8/7/2019 Um PIB de Gente Grande
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Momentum
Um PIB de gente grande
Marcos Gouva de Souza ([email protected] ), diretor-geral da
GS&MD Gouva de Souza
O tema do momento continua a ser o desempenho do PIB de 2010,
que acompanhouexatamente o que as previses indicavam. At a, nada de
novidade. Os fatos novosso a natural desacelerao em 2011 e, muito
mais importante, o comportamentoprevisto para os prximos dez
anos.
Uma das mudanas mais relevantes dos ltimos anos no Brasil foi a
alterao daperspectiva de anlise de curto prazo para um cenrio de
mais longo prazo, processoque s ocorre pela maior previsibilidade
derivada de um nvel muito maior deestabilidade econmica, o que
separa pases emergentes de economias mais maduras.E o Brasil parece
ter atravessado essa ponte definitivamente.Os dados recm divulgados
mostram o pas caminhando para se confirmar como astima economia do
mundo, superando a Itlia, no conceito de tamanho do PIB
convertido em dlares. Se fosse adotado o conceito mais correto
da Paridade de Poder de Compra (PPP), essa posio j estaria
assegurada, tanto quanto a maior economiamundial j seria a chinesa
e no a americana.Alguns fatos merecem ser destacados nesse
comportamento recente.O primeiro deles que a forte expanso de 7,5%
em 2010 ocorreu sobre umcrescimento de praticamente zero em 2009 e
caracteriza a retomada da expansoeconmica que j vinha ocorrendo
desde meados da dcada, cujas bases foramimplementadas nos ltimos 20
anos.Em segundo lugar, deve ser destacado que o consumo interno
tornou-se o principalmotor do desenvolvimento econmico a partir de
2004 e tudo leva a crer que possaassim se manter nos prximos anos.
Em 2010 o consumo das famlias cresceu 7% e ovarejo, principal
beneficiado dessa expanso, avanou 10,7%.
mailto:[email protected]:[email protected]
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O varejo brasileiro apresentou o quarto maior crescimento global
em 2010, depois dendia, China e Chile, mas o que apresentou o maior
crescimento em seu nvel dematuridade no perodo de 2005 a 2009, numa
comparao com a evoluo do setor emdiversos pases do mundo.Um fator
que tem contribudo para essa forte expanso do PIB o crescente
processode formalizao da economia que tem ocorrido nos ltimos anos
por conta do aumentoda carga tributria e tambm, especialmente,
pelos recursos utilizados no aperto fiscal,que tem feito migrar,
por ausncia de opes, empresas que operavam com algumaforma de
informalidade para o lado formal do mercado. E isso tem trazido
para osdados oficiais o que permanecia escondido. relevante que,
para um avano de 7,5% do PIB, os impostos tiveram uma expanso
de 12,5%, sendo de 11,3% a expanso do ICMS, 42% do imposto de
importao e17,3% do IPI. Nos prximos anos dever continuar essa maior
expanso do ICMS, pelaexpanso e formalizao do varejo e da indstria;
assim como acontecer com o IPI; e,principalmente, com o imposto de
importao, pela necessidade de complementar aoferta interna de
produtos para atender a demanda do consumo, alm deequipamentos e
maquinrio para ampliar a base de produo local.Observado, porm, esse
cenrio num horizonte maior de tempo, e colocando na
correta perspectiva as observaes mais cautelosas dos economistas
e analistas quepor obrigao profissional esto sempre advertindo
sobre tudo que pode dar errado, oque temos pela frente, ainda que
com inevitveis oscilaes, so perspectivas muitopositivas, derivadas
de um efeito autorrealimentador de crescimento.Novos investimentos,
locais e internacionais, na indstria, no varejo e nos serviostendem
a assegurar a expanso do emprego e dos salrios reais, com espao
tambmpara o aumento do crdito, hoje apenas representando em torno
de 45% do PIB,colaborando tudo isso para o aumento da confiana do
consumidor, fatores propulsoresdo consumo interno.A lenta recuperao
dos pases mais maduros e a maior expanso dos pasesemergentes podem
criar espaos para a ampliao do nvel de exportaes,beneficiando
indstrias e segmentos que tm enfrentado dificuldades pela
conjugaodo dbil mercado externo com a apreciao do real.
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Mais importante do que olhar para trs no entendimento do PIB
passado analisar asperspectivas dos prximos dez anos e entender a
janela histrica que se abriu para opas, percebendo que a mudana que
ocorreu (e continuar a ocorrer) leva o pasestruturalmente para
outro patamar. Essa mudana requer um modelo mental eempresarial
absolutamente distinto para entender o mercado, o consumo, a
sociedadee os negcios.Continuam sendo problemas sem soluo aparente
apenas o aumento do investimentoem infraestrutura, principal
inibidor de uma expanso maior do pas; e a reduo dogasto pblico, que
possa ensejar taxas de juros, em especial para investimentos,
quesejam realmente de economias maduras.Enquanto no se solucionar a
questo das taxas de juros para investimentos no Brasil
estamos correndo para o futuro, mas ainda acorrentados ao
passado.
