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______________________________________________________________________
UFPA ______________________________________________________________________
ESTUDO DE ARCO ELÉTRICO EM SUBESTAÇÕES DE UM
SISTEMA INDUSTRIAL
VALBERTO COSTA PINHEIRO JUNIOR
1º Semestre de 2014
______________________________________________________________________
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS DE TUCURUÍ
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA TUCURUÍ-PARÁ
Tucuruí, 10 de Fevereiro de 2014.
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS DE TUCURUÍ
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA
VALBERTO COSTA PINHEIRO JUNIOR
ESTUDO DE ARCO ELÉTRICO EM SUBESTAÇÕES DE UM
SISTEMA INDUSTRIAL
Tucuruí-PA
1º Semestre de 2014.
TRABALHO SUBMETIDO AO COLEGIADO DO CURSO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO ELETRICISTA.
Orientadora: Engenheira Eletricista Eleanor Dias
Co-Orientadora: Profª. Dra. Luciana Pereira Gonzalez
ii
iii
Dedico este trabalho a Deus, a minha família e a todos aqueles que
contribuíram para sua elaboração.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, fonte de vida, fé, força e perseverança.
Aos meus pais e irmãos, que sempre apostaram em mim, pelo suporte, pelo apoio,
pelas orações e principalmente pelo amor, que faz a vida valer a pena e possuir um enorme
significado.
Minha bisavó, exemplo supremo do verdadeiro amor, compaixão e bondade, fonte
eterna de minha inspiração.
Aos parentes próximos, todos estiveram presentes na longa caminhada desta
graduação. Meu muito obrigado e meu carinho a todos.
Aos colegas de faculdade por todos os momentos de dedicação e trabalho em grupo
que contribuíram fundamentalmente para o desenvolvimento e tarefas durante o curso.
Aos colegas de estágio tanto na Eletrobras - Eletronorte como na Alcoa, com quem
compartilhei os primeiros contatos com a vida profissional e pude solidificar o gosto pela
profissão escolhida.
A todos os professores do curso de engenharia elétrica pela dedicação, entusiasmo
demostrado, responsáveis diretamente ou indiretamente pela minha formação como
engenheiro eletricista.
A todos os professores que passaram pela minha vida e me transmitiram
conhecimentos grandiosos contribuindo para a construção de quem sou hoje.
A minha Orientadora e Co-orientadora pelo apoio e dedicação.
À Alcoa pela oportunidade de realizar o curso sobre arco elétrico e contribuir com os
dados necessários para realização deste estudo.
A todas as pessoas que por motivo de esquecimento não foram citadas anteriormente,
vou deixar neste espaço minhas sinceras desculpas.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... vii
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ..................................................................... ix
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................... 3
ENTENDENDO O RISCO DE ARCO ELÉTRICO E SUAS PROTEÇÕES ............... 3
2.1 Considerações Iniciais ..................................................................................... 3
2.2 O Arco Elétrico ................................................................................................. 4
2.2.1 Avaliando a intensidade do arco elétrico ..................................................... 5
2.3 Métodos de Proteção Contra Arco Elétrico ..................................................... 7
2.3.1 Equipamento de proteção individual ............................................................ 8
2.3.2 Equipamento elétrico à prova de arco ......................................................... 9
2.3.3 A Proteção de queimadura por arco elétrico ............................................... 9
2.3.4 Características dos materiais das vestimentas de proteção contra arcos
elétricos .................................................................................................................. 10
2.3.5 Testes para tecidos e roupas de proteção contra arcos elétricos .............. 11
2.3.5.1 Norma ASTM – F 1959; F 1959 M 1999.................................................... 12
2.3.5.2 Norma IEC – 61482-1 ................................................................................ 12
2.3.5.3 CENELEC – ENV 50353:2000 ................................................................... 12
CAPÍTULO 3 ................................................................................................................. 14
NORMAS PARA CÁLCULO DA ENERGIA INCIDENTE ....................................... 14
3.1 Considerações Iniciais ................................................................................... 14
3.2 NFPA 70E ..................................................................................................... 14
3.1 IEEE 1584 ...................................................................................................... 18
CAPÍTULO 4 ................................................................................................................. 27
ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 27
4.1 Considerações Iniciais ................................................................................... 27
vi
4.2 Cálculo da Energia Incidente ......................................................................... 32
4.2.1 Coleta de dados necessários para o preenchimento da planilha ................. 32
4.2.2 Utilizando a planilha desenvolvida no programa Excel para encontrar o
resultado final ......................................................................................................... 47
4.3 Resultados do Estudo ..................................................................................... 51
CAPÍTULO 5 ................................................................................................................. 57
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 57
5.1 Considerações Finais ..................................................................................... 57
5.2 Trabalhos Futuros .......................................................................................... 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59
ANEXOS ....................................................................................................................... 61
Anexo A: Diagramas de Impedâncias de Sequência Positica das Plantas do Porto e
Beneficiamento......... ......................... ..................................................................... 61
Anexo B: Níveis de Curto-circuito Trifásico para Cada Condição Operacional do
Beneficiamento e Porto............................................................................................63
APÊNDICE .................................................................................................................... 66
Placas de Sinalização de Todos Painéis Estudado .................................................... 66
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Arco elétrico em ensaio laboratorial. ................................................ ...........4
Figura 2.2 – Queimadura causada por um arco elétrico. .................................................. 7
Figura 4.1 – Imagem aérea das subestações do Porto .................................................... 27
Figura 4.2 – Imagem aérea das subestações do Beneficiamento. ................................... 29
Figura 4.3 – Imagem aérea da subestação S372, responsável pelo abastecimento de água
na planta do Beneficiamento .......................................................................................... 31
Figura 4.4 – Interface da planilha elaborada no Excel para o cálculo da energia incidente
........................................................................................................................................ 48
Figura 4.5 – Continuação da interface do programa para cálculo de energia incidente
elaborado no Excel ......................................................................................................... 48
Figura 4.6 – Parte final da interface do programa para cálculo de energia incidente
desenvolvido no Excel .................................................................................................... 49
Figura 4.7 – Planilha toda preenchida com os dados coletados e apresentado os
resultados esperados ....................................................................................................... 50
Figura 4.8 – Placa de sinalização de risco de arco elétrico ............................................ 50
Figura 4.9 – Placa de aviso antes da realização deste estudo ......................................... 54
Figura 4.10 – EPI nível quatro contra o risco de arco elétrico ....................................... 55
Figura 4.11 – EPI nível três contra o risco de arco elétrico............................................ 55
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Sistemas de baixa tensão – Limites máximos da corrente de curto-circuito
para vários níveis de tensão e tempo de abertura de disjuntores, para uso recomendado
de EPIs de risco 2 e 4 e arco elétrico em ambiente fechado. .......................................... 17
Tabela 3.2 – Passos para determinação da vestimenta de proteção de acordo com a
NFPA 70E. ..................................................................................................................... 18
Tabela 3.3 – Etapas para estmativa da energia incidente e determinação dos EPIs
adequados pelo método da IEEE 1584 ........................................................................... 18
Tabela 3.4 – Tempo de abertura para disjuntores de potência. ...................................... 22
Tabela 3.5 – Tipo de equipamento e distância típica entre barramentos. ....................... 23
Tabela 3.6 – Tipo de equipamento e distância de trabalho. ........................................... 23
Tabela 3.7 – Fatores para equipamentos e classes de tensão. ........................................ 25
Tabela 4.1 – Tags dos equipamentos de cada subestação. ............................................. 32
Tabela 4.2 – Sistema de tensão e classe dos equipamentos das subestações. ................ 34
Tabela 4.3 – Tipo de aterramento de cada equipamento analisado no estudo ............... 37
Tabela 4.4 – Corrente de curto-circuito utilizada para calcular a energia incidente de
cada equipamento . ......................................................................................................... 40
Tabela 4.5 – Tempo necessário para extinguir o arco elétrico . ..................................... 42
Tabela 4.6 – Distância típica de trabalho. ...................................................................... 45
Tabela 4.7 – Resultados finais . ...................................................................................... 51
ix
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
Símbolos Descrição
Alfabeto Normal
EPI Equipamento de Proteção Individual
EPC Equipamento de Proteção Coletivo
SESMT Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho
CCM Centro de controle de Motores
NR Norma regulamentadora
ASTM American Society for Testing and Materials
CENELEC Comité Européen de Normalisation Électrotechnique
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
ATPV Arc Thermal Perfomance Value
EBT Breakopen Threshold Energy
NFPA National Fire Protection Association
TP Transformador de Potência
NBR Norma Regulamentadora Brasileira
FUPAI Fundação de Pesquisa e Assessoramento à Industria
ALCOA Aluminum Company of America
x
RESUMO
O trabalho tem como objetivo calcular a energia incidente proveniente de arcos
elétricos e propor o nível de vestimenta de proteção adequada, visando a redução dos riscos
causados por esses incidentes nas instalações de uma unidade industrial com sistema isolado
de geração elétrica.
Por ser extremamente danosa a segurança das pessoas que interagem com uma
instalação elétrica e por causar danos significativos aos equipamentos e instalações, a energia
incidente, proveniente de um arco elétrico, deve ser mensurada em conformidade com as
normas existentes e os riscos devem ser controlados e mitigados, de maneira a não
comprometer a integridade física das pessoas e das instalações.
Desta forma, o presente estudo é justificado, pois de acordo com a IEE 1584 se deve
realizar o estudo de arco elétrico para determinar corretamente o equipamento de proteção
individual necessário uma vez que se utilizar equipamento de proteção individuai
superdimensionado, além do desconforto causado, novos riscos são criados para o
trabalhador.
Palavras-chave: Energia Incidente, Arcos Elétricos, Riscos, IEEE 1584.
xi
ABSTRACT
The goal of this work is to calculate the incident energy incoming from arc-flash and
propose the proper level of vestment of protection, looking for the reduction of the hazards
caused by this incidents in instalations of an industrial unity with isolated system of electrical
generation.
Because it’s extremely dangerous to the safety of the workers that Interact with the
electric system, from the arc-flash, it has to be measured in conformity with the existent rules
and the riscs must be controlled and mitigated, in the manner to not compromise the fisical
integrity of the people and installation.
In this way, the present study is justified, because in accordance with the IEEE 1584 it
has to be realized the arc-flash study to determine properly the personal protective equipment
necessary once that if it’s used the personal protective equipment superdimensioned, beyond
the desconfort caused. News riscs will be created for the workers.
Keywords: Incident Energy, Arc-Flash, Riscs, IEEE 1584.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A eletricidade tem importância vital no mundo moderno, chegando a ser desnecessário
informar sua necessidade na vida dos seres humanos, seja trazendo conforto e facilitando a
execução das atividades em seus lares, seja atuando como insumo nos variados segmentos da
economia e da indústria. Por outro lado, sua utilização requer a prática de algumas precauções
em função do perigo que ela pode apresentar, tanto para instalações e equipamentos, quanto
para pessoas, que muitas vezes desconhecem ou desconsideram este risco.
Os acidentes envolvendo a energia elétrica, principalmente no trabalho, ocorrem
frequentemente e podem trazer consequências severas, desde graves ferimentos em
operadores até imensas perdas financeiras devido à destruição de equipamentos, paradas de
serviço e perdas de produção. Um dos mais graves riscos oferecidos pela eletricidade é o arco
elétrico. Esse fenômeno libera uma grande quantidade de energia e gera altas temperaturas, os
trabalhadores podem sofrer queimaduras graves com potencial, inclusive para leva-los a óbito.
É possível dimensionar a quantidade de energia incidente que pode ser liberada por
um barramento elétrico, através de algumas normas que foram elaboradas exclusivamente
para esses casos. Essa energia incidente está vinculada a algumas características da instalação,
como por exemplo, o valor da corrente de curto-circuito e o tempo de atuação dos dispositivos
de proteção.
Aplicar a metodologia estabelecida nessas normas é necessário para se dimensionar o
EPI correto para proteção contra arco. Esses EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais)
são separados por níveis de energia incidente. Dessa forma, quanto maior for o nível de
energia incidente, maior deverá ser a resistência relativa ao fogo repentino dos tecidos que
compõem esses EPIs.
Os riscos de arco elétrico existentes na unidade avaliada nesse trabalho são
minimizados através da adoção desses EPIs. Esse estudo visa calcular o nível de energia
incidente e selecionar o nível do EPI mais adequado para proteção contra possíveis
ocorrências de arco elétrico nas subestações existentes na mina de bauxita da Alcoa World
Alumina Brasil P. LTDA instalada no município de Juruti.
2
Este trabalho está dividido em mais quatro capítulos:
O Capítulo 2 aborta os principais riscos oferecidos pelo arco elétrico, também trata das
formas de proteção contra esse incidente. Faz uma análise mais criteriosa dos
equipamentos de proteção individuais, bem como as normas que certificam esses
materiais.
O Capítulo 3 trata dos principais pontos das normas 70E e IEEE 1584, necessários
como base para o estudo de caso desenvolvido nesta pesquisa.
O Capítulo 4 trata do estudo de caso, onde é descrito o sistema elétrico da unidade e
todos os estudos necessários para a realização do trabalho, como valores de curto-
circuito, valores das distâncias apropriadas de trabalho e valores de energia incidente.
Este capítulo trata também das vestimentas de proteção mais adequadas para
realização das tarefas nas subestações da empresa.
O Capítulo 5 apresenta a conclusão do trabalho, abordando os ganhos tanto do
trabalhador como da empresa. Aborda também todas as melhorias proporcionadas pela
realização do estudo.
3
CAPÍTULO 2
ENTENDENDO OS RISCOS DE ARCO ELÉTRICO E
SUAS PROTEÇÕES
2.1 Considerações Iniciais
Os profissionais que interagem com instalações elétricas energizadas, desenvolvendo
atividades de operação e manutenção ou atividades em proximidades, estão sujeitos a riscos
intrínsecos, como choque elétrico, incêndio, arcos elétricos e fogo repentino. Apesar do
grande número de acidentes de origem elétrica, esse tema normalmente é comparado a outros
riscos industriais existentes, ou mesmo ao choque elétrico, não tem sido tratado com a
prioridade que merece.
Para proteção ao risco de choques elétricos, a Norma NBR 5410 – Instalações
Elétricas de Baixa Tensão [1] trata de maneira explícita os diversos métodos empregados para
proteção. Para incêndios de origem elétrica, o assunto é exaustivamente tratado em projetos e
órgãos competentes, bem como pela NBR 13231 – Proteção Contra Incêndios em
Subestações [2]. Quanto à proteção ao risco de arco elétrico, não há histórico no Brasil de
medidas específicas de controle e proteção, tão pouca normas ou literaturas técnicas a respeito
do assunto, tornando difícil aos profissionais de Engenharia e SESMT (Serviço Especializado
em Segurança e Saúde no Trabalho), a definição de medidas eficazes de controle. Assim, para
que esses profissionais possam elaborar um Programa de Proteção ao Risco de Arco Elétrico
eficaz, são necessárias informações técnicas específicas, quanto a:
Competência de pessoas;
Fenômeno de arco elétrico e fogo repentino;
Exposição;
Tipo de trabalho;
Nível de energia incidente;
Características das instalações;
Características dos EPIs e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletivos);
Legislações técnicas aplicáveis.
4
A consideração de arco elétrico como riscos intrínsecos às atividades elétricas atende
as prescrições da NR10, quanto à obrigatoriedade da análise e adicionais contidas na norma:
“10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas
preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de
análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho” [3].
2.2 O Arco Elétrico
O arco elétrico pode ser resumido como um curto-circuito fechado através do ar,
quando a isolação entre dois condutores ou um condutor e a terra é rompida ou não suporta
mais a tensão aplicada. Sua temperatura pode atingir mais de 10000 °C, liberando uma luz
intensa e um forte barulho [4].
Uma enorme quantidade de energia é descarregada a partir do equipamento elétrico,
espalhando gases quentes e metal derretido, podendo causar severas queimaduras a quem
estiver trabalhando nas proximidades de um painel energizado. As fortes ondas de pressão
que saem do cubículo chegam a arremessar ferramentas e outros objetos, que podem atingir e
danificar outras áreas da instalação ou até mesmo ferir pessoas que estejam no local.
A Figura 2.1 (Retirada de [14]) demonstra o momento da ocorrência de um arco
elétrico em ensaio laboratorial.
Figura 2.1 – Arco elétrico em ensaio laboratorial.
(Fonte: [14])
Este fenômeno pode ocorrer em painéis de distribuição, CCMs (Centros de Controle
de Motores), dutos de barras ou em qualquer outro lugar onde houver a falha de um
equipamento elétrico. Suas principais causas são [4]:
5
Erros Humanos: um operário trabalhando sob pressão pode esquecer algum objeto em
contato com as partes vivas do circuito;
Conexões Deficientes: as conexões frouxas e os contatos não intencionais de
disjuntores extraíveis com algum ponto do sistema podem gerar calor, desencadeando
uma falha com arco elétrico;
Animais: a presença de pequenos animais em instalações elétricas geralmente leva à
ocorrência de curto-circuito com arco;
Falha de Equipamento ou Materiais: a degradação de dispositivos isolantes, diante da
presença de sobretensões transitórias, pode provocar o início de uma falha com arco
elétrico.
A evolução do arco elétrico dentro de um cubículo pode ser dividida nas seguintes
fases [4]:
1. Compressão: a energia do arco é descarregada no ar contido no recinto, os eletrodos
começam a evaporar e há o consequente aumento de pressão. Este estágio se
desenvolve durante os primeiros 5 a 15 ms;
2. Expansão: o incremento de pressão gerado na etapa anterior produz a abertura de
alguma porta ou conduto de alívio e o ar começa a ser expulso, diminuindo a pressão
interna. Esta fase dura entre 5 e 15 ms;
3. Expulsão: a pressão no interior do painel diminui, mas o ar quente continua sendo
expulso e a temperatura aumenta potencialmente. A expulsão de ar tenderá a
extinguir-se quando o ambiente adquirir a temperatura do arco. Este período persiste
por cerca de 40 a 60 ms;
4. Térmica: o arco afeta totalmente os materiais isolantes. A temperatura alcança
milhares de graus Celsius e os condutores e a estrutura começa a se fundir. Este
estágio continua até que se elimine a falha.
2.2.1 Avaliando a intensidade do arco elétrico
O nível de energia liberado num arco elétrico é denominado Energia Incidente,
definida como “a quantidade de energia imposta numa superfície, a certa distância da fonte,
gerada durante a ocorrência de um arco elétrico”, medido normalmente em calorias por
centímetro quadrado (cal/cm2), podendo também ser expresso em joules por centímetro
quadrado (J/cm2) [5]. Sabe-se que a energia liberada num arco elétrico pode ultrapassar o
valor de 10000 °C e se aproximar de 20000 °C, podendo levar o ser humano a óbito.
6
A ocorrência de um arco elétrico nas proximidades de um operador aquece
instantaneamente a superfície de sua pele. Em muito pouco tempo, o calor se difunde para o
interior do corpo e eleva a temperatura até uma dada profundidade. A faixa de suportabilidade
térmica do corpo humano é estreita e a integridade das células pode ser rapidamente
danificada fora dessa faixa, chegando à destruição total.
O limite suportável da pele humana, para queimaduras é de 1,2 cal/cm2 (5J/cm
2) [6],
aproximadamente quarenta e sete graus centrígrados, sendo que acima desse valor, torna-se
necessária a adoção de práticas que reduzem o nível de energia irradiada na instalação, ou a
utilização de vestimentas de proteção, que atenuem o nível de energia incidente recebida pela
pele humana a valores aceitáveis.
Para efeitos informativos, as seguintes temperaturas são utilizadas como valores de
referência:
Pele humana – queimadura curável: 80°C;
Pele humana – morte de células: 90°C;
Ignição de roupas: 400°C a 800°C;
Queima continua de roupas: 800°C;
Partículas de metal derretido proveniente de um arco elétrico: 1000°C;
Superfície do Sol: 5000°C.
Dessa forma, quantificar o valor de energia incidente num arco elétrico torna-se
imprescindível para a definição e seleção de medidas de proteção eficientes, tanto para a
proteção do trabalhador como da instalação. Vale ressaltar que o tempo de exposição do ser
humano ao calor devido à exposição ao arco elétrico, é fator preponderante para severidade da
lesão.
A gravidade de uma queimadura, como a mostrada na Figura 2.2 (Retirada de [14]), é
diretamente proporcional a sua extensão e a sua profundidade. As lesões térmicas de segundo
e terceiro graus podem causar restrições físicas ao ser humano. Os tratamentos requerem
auxílio clínico em hospitais especializados. Nesses casos, o perigo de morte está sempre
presente.
Outro aspecto relevante diz respeito ao emprego de roupas inadequadas quanto à
exposição a fluxos térmicos, pois, zonas do corpo cobertas com vestimentas inapropriadas
podem ser mais queimadas do que se estivessem expostas. As queimaduras mais severas são
causadas pela ignição do uniforme de trabalho e não somente pela exposição do eletricista ao
arco elétrico.
7
Figura 2.2 – Queimadura causada por um arco elétrico.
(Fonte: [14])
A obtenção de estatísticas sobre a ocorrência de arcos é bastante difícil. Isso ocorre
devido ao sigilo imposto por processos legais e tendência natural das pessoas se recusarem a
reportar esses problemas e admitir os erros cometidos. Estimativas baseadas em registros
anônimos e dados de centro de tratamento de queimaduras indicam que ocorrem de cinco a
dez explosões com arco elétrico nos Estados Unidos todos os dias [7]. Os trabalhadores que
sofrem essas lesões necessitam de meses ou anos de recuperação, com custos bastantes
elevados, isso quando o acidente não é fatal. Adicionalmente, existem gastos com multas,
indenizações e seguros.
A preocupação com a segurança de instalações e das pessoas deve vir em primeiro
lugar. Mais importante que descobrir quem foi o culpado por alguma ocorrência é o acúmulo
de dados suficientes para criar estatísticas precisas sobre as características dos ferimentos e
estragos causados por um arco elétrico, a fim de ajudar a evitar futuros acidentes.
2.3 Métodos de Proteção Contra Arco Elétrico
As queimaduras por arcos elétricos representam uma parcela muito grande entre os
ferimentos provocados por eletricidade em locais de trabalho. Apesar da seriedade e da
importância vital que isso representa para os trabalhadores que executam serviços em
eletricidade, este assunto tem recebido pouca atenção pelos usuários em geral, quando
comparado com outros perigos da eletricidade como os choques, incêndios e outros aspectos
que tange a segurança industrial.
É reconhecido que a tecnologia tem evoluído muito para preservar a integridade do
equipamento ou da instalação, como proteção do sistema elétrico, detecção do arco interno,
8
equipamentos resistentes a arco entre outros. Estas tecnologias normalmente são aplicadas
para proteção patrimonial e operacional da instalação na eventualidade de ocorrer falhas no
sistema elétrico segregando as partes afetadas ou confinando as consequências da falha em
invólucros como painéis de tal forma que não atinja as pessoas que eventualmente estiverem
na proximidade.
A maioria dos acidentes acontece quando o operador ou o eletricista precisa remover
as barreiras de proteções como portas de painéis, instalar ou inserir e remover componentes
operacionais como disjuntores com o equipamento energizado. Nestas situações o trabalhador
fica totalmente exposto ao perigo e a sua segurança só depende da prática segura e uso de EPI
adequado. É justamente nesta condição de trabalho que se deve ficar atentos providenciando
proteção.
A energia liberada por arco elétrico é extremamente alta e pode causar ferimentos
severos até uma distância de três metros do ponto de falha nos equipamentos industriais de
alta tensão mais comuns e igualmente para distância menor, nos equipamentos de baixa
tensão. A energia liberada varia de acordo com a configuração do sistema elétrico e nível de
curto-circuito disponível no ponto da falha.
O risco pode ser avaliado através da mesma sistemática adotada para
dimensionamento e proteção dos equipamentos. As zonas de risco e o potencial podem ser
determinados e calculados. Conhecendo a zona e o nível de risco, podemos estabelecer
medidas de proteção através de soluções de engenharia, tais como limitação de energia a um
nível suportável, através do confinamento da energia e escolha adequada de Equipamentos de
Proteção Individual.
2.3.1 Equipamento de proteção individual
No Brasil, a NR-6 - Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego
[8] estabelece as exigências legais para Equipamentos de Proteção Individual para proteção
dos trabalhadores contra riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Nesta NR não está explicita a necessidade de proteção contra arcos elétricos, mas estabelece
que o EPI deva proteger os trabalhadores contra agentes térmicos tanto para cabeça, face,
membro superior e inferior e corpo inteiro. O arco elétrico numa falha é um agente térmico
igual da solda elétrica a arco. A diferença é que nos serviços em eletricidade os arcos ocorrem
por falha liberando energia muito superior a de uma máquina de solda e é um risco suscetível
de ameaça à segurança e a saúde do trabalhador, portanto o eletricista e/ou operador deve ser
protegido pelo EPI da mesma maneira que os soldadores.
9
Nos Estados Unidos e na Europa, em função da necessidade e obrigatoriedade legal
para proteção contra os efeitos térmicos do arco elétrico, foram desenvolvidos normas para
verificar e determinar o desempenho dos tecidos e vestimentas utilizados como EPIs pelas
entidades como a ASTM (American Society for Testing and Materials) nos EUA, a
CENELEC (Comité Européen de Normalisation Électrotechnique) na Europa e o IEC
(International Electrotechnical Commission) com abrangência internacional [9].
2.3.2 Equipamento elétrico à prova de arco
As normas técnicas internacionais e brasileiras prescrevem que os equipamentos
elétricos devem ser dimensionados e construídos para suportar os esforços mecânicos e
térmicos em casos de curto-circuito sem danificar o equipamento. No caso de equipamentos à
prova de arco todo o material da combustão deve ser direcionado para cima para não atingir o
trabalhador, as portas e coberturas de proteção não abram, não haja rajadas de fragmentos, o
arco não provoque furos no painel, a integridade do aterramento seja mantida, e amostra de
tecido colocada a certa distância na posição vertical e horizontal não inflame [6]. Esta
condição é encontrada em situações normais de operação, onde o equipamento é mantido
fechado, porém para executar manutenções e/ou inspeções de rotina ou extraordinária, é
necessário remover as coberturas de proteção, ou remover ou inserir componentes, como
disjuntores ou gavetas de CCMs, alterando toda a condição de segurança estabelecida pelas
normas. Portanto, mesmo para equipamentos a prova de arco ainda o trabalhador
especializado (mantenedor, operador, eletricista) fica exposto ao risco.
2.3.3 A proteção de queimadura por arco elétrico
Existem estudos e modelos matemáticos, publicados pelo IEEE – (Institute of
Electrical and Electronics Engineers) [10], para cálculo da energia liberado pelo arco elétrico
nas condições das instalações elétricas em função do nível de curto-circuito existente no
equipamento e a distância de trabalho em relação ao ponto onde possa ocorrer o arco. Por
outro lado, de acordo com estudos de A. M. Stoll da marinha americana, o corpo humano
pode sofrer queimadura do segundo grau quando exposto a uma energia na forma de calor de
5 J/cm2 [4] . Com base no valor da energia liberado por um arco e o limite do calor que o
corpo humano pode suportar para não sofrer queimadura do segundo grau, podemos avaliar e
identificar vestimentas para proteger o trabalhador contra queimaduras por arco elétrico.
10
Em 1999, a ASTM [14], definiu um indicador denominado ATPV – (Arc Thermal
Performance Value), para medir o desempenho dos tecidos e caracterizar a roupas de proteção
contra arco elétrico. ATPV é o valor máximo da energia incidente sobre o tecido sem permitir
que a energia no lado protegido exceda o valor limiar de queimadura do segundo grau, ou
seja, que não ultrapasse cinco Joules por cm2 e não entre em combustão. Este valor é medido
por testes específicos expondo o material aos arcos elétricos em diferentes condições de
corrente e tempo de exposição.
Em alguns casos, não é possível medir esta energia devido à carbonização do tecido.
Nestes casos é utilizado um valor denominado EBT – (Breakopen Threshold Energy), que é o
valor médio dos cinco valores máximos de energia incidente que não provoca o "break open"
do tecido, ou seja, o material carbonizado não apresenta abertura na camada interna (próximo
a parte protegida) maior do que 0,5 pol2 em área ou rachadura maior do que uma polegada em
comprimento.
Como regra geral, cada fabricante de roupa de proteção deve fornecer os valores do
ATPV ou EBT, em função do tipo da confecção, independente dos valores fornecidos pelos
fabricantes de tecidos. Caso a roupa seja fabricada com várias camadas de um tecido, ou
composição de tecidos diferentes, o mesmo se aplica para o conjunto.
2.3.4 Características dos materiais das vestimentas de proteção contra arcos elétricos
De acordo com o NFPA 70E [4], as fibras de algodão tratado retardante de chamas,
Meta-aramida, Para-aramida, Poli-Benzimidazole (PBI) são materiais com características de
proteção térmica em geral. A fibra de Para-amida, além da proteção térmica, ainda tem uma
característica que evita o Break Open, ou seja, rachadura do material carbonizado.
Os materiais sintéticos como poliéster, nylon, e mistura de algodão-sintético não
devem ser utilizados para proteção contra arcos elétricos, pois elas derretem sobre a pele
quando exposto à alta temperatura consequentemente agravando a queimadura.
Algodão e mistura algodão-poliester, seda, lã e nylon são considerados materiais
inflamáveis. Os tecidos com fibras de algodão tratado retardante de chamas, Meta-aramida,
Para-aramida, Poli-Benzimidazole, podem iniciar a ignição, mas não mantêm a combustão
quando a fonte for removida.
As vestimentas fabricadas com materiais naturais como, algodão, seda e lã são
consideradas aceitáveis, de acordo com o NFPA, se a análise determinar que o tecido não
continuará queimando nas condições de exposição ao arco elétrico.
11
O NFPA expressa claramente que as fibras sintéticas puras de nylon, poliéster, rayon
ou mistura destes materiais com algodão, não devem ser utilizados como material de proteção
contra arcos elétricos. Alguns tecidos resistentes a chamas como modacrylico e algodão
tratado retardante de chamas non-duráveis, conforme critério de teste de durabilidade da
ASTM não são recomendados para uso de proteção dos trabalhadores em serviços de
eletricidade.
As características das roupas de proteção para arcos elétricos devem ser diferentes
daquelas normalmente utilizadas para proteção por efeitos térmicos das chamas. A
transmissão do calor liberado por arco é predominantemente por radiação (aprox. 90%) num
espaço de tempo muito curto podendo atingir temperaturas altíssimas como 20000 °C. O calor
das chamas é transferido por convecção e radiação a temperatura em torno de 2000 °C,
dependendo do tipo do material combustível, e o tempo de exposição pode variar em função
do tipo de proteção requerido, por exemplo, para fuga, ou para combate a incêndio.
Para proteção da cabeça, e mais especificamente para a face, há a necessidade de
manter a visibilidade, e da mesma maneira que os tecidos, a ASTM tem uma norma específica
para testes de protetor facial. Normalmente os visores utilizam policarbonato que tem uma
característica de absorver impactos, mas com baixo desempenho de proteção contra o calor do
arco. O desenvolvimento tem levado a utilização do polipropionato para proteção contra arcos
elétricos, com proteção bem superior ao policarbonato.
Independente da proteção contra queimaduras por arcos elétricos é recomendado
sempre o uso de capacete e óculos de segurança.
2.3.5 Testes para tecidos e roupas de proteção contra arcos elétricos
Atualmente existem três normas para testes de tecidos e roupas para proteção contra
queimaduras por arcos elétricos, a ASTM-F 1959/F1959M-1999, IEC-61482-1 e CENELEC
ENV 50354:2000 da comunidade europeia.
Tanto a ASTM como a IEC [15], estabelecem critérios de teste e analise para
estabelecer quantitativamente a característica térmica do material e o desempenho de proteção
com determinação do ATPV ou EBT assim permitindo comparar o desempenho de diferentes
materiais de proteção e escolher a proteção mais adequada para o nível de risco existente no
local de trabalho. A CENELEC [16] estabelece critério de teste qualitativo definindo a
corrente e tempo do arco, sem medição da energia, e verifica se o material passou ou não
passou no teste dentro dos parâmetros estabelecidos através da inspeção visual e tempo de
combustão do material.
12
2.3.5.1 Norma ASTM – F 1959; F 1959 M 1999
O arranjo consiste em dois eletrodos verticais (aço inox 303 ou 304) de 19 mm de
diâmetro e 450 mm de comprimento no mesmo eixo, distanciado de 305 mm. A uma distância
de 305 mm do eixo dos eletrodos, são colocadas três peças para fixar as amostras de tecido de
610 x 305 mm, com distanciamento angular de 120° entre si. Cada peça é equipada com dois
calorímetros de cobre atrás do tecido e mais dois outros, um de cada lado da amostra. Os
calorímetros atrás da amostra medem a energia atrás do tecido e outros dois medem a energia
incidente.
Para cada disparo do arco, são testadas três amostras de tecido simultaneamente e
coletados no mínimo vinte dados dos calorímetros, para validação estatística o que significa
que é necessário pelo menos sete testes para cada série com vinte e uma amostras.
2.3.5.2 Norma IEC – 61482-1
O arranjo é similar ao da ASTM, e consiste de dois eletrodos verticais (aço ou outro
material) no mesmo eixo, distanciado de 300 mm. A uma distância de 300 mm do eixo dos
eletrodos são colocadas três peças com abertura vertical de 550 x 200 mm, com
distanciamento angular de 120° entre si para fixar as amostras de tecidos, cada peça
equipados com dois calorímetros de cobre. O calorímetro atrás da amostra mede a energia
atrás do tecido e outro colocado ao lado da amostra mede a energia incidente.
Para cada disparo do arco, são testadas três amostras de tecido simultaneamente e
coletados no mínimo vinte dados dos calorímetros, para validação estatística o que significa
que é necessário pelo menos sete testes para cada série com vinte e uma amostras.
2.3.5.3 CENELEC – ENV 50353:2000
O arranjo do equipamento e circuito elétrico é fixo, e consiste em dois eletrodos
colocados verticalmente no mesmo eixo e distanciado de 30 mm. O eletrodo superior é de
alumínio e o inferior de cobre. Os eletrodos são cercados nos três lados por uma caixa de teste
na forma de cilindro parabólico. As partes superiores e inferiores são seladas por material
isolante, de tal forma que o calor seja direcionado para a parte frontal aberta.
Faceando a abertura, é colocada uma placa vertical com dimensão de 400 x 400 mm, a
uma distancia horizontal com o eixo do arco de 300 mm.
Existem dois níveis de teste controlando a corrente nos eletrodos e com o tempo
definido de 500 ms:
13
1. Classe 1 – 4 kA, 500 ms
2. Classe 2- 7 kA, 500 ms
A escolha do nível de teste é estabelecida em função da classe de proteção requerida
para proteção estabelecida pelo fabricante do tecido ou roupa. Os testes são feitos em duas
amostras para validação, o que significa dois disparos de arcos.
A avaliação é feita por inspeção visual de acordo com o seguinte critério:
1. Tempo de combustão (queima) do tecido ou roupa deve ser menor ou igual a cinco
segundos após exposição ao arco;
2. Os materiais não devem fundir;
3. Não deve existir nenhum furo maior do que cinco mm (medido em qualquer direção);
4. No caso de roupas, além dos critérios acima, as costuras devem ser mantidas.
O material é aprovado para as condições de teste se nenhuma das condições acima
ocorrer. O teste não mede o fluxo de calor nem o desempenho do material. O teste serve para
avaliar se a roupa ou tecido é adequado para as condições de teste (4 kA ou 7 kA com duração
de 500 ms), e não é possível fazer extrapolação para outras condições.
A escolha da vestimenta ou roupa de proteção contra queimaduras por arco elétrico
requer uma avaliação detalhada da natureza do mesmo e das práticas de trabalho realizado,
não devendo realizar esta escolha por analogia com os demais agentes térmicos.
A comunidade da engenharia reconhece que falhas elétricas ocorrem a qualquer
sistema do tipo, motivo pelo qual vem se desenvolvendo tecnologias como dispositivos de
detecção e proteção assim como equipamentos mais resistentes a arcos elétricos.
14
CAPÍTULO 3
NORMAS PARA CÁLCULO DE ENERGIA INCIDENTE
3.1 Considerações Iniciais
Para o cálculo de energia incidente, devem-se utilizar referências normativas oficiais,
conforme a NR10, item 10.1.2:
“Esta NR se aplica, a todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo,
incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações
elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas
técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e na ausência ou omissão destas, as
normas internacionais cabíveis” [1].
Assim, considerando que não possuímos ainda norma técnica nacional específica
sobre o assunto, devemos utilizar como base técnica, normas internacionais vigentes.
Para o cálculo da energia incidente devido ao arco elétrico, diversas linhas de
raciocínio e modelos de cálculo são utilizadas:
Ralph Lee: Método da Máxima Energia Incidente (Teórico);
NFPA 70E: Aproximação para Baixa Tensão do Método Teórico;
IEEE 1584: Modelo Empírico Baseado em Ensaios Normalizados.
Os métodos citados possuem características próprias, considerando-se diferentes
variáveis e modelos matemáticos, que os tornam mais específicos conforme o tipo de
instalação.
Dessa forma, a escolha correta do método é fundamental para obterem-se resultados
que propiciem a definição coerente de vestimentas de proteção, evitando-se assim, a aquisição
de EPIs superdimensionados, que além de inaplicáveis, podem gerar outros riscos adicionais,
além de investimentos significantes. Dentre os três métodos apresentados, os mais utilizados
no segmento industrial são NFPA 70E e IEEE 1584. Quando os limites desses métodos são
ultrapassados, as equações teóricas de Ralph Lee poderão ser utilizadas.
3.2 NFPA 70E
De acordo com a NFPA 70E [6], os cálculos de energia incidente devem ser realizados
com o objetivo de determinar os EPIs necessários para trabalhos executados a uma distância
que apresente riscos de queimaduras em função do arco elétrico.
15
O cálculo da energia incidente somente é dispensável caso o trabalho seja realizado a
uma distância segura de aproximação. A distância segura de aproximação é definida como a
distância da fonte do arco na qual uma energia de calor de 1,2 cal/cm², ou 5,0 J/cm², incide
sobre uma pessoa sem equipamento de proteção, causando-lhe queimadura de segundo grau.
A NFPA 70E possui duas metodologias de cálculo para estimar os valores de energia
incidente. O primeiro método, considerado Método Teórico, estima a energia incidente
baseando-se em um valor teórico máximo, conforme estudos realizados por Ralph Lee. Por
esse método, aplicável para arcos elétricos ocorridos em ambiente aberto e tensão superior a
600 V, a energia incidente é determinada pela equação 3.1 (Retirada de [5]):
(3.1)
Onde:
= Energia máxima incidente, em cal/cm2;
= Corrente de curto-circuito, em kA, dentro dos limites de 16-50 kA;
= Tensão de linha, em kV;
= Tempo de duração do arco, em segundos;
= Distância de trabalho do ponto de arco elétrico, em polegadas.
Por ser um modelo teórico, os valores de energia incidente calculados por esse método
são muito elevados. Porém, pode ser aplicado em substituição aos outros métodos quando as
condições de contorno não forem devidamente respeitadas.
Para arcos ocorridos em ambiente aberto, a NFPA 70E disponibiliza a equação 3.2
(Retirada de [5]) para estimativa da energia incidente.
[ ] (3.2)
Onde:
= Energia incidente máxima em ambiente aberto, em cal/cm2;
= Distância de trabalho do ponto de arco elétrico, em polegada;
16
= Tempo de duração do arco, em segundos;
= Corrente de curto-circuito, em kA dentro dos limites de 16 - 50 kA).
Já em ambientes fechados, de acordo com a NFPA 70E, deve ser aplicada a equação
3.3 (Retirada de [5]) para estimativa de energia incidente.
(3.3)
Onde:
= Energia incidente máxima em ambiente fechado em cal/cm2;
= Distância de trabalho do ponto de arco elétrico, em polegada;
= Tempo de duração de arco, em segundos;
= Corrente de curto-circuito, em kA dentro dos limites de 16 - 50 kA)
A NFPA 70E também possui um método simplificado para determinação do EPI
adequado para proteção contra arco elétrico de acordo com o nível de tensão, o tempo para
eliminação do arco e a corrente de curto-circuito. Esse método não estima o valor da energia
incidente e considera somente a utilização de EPIs ATPV Categorias dois e quatro.
A Tabela 3.1, adaptada da tabela D.9.1 da NFPA 70E, apresenta os valores de energia
incidente para instalações de baixa tensão.
A NFPA 70E disponibiliza, ainda, outro grupo de tabelas para determinação do EPI a
ser utilizado para proteção contra arcos elétricos. Nessas tabelas, a seleção do EPI é realizada
de acordo com a atividade que será executada, a corrente do curto-circuito e o tempo para
eliminação do arco. A segunda metodologia de cálculo prevista na NFPA 70E, considerado
Método Empírico, é baseada na IEEE 1584 e está descrita no item 3.3.
17
Tabela 3.1: Sistemas de baixa tensão – Limites máximos da corrente de curto-circuito para vários níveis de tensão e tempo de
abertura de disjuntores, para uso recomendado de EPIs categoria de risco 2 e 4 e arco elétrico em ambiente fechado
(Adaptado de [5]).
Tensão (V) Tempo para
eliminação do arco
(s)
Max Icc 3 para
uso de EPI cat. 2 (8
cal/cm2)
Max Icc 3 para uso
de EPI cat. 4 (40
cal/cm2)
690
0,05
0,10
0,20
0,33
0,50
39 kA
20 kA
10 kA
Não Recomendado
Não Recomendado
180 kA
93 kA
48 kA
29 kA
20 kA
600
0,05
0,10
0,20
0,33
0,50
48 kA
24 kA
12 kA
Não Recomendado
Não Recomendado
200 kA
122 kA
60 kA
36 kA
24 kA
480
0,05
0,10
0,20
0,33
0,50
200 kA
122 kA
60 kA
36 kA
24 kA
200 kA
183 kA
86 kA
50 kA
32 kA
400
0,05
0,10
0,20
0,33
0,50
87 kA
39 kA
18 kA
10 kA
Não Recomendado
200 kA
200 kA
113 kA
64 kA
39 kA
208 0,05
0,10
200 kA
104 kA
Não Aplicável
200 kA
18
A Tabela 3.2 mostra as quatro etapas necessárias para determinação dos EPIs de
acordo com essas tabelas.
Tabela 3.2: Passos para determinação da vestimenta de proteção de acordo com a NFPA 70E (Adaptado de [5]).
Etapa NFPA 70E
1 Informações necessárias: corrente de curto-
circuito, tempo de interrupção do arco e
descrição da tarefa a ser executada.
2 Consulta-se a tabela 130.7.(C) (9) para definir
a categoria do risco.
3 Consulta-se a tabela 130.7.(C) (10) que define
as vestimentas de proteção e os EPIs de
acordo com a categoria de risco.
4 Consulta-se a tabela 130.7.(C) (11) que define
as características das vestimentas de proteção
de acordo com a categoria de risco.
3.3 IEEE 1584
A metodologia de cálculo disposta na IEEE 1584 [10] estima a energia incidente a
partir de equações desenvolvidas através de análise estatísticas retiradas de inúmeros testes de
laboratório. Esse método de cálculo tende a ser mais realista do que o método proposto por
Ralph Lee, implicando em níveis de energia incidente menores para uma mesma instalação.
Na pratica, os cálculos baseados na IEEE 1584 evitam que o trabalhador utilize uma proteção
excessiva, o que facilita a execução de suas atividades laborais.
Pelo método da IEEE 1584, são necessários nove etapas para estimativa da energia
incidente e determinação dos EPIs adequados. A Tabela 3.3 apresenta essas etapas.
Tabela 3.3: Etapas para estimativa da energia incidente e determinação dos EPIs adequados pelo método da IEEE 1584
(Adaptada de [10]) (Continua).
Etapa IEEE 1584
1 Coleta de dados da instalação e do sistema
2 Determinar os modos de operação do sistema
3 Determinar a corrente de curto-circuito
4 Determinar a corrente de arco elétrico
19
Tabela 3.3: Etapas para estimativa da energia incidente e determinação dos EPIs adequados pelo método da IEEE 1584
(Adaptada de [10]).
5 Encontrar as características dos dispositivos
de proteção e o tempo de duração do arco
6 Determinar as tensões dos sistemas e a classe
dos equipamentos
7 Determinar a distância de trabalho
8 Calcular a energia incidente em todos os
equipamentos
9 Determinar a distância segura de aproximação
contra arco elétrico
Os itens a seguir detalham cada etapa desse processo de cálculo.
Etapa 1: Coleta de dados da instalação e do sistema
Nesta etapa é necessário realizar a coleta de dados do sistema elétrico da unidade, tais
como diagramas unifilares, que devem estar atualizados. Devem ser considerados os circuitos
de distribuição de baixa tensão e possíveis alimentadores alternativos.
Após a coleta dos diagramas unifilares, deve-se providenciar todos os dados
necessários para o cálculo de curto-circuito. O estudo deve considerar todas as fontes de
energia, incluindo a concessionária, geradores auxiliares e motores acima de 37 kW (segundo
a IEEE 1584, motores com potência superior ou igual a 37 kW contribuem de maneira
significativa para os valores de curto-circuito). Os diagramas devem mostrar os
transformadores, linhas de transmissão, circuito de distribuição, sistemas de aterramento
elétrico, reatores limitadores de corrente e outros equipamentos limitadores de corrente,
correção ou estabilização de tensão, capacitores, chaves seccionadoras, disjuntores e CCMs.
Também deve considerar painéis e cubículos, incluindo equipamento de proteção, chaves
fusíveis (informando o tipo e capacidade dos fusíveis), alimentadores e circuitos derivados,
bem como motores menores que 600 V e transformadores para instrumentos e proteção.
Equipamentos abaixo de 240 V não necessitam ser considerados a não ser que possuam
potência mínima de 125 kVA.
20
Etapa 2: Determinação dos modos de operação do sistema.
Nessa etapa é necessário analisar todos os modos de operação do sistema elétrico. De
acordo com a IEEE 1584, em sistemas radiais há somente um modo de operação normal,
porém existem outros sistemas mais complexos que possuem vários modos de operação.
É importante determinar a corrente de curto-circuito para o modo de operação que tem
a maior corrente de curto-circuito.
Etapa 3: Determinação da corrente de curto-circuito.
Nesta etapa, a IEEE 1584 recomenda que todas as informações referentes ao diagrama
unifilar e os dados coletados dos equipamentos sejam inseridos em um programa para cálculo
de curto-circuito. Há programas comerciais que permitem a inclusão de milhares de barras
para execução dos cálculos e que permitem um fácil chaveamento entre os modos de
operação. É necessário também, incluir as informações referentes aos cabos elétricos da
instalação, como comprimento e impedância.
Os valores da corrente de curto-circuito devem ser determinados principalmente, nos
pontos da instalação onde os trabalhadores desenvolvam suas atividades laborais.
Etapa 4: Determinação da corrente do arco elétrico.
Nesta etapa é determinada a corrente do arco elétrico nos pontos de interesse da
instalação quanto ao risco do arco elétrico. Também é determinada a parcela da corrente que
passa através do primeiro equipamento de proteção à montante do local da falta envolvendo
arco.
A corrente do arco elétrico depende principalmente dos valores da corrente de curto-
circuito, mensurados na etapa 3. Após a determinação desses valores, a corrente do arco
elétrico pode ser calculada, através da aplicação de equações estabelecidas na norma, para
sistemas de baixa tensão (até 1 kV) ou para tensões maiores, entre 1 e 15 kV. Para baixa
tensão, deve-se aplicar a equação 3.5 (Retirado de [10]).
( )
(3.5)
21
Onde:
log = logaritmo na base 10;
Ia = corrente do arco elétrico, em kA;
K = é -0,153 para arco em ambiente aberto, e -0,097 para arco em ambiente fechado;
Ibf = corrente de curto-circuito para uma falta trifásica, em kA;
V = tensão do sistema, em kV;
G = distância entre condutores; em mm.
Para tensões entre 1 e 15 kV, não há distinção entre as configurações em ambiente
aberto e ambiente fechado, devendo ser aplicada a seguinte equação 3.6 (Retirado de [10]):
(3.6)
Onde:
log = logaritmo na base 10;
Ia = corrente do arco elétrico, em kA;
Ibf = corrente de curto-circuito para uma falta trifásica, em kA.
Posteriormente, realiza-se a conversão do logaritmo, conforme a equação 3.7 (Retirada
de [10]).
(3.7)
Esta etapa, ainda, que deve ser calculada uma segunda corrente do arco elétrico
equivalente a 85% da Ia, com o objetivo de determinar um segundo tempo de duração do arco.
Etapa 5: Encontrar as características dos dispositivos de proteção e tempo de duração
do arco.
Para esse levantamento, recomenda-se que os dados do sistema de proteção sejam
retirados dos equipamentos instalados no campo. Caso contrário, os parâmetros de proteção
devem ser calculados através da aplicação de softwares comerciais específicos, ou, caso a
22
instalação analisada seja simples, as características dos dispositivos de proteção podem ser
encontradas nos catálogos dos fabricantes.
Para fusíveis, as curvas de tempo/corrente dos fabricantes podem incluir o tempo de
fusão e de interrupção. Neste caso, deve-se adotar o tempo de interrupção. Caso o fabricante
forneça somente a média do tempo de fusão, deve-se somar 15% no tempo de fusão, desde
que esse tempo seja até 0,03 s. Para tempo superior a 0,03 s, soma-se 10% no tempo de fusão.
Essas somas têm como objetivo determinar o tempo total da interrupção.
Para disjuntores com relés de proteção integrados, a curva tempo/corrente inclui as
informações referentes ao tempo de disparo e o tempo de interrupção.
Para disjuntores operados por relés externos, a curva do relé mostra somente o tempo
de operação do relé na região temporizada. Para relés operando na região instantânea,
considerando-se a operação do mesmo em 16 ms, à frequência de 60 Hz, devendo ser somado
o tempo para abertura do disjuntores de potência. A Tabela 3.4 apresenta essas
recomendações. A norma orienta, ainda, que tempos de abertura para disjuntores específicos
devem ser consultados nos catálogos dos fabricantes.
Tabela 3.4: Tempo de abertura para disjuntores de potência (Adaptada de [10]).
TENSÃO E TIPO DE
DISJUNTOR
TEMPO DE
ABERTURA EM 60 Hz
(ciclos)
TEMPO DE
ABERTURA (s)
Baixa tensão ( 1kV),
caixa moldada e relé de
proteção integrado
1,5 0,025
Baixa tensão ( 1kV),
caixa isolada com relé de
proteção integrado ou
operado por relé externo
3,0 0,050
Média Tensão (1 a 35 kV) 5,0 0,080
Alta tensão ( 35 kV) 8,0 0,130
23
Etapa 6: Determinar as tensões dos sistemas e a classe dos equipamentos.
Deve-se documentar, para cada barramento, a tensão dos sistemas e o tipo de
equipamento, conforme dispõe a Tabela 3.5 (tabela 2 da IEEE 1584), com o objetivo de
identificar o espaçamento entre os barramentos.
Tabela 3.5: Tipo de equipamento e distância típica entre barramentos (Adaptada de [10]).
TIPO DE EQUIPAMENTO DISTANCIA TÍPICA ENTRE OS
BARRAMENTOS (mm)
Painel de 15 kV 152
Painel de 5 kV 104
Painel de baixa tensão 32
CCMs quadros elétricos de baixa tensão 25
Cabos 13
Outros Não necessário
Etapa 7: Determinar a distância de trabalho
De acordo com a IEEE 1584, a proteção contra arco elétrico é sempre baseada no nível
de energia incidente que atinge suas mãos e braços. O nível do dano depende da porcentagem
da pele do corpo de uma pessoa que sofre uma queimadura. A cabeça e o corpo representam a
maior parte da superfície do corpo humano, por isso queimaduras nessas áreas são mais
graves do que aquela ocorridas nas extremidades do corpo. A Tabela 3.6, adaptada da tabela 3
da IEEE 1584, apresenta as distâncias de trabalho típicas de acordo com os tipos de
equipamentos.
Tabela 3.6: Tipo de equipamento e distância de trabalho típica (Adaptada de [10]).
TIPO DE EQUIPAMENTO DISTÂNCIA DE TRABALHO TÍPICA
(mm)
Painel de 15 kV 910
Painel de 5 kV 910
Painel de baixa tensão 610
CCMs e quadros de baixa tensão 455
Cabos 455
Outros A ser determinada no campo
24
A distância de trabalho típica é a soma da distância entre o trabalhado típica é a soma
da distância entre o trabalhador e a parte frontal do equipamento com a distância entre a parte
frontal e a fonte de origem do arco, localizada dentro do equipamento.
Etapa 8: Calcular a energia incidente em todos os equipamentos.
Nesta etapa, a IEEE 1584 recomenda a utilização de um programa para cálculo da
energia incidente. A própria IEEE 1584 disponibiliza uma planilha em Excel para realização
desses cálculos, conforme apresentado no capítulo 6 da norma.
Para a realização dos cálculos de energia incidentes, a norma estabelece que deve ser
determinado, primeiramente, o valor da energia normalizada. A energia incidente normalizada
é baseada em valores normalizados para um arco de 200 ms de duração e uma distância de
610 mm entre o ponto de origem do arco e uma pessoa. Essa energia pode ser estimada
através da equação 3.8 (Retirada de [10]).
(3.8)
Onde:
log = Logaritmo na base 10;
En = Energia incidente normalizada (J/cm2) para tempo de 200 ms e distância de 610 mm;
K1 = é -0,792 para ambiente aberto, é -0,555 para ambiente fechado.
K2 = é 0 para sistema isolado ou aterrado por alta resistência; é -0,113 para sistema
solidamente aterrado.
G = Distância entre os condutores, em mm.
(3.9)
Finalmente, converte-se para energia incidente a partir da energia normalizada, através
da equação 3.10 (Retirada de [10]).
(
) (
) (3.10)
Onde:
E = Energia incidente (J/cm2);
25
Cf = é um fator de cálculo, 1,0 para tensão acima de 1 kV, 1,5 para tensões igual ou menor do
que 1 kV.
En = Energia incidente normalizada;
t = tempo do arco, em segundos;
D = Distância do possível ponto do arco para uma pessoa (mm);
x = Expoente de distância, conforme Tabela 3.7.
O expoente de distância (x) é determinado através da Tabela 3.7, extraída da IEEE
1584.
Tabela 3.7: Fatores para equipamentos e classes de tensão (Adaptada de [10]).
TENSÃO DO
SISTEMA (kV)
TIPO DE
EQUIPAMENTO
DISTÂNCIA
TÍPICA ENTRE
CONDUTORES
(mm)
EXPOENTE DE
DISTÂNCIA
0,208 – 1,0 Ambiente aberto 10-40 2,000
Painel de distribuição 32 1,473
CCM e Painel 25 1,641
Cabos 13 2,000
1-5 Ambiente aberto 102 2,000
Painel de distribuição 13-102 0,973
Cabos 13 2,000
5-15 Ambiente aberto 13-153 2,000
Painel de distribuição 153 0,973
Cabos 13 2,000
Para determinar o valor da energia incidente em cal/cm2, deve ser aplicado a seguinte
equação 3.11 (Retirada de [10]):
(
) (
) (3.11)
Onde:
E = Energia incidente (cal/cm2);
26
Cf = é um fator de cálculo, 1,0 para tensão acima de 1 kV, 1,5 para tensões igual ou menor do
que 1 kV.
En = Energia incidente normalizada;
= tempo do arco, em segundos;
D = Distância do possível ponto do arco para uma pessoa (mm);
x = Expoente de distância, conforme tabela 8.
Etapa 9: Determinar a distância segura de aproximação contra arco elétrico.
Assim como a NFPA 70E, a IEEE 1584 define a distância segura de aproximação
como a distância da fonte do arco na qual uma energia de calor de 1,2 (cal/cm²), ou 5,0
(J/cm²), incide sobre uma pessoa sem equipamento de proteção, causando-lhe queimadura de
segundo grau.
Para determinar a distância segura de aproximação, deve-se aplicar a seguinte equação
3.12 (Retirada de [10]):
(
) (
)
(3.12)
Onde:
DB = Distância de aproximação do ponto do arco, em (mm);
Cf = é um fator de cálculo, 1,0 para tensão acima de 1 kV, 1,5 para tensão igual ou menor do
que 1 kV;
En = Energia incidente normalizada;
EB = Energia Incidente (J/cm2) na distância de proteção;
t = tempo do arco, em segundos;
x = Expoente de distância, conforme tabela 3.7.
27
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO
4.1 Considerações Iniciais
A Mina de Bauxita Juruti consiste em uma indústria com atividades relacionadas à
extração e beneficiamento de bauxita, de propriedade da ALCOA (Aluminum Company of
America), a qual está implantada no município de Juruti, estado do Pará.
As instalações do Porto do Projeto Juruti tem suprimento de energia elétrica através de
Unidades Termelétricas (UTE) contendo seis unidades geradoras de 725 kW e quatro
unidades geradoras de 324 kW. Enquanto as instalações do Beneficiamento do Projeto Juruti
tem suprimento de energia elétrica contendo seis unidades geradoras de 1700 kW e três
unidades geradoras de 324 kW, ambas sob contrato de compra da Petrobras Distribuidora
S.A. O nível de tensão entregue pela fornecedora é de 13800 V e distribuído às subestações
secundárias através de redes aéreas com cabos isolados. Nestas, o nível de tensão é rebaixado
em 4160 V para acionamento de cargas de alta potência e em 440 V para acionamento de
cargas de baixa potência.
Figura 4.1: Imagem aérea das subestações do Porto.
(Fonte: Alcoa Juruti)
28
A Figura 4.1 mostra a imagem aérea da planta do porto da Alcoa em Juruti. Nela
podem ser identificadas a subestação principal e as subestações secundárias, onde foram
realizados os estudos de arco elétrico, essas subestações desempenham as seguintes funções
no processo industrial:
Subestação 110P (Subestação Principal):
Logo após a geração de energia pelos geradores termoelétricos a energia e
repassada a essa subestação, que em seguida repassa para a subestação de
distribuição, no caso a 112P.
Subestação 112P (Subestação de Distribuição):
Recebe energia da subestação 110P e distribui entre as subestações
secundárias.
Subestação 481P (Virador de Vagão):
Carro virador de vagões;
Alimentador de sapatas;
Transportadores de correia.
Subestação 415P (Estocagem e Manuseio de Bauxita):
Transportadores de correia;
Empilhadeira de bauxita lavada.
Subestação 412P (Transferência e Embarque de Bauxita):
Retomadora de roda caçambas;
Carregador de navios;
Transportadores de correia.
Subestação 370P (Sistema de Utilidades):
Este sistema é composto por instalações temporárias tais como: escritórios
administrativos, CCE, ambulatório, refeitório, portaria, oficina de subconjuntos
industriais, Estação de Tratamento de Esgoto – ETE, iluminação viária e dos
pátios de estocagem e transferência de bauxita para terminal de embarque.
29
A Figura 4.2 mostra a imagem aérea do beneficiamento, podendo ser localizadas suas
respectivas subestações. Logo em seguida as descrições dos processos de cada subestação
utilizada para realização do estudo de arco elétrico no beneficiamento.
Figura 4.2: Imagem aérea das subestações do Beneficiamento.
(Fonte: Alcoa Juruti)
Subestação 110B (Subestação Principal):
Logo após a geração de energia pelos geradores termoelétricos a energia e
repassada a essa subestação, que em seguida repassa para a subestação de
distribuição, no caso a 112B.
Subestação 112B (Subestação de Distribuição):
Recebe energia da subestação 110B e distribui entre as subestações
secundárias.
Subestação 611B (Britagem):
Britador primário e secundário;
Transportadores de correia.
Subestação 621B (Estocagem):
Transportadores de correia;
30
Empilhadeira de minério.
Subestação 631B (Lavagem):
Lavadores rotativos;
Peneiras vibratórias;
Transportadores de correia.
Sistema de bombeamento de água de processo, bombeamento de rejeito e
sistema de vácuo.
Subestação 641B (Estocagem de Bauxita Lavada):
Transporte de correia;
Torre de amostragem;
Empilhadeira de bauxita lavada.
Subestação 651B (Sistema de Distribuição de Água Bruta):
Sistema de bombeamento.
Subestação 661B (Lagoas de Rejeito):
Sistema de bombeamento.
Subestação 372B (Captação de Água Bruta):
Sistema de bombeamento.
A Figura 4.3 mostra a imagem aérea da única subestação isolada. A Subestação 372B
localiza-se às margens do Lago Capiranga a nove quilômetros do beneficiamento, responsável
pelo abastecimento de água potável para a área da mina.
31
Figura 4.2: Imagem aérea da subestação S372, responsável pelo abastecimento de água na planta do Beneficiamento.
(Fonte: Alcoa Juruti)
Nas subestações da empresa são realizadas várias manutenções diariamente, que
podem causar um incidente com arco elétrico, tais como:
Extração de disjuntores em painéis energizados;
Termografia em painéis energizados;
Medição em painéis de baixa tensão (110 a 440 V) energizados;
Manobras em disjuntores energizados.
Todas as manutenções realizadas nas subestações são realizadas com o operador
utilizando EPI contra o risco de arco elétrico nível quatro. Através do estudo realizado ficou
comprovado que esse nível de roupa de proteção é realmente superior ao necessário. Além de
poder causar problemas ergonômicos aos trabalhadores do sistema elétrico da empresa
futuramente, devido à dificuldade de manter uma postura correta na hora de realizar as
tarefas, os custos com roupas de proteção deste nível são extremamente caros.
32
4.2 Cálculo da Energia Incidente
Os cálculos da energia térmica do arco elétrico foram realizados com base nas normas
internacionais recomendadas pelo padrão da Alcoa 32.70 de junho de 2012. Segundo a
metodologia disposta na norma IEEE 1584, foi possível desenvolver uma planilha no Excel
para facilitar os cálculos, reduzindo bastante o tempo de finalização do estudo e
acrescentando mais confiabilidade aos resultados. A planilha serve para determinar a energia
incidente e a distância segura de aproximação, tendo como principal resultado a definição de
risco da instalação. A definição da categoria de risco é necessária para que o EPI destinado à
proteção contra os riscos do arco elétrico seja dimensionado corretamente.
4.2.1 Coleta dos dados necessários para o preenchimento da planilha
Para a correta utilização da planilha, os seguintes dados devem ser preenchidos:
Tag ou nomenclatura do equipamento:
É necessário identificar o Tag do painel, para que o trabalhador destas subestações
saiba exatamente a que painel a placa faz referência. Foi realizado um levantamento de todos
os painéis e seus respectivos Tags, essas informações estão presentes na Tabela 4.1:
Tabela 4.1: Tags dos equipamentos de cada subestação (Continua)
Subestação Tag do Equipamento
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6)
110B-QM-0001 (GE 7)
SE112B 112B-QM-0001
SE611B S611-QM-0001
S611-MCC-0001
S611-MCC-0002
SE621B S621-QM-0001
S621-MCC-0001
S621-MCC-0002
33
Tabela 4.1: Tags dos equipamentos de cada subestação (Continua)
SE631B S631-QM-0001
S631-MCC-0001
S631-MCC-0002
S631-MCC-0003
S631-MCC-0004
S641B S641-QM-0001
S641-MCC-0001
S641-MCC-0002
S651B S651-QM-0001
S651-QD-0001
S651-MCC-0001
S651-MCC-0002
S651-BC-0001
S661B S661-QM-0001
S661-MCC-0001
S661-MCC-0002
S372B S372-QM-0001
S372-MCC-0001
S372-MCC-0002
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6)
110P-QM-0001 (GEs 7+8+9+10)
S112P 112P-QM-0001
S370P S370-QM-0001
S370-MCC-0001
34
Tabela 4.1: Tags dos equipamentos de cada subestação
S412P S412-QM-0001
S412-MCC-0001
S412-MCC-0002
S412-MCC-0003
S415 S415-QM-0001
S415-MCC-0001
S415-MCC-0002
S481 S481-QM-0001
S481-QD-0001
S481-MCC-0001
S481-MCC-0002
Tipo do equipamento e tensão de linha do sistema elétrico;
Para cada condutor ou barramento foi documentado o sistema de tensão e a classe do
equipamento, como mostra a Tabela 4.2. Isto permitirá aplicar as equações baseadas na norma
da classe do equipamento e a distância entre condutores ou barramentos.
Tabela 4.2: Sistema de tensão e classe dos equipamentos das subestações (Continua)
Subestação Tag do Equipamento Tensão (kV) Tipo de
Equipamento
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 13,8 Painel
110B-QM-0001 (GE 7) 13,8 Painel
SE112B 112B-QM-0001 13,8 Painel
35
Tabela 4.2: Sistema de tensão e classe dos equipamentos das subestações (Continua)
SE611B S611-QM-0001 13,8 Painel
S611-MCC-0001 4,16 CCM
S611-MCC-0002 0,48 CCM
SE621B S621-QM-0001 13,8 Painel
S621-MCC-0001 4,16 CCM
S621-MCC-0002 0,48 CCM
SE631B S631-QM-0001 13,8 Painel
S631-MCC-0001 4,16 CCM
S631-MCC-0002 0,48 CCM
S631-MCC-0003 0,48 CCM
S631-MCC-0004 0,48 CCM
S641B S641-QM-0001 13,8 Painel
S641-MCC-0001 4,16 CCM
S641-MCC-0002 0,48 CCM
S651B S651-QM-0001 13,8 Painel
S651-QD-0001 0,48 Painel
S651-MCC-0001 0,48 CCM
S651-MCC-0002 0,48 CCM
S651-BC-0001 0,48 Painel
S661B S661-QM-0001 13,8 Painel
S661-MCC-0001 4,16 CCM
S661-MCC-0002 0,48 CCM
36
Tabela 4.2: Sistema de tensão e classe dos equipamentos das subestações
S372B S372-QM-0001 13,8 Painel
S372-MCC-0001 4,16 CCM
S372-MCC-0002 0,48 CCM
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 13,8 Painel
110P-QM-0001 (GEs 7+8+9+10) 13,8 Painel
S112P 112P-QM-0001 13,8 Painel
S370P S370-QM-0001 13,8 Painel
S370-MCC-0001 0,48 CCM
S412P S412-QM-0001 13,8 Painel
S412-MCC-0001 4,16 CCM
S412-MCC-0002 4,16 CCM
S412-MCC-0003 0,48 CCM
S415 S415-QM-0001 13,8 Painel
S415-MCC-0001 4,16 CCM
S415-MCC-0002 0,48 CCM
S481 S481-QM-0001 13,8 Painel
S481-QD-0001 0,48 Painel
S481-MCC-0001 0,48 CCM
S481-MCC-0002 0,48 CCM
37
Tipo de instalação:
Quanto ao tipo de instalação o equipamento pode ser classificado como aberto (para
instalação ao ar livre, ex: disjuntores, seccionadores de subestações) ou fechado (painéis
fechados, sistemas em canaletas, dutos de barramento). Todos os equipamentos instalados
envolvidos no estudo são do tipo fechado.
Tipo de aterramento:
Os aterramentos dos equipamentos são do tipo indireto (sistema aterrado por meio de
reator, alta resistência ou isolado) ou do tipo direto (sistema solidamente aterrado). Foi
realizada então uma pesquisa nos manuais de instalações para coletar as informações corretas
sobre o tipo de aterramento dos equipamentos, a tabela mostra o tipo de aterramento de cada
equipamento em estudo:
Tabela 4.3: Tipo de aterramento de cada equipamento analisado no estudo (Continua)
Subestação Tag do Equipamento Tipo de Aterramento
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) Sistema solidamente aterrado
110B-QM-0001 (GE 7) Sistema solidamente aterrado
SE112B 112B-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
SE611B S611-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S611-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S611-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
SE621B S621-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S621-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S621-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
38
Tabela 4.3: Tipo de aterramento de cada equipamento analisado no estudo (Continua)
SE631B S631-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S631-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S631-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S631-MCC-0003 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S631-MCC-0004 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S641B S641-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S641-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S641-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S651B S651-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S651-QD-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S651-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S651-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S651-BC-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S661B S661-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S661-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S661-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
39
Tabela 4.3: Tipo de aterramento de cada equipamento analisado no estudo
S372B S372-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S372-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S372-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) Sistema solidamente aterrado
110P-QM-0001 (GEs 7+8+9+10) Sistema solidamente aterrado
S112P 112P-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S370P S370-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S370-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S412P S412-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S412-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S412-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S412-MCC-0003 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S415 S415-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S415-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S415-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por
alta resistência
S481 S481-QM-0001 Sistema solidamente aterrado
S481-QD-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S481-MCC-0001 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
S481-MCC-0002 Sistema isolado e aterrado por alta
resistência
40
Corrente de curto-circuito do sistema elétrico, em kA;
A empresa possui um estudo de curto-circuito para todo seu sistema elétrico, esse
estudo foi realizado através de um programa de computador que executa milhares de
barramentos e permite fácil chaveamento entre os modos de operação. O programa permite
encontrar a corrente de curto-circuito sólida em cada ponto de interesse, normalmente todos
os locais onde os trabalhadores possam está trabalhando. O nome do programa não será
divulgado neste estudo, pois se trata de um segredo de indústria. A Tabela 4.4 mostra os
valores de curto-circuito em cada equipamento analisado no estudo.
Tabela 4.4: Corrente de curto-circuito de cada equipamento, utilizada para calcular a energia incidente (Continua)
Subestação Tag do Equipamento Corrente de Curto-circuito
(kA)
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 3,528
110B-QM-0001 (GE 7) 3,528
SE112B 112B-QM-0001 3,527
SE611B S611-QM-0001 3,42
S611-MCC-0001 4,868
S611-MCC-0002 13,032
SE621B S621-QM-0001 2,998
S621-MCC-0001 2,334
S621-MCC-0002 11,662
SE631B S631-QM-0001 3,512
S631-MCC-0001 2,609
S631-MCC-0002 32,993
S631-MCC-0003 32,996
S631-MCC-0004 29,807
S641B S641-QM-0001 3,344
S641-MCC-0001 2,212
S641-MCC-0002 12,467
41
Tabela 4.4: Corrente de curto-circuito de cada equipamento, utilizada para calcular a energia incidente (Continua).
S651B S651-QM-0001 3,423
S651-QD-0001 22,008
S651-MCC-0001 18,953
S651-MCC-0002 20,387
S651-BC-0001 20,607
S661B S661-QM-0001 3,185
S661-MCC-0001 4,226
S661-MCC-0002 8,309
S372B S372-QM-0001 2,069
S372-MCC-0001 3,793
S372-MCC-0002 6,451
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 2,094
110P-QM-0001 (GEs 7+8+9+10) 2,094
S112P 112P-QM-0001 2,094
S370P S370-QM-0001 1,957
S370-MCC-0001 16,396
S412P S412-QM-0001 2,062
S412-MCC-0001 3,654
S412-MCC-0002 3,823
S412-MCC-0003 11,338
S415 S415-QM-0001 2,037
S415-MCC-0001 3,444
S415-MCC-0002 11,113
42
Tabela 4.4: Corrente de curto-circuito de cada equipamento, utilizada para calcular a energia incidente.
S481 S481-QM-0001 2,077
S481-QD-0001 17,338
S481-MCC-0001 16,285
S481-MCC-0002 14,756
Tempo necessário para extinguir o arco elétrico:
Não foi realizada a análise com 85% da corrente de arco e 35% da corrente de curto-
circuito, como pedido pela norma IEEE 1584, pois o tempo de interrupção do disjuntor não
depende de uma curva característica, sendo fixo para todos os valores de corrente de curto-
circuito. Não existem fusíveis para proteção contra curto-circuito, os únicos fusíveis
disponíveis, servem para proteger os TPs (Transformadores de Potência). Dessa forma, o
tempo necessário para extinguir o arco elétrico é igual à somatória do tempo do relé mais o
tempo do disjuntor, a Tabela 4.5 apresenta os valores do tempo necessário para extinguir o
arco elétrico de cada equipamento envolvido no estudo.
Tabela 4.5: Tempo necessário para extinguir o arco elétrico (Continua).
Subestação Tag do Equipamento Tempo de Atuação da
Proteção (s)
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 0,345
110B-QM-0001 (GE 7) 0,345
SE112B 112B-QM-0001 0,595
SE611B S611-QM-0001 0,345
S611-MCC-0001 0,145
S611-MCC-0002 0,145
SE621B S621-QM-0001 0,345
S621-MCC-0001 0,145
S621-MCC-0002 0,145
43
Tabela 4.5: Tempo necessário para extinguir o arco elétrico (Continua)
SE631B S631-QM-0001 0,345
S631-MCC-0001 0,145
S631-MCC-0002 0,145
S631-MCC-0003 0,145
S631-MCC-0004 0,145
S641B S641-QM-0001 0,345
S641-MCC-0001 0,145
S641-MCC-0002 0,145
S651B S651-QM-0001 0,345
S651-QD-0001 0,145
S651-MCC-0001 0,1
S651-MCC-0002 0,1
S651-BC-0001 0,1
S661B S661-QM-0001 0,345
S661-MCC-0001 0,145
S661-MCC-0002 0,145
S372B S372-QM-0001 0,345
S372-MCC-0001 0,145
S372-MCC-0002 0,145
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 0,345
110P-QM-0001 (GEs 7+8+9+10) 0,345
S112P 112P-QM-0001 0,595
S370P S370-QM-0001 0,345
S370-MCC-0001 0,15
44
Tabela 4.5: Tempo necessário para extinguir o arco elétrico
S412P S412-QM-0001 0,345
S412-MCC-0001 0,145
S412-MCC-0002 0,145
S412-MCC-0003 0,145
S415 S415-QM-0001 0,345
S415-MCC-0001 0,145
S415-MCC-0002 0,145
S481 S481-QM-0001 0,345
S481-QD-0001 0,145
S481-MCC-0001 0,1
S481-MCC-0002 0,1
Determinar a distância de trabalho
Segundo a norma IEEE 1584, os danos sofridos por arcos elétricos são proporcionais
ao tamanho da área do corpo humano atingido pela queimadura. Como a cabeça e o corpo
representam a maior parte da superfície do corpo humano, queimaduras nessas áreas são mais
graves do que aquelas ocorridas nas extremidades do corpo, como por exemplo, mãos ou
braços.
A distância de trabalho típica é a soma da distância entre o trabalhador e a parte frontal
do equipamento com a distância entre a parte frontal e a fonte de origem do arco, localizada
dentro do equipamento. A Tabela 4.6 contém as distâncias de trabalho em cada equipamento.
45
Tabela 4.6: Distância típica de trabalho (Continua)
Subestação Tag do Equipamento Distância de Trabalho
(mm)
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 910
110B-QM-0001 (GE 7) 910
SE112B 112B-QM-0001 910
SE611B S611-QM-0001 910
S611-MCC-0001 455
S611-MCC-0002 455
SE621B S621-QM-0001 910
S621-MCC-0001 455
S621-MCC-0002 455
SE631B S631-QM-0001 910
S631-MCC-0001 455
S631-MCC-0002 455
S631-MCC-0003 455
S631-MCC-0004 455
S641B S641-QM-0001 910
S641-MCC-0001 455
S641-MCC-0002 455
S651B S651-QM-0001 910
S651-QD-0001 610
S651-MCC-0001 455
S651-MCC-0002 455
S651-BC-0001 455
46
Tabela 4.6: Distância típica de trabalho
S661B S661-QM-0001 910
S661-MCC-0001 455
S661-MCC-0002 455
S372B S372-QM-0001 910
S372-MCC-0001 455
S372-MCC-0002 455
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2, 3+4, 5+6) 910
110P-QM-0001 (GEs 7+8+9+10) 910
S112P 112P-QM-0001 910
S370P S370-QM-0001 910
S370-MCC-0001 455
S412P S412-QM-0001 910
S412-MCC-0001 455
S412-MCC-0002 455
S412-MCC-0003 455
S415 S415-QM-0001 910
S415-MCC-0001 455
S415-MCC-0002 455
S481 S481-QM-0001 910
S481-QD-0001 610
S481-MCC-0001 455
S481-MCC-0002 455
47
O resultado final da planilha informará basicamente três itens:
Energia Incidente em J/cm2 ou cal/cm
2: esta é a energia que será emanada do
curto-circuito e poderá atingir um trabalhador;
Distância Segura: esta é a mínima distância que o operador pode ficar do ponto
de origem do arco utilizando roupas normais sem sofrer queimaduras
incuráveis. Nesta distância a energia incidente que atinge o trabalhador é igual
ou menor do que 1,2 cal/cm2 ou 5 J/cm2;
Categoria de risco ou categoria da roupa: forma de classificar o risco de
queimadura devido o arco elétrico. Essa categoria de risco é determinada pela
norma NFPA 70E e varia de acordo com as faixas de energia envolvidas, indo
de 0 a 4.
4.2.2 Utilizando a planilha desenvolvida no programa Excel para encontrar o resultado
final
Após a realização da coleta de todos os dados necessários para o cálculo da energia
incidente de acordo com a norma IEEE 1584, foi possível realizar o preenchimento da
planilha elaborada no programa Excel, com isso obteve-se os níveis de energia incidente em
todos os equipamentos. As Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 apresentam a interface da tabela com as
lacunas a serem preenchidas para encontrar o resultado final.
Na Figura 4.4 pode ser observado que algumas lacunas devem ser preenchidas
devidamente de acordo com os dados coletados como a tensão, a corrente de curto-circuito, o
tempo de duração do arco, o tag e a fonte de alimentação do equipamento que está sendo
analisado. Além de especificar se o equipamento está em compartimento ou não, se o sistema
de aterramento é solidamente aterrado ou aterrado por alta resistência, se o equipamento é
fechado ou aberto, e se o equipamento é um painel de distribuição o um MCC.
Já nas Figuras 4.5 e 4.6 pode ser observado ainda o complemento da tabela
desenvolvida no programa Excel, essas tabelas servem de apoio, e foram retiradas da norma
IEE 1584. Elas contêm algumas constantes que são acrescentadas automaticamente nas
equações, de acordo com as especificações dos equipamentos.
48
Figura 4.4: Interface da planilha elaborada no Excel para o cálculo da energia incidente
Figura 4.5: Continuação da interface do programa para cálculo de energia incidente elaborado no Excel
49
Figura 4.6: Parte final da interface do programa para cálculo de energia incidente desenvolvido no Excel.
Utilizando o equipamento S412 – MCC – 0002 como exemplo para demonstrar a
realização dos cálculos, é possível então observar na Figura 4.7 a planilha para o cálculo de
energia incidente devidamente preenchida. Ainda pode ser analisado o resultado final da
planilha, em destaque na Figura 4.7 está presente o valor da energia incidente calculado para o
equipamento, o nível do EPI desejável para que o trabalhador possa está seguro em caso de
um incidente envolvendo arco elétrico no respectivo equipamento, além do valor da distância
segura, que significa a distância recomendada para trabalhos nos equipamentos com um EPI
de nível inferior ao sugerido pelo estudo.
Com a planilha criada no programa Excel tem-se uma organização melhor dos dados
necessários para o estudo, além de acelerar bastante o tempo dos cálculos, visto que as
fórmulas para encontrar os resultados finais envolvem bastantes variáveis. Como o programa
permite uma conexão entre suas folhas é possível também realizar a montagem da placa de
sinalização automaticamente após a finalização do preenchimento da tabela. A Figura 4.8
mostra a tabela finalizada, pronta para impressão e fixação no equipamento S412- MCC –
0002.
50
Figura 4.7: Planilha toda preenchida com dados coletados e apresentando os resultados esperados
Figura 4.8: Placa de sinalização de risco de arco elétrico
(Fonte: Alcoa Juruti)
51
4.3 Resultados do Estudo
Da mesma forma que foi encontrada o valor da distância segura, da energia incidente e
a categoria de roupa para o equipamento S412- MCC- 0002, para demonstrar o uso correto da
planilha, foram realizados os outros cálculos para os restantes dos equipamentos das
subestações. A Tabela 4.11 apresenta os valores finais da distância segura, da energia
incidente e da categoria de roupa mais adequada para a proteção contra o risco de arco
elétrico da instalação analisada, considerando 100% da corrente do arco:
Tabela 4.7: Resultados finais (Continua)
Subestação Tag do Equipamento Distância
Segura
(mm)
Energia
Incidente
(cal/cm²)
Categoria
Roupa
(NFPA 70E)
SE110B 110B-QM-0001 (GEs 1+2,
3+4, 5+6)
1530 1,5 1
110B-QM-0001 (GE 7) 1530 1,5 1
SE112B 112B-QM-0001 1530 2,7 1
SE611B S611-QM-0001 1530 1,4 1
S611-MCC-0001 1530 1,9 1
S611-MCC-0002 1070 5,1 2
SE621B S621-QM-0001 1530 1,2 0
S621-MCC-0001 1530 1,5 1
S621-MCC-0002 1530 4,7 2
SE631B S631-QM-0001 1530 1,5 1
S631-MCC-0001 1530 1 0
S631-MCC-0002 1070 12,1 3
S631-MCC-0003 1070 12,1 3
S631-MCC-0004 1070 11 3
52
Tabela 4.7: Resultados finais (Continua)
S641B S641-QM-0001 1530 1,4 1
S641-MCC-0001 1530 0,9 0
S641-MCC-0002 1070 4,9 2
S651B S651-QM-0001 1530 1,4 1
S651-QD-0001
S651-MCC-0001 1070 5 2
S651-MCC-0002 1070 5,4 2
S651-BC-0001 1070 5,4 2
S661B S661-QM-0001 1530 1,3 1
S661-MCC-0001 1530 1,7 1
S661-MCC-0002 1070 3,4 1
S372B S372-QM-0001 1530 0,9 0
S372-MCC-0001 1530 1,5 1
S372-MCC-0002 1070 2,7 1
S110P 110P-QM-0001 (GEs 1+2,
3+4, 5+6)
1530 0,9 0
110P-QM-0001 (GEs
7+8+9+10)
1530 0,9 0
S112P 112P-QM-0001 1530 1,5 1
S370P S370-QM-0001 1530 0,8 0
S370-MCC-0001 1070 6,6 2
S412P S412-QM-0001 1530 0,9 0
S412-MCC-0001 1530 1,4 1
S412-MCC-0002 1530 1,5 1
S412-MCC-0003 1070 4,5 2
53
Tabela 4.7: Resultados finais
S415P S415-QM-0001 1530 0,8 0
S415-MCC-0001 1530 1,4 1
S415-MCC-0002 1070 4,5 2
415P-ED-0001 1070 14,5 3
S481P S481-QM-0001 1530 0,9 0
S481-QD-0001 1070 4 1
S481-MCC-0001 1070 4,4 2
S481-MCC-0002 1070 4 2
Nesse caso específico, não existe diferença nos tempos de atuação da proteção porque
nenhuma das correntes previstas na norma entra na curva de tempo inverso do relé. Dessa
forma, o maior valor de energia incidente será obtido para 100%. Não sendo preciso o cálculo
da energia incidente, para um corrente de curto-circuito equivalente a 85% e 38% da corrente
de curto-circuito encontrada pelo programa de computador, assim como exige a norma IEEE
1584.
Nem todos os equipamentos listados na tabela possuem energia incidente suficiente
para gerar riscos aos trabalhadores que interagem com a instalação. Somente os equipamentos
da unidade que possuem energia incidente superior a 1,2 cal/cm2 podem oferecer riscos de
queimaduras acima de segundo grau.
Todas as placas de sinalização sobre os riscos de arco elétrico do estudo estão
dispostas no apêndice deste estudo. São as mesmas que estão fixadas nos painéis das
subestações da empresa.
Portanto, o estudo para calcular a distância segura, a energia incidente e escolher a
vestimenta mais adequada para proteção contra arco elétrico, tem como objetivo proteger os
trabalhadores que interagem com a instalação elétrica, para evitar que o mesmo sofra danos
prejudiciais e irreparáveis a sua saúde.
Para que os trabalhadores da unidade em estudo possam trabalhar utilizando
equipamentos de proteção individuais mais adequados contra o risco de arco elétrico nas
54
subestações, foram desenvolvidas placas de sinalização e fixadas em cada equipamento. As
subestações já possuíam placas sinalizando o perigo de arco elétrico, porém apresentavam
alguns pontos que não foram analisados no último estudo como:
O tempo de atuação correta dos disjuntores, uma vez que se deve considerar o tempo
de atuação do disjuntor, do relé e do fusível;
O nível de corrente de curto-circuito correto, uma vez que anteriormente foi
considerada a amplitude no 6° Ciclo, agora foi considerada a do 1° Ciclo, sendo essa
maior que a anterior (Ver detalhes no anexo);
Preocupação em tornar o aviso de EPI mais chamativo e adequado à norma.
As placas de aviso que estavam nas subestações não apresentavam informações
confiáveis e critérios de adequações sugeridos pelo Padrão de Engenharia da Alcoa 3270, a
Figura 4.11 é um exemplo de aviso implantado pelo estudo anterior.
Figura 4.9: Placa de aviso antes da realização deste estudo.
(Fonte: Alcoa Juruti)
Após um treinamento realizado pela FUPAI (Fundação de Pesquisa e Assessoramento
à Industria) sobre arco elétrico foi possível conhecer melhor seus riscos e como se proteger
deles. Foi realizada então uma revisão de todos os critérios necessários para o cálculo correto
da energia incidente, foram desenvolvidos os novos avisos de sinalização de acordo com o
Padrão de Engenharia da Alcoa 3270. A Figura 4.10 (Acervo pessoal) mostra um exemplo das
novas placas presentes nas subestações, como pode ser notado essas novas placas são mais
chamativas em relação às anteriores, e também possuem informações mais detalhadas.
55
Oferecendo ao trabalhador da empresa as informações mais adequadas e corretas para escolha
da vestimenta e da distância segura de trabalho para cada painel.
Fazendo uma comparação entre as duas placas de sinalização, pode ser observado que
elas pertencem ao mesmo equipamento. Mas possuem informações de alerta divergentes. O
último estudo recomendava para o equipamento S412-MCC-0002 uma roupa de proteção
nível zero, informava então para o trabalhador da unidade em estudo, que o equipamento não
possui nível de energia incidente suficiente para colocar em risco sua vida.
Anteriormente, era utilizado EPIs de nível quatro em todas as manutenções, com esse
tipo de EPI o trabalhador não estava exposto a risco com relação à energia incidente liberada
pelo arco elétrico. Porém, essas vestimentas são bastante desconfortáveis e desnecessárias,
além de causar estresse térmico, os EPIs superdimensionados podem causar novos tipos de
riscos para quem está utilizando, como por exemplo, risco ergométrico. A Figura 4.10 mostra
um trabalhador da empresa com a vestimenta de nível quatro.
Figura 4.10: EPI nível quatro contra o risco de arco
elétrico.
(Fonte: Acervo pessoal)
4.11: EPI nível três contra o risco de arco elétrico.
(Fonte: Acervo Pessoal)
Na Figura 4.11 (Acervo pessoal) é possível notar o trabalhador do setor elétrico da
empresa realizando uma manobra no painel com vestimenta de proteção de nível três.
Comparando a vestimenta de nível quatro da Figura 4.10 com a vestimenta de proteção da
56
Figura 4.11 é possível notar explicitamente certo grau de flexibilidade da vestimenta com o
grau menor de proteção.
A segurança do trabalhador foi o principal foco do estudo, foco alcançado com
sucesso e acrescentando mais outros ganhos para empresa. A indústria em estudo passa então
a reduzir custos na compra de novos EPIs com menor grua de proteção, mas com o nível
exato. Além de evitar que seus trabalhadores desenvolvam problemas ortopédicos no decorrer
dos anos, devido à utilização de EPIs superdimensionados.
57
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
5.1 Considerações Finais
Durante o desenvolvimento desta pesquisa, foram analisados aspectos relevantes sobre
a natureza e os riscos envolvendo arcos elétricos, sendo esses riscos extremamente danosos
para as pessoas expostas a esse fenômeno. Devido à sua gravidade, o risco envolvendo arco
elétrico é motivação para existência de uma série de normas internacionais, que buscam
maneiras eficazes de mensurar os perigos do arco elétrico e propor a utilização de EPIs
adequados, quando necessário. O Brasil ainda está carente de normas que tratem
detalhadamente dos métodos empregados para estimativa da energia incidente, bem como
normas para confecção e ensaio de vestimentas para trabalhos com risco de arco elétrico.
Como é necessário mensurar os níveis de energia incidente para determinar a proteção
correta para os trabalhadores, o trabalho descreveu os principais pontos das normas NFPA
70E e IEEE 1584. Nessas normas são estabelecidas equações que permitem estimar os valores
de energia incidente através de métodos teóricos e métodos empíricos. O dimensionamento
dos EPIs ocorreu conforme o disposto da NFPA 70E.
Conforme visto no estudo a norma que serviu de referência foi a IEEE 1584, seguir os
nove passos para o cálculo da energia incidente necessária para a determinação da vestimenta
sugerida por ela é uma tarefa muito árdua, envolve um grande número de variáveis, que exige
esforço muito grande de engenharia elétrica e da engenharia de segurança do trabalho.
Pode-se concluir com este estudo que a determinação correta da vestimenta de
proteção é uma tarefa complexa e que a vestimenta de proteção contra arcos elétricos deve ser
o último recurso para proteger o trabalhador. Deve-se utilizar os recursos da engenharia
elétrica para diminuir as correntes de curto-circuito, coordenar os dispositivos de proteção de
forma a reduzir ao máximo o tempo de interrupção do arco, fabricar painéis resistentes à arcos
elétricos, que neste contexto estarão atuando como equipamentos de proteção coletiva. As
vestimentas de proteção devem ser um EPI que deve ser minuciosamente determinada por
uma equipe multidisciplinar, e deve levar em conta não só as variáveis elétricas como também
os agentes físicos (calor), e ergonômicos (desconforto), pois os danos causados ao trabalhador
são muitas vezes irreparáveis.
58
Por fim, o estudo foi de grande importância para a indústria em questão, pois nas
subestações da empresa os eletricistas utilizavam somente EPIs de nível quatro, ou seja, com
o estudo comprovou-se que essas proteções estavam superdimensionadas. Outro fator
importante foi a atualização das placas de sinalização. Hoje elas estão de acordo o Padrão de
Engenharia da Alcoa 32.70, além de possuírem informações mais confiáveis. Vale ressaltar
que esse estudo faz parte de um dos itens cobrados em auditorias, o mesmo vinha sendo uma
não conformidade da planta. Como ele foi realizado antes da auditoria em novembro de 2013,
pode então ajudar na conquista da nota alta. Além de não ter sido necessário contratar uma
empresa de consultoria para realizar o estudo de arco elétrico, evitando assim mais de R$
200000,00 em despesas.
5.2 Trabalhos Futuros
Utilização do programa de computador Etap Thinking Power para realização de todo o
estudo novamente. A empresa já possui os direitos do programa e futuramente esse
estudo será refeito.
Fazer uma análise crítica tanto da norma da NFPA 70E e da IEEE 1584, com intuito
de apresentar suas limitações e possíveis incoerências.
Realizar pesquisas de campo dentro da empresa para verificar os desconfortos
térmicos e ergonômicos causados pelas vestimentas.
Realizar pesquisa com estatísticas envolvendo acidentes com arcos elétricos, pois
atualmente no Brasil temos esta carência.
Proposta para elaboração de uma NR que trate a questão específica do arco elétrico.
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Norma Brasileira ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão, 2004.
[2] Norma Brasileira ABNT NBR 13231 – Proteção contra incêndio em subestação, 2004.
[3] Ministério do Trabalho e Emprego. “Norma Regulamentadora n.10 (NR-10)”, Segurança
em instalações e serviços em eletricidade. Brasília, 2004.
[4] Aguinaldo Bizzo de Almeida e Reyder KnupfernGoecking - Manual técnico sobre
vestimenta de proteção ao risco de arco elétrico e fogo repentino, 2009.
[5] NFPA 70E. “Standard for electrical safety requirement for employee worplace”, 2009.
[6] R.H. Lee – “The other electrical hazard: Electric arc blast burns”. IEEE Transactions on
industrial applications, Junho, 1982.
[7] B. Jackson – “An alternative approach to mitigate the catastrophic impacto of arc flash
explosions”, Abril, 2007.
[8] Ministério do Trabalho e Emprego. “Norma Regulamentadora n.6 (NR-6)”, Segurança em
instalações e serviços em eletricidade. Brasília, 2001.
[9] Tomiyoshi, L.K. Arcos elétricos – proteção contra queimaduras, estimativa de energia e
determinação da proteção. “Trabalho técnico”, 2000.
[10] IEEE Std. 1584. “ IEEE Guide for performing arc-flash hazard calculations”, 2002.
[11] Queiroz, Alan Romulo Silva – Utilização de relés digitais para mitigação dos riscos
envolvendo arco elétrico / ARS Queirroz. – São Paulo, 2011. 130p.
[12] Padrão de Engenharia da Alcoa 32.70, junho de 2010.
[13] Fábio da Costa Souza – Vestimenta de proteção contra queimaduras por arcos elétricos
para trabalhadores que atuam em instalações e serviços em eletricidade – São Paulo, 2009.
79p.
[14] ASTM-F-1959/F1959M. “Standart test method for determining the arc termal
performance value of materials for clothing”, 1999.
[15] IEC 61482-1. “Live working-flame resistant materials for clothing for thermal protection
of works – Thermal hazard of an electric arc- Part 1- Test methods”, 2002.
60
[16] CENELEC – ENV 50354. “Electrical test methods for materials and garments for use by
workers at risk from exposure to an electric arc”, 2000.
[17] Jean Soares Choucair – Cálculo da energia incidente para escolha adequada da
vestimenta de proteção ao arco elétrico – Juiz de Fora, 2011. 41p.
[18] Mina de bauxita de Juruti documento ALCOA n° J26-ES-947B-70-CON-0009
“Engenharia Detalhada – 2,6 MTPA – Mina de bauxita Juruti – Beneficiamento e Porto –
Distribuição de energia elétrica do beneficiamento – Estudo de curto-circuito
beneficiamento”. Relatório Técnico. Setembro, 2008.
[19] Mina de bauxita de Juruti documento ALCOA n° J26-ES-977P-70-CON-0002
“Engenharia Detalhada – 2,6 MTPA – Mina de bauxita Juruti – Beneficiamento e Porto –
Distribuição de energia elétrica do porto – Estudo de curto-circuito porto”. Relatório Técnico.
Setembro, 2008.
61
ANEXOS
Anexo A: Diagramas de Impedância de Sequência Positiva das Plantas do Porto e
Beneficiamento
62
63
Anexo B: Níveis de Curto-circuito Trifásico para Cada Condição Operacional do
Beneficiamento e do Porto
Barramento Tensão
(kV)
Níveis de Curto Circuito (kA)
Condição 1 Condição 2 Condição 3 Condição 4
1o ciclo 6
o ciclo 1
o ciclo 6
o ciclo Mínimo Eventual
110B SE110B 13,8 3,528 2,866 2,595 2,198 0,466 0,170
112B SE112B 13,8 3,527 2,865 2,595 2,198 0,466 0,170
611
611QM01 13,8 3,420 2,790 2,542 2,162 0,464 0,170
611MC01 4,16 4,868 3,959 4,416 4,154 1,214 0,514
611MC02 0,48 13,032 12,070 12,549 11,605 6,776 3,616
621
621QM01 13,8 2,998 2,519 2,309 1,994 0,458 0,169
621MC01 4,16 2,334 2,144 2,196 2,014 0,980 0,467
621MC02 0,48 11,662 11,369 11,210 10,922 6,698 3,595
631
631QM01 13,8 3,512 2,854 2,588 2,192 0,466 0,170
631MC01 4,16 2,609 2,285 2,459 2,145 0,991 0,469
631MC02 0,48 32,993 29,965 29,774 27,073 10,366 4,425
631MC03 0,48 32,996 29,959 29,777 27,069 10,365 4,424
631MC04 0,48 29,807 26,493 27,377 24,294 9,810 4,320
641
641QM01 13,8 3,344 2,751 2,499 2,132 0,464 0,170
641MC01 4,16 2,212 2,120 2,072 1,986 0,989 0,469
641MC02 0,48 12,467 11,836 11,993 11,371 6,750 3,609
64
651
651QM01 13,8 3,423 2,800 2,539 2,160 0,465 0,170
651QD01 0,48 22,008 20,969 20,420 19,467 9,094 4,176
651MC01 0,48 18,953 18,192 17,774 17,061 8,560 4,127
651MC02 0,48 20,387 19,501 19,022 18,201 8,821 4,063
651BC01 0,48 20,607 19,700 19,212 18,374 8,859 4,119
661
661QM01 13,8 3,185 2,627 2,422 2,062 0,460 0,170
661MC01 4,16 4,226 3,406 3,904 3,126 1,146 0,501
661MC02 0,48 8,309 7,822 8,111 7,622 5,186 3,114
S372
372QM01 13,8 2,069 1,803 1,758 1,598 0,431 0,166
372MC01 4,16 3,793 3,213 3,502 3,333 1,146 0,502
372MC02 0,48 6,451 6,349 6,331 6,256 4,630 2,929
65
SE Barramento Tensão
(kV)
Níveis de Curto Circuito (kA)
Condição 1 Condição 2 Condição 3
1o ciclo 6
o ciclo 1
o ciclo 6
o ciclo Mínimo
110P 110QM01 13,8 2,094 1,684 1,230 0,820 0,316
112P 112PQ01 13,8 2,094 1,684 1,230 0,820 0,316
S412 412QM01 13,8 2,062 1,657 1,226 0,816 0,315
412MC01 4,16 3,654 3,006 2,825 1,984 0,884
412MC02 4,16 3,823 2,904 3,094 2,013 0,851
412MC03 0,48 11,338 10,837 10,047 8,802 5,523
S415 415QM01 13,8 2,037 1,645 1,214 0,812 0,315
415MC01 4,16 3,444 2,760 2,760 1,902 0,851
415MC02 0,48 11,113 10,639 9,864 8,670 5,478
S481 481QM01 13,8 2,077 1,673 1,225 0,817 0,316
481QD01 0,48 17,338 15,716 14,655 11,839 6,469
481MC01 0,48 16,285 14,829 13,911 11,342 6,318
481MC02 0,48 16,224 14,756 13,873 11,304 6,303
S370 370QM01 13,8 1,957 1,599 1,186 0,802 0,313
370MC01 0,48 16,396 15,141 13,887 11,464 6,413
66
APÊNDICE
Placas de Sinalização de Todos os Painéis Estudados
67
68
69
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