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A s alterações climáticas, a segurança nacional e a dependência de energia são ques- tões intimamente inter-relacionadas. No século XXI, as nações têm de desenvol- ver estratégias de autonomia energética baseada em sistemas sustentáveis para cons- truírem economias mais competitivas e menos expostas às turbulências geopolíticas. Neste contexto, a segurança energética subiu para o topo da agenda dos responsáveis políticos, organizações internacionais e empresas. O crescimento sustentado da procura de energia a nível do planeta levanta sérias preocupações sobre a disponibilidade a longo prazo de fornecimento fiável e acessível. Conflitos e tensões geopolíticas em algumas das principais regiões fontes de matérias-primas para a produção de energia representam um risco de curto prazo de fornecimento, bem como obstáculos para os tão necessários inves- timentos no sector. Estrangulamentos no transporte e outras limitações na infra-estrutura de energia representam ameaças adicionais para um fornecimento confiável e acessível. Com efeito, as alterações climáticas actuam como um multiplicador de ameaças de ins- tabilidade em algumas das regiões mais voláteis do mundo. Muitos governos na Ásia, na África e no Médio Oriente já estão no limite em termos da sua capacidade de pro- videnciar as necessidades básicas: alimentação, água, abrigo e estabilidade. A mudança climática projectada irá exacerbar os problemas de governação eficaz. Com efeito, a dependência de petróleo estrangeiro coloca um país mais vulnerável a regi- mes hostis e a terroristas. Por outro lado, o investimento em fontes alternativas de energia domésticas e limpas não só ajuda a enfrentar o desafio sério da mudança climática global, como aumenta a autonomia energética de forma sustentável. Como as questões estão interligadas, gerar a solução para um problema tem implicações directas nos demais. A LIGAÇãO ENTRE A AUTONOmIA ENERGÉTIcA, A SEGURANÇA ENERGÉTIcA E AS ALTERAÇõES cLImÁTIcAS A mudança climática resulta de emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa (GEE). O sector da energia é de longe a principal fonte de emissões em todo o mundo. As opções políticas para reduzir as emissões associadas à energia consistem na melhoria da eficiência AmÉRIcA LATINA: SITUAÇãO E PERSPEcTIVAS Uma autonomia energética sustentável para Portugal mitigar as alterações climáticas desenvolvendo segurança económica Ruben Eiras RELAÇÕES INTERNACIONAIS março : 2010 25 [ pp. 119-136 ] 119

Uma Autonomia Energética

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Uma autonomia energética

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  • as alteraes climticas, a segurana nacional e a dependncia de energia so ques- tes intimamente inter-relacionadas. No sculo xxi, as naes tm de desenvol-ver estratgias de autonomia energtica baseada em sistemas sustentveis para cons-trurem economias mais competitivas e menos expostas s turbulncias geopolticas.Neste contexto, a segurana energtica subiu para o topo da agenda dos responsveis polticos, organizaes internacionais e empresas. O crescimento sustentado da procura de energia a nvel do planeta levanta srias preocupaes sobre a disponibilidade a longo prazo de fornecimento fivel e acessvel. Conflitos e tenses geopolticas em algumas das principais regies fontes de matrias-primas para a produo de energia representam um risco de curto prazo de fornecimento, bem como obstculos para os to necessrios inves-timentos no sector. Estrangulamentos no transporte e outras limitaes na infra-estrutura de energia representam ameaas adicionais para um fornecimento confivel e acessvel.Com efeito, as alteraes climticas actuam como um multiplicador de ameaas de ins-tabilidade em algumas das regies mais volteis do mundo. Muitos governos na sia, na frica e no Mdio Oriente j esto no limite em termos da sua capacidade de pro-videnciar as necessidades bsicas: alimentao, gua, abrigo e estabilidade. A mudana climtica projectada ir exacerbar os problemas de governao eficaz.Com efeito, a dependncia de petrleo estrangeiro coloca um pas mais vulnervel a regi-mes hostis e a terroristas. Por outro lado, o investimento em fontes alternativas de energia domsticas e limpas no s ajuda a enfrentar o desafio srio da mudana climtica global, como aumenta a autonomia energtica de forma sustentvel. Como as questes esto interligadas, gerar a soluo para um problema tem implicaes directas nos demais.

    ALIGAOENTREAAUTONOmIAENERGTIcA,ASEGURANAENERGTIcAEASALTERAEScLImTIcASA mudana climtica resulta de emisses antropognicas de gases com efeito de estufa (gee). O sector da energia de longe a principal fonte de emisses em todo o mundo. As opes polticas para reduzir as emisses associadas energia consistem na melhoria da eficincia

    A m R I c A L A T I N A : S I T U A O E P E R S P E c T I V A S

    Uma autonomia energtica sustentvel para Portugalmitigar as alteraes climticas desenvolvendo segurana econmicaRuben Eiras

    relaes internacionais maro : 2010 25 [ pp. 119-136 ] 119

  • relaes internacionais maro : 2010 25 120

    energtica, na mudana para combustveis fsseis menos intensivos em carbono, na adop-o de fontes energticas livres de emisses, e na captura e armazenamento de CO2. Ao passo que o pib das economias ocidentais cresceu, tambm aumentaram as suas necessidades energticas. Esta procura de energia estrangula o abastecimento dispo-nvel: as fontes de energia utilizadas para um fim, como a gerao de electricidade, no esto disponveis para suprir outras necessidades. O gs natural usado para a electri-cidade no est disponvel como matria-prima para muitas indstrias que dependem dele, como a indstria qumica, a indstria de fertilizantes e a indstria de plsticos. Nesta linha de pensamento, no relatrio National Security and the Threat of Climate Change, da CNA Corporation, o almirante Bowman afirma que

    a segurana nacional est intrinsecamente ligada nossa segurana energtica do pas.

    A energia e a segurana econmica so componentes-chave da segurana nacional que

    devem ser concretizadas atravs da explorao de formas alternativas de energia endgenas

    e de parcerias energticas com pases cujos valores no esto em contradio com os das

    democracias ocidentais1.

    Neste contexto, Bowman adverte que essa interdependncia entre a poltica de energia e a segurana nacional deve ser encarada no longo prazo na forma como as naes abordam as mudanas climticas globais, tendo como base de partida a segurana energtica.

    OQUEASEGURANAENERGTIcA?Para conceber uma poltica integrada de energia e alteraes climticas, no s neces-srio ter bem presente o conceito de segurana energtica, como tambm actualiz-lo. A insegurana energtica pode ser definida como a perda de bem-estar que pode ocorrer como resultado de uma alterao do preo ou a disponibilidade de energia2.No que diz respeito poltica de segurana energtica, uma distino pode ser feita entre as aces do Governo para mitigar os riscos de curto prazo de indisponibilidade fsica que ocorre em caso de ruptura de abastecimento e os esforos para melhorar a segurana energtica no longo prazo. No primeiro caso, as aces incluem o estabelecimento de reservas estratgicas, o dilogo com os produtores e determinar planos de contingncia para reduzir o consumo em tempos de interrupo de fornecimentos crticos. No segundo caso, as polticas tendem a concentrar-se no ataque s causas da insegu-rana energtica. Estas podem ser divididas em quatro grandes categorias:

    Interrupes do sistema de energia ligadas a condies climticas extremas ou acidentes. Equilbrio a curto prazo entre a oferta e a procura no mercado da electricidade. Falhas de regulamentao. Concentrao dos recursos de combustveis fsseis.

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 121

    Atravs desta tipologia de poltica de segurana energtica possvel identificar clara-mente as reas que se sobrepem com as aces de mitigao das alteraes climticas. Polticas destinadas a responder a preocupaes de segurana energtica ligada con-centrao de recursos tm potencialmente implicaes mais significativas para a miti-gao das alteraes climticas, e vice-versa. Em ambos os casos, as polticas so susceptveis de afectar os combustveis e as escolhas tecnolgicas associadas.

    OPANORAmADASEGURANAENERGTIcADAUNIOEUROPEIA(UE)Responder procura de energia o requisito bsico da segurana energtica. De acordo com a Segunda Anlise Estratgica de Energia da ue, duas tendncias so evidentes:

    Os recursos e as reservas indgenas na ue esto em declnio. Os recursos mundiais/reservas, ainda relativamente abundantes, esto a ficar concen-

    trados nas mos de um pequeno nmero de pases.

    difcil especificar a quantidade de gs, petrleo, carvo e urnio ainda existente no manto da Terra e de quanto pode ser extrada no futuro. Alm disso, a segurana energtica da Europa continuar a depender fortemente da disponibilidade de fontes de energia primria. No mix actual de energia da ue, petrleo, gs, carvo e urnio so as principais fontes primrias de energia e representam uma parte significativa do futuro cabaz energtico da ue. De facto, a Europa sempre se baseou na oferta externa de fontes de energia para responder sua procura e conti-nuar a faz-lo. De acordo com a segunda anlise estratgica da energia da ue,

    a poupana e a diversificao de energia com as energias renovveis tornar a ue menos

    vulnervel aos efeitos da evoluo dos preos volteis de importao. A segurana

    energtica um dos principais objectivos da Unio Europeia para garantir o seu

    desenvolvimento econmico e o bem-estar dos seus cidados3.

    ADEPENDNcIADASImPORTAESNAUEEmbora a dependncia das importaes globais de energia na ue seja elevada e conti-nue a aumentar, a situao varia consideravelmente de pas para pas. A Dinamarca o nico pas completamente independente em termos energticos, enquanto que em alguns pases, como a Polnia e o Reino Unido, as taxas de dependncia das importa-es so bastante baixas (cerca de 20 por cento). No outro extremo, Irlanda, Itlia, Portugal e Espanha tm relaes de dependncia de importao superiores a 80 por cento, enquanto pequenos pases insulares, como Malta e Chipre (devido sua situao geogrfica), juntamente com o Luxemburgo, so total-mente dependentes das importaes de energia.

  • relaes internacionais maro : 2010 25 122

    A ue produz menos de um quinto de seu consumo total de petrleo. O petrleo inclui a maior parte do total das importaes de energia da ue (60 por cento), seguido por impor-taes de gs (26 por cento) e combustveis slidos (13 por cento). A proporo entre a energia importada e as energias renovveis insignificante (menos de um por cento).Tendo em conta o crescimento previsto da procura mundial de energia, a competio por recursos ficar mais difcil e o poder de mercado dos poucos grandes exportadores de energia ir aumentar ainda mais. Portanto, torna-se necessrio desenvolver abordagens metodolgicas que permitam avaliar o grau de risco inter-relacionado de segurana energtica e as alteraes clim-ticas, baseado no poder de mercado, de forma a conceber uma poltica integrada que assegure uma autonomia energtica sustentvel.

    mETODOLOGIAPARAcLcULODORIScODASEGURANAENERGTIcAA avaliao do poder de mercado no direito da concorrncia no simples. O poder de mer-cado altamente dependente das circunstncias de cada caso. Alm disso, , em grande medida, critrio das autoridades de concorrncia decidir se existe ou no um caso de domi-nao de mercado. Em resumo, o poder de mercado pode ser medido de duas formas:

    Participao no mercado O poder de mercado improvvel sem concentrao no mercado. Portanto, uma medida de concentrao do mercado fornece um proxy do poder de mercado. A quota de mercado provavelmente a mensurao mais simples de concentrao do mercado. Este indicador muito utilizado na poltica pblica, especialmente na Europa onde, apesar de esta no limitar a quota de mercado a uma dimenso especfica, amplamente utilizado em apoio da lei.

    ndice Herfindhal-Hirschman (ihh) Este ndice calculado pela soma dos quadra-dos das quotas de mercado individuais de todos os participantes. um indicador mais elaborado de concentrao do mercado, uma vez que leva em conta o nmero de empresas no mercado e respectivas quotas de mercado. O ihh especialmente utilizado para auxiliar a Comisso Federal de Comrcio dos Estados Unidos na apre-ciao das concentraes horizontais. Uma abordagem baseada na medida de con-centrao do mercado atraente pela sua simplicidade. J amplamente utilizada por governos e constituir a base da presente anlise.

    O ihh definido da seguinte forma:

    H = N

    i=1

    s2i

    em que Si a quota de mercado da empresa i no mercado e n o nmero de empresas.

    Assim, num mercado com duas empresas em que cada uma tem 50 por cento do mer-cado, o ndice de Herfindahl igual a 0,502 + 0,502 = 1 / 2.

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 123

    O ndice de Herfindahl (h) varia de 1/N para 1, onde n o nmero de empresas no mercado. Equivalentemente, o ndice pode chegar at 10 mil, se as percentagens forem usadas como nmeros inteiros, como em 75, em vez de 0,75. A mxima neste caso 1002 = 10 000. Portanto, estabelece-se que:

    Um ndice ihh inferior a 0,01 (ou 100) indica um ndice altamente competitivo. Um ndice ihh inferior a 0,1 (ou 1000) indica um ndice de no concentrado. Um ndice ihh entre 0,1 a 0,18 (ou 1000 a 1800) indica concentrao moderada. Um ndice ihh superior a 0,18 (acima de 1800) indica alta concentrao.

    Um pequeno ndice indica uma indstria competitiva com nenhum dos operadores dominantes. Se todas as empresas possuem uma quota igual, o recproco do ndice mostra o nmero de empresas no sector. Quando as empresas possuem partes desiguais, o recproco do ndice indica o equivalente ao nmero de empresas no sector. Embora simples, uma medida de concentrao do mercado altamente dependente da definio do mercado relevante. Em matria de concorrncia, esse processo resume-se a determinar os melhores substitutos para o produto sob investigao, quando estes constituem a restrio mais imediata ao concorrente. Na presente abordagem, o foco centra-se no curto e mdio prazo de substituio, dado que este o mais adequado para anlise da segurana energtica. Identificar potenciais substitutos de combustveis fsseis um exerccio nico. Os combustveis fsseis so diferentes de quaisquer outros produtos. Eles so a principal matria-prima essencial para os processos subjacentes actividade econmica: electri-cidade e de calor, processos industriais, transporte, entre outros. Estes processos so complexos, de capital intensivo e baseados em sistemas tecnolgicos desenvolvidos ao longo de vrias dcadas. Para avaliar a possibilidade de substituio de combustvel necessrio, portanto, analisar a flexibilidade tecnolgica para alternar combustveis em cada um desses processos e usos finais. Por isso, os trs combustveis fsseis conti-nuaro a ser considerados como produtos nicos em mercados distintos.No que respeita aos limites geogrficos destes mercados, muito depende das infra--estruturas existentes e do comrcio. No caso do petrleo, as infra-estruturas fsicas esto bem desenvolvidas e os custos de frete so suficientemente baixos para permitir o comr-cio global. Portanto, um mercado global de petrleo pode ser assumido na anlise. As infra-estruturas fsicas existentes tambm permitem o comrcio mundial de carvo. Para o gs, as limitaes de infra-estruturas so muito mais significativas. O comrcio de gs predominantemente baseado em pipeline e, assim, tem um alcance regional. No caso do gs, portanto, as fronteiras de mercado consideradas nesta abordagem vo evoluir conforme o desenvolvimento das infra-estruturas de Gs Natural Liquefeito (gnl). Por agora, para a presente anlise, so apenas consideradas as do gs natural por gasoduto.

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    Levando em considerao todos estes aspectos, a medio da concentrao do mer-cado em cada mercado de combustveis fsseis est no centro da abordagem proposta para quantificar o risco da segurana energtica relacionado com a dependncia das importaes.No entanto, uma srie de modificaes precisam ser feitas para reflectir a natureza especfica dos problemas de segurana energtica. Podemos distinguir dois elementos na anlise:

    A caracterizao dos riscos de segurana de energia atravs de um indicador de con-centrao de mercado, referido aqui como ndice Geopoltico de Segurana Energtica de Concentrao das Importaes (igseci).

    A exposio de um determinado pas a riscos de segurana energtica. Este elemento considerado atravs da definio de um ndice de Risco Geopoltico de Segurana Energtica (irgse).

    A base para quantificar a concentrao do mercado na segurana energtica calcu-lar o ndice Herfindhal-Hirschman (ihh), igual soma do quadrado das quotas de mercado individuais de todos os participantes. Como discutido anteriormente, o ihh um indicador bem estabelecido de concentrao do mercado comummente utilizado pelos governos como um instrumento para auxili-los na determinao do poder de mercado. No contexto desta anlise, os participantes do mercado so considerados como pases. Indiscutivelmente, as empresas privadas, que desempenham um papel essencial em mercados de combustveis fsseis, devem ser consideradas como os participantes do mercado. No entanto, os governos, em ltima instncia, so as entidades que tm controlo sobre o nvel de explorao dos seus recursos naturais. De uma perspectiva de segurana energtica, portanto, uma abordagem ao nvel do pas parece mais adequada. A dependncia das importaes de energia primria foi escolhida tendo como base a medio da concentrao de mercado do ihh, devido importncia e complexidade da energia para a economia de cada pas. A disponibilidade de energia que se acredita ser crucial para a existncia de uma grande economia muitas vezes referida como recurso estratgico. Atribuindo o conceito de recurso estratgico energia, esta assume a qualidade intrnseca da utilidade para a economia, bem como a necessidade de garan-tia de disponibilidade to estreitamente ligada com o interesse nacional. Se o abastecimento de energia de importncia estratgica, ento deve ser utilizado para analisar a dependncia de uma economia quanto s importaes deste recurso estrategicamente importante.A dependncia das importaes de energia pode ser muito amplamente conceptualizada como uma relao entre a quantidade de energia primria produzida e a quantidade de energia primria importada. Esta relao tambm pode ser entendida como um rcio

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 125

    de auto-suficincia invertido. No entanto, este rcio s transmite informaes inertes sobre a balana comercial do sector em anlise, e no diz nada sobre as implicaes para outros sectores e, por extenso, diz muito pouco sobre as implicaes para a economia em geral. Este rcio per se no importante; s analiticamente significativo apenas em conexo com o risco que o rcio representa para a economia. Com base nessa observao, muito mais relevante para quantificar a dependncia em termos de nvel de risco que esta relao representa para a economia. A presena de risco pode ser, portanto, con-textualizada atravs da avaliao da vulnerabilidade que o nvel de dependncia apresenta para a economia. Portanto, a dependncia de importao ser operacionalizada atravs da medio do nvel de risco de concentrao que esta situao representa para a economia. Desta forma, para cada combustvel fssil f, o ndice Geopoltico de Segurana Ener-gtica de Concentrao das Importaes (igseci) no mercado definido por:

    GESIC = S

    if2 IGSECI

    Onde Sif a parte de cada i fornecedor no mercado de combustveis f definida pela

    dependncia das importaes do mercado de destino (Sif varia de zero a 100 por cento).

    Os valores do igseci, conforme definido na equao, variam entre zero (representando um mercado perfeitamente competitivo) e 10 mil para um monoplio puro. Portanto, quanto mais elevado for o valor de igseci, menor a segurana energtica, porque maior a concentrao de importaes. Contudo, tero de ser consideradas modificaes adicionais na presente frmula para a medio do impacto na segurana energtica na economia. Numa segunda instncia, temos de considerar a incluso de um factor adicional que parece de particular impor-tncia: a estabilidade poltica do pas exportador do combustvel fssil. Com efeito, alm de serem geograficamente concentrados, os recursos energticos tambm esto muitas vezes localizados em reas politicamente sensveis do mundo. Este facto desempenha um papel importante na medio das implicaes de segurana energtica da concentrao de recursos que afecta a fiabilidade dos pases parceiros comerciais. As operaes do sector da energia podem ser afectadas por distrbios civis. Ao longo dos ltimos anos, por exemplo, as greves tm afectado as exportaes de um nmero de pases produtores de petrleo, incluindo os mais proeminentes como a Nigria e a Venezuela, por vezes com efeitos adversos significativos sobre os preos do petrleo. A estabilidade poltica de um pas tambm dever reflectir a possibilidade de abuso por parte do Governo face posio dominante do pas no mercado (grande quota de mercado no igseci).

  • relaes internacionais maro : 2010 25 126

    Para incluir a estabilidade poltica na medio das implicaes na segurana energtica derivada da concentrao de recursos num determinado mercado de combustveis fs-seis, a medida de igseci conforme definido na equao pode ser modificada da seguinte maneira:

    GESICpol

    = ri*S

    if IGSECI

    pol

    Em que ri a classificao de risco poltico do pas i. A incluso deste parmetro deve intensificar os riscos de concentrao de mercado, quando os participantes do mercado so considerados politicamente instveis. A extenso da escala reflecte a importncia dada estabilidade poltica ao considerar as preocupaes relacionadas com a concen-trao de recursos. Na presente anlise, considerado que a escala de r varia entre um a trs. Por outras palavras, o pior nvel de estabilidade poltica conduz a uma triplicao da contribuio do pas para o igseci e o melhor nvel no afecta a contribuio do pas. Portanto, o igseci

    pol varia entre zero (para uma concorrncia perfeita entre os pases com melhor

    nvel de estabilidade poltica) e 30 mil para um monoplio puro de um pas com o pior nvel de estabilidade poltica. Qualquer conjunto de r pode ser seleccionado, dependendo da importncia dada estabi-lidade poltica na medio igseci

    pol. O principal objectivo na presente anlise, entretanto,

    simplesmente comparar igseci e igsecipol

    nos trs mercados de combustveis fsseis. Uma srie de ratings de estabilidade poltica pode ser utilizada para a medio do risco poltico. No mbito deste estudo optou-se pela escolha do Worldwide Governance Indicators do Banco Mundial. Esta bateria de indicadores usa uma metodologia trans-parente desenvolvida pela primeira vez na dcada de 1990, a qual tem sido continuamente revista e melhorada. Baseia-se numa agregao estatstica de um grande nmero de respostas ao inqurito sobre a qualidade da governao nos pases da ocde e em vias de desenvolvimento elaboradas por institutos de pesquisa, think tanks, organizaes no governamentais e organismos internacionais. Alm disso, os indicadores so concebidos para serem aplicados em mais de 200 pa-ses, o que se adapta anlise proposta na presente abordagem. Os indicadores do Worldwide Governance Indicators avaliam seis dimenses de gover-nao atravs de seis indicadores distintos. Dois deles so de especial interesse do ponto de vista da segurana energtica:

    Estabilidade Poltica e Ausncia de Violncia mede a percepo do risco que o Governo no poder vai ser desestabilizado ou derrubado por possivelmente inconstitucional e/ou por meios violentos, incluindo a violncia domstica e contra o terrorismo.

    Regulamentao da Qualidade mede a incidncia de polticas pouco favorveis de mercado, tais como controlo de preos ou de superviso bancria inadequado, bem

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 127

    como as percepes dos encargos impostos pela regulamentao excessiva em reas como o comrcio exterior e o desenvolvimento de negcios.

    Estes indicadores so definidos numa base anual, e variam entre -2,5 e +2,5. Os valores positivos mais elevados indicam melhor desempenho de governana. A classificao percentual tambm est disponvel. A fim de considerar ambas as dimenses de inte-resse usamos um indicador composto de governana com base na mdia dos dois anteriormente referidos, os quais depois so convertidos para a escala definida para r (um a trs).

    ONDIcEDERIScOGEOPOLTIcODESEGURANAENERGTIcA(IRGSE)As medidas de igseci e de igseci

    pol caracterizam a dependncia das importaes da

    segurana energtica em mercados de combustveis fsseis, face concentrao de recursos. No entanto, a exposio de um pas a estes riscos de concentrao de recur-sos depende do papel que o combustvel fssil desempenha na economia do pas. Embora seja necessria uma avaliao detalhada para uma apreciao sectorial do papel de cada combustvel, para a presente anlise, podemos simplesmente multiplicar igseci

    pol pelo peso do combustvel no mix energtico do pas importador (Fornecimento

    Total de Energia Primria ftep). Por outras palavras, multiplicamos a dependncia do pas pelas importaes de um determinado combustvel e pela nossa caracterizao do risco de concentrao de recursos. O ndice de Risco Geopoltico de Segurana Energtica (irgse) soma os produtos de igseci

    pol para cada combustvel multiplicado

    pela parte exposta do mix de combustvel, pode ser representado da seguinte forma:

    GESRI = i [ IRGSE Cf /TPES ] /FTEP]

    em que Cf / FTEP (Fornecimento Total de Energia Primria) a parte do mix de combus-

    tvel. Portanto, um valor mais elevado de irgse significa um maior risco para a segurana energtica. Quanto mais um pas est exposto a uma elevada concentrao de depen-dncia de importao de um combustvel dominante no mix principal de fornecimento de energia, est menos seguro e mais vulnervel a turbulncias geopolticas.

    cOmPARAODONDIcEDERIScOGEOPOLTIcODESEGURANAENERGTIcA:PORTUGALVSSUcIAPara avaliar a exequibilidade desta abordagem quantificada do risco de segurana ener-gtica e relacion-la com as alteraes climticas, optou-se por comparar Portugal e a Sucia pelas seguintes razes: Ambos so pequenos pases europeus, sem recursos minerais, importando todo o

    petrleo, gs e carvo, e no tm energia nuclear.

  • relaes internacionais maro : 2010 25 128

    A Sucia tem um mix de energia diferente de Portugal, que inclui uma contribuio substancial da energia nuclear e renovveis na oferta de energia primria.

    A comparao entre esses dois exemplos extremos dar uma viso sobre o impacto das energias renovveis e da energia nuclear, tanto a nvel da segurana energtica, da mitigao das alteraes climticas e da sustentabilidade da autonomia energtica.

    B R E V E P E R F I L E N E R G T I C O D E P O R T U GA L

    Portugal no possui recursos minerais e depende da importao de combustveis fsseis carvo, gs natural, gs natural liquefeito e petrleo para suprir 83 por cento das suas necessidades energticas (2006). Dois teros das suas necessidades de energia elctrica so cumpridos pelos combustveis fsseis, enquanto o tero restante provm de fontes renovveis, incluindo a hidrulica, a elica e a biomassa. A procura de energia tem vindo a aumentar ligeiramente mais rpido do que a taxa de crescimento econmico e, consequentemente, a intensidade energtica da economia quatro por cento maior do que era em 1991, situando-se 10 por cento acima da mdia da ue. O consumo de energia final dominado por transportes (39 por cento) e inds-tria (31 por cento), que quase o oposto da situao em 1991, quando a indstria contabilizava 39 por cento e o transporte 33 por cento. O sector de servios tem cres-cido consideravelmente nos ltimos anos, representando actualmente 32 por cento do consumo de electricidade em comparao com 21 por cento em 1991. Portugal era um importador lquido de electricidade em 2006, respondendo por 10 por cento das suas necessidades, valor este que varia um pouco anualmente com base na disponibi-lidade hdrica.A integrao no mercado de energia ibrico avana paulatinamente e poder contribuir para uma maior confiabilidade e segurana do sistema. A infra-estrutura de transporte e distribuio de petrleo e gs tem melhorado nos ltimos anos, incluindo o desen-volvimento dos oleodutos e pipelines de gs natural, os dois terminais de petrleo e um terminal de gnl, que iniciou a sua operao em 2003. Portugal tem colocado uma nfase muito grande sobre os seus programas de energia renovvel e de legislao. A legislao nacional aponta para uma meta ainda maior de energias renovveis em 2010 45 por cento do que a meta da ue no mbito do indi-cativo existente Res-E (Directiva 2001/71/CE) para Portugal (39 por cento). O objectivo proposto para 2020 de 31 por cento de energias renovveis no consumo final. de salientar que Portugal tem objectivos ambiciosos para as tecnologias emergentes, como a energia das ondas e a concentrao de energia solar. A dependncia de importao de energia e alta dependncia dos combustveis fsseis significa que o aumento da energia renovvel e uma maior nfase na eficincia ener-gtica contribuiro para melhorar a segurana energtica, bem como para os objectivos ambientais e de emisses.

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 129

    B R E V E P E R F I L E N E R G T I C O DA S U C I A

    Com uma dependncia energtica de apenas 37 por cento, entre as caractersticas dis-tintivas do sistema energtico sueco encontram-se a utilizao significativa de biomassa e uma predominncia de electricidade face a outros tipos de energia fora do sector dos transportes. A utilizao da biomassa tem aumentado significativamente em todos os sectores desde a crise do petrleo dos anos 70 do sculo passado, sobretudo para a produo combinada de calor e electricidade. Com efeito, entre 1970 e 2008, a Sucia diminuiu em 60 por cento o consumo de petr-leo e planeia at 2030 cortar em mais 40 por cento este indicador, aumentando a con-tribuio da biomassa, passando esta fonte energtica a dominante (cf. grficos 1 e 2).

    Grfico 1 > Sucia: Objectivos da poltica energtica, 2030

    %

    &%

    '%

    (%

    )%

    *%

    +%

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    BidZ

  • relaes internacionais maro : 2010 25 130

    Grfico 2 > Sucia 1970-2008

    O fornecimento de electricidade tem sido dominado por hidroelctricas e pelo nuclear desde a dcada de 1980. Uma variedade de esquemas de apoio produo de energias renovveis foi amplamente consolidada no programa de energia renovvel, iniciado em meados de 2003. A forte nfase na eficincia energtica tem diminudo significativa-mente o consumo total de energia. A Sucia tem uma elevada percentagem de energias renovveis, as quais representam 29 por cento do consumo interno bruto em 2006, em comparao com uma mdia de sete por cento para uma UE-27. Esta percentagem deve-se elevada penetrao da biomassa e de outras fontes renovveis para aquecimento e gerao de energia. As questes polticas fundamentais para os prximos anos dizem respeito a questes sobre o futuro da energia nuclear e de uma maior expanso das energias renovveis para alm da biomassa.

    R E S U LTA D O S DA M E D I O D O I R G S E P O R T U GA L VS S U C I A

    Os resultados so bastante expressivos na demonstrao da interligao entre a segu-rana energtica e as alteraes climticas.

    '%%-&.,%

    BidZ

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 131

    O fornecimento de energia primria em Portugal dominante em petrleo. O portef-lio de importaes muito diversificado o ihh revela um mercado no concentrado (ver tabela em anexo). Por outro lado, o ihh revela que os mercados do gs e do carvo esto concentrados. Em consequncia, o igseci

    pol de petrleo (0,19) muito menor em

    comparao com o igsecipol

    para o gs (1,47) e carvo (2,75). No entanto, uma vez que os combustveis fsseis representam mais de 80 por cento do ftep, o irgse (0,85) muito maior do que a Sucia. Portanto, Portugal est muito mais exposto a turbulncias geopolticas relacionadas com a segurana energtica. Por sua vez, a carteira de importaes de petrleo, gs e carvo da Sucia no muito diversificada o ihh revela um mercado concentrado para os trs combustveis fsseis. Quando comparados com Portugal, os igseci

    pol de petrleo (0,47) e do gs (1,75) da

    Sucia so superiores, mas verifica-se um valor muito mais baixo no carvo (0,26). No entanto, uma vez que os combustveis fsseis representam menos de 40 por cento do ftep, o irgse (0,23) muito inferior ao de Portugal. Portanto, a Sucia est muito menos exposta a turbulncias geopolticas relacionadas com a segurana energtica, contribuindo igualmente para uma mitigao das alteraes climticas.Quando procedemos comparao do irgse com indicadores de intensidade energ-tica, dependncia energtica e intensidade de carbono, comparando Portugal e Sucia, descobrimos que no s o risco geopoltico de segurana energtica da Sucia muito inferior que o de Portugal, como tambm todos os outros indicadores (cf. grfico 3).Isto significa que a Sucia possui um mix energtico e respectiva utilizao muito mais sustentvel do ponto de vista econmico e ambiental. Portanto, podemos espe-cular que a segurana energtica com uma forte componente de energia renovvel e nuclear contribui positivamente no s para uma maior segurana econmica, mas tambm para uma mitigao das alteraes climticas e para uma autonomia ener-gtica sustentvel.Desta forma, segurana energtica e alteraes climticas so duas faces da mesma moeda a concepo da poltica tem de enfrentar os dois aspectos em simultneo, construindo activamente uma autonomia energtica sustentvel. Podemos avanar que a mudana para uma matriz energtica baseada em energias renovveis e energia nuclear, combinada com as polticas activas em matria de eficincia energtica, de diversifica-o dos canais de abastecimento de gnl, de bioenergia, de captura e armazenamento de carbono gera um efeito positivo quer na diminuio da vulnerabilidade a choques geopolticos associados dependncia das importaes e da concentrao de combus-tveis fsseis, quer na criao de uma economia de baixo carbono competitiva.

  • relaes internacionais maro : 2010 25 132

    Grfico 3 > ndice de risco geopoltico de segurana energtica e alteraes climticas:

    Portugal vs Sucia

    cONSIDERAESFINAISEm jeito de concluso, no caso de Portugal, e tomando como exemplo as boas prticas suecas, a poltica energtica dever ter como objectivo alcanar a autonomia energtica sustentvel no prazo de quinze a vinte anos, explorando as seguintes linhas estratgi-cas, em adio s j existentes:

    Incentivar a I&D e incorporao de biocombustveis de origem nacional (proveniente por exemplo da indstria de papel e celulose) nos transportes pblicos, explorando as potencialidades do BioDME e do etanol celulsico, por exemplo.

    Desenhar uma estratgia competitiva para o terminal de GNL de Sines, aproveitando a situao geogrfica euro-atlntica portuguesa.

    Estudar seriamente a criao de uma central nuclear, para assegurar a produo endgena de energia e ajudar a suprir as intermitncias das energias renovveis.

    Incentivar a I&D em tecnologias alternativas de armazenagem de energia renov-vel o aumento dos perodos de seca ir erradicar a capacidade de armazenamento das barragens.

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  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 133

    Aumentar a utilizao do biogs dos aterros sanitrios para gerao de calor e elec-tricidade.

    Investigar o potencial geolgico de armazenamento de CO2 no onshore e no offshore portugus.

    As linhas estratgicas expostas contribuiro decisivamente para afirmar a autonomia energtica nacional no mundo e colocar Portugal na vanguarda dos pases lderes da energia sustentvel.A exportao de solues sustentveis de energia produzidas por indstrias geradoras de emprego e com baixo potencial de deslocalizao, permitir elevar as competncias tecnolgicas dos empreendedores e trabalhadores portugueses, conduzindo a um aumento de produtividade e de salrios, e diminuindo o desequilbrio da nossa balana de pagamentos e de transaces correntes.

  • relaes internacionais maro : 2010 25 134

    ANEXOS

    FTEP

    Total

    (Mtep)

    Por

    combustvel

    Quota

    de mercado

    (por importaes)

    Risco

    poltico

    (ri) (Si^2)

    Sipr

    (ri*Si^2)

    IGSECIpol

    ndice

    Geopoltico

    de Segurana

    Energtica

    de Concentrao

    das Importaes

    (Sipr)

    IRGSE

    ndice

    de Risco

    Geopoltico

    de Segurana

    Energtica

    IRGSE*

    Cf/FTEP

    18,96

    Tipo mtep mtep (Si)

    0,19 0,12

    Petrleo 12,34 Lbia 1,796 0,15 2,56 0,02 0,05

    Nigria 1,456 0,12 2,86 0,01 0,04

    Brasil 1,454 0,12 2,26 0,01 0,03

    Angola 1,218 0,01 2,53 0,00 0,02

    % FTEP

    65,05

    Arbia Saudita 1,1 0,09 2,08 0,01 0,02

    Outros(8) 5,311* 0,05 1,00 0,02 0,02

    HHI 0,09

    Gsnatural

    3,41Arglia 1,16 0,34 1,99 0,12 0,23 1,47 0,27

    % FTEP

    17,97

    Nigria 2,248 0,66 2,86 0,44 1,24

    HHI 0,55

    Carvo 3,22 Colmbia 1,621 0,50 2,50 0,25 0,63

    2,75 0,47

    frica do Sul 1,046 0,32 2,26 0,11 0,24

    Estados Unidos 2,62 0,81 1,96 0,66 1,30

    % FTEP

    16,98

    Noruega 1,48 0,46 1,96 0,21 0,41

    Rssia 0,85 0,26 2,32 0,07 0,16

    Outros(2) 5,7# 0,01 1,00 0,00 0,00

    HHI 1,30

    Renovveis 4,39

    % FTEP 23,15

    Nuclear 0

    % FTEP 0

    IrGSE 0,85

    ndice de Risco Geopoltico de Segurana Energtica PORTUGAL | Fornecimento Total de Energia Primria

    2007 | Milhes Toneladas Equivalentes Petrleo (Mtep)

  • Uma autonomia energtica sustentvel para Portugal Ruben Eiras 135

    ndice de Risco Geopoltico de Segurana Energtica SUCIA | Fornecimento Total de Energia Primria

    2007 | Milhes Toneladas Equivalentes Petrleo (Mtep)

    FTEP

    Total

    (Mtep)

    Por

    combustvel

    Quota

    de mercado

    (por importaes)

    Risco

    poltico

    (ri) (Si^2)

    Sipr

    (ri*Si^2)

    IGSECIpol

    ndice

    Geopoltico

    de Segurana

    Energtica

    de Concentrao

    das Importaes

    (Sipr)

    IRGSE

    ndice

    de Risco

    Geopoltico

    de Segurana

    Energtica

    IRGSE*

    Cf/FTEP

    59,13

    Tipo mtep mtep (Si)

    0,47 0,19

    Petrleo

    23,90

    Dinamarca 4,99 0,21 1,75 0,04 0,08

    Noruega 4,80 0,20 1,96 0,04 0,08

    Reino Unido 6,65 0,28 2,08 0,08 0,16

    Venezuela 1,20 0,05 2,62 0,00 0,01

    % TPES

    40,42

    Rssia 5,98 0,25 2,32 0,06 0,15

    Iro 0,29 0,01 2,65 0,00 0,00

    HHI 0,23

    Gs natural

    0,84

    % TPES

    1,42

    Dinamarca 0,84 1,00 1,75 1,00 1,751,75 0,02

    HHI 1,00

    Carvo

    2,20

    Austrlia 0,91 0,41 1,9 0,17 0,33

    0,51 0,02

    Rssia 0,49 0,22 2,32 0,05 0,11

    Estados Unidos 0,29 0,13 1,96 0,02 0,03

    % TPES Polnia 0,21 0,01 2,11 0,01 0,02

    3,72 Letnia 0,21 0,09 2,08 0,01 0,02

    Outros(8) 0,09 0,01 1,00 0,00 0,00

    HHI 0,26

    Renovveis 14,74

    % TPES

    24,93

    Nuclear 17,45

    % TPES

    29,51

    IrGSE 0,23

  • relaes internacionais maro : 2010 25 136

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