8
Conceitos

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

Se para Le Goff a memória é um �elemento essencial do que se costumachamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividadesfundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje� (2003, p. 471), temoscomHobsbawm que o passado é �uma dimensão permanente da consciênciahumana, um componente inevitável das instituições, valores e outros padrõesda sociedade humana� (2005, p. 22)

A memória e o passado histórico, materializados nas fortalezas da Ilha deSanta Catarina, em Florianópolis, repletas de �identidade� e �permanência�,conforme Lê Goff e Hobsbawm, ficam evidentes nos diversos usos desseconjunto de edificações e vias de acessos. Usos que não podem ser separadosdas representações que se fizeram com o passar dos séculos, desde os relatos deviajantes estrangeiros até os atuais anúncios de passeios turísticos em escunas.

Assim, a presença de contingentes militares das guarnições dos fortes efortalezas nos círculos sociais, culturais e econômicos de Florianópolis, ao ladode ummovimentado porto que tornava ativos seus habitantes, significou umaprimeira troca/encontro de experiências e vivências de diferentes procedências.Ao lado do oficial português estava o agricultor vindo de uma das ilhas dosAçores, observado certamente por algum remanescente tupi-guarani eacompanhado de um afro-descendente ocupado nos afazeres do dia-a-dia.

Autores como Oswaldo Rodrigues Cabral e Walter Piazza, entre outros,forneceram as informações que nos remetem a ummomento crucial da históriade Florianópolis e do Sul do Brasil, o de 1738. Decisões tomadas nesse períodopela Coroa Portuguesa começam a ser executadas, como a criação da Capitaniada Ilha de Santa Catarina e a simultânea fortificação de seu acesso e opovoamento com casais açorianos. Vimos surgir uma formação social-econômica de caráter militar, onde os imigrantes eram agricultores e soldados,submetidos a um regime de caserna. A sede no recém criado Governopermaneceu algum tempo na ilha de Anhatomirim.

Conceitos

Page 2: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

No caso das fortalezas, que deveriam ser os baluartes da defesa do grandeporto e das fontes de abastecimento da navegação, o encarregado da construçãofoi José da Silva Paes, brigadeiro, arquiteto, profissional brilhante, que nãopoupou experiência nem recursos para executar seus projetos. �Fortaleza semgente é o mesmo que corpo sem alma�, escreveu Silva Paes. (PIAZZA, 1992, p.50) São de sua iniciativa as grandes �obras e empreendimentos quetransformaram Santa Catarina de um ajuntamento de pequenas vilas semmaiores afinidades entre si numa verdadeira capitania�. (CABRAL, 1994, p.60)

À medida que as fortalezas perderam sua importância original, tendo emvista os avanços tecnológicos e militares em geral, elas passaram a serreutilizadas com outros objetivos. É quando elas se transformam em presídiospolíticos, locais de isolamento de doentes infecto-contagiosos, ou simplesmenteabandonados e/ou apropriados pelas comunidades de seus entornos, seja pararesidência e/ou uso dos materiais disponíveis. Usos que geram outrasrepresentações, mas que alimentam as edificações, as mantém dinâmicas,querendo impedir que o tempo faça a sua parte com a ajuda do renascer dasflorestas que existiam antes das construções.

Na mesma década de 1960 em que a última fortaleza (Santa Cruz) teve asportas fechadas em definitivo, começou a restauração do Forte de Santana,marco de um processo ainda em andamento. Se os usos anteriores e asconseqüentes representações estão devidamente registrados, os esforços pelarestauração desse patrimônio permanecem vivos em cada participante, masessa memória não foi materializada, anotada, problematizada, permitindotambém aos historiadores de amanhã estudar mais uma etapa da jornada dasobras de Silva Paes.

Page 3: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

(*) Referências

CABRAL, Oswaldo R. História de Santa Catarina. 4ª ed. Florianópolis:Editora Lunardelli, 1994.

HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras,1998.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas-SP: Editora Unicamp,2003.

PIAZZA,Walter F. A epopéia açórico-madeirense 1748-1756. Florianópolis:Editora Lunardelli/Editora da UFSC, 1992.

Page 4: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

Primeiros momentos

Introdução (4 pg)

Antes de 1739 � A paisagem (texto e imagens) (4 pg)

A Ilha de Santa Catarina como palco dos embates entre espanhóis eportugueses pelo controle da região Sul do Continente � Das primeirasnavegações a Colônia de Sacramento (1685). Laguna, Desterro, São Francisco.A Capitania e a imigração açoriana. (10 pg)

1739

Começa a surgir a fortaleza de Santa Cruz, na ilha de Anhatomirim (3 pg)

1740

Início da construção das fortalezas de São José da Ponta Grossa e de SantoAntônio (4 pg)

1742

Na Barra Sul é erguido o forte de Nossa Senhora da Conceição. (2 pg)

...

1. Uso militar

Projetos (princípios e conceitos). Edificações (mão-de-obra, técnicas

Plano Geral da Obra

Page 5: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

construtivas, fontes de matéria prima, concepção). Dalmo Vieira Filho (30 pg)

1777: o grande teste. (15 pg)

Sara Regina Poyares dos Reis

2. Presídio político (15 pg)

O Conselheiro Mascarenhas, os federalistas e os revoltosos de 1932.

Emerson César de Campos

3. Isolamento de doentes infecto-contagiosos (15 pg)

Marlene de Faveri

4. Apropriação pelas comunidades (10 pg)

Celso Martins

Momentos vividos (total: 120 páginas)

Florianópolis, década de 1960. Memória da restauração das fortalezas deSantana, Santa Cruz, São Joséda Ponta Grossa e Santo Antônio.

(Abre com uma narrativa de Armando Gonzaga sobre as imagens dasfortalezas nas décadas de 1950 e 1960, quando entrava e saía das baías deFlorianópolis conduzindo embarcações).

Page 6: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

1969

Restauração do Forte de Santana. Projeto: Cyro Corrêa Lyra e Luiz Saya.

1972-1981

Forte de Santa Cruz (ilha de Anhatomirim) � Intervenções no Quartel daTropa, Paiol e Casa do Comandante. Saya tinha a idéia de instalar uma unidadede pesquisas em biologia marinha � uma rede, capitaneada por Anhatomirim.

Meados da década de 1970

Forte Santa Bárbara. Articulação rápida impede a execução de um projeto doIPUF: uma avenida junto ao aterro por cima do forte.

1977

Intervenções no Forte de São José da Ponta Grossa. Estabilização do Pórtico,Quartel do Comandante e Capela.

Década de 1990

Restauração completa da fortaleza de Sta Cruz. Armando Gonzaga, com oapoio da ACIF e voluntários, desencadeia uma campanha pela restauração doforte de Santo Antônio (ilha de Ratones Grande).

Page 7: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória

Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

Sobre as fontes para do presente capítulo:

* Acervo Armando Gonzaga

* Acervo Celso Martins

* Acervo Dalmo Vieira

* Acervo Iphan/Lyra e La Pastina (escritórios do RJ, SC, RS e PR)

* Coleção de jornais da Biblioteca Pública de Santa Catarina

* Entrevistas gravadas com os principais envolvidos no processo derestauração do sistema defensivo da Ilha de Santa Catarina. ArmandoGonzaga, Caspar Erich Stemmer, Bruno Schllemper, Rodolfo Pinto da Luz,Ciro Correia Lyra, José La Pastina Filho e Dalmo Vieira Filho.

Fontes

Page 8: Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martinsqueroincentivar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/AF... · Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins Se para Le Goff a memória