Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
MESTRADO EM FORMAÇÃO DE ADULTOS E DESENVOLVIMENTO LOCAL
2.º CURSO – ANO LECTIVO 2009/2010
DISSERTAÇÃO
UMA EQUIPA, PROCESSOS DE FORMAÇÃO – ACÇÃO E A EMERGÊNCIA DAS
IDENTIDADES – O CASO DA DIVISÃO DE ACÇÃO CULTURAL DE UMA AUTARQUIA
VOLUME I
Anabela Maria de Oliveira Fernandes
Orientador: Professor Doutor Abílio José Maroto Amiguinho
NOVEMBRO
2012
2
INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
MESTRADO EM FORMAÇÃO DE ADULTOS E DESENVOLVIMENTO LOCAL
2.º CURSO – ANO LECTIVO 2009/2010
DISSERTAÇÃO
UMA EQUIPA, PROCESSOS DE FORMAÇÃO – ACÇÃO E A
EMERGÊNCIA DAS IDENTIDADES – O CASO DA DIVISÃO DE ACÇÃO
CULTURAL DE UMA AUTARQUIA
VOLUME I
Anabela Maria de Oliveira Fernandes
Orientador: Professor Doutor Abílio José Maroto Amiguinho
NOVEMBRO
2012
4
AGRADECIMENTOS
No decorrer desta investigação tive a oportunidade e o privilégio de trabalhar e
contar com a colaboração de diversas pessoas, às quais manifesto desde já a
minha consideração, carinho e reconhecimento.
Agradeço em primeiro lugar, a abertura e disponibilidade da Autarquia durante a
realização desta investigação.
Ao Alberto, ao Mestre, ao Jorge, ao Luís, à Ana e à Teresa, pessoas sem as quais
esta investigação não teria sido possível realizar, agradeço os momentos de
partilha e a disponibilidade.
Ao Professor Doutor Abílio José Maroto Amiguinho, pela orientação, pela relação
dialogante, apoio e estimulo ao longo do estudo.
A todos os amigos e colegas de trabalho, que me acompanharam neste percurso,
pelo apoio constante e pelas palavras de incentivo.
À minha família pelo carinho, paciência e encorajamento.
Aos meus filhos José e Henrique.
Ao Amândio, companheiro de todos os momentos.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
5
RESUMO
A presente dissertação assume como eixo central a relevância da formação acção de um
colectivo de trabalho e de que forma este colectivo (re) constrói identidades ou e que gera
uma dinâmica identitária.
Este trabalho incide num estudo de caso – Equipa de Coordenação da Divisão de Acção
Cultural de uma Autarquia da Margem Sul do Tejo, no qual investigamos as lógicas
subjacentes aos processos de formação acção e construção de identidades. Uma análise que
cruza o quotidiano profissional dos elementos desta equipa e os nós da acção (o
funcionamento e operacionalização; a intervenção; a territorialização; as parcerias e o trabalho
em rede; a emergência de colectivos de trabalho; os processos de mediação e a construção de
identidades). Uma Equipa, da qual a investigadora fez parte.
Uma investigação centrada em eixos metodológicos de carácter qualitativa e
interpretativa que aponta para a escolha de um estudo naturalista, tendo sido mobilizadas um
conjunto de técnicas e instrumentos no acesso à informação, privilegiando a entrevista.
Uma investigação atenta à diversidade e centrada “ no projecto do outro”, de escuta e ela
mesmo estruturadora de processos de qualificação de quem investiga.
PALAVRAS-CHAVE
Formação, Acção, Equipa, Colectivo, Identidades, Territórios, Rede, Mediação,
Desenvolvimento.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
6
ABSTRACT
The present dissertation takes as central the relevance of training action of a collective work
and how this collective (re) construct identities or which produces a dynamic identity.
This work focuses on a case study - Coordination Team, Division of Cultural Action of
an agency of the South Rim of the Tejo, in which we investigate the logic underlying the
processes of formation and identity construction action. An analysis that crosses the everyday
professional element of this team and the nodes of the action (the functioning and operation;
intervention; territorialisation; partnerships and networking, the emergence of collective work,
mediation processes and the construction of identities). A team, which the researcher was
part.
An investigation centered on methodological lines of qualitative and interpretive nature
that points to the choice of a naturalistic study, having mobilized a set of techniques and tools
to access information, privileging the interview.
An investigation focused and attentive to diversity "in another project," and she even
listening structuring process qualification who investigates.
KEY-WORDS
Formation Action Team, Collective Identities, Territories, Network Mediation
Development.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
7
RESUME
Cette dissertation prend comme un élément central de la pertinence d'une action
de formation d'un travail collectif et la façon dont ce collectif (re) construire des
identités ou qui génère une identité dynamique.
Le présent document porte sur une étude de cas - L'équipe de coordination de la
Division de l'action culturelle d'une agence de la rive sud du Tejo, dans lequel nous
étudions la logique qui sous-tend les processus de formation et d'action construction de
l'identité. Une analyse qui traverse l'élément quotidien professionnel de cette équipe et
les noeuds de l'action (le fonctionnement et l'exploitation, l'intervention;
territorialisation, les partenariats et le réseautage, l'émergence de la négociation
collective, la médiation et la construction des identités). Une équipe, qui faisait partie du
chercheur.
Une enquête centrée sur les lignes méthodologiques de nature qualitative et
interprétative qui pointe vers le choix d'une étude naturaliste, ayant mobilisé un
ensemble de techniques et d'outils pour accéder à l'information, en privilégiant
l'entrevue.
Une enquête concentrés et attentifs à la diversité "dans un autre projet," et elle a
même l'écoute de qualification processus de structuration qui enquête.
MOTS-CLÉS
Équipe d'action pour la Formation et des identités collectives, les territoires, le
développement du réseau de médiation.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AMPN Auditório Municipal (...)
CAF Estrutura Comum de Avaliação
CCP Centro Cultural (...)
CD Chefe Divisão
CTSJ Cine Teatro (...)
DAC Divisão de Acção Cultural
DCD Departamento de Cultura e Desporto
Dr. Doutor
FIAR Festival Internacional de Artes de Rua
FIG Festival Internacional de Gigantes
GOP’S Grandes Opções do Plano
Nº. Número
p. Página
pp. Páginas
QUAR Quadro de Avaliação de Referência Estratégica
SIADAP Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública
SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
9
ÍNDICE DE QUADROS , TABELAS E FIGURAS – VOLUME I
QUADROS
Quadro nº1 Modelo de Organização e Desafios 2010 64
Quadro nº2 Caracterização da Equipa : Idades e Formação Académica 70
Quadro nº3 Organigrama “não Formal” da DAC 74
TABELAS
Tabela nº1 Áreas não enquadradas nos sectores e não referenciadas
nos territórios
62
FIGURAS
Figura nº1 Estrutura Orgânica da Divisão de Acção Cultural 59
Figura nº2 Coordenação 60
Figura nº3 Coordenação do Sector - Programas Municipais 60
Figura nº4 Coordenação do Sector - Projectos Municipais 61
Figura nº5 Coordenação do Sector – Associativismo e Animação
Cultural
61
Figura nº6 Coordenação do Sector – Equipamentos Culturais 61
Figura nº7 Outras Áreas de intervenção 62
Figura nº8 Reuniões Sectoriais Descentralizadas 122
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
10
VOLUME II - ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo nº1 Notas de Campo 2
Reunião de Coordenação
Jornadas
Anexo nº2 Deliberação nº 2450/2010, publicada no Diário da República, 2ª série – nº 253, de 31 de Dezembro de 2010
6
Anexo nº3 Programa de Trabalho (2009/2013) 26
Anexo nº4 Acta nº.4/2007 – Proposta Nº1/GAP/04-2007 51
Anexo nº5 Power Point Apresentação JORNADAS DAC Fevereiro 2010
89
Anexo nº6 Análise SWOT dos Sectores da Equipa (2010) – Alguns exemplos
121
Anexo nº7 Mapa Estratégico DAC (2009 e 2010) 156
Anexo nº8 Programa Municipal do Desenvolvimento do Associativismo
157
Anexo nº 9 Documento Interno – Formação: O caminho da Excelência
169
Anexo nº10 Documento Interno – Conteúdos Programáticos Área de Formação Interna
171
Anexo nº11 Documento Rosto de Levantamento das Necessidades de Formação da DAC
173
Anexo nº12 Mapa Anual de Actividades 2010 174
Anexo nº13 Relatório de Actividades 2009 189
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
11
ÍNDICE
VOLUME I
INTRODUÇÃO 16
CAPITULO I – ERA UMA VEZ…
CONSTRUÇÃO DA PROBLEMÁTICA E A ESCOLHA DO OBJECTO DE
ESTUDO
18
1.1 A RELAÇÃO DA INVESTIGADORA COM O OBJECTO DE ESTUDO 18
1.1.1 O Significado da escolha 20
1.2 UMA EQUIPA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E FORMAÇÃO NA
ACÇÃO
22
CAPITULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO DE PARTIDA 24
2.1 O CONTEXTO DA FORMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO LOCAL 24
2.1.1 A Administração Local - Um Campo para a formação-acção? 25
2.2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E OS CONTEXTOS DE TRABALHO 26
2.3 O MUNDO DO TRABALHO – APRENDIZAGEM, COMPETÊNCIAS
E QUALIFICAÇÃO
27
2.4 A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA PROFISSÃO E IDENTIDADES
NO TRABALHO
30
2.4.1 Contextos e formação entre pares (ou formar-se na acção) 31
2.4.2 O sentido do trabalho e a emergência das identidades 33
2.5 A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES 34
2.5.1 Identidade ou identidades 34
2.5.2 Processos de socialização e identidade 36
CAPÍTULO III – A METODOLOGIA 37
3.1 A PROBLEMÁTICA DA PESQUISA 38
3.1.1 Problema central 39
3.1.1.1 Questões Orientadoras 39
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
12
3.2 OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 41
3.2.1 As fontes de informação 42
3.2.2 Estratégia e instrumentos de recolha de informação 44
3.2.3 Tratamento e análise de dados 51
CAPÍTULO IV – AO ENCONTRO DO ESTUDO… 56
4.1 ESTUDO DE CASO - A EQUIPA DE COORDENAÇÃO DA
DIVISÃO DE ACÇÃO CULTURAL
57
4.1.1 O surgimento da equipa de coordenação 65
4.1.2 Caracterização da equipa de coordenação 69
CAPÍTULO V – OS NÓS DA ACÇÃO… 78
5.1 A TERRITORIALIZAÇÃO DA ACÇÃO 78
5.2 AS PARCERIAS LOCAIS E TRABALHO EM REDE 81
5.3 A EMERGÊNCIA DE COLECTIVOS DE TRABALHO 83
5.4 OS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO 84
CAPÍTULO VI – A AVENTURA… UMA EQUIPA – PROCESSOS DE FORMAÇÃO-ACÇÃO E A EMERGÊNCIA DAS IDENTIDADES
86
6.1 OFERTA FORMATIVA DA EQUIPA 87
6.1.1 Por iniciativa da Autarquia 87
6.1.2 Por iniciativa dos elementos da equipa de coordenação da DAC 93
6.1.3 Articulação entre a oferta formativa e o quotidiano profissional 94
6.2 O FUNCIONAMENTO E A OPERACIONALIDADE DA EQUIPA DE COORDENAÇÃO DA DAC
97
6.2.1 As Reuniões 98
6.2.1.1 Periodicidade e local 99
6.2.1.2 Os conteúdos 100
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
13
6.2.2 As Acções 106
6.2.2.1 A articulação das reuniões e calendarização das acções 106
6.2.2.2 A planificação e a avaliação 108
6.2.3 As Parcerias 112
6.2.3.1 A importância 113
6.2.3.2 O desenvolvimento 113
6.2.3.3 A sustentabilidade 115
6.3 DAC – UMA EQUIPA/DISPOSITIVO DE ACÇÃO 118
6.3.1 A metodologia de trabalho da equipa 119
6.3.2 Formas de estruturação da acção conjunta 121
6.3.3 Planificação participada e construção de um dispositivo de
acompanhamento
125
6.3.4 Valorização de recursos humanos multidisciplinares 129
6.4 PROMOÇÃO DE UM COLECTIVO DE TRABALHO 130
6.4.1O trabalho em equipa e a emergência de processos de qualificação
profissional
130
6.4.2 Formas de participação e concepção de uma estratégia comum 132
6.5 DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E PESSOAL 135
6.5.1 A importância da multidisciplinaridade e das experiências diferentes 135
6.5.2 O reconhecimento entre pares 135
6.5.3 O contexto de trabalho e processos de cidadania no quotidiano 137
CAPÍTULO VII - CONCLUSÕES 141
BIBLIOGRAFIA 149
APÊNDICES 157
Apêndice I – Pedido de Autorização para a realização da Investigação Concessão de Autorização para a realização da Investigação
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
14
Apêndice II – Guião da Entrevista Elementos da Equipa de coordenação
Apêndice III – Guião da Entrevista Chefia da Divisão
Apêndice IV – Transcrição das Entrevistas
Apêndice V – Grelha Tratamento das Entrevistas Elementos da Equipa
Apêndice VI – Grelha Tratamento da Entrevista Chefia da Divisão
VOLUME II
ANEXOS
Anexo nº1 Notas de Campo (Reunião de Coordenação ; Jornadas) 2
Anexo nº2 Deliberação nº 2450/2010, publicada no Diário da República, 2ª série – nº 253, de 31 de Dezembro de 2010
6
Anexo nº3 Programa de Trabalho (2009/2013) 26
Anexo nº4 Acta nº.4/2007 – Proposta Nº1/GAP/04-2007 51
Anexo nº5 Power Point Jornadas DAC Fevereiro 2010 89
Anexo nº6 Análise SWOT dos Sectores da Equipa (2010) (Alguns exemplos)
121
Anexo nº7 Mapa Estratégico DAC (2009 e 2010) 156
Anexo nº8 Programa Municipal do Desenvolvimento do Associativismo / Regulamento Apoio ao Movimento Associativo
157
Anexo nº 9 Documento Interno – Formação : O caminho da Excelência 169
Anexo nº10 Documento Interno – Conteúdos Programáticos Área de Formação Interna
171
Anexo nº11 Documento (rosto) de Levantamento das Necessidades de Formação da DAC
173
Anexo nº12 Mapa Anual de Actividades ano 2010 174
Anexo nº13 Relatório de Actividades 2009 189
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
15
“É uma grande parte da minha vida, isso é logo a primeira, 70% da minha vida. É uma coisa que me realiza, e é uma coisa que me satisfaz e que quase num acto de fé, eu acho que, ou seja, que fazemos o nosso melhor, tendo em conta o contexto em que vivemos e os recursos que temos. Podemos fazer ainda melhor? Podemos. E temos essa consciência, e isto não pode ser é uma angústia. Eu não conheço muita coisa que seja perfeita, agora termos a consciência de melhorar, e eu sei que estamos a fazer bem, temos a preocupação com a população, temos a preocupação de os atender, de os ouvir, de lhes responder, de os integrar, de estarmos com, de construirmos, ou seja, eu acho, que não estamos fechados, e isso é o ponto chave de uma Instituição que faz a gestão do território, (…)” E3
“Para mim é uma divisão que dá vontade de trabalhar, porque nós contactamos e convivemos com realidades tão diversas, tão dispersas e com culturas tão diferentes umas das outras que é uma divisão que de facto dá muito prazer trabalhar.” E4
“Muito sinceramente, é como uma equipa de Formula 1.” E5
“ (…) considero que não obstante a uma equipa de convicção, é também uma equipa muito disponível para se renovar, para reequacionar as suas próprias ideias e avaliar continuadamente, e neste momento criar espaço a uma nova geração que venha a intervir (…) no território (…). Portanto é uma equipa de convicção em poucas palavras!” E6
“Vontade, convicção e desafio.” E2
A Equipa…
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
16
INTRODUÇÃO
Este estudo surge no âmbito do Mestrado em Formação de Adultos e Desenvolvimento
Local, resulta de igual forma, do percurso profissional e pessoal da investigadora, que destaca
a formação - acção como objecto de pesquisa, compreensão e interpretação. Uma realidade
“sentida e vivida” numa Autarquia da margem sul do Tejo.
Incidimos a investigação na análise de um estudo de caso - o caso da Equipa de
Coordenação da Divisão de Acção Cultural (DAC) de uma Autarquia. Um estudo ao
funcionamento e operacionalização de uma equipa de acompanhamento a projectos,
iniciativas, acções e ao movimento associativo, (num campo onde prevalece uma lógica
burocrática e administrativa (Organização da Administração Pública)).
Pretendemos equacionar um conjunto de questões que evidenciem ou não, um ambiente
formativo proporcionador de colectivos de trabalho que façam convergir processos de
qualificação e de desenvolvimento profissional. Pretendemos, igualmente, saber em que
medida os elementos que fazem parte desta Equipa, que assume actividades e projectos no
âmbito da Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, actuando e reflectindo a
acção, afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
Em consonância com este conjunto de ideias esta investigação propõe analisar uma
problemática em torno de um potencial dispositivo de formação acção promotor do
desenvolvimento das identidades.
Uma abordagem a um ambiente formativo e em que medida este promove os sujeitos da
Equipa enquanto actores da acção.
Este trabalho estrutura-se em sete capítulos. No Capitulo I – “Era uma vez…”
referenciamos a relação da investigadora com a problemática da investigação e o significado e
os sentidos do objecto de estudo, ou seja, o sentido e as razões que nos mobilizaram (razões
que se inscrevem num percurso profissional e pessoal). Esperamos que este capítulo faça
emergir um processo de descoberta progressiva dos leitores para os capítulos seguintes. No
Capitulo II – “Enquadramento Teórico de Partida” apresentamos referentes teóricos
essenciais para a compreensão do estudo.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
17
No Capitulo III – “A Metodologia” descrevemos o desenho metodológico que
adoptamos na prossecução dos objectivos do estudo. O Capitulo IV - “ Ao Encontro do
Estudo” centra-se na apresentação e caracterização do nosso estudo de caso – A Equipa de
Coordenação da Divisão de Acção Cultual, sistematizando aspectos que consideramos
importantes para a compreensão do estudo. Reservámos o Capítulo V - “Os Nós da Acção”
para uma breve abordagem sobre os processos inerentes às práticas do desenvolvimento do
trabalho desta equipa. No Capítulo VI – “A Aventura… Uma Equipa – Processos de
Formação-Acção e a Emergência das Identidades” propomos uma leitura interpretativa,
elegendo as palavras dos elementos que participaram no nosso estudo evidenciando os seus
sentidos. Por fim o Capítulo VII – Conclusões apresentamos e propomos algumas reflexões
suscitadas durante a realização desta investigação.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
18
CAPÍTULO I – ERA UMA VEZ …
CONSTRUÇÃO DA PROBLEMÁTICA E A ESCOLHA DO OBJECTO DE ESTUDO
1.1 A RELAÇÃO DA INVESTIGADORA COM O OBJECTO DE ESTUDO
“ Invocar (ou evocar) as «razões pessoais», as «experiências», «as vidas» ou «a biografia», tornou-
se, reconhecidamente, uma necessidade (ou uma postura intelectual a valorizar) para quem intervém
e/ou investiga, (…) Assumindo-se a impossibilidade de separar o que é inseparável – intervenção,
pesquisa e biografia - , uma tal mobilização das histórias pessoais e profissionais é feita em nome da
elucidação ou da clarificação da relação, mais ou menos cúmplice ou comprometida, com um
determinado «objecto social».” (Abílio Amiguinho, 2004,p.10)
O trabalho autárquico que se desenvolve no território em questão sempre despertou muito
interesse, por parte da investigadora, nomeadamente a realizada no âmbito da política cultural,
ao nível das prioridades, intencionalidades e metodologias aplicadas na acção.
A ligação profissional da investigadora a este território inicia-se em 1995. Durante o
período de três anos exerceu funções de coordenação na área da Animação Comunitária num
Projecto de Luta Contra a Pobreza “Sementes de Futuro”, nas Freguesias Rurais do Concelho
desta Autarquia da Margem Sul do Tejo. A experiência profissional desenvolvida pela
investigadora nestas Freguesias instiga as relações de proximidade entre a própria e a
Autarquia em questão, nomeadamente, no desenvolvimento de parcerias entre diferentes
entidades e instituições locais, na constituição de equipas multidisciplinares e na definição de
estratégias e metodologias de funcionamento.
Desenvolveu-se ao longo dos anos a vontade da investigadora em ingressar na
Administração Local, mais especificamente nesta Autarquia, com a qual se identifica nos
“passos” metodológicos que desenvolve.
No ano de 1999 surge a possibilidade da investigadora concorrer a um concurso na
carreira de Técnica Superior (por tempo indeterminado, significando a entrada no quadro de
pessoal da Autarquia) para o exercício de funções na área de Coordenação de um
Equipamento Cultural Municipal nas Freguesias Rurais do Concelho. O conhecimento que a
investigadora possuía do território, em termos sociais, educativos, recreativos e culturais foi
factor crucial para a candidatura.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
19
O dia 1 de Março de 2000 marca o início da actividade profissional da investigadora
nesta Autarquia, como elemento da Equipa da Divisão de Acção Cultural, inserida no
Departamento de Cultura e Desporto. Não deixa de ser significativo que coincida uma
satisfação profissional e pessoal da investigadora, uma aproximação entre uma realização
pessoal e profissional.
Por razões familiares, no ano de 2009, a investigadora solicita mobilidade interna para
outra Autarquia. Por um lado, este facto vem permitir um olhar mais distanciado da Equipa da
DAC, e por outro «desperta um outro olhar» sobre a nova realidade encontrada. A
possibilidade de frequência deste curso de mestrado, acentuam a vontade de analisar e
problematizar o funcionamento da Equipa de Coordenação da DAC e os processos formativos
que a sustentam.
É neste dispositivo de trabalho que se situa o objecto de estudo, num exercício contínuo
de construção e reconstrução de sentidos profissionais construído em aprendizagens
constantes e de formação entre pares.
“ (…) indicar as pistas de reflexão e compreensão actual do que é a formação e do lugar que
nela ocupam as experiências ao longo das quais se formam e se transformam nossas identidades e a
nossa subjectividade” (Josso ,2002).
Poderemos considerar que o exercício profissional dos elementos da Equipa de
Coordenação da Divisão de Acção Cultural se insere numa experiência em colectivo de
trabalho? Um espaço de crescimento proporcionado por contextos formativos diversificados e
multidisciplinares, de funcionamento em equipa, de influências múltiplas entre os seus
elementos, de uma tendencial construção de um sentido colectivo, de construção de um
pensamento estratégico na implicação e participação das pessoas, e na criação de redes de
parcerias para a acção. (Espiney, 2009).
Um exercício de disponibilidade para o trabalho mas igualmente atento à sua
complexidade.
De acordo com Paulo Freire (1974) “Quanto mais formos capazes de descobrir porque somos
aquilo que somos, colocando-nos por trás das nossas experiências passadas, tanto mais nos será
possível compreender porque é que a realidade é o que é”
Poder-se-á considerar que o quotidiano profissional, se situa num quadro de intervenção
onde existe um espaço de desenvolvimento, das experiências nos vários contextos de trabalho
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
20
que, em simultâneo procura tempos, espaços de reflexão e análise que ajudam a encontrar
estratégias e sentidos na profissão? Onde existirá a noção de uma temporalidade da acção e na
forma como é construída.
Uma área onde o tempo de agir e pensar se encontra e se cruza em contextos colectivos
de trabalho, uma equipa que pretende elaborar uma estratégia de acção ao mesmo tempo que
proporciona o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus elementos?
Questões preponderantes na análise do nosso objecto de estudo e que pretendemos
desenvolver nos capítulos seguintes.
1.1.1 O significado da escolha
“ A selecção do tema e o próprio desejo de investigação, com efeito, frequentemente orientados por
razões biográficas, intelectuais, políticas ou de carreira profissional.” (Moreira, 1994, p.7)
A experiência do Município em questão, na aplicação de estratégias e metodologias que
se pretendem participativas, tem sido proposta assumida há vários mandatos autárquicos. A
sua tradução poderá encontrar eco em processos que promovam a cidadania activa, quer
individual quer organizada, na promoção de espaços de escuta e partilha, na implicação de um
número considerável de pessoas nas decisões da gestão pública, na importância dada a uma
maior transparência da Autarquia, bem como um investimento na melhoria da comunicação
entre os vários níveis da administração local, instituições, associações e indivíduos. Um
conjunto de situações que se poderão evidenciar ao longo deste estudo.
As experiências vividas, desde a realização de fóruns temáticos, a criação de órgãos
consultivos enquadrados legalmente ou por iniciativa local, a promoção de parcerias de
desenvolvimento local, a constituição de equipas multidisciplinares de acompanhamento à
acção nos territórios (constituídas por técnicos da autarquia, dirigentes associativos, técnicos
de outras entidades, educadores e professores e elementos da comunidade), a dinamização de
protocolos de cooperação com Associações Locais, o estabelecimento de protocolos de
descentralização de competências com as Juntas de Freguesia, os processos de planeamento
participativo, o orçamento participativo, as reuniões descentralizadas, etc., constituem-se
como processos de aprendizagem que estão na base de uma necessidade de investigar e
problematizar situações ao nível da profissão e dos contextos de trabalho. Trata-se de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
21
questionar os impactos pessoais e profissionais de uma equipa que trabalha de forma colectiva
e pensa estratégias de intervenção, inserida num quadro mais global de opções política para
um território.
Situando-se a experiência profissional da investigadora na Equipa de Coordenação da
Divisão de Acção Cultural, enquadrada por uma política participativa, intuiu o significado da
escolha.
Assim, e de acordo com Honoré (1990), também a escolha pelo tema encontra sentido em
questões que nos acompanham enquanto ser-no-mundo em interformatividade, na medida em
que ao longo da nossa trajectória de vida vamos vivenciando experiências com as quais
estabelecemos uma relação de diálogo sobre o seu sentido para nós construindo processos de
reflexão e interpretação que no registo da escuta sobre o sentido para o outro, descobrimos
também um sentido para nós (Costa e Silva, 2005, p. 40).
Trata-se de considerar que a construção progressiva de um sentido profissional
contextualizado por uma política de acção cultural que promove processos e dinâmicas
centradas nas pessoas e em territórios, podem valorizar a participação, o seu sentido e
pertinência e qualificar os técnicos e a organização.
“A relação que se pode estabelecer entre o trabalho e o sentido vivido pelos indivíduos (de forma
subjectiva) é fundamental para a compreensão das dinâmicas subjacentes à construção das suas
experiências estreitamente associadas às questões da identidade e de pertença” (Dubar, 1997).
Assim, pretendemos verificar se na equipa o sujeito se forma na acção, construindo a
mudança, problematizando situações e criando soluções para os problemas identificados.
(Oliveira, F., 1997).
Verificamos, pela experiência da investigadora na equipa, que na acção estão presentes
um conjunto de princípios que constroem um quadro conceptual onde se referenciam noções
de cidadania, democraticidade da cultura, gestão participada, tolerância, informação,
multiculturalidade, inovação, participação, parcerias, metodologias de acção e estratégias de
intervenção.
Tratar-se-á da assunção de um conjunto de situações que se interligam no quotidiano e se
problematizam na gestão e mediação de acções socioculturais?
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
22
A forma de funcionamento desta equipa aponta para contextos participativos, onde se
promove e valoriza a participação de todos, o exercício da cidadania, é determinante na
construção da identidade profissional e na relação com o outro?
“O sentido vivido do/no trabalho é um sentido que decorre da experiência concreta de cada
indivíduo, experiência que associa o ‘contexto sincrónico’ (organização do trabalho e relações
sociais de trabalho no momento actual) e o ‘contexto diacrónico’ (história do sujeito e a forma como
o contexto actual se articula com o seu passado) ” (Martins, A., 2010).
1.2 UMA EQUIPA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E FORMAÇÃO NA
ACÇÃO
Desenvolver-se-á o percurso formativo através de processos de construção, desconstrução e
de recriação em novas situações?
Poder-se-á considerar que existe um campo para que, progressivamente, se analise as
práticas formativas e os seus contextos, permitindo também exercícios de compreensão
através da desconstrução do discurso e das práticas profissionais, dotando o sujeito da acção
de competências para recriar, permanentemente, novas situações formativas em equipa e
individualmente?
De acordo com a autora Ana Luísa Oliveira Pires (2007) existe um tempo e um espaço
para:
• A aprendizagem como um tempo de construção pessoal;
• Reflexão crítica e produção de novos sabres e competências;
• A promoção de aprendizagens em múltiplos contextos e situações, quer de forma
formal e institucional, quer informalmente;
• A construção de saberes e competências através da experiência que ganham
particular significado para a valorização pessoal, social e profissional.
Assim, situamos o campo de pesquisa na acção e no quotidiano profissional, nos
processos formativos presentes numa perspectiva “ em que a formação corresponde
essencialmente a um processo auto – gerido no decurso do qual os processos formalizados só
adquirem relevância e sentido se articularem com as experiências vividas em contexto contribuindo
para a sua formalização.” (Oliveira, F., 2010, p.8)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
23
Onde se favorece situações formativas “de aprendizagem em relação às problemáticas do
quotidiano dos sujeitos de forma a desenvolver competências que possam ser aplicadas em todas as
fases e momentos da vida (..)” (Melo, A., 2001)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
24
CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO DE PARTIDA
O enquadramento teórico é essencial para a realização do projeto de investigação, este
assenta na delineação e exposição consistente dos pressupostos teóricos. (Quivy e
Campenhout, 1992)
O levantamento exaustivo de informação científica permitirá um conhecimento profundo
da realidade que se cruzará com o trabalho de campo, permitindo uma noção prévia da
realidade e a sua compreensão progressiva.
O enquadramento teórico tem por base uma ampla pesquisa bibliográfica que consolidará
a definição da problemática.
Existe um campo que a define como central no processo de investigação na medida que
fundamenta as grandes questões da investigação e, por outro lado, ajuda na reformulação das
questões da investigação.
No caso desta investigação, existe uma perspectiva de conciliação entre um quadro
teórico definido, a construção do próprio estudo, a “desocultação” de perspectivas de
intervenção em coletivos de trabalho, o recurso a outras fontes de informação e à emergência
de processos metodológicos que transportam em si conceitos a ter em conta, nomeadamente
presentes em respostas de alguns dos entrevistados.
2.1 O CONTEXTO DA FORMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO LOCAL
A gradual transferência de meios financeiros e competências da Administração Central
para a Administração Local tem vindo a implicar uma maior amplitude de intervenção do
poder local, apelando a novos modelos de organização e gestão.
Inserido no contexto do III Quadro Comunitário de Apoio (Portugal, 2002) em Novembro
de 2000 foi instituído o Programa de Formação para as Autarquias Locais (Foral), como o
resultado da convergência entre um “imperativo nacional” na modernização da Administração
Pública e particularmente da Administração Local. Uma tendência reformadora das instâncias
da Administração Pública, nomeadamente nas questões da formação dos recursos humanos.
A experiência portuguesa e europeia demonstram que nesta área, as diferenças se
acentuam entre os discursos, as práticas e os resultados obtidos.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
25
Os programas de financiamento constituem um meio de pensar e construir processos de
investimento formativo. No entanto, assiste-se a uma reprodução acrítica de modalidades de
intervenção que fazem crescer, exponencialmente, a oferta formativa (numa lógica de
consumo de “menus” de acções de formação).
Torna-se necessário definir um rumo estratégico que permita potencializar os recursos
existentes. Assim,
“o panorama da formação profissional contínua na Administração Local só é positivamente
alterável a partir da mobilização e da acção a desenvolver pelos actores institucionais locais”
(Canário, R., Cabrito, B., Aires, R., 2002).
Encontrar-se-á a equipa de coordenação da DAC, embora inserida num contexto de uma
Organização da Administração Local, em que o próprio sistema é caracterizado por processos
centralizados burocráticos de gestão, neste panorama de formação?
2.1.1 A Administração Local: Um campo para a formação – acção?
A aposta na formação contínua profissional ao nível da administração local justifica-se e
adquire pertinência no quadro de um processo de mudança.
A Administração Pública, caracterizada por uma organização sectorial marcada pela
centralização de processos burocráticos de gestão, confrontada com novas exigências sociais e
com problemas de complexidade crescente, torna-se menos eficaz na resposta aos novos
desafios.
O aumento das atribuições e competências, próprias ou delegadas, na administração local,
de forma a responder à crescente densidade de problemas, permite verificar a insuficiente
capacidade de resposta.
Oliveira das Neves (2000, p.89) evidencia problemas chave na organização e
funcionamento dos serviços na administração local, nomeadamente, o “disfuncionamento entre
serviços em domínios nevrálgicos das competências municipais;” a “ incapacidade para responder a
solicitações em novos domínios de actividade e prestação de serviços aos utentes;”e a “insuficiente
dotação de recursos técnicos e humanos capazes de desenvolver funções nas áreas do planeamento e
programação, ligadas aos novos projectos e ideias de gestão.”.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
26
Para superar estas insuficiências é necessária uma ruptura no modelo organizacional
existente, o modelo burocrático de raiz taylorista e fordista, é necessário “uma forte inovação
do seu modelo organizacional” que permita reorientar a administração para a acção, “ mais
centrada nos problemas, com maior autonomia e responsabilização, com maior consideração pela
complexidade apontando para um funcionamento em rede e o reforço em parcerias, mais
descentralizada e com uma prestação de serviços mais próxima dos cidadãos e mais integrados,
privilegiando a base territorial na adequação e aplicação das políticas, mais centrada nas dinâmicas
gestionárias e menos na aplicação uniforme de procedimentos” (Arminda Neves, 2002, p.23).
É esta mudança de paradigma da organização que permitirá evoluir do centralismo
burocrático para a transversalidade na acção, criando parcerias e redes de base territoriais. A
mudança, pressupõe a promoção de políticas de valorização dos recursos humanos de acordo
com os objectivos a atingir, que permita unir num mesmo processo os “empreendimentos de
reforma das estruturas e o investimento numa dinâmica de formação contínua dos recursos humanos”
(Oliveira das Neves, 2000; Madureira, 2000).
A importância de um forte investimento na formação como uma condição das reformas
da administração pública, quer a nível central, quer a nível local, não pode nem deve fazer-
nos esquecer os limites da formação, como uma espécie de resposta mágica “a todas as
interrogações, a todas as perturbações, a todas as angústias dos indivíduos e dos grupos” como refere
Ferry (1983, p.31). Por essa razão importa reequacionar a questão do papel da formação
contínua profissional na modernização da administração local.
Importa portanto envolver a organização, os serviços e os trabalhadores na definição das
estratégias de formação a desenvolver na acção, contrariando a hegemonia da formação
apresentada pelas entidades promotoras. Consciente de que agir, neste sentido, implica uma
mudança do paradigma de conceber a formação e a relação entre esta, o profissional, o
exercício do trabalho e a organização.
2.2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E OS CONTEXTOS DE TRABALHO
O desajustamento entre a lógica dominante nos sistemas de formação profissional e a
realidade do mundo do trabalho é permanente. Em países com pouca experiência e tradição no
campo da formação profissional, o modelo organizacional tem por base um modelo de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
27
produção em massa, estandardizado, com recursos a economias de escala que reproduz o
modelo da grande empresa no período dos “trinta anos gloriosos” (anos 50 e 60).
Actualmente é imperativo construir novos modos de conceber a formação e superar a sua
relação de exterioridade relativamente aos contextos de trabalho.
No campo da formação profissional é a passagem de uma relação de previsibilidade para uma
relação marcada pela incerteza que caracteriza o mundo do trabalho. O “fim das certezas”
(Prygogine, 1996), afecta a forma de ver o mundo, a relação com os outros e os contextos de
trabalho.
A relação de incerteza vem pôr em causa dois elementos, pilares de uma relação outrora
percepcionada como harmoniosa, o primeiro corresponde à forma de conceber a relação entre
os sistemas de formação e o sistema de trabalho de acordo com um modelo de adequação, o
segundo corresponde à leitura da articulação entre a formação e o desempenho profissional de
acordo com o modelo de adaptação funcional. Actualmente, ambos estão postos em causa,
face às evoluções que se registaram no mundo do trabalho e no mundo da formação
profissional.
A primeira perspectiva supõe uma atitude optimista face ao planeamento da formação
capaz de responder às necessidades do mercado de trabalho, a segunda perspectiva implica
pressupor a possibilidade de proceder à transferência quase automática das aquisições
realizadas durante a formação para o local de trabalho, fazendo abstracção das condições
sociais organizacionais em que se exerce o trabalho. A formação é assim encarada como um
processo cumulativo e linear que mantém com o desempenho profissional uma relação
meramente adaptativa, instrumental e funcional.
A construção de uma estratégia entre a formação e o trabalho passará pela capacidade de
desenvolvimento de uma reflexão permanente das aprendizagens que permitam aprender a
identificar o que é necessário saber e a aprender, a aprender com a experiência.
2.3 O MUNDO DO TRABALHO – APRENDIZAGEM, COMPETÊNCIA E
QUALIFICAÇÃO
Esta investigação centrada em processos de formação – acção procura reconhecer a
existência de um colectivo de trabalho que funcione como uma organização que promova
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
28
processos para o desenvolvimento humano e social dos cidadãos, orientando-se por valores
abrangentes e assumindo uma dimensão educativa. (Bernardes, A. 2008).
Segundo (Canário, R., Cabrito, B., Aires, R., 2002), a emergência da incerteza na relação
formação - trabalho é alimentada por três grandes fenómenos, nomeadamente: a
intensificação da mobilidade profissional; a rápida obsolescência da informação e as mutações
das organizações de trabalho.
Nas últimas três décadas intensificou-se de forma rápida a mobilidade profissional.
A actividade profissional que cada indivíduo desenvolve terá de ser analisada/pensada no
quadro da sua trajectória profissional. Encarada numa perspectiva diacrónica que abrange
todo o período de vida profissional activa. Ao longo deste percurso os indivíduos mudam as
suas qualificações, constroem diversas competências, mudam de ambiente de trabalho,
realizam processos de reconversão e alteram as suas funções de natureza profissional (em
muitos casos acabam por desempenhar funções que pouco têm a ver com a sua formação
inicial).
A emergência do conceito de trajectória profissional é coexistente com a emergência do
conceito de percurso de formação de cada indivíduo (a exemplo as abordagens que tem
referência as histórias de vida, que reforça a importância de pensar a actividade profissional e
a actividade de formação numa perspectiva integrada e diacrónica), permitindo romper com
uma visão estática que tem sido predominante na forma de conceber a relação entre a
formação e o trabalho.
No percurso da formação, cada pessoa e cada profissional torna-se o sujeito da sua
própria formação. Assim a formação não é entendida como um somatório de momentos
formais não articulados (as ditas acções de formação), mas sim, um processo para as
actividades de aprendizagem.
O segundo fenómeno diz respeito ao crescimento do volume da informação disponível, o
que tem como consequência uma rápida obsolescência dessa mesma informação. Torna-se
assim importante transformar os sistemas formativos da informação, que funcionam segundo
uma lógica cumulativa da informação, em sistemas formativos orientados para a produção de
saberes privilegiando os processos de tratamento e mobilização da informação.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
29
O terceiro fenómeno consiste num processo de mudança acelerada das organizações de
trabalho. O modelo de organização fordista, típico da produção em massa, através de
processos estandardizados e baseados na economia de escala, tem vindo a sofrer alterações
para um modelo de funcionamento em rede que tende a transformar a organização num
sistema auto regulados. A passagem de “lógica de castelo”a uma” lógica de rede” (Butera,
1991), valoriza a polivalência e o trabalho em equipa.
O trabalho colectivo permite a que cada elemento da organização possa construir uma
compreensibilidade global do processo de trabalho, o que tal não ocorria por exemplo numa
linha de montagem.
Evidencia-se uma evolução tendencial da formação de uma cultura de dependência e de
execução para uma cultura de interacção e de resolução de problemas. Esta evolução por um
lado torna desajustada a concepção da formação para o posto de trabalho e por outro lado
obriga a que a formação deixe de ser pensada exclusivamente em termos de capacitação
individual, uma vez que se passa a considerar as dimensões colectivas do exercício de
trabalho.
A formação deverá orientar-se também para a formação de equipas de trabalho que se
formam em exercício e no contexto de trabalho.
“É neste sentido que as organizações de trabalho tenderão a transformar-se em organizações que
aprendem, no quadro das quais os colectivos de trabalho emergem como comunidades de
aprendizagem” (Canário, R., Cabrito, B., Aires, R., 2002).
O conceito de competências está, actualmente, presente no discurso sobre a formação
profissional. Muitas das vezes quando se fala em competências pensa-se em qualificação.
O termo qualificação remete-nos para a ideia de obtenção de títulos académicos, diplomas,
certificados, etc., que constituiriam uma garantia prévia de aquisição dos saberes requeridos
para situações de trabalho específicas. Assim, podemos sustentar que as qualificações se
adquirem por um processo cumulativo enquanto as competências só podem ser produzidas em
contexto, a partir da experiência de trabalho.
Neste sentido, a competência deverá decorrer de um processo multidimensional,
individual e colectivo ao mesmo tempo, dependente de um contexto e de um projecto de
acção. O conceito de competência corresponde a “saber encontrar e pôr em prática eficazmente
as respostas apropriadas ao contexto na realização de um projecto” (Reinbold e Breillot, 1993, p15).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
30
Também Guy Le Boterf (1994) defende que a competência não corresponde a um estado,
nem a um saber que se possui, nem a um adquirido de formação. Esta forma de definir o
conceito de competência contraria a ideia de que as competências são algo prévio ao exercício
profissional e reconduz-nos noutra direcção de que as competências emergem de processos de
mobilização e confronto de saberes em contexto profissional.
Segundo Cristophe Dejours (1998) o processo de trabalho só funciona se os trabalhadores
fizerem beneficiar a organização de trabalho com a sua inteligência individual e colectiva. É a
constatação de que a prática profissional se relaciona com um conjunto de “saberes tácticos” e
de há um “saber escondido no agir profissional” (Schon, 1996) que optimiza o potencial
formativo dos contextos de trabalho.
O reconhecimento da importância da experiência nos processos de aprendizagem supõe
um processo interno ao sujeito ao longo da vida. Neste sentido, o processo de formação
permanente é indissociável de uma concepção inacabada do ser humano, como afirma
Bernard Charlot, ou seja,
“Aprender para se construir, segundo um triplo processo de hominização (tornar-se homem), de
singularização (tornar-se um exemplar único de homem), de socialização (tornar-se membro de uma
comunidade, da qual se partilham valores e em que se ocupa um lugar). Aprender para viver com os
outros, homens com os quais se partilha o mundo” (1997, p. 60).
2.4 A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA PROFISSÃO E IDENTIDADE NO
TRABALHO
O trabalho, a actividade profissional a que cada um dedica uma parte considerável do seu
tempo, a profissão, é um elemento central na definição do eu individual e social que identifica
uma pessoa. (Costa e Silva, 2005).
As várias correntes filosóficas dos últimos 100 anos, associaram o conceito de profissão a
questões teóricas diversas, nomeadamente, por parte de diferentes correntes da sociologia,
mais concretamente, da sociologia das profissões, e designadas, habitualmente, de teorias
funcionalistas (anos 30, 40 e 50), interaccionistas (anos 50 e 60) e, mais recentemente, as
teorias neoweberianas e neomarxistas (anos 70).
Segundo Dubar (1997), pode-se identificar a existência de princípios éticos e
deontológicos para a regulação da actividade profissional; de saber científico, garantia da
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
31
competência e da especialização de um grupo profissional, constituindo barreira de entrada
indiscriminada de indivíduos para essa profissão. (Costa e Silva, 2005).
Os defensores das teorias interaccionistas distinguem-se dos funcionalistas pela
valorização das interacções dinâmicas que caracterizam as profissões, considerando a
biografia e a interacção como elementos importantes na análise das dinâmicas profissionais
(Costa e Silva, 2005, citando Hughes, 1996), as actividades de e no trabalho “como processos
subjectivamente significativos e como relações dinâmicas com os outros” (Dubar e Tripier,
1998).
Nesta investigação privilegiamos a pesquisa e a compreensão de como o sujeito se forma
na acção, se é ou não sujeito da sua própria formação e se “forma” no contexto do colectivo
de trabalho.
2.4.1 Contextos e formação entre pares (ou formar-se na acção)
O contexto de trabalho é determinante para os processos de formação, o adulto forma-se,
enquanto sujeito da sua própria formação, em contexto (Oliveira, F., 1997),
“…integrando diferentes vivências experienciais, apropriando-se das influências externas que sobre
si são exercidas, reflectindo o seu próprio percurso experiencial” (Canário, 1995)
Ao analisarmos as questões educativas, verificamos que os processos de repetição e
transmissão de informações que não privilegiam a experiência prévia dos sujeitos no processo
de aprendizagem, questionamento e pesquisa, colocam-se numa relação estreita de
proximidade com os processos tayloristas. É necessário então passar de uma “cultura de
soluções” típica do modelo de racionalidade inerente à forma escolar, a uma “cultura de
problemas”, ou dito de outra forma, privilegiar as perguntas por contraposição às respostas,
como propõe Crozier (1995) numa dimensão investigativa.
Se reportarmos para esta investigação o modelo que decorre da forma escolar é o
processo de transmissão, diria mesmo que unidireccional, que decorre entre uma relação que
se estabelece entre o professor e o aluno (turma), em que as experiências e os saberes do
sujeito não são valorizadas e em que o sujeito é desprovido do seu contexto social, e onde
apenas o professor/formador é detentor do saber/poder.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
32
Nesta relação entre o saber e o poder tende-se associar o conhecimento com poder. A
emergência de diferentes formas e fontes de conhecimento tendem a valorizar formas de
participação, em contextos educativos, estas tendem a encontrar novas relações de poder.
Como refere Amiguinho, A. (2008) “A relação com o saber é uma relação de poder, se os saberes
se equivalem, as relações de poder tendem a desaparecer”.
Estabelecendo um campo de comparação entre o campo educativo não formal e o
contexto de trabalho desta investigação pretende-se verificar se existe um campo de trabalho
educativo, e não escolar, de espaço para a aprendizagem baseada na experiência do sujeito,
valorizando o processo reciprocamente (sujeitos e contextos sociais, culturais, históricos, …),
onde a educação não consiste em treinar as pessoas/sujeitos a dar respostas certas mas sim
ajudar a formar “solucionadores de problemas”. Tempo de participação e qualificação, de
exercício de cidadania.
Paradoxalmente, e infelizmente, continuamos a assistir no domínio da formação de
adultos, em contextos de interacção ou não, que a estratégia de formação é concebida à luz do
modelo escolar, o mesmo utilizado como modelo dominante na educação das crianças, jovens
e adolescentes. Um processo centrado nas fases do ciclo formativo, desde o levantamento das
necessidades, planeamento, concepção de programas e instrumentos, organização das
actividades, desenvolvimento, acompanhamento e avaliação das actividades formativas.
Desta forma, a acção educativa dá lugar a momentos de transmissão de informação, num
quadro de situações formais e assimétricas “em que alguém sabe transfere sabedoria para alguém
que não sabe” (Canário, R., 1995).
Esta lógica escolarizada da formação permite verificar, por um lado, que a formação é
reduzida a uma aprendizagem de competências e de conhecimentos e, por outro, que tende a
esquecer experiências de vida e percursos pessoais que permitiram diversas aprendizagens em
diferentes contextos.
Numa outra lógica de formação, o processo formativo é centrado em quem se forma, em
processos de aprendizagem entre pares, em momentos formais e informais, como refere
Dominicé, P. (1984), “…a formação é um espaço de socialização e está marcada pelos contextos
institucionais, profissionais, socioculturais e económicos, em que cada indivíduo vive.”
Os processos formativos tendem a ser complexos, o que torna essencial não perder de
vista as formas como se apropriam espaços e tempos educativos e a forma como reflectem e
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
33
interagem com a sua história e percurso de vida. “ A formação é infinitamente mais global e
complexa: constrói-se ao longo de toda uma trajectória de vida e passa por fases e etapas que é
ilusório pretender “queimar””. Nóvoa, A. (1988).
Trata-se também de “um processo autogerido que se prolonga por toda a vida e que tem lugar
nas múltiplas situações do quotidiano”. Oliveira, F. (1997).
Refira-se, então, que “é possível encarar um estabelecimento de ensino como qualquer outro
contexto de trabalho, como um lugar onde os actores realizam “aprendizagens informais” (Pain), ou
ainda como um contexto de “socialização profissional” (Lesne e Minvielle) “. (Oliveira, F., 1997).
Valorizar-se-á o ambiente de trabalho, o seu valor formativo e potencial de acção
colectiva que mobiliza a formação, a qualificação profissional e as formas de participação na
equipa em questão?
2.4.2 O sentido do trabalho e a emergência das identidades
A relação que se pode estabelecer entre o trabalho e o sentido vivido pelos indivíduos (de
forma subjectiva) é fundamental para a compreensão das dinâmicas subjacentes à construção
das suas experiências estreitamente associadas às questões da identidade e de pertença
(Dubar, 1997).
O sentido vivido do/no trabalho é um sentido que decorre da experiência concreta de cada
indivíduo, experiência que associa o ‘contexto sincrónico’ (organização do trabalho e relações
sociais de trabalho no momento actual) e o ‘contexto diacrónico’ (história do sujeito e a forma
como o contexto actual se articula com o seu passado) (Martins, A., 2010).
Estão presentes as dimensões do eu, do reconhecimento pelo outro, em processos de
sociabilização.
“A construção do sentido do trabalho inclui, assim, o conteúdo do trabalho e as condições disponíveis
(por parte da organização e do(a) trabalhador(a)) para a sua realização, bem como a identificação
com a actividade que possibilite a realização pessoal e profissional como condição de
reconhecimento no ofício (por si próprio, que inclui o reconhecimento pelos colegas de trabalho,
pelos superiores hierárquicos e pelos clientes ou destinatários da sua acção). “ (Costa e Silva, 2005)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
34
2.5 A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES
Parecer-nos-á uma tarefa fácil falar de nós próprios, de forma simples, sem complexos ou
preâmbulos. No entanto, quando nos questionamos “quem somos?” ou “no que acreditamos?”
ou “como nos relacionamos com os outros?” ou “com o mundo?”, as respostas são bastante
mais complexas.
2.5.1 Identidade ou identidades?
O conceito de identidade recolhe diferentes usos sociais – sociológicos e psicológicos –
surgindo como uma noção multiforme (Ruano-Borbalan, 1998) e, actualmente, amplamente
trabalhada constituindo um referencial para a compreensão de múltiplos contextos: intra e
inter- individuais e macro-sociais.
Acreditamos que a aquisição da identidade é um processo dinâmico que depende das
interacções que vamos estabelecendo com o mundo na sua multiplicidade de relações e
culturas. Que recebe a influência de factores intrapessoais (as capacidades inatas do
indivíduo e as características adquiridas da personalidade), de factores interpessoais
(identificações com outras pessoas) e de factores culturais (valores sociais a que uma pessoa
está exposta, tanto globais quanto comunitários).
Uma identidade vivida e uma identidade atribuída, a identidade que incorpora as
representações do sujeito sobre si próprio e sobre os outros e, consequentemente, é construída
em permanentes interacções nas quais intervêm as próprias representações de si e a
representação do outro, o olhar do outro. (Mead, 1963; Goffman, 2000, 2003; Dubar, 1997).
Uma concepção de identidade, “ filiada na perspectiva interaccionistas na qual se integram os
trabalhos de Mead (1963). Este autor perspectiva a acção humana como algo que se constrói na
comunicação frente a frente, com os outros, na reacção significativa ao gesto simbólico e não
estritamente comandada pelas normas e valores sociais impostos, reconhecendo a participação activa
dos sujeitos na construção da sua identidade. “ (Costa e Silva, 2005)
Assim, a presença do outro é um elemento constitutivo da identidade, não há identidade
sem alteridade (Correia, 1997, 1998), numa base de relação permanente ou de sociabilização.
Uma socialização ou (alter)acção do próprio (Dodier, 1995).
Os processos de sociabilização encontram-se no quotidiano e nele podemos encontrar
jogos de interacção, importância atribuída por (Goffman, 2003), um contributo significativo
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
35
para a compreensão das dinâmicas identitárias que emergem das experiências quotidianas.
Aqui, podemos encontrar o cruzamento de atributos pessoais estruturais emergentes dos
contextos sociais onde decorre a interacção (Mendes, 2001). É neste conjunto de processos,
“ou jogo social, que podemos discernir uma procura permanente de ajustamento entre
identidade social virtual – aquela que nos é atribuída pelos agentes e instituições com as
quais interagimos – e identidade social real – a que resulta da imagem que construímos de
nós próprios.” (Costa e Silva, 2005).
Segundo Dubar (1997), as identidades resultam de processos de identidades possíveis, em
contínuos processos de negociação “a identidade não é mais do que o resultado
simultaneamente estável e provisório, individual e colectivo, subjectivo e objectivo,
biográfico e estrutural, dos diversos processos de socialização que, em conjunto, constroem
os indivíduos e definem as instituições”. Estamos perante dois processos identitários
heterogéneos: de atribuição pelos agentes e instituições que, directamente, interagem com o
sujeito e de incorporação resultante da imagem que o sujeito constrói de si próprio. A
identidade para si e a identidade para o outro são inseparáveis na construção da identidade
social, coexistindo de forma problemática (Dubar, 1997).
Continuando na linha de pensamento de Dubar (2000), a construção da identidade é,
neste sentido, um processo de transacções objectivas e subjectivas. As transacções objectivas,
onde predomina a atribuição, procuram acomodar a identidade para si à identidade para o
outro, e as subjectivas ou internas ao indivíduo variam entre a necessidade de manter
identificações anteriores e o desejo de construir para si novas identidades no futuro (Dubar,
1997). Marcada pela dualidade, a identidade é, ao mesmo tempo, um processo biográfico (de
continuidade ou de ruptura com o passado) e um processo relacional (a identidade
reconhecida ou não reconhecida pelos outros) (Costa e Silva, 2005).
A dinâmica de construção da identidade profissional resulta da interacção de transacções
relacionais – reconhecimento ou não reconhecimento pelos outros – e transacções biográficas,
consigo próprio – ajustamentos constantes, por vezes, rupturas e reformulações do projecto
futuro que possibilitem a articulação entre pretensões e oportunidades (Dubar, 1998).
Nesta investigação, consideramos relevante a perspectiva de identidade como um processo
biográfico e de relação com o outro, onde se pretende abordar as questões de formação acção
em contexto de trabalho.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
36
2.5.2 Processos de socialização e identidade
Dubar (2005) entende a identidade como o resultado de um processo de socialização.
A identidade depende da trajectória de vida do indivíduo e da configuração social de cada
momento, em contínuos processos de sociabilização na sua vida. Considerando uma
articulação entre condições objectivas e estruturas subjectivas na formação da identidade, e
considera que essa mesma identidade é caracterizada pela divisão do eu.
A emergência de uma identidade para si e de uma identidade para o outro, uma análise no
interior do processo de socialização (Dubar, 2005,p.136):
“Desse ponto de vista, a identidade nada mais é que o resultado a um só tempo estável e provisório,
individual e colectivo, subjectivo e objectivo, biográfico e estrutural, dos diversos processos de
socialização que, conjuntamente, constroem os indivíduos e definem as instituições.”
Continuando em torno da análise conceptual de Dubar, as construções das identidades
sociais fundamentam-se na articulação entre as duas transacções. A identidade social é
resultado da interacção entre um processo sincrónico, relacionado às condições objectivas dos
sistemas de acção, e um processo diacrónico, que implica a subjectividade de estruturas
internas. Segundo Dubar (2005,p.140):
“A construção das identidades se realiza, pois, na articulação entre os sistemas de acção, que
propõem identidades virtuais, e as trajectórias vividas, no interior das quais se forjam as identidades
“reais” às quais os indivíduos aderem.”
É nesta articulação, “entre estruturas objectivas (identidade visada, virtual, que se quer
ter) e estruturas internalizadas (identidade herdada, real), que pode resultar em continuidade
ou em ruptura. Na continuidade, as metas coincidem e ocorre reforço mútuo entre as
estruturas. Na ruptura, o desacordo entre o que se pensa sobre si e o que se deseja ser implica
conversões subjectivas que ajustam as estruturas interiores a novas configurações” (Costa e
Silva, 2005).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
37
CAPÍTULO III – A METODOLOGIA
Ao procedermos a um trabalho de investigação temos consciência que são várias as
opções que se integram no âmbito dos pressupostos metodológicos e que representam o
acesso à informação e à construção do conhecimento.
Recorremos desta forma a autores que aprofundaram conhecimento e desenvolveram um
quadro conceptual para a abordagem aos processos de formação - acção decorrente das
práticas na acção (laboral), das aprendizagens em contexto de trabalho em equipa e dos
processos de emergência de identidades profissionais.
Considerámos, de igual forma, que as questões e os objectivos suscitados pelo nosso
estudo se integram no paradigma de pesquisa qualitativa, uma vez que a nossa pesquisa
consiste em compreender aprofundadamente os diferentes elementos que caracterizam a
formação – acção praticadas pelos elementos que compõem a equipa de coordenação da
DAC, no âmbito da Acção Cultural. Assim, pretendemos ao seleccionar o nosso objecto de
estudo, estudá-lo em profundidade, fazendo sobressair as relações e inter-relações que se
verificam nas diferentes ideias expressas pelos elementos que vivenciam o nosso objecto
campo de estudo, de forma a compreende-lo na sua essência.
Segundo Bogdan & Biklen (1994) considera-se que as características comuns na
investigação qualitativa estão relacionadas com:
• a natureza descritiva da investigação;
• a importância do significado; a existência de uma valorização dos processos
relativamente aos produtos ou resultados;
• as formas indutivas como os dados são analisados e a sua relevância para o
investigador, assim como a importância da recolha de dados a partir do ambiente
natural.
Consideramos que a presença e o afastamento crítico, o olhar objectivo da investigadora
em relação ao estudo, pode evidenciar uma mais-valia resultante da proximidade com o
estudo, aprofundando a abordagem científica
A investigação que pretendemos desenvolver centra-se na acção desenvolvida pela
Equipa de Coordenação da DAC, no período de 2007 a 2010, particularmente sobre os
processos de formação - acção dos elementos que compõem esta equipa, inserida num
contexto muito específico, a Acção Cultural. Optámos desta forma pelo estudo de caso,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
38
“um estudo de caso caracteriza-se, primordialmente, por incidir numa entidade bem definida,
como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social. Visa
conhecer em profundidade o seu “como” e os seus “porquês”, fazendo justiça à sua unidade e
identidade próprias. Assume-se como uma investigação particularística, procurando descobrir o que
há de mais essencial e característico”. Ponte (1994; p.3)
Esta opção infere uma análise em diferentes quadros de investigação.
- Para Bogdan & Bilken (1994; p.84), o estudo de caso “consiste na observação detalhada de
um contexto, ou individuo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento
específico”;
- Yin (2005; p.32) define o estudo de caso como uma “ metodologia de investigação empírica
que estuda um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto de vida real, especialmente
quando os limites entre o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos”;
- Para Afonso (2005; p.71), o estudo de caso “conhecimento aprofundado de uma situação
concreta no que ela tem de específico e único. (…) o que interessa é a análise de uma
situação singular justamente no sentido de documentar essa singularidade”.
Acreditamos que esta equipa de coordenação, inserida num contexto específico de Acção
Cultural e de colectivos de trabalho, poder-nos-á proporcionar as condições necessárias a
tornar o fenómeno em estudo numa situação única em muitos aspectos, rica na quantidade de
detalhes específicos que lhe estão associados e dessa forma a torna-lo singular. Trata-se de um
estudo, que de acordo com Stake (1995; p.3), intrínseco do investigador no caso “We are
interested in it, (…) because we need to learn about that particular case” .
Pretendemos conhecer a realidade tal como ela é pelo «olhar» dos elementos que nela
participam, directamente, bem como o sentido que atribuem às situações e às acções que
vivenciam. Utilizamos, dessa forma, uma metodologia descritiva e interpretativa que nos
permitirá compreender e analisar o objecto de investigação.
A nossa investigação insere-se numa visão holística, uma vez que pretende a apreensão e
compreensão do objecto de estudo na sua globalidade e, nesse sentido, propomo-nos a
observar, compreender, analisar e valorizar o processo tal como decorre.
3.1 A PROBLEMÁTICA DA PESQUISA
De acordo com Quivy, R. & Campenhoudt, L. V. (1992), elaboramos a problemática
desta pesquisa, de acordo com os momentos definidos por estes autores, nomeadamente, num
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
39
balanço das várias abordagens ao problema, na definição da problemática e na sua
explicitação.
Como referido anteriormente, existe no campo de estruturação da investigação uma
perspectiva de relação com a intervenção. A investigadora1 foi parte integrante do colectivo
de trabalho,
“ O problema a investigar não existe “algures”, em algum mundo externo ao investigador, nem,
mesmo podemos aceitar a existência de um mundo externo que possa ser capturado e reduzido a
factos verificáveis” (Ozga, J., 2000, p.106).
Continuando, nesta linha de pensamento e, de acordo com Ozga (2000), na consideração
de que não há nenhum campo de investigação ”olímpico e neutro” onde se produzem
conclusões ”objectivas e imparciais”, ainda que “só alguns o reconheçam”, esta investigação
não separa ou promove o distanciamento em relação ao sujeito objecto de estudo, encontra-se
atenta “ aos procedimentos indutores de relação dialógica capazes de sustentarem o desenvolvimento
de colectivos locais de interpretação” (Correia, J. A., 1998, p.141).
Neste contexto, e de forma a organizar e estruturar o nosso campo de observação
permitindo-nos identificar o tipo e a natureza da informação a mobilizar e recolher,
enunciamos o problema central da investigação e as questões orientadoras, que resultam da
forma como interrogamos uma realidade complexa e pluridimensional que constrói o nosso
objecto de estudo.
3.1.1 Problema Central
Em que medida a Equipa de Coordenação da DAC é um colectivo de trabalho que se
forma na acção e (re) constrói identidades ou e que gera uma dinâmica identitária?
3.1.1.1 Questões Orientadoras
Consideramos importante investigar o nosso problema central identificando várias
dimensões a pesquisar no objecto de estudo – Equipa de Coordenação da DAC. Assim,
identificámos cinco dimensões fundamentais, a referir:
1 A investigadora pertenceu à equipa da Divisão de Acção Cultural no período compreendido de 2000 a 2009,
fazendo parte da equipa de coordenação desde o seu início (2007) até 2009.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
40
A - Oferta Formativa
B- Funcionamento e Operacionalização da Equipa
C- DAC – Uma Equipa / Dispositivo de Acção
D - Promoção de um Colectivo de Trabalho
E- Desenvolvimento Profissional e Pessoal
De acordo com Amiguinho, A. (2008, p.187) “Estas questões orientadoras do estudo
permitem “decompor” o nosso problema central, delimitando e identificando com maior rigor e
clareza a pluralidade de dimensões a inquirir, presentes na intervenção que queremos estudar”.
Neste contexto, a análise que empreendemos nesta investigação nas dimensões referidas,
anteriormente, permite-nos identificar um conjunto de questões, nomeadamente:
• A equipa de coordenação da DAC é um colectivo de trabalho?
• Em que medida o funcionamento e operacionalização da equipa de coordenação da
DAC promove os processos de formação – acção?
• Em que medida os sujeitos da equipa são ou não sujeitos da acção?
• Como se relacionam os elementos da equipa, como se colocam e afirmam numa
perspectiva de trabalho colectivo?
• Como é concebida a estratégia de intervenção da equipa de coordenação?
• Como se evidencia a participação crítica e multidisciplinar dos elementos da equipa?
• Em que medida o desenvolvimento do trabalho desta equipa contribui para a
valorização profissional dos seus elementos?
• Que processos de qualificação emergem na equipa de coordenação?
• Que valorização pessoal e profissional retêm os elementos que compõem esta equipa
da acção?
• Pode o trabalho desta equipa de coordenação ajudar ou não a um processo de (re)
construção identitária?
Nesta investigação, pretende-se optar por uma epistemologia da escuta, pertinente para
(Berger, G., 2002), “ epistemologia “da escuta” – dos outros e de nós próprios, coadjuvada
por uma epistemologia da implicação e do sentido”.
Procuram-se contributos de todos, numa perspectiva de heterogeneidade, em diferentes
contextos.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
41
A importância do sujeito, do outro, do projecto do outro (Espiney, R. D’., 2009). Próxima
do sujeito.
“apropria-se do social, de forma específica, inclusive da sua posição social, dos seus interesses, das
normas e dos papeis que lhe são propostos ou impostos. O sujeito não é uma distância relativamente
ao social, ele é um ser singular que se apropria do social de modo particular, transmutado em
representações, em comportamentos, em aspirações, em práticas. Neste sentido, ele tem (é) uma
realidade social” (Charlot, B., 1997).
Pretendemos uma investigação centrada no sujeito com característica complexas próprias,
“de lógicas singulares e, simultaneamente, enquanto ser que ocupa um lugar e participa na
sociedade, ou seja, enquanto conjunto de relações e processos.” (Santos, I., 2004).
Evidenciando a importância do sujeito na acção e na capacidade de decisão. Atento às
objectividades e subjectividades, mas dando espaço para intervir de forma crítica.
Neste trabalho, a investigadora encontra-se muito próxima do campo de investigação, por
vivências do quotidiano profissional, anteriormente explicitadas, não deixando, no entanto, de
procurar “numa interpelação recíproca entre intervenção e a investigação, uma narrativa científica,
uma reflexão sobre as questões que atravessam” (Valente, A. 2007) o funcionamento desta
equipa.
Pretendemos que o estudo se baseia numa metodologia intensiva de campo, atento aos
pontos de vista dos sujeitos, a uma intervenção global na área da cultura, como estes a
interpretam e como a pensam estrategicamente.
“O mesmo é dizer que estaremos atentos aos sentidos que os sujeitos constroem e reconstroem
sistemática recorrentemente para as suas acções” (Valente, A., 2007).
3.2 OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Iniciámos os procedimentos metodológicos aquando da elaboração do projecto de
dissertação (Setembro de 2010). Neste sentido, foi remetido à Autarquia em questão um
pedido2 de autorização para o desenvolvimento do Projecto de Investigação, explicitando o
objectivo do estudo, a autorização para consulta de documentação (exemplo: actas de reunião,
documentos de suporte às actividades), bem como pedido de autorização para a realização de
entrevistas à Equipa de Coordenação e Chefia da Divisão de Acção Cultural.
2 Ofício – Pedido de Autorização para realização do Projecto de Investigação (Apêndice I)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
42
Após a autorização3 da Autarquia para a realização do Projecto de Investigação,
procedemos ao contacto individualizado por parte da investigadora com os diferentes
elementos da Equipa de Coordenação e Chefia da Divisão.
Nesta primeira abordagem, foi pedido aos elementos que compõem a Equipa de
Coordenação, incluindo a Chefia da Divisão, a colaboração dos mesmos para:
- a realização de entrevista individual;
- a autorização para a observação das reuniões semanais da equipa de coordenação;
- a consulta de documentação da equipa de coordenação.
Referenciamos, igualmente, que o consentimento e colaboração demonstrada foram
unânimes por parte de todos os elementos que constituem o nosso objecto de estudo.
Assim, consideramos importante optar por um estudo naturalista com uma metodologia
de natureza qualitativa e interpretativa.
Pretendemos escutar os vários intervenientes da equipa de coordenação da DAC, dar
espaço ao seu ponto de vista, do seu quotidiano profissional e evidenciar os contextos de
trabalho.
Procuraremos, de forma interpretativa, entender o funcionamento da equipa e evidenciar
a realidade ou realidades de forma objectiva.
Neste sentido, explicitamos as questões em pormenor, nomeadamente:
3.2.1 As fontes de informação
Como referimos, anteriormente, a nossa investigação centra-se num estudo de caso, uma
equipa de coordenação da Divisão da Acção Cultural de uma administração pública local. O
foco de interesse do nosso estudo prende-se às lógicas subjacentes aos processos de formação
– acção e à emergência de identidades profissionais dos elementos que integram esta equipa,
incidindo nas vivências e experiências individuais e, nos significados atribuídos às práticas e
às interacções do dia-a-dia em contextos de colectivos de trabalho.
Assim, num momento inicial, considerámos como fonte privilegiada de informação cada
um dos elementos que constituem a equipa. 3 Oficio – Concessão de Autorização para a realização da Investigação (Apêndice I)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
43
De acordo com Guba e Lincoln (1994) o acesso à informação foi sendo progressivo e co-
partilhado entre a investigadora e os sujeitos investigados. Um método de permanência e
retirada, de recolha de informação, registo e análise, assim como de interpretação e reflexão.
Num primeiro momento, como anteriormente referimos, solicitamos (via oficio)
autorização à Autarquia para o desenvolvimento do nosso estudo. Apresentámos os objectivos
da investigação, solicitámos consentimento no acesso a informações (documentos) e para a
realização de entrevista aos elementos da Equipa de Coordenação e Chefia da Divisão de
Acção Cultural. Posteriormente, este processo permitiu-nos contactar, individualmente, com
cada elemento da equipa de coordenação e com a chefia, explicitar o objecto de estudo, as
razões e motivações de ali nos encontrarmos, solicitarmos o consentimento de cada elemento
para o estudo que pretendíamos realizar e a sua colaboração. Após consentimento e
manifestação de receptividade em colaborar, por parte da equipa, partimos à descoberta.
Realizámos entrevistas a cada elemento da equipa de coordenação e à chefia da divisão, as
quais nos orientaram na selecção de novas pesquisas documentais a realizar.
Durante este período, aproveitámos, igualmente, para:
• Observar algumas reuniões da equipa de coordenação, incluindo o momento anual de
avaliação da divisão de acção cultural – Jornadas;
• Contactámos, informalmente, com os elementos que compõem a equipa de
coordenação, incluindo a chefia da divisão;
• Consultámos documentos escritos pela equipa e pela chefia, e documentos internos da
Autarquia;
• Obtivemos acesso a inúmeros documentos escritos (os quais constam deste estudo
como anexos.
Consideramos, assim, que o nosso estudo recorre de forma intencional à diversidade das
fontes de informação, nomeadamente: momentos formais; momentos informais; participação
da investigadora em diferentes tipos de reuniões (durante a realização do estudo como
convidada); pesquisa e análise documental recorrendo a diferentes tipos de registo e arquivo.
Pretendemos que este conjunto de fontes de informação se encontre em consonância com
as linhas metodológicas, as técnicas de recolha e tratamento de dados, por se considerarem
parte integrante do processo de construção do objecto de estudo (Amiguinho, A., 2008).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
44
3.2.2 Estratégia e instrumentos de recolha de informação
Conscientes da variedade existente de métodos e técnicas para a obtenção de dados,
sabemos, e de acordo com Morse (1994), que cabe ao investigador eleger de entre a variedade
de métodos e técnicas existentes os que melhor proporcionam a concretização dos objectivos
da investigação. Neste sentido, as estratégias metodológicas a implementar deverão articular-
se com as questões orientadoras formuladas de investigação, possibilitando desta forma a
orientação do investigador na selecção das técnicas mais adequadas ao acesso dos dados do
estudo (Morse, 1994).
Segundo Bogdan & Biklen (1994), Morse (1994), Valles (1997) e Olabuénaga (2003), a
investigação qualitativa pode recorrer à utilização de diversas técnicas de recolha de
informação, sendo as mais utilizadas a observação, a análise documental e a conversação
(técnica que incluí diversas modalidades, que vão desde as mais estruturadas como o inquérito
e a entrevista mais estruturada, às menos estruturadas como a entrevista aberta não directiva
ou a narrativa biográfica. (Costa e Silva, 2005).
Na nossa investigação, centramos o nosso estudo num estudo de caso, e recorremos a
diferentes técnicas de recolha de dados, nomeadamente, a entrevista semi-estruturada, a
observação directa e a análise documental. O recurso a diferentes técnicas permitiu-nos a
obtenção de informação relevante para a investigação. Por um lado, confirmar as perspectivas
e motivações dos elementos que compõem o estudo, e por outro lado assegurar a triangulação
dos dados e dessa forma a validade e fiabilidade dos mesmos. Segundo Bogdan & Bilken
(1994), Carmo & Ferreira (2008), Bell (2002), entre outros autores, defendem que a validade
interna dos dados pode ser confirmada por triangulação, utilizando para isso vários
instrumentos de recolha de dados. Deve, para tal, o investigador não esquecer princípios de
imparcialidade e objectividade na recolha, assim como no cruzamento dos dados recolhidos e
as perspectivas dos elementos que são intervenientes no processo. Em relação à fiabilidade
dos dados recolhidos, Carmo & Ferreira (2008, p.236) referem, que esta “pode ser garantida
através de uma descrição pormenorizada e rigorosa da forma como o estudo foi realizado
(…), mas também uma descrição do processo de recolha de dados e da forma como se
obtiveram os resultados”.
Também Yin (1989) refere que a utilização de diferentes fontes e técnicas de recolha de
dados no estudo de caso, possibilita-nos um conjunto diversificado de tópicos de análise e
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
45
obter informação de diversas fontes convergindo no mesmo sentido, permitindo-nos leituras
diferentes sobre o mesmo facto.
No nosso caso, o trabalho de campo recorreu, em grande medida, à realização de
entrevistas. Optámos por entrevistar os elementos da equipa de coordenação, no total de seis
(incluindo a chefia da divisão). Associado a este trabalho realizou-se um conjunto de
observações directas e indirectas, aprofundaram-se e cruzaram-se pesquisas e análises
documentais, sendo a mais importante para nós a entrevista semi-estruturada no acesso à
informação.
Importa-nos igualmente referir, que apesar do papel primordial que a entrevista assumiu
no nosso estudo, a pesquisa bibliográfica foi, igualmente, importante na condução da nossa
investigação, uma vez que permite o rigor e credibilidade do processo de construção
científica. Assim, para além da literatura científica de referência publicada recorremos,
também, à consulta de diferentes teses de mestrado e doutoramento produzidos na área do
nosso estudo, a documentos oficiais da Organização em questão (Autarquia) e a documentos
internos produzidos pela equipa de coordenação da DAC, de forma a obter um quadro o mais
minucioso e abrangente possível sobre o contexto em estudo.
Neste sentido, consideramos importante apresentar cada técnica utilizada no acesso às
fontes de informação. Assim, referenciamos:
A Entrevista
A entrevista semi-estruturada foi uma das técnicas que utilizámos no acesso às fontes de
informação. Esta técnica foi muito importante no estudo da acção dos elementos que
constituem o nosso objecto de estudo. Permitiu-nos a recolha de informação junto dos
elementos da equipa que constituem o nosso estudo de caso, as percepções de um
determinado acontecimento ou situação, as interpretações e motivações, as atitudes e valores
dos elementos envolvidos em contexto, bem como compreensão das perspectivas individuais
de cada um de forma mais autêntica e aprofundada.
Segundo Bogdan & Biklen (1994, p.134) “ (…), a entrevista é utilizada para recolher
dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver
intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo”.
Para Fortin (2009), este tipo de entrevista é utilizada, principalmente, quando o investigador
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
46
quer compreender o significado de um acontecimento ou de um fenómeno vivido pelos
participantes. Quivy e Campenhoudt (1992, p.193) referem que “os métodos de entrevista
distinguem-se pela aplicação dos processos fundamentais de comunicação e de interacção
humana. (…) estes processos permitem ao investigador retirar das entrevistas informações e
elementos de reflexão muito ricos e matizados”. Também Valles (1997, p.196) citado por
Costa e Silva (2005), reconhece vantagens na utilização desta técnica de investigação,
nomeadamente:
• A possibilidade de acesso a uma grande riqueza informativa, contextualizada, através
das palavras dos actores e das suas perspectivas;
• A possibilidade dos investigadores esclarecerem alguns aspectos no seguimento da
entrevista, o que a entrevista mais estruturada ou o questionário não permitem;
• É geradora, na fase inicial de qualquer estudo, de pontos de vista, orientações e
hipóteses para o aprofundamento da investigação, a definição de novas estratégias e a
selecção de outros instrumentos.
Neste estudo, como referimos, anteriormente, optámos pela realização de entrevistas
semi-estruturadas. Partimos da elaboração de dois guiões de entrevista, um guião para os
elementos que constituem a equipa de coordenação e um guião para a chefia de divisão.
Procurámos estruturar os guiões em blocos de questões, de forma a permitir apurar os vários
elementos que se pretendia como fulcrais para o estudo. Assim os guiões (apêndice II e
apêndice III) foram elaborados a partir de cinco itens orientadores, nomeadamente:
A - Oferta Formativa
B- Funcionamento e Operacionalização da Equipa
C- DAC – Uma Equipa / Dispositivo de Acção
D - Promoção de um Colectivo de Trabalho
E- Desenvolvimento Profissional e Pessoal
Nesse sentido, as questões elaboradas incidiu sobre “as intenções mas também sobre o
que na realidade ocorreu, tendo presente que a entrevista se constituiria como a maior fonte
de informação sobre os elementos subjectivos dos fenómenos” (Tuckman, 2000, p.518).
Assim, determinámos uma lista de temas a abordar, quer para os elementos da equipa de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
47
coordenação, quer para a chefia da divisão. Tivemos o cuidado de formular questões abertas
que permitissem ao entrevistado reflectir os temas por nós seleccionados, e colocámo-las aos
sujeitos entrevistados por uma ordem que julgámos ser apropriada,
“nas entrevistas não totalmente estruturadas, onde não há imposição de uma ordem rígida
de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas informações que ele
detém e que no fundo são a verdadeira razão da entrevista.” Lüdke e André (1986, pp.33-34)
No presente estudo as entrevistas desenvolveram-se em cinco momentos, nomeadamente:
• A planificação, que inclui a preparação do protocolo das entrevistas através da
construção de um guião elaborado a partir das questões orientadoras e dos eixos de
análise do projecto de investigação;
• A realização, no nosso caso, realizadas no local de trabalho dos elementos que
constituem o nosso estudo, nos dias e horas por eles determinados, no período
compreendido de Abril a Maio de 2011. Incluímos, neste momento, a explicitação dos
procedimentos inerentes à legitimação da entrevista, procedemos a uma apresentação
geral do estudo explicitando os objectivos, mostrando-nos disponíveis face a
esclarecimentos que considerassem oportunos (Morse, 1994), assegurámos o carácter
de confidencialidade dos entrevistados, solicitámos autorização para o registo áudio
das entrevistas e posterior publicação;
• A transcrição de todas as entrevistas realizadas;
• A verificação dos entrevistados (individual) da transcrição das entrevistas, “ainda que
se verifique alguma controvérsia relativamente a estes procedimentos, eles reflectem
uma preocupação com o registo tão rigoroso quanto o possível do modo como as
pessoas interpretam os significados” (Bogdan & Biklen (1994, p.51)
• Análise de conteúdo das entrevistas.
Considerámos, igualmente, importante a elaboração de um documento único4 (paginado)
constituído por todas as transcrições das entrevistas realizadas.
A realização deste tipo de entrevista, permitiu-nos desenvolver uma conversa informal5,
onde a ordem das questões foram sendo alteradas, à medida que a conversa se desenvolvia.
4 Apêndice IV (Transcrição das entrevistas)
5 Neste caso a conversa informal não só decorreu devido à estruturação da entrevista, mas também devido ao
facto da investigadora conhecer os sujeitos entrevistados.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
48
De, igual forma, regista-se que, em muitas das situações, os entrevistados retomaram temas e
reflexões em momentos não obrigatoriamente coincidentes, com as questões colocadas.
Optámos por dar toda a liberdade aos entrevistados, traduzindo-se uma maior atenção e
preocupação no tratamento e análise dos dados, recuperando-se ideias importantes para outras
questões em análise.
Desta forma, esta técnica permitiu que os entrevistados exprimissem com naturalidade os
seus sentimentos e opiniões sobre as questões colocadas e, dessa forma, também nos permitiu
compreender, em profundidade as visões sobre as matérias abordadas. Encarámos “cada
palavra como se ela fosse potencialmente desvendar o mistério que é o modo de cada sujeito
olhar para o mundo” (Bogdan & Biklen (1994, p.137). O facto de procedermos à gravação
áudio das entrevistas permitiu-nos recolher, de forma fiel, toda a informação disponibilizada
pelos entrevistados.
Neste sentido, os dados recebidos através da entrevista semi-estruturada foram,
posteriormente, tratados com base numa matriz de análise, através da construção de grelhas6
(de acordo com as orientações da matriz de análise) específicas para o tratamento da
informação.
A Observação Directa
Esta técnica é considerada no âmbito das metodologias qualitativas como uma técnica
importante para a recolha de informação. É, também, utilizada associada a outras técnicas, no
nosso caso, à entrevista semi-estruturada e à pesquisa documental.
De acordo com Costa e Silva (2005), citando Massonnat (1989), a observação directa
permite observar o fenómeno seleccionado directamente, com o consentimento e
conhecimento dos observados, mas “sem interferência no contexto, por vezes denominada por
observação participante passiva (…).”
Bogdan & Biklen (1994, p.128) referem a existência de uma gama de possíveis papéis
que os observadores podem desempenhar, salientando que “ser-se investigador significa
interiorizar-se o objectivo da investigação, à medida que se recolhem os dados no contexto.”
Também Estrela (1994) distingue formas de observação, com base na atitude ou situação do
observador, classificando a observação como observação não participante e observação 6 Apêndice V e Apêndice VI
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
49
participante. Por sua vez, Merriam (2002) categoriza os papéis de observador de forma
diferente, sendo uma delas a de “collaborative partner” em que o observador assume o papel
de membro do grupo, onde este (grupo) reconhece a sua identidade como observador.
Consideramos que a nossa observação se inscreve na acepção de Massonnat (1989),
citado por Costa e Silva (2005). A nossa actividade de observação refere-se à nossa
participação nas reuniões de coordenação da equipa, à nossa participação na reunião anual de
avaliação da DAC (Jornadas), e também à nossa participação nas acções desenvolvidas no
contexto pelos elementos que constituem a equipa de coordenação, ou seja, na
operacionalidade e funcionamento da equipa.
Temos consciência de que o facto da investigadora ter pertencido a esta equipa de
coordenação (2007 a 2009) nos permitiu criar um ambiente de familiarização com o contexto
e com os elementos da equipa, diminuindo, dessa forma, “as desvantagens que decorrem de
um(a) estranho(a) ‘invadir’ o espaço e nesse sentido, condicionar o menos possível a acção
normal dos participantes e, como tal, a informação a obter através da observação
(Massonnat, 1989; Bogdan e Biklen, 1994; Morse, 1994; Olabuénaga, 2003)” (Costa e Silva,
2005).
Assim, e de acordo com Goffman (2000, 2003), esta técnica permitiu-nos aceder a uma
dimensão da “vida da equipa” contribuindo, de igual forma, para a compreensão e análise do
nosso objecto de estudo. Este “olhar da vida da equipa” permitiu-nos, igualmente, de acordo
com Tuckman (1999, p.524) “ (…) significar uma tentativa para confirmar ou não várias
interpretações que emergiram das entrevistas ou dos relatórios. Também poderá significar
uma tentativa para encontrar ocorrências surpreendentes, (…)”. Procurámos, assim,
observar o contexto em estudo através de um instrumento de registo geral, cujo produto
resultou na produção de notas de campo (anexo nº1 – volume II).
A Pesquisa e análise documental
A pesquisa documental pode ser utilizada, em exclusividade, ou em complementaridade
com outras técnicas no acesso à informação. No nosso estudo, esta técnica permitiu-nos o
acesso a informação, identificando questões emergentes da nossa observação em contexto, e
das entrevistas realizadas, de forma a aprofundarmos e/ou confrontarmos a informação
recolhida.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
50
Neste sentido, a pesquisa documental foi sendo realizada ao longo de todo o processo da
investigação empírica. Para além de recorrer à pesquisa de literatura científica publicada, à
consulta de diferentes teses de mestrado e doutoramento produzidos na área do nosso estudo,
foi importante para nós o recurso a documentos oficiais da Organização em questão
(Autarquia), e a documentos internos produzidos pela equipa de coordenação da DAC, de
forma a obter um quadro o mais minucioso e abrangente possível sobre o contexto em estudo.
Assim, no que se refere a documentos oficiais da Organização (Autarquia), referimos a
título de exemplo:
• a consulta da Estrutura Orgânica da Organização (anexo nº2 – volume II);
• a consulta do Programa de Trabalho de (2009/2013) (anexo nº3 – volume II);
• a consulta Programas Municipais e Regulamentos Municipais ( Programa Municipal
de Desenvolvimento do Associativismo e Regulamento Municipal de Apoio ao
Associativismo) (anexo nº8 – volume II);
• a consulta de Actas de Reunião de Câmara e da Assembleia Municipal (anexo nº4 –
volume II);
• a consulta de Relátorios e Planos de Actividade (anexo nº12 e anexo nº13 – volume
II);
• a consulta de publicações sobre determinadas actividades e projectos (FIG; FIAR;
Janeiras; etc.).
Em termos de documentos internos da Organização, referimo-nos a três níveis, da
organização; da Divisão de Acção Cultural e a nível interno da equipa de coordenação, dos
quais podemos referenciar alguns exemplos:
• relatórios de actividades (anexo nº13 – volume II);
• informações técnicas e outras (anexo nº11 – volume II);
• actas de reunião da equipa de coordenação;
• análise swot de cada sector de coordenação da DAC (anexonº6 – Volume II);
• Mapa Estratégico DAC (2009 e 2010) (anexo nº7 – volume II)7
7 Documento estratégico de intervenção DAC, reserva-se o direito de não publicação.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
51
• documentação referente à área de formação interna da organização (anexo nº9 e anexo
nº10 – volume II).
Importa-nos salientar que os documentos oficiais se reportam a documentos públicos,
facilmente acessíveis e, como tal, disponíveis a todos os cidadãos, no que se refere aos
documentos internos (privados) reportam a um outro nível de privacidade e acessibilidade.
Gostaríamos de reconhecer e salientar a disponibilidade por parte da Autarquia, da Divisão de
Acção Cultural e dos Elementos da equipa de coordenação da DAC, na disponibilidade de nos
facultarem o acesso à informação, bem como a autorização de alguns documentos oficiais e
internos constarem do nosso estudo.
O recurso a estas fontes de informação permitiu-nos articulá-la e/ou confrontá-la com
outros dados recolhidos através de outras fontes, nomeadamente, pelas entrevistas realizadas e
pela observação da investigadora em contexto. Constituiu-se para nós como uma técnica
complementar importante, de acesso e obtenção de informação relevante na investigação. No
entanto, consideramos, igualmente ,importante referir que ao «mergulharmos na imensidão da
informação disponibilizada» a tarefa de selecção adivinhava-se morosa. Nesse sentido,
procedemos à selecção dos documentos, tendo em consideração os diferentes itens
orientadores da nossa investigação.
“Uma selecção «controlada» é então necessária para garantir que nenhuma categoria
importante é omitida (Elton, 1967, 92)” (Cit. Bell 1997, p.93). Bell (1997) refere, igualmente,
que na selecção dos documentos é essencial salvaguardar a sua qualidade intrínseca, ou seja,
deve-se evitar obter, somente, documentos que venham a comprovar o nosso ponto de vista.
Neste sentido, incidimos a análise documental sobre os documentos oficiais e internos da
Autarquia, da Divisão de Acção Cultural e dos Elementos da Equipa de Coordenação que
constituem o nosso objecto de estudo. Tivemos como objectivo selecionar, tratar e interpretar
as informações relevantes para a nossa investigação.
3.2.3 Tratamento e análise de dados
As investigações que recorrem a metodologias de natureza qualitativa assumem,
normalmente, uma grande diversidade de dados e bastante informação, as quais remetem para
o investigador uma função fundamental que é a de assumir o desafio de atribuir sentido ao
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
52
que se aprendeu das informações, de forma a não desperdiçar a riqueza dos significados
subjacentes (Denzin, 1994).
Neste sentido, a tarefa de interpretar e tornar compreensíveis a informação recolhida,
parece ser colossal quando nos envolvemos num primeiro projecto de investigação. (Bogdan
& Biklen, 1994, p. 205). Para estes autores a análise de dados “ é o processo de busca e de
organização sistemático de transcrição de entrevistas, de notas de campo e de outros
materiais que foram sendo acumulados, com o objectivo de aumentar a sua própria
compreensão (…) e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou”. A análise
reveste-se, assim, da envolvência do trabalho com os dados, “a sua organização, divisão em
unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e
do que deve ser aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido (…). (Bogdan &
Biklen, 1994, p. 205). Para Tuckman (2000, p.527) a análise de dados serve “para responder
às questões da investigação”.
Estas justificações, com base em contributos de autores, poderão constituir-se como uma
mais valia do trabalho.
Como referimos, anteriormente, não nos limitámos, somente, a recolher a informação
através das palavras dos participantes nas entrevistas, apesar destas constituírem o conteúdo
central da nossa análise.
Assim perante o conjunto de dados recolhidos,
“o investigador deve explorar e mapear, a partir dos seus objectivos de pesquisa,
mobilizando e testando estratégias produtoras de significados relevantes, transformando
progressivamente os dados em elementos constitutivos de um novo texto (o texto científico)” “
uma leitura e construção singular, resultante do contacto entre aquele contexto empírico
particular e o olhar, também específico, daquele investigador concreto”. (Afonso, 2005, p.p
118,119).
Ambicionámos, no nosso estudo, a compreensão dos dados qualitativos, conciliando-os
com uma postura reflexiva e aprofundada, “um processo criativo de permanente reflexão e análise
de dados, permitindo inferências progressivas, mas também retorno permanente dos dados”
(Amiguinho, A., 2008). Tendo presente esta linha de pensamento, preocupámo-nos com a
atenção cuidada a dispensar à análise dos discursos e na atribuição de sentidos, tendo
consciência de que "o significado não reside nas relações objectivas, causais, mas sim nas
intenções e interpretações humanas" (England, 1989, cit. por Matias, 1999:18).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
53
Recorremos à técnica de análise de conteúdo que, de acordo, com Bardin (2009, p.37)
esta técnica “pode ser uma análise de “significados” (exemplo: a análise temática) embora
possa ser também uma análise dos “significantes” (exemplo: análise lexical, análise de
procedimentos) ”. O mesmo autor considera que a análise de conteúdo é um “conjunto de
técnicas de análise das comunicações, visando obter por procedimentos sistemáticos e
objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção
(variáveis inferidas) destas mensagens” (1977, p. 37). Quivy considera, que a análise de
conteúdo “oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos
que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade e (…) permite quando incide
sobre um material rico e penetrante, satisfazer harmoniosamente as exigências do rigor
metodológico e da profundidade inventiva, que nem sempre são facilmente conciliáveis”.
(2005, p.227).
Retomando o conceito de Bardin (1977, p.95), a análise de conteúdo é constituída por
diferentes fases, nomeadamente: a pré-análise; a exploração do material; o tratamento dos
resultados, a inferência e a interpretação. Assim, de acordo com o autor a fase da pré-análise
corresponde à fase de organização propriamente dita, que tem “por objectivo tornar
operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso
do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise.”É constituída por três
propósitos “a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das
hipóteses e dos objectivos e a elaboração de indicadores que fundamentam a interpretação
final”. Importa-nos referenciar que estes três factores mantêm-se ligados uns aos outros,
independentemente, de não existir a obrigatoriedade de manter uma ordem cronológica, “a
escolha de documentos depende dos objectivos, ou inversamente, o objectivo só é possível em
função dos documentos disponíveis; os indicadores serão construídos em função das
hipóteses, ou pelo contrário, as hipóteses serão criadas na presença de certos índices”
(Bardin, 1977, p.96).
No nosso estudo, a abordagem desenvolvida no processo de tratamento de dados,
caracterizou-se por um conjunto de procedimentos que tiveram em consideração os
princípios, anteriormente, referenciados. Assim, no processo de recolha e análise, de imersão
nas informações obtidas, através da permanência e retiro do contexto em estudo, o tratamento
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
54
e análise dos dados foram sendo progressivamente realizados procurando, de acordo com
Demazière e Dubar (1997), manter uma postura de análise e de reconstrução do sentido.
Neste sentido, passamos a apresentar as diferentes etapas dos procedimentos.
Depois da fase da transcrição das entrevistas, realizadas à Equipa de coordenação em
estudo, procedemos a uma leitura atenta e longa, a qual nos permitiu a imersão nos primeiros
dados recolhidos.
Considerámos a ideia de que “nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma
pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objecto de
estudo” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 49). Assim, analisámos os dados em toda a sua riqueza,
de forma indutiva, respeitando quanto possível a forma como estes foram registados ou
transcritos.
“ Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva. (…)
as abstrações são construídas à medida que os dados (…) recolhidos se vão agrupando”
(Bogdan & Biklen, 1994, p. 50).
Neste sentido, tivemos a preocupação de guardar, o mais possível, a originalidade dos
pontos de vista dos elementos que constituem o nosso estudo de caso, procurando fazer uma
reinterpretação dos discursos recolhidos e atribuir-lhes sentidos. Desta forma, construímos a
partir do processo segmentação e recorte dos textos os sentidos dos segmentos mais
significativos dos discursos, e incorporámo-los como conteúdos do texto da nossa
investigação.
Assim, desenvolvemos a nossa abordagem utilizando as várias fases de análise de
conteúdo procurando, de acordo com Afonso (2005, p.119) “ uma leitura e construção
singular, resultante do contacto entre aquele contexto empírico particular e o olhar, também
especifico, daquele investigador concreto”. A análise de conteúdo foi apoiada num sistema de
categorização e codificação, considerada por Bogdan & Biklen (1994) fundamental por
permitir a constituição de categorias, a partir de determinadas questões da investigação, que
facilitam sistematizar a complexidade dos dados, ou seja simplificar e clarificar os dados de
forma a permitir inferências. Também Bardin (2009, p.40) salienta que “a análise de
conteúdo não deve ser utilizada apenas para proceder a uma descrição do conteúdo das
mensagens, pois a sua principal finalidade é a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção (…) com a ajuda de indicadores”.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
55
O nosso procedimento de análise decorreu do desenvolvimento de categorias de
significação, as quais resultaram da interacção entre os eixos de análise presentes na
elaboração das entrevistas e os padrões e temas que surgiram da “leitura flutuante” dos textos.
Após a identificação de alguns temas, procedemos a uma análise transversal, sendo o
tratamento da informação efectuado em três fases, nomeadamente:
• Na primeira fase, a qual incluí a organização dos dados, procedemos a uma “leitura
flutuante” dos textos e à constituição de um “corpus”, ou seja, um “conjunto de
documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos”
(Bardin, 1977:96);
• Na segunda fase, procedemos à elaboração de sínteses descritivas de cada entrevista
tendo em atenção os aspectos mais relevantes de acordo com os objectivos das
mesmas, bem como, as questões de partida do estudo;
• Na terceira fase, procedemos à categorização da informação ou seja, a “uma operação
de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e,
seguidamente, por reagrupamento segundo o género (analogia), com os critérios
previamente estabelecidos”. (Bardin, 1997:117).
Desta forma, o tratamento e análise dos dados efectuados terminaram com a elaboração do
texto interpretativo (Denzin, 1994). Este texto interpretativo articula as lógicas e os sentidos
dos sujeitos participantes no nosso estudo (através das entrevistas realizadas), a pesquisa
documental e a observação directa no contexto, com o quadro teórico diversificado que
considerámos relevante mobilizar.
Assim, também, consideramos que é uma mais-valia não apenas a utilização de
contributos teórico-metodológicos, mas a sua pertinência e adequação
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
56
CAPÍTULO IV – AO ENCONTRO DO ESTUDO…
Ao elegermos a organização (Autarquia), como uma dimensão pertinente de análise e
compreensão nesta investigação, centramo-nos, ao nível das instâncias da organização e
funcionamento de uma Equipa de coordenação da Divisão de Acção Cultural. Equipa
multidisciplinar de acompanhamento a projectos, promovidos pela autarquia, em colaboração
com outras instituições. Consideramos que prevalece uma lógica de equipa nesta divisão. De
que forma pode ser analisada, é o desafio seguinte.
Compreender, por um lado,os efeitos da organização do trabalho nos comportamentos de
cada elemento, de como se relaciona com o outro, como se coloca e afirma numa perspectiva
de trabalho colectivo. Falamos das dinâmicas identitárias, nomeadamente as interacções
estabelecidas e as representações que os elementos da equipa apresentam face à Divisão de
Acção Cultural, na qual desenvolvem a sua actividade profissional e, ao mesmo tempo, lhes
permite sentirem-se inscritos num colectivo de trabalho. Uma relação entre o individual e o
colectivo à luz do pensamento de Dubar (1997). Por outro lado, compreender se os elementos
desta Equipa são sujeitos da acção e se formam na acção, se colocam a intervenção como um
espaço de desenvolvimento e aprendizagens e que, em simultâneo, procura tempos, espaços
de reflexão e análise que ajudem a encontrar estratégias e sentidos na profissão. Uma área
onde o tempo de agir e pensar se encontra, e se cruza em contextos colectivos de trabalho,
numa equipa que pretende elaborar uma estratégia de acção, ao mesmo tempo, que poderá
proporcionar o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus elementos.
Falaremos de um universo de trabalho de interacção e de identificação? Caso se
verifique, a Organização (Divisão de Acção Cultural) cria um sistema de representações que
permite (aos elementos da equipa que a compõem) reproduzir-se, distribuir as identidades e as
funções, exprimir as necessidades colectivas e os fins a realizar (Ansart, 1997), ao mesmo
tempo que cada indivíduo (elemento da equipa) se sente inscrito num colectivo,
prolongamento de si próprio (Aubert e Gaulejac, 1991).
Uma investigação estimulante, na qual reconhecemos o desafio e a oportunidade de
aprendizagem que pretendemos explicitar ao longo desta dissertação.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
57
4.1 ESTUDO DE CASO - A EQUIPA DE COORDENAÇÃO DA DIVISÃO DE ACÇÃO
CULTURAL
Atendendo às motivações e convicções apresentadas, anteriormente, no Capitulo I,
optámos, progressivamente, por identificar e eleger o objecto de estudo pertinente de
investigar.
Como referenciamos no Capítulo III a nossa opção pelo estudo de caso – A Equipa de
Coordenação da Divisão de Acção Cultural, enquadra-se no âmbito de uma metodologia
qualitativa de investigação e em que a decisão do tema de estudo – Processos de Formação –
Acção e a Emergência das Identidades, é para nós importante para compreensão em
profundidade de uma situação e dos significados que a envolvem ou lhe estão subjacentes.
Como reconhece Merriam (1986, p.19) “o interesse incide no processo mais do que nos
resultados, no contexto, mais do que numa variável específica, na descoberta, mais do que na
confirmação”.
Ao optarmos por este estudo de caso reflectimos, igualmente, sobre um conjunto de
factores, referenciados por vários autores, entre os quais salientamos Yin (1989), Morse
(1994) e Stake (2003), nomeadamente:
• a relevância e significado do objectivo do estudo;
• o conhecimento e familiaridade da organização (Autarquia);
• a aceitação e receptividade da organização (Autarquia) e restantes actores importantes
no contexto do estudo para a realização do mesmo;
• a existência de uma equipa de coordenação (equipa multidisciplinar).
Consideramos importante, antes de procedermos à apresentação da Equipa de
Coordenação da Divisão de Acção Cultural uma análise, ainda que breve, à Divisão de Acção
Cultural da Autarquia em questão.
A Divisão de Acção Cultural está integrada na orgânica de uma Autarquia da Margem
Sul do Tejo, inserida no Departamento de Cultura e Desporto (DCD).
De acordo com o Regulamento da Estrutura Orgânica desta Autarquia (Deliberação nº
2494/2012 publicado no Diário da República 2ª Série – Nº 253 – 31 Dezembro de 2010 –
anexo nº2 – volume II), a Divisão de Acção Cultural insere-se na Secção IX – Unidades
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
58
Orgânicas Flexíveis Integradas no Departamento de Cultura e Desporto. A Missão e as
Competências da Divisão de Acção Cultural estão referenciadas no Artigo 31º, a referir:
1 — A missão da Divisão de Acção Cultural é fomentar e apoiar o desenvolvimento cultural e
artístico do concelho de (…).
2 — À Divisão de Acção Cultural compete nomeadamente:
a) Prestar a informação técnica necessária à elaboração de programas preliminares destinados
à execução de projectos e empreitadas de obras públicas relativas a equipamentos culturais;
b) Coordenar, em consonância com as orientações do departamento, a gestão dos
equipamentos culturais;
c) Desenvolver acções de angariação de apoios financeiros para a realização das actividades
da divisão;
d) Dinamizar a elaboração do Plano Estratégico para a cultura do concelho de (…);
e) Articular com outras unidades orgânicas as intervenções de animação cultural em acções
por estas dinamizadas.
3 — São competências específicas na área de equipamentos culturais:
a) Coordenar a elaboração da Carta de Equipamentos Culturais, regras para a sua utilização,
princípios de gestão e programação;
b) Proceder à programação e gestão dos equipamentos culturais municipais;
c) Manter contactos e colaborar em outras entidades, tendo em vista a rentabilização dos
equipamentos culturais;
d) Acompanhar os processos de obra que decorram nos equipamentos culturais municipais;
e) Operar os equipamentos técnicos de som, luz e imagem dos equipamentos integrados nas
unidades orgânicas do Departamento de Cultura e Desporto.
4 — São competências específicas na área de programas e projectos culturais municipais:
a) Desenvolver e apoiar programas e projectos de criação e desenvolvimento nas mais diversas
áreas artísticas;
b) Desenvolver programas, projectos e acções que proporcionem às populações actividades
culturais diversificadas;
c) Promover e gerir a programação cultural do concelho em especial nos equipamentos
culturais e espaços públicos;
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
59
d) Promover a dinamização do serviço educativo da Divisão de Acção Cultural.
5 — São competências específicas na área de associativismo e animação cultural:
a) Promover a realização de projectos e acções municipais no domínio da animação cultural;
b) Estimular a promoção de projectos e acções que contribuam para o desenvolvimento
cultural das populações;
c) Promover ou estimular o desenvolvimento de projectos e acções que contribuam para a
preservação das tradições culturais da população do município;
d) Assegurar o relacionamento da autarquia com entidades locais ligados à cultura e promover
a realização conjunta de projectos e acções neste domínio;
e) Assegurar a implementação do Programa Municipal de Desenvolvimento do Associativismo
e em particular a aplicação do Regulamento Municipal de Apoio ao Associativismo;
f) Efectuar os levantamentos e registos de situações relacionadas com a vida cultural do
município e a acção da autarquia neste domínio;
g) Assegurar o relacionamento e apoiar o funcionamento de entidades associativas do concelho
de (…);
h) Dinamizar o Fórum Cultura do concelho de (…).
A responsabilidade da Divisão de Acção Cultural (DAC) está a cargo da Chefia de
Divisão estando a mesma formalmente dividida em 3 sectores (como evidenciamos na
figura1): Programas e Projectos Municipais, Associativismo e Animação Cultural e
Equipamentos Culturais. Paralelamente, existe uma organização não formal Territorial.
Estrutura Orgânica da Divisão de Acção Cultural
Figura1 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
DAC
Chefe de Divisão
Programas e Projectos Municipais
Associativismo e Animação Cultural
Equipamentos Culturais Municipais
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
60
A chefia assume a gestão corrente da divisão que coordena, ou seja, dela emana a decisão
formal e a transmissão das grandes linhas de orientação estratégica e política.
As diversas áreas organizacionais da DAC têm equipas com competências delegadas,
procurando maior autonomia e eficácia de cada sector. Assim, a chefia delega através da
distribuição de funções o trabalho, as competências a desenvolver em cada um dos Sectores
da Divisão e da organização territorial. Cada sector, possui um coordenador que, por sua vez,
possui técnicos responsáveis por cada projecto ou programa a desenvolver. Assim,
verificamos:
• figura 2 estão representados os diferentes coordenadores de cada sector;
• figura 3; figura 4; figura 5 e figura 6, estão representados os coordenadores de cada
sector bem como os responsáveis pelo acompanhamento e apoio de determinado
projecto, programa e áreas.
Coordenação
Figura 2 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Coordenação do Sector - Programas Municipais (Técnico/a A)
Figura 3 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Programas
Municipais
Música
Técnico/a C
Teatro
Técnico/a D
Dança
Técnico/a A
Artes Visuais
Técnico/a E
DAC
Chefe de Divisão
Programas e Projectos
Municipais
Técnico/a A
Associativismo e Animação
Cultural
Técnico/a B
Equipamentos Culturais
Municipais
Técnico/a C
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
61
Coordenação do Sector - Projectos Municipais – ( Tecnico/a A)
Figura 4 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Coordenação do Sector – Associativismo e Animação Cultural – (Técnico/a B)
Figura 5 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Coordenação do Sector – Equipamentos Culturais – (Técnico/a C)
Figura 6 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Equipamentos
Culturais Municipais
Técnico/a C
Cine teatro
Centro Cultural
Auditório Municipal
Associativismo e
Animação Cultural
Técnico/a B
Programa de
Desenvolvimento do Associativismo
Técnico/a B
Associativismo Cultural
Técnicos/as
B, E, F, G
Festas Populares e outras
Acções Locais
Técnicos/as
A, B, D, E, G, F
Projectos
Municipais
Cinema
Técnico/a F
Comunidades
e Imigração
Técnico/a G
Cooperação
Técnico/a H
Relações
Públicas e Comunicaçõe
s
Técnico/a D
Turismo
Técnico/a H
Serviço
Educativo
Técnico/a E
Concurso
Musica
Moderna
Técnico/a H
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
62
Paralelamente, existem outras áreas que reportam directamente ao Chefe da Divisão, na
figura 7 estão representados os técnicos responsáveis por cada área de trabalho ou projecto.
Outras Áreas de intervenção que reportam, directamente, ao chefe da Divisão e
Responsáveis pelas áreas de Trabalho.
Figura 7 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Áreas não enquadradas nos sectores e não referenciadas nos territórios
Tabela nº1
Tabela 1 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Responsáveis pelas áreas não enquadradas pelos
sectores e não referenciadas nos territórios:
Área administrativa
Apoio a Projectos Artísticos – Técnico/a I
Carnaval PN – Técnico/a G
Festas PN – Técnico/a G
Centro Cívico e Cultural A.M. – Técnico/a E
Lojas Cultura – Técnico/a H
25 Abril – Técnico/a F
Janeiras – Técnico/a F
Concurso Musica Moderna – Técnico/a H
Coordenação – Técnico/a J (a partir de Fevereiro 2010)
Apoio Chefe da Divisão – Técnico/a J
Monitorização e sistema de controle de orçamento –
Técnico/a J
Recursos Humanos – Técnico/a L
Expediente, registo e correspondência – Técnico/a M
Arquivo – Técnico/a N
Apoio a transportes – Técnico/a M
Sector associativismo – Técnico/a O
Apoio PN – Técnico/a O
Apoio P – Técnico/a P
DAC
Chefia Divisão
GPS
Artemrede
GT Cultura
AMRS
Conselho Programação
Técnico/as
A, B, C, H, I
Qualidade
Técnico/a A
Monitorização e Estudos
Técnico/a E
FIG
Técnico/a CD
FIAR
Técnico/a
B, I Festas Vindimas
Castelo no Ar
Técnica/o A
Fórum Cultura
Técnico/a B
Territórios
Técnico/a B
Financiamentos
Técnico/a D
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
63
Como podemos verificar nas figuras apresentadas a equipa divide-se, de acordo com a
natureza das tarefas pelas quais é responsável, ou seja, a orientação das actividades
desenvolvidas não é da exclusiva responsabilidade de uma pessoa que executa as funções
essenciais de liderança. A liderança projecta-se sobre o grupo que, colectivamente, as leva a
cabo.
“O que mais destaco de importante na intervenção desta equipa, é a complementaridade de um
processo de liderança, (…), e refiro-me a processos, não me refiro a nenhum líder, refiro-me ao
processo liderança, (…), aliás à liderança como processo, eu penso que é muito decisivo o papel de
uma equipa desta natureza, porque se trata de um processo desmultiplicado e que obviamente
culmina, naquilo que se consegue, correlativamente àquilo que não se consegue, e os níveis de
motivação dos mesmos participantes nesse processo de liderança é de facto decisivo, por outro lado,
em relação ao colectivo global do próprio serviço existente, reconhecendo, pontos de referência (…)”
(E6, p.61)
Assim, diferentes pessoas podem adoptar distintas funções de liderança e a mesma pessoa
executar diferentes papéis em diferentes momentos. “…um mito unificador com vista a
sedimentar a sua acção e significar as suas práticas, mobilizando-as pelo orgulho do
trabalho a realizar de modo diferente.” (Enriquez 1992).
“(…), julgo que nos cria condições de equipa mais incisiva, mais consequente, mais interpretativa, e
por outro lado também mais capaz de fazer cumprir matéria até que não lhe seria própria e que vem
da sua raiz estratégica, mas que a equipa sabe efectivamente interpretar, (…).” ( E6, p. 61 )
Desta forma, apresentámos, através da estrutura orgânica da Divisão de Acção Cultural, a
estrutura dos serviços/sectores, a coordenação/responsáveis de cada Sector de Intervenção,
bem como outras áreas de Intervenção da Divisão em questão.
Podemos constatar que está subjacente um modelo de organização que passamos,
resumidamente, a explicitar segundo documentação produzida pela equipa da Divisão bem
como os desafios que se colocam a toda a equipa da Divisão, exposto no seguinte quadro:
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
64
Quadro nº 1 (Fonte: Jornadas DAC/Fevereiro/2010)
Modelo de
Organização
Descrição
Desafios 2010
Divisão Acção
Cultural
Criação de novos procedimentos e cumprimento
dos estabelecidos; Transmissão de informações
entre sectores, grupos de trabalho e a organização
(vertical e horizontal); Incentivo à
descentralização de funções; Responsabilização
numa prática participada; Promoção de formação
interna e externa dirigida transversalmente a toda
a unidade orgânica; Propostas individuais e
colectivas como geradoras na organização;
Programação e planificação de iniciativas a partir
de linhas estratégicas assumidas pela organização;
Criação e desenvolvimento de instrumentos
continuados de avaliação e sua publicação;
Introdução novo SIADAP;
Criação e desenvolvimento de instrumentos de
planeamento e estratégia (planos de aferição;
criação de espaços consultivos; monitorização e
estudos; maior amplitude na participação na
construção do plano estratégico para a cultura);
Articulação dos programas municipais com o
trabalho desenvolvido nos territórios;
Aprofundamento das ligações entre as áreas
territoriais e os sectores; Correcta gestão e
avaliação continuada das parcerias internas e
externas; Aprofundamento do sistema de gestão
documental em concordância com o adoptado pela
organização; Aferição continuada das propostas
de melhoria; Correcção na gestão dos recursos
materiais e financeiros aprofundando os
mecanismos de monitorização e controle em
concomitância com medidas de descentralização e
responsabilização; Correcta identificação das
áreas de trabalho e atribuição de
responsabilidades; Equilíbrio de afectação de
recursos considerando as limitações; Gestão da
modernização e qualidade em obrigatória
articulação com as medidas adoptadas pela
organização; Criação de medidas de estímulo e
reconhecimento.
Reforço da equipa e aposta na
mobilidade interna; Aprofundar
circulação de informação; Correcção
das práticas de avaliação;
Implementação da nova aplicação do
SIADAP; Procurar novos paradigmas
de programação (ex.: Conselho de
Programação); Pensar Visão
(valorização estratégica – Plano
Estratégico/Revisão do PDM);
Estimular uma nova abordagem na
política de estágios na Unidade;
Aprofundar novo relacionamento com
os parceiros externos (Revisão
Regulamento Apoio ao Movimento.
Associativo); Aprofundar novas
formas de financiamento; Aprofundar
acções de Benchmarking interno e
externo, formal e informal; Promover
o marketing interno;
Implementar melhores práticas de
gestão de recursos (racionalização;
conservação e manutenção); Afirmar o
CTSJ como equipamento nobre no
contexto da Região;
Aprofundar o trabalho desenvolvido
no Grupo de Trabalho Regional;
Manter quadro de participação na
ArtemRede; Procurar novas
interlocuções de parceria.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
65
4.1.1 O surgimento da equipa de coordenação
A área cultural tem assumido, ao longo dos anos, um papel preponderante no concelho
onde se insere esta Autarquia da Margem Sul do Tejo, sendo parte estruturante das políticas
locais de desenvolvimento sustentável, como mencionado no documento do Programa de
Trabalho (2009/2013) (anexo nº 3 – volume II), é igualmente,
“Imagem de marca do concelho, a cultura é encarada como garante de desenvolvimento das
comunidades na sua singularidade identitária e capacidade de abertura ao mundo; e como factor de
desenvolvimento individual, numa lógica de educação ao longo da vida e de plena realização
pessoal.” (Programa Trabalho 2009/2013; p. 16)
As diversas transformações no território municipal em questão, desde o ano 2000, a nível
legislativo, de novas atribuições e competências da administração central para as autarquias
locais, implicaram alterações do quadro de financiamento das autarquias locais que delineiam
novas realidades orçamentais e, por consequência, necessidades de adaptar os serviços.
Assim, no ano de 2007 e de acordo com a Acta nº.4/2007 – Proposta Nº1/GAP/04-2007
(anexo nº 4 – volume II), a estratégia de modernização e qualificação da Autarquia, em
questão, tem em consideração um conjunto de factores, nomeadamente, a utilização de
diferentes instrumentos de gestão e formas de exercício do serviço público que passam pela
melhoria de processos associados à informatização, pela aposta na motivação e qualificação
das pessoas, na modernização de instalações e equipamentos e, no envolvimento dos
trabalhadores nos processos de melhoria.
O diagnóstico sobre a Organização (Autarquia) recorreu à utilização de diversos
instrumentos de auto-avaliação, e da aplicação de diversas ferramentas de gestão como a
análise SWOT, a aplicação da CAF (estrutura comum para a avaliação de serviços públicos da
União Europeia), a análise de estrutura de competências, dos contributos dos órgãos e
entidades interessadas, dos contributos das pessoas da organização (dirigentes, chefias,
trabalhadores) através de plenários, reuniões sectoriais ou por escrito e por uma auditoria
externa realizada por uma empresa de consultadoria que permite agregar o saber da
organização com a visão externa e conhecedora de outras realidades. Este processo permite
detectar que a Organização (Autarquia) mudou desde a última estrutura orgânica aprovada no
ano 2000,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
66
“(…): novas prioridades de trabalho, novas experiências de gestão, crescimento do número de
trabalhadores; mas também alguma erosão na estrutura, com transferências informais de funções,
áreas não totalmente implementadas e problemas de funcionamento relacionados com o modelo
organizativo, nomeadamente na identificação e distribuição de funções.” (Acta nº.4/2007; p.3)
É, neste sentido, que se pronuncia a presidente da autarquia, produzindo uma ideia
chave de mudança a partir de um trabalho de equipa. Uma perspectiva que infere uma
recriação das estratégias e formas de acção das unidades orgânicas.
“Desenvolveu-se um trabalho de equipa extraordinário, com uma cooperação fantástica. Houve a
capacidade das pessoas perceberem que esta alteração foi feita com as pessoas e não contra ninguém
que não foi feita em desvalorização de nenhum dos sectores da actividade do Município, e que não
minimizou nenhuma das intervenções, mesmo quando transforma unidades orgânicas.” (Acta
nº.4/2007; p.14)
A reestruturação e organização dos serviços municipais, como referido anteriormente,
conduzem a uma reorganização da Divisão de Acção Cultural em 2007, a nível de processos e
práticas de trabalho, dando origem a três sectores de áreas de trabalho dentro da Divisão, a
referir: o Sector de Equipamentos Culturais, o Sector de Programas e Projectos Municipais e
o Sector do Associativismo e Animação Cultural. Como refere a Chefia da Divisão,
explicitando um pouco mais a ideia da presidente.
“As razões da sua constituição, foi como disse á pouco, por Estrutura e organização. Como disse, em
2007, há uma reestruturação orgânica operada aqui no Município (…), dessa reestruturação
orgânica resulta, enfim, a reorganização da nossa Divisão e que vai compreender um conjunto de três
sectores, que é o Sector dos Equipamentos Culturais, o Sector de Programas e Projectos Municipais e
o Sector do Associativismo e Animação Cultural.” “(…) há aqui uma reorganização, quer das
pessoas, quer dos processos, quer igualmente das práticas de trabalho que a divisão, efectivamente,
desenvolvia (E6; pp.56, 57)
Neste contexto a equipa da Divisão de Acção Cultural, nas palavras da Chefia da Divisão,
foi “reorganizada,” no final do ano de 2007, surgindo a criação de uma equipa de
coordenação composta por elementos que simultaneamente reflectissem a estrutura orgânica
dos serviços da divisão (nomeadamente os três sectores referenciados anteriormente) e, por
outro lado, possuíssem responsabilidades de orientação do desenvolvimento da acção de um
determinado grupo de pessoas em diferentes áreas e em diferentes territórios.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
67
“Com a reorganização do serviço a partir do final de 2007, defende-se a ideia da criação de Equipa
de Coordenação. (…) Comporiam um grupo dessa natureza todos aqueles que tivessem um grupo de
pessoas sob a sua orientação, por um lado, e por outro que reflectisse a própria estrutura orgânica do
serviço e particularmente dos três sectores que há pouco referi.” (E6; p57).
Até ao momento da reestruturação orgânica da Autarquia, o funcionamento e
operacionalização da equipa da Divisão de Acção Cultural era organizado de “forma mais
plenária, por assim dizer”, existiam reuniões plenárias com todos os trabalhadores e reuniões
plenárias por diferentes áreas de intervenção,
“No passado, (…), as pessoas encontravam-se periodicamente nos momentos de planificação e
avaliação do trabalho, de forma mais plenária, por assim dizer. Havia um conjunto de reuniões com
técnicos, havia um conjunto de reuniões com administrativos, havia um conjunto de reuniões com uma
zona mais operacional, mas que habitualmente era mais representada pelos coordenadores dessa
mesma zona operacional.”(E6; p57)
A constituição da Equipa de Coordenação, a partir do início de 2008, vem permitir a
desmultiplicação do trabalho nos diferentes sectores bem como a aferição semanal das acções
desenvolvidas diariamente. Assim a equipa de coordenação,
“ (…) tem por responsabilidades fazer desmultiplicar esse mesmo trabalho relativamente aos seus
diferentes segmentos que coordena, sendo, que supostamente obrigatório, que esses encontros
também sejam igualmente semanais, ou seja, há aqui uma desmultiplicação no factor avaliação, no
factor planificação, e mesmo no factor desenho orgânico que efectivamente tem que ser realizado a
partir desses pequenos corpos de direcção intermédia que vamos criando dentro da própria estrutura
da divisão.”(E6, p.57)
A equipa de coordenação, ao assumir a desmultiplicação do trabalho, relativamente aos
sectores que coordena funciona como uma coordenação intermédia que, ao mesmo tempo,
que delega funções, após reflexão dentro do grupo restrito de coordenação com a chefia de
divisão, afere igualmente as dificuldades dessa mesma desmultiplicação de funções,
“(…) de maneira a que essa fluidez, essa comunicação, essa relação biunívoca entre aquilo que é
zona mais operacional e a zona de direcção efectivamente se cumpra”(E6, p.58)
Parece-nos estar presente uma ideia da complexidade da intervenção, permitindo maior
nível de comunicação, a partir de processos que possam melhorar a participação e implicação
das pessoas. Verificamos um afastamento de uma lógica de plenários por sectores, para a
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
68
assunção de equipas de trabalho multifuncionais e multidisciplinares, de valorização e
potenciação estratégica dos vários sectores e profissionais envolvidos.
Existe um campo para o desenvolvimento de competências individuais e profissionais,
reconhecendo-se os impactos a estes dois níveis, e a forma como estes se projectam em
acções futuras. Por outro lado, permite-se igualdade de oportunidades nos momentos de
debate em plenário, induzindo-se a discussão em discussões prévias ou lançadas no momento.
O trabalho de equipa induz uma mediação contínua que se verifica situar-se ao nível da
chefia, que a operacionaliza com os contributos dos diferentes elementos que a compõem.
Podemos inferir que esta equipa potencia a diversidade, planifica e analisa as acções, é um
espaço de preocupação de apoio mútuo, e de valorização de uma pedagogia de superavit,
porque aposta nos saberes e experiências de cada um. (EQUAL, Mediar para Desenvolver,
2005, pp. 66,67)
O “redesenhar habitual do próprio serviço” (E6,p.60), resultante da verificação de
processos da Divisão de Acção Cultural, de factores de mobilidade interna de trabalhadores
(que decorrem dentro de uma perspectiva mais global do Município em questão), da avaliação
da própria equipa de coordenação, e da avaliação anual da equipa DAC (Jornadas DAC)8,
proporciona a entrada e a saída de elementos da equipa de coordenação. Actualmente a equipa
de coordenação não corresponde à inicial.
“ (…), o facto da equipa não ter a mesma constituição do início, (…) é também espelho da revisão
dos processos e também de circunstâncias ligadas à própria Divisão. (…), por outro lado nós temos
convivido com alguma mobilidade também na própria Divisão, mobilidade essa que decorre de uma
estratégia mais global do Município no que diz respeito à circulação de trabalhadores e à sua
valorização (…).” (E6, pp.59, 60)
“ (…) e portanto, quer pelo factor mobilidade, quer pelo factor avaliação da própria equipa de
coordenação, quer pelo redesenhar habitual do próprio serviço tem gerado, (…).” (E6, p.60)
Importa-nos, no entanto, referir que embora a composição dos elementos da equipa não
seja igual à composição da equipa inicial, as estratégias de desenvolvimento das acções
mantém a filosofia das práticas anteriormente desenvolvidas, numa perspectiva de avaliação
contínua do trabalho realizado, “(…), no entanto mantêm, basicamente as práticas que desenvolve
enquanto grupo de coordenação, mantêm uma filosofia e aliás, tem aprofundado uma filosofia de
8 Jornadas – Momento anual de avaliação global da Divisão de Acção Cultural. (anexo nº5 – volume II – Power Point apresentação JORNADAS DAC Fevereiro 2010)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
69
avaliação continuada do seu próprio trabalho e tem tido sucesso, nas práticas comuns em relação ao
próprio serviço.” (E6, p.60)
Assim, de acordo com o que é expresso nas palavras da Chefia da Divisão, as razões da
constituição desta equipa resulta de, “(…)uma questão de princípios, é uma posição, é uma
posição em relação a matéria organização, e achamos que corremos o risco de estarmos enganados
como é evidente, mas até à data tem produzido resultados que outrora não tinha, se calhar houve
outros também que se possam ter perdido, e é essa avaliação continuada que procuramos, enfim, ir
aferindo.” (E6; p62)
Parece-nos ser claro que o tempo da acção e o tempo da reflexão, é uma preocupação
permanente, na sua simultaneidade, na organização e avaliação do trabalho, na planificação da
chefia da divisão.
4.1.2 Caracterização da Equipa de Coordenação
Numa abordagem formal, a Equipa de coordenação em questão recai sobre a esfera de
competências da chefia da Divisão de Acção Cultural. Esta responsabilidade é política, ou
seja, sendo a Autarquia uma organização com uma estrutura hierárquica, as competências que
são da responsabilidade do Executivo eleito são delegadas ou subdelegadas nas respectivas
chefias de departamento ou divisão.
“(…) , eu faço gestão, (…), portanto compete-me a mim gerir este serviço, compete-me defender a
missão deste serviço, defender e faze-la cumprir, não é, e portanto tenho a gestão de pessoas, tenho a
gestão de processos e tenho igualmente uma função de liderança (…). (…), o que me cabe a mim é
fazer cumprir esse processo de liderança, ou seja, mais do que defender um posto de líder,(…), é
defender esse mesmo processo de liderança relativamente ao serviço, e portanto faze-lo chegar a bom
porto relativamente aos seus objectivos, fazendo cumprir a sua missão e gerir correctamente as
pessoas, é isso que procuro fazer.” (E6, p. 84)
Relativamente à estrutura orgânica da Autarquia, esta equipa não possui uma estrutura
orgânica formal, o formal e o informal cruzam-se, se o ponto de partida assenta na
formalidade da sua estrutura, nos processos que a possam operacionalizar, para o seu
funcionamento, a equipa revê na pluridisciplinaridade uma potencialidade que a enriquece e
lhe permite diferentes e diversificadas lógicas de intervenção. Como referenciámos,
anteriormente, esta equipa resulta de uma posição de valorização e qualificação dos elementos
por parte da organização (Autarquia),
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
70
“Esta equipa insere-se, ela não tem estrutura orgânica formal, ou seja não é massa orgânica dentro
da estrutura orgânica da Câmara Municipal. Como disse, resulta de uma posição, a posição de
valorização da coordenação intermédia, numa lógica da coordenação intermédia, (…), esta estrutura
se efectivamente não resultasse de uma posição, relativamente a matéria organização e qualificação
de serviços, efectivamente essa coordenação não existiria, não tem formalidade.” (E6, p59)
A Equipa restrita de coordenação, à data da realização deste estudo, é composta pela
chefia da Divisão e por cinco elementos (três do género masculino e dois do género
feminino). Uma equipa pluridisciplinar,
“(…), é muito curiosa a origem das pessoas, é muito diversificada. Nós temos artistas, (…), temos
gente da área da sociologia (…), (…) ex operários (…), (…) pessoas da área Social (…), e isto remete
para outros mundos, (…), mais do que a pluridisciplina o plurimundo, (…) construtor de uma lógica
que não é monodireccional, e portanto desse ponto de vista criativo existem boas predisposições para
a pluridisciplina, (…).” (E6, p. 75)
Atendendo à constituição da equipa, refira-se que em Fevereiro de 2010 é apresentado
nas Jornadas da Divisão de Acção Cultural a incorporação de um novo elemento (género
feminino) responsável pela coordenação da área administrativa.
Os elementos que compõem esta Equipa possuem formações académicas diversificadas,
as idades variam entre os trinta e cinco anos e os cinquenta e cinco anos, como podemos
constatar no seguinte quadro:
Quadro nº. 2
Elementos Equipa
Idade
Formação Académica
Técnico/a A 36 Licenciatura Comunicação Social variante Comunicação Cultural
Técnico/a B 42 Licenciatura em Antropologia com
formação coadjuvante em Desenvolvimento Sociocultural
Técnico/a C 53 Licenciatura Gestão de Recursos
Humanos
Técnico/a E 47 Licenciatura em Ciências Sociais
Técnico/a F 40 Curso Profissional de Animador Social
Técnico/a CD 47 Licenciatura em Filosofia
Embora os elementos da equipa de coordenação apresentem trajectórias profissionais
diversificadas, revelam aspectos comuns, nomeadamente a aposta na formação académica
superior nos últimos anos, na maior parte dos casos obtida recentemente,“(…), como é uma
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
71
formação, no meu caso recente, permitiu-me ter nos últimos quatros anos uma formação na área da
animação comunitária e na animação local.” (E2, p.10)
Os elementos, identificados no quadro anterior, e que compõem a equipa de coordenação,
integram o nosso estudo de uma forma mais directa, na medida em que integram o nosso
objecto de observação, mais precisamente, nas reuniões de equipa, co-autores de
documentação que constam na nossa pesquisa e análise documental.
Como referenciámos, anteriormente, cada elemento da equipa de coordenação tem
sectores específicos de coordenação que, por sua vez, possuem técnicos responsáveis por
diferentes projectos e programas municipais. Por outro lado, os elementos da coordenação,
também, assumem outras responsabilidades referentes a programas e projectos.
Assim, constatamos que:
• A Chefia da Divisão (CD) possui a responsabilidade da coordenação da Divisão e do
Projecto FIG – Festival Internacional de Gigantes.
• Técnico/a A possuí a responsabilidade de coordenação do Sector Programas e
Projectos Municipais, das equipas de trabalho referentes ao Programa Municipal da
Dança, à Programação do Equipamento Cultural Municipal – Cine Teatro S. João, a
Programação do Projecto Castelo e Centro Histórico e a coordenação da área da
Qualidade;
• Técnico/a B possuí a responsabilidade de coordenação do Sector do Associativismo e
Animação Cultural, a coordenação das equipas de trabalho referente ao Programa
Municipal de Desenvolvimento do Associativismo, a responsabilidade do
acompanhamento e apoio ao Movimento Associativo da Freguesia sede do concelho e
Programação Cultural, a coordenação do Fórum Cultura, e a responsabilidade do
Festival Internacional de Artes de Rua (FIAR);
• Técnico/a C possui a responsabilidade e coordenação da gestão técnica dos
Equipamentos Culturais Municipais, do Programa Municipal da Música e do Projecto
de Processos de Instalações e Obras;
• Técnico/a E possuí a responsabilidade do Programa Municipal das Artes Visuais, do
Projecto de Serviço Educativo, do acompanhamento e apoio ao Movimento
associativo e programação cultural das Freguesias de Z e de Q, a coordenação da
programação do Equipamento Cultural Municipal – Centro Cultural da localidade Z, a
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
72
coordenação da área de Monitorização e Estudos e a responsabilidade do projecto
Centro Cívico da localidade Q ;
• Técnico/a F possui a responsabilidade e coordenação do Projecto Cinema, o
acompanhamento ao Movimento Associativo da Freguesia de W e programação
cultural, a coordenação e programação cultural do Projecto Janeiras e das
Comemorações do 25 Abril.
Constatámos, de igual forma, no contacto diário com a equipa, que cada elemento da
Equipa de Coordenação da Divisão de Acção Cultural se encontra localizado/a em diferentes
Freguesias do Concelho e nos diferentes Equipamentos Culturais Municipais, nomeadamente:
Técnico/a A, Técnico/a C, e o Técnico/a F – Freguesia X no Equipamento Cultural – Cine
Teatro S. João; Técnico/a B – Freguesia Y nas instalações da DAC; Técnico/a E – Freguesia
Z no Equipamento Cultural. A Chefia da Divisão localiza-se na Freguesia X no Equipamento
Cultural – Cine Teatro S. João.
Importa referir que o Técnico/a B exerce funções na Freguesia de X e na Freguesia Y,
assim como o Técnico/a F exerce funções na Freguesia X e Freguesia W e o Técnico E na
Freguesia Z e na Freguesia Q.
A equipa cumpre o horário estabelecido pela Autarquia, das 8h30m às 12h e das 13h às
16h30m. No entanto, os horários variam de acordo com o trabalho a realizar, podendo os
elementos da equipa gerir as 35 horas semanais a realizar.
No organigrama seguinte, referenciamos a estrutura “não formal” da Divisão de Acção
Cultural, onde identificamos por sector os técnicos (as) da equipa de coordenação.
Constatamos, igualmente, que o corpo técnico e logístico referente aos Equipamentos
Culturais Municipais (CTSJ, CCP e AMPN), são constituídos por elementos «itinerantes», ou
seja a equipa pode variar consoante as necessidades de cada equipamento.
“À partida é sempre o Técnico do respectivo equipamento que acompanha mas acontece por vezes
que são necessários outros tipos de apoio e aí, com frequência os Técnicos rodam pelos diferentes
equipamentos a darem apoio uns aos outros no sentido de resolverem problemas em actividades mais
complicadas, essa planificação é feita por mim, que tenho essa responsabilidade, mas sempre com a
colaboração e apoio dos colegas, como é evidente.”(E4, p.44)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
73
A teia de relações que se constroem no quotidiano deste grupo de trabalho, que definimos
numa lógica não formal, levou-nos a conceber o seguinte quadro:
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Quadro nº 3 - Organigrama “não formal” DAC
DAC
Chefe de Divisão
Programas e
Projectos Municipais
Associativismo e
Animação Cultural
Equipamentos
Culturais
Programas
Municipais
Projectos Municipais
Programa Municipal
Desenvolvimento do
Associativismo
Associativismo
Cultural
Festas Populares e
outras Acções
Locais
CTSJ CCP AMPN
Atendimento Música
Teatro
Dança
Artes Visuais
Cinema
Comunidade e
Imigração
Cooperação
Concurso de Música
Moderna
Relações Públicas e
Comunicação
Turismo
Unidades Territoriais
X W Z e Q Y Programação
Corpo logístico
Corpo técnico
Atendimento
Programação
Programação
Corpo Logístico
Corpo Técnico
Corpo Logístico
Corpo Técnico
Técnico/a A Técnico/a B Técnico/a C
Técnico/a E
Técnico/a F
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
75
A responsabilidade pela gestão do Sector é atribuída, de acordo com indicações da
chefia de divisão. O trabalho por Sector envolve a existência da figura de coordenador,
ao qual cabe o papel da desmultiplicação, da descentralização e implicação no trabalho
por parte dos restantes elementos da Divisão para o sucesso da acção.
A uma perspectiva de descentralização da acção, parece suceder uma lógica de
implicação e mobilização na acção,
(…) esta equipa de coordenação (…), tem uma obrigatoriedade de desmultiplicação, de
descentralização, de implicação responsável por parte de todas as componentes de trabalho e
isso sim é que é o conjunto de elementos que produzem resultados.” (E6, p87)
O coordenador do Sector é responsável por uma equipa composta por diversos
elementos responsáveis por determinados projectos e programas municipais. O
coordenador como supervisor, o supervisor como facilitador de aprendizagens.
Reportando ao campo da análise em educação, refira-se que:
“O supervisor não é aquele que faz, nem é aquele que manda fazer; é a pessoa que cria
condições para que os professores pensem e ajam e façam isso de uma forma colaborativa, de
uma forma crítica, indagadora, portanto, com um espírito de investigação que é hoje
absolutamente necessário” (Alarcão, I. 2007).
O que é referido pela autora, em relação ao campo profissional dos professores,
parece-nos aplicar-se aqui também a propósito de outros profissionais.
A supervisão como um processo de desenvolvimento qualitativo da Organização,
(neste caso na Divisão de Acção Cultural) e dos elementos que a constituem, através das
aprendizagens individuais e colectivas,
“A supervisão como o processo de “dinamização e acompanhamento do desenvolvimento
qualitativo da organização escola e dos que nela realizam o seu trabalho de estudar, ensinar ou
apoiar a função educativa, através de aprendizagens individuais e colectivas, incluindo as dos
novos agentes” (Alarcão & Tavares, 2003)
A liderança da Chefia, face aos elementos da Equipa, respeita o conceito de
liderança partilhada. Defende princípios como a partilha de informação com os
membros da equipa acreditando, ser esta a melhor forma, de motivar e de apoiar a
equipa para que atinja os objectivos definidos, alicerçada em princípios democráticos e
facilitador de autonomia,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
76
“(…) equipa, é a complementaridade de um processo de liderança, (…), e refiro-me a
processos, não me refiro a nenhum líder, refiro-me ao processo liderança, (…), aliás á
liderança como processo, eu penso que é muito decisivo o papel de uma equipa desta natureza,
porque se trata de um processo desmultiplicado e que obviamente culmina, naquilo que se
consegue, correlativamente àquilo que não se consegue, e os níveis de motivação dos mesmos
participantes nesse processo de liderança é de facto decisivo, (…). (E6. p.61)
Poderemos considerar que esta postura incentiva e estimula a iniciativa, a
capacidade de inovação e atitudes pró-activas e encoraja a confiança mútua, tornando o
projecto bastante mais rico e fluido no seu desenvolvimento. Uma estratégia que
interfere nas relações de poder como factor que pode definir a acção. (Espiney, 2009).
“ (…), julgo que nos cria condições de equipa mais incisiva, mais consequente, mais
interpretativa, e por outro lado também mais capaz de fazer cumprir matéria até que não lhe
seria própria e que vem da sua raiz estratégica, mas que a equipa sabe efectivamente
interpretar, (…). (…) esses níveis de interpretação, (…), são claramente reforçados por uma
intervenção específica de uma equipa desta natureza, (…) uma zona de coordenação intermédia
contribui para um fortalecimento de um processo democrático. (…). ” (E6, p.61)
Existe uma partilha de responsabilidades, que se consubstancia no tipo de liderança
exercida, uma liderança partilhada ou estratégica, que permite a existência de equipas de
trabalho de projecto, que se constituem como grupos de trabalho semi - autónomos.
“(…). Toda a margem que vai entre a aprovação e a avaliação é em grande parte, muito,
muito, muito livre, para a responsabilização dos técnicos coordenadores e das suas equipas.”
(E2, p.13)
Trata-se de uma equipa de uma grande riqueza e diversidade de trabalho mas que,
em simultâneo, desenvolve um trabalho de interacção social entre sujeitos, pensa o seu
trabalho, sobre o modo como se organiza e gere as suas interacções. (D’Espiney, 2003).
Parece-nos que esta equipa, ainda que inserida em contexto autárquico, ultrapassa a
lógica de funcionamento institucional, e enraizou uma lógica de funcionamento de um
dispositivo que valoriza as potencialidades para a resolução de problemas, favorece os
processos democráticos, partilha as responsabilidades, favorece uma cultura de
participação e colaboração. Por outro lado, estes processos de trabalho em equipa
podem favorecer igualmente “uma diluição, na prática, dos estatutos institucionais e de
qualificação” (EQUAL, Mediar para Desenvolver, 2005).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
77
A equipa constrói no quotidiano a possibilidade de uma aproximação a uma lógica
colectiva em contexto de trabalho. Ou seja, um caminho de uma equipa multidisciplinar
que se aproxime de um dispositivo de concepção e mediação de processos (Valente, A.,
2007). Neste caso, o desenvolvimento das actividades de animação e produção cultural
são pretexto e oportunidade para a estruturação colectiva da acção. (D’Espiney, 2009).
A equipa divide-se, de acordo com a natureza das funções pelas quais é
responsável, ou seja, a orientação das actividades desenvolvidas não é da exclusiva
responsabilidade de uma pessoa que executa as funções essenciais de liderança.
“(…) é um âmbito transversal ao próprio serviço da Acção Cultural. Não é segmentado, não é
sectorizado, (…), por exemplo, não é o colega do Sector de Equipamentos Culturais, (…) que
tem a exclusividade de matéria de reflexão sobre Equipamentos Culturais, é da natureza do
colega de Equipamentos Culturais trazer a melhor informação relativamente a matéria
Equipamentos Culturais, é da natureza do colega dos Equipamentos Culturais provocar
reflexões e avaliações relativamente a matéria Equipamentos Culturais, no entanto ele não é o
interlocutor, ou melhor, interlocutor sim do sector, mas não é o pensador exclusivo do sector.”
(E6, p.60)
A liderança projecta-se sobre o grupo que, colectivamente, as leva a cabo.
Diferentes pessoas podem adoptar distintas funções de liderança, adquirindo novas
capacidades e competências, induzindo a novos processos formativos, e a mesma pessoa
executar diferentes papéis em diferentes momentos,
“…um mito unificador com vista a sedimentar a sua acção e significar as suas práticas,
mobilizando-as pelo orgulho do trabalho a realizar de modo diferente.” (Enriquez 1992).
Neste sentido, é igualmente fomentado, por parte da coordenação, a partilha de
sugestões e críticas construtivas em relação às acções.
“Um exercício de autonomia e assunção de um espaço de intervenção, de valorização colectiva
do trabalho de cada um.” (Berger, 2004)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
78
CAPÍTULO V – OS NÓS DA ACÇÃO…
Reservamos este capítulo, a uma breve abordagem de identificação dos «nós da
acção» desta equipa, que ao longo da investigação do trabalho de campo, e nos
momentos de partilha da equipa com a investigadora se apresentaram como que
«incorporados» nas práticas do desenvolvimento do trabalho. O pensar, globalmente, o
local (concelho), o pensar das estratégias e metodologias de intervenção nos territórios,
as redes de parceria para a acção e os processos de mediação.
5.1 A TERRITORALIZAÇÃO DA ACÇÃO
A uma noção de território estão associados sentimentos de pertença, uma noção de
território – espaço físico, cultural, com diferentes dinâmicas, por parte das pessoas que
vivem e interagem na Comunidade.
Tratamos de um campo de intervenção onde prevalece a diversidade e a
complexidade, numa perspectiva em que a questões complexas devem corresponder
abordagens e soluções complexas (Amiguinho, A., Correia, H., Valente, A., 1994). Uma
problematização da intervenção atenta à diversidade e à emergência de potencialidades
onde se podem processar formas de participação.
Uma abordagem na perspectiva da promoção, da participação e exercício da
democracia, o exercício do poder de cada um numa perspectiva colectiva.
Um espaço de acção dos sujeitos onde se evidencie “uma concepção da acção
social e política” (Correia, J.A., Caramelo, J., 2003) que confiram centralidade ao
território.
A convicção de que existem possibilidades de desenvolvimento local, de
requalificação de territórios em processos de implicação das suas gentes.
“A crise, os obstáculos que se levantam a essa requalificação, podem ser de monta, exigindo
um trabalho em profundidade. Mas onde quer que haja comunidades, por pequenas que sejam,
onde quer que haja património natural e construído, há genes de futuro que podem
desenvolver-se dando origem a uma nova realidade” (Espiney, R.D’., 2009)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
79
Documentos estratégicos como o Programa de Mandato (2009 – 2013), o Quadro
de Avaliação de Referência Estratégica (QUAR), da Autarquia à qual pertence a nosso
objecto de estudo – a Equipa de Coordenação da DAC, contribuem para referenciar a
acção municipal nas diferentes áreas de intervenção no território (concelho). Nestes
documentos estão referenciados os eixos estratégicos da acção municipal, a
identificação de prioridades e objectivos a concretizar. A presença de uma acção
pensada de forma estratégica, de acompanhamento permanente de forma a antecipar
problemas e caminhos para a sua solução.
“A Câmara Municipal de (…), (…) tem (…) um Quadro de Avaliação de Referência que é o
QUAR no contexto do Sistema do próprio SIADAP, (…) um instrumento de localização
estratégica de toda a importância, ou seja, o dirigente, como o chefe de Divisão tem o seu
trabalho devidamente referenciado, os eixos estratégicos da acção municipal estão claramente
identificados, por outro lado estão perspectivados num hiato de tempo suficiente, que nos
permite que não haja um ano surpreendente no sentido negativo da palavra relativamente
àquilo que é planificação ou clarificação dos seus objectivos, ou a clarificação daquilo que são
os seus caminhos.” (E6, p.63)
Neste sentido, estes mesmos documentos permitem uma visão global da estratégia a
implementar e permitem o desenvolvimento por parte das diferentes Unidades
Orgânicas da Autarquia do Mapa Estratégico.
“E, por consequência (…) é que nos permitiu no contexto do nosso próprio serviço desenvolver
um instrumento, que temos vindo a manter desde há três anos atrás que é o Mapa Estratégico
da Divisão de Acção Cultural.” (E6, p.63)
No caso da Divisão de Acção de Cultural, o Mapa Estratégico (anexo nº 7 – volume
II) resulta de um processo participativo de todos os elementos que compõem a divisão,
incluindo a participação do Vereador do Pelouro e do Director de Departamento. A este
momento participativo a Divisão de Acção Cultural denomina JORNADAS,
“ (…), e curiosamente as Jornadas são um momento decisivo para a construção desse
mesmo mapa estratégico.” “(…) abrange o conjunto de toda a divisão, desde o
operacional, ao administrativo, ao técnico, ao dirigente, aliás aos dirigentes, (…) e o
eleito.” (E6, p.63)
As Jornadas, momento anual de avaliação global da Divisão de Acção Cultural,
realizam-se, normalmente, durante dois dias, com a participação de toda a equipa. Deste
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
80
momento anual de avaliação global da divisão resulta um documento orientador da
acção da equipa o qual é renovado, anualmente, por toda a equipa. “ (…) todos os anos é
produzido um documento a esse propósito, portanto, não só existe um documento mas
como ele é também renovado anualmente à perspectiva de uma equipa desta natureza
e à sua própria composição, (…). (E6, pp. 62, 63)
Podemos considerar que o momento das Jornadas permite momentos de reflexão
global de toda a equipa, face ao desenvolvimento do trabalho, “(…), honra-me
pertencer a esta equipa que está muito disponível para reflectir matéria deste tipo, e
estamos a falar da equipa no seu todo global.” (E6, p.64)
Momentos de identificação e articulação de trabalho, momentos de planificação da
intervenção, momentos de avaliação das principais dificuldades, oportunidades e
desafios, que se consubstanciam em documentos orientadores os quais contribuem para
a elaboração do Mapa Estratégico DAC.
“Estes documento9s identificam, claramente, aquilo que são as funções das pessoas,
(…), é reequacionado todo o ano, em termos de, no aspecto tarefeiro do trabalho, ou
seja, quem fica com o quê, e quais são os seus limites de acção relativamente às
diferentes matérias e articula com quem, (…). (…), para fazermos uma avaliação do
trabalho (…) daquilo que são as principais dificuldades, oportunidades, desafios, etc.,
(…), criámos aqui um pequenino truque, do ponto de vista metodológico desse mesmo
debate, portanto, nós registamos ipsis-verbis aquilo que cada um efectivamente diz. É
isso que consta do SWOT anual da Divisão? Não, não é isso que consta naturalmente
no SWOT anual da Divisão, mas consta naturalmente a interpretação ipsis-verbis que
efectivamente ficou registado, num pobrezito papel de cenário, mas que efectivamente
traduz um sentimento, um impulso, uma perspectiva, (…) e que, naturalmente tem
retrato no tal Mapa Estratégico que nós estamos a conseguir garantir” (E6 ,pp.64, 65)
Para este estudo, interessa-nos sublinhar o facto de que as Jornadas permitem: a
participação crítica dos intervenientes; a reflexão partilhada da equipa no seu todo; a
implicação dos intervenientes para a concepção de uma estratégia global para a acção
cultural.
9 Consultar documentos ( anexo nº6 – volume II ), produzidos pela equipa de coordenação referentes á
análise SWOT de cada Sector.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
81
Em simultâneo, e de forma articulada, existem, ao longo do ano, momentos de
reflexão e avaliação da acção, entre os elementos responsáveis pela coordenação de
determinado sector com as equipas responsáveis por determinado programa, projecto,
equipamento, etc., que promovem a estruturação do trabalho.
Esta prática de avaliação anual da DAC (Jornadas), mantém-se desde o ano de
2007, permitindo à equipa perspectivar novas formas de intervenção no local,
contribuindo para a territoralização da acção, pois “(…) há aqui de facto um
compromisso da organização, não se trata de uma intenção espontânea ou de uma boa
intenção, o que aqui está em causa é a assunção de uma posição relativamente aos
métodos de trabalho. Depois, por outro lado, à valorização da avaliação de todo o
trabalho realizado por equipa, perspectivando novas metas, novos desafios
relativamente à nossa acção, e aqui temos uma enorme vantagem que é, do ponto de
vista da organização a montante nós temos, claramente, a estratégia resolvida.” (E6,
p.63)
Nesta perspectiva de trabalho da equipa, poderá ganhar sentido e estar presente um
conceito de territorialização, de intervenção num território, numa intervenção no
território pensada em quatro perspectivas: na exploração das suas relações; na
abordagem aos processos de construção dos territórios; na centralidade do papel dos
actores (Canário, R., Matos, M., 2003) e nos processos de mediação (Correia, J.,
Caramelo, J., 2003).
A preocupação presente de renovar as metas, de (re)perspectivar o trabalho e os
desafios poderá inferir uma intencionalidade de recriar de forma permanente a acção,
que se estrutura a partir do exercício de reflexão sobre esta ou mesmo na acção.
(D’Espiney, 2009)
5.2 AS PARCERIAS LOCAIS E TRABALHO EM REDE
O trabalho em parceria surge, no âmbito desta investigação, como um campo de
estudo de intervenção central no trabalho autárquico. Assim, importa saber que
processos de ligação esta equipa assume com a comunidade, como são
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
82
operacionalizados os processos de colaboração e de trabalho entre pares, contribuindo e
alimentando os processos formativos.
“O Movimento Associativo vivo e com profundas ligações às comunidades onde se
insere, como o existente em (…), é, sem dúvida, um parceiro privilegiado e um pilar
insubstituível no processo de construção do concelho que queremos” (Presidente da
Autarquia)10. (anexo nº 8 – volume II).
A constatação diária, que resulta da produção de documentos (institucionais -
informações técnicas, actas, planeamento e avaliação de actividades, relatório de
processos participativos, etc.), remete-nos para a realidade das parcerias locais e do
trabalho em rede existente.
“(…), esta equipa convive com uma realidade, (…), tem a ver com o próprio projecto
cultural da Autarquia, que (…) sublinha de forma muito particular aquilo que é a
importância das parcerias,(…).” (E6, p.78)
O trabalho de estruturação de parcerias locais poder-se-á inserir numa estratégia de
valorização de potencialidades locais, na validação e promoção do trabalho de vários
parceiros?
Trata-se de construção progressiva de redes locais, suportadas por parcerias que se
podem caracterizar de três formas, ou em três níveis: As parcerias de enquadramentos;
as Parcerias de acção e a construção de redes de suporte.
Assim, referenciamos de acordo com Rui Espiney, que,
“- As parcerias de enquadramento, estruturadas pelas várias instituições que concorrem num
território e orientadas para a concentração de estratégias e esforços, a troca de serviços e o
acompanhamento das iniciativas;
- As parcerias de acção constituídas em torno das iniciativas, pelos sujeitos nelas interessados
ou implicados, normalmente de geometria variáveis e não protocoláveis” (Espiney, R.D’.,
2009)
10
(anexo nº 8 – volume II) Documento – Programa Municipal de Desenvolvimento do
Associativismo/Regulamento de Apoio ao Movimento Associativo.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
83
O terceiro nível de análise poderá situar-se na construção de “redes de suporte
procuradas e construídas pelas pessoas, implicando amigos e familiares e orientados
para a resolução de problemas do quotidiano” (Rodrigues, F. e Stoer, S.,1994).
Trata-se de uma acção que assenta em bases de trabalho onde prevalece uma
perspectiva de mobilização dos intervenientes em torno da resolução de uma situação ou
problema, de grande diversidade de processos, de presença de relações de proximidade
e informalidade. Surgem campos onde emergem contextos de trabalho colaborativo, em
equipa, de formação de colectivos de trabalho.
Uma prevalência da organização de propostas de trabalho colectivo onde se
verifique uma articulação estratégica entre os vários intervenientes.
5.3 A EMERGÊNCIA DE COLECTIVOS DE TRABALHO
Entendemos, de acordo com os pontos anteriores, que deve a acção induzir e
suportar o trabalho de equipa. Esta pode ser organizada em função de propostas
comuns, multidisciplinares (no âmbito desta Autarquia e multinstitucionais (Autarquia,
Juntas de Freguesia, Associações Locais, …). Neste sentido, falamos de estruturação de
propostas comuns onde prevaleça “(…) um trabalho em equipa pode aliar trabalho e
formação, se potencializarem de forma estratégica as oportunidades, de modo a
desencadear processos de interacção pessoal que podem ser a base de dinâmicas
individuais e colectivas(…)” (Valente, A. 2007). Onde poderá estar presente um
caminhar de pequenos passos para a construção de colectivos de trabalho que possam
apontar para um triplo efeito (Demailly, L., 1997): “ A criação de identidades abertas; A
qualificação; Uma “demarche moral”, de conscensualização de valores”
Estamos, assim, perante uma lógica que procura evitar uma intervenção, neste
caso cultural, fragmentada, mas sim pensada, colectivamente, de forma estratégica,
implicando agentes locais, criando espaços de mediação e envolvendo instituições,
perspectivando-se colectivos de promoção de dinâmicas culturais territoralizadas.
Consideramos tratar-se da concretização do trabalho desenvolvido pela equipa e
que traduz na prática conceitos referidos, anteriormente, que evidenciam as
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
84
potencialidades dos colectivos de trabalho para a persecução dos objectivos de
dinâmicas culturais territorializadas e processos metodológicos a elas associados.
5.4 OS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO
Na sequência do trabalho de campo, na análise e cruzamento das entrevistas
realizadas consideramos, numa primeira análise, que o processo de mediação e
acompanhamento, por parte desta equipa, poder-se-á situar numa primeira fase, como
envolvida aos processos endógenos de desenvolvimento.
Deste modo, “toda a mudança, toda transformação da realidade só o será se assumida
e desenvolvida pelos próprios destinatários / beneficiários dessa transformação. Uma mudança
efectiva do local é necessariamente, como se disse atrás, a alteração de poder desse local e
estrutura societária” (Espiney, R. D’., 2008).
Neste conjunto de pressuposto, procura-se a estruturação de uma intervenção que
tem em consideração uma diversidade de situações e promoção dos contextos de
trabalho, como por exemplo:
• Na Gestão dos recursos e potencialidades locais;
• Na criação de espaços de reunião e debate;
• Na articulação do trabalho;
• Na mediação de interesses comuns ou divergentes;
• Na promoção da participação de todos;
• No desenvolvimento das propostas de Intervenção.
O dispositivo de mediação, progressivamente construído, aponta para dinâmicas
de construção que se estruturem localmente, situações de qualificação e para a reunião
de condições de “governança local” (Henriques, J. M., 2008).
É, neste sentido, que se criam condições para o desenvolvimento de um
“dispositivo exógeno de acompanhamento que funcione como uma rede de suporte,
como um foco de animação e de produção de estratégias e como um esteio do processo
de conscientização que se prossegue.” (Espiney, R. D’., 2008). Uma mediação que
concilie as intencionalidades, com as necessidades assumidas e as expectativas dos
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
85
intervenientes (Valente, A. 2007), que possa enfatizar dois aspectos (Caramelo, J. e
Correia, J. A., 2003):
• A mediação como modo de fazer emergir e confrontar diferentes pontos de vista,
ou seja, complexificar;
• Os processos que valorizam o modo de reconhecer o saber e competências dos
outros, de quem participa nos projectos.
Uma mediação que pode ser pensada de forma a encontrar alternativas, de modo a
encontrar nos conflitos desafios para a construção de novas cidadanias e encontrar
argumentação que contrarie a continua classificação e desqualificação de regiões e
pessoas (Caramelo, J. e Correia, J. A., 2003).
Pensamos que a análise do funcionamento da equipa de coordenação da DAC, desta
autarquia, operacionaliza, de forma muito interessante, o conjunto de princípios
enunciados e defendidos citados anteriormente.
Procuramos no capítulo seguinte explicitar esta nossa percepção, no decurso do
trabalho de campo e na confrontação com a pesquisa e análise teórica realizada,
desatando alguns nós com que se tece, uma interessante teia, ou teias, de trabalho em
equipa, nos seus processos de funcionamento, de sustentabilidade, de concepção de
estratégias de acção.
Um processo formativo participado em contínuo, recriado a partir de resolução de
problemas ou situações do quotidiano, formais ou informais. Procuramos encontrar
sentidos numa equipa implicada em processos de formação-acção, numa rede de
trabalho, de cumplicidades e de quotidianos profissionais cruzados com vidas e
contextos locais.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
86
CAPÍTULO VI - A AVENTURA…
UMA EQUIPA – PROCESSOS DE FORMAÇÃO-ACÇÃO E A EMERGÊNCIA DAS
IDENTIDADES
No capítulo anterior, referenciámos os «nós da acção» da equipa. Neste capítulo
espera-nos a «aventura da descoberta», exposta pelos elementos da equipa de
coordenação da DAC, que nos poderá conduzir a reflexões, a aprendizagens, a novos
questionamentos e a algumas respostas a questões colocadas em capítulos anteriores.
Continuamos a aventura pelos “caminhos” delineados, ou seja pelas questões
orientadoras da nossa investigação situadas nas seguintes dimensões, a referir:
A - Oferta Formativa
B- Funcionamento e Operacionalização da Equipa
C- DAC – Uma Equipa / Dispositivo de Acção
D - Promoção de um Colectivo de Trabalho
E- Desenvolvimento Profissional e Pessoal
Começamos pela abordagem à opção estratégica e política da autarquia, que
perspectiva assume nos processos formativos.
Neste sentido, refira-se que a aposta na qualificação dos recursos humanos como
factor estratégico para a qualidade do serviço publico, enquadra-se numa política
humanista de valorização dos recursos humanos por parte da Autarquia em questão,
“Trata-se de promover, em toda a organização, uma cultura de criação de valor e inovação,
pela aprendizagem e auto valorização permanentes.” (anexo nº9 – volume II)
Desde o ano de 2002, que esta Autarquia da Margem Sul do Tejo, é uma entidade
qualificada para todas as fases do processo formativo, nomeadamente no diagnóstico de
necessidades, no planeamento das actividades e cursos de formação, na concepção de
programas de formação, no acompanhamento e avaliação dos cursos e actividades de
formação.
“Nós apostamos em: investigação (diagnóstico como alicerce fundamental para o
desenvolvimento organizacional); criatividade (soluções estratégicas adequadas e inovadoras
que permitam uma adaptação da autarquias às necessidades envolventes); inovação e
desenvolvimento.” (anexo nº 9 – volume II)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
87
O Município possui um Centro de Estudos e Formação Autárquica, onde
desenvolve acções de formação para os trabalhadores da organização e para elementos
da comunidade do concelho, em parceria com outras entidades,
“(…) aposta clara nas pessoas e na sua valorização/qualificação, que não se limita à própria
organização, mas também ao nível da comunidade do concelho através da promoção de acções
de formação realizadas pelo Centro de Estudos e Formação Autárquica (…), em parceria com
outras entidades, (…).” (anexo nº9 - volumeII.)11
6.1 OFERTA FORMATIVA DA EQUIPA
Situamo-nos no conceito defendido por Abílio Amiguinho (1992, p.34) que
considera:
“Pensar a formação transforma-se numa reflexão sobre o modo como os indivíduos se formam;
sobre a forma como os adultos se apropriam de um determinado tempo e espaços educativos e
o integram no seu percurso de formação; sobre aquilo que é de facto significativo e formador
na vida de cada um; sobre a maneira como as experiências e os saberes profissionais, sociais e
culturais podem ser mobilizados no processo global de formação. Assim, em vez de formar
preferem falar em formar-se ou educar-se, numa clara alusão a que, em qualquer caso, a
formação pertence àqueles que se formam, através de um processo reflexivo sobre si próprio,
sobre as situações, os acontecimentos e as ideias. A principal interrogação é: como se formam
os adultos?”
Considerámos pertinente a análise da oferta formativa dos elementos da equipa de
coordenação da DAC, em três áreas, nomeadamente a oferta formativa por iniciativa da
Autarquia, a oferta formativa por iniciativa dos elementos que compõem a equipa e a
articulação da oferta formativa com o quotidiano profissional.
6.1.1 Por iniciativa da Autarquia
Como mencionado no preâmbulo deste capítulo, a Autarquia em questão
proporciona ao conjunto dos trabalhadores formação interna, através de recursos
próprios, neste caso pelo Centro de Formação Autárquico. As áreas de formação
11
(anexo nº 9) http://intranet/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=35943
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
88
interna12 (anexo nº10 – volume II) abrangem um leque diversificado de oferta,
nomeadamente: Técnica; Desenvolvimento Pessoal; Higiene e Segurança no Trabalho;
Ambiente, Ordenamento do Território e Urbanismo; Formação Pedagógica; Jurídica;
Contabilidade e Fiscalidade; Gestão e Administração; Qualidade e Organização. Neste
sentido a Autarquia, através do Departamento de Recursos Humanos em colaboração
com os restantes Departamentos (levantamento de necessidades de formação),
desenvolve um plano global de formação anual para todos os trabalhadores. Cada
trabalhador tem acesso a esse mesmo plano, e poderá escolher qual ou quais as
formações internas onde gostaria de participar, devendo para tal, preencher um
formulário de inscrição, o qual será ou não validado pela chefia de divisão, tendo em
atenção a importância da acção formativa perante os conteúdos funcionais do
trabalhador.
Actualmente, as áreas de formação interna da Autarquia possuem constrangimentos
orçamentais pesados, condicionando os conteúdos de formação, nomeadamente,
conteúdos específicos de determinadas áreas, como é o caso da área cultural,
“ (…).È uma zona, (a…), (…) um bocadinho delicada, e é delicada porque não é
dependente do nosso serviço estritamente, depende de um plano global de formação
que efectivamente a Câmara possuí, até determinada altura nós fomos capazes de
influenciar esse mesmo plano de formação, porque estava mais dotado do ponto de
vista orçamental, neste momento a formação interna da Câmara Municipal tem
constrangimentos orçamentais pesados e que por essa razão condiciona mais os
conteúdos de formação.” (E6, pp.80,81)
No entanto, face aos constrangimentos orçamentais, e perante a necessidade de
resposta de formação em áreas especificas, como é o caso cultural, a autarquia tem
vindo a desenvolver uma estratégia de parcerias com entidades exteriores, e de
articulação e colaboração com outras Autarquias, que tem permitido colmatar algumas
necessidades e valorização dos trabalhadores (neste caso da Divisão de Acção Cultural),
“Tem (…) tido uma estratégia importante relativamente a esta matéria, na medida em
que tem procurado em articulação com outros Municípios da região, (…), verificado
12
Áreas de formação interna (anexo nº10) http://intranet/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=35948
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
89
aquilo que são conteúdos, que nós internamente possamos não estar em condições de
desenvolver mas que estão a ser garantidos pela Autarquia A ou B, (…) e temos uma
sorte por assim dizer, uma vantagem que resulta de pertencermos a uma estrutura em
rede, (…) que é a Artemrede.(…) tem garantido acções de formação muito especificas
para as nossas áreas, quer na área de produção, quer na área de som e luz, quer na
área de trabalho em equipamentos, quer na área da gestão de conteúdos e que
efectivamente, claramente valorizou esta equipa.” (E6, p. 81)
Referimos para a nossa investigação os conteúdos formativos da Artemrede que
envolve vários Municípios e equipamentos culturais. Trata-se de uma oferta formativa
que podemos identificar em três níveis:
a) No preenchimento de necessidades formativas, de acordo com as necessidades
formativas implícitas, em várias áreas, do público-alvo, neste caso, trabalhadores
autárquicos;
b) Na certificação formal da experiência profissional, dando resposta a situações que
aproximam o quotidiano profissional da sua certificação para efeitos de colocação e
progressão na carreia;
c) Na criação de grupos de trabalho multidisciplinares que reflitam a acção autárquica e
definam campos de estudo para a elaboração de documentos que possam conter
estratégias para o trabalho autárquico.
Continuando a nossa análise no caso da Divisão de Acção Cultural, mais
concretamente, da Equipa de Coordenação em questão, as sensibilidades expressas nas
entrevistas remetem-nos para dois níveis de análise:
• A oferta formativa interna
• A oferta formativa externa
Num primeiro nível de análise, constatámos que a oferta formativa interna, o plano
de formação global da Autarquia remete para conteúdos de formação transversais á
organização,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
90
“(…) aquelas formações mais de carácter administrativo aqui da Câmara, que tem a
ver mais com a gestão dos recursos tecnológicos, portanto.” (E1, p3),“(…), depois por
parte da Autarquia tenho feito várias formações, Outlook, Legislação, portanto aquelas
formações que servem para qualquer funcionário público.” (E5,p50), “Sim participei
numa ou duas acções ao nível do SIADAP (…).” (E4, p.41),
Portanto, formação de carácter, menos especifica, para a área cultural, considerada
por vezes “interessante” (…) depois tenho tido outras formações, se calhar menos
especificas, se estivermos a falar das ofertas que directamente recebemos aqui dentro,
algumas delas muito interessantes para o desenvolvimento do meu trabalho, (…). (E3,
p23), por vezes “(…) eu até sou daquelas pessoas que do ponto de vista interno, da
formação interna, tenho feito poucas formações, umas vezes porque não tenho
possibilidade, outras vezes porque a formação não me dizem muito. (E4,p41), e
algumas com mais valias pessoais em detrimento das profissionais “(…), consigo
perceber vantagens em quase todas as formações que tenho participado, ou seja, eu
consigo, mesmo que o sentido da formação, ás vezes vai gente de muitos serviços para
a formação, portanto ás vezes a comunicação não é a mais especifica para nós, agora
consigo tirar proveito de todas, integrar no trabalho, é outra conversa (E3,.p24)
Trata-se de uma situação que decorre de um distanciamento entre a oferta e as
necessidades dos formandos, em local distante da decisão sobre as suas necessidades.
Se reportarmos ao campo de estudo em educação, parece existir neste tipo de formação,
uma noção de atenuar ou resolver situações de défice dos formandos. Contraria-se,
assim, a ideia exposta, anteriormente, sobre a importância de uma cultura de superavit
nos processos formativos. (D’Espiney, 2009).
No segundo nível de análise, oferta formativa externa, os elementos que constituem
a equipa de coordenação da DAC, mencionam a participação em formações específicas,
relacionadas com o trabalho que desenvolvem, promovidas num quadro estratégico da
Autarquia, através de protocolos estabelecidos com outras entidades, de redes de
parceria com outros Municípios da região e de candidaturas a projectos europeus,
“(…). A área do associativismo e animação cultural é uma das áreas cujo contexto,
hoje em dia em termos de formação autárquica mais fraco, ou seja, não há no
panorama nacional, áreas específicas de formação nesta área. No entanto quer eu quer
o grupo de trabalho, sempre que possível, nos últimos anos temos participado em
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
91
acções de formação, realizadas por iniciativas externas, quer a QuadroNet por
exemplo, que realizou sobre o Associativismo, quer a Confederação Portuguesa das
Colectividades de Cultura e Recreio, com a qual temos um protocolo. O facto de
trabalharmos neste sector, tem permitido a mim e à equipa participar nestas acções de
formação específicas na matéria associativa.” (E2, p10)
“Tenho tido muitas oportunidades de formação. Muitas oportunidades de formação por
via da ARTEMREDE, que é a Rede de Teatros e Cineteatros de Lisboa e Vale do Tejo,
(…)que tinha uma linha de Programação e uma linha de Formação especifica para os
quadros de pessoal dos Teatros e Cine Teatros, portanto tive muita formação, desde a
área de programação, tive depois um curso de Expressões Artísticas que nos deu
oportunidades muito interessantes, portanto formações especificamente para a área da
Cultura.” (E3,pp22,23)
“Eu também tenho participado noutras acções de formação, estou a recordar-me
agora, como a Autarquia participa em muitas parcerias e nomeadamente nos Projectos
Europeus, participei em várias acções de formação, no âmbito do Projecto Trilhos,
várias acções que tinham a ver com o trabalho local, desenvolvimento social e trabalho
em zonas rurais.” (E5,p51)
“(…) tenho feito complementos ao serviço educativo à formação que tinha feito
anteriormente, essencialmente e depois, (…).”(E1,p3)
Nas palavras destes entrevistados parece evidenciar-se que a participação em
projectos pode aproximar os formandos dos processos formativos, implicando-os em
processos de desenvolvimento.
Referenciamos, igualmente, uma preocupação por parte da chefia da Divisão de
Acção Cultural, referente “a matéria formação” e na organização de encontros de
reflexão sobre “matéria cultura” alargados à Comunidade, com a presença de
conceituados académicos nesta área.
“ (…), temos tido também a preocupação, sobretudo na parte teórica e de reflexão
sobre matéria cultura, de trazer aqui alguns técnicos que julgamos devidamente
credenciados e até excepcionais do ponto de vista do seu mérito do pensamento
relativamente aos nossos conteúdos, (…), na área da reflexão da componente cultural,
na componente planeamento e na componente da animação cultural, (…), procurando
criar analogias de trabalho com zonas periféricas também da Europa e que passam por
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
92
algumas dificuldades como nós, (…).”(…) dois exemplos mais recentes, o caso de Santi
Martinez illa que foi um dos elementos pertencentes à equipa de planeamento da cidade
de Barcelona, dentro da área cultural, que é especialista em planeamento estratégico e
também o Hector Pose, (…) que de igual forma nos trouxe(…) contributos, na
componente ligada à participação, e também sobre um aspecto que para nós é muito
relevante, o debate da Agenda 21, (…).” (E6, p.82)
O trabalho formativo passa, igualmente, pela interacção com a comunidade
académica possibilitando o alargamento da reflexão, a partilha de experiências em
momentos de formação - acção que possam aprofundar os contextos de trabalho, o seu
desenvolvimento em torno de objectivos comuns e promover pistas de trabalho futuro.
(Durante a realização desta investigação registou-se o facto que este tipo de seminários
e congressos abrange diversas áreas ou sectores autárquicos e a comunidade).
Estes encontros permitem aos elementos da equipa DAC momentos de reflexão e
partilha de experiencias, criando momentos de formação interna.
“Essa partilha, não só tem benefícios formativos em relação aos trabalhadores da
Divisão de Acção Cultural, como procuramos sempre que ela seja aberta à
Comunidade, ou seja, criando aqui momentos de formação interna, (…)” (E6, p. 82)
Constatámos, igualmente, que determinadas acções de formação externa,
nomeadamente as da parceria estabelecida entre o Município e a Artemrede (Rede de
Teatro e Cine Teatros de Lisboa e Vale do Tejo), contribuem para um nível superior de
qualificação da equipa na área da cultura, motivando-os para a realização de acções de
sensibilização interna aos restantes elementos da equipa DAC, em determinadas áreas.
“Equipa que, neste momento, comparativamente com a sua realidade há coisa de oito
dez anos, tem um nível de qualificação superior resultante exactamente dessa
experiência especifica de formação na área da cultura, (…), onde nós também criámos,
aliás, como resultado indirecto da própria formação Artemrede (…) acções de
sensibilização para (…) frente de casa e também zonas operacionais de trabalho
relativamente aos Equipamentos Culturais.” (E6, p.81)
Assim e, de acordo com a Chefia da Divisão, “(…) neste momento, raro será o
caso que efectivamente nos últimos três anos, (…), não tenha passado por experiencias
formativas de carácter mais específico na área cultural.” (E6, pp.81,82)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
93
Em continuidade, percebemos que se cruzam os papéis de formando e formador em
diferentes contextos que podem potenciar e recriar processos formativos internos, entre
pares e externos.
6.1.2 Por iniciativa dos Técnicos da equipa de Coordenação da DAC
Os técnicos, que compõem a equipa de coordenação da Divisão de Acção Cultural,
são proponentes de determinadas áreas de formação relacionadas com o trabalho que
desenvolvem, junto da Chefia, nomeadamente, na participação em acções externas
como seminários e congressos. Preocupam-se, de igual forma, dado ao contexto de
dificuldades orçamentais, em procurar acções de formação de carácter gratuito.
“Tenho sido proponente de participação nalgumas acções de formação, ou seminários, ou
situações externas, (…), incidiam muito sobre a forma de gerir os sectores culturais nestes
momentos de crise e que tinham carácter gratuito, e portanto eram oportunidade (…). “(E3,
p.23)
“ (…), normalmente, anualmente é pedido, nós falamos com as pessoas, no sentido de fazer o
levantamento das suas necessidades e depois informamos a chefia das formações que achamos
que são indispensáveis para as pessoas que trabalham na nossa divisão e mais concretamente
das pessoas que trabalham mais directamente comigo, podiam participar. E sim fazemos todos
os anos, aliás a Chefia solicita isso sempre às pessoas, essa informação, (…).”(E4, p.42)
Constatámos, igualmente, através do contacto diário com a equipa, bem como do
conhecimento que a investigadora possui da equipa, que os elementos da equipa de
coordenação, têm apostado na formação académica, “Por outro lado também a
formação académica, como é uma formação, no meu caso recente, permitiu-me ter nos
últimos quatros anos uma formação na área da animação comunitária e na animação
cultural”. (E2, p10), “Tenho um Curso Profissional (…). Depois tentei tirar uma
Licenciatura (…), mas desisti, (…)” (E5, p49), “ (…) e depois outras formações que fiz
foi fora do contexto autárquico. (E4, p41).
A chefia da Divisão fomenta a participação das pessoas da equipa em acções de
formação que lhes permitem desenvolver competências com vista à prossecução dos
objectivos estratégicos, missão e visão da Divisão.
“ (…). Para além disso temos procurado, dentro das nossas limitações (…), suscitar,
estimular a ideia dos nossos técnicos estarem presentes em seminários, em congressos,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
94
em encontros de debate e reflexão e de formação necessariamente ligadas às nossas
matérias, quer seja matéria participação, quer seja matéria programação em rede,
quer seja matéria de gestão cultural, (…).” (E6, p. 81)
Uma preocupação que se entende nas palavras da chefia da divisão, nos impactos
que poderão corresponder ao quotidiano da equipa e de que forma se articula os
processos formativos.
6.1.3 Articulação entre a oferta formativa e o quotidiano profissional
Anualmente, é solicitado por parte da chefia à equipa de coordenação o
levantamento das necessidades formativas relevantes a cada área/sector/projecto
referentes aos diferentes trabalhadores da Divisão.
“Aliás todos os anos, próximo de Outubro/Novembro os técnicos pronunciam-se sobre
as suas necessidades de formação e das necessidades das suas respectivas equipas,
quer da componente operacional, quer da componente técnica, quer na área
administrativa (…).” (E6,p.82)
Situação, igualmente referenciada, e confirmada pelos elementos da equipa, “Sim,
anualmente. É feito um levantamento, essa ligação é feita pelo chefe da Divisão, que
nos pede informações sobre as necessidades que cada pessoa sente como mais
premente para o trabalho que desenvolve, não só para si próprio mas também para os
trabalhadores que o rodeiam, ou seja para a realidade que nos rodeia. Portanto eu
sinto essa liberdade de propor coisas que sinto que são para colmatar falhas minhas,
ou para colmatar falhas de serviço que sejam muito mais abrangentes.”(E3,p.24), “
Sim, é-nos solicitado todos os anos proposta de formação, quer em termos de propostas
de acção de formação concretas, quer de áreas que achemos que sejam pertinentes.”
(E1,p3),
Terminado o levantamento das necessidades de formação, por parte dos elementos
que constituem a equipa de coordenação da DAC, aos restantes elementos que
constituem a equipa DAC, é elaborado por parte da Chefia uma proposta para a Divisão
de Recursos Humanos (anexo nº11 – volume II), a qual reflecte as necessidades de
formação, o grau de prioridades de determinados conteúdos incluindo sugestões de
formadores.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
95
Como refere a Chefia “ (…). Nós após esse levantamento, fazemos uma proposta à
Câmara, incluindo algumas sugestões de formadores, (…). (…), mostramos o grau de
priorização que daríamos a determinados conteúdos e procuramos estimular que a
Câmara efectivamente garanta essa formação.” (E6,p.82), e os Técnicos “Sim,
envolve-nos em termos de formação e em termos de serem proponentes para o próprio
Município, (…), mas todos os anos é feita uma proposta por parte da Divisão de Acção
Cultural, na qual os coordenadores e os técnicos são proponentes para a divisão, ou
seja indicam à Divisão quais são as áreas que gostariam de ver reflectidas e isso
resulta numa proposta depois para a Divisão dos Recursos Humanos.” (E2,p.11),
Uma tentativa, por parte da Divisão de Acção Cultural, de «alerta» de necessidades
formativas da equipa perante o quotidiano profissional que desenvolve, face ao Sector
de Formação da Autarquia apelando, de igual forma, para a possibilidade de
participação dos elementos da equipa em acções de formação externa na área cultural,
caso não exista a possibilidade de as mesmas serem concretizadas pela Autarquia.
“Não o podendo fazer, (…), portanto o que tentamos fazer é apelar ao Sector de
Formação para estar atento para determinadas iniciativas de formação, que
eventualmente não tenham custos acrescentados para a Câmara Municipal, e portanto
eventualmente participar.” (E6, p.82)
A mesma consciência é expressa pelos técnicos, “Nós temos oportunidade de
apresentar proposta para formação. Se essas propostas vão avante ou não, isso é uma
outra conversa! (…). Mas se a pergunta é, se eu me sinto à vontade para propor, sim
tenho essa liberdade.” (E5,p51), “ (…) o facto de fazermos o levantamento das
necessidades de formação, não significa que a Câmara consiga ter resposta directa
para as assumir, daí, eu também ter falado desta rede de respostas, que acaba também
por acontecer, que é andarmos a procurar sítios onde conseguir essas respostas para
as necessidades.” (E3, p.24).
Constatamos assim, que a articulação da oferta formativa e o quotidiano
profissional da equipa de coordenação da DAC, é estabelecida numa parte significativa
através da rede de parcerias que a Autarquia mantém, nomeadamente a parceria
ARTEMREDE, a participação em projectos, que têm permitindo o reconhecimento e
valorização dos saberes («ditos usualmente por saberes do dia a dia, ou saberes
resultantes do desenvolvimento do trabalho» ) dos técnicos decorrentes da acção,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
96
dotando-os de certificados profissionais, qualificando-os e aos contextos de trabalho
onde se implicam e envolvem.
“ (…), aquelas que eu acho mais importantes são aquelas para a minha valorização
pessoal e profissional, nomeadamente, a autarquia faz parte de uma rede de
Equipamentos Culturais denominada ARTEMREDE, que é uma rede de equipamentos
mas que funciona também como valorização profissional dos técnicos. Portanto a
formação que os Técnicos têm nesta área é muito da formação não formal, (…).” (E5,
p.50), “Portanto, elas responderam à qualificação dos Técnicos que trabalhavam nos
Teatros e Cine Teatros.” (E3, p23), “ (…) formação dirigida, desde o programador,
aos políticos, aos dirigentes, aos técnicos que trabalham as áreas de som e luz e áudio
visual, à frente de casa, portanto para todas as valências que se envolvem no
funcionamento dos Teatros e Cineteatros. (E3,p23).
A relação entre o quotidiano profissional e oferta formativa da equipa de
coordenação da DAC também se realiza através da participação em encontros e
seminários nacionais, “ (…) Portanto temos muito mais que olhar para o exterior, para
aquilo que são formação nacionais, congressos e seminários que possam conter
formação nesta área, acontece ao longo do ano, nas propostas que nos vão chegando e
não em alturas especificas e portanto são ou não aceites consoante a disponibilidade de
trabalho e condições.” (E2,p11).
Consideramos importante referir as percepções que alguns dos elementos da equipa
de coordenação manifestam, perante a articulação profissional e a oferta formativa,
nomeadamente:
• a importância atribuída à oferta formativa no desenvolvimento do trabalho “O
desenvolvimento do meu trabalho era feito, mas não era a mesma coisa. Ou
seja, aprendi muito e melhorei muito, portanto toda a formação que fui tendo ao
longo de todos os anos, tenha sido boa ou má, seja por uma questão de
maturidade, seja que para aprender uma coisinha minúscula, com o formador
que detestei, há sempre qualquer coisa que se aprende. Sempre. (E3,p24);
• a importância atribuída ao conhecimento de base que os técnicos possuem e a
importância do conhecimento de novos métodos e metodologias de intervenção
no território da acção, “ (…), a ideia da formação, numa área como a minha, em
que é o território que matiza a acção, não faz muito sentido a aplicação directa,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
97
ou seja, é o conhecimento de base e as metodologias que mais me interessa,
num cariz formativo, ou seja é aprender novos métodos e novas metodologias e
não a sua aplicação decalcada no território, no território é sermos muito
plásticos, ou seja nós trabalhamos com as pessoas e para as pessoas, portanto
não podemos aplicar modelos formativos (…). È a intervenção e a acção que
nos faz tornar úteis as metodologias que vieram da formação, é essencialmente
o carácter metodológico de que se conhece que a formação nos enriquece, não
na sua aplicação na acção, a acção é transformadora da formação e não o
contrário.” (E2, pp.11,12).
Sublinhamos aqui a consciência, deste ultimo entrevistado (E2), que conceptualiza
a sua intervenção, da existência de alguma fragilidade da oferta formativa de caracter
mais formal, referindo-se à importância da participação em projectos e parcerias que
permitem a emergência de processos formativos participados e, por fim, a evidência
dada às metodologias que suportam ou podem inferir processos de formação - acção.
6.2 O FUNCIONAMENTO E A OPERACIONALIZAÇÃO DA EQUIPA DE
COORDENAÇÃO DA DAC
Atendemos, nesta parte do estudo, à abordagem do funcionamento da equipa de
coordenação da DAC, iniciando a apresentação por uma forma mais descritiva, que nos
parece ser mais pertinente para o exercício seguinte de análise. Assim propomos a
divisão em três partes:
Reuniões
• Periodicidade e local das reuniões da equipa?
• Conteúdos
Acções
• Articulação das reuniões e calendarização das acções
• Planeamento e desenvolvimento das acções
• A Planificação e a avaliação
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
98
Parcerias
• Importância do trabalho em parceria
• Desenvolvimento de parcerias
• Sustentabilidade das parcerias
6.2.1 As Reuniões
Da observação realizada, de forma presencial, por parte da investigadora,
constatámos que as reuniões são espaços democráticos de debate e avaliação. As
questões são abordadas e discutidas no grupo, bem como a atribuição e gestão das
tarefas a desenvolver e as estratégias a implementar
Existem reuniões semanais entre a equipa de coordenação da DAC, onde são
referidas as tarefas desenvolvidas nesse período, dificuldades existentes e propostas de
actuação.
As questões são abordadas e discutidas no grupo, bem como a atribuição e gestão
das tarefas a desenvolver/ desenvolvidas.
Nas reuniões periódicas da equipa existem momentos que promovem a partilha, a
participação e a discussão das temáticas do projecto, facilitando a comunicação e o
entendimento comum.
Nestas reuniões são, igualmente, distribuídas as tarefas necessárias à evolução do
projecto, sendo que existe autonomia de quem as desenvolve. As tarefas, bem como
todas as circunstâncias a elas associadas (ex. tempo de realização), são definidas em
consenso, “ a equipa de trabalho constituí um lugar privilegiado de integração e
identificação, lugar de reinterpretação das regras e de construção de dinâmicas
próprias” (Correia, 1989).
Onde ocorrem situações que promovem processos de procura “ a invenção” de
soluções originais para os problemas identificados passa por um processo reflexivo e de
pesquisa, individual e colectivo, favorável à aquisição de novos saberes e saberes-fazer
e à transformação dos quadros de pensamento e de acção” Oliveira, F. (1997).
Como referimos, as reuniões são espaços democráticos de debate e avaliação, e
nestes contextos ocorrem reconstruções permanentes de identidades individuais e
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
99
colectivas, processos de socialização com construção do eu na relação com o outro.
(Dubar 1997)
6.2.1.1 Periodicidade e Local
Nas reuniões de coordenação, “momentos conjuntos de reflexão”, estão presentes os
coordenadores dos diferentes sectores de intervenção da Divisão de Acção Cultural, o
Chefe da Divisão e, sempre que necessário, o Director de Departamento e em alguns
casos o Vereador do Pelouro Cultural.
“(…), todos nós temos áreas de responsabilidade e portanto na coordenação estão os
coordenadores das diferentes áreas, que não são todos os trabalhadores da Divisão,
atenção.”(E5, p.51) ; “A equipa de coordenação, momentos conjuntos de reflexão, tem
reuniões semanais genericamente com a presença do Chefe da divisão de Acção
Cultural, também quando se justifica com a presença do Director de Departamento e
nalguns casos com o próprio Vereador. (E2,p.12)
As reuniões da equipa de coordenação com a chefia da Divisão realizam-se com
uma periodicidade semanal, às segundas-feiras durante o período da manhã, no
Equipamento Cultural CTSJ.
“(…), a equipa sabe que todas as segundas feiras às 10horas da manhã tem as reuniões
de coordenação, no Cineteatro S. João.” (E4,p.42); “De coordenação são semanais,
todas as semanas há uma reunião, com os restantes elementos da coordenação e com a
chefia da divisão.”(E1,p.4); “Em (…) onde está sediado efectivamente o corpo
orgânico da estrutura do Departamento e da Divisão, no Equipamento Cineteatro São
João.” (E2, p.12)
Esta periodicidade semanal tem sido mais permanente, a partir de 2007, ano que
corresponde a reestruturação orgânica da Autarquia, e entrada de nova chefia.
Independentemente desta regularidade de reuniões, as mesmas sempre se realizaram,
“Essa periodicidade já foi determinada há muitos anos atrás, eu desde sempre que me
lembro, existiram reuniões semanais de coordenação. Se calhar a partir, da entrada do
Dr. (…) para chefe da Divisão, que se calhar ficaram com alguma arrumação, ou seja,
se calhar também se tentaram afirmar mais esta questão das coordenações de Sector,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
100
(…). Portanto se calhar estamos a ser muito mais afirmativos em relação a essas
reuniões e ao acontecer, ao estarem sempre marcadas no calendário.” (E3,p.26)
A chefia da divisão considera que os espaços das reuniões “São espaços formais.
Ainda assim, eu acho que isto é uma fraqueza deste grupo. Eu acho que é uma fraqueza
deste grupo de coordenação, por exemplo em matéria de reunião, não ter já desferido
para algumas zonas informais e tenho como objectivo individual também estimular essa
situação.” (E6,p.67)
Uma perspectiva muito interessante de valorização da informalidade em colectivos
de trabalho, de destaque às relações democráticas, aos processos de sociabilização
permanente, como referenciado anteriormente, um quadro presente em autores como
Correia, (1989) e Dubar, (1997).
Trata-se de uma ideia que afirma “ zonas informais” (E6,p.67), como importantes
no decurso das reuniões, para os seus objectivos de coordenação/chefia.
6.2.1.2 Os Conteúdos
Consideramos necessário abordar, resumidamente, o espaço considerado colegial –
Conselho Coordenador da Autarquia e a forma de articulação do mesmo com as
reuniões de coordenação da equipa.
A Autarquia instituiu há cerca de dez anos um espaço de reflexão estratégica,
designado por Conselho Coordenador. Este Conselho Coordenador está organizado de
duas formas, por um lado o Conselho Coordenador Restrito (reunião na qual estão
presentes o conjunto dos Directores de Departamento da organização, onde se reflecte
matéria de cariz mais restrito), e por outro o Conselho Coordenador Alargado (reunião
na qual estão presentes todos os Dirigentes da organização, os Eleitos em exercício,
onde se reflecte matéria estratégica de funcionamento das diferentes divisões,
nomeadamente questões de legislação, matéria trabalho da organização, principais
dificuldades e resolução de situações,
Como refere a chefia da divisão de acção cultural, “ (…), é que mesmo ao nível de
direcção a Câmara, (…), tem um espaço colegial de debate de serviço, e portanto é de facto um
espaço colegial não estou a falar de um espaço político colegial, (…). (…) só desde há cerca de
uns dez anos, que instituiu um organismo sem reflexo em massa orgânica da Câmara e que se
chama Conselho Coordenador. Este Conselho Coordenador tem duas faces, é um Conselho
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
101
Coordenador Restrito ou Alargado. O Conselho Coordenador Restrito é composto pelo
conjunto dos Directores de Departamento da nossa Organização e reflecte matéria estratégica
de cariz mais restrito, como a própria palavra do Conselho identifica. E depois temos um
Conselho de Coordenação mais Alargado, com a presença de todos os dirigentes. E só são os
dirigentes? Não, não são só os dirigentes, o conjunto de eleitos do executivo em exercício
efectivamente está presente. É uma reunião periódica, que acontece com o conjunto dos
dirigentes da Câmara Municipal, Chefes de Divisão e Directores de Departamento mais os seus
Eleitos das suas diferentes áreas com pelouros distribuídos. Estas reuniões, são reuniões, lá
está, não só de ponderação estratégica em relação a matéria funcionamento de unidades de
acção, como matéria legislação, como matéria trabalho ligada à Organização, como matéria
organização enquanto reflexão das principais dificuldades, principais pontos fracos a procurar
superar, etc., ora isso alimenta também os dirigentes de orientações a trazer às suas equipas e
resolvê-la junto das suas equipas, (…).” (E6, p.65)
Assim, considera-se que as reuniões do Conselho Coordenador, quer seja num
conceito “Restrito” ou num conceito “Alargado”, permitem ao conjunto dos dirigentes
da organização, numa primeira instância, uma visão global do conjunto de informações
necessárias a transmitir às equipas de terreno, bem como reflectir e debater situações de
carácter estratégico e metodológico da acção.
Podemos, desta forma, considerar que numa sequência de passos, as reuniões da
equipa de coordenação com a chefia da divisão são organizadas da seguinte forma. Na
primeira fase da reunião a chefia transmite à equipa um conjunto de informações,
nomeadamente: informações relevantes à organização; as linhas estratégicas de
intervenção (reflectidas, como anteriormente referido, no Conselho Coordenador
Alargado); informações específicas da Divisão de Acção Cultural (que resultam das
reuniões semanais da chefia da divisão com director de departamento) e entrega a cada
elemento da equipa de coordenação dos balancetes orçamentais da DAC.
“ (…), nós temos uma primeira fase da reunião, que abre a reunião, onde eu próprio
transmito Câmara, o que é que isto quer dizer? (…) seja coerente na sua
desmultiplicação de informação,(…). (E6,p.65), “(…), ora a primeira parte dessas
reuniões semanais é transmitido esse teor de informação (…) à equipa de coordenação,
além de outras instruções muito precisas por parte da hierarquia da Câmara, (…),
matéria laboral, matéria legislação, matéria organização, que efectivamente nos chega
de forma cadente e regular através do mecanismo, como disse, do Conselho
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
102
Coordenador Alargado,(…). (…) isto para além de existir uma reunião de despacho
também semanal, lá está, a montante este problema também está a ser resolvido, existe
uma reunião semanal com o Director de Departamento onde é actualizada informação,
onde é reponderada a informação, onde, enfim, é instruído o trabalho relativamente à
própria Divisão de Acção Cultural e portanto existe aqui um quadro de matéria a
transmitir e que efectivamente constitui a primeira parte da reunião.” (E6, pp.65, 66)
De igual forma, referenciado pelos técnicos “(…). (…), normalmente o Chefe da
Divisão informa os Técnicos que fazem parte desta equipa de coordenação, das
grandes linhas ou questões que estão no momento na Autarquia, ou pelo menos dá
noticias importantes que todos temos que saber, quer ao nível do Orçamento, quer ao
nível da assiduidade, quer ao nível da actividade municipal, projectos, enfim,
actividades que importa que os elementos da equipa tenham conhecimento. Estas
informações são muito importantes para orientar o nosso trabalho, para as nossas
posições no contacto com outras Entidades exteriores. (E4, p.42)
“(…), é-nos entregue também um balancete, ou seja, um ponto de situação da gestão
financeira da Divisão, em que todos ficamos com a noção dos saldos de cabimento ou
dos saldos que temos disponíveis para trabalhar.” (E3, p27)
Nesta primeira fase da reunião os elementos da equipa de coordenação também
referem, além das informações transmitidas pela chefia, a importância da Agenda que se
encontra, simultaneamente, atenta ao Mapa Anual de Actividades13 (anexo nº 12 –
volume II), ou seja a aferição do cumprimento do planeamento das actividades que
ocorrem a curto prazo, o surgimento de novas actividades e o balanço das actividades
realizadas na semana anterior. A actualização semanal da Agenda permite ao conjunto
dos elementos da equipa de coordenação uma planificação conjunta da acção a
desenvolver.
“Começamos sempre por fazer uma análise da agenda, da agenda dessa semana e porventura
da semana a seguir ou se existir um evento assim mais perto, por exemplo a terceira semana,
portanto tentamos ver o calendário de 15 dias máximo 3 semanas. Tentamos fazer logo o
13
Mapa anual de actividades no qual consta o conjunto de iniciativas previstas em plano anual de
actividades, quer sejam iniciativas da própria Autarquia, quer sejam iniciativas do Movimento
Associativo, quer sejam iniciativas de parceria entre a Autarquia e outras entidades. (anexo nº12 –
volume II)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
103
levantamento de algumas necessidades ou algumas falhas de informação que exista nessa
agenda, porque a partir da agenda vão se levantar as reuniões de trabalho mais importantes
que vão acontecer a seguir. Há um período em que o Dr. (…) nos transmite informação de
gestão que seja importante para nós, não só para nós, mas também importante para transmitir
aos colegas que trabalham connosco, (…).”(E3, p.27).
“Falamos do que se passou na semana anterior e na agenda da próxima semana, (…), e depois
coisas com maior distância, problemas, programação, portanto é sempre discutido. “ (E1,p4).
“(…), questões de iniciativas corrente ou seja de calendário premente, iniciativas que decorrem
nos próximos 15 dias, fazer um balanço, temos o aspecto da retrospectiva ou seja de fazermos
avaliação das iniciativas realizadas (…). (E2,p12)
A segunda fase da reunião é constituída pela apresentação de informações por parte
de cada elemento da coordenação dos assuntos referentes a cada sector e por
consequência de cada equipa.
Nesta fase, cada elemento coordenador transmite os diferentes pontos de situação
referente ao desenvolvimento de cada acção no terreno, as principais dificuldades, o
feedback das acções que foram aferindo no decurso das mesmas junto dos participantes
e parceiros, e avalia em conjunto.
Nesta fase, parece ser ultrapassada a mera passagem de informação sendo
substituída por uma posição de partilha, “A segunda parte da reunião é o ponto de situação
de cada um dos técnicos em relação ao trabalho que está a acompanhar, e fazemos também
ponto da situação do fim-de-semana ou da semana anterior que passou, por exemplo, como
correu, número de público, o que correu menos bem, como podemos ultrapassar. Falamos do
desenvolvimento das acções, do feedback que tivemos dessas acções e avaliamos em conjunto.”
(E3,p27), por momentos de análise e avaliação do trabalho,
“ (…), e é um momento em que nós por um lado avaliamos o trabalho que foi feito na semana
anterior, preparamos o trabalho da semana seguinte(…), e também, se calhar não tanto quanto
possível, reflectimos um pouco entre muitas aspas o que andamos aqui a fazer!” (E5,p51), ou
mesmo de contributos para a planificação do trabalho,“(…)e temos uma zona livre que é
uma zona em que cada um dos técnicos coordenadores traz a essa reunião conteúdos que gosta
ou que pretende ver partilhar com a equipa, ou para os quais necessita de despacho e de ajuda
da equipa, ou de despacho do Chefe da Divisão, podendo isso ser canalizado depois para
reuniões mais sectoriais dentro da equipa de coordenação ou particularmente com o Chefe da
Divisão.” (E2, p12).
Em consonância com a equipa a chefia refere:
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
104
“A segunda parte da reunião ela é remetida para o próprio conselho de coordenação, que
apresenta as suas matérias individualmente, representando as suas equipas, o seu sector e onde
traz matéria a ser resolvida, sobretudo alertas de resolução, (…), (…), para além da zona de
controlo de execução há também o planificar, e portanto a cada um dos membros importa que
cumpra efectivamente esse perspectivar em termos de trabalho e depois pontos de situação
global.” (E6, p.66)
Na terceira fase da reunião é elaborado por parte do chefe da divisão uma síntese
dos assuntos abordados e principais conclusões, bem como o agendamento de reuniões
específicas com cada elemento da coordenação referente a matéria mais restrita. Não
deixando de estar presente a visão atenta, a diferentes variáveis a equipa, por parte da
chefia.
“É feita uma síntese final da reunião, (…) pelo chefe de divisão e matéria restrita recenseada
será tratada individualmente com cada elemento da coordenação, (…) como é o caso do
pessoal para não haver níveis de exposição do trabalhador A ou do trabalhador B numa
reunião tão colectiva., Para matéria pessoal ou de recursos humanos que justifiquem
determinadas abordagens individuais elas efectivamente não são abordadas em reunião de
coordenação, mas são abordadas em reunião com o chefe de divisão de forma mais
particular.” (E6, p.66)
Face ao exposto, pelos elementos que constituem esta equipa de coordenação
podemos considerar que nas reuniões da equipa de coordenação existe uma intenção de
criar espaços democráticos de debate e avaliação14, onde existem momentos que
promovem a partilha, a participação e a discussão de diferentes assuntos referentes ao
trabalho de cada equipa no terreno, facilitando a comunicação e o entendimento comum,
onde pode ocorrer, reconstruções permanentes de identidades individuais e colectivas,
processos de socialização com construção do eu na relação com o outro. (Dubar 1997).
Um conjunto de situações que pretendemos confirmar, cruzando outros dados e
situações, ao longo da investigação.
Como refere um dos entrevistados:
“ Sim, o planeamento e a avaliação das acções são discutidos nas reuniões. Cada um fala das
suas áreas, mas há sempre intervenção e contributos dos restantes colegas. Essencialmente
14
A avaliação nem sempre é efectuada com regularidade e profundidade, na opinião do elemento da
equipa - E4, contrastando com a opinião do elemento da equipa - E1.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
105
quem acompanha e quem tem a acção faz uma avaliação mais profunda, claro que se os
restantes colegas tiverem algo a dizer, dizem, dão a sua opinião. (E1p.4)
Refira-se que as reuniões da equipa de coordenação com a chefia da Divisão são
semanais (realizam-se às 2ªs feiras). Os conteúdos abordados são diversificados e
discutidos no grupo, bem como a atribuição e gestão das tarefas a desenvolver e as
estratégias a implementar, para a evolução das acções a realizar nas diferentes áreas de
intervenção.
O processo de autonomia tem continuidade por parte das equipas de terreno que as
desenvolvem.
“(…), as reuniões de coordenação além de dar-mos feedback e de discutirmos assuntos, (…),
mas depois o trabalho de terreno, são as equipas de terreno que são responsáveis e com
autonomia.” “ Na reunião de coordenação define-se quais as áreas de intervenção, depois
existem equipas pluridisciplinares que trabalham para a organização das acções.” (E5,pp51,
52)
É interessante verificar como os elementos da coordenação encaram a ligação entre
as reuniões da equipa e o trabalho de terreno que desenvolvem.
(…) servem para organizar, digamos que ao pormenor, planificando em conjunto, quer dizer,
porque nesta equipa de coordenação estão as várias pessoas que têm responsabilidades nas
diferentes áreas de intervenção da Divisão, e esta programação é constante, mas até fora
destas reuniões, sempre que os próprios técnicos sintam necessidade de reunir, para tratar de
assuntos com mais pormenor. Ou seja desde o planeamento ao desenvolvimento e depois
também a questão da avaliação. A avaliação às vezes não é feita com tanta necessidade ou
regularidade com que deveria ser feita, reconheço isso, e às vezes deveríamos ir um pouco mais
fundo na avaliação, (…). (E4,p.43)
Uma ligação que é conceptualizada no mesmo tempo em cada um intervém.
(…) a Divisão de Acção Cultural é aquilo que se calhar pode chamar uma estrutura decisória
participada, nós como alguns projectos são transversais aos vários sectores da
coordenação,(…), obrigatoriamente implica que ali na reunião se comece a delinear quem das
várias equipas, quer do sector de equipamentos, quer do sector de associativismo e animação
cultural participa.(E2,pp12,13)
Assim, o planeamento e o desenvolvimento das actividades, bem como todas as
circunstâncias a elas associadas (ex. tempo de realização), são definidas no grupo,
espaço privilegiado de integração de cada um e cada uma, de construção de uma
estratégia coletiva.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
106
“ a equipa de trabalho constituí um lugar privilegiado de integração e identificação, lugar de
reinterpretação das regras e de construção de dinâmicas próprias” (Correia, 1989).
Uma equipa onde possam ocorrer situações para a resolução de problemas, que
promove processos de construção partilhada de soluções,
“ a invenção” de soluções originais para os problemas identificados passa por um processo
reflexivo e de pesquisa, individual e colectivo, favorável à aquisição de novos saberes e
saberes-fazer e à transformação dos quadros de pensamento e de acção” Oliveira, F. (1997).
6.2.2 As Acções
“ Segundo Dubar, é “ao estudar acções colectivas (ou organizadas) como elaborações sociais e
ao reconstruir os “mundos” dos actores (simultaneamente as suas visões do mundo e as suas
categorizações da acção que se tem mais chance de reconstruir e compreender os processos de
socialização que permitem a coordenação das acções e a negociação dos “mundos” que
sempre são mistos de interesses e valores.” (Martins, A., 2010).
6.2.2.1 Articulação das reuniões e calendarização das acções
É neste quadro que se situam as reuniões de coordenação que desenha, em grupo, a
planificação. Nestas são discutidas o conjunto das atividades inscritas na Agenda. A sua
aferição, de forma contínua, permite a ponderação da sua pertinência e exequibilidade.
Por outro lado, da partilha de opiniões redimensiona e ajusta a acção de forma a
operacionalizar a comunicação entre sectores e a intervenção nos diferentes territórios.
“Nós temos um momento, esse momento eu não referi há pouco, (…), um momento muito
particular da reunião que é Agenda, portanto nós trabalhamos uma agenda, (…), a agenda
confrontada pode ser mensal, dependendo também do período que atravessamos em termos de
trabalho. (…) o facto das nossas reuniões serem semanais, permite, para já uma avaliação
muito imediata da semana que passou, (…), reagir ao que passou de forma imediata, e avaliar
(…), em relação ao que aí vem, (…), ainda com alguma capacidade de reacção.”(E6, p.67)
A sua ocorrência, de forma intencional, às segundas-feiras, avalia a semana
transacta e permite uma planificação atempada de semana em questão, “o facto de a
reunião ser à segunda-feira permite aqui alguma capacidade de reacção, (…), perspectivar o
fim de semana, ele tem que estar perspectivado à escala de dois meses antes, ou mais,
dependendo daquilo que nós estamos a falar, (…), e eu digo isto do trabalho com data marcada
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
107
porque nem todos os serviços da Câmara Municipal convivem com este drama da efemeridade,
(…). (…), uma equipa com estas características e a natureza deste tipo de trabalho, remete de
facto (…) para um trabalho continuado e (…) estas reuniões semanais são (…) vitais para um
grupo de coordenação de várias áreas.” (E6,p.67, 68), desmultiplicando-se em outras
reuniões mais sectoriais com a presença de coordenadores e responsáveis das equipas.
Retomam-se a este nível metodologias de trabalho em equipa e com autonomia.
“Depois toda a engrenagem e toda a metodologia de trabalho é desenvolvida à parte, em
reuniões já mais específicas pela equipa de trabalho, (…), temos autonomia, autonomia de
proposta e temos autonomia de realização e felizmente temos autonomia de avaliação.”
(E2,p13).
Associada a esta planificação encontrámos a elaboração de instrumentos que a
pretende suportar e operacionalizar, estando disponíveis em rede.
Trata-se de propostas de implicação e qualificação dos intervenientes. Tal ocorre, por
exemplo, em momentos de acompanhamento e formação com o movimento
associativo15 (anexo nº13 – volume II).
Desta forma, poderemos referir alguns tempos e momentos da sua construção:
• Existe um documento onde se estrutura a planificação anual ao nível da
autarquia;
• Existe um documento que se situa ao nível da planificação da equipa de
coordenação;
• Existe um dispositivo que acompanha (dotado de um conjunto de instrumentos,
implicando momentos formativos se necessários) o movimento associativo que
suporta a estruturação dos planos de atividades de cada associação que é
entregue na autarquia.
Concretizam-se, assim, dois momentos formais, a saber:
• Em Setembro/Outubro, altura em que a equipa de coordenação antecipa o
próximo ano de trabalho elaborando uma primeira versão de plano acção
confrontando a programação municipal com o trabalho desenvolvido pelo
movimento associativo, nomeadamente a persecução dos seus planos de
atividade;
15
(Relatório de Atividades de 2009 – anexo nº13 – volume II)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
108
• Em Janeiro, momento de entrega dos planos de atividades do movimento
associativo, um novo exercício de planeamento, articulado com as recentes
propostas das associações locais, nomeadamente no tipo e na calendarização das
acções.
Desta forma, o movimento associativo participa de uma forma indireta mas com
algum poder na definição da estratégia da equipa de coordenação. A reflexão crítica
desta equipa permitiu desde já localizar uma pista para a melhorar dos processos
metodológicos de trabalho que a suportam bem como um maior envolvimento e
implicação das associações na definição de alguns eixos estratégicos culturais no
concelho.
“…a partir de determinada altura começou a existir uma reunião de programação no final de
cada ano civil, aí por volta de Outubro, Setembro, em que se faz a extrapolação do que é que se
vai passar no ano a seguir, as prioridades de programação e (…). Esta reunião é uma reunião
mais alargada do que a reunião de coordenação, estão todas as pessoas responsáveis por
programação. Neste caso criámos um instrumento único onde é registada toda a programação
do concelho, a nossa, a da Câmara Municipal de (…) e a Associativa. Portanto é um primeiro
levantamento daquilo que se faz para o ano a seguir, esse mesmo calendário volta a ser
actualizado no início do ano com a chegada dos planos de actividades dos agentes associativos.
Neste momento já se sentiu a necessidade de integrar as associações nestas reuniões, (…).
(E3.pp.27,28)
Ou como refere e acentua a chefia de divisão que coordena esta equipa, “Por
exemplo em matéria de correlação com os próprios agentes culturais e associativos do
Concelho de (...), (…). (…), e é uma zona estratégica que está aberta à reflexão por parte dos
próprios agentes culturais, esse dados tem que ser equacionados, devem ser recenseados,
devem ser validados e devem ser equacionados na própria planificação de desenvolvimento
estratégico em relação a essa linha de trabalho que se chama Fórum Cultura. “ (E6, p.69)
6.2.2.2 A Planificação e a avaliação
De acordo com a observação realizada, a planificação é perspectivada em diferentes
momentos e dimensões do trabalho. Como referido anteriormente, esta é anual, “ (…)
que nasce da base para o topo, e nasce da base para o topo reconhecendo as condições
objectivas dessa ou daquelas iniciativas ou daquele projecto” (E6, p.68)
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
109
Trata-se da construção de uma estratégia de acção cultural aqui explicada de forma
muito interessante e clara:
“ (…)? Bom, é condicionada por aquilo que é a Acção Municipal e as decisões estratégicas da
Acção Municipal relativamente à nossa área que é a Cultura. E é condicionada como? Bom, é
condicionada pela acção de um Orçamento e de Plano de Actividades, que depois determina a
legitimação ou a não legitimação daquilo que foi o proponente por parte da Acção Cultural.
Isso é debatido onde? È debatido nas diferentes componentes do próprio trabalho da Acção
Cultural. Como? Avaliando possibilidades de realização, considerando uma possibilidade de
orçamento, proponente ainda, e perspectivando o seu reflexo naquilo que são os objectivos
globais da Câmara e portanto a base inspiradora, naturalmente são os eixos estratégicos que a
Câmara desenvolve. (E6, p.68)
“Esta planificação é feita pelas diferentes equipas, tanto pela equipa de coordenação, tanto
pela equipa de coordenação com as diferentes equipas nas diferentes áreas, ou seja toda a
gente. Vou dar um exemplo, nós temos um instrumento ou instrumentos, quase que fictício, para
a construção do Plano de Actividades para o ano seguinte, que é aquele que nós chamamos
vulgarmente de GOP’S, as Grandes Opções do Plano. São distribuídas fichas,(…) físicas, onde
o técnico vai espelhar, vai espelhar o quê? Vai espelhar a sua perspectiva / expectativa de
realização para o ano seguinte, tendo em conta todos os dados que entretanto foi
materializando e foi avaliando através de relatórios, através de informações técnicas, etc., na
sequência disso mesmo, o técnico avalia e pondera.. Pondera sozinho? Não, não pondera
sozinho, até porque, vamos falar do concreto, nós temos diferentes projectos. Centremo-nos
num, por exemplo um Projecto na área da Educação pela Arte. É o conjunto de uma equipa
que, após a avaliação, (…) foi feito um levantamento de perspectivação do projecto. Como?
(…) este até de forma participada com a Comunidade Educativa, que aliás, oxalá fosse sempre
esse o caminho(…). (…) depois dessa ponderação, há que perspectivar, há que perspectivar e
há que planificar para que depois seja passível de ser executado, ora bem, essa perspectivação
e planificação é feita em função de uma expectativa proponente. Quem decide se há condições
de realização ou não? É o próprio executivo municipal, (…). Quando? Quando decide
verdadeiramente as suas Opções do Plano. Quando é que é aprovado? É em reunião de
Câmara. (…) é apresentado politicamente aquilo que é a projecção do ano seguinte. Desde que
legitimado nós passamos à fase seguinte em termos de exercício de trabalho, (…) cumprir o
Plano de Actividades.” (E6, pp.68,69)
Nesta forma de olhar a planificação da equipa, encontramos concordância por parte
dos restantes elementos, que se traduz na forma como encaram a metodologia de
desmultiplicação em diferentes tipos e espaços de reuniões ” Em equipa com os
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
110
coordenadores, até é mais alargado, não é apenas restrito à equipa de coordenação, é à
restante equipa da divisão, há reuniões de trabalho com a restante equipa.” (E1,p.4), ou na
forma como são realizadas, nos impactos que se refletem na forma de trabalhar, “Aquilo
que temos aplicado, até hoje, como metodologia tem a ver com dois factores ou seja, em sermos
proponentes o termos espaço e podermos dali fazer uma desmultiplicação do trabalho prático
para a intervenção e levarmos efectivamente aquilo que são os assuntos de decisão à reunião
de coordenação, efectivamente um trabalho resulta já ou está validado previamente nas
reuniões de coordenação sectoriais e pode ser posteriormente avaliado novamente na reunião
de coordenação. Toda a margem que vai entre a aprovação e a avaliação é em grande parte,
muito, muito, muito livre, para a responsabilização dos técnicos coordenadores e das suas
equipas. (E2,p.13).
Também nos pareceu interessante a consciencialização da articulação do trabalho
em parceria, a sua valorização e partilha de poder de decisão, “Depende da iniciativa. (…)
existem iniciativas que são Cíclicas, nós sabemos que, por exemplo as Janeiras são sempre a 6
de Janeiro, as Comemorações 25 Abril são sempre em Abril, aí por exemplo a proposta das
Janeiras é feita dois meses antes à chefia, (…),portanto esta proposta já tem a metodologia que
se pretende desenvolver e os parceiros a envolver (…) Por exemplo o Festival de Cinema, em
que somos parceiros mas que não somos o parceiro potenciador, aí fazemos uma proposta de
parceiros que é para propor que a iniciativa seja feita e é através dessa proposta do parceiro
que é levada a uma coordenação para que haja uma decisão. A iniciativa de propor tanto pode
ser nossa, pelo trabalho que já vem detrás, pode ser pelos parceiros que propõem para que
façamos em conjunto, pode ser uma proposta vinda superiormente, etc., (…) a partir dessa
ideia vamos construir o sistema de trabalho, o fluxograma e passamos depois a desenvolver as
acções necessárias.” (E5,p.53)
Sublinhamos, ainda, que esta ideia deixa transparecer um olhar estratégico da
intervenção e que se suporta num “(…) procedimento de um projecto, de uma acção, é
apresentado ali, nas reuniões de coordenação, (…). Apresenta-se como notícia. A minha
avaliação de técnico A, diz-me que no território onde estou a trabalhar verifica-se neste
momento a necessidade do lançamento de um projecto comunitário, porquê? Porque neste
momento há dinâmicas locais (…) que verificámos, recenseámos, ou seja, é anunciado isto à
equipa, porque é que é isto importante? Porque se está lá o técnico responsável pelo sector de
Programas e Projectos e diz assim, “bem, olha o Teatro pode responder!” atendendo a que
nessa localidade se reflecte muito a actividade teatral, tem lá dois grupos, há público para
Teatro, etc., etc., até que ponto é que o Programa Municipal de Teatro não pode colaborar
nessa situação. E diz o elemento do Associativismo “atenção porque há para ali uma colisão
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
111
relativa à Associação e ao Grupo de Teatro”, quer dizer, este conjunto de dados que a própria
proponente relativamente ao território pode não ter reunido em situação colegial, para essa
circunstância, e que criará caminho ou não criará para a apresentação de um Projecto e aí já é
um processo desenvolvido dentro dos processos normais (…) em relação ao próprio exercício
de trabalho. ( E6, pp.66, 67)
Este tipo de práticas pode favorecer a territorialização da acção desta equipa, de
acordo com os conceitos anteriormente citados, pois estão atentas a complexidades e
diferentes interesses e conflitos dos territórios. Baseia-se num conhecimento,
progressivamente, aprofundado destas situações, promovendo a construção de um olhar
estratégico global e complexo da acção cultural territoralizada.
Está presente uma ideia em que o desenvolvimento do trabalho e a sua avaliação se
encontra muitas vezes num tempo comum, como seja o reconhecimento de dinâmicas
locais, a sua aferição e a construção de projectos que se suportam nos pretextos
encontrados.
Uma avaliação presente nos próprios processos, em diferentes momentos e espaços,
que promovem o desenvolvimento cultural “ (…)? Aí, já por vezes mais restrita e mais
técnica, (…). Por exemplo em matéria de correlação com os próprios agentes culturais e
associativos do Concelho de XXXX, (…). (…), e é uma zona estratégica que está aberta à
reflexão por parte dos próprios agentes culturais, esse dados tem que ser equacionados, devem
ser recenseados, devem ser validados e devem ser equacionados na própria planificação de
desenvolvimento estratégico(…) (E6, p.69)
Um exercício de avaliação bem delimitado nas competências assumidas pela
equipa, enquanto técnicos que desenvolvem um conjunto de propostas de animação e
desenvolvimento cultural, num compromisso com a comunidade local, que se traduz
nesta passagem” as componentes mais ligadas a matéria qualitativa de relação com a
população do Concelho, essas aí, são obrigatoriamente reflectidas do ponto de vista técnico,
são obrigatoriamente recenseadas também do ponto de vista técnico e devem ser
perspectivadas em função de uma posição técnica no que diz respeito a essas linhas
estratégicas de desenvolvimento da Acção Cultural, e que depois terá a sua validação ou não
politicamente”.(E6, pp.69,70).
Uma avaliação que se situa além da existência de um sistema de avaliação por
objectivos do trabalhador (SIADAP), da avaliação do próprio serviço, mas que se situa
em processos de reflexão em torno das linhas de intervenção cultural no concelho. Esta
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
112
é promovida em espaços formais e informais, na elaboração e preenchimento de
instrumentos da equipa e através de estudos.
“ (…). Depois temos um outro tipo de avaliação, que é a avaliação das nossas linhas de acção,
e que são avaliadas através de instrumentos de avaliação normais, relatórios, informações
formais em termos de serviço, as reuniões da equipa de coordenação e outras até através de
estudos, em concreto. (…). Nós temos procurado cimentar de forma mais profunda a nossa
relação com o Serviço Qualidade aqui da Câmara Municipal, (…), (…), e que portanto nos tem
permitido criar aqui também instrumentos de aferição devidamente fundamentados e estáveis
relativamente (…). (…) o nosso desempenho enquanto serviço, porque o desempenho individual
ele é garantido pelo próprio sistema de avaliação, e (…),(…) de acompanhamento continuado
das práticas de trabalho (…). “(E6, p.70)
Surge, também aqui, a concretização de uma avaliação contínua das práticas de
trabalho e insere-se num quadro possível pela existência de um dispositivo de
acompanhamento em que a equipa se estrutura e recria. Trata-se de um campo de estudo
que evidencia potencialidades inovadoras de processos de avaliação contínua, eles
mesmos num registo formativo.
6.2.3 As Parcerias
É na realização de vários eventos que encontramos parte da estruturação e
desenvolvimento de parcerias com o movimento associativo e outras instituições. A sua
concretização traduz-se em iniciativas de animação cultural. É, neste sentido, que
observámos grandes iniciativas como o Festival Internacional de Gigantes - FIG, o
Programa do Castelo ao São João, Festival Internacional de Artes de Rua, Janeiras, 25
de Abril, Dia Mundial da Música, como exemplos aleatórios, bem como outras
atividades em equipamentos culturais, em associações ou espaços públicos. Podemos
considerar que existe uma perspetiva de articular propostas autárquicas com ideias e
projectos que possam emergir localmente.
A equipa e a parceria participam activamente na revisão e actualização da visão, missão,
valores e objectivos. Este movimento é constante sendo assegurado e divulgado pela
coordenação do projecto. (In, documento FIG 2007- Candidatura ao Prémio de Qualidade)
Veremos mais adiante como a equipa conceptualiza dois tipos de parcerias, e como
as operacionaliza no seu quotidiano.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
113
6.2.3.1 A importância
É, neste contexto, que rapidamente se percepciona a importância das parcerias,
formal e informalmente constituídas, para a equipa de coordenação, em sintonia com
uma lógica política que a defende e presente nos documentos autárquicos já aqui
referenciados.
“Chegámos à conclusão que pelo menos duas a três vezes por ano, as associações da vila e a
Câmara Municipal de XXXX, se iriam sentar á mesma mesa e (…). (…)a criação desta reunião,
(…),já está a trazer sinergias, ou seja, aquilo em que eu acredito que vá ser o futuro é que
passamos mesmo a programar em conjunto a Vila e que potenciemos os recursos que
existem.(E3, p.28)
Concretiza-se, assim, em alguns momentos, as situações diagnosticadas pela equipa
nos momentos de planificação.
6.2.3.2 O desenvolvimento
Retomamos os conceitos operacionalizados pela equipa sobre as parcerias que se
desenvolvem.
O conceito de parceria interna que se desenvolve no interior da autarquia, entre
diferentes divisões e sectores, numa perspectiva de potenciação de recursos humanos,
logísticos e financeiros. Deste conceito, surge a ideia de articular divisões e criar
equipas multidisciplinares.
O conceito de parceria externa que abrange as internas da autarquia e que se
articulam com o movimento associativo e dinâmicas locais em desenvolvimento. Este
conceito também abarca uma lógica de parceria com outros territórios e
instituições/associações exteriores.
“As internas, normalmente são propostas pelos técnicos que encontram nessas
parcerias formas de rentabilizar recursos e formas de trabalhar mais correctamente,
acho eu, utilizando os meios e as pessoas que existem na Câmara, da estrutura.
Normalmente são os técnicos que fazem a proposta para cima, não vem de cima para
baixo. Em relação às exteriores, temos muitas solicitações, são convites, outras vezes
são propostas que aparecem, outras vezes somos nós que encontramos e propomos,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
114
encontramos na parceria a filosofia da intervenção. Muitas das redes a que
pertencemos foi por convite, pelo reconhecimento do nosso trabalho.” (E1,p.7)
Nesta fase, os elementos da equipa optaram por um registo mais descritivo,
suportando ideias centrais a partir de acções concretas em que se implicam.
“Depende do cariz da parceria, há parcerias que estão estabelecidas à partida, ou seja,
infelizmente não há uma carta de parcerias, como seria o ideal, mas sim protocolos de
cooperação ou que tenham parcerias já assentes numa prática em que estejam as funções
definidas, dou-te um exemplo, o Festival Internacional de Gigantes, ou o 25 de Abril, para dar
exemplo de duas coisas, completamente diferentes. O Festival Internacional de Gigantes ou o
FIAR (Festival Internacional de Artes de Rua) são parcerias que resultam de protocolos para a
realização de um evento, em que cada um dos parceiros tem atribuições e (…), toda a
preparação ao longo do ano está perfeitamente esquematizada, todos sabemos que no início do
ano desde que a Câmara, neste caso o Município aprove a integração da iniciativa em plano de
acção para esse ano, dá-se início ao trabalho, ou seja, dá-se início ao trabalho das reuniões,
dá-se início à reactivação dos grupos de trabalho e cada um de nós leva até à apresentação
final do produto, do bem cultural a prestar, (…) (E2, pp. 13,14).
Cabe-nos aqui pensar que caminhos se trilham, numa lógica de desenvolvimento
mais formal, que poderá gerar a institucionalização das parcerias ou o seu
redimensionamento permanente.
Outros exemplos de formas de desenvolver trabalho em parceria, encontramos
junto dos elementos entrevistados
“Sim, planificam em conjunto, Câmara e Associações. Por exemplo, imagine-se que se vai fazer
o 25 Abril e se quer fazer envolver as Associações da Freguesia de XXXX, aí, normalmente
juntamo-nos à mesma mesa. “(E3,p.28). “(…) juntamo-nos todos à mesma mesa (Câmara e
agentes locais) e percebemos o que precisava de mudar. (…).E portanto todo esse processo foi
participativo algumas das coisas que foram criadas nessa altura, eu acho que se mantém até
hoje. Passou a haver uma reunião de relançamento da actividade, em que todos dizem o que
querem fazer, que percursos a fazer, etc.,” (E3, p.30)
Por fim, uma visão pragmática de enquadramento de uma parceria exposta por um
dos elementos, “Vai desde o planeamento, à execução e à avaliação” (E5,p.52)
Nesta aparente diversidade de opiniões, de conceber a estruturação e o
desenvolvimento do trabalho em parceria, encontramos maior coerência de posições e
operacionalização de forma intencional e estratégica, do trabalho em parceria no ponto
seguinte.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
115
6.2.3.3 A sustentabilidade
De forma global, e conciliando eixos de intervenção estratégica, no âmbito político
e no âmbito técnico, articulando o conceito de parceria, e introduzindo o conceito de
rede, “Sim, claramente, aliás, esta equipa convive com uma realidade, (…), tem a ver com o
próprio projecto cultural da Câmara Municipal, que é uma realidade que sublinha de forma
muito intensa aquilo que é o princípio das parcerias, (…). Nós temos um conjunto de parceiros,
quer na área do conhecimento, quer na área da produção cultural. Aliás, o conjunto das redes
que XXXX compõe na actividade cultural tem estimulado muito esta componente. (…), nós
pertencemos a uma rede de Equipamentos Culturais que se chama ARTEMREDE, e que
permitiu por exemplo que a nível profissional nós possamos hoje falar de comunidade
profissional no contexto dessa rede, (…). Por outro lado também ao nível Regional, ao nível do
Distrito de (...) deram-se grandes passos de proximidade em relação aos próprios Municípios,
(…). No que diz respeito a outro tipo de agentes, agentes mais externos (…), quer seja nos
Agentes Culturais Locais, quer sejam Empresas, quer sejam Universidades, efectivamente nós
temos tido a felicidade de desenvolver esse tipo de trabalho e tem-se traduzido numa maior
valorização para o próprio exercício do trabalhador da Câmara (…). (E6,p.78).
O lado financeiro e logístico que sustentam a parceria revela-se importante para o
desenvolvimento da parceria, e está presente em parte do trabalho,
“Efectivamente o Município, pela carga financeira e logística que comportam alguns projectos
de parceria, dá-lhes início no momento da aprovação das Grandes Opções do Plano para o
ano.“ ( E2, p.14)
Mas, desde logo, surge um outro campo de reflexão para a sustentabilidade das
parcerias, “O registar aqui é uma forma, se quisermos (...) garantir a unidade da equipa em
termos de co-responsabilização para com o projecto, e também o tentarmos adiantar fases
menos conseguidas no trabalho (…). (…), temos áreas em que podemos estar mais frágeis, mas
sabemos todos o grau de co-responsabilização em cadeia, uns vão puxando pelos outros, e isso
para nós torna a metodologia muito mais participada, no que se (...) apresentamos propostas e
a Câmara que resolva” (E2,pp.15,16).
A situação que reportam para o registo da participação de cada um, como forma de
reforçar a sua implicação e responsabilidade da sua acção inscreve-se num princípio de
decisão participada e, “nessas reuniões são sempre apresentadas matéria escrita e matéria
documental, quer de propostas, quer de planos de acção, quer mapas de logística, quer mapas
de implementação e de logística, são registos escritos e são partilhados por todos. A sua
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
116
aprovação resulta depois em matéria de facto, ou seja, no desembocar numa acta ou num
memorando onde ficou definido quer co-responsabilizações em termos de acção no trabalho,
quer co-responsabilizações em termos de execução para futuros trabalhos” (E2, p.15), de
aprofundamento democrático. “(…).A partir daí existindo funções definidas entre todos, por
exemplo, um dos parceiros trata da componente tradicional, outro parceiro trata da
componente novas criações, a Câmara também tem responsabilidades nesse grupo executivo
em matéria de programação, mas toda a decisão é colectiva.” ( E2, p.14).
Uma outra dimensão prende-se com a partilha de responsabilidade que conduz à
alteração do parceiro interlocutor e de liderança de processos. “Estão a surgir outras
posições, ou seja, em alturas que eventualmente era a própria Câmara a fazer a programação,
há associações que nos dizem que gostariam de passar a assumir a programação. Tal é
exemplo no Concerto do Dia de Ano Novo, (…). Este ano já aconteceu e já se propuseram a
fazer no ano a seguir.” (E3.p.29)
“Nas nossas reuniões cada um leva aquilo que foi a sua construção individual, por exemplo a
Câmara trabalha, tem uma equipa que trabalha, produz, e apresenta esses resultados
envolvidos com os parceiros, da mesma maneira que as equipas dos parceiros trabalham e
apresentam os resultados, por exemplo, propostas de organização, propostas de programação,
de conteúdos, de necessidades logísticas, de respostas logísticas, de respostas até de
financiamento, depois de discutidas em grupo, a sua aplicação fica ali decidida. (…).”
(E2,p.14)
O desenvolvimento deste tipo de parcerias, diversificadas nas suas abordagens e
concepções e por isso mesmo mais rica, encaminham-nos para a construção de uma
prática, que tem presente as seguintes características: (EQUAL, Mediar para Desenvolver,
2005).
• Centrada na resolução de problemas dum processo de formação em contexto de
trabalho, envolvendo os parceiros, e dando espaço para a sua intervenção,
articulando conhecimentos, capacidades e competências, potenciando soluções
participadas, concebendo e acompanhando as actividades;
• Envolve os agentes culturais nos processos de animação e desenvolvimento
cultural;
• Experimenta metodologias e instrumentos que sustentam a própria parceria,
nomeadamente e no que se refere à distribuição dos técnicos pelas actividades
formando equipas de trabalho multidisciplinar, na inserção territorial do seu
trabalho, na realização periódica de reuniões das equipas, de sessões plenárias,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
117
mais ou menos abrangentes, nos registos sistemáticos das reuniões e das sessões
de trabalho promovendo uma maior circulação da informação, na produção de
documentos que induzem reflexões ou estruturam acções culturais;
• Desenvolve competências individuais e organizacionais;
• Contribui para a sustentabilidade dos processos que advêm de uma maior
implicação dos parceiros e do trabalho colaborativo que promovem.
É, neste quadro de análise, no trabalho em parceria, que retomamos os conceitos de
Rui D’Espiney (2003). Observamos e podemos definir vários tipos de parcerias:
• Por um lado, parece-nos claro que algum tipo de parceria nos coloca no plano
institucional, por trata-se de uma relação entre as instituições envolvidas;
• Por outro lado, também nos parece evidente a presença de características que
levam a equipa a pensar a parceria, delineando a sua intervenção e concebendo
um quadro de enquadramento para a emergência de redes de interacção.
Por fim, será justo mencionar, numa análise mais atenta, aos processos
metodológicos presentes, que a prevalência de princípios democráticos e de trabalho em
equipa, que o conjunto de intencionalidades que promovem a partilha, processos de
qualificação dos intervenientes, que o trabalho em torno de objectivos comuns, a
concepção estratégica da acção cultural, em reuniões entre parceiros, nos aproxima do
conceito de parceria de acção. É, na presença destas variáveis, que se consolida a parte
mais interessante da análise efectuada ao nosso trabalho de investigação, um conjunto
de ocorrências que permitem o aprofundamento, validação e reconhecimento das
parcerias. É a acção que mobiliza a parceria, e contribui para a sua progressiva
desinstitucionalização.
Trata-se de uma situação que a própria equipa tem diagnosticado, e procura
aprofundar no seu quotidiano, conforme análise de documentos produzidos em
momentos de reflexão de cada coordenador e respectivas equipas sobre a acção, onde se
encontram implicados. Nos documentos em anexo (anexo nº6 – volume II) poderemos
constatar esta preocupação, de acordo com quadro que resulta de uma análise “SWOT”,
da equipa de trabalho, em reuniões periodicamente realizadas.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
118
6.3 DAC – UMA EQUIPA/DISPOSITIVO DE ACÇÃO
Na progressiva estruturação desta investigação, poderemos considerar que a
realização deste conjunto de acções pode favorecer o funcionamento em equipa. Existirá
uma metodologia de intervenção em território, uma socialização comunitária, (Dubar,
1997) com eixos de intervenção que promovam a participação, a melhoria e
aprofundamento do trabalho colaborativo, a articulação deste dentro da equipa e de esta
com a comunidade.
Uma lógica de prevalência de um trabalho colectivo na gestão entre as expectativas
individuais e a assunção de uma lógica em que, também, prevaleça o projecto do outro
(Espiney, 2009, Valente, A., 2007).
De acordo com as ideias expostas poder-se-á entender como uma prioridade para a
contextualização da intervenção, ideia central para a consecução de um trabalho através
de um dispositivo, a (des) ocultação dos processos presentes, onde estes podem
coincidir no espaço e no tempo, onde poderão estar presentes processos que qualificam
os intervenientes.
Segundo Enriquez (1992), a organização, enquanto contexto no qual os indivíduos
desenvolvem uma actividade profissional, apresenta-se como um espaço-tempo de
interacção, de representação e de identidade que assume particular relevância na
estruturação de desejos e projectos tanto dos indivíduos como dos grupos sociais e/ou
profissionais.
Na acção cultural da equipa recorre-se a instrumentos que permitem aferir e avaliar,
permanentemente, a evolução (em termos de resultados e impactos), por exemplo, a
aplicação de questionários às pessoas da equipa, aos parceiros e ao público-alvo, para
além da medição de indicadores considerados chave para a análise do grau de
satisfação, bem como para uma atitude pró-activa de antecipação das necessidades e
expectativas.
Entendemos que podem induzir uma prática reflexiva das acções de intervenção e de
(re)formulação de novas práticas,
“Viver a prática reflexiva implica, (…) dominar habilidades cognitivas e metacognitivas, de
forma a criticar a sua prática, os valores implícitos nessa prática, assim como os contextos em
que se desenvolvem e as repercussões que estas têm na melhoria da qualidade dessa prática
(Day, 2004) ”. Por outras palavras, para que “a reflexividade implique construção de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
119
conhecimento sustentado, terá que se traduzir em dispositivos analítico-investigativos,
orientados para a formulação de hipóteses explicativas e sua fundamentação e verificação”
(Roldão, 2007).
6.3.1 A Metodologia de trabalho da Equipa
Esta equipa, inserida numa autarquia, respeita as normas de funcionamento
definidas para a administração pública local. Existe um quadro legal e laboral a que está
sujeita, e existe um conjunto de eixos estratégicos definidos ao nível dos decisores
políticos locais. O nosso trabalho, assente no estudo dos processos metodológicos que a
equipa desenvolve, procura encontrar pistas de trabalho potencialmente inovadoras.
Abordaremos, neste ponto do trabalho, a forma como a equipa desenvolve um
conjunto de processos que nos ajudam a entender a sua forma de funcionamento e a
posição que cada elemento assume em termos individuais e colectivos.
Por outro lado, a explicitação desta metodologia poderá, ou não, estar em consonância
com os pressupostos teóricos já apresentados e que são evidenciados pelas práticas
descritas pelos entrevistados.
Trata-se de, em contínuo, continuarmos à descoberta de processos potencialmente
inovadores, e que possam ser recriados noutros contextos de trabalho, nomeadamente ao
nível do trabalho autárquico.
Para este estudo conciliámos a recolha de informação, através de entrevistas com a
presença em reuniões de trabalho. A direcção nas reuniões de coordenação é assumida
pela chefia de divisão às segundas – feiras de cada semana, como já referido
anteriormente.
Nas reuniões de coordenação, quem dirige a reunião é o chefe da divisão, mas cada um tem o
seu espaço, falamos do que nos preocupa e de questões pertinentes à reunião. (E1, p5)
Sobre a forma como se procede, ou se elabora um registo sistematizado,
encontramos diferentes opções de registo, de acordo com o trabalho desenvolvido por
cada elemento enquanto responsável de equipas, dentro desta coordenação ou com
outros sectores.
“No caso do Sector (…), as últimas reuniões que foram feitas tiveram efectivamente um registo
e tem resultados, resultados esses, que foram apresentados até nas próprias Jornadas DAC,
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
120
(…) (E3, p.32); “Supostamente (risos) existe uma acta, onde rodaria pelos diferentes elementos
a elaboração, mas há algum tempo que isso não é feito, fizemos durante algum tempo.” (E1,p.5)
Encontramos, à data da realização deste estudo, uma potencial fragilidade assumida
pela equipa, ou pelo menos por um dos seus elementos.
“Neste momento não, neste momento há sectores de coordenação que o fazem. As reuniões da
equipa de coordenação neste momento não tem produção de actas, já tiveram há cerca de dois
anos atrás. Existia um registo, e era um registo partilhado, neste momento não fazemos actas,
no meu entender faz falta, é uma das coisas que dá segurança depois. Temos uma coisa que é,
os despachos das reuniões muitas vezes são desmultiplicados em reuniões dos próprios sectores
e esses sim têm registo, por exemplo, no sector onde trabalho, (…).” ( E2, p.17).
As questões relacionadas com a necessidade de registar, ou como este deverá ser
efectuado, acabam por evidenciar outras dimensões que, os elementos de coordenação
reflectem, nomeadamente, pela existência ou não, de excessivas responsabilidades de
coordenação num(a) só coordenador(a), que implica uma coordenação de um extenso
número de equipas de trabalho no terreno. Trata-se de assumir várias coordenações que
por sua vez se desmultiplicam em mais equipas. Situação que o organigrama “não
formal da DAC” (página nº 74) e que corresponde à coordenação do Técnico(a) A,
deste estudo poderá ajudar a clarificar. No caso deste(a) entrevistado(a) falamos de dez
equipas a que tem dar resposta, sendo que duas têm coordenadores efectivos.
“(…)ou seja, passou tudo por uma construção em conjunto do que era o Sector, das dúvidas
que tínhamos do sector, das dúvidas, das dificuldades que tínhamos tido neste sector, o que é
que significa não ter uma coordenação disponível, o que é que significa se existisse uma
coordenação do Sector. Porque quando há problemas, eu retiro-me um bocadinho desta
posição de coordenadora porque para sermos coordenadores temos que cumprir um
determinado papel, e portanto, aquilo que quis também fazer, foi também questionar, o que é
que aconteceu por não existir coordenação, o que é que aconteceria se existisse uma
coordenação, o que é que se ganhava, o que é que se está a perder, falta uma coordenação. “
(E3, p.32)
Este elemento pretende questionar as suas práticas, aprofundar as dinâmicas de
coordenação e melhorar a operacionalização das equipas. Não colocando em dúvida, as
vantagens do trabalho em grupo e colaboração, conforme confirma um outro elemento.
“É uma forma de trabalhar muito interessante a da nossa Divisão, aliás eu não, eu
pessoalmente não consigo conceber outra forma de trabalhar nestas áreas. Nestas áreas de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
121
Acção Cultural, da Cultura, se não trabalhássemos todos em conjunto é uma chatice, portanto,
acho que é muito importante esta forma de funcionamento” (E4. p.43).
Retomando o organigrama “não formal”, por nós elaborado, entendemos que este
contém princípios de valorização da multidisciplinaridades dos seus elementos, que
existe uma intencional diversificação de funções, que se pretendem potenciar
capacidades e competências dos elementos implicados. Acreditamos que está subjacente
a ideia de processos que qualificam os intervenientes na acção. Pensamos ser uma forma
de intervir potencialmente inovadora desde que, permanentemente, aferida, discutida e
analisada entre pares, aprofundando o trabalho, redescobrindo novos sentidos para a
intervenção cultural. Uma teia que se pode recriar, encontrar novas formas de ser tecida,
inibindo tendências de se burocratizar.
Consideramos, tendencialmente, que é pertinente pensar-se que seja necessária a
existência de um maior número de coordenadores, referente ao sector de programas e
projectos municipais, pois a ocorrência de excesso de solicitações, por um só
coordenador, poderá diluir a sua intervenção por manifesta falta de tempo e espaço de
acção. Situações que podem contrariar pressupostos de temporalidade na acção e
construção de uma estratégia participada.
6.3.2 Formas de estruturação da acção conjunta
Durante esta investigação, observámos um conjunto de procedimentos que
tentaremos descrever de forma sintética.
A estruturação da acção decorre de diferentes momentos e diferentes espaços,
acontece de forma articulada, transversal e simultânea, entre os elementos da equipa de
coordenação e destes com as restantes equipas de terreno, nomeadamente:
• Equipas de determinado projecto ou programa municipal;
• Equipas de determinado território;
• Equipas de acompanhamento e apoio ao movimento associativo do concelho;
• Equipas de acompanhamento de equipamentos culturais municipais.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
122
Independentemente desta estruturação, as diferentes equipas referenciadas, também
constroem parcerias e reúnem entre si (equipas).
Desta forma, e a título de exemplo, a partir das reuniões sectoriais de cada
coordenador responsável por determinada área ou sector, com as suas equipas, seguem-
se as reuniões de coordenação (ou vice versa), onde são apresentados diferentes
conteúdos e preocupações, ou determinada proposta para desenvolvimento das acções.
Estas são partilhadas e refletidas pelo conjunto dos elementos da equipa de
coordenação. Na sequência da reunião, dos elementos da equipa de coordenação,
resultam contributos para a acção - neste caso em sentido inverso - ou seja, a partir das
reuniões sectoriais de cada coordenador, com as suas equipas, resultam contributos para
a reunião da equipa de coordenação.
Por outro lado, existe um tempo de devolução às equipas de terreno e à equipa de
coordenação para uma nova análise reflexiva, a que se segue um período de debate. Em
caso de aprovação o trabalho avança, após natural decisão política favorável.
Este trabalho poderá ter contornos de iniciativa autárquica ou em parceria com o
movimento associativo e outros agentes locais.
Cada equipa, de novo, independentemente do tipo de trabalho em desenvolvimento,
é autónoma ao nível da sua metodologia de intervenção.
Trata-se de, transversalmente, operacionalizar a acção, em diferentes dimensões,
em rede e de forma horizontal. Constatámos que a equipa se sente convicta da riqueza
destes processos, na medida em que aprofundam as interacções pessoais, valorizam a
multidisciplinaridade, melhoram os processos metodológicos que suportam a
intervenção cultural, e que correspondem, da melhor forma, aos eixos estratégicos
definidos, politicamente, de acordo com as características dos territórios e os recursos
disponíveis.
Nesta estruturação, que revela trabalho em conjunto, refere-se ainda a circulação da
informação, onde mais uma vez “existe uma acta, onde rodaria pelos diferentes elementos a
elaboração, mas há algum tempo que isso não é feito, fizemos durante algum tempo.” (E1, p.5).
Ainda no campo de circulação da informação, “(…) todas as 2ª feiras à tarde, a equipa que
temos aqui na DAC (...), reúne, para fazermos o apanhado do que foi dito na reunião de
coordenação, quais são as tarefas e daí resulta efectivamente uma acta que é partilhada com
toda a Divisão de Acção Cultural, numa base própria do nosso servidor. Às 4ª feiras reúne a
equipa do sector de Associativismo e Animação Cultural, e todos os resultados, venham eles da
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
123
reunião de coordenação ou venham eles dos contributos da própria equipa, quer em propostas,
quer em desenvolvimento de trabalho também são matizados depois numa acta que é
disponibilizada à organização.” (E2, p17). Na produção de documentos da própria equipa,
que contém a sua estratégia e a sua metodologia, estes pretendem promover “ (..) as
desmultiplicações ou desdobramentos como se queira dizer, que se transportam para aquilo
que é o universo particular da Divisão de Acção Cultural. (…) é apresentado à Divisão e tem
uma zona de execução estratégica global, e depois uma zona mais técnica de discussão também
nas Jornadas. E é apresentado anualmente nas Jornadas. (E6,p.72).
Refere-se, igualmente, a realização de uma modalidade de reunião descentralizada
num pólo da Divisão Cultural. Como podemos constatar na figura infra, a reunião pode
ocorrer em diferentes locais com coordenadores e equipas distintas. Observámos que
cada, coordenador promove reuniões setoriais descentralizadas, com as diferentes
equipas, nos diferentes territórios do concelho.
De acordo com o seguinte esquema (Figura nº. 8):
Nota: As diferentes equipas por territórios, podem englobar elementos responsáveis por acompanhamento do
movimento associativo, no contexto da equipa, no contexto do equipamento cultural local, no contexto da parceria,
das suas necessidades e das dinâmicas locais.
O olhar estratégico da chefia da divisão procura pontos conciliadores entre um
funcionamento ponderado a nível hierárquico, e os caminhos validados pela
participação colectiva.
“(…). Remetendo para a área técnica de trabalho, cada um, cada técnico efectivamente tem, é
obrigado aliás, a essa mesma estruturação de iniciativas, de ponderação das prioridades das
Reuniões de
coordenação com
equipas de cada sector
por território Y
Reuniões de
coordenação com
equipas de cada sector
por território Z e Q
Reuniões de
coordenação com
equipas de cada sector
por território W
Reuniões de
coordenação com
equipas de cada sector
por território X
Reunião da Equipa de
Coordenação
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
124
políticas a desenvolver, etc., na medida em que é chamado a perspectivar por um lado e é
chamado a propor por outro. Essas propostas são propostas que são ponderadas ou
individualmente ou colectivamente. Depende se é uma proposta de Sector ou se é uma proposta
individual do técnico em função de alguma avaliação que desenvolveu. Essas (…) propostas
seguem o seu curso normal do ponto de vista da sua ponderação, portanto tem uma ponderação
hierárquica e são validadas ou não, são ponderadas ou não, em função de determinados
diagnósticos que são realizados internamente e portanto, individualmente o técnico tem a
possibilidade e também o dever dessa mesma ponderação e por outro lado é proponente, é
regularmente proponente. Essa situação de proposta tem vários caminhos possíveis, se é uma
proposta de projecto, ela tem uma origem particular, mais particular, mais individual e é
estudada pelo técnico, se é uma proposta de Sector ela é ponderada ao nível do Sector e
portanto há um colectivo que gera debate e a partir desse debate sai uma zona proponente.
Depois finalmente isso é articulado em função de linhas estratégicas mais globais, se cumpre,
cumpre, se não cumpre não cumpre, e portanto, mesmo não cumprindo é feita a sua
reavaliação em termos de proposta.
(…) Depois por outro lado em situações mais universais de debate (…) temos zonas mais
alargadas de discussão e de participação colectiva e que no fundo também vão trazendo
algumas pistas para a zona proponente (…). Há aqui um aspecto que também é importante, que
é a interlocução que cada técnico faz para além da própria estrutura interna da Câmara,
portanto, cada técnico dentro das suas áreas de trabalho, até porque o nosso trabalho é muito
virado para o exterior e é muito dependente das próprias dinâmicas locais, (…), portanto por
essa razão há aqui um input também por via do trabalho de parceria que vamos desenvolvendo
com o conjunto de agentes culturais e associativos e que naturalmente também é factor de
ponderação e que consta em termos de diagnóstico e gera zona proponente, (…)”.(E6,p.80)
Se colocarmos a questão da elaboração da estratégia cultural a partir da participação
de todos, este mesmo elemento refere, “Não. Não resulta do contributo de todos (a….), mas
resulta de certo modo dos dados que todos dão para que matéria estratégica também seja
reflectida. Agora a estratégia não resulta de todos. (…). Nós quando falamos em matéria
estratégica ela é impregnada de uma zona naturalmente política e também de origem técnica
para que também seja fundamentadamente desenvolvida e portanto não tenho a certeza de que
a estratégia cultural seja desenvolvida por todos, agora o que é verdade é que todos devem ser
ponderados na assunção estratégica da acção cultural.” (E6,p.71). No entanto poderemos
afirmar, que esta problemática merece um olhar atento, porque “(…) agora é importante
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
125
que ela reflicta,(…) o contributo dos cidadãos, (…) dos trabalhadores, (…) das condições
objectivas e subjectivas no desenvolvimento de determinada acção,(…). (E6,p.72).
Esta investigação poderá suportar a ideia de funcionamento em rede, que continua a
prevalecer na equipa, conciliada com a ideia de tecelagem de uma teia de relações e
interacções entre os vários intervenientes. (Valente, 2007).
Articulam-se estes conceitos com, os não menos importantes, momentos onde
prevalece alguma informalidade, porque “ Nós estamos sempre em contacto, digamos assim,
independentemente de fazermos com alguma regularidade as reuniões das várias equipas, (…).
Independentemente de fazermos essas reuniões, temos conversas com alguma regularidade,
umas com mais que outras, mas diariamente falamos todos uns com os outros.” (E4,p.43).
Situação que poderá favorecer o trabalho de diagnóstico, em pertinentes pretextos,
para a estruturação da intervenção cultural, na sua progressiva construção e reflexão.
Mais uma vez está presente uma lógica de mobilização em torno da resolução de
um problema comum que implica os elementos da coordenação, “(…) porque a primeira
das coisas é conseguirmos encontrar uma lógica e perceber quais os problemas comuns.” (E3,
p.31)
Uma metodologia que encontra ecos positivos, junto de outras autarquias e colegas
de trabalho, em momentos de partilha de experiências. “quando nos cruzamos com
muitas autarquias diferentes, a nossa é talvez a que tem esta forma de trabalhar, que
consegue desenvolver mais rapidamente trabalho e ser até admirada pelas outras pela
forma de trabalhar”. (E1, p. 7).
6.3.3 Planificação participada e construção de um dispositivo de
acompanhamento
A metodologia e a forma de intervenção, desta equipa de coordenação, inferem a
construção e aprofundamento de um dispositivo de acompanhamento.
Procuramos encontrar pistas que a situem em diferentes perspectivas: (Valente, A.,
2007)
• Um desenvolvimento cultural com sentido para o local;
• Um desenvolvimento centrado nos seus intervenientes e sujeitos da acção;
• Promova processos de participação democrática;
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
126
• Promova a diversidade cultural;
• Promova uma perspectiva de trabalho colaborativo.
A participação dos elementos desta equipa, alicerçada na sua capacidade de
reflexão, de forma contextualizada, “(…) não é o tempo da história que se narra, mas o
tempo da própria narrativa, este trabalho de interpretação histórica apoia-se num sistema de
mediações – conceptuais, simbólicas e institucionais – imprescindível para que o indivíduo que
se projecta num futuro seja capaz de reatualizar a narrativa que (não) faz do passado.”
(Correia, 1998). Pensamos que, desta forma, em processos de acompanhamento, podem
ser promovidos “campos de improvisação entre acompanhado e que acompanha, em actuação
em simultâneo e em processos de co-análise. A promoção de um trabalho colectivo com a
definição de tarefas e assunção conjunta de responsabilidades.” (Valente, 2007).
É, neste sentido, que repostamos para esta investigação a constatação de práticas de
mediação, entendida como um processo onde a acção do mediador tem em consideração
três situações: (Pascal, 1996)
• A constatação que não existe uma intervenção moral directa, um apelo imediato
à lei ou mesmo uma norma instituída;
• O mediador reenvia para o sujeito a noção de verdade em que a sua verdade
pode estar em conflito com a verdade de outros;
• A mediação produz algo cognitivo e desenvolve-se, o mais próximo possível, da
realidade e o sujeito é capaz de agir perante os factos.
De acordo com este autor a mediação aproxima-se de “uma engenharia de
inserção/implicação”. Trata-se de um campo de interação entre sujeitos, de trabalho
pela diversidade, de diferentes interesses e por vezes conflitos.
Uma oportunidade para uma prática de mediação que poderá ser uma proposta para a
gestão de conflitos, da heterogeneidade. Um trabalho de mediação “pode ser pensado de
forma a estruturar alternativas” (Correia, J.A. Caramelo, J. 2003).
Uma prática que possa “encontrar nos conflitos desafios para a construção de novas
cidadanias e encontrar uma argumentação que contrarie a contínua classificação e
desqualificação de regiões e pessoas” (Valente, A, 2007).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
127
Neste quadro, implicada no desenvolvimento cultural do seu território, a equipa
refere-se ao trabalho de acompanhamento como uma oportunidade de definição
coletiva,
“ Depende, há áreas em que cada um apresenta a sua proposta, por exemplo, no meu caso de
serviço educativo, artes visuais, no caso de outros colegas o programa do teatro, de música,
por aí fora, (...), depois, territórios já não são assim, é uma proposta da equipa, são propostas
elaboradas pelo total da equipa, discutidas e elaboradas. “(E1, p.5)
Por outro lado, constatamos a importância das interações pessoais e a forma
democrática como ocorrem, “Neste trabalho é muito importante a relação das pessoas, e
quando nós dizemos que nos damos todos bem, somos todos quase amigos, tem a ver com a
metodologia de trabalho, há sítios, há pessoas que trabalham, e que consideram o seu saber é
um poder muito grande e portanto guardam-no para si, aqui é partilhado, como é partilhado,
ninguém possui mais poder que o outro, logo as relações são muito mais próximas, muito mais
abertas.” (E1. p7,8).
Num princípio definido como importante por um dos entrevistados que refere: “… é
completamente diferente as coisas serem decididas em reunião do que serem informadas. “ (E5
p.52)
Uma equipa que partilha, e funciona de forma transversal, porque conhece de forma
aprofundada os contextos institucionais, “O termos uma metodologia de uma forma de
organização, como a referi, ainda há bocadinho, bastante partilhada, bastante fluida, permite-
nos a nós em primeiro lugar duas coisas, que não são transversais a todo o município. Nós
temos um conhecimento muito claro de toda a estrutura de organização da Câmara e de toda a
sua condição, condição em termos de potencial, ou seja, que recursos humanos temos, que
recursos técnicos e financeiros temos para a acção,(…).” (E2, p.19)
Tentamos compreender uma metodologia de acompanhamento através de dois
exemplos:
“(…) a equipa é composta, para além de mim por três técnicos, que estão divididos por
territórios, um território que é (...), que engloba duas Freguesias, onde está uma Técnica, temos
o território de (...) onde está outra Técnica, temos o Território de (...), que eu assumo
directamente e o Território de (...) onde está um Técnico. A Equipa é responsável pelo apoio e
acompanhamento ao Movimento Associativo.” (E2,p.17,18)
“ À partida é sempre o Técnico do respectivo equipamento que acompanha mas acontece por
vezes que são necessários outros tipos de apoio e aí, com frequência os Técnicos rodam pelos
diferentes equipamentos a darem apoio uns aos outros no sentido de resolverem problemas em
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
128
actividades mais complicadas, essa planificação é feita por mim, que tenho essa
responsabilidade, mas sempre com a colaboração e apoio dos colegas, como é evidente. Por
vezes pode haver alguma falta de comunicação, algum impedimento de última hora, mas nós
temos internamente, no sistema informático um mapa, a que todos os Técnicos tem acesso, em
que eu diariamente coloco toda a informação que os técnicos tem que ter, das actividades que
vão acontecer, dos horários, das necessidades que são necessárias criar para ultrapassar
dificuldades, (…).” (E4, p.44).
De acordo com o referencial teórico, que clarifica alguns conceitos presentes neste
trabalho, uma equipa sugere espaço para a participação, para o aprofundamento de um
potencial dispositivo de acção, pretende a diversidade e a emergência de diferentes
pontos de vista que podem entrar em conflito, a construção participada de uma
estratégia. Então, os processos presentes no seu alargamento e aperfeiçoamento são
sentidos como uma necessidade.
“Sim, direi que sim. Evidentemente que com algumas limitações, às vezes nem sempre
satisfeitos porque gostaríamos de intervir mais, de participar mais, enfim de colaborar mais. “
(E4. p.46)
“(…), são reuniões em que nós estamos ainda a construir trabalho, ou seja, ainda não
estabilizamos o funcionamento, estamos ainda, ou seja que as pessoas construíssem por si
próprias em conjunto a lógica comum daquele sector. (…) como não participamos todos na
reunião de coordenação com o chefe de Divisão, é que as pessoas a determinada altura, há
alguns que nunca participam em nenhumas reuniões e sentem-se excluídos, querem um espaço
para falarem, querem um espaço para participar e para dar ideias. Portanto os Sectores têm
vindo a servir também para as pessoas ter esse espaço.” (E3, p.31)
Um dispositivo de acompanhamento que poderá favorecer a informalidade, a
recriação de momentos de reflexão, para repensar estratégias e soluções,
“Sempre que existe a necessidade de juntarmo-nos todos os que estão relacionados com a
actividade, por exemplo os responsáveis pela programação dos equipamentos, o responsável
pelo funcionamento do equipamento, o responsável pelo movimento associativo de determinada
Freguesia, portanto o pessoal junta-se, sentamo-nos todos á mesma mesa, trocamos informação
sobre as mais variadas coisas que podem acontecer ou que acontecem e tenta-se prevenir e
encontrar soluções.” (E4, p.45)
Trata-se de um dispositivo que se baseia num eixo crucial de participação dos
intervenientes conforme salientam estas palavras:” Sim favorece. (…), aliás, há uma
tradição muito clara no próprio Município (…) na valorização desse mesmo princípio. E (…) é
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
129
melhor por essa razão também, porque o que é verdade é que o escutar ajuda a decidir melhor,
(…). Por outro lado implicar também nos responsabiliza melhor, não é? Porque o implicar cria
diferentes níveis de implicação e de responsabilidade por parte daqueles que tomam opinião,
tomam posição e portanto cria no quadro da responsabilidade do poder (…) melhor segurança
em relação aqueles que são os principais anseios da população, (…).” (E6,pp.78,79).
Uma perspectiva de desenvolvimento de um trabalho, com as características de
funcionamento de um dispositivo, que não perde de vista uma temporalidade longa,
necessária à consolidação dos processos. Diríamos que: “…à tous les moments, à tout
les niveaux de la prise de décision concernant la vie sociale et, par consequént,
participer ce será participer à l’évaluation et à la réorientation dés différents activités
(…) effectivement la participation devient la part de tous.
(…) fait l’utopie, de la possibilté pour tous d’ètre concepteur, élaborateur, réalisateur,
évaluateur, juge de ce qui s’est passe.” (Berger, 2002).
Neste quadro, podem estar presente um conjunto de dinâmicas sociais que facilitam
a participação, traduzida como exercício de poder para a decisão. (Valente, A.,2007).
6.3.4 Valorização de Recursos Humanos multidisciplinares
Como mencionado, anteriormente, no ponto referente à caracterização da equipa de
coordenação, constatámos a existência da diversidade de competências disciplinares e
de formação académica. Enquanto profissionais, os elementos da equipa, possuem
diferentes formações profissionais que transportaram para a equipa, ou que obtiveram
enquanto elementos da equipa de coordenação.
Desde logo, observamos aqui a valorização do percurso profissional de cada um, e
de como esta é entendida como uma mais-valia para o funcionamento da equipa, para o
enriquecimento da sua acção e reflexão, “Para já é muito curiosa a origem das pessoas, é
muito diversificada. Nós temos artistas, (…), temos gente da área da sociologia (…), (…) ex
operários (…), (…) pessoas da área Social (…), e isto remete para outros mundos, (…), mais do
que a pluridisciplina o plurimundo, (…) construtor de uma lógica que não é monodireccional, e
portanto desse ponto de vista criativo existem boas predisposições para a pluridisciplina, (...).
Por outro lado, eu considero que esta é uma das equipas na Câmara Municipal que procura
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
130
claramente a complementaridade do serviço, das reflexões, eu penso até que existe essa
apetência de maior projecção.”(E6,p.75).
Esta diversidade de recursos humanos favoreceu a emergência de estratégias de
superação de dificuldades, nomeadamente em períodos de contenção de custos “(…),em
anos, como por exemplo, na última década como foi uma década que oscilou entre ter muito ou
ter poucos recursos financeiros, foram os recursos humanos que efectivamente permitiram que
nesse ano, com os recursos existentes, permitir um nível médio alto de actividade cultural e de
intervenção comunitária neste espaço.” (E2,p.19)
A multidisciplinariedade, encarada como uma potencialidade numa equipa, tende a
ser valorizada quando centrada nos processos de acção, remetendo a uma cultura “ de
superavit”(D’Espiney, 2009), em detrimento de qualificações formais que remetem para
quadros de diplomas académicos.
“Claramente, e até sem formação académica. (…), não sou um apologista de que seja a
formação académica, da qual deriva ou não, um melhor ou pior contributo ao desenvolvimento
de uma estrutura de organização, especialmente quando se trabalha no terreno.” (E2,p.19).
Através da explicitação do exemplo seguinte, poderemos perceber como a
multidisciplinaridade está presente no desenvolvimento do trabalho
“Um exemplo concreto que ajuda mais a perceber, as comemorações 25 Abril, que envolve
muita gente, e que envolve muitas equipas de terreno e de outros Departamentos, são feitas
sempre reuniões de trabalho, as grandes questões são decididas nas reuniões de trabalho, (…),
valorizando a participação responsável de cada elemento, sejam eles da Divisão de Acção
Cultural ou da Divisão de Logística, ou seja o Motorista, ou seja um dos Chefes de qualquer
coisa. “ (E5,pp52, 53).
6.4 PROMOÇÃO DE UM COLECTIVO DE TRABALHO
6.4.1 O trabalho em equipa e a emergência de processos de qualificação
profissional
A valorização de equipas multidisciplinares e a sua potenciação em processos de
qualificação dos elementos poderá ter impacto em duas dimensões:
• No trabalho colectivo que pretende superar uma lógica de somatório de
competências profissionais, por uma lógica qualificadora centrada na acção;
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
131
• A acção como determinante para a qualificação dos agentes, na assunção de que
é esta que forma e qualifica. (D’Espiney, 2009).
Desta forma, no âmbito da Divisão em causa, considera um dos entrevistados, “(…)
nós temos um método de trabalhar diferente, mais activo, mais participativo e acabamos por
ser mais autónomos, e quando vamos para a discussão, às vezes esbarramo-nos em relação às
outras divisões ou outros serviços com o excesso de burocracia e na dependência da voz da
chefia, portanto da autorização da chefia para qualquer passo que se dê.” (E1. p.7).
Constatamos, nesta declaração, que se percepciona uma diferença em relação a
outras áreas do serviço autárquico. Trata-se de um campo para um maior
aprofundamento, provavelmente, sustentador de outras propostas de investigação,
porque esta ideia não se apresenta totalmente consensual quando transportada para toda
a autarquia.
De acordo, em parte, com as anteriores palavras coloca-se um outro entrevistado,
“(…), o mais gratificante de trabalhar nesta Câmara, não é o que se faz, mas sim como se faz.
A liberdade de trabalho, a liberdade de produção de propostas, a liberdade de reflectir, a
liberdade das contribuições serem aceites, não só entre pares mas também a estrutura
hierárquica, é se calhar a mais-valia desta equipa.” (E2. p.18)
Trata-se de um campo de análise, que cruza as perspetivas pessoais e profissionais,
cruza lógicas políticas entre o quotidiano profissional, e as decisões de política global
de funcionamento da autarquia, enquanto organização complexa e diferenciada.
No entanto, “ A forma como esta é, uma forma de trabalhar em que não se
desresponsabilizando e não suprimindo hierarquias, é um verdadeiro trabalho de equipa como
ele deve ser. E num trabalho de equipa em que cada um é chamado a dar de si e a receber, ora
isso contribui imenso para a valorização pessoal e profissional de cada um. “ (E5 p.54).
Retomamos aqui processos de interação entre os agentes, baseados num clima que
favorece a democracia, se centra em processos de acção que os mobiliza. Estes
processos parecem evidenciar convivialidade, o prazer no trabalho e reconfortam quem
neles se implica.
Um conforto, que se entende possível, pela acção autárquica, nomeadamente pela
existência de instrumentos que procuram conciliar questões, mais de conteúdo técnico
com questões eminentemente políticas, expostos da seguinte forma:
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
132
“ (…). Articula-se profundamente, ou seja, (…) existem instrumentos de gestão aqui no
Município que são muito confortáveis para que os serviços, de alguma maneira, resolvam essa
dificuldade, (…) o seu grau de eficácia seja em correlação com os objectivos delineados, (…).
A clareza dos objectivos da Autarquia também não constituem um problema, ou seja,
instrumentos como eu referi há bocadinho,( aliás, ao que vou descortinando nem sequer é um
instrumento consensualizado em outras Autarquias), portanto há muitas Autarquias que nem
sequer têm este quadro de avaliação (…) e portanto o que acontece é que estes instrumentos
estão a montante devidamente identificados e devidamente operacionalizados neste momento e
portanto permitem com alguma facilidade que haja de facto esta relação dos níveis de
produção com os níveis de definição dos objectivos das próprias politicas da Autarquia, (…).”
(E6,p.77)
6.4.2 Formas de participação e concepção de uma estratégia comum
Em consonância com os pontos, anteriormente estudados, procuramos junto dos
elementos, uma maior concretização progressiva de situações que evidenciem processos
metodológicos potencialmente inovadores.
Uma ideia, desde logo presente, prende-se com o facto de todos os elementos se
encontrarem identificados com uma estratégia que ajudaram a construir.
Encontramos como interesse da Autarquia, ao longo do tempo, a promoção de espaços
de participação, como um eixo politico prioritário, “(…),é um princípio do Município
dentro dos seus valores, e depois é muito bem incorporado, e eu não tenho problemas em dizer
que passei por quatro vereadores até à data, ou seja pelos responsáveis políticos, que é o
responsável máximo pelo serviço, existindo essa disponibilidade por parte do sector político, a
nós tranquiliza-nos muito por saber que podemos manter a mesma liberdade de acção e a
mesma capacidade de reflexão e não cairmos naquilo a que se chama a rotina do funcionalismo
público, ou uma monotonia de execução.” (E2,p.18).
Um dos momentos de operacionalizar este princípio, que constatámos ser muito
importante, são as chamadas “Jornadas”.
Sobre o seu tempo de duração, e a metodologia adoptada para a sua realização,
constatámos diferentes contributos:
“ (…). O espaço das Jornadas, efectivamente é um espaço de participação alargada. (…).” (E6,
pp.70,71);
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
133
” (…) este grupo também tem permitido essa actividade, muita grata, que é o pensar a nossa
Divisão e o pensar a Acção Cultural como um todo, e procurar reagir a situações fracas na
continuidade do trabalho. (…) anualmente nós temos uma avaliação mais colectiva,
relativamente a matéria estratégica, a matéria operacional, e uma avaliação sobre as metas
que efectivamente nos propunhamos no ano anterior e do grau de alcance efectivo do
cumprimento dessas mesmas metas.(E6,p.60)
Ainda de acordo com os dois aspectos, refere um dos (as) entrevistados (as) que
“Promove a participação de todos…talvez não de forma igual, há um grupo mais restrito que
tem oportunidade de debater, mais profundamente a Divisão, os restantes têm uma
participação mais de fugida. (…) Portanto, a sua participação é muito mais…, é menor, não
estão o tempo todo, por caso este ano, pela primeira vez, foi pedido ao grupo dos
administrativos que também fizessem uma apresentação do seu trabalho, mas foi a primeira
vez, enquanto os técnicos, todos eles fazem a sua avaliação do ano que passou em termos de
trabalho. É-lhes dada essa oportunidade e aos restantes colegas não.“ (E1p6)
Trata-se de ponderar e conciliar, por um lado, como se pode melhorar a ocorrência
de espaços e momentos para a participação. Por outro, a constatação de existência de
processos interessantes e com alguma profundidade de participação.
“Sim a planificação é efectivamente participada, existe um acompanhamento dessa
planificação, mas cada um de nós tem autonomia suficiente para desenvolver o seu trabalho,
sem ter que constantemente pedir autorização, portanto pedir para continuar, sabemos o que
planificamos, sabemos o que é esperado de nós, sabemos seguir em frente, sabemos fazer sem
esperar que seja autorizado, porque autorizado já está à partida. “ (E1, pp.6,7)
Refira-se que são notórios os sinais de enraizamento de hábitos de participação,
uma forma de trabalhar assumida com alguma naturalidade.
“Nós temos inclusivé criado um sector de participação, que durante muito tempo foi a Divisão
de Acção Cultural. Aquilo que é hoje uma bandeira da Câmara, em termos de participação,
teve a sua origem na Divisão de Acção Cultural. (…), a organização é mais fluida face aos seus
objectivos num sistema participado do que nos outros, isso aí posso claramente assumir.”
(E2,p.18)
A assunção de um trabalho coletivo, proporcionador da elaboração e definição de
eixos de intervenção, de implicação para a resolução de situações, potenciadora de uma
estratégia de envolvimento comum, encontra eco nos seguintes depoimentos:
“Eu acho que qualquer momento que seja de partilha mais colectiva aponta no sentido de
pensarmos o nosso trabalho e as formas de intervenção, o facto de termos as reuniões semanais
em que nos juntamos, não serve só para gerir o trabalho, serve para nos ouvirmos uns aos
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
134
outros e nos confrontarmo-nos com aquilo que corre bem e com o que corre mal, e para
melhorar, acho eu.” (E3, p.27)
“Valoriza-se a opinião e a experiência de toda a gente, os amuos também, e as limitações.
Tentamos sempre ter uma atitude pró activa no sentido de ver onde existem as dificuldades e
tentar ajudar os colegas que eventualmente tenham algumas dificuldades.” ( E4, p.46)
Uma lógica de funcionamento, que se desmultiplica em diferentes contextos de
trabalho, e sintetizado da seguinte forma:
“Eu não tenho propriamente uma equipa, tenho várias equipas. Existe uma máxima que
continua a funcionar que é o diálogo entre todos, tento ao máximo envolver todas as pessoas e
decidir em conjunto com toda a gente.” (E5, p.52)
Este ponto parece evidenciar que o momento de realização das “Jornadas” da
Divisão tem um particular sentido para a equipa. A sua realização contém um conjunto
de intencionalidades que:
• Favorece o trabalho coletivo;
• Aprofunda metodologias de trabalho em equipa;
• Promove a reflexão dos intervenientes nos processos de animação e
desenvolvimento cultural;
• Aproxima o tempo da acção e da reflexão;
• Organiza, de forma participada, a construção de uma estratégia de intervenção,
em consonância com as decisões políticas autárquicas, mas num contexto de
participação democrática e recriadora crítica de metodologias de trabalho para a
sua consecução.
Durante a realização desta investigação, na sequência destes depoimentos, a
existência anual das “Jornadas” despertou-nos a constatação de duas outras situações:
• O reconhecimento da existência de processos democráticos no seu
funcionamento, associados a metodologias de trabalho inovadoras que
potenciam eixos de acção cultural, territoralizados e participados;
• As metodologias e processos, presentes nas “Jornadas”, poderiam ocorrer em
mais momentos ao longo do ano, serem disseminados ou recriados,
aprofundando-se no quotidiano da equipa.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
135
6.5 DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E PESSOAL
6.5.1 A importância da multidisciplinaridade e das experiências diferentes
Os processos de aprendizagem, presentes no desenvolvimento e reflexão na ação,
poderão evidenciar a mais-valia da multidisciplinaridade, favorecer a partilha de
experiências como ponto de partida, valorização pessoal e profissional dos elementos da
equipa.
“(…).Na formação também nos cruzamos com outras pessoas, com outros formadores que têm
outras experiências, e até mesmo com colegas de áreas que não tem nada a ver connosco, nos
provocam experiências e nos dão às vezes caminhos que nós não estávamos à espera.” (E3,
p.25)
6.5.2 O reconhecimento de competências entre pares
O hábito de reflexão, sobre as práticas, poderá favorecer a análise resultante das
potencialidades e fragilidades das equipas onde convivem diferentes disciplinas e
competências.
“Efectivamente, em equipas muito homogéneas em termos académicos ou em termos de
potenciação de trabalho, regra geral são más. A equipa da Divisão, a equipa toda tem sabido
assumir tarefas diferentes daquelas que lhe são propostas no organigrama, isso só uma equipa
muito heterogénea é que consegue fazer. “(E2 ,p.19).” (…), que é, geralmente do confronto com
os colegas de trabalho que têm saído as melhores parcerias e se calhar o maior múltiplo
reconhecimento, quer do outro quer de mim próprio, (…)”(E2,p.20)
Esta investigação presenciou um dado interessante, e que se prendeu com o facto de
a própria chefia de Divisão se inscrever num coletivo de partilha, numa lógica
horizontal de funcionamento.
“(…),o que saliento na minha intervenção, (silêncio), é particularmente a zona das ideias.
(…)acho que isso por vezes me estimula muito porque, que por um lado a equipa me dê esse
espaço, e eu acho que a equipa me dá esse espaço, às vezes a equipa chama-me a esse espaço e
isso é muito gratificante, e portanto como a equipa me chama sinto-me estimulado a remeter-
me para essa esfera das ideias, (…) é essa parte que eu salientaria porque nós falamos de
coisas muito importantes, por vezes, não é, falamos de coisas muito importantes, e
conseguimos, (…),mas efectivamente há momentos em que a gente consegue pensar mais longe
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
136
de facto essa parte é a que eu mais salientaria e da qual eu retiro mais ensinamento.”(E6,
p.86).
É, neste quadro de valorização de diferentes conhecimentos e competências, “ (…)
existem momentos em que as opiniões divergem, como é natural, como em tudo na vida, mas
sim identifico-me com os elementos e com a Divisão, na forma como funcionamos, como
partilhamos os objectivos, etc.” (E4, p.46), que se identificam outras potencialidades
determinantes para o sucesso da intervenção cultural da equipa, funcionamento interno e
interação com o exterior.
“Eu acho que esta equipa, vive da sua diferença, ou seja, aquilo que cada elemento traz de
novo, ou que é de diferente, é a grande mais-valia desta equipa. Primeiro lugar, temos uma
felicidade de ter, os corpos hierárquicos de direcção que vem do sector técnico, nós temos um
Director de Departamento e um Chefe de Divisão que vem dos quadros técnicos, ou seja, que
vem da área prática, não vem da área pura de gestão administrativa, o que lhes dá um
conhecimento de terreno e lhes dá um conhecimento do que é um papel de um técnico. E depois
temos uma mais-valia muito grande, que é de cada elemento trouxe coisas diferentes e ter
experiências diferentes. O potencializar este ou aquele elemento da equipa coordenação para
projectos municipais tem sido a grande valia. “ (E2. p.20)
Trata-se de um campo de trabalho e de formação que retoma conceitos presentes na
área da educação. A presença de processos educativos e formativos, “Aprendemos na
acção porque a acção ajuda-me e a equipa também me ajuda a reflectir sobre a acção, quando
se avalia também estamos a corrigir erros e a redefinir estratégias, e isso para mim é
educação.” (E5, p.54).
É, neste contexto, aprendizagem na ação (Espiney, 2009) que importa referenciar a
importância “do outro”, na estruturação do trabalho colectivo, nos contributos que
poderão ter desenvolvimento pessoal e profissional de cada um.
“Eu penso que aqui nós temos o conflito de interesse habitual em relação a qualquer colectivo,
(…). Remete para o problema da intersubjectividade. (…) remeteria isso para aquilo que é o
universo normal dos problemas da intersubjectividade e de conflitos de interesses. A mim cabe-
me gerir isso, esses níveis de conflitualidade, não é.” (…) “Se existe conflitualidade?
Naturalmente que sim, naturalmente que sim, aliás de outro modo não seria de imaginar uma
Organização. Eu acho que uma Organização tem também uma zona de conflitos de interesses e
que é motora, e que é também criadora, não é. Portanto, se um se identifica com o outro? Sim,
às vezes. Se um respeita o trabalho do outro? É suposto. Se há regras de relacionamento
intersubjectivo? Há, aquelas que são o limite do nosso próprio exercício de cidadão e de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
137
trabalhador, não é. Há uma conduta defendida, ou seja uma ética no serviço? Há. Isso há.”
(E6, p.73)
Trata-se de um espaço aberto ao conflito como uma metodologia que promove e
facilita a construção de soluções, aprofunda a participação, cria espaço para os
processos de valorização, qualificação pessoal e profissional.
“Se conseguimos atingir isso? Bom, compete a quem dirige as organizações estimular a
superação do conflito, não é, mas também encontrar no conflito o próprio estimulo, no sentido
da superação.” (E6, p.73).
Desta forma, podem reforçar-se situações de identificação “determinantes para a
construção de sentido no trabalho e para o próprio indivíduo em situação, pois é no contexto
destas interações que se produzem as transações estruturantes da identidade para o próprio e
para o outro” (Dubar, 1997).
Acrescentamos que este sentido estruturante para o próprio e para o outro, entre os
elementos, em múltiplos sentidos, numa rede de grande identificação e identificadora do
seu trabalho (da equipa e de cada um), permitirá a ocorrência de processos de
qualificação pessoal e profissional, centrados na acção igualmente qualificantes para os
seus intervenientes. (Correia, 1998).
6.5.3 O contexto de trabalho e processos de cidadania no quotidiano
A forma como cada elemento se coloca no contexto da equipa, enquanto
estruturadora e estruturante de multiplicas dinâmicas sociais e profissionais remete-nos,
desde logo, para o tempo passado em contexto de trabalho.
“È obrigatório, nós passamos a maior parte da nossa vida a trabalhar, portanto é obrigatório
que assim seja, é claro que a relação é de trabalho, mas não é possível isolar o assunto
trabalho, há uma tendência a ter amigos, pessoas mais próximas porque trabalhamos com elas,
que nos identificamos com a sua forma de trabalhar, de reagir, de estar, (silencio).” (E1. p.6)
Um local onde emergem cumplicidades e amizades que se aprofundam em torno de
objetivos comuns, delineados por uma estratégia coletiva de desenvolvimento cultural.
Um espaço formativo e de reflexão, centrado na acção.
A emergência destes processos, qualificadores e qualificantes, poderá proporcionar
o desenvolvimento profissional e pessoal de cada um e da equipa. “ (…) há uma profunda
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
138
identificação, há identificação no conteúdo, há identificação na missão, há identificação no
exercício do meu trabalho, e trabalho num conteúdo que é para mim como, de algum modo
muito fundo na minha identidade,(…), há um conteúdo fundo que tem e que me revejo, que
consigo sobre ele pensar, consigo ter ideias, perspectivar ideias, ter sonho, (…). (E6,p.85).
Trata-se da assunção de uma intervenção cívica, cidadã, implicada e cúmplice de
uma dinâmica cultural que se pretende como contributo determinante para o
desenvolvimento global do território.
Também aqui pensamos que poderão estar presentes processos inovadores, ao nível
dos contextos de trabalho, de formação acção onde, em derradeira instância, se afirmam
cidadãos com desenvolvidas capacidades cognitivas, com capacidade argumentativa,
competência para uma intervenção global e estratégica, permanentemente recriada no
seu quotidiano.
“(…) o exercício da Cultura hoje é claramente uma ética cívica,(…), (…) considero que
matéria ética hoje, é (…) essencial no exercício dos poderes públicos, e por consequência
dentro do seu contexto interno, ela deve ser estimulada, ela deve ser fundamentada, deve ser
informada, deve ser criada, deve ser participada e deve ser recordada de forma sistémica
dentro da própria Organização.” (E6,p.73)
Acrescentaríamos que se cruzam utopias e sonhos, numa relação muito interessante,
de cidadãos que cruzam, pacificamente, dinâmicas pessoais e profissionais, “(…), é
muito relevante na minha relação com a natureza do trabalho que tenho para mim mesmo, não
é, que é um lugar onde o sonho também se coloca, o sonho associado a valores, o sonho
associado a uma missão (…) identificada e portanto do ponto de vista (…) pessoal posso dizer
que me realizo.”(E6,p.85).
Pensamos, igualmente, que as propostas de desenvolvimento cultural subjacentes
ao trabalho desta equipa, exigem redobrados esforços no confronto que exerce com um
modelo de desenvolvimento que prevalece nos dias de hoje. Nomeadamente, onde estão
presentes situações como a centralidade das decisões, a periferização dos territórios, a
exclusão das pessoas dos lugares da decisão. É, neste sentido, que se recriam que “
(…).Porque, è um problema de civilização, nós temos uma sociedade que nem sempre
corresponde a esta noção fundamental do exercício público das Instituições que é estar perto
do seu cidadão e garantir-lhe um bem essencial que é a cultura, não é. Mas existe uma certa
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
139
regressão na centralidade da cultura e portanto passa a ser um combate, (…), esse combate
resulta de uma convicção do exercício de um trabalho de décadas que esta Instituição Pública
foi realizando, com resultados muito consequentes, (…). Mas é um combate porque existe uma
necessidade fundamental que é de civilização, de civilização e estrutura da própria sociedade.
A sociedade sobretudo a partir dos anos noventa inflectiu para zonas de pragmatismo muitas
vezes executivas, não é, portanto toda a zona imaterial passa a ser mais difícil de defender, e
estamos perante uma sociedade mediatista, (…). (…). Agora não há dúvida que esse é o
combate que me interessa do ponto de vista pessoal, (…) revejo-me, sim revejo-me naquilo que
faço, realizo-me naquilo que faço, estamos perante passos atrás, e ainda assim temos uma
missão, e essa missão ainda está válida (…), está válida porquê? Porque os homens ainda
prevalecem (…) e portanto enquanto os homens prevalecerem (…), nós teremos uma função
aqui a desenvolver. (E6, pp. 85,86).
Poderemos considerar que estamos perante uma equipa de relevante formação
política e fortes convicções, “(…), é uma geração tal que apanha aqui três momentos muito
distintos no exercício do trabalho na área da cultura, e é a mesma geração, com entradas de
sangue novo, em determinados contextos, (…) etc., (…), é um trabalho quase geracional, não é
(risos) associado à cultura, e portanto é uma unidade geracional e que efectivamente assiste, e
assiste a resultados espectaculares, (…), muitos destes indivíduos estiveram no momento de
criação dos eixos da afirmação cultural do Concelho (…). Muitas dessas pessoas que tem nome
e tem rostos, estiveram na invenção e na reinvenção de alguns eixos fundamentais de afirmação
de Palmela como marca de cultura e portanto são umas pessoas especiais desse ponto de vista,
(…), mas especiais pela natureza especial do seu trabalho. (E6,p.89), que se mobiliza de
forma estratégica, coerente com os seus princípios, que recria processos e metodologias
de trabalho que qualificam os intervenientes individuais e colectivos, que trilha
caminhos para a assunção e emergência de novos modelos de desenvolvimento “ (…)
que hoje esteja num momento diferente do trabalho da cultura e que é um momento de maior
implicação cultural, um momento em que de algum modo o cidadão ganha um protagonismo
diferente no exercício de um trabalho cultural e em que de certo modo nós estamos a refazer o
próprio conceito do trabalho da cultura junto da população, junto dos territórios, a própria
contextualização da cultura no de desenvolvimento das politicas públicas.” (E6,p.89).
Em consonância encontramos “(…) uma equipa muito disponível para se renovar e para
reequacionar as suas próprias ideias e avaliar continuadamente e até neste momento criar
espaço a uma nova geração que venha a intervir efectivamente no território e que faça de
Palmela ainda mais uma vez essa marca de cultura aqui dentro da área metropolitana de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
140
Lisboa e naturalmente mesmo a nível nacional, é isso que pretendemos. (…) é uma equipa de
convicção em poucas palavras!” (E6,p.90).
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
141
CAPÍTULO VII – CONCLUSÕES
Esta investigação insere-se no âmbito do Mestrado em Formação de Adultos e
Desenvolvimento Local, aborda a problemática da formação-acção, pretendeu analisar
diferentes contextos formativos presentes na experiência de uma equipa de coordenação
da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia, que contribuiu para a assunção de uma
identidade de equipa, de cada um dos seus elementos, para “ a capacidade de
aproveitar laços de pertença, ou de os suscitar, revela-se especialmente importante, em
particular na dimensão cultural, (…)” (Sá, L. 1999, p.29), inscritas num trabalho
colectivo, que desenvolve o seu quotidiano profissional e pessoal, e que concebe uma
estratégia de intervenção.
Trata-se de uma problemática e um campo de investigação na área de formação de
adultos.
Pretendemos com a presente investigação entrar nos seus processos e metodologias
de trabalho, desocultar as suas potencialidades e intencionalidades, descobrir processos
inovadores que, desde logo, se podem evocar em olhares exteriores, de forma empírica
pela comunidade.
Pretendeu-se igualmente evidenciar contributos de sujeitos e da organização no trabalho
cultural territoralizado em consonância com uma opção definida pelos decisores
políticos locais. De acordo com Luís Sá (1998, p.143), “a participação dos cidadãos
nos assuntos públicos pode não ser apenas um instrumento da sua elevação cívica, o
que é uma parte do desenvolvimento, mas também um meio de dinamizar a
administração pública e fazer com que esta contribua mais para o desenvolvimento.”
A análise do seu funcionamento referenciou um conjunto de contextos formativos
inseridos em quadros participativos, de valorização do contributo de todos, no exercício
profissional em simultâneo, coincidente em grande parte, com o exercício da cidadania.
Esta investigação, concluí que os adultos se formam a partir da sua experiência de
vida e enquanto profissionais, através de processos que lhe são próprios, onde integram
saberes formais e informais, onde adquire relevo a articulação com as situações de
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
142
trabalho, nomeadamente na resolução de problemas concretos que aí se colocam e na
reflexão sobre esses mesmos processos. (Amiguinho,1992).
As práticas de trabalho desta equipa de coordenação apontam para a realização de
práticas que coincidem no tempo processos inovadores e formativos.
“Formam através da pesquisa acompanhada de novas práticas por transformação
e em desenvolvimento das existentes, reconhecendo e validando a experiencia
profissional (…) adquira ao longo do seu percurso” (Amiguinho, 1992,p.14)
O funcionamento e a operacionalidade desta equipa de coordenação permitiu-nos
constatar a existência de um dispositivo de acompanhamento das acções, que lhes
permite reflectir sobre as práticas, fazendo emergir novas formas de trabalho que
resultam de mecanismos de produção e revisão de novos saberes, da pratica reflexiva
das acções num quadro colectivo de trabalho.
“O sentido vivido do/no trabalho é um sentido que decorre da experiência concreta
de cada indivíduo, experiência que associa o ‘contexto sincrónico’ (organização do
trabalho e relações sociais de trabalho no momento actual) e o ‘contexto diacrónico’
(história do sujeito e a forma como o contexto actual se articula com o seu passado) ”
(Martins, A., 2010).
Assim, verificamos que em contexto de trabalho e formação, fortemente
vivenciados, “numa perspectiva de formação permanente” (Canário, 2000), num espaço
de trabalho em equipa, de múltiplas influências entre pares, de construção progressiva e
de um sentido colaborativo que sustenta a elaboração de um pensamento estratégico.
(Espiney, 2009)
Com referenciámos anteriormente, o Município onde esta equipa se insere, tem
consolidado, ao longo de sucessivos mandatos, uma estratégia cultural “para
desencadear processos de desenvolvimento integrado e sustentado, com a participação
de um maior número possível de habitantes.” (Sá, L, 1999, p.28), que explicita
intencionalidades de desenvolvimento, de implicação de diferentes parceiros, de
ordenamento territorial e potenciação de equipamentos sócio-culturais, de mobilização
das comunidades e de promoção de eventos com impactos nacionais e internacionais.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
143
Consideramos que este conjunto de intencionalidades políticas tem reforçado uma
identidade e um sentido de pertença que se observa nesta equipa da Divisão de Acção
Cultural. Neste sentido verificámos que os elementos desta equipa agem num quadro de
construção progressiva de um sentido profissional contextualizado por uma política de
acção cultural que promove processos e dinâmicas centradas nas pessoas e nos
territórios, que podem por um lado valorizar a participação, o seu sentido e pertinência e
ao mesmo tempo qualificar os técnicos e a organização.
“A relação que se pode estabelecer entre o trabalho e o sentido vivido pelos indivíduos
(de forma subjectiva) é fundamental para a compreensão das dinâmicas subjacentes à
construção das suas experiências estreitamente associadas às questões da identidade e
de pertença” (Dubar, 1997). Assim, favorece-se um campo de formação-acção onde
pode existir “um processo auto – gerido no decurso do qual os processos formalizados
só adquirem relevância e sentido se articularem com as experiências vividas em
contexto contribuindo para a sua formalização.” (Oliveira, F., 2010, p.8). Onde se
engrandece situações formativas “de aprendizagem em relação às problemáticas do
quotidiano dos sujeitos de forma a desenvolver competências que possam ser aplicadas
em todas as fases e momentos da vida (..)” (Melo, A., 2001).
O funcionamento da equipa suporta um rumo estratégico que potencia recursos,
repensa práticas do quotidiano, alterando as normas empobrecedoras de uma lógica de
“funcionalismo”, implicando-se em novos trilhos sustentando a ideia que ““o panorama
da formação profissional contínua na Administração Local só é positivamente alterável
a partir da mobilização e da acção a desenvolver pelos actores institucionais locais”
(Canário, R., Cabrito, B., Aires, R., 2002).
Em consonância com o referido anteriormente esta investigação conclui que:
• têm sido promovidos contextos de inovação do modelo organizacional que
reorientam a administração para a acção “ mais centrada nos problemas, com
maior autonomia e responsabilização, com maior consideração pela
complexidade apontando para um funcionamento em rede e o reforço em
parcerias, mais descentralizada e com uma prestação de serviços mais próxima
dos cidadãos e mais integrados, privilegiando a base territorial na adequação e
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
144
aplicação das políticas, mais centrada nas dinâmicas gestionárias e menos na
aplicação uniforme de procedimentos” (Arminda Neves, 2002, p.23);
• as metodologias de trabalho envolvem a equipa na definição das estratégias de
acção;
• a construção da estratégia entre a formação e o quotidiano profissional passa
pela capacidade de uma reflexão permanente, de aprendizagem;
• os processos de formação inferem um trabalho coletivo, participado e estratégico
onde cada pessoa se torna sujeito da sua formação numa base de compreensão
global dos processos de trabalho no campo cultural;
• privilegia-se uma cultura de partilha e interação centrada na resolução de
problemas em coletivos e contextos de trabalho.
Durante esta investigação registamos de forma acentuada a forma como cada
elemento se identifica com a equipa e com a autarquia, um campo de análise dinâmico
de múltiplas interacções e de relações. A equipa, em contexto de trabalho resulta e
constrói a sua identidade como o resultado de um processo de socialização (Dubar
2005). Este conjunto de interacções inscreve-se quer no plano individual quer no plano
institucional, “processos de socialização que, conjuntamente, constroem os indivíduos e
definem as instituições.”(Dubar, 2005, p. 136).
De igual forma, constatámos que a equipa define de forma muito clara a
operacionalidade e funcionamento, as necessidades colectivas e os objectivos a
concretizar (Ansart, 1997). Cada um dos elementos inscreve-se num colectivo de
trabalho onde se sente um prolongamento de si próprio (Aubert e Gaulejac, 1991).
Por outro lado a desmultiplicação do trabalho relativamente aos sectores permite a
desmultiplicação de funções, sendo que as responsabilidades destas são partilhadas e
desenvolve-se de acordo com as tarefas. Esta possibilidade da mesma pessoa
desempenhar papeis em diferentes momentos implica necessariamente o
aprofundamento da comunicação e a implicação das pessoas, uma maior noção da
complexidade da intervenção, tendo necessariamente impactos ao nível da liderança, ou
lideranças que venham a ocorrer em função das acções a realizar.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
145
Esta investigação permitiu a análise do conceito de mediação, em contextos
colectivos de trabalho, pois observámos e registámos momentos em que esta potencia a
diversidade, a multidisciplinariedade, valoriza a participação de todos e planifica as
acções (EQUAL, Mediar para Desenvolver, 2005, pp. 66,67). Estes princípios
estimulam a iniciativa, a capacidade de inovação e a confiança mútua, de construção de
diferentes lógicas de intervenção.
Consideramos assim, que uma lógica de funcionamento horizontal, com
interferências nas relações de poder, aproxima a equipa de um dispositivo de concepção
e mediação de processos (Valente, A., 2007). Assim a metodologia de funcionamento
desta equipa vai para além de um funcionamento institucional, que se revela como um
dispositivo que valoriza as potencialidades e os recursos para a resolução de problemas,
ao mesmo tempo que favorece os processos democráticos e colaborativos. O seu
trabalho constituí o exercício de estruturação colectiva da acção (D’Espiney, 2009).
A ocorrência das JORNADAS, considerado um momento fundamental para o
funcionamento da Divisão, permite o encontro em plenário de todos os elementos que
constituem a Divisão de Acção Cultural, aprofunda as metodologias de trabalho em
equipa, reflecte e organiza de forma participada a construção de uma estratégia de
intervenção em consonância com as decisões políticas autárquicas, e/ou onde se
elaboram novas propostas. Trata-se de um momento, que verificámos, ser de grande
importância para todas as pessoas implicadas, de grande utilidade e participação
democrática. Podemos afirmar que as JORNADAS servem de «cimento» ao
funcionamento da equipa e à estruturação do trabalho.
Nas JORNADAS, por serem reconhecidos os seus méritos ao nível da participação
democrática, de inovação e da concepcção da acção, propomos a sua ocorrência em
mais momentos, disseminados ou recriados, enraizando-se no quotidiano da equipa. De
igual forma, estes princípios devem ser aprofundados nas reuniões entre os
coordenadores de sectores e as suas equipas.
A autarquia ao possuir documentos de orientação e definição dos eixos estratégicos
do território a desenvolver nas diferentes áreas de intervenção, concebe um documento
estratégico que analisado permite entender o ideário presente para o desenvolvimento
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
146
cultural e a forma como esta equipa se inscreve, se articula e operacionaliza as decisões
politicas.
Esta investigação considera não poder ser dissociável uma coisa da outra, que os
princípios políticos presentes, viabilizam o trabalho que consideramos «inovador» da
equipa da acção cultural. O que poderá evidenciar a questão se todas as outras divisões
da mesma autarquia, tendem a funcionar de forma colectiva, construindo soluções em
torno de problemas do quotidiano. Ou seja, que concretizam a ideia da passagem de
uma lógica de problema para uma lógica de procura de soluções de uma forma
participada (Canário, 2000). Situação que os processos metodológicos de trabalho desta
equipa argumentam muito bem, no seu funcionamento de acordo com os princípios
políticos definidos, na definição da sua estratégia, no tecer de uma rede de parcerias
formais e informais, no trabalho, nas amizades e nas cumplicidades entre os elementos
que a constituem, uma equipa que é um dispositivo de permanentes interacções entre os
seus elementos, mobilizados num trabalho em que acreditam, que lhes permite «sonhar»
e «chamar o sonho à zona das ideias», (frase várias vezes preferida pela chefia de
divisão). Em sequência referimos que os princípios de conhecimento, de acção, de
grande profundidade democrática e sentido estratégico presente na chefia da divisão
constituem factor determinante para o funcionamento e consecução do trabalho de toda
a divisão.
Este estudo não se pode considerar transferível ou transversal a todas as divisões da
Autarquia. Não podemos inferir que esta investigação se possa «colar ou replicar» a
outras instâncias. Pretendemos que sirva para o aprofundamento da reflexão em torno
desta problemática, dentro da Autarquia em questão, ou noutras autarquias, que
promova a partilha de experiências, a devolução aos intervenientes, que favoreça, crie
condições para que esta experiencia seja «recriada» noutros contextos com outros
intervenientes.
Assim, o contributo desta equipa é determinante nas formas como se mobiliza
estrategicamente, que permanece coerente com os seus princípios de acção, que
reinventa permanentemente processos de metodologias de trabalho que são
qualificadores e qualificam os intervenientes individuais e colectivos.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
147
Esta equipa sustenta, trilha caminhos para a assunção e emergência de modelos
alternativos de desenvolvimento, tão pertinentes e urgentes nos tempos em que
vivemos.
A prevalência de um modelo fortemente verticalizado, promotor do mérito
individual, disseminado e aplicado de forma cada vez mais intensa na administração
pública local e nacional, não tem produzido bons resultados ao nível da valorização e
qualificação dos sujeitos, de melhor funcionamento das organizações, de melhor
trabalho para e com as populações.
Esta investigação sugere que esta equipa possuidora de ricos processos de trabalho
de acção cultural e reflexão sobre a sua intervenção sistematize materiais e os publique
em diferentes fóruns e diferentes suportes para que se possam partilhar e confrontar com
outras reflexões, em contexto Autárquico e extra Autárquico. Sugerimos igualmente
uma maior disseminação da experiência desta Divisão junto de outros sectores da
Autarquia de forma a contribuir para um maior desenvolvimento organizacional e
pessoal dos vários intervenientes do poder local. De igual forma os processos
subjacentes a este tipo de trabalho são de manifesto interesse para outras instituições e
associações do Concelho. Estas práticas de trabalho, de partilha, solidariedade e
construção colectiva de uma estratégia, são de interesse generalizado junto de toda a
comunidade.
Consideramos que os elementos desta equipa são uma mais-valia para a promoção
de mais contextos formativos dentro da Autarquia ou noutras autarquias, potenciando a
sua experiência e a reflexão que sobre ela possuem, para a qualificação de outros
sujeitos e outras instituições que, numa lógica de partilha possam «recriar» novos trilhos
para a sua formação-acção, valorizando a sua experiência promovendo colectivos de
trabalho e concebendo novas estratégias. Estes elementos da equipa poderão ser
determinantes em processos de formação e qualificação de pessoas, instituições e
territórios. Desta forma a autarquia verá «retribuído» a aposta definida na cultura como
um eixo estratégico de desenvolvimento.
Esta investigação poderá ir mais longe, procurar respostas e aprofundar o
conhecimento em situações como:
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
148
• Na forma de como esta equipa de coordenação se relaciona e «como contamina
ou não» os restantes elementos da divisão, nomeadamente as equipas que
constituem os diferentes sectores;
• Os impactos desta equipa no contexto da autarquia, nos seus contributos para a
assunção da estratégia politica a desenvolver;
• Como se situam os decisores políticos autárquicos perante a natureza da equipa,
a sua operacionalização, metodologia de trabalho e as propostas que dela surgem
para o desenvolvimento cultural do Concelho.
Esta investigação concluiu que a equipa é constituída por pessoas, com uma forte
convicção do que é serviço público, da sua importância para o quotidiano das pessoas
em sociedades livres e democráticas. Trata-se de uma geração, que marca a política
cultural das últimas décadas do país democrático, que se mantêm na vanguarda, para a
recriação do desenvolvimento cultural, que promove a aproximação de pessoas e
instituições aos lugares de decisão. A equipa acredita que o seu trabalho é oportunidade
democrática, livre e universal, que a cultura permite a formação, a aprendizagem, e
qualificação das pessoas, das organizações e dos territórios. O seu trabalho centra-se
igualmente na intervenção cívica e cidadã que resulta de múltiplas dinâmicas culturais.
A cultura é um exercício de cidadania.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
149
BIBLIOGRAFIA
AMIGUINHO, A. (1992) - Viver a formação, construir a mudança, Lisboa, Educa
AMIGUINHO, A. (2004) - O desenvolvimento educativo como processo de formação:
problemas e potencialidades de uma planificação estratégica, Portalegre. Texto inédito
policopiado
AMIGUINHO, A. (2008) – A Escola e o Futuro do Mundo Rural, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian..
AMIGUINHO, A., CORREIA, H., VALENTE, A. (1994) - Velhos são os trapos: os idosos e
a comunidade como protagonistas do processo educativo. In Rui D’ Espiney (org.) Escolas
Isoladas em Movimento, Setúbal, ICE, pp. 81-89
AFONSO, N. (2005) - Investigação Naturalista em Educação: um guia prático e crítico, Porto,
Edições Asa
ALARCÃO, Isabel, ROLDÃO (2007) - Conferências - Formação e Supervisão de
Professores: uma nova abrangência in Sísifo - Revista de Ciências da Educação· n.º 8 Jan/Abr
2009
ALARCÃO, Isabel; TAVARES, José (2003) - Supervisão da Prática Pedagógica, uma
perspectiva de desenvolvimento e aprendizagem, Coimbra, Livraria Almedina, 2ª Edição
ANSART, Pierre (1977) - Idéologies, conflits et pouvoir, Paris, PUF.
AUBERT, Nicole & GAULEJAC, Vincent de (1991) - Le coût de l’excellence, Paris, Editions
le Seuil.
Bardin, L. (1977) - Análise de conteúdo, Lisboa, Edições 70;
Bardin, L. (2009) - Análise de conteúdo, Lisboa, Edições 70
Bell, J. (1997) - Como realizar um projecto de investigação, Lisboa, Gradiva, pp. 31-44;
BERGER. G. (2004) - Seminário de Mestrado, Portalegre, Escola Superior de Educação, Julho.
BERGER, G. (2002) - Éducation, Innovation, et Citoyenneté In. CORREIA, J.A.,
D’ESPINEY, R. (org).Cadernos do ICE nº7. Setúbal
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
150
BERNARDES, A. (2008) - Políticas e Práticas de Formação em Grandes Empresas –
Situação actual e perspectivas futuras, Sísifo. Revista de Ciências da Educação nº.6 Mai/Ago
2008
BOGDAN, R. & BIKLEN, S. (1994) - Investigação Qualitativa em Educação – uma
introdução à teoria e aos métodos, Porto, Porto Editora
BUTERA, F. (1991) - La metamorphose de l’organisation: du château au réseau, Paris: Les
Editions d‘Organisation.
CANÁRIO, R., MATOS, M. (2003) - Escola e Territórios, Porto Educação, Sociedade &
Culturas
CANÁRIO, R., CABRITO, B (2005) - Educação e Formação de Adulto - Mutações e
Convergências, Lisboa, Educa
CANÁRIO, R., Cabrito, B., Aires, R., (2002) - Formação Profissional contínua na
Administração Local para uma orientação estratégica, Ed. Policopiada
CANÁRIO, R. (1995) - Gestão da escola: Como elaborar o plano de formação? Lisboa:
Instituto de Inovação Educacional
CANÁRIO, R. (1989) - O determinismo e o naturalismo como obstáculos à inovação
pedagógica, Aprender, nº.10
CANÁRIO, R. (2000) - Educação de Adultos - um campo e uma Problemática, Lisboa, Educa
CARMO, H.; Ferreira, M. M. (1998) - Metodologia da investigação: guia para auto-
aprendizagem, Lisboa, Universidade Aberta
CAVACO, C. (2002) - Aprender fora da escola - percursos de formação experiencial, Lisboa,
Educa
CORREIA, J. A., CARAMELO, J. (2003) - Da mediação local ao local da mediação: figuras
e políticas. Educação, Sociedade & Culturas, Porto, Edições Afrontamento, Lda, pp. 167-191
CORREIA, J.A. (1998) - Para uma teoria crítica em educação, Porto, Porto Editora.
CORREIA, José Alberto (1997) - Formação e Trabalho: contributos para uma transformação
dos modos de os pensar na sua articulação, in R. Canário (org.) Formação e Situações de
Trabalho, Porto, Porto Editora, pp.13-41.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
151
CORREIA, J.A. (1989) - Inovação Pedagógica e Formação de Professores, Porto, Edições
ASA
COSTA e SILVA, A. M. (2005) - Formação e Construção de Identidades. Um Estudo de Caso
centrado numa Equipa Multidisciplinar, Tese Doutoramento, Universidade do Minho. Ed.
Policopiada
CHARLOT, B. (1997) - Du rapport au savoir: elements por une théorie, Paris, Anthropos
CROZIER, M. (1995) - La crise de L’intelligence Essai sur L’impuissance des élites à se
reformer, Paris, Intereditions
DEJOURS, C. (1998) - Souffrance en France. La banalisation de l ‘injustice sociale, Paris,
Seuil
DEMAILLY, L. (1997) - Contruire des réseaux cooperatifes, In Van Zanten, A. (Coord.) La
scolarisation dans les milieux «difficiles», Politiques, processus e pratique, Paris, INRP, pp.
67-81
DOMINICÉ, P. (1984) - La biographie éducative: un itinéraire de recherche. Education
Permanente
DUBAR, Claude & TRIPIER, Pierre (1998) - Sociologie des Professions, Paris
Armand Colin.
DUBAR, Claude (1997a [1991]) - A Socialização: Construção das Identidades Sociais e
Profissionais, Porto, Porto Editora
ENRIQUEZ, Eugène (1992) - L’Organisation en analyse, Paris, PUF
ESPINEY, R. (2003) - Eixos estratégicos na intervenção do Projecto das Escolas Rurais, ICE.
Aprender, 28, pp. 38-43
ESPINEY, R.D’(2008) - A diversidade das formas organizadas de democracia participativa,
no prelo
ESPINEY, R. D’ (2009) - Intervenção em meio rural: Princípios, eixos estratégico-
metodólogicos, conceitos, Ed. Policopiada.
ESPINEY, R. D’ (org) - Cadernos do ICE nº7, Setúbal
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
152
DAY, C. (2004) - A Paixão pelo Ensino, Porto, Porto Editora
DEMAZIÈRE, Didier & DUBAR, Claude (1997) - Analyser les entretiens biographiques,
Paris, Éditions NATHAN
DENZIN, Norman K. (1994) - The Art and Politics of Interpretation, in N. Denzin e Y.
Lincoln (edits.), Handbook of Qualitative Research, California
DODIER, Nicolas (1995) - Les Hommes et les Machines, Pari, Éditions Métailié
DOMINICÉ, P. (1984) - La biographie éducative: un itinéraire de recherche, Education
Permanent
ESTRELA, A. (1994) - Teoria e prática de observações de classes. Uma estratégia de
formação de professores, Porto, Porto Editora
EQUAL (2005) - Mediar para Desenvolver, ESEP
FERRY, G. (1983) - Le trajet de la formation, Paris, Dunod
Flick, U. (2004) - Introducción a la investigación cualitativa. Madrid: Ediciones, Morata: pp.
58-60
FORTIN, M. (2009) - Fundamentos e etapas do processo de investigação, Loures, Lusodidacta
FREIRE, P. (1974) - Uma Educação Para a Liberdade, Porto, Ed.Textos Marginais
GOFFMAN, Erving (2000 [1973]) - La mise en scène de la vie quotidienne, Paris, Les
Editions de Minuit.
GOFFMAN, Erving (2003 [1974]) - Les rites d’interaction, Paris, Les Éditions de Minuit.
GUBA, Egon G. & LINCOLN, Yvonna S. (1994) - Competing Paradigms in Qualitative
Research, in N. Denzin e Y. Lincoln (edits.), Handbook of Qualitative Research, California
HENRIQUES, J. M. (2008) - Living Document, Ed. Policopiada, Lisboa, EQUAL
JOSSO, M. C. (2002) - Experiências de Vida e Formação, Lisboa, Educa
LÜDKE, Menga & ANDRÉ, Marli E.D. (1986) - Pesquisa em Educação: Abordagens
Qualitativas, Brasil, Editora Pedagógica e Universitária
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
153
LESNE, M. (1977) - Trabalho pedagógico e formação de adultos, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian
LE BOTERF, G. (1994) - De la competence. Essai sur un attracteur étrang, Paris, Editions
d’Organisation
MADUREIRA, César. (2000) - A formação profissional contínua no contexto de
modernização da administração pública em Portugal: limitações de uma abordagem
institucional – a experiência do PROFAP, Sociedade e Trabalho – Lisboa Nº 11 (Dez), pp. 75-
85
MARCHÃO, A. (2010) - Apontamentos aulas Metodologias de Observação e de Análise de
Situações de Formação
MARCHÃO, A. (Professora Adjunta da Escola Superior de Educação de Portalegre, Mestre em
Supervisão pela Universidade de Aveiro), Supervisão – uma breve abordagem, Texto não
publicado, escrito para disponibilizar aos Estudantes do 1.º Ciclo de Estudos em Educação e
Formação de Adultos da Escola Superior de Educação de Portalegre
MARTINS, A. C. (2010) - www.formacaodeadultoseidentidade.blogsopt.com
MATIAS J. A (1999) - Contratos de Autonomia, Aprendizagem Organizacional e Liderança,
Porto, ASA, 1999 (co-autoria)
MEAD, George Herbert (1963 [1933]) - L’esprit, le soi et la société, Paris, PUF
MELO, A. (2001) - Agir localmente, pensar globalmente: Testemunho de um percurso
inspirado em Paulo Freire, Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano 35, nº 1, 2001, pp. 115-122
MENDES, José Manuel Oliveira (2001) - O desafio das identidades, in B. S. Santos (org.),
Globalização, Fatalidade ou Utopia? Porto, Edições Afrontamento, p.489-523
MERRIAM, S. (1998) - Qualitative research and case study applications in Education, San
Francisco, Jossey-bass Publishers
MERRIAM, S. (2002) - Qualitative Research and Case Study Applications in Education, San
Francisco, Jossey-bass Publishers
MORREIRA,C.D (1994) Planeamento e Estratégias de Investigação Social, Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas, Lisboa.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
154
MORSE, Janice M. (1994) - Designing Funded Qualitative Research, in N. Denzin e Y
Lincoln (edits.), Handbook of Qualitative Research, California, SAGE, pp.220-235
NEVES, Arminda. (2002) - Administração Pública e Inovação, Lisboa: Curso de Formação
Avançada em Políticas e Gestão da Inovação (Policopiado)
NEVES, António Oliveira das (2000) - Formação profissional para a administração local:
contexto, prioridades e desenvolvimento, Revista Sociedade e Trabalho, Lisboa Nº.11 (Dez), pp.
87-99 (2000)
NÓVOA, A. (1988) - O Método (auto) biográfico na encruzilhada dos caminhos (e
descaminhos) da formação dos adultos, Revista Portuguesa de Educação
OLIVEIRA, F. (2010) - A Importância do Informal e da Experiência na Dinâmica da
Formação (Texto de Apoio), Mestrado em Formação de Adultos e Desenvolvimento Local,
Unidade Curricular Reconhecimento e Validação de Adquiridos
OLIVEIRA, F. (1997) - Construção de um Centro de Recursos Educativos num
Estabelecimento de Ensino, Estudo de um caso de Formação em Acção, Dissertação
apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências da Educação – Educação e
Desenvolvimento, Universidade Nova de Lisboa, Ed. Policopiada
OZGA, J. (2000) - Investigação sobre Políticas Educacionais: terreno de contestação, Porto,
Porto Editora
PASCAL, N.- LE SRAT, (1996) - L’ implication, une nouvelle base de l’intervention sociale,
Paris, L’Harmattan
PAIN, A. (1990) - Education informelle – les effects formateurs dans le quotidian, Paris,
L’Harmattan
PAIN, A. (1991) - In la formation expérientielle des adultes, Paris, La Documentation
Française
PIRES, Ana Luísa Oliveira (2007) - Reconhecimento e validação das Aprendizagens
Experienciais, Uma problemática educativa, Sísifo, Revista de Ciências da Educação nº.2
Jan/Abr 2007
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
155
PONTE, J. (1994) - O estudo de caso na investigação em educação matemática, Quadrante, 1
(vol. 3), pp 3-18
PORTUGAL, Secretaria de Estado da Administração Local (2000) - Foral Programa de
Formação para as autarquias Locais, Lisboa, SEAL
PRYGOGINE, I. (1996) - La fin des certitudes, Paris, Odile Jacob
QUIVY, R & Campenhoudt, L. V. (1992) - Manual de Investigação em Ciências Sociais,
Lisboa, Gradiva
REINBOLD, M-F e BREILLOI, J-M (1993) - Gérer la compétence dans l’entreprise, Paris,
L’Harmattan
RODRIGUES, F. e STOER, S. (1994) - Acção Social e Cidadania in Dinâmicas Culturais,
Cidadania e Desenvolvimento Local, Lisboa, ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
SOCIOLOGIA, pp. 175-188,
ROLDÃO, Maria do Céu (2007) - Formação de professores baseada na investigação e
prática reflexiva, in Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, Conferência
Desenvolvimento profissional de professores para a qualidade e para a equidade da
Aprendizagem ao longo da Vida, Lisboa
RUANO-BORBALAN, Jean-Claude (1998) - La construction de l’identité, in J.-C.Ruano-
Borbalan (coord.) L’identité. L’individu, le groupe, la société. Auxerre Sciences Humaines
Éditions, pp.1-13
SÁ, L. (1989) - Regiões Administrativas – O Poder Local que Falta, Lisboa, Editorial Caminho
SÁ, L. (1999) - Espaços de Poder e Democracia, Lisboa, Editorial Caminho
SÁ, L.; SERRANO, A; BRANCO, D. (1998) - As Regiões Administrativas Democracia e
Desenvolvimento, Lisboa, Editorial Caminho
SANTOS, I. (2004) - Quem habita os alunos? A socialização de crianças de origem africana,
Lisboa, Educa, pp. 55-59
SCHON, D. (1996) - A la recherche d'une nouvelle épistémologie de la pratique et de ce qu'elle
implique pour l'education des adultes, In Barbier, J-M (org) Savoirs théoriques et savoirs
d’action,. Paris, Puf
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
156
STAKE, R. (1995) - The Art of Case Study Research, Califórnia, Sage Publications
STAKE, Robert E. (2003) - Case Studies, in N. Denzin e Y. Lincoln (edits.), Strategies of
Qualitative Inquiry, California, SAGE (2ª edição), pp. 134-164
Tuckman, B. (2000) - Manual de Investigação em Educação, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian
TUCKMAN, B. W. (2005) - Manual de Investigação em Educação, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian
VALENTE, A. (2007) - Educação e Mediação Social. O estudo do caso de acompanhamento
de projectos educativos no Nordeste Alentejano, Ed. Policopiada
YIN, Robert K. (1989 [1984]). Case Study Research. Design and Methods. Newbury Park:
SAGE Publications, Applied Social Research Methods series, volume 5
Yin, R. K. (2005) - Estudo de Caso, Planejamento e métodos, Porto Alegre, Artmed Editora
SA.
Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das Identidades –
O caso de uma Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação
157
APÊNDICES
Apêndice I
Pedido de Autorização para realização da Investigação
Concessão de Autorização para a realização da Investigação
MUNICÍPIO DE PALMELA
CÂMARA MUNICIPAL
Largo do Município, 2951-505 PALMELA
[email protected] NIF: 506 187 543
TEL.: 212 336 600 FAX: 212 336 619 1/1
DIVISÃO DE ACÇÃO CULTURAL
INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
A/C EXMO PROF. DOUTOR ABÍLIO J. MAROTO AMIGUINHO
PRAÇA DA REPÚBLICA - APARTADO 125
7300 - 000 PORTALEGRE
Sua referência Sua data Nossa referência Data de expedição
SAI 2011/ 20/04/2010
Assunto: AUTORIZAÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO
Exmos. Sr.
Através do presente acuso a recepção do pedido de autorização para desenvolvimento de Projecto de
Investigação no âmbito de “Dissertação de Mestrado”.
Considerando o teor do solicitado como uma mais valia para a Divisão de Acção Cultural, não se verifica
inconveniente no seu deferimento, verifica-se ainda um grande interesse neste tipo de pesquisa para a
avaliação dos processos de trabalho e para a ponderação de melhoria contínua. Ficaríamos muito gratos, se
fosse possível da vossa parte, que nos enviassem uma cópia do trabalho final, para futuras reflexões.
Grato pela vossa atenção, e disponibilidade,
Com os melhores cumprimentos.
O Chefe de Divisão de Acção Cultural
Alberto Pereira
(no exercício de competência Sub-Delegada
por despacho 54/2009 de 25 de Novembro)
AP/BS
Questões que poderão suportar o trabalho de campo
A – Como funciona e se operacionaliza a Equipa?
1. A DAC promove com que assiduidade as reuniões de trabalho? 2. Quais os conteúdos dessas reuniões? 3. Que espaço ou espaços são utilizados? 4. Como se articula a calendarização das reuniões com as acções previstas? 5. Como se planifica? 6. Como se avalia?
B – DAC um dispositivo?
1. Existe espaço e tempo de intervenção para todos nos momentos formais ou outros?
2. A estratégia cultural resulta da participação e contributos de todos? 3. Existem documentos previamente elaborados? São discutidos e reelaborados?
Existem documentos construídos de raiz a partir das reuniões de trabalho? 4. Qual a posição de cada um em relação à posição do outro? Como é gerido o
projecto do outro? 5. É promovida a participação de cada um e de todos? 6. Existe o sentimento ou a noção de uma lógica de trabalho em equipa? 7. Existe a noção de um colectivo de trabalho? 8. Promove o colectivo de trabalho processos de qualificação profissional? 9. O trabalho em equipa de forma participada favorece a construção de uma
estratégia de intervenção? 10. Qual o espaço de cada um no colectivo e na construção de uma perspectiva
global de intervenção (estruturação das iniciativas, prioridades da política cultural, movimento associativo, projectos,…)?
C – Desenvolvimento de processos de qualificação dos elementos da equipa e o quotidiano profissional.
1. Os contextos formativos e a metodologia de formação – acção permitem e contribuem para o desenvolvimento profissional?
2
B- Guião de Entrevista – Elementos da Equipa de Coordenação da DAC
Bloco Temático Objectivos Processuais Formulário de Questões Observações
1) Legitimação da entrevista
- Pedir a colaboração - Assegurar o Carácter de confidencialidade - Pedir autorização para o registo áudio -Explicitar o objectivo da entrevista
1. Autoriza a gravação da entrevista?
2) Caracterização do/a Entrevistado/a
- Recolher dados que o permitam caracterizar
2.1 Identificação do Serviço e Pessoal (Entidade, Departamento, Divisão) (Idade, Sexo, Estado civil, Naturalidade, Residência) 2.2 Identificação Profissional (Habilitações académicas) 2.2.1 Situação Profissional (Tipo de contracto, anos de serviço) 2.3 Actividade Profissional (local e sector/área) 2.4 Valorização Profissional (Acções de formação últimos 3 anos) 2.4.1 Por iniciativa Própria 2.4.1 Por iniciativa da entidade
- Questionar sobre motivações e expectativas
3) Funcionamento e Operacionalização da
- Recolher dados sobre como funciona e se operacionaliza a
3.1 Que periodicidade nas reuniões da equipa? - Perceber quem determina a periodicidade da reunião
3
Divisão Acção Cultural Divisão Acção Cultural 3.1.1 Onde se realiza as Reunião?
3.1.1.1 Quais os conteúdos das reuniões?
3.1.1.2 Como é feita a articulação das reuniões e calendarização das acções?
3.2 Como Planificam as Acções?
(semanal, quinzenal, mensal), os locais onde ocorrem (mesmo local, locais diferentes)
- Perceber quais os conteúdos abordados na reunião (planeamento e desenvolvimento das acções, feedback das acções, avaliação das acções)
- Perceber como é feita a articulação das reuniões e a calendarização das acções (em equipa, grupos de trabalho, por sector, área intervenção, por territórios, por equipamentos)
- Perceber como planificam as acções (em equipa, isolado/a, por grupos de trabalho especifico, por áreas, por territórios, por equipamentos)
4) Divisão Acção Cultural uma equipa /
-Recolher dados sobre funcionamento em equipa,
4.1Qual a Metodologia de trabalho da equipa? - Perceber como começa,
quem dirige, como é
4
dispositivo de acção? planificação conjunta e formas de planificação
4.1.1 Qual a Forma de estruturação de acção
conjunta?
4.1.2Está presente uma planificação participada
e a construção de um dispositivo de
acompanhamento?
4.2 Existe potenciação de recursos
multidisciplinares?
organizada a participação,
como são registados os
contributos, como é
elaborado o memorando
da reunião, qual o tempo
da reunião, etc.)
- Perceber a planificação
da equipa (todos
participam, é individual, é
imposta, etc.)
- Perceber como é
valorizado a área
disciplinar de origem,
formação inicial, de cada
elemento
5) Promoção de um colectivo de trabalho?
- Recolher dados sobre a existência ou não de um trabalho colectivo na construção de uma estratégia global de intervenção
5.1 È possível que o trabalho em equipa faça emergir processos de qualificação profissional? 5.2 Que formas de participação na construção de uma estratégia comum de intervenção?
- Perceber se o trabalho em
equipa favorece processos
de melhoria profissional
- Perceber como participa
5
Nota metodológicas prévias:
Este guião destina-se a ajudar a realização das entrevistas aos elementos da Equipa de coordenação da Divisão Cultural de uma Autarquia da
Margem Sul do Tejo.
As entrevistas serão individuais.
As entrevistas serão gravadas com o consentimento dos entrevistados.
Os entrevistados serão devidamente esclarecidos do conteúdo.
Não existe tempo limite para a realização de cada entrevista.
As entrevistas serão posteriormente transcritas para papel
cada elemento na
concepção de uma
estratégia.
6) Desenvolvimento profissional e desenvolvimento pessoal
- Recolher dados sobre contextos e processos que no quotidiano profissional favorecem o desenvolvimento pessoal
6.1 Os contextos e processos no quotidiano profissional favorecem contextos e processos de cidadania enquanto elemento da equipa?
- Perceber como o quotidiano profissional, nomeadamente nas reuniões e no desenvolvimento das actividades, promove hábitos de participação democrática e de afirmação pessoal de cada elemento.
6
C – Grelha de Observação de Reuniões
Grelha de Observação das Reuniões da Equipa de Coordenação Divisão de Acção
Cultural
Divisão: ______________________________________________________________
Ano: _________________________________________________________________
Assunto: ______________________________________________________________
Nº. Presenças: _________________________________________________________
Nº. Ausências: _________________________________________________________
Data: ________________________________________________________________
Hora: ________________________________________________________________
Local: ________________________________________________________________
Inte
rvenie
nte
s
Elemento
da Equipa
Conteúdos Material Comportamentos
Verbais Não Verbais
Técnico/a
A
Anotador/a _______________________________________________________
Guião de entrevista – Chefia da Divisão de Acção Cultural
A – Como funciona e se operacionaliza a Equipa de Coordenação DAC
1. Como se estrutura e organiza a equipa de coordenação da DAC? 2. Qual a relação desta equipa com os restantes elementos da DAC? 3. Como se integra esta equipa na estrutura orgânica da Autarquia? 4. Desde quando se encontra constituída a equipa? A constituição actual da equipa
corresponde à constituição inicial? 5. Qual o âmbito de intervenção de actuação da equipa? 6. Como define a intervenção da equipa? Razões da sua constituição? O que faz?
Como faz? O que deveria fazer? O que destaca como mais importante da intervenção específica da equipa?
7. Existem documentos orientadores da acção desta equipa? 8. A equipa de coordenação DAC promove com que assiduidade as reuniões de
trabalho? 9. Quais os conteúdos dessas reuniões? 10. Que espaço ou espaços são utilizados? 11. Como se articula a calendarização das reuniões com as acções previstas? 12. Como se planifica? 13. Como se avalia?
B – DAC um dispositivo?
1. Existe espaço e tempo de intervenção para todos nos momentos formais ou
outros? 2. A estratégia cultural resulta da participação e contributos de todos? 3. Existem documentos previamente elaborados? São discutidos e reelaborados?
Existem documentos construídos de raiz a partir das reuniões de trabalho? 4. Qual a posição de cada um em relação à posição do outro? Como é gerido o
projecto do outro? 5. É promovida a participação de cada um e de todos? 6. Existe o sentimento ou a noção de uma lógica de trabalho em equipa? 7. Existe a noção de um colectivo de trabalho? 8. Considera esta equipa uma equipa pluridisciplinar? Motivos? 9. Existe uma relação de articulação desta equipa com outras equipas da DAC e da
Autarquia? Como? 10. Como se articula a produção da sua divisão com a definição de objectivos e
critérios resultantes das opções políticas da autarquia? Que complementaridade e sustentabilidade no trabalho numa lógica de interacção entre o “lado técnico” e o “lado político”?
11. Existe uma relação de articulação desta equipa com outras entidades? Como? 12. O trabalho em equipa de forma participada favorece a construção de uma
estratégia de intervenção?
2
13. Qual o espaço de cada um no colectivo e na construção de uma perspectiva global de intervenção (estruturação das iniciativas, prioridades da política cultural, movimento associativo, projectos,…)?
C – Desenvolvimento de processos de qualificação dos elementos da equipa e o
quotidiano profissional.
1. È proporcionado formação especifica por parte da Autarquia para esta Equipa? 2. Promove o colectivo de trabalho processos de qualificação profissional? 3. Quando assumiu a Chefia da Divisão frequentou alguma formação específica? 4. Enquanto Chefia da DAC e desta equipa, como define a sua acção? O que faz? 5. O que faz corresponde ao que gostaria ou desejaria fazer? 6. O que salienta da sua intervenção? 7. Que impactos encontra no trabalho da equipa de coordenação? Associativismo,
produção cultural, formação de públicos, iniciativas culturais localizadas, grandes eventos…
8. Considera que existem desafios para a intervenção desta equipa?
2
1ª Entrevista dia 18 de Abril de 2011 – E1
No âmbito do Projecto Tese de Dissertação do Curso de Mestrado – Formação de
Adultos e Desenvolvimento Local procedemos à recolha de dados através do método de
entrevista.
As entrevistas decorreram no espaço físico do Equipamento Cultural – Cineteatro S.
João em XXXX.
De acordo com o Guião da Entrevista, procedeu-se inicialmente à legitimação da
entrevista onde:
• se explicitou o objectivo da mesma;
• se assegurou o carácter de confidencialidade;
• se pediu a autorização para o registo áudio e posterior publicação.
A entrevista iniciou-se pelas 17 horas.
Legitimação da Entrevista
AF -Boa tarde XXX, gostaria de pedir a tua colaboração para a realização desta
entrevista bem como a autorização para a gravação da mesma, assegurando-te de igual
forma o carácter de confidencialidade.
O projecto de dissertação que me encontro a desenvolver situa-se na seguinte
problemática “ Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das
Identidades – O Caso da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia”. Pretendo
analisar um conjunto de questões que possam evidenciar ou não, um ambiente
formativo em colectivos de trabalho, saber em que medida os elementos que fazem
parte desta Equipa de Coordenação, que assume actividades e projectos, no âmbito da
Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, que actuam e reflectem a acção,
afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
AF - Autorizas a realização desta entrevista?
E1 – Autorizo
3
Caracterização do Entrevistado/a
E1, 47 anos, sexo feminino, casada, natural de Moura.
Residente no Concelho de XXXX há 12 anos.
Trabalhadora da Câmara Municipal de XXXX, inserida no Departamento de Cultura e
Desporto e na Divisão de Acção Cultural, com contrato por tempo indeterminado (faz
parte do quadro de pessoal da autarquia).
Licenciada em Ciências Sociais.
Trabalhadora desta Autarquia há 12 anos, a desempenhar funções na Divisão de Acção
Cultural há 6 anos (desde 2005).
Responsável pela Coordenação do Equipamento Cultural Centro Cultural de XXXX, no
último ano (2010). Para além disso é responsável por outras áreas, nomeadamente:
Serviço Educativo; Artes Visuais; participa na equipa de programação em redes em que
a Autarquia pertence.
Valorização Profissional
AF – Em termos de acções de formação, nos últimos três anos, tens participado por
iniciativa tua? Por iniciativa da Autarquia? Por iniciativa da Divisão? Como é que isto
se passa?
E1 – Por iniciativa da Divisão tenho feito complementos ao serviço educativo à
formação que tinha feito anteriormente, essencialmente e depois, aquelas formações
mais de carácter administrativo aqui da Câmara, que tem a ver mais com a gestão dos
recursos tecnológicos, portanto.
AF – Diz uma coisa (…), sentes que a Divisão de Acção Cultural envolve os seus
trabalhadores na organização de propostas para formação profissional?
E1 – Sim, é-nos solicitado todos os anos proposta de formação, quer em termos de
propostas de acção de formação concretas, quer de áreas que achemos que sejam
pertinentes.
AF- E estão nomeadamente relacionadas com as áreas das quais coordenam?
E1 – Sim.
4
Funcionamento e Operacionalização da Equipa
AF- Qual a periodicidade das reuniões da Equipa? Existem reuniões periódicas, não
existem? Estão formalizadas, não estão? São Formais, informais? Como é que acontece
aqui na Divisão?
E1 - De coordenação são semanais, todas as semanas há uma reunião, com os restantes
elementos da coordenação e com a chefia da divisão.
AF – Onde se realizam as reuniões? São sempre no mesmo local? São em locais
diferentes?
E1 – São sempre no mesmo local, aqui, no Cineteatro S. João.
AF – Quais os conteúdos destas reuniões?
E1 – Falamos do que se passou na semana anterior e na agenda da próxima semana,
portanto isso é sempre falado, e depois coisas com maior distância, problemas,
programação, portanto é sempre discutido.
AF – O planeamento e o desenvolvimento das acções são discutidos nessas reuniões de
coordenação?
E1 – Sim, o planeamento e a avaliação das acções são discutidas nas reuniões.
AF – Como é feito o planeamento e a avaliação? Cada um fala das suas áreas, tem o
contributo de todos? Todos dão contributos para a estratégia de intervenção? Ou é
individual?
E1 – Cada um fala das suas áreas, mas há sempre intervenção e contributos dos
restantes colegas.
AF – Em termos da avaliação, da análise dos projectos e das actividades, é em
conjunto?
E1 – Essencialmente quem acompanha e quem tem a acção faz uma avaliação mais
profunda, claro que se os restantes colegas tiverem algo a dizer, dizem, dão a sua
opinião. Existem reuniões conjuntas, mas depois cada território trabalhará mais
especificamente, mas há um, aliás existe um mapa comum onde é tudo concertado.
AF- Como é feita a planificação das acções?
E1 – Em equipa com os coordenadores, até é mais alargado, não é apenas restrito à
equipa de coordenação, é à restante equipa da divisão, há reuniões de trabalho com a
restante equipa.
5
AF- Então, existem reuniões da equipa de coordenação, existem reuniões sectoriais, por
áreas, por projecto, por territórios ou por equipamentos, que abrangem todos os
elementos da divisão de acção cultural.
E1 – Sim, sim, existem várias reuniões que acabam por abranger todos os elementos da
divisão, não só os da coordenação.
Funcionamento da equipa/ dispositivo de acção?
AF- Como é a metodologia de trabalho?
E1 – Nas reuniões de coordenação, quem dirige a reunião é o chefe da divisão, mas
cada um tem o seu espaço, falamos do que nos preocupa e de questões pertinentes à
reunião.
AF – Fazem algum tipo de registo das reuniões?
E1 – Supostamente (risos) existe uma acta, onde rodaria pelos diferentes elementos a
elaboração, mas há algum tempo que isso não é feito, fizemos durante algum tempo.
AF- Na construção e planificação das acções ou projectos, como fazem? Pensam
conjuntamente e depois elaboram uma proposta para apresentar à chefia? È debatido nas
reuniões de coordenação, qual a melhor forma de fazer? È estruturada por todos os
elementos da coordenação ou por cada elemento?
E1 – Depende, há áreas em que cada um apresenta a sua proposta, por exemplo, no meu
caso de serviço educativo, artes visuais, no caso de outros colegas o programa do teatro,
de música, por aí fora, a, depois, territórios já não são assim, é uma proposta da equipa,
são propostas elaboradas pelo total da equipa, discutidas e elaboradas.
Promoção de um colectivo de trabalho?
AF – Achas que o trabalho em equipa favorece processos de melhoria profissional?
E1 – Sem dúvida, claro que sim.
AF – Sentes-te elemento desta equipa?
E1 – Sim.
AF – Consideras, que o teu quotidiano profissional está inserido numa intervenção onde
se analisa e reflecte constantemente a intervenção na acção?
E1 – Sim.
6
AF – Soube que há pouco tempo, se realizou as Jornadas DAC, as Jornadas da Divisão
de Acção Cultural, que engloba todos os elementos da Divisão. O que achas das
Jornadas? Achas que as Jornadas são um processo que promove a participação de
todos?
E1 – Promove a participação de todos…talvez não de forma igual, há um grupo mais
restrito que tem oportunidade de debater, mais profundamente a divisão. Os restantes
têm uma participação mais de fugida.
AF- Promove mais a participação dos elementos da coordenação,
E1- Não só os da coordenação, mas os técnicos.
AF – Em relação aos assistentes operacionais, em relação aos administrativos,
E1 – Portanto, a sua participação é muito mais, é menor, não estão o tempo todo, por
caso este ano, pela primeira vez, foi pedido ao grupo dos administrativos que também
fizessem uma apresentação do seu trabalho, mas foi a primeira vez, enquanto que os
técnicos, todos eles fazem a sua avaliação do ano que passou em termos de trabalho. È –
lhes dado essa oportunidade e aos restantes colegas não.
AF- Voltando um pouco atrás, disseste que te sentes de facto um elemento da equipa,
qual é a tua relação com os elementos da equipa? Achas que a tua forma de estar
enquanto profissional te influência no dia-a-dia?
E1 – È obrigatório, nós passamos a maior parte da nossa vida a trabalhar, portanto é
obrigatório que assim seja, é claro que a relação é de trabalho, mas não é possível isolar
o assunto trabalho, há uma tendência a ter amigos, pessoas mais próximas porque
trabalhamos com elas, que nos identificamos com a sua forma de trabalhar, de reagir, de
estar, (silencio).
AF – Sentes-te valorizada enquanto profissional e enquanto pessoa pelos elementos da
equipa?
E1 – Sim, eu acho que não consigo separar uma coisa da outra.
AF – E em relação há chefia, também sentes o mesmo?
E1 – Há chefia, sim, aliás, eu acho que é uma relação, nós também já éramos amigos
antes, é um bocadinho difícil separar as coisas, mas sim.
AF – Consideras que está presente uma planificação participada, e dessa forma
poderemos dizer que a equipa de coordenação ou da divisão de acção cultural é um
dispositivo de acompanhamento?
E1 – Sim a planificação é efectivamente participada, existe um acompanhamento dessa
planificação, mas cada um de nós tem autonomia suficiente para desenvolver o seu
7
trabalho, sem ter que constantemente pedir autorização, portanto pedir para continuar,
sabemos o que planificamos, sabemos o que é esperado de nós, sabemos seguir em
frente, sabemos fazer sem esperar que seja autorizado, porque autorizado já está à
partida.
AF- Como é a relação da Divisão de acção cultural com as restantes divisões da
autarquia?
E1- A Divisão de Acção Cultural, também pelo seu serviço, pela sua natureza, trabalha
praticamente com todos ou com bastantes serviços da câmara, acho que é uma boa
relação, embora ás vezes seja, como nós temos um método de trabalhar diferente, mais
activo, mais participativo e acabamos por ser mais autónomos, e quando vamos para a
discussão, às vezes esbarramo-nos em relação às outras divisões ou outros serviços com
o excesso de burocracia e na dependência da voz da chefia, portanto da autorização da
chefia para qualquer passo que se dê.
AF- Consideras que a forma de trabalhar desta autarquia, desta divisão é diferente de
outras que conheces?
E1 – È diferente, talvez da maior parte daquelas que tenho vindo a relacionar-me, por
exemplo nas reuniões, quando nos cruzamos com muitas autarquias diferentes, a nossa é
talvez a que tem esta forma de trabalhar, que consegue desenvolver mais rapidamente
trabalho e ser até admirada pelas outras pela forma de trabalhar.
AF- Por exemplo, o trabalho que realizam aqui na Divisão de Acção Cultural, tu estás
com o serviço educativo, estás com o Equipamento Cultural Centro Cultural de XXXX,
como planificas a acção? Existem Parcerias? São propostas da Autarquia? São
Exteriores?
E1 – As internas, normalmente são propostas pelos técnicos que encontram nessas
parcerias formas de rentabilizar recursos e formas de trabalhar mais correctamente, acho
eu, utilizando os meios e as pessoas que existem na Câmara, da estrutura, normalmente
são os técnicos que fazem a proposta para cima, não vem de cima para baixo. Em
relação às exteriores, temos muitas solicitações, são convites, outras vezes são propostas
que aparecem, outras vezes somos nós que encontramos e propomos, encontramos na
parceria a filosofia da intervenção. Muitas das redes a que pertencemos foi por convite,
pelo reconhecimento do nosso trabalho.
Neste trabalho é muito importante a relação das pessoas, e quando nós dizemos que nos
damos todos bem, somos todos quase amigos, tem haver com a metodologia de
trabalho, há sítios, há pessoas que trabalham, e que consideram o seu saber é um poder
8
muito grande e portanto guardam-no para si, aqui é partilhado, como é partilhado,
ninguém possuí mais poder que o outro, logo as relações são muito mais próximas,
muito mais abertas.
AF – Obrigada XXXX, agradeço a tua colaboração.
9
2ª Entrevista dia 19 de Abril de 2011 – E2
No âmbito do Projecto Tese de Dissertação do Curso de Mestrado – Formação de
Adultos e Desenvolvimento Local procedemos à recolha de dados através do método de
entrevista.
As entrevistas decorreram no espaço físico do Equipamento Cultural – Cineteatro S.
João em XXXX.
De acordo com o Guião da Entrevista, procedeu-se inicialmente à legitimação da
entrevista onde:
• se explicitou o objectivo da mesma;
• se assegurou o carácter de confidencialidade;
• se pediu a autorização para o registo áudio e posterior publicação.
A entrevista iniciou-se pelas 17 horas.
Legitimação da Entrevista
AF -Boa tarde XXXX, gostaria de pedir a tua colaboração para a realização desta
entrevista bem como a autorização para a gravação da mesma, assegurando-te de igual
forma o carácter de confidencialidade.
O projecto de dissertação que me encontro a desenvolver situa-se na seguinte
problemática “ Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das
Identidades – O Caso da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia”. Pretendo
analisar um conjunto de questões que possam evidenciar ou não, um ambiente
formativo em colectivos de trabalho, saber em que medida os elementos que fazem
parte desta Equipa de Coordenação, que assume actividades e projectos, no âmbito da
Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, que actuam e reflectem a acção,
afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
AF - Autorizas a realização desta entrevista?
E2 – Estás autorizada a realizar esta entrevista e utilizar os dados para a realização do trabalho a desenvolver.
10
Caracterização do Entrevistado/a
Faço parte do Departamento de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de XXXX,
estou na Divisão de acção Cultural, no Sector de associativismo e animação cultural no
qual sou coordenador, estou nestas funções há seis anos, no entanto estou na Divisão de
Acção Cultural há dezasseis anos, sempre na área do Associativismo, ainda que tenha
trabalhado também em projectos paralelos noutras áreas do Município.
E2, 42 anos, sexo masculino, natural do concelho de Moura. Residente no Concelho de
XXXX há 18 anos.
Trabalhador da Câmara Municipal de XXXX, inserido no Departamento de Cultura e
Desporto e na Divisão de Acção Cultural, com contrato por tempo indeterminado (faz
parte do mapa de pessoal da autarquia). Responsável pela coordenação do Sector do
Associativismo e Animação Cultural.
Licenciado em Antropologia, com formação coadjuvante em Desenvolvimento Sócio
Cultural.
Valorização Profissional
AF – Em termos de acções de formação, nos últimos três anos, tens participado por
iniciativa tua? Por iniciativa da Autarquia? Por iniciativa da Divisão?
E2 – Entre a Divisão e a Câmara pouco se pode criar em termos de distinção. A área do
associativismo e animação cultural é uma das áreas cujo o contexto, hoje em dia em
termos de formação autárquica mais fraco, ou seja, não há no panorama nacional áreas
especificas de formação nesta área. No entanto quer eu quer o grupo de trabalho, sempre
que possível, nos últimos anos temos participado em acções de formação, realizadas por
iniciativas externas, quer a Quaterner por exemplo, que realizou sobre o Associativismo,
quer a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio, com a qual
temos um protocolo. O facto de trabalharmos neste sector, tem permitido a mim e à
equipa participar nestas acções de formação específicas na matéria associativa. Por
outro lado também a formação académica, como é uma formação, no meu caso recente,
permitiu-me ter nos últimos quatros anos uma formação na área da animação
comunitária e na animação cultural.
11
AF – Diz uma coisa, a Divisão de Acção Cultural envolve os seus trabalhadores na
organização de propostas para formação profissional?
E2 – Sim, envolve-nos em termos de formação e em termos de serem proponentes para
o próprio Município, ou seja, a Câmara Municipal através do Organigrama é claro, essa
é uma competência da Divisão dos Recursos Humanos, neste momento, mas todos os
anos é feita uma proposta por parte da Divisão de Acção Cultural, na qual os
coordenadores e os técnicos são proponentes para a divisão, ou seja indicam à Divisão
quais são as áreas que gostariam de ver reflectidas e isso resulta numa proposta depois
para a Divisão dos Recursos Humanos. Infelizmente, como disse no início, não é uma
área de grande resposta, nós inclusive, em termos de formação autárquica, não temos
neste momento, oferta de bolsas de formação específica nesta área. Se em termos por
exemplo, das áreas como gestão pode haver bolsas de formação, nesta área há muito
pouco. Portanto temos muito mais que olhar para o exterior, para aquilo que são
formação não nacionais, congressos e seminários que possam conter formação nesta
área, acontece ao longo do ano, nas propostas que nos vão chegando e não em alturas
especificas e portanto são ou não aceites consoante a disponibilidade de trabalho e
condições
AF- Costumas aplicar essas acções de formação na acção?
E2 – Eu tenho uma deformação prévia, que vem da formação académica, que é ser
antropólogo, a ideia da formação, numa área como a minha, em que é o território que
matiza a acção, não faz muito sentido a aplicação directa, ou seja, é o conhecimento de
base e as metodologias que mais me interessa, num cariz formativo, ou seja é aprender
novos métodos e novas metodologias e não a sua aplicação decalcada no território, no
território é sermos muito plásticos, ou seja nós trabalhamos com as pessoas e para as
pessoas, portanto não podemos aplicar modelos formativos, dou-te um exemplo, um dos
maiores teóricos da nossa área, foi durante muito tempo considerado o Ezequiel Ander-
Egg, hoje em dia talvez o Toni Puig, são académicos que fazem modelos em realidades
e contextos muito específicos, a realidade argentina de intervenção sócio comunitária de
um e a realidade de Barcelona ou da Catalunha noutro, ainda que tenham uma carga
teórica e metodológica interessantíssima, são impossíveis de aplicar tal como foram
concebidos num território como o do Concelho de XXXX.
É a intervenção e a acção que nos faz tornar úteis as metodologias que vieram da
formação, é essencialmente o carácter metodológico de que se conhece que a formação
12
nos enriquece, não na sua aplicação na acção, a acção é transformadora da formação e
não o contrário.
Funcionamento e Operacionalização da Equipa
AF- Qual a periodicidade das reuniões da Equipa? Existem reuniões periódicas, não
existem? Estão formalizadas, não estão? São Formais, informais? Como é que acontece
aqui na Divisão?
E2 - A equipa de coordenação, momentos conjuntos de reflexão, tem reuniões
semanais genericamente com a presença do Chefe da divisão de Acção Cultural,
também quando se justifica com a presença do Director de Departamento e nalguns
casos com o próprio Vereador.
AF- Quem determina a periodicidade das reuniões?
E2 – O chefe da Divisão.
AF – Onde se realizam as reuniões? São sempre no mesmo local? São em locais
diferentes?
E2 – Em XXXX onde está sediado efectivamente o corpo orgânico da estrutura do
Departamento e da Divisão, no Equipamento Cineteatro São João.
AF – Quais os conteúdos destas reuniões?
E2 – Temos três áreas de abordagem principais, em primeiro lugar questões de
iniciativas corrente ou seja de calendário premente, iniciativas que decorrem nos
próximos 15 dias, fazer um balanço, temos o aspecto da retrospectiva ou seja de
fazermos avaliação das iniciativas realizadas e temos uma zona livre que é uma zona em
que cada um dos técnicos coordenadores traz a essa reunião conteúdos que gosta ou que
pretende ver partilhar com a equipa, ou para os quais necessita de despacho e de ajuda
da equipa, ou de despacho do Chefe da Divisão, podendo isso ser canalizado depois
para reuniões mais sectoriais dentro da equipa de coordenação ou particularmente com o
Chefe da Divisão.
AF – O planeamento e o desenvolvimento das acções são discutidos nessas reuniões de
coordenação? Ou fazem sectorialmente cada coordenador com a sua equipa?
E2 – Temos duas fases de trabalho, ou seja, uma Divisão como a Divisão de Acção
Cultural é aquilo que se calhar pode chamar uma estrutura decisória participada, nós
como alguns projectos são transversais aos vários sectores da coordenação, por exemplo
uma mera iniciativa de espectáculo pode implicar uma parte da animação cultural, onde
13
eu posso estar envolvido e pode também implicar um equipamento que é o seu lugar de
realização, obrigatoriamente implica que ali na reunião se comece a delinear quem das
várias equipas, quer do sector de equipamentos, quer do sector de associativismo e
animação cultural participa. Depois toda a engrenagem e toda a metodologia de trabalho
é desenvolvida à parte, em reuniões já mais específicas pela equipa de trabalho, ou seja
não se ocupa o espaço das reuniões de coordenação com os detalhes da programação, ali
é mais para resolver, temos autonomia, autonomia de proposta e temos autonomia de
realização e felizmente temos autonomia de avaliação.
Aquilo que temos aplicado, até hoje, como metodologia tem a ver com dois factores ou
seja, em sermos proponentes o termos espaço e podermos dali fazer uma
desmultiplicação do trabalho prático para a intervenção e levarmos efectivamente aquilo
que são os assuntos de decisão à reunião de coordenação, efectivamente um trabalho
resulta já ou está validado previamente nas reuniões de coordenação sectoriais e pode
ser posteriormente avaliado novamente na reunião de coordenação. Toda a margem que
vai entre a aprovação e a avaliação é em grande parte, muito, muito, muito livre, para a
responsabilização dos técnicos coordenadores e das suas equipas.
AF – Na planificação das acções, como referiste, existe o grande grupo que é o grupo da
coordenação e depois equipas especificas com cada técnico da coordenação, que
planificam,
E2 – Correcto, exacto.
AF – Por exemplo, existem acções ou actividades que são desenvolvidas pela autarquia
e outros parceiros. Como é feita esta planificação?
E2 – Depende do cariz da parceria, há parcerias que estão estabelecidas à partida, ou
seja, infelizmente não há uma carta de parcerias, como seria o ideal, mas sim protocolos
de cooperação ou que tenham parcerias já assente numa prática em que estejam as
funções definidas, dou-te um exemplo, o Festival Internacional de Gigantes, ou o 25 de
Abril, para dar exemplo de duas coisas, completamente diferentes. O Festival
Internacional de Gigantes ou o FIAR (Festival Internacional de Artes de Rua) são
parcerias que resultam de protocolos para a realização de um evento, em que cada um
dos parceiros tem atribuições e aquando da sua realização, nestes dois últimos casos
(FIG e FIAR) são realizações bienais, toda a preparação ao longo do ano está
perfeitamente esquematizada, todos sabemos que no inicio do ano desde que a Câmara,
neste caso o Município aprove a integração da iniciativa em plano de acção para esse
ano, dá-se inicio ao trabalho, ou seja, dá-se inicio ao trabalho das reuniões, dá-se inicio
14
á reactivação dos grupos de trabalho e cada um de nós leva até à apresentação final do
produto, do bem cultural a prestar, leva o trabalho por si só, ou seja, não carece aqui de
avanços ou de recues, toda gente sabe. No 25 Abril há uma parceria não organizada, é
uma parceria proposta pelo Município, o Município disponibiliza-se para, colocando os
seus recursos à disponibilidade de todos os Munícipes organizados, sejam eles
estruturas autárquicas, por exemplo as Juntas de Freguesia, ou estruturas associativas, a
colaborar na elaboração de um programa de oferta para o concelho neste caso a
Comemoração de uma efeméride o 25 Abril. E aí sim, aí é a Divisão que assume
claramente a coordenação desse projecto até à devolução aos munícipes.
AF- Como é elaborado o desenvolvimento das parcerias, por exemplo no caso do
Projecto FIG?
E2 - Há pouco iniciei um pouco dessa estratégia metodológica de trabalho.
Efectivamente, o Município pela carga financeira e logística que comportam alguns
projectos de parceria, dá-lhes início no momento em que sabe, da aprovação das
Grandes Opções do Plano para o ano. E quando as Grandes Opções do Plano são
aprovadas e se diz e é aprovado em sessão pública, que a iniciativa Festival
Internacional de Gigantes está contemplada, automaticamente a Câmara dá início,
convocando os parceiros. A partir daí existindo funções definidas entre todos, por
exemplo, um dos parceiros trata da componente tradicional, outro parceiro trata da
componente novas criações, a câmara também tem responsabilidades nesse grupo
executivo em matéria de programação, mas toda a decisão é colectiva. Nas nossas
reuniões cada um leva aquilo que foi a sua construção individual, por exemplo a
Câmara trabalha, tem uma equipa que trabalha, produz, e apresenta esses resultados
envolvidos com os parceiros, da mesma maneira que as equipas dos parceiros trabalham
e apresentam os resultados, por exemplo, propostas de organização, propostas de
programação, de conteúdos, de necessidades logísticas, de respostas logísticas, de
respostas até de financiamento, depois de discutidas em grupo, a sua aplicação fica ali
decidida, ou seja, uma proposta de programação que venha de um parceiro por exemplo
os PIA que são uma cooperativa cultural, pode trazer e fazer uma proposta de
programação. No entanto está assumido que depois quem faz toda a parte burocrática, o
contacto com a companhia, o contrato com a companhia, não é os PIA é a Câmara,
porque as Câmaras Municipais estão dotadas de estruturas orgânicas e administrativas
em permanência e o Movimento Associativo não, não tem propriamente um corpo de
secretaria, muitas vezes não tem em permanência um local de contacto fácil, não podem
15
regularizar por exemplo matérias como contratos, seguros tão facilmente como uma
Instituição como as Câmaras Municipais, e aí após a tomada da decisão, os parceiros
delegam na Câmara estas questões, da mesma maneira, por exemplo, que nós com
matéria tradicionais, que são os Bardoada que tratam, no momento em que é aprovado,
quem faz os contactos com os outros grupos de tradição popular, em termos de
precursão, gaita de foles, figuras animadas tradicionais, são eles (Bardoada) que tratam
directamente. São eles que coordenam quando é que os grupos chegam, são eles que
coordenam onde se apresentam, onde ficam alojados, as refeições, quem faz o
acompanhamento dos grupos.
AF – Pegando no exemplo do FIG, como estruturam a acção conjunta?
E2 - Como estamos a matizar efectivamente um evento que é o Festival Internacional de
Gigantes, falarei um bocadinho sobre esse, e depois dar-te-ei um ou dois exemplos,
como é que noutros casos costumamos fazer, ainda que sejam metodologias diferentes.
No caso do Festival Internacional de Gigantes toda a matéria é documentada, tem fases
diferentes de documentação, ou seja, a parte da convocação dos parceiros é o primeiro
acto documental, ou seja, é emitido para os parceiros uma comunicação formal para
darmos início ao trabalho, a partir daí é feito o agendar de reuniões, e logo nesse
primeiro momento de trabalho é definido, se quisermos, o cronograma de trabalho ou
seja, que periodicidade de reuniões, numa primeira fase temos quinzenalmente, a cinco
meses da iniciativa reunimos quinzenalmente, sabendo que a dois meses da iniciativa as
reuniões passam a ser semanais. Nessas reuniões são sempre apresentados matéria
escrita e matéria documental, quer de propostas, quer de planos de acção, quer mapas de
logística, quer mapas de implementação e de logística, são registos escritos e são
partilhados por todos. A sua aprovação resulta depois em matéria de facto, ou seja, no
desembocar numa acta ou num memorando onde ficou definido quer co-
responsabilizações em termos de acção no trabalho, quer co-responsabilizações em
termos de execução para futuros trabalhos. Por exemplo quem é responsável pela
logística fica responsabilizado por colher dos parceiros, até à data X, o que co-
responsabiliza também os parceiros, propostas de logística. O registar aqui é uma forma,
se quisermos de garantir a unidade da equipa em termos de co-responsabilização para
com o projecto, e também o tentarmos adiantar fases menos conseguidas no trabalho
pelo seu expresso do próprio trabalho. Concretizando isto, quando começamos em
matéria de facto, de reunir propostas, de fazer contactos com os grupos, todos, incluindo
a própria Câmara, pela opção do trabalho, temos áreas em que podemos estar mais
16
frágeis, mas sabemos todos o grau de co-responsabilização em cadeia, uns vão puxando
pelos outros, e isso para nós torna a metodologia muito mais participada, no que se
ficasse apresentamos propostas e a Câmara que resolva.
AF- Ao longo do decorrer do Festival Internacional de Gigantes, existem momentos de
avaliação? Fazem a avaliação após a realização do evento?
E2 - O festival costuma ser três dias, durante o festival, ou seja durante esses três dias, é
importante que se diga isto, nós temos sempre quatro dias porque o primeiro é o dia da
véspera, ou seja da recepção dos grupos e já é o dia de implementação de logística. Os
dias normalmente começam com reuniões, reuniões aí distintas. A Câmara tem uma
reunião, tem um responsável que neste caso é o Chefe da Divisão, pelo próprio Festival
da parte do Município e depois tem um grupo executivo. Esse grupo executivo é duas a
três pessoas que tem co-responsabilização directa em áreas, a logística, a programação,
os acompanhamentos de grupos. Essa estrutura reúne logo pela manhã para definir o
trabalho do dia inteiro, a estrutura depois de coordenador da Divisão, neste caso o Chefe
da Divisão, reúne depois com os parceiros posteriormente para fazer a avaliação final,
de como está também a sua área de trabalho. Porque cada parceiro por sua vez,
desembocou em outros membros das suas equipas tarefas. E para não reunirmos 40
pessoas ao mesmo tempo, todas as reuniões são feitas com três a quatro pessoas por dia,
Câmara e parceiros, para ver quais são as zonas mais fracas, as zonas de resposta mais
rápida, para ao longo do dia possamos corrigir até à hora eventualmente do espectáculo,
por exemplo. Geralmente um espectáculo quando começa com um problema acaba com
esse mesmo problema, porque não é na altura em que está a decorrer o espectáculo que
se resolve o problema, daí nós procurarmos anteceder. No final da noite, sempre que
encerra as actividades, existe uma reunião de equipa. Aí são os parceiros e o grupo
executivo todo da Câmara. Portanto as quatro ou cinco pessoas da Câmara desse grupo
executivo e os responsáveis parceiros de cada sector, pode ser uma ou duas pessoas,
dependendo de cada tarefa, onde é feita a avaliação, podendo ser implementadas
medidas de correcção, se for caso disso, para o dia seguinte e são, pelo menos tenta-se
avaliar no próximo dia quais serão as áreas de risco ou os potenciais problemas que
poderemos ter e que soluções ou planos B podemos por em prática para os resolver.
AF – A reunião de avaliação global do Festival, é realizada logo a seguir?
E2 – A reunião de avaliação nunca é feita logo a seguir. Ponto um, no último dia é feito
uma reunião, onde se faz um balanço a quente, mas, não é essa que é a reunião de
avaliação. A reunião de avaliação ocorre 15 dias depois ou a um mês depois. Primeiro,
17
terminado um festival, não acaba o trabalho do festival, em primeiro lugar há
continuidades, por exemplo, processos que o Município tem para resolver, pagamentos,
devolução de materiais, limpezas de espaço, os próprios parceiros tem as cartas de
agradecimento a fazer àqueles que foram os seus parceiros no festival. Portanto existe
um conjunto de coisas que não encerram quando o público se vai embora. Só depois de
terminarmos este conjunto de tarefas, é que é feito a reunião de avaliação, em que se
podem perspectivar áreas de corte, áreas de ruptura, áreas de renovação do próprio
festival, ou áreas de manutenção.
Funcionamento da equipa/ dispositivo de acção?
AF – Fazem algum tipo de registo das reuniões?
E2 – Neste momento não, neste momento há sectores de coordenação que o fazem. As
reuniões da equipa de coordenação neste momento não tem produção de actas, já
tiveram há cerca de dois anos atrás. Existia um registo, e era um registo partilhado,
neste momento fazemos actas, no meu entender faz falta, é uma das coisas que dá
segurança depois. Temos uma coisa que é, os despachos das reuniões muitas vezes são
desmultiplicados em reuniões dos próprios sectores e esse sim tem registo, por exemplo,
no sector onde trabalho, na coordenação do associativismo e animação cultural, ou aqui
na coordenação do sector de XXXX, acabei por não dizer inicialmente, mas assumo
duas coordenações, uma coordenação do Território de XXXX, da DAC em XXXX e a
do Associativismo. Na DAC de XXXX todas as 2ª feiras à tarde, a equipa que temos
aqui na DAC XXXX, reúne, para fazermos o apanhado do que foi dito na reunião de
coordenação, quais são as tarefas e daí resulta efectivamente uma acta que é partilhada
com toda a Divisão de Acção Cultural, numa base própria do nosso servidor. Às 4ª
feiras reúne a equipa do sector de Associativismo e Animação Cultural, e todos os
resultados, venham eles da reunião de coordenação ou venham eles dos contributos da
própria equipa, quer em propostas, quer em desenvolvimento de trabalho também são
matizados depois numa acta que é disponibilizada à organização.
AF- És responsável/coordenador do Sector de Associativismo e Animação Cultural do
Concelho? Por quantos técnicos é constituída a equipa?
E2 - Sim pelo Concelho, coordenação concelhia. Neste momento a equipa é composta,
para além de mim por três técnicos, que estão divididos por territórios, um território que
é XXXX, que engloba duas Freguesias, onde está uma Técnica, temos o território de
18
XXXX onde está outra Técnica, temos o Território de XXXX, que eu assumo
directamente e o Território de XXXX onde está um Técnico. A Equipa é responsável
pelo apoio e acompanhamento ao Movimento Associativo.
Promoção de um colectivo de trabalho?
AF- Consideras que o teu quotidiano profissional está inserido num quadro de
intervenção onde se reflecte , analisa e se encontra estratégias para o futuro na acção?
E2 – Sim claramente, se calhar não é o mais simpático dizer isto, numa reflexão que
possa vir a ser académica, mas é efectivamente até pelas experiências que conheço em
outras áreas de trabalho com outros municípios, o mais gratificante de trabalhar nesta
Câmara, não é o que se faz, mas sim como se faz. A liberdade de trabalho, a liberdade
de produção de propostas, a liberdade de reflectir, a liberdade das contribuições serem
aceites, não só entre pares mas também a estrutura hierárquica, é se calhar a mais valia
desta equipa.
AF- Então achas que esta equipa promove a valorização de todos?
E2 - Sim, sim, sim, e é claramente, e alias , é um princípio do Município dentro dos
seus valores, e depois é muito bem incorporado, e eu não tenho problemas em dizer que
passei por quatro vereadores até à data, ou seja pelos responsáveis políticos, que é o
responsável máximo pelo serviço, existindo essa disponibilidade por parte do sector
politico, a nós tranquiliza-nos muito por saber que podemos manter a mesma liberdade
de acção e a mesma capacidade de reflexão e não cairmos naquilo a que se chama a
rotina do funcionalismo público, ou uma monotonia de execução.
AF – Consideras que a estratégia desenvolvida pela Divisão de Acção Cultural é igual á
desenvolvida noutras divisões?
E2 – Não, não, não de todo. Nós temos inclusive criado um sector de participação, que
durante muito tempo foi a Divisão de Acção Cultural. Aquilo que é hoje uma bandeira
da Câmara, em termos de participação, teve a sua origem na Divisão de Acção Cultural.
Muitos dos nossos serviços tem até, por missão, cada serviço tem a sua missão, formas
de organização internas diferentes, daquilo que conheço, a organização é mais fluida
face aos seus objectivos num sistema participado do que nos outros, isso aí posso
claramente assumir.
AF- Em relação à potenciação dos recursos humanos, consideras que isso é valorizado?
19
E2 – O termos uma metodologia de uma forma de organização, como a referi, ainda há
bocadinho, bastante partilhada, bastante fluida, permite-nos a nós em primeiro lugar
duas coisas, que não são transversais a todo o município. Nós temos um conhecimento
muito claro de toda a estrutura de organização da Câmara e de toda a sua condição,
condição em termos de potencial, ou seja, que recursos humanos temos, que recursos
técnicos e financeiros temos para a acção, que é destinado a um serviço como este que é
servir a população, em última análise, isso sim, é o grande trunfo que nos permite
potencializar. Neste caso, em anos, como por exemplo, na última década como foi uma
década que oscilou entre ter muito ou ter poucos recursos financeiros, foram os recursos
humanos que efectivamente permitiram que nesse ano, com os recursos existentes,
permitir um nível médio alto de actividade cultural e de intervenção comunitária neste
espaço.
AF- Consideras que o facto dos técnicos da equipa de coordenação possuírem
habilitações académicas , potencializa a equipa?
E2 – Claramente, e até sem formação académica. Tratando-se de um trabalho
académico e sendo eu também, tendo eu formação académica, não sou um apologista de
que seja a formação académica, da qual deriva ou não, um melhor ou pior contributo ao
desenvolvimento de uma estrutura de organização, especialmente quando se trabalha no
terreno. Nós temos tido experiencias de termos gente que vem com formação académica
e depois o passo do gabinete para o território é muito complicado.
AF – Todos os elementos da equipa de coordenação são técnicos superiores?
E2 – Não, nem todos são. Mas pior que isso, alguns são e a organização por deficiências
próprias que é uma estrutura hoje em dia da função pública, os pode reconhecer como
tal, ou seja possuem competências, não tem é o reconhecimento como tal.
Efectivamente, em equipas muito homogéneas em termos académicos ou em termos de
potenciação de trabalho, regra geral são más. A equipa da divisão, a equipa toda tem
sabido assumir tarefas diferentes daquelas que lhe são propostas no organigrama, isso só
uma equipa muito heterogénea é que consegue fazer.
AF- A equipa faz isso?
E2 – Nós temos que fazer isso, pela natureza do trabalho, temos que fazer.
AF- Identificas-te com os elementos da equipa?
E2 - Neste momento sim, enquanto membro da equipa.
AF- E em relação à Divisão?
20
E2 – Claramente, aliás estive quase no início desta divisão, seria um bocadinho tolo, ao
fim de dezasseis anos não me identificar.
AF- Consideras que o teu trabalho é valorizado pela equipa? E por parte da Chefia?
E2 – Sim, sim, claramente, aliás eu tenho tido, daquelas que podem ser as infelicidades
de trabalho, tem sido as minhas mais-valias, que é, geralmente do confronto com os
colegas de trabalho que tem saído as melhores parcerias e se calhar o maior múltiplo
reconhecimento, quer do outro quer de mim próprio, e tenho visto isso, da maneira que
integro em equipas maiores, apesar de eu próprio ser uma pessoa com muita resistência
à mudança.
AF – Achas que o trabalho em equipa favorece processos de melhoria profissional?
E2 – Sim, claramente. È pena esses não serem reconhecidos oficialmente numa
estrutura como é a função pública.
AF – Que formas de participação na construção da estratégia comum da intervenção,
achas que tem esta equipa?
E2 – Eu acho que esta equipa, vive da sua diferença, ou seja, aquilo que cada elemento
traz de novo, ou que é de diferente, é a grande mais valia desta equipa. Primeiro lugar,
temos uma felicidade de ter, os corpos hierárquicos de direcção que vem do sector
técnico, nós temos um Director de Departamento e um Chefe de Divisão que vem dos
quadros técnicos, ou seja, que vem da área prática, não vem da área pura de gestão
administrativa, o que lhes dá um conhecimento de terreno e lhes dá um conhecimento
do que é um papel de um técnico. E depois temos uma mais valia muito grande, que é
de cada elemento trouxe coisas diferentes e ter experiências diferentes. O potencializar
este ou aquele elemento da equipa coordenação para projectos municipais tem sido a
grande valia.
AF- Gostaria por último de te colocar a seguinte questão. Em três palavras ou em
poucas palavras, como caracterizas o teu trabalho enquanto elemento desta equipa?
E2 – Vontade, convicção e desafio.
AF – Obrigada XXXX, agradeço a tua colaboração.
21
3ª Entrevista dia 20 de Abril de 2011 – E3
No âmbito do Projecto Tese de Dissertação do Curso de Mestrado – Formação de
Adultos e Desenvolvimento Local procedemos à recolha de dados através do método de
entrevista.
As entrevistas decorreram no espaço físico do Equipamento Cultural – Cineteatro S.
João em XXXX.
De acordo com o Guião da Entrevista, procedeu-se inicialmente à legitimação da
entrevista onde:
• se explicitou o objectivo da mesma;
• se assegurou o carácter de confidencialidade;
• se pediu a autorização para o registo áudio e posterior publicação.
A entrevista iniciou-se pelas 17 horas.
Legitimação da Entrevista
AF -Boa tarde XXXX, gostaria de pedir a tua colaboração para a realização desta
entrevista bem como a autorização para a gravação da mesma, assegurando-te de igual
forma o carácter de confidencialidade.
O projecto de dissertação que me encontro a desenvolver situa-se na seguinte
problemática “ Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das
Identidades – O Caso da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia”. Pretendo
analisar um conjunto de questões que possam evidenciar ou não, um ambiente
formativo em colectivos de trabalho, saber em que medida os elementos que fazem
parte desta Equipa de Coordenação, que assume actividades e projectos, no âmbito da
Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, que actuam e reflectem a acção,
afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
AF - Autorizas a realização desta entrevista?
E3 – Sim autorizo.
22
Caracterização do Entrevistado/a
Trabalho no Departamento de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de XXXX, na
Divisão de acção Cultural. Tenho 36 anos, sou solteira, sou natural de Setúbal e resido
em Setúbal. Pelo contexto familiar sempre estive ligada a XXXX, em termos
profissionais estou ligada ao Concelho, a caminho dos doze anos. Também residi neste
Concelho durante seis anos.
Entrei para a Câmara Municipal de XXXX em 1999, apesar de em Julho ter contribuído
para o trabalho, aqui, na Câmara Municipal de XXXX, como estagiária. Estive a recibos
verdes durante algum tempo, depois estive um ano e meio a contratos e depois passei
para o quadro em 2002.
Sou licenciada em Comunicação Social variante de Comunicação Cultural.
Tenho como local de trabalho o Cineteatro S: João e trabalho em diversos sectores. O
primeiro dos sectores pode-se considerar o Sector de Programas e Projectos, porque
tenho a meu cargo a coordenação do Sector de Programas e Projectos Municipais,
acompanho um Programa Municipal e alguns Projectos Municipais, mas também tenho
como responsabilidade Programação do Cineteatro S. João que se enquadra dentro do
Sector de Equipamentos Municipais
E3, 36 anos, sexo feminino, natural do Concelho de Setúbal. Residiu no Concelho de
XXXX 6 anos.
Trabalhadora da Câmara Municipal de XXXX, inserida no Departamento de Cultura e
Desporto e na Divisão de Acção Cultural, com contrato por tempo indeterminado (faz
parte do mapa de pessoal da autarquia). Responsável pela coordenação do Sector de
Programas e Projectos.
Licenciada em Comunicação Social variante de Comunicação Cultural
Valorização Profissional
AF – Em termos de acções de formação, nos últimos três anos tens participado por
iniciativa tua? Por iniciativa da Autarquia? Por iniciativa da Divisão?
E3 – Tenho tido muitas oportunidades de formação. Muitas oportunidades de formação
por via da ARTEMREDE, que é a Rede de Teatros e Cineteatros de Lisboa e Vale do
Tejo, nasce com esta designação, actualmente só ARTEMREDE, que tem uma linha de
23
acção de Programação e outra de Formação especifica para os quadros de pessoal dos
Teatros e Cineteatros. Portanto tive muita formação, desde a área de programação, tive
depois um curso de Percurso pelas Artes que nos deu oportunidades muito interessantes,
portanto formações especificamente para a área da Cultura.
AF – Corresponderam às tuas motivações e expectativas?
E3 - Se calhar ultrapassaram, por ser formação específica na área da Cultura e porque
foram muito bem coordenadas em conjunto, pelas Câmaras e a entidade que nos veio
dar formação. Portanto, elas responderam à qualificação dos Técnicos que trabalhavam
nos Teatros e Cine Teatros.
AF- Essas formações foram propostas pelos Técnicos?
E3 – Não, essas acções foram ponderadas pela Direcção da Artemrede, que após um
levantamento de necessidades que foram sentindo, (fruto do trabalho). Depois foi feita
uma proposta a algumas empresas, para desenho de um plano de formação, houve uma
que ganhou, neste caso a SETEPÉS do Porto, que fez depois um pacote de formação
dirigida, a diversos grupos profissionais (desde o programador, aos políticos, aos
dirigentes, aos técnicos que trabalham as áreas de som e luz e áudio visual, à frente de
casa). Portanto para todas as valências que se envolvem no funcionamento dos Teatros e
Cineteatros.
AF – Gostaria de perceber, essa proposta de formação foi sentida pelos técnicos que
trabalham nessa rede?
E3 – Sim, sim, houve discussão, e depois foi a Direcção da ARTEMREDE quem
propôs. Deixa-me voltar um pouco atrás. Ao nível da Câmara, depois tenho tido outras
formações, se calhar menos especificas, se estivermos a falar das ofertas que
directamente recebemos aqui dentro, algumas delas muito interessantes para o
desenvolvimento do meu trabalho, nomeadamente de Desenvolvimento PROJECT, que
foi assim a última dentro do contexto aqui da Câmara Municipal e que teve uma
aceitação muito grande. Tenho sido proponente de participação nalgumas acções de
formação, ou seminários, ou outras oportunidades externas, que estão em times de
oportunidades, nomeadamente no ano que passou, algumas delas incidindo muito sobre
a forma de gerir os sectores Culturais nestes momentos de crise e que tinham carácter
gratuito, sem qualquer custo para além da deslocação.
24
AF – Diz uma coisa, a Divisão de Acção Cultural envolve os seus trabalhadores na
organização de propostas para formação profissional?
E3 – Sim, anualmente. È feito um levantamento, essa ligação é feita pelo chefe da
Divisão, que nos pede informações sobre as necessidades que cada pessoa sente como
mais premente para o trabalho que desenvolve, não só para si próprio mas também para
os trabalhadores que o rodeiam, ou seja para a realidade que nos rodeia. Portanto eu
sinto essa liberdade de propor coisas que sinto que são para colmatar falhas minhas, ou
para colmatar falhas de serviço que sejam muito mais abrangentes.
AF- Costumas aplicar essas acções de formação na acção? Ajudam-te no teu
desempenho profissional?
E3 – Falta dizer, que o facto de fazermos o levantamento das necessidades de formação,
não significa que a Câmara consiga ter resposta directa para as assumir, daí, eu também
ter falado desta rede de respostas, que acaba também por acontecer, que é andarmos a
procurar sítios onde conseguir essas respostas para as necessidades.
Em relação à pergunta, quase sempre, talvez todas, consigo perceber vantagens em
quase todas as formações que tenho participado. Ou seja, eu consigo ver proveito,
mesmo que o sentido da formação, não seja direccionado, uma vez que por vezes
participa gente de muitos serviços na formação, portanto às vezes a comunicação não é
a mais específica para nós. Agora consigo tirar proveito de todas, integrar no trabalho, é
outra conversa. Porque por exemplo ao nível do MSPROJECT, depois temos a
dificuldade de ter os recursos para podermos realizar aquilo que se aprendeu.
AF – E se não realizasses estas acções de formação, sentias dificuldades em
desenvolver e desempenhar o teu trabalho profissional?
E3 - Não. Há aquela frase que, como é que é, igual não é, mas aquilo que eu sinto é, por
pouco interesse que tenham, consigo sempre o melhor. Precisamos, entre aspas, de
garantir que o que aprendemos e possa ser utilizado para o serviço, é aplicado.
AF- E se não tivesses formação específica na área da cultura?
E3 - O desenvolvimento do meu trabalho era feito, mas não era a mesma coisa. Ou seja,
aprendi muito e melhorei muito, portanto toda a formação que fui tendo ao longo de
todos os anos, tenha sido boa ou má, seja por uma questão de maturidade, seja para
aprender uma coisinha minúscula, com o formador que detestei, há sempre qualquer
coisa que se aprende. Sempre.
AF – E a tua experiência ao longo dos anos, não é suficiente para o desenvolvimento do
teu trabalho?
25
E3 – Claro que era, mas assim é melhor (risos). Na formação também nos cruzamos
com outras pessoas, com outros formadores que tem outras experiências, e até mesmo
com colegas de áreas que não tem nada a ver connosco, que nos provocam experiências
e nos dão às vezes caminhos que nós não estávamos à espera. Por muito pouco que eu
consiga tirar de uma acção de formação, estou a lembrar-me de uma, desastrosa de
programação, programação de música que fizemos com um rapaz que era compositor de
música erudita contemporânea. Aquela formação foi um desastre. Mas eu aprendi
alguma coisa com aquilo. Primeiro porque aquele formador achava que nós tínhamos
que impor as coisas ao público e todos os programadores que lá estavam, achavam
precisamente o contrário daquele formador. Houve até muitos problemas, a partir de
determinada altura, nós já nos “fechávamos” sem ouvir aquilo que ele estava a dizer.
Agora, por um lado aquilo mostrou-me que nós éramos muito mais abertos de espírito,
consegui apesar de tudo tirar mais-valias.
Funcionamento e Operacionalização da Equipa
AF- Qual a periodicidade das reuniões da Equipa do Sector Programas e Projectos?
Existem reuniões periódicas, não existem? Estão formalizadas, não estão? São Formais,
informais? Como é que acontece aqui na Divisão?
E3 - Então, eu enquanto responsável pelo Sector de Programas e Projectos Municipais,
tenho tido muitas dificuldades em fazer com que essa coordenação funcionasse.
Fizemos algumas reuniões, por exemplo reuniões de diagnóstico para tentar perceber
como é que as pessoas viam o próprio Sector, como é que viam a diversidade de
Programas e Projectos que nele existe, porque o Sector de Programas e Projectos é onde
cabe, a realidade que não cabe no Sector dos Equipamentos Culturais, nem no Sector de
Associativismo e Animação Cultural. Uma das coisas a que se chegou à conclusão é que
era uma área demasiado confusa, para se conseguir reunir as pessoas que trabalham
nesta equipa e tratarem dos problemas no conjunto, ou seja, tentarmos todos sentarmo-
nos à mesma mesa, e tratarmos de problemas que tem calendários totalmente distintos,
formas de organização totalmente distintas, interesses distintos, que era caótico. As
pessoas, inicialmente nessas reuniões vieram dizer que não tinham interesse em ter
reuniões periódicas porque lhes faltava unidade. Estamos agora numa segunda fase, de
voltar a tentar perceber se conseguimos encontrar esta unidade e esta leitura única para
o Sector de Programas e Projectos. Na reunião das Jornadas DAC falou-se que a
26
apresentação que foi feita, que era positiva, já no encontrar de linhas de trabalho, que
dão essa tal unidade ao Sector de Programas e Projectos, já falamos algumas coisas,
mesmo em termos de organização daquilo que são os conteúdos de trabalho deste
sector, porque há conteúdos que estão mais ligados ao Sector do Associativismo e
Animação Sócio Cultural, portanto, se calhar já começamos a ter aqui uma leitura. O
segundo problema pelo qual, este sector nunca ter coordenação efectiva, deve-se à
quantidade de Projectos acumulados com a própria programação do Cineteatro S. João,
ou seja a quantidade de trabalho que eu acompanho, impedem que eu consiga ter
disponibilidade para coordenar. Ou seja, uma pessoa quando coordena, precisa ter
algum distanciamento em relação ao fazer, porque se não os calendários misturam-se
todos. Enquanto há a prioridade de fazer, porque estamos à porta com um espectáculo, e
isto acontece, se não diariamente, semanalmente, desde fazer a produção, etc., tudo isto
se mistura e colide com as funções de coordenação. Portanto eu estou numa fase de
negociação com a minha Chefia, que diz, que eu tenho que continuar a ser a
coordenadora do Sector Programas e Projectos, e portanto vamos entrar aqui numa fase
de ajuste, em que temos que perceber, o que é que vai ter que desaparecer, em termos
efectivos do trabalho que eu acompanho, para poder coordenar.
AF - Qual a periodicidade das reuniões da Equipa de coordenação? Existem reuniões
periódicas, não existem? Estão formalizadas, não estão? São Formais, informais? Como
é que acontece aqui na Divisão
E3 – Existe semanalmente uma reunião com a chefia.
AF- Quem determina a periodicidade das reuniões?
E3 – Essa periodicidade já foi determinada há muitos anos atrás, eu desde sempre que
me lembro, existiram reuniões semanais de coordenação. Se calhar a partir, da entrada
do Dr. XXX para chefe da Divisão, que se calhar ficaram com alguma arrumação, ou
seja, porventura também se tentou afirmar mais esta questão das coordenações de
Sector, ou de pessoas que tinham a área de coordenação, imagine-se que de um
território. Portanto estamos a ser muito mais afirmativos em relação a essas reuniões por
estarem sempre marcadas no calendário. Desde que eu para cá entrei que me lembro de
existirem reuniões, reuniões de técnicos, era assim que se chamavam na altura.
AF – Onde se realizam as reuniões? São sempre no mesmo local? São em locais
diferentes?
E3 – Sim, aqui no Cineteatro S. João.
27
AF – Quais os conteúdos destas reuniões?
E3 – Começamos sempre por fazer uma análise da agenda, da agenda dessa semana e
porventura da semana a seguir ou, a existir um evento assim mais perto, por exemplo na
terceira semana, portanto tentamos ver o calendário de 15 dias máximo 3 semanas.
Tentamos fazer logo o levantamento de algumas necessidades ou algumas falhas de
informação que exista nessa agenda, porque a partir da agenda vão levantar-se as
reuniões de trabalho mais importantes que vão acontecer a seguir. Há um período em
que o Dr. XXX nos transmite informação de gestão que seja importante para nós, não só
para nós, mas também importante para transmitir aos colegas que trabalham connosco,
por exemplo mapa de férias até ao dia x, ou uma alteração de um procedimento que a
Câmara introduziu ou estarmos a agir mal nalgum procedimento e que tenha que ser
corrigido, ou que seja necessário alterar os prazos para alguma coisa. A partir daí, é-nos
entregue também um balancete, ou seja, um ponto de situação da gestão financeira da
Divisão, em que todos ficamos com a noção dos saldos de cabimento ou dos saldos que
temos disponíveis para trabalhar. Nesta fase estamos numa situação difícil, às vezes os
números que lá estão são um bocadinho virtuais, porque à partida não os podemos
utilizar sem uma autorização prévia superior e do executivo, neste momento.
A segunda parte da reunião é o ponto de situação de cada um dos técnicos em relação ao
trabalho que está a acompanhar, e fazemos também ponto da situação do fim-de-semana
ou da semana anterior que passou, por exemplo, como correu, número de público, o que
correu menos bem, como podemos ultrapassar. Falamos do desenvolvimento das
acções, do feed back que tivemos dessas acções e avaliamos em conjunto.
AF – Achas que o funcionamento desta equipa aponta para contextos participativos,
onde se promove e valoriza a participação de todos?
E3 – Sim. Eu acho que qualquer momento que seja de partilha mais colectiva aponta no
sentido de pensarmos o nosso trabalho e as formas de intervenção, o facto de termos as
reuniões semanais em que nos juntamos, não serve só para gerir o trabalho, serve para
nos ouvirmos uns aos outros e nos confrontarmo-nos com aquilo que corre bem e com o
que corre mal, e para melhorar, acho eu. A calendarização das reuniões serve também
para articular as acções, apesar de existirem outros instrumentos. Se calhar por esta
partilha ser assim tão grande, percebemos à medida que o trabalho vai avançando,
precisa de instrumentos de partilha complementar. Por exemplo a partir de determinada
altura começou a existir uma reunião de programação no final de cada ano civil, aí por
volta de Outubro, Setembro, em que se faz a extrapolação do que é que se vai passar no
28
ano a seguir, as prioridades de programação e estou a lembrar-me de, por exemplo,
quantas vezes por semana vai haver cinema em XXX. Isto permite que essas fiquem
previstas em calendário, ponderando também quantas vezes por mês é que se vai
conseguir priorizar outras áreas artísticas em determinado local. Esta reunião é uma
reunião mais alargada do que a reunião de coordenação, em que estão todas as pessoas
responsáveis por programação. Neste caso criámos um instrumento único onde é
registada toda a programação do concelho, a nossa, da Câmara Municipal de XXXX e a
Associativa. Portanto é um primeiro levantamento daquilo que se faz para o ano a
seguir, esse mesmo calendário volta a ser actualizado no início do ano com a chegada
dos planos de actividades dos agentes associativos. Neste momento já se sentiu a
necessidade de integrar as associações nestas reuniões. Por exemplo para XXXX, que é
uma zona de muita pressão de programação, em que somos muitos a programar coisas
para o público, onde por vezes se sobrepunham. Portanto, não chega partilhar este
calendário com as associações, chegamos à conclusão que pelo menos duas a três vezes
por ano, as associações da vila e a Câmara Municipal de XXXX, se iriam sentar à
mesma mesa e iriam construir o calendário. Aquilo que me parece, é que a criação desta
reunião, e só foram feitas duas reuniões em 2011, já está a trazer sinergias. Ou seja,
aquilo em que eu acredito que vá ser o futuro, é que passamos mesmo a programar em
conjunto a Vila e que potenciemos os recursos que existem. Que possivelmente,
consigamos construir um espectáculo em conjunto, já está um por aí a advinhar-se como
oportunidades.
AF- Existem projectos e acções feitos em parceria? Como é feita a metodologia de
trabalho?
E3 – Sim, planificam em conjunto, Câmara e Associações. Por exemplo, imagine-se
que se vai fazer o 25 Abril e se quer fazer envolver as Associações da Freguesia de
XXXX, aí, normalmente juntamo-nos à mesma mesa
AF – É a Câmara que convoca?
E3 – Se for a Câmara a despoletar esse assunto
AF – Existem casos que são as associações que solicitam parceria?
E3 – Primeiro, o Cineteatro S. João, serve muito de suporte às actividades que, nós
consideramos que são actividades organizadas pelas Associações. Cada vez que uma
Associação sente que a sala mais adequada para apresentar um espectáculo, é o S. João,
ou que o Cineteatro S. João tem espaço que pode servir de complemento a um festival
ou a uma acção de formação, solicitam-nos a sua utilização. Desde que seja possível e
29
compatível a utilização, o espaço é cedido. Mas há situações, em nos juntamos, e aí, é a
Câmara que convoca, porque à partida é a Câmara que quer programar um determinado
dia, já aconteceu, para o 25 Abril, 1 de Outubro, para o Dia do Concelho. E aí a Câmara
os parceiros locais, para tentarem construir um programa, à volta de um tema por
exemplo, ou de outros eventos que tenham interesse. Estão a surgir outras posições, ou
seja, em alturas que eventualmente era a própria Câmara a fazer a programação, há
associações que nos dizem que gostariam de passar a assumir a programação. Tal é
exemplo o Concerto do Dia de Ano Novo, porque é um dia que nós achamos importante
para toda a Vila se encontrar, que é o finalizar das festividades de Natal, e portanto
gostávamos de o programar, foi-nos transmitido por uma Associação a sua vontade de
fazer o concerto de ano Novo. Este ano já assim aconteceu e já se propuseram a fazer no
ano a seguir.
AF – Essas actividades de parceria inicialmente propostas pela Câmara, estão agora a
ser desenvolvidas pelo Movimento Associativo?
E3 – Sim. No entanto existem algumas que nós fazemos questão de manter.
AF- Por exemplo, no Projecto Castelos no Ar, como é feita a planificação?
E3 – Primeiro, Castelos no Ar tem uma longa história. Castelos no Ar foi escrito em
2004, era uma tentativa de organizar as animações culturais, que aconteciam no Verão
no Castelo de XXX, mas às quais se queria dar uma unidade à programação e
eventualmente criar alguma magia a partir do elemento do próprio Castelo. Aquilo que
está a acontecer, estamos agora numa fase de programação, foi que já fizemos uma série
de reuniões com algumas entidades aqui da Vila, existe programação que já está
adquirida (no âmbito de outras redes de programação, ARTEMREDE), mas também
temos programação a organizar com as entidades aqui da Vila.
AF – Quem é que toma a decisão, é a Câmara com as Entidades envolvidas, que falam
conjuntamente, que planificam?
E3 - Neste caso, somos nós Câmara que nos estamos a dirigir às associações, apesar de
haver pelo menos uma, que é reivindicativa no sentido de ela também querer apresentar
programação no Castelo, no âmbito do Castelos no Ar, mas nem sempre é assim.
Portanto, há situações em que nós nos estamos a dirigir às Associações e nós estamos a
sentar e a dizer que gostávamos que eles programassem, imagine-se por exemplo, um
fim-de-semana. Também estamos a ter aqui uma resposta por parte das Associações,
tivemos agora uma muito recentemente, por exemplo, nós tínhamos uma ideia e que
coincidia com uma ideia da Associação e queríamos unir esforços e fazer disso uma
30
coisa dirigida à população em geral e a quem nos quisesse visitar, e a Associação diz-
nos não, nós queremos fazer este dia para nós e para as nossas famílias, e eu acho que
isso é também de respeitar. Eles entendem que aquele momento é restrito, apesar de ser
um facto público, e portanto vamos encontrar outra lógica de programação com aquela
entidade, que lhes dá a mesma dignidade, daquilo que se queria, que era a união de
esforços, mas pronto, eles querem aquele momento um bocadinho mais para eles, e
portanto nós vamos procurar outra solução em conjunto com eles.
AF – Existe algum Projecto ou alguma acção em conjunto, ou seja que englobe as
várias fases desde o planeamento, organização, desenvolvimento, avaliação?
E3 – Sim claro, por exemplo as Janeiras. Eu acompanhei as Janeiras. Portanto quando
eu comecei a acompanhar as Janeiras, já tinham seis ou sete anos, são actividades que
hoje em dia já terão quinze, dezasseis anos, actualmente já não sou eu que acompanho, e
nessa altura, achamos que teríamos que dar uma lufada de ar fresco, só para não ser
mais uma coisa de calendário, e juntamo-nos todos à mesma mesa (Câmara e agentes
locais) e percebemos o que precisava de mudar. Nomeadamente uma das coisas é as
Janeiras funcionam por percursos dentro do Centro Histórico, era dar a liberdade de
cada associação escolher quem é que, a quem é que se queria dirigir, ou seja, quem
gostaria de visitar naquela noite, a quem gostava de ir dar o bom ano, para não ser uma
coisa centrada num percurso único. E portanto todo esse processo foi participativo
algumas das coisas que foram criadas nessa altura, eu acho que se mantém até hoje.
Passou a haver uma reunião de relançamento da actividade, em que todos dizem o que
querem fazer, que percursos a fazer, etc., está mais ou menos estabilizado. Eu fico na
dúvida é que se com esta estabilização, aquilo que os grupos querem, se não é fazerem
sempre o mesmo percurso, ou seja, eles também sentem, que esta coisa, às vezes de
fazer o mesmo percurso tornam o ritual muitas vezes mais fácil, enquanto leitura do
próprio evento e portanto acaba por toda a gente querer fazer mais ou menos o mesmo
percurso e ir aos mesmos sítios, mas pronto, isso é uma coisa que a gente vê um
bocadinho à distância.
AF – E fazem a avaliação da iniciativa?
E3 – Sim é sempre feita uma avaliação e uma perspectivação do que é que é para
acontecer. Há coisas a melhorar, por exemplo introduzimos a fogueira no espaço
público, passamos a festa cá para fora, para o interesse de todos, há aqui coisinhas que
foram acrescentadas por causa desta discussão quando ela passa a ser comum.
31
AF – A metodologia de trabalho das reuniões da equipa de coordenação é igual à
utilizada nas reuniões de coordenação com o respectivo sector?
E3 – Portanto, se percebi, a reunião de coordenação com o sector, neste caso, de
Programas e Projectos, que eu sou responsável, bem, se calhar um bocadinho diferente,
mas isso pode ser no momento em que as coisas não estão lançadas, ou seja, quando eu
comecei a fazer as reuniões de Programas e Projectos, aquilo que achei era que tinha
que ser construída em conjunto a metodologia que ia ser seguida dentro do próprio
Sector, porque a primeira das coisas é conseguirmos encontrar uma lógica e perceber
quais os problemas comuns.
AF – E nas reuniões de coordenação?
E3 – Na segunda parte sim. Porque eu acho que é assim, uma coisa são as reuniões de
coordenação que estão relativamente estabilizadas, ou seja, há assuntos chave que tem
que ser tratados ou que tem que ser abordados para passagem de informação. Na
questão, especificamente no Sector de Programas e Projectos, eu julgo que aquelas
primeiras reuniões que se realizaram, mesmo as que se realizaram agora todo o ano para
as Jornadas, são reuniões em que nós estamos ainda a construir trabalho, ou seja, ainda
não estabilizamos o funcionamento, estamos ainda a, ou seja que as pessoas
construíssem por si próprias em conjunto a lógica comum daquele sector. Porque uma
das questões que é muito levantada é porque como não participamos todos na reunião
de coordenação com o chefe de Divisão, é que as pessoas a determinada altura, há
alguns que nunca participam em nenhumas reuniões e sentem-se excluídos, querem um
espaço para falarem, querem um espaço para participar e para dar ideias. Portanto os
Sectores têm vindo a servir também para as pessoas ter esse espaço.
AF – Achas que no Sector de Programas e Projectos já conseguiram isso?
E3 – Não, porque eu acho que o trabalho de coordenação do sector ainda não está
estabilizado. Por exemplo noutras áreas acho que sim, acredito por exemplo no Sector
de Associativismo e Animação Cultural que já esteja a acontecer, e também se está a
conseguir construir esta lógica dentro do Sector dos Equipamentos Culturais, apesar de
ainda não existir, se calhar, uma reunião neste Sector de Equipamentos Culturais que
seja inter - equipamentos, mas será que a reunião de programadores não resolve isso?
Não sei, são dúvidas que tenho. Mas às vezes organizar demais, mas isto é uma reflexão
muito lata que eu tenho em relação ao Serviço Público e é uma reflexão que eu trago em
mim, para nunca me esquecer, que não estou aqui para me servir a mim, estou aqui para
servir os outros. Porque às vezes nós quando tentamos organizar demasiado um serviço,
32
uma estrutura, a estrutura já está a engolir-se a ela própria, e às vezes não está a
trabalhar para fora, está a trabalhar para si própria, para se manter, porque o processo é
tão complexo, ou seja está se aqui a desperdiçar energia e trabalho e eu acho que é
preciso equilibrar isto. Ou seja, será que precisávamos de mais uma reunião? Será que
precisávamos agora de mais uma lógica de trabalho? Se calhar sim, se estivermos a
pensar na lógica, se calhar não se isso for tirar tempo para servir o público e não
estarmos só cada vez mais a organizar, a organizar, organizar, e o nosso trabalho passa a
ser organizar, organizar, organizar, organizar, e não é, é responder às necessidades da
população.
Funcionamento da equipa/ dispositivo de acção?
AF – Como estruturam a acção? Fazem algum tipo de registo?
E3 – No caso do Sector de Programas e projectos aquilo que temos, aliás aquilo que
saiu das primeiras reuniões foi algum registo daquilo que as pessoas disseram, as
últimas reuniões que foram feitas tiveram efectivamente um registo e tem resultados,
resultados esses que foram apresentados até nas próprias Jornadas DAC, ou seja passou
tudo por uma construção em conjunto do que era o Sector, das dúvidas que tínhamos do
sector, das dúvidas das dificuldades que tínhamos tido neste sector, o que é que
significa não ter uma coordenação disponível, o que é que significa se existisse uma
coordenação do Sector. Porque quando há problemas, a, eu retiro-me um bocadinho
desta posição de coordenadora porque para sermos coordenador temos que cumprir um
determinado papel, e portanto, aquilo que quis também fazer, foi também questionar, o
que é que aconteceu por não existir coordenação, o que é que aconteceria se existisse
uma coordenação, o que é que se ganhava, o que é que se está a perder, falta uma
coordenação.
AF – Esta equipa propôs outras formas de trabalho, nas Jornadas por exemplo?
E3 – Sim. Propôs uma reestruturação do Sector, questionámos a arrumação do próprio
Sector por exemplo fazer a associação de Projectos directamente aos Programas, todos
participamos na proposta, só não participou quem não quis, tem que se dizer, foi toda a
gente convocada, toda a gente sabia quando íamos reunir e qual era o sentido da
reflexão, e pensamos fazer o levantamento, quase que do discurso e das entrelinhas do
discurso para perceber o que é que as pessoas sentiam, que necessidades sentiam. Há
pessoas que necessitam de uma coordenação, porque precisam de interlocuções, porque
33
se não falarem com a coordenação do Sector de Programas e Projectos, não falam com
ninguém que lhes consiga transmitir informação, com quem precisem de um apoio
quase que moral até ao desenvolvimento das acções que estão a fazer. As pessoas
também têm posturas diferentes, mesmo eu considerando uma coordenação não
existente, ou seja, eu tenho uma coordenação que foi indicada, mas não tenho tempo
para a fazer, não tenho condições absolutas para a fazer! Mas mesmo tendo essas
limitações, há pessoas que se me dirigem de forma diferente. Há pessoas que continuam
o seu trabalho e está, pronto, vão andando, vão fazendo, há pessoas mesmo com a
coordenação nos solicitam para a reflexão, para orientar, olha procura este caminho ou
procura um outro!
AF – Como coordenadora deste Sector, tens autonomia?
E3 – Não total. Sei que tenho limites à autonomia, alguns são formais outros não.
Tenho total liberdade para propor, sinto que somos estimulados para propor e melhorar.
AF – Esses limites estão relacionados com questões financeiras?
E3 – Por exemplo há limites à validação das actividades, há limites, pronto. Aliás se
calhar uma das dificuldades que eu sinto hoje em dia, é me confronto com os estágios
da malta nova que vem para aí, é que nós temos que nos esforçar para não nos pré
condicionarmos às condicionantes que sabemos que existem. Ou seja, como nós
sabemos, que há trinta e uma mil condicionantes, e como é que construímos? Isso tem
vindo a ser colocado aqui na Divisão, nós temos que ser criativos e se calhar vamos ter
que renovar, mas esta conversa, é uma conversa que existe, se existe, existe a
consciência, agora a transformação não é uma coisa imediata, é uma coisa que se
constrói!
Promoção de um colectivo de trabalho?
AF- Consideras que o facto dos técnicos da equipa de coordenação possuírem
habilitações académicas , potencializa a equipa?
E3 – Eu aqui vou colocar duas coisas na balança. Se por um lado, estamos a falar de
diversas formações académicas, as experiencias diversas são positivas, mas depois
começamos a ter aqui alguns constrangimentos, que é, pode haver pessoas com
competências fantásticas, quer seja por experiência, que tenham lá de fora por
experiência que tenham com o Movimento Associativo, de património que construíram
dentro da própria câmara, ou seja pela experiência do trabalho na própria câmara, mas,
34
o Sistema Público, e a legislação em vigor, não pode valorizar essas pessoas nas
competências que tem, e aqui estamos a falar também monetariamente, se elas não
tiverem um grau académico, portanto eu considero isto muito limitativo. Não há forma
nenhuma de uma pessoa ser brilhante enquanto técnico, neste momento enquanto
Técnico administrativo, mas que é brilhante enquanto Técnico, e que faz trabalho
Técnico e até se nós conseguíssemos dar até alguma definição em termos de
reconhecimento dessa capacidade, iria muito mais longe do que aquilo que vai! Mas que
se não estudar, se não for à procura de um determinado grau académico, não se
consegue resolver o problema daquela pessoa. Aquela pessoa terá que estar sempre
condicionada, o seu percurso profissional estará sempre condicionado ao seu grau
académico, e isso não é justo! E isso não acontece no privado! E isto é um desfasamento
da vida real! Ou seja, esta coisa das competências da vida activa depois não tem
tradução na Administração Publica. Portanto aqui dois discursos que são contraditórios.
Portanto estas pessoas não têm o reconhecimento do que o trabalho que desenvolvem
está ao nível de um determinado padrão de renumeração, porque se essa resposta
pudesse existir, se calhar as pessoas, em vez estarem, como é que eu hei-de dizer, a
tentarem não fazer o seu melhor, a tentar não fazer o seu melhor (risos), porque não
recebem renumeração suficiente para o fazerem. Agora aquilo que me parece é que
existe uma tendência cada vez maior, precisamente para distinguir tarefas, consoante as
categorias, porque é a forma de como está normalizado o Serviço Público, ou seja,
Técnicos superiores fazerem trabalho, tendencialmente para o futuro de planeamento e
depois existirem as outras categorias profissionais que tendencialmente vão executar.
AF- Os restantes elementos da equipa reconhecem isso?
E3 – Sim reconhecem e conhecem esta dificuldade.
AF – Mas o trabalho dessa (s) pessoa (s) nessa (s) situações é valorizado pela Divisão,
ou não?
E3 – Sim. Reconhece esta dificuldade e reconhece o trabalho que esta (s) pessoa (s) faz
(em).
AF – Achas que essas pessoas se sentem valorizados ou reconhecidos pelo trabalho que
desenvolvem?
E3 – Depende.
AF- O teu trabalho é reconhecido pelos restantes elementos da equipa?
E3 – Sim.
AF – E a equipa do Sector de Programas e Projectos, reconhecem o teu trabalho?
35
E3 – Eu assumo, as minhas falhas, sei que eles conhecem as limitações do trabalho que
eu tenho desenvolvido. Portanto eu acho, que sim, que toda a gente reconhece o bom e o
mau.
AF – E em relação á Chefia?
E3 – Também. Uma coisa é o discurso que nós fazemos e a forma como nos
relacionamos uns com os outros. Eu acho que todos temos noção da forma do nosso
desempenho pelas coisas que não se dizem formalmente, há coisas que se vêem, à
discursos que não se fazem, portanto toda a gente tem noção da capacidade de
desempenho.
AF- Identificas-te com os elementos da equipa? Da divisão
E3 - Sim, claro que sim. Tive uma estagiária, aqui há uns dias atrás, que entrou aqui, e
me confrontou (risos), eu fui fazer uma visita ao Cineteatro S. João com ela, uma visita
aos espaços em que ela iria trabalhar nos próximos tempos, e portanto chegamos à sala,
depois de termos ido ao terraço, e ela vira-se para mim, e disse-me, tu gostas mesmo
daquilo que fazes! E de repente, eu se calhar percebi que sim. Tenho que admitir que
sim, ou seja à parte das dificuldades todas que existem, do vir trabalhar todos os dias
para o mesmo sítio, é horrível, pronto, é horrível trabalhar! (risos) Deveríamos ter uma
vida diferente! Agora, o trabalhar todos os dias no mesmo sítio é uma obrigação, é
como cozinhar todos os dias, eu adoro cozinhar! Mas se me pedirem para cozinhar
todos os dias já não me apetece pensar no que é que vou fazer. Portanto à parte disto
tudo, sim, sim, e gosto desta equipa.
AF- Identificaste com os princípios desta Divisão, desta equipa?
E3 – Sim.
AF – Achas que o trabalho em equipa favorece processos de melhoria profissional?
E3 – Sim, não tenho dúvidas. Há partida o próprio contexto que esta Câmara tem, da
participação, nos coloca num padrão de pensamento que é totalmente diferente daquilo
que nós possamos pensar relativamente à gestão da coisa pública. E isso coloca-nos
num posicionamento mental, quer para trabalhar para o exterior, mas que também
utilizamos aqui dentro, portanto isso é um padrão de comportamento já diferente se
calhar daquilo que eu esperaria dum contexto de trabalho.
AF – Achas que existem hábitos de participação democrática e de afirmação pessoal de
cada elemento?
E3 - Há pelo menos transversalmente o principio genuíno da participação, ou seja, de
que os processos que estão a ser construídos são da integração e da participação e da
36
abertura a todos os níveis da Divisão de acção Cultural. Não considero um processo
fechado, ou seja, estamos em fase, há que abrir à participação de todos, acho que se
estão a criar espaços em que todos dão o seu contributo. Nas Jornadas, por exemplo
levantou-se, a questão de às vezes nós não percebemos o que é que o outro do lado faz,
e isto é verdade, mas surgiu lá uma coisa, que eu espero mesmo que a gente consiga
fazer, que é, nós fizemos uma vez uma actividade pedagógica dirigida às crianças que é
virar o S. João do avesso e eles assumem os nossos papeis, se calhar precisamos fazer
isso internamente, porque eu não consigo sentir as dores da pessoa que varre e que tem
a bata rota, ou da pessoa que está na portaria e que tem uma acústica péssima, ou que,
pronto. Portanto se calhar precisamos todos de mudar de papéis sem preconceitos para
valorizarmos mais aquilo que a outra pessoa faz, para não reclamarmos à toa, tipo,
aquele estúpido não me deu aquilo na hora certa, portanto nós falamos todos à toa,
porque não sabemos o que o outro sente ou que faz, portanto precisamos de mudar um
bocadinho. Portanto tudo isto, e as pessoas terem abertura para dizer o que vai mal e ao
mesmo tempo terem abertura para dizerem, obrigada, isso é transparência e
participação, que demonstra um grau de abertura, que por princípio eu não acharia
normal numa Organização Pública.
AF - Por exemplo, em relação a outras Divisões desta Autarquia, o modelo é o mesmo
que na DAC?
E3 – Não. Cada serviço funciona como cada serviço, portanto cada serviço funcionará à
sua maneira, não há o mesmo grau de participação que nós temos aqui dentro, eu acho
que nós temos um grau de intimidade com todos os níveis hierárquicos que não é
normal, não é normal, não é normal o vereador cruzar-se comigo e partilharmos uma
angústia, ou rapidamente fazermos uma abordagem para resolver um problema
qualquer, ou combinarmos que é preciso qualquer detalhe para o fim de semana.
AF – Conhecendo através das redes de parceria o funcionamento de outras Autarquias,
consideras que a Divisão de Acção Cultural desta autarquia aplica o mesmo modelo
funcionamento que as outras?
E3 - Muito diferente. Há coisas muito, muito, muito diferentes, coisas que tem a ver
com a dimensão, portanto, aqui na Divisão de Acção Cultural, teve um grau de
desenvolvimento que começou se calhar no início dos anos noventa, se calhar um
bocadinho antes, e que se estende até hoje, portanto houve um crescimento. E agora
estamos numa outra fase, mas a questão é que existe património. Há sítios em que
começaram à pouco tempo, há outros, nós aqui temos uma quantidade de funcionários
37
para diversas funções, há sítios em que é o Vereador quem faz a programação, por
exemplo em que são só 80 funcionários naquela Câmara, portanto, nós aqui temos um
Departamento de Cultura e Desporto, temos um Departamento de Educação e
Intervenção Social, temos uma Divisão de Turismo e de Desenvolvimento Económico,
etc, isso somos nós, se calhar representa uma centena de pessoas se não representar
mais, mas há Câmaras em que o Departamento de Cultura, Turismo, Desporto,
Desenvolvimento Económico é um corredor e a Divisão de Educação é uma pessoa,
portanto, há uma pessoa para o Turismo, uma pessoa para a Cultura, uma pessoa para o
Desporto e uma pessoa para o Desenvolvimento Económico e é provavelmente o
Vereador que está no fundo do corredor que… Consigo perceber que, isto porque
trabalhamos muito com outros Equipamentos Culturais, que a nossa lógica de
funcionamento é um bocadinho diferente da das outras Autarquias, ou seja, 90% das
Autarquias com que eu me cruzo não existe Divisão de Acção Cultural, existe um
Teatro, e esse Teatro cumpre a função de ligação à população, uma das coisas que nós
tivemos desde o início que nos começamos a cruzar com as outras pessoas de outras
Câmaras, foi tentar explicar que o Teatro é só um nó de uma rede e que achávamos que
nós não estamos sozinhos na rede, e portanto que os equipamentos das associações, etc,
também fazem os outros nós, e que cada um desses nós são pontos de encontro, e que os
outros são tão importantes como nós, e que trabalhávamos participando, e que
trabalhávamos por territórios, e que a lógica dos territórios não é inferior à lógica dos
equipamentos, pronto, e isto às vezes é muito complexo de explicar, porque as pessoas
aquilo que tem e vem é o Teatro, e a equipa que existe é a equipa do Teatro e portanto
só recebem, não trabalham com. Também depende muito, acho que cada vez mais vai
havendo abertura para os equipamentos culturais integrarem em si a realidade que os
rodeia, pronto, acho que cada vez mais existe uma tendência para não achar que a
Banda Filarmónica é uma chatice ir lá, ou estar a servir as escolas. Esta Autarquia
começou, por isso é que eu digo, por razões históricas, por razões também muito
centradas em pessoas que dirigiram o Departamento de Cultura, em que tinham uma
visão do desenvolvimento cultural do concelho, ou o papel que a cultura tinha para o
desenvolvimento das populações, e se em determinado momento, fizeram disso uma das
prioridades da Câmara, portanto, o nosso estado de desenvolvimento é diferente, ou
diferente. Uma das coisas que se pode notar é que o nosso estado de desenvolvimento
não é o de expansão, mas o já estarmos, não só numa fase de contenção, mas o já
estarmos a rever o que se passou e o que precisa ser renovado, portanto nós já estamos a
38
entrar na fase dois, ou na fase três, não sei, ou seja já digerimos e já estamos a querer
mudar de nível, e eu noto discurso. Por exemplo, à uns anos atrás, o discurso das
pessoas a nível nacional na área da cultura era um discurso muito centralizador e muito
fechadíssimo e dirigista em relação ao público, ou seja, os programadores programam
para um público que é pobrezinho de espírito e que precisa de ser educado. Nós sempre
dissemos não! Eu não me revejo neste discurso e chegamos a retirarmo-nos de alguns
processos de discussão, não sem dizer que nós estamos aqui para fazer em conjunto, e
noto que este nosso discurso não é de agora. Aquilo que noto hoje em dia, este discurso
de fazermos com os outros, de melhoria de projectos com a comunidade que existem,
que é, e isso ás vezes chateia-me, que é uma discussão discursiva, ou seja uma muleta
discursiva daquilo que estamos a viver na cultura hoje em dia, ou seja são as mesmas
pessoas que antes diziam que, que se sentiam superiores às pessoas que serviam, que
agora dizem que não há outro sentido, que não o fazer com. Portanto o discurso global
também muda. Agora aquilo que eu acho é que o nosso discurso, aqui na Câmara é
assim já de há muitos anos, o de fazer com.
AF – Como caracterizas o teu trabalho enquanto elemento desta equipa?
E3 – Não sei, diz-me tu! (risos) É que ver de fora é muito mais fácil….
AF – Em três palavras, ou em poucas palavras, o que é para ti a Divisão de acção
Cultural?
E3 - (silêncio) É pá não consigo! O meu trabalho aqui na divisão? Tinha mais facilidade
em te dizer o que é que não é! Ou seja o que é que eu tinha aspiração de melhorar.
(silêncio) Eu acho que tinha como aspiração de fazer, acho até que ficou da avaliação do
Sector de Programas e Projectos, fazer Projectos mais integrados de resposta á
população, ou seja a partir de diagnósticos de necessidades ou de problemas que
existem na população, e a cultura de forma transdisciplinar com outras áreas do social,
conseguíssemos de forma mais cirúrgica agir, ou seja ajudar, não digo a resolver, mas a
reflectir problemas da comunidade e eventualmente de forma criativa a encontrar
soluções.
AF – O que é que é para ti a Divisão de acção Cultural?
E3 – (silêncio) É uma grande parte da minha vida, isso é logo a primeira, 70% da minha
vida, é uma coisa que me realiza, e é uma coisa que me satisfaz e que quase num acto de
fé eu acho que, ou seja, que fazemos o nosso melhor, tendo em conta o contexto em que
vivemos e os recursos que temos. Podemos fazer ainda melhor? Podemos. E temos essa
consciência, e isto não pode ser é uma angústia. Eu não conheço muita coisa que seja
39
perfeita, agora termos a consciência de melhorar, e eu sei que estamos a fazer bem,
temos a preocupação com a população, temos a preocupação de os atender, de os ouvir,
de lhes responder, de os integrar, de estarmos com, de construirmos, ou seja, eu acho,
que não estamos fechados, e isso é o ponto-chave de uma Instituição que faz a gestão do
território, é isso que uma Câmara em teoria faz, a administração e a gestão de um
território. A parte que nós fazemos é a parte que está ligada às pessoas.
AF – Obrigada pela tua colaboração
E3 – Ora, de nada.
40
4ª Entrevista dia 27 de Abril de 2011 – E4
No âmbito do Projecto Tese de Dissertação do Curso de Mestrado – Formação de
Adultos e Desenvolvimento Local procedemos à recolha de dados através do método de
entrevista.
As entrevistas decorreram no espaço físico do Equipamento Cultural – Cineteatro S.
João em XXXX.
De acordo com o Guião da Entrevista, procedeu-se inicialmente à legitimação da
entrevista onde:
• se explicitou o objectivo da mesma;
• se assegurou o carácter de confidencialidade;
• se pediu a autorização para o registo áudio e posterior publicação.
A entrevista iniciou-se pelas 17 horas.
Legitimação da Entrevista
AF -Boa tarde XXX, gostaria de pedir a tua colaboração para a realização desta
entrevista bem como a autorização para a gravação da mesma, assegurando-te de igual
forma o carácter de confidencialidade.
O projecto de dissertação que me encontro a desenvolver situa-se na seguinte
problemática “ Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das
Identidades – O Caso da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia”. Pretendo
analisar um conjunto de questões que possam evidenciar ou não, um ambiente
formativo em colectivos de trabalho, saber em que medida os elementos que fazem
parte desta Equipa de Coordenação, que assume actividades e projectos, no âmbito da
Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, que actuam e reflectem a acção,
afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
AF - Autorizas a realização desta entrevista?
E4 – Claro. Força Anabela.
41
Caracterização do Entrevistado/a
O meu nome é XXX, o serviço, é aquele que tu conheces, a Divisão de Acção Cultural,
inserida no Departamento de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de XXXX, e
tenho a responsabilidade de coordenação dos equipamentos Culturais Municipais, ao
nível da técnica, do funcionamento, obras, logística, etc., etc.
Tenho uma Licenciatura Gestão Recursos Humanos. Comecei a trabalhar na Autarquia,
aqui na Cultura em Maio de 1988, e sempre trabalhei nesta área. Inicialmente o tipo de
contrato era anual, eu tive, já não me recordo bem, mas para aí uns três ou quatro anos
com o regime de contratos anuais e depois entrei para o quadro, para contrato a termo
indeterminado.
E4, 53 anos, sexo masculino, natural do concelho de Aljustrel e residente em Setúbal.
Trabalhador da Câmara Municipal de XXXX, inserido no Departamento de Cultura e
Desporto e na Divisão de Acção Cultural, com contrato por tempo indeterminado (faz
parte do mapa de pessoal da autarquia). Responsável pela coordenação do Sector de
equipamentos Culturais Municipais.
Licenciado em Gestão de Recursos Humanos.
Valorização Profissional
AF – Em termos de acções de formação, nos últimos três anos, tens participado por
iniciativa tua? Por iniciativa da Autarquia? Por iniciativa da Divisão?
E4 – Sim participei numa ou duas acções ao nível do SIADAP e depois outras
formações que fiz foi fora do contexto autárquico. Aliás, eu até sou daquelas pessoas
que do ponto de vista interno, da formação interna, tenho feito poucas formações, umas
vezes porque não tenho possibilidade, outras vezes porque as formações não me dizem
muito. Mas por acaso, eu acho, que é um assunto que temos que melhorar, no sentido de
procurarmos outras formações mais específicas.
AF – Sentes falta de formação específica para a área que estas a coordenar?
E4 – Não, nessa área não sinto. Acho que tenho as competências suficientes (risos),
para desenvolver estas funções.
42
AF – Diz uma coisa, a Divisão de Acção Cultural envolve os seus trabalhadores na
organização de propostas para formação profissional?
E4 – Se envolve, isso não te consigo dizer concretamente. Mas, normalmente é pedido
para nós falarmos com as pessoas, no sentido de fazer o levantamento das suas
necessidades e depois informamos a chefia das formações que achamos que são
indispensáveis para as pessoas que trabalham na nossa divisão e mais concretamente das
pessoas que trabalham mais directamente comigo. E, sim, fazemos todos os anos. Aliás
a Chefia solicita isso sempre às pessoas, essa informação, que eu acho que é uma atitude
e uma forma, uma linha de trabalho bastante interessante. Agora, o que é facto também
é que nem sempre, da parte do nosso Departamento de Recursos Humanos existem
acções que nós gostaríamos que existissem, ou que os nossos trabalhadores fizessem.
Sei que existem muitas dificuldades, e que por vezes não se consegue responder a todas
as necessidades apresentadas.
Funcionamento e Operacionalização da Equipa
AF- Qual a periodicidade das reuniões da Equipa? Existem reuniões periódicas, não
existem? Estão formalizadas, não estão? São Formais, informais? Como é que acontece
aqui na Divisão?
E4 – Sempre que necessário, mas com a periodicidade semanal. Estas reuniões estão
sempre convocadas para as 2ª feiras, só são desconvocadas quando Chefe não pode, mas
a equipa sabe que todas as segundas feiras às 10horas da manhã tem as reuniões de
coordenação, no Cineteatro S. João.
AF- Quem determina a periodicidade das reuniões?
E4 – O chefe da Divisão.
AF – Quais os conteúdos destas reuniões?
E4 – Todos os conteúdos que dizem respeito à nossa Divisão e não só. Normalmente, e
acho que isso é uma atitude muito importante, o Chefe da Divisão informa os Técnicos
que fazem parte desta equipa de coordenação, das grandes linhas ou questões que estão
no momento na Autarquia, ou pelo menos dá noticias importantes que todos temos que
saber, quer ao nível do Orçamento, quer ao nível da assiduidade, quer ao nível da
actividade municipal, projectos, enfim, actividades que importa que os elementos da
equipa tenham conhecimento. Estas informações são muito importantes para orientar o
nosso trabalho, para as nossas posições no contacto com outras Entidades exteriores.
43
Mas fundamentalmente, estas reuniões servem para organizar, digamos que ao
pormenor, planificando em conjunto, quer dizer, porque nesta equipa de coordenação
estão as várias pessoas que tem responsabilidades nas diferentes áreas de intervenção da
Divisão, e esta programação é constante, mas até fora destas reuniões, sempre que os
próprios técnicos sintam necessidade de reunir, para tratar de assuntos com mais
pormenor. Ou seja desde o planeamento ao desenvolvimento e depois também a questão
da avaliação. A avaliação às vezes não é feita com tanta necessidade ou regularidade
com que deveria ser feita, reconheço isso, e às vezes deveríamos ir um pouco mais
fundo na avaliação, de tentar encontrar às vezes as causas, de algumas anomalias e
irregularidades que acontecem, para tentarmos corrigir. Sinto que ao nível da avaliação
poderíamos ir um pouco mais fundo, mas enfim, a nossa vida é uma vida tão
complicada e às vezes tão cheia de tarefas que, às vezes isso não permite.
È uma forma de trabalhar muito interessante a da nossa Divisão, aliás eu não consigo
conceber outra forma de trabalhar nestas áreas. Nestas áreas de Acção Cultural, da
Cultura, se não trabalharmos todos em conjunto é uma chatice, portanto, acho que é
muito importante esta forma de funcionamento.
Funcionamento da equipa/ dispositivo de acção?
AF - Como responsável ou coordenador por determinadas áreas que anteriormente
referiste, como planificas a acção com a tua equipa?
E4 – Nós estamos sempre em contacto, digamos assim, independentemente de fazermos
com alguma regularidade as reuniões das várias equipas, das equipas técnicas, das
equipas de coordenação do Cineteatro S. João, das equipas de apoio logístico, etc.,.
Independentemente de fazermos essas reuniões, temos conversas com alguma
regularidade, umas mais que outras, mas diariamente falamos todos uns com os outros.
Eu sou responsável pelos equipamentos culturais municipais que estão em várias
freguesias, o Cine Teatro S. João que está em XXXX, o Auditório Municipal de XXXX
em XXXX e o Centro Cultural de XXXX que está em XXXX, se bem que a maior
responsabilidade está aqui no Cineteatro S. João, porque é o equipamento com maior
dimensão e daí que demos uma atenção mais particular e diária, como é evidente. Mas
também é evidente que os colegas que estão nos outros equipamentos também têm
responsabilidades de acompanhamento de actividades.
44
AF – Na planificação das acções existe a equipa grande da coordenação e depois
equipas especificas com cada técnico da coordenação, como se desenvolve o processo
de planificação no sector dos Equipamentos Culturais?
E4 – Vamos ver, eu não tenho a responsabilidade da programação dos equipamentos,
tenho a questões que referi anteriormente, nomeadamente as questões do funcionamento
dos equipamentos, ao nível técnico, ao nível logístico e ao nível da conservação e
manutenção dos equipamentos. Assim essa planificação é feita de acordo com as
actividades que acontecem, nós, no meu sector, o nosso trabalho é responder aquilo que
é preciso ao nível da programação, por exemplo, a equipa responsável pelas questões da
programação programam os equipamentos culturais e os técnicos que acompanham os
equipamentos culturais tem a responsabilidade de estar presentes, de acompanhar, de
resolver as situações, mas a planificação de acompanhamento e apoio às actividades,
pelos técnicos de som e luz dos equipamentos é feita por mim com eles. Portanto essa
planificação é feita por mim conjuntamente com a equipa do sector de equipamentos
culturais, isto porquê, porque cada um dos equipamentos tem um técnico ao nível dos
equipamentos áudio visuais, de som, de luz e imagem, etc., e que também acompanha as
actividades. À partida é sempre o Técnico do respectivo equipamento que acompanha
mas, acontece por vezes, que são necessários outros tipos de apoio, e aí, com frequência
os Técnicos rodam pelos diferentes equipamentos para darem apoio uns aos outros, no
sentido de resolverem problemas em actividades mais complicadas, essa planificação é
feita por mim, que tenho essa responsabilidade, mas sempre com a colaboração e apoio
dos colegas, como é evidente. Por vezes pode haver alguma falta de comunicação,
algum impedimento de última hora, mas nós temos internamente, no sistema
informático um mapa, a que todos os Técnicos tem acesso, em que eu diariamente
coloco toda a informação que os técnicos tem que ter, das actividades que vão
acontecer, dos horários, das necessidades que são precisas fazer para ultrapassar
dificuldades. Assim todos os Técnicos sabem, que consultando aquele mapa que está
sempre actualizado, ou pelo menos o mais actualizado possível, e se existir alguma
dúvida de última hora, é só clicar no mapa e sabem onde são as actividades, os horários,
quais as necessidades logísticas, quem são os Técnicos que acompanham, etc.,. È
também uma forma de trabalhar interessante.
45
AF- Como se estabelece a ligação entre a equipa de coordenação e os Sectores sobre os
quais são responsáveis?
E4 – Sempre que existe a necessidade juntamo-nos todos os que estão relacionados com
a actividade, por exemplo os responsáveis pela programação dos equipamentos, o
responsável pelo funcionamento do equipamento, o responsável pelo Movimento
associativo de determinada Freguesia. Portanto o pessoal junta-se, sentamo-nos todos à
mesma mesa, trocamos informação sobre as mais variadas coisa que podem acontecer
ou que acontecem e tenta-se prevenir e encontrar soluções.
AF – A proposta é conjunta, nesse caso? Fazem algum tipo de registo das reuniões?
E4 – Actas não é muito habitual fazer-se, neste Sector de equipamentos, mas enfim,
porque, que somos todos responsáveis e portanto todos os colegas sabem que quando
assumem determinada tarefa, é para cumprir, e não é preciso isso estar escrito para que
isso venha a acontecer. De facto não é muito usual fazerem-se actas. O nosso trabalho
colectivo aqui, dá-nos garantias. Aliás não temos motivos nenhuns para pensar que isso
pudesse acontecer, mas por vezes existe a necessidade de dizermos que tens que fazer
assim, com uma palavrinha um pouco mais ríspida, perante uma atitude menos correcta
sobre a decisão do trabalho, mas isto acontece em todas as organizações, e portanto, as
pessoas que tem a responsabilidade de conduzirem as equipas, em alguns momentos,
pode acontecer que tenha que existir uma palavrinha mais ríspida, mas não tem sido,
não tem sido prática, acontece esporadicamente.
AF – Sentes que tens autonomia para a realização de acções?
E4 - Bem, autonomia total não poderei dizer, porque nós temos responsabilidades que
nos são atribuídas, e não podemos fazer as coisas como queremos, às vezes há certas
regras que temos que implementar, às vezes uns concordam e outros não concordam,
mas isso acontece. Na verdadeira assunção da palavra – autonomia, talvez não, mas sim
tenho alguma autonomia para desenvolver as minhas tarefas, aliás, eu pessoalmente até
acho que é uma forma, digamos, boa de trabalhar, eu pelo menos, com as equipas que
tenho responsabilidade de trabalhar, eu pessoalmente não gosto, não é o meu estilo, de
dizer, tu fazes isto! tu fazes aquilo! Não, há tarefas que estão distribuídas em conjunto,
as pessoas já sabem quais são as tarefas que tem que desempenhar, não é, e portanto
dizemos que temos um elevado grau de autonomia para desempenhar aquelas tarefas,
para desenvolver aquelas tarefas, sem existir a necessidade de estar sempre a procurar,
com é que se faz isto? ou como é que se faz aquilo! Eu acho que é assim que as
organizações devem funcionar, desde que a tarefa seja bem executada, e que a pessoa
46
que esteja responsabilizada por fazer aquela tarefa, faça a tarefa bem feita, e desde que
as coisas aconteçam, quer dizer é sempre bom haver algum grau de autonomia, para que
as pessoas tenham orgulho naquilo que fazem e que tenham mais vontade em participar
e em gerir também um pouco as suas actividades, eu acho que isso é muito importante.
Portanto, resumindo, autonomia, digamos na verdadeira acepção da palavra, nunca
teremos, porque estamos dentro de uma organização, em que temos que cumprir
determinadas regras, mas, temos algum grau de autonomia, eu pessoalmente considero
que temos algum grau de autonomia para desempenhar as nossas tarefas.
Promoção de um colectivo de trabalho?
AF – Consideras que o teu quotidiano profissional esta inserido num quadro de
intervenção onde se reflecte e discute a acção, de forma a encontrar estratégias futuras
para a acção?
E4 – Sim, direi que sim. Evidentemente que com algumas limitações, às vezes nem
sempre satisfeitos porque gostaríamos, de intervir mais, de participar mais, enfim de
colaborar mais.
AF – Consideras então, que a equipa trabalha em ambientes formativos?
E4 – Sim, sim. Valoriza-se a opinião e a experiencia de toda a gente, os amuos também,
as limitações. Tentamos sempre ter uma atitude pró activa no sentido de ver onde
existem as dificuldades e tentar ajudar os colegas que eventualmente tenham algumas
dificuldades. Eu acho que neste tipo de trabalho a nossa equipa é uma equipa que tem
dado boa conta desse recado.
AF- Identificas-te com os restantes elementos da equipa?
E4 - Sim, não tenho razões para dizer que não. È evidente que existem momentos em
que as opiniões divergem, como é natural, como em tudo na vida, mas sim identifico-
me com os elementos e com a Divisão, na forma como funcionamos, como partilhamos
os objectivos, etc.,.
AF – Achas que esta forma de trabalho em equipa, favorece o vosso desempenho em
termos profissionais?
E4 – Bastante, bastante. Nestas áreas, como noutras, mas sobretudo nestas áreas, não
vejo que haja condições para funcionar de outra forma, não é. Porque repara, a área da
Cultura é uma área tão abrangente, falamos com tanta gente, falamos com tantas
Instituições, com tantas Entidades, temos tantos assuntos para tratar, tanta coisa para
47
resolver, que se, não houver esse, essa capacidade, essa vontade, essa, digamos, essa
abertura para funcionar com alguma autonomia, com alguma responsabilidade, portanto,
as coisas podiam ser complicadas, os processos ficavam todos emperrados e as coisas
não funcionavam. Sim, acho que sim, que isso é importante.
AF- Gostaria por último de te colocar a seguinte questão. Em três palavras ou em
poucas palavras, como caracterizas o teu trabalho enquanto elemento desta equipa?
E4 – Como é que eu caracterizo o meu trabalho. È um trabalho com bastante
responsabilidade, que exige bastante responsabilidade, que exige bastante atenção, e é
um trabalho para o qual é necessário ser bastante metódico.
AF – E em relação à Divisão, como a caracterizavas?
E4 – É uma grande Divisão. (risos). Sabes porquê? Porque, independentemente do
equívoco que nós temos, que é aquela Divisão “que está sempre em festa”, etc., porque
ao fim ao cabo somos aquela divisão que fazemos os espectáculos, que fazemos as
festas, enfim, que fazem as coisas para as pessoas se divertirem, portanto reconheço que
da parte de muita gente, apesar de nos dizerem que estamos sempre em festa, também
nos dizem vocês são uma grande Divisão! Para mim é uma divisão onde dá vontade de
trabalhar, porque nós contactamos e convivemos com realidades tão diversas, tão
dispersas e com culturas tão diferentes umas das outras que é uma divisão onde de facto
dá muito prazer em trabalhar.
AF – Obrigado pela tua colaboração.
E4 – De nada, sempre ao teu dispor.
48
5ª Entrevista dia 28 de Abril de 2011 – E5
No âmbito do Projecto Tese de Dissertação do Curso de Mestrado – Formação de
Adultos e Desenvolvimento Local procedemos à recolha de dados através do método de
entrevista.
As entrevistas decorreram no espaço físico do Equipamento Cultural – Cineteatro S.
João em XXXX.
De acordo com o Guião da Entrevista, procedeu-se inicialmente à legitimação da
entrevista onde:
• se explicitou o objectivo da mesma;
• se assegurou o carácter de confidencialidade;
• se pediu a autorização para o registo áudio e posterior publicação.
A entrevista iniciou-se pelas 15 horas e 30 minutos.
Legitimação da Entrevista
AF -Boa tarde XXXX, gostaria de pedir a tua colaboração para a realização desta
entrevista bem como a autorização para a gravação da mesma, assegurando-te de igual
forma o carácter de confidencialidade.
O projecto de dissertação que me encontro a desenvolver situa-se na seguinte
problemática “ Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das
Identidades – O Caso da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia”. Pretendo
analisar um conjunto de questões que possam evidenciar ou não, um ambiente
formativo em colectivos de trabalho, saber em que medida os elementos que fazem
parte desta Equipa de Coordenação, que assume actividades e projectos, no âmbito da
Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, que actuam e reflectem a acção,
afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
AF - Autorizas a realização desta entrevista?
E5 – Autorizo
49
Caracterização do Entrevistado/a
Eu trabalho na Divisão de Acção Cultural, integrada no Departamento de Cultura e
Desporto da Câmara Municipal de XXXX, tenho 40 anos, solteiro, natural de Setúbal e
resido em Setúbal.
A minha identificação profissional, se me perguntas como é que eu respondo quando
me perguntam qual é a minha profissão, eu considero-me um Animador Sócio Cultural.
Tenho um Curso Profissional de Animador Social de uma Escola Profissional, foi o
primeiro curso de animação que existiu em Portugal, foi tirado em 1992, portanto já
passaram uns bons anos. Depois tentei tirar uma Licenciatura de Animação Sócio
Cultural na Escola Superior de Educação de Setúbal, mas desisti, porque acho que o
ensino superior nesta área está a léguas da realidade. O meu local de trabalho, em
termos físicos é o Cineteatro S. João, Equipamento Cultural da Divisão de Acção
Cultural, tenho responsabilidades, eu sou responsável pelo Projecto Municipal de
Cinema, ou seja, em grande medida pela programação de Cinema no Auditório
Municipal de XXXX, neste caso o único equipamento com equipamentos para
projecção regular de Cinema, depois também faço, dentro da área do Cinema, outras
acções e iniciativas de divulgação e de captação de Público, nomeadamente o trabalhar
em parceria com outras instituições para a realização das actividades de Cinema, dos
quais destaco dois, que é o Festival de Cinema Francês, intitulado Cine France, com o
Departamento de Francês, se calhar não se chama departamento, mas não me lembro
agora do nome correcto, da Escola Secundária de XXXX e o Festival Nacional de
Curtas Metragens – Cão Amarelo, da Associação Odisseia do XXXX. Depois tenho a
responsabilidade de um território que é a Freguesia de XXXX, essa responsabilidade
tem a ver com a programação cultural na Freguesia e o apoio às Entidades Culturais que
aí desenvolvem as suas iniciativas, nomeadamente, as colectividades e a comunidade
educativa, dentro disto também sou responsável pelo acompanhamento ao Movimento
associativo desta Freguesia. Depois sou também responsável por duas iniciativas, que
são as Comemorações do 25 de Abril no Concelho de XXXX e pelo Ritual das Janeiras
que se realiza, como se sabe, no dia 6 de Janeiro, todos os anos. Estas são as minhas
responsabilidades directas, além disso também faço parte de uma equipa de trabalho,
criada à pouco tempo, para o desenvolvimento de uma Candidatura do Qren, para a
animação do Centro histórico de XXXX, intitulada Castelos no Ar, cujo objectivo é não
50
só a animação do Castelo mas também do próprio Centro Histórico, neste momento
apenas nos meses de verão mas que se poderá equacionar a hipótese de ser mais
alargado no tempo, não sei.
AF – Há quantos anos trabalhas na Autarquia?
E5 – Eu faço 15 anos em, para o ano faço 15 anos de serviço. Primeiro entrei com um
contrato, apesar das várias alterações legislativas que já existiram, eu entrei naquela
altura, com um contrato a termo de um ano, que foi renovado, já não me lembro se
durante 3 ou 4 anos, nessa altura passei para contrato por tempo indeterminado, passei
para o quadro de pessoal, o antigo quadro de pessoal, neste momento, com a nova
legislação sou do mapa de pessoal.
Valorização Profissional
AF – Em termos de acções de formação, nos últimos três anos, tem participado por
iniciativa tua? Por iniciativa da Autarquia? Por iniciativa da Divisão? Como é que isto
se passa?
E5 – Tenho feito algumas, aliás tenho feito várias, mas, aquelas que eu acho mais
importantes são aquelas para a minha valorização pessoal e profissional,
nomeadamente, a autarquia faz parte de uma rede de Equipamentos Culturais
denominada ARTEMREDE, que é uma rede de equipamentos mas que funciona
também como valorização profissional de Técnicos. Portanto a formação que os
Técnicos têm nesta área é muito da formação não formal, isto dos cursos surgiram
agora, porque antigamente quando não existiam essas formações, essas áreas tinham
pouca formação, as pessoas quase que a tinham que procurar e criar. Participei num
curso, que gostava de afirmar, que foi de um Curso de Relações Públicas e Marketing
Cultural pela Artemrede e que foi um Curso de trezentas e tais horas, que foi uma acção
no tempo certo, na altura certa. A divisão propôs-nos formação porque era uma
formação muito específica para a nossa área, depois por parte da Autarquia tenho feito
várias formações, Outlook, Legislação, portanto aquelas formações que servem para
qualquer funcionário público.
51
AF – Diz uma coisa XXX, sentes que a Divisão de Acção Cultural envolve os seus
trabalhadores na organização de propostas para formação profissional?
E5 – Sim, sim, sim, sim. Nós temos oportunidade de apresentar proposta para formação.
Se essas propostas vão avante ou não, isso é uma outra conversa! Porque tendo em
conta as restrições orçamentais que temos. Mas se a pergunta é, se eu me sinto à
vontade para propor, sim tenho essa liberdade. Eu também tenho participado noutras
acções de formação, estou a recordar-me agora, como a Autarquia participa em muitas
parcerias e nomeadamente nos Projectos Europeus, participei em várias acções de
formação, no âmbito do Projecto Trilhos, várias acções que tinham a ver com o trabalho
local, desenvolvimento social e trabalho em zonas rurais.
Funcionamento e Operacionalização da Equipa
AF- Qual a periodicidade das reuniões da Equipa? Existem reuniões periódicas, não
existem? Estão formalizadas, não estão? São Formais, informais? Como é que acontece
aqui na Divisão?
E5 – Como eu disse há pouco, todos nós temos áreas de responsabilidade e portanto na
coordenação estão os coordenadores das diferentes áreas, que não são todos os
trabalhadores da Divisão, atenção. Eu faço parte desse grupo de coordenação, o grupo
de coordenação reúne semanalmente à segunda-feira, no Cineteatro S. João, já reuniu
noutros locais quando o S. João esteve em obras, e é um momento em que nós por um
lado avaliamos o trabalho que foi feito na semana anterior, preparamos o trabalho da
semana seguinte ou da semana seguinte, e também, se calhar não tanto quanto possível,
reflectimos um pouco entre muitas aspas o que andamos aqui a fazer!
AF – Em termos da planificação das acções, como é feita pela equipa?
E5 – Na reunião de coordenação define-se quais as áreas de intervenção, depois existem
equipas pluridisciplinares que trabalham para a organização das acções. Dando dois
exemplos, o trabalho de um Festival de Cinema, é definido na reunião de coordenação
como se vai fazer o Festival de Cinema, depois eu preciso reunir com os Técnicos que
estão envolvidos na acção, nomeadamente os técnicos que estão, neste caso os técnicos
responsáveis pelos próprios equipamentos, para organizar trabalho e reunir, neste caso
também com o parceiro, portanto existe aqui uma espécie de dois grupos de trabalho,
um com o parceiro e um com os técnicos, com os trabalhadores que estão envolvidos. A
programação é do técnico responsável, as reuniões de coordenação além de dar-mos
52
feedback e de discutirmos assuntos, às vezes também servem para dar despacho, por
assim dizer, mas depois o trabalho de terreno, são as equipas de terreno que são
responsáveis e com autonomia.
AF- Neste caso do Festival de Cinema, como se desenvolve com o parceiro?
E5 - Vai desde o planeamento, á execução e á avaliação.
AF- Achas que o funcionamento desta equipa, aponta para contextos participativos?
E5 – Sim e não por um lado. Promove para quem está. Eu acho que é uma boa forma de
trabalhar, é uma boa forma, é uma forma de trabalho que até é vista por toda a gente
com muitos bons olhos, mas, quem não participa aqui sente-se um bocadinho de fora,
são nomeadamente os outros técnicos que não tem essas responsabilidades, mas que
depois também são chamados para os tais grupos de trabalho, mas eu acho que se
sentem um pouco de fora, isto é porque é que eu disse sim e não. Por um lado é muito
importante, é uma óptima forma de trabalhar, ninguém tem dúvidas disso, tem este
pequeno senão, se formos a ver não é um senão, as pessoas não estão incluídas porque
são reuniões de coordenação se não passaria a ser um plenário de trabalhadores. Mas
obviamente que os técnicos da coordenação passam a informação às suas equipas. Mas
apesar disso existe pessoas que se sentem de fora, porque apesar disso é completamente
diferentes as coisas serem decididas em reunião do que serem informadas. Aliás
coordenar não é mandar. Coordenar é gerir.
Funcionamento da equipa/ dispositivo de acção?
AF – Identificaste com os elementos da coordenação?
E5 – Sim.
AF- E com a Divisão de Acção Cultural?
E5 – Sim identifico-me. Mas atenção, isto é dialéctico, a Divisão não é um nome, a
divisão são pessoas, não é, e a coordenação também são pessoas. È uma equipa, e até
em termos pessoais ajuda a crescer as pessoas, não tenho dúvidas. Mas ajuda como
qualquer trabalho que é feito em conjunto.
AF – Como responsável ou coordenador por determinadas áreas que anteriormente
referiste, como planificas a acção com a tua equipa?
E5 – Eu não tenho propriamente uma equipa, tenho várias equipas. Existe uma máxima
que continua a funcionar que é o diálogo entre todos, tento ao máximo envolver todas as
pessoas e decidir em conjunto com toda a gente. Um exemplo concreto que ajuda mais a
53
perceber, as comemorações 25 Abril, que envolve muita gente, e que envolve muitas
equipas de terreno e de outros Departamentos, são feitas sempre reuniões de trabalho, as
grandes questões são decididas nas reuniões de trabalho, e é nas reuniões de trabalho
que se vê o feed back e que se afina o que se tem que afinar, ou seja, a grande questão é
fazer um trabalho primeiro por objectivos, valorizando a participação responsável de
cada elemento, sejam eles da Divisão de Acção Cultural ou da Divisão de Logística, ou
seja o Motorista, ou seja um dos Chefes de qualquer coisa.
AF – Fazem algum tipo de registo dessas reuniões?
E5 – Sim, actas, mas não em todas. Há reuniões que são, não é que sejam mais
importantes que outras, há reuniões em que é necessário que exista um registo, um
registo até oficial, até porque é necessário que exista um registo, até porque nessas
reuniões, temos Técnicos, vamos-lhes chamar de Chefias intermédias, que também
necessitam de responder ao seu superior hierárquico. Portanto são feitas, não em todas,
mas nas reuniões mais importantes, são feitas actas e são produzidos documentos para
ficarem, não só para memória futura mas também para o trabalho entre as diferentes
divisões.
AF – Como é feita a apresentação da proposta á Chefia?
E5 – Depende da iniciativa. Por exemplo existem iniciativas que são Cíclicas, nós
sabemos que, por exemplo as Janeiras são sempre a 6 de Janeiro, as Comemorações 25
Abril são sempre em Abril, aí por exemplo a proposta das Janeiras é feita dois meses
antes á chefia, para que a chefia nos diga se a iniciativa é para fazer, portanto esta
proposta já tem a metodologia que se pretende desenvolver e os parceiros a envolver e
também as diferentes áreas da Câmara a envolver, obviamente, é quase como se fosse
um mapa da iniciativa, isto por exemplo no caso de iniciativas cíclicas e que são da
nossa responsabilidade. Por exemplo o Festival de Cinema, em que somos parceiros
mas que não somos o parceiro potenciador, aí fazemos uma proposta de parceiros que é
para propor que a iniciativa seja feita e é através dessa proposta do parceiro que é levada
a uma coordenação para que haja uma decisão. A iniciativa de propor tanto pode ser
nossa, pelo trabalho que já vem detrás, pode ser pelos parceiros que propõem para que
façamos em conjunto, pode ser uma proposta vinda superiormente, etc., a partir dessa
ideia tipo “bora lá fazer” e a ideia é mesmo essa o bora lá fazer, e a partir dessa ideia
vamos construir o sistema de trabalho, o fluxograma e passamos depois a desenvolver
as acções necessárias.
54
Promoção de um colectivo de trabalho?
AF – Achas que o trabalho em equipa favorece processos de melhoria profissional?
E5 - Bem, já te respondi a essa pergunta, contribuí. A forma como, esta é uma forma de
trabalhar em que não se desresponsabilizando e não suprimindo hierarquias é um
verdadeiro trabalho de equipa como ele deve ser. E num trabalho de equipa em que cada
um é chamado a dar de si e a receber, ora isso contribui imenso para a valorização
pessoal e profissional de cada um. E aliás eu continuo a achar que se aprende muito
mais no terreno e no trabalho do que em qualquer escola ou qualquer cadeira na
faculdade. Aprendemos na acção porque a acção ajuda-me e a equipa também me ajuda
a reflectir sobre a acção, quando se avalia também estamos a corrigir erros e a redefinir
estratégias, e isso para mim é educação.
AF – Em poucas palavras como caracterizas a Equipa da Divisão de Acção Cultural?
E5 – (risos). Muito sinceramente, é como uma equipa de Formula 1.
AF – Obrigado agradeço a tua colaboração.
E5 – De nada, são dez euros (risos)!!!
55
6ª Entrevista dia 5 de Maio de 2011 – E6
No âmbito do Projecto Tese de Dissertação do Curso de Mestrado – Formação de
Adultos e Desenvolvimento Local procedemos à recolha de dados através do método de
entrevista.
As entrevistas decorreram no espaço físico do Equipamento Cultural – Cineteatro S.
João em XXXX.
De acordo com o Guião da Entrevista, procedeu-se inicialmente à legitimação da
entrevista onde:
• se explicitou o objectivo da mesma;
• se assegurou o carácter de confidencialidade;
• se pediu a autorização para o registo áudio e posterior publicação.
A entrevista iniciou-se pelas 17 horas.
Legitimação da Entrevista
AF -Boa tarde, gostaria de pedir a tua colaboração para a realização desta entrevista bem
como a autorização para a gravação da mesma, assegurando-te de igual forma o carácter
de confidencialidade.
O projecto de dissertação que me encontro a desenvolver situa-se na seguinte
problemática “ Uma Equipa, Processos de Formação – Acção e a Emergência das
Identidades – O Caso da Divisão de Acção Cultural de uma Autarquia”. Pretendo
analisar um conjunto de questões que possam evidenciar ou não, um ambiente
formativo em colectivos de trabalho, saber em que medida os elementos que fazem
parte desta Equipa de Coordenação, que assume actividades e projectos, no âmbito da
Divisão de Acção Cultural, são actores dos processos, que actuam e reflectem a acção,
afastando-se de um denominado padrão de “funcionários”.
AF - Autorizas a realização e gravação desta entrevista?
E6 – Sim autorizo.
56
Caracterização do Entrevistado/a
Sou funcionário da Câmara Municipal de XXXX, trabalho para o Departamento de
Cultura e Desporto da mesma Entidade e sou Chefe da Divisão de Acção Cultural do
Município de XXXX. Tenho 47 anos, sexo masculino, casado, natural de Lisboa e
resido em Palmela. As minhas habilitações académicas são uma Licenciatura em
Filosofia, sou efectivo da Câmara Municipal de XXXX tenho quase dezassete anos de
serviço, que farei no presente ano e trabalhei sempre nesta área da Acção Cultural aqui
no Município. A minha origem profissional dentro do quadro do Município é uma
origem de Técnico, portanto eu era Técnico Superior e que desenvolvi a coordenação de
um conjunto de Projectos, particularmente o Fantasiarte, o Programa Municipal de
Teatro, tive responsabilidades de coordenação de um Território, trabalhei também na
Programação do Cineteatro S. João a dado passo, quer dizer apanhei transversalmente
aquilo que era a actividade dentro da Acção Cultural, apanhando também os três
segmentos sector da própria Divisão, que se tornaram mais visíveis a partir da
reestruturação orgânica realizada em 2007. Pronto, isto basicamente para caracterizar o
que é o meu trabalho aqui no Município aqui há dezassete anos.
E6, 47 anos, sexo masculino, casado, natural de Lisboa e residente no concelho de
Palmela.
Trabalhador do Município de XXXX há dezassete anos, com contrato por tempo
indeterminado. Chefe da Divisão de Acção Cultural (DAC).
Licenciado em Filosofia.
A – Como funciona e se operacionaliza a Equipa de Coordenação DAC
AF – Como se estrutura e organiza a Equipa de Coordenação da Divisão de Acção
Cultural?
E6 – Ora bem, talvez contextualizar um bocadinho melhor o termo o que é o
surgimento de uma equipa de Coordenação. Como disse, em 2007, há uma
reestruturação orgânica operada aqui no Município de XXXX, dessa reestruturação
orgânica resulta, enfim, a reorganização da nossa Divisão e que vai compreender um
57
conjunto de três sectores, que é o Sector dos Equipamentos Culturais, o Sector de
Programas e Projectos Municipais e o Sector do Associativismo e Animação Cultural.
A nossa Divisão até aquela data, eu assumo responsabilidades de direcção aqui na
Divisão em Abril de 2007, há aqui um período de trânsito, por assim dizer,
relativamente a processos e também a praticas desenvolvidas pela Divisão que vai até
ao final desse mesmo ano. No final desse mesmo ano, há aqui uma reorganização, quer
das pessoas, quer dos processos, quer igualmente das práticas de trabalho que a divisão
efectivamente desenvolvia. No passado, antecedendo essa mesma reorganização, as
pessoas encontravam-se periodicamente nos momentos de planificação e avaliação do
trabalho, de forma mais plenária, por assim dizer. Havia um conjunto de reuniões com
técnicos, havia um conjunto de reuniões com administrativos, havia um conjunto de
reuniões com uma zona mais operacional, mas que habitualmente era mais representada
pelos coordenadores dessa mesma zona operacional.
Com a reorganização do serviço a partir do final de 2007, defende-se a ideia da criação
de Equipa de Coordenação. Esta Equipa de Coordenação serviria para quê e funcionaria
como? Esta Equipa de Coordenação permite que semanalmente o trabalho fosse aferido
em relação aquilo que são os desenvolvimentos normais das acções que desenvolvemos
diariamente, e portanto há esse período semanal, onde o conjunto de pessoas
efectivamente se encontra. E quem comporiam um grupo dessa natureza? Comporiam
um grupo dessa natureza todos aqueles que tivessem um grupo de pessoas sob a sua
orientação, por um lado, e por outro que reflectisse a própria estrutura orgânica do
serviço e particularmente dos três sectores que há pouco referi. Portanto é a partir do
inicio de 2008 que se cria essa regularidade de trabalho e de reuniões desenvolvidas,
nesse grupo mais restrito, que é um grupo de coordenação, e esse grupo de coordenação
tem por responsabilidades fazer desmultiplicar esse mesmo trabalho relativamente aos
seus diferentes segmentos que coordena, sendo, que supostamente obrigatório, que esses
encontros também sejam igualmente semanais, ou seja, há aqui uma desmultiplicação
no factor avaliação, no factor planificação, e mesmo no factor desenho orgânico que
efectivamente tem que ser realizado a partir desses pequenos corpos de direcção
intermédia que vamos criando dentro da própria estrutura da divisão. Isto decorre de
uma posição que é a posição de considerar que esses níveis intermédios de coordenação
são muito decisivos, e que por outro lado, não existindo nenhuma formalidade legal,
relativamente a esses níveis intermédios de coordenação, ela pode ser criada de forma
mais, enfim, espontânea, menos sustentada do ponto de vista formal, mas o que é
58
verdade é, criando melhores dinâmicas relativamente ao desenvolvimento do trabalho,
correndo alguns riscos, provavelmente, mais à frente falaremos de alguns desses riscos
do trabalho dessa natureza e as dificuldades que efectivamente tem a desmultiplicação
dessa zona de coordenação, que aliás, foi um problema que nos acompanhou aqui num
conjunto de anos após essa implementação e que efectivamente constitui um risco, que é
haver numa zona de coordenação intermédia um trabalho que é fluído, um trabalho que
é regular, um trabalho que matem bons níveis de comunicação, bons níveis de
informação, bons níveis de estimulo relativamente ao trabalho, mas que, se não fizer a
devida desmultiplicação do sector mais de base e mais operacionais relativamente ao
trabalho pode ser ingrato, porque não tem reflexo nas zonas mais operacionais,
exactamente porque essas necessitam dessas regularidades, desse nível de comunicação,
o factor informação não flui, não fluindo fica comprometido esse trabalho de
coordenação intermédia, comprometido ou iniciado esse mesmo trabalho de
coordenação intermédia deve aferir essas mesmas dificuldades da desmultiplicação do
trabalho, de maneira a que essa fluidez, essa comunicação, essa relação biunívoca entre
aquilo que é zona mais operacional e a zona de direcção efectivamente se cumpra.
AF – Qual a relação desta equipa com os restantes elementos da DAC?
E6 - Ora eu à pouco, dizia precisamente como é que isso acontece, acontece na
desmultiplicação do trabalho de coordenação, ou seja, após a sua reunião semanal,
necessariamente os coordenadores intermédios deveriam ir para o seu terreno e
desmultiplicar a lógica de comunicação, de trabalho que efectivamente é ponderado ao
nível da coordenação. Como disse à pouco, isso não se realizou sempre, neste momento,
no meu ponto de vista, estamos relativamente melhor em relação à desmultiplicação,
passámos a ter grupos desdobrados que matem essa regularidade de contacto, que
aferem, aliás onde eu estou presente sempre que solicitado, e particularmente refiro
alguns, o grupo administrativo passou a ter uma coordenação, ou passou a ter um
encontro periódico dos seus componentes e onde é avaliado o trabalho administrativo e
onde faz chegar os seus processos através do seu coordenador à própria zona de
coordenação DAC a informação que for necessária avaliar, e as ponderações e
reponderações em relação a matéria planificada já inicialmente na própria coordenação,
e portanto esse grupo neste momento está activo. Como existe também um outro grupo
activo, entenda-se pela tendência regular de reuniões de debate e avaliação, que é o
grupo ligado a uma zona muito especifica de Equipamentos Culturais, que é a frente de
casa, depois por outro lado, ainda um outro grupo, que mantém tendências regulares de
59
reuniões neste momento que é a zona operacional dos equipamentos e finalmente os
próprios Territórios. Nós tivemos aqui um dilema, relativamente a matéria Territórios.
Como trabalhar a Acção Cultural para além do seu imperativo orgânico dos três
sectores, mas à luz daquilo que é a vida dos territórios, das características do território,
da proximidade em relação aos nossos agentes culturais e associativos? Perante esse
dilema, criou-se uma subdivisão de trabalho, associada aos próprios territórios, sendo
que há dois bastante activos, no conjunto de cinco possíveis, e que são particularmente
o XXXX e o XXXX, e em que essas equipas de território mantém também essa
regularidade de trabalho, desmultiplicado, como disse, correlativamente com a própria
direcção ou com a própria zona de coordenação. Nem sempre essa regularidade foi
efectivamente cumprida, e sempre que não foi cumprida trouxe dificuldades, não é.
Dificuldades de interpretação, dificuldades de reacção em termos práticos do próprio
trabalho, na medida em que o volume de informação não escoou, não foi cumprido, ou
não foi passado, ou não recebeu a orientação de cariz mais estratégico que a direcção
efectivamente deve garantir. E, portanto vêem-se a comprovar, que a regularidade e a
decadência desse mesmo trabalho continuado com as equipas de base e com as zonas
mais operacional é de facto muito decisivo, quer seja ao nível dos territórios quer seja
no nível de desmultiplicação dos próprios Equipamentos Culturais, quer seja, inclusive
por Sector.
AF- Como se insere esta equipa de coordenação na estrutura orgânica da Autarquia?
E6 – Esta equipa insere-se, ela não tem estrutura orgânica formal, ou seja não é massa
orgânica dentro da estrutura orgânica da Câmara Municipal. Como disse, resulta de uma
posição, a posição de valorização da coordenação intermédia, numa lógica da
coordenação intermédia, aqui até varia por si só, esta estrutura se efectivamente não
resultasse de uma posição relativamente em a matéria organização e qualificação de
serviços, efectivamente essa coordenação não existiria, não tem formalidade.
AF – Há pouco disseste que esta equipa se encontra constituída a partir de 2008,
período em que as reuniões são mais regulares, semanais. A constituição actual da
equipa corresponde à constituição inicial?
E6 - De todo. Não corresponde, e não corresponde por razões variadas que tenho que
valorizar, o facto da equipa não ter a mesma constituição do início, isso é também
espelho da revisão dos processos e também de circunstâncias ligadas à própria Divisão.
A Divisão tem uma avaliação anual, seguramente falaremos disso um bocadinho mais à
60
frente, mas é uma avaliação anual efectuada pelo conjunto do próprio serviço, uma
avaliação colectiva, por assim dizer, e que resulta num momento particular de avaliação
em relação ao nosso serviço. É uma experiência que temos desenvolvido. Um pouco
mais à frente seguramente virá a propósito. Esse momento é decisivo para o próprio
desenho regular da própria Divisão em relação ao seu teor mais centrais, por outro lado
nós temos convivido com alguma mobilidade também na própria Divisão, mobilidade
essa que decorre de uma estratégia mais global do Município no que diz respeito à
circulação de trabalhadores e à sua valorização, e portanto, quer pelo factor mobilidade,
quer pelo factor avaliação da própria equipa de coordenação, quer pelo redesenhar
habitual do próprio serviço tem gerado, enfim, algumas mudanças ligadas ao grupo de
coordenação. No entanto é um grupo relativamente estável, ou seja houve efectivamente
mudanças desde o seu inicio, mas elas não foram absolutas, há pessoas que estão desde
o inicio desta experiência, há outras que não, portanto não é a mesma equipa, no entanto
mantêm, basicamente as práticas que desenvolve enquanto grupo de coordenação,
mantêm uma filosofia e aliás, tem aprofundado uma filosofia de avaliação continuada
do seu próprio trabalho e tem tido sucesso, nas práticas comuns em relação ao próprio
serviço.
AF- Qual o âmbito de intervenção de actuação da equipa?
E6 - O âmbito de intervenção é um âmbito transversal ao próprio serviço da Acção
Cultural. Não é segmentado, não é sectorizado, alias, o debate na própria coordenação e
falando mais simples, por exemplo, não é o colega do Sector de Equipamentos
Culturais, o colega que tem a exclusividade de matéria de reflexão sobre Equipamentos
Culturais, é da natureza do colega de Equipamentos Culturais trazer a melhor
informação relativamente a matéria Equipamentos Culturais, é da natureza do colega
dos Equipamentos Culturais provocar reflexões e avaliações relativamente a matéria
Equipamentos Culturais, no entanto ele não é o interlocutor, ou melhor, interlocutor sim
do sector, mas não é o pensador exclusivo do sector. Portanto este grupo também tem
permitido essa actividade, muita grata, que é o pensar a nossa Divisão e o pensar a
Acção Cultural como um todo, e procurar reagir a situações fracas na continuidade do
trabalho. Sendo como disse anualmente nós temos uma avaliação mais colectiva,
relativamente a matéria estratégica, a matéria operacional, e uma avaliação sobre as
metas que efectivamente nos propúnhamos no ano anterior e do grau de alcance efectivo
do cumprimento dessas mesmas metas.
61
AF - Como defines a intervenção da equipa? Razões da sua constituição? O que faz?
Como faz? O que deveria fazer? O que destacas como mais importante da intervenção
específica da equipa?
E6 – O que mais destaco de importante na intervenção desta equipa, é a
complementaridade de um processo de liderança, ou seja, é muito relevante, do meu
ponto de vista, o processo assumir de liderança na Divisão de Acção Cultural, e refiro-
me a processos, não me refiro a nenhum líder, refiro-me ao processo liderança, e ao
referir-me ao processo liderança, aliás à liderança como processo, eu penso que é muito
decisivo o papel de uma equipa desta natureza, porque se trata de um processo
desmultiplicado e que obviamente culmina, naquilo que se consegue, correlativamente
àquilo que não se consegue, e os níveis de motivação dos mesmos participantes nesse
processo de liderança é de facto decisivo, por outro lado, em relação ao colectivo global
do próprio serviço existente, reconhecendo, pontos de referência absolutamente
esclarecidos relativamente àquilo que são os objectivos mais essenciais da Acção
Cultural, julgo que nos cria condições de equipa mais incisiva, mais consequente, mais
interpretativa, e por outro lado também mais capaz de fazer cumprir matéria até que não
lhe seria própria e que vem da sua raiz estratégica, mas que a equipa sabe efectivamente
interpretar, ou seja, o que está verdadeiramente em causa são os níveis de interpretação
da equipa em função dos objectivos, que deve cumprir e cumprir na missão essencial, a
missão essencial da Acção Cultural que é a promoção da Cultura dentro do universo
territorial do Concelho de XXXX. Portanto esses níveis de interpretação, no meu ponto
de vista, são claramente reforçados por uma intervenção específica de uma equipa desta
natureza, lá está uma zona de coordenação intermédia contributiva de um fortalecimento
de um processo democrático. Para quê este processo democrático? Porquê o reforço do
processo de liderança? Porque lá está, a montante temos níveis de interpretação de uma
equipa mais global às zonas mais estratégicas, um nível de interpretação mais adequado,
mais eficaz, mais coeso, mais identitário até em relação à missão que efectivamente
deve cumprir, esclarecida também dos valores que deve defender, e que efectivamente
traz mais portes a esta parte de executar uma missão fundamental que é aquela que eu
dizia, que é a função da Cultura junto de todos os agentes do território do Concelho de
XXXX, isto em relação ao papel mais importante da intervenção específica da equipa.
Em relação ao que deveria fazer? Ser mais oleada, do ponto de vista da tal
desmultiplicação, aquilo que eu disse que é desmultiplicação, e deveria ser mais oleada
na melhor formação de condições de tal interpretação mais global que a equipa deve ter,
62
ou seja há zonas para atingir, e há uma tendência natural e que cabe, penso eu ao chefe
da Divisão mas também à própria equipa retratar-se relativamente a isso, que é verificar
zonas fracas onde a interpretação não está a chegar, verificar até o modo
comunicacional em que esse processo se está a desenvolver, depois por outro lado,
também assentar a uma preocupação fundamental que é formar os seus pares, de
maneira a que eles tenham instrumentos mais consequentes na abordagem de matérias
mais globais da própria Divisão e até do próprio Município, aliás, essa também é uma
preocupação que eu acho que esta equipa de coordenação deve ter e que nem sempre
atinge que é a melhor compreensão e a melhor articulação com o corpo orgânico da
própria Câmara Municipal, ainda não sabemos o suficiente, e era importante que o
soubéssemos, ou que o soubéssemos na directa relação daquilo que devemos fazer. E o
que é que devemos fazer? É tudo aquilo que o Munícipe comum nos pode colocar,
embora apenas como agente de trabalho na área da Cultura. Portanto isto era o que
deveria fazer e que ainda não está claramente atingido por uma equipa desta natureza.
Como o faz? Eu penso que já terei respondido a isso um pouco antes, que é através de
criar esses diferentes níveis de relação com as diferentes equipas de trabalho, não é, com
uma regularidade que se deve manter estável e que portanto, com a criatividade dos
processos de trabalho, essa parte criativa nem sempre também ela é ao nível daquilo que
seria até desejável, ambicionável, porque este aspecto criativo e de inovação de
processos também muitas das vezes é condicionado por outros factores externos e que
criam algumas inibições também ao desenvolvimento por parte das práticas comuns
desta equipa. As razões da sua constituição, foi como disse à pouco, por uma questão de
princípios, é uma posição, é uma posição em relação a matéria organização, e achamos
que corremos o risco de estarmos enganados como é evidente, mas até à data tem
produzido resultados que outrora não tinha, se calhar houve outros também que se
possam ter perdido, e é essa avaliação continuada que procuramos, enfim, ir aferindo.
AF- Existem documentos orientadores da acção desta equipa?
E6 - Sim, existem, aliás, do primeiro motor desta maneira de desenvolver trabalho, que
decorreu das primeiras Jornadas da Divisão de Acção Cultural, e nós chamamos
Jornadas ao momento anual de avaliação global da Divisão, desde logo, nesse primeiro
momento houve um anúncio, um anúncio mais que anúncio, que se materializou num
documento, e que todos os anos é produzido um documento a esse propósito, portanto,
não só existe um documento mas como ele é renovado anualmente à perspectiva de uma
equipa desta natureza e também à sua própria composição. No tal anuncio,
63
efectivamente foi explicitado ao conjunto de todos os trabalhadores da própria Divisão o
que é que se procurava ao criar um grupo de coordenação dessa natureza e qual seria a
sua missão desse mesmo grupo e quem é que o iria compor. Isso resulta e é
documentado através dessa mesma apresentação anual onde está toda a Divisão. As
Jornadas por assim dizer, realizam-se em dois dias distintos, um primeiro dia que
abrange o conjunto de toda a divisão, desde ao operacional, ao administrativo, ao
técnico, ao dirigente, aliás aos dirigentes, porque o nosso director na abertura destas
Jornadas está sempre presente e até o eleito. Aliás isso é muito decisivo, porque há aqui
de facto um compromisso da organização, não se trata de uma intenção espontânea ou
de uma boa intenção, o que está aqui em causa é a assunção de uma posição
relativamente aos métodos de trabalho. Depois por outro lado à valorização da avaliação
de todo o trabalho realizado por equipa e perspectivando novas metas, novos desafios
relativamente à nossa acção, e que aqui temos uma enorme vantagem, que é, do ponto
de vista da organização a montante, nós temos claramente a estratégia resolvida. A
Câmara Municipal de XXXX, de que é esta que estamos a falar, poderia ser a Câmara
X, esta Câmara tem a particularidade por exemplo de ter um Quadro de Avaliação de
Referência que é o QUAR no contexto do Sistema do próprio SIADAP, e que
efectivamente se tem revelado um instrumento de localização estratégica de toda a
importância, ou seja, o dirigente, como o chefe de Divisão tem o seu trabalho
devidamente referenciado, os eixos estratégicos da acção municipal estão claramente
identificados, por outro lado estão perspectivados num hiato de tempo suficiente, que
nos permite que não haja um ano surpreendente no sentido negativo da palavra
relativamente àquilo que é planificação ou clarificação dos seus objectivos, ou a
clarificação daquilo que são os seus caminhos. E, por consequência ao termos esse
trabalho a montante do ponto de vista do desenho estratégico do próprio Município e
que é desmultiplicado, a tal desmultiplicação em cascata, o que é verdade é que nos
permitiu no contexto do nosso próprio serviço desenvolver um instrumento, que temos
vindo a manter desde há três anos atrás que é o Mapa Estratégico da Divisão de Acção
Cultural. Este Mapa Estratégico é proposto todos os serviços desenha-lo, e nós temos
cumprido esse desenho relativamente ao nosso serviço, e curiosamente as Jornadas são
um momento decisivo para a construção desse mesmo mapa estratégico. Com quem? Só
com a componente técnica? Não. Aliás este ano deu-se um dado, pode parecer
insignificante, mas que eu considero de toda a relevância. Este ano a Divisão de Acção
Cultural decidiu confrontar-se com os seus próprios valores e revê-los, houve valores
64
revistos, é claro que a missão é uma missão identificada e portanto não à que rever
desde que ela tenha significado orgânico no próprio Município e efectivamente em
matéria valor e porque no primeiro ano decidimos fazer esse pequeno exercício - quais
os valores deste serviço, em correlação naturalmente com os valores assumidos
universalmente pela nossa organização, mas além da grande organização, revendo-se no
quadro de valores mais universais, se há específicos, valores específicos dentro do
contexto da Acção Cultural. Este é um exercício muito curioso, o que é verdade é que
ainda mais determinante me pareceu este momento, que em 2011 nos confrontamos
com os próprios valores que havíamos desenhado em 2008, e portanto estamos a falar
de valores, não estamos a falar de acções, não estamos a falar de objectivos, não é uma
revisão de objectivos, é uma revisão de valores, estamos na lógica dos princípios. E
porque é que estou a valorizar esta situação desta maneira? Porque o que é verdade é
que desde 2008 a 2011 as politicas culturais públicas alteraram-se. Acho muito curioso
que uma equipa desde o operacional aos técnicos superiores, efectivamente também se
queira confrontar com esta matéria. As políticas públicas de Cultura hoje são
confrontadas com um novo contexto, com um novo Mundo, e por essa razão e
consequentemente, efectivamente o factor valores, o factor princípios, o factor
fundamento é também aqui equacionado. Achei isso muito decisivo, honra-me pertencer
a esta equipa que está muito disponível para reflectir matéria deste tipo, e estamos a
falar da equipa no seu todo global. Isto tudo para dizer, e para ver se a gente não se
perde, que havia documentos orientadores da acção desta equipa, sim, sem dúvida. Estes
documentos identificam claramente aquilo que são as funções das pessoas, nesse
momento das Jornadas, é reequacionado todo o ano, em termos de, no aspecto tarefeiro
do trabalho, ou seja, quem fica com o quê, e quais são os seus limites de acção
relativamente ás diferentes matérias e articula com quem, não é, reposta a quem,
participa onde, e efectivamente isso é definido neste encontro anual das Jornadas. O que
é verdade é que, como devem imaginar, para fazermos uma avaliação do trabalho claro
que podemos ir pela zona conceptualmente de interpretação daquilo que são as
principais dificuldades, oportunidades, desafios, etc., no entanto devemos compreender
que uma equipa se restringe a formas mais diversificadas, e que se exprime em funções
das suas próprias interpretações, e exprimisse com o vocabulário que muito bem
entender, por isso criámos aqui um pequenino truque, do ponto de vista metodológico
desse mesmo debate, portanto, nós registamos ipsis-verbis aquilo que cada um
efectivamente diz. È isso que consta do SWOT anual da Divisão? Não, não é isso que
65
consta naturalmente no SWOT anual da Divisão, mas consta naturalmente a
interpretação ipsis-verbis que efectivamente ficou registado, num pobrezito papel de
cenário, mas que efectivamente traduz um sentimento, um impulso, uma perspectiva, e
portanto é este trabalho que depois de alguma forma, de alguma maneira é mais
conceptualizado do ponto de vista técnico e que naturalmente tem retrato no tal Mapa
Estratégico que nós estamos a conseguir garantir.
AF – Em relação à periodicidade das reuniões da equipa já referiste que são semanais.
Quais os conteúdos?
E6 – Os conteúdos destas reuniões. Nós temos uma primeira fase da reunião, que abre a
reunião, onde eu próprio transmito Câmara, o que é que isto quer dizer? Transmitir
Câmara (risos)? Transmitir Câmara aqui significa de alguma maneira, porque lá está, as
coisas para ganharem consequência tem que ter uma estrutura que de alguma maneira
seja coerente na sua desmultiplicação de informação, é que houve aqui um aspecto que
eu ainda não disse que é de toda a sua importância, é que mesmo ao nível de direcção a
Câmara, a Câmara, tem um espaço colegial de debate de serviço, e portanto é de facto
um espaço colegial não estou a falar de um espaço político colegial, é de facto um
espaço de direcção colegial e que na minha opinião é muito relevante. A Câmara
Municipal de XXXX, só desde, à cerca de uns dez anos, que instituiu um organismo
sem reflexo em massa orgânica da Câmara e que se chama Conselho Coordenador. Este
Conselho Coordenador tem duas faces, é um Conselho Coordenador Restrito ou
Alargado. O Conselho Coordenador Restrito é composto pelo conjunto dos Directores
de Departamento da nossa Organização e reflecte matéria estratégica de cariz mais
restrito, como a própria palavra do Conselho identifica. E depois temos um Conselho de
Coordenação mais Alargado, com a presença de todos os dirigentes. E só são os
dirigentes? Não, não são só os dirigentes, o conjunto de eleitos do executivo em
exercício efectivamente está presente. É uma reunião periódica, que acontece com o
conjunto dos dirigentes da Câmara Municipal, Chefes de Divisão e Directores de
Departamento mais os seus Eleitos das suas diferentes áreas com pelouros distribuídos.
Estas reuniões, são reuniões, lá está, não só de ponderação estratégica em relação a
matéria funcionamento de unidades de acção, como matéria legislação, como matéria
trabalho ligada à Organização, como matéria organização enquanto reflexão das
principais dificuldades, principais pontos fracos a procurar superar, etc., ora isso
alimenta também os dirigentes de orientações também a trazer às suas equipas e
resolvê-la junto das suas equipas, ora a primeira parte dessas reuniões semanais é
66
transmitido esse teor de informação que é transmitido à equipa de coordenação, além de
outras instruções muito precisas por parte da hierarquia da Câmara, seja a que propósito
for, matéria laboral, matéria legislação, matéria organização, que efectivamente nos
chega de forma cadente e regular através do mecanismo, como disse, do Conselho
Coordenador Alargado. Acontece este Conselho Coordenador estar sempre a reunir?
Não, mas está sempre a comunicar. Não estando sempre a reunir está sempre a
comunicar, através dos seus meios próprios de comunicação, e portanto é essa zona
transmissão que efectivamente, isto para além de existir uma reunião de despacho
também semanal, lá está a montante este problema também esta a ser resolvido, existe
uma reunião semanal com o Director de Departamento onde é actualizada informação,
onde é reponderada a informação, onde, enfim, é instruído o trabalho relativamente à
própria Divisão de Acção Cultural e portanto existe aqui um quadro de matéria a
transmitir e que efectivamente constitui a primeira parte da reunião. A segunda parte da
reunião ela é remetida para o próprio conselho de coordenação, que apresenta as suas
matérias individualmente, representados as suas equipas, o seu sector e onde trás
matéria a ser resolvida, sobretudo alertas de resolução, não se faz despacho directo, o
que se trata é de lançar alerta de resolução, no fundo é uma certa zona de controle de
execução, mas para além da zona de controle de execução à também o planificar, e
portanto a cada um dos membros importa que cumpra efectivamente esse perspectivar
em termos de trabalho e depois pontos de situação global. É feita uma síntese final da
reunião, que é feita pelo chefe de divisão e matéria restrita recenseada será tratada
individualmente com cada elemento da coordenação, como é o caso, do pessoal para
não haver níveis de exposição do trabalhador A ou do trabalhador B numa reunião tão
colectiva. Para matéria pessoal ou de recursos humanos que justifiquem determinadas
abordagens individuais elas efectivamente não são abordadas em reunião de
coordenação, mas são abordadas em reunião com o chefe de divisão de forma mais
particular.
AF – Por exemplo em relação à planificação de cada técnico, é feita individualmente,
em conjunto?
E6 – Vamos ver, a planificação é anual, vamos lá ver, existe um plano de actividades
anual e que esse quadro de planificação ou de revisão de planificação é feita em função
de um elemento base, que aliás também é apresentado nas próprias Jornadas e que no
fundo representa as próprias actividades da própria divisão. Agora, por exemplo um
procedimento de um projecto, de uma acção, é apresentado ali, nas reuniões de
67
coordenação, como reunindo boas condições para ser desenvolvido, portanto, ali
apresenta-se como? Apresenta-se como noticia. A minha avaliação de técnico A, diz-me
que no território onde estou a trabalhar verifica-se neste momento a necessidade do
lançamento de um projecto comunitário, porquê? Porque neste momento há dinâmicas
locais que nós verificámos, recenseámos, ou seja, é anunciado isto à equipa, porque é
que é isto importante? Porque se está lá o técnico responsável pelo sector de Programas
e Projectos e diz assim, “bem, olha o Teatro pode responder!” atendendo a que nessa
localidade se reflecte muito a actividade teatral, tem lá dois grupos, à publico para
Teatro, etc., etc., até que ponto é que o Programa Municipal de Teatro não pode
colaborar nessa situação, e diz o elemento do Associativismo “atenção porque há para
ali uma colisão relativa à Associação e ao Grupo de Teatro”, quer dizer, este conjunto
de dados que a própria proponente relativamente ao território pode não ter reunido em
situação colegial, para essa circunstância, e que criará caminho ou não criará para a
apresentação de um Projecto e aí já é um processo desenvolvido dentro dos processos
normais proponentes em relação ao próprio exercício de trabalho.
AF- Que espaço ou espaços são utilizados?
E6 – São espaços formais. Ainda assim, eu acho que isto é uma fraqueza deste grupo.
Eu acho que é uma fraqueza deste grupo de coordenação, por exemplo em matéria de
reunião, não ter já desferido para algumas zonas informais e tenho como objectivo
individual também estimular essa situação.
AF- Como se articula a calendarização das reuniões com as acções prevista?
E6 - Nós temos um momento, esse momento eu não referi à pouco, mas é um momento
da reunião, um momento muito particular da reunião que é Agenda, portanto nós
trabalhamos uma agenda, cabe ao chefe de divisão confrontar a equipa com a agenda, a
agenda confrontada pode ser mensal, dependendo também do período que atravessamos
em termos de trabalho. Aliás o facto das nossas reuniões serem semanais, permite, para
já uma avaliação muito imediata da semana que passou, pronto, partiram-se dois pratos,
faltam dois talheres, pronto, isto do ponto de vista daquilo que passou, e portanto reagir
ao que passou de forma imediata, e avaliar o que se passou, depois em relação ao que aí
vem, ainda com alguma capacidade de reacção. Porquê? Porque tendencialmente a
nossa actividade por assim dizer, a actividade cultural está muito concentrada na zona
próxima do fim-de-semana, o facto de a reunião ser à segunda feira permite aqui alguma
capacidade de reacção, não é, perspectivar o fim de semana, ele tem que estar
perspectivado à escala de dois meses antes, ou mais, dependendo daquilo que nós
68
estamos a falar, mas o que é verdade é que nos permite alguma capacidade de reacção,
na lógica imediata, em relação a uma actividade, ao cabo e ao resto, dos diferentes
conselhos, dos diferentes trabalhos, sejam eles jornalística ou trabalhos com data
marcada, e eu digo isto do trabalho com data marcada porque nem todos os serviços da
Câmara Municipal convivem com este drama da efemeridade, porque, vamos lá ver,
trabalhar em cultura e promover actividade cultural está muito associado a este
elemento, para já estamos a promover acções imateriais, enquanto que outros serviços
promovem acções materiais, em que essa materialidade remete para a revisão de prazo.
Um espectáculo tem que acontecer naquele dia e àquela hora e depois de acabado ele
acabou, a sua limpeza é o seu termino também e portanto a efemeridade convive muito
com o nosso trabalho e portanto, uma equipa com estas características e a natureza deste
tipo de trabalho, remete de facto para aqui para um trabalho continuado e de facto estas
reuniões semanais são de facto vitais para um grupo de coordenação de várias áreas.
AF – Como é que a equipa planifica e avalia?
E6 – Esta equipa planifica, planifica em diferentes dimensões. Nós temos uma
planificação anual do nosso trabalho, e portanto, ele fica previamente estabelecido e
aprovado e legitimado. No fundo é um processo que nasce de base para o topo, e nasce
de base para o topo reconhecendo as condições objectivas dessa ou daquelas iniciativa
(s) daquele ou deste projecto (s). È condicionada pelo quê? Bom, é condicionada por
aquilo que é a Acção Municipal e as decisões estratégicas da Acção Municipal
relativamente à nossa área que é a Cultura. E é condicionada como? Bom, é
condicionada pela acção de um Orçamento e de Plano de Actividades, que depois
determina a legitimação ou a não legitimação daquilo que foi o proponente por parte da
Acção Cultural. Isso é debatido onde? È debatido nas diferentes componentes do
próprio trabalho da Acção Cultural. Como? Avaliando possibilidades de realização,
considerando uma possibilidade de orçamento, proponente ainda, e perspectivando o
seu reflexo naquilo que são os objectivos globais da Câmara e portanto a base
inspiradora, naturalmente são os eixos estratégicos que a Câmara desenvolve. Esta
planificação é feita pelas diferentes equipas, tanto pela equipa de coordenação, tanto
pela equipa de coordenação com as diferentes equipas nas diferentes áreas, ou seja toda
a gente. Vou dar um exemplo, nós temos um instrumento ou instrumentos, quase que
fictício, para a construção do Plano de Actividades para o ano seguinte, que é aquele
que nós chamamos vulgarmente de GOP’S, as Grandes Opções do Plano.
69
São distribuídas fichas, fichas, fichas físicas, onde o técnico vai espelhar, vai espelhar o
quê? Vai espelhar a sua perspectiva barra expectativa de realização para o ano seguinte,
tendo em conta todos os dados que entretanto foi materializando e foi avaliando através
de relatórios, através de informações técnicas, etc., na sequência disso mesmo, o técnico
avalia e pondera. Pondera sozinho? Não, não pondera sozinho, até porque, vamos falar
do concreto, nós temos diferentes projectos. Centremo-nos num, por exemplo um
Projecto na área da Educação pela Arte. É o conjunto de uma equipa que, após a
avaliação, portanto o projecto é um projecto continuado e portanto realiza-se todos os
anos, e após a avaliação do ano que findou foi feito um levantamento de perspectivação
do projecto. Como? Por acaso este até de forma participada com a Comunidade
Educativa, que alias, oxalá fosse sempre esse o caminho, não é. Mas que depois dessa
ponderação, há que perspectivar, e à que clarificar para que depois seja passível de ser
executado, ora bem, essa perspectivação e planificação é feita em função de uma
expectativa proponente. Quem decide se há condições de realização ou não? É o próprio
executivo municipal, não é. Quando? Quando decide verdadeiramente as suas Opções
do Plano. Quando é que é aprovado? È em reunião de Câmara. Efectivamente é
apresentado politicamente aquilo que é a perspectivação do ano seguinte, desde que
legitimado nós passamos à fase seguinte em termos de exercício de trabalho, que é fazer
cumprir o Plano de Actividades. Em matéria estratégica como é que isto se comporta?
Aí, já por vezes mais restrita e mais técnica. Por exemplo em matéria de correlação com
os próprios agentes culturais e associativos do Concelho de XXXX, bom, nós temos
inclusivamente um instrumento, instrumento de participação com esses agentes
culturais, a que nós chamamos Fórum Cultura, não vou agora desenvolver. No âmbito
do Fórum Cultura quem produz essa reflexão é um grupo restrito de técnicos que tem a
responsabilidade técnica de reflectir essa matéria, de a avaliar regularmente, de
introduzir os dados totais que possam dar, relativamente à reflexão dessa linha de
trabalho e perspectivá-la, equacioná-la, pôr questões, reflecti-la. A partir de quem? A
partir das suas própria mentes? Não. Porque efectivamente, e é uma zona estratégica
que está aberta à reflexão por parte dos próprios agentes culturais, esse dados tem que
ser equacionados, devem ser recenseados, devem ser validados e devem ser
equacionados na própria planificação de desenvolvimento estratégico em relação a essa
linha de trabalho que se chama Fórum Cultura. Portanto, dei dois tipos de exemplo, ou
seja, na esfera da actividade, naquilo que eu vou fazer, com que dinheiro vou fazer e
com que predominância eu vou fazer, legitimado politicamente e perspectivado para o
70
ano seguinte como Plano de Actividades. Na zona mais estratégica do trabalho, as
componentes mais ligadas a matéria qualitativa de relação com a população do
Concelho, essas aí, são obrigatoriamente reflectidas do ponto de vista técnico, são
obrigatoriamente recenseadas também do ponto de vista técnico e devem ser
perspectivadas em função de uma posição técnica no que diz respeito a essas linhas
estratégicas de desenvolvimento da Acção Cultural, e que depois terá a sua validação ou
não politicamente. Não sei se expliquei como se planifica.
AF- E como é que se avalia?
E6 - Como se avalia, através desses mesmos momentos de avaliação. Aliás, nós temos
momentos de avaliação. (a……) nós temos um sistema de avaliação, não é! E ao termos
um sistema de avaliação, aquilo que é a avaliação do trabalhador relativamente aos seus
objectivos que possam delinear, como também a avaliação do próprio serviço em
relação aos objectivos que foram desenhados para o seu cumprimento enquanto serviço
da própria Organização. Para já temos essa linha de avaliação que é sistémica e que dela
resulta um valor, um valor. Depois temos um outro tipo de avaliação, que é a avaliação
das nossas linhas de acção, e que são avaliadas através de instrumentos de avaliação
normais, relatórios, informações formais em termos de serviço, as reuniões da equipa de
coordenação e outras até através de estudos, em concreto. Nós temos procurado
cimentar de forma mais profunda a nossa relação com o Serviço Qualidade aqui da
Câmara Municipal, aliás para o efeito, criámos um grupo qualidade dentro da própria
divisão, e que eu penso também ser muito relevante, ou seja, temos uma interlocução
interna na esfera da qualidade e que faz a própria correspondência ao próprio serviço
que foi criado pela Câmara Municipal para o desenvolvimento dessa matéria qualidade,
e que portanto tem nos permitido criar aqui também instrumentos de aferição
devidamente fundamentados e estáveis relativamente aquilo que é. Por um lado o nosso
desempenho enquanto serviço, porque o desempenho individual ele é garantido pelo
próprio sistema de avaliação, e depois por outro lado, enfim, de acompanhamento
continuado das práticas de trabalho que essa matéria qualidade procura desenvolver.
B – DAC um dispositivo?
AF - Existe espaço e tempo de intervenção para todos nos momentos formais ou outros?
E6 – Existe espaço, não existe tempo. O espaço das Jornadas, efectivamente é um
espaço de participação alargada, para além do próprio espaço das Jornadas, há um
71
momento de participação alargada de todos os trabalhadores que é estimulado pelo
próprio executivo da Câmara Municipal, e que tem haver com alguns plenários anuais
que se realizam também de participação directa dos trabalhadores, e aliás, onde também
são recenseadas posições dos trabalhadores relativamente a posições individuais em
relação à priorização das acções a desenvolver pela própria Câmara Municipal.
Efectivamente esse é um momento de participação quase que formal dos trabalhadores e
existem as Jornadas da Divisão que constituem um momento importante no que diz
respeito a esse momento de intervenção e participação dos trabalhadores. Considero no
entanto que não existe tempo, ou seja, eu penso que essa zona de plenário deveriam ter
melhor desenvolvimento, deveriam ser mais por ano, e efectivamente não temos
conseguido realizar esses momentos mais universais do próprio serviço e dos
trabalhadores de forma mais, (a….), em maior número. E portanto, efectivamente nós
estamos a falar se calhar aqui em dois momentos anuais plenários do próprio serviço.
Ainda assim, como princípio de facto, nós mantemos essa ideia, não temos conseguido
realizá-la, a verdade é essa. Portanto eu penso que a resposta correcta é, espaço sim,
efectivamente através desses dois momentos por ano, que nós conseguimos, um na
esfera da própria Câmara e de cariz, até mais político, em relação aos trabalhadores, e
depois um outro mais na área do serviço que são as Jornadas da Divisão da Acção
Cultural, com pouco tempo, nós consideramos que o tempo não está atingido.
AF – Consideras que a estratégia cultural resulta da participação e contributos de todos?
E6 – Não. Não resulta do contributo de todos (a….), mas resulta de certo modo dos
dados que todos dão para que matéria estratégica também seja reflectida. Agora a
estratégia não resulta de todos. Nem sei se isso será um problema. Por estratégia eu
entendo aquilo que se quer mudar como umas das acções prioritárias em relação a essa
mudança. È sempre uma mudança a assunção estratégica de uma acção, é mudado o que
é dado, não é, temos um dado, temos uma realidade, essa realidade é a realidade dada e
estratégia é ter a capacidade de agir sobre uma realidade dada em função de
determinadas prioridades. Nós quando falamos em matéria estratégica ela é impregnada
de uma zona naturalmente política e também de origem técnica para que também seja
fundamentadamente desenvolvida e portanto não tenho a certeza de que a estratégia
cultural seja desenvolvida por todos, agora o que é verdade é que todos devem ser
ponderados na assunção estratégica da acção cultural. É o mesmo problema da
participação, nós na lógica da participação como conceito, temos níveis de implicação
diferentes e a assunção estratégica de mecanismos, deve atender a múltiplos contributos,
72
agora a assunção, não há dúvida que é uma assunção de escolha, e quando se trata de
uma escolha, essa escolha tem de ser assumida do ponto de vista de uma posição, a
estratégia supõe uma posição, não é, e com os riscos e as responsabilidades que uma
posição tem, e portanto, pode não ser, enfim, tão generalizada na assunção de todos
numa estratégia, agora é importante que ela reflicta, uma zona de contributo dos
cidadãos, dos trabalhadores, das condições objectivas e subjectivas no desenvolvimento
de determinada acção, portanto não será correcto dizer que a estratégia cultural resulta,
ou melhor tem a participação de todos na assunção estratégica de uma acção aqui na
área da cultura e de políticas públicas para a Cultura.
AF - Existem documentos previamente elaborados para essa estratégia? São discutidos
e reelaborados? Existem documentos construídos de raiz a partir das reuniões de
trabalho?
E6 – Sim existem documentos, são discutidos e são apresentados. São elaborados,
portanto, por parte de um corpo que o tem que elaborar, não é, mas, efectivamente são
previamente elaborados e previamente discutidos, dava aqui um exemplo, e aliás nada
como falar no concreto, porque pode parecer, “ que sim senhor é feito, é, é, é, feito”,
“foi discutido? Foi pá, foi vagamente discutido”. Agora, por exemplo, relativamente a
alguns eixos estratégicos da Acção Cultural que bebem uma estratégia global da
Câmara. Eles foram apresentados, por exemplo agora no contexto dos últimos três anos,
eles já foram apresentados como eixos estratégicos assumidos pela Câmara Municipal
para o Mandato, não é, aliás, a esse propósito gostava de dizer que todos os
trabalhadores, todos, da Divisão de Acção Cultural tem conhecimento do Programa de
Mandato. O Programa de mandato, não é o Programa Eleitoral, não estou a falar de um
documento de programa eleitoral, estou a falar de um Programa de Exercício de
Mandato que é assumido pelos Executivos Municipais. Quem legitimou esse Programa
de Mandato? Foi a população e portanto esse Programa de mandato é a nossa cartilha
estratégica relativamente à execução do nosso Plano. Em função disso há as
desmultiplicações ou desdobramentos como se queira dizer, que se transportam para
aquilo que é o universo particular da Divisão de Acção Cultural. Dentro desse
desenvolvimento estratégico ele é apresentado à Divisão e tem uma zona de execução
estratégica global, e depois uma zona mais técnica de discussão também nas Jornadas. E
é apresentado anualmente nas Jornadas.
73
AF - Qual a posição de cada um em relação à posição do outro? Como é gerido o
projecto do outro?
E6 – Bom, essa pergunta é quase um bocadinho filosófico. Portanto é filosófica
daquilo que é o problema da intersubjectividade no trabalho. Eu penso que aqui nós
temos o conflito de interesse habitual em relação a qualquer colectivo, não é muito
distinto de uma lógica de equipa, ou futebol, ou de operacionais das águas. Remete
para o problema da intersubjectividade. Qual é o meu papel enquanto dirigente
nessa matéria? Isso já é outra questão. (a…), ou seja se este é um assunto de
trabalho? È. Qual é a posição de cada um em relação à de outro, não é? Eu acho que
remeteria isso para aquilo que é o universo normal dos problemas da
intersubjectividade e de conflitos de interesses. A mim cabe-me gerir isso, esses
níveis de conflitualidade. Se existe conflitualidade? Naturalmente que sim,
naturalmente que sim, aliás de outro modo não seria de imaginar uma Organização.
Eu acho que uma Organização tem também uma zona de conflitos de interesses e
que é motora, e que é também criadora. Portanto, se um se identifica com o outro?
Sim, às vezes. Se um respeita o trabalho do outro? È suposto. Se há regras de
relacionamento intersubjectivo? Há, aquelas que são o limite do nosso próprio
exercício de cidadão e de trabalhador, não é. Há uma conduta defendida, ou seja
uma ética no serviço? Há. Isso há. Eu penso que temos feito algum esforço no
sentido desse elemento, a ética de serviço e um serviço ético, ser cada vez mais
fundo, aliás, para irmos mais longe, que vaidade minha agora falar aqui de uma
ideia minha, mas eu acho até, mais longe que isso, que a Acção Cultural, o exercício
da Cultura hoje é claramente uma ética cívica, ou seja, eu considero que matéria
ética hoje, é um conteúdo essencial no exercícios dos poderes públicos, e por
consequência dentro do seu contexto interno, ela deve ser estimulada, ela deve ser
fundamentada, deve ser informada, deve ser criada, deve ser participada e deve ser
recordada de forma sistémica dentro da própria Organização. Se conseguimos
atingir isso? Bom, compete a quem dirige as organizações estimular a superação do
conflito, não é, mas também encontrar no conflito o próprio estimulo, no sentido da
superação. Ou seja o conflito não é algo que deva ser escondido, não é algo que
deva ser factor de medo, não é algo que deva a…, não. É um conteúdo de trabalho, e
portanto o que quero eu dizer com isto que esses níveis de respeitabilidade ou de
reconhecimento ou de interpretação do outro, são muito variáveis.
74
AF - É promovida a participação de cada um e de todos?
E6 – Sim. (a…), ingenuamente, posso estar a correr em alguma ingenuidade, não é,
e pronto e é isso mesmo. Ou seja acho que esta é a posição de princípio que eu acho
que deve estar num dirigente numa área de serviço desta natureza que é, eu
considero que sim, eu considero que é, ou seja é minha convicção de que é
promovida a participação de cada um e de todos.
AF – Achas que existe o sentimento ou a noção de uma lógica de trabalho em
equipa?
E6 – Acho.
AF – Existe então a noção de um colectivo de trabalho?
E6 – Acho que sim. Se corre bem, se tem dias, se, ou seja, se há um grau de
variabilidade em relação a isso? Há, há até porque os níveis de estímulo e de
motivação da equipa não são sempre os mesmos, até porque um ano é uma coisa
muito diferente de dia para dia, não é. Mas há momentos muito profundos de
trabalho colectivo nesta equipa. Posso até dizer, daquilo que é a minha experiência
relativamente a outras Organizações, que isso é uma evidência para mim aqui
dentro, e que não decorre de nenhum exercício meu, decorre do meu ponto de vista
de um processo histórico ligado a esta equipa. Esta é uma equipa, que se conheceu
muito jovem, muitos deles a sua primeira experiência de trabalho. Foi uma equipa
que inventou, que descobriu o prazer de criar, de inventar, e descobriu a comodidade
de ter um poder político que sempre garantiu algum espaço a esse elemento, não é,
ao elemento inovação, ao elemento descoberta, ao elemento experimental, portanto
esta zona experimental permitiu que em determinado contexto de trabalho e em
determinado contexto histórico também, e particularmente nos anos noventa, esta
equipa tenha tirado muito prazer, prazer trabalhar, e portanto é uma equipa muito
conhecedora de si mesma, das suas dificuldades, dos seus vícios, mas também de
algumas das suas virtudes. E portanto claramente parece-me que efectivamente
existe a noção de colectivo de trabalho, que nem sempre é praticada, isso é outro
aspecto, mas também existe claramente uma noção de lógica de trabalho em equipa.
Isso é uma equipa, aliás esta equipa, e eu penso que isto será válido para muitas
outras equipas noutros Municípios mas que tenham contextos análogos. Esta equipa,
estes são os filhos da Animação Cultural. A animação Cultural como uma expressão
fundamental de Animação Sócio Cultural. Uma expressão fundamental nos anos
oitenta, onde foi a grande explosão da Animação Sócio Cultural. Estes são os filhos
75
da animação Sócio Cultural. Que entram no mercado de trabalho nos anos noventa,
que são confrontados com um novo conceito relacionado com a Cultura que é a
Gestão Cultural, e que de alguma maneira já é um trabalho de reflexão em cima
daquilo que tinha sido o contexto da Animação Sócio Cultural, e mais curioso ainda
é, nós temos alguns trabalhadores nesta área, que são eles próprios originários desse
momento histórico que é a Animação Cultural no terreno, que foi o contextualizar a
cultura de forma central nas políticas públicas, enfim, quer dizer. Portanto esta é
uma geração histórica ligada a este tipo de trabalho, que tem em si uma pirâmide de
compreensão daquilo que é a lógica de trabalho em equipa, claramente. Vem daí,
vem desse clima, vem desse momento arqueológico em relação à Cultura, não é. E
portanto não tenho dúvidas em afirmar que é uma equipa do ponto de vista da
compreensão da lógica do trabalho em equipa está profundamente esclarecida, que
tem uma noção de um colectivo de trabalho de forma clara também, que o exercício
prático disso seja constante não é. Até porque, também do ponto de vista do
exercício de trabalho na Cultura hoje, nós estamos num momento transformador, de
transformação e transformador, não é, e portanto remete-nos aqui para alguns
embates. Ou seja o agente cultural hoje, e mesmo o exercício do trabalho cultural
hoje, é qualificado de maneira absolutamente distinta do que era há dez quinze anos
atrás, e portanto tem também desse ponto de vista e na reflexão sobre matéria
trabalho, momentos de acção particular na área da Cultura.
AF - Consideras esta equipa uma equipa pluridisciplinar? Motivos?
E6 - Sim. Para já é muito curiosa a origem das pessoas, é muito diversificada. Nós
temos artistas, na nossa equipa, nós temos gente da área da sociologia na nossa
equipa, nós temos ex operários na nossa equipa, nós temos pessoas da área Social
que efectivamente vieram a compor a equipa, e isto remete para outros mundos,
mais do que a pluridisciplina o plurimundo, quer dizer é muito construtor de uma
lógica que não é monodireccional, e portanto desse ponto de vista criativo existem
boas predisposições para a pluridisciplina. Por outro lado, eu considero que esta é
uma das equipas na Câmara Municipal que procura claramente a
complementaridade do serviço, das reflexões, eu penso até que existe essa apetência
de maior projecção. Temos tido uma fraqueza que é o, não temos sido muito
persuasivos em relação a outras áreas de trabalho, mas é um trabalho que teremos
que corrigir.
76
AF - Existe uma relação de articulação desta equipa com outras equipas da DAC e
da Autarquia? Como?
E6 - Era exactamente nesse sentido que eu estava a responder à pergunta anterior.
Nós temos tido experiências de cruzamento de trabalho absolutamente excepcionais
ao nível de projecto, ao nível de serviço ainda não conseguimos lá chegar. O que é
que nos falta? Marketing. Marketing interno, e sempre que temos tido algumas
experiências de marketing interno tem sido claramente bem recebidas, e claro que
não posso deixar de me lembrar de uma acção que desenvolvemos com o serviço de
Atendimento, que por razões naturais quis conhecer melhor o serviço e foi
extremamente surpreendente, os colegas não tinham a menor dimensão do era o
sector de Animação Cultural, melhor dimensão porque não o quisessem saber ou
porque não tivessem tempo, mas porque efectivamente a complexidade das nossas
acções não são suficientemente claras para a restante Organização. Quem falha
aqui? Nós. Por ausência de marketing interno por um lado, por outro lado falha aqui
mentalidade. Eu penso que seria um passo muito importante de dar. Todas as
experiências que temos desenvolvido de melhor articulação com os sectores, há
sectores que nos são muito complementares e com esses não temos essa dificuldade.
Mais distante é o quê? Por exemplo o Sector de Águas ou o Sector das Etares. O que
é que o colega da Etar pode retirar de nós e vice-versa? Tudo. E de facto esse tudo
nós não conseguimos ainda. Mas dentro das áreas naturalmente cruzáveis, a área do
Turismo, da Educação, há aqui um cruzamento e aí tem sido um trabalho muito
profícuo de cruzamento entre o sector da Educação e o Sector da Cultura, enfim, o
Turismo como disse, a área da Comunicação, enfim são sectores, quer pela natureza
do seu trabalho quer pela necessidade, efectivamente temos trabalhado de forma
muito articulada. Já não é raro o surgimento de equipas interdisciplinares dentro da
própria estrutura da Câmara e temos participado em alguns fóruns internos que tem
sido muito profícuo. Tenho pena que alguns deles sejam pouco ágeis,
nomeadamente, foi criado um conselho de programação, e que tem a ver com a
programação genérica das actividades da Câmara, onde variadíssimos serviços
participam, estou a lembrar-me também de um outro gabinete interdisciplinar, pouco
agilizado ainda e que igualmente, do ponto de vista de cruzamento disciplinar foi
muito relevante e que se chamava, chama, Gabinete de Acompanhamento da
Recuperação e Animação do Castelo. E portanto ainda estamos muito longe de ter
desenvolvido uma estratégia de marketing interno e que tenha promovido a nossa
77
actividade e que nos dê a conhecer também a outras zonas de trabalho. Mas gostaria
de dizer a titulo de exemplo um momento profundamente cruzado em termos de
serviço aqui na Câmara Municipal e muito bem sucedido, que tem a ver como uma
candidatura no âmbito do Qren, que tem por objectivo a revitalização do Centro
Histórico e em que os mais variadíssimos sectores da Câmara Municipal
participaram neste trabalho, e que foi não só um trabalho muito valorizado pelos
próprios Gabinetes de Análise de Candidaturas, como por outro lado do prazer do
trabalho, e do prazer de cruzamento de trabalho, que efectivamente foi muito bem
conseguido e penso que este é que é o caminho.
AF- Como se articula a produção da divisão com a definição de objectivos e
critérios resultantes das opções políticas da autarquia? Que complementaridade e
sustentabilidade no trabalho numa lógica de interacção entre o “lado técnico” e o
“lado político”?
E6 – Toda. Articula-se profundamente, ou seja, como disse existem instrumentos de
gestão aqui no Município que são muito confortáveis para que os serviços, de
alguma maneira, resolvem essa dificuldade, que é efectivamente que o seu grau de
eficácia seja em correlação com os objectivos delineados. A clareza dos objectivos
da Autarquia também não constituem um problema, ou seja, instrumentos como eu
referi à bocadinho, aliás, ao que vou descortinando nem sequer é um instrumento
consensualizado em outras Autarquias, portanto há muitas Autarquias que nem
sequer tem este quadro de avaliação por excelência e portanto o que acontece é que
estes instrumentos estão a montante devidamente identificados e devidamente
operacionalizados neste momento e portanto permitem com alguma facilidade que
haja de facto esta relação dos níveis de produção com os níveis de definição dos
objectivos das próprias politicas da Autarquia.
AF- A equipa identifica-se com esses objectivos?
E6 - Se a equipa se identifica com esses objectivos. (pausa) A equipa, ou seja do
ponto de vista técnico a equipa está devidamente esclarecida para o cumprimento
desses objectivos, não é, se individualmente as pessoas se identificam com
determinada direcção tomada pelo Município isso é do foro da sua privacidade
intelectual, portanto. Agora há, isso é que eu tenho verificado, que é, há um perfeito
reconhecimento do trabalho técnico por parte daquilo que é o exercício político. Nós
sentimos isso como? Sentimos no percurso da própria Animação Cultural, e como
eu falava aqui de uma equipa que historicamente é identificável, o que é verdade é
78
que esse reconhecimento da relação à qualidade do trabalho técnico desenvolvido
para o cumprimento dos objectivos absolutamente delineados na componente
política, efectivamente tem existido. Agora o que cada um pensa sobre a direcção da
Câmara, até porque muitos deles são munícipes e com certeza tem oportunidade de
expressar na devida altura, não é.
AF- Existe uma relação de articulação desta equipa com outras entidades?
E6 - Sim, claramente, aliás, esta equipa convive com uma realidade, e isso aí, tem a
ver com o próprio projecto cultural da Autarquia, que é uma realidade que sublinha
de forma muito intensa aquilo que é a importância das parcerias. Nós temos um
conjunto de parceiros, quer na área do conhecimento, quer na área da produção
cultural, aliás o conjunto das redes que Palmela compõe na actividade cultural tem
estimulado muito esta componente. Aliás para se ter uma ideia, nós pertencemos a
uma rede de Equipamentos Culturais que se chama ARTEMREDE, e que permitiu
por exemplo que a nível profissional, nós possamos hoje falar de comunidade
profissional no contexto dessa rede, nós dizemos programadores de Benavente, de
Torres Vedras, de Santarém, Évora, enfim tem estes, que são nossas visitas, que são
nossos companheiros, que cruzamos informação, que sabemos o que é que eles
estão a fazer. Por outro lado também ao nível Regional, ao nível do Distrito de
XXXX deram-se grandes passos de proximidade em relação aos próprios
Municípios. Portanto essa lógica de parceria, no contexto profissional tem sido
bastante desenvolvida por via desse tipo de estímulo. No que diz respeito a outro
tipo de agentes, agentes mais externos à circunstância profissional complementar,
quer seja nos Agentes Culturais Locais, quer sejam Empresas, quer sejam
Universidades, efectivamente nós temos tido a felicidade de desenvolver esse tipo
de trabalho e tem-se traduzido numa maior valorização para o próprio exercício do
trabalhador da Câmara Municipal de XXXX.
AF – Consideras que o trabalho em equipa de forma participada favorece a
construção de uma estratégia de intervenção?
E6 – Sim favorece. Favorece porque, aliás, há uma tradição muito clara no próprio
Município de Palmela na valorização desse mesmo princípio. E XXXX é melhor por
essa razão também, porque o que é verdade é que o escutar ajuda a decidir melhor,
isso é decididamente assim do meu ponto de vista. Por outro lado implicar também
nos responsabiliza melhor, não é?. Porque o implicar cria diferentes níveis de
implicação e de responsabilidade por parte daqueles que tomam opinião, tomam
79
posição e portanto cria no quadro da responsabilidade do poder cria melhor
segurança em relação aqueles que são os principais anseios da população,
indiscutivelmente.
NOTA
Não sendo possível realizar a totalidade da entrevista no dia 5 de Maio, devido a
questões pessoais do entrevistado, procedeu-se à marcação de um outro dia para a
continuação da mesma.
2ª Parte Entrevista – Dia 9 Maio pelas 17 horas no Cine Teatro S. João
AF – Dando continuidade à entrevista, gostaria de te colocar a seguintes questões.
AF - Qual o espaço de cada um no colectivo e na construção de uma perspectiva
global de intervenção (estruturação das iniciativas, prioridades da política cultural,
movimento associativo, projectos,…)?
E6 – Sim senhora. Nós quando falamos de cada um, importaria também de
esclarecer esse cada um e a natureza de cada um. Aqui essa participação de cada um
no colectivo na construção de uma perspectiva global de intervenção supõe que
haja, na forma como a questão está elaborada, supõe que haja uma interferência na
tarefa de cada um relativamente aquilo que é a construção de perspectiva global de
intervenção, ou seja, isso remete muito claramente para área técnica de trabalho.
Remetendo para a área técnica de trabalho, cada um, cada técnico efectivamente
tem, é obrigado aliás, a essa mesma estruturação de iniciativas, de ponderação das
prioridades das politicas a desenvolver, etc., na medida em que é chamado a
perspectivar por um lado e é chamado a propor por outro. Essas propostas são
propostas que são ponderadas ou individualmente ou colectivamente. Depende se é
uma proposta de Sector ou se é uma proposta individual do técnico em função de
alguma avaliação que desenvolveu. Essas mesmas propostas seguem o seu curso
normal do ponto de vista da sua ponderação, portanto tem uma ponderação
hierárquica e são validadas ou não, são ponderadas ou não, em função de
determinados diagnósticos que são realizados internamente e portanto,
individualmente o técnico tem a possibilidade e também o dever dessa mesma
ponderação e por outro lado é proponente, é regularmente proponente. Essa situação
de proposta tem vários caminhos possíveis, se é uma proposta de projecto, ela tem
80
uma origem particular, mais particular, mais individual e é estudada pelo técnico, se
é uma proposta de Sector ela é ponderada ao nível do Sector e portanto há um
colectivo que gera debate e a partir desse debate sai uma zona proponente. Depois
finalmente isso é articulado em função de linhas estratégicas mais globais, se
cumpre, cumpre, se não cumpre não cumpre, e portanto, mesmo não cumprindo é
feita a sua reavaliação em termos de proposta. Também há um tipo de caminho que
é, uma zona proponente se ela não tem propriedade para um determinado contexto,
não quer dizer que não venha a ter propriedade para outro contexto, e ela é sempre
salvaguardada. Depois por outro lado em situações mais universais de debate e
sobre caminhos a tomar, etc., penso que já está esclarecido na outra zona da
entrevista, efectivamente temos zonas mais alargadas de discussão e de participação
colectiva e que no fundo também vão trazendo algumas pistas para a zona
proponente como dizia, e que pronto, segue formalmente aquilo que é o caminho
das propostas e que se quer consequente, que normalmente se dá andamento em
função das deliberações existentes e que terá caminho ou não terá caminho. Há aqui
um aspecto que também é importante, que é a interlocução que cada técnico faz para
além da própria estrutura interna da Câmara, portanto, cada técnico dentro das suas
áreas de trabalho, até porque o nosso trabalho é muito virado para o exterior e é
muito dependente das próprias dinâmicas locais, também pela natureza de trabalho
que desenvolvemos, portanto por essa razão há aqui um input também por via do
trabalho de parceria que vamos desenvolvendo com o conjunto de agentes culturais
e associativos e que naturalmente também é factor de ponderação e que consta em
termos de diagnóstico e gera zona proponente, que como disse tem o seu caminho
que segue desde a sua aprovação, validação, ou não aprovação.
C – Desenvolvimento de processos de qualificação dos elementos da equipa e o
quotidiano profissional.
AF - È proporcionado formação especifica por parte da Autarquia a esta Equipa de
Coordenação?
E6 – Sempre que possível sim. È uma zona, (a…), uma zona um bocadinho delicada, e
é delicada porque não é dependente do nosso serviço estritamente, depende de um plano
global de formação que efectivamente a Câmara possui. Até determinada altura nós
81
fomos capazes de influenciar esse mesmo plano de formação, porque estava mais
dotado do ponto de vista orçamental, neste momento a formação interna da Câmara
Municipal tem constrangimentos orçamentais pesados e que por essa razão condiciona
mais os conteúdos de formação. Tem no entanto a Autarquia tido uma estratégia
importante relativamente a esta matéria, na medida em que tem procurado em
articulação com outros Municípios da região, particularmente da região, verificado
aquilo que são conteúdos, que nós internamente possamos não estar em condições de
desenvolver mas que estão a ser garantidos pela Autarquia A ou B, temos lançado
algumas pessoas a esses conteúdos formativos. No entanto, como disse, numa zona mais
geral de formação, que efectivamente os nossos trabalhadores tem frequentado e temos
uma sorte por assim dizer, uma vantagem que resulta de pertencermos a uma estrutura
em rede, que já evoquei anteriormente na entrevista e que é a Artemrede. A Artemrede
sim tem garantido acções de formação muito especificas para as nossas áreas, quer na
área de produção, quer na área de som e luz, quer na área de trabalho em equipamentos,
quer na área da gestão de conteúdos e que efectivamente, claramente valorizou esta
equipa. Equipa que neste momento, comparativamente com a sua realidade à coisa de
oito dez anos, tem um nível de qualificação superior resultante exactamente dessa
experiência especifica de formação na área da cultura, para a qual muito contribuiu a
vantagem da Artemrede, em termos de trabalho, quer na área da gestão, como disse,
quer na área da produção e quer na área técnica de zonas mais operacionais como seja o
caso do som e de luz, como seja o caso de frente de casa, onde nós também criámos,
aliás, como resultado indirecto da própria formação Artemrede fomos criando aqui
acções de sensibilização para esta matéria frente de casa e também zonas operacionais
de trabalho relativamente aos Equipamentos Culturais. De facto temos procurado
colmatar essas dificuldades e esses constrangimentos orçamentais que resulta do Plano
de Formação Global da Câmara Municipal com essas variáveis de formação garantidas
pela própria Artemrede. Para além disso temos procurado, dentro das nossas limitações
existentes, que é possível, suscitar, estimular a ideia dos nossos técnicos estarem
presentes em seminários, em congressos, em encontros de debate e reflexão e de
formação necessariamente ligadas às nossas matérias, quer seja matéria participação,
quer seja matéria programação em rede, quer seja matéria de gestão cultural, que
efectivamente tem aparecido por vezes ligadas a esse tipo de acção e que tem apanhado
transversalmente o conjunto dos técnicos. Portanto, neste momento, raro será o caso que
efectivamente nos últimos três anos, por exemplo, não tenha passado por experiencias
82
formativas de carácter mais específico na área cultural. Aliás todos os anos, próximo de
Outubro Novembro os técnicos pronunciam-se sobre as suas necessidades de formação
e das necessidades das suas respectivas equipas, quer da componente operacional, quer
da componente técnica, quer na área administrativa igualmente também. Nós após esse
levantamento, fazemos uma proposta à Câmara, incluindo algumas sugestões de
formadores, alias porque, temos tido a felicidade de conhecer bons formadores dentro
das nossas áreas e outras, não é, e pela experiencia que vamos desenvolvendo
suscitamos até a sugestão, relativamente ao nosso Sector de Formação Profissional, aqui
na Câmara Municipal, a ideia de vir eventualmente a contactar A ou B ou determinada
Entidade Formativa. Portanto nós fazemos esse levantamento anual, mostramos o grau
de priorização que daríamos a determinados conteúdos e procuramos estimular que a
Câmara efectivamente garanta essa formação. Não o podendo fazer, como disse, o
Plano de Formação hoje está muito condicionado em matéria orçamental, portanto o que
tentamos fazer é apelar ao Sector de Formação para estar atento para determinadas
iniciativas de formação, que eventualmente não tenham custos acrescentados para a
Câmara Municipal, e portanto eventualmente participar. Só mais uma pequena nota
relativamente a matéria formação, temos tido também a preocupação, sobretudo na
parte teórica e de reflexão sobre matéria cultura, de trazer aqui alguns técnicos que
julgamos devidamente credenciados e até excepcionais do ponto de vista do seu mérito
do pensamento relativamente aos nossos conteúdos, e temos procurado trazer, enfim
esses mesmos teóricos na área da reflexão da componente cultural, na componente
planeamento e na componente mesmo de animação cultural, e temos trazido alguns
técnicos de claro renome dentro do contexto europeu em termos desse tipo de trabalho,
procurando criar analogias de trabalho com zonas periféricas também da Europa e que
passam por algumas dificuldades como nós, e temos procurado essa partilha. Essa
partilha, não só tem benefícios formativos em relação aos trabalhadores da Divisão de
Acção Cultural, como procuramos sempre que ela seja aberta à Comunidade, ou seja,
criando aqui momentos de formação interna, aliás posso dar dois exemplos mais
recentes, o caso de Santi Martinez illa que foi um dos elementos pertencentes à equipa
de planeamento da cidade de Barcelona, dentro da área cultural, que é especialista em
planeamento estratégico e também o Hector Pose, um outro exemplo de um
companheiro da região da Galiza e que de igual forma nos trouxe belíssimos
contributos, quer na componente ligada à participação, quer também sobre um aspecto
que para nós é muito relevante, o debate da Agenda 21, visto que XXXX é dos poucos
83
Municípios que subscreveu a Agenda 21 da Cultura, que são um instrumento
fundamental, hoje, de afirmação da centralidade da cultura nas politicas públicas, estou
a dar a titulo de exemplo esses dois casos, mas onde teve esse resultado duplo. Por um
lado a formação interna em relação a todos os técnicos aqui da Divisão de Acção
Cultural passaram pela experiência de debate com estas duas figuras, que são
claramente relevantes no debate dos nossos assuntos e também a própria população
segmentada na área da cultura, visto que muitas destas acções foram abertas a
componente seminários onde foi aberto claramente a todos os agentes associativos e
culturais do Concelho de XXXX. E achámos portanto potenciar dessa maneira a questão
da componente profissional específica na área da cultura, que é sempre difícil numa
estrutura Autárquica.
AF - Promove o colectivo de trabalho processos de qualificação profissional?
E6 – Sim, a minha avaliação é a de que sim. Promove e dispõe-se a esse exercício. Eu,
há pouco falava de frente de casa e falava de um resultado indirecto, por exemplo aquilo
que nós fazemos em formação ligado à Artemrede. E foi muito interessante a
disponibilidade de algumas pessoas, alguns trabalhadores no sentido de transmitir esse
conhecimento, donde surgiram essas mesmas acções de sensibilização. Por outro lado
nós temos aqui internamente alguns técnicos que reúnem um potencial de conhecimento
muito relevante e que nos permite criar possibilidades de potenciação disso mesmo, de
no próprio colectivo surgir essa preocupação da qualificação, essa mesma preocupação
do conhecimento, do melhor conhecimento em relação ao exercício do trabalho.
Portanto eu penso que será correcto dizer que neste colectivo efectivamente há essa
preocupação. Nem sempre se materializa em momentos muito consolidados de
transmissão de conhecimentos ou qualificação dirigida por assim dizer, mas eu penso
que no dia-a-dia no exercício do seu trabalho são factores de qualificação que o próprio
colectivo dinamiza, portanto a minha avaliação é claramente de sim.
AF - Quando assumiu a Chefia da Divisão frequentou alguma formação específica?
E6 – Não. Eu quando assumi a Chefia da Divisão não frequentei nenhuma acção de
formação específica. No entanto, curiosamente quando sou chamado a assumir essa
tarefa, estava em plena formação na área da Gestão Cultural, uma acção, até bastante
intensa, e com um porte relativamente interessante dentro da área mais estratégica da
acção cultural, e portanto até sou apanhado a meio dessa mesma acção formação. Por
outro lado a minha formação ao longo dos anos na minha carreira profissional teve
algum pendente na área do planeamento e da estratégia cultural, e estes contributos
84
foram para mim muito decisivos, mas a verdade é que efectivamente no momento em
que assumi a chefia da Divisão não tive nenhuma acção específica de Direcção. No
entanto gostava também de dizer, que ela estava prevista, ou seja, eu assumo a chefia da
Divisão de Acção Cultural no momento em que existe a reestruturação orgânica da
Câmara de 2007, e que todo o Plano da Reestruturação Orgânica supunha de facto essa
formação para novos Dirigentes. Na altura, efectivamente não se conseguiu cumprir
esse compromisso que efectivamente a Câmara tinha relativamente aos novos
Dirigentes e foi uma lacuna importante, sobretudo nós, novos Dirigentes
considerávamos que era muito decisivo que essa formação tivesse acontecido.
Felizmente muito recentemente, em Setembro de 2010, eu e um conjunto dessa vaga de
2007 passamos a incorporar um Curso de Formação de Direcção, aliás, resultante da
própria legislação de momento, um Curso também de algum porte e neste momento
estamos em fase de conclusão com a fase de entrega dos trabalhos finais, um curso de
160 horas, ministrado pela Fundação CEFA, e que como disse se encontra neste
momento em fase de conclusão.
AF - Enquanto Chefia da DAC e desta equipa, como defines a tua acção? O que fazes?
E6 – O que é que eu faço, eu faço gestão, portanto compete-me a mim gerir este
serviço, compete-me defender a missão deste serviço, defender e faze-la cumprir, e
portanto tenho a gestão de pessoas, tenho a gestão de processos e tenho igualmente uma
função de liderança aqui neste serviço. Ao ter essa função de liderança, como dizia um
pouco mais a trás na entrevista, o que me cabe a mim é fazer cumprir esse processo de
liderança, ou seja, mais do que defender um posto de líder, não é isso que está em causa,
é defender esse mesmo processo de liderança relativamente ao serviço, e portanto faze-
lo chegar a bom porto relativamente aos seus objectivos, fazendo cumprir a sua missão
e gerir correctamente as pessoas, é isso que procuro fazer. Se o faço de forma
consequente? O esforço é nesse sentido, nem sempre os resultados são aqueles que nós
gostaríamos mesmo, que efectivamente se realizassem. Quais são as principais
dificuldades em relação ao meu exercício? Bom, desde constrangimentos resultantes de
legislação, desde constrangimentos resultantes de um contexto muito adverso às
políticas públicas, desde um contexto particularmente adverso em termos de recursos
que efectivamente podemos dispor no desenvolvimento de políticas públicas para a
cultura, muitas das vezes os resultados são condicionados a esse mesmo exercício. Mas
o que me cabe fazer mais do que aquilo que eu faço, é precisamente o que referia,
matéria gerir pessoas, matéria gerir processos, matéria garantir processos de liderança e
85
de boas práticas, desse nosso serviço, e que em última análise remete para a nossa
missão que é servir a nossa população dentro da área da cultura
AF - O que fazes corresponde ao que gostarias ou desejarias fazer?
E6 - Corresponde. Vamos lá ver, o que eu faço corresponde ao que eu gostaria ou
desejaria fazer, não tem sempre essa consequência, ou seja, eu revejo-me num processo
de liderança desta natureza, num sector cultural de um serviço público, até porque me
revejo no serviço público de cultura e portanto sinto-me muito honrado em participar
em processos desta natureza, e portanto há uma profunda identificação, há identificação
no conteúdo, há identificação na missão, há identificação no exercício do meu trabalho,
e trabalho num conteúdo que é para mim como, de algum modo muito fundo na minha
identidade, não é, há um conteúdo fundo que tem e que me revejo, que consigo sobre
ele pensar, consigo ter ideias, perspectivar ideias, ter sonho, ou seja, eu acho que é isso
que é muito relevante na minha relação com a natureza do trabalho que tenho para mim
mesmo, que é um lugar onde o sonho também se coloca, um sonho associado a valores,
um sonho associado a uma missão perfeitamente identificada e portanto do ponto de
vista da minha identidade pessoal posso dizer que me realizo. Agora, fica sempre muito
aquém das possibilidades que um trabalho desta natureza tem. E porque é que fica
aquém? Porque, è um problema de civilização, nós temos uma sociedade que nem
sempre corresponde a esta noção fundamental do exercício público das Instituições que
é estar perto do seu cidadão e garantir-lhe um bem essencial que é a cultura. Mas existe
uma certa regressão na centralidade da cultura e portanto passa a ser um combate, ou
seja, que combate é este de alguém que tem que servir aqui público? Não é de ideologia
que se trata, bom, esse combate resulta de uma convicção do exercício de um trabalho
de décadas que esta Instituição Pública foi realizando, com resultados muito
consequentes, e nós se tivéssemos que falar agora de resultados seria até muito
interessante vê-los, vê-los e ouvi-los a partir da própria população, não é. Mas é um
combate porque existe uma necessidade fundamental que é de civilização, de civilização
e estrutura da própria sociedade. A sociedade sobretudo a partir dos anos noventa
inflectiu para zonas de pragmatismo muitas vezes executivas, não é, portanto toda a
zona imaterial passa a ser mais difícil de defender, e estamos perante uma sociedade
mediatista, que se foi aprofundando como mediatista, aliás será curioso pensar, se será
que tem visibilidade ou se são absolutamente diminutos? Fazer estratégia hoje é um
exercício mais difícil que ontem? Estruturar a sociedade numa direcção das ideias, ou na
direcção das ideias é hoje algo que vende menos? E portanto estamos aqui perante um
86
conjunto de adversidades. Agora não há dúvida que esse é o combate que me interessa
do ponto de vista pessoal, por assim dizer, portanto revejo-me, sim revejo-me naquilo
que faço, realizo-me naquilo que faço, estamos perante passos e atrás, e ainda assim
temos uma missão, e essa missão ainda está válida não é, está válida porquê? Porque os
homens ainda prevalecem, e portanto enquanto os homens prevalecerem apesar de tudo,
nós teremos uma função aqui a desenvolver. Naturalmente que me realizo naquilo que
faço.
AF - O que salientas da tua intervenção?
E6 – Olha, o que saliento na minha intervenção, (silencio), é particularmente a zona das
ideias. Porque, (silencio), dirigir um serviço é dirigir um serviço, não é, e uns dirigem
melhor que outros, do ponto de vista da sua prática ou da sua zona instrumental. Na
parte da direcção instrumental do serviço, eu acho que não tenho muito a destacar em
relação ao meu exercício. Pronto procuro obedecer aquilo que são as regras correctas no
exercício de uma função de direcção, e procuro de alguma maneira corresponder aquilo
que é espectável em relação a esta missão que me entregaram, no que diz respeito á
direcção de serviço de Acção Cultural. Agora, como o que me esta a ser pedido, é o que
é que eu saliento da minha intervenção, salientaria aquela parte que é um bocadinho
mais patológica. E essa parte um bocadinho mais patológico, eu acho que efectivamente
são as ideias. No meu caso são as ideias, e portanto eu acho que isso por vezes me
estimula muito porque, que por um lado a equipa me dê esse espaço, e eu acho que a
equipa me dá esse espaço, às vezes a equipa chama-me a esse espaço e isso é muito
gratificante, e portanto como a equipa me chama sinto-me estimulado a remeter-me para
essa esfera das ideias, não sei se a equipa dai retira grande coisa, sinceramente não sei,
mas, não consigo avaliar isso com muito discernimento, mas como me chama dizia eu,
por algum motivo me chama, ou por hábito, ou, não faço ideia de qual é o motivo
interno de cada um para me chamar a isso, mas eu acho que é essa parte que eu
salientaria porque nós falamos de coisas muito importantes, por vezes, falamos de
coisas muito importantes, e conseguimos, por vezes, também sonhar e isso, por vezes,
não é um exercício muito regular que a gente se pressuponha a esta zona de sonho, mas
efectivamente há momentos em que a gente consegue pensar mais longe e de facto essa
parte é a que eu mais salientaria e da qual eu retiro mais ensinamento.
AF - Que impactos encontras no trabalho da equipa de coordenação? Associativismo,
produção cultural, formação de públicos, iniciativas culturais localizadas, grandes
eventos…
87
E6 – Quer dizer o impacto não resulta desta equipa de coordenação, (a….), vamos lá
ver, a equipa de coordenação de alguma maneira é um pressuposto de que nós
conseguiríamos impacto, ou seja, o impacto não está num grupo restrito, não é, o
impacto está no resultado que no computo global de trabalho de grupo restritos, mais
alargados, individuais, operacionalizados, etc., etc., resulta nessa área toda que referiste.
O impacto não está no trabalho de equipa de coordenação, agora se estivermos a avaliar
uma outra questão que é, conseguiríamos impactos se não tivéssemos uma equipa de
coordenação? Provavelmente conseguiríamos também, até porque há impactos
negativos e impactos positivos, agora do ponto de vista de um bom resultado, nós
apostámos numa equipa de coordenação de trabalho, até porque essa equipa de
coordenação de trabalho, tem como foi dito um pouco atrás, um pressuposto que é o
desdobramento do seu trabalho. Se não fizer a desmultiplicação do seu trabalho, se não
descentralizar, se não fizer implicar todas as componentes do trabalho, o passo será
nenhum. Então teremos uma estrutura hierarquia que reflecte um conjunto de conteúdos
e que estará sempre distante do próprio exercício de resultados, não é, portanto o que
está aqui em causa é que efectivamente esta equipa de coordenação faz sentido em
matéria organização, mas tem uma obrigatoriedade de desmultiplicação, de
descentralização, de implicação responsável por parte de todas as componentes de
trabalho e isso sim é que é o conjunto de elementos que produzem resultados.
AF - Consideras que existem desafios para a intervenção desta equipa?
E6 – Existem. Existem. Ou seja se a pergunta é no sentido, não nesse sentido que a
pergunta está feita, mas se a pergunta me dissesse assim, tens aí desafios que esclareça,
que possas divulgar, que possas publicar a propósito desta equipa? Tenho, tenho não
porque eu os tenha produzido, não é, porque nós os reflectimos, aliás nas Jornadas de
2011, realizadas à pouco mais de um mês, há um mês precisamente, nós identificámos
os nossos próximos desafios. Agora deixa me dizer também que há milhares de outros
desafios que a gente não está a descortinar e que efectivamente estarão seguramente a
bater-nos à porta, ora é essa disposição permanente em relação a matéria desafios que
há interpretação da realidade a que temos que reagir, que é o grande desafio também de
uma equipa desta natureza, implica níveis de actualização continuada, níveis de
avaliação continuada, de predisposição para interpretar a realidade e para executar
outros, aliás, o conjunto dos nossos desafios são também alertas que recebemos com
continuidade por parte daqueles que são os nossos interlocutores, que é quem? È a nossa
população, e portanto nesse sentido, existem claros desafios, desafios muito intensos em
88
relação a esta equipa e aliás desafios até de conceitos para uma equipa desta natureza. E
o que é que eu quero dizer com isto? Quero dizer que a cultura, a cultura que é a nossa
massa, a gente mexe nessa massa, e na cultura não mexemos só nós, nós mexemos aqui
numa componente particular que é a acção cultural, mas esta massa na qual nós
mexemos é uma massa que é eternamente revisível tal como os homens, e portanto
assim sendo obriga-nos a ter essa capacidade de revisão, aliás, permite-me nesta
entrevista, até porque não vou ser identificado, portanto posso me dar a esse luxo, há
um homem chamado Toni Puig que nós temos acompanhado em múltiplas situações, e
ele dizia a propósito da cultura, insistentemente, até numa conferência aqui em Portugal,
que em Novembro de 2008 aconteceu um tsunami, um tsunami, não é, um tsunami que
as lógicas neo liberais de fidelização que nós fomos assistindo provocaram um tsunami,
um tsunami que estava a cair sobre alguém, e ele até transmitiu isso numa imagem
visual que me pareceu muito curiosa, que era um homem com uma pasta na mão e o
tsunami estava a envolve-lo superiormente em relação a esse homem. Todos olhamos e
ele perguntou-nos se sabíamos quem é este homem que estava a apanhar com um
tsunami em cima, claro que todos encolheram os ombros e rapidamente ele nos disse
que esse homem é um gestor cultural. E é esse tsunami que, que nós apanhámos, nós
defensores da cultura, trabalhadores da cultura e preocupados com matéria cultural, que
nós apanhámos aqui relativamente a um choque de civilização e que ainda por cima
falhou, falhou de forma redonda e rotunda e que está por refazer, e que é essa ruptura de
neo liberalismo que produziu na organização da sociedade e que Portugal neste
momento ainda está a sofrer os seus grandes impactos e que o tsunami está naquele que
efectivamente tinha responsabilidades culturais também, não é, como dizia a bocadinho,
o imaterial vende muito pouco e este vende é já uma brincadeira com esse mesmo
pragmatismo, porque nós não estamos aqui para vender nada, não é, nós estamos para
construir, para dilomar, para oferecer do ponto de vista de possibilidades a melhor
formação para o cidadão para saberem escolher em melhor conformidade com as suas
convicções. E portanto é por essas razões todas que eu acho que existem desafios
enormes para equipas desta natureza. Para a nossa em particular, também poderá existir,
porque XXXX também está a atravessar um processo difícil de afirmação local, por
causa de limitações que não são estritamente suas, e tem que se refazer, tem que se
levantar de novo com a sua principal marca que é a afirmação cultural do Concelho de
XXXX.
AF – Em poucas palavras, como é que descreverias a tua equipa?
89
E6 – Como é que eu descreveria a minha equipa, eu já, há um pedaço da entrevista em
que eu já tinha referido isso de certa maneira. Esta equipa, já chegarei às poucas
palavras. Do ponto de vista da contextualização da equipa, é muito relevante que esta
equipa constitua uma geração, uma geração muito particular de trabalho na área da
cultura, que iniciou o seu trabalho na área da cultura na ordem dos vinte anos de idade,
numa fase terminal daquilo que tinha sido a época de oiro da Animação Sócio Cultural,
que tenha apanhado toda a geração de implementação da Gestão Cultural e que hoje
esteja num momento diferente do trabalho da cultura e que é um momento de maior
implicação cultural, um momento em que de algum modo o cidadão ganha um
protagonismo diferente no exercício de um trabalho cultural e em que de certo modo
nós estamos a refazer o próprio conceito do trabalho da cultura junto da população,
junto dos territórios, a própria contextualização da cultura no de desenvolvimento das
politicas públicas. Portanto esta geração, é uma geração tal que apanha aqui três
momentos muito distintos no exercício do trabalho na área da cultura, e é a mesma
geração, com entradas de sangue novo, em determinados contextos, etc., mas, há um
aspecto que por essas razões todas, em que nós temos uma geração de trabalho na
cultura, é um trabalho quase geracional, não é (risos) associado à cultura, e portanto é
uma unidade geracional e que efectivamente assiste, e assiste a resultados
espectaculares, muitos destes indivíduos estiveram no momento de criação dos eixos da
afirmação cultural do Concelho de XXXX, eu recordo, XXXX ainda hoje, e não
obstante do que é, XXXX é claramente reconhecida pelo trabalho que desenvolve na
área da cultura. Muitas dessas pessoas que tem nome e tem rostos, estiveram na
invenção e na reinvenção de alguns eixos fundamentais de afirmação de XXXX como
marca de cultura e portanto são umas pessoas especiais desse ponto de vista, especiais
não porque sejam melhores de que outros serviços aqui da Câmara, mas especiais pela
natureza especial do seu trabalho. Portanto não são pessoas comuns, não é, no pior
sentido do comum. E há um aspecto que eu sublinharia, agora as poucas palavras que
procurava, são pessoas, aliás se eu tivesse que arranjar aqui uma frase chavão para a
equipa ou coisa assim, eu diria que é uma equipa de grande convicção, uma equipa de
convicção, uma equipa com a convicção da sua missão pública em defesa da cultura e
isto é muito visível por exemplo, nas situações mais adversas de trabalho que nós
temos. Eu trabalho nesta casa, e apenas sou dirigente desde 2007, mas trabalho nesta
casa vai para dezassete anos e eu não me recordo que alguma iniciativa tenha caído ou
estivesse quase a cair, como se deve imaginar nestas tarefas, são tarefas de carácter
90
efémero, que tem hora marcada, que acontecem, que são pensadas, que se desenvolvem
e que terminam em determinado hiato de tempo, não me recordo como dizia de até em
situações dramáticas que convivemos, que alguma iniciativa tenha caído. E nós estamos
a falar de uma equipa estável que passou por tudo isto. Um aspecto fundamental é que
também considero que não obstante a uma equipa de convicção, é também uma equipa
muito disponível para se renovar e para reequacionar as suas próprias ideias e avaliar
continuadamente e até neste momento criar espaço a uma nova geração que venha a
intervir efectivamente no território e que faça de XXXX ainda mais uma vez essa marca
de cultura aqui dentro da área metropolitana de Lisboa e naturalmente mesmo a nível
nacional, é isso que pretendemos. Portanto é uma equipa de convicção em poucas
palavras!
AF – Obrigado pela tua colaboração.
E6 – Ok, não tens que agradecer!
Questões
Orientadoras
Quadro 1
Entrevistados
E1 E2 E3 E4 E5
A – Oferta
Formativa
Por iniciativa
própria
Por outro lado também a formação
académica, como é uma formação,
no meu caso recente, permitiu-me ter
nos últimos quatros anos uma
formação na área da animação
comunitária e na animação
cultural.p10
Tenho sido proponente de
participação nalgumas
acções de formação, ou
seminários, ou situações
externas, (…), incidiam
muito sobre a forma de
gerir os sectores culturais
nestes momentos de crise
e que tinham carácter
gratuito, e portanto eram
oportunidade (…).p23
(…) e depois outras formações
que fiz foi fora do contexto
autárquico. p41
Tenho um Curso Profissional
(…).Depois tentei tirar uma
Licenciatura (…), mas desisti,
(…).p49
Por iniciativa da
entidade Por iniciativa da Divisão tenho
feito complementos ao serviço
educativo á formação que tinha
feito anteriormente,
essencialmente e depois, aquelas
formações mais de carácter
administrativo aqui da Câmara,
que tem a ver mais com a
gestão dos recursos
tecnológicos, portanto. p3
(…). A área do
associativismo e animação
cultural é uma das áreas cujo
o contexto, hoje em dia em
termos de formação
autárquica mais fraco, ou seja,
não há no panorama nacional
áreas especificas de formação
nesta área. No entanto quer eu
quer o grupo de trabalho,
sempre que possível, nos
últimos anos temos
participado em acções de
Tenho tido muitas
oportunidades de
formação. Muitas
oportunidades de
formação por via da
ARTEMREDE, que é a
Rede de Teatros e Cine
Teatros de Lisboa e Vale
do Tejo, (…)que tinha
uma linha de Programação
e uma linha de Formação
especifica para os quadros
de pessoal dos Teatros e
Sim participei numa ou duas
acções ao nível do SIADAP (…)..
Aliás, eu até sou daquelas pessoas
que do ponto de vista interno, da
formação interna, tenho feito
poucas formações, umas vezes
porque não tenho possibilidade,
outras vezes porque a formação
não me dizem muito.p41
A divisão propôs-nos formação
porque era uma formação muito
específica para a nossa área,
depois por parte da Autarquia
tenho feito várias formações,
Outlook, Legislação, portanto
aquelas formações que servem
para qualquer funcionário
público.p50
Eu também tenho participado
noutras acções de formação, estou
a recordar-me agora, como a
Autarquia participa em muitas
formação, realizadas por
iniciativas externas, quer a
QuadroNet por exemplo, que
realizou sobre o
Associativismo, quer a
Confederação Portuguesa das
Colectividades de Cultura e
Recreio, com a qual temos um
protocolo. O facto de
trabalharmos neste sector, tem
permitido a mim e á equipa
participar nestas acções de
formação específicas na
matéria associativa.p10
Sim, envolve-nos em termos
de formação e em termos de
serem proponentes para o
próprio Município, (…), mas
todos os anos é feita uma
proposta por parte da Divisão
de Acção Cultural, na qual os
coordenadores e os técnicos
são proponentes para a
divisão, ou seja indicam á
Divisão quais são as áreas que
gostariam de ver reflectidas e
isso resulta numa proposta
depois para a Divisão dos
recursos Humanos.p11
Cine Teatros, portanto tive
muita formação, desde a
área de programação, tive
depois um curso de
Expressões Artísticas que
nos deu oportunidades
muito interessantes,
portanto formações
especificamente para a
área da Cultura. pp.22,23
(…) depois tenho tido
outras formações, se
calhar menos especificas,
se estivermos a falar das
ofertas que directamente
recebemos aqui dentro,
algumas delas muito
interessantes para o
desenvolvimento do meu
trabalho, (…). p23
parcerias e nomeadamente nos
Projectos Europeus, participei em
várias acções de formação, no
âmbito do Projecto Trilhos, várias
acções que tinham a ver com o
trabalho local, desenvolvimento
social e trabalho em zonas rurais.
p51
Articulação entre
oferta formativa e
quotidiano
profissional
Sim, é-nos solicitado todos os
anos proposta de formação, quer
Infelizmente, como disse no
início, não é uma área de
Portanto, elas
responderam à
qualificação dos Técnicos
(…), normalmente, anualmente
é pedido, nós falamos com as
pessoas, no sentido de fazer o
(…),aquelas que eu acho mais
importantes são aquelas para a
minha valorização pessoal e
em termos de propostas de
acção de formação concretas,
quer de áreas que achemos que
sejam pertinentes.p3
grande resposta, nós inclusive,
em termos de formação
autárquica, não temos neste
momento, oferta de bolsas de
formação específica nesta área.
(…).Portanto temos muito mais
que olhar para o exterior, para
aquilo que são formação não
nacionais, congressos e
seminários que possam conter
formação nesta área, acontece
ao longo do ano, nas propostas
que nos vão chegando e não em
alturas especificas e portanto
são ou não aceites consoante a
disponibilidade de trabalho e
condições.p11
Eu tenho uma deformação
prévia, que vem da formação
académica, que é ser
antropólogo, a ideia da
formação, numa área como a
minha, em que é o território
que matiza a acção, não faz
muito sentido a aplicação
directa, ou seja, é o
conhecimento de base e as
metodologias que mais me
interessa, num cariz formativo,
ou seja é aprender novos
métodos e novas metodologias
e não a sua aplicação decalcada
que trabalhavam nos
Teatros e Cineteatros. p23
(…) essas acções foram
ponderadas pela Direcção
da Rede, que após um
levantamento de
necessidades que foram
sentindo, fruto do
trabalho. (…) formação
dirigida, desde o
programador, aos
políticos, aos dirigentes,
aos técnicos que
trabalham as áreas de som
e luz e áudio visual, à
frente de casa, portanto
para todas as valências
que se envolvem no
funcionamento dos
Teatros e Cineteatros. p23
Sim, anualmente. È feito
um levantamento, essa
ligação é feita pelo chefe
da Divisão, que nos pede
informações sobre as
necessidades que cada
pessoa sente como mais
premente para o trabalho
que desenvolve, não só
para si próprio mas
levantamento das suas
necessidades e depois
informamos a chefia das
formações que achamos que
são indispensáveis para as
pessoas que trabalham na nossa
divisão e mais concretamente
das pessoas que trabalham mais
directamente comigo, podiam
participar. E sim fazemos todos
os anos, aliás a Chefia solicita
isso sempre ás pessoas, essa
informação, (…).Agora, o que
é facto também é que nem
sempre, da parte do nosso
Departamento de Recursos
Humanos existem acções que
nós gostaríamos que
existissem, (…).p42
profissional, nomeadamente, a
autarquia faz parte de uma rede de
Equipamentos Culturais
denominada ARTEMREDE, que
é uma rede de equipamentos mas
que funciona também como
valorização profissional de
Técnicos. Portanto a formação
que os Técnicos têm nesta área é
muito da formação não formal,
(…).p50
Nós temos oportunidade de
apresentar proposta para
formação. Se essas propostas vão
á vante ou não, isso é uma outra
conversa! (…).Mas se a pergunta
é, se eu me sinto á vontade para
propor, sim tenho essa
liberdade.p51
no território, no território é
sermos muito plásticos, ou seja
nós trabalhamos com as
pessoas e para as pessoas,
portanto não podemos aplicar
modelos formativos (…). È a
intervenção e a acção que nos
faz tornar úteis as metodologias
que vieram da formação, é
essencialmente o carácter
metodológico de que se
conhece que a formação nos
enriquece, não na sua aplicação
na acção, a acção é
transformadora da formação e
não o contrário.p11,12
também para os
trabalhadores que o
rodeiam, ou seja para a
realidade que nos rodeia.
Portanto eu sinto essa
liberdade de propor coisas
que sinto que são para
colmatar falhas minhas, ou
para colmatar falhas de
serviço que sejam muito
mais abrangentes.p24
(…) o facto de fazermos o
levantamento das
necessidades de formação,
não significa que a
Câmara consiga ter
resposta directa para as
assumir, daí, eu também
ter falado desta rede de
respostas, que acaba
também por acontecer,
que é andarmos a procurar
sítios onde conseguir essas
respostas para as
necessidades. (…),
consigo perceber
vantagens em quase todas
as formações que tenho
participado, ou seja, eu
consigo, mesmo que o
sentido da formação, ás
vezes vai gente de muitos
serviços para a formação,
portanto ás vezes a
comunicação não é a mais
especifica para nós, agora
consigo tirar proveito de
todas, integrar no trabalho,
é outra conversa.p24
Precisamos, entre aspas,
de garantir que o que
aprendemos e possa ser
utilizado para o serviço, é
aplicado.p24
O desenvolvimento do
meu trabalho era feito,
mas não era a mesma
coisa. Ou seja, aprendi
muito e melhorei muito,
portanto toda a formação
que fui tendo ao longo de
todos os anos, tenha sido
boa ou má, seja por uma
questão de maturidade,
seja para aprender uma
coisinha minúscula, com o
formador que detestei, há
sempre qualquer coisa que
se aprende. Sempre.p24
B- Funcionamento
e
Operacionalização
da Equipa Periodicidade de
reuniões
De coordenação são semanais,
todas as semanas há uma
reunião, com os restantes
elementos da coordenação e
com a chefia da divisão.p4
A equipa de coordenação,
momentos conjuntos de reflexão,
tem reuniões semanais
genericamente com a presença do
Chefe da divisão de Acção
Cultural, também quando se
justifica com a presença do
Director de Departamento e
nalguns casos com o próprio
Vereador.p12
Existe semanalmente uma
reunião com a chefia.p26
Essa periodicidade já foi
determinada há muitos
anos atrás, eu desde
sempre que me lembro,
existiram reuniões
semanais de coordenação.
Se calhar a partir, da
entrada do Dr. (…) para
chefe da Divisão, que se
calhar ficaram com
alguma arrumação, ou
seja, se calhar também se
tentaram afirmar mais esta
questão das coordenações
de Sector, (…).Portanto se
calhar estamos a ser muito
mais afirmativos em
relação a essas reuniões e
ao acontecer, ao estarem
sempre marcadas no
calendário. p26
Sempre que necessário, mas
com a periodicidade semanal.
Estas reuniões estão sempre
convocadas para as 2ª feiras, só
são desconvocadas quando
Chefe não pode,(…).p42
(…), todos nós temos áreas de
responsabilidade e portanto na
coordenação estão os
coordenadores das diferentes
áreas, que não são todos os
trabalhadores da Divisão, atenção.
Eu faço parte desse grupo de
coordenação, o grupo de
coordenação reúne semanalmente
á segunda-feira, (…).p51
Local das Reuniões São sempre no mesmo local,
aqui, no Cine Teatro S. João.p4
Em XXXX onde está sediado
efectivamente o corpo orgânico
da estrutura do Departamento e
da Divisão, no Equipamento
Cineteatro São João.p12
Sim, aqui no Cine Teatro
S. João.p26
(…), a equipa sabe que todas as
segundas feiras ás 10horas da
manhã tem as reuniões de
coordenação, no Cineteatro S.
João.p.42
(…) no Cine Teatro S. João, já
reuniu noutros locais quando o S.
João esteve em obras, (…).p51
Conteúdos das
Reuniões Falamos do que se passou na
semana anterior e na agenda da
próxima semana, (…), e depois
coisas com maior distância,
problemas, programação,
portanto é sempre discutido.p4
Temos três áreas de abordagem
principais, em primeiro lugar
questões de iniciativas corrente
ou seja de calendário premente,
iniciativas que decorrem nos
próximos 15 dias, fazer um
balanço, temos o aspecto da
retrospectiva ou seja de fazermos
avaliação das iniciativas
realizadas p.12
e temos uma zona livre que é
uma zona em que cada um dos
técnicos coordenadores traz a
essa reunião conteúdos que gosta
ou que pretende ver partilhar
com a equipa, ou para os quais
necessita de despacho e de ajuda
da equipa, ou de despacho do
Chefe da Divisão, podendo isso
ser canalizado depois para
reuniões mais sectoriais dentro
da equipa de coordenação ou
particularmente com o Chefe da
Divisão.p12
Começamos sempre por
fazer uma análise da
agenda, da agenda dessa
semana e porventura da
semana a seguir ou existir
um evento assim mais
perto, por exemplo a
terceira semana, portanto
tentamos ver o calendário
de 15 dias máximo 3
semanas. Tentamos fazer
logo o levantamento de
algumas necessidades ou
algumas falhas de
informação que exista
nessa agenda, porque a
partir da agenda vão se
levantar as reuniões de
trabalho mais importantes
que vão acontecer a
seguir. Há um período em
que o Dr. (…) nos
transmite informação de
gestão que seja importante
para nós, não só para nós,
mas também importante
para transmitir aos colegas
que trabalham connosco,
(…). A partir daí, é-nos
entregue também um
balancete, ou seja, um
ponto de situação da
Todos os conteúdos que dizem
respeito á nossa Divisão e não
só. Normalmente (…) o Chefe
da Divisão informa os Técnicos
que fazem parte desta equipa de
coordenação, das grandes
linhas ou questões que estão no
momento na Autarquia, ou pelo
menos dá noticias importantes
que todos temos que saber,
quer ao nível do Orçamento,
quer ao nível da assiduidade,
quer ao nível da actividade
municipal, projectos, enfim,
actividades que importa que os
elementos da equipa tenham
conhecimento. Estas
informações são muito
importantes para orientar o
nosso trabalho, para as nossas
posições no contacto com
outras Entidades exteriores.
p.42
Mas fundamentalmente, estas
reuniões servem para organizar,
digamos que ao pormenor,
planificando em conjunto, quer
dizer, porque nesta equipa de
coordenação estão as várias
pessoas que tem
responsabilidades nas
diferentes áreas de intervenção
(…), e é um momento em que nós
por um lado avaliamos o trabalho
que foi feito na semana anterior,
preparamos o trabalho da semana
seguinte ou da semana seguinte, e
também, se calhar não tanto
quanto possível, reflectimos um
pouco entre muitas aspas o que
andamos aqui a fazer!p51
(…), as reuniões de coordenação
além de dar-mos feedback e de
discutirmos assuntos, ás vezes
também servem para dar
despacho, por assim dizer, mas
depois o trabalho de terreno, são
as equipas de terreno que são
responsáveis e com autonomia.
pp.51, 52
gestão financeira da
Divisão, em que todos
ficamos com a noção dos
saldos de cabimento ou
dos saldos que temos
disponíveis para
trabalhar.p27
A segunda parte da
reunião é o ponto de
situação de cada um dos
técnicos em relação ao
trabalho que esta a
acompanhar, e fazemos
também ponto da situação
do fim-de-semana ou da
semana anterior que
passou, por exemplo,
como correu, número de
público, o que correu
menos bem, como
podemos ultrapassar.
Falamos do
desenvolvimento das
acções, do feed back que
tivemos dessas acções e
avaliamos em
conjunto.p27
da Divisão, e esta programação
é constante, mas até fora destas
reuniões, sempre que os
próprios técnicos sintam
necessidade de reunir, para
tratar de assuntos com mais
pormenor. Ou seja desde o
planeamento ao
desenvolvimento e depois
também a questão da avaliação.
A avaliação ás vezes não é feita
com tanta necessidade ou
regularidade com que deveria
ser feita, reconheço isso, e ás
vezes deveríamos ir um pouco
mais fundo na avaliação,
(…).p. 43
Planeamento e
desenvolvimento das
acções
Sim, o planeamento e a
avaliação das acções são
discutidos nas reuniões.p.4
Temos duas fases de trabalho, ou
seja, uma Divisão como a
Divisão de Acção Cultural é
aquilo que se calhar pode chamar
A calendarização das
reuniões serve também
para articular as acções,
apesar de existirem outros
Na reunião de coordenação
define-se quais as áreas de
intervenção, depois existem
equipas pluridisciplinares que
Cada um fala das suas áreas,
mas há sempre intervenção e
contributos dos restantes
colegas.p4
Essencialmente quem
acompanha e quem tem a acção
faz uma avaliação mais
profunda, claro que se os
restantes colegas tiverem algo a
dizer, dizem, dão a sua
opinião.p.4
uma estrutura decisória
participada, nós como alguns
projectos são transversais aos
vários sectores da coordenação,
por exemplo uma mera iniciativa
de espectáculo pode implicar
uma parte da animação cultural,
onde eu posso estar envolvido e
pode também implicar um
equipamento que é o seu lugar de
realização, obrigatoriamente
implica que ali na reunião se
comece a delinear quem das
várias equipas, quer do sector de
equipamentos, quer do sector de
associativismo e animação
cultural participa.pp.12,13
instrumentos. Que se
calhar por esta partilha ser
assim tão grande,
percebem que á medida
que o trabalho vai
avançando, precisa de
instrumentos de partilha
complementar.p27
trabalham para a organização das
acções.p51
Articulação das
reuniões e
calendarização das
acções
Existem reuniões conjuntas, mas
depois cada território trabalhará
mais especificamente, mas há
um, aliás existe um mapa
comum onde é tudo
concertado.p4
Depois toda a engrenagem e toda
a metodologia de trabalho é
desenvolvida á parte, em
reuniões já mais específicas pela
equipa de trabalho,(…), temos
autonomia, autonomia de
proposta e temos autonomia de
realização e felizmente temos
autonomia de avaliação.p.13
Por exemplo a partir de
determinada altura
começou a existir uma
reunião de programação
no final de cada ano civil,
aí por volta de Outubro,
Setembro, em que se faz a
extrapolação do que é que
se vai passar no ano a
seguir, as prioridades de
programação e (…).Esta
reunião é uma reunião
mais alargada do que a
reunião de coordenação,
estão todas as pessoas
responsáveis por
programação. Neste caso
criámos um instrumento
único onde é registada
toda a programação do
concelho, a nossa, (a da
Câmara Municipal de
Palmela) e a Associativa.
Portanto é um primeiro
levantamento daquilo que
se faz para o ano a seguir,
esse mesmo calendário
volta a ser actualizado no
início do ano com a
chegada dos planos de
actividades dos agentes
associativos. Neste
momento já se sentiu a
necessidade de integrar as
associações nestas
reuniões, (…).p.28
Planificação das
acções Em equipa com os
coordenadores, até é mais
alargado, não é apenas restrito á
equipa de coordenação, é á
restante equipa da divisão, há
reuniões de trabalho com a
restante equipa.p4
Sim, sim, existem várias
reuniões que acabam por
abranger todos os elementos da
Aquilo que temos aplicado, até
hoje, como metodologia tem a
ver com dois factores ou seja, em
sermos proponentes o termos
espaço e podermos dali fazer
uma desmultiplicação do
trabalho prático para a
intervenção e levarmos
efectivamente aquilo que são os
assuntos de decisão á reunião de
coordenação, efectivamente um
(…) essa planificação é feita de
acordo com as actividades que
acontecem, nós, no meu sector,
o nosso trabalho é responder
aquilo que é preciso ao nível da
programação, por exemplo, a
equipa responsável pelas
questões da programação
programam os equipamentos
culturais e os técnicos que
acompanham os equipamentos
Depende da iniciativa. (…)
existem iniciativas que são
Cíclicas, nós sabemos que, por
exemplo as Janeiras são sempre a
6 de Janeiro, as Comemorações
25 Abril são sempre em Abril, aí
por exemplo a proposta das
Janeiras é feita dois meses antes á
chefia, (…),portanto esta proposta
já tem a metodologia que se
pretende desenvolver e os
divisão, não só os da
coordenação.p5
trabalho resulta já ou está
validado previamente nas
reuniões de coordenação
sectoriais e pode ser
posteriormente avaliado
novamente na reunião de
coordenação. Toda a margem
que vai entre a aprovação e a
avaliação é em grande parte,
muito, muito, muito livre, para a
responsabilização dos técnicos
coordenadores e das suas
equipas.p13
culturais tem a
responsabilidade de estar
presentes, de acompanhar, de
resolver as situações, mas a
planificação de
acompanhamento e apoio ás
actividades, por exemplo dos
técnico de som e luz dos
equipamentos é feita por mim
com eles, portanto esta
planificação é feita por mim
conjuntamente com a equipa do
sector de equipamentos
culturais, (…).p44
parceiros a envolver e também as
diferentes áreas da Câmara a
envolver, obviamente, é quase
como se fosse um mapa da
iniciativa, isto por exemplo no
caso de iniciativas cíclicas e que
são da nossa responsabilidade.
Por exemplo o Festival de
Cinema, em que somos parceiros
mas que não somos o parceiro
potenciador, aí fazemos uma
proposta de parceiros que é para
propor que a iniciativa seja feita e
é através dessa proposta do
parceiro que é levada a uma
coordenação para que haja uma
decisão. A iniciativa de propor
tanto pode ser nossa, pelo
trabalho que já vem detrás, pode
ser pelos parceiros que propõem
para que façamos em conjunto,
pode ser uma proposta vinda
superiormente, etc., a partir dessa
ideia tipo “bora lá fazer” e a ideia
é mesmo essa o bora lá fazer, e a
partir dessa ideia vamos construir
o sistema de trabalho, o
fluxograma e passamos depois a
desenvolver as acções
necessárias.p.53
Importância trabalho
em parceria
Chegamos á conclusão
que pelo menos duas a três
vezes por ano, as
associações da vila e a
Câmara Municipal de
XXXX, se iriam sentar á
mesma mesa e (…). (…)a
criação desta reunião,
(…),já está a trazer
sinergias, ou seja, aquilo
em que eu acredito que vá
ser o futuro é que
passamos mesmo a
programar em conjunto a
Vila e que potenciemos os
recursos que existem.p.28
Desenvolvimento de
parcerias As internas, normalmente são
propostas pelos técnicos que
encontram nessas parcerias
formas de rentabilizar recursos e
formas de trabalhar mais
correctamente, acho eu,
utilizando os meios e as pessoas
que existem na Câmara, da
estrutura. Normalmente são os
técnicos que fazem a proposta
para cima, não vem de cima para
baixo. Em relação ás exteriores,
temos muitas solicitações, são
convites, outras vezes são
propostas que aparecem, outras
vezes somos nós que
encontramos e propomos,
encontramos na parceria a
Depende do cariz da parceria, há
parcerias que estão estabelecidas
á partida, ou seja, infelizmente
não há uma carta de parcerias,
como seria o ideal, mas sim
protocolos de cooperação ou que
tenham parcerias já assente numa
prática em que estejam as funções
definidas, dou-te um exemplo, o
Festival Internacional de
Gigantes, ou o 25 de Abril, para
dar exemplo de duas coisas,
completamente diferentes. O
Festival Internacional de Gigantes
ou o FIAR (Festival Internacional
de Artes de Rua) são parcerias
que resultam de protocolos para a
realização de um evento, em que
Sim, planificam em
conjunto, Câmara e
Associações. Por exemplo,
imagine-se que se vai
fazer o 25 Abril e se quer
fazer envolver as
Associações da Freguesia
de Palmela, aí,
normalmente juntamo-nos
á mesma mesa.p.28
Sim claro, por exemplo as
Janeiras. Eu acompanhei
as Janeiras, portanto
quando eu comecei a
acompanhar as Janeiras, já
tinham seis ou sete anos,
são actividades que hoje
Vai desde o planeamento, á
execução e á avaliação.p.52
filosofia da intervenção. Muitas
das redes a que pertencemos foi
por convite, pelo reconhecimento
do nosso trabalho.p.7
cada um dos parceiros tem
atribuições e (…),toda a
preparação ao longo do ano está
perfeitamente esquematizada,
todos sabemos que no inicio do
ano desde que a Câmara, neste
caso o Município aprove a
integração da iniciativa em plano
de acção para esse ano, dá-se
inicio ao trabalho, ou seja, dá-se
inicio ao trabalho das reuniões,
dá-se inicio á reactivação dos
grupos de trabalho e cada um de
nós leva até á apresentação final
do produto, do bem cultural a
prestar, leva o trabalho por si só,
ou seja, não carece aqui de
avanços ou de recues, toda gente
sabe. No 25 Abril há uma
parceria não organizada, é uma
parceria proposta pelo Município,
o Município disponibiliza-se para,
colocando os seus recursos á
disponibilidade de todos os
Munícipes organizados, sejam
eles estruturas autárquicas, por
exemplo as Juntas de Freguesia,
ou estruturas associativas, a
colaborar na elaboração de um
programa de oferta para o
concelho neste caso a
Comemoração de uma efeméride
em dia já terão quinze,
dezasseis anos,
actualmente já não sou eu
que acompanho, e nessa
altura, achamos que
teríamos que dar uma
lufada de ar fresco, só para
não ser mais uma coisa de
calendário, e juntamo-nos
todos á mesma mesa
(Câmara e agentes locais)
e percebemos o que
precisava de mudar.
(…).E portanto todo esse
processo foi participativo
algumas das coisas que
foram criadas nessa altura,
eu acho que se mantém até
hoje. Passou a haver uma
reunião de relançamento
da actividade, em que
todos dizem o que querem
fazer, que percursos a
fazer, etc., está mais ou
menos estabilizado.p30
Sim é sempre feita uma
avaliação e uma
perspectivação do que é
que é para acontecer. Há
coisas a melhorar, por
exemplo introduzimos a
o 25 Abril. E aí sim, aí é a
Divisão que assume claramente a
coordenação desse projecto até á
devolução aos
munícipes.pp.13,14
No caso do Festival Internacional
de Gigantes toda a matéria é
documentada, tem fases
diferentes de documentação, ou
seja, a parte da convocação dos
parceiros é o primeiro acto
documental, ou seja, é emitido
para os parceiros uma
comunicação formal para darmos
início ao trabalho, a partir daí é
feito o agendar de reuniões, e
logo nesse primeiro momento de
trabalho é definido, se quisermos,
o cronograma de trabalho ou seja,
que periodicidade de reuniões,
numa primeira fase temos
quinzenalmente, a cinco meses da
iniciativa reunimos
quinzenalmente, sabendo que a
dois meses da iniciativa as
reuniões passam a ser
semanais.p15
(…),durante o festival, ou seja
durante esses três dias, é
importante que se diga isto, nós
temos sempre quatro dias porque
o primeiro é o dia da véspera, ou
fogueira no espaço
público, passamos a festa
cá para fora, para o
interesse de todos, há aqui
coisinhas que foram
acrescentadas por causa
desta discussão quando ela
passa a ser comum.p30
seja da recepção dos grupos e já é
o dia de implementação de
logística. Os dias normalmente
começam com reuniões, reuniões
aí distintas. A Câmara tem uma
reunião, tem um responsável que
neste caso é o Chefe da Divisão,
pelo próprio Festival da parte do
Município e depois tem um grupo
executivo. Esse grupo executivo é
duas a três pessoas que tem co
responsabilização directa em
áreas, a logística, a programação,
os acompanhamentos de grupos.
Essa estrutura reúne logo pela
manhã para definir o trabalho do
dia inteiro,(…), reúne depois com
os parceiros posteriormente para
fazer a avaliação final, de como
está também a sua área de
trabalho. Porque cada parceiro
por sua vez, desembocou em
outros membros das suas equipas
tarefas. E para não reunirmos 40
pessoas ao mesmo tempo, todas
as reuniões são feitas com três a
quatro pessoas por dia, Câmara e
parceiros, para ver quais são as
zonas mais fracas, as zonas de
resposta mais rápida, para ao
longo do dia possamos corrigir
até á hora eventualmente do
espectáculo, por exemplo.
(…).No final da noite, sempre
que encerra as actividades, existe
uma reunião de equipa. Aí são os
parceiros e o grupo executivo
todo da Câmara. Portanto as
quatro ou cinco pessoas da
Câmara desse grupo executivo e
os responsáveis parceiros de cada
sector, pode ser uma ou duas
pessoas, dependendo de cada
tarefa, onde é feita a avaliação,
podendo ser implementadas
medidas de correcção, se for caso
disso, para o dia seguinte e são,
pelo menos tenta-se avaliar no
próximo dia quais serão as áreas
de risco ou os potenciais
problemas que poderemos ter e
que soluções ou planos B
podemos por em prática para os
resolver.p16
A reunião de avaliação nunca é
feita logo a seguir. (…),no último
dia é feito uma reunião, onde se
faz um balanço a quente, mas,
não é essa que é a reunião de
avaliação. (…)ocorre 15 dias
depois ou a um mês depois.
Primeiro, terminado um festival,
não acaba o trabalho do festival,
(…)há continuidades, por
exemplo, processos que o
Município tem para resolver,
(…),os próprios parceiros tem as
cartas de agradecimento a fazer
àqueles que foram os seus
parceiros no festival. (…).Só
depois de terminarmos este
conjunto de tarefas, é que é feito a
reunião de avaliação, em que se
podem perspectivar áreas de
corte, áreas de ruptura, áreas de
renovação do próprio festival, ou
áreas de manutenção.p16,17
Sustentabilidade das
parcerias
Efectivamente o Município, pela
carga financeira e logística que
comportam alguns projectos de
parceria, dá-lhes início no
momento em que sabe da
aprovação das Grandes Opções
do Plano para o ano. p.14
A partir daí existindo funções
definidas entre todos, por
exemplo, um dos parceiros trata
da componente tradicional, outro
parceiro trata da componente
novas criações, a câmara também
tem responsabilidades nesse
grupo executivo em matéria de
programação, mas toda a decisão
Estão a surgir outras
posições, ou seja, em
alturas que eventualmente
era a própria Câmara a
fazer a programação, há
associações que nos dizem
que gostariam de passar a
a assumir a programação.
Tal é exemplo no
Concerto do Dia de Ano
Novo,(…). Este ano já
aconteceu e já se
propuseram a fazer no ano
a seguir.p.29
Sim. No entanto existe
algumas que nós fazemos
é colectiva. p.14
Nas nossas reuniões cada um leva
aquilo que foi a sua construção
individual, por exemplo a Câmara
trabalha, tem uma equipa que
trabalha, produz, e apresenta
esses resultados envolvidos com
os parceiros, da mesma maneira
que as equipas dos parceiros
trabalham e apresentam os
resultados, por exemplo,
propostas de organização,
propostas de programação, de
conteúdos, de necessidades
logísticas, de respostas logísticas,
de respostas até de financiamento,
depois de discutidas em grupo, a
sua aplicação fica ali decidida,
(…).p.14
Nessas reuniões são sempre
apresentados matéria escrita e
matéria documental, quer de
propostas, quer de planos de
acção, quer mapas de logística,
quer mapas de implementação
e de logística, são registos
escritos e são partilhados por
todos. A sua aprovação resulta
depois em matéria de facto, ou
seja, no desembocar numa acta
ou num memorando onde ficou
definido quer co-
questão de manter.p29
responsabilizações em termos
de acção no trabalho, quer co-
responsabilizações em termos
de execução para futuros
trabalhos. (…).p.15
O registar aqui é uma forma, se
quisermos de garantir a unidade
da equipa em termos de co-
responsabilização para com o
projecto, e também o tentarmos
adiantar fases menos
conseguidas no trabalho pelo
seu expresso do próprio
trabalho. (…),temos áreas em
que podemos estar mais
frágeis, mas sabemos todos o
grau de co-responsabilização
em cadeia, uns vão puxando
pelos outros, e isso para nós
torna a metodologia muito mais
participada, no que se ficasse
apresentamos propostas e a
Câmara que resolva.pp.15,16
C - DAC – Uma
Equipa /
Dispositivo de
Acção
Metodologia de
trabalho da equipa
Nas reuniões de coordenação, quem
dirige a reunião é o chefe da divisão,
mas cada um tem o seu espaço,
falamos do que nos preocupa e de
Neste momento não, neste
momento há sectores de
coordenação que o fazem. As
reuniões da equipa de
No caso do Sector (…),
as últimas reuniões que
foram feitas tiveram
efectivamente um
È uma forma de trabalhar
muito interessante a da nossa
Divisão, aliás eu não, eu
pessoalmente não consigo
questões pertinentes á reunião.p.5 coordenação neste momento
não tem produção de actas, já
tiveram á cerca de dois anos
atrás. Existia um registo, e era
um registo partilhado, neste
momento não fazemos actas,
no meu entender faz falta, é
uma das coisas que dá
segurança depois. Temos uma
coisa que é, os despachos das
reuniões muitas vezes são
desmultiplicados em reuniões
dos próprios sectores e esse
sim tem registo, por exemplo,
no sector onde trabalho,
(…).p.17
registo e tem resultados,
resultados esses, que
foram apresentados até
nas próprias Jornadas
DAC, p.32
(…) ou seja passou tudo
por uma construção em
conjunto do que era o
Sector, das dúvidas que
tínhamos do sector, das
dúvidas das
dificuldades que
tínhamos tido neste
sector, o que é que
significa não ter uma
coordenação disponível,
o que é que significa se
existisse uma
coordenação do Sector.
Porque quando há
problemas, a, eu retiro-
me um bocadinho desta
posição de
coordenadora porque
para sermos
coordenador temos que
cumprir um
determinado papel, e
portanto, aquilo que
quis também fazer, foi
também questionar, o
que é que aconteceu por
conceber outra forma de
trabalhar nestas áreas. Nestas
áreas de Acção Cultural, da
Cultura, se não trabalhássemos
todos em conjunto é uma
chatice, portanto, acho que é
muito importante esta forma de
funcionamento.p.43
não existir coordenação,
o que é que aconteceria
se existisse uma
coordenação, o que é
que se ganhava, o que é
que se está a perder,
falta uma
coordenação.p.32
Formas de
estruturação da acção
conjunta
Supostamente (risos) existe uma acta,
onde rodaria pelos diferentes
elementos a elaboração, mas há algum
tempo que isso não é feito, fizemos
durante algum tempo.p.5
È diferente, talvez da maior parte
daquelas que tenho vindo a
relacionar-me, por exemplo nas
reuniões, quando nos cruzamos com
muitas autarquias diferentes, a nossa é
talvez a que tem esta forma de
trabalhar, que consegue desenvolver
mais rapidamente trabalho e ser até
admirada pelas outras pela forma de
trabalhar.p.7
(…) todas as 2ª feiras à tarde,
a equipa que temos aqui na
DAC XXXX, reúne, para
fazermos o apanhado do que
foi dito na reunião de
coordenação, quais são as
tarefas e daí resulta
efectivamente uma acta que é
partilhada com toda a Divisão
de Acção Cultural, numa base
própria do nosso servidor. Às
4ª feiras reúne a equipa do
sector de Associativismo e
Animação Cultural, e todos os
resultados, venham eles da
reunião de coordenação ou
venham eles dos contributos
da própria equipa, quer em
propostas, quer em
desenvolvimento de trabalho
também são matizados depois
numa acta que é
disponibilizada à
(…),a reunião de
coordenação com o
sector,(…), se calhar
um bocadinho
diferente,(…), aquilo
que achei era que tinha
que ser construída em
conjunto a metodologia
que ia ser seguida
dentro do próprio
Sector, porque a
primeira das coisas é
conseguirmos encontrar
uma lógica e perceber
quais os problemas
comuns.p.31
Nós estamos sempre em
contacto, digamos assim,
independentemente de
fazermos com alguma
regularidade as reuniões das
várias equipas, das equipas
técnicas, das equipas de
coordenação do Cineteatro S.
João, das equipas de apoio
logístico, etc..p.43
Independentemente de
fazermos essas reuniões, temos
conversas com alguma
regularidade, umas com mais
que outras, mas diariamente
falamos todos uns com os
outros.p.43
À partida é sempre o Técnico
do respectivo equipamento que
acompanha mas acontece por
vezes que são necessários
outros tipos de apoio e aí, com
frequência os Técnicos rodam
Um exemplo concreto que ajuda
mais a perceber, as
comemorações 25 Abril, que
envolve muita gente, e que
envolve muitas equipas de terreno
e de outros Departamentos, são
feitas sempre reuniões de
trabalho, as grandes questões são
decididas nas reuniões de
trabalho, e é nas reuniões de
trabalho que se vê o feed back e
que se afina o que se tem que
afinar, ou seja, a grande questão é
fazer um trabalho primeiro por
objectivos, valorizando a
participação responsável de cada
elemento, sejam eles da Divisão
de Acção Cultural ou da Divisão
de Logística, ou seja o Motorista,
ou seja um dos Chefes de
qualquer coisa.pp.52, 53
organização.p.17 pelos diferentes equipamentos
a darem apoio uns aos outros
no sentido de resolverem
problemas em actividades mais
complicadas, essa planificação
é feita por mim, que tenho essa
responsabilidade, mas sempre
com a colaboração e apoio dos
colegas, como é evidente. p.44
Por vezes pode haver alguma
falta de comunicação, algum
impedimento de última hora,
mas nós temos internamente,
no sistema informático um
mapa, a que todos os Técnicos
tem acesso, em que eu
diariamente coloco toda a
informação que os técnicos tem
que ter, das actividades que vão
acontecer, dos horários, das
necessidades que são
necessárias criar para
ultrapassar dificuldades.p.44
Planificação
participada e
construção de um
dispositivo de
acompanhamento
Depende, há áreas em que cada um
apresenta a sua proposta, por
exemplo, no meu caso de serviço
educativo, artes visuais, no caso de
outros colegas o programa do teatro,
de música, por aí fora, a, depois,
territórios já não são assim, é uma
proposta da equipa, são propostas
(…) a equipa é composta, para
além de mim por três técnicos,
que estão divididos por
territórios, um território que é
XXXX, que engloba duas
Freguesias, onde está uma
Técnica, temos o território de
XXXX onde está outra
(…), são reuniões em
nós estamos ainda a
construir trabalho, ou
seja, ainda não
estabilizamos o
funcionamento, estamos
ainda a, ou seja que as
pessoas construíssem
Sempre que existe a
necessidade de juntarmo-nos
todos os que estão relacionados
com a actividade, por exemplo
os responsáveis pela
programação dos
equipamentos, o responsável
pelo funcionamento do
Sim e não por um lado. Promove
para quem está. Eu acho que é
uma boa forma de trabalhar, é
uma boa forma, (…),, mas, quem
não participa aqui sente-se um
bocadinho de fora, são
nomeadamente os outros técnicos
que não tem essas
elaboradas pelo total da equipa,
discutidas e elaboradas.p.5
Neste trabalho é muito importante a
relação das pessoas, e quando nós
dizemos que nos damos todos bem,
somos todos quase amigos, tem a ver
com a metodologia de trabalho, há
sítios, há pessoas que trabalham, e
que consideram o seu saber é um
poder muito grande e portanto
guardam-no para si, aqui é
partilhado, com é partilhado,
ninguém possuí mais poder que o
outro, logo as relações são muito
mais próximas, muito mais
abertas.pp.7,8
Técnica, temos o Território de
XXXX, que eu assumo
directamente e o Território de
XXXX onde está um Técnico.
A Equipa é responsável pelo
apoio e acompanhamento ao
Movimento
Associativo.pp.17,18
O termos uma metodologia de
uma forma de organização,
como a referi, ainda há
bocadinho, bastante
partilhada, bastante fluida,
permite-nos a nós em primeiro
lugar duas coisas, que não são
transversais a todo o
município. Nós temos um
conhecimento muito claro de
toda a estrutura de organização
da Câmara e de toda a sua
condição, condição em termos
de potencial, ou seja, que
recursos humanos temos, que
recursos técnicos e financeiros
temos para a acção,(…).p.19
por si próprias em
conjunto a lógica
comum daquele sector.
(…) como não
participamos todos na
reunião de coordenação
com o chefe de Divisão,
é que as pessoas a
determinada altura, há
alguns que nunca
participam em nenhuma
reuniões e sentem-se
excluídos, querem um
espaço para falarem,
querem um espaço para
participar e para dar
ideias. Portanto os
Sectores têm vindo a
servir também para as
pessoas ter esse
espaço.p.31
equipamento, o responsável
pelo Movimento associativo de
determinada Freguesia,
portanto o pessoal junta-se,
sentamo-nos todos á mesma
mesa, trocamos informação
sobre as mais variadas coisas
que podem acontecer ou que
acontecem e tenta-se prevenir e
encontrar soluções.p.45
Sim, direi que sim.
Evidentemente que com
algumas limitações, ás vezes
nem sempre satisfeitos porque
gostaríamos de intervir mais,
de participar mais, enfim de
colaborar mais.p.46
responsabilidades, mas que depois
também são chamados para os
tais grupos de trabalho, (…).Por
um lado é muito importante, é
uma óptima forma de trabalhar,
ninguém tem dúvidas disso, tem
este pequeno senão, se formos a
ver não é um senão, as pessoas
não estão incluídas porque são
reuniões de coordenação se não
passaria a ser um plenário de
trabalhadores. Mas obviamente
que os técnicos da coordenação
passam a informação ás suas
equipas. Mas apesar disso existe
pessoas que se sentem de fora,
porque apesar disso é
completamente diferentes as
coisas serem decididas em
reunião do que serem informadas.
Aliás coordenar não é mandar.
Coordenar é gerir.p.52
Valorização de
recursos humanos
multidisciplinares
(…),em anos, como por
exemplo, na última década
como foi uma década que
oscilou entre ter muito ou ter
poucos recursos financeiros,
foram os recursos humanos
que efectivamente permitiram
que nesse ano, com os
recursos existentes, permitir
um nível médio alto de
actividade cultural e de
intervenção comunitária neste
espaço.p.19
Claramente, e até sem
formação académica. (…), não
sou um apologista de que seja
a formação académica, da qual
deriva ou não, um melhor ou
pior contributo ao
desenvolvimento de uma
estrutura de organização,
especialmente quando se
trabalha no terreno.p.19
D- Promoção de
um Colectivo de
Trabalho
Trabalho em equipa e
a emergência de
processos de
qualificação
profissional
Sem dúvida, claro que sim.p5
(…) nós temos um método de
trabalhar diferente, mais activo, mais
participativo e acabamos por ser
mais autónomos, e quando vamos
para a discussão, ás vezes
esbarramo-nos em relação ás outras
(…), o mais gratificante de
trabalhar nesta Câmara, não é o
que se faz, mas sim como se
faz. A liberdade de trabalho, a
liberdade de produção de
propostas, a liberdade de
reflectir, a liberdade das
contribuições serem aceites,
A forma como, esta é uma forma
de trabalhar em que não se
desresponsabilizando e não
suprimindo hierarquias é um
verdadeiro trabalho de equipa
como ele deve ser. E num
trabalho de equipa em que cada
um é chamado a dar de si e a
divisões ou outros serviços com o
excesso de burocracia e na
dependência da voz da chefia,
portanto da autorização da chefia
para qualquer passo que se dê.p.7
não só entre pares mas também
a estrutura hierárquica, é se
calhar a mais-valia desta
equipa.p.18
receber, ora isso contribui imenso
para a valorização pessoal e
profissional de cada um.p.54
Formas de
participação e
concepção de uma
estratégia comum
Promove a participação de
todos…talvez não de forma igual, há
um grupo mais restrito que tem
oportunidade de debater, mais
profundamente a divisão, os
restantes têm uma participação mais
de fugida.p.6
Portanto, a sua participação é muito
mais…, é menor, não estão o tempo
todo, por caso este ano, pela primeira
vez, foi pedido ao grupo dos
administrativos que também
fizessem uma apresentação do seu
trabalho, mas foi a primeira vez,
enquanto que os técnicos, todos eles
fazem a sua avaliação do ano que
passou em termos de trabalho. È –
lhes dado essa oportunidade e aos
restantes colegas não.p.6
Sim a planificação é efectivamente
participada, existe um
acompanhamento dessa planificação,
mas cada um de nós tem autonomia
suficiente para desenvolver o seu
(…),é um princípio do
Município dentro dos seus
valores, e depois é muito bem
incorporado, e eu não tenho
problemas em dizer que passei
por quatro vereadores até à
data, ou seja pelos responsáveis
políticos, que é o responsável
máximo pelo serviço, existindo
essa disponibilidade por parte
do sector politico, a nós
tranquiliza-nos muito por saber
que podemos manter a mesma
liberdade de acção e a mesma
capacidade de reflexão e não
cairmos naquilo a que se chama
a rotina do funcionalismo
público, ou uma monotonia de
execução.p.18
Nós temos inclusive criado um
sector de participação, que
durante muito tempo foi a
Divisão de Acção Cultural.
Aquilo que é hoje uma bandeira
da Câmara, em termos de
Eu acho que qualquer
momento que seja de
partilha mais colectiva
aponta no sentido de
pensarmos o nosso
trabalho e as formas de
intervenção, o facto de
termos as reuniões
semanais em que nos
juntamos, não serve só
para gerir o trabalho,
serve para nos ouvirmos
uns aos outros e nos
confrontarmo-nos com
aquilo que corre bem e
com o que corre mal, e
para melhorar, acho
eu.p.27
Valoriza-se a opinião e a
experiencia de toda a gente, os
amuos também, as limitações.
Tentamos sempre ter uma
atitude pró activa no sentido de
ver onde existem as
dificuldades e tentar ajudar os
colegas que eventualmente
tenham algumas
dificuldades.p.46
Eu não tenho propriamente uma
equipa, tenho várias equipas.
Existe uma máxima que continua
a funcionar que é o diálogo entre
todos, tento ao máximo envolver
todas as pessoas e decidir em
conjunto com toda a gente.p.52
trabalho, sem ter que constantemente
pedir autorização, portanto pedir
para continuar, sabemos o que
planificamos, sabemos o que é
esperado de nós, sabemos seguir em
frente, sabemos fazer sem esperar
que seja autorizado, porque
autorizado já está á partida.pp.6,7
participação, teve a sua origem
na Divisão de Acção Cultural.
(…),a organização é mais
fluida face aos seus objectivos
num sistema participado do que
nos outros, isso aí posso
claramente assumir.p.18
E -
Desenvolvimento
Profissional e
Pessoal
Contextos de
trabalho e processos
de cidadania no
quotidiano
È obrigatório, nós passamos a maior
parte da nossa vida a trabalhar,
portanto é obrigatório que assim seja,
é claro que a relação é de trabalho,
mas não é possível isolar o assunto
trabalho, há uma tendência a ter
amigos, pessoas mais próximas
porque trabalhamos com elas, que
nos identificamos com a sua forma
de trabalhar, de reagir, de estar,
(silencio).p.6
O formal e informal
no quotidiano Sim, eu acho que não consigo
separar uma coisa da outra.p6
E aliás eu continuo a achar que se
aprende muito mais no terreno e
no trabalho do que em qualquer
escola ou qualquer cadeira na
faculdade.p54
O Reconhecimento
de competências
entre pares
Efectivamente, em equipas
muito homogéneas em termos
académicos ou em termos de
potenciação de trabalho, regra
geral são más. A equipa da
divisão, a equipa toda tem
sabido assumir tarefas
diferentes daquelas que lhe são
propostas no organigrama, isso
só uma equipa muito
heterogénea é que consegue
fazer.p.19
(…),que é, geralmente do
confronto com os colegas de
trabalho que tem saído as
melhores parcerias e se calhar o
maior múltiplo
reconhecimento, quer do outro
quer de mim próprio, (…).p.20
Eu acho que esta equipa, vive
da sua diferença, ou seja, aquilo
que cada elemento traz de
novo, ou que é de diferente, é a
grande mais-valia desta equipa.
Primeiro lugar, temos uma
felicidade de ter, os corpos
hierárquicos de direcção que
vem do sector técnico, nós
temos um Director de
(…) existem momentos em que
as opiniões divergem, como é
natural, como em tudo na vida,
mas sim identifico-me com os
elementos e com a Divisão, na
forma como funcionamos,
como partilhamos os
objectivos, etc.,.p.46
Aprendemos na acção porque a
acção ajuda-me e a equipa
também me ajuda a reflectir sobre
a acção, quando se avalia também
estamos a corrigir erros e a
redefinir estratégias, e isso para
mim é educação.p.54
Departamento e um Chefe de
Divisão que vem dos quadros
técnicos, ou seja, que vem da
área prática, não vem da área
pura de gestão administrativa, o
que lhes dá um conhecimento
de terreno e lhes dá um
conhecimento do que é um
papel de um técnico. E depois
temos uma mais-valia muito
grande, que é de cada elemento
trouxe coisas diferentes e ter
experiências diferentes. O
potencializar este ou aquele
elemento da equipa
coordenação para projectos
municipais tem sido a grande
valia.p.20
A importância da
multidisciplinaridade
e das experiências
diferentes
(…).Na formação
também nos cruzamos
com outras pessoas,
com outros formadores
que tem outras
experiências, e até
mesmo com colegas de
áreas que não tem nada
a ver connosco, nos
provocam experiências
e nos dão ás vezes
caminhos que nós não
estávamos à espera.p.25
Questões Orientadoras
Quadro 2
Entrevistado 6
Observações
A - Como funciona e se operacionaliza a Equipa de Coordenação DAC
1. Como se estrutura e organiza a
equipa de coordenação da DAC?
Como disse, em 2007, há uma reestruturação orgânica operada aqui no Município (…), dessa
reestruturação orgânica resulta, enfim, a reorganização da nossa Divisão e que vai compreender um
conjunto de três sectores, que é o Sector dos Equipamentos Culturais, o Sector de Programas e Projectos
Municipais e o Sector do Associativismo e Animação Cultural.(…). No final desse mesmo ano, há aqui
uma reorganização, quer das pessoas, quer dos processos, quer igualmente das práticas de trabalho que a
divisão efectivamente desenvolvia.pp.56,57
No passado, (…), as pessoas encontravam-se periodicamente nos momentos de planificação e avaliação do
trabalho, de forma mais plenária, por assim dizer. Havia um conjunto de reuniões com técnicos, havia um
conjunto de reuniões com administrativos, havia um conjunto de reuniões com uma zona mais operacional,
mas que habitualmente era mais representada pelos coordenadores dessa mesma zona operacional.p.57
Com a reorganização do serviço a partir do final de 2007, defende-se a ideia da criação de Equipa de
Coordenação. (…) Esta Equipa (…) permite que semanalmente o trabalho fosse aferido em relação aquilo
que são os desenvolvimentos normais das acções que desenvolvemos diariamente, (…). Comporiam um
grupo dessa natureza todos aqueles que tivessem um grupo de pessoas sob a sua orientação, por um lado, e
por outro que reflectisse a própria estrutura orgânica do serviço e particularmente dos três sectores que há
pouco referi. p.57
(…) é a partir do inicio de 2008 que se cria essa regularidade de trabalho e de reuniões desenvolvidas,
nesse grupo mais restrito, que é um grupo de coordenação, e esse grupo de coordenação tem por
responsabilidades fazer desmultiplicar esse mesmo trabalho relativamente aos seus diferentes segmentos
que coordena, sendo, que supostamente obrigatório, que esses encontros também sejam igualmente
semanais, ou seja, há aqui uma desmultiplicação no factor avaliação, no factor planificação, e mesmo no
factor desenho orgânico que efectivamente tem que ser realizado a partir desses pequenos corpos de
direcção intermédia que vamos criando dentro da própria estrutura da divisão.p57
(…) esse mesmo trabalho de coordenação intermédia deve aferir essas mesmas dificuldades da
desmultiplicação do trabalho, de maneira a que essa fluidez, essa comunicação, essa relação biunívoca
entre aquilo que é zona mais operacional e a zona de direcção efectivamente se cumpra.p.58
2. Qual a relação desta equipa com
os restantes elementos da DAC?
(…), acontece na desmultiplicação do trabalho de coordenação, ou seja, após a sua reunião semanal,
necessariamente os coordenadores intermédios deveriam ir para o seu terreno e desmultiplicar a lógica de
comunicação de trabalho, que efectivamente é ponderado ao nível da coordenação. (…), neste momento, no
meu ponto de vista, estamos relativamente melhor em relação à desmultiplicação, passámos a ter grupos
desdobrados que matem essa regularidade de contacto,(…), o grupo administrativo passou a ter uma
coordenação, ou passou a ter um encontro periódico dos seus componentes e onde é avaliado o trabalho
administrativo (…).p.58
Como existe também um outro grupo activo, entenda-se pela tendência regular de reuniões de debate e
avaliação, que é o grupo ligado a uma zona muito especifica de Equipamentos Culturais, que é a frente de
Casa, depois por outro lado, ainda um outro grupo, que mantém tendências regulares de reuniões neste
momento que é a zona operacional dos equipamentos e finalmente os próprios Territórios.pp.58, 59
(…) um dilema, relativamente a matéria Territórios. Como trabalhar a Acção Cultural para além do seu
imperativo orgânico dos três sectores, mas à luz daquilo que é a vida dos territórios, das características do
território, da proximidade em relação aos nossos agentes culturais e associativos? (…), criou-se uma
subdivisão de trabalho, associada aos próprios territórios, sendo que há dois bastante activos, no conjunto
de cinco possíveis, e que são particularmente o XXXX e o XXXX, e em que essas equipas de território
mantém também essa regularidade de trabalho, (…).p.59
E, (…) vêem-se a comprovar, que a regularidade e a decadência desse mesmo trabalho continuado com as
equipas de base e com as zonas mais operacional é de facto muito decisivo, quer seja ao nível dos
territórios quer seja no nível de desmultiplicação dos próprios Equipamentos Culturais, quer seja, inclusive
por Sector.p.59
3. Como se integra esta equipa na
estrutura orgânica da Autarquia?
Esta equipa insere-se, ela não tem estrutura orgânica formal, ou seja não é massa orgânica dentro da
estrutura orgânica da Câmara Municipal. Como disse, resulta de uma posição, a posição de valorização da
coordenação intermédia, numa lógica da coordenação intermédia, (…), esta estrutura se efectivamente não
resultasse de uma posição relativamente a matéria organização e qualificação de serviços, efectivamente
essa coordenação não existiria, não tem formalidade.p.59
4. Desde quando se encontra
constituída a equipa? A constituição
actual da equipa corresponde à
constituição inicial?
(…). Não corresponde, (…) por razões variadas (…), o facto da equipa não ter a mesma constituição do
início, (…) é também espelho da revisão dos processos e também de circunstâncias ligadas à própria
Divisão. A Divisão tem uma avaliação anual, (…), mas é uma avaliação anual efectuada pelo conjunto do
próprio serviço, uma avaliação colectiva, por assim dizer, e que resulta num momento particular de
avaliação em relação ao nosso serviço. (…), mas esse momento é decisivo para o próprio desenho regular
da própria Divisão em relação ao seu teor mais centrais, por outro lado nós temos convivido com alguma
mobilidade também na própria Divisão, mobilidade essa que decorre de uma estratégia mais global do
Município no que diz respeito à circulação de trabalhadores e à sua valorização, pp.59,60 e portanto, quer
pelo factor mobilidade, quer pelo factor avaliação da própria equipa de coordenação, quer pelo redesenhar
habitual do próprio serviço tem gerado, (…).p.60
No entanto é um grupo relativamente estável, (…), há pessoas que estão desde o início desta experiência,
há outras que não, portanto não é a mesma equipa, no entanto, mantêm basicamente as práticas que
desenvolve enquanto grupo de coordenação, mantêm uma filosofia e aliás, tem aprofundado uma filosofia
de avaliação continuada do seu próprio trabalho e tem tido sucesso, nas práticas comuns em relação ao
próprio serviço.p.60
5. Qual o âmbito de intervenção de
actuação da equipa?
(…) é um âmbito transversal ao próprio serviço da Acção Cultural. Não é segmentado, não é sectorizado,
(…), por exemplo, não é o colega do Sector de Equipamentos Culturais, (…) que tem a exclusividade de
matéria de reflexão sobre Equipamentos Culturais, é da natureza do colega de Equipamentos Culturais
trazer a melhor informação relativamente a matéria Equipamentos Culturais, é da natureza do colega dos
Equipamentos Culturais provocar reflexões e avaliações relativamente a matéria Equipamentos Culturais,
no entanto ele não é o interlocutor, ou melhor, interlocutor sim do sector, mas não é o pensador exclusivo
do sector.p.60
(…) este grupo também tem permitido essa actividade, muita grata, que é o pensar a nossa Divisão e o
pensar a Acção Cultural como um todo, e procurar reagir a situações fracas na continuidade do trabalho.
(…) anualmente nós temos uma avaliação mais colectiva, relativamente a matéria estratégica, a matéria
operacional, e uma avaliação sobre as metas que efectivamente nos propúnhamos no ano anterior e do grau
de alcance efectivo do cumprimento dessas mesmas metas.p.60
6. Como define a intervenção da
equipa? Razões da sua constituição?
O que faz? Como faz? O que
deveria fazer? O que destaca como
mais importante da intervenção
específica da equipa?
O que mais destaco de importante na intervenção desta equipa, é a complementaridade de um processo de
liderança, (…), e refiro-me a processos, não me refiro a nenhum líder, refiro-me ao processo liderança,
(…), aliás à liderança como processo, eu penso que é muito decisivo o papel de uma equipa desta natureza,
porque se trata de um processo desmultiplicado e que obviamente culmina, naquilo que se consegue,
correlativamente àquilo que não se consegue, e os níveis de motivação dos mesmos participantes nesse
processo de liderança é de facto decisivo, por outro lado, em relação ao colectivo global do próprio serviço
existente, reconhecendo, pontos de referência (…) àquilo que são os objectivos mais essenciais da Acção
Cultural, julgo que nos cria condições de equipa mais incisiva, mais consequente, mais interpretativa, e por
outro lado também mais capaz de fazer cumprir matéria até que não lhe seria própria e que vem da sua raiz
estratégica, mas que a equipa sabe efectivamente interpretar, (…). Portanto esses níveis de interpretação,
(…), são claramente reforçados por uma intervenção específica de uma equipa desta natureza, (…) uma
zona de coordenação intermédia contributiva de um fortalecimento de um processo democrático. (…).
Porque lá está, a montante temos níveis de interpretação de uma equipa mais global às zonas mais
estratégicas, um nível de interpretação mais adequado, mais eficaz, mais coeso, mais identitário até em
relação à missão que efectivamente deve cumprir, esclarecida também dos valores que deve defender, e que
efectivamente traz mais portes a esta parte de executar uma missão fundamental que é aquela que eu dizia,
que é a função da Cultura junto de todos os agentes do território do Concelho de XXXX, (…).p.61
Em relação ao que deveria fazer? Ser mais oleada, do ponto de vista da tal desmultiplicação, (…), e deveria
ser mais oleada na melhor formação de condições de tal interpretação mais global que a equipa deve ter, ou
seja há zonas para atingir, e há uma tendência natural e que cabe, penso eu ao chefe da Divisão mas
também à própria equipa retratar-se relativamente a isso, que é verificar zonas fracas onde a interpretação
não está a chegar, verificar até o modo comunicacional em que esse processo se está a desenvolver, depois
por outro lado, também assentar a uma preocupação fundamental que é formar os seus pares, de maneira a
que eles tenham instrumentos mais consequentes na abordagem de matérias mais globais da própria
Divisão e até do próprio Município, aliás, essa também é uma preocupação que eu acho que esta equipa de
coordenação deve ter e que nem sempre atinge que é a melhor compreensão e a melhor articulação com o
corpo orgânico da própria Câmara Municipal, ainda não sabemos o suficiente, e era importante que o
soubéssemos, ou que o soubéssemos na directa relação daquilo que devemos fazer. E o que é que devemos
fazer? È tudo aquilo que o Munícipe comum nos pode colocar, (…). pp.61, 62
Como o faz? (…), através de criar esses diferentes níveis de relação com as diferentes equipas de trabalho,
não é, com uma regularidade que se deve manter estável e que portanto, com a criatividade dos processos
de trabalho, (…).p.62
As razões da sua constituição, foi como disse à pouco, por uma questão de princípios, é uma posição, é
uma posição em relação a matéria organização, e achamos que corremos o risco de estarmos enganados
como é evidente, mas até à data tem produzido resultados que outrora não tinha, se calhar houve outros
também que se possam ter perdido, e é essa avaliação continuada que procuramos, enfim, ir aferindo.p.62
7. Existem documentos orientadores
da acção desta equipa?
Sim, existem, (…), que decorreu das primeiras Jornadas da Divisão de Acção Cultural, e nós chamamos
Jornadas ao momento anual de avaliação global da Divisão, (…), que se materializou num documento, e
que todos os anos é produzido um documento a esse propósito, portanto, não só existe um documento mas
como ele é renovado anualmente à perspectiva de uma equipa desta natureza e também à sua própria
composição, (…) foi explicitado ao conjunto de todos os trabalhadores da própria Divisão o que é que se
procurava ao criar um grupo de coordenação dessa natureza e qual seria a sua missão desse mesmo grupo e
quem é que o iria compor.pp.62, 63
As Jornadas por assim dizer, realizam-se em dois dias distintos, um primeiro dia que abrange o conjunto de
toda a divisão, desde ao operacional, ao administrativo, ao técnico, ao dirigente, aliás aos dirigentes, (…) e
o eleito. Aliás isso é muito decisivo, porque há aqui de facto um compromisso da organização, não se trata
de uma intenção espontânea ou de uma boa intenção, o que está aqui em causa é a assunção de uma posição
relativamente aos métodos de trabalho. Depois por outro lado à valorização da avaliação de todo o trabalho
realizado por equipa e perspectivando novas metas, novos desafios relativamente à nossa acção, e aqui
temos uma enorme vantagem, que é, do ponto de vista da organização a montante, nós temos claramente a
estratégia resolvida.p.63
A Câmara Municipal de XXXX, (…) tem a particularidade por exemplo de ter um Quadro de Avaliação de
Referência que é o QUAR no contexto do Sistema do próprio SIADAP, (…) um instrumento de localização
estratégica de toda a importância, ou seja, o dirigente, como o chefe de Divisão tem o seu trabalho
devidamente referenciado, os eixos estratégicos da acção municipal estão claramente identificados, por
outro lado estão perspectivados num hiato de tempo suficiente, que nos permite que não haja um ano
surpreendente no sentido negativo da palavra relativamente àquilo que é planificação ou clarificação dos
seus objectivos, ou a clarificação daquilo que são os seus caminhos.p.63
E, por consequência (…) é que nos permitiu no contexto do nosso próprio serviço desenvolver um
instrumento, que temos vindo a manter desde há três anos atrás que é o Mapa Estratégico da Divisão de
Acção Cultural. p.63
(…), e curiosamente as Jornadas são um momento decisivo para a construção desse mesmo mapa
estratégico.p.63
(…), honra-me pertencer a esta equipa que está muito disponível para reflectir matéria deste tipo, e estamos
a falar da equipa no seu todo global.p.64
Estes documentos identificam claramente aquilo que são as funções das pessoas, nesse momento das
Jornadas, é reequacionado todo o ano, em termos de, no aspecto tarefeiro do trabalho, ou seja, quem fica
com o quê, e quais são os seus limites de acção relativamente ás diferentes matérias e articula com quem,
(…). (…), para fazermos uma avaliação do trabalho (…) daquilo que são as principais dificuldades,
oportunidades, desafios, etc., (…), criámos aqui um pequenino truque, do ponto de vista metodológico
desse mesmo debate, portanto, nós registamos ipsis-verbis aquilo que cada um efectivamente diz. É isso
que consta do SWOT anual da Divisão? Não, não é isso que consta naturalmente no SWOT anual da
Divisão, mas consta naturalmente a interpretação ipsis-verbis que efectivamente ficou registado, num
pobrezito papel de cenário, mas que efectivamente traduz um sentimento, um impulso, uma perspectiva,
(…) e que naturalmente tem retrato no tal Mapa Estratégico que nós estamos a conseguir garantir.pp.64, 65
8. A equipa de coordenação DAC
promove com que assiduidade as
reuniões de trabalho?
Respondi a essa questão, na primeira pergunta julgo eu. As reuniões de coordenação da equipa realizam-se
semanalmente às segundas-feiras.
9. Quais os conteúdos dessas
reuniões?
(…), nós temos uma primeira fase da reunião, que abre a reunião, onde eu próprio transmito Câmara, o que
é que isto quer dizer? (…) seja coerente na sua desmultiplicação de informação,(…).p.65
(…) é que houve aqui um aspecto que eu ainda não disse que é de toda a sua importância, é que mesmo ao
nível de direcção a Câmara, a Câmara, tem um espaço colegial de debate de serviço não é, e portanto é de
facto um espaço colegial não estou a falar de um espaço político colegial,(…). (…) só desde à cerca de uns
dez anos, que instituiu um organismo sem reflexo em massa orgânica da Câmara e que se chama Conselho
Coordenador. Este Conselho Coordenador tem duas faces, é um Conselho Coordenador Restrito ou
Alargado. O Conselho Coordenador Restrito é composto pelo conjunto dos Directores de Departamento da
nossa Organização e reflecte matéria estratégica de cariz mais restrito, como a própria palavra do Conselho
identifica. E depois temos um Conselho de Coordenação mais Alargado, com a presença de todos os
dirigentes. E só são os dirigentes? Não, não são só os dirigentes, o conjunto de eleitos do executivo em
exercício efectivamente está presente. É uma reunião periódica, que acontece com o conjunto dos
dirigentes da Câmara Municipal, Chefes de Divisão e Directores de Departamento mais os seus Eleitos das
suas diferentes áreas com pelouros distribuídos. Estas reuniões, são reuniões, lá está, não só de ponderação
estratégica em relação a matéria funcionamento de unidades de acção, como matéria legislação, como
matéria trabalho ligada á Organização, como matéria organização enquanto reflexão das principais
dificuldades, principais pontos fracos a procurar superar, etc., ora isso alimenta também os dirigentes de
orientações também a trazer às suas equipas e resolvê-la junto das suas equipas, (…).p.65
(…), ora a primeira parte dessas reuniões semanais é transmitido esse teor de informação (…) à equipa de
coordenação, além de outras instruções muito precisas por parte da hierarquia da Câmara, (…), matéria
laboral, matéria legislação, matéria organização, que efectivamente nos chega de forma cadente e regular
através do mecanismo, como disse, do Conselho Coordenador Alargado, acontece este Conselho
Coordenador estar sempre a reunir? Não, mas está sempre a comunicar. (…) isto para além de existir uma
reunião de despacho também semanal, lá está a montante este problema também esta a ser resolvido, existe
uma reunião semanal com o Director de Departamento onde é actualizada informação, onde é reponderada
a informação, onde, enfim, é instruído o trabalho relativamente à própria Divisão de Acção Cultural e
portanto existe aqui um quadro de matéria a transmitir e que efectivamente constitui a primeira parte da
reunião.pp.65, 66
A segunda parte da reunião ela é remetida para o próprio conselho de coordenação, que apresenta as suas
matérias individualmente, representados as suas equipas, o seu sector e onde trás matéria a ser resolvida,
sobretudo alertas de resolução, não se faz despacho directo, o que se trata é de lançar alerta de resolução,
(…), para além da zona de controle de execução à também o planificar, e portanto a cada um dos membros
importa que cumpra efectivamente esse perspectivar em termos de trabalho e depois pontos de situação
global.p.66
É feita uma síntese final da reunião, (…) pelo chefe de divisão e matéria restrita recenseada será tratada
individualmente com cada elemento da coordenação, (…) como é o caso do pessoal para não haver níveis
de exposição do trabalhador A ou do trabalhador B numa reunião tão colectiva. Para matéria pessoal ou de
recursos humanos que justifiquem determinadas abordagens individuais elas efectivamente não são
abordadas em reunião de coordenação, mas são abordadas em reunião com o chefe de divisão de forma
mais particular.p.66
10. Que espaço ou espaços são
utilizados?
São espaços formais. Ainda assim, eu acho que isto é uma fraqueza deste grupo. Eu acho que é uma
fraqueza deste grupo de coordenação, por exemplo em matéria de reunião, não ter já desferido para
algumas zonas informais e tenho como objectivo individual também estimular essa situação.p.67
11. Como se articula a
calendarização das reuniões com as
acções previstas?
Nós temos um momento, esse momento eu não referi há pouco, (…), um momento muito particular da
reunião que é Agenda, portanto nós trabalhamos uma agenda, (…), a agenda confrontada pode ser mensal,
dependendo também do período que atravessamos em termos de trabalho. (…) o facto das nossas reuniões
serem semanais, permite, para já uma avaliação muito imediata da semana que passou, (…), reagir ao que
passou de forma imediata, e avaliar o que se passou, depois em relação ao que aí vem, não é, ainda com
alguma capacidade de reacção.p.67
(…) o facto de a reunião ser à segunda feira permite aqui alguma capacidade de reacção, não é,
perspectivar o fim de semana, ele tem que estar perspectivado à escala de dois meses antes, ou mais,
dependendo daquilo que nós estamos a falar,(…), e eu digo isto do trabalho com data marcada porque nem
todos os serviços da Câmara Municipal convivem com este drama da efemeridade,(…). (…), uma equipa
com estas características e a natureza deste tipo de trabalho, remete de facto (…) para um trabalho
continuado e de facto estas reuniões semanais são de facto vitais para um grupo de coordenação de várias
áreas.pp.67, 68
12. Como se planifica? (…), a planificação é anual, (…), existe um plano de actividades anual e que esse quadro de planificação
ou de revisão de planificação é feita em função de um elemento base, que aliás também é apresentado nas
próprias Jornadas e que no fundo representa as próprias actividades da própria divisão.p.66
Agora, por exemplo um procedimento de um projecto, de uma acção, é apresentado ali, nas reuniões de
coordenação, (…). Apresenta-se como noticia. A minha avaliação de técnico A, diz-me que no território
onde estou a trabalhar verifica-se neste momento a necessidade do lançamento de um projecto comunitário,
porquê? Porque neste momento há dinâmicas locais (…) que verificámos, recenseámos, ou seja, é
anunciado isto à equipa, porque é que é isto importante? Porque se está lá o técnico responsável pelo sector
de Programas e Projectos e diz assim, “bem, olha o Teatro pode responder!” atendendo a que nessa
localidade se reflecte muito a actividade teatral, tem lá dois grupos, há publico para Teatro, etc., etc., até
que ponto é que o Programa Municipal de Teatro não pode colaborar nessa situação. E diz o elemento do
Associativismo “atenção porque há para ali uma colisão relativa à Associação e ao Grupo de Teatro”, quer
dizer, este conjunto de dados que a própria proponente relativamente ao território pode não ter reunido em
situação colegial, para essa circunstância, é que criará caminho ou não criará para a apresentação de um
Projecto e aí já é um processo desenvolvido dentro dos processos normais proponentes em relação ao
próprio exercício de trabalho. pp.66, 67
Esta equipa planifica, planifica em diferentes dimensões. Nós temos uma planificação anual do nosso
trabalho, e portanto, ele fica previamente estabelecido e aprovado e legitimado. (…) é um processo que
nasce de base para o topo, e nasce de base para o topo reconhecendo as condições objectivas dessa ou
daquelas iniciativa (s) daquele ou deste projecto (s). p.68 É condicionada pelo quê? Bom, é condicionada
por aquilo que é a Acção Municipal e as decisões estratégicas da Acção Municipal relativamente à nossa
área que é a Cultura. E é condicionada como? Bom, é condicionada pela acção de um Orçamento e de
Plano de Actividades, que depois determina a legitimação ou a não legitimação daquilo que foi o
proponente por parte da Acção Cultural. Isso é debatido onde? È debatido nas diferentes componentes do
próprio trabalho da Acção Cultural. Como? Avaliando possibilidades de realização, considerando uma
possibilidade de orçamento, proponente ainda, e perspectivando o seu reflexo naquilo que são os objectivos
globais da Câmara e portanto a base inspiradora, naturalmente são os eixos estratégicos que a Câmara
desenvolve.p.68
Esta planificação é feita pelas diferentes equipas, tanto pela equipa de coordenação, tanto pela equipa de
coordenação com as diferentes equipas nas diferentes áreas, ou seja toda a gente. Vou dar um exemplo, nós
temos um instrumento ou instrumentos, quase que fictício, para a construção do Plano de Actividades para
o ano seguinte, que é aquele que nós chamamos vulgarmente de GOP’S, as Grandes Opções do Plano. São
distribuídas fichas, (…) físicas, onde o técnico vai espelhar, vai espelhar o quê? Vai espelhar a sua
perspectiva barra expectativa de realização para o ano seguinte, tendo em conta todos os dados que
entretanto foi materializando e foi avaliando através de relatórios, através de informações técnicas, etc., na
sequência disso mesmo, o técnico avalia e pondera. Pondera sozinho? Não, não pondera sozinho, até
porque, vamos falar do concreto, nós temos diferentes projectos. Centremo-nos num, por exemplo um
Projecto na área da Educação pela Arte. É o conjunto de uma equipa que, após a avaliação, (…) foi feito
um levantamento de perspectivação do projecto. Como? Por acaso este até de forma participada com a
Comunidade Educativa, que alias, oxalá fosse sempre esse o caminho, não é. Mas que depois dessa
ponderação há que perspectivar, e há que planificar para que depois seja passível de ser executado, ora
bem, essa perspectivação e planificação é feita em função de uma expectativa proponente. Quem decide se
há condições de realização ou não? É o próprio executivo municipal, não é. Quando? Quando decide
verdadeiramente as suas Opções do Plano. Quando é que é aprovado? É em reunião de Câmara.
Efectivamente é apresentado politicamente aquilo que é a perspectivação do ano seguinte, desde que
legitimado nós passamos à fase seguinte em termos de exercício de trabalho, que é fazer cumprir o Plano
de Actividades.pp.68,69
Em matéria estratégica como é que isto se comporta? Aí, já por vezes mais restrita e mais técnica, não é.
Por exemplo em matéria de correlação com os próprios agentes culturais e associativos do Concelho de
(…), (…). (…), e é uma zona estratégica que está aberta à reflexão por parte dos próprios agentes
culturais, esse dados tem que ser equacionados, devem ser recenseados, devem ser validados e devem ser
equacionados na própria planificação de desenvolvimento estratégico em relação a essa linha de trabalho
que se chama Fórum Cultura.p.69
(…), dois tipos de exemplo, ou seja, na esfera da actividade, naquilo que eu vou fazer, com que dinheiro
vou fazer e com que predominância eu vou fazer, legitimado politicamente e perspectivado para o ano
seguinte como Plano de Actividades. Na zona mais estratégica do trabalho, as componentes mais ligadas a
matéria qualitativa de relação com a população do Concelho, essas aí, são obrigatoriamente reflectidas do
ponto de vista técnico, são obrigatoriamente recenseadas também do ponto de vista técnico e devem ser
perspectivadas em função de uma posição técnica no que diz respeito a essas linhas estratégicas de
desenvolvimento da Acção Cultural, e que depois terá a sua validação ou não politicamente.pp.69,70
13. Como se avalia? Como se avalia, através desses mesmos momentos de avaliação. Aliás, nós temos momentos de avaliação.
(A……) nós temos um sistema de avaliação, não é! (…), aquilo que é a avaliação do trabalhador
relativamente aos seus objectivos que possam delinear, como também a avaliação do próprio serviço em
relação aos objectivos que foram desenhados para o seu cumprimento enquanto serviço da própria
Organização.(…). Depois temos um outro tipo de avaliação, que é a avaliação das nossas linhas de acção, e
que são avaliadas através de instrumentos de avaliação normais, relatórios, informações formais em termos
de serviço, as reuniões da equipa de coordenação e outras até através de estudos, em concreto. (…). Nós
temos procurado cimentar de forma mais profunda a nossa relação com o Serviço Qualidade aqui da
Câmara Municipal, aliás para o efeito, (…), e que portanto nos tem permitido criar aqui também
instrumentos de aferição devidamente fundamentados e estáveis relativamente aquilo que é. Por um lado o
nosso desempenho enquanto serviço, porque o desempenho individual ele é garantido pelo próprio sistema
de avaliação, e depois por outro lado, enfim, de acompanhamento continuado das práticas de trabalho
(…).p.70
B - DAC um dispositivo?
1. Existe espaço e tempo de
intervenção para todos nos
momentos formais ou outros?
Existe espaço, não existe tempo. O espaço das Jornadas, efectivamente é um espaço de participação
alargada, para além do próprio espaço das Jornadas, há um momento de participação alargada de todos os
trabalhadores que é estimulado pelo próprio executivo da Câmara Municipal, e que tem haver com alguns
plenários anuais que se realizam também de participação directa dos trabalhadores, e aliás, onde também
são recenseadas posições dos trabalhadores relativamente a posições individuais em relação à priorização
das acções a desenvolver pela própria Câmara Municipal. (…). Considero no entanto que não existe tempo,
(…) essa zona de plenário deveriam ter melhor desenvolvimento, deveriam ser mais por ano, (…). (…)
estamos a falar se calhar aqui em dois momentos anuais plenários do próprio serviço. Ainda assim, como
princípio de facto, nós mantemos essa ideia, não temos conseguido realizá-la, a verdade é essa.pp.70, 71
(…) dois momentos por ano, que nós conseguimos, um na esfera da própria Câmara e de cariz, até mais
político, em relação aos trabalhadores, e depois um outro mais na área do serviço que são as Jornadas da
Divisão da Acção Cultural, com pouco tempo, nós consideramos que o tempo não está atingido.p.71
2. A estratégia cultural resulta da
participação e contributos de todos?
Não. Não resulta do contributo de todos (a….), mas resulta de certo modo dos dados que todos dão para
que matéria estratégica também seja reflectida. Agora a estratégia não resulta de todos.(…). Nós quando
falamos em matéria estratégica ela é impregnada de uma zona naturalmente política e também de origem
técnica para que também seja fundamentadamente desenvolvida e portanto não tenho a certeza de que a
estratégia cultural seja desenvolvida por todos, agora o que é verdade é que todos devem ser ponderados na
assunção estratégica da acção cultural.p.71
(…) agora é importante que ela reflicta, uma zona de contributo dos cidadãos, dos trabalhadores, das
condições objectivas e subjectivas no desenvolvimento de determinada acção,(…).p.72
3. Existem documentos previamente
elaborados? São discutidos e
reelaborados? Existem documentos
construídos de raiz a partir das
reuniões de trabalho?
Sim existem documentos, são discutidos e são apresentados. (…), relativamente a alguns eixos estratégicos
da Acção Cultural que bebem uma estratégia global da Câmara. (…) por exemplo (…) últimos três anos,
(…) foram apresentados como eixos estratégicos assumidos pela Câmara Municipal para o Mandato,(…),
gostava de dizer que todos os trabalhadores, todos, da Divisão de Acção Cultural tem conhecimento do
Programa de Mandato. O Programa de mandato, não é o Programa Eleitoral, não estou a falar de um
documento de programa eleitoral, estou a falar de um Programa de Exercício de Mandato que é assumido
pelos Executivos Municipais. (…). Em função disso há as desmultiplicações ou desdobramentos como se
queira dizer, que se transportam para aquilo que é o universo particular da Divisão de Acção Cultural. (…)
é apresentado à Divisão e tem uma zona de execução estratégica global, e depois uma zona mais técnica de
discussão também nas Jornadas. E é apresentado anualmente nas Jornadas.p.72
4. Qual a posição de cada um em
relação à posição do outro? Como é
gerido o projecto do outro?
Eu penso que aqui nós temos o conflito de interesse habitual em relação a qualquer colectivo, não é muito
distinto de uma lógica de equipa, ou futebol, ou de operacionais das águas. Remete para o problema da
intersubjectividade. (…) remeteria isso para aquilo que é o universo normal dos problemas da
intersubjectividade e de conflitos de interesses. A mim cabe-me gerir isso, esses níveis de conflitualidade,
não é.p.73
Se existe conflitualidade? Naturalmente que sim, naturalmente que sim, aliás de outro modo não seria de
imaginar uma Organização. Eu acho que uma Organização tem também uma zona de conflitos de interesses
e que é motora, e que é também criadora, não é. Portanto, se um se identifica com o outro? Sim, às vezes.
Se um respeita o trabalho do outro? È suposto. Se há regras de relacionamento intersubjectivo? Há, aquelas
que são o limite do nosso próprio exercício de cidadão e de trabalhador, não é. Há uma conduta defendida,
ou seja uma ética no serviço? Há. Isso há.p.73
(…) o exercício da Cultura hoje é claramente uma ética cívica, ou seja, eu considero que matéria ética hoje,
é um conteúdo essencial no exercícios dos poderes públicos, e por consequência dentro do seu contexto
interno, ela deve ser estimulada, ela deve ser fundamentada, deve ser informada, deve ser criada, deve ser
participada e deve ser recordada de forma sistémica dentro da própria Organização. p.73
Se conseguimos atingir isso? Bom, compete a quem dirige as organizações estimular a superação do
conflito, não é, mas também encontrar no conflito o próprio estimulo, no sentido da superação.p.73
5. É promovida a participação de
cada um e de todos?
Sim. (A…), ingenuamente, posso estar a correr em alguma ingenuidade, não é, e pronto e é isso mesmo.
(…), eu considero que sim, eu considero que é, ou seja é minha convicção de que é promovida a
participação de cada um e de todos.p.74
6. Existe o sentimento ou a noção
de uma lógica de trabalho em
equipa?
Acho.p.74
7. Existe a noção de um colectivo
de trabalho?
Acho que sim. Se corre bem, se tem dias, se, ou seja, se há um grau de variabilidade em relação a isso? Há,
há até porque os níveis de estímulo e de motivação da equipa não são sempre os mesmos, (…). Mas há
momentos muito profundos de trabalho colectivo nesta equipa. (…), daquilo que é a minha experiência
relativamente a outras Organizações, que isso é uma evidência para mim aqui dentro, (…), decorre do meu
ponto de vista de um processo histórico ligado a esta equipa. Esta é uma equipa, que se conheceu muito
jovem, não é, muitos deles a sua primeira experiência de trabalho. Foi uma equipa que inventou, que
descobriu o prazer de criar, de inventar, e descobriu a comodidade de ter um poder político que sempre
garantiu algum espaço a esse elemento, não é, ao elemento inovação não é, ao elemento descoberta, ao
elemento experimental, portanto esta zona experimental permitiu que em determinado contexto de trabalho
e em determinado contexto histórico também, e particularmente nos anos noventa, esta equipa tenha tirado
muito prazer, prazer trabalhar, e portanto é uma equipa muito conhecedora de si mesma, das suas
dificuldades, dos seus vícios, mas também de algumas das suas virtudes, não é, e portanto claramente me
parece que efectivamente existe a noção de colectivo de trabalho, que nem sempre é praticada não é, isso é
outro aspecto, mas também existe claramente uma noção de lógica de trabalho em equipa.p.74
(…), esta equipa, estes são os filhos da Animação Cultural, não é. (…). (…) e mais curioso ainda é, nós
temos alguns trabalhadores nesta área, que são eles próprios originários desse momento histórico que é a
Animação Cultural no terreno, que foi o contextualizar a cultura de forma central nas políticas
públicas,(…). (…) uma geração histórica ligada a este tipo de trabalho, que tem em si uma pirâmide de
compreensão daquilo que é a lógica de trabalho em equipa, claramente.pp.74, 75
E portanto não tenho dúvidas em afirmar que é uma equipa do ponto de vista da compreensão da lógica do
trabalho em equipa está profundamente esclarecida, que tem uma noção de um colectivo de trabalho de
forma clara também, que o exercício prático disso seja constante não é.p.75
8. Considera esta equipa uma
equipa pluridisciplinar? Motivos?
Sim. Para já é muito curiosa a origem das pessoas, é muito diversificada. Nós temos artistas, (…), temos
gente da área da sociologia (…), (…) ex operários (…), (…) pessoas da área Social (…), e isto remete para
outros mundos, (…), mais do que a pluridisciplina o plurimundo, (…) construtor de uma lógica que não é
monodireccional, e portanto desse ponto de vista criativo existem boas predisposições para a
pluridisciplina. p.75 Por outro lado, eu considero que esta é uma das equipas na Câmara Municipal que
procura claramente a complementaridade do serviço, das reflexões, eu penso até que existe essa apetência
de maior projecção.p.75
9. Existe uma relação de articulação
desta equipa com outras equipas da
DAC e da Autarquia? Como?
Nós temos tido experiências de cruzamento de trabalho absolutamente excepcionais ao nível de projecto,
não é, ao nível de serviço ainda não conseguimos lá chegar. O que é que nos falta? Marketing. Marketing
interno, (…), mas porque efectivamente a complexidade das nossas acções não são suficientemente claras
para a restante Organização. (…). (…) dentro das áreas naturalmente cruzáveis, a área do Turismo, da
Educação,(…) tem sido um trabalho muito profícuo de cruzamento entre o sector da Educação e o Sector
da Cultura, enfim, o Turismo como disse, a área da Comunicação, enfim são sectores, quer pela natureza
do seu trabalho quer pela necessidade, efectivamente temos trabalhado de forma muito articulada. Já não é
raro o surgimento de equipas interdisciplinares dentro da própria estrutura da Câmara e temos participado
em alguns fóruns internos que tem sido muito profícuo.p.76
(…) ainda estamos muito longe de ter desenvolvido uma estratégia de marketing interno e que tenha
promovido a nossa actividade e que nos dê a conhecer também a outras zonas de trabalho. Mas gostaria de
dizer a titulo de exemplo um momento profundamente cruzado em termos de serviço aqui na Câmara
Municipal e muito bem sucedido, que tem a ver como uma candidatura no âmbito do Qren, que tem por
objectivo a revitalização do Centro Histórico e em que os mais variadíssimos sectores da Câmara
Municipal participaram neste trabalho, e que foi não só um trabalho muito valorizado pelos próprios
Gabinetes de Análise de Candidaturas, como por outro lado do prazer do trabalho, e do prazer de
cruzamento de trabalho, que efectivamente foi muito bem conseguido e penso que este é que é o
caminho.p.77
10. Como se articula a produção da
sua divisão com a definição de
objectivos e critérios resultantes das
opções políticas da autarquia? Que
complementaridade e
sustentabilidade no trabalho numa
lógica de interacção entre o “lado
técnico” e o “lado político”?
Toda. Articula-se profundamente, ou seja, (…) existem instrumentos de gestão aqui no Município que são
muito confortáveis para que os serviços, de alguma maneira, resolvam essa dificuldade, que é
efectivamente que o seu grau de eficácia seja em correlação com os objectivos delineados. A clareza dos
objectivos da Autarquia também não constituem um problema, ou seja, instrumentos como eu referi à
bocadinho, aliás, ao que vou descortinando nem sequer é um instrumento consensualizado em outras
Autarquias, portanto há muitas Autarquias que nem sequer tem este quadro de avaliação por excelência e
portanto o que acontece é que estes instrumentos estão a montante devidamente identificados e
devidamente operacionalizados neste momento e portanto permitem com alguma facilidade que haja de
facto esta relação dos níveis de produção com os níveis de definição dos objectivos das próprias politicas
da Autarquia, não é.p.77
11. A equipa identifica-se com esses
objectivos?
(…). A equipa, ou seja do ponto de vista técnico a equipa está devidamente esclarecida para o cumprimento
desses objectivos, não é, se individualmente as pessoas se identificam com determinada direcção tomada
pelo Município isso é do foro da sua privacidade intelectual, portanto. Agora há, (…), há um perfeito
reconhecimento do trabalho técnico por parte daquilo que é o exercício político. Nós sentimos isso como?
Sentimos no percurso da própria Animação Cultural, e como eu falava aqui de uma equipa que
historicamente é identificável, não é, o que é verdade é que esse reconhecimento da relação à qualidade do
trabalho técnico desenvolvido para o cumprimento dos objectivos absolutamente delineados na
componente política, efectivamente tem existido. pp.77, 78
12. Existe uma relação de
articulação desta equipa com outras
entidades? Como?
Sim, claramente, aliás, esta equipa convive com uma realidade, (…), tem a ver com o próprio projecto
cultural da Autarquia, que é uma realidade que sublinha de forma muito intensa aquilo que é a importância
das parcerias, (…). Nós temos um conjunto de parceiros, quer na área do conhecimento, quer na área da
produção cultural. Aliás, o conjunto das redes que XXXX compõe na actividade cultural tem estimulado
muito esta componente. (…), nós pertencemos a uma rede de Equipamentos Culturais que se chama
ARTEMREDE, e que permitiu por exemplo que a nível profissional nós possamos hoje falar de
comunidade profissional no contexto dessa rede, (…). Por outro lado também ao nível Regional, ao nível
do Distrito de Setúbal deram-se grandes passos de proximidade em relação aos próprios Municípios, (…).
No que diz respeito a outro tipo de agentes, agentes mais externos à circunstância profissional
complementar, quer seja nos Agentes Culturais Locais, quer sejam Empresas, quer sejam Universidades,
efectivamente nós temos tido a felicidade de desenvolver esse tipo de trabalho e tem-se traduzido numa
maior valorização para o próprio exercício do trabalhador da Câmara (…). p.78
13. O trabalho em equipa de forma
participada favorece a construção de
uma estratégia de intervenção?
Sim favorece. (…), aliás, há uma tradição muito clara no próprio Município (…) na valorização desse
mesmo princípio. E XXXX é melhor por essa razão também, porque o que é verdade é que o escutar ajuda
a decidir melhor, (…). Por outro lado implicar também nos responsabiliza melhor, não é? Porque o
implicar cria diferentes níveis de implicação e de responsabilidade por parte daqueles que tomam opinião,
tomam posição e portanto cria no quadro da responsabilidade do poder cria melhor segurança em relação
aqueles que são os principais anseios da população, indiscutivelmente.pp.78,79
14. Qual o espaço de cada um no
colectivo e na construção de uma
perspectiva global de intervenção
(estruturação das iniciativas,
prioridades da política cultural,
movimento associativo,
projectos,…)?
(…). Remetendo para a área técnica de trabalho, cada um, cada técnico efectivamente tem, é obrigado aliás,
a essa mesma estruturação de iniciativas, de ponderação das prioridades das políticas a desenvolver, etc., na
medida em que é chamado a perspectivar por um lado e é chamado a propor por outro. Essas propostas são
propostas que são ponderadas ou individualmente ou colectivamente. Depende se é uma proposta de Sector
ou se é uma proposta individual do técnico em função de alguma avaliação que desenvolveu. Essas (…)
propostas seguem o seu curso normal do ponto de vista da sua ponderação, portanto tem uma ponderação
hierárquica e são validadas ou não, são ponderadas ou não, em função de determinados diagnósticos que
são realizados internamente e portanto, individualmente o técnico tem a possibilidade e também o dever
dessa mesma ponderação e por outro lado é proponente, é regularmente proponente. Essa situação de
proposta tem vários caminhos possíveis, se é uma proposta de projecto, ela tem uma origem particular,
mais particular, mais individual e é estudada pelo técnico, se é uma proposta de Sector ela é ponderada ao
nível do Sector e portanto há um colectivo que gera debate e a partir desse debate sai uma zona proponente.
Depois finalmente isso é articulado em função de linhas estratégicas mais globais, se cumpre, cumpre, se
não cumpre não cumpre, e portanto, mesmo não cumprindo é feita a sua reavaliação em termos de
proposta. (…) Depois por outro lado em situações mais universais de debate (…) temos zonas mais
alargadas de discussão e de participação colectiva e que no fundo também vão trazendo algumas pistas para
a zona proponente (…). Há aqui um aspecto que também é importante, que é a interlocução que cada
técnico faz para além da própria estrutura interna da Câmara, portanto, cada técnico dentro das suas áreas
de trabalho, até porque o nosso trabalho é muito virado para o exterior e é muito dependente das próprias
dinâmicas locais, (…), portanto por essa razão há aqui um input também por via do trabalho de parceria
que vamos desenvolvendo com o conjunto de agentes culturais e associativos e que naturalmente também é
factor de ponderação e que consta em termos de diagnóstico e gera zona proponente, (…). pp.79,80
C – Desenvolvimento de processos de qualificação dos elementos da equipa e o quotidiano profissional.
1. È proporcionado formação
especifica por parte da Autarquia
para esta Equipa?
Sempre que possível sim. É uma zona, (a…), (…) um bocadinho delicada, e é delicada porque não é
dependente do nosso serviço estritamente, depende de um plano global de formação que efectivamente a
Câmara possuí. Até determinada altura nós fomos capazes de influenciar esse mesmo plano de formação,
porque estava mais dotado do ponto de vista orçamental, neste momento a formação interna da Câmara
Municipal tem constrangimentos orçamentais pesados e que por essa razão condiciona mais os conteúdos
de formação. Tem no entanto a Autarquia tido uma estratégia importante relativamente a esta matéria, na
medida em que tem procurado em articulação com outros Municípios da região, (…), verificado aquilo que
são conteúdos, que nós internamente possamos não estar em condições de desenvolver mas que estão a ser
garantidos pela Autarquia A ou B, (…) e temos uma sorte por assim dizer, uma vantagem que resulta de
pertencermos a uma estrutura em rede, (…) que é a Artemrede.(…) tem garantido acções de formação
muito especificas para as nossas áreas, quer na área de produção, quer na área de som e luz, quer na área de
trabalho em equipamentos, quer na área da gestão de conteúdos e que efectivamente, claramente valorizou
esta equipa. Equipa que neste momento, comparativamente com a sua realidade há coisa de oito dez anos,
tem um nível de qualificação superior resultante exactamente dessa experiência especifica de formação na
área da cultura, (…), onde nós também criámos, aliás, como resultado indirecto da própria formação
Artemrede (…) acções de sensibilização para esta matéria frente de casa e também zonas operacionais de
trabalho relativamente aos Equipamentos Culturais. (…). Para além disso temos procurado, dentro das
nossas limitações existentes, que é possível suscitar, estimular a ideia dos nossos técnicos estarem
presentes em seminários, em congressos, em encontros de debate e reflexão e de formação necessariamente
ligadas às nossas matérias, quer seja matéria participação, quer seja matéria programação em rede, quer
seja matéria de gestão cultural, (…). Portanto, neste momento, raro será o caso que efectivamente nos
últimos três anos, por exemplo, não tenha passado por experiencias formativas de carácter mais específico
na área cultural. Aliás todos os anos, próximo de Outubro Novembro os técnicos pronunciam-se sobre as
suas necessidades de formação e das necessidades das suas respectivas equipas, quer da componente
operacional, quer da componente técnica, quer na área administrativa igualmente também. Nós após esse
levantamento, fazemos uma proposta à Câmara, incluindo algumas sugestões de formadores, (…). (…),
mostramos o grau de priorização que daríamos a determinados conteúdos e procuramos estimular que a
Câmara efectivamente garanta essa formação. Não o podendo fazer, (…), portanto o que tentamos fazer é
apelar ao Sector de Formação para estar atento para determinadas iniciativas de formação, que
eventualmente não tenham custos acrescentados para a Câmara Municipal, e portanto eventualmente
participar. Só mais uma pequena nota relativamente a matéria formação, temos tido também a preocupação,
sobretudo na parte teórica e de reflexão sobre matéria cultura, de trazer aqui alguns técnicos que julgamos
devidamente credenciados e até excepcionais do ponto de vista do seu mérito do pensamento relativamente
aos nossos conteúdos, (…), na área da reflexão da componente cultural, na componente planeamento e na
componente mesmo de animação cultural, (…), procurando criar analogias de trabalho com zonas
periféricas também da Europa e que passam por algumas dificuldades como nós, (…). Essa partilha, não só
tem benefícios formativos em relação aos trabalhadores da Divisão de Acção Cultural, como procuramos
sempre que ela seja aberta à Comunidade, ou seja, criando aqui momentos de formação interna, (…) dois
exemplos mais recentes, que é o caso de Santi Martinez illa que foi um dos elementos pertencentes à
equipa de planeamento da cidade de Barcelona, dentro da área cultural, que é especialista em planeamento
estratégico e também o Hector Pose, (…) e que de igual forma nos trouxe belíssimos contributos, quer na
componente ligada à participação, quer também sobre um aspecto que para nós é muito relevante, o debate
da Agenda 21, (…). pp. 80,81, 82, 83
2. Promove o colectivo de trabalho
processos de qualificação
profissional?
Sim, a minha avaliação é a de que sim. Promove e dispõe-se a esse exercício. Eu, há pouco falava de frente
de casa e falava de um resultado indirecto, (…). E foi muito interessante a disponibilidade de algumas
pessoas, alguns trabalhadores no sentido de transmitir esse conhecimento, donde surgiram essas mesmas
acções de sensibilização. Por outro lado nós temos aqui internamente alguns técnicos que reúnem um
potencial de conhecimento muito relevante e que nos permite criar possibilidades de potenciação disso
mesmo, de no próprio colectivo surgir essa preocupação da qualificação, essa mesma preocupação do
conhecimento, do melhor conhecimento em relação ao exercício do trabalho. (…), mas eu penso que no
dia-a-dia no exercício do seu trabalho são factores de qualificação que o próprio colectivo dinamiza,
portanto a minha avaliação é claramente de sim.p.83
3. Quando assumiu a Chefia da
Divisão frequentou alguma
formação específica?
Não. Eu quando assumi a Chefia da Divisão não frequentei nenhuma acção de formação específica. (…),
curiosamente quando sou chamado a assumir essa tarefa, estava em plena formação na área da Gestão
Cultural, uma acção, (…) dentro da área mais estratégica da acção cultural, (…).Por outro lado a minha
formação ao longo dos anos na minha carreira profissional teve algum pendente na área do planeamento e
da estratégia cultural, e estes contributos foram para mim muito decisivos, mas a verdade é que
efectivamente no momento em que assumi a chefia da Divisão não tive nenhuma acção específica de
Direcção. No entanto gostava também de dizer, que ela estava prevista, (…), e que todo o Plano da
Reestruturação Orgânica supunha de facto essa formação para novos Dirigentes. (…). Felizmente muito
recentemente, em Setembro de 2010, eu e um conjunto dessa vaga de 2007 passamos a incorporar um
Curso de Formação de Direcção, aliás, resultante da própria legislação de momento, (…). pp.83, 84
4. Enquanto Chefia da DAC e desta
equipa, como define a sua acção? O
que faz?
O que é que eu faço, eu faço gestão, portanto compete-me a mim gerir este serviço, compete-me defender a
missão deste serviço, defender e faze-la cumprir, e portanto tenho a gestão de pessoas, tenho a gestão de
processos e tenho igualmente uma função de liderança (…). (…), o que me cabe a mim é fazer cumprir
esse processo de liderança, ou seja, mais do que defender um posto de líder,(…), é defender esse mesmo
processo de liderança relativamente ao serviço, e, portanto faze-lo chegar a bom porto relativamente aos
seus objectivos, fazendo cumprir a sua missão e gerir correctamente as pessoas, é isso que procuro fazer.
p.84 Se o faço de forma consequente? O esforço é nesse sentido, nem sempre os resultados são aqueles que
nós gostaríamos mesmo, que efectivamente se realizassem. Quais são as principais dificuldades em relação
ao meu exercício? Bom, desde constrangimentos resultantes de legislação, desde constrangimentos
resultantes de um contexto muito adverso às políticas públicas, desde um contexto particularmente adverso
em termos de recursos que efectivamente podemos dispor no desenvolvimento de políticas públicas para a
cultura, muitas das vezes os resultados são condicionados a esse mesmo exercício.pp.84, 85
Mas o que me cabe fazer mais do que aquilo que eu faço, é precisamente o que referia, matéria gerir
pessoas, matéria gerir processos, matéria garantir processos de liderança e de boas práticas, não é, desse
nosso serviço, e que em última análise remete para a nossa missão que é servir a nossa população dentro da
área da cultura.p.85
5. O que faz corresponde ao que Corresponde. (…), ou seja, eu revejo-me num processo de liderança desta natureza, num sector cultural de um serviço
público, até porque me revejo no serviço público de cultura e portanto sinto-me muito honrado em participar em
gostaria ou desejaria fazer? processos desta natureza, e portanto há uma profunda identificação, há identificação no conteúdo, há identificação na
missão, há identificação no exercício do meu trabalho, e trabalho num conteúdo que é para mim como, de algum modo
muito fundo na minha identidade, não é, há um conteúdo fundo que tem e que me revejo, que consigo sobre ele pensar,
consigo ter ideias, perspectivar ideias, ter sonho, p.85
(…), é muito relevante na minha relação com a natureza do trabalho que tenho para mim mesmo, não é, que é um
lugar onde o sonho também se coloca, um sonho associado a valores, um sonho associado a uma missão perfeitamente
identificada e portanto do ponto de vista da minha identidade pessoal posso dizer que me realizo.p.85
Porque, é um problema de civilização, nós temos uma sociedade que nem sempre corresponde a esta noção
fundamental do exercício público das Instituições que é estar perto do seu cidadão e garantir-lhe um bem essencial que
é a cultura. Mas existe uma certa regressão na centralidade da cultura e portanto passa a ser um combate, ou seja, que
combate é este de alguém que tem que servir aqui público? Não é de ideologia que se trata, bom, esse combate resulta
de uma convicção do exercício de um trabalho de décadas que esta Instituição Pública foi realizando, com resultados
muito consequentes, e nós se tivéssemos que falar agora de resultados seria até muito interessante vê-los, vê-los e ouvi-
los a partir da própria população, não é. Mas é um combate porque existe uma necessidade fundamental que é de
civilização, de civilização e estrutura da própria sociedade. A sociedade sobretudo a partir dos anos noventa inflectiu
para zonas de pragmatismo muitas vezes executivas, não é, portanto toda a zona imaterial passa a ser mais difícil de
defender, e estamos perante uma sociedade mediatista, que se foi aprofundando como mediatista, aliás será curioso
pensar, se será que tem visibilidade ou se são absolutamente diminutos? Fazer estratégia hoje é um exercício mais
difícil que ontem? Estruturar a sociedade numa direcção das ideias, ou na direcção das ideias é hoje algo que vende
menos? E portanto estamos aqui perante um conjunto de adversidades. Agora não há dúvida que esse é o combate que
me interessa do ponto de vista pessoal, por assim dizer, portanto revejo-me, sim revejo-me naquilo que faço, realizo-
me naquilo que faço, estamos perante passos e atrás, e ainda assim temos uma missão, e essa missão ainda está válida
não é, está valida porque? Porque os homens ainda prevalecem, e portanto enquanto os homens prevalecerem apesar de
tudo, nós teremos uma função aqui a desenvolver. pp.85,86
6. O que salienta da sua
intervenção?
(…),o que saliento na minha intervenção, (silencio), é particularmente a zona das ideias. Porque, (silencio), dirigir um
serviço é dirigir um serviço, não é, e uns dirigem melhor que outros, do ponto de vista da sua prática ou da sua zona
instrumental. Na parte da direcção instrumental do serviço, eu acho que não tenho muito a destacar (…). (…) procuro
obedecer aquilo que são as regras correctas no exercício de uma função de direcção, não é, e procuro de alguma
maneira corresponder aquilo que é espectável em relação a esta missão que me entregaram, no que diz respeito à
direcção de serviço de Acção Cultural. Agora, (…), salientaria aquela parte que é um bocadinho mais patológica, não é.
E essa parte (…), eu acho que efectivamente são as ideias. No meu caso são as ideias, (…), acho que isso por vezes me
estimula muito porque, que por um lado a equipa me dê esse espaço, e eu acho que a equipa me dá esse espaço, às
vezes a equipa chama-me a esse espaço e isso é muito gratificante, e portanto como a equipa me chama sinto-me
estimulado a remeter-me para essa esfera das ideias, (…) é essa parte que eu salientaria porque nós falamos de coisas
muito importantes, por vezes, não é, falamos de coisas muito importantes, e conseguimos, (…), também sonhar e isso,
por vezes, não é um exercício muito regular que a gente se pressuponha a esta zona de sonho, mas efectivamente há
momentos em que a gente consegue pensar mais longe e de facto essa parte é a que eu mais salientaria e da qual eu
retiro mais ensinamento.p.86
7. Que impactos encontra no
trabalho da equipa de coordenação?
Associativismo, produção cultural,
formação de públicos, iniciativas
culturais localizadas, grandes
eventos…
(…) o impacto não resulta desta equipa de coordenação, (a….),(…), a equipa de coordenação de alguma maneira é um
pressuposto de que nós conseguiríamos impacto, ou seja, o impacto não está num grupo restrito, não é, o impacto está
no resultado que no computo global de trabalho de grupo restritos, mais alargados, individuais, operacionalizados, etc.,
etc., resulta nessa área toda que referiste, não é. (…) uma outra questão que é, conseguiríamos impactos se não
tivéssemos uma equipa de coordenação? Provavelmente conseguiríamos também, até porque há impactos negativos e
impactos positivos, agora do ponto de vista de um bom resultado, nós apostámos numa equipa de coordenação de
trabalho, até porque essa equipa de coordenação de trabalho, tem como foi dito um pouco atrás, um pressuposto que é o
desdobramento do seu trabalho. Se não fizer a desmultiplicação do seu trabalho, se não descentralizar, se não fizer
implicar todas as componentes do trabalho, o passo será nenhum. (…) esta equipa de coordenação faz sentido em
matéria organização, mas tem uma obrigatoriedade de desmultiplicação, de descentralização, de implicação
responsável por parte de todas as componentes de trabalho e isso sim é que é o conjunto de elementos que produzem
resultados.p.87
8. Considera que existem desafios
para a intervenção desta equipa?
Existem. Existem. (…), mas se a pergunta me dissesse assim, tens aí desafios que esclareça, que possas divulgar, que
possas publicar a propósito desta equipa? Tenho, (…), porque nós os reflectimos, aliás nas Jornadas de 2011, (…), nós
identificámos os nossos próximos desafios. Agora deixa me dizer também que há milhares de outros desafios que a
gente não está a descortinar e que efectivamente estarão seguramente a bater-nos à porta, ora é essa disposição
permanente em relação a matéria desafios que há interpretação da realidade a que temos que reagir, não é, que é o
grande desafio também de uma equipa desta natureza, implica níveis de actualização continuada, níveis de avaliação
continuada, de predisposição para interpretar a realidade e para executar outros, aliás, o conjunto dos nossos desafios
são também alertas que recebemos com continuidade por parte daqueles que são os nossos interlocutores, que é quem?
É a nossa população, e portanto nesse sentido, existem claros desafios, desafios muito intensos em relação a esta equipa
e aliás desafios até de conceitos para uma equipa desta natureza. E o que é que eu quero dizer com isto? Quero dizer
que a cultura, a cultura que é a nossa massa, (…), e na cultura não mexemos só nós, nós mexemos aqui numa
componente particular que é a acção cultural, mas esta massa na qual nós mexemos é uma massa que é eternamente
revisível tal como os homens, não é, e portanto assim sendo obriga-nos a ter essa capacidade de revisão, (…). pp.87, 88
(…) E é esse tsunami que, que nós apanhámos, nós defensores da cultura, (…), não é, porque nós não estamos aqui
para vender nada, não é, nós estamos para construir, para dilomar, para oferecer do ponto de vista de possibilidades a
melhor formação para o cidadão para saberem escolher em melhor conformidade com as suas convicções. E portanto é
por essas razões todas que eu acho que existem desafios enormes para equipas desta natureza. Para a nossa em
particular, também poderá existir, porque XXXX também está a atravessar um processo difícil de afirmação local, por
causa de limitações que não são estritamente suas, e tem que se refazer, tem que se levantar de novo com a sua
principal marca que é a afirmação cultural do Concelho (…). pp.88, 89
9. Em poucas palavras, como é que
descreverias a tua equipa?
(…). Esta equipa, já chegarei às poucas palavras. Do ponto de vista da contextualização da equipa, é muito relevante
que esta equipa constitua uma geração, uma geração muito particular de trabalho na área da cultura, que iniciou o seu
trabalho na área da cultura na ordem dos vinte anos de idade, numa fase terminal daquilo que tinha sido a época de oiro
da Animação Sócio Cultural, que tenha apanhado toda a geração de implementação da Gestão Cultural e que hoje
esteja num momento diferente do trabalho da cultura e que é um momento de maior implicação cultural, um momento
em que de algum modo o cidadão ganha um protagonismo diferente no exercício de um trabalho cultural e em que de
certo modo nós estamos a refazer o próprio conceito do trabalho da cultura junto da população, junto dos territórios, a
própria contextualização da cultura no de desenvolvimento das politicas públicas. p.89
Portanto esta geração, é uma geração tal que apanha aqui três momentos muito distintos no exercício do trabalho na
área da cultura, e é a mesma geração, com entradas de sangue novo, em determinados contextos, (…) etc., (…), é um
trabalho quase geracional, não é (risos) associado à cultura, e portanto é uma unidade geracional e que efectivamente
assiste, e assiste a resultados espectaculares, não é, muitos destes indivíduos estiveram no momento de criação dos
eixos da afirmação cultural do Concelho (…). Muitas dessas pessoas que tem nome e tem rostos, estiveram na invenção
e na reinvenção de alguns eixos fundamentais de afirmação de XXXX como marca de cultura e portanto são umas
pessoas especiais desse ponto de vista, (…), mas especiais pela natureza especial do seu trabalho. p.89
Portanto não são pessoas comuns, (…). (…), agora as poucas palavras que procurava, são pessoas, aliás se eu tivesse
que arranjar aqui uma frase chavão para a equipa (…), eu diria que é uma equipa de grande convicção, uma equipa de
convicção, uma equipa com a convicção da sua missão pública em defesa da cultura (…). (…), é também uma equipa
muito disponível para se renovar e para reequacionar as suas próprias ideias e avaliar continuadamente e até neste
momento criar espaço a uma nova geração que venha a intervir efectivamente no território e que faça de XXXX ainda
mais uma vez essa marca de cultura aqui dentro da área metropolitana de Lisboa e naturalmente mesmo a nível
nacional, é isso que pretendemos. Portanto é uma equipa de convicção em poucas palavras! p.90