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Pedro Virgilio de Castro Sousa APLICAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS Palmas - 2019

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Pedro Virgilio de Castro Sousa

APLICAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

Palmas - 2019

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PEDRO VIRGILIO DE CASTRO SOUSA

APLICAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

Trabalho de Curso em Direito apresentado como requisito parcial da disciplina de Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. Orientador Prof. M.e. Thiago Perez Rodrigues Silva.

Palmas - 2019

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TO PEDRO VIRGILIO DE CASTRO SOUSA

APLICAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

Trabalho de Curso em Direito apresentado como requisito parcial da disciplina de Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. Orientador Prof. M.e. Thiago Perez Rodrigues Silva.

Aprovado (a) em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Orientador M.e. Thiago Perez Rodrigues Silva

Centro Universitário Luterano de Palmas

__________________________________________________

Palmas - 2019

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Prof. Examinador Centro Universitário Luterano de Palmas

__________________________________________________ Prof. Examinador

Centro Universitário Luterano de Palmas

TO

Palmas - 2019

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que sem Ele nada seria possível de conquistar, a minha família que sempre me apoiou e me motivou a buscar mais conhecimento em especial a minha irmã, Bruna Lorrane de Castro Souza, que sempre esteve presente nessa longa caminhada. Aos meus amigos, que sem eles teria sido uma jornada mais estressante, e a todos que de alguma forma contribuiu nesses 05 anos de caminhada.

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Agradeço a Deus por não ter deixado eu enfraquecer e superar todos os desafios e dificuldades, por toda a sabedoria que eu pude adquirir nesse período da vida acadêmica. Ao meu orientador Thiago Perez, que teve a compreensão necessária para aceitar essa empreitada e entender as dificuldades que passei. Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse sonho.

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“O pobre prefere um copo de vinho a um pão,

porque o estomago da miséria necessita mais

de ilusões que de alimento”

Georges Bernanos

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RESUMO

O presente trabalho aborda o instituto do Direito da Família, com foco nos ensinamentos doutrinários relativos a execução de Alimentos, na sua interpretação jurídica e constitucional, explicitando as inovações advindas da vigência do Novo Código de Processo Civil sob a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, elencando o pensamento de especialistas e estudiosos do campo jurídico familiar. Todo o conteúdo baseou-se nas leis que norteiam as atividades jurisdicionais em relações maritalmente constituídas, além de expor alguns comparativos com legislações de outros países com diferentes regimes políticos e de legislação. Pôde-se perceber que a legislação sobre o tema em questão apresenta bastante controvérsias e tem sido tema de discussões e debates entre juristas e especialistas do direito, que buscam aperfeiçoar o jurisdicionamento relativo ao direito de família e no tocante a prestação alimentar. Palavras Chave: Alimentos; Execução; NCPC.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................9

1 ALIMENTO EM TERMOS DE DIREITO DE FAMÍLIA..................................................11

1.1 A FAMÍLIA PERANTE O DIREITO...........................................................................11

1.2 FAMÍLIA NO ECA E CF..............................................................................................12

1.2 ACEPÇÕES E CONCEITUAÇÃO DE ALIMENTO...................................................14

1.3 BASES JURÍDICAS E CONCEITUAIS DO ACORDO ALIMENTAR.....................19

1.4 RENÚNCIA ALIMENTAR..........................................................................................20

1.4.1 Cláusulas Referentes às Renúncias Expressas.........................................................23

1.5 BASES HISTÓRICAS DA RENÚNCIA AO ALIMENTO.........................................24

1.6 RENÚNCIA EXPRESSA..............................................................................................26

2 A OBRIGAÇÃO DO ALIMENTO......................................................................................28

2.1 ASPECTOS JURÍDICOS..............................................................................................28

2.2 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA............................................29

2.3 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE....31

2.4 PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA E CONVIVÊNCIA FAMILIAR............................33

2.5 PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE..................................................................................34

2.6 PRINCÍPIO DA PATERNIDADE RESPONSÁVEL...................................................35

2.7 OS ALIMENTOS COMO DIREITO CONSTITUCIONAL........................................36

2.8 A DISPONIBILIDADE ALIMENTAR NO ATUAL CÓDIGO CIVIL.......................37

2.9 A IRRENUNCIABILIDADE ALIMENTAR NO CODIGO CIVIL.............................39

2.10 ANÁLISE JURÍDICA DA OBRIGAÇÃO DA PRESTAÇÃO ALIMENTAR..........39

3 INOVAÇÕES DECORRENTES DA VIGÊNCIA DO NCPC............................................43

3.1 PRINCIPAIS MUDANÇAS NA PRESTAÇÃO DE ALIMENTO EM FACE DO NCPC...................................................................................................................................43

3.2 A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS COM O NCPC......................................................44

3.3 PENHORA DE BENS...................................................................................................46

CONCLUSÃO.........................................................................................................................54

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REFERÊNCIAS.......................................................................................................................57

INTRODUÇÃO

O presente trabalho traz em seu escopo as interpretações jurídicas de especialistas e

estudiosos da área sobre o amplo e característico ramo do Direito de Família, especificamente

sobre a execução de alimentos e as inovações decorrentes da entrada em vigor do Novo

Código de Processo Civil - NCPC, sob a Lei nº 13.105/2015. Essa abordagem levanta um

debate complexo em relação às práticas jurisdicionais. Tais práticas são caracterizadas pelas

sinuosidades e singularidades, que exige do julgador, o bom senso quanto a situação das

partes relacionadas, sem deixar de cumprir de forma aguda as obrigações pertinentes ao

mérito processual.

Dessa forma, é necessário balancear todos os sentimentos humanos com sensatez e

racionalidade em relação aos parâmetros processuais, com o objetivo de se obter resultados

mais justos para quem já vem de embates e desestruturação de um lar, pleiteando então os

direitos cabíveis em prol dos alimentandos.

As sucessivas reformulações processuais deixam explícita e inequivocamente, a

infatigável busca por meios que possam tornar o processo menos penoso para as partes e

também buscar maior celeridade de execução da demanda em fase de julgamento de forma

que as sentenças possam satisfazer plenamente as reais necessidades de quem pleiteia o

alimento, como forma de manutenção das atividades básicas de uma vida digna.

Quando um ex-cônjuge busca através de uma ação de alimentos ajuizada ou quando da

formulação do requerimento de pedido de alimentos com separação em júri, busca de

paternidade ou outra situação são características de necessidade da parte pleiteante, sendo às

vezes considerado até fator de humilhação em determinadas conjunturas.

Em alguns pleitos o requerimento de alimento denota o embate entre o aviltamento

contra a presunção, pois em alguns casos a negativa de alimento é um meio de compensação

de outros sentimentos de ofensa em separações litigiosas e durante o período de convivência

familiar entre as partes envolvidas no embate.

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Porém, o requisitante pode transformar do pedido de alimentos em moeda de troca por

motivos passionais ou mesmo por motivo financeiro, quando por exemplo, um dos envolvidos

tem a guarda de um filho, e o mantém com independência financeira plena, e passa a pleitear

alimentos, quando do conhecimento de união do ex-consorte.

O tema abordado foi escolhido entre as disciplinas que sofreram alguma alteração com

o advento do Novo Código de Processo Civil de 2015, devido à complexidade e

características peculiares que regem o campo do Direito de Família, especificamente o da

execução de alimentos, que vem levantando um debate de grandes divergências entre os

membros do meio jurisdicional.

No estudo das bases jurídicas que regem esse campo doutrinário, pode-se encontrar os

dispositivos que direcionam magistrados e agentes do direito rumo a um consenso geral e

justo, visando a correta aplicação doutrinária. Entre os referidos mecanismos, os de maior

expressão e relevância para a elaboração do presente estudo são: Lei nº 5876/68, artigos 1700

e 1707, do Código Civil de 2002, e também o artigo 404 do Código Civil de 1916, além da

súmula 379 do Supremo Tribunal Federal, entre tantos outros mecanismos jurídicos contidos

na presente obra.

Essa regra sofre duas restrições importantes, por se entender primeiro que a proibição

de renúncia se limita aos alimentos futuros podendo-se, pois, renunciar a prestações vencidas

e segundo que a irrenunciabilidade é restrita aos alimentos decorrentes do parentesco.

Dessa forma o presente objeto de estudo teve como principal finalidade estudar os

preceitos e as doutrinas envolvidas no julgamento de renúncia a alimentos quando da

interrupção de um relacionamento estável ou a dissolução de uma sociedade matrimonial alem

do vínculo conjugal. Para isso, foram utilizadas as análises e a contextualização dos preceitos

jurídicos dos alimentos, estudando também o Direito da Família, dando ênfase aos principais

tópicos relativos à conjuntura contemporânea da doutrina e das leis que regem esse campo

jurisdicional.

A abordagem se fundamentou por meio de uma pesquisa bibliográfica de cunho

jurisprudencial, de onde se pôde estabelecer um modelo de indagação sistêmica,

especialmente as relativas aos valores envolvidos na proteção dos direitos da família. Também

foram alocados à titulo de esclarecimentos alguns acórdãos oriundos se sentenças expedidas

pelo Superior Tribunal de Justiça.

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1 ALIMENTO EM TERMOS DE DIREITO DE FAMÍLIA

1.1 A FAMÍLIA PERANTE O DIREITO

Desde a instituição da humanidade é que podemos evidenciar a família como algo

concreto e que nos últimos tempos os seus conceitos vem se desfazendo. O cenário familiar

modifica-se ao longo do tempo, e o número de casos de divórcio e separação é crescente e

presente em diversas famílias.

O termo “família” advém da expressão latina famulus, que significa “escravo

doméstico”, que designava os escravos que trabalhavam de forma legalizada na agricultura

familiar das tribos ladinas, situadas onde hoje se localiza a Itália (MIRANDA,2001)

A instituição do casamento era dividida em confarreatio, o casamento de caráter

religioso, era restrito somente à classe patrícia, sendo caracterizado por uma cerimônia de

oferenda de pão aos deuses; coemptio, este sendo reservado à plebe, celebrado mediante a

venda fictícia, do pai para o marido, do poder sobre a mulher; e o de usos, em que o marido

adquiria a mulher pela posse.

Deveras alarmante a nova concepção de família sendo composta de pais solteiros e

adjacente a isso é que o novo conceito de família vem gerando conflitos. Para melhr

entendimento, tem-se a explicação de Silva:

Família em sentido genérico e biológico é o conjunto de pessoas que descendem de tronco ancestral comum; em senso estrito, a família se restringe ao grupo formado pelos pais e filhos; e em sentido universal é considerada a célula social por excelência (SILVA, 2019, p. 22).

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Diante da afirmação o que se pode compreender é o quão importante o instituto da

família se torna essencial, o conjunto composto de pai, mãe e filhos é à base da sociedade, traz

uma visão de futuro, reprodução da espécie humana e nos remete ainda ao amor maternal,

paternal e fraternal, ao ser desfeito acarreta diversos efeitos não só nos ex-conviventes que

terão que viver com a separação de seus companheiros (as), mas ainda a separação do

convívio diário com seus filhos, que são o bem maior advindo do matrimônio.

Tartuce (2017), descreve em um conceito mais amplo, dizendo ser a formação por

todas aquelas pessoas ligadas por vínculo consanguíneo, ou seja, todas aquelas pessoas

provindas de um tronco ancestral comum, o que inclui, dentro da órbita da família, todos os

parentes consanguíneos. Num sentido mais estrito, constitui a família o conjunto de pessoas

compreendido pelos pais e sua prole.

Nesse sentido que a família passa ser algo fundamental para a base de todo e qualquer

ser humano, é nela que se encontram alicerces para uma boa convivência entre os entes mais

próximos, se há uma quebra nessa convivência as consequências advindas deste podem causar

transtornos para a vida toda.

É ainda alarmante casos em que a família vista pela sociedade como algo concreto se

desfaça perante a falta de atenção, compreensão ou diversos outros fatores que sejam motivos

para se afastarem de seus companheiros, a sua prole muitas vezes é o maior alvo de ofensas

contra o seus pais e mães.

De acordo com Paulo Nader (2006; p.3), a família é:

Uma instituição social, composta por mais de uma pessoa física, que se irmanam no propósito de desenvolver, entre si, a solidariedade nos planos assistencial e da convivência ou simplesmente descendem uma da outra ou de um tronco comum.

Diante de todo o exposto é que se tem a família como símbolo de proteção, amor e

carinho, especificadamente um espelho a ser seguido, ao ser desfeita é onde se encontram as

dificuldades enfrentadas pelos ex-conviventes e seus filhos.

1.2 FAMÍLIA NO ECA E CF

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Como explicitado, a família é sem dúvidas o instituto que busca proteger todos que

fazem parte de seu convívio, dentre estes estão os filhos. No Estatuto da Criança e do

Adolescente Lei nº 8.069/90, é confirmada a concepção de família como a responsável pela

educação, esporte, lazer.

Nesse preposto tem-se a determinação do art. 4º:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a

proteção à infância e à juventude.

O artigo 19 do mesmo dispositivo legal segue com mais direitos, conforme mostrado

no texto legal abaixo:

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)

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O ECA é uma ferramenta de proteção a criança e ao adolescente, que visa resguardar

seus direitos em todos os aspectos inclusive dentro do seio familiar e por isso que abordamos

este assunto com vigência no referido estatuto. Os filhos devem ser respeitados mesmo num

processo de separação onde os conflitos sejam aparentes e de toda sorte devem ser protegidos

dos efeitos da beligerância instalada.

Resguarda-se ainda o direito de visita aos filhos pelo pai que não detiver a guarda, no

intuito de preservar a boa convivência e criação da prole de casais separados.

Na Constituição Federal de 1988, também aborda a dignidade à pessoa da criança em

seu art. 227:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Esta família citada no art. 227 do texto constitucional é o modelo ideal que se devia

seguir, a proteção e segurança aos filhos é questão de ordem. Conforme explica CAHALY

(2005), a família se caracteriza por ser um grupo não visível em exigência funcional e que se

organiza e interage internamente, sendo considerado então como um sistema, que funciona

com obediência aos parâmetros sociais.

Dessa forma, no seio familiar, os componentes podem compor subsistemas, que

poderão ser caracterizados pela geração, gênero, interesses funções, existindo aí, graduação no

nível de poder, o que denota a influência que um membro exerce sobre outro dentro desse

sistema, estando seu comportamento diretamente ligado ao comportamento dos outros.

1.2 ACEPÇÕES E CONCEITUAÇÃO DE ALIMENTO

A expressão alimento pode ter sua conotação ampliada e subentendida de forma a se

sobrepor ao que é entendido como tal na linguagem diária, onde a mesma tem o significado de

tudo aquilo que se faça necessário a fim de sustentação própria ou de outrem. Na interpretação

jurídica vai muito alem dessa simples definição, estando envolvidos nesse ponto vestimentas,

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morada, auxílio médico, ou seja, tudo quanto necessário se fizer a fim de satisfazer às

precisões elementares da vida e quando se tratar de menores púberes, tudo o que se prestar

para sua completa instrução educacional.

Peixoto (2019), explica que em face doutrinaria do direito conceitua-se Alimentos, as

prestações oferecidas a uma pessoa, em valores monetários, possibilitando o atendimento às

principais necessidades da vida.

Cahali (2005, p.15), descreve que:

De forma simplificada o instituto do alimento tem sentido de ser aquilo que é necessário à conservação do ser humano com vida, e em sentido macro, contribuição periódica assegurada a alguém, por um título de direito, para exigi-la de outrem, como necessário à sua manutenção (CAHALI, 2005, p. 15).

Ao tratar de alimentos no âmbito do direito material, estará então tratando do direito de

requerimento e do dever obrigacional de prestação, apontando, dessa forma a natureza de

auxilio a que esta instituída. Tal dever tem caráter de personalidade própria devida pelo

provedor em relação ao grau consangüíneo que esteja ligando parentalmente ao receptor e

consequentemente, não sendo transmitido aos herdeiros do alimentando.

Com isso, pode-se afirmar que estando assegurada à acuidade que tal questionamento a

cerca dos alimentos sugere ao campo jurisdicional, as normas disciplinares em questão serão

estritamente de natureza pública e, por tanto inquestionáveis, não sendo aceito pelo Estado o

convencionamento por interesses de particulares.

Sabendo-se que não é permitida a renúncia do direito de requerer alimento oriundo do

relacionamento familiar, como também e vetado o ajuste do montante, sendo esse

impossibilitado de alteração, nem de realização de convenção direta ou indiretamente com o

intuito de suspensão da aplicação das leis mandatárias desse campo jurisdicional. O

provimento de alimento tem uma finalidade precípua, ou seja, atender as necessidades de uma

pessoa impossibilitada de prover a própria subsistência. Dessa conjuntura, que tratar de um

auxílio, emana algumas implicações de grande relevância.

A provisão alimentícia tem sua exigência no tempo presente e não em tempo

porvindouro, o que aludi à idéia de sua contemporaneidade, pois a precisão que a abona é, por

também de caráter inadiável. Por tudo isso, a legislação constante desses termos adjudica ao

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credor caminhos coercitivos de extrema eficácia, ambos com a finalidade de proporcionar

facilidade no momento do recebimento da prestação alimentícia. Esses meios podem ser desde

o abatimento do valor a ser pago em folha de pagamento ou mesmo prisão administrativa

(CAHALI, 2013).

A prestação do alimento tem a finalidade de socorrer o receptor, porém, ela não é

compensada por meio de dívida que um tenha com o outro, ou que venha contrair com o

receptor. Também por isso os créditos alimentícios não podem ser penhorados, alem de ter

todas as apelações introduzidas nas sentenças em que forem condenados à prestação de

alimentos são apenas recebidas no efeito devolutivo, e não no suspensivo, pois a suspensão do

julgado poderia conduzir o alimentando a perecer à míngua (VENOSA, 2018).

Conforme o entendimento de Rodrigues (2002, p. 384):

Alimentos, em Direito, denomina-se a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro ou em espécie, para que possa atender às necessidades da vida. A palavra tem conotação muito mais ampla do que na linguagem vulgar, em que significa o necessário para o sustento. Aqui se trata não só do sustento, como também do vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença, enfim de todo o necessário para atender às necessidades da vida; e, em se tratando de criança, abrange o que for preciso para sua instrução (RODRIGUES, 2002, p. 384).

Assim, depreende-se que a prestação alimentícia pode ser provida de diversas fontes,

podendo ser da vontade das partes, que se manifestarem por via contratual, testamental; atos

não lícitos, caracterizado pela hipótese de o causador do dano ficar obrigado a pensionar a

vítima; ou por via legal diretamente.

De forma cotidiana e popular o termo Alimento, é empregado com significado de

composto necessário para o funcionamento e sobrevivência orgânica de qualquer que seja o

ser vivente. No âmbito do direito, o termo adquire significação mais ampla, que nesse caso

passa a tratar dos deveres de manutenção e subsistência que um membro familiar ou cônjuge

adquire por grau de responsabilidade e hierarquia, ou seja, é uma denominação usada quando

um deve ajudar ao outro em sua mantença, não somente em gêneros alimentícios, mas

também em vestuário, saúde, educação e outras despesas que necessite de auxílio financeiro

(WALD, 2005).

Cahali (2013), em sua definição de alimentos, diz que este é empregado no direito

como forma de determinação do teor de uma pretensão ou de uma obrigação. A expressão

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alimentos tem como significado tudo aquilo que for necessário para satisfazer as reclamações

dos indivíduos, e também as prestações com as quais podem ser satisfeitas as necessidades

vitais de quem não pode provê-las por si; mais amplamente, é a contribuição periódica

assegurada a alguém, por um título de direito, para exigi-la de outrem, como necessário à sua

manutenção.

Os alimentos são descritos no Código Civil no seu artigo 1920, e interpretado

conforme o entendimento dos legisladores e executores do Direito em ações de requerimento

dessa natureza.

Segundo o Código Civil de 2002, nos seus artigos 949, II e 950 os alimentos

decorrentes da manifestação de vontade se exteriorizam em contrato ou em testamento, como

se verifica no legado de alimentos (CC/2002 – art. 1920).

No seio familiar impera um elo de ligação que da a cada membro, um dever de

cooperar com o outro numa possível necessidade. Seguindo essa premissa se faz necessário a

externação das diferenças existentes entre o que é obrigação alimentar e o dever alimentar. O

primeiro corresponde ao núcleo familiar em primeiro grau, no caso de casais e filhos em

relação de pátrio poder. O ultimo corresponde a relação entre parentes e que se tenha um

vínculo que possa justificar a caridade do auxílio. Em suma, dentro de uma família, cada um

deve-se ajudar ao seu próximo em momentos de dificuldade.

Nesse caso, a constituição brasileira em seu artigo 229, dá o seguinte texto:

Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. (CF. artigo 229).

Em modelos sociais antigos, a mulher tinha como atribuição familiar principal, a

manutenção dos cuidados com os afazeres domésticos, e nesse caso as doutrinas juristas

sempre procuraram proteger toda a composição da estrutura familiar, dando a mulher a

possibilidade de se abdicar de ônus nas dissoluções dos matrimônios, restando então ao

homem, a plena e exclusiva obrigação com a responsabilização no sustento do lar.

Considera-se alimento, os naturais ou então os civis, também denominados de

côngruos, onde se enquadram nessa classe a educação, a instrução e assistência de forma

geral. Também se dividem em Legítimos, ou seja, originam diretamente da lei; Testamental

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que são os advindos das declarações de derradeira vontade; Convencional são assim

caracterizados quando providos de mediação negocial inter vivos; Ressarcitórios quando

visam indenizar uma parte de algum ato não lícito; Judiciais são os estabelecidos por

provimento judicial.

No que tange as variantes e denominações jurídicas de alimentos, quanto a sua

aplicação, deve-se considerar a finalidade do instituto quando requerido em juízo, conforme a

comprovação da necessidade e da capacidade de manutenção do reclamado.

Com isso tem-se o Alimento Natural ou Civil, que equivale à nota mínima do dever

alimentacional que é: nutrição alimentar, cura, vestuário e habitação: equivalem a

necessidades básicas do ser humano. Eles se situam, portanto, nos limites do necessarium

vitae.

Segundo Miranda (2001), se considera "naturais" só os alimentos provetidos, que se

tenha de regular pelo direito das obrigações (ditos voluntários), porque, no direito antigo,

alimentos "legítimos" equivaliam a "civis".

Os Alimentos legítimos ou voluntários se caracterizam por formar as classes de

alimentos legítimos, voluntários ou indenizatórios, que se atrelam à fonte da obrigação

alimentar. Os alimentos legítimos são aqueles devidos por força de norma legal, tanto por

vínculo sangüíneo, como o dever do filho de prestar auxílio alimentar ao pai, quanto em

decorrência do matrimônio. Ditos alimentos se acham disciplinados, conseguintemente, no

direito de família, porque de fonte parental ou matrimonial.

De outro lado, os alimentos voluntários, que Miranda (2001, p. 84) designa de

alimentos deixados, provetidos ou obrigacionais, se constituem por negócio jurídico inter

vivos ou mortis causa.

Quanto aos alimentos definitivos e provisionais, no que concerne à finalidade, existem

alimentos ad litem, que, considerando semelhante razão, se distinguem dos alimentos

arbitrados pelas partes ou pelo juiz depois de cognição plenária. Dessa forma, os alimentos

definitivos, também chamados de regulares, decorrem de acordo ou de ato decisório final do

juiz, e ostentam caráter permanente, ainda que sujeitos a eventual revisão.

Enquanto isso, os alimentos provisionais são fixados, prévia ou concomitantemente às

ações de separação, de divórcio, de nulidade ou de anulação do matrimônio ou à própria ação

alimentícia, para manutenção do autor da demanda e de sua prole durante a litispendência.

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Essa relação instrumental com lide pendente é que caracteriza seu conceito. E, por isso, na

maioria das vezes, os alimentos provisionais incluem verba suplementar, destinada às

despesas do processo.

Dos alimentos provisionais se distinguem os provisórios. É certo que ambos pertencem

à categoria de alimentos antecipados, tendo em conta a fase procedimental em que ocorre seu

deferimento pelo juiz: desde a postulação, sob forma liminar, e, freqüentemente, sem

audiência da parte contrária. Mas a diferença não é apenas terminológica e procedimental,

exceto, talvez quanto à última hipótese, no sentido limitado de se submeterem aos ritos

formalmente distintos.

Em primeiro lugar, os alimentos provisórios, concedidos com base no art. 4º, caput, da

Lei nº 5.478/68, também chamada de Lei dos Alimentos, são os definitivos, conquanto

antecipados à fase postulatória da demanda; os "provisionais" permitem, como já assinalado, a

inclusão de verba para custeio da demanda.

Porém, a nota fundamental da distinção reside em que a concessão de alimentos

provisórios depende de prova pré-constituída do parentesco ou da obrigação alimentar (art. 2º

da Lei nº 5.478/68), incumbe ao juiz aquilatar o perigo de dano, ou seja, à subsistência do

postulante, e a verossimilhança do direito alegado, vale dizer, se o desfecho provável da ação

ajuizada não implicará a perda do direito à percepção de alimentos pelo demandante.

Embora os alimentos provisionais e provisórios tenham a mesma função antecipatória,

em nome do princípio venter non patitur dilationem ("a barriga não pode esperar"), divergem

na estrutura quanto àquele dado antes apontado. Nenhum deles é cautelar.

Os alimentos futuros e pretéritos são aqueles destinados conforme o momento da

solicitação e da disponibilização. O momento a que se referem os alimentos inspira a divisão

destes em futuros e pretéritos. Os alimentos futuros, são aqueles prestados em causa de

sentença com transito julgado e a partir da coisa julgada, ou em caso de existência de acordo

jurídico, a partir deste. Seguindo a classificação, os alimentos pretéritos são aqueles anteriores

a esses momentos, e acumulados, considerando a oportunidade da sua constituição e da

exigência mediante demanda executiva.

1.3 BASES JURÍDICAS E CONCEITUAIS DO ACORDO ALIMENTAR

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O preceito inicial relativo à demanda alimentícia é que a determinação judicial inerente

à prestação dos alimentos pode ser motivada por meio sentencial ou ainda por acordo entre as

partes. Em se tratando de acordo com contrato pactual, todos os ajustes e disposições

constantes do documento, a partir de sua homologação pelo magistrado mediador, têm

validade de execução.

Segundo Cahali (2013), no processo de elaboração contratual devem ser tomados

alguns cuidados com a forma como o conteúdo é descrito no instrumento contratual,

considerando que seu entendimento pode ser aferido em vários sentidos, podendo assim afetar

alguma das partes diretamente envolvidas e constantes do termo.

O cônjuge tem o direito não apenas a sua mantença ao que for estritamente indispensável ao seu sustento – o chamado mínimo vital, mas a prestação que garanta o seu status social e jurídico de cônjuge; considera-se assim necessitado o cônjuge que não pode garantir o padrão de vida correspondente ao seu estado social, com rendimentos dos bens ou com os proventos da atividade que esteja em condições de exercer (CAHALI, 2013, p. 265).

Para que se tenha uma justa apresentação de cláusulas contratuais, as bases conceituais

jurídicas estão na salva guarda do texto, para que neste não seja notada qualquer forma de

favorecimento por meio de abusividade clausular. Para os acordantes fica a limitação jurídica,

não tendo esta qualquer permissão de adesão e determinação em desconformidade ou

incompatibilidade com a legislação vigente. Porém para os casos de renúncia alimentícia

envolvendo ex-cônjuges, os legisladores e juristas vêm delineando um novo norteamento para

que esse tipo de embate possa ter aceitação jurídica munido de sustentação adequada.

A finalidade de prover alimentos é, portanto, assegurar o direito à vida, substituindo a assistência da família à solidariedade social que une os membros da coletividade, uma vez que os indivíduos que não tenham a quem recorrer diretamente serão em tese, sustentados pelo Estado (DIAS, 2018, p. 189).

Como forma de impedimento de qualquer que seja o tipo de abuso ou contrariedade às

partes do acordo, quando da homologação contratual alimentícia se faz necessário o

preenchimento de alguns requisitos. Fica anulada a vigência de ajustes onde os acordantes não

tenham apresentado ratificação das cláusulas dispostas sem um julgamento prévio ou com

assinaturas firmadas e reconhecidas pactualmente. Quando da ocasião desses fatos os

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representantes do direito buscam maximizar o acordo, não dando a chance de alegação de não

conhecimento de causa ou falsa firma para os acordantes envolvidos.

1.4 RENÚNCIA ALIMENTAR

A teoria do direito à prestação do alimento é referenciada por uma série de

peculiaridades inerentes aos ensinamentos jurisdicionais sobre alimentos, tendo em tese maior

conotação o fato de estar, o direito aos alimentos, impossibilitado de renúncia ou desistência,

ficando ainda proibido qualquer que seja o modelo de disponibilização dos créditos

alimentares. Para se ter uma exata noção da dimensão da irrenunciabilidade e

indisponibilidade do direito ao alimento, afirmando de forma comparativa que, a exemplo da

proibição de se renunciar a própria vida, também não se pode renunciar o direito aos

alimentos, embora seja possível recusar alguma prestação esporádica, estando, todavia

resguardado o restabelecimento da execução dos créditos alimentícios.

Dessa forma, sempre foi interpretada e entendida a teoria da irrenunciabilidade do

direito alimentar, como uma competência no emprego e no uso facultativo de forma ocasional

da execução desse direito, deixando o credor de pedir alimentos, sob a ótica do artigo 23 da

Lei nº. 5.478/68, cujas prestações tinham prescrição no prazo de cinco anos, assim como

referia o revogado art. 178, § 10, I, do Código Civil de 1916.

Art. 23. A prescrição qüinqüenal referida no art. 178, § 10, inciso I, do Código Civil só alcança as prestações mensais e não o direito a alimentos, que, embora irrenunciável, pode ser provisoriamente dispensado. § 10. Em 5 (cinco) anos: I - As prestações de pensões alimentícias;

A interpretação mais justificável para essa doutrina é que a prescrição englobava a

prestação mensal, mas não o direito ao alimento em si, que perante a justiça é irrenunciável,

podendo somente ter sua dispensa provisória. Além de conjugar outro sentido plausível que é

a Súmula nº. 379 do Supremo Tribunal Federal (STF), ao explicitar que: “No acordo de

desquite, não se admite renúncia dos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente,

verificados os pressupostos legais”.

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A interpretação jurídica do STF entende que a cláusula relativa à renúncia de

alimentos tem efeito meramente de dispensa periódica do alimento, que podem, a qualquer

período, ser novamente requeridos, uma vez comprovada a real carência do alimentando e a

capacidade do provedor.

As circunstâncias que impediam a cessão de alimento, de forma que o ex-cônjuge se

renuncie de vez de sua obrigação, promoveu um número de casos de requerimentos de

demandas separatórias causais. Essa busca objetivou ex-cônjuges alimentantes a incessantes

pesquisas de culpa contra seu ex-consorte provedor de alimento, pois somente o decreto

judicial que declarasse o alimentando causador da dissolução judicial seria capaz de por fim

ao desgastante direito ao alimento.

Conforme preceitua Diniz (2019), o artigo 1707, do Código Civil de 2002 apresenta

um texto controverso para os juristas e representantes do direito. No texto do citado artigo, são

ignoradas as orientações sugeridas pelas instâncias superiores da justiça, onde ficou vedado a

renúncia ao direito a alimentos sejam de origem de qualquer que seja o grau de parentesco da

relação matrimonial ou relação estável.

Anteriormente ao advento do novo código, o direito a renúncia de alimentos entre

cônjuges e companheiros tinha total legitimidade. Segundo consta no artigo 404 do caderno de

leis de 1916, as proibições eram restritas aos relacionamentos em que se tinham algum grau de

parentesco, motivo pelo qual o preceito da irrenunciabilidade teve abrangência única sobre os

alimentos devidos entre parentes.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.

Para Cahali (2013), o fato de os cônjuges e companheiros não serem parentes torna-se

um problema, pois nesse contexto o cônjuge passa a ser companheiro e sócio, ate que se

perdure a sociedade matrimonial, e após a dissolução da relação, este se tornara apenas uma

pessoa conhecida. No entendimento do autor com o fim da relação onde por força do desquite,

findam as benesses do casamento, tais como a assistência mútua, a vida em comum, é de

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supor que seria a lógica o fim também aos ônus, entre os quais se insere o de assistência à

excônjuge.

Conforme assegurava a lei anterior, o beneficio do direito aos alimentos tinha sua base,

no dever de mútua assistência estabelecido nos art. 231 do Código Civil de 1916, onde se lê: Art. 231. São deveres de ambos os cônjuges: I – fidelidade recíproca; II – vida em comum, no domicílio conjugal; III – mútua assistência; IV – sustento, guarda e educação dos filhos.

Bem como no art. 19 da Lei Federal nº 6515/77, onde na primeira lei e no art. 7º da Lei

9.278/96, e na segunda, não se apresentou nenhuma restrição legal em relação às

possibilidades de renúncia ao alimento nas duas situações possíveis.

Art 19 - O cônjuge responsável pela separação judicial prestará ao outro, se dela necessitar, a pensão que o juiz fixar.

O Código Civil de 2002, findou a discrepância das fundamentações jurídicas quanto à

obrigação do alimento ao constar que na mesma titulação e nos mesmos artigos, haveria a

possibilidade de parentes, cônjuge e companheiro exigirem alimentos reciprocamente, o que

norteou a jurisprudência a se colocar em posição favorável a aplicação irrestrita do artigo

1707 do Código Civil de 2002, que preceitua a irrenunciabilidade aos alimentos, sendo esses

de origem de parentes, da relação matrimonial e também de união estável.

Em face do texto descrito no art. 1707 do código civil de 2002, estudioso e juristas

buscaram algumas interpretações abrandadas como forma de aplicação da lei sustentando que

a irrenunciabilidade aos alimentos alcança unicamente o alimento natural, não sendo atingido

o alimento civil renunciável.

È irrepetível, ou seja, irrestituível quer sejam provisórios, definitivos ou ad litem. Quanto a ser irrenunciável preceitua o art. 1.707 do NCC que o credor não pode renunciar o direito a alimentos, sendo este, insuscetível de cessão, compensação ou penhora. A pretensão aos alimentos somente viável ser atendidos os pressupostos legais (art. 1.702 NCC), a ação de alimentos para o cônjuge terá o rito ordinário que proporciona ampla produção probatória e não, pelo rito especial, previsto pelo diploma legal a lei 5.478/68. O novo codex civil faz incidir a proibição de renunciar do direito a alimentos não só aos parentes, mas também aos cônjuges e companheiros, por ocasião da dissolução da sociedade conjugal ou da união estável contrariando a tendência jurisprudencial predominante (CAHALI, 2013, p. 1830).

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Para isso foi tirado como base de amparo o parágrafo único contido no art. 1704 do CC

de 2002, que da ao cônjuge culpado a possibilidade de obtenção de alimento natural do

inocente, em caso de real necessidade tendo em vista a possibilidade de o cônjuge culpado

exigir alimento natural, desde que necessitado, e não mais capaz de renuncia previa ao

alimento natural anteriormente ao divórcio ou em antecedência aos dois anos de dissolução de

fato da relação matrimonial.

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.

Em contrapartida o alimento civil manteve-se renunciável. Considerando a

importância do fato alegado e da argumentação, as possibilidades de renúncia devem alcançar

o alimento natural e o civil.

Em questão de aplicabilidade o art. 1707 do CC de 2002 apresenta um nível de

retrocesso significativo e, certamente um objeto de restrição nas instâncias superiores, pois,

como prescrito, a possibilidade de renúncia de alimento entre cônjuges e companheiros já

tinha sua consagração nos tribunais e, também já havia se incorporado à cultura da sociedade

contemporânea.

Em decorrência da possibilidade de citação por ex-cônjuge, mesmo em tempos

adiantes ao termino do relacionamento, a jurisprudência caminha em prol da renunciabilidade

dos alimentos. O preceito da irrenunciabilidade ao alimento cria um sobressalto para aqueles

que tiveram a infelicidade de uma relação ou de uma união mal sucedida.

Sob a perspectiva de cuidar de norma de ordem pública, a nova regra abre uma veia

para o reexame das milhares de renúncias acordadas, e judicialmente homologadas, antes do

advento do Código de 2002.

Levando em consideração que cônjuges e companheiros não são parentes e que ambos

são maiores e capazes, que os vínculos jurídicos ou afetivos responsáveis pela união pode se

extinguir facilmente e que o direito à alimentos tem em sua natureza um fim patrimonial, não

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há porque a lei dar a possibilidade de renunciar ao direito ao alimento, se assim for

conveniente.

1.4.1 Cláusulas Referentes às Renúncias Expressas

Em face da liberdade de contração e dissolução da sociedade matrimonial, fica

disponibilizado aos ex-consortes o estabelecimento de um dispositivo, onde possam

manifestar suas vontades de renunciabilidade ao direito de perceber alimentos de seu

excônjuge.

No código civil de 1916, ficava explicitado no artigo 404, o estabelecimento da

impossibilidade jurídica de algum dos dissoluentes demandar a renuncia de forma definitiva

ao seu direito ao alimento. Confirmando a tese, o Supremo Tribunal Federal promulgou a

súmula número 379, que serviu como fonte norteadora da confirmação da impossibilidade dos

ex-consortes em abordar temas relativos à renunciabilidade do direito ora indisponível do

recebimento de auxílio do outro.

STF Súmula nº 379 - 03/04/1964 - DJ de 8/5/1964, p. 1237; DJ de 11/5/1964, p. 1253; DJ de 12/5/1964, p. 1277. Acordo de Desquite - Renúncia aos Alimentos. No acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais.

Conforme explica Venosa (2018), o antigo Código Civil brasileiro explicitava no seu

artigo 402 que a obrigação de prestar alimentos não se transmitia aos herdeiros do devedor.

Tal regulamento foi posto na berlinda com a disposição do artigo 23 da lei 6.515/77 (Lei do

Divórcio) que pregava a seguinte redação: “Art. 23 - A obrigação de prestar alimentos

transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.796 do Código Civil”.

Essa normativa foi alocada no CC de 2002, com letra no art. 1700, causando grande

debate a cerca de sua aplicabilidade, considerando sua data de promulgação. Nela tem-se o

seguinte descorrimento de Venosa (20018, p. 383), que: “b) Irrenunciabilidade. O direito

pode deixar de ser exercido, mas não pode ser renunciado, mormente quanto aos alimentos

derivados do parentesco”.

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Com isso, percebe-se que tal regramento legal foi submetido a significativas restrições,

já que o legislador entendeu que o impedimento quanto a capacidade de renúncia se limita

somente aos alimentos futuros, permitindo somente a renúncia de prestações já vencidas além

do que a possibilidade de irrenunciabilidade é limitada aos alimentos provenientes de

parentesco.

1.5 BASES HISTÓRICAS DA RENÚNCIA AO ALIMENTO

Segundo Cahali (2013), no Direito Romano clássico, as acepções do alimento não

tinham base de conhecimento jurídico definida, onde a estrutura familiar da sociedade

romana, regida pelo pater famílias, que mantinha sob seu comando o direcionamento e

conduta de todos os outros membros, também denominados alieni juris, que não consentia o

reconhecimento de tais obrigações. Entre os estudiosos desse campo jurídico existe um Não

há precisão histórica para definir quando a noção alimentícia passou a ser conhecida. Na

época de Justiniano, já era conhecida uma obrigação recíproca entre ascendentes e

descendentes em linha reta, que pode ser vista como ponto de partida.

As bases do Direito Canônico ampliaram o entendimento conceitual da obrigação alimentícia. Nessa legislação existe uma regulação da obrigação de prestação alimentar com abrangência bastante variada, conforme seus respectivos hábitos tradicionais e seus costumes (VENOSA, 2018, p. 386).

Ainda tratando do direito Romano, havia uma expressão denominada de officium

pietatis, que era a idéia de aproximação entre o dever alimentício e ao ideal fraterno da

caridade. Ficou estabelecido nesse preceito jurídico que a partir do momento em que o

legislador instituísse ação ao receptor para requerer ajuda, surgia para o provedor um dever de

natureza estritamente jurídica, e não apenas moral.

De forma bastante elucidativa acentua Filho (2018), que nos autos da Súmula 379 do

Supremo Tribunal Federal, não houve prevalência na jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça, em cuja Corte se apresentou com validez e eficácia, a cláusula que trata da renúncia

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alimentar em termos das separações judiciais, vetando ao consorte renunciante a possibilidade

de nova tentativa de pleitear o pensionamento.

O Superior Tribunal de Justiça – STJ, permite a dispensa dos alimentos originários das

relações matrimoniais, com julgo especifico sobre um sentimento cada vez mais crescente de

equiparação dos gêneros sexuais, restringindo o impulso por disputas judiciais oriundas de

rancores conjugais. Não derivando os alimentos do vínculo consanguíneo, mas sim da mútua

assistência, a tendência doutrinária e jurisprudencial foi a de permitir a renúncia do direito

alimentar, validando definitivamente a cláusula separatória de exoneração dos alimentos entre

cônjuges.

A tese, então em voga, desenvolvia o argumento da inexistência de parentesco entre os

cônjuges, viabilizando a sua pacífica renunciabilidade judicial, pois os alimentos

irrenunciáveis do Código Civil de 1916 eram aqueles destinados ao âmbito das relações de

parentesco, enquanto a lei divorcista cuidava dos alimentos derivados do casamento.

Conforme conceitua Rizzardo (2006), uma vez que seja suprimida uma sociedade

conjugal e dessa união não remanescer alimentos, tem-se então um cenário jurídico com

possibilidade plena para renuncia ao direito alimentar, não tendo o ex-consorte possibilidade

de postulação após a homologação do acordo de dissolução, salvo em casos de prova de

renúncia se assentando em falha de alguma das partes.

Um fator de facilitação processual e consensual da dissolução marital seria a admissão

judicial da abnegação peremptória dos alimentos, e, mesmo que promulgada em face de

simples desistência, tal manifestação será considerada uma desistência de natureza definitiva

dos direitos alimentares, não sendo de interesse seu emprego nos termos da renúncia ou da

desistência. A não prestação dos alimentos pelo cônjuge desistente ou renunciante dos

alimentos com a sua separação importa na abdicação também para o futuro, mesmo quando

perder seu trabalho, emprego, ou que se desfaça de seus bens, enfim, que cessem suas fontes

de renda (BUSSADA, 1992).

1.6 RENÚNCIA EXPRESSA

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Sob ponto de vista das leis já revogadas, existia plena validade a renúncia de alimentar

proferida pelo casal quando da dissolução do contrato matrimonial, executando em contrário a

própria orientação dada pela Súmula número 379 do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso o

membro separando, dava como declaração que sua renúncia alimentícia se originava da auto

capacidade de mantença das necessidades básicas para sua subsistência.

Conforme enunciado nas doutrinas jurisprudenciais passadas ao novo código civil,

mantinha-se integralmente legal a renúncia simplesmente de abdicação do direito alimentício,

isso porque mantendo-se mesmo que parcialmente, os créditos alimentícios significariam dar

manutenção aos vínculos e, dessa forma, o direito de revisão e quantificação dos valores

pensionais para aumentar ou diminuir seu valor. Dessa forma, sendo mantido o elo

alimentício, o consorte não renunciava de fato ao alimento, não interessando ao alimentante

viver nesta insegurança, sempre sujeito a enfrentar futura demanda alimentar.

A renúncia de direitos se dá por meio de atos procedentes, com notada emanação da

vontade e não pela simples declaração desse desejo, podendo citar, como exemplificação o

abandono físico de um bem móvel. A renegação de qualquer forma de crédito requer

incondicionalmente uma declaração expressa do desejo de renúncia, isso porque o abandono

de um determinado crédito pela não busca de tal valor jamais equivalerá à renúncia, bastando

usar como base para tal direcionamento o artigo 111 do Novo Código Civil.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Assim sucedeu diante de separações consensuais que simplesmente omitiam qualquer

referência ao exercício do direito alimentar entre os cônjuges, interpretando os tribunais

existir nestes casos uma tácita renúncia aos alimentos do matrimônio.

Adquiriu relevo diante da igualdade constitucional do homem e da mulher o costume

processual de os separandos explicitarem apenas a renúncia ou a desistência dos alimentos do

cônjuge mulher, olvidando-se da renúncia ou desistência do direito alimentar do varão, não

percebendo a não-valia do tácito repúdio alimentar do separando. Deste modo, ficava o

exesposo habilitado ao pleito alimentar que não havia renunciado expressamente,

prevalecendo pelo descuido processual apenas a vitalícia desistência dos alimentos do cônjuge

mulher.

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Contudo, é de ser considerado que a renúncia jamais poderia ser extraída do mero

silêncio dos cônjuges em sua separação judicial, sendo necessário constar cláusula expressa

que não comportasse qualquer dúvida quanto à intenção de lançarem mão dos alimentos. É de

observar que o direito aos alimentos não se confunde com o crédito alimentar, tanto que o

primeiro é imprescritível, e este último, agora, prescreve em dois anos.

2 A OBRIGAÇÃO DO ALIMENTO

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2.1 ASPECTOS JURÍDICOS

Conforme explica Rizzardo (2006) alguns legisladores apresentaram subjeções sobre a

não necessidade de culpabilidade pelo fim da união marital, como um pré-requisito da

obrigação de prestar alimentos por parte dos ex-cônjuges. Segundo essa corrente, essa

proposição não é bem aceita, isso devido ao entendimento de que para essa conjuntura do

processo não basta apenas a necessidade de um e a possibilidade do outro.

O Código Civil de 2002, coloca no seu art. 1.702 que:

Art. 1702 - Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos aos critérios estabelecidos no art. 1.694.

E ainda abrandou no caput do art. 1.704 que, no caso de um dos consortes separados

em justiça necessitar de alimentos, recairá sobre o outro a obrigação de fornecê-los mediante

valor de pensão a ser instituído pelo magistrado, caso não venha a ser considerado culpado na

ação de dissolução matrimonial. Em seu parágrafo único faz uma ressalva alegando que se o

cônjuge considerado culpado necessitar futuramente de alimentos, e não possuir entes com

condição de substituí-lo nem habilitação para realização de trabalhos, a outra parte será

obrigada a assegurar o alimento, sendo fixado pelo magistrado os valores indispensáveis ao

seu sustento.

Os casais têm a obrigação do provimento de alimentos recíprocos por força do

denominado dever familiar. A legislação possibilita aos cônjuges à por fim à união estável

sem que haja discussão sobre possibilidade de culpa, nem cogitação de causas. Nos casos em

que as partes tenham acordado em relação aos alimentos não haverá também discussão sobre

culpabilidade, por não haver imposição judicial.

Nas situações em que os alimentos forem fixados por via judicial, porém, não basta

apenas que haja a necessidade para que a obrigação seja imposta. A obrigação daí decorrente é

compatível integralmente com a idéia de culpa que, havendo reciprocidade de culpa das

partes, ficará excluso, para ambos, os direitos ao recebimento de alimentos.

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Durante a união, os cônjuges devem de forma mutua alimentos. Sendo que após a

degradação da relação matrimonial, serão eles devidos, se houver culpa, devendo o culpado

pagar ao inocente, alimentos, se destes houver necessidade. Fica expresso no artigo 7º que:

Art. 7º - Ao assentar quem cuida de dissolução da união estável, por rescisão, que não existe sem culpa.

As obrigações entre os consortes decorrem do dever de assistência, que é o dever de

fazer. Essa obrigação, após a degradação da relação marital entre o casal, funde-se em causa

maior dos vínculos de ajuda que é o dever de prestar. Assim sendo, unicamente o cônjuge não

culpado pela dissolução da relação poderá inicialmente inquirir do outro, pensão alimentícia.

A disposição cíclica dos vínculos de matrimônio e de convivência pode causar

impressões ao cônjuge que, ao deflagrar tal situação, vê bloqueada a possibilidade de

assistência material por vias de reciprocidade, isso para tentar manter o mesmo padrão de vida

que ostentava quando em conjunto ao consorte. Com o fim antecipado da obrigação de

socorro, indispensável a sua substituição e sem prolongamento, porque o que era

anteriormente dever recíproco passa então a ser exclusivo, como determinação imposta ao

causador da dissolução que, em decorrência da sua atitude, presume-se tenha idealizado a sua

vida em molde suficiente a não se deparar com as atribulações da vida, o que não é válido

para a outra parte.

Além disso, se houver culpa pela dissolução, com certeza haverá infração de uma

obrigação legal. Defrontando a obrigação legal, surge então a responsabilização civil, recaindo

então em obrigação indenizatória. Nasce então, a obrigação e a necessidade da comprovação

de culpa do provedor do alimento, devendo ainda, ser demonstrada a falta de culpa do

alimentário. Se ambos se fizerem culpados, poderá haver a compensação da culpa de ambos se

houver a decisão sobre o alimento, igual à separação litigiosa.

2.2 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

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O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ao longo dos anos foi transformado em

conceito de dignidade humana e passou a compor as mais diversas áreas do direito,

enfatizando tantos outros campos do conhecimento filosófico, sociológico, religioso, sendo

que ao Direito restou englobar as bases para a compreensão da expressão como princípio

constitucional e direito fundamental.

O entendimento quanto a dignidade da pessoa humana tem variações conforme a

época e o lugar, atuando na civilização ocidental, como fundamentação literal para a

formulação do texto que pacifica os direitos humanos (ASSIS NETO, 2015).

Com isso, deve-se elencar o disposto no preâmbulo da Declaração Universal dos

Direitos Humanos de 1948, onde se lê:

Os direitos humanos são a expressão direta da dignidade humana, a obrigação dos Estados de assegurarem o respeito que decorre do próprio reconhecimento dessa dignidade”.

Esse princípio ganha previsão legal constitucional no art. 1º, III, art. 5º, I, art. 226, §6º,

e o art. 227 da Constituição Federal.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana; Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

O princípio da dignidade da pessoa humana aqui é focado na criança como destinatário

final do alimento requerido. A família deve proteger e garantir a segurança dos filhos, aliás,

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todos os direitos e deveres devem ser resguardados pelos princípios constitucionais. O

primeiro princípio que tem como foco a dignidade da pessoa humana e se aplica a todos sem

distinção de idade. O texto constitucional resguarda que todos são iguais perante a lei e têm os

mesmos direitos e deveres, assim como os pais têm direitos e deveres para com seus filhos.

Logo após a promulgação da Constituição Federal de 1988, com o resguardo dos

direitos fundamentais, veio a Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, ou seja, o Estatuto da Criança

e do Adolescente, que trouxe especificamente os direitos das crianças e dos adolescentes, a

deu todas as diretrizes para a proteção do menor em consonância com sua família.

Com a separação dos pais e as dificuldades enfrentadas por todos os envolvidos na

aceitação deste modo de conviver, os problemas surgem numa forma de atingir o outro

genitor, mas ainda há de ser observado que a criança como foco deste abuso deve ser

respeitada.

Neste sentido em seus artigos 17 e 18, o ECA, resguarda esse direito:

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Este tipo de tratamento abusivo contra a criança fere diretamente os princípios

resguardando sua integridade e dignidade moral, fazendo com que seja desrespeitada e

comprometendo todo o sistema psicológico e a proteção familiar do menor.

Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.

Os pais devem agir sempre de maneira sóbria nas diversas situações que envolvam

diretamente os seus filhos, com a procura sensata da melhor solução dos problemas, ou seja,

de maneira pacífica e com uma relação de cortesia e cordialidade entre todos os envolvidos.

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2.3 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

O Estado é responsável, constitucionalmente, por propiciar condições para que a

família tenha acesso aos mínimos existenciais e que esteja preparada para a vida social,

exercendo sua cidadania e vivendo em pleno gozo da sua dignidade, e por isso, o incentivo do

poder público para que a vida em família seja baseada em planejamento estrutural é uma

necessidade primária.

Tartuce (2017), descreve que, ao Estado cabe o dever de proporcionar recursos para o

planejamento familiar e para o exercício da paternidade responsável, além de assegurar

condições de vida segura, com ações sociais voltadas para a prevenção e combate à violência

doméstica.

Dessa forma, as medidas necessárias devem ser aplicadas com base nos princípios que

têm como finalidade precípua, garantir as melhores condições de crescimento e

desenvolvimento para crianças e adolescentes, como, é o caso do Princípio do Melhor

Interesse da Criança e do Adolescente.

Com base nos Princípio do Melhor Interesse da Criança delibera o ECA:

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.7 Assim, considerando a nova acepção do conceito de família, os pais têm o dever de educar os filhos e amá-los independente de qualquer situação, não se permitindo a interferência repulsante de atrapalhar intencionalmente os vínculos familiares estabelecidos causando transtornos ao seu completo crescimento. Caso isso ocorra, o Estado através do Judiciário tem o poder de intervir para que essa prática seja devidamente repreendida na tentativa de reparar eventuais danos produzidos. A Lei

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que positiva a Síndrome da Alienação parental constitui um marco histórico de extrema relevância para amparar com legitimidade todas as vítimas dessa patologia. O dispositivo apresenta ferramentas necessárias ao Poder Judiciário para a resolução de questões complexas relativas ao problema, além de aduzir o conceito da Síndrome no sentido de oferecer parâmetros de atuação que possibilitem o bemestar da população atingida.

Ainda nesse propósito, a Convenção sobre os Direitos da Criança - Decreto nº.

99.710/90, em seu Art. 9º, item 3, prescreve:

3. Os Estados Partes respeitarão o direito da criança que esteja separada de um ou de ambos os pais de manter regularmente relações pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse maior da criança.

O Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente é uma ferramenta

jurídica eficiente, de forma que preceitua que toda a sociedade exerce protagonismo visando a

garantia dos diretos inerentes às crianças e adolescentes, evitando que estes passem a compor

o grupo de público vulnerável, ou que venham a ser submetidos as situações de vida em

condições degradantes (TARUTCE, 2017).

Fica evidente que tal princípio é uma garantia do desenvolvimento pleno dos direitos

da personalidade do menor, considerada diretriz para solução de conflitos oriundos da

separação dos genitores. Originou-se pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança, e

posteriormente regulamentado no Estatuto da Criança e do Adolescente.

2.4 PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA E CONVIVÊNCIA FAMILIAR

Estes princípios vêm a ser regulamentados pela Lei n. 12.010/2009 - Nova Lei da

Adoção. A base para tal princípio está previsto no art. 227 da Constituição Federal e art. 19 da

Lei n. 8069/90. Onde garante que a criança e ou adolescente são sujeitos de direitos, devendo

ser tratadas como tal, e onde o Estado tem o papel de empreender diligências suficientes para

amparo dos direitos e garantias fundamentais de sobrevivência e desenvolvimento humano

destes infantes.

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A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, em 1989, no seu

Preâmbulo demonstra:

(...) a preocupação pela família como grupo fundamental da sociedade e ambiente natural para o crescimento e bem estar de todos os seus membros, e, em particular, as crianças. Vários artigos da Convenção sugerem medidas para estimular e facilitar a Convivência familiar, e no caso de impossibilidade (...) recomendam providências para facilitar a visita dos pais e medidas que permitam a reunião com a família.

Conforme descreve Azambuja (2004), o direito de a criança conhecer e conviver com

seus pais, a não ser quando incompatível com seu melhor interesse; o direito de manter

contato com ambos os pais, caso seja separada de um ou de ambos.

O princípio do melhor interesse da criança é tema controverso quando se refere à

guarda de filhos. Cotidianamente, grandes números dos processos judiciais de guarda

iniciamse com a afirmação de Pereira, (2000, p.49) de que “a guarda deverá ser conferida à

pessoa que possa promover o melhor interesse da criança”.

A partir desse entendimento é possível determinar que o melhor para o menor seja um

ambiente em que o pai ou a mãe, juntos ou não, proporcionem uma boa convivência para seu

filho, mas, além disso, diversos fatores devem ser observados para definição da guarda, como

a atenção dada a criança, a educação e a devida proteção e segurança familiar.

2.5 PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE

O afeto gerado entre pais e filhos deve ser observado em todos os aspectos, e no

âmbito jurídico o afeto tem seu valor legal como diz Groeninga (2008):

O papel dado à subjetividade e à afetividade tem sido crescente no Direito de Família, que não mais pode excluir de suas considerações a qualidade dos vínculos existentes entre os membros de uma família, de forma que possa buscar a necessária objetividade na subjetividade inerente às relações. Cada vez mais se dá importância ao afeto nas considerações das relações familiares; aliás, um outro princípio do Direito de Família é o da afetividade.

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A afetividade aqui citada tem seu valor, este princípio que rege os sentimentos dos

filhos com os pais e vice e versa, oferece a atenção necessária para a concepção de família e

seu dever, não somente na família tradicional, mas ainda resguardando o direito de família

monoparental e ainda de união homoafetiva.

A afetividade nesses casos se mostra capaz de unir e modificar as concepções de

família existente, e tendo amor e carinho resguardados a criança não haverá conflitos que

promovam a desordem psicológica.

O princípio da afetividade, repetimos à guisa de conclusão, não serve de mote legitimador para a interferência estatal nas relações familiares, sendo um instrumento naturalmente criado pela comunidade em suas relações cotidianas. Assim, seu desenvolvimento depende menos do Direito e do Estado, e mais do meio social de onde medrou. O Direito apenas reconhece esses avanços sociais e espalha suas teias protetivas de modo a permitir a evolução segura da sociedade. (RODRIGUES, 2013)

Portanto a afetividade aqui elencada tem como foco o vínculo estabelecido entre pais e

filhos como meio de resolução de conflitos e sendo observada sua aplicação para os casos de

alienação parental. Conclui-se que onde há a aplicabilidade do principio da afetividade o

menor corre menos risco de sofrer com a Síndrome da Alienação Parental.

2.6 PRINCÍPIO DA PATERNIDADE RESPONSÁVEL

De forma explícita, o princípio da paternidade responsável foi incluído no art. 27, da

Lei nº 8.069/90 (ECA), ao regulamentar que o reconhecimento do estado de filiação é direito

personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus

herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. (...) estando ainda garantido

implicitamente na Constituição Federal, no art. 227, pois é dever da família, da sociedade e do

Estado assegurar à criança e ao adolescente o direito à convivência familiar, colocando-os a

salvo de toda forma de discriminação, vedando expressamente as designações discriminatórias

relativas ao estado de filiação (PIRES, 2013).

Também através da Doutrina da Proteção Integral surgiram os princípios básicos de proteção aos menores, como o princípio da paternidade responsável, que tem como núcleo o dever de cuidado dos pais para com os filhos; os princípios da absoluta

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prioridade e do melhor interesse do menor, os quais têm por finalidade sobrepor a defesa dos interesses dos menores em relação aos interesses dos demais, visando proteger, prioritariamente a pessoa em condição peculiar de desenvolvimento. (AMATO, 2013, p. 75)

Este princípio então esclarece o dever dos pais em garantir a eficácia da proteção de

seus filhos, fazendo com que a convivência familiar seja amparada e resguardada, possui

ainda ligação direta com o princípio da dignidade humana que citado anteriormente é aquele

que regido através da forma como é e de deve ser tratado o menor, com seu devido respeito e

dignidade.

Como aduz Amato (2013):

O princípio da paternidade responsável está intimamente vinculado ao princípio da dignidade da pessoa humana. Este constitui base da comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente da criança e do adolescente. A dignidade da pessoa humana está expressamente consignada na Constituição Federal (Arts. 1º, inc III e 226, §7º). Com isso o Constituinte veio a garantir a democratização do planejamento familiar, dando ao casal a livre decisão (com responsabilidade), sobre o assunto, coibindo interferências de qualquer entidade, inclusive religiosa.

Contudo pode-se afirmar que o princípio da Paternidade Responsável é basilar assim

como o princípio da Dignidade Humana, sendo então os principais responsáveis pela boa

orientação na criação de crianças e adolescente.

2.7 OS ALIMENTOS COMO DIREITO CONSTITUCIONAL

Em seus ensinamentos Diniz (2002) explica que uma das definições dada aos

alimentos diz que estes são prestações necessárias ao saneamento de necessidades básicas a

sobrevivência de forma digna de quem não apresenta condições de provê-las por si só, mas

que tem em sua responsabilidade a atribuição de manutenção de vida de pessoas que precisam

arcar com as despesas essenciais ao seu viver.

As normas que permeiam o direito ao alimento são de caráter puramente público,

pertinentes à personificação da pessoa e diretamente relacionadas à integridade mental e física

do receptor. O magistrado tem plena autorização para não homologar um acordo de separação

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ou de alimento, que não venha a preservar de forma adequada os direitos a vida de forma

digna a quem recebe o alimento, isso porque o Estado da ao julgador total poder para

estabelecer deveres compatíveis com a capacidade das partes, no exercício da real função da

obrigação de prover alimento (DINIZ, 2002).

Quanto ao preceito legal que delimita o campo dos alimentos, Gonçalvez afirma que:

Não se faz necessário que o requisitante dos alimentos chegue a um estado de completa miséria para que lhe seja dado o direito de obtê-lo; necessário apenas que não tenha rendimento suficiente que garanta sua manutenção e não consiga diretamente pelo trabalho os meios indispensáveis à subsistência em concordância com a sua posição social (GONÇALVES, 2017, p. 122).

Ou seja, não é necessário que haja a condição de extrema pobreza para a solicitação do

alimento, a Constituição Federal de 1988 garante a possibilidade de estabelecimento de valor

monetário em prol dos alimentos, predominando os percentuais conveniados pela arbitragem

do magistrado no deferimento processual dos montantes que irão garantir o sustento do

receptor, sendo considerado como sem efeito judicial qualquer tentativa de contratação de

alimentos fora da vista judicial.

O preceito público do dever ao alimento impede que o poder judiciário venha a ser

afastado dos tramites processuais de início, anexo, revisão, continuação, ou extinção de

qualquer que seja o dever de provimento de alimentos, tendo o magistrado a atuação

representativa de mediador imparcial deste embate (DANTAS, 1991).

Assim sendo, a obrigação de prover alimentos é fundamentada nos preceitos solidários

do homem, como um imperativo na relação familiar, tendo como fonte de inspiração

essencial, meios que preservem a dignidade do ser humano, garantindo a vida de outrem que

não apresente condições de labor por qualquer meio adverso que possa interferir diretamente

para tal.

2.8 A DISPONIBILIDADE ALIMENTAR NO ATUAL CÓDIGO CIVIL

De acordo com o entendimento de Diniz (2019), a observação do Novo Código Civil

editado em 2002, nota-se que há uma abertura para a discussão polêmica relativa a

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aplicabilidade e a eficácia irrestrita da renúncia alimentícia. Nas linhas do novo código

prevaleceram as argumentações sobre a distinção de alimentos conjugais dos alimentos

provenientes do vínculo de parentesco, justificado pelo fato de conter no artigo 396 do Código

Civil de 1916 a proibição da renúncia alimentícia oriunda das relações de parentesco, não

sendo aplicadas tais regras aos cônjuges que não são parentes, advindo seu direito alimentar

da mútua assistência imposta ao marido e do dever escrito no revogado art. 233, inciso IV, do

CC de o marido prover a manutenção da sua família.

Em face do anotado no Código Civil de 1916, no capítulo dos alimentos exigidos

apenas entre os parentes no seu artigo 396, prescrevia ainda o artigo 404, em seu inciso X, a

indispensabilidade do direito alimentar. Esta bifurcação dos deveres já não mais existe no

vigente Código Civil, prescrevendo o art. 1.694 que os alimentos necessários para a

subsistência compatível com a condição social podem ser pedidos tanto por parentes, como

por cônjuges e companheiros. A inclusão dos cônjuges e companheiros no mesmo título

alimentar dos parentes não destruiu a tese do divisor de águas da codificação revogada, tanto

que, de modo expresso, o art. 1.707, retoma a ordem jurídica de irrenunciabilidade dos

alimentos, quer nasçam das relações parentais, quer do casamento, quer da união estável.

As disposições legais que revigoram a contestável questão da possibilidade de

renúncia alimentar pelo cônjuge e também pelos companheiros, pois nenhum deles poderá

renunciar em definitivo ao direito alimentar, podendo apenas deixar de exercer

temporariamente este direito, que fica eternamente assegurado. Como o art. 1.707 fala que os

credores têm a faculdade de não exercerem o seu crédito alimentar, sendo-lhes, contudo,

vedada a renúncia, não há como desconsiderar o art. 1.694 do CC vigente, relacionando num

só artigo parentes, cônjuges e conviventes como credores de alimentos.

A questão da irrenunciabilidade dos alimentos vem confirmada pelo art. 1.794 13 do

CC, quando assegura a pensão ao cônjuge já judicialmente separado, que passa a necessitar de

alimentos. Por conta desta nova disposição de direito material, o cônjuge ou companheiro até

pode não precisar de alimentos no momento da sua separação judicial ou por ocasião da

dissolução de sua união estável, sendo irrelevante a inclusão de cláusula de renúncia ou de

desistência dos alimentos no texto da separação, porque será nula qualquer convenção que

tenha por escopo extinguir o direito alimentar.

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São apontados nos autos de forma enfática, os arts. 1.704 e 1.707 do vigente Código

Civil, ressuscitando a velha polêmica da irrenunciabilidade dos alimentos entre cônjuges e

unidos estavelmente, permitindo expirar uma longa e dispensável rediscussão da relatividade

dos alimentos, que tradicionalmente vinham sendo dispensados na mera obrigação alimentar.

Ainda não havia estreado o atual Código Civil e na sua esteira já despontava, em

sólido bloco, o Projeto de Lei nº 6.960, de 2002, projetando várias alterações à atual

codificação. Dentre tantas mudanças sugeridas para um Código que passou quase três décadas

em estado excessivo de maturação, há a proposta de nova redação para aperfeiçoamento do

art. 1.707, pretendendo proibir a renúncia alimentar apenas para as relações de parentesco,

retomando o caminho já trilhado pela jurisprudência de aceitar o repúdio do direito a

alimentos no casamento.

Conforme pregado nos autos de sua obra, no tema referente as propostas de

aperfeiçoamento do Código Civil pátrio, Pereira (2012), justificou o novo texto do art. 1.707,

dizendo que:

Art. 1707 - A renúncia aos alimentos feita por cônjuges ou por companheiro é legítima. Os alimentos somente são irrenunciáveis se decorrentes de parentesco.

Da forma com está contido no art. 1.707, estaria sendo retornado o sistema da

irrenunciabilidade, o que é um retrocesso que precisa ser corrigido, razão pela qual é

formulada proposta de inovação aplicável ao direito de família em seu sentindo amplo, ou

seja, é impraticável a proibição de renúncia aos alimentos entre cônjuges ou companheiros.

Conforme demonstrado, os valores descritos são irrepetíveis ou irrestituíveis não

importando o tipo estabelecido para o provimento dos alimentos. Quanto a ser irrenunciável o

referido artigo do CC, diz que que o credor não pode renunciar o direito a alimentos, sendo

este, insuscetível de cessão, compensação ou penhora, ou seja, tal pretensão alimentar só se

apresenta justificável quando apresenta os pressupostos legais onde a ação de alimentos

passou pelo trâmite legal integralmente, proporcionando produção documental probatória com

previsão no diploma legal da lei nº 5.478/68.

2.9 A IRRENUNCIABILIDADE ALIMENTAR NO CODIGO CIVIL

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Não faz qualquer sentido que o Código Civil brasileiro ande na contramão da história,

afrontando toda uma sólida jurisprudência construída com coerência e bom senso ao deixar de

distinguir a obrigação alimentar derivada do casamento ou da união estável do dever alimentar

relacionado ao parentesco, muito em especialmente quando estes alimentos são originados do

poder familiar.

Segundo Venosa (2018), não existe sentido ou razão para que um cônjuge, pessoa

capaz, colocada em plano de igualdade com o outro cônjuge, no acordo de separação

amigável, que tem, ainda, de ser homologado pelo juiz, não possa abrir mão de alimentos,

fique impedido de rejeitar esse favor, tolhido de renunciar a tal benefício, se possui bens ou

rendas suficientes para sua sobrevivência, manutenção, e manter padrão de vida digno,

ficando o outro cônjuge a mercê de uma reclamação futura de alimentos, apresentada pelo

que, livremente, renunciou à pensão alimentícia, perpetuando-se, numa sociedade conjugal

extinta e dissolvida, o dever de mútua assistência que relacionava os consortes durante a

convivência matrimonial”.

2.10 ANÁLISE JURÍDICA DA OBRIGAÇÃO DA PRESTAÇÃO ALIMENTAR

Todo indivíduo plenamente capaz, maior civilmente, gozando de seus direitos

integralmente, está habilitado às práticas rotineiras da vida em sociedade, e deve cumprir as

obrigações pertinentes à sua vida civil.

Nesse sentido tem-se o aludido por Farias; Rosenvald:

Não se pode negar a qualidade econômica da prestação própria da obrigação alimentar, pois consiste no pagamento periódico, de soma de dinheiro ou no fornecimento de víveres, cura e roupas. Apresenta-se, consequentemente, como uma relação patrimonial de crédito-débito; há um credor que pode exigir de determinado devedor uma prestação econômica (FARIAS; ROSENVALD, 2016, p. 137): .

Dessa forma o indivíduo tem o dever também de se responsabilizar quando da

submissão às obrigações impostas pelo Estado como meio de interação junto ao grupo social a

qual esteja inserido. Tendo como base as linhas próprias a Carta Política brasileira, veta

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qualquer forma restritiva dos direitos por motivos que sejam de razão de estratificação social,

da crença religiosa, da raça, da origem ou das condições econômica do indivíduo.

Porém existem direitos que são tidos como disponíveis ou indisponíveis, tendo o titular

o poder de aproveitar ou renunciar a esses direitos conforme a sua vontade e necessidade.

Outra classe de direito existente é a dos que se enquadram como de interesse público e mesmo

em casos em que possam interessar, a priori, ao exercício do indivíduo que se apresenta como

titular é a doutrina jurídica que de forma antecipada renega a possibilidade de

renunciabilidade ou a sua negativa de aproveitamento.

A legislação brasileira não permite a renúncia ao exercício de certos direitos. Os que

representam uma classe de valores relativos à qualidade de vida, à liberdade, à saúde, e à

dignidade dos seres. Nessa esfera de atuação, a liberdade de decisão do indivíduo sofre

restrições, e o Estado limita a faculdade de disposição destes direitos que dizem com a

dignificação do indivíduo, pois representam princípios básicos e fundamentais para sua

dignidade.

ALIMENTOS. Separação Consensual. Renúncia. Sendo o acordo celebrado na separação judicial consensual devidamente homologado, não pode o cônjuge posteriormente pretender receber alimentos do outro, quando a tanto renunciara, por dispor de meios próprios para o seu sustento. Recurso conhecido e provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por maioria, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Vencido o Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, que dele não conhecia. Votaram com o Relator os Srs.Ministros Aldir Passarinho Júnior e Barros Monteiro. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira. Acórdão RESP 254392/MT ; RECURSO ESPECIAL (2000/0033231-3). Fonte DJ DATA:28/05/2001. PG:00163 JBCC VOL.:00191 PG:00384 STJ VOL.:00146 PG:00391 - Relator(a) Min. Cesar Asfor Rocha (1098) Data da Decisão 13/02/2001. Órgão Julgador T4 - Quarta Turma.

Conforme estudado, notou-se que o novo Código Civil de 2002 estabeleceu em seu

artigo 1.707, a proibição de expressar renuncia quanto ao direito de alimentos. Tal regra já

constava no antigo código revogado, estando tal letra estabelecida no art. 404. O conteúdo do

seu texto, nos moldes utilizados, dava a designação de credor ao indivíduo titular da ação de

requerimento de alimento, podendo apresentar sugestões de que a vontade do legislador teria o

envolvimento dos alimentos que decorrem do grau de familiaridade e do matrimônio como

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uma única figura. Se assim for interpretado, aberta estaria a conclusão de que todo o direito

alimentar é irrenunciável, inclusive o que decorre do casamento.

Como meio de contenção de possíveis controvérsias sobre o tema, criou-se um

mecanismo de controle jurisdicional amplificado, para que se pudesse dar mais claridade a

esse campo doutrinário. O projeto de lei nº 6.960/02, traz em suas linhas a seguinte colocação,

“tratando-se de alimentos devidos por relação de parentesco, pode o credor não exercer,

porém lhe é vedado renunciar ao direito de alimentos”.

Conforme preceituado por Venosa (2018), que comenta sobre a ocorrência desses

fatos, e também por considerar que a irrenunciabilidade de forma irrestrita seria um

anacronismo, o que significa dizer que sua linha de defesa recende para a legalização da

renúncia, por consubstanciamento de algumas manifestações de aptidão quanto à vontade

lícita e vinculativa para a renuncia ao alimento.

Assim sendo, o advento da nova ordenação civil trouxe algumas alterações para o

cenário jurídico que se desenhou nos processos de renúncia de alimento. Nesse caso a

obrigação de provimento de alimento entre ex-consortes, é de caráter estritamente contratual,

ou seja, o resultado do elo contraído na relação de matrimônio, sendo que ao encerrar a união

marital, na condição de únicos interessados, podem dispor do meio mais conveniente para

ambos quando findo contrato de matrimônio. Esse fato obriga o julgador a dar abertura à

cláusula de renúncia.

Com o fim da relação matrimonial finda um processo cíclico da vida onde se da inicio

a uma outra etapa distinta a essa, que, salvo rara exceção, tem tais fatos como justificativa

para a dissociação dos ex-cônjuges de todo e qualquer vestígio desse período findado, para

que se tenha a possibilidade de construção de um cenário sem sobras do anterior.

No entendimento de Venosa (2018), não seria justo, nem socialmente aceito que para

amas as parte envolvidas na dissolução da relação matrimonial, vivendo novas relações

amorosas, tenham que permanecer ligados a um dever de cunho alimentício e que não

representa mais o ícone de solidarismo presente na relação conjugal ou mesmo em sustento da

coabitação, sendo essa interferência um fator de desagregação para novos relacionamentos.

Com o transcorrer dos levantamentos bibliográficos, pode se notar o grau de expressão

jurídica e a importância dado ao estudo interpretativo e a aplicação das bases conceituais e

normas jurídicas no campo doutrinário dos Alimentos, focando na abrangência do mesmo em

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relação ao ordenamento jurídico brasileiro. O desenvolvimento desse segmento acompanhou a

passos paralelos as alterações ocorridas em todos os níveis sociais, ampliando seus conceitos e

alternando a aplicação das teses jurídicas em consonância as modificações da conjuntura

social. Mesmo apresentando melhoras significativas com o passar dos anos, é consenso no

meio jurídico de que as leis, normas e regras do direito relativos a renúncia ao alimento por

ex-consorte, tem deixado ao longo das décadas, uma lacuna no que tange a interpretação desse

caderno doutrinário.

Para que se pudesse fazer uma análise comparativa relativa aos ensinamentos

doutrinários e o que de fato é executado sentencialmente, acerca da abordagem central. Como

não podia deixar de ser, esse processo é gradativo, cíclico e lento, que caracteriza a maioria

das transformações sociais brasileiras, que tem em si a chancela de nem sempre se dar a

preferência as necessidades mais urgentes.

Claramente a escrita demonstra que a necessidade de se manter vivo e o instinto de

proteção que se apresenta nos seres humanos, além do dever de provimento necessário a

subsistência entre ascendentes e descendentes, configura o eixo principal de tal instituto.

Dessa forma ao ser comprovado a inadimplência de um dever legal já existente, com a

transgressão dos direitos do receptor, estará o Estado incumbido de ao ser convocado, fixar ao

provedor do alimento inadimplente a penalidade cabível, fazendo que o mesmo cumpra com

seu dever, fazendo com que o receptor não seja ainda mais prejudicado.

Percebe-se que esse instituto faz alusão à situação de extrema importância no campo

da doutrina familiar e de intenso uso nas práticas forenses. As demandas relativas aos deveres

alimentares agem diretamente nas necessidades prioritárias do homem em sua vida social.

Conforme segue abaixo as ementas de ações julgadas e sentenciadas pelo Superior

Tribunal de Justiça, com direcionamentos e origens distintas e ambos pregam que o dever de

garantir o sustento necessário para se viver com dignidade, de caráter essencial a todas as

pessoas, tem sua salvaguarda nas doutrinas que regem a prestação alimentar.

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3 INOVAÇÕES DECORRENTES DA VIGÊNCIA DO NCPC

3.1 PRINCIPAIS MUDANÇAS NA PRESTAÇÃO DE ALIMENTO EM FACE DO NCPC

A partir da vigência do Novo Código de Processo Civil, foram revogados os artigos 2º,

3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e17 da Lei 1060/1950, que trata da assistência jurídica gratuita, passando

o regramento a dispor dos artigos 98 a 102 do NCPC.

Em relação a Lei de Alimentos (Lei nº 5478/1968), após a entrada em vigor do NCPC,

foram suprimidos os artigos 16, 17 e 18, ficando em aberto a revogação dos parágrafos 2, 3 e

4 do artigo 1º dessa Lei, já que se encontram com previsão legal no NCPC, os parágrafos 2 e

3, com texto idêntico. O parágrafo 4, encontra-se descrito em de forma oposta no NCPC em

seu artigo 100, onde a impugnação se dá nos autos onde se dá o mérito da lide, enquanto que

na Lei nº 5478/60 trata da impugnação em autos separados.

No Código de Processo Civil revogado (lei nº de 1973), na parte especifica que

delimita a temática da prestação de alimento provisório e alimento provisional, existiu

perdurarmente o debate sobre a possibilidade de haver a revogação do alimento provisório

contido na Lei especifica sobre Alimentos em detrimento do alimento provisional que é

tratado no antigo CPC em seu artigo 852.

Com a promulgação do NCPC, ganhou importância o debate sobre possíveis

inadequações de termos existentes entre o antigo código de 1973 e a lei específica sobre

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alimentos que tornem obscuras algumas determinações do Novo Código do Processo Civil e

sua incidência no que tange a prestação de alimento.

Diniz (2019), explica que é comum a existência de termos jurídicos semelhantes, com

a mesma finalidade precípua, mas que podem ter interpretação diferente conforme o julgador,

já que a formulação de qualquer entendimento e despacho é embasado pelo princípio da

subjetividade, ou seja, palavras sinônimas podem ou não ter a mesma aplicação conforme a

especificidade de cada caso.

Já no entendimento de Goncalves (2018), a ideia de que, alimento provisório e

alimento provisional são disciplinas diferentes no direito de família, mas que trazem

benefícios semelhantes quando da aplicação conforme a necessidade apresentada na demanda,

vem sendo o modelo predominante de juízo jurisprudencial, que tem adotado a determinação

par que o alimento provisório seja fixado na decisão inicial em face de ação de requerimento

conforme os requisitos da Lei Especial.

Como forma de enquadramento no perfil de ação que necessite de procedimento de

natureza especial, segundo as determinações da Lei de Alimentos, se faz mister a existência de

prova documentada previamente quanto ao grau de parentesco e sobre a quantificação de

renda da parte reclamada. Quando esses ou outros requisitos não são preenchidos, o rito

processual a ser seguido é a medida cautelar na forma de alimentos provisionais ou ainda a

tutela antecipada, que pode ser aplicada em todos os ritos processuais legais.

Após a vigência do NCPC teve fim a discussão jurídica e prática em relação aos

alimentos de natureza provisória e provisional. Na nova redação foi suprimida a expressão

“provisional” que era determinante no antigo CPC. Com isso passaram a constar dois tipos de

prestação de alimento, que são, o alimento provisório e o alimento definitivo, sendo eliminada

a possibilidade de medida cautelar, que era prevista no antigo CPC em seu art. 852.

Os artigos 529 e 912 do Novo Código de Processo Civil, trouxeram mudanças que, em

decorrência da subjetividade da interpretação, causa equívocos processuais, já que se fala em

“necessidade de requerimento do exequente para haver o desconto em folha”, ou seja, não é

ato de ofício do julgador, o que pode ser considerado uma discrepância entre os códigos.

Nesse sentido tem-se o entendimento de Rodrigues (2015):

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Outros doutrinadores entendem que o legislador ainda permite que o juízo oficie sem pedido da parte, pois, se fosse da vontade do legislador a imprescindibilidade de manifestação da parte para tal ato, teria elaborado disposição legal mais direcionada e expressa (RODRIGUES, 2015, s/p).

Com isso é necessário que se faça uma intensa interpretação da lei, de forma que se

cumpra a lei sem haja qualquer obscuridade de seu texto, nesse caso no tocante à possibilidade

do exequente em fazer o requerimento do desconto do valor da prestação alimentar

diretamente na sua folha de pagamento, reiterando que não existe qualquer, ou seja, que o

desconto somente se dará caso seja feito o pedido pelo próprio requerido da prestação

alimentar.

3.2 A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS COM O NCPC

O antigo Código de Processo Civil apresentava-se ultrapassado em vários elementos e

juridicamente obsoleto em relação aos ritos procedimentais e por isso a necessidade legítima

de se promover uma reforma robusta no seu texto. Com base nessas necessidades e

reclamações sociais, foi proposto então um novo Código no congresso nacional brasileiro, que

teve como via de tramite o Projeto de Lei (PL) 8.046/2010.

No entanto, sua proposição inicial se deu a partir da formulação de uma comissão de

juristas, através do ato 379, oficiado pelo então Presidente do Senado Federal. A ideia central

dos juristas selecionados para compor o grupo de trabalho de formulação de um novo Código

de Processo Civil era solucionar as lacunas existentes no CPC então em vigência.

É o que se compreende do recorte de uma das exposições motivadoras da Comissão de

Juristas (BRASIL, 2010, p. 33).

Há mudanças necessárias, porque reclamadas pela comunidade jurídica, e correspondentes a queixas recorrentes dos jurisdicionados e dos operadores do Direito, ouvidas em todo país. Na elaboração deste Anteprojeto de Código de Processo Civil, essa foi uma das linhas principais de trabalho: resolver problemas. Deixar de ver o processo como teoria descomprometida de sua natureza fundamental de método de resolução de conflitos, por meio do qual se realizem valores constitucionais.

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No campo específico da execução de alimentos a promulgação da Lei nº 13.105/2015

também proporcionou significativas inovações, considerando o fato de se tratar de matéria

envolvendo elemento supletivo para procedimento executório dessa natureza, em

conformidade com o art. 27 da Lei nº 5.478/68 (Lei de Alimentos).

O legislador fez a divisão do processo de execução de alimentos em capítulos

separados, onde são abordados os títulos executivos de natureza judicial em um dos capítulos

e os títulos extrajudiciais apontados no outro. No capítulo IV, onde se trata dos títulos

judiciais, os artigos que descrevem as determinações estão entre o 528 até o 533, enquanto os

artigos de 911 a 913 do capítulo VI tratam dos títulos extrajudiciais.

Sobre a disciplina aludida, Pereira (2016, p. 671), explica que:

O Novo CPC – Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 – cindiu os procedimentos de execução de alimentos, dividindo-os em: execução de alimentos decorrentes de títulos judiciais, regulada pelos arts. 528 a 533, e execução de alimentos decorrentes de títulos extrajudiciais, regulada pelo arts. 911 a 913.

Quando se trata de execução de alimentos proveniente de títulos de natureza judicial,

com regulamentação dirigidas pelos artigos 528 a 533 do Novo Código de Processo Civil, a

fundamentação é baseada em decisão interlocutória ou ainda em sentença. Sento então

aplicável quando se pleitear alimentos provisórios e definitivos.

Rodrigues (2015), explica que quando a demanda for em relação a alimentos

definitivos, todo o tramite processual da execução acontecerá nos mesmos autos, e no caso de

alimentos em regime provisório ou em caso de não haver um transito em julgado da ação, o

tramite processual acontecerá em autos diferentes.

Nesse sentido, tem-se a escrita do artigo 531 do NCPC:

Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos 34 definitivos ou provisórios. § 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados. § 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.

Encontra-se anotado no artigo 516 do Codex vigente, compondo ainda com incisos e

parágrafo único as especificidades relativas a competência do juízo em que se faz possível o

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pleito da execução de alimentos. No art. 528, em seu parágrafo 9, encontra-se salientada a

complementação dessa etapa processual.

Para Wald; Fonseca (2015), o juízo com competência para determinar a execução de

alimentos pode ser o mesmo que presidiu toda a sentença de pedido de execução, o do foro de

domicílio de ambas as partes ou mesmo o da comarca onde estão localizados os bens.

A partir da promulgação do NCPC ficaram mais evidentes as possibilidades de

materialização quando a abordagem for relativa a execução de alimentos provenientes de

título judicial. Esse padrão de processo executório acontece tanto via desconto direto na folha

de pagamento da parte provedora, ou ainda em desconto de outras fontes de renda, penhora ou

em não havendo a adimplência, por meio da prisão civil.

Em consonância com o disposto no NCPC, o apontamento da via executória

processual que seja mais benéfica para a obtenção do adimplemento forçado é de escolha do

credor, não se aplicando o artigo 805 do NCPC, que preceitua o emprego da via menos

onerosa e dispendiosa para o executado.

3.3 PENHORA DE BENS

A aplicação da medida em que a penhora de bens do devedor é empregada tem se

mostrado eficiente no adimplemento de alimentos, principalmente quando o patrimônio do

devedor é passível de execução. Consta no art. 833 do NCPC a descrição daqueles bens que

não podem ser executados por meio de penhora. Dentre esses bens, alguns se destacam pela

característica de imprescindibilidade no sustento do devedor, sendo eles, salário,

contribuições, soldos, benefícios previdenciários, maquinas e equipamentos utilizadas no

exercício da atividade laboral do devedor.

Para a melhor compreensão do texto do artigo 833 do NCPC, tem-se a escrita do

mesmo:

Art. 833. São impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

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III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de

elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os

proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o ;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem

penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada

pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação

compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)

salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos

termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de

incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

Nos casos em que ocorre o penhor de bens, é necessário então registrar em serventia

de imóveis onde o devedor tenha bens imóveis a certidão de citação do executado. Essa

medida tem por finalidade prevenir as partes de alienações fraudulentas e impedir que outras

pessoas aleguem boa fé em negociação envolvendo os bens penhorados.

Esse regramento é dado no art. 828 do NCPC:

Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.

Entre os itens constantes da lista de bens impenhoráveis apontados no art. 833 do

NCPC, o salário e outras modalidade de remunerações perdem o caráter de impenhoráveis

quando o valor é considerado acima do necessário para uma vida digna, como demonstrado no

artigo 2 do artigo 833.

Quando a dívida é proveniente de ação executória de alimentos, até o bem de família

passa a se enquadrar na possibilidade de penhor, dependendo da análise judicial que

comprovará a possibilidade de execução do bem para pagamento da dívida de natureza

alimentar.

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O art. 3, inciso III, da lei nº 8.009/1990, traz em seu bojo o apontamento da

possibilidade de penhora do bem de família, com o seguinte texto:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida.

Porém, consta na Lei nº 13.144/2015, uma alteração incidente sobre o inciso III da lei

nº 8.009/1990, onde é assegurada o direito de coproprietário de um bem que esteja no rol de

penhorabilidade, como por exemplo nos casos em que a parte devedora tenha contraído

matrimônio (casamento civil ou união estável), e o bem seja de propriedade do casal, a

penhora corresponderá somente na parte fracionária correspondente ao executado.

Em face dessa situação, tem-se o ensinamento de Wald; Fonseca (2015):

O texto legal parece tendente a dizer o óbvio ululante. É que se o devedor de alimentos é casado, ou convive em união estável, e o bem de família em que reside pertence à meação do casal, somente será possível a penhora sobre sua cota-parte, realmente. Afinal de contas, a fração ideal sobre o bem pertencente ao cônjuge ou companheiro não pode sofrer execução, na medida em que o seu titular não é o devedor. Trata-se da simples projeção da pessoalidade da dívida: o devedor responde pelas suas dívidas, não pelos débitos de terceiros, mesmo em se tratando de seu cônjuge ou companheiro (WALD; FONSECA, 2015, p. 811).

Quanto ao desconto direito em folha de pagamento, a prática tem se mostrado exitosa

para a execução de alimentos, quando esta é proveniente de título judicial, especialmente nos

casos em que a parte devedora é titular de recebimento a título de salário ou provento

referente ao exercício de atividade laboral, seja na iniciativa privada ou no serviço público em

qualquer esfera.

A parte a ser descontada pode ser proveniente de dívida com vencimento futuro e,

quando necessário, somado as prestações já vencidas e não quitadas, limitadas aos 50% do

rendimento líquidos da parte devedora. Esse entendimento é extraído do parágrafo 3, do art.

529, do NCPC, que traz a seguinte determinação:

Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer

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o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia. § 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

A especificidade desse padrão de execução é a possibilidade de se adotar prática

criminosa quando o responsável pelo pagamento do executado não cumprir a determinação

quanto ao desconto ou realize de forma irregular.

Consta na Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/68) em seu art. 22 a determinação de que se

configura crime contra a administração da Justiça a omissão de informações ou o

fornecimento parcial de dados e informações que sejam obrigatórias ao empregador ou

funcionário público, quando solicitados pelo juízo competente para as fases processuais.

Art. 22. Constitui crime contra a administração da Justiça deixar o empregador ou funcionário público de prestar ao juízo competente as informações necessárias à instrução de processo ou execução de sentença ou acordo que fixe pensão alimentícia: Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, sem prejuízo da pena acessória de suspensão do emprego de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias. Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, de qualquer modo, ajuda o devedor a eximirse ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada, ou se recusa, ou procrastina a executar ordem de descontos em folhas de pagamento, expedida pelo juiz competente.

Outra forma de se executar alimentos através de título judicial é o penhor de outras

fontes de renda da parte devedora, como por exemplo, o desconto, em proventos originários

de aluguel, cessão de direito, arrendamento, porém, respeitando o limite estabelecido pelo

parágrafo 3, do art. 529, instituído em 50%.

Por restringir temporariamente a liberdade da pessoa, a prisão civil é tida como a via

mais gravosa para a execução de alimentos, sendo a única forma legal de prisão civil com

respaldo legal no Brasil, e encontra-se prevista no art. 528, em seu parágrafo 3, do NCPC. A

determinação dada ao magistrado, quando solicitado pela parte credora, é que a parte

devedora seja intimada, e, no prazo de três dias esta cumpra o pagamento, ou se faça provar

que já realizou ou de forma documentada justifique o motivo de incapacidade financeira para

a não realização do pagamento.

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Caso a dívida não seja devidamente paga ou a justificativa não seja acatada pelo juiz,

este, então, determinará a prisão da parte devedora pelo prazo de um a três meses conforme as

características do caso.

A Lei nº 13.105/2015, versa da seguinte maneira:

Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento. § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

Nesse caso, consta no NCPC a clara menção de revogação expressa dos art. 16 e 18 da,

Lei nº 5.478/1968 (Lei de Alimentos), porém, o art. 19, que aduz sobre o lapso temporal em

face da coerção pessoal não foi suprimido. Sendo assim, o prazo do Novo Código de Processo

Civil continua vigorando exatamente como no código anterior, ou seja, de um a três meses,

conforme sentença devidamente justificada.

Com base nessa diretriz, Rodrigues (2015), esclarece que:

A exceção que esta regra comporta é no que tange a alimentos provisionais, que não estão previstos no Código e, portanto, a duração da prisão deve ser calcada no artigo 19 da Lei de Alimentos com prazo máximo de sessenta dias (RODRIGUES, 2015, s/p).

Consta em entendimento de corrente doutrinária o entendimento de que a revogação

do art. 19, da Lei nº 5.478/1968 é implícita, ou seja, para eles, o prazo da prisão civil da parte

devedora do alimento deve ser aquele anotado no Novo Código de Processo Civil, qual seja,

de um a três meses.

Conforme descrito por Dias (2017), como forma de evitar a prisão civil, a parte

devedora precisa apresentar uma justificativa plausível e verídica, com base jurídica e apelo

social excepcionais, como por exemplo, quando existem motivos impeditivos do pleno

exercício da atividade laboral, que seja incontestável e não possa ser mudada conforme a

vontade da parte devedora.

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Nesse contexto prevalece o entendimento de que o fato de o executado se encontrar

desempregado não é motivo forte para justiçar a incapacidade de prover o alimento aos filhos,

já que se aquele consegue se manter estando desempregado, estes poderão ser mantidos

juntamente com ele.

A jurisprudência assevera o entendimento da corrente doutrinária que se refere ao

desemprego como injustificável:

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. DESEMPREGO DO ALIMENTANTE. LIQUIDEZ, CERTEZA E EXIGIBILIDADE DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. PRISÃO CIVIL. CABIMENTO. 1. A alegação de desemprego do devedor não constitui justificativa válida para o inadimplemento do encargo 40 alimentar. Conclusão nº 46 do CETJRS. 2. O desemprego do devedor não é causa extintiva da obrigação, nem afeta a higidez do título executivo, que permanece sendo líquido, certo e exigível, e corresponde ao último valor pago pelo alimentante quando estava empregado, quando os alimentos são fixados em percentual sobre os ganhos dele. 3. Somente a impossibilidade momentânea e absoluta de adimplir o encargo alimentar, é que constitui justificativa ponderável para afastar a prisão civil do devedor em ação de execução de alimentos, fato que não ocorreu. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70070489265, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 26/10/2016). (TJ-RS - AI: 70070489265 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 26/10/2016, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/11/2016)

No caso da coerção pessoal, sua natureza não é punitiva e, mas coercitiva, e por essa

característica jurídica é que se tem a soltura imediata do executado assim que este realiza o

pagamento da dívida. Conforme demonstrado no parágrafo 6, do art. 528, do Novo Código de

Processo Civil.

Em seu parágrafo 4º, o NCPC determina que o regime adotado para o cumprimento da

ação coercitiva é o fechado, sendo a parte devedora quando presa deve ser mantido isolado

dos mais presos.

Na sequência é demonstrada uma jurisprudência acerca da execução de alimentos e

posterior revogação da prisão:

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PAGAMENTO DA DÍVIDA. REVOGAÇÃO DA PRISÃO CIVIL. PRECLUSÃO. INEXISTENCIA DE DÉBITO. Tendo o devedor efetuado o pagamento integral da dívida, cabivel o a extinção do processo. Recurso desprovido. (TJ-RS - AC: 70070947478 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 26/10/2016, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/11/2016)

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Assim que o prazo da prisão findar e ainda assim a parte devedora não realizar o

pagamento, será solto inevitavelmente, sem deixar de existir a obrigatoriedade do pagamento

em face da prestação alimentar. Isso significa que, mesmo com o pagamento do montante até

o dia da prisão, não exime do pagamento das prestações futuras determinadas após o transito

julgado da ação de execução alimentar.

A lei não permite que alguém seja privado de liberdade em decorrência de um mesmo

fato gerador da prisão, ou seja, a mesma dívida por alimentos não pode ser razão motivadora

de prisão do mesmo devedor, e no caso de determinação de coerção pessoal, recorre-se ao

agravo de instrumento como recurso aplicável, endereçado ao Tribunal do foro da ação, no

prazo legal de dez dias. Outro recurso aplicado e aceito é a impetração de habeas corpus em

substituição ao agravo de instrumento. No entanto, essa ferramenta jurídica constitucional só

tem validade quando constatada qualquer ilegalidade por parte do decreto que originou o

mandado de prisão.

O NCPC, traz em seu escopo, a possibilidade do julgador da ação de decretar, por ato

de ofício, a execução do título judicial se porventura a parte devedora não cumpra com o

pagamento da dívida proveniente da prestação alimentar e ainda, não comprove que tenha de

fato realizado o pagamento ou que não apresente a robusta justificativa para o não pagamento.

Essa forma de atuação encontra guarida no artigo 528 (parágrafo 1) em conjunto com o artigo

517 do novo Codex, que possibilita a inclusão do nome do devedor nos cadastros de proteção

ao crédito (SERASA, SPC). Caso seja então determinado pelo juiz, a parte devedora terá o

CPF inserido, ficando negativado para transações comerciais.

Pereira (2016), dá seu entendimento referente ao tema:

Caso o devedor não o faça, o juiz poderá mandar protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517 (art. 528, §1o ). Assim, o novo CPC cria um protesto de dívida alimentícia, incumbindo ao exequente apresentar certidão de teor da decisão, que deverá ser fornecida no prazo de três dias e deverá indicar o nome e a qualificação o exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário. Comprovada a satisfação integral da obrigação, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório (PEREIRA, 2016, p. 672),

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No que tange a obrigação de prestação alimentar proveniente de título extrajudicial a

regulamentação dada pelo Novo Código de Processo Civil encontra-se descrita nos artigos de

911 até 913. Compreende-se como título extrajudicial o registro público de ação de divórcio,

ou nos casos de dissolução de união estável, que tenham lavra cartorária e os acordos de

pagamento de pensão que tenha sido realizado pela defesa das partes envolvidas na lide, pelo

Ministério Público (MP) ou pela Defensoria Pública Estadual (DPE).

Tanto na execução de título extrajudicial como na execução decorrente de título

judicial, é de escolha da parte credora qual o procedimento a ser adotado para receber o valor

requerido e determinado em juízo. O regramento aplicável nos casos de execução

provenientes e título extrajudicial é necessariamente o mesmo que procede a execução

determinada nos artigos 528 a 533 do Novo Código de Processo Civil.

Tem-se a determinação do artigo 911 do NCPC:

Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2o a 7o do art. 528.

Conforme demonstrado, isso pode ser confirmado na redação do artigo 911, parágrafo

único, 42 quando faz alusão ao artigo 528, do mesmo Codex, em que demonstra que as regras

da execução proveniente de título judicial podem ser aplicadas, quando necessário e possível,

para a execução de alimentos decorrente de título extrajudicial.

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CONCLUSÃO

Ficou demonstrado que uma efetiva prestação alimentar por meio de execução de

alimentos não é um tema simples ou fácil de se compreender. Por envolver questões

familiares, o processo se torna mais árduo e complexo, o que dificulta a obtenção de êxito em

decorrência de vários fatores alheios aos meandros jurídicos.

Todo sacrifico é válido para que seja garantida e mantida a qualidade de vida da prole

devendo sempre ser utilizado o melhor remédio jurídico visando a entrega da tutela

jurisdicional definitiva quando se tratar de pagamento de dívida por atraso na prestação

alimentar.

Com a promulgação do Novo Código de Processo Civil ficou demonstrada a

preocupação do legislador em apresentar inovações que tornasse o processo cada vez mais

célere e exitoso para quem realmente precisa. Foram apresentadas modificações primorosas na

tentativa de entregar o máximo de eficiência possível no que concerne as ações de execução

alimentar.

É incontestável que um dos gargalos mais expressivo do Direito das Famílias

contemporâneo faz alusão às dificuldades da rotina jurídica do ponto de vista de aplciacao das

leis em si, como forma de resguardo e efetividade no cumprimento das obrigações de

adimplemento na execução de alimentos.

É fato que o tema relativo a prestação alimentar se insere no contexto do princípio da

dignidade humana, visando assegurar a própria subsistência daquele que tem o

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direcionamento do alimento requerido via ação judicial, é por isso a compreensão da natureza

emergencial que se deve dar ao processo, exigência essa que servirá como um elemento de

estimulo à agilidade, celeridade, eficiência e efetividade da cobrança dos valores referentes a

prestação alimentar.

A oposição ao devido cumprimento do dever legal da prestação de alimentos coloca

em descredito não somente a efetividade força da decisão judicial, mas o próprio direito à vida

e a justificativa de ser do ordenamento jurídico brasileiro, que visa em primeiro lugar, a

proteção do ser humano e a ordem social.

Sobre as discussões levantadas por estudiosos e especialistas dessa abordagem foi

possível observar que restam pontos controversos no assunto e questionamentos com alguma

pendência, que são merecedores de debates futuros, com o intuito de esclarecimento e

aperfeiçoamento dos itens que tratam do universo da prestação alimentar.

Na leitura das matérias jurídicas e textos científicos referentes ao tema constatou-se

que o desenvolvimento das bases jurídicas do Direito Familiar se manteve ao nível do

desenvolvimento de outros segmentos que exercem influência sobre as condutas dos homens

na vida em sociedade, portanto não se mantiveram estagnadas no tempo. Esse

desenvolvimento se faz de forma totalmente integrada ao contexto social e tem seu

aprimoramento anexado às alterações mais perceptíveis do comportamento social.

Uma das prioridades do Direito das Pessoas é a de se manter constantemente

aperfeiçoado para que possa se apresentar como uma ferramenta de ordenação justa e eficaz

no atendimento das necessidades jurídicas dos indivíduos.

O estudo da execução alimentar caminhou no mesmo compasso que as demais áreas

do direito, em consonância ao aprimoramento da sociedade em geral. As mudanças advindas

da promulgação do Novo Código de Processo Civil são resultadas de batalhas duradouras de

legisladores atinados as necessidades e carências das famílias que buscam tais direitos.

Porem, os impasses burocráticos e políticos fizeram com que se mantivessem algumas

imperfeições contidas nas leis revogadas, e repassadas para o novo Codex regente sobre as

condutas sociais. Tais deficiências trouxeram consigo consequências maléficas para as

decisões de julgo dos juízes em ações de execução de alimento. Isso porque a própria estrutura

social e familiar apresentou alguns pontos de mudanças mais significativas que mereciam o

acompanhamento das jurisdições pertinentes.

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A doutrina jurídica sempre buscou regulamentar o convívio social, sendo que para se

alcançar tais objetivos, necessário se fez a imposição de limites nas normas de condutas e nos

moldes sociais estabelecidos juridicamente. De certo pelo cenário que se formou diante dos

embates ocorridos na era moderna, restou ao campo das ciências jurídicas a busca pela

manutenção da seguridade jurídica aos indivíduos nas ocasiões em que mais necessitem de

amparo e proteção do Estado.

Assim sendo, de todos os ângulos que se possa notar, as leis e jurisdições de natureza

alimentar tentaram se atrelar aos processos evolutivos dos meios jurídicos no período que

compreende a formação da sociedade moderna e suas mudanças culturais e também o advento

da globalização, chegando-se então aos extremos das casas de legislação e dos tribunais no

posicionamento quanto à avaliação dos casos e seu julgamento.

Resumidamente, sobre a execução de alimentos recai alguma possibilidade de

aplicação sob o campo de domínio estudado, tendo em seu resguardo, a capacidade material

de execução em decorrência de algum caso específico. O vínculo alimentício é coisa

permanente nas relações familiares.

Para alguns estudiosos as obrigações alimentícias tendem a minar em decorrência da

equiparação dos sexos em relação a ascensão social do sexo feminino e a mudança do perfil

paterno nas famílias.

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