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UMA AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DA MÃO-DE-OBRA NAS ÁREAS DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO SEMI-ARIDO BAIANO: UMA
AVALIAÇÃO DOS ÚLTIMOS 40 ANOS (1960-2006)
Daíse de Jesus Ferreira
Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS [email protected]
Ramon dos Santos Dias Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS
Wodis Kleber Oliveira Araújo Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS
Rosângela Leal Santos Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS
Resumo
Com as profundas mudanças ocorridas no semi-árido baiano decorrente da implantação dos pólos irrigados, ocorreu uma alteração no quadro produtivo agrícola que se faz perceber-nos mais diferentes aspectos do quadro rural da Bahia. Este processo se refletirá no Estado da Bahia, principalmente através de dois processos: a abertura das fronteiras agrícolas do Extremo Oeste Baiano para a cultura da soja, e a criação do perímetro irrigado, no Norte do estado, às margens do Rio São Francisco. O presente trabalho pretende avaliar as transformações sofridas nas relações de trabalho no campo, através da modernização da agricultura pela qual passou o município de Juazeiro - BA, utilizando-se de dados dos censos agropecuários de 1960, 1970, 1975, 1980 e 1985, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como também, em pesquisa bibliográfica. Palavras - chave: Transformações, Relações de trabalho, Irrigação, Fruticultura, Fronteiras agrícola
Introdução
A história da agricultura no Brasil é conhecida pelo desenrolar de diferentes ciclos de
produção de culturas especificas que vai desde a exploração do pau-brasil, cana-de-
açúcar e outros, até posteriormente o café, caracterizados por períodos de prosperidade,
devido à demanda externa, seguidos de grande depressão à medida que essa necessidade
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era saciada. A partir de 1960-1970, um novo período iniciou-se, provocando uma
reestruturação quando os grandes produtores agrícolas dos estados de São Paulo, Rio
Grande do Sul e Paraná, que buscaram elevar sua produtividade através da combinação
de fatores de produção como (matéria-prima, energia, mão-de-obra, tributos dentre
outros) na busca intensiva de maiores lucros em curto espaço de tempo, Segundo HEES
(1983, pg 03):
As transformações que se vêm processando na agricultura brasileira, em conseqüência da maior capitalização de suas atividades, têm repercutido diretamente sobre as relações de trabalho no campo, o que torna a situação dos trabalhadores rurais uma das questões mais importantes do âmbito das atividades agrárias. (HEES, 1983, pg 03).
Dentre as principais características desse “novo modelo” agrícola implantado a partir
das regiões Sul e Sudeste do Brasil foram: desenvolvimento científico da agricultura,
aumento no investimento de capital, sejam maquinários ou insumos. Este processo se
refletirá no Estado da Bahia, principalmente através de dois momentos: a abertura das
fronteiras agrícolas do Extremo Oeste Baiano para a cultura da soja, e a criação do
perímetro irrigado, no Norte do estado, às margens do Rio São Francisco.
Este trabalho tem como objetivo avaliar as transformações sofridas nas relações de
trabalho no campo, através da modernização da agricultura pela qual passou o
município de Juazeiro - BA, utilizando-se de dados dos censos agropecuários de 1960,
1970, 1975, 1980 e 1985, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), como também, em pesquisa bibliográfica.
A região Nordeste do Brasil situa-se na zona climática do Semi-Árido que corresponde
a uma das seis grandes zonas climáticas do Brasil. Abrange as áreas interioranas com
isoietas com valor inferior a 800 mm anuais, sendo esta região denominada de Polígono
das Secas, a qual é reconhecida pela legislação como sujeita a períodos críticos de
prolongadas estiagens.
Juazeiro é um município brasileiro do estado da Bahia incluso na região do Polígono
das Secas. Localizada na região sub-média da bacia do Rio São Francisco, na divisa
com o estado de Pernambuco, o município se destaca pela agricultura irrigada que se
firmou na região graças aos projetos federais de incentivo como a criação da
Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) buscando
uma melhor utilização e exploração das águas do rio São Francisco.
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O município de Juazeiro está localizado numa área de clima árido a semi-árido, com
alto risco de seca, com período chuvoso entre os meses de novembro e março, ou seja,
no verão. A precipitação média anual é de 399 mm, podendo atingir um máximo de
1055 mm e um mínimo de 98 mm. A temperatura média anual é de 24,2 C, mas pode
atingir a máxima mensal de 43,6 C e a mínima mensal de 20,3 C.
Com os dados coletados criaram-se tabelas, nas quais foram analisadas as relações de
trabalho no campo para a área de estudo. Observou-se que a mão-de-obra desde 1960
(familiar, permanente e temporário) teve um grande crescimento. Entretanto, segundo
HEES (1983), o nível de modernização da região é médio e que, embora tenham
aumentado de número em termos absolutos, as relações de trabalho não tiveram grandes
mudanças, pois o seu crescimento se deu em decorrência do aumento da área plantada.
A redução da mão-de-obra em decorrência do aumento da mecanização, não foi
observado em Juazeiro, pois o tipo de cultivo, no caso fruticultura, restringe a utilização
de máquinas a apenas algumas etapas do ciclo agrícola, exigindo assim a atuação maior
de trabalho humano.
O processo de modernização
A modernização no Brasil não se deu forma homogenia em todo o país. Algumas
regiões se desenvolveram mais cedo que outras. A região Sul e Sudeste começou o
processo a partir década de 60 e 70 em decorrência do alto investimento da produção da
cafeicultura, abrangendo principalmente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, bem
como Minas Gerais, a mais importante bacia leiteira do país. No Nordeste o
desenvolvimento da agricultura iniciou-se tardiamente com destaque para duas
microrregiões específicas: no Norte da Bahia, mais diretamente na região de Juazeiro,
pela ampla utilização da irrigação, com o apoio do governo federal, para a
implementação da produção da fruticultura e da região do Oeste-Baiano com na
produção de grãos, ambas com alto índice de modernização quando comparadas as
outras áreas do Nordeste.
Climaticamente é no Nordeste que se encontram as maiores temperaturas do Brasil e os
menores níveis de precipitação, ocorrendo longos períodos de estiagem, onde a
desigualdade na distribuição das chuvas durante o ano faz com que esta seja a região
muito contrastante do país. Este aspecto se deve à dinâmica da circulação atmosférica
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bem específica e característica desta área e daí a necessidade da montagem de uma
ampla rede de irrigação um maior uso de técnicas. Mudanças importantes remodelaram
a realidade econômica nordestina a partir de meados da década de 1970, originando o
que para muitos seria uma frente de expansão, ou pólos dinâmicos, ou até mesmo,
manchas ou focos de dinamismo, revelando hoje uma região que apresenta uma
heterogeneidade econômica, fruto das novas áreas de modernização intensa
(BACELAR, 1995 e, COSTA, 2001).
O progresso técnico é de fundamental importância, sendo, muitas vezes, a única solução
para que ocorra um efetivo aumento da produtividade, associada ao aumento da
possibilidade de redução de mão-de-obra. Porém a depender da área e o tipo do cultivo,
isso acarretará num maior número de desempregados. A região estudada vem ganhando
destaque na produção nacional por produzir em seu território a agricultura irrigada
voltada para a produção de fruticultura com diferentes níveis de modernização, sendo
utilizados os seguintes critérios para a obtenção dos níveis tecnológicos: a) o produtor
que cultiva com nível tecnológico alto é aquele que utiliza intensiva e racionalmente
insumos modernos, maquinas e equipamentos, normalmente empregado pouca mão -de-
obra, não sendo considerado para todas as culturas com exceção o do cultivo de
algumas frutíferas; b) o produtor que cultiva com nível tecnológico médio é aquele que
utiliza moderadamente os insumos modernos, as maquinas os equipamentos,
normalmente utilizam uma quantidade maior de mão- de- obra se comparado com o
nível tecnológico alto; c) o produtor que cultiva com nível tecnológico básico é aquele
que praticamente não utiliza insumos modernos, maquinas e equipamentos,
normalmente empregando muita mão de obra não sendo consideradas para todas as
culturas (SEI 2002).
Característica da área de estudo:
A Região do Sub-médio São Francisco incorporou-se na economia colonial no final do
século XVI e início do XVII, por meio da destruição da população que vivia nesta
localidade para a implantação de uma nova economia rentável, a região começou a se
desenvolver primeiro pela criação de gado destinada ao mercado de salvador, sendo que
o apogeu desse período segundo Caio Prado Jr. (1977), foi durante o século XVIII,
quando o gado do sertão abastecia os centros do litoral e neste mesmo período a região
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Sul do país insere na competição provocando a decadência desse sistema produtivo. A
cidade de Juazeiro já existia nessa época servindo como entroncamento com o Rio São
Francisco (Mapa 01) como rota de gado que abrangia dos Sertões do Piauí,
Pernambuco e Ceará até Salvador.
Mapa 01- localização do Vale do São Francisco
Fonte:http://www.skyscrapercity.com
Com a decadência da pecuária na região começou a desenvolver o cultivo de algodão
associado à criação de gado, tendo a cultura de algodoeira um incentivo internacional,
ou seja, o algodão aqui produzido era para manter a demanda internacional inglesa.
Nessa dinâmica produtiva o município de Juazeiro torna-se um centro regional
desenvolvendo o comércio, ampliação das redes de transporte, construção da ferrovia
ligando Salvador ao Piauí, passando por Juazeiro, nesse mesmo período desenvolveu se
a navegação fluvial do rio São Francisco no trecho entre Pirapora e Juazeiro,
beneficiando a produção agrícola, pois, o melhoramento das estruturas facilita o
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escoamento da produção. Atualmente a área em estudo vem ganhando destaque na
produção de frutas de boa qualidade voltado para o mercado externo, produzido em
larga escala pelos grandes latifundiários e com a utilização de técnicas agrícolas como
insumo, maquinários e a mais utilizada à técnica de irrigação que utiliza- se o potencial
do Rio São Francisco.
Embora o Nordeste seja uma região climatologicamente seca e quente, tendo o
município de Juazeiro uma elevada produção de frutas tropicais, tendo como vantagens
ou atrativo a proximidade do Rio São Francisco, facilitando o uso de técnicas de
irrigação, fazendo com que se produza o ano todo, sendo que estas culturas necessitam
de água disponível no solo durante todo seu ciclo produtivo para que ela se desenvolva
bem. Outro fator é o relevo de planalto com topos aplainados o qual propicia a
mecanização da agricultura. Por fim, este faz parte de uma fronteira agrícola, que
segundo Sawyer (1983), as fronteiras agrícolas são o potencial para a atividade
econômica do setor primário que delimita o espaço, que da a dimensão do que pode ser
considerada fronteira, essa atividade pode ser de diversos tipos: algumas se relacionam
com o fornecimento do produto a mercado amplo e outras têm natureza mais limitada,
alguma tem a ver com a produção de mercadorias e outras são de natureza especulativa.
Neste caso a fronteira visa a integração econômica com o território brasileiro para que o
fluxo de mercadorias ocorra, uma vez que, quase toda a produção de frutas produzidos
no Vale do São Francisco é voltada para a exportação.
O Estado com o objetivo de desenvolvimento integração da região começou a se
preocupar com a construção de uma maior infra - estrutura para isso foi criadas algumas
companhias e órgãos públicos a exemplo a CHEFS (Companhia Hidrelétrica do Vale do
Rio São Francisco), CVSF (Comissão do Vale do São Francisco), GTDN (Grupo de
Trabalhos para o desenvolvimento do Nordeste), GEIDA (Grupo Executivo para
irrigação e Desenvolvimento) SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste) entre outros, assim inicia-se as condições políticas que vão permitir a
chamada modernização conservadora que tem as seguintes características; intervenção
maciça do Estado, crescimento do comercio exterior, transformações no processo de
urbanização, administração dos lucros privados, integração de técnicas de agrícolas e
população macro estabilizada passa relacionar co as forças empresariais por meio do
mercado de trabalho.
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Outros eventos que contribuíram para o desenvolvimento da produção de frutas na
região foram às pesquisas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA), principalmente pelo desenvolvimento técnico – científico
da região, tornando-se um instrumento que possibilitou uma manipulação mais eficiente
dos recursos naturais do município de Juazeiro-Ba.
Os avanços alcançados nos rendimento resultaram da organização do espaço agrário em
termos de variedades de cultivos geneticamente adequados às condições da Caatinga da
dependência de insumos, especialmente no que se refere a fertilizantes e agrotóxicos,
além de máquinas e implementos modernos. O despertar da região para o meio técnico-
científico informacional pode ser percebido pelo intenso crescimento de uma das
culturas sinônimo do agronegócio o cultivo de frutas e uma pequena parte de sequeiros.
Segundo Baiardi (1992).
...desde a década de 1970, Juazeiro passa a ser um centro de atração de migrantes, para a construção da hidrelétrica de Sobradinho, hoje os órgãos públicos demonstram preocupação quanto à capacidade da região em absorver esta população... cabe lembrar que se estima ser quase 50% a parcela da população do pólo Juazeiro - Pretolina direta ou indiretamente envolvida em irrigação, indicado ser essa atividade de importância central na definição da capacidade ou não de gerar empregos na região de Juazeiro. (Baiardi 1992, pg 36)
A modernização no Brasil se deu forma conservadora que tem como característica
fundamental, ser parcial, no sentido que não atinge todas as fases do ciclo produtivo,
com destaque para a colheita de culturas perenes e semi-perenes (café, laranja, banana,
cana de açúcar e algodão) o que requer um maior contingente de mão de obra. Esta
modernização conservadora vigente no Norte baiano tem como principais característica:
intervenção maciça do estado; o ritmo e a forma das transformações; o surgimento de
um conjunto de mudanças e inovações sintetizadas pelo sistema de credito; vinculação
do conjunto de inovações referente à regulação estadual da economia rural;
administração dos lucros privados, uma maior integração técnica agricultura indústria;
restrição da modernização a alguns estabelecimentos; a população das
microrestabelecimentos relaciona com as forças empresariais por meio do mercado de
trabalho.
Juazeiro é um município brasileiro do Estado da Bahia, situado na região Nordeste do
Brasil, pertence à mesorregião do vale do Rio São Francisco com população estimada
pelo IBGE em 2010 de aproximadamente 197.965 habitantes possui uma área territorial
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de 6.500,679 Km2 e destaca-se na produção de fruticulturas com técnica de irrigação.
Possui os solos profundos diversificados com boa constituição física e facilmente
mecanizáveis ocorrendo os cambissolos adaptados as mais variadas opções de cultura
agrícola. Juazeiro juntamente com Petrolina forma o maior aglomerado prospero urbano
do Vale do Rio São Francisco, o maior pólo produtor fruticultor da Bahia voltada para a
exportação.
Mapa 02- localização do município de Juazeiro
Fonte: Dias, Ramon dos Santos
Por meio deste trabalho foi possível analisar as transformações ocorridas no campo com
enfoque nas mudanças pela qual sofreu as relações de trabalho devido à modernização da
agricultura no município de Juazeiro - BA. Utilizando-se de dados extraídos do censo nos anos
1970, 1975, 1980, 1985, 1995 e 2006, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), as quais levaram em consideração as variáveis: pessoal ocupado onde se tem
mão-de-obra permanente, temporária, familiares, parceiros e área de irrigação e utilização das
terras a partir dos dados coletados foram gerados tabelas para assim melhorar a interpretação
dos dados do município de Juazeiro-Ba (Tabela 01, 02,03).
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Tabela 01- Pessoal Ocupado município de Juazeiro
Fonte: censo agropecuário 1960 á 1985
Tabela 02- Utilização das terras em Juazeiro
Utilização das terras Lavouras
Ano Permanentes Temporárias Total 1960 716 7657 2712 1970 993 3039 4032 1975 1066 7680 8746 1980 1229 1269 2498 1985 1724 20325 22049
Fonte: IBGE censo agropecuário 1960 á 1985
Tabela 03- Modernização do município de Juazeiro-BA
Modernização capital Terras irrigadas Estabelecimentos que usam energia elétrica
Ano Informantes Área (ha) Informantes Quantidade (mil kwh) 1960 34 2275 - - 1970 231 786 3 33 1975 529 1487 184 124 1980 1537 3466 96 269 1985 1590 16097 605 2359
Fonte: censo agropecuário 1960 á 1985
Pessoal ocupado
Permanente
Temporário
Membros da família
Ano Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
1960613 185 798 1796 387 2182 -
- 7383
1970 118 27 145 479 45 524 7373 4652 12025 1975 454 94 548 821 294 1115 9492 6397 15879 1980
469 129 598 486 294 780 6795 6478 13273
1985 1924 240 2164 3215 595 3810 6795
6478 13273
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A partir dos dados presentes na (Tabela 01) ao relacionar o pessoal ocupado temporário
e permanente nota-se que em ambas as categorias nos anos de 1960 á 1980 há uma
variação da mão - de - obra e um aumento das mesmas no ano de 1985, porém o mesmo
não se observa na categoria pessoal ocupado membros da familiar, pois, esta aumenta
gradativamente nos anos de 1960 á 1985, isso porque a agroindústria inviabiliza a
produção dos pequenos produtores, que não tendo como competir com os grandes
produtores que conta com o auxilio do meio técnico e informacional e financeiro, não
tendo outra opção de sustento vê-se obrigado a vender sua força de trabalho juntamente
com seus familiares. Na utilização das terras do município de Juazeiro- BA, (Tabela
02) nota-se que a utilização das terras varia no decorrer dos anos analisados1960 á 1985
com exceção do ano de 1980, pois, neste período as utilizações das terras temporárias e
permanentes se igualam e que a utilização temporária ultrapassa a permanente isso se
pelo fato desta região ser produtora de culturas perenes. A técnica de irrigação é uma
das características da modernização vigente em Juazeiro na (Tabela03) observa-se que
o número de informantes e áreas de terras irrigadas aumenta proporcionalmente e
quanto maior a área irrigada maior será a utilização de energia elétrica isso porque no
município desenvolvi-se a agricultura irrigada, que exige um alto potencial hidrelétrico.
Considerações finais:
Por meio deste trabalho foi possível analisar as transformações ocorridas no campo com
enfoque nas mudanças pela qual sofreu as relações de trabalho devido à modernização
da agricultura no município de Juazeiro - BA. Utilizando-se de dados extraídos dos
censos agropecuários e demográficos, para os anos 1960, 1970 1 1975, 1980, e 1985,
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
considerando as variáveis: pessoal ocupado onde se tem mão-de-obra permanente,
temporária, familiares, parceiros, modernização por meio da técnica de irrigação e como
as terras estão sendo utilizada, com os dados coletados foram gerados tabelas e para
assim melhorar a interpretação dos dados do município de Juazeiro.
A modernização não se deu de maneira homogênea. Sendo assim, cada área apresenta
um diferente grau de modernização a exemplo o cultivo de grãos como soja e milho
exigem um maior número de insumos e maquinário durante todo o processo produtivo,
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e um menor número de pessoal ocupado, enquanto que o cultivo de leguminosas e frutas
exige um baixo grau de modernização e maior emprego de mão - de- obra.
A agricultura irrigada especificamente a fruticultura irrigada presente no município de
Juazeiro- BA, juntamente com os demais municípios do Oeste Baiano vem promovendo
um grande dinamismo na economia e na estrutura urbana, fazendo do Vale do São
Francisco um dos lugares mais prospero do Estado da Bahia.
O clima do Nordeste não e muito propicio para o desenvolvimento de determinadas
culturas a mecanização do campo trouxe uma nova possibilidade produtiva. Por meio
dos dados analisados nota-se que a modernização embora tenha trazido mudanças na
dinâmica espacial agrária e nas relações de trabalho Juazeiro ela trás traços
conservadores, sendo a irrigação a principal causa dessa dinâmica vivida pelas cidades
nordestinas em especial a região Norte da Bahia. Contrapondo o fenômeno da seca que
provoca perdas freqüentemente na produção agrícola na zona semi- árida do Nordeste
que gera grandes problemas sociais a exemplo a fome, desemprego, êxodo rural entre
outros.
Juazeiro encontra-se em um local estratégico, faz parte de uma fronteira agrícola e por
fazer parte desta, o município atrai inúmeras pessoas em busca de trabalho ou em busca
de areas que possam ser cultivadas. Embora os meios produção agrícola tenha
diversificado os efeitos desta não trouxe benefícios para a população local que dependia
das pequenas propriedades para a sua subsistência e de sua famílias, pois estes não
tendo como competir com os grandes latifundiários são obrigados a vender sua força de
trabalho para complementar a renda familiar.
Referências: BACELAR, Tânia. Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro: heranças e urgências. Rio de Janeiro: Revan: Fase, 2000; BAIARDI, Amilcar. A moderna agricultura do nordeste. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1992. CONDEVASF- Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Paraíba, As novas culturas são Testadas no Vale do São Francisco, disponível em: >http://www.codevasf.gov.br/noticias/2007/novas-culturas-sao-testadas-no-vale-do-sao-francisco >, acesso em 22/05/12.
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