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John Fellinus John Fellinus John Fellinus John Fellinus John Fellinus eles estão entre nós Uailien Uailien Uailien Uailien Uailien DE VARGINHA DE VARGINHA DE VARGINHA DE VARGINHA DE VARGINHA Mande o mau-humor Mande o mau-humor Mande o mau-humor Mande o mau-humor Mande o mau-humor para o espaço para o espaço para o espaço para o espaço para o espaço

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John FellinusJohn FellinusJohn FellinusJohn FellinusJohn Fellinus

eles estão entre nós

UailienUailienUailienUailienUailienDE VARGINHADE VARGINHADE VARGINHADE VARGINHADE VARGINHA

Mande o mau-humorMande o mau-humorMande o mau-humorMande o mau-humorMande o mau-humorpara o espaçopara o espaçopara o espaçopara o espaçopara o espaço

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Uailien DE VARGINHA

- eles estão entre nós -

*** Mande o mau-humor para o espaço

John Fellinus

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Uailien DE VARGINHA -eles estão entre nós -

John Fellinus

LITERATURA BRASILEIRA

HUMOR DE FICÇÃO CIENTÍFICA Baseado na obra do mesmo autor: 2002 - O Cometa dos Dinossauros

(Escrito e registrado em 1997) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DE ACORDO COM A LEI

REGISTRADO NA FUNDAÇÃO DA BIBLIOTECA NACIONAL-FBN-RJ

COPYRIGHT © NILLO GALLINDO - O AUTOR É MEMBRO DA UNIÃO BRASILEIRA DE

ESCRITORES-UBE-SP

ESTA NARRATIVA É PURA FICÇÃO, FRUTO DA IMAGINAÇÃO DO AUTOR

E SEM RELAÇÃO COM A REALIDADE DE FATOS, LOCAIS, PESSOAS OU INSTITUIÇÕES

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EDIÇÃO ELETRÔNICA EXCLUSIVA DA IEDITORA - SP

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A história começou no ano de 1944... Desde que foi fundada em 1945, a ONU passou a preocupar-se com algo sério, além das guerras. A partir do fim da II Guerra Mundial, pessoas de todas as áreas do conhecimento humano e de muitas profissões, em todo o globo, começaram a desaparecer sem deixar pistas. Aliás, não totalmente sem pistas. De uns dez anos para cá, algo ficava em alguns locais dos desaparecimentos, vestígios de um pó branco misturado a outro ingrediente de cheiro forte. Mas a mistura química era totalmente desconhecida para os cientistas que assessoravam a ONU. Desconfiavam que talvez nem fosse terrestre. Em 1944, os planos secretos do mais importante projeto científico-militar dos Estados Unidos - denominado "Projeto Phil" - sumiram. O suspeito pelo furto, desapareceu juntamente. Foi oferecido um prêmio no valor de 10 milhões de dólares a quem fornecesse algum indício. Até às portas do ano 2000 os casos aumentaram ano a ano permanecendo o mistério. Em 1998, no Brasil, Mateus, um jovem estudante do segundo grau e que tinha por hobby ser auto-didata em investigações, descobre o fio- da-meada.

Toda boa história tem que ter um prólogo. Portanto, este é o PRÓLOGO da história do Uailien de Varginha:

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O moço se envolve numa teia de problemas. Descobre o segredo; mas está impedido de revelá-lo. A revelação envolve uma catástrofe mundial para o início do terceiro-milênio, com a sobrevivência de poucos na Terra. Destruição bem parecida com aquela da história do cometa que dizem ter destruído os dinossauros. O tempo passa, aproxima-se o ano 2010, e Mateus...não pode falar.

***

WASHINGTON JULHO DE 1944 REUNIÃO DO ESTADO MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS AMERICANAS - Os planos do Projeto Phil, da Marinha, foram furtados, senhores! Havia um ar de séria preocupação na face do velho militar, ao fazer tal comunicação às altas patentes das Forças Armadas Americanas

Reuniões importantes de altas autoridades empenhadas com a segurança do planeta e digna de best-sellers ou grandes filmes, têm que ser nos EUA. Na história do Uailien de Varginha, não podia ser diferente.

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naquela reunião. Estavam presentes, também, destacados membros do poder político. - As primeiras experiências seriam efetuadas em breve, - continuou o oficial - agora, se os planos caírem em mãos inimigas, será terrível para o mundo livre. - Há o perigo de terem ido para as potências do eixo...Japão, Itália... ou para as mãos de Hitler? - Um major, indagou. - Acreditamos que ainda não. Nosso Serviço Secreto tem varrido estas nações com espionagem, e, por enquanto, nada sobre os planos chegou até lá. Outro, perguntou: - A Marinha tem algum suspeito? - Existem muitos. Um, principal, era um físico. Homem especializado nas teorias e no desenvolvimento do projeto. Desapareceu ao mesmo tempo que os planos. Até agora, nem sinal dele. Evaporou! - Qual a importância real do Projeto Phil? - Muita, muita. Por exemplo, ganharíamos a guerra sem precisar desenvolver a bomba atômica, que testaremos em breve no deserto do Novo México - assegurou o oficial, e, desalentado, concluíu: - Agora...só nos resta aguardar, e torcer para que tudo não caia em poder do inimigo. Nunca mais os planos do Projeto Phil foram encontrados. Nenhuma pista deles. Nem do físico, ex-oficial da Marinha americana.

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A II Grande Guerra terminou em 1945. As nações do eixo foram derrotadas pelos aliados. As duas bombas atômicas americanas, filhas dos testes nucleares no deserto do Novo México - lançadas sobre o Japão - selaram a vitória. Mas não o fim das guerras e da violência de uma era turbulenta. O mundo continuou sempre violento como antes, todo mundo querendo esganar todo mundo. A História voôu nas asas do tempo. O menino Mateus, no Brasil, nem tinha nascido.

*** 1946 NUMA TARDE, AO PÔR-DO-SOL NO CORAÇÃO DA ÁFRICA, UM AVIÃO EM PERIGO

- Vamos morrer, Bill, estamos perdendo altura! Gritou o copiloto Joe, enquanto olhava pela janela direita da cabine de comando do avião. Relatava:

É claro que os pilotos são americanos. Se não o fossem, nossa história do Uailien de Varginha serviria para pouca coisa, não despertaria interesse. Imagine tudo o que segue em suspense, como a cena de um belo filme de Hollywood.

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- O motor direito parou...tem fumaça! - Estou sabendo, Joe. Olhe a luz vermelha do painel, acesa. Disparei extintores no motor número dois! Continue observando. Como está agora? - Não há fogo, a fumaça cessou...está todo branco de espuma e, “paradão”. Devido a parada do motor, o avião pendeu para o lado direito. - Pedal para esquerda, Joe! Manter o leme para esquerda, ao contrário do lado do motor parado para compensar o peso morto. Pisa firme, homem! Segura o aileron... para esquerda! As superfícies móveis de comando sobre as asas, -os ailerons-, se moveram ao serem comandados. O avião ficou estabilizado. - Estamos baixando demais, Bill! Olhe as árvores em frente! - Ainda não vai ser agora, Joe...o tijolão vai aguentar! Vamos lá garoto...! “Nose-up”, manter nariz acima, Joe, puxe o manche, matenha up! Bill conversava com o avião, e com Joe. O copiloto se enervava mais ainda com a calma e a frieza do comandante. "Tijolão", era o carinhoso apelido dado pelo pessoal de aviação ao Curtiss-Comander, C-46. Era um avião bimotor, "gordo", "barrigudo", desajeitado. Grande para sua época. Bom cargueiro. Marcou época. Carregado até o talo, pesadão, com um motor só, valentemente tentava se mater no ar. As asas lambiam tanto as copas das árvores que macacos pulavam delas, assustados. Até bicho-

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preguiça se tornava esperto para sair da frente. Joe estava estarrecido. Bill ainda tinha tempo para objetivos e bom-humor. - Veja aí, do seu lado, se não tem pedaço de macaco enroscado na ponta da asa. Vi três cairem de uma árvore agora. Não vamos morrer, Joe! Ainda temos de receber todo aquele ouro que Rombs nos deve. O copiloto permanecia sério. Bill baixou o nariz do avião e fez uma curva para a esquerda. - Ali está, Joe. É o morro do Corvo. A pista está escondida ali entre as árvores. Joe, tenso, não via nada. - “Gear down”, Joe. Baixar o trem de pouso, já! O trem foi baixado. O tijolão desceu mais. Balançou. Caranguejou. E como um pássaro ferido à procura do ninho, mergulhou entre as árvores na pista improvisada e totalmente escondida na selva. Nenhum aviador lá de cima a veria, a não ser os do grupo de transportadores de Bill, acostumados. Mas nem o Tarzan, o rei das selvas lá na África, sabia da existência dessa pista e da “mutreta” que essa turma estava preparando. Se o Tarzan soubesse, ele já teria contado a Hollyiwood para fazer um filminho. Bill deu um tapinha nas costas de Joe. - Desça. Vamos receber o ouro. Esta viagem vai custar mais caro. Vai dar até para você casar, várias vezes. - Que aconteceu, Bill? Pensei que não chegassem mais! - Era Rombs com um grupo de pessoas que surgiram do mato para a clareira.

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- O tijolão resolveu fazer manha. Olhe, esta viagem vai custar o dobro - Bill, mostrou o motor. - Sem problemas. Pago. Só quero saber: a carga veio? - Todinha. Veja aí dentro. Não sei o que faz, Rombs. Deve ser importante para me pagar tão bem. Mas cada viagem que faço é uma aventura. Quanto tempo mais destes tranportes perigosos? - Um ano, mais ou menos. - Trago uma carta de Sally para você. - Sally, Sally. Quase morro de saudades... - Onde está Glória? - Joe estava ansioso. Surgindo na clareira uma bela moça - como nos filmes americanos - correu e se pendurou no pescoço do copiloto. Beijou-o. - Casamento à vista. Por isso ele não queria morrer - disse Bill, rindo. - Vamos pessoal. Um banho, um jantar, vinho. Rombs acenou com um gesto para que o seguissem. Dentre o grupo de chimpanzés que estava perto do avião, uma, jocosamente pulou nos braços de Biil e o beijou, como fazem os macacos, nos filmes que atuam macacos. - Vejam. Bill também tem uma noiva! - O comentário de Rombs provocou gargalhadas. - E percebam como me ama! Minha mulher não pode saber disso, pessoal. - Riu. Seguiram Rombs para os alojamentos. A clareira estava repleta de aviões cargueiros. Jamais a humanidade desconfiou da existência

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daquilo no coração da África. Como eu disse, nem o Tarzan sabia. E o garoto Mateus, no Brasil, ainda não tinha nascido.

***

NOVA YORK DEZEMBRO DE 1947 Um homem claro, com barba, desembarca no aeroporto de Nova York. Apesar de aparentar calma, por dentro está preocupado a cada documento que mostra à alfândega. Passando pela polícia de imigração, segue pelo saguão. Sente-se aliviado. Mas ouve um grito: - Ei, senhor! Pare! Em meio à multidão, ele pára junto a uma parede. Sente um frio na barriga.

Se eu não narrar bem esta parte da história do Uailien de Varginha, o leitor, por favor, imagine como se fossem as cenas de um filme bem movimentado, no melhor estilo Hollywoodiano. Basta deixar sua mente vagar e imaginar enquanto lê...

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Os policiais passam correndo por ele. O grito era para outra pessoa. Suspira. Segue e toma um taxi. No centro da cidade, sobe ao sexto andar de um prédio. Entra num escritório. Lá, há só uma mulher, bonita, elegante. Quando vê o homem, sua alegria é incontida. - Rombs, querido! Que surpresa! Abraçam-se e matam a saudade da separação de muitos meses com um beijo demorado. (Vide igual em filme americano) - Sally, como está linda! Parece uma flor para a qual não há estações...floresce sempre! - Meu bem, são os seus olhos. A África o transformou num poeta? - Não a África, você, minha musa. - Está com boa aparência. A selva é boa. - Não é boa sem você, minha linda, majestosa, cheirosa. Lá, naquele mato, eu morro de saudades, só tendo o beijo de macacos! - Me trocou por alguma macaca? - Ora, eu não a trocaria nem pela mocinha do filme daquele macacão, o King-Kong. É que os macacos que vivem no acampamento, têm a mania de serem beijoqueiros. Devia ver quando Bill chega lá com o tijolão. - Ah, se a esposa de Bill souber... - Vai rir muito, com certeza. Abraçaram-se novamente. A saudade da longa ausência foi morta pelo abraço dos que se amam.

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- Tem tido problemas para entrar e sair do país, Rombs? - Não. Apenas fico tenso. Hoje mesmo levei um susto. Sempre penso que estão me buscando. Afinal. Ainda procuram aquele ex-oficial da Marinha... lembra-se?

Sally, responde, ao esposo: - Claro. Mas, não há perigo, querido. Nem eu o reconheci quando fez aquela plástica. Quem mais o reconheceria? - Mas como vai nossa "agência"? Como tem feito para que ninguém desconfie de nossos verdadeiros "negócios"? - perguntou Rombs. - Fácil. Primeiro, pago os impostos regularmente. Segundo, presto bons serviços para ninguém reclamar. Somos considerados de utilidade pública. Servimos todo o USA, Brasil, Argentina, Austrália... - Até na Oceania? - Até. Servimos o mundo todo.

Êpa! Leitor, você se lembra do prólogo no início da história do Uailien de Varginha? Aqui você já fica sabendo que o tal Rombs, esse “mutreteiro” que está escondido lá na selva da África, é aquele malandro que roubou os planos secretos da Marinha Americana, do projeto Phill.

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- Sally, eu não teria conseguido nada sem você. Os carregamentos não chegariam à mim até o coração da África. - E quando a "coisa" estará pronta?

Rombs responde a pergunta da esposa: - Querida, mais três meses. A coisa funciona! Já fizemos os testes finais. - O semblante de Rombs mudou, ficou apreensivo. - E a escrita, meu bem, decifrou o resto? - Terminei. Sally abriu um cofre e retirou uns manuscritos com uma escrita antiga e desconhecida. - Vai acontecer mesmo? - Sim, Rombs, infelizmente. - E como será? - Um choque cósmico. A enorme bala espacial perdida, está em rota de colisão com a Terra há muitos séculos.

Pare, um pouco, leitor. Toda história de mistério tem que ter “coisa” no meio. Se não tiver “coisa”, não presta. A história do nosso Uailien de Varginha, também tem “coisa”. E para ninguém botar defeito, é uma “coisona”, um “trem” bem grande! E tem mais coisas além da “coisa”, um “negócio” que os “antigos”, das “civilizações perdidas”, deixaram como legado. Como nos filmes dos heróis tipo “Indiana Jones” e outros. Veja...

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- Uma trombada com a Terra! Quando será? - Por volta de 2010, por aí. - Como será a devastação da Terra?

Sally respondeu a pergunta do marido.

- Parecida àquela do cometa que dizem ter destruído os dinossauros. Global! Rombs, brincou, ironicamente falou: - Ainda bem que não existem mais dinossauros agora, né Sally? Assim, não precisamos nos preocupar! - e voltou a ficar sério. Disse: - Desculpe a piada, Sally. Estaremos com uns 90 anos em 2010. Rombs olhou pelas vidraças como se não houvesse futuro. Abraçou a mulher.

Êpa! Lá vem o plágio? O leitor vai dizer: “Choque cósmico? Já vi isso nos filmes ‘Asteróide’ e ‘Impacto profundo”. Quero alertar ao leitor que, eu escrevi esta história em 1997. Ela está registrada desde 1997! Naquele tempo não haviam ainda os filmes americanos “Impacto Profundo” nem “Asteróide”. Eu escrevi a história do Uailien de Varginha bem antes desses filmes! Como eu confio que Hollywood não surrupiou minhas idéias, deve ter sido uma tremenda coincidência eles fazerem os filmes depois de mim. Mas ainda levo uma vantagem: Nos filmes deles não colocaram o meu, o nosso, Uailien de Varginha!

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Saíram e foram jantar. Ao som de um violino, e ao sabor de um copo de vinho, Rombs mostrava os prédios que eram avistados desde o restaurante. O clima era meio fúnebre. - Estes prédios não estarão de pé em 2010... - Não só estes. Nem os de Tókio, do Rio, de São Paulo, Moscou, Londres, Pequim, Pirituba, Itú, Cotia, Freguesia do Ó! Nenhum...nada, Rombs. - E sally apertou as mãos do marido como se, 2010, já fosse ali!

*** Em março de 1948, Rombs e Sally desapareceram misteriosamente. Nunca mais foram vistos em qualquer lugar da Terra. Mateus, no Brasil, ainda não tinha nascido.

***

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1998 SÃO PAULO Mateus, que nascera em 1981, está com 17 anos. Trabalha, como oficebói numa agência de investigações particulares, - dessas muitas - no centro da cidade de São Paulo. Os jornais trazem dezenas de anúncios sobre cursos de detetives. Detetive é gente boa. Não se intrometem e na vida de ninguém. Não sei por que muitos homens e mulheres não gostam de detetives! Os pais de Mateus morreram quando ele ainda era pequeno. Desde lá fora criado por um casal de tios. Apesar de pobres, com dificuldades, os tios conseguiram mantê-lo na escola e, agora, cursa o último ano do segundo grau. Já pensa no cursinho, para tentar direito, advocacia.

Agora, o herói passa a ser brasileiro. Puro tupiniquim. Não torça o nariz por o herói ser brasileiro. Você não acha que o brasileiro é um verdadeiro herói? Não preciso citar exemplos. Você sabe que é! Para que você não perca o interesse, continuarei com a história do Uailien de Varginha toda no estilo americano, puramente Hollywoodiano. Então, continue lendo e imaginando as cenas como as de um filme do tio Sam. Daqueles que você gosta...(mas o herói é brasileiro!)

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Mateus crescera na periferia. Com a boa orientação dos tios nunca se envolveu com o sub-mundo, o caminho mortal das drogas. Para isso, sempre soubera selecionar os verdadeiros amigos. Nem fumava. Aprendera sobre os malefícios do tabaco. Uma cervejinha? Sim, às vezes. Uma ou outra caipirinha, num pic-nic. Ou quando devorava uma suculenta feijoada em algum sábado por mês lá no bar do “português”. A grana de oficebói dava para pouco. Quando comia duas, o português pendurava. Mateus, um garotão saudável, peladero, estudioso, com a cabeça no lugar. Menino feliz, com todos sonhos de um adolescente pela frente. Desde pequeno gostava de detetives. Influência do gibi, do cinema e da TV. Tanto, que seu primeiro emprego já por três anos era naquela agência. Enquanto não estava nas ruas, aprendia tudo o que podia junto aos profissionais da agência. - Ôi, chefe! - Era uma sexta-feira. Mateus entrou no escritório, suado por ter andado muito pela cidade de São Paulo, cuidando das correspondências da agência. - "Sherlockinho", - disse o chefe rindo - tenho aqui um envelope para você. Olhe...é da ONU! E era mesmo. O chefe continuou. - Menino, olhe lá o que você está fazendo. Brincar é uma coisa, mexer com coisa séria é outra.

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- Mas não estou brincando. O assunto que estou fuçando é de maneira séria....os desaparecimentos... - Como você pode acreditar em contos da carochinha, Mateus! Não percebeu ainda que estas histórias dos desaparecimentos durante os últimos 50 anos, na maioria das vezes são fantasias distorcidas? Como nos contos do triângulo das Bermudas, do monstro do Lago Ness. Detetives de renome já tentaram algumas pistas e concluíram que não existem sobre os tais "desaparecimentos". - Mas eu tenho uma pista, chefe! A ONU, acreditou um pouco em mim. Por que a carta? O patrão não deu importância ao garoto e foi cuidar de outra coisa no escritório, rindo. - Ora Mateus, eles, diplomaticamente, por cortesia, respondem a qualquer um que lhes escrevam. É praxe. Só tome cuidado para não envolver o nome de nossa agência em assunto de piadas, gozaçoes. Pare de sonhar acordado. - Não se preocupe, chefe. O envolvimento é só meu, jamais citei a agência. - Guardou a carta para abri-la quando estivesse à sós. Mateus correu para o banheiro. Foi abrir a carta. Seus olhos se arregalaram e o coração bateu acelerado quando leu: Foi com prazer que o Comitê de Assuntos Estratégicos da ONU recebeu sua amável carta. Após minuciosa consideração, chegamos à conclusão de que as pistas sigilosas que nos citou, podem muito bem ser a solução para o mistério que ronda os desaparecimentos de

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pessoas durantes as últimas cinco décadas. Sua carta foi a mais interessante que apareceu até agora referente aos casos. Por décadas, investigadores dos mais renomados, têm tentado desvendar o mistério. Falharam. Talvez, suas sugestões sejam válidas. Sua idéia sobre o que seja o pó branco e o ingrediente de forte cheiro, misturado à ele, bem como as outras sugestões, nos surpreenderam. Os cientistas que nos assessoram acham que talvez tenha razão. Sendo assim, o senhor, apesar de bem jovem, é um forte candidato ao grande prêmio oferecido para quem mostrar pistas concretas que elucidem os desaparecimentos. Dentro de alguns dias lhe enviaremos passagens de ida e volta para que apresente, pessoalmente, suas idéias ao nosso Comitê. Contamos com sua colaboração. A carta estava assinada pelo chefe do Comitê. O menino quase não cabia em si de contente. Saiu correndo do banheiro. - Vou aos Estados Unidos, chefe! - Fazer o quê, menino? - Descrever minha tese sobre os desaparecimetos ocorridos durante os últimos cinquenta anos. - E qual é a sua pista? Você nunca nos disse. - É que é um segredão, chefe. - Tudo bem, Mateus. Tudo bem. Vá até lá e a brincadeira acaba. - completou o chefe, rindo. O telefone tocou. O chefe atendeu.

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- Pois não... está sim... um momento. É para você Mateus. É a Lúcia. - Diga, Lúcia... onde está? - Bragança. Vou sair da faculdade lá pelas 18 horas. Você vem hoje? Claro. Hoje é sexta! - piscou para o chefe. Já estou indo para a rodoviária. Pego o ônibus às 17 e às 19 horas já estarei lá em Extrema. Não, Mateus. Faz o seguinte. Desça no trevo de Bragança, na Fernão Dias. Eu te espero ali e, depois, vamos no meu carro. Tudo bem? - Melhor ainda! Me espere, eu vou. - Te aguardo. Extrema é uma cidade na divisa de Minas com São Paulo. É chamada o “Portal de Minas”. Também é conhecida como a “Cidade Poesia”. Mateus sempre era convidado por Lúcia para passar fins de semana no sítio dos pais dela, em Extrema, onde ela também morava. E ela estudava perto de Extrema, em Bragança. Eram 16 horas. O moço arranjou suas gavetas e ia sair direto para a rodoviária. O telefone tocou novamente. O patrão atendeu. - É para você, Mateus. Mas agora, é homem! - o jovem atendeu. - Sim, é Mateus. Quem fala? -Senhor Mateus, quem fala é Jaques Spiller. Tenho uma indústria e ferramentas em Guarulhos e andam furtando nossos estoques. Deve ser gente de dentro, mas ainda não conseguimos desmontar o esquema de furtos. Mateus ficou vermelho e sem jeito. - Espere um pouco...vou passar para

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o meu chefe, eu não sou detetive. - Não. Não. Diga para seu patrão que eu quero você no meu caso. Após atender o homem, o chefe se dirigiu a Mateus. - Mateus, o homem só aceita você! É você! - riu. O senhor Jaques tinha um sotaque carregado, parecia ser de americano. O patrão balançou a cabeça no sentido negativo e passou o telefone para Mateus. Disse para o jovem aceitar o caso e que os detetives o orientariam de alguma maneira. Mateus aceitou aquele que seria o seu primeiro caso na agência como detetive - Tenho um plano de ação para este tipo de coisa, senhor Spiller. Combinarei com o senhor. - Certo, Mateus. Podemos nos encontrar hoje, em algum lugar? - Hoje? Não. Hoje, não. Estou com viagem marcada. Só segunda. - Mas gostaria de lhe falar ainda hoje sobre o caso. Mateus estranhou a pressa do homem em resolver algo que há tanto tempo já ocorria. Estranhou, mas compreendia a ansiedade natural do industrial. Afinal, ele estava sofrendo prejuízos. Mas não abriu mão de sua viagem. - Infelizmente, só segunda, senhor Spiller. - Compreendo, Mateus. Você deve ter um programa imperdível nesta sexta. Para onde vai? - Para Extrema. É perto. Divisa de Minas com São Paulo. Vou no sítio de uma amiga. - Conheço Extrema.

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Conheço Minas, quase todo o Estado. Frequento muito Pouso Alegre, Varginha. Um conhecido meu tem uma chácara lá em Extrema. É perto do centro de Extrema, o sítio de sua amiga? - Na serra. Perto da rodoviária há uma estrada asfaltada que vai dar na serra. Depois uma de Terra que passa perto da retransmissora... bem no alto é o sítio. - Eu sei. Deve ser perto da chácara de meu amigo. O bate-papo estava animado. Mas o rapaz lembrou-se que o ônibus partiria às 17 horas. Tinha que correr para a rodoviária. - Bem senhor Jaques, até segunda, cedo. Estarei aí em Guarulhos. Meu chefe pemitiu. - Um bom fim de semana, meu jovem. Desligaram. O chefe estranhava o homem ter escolhido Mateus. Nem profissional ele era.

***

RODOVIA FERNÃO DIAS SÃO PAULO - EXTREMA Às 17 horas o ônibus partiu da estação rodoviária do Bresser. Logo estava numa das mais belas estradas do Brasil, uma obra de engenharia e arte, recentemente duplicada.

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O ônibus passou por Mairiporã, Atibaia, e chegou ao trevo de Bragança. Mateus desceu. A garota Lúcia o esperava num fusca. Seguiram até Extrema. Mateus comentava com a amiga sobre a carta recebida da ONU. Estava eufórico. Não pelo prêmio, fantástico de 10 milhões de dólares. Estava contente por ser tão jovem e ter encontrado pistas consistentes para os desaparecimentos inexplicáveis de tantas pessoas durante os últimos cinquenta anos. - Ponderaram sua tese, Mateus? - Acharam que há sentido no que eu penso. - Você nunca me confidenciou. Não quero ser como Dalila, mas, qual é o fio-da-meada? - Ah, flor de Minas, desculpe. Não posso falar ainda. Foram dados que busquei desde que eu tinha 10 anos. São sete anos de pesquisa solitária. Li livros e todos os jornais sobre os casos. Assisti todos os filmes. Vi documentários. Escrevi, como curioso, a vários especialistas. E, o mais importante: escrevi e obtive resposta sobre consultas que fiz a dezenas de famílias em todo o globo que tiveram alguém desaparecido. - Você nasceu mesmo para ser Sherlock. - Este assunto sempre me cativou. Tinha que haver uma explicação. Acho que a encontrei. - Ir à ONU. Que legal! Pelo menos me diga. O que é o pó branco misturado ao negócio de cheiro forte que os jornais falam ter sido encontrado nos locais dos desaparecimentos? - Não posso dizer, flor de Minas. - riu - Olhe,

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Lúcia...chegamos à Extrema. *** RODOVIÁRIA DE EXTREMA - 19 HORAS - Vamos dar uma paradinha para um lanche? - Boa idéia. Estou com fome. - Mateus concordou. Lúcia estacionou o fusca na rodoviária de Extrema. Telefonou para o sítio. - Mãe...já chegamos em Extrema. Mais uma hora e estaremos aí. O Mateus veio junto. A moça desligou e Mateus ligou para os tios em São Paulo. - Tia, estou em Extrema, com a Lúcia. Domingo à noite, retorno. Um beijo. Comeram um lanche e beberam refrigerante. Enquanto comiam, Mateus deixou a mente vagar e viajou no pensamento. Relembrou como havia encontrado a pista principal sobre os desaparecimentos de pessoas importantes nos últimos cinquenta anos. Percebera que havia um fato comum em todos os casos. Nas informações que colhera nos livros, jornais e filmes que tratavam do assunto, só ele, Mateus, notara um detalhe. Era um denominador comum. Até os familiares das vítimas relatavam isso. Todas as

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pessoas desaparecidas, dias antes de sumir, tiveram algum contato com homem ou mulher que, em comum, portavam um anel especial num dos dedos das mãos. E as pistas deixadas nos últimos dez anos, que eram os restos de pó branco misturado ao ingrediente de cheiro forte? Mateus também descobrira. Ele não sabia por que a mistura era usada nos desaparecimentos, mas era originária do Brasil. Mais especificamente, de Minas Gerais. Quanto aos anéis, o garoto notou que quando se descreviam os tipos de homem ou mulher, eles divergiam no porte físico, na vestimenta, na aparência em geral. Mas o anel nunca faltava em nenhum deles. O Sherlockinho deu atenção ao detalhe porque o anel era diferente dos encontrados nas joalherias. Procurou-o em centenas de lojas. Não o encontrou. Mas por que um anel, especial, nas mãos de todos os raptores? Não sabia. Mas estava feliz por ter sido o único detetive a ter notado isso. Um bom detetive é aquele que procura os mínimos detalhes como pista em casos intrincados. - Ei, "meu", está no mundo da lua? - Lúcia cutucou Mateus. - Ahn?...ah!...desculpe, estava pensando. - Nos desaparecimentos ou nos 10 milhões? - Só nos desaparecimentos. - Bem, vamos. Já são 8 horas da noite. Está escuro e frio. Pode dar neblina na serra.

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Entraram no fusca e da rodoviária tomaram uma estradinha estreita de asfalto e pedra subindo a serra. Depois de uns 20 minutos pegaram outra estradinha, de terra, sempre subindo rumo ao sítio. A noite era de lua nova, escura, e as estrelas desciam nas serras da cidade-poesia para beijá-las. Na escuridão, Lúcia deu uma freiada brusca quando algo passou raspando o parabrisa. Era uma coruja. Ao lado da estradinha, Mateus se arrepiou quando dois pontos brilhantes olhavam para ele. Eram os olhos de um coelho. - Já imaginou se este carro pifa aqui? Antes que a moça respondesse, a brincadeira virou realidade. O motor começou pipocar e parou. Os faróis se apagaram. A bateria foi a zero. Lúcia insistiu na chave...mas nada. Eram 9 horas da noite. Os dois ficaram no carro pensando o que fazer. Não tinham nem uma lanterna de pilhas. Nem fósforos.

*** SEGUNDA-FEIRA DE MANHÃ - Extra, extra! Casal de jovens desaparece na serra de Extrema, em Minas! - Pequenos jornaleiros gritavam. Nas manchetes estavam as fotos de Mateus e Lúcia.

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Os policiais da região passaram toda a noite daquela sexta-feira procurando o fusca na serra, desde que foram avisados pelos pais de Lúcia que os jovens não haviam chegado ao sítio. Mas as buscas deram em nada. Não foram encontrados. Nem o carro. A notícia se espalhou. Em São paulo, o chefe de Mateus era assediado por repórteres. Os tios do moço, já no domingo cedo foram à Extrema acompanhar as buscas. O chefe não sabia o que fazer. Tinha pouco a dizer. Apenas que o jovem estava investigando o caso dos desaparecimentos por conta própria por sete anos, desde criança. Que enviara uma carta à ONU dizendo saber sobre uma boa pista. E que a ONU lhe respondera convidando-o para, em breve, ir até ela. Aí os órgãos noticiosos detonaram: " O Jovem detetive, Mateus, de 17 anos, que afirma ter descoberto a pista sobre os desaparecimentos de médicos, engenheiros, cientistas e profissionais de todas as áreas nos últimos cinquenta anos - desaparece também. Em sua companhia, desapareceu uma moça. Até o carro sumiu. O moço iria à ONU apresentar sua tese sobre os casos misteriosos. Na realidade, as autoridades suspeitam de que os dois tenham ‘fugido’ para um passeio amoroso.”

*** O tempo correu.

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Passou uma semana, meses. Nenhuma notícia do casal ou do carro. Com o tempo, os órgãos de comunicação foram deixando de explorar o caso e diziam: " Se o jovem Mateus tinha mesmo uma pista relevante sobre os desaparecimentos dos últimos cinquenta anos, ela desapareceu junto com ele, a moça e o fusca, naquela serra de Extrema, há meses."

NAQUELA SEXTA-FEIRA... Quando Mateus atendeu ao último telefonema, nem imaginava, mas ali, estava sendo tramado o seu desaparecimento. Do outro lado da linha, quando o "indústrial", Jaques Spiller, - que não era nenhum industrial - desligou colocando o fone no gancho, num dedo de sua mão havia algo tão procurado pelo pequeno Sherlock - o grande anel. E, esfregando as mãos, Spiller deixava cair resíduos de um pó branco misturado a um ingrediente de cheiro bem forte.

Entretanto, os noticiários estavam enganados. Havia algo que ninguém imaginava. Ocorrera naquela sexta-feira quando o jovem atendera seu último telefonema na agência, antes de viajar para Extrema.

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NAQUELA SEXTA-FEIRA SERRA DE EXTREMA - 9 HORAS DA NOITE... - Mateus, o carro não pega. Pifou mesmo! - E agora, flor de MInas? - Não sei. Faltam 5 quilômetros. Vamos a pé? Encara essa? - Neste escuro? Sem lanterna? Está Louca? Conversavam, mas não desciam do carro. Ouviram um ronco conhecido no céu. - Veja, Lúcia. Aqui é aerovia, rota dos aviões que decolam de Guarulhos para o norte. Para Brasilia, Belo Horizonte, Manaus. Lá vem um. - Como são lindas aquelas luzes piscando. O Boeing passou e sumiu na escuridão da noite com suas luzes multicoloridas se misturando às estrelas. - Olha outro Boeing! - Apontou Lúcia. - Mas as luzes não piscam... - E está mais baixo que os aviões. - Não está na rota dos aviões. - Está baixando sobre a serra. - As luzes são muito fortes. - Será um avião, ou helicóptero baixando? - Nada, não. Vem vindo para cá! Olhe como a luz aumenta! Está caindo... está caindo...aqui! Os dois permaneceram no carro, estupefatos. A luz que encobria tudo e cegava,

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baixou sobre as árvores e, de repente, como um holofote que ilumina uma cena, brilhou sobre o fusca. Não conseguiam abrir os olhos. - Que treco é esse? - Gritava Lúcia. - Sei lá! Não posso abrir os olhos. Abaixa a cabeça e fica quieta. - Coisa estranha, Mateus. Estou leve. Pareço pena voando, com o vento levando para lá e para cá! - Também me sinto assim. Mas estamos dentro do carro. Consegui abrir os olhos. Ei, carro voa? Carro voa? - "Meu", a gente está voando no fusca! E acabou a Luz forte. Olha lá embaixo as cidades. - Vejo. Estamos voando acima de Extrema. Olha lá Itapeva, Camanducaia, Cambuí, Joanópolis. Mais longe...Pouso Alegre...Varginha. - Aquela grande é Bragança. Estamos subindo cada vez mais. Isso é filme de Spielberg, é sonho. Não me belisca, Mateus. Não quero acordar. - Não é sonho, menina. É realidade. Será coisa do ET de Varginha? - Não brinca, Mateus. O negócio é sério. Dá uma olhada para fora, para cima... - Garota, tem um grande treco voador. O fusca está pendurado nele por um feixe de luz. - Menino, o treco está puxando o fusca para dentro dele. O grande holofote, que era circular, mas do tamanho de um jumbo, absorveu o fusca. Dentro da nave os dois desceram do fusca. As paredes eram de fino acabamento. Havia

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poltronas. Se havia tripulantes, estavam noutro compartimento. - OVNI! Disco voador! Eu te falei, flor de Minas. Isso é coisa do ET de Varginha. Ele está fuçando em Minas. Saiu em toda a imprensa. Olha aqui a prova em nós, voando nesse treco! - Ainda penso que é o mais lindo dos sonhos... - Não é sonho! Sejam bem-vindos à bordo, jovens. - disse uma voz saída de um alto-faltante.

*** RUMO AO DESCONHECIDO Os jovens olharam instintivamente um para o outro, assustados. Ficaram quietos. Mateus piscou para Lúcia. - Estejam à vontade. Estão entre amigos. - "Imagine se uns caras desses fossem inimigos "- sussurrou o garoto para a moça. Algo como uma janela panorâmica se abriu numa porção da parede, transformando-se num grande visor de onde tudo podia ser avistado. Percebiam que estavam bem alto. Além da atmosfera. Lá onde os satélites artificiais transitam. Após alguns giros em torno da Terra a nave começou a fazer manobras para pousar

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dentro de outra, milhares de vezes maior do que ela. Era uma coisa fantástica na região dos satélites. - Que é aquilo, Lúcia? - Parece um prédio. Um edifício maior do que os maiores da Terra. Mas tem a forma de um cubo! - Um edifício no espaço? - Presta atenção Mateus. O prédio, ou a “coisa”, por instantes fica visível e invisível. Some e aparece, intermitentemente. É incrível! Olha lá, abriu uma porta. Estamos indo pra dentro. - "Meu"! Eles têm uma garagem no céu! Vamos entrar na “coisa”. Isso é loucura. Aí foi ouvido um diálogo como num controle de aproximação de tráfego aéreo: - Atenção nave 83. Quer mais visibilidade para entrada? - Negativo, controle. Está ótima. Estamos entrando...entrada final perfeita... Obrigado.

*** PRIMEIRO CONTATO A nave estacionou num compartimento enorme da coisa, onde já estavam dezenas iguais a ela. Uma portinhola se abriu e os jovens, pela voz do alto-falante, foram convidados a descer. Para espanto deles, foram recebidos por um homem comum, terrestre.

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- Pensei que seriam ETs, e de Varginha! - Comentou Mateus no ouvido de Lúcia, riram. - Muito prazer em recebê-los, meus jovens. Você é Mateus, e a moça, com se chama? - O nome dela é Lúcia - disse o rapaz segurando a mão da menina - eu queria saber... O homem interrompeu. - Estão cansados...vão jantar e descansar. Não se preocupem. Amanhã terão todas as respostas. Me campanhem por favor. Saindo do estacionamento ou hangar, seguiram por muitos corredores. Depois, subiram muitos andares em elevadores. Outra vez, andaram por corredores. Os jovens observavam e admiravam. A coisa espacial era construída com material de primeira. Tudo bonito e bem feito. Chegaram à uma porta. O homem a abriu e lhes mostrou um lindo aposento, do tipo “5 estrelas”. Tinha tudo que um belo hotel possui. Em seguida, por telefone, solicitou a vinda do jantar. Chegou outro homem com um carrinho, e nele, um jantar para dois. Os dois homens sorriram, deram boa noite e trancaram a porta por fora. Os jovens jantaram e caíram de sono. Há cinco horas estavam naquele suspense. Quando dormiram, eram duas horas da madrugada.

*** MANHÃ DO SÁBADO

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Eram 9 horas da manhã quando os jovens acordaram com uma música no quarto. Ouviram um convite por um alto-falante para que se arrumassem. Levantaram-se e se prepararam. Dentro de 20 minutos alguém tocou a campanhia. Abriram a porta. - Bem vindos ao Columbus, disse o velhinho bem sorridente. Seus cabelos eram brancos e os olhos bem vivos como os de uma criança, escrutinadores. Era de baixa estatura e sua idade parecia bem avançada. - Como sabemos se é dia ou noite aqui, visto que a luz é artificial? Indagou Mateus estendendo a mão. - Mateus, Lúcia, entendo o espanto. Na verdade não nos importamos muito se é noite ou dia. Baseamo-nos pela duração das horas dos períodos de serviço ou de descanso. Mas adotamos o calendário da Terra, pela hora da principal cidade do ocidente, Nova York. Agora são quase nove e meia da manhã lá. Por isso, bom dia! Então o velho apresentou-se: - Sou Rombs.

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Mateus comentou:

- O sr. já sabia do meu nome e da menina. - Claro. Acompanhamos seus passos desde que começou a trabalhar na agência de investigações. Estávamos no meio de vocês. Você é um menino esperto, vivo, inteligente. Tem um interesse incomum em coisas incomuns. Gostamos de pessoas assim. Nosso projeto é incomum. Pessoas incomuns pagam um preço. - Meu preço é estar aqui. - Sim. Mas vamos ao café. O CAFÉ DA MANHÃ Após andarem por vários corredores e utilizarem elevadores, chegaram a um grande refeitório. Pelos cálculos de Mateus acomodava perfeitamente mais de mil pessoas. Era do tipo self-service. Não estava lotado por que já passava das nove e meia da manhã.

Leitor, veja o Rombs aí outra vez. A quanto tempo! Lembra-se de quando ele desaparecera junto com a esposa Sally em 1948, há 50 anos? Como será que ele veio parar aqui nesta “coisa” “aprontando” em Minas na história do Uailien de Varginha? E o que será que ele quer com nosso herói brasileiro? Continuemos, mas sempre no belo estilo de Hollywood...

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- Acomoda mil pessoas - disse Rombs - mas como os horários são revezados, três mil comem aqui. - Vocês tem três mil pessoas à bordo? - perguntou Lúcia? - Mantemos essa média. - Que deseja comer, Mateus? E você garota? Escolham à vontade. - Tem de tudo? - Para Mateus parecia que sim. A variedade era total. - Quase tudo. Caso goste de algo e falte, basta deixar anotado num ficha que dentro de três dias conseguiremos. - Três dias? - Estranhou Lúcia - três dias? Mas o sr. imagina que ficaremos aqui três dias? - O sr. está brincando com a gente, né, sr. Rombs? - Mateus reforçou o espanto de Lúcia. - Filhos, quem vem para cá é para ficar. É habitante daqui! Vocês agora pertencem ao Columbus, não moram mais na Terra. Lúcia fez um gesto revoltado de se levantar e encarar o velhinho. Mateus a conteve segurando-lhe o braço para que ficasse quieta. - Calma. Estamos impotentes diante deles. Vamos raciocinar. - Mateus sussurrou-lhe. Lúcia entendeu. Ficou quieta. Rombs disse a Mateus: - Ninguém lhe mandou descobrir os anéis! - Não foi apenas os anéis que descobri Rombs. Lúcia perguntou a Mateus, falando baixinho enquanto Rombs se distraíra. - O que mais descobriu? - O pó branco e a mistura química de cheiro forte.

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Você não percebeu? Era o que eu suspeitava. Há dezenas de pacotes no refeitório. É o alimento preferido dos habitantes dessa “coisa”. Rombs e todos os do Columbus são viciados neste alimento. Comem até quando estão raptando as pessoas. É vício mesmo. - E o que é Mateus? - Lúcia queria saber. - Você saberá quando chegar a hora.

*** O COMEÇO DA HISTÓRIA Terminaram o café. Os jovens se acalmaram pois de nada adiantaria se rebelarem. - Vamos ao meu escritório. Tenho uma história fantástica para lhes contar. Todos que vêm morar no Columbus precisam conhecê-la. Viram como o Columbus se tornou visível e invisível quando estavam chegando com a nave? Foram ao escritório de Rombs e se sentaram. A sala era magnifica e confortável. Rombs relatou-lhes diante das suas faces atentas. - Em 1944 eu era um físico que trabalhava em projetos militares para a Marinha dos Estados Unidos. Procurava uma arma que resolvesse a II Guerra Mundial em pouco tempo. Em minhas pesquisas para o governo descobri algo fantástico. Chefiei um projeto chamado PHIL - na Philadélfia. Nele, descobri como eliminar a força da gravidade em relação a qualquer tipo de

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matéria através de um campo gerador de inversão de sinais eletro-magnéticos nunca sonhado, nem por Einstein. Enquanto Einstein era a figura das atenções do mundo, eu simplesmente descobrira aquilo e não divulguei, nem à Marinha. A princípio construí um modelo pequeno. Quando o acoplava a qualquer objeto, tanto o gerador como o objeto, perdiam a gravidade e flutuavam. Para meu espanto, notei que, alem disso, se tornavam completamente invisíveis. E o fenômeno era controlável. Mas eu queria um bem maior. Como construí-lo sem que a Marinha descobrisse? Ela sabia que eu pesquisava uma arma inigualável, mas não conhecia a fundo o que eu descobrira. Então, conheci alguém, desertei e levei o segredo. SALLY Rombs continuou relatando: - Ela era linda, Lúcia. Para mim, Sally era a mais bela das mulheres. Tinha mais idade que você. Era uma historiadora. A conheci numa conferência de cientistas na Philadélfia - Rombs suspirou - tornou-se minha esposa. Contei-lhe tudo o que eu havia descoberto. E ela me revelou algo impressionante que descobrira também. Numa expedição exploratória que fizera pela virgem África, descobrira num lugar isolado e distante da civilização, uma cidade em ruínas, desabitada, mas de ouro puro! Era rodeada por montanhas de difícil acesso e não avistada por

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ninguém, mesmo desde algum avião, pois se escondia entre densas árvores. A quantidade de ouro era incalculável. Parecia que todo o ouro do mundo estava ali. Os habitantes deixaram tudo intacto ao desaparecerem de maneira súbita, -tavez vitimados por alguma peste - há muito tempo. Os milhares de esqueletos mostravam isso. Eles tinham uma cultura muito desenvolvida, principalmente na astronomia. Sally trouxe muitos manuscritos antigos de lá. Os companheiros de Sally naquela expedição, ao retornarem morreram na selva vitimados por febres. Só ela escapou descendo um rio numa pequena canoa. Depois de muitos dias, enfraquecida, foi socorrida por alguns nativos amistosos, há centenas de quilômetros distante da cidade antiga. Voltando à civilização Sally guardou o segredo e o revelou só a mim. Mas havia algo terrível que os antigos habitantes da cidade de ouro descobriram. Aquilo mudaria o futuro da humanidade. Apenas Sally sabia. Ela me contou. ASPÉRGIUS, O PERIGO DO FUTURO Rombs relatou a Mateus e Lúcia a descoberta de Sally: - Por uma dessas razões que não se conhecem, os habitantes de Fu-lam, - aquela cidade misteriosa - sabiam de algo que ocorrerá no futuro e destruirá a tudo. Seus antepassados, amantes da estronomia, haviam presenciado há séculos a passagem de um enorme corpo celeste

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muito próximo à Terra. O fenômeno fora motivo de susto por muito tempo. Como eram hábeis astrônomos, calcularam o regresso do corpo espacial quando passasse novamente pela vizinhança da Terra. Só que, devido a órbita e a proximidade, os cálculos mostraram que, na próxima vez, o corpo não passará; colidirá com a Terra. Eles chamaram de Aspérgius - na língua deles - aquela enorme rocha com dezenas de quilômetros de diâmetro. O choque com o solo será avassalador. Hoje calculamos que o impacto será igual ao de milhões de bombas atômicas detonadas num segundo num só ponto da Terra ou do Mar. Onde caír, um lugar, por exemplo, do tamanho de uma cidade como São Paulo, será sepultado no instante e se abrirá uma cratera de milhares de quilômetros. Estilhaços voarão para o céu e o fogo do impacto subirá instantaneamente em todas as direções do planeta. Uma nuvem mortal se formará envolvendo toda a Terra, vedando a luz do sol. Será o fim de quase tudo - como dizem que foi no tempo em que um cometa acabou com a Era dos dinossauros. E como desta vez não há dinossauros para morrer, os mortos serão quem estiver vivo. Se cair no mar será pior. O Aspérgius, se chocará com a Terra em 2010. Temos pouco tempo, jovens! A EXPEDIÇÃO A FU-LAM

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- Senhor Rombs, - disse Mateus - as suas descobertas foram fantásticas! Antigravidade e invisibilidade da matéria! Uáu! - Mas o achado de Fu-lam, por Sally, foi "dez"! - Comentou Lúcia -. Tenho lido em jornais e revistas, vi até na TV, hipóteses científicas sobre a catástrofe que causaria o choque de um corpo celeste, cometa ou asteróide, com a Terra. Seria o fim, não da humanidade, - talvez sobrassem alguns da espécie humana - mas a civilização findaria. De que adiantaria restar alguns na Terra que não tivessem conhecimento técnico, científico, etc? Demoraria mais uns seis mil anos para a humanidade chegar onde chegou até agora. Rombs observou: - É isso mesmo. A civilização findará, então, no choque da Terra com o Aspérgius em 2010. Nossa expedição, comigo e Sally - continuou Rombs - chegou a Fu-lam em fins de 1944. O lugar era magnífico. Chegamos com dificuldades. Tivemos que transpor montanhas e selvas fechadas que ofereciam muitos perigos. Alguns de nossos carregadores e batedores perderam a vida. Chegando lá, vimos que o ouro era mais do que pensávamos. Daria para realizar tudo e sobrava. Nossa primeira obra foi construir uma pista de pouso camuflada para os aviões que nos abasteceriam. Abrimos em Nova York uma agência de transportes para operar em várias partes do mundo. Sally voltou para lá, e comandava todas as operações sem despertar

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suspeitas. Eu fiquei na selva dirigindo a construção do Columbus. Contratamos pilotos desempregados do após-guerra. Bill era um. Quantas vezes desceu e decolou da Selva com o tijolão... - Rombs deixou rolar uma lágrima, como acontece nessas ocasiões emocionantes. TRABALHO EM FU-LAM - Bill não veio com o Columbus? - Não, Mateus. Bill sempre nos abasteceu, regularmente. Era meu encarregado de operações aéreas. Contratava os aviões e pilotos de confiança para mim. Um amigo de verdade. Recebeu todo o ouro que quis. Mas, que homem discreto! Nunca me perguntou o que eu fazia. Joe, seu copiloto, casou-se com Glória, uma menina do acampamento e depois foram para a Austrália, formar fazendas. Joe amava tanto a garota que vivia com medo que o tijolão caísse nas operações difíceis de pouso e decolagem na selva. Cada viagem era uma aventura. E assim, construímos passo a passo o Columbus. Primeiro um grande módulo com o qual poderíamos sair de Fu-lam e viver no espaço. Aquele módulo podia acomodar centenas de pessoas e três discos voadores. - Discos voadores? - Mateus estranhou. - Discos...discos desses que os humanos dizem ter visto. Aproveitamos a crença das pessoas em discos voadores e desenhamos modelos idênticos. Assim, quando nos avistassem

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pensariam terem visto discos. Nunca suspeitariam que aquilo fosse criação de meros homens. - Outro "dez"! - concluiu Lúcia. - Então... será que o Et de Varginha...? - Pare com isso Mateus! Que fixação nesse ET de Varginha, "meu"! O disco do "seu" Rombs é coisa séria! Né, “seu” Rombs? - Lucia está certa, Mateus. Em março de 1948 terminamos o trabalho. E o Columbus, lindo, invisível e anti-radar, decolou e está em órbita, até hoje. A MANUTENÇÃO DO COLUMBUS - Senhor Rombs, de onde vem ou como é suprido o oxigênio para os habitantes do Columbus? - Bem, meu jovem, não é difícil. De seis em seis meses descemos com o Columbus bem próximo à superfície. Sobre uma floresta ou sobre o mar e o abastecemos. Assim, mantemos nosso suprimento de ar respirável idêntico ao do solo. Não é uma operação demorada. - E qual é a finalidade dos discos? - Muitas, Lúcia. Tudo o que precisamos aqui, os discos nos trazem. Mantemos agências disfarçadas, fora de suspeita, em várias partes da Terra. Elas adquirem tudo o que necessitamos e deixam em locais combinados. Aí, é só os discos buscarem. Temos conexões terrestres para levar as coisas até os discos. Tudo funciona muito bem.

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- Quer dizer que os homens do Columbus estão indo sempre à Terra? - Claro, Mateus. Todos os dias. Além dos que ficam trabalhando nas agências da Terra, há um vai-e-vem constante. Abastecer três mil pessoas não é fácil. Os discos prestaram grande serviço quando estávamos construindo todos os outros módulos que foram acoplados no primeiro que partiu de Fu-lam. Centenas de módulos foram construídos aqui no espaço desde 1948. Teria sido impossível se não tivéssemos os discos para transportar os materiais. A NASA construiu o Skylab, os russos a estação MIR. Muitas nações se reunem para construir estações espaciais com a ajuda dos ônibus espaciais. Mas nós, fizemos o Columbus, a maior e a melhor das estações, de maneira diferente, por outros métodos. - E algumas pessoas das que vão à Terra não tentam fugir? - Ora, Mateus! Primeiro, quem foge do ouro? Ninguém. Os que vão podem gastar o que quiserem. Segundo, se têm tudo aqui em paz e tranquilidade, com visitas ao solo toda vez que desejarem, por que fugiriam? Em terceiro lugar: os anéis...os anéis não deixam ninguém fugir! UM PASSEIO PELO COLUMBUS - Os anéis! Por isso estamos aqui Lúcia. Porque eu os descobri. Eles são excenciais para o Columbus. Como funcionam, senhor Rombs?

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- Eu lhes mostrarei em breve. Agora convido-os a conhecer um pouco do Columbus. Venham. Rombs mostrou-lhes a garagem dos discos. Acomodava uns 200 e outros 50 estavam fora, em missões na Terra. Depois a cozinha. Ali eram preparados os alimentos para os moradores. O refeitório eles já conheciam. Conheceram as escolas onde se ministravam os cursos para os que eram novos ali e para as crianças do Columbus. Muitas nasceram e nasciam ali. Havia um currículo escolar a cumprir. Passaram todo o dia andando de módulo em módulo. Viram o hospital, completo, com centro cirúrgico inigualável. Os escritórios em geral. Visitaram os laboratórios de pesquisas de todos os tipos em vários campos da ciência. Faziam até clonagens há muito tempo. Havia módulos que eram só de botânica. Outros com criação de milhares de animais de vários tipos. Aves, mamíferos, répteis. Imaginem até um curral aéreo, em órbita da Terra! - Isso me lembra uma arca de Noé espacial, sem dilúvio - disse Lúcia. - Se a vida na Terra for muito prejudicada pelo Aspérgius...nos lembra Noé! - disse Rombs, rindo. À tarde, chegaram até algo incrível, o cofre. Rombs abriu. O ouro resplandeceu, brilhou. - Todo o ouro do planeta está aqui? - Lúcia perguntou. - Não deixou nada lá em baixo?

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- E ainda não gastamos nem a quarta parte do que temos - Respondeu Rombs, orgulhoso. - Mas onde está Sally? Indagou Mateus. O CEMITÉRIO DO COLUMBUS - Sally...Sally! - Rombs se entristeceu com a pergunta - eu a perdi há quatro anos. Fizemos tudo o que foi possível. Tratamos dela aqui e na Terra. Nada adiantou. Perdi minha companheira. De lá para cá foi muito difícil continuar à frente do projeto. Foi difícil...ainda é. Ela era meu braço direito. Lúcia apertou os lábios e balançou a cabeça em sinal de pesar. Rombs continuou: - Agora chegamos a um módulo especial. Pode ser chamado de o cemitério do Columbus. Aqui são incinerados todos os mortos, objetos e materiais que precisamos eliminar de bordo. O calor da fusão é tão forte que, de qualquer coisa, só restam as cinzas. Então, as reduzimos mais ainda e as depositamos em algum lugar da Terra ou deixamos em órbita como poeira difusa e diminuta. - Isso é história pra Júlio Verne, Lúcia! - Nem Verne pensou nisso. Olhe, Mateus, que interessante. A esteira rola com um monte de coisas que vão direto para o incinerador. - É mesmo...êpa! Olhe lá Lúcia! Teu fusquinha vem vindo na esteira! - "Seu" Rombs, por favor...pare a esteira! Meu fusca está nela. Vão incinerá-lo!

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- Para que serve seu fusca? Não precisa mais dele. Terá os melhores carros da Terra. - Mas esse é de estimação, é da família - Lúcia implorou. O carro estava na boca do forno. Rombs riu e atendeu. Mandou retirá-lo da esteira. Perguntou o que faria com o carro, agora. - Devolva-o em Minas Gerais, lá no sítio, em Extrema - respondeu Lúcia. O CÉREBRO DO COLUMBUS E O ANEL - Vou devolver seu fusquinha à sua família. - Rombs ria. - E não me chamem mais de “senhor”. Rombs levou Mateus e Lúcia ao último andar do Columbus. Eram os módulos onde ficava o cérebro da “coisa”, uma rede de computadores. - Aqui está todo o cérebro da nossa casa espacial, o centro de controle de tudo. Os computadores cuidam de todas as ações. Havia uma numerosa equipe de técnicos de várias idades, - homens e mulheres, jovens, adultos e idosos - todos atarefados nos afazeres. - Vejam aqui, - mostrou Rombs - um circuito de TV. Por meio dele observamos todas as pessoas do Columbus que estão em missões na Terra. Mateus se interessava em entender como era feito o controle das pessoas que iam à Terra. - Dá para mostrar um exemplo, Rombs? O velho chamou um dos técnicos.

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- Este é Pilous, encarregado do setor de informática. Pilous, por favor mostre a eles como acompanhamos uma missão na Terra. - Simples. - Disse Pilous - Vejam este homem fazendo compras numa loja em Paris...é um dos nossos. Veja o grande anel na mão dele. Funciona como micro-receptor e transmissor de imagens de TV, initerruptamente. - Ora, basta retirá-lo do dedo! Disse Lúcia. - Ah! Mas o anel tem outra função - replicou Rombs - Ele é, ainda, um desintegrador automático. Se for retirado, desintegra o portador e tudo o mais, num raio de 10 metros. Ali estava o valor do anel para o Columbus.

*** MESES DEPOIS SURPRESA EM MINAS GERAIS Os jovens eram "hóspedes", habitantes do Columbus. Já haviam se acostumado. Viviam em aposentos confortáveis. Nada lhes faltava. Aprendiam de tudo sobre a grande casa espacial em órbita. Conquistaram a simpatia de Rombs. Lúcia pela sua jovialiade, Mateus pela vivacidade. O velho gostava muito deles. Tratava-os como os filhos que nunca teve. Alguns meses depois, quando os órgãos noticiosos não exploravam mais o caso do desaparecimento dos jovens, o brincalhão Rombs aprontou uma. E depois riu vendo a TV.

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Os pais de Lúcia, certa noite, dormiam no sítio, em Extrema. Nem ouviram quando os cachorros latiram muito e os animais correram espantados. Pela manhã, atônitos, chamaram apressadamente as autoridades. Foi um prato cheio para os veículos de comunicação. Diziam: " O fusca que desapareceu com os jovens Lúcia e Mateus meses atrás, numa estradinha da serra de Extrema, em Minas, reapareceu ontem de manhã, bem no meio de um curral, no sítio. O curral fica num lugar onde só se chega à pe ou à cavalo. Não há lugar para trafegar carro. Nem trator passa por lá. Até parece que o fusquinha veio do céu, pois não há outra maneira de ter chegado até o local. Ninguém acredita, mas o carro está dentro do curral, intacto, limpo e polido. Porém, não há nenhum sinal dos jovens. Jornais que gostam de fazer brincadeiras dizem que ‘talvez tenha sido coisa do ET de Varginha’. Outros acham que foi um helicóptero que levou o carro. Mas e o barulho? Ninguém ouviu barulho de nada!".

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*** ALGO MAIS NOS CORAÇÕES Mais meses passaram. A vida no Columbus continuou. Um satélite especial, invisível, anti-radar, com carga viva, dando voltas na Terra. Alguns residentes normalmente morriam. Novatos chegavam. Dentre eles, tecnólogos e profissionais, com curso superior ou longa prática. Variavam. Engenheiros, físicos,

Infelizmente, leitor, o fusquinha de Lúcia era tupiniquim, brasileiro, mineiro - do terceiro mundo. E nós estamos condicionados, acostumados, que só fuscas do Tio Sam é que falam. Lembra-se do fusquinha tagarela do filme “Ah, Se o Meu Fusca Falasse!”? Fusquinha de lá fala. E fala em Inglês! Mas, ah, se o fusquinha mineiro da história do Uailien de Varginha, falasse! Iria para a delegacia, convocaria a imprensa, daria entrevistas, salvaria a Terra dessa grande pedrada que todos vão levar na cabeça em 2010. Viraria herói, não nacional; mundial!

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químicos, astrônomos, médicos. Zoólogos, botânicos e especialistas em veterinária e clonagens. Mateus e Lúcia haviam se adaptado bem à nova maneira de vida. Rombs permitiu, pelas suas aptidões, que a moça trabalhasse na área burocrática de suprimentos alimentícios. O garoto ficou na área de informática subordinado diretamente a Pilous. Mas se viam todos os dias. Aprenderam muito. Quando desejavam, faziam visitas à Terra. Eram deixados em lugares combinados com os pilotos dos discos e depois, em locais pré-determinados, ajudados pelas agências na Terra, eram apanhados pelos discos e levados de volta ao Columbus. Foram e voltaram muitas vezes. Os jovens gostavam da novidade. Eram aventuras. Faziam essas "visitas" juntos. Só havia uma exigência: tinham que portar o anel e não se deixarem reconhecer por ninguém. As aventuras e a convivência no espaço fez aflorar algo novo no casal. Aos poucos foram descobrindo um apego, uma afinidade, um elo, que antigamente existiam de formas veladas, não declaradas: se amavam. E não foi mais possível esconder tais sentimentos. Era amor. Casaram-se oficialmente, pela lei que regia os residentes do Columbus.

*** VISITAS À TERRA

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Com os anéis especiais nos dedos os jovens passearam bastante. O ouro de Fu-lam custeava tudo. Rombs não regateava e dava toda a "liberdade" que quisessem, desde que respeitassem as regras. Quando em visitas à Terra, fizeram compras que jamais fariam se não fossem membros do Columbus. Foram a teatros, cinemas, shows. Hospedaram-se em hotéis 5 estrelas. Passaram dias em praias, saboreando o frescor das ondas e o contraste do calor do sol. Sentiram a brisa do mar misturada ao cheiro do amor, que tem o sabor eterno da adolescência. “Ah, a juventude devia ser eterna. A vida, devia ser!” - Pensavam os jovens. Frequentaram cidades e países que, normalmente, nunca teriam conhecido. Aproveitaram ao máximo o que lhes era permitido. - Olha Mateus, que maravilhosos efeitos especiais tem esse novo filme de Spielberg! Tudo o que Hollywood cria, mesmo sendo pura fantasia, irreal, o mundo gosta, aplaude. - Já imaginou se Spielberg soubesse de nossa experiência real? - Ah, se o cinema vivesse as aventuras, as viagens e a descoberta de Sally! Seria "dez"! - E se os técnicos em efeitos especiais de Hollywood, os roteiristas, os produtores do Tio Sam, conhecessem o que Rombs fez desde os idos de 1944? Que história, que filme! - E se os editores de livros soubessem que o Aspérgius vai cair na cabeça da turma em

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2010? Seria best-seller, isto é; se fosse escrito por "gringo"! Por que só "gringo" tem vez. Autor brasileiro...tá fora, tanto lá como cá.

*** A DIVERGÊNCIA Certa manhã, Rombs chamou Mateus e Lúcia ao escritório. - Vocês superaram minhas expectativas. Aprenderam muito sobre o Columbus em tempo recorde. Se mantiveram fiéis às nossas regras. Vejo em vocês os filhos que nunca tive. E melhor ainda, filhos que não são irmãos genéticos ou biológicos. Se amam, se casaram, podem gerar descendência. Vocês sabem a respeito dos métodos de clonagem que estão em desenvolvimento na Terra. Já sabemos muito mais aqui. Era meu projeto - visto que eu e Sally não tivemos filhos - fazer um clone de mim. De Sally não deu tempo. Não tinhamos a técnica ainda. Os jovens se entreolharam preocupados. Será que Rombs pretendia fazer um clone de si

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mesmo, aproveitando Lúcia como ventre gerador da célula clonada do velho? - Não se preocupem, filhos. Não é nada do que talvez estejam pensando. Desisti de fazer um clone de mim mesmo. Com vocês ao meu lado meus planos mudaram. - Quais são suas idéias, Rombs? - Mateus, quero que você e sua jovem amada - quando eu morrer - assumam o comando do Columbus. Eu os treinarei. Que acham? - Sou grata, mas é muito para mim, Rombs. Ainda sem eleição! - Lúcia balançou a cabeça em tom negativo. Aí, Mateus disse: - Poderia até ser, Rombs. Se a Lúcia topasse, eu imporia uma condição. A humanidade teria que saber sobre a queda do Aspérgius. Aí, Lúcia concordou. Mas, sendo brasileira e, ainda, mineira, só se houvesse eleições no Columbus, nada de imposições. Mateus, também, informou a Rombs que como no Brasil, no Columbus, todos tinham que pensar muito em eleições, campanhas, partidos, candidatos, promessas e coisa e tal. Rombs não aceitou as condições. Mateus recusou. Surgiu a divergência.

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*** NENHUM CRIME É PERFEITO, NEM O ANEL Os dias passaram. Rombs tinha esperança de que os jovens mudassem de idéia e aceitassem a liderança do Columbus sem que a humanidade soubesse sobre o Aspérgius. Não podia se arriscar a jogar fora um projeto de 50 anos. Ao passo que a civilização lá em baixo desaparecesse em 2010, os habitantes do Columbus - depois de passados os efeitos da catástrofe - emergeriam como civilização na Terra, nos moldes de Rombs.

Leitor, você deve achar lindo, o Rombs

querer transferir o comando da “coisa” para o menino! Se você estranhar, por que estranha? Só porque a história é tupiniquim e sobre o Uailien de Varginha? Não é assim nos belos filmes de Hollywood e que todos gostamos tanto? Só um exemplo: em “Horizonte Perdido”, o sábio velhinho, o grande Lama, chefe do paraíso do vale da lua azul, não oferece a chefia para um visitante selecionado, depois de sua morte?

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Certo dia o sherlockinho estava de serviço nos monitores de TV com Pilous. Acompanhavam a missão de um membro do Columbus, que na Terra, iniciava contatos primários com um médico, para raptá-lo depois. Na mão do homem estava o grande anel. Na consulta inventada, na sala do médico, quando o homem do Columbus colocou a mão sobre algo, suas imagens desapareceram do monitor de Pilous. Isso durou uns 20 segundos. Mateus notou a apreensão de Pilous, mas fingiu que não viu nada. Quando o homem tirou a mão do local as imagens voltaram ao normal. Chamado às pressas, Rombs entrou no centro de informática. Pilous, assustado, relatou o ocorrido. Era a primeira vez que o sistema tinha tido uma falha. Rombs disse: - Não se preocupe, Pilous. O homem não ficou sabendo naquele instante que as imagens sumiram. Se retirasse o anel naquele momento não se desintegraria, pois não havia o contato com nossa central. Estaria livre. Mas o anel não avisa se não estiver em contato. E quem seria louco de retirá-lo do dedo para fazer um teste? Naquela noite, o sherlockinho não dormiu. O BAILE, UMA ESPERANÇA No dia seguinte Mateus acordou com uma esperança. Parecia uma idéia maluca. Mas quantos absurdos podem não ser absurdos.

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À noite, no módulo do salão de esportes e festas, a orquestra tocava uma bela melodia no baile de comemoração de lançamento do Columbus. Há cinquenta anos estava em órbita. No salão repleto, Mateus dançava com Lúcia. Dizia-lhe algo ao ouvido de forma disfarçada. Quem os visse imaginaria que eram frases de amor. Mas, na verdade, era outra coisa. Lú... descobri algo. Se eu estiver certo, logo estaremos livres do Columbus. Disfarce... Rombs nos olha.. - colaram os rostos. Enquanto rodavam pelo salão, fugindo dos olhares de Rombs, ele murmurava: - Tenho que ir à Terra. - Vou também. O que você descobriu? - Não... não. Você não pode ir. Ainda não tenho certeza. Preciso, primeiro, fazer uma experiência, sozinho. Pode ser perigoso. - Mas me dá só uma diquinha. - Não posso. Só peço que confie em mim. - Claro...você é o meu sherlockinho. Mas tome cuidado. Vou ficar ansiosa e preocupada. - Bem, paixão, vou te dar uma pequena dica. Vou pedir para ir à Terra pescar. Quando eu pedir, você finge que não quer ir, que não gosta de pescaria. Está bem? - Pescar! - Lúcia riu - Você nunca pescou! Tem até medo de minhoca. Rombs se aproximava. - Cuidado, o homem vem aí - disse Mateus. - Então, pombinhos. Estão se divertindo?

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A PESCARIA - Pescar? Não sabia que gostava disso - disse Rombs, no outro dia, quando Mateus lhe pediu para ir à Terra - claro que pode. Nunca lhe neguei nada aqui. Onde pretende ir? - Há um rio, em Minas Gerais... - Rapaz, você é apaixonado por Minas. Minas! Ora, pode ir onde quiser. Mas quero que me traga algo de lá que gosto muito. É vendido nas cidades mineiras. - Ora, claro...então, posso? - Com uma condição. - Rombs, condição? - Se depois dessa pescaria, não aceitar o pedido que lhe fiz de me substituir na liderança do Columbus... não pesca mais - Rombs riu e concluiu - ah, quando for à pescaria leve a Lúcia também. - Eu?...Rombs! Pescar não faz o meu gênero. - disse Lúcia, que estava participando da conversa - Pescaria, beira d’água, sapos, cobras, pernilongos... não, tô fora, Rombs. Não gosto. - Mateus fingia insistir: - Que é isso, Lú? Uma noite só, vamos lá. - Não. Você vai só. Pegue seus peixes, mate sua vontade, e pronto. - Bem, jovens, cada um faz o que quer. Vá quando quiser, Mateus. Boa pescaria. Na Terra, Mateus pediu para o piloto baixar o disco lá em Minas, perto de uma cidade onde havia um rio de boa pesca. O moço desembarcou

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e o disco retornou ao Columbus. Ainda era dia, Mateus não esqueceu de comprar o que Rombs pedira. Depois foi à uma loja de pesca. Comprou varas, linhas, anzóis, chumbinhos como pesos para os anzóis, iscas...tudo. Menos minhocas, pois tinha certo nojo. Dava-lhe arrepios. Pescava calmamente. Entre uma jogada de anzol e outra, olhou para seu cronômetro. Eram 11 horas da noite. Neste exato momento, trocou o peso de um anzol. Ao efetuar a troca, durante exatos 30 segundos, de maneira dissimulada, chegou o chumbinho do anzol junto ao anel em seu dedo e o segurou. Depois dos 30 segundos afastou o chumbinho do anel, de forma que as câmeras do Columbus não pudessem registrar com clareza o ocorrido. Deu um longo bocejo, espreguiçou e continuou pescando, como se nada tivesse acontecido. Daquela experiência dependia uma informação vital para a humanidade.

O RETORNO

No dia seguinte, o disco estava no lugar combinado para o retorno. Mais passageiros, que fizeram outras coisas em Minas, principalmente em Varginha e adjacências, aproveitaram para retornar. Ao voltar, o disco pousou em várias partes do planeta pegando passageiros em outros lugares nos cinco continentes. A operação era rápida e confortável. O detalhe não faltava: todos

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portavam o grande anel. Chegaram ao Columbus. - Boa pescaria? - perguntou Rombs. - Ah, total fracasso. Só uns pequenos lambaris. Tome seu pacote com as coisas que pediu. Gosta muito de comer isso, Rombs? - perguntou James entregando a compra ao velho. Rombs comentou: - Gosto demais. Todos no Columbus gostam. Virou um vício. Comem até quando vão trazer novas pessoas para o Columbus. Depois que descobrimos isso, há uns dez anos, não conseguimos ficar sem comprar mais. Trazemos toneladas para o Columbus. E como os verdadeiros, os originais, só são encontrados em Minas Gerais, vamos muito às cidades de Minas, como Varginha, por exemplo. - Não sou mineiro, mas, também gosto, Rombs. Alías, isso se espalhou pelo Brasil. É feito de um pó branco misturado a um ingrediente de cheiro forte, não é? - É o pão de queijo mineiro! - concluiu Lúcia, rindo e estupefata - é feito de farinha de trigo, que é o pó branco, e misturado ao queijo, que tem o cheiro forte. Este era o resíduo deixado pelos sequestradores do Columbus que comiam pão de queijo antes de raptar suas vítimas incautas. Gente! Quem iria pensar nessa pista? Só o meu Sherlockinho! Rombs riu, concordou e disse: - Gostamos tanto de pão de queijo mineiro que, para pegar um de nós dos nossos discos voadores, ou, como dizem, um ET lá em

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Varginha, basta armar uma arapuca e colocar pão de queijo como isca! Mas, mudando de assunto, eu estive observando você pelo vídeo, Mateus. Aquele lugar não é bom para pesca. Tem que ir a lugar onde haja mais peixes. Na próxima vez lhe indicarei um. Bem, Mateus, não consegui observar o que você pescou exatamente às 11 horas da noite. Nos nossos monitores sumiu tudo a respeito de você durante 30 segundos! Não sabemos o que possa ter ocorrido. Naquele momento, se você tivesse retirado o anel, estaria livre. Mas é como sempre dizemos: quem é louco o bastante para fazer um teste com o anel? Para ver se ele está funcionando ou não? Ele não avisa o seu portador quando está falhando. Assim, mesmo para pequenas falhas, como esta que ocorrreu, o anel é seguro. Rombs riu após sua explanação. Mateus, também. Aquele era todo o comentário que o jovem precisava. Rombs não suspeitara de nada. O próprio Rombs, tão seguro e confiante, sem perceber “entregava o ouro ao bandido”. Após a descoberta, Mateus continuou no Columbus como se nada de novo houvesse acontecido. Dissimulou o mais que pôde. Lúcia estava ansiosa para saber o resultado da experiência. Ele não contava. Guardava o segredo. - Não posso ainda te contar os detalhes Lúcia. - Qual o passo seguinte?

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- Rombs me disse que na próxima vez que eu pretendesse pescar, me indicaria um lugar. Vamos trabalhar essa idéia, com cautela. - Mas desta vez eu vou? - Claro, flor de Minas. Acha que eu iria fugir e deixá-la aqui? Agora somos casados, lembra-se? Eu coloquei você nisso; vou tirá-la. - Quer dizer que será a pescaria da fuga? - Se tudo der certo, sim. Tem que dar. O ÚLTIMO ABRAÇO Rombs abraçou os jovens e brincou. - Mateus, eu lhe disse: só poderia pescar novamente se aceitasse minha proposta de comandar o Columbus quando eu... me for. - O velho ria. - Mas, como estou com muita vontade de comer um tambaqui ou um tucunaré, agora você terá que pescar lá no rio Amazonas. - Ah, sua proposta! Mas você permitiria que a humanidade soubesse sobre o Aspérgius? - Não posso. O Columbus não comportaria tanta gente em pânico querendo fugir para o espaço. Entenda. - Se soubesse, a humanidade poderia se precaver de algum modo. - Mateus tentava um acordo. - Ainda acho melhor não saberem. Poderemos trazer todas as pessoas que você me relacionar, isso eu permito. Me comprometo. - Mas o que são umas poucas pessoas diante dos mais de seis bilhões de humanos da

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Terra? Eles têm o direito de saber, Rombs. Mesmo assim, vou pensar melhor. - Mateus já simpatizava mais com o velho. - Então, desta vez a Lúcia resolveu lhe acompanhar? Mesmo não gostando de pescaria? - Mas veja o que exigiu: botas de couro até o joelho, roupa toda de couro e com mangas compridas. Luvas grossas...uma armadura. - Ela está certa. Como lhe disse, desejo comer um tambaqui ou um tucunaré, na brasa. São peixes enormes. O rio Amazonas está fervilhando deles. Promete trazer ou serão lambaris de novo? Leve o ouro que quiser. Gaste à vontade na Zona Franca de Manaus. Mas, traga meus peixes. AGORA! O disco deixou os jovens às márgens do rio Amazonas, numa região pertinho de Manaus. O piloto combinou com Mateus que viria buscá-los após umas doze horas de pescaria. - Agora, nada de pão de queijo. Vamos pescar o tucunaré para o Rombs. - disse Mateus a Lúcia. Escolheram um local e armaram uma barraca. Só havia o rio e a Selva. Era de manhã. - Precisamos pegar uns peixes pequenos. Servem de isca para alguns outros peixes.

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Lúcia observava o que Mateus fazia. Prepararam os anzóis, nos quais os chumbinhos funcionam como pesos. Mateus pegou dois chumbinhos. Imediatamente, colocou um junto ao seu anel e outro no anel da moça, ao mesmo tempo. Prendeu-os com fita adesiva para que não se soltassem. - Agora, Lúcia...calma. Com cuidado não deixe o chumbinho escapar do anel e, devagar, retire o anel do dedo. A moça, sem entender o por que, mas confiante, retirou o anel. Mateus fez o mesmo. Quase não respiravam, de ansiedade. Suavam. Mateus torcia para que desse certo. Grande foi a alegria quando os anéis estavam fora dos dedos e não ocorreu a desintegração. - Era isso mesmo, flor de Minas! O plano deu certo. Os vigias do Columbus não estão nos obervando. A comunicação entre eles e nós está interrompida. E como os anéis foram retirados no momento da interrupção, não funcionam mais. - Estamos livres! - gritou Lúcia, pulando de alegria. - Livres? E esse rio e a selva que nos cerca? Viu o tamanho da boca desse jacaré vindo aí para o seu lado? E essa sucuri de déz metros, descendo da árvore? A boca escancarada do enorme jacaré e a enorme sucuri, fizeram os jovens correrem dali, apavorados. James jogou os anéis longe. Nas águas do rio.

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Por cinco dias ficaram perdidos na selva. Não tinham prática nenhuma de sobrevivência naquela situação. Comeram o que puderam, até mato. Andavam sempre próximos à beira do rio. Foram encontrados por um pescador que os transportou até Manaus. Chegaram a Manaus sujos e maltrapilhos. Lá, compraram roupas e tudo o que precisavam. Ouro, eles tinha na bolsa, uma espécie de sacola grande, de couro, que carregavam. Procuraram maneiras de vir de Manaus até São Paulo, sem despertar suspeitas. Acharam, em Manaus, um caminhoneiro que vinha para o sul. - Estou indo para Porto Alegre. Passo em São Paulo. - disse o caminhoneiro, quando Mateus perguntou para onde ia. - Nos leva? - São muitos dias. Como posso levar um casal tão jovem, e se nem os conheço? Estão fugindo dos pais? Já sei...vão morar juntos no sul...acreditaram, também, que lá é o paraíso dentro do Brasil. - O amigo conhece isto? - Mateus perguntou, abrindo a bolsa e colocando algumas barras de ouro nas mãos do caminhoneiro. - Se nos levar, é todo seu. O homem arregalou os olhos. - São garimpeiros? Onde arranjaram isso, crianças? - Foi o ET de Varginha, ou melhor, Uailien de Varginha, que desceu lá em Minas e nos deu.

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Está satisfeito com a explicação? O Caminhoneiro riu, riu demais. Para ele era a maior piada que já ouvira, melhor que as de papagaio. - Uailien de Varginha? Bem...depois dessa, não interessa, levo vocês. Partimos hoje. O caminhão percorreu o Amazonas, Rondônia, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. Finalmente, após muitos dias de uma verdadeira aventura por estradas de lama, atoleiros e asfaltos mais esburacados do que dentes de pobres, chegou a São Paulo. - Vou montar uma frota de “possantes”. Vou ser patrão. E ainda vai me sobrar muito ouro. Crianças... vocês são uns abençoados que apareceram em minha vida! - disse o caminhoneiro ao se despedir dos jovens. Os jovens riram. Sentiram-se felizes por verem aquele homem, simples, tão feliz. Na delegacia, sob inúmeros flashes fotográficos, câmeras de TV e microfones de rádio, Mateus disse, com a concordância de Lúcia: - Pois é, doutor. É tudo como lhe contei. Foi o ET, Uailien de Varginha que sumiu com a gente...ele nos segurou presos durante todo este tempo... - O que? - disse o delegado - Vocês estão querendo que eu acredite que foram raptados, abduzidos e levados ao espaço por algo chamado Uailien, ou Uailien de Varginha durante todo este tempo? Por que não me dizem também que, o ET de Varginha ronda as cidades de Minas

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sempre em busca do delicioso pão de queijo mineiro, que não existe no planeta dele? O delegado riu muito, balançou a cabeça e disse: - Ah... o que não inventam esses jovens para encobrir suas maluquices! ET! Que misturada de nomes... Alien de Varginha! Uailien!!!...Uai... Uailien!!! O delegado não parava de rir. As autoridades, os tios de Mateus, os pais de Lúcia - ninguém acreditava na história deles. Achavam que haviam fugido para uma aventura romântica e, agora, vinham com aquela história maluca sobre ET ou Uailien de Varginha, após tantos meses de sumiço completo. Entretanto, Mateus tinha provas que os fariam crer na verdadeira história quando a revelasse no futuro. Resolveu, de comum acordo com Lúcia, que só contariam à ONU a verdadeira história sobre Rombs, o Columbus, e sobre o choque vindouro do Aspérgius com a Terra em 2010. Depois, mais descansados, numa noite, Mateus e Lúcia estavam no sítio dos pais dela, na serra de Extrema. Os dois olhavam as estrelas que vinham beijar a montanha. Mateus resolveu contar a Lúcia o que fazia os anéis do Columbus falharem e o que interrompia o circuito. Contou que, quando, naquela vez, um homem do Columbus colocou o anel sobre algo no

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consultório de um médico e o circuito ficou interrompido por instantes, ele deduzira que devia haver algo no consultório que provocasse a falha. Seria a placa de chumbo que, em alguns consultórios protege as pessoas contra a radiação dos aparelhos de raios-X? Fora, assim, que ele resolvera experimentar os chumbinhos para anzóis sobre o anel, naquela noite, às 23 horas, numa pescaria. Constatou ali, que o circuito também falhara. Estava comprovada, naquela ocasião, a sua tese. Depois, na pescaria que seria a da fuga, bastou colocar os chumbinhos com fita adesiva no anel de Lúcia e no dele ao mesmo tempo. Pronto: interrompera-se o circuito entre o Columbus e eles. Assim, ele pode retirar os anéis de ambos, sem perigo algum. E ele sabia que, depois daquilo, estaria livre, e Rombs não o perseguiria mais, pois tendo sido descoberto o seu grande segredo, o velho teria que inventar um novo sistema de proteção do seu projeto, bem diferente do método dos anéis. - Mateus, só uma coisa me assusta em tudo isso. E a solução não vai ser tão simples como a dos chumbinhos. - disse a bela mineirinha olhando as estrelas na noite escura, enquanto um desses milhares de pequeninos meteoritos riscava o lindo céu de Minas, deixando um longo fio de luz como um pequeno sinal de coisas maiores e terríveis que podem ocorrer a qualquer instante com a Terra. - O que a preocupa, flor de Minas? - O choque! O choque do Aspérgius com a Terra em 2010.

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fim?

Algum tempo depois, Mateus revelou à ONU a verdadeira história. Ai, então, a humanidade começou a se preocupar, pois 2010 estava perto, e o Aspergius, também! Não nos esqueçamos de olhar para o céu... Lembrai-vos dos dinossauros...

John Fellinus é pseudônimo de um autor brasileiro

que escreve livros eletrônicos, com exclusividade de edição pela iEditora - SP