES TRAN-SITÓRIOS DE SERVIÇOS- emergências- problemas com serviços

ALTERNATIVASPERCEBIDAS DE SERVIÇOS

PAPEL DO SERVIÇO PERCEBIDO PELO PRÓPRIO CLIENTE

FATORES SITUACIONAIS- mau tempo- catástrofe- aumento caótico da demanda

PROMESSAS EXPLÍCITAS DE SERVIÇOS- propaganda- venda pessoal- contratos- outras comunicações

PROMESSAS IMPLÍCITAS DE SERVIÇOS- tangíveis- preço

- pessoal- "especialistas" (relatos de consumidores, propagan-da, consultores, pessoasque nos substituem nacompra de serviços

BOCA A BOCA

EXPERIÊNCIA PASSADA

SERVIÇO ESPERADO

Figura 3 - Natureza e determinantes das expectativas do cliente em relação aos serviços Fonte: Zeithaml e Bitner, 2003, p. 78

O serviço desejado é o nível de serviço que o cliente desejaria receber. Desta maneira,

as escolas desejam que as viagens de estudo do meio organizadas pelas agências de turismo

tenham êxito organizacional e operacional, proporcionando aos alunos ferramentas, onde

estes possam aprender conforme previamente planejado e discutido em sala de aula.

Já o serviço adequado pode ser definido como o nível de serviço que o cliente aceitará,

ou seja, a expectativa mínima tolerável, o nível mais baixo de desempenho aceitável na sua

perspectiva. Exemplificando: a escola tem serviço adequado ao contratar uma agência de

viagens que atenda a diversos públicos, sabendo que irá usufruir do serviço de guia de turismo

que acompanhará a turma e irá informar de forma genérica os aspectos principais sobre os

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atrativos, sem ater-se em transmitir informações mais específicas, por falta de conhecimento

ou de empatia, sobre o assunto a ser estudado pelo grupo, ou seja, cumprirá o roteiro

planejado, mas sem estabelecer relações entre a vivência e a teoria, de forma a atingir os

objetivos de ensino-aprendizagem esperados pela escola.

De acordo com Zeithaml e Bitner (2003, p. 69) a zona de tolerância pode ser definida

como sendo:

[...] a região formada pelo reconhecimento dessa variação e pela disponibilidade em aceitá-la. Se os serviços ficarem aquém do nível de serviço adequado – nível mínimo considerado aceitável -, os clientes ficarão frustrados e sua satisfação com a empresa não deverá ser determinada. Se o desempenho dos serviços ultrapassar os limites superiores da zona de tolerância – com o desempenho excedendo o serviço desejado -, os clientes ficarão muito satisfeitos e é provável que fiquem igualmente surpresos.

Sob esta ótica, um plano de viagem de estudo do meio deveria tentar traduzir

claramente as expectativas da escola, especificamente no que diz respeito aos componentes do

plano de ensino, com o objetivo de diminuir a lacuna entre o serviço esperado e o serviço

prestado, estabelecendo um instrumento de controle comum para a agência e a escola. O

quadro 3, elaborado para exemplificar esta idéia, caracteriza um plano de visita a um

assentamento de trabalhadores rurais. Este modelo de roteiro turístico adaptado ao plano de

ensino poderia ser ainda mais detalhado, conforme os objetivos de aprendizagem almejados

pela escola contratante do serviço de uma agência de viagens.

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Quadro 3 Agência de Turismo: Plano de visitas técnicas e viagens de estudo do meio – Visita ao Assentamento do MST Fonte: Roberta Monteiro. Quadro adaptado do plano de unidade, elaborado por Turra et al., 1995, p. 257

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2.6 Principais questões identificadas para pesquisa

Com base nos aspectos analisados neste capítulo, pode-se destacar algumas questões

que julgamos ser interessantes, tais como:

Verificar se as agências de turismo que atendem o público escolar são operadoras

turísticas ou agências de viagens;

Identificar se as agências utilizam documentos da escola como, por exemplo, o quadro

curricular e o conteúdo de cada disciplina envolvida nas atividades de estudos do meio?

Entender a função das agências de turismo no processo de planejamento, elaboração,

realização e avaliação das atividades de campo;

Verificar de que maneira os agentes de viagens identificam as necessidades

pedagógicas e as expectativas dos educadores e como eles avaliam se foram realmente

atendidas.

Estas e outras questões provenientes da reflexão teórica estão consolidadas no roteiro

de pesquisa de campo.

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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

Com o objetivo de observar empiricamente as relações entre escolas e agências, foi

realizada a pesquisa de campo junto a dois colégios, Santa Cruz e Carandá, e duas agências,

Quíron Turismo Educacional e Ambiental Expedições.

A escolha para realizar a pesquisa no Colégio Santa Cruz deu-se pelo fato de ser um

das primeiras escolas a realizar o estudo do meio utilizando-se dos serviços de uma Agência

de Turismo. A Escola Carandá foi escolhida por realizar atividades de campo há mais de 30

anos e também por realizar atividades de estudo do meio em assentamentos do MST. A

pesquisadora teve a oportunidade de participar de uma visita a um assentamento como

observadora, verificando assim as atribuições da escola e da agência de turismo durante a

viagem na qual irá relatar a sua experiência neste capítulo.

A agência de turismo (operadora) Quíron Turismo Educacional foi escolhida por

prestar serviços tanto ao Colégio Santa Cruz como ao Colégio Carandá, podendo contribuir

com informações de ambas instituições. A Agência Ambiental Expedições foi escolhida por

organizar viagens de estudos do meio em ambientes naturais, como Pantanal, ao Colégio

Santa Cruz.

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, utilizando-se roteiro elaborado a partir

das variáveis destacadas na revisão teórica. Foram entrevistados o orientador educional Sr.

Sílvio Hotimsky (Colégio Santa Cruz) e a coordenadora pedagógica Srta. Milena Terron

(Colégio Carandá), que planejam as atividades de campo juntamente com os professores, e

com os agentes de viagens Sr. José Zuquim (Agência Ambiental) e o Sr. Marcelo Salum

(Agência Quíron), responsáveis pelo processo de elaboração, realização e avaliação das

viagens de estudos do meio.

Além das entrevistas, a pesquisa de campo incluiu acompanhamento de uma visita ao

Assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizada pelo

Colégio Carandá e pela Agência Quíron Turismo Educacional.

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3.1 Colégio Santa Cruz

O Colégio Santa Cruz tem suas tradições fundadas na Congregação de Santa Cruz20.

No Brasil, no ano de 1952, alguns padres canadenses iniciaram as atividades pedagógicas.21.

Durante os primeiros 15 anos, o Colégio Santa Cruz foi um colégio de padres, já que, além de lecionar, ocupavam todos os cargos de direção. Recém-chegados do Canadá, os jovens eram encaminhados para cursos de especialização e integrados à equipe, que chegou a contar, em 1962, com 12 religiosos. (COLÉGIO SANTA CRUZ, 2008).

Inicialmente, o Colégio teve suas instalações no Ginásio Santa Cruz (sediado na Av.

Higienópolis, 890)22, em casa emprestada pela Cúria Metropolitana de São Paulo. Nesta época

oferecia apenas o regime de semi-internato, com 60 alunos do sexo masculino divididos em

duas classes de 1º série ginasial (atual 5º série).

Figura 4: Ginásio Santa Cruz, em 1952 Fonte: Colégio Santa Cruz, 2008.

20 Fundada em 1835 pelo padre Basil Moureau, na cidade francesa de Le Mans. Teve seus ideais levados para o Canadá em 1847. Naquele período, o objetivo era reconstruir o sistema escolar franco-canadense, devido a intervenção dos ingleses, um século antes. 21 No período de 1952 a 1992 o colégio foi dirigido pelo padre Lionel Corbeil e, a partir de 1993, pelo professor Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães. 22 Desde 1957 o colégio situa-se na Avenida Arruda Botelho, 255, Alto de Pinheiros, contemplado com uma área de 50.000 m2

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Atualmente, o Colégio conta com 192 professores e cerca de 2.750 alunos

matriculados nos cursos de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino

supletivo.

Figura 5: Colégio Santa Cruz, em 2007 Fonte: Colégio Santa Cruz, 2008.

O projeto educacional tem com proposta preparar jovens, tendo como referência três

princípios norteadores, sendo eles: “a tradição e o saber humanístico do passado, a dimensão

tecnológica e global que aponta para o futuro e a interação contínua com as necessidades e

expectativas presentes”. Contudo, para realizar tal projeto baseou-se na articulação do

dinamismo curricular e a tecnologia disponível à aprendizagem, incentivando o aluno de todas

as faixas etárias a ser capaz de ter domínio crítico do conhecimento, da produção criativa e

multicultural, da consciência política e da ação social.

Em 06 de junho de 2008 foi realizada entrevista com o Sr. Silvio Hotimsky, graduado

em Ciências Sociais, pós-graduado em Psicologia Social e especialista em Psicanálise,

participa de trabalhos de campo há mais de 25 anos.

No colégio há quatro orientadores educacionais no ensino fundamental 2 (5º a 8º

séries), sendo que cada dupla é responsável por um ciclo. Eles organizam as atividades de

estudos do meio, contanto com a colaboração da agência de turismo, ainda que as propostas

sejam elaboradas pelos professores, que discutem e propõem um determinado destino e

conteúdos para serem vistos.

“A viagem é uma parte do trabalho, em toda a viagem tem questões, temas, conceitos a serem desenvolvidos e a viagem é um dos elementos, ou seja, o

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trabalho em campo é um meio, pois compreende-se em um pré-campo, campo e pós-campo” (Informação verbal)23.

Na etapa que se refere ao planejamento das atividades relacionadas ao estudo do meio,

os professores elaboram uma proposta de trabalho, geralmente no ano anterior sendo

repassadas aos orientadores pedagógicos da turma. Uma vez aprovada, os detalhes são

discutidos entre os professores, orientadores e agentes de viagens, afinal “é um trabalho em

conjunto entre escola e operadora” e as adequações são feitas durante a organização e

realização das viagens. Esses trabalhos estão atrelados ao projeto pedagógico e utilizam os

PCNs como referência, entre outros documentos da Escola.

Há duas agências parceiras: a Agência Quíron (atende 5ª e 7ª séries) e a Agência

Ambiental (atende 6ª e 8ª séries). Seguem abaixo as atividades desenvolvidas no ensino

fundamental:

• 5ª série: estuda-se a Baixada Santista, região industrializada, densamente povoada e de capital importância econômica do litoral de São Paulo, com destaque para as transformações ocorridas e os impactos causados.

• 6ª série: os alunos conhecem o litoral sul de São Paulo, região

escassamente povoada, pouco desenvolvida, com uma economia ainda marcada pelo extrativismo e artesanato, mas com sintomas de evolução tecnológica e áreas de minuciosa preservação ambiental.

• 7ª série: a viagem é para as cidades históricas de Minas Gerais,

sensibilizando o aluno para uma produção cultural que, em seus aspectos econômico, histórico, topográfico, geológico, arquitetônico, religioso, artístico e humano, é de fundamental relevância na formação da identidade nacional, qualquer que seja a definição que dermos a ela.

• 8ª série: os alunos conhecem o grande ecossistema do Pantanal, onde são

desenvolvidas pesquisas voltadas para os problemas ecológicos e condições de desenvolvimento sustentável. (COLÉGIO SANTA CRUZ, 2008).

Após a escolha dos destinos pela escola, as operadoras fazem, inicialmente, reunião

com os orientadores pedagógicos e depois com os professores. A escola apresenta a

bibliografia que será utilizada pelos alunos, os principais conceitos que serão utilizados em

campo; mostram toda a trajetória que se pretende realizar e a partir daí se estabelece uma

23 Dados da entrevista. Pesquisa realizada com o Sr. Silvio Hotimsky, orientador educacional, do Colégio Santa Cruz em 06/06/2008.

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conversa com o objetivo de melhor viabilizar a proposta pedagógica, financeira e operacional

da viagem.

Neste momento, identificam-se quais locais a escola quer visitar, o contato com as

autoridades e a comunidade. A agência operacionaliza todo o processo, realizando a melhor

logística para o êxito da viagem. “Este trabalho é muito mais que personalizado, pois

demanda um saber educacional. As agências viabilizam o que a escola deseja para as

atividades em campo” (Informação verbal)

Por ser uma atividade interdisciplinar, muitos professores se envolvem em todo o

processo da viagem (pré, durante e pós), mas, segundo o Sr. Silvio, infelizmente há professor

que ainda questiona o objetivo das viagens de estudos do meio, não entendendo o propósito

deste método de ensino. Mesmo assim, o Colégio incentiva todos os professores

encaminharem projetos para a realização destas atividades in loco, pois considera que essas

atividades devem estar alinhadas com o conteúdo curricular das séries.

O material didático é elaborado pela escola sendo que a agência apenas auxilia com

algumas informações sobre a localidade. Na 7º série os professores elaboram uma apostila,

entregando-a pronta aos alunos e na 8º série os alunos têm de elaborá-la.

O Sr. Silvio foi questionado se há resistência dos pais em deixar seus filhos realizarem

esses trabalhos de campo e ele informou que “os pais confiam na escola. É uma atividade

considerada bem tradicional no colégio. Muitos pais que são ex-alunos já realizaram as

viagens que os filhos fazem atualmente.”

Referente aos aspectos financeiros que correspondem ao pagamento da viagem o Sr.

Silvio informou que:

Apesar de as viagens serem planejadas antecipadamente e previamente comunicadas aos pais, alguns têm dificuldades em pagar. Nesse sentido, tanto a escola, quanto a operadora tentam, da melhor forma, sanar essa dificuldade, dividindo o valor do pacote em mais parcelas, facilitando, assim, o pagamento da viagem. (Informação verbal).

Segundo o Sr. Silvio, o colégio trabalha com duas agências para realizar essas viagens:

a operadora Quíron que organiza as viagens a centros urbanos como a cidades de Santos (SP)

e Cidades Histórias (MG); a operadora Ambiental especializada nos meios naturais como

Lagamar (SP) e Pantanal (MT). Ele afirma que está satisfeito com as duas agências e que

ambas operam as viagens em conjunto com a escola, colaborando em todo o processo da

viagem pré, durante e pós-campo.

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A preocupação com a saúde e segurança dos alunos são itens que o Colégio preza

bastante. Desta maneira, é entregue ao aluno um formulário que deve ser rigorosamente

preenchido. É uma das normas para que o aluno viaje com o grupo.

De acordo com o Sr. Silvio, é necessário que a agência seja muito bem informada e

flexível para adequar-se a adaptações que devem ser realizadas, devido a mudanças de última

hora. Ele informou como exemplo, uma viagem à Chapada dos Guimarães, onde devido a um

deslizamento de terras24, que impossibilitou a entrada dos alunos no parque, a agência teve

que oferecer outros locais para que os objetivos pedagógicos da viagem fossem mantidos, não

causando prejuízo aos alunos. “Os monitores contratados pela agência são muito mais que

guias eles são pessoas qualificadas por terem conhecimento sobre determinados assuntos e

também por terem aptidão para lidar com adolescentes” (Informação verbal).

A etapa de avaliação com os alunos tem como princípio que sejam socializadas as

informações obtidas durante a viagem com os demais colegas. Segundo o Sr. Silvio (2008),

“Cada trabalho de campo gera um produto. Este ano os alunos têm de fazer um painel e um

artigo científico. Neste momento, é entre eles, e no final do ano são incluídas outras turmas”.

A avaliação do aluno pode acontecer de diversas formas, ou seja, desde um relato

ficcional que pode transformar-se em uma peça teatral ou artigo científico dando destaque a

um problema que culmina em debates, a até, por exemplo, uma avaliação mais objetiva,

contando com perguntas e respostas.

É importante ressaltar que, quando questionado sobre sua opinião referente à

terminologia utilizada, o entrevistado afirmou não achar apropriado o termo “Turismo

Pedagógico”, pois, para ele, o termo turismo associa-se a passeio, quando a finalidade dessas

viagens é estudo, preferindo assim referir-se a essa atividade como “trabalhos em campo”.

3.2 Escola Carandá

A Escola Carandá, está atuando na área de educação desde 1978, situa-se na Rua

Diogo de Faria, 1338, bairro Vila Mariana na cidade de São Paulo – SP - e dá subsídios para

24 “ Deslizamento fere cinco na Chapada dos Guimarães: Grupo de 35 turistas estava fazendo trilha no parque de Mato Grosso”. (http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora acesso em 15 de junho de 2008)

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que os alunos sejam “seres integrais, que só se desenvolvem harmoniosamente se o intelecto,

a emoção e a socialização forem tratados com o mesmo cuidado”.

A Escola Carandá nasceu com o objetivo educacional que visa primordialmente o Ser Humano - único, total, livre, flexível, responsável, cooperador e criativo que utiliza seus conhecimentos para criticar, participar, cooperar e reformular a sociedade em mudança. Nela, o aluno aprende a enfrentar os desafios que a vida e os novos tempos irão propor. Desenvolve, harmoniosamente, suas potencialidades intelectuais, físicas e emocionais. (ESCOLA CARANDÁ, 2008).

No dia 13 de junho de 2008 foi realizada entrevista com a Srta. Milena Terron,

coordenadora pedagógica do ensino fundamental ciclos 3 e 4 (5º a 8º séries). Formada em

pedagogia trabalha na escola há 10 anos.

De acordo com a Srta. Milena, as viagens de estudos do meio acontecem desde o

início de suas atividades, ou seja, há 30 anos. É um trabalho interdisciplinar que se aprimora a

cada ano. A linha pedagógica utilizada pela escola é a construtivista: “incentivamos que o

aluno construa o seu conhecimento por meio de perguntas, reflexões, discussões e que não

absorva apenas informações passadas pelo professor, incentivamos o diálogo”. A

terminologia utilizada pela escola é “estudo do meio” ou “saídas curriculares”, mas não se

opõe à terminologia “turismo pedagógico”.

No ensino fundamental, ciclos 1 e 2, (1º a 4º séries) o estudo do meio é realizado por

meio de visitas, ou seja, os alunos não dormem no destino, já no ensino fundamental 2, ciclos

3 e 4 (5º a 8º séries) os alunos realizam tanto visitas, quanto viagens sendo que em muitos

casos precisam pernoitar no destino.

Na 5º série os alunos visitam o Parque Varvito situado na cidade de Itu (SP). O grupo

também viaja para a cidade de Santos (SP). O objetivo desta primeira viagem é entender a

essência do estudo do meio como método de ensino, ou seja, como devem observar, analisar e

registrar as informações que são necessárias para o aprendizado.

Já na 6º série os alunos realizam a visita ao centro da cidade de São Paulo verificando

a arquitetura, entre outros elementos, e a viagem é realizada para Rancho Paumar25 em Itatiba

(SP). De acordo com a Srta. Milena, esta viagem tem como objetivo “propiciar que o aluno

tenha um olhar diferenciado para observar elementos da natureza e perceber a importância da

cooperação perante o grupo”

25 http://www.paumar.com.br/quem_somos.htm

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Na 7º série a visita é para o Assentamento do MST26 (Movimento dos Trabalhadores

Rurais sem Terra) localizado na cidade de Sumaré (SP). Já a viagem tem como destino o

Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Picinguaba27 em Ubatuba (SP). “Os alunos

estudam a mata Atlântica, mata de restinga, os costões rochosos, além de conhecerem um

pouco da cultura caiçara em conversas com moradores locais”.

Na 8º série os alunos lêem o livro O Cortiço, de Aluisio de Azevedo e visitam um

cortiço, além de viajarem para as Cidades Históricas, verificando, in loco, um pouco mais

sobre a história do Brasil Colonial.

De acordo com a Srta. Milena, pelo fato da Quíron trabalhar há muito tempo com a

escola, as necessidades pedagógicas são sempre atendidas, havendo apenas algumas reuniões

prévias. Entretanto, quando é um destino que será realizado pela primeira vez, como acontece

este ano com o Núcleo Picinguaba, em substituição à Ilha do Cardoso (SP), o processo de

planejamento tem de ser mais detalhado havendo mais reuniões com os orientadores

pedagógicos e professores. Em alguns casos, os professores das disciplinas envolvidas vão

antecipadamente ao destino para coletar informações mais específicas, com o objetivo de

elaborar o material didático mais detalhado e, assim, completo. Além disso, a escola conta

com a colaboração do monitor, por ser especialista em determinada área. “No caso de

Picinguaba solicitamos que o monitor seja biólogo e que conheça muito bem a localidade para

auxiliar-nos na elaboração do roteiro e da apostila que será utilizada pelos alunos”.

Nos demais casos, onde os destinos já foram realizados, os professores adequam as

informações nas apostilas, conforme as necessidades pedagógicas de cada turma. Por fim, a

Quíron providencia a impressão com o logotipo da escola e da operadora, além da quantidade

necessária. Esse material é encaminhado previamente aos professores, complementando o

livro didático utilizado em sala de aula.

A Srta. Milena informou que, neste ano, os professores de história, do ensino infantil

ao médio, reuniram-se diversas vezes para verificar se há lacunas no aprendizado dos alunos,

pois é preciso que se tenha uma seqüência no conteúdo. A entrevistada ressalta que os “PCNs

são utilizados para reflexão, discussão e conforme o interesse é feita adaptação no currículo”

O estudo do meio está contemplado no projeto pedagógico com o título de “saídas

curriculares”. O Colégio utiliza este método de ensino há mais de 30 anos e considera os

resultados como sendo muito positivos. Sobre a relevância do estudo do meio, a entrevistada

26 A visita ao Assentamento será detalhada mais no final deste capítulo. 27 http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/turismo/int_tureco_picing.htm

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citou o caso de um aluno que tinha dificuldades na disciplina de história e, ao voltar da

viagem de Ouro Preto, apresentou significativo progresso no aprendizado nessa disciplina.

Referente à parte financeira a operadora passa o valor do pacote à escola, utilizando

contrato de prestação de serviços e, a escola com base no valor e levando em consideração as

horas extras dos professores que irão acompanhar a viagem, repassa o cálculo aos pais já no

inicio do ano. Quando necessário, a agência de turismo parcela em mais vezes para os pais

que têm dificuldades em pagar

Além de os professores acompanharem os alunos em todas as viagens, uma

orientadora educacional também os acompanha. Segundo a entrevistada, “enquanto o

professor preocupa-se com o conteúdo, a orientadora Isa Maria Telles Silveira, psicóloga,

acompanha os alunos com o objetivo de auxiliar nos aspectos psicológicos e sociais”.

A Srta. Milena elogiou o trabalho da agência de turismo referente à logística da

viagem e à escolha dos serviços turísticos oferecidos (hospedagem, alimentação, transporte),

observando que gosta muito de ter a parceria com a Quíron, pois eles auxiliam a Escola

sempre que este precisa modificar ou inovar algo, “da melhor maneira possível”. Quando algo

não atende às expectativas, basta informar que a Agência providencia alterações nas próximas

viagens. O contato com o destino é feito pela agência inclusive quando tem palestras ou

entrevistas com pessoas da comunidade. Ela salienta ainda que “os monitores além de serem

profissionais qualificados, são muito atenciosos com o grupo. Eles auxiliam os alunos

despertando interesse em determinados assuntos, pois já leram a apostila que será utilizada

pelos discentes”.

Além da ficha de saúde, a escola solicita que seja assinado um termo de compromisso

para que o aluno esteja ciente sobre aspectos como bebida, levar objetos indevidos, quebrar

algo durante a viagem, alguns procedimentos e comportamentos que deverão ser respeitados.

A avaliação realizada aos alunos começa já no destino, é diária e individual. A

coordenação estipula um peso para cada requisito há pesos diferentes levando em

consideração os seguintes critérios: organização, cooperação, responsabilidade, além da parte

educacional que cada professor tem o livre arbítrio para avaliá-lo, podendo ser por meio de

uma avaliação escrita, peça teatral, elaboração de um jornal. De acordo com a Srta Milena,

todos os alunos devem entregar a apostila preenchida para serem avaliados, mesmo aqueles

que não foram à viagem.

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3.3 Quíron Turismo Educacional

A Quíron Turismo Educacional atua no mercado de viagens de estudos do meio e

formatura desde 1992. Situa-se na cidade de São Paulo, na Rua Fernão Dias 125. Foi

realizada entrevista em 19 de junho de 2008 com Sr. Marcelo Salum, economista e pós-

graduado em planejamento e marketing turístico, atuando neste nicho de mercado, desde 1992

como agente de viagem.

O Sr. Marcelo informou que, durante o processo de planejamento das viagens ocorrem

previamente reuniões com os coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais e

professores. O intuito desses encontros é entender as necessidades pedagógicas da turma de

alunos que irá realizar o estudo do meio, levando em consideração o conteúdo ministrado

pelos professores das disciplinas envolvidas. Apesar da operadora não ter contato com o

projeto pedagógico, nem com o quadro curricular da turma, o Sr. Marcelo salienta que “todas

as informações importantes são passadas verbalmente pelos orientadores e professores”. Com

base nessas informações, o agente de viagem e os professores começam a desenhar o roteiro

turístico, desde o destino e atrativos a serem visitados até contatar as pessoas da comunidade

consideradas importantes de serem entrevistadas pelos alunos, visando a melhor suprir as

necessidades pedagógicas dos discentes.

Os monitores que acompanham os grupos de alunos durantes as viagens são, inúmeras

vezes, guias de turismo (muitos registrados pela EMBRATUR – Instituto Brasileiro de

Turismo), e todos os profissionais que prestam serviços na operadora são graduados nas mais

diversas áreas (história, geografia, biologia, ecologia, etc). Esses profissionais, além de

passarem informações gerais e específicas sobre determinado destino ou atrativo, são

qualificados para se preocuparem com questões referentes à integridade física e psíquica dos

alunos e professores28.

No que se refere às linhas pedagógicas, o Sr. Marcelo informou que a maioria das

escolas considera-se construtivista, por trabalharem com o estudo do meio e já terem a

concepção de que o aluno tem a possibilidade de construir o seu conhecimento. Entretanto,

observou que a referência pedagógica utilizada pela escola não interfere no planejamento ou

operação das viagens, já que as escolas informam antecipadamente as suas necessidades.

28 Desta maneira, a agência faz uma ficha de saúde que é passada para os alunos e professores preencher, colocando se há alguma contra-indicação a remédios, alergia a algum inseto.

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Apesar da operadora já ter alguns destinos estabelecidos para a realização das viagens

de estudo, como veremos a seguir, ela adapta os roteiros turísticos mais “tradicionais” ou

elabora um novo roteiro, pois o objetivo é atender as necessidades pedagógicas, financeiras e

organizacionais de cada grupo de aluno. Como exemplos de roteiros, foram citados:

• Praia do Forte (Salvador / BA): arte barroca baiana, Brasil Colonial, preservação ambiental, conservação ambiental, manifestações culturais;

• Pantanal – (MT): regime hídrico do Rio Paraguai, o homem pantaneiro, fauna e flora do Pantanal e Bonito, turismo e seus impactos, formações cársticas;

• Brasília – Chapada dos Veadeiros (DF / GO): organização política e federal, planejamento urbano, arquitetura moderna, movimentos migratórios e expansão urbana, unidades de conservação: cerrado e matas de galeria;

• Cavernas do Petar (SP): espeleologia, preservação ambiental, comunidades quilombolas, geomorfologia e biodiversidade;

• Projetos Literários - Grande Sertão Veredas (MG): viagem de barco com pernoite pelo Rio São Francisco, a biodiversidade do Parque Nacional, grande sertão veredas, espeleologia no Parque Nacional e Cavernas do Peruaçu;

• Os sertões: Guerra de Canudos (BA): início do Brasil República, diferenças sociais entre o litoral pré-industrial e o interior agrário, o sertanejo, a flora e a fauna da caatinga brasileira, a literatura pré-modernista, transformação de energia: UH Paulo Afonso;

• São Paulo (SP): urbanização, industrialização, imigração, patrimônio histórico e cultural;

• Campinas I (SP): Holambra (monocultura do café e transporte ferroviário, imigração, astronomia, relação entre zonas urbanas e rurais e produção e comércio agrícolas);

• Campinas II (SP): Indaiatuba e Sumaré (ocupação do interior paulista, relação de trabalho e propriedade e movimentos sociais/MST);

• Roteiro dos Bandeirantes (SP): Santana de Parnaíba, Pirapora, Porto Feliz, Salto e Itu (bandeirantismo, problemática ambiental e social do Rio Tietê, geomorfologia dos varvitos de Itu e preservação patrimonial e memória);

• Tiradentes, São João del Rey, Congonhas do Campo, Ouro Preto, Mariana, Sabará, Parque Natural do Caraça (MG): arte barroca mineira, Brasil Colonial, conspiração mineira e exploração do ouro, arquitetura e estratos sociais, processo seletivo de memória, patrimônio histórico e ambiental, ambientes naturais: cerrado, matas de galerias, campos rupestres e mineração atual;

• Oeste Paulista I (SP): Limeira, Iracemápolis, Cordeirópolis: (industrialização do interior, preservação patrimonial e ocupação do solo:

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cana-de-açúcar e cítricos);

• Oeste Paulista II (SP): Ribeirão Preto, Sertãozinho, Araçatuba e Ilha Solteira: (relações de trabalho e propriedade, ocupação do interior: monoculturas e pecuária, industrialização, movimentos sociais – MST, preservação ambiental e transformação de energia);

• Barra Bonita, Corumbataí e Jundiaí (SP): gerenciamento de recursos hídricos, transformação e utilização de energia, impactos ambientais, produções industrial e artesanal;

• Juréia (SP): biodiversidade, ambiente litorâneos, unidades de conservação: ocupação humana e preservação ambiental;

• Baixada Santista (SP): Santos, Cubatão, Bertioga e Guarujá (Patrimônio histórico e cultural, biodiversidade, preservação ambiental, ambientes litorâneos, vocações turística, industrial, comercial e portuária);

• Ilha do Cardoso (SP): Iguape, Cananéia, Ilha do Cardoso e Ilha Comprida (Patrimônio histórico, cultural e arqueológico (sambaquis), preservação ambiental, biodiversidade, ambientes litorâneos, unidades de conservação, comunidades locais (indígenas, quilombolas e caiçaras);

• Angra dos Reis (RJ): patrimônio histórico e cultural, arquitetura colonial, preservação ambiental, biodiversidade, unidades de conservação, comunidades caiçaras, utilização de recursos naturais, etc. (QUIRON, 2008)

Tendo delineado as informações de planejamento como data, destino, quantidade e

perfil dos alunos, começa então a parte operacional, ou seja, a operadora inicia o contato com

os prestadores de serviços turísticos. Desde os meios de transportes que serão utilizados

durante a viagem, sejam aéreo, rodoviário, fluvial ou marítimo até a procedência e a reserva

dos restaurantes.

De acordo com o Sr. Marcelo, quando a viagem ocorre pela primeira vez com um

grupo de alunos, a operadora encaminha um colaborador da empresa que, juntamente com o

professor, planejam o trajeto que os alunos irão fazer, visando a adquirir mais informações

sobre a localidade, além de minimizar possíveis transtornos e manter um contato direto com a

comunidade receptora.

Além do planejamento e organização outra etapa essencial para o bom

desenvolvimento das atividades pedagógicas é o da avaliação. O Sr. Marcelo enfatizou que é,

neste momento, que ele verifica se houve problemas durante a viagem e faz questão de saber a

opinião e sugestões dos professores que acompanharam o grupo, pois é por meio dos docentes

que o agente de viagem verifica se as necessidades pedagógicas dos discentes foram supridas.

Neste sentido, muitas escolas fazem questão de chamar o agente de viagem e os

monitores que acompanharam o grupo para presenciarem os trabalhos posteriormente

desenvolvidos pelos alunos, seja uma peça de teatro, jornal, mesa redonda, etc. Este é o

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momento de finalização das atividades de campo realizadas, para assim dar início às

atividades de estudo do meio do semestre/ano seguinte.

Foi perguntado se alguma escola, no final de cada viagem, sociabiliza os trabalhos

escolares, elaborados pelos alunos, com a comunidade visitada. Ele disse que infelizmente

não, mas que incentivaria esta ação da escola perante a comunidade que a recebe, já que a

escola vai justamente para estudar a localidade, podendo, assim, colaborar com possíveis

problemas, portanto, integrando o senso comum com o cientifico. No entanto, o Sr. Marcelo

não concorda que, ao visitar uma localidade, a escola leve “agradinhos” como livros

didáticos, pois o aluno pode tornar-se conivente com a situação e achar que está fazendo a sua

parte enquanto cidadão, porém sem enxergar de fato a situação real das pessoas que moram na

localidade. Contudo, ele diz não ser contra a comunidade cobrar uma taxa para mostrar a sua

cultura, como por exemplo, as comunidades quilombolas e indígenas.

A operadora facilita o pagamento das viagens, dividindo-a em diversas parcelas,

possibilitando que todos os alunos participem das viagens, pois são atividades pedagógicas

que irão colaborar com a formação do aluno. Algumas escolas pedem que a agência coloque

no valor um percentual a mais, podendo assim negociar com os pais dos alunos que precisam

desta atenção.

3.4 Agência Ambiental Expedições

A Agência Ambiental Expedições encontra-se na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 156

na cidade de São Paulo – SP e, atua no mercado, desde 1987, realizando viagens em

ambientes naturais, principalmente no segmento de Ecoturismo, Turismo Pedagógico, de

Incentivo e Receptivo.

A operadora de turismo conta com o know how dos sócios e geógrafos Israel

Waligora e José Zuquim (conhecido como “Zezão”), além de uma equipe de colaboradores

que auxilia no processo de organização e realização dessas viagens. Há 21 anos vem atuando

com escolas do ensino fundamental, médio e com algumas universidades, tendo como

objetivo levar grupos de estudantes para conhecerem diferentes ecossistemas. Dentre os

diversos locais que a operadora organiza, tanto no Brasil quanto no exterior, destacam-se:

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Pantanal, Fernando de Noronha, Amazônia, Macho Pichu, Patagônia, Namíbia, Quênia,

Tanzânia, entre outros.

Em 17 de julho de 2008, foi realizada entrevista com o Sr. José Zuquim, onde questões

como planejamento, organização e avaliação das viagens de estudos do meio foram

abordadas.

De acordo com Sr. Zuquim “a proposta da operadora não é transformar os estudantes

em ambientalistas, mas cidadãos conscientes da importância da natureza e das comunidades

tradicionais que nelas habitam”. Vale ressaltar que esse ideal vem de uma época em que ainda

não estavam em evidência aspectos como sustentabilidade e escassez de recursos naturais.

Durante o planejamento dessas viagens são realizadas diversas reuniões com

coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais, bem como, com os professores

responsáveis pelas disciplinas envolvidas. Esses encontros servem para conhecer e entender

as necessidades pedagógicas da escola. É o momento em que a operadora tem acesso a

documentos como projeto pedagógico, quadro curricular, bem como a conteúdos

desenvolvidos pelos professores em sala de aula. Com base nessas informações, a operadora

consegue diagnosticar os objetivos pedagógicos da viagem orientando, quando necessário, o

melhor destino a ser visitado.

Segundo o Sr. Zuquim, é “neste momento que viramos quase que um consultor da

escola”. Para ele, no entanto, muitas escolas não se preparam previamente para a realização

do estudo do meio. Mas como a operadora sabe que é um serviço qualificado e de custo

elevado, ela faz questão de utilizar todo o seu conhecimento pedagógico adquirido durante

esses anos para auxiliar e, assim, prestar um serviço no qual o aluno possa usufruir a essência

do estudo do meio, ou seja, a interface entre a teoria e a prática.

O Sr. Zuquim enfatiza que muitos pedagogos ainda têm preconceito com a palavra

“turismo”. No entanto, ele acredita que muitos deles ainda não conhecem realmente o

potencial e a importância deste setor para a educação, pois a junção da Educação com o

Turismo só tende a trazer resultados positivos para o aprendizado dos alunos. Acrescenta

ainda que, “apesar de a escola e a operadora terem funções distintas, cada qual tem o seu

papel no processo da viagem, ou seja, a parte pedagógica é responsabilidade da escola e a

parte organizacional da agência, elas se complementam”. Contudo, apesar de a operadora não

elaborar material didático informativo para as escolas, fornece as informações necessárias da

localidade a ser visitada para os professores produzi-las. O Sr. Zuquim acredita que essas

viagens requerem trabalho de parceria e confiança entre a escola, a operadora e a comunidade

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receptora, pois, para que o estudo do meio aconteça de maneira positiva, é importante o

envolvimento de cada uma das partes.

O planejamento das viagens acontece em um período de tempo significativo, pois a

operadora, além de precisar entender as necessidades pedagógicas da escola, precisa também

possibilitar aos pais dos alunos se organizarem financeiramente, pois muitos preferem pagar o

pacote em diversas parcelas, já que muitos têm mais de um filho estudando na mesma escola.

Nesse sentido, apesar de os contratos de prestação de serviços serem realizados com a escola,

os pais estão diretamente ligados com a operadora, no que diz respeito aos aspectos

financeiros.

Uma vez que as necessidades pedagógicas e financeiras foram sanadas pela operadora,

inicia-se o processo de contratação dos serviços turísticos (transporte, hospedagem,

alimentação, visitas a atrativos naturais e culturais), visando a atender as necessidades

organizacionais do grupo de alunos em questão.

O Sr. Zuquim salienta que os monitores que acompanham os alunos são graduandos

ou graduados, pois dependendo do foco da viagem, será designado um profissional específico

da área (ex: biólogo, geógrafo ou historiador) para acompanhar o grupo. Esse profissional é

qualificado e capacitado para auxiliar os professores, tanto em questões pedagógicas, como

organizacionais da viagem.

Por fim, a agência de turismo realiza o processo de avaliação com os coordenadores,

orientadores e professores. As informações obtidas nessas reuniões são repassadas aos

monitores e prestadores de serviços turísticos, quando necessário. O Sr. Zuquim informou que

algumas escolas ao estudarem determinado local e, ao voltarem no mesmo destino levam, o

material produzido na visita anterior, podendo ser fotos, filmes, projetos, etc. estreitando, cada

vez mais, os laços entre o aluno-turista e o anfitrião, mas que esta atitude ainda é incipiente.

3.5 Visita ao Assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

realizada pela Escola Carandá e Quíron Turismo Educacional

A pesquisadora realizou a visita ao assentamento, pois acreditou ser importante ver in

loco como as atividades de estudo do meio acontecem de fato. Utilizou como método a

observação e fez entrevista não estruturada com o professor, orientadora pedagógica, alunos,

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monitor e com os anfitriões, visando a entender melhor a opinião de cada um sobre os

aspectos que envolvem atividades de estudo do meio. Para tanto, foram utilizados caderno de

campo, máquina fotográfica e gravador. Vale ressaltar que não foi autorizado pela escola que

fossem feitas fotos dos rostos dos alunos, sendo permitido fotografias apenas de perfil.

Os responsáveis por acompanhar o grupo foram o Sr. José Cláudio Escobar da Costa,

professor de geografia e Isa Maria Telles Silveira, orientadora pedagógica, representando a

Escola Carandá e o monitor Eduardo Pedro Noffs, historiador graduado pela Universidade de

São Paulo, representando a Agência Quíron. Esta atividade de campo foi direcionada aos

alunos da 7º série.

A Escola Carandá contratou os serviços da operadora Quíron Turismo Educacional

para organizar a visita a duas propriedades rurais. A primeira é propriedade de meeiros,

contendo plantação de uvas e localizada na cidade de Indaiatuba (SP). A segunda propriedade

é um assentamento do MST, localizado em Sumaré (SP). Essa atividade pedagógica

aconteceu em 05 de junho de 2007.

O objetivo de acompanhar esse grupo de alunos (da 7ª série do ensino fundamental),

na visita a um assentamento, foi para observar de que maneira o estudo do meio é planejado,

organizado e avaliado, tanto pela Escola quanto pela Agência, e como os alunos e os

anfitriões entendem essa atividade de campo.

A atividade iniciou-se com o monitor explicando o roteiro que o grupo iria fazer,

contextualizando fatos importantes do cenário agrário brasileiro. Ele deu algumas orientações

de comportamento e informações gerais.

A primeira parada foi no “Sítio dos Meninos” tendo como proprietários o casal Sr.

Waldomiro e Sra. Valquíria como registrado na figura 6. Mas antes de sermos recebidos por

eles, o professor de geografia fez algumas observações relembrando conteúdos desenvolvidos

em sala de aula, especificamente sobre meeiros e proprietários de terras, contextualizando os

alunos perante o que seria visto in loco e chamando atenção para alguns detalhes que

deveriam ser melhor analisados. A seguir, os alunos ouviram a palestra do proprietário da

fazenda. Diversos deles fizeram perguntas já planejadas em sala de aula, sendo todas

respondidas pelo entrevistado. Após esta reunião de recepção, foram oferecidos aos alunos

cachos de uvas recém-colhidos Neste momento, o objetivo era integrar o grupo de alunos com

os fazendeiros.

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Segundo o Sr. Valdomiro, “é muito bom receber os alunos, pois muitas vezes eles

chegam à fazenda com uma imagem errada da função do meeiro; acham que são explorados”.

Para ele, na verdade é uma troca. Assim ele afirma que:

[...] eu forneço a terra para eles plantarem. Além de não pagarem água, luz, aluguel, entre outras coisas, recebem também um salário mínimo [...] Em troca eles plantam e depois a gente divide tudo em meio a meio (Informação verbal)29.

Figura 6: Fotografia tirada em 05/06/2007 – Sr. Valdomiro e Sra. Valquíria Fonte: Acervo particular Roberta Monteiro

Já para a Sra. Valquíria “é muito bom quando um aluno vê a plantação e experimenta a

fruta tirada direto do pé”.

Após a confraternização os alunos dividiram-se em grupos e aplicaram questionários

aos meeiros (ver figura 7), abordando algumas questões como “idade, tempo de trabalho na

fazenda, como ficou sabendo daquele lugar, se tem família etc”.

No final da visita os alunos fizeram uma roda de conversa e dialogaram sobre os

aspectos que mais lhes chamaram a atenção, estabelecendo relação sobre o que viram na

teoria e na prática, com auxílio de uma apostila elaborada pelos professores da Escola, com o

apoio da Quíron.

29 Dados da entrevista não estruturada realizada com o Sr. Valdomiro, proprietário do “Sítio dos Meninos”, realizada em 05/06/2007.

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Figura 7- tirada em 05/06/2007 – alunos entrevistando meeiro Fonte: Roberta Monteiro

No segundo momento, o grupo dirigiu-se para o assentamento do MST na cidade de

Sumaré (SP)30. Os alunos chegaram ao local, foram recebidos pela Sra. Cecília31 e almoçaram

(refeição servida pelos assentados). Após o almoço, dois líderes comunitários (Sr. Calisto e

Sr. Leoni), ministraram palestra para os alunos abordando aspectos que remetiam à história do

assentamento, à reforma agrária no país e aos projetos que estavam sendo por eles

desenvolvidos, como demonstrado na figura 8. Depois da palestra os alunos entrevistaram

alguns moradores com perguntas já definidas. E por fim, no ônibus, fizeram algumas

colocações e voltamos para São Paulo.

Figura 8: Fotografia tirada em 05/06/2007 – Representantes do MST Fonte: Acervo particular Roberta Monteiro

30 De acordo com Eduardo Noffs, monitor e historiador, esse assentamento é conhecido como o primeiro de São Paulo. Em 2004 o Assentamento completou vinte anos da sua implantação e para comemorar foi publicado um livro cujo titulo é "Terra Nossa Prometida", escrito por José Pedro, relatando seus vinte anos de luta. 31 A Sra. Cecília é o contato das agências com o assentamento. Ela informou que “é muito bom receber as escolas, pois desta forma eles aprendem um pouco sobre a nossa história, além de ganharmos um dinheirinho. Construímos este galpão e os banheiros, sendo que este ambiente serve como escola e também para recebermos os convidados.”

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Em entrevista não estruturada com os alunos foi perguntado sobre a opinião deles

referente às atividades fora da sala de aula e as respostas foram as seguintes: “Eu gosto muito

dessas visitas”, “muitas vezes, aprendo mais durante as visitas do que quando o professor fala

durante as aulas”, “É muito legal encontrar os monitores da Quíron nessas viagens, pois são

sempre bem informados e conseguem falar a nossa língua.”, “Tem assunto que o professor

explica e é chato e quando monitor fala é mais legal, faz a gente pensar no assunto”, “[...] é

bem legal aprender as coisas em sala de aula e depois ver tudo ao vivo e a cores”, “Quando a

viagem tem muita coisa para fazer fica muito cansativa e a gente às vezes não consegue

prestar atenção em tudo”.

Com base no depoimento dos alunos, percebeu-se que eles gostam dessas atividades

mas, para que estas possam ter bons resultados, precisam ser bem planejadas pelos

professores ainda em sala de aula. É preciso fazer com que o aluno se interesse

principalmente pelas informações que serão transmitidas e assim refletidas, mas também é

necessário que sejam programados momentos de entretenimento e confraternização.

Já para o monitor Eduardo,

[...] É importante compartilhar conhecimentos com os alunos e a gente aprende muito com eles também, há muito adulto que é cheio de preconceito e eles não. Infelizmente há pais que não deixam seus filhos visitarem assentamentos, cortiços ou favelas... Isso é triste, pois acredito que o estudo do meio serve para refletirmos sobre a realidade de nosso país (Informação verbal)32

De acordo com a Sra. Isa, orientadora pedagógica, essas viagens são fundamentais

para o aprendizado do aluno, considerando que este é um aprendizado que eles levam por toda

a vida, que é inesquecível. A entrevistada trabalha há 25 anos com Educação e considera

muito gratificante quando um ex-aluno retorna à escola e lembra-se das suas experiências de

estudo do meio. Desta forma, percebe-se que essas viagens não agregam apenas

conhecimento intelectual, mas social e humanístico.

Foi perguntado ao professor Cláudio se a Escola Carandá socializa as informações

adquiridas por meio das entrevistas realizadas com os fazendeiros, meeiros e membros do

assentamento, mas, segundo ele, as questões abordadas e refletidas em sala de aula ficam no

cenário escolar.

32 Dados da entrevista de Eduardo Noffs, historiador, monitor da Quiron Turismo Educacional, realizada em 05/06/2007.

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Em suma, as entrevistas foram muito positivas para a pesquisa, pois por meio delas,

percebeu-se que houve cooperação e interesse dos educadores, agentes de viagens, monitor,

alunos e anfitriões, ao responderem questões significativas para se compreender melhor as

atividades de estudo do meio.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender a importância da educação e de que maneira ela pode contribuir

com a evolução humana, seja no âmbito familiar, social, cultural ou intelectual, foi essencial

para entender as diferentes formas de aprendizado utilizadas pelo Homem. Muitos educadores

se dedicaram ao saber humano, com o objetivo de criar métodos e técnicas, contribuindo com

o aprendizado das crianças, dos adolescentes e também dos adultos. Percebeu-se que esses

pensadores buscaram entender as necessidades educacionais do outro, e a partir delas,

desenvolveram princípios educacionais.

Nesse sentido, foi constatado por meio das entrevistas com docentes e discentes, que o

estudo do meio é um método de ensino bem eficaz, confirmando o que muitos autores

relataram em suas obras.

Identificou-se que muitas escolas particulares na cidade de São Paulo realizam

atividades de campo, utilizando os serviços de operadoras turísticas para organizar essas

viagens e visitas de estudos do meio, possibilitando ao aluno aprender além de conceitos

teóricos em sala de aula, experiência-los por meio das atividades empíricas envolvendo-os de

fato com o meio. Destarte, as Instituições de Ensino perceberam que é de fundamental

importância a relação entre a teoria e a prática, visando a atender às necessidades didático-

pedagógicas, principalmente de algumas disciplinas como geografia, história, biologia,

ciências naturais, etc.

Estudar o universo das agências de viagens no mundo e no Brasil propiciou melhor

conhecer essas empresas prestadoras de serviços e as estratégias de marketing utilizadas, bem

como distinguir quais são as atribuições das agências de turismo, principalmente das

operadoras turísticas ou agências produtoras, que foram objeto de pesquisa deste trabalho.

Dessa forma, foi possível compreender que os diferenciais são fundamentais para que

a agência formate os pacotes turísticos, individuais ou coletivos, é necessário que ela conheça

o público e o destino a ser visitado, não somente levando em consideração os serviços

turísticos, mas inclusive a infra-estrutura básica, serviços públicos, atrativos e essencialmente

os anseios da comunidade local, pois acredita que é do êxito dessa relação de coexistência –

agência de turismo, turista e anfitrião - que poderá culminar em bons resultados, não somente

econômicos, mas fundamentalmente culturais e sociais.

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Contudo, na prestação de serviços de viagens, o consumidor avalia, não somente os

equipamentos modernos e eficazes que a agência de turismo e os fornecedores de serviços –

hotéis, restaurantes – oferecem, mas também a forma ética e responsável pela qual esses

produtos estão sendo oferecidos ao mercado, bem como se as informações veiculadas são

fidedignas.

Assim, é importante que os agentes de viagem conheçam as necessidades e desejos

dos clientes, verificando os diferentes tipos de expectativas envolvidas, lembrando que as

mesmas são dinâmicas. Para que haja esse conhecimento por parte das agências de turismo é

preciso que sejam monitoras continuamente essas mudanças por meio de questionários e

entrevistas com os coordenadores pedagógicos e professores, levando em consideração,

fundamentalmente, as normas que norteiam os aspectos educacionais.

As viagens de estudos do meio e as visitas técnicas têm por objetivo estimular o senso

crítico do aluno, fazendo com que a reflexão e discussão dos assuntos, inicialmente abordados

em sala de aula, estejam presentes em todo o processo de ensino, trazendo à luz do saber não

somente o aprendizado pessoal ou escolar, mas o compromisso social, cultural e ambiental.

Entretanto, infelizmente, essa experiência ainda é para poucos, já que é um serviço de alto

custo, limitando-se aos alunos de escolas particulares.

Os destinos são escolhidos pelas escolas, visando a suprir necessidades pedagógicas

contidas no planejamento curricular de determinada série, mas em muitos casos, ao chegar a

esses locais, o grupo acaba refletindo sobre diversos problemas que são analisados. No

entanto, o universo estudado fica apenas no cenário escolar, sendo que poderia ser socializado

com a comunidade receptora. Deste modo, constatou-se ser ainda muito incipiente essa

atitude. Há possibilidades de mudar esse quadro, pois ao conversar com os educadores,

verificou-se grande interesse em desenvolver projetos que possam contribuir com o

desenvolvimento da localidade ou, até mesmo, sanar possíveis problemas diagnosticados

durante as viagens.

Para tanto, é fundamental que os anfitriões - poder público, privado e comunidade

local - acolham os turistas com hospitalidade na esfera comercial, doméstica, pública e

virtual. Neste sentido, a cidade deve preocupar-se constantemente com a melhoria da oferta

turística. Já a demanda - alunos, professores e agências de turismo - deve buscar locais onde

haja possibilidade de estudo e aprendizado, no qual a viagem passe a ser planejada como

atividade de ampliação/construção de conhecimentos e não como “passeio”.

Assim, identificou-se que as agências de turismo pesquisadas, demonstraram

preocupar-se, não apenas com a elaboração adequada de pacotes turísticos para o público

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estudantil, mas também, com os roteiros que deverão estar atrelados ao planejamento

educacional, pois constatou-se que os educadores consideram os agentes de viagens como

parceiros, pois em todo o processo há interdependências de informações, desde o

planejamento, perpassando pela elaboração e a organização, até a fase de avaliação no que

tange aos aspectos pedagógicos e dados sobre o destino visitado.

Aspira-se que essa pesquisa seja o inicio de muitas, principalmente no que diz respeito

ao aspecto da hospitalidade, nos destinos que as escolas e agências de turismo utilizam para

desenvolver as atividades de estudo do meio.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Regras de metodologia científica para produção de trabalhos científicos – elaboração: Carlos Honório Arêas Pinheiro. São Paulo, 2003.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Escola de Comunicação e Artes. Viagem a serviço da escola: a concepção de turismo pedagógico pelas agências de turismo do Brasil – elaboração: Michelle Maria Siqueira; Ronaldo dos Santos Ornelas. São Paulo, 2005.

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Revistas científicas

TURISMO EM ANÁLISE, São Paulo: ECA-USP, v. 3, n. 1, p. 72, maio 1982.

REVISTA HOSPITALIDADE, São Paulo: Anhembi Morumbi.

REVISTA COMUNICARTE, São Paulo: PUC Campinas.

CADERNOS UNIBERO, São Paulo: Centro Universitário Ibero-americano.

Entrevistas

HOTIMSKY, Sílvio. Sílvio Hotimsky. Depoimento [junho, 2008]. Entrevistador: Roberta Monteiro de Oliveira. São Paulo: Colégio Santa Cruz, 2008. 1 cassete sonoro. Entrevista concedida a Dissertação de Mestrado: Turismo Pedagógico: a relação entre agências de turismo e escolas.

SALUM, Marcelo. Marcelo Salum. Depoimento [junho, 2008]. Entrevistador: Roberta Monteiro de Oliveira. São Paulo: Quíron Turismo Educacional, 2008. 1 cassete sonoro. Entrevista concedida a Dissertação de Mestrado: Turismo Pedagógico: a relação entre agências de turismo e escolas.

TERRON, Milena. Milena Terron . Depoimento [junho, 2008]. Entrevistador: Roberta Monteiro de Oliveira. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2008. 1 cassete sonoro. Entrevista concedida a Dissertação de Mestrado: Turismo Pedagógico: a relação entre agências de turismo e escolas.

ZUQUIM, José. José Zuquim. Depoimento [julho, 2008]. Entrevistador: Roberta Monteiro de Oliveira. São Paulo: Ambiental Expedições, 2008. 1 cassete sonoro. Entrevista concedida a Dissertação de Mestrado: Turismo Pedagógico: a relação entre agências de turismo e escolas.

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APÊNDICES

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Roteiro de Entrevista – Agências de Turismo

Objetivo: Verificar quais os principais destinos de turismo pedagógico e como são organizadas as viagens de estudo do meio, tanto pelas agências quanto pelas escolas da cidade de São Paulo.

Agência: data:

Responsável: função:

Formação:

Telefone: e-mail:

Endereço:

1. Há quanto tempo a agência atua no mercado?

2. E no segmento de turismo pedagógico?

3. Quais foram os principais motivos que levaram a agência a atuar nesse segmento de mercado?

4. Qual é a opinião do Senhor(a) sobre a utilização da terminologia turismo pedagógica para designar as viagens de estudo do meio?

5. Quais diferenças existem na organização de uma viagem de estudo de uma viagem tradicional?

6. Quais serviços são oferecidos nas viagens de turismo pedagógico?

7. Quais os principais destinos de viagens de estudo do meio que a agência vende?

8. Quais são os critérios para a escolha do destino e das atividades educacionais?

9. Por se tratar de uma viagem de estudo o Senhor(a) acha que os destinos estão preparados para receber esse grupo? Por quê?

10. O Senhor(a) acha que a hospitalidade dos locais é um dos fatores determinantes para a escolha do destino? Por quê?

11. Quem é o contato da agências nas escolas para tratar sobre as viagens de estudo?

12. Como a agência auxilia a escola para atender as necessidades didático-pedagógicas de cada grupo?

13. A agência oferece algum material informativo para os alunos dos locais que serão visitados?

14. A agência realiza algum tipo de avaliação da viagem com a escola? E com os alunos?

15. Qual é a opinião do Senhor sobre o mercado de viagens de estudo do meio?

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Roteiro de Entrevista – Escolas

Objetivo: Verificar quais os principais destinos de turismo pedagógico e como são organizadas as viagens de estudo do meio, tanto pelas agências quanto pelas escolas da cidade de São Paulo.

Escola: data:

Responsável: função:

Formação:

Telefone: e-mail:

Endereço:

1. Há quanto tempo a escola realiza viagens de estudo do meio?

2. Essas viagens sempre foram organizadas por uma agência de viagem?

3. Atualmente, a escola utiliza a prestação de serviços de quais agências?

4. Quais critérios são usados para escolha da agência? (preço, confiabilidade, gestão)?

5. Qual é a participação da escola durante o processo de organização da viagem?

6. Qual é a opinião do Senhor(a) sobre a utilização da terminologia turismo pedagógico para designar as viagens de estudo do meio?

7. As viagens estão inseridas no projeto pedagógico?

8. Essas viagens são atividades interdisciplinares?

9. Quais disciplinas são tradicionalmente envolvidas?

10. A escola utiliza os PCN´s para auxiliar no planejamento das atividades de estudo do meio? Como?

11. A agência atende as necessidades didático-pedagógicas da escola e de cada grupo de alunos? Como?

12. Qual instrumento a escola utiliza para avaliar o processo de ensino-aprendizagem do aluno?

13. Quais são os critérios para a escolha dos destinos e das atividades pedagógicas?

14. Quais os principais destinos de viagens de estudo do meio que a escola realiza?

15. Qual é a opinião do Senhor(a) sobre as viagens de estudo do meio na formação educacional do aluno?

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ANEXOS ?????

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