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Um Diálogo Interdisciplinar Programa de Pós-Graduação em Bioética Cátedra Unesco de Bioética Faculdade de Ciências da Saúde da UnB Brasília, 07 de abril de 2015 José Paranaguá de Santana Assessor Internacional Coordenador do Nethis Fiocruz/Brasília

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Um Diálogo Interdisciplinar

Programa de Pós-Graduação em BioéticaCátedra Unesco de BioéticaFaculdade de Ciências da Saúde da UnBBrasília, 07 de abril de 2015

José Paranaguá de SantanaAssessor Internacional

Coordenador do NethisFiocruz/Brasília

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Um roteiro possível entreReferenciais Doutrinários e um ‘Circulo de Fogo’

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. (Guimarães Rosa, Grande Sertão – Veredas, pág. 52).

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Referenciais sobre Cooperação Internacional em Saúde & Bioética

Carta das Nações Unidas (1945)

Capítulo IX: Cooperação Internacional Econômica e Social,Objeto (Artigo 55) e Instrumento (Artigo 56) para:“relações pacíficas e amistosas entre as Nações,

baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitose da autodeterminação dos povos”.

Contudo,Sob esse manto da solidariedade internacional,

no cenário das bipolaridades Norte-Sul e Leste-Oeste,persistiram e fortaleceram-se relações colonialistas sob a designação de:

Cooperação para o Desenvolvimento (ONU, 1948).

Resultantes, nos últimos 65 anos:- Baixo impacto para o DCT&I dos países “beneficiários”

- Riscos e danos para a saúde de suas populações.

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Referenciais sobre Cooperação Internacional em Saúde & Bioética

Constituição da OMS (ONU, 1947):

Dentre os 9 Princípios constantes no preâmbulo,o segundo reconhece a saúde como direito humano fundamental

e os três seguintes remetem para compromissos dos Estados em prol desse direito,mediante cooperação internacional:

1. “[...] Health is a state of complete physical, mental and social well-being and not merely the absence of disease or infirmity.

2. The enjoyment of the highest attainable standard of health is one of the fundamental rights of every human being without distinction of race, religion, political belief, economic or social condition.

3. The health of all peoples is fundamental to the attainment of peace and security and is dependent upon the fullest co-operation of individuals and States.

4. The achievement of any State in the promotion and protection of health is of value to all.5. Unequal development in different countries in the promotion of health and control of disease, especially

communicable disease, is common danger.”6. Healthy development of the child is of basic importance; the ability to live harmoniously in a changing total

environment is essential to such development.7. The extension to all peoples of the benefits of medical, psychological and related knowledge is essential to the fullest

attainment of health.8. Informed opinion and active co-operation on the part of the public are of the utmost importance in the improvement

of the health of the people.9. Governments have a responsibility for the health of their peoples which can be fulfilled only by the provision of

adequate health and social measures.”

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Referenciais sobre Cooperação Internacional em Saúde & Bioética

Plano de Ação de Buenos Aires

Conferencia das NU sobre Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento (1978)Marco de referência histórica de um processo desencadeado em meados do Século XX,

que consolidou as relações entre “países em desenvolvimento”como contraponto às condições de desigualdade e dependência vigentes

nas relações desses com os “países desenvolvidos”.

Resolução das NU (2004) sobre Cooperação Econômica e Técnica entre Países em Desenvolvimento

Designação do Comitê de Alto Nível e daUnidade Especial para Cooperação Sul-Sul (antes denominados de CTPD)

e criação da Data das NU para Cooperação Sul-Sul (19 de dezembro).

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Referenciais sobre Cooperação Internacional em Saúde & Bioética

Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (UNESCO, 2005)

Artigo 13 – Solidariedade e CooperaçãoArtigo 15 – Compartilhamento de Benefícios

Artigo 21 – Práticas TransnacionaisArtigo 24 – Cooperação Internacional:

a) Os Estados devem promover a disseminação internacional da informação científica e estimular a livre circulação e o compartilhamento científico e tecnológico.

b) Ao abrigo da cooperação internacional, os Estados devem promover a cooperação cultural e científica e estabelecer acordos bilaterais e multilaterais que possibilitem aos países em

desenvolvimento construir capacidade de participação na geração e compartilhamento do conhecimento científico, do know-how relacionado e dos benefícios decorrentes.

c) Os Estados devem respeitar e promover a solidariedade entre Estados, bem como entre indivíduos, famílias, grupos e comunidades, com atenção especial para aqueles tornados vulneráveis por doença

ou incapacidades ou por outras condições individuais, sociais ou ambientais e aqueles indivíduos com maior limitação de recursos.

Obs.: o preâmbulo da DUBDH apresenta extensa lista de deliberações das NU e a Declaração de Helsinki (AMM, 1964), além de convenções regionais e regulamentos nacionais.

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Desenvolvimento

Cooperação

Desigualdade

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DesenvolvimentoAvanço C&T-IProgresso E-I

CEIS

CooperaçãoSolidariedadeInteresses Internacional

Nacionais

DesigualdadeAbismo crescente em matéria de riqueza e

bem- estar que separa ricos e pobres

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Bioética

Saúde PúblicaRelações Internacionais

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Enunciado para uma Reflexão:

A análise critica das relações entre desigualdade, desenvolvimento e cooperação

permite supor que as desigualdades entre os diferentes países (bem estar geral; condições de saúde; capacidades nacionais)

podem ser aplainadas ou minoradas mediante a cooperação internacional?

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• O panorama mundial da saúde apresenta evidentes desigualdades entre os países, tanto com relação aos padrões nosológicos quanto à organização e efetividade dos sistemas de saúde.

• Característica desse cenário em perspectiva histórica é a dissociação entre o avanço científico, tecnológico e econômico global e as desigualdades das condições de vida da humanidade, segmentada entre os poucos beneficiários do desenvolvimento e os excluídos, que se deparam mais com seus ônus.

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• Apreciações sobre a gravidade da saúde no mundo e suas tendências, em contraste com os avanços da ciência, da tecnologia e da inovação influenciaram fortemente a inclusão dessa temática na agenda internacional.

• O ponto nevrálgico das contendas atuais nessa esfera é a disputas de poder econômico e científico entre governos e grandes empresas privadas que, por sua vez são fatores-chave no engendramento das desigualdades e injustiças que dividem o mundo entre ricos e pobres.

• A evolução política, conceitual e organizacional das Nações Unidas, focalizando a reconfiguração das polaridades Leste-Oeste e Norte-Sul, bem como o fortalecimento das relações Norte-Norte e Sul-Sul a partir de meados do século passado, representa uma chave interpretativa da proposta de cooperação para o desenvolvimento, particularmente a versão de cooperação técnica entre (ou para?) os países em desenvolvimento, renomeada como cooperação Sul-Sul.

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• Mudanças do significado da saúde na agenda da diplomacia ao longo do tempo incluem hoje assuntos relacionados ao ambiente e questões em disputa ligadas a interesses de grandes empresas ou corporações produtoras dos mais diversos insumos de consumo humano.

• Para conter a nova epidemia de doenças crônicas ou o recrudescimento das enfermidades negligenciadas que acometem os países no mundo globalizado, não bastam a atuação dos serviços de saúde, mediante a prevenção de riscos e eventos, o tratamento e a recuperação de pessoas acometidas e a promoção sistemática de hábitos saudáveis entre a população. É necessária a ação legítima e estratégica da regulação estatal em certas áreas de forte conexão com as questões da saúde.

• Essa acepção regulatória emana do conceito mais amplo de responsabilização social, que faz do Estado um representante legítimo do interesse geral, capaz de atuar no controle de toda a cadeia de produção, difusão e consumo de produtos e serviços, tanto os que são indispensáveis para enfrentamento de doenças, como aqueles nocivos à saúde e ao bem-estar das pessoas e coletividades.

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• Ao abordar a regulação sanitária em áreas prioritárias para os países, ademais da análise da situação nacional e das políticas internas, é indispensável considerar a situação internacional e as políticas externas postas em prática, pois somente desse modo é possível considerar os contextos mais amplos em que se definem problemas e impasses éticos ao curso da ação estatal.

• Essa abordagem deve orientar-se a partir de reflexões sobre esses processos, considerando tanto a capilaridade desse debate nos diversos contextos nacionais quanto no cenário das relações internacionais.

• Nesse sentido, as inter-relações entre desigualdade, desenvolvimento e cooperação internacional passam a ser objeto de interesse para o debate público (além da academia e outros aparatos institucionais), tendo em vista ampliar a sintonia com essa proposta entre diversos segmentos e movimentos sociais interessados/beneficiários da regulação estatal da saúde (inclusive a produção, circulação e consumo de bens e serviços), tornada uma forma eficaz de promoção social da saúde.

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Grato pela atenção

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Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde(Nethis/Fiocruz Brasília)

www.bioeticaediplomacia.org