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UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE PRECIFICAÇÃO DE UMA EMPRESA DO VAREJO DE MODA Danilo Obriem Dantas Rafael Cesar Santos Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Klitia Valeska Bicalho de Sá Rio de Janeiro Abril de 2016

UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE … · ajudaram nessa fase árdua e que, no final da faculdade, temos felicidade em falar que ... atual de mercado da empresa, como a empresa

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UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE

PRECIFICAÇÃO DE

UMA EMPRESA DO VAREJO DE MODA

Danilo Obriem Dantas

Rafael Cesar Santos

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia de Produção da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro.

Orientador: Klitia Valeska Bicalho de Sá

Rio de Janeiro

Abril de 2016

i

UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE

PRECIFICAÇÃO DE

UMA EMPRESA DO VAREJO DE MODA

Danilo Obriem Dantas

Rafael Cesar Santos

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof Klitia Valeska Bicalho de Sá, D.Sc. (Orientador)

________________________________________________

Prof. José Roberto Ribas, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Regis da Rocha Motta, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Abril de 2016

ii

Dantas, Danilo Obriem

Santos, Rafael Cesar

Um estudo de caso sobre o processo de precificação de

uma empresa do varejo de moda/ Danilo Obriem Dantas, Rafael

Cesar Santos – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

VI, 51 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Klitia Valeska Bicalho de Sá

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de Produção, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 50-51 1. Redução de perdas 2. Aplicação do Lean

Manufacturing. 3. Indústria de Cosméticos

I. de Sá, Klitia Valeska B II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III. Um estudo de caso sobre o processo de precificação de uma empresa do varejo de moda

iii

Agradecimentos

Os integrantes gostariam de agradecer, primeiramente, as nossas famílias, que

serviram de base nessa longa jornada durante a faculdade e nos outros períodos da

vida.

A professora Klitia de Sá, por ter nos ajudado durante a execução do trabalho,

fornecendo todo o material necessário para a execução do mesmo, além de ter

fornecido seu tempo e seu conhecimento que conseguiram enriquecer muito o

trabalho.

Aos colegas de faculdade que, durante os longos anos de faculdade, nos

ajudaram nessa fase árdua e que, no final da faculdade, temos felicidade em falar que

eles são amigos que levaremos para toda a vida.

Um agradecimento especial para todos os funcionários da empresa, que nos

ajudaram a enriquecer o trabalho e deixam divulgar sobre a empresa.

iv

"Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência."

Santo Agostinho

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Um estudo de caso sobre o processo de precificação de uma empresa do

varejo de moda

Danilo Obriem Dantas

Rafael Cesar Santos

Abril/2016

Orientador: Klitia Valeska Bicalho de Sá

Curso: Engenharia de Produção O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sobre o mercado de

moda de luxo brasileiro visando avaliar as principais características do setor,

caracterizar os principais representantes de mercado e, por fim, as principais

tendências deste mercado.

O estudo inclui um estudo de caso sobre a empresa X, sendo apresentada a situação

atual de mercado da empresa, como a empresa tem se desenvolvido ao longo dos

últimos anos, como ela ainda pode continuar crescendo de forma sustentável e quais

são os desafios da empresa.

Um importante desafio identificado para empresa foi a precificação dos seus produtos

e o estudo de caso dá especial atenção à como a empresa define os preços dos seus

produtos.

Palavras-chave: Varejo; Moda de Luxo; Precificação

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Industrial Engineer.

A case study of the pricing process of a fashion retail company

Danilo Obriem Dantas

Rafael Cesar Santos

April/2016

Advisor: Klitia Valeska Bicalho de Sá

Course: Industrial Engineering

This study aims to present the current situation of the Brazilian luxury fashion market,

conduct a literature review on the topic, present the main features of the sector, to

characterize the main representatives of the market and, finally, to identify the main

trends of this market .

Also will be a case study on the Company X, this study presents the current situation of

the enterprise market, as the company has developed over the past few years, as it

can still continue to grow in a sustainable way and what are the challenges from the

company.

The case study on the Company X, also aims to show how the company makes the

way on the pricing of their products model.

Keywords: Retail; Luxury Fashion; Pricing

1

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1. Motivação ..................................................................................................................... 1

1.2. Objetivos ...................................................................................................................... 1

1.3. Relevância do Estudo .................................................................................................. 2

1.4. Capítulos ...................................................................................................................... 3

2. Revisão Bibliográfica .......................................................................................................... 4

2.1. Sobre o Varejo ............................................................................................................. 4

2.1.1. Histórico da evolução do Varejo ............................................................................ 7

2.2. Sobre o Varejo de Moda ............................................................................................. 8

2.2.1. Histórico do varejo de moda brasileiro ............................................................... 10

2.3. Sobre Precificação ..................................................................................................... 11

2.3.1. Preferência do Consumidor .............................................................................. 13

2.3.2. Sobre Modelos de Precificação ......................................................................... 16

2.3.3. Precificação por competição ............................................................................. 16

2.3.4. Precificação por demanda ................................................................................ 17

2.3.5. Considerações finais sobre precificação .......................................................... 18

2.4 Sobre a Situação econômica brasileira ........................................................................ 18

2.4.1. Anos de 2003 até 2010 ........................................................................................... 18

2.4.2. Ano de 2011 até 2015 ............................................................................................. 20

3. Uma análise do Varejo de Moda de Luxo ....................................................................... 21

3.1. Forças de Porter ........................................................................................................ 21

3.1.1. Comparações entre varejo tradicional e varejo de moda de luxo ................. 23

3.1.2. Cinco forças de Porter para o setor de varejo de moda de luxo ................... 24

3.2. Principais Empresas do mercado ............................................................................. 25

3.2.1. Concorrentes ...................................................................................................... 25

4. O Estudo de Caso .............................................................................................................. 27

4.1. Descrição da empresa X ............................................................................................ 27

4.2. Pontos fortes da Empresa X ..................................................................................... 30

4.3. Problemas enfrentados pela Empresa X ................................................................. 31

4.4. Precificação na Empresa X ....................................................................................... 34

4.5. Uso do Mark Up ......................................................................................................... 35

4.6. Precificação por demanda - desafios. ...................................................................... 36

4.7. Modelo para análise de preço para empresa de varejo de moda de luxo. ............ 38

4.8. Pricing e a Empresa X .............................................................................................. 41

5. Conclusão ........................................................................................................................... 48

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 49

2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de Indiferença ................................................................................................... 14

Figura 2 - A estrutura de "cinco forças" para análise industrial .................................................. 22

Figura 3 - Posicionamento focal atual da Empresa X .................................................................. 28

Figura 4 - Posicionamento em relação ao preço médio e idade média da Empresa X ............... 28

Figura 5 – Modelo de Greiner ..................................................................................................... 32

Figura 6 - Crises de Greiner ......................................................................................................... 33

Figura 7 - Definições de fase ....................................................................................................... 33

Figura 8 - Organograma do Mark up da Empresa X .................................................................... 34

Figura 9 - Ciclo de vida da coleção .............................................................................................. 35

Figura 10 - Mark up x Estoque .................................................................................................... 36

Figura 11 - Fórmula Mark Up ...................................................................................................... 38

Figura 12 - Variáveis que definem o custo dos produtos vendidos (CPV) .................................. 38

Figura 13 - Quebra do Valor pela perspectiva do consumidor ................................................... 39

Figura 14 - Lucro do consumidor................................................................................................. 40

Figura 15 - Curva de demanda produto desejo ........................................................................... 41

Figura 16 - Curva de demanda produto desejo com correção de preço .................................... 41

Figura 17 – Análise de alteração dos preços ............................................................................... 43

Figura 18 – Etapas utilizadas para aprofundamento dos estudos de preço ............................... 43

Figura 19 – Produto com giro maior do que o esperado ............................................................ 45

Figura 20– Produto com giro corrigido pelo aumento de preço ................................................. 46

Figura 21 - Mapa resumo comportamento do produto .............................................................. 46

Figura 22 - Venda produto desejo X coleção .............................................................................. 47

3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução do faturamento, número de lojas e número de funcionários do varejo ao

longo dos anos ............................................................................................................................... 7

Tabela 2 - Tipos, conceitos e exemplos de benefícios e custos incorridos pelo cliente na compra

de produtos/serviços .................................................................................................................... 13

1

1. Introdução

1.1. Motivação

Os autores deste projeto são ambos alunos do curso de Engenharia de Produção

da UFRJ que, ao longo de suas vidas acadêmicas, realizaram trabalhos de campo sobre

empresas públicas e privadas e sobre setores da economia,

Dentre os vários setores da Economia com os quais os autores tiveram contato

ao longo do curso, o varejo inspira especial interesse aos autores pela:

1) relevância do setor para economia.

2) percepção de que há muito que se melhorar na gestão das empresas de

varejo, em especial as pequenas e médias empresas.

O varejo de moda é amplo e para estuda-lo foi considerado definir um

segmento especifico para estudo. Foi escolhido o varejo de moda de luxo feminino pois

um dos autores trabalha em uma importante empresa do setor que tem feito

investimentos em melhoria de gestão visando estabelecer-se como líder do setor de

moda feminina de luxo no mercado nacional. .

Os autores procuraram como orientadora a professora Klítia Valeska Bicalho

de Sá, pois sabiam que essa já orientou trabalhos que estudavam os aspectos

qualitativos e quantitativos de certos setores e indústrias. Os autores também sabem do

interesse da professora pelo mercado varejista, por isso decidiram convida-la para ser a

orientadora do projeto.

Dentre as questões que inicialmente instigaram os autores incluem entender

melhor sobre as diferenças do setor de moda de luxo em relação ao varejo de moda

tradicional no que se refere a questões como comportamento do consumidor,

importância da marca, precificação e operações.

1.2. Objetivos

O trabalho tem como objetivo apresentar as características do mercado

varejista de moda no Brasil visando saber como o setor se comporta, quais suas

tendências, etc. Um estudo de caso da empresa X, empresa onde um dos autores

2

trabalha, tendo assim uma maior facilidade para conseguir dados e informações sobre a

empresa.

Dois grupos de questões serão abordadas no trabalho:

Grupo 1: características gerais do setor que incluem as questões:

Quais as principais empresas do mercado de moda varejista brasileiro?

Quais as características do setor de moda brasileiro?

Grupo 2: características especificas de uma empresa do setor:

Como a Empresa X está posicionada no mercado?

Como tem sido o crescimento da Empresa X?

Como a Empresa X se posiciona frente aos seus concorrentes?

Qual a qualidade da gestão da empresa em aspectos relevantes como

construção da marca e precificação.

As perguntas acima visam guiar o projeto que consiste em uma análise setorial

com um estudo de caso que é útil para ilustrar tendências indicadas pelo estudo setorial.

Uma revisão bibliográfica em especial sobre modelos de precificação foi feita

visando comparar o previsto na teoria com o que a empresa estudada tem efetivamente

utilizado em sua gestão. É de particular interesse avaliar aspectos da precificação

relevantes para o mercado de moda de luxo de moda que se difere do varejo de moda

tradicional.

1.3. Relevância do Estudo

O varejo é um setor dinâmico, intenso e com baixas margens e muitas vezes os

operadores de lojas e empresas do setor, em especial empresas pequenas, parecem

conduzir seus negócios sem muitas análises prévias sobre dados de mercado e da

concorrência. A alta fragmentação do setor, diferentemente do que ocorre no varejo de

alimentos, representa um fator que dificulta o levantamento de dados para os players do

3

varejo de moda. Neste contexto, o trabalho pretende auxiliar pesquisadores e

profissionais que atuam ou se interessam pelo setor foco.

Segundo CASTRO (1997) citado por TRINTA (1999) “...dizemos que um

tema é importante quando está ligado a uma questão crucial que polariza ou afeta um

segmento substancial da sociedade...”(p.56). Segundo a IBEVAR – Instituto Brasileiro

de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo – as 120 maiores empresas de varejo

do Brasil tiveram um faturamento de 424 Bilhões de reais em 2014, sendo que destas

empresas, as de varejo de moda e esportes foram responsáveis por 45 bilhões. Além

disso, as 120 maiores empresas do setor empregam 1.184 milhões de pessoas, sendo

152 mil pessoas só do setor de moda e esportes.

1.4. Capítulos

O capítulo 2 é uma revisão bibliográfica sobre o setor varejista e sobre o setor

de moda brasileiro. Além disso são explicados sobre os diferentes modelos de

precificação de produtos.

O capítulo 3 faz uma revisão sobre a atual situação econômica brasileira.

Pretende-se assim avaliar a atual situação do setor varejista dentro deste contexto. Este

capítulo não tem como objetivo ser extenso no intuito de criticar políticas

macroeconômicas e nem quaisquer reflexões sobre as decisões políticas por tais destas

decisões. O capítulo também não citará medidas para resolver ou melhorar a situação

econômica.

O capítulo 4 descreve quais são as características do mercado de moda varejista

e como o setor vem se comportando ao longo dos anos. São apresentadas ainda as

principais empresas deste mercado.

O capítulo 5 descreve o estudo de caso sobre a Empresa X. Num primeiro

momento será apresentando as informações gerais sobre a empresa com as suas

características (número de lojas, número de funcionários, principais produtos vendidos

etc). A segunda parte deste capítulo descreve sobre o crescimento da empresa,

efetividade de promoções, etc. Por fim, a última etapa comenta sobre qual é a forma de

precificação utilizada pela empresa.

O capítulo 6 descreve a conclusão do trabalho, além de sugerir passos para

futuros estudos sobre o tema.

4

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Sobre o Varejo

Segundo PARENTE (2000), O varejista é qualquer organização que tem como

a principal atividade a venda de produtos ou serviços para o consumidor final. Segundo

Keller e Kloter (2006), a definição de varejo é a venda dos produtos ou serviços para o

consumidor final, sendo que o mesmo deve ter uso pessoal e não comercial.

Segundo a Associação Americana de Marketing (AMA), citado por LAS

CASAS (2002), o varejo é uma unidade de negócio que compra mercadoria de

fabricantes, atacadistas e outros fornecedores, e posteriormente, efetua a venda em

quantidades menores para o consumidor final.

Para Levy e Weitz (2002), “um varejista é negociante que vende produtos e

serviços de uso pessoal ou familiar aos consumidores. Um varejista é o último canal de

distribuição que liga fabricantes aos consumidores. ”

Lamb, Hair e McDaniel (2004) a venda do produto ou serviço ao consumidor

final, também tem características pessoais, fazendo com que o seu produto ou serviço

melhore a qualidade de vida do consumidor.

Segundo KOTLER (2000, p. 540) citado por ESTENDER (2005)

“O varejo engloba todas as atividades relacionadas à venda direta de

produtos e serviços aos consumidores finais, para uso pessoal, não

relacionada a negócio. Qualquer empresa que forneça um produto ou

serviço para o consumidor final está praticando varejo. A venda pode

ser realizada de forma pessoal, por correio, por telefone, por máquinas

de vendas ou pela internet, em uma loja, na rua ou na casa do

consumidor. Há diversos tipos de organizações de varejo, e

continuamente surgem novos. Existem os varejistas de loja, varejista

sem loja e organizações de varejo.”

Segundo TRINTA (1998) citado por LA PEÑA (2003)

5

“O varejo assume o papel de intermediador entre a indústria e o

consumidor final. A intermediação se dá através da compra de

mercadorias em volume superior ao que seria adquirido pelo

consumidor final, com o benefício de preços mais baixos devido à

quantidade negociada. Posteriormente, o varejista vende ao

consumidor final tais mercadorias, a preços mais elevados. Dessa

maneira, o varejo é o elo central da cadeia que leva o produto do

fabricante ao consumidor final.”

COBRA (1990) citado por LA PEÑA (2003), define que o varejista é um

intermediador entre o consumidor final e a indústria. Desta forma ele deve atuar

escoando os produtos das indústrias, fornecedores, atacadistas e, por fim, prestar serviço

de qualidade para o consumidor final.

Segundo o Ranking IBEVAR 2015 (2015), as 120 maiores varejistas faturaram

aproximadamente R$ 422 Bilhões, representando 30,6% de todo Consumo de Bens. 84

empresas faturaram acima de R$ 1 Bilhão de reais.

Ainda segundo ranking IBEVAR 2015 (2015), “o Mercado de Varejo &

Consumo é considerado bastante heterogêneo e fragmentado: a primeira empresa do

ranking (GPA) é 9,4 vezes maior que a décima empresa do ranking (Raia Drogasil). Das

120 empresas analisadas, apenas 8 empresas estão nos 27 estados do Brasil e apenas 8

empresas operam mais de 1.000 lojas, uma a mais que na edição 2014.”A tabela 1

mostra o faturamento de cada setor do varejo, bem como o número de loja e quantidade

de pessoas que emprega.

Supermercados

Hipermercados

e Atacado

2011 2012 2013 2014

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

165.000 186.000 214.000 208.000

Número de lojas 4.537 4.785 5.790 4.585

Número de

funcionários 471.000 571.000 597.000 534.000

Eletrônicos e 2011 2012 2013 2014

6

Imóveis

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

39.000 48.000 55.000 87.000

Número de lojas 4.005 4.605 5.064 6.061

Número de

funcionários

106.000 124.000 126.000 188.000

Moda e

Esportes 2011 2012 2013 2014

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

27.000 31.000 39.000 45.000

Número de lojas 2.607 3.157 3.748 4.334

Número de

funcionários

100.000 117.000 140.000 152.000

Drogarias e

Perfumarias 2011 2012 2013 2014

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

24.000 27.000 34.000 40.000

Número de lojas 6.876 7.610 8.637 8.848

Número de

funcionários

80.000 90.000 103.000 114.000

Material de

Construção 2011 2012 2013 2014

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

6.000 8.000 12.000 15.000

Número de lojas 248 276 302 625

Número de

funcionários

21.000 27.000 28.000 32.000

Fast-food,

Conveniência 2011 2012 2013 2014

7

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

6.000 9.000 11.000 13.000

Número de lojas 3.482 4.294 4.753 5.367

Número de

funcionários

79.000 112.000 123.000 126.000

Especializado e

Outros 2011 2012 2013 2014

Faturamento

(em Milhares de

Reais)

9.000 10.000 15.000 14.000

Número de lojas 2.634 2.624 3.235 4.713

Número de

funcionários

17.000 24.000 29.000 38.000

Tabela 1 - Evolução do faturamento, número de lojas e número de funcionários do

varejo ao longo dos anos

Fonte: Ranking IBEVAR 2015 – 120 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro

2.1.1. Histórico da evolução do Varejo

Segundo LA PEÑA (2003), a década de 90 foi de extrema importância para o

mercado de varejo brasileiro, pois as políticas econômicas como o Plano Real em 1994

e a abertura econômica brasileira em 1991 fizeram diversas mudanças no setor.

Segundo TRINTA (1998) o ganho das empresas varejistas no período em que o

Brasil tinha uma inflação elevada, antes da implantação do Plano Real, ocorria por meio

da venda do produto a vista para o consumidor final e o pagamento a prazo ao

fornecedor. Essa prática fazia os grandes varejistas a trabalharem somente com os

lucros da movimentação financeira e não da atividade operacional.

LA PEÑA (2003) explica que os ganhos financeiros eram tão elevados que os

varejistas não focavam seus esforços nas suas atividades fim que era o gerenciamento

dos produtos, os varejistas só focavam nos saldos de caixa, que mascaravam as

ineficiências operacionais dos varejistas. As políticas econômicas levaram a uma

diminuição da inflação, desta forma os ganhos financeiros que as empresas de varejo

8

ficassem menos significativos e suas ineficiências operacionais ficassem mais

relevantes.

LA PEÑA (2003) também explicou que as empresas estrangeiras vieram para

o Brasil visando entrar num mercado ainda inexplorado, com altas oportunidades e com

baixa competitividade local. Além disso, a onda de fusões e aquisições fortaleceu o

poder financeiro das empresas multinacionais.

ESTENDER (2005) também comenta sobre o período de grandes aquisições no

varejo brasileiro, que ocasionou uma mudança competitiva no setor, levando as

empresas a se adaptarem e se tornarem mais eficientes, visando a sobrevivência delas.

Um caso emblemático foi a empresa Mesbla que foi uma grande empresa do

comércio varejista não alimentar, que possuía um catálogo de produtos que ia de

ferramentas até carros. A empresa não conseguiu se adaptar as mudanças de mercado e

em 1995 pediu concordata, sendo esta concedida em 1997.

2.2. Sobre o Varejo de Moda

Definido o conceito de varejo no tópico acima é essencial definir e conceituar o

que é moda, visto que é um fenômeno que afeta as tendências e os hábitos dos

consumidores, impactando diretamente no comportamento sociocultural, se refletindo

nos hábitos de vestuário.

Segundo HOLLANDER (1996, p. 22) citado por LA PEÑA (2003) moda pode

ser conceituada da seguinte forma:

“Ao final do século XX, “moda” ainda significa principalmente a

variedade momentânea das roupas femininas, percebida enquanto está

sendo inventada e comercializada exatamente como as variedades na

indústria da diversão são, e algumas vezes com estas relacionadas.

“Moda” é o que parece nos meios de comunicação e nas coleções de

estilistas nas lojas, após ter sido mostrada primeiramente nas

passarelas; e, exatamente como na indústria do espetáculo, ela agora

está ligada a nomes famosos e suas associações características

também famosas. As estrelas da “Moda” aparecem, brilham e

desaparecem, novas posturas e temas florescem até murchar ou serem

suplantados por outros, tudo inserido em um contexto de grande e

excitante risco comercial corporativo.”

9

Sendo SOUZA (1987, p. 20-1) citado por LA PEÑA (2003)

“A aproximação em que vivem as pessoas na área urbana desenvolve,

efetivamente, o desejo de competir e o hábito de imitar. Nas

sociedades mais enfastiadas, por exemplo, o ambiente torna-se

propício às inovações que, lançadas por um indivíduo ou um grupo de

prestígio, logo se propagam de maneira mais ou menos coercitiva

pelos grupos imitadores, temerosos de sentirem-se isolados. E se bem

que a competição no início se efetue dentro de um grupo fechado, pois

as leis suntuárias controlam o processo impedindo a participação nele

das camadas inferiores da sociedade, aos poucos, devido às

especulações do comércio ou da indústria, a riqueza e o nível social

deixam de coincidir, os éditos se abrandam e a moda se alastra por um

público mais vasto. ”

Segundo LÉVIS-STRAUSS (1989, p. 75) citado por LA PEÑA (2003) a moda

como caracterização de vestuário pode ser definida e entendida segundo um estudo feito

por KROEBER (1919), pois debate sobre questões antropológicas:

“Em seu estudo acerca da evolução do estilo do vestuário feminino,

Kroeber se dedicou à moda, isto é, um fenômeno social intimamente

ligado à atividade inconsciente do espírito. É raro que saibamos

claramente porque um estilo nos agrada, ou porque sai de moda. Ora,

Kroeber mostrou que esta evolução, aparentemente arbitrária, obedece

a leis. Estas não são acessíveis a observação empírica, e menos ainda a

uma apreensão intuitiva dos fatos de moda. Elas se manifestam

somente quando se mede um certo número de diversos elementos do

vestuário. Estas relações são exprimíveis sob uma forma de funções

matemáticas, cujos valores calculados, num dado momento, oferecem

uma base a previsão.

A moda - aspecto, poder-se-ia acreditar, mais arbitrário e contingente

das condutas sociais - é pois passível de um estudo científico. ”

10

Segundo SAN’ANNA (2007), a moda é um sistema complexo que muda com o

passar do tempo, para atender as vontades e necessidades de um determinado grupo

social. Ainda segundo ele, o sistema da moda seria definido como:

“O sistema de moda seria a própria dinâmica que produziu a

modernidade. Esse sistema produziu-se entre os séculos XII e

XIV, nos quais um novo conjunto de concepções de ordem

antropológica coadunou-se, favorecendo seu surgimento. ”

Segundo COBRA (2007), a moda reflete a forma de vida de uma determinada

camada da população, dentro determinados contextos, tais como lugares e cultura em

um ponto específico do tempo. Ainda segundo o autor, moda não acabou ficando

restrita ao vestuário das pessoas, mas passou para outros segmentos do consumo.

2.2.1. Histórico do varejo de moda brasileiro

Segundo SCHMID (2004), até o final do século XVIII não existia uma forma

organizada e desenvolvida de varejo de moda, a comercialização do vestuário no Brasil

era de forma precária que as roupas eram herdadas através das gerações.

Segundo STEIN (1979), durante o período de 1844 até 1913 ocorreu a

implantação da Industria Têxtil nacional, por meio de fatores internos como mão-de-

obra e mercado consumidor. Desta forma tais fatores influenciaram na evolução da

industrial têxtil e o varejo de moda.

Segundo FUKUSHIMA E MULLER (2008), antes do plano real, o Brasil

copiava os produtos criados na Europa e Estados Unidos. Nesta época o mercado era

fechado e o acesso à informação, a produtos e a matérias-primas era limitado.

Limitando e protegendo o mercado local e, além disso, as marcas e varejistas

internacionais conseguissem operar no Brasil para produção local ou desenvolvimento e

compras no mercado interno era necessário obter uma licença.

Segundo FUKUSHIMA E MULLER (2008), o plano real realizou uma

revolução no mercado varejista de moda, entrando novos produtos, matérias-primas e

marcas.

11

Segundo FUKUSHIMA E MULLER (2008), a partir de 2000, o varejo de

moda brasileiro desenvolveu uma dinâmica própria, utilizando matérias-primas e

padrões de diversas coleções, buscando usar linha de tendência de mercados mais

experientes.

Ainda segundo FUKUSHIMA E MULLER (2008), o varejo de moda brasileiro

é pouco concentrado. Segundo MARISA (2010), o setor de varejo de vestuário é

composto por pequenas empresas e varejistas locais. Esses varejistas locais conseguem

competir com as grandes lojas, mas estes pequenos varejistas carecem de escala, de rede

ampla de fornecedores e de eficiência operacional. O fato de não terem tais eficiências

acabam sendo mais expostas a crises econômicas.

Segundo MARISA (2010), aproximadamente 60% da população brasileira tem

menos de 39 anos de idade, e diversas pesquisas sobre consumo e poder de consumo

dos jovens mostram que os gastos com varejo são os três maiores gastos mensais com

essa categoria. Desta forma se abre uma grande possibilidade para um crescimento do

setor.

Segundo FEGHALI & DVVYER (2001), a moda como produto de vestuário

vai ao encontro da exigência dos consumidores individuais, fazendo com que o seu

consumo continua sempre a crescer. Segundo LUCENA (2001), a demanda por

produtos de vestuário está crescendo em função das mudanças e tendências de moda.

2.3. Sobre Precificação

Segundo BRUNI e FAMÁ (2002) "Falar em preço é, ao mesmo tempo,

analisar custos e estimar fatores intrínsecos do mercado em que o produto ou serviço

será ofertado". Desta forma no processo de precificação é necessário levar em conta

diversos fatores que vão além dos custos. Visto que o setor de luxo varejista é um setor

onde a percepção do cliente ao produto adquirido é muito importante para a composição

do preço, uma análise só pelos custos seria insuficiente.

Segundo SCHIMID (2004), o principal método utilizado pelos médios e

pequenos varejistas de moda para a determinação do preço é o Mark up, método que

será apresentado a seguir.

Segundo HIEBING JR (1999), uma gama de fatores devem ser considerados ao

desenvolver uma estratégia de precificação. A sensibilidade do consumidor ao preço é

12

um dos fatores a serem considerados e esta definição deve estar ligada à vontade ou

capacidade de pagamento do mercado alvo.

Segundo CHETOCHINE (2000), para que se possa definir o preço do produto,

o varejo deve conhecer perfeitamente sobre o que, a partir do que, como e por que os

compradores compram entre si preços de certos produtos e deixam de lado outras

comparações aparentes evidentes.

Ainda segundo CHETOCHINE (2000), os compradores são sensíveis ao início

da estação aos preços de produtos sazonais oferecidos pelos canais de distribuição,

sendo a primeira série de produtos ofertados que darão a base de comparação de preço

ao longo da estação. O uso das estratégias de precificações sazonais sugere como

oportunidades de maior rentabilidade para a política de preço varejista.

Segundo CHURCHILL e PETER (2005, p. 13), o valor obtido pelo cliente

quando este adquire um produto é o resultado da diferença percebida entre o preço de

aquisição do produto e os benefícios deste. Ainda sendo os autores, estes definem 4

tipos de benefícios e 4 tipos de custos que o consumidor avalia na hora de adquirir um

produto e/ou serviço que podem ser vistos na tabela I abaixo.

Benefício

Tipo Conceito Exemplo

Funcional

O que os atributos tangíveis

do produto/serviço

proporcionam ao cliente

O nome da loja fica visível à

noite, facilitando a localização

da mesma

Social

Respostas positivas que os

clientes recebem das outras

pessoas pela compra e/ou uso

do produto/serviço

A clientela da loja elogia o bom

gosto da placa, e a concorrência

comenta sobre a mesma

Pessoal

Sentimentos agradáveis que

os clientes experimentam por

meio da compra, propriedade

e uso do produto/serviço

O proprietário da loja se sente

orgulhoso, feliz e/ou realizado

com a compra e instalação da

placa luminosa

Sensorial

Prazer sensorial

proporcionado pelo

produto/serviço

As cores utilizadas na placa

luminosa e a intensidade de luz

dão um efeito agradável aos

olhos de quem a vê

13

Custo

Tipo Conceito Exemplo

Monetário

Quantidade de dinheiro

necessária para cobrir o preço

do produto/serviço, taxas de

transporte e instalação,

pagamentos por consertos e

juros pagos

O preço que o proprietário

pagou pela placa e pelos

serviços a ela agregados

Temporal

Tempo gasto na compra O proprietário da loja gasta, num

período de três semanas, um

total de oito horas até que a

placa esteja instalada

Psicológico

Energia e tensão mentais

envolvidas no processo da

compra e a aceitação dos

riscos do produto/serviço

O proprietário da loja se sente

inseguro por ter realizado a

compra (dissonância cognitiva)

Comporta-

mental

Desgaste de energia física do

cliente na compra

O proprietário da loja se sente

com os olhos cansados depois de

uma reunião com a empresa, na

qual teve que ficar comparado

diversas opções de layout da

placa

Tabela 2 - Tipos, conceitos e exemplos de benefícios e custos incorridos pelo cliente na

compra de produtos/serviços

Fonte: CHURCHIL E PETER, 2005, p. 15-17

Como mostrado na a tabela 2 acima é possível observar, segundo CHURCHIL

E PETER, quais são os tipos de benefícios observados pelos consumidores na hora de

comprar o produto e quais os tipos de custo que os clientes observam.

Segundo AVLONITIS e INDOUNAS (2005), existem três grandes grupos de

modelos de precificação: baseados em custos, baseados em competição e baseados na

demanda.

2.3.1. Preferência do Consumidor

14

Segundo PINDYCK S. et ALL (Microeconomia, 2010), a demanda de

produtos dos consumidores, segundo a teoria básica de demanda, é baseada em três

premissas:

Os consumidores preferem determinados produtos em relação a outros;

Os consumidores enfrentam restrições de orçamento;

Os consumidores buscam comprar produtos que maximizem sua

satisfação.

Segundo PINDYCK S. et ALL (Microeconomia, 2010), para conseguir

verificar todas as combinações de produtos que os consumidores devem ter, é preciso

fazer uma combinação da cesta de mercado - conjunto com quantidades determinadas

de uma ou mais mercadorias de um determinado produto - por meio das curvas de

indiferenças - combinações de cestas de mercado que geram um mesmo nível de

satisfação a consumidor - possíveis, denominado de mapa de indiferença.

A figura 1 abaixo mostra três curvas de indiferença a U3, a U2 e a U1. Nessa

curva podemos observar que a Curva U3 é a que apresenta um maior grau de satisfação

para os consumidores, depois sendo a curva U2 e por fim temos a curva U1.

Figura 1 - Mapa de Indiferença

Fonte - PINDYCK S. et ALL (Microeconomia, 2010)

Para conseguir entender melhor a forma com que os consumidores escolhem os

seus produtos, é interessante ver além da teoria clássica da demanda do consumidor.

Uma nova área que vem se expandindo e buscar ver as formas novas de preferência do

consumidor é a economia comportamental.

15

Algum dos princípios da economia comportamental que não fazer parte da

teoria clássica são:

Ponto de referência - Valor econômico (chamado de ponto) no qual o

indivíduo toma a sua decisão de consumo;

Efeito dotação - Característica do indivíduo de valorizar mais o produto

quando ele possui esse do que quando ele não o possui;

Aversão a perda - Característica do indivíduo de preferir evitar perdas

do que contabilizar ganhos.

Todas essas outras tendências do consumidor acabam sendo descobertas vendo

não só as características racionais dos consumidores, mas buscando ver os aspectos

sociais e psicológicos dos consumidores.

Segundo KLOTER e KELLER (2006), um segmento de mercado é formado

por um grande grupo de compradores que possuem a mesma preferência, e segundo

estes, existem três tipos de preferência:

Preferências homogêneas – Todos os consumidores têm praticamente as

mesmas preferências;

Preferências difusas – Os consumidores estão dentro de um segmento

de mercado, mas estes possuem preferências diferentes.

Preferências conglomeradas – Existe um conjunto de preferencias

distintas pelos consumidores.

Ainda segundo KLOTER e KELLER (2006), “A cultura é o principal

determinante do comportamento e dos desejos de uma pessoa”. Á medida que cresce a

criança absorve certos valores, percepções, preferências e comportamentos de suas

famílias e outras instituições

Segundo DIAS (2003), O mercado, de uma forma geral, tem grande influência

sobre as atitudes e preferências dos consumidores. O fator econômico, em qualquer pais

altera a disposição de comprar dos consumidores. Fatores como níveis de emprego,

salários, disponibilidade de crédito para consumo, oferta de produtos, entre outros, são

grandes determinantes na compra, gerando um clima de otimismo ou pessimismo nos

consumidores, refletindo em atitudes favoráveis ou desfavoráveis de compra.

Segundo COSTA(2009), a definição de marca é:

16

“As marcas habitam no mundo dos sonhos, do desejo, da fantasia, e

vivem no imaginário das pessoas, habitam seu cotidiano, e tendo em

vista a influência que a moda tem sobre os consumidores é importante,

antes de qualquer coisa, conhecer as dimensões mercadológicas do

negócio da moda. Entender, prever e, finalmente gerir elementos

típicos do negócio da moda é o grande desafio das empresas hoje e

para isso elas utilizam Estratégias de Marketing para trafegar pela

mente das pessoas, bem como descobrir suas necessidades e

desenvolver produtos que se transformem em objetos de desejo. ”

Segundo SCHIFFMAN (2000), os consumidores buscam uma base de decisão

para conseguir justificar sua aquisição dos produtos, desta forma a marca surge de

forma a conseguir dar uma base de decisão para o consumidor conseguir justificar a

compra.

2.3.2. Sobre Modelos de Precificação

Segundo MARTINS (2000), o método de custeio se baseia em apropriar os

custos da forma que mais se adéquam a gestão da empresa e as informações

dependentes de cada empresa. Foge de o escopo deste trabalho definir quais são os

métodos de custeio adotados pelas empresas. Vamos assumir que os custos são

conhecidos para serem usados como elemento do processo de precificação.

Dentre os métodos de precificação que levam em consideração a análise de

custos podemos destacar:

Mark up - Adição de uma margem de lucro ao custo do produto, de

forma a atender ao lucro desejado pela empresa;

Taxa de retorno - Utilização de um preço alvo que atenda as

necessidades da empresa de conseguir uma taxa de retorno esperada;

Preço marginal - Preço estimado pelo produto de forma a compensar o

valor do custo marginal do produto.

2.3.3. Precificação por competição

17

Segundo SANTOS (1991), é importante para empresa comparar o preços de

seus produtos com os dos concorrentes. São caracterizados 4 tipos diferentes de

métodos de precificação que usam por base o preço dos competidores:

Preço similar ao dos competidores do mercado;

Preço acima da média do mercado;

Preço abaixo dos competidores;

Preço de acordo com o preço dominante no mercado.

2.3.4. Precificação por demanda

Segundo PINTO (2011) o método da precificação por demanda se caracteriza

da seguinte forma:

“Através deste método o valor percebido pelo consumidor é tomado

como parâmetro balizador do preço a ser cobrado pelo

produto/serviço. O preço assim definido tem como característica

principal o fato de ser ajustado/adequado ao valor percebido pelo seu

público alvo.

As empresas que definem preços dessa forma já entenderam que o

preço é só mais um, e não o único atributo a ser percebido e avaliado

pelo cliente. Desta forma, entender o consumidor, suas necessidades e

expectativas e, principalmente, o preço que estão dispostos a pagar por

um produto que sane essas carências é, sem dúvida, um caminho

acertado para a precificação eficiente, pois numa situação real as

decisões de compra não são definidas com base num único atributo,

mas numa escala de valores que relaciona a atributos diversos em

virtude dos benefícios deles decorrentes.”

Segundo MORAES NOVIS et ALL (2015), os métodos de precificação por

demanda são os seguintes:

Precificação por percepção de valor - Precificação de acordo com a

percepção de valor de consumidor;

18

Precificação de Valor (Custo-Benefício) - Um preço atrativo justo é

determinado para um serviço de alta qualidade;

Precificação de acordo com as necessidades do consumidor - Preço

determinado para satisfazer as necessidades do consumidor.

2.3.5. Considerações finais sobre precificação

Segundo MARTINS (2001), deve-se se escolher um dos modelos de

precificação de forma a conseguir atender as necessidades da empresa, visando olhar o

tempo disponível e recursos disponíveis.

HORNGREM et al (2008), avança na discussão sobre as formas de

precificação, o autor afirma que as três formas de precificação apresentadas

anteriormente – por custos, por demanda e por competição – não são excludentes. As

três formas devem ser vistas e analisadas juntas para conseguir se chegar ao preço justo

para o produto ou serviço. Os autores deste trabalho concordam com a definição de

Horngrem.

2.4 Sobre a Situação econômica brasileira

Falar de varejo, assim como qualquer outro setor, precisa ser acompanhado por

uma análise macroeconômica do mercado, para poder compreender como se encontra a

situação do mercado como um todo. Desta forma será apresentado como se desenvolveu

o mercado brasileiro de 2002 até os momentos atuais.

Segundo BACHA (2006), A macroeconomia analisa a economia como um

todo, ou seja, ela tem uma visão telescópica da economia. Portanto, pode-se definir a

macroeconomia como um ramo da Ciência Econômica que estuda os agregados

econômicos, seus comportamentos e as relações que guardam entre si.

Segundo LUQUE (2004), a definição de macroeconomia é: “A macroeconomia

é o estudo da determinação e do comportamento dos grandes agregados, como PIB,

consumo nacional, investimentos, exportação, nível geral dos preços etc.”

2.4.1. Anos de 2003 até 2010

19

Segundo GIAMBIAGI et al (2008), O governo do ex-presidente Lula teve um

começou perturbado com o aumento do dólar, a inflação descontrolada e um

crescimento elevado da dívida pública/PIB. O governo defrontava-se com a necessidade

de uma forte elevação da taxa de juros, a vigorar no ano de 2003, e de vencer as

desconfianças, demonstrando um controle do superávit primário/metas de

inflação/câmbio flutuante.

Ainda segundo GIAMBIAGI et al (2008), no início do governo foram tomadas

algumas medidas cruciais para a superação da situação de emergência existente no

começo de 2003. Alteraram-se as metas de inflação de 8,5% para 2003 e 5,5% em 2004,

representando forte redução em relação aos 12,5% de 2002. Destaca-se também o

aumento para 26,5% a taxa de juros SELIC, para conseguir amenizar a ameaça

inflacionária.

Segundo OLIVEIRA (2008), O fechamento de 2003 teve muita importância no

começo do governo Lula, pois, por decorrência de sua recuperação da confiança, a

cotação do dólar caiu, o risco-país diminuiu, onde a trajetória de queda dos juros pode

ser retomada a partir de meados do ano e a inflação, que é Índice Nacional de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA), fechou em 2003 em 9,3%.

Ainda segundo GIAMBIAGI et al (2008), o Brasil teve um ótimo desempenho

frente à economia internacional em 2003, demonstrado ao longo da década. Dos anos

2003 a 2007, o mundo teve um crescimento em média de 4,9% a.a., com picos de 5,3%

em 2004 e de 5,4% em 2006. Apesar de o Brasil ter seu crescimento inferior ao da

maioria dos países emergentes, em que o mundo também acelerou a sua expansão a

demanda mundial, houve uma extraordinária abundância de liquidez e um forte

crescimento da economia chinesa que favoreceu o Brasil com a alta dos preços das

commodities no mercado mundial.

Segundo MENDONÇA (2010), a política econômica brasileira de crescimento

teve resultados expressivos até meados de 2008, quando o Brasil conseguiu grau de

investimento e passou a ser credor do FMI, em 2009.

Segundo MENDONÇA (2010), A postura fiscal teve que ser alterada em 2009

devido aos impactos na economia brasileira decorrente da crise mundial. A queda na

atividade econômica com o crescimento negativo de 0,2% de acordo com o IBGE,

(2012) fez com que o governo reduzisse o superávit primário o qual foi de 2,06% do

PIB, o menor desde a adoção das metas de superávit primário em 1999, e adotasse uma

política fiscal contra cíclica que culminou com um impulso fiscal de 22,63%, tendo uma

20

postura muito expansionista. Assim, com um bom exemplo se refere no ano de 2009,

onde teve o objetivo o efeito recessivo devido à economia de 2008, em decorrência da

crise, o governo brasileiro concedeu uma série de incentivos fiscais.

2.4.2. Ano de 2011 até 2015

Segundo ROCHA(2013), até 2010 o governo aumentou muito os gastos fiscais

com os objetivos conseguir os programas sociais que o Presidente Lula tinha feito.

Quando a Presidente Dilma assumiu, em 2011, ela fez uma política econômica ela foi

diminuindo a taxa de juros até em 2013 quando decidiu elevar a taxa de juros.

O governo também teve dificuldades em realizar o superávit primário, que

ficou negativo em 2014, sendo -0,63% do PIB um valor de R$ 32,523 bilhões. Sendo

este o primeiro resultado negativo desde a série histórica desde 2001.

A inflação em 2014 foi de 6,41% e em 2015 até Agosto foi de 7,06%, sendo o

acumulado de 12 meses até Agosto de 2015 foi de 9,53% segundo reportagem do valor

econômico. Em 2014 o crescimento do PIB foi de 0,1% chegando a R$ 5,52 Trilhões

segundo o IBGE. Segundo reportagem do G1, o portal de notícias online das

organizações Globo, os analistas estão prevendo uma retração PIB para -2,8% em 2015

e caso este resultado seja concretizado será o pior resultado desde 1990, além disso a

inflação projetada para 2015 é de 9,46%.

Em setembro de 2015 a agência de risco Americana Standard & Poor’s (S&P)

rebaixou a nota do país de BBB-, que significa que o país possui um grau de

investimento de qualidade média para BB+, indicando que o país se encontra na

categoria de especulação com baixa classificação.

A perda do grau de investimento ocasionou algumas consequências para a

economia brasileira. Ficou mais difícil para as empresas brasileiras captarem recursos

no exterior, os fundos de investimento serão mais cautelosos em investir no país, sendo

possível que retirem seus investimentos, levando a uma redução dos investimentos,

além da depreciação do câmbio.

2.4.2 Início de 2016

No início de 2016 o Brasil se encontra por um período forte de instabilidade

economia e política. A previsão econômica para o crescimento brasileiro é de

21

aproximadamente -3,33% segundo alguns analistas e a inflação para 6,81%, segundo

reportagem do G1.

O governo com a suas crises acaba tendo dificuldades para conseguir fazer uma

agenda para realizar uma reforma econômica e conseguir ajustar esta crise econômica.

Não é possível definir ou prever quais os possíveis caminhos para a economia brasileira,

dado a grande instabilidade política que se instaurou no país.

Segundo a pesquisa mensal de emprego do IBGE, o desemprego em fevereiro

foi de 8,2%, sendo o pior resultado para o mês desde 2009, quando havia sido de 8,5%.

O resultado apresenta uma alta de 0,6% na comparação com janeiro (7,6%). Em relação

segundo a fevereiro de 2015 (5,8%), a alta foi de 2,4 pontos percentuais.

Ainda segundo a pesquisa mensal de empregos do IBGE, o número de

desempregados subiu para 2 milhões. Houve alta tanto na comparação com janeiro

(mais 136 mil pessoas, ou 7,2%), quanto em relação a fevereiro de 2015 (mais 565 mil

pessoas, ou 39%). O número de pessoas com emprego foi estimado em 22,6 milhões,

caindo tanto na comparação com janeiro (menos 428 mil pessoas, ou 1,9%), quanto em

relação a fevereiro de 2015 (menos 842 mil pessoas, ou 3,6%). A pesquisa ainda

mostrou que o rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.227,50, uma queda

de 7,5% em um ano, em fevereiro de 2015 o rendimento mensal era de R$ 2.407,53.

3. Uma análise do Varejo de Moda de Luxo

3.1. Forças de Porter

Segundo Porter (1989), as cinco forças competitivas são ameaças de entrada,

ameaça de substituição, poder de negociação dos compradores, poder de negociação dos

fornecedores e rivalidade entre os atuais concorrentes. Todos juntos determinam a

intensidade da concorrência, bem como a rentabilidade da empresa.

Ainda segundo Porter (1989), a utilização do modelo das 5 forças possibilita a

determinação do potencial de lucro de uma dada indústria e o grau de concorrência da

mesma. Estas análises da concorrência que excede o comportamento dos atuais

competidores, analisa outras ameaças futuras e possíveis.

Segundo PANKAJ CHEMAWAT (2012), a estrutura de Porter para a análise

setorial generalizou a análise oferta-demanda de mercados individuais em vários

22

aspectos. O primeiro deles abrandou as hipóteses tanto de grandes números quanto de

homogeneidade - isto é, de um grande número de concorrentes representativos. Em

segundo lugar, ao longo da dimensão vertical, desviou a atenção das cadeias verticais de

dois estágios, cada qual consistindo em um fornecedor e um comprador, para cadeias de

três estágios, compostas por fornecedores, concorrentes e compradores. Em terceiro

lugar, ao longo da dimensão horizontal, levou em consideração a potencial entrada de

novos concorrentes e substitutos, bem como concorrentes diretos. Tais generalizações,

no entanto forçaram-no a ir além da evidência científica, para o ambiente do bom-senso.

Na figura 2 são mostrados as forças de Porter e os fatores que afetam cada

umas das forças.

Figura 2 - A estrutura de "cinco forças" para análise industrial

23

Fonte: PANAJ GHEMAWAT, A Estratégia e o Cenário dos Negócios (2012)

As cinco forças de Porter são segundo Porter (1989):

Grau de rivalidade - Representa quanto o setor é competitivo entre os

seus participantes, ou seja, o quanto um valor criado pelo negócio pode

ser afetado pela concorrência entre os membros do setor em quetão;

O risco a entrada - Quais são as barreiras existentes que possibilitam

novas empresas de conseguirem entrar no setor e conseguir se

posicionar frente aos players já existentes deste setor;

A ameaça dos substitutos - Quais são os produtos ou serviços que os

consumidorem podem obter que atendem a sua demanda pelo produto

ofertado no setor. Além disso, quais os custos, para o consumidor, da

troca do produto para um substituto e qual a sua propenção para

substituir o produto ou serviço.

O poder do comprador - Representa o poder intrincíco dos

consumidores deste mercado, ou seja, qual o poder de barganha deles

frente ao players do setor.

O poder do fornecedor - è a força análoga dos compradores para os

fornecedores dos players existentes no mercado.

3.1.1. Comparações entre varejo tradicional e varejo de moda de luxo

Segundo KOSMANN (2009), O setor de alto luxo apresenta particularidades se

comparados com setores mais tradicionais. O setor de varejo tradicional quando

comparado ao varejo de luxo caracteriza-se por: Margens mais baixas;

Mercado consumidor maior e mais fragmentado;

Maior número de produtos;

Menor diferenciação entre as marcas;

Compras mais recorrente entre os consumidores

Tais características do setor varejista convencional, fazem com que suas

operações sejam complexas, principalmente no que se diz respeito a operação logística,

uma vez que se trabalha sempre com grandes volumes.

24

Segundo KOSMANN (2009), O mercado varejista de moda de luxo apresenta

como características as seguintes características:

Marca como um diferencial e força de venda;

Alta qualidade dos produtos;

Mercado consumidor pequeno e crítico;

Segundo KOSMANN (2009), essas características do mercado consumidor de

varejo fazem com que a sua operação seja crítica com relação ao lançamento dos

produtos, a criação da marca e relacionamento com os clientes, uma vez que estes são

poucos e criteriosos na seleção dos produtos.

3.1.2. Cinco forças de Porter para o setor de varejo de moda de luxo

Uma análise das cinco forças de Porter para a Empresa X tem o potencial para

permitir avaliar os fatores externos e internos da empresa.

Caracterização das 5 forças na Empresa X:

Grau de rivalidade - O setor que a Empresa X está inserida, moda de

luxo, é altamente competitivo no Brasil. São diversas marcar nacionais

e internacionais que atuam na no setor competindo por clientes

diminuindo a lucratividade desses, dentre as empresas que atuam neste

setor, podemos citar: Farm, Animale, Louis Vuitton, Zara etc.

O risco a entrada - Não existem barreiras legais que dificultem a

entrada de outras empresas neste setor, mas a força da marca, qualidade

dos produtos das empresas estabelecidas representa uma barreira de

entrada. Empresas existentes têm criado outras marcas de roupas, com

um foco para um outro nicho de clientes, para atuar no setor. O grupo

Soma, como por exemplo, possui 6 empresas no seu portfólio,

Animale, A.Brand, Foxton, FYI, Farm e Fábula. Cada uma destas

empresas é focada em um nicho específico de mercado.

Ameaça de substitutos – Visto que o setor de luxo do varejo trabalha

com produtos que não são necessidades, mas sim a preferência,

experiência e o valor dado ao consumidor do produto, os substitutos

25

variam muito. Por exemplo, viajem ao exterior que não é um produto,

mas uma experiência, mas que um substituto.

O poder do comprador - Os clientes deste setor não apresentam grande

poder de barganha frente aos fabricantes de produtos, não existe

qualquer tipo de concentração de justifique essa força a ser

caracterizada como elevada.

O poder do fornecedor - Os fornecedores deste setor são empresas na

sua maioria de pequeno e médio porte, além de serem muitas, com isso

os fornecedores possuem baixo poder de barganha neste setor.

3.2. Principais Empresas do mercado

Os principais players de mercado do setor de moda de luxo podem ser

agrupados em diferentes categorias em função da forma com que eles atuam como os

canais de distribuição, cliente alvo, faixa de preço, tipo de produto e por fim categoria,

sendo, esta última, quais os produtos ofertados, sendo de roupas e sapatos até joias e

cosméticos.

As possíveis categorias são:

Canais de distribuição – Varejo, atacado e multicanal;

Faixa de Preço – Fashion de preço acessível, Premium ou Alto valor;

Categorias – Vestuário e roupas de baixo, Sapatos e bolsas, Joias e

relógios e cosméticos;

Tipo de vestimenta – Casual, roupa para a noite, roupas formais e

roupas esportivas;

Cliente alvo – Masculino, feminino e infantil.

3.2.1. Concorrentes

Baseado nas possíveis categorias definidas acima, foram definidos três

principais tipos de categorias das empresas do mercado, sendo estes diferentes tipos de

portfólio.

Empresas do modelo grande varejo.

26

Canais de distribuição – Varejo e atacado;

Faixa de preço - Fashion de preço acessível;

Categoria – Vestuário e roupas intimas e sapatos e bolsas;

Tipo de vestimenta – roupas esportivas;

Cliente alvo – Masculino e Feminino.

Empresas deste segmento se caracterizam por terem como competências

produtos com uma marca forte e preço acessível, canais de distribuição como atacado e

cadeia logística para custos baixos. As empresas deste setor são, por exemplo:

Timberland, Lee, Wrangler e etc.

Empresas de fast fashion

Canais de distribuição – Varejo e atacado;

Faixa de Preço – Fashion de preço acessível;

Categorias – Vestuário e roupas de baixo, Sapatos e bolsas;

Tipo de vestimenta – Casual, roupa para a noite, roupas formais;

Cliente alvo – Masculino, feminino e infantil.

Empresas deste segmento se caracterizam por terem como competências a

característica do fast fashion – coleções com alta rotatividade e baixo estoque para

acompanhar as tendências novas – empresas focadas em varejo e com uma cadeia

logística flexível para suportar sua atuação de fast fashion. As empresas deste setor são,

por exemplo: Zara, Bershka, Oysho e etc.

Empresas de alto luxo:

Canais de distribuição – Varejo, atacado e multicanal;

Faixa de Preço - Alto valor;

Categorias – Vestuário e roupas de baixo, Sapatos e bolsas, Joias e

relógios e cosméticos;

Tipo de vestimenta – Casual, roupa para a noite e roupas formais;

Cliente alvo – Masculino, feminino e infantil.

Empresas deste segmento se caracterizam por terem como competências a

característica um foco no luxo, a marca do produto e toda a experiência de aquisição é

um foco das empresas deste setor, existem múltiplos canais de distribuição e as

27

empresas são focadas na força da marca. As empresas deste setor são, por exemplo:

Luis Vuitton, Kenzo, Loewe, Fendi e etc.

4. O Estudo de Caso

4.1. Descrição da empresa X

A Empresa X possui 80 lojas e 1 e-commerce, faturou em 2015 R$ 500 milhões.

A empresa tem realizado um plano agressivo de investimentos visando se tornar o

principal player do mercado varejista de moda em seu segmento. A mesma tem

realizado a profissionalização da sua equipe e tem um portfólio de projetos para

continuar sua trajetória de crescimento, estruturação e eficiência.

O varejo de moda é amplo e uma definição mais restrita do mercado de atuação

precisa ser definido. Na figura 2, isto é feito para a empresa X utilizando o modelo

proposto pelos autores e utilizando um gráfico pentagonal com 5 eixos: Cliente Alvo,

Faixa de preço, Canais de venda, Ocasião de uso e Categorias de produto. Vale a pena

ressaltar que embora o Foco da empresa seja o ilustrado na Figura 3, ele não exclui os

pontos não focais, sendo possível, por exemplo, que a mesma realize vendas no atacado,

mas não é esta a modalidade de vendas que predomina.

28

Figura 3 - Posicionamento focal atual da Empresa X

Fonte: Os autores

Figura 4 - Posicionamento em relação ao preço médio e idade média da Empresa X

Fonte: Os autores

29

Como podemos observar na figura 4, a Empresa, possui um preço médio

condizente com a sua categoria de Foco, tida como Premium. Além disso, entende-se

que a idade média de seus clientes seria mais alta devido a serem pessoas com um poder

de compra maior e assim capazes de comprar os produtos oferecidos pela mesma. Dessa

forma poderíamos colocar como principais concorrentes da mesma as seguintes marca:

Le Lis Blanc, Animale, Zara, Ellus.

Le Lis Blanc:

É uma das marcas do grupo brasileiro Restoque que conta também com as

marcas Bo.Bô, John John e Marcas Dudalina. A mesma foi fundada em 1988 e obteve

um faturamento bruto de R$ 433 milhões em 2015, além disso, possui um total de 114

lojas próprias espalhadas por todo o território nacional. É uma marca direcionada a ao

público feminino de alto padrão aquisitivo e possui um ticket médio de R$ 476.

Zara:

É a principal marca do grupo Espanhol inditex e é famosa por ser percursora do

chamado fast fashion. Embora originalmente uma marca popular em seu país de origem,

no Brasil é considerada parte da moda de luxo devido aos altos impostos que incidem

no produto ao adentrar no país. A mesma obteve um faturamento bruto de mais de R$

900 milhões em 2015 somente no brasil. A marca está presente no Brasil desde 1999

quando abriu a sua primeira loja no país, hoje possuindo 55 lojas espalhadas por todo o

território nacional. Possui um ticket médio em torno de R$ 250.

Ellus

É a principal marca do grupo Inbrands, o qual também conta com as marcas

Richards, VR, Salinas, Alexandre Herchcovitch, Bobstore, Mandi e Tommy. A mesma

obteve um faturamento bruto de R$ 356 milhões em 2015. A marca está presente no

Brasil desde 1972 quando foi criada por Nelson Alvarenga, hoje possui 50 lojas

espalhadas por todo o território nacional. Possui um ticket médio em torno dos R$ 400

e é focada em um público mais jovem na faixa de idade de 20 até 35 anos.

30

Animale

É a principal marca do grupo Soma, o qual também conta com as marcas

Abrand, FYI, Farm, Fábula e Foxton. A marca obteve um faturamento de R$ 400

milhões. A marca está presente desde 1991 tendo aberto 5 lojas no Rio de Janeiro nos 7

anos seguintes. Hoje conta com 74 lojas espalhadas por todo o Brasil. Possui um

público alvo mais velho e com maior poder aquisitivo. Seu ticket médio é em torno dos

R$ 400.

4.2. Pontos fortes da Empresa X

A empresa é bem estabelecida no mercado varejista de moda nacional possuindo

uma marca forte. Possui uma base grande de clientes já estabelecida e é percebida

como inovadora.

Os sócios se encontram alinhados com o planejamento e o pensamento de se

tornar a maior empresa nacional no seu segmento de varejo de moda. Dessa forma os

mesmos têm realizado grandes investimentos para que esse objetivo possa ser atingido,

A empresa tem realizado aquisições ou associações com outras marcas a fim de

atingir o seu objetivo de se tornar o principal player do mercado de moda caracterizado

no item anterior. Conseguiu, recentemente, atrair profissionais conceituados e com boa

experiência no mercado.

De forma a corroborar o que foi dito, foi realizada uma pequena entrevista com o

funcionário D, engenheiro de produção, da empresa X:

1- Quanto tempo está na empresa?

> Completei recentemente um ano de empresa.

2- Quantos projetos participou?

> Participei de três grandes projetos em três áreas diferentes.

3- Poderia nomear algumas das áreas envolvidas nesses projetos?

> Foram na área de logística, PCP Compras e comercial (atacado).

4- Poderia descrever com um pouco mais de detalhe o projeto que acredita ter sido o mais

importante para a empresa?

> Acredito que o projeto (em fase final de implantação) que trará o maior retorno para a

31

empresa é o do novo sistema de vendas do atacado. Resumidamente, a venda por atacado se

dá de forma pré-datada, ou seja, o cliente encomenda a quantidade desejada de peças e até

uma certa data é prometido a entrega em sua loja. O sistema se consiste no bloqueio

automático da venda, caso (1) não exista mais peça disponível em estoque e (2) não haja mais

tempo possível para produzir a peça (dado através de uma data limite de programação da

peça, a partir da data limite de faturamento menos o lead time padrão de produção de cada

peça). O sistema de hoje, cujo bloqueio é feito de forma manual, faz com que repetidamente

não consigamos entregar ao cliente o que foi vendido, uma vez que não havia peça em estoque

e não houve tempo para produzi-la no prazo.

5- Como era a empresa quando você entrou, o que mudou desde a sua entrada?

> Vejo uma velocidade de transformação altíssima na empresa. Testemunhei uma

transformação nas seguintes áreas e pelos seguintes fatores:

1 - Logística: matinais e indicadores de movimentação de estoque já são rotina e estão

espalhados pelos centros de distribuições (CD). Além disso, o CD de matéria prima das

empresas que fazem parte do grupo se uniram, representando uma economia de mais de R$

100 mil por mês

2 - Processos internos: São regidos hoje por um sistema que identifica seu tempo de conclusão

e responsável pelo processo

3 - Precificação - Os preços dos produtos são criticados ao longo da coleção de acordo com

seu giro, podendo aumentar, portanto, ao invés de somente mudar na liquidação, como de

costume no mercado.

4 - PCP - Gestão da rotina nas células de programação da produção, indicando por assistente

sua pendencia e realizado no dia.

6- Quais são suas perspectivas sobre o futuro da empresa?

> Ao contrário da maioria das concorrentes, o grupo do qual a empresa faz parte, vem

crescendo anualmente, ainda, acima da inflação. Não me surpreenderia se em 5 anos nos

tornássemos o maior grupo de moda nacional. A crise, que derrete grande parte das

concorrentes e botam muitas marcas disponíveis no mercado a baixo preço e a rápida

transformação interna que vem ocorrendo são os dois fatores que sustentam a minha confiança

em um futuro promissor da empresa

4.3. Problemas enfrentados pela Empresa X

Embora a empresa tenha conseguido ganhos e crescimentos altos em relação ao

seu volume de venda, entre 2011 e 2013 a empresa cresceu 23% no seu faturamento, a

sua organização não tem se desenvolvido nessa proporção e a empresa tem enfrentado

desafios em diferentes áreas: preparação e profissionalização dos seus recursos

humanos, sofisticação das tecnologias e metodologias de gestão, controles financeiros,

32

processos de gestão de recursos humanos, planejamento estratégico e governança

corporativa.

Como refere Larry E. Greiner (1998) em seu artigo, Evolution and Revolution as

Organization Grow, conforme as companhias crescem, elas passam por etapas de

evolução que culminam numa etapa de revolução (Modelo de Greiner), figura 5. As

crises acontecem quando o modelo de gestão já não é mais o indicado para o tamanho

da organização. Em cada “crise” a organização precisa mudar substancialmente para

conseguir prosseguir na sua próxima etapa de evolução. As “crises” e os crescimentos

são representados na figura 6.

Figura 5 – Modelo de Greiner

Fonte: Evolution and Revolution as Organizations Grow, Larry E. Greiner

33

Figura 6 - Crises de Greiner

Fonte: Evolution and Revolution as Organizations Grow, Larry E. Greiner

Com auxílio da figura 7, conseguimos identificar que a empresa X se encontra

na fase 1, ou seja, crise de liderança. Isso se reflete nos desafios supracitados

enfrentados pela empresa. Dessa forma, para conseguir superar essa crise, a empresa X

deverá “evoluir” de forma a atingir a fase 2 que tanto implica mudanças estruturais

quanto estratégicas envolvendo a empresa.

Figura 7 - Definições de fase

34

Fonte: Evolution and Revolution as Organizations Grow, Larry E. Greiner

4.4. Precificação na Empresa X

Como foi visto na seção 2.5.2, a precificação por custos depende da definição de

um mark up que é definido a partir de um retorno sobre o capital investido pretendidos.

A seguir descrevemos, de forma simplificada, como a Empresa X faz a precificação dos

seus produtos.

Figura 8 - Organograma do Mark up da Empresa X

Fonte: Os autores

1- A Empresa X define, através de um orçamento, um mark up para a coleção

seguinte, que baseado na previsão de vendas nos dá o custo marginal variado

devido a venda dos produtos (excluindo aluguéis, impostos, despesas com

funcionários, ...).

2- Em posse desse custo marginal variado, que agora passa a ser chamado de verba

de aquisição de produtos, as gerentes de produto irão dividi-lo entre as linhas

que existem na coleção e mais importante, irão definir os mark ups das linhas de

forma a atingir o mark up orçado para a coleção.

3- Por fim, o CMV e o mark up são replicados aos grupos de produtos dentro da

linha.

1

2

3

35

4- Existe um quarto ponto chamado de Workshop em que estilo e planejamento

definem um preço alvo para o produto respeitando o mark up dado ao grupo.

Nesse passo é levado em consideração o “desejo” pelo produto interpretado

pelos funcionários que participam do Workshop.

4.5. Uso do Mark Up

Como foi descrito no item anterior, a Empresa X utiliza-se do mark up para

gerar o seu preço de venda. A explicação para isso está tanto na facilidade de se

trabalhar com essa importante variável quanto o entendimento da implicância que a

mesma possui ao longo da coleção. Como será possível verificar a seguir, a coleção

pode ser dividida em duas importantes fases, “Vendas a preço cheio” e “Liquidação”,

após isso os produtos se tornam “OFF”, ou seja, tem seu preço reduzido a próximo do

seu custo de produção.

Figura 9 - Ciclo de vida da coleção

Fonte: Os autores

Com base no ciclo de vida da coleção fica mais fácil entender o porquê da

importância do Mark Up. No período de “Vendas a preço cheio” a preocupação da

empresa é relacionada a ele, vender o máximo de produtos possíveis de forma a atingir a

36

maior margem que consigamos. Nesse momento o Mark Up é mais importante que o

estoque e, portanto, tende-se a ser mais conservadores em realizar a diminuição de um

produto que não está girando (VENDAS/ESTOQUE), contudo ainda são realizados

descontos e promoções para tentar reduzir a quantidade desse produto na liquidação.

Em um segundo momento, “Liquidação”, o Mark Up deixa de ser mais

importante que o estoque e passa a ser considerado tão importante quanto o mesmo. Isso

significa que desejamos escoar o nosso estoque de forma a ter a menor quantidade

possível se tornando “OFF”, o problema disso se encontra no fato de que o período de

liquidação é cerca de quatro vezes menor do que o de “Vendas a preço cheio”, dessa

forma somos obrigados a sacrificar a margem de venda com a finalidade de cumprir

esse objetivo, contudo sempre visando ter uma margem maior do que se teria no “OFF”.

Por fim, o produto deixa de ser “COLEÇÃO” e se torna “OFF”, o produto passa

a ser considerado sobra, e neste momento o estoque se torna mais importante que o

Mark Up, ou seja, desejamos nos livrar do produto que já não é mais considerado

atraente para os clientes sacrificando nossa margem nas vendas dos mesmos.

Figura 10 - Mark up x Estoque

Fonte: Os autores

4.6. Precificação por demanda - desafios.

37

O uso da precificação baseada em custos com o uso do mark up explicado no

item anterior não deve ser utilizado sem uma avaliação do mercado, preço que os

consumidores estão dispostos a pagar e preço cobrado pelos concorrentes. Ou seja, a

precificação por custos ou mercado não são excludentes, mas sim definem o ponto de

partida, se a partir dos custos ou do mercado. Neste último modelo define-se um preço

meta e um custo meta.

As empresas tendem a usar o mark up pelas dificuldades de se analisar o quanto

os clientes estariam dispostos a pagar e mesmo para avaliar o preço dos concorrentes,

pois os produtos são muitas vezes difíceis de ser comparados com a concorrência pelo

alto nível de diferenciação.

Soma-se a isto o fato da empresa X ainda ser pequena (faturamento do grupo

estimado em R$1bb em 2015), o que dificulta maiores investimentos em pesquisas de

mercado e de comportamento do consumidor.

Além disso:

Não existe um instituto de pesquisa que levante dados atualmente sobre o varejo

de moda.

A cada coleção, a empresa possui uma quantidade de 1000-1500 produtos.

Não se tem histórico dos produtos, 90% dos produtos são novos a cada coleção

Como vimos no tópico 4.4, o preço é colocado bem antes do produto ir para a

loja.

Como o varejo possui margens baixas, os ganhos dependem de um alto giro dos

produtos. O uso do mark up sem uma análise adequada de mercado em especial da

demanda (impactada neste momento pela severa política e economia de 2015/2016)

pode reduzir o giro ou as margens (reduzidas em demasia para aumentar o giro) e em

ambos os casos a empresa pode ter prejuízos. Para evitar esta situação de deterioração

de resultados ou mesmo prejuízo a empresa X precisa se reinventar para conseguir

ganhos onde outros não enxergam. Dessa forma o ideal seria utilizar o Mark Up como

resultado do preço e não o contrário.

38

Figura 11 - Fórmula Mark Up

Fonte: Os autores

Sendo assim teríamos duas variáveis independentes o preço e o custo. O custo

dos produtos vendidos (desconsiderando despesas de pessoal de venda, aluguel e outras

despesas) incluiria o valor gasto com compra de matéria prima e o valor gasto na

fabricação do produto. Sendo assim, ao gerar o preço com base no Mark Up estamos

contemplando apenas o custo dessa variável deixando assim de incluir outras

importantes variáveis que contemplam o preço.

Figura 12 - Variáveis que definem o custo dos produtos vendidos (CPV)

Fonte: Os autores

4.7. Modelo para análise de preço para empresa de varejo de moda de luxo.

Em um mercado, principalmente de bens de luxo, alguns consumidores são

pouco sensíveis a preço, além disso a maioria não tem informação suficiente para

estimar o “preço justo” pelo bem que está comprando, pois os produtos em geral tem

um alto nível de diferenciação funcionando quase como um “monopólio. Na

perspectiva do consumidor não é o custo que interessa mas os elementos apresentados

39

na figura 13 que definem o valor para o cliente e tem relação com o preço máximo que

o consumidor estaria disposto a pagar (preço de reserva).

Figura 13 - Quebra do Valor pela perspectiva do consumidor

Fonte: Os autores

1- A marca tem um peso no valor percebido pelo cliente. Ela pode representar a

afirmação de status do mesmo, pode representar a autenticidade de qualidade

do produto, pode ser uma identificação pessoal do cliente com as filosofias

da marca, pode ser um produto de desejo devido a comunicação (boca – a –

boca, redes sociais, ...).

2- Serviço + Experiência está diretamente atrelado ao preço, ele pode aparecer

na forma de atendimento (ser bem recebido, atendido, ter criado vínculo com

o vendedor, ...), serviço de pós-venda (como resolução de problemas, envio

de “mimos”, ...), conveniência (proximidade de casa, do trabalho, ...), formas

de pagamento, entre outros.

3- Produto tem uma série de variáveis que vão além do custo do mesmo como a

geração de desejo por ele, qualidade da sua matéria prima,

caimento/modelagem no cliente, qualidade no acabamento, estar em acordo

com a tendência da moda, entre outros.

Dessa forma, conseguimos evidenciar o que é amplamente reconhecido na teoria

de custos que precificar levando-se em conta apenas o custo não é correto. No momento

que erramos para menos, temos o chamado “Lucro do consumidor”.

40

Figura 14 - Lucro do consumidor

Fonte: Os autores

Isso acontece porque a demanda está sendo maior ou menor do prevíamos que

ela seria. Na figura 14, temos um exemplo em que o preço de venda do produto

encontra-se menor do que o valor percebido pelo consumidor. Nesse caso para corrigir

essa curva existem duas possibilidades.

A primeira é famosa por ser bastante utilizada pela Zara que é capaz de

identificar tendências e rapidamente realizar repiques de produtos no mercado (devido a

baixos tempos de produção). Contudo, essa alternativa não é muito viável para a grande

maioria das empresas brasileiras, caso em que a empresa X se encontra.

Então chegamos a segunda alternativa que seria aumentar o preço para corrigir a

curva de demanda como mostrado na figura 15.

41

Figura 15 - Curva de demanda produto desejo

Fonte: Os autores

Figura 16 - Curva de demanda produto desejo com correção de preço

Fonte: Os autores

4.8. Pricing e a Empresa X

4.8.1. Confirmando a oportunidade

42

Pelo exposto na revisão bibliográfica a precificação não deve ser baseada

somente em custos e a perspectiva do consumidor e suas variações devem ser

consideradas. A maioria das empresas, no entanto, ainda dão maior foco a custos

definindo seus preços a partir de um mark up acrescido aos custos. Incluir a perspectiva

do consumidor no processo de precificação representa uma oportunidade para melhoria

da performance financeira das empresas. Isto implicaria em ter processos que

permitissem maior flexibilidade para adequar, aumentando ou diminuindo os preços,

conforme às variações de mercado (consumidor e concorrentes). A Empresa X foi capaz

de identificar essa oportunidade e para isso criou uma ferramenta que analisa produtos

que possuem um giro muito alto, e poderiam faltar antes da chegada da liquidação.

Inicialmente, com a finalidade de entender o impacto da variação do preço em

relação a venda, a empresa X realizou a modificação de algumas peças. A ideia era de

analisar os dados antes e depois do aumento para entender como a venda dessas

referências foram afetadas pelo ajuste. Devido à falta de informação mencionadas

anteriormente, os ajustes foram baseados em 3 critérios:

Peças similares com preços diferentes;

Benchmarking;

Experiência de mercado.

Dessa forma, a empresa X, foi capaz de colher dados e realizar uma análise

preliminar dos impactos que a variação do preço causaria na demanda pelos produtos. A

figura 17, um gráfico de dispersão, demonstra resultados encontrados pela empresa X

em um de seus diversos testes, nele é possível observar diversos produtos que tiveram

seus preços ajustados. Como é possível analisar, a grande maioria dos produtos teve

uma redução % na sua venda, contudo nenhum produto teve uma diferença de 100%, ou

seja, os clientes não pararam de comprar devido ao aumento do preço do produto. Após

a essa primeira rodada de experimentos, a empresa X, foi capaz de concluir que existia

uma oportunidade que até então eles não enxergavam. Alguns produtos apresentaram

aumento nas vendas, porém foram tratados com outliers.

43

Figura 17 – Análise de alteração dos preços

Fonte: Os autores

4.8.2. Levantamento de hipóteses

Após esse aprendizado inicial e constatação de que poderia existir um ganho até

então ignorado, foi necessário a criação de 3 etapas para se aprofundar mais nesse

estudo. Para isso foram implantadas 3 etapas, sendo uma subsequente a anterior.

Figura 18 – Etapas utilizadas para aprofundamento dos estudos de preço

Fonte: Os autores

- Obter dados confiáveis para avaliar o giro das peças:

Devido às limitações impostas pela principal ferramenta utilizada pela empresa

X, o Linx, além da falta de qualificação dos profissionais de tecnologia da informação

(TI) da mesma, foi necessário a criação de uma query responsável por trazer o estoque

no início do dia de cada loja e salva-lo para que se pudesse conseguir o máximo de

segurança na informação que se estava analisando.

- Levantar hipóteses e aplicar um ajuste de preço nas peças:

Etapa importantíssima para o futuro da ferramenta, nela foram elaboradas as

mais diversas hipóteses como por exemplo: “As peças de uma mesma linha possuem

44

uma elasticidade mais próxima do que as que estão no mesmo range de preço”,”

Produtos mais caros tendem a ser menos afetados pela variação de preço”, entre outras.

As peças que sofreram aumento de preço eram decididas através seguinte critério 1

semana após o seu lançamento, 10% das peças que mais estiverem vendendo sofrerão

um ajuste com base nas hipóteses levantadas.

- Acompanhar os efeitos do ajuste de preço no giro dos produtos e validar ou

refutar as hipóteses:

Nessa etapa utilizava-se as informações dos giros para entender melhor o

comportamento das referências, validando e refutando as hipóteses levantadas na etapa

anterior.

Ao final da terceira etapa, a empresa possuía as hipóteses validadas que seriam

implantadas na futura ferramenta. É importante mencionar que essas hipóteses estavam

em sua maioria relacionadas a variação do preço, ou seja, a empresa passou a ter uma

base em quanto aumentar o preço de determinados produtos com a finalidade de ter uma

maior margem sem prejudicar o giro dos mesmos.

4.8.3. Finalizando a Ferramenta

Após confirmar a possibilidade de ganhos com o Pricing e realizar testes de

hipóteses para entender os efeitos da variação do preço na demanda, a empresa X,

precisava entender quais produtos estariam aptos a ter seu preço alterado. Para isso a

empresa se baseou no fato de que cada Linha/Grupo possui uma quantidade esperada de

vendas do início ao fim da coleção, dessa forma, se um produto está vendendo mais do

que se esperava que ele venderia, ele acabara antes do fim da coleção (figura 19).

45

Figura 19 – Produto com giro maior do que o esperado

Fonte: Os autores

Para conseguir identificar de forma rápida e ter uma boa base de dados para se

basear, a empresa X manteve o critério utilizado na geração de hipóteses de somente

analisar o produto após uma semana da chegada do mesmo a loja. Dessa forma, para

corrigir o stock out que ocorreria com o produto caso não houvesse nenhuma alteração

no mesmo, a empresa alteraria seu preço com base nas hipóteses validadas (Figura 20).

46

Figura 20– Produto com giro corrigido pelo aumento de preço Fonte: Os autores

O próximo desafio, portanto, se encontrava em definir qual nível de giro do

produto após uma semana de venda representaria o seu stock out antes do final da

coleção. Conforme a figura 21, deve-se existir tanto um limite superior quanto um

limite inferior de Giro. Para produtos que estiverem acima do limite superior, a

ferramenta deveria sugerir o aumento de preço dos mesmos, para produtos abaixo do

limite inferior, deveria sugerir a diminuição do preço dos mesmos.

Figura 21 - Mapa resumo comportamento do produto

47

Fonte: Os autores

4.8.4. Resultados da Ferramenta

A seguir apresenta-se como se daria o procedimento de ajustes do preço pela

Empresa X em uma situação hipotética.

Após os produtos terem sido identificados, um funcionário da área de

planejamento analisaria cada produto separadamente, já com o preço sugerido pela

ferramenta, para decidir se aumentaria ou não o preço, podendo inclusive colocar um

preço diferente do sugerido pela ferramenta.

Após análise, a Empresa X, verificou que mesmo após o aumento de preço, o

produto continuava girando bem acima do restante da empresa, mostrando que o

aumento do preço não influenciou tanto no desejo pelo mesmo, figura 22.

Figura 22 - Venda produto desejo X coleção Fonte: Os autores

48

5. Conclusão

O presente trabalho apresentou um estudo sobre o varejo de moda Premium no

Brasil utilizando-se de dados do setor disponíveis na literatura e um estudo de caso

sobre uma empresa relevante do setor.

Ficou evidenciado que o setor é fragmentado e que a empresa foco com um

faturamento estimado em R$500 milhões em 2015 possui relevância no setor pela

marca forte e atuação nacional.

A empresa foco tem buscado estabelecer-se como líder no seu mercado de moda

feminina focada em um público com alto poder aquisitivo, inclusive adquirindo outras

marcas.

Ficou evidenciado que a empresa tem feito investimentos em ferramentas de

gestão que visam melhorar o seu processo de precificação que é complexo pelo grande

numero de produtos e pela alta rotatividade dos produtos moda que são apresentado em

4 coleções anuais.

No modelo de precificação utilizado a empresa buscou considerar este dinamismo do

setor e os resultados iniciais observados foram positivos proporcionando aumentar a

lucratividade da empresa com ajustes no preço em função do giro do produto.

A ferramenta é simples e vários aspectos ainda podem ser melhorados como a

avaliação de como a variação de preço de um produto afeta a venda de produtos

relacionados

Seria interessante avaliar no futuro a evolução dos resultados da empresa foco o

que poderá ser feito por trabalhos futuros. Adicionalmente seria interessante avaliar se

outras empresas similares a empresa foco também estão investindo em melhoria de

gestão como as descritas neste trabalho.

O grande número de empresas que integram o setor de moda no Brasil

representa uma oportunidades para futuros estudos que nos permitam avançar no

conhecimento sobre um setor relevante para economia pela participação no PIB e pelo

garnde número de pessoas que emprega.

49

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