90
UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, SOLUÇÕES CONTRUTIVAS E IMPACTOS GERADOS PELAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DO ANTIGO E DO NOVO ELEVADO DO JOÁ - RIO DE JANEIRO/RJ Guilherme Evaristo dos Santos Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Sandra Oda Rio de Janeiro Dezembro de 2017

UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO,

SOLUÇÕES CONTRUTIVAS E IMPACTOS GERADOS PELAS

OBRAS DE CONSTRUÇÃO DO ANTIGO E DO NOVO

ELEVADO DO JOÁ - RIO DE JANEIRO/RJ

Guilherme Evaristo dos Santos

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Sandra Oda

Rio de Janeiro

Dezembro de 2017

Page 2: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o
Page 3: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Dos Santos, Guilherme Evaristo.

Um estudo sobre as condições de contorno, soluções construtivas

e impactos gerados pelas obras de construção do antigo e do novo

Elevado do Joá./Guilherme Evaristo dos Santos – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica,2017.

xiii, 132 p.: 29,7 cm.

Orientador: Sandra Oda

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: pg. 86

1. Introdução 2. História 3. O Elevado do Joá original 4.

A necessidade de um novo elevado 5. O novo Elevado do Joá

6. Comparação entre os projetos 7. Comparação entre os

projetos 8. Considerações finais 9. Propostas de novos

trabalhos

I. Oda, Sandra; II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Um estudo sobre as condições de contorno, soluções

construtivas e impactos gerados pelas obras de construção do

antigo e do novo Elevado do Joá.

Page 4: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer ao Colégio Cruzeiro e à minha família por terem me

dado condições de entrar na melhor universidade e melhor curso que eu poderia sonhar. Eles

me proporcionaram a realização de um sonho, que jamais poderei retribuir. Meus pais,

Marcos Machado dos Santos e Glória Maria da Silva Evaristo e meu irmão Felipe Evaristo

dos Santos, foram muito importantes no suporte financeiro e emocional, além de serem um

exemplo de caráter e dedicação que eu tenho para me espelhar.

Agradeço os docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro pelo carinho e atenção,

durante esses anos de graduação, e principalmente pela consideração para com os alunos em

momentos de greve e crises no sistema educacional brasileiro. Em especial à minha

orientadora, professora Sandra Oda, também pela disponibilidade e suporte nessa etapa final.

Agradeço ainda a todos os profissionais da engenharia e construção civil com os quais tive o

privilégio de trabalhar, desenvolver e amadurecer todo o meu aprendizado acadêmico. Em

especial aos Engenheiros Eduardo Maia, Leonardo Barbosa, Wagner Viana, Carlos Piccaluga

e o Mestre Nilson Roth que estiveram ao meu lado nesses momentos importantes de início da

minha carreira.

Por último, e não menos importante, agradeço e desejo muito sucesso aos meus companheiros

de graduação. Sem estes, com certeza eu não teria conseguido completar a missão. Obrigado

pelo companheirismo, pela motivação de sempre e pelo exemplo de pessoas dedicadas e fiéis

que são.

Page 5: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Resumo

Uma das regiões que recebe maior demanda de infraestrutura de transporte no país é também

a região com paisagens de tirar o fôlego, que comtemplam o encontro do Oceano Atlântico

com as grandes cadeias montanhosas da cidade do Rio de Janeiro. A região do Joá, desde que

acessada pelas primeiras vezes, sempre atraiu olhares de todos os tipos de pessoas. Nos

últimos 50 anos, com a construção e ampliação da Autoestrada Lagoa-Barra e o Elevado do

Joá, a região passou a receber também olhares e estudos de grandes engenheiros e em

algumas vezes recebeu em destaque nos noticiários da cidade. Este estudo aborda fatores que

fizeram a grande obra do Elevado do Joá receber um número acima do normal de

intervenções estruturais e, recentemente, uma duplicação completamente independente da via

para que substitua a anterior. Serão abordadas também as mudanças feitas para esse novo

projeto do Elevado do Joá, mitigando os problemas encontrados anteriormente, porém

gerando novas dificuldades. Serão documentadas as diferenças e semelhanças entre as duas

grandes obras, entendendo as grandes diferenças de tecnologia, e analisado até que ponto elas

influenciaram no sucesso da construção.

Palavras-chave: Elevado, Joá, olimpíadas, infraestrutura, construção.

Page 6: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Abstract

One of the regions that receives more demand for transportation infrastructure in the country

is also the region with breathtaking landscapes, which contemplate the meeting of the Atlantic

Ocean with the great mountain chains of Rio de Janeiro city. The region of Joá, since

accessed for the first few times, always attracted looks by all kinds of people. In the last 50

years, with the construction and expansion of the Lagoa-Barra Autoestrada and the Elevado

do Joá, the region began to receive also looks and studies by great engineers and in some

times received prominence in the news of the city. This study deals with factors that have

made the big construction of Elevado do Joá receive an above-normal number of structural

interventions and, recently, a completely independent duplication of the route to replace the

previous one. This job will also discuss the changes made to this new project of Elevado do

Joá, mitigating the problems encountered previously, but generating new difficulties. The

differences and similarities between the two great works will be documented, understanding

the great differences of technology, and analyzing how they influenced the success of the

construction.

Keywords: bridge, Joá, Olympiads, Infrastructure, Construction.

Page 7: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................... 8

2. História ................................................................................................................................. 16

3. O Elevado do Joá original .................................................................................................... 18

3.1. Início das Obras ..................................................................................................... 18

3.2. Características Gerais ............................................................................................ 20

3.3. Condições de Contorno .......................................................................................... 21

3.4. Projeto Estrutural ................................................................................................... 22

3.5. Inauguração ........................................................................................................... 24

3.6. Problemas Apresentados ...................................................................................... 25

4. A Necessidade de um Novo Elevado ................................................................................... 39

4.1. A Condenação do Elevado ..................................................................................... 39

4.2. O Transito no Rio de Janeiro ................................................................................. 41

4.3. Jogos Olímpicos Rio 2016 ..................................................................................... 44

5. Soluções Adotadas ................................................................................................................ 46

6. O Novo Elevado do Joá ........................................................................................................ 48

6.1. Características Gerais ............................................................................................ 48

5.2. Condições de Contorno .......................................................................................... 52

6.3. O Projeto ................................................................................................................ 53

6.3.1. Estrutura .................................................................................................. 53

6.3.2. Pavimentação .......................................................................................... 57

6.3.3. Contenções de Encosta ........................................................................... 69

6.3.4. Desmonte de Rocha ................................................................................ 75

6.4. Problemas Apresentados ........................................................................................ 78

6.4.1. Abalos à Vizinhança................................................................................. 78

6.4.2. Falhas no Asfalto ...................................................................................... 81

7. Comparação Entre os Projetos .............................................................................................. 86

8. Considerações Finais ............................................................................................................ 86

9. Propostas Para Novos Trabalhos .......................................................................................... 88

10. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 88

Page 8: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Lista de Figuras

Figura 1 - Foto de satélite. Em verde a cadeia montanhosa que divide a cidade - Fonte:

GOOGLE MAPS (2018) .......................................................................................................... 13

Figura 2 – Foto aérea da Barra da Tijuca – Fonte: O GLOBO (2010) ..................................... 14

Figura 3 - Foto aérea do Elevado do Joá antes da duplicação – Fonte: GOOGLE IMAGENS

.................................................................................................................................................. 15

Figura 4 - Foto aérea da Barra da tijuca na década de 50 - Fonte: GOOGLE IMAGENS ...... 16

Figura 5 - Foto aérea da Barra da Tijuca na década de 60 – Fonte: GOOGLE IMAGENS. ... 17

Figura 6 – Obras em andamento no desemboque do Túnel do Pepino 1970 - Fonte:

DIARIODORIO (2015) ............................................................................................................ 19

Figura 7 – Obras em andamento no Elevado das Bandeiras 1970 - Fonte: DIARIODORIO

(2015) ....................................................................................................................................... 19

Figura 8 - Elevado das Bandeiras em pistas sobrepostas - Fonte: DIARIODORIO (2015) .... 20

Figura 9 - Pilares, travessa e vigas do Elevado das Bandeiras encontrando o mar à direita a

encosta à esquerda - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012).................................................. 22

Figura 10 - Esquema estrutural do encontro das vigas com o pórtico – Fonte: BATISTA E

MIRANDA (2012) ................................................................................................................... 23

Figura 11 - Projeto protensão das vigas - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ................. 24

Figura 12 - Armação do dente Gerber das vigas - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ... 24

Figura 13 - Reportagem de inauguração do elevado - Fonte: O GLOBO (1971) .................... 25

Figura 14 - Reportagem O GLOBO (1970).............................................................................. 26

Figura 15 - Reportagem O GLOBO (1970).............................................................................. 27

Figura 16 – Reportagem O GLOBO (1980) ............................................................................. 28

Figura 17 - Reportagem do JORNAL DO BRASIL (1988) ..................................................... 29

Figura 18 - Cabos de protensão externas à viga - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) .... 30

Figura 19 - Reportagem O GLOBO (2001).............................................................................. 30

Figura 20 - Armação exposta nos pilares em 2010 - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) 31

Figura 21 - Encamizamento dos pilares - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ................. 32

Figura 22 - Proteção catódica nos pilares - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) .............. 33

Figura 23 – Verificação de tensões nas cordoalhas de protensão - Fonte: BATISTA E

MIRANDA (2012) ................................................................................................................... 34

Page 9: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Figura 24 – Desenho isométrico dos apoios em dente Gerber e a janela de inspeção criada –

Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ................................................................................... 35

Figura 25 – Corte transversal – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ................................ 35

Figura 26 – Detalhe do dente Gerber em corte longitudinal – Fonte: BATISTA E MIRANDA

(2012) ....................................................................................................................................... 36

Figura 27 – Janela de inspeção de apoios – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ............. 36

Figura 28 - Face lateral de dentes Gerber vistoriados. Fotos tiradas pela janela de inspeção -

Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ................................................................................... 37

Figura 29 - Face lateral de dentes Gerber vistoriados. Fotos tiradas pela janela de inspeção -

Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ................................................................................... 37

Figura 30 - Reportagens de O Globo e Extra (2012) ................................................................ 40

Figura 31 - Reportagem O Globo (2012) ................................................................................. 40

Figura 32 – Mapa com relevo da cidade e posicionamento das zonas norte (Maracanã e

Deodoro), sul (Copacabana) e oeste (Barra). Comparativo entre de população e empregos nas

zonas sul e barra - Fonte: COMITÊ DE CANDIDATURA RIO 2016 (2009) ........................ 41

Figura 33 - Crescimento da taxa de automóveis no Brasil - OBSERVATÓRIO DAS

METRÓPOLES (2015) ............................................................................................................ 42

Figura 34 - Crescimento da taxa de automóveis no Rio de Janeiro - OBSERVATÓRIO DAS

METRÓPOLES (2015) ............................................................................................................ 43

Figura 35 – Estrutura de transporte entre as zonas com instalações para as Olimpíadas Rio

2016 com destaque para a previsão de via adicional na Autoestrada Lagoa-Barra – Fonte:

COMITÊ DE CANDIDATURA RIO 2016 (2009) .................................................................. 45

Figura 36 - Reforço estrutural com vigas metálicas chumbadas ao pilar ................................. 47

Figura 37 – Locação da obra de ampliação de Ligação Zona Sul-BarraFonte: O Globo (2014)

.................................................................................................................................................. 48

Figura 38 - Desemboque do Túnel do Pepino .......................................................................... 49

Figura 39 – Início do Elevado das Bandeiras ........................................................................... 50

Figura 40 - Emboque do Túnel do Joá ..................................................................................... 50

Figura 41 - Ponte da Joatinga ................................................................................................... 51

Figura 42 - Terraplanagem para alargamento de pista na Av. Ministro Ivan Lins - Barra da

Tijuca ........................................................................................................................................ 51

Figura 43 - Subida da ciclovia da Praia de São Conrado para entrada no Túnel do Pepino .... 52

Figura 44 - Região acima do Túnel do Joá e no entorno da Ponte da Joatinga ........................ 52

Page 10: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Figura 45 – Seção transversal da superestrutura ...................................................................... 54

Figura 46 – Elevado antigo à esquerda e elevado novo, em construção, à direita. .................. 54

Figura 47 – Viga pré-moldadas tipo I com bainhas e cabos de protensão ainda sendo

colocados .................................................................................................................................. 55

Figura 48 - Execução de estacas raiz nas fundações do pilar P25. ........................................... 56

Figura 49 – Lançamento de vigas com treliça lançadeira ........................................................ 57

Figura 50 – Esquema unifilar dos segmentos (trechos) da nova pista...................................... 58

Figura 51 - ÁBACO ................................................................................................................. 67

Figura 52 - Simbologia das camadas do pavimento flexível. ................................................... 68

Figura 53 - Seção de pavimento flexível adotada..................................................................... 69

Figura 54 - Cortina atirantada no Emboque do Túnel do Pepino ............................................. 70

Figura 55 – Instalação das barreiras de impacto com telas metálicas ancoradas em rocha, no

emboque do Túnel do Pepino ................................................................................................... 71

Figura 56 – Execução de solo grampeado com concreto projetado no talude do desemboque

do Túnel de Pepino ................................................................................................................... 72

Figura 57 – Muro de peso no encontro E01, como contenção para o aterro de início do

elevado. ..................................................................................................................................... 72

Figura 58 – Execução de fundação com sapata pinada em rocha, protegida por cortina

atirantada e mureta chumbada, no eixo 09. .............................................................................. 73

Figura 59 – Solo grampeado e com concreto projetado, em frente ao pilar P16...................... 74

Figura 60 - Cortina atirantada do desemboque do Joá ............................................................. 75

Figura 61 - Início das detonações no Túnel do Pepino............................................................. 76

Figura 62 - Desmonte de Rocha a fio diamantado no emboque do Túnel do Joá .................... 76

Figura 63 - Desmonte de rocha para assentamento do bloco B08............................................ 77

Figura 64 - Emboque do Túnel do Pepino e casa de luxo de famoso diretor da Tv Globo. ..... 79

Figura 65 – Rachaduras indicativas de grandes recalques na casa pertencente ao diretor da Tv

Globo. ....................................................................................................................................... 80

Figura 66 - Buraco no asfalto no desemboque do Túnel do Pepino (O GLOBO, 2016). ........ 81

Figura 67 - Chapas de aço no asfalto para proteger os veículos dos buracos formados (O

GLOBO, 2016). ........................................................................................................................ 81

Figura 68 – Estado do asfalto em trecho do Túnel do Joá (O GLOBO, 2016). ....................... 82

Figura 69 – Asfalto de reparo com aspecto úmido e desagregado (O GLOBO, 2016). ........... 83

Page 11: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Figura 70 - Verificação de camadas de aterro e pavimentação através de abertura do solo com

máquina escavadeira (O GLOBO, 2016). .................................................................. 83

Figura 71 - Croquis de corte transversal no desemboque do Túnel do Pepino ........................ 84

Figura 72 - Projeto básico das barreiras de impacto do Elevado do Joá .................................. 85

Page 12: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Condições de visualização e inspeção das faces dos dentes Gerber incluindo faces

das transversinas de apoio - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012) ...................................... 38

Tabela 2 - Rede crítica das vias principais dos Jogos Rio 2016 - Fonte: COMITÊ DE

CANDIDATURA RIO 2016 (2009) ........................................................................................ 46

Tabela 3 – Faixas Granulométricas (Fonte: DER-SP / ET-DE-P00/010) ................................ 60

Tabela 4 - faixas granulométricas de BGS (Fonte: DER-SP / ET-DE-P00/008) ..................... 61

Tabela 5 - Faixa A do concreto asfáltico .................................................................................. 62

Tabela 6 - Características específicas do concreto asfáltico..................................................... 63

Tabela 7 - Faixa do Material de Enchimento ........................................................................... 64

Tabela 8 - Faixa C do concreto asfáltico .................................................................................. 64

Tabela 9 - Características do concreto asfáltico ....................................................................... 64

Tabela 10 - Espessuras Mínimas do Revestimento .................................................................. 66

Page 13: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

13

1. Introdução

A Cidade do Rio de Janeiro é dividida e em três zonas: a Zona Sul, Zona Norte e Zona Oeste.

Esta divisão é feita naturalmente pelo maciço da tijuca, grande cadeia montanhosa presente

na cidade (figura 1). Para vencer o maciço da tijuca e promover transporte e deslocamento

entre as três zonas da cidade, são necessárias grandes obras. Tais obras se tornam um desafio

para os Engenheiros das principais construtoras do país.

Figura 1 - Foto de satélite. Em verde a cadeia montanhosa que divide a cidade - Fonte: GOOGLE MAPS (2018)

Exemplos dessas obras são os Túneis Rebouças e Santa Bárbara ligando a Zona Norte à Zona

Sul, a Linha Amarela, Transcarioca e Transolímpica ligando a Zona Norte à Zona Oeste e a

Estrada Lagoa-Barra e o Elevado do Joá ligando a Zona Sul à Zona Oeste e a Linhas 1, 2 e 3

do Metrô que ligam as três zonas. Além das estradas mais antigas que passam por cima da

Page 14: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

14

cadeia montanhosa como a Estrada das Canoas, o Auto da Boa Vista e a Estrada Grajau-

Jacarepaguá.

Com o passar do tempo, essas ligações vêm se tornando cada vez mais importantes para a

cidade, visto que suas ampliações não conseguem acompanhar o crescimento da população e

principalmente o crescimento do número de carros por pessoa na cidade. Novos polos

comerciais, gastronômicos, residenciais e turísticos se formaram em áreas distantes umas das

outras, durante as últimas décadas, aumentando ainda mais a necessidade pelos transportes.

Atualmente, a Barra da Tijuca (figura 2), integrante da Zona Oeste, é economicamente uma

das regiões mais expressivas da cidade do Rio de Janeiro, e uma das que mais crescem.

Grandes empresas migraram para a Barra da Tijuca em decorrência do boom da construção

civil e da oferta de espaços e novos empreendimentos empresariais.

Figura 2 – Foto aérea da Barra da Tijuca – Fonte: O GLOBO (2010)

Page 15: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

15

Zona Sul e Barra da Tijuca concentram, com isso, o maior poder aquisitivo e uma

necessidade muito grande de fluxo de pessoas. Tornam-se então muito importantes e

congestionadas as vias que as ligam: Avenida Niemayer, Elevado do Joá e Estrada das

Canoas, além do metrô recém-inaugurado. Dentre as opções, a via que têm mais capacidade

de fluxo de pessoas e a mais procurada pelos moradores é o Elevado do Joá.

Esta importante via expressa da cidade apresentou problemas de execução durante a sua

construção e problemas estruturais devido ao seu péssimo estado de conservação, nos anos

seguintes. Em 2017, ano que o Elevado completa 50 anos do início de sua construção, foram

finalizadas então as obras de construção de um Novo Elevado do Joá. Este, construído logo

ao lado, vem para suprir o aumento na demanda pelo fluxo de veículos e diminuir as

solicitações de carga no antigo elevado. Por sua vez, a nova via também apresentou

dificuldades na sua construção e problemas após a sua inauguração.

Figura 3 - Foto aérea do Elevado do Joá antes da duplicação – Fonte: GOOGLE IMAGENS

Page 16: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

16

2. História

Até meados do século XX, a cidade do Rio de Janeiro se resumia ao Centro da cidade e a

Zona Sul ao redor da Baia de Guanabara, além de parte da Zona Norte. A barra da Tijuca

(Figura 4) e a Zona Oeste como um todo ficaram até então escondidas atrás das grandes

cadeias montanhosas e era frequentada basicamente por pescadores aventureiros.

Figura 4 - Foto aérea da Barra da tijuca na década de 50 - Fonte: GOOGLE IMAGENS

O grande marco do desenvolvimento da Barra da Tijuca foi com o urbanista Lúcio Costa, que

contratado pelo governador do Estado da Guanabara, Negrão Lima, para fazer um projeto

urbanístico e estratégico para a região: O Plano Piloto da Barra da Tijuca. O Plano Piloto, de

1969, similar ao Plano de Brasília, de inspiração no urbanismo racionalista, com grandes

avenidas e grandes espaços abertos, marcou definitivamente o início do estilo de vida peculiar

do futuro morador da Barra da Tijuca. (DIÁRIO DO RIO, 2015).

Page 17: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

17

Segundo o site de pesquisa História do Rio (DIÁRIO DO RIO, 2015) “No Governo Negrão

de Lima (1966-1970), surgiu a pavimentação da Avenida Alvorada, a implantação da BR 101,

atual Avenida das Américas, o início da construção do túnel Dois Irmãos, as vias em São

Conrado e Joá, e ainda a construção da ponte sobre o canal da Barra da Tijuca e de vias

perpendiculares. O governador, em 1970, assinou um decreto proibindo a circulação de

veículos de tração animal na cidade. Foi o início da explosão da Barra”.

No final da década de 1960, foi construída a Auto Estrada Lagoa-Barra, que possibilitou o

maior desenvolvimento, diminuindo o tempo de transporte para a zona sul da cidade do Rio.

Nesta mesma época consolidaram-se grandes condomínios fechados, inspirados num então

novo modelo de vida.

Na década de 1990, outro grande marco urbanístico que possibilitou melhor ligação com a

Zona Norte da cidade do Rio foi a criação da Linha Amarela, via expressa que liga a Barra da

Tijuca à Ilha do Fundão.

Figura 5 - Foto aérea da Barra da Tijuca na década de 60 – Fonte: GOOGLE IMAGENS.

Page 18: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

18

O Elevado das Bandeiras, conhecido como Elevado do Joá foi o ponto de partida para uma

série de investimentos em infraestrutura e transportes na Barra da Tijuca, que com o passar do

tempo necessita cada vez mais. Recentemente novos investimentos foram feitos, formando

um complexo sistema integrado de transportes via metrô, corredores de ônibus, diversos

túneis e vias expressas.

3. O Elevado do Joá original

3.1. Início das Obras

Em 1967 foram iniciadas as obras do Elevado do Joá (Figura 6 ). A obra, de responsabilidade

do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado da Guanabara fez parte de uma série de

investimentos em transporte e infraestrutura, nas décadas de 60 e 70, interligando todo o Rio

de Janeiro com vias expressas. Uma obra desse porte é considerada uma obra pesada, se

fazendo necessário um planejamento apurado com estudos em diversas áreas de engenharia

civil. Para a época, cerca de 50 anos atrás, o desafio era ainda maior: com a necessidade do

uso das mais novas tecnologias da época e um grande risco de segurança aos trabalhadores.

Page 19: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

19

Figura 6 – Obras em andamento no desemboque do Túnel do Pepino 1970 - Fonte: DIARIODORIO (2015)

Figura 7 – Obras em andamento no Elevado das Bandeiras 1970 - Fonte: DIARIODORIO (2015)

Page 20: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

20

3.2. Características Gerais

Projetado pelos arquitetos Ubirajara Ribeiro e Walter Maffei, a grande obra consiste em duas

pistas sobrepostas (Figura 8) com 10,5 metros de largura e duas faixas de trânsito cada uma,

que atravessam dois túneis, o elevado e ainda uma ponte sobre o canal da Barra da Tijuca. Os

túneis foram os primeiros da América Latina construídos nesse sistema “duble deck” de uma

pista sobre a outra. (O GLOBO, 1971).

Figura 8 - Elevado das Bandeiras em pistas sobrepostas - Fonte: DIARIODORIO (2015)

De São Conrado para a Barra da Tijuca, a estrada Lagoa-Barra emboca no Túnel do Pepino, o

primeiro desafio da obra. O túnel tem 190 metros de extensão e seu desemboque se dá em um

aterro que inicia o Elevado das Bandeiras (Figura 8). Este, com 1100 metros de extensão, 66

pilares, 64 vãos de 35 metros cada e 256 vigas, acompanha as curvas do mar até o Túnel do

Joá que, por sua vez, tem 344 metros de extensão e em seu desemboque acabam-se as pistas

Page 21: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

21

em dois andares. Já do outro lado do maciço da tijuca, as quatro faixas de pista cruzam o

canal da Barra pela nova Ponte da Joatinga, encerrando o trecho de obra, e dando início a

Avenida das Américas.

3.3. Condições de Contorno

O local de construção do Elevado das Bandeiras foi escolhido de maneira a aproveitar todo o

potencial paisagístico da região. Foi feito sobre as rochas que fazem o encontro da cadeia

montanhosa com o mar, acompanhando suas curvas e proporcionando aos usuários uma vista

da mata atlântica na encosta do maciço da tijuca por um lado, e o horizonte do oceano

atlântico pelo outro.

Tal cenário gerou algumas dificuldades para os projetos de engenharia como as fundações em

rocha, a consideração da ação das ondas sobre a estrutura do elevado, a contenção da encosta

e principalmente a agressividade da elevada umidade com intensa concentração de cloretos no

processo de oxidação das estruturas.

Page 22: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

22

Figura 9 - Pilares, travessa e vigas do Elevado das Bandeiras encontrando o mar à direita a encosta à esquerda - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

3.4. Projeto Estrutural

Os projetos estruturais eram de responsabilidade dos engenheiros Walter de Almeida Braga e

Nelson Zaneti e deixam bem à mostra todos os seus elementos construtivos, tais como lajes,

vigas e pilares. A construção foi de responsabilidade da Construtora Rossi Engenharia S.A.

A fundações do viaduto são diretas, do tipo sapatas retangulares. Um pilar, também de seção

retangular, sobe de cada sapata. Duas travessas ligam os pilares, formando um pórtico com

apoio para os dois andares de pista. A primeira travessa, ligando dois pilares em meia altura,

tem seção T invertida e que sustenta o tabuleiro da pista inferior. A segunda travessa é

semelhante e liga os pilares pelo topo, sustentando o tabuleiro da pista superior. A travessa do

pórtico, em forma de T invertido, apoia os dentes do tipo Gerber de cada viga (Figura 10,

BATISTA e MIRANDA, 2012).

Page 23: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

23

.

Figura 10 - Esquema estrutural do encontro das vigas com o pórtico – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Toda a estrutural do elevado é em concreto armado, sendo as vigas em concreto protendido.

Estas têm seção transversal tipo caixão com linhas de tirantes dispostas conforme projetos

apresentados nas Figuras 11 e 12 (BATISTA e MIRANDA, 2012).

Page 24: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

24

Figura 11 - Projeto protensão das vigas - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Figura 12 - Armação do dente Gerber das vigas - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

3.5. Inauguração

“Considerada até então a obra de arte mais bonita do Rio, não só pelo seu arrojo, projeto

arquitetônico e sistema de execução, como também por sua extraordinária, localização –

comprimido entra o maciço da Gávea e o mar – numa região de grande beleza natural e de

Page 25: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

25

incontestáveis atrações paisagísticas e turísticas” – O Globo, 1971 - foi inaugurada (Figura

13), em solenidade presidida pelo Governador Negão de Lima, a obra do Elevado do Joá

como parte integrante da Autoestrada Lagoa-Barra.

Figura 13 - Reportagem de inauguração do elevado - Fonte: O GLOBO (1971)

A obra, que chamou a atenção por todo o mundo, passou a liberar parcialmente circulação do

tráfego. Apenas a pista inferior foi liberada, prosseguindo os trabalhos na pista superior.

3.6. Problemas Apresentados

Já durante o período de obras, o elevado gerou acidentes e risco à integridade física dos

operários. Em 1970 foram dois acidentes graves: o primeiro com um trabalhador morto e 28

Page 26: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

26

feridos e o segundo com mais um trabalhador morto e 11 feridos (Figuras 14 e 15). Em

momentos distintos, porém os dois acidentes aconteceram durante a concretagem da uma viga

longarina do elevado onde no primeiro caso um dos cabos de içamento da viga se partiu e no

outro os pilares de sustentação cederam, também levando à ruptura e queda da longarina.

Figura 14 - Reportagem O GLOBO (1970)

Page 27: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

27

Figura 15 - Reportagem O GLOBO (1970)

Menos de uma década após a sua inauguração, em 1980, o elevado começou a apresentar os

primeiros sinais de degradação e o Presidente do Departamento de Estradas e Rodagem

(DER) da época, Fernando MacDowell, contratou a COPPE/UFRJ para fazer a retiradas de

corpos de prova da estrutura e analisar o seu estado de degradação e medição do potencial das

ferragens (Figura 16).

A degradação gerada pela oxidação das armaduras e cordoalhas de protensão já estava muito

avançada. Foi então iniciado o período com diversas obras de recuperação da estrutura do

elevado e foram interditadas ambas as pistas do elevado para veículos pesados como ônibus e

caminhões.

Page 28: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

28

Os principais problemas apresentados foram:

i. Os elementos muito esbeltos dificultaram o lançamento e adensamento do

concreto durante a obra.

ii. O cobrimento utilizado foi de 1,5 a 3 cm. Onde o ideal, pela classe de

agressividade do local, seria de pelo menos 5 cm.

iii. Falhas de adensamento, deixando vazios e trincas no concreto, permitindo a

entrada de água na estrutura.

iv. Falhas de injeção das bainhas.

v. Juntas de dilatação sem manutenção, com berços quebrados, permitindo a entrada

de água e detritos.

Foi detectado ainda, no caso das lajes, a inexistência parcial ou total de nata de injeção nos

cabos de protensão, com infiltração de água no interior das bainhas, fios rompidos em quase

Figura 16 – Reportagem O GLOBO (1980)

Page 29: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

29

todos os cabos acessados e valores de potencial medidos dando ideia de corrosão

generalizada. Já nas longarinas, os ensaios indicaram uma probabilidade de corrosão de cerca

de 15% nos cabos de protensão.

A situação foi considerada crítica e a contratação dos serviços de recuperação foi logo

providenciada (Figura 17).

Figura 17 - Reportagem do JORNAL DO BRASIL (1988)

Os serviços de recuperação foram feitos pelas empresas Concrejato e Protende. Estes

consistiam na re-injeção de nata de cimento nas bainhas de protensão, tratamentos de fissuras

e instalação de novos cabos de protensão para as longarinas. Estes cabos foram instalados em

talões de concreto armado pela parte de fora das vigas, em suas laces laterais conforme figura

18.

Page 30: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

30

Figura 18 - Cabos de protensão externas à viga - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Cerca de 10 anos após essa primeira bateria de obras de recuperação do elevado, já se podiam

ver novas trincas e o elevado foi fechado mais uma fez. Dessa vez apenas para pequenos

reparos de trincas ditas como sem risco de danos estruturais. Conforme reportagem do jornal

O Globo da época (Figura 19).

Figura 19 - Reportagem O GLOBO (2001)

Page 31: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

31

No final da década de 2000, os problemas estruturais e de conservação do Elevado das

Bandeiras, demonstrados durante todos esses anos, estavam cada vez mais aparentes e

recorrentes, oferecendo visivelmente um risco aos seus usuários. A Prefeitura do Rio de

Janeiro contratou então, pela Secretaria Municipal de Obras e Conservação (SMO), a

Fundação COPPETEC da UFRJ para serviços de inspeção e identificação de patologias

quanto à segurança estrutural do elevado. Tais serviços foram feitos de janeiro a junho de

2010.

O laudo final da COPPETEC (2010) concluiu que eram necessárias as seguintes medidas:

i. Recuperação de pilares e juntas de dilatação.

ii. Investigação mais profunda sobre os dentes Gerber e os cabos de protensão.

iii. Elaboração de projetos para troca dos aparelhos de apoio e um estudo para

construção de via alternativa à atual.

Foram iniciadas então as obras de recuperação nos pilares e juntas de dilatação, sob olhar

atento dos engenheiros Eduardo de M. Batista (COPPE/UFRJ) e Luiz Roberto M. de Miranda

(ECOPROTEC), que também ficaram responsáveis pela investigação nos dentes Gerber e nos

cabos de protensão.

Figura 20 - Armação exposta nos pilares em 2010 - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Page 32: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

32

A recuperação dos pilares

A fim de aumentar sua durabilidade e reduzir intervenções de manutenção, foram adotadas as

seguintes medidas:

i. Encamizamento dos pilares em concreto armado (Figura 21).

ii. Material de recobrimento: concreto de alta durabilidade

iii. Classe de agressividade ambiental IV, o que significa um recobrimento mínimo de

5 cm, fator água/cimento maior do que 0,45 e concreto classe C40 ou superior

Figura 21 - Encamizamento dos pilares - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Page 33: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

33

iv. Proteção catódica com telas de aço como anodo de sacrifício (Figura 22).

Figura 22 - Proteção catódica nos pilares - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

A investigação dos cabos de protensão

A investigação dos cabos instalados por fora das vigas foi feita com a abertura do concreto e

da bainha de protensão em 18 dos cabos no tabuleiro superior e mais 18 dos tabuleiro inferior

de maior exposição à oxidação (mais próximo ao mar). Foram medidas em tensões nas

cordoalhas e seu estado de conservação com aparelho portátil de Raios-X (Figura 23).

Page 34: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

34

Figura 23 – Verificação de tensões nas cordoalhas de protensão - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

O resultado das medições nas cordoalhas foi satisfatório, indicando que não há falhas ou

perda de protensão nessas posições e a proteção em argamassa de cimento no interior das

bainhas estava em bom estado e sendo efetiva.

A investigação dos dentes Gerber

Para essa investigação foi necessário um plano muito mais trabalhoso e cuidadoso, uma vez

que da forma com que foram projetados os dentes Gerber, as transversinas e os apoios, a

visualização de muitas partes importantes da estrutura ficou impossibilitada. No caso, a

transversina que se encontra bem próximo ao apoio bloqueia totalmente a visualização da

região dos apoios que sofre bastante com a entrada de água e detritos pelas juntas de

dilatação.

Page 35: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

35

Foi necessária então uma obra por parte dos investigadores, para conseguir obter um mínimo

de visibilidade. Um projeto com a abertura de janelas de inspeção nas transversinas, entre

uma viga longarina e outra deem área que não pegasse suas cordoalhas de protensão, foi

elaborado e executado segundo as figuras 24 a 27. A visibilidade adquirida com a solução

adotada foi limitada a algumas laterais de dentes Gerber e aparelho e apoio.

Figura 24 – Desenho isométrico dos apoios em dente Gerber e a janela de inspeção criada – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Figura 25 – Corte transversal – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Page 36: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

36

Figura 26 – Detalhe do dente Gerber em corte longitudinal – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Figura 27 – Janela de inspeção de apoios – Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

A situação encontrada foi alarmante, onde quase todas as áreas acessadas apresentaram

armaduras expostas e oxidadas, grandes trincas e rachaduras, presença de umidade excessiva

e muitos detritos (Figuras 28 e 29).

Page 37: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

37

Figura 28 - Face lateral de dentes Gerber vistoriados. Fotos tiradas pela janela de inspeção - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Figura 29 - Face lateral de dentes Gerber vistoriados. Fotos tiradas pela janela de inspeção - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

Page 38: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

38

Os dentes Gerber e os aparelhos de apoio foram vistoriados, preenchidos com concreto de alta

resistência e tratados com limpeza dos detritos e dentro da medida do possível. No entanto,

apenas uma pequena parte das faces de dentes Gerber pôde ser alcançada, como mostra a

Tabela 1. As faces inferior e frontal, por exemplo, não tiveram como ser visualizadas.

Tabela 1 – Condições de visualização e inspeção das faces dos dentes Gerber incluindo faces das transversinas de apoio - Fonte: BATISTA E MIRANDA (2012)

“Essas regiões dos dentes Gerber sem condições de acesso permanecerão sem serem

investigadas e com diagnóstico de degradação estrutural indeterminado. Dessas observações

concluímos que as condições de segurança dos dentes Gerber não poderão ser asseguradas

com precisão. Nessa condição, é previsível que dentes Gerber se encontrem com a segurança

muito mais comprometida do que se pode depreender pela observação, apenas, das faces

laterais já inspecionadas. É nosso entendimento que as estruturas dos tabuleiros superior e

inferior do viaduto estão em condição de risco estrutural potencial.” - BATISTA E

MIRANDA (2012)

Page 39: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

39

4. A Necessidade de um Novo Elevado

4.1. A Condenação do Elevado

Ao final de 2012, a COPPETEC enviou às autoridades da Prefeitura do Rio de Janeiro um

laudo final a respeito dos estudos sobre a segurança estrutural feitos durante esses anos, frente

ao processo de degradação por corrosão que progride no elevado. Tal documento detalhou

todas as inspeções feitas e chegou a uma conclusão importante.

Foi definido que a solução definitiva deve considerar a substituição dos tabuleiros de pista

superior e inferior (toda a superestrutura) por novas estruturas. Só desta maneira os problemas

constantes com intervenções custosas seriam resolvidos. O que significa uma obra de grande

porte que exige muito tempo, dinheiro e interrupção total do tráfego de veículos na via.

Além disso, o laudo determinou a interdição absoluta ao tráfego de veículos pesados como

caminhões e veículos de carga para o uso regular do elevado.

Tais medidas não foram adotadas de imediato por parte da prefeitura do Rio de Janeiro e a

COPPE apelou à mídia para que o assunto não fosse esquecido, gerando uma pressão nas

autoridades. Não demorou muito para que todos os jornais anunciassem o perigo que os

usuários corriam com a condenação estrutural do Elevado do Joá.

No entanto, a Secretaria de Transportes e o Prefeito Eduardo Paes descartaram a possibilidade

de demolição do elevado, o que causaria um transtorno gigantesco para a população carioca.

As autoridades contornaram as notícias, informando que iniciariam estudos para restrições no

elevado e construção uma via alternativa (Figuras 30 e 31).

Page 40: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

40

Figura 30 - Reportagens de O Globo e Extra (2012)

Figura 31 - Reportagem O Globo (2012)

Page 41: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

41

4.2. O Trânsito no Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro tem uma concentração muito grande de oferta de empregos na

Região do Centro da Cidade e de alguns bairros da zona sul como Copacabana. Por outro

lado, em outras regiões, como é o exemplo da Barra da Tijuca e boa parte da zona oeste a

quantidade de empregos não é suficiente para a população residente, onde condomínios

residenciais imensos tomam grande parte do espaço. Esse é o principal motivo para um

grande fluxo de pessoas todos os dias no trajeto Zona Oeste-Centro.

Figura 32 – Mapa com relevo da cidade e posicionamento das zonas norte (Maracanã e Deodoro), sul (Copacabana) e oeste (Barra). Comparativo entre de população e empregos nas zonas sul e barra - Fonte: COMITÊ DE CANDIDATURA RIO 2016

(2009)

Page 42: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

42

Além disso tudo, segundo estimativa do professor de Engenharia de Transportes da

Coppe/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Paulo Cezar Ribeiro, a frota de

automóveis no Estado do Rio de Janeiro será quase o dobro da atual até 2020. De acordo com

o Estudo da Evolução da Frota, entre 2016 e 2020, o Rio terá um carro para cada dois

moradores. A pesquisa prevê que a frota de 1,9 milhão de automóveis, que circula atualmente

no Rio, ultrapasse os 3 milhões nos próximos nove anos.

Figura 33 - Crescimento da taxa de automóveis no Brasil - OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES (2015)

O professor atribui esse crescimento a três principais indicadores: à vontade de ter veículo

próprio, ao interesse do governo federal no comércio de automóveis e ao crescimento da

indústria automobilística no Brasil.

Neste mesmo período, o número de veículos, incluindo carros, motos, caminhões e ônibus,

aumentou 28% na cidade do Rio (Figura 33).

Page 43: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

43

Figura 34 - Crescimento da taxa de automóveis no Rio de Janeiro - OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES (2015)

Com o passar dos anos, a infraestrutura urbana e principalmente os sistemas de transporte da

cidade não conseguiram acompanhar o crescimento populacional e esse crescimento no

número de veículos. A demanda vem aumentando exponencialmente, enquanto a oferta de por

meios de transporte está sempre crescendo mais lentamente.

Para aquela massa trabalhadora da Barra da Tijuca chegar ao seu local de trabalho, a cidade

oferece poucas opções de rotas e a Autoestrada Lago-Barra é extremamente exigida,

responsável por um fluxo diário de aproximadamente 130 mil veículos. Nos horários de pico,

início da manhã e fim da tarde, um verdadeiro caos no trânsito se forma. Congestionamentos

quilométricos passam a fazer parte do dia-a-dia do carioca.

Page 44: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

44

4.3. Jogos Olímpicos Rio 2016

No dia 7 de setembro de 2007, a cidade do Rio de Janeiro lançou sua candidatura para sediar

os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, através do envio de cartas de intenção ao Comitê

Olímpico Internacional (COI). Em 2009, a cidade venceu a concorrência com Madri, Tóquio

e Chicago entre os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) na eleição em

Copenhague, na Dinamarca. Era a primeira vez que a América do Sul recebia o evento.

Assim, o Brasil foi sede dos dois maiores eventos do esporte mundial num período de dois

anos, porque também seria palco da Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Foi apresentado então, pelo Comitê Olímpico Brasileiro, Governo Federal, Governo Estadual

e Prefeitura da Cidade o Dossiê de Candidatura: documento em que as autoridades, dentre

outras coisas, se comprometeram a fazer investimentos pesados na infraestrutura da cidade e

apresentaram todo um planejamento de controle e eficiência do novo sistema de transportes.

“A estimativa da prefeitura é receber cerca de 450 mil turistas durante os Jogos Olímpicos e

Paralímpicos. Cada uma das quatro principais zonas definidas para as competições – Barra da

Tijuca, na zona oeste; Maracanã e Deodoro, na zona norte; e Copacabana, na zona sul – terá

plano de mobilidade específico, com base na capacidade de assentos e na demanda por

transporte público até os locais de competição.” – AGÊNCIA BRASIL (2016)

“A cidade este ano recebe a expansão do BRT no Lote Zero, ligando a Alvorada até o Jardim

Oceânico, o BRT Transolímpica e um trecho da Transbrasil ligando o Fundão ao centro da

cidade, além da extensão do metrô até a Barra da Tijuca e o Novo Elevado do Joá. Isso vai dar

ao cidadão carioca uma nova rede à sua disposição e pode ter certeza que funcionará nos

Page 45: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

45

jogos e funcionará ainda melhor ao fim das Olimpíadas” – PICCIANI, Secretário de

Transportes do Rio de Janeiro (2016).

Figura 35 – Estrutura de transporte entre as zonas com instalações para as Olimpíadas Rio 2016 com destaque para a previsão de via adicional na Autoestrada Lagoa-Barra – Fonte: COMITÊ DE CANDIDATURA RIO 2016 (2009)

Page 46: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

46

Para atender toda essa demanda era realmente necessário expandir e melhorar todo o sistema

de transportes da cidade. No eixo zona sul-barra, a Autoestrada Lagoa-Barra, como principal

alternativa para o tranporte privado automotivo, receberia uma demanda muito acima da sua

capacidade. Foi ai que a duplicação do Elevado do Joá passou de apenas um estudo, para uma

promessa à população do Rio de Janeiro e ao Comitê Olímpico Internacional (COI).

Tabela 2 - Rede crítica das vias principais dos Jogos Rio 2016 - Fonte: COMITÊ DE CANDIDATURA RIO 2016 (2009)

5. Soluções Adotadas

Mediante as condições citadas, a Prefeitura adotou as seguintes medidas:

i. Redução do trem-tipo com a interdição da via para veículos pesados.

ii. Redução dos impactos nas juntas de dilatação com a redução da velocidade máxima

permitida na via.

Page 47: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

47

iii. Interdição total do elevado de 00:00 até as 05:00 horas.

iv. Instalação de vigas metálicas chumbadas aos pilares, abaixo das longarinas, para aliviar

a solicitação nos dentes Gerber (figura 36).

v. Construção de um Novo Elevado do Joá, ao lado do original e totalmente independente

(capítulo 6).

Figura 36 - Reforço estrutural com vigas metálicas chumbadas ao pilar

Dente Gerber

Page 48: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

48

6. O Novo Elevado do Joá

6.1. Características Gerais

Com a ampliação, o Joá ganha duas pistas paralelas às existentes com áreas de acostamento

em caso de emergência. De acordo com o secretário municipal de Transportes da época,

Rafael Picciani, as viagens para a Barra ficariam 60% mais rápidas no período da manhã.

“Agora teremos mais três faixas permanentes, o que dá um acréscimo de mais de 30% de

capacidade viária e certamente reduzirá o trânsito em mais do que isso.”, disse ele. No

período da tarde, a redução pode chegar a 20%, em média. No sentido contrário, para São

Conrado, o tempo de viagem foi reduzido em 10%.

Figura 37 – Locação da obra de ampliação de Ligação Zona Sul-BarraFonte: O Globo (2014)

Page 49: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

49

Em dezembro de 2012 os pré-projetos do Novo Elevado do Joá estavam prontos. A obra foi

licitada e a Construtora Norberto Odebrecht ficou responsável por desenvolver os projetos

executivos e fazer a grande obra.

Os custos dos cinco quilômetros das vias foram da ordem de R$457 milhões. Seguindo a

ordem de São Conrado para a Barra (sentido do trânsito nas novas pistas) a obra consistiu nos

seguintes trechos:

i. Alargamento de pistas da Autoestrada Lagoa-Barra em São Conrado

ii. Ponte de acesso ao Emboque do Túnel do Pepino

iii. Túnel do Pepino

Figura 38 - Desemboque do Túnel do Pepino

Page 50: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

50

iv. Elevado das Bandeiras

Figura 39 – Início do Elevado das Bandeiras

v. Túnel do Joá

Figura 40 - Emboque do Túnel do Joá

Page 51: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

51

vi. Ponte da Joatinga

Figura 41 - Ponte da Joatinga

vii. Alargamento de pistas da Av. Ministro Ivan Lins na Barra da Tijuca

Figura 42 - Terraplanagem para alargamento de pista na Av. Ministro Ivan Lins - Barra da Tijuca

Page 52: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

52

viii. Ciclovia do Joá

Figura 43 - Subida da ciclovia da Praia de São Conrado para entrada no Túnel do Pepino

5.2. Condições de Contorno

O Joá, como é chamada a região do maciço da tijuca que fica acima do elevado e dos túneis

(Figura 44) também recebeu uma ocupação muito forte nas últimas décadas, acompanhando o

desenvolvimento econômico da Barra da Tijuca. A estrada que liga São Conrado à Barra da

Tijuca pelo maciço, chamada de Estrada do Joá, é ocupada hoje em dia por dezenas de

condomínios de alto luxo, com mansões de celebridades e de pessoas com grande poder

aquisitivo.

Figura 44 - Região acima do Túnel do Joá e no entorno da Ponte da Joatinga

Page 53: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

53

O Novo Elevado foi construído no pequeno espaço entre o elevado antigo e a encosta. Isso fez

com que a obra não sofresse nenhum problema com a variação das marés, pois a água do mar

chega no máximo ao pé dos pilares de fora do elevado antigo.

No entanto, duas dificuldades foram geradas com essa maior proximidade das novas pistas

com a encosta: a necessidade de um trabalho intenso de terraplanagem com grandes cortes e

aterros para possibilitar o acesso e a maior importância da contenção e drenagem das

encostas.

O ambiente extremamente agressivo em relação à concentração de cloretos para o processo de

oxidação das estruturas é basicamente o mesmo, necessitando de uma atenção especial por

parte dos projetistas.

6.3. O Projeto

6.3.1. Estrutura

A obra tem um total de 950m de comprimento, composta por 26 vãos de 36 metros cada e um

vão final de 14 metros de comprimento, totalizando 27 vãos no total, compreendidos entre o

Encontro E1 e o Encontro E2.

O tabuleiro tem 8,60 metros de largura em seção fixa e é composto por 4 vigas protendidas

pré-moldadas em seção I (Figura 47), com altura fixa de 1,67 metros (Figura 45), com

transversinas nos apoios e no meio dos vãos, com lajes e New Jerseys também em estrutura

pré-moldada. O Elevado foi projetado e executado em traçado paralelo ao Elevado existente,

mas sem nenhuma ligação ao mesmo, ou seja, estruturas independentes (Figura 46).

Page 54: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

54

Figura 45 – Seção transversal da superestrutura

Figura 46 – Elevado antigo à esquerda e elevado novo, em construção, à direita.

Page 55: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

55

Figura 47 – Viga pré-moldadas tipo I com bainhas e cabos de protensão ainda sendo colocados

O Elevado possui também 3 baias, ou recuos, ao longo de sua extensão, compreendidas em 1

vão estrutural, com 36m de comprimento. Nessas baias o tabuleiro é composto por 8 vigas

protendidas pré-moldadas, numa largura total de 16,90 metros.

A mesoestrutura é composta por pilares de seção quadrada vazada, em concreto estrutural in

loco com travessas de seção trapezoidal e comprimento entre 2,50m e 2,90m conforme

traçado geométrico.

A infraestrutura foi projetada em função do terreno que foi constatado na execução da obra.

Em sua maioria foram adotados blocos de coroamento sobre estacas tipo raiz com diâmetro de

50 cm pinadas 6 metros em rocha sã ou 8 metros em rocha alterada (Figura 48). Nos apoios

dos Pilares P6, P8, P9, P10, P11, P12 e P13 foram adotadas fundações diretas tipo sapatas

pinadas em rocha devido ao afloramento rochoso encontrado no local.

Page 56: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

56

Figura 48 - Execução de estacas raiz nas fundações do pilar P25.

Tanto a mesoestrutura e infraestrutura moldadas in loco, quanto a superestrutura pré-moldada

foram executadas com concreto estrutural de fck > 40MPa, fator água/cimento < 0,55 e um

consumo mínimo de 360kg de cimento por metro cúbico de concreto estrutural.

A superestrutura composta de vigas e lajes pré-moldadas foi executada com auxilio de treliça

lançadeira (Figura 49) e a união da superestrutura com concreto in loco de alta resistência. A

laje foi unificada em 3 vãos consecutivos e a cada 108 m foi disposta uma junta de dilatação

tipo JEENE JJ 70120CP, para compensar a movimentação da superestrutura. As lajes tem

20cm em sua totalidade.

Page 57: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

57

Figura 49 – Lançamento de vigas com treliça lançadeira

As vigas pré-moldadas foram apoiadas em aparelhos de Apoio Mecânicos, sendo adotados 3

tipos de aparelhos de acordo com sua função estrutural, sendo eles: Aparelhos de Apoio

Mecânico tipo Vasoflon Multidirecional, Aparelhos de Apoio Mecânico tipo Vasoflon

Unidirecional e Aparelhos de Apoio Mecânico tipo Vasoflon Fixo.

6.3.2. Pavimentação A PCE Engenharia ficou de elaborar os projetos dos pavimentos das pistas dos seguintes

trechos: Via Paralela São Conrado Barra, nos segmentos Est. 997+13,868 a Est. 1004+4,840;

Est. 1005+15,160 a Est. 1007+5,000 (início do Túnel do Pepino); Est. 1017+10,000 (fim do

Túnel do Pepino) a 1023+7,300 (início do Elevado das Bandeiras); Est. 1070+17,150 (fim do

Elevado das Bandeiras) a Est.1077+14,985 (início do Túnel do Joá); Est. 1098+7,790 (fim do

Túnel do Joá) a Est. 1111+13,277 (início da Ponte da Joatinga); Est. 1137+16,333 (fim da

Ponte da Joatinga) a Est.1145+2,421 (final do muro de contenção do encontro). A Figura 49

mostra o esquema unifilar dos segmentos (trechos) da nova pista.

Page 58: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

58

SEGMENTO EM SOLO A SER PAVIMENTADO

Figura 50 – Esquema unifilar dos segmentos (trechos) da nova pista.

Os segmentos são constituídos por trechos assentes em materiais terrosos, em concreto de

cimento (viadutos) e em rocha (túneis), com seus pontos de início e término obtidos a partir

do Projeto Geométrico elaborado pela PCE Engenharia.

Para dimensionar as estruturas de pavimento são necessárias informações sobre as

características dos materiais constituintes do solo natural (subleito), assim como dados do

tráfego (composição dos tipos de veículos e respectivas cargas por eixo) que irão solicitar o

pavimento.

A partir do conhecimento desses fatores é possível dimensionar uma estrutura de pavimento

capaz de absorver os esforços provenientes do tráfego, transmitindo-os para o subleito, de

modo que não ocorra ruptura em nenhum ponto ou que a deformação máxima atenda o limite

previamente fixado, determinando as espessuras das camadas adequadamente.

Para obter esses dados devem-se realizar estudos geotécnicos dos materiais constituintes do

subleito e de ocorrências de materiais (jazidas) que possuam características próprias para

utilização em camadas do pavimento.

No caso do tráfego, os dados foram fornecidos pela Secretaria de Transportes da Prefeitura da

Cidade do Rio de Janeiro.

A PCE recebeu os documentos referentes ao Projeto Executivo de Implantação de Via

Paralela, Túneis e Ciclovia na Auto-Estrada São Conrado – Barra da Tijuca, elaborado pela

empresa PROJCONSULT Engenharia de Projetos Ltda., para elaborar os projetos. No

entanto, não encontrou no documento os dados necessários para o dimensionamento dos

pavimentos. Os documentos disponibilizados foram:

MEMORIAL DESCRITIVO – PC-7570-48367 - Características do Pavimento Existente:

este documento restringe-se a uma breve descrição da situação dos pavimentos existentes.

997+13,868 1004+4,840 1005+15,160 1007+5,000 1017+10 1023+7,30 1070+17,15 1077+14,985 1098+7,790 1111+13,277 1137+16,333 1145+2,421

VIADUTO DO PEPINO TÚNEL DO PEPINO ELEVADO DAS B ANDEIRAS TÚNEL DO JOÁ PONTE DA JOATINGA FINAL MURO DE

CONTENÇÃO DO

1.930,972 m 29,840 m 117,30 m 137,835 m 412,805 m 146,088 m ENCONTRO

Page 59: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

59

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA - PC-7570-48366 - Projeto de Pavimentação e Projeto dos

Pavimentos Novos: neste documento encontrou-se apenas recomendação para as ações a

serem tomadas, visando obtenção das informações necessárias aos projetos dos

pavimentos, não apresentando qualquer demonstrativo e/ou memória de cálculo referente

aos dimensionamentos dos pavimentos.

PROJETO EXECUTIVO - Desenhos: os desenhos citado apresentam estruturas

esquemáticas para pavimento restaurado, pavimento novo e para a ciclovia, indicando seus

locais de aplicação. Entretanto, tais desenhos não mostram os tipos de materiais a serem

utilizados para as camadas de base e de sub-base, embora mostrem as espessuras de tais

camadas.

Foi adotado o valor de CBR = 7% do material do subleito para o dimensionamento do

pavimento dos 4 subtrechos.

A partir destes dados, a PCE apresentou uma proposição de estrutura de pavimento referente

ao volume diário de tráfego, como sendo de cerca de 130 mil veículos, dados obtidos da

Secretaria de Transportes da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Para os materiais empregados nas camadas foram determinadas as características mínimas,

uma vez que não foram fornecidos os dados dos materiais disponíveis para o

dimensionamento da estrutura de pavimento.

6.3.2.1. Camadas de Pavimento

6.3.2.1.1. Sub-base

Camada complementar à base e com as mesmas funções desta, executada sobre o subleito ou

reforço do subleito.

Neste projeto, para a camada de sub-base foi adotada a bica corrida, que é composta por

produtos resultantes de britagem primária de rocha sã, devendo atender os seguintes

requisitos:

Page 60: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

60

os agregados utilizados devem ser constituídos por fragmentos duros, limpos e duráveis,

livres de excesso de partículas lamelares ou alongadas, macias ou de fácil desintegração,

assim como de outras substâncias ou contaminações prejudiciais;

desgaste no ensaio de abrasão Los Angeles (NBR NM 51 ou DNER-ME 035/98) inferior a

50%;

equivalente de areia do agregado miúdo (NBR 12052 ou DNER-ME 035/98) superior a

55%;

índice de forma superior a 0,5 e porcentagem de partículas lamelares inferior a 10% (NBR

6954 ou DNER-ME 086/94);

perda no ensaio de durabilidade (DNER ME 089) em cinco ciclos, com solução de sulfato

de sódio, deve ser inferior a 20%, e com sulfato de magnésio inferior a 30%.

A granulometria (NBR NM 248) da bica corrida deve atender aos seguintes requisitos:

a curva granulométrica de projeto bica corrida deve enquadrar-se em uma das faixas

granulométricas especificadas na Tabela 1;

a faixa de trabalho, definida a partir da curva granulométrica de projeto, deve obedecer à

tolerância indicada para cada peneira na Tabela 1, porém sempre respeitando os limites da

faixa granulométrica adotada;

quando ensaiada de acordo com a NBR 9895, na energia modificada, deve apresentar CBR

igual ou superior a 100% e expansão igual ou inferior a 0,5%;

a porcentagem do material que passa na peneira nº 200 não deve ultrapassar 2/3 da

porcentagem que passa na peneira nº 40.

Peneira de Malha Quadrada % em Massa Passando Tolerância

ASTM mm A B

3” 76,2 100 100

2 1/2” 63,5 90 - 100 - ± 7

2” 50,0 - 90 - 100 ± 7

1” 25,0 65 - 90 70 – 100 ± 7

nº 4 4,8 35 – 70 ± 5

nº 10 2,0 - 25 – 55 ± 5

nº 200 0,075 0 - 20 0 - 10 ± 2

Tabela 3 – Faixas Granulométricas (Fonte: DER-SP / ET-DE-P00/010)

Page 61: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

61

6.3.2.1.2. Base

Camada destinada a resistir aos esforços verticais oriundos dos veículos, distribuindo-os

adequadamente à camada subjacente, executada sobre a sub-base, reforço do subleito ou

subleito.

Para a confecção da camada de base foi indicada a brita graduada simples, BGS, a qual deve

ser obtida por meio de mistura em usina de produtos de britagem de rocha sã.

Quando submetida ao ensaio de granulometria, conforme DNER-ME 080/94, a mistura deve

apresentar as características indicadas a seguir:

a curva granulométrica de projeto da mistura de agregados deve apresentar granulometria

contínua e se enquadrar-se em uma das faixas granulométricas especificadas na Tabela 2.

a faixa de trabalho, definida a partir da curva granulométrica de projeto, deve obedecer à

tolerância indicada na tabela acima para cada peneira, respeitando, porém, os limites da

faixa granulométrica adotada;

a porcentagem do material que passa na peneira n° 200 não deve ultrapassar 2/3 da

porcentagem que passa na peneira n° 40.

Peneira de Malha Quadrada % em Massa Passando Tolerância

ASTM A B C D

2” 100 100 - - ± 7

1 ½” 90 - 100 - - - ± 7

1” - 82 - 90 100 100 ± 7

¾” 50 - 68 - - - ± 7

3/8” 30 - 46 60 - 75 50 - 85 60 - 100 ± 7

nº 4 20 - 34 45 - 60 35 - 65 50 - 85 ± 5

nº 10 - 32 - 45 25 - 50 40 - 70 ± 5

nº 40 4 - 12 22 - 30 15 - 30 25 - 45 ± 5

nº 200 1 - 4 10 - 15 5 - 15 10 - 20 ± 2 Tabela 4 - faixas granulométricas de BGS (Fonte: DER-SP / ET-DE-P00/008)

Quando submetida aos ensaios da Norma DNER-ME 129/94, na energia indicada no projeto,

adotando-se no mínimo a do Proctor Modificado, e da Norma DNER-ME 049/94, a mistura

deve apresentar Índice Suporte Califórnia, ISC ≥ 100% e Expansão ≤ 0,3%.

A camada de base de brita graduada simples deve ser executada com materiais que atendam

aos seguintes requisitos:

Page 62: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

62

os agregados utilizados devem ser constituídos por fragmentos duros, limpos e duráveis,

livres de excesso de partículas lamelares ou alongadas, macias ou de fácil desintegração,

assim como de outras substâncias ou contaminações prejudiciais;

desgaste no ensaio de abrasão Los Angeles (NBR NM 51 ou DNER-ME 035/98) inferior a

50%;

equivalente de areia do agregado miúdo (NBR 12052 ou DNER-ME 035/98) superior a

55%;

índice de forma superior a 0,5 e porcentagem de partículas lamelares inferior a 10% (NBR

6954 ou DNER-ME 086/94);

perda no ensaio de durabilidade (DNER ME 089) em cinco ciclos, com solução de sulfato

de sódio, deve ser inferior a 20%, e com sulfato de magnésio inferior a 30%.

6.3.2.1.3. Camada de Ligação (Binder)

Esta camada foi executada com concreto asfáltico, Faixa A (DNIT 031/05), uma mistura

composta de agregados bem graduados, material de enchimento (filer) e cimento asfáltico,

produzida em usina, espalhada e compactada a quente.

A composição do concreto asfáltico deve satisfazer aos requisitos da Tabela 3 com as

respectivas tolerâncias no que diz respeito à granulometria (DNIT 031/05) e aos percentuais

do ligante asfáltico determinados pelo projeto da mistura e atender as características

específicas apresentadas na Tabela 4.

Peneira de Malha Quadrada % em massa, passando Tolerância, %

ASTM mm A

2” 50,8 100 ± 7 1 ½” 38,1 95 – 100 ± 7

1” 25,4 75 – 100 ± 7 ¾” 19,1 60 – 90 ± 7 ½” 12,7 - ± 7

3/8” 9,5 35 – 65 ± 7 nº 4 4,8 25 – 50 ± 5

nº 10 2,0 20 – 40 ± 5 nº 40 0,42 10 – 30 ± 5 nº 80 0,18 5 – 20 ± 3 nº 200 0,075 1 – 8 ± 2

Asfalto solúvel no CS2 (+) (%) 4,0 – 7,0 ± 0,3

Tabela 5 - Faixa A do concreto asfáltico (DNIT 031/05)

Page 63: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

63

Características Método de Ensaio Camada de Ligação (Binder) Percentagem de vazios DNER-ME- 043 4 a 6

Relação Betume/Vazios DNER-ME 043 65 a 72

Estabilidade Mínima (kgf) (75 golpes) DNER-ME 043 500

Resistência à Tração por Compressão Diametral Estática a 25º C, mínima, MPa

DNER-ME 138 0,65

Tabela 6 - Características específicas do concreto asfáltico

6.3.2.1.4. Camada de Revestimento – Capa

A camada de revestimento foi executada com concreto asfáltico com cimento asfáltico

modificado por polímero produzido em usina, espalhado e comprimido a quente.

Os materiais constituintes do concreto asfáltico com asfalto polímero são agregado graúdo,

agregado miúdo, material de enchimento (filer), e cimento asfáltico modificado por polímero

do tipo SBS. O concreto asfáltico com asfalto polímero deve satisfazer aos requisitos exigidos

pela Especificação de Serviço DNER-ES 385/99.

a) Agregado Graúdo

O agregado graúdo deve constituir-se de fragmentos sãos, duráveis, livres de torrões de argila,

substâncias nocivas e apresentar as características seguintes:

Desgaste Los Angeles igual ou inferior a 55% (DNER-ME 035); admitindo-se agregados

com valores maiores, no caso de terem apresentado desempenho satisfatório em utilização

anterior;

Índice de forma superior a 0,5 (DNER-ME 086);

Durabilidade, perda inferior a 12% (DNER-ME 089).

b) Agregado Miúdo

O agregado miúdo deve ser resistente, apresentar moderada angulosidade, estando livres de

torrões de argila e de substâncias nocivas. Deve apresentar equivalente de areia igual ou

superior a 55%. (DNER-ME 054).

c) Material de Enchimento (filer)

Deve ser constituído por materiais minerais finamente divididos, não plásticos, secos e isentos

de grumos, tais como cimento Portland, cal extinta, pó calcário, cinza volante, ou outros, e

que atendam à granulometria da Tabela 5 (DNER-ME 083).

Page 64: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

64

Peneira de Malha Quadrada % em peso Passando ABNT mm

nº 40 0,42 100 nº 80 0,18 95 - 100

nº 200 0,075 65 - 100

Tabela 7 - Faixa do Material de Enchimento

d) Composição da Mistura (Faixa C)

A composição do concreto asfáltico com asfalto polímero deve satisfazer os requisitos da

Tabela 6 com as respectivas tolerâncias no que diz respeito à granulometria e aos percentuais

de cimento asfáltico:

Peneira de Malha Quadrada % em Massa

Passando Tolerância

%

ABNT mm C

¾” 19,1 100 ± 7

½” 12,7 85 - 100 ± 7

3/8” 9,5 75 - 100 ± 7

nº 4 4,8 50 - 85 ± 5

nº 10 2,0 30 - 75 ± 5

nº 40 0,42 15 – 40 ± 5

nº 80 0,18 8 - 30 ± 3

nº 200 0,075 5 - 10 ± 2

Ligante Polimerizado solúvel no tricloroetileno (%)

5,0 – 7,5 ± 0,3

Tabela 8 - Faixa C do concreto asfáltico

Foi adotado o Ensaio Marshall (DNER-ME 043) para verificação das condições de vazios,

estabilidade, fluência e resistência da mistura asfáltica de acordo com os valores apresentados

na tabela 7.

Características Camada de Rolamento

Percentagem de vazios 3 a 5

Relação Betume/Vazios 75 a 82

Estabilidade Mínima (kgf) (75 golpes) 500

Fluência, mm 2,0 a 4,5

Resistência à Tração por Compressão Diametral a 25º C, mínima, kgf/cm²

7,0 a 12,0

Tabela 9 - Características do concreto asfáltico

Page 65: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

65

e) Execução

Antes de iniciar a construção da camada de concreto asfáltico, a superfície subjacente deve

estar limpa e pintada ou imprimada. Sendo decorridos mais de sete dias entre a execução da

imprimação e a do revestimento, ou no caso de ter havido trânsito sobre a superfície

imprimada, ou, ainda ter sido a imprimação recoberta com areia, pó-de-pedra, deve ser feita

uma pintura de ligação.

A temperatura de aquecimento do asfalto polímero deve ser em função do teor de polímero.

A temperatura conveniente para aquecimento do ligante é de 150°C acrescida de 3°C para

cada 1% de polímero: 150°C + 3°C / 1% polímero. A temperatura máxima deve ser de 180°.

Os agregados devem ser aquecidos a temperatura de 10°C a 15°C, acima da temperatura do

cimento asfáltico e inferior a 183°C.

6.3.2.1.5. Imprimação

Sobre a base devidamente nivelada e isenta de material solto, foi executada a imprimação

empregando asfalto diluído tipo CM-30, sendo que a taxa variou de 0,8 a 1,6 l/m2, conforme

o tipo e a textura da base. Durante a cura, a pista foi mantida fechada a qualquer tipo de

tráfego.

6.3.2.1.6. Pintura de Ligação

A pintura de ligação foi executada sobre a camada asfáltica existente ou sobre a camada

intermediária (binder), previamente varrida, com emulsão asfáltica catiônica tipo RR-1C,

sendo que a taxa de aplicação variou de 0,5 a 0,6 l/m2 dependendo do revestimento a ser

pintado.

6.3.2.1.7 Dimensionamento do Pavimento

No segmento em questão, as características do tráfego são representadas por veículos leves,

alguns ônibus e poucos veículos de carga. Por este motivo, foi considerado um número “N”

igual a 5 x107.

Page 66: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

66

O dimensionamento considerou que o material constituinte do subleito deverá possuir um

valor de CBR = 7%, na camada final dos aterros, na espessura mínima de 0,80 m.

Considera-se que haverá boa drenagem e ausência do lençol freático até a profundidade

mínima de 1,50 m.

Conforme definido, o valor adotado para espessura mínima da camada de revestimento (R),

em concreto betuminoso (asfáltico) é de 10 cm. Foi definido que seria dividido o revestimento

em duas camadas, sendo a primeira R1 com 4 cm e a segunda com 7 cm. Nesta 2ª camada

será utilizado um concreto asfáltico de graduação aberta (Binder), totalizando uma capa com

espessura = 11 cm.

N Espessuras Mínimas do Revestimento Betuminoso

N ≤ 106 Tratamentos Superficiais Betuminosos

106 < N ≤ 5 x 10

6 Concreto Betuminoso com 5,0 cm de Espessura

5 x 106< N ≤ 10

7

107 < N ≤ 5 x 10

7

Concreto Betuminoso com 7,5 cm de Espessura

Concreto Betuminoso com 10,0 cm de Espessura

N > 5 x 107 Concreto Betuminoso com 12,5 cm de Espessura

Tabela 10 - Espessuras Mínimas do Revestimento

Os valores dos coeficientes de equivalência estrutural, K tomados para o dimensionamento

foram:

Capa - 4 cm de CBUQ, Faixa C, com asfalto polímero – K = 2,0

Binder – 7 cm de CBUQ, Faixa A – K = 1,7

Base – Brita Graduada Simples – BGS – K = 1,0

Sub-base - Bica Corrida – K = 1,0

Reforço/substituição do subleito – Material granular terroso – K = 0,77

O dimensionamento do pavimento foi elaborado com a utilização do método de

dimensionamento de pavimentos flexíveis (revestimentos asfálticos sobre camadas

granulares) e semi-rígidos (bases cimentadas) do DNER, desenvolvido pelo Eng. Murillo

Lopes de Souza, conforme o trabalho “Design of Flexible Pavements Considering Mixed

Loads and Traffic Volume” de autoria de W.J. Turnbull, C.R. Foster e R.G. Ahlvin, do Corpo

Page 67: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

67

de Engenheiros do Exército dos E.E.U.U. e conclusões obtidas na pista experimental da

AASHTO.

O método utiliza-se de um gráfico (Figura 51) que permite determinar a espessura total do

pavimento, em função do Número N e do CBR. A espessura fornecida por este gráfico é em

termos de material com K = 1,00, isto é, em termos de base granular.

Figura 51 - ÁBACO

Pelo método do DNER, determina-se a espessura de cada camada considerando a proteção

necessária à camada imediatamente subsequente, ou seja, a partir de uma espessura de

revestimento adotada, para definir H20 (espessura de base + revestimento) é verificada a

necessidade de proteção à camada de sub-base. Para definir Hn (espessura de sub-base +

espessura de base + revestimento) é verificada a necessidade de proteção à camada de reforço

do subleito. Por fim, para definir Hm (espessura total) é verificada a necessidade de proteção

ao subleito. A Figura 51 ilustra uma estrutura de pavimento com as respectivas camadas.

Page 68: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

68

SUBLEITO CBR = m

Figura 52 - Simbologia das camadas do pavimento flexível.

Uma primeira consideração a ser efetuada é a de que o método admite que o material de sub-

base possua um CBR acima de 20%, mas de qualquer modo a espessura do pavimento acima

desta camada, necessária para protegê-la, é determinada como se o valor fosse igual a 20%.

Assim sendo, se o material utilizado para reforço do subleito apresentar um valor de CBR

acima deste limite, não há sentido em se diferenciar as camadas de sub-base e reforço de

subleito como camadas separadas, pois ambas se comportarão para o dimensionamento como

se possuíssem CBR = 20%. No caso do subleito apresentar material com CBR ≥ 20% não há

necessidade de camada de sub-base.

Uma vez determinadas as espessuras, Hm, Hn, H20, pelo ábaco da Figura 50, R1 e R2 por

determinação da Projetista, as espessuras de base (B), sub-base (h20) e reforço do subleito

(hn), são obtidas pela resolução sucessiva das seguintes inequações:

R1KR + R2KR + BKB ≥ H20

R1KR + R2KR + BKB + h20KS ≥ Hn

R1KR + R2KR + BKB + h20KS + hn KRef ≥ Hm

A Figura 53 apresenta a estrutura do pavimento flexível determinada no dimensionamento de

pavimento.

R R

B

Hn

Hm

hn

REFORÇO DO SUBLEITO CBR = n

SUB-BASE CBR = 20

BASE CBR ≥ 80

REVESTIMENTO

Page 69: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

69

Figura 53 - Seção de pavimento flexível adotada

6.3.3. Contenções de Encosta

Em apoio ao Elevado e acompanhando toda a extensão da obra, foram executadas também

várias obras de contenção da encosta compreendendo basicamente Cortinas Atirantadas e

Contra Fortes Ancorados onde se encontram formações rochosas, Muros de Arrimo e de Peso

para contenção dos aterros, Telas Metálicas de Alto Impacto para contenção de blocos de

rocha soltos, Muretas Chumbadas acima das cortinas e Solos Grampeados nos taludes em solo

que sofreram corte ou com inclinação elevada.

Na ordem de São Conrado para a Barra da Tijuca, as contenções foram feitas da seguinte

forma por trecho.

6.3.3.1. São Conrado/ Emboque do Pepino

Abaixo da cota de greide, nos dois encontros da ponte de São Conrado, foram executadas

cortinas atirantadas. A segunda cortina é emendada em um bloco de concreto ciclópico que

sustenta o aterro de emboque do túnel.

Page 70: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

70

Acima do greide, parte de uma cortina já existente foi cortada junto com seu talude para a

passagem das novas pistas. Essa cortina foi refeita, dessa vez com extensão muito maior e em

2 andares divididos por uma berma.

Figura 54 - Cortina atirantada no Emboque do Túnel do Pepino

6.3.3.2. Túneis

No emboque e desemboque de cada túnel, acima da viga portal, foram instaladas barreiras

metálicas de alto impacto para contenção de possíveis blocos de rochas vindos do maciço em

direção às pistas. Já dentro dos túneis, todo o teto e paredes foram contidos com

grampeamento.

Page 71: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

71

Figura 55 – Instalação das barreiras de impacto com telas metálicas ancoradas em rocha, no emboque do Túnel do Pepino

6.3.3.3. Desemboque do Pepino

No desemboque do Túnel do Pepino, foi feita uma grande malha de solo grampeado com

concreto projetado e drenagem por DHPs (dreno hidráulico profundo) (figura 51). Enquanto

a contenção do aterro até o encontro E01 ficou por conta de um muro de peso conforme figura

52.

Page 72: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

72

Figura 56 – Execução de solo grampeado com concreto projetado no talude do desemboque do Túnel de Pepino

Figura 57 – Muro de peso no encontro E01, como contenção para o aterro de início do elevado.

6.3.3.4. Elevado das Bandeiras

A malha de solo grampeado se estende do desemboque do pepino até o eixo do encontro E01

e do eixo 02 até o eixo 07, lembrando que a distância entre um eixo e outro é de

aproximadamente 36 metros. Do eixo 08 até o eixo 13, foram feitas cortinas atirantadas para

Page 73: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

73

proteção de cada pilar conforme figura 53. Acima de cada cortina foi chumbada também uma

mureta de concreto armado.

Figura 58 – Execução de fundação com sapata pinada em rocha, protegida por cortina atirantada e mureta chumbada, no eixo 09.

Do eixo 14 até o eixo 27, foram feias varias malhas de solo grampeado com concreto

projetado com ilustrado na figura 59. Sendo interrompidos nos eixos 16 e 17, onde cortinas

atirantadas de proteção ao pilar, semelhantes às anteriores, foram executadas.

Page 74: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

74

Figura 59 – Solo grampeado e com concreto projetado, em frente ao pilar P16

6.3.3.5. Emboque do Joá

Após o Encontro E2 foi executada uma estrutura mista de contenção em apoio aos últimos

100m do traçado do Elevado. Essa estrutura foi composta de 5m de muro em concreto

ciclópico não armado, 12m de Muro de Arrimo em seção L, 59m de Muro atirantado com

contra fortes e 15m em Muro de Peso.

6.3.3.6. Desemboque do Joá

No desemboque do Túnel do Joá foi feita a maior cortina atirantada da obra conforme a figura

60 ilustra a seguir, ainda em fase de construção.

Page 75: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

75

Figura 60 - Cortina atirantada do desemboque do Joá

6.3.4. Desmonte de Rocha As escavações para os novos túneis do Pepino e do Joá foram feitas por detonações que

duraram cerca seis meses de obra. De janeiro a julho de 2015, duas explosões diárias (exceto

aos domingos e feriados) aconteciam às 14h horas e às 21h45min, com a interdição do

Elevado do Joá antigo por 30 minutos. A galeria superior do elevado, sentido Barra da Tijuca,

só era reaberta ao tráfego às 5h do dia seguinte. Já a galeria inferior reabria às 22h15m, com

uma faixa reversível. As detonações eram feitas simultaneamente nos dois túneis.

Page 76: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

76

Figura 61 - Início das detonações no Túnel do Pepino

Em seguida, os trabalhos de desmonte da rocha foram feitos parte externa dos túneis através

de rompedores hidráulicos e máquinas de corte a fio diamantado. As máquinas de corte a fio

diamantado recortava a rocha em fatias triangulares conforme figura 61, para que, em

seguida, essa fatia fosse desmontada em blocos menores através dos rompedores hidráulicos.

Figura 62 - Desmonte de Rocha a fio diamantado no emboque do Túnel do Joá

Page 77: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

77

Além do serviço nos túneis, os desmontes também eram intensos nas fundações pinadas em

rocha. Era necessário se fazer o desmonte até a cota de assentamento dos blocos por projeto.

Essa cota era definida a partir do grau da resistência da rocha no local e de suas fraturas.

Figura 63 - Desmonte de rocha para assentamento do bloco B08

Page 78: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

78

6.4. Problemas Apresentados

6.4.1. Abalos à Vizinhança

As detonações feitas para abertura dos túneis do Pepino e do Joá, geraram vibrações e

movimentações de terra acima do maciço e nos arredores da obra.

Já prevendo a possibilidade de geração de danos aos vizinhos, a Construtora Norberto

Odebrecht se empenhou em fazer vistorias prévias à obra em todas as residências de seu

entorno. Essas residências foram fotografadas e acompanhadas durante as detonações e no

período seguinte. Foram cerca de 350 residências vistoriadas e mais de 50 apresentaram

problemas provenientes das vibrações, onde a construtora foi obrigada a arcar com todo o

prejuízo gerado em cada uma.

Mais um agravante era o altíssimo valor dessas residências que, como falado anteriormente,

pertencem à alta classe da sociedade. As grandes mansões dispõem de vistas espetaculares

para o encontro do mar com as montanhas do Rio de Janeiro, além de, em sua maioria,

grandes piscinas, áreas de lazer, peças de decoração sofisticadas, pisos caros e por vezes até

raros e extintos no mercado. Algumas das residências ainda estavam sendo alugadas para

pessoas importantes que viriam para os Jogos Olímpicos Rio 2016, o que trazia a necessidade

de reformas rápidas.

Page 79: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

79

Figura 64 - Emboque do Túnel do Pepino e casa de luxo de famoso diretor da Tv Globo.

Em alguns casos, a empresa conseguiu entrar em acordo com o morador para ressarcimento

em forma de pagamento em dinheiro. Mas, na maioria das vezes, obras tiveram que ser feitas

para consertar e devolver a residência nas mesmas condições encontradas anteriormente.

As obras e indenizações feitas totalizaram algo em torno de 2 milhões de reais de custo para a

construtora. Sem contar algumas poucas que ficaram a cargo a justiça resolver o que será

feito, devido ao desentendimento entre as partes.

O pior caso, com certeza, foi o da figura 65. Pertencente ao famoso Diretor das Organizações

Globo Wolf Maia, a casa se localiza no emboque do Túnel do Pepino e parte da cortina

atirantada já existente anteriormente em sua base teve que ser demolida para o alargamento

das pistas. Uma nova cortina estaqueada em dois andares foi instalada conforme a antiga era

desconectada, mas mesmo com todos os cuidados tomados a casa sofreu grandes recalques e

teve que ser parcialmente demolida para posteriormente ser reconstruída com novas

fundações.

Page 80: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

80

Figura 65 – Rachaduras indicativas de grandes recalques na casa pertencente ao diretor da Tv Globo.

Page 81: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

81

6.4.2. Asfalto e Drenagem

Menos de duas semanas após a inauguração do elevado, todos os jornais da cidade noticiavam

grandes falhas no asfalto e até grandes buracos começaram a aparecer. Os maiores deles

(figura 66), no desemboque do Túnel do Pepino, tiveram que ser tampados emergencialmente

com chapas de aço (figura 67) para evitar acidentes.

Figura 66 - Buraco no asfalto no desemboque do Túnel do Pepino (O GLOBO, 2016).

Figura 67 - Chapas de aço no asfalto para proteger os veículos dos buracos formados (O GLOBO, 2016).

Page 82: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

82

As investigações iniciais apontaram para a falta de controle tecnológico na execução do

asfalto usinado à quente. A temperatura e a granulometria não eram devidamente medidas e

controladas na hora de sua dosagem e lançamento. Isso era suficiente para explicar o aspecto

esfarelado do asfalto, que evidenciava a desagregação dos seus componentes.

Figura 68 – Estado do asfalto em trecho do Túnel do Joá (O GLOBO, 2016).

No entanto, os buracos, mesmo depois de reparados, voltavam a descolar do solo e com esse

aspecto borrachudo (Figura 69) evidenciavam a presença de água vinda das camadas

inferiores do aterro.

Page 83: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

83

Figura 69 – Asfalto de reparo com aspecto úmido e desagregado (O GLOBO, 2016).

Abriu-se então um buraco em uma das pistas, durante a madrugada (figura 70) para se ver o

estado das camadas inferiores. Há menos de um metro e meio de profundidade foi encontrada

uma quantidade muito grande de água, que gerava uma subpressão nas camadas de

pavimentação além de deixar o solo completamente saturado.

Figura 70 - Verificação de camadas de aterro e pavimentação através de abertura do solo com máquina escavadeira (O GLOBO, 2016).

Page 84: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

84

Analisando agora apenas a área mais crítica do problema, o desemboque do Túnel do Pepino,

podemos analisar no croquis apresentado na figura 71 as obras feitas neste trecho.

Figura 71 - Croquis de corte transversal no desemboque do Túnel do Pepino

Em ordem de execução, foram feitos:

i. Detonações para abertura do túnel.

ii. O corte da rocha com fio diamantado para passagem da pista.

iii. Corte em solo no talude, também para passagem da pista.

iv. Contenção de encosta com solo grampeado coberto por concreto projetado.

v. DHPs (dreno hidráulico profundo) a cada 2 metros.

vi. Canaletas de drenagem.

vii. Aterro e primeiras camadas de pavimentação.

viii. Barreiras de impacto para contenção de blocos de rocha.

ix. Camada final de pavimentação com concreto asfáltico

Page 85: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

85

Um problema foi observado durante a execução das barreiras de impacto (Figura 72), quando

ao se injetar calda de cimento para a ancoragem das suas fundações, os DHPs (dreno

hidráulico profundo) foram entupidos pela calda que desceu pelos vazios do solo. A drenagem

profunda da encosta, em um trecho de aproximadamente 40 metros, ficou comprometida. Isso

facilitou um maior fluxo de água na direção das camadas de aterro da pista, gerando

subpressão na base de asfalto aplicado.

Figura 72 - Projeto básico das barreiras de impacto do Elevado do Joá

A solução para os problemas foi a troca de todo o asfalto da obra: de São Conrado, do

elevado, dos túneis, dos aterros e também na Ponte da Joatinga. No desemboque do Túnel do

Pepino, foi ainda trocada e aumentada a granulometria da camada drenante do aterro para que

a água não se acumulasse mais no local.

Page 86: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

86

7. Comparação Entre os Projetos

O Elevado antigo teve como principal dificuldade a agressividade do ambiente na oxidação de

sua estrutura. Cobrimentos pequenos, escolhas por estruturas com pouca ou nenhuma

acessibilidade para manutenção e negligência na execução foram fundamentais para os

problemas apresentados, mas a sua maior proximidade do mar e o maior tempo de exposição

(já são quase 50 anos) também devem ser levados em conta.

Este também tem uma estrutura muito mais robusta, com dois andares de pistas e tabuleiros

mais largos.

Já o Elevado novo, mais próximo da encosta do que do mar, teve como principais dificuldades

as contenções, drenagem, cortes e aterros na encosta para acesso de trabalhadores e passagem

da estrutura. Neste, ainda não foram identificados problemas com corrosão.

Além das pistas em um único andar de tabuleiro, as tecnologias atuais permitiram estruturas

muito mais leves e de fácil acesso para manutenção. Isso ainda permitiu que a obra fosse feita

com menos riscos aos trabalhadores, que sofreram menos acidentes de trabalho.

8. Considerações Finais

É sabido que, para a sua época, a obra era muito desafiadora e utilizou de tecnologias novas e

até inéditas.

Page 87: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

87

A maioria dos problemas no Elevado antigo se deu principalmente pela negligência dos

projetistas, executores e órgãos fiscalizadores quanto ao risco de deterioração que a obra corre

por se situar na beira do mar. Além disso, vários acidentes, inclusive com óbitos, durante a

obra e a falta de manutenção nos anos seguintes evidenciam ainda mais esse despreparo.

No Elevado novo, essa negligência voltou a aparecer com a falta de controle tecnológico na

execução do asfalto usinado a quente. Causando um retrabalho imenso, custos elevados e uma

mancha na imagem na empresa.

Em ambas as situações, as autoridades tinham pressa para terminar a obra. Em 1970, o

elevado foi inaugurado dois anos antes do fim completo de suas obras, antes mesmo da

conclusão do segundo tabuleiro de pistas, para que a cerimônia ocorresse antes das eleições da

época. Já em 2016, a pressa era devido ao compromisso com os Jogos Olímpicos Rio 2016,

quando o prefeito precisava inaugurar as obras olímpicas (todas atrasadas) para ganhar a

confiança do Comitê Olímpico Internacional, da população carioca e dos turistas.

Isso só nos mostra a importância do planejamento e do controle de qualidade na construção

civil. Os anos passam, a tecnologia aumenta, mas ainda assim nada consegue substituir um

bom planejamento, pensando em cada condição de contorno da obra como fator fundamental

para o seu sucesso ao final, e um controle de qualidade rigoroso para execução dos projetos da

maneira exata como eles foram pensados.

Page 88: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

88

9. Propostas Para Novos Trabalhos

i. Estudo sobre os métodos construtivos dos Elevados do Joá Antigo e Novo de acordo

com as tecnologias disponíveis em seu tempo.

ii. Novo projeto estrutural para o Antigo Elevado do Joá mitigando os problemas

encontrados durante seus quase 50 anos de funcionamento.

iii. Propostas de mitigação para as vibrações nas residências do entorno da obra do Novo

Elevado do Joá provenientes às detonações nos seus túneis.

iv. Estudo sobre o real impacto do Novo Elevado do Joá para o transito do Rio de Janeiro.

10. Referências Bibliográficas

BATISTA, E. M. ; MIRANDA, L. M. Integridade e Segurança Estrutural do Viaduto do Joá.

Apresentado em 04/12/2012 em palestra no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

MELO, U. A.; SCHNEIDER, J.; SOUZA, F. R. Souza; GODINHO, L. L.; BERBEITO, T. T.

Recuperação Estrutural do Elevado do Joá – X Seminário Docomomo Brasil de Arquitetura

Moderna Internacional – Curitiba, 10/2013.

DIARIO DO RIO. História do Elevado do Joá. Disponível em

<http://diariodorio.com/historia-do-elevado-do-joa/>. Publicado em 11/2015. Acesso em

10/2017.

Page 89: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

89

BARRAZINE. Disponível em <https://www.barrazine.com.br/2013/05/barra-tijuca-historia-

do-bairro/>.

AGÊNCIA BRASIL. Disponível em <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-

01/plano-de-mobilidade-para-olimpiadas-preve-mudancas-no-transito-do-rio>. Publicado em

01/2016. Acesso em 11/2017.

COMITÊ DE CANDIDATURA RIO 2016. Dossiê de candidatura do Rio de Janeiro a sede

dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Publicado em 2009. Disponível em

<http://www.apo.gov.br/>.

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. Estudo da motorização individual no Brasil –

Relatório 2015. Publicado em 2016.

GOOGLE MAPS. Fotos de satélite. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/>

Acesso em 11/2017.

GEORIO - FUNDAÇÃO INSTITUTO DE GEOTECNIA; CONTRUTORA NORBERTO

ODEBRECHT; SEPE - SOCIEDADE DE ESTUDOS E PROJETOS DE ENGENHARIA.

Projeto executivo de engenharia para no elevado do joá – manual de operação e manutenção,

2016.

Page 90: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE CONTORNO, …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024007.pdf · Projeto de Graduação apresentado ao curso de ... Carlos Piccaluga e o

90

GEORIO - FUNDAÇÃO INSTITUTO DE GEOTECNIA; CONTRUTORA NORBERTO

ODEBRECHT; PCE. Projeto executivo de engenharia para no elevado do joá – memoria de

cálculo de pavimentação, 2016.

O GLOBO. Assim como no novo Joá, moradores da Barra sofrem com buracos. Disponível

em: https://oglobo.globo.com/rio/assim-como-no-novo-joa-moradores-da-barra-sofrem-com-

buracos-19468885. Acesso em 11/2017.

O GLOBO. Buracos no novo elevado teriam sido causados por infiltração. Disponível em :

<http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/06/buracos-no-novo-elevado-do-joa-teriam-

sido-causados-por-infiltracao.html>. Acesso em 11/2017

EXTRA. Elevado do Joá: terminam as detonações para expansão. Disponível em:

<https://extra.globo.com/noticias/rio/elevado-do-joa-detonacoes-para-expansao-terminam-

16753626.html. >. Publicado em 2015. Acesso em 2017.