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um filme de Julie Delpy o verão do

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um filme de Julie Delpy

o verão do

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Skylab (que significa literalmente “laboratório no céu”) foi a primeira estação espacial americana. Lançada a 14 de Maio de 1973, a estação desintegrou-se sobre o Oceano Índico, no dia 11 de Julho de 1979, entrando na atmos-fera. Diversos fragmentos de pequena dimensão caíram na zona oeste da Austrália, embora não em França, como se chegou a acreditar.

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Sinopse

1979. Albertine, de 10 anos, e todos os seus parentes reunem-se na casa de família, na Bretanha, para celebrar o aniversário da avó. Todos acreditam que o SkyLab, um pedaço do foguetão da NASA, irá cair sobre as suas cabeças nesse Verão. Este encontro acaba por transformar-se num fim-de-semana louco de revelações, amor e cantorias...

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Entrevista a Julie Delpy

O que a levou a passar de um filme como The Countess para O Skylab?O meu gosto por cinema foi sempre um pouco eclético, pois tanto gosto do filme Santa Claus Is a Stinker como do Fanny e Alexander! E aprecio também Pasolini, Godard, Woody Allen, Douglas Sirk, Leo McCarey e Spielberg. O que gosto é de poder trabalhar com géneros verdadeiramente diferentes. Agora gostaria de fazer um filme de ficção científica e um thriller.

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gostei da ideia de misturar géneros, criando uma comédia sobre uma família com um título mais adequado a um filme de ficção científica!

A forma como as personagens são apresentadas, incluindo as personagens secundárias, é fantástica. Como foi o processo de criação das personagens?É muito importante, para mim, que todas tenham existência e profundidade. Quando as imaginei no argumento, lembrei-me do cinema francês anterior à guerra, em que as personagens secundárias eram muitas vezes cuidadosamente desenvolvidas. Tentei dar-lhes textura e substância, quer se tratasse dos dois primos um pouco tensos ou do tarado do comboio.

Pensamos imediatamente nas comédias italianas dos anos 1970 e 1980.Adoro o cinema italiano desta época, sobretudo o filme Viva Italia!, que está repleto de uma energia vital incrível: as pessoas discutem e debatem política ao mesmo tempo que jogam póquer e bebem! É fantástico porque nos dá a possibilidade de abordar questões sérias sem sair do género da comédia.

A família é um espaço de reunião, mas também para explosões de diversos tipos.Sim, porque no seio desta família – tão envolvida

Quando surgiu a ideia de contar as suas memórias de infância, do Verão de 1979?Comecei a trabalhar no projecto em 2003. Desde o início, a ideia não era ter uma narrativa clássica, mas personagens muito exuberantes e curiosas, de forma a poder contar a história com muito poucos elementos dramáticos. Para mim, é possível transmitir coisas muito poderosas através de momentos simples da vida quotidiana, quando praticamente nada acontece. Estava, portanto, decidida a manter o ponto de vista desta menina e das suas memórias, enquanto tentava manter o interesse do espectador através das tensões entre as personagens. Gostaria de sublinhar que o filme não é inteiramente autobiográfico: eu inventei várias personagens, como o tio Hubert, que me fazia lembrar alguns filmes italianos.

De onde surgiu a ideia para o título do filme: O Skylab?Eu queria falar sobre uma reunião de família sobre a qual impende uma ameaça, o Skylab, que acaba por cair muito longe do local onde se encontram, mas que está omnipresente no filme. É importante para Albertine porque tudo pode ser destruído – a sua infância, a sua família, as suas primeiras paixões, etc. Ela passa, de certo modo, por outro cataclismo: apaixona-se e deixa a infância para trás. Também

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politicamente como a minha! – tanto há intelectuais de esquerda que adoram Brassens, Ferré e Barbara, como outros que ouvem Sardou, Claude François e Dalida. É preciso não esquecer que o filme se passa em 1979, no momento em que a esquerda estava a unir-se, dois anos antes das eleições presidenciais, que já dominavam as conversas. Não quis, portanto, seguir uma abordagem maniqueísta das pessoas de esquerda e de direita, porque sinto que este tipo de julgamento pode ser muito pernicioso.

Algumas das visões das personagens são um pouco radicais, sobretudo em relação à pena de morte.No final dos anos 1970, a esquerda assustava muita gente porque há muito tempo que não estava no poder e as pessoas tinham receio que formassem coligação com os comunistas. Em reacção a isso, as pessoas de direita tornaram-se mais radicais em questões como as antigas colónias ou, sim, a pena de morte.

Independentemente da sua origem, as mulheres demonstram as suas opiniões de uma forma veemente.A maioria destas mulheres são mulheres fortes que não se deixam influenciar facilmente. Em 1979 a revolução sexual já tinha acontecido e até as donas de casa sabiam que já não precisavam de andar de

boca fechada! Apesar de os maridos poderem ser por vezes duros com elas, estas mulheres não são certamente dominadas por eles.

O ponto de vista da ovelha em relação aos convidados é muito divertido.Personifica o ponto de vista do sábio: a ovelha só consegue ter uma visão filosófica porque a sua cria está a ser comida por estes “Gauleses”! Assim, no filme, os adultos são os loucos, ao passo que as crianças são mais centradas que os mais velhos: é Albertine quem reflecte sobre a morte e quem, juntamente com os primos, consola o tio Hubert. Isto é-me muito familiar, já que a geração dos meus pais era, de longe, mais louca que a minha.

Não ficou um pouco intimidada com a direcção de actores num filme coral?Foi uma confusão enorme, mas divertimo-nos tanto! Rodámos na Bretanha, por isso ficámos todos no mesmo hotel e depressa se estabeleceram laços. No décor os actores sentiam-se felizes por estar ali e por estarem juntos. É essencial, para mim, que os actores se sintam felizes. Odeio ambientes tensos e relações conflituosas durante a rodagem.

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Como escolheu os actores?Organizei muitas reuniões entre actores para ver como os “casais” do filme iriam funcionar. Por exemplo, a Aure Atika e o Jean-Louis Coulloc’h formaram um casal invulgar que achei interessante. Havia também a Noémie Lvovsky e a Candide Sanchez, que vinham de meios muito diferentes. Depois de descobrir esta alquimia é como se tudo funcionasse como que por magia.

Como é que os dirigiu?Interessa-me mais o comportamento propriamente dito das personagens do que a sua psicologia. Foi por isso que quis que Eric Elmosnino tivesse uma relação muito afectuosa e paternal com a filha, embora não tenha sido assim que ele começou por imaginar a personagem. Disse-lhe que ele era tio e padrinho dos miúdos, e incentivei-o a pegar--lhes ao colo, a beijá-los. Claro que, sendo um actor que imediatamente percebe o que se espera dele, facilitou-me imenso o trabalho. O Eric tratou as crianças com carinho e afecto, o que marcou a personagem.

Todos os actores passaram a confundir-se com a sua personagem.Isto também tem que ver com o seu aspecto físico. Trabalhei muito no estilo de vestir de cada personagem, com o responsável pelo guarda-roupa, Pierre-Yves Gayraud. Isto é muito importante, porque toda a gente

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anos depois, eu tinha a idade da minha mãe quando aconteceu o episódio do Skylab. Por isso decidi fazer representá-la no filme. É provavelmente uma forma de a homenagear.

Como resolveu a questão da fotografia?Chamei o Lubomir Bakchev, com quem já tinha trabalhado no 2 days in Paris. Gosto bastante dele porque o Lubomir controla o enquadramento, pelo que tem uma relação muito próxima com os actores: não tem um ego descomunal, é muito centrado e transmite muita confiança – e eu preciso disso porque tenho tendência para stressar! Eu queria que a luz fosse abundante, alegre e solar, para reflectir a alegria emanada pela rodagem do filme e pelas personagens.

Como escolheu a música?Trabalhei com um supervisor musical e só usei música que estivesse in. Tive um especial cuidado com a “dança” para passar a sensação de que estamos a dançar juntamente com a menina, quando ela dança um slow e se apaixona pela primeira vez. Escolhi o tema Ni trop tôt, ni trop tard, de Jeanne Moreau, que eu adorava quando era pequena. O resto são sobretudo canções trauteadas ou cantadas pelas personagens.Entrevista realizada em Paris, em Abril de 2011.

expressa a sua forma de ser através da forma como se veste. Na mesma linha, a linguagem corporal dos actores, a maneira como pegam num cigarro ou mexem as mãos, ou até mesmo o penteado, revelam muito sobre quem são. É assim que os actores criam e modelam a sua personagem.

E a escolha das crianças?Dediquei muito tempo a essa parte, por se tratar de um elemento fundamental no filme. Chamei os miúdos inúmeras vezes, fi-los vir cá também, para garantir que funcionavam todos bem em conjunto. Também fiz um casting na Bretanha.

Temos a sensação de que foi uma rodagem muito alegre, muito luminosa…É verdade, apesar de só termos seis semanas para filmar e de vários actores estarem a trabalhar noutros filmes ao mesmo tempo. Esta logística complicada exigiu alguma engenharia! Mas no décor houve sempre um bom humor terrivelmente contagiante que passou para o filme.

Sabia que iria representar no filme?Quando escrevi o filme o meu papel era um papel pequeno, iria fazer de tia Clémentine, a professora. Mas quando o filme entrou em produção, alguns

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Julie Delpy é filha de Albert Delpy e Marie Pillet, ambos actores de teatro.

Aos sete anos entrou na longa-metragem de François Barat’s, Civil Wars in France. A crítica e o público interessaram-se de imediato por ela, no seguimento dos papéis que desempenhou nos filmes de Jean-Luc Godard (Detective) e Leo Carax (Má Raça). A sua verdadeira revelação deu-se aos 17 anos com Beatrice, um épico medieval realizado por Bertrand Tavernier. A reputação de Julie Delpy transpôs rapidamente fronteiras, levando-a

Julie Delpy - Biografia

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a trabalhar com realizadores tão diferentes como Volker Schlöndorff (Voyager), Agnieszka Holland (Europa Europa) ou Kieslowski (Três Cores: Azul, Branco, Vermelho).

Embora tenha desempenhado muitos papéis em grandes produções, Julie Delpy manteve-se ligada ao cinema independente. Mudou-se para Los Angeles em 1994, para participar na rodagem do thriller de Roger Avary, Killing Zoe – Matando Zoe, ao qual se seguiram outros papéis em cinema e televisão.

Nos anos 1980 teve aulas de representação no Actor’s Studio, em Nova Iorque, tendo depois aprendido realização na Tisch School of the Arts (Universidade de Nova Iorque).

Em 1995 desempenhou o papel que a tornaria famosa, no filme Before Sunrise – Antes do Amanhecer, de Richard Linklater, voltando a trabalhar com o realizador e o co-protagonista, Ethan Hawke, nove anos depois num segundo filme, Before Sunset – Antes do Anoitecer. O filme granjeou a Richard Linklater, Ethan Hawke e Julie Delpy uma nomeação para o Oscar de melhor argumento. Em 2001, desempenhou o papel de noiva do Dr. Kovac em sete episódios da série televisiva ER.

Julie Delpy começou também a escrever os seus próprios argumentos, gravou um álbum e realizou diversas curtas-metragens. Em 2007 escreveu e realizou 2 Dias em Paris, uma comedia romântica na qual desempenha o papel da protagonista. O filme foi apresentado em Berlim, tendo recebido o prémio Henri Langlois, bem como uma nomeação para um César.

Em 2009 realizou e participou como actriz no filme The Countess, baseado no seu argumento sobre a Condessa Bathory.

O seu filme seguinte, O Skylab, foi rodado na Bretanha, no local onde cresceu.

Esteve depois em Nova Iorque a filmar 2 Dias em Nova Iorque, cuja estreia se encontra prevista para 2012.

Divide actualmente a sua vida entre Los Angeles e Paris.

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Julie DelpyFilmografia seleccionada

Realizadora, argumentista

2012 2 DIAS EM NOVA IORQUE (em pós-produção)

2011 O SKYLAB

2009 THE COUNTESS

2007 2 DIAS IN PARIS

2002 LOOKING FOR JIMMY

Actriz

2012 2 DIAS EM NOVA IORQUE

2011 O SKYLAB

2009 THE COUNTESS

2007 2 DIAS EM PARIS

2006 GOLPE QUASE PERFEITO

2005 BROKEN FLOWERS - FLORES PARTIDAS

2004 BEFORE SUNSET - ANTES DO ANOITECER

1997 UM LOBISOMEM AMERICANO EM PARIS

1995 BEFORE SUNRISE - ANTES DO AMANHECER

1994 TRÊS CORES - VERMELHO

1994 TRÊS CORES - BRANCO

1994 TRÊS CORES - AZUL

1990 EUROPA EUROPA

1986 MÁ RAÇA

1985 DÉTECTIVE

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Les Inrocks

Imprensa

O Skylab, um filme de férias, cómico e inteligente.

A actriz e realizadora recorre ao género, muito ao estilo dos anos setenta, do filme de férias. Popular, divertido e inteligente.

Associamos normalmente a família à estabilidade, até mesmo a uma certa ideia de grupo fechado em si mesmo. Nada de mais comovente, porém, de frágil, de inquieto.

O Skylab, como a maioria dos filmes sobre esta temática, constitui um retrato perfeito deste tipo de comunidade.

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A acção do quarto filme de Julie Delpy desenrola-se num dia de Verão de 1979, no momento em que o Skylab (uma estação espacial americana) se encontra na iminência de se despenhar sobre a Terra.

Albertine, uma pré-adolescente, encontra-se na Bretanha com os seus pais, partidários da esquerda – Elmosnino e Delpy, geniais – para festejar em família o aniversário da avó (Bernadette Lafont – deixamos à vossa imaginação).

Não faltou ninguém: as tias, os tios, os primos, etc. Durante um fim-de-semana, Delpy descreve, sem pressas, no meio de um imenso turbilhão organizado e alegre, e de altercações inerentes à vida familiar, todos os membros da família e as diferentes etapas da sua reunião tipicamente francesa: os reencontros, os preparativos, o almoço fantástico, as canções de fim de banquete, o passeio à beira-mar, a ida dos jovens à discoteca, etc. E é divertidíssimo.

Depois de uma bela incursão, sem pretensões, no cinema independente (2 Dias em Paris, 2007) seguida de uma reconstituição histórica mais académica, e decepcionante, sobre uma mulher “vampira”, a condessa Barthory (The Countess, 2009), Julie Delpy apresenta-nos um filme coral à francesa – com tendência para a cacofonia.

O Skylab assume plenamente a sua vertente de “filme de férias”, representativa de uma parte do cinema dos anos 1970, nomeadamente os filmes cor-de-rosa escritos e produzidos pelo milionário Marcel Dassault – Le Temps des Vacances, L’Eté de nos 15 Ans.

Delpy realiza um filme popular, cómico e inteligente, que respeita os códigos, os lugares-comuns e os arquétipos, sem sobranceria e sem medo da vulgaridade.

Com um cunho fortemente francês, a encenação faz lembrar, por vezes, a construção falsamente flutuante e caótica de alguns filmes de Pialat, como Passe ton Bac d’Abord ou Van Gogh, numa linha mais cómica.

Cada actor tem direito ao seu momento de glória, de Valérie Bonneton a Noémie Lvovsky, passando pelo inenarrável Vincent Lacoste (Les Beaux Gosses). O filme consegue mesmo, por vezes, ser comovente (a longa cena do slow na discoteca).

Um pequeno senão: a moral, algo consensual, que parece pôr em confronto os esquerdistas e os fachos da família, em nome da sua unidade. Dentro do seu género, O Skylab é, apesar de tudo, uma bela surpresa.

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LibérationEric Loret

O Skylab, a reunião idílica de Julie Delpy.

Lido numa história social do cinema francês, publicada em 2049: “As comédias e os dramas psicológicos dos anos 2000 são marcados por um forte retorno aos valores tradicionais da família e da transmissão ou, em determinados casos, do casal.

Esta tendência explica-se, por um lado, pela dificuldade por parte dos filmes que não se inserem na linha ideológica do poder em vigência, determinada pelos subsídios, assim como pelo receio, por parte dos realizadores e dos produtores, de que o público reagisse mal a obras que não oferecessem directamente um consolo ao ambiente de medo (criado pelo desemprego, pelo terrorismo, pelas classes perigosas) que reina durante esses anos. Nesse sentido, o cinema esforça-se por apresentar situações idealizadas de reencontro do sujeito consigo próprio, distanciando-se da realidade mostrada pela comunicação social e presente nos discursos oficiais, desistindo de retratar o tempo para reencontrar um paraíso conveniente.

É o caso do filme O Skylab, de Julie Delpy, repleto de actores populares, conotados pelo público com a esquerda, que o filme envolve em situações deliciosas, para criar uma ode à família, cuja moral é que um casal com filhos tem mais direitos sobre o espaço público do que os celibatários. O filme mostra também o desassossego amoroso através dos olhos de uma menina na fase da puberdade, o que o salva da caricatura.”

Skylab, satélite experimental que ameaça despenhar--se sobre a Bretanha de 1979, deu título a esta crónica calorosa, momento de pura distracção num mundo de brutos. - 20 Minutes

Para além das questões sociais o filme revela-se tocante, pelo seu profuso sentido do pormenor (...). Longe dos lugares-comuns dos filmes sobre grupos. - Le Monde

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ElencoLou ALVAREZ ALBERTINEJulie DELPY ANNAEric ELMOSNINO JEANAure ATIKA TIA LINETTENoémie LVOVSKY TIA MONIQUEBernadette LAFONT MAMIEEmmanuelle RIVA MÉMÉVincent LACOSTE CHRISTIANMarc RUCHMANN TIO LOULOUSophie QUINTON TIA CLÉMENTINEValérie BONNETON TIA MICHELINEDenis MÉNOCHET TIO ROGERJean-Louis COULLOC’H TIO FREDOMichèle GODDET TIA SUZETTELuc BERNARD TIO JOSEPHAlbert DELPY TIO HUBERTCandide SANCHEZ TIO GUSTAVOLily SAVEY SISSIChloé ANTONI VALÉRIEMaxime JULLIAND PIERREFélicien MOQUET JEAN-LUCAntoine YVARD PHILIPPEAnne-Charlotte MOQUET CATHERINEAngelo SOUNY HENRILéo MICHEL-FREUNDLICH ROBERTNoah HUNTLEZ JONATHANcom a participação de Karin VIARD no papel de ALBERTINE adulta.

EquipaArgumento e realização Julie DELPYProdutor Michael GENTILEProdutora associada Lauraine HEFTLERDirecção de produção Pascal BONNETPrimeiro assistente Jérôme BORENSTEINSegundo assistente Bertrand GIRARDCasting Stéphane BATUTCasting (crianças) Elsa PHARAONDirector de fotografia Lubomir BAKCHEVSom Michel CASANGCenários Yves FOURNIERGuarda-roupa Pierre-Yves GAYRAUDChefe de guarda-roupa Cristina MIRETEMaquilhagem Marie LASTENNETPós-produção Isabelle MORAXMontagem Isabelle DEVINCKMontagem de som Alexandre WIDMERMisturas Stéphane THIEBAULTSupervisão musical Matthieu SIBONY

França / 2011 / 113 minutos / 1.85 / Dolby SRDistribuído por Alambique

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