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i UMA FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DAS MUTAÇÕES DO MERCADO DE TRABALHO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO RICARDO JOSÉ DOS SANTOS BARCELOS Orientadora: Profa. Clevi Elena Rapkiewicz CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2003 Tese apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção de título de mestre em Ciências de Engenharia na área de Engenharia de Produção.

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UMA FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DAS MUTAÇÕES DO MERCADO DE TRABALHO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

RICARDO JOSÉ DOS SANTOS BARCELOS

Orientadora: Profa. Clevi Elena Rapkiewicz

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2003

Tese apresentada ao Centro de Ciência eTecnologia da Universidade Estadual doNorte Fluminense, como parte dasexigências para obtenção de título demestre em Ciências de Engenharia na áreade Engenharia de Produção.

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UMA FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DAS MUTAÇÕES DO

MERCADO DE TRABALHO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

RICARDO JOSÉ DOS SANTOS BARCELOS

Aprovada em 01 de abril de 2003.

Comissão examinadora:

Prof. José Ramón Arica Chavéz (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - UENF

Prof. José Antônio Moreira Xexéo (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - IME

Profa. Sandra Regina Holanda Mariano (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - UFF Profa. Clevi Elena Rapkiewicz (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - UENF

- Orientadora -

Tese apresentada ao Centro deCiências e Tecnologia da UniversidadeEstadual do Norte Fluminense, comoparte das exigências para obtenção detítulo de mestre em Ciências deEngenharia na área de Engenharia deProdução.

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Agradecimentos

A Deus.

A minha família.

Aos professores da UENF, em especial ao Prof. Arica pela compreensão e

incentivo.

Aos funcionários da UENF pela forma atenciosa.

Ao Marcelo Garnier pelo apoio na implementação da ferramenta.

Agradecimento especial para a Clevi pela forma correta, íntegra, sincera e

paciente não só como orientadora, mas como incentivadora e também pela sua

amizade.

Aos professores José Antônio Xexéo e Sandra Mariano pela participação na

banca.

À toda equipe de Informática e Sociedade da Coppe/UFRJ, particularmente

Prof. Lídia Segre, Jayme Marinho e Viviane Souza, sem os quais não teria sido possível

a coleta e alimentação dos dados.

E a todos que colaboraram com este trabalho de forma direta ou indireta.

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Sumário:

Capítulo I .................................................................................................... 1

1.1 Introdução ................................................................................................................. 1

1.2 Objetivos ................................................................................................................... 4

1.3 Metodologia............................................................................................................... 5

1.4 O setor de TI ............................................................................................................. 6

1.5 As categorias profissionais...................................................................................... 11

1.6 As competências ..................................................................................................... 12

1.7 A modelagem e desenvolvimento da ferramenta .................................................... 15

1.8 Tratamento estatístico dos dados ........................................................................... 16

Capítulo 2................................................................................................. 19

2.1 Processamento de dados a TI................................................................................. 19

2.1.1 Década de 50 ............................................................................................ 19

2.1.2 Década de 60 ............................................................................................ 21

2.1.3 Década de 70 ............................................................................................ 22

2.1.4 Década de 80 ............................................................................................ 24

2.1.5 Os anos 90.... ............................................................................................ 26

2.2 A evolução das categorias profissionais de TI ........................................................ 27

2.3 Mercado de trabalho de TI ..................................................................................... 34

Capítulo 3................................................................................................. 40

3.1 A Seleção da fonte de dados .................................................................................. 41

3.2 A identificação da fonte e a coleta de dados........................................................... 42

3.3 Definindo agrupamentos para os dados dos anúncios............................................ 47

3.4 A Seleção da abordagem no desenvolvimento do software.................................... 48

3.5 O Projeto de banco de dados.................................................................................. 50

3.6 O modelo conceitual................................................................................................ 52

3.7 Notações utilizadas ................................................................................................. 53

3.8 O modelo conceitual da base de dados de classificados ........................................ 56

3.9 O projeto lógico ....................................................................................................... 62

3. 10 O processo de transposição................................................................................. 62

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3.11 Modelo lógico de dados......................................................................................... 67

Capítulo 4................................................................................................. 69

4.1. Descrição dos objetivos.......................................................................................... 70

4.2 Projeto e implementação......................................................................................... 71

4.2.1 Arquiteturas de softwares .......................................................................... 71

4.2.2 Arquitetura do sistema de classificados..................................................... 73

4.2.3 Estrutura do sistema desenvolvido ............................................................ 78

4.2.4 Casos de uso e cenários ........................................................................... 82

4.2.5 As interfaces .............................................................................................. 90

4.3 Análise da arquitetura ............................................................................................. 92

Capítulo 5................................................................................................. 95

5.1 Cenário para a Modelagem Estatística ................................................................... 95

5.2 Casos de uso e cenários......................................................................................... 97

5.3 Descrição e Identificação do Módulo Estatístico ..................................................... 98

5.3.1 Descrição e Identificação do Módulo ......................................................... 98

5.4 Casos de uso e Cenários ........................................................................................ 99

5.5 A interface ............................................................................................................. 100

5.6 Análise dos dados ................................................................................................. 101

5.6.1 Quantidade de anúncios .......................................................................... 102

5.6.2 Características......................................................................................... 103

5.6.3 Nível de escolaridade .............................................................................. 104

5.6.4 Conhecimentos........................................................................................ 106

5.6.5 Hierarquia ................................................................................................ 109

5.6.6 Fases do trabalho .................................................................................... 110

5.6.7 Quantidade de categorias demandadas .................................................. 112

5.6.8 As categorias ........................................................................................... 112

5.7 Metodologia estatística – regressão linear ............................................................ 113

Capítulo 6............................................................................................... 119

6. Considerações Finais.............................................................................................. 119

6.1 Principais Resultados do Trabalho........................................................................ 119

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6.2 Contribuição .......................................................................................................... 119

6.3 Limitações e Dificuldades Encontradas................................................................. 120

6.4 Estudos Futuros .................................................................................................... 121

Referências Bibliográficas .................................................................................... 122

Anexo 1 – Classes de Conhecimentos........................................................................ 129

Anexo 2 – Agrupamento de escolaridade ................................................................... 140

Anexo 3 – Classes de Características......................................................................... 142

Anexo 4 - Fases do Trabalho ...................................................................................... 145

Anexo 5 - Tabelas ....................................................................................................... 155

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Tabelas: Tabela I.1 – Número de usuários de Internet por continente (2002) ............................... 2

Tabela I.2 – Número de usuários de Internet no Brasil (2002)........................................ 3

Tabela I.3 – Classificação das empresas segundo CNAE .............................................. 8

Tabela I.4 – Empresas de processamento de dados por nº de empregados (Brasil -

1988) ......................................................................................................................... 9

Tabela I.5 - Distribuição percentual de empresas de informática por nº de empregados

(Brasil - 1997).......................................................................................................... 10

Tabela II.6 - Caracterização dos profissionais de TI ..................................................... 33

Tabela II.7 – Total de desenvolvedores nas empresas em %....................................... 35

Tabela III.8 - Níveis de hierarquia ................................................................................. 61

Tabela IV.9 - Identificação dos casos de uso................................................................ 84

Tabela IV.10 - Divisão conceitual dos anúncios ............................................................ 86

Tabela V.11 – Classes linguagem de programação 1990-2002.................................. 108

Tabela V.12 – Classes mais demandadas 1990-2002 ................................................ 108

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Figuras: Figura I.1 - Convergência de conteúdo, computação e comunicação............................. 2

Figura II.2 - Estrutura de atividades na área de informática na fase sistêmica ............. 31

Figura II.3 – Classificação dos profissionais de TI nos EUA ......................................... 32

Figura II.4 – Evolução de desenvolvedores no país...................................................... 35

Figura III.5 – Formulário para coleta dos anúncios ....................................................... 46

Figura III.6 – Fases de um projeto de banco de dados ................................................. 52

Figura III.7 – Representação gráfica de entidade.......................................................... 53

Figura III.8 – Representação gráfica de relacionamento............................................... 53

Figura III.9 - Exemplo de agregação entre relacionamentos......................................... 55

Figura III.10 - Representação de atributos .................................................................... 55

Figura III.11 - Representação gráfica de um atributo chave.......................................... 56

Figura III.12 - Modelo conceitual de dados da aplicação classificados de jornal........... 57

Figura III.13 - Etapas do projeto de um banco de dados............................................... 65

Figura III.14 - Modelo lógico de dados .......................................................................... 68

Figura IV.15 – Modularização da aplicação................................................................... 75

Figura IV.16 – Representação da entidade................................................................... 81

Figura IV.17 – Objeto de controle.................................................................................. 82

Figura IV.18 - Diagrama de casos de uso ..................................................................... 83

Figura IV.19 – Diagrama de classes ............................................................................. 85

Figura IV.20 – Classe CadastrarAnúncio ...................................................................... 88

Figura IV.21 – Interface CadastrarAnúncio ................................................................... 88

Figura IV.22 – Módulo de consulta................................................................................ 89

Figura IV.23 - Tela de entrada do módulo de cadastramento ....................................... 91

Figura IV.24 - Tela para seleção dos parâmetros de consulta ...................................... 92

Figura V.25 – Representação da entidade.................................................................... 96

Figura V.26 – Objeto de controle................................................................................... 97

Figura V.27 – Módulo de consulta - Análise.................................................................. 98

Figura V.28 – Tabela gerada na ferramenta................................................................ 100

Figura V.29 - Tela dos cálculos de análise estatística................................................. 101

Figura V.30 – Tela de geração dos cálculos ............................................................... 116

Figura 31 – Desenvolvimento de Software.................................................................. 153

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Gráficos:

Gráfico II.1 – Desenvolvedores no setor de informática................................................ 36

Gráfico V. 1 – Quantidade de anúncios por ano.......................................................... 102

Gráfico V. 2 – Quantidade de Anúncios em % ............................................................ 103

Gráfico V. 3 – Competências de negócios e sociais ................................................... 103

Gráfico V. 4 – Competência técnico-profissional......................................................... 104

Gráfico V. 5 – Competência - Outros .......................................................................... 104

Gráfico V. 6 – Demanda por nível de escolaridade ..................................................... 105

Gráfico V. 7 – Demanda segundo grau 1970-2002..................................................... 105

Gráfico V. 8 – Demanda Terceiro Grau 1970-2002..................................................... 106

Gráfico V. 9 – Escolaridade – Mestrado...................................................................... 106

Gráfico V. 10 – Classes de conhecimento .................................................................. 107

Gráfico V. 11 – Subclasses – linguagem de programação.......................................... 108

Gráfico V. 12 – Hierarquia 1970-1979......................................................................... 109

Gráfico V. 13 – Hierarquia de 1982-1988.................................................................... 109

Gráfico V. 14 – Hierarquia de 1990-2002.................................................................... 110

Gráfico V. 15 – Evolução das fases do trabalho (1970-2002) ..................................... 111

Gráfico V. 16 – Subfase de desenvolvimento.............................................................. 111

Gráfico V. 17 – Quantidade categorias por ano .......................................................... 112

Gráfico V. 18 - Categorias mais demandadas............................................................. 113

Gráfico V. 19 – Comportamento da categoria programador........................................ 114

Gráfico V. 20 – Comportamento da categoria programador........................................ 114

Gráfico V. 21 – Linha de tendência ............................................................................. 118

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Resumo:

Esta dissertação apresenta uma ferramenta para o acompanhamento do

mercado de trabalho em Tecnologia da Informação (TI). Como fonte de dados, foram

utilizados anúncios de emprego voltados para TI, veiculados em determinado dia da

semana em jornal de grande circulação no Rio de Janeiro. Para tanto foi modelado um

banco de dados e desenvolvida uma aplicação contendo diversos módulos:

cadastramento, consulta e estatística.

A ferramenta possibilita, a visão dos atributos que caracterizam e especificam

cada uma das categorias do ponto de vista de quem oferta o emprego. Ou seja, trata-se

de uma ferramenta cujo uso permite o acompanhamento e a análise do mercado de

trabalho em TI de forma a possibilitar, por exemplo, a comparação entre a formação

profissional e as necessidades do mercado de trabalho na área de TI. A aplicação foi

desenvolvida utilizando como plataforma: i) ambiente Borland Delphi 5.0 ii) ferramenta

CASE Vision para a modelagem dos dados.

O acesso e o tratamento estatístico da base de dados permitem análise das

categorias profissionais que são oferecidas pelo mercado, bem como, os

conhecimentos e as características, entre outros atributos que constam da base. A

ferramenta trata estatisticamente os dados de duas formas: i) analisa os gráficos

oriundos das diversas consultas mostrando o comportamento do mercado; ii) utilizando

correlação linear e regressão linear e mostra a tendência das variáveis consultadas.

Foram catalogados cerca de 8.845 anúncios abrangendo um período 1970-

2002, com intervalos de três anos de 1970 a 1988, e com intervalos de dois anos de

1990 até 2002. Devido ao grande número de denominações de categorias, de

conhecimentos e características, foram construídos agrupamentos sob algum aspecto

como forma de propiciar respostas mais específicas às demandas do mercado a

analisar.

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Abstract:

This dissertation presents a tool for the accompaniment of the working market in

Technology Information (IT). As source of data, employment advertisements for IT were

used, issued on a weekday in a newspaper of great circulation in Rio de Janeiro. For

this, a database was modeled and an application was developed with modules:

cadaster, consults, statistics.

The tool makes it possible the vision of the attributes that characterize and

specify each one of the categories from the point of view of whom offers the job. That is

to say, it is a tool whose use allows the accompaniment and the analysis of the working

market in IT to facilitate, for example, the comparison between the professional

formation and the needs of the working market in the area of IT. The application was

developed using as platform: i) environment ambient Borland Delphi 5.0; ii) Case Vision

for the modeling of data.

The access and the statistical treatment of the database allow the analysis of

the professional categories that are offered by the market. As well as the knowledge, the

professional categories and the characteristics among other attributes that make this

base. The tool treats the data statistically in two ways: i) analyzes the graphs from

several consultations by showing the behavior of the market; ii) uses linear correlation

and regression and shows the trend of the variables consulted.

About 8.845 advertisements were catalogued ranging from 1970-2002, within

intervals of three years from 1970 to 1988 and within intervals of two years from 1990 up

to 2002. Due to the great number of denominations of categories, knowledge and

characteristics, groupings were made up regarding some aspect as a way to respond to

most specific demands of the market to be analyzed.

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CAPÍTULO I

1.1 Introdução

As chamadas Tecnologias de Informação (TI) têm proporcionado um impacto

significativo na economia e na organização do trabalho ao longo das últimas décadas,

seja pela sua aplicação em diversos setores produtivos, transformando o perfil dos

profissionais da área ao extinguir postos de trabalho e criar outros, com exigências

distintas, ou também pela absorção de mão-de-obra especializada para o seu próprio

desenvolvimento. Na chamada Sociedade da Informação, o processo de constante

transformação pode trazer novas oportunidades para a riqueza de uma nação ou

região, mas pode também trazer novos riscos, gerando novas formas de exclusão. É,

portanto, fundamental analisar a dinâmica das novas inclusões e das novas exclusões

propiciadas por estas tecnologias.

A literatura acadêmica e a própria mídia são ricas em apregoar que vivemos

atualmente na assim chamada Sociedade da Informação, cuja base tecnológica

fundamental são as chamadas tecnologias de informação e comunicação (TICs),

definidas por Castells (1999) como sendo “o conjunto convergente de tecnologias em

microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiofusão, e

optoeletrônica”. O Livro Verde da Sociedade da Informação Takashi (2000) também se

refere às TICs como base para esta sociedade apontando três vertentes inter-

relacionadas que estão na origem da mesma. A primeira convergência apontada é “a

convergência da base tecnológica”, podendo ser representada por qualquer tipo de

informação a ser transformada na forma digital, que é compreendida pela área da

computação, comunicações e os conteúdos como, por exemplo, livros, filmes, músicas,

entre outras, conforme ilustrado na Figura I.1.

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Figura I.1 - Convergência de conteúdo, computação e comunicação

Fonte: Takashi (2000) O inter-relacionamento, que é denominado de “dinâmica da indústria”, está

diretamente ligado na questão da diminuição dos preços dos computadores, o que

permitiu uma maior densidade de usuários dos equipamentos de informática. Por

último, o Livro Verde aponta como conseqüência das anteriores, o crescimento

exponencial do aumento de usuários de internet. No ano de 2002, mais de 605 milhões

de pessoas acessavam a Internet mundial, conforme dados publicados no site1 do Nua

Internet Surveys2, apresentado na Tabela I.1. Desse total mais de 182 milhões (41%)

concentravam-se nos EUA e Canadá. A Tabela mostra os números de usuários de

Internet por continente até o mês de setembro de 2002. O Brasil é o país da América

Latina que faz os maiores esforços para acompanhar a corrida tecnológica neste setor.

Continente Em milhões

África 6,31

Ásia/Pacífico 187,24

Europa 190,91

Oriente 5,12

EUA/Canadá 182,67

América do Sul 33,35

Total no Mundo 605,60

Tabela I.1 – Número de usuários de Internet por continente (2002)

Fonte: http://www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html

1 Site – local onde se encontra determinada página na Internet. 2 http://nua.ie/surveys

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Com o maior número de usuários da América do Sul conectados à Internet, o

Brasil é o 9º colocado no ranking mundial, ficando à frente de países como Rússia (10º)

e França (11º). Segundo esta mesma fonte o número de usuários de Internet no Brasil

aumenta exponencialmente desde 1996, assim como a porcentagem da população que

possui acesso à Internet, conforme Tabela 2.

Data Quantidade Porcentagem da População

Janeiro / 1996 170.429 mil 0,1

Dezembro 1996 740.458 mil 0,45

Dezembro 1997 1.3 milhões 0,67

Dezembro 1998 2.35 milhões 1,4

Dezembro 1999 6.79 milhões 3,95

Novembro 2000 9.84 milhões 5,7

Setembro 2002 13.98 milhões 7,77

Tabela I.2 – Número de usuários de Internet no Brasil (2002)

Fonte: http://www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html

A abordagem apresentada no Livro Verde torna-se mais consistente pela

abrangência, por estar relacionando as transformações que estão ocorrendo em todos

os segmentos da sociedade. Mostra, também, que as próximas mudanças serão em

tempo bem menor em comparação a outros avanços tecnológicos em outros tempos e

que a tecnologia da informação não é um modismo, é um fenômeno global que

compreende a interligação de lares, instituições de ensino, cidades, estados, países e

continentes.

A formação de um profissional assume um papel preponderante no segmento

de TI, já que diversas profissões estão desaparecendo, por serem desnecessárias, ao

passo que outras estão surgindo. Com relação ao segmento de Internet, diversas

categorias não existiam antes de 1994, por exemplo, “gerente de webmaster”, “diretor

de comércio eletrônico” e “webmaster” enquanto outras categorias desapareceram ao

longo dos anos, como perfuradores de cartão, entre outras.

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Atualmente se tem claro que as TICs são a convergência de diferentes

tecnologias e que envolvem aspectos também não tecnológicos, conforme apontado

pelo Livro Verde. Há que se precisar, porém que nem sempre foi assim. No caso

específico do eixo fundamental no qual está inserido o presente estudo, as tecnologias

de computação e informática, diferentes nomes foram utilizados ao longo do tempo,

iniciando-se como o termo Processamento de Dados até culminar no termo atual mais

abrangente – tecnologia da informação. Longo caminho foi percorrido nessa trajetória

influenciando a conformação das categorias profissionais e as competências demandas

das mesmas. Como acompanhar, porém, tais trajetórias são uma questão complexa, na

qual está inserido o presente projeto.

1.2 Objetivos

No contexto já exposto, evidencia-se que a abrangência das mudanças

tecnológicas tem alterado profundamente o perfil dos profissionais e acelera a

necessidade de alterações substanciais no processo de formação de profissionais de

TI, não restritos aos setores de tecnologia, mas também nos setores considerados

usuários destas. Os novos processos de comunicação, a velocidade do avanço

tecnológico, a automatização dos meios de produção e a globalização, junto à formação

de novos blocos econômicos, promovem mudanças tão radicais que os conceitos de

habilidades e competências, para os profissionais, modificam-se ao longo do tempo em

espaços cada vez menores.

O mercado cada vez mais solicita um maior número de conhecimentos,

habilidades, características em qualquer que seja a profissão ou ocupação escolhida.

Há, porém, dificuldades de situar os próprios contornos das profissões e ocupações,

bem como identificar os conhecimentos e habilidades necessárias para o exercício de

cada uma delas. Esta dificuldade também ocorre na área de computação e informática,

objeto desta dissertação. Quais as profissões ou ocupações existentes no mercado?

Que conhecimentos e habilidades estas demandam? Que instrumentos podem ser

utilizados para acompanhamento de mudanças em tais demandas?

Um elemento fundamental desta análise é, ao nosso ver, a análise da

configuração do mercado de trabalho e emprego dos profissionais diretamente

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envolvidos na prestação de serviços e desenvolvimento de produtos relacionados com

TI, buscando-se superar inclusive as dificuldades de identificar-se quem são tais

profissionais, dificuldade esta que será apontada no capítulo 2.

A necessidade de entendimento sobre o que é de fato o mercado de TI parece

ser fundamental, haja vista a ênfase dada a esta temática no Livro Verde do Programa

Brasileiro para a Sociedade da Informação3 e no workshop Formação de Recursos

Humanos em Tecnologia da Informação no Estado do Rio de Janeiro, promovido pela

FAPERJ, a RNP e o IMPA no Rio de Janeiro em setembro de 2000. Algumas tentativas

têm sido feitas nesse sentido, como o próprio position paper relativo a mercado de

trabalho em TI apresentado no citado workshop Marques et al., (2000) e estudos

referentes à análise da inserção de egressos de cursos universitários de informática no

mercado de trabalho (Rapkiewicz e Lacerda, 2001).

No entanto estes estudos estão longe de fornecer subsídios suficientes para a

compreensão do mercado e emprego em TI. Assim, o objetivo geral desta dissertação é

a modelagem e desenvolvimento de uma ferramenta visando preencher parte dessa

lacuna. Tal ferramenta consiste numa aplicação computacional. Para tanto, alguns

objetivos específicos foram identificados, conforme a seguir: i) Analisar o ciclo de vida

de produtos do tipo software; ii) Identificar e comparar abordagem de desenvolvimento

de software; iii) Criar um modelo de banco de dados para o acompanhamento do

mercado de trabalho de TI; iv) prover mecanismos de acesso (consulta) a essa base de

dados; v) prover mecanismos de análise para os dados extraídos da base.

1.3 Metodologia

A metodologia para o desenvolvimento da ferramenta proposta compreendeu

diferentes etapas, conforme segue:

i. Identificação de possíveis fontes de dados para alimentar a ferramenta que

propõe acompanhar o mercado de trabalho de TI. São exemplos de fontes de dados:

literatura existente, empresas, fontes de dados secundárias como bancos de dados

estatísticos (por exemplo, RAIS, CAGED e censo);

3 www.socinfo.org.br

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ii. Contextualizar as categorias e empresas de TI para a construção de uma base

de dados;

iii. Modelagem da ferramenta de acordo com a fonte de dados selecionada visando

à sistematização dos dados;

iv. Desenvolvimento da ferramenta de acordo com a modelagem proposta;

v. Tratamento estatístico dos dados.

É objeto do estudo, portanto, a disponibilização de uma ferramenta que permita

identificar categorias profissionais relacionadas com TI e mapear as respectivas

qualificações de forma a subsidiar ações concretas como, por exemplo, programas de

formação profissional, sejam no sistema regular de ensino (através de cursos técnicos

em nível médio, cursos de graduação no ensino superior ou cursos de pós-graduação)

ou através de cursos de atualização ministrados por diferentes instituições.

Entendemos, porém, que algumas etapas anteriores devem ser cumpridas a partir da

revisão da literatura para situar tal ferramenta, particularmente:

i. Identificar o setor da economia ao qual o estudo se aplica;

ii. Identificar possíveis categorias profissionais;

iii. Caracterizar o escopo de qualificações demandadas;

Essas três etapas são a temática abordada neste capítulo, conforme segue.

1.4 O setor de TI

Acompanhando as transformações das tecnologias que dão suporte à

sociedade da informação, o próprio setor nos quais se inserem os profissionais foi

recebendo diferentes denominações: de processamento de dados à tecnologia de

informação, passando pela fase intermediária da computação e informática4. Assim é

que a classificação do ramo de atividade das empresas que prestam serviços na área

de informática até os anos 80, na classificação CNAE (Conselho Nacional da Atividade

Econômica) era de processamento de dados. A partir de meados dos anos 90, a

atividade passou a ser denominada de atividades de informática e conexas no que diz 4 Esse termo é utilizado pelo MEC ao referir-se a cursos superiores para formação de profissionais para esta área (MEC, 2000).

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7

respeito à prestação de serviços e desenvolvimento de aplicações, e fabricação de

máquinas para escritório e equipamentos de informática no que diz respeito à indústria.

Note-se, no entanto, que apesar do termo amplo, é problemático caracterizar

alguns tipos de empresas nesta atividade. Cite-se o exemplo dos provedores de

Internet. É discutível se os mesmos oferecem serviços de telecomunicações (como

seria o caso de uma empresa que disponibilizasse o canal em si de comunicação) ou

de informática em si. Na verdade, o serviço utilizado é um híbrido dos dois. Alguns

provedores, por exemplo, que atuem em condomínios, incluem no serviço o

fornecimento do próprio canal de acesso, serviço ampliado ao serviço de conexão.

Esse canal poderia ser considerado de “comunicação”. Ou seja, no caso de provedores

que não incluem o canal em si, poderiam mais facilmente ser considerados de

“informática”. Porém, a conexão em si é um processo lógico de acesso a um canal

físico, o que permite caracterizar a própria conexão (mesmo que o cliente utilize como

canal a linha telefônica, fornecida por uma empresa de telecomunicações) como um

serviço de comunicação. Considerando-se, porém, que a conexão em si é feita pelo

cliente com o objetivo de utilização de serviços, como navegar na Internet ou

comunicar-se através de serviço de correio eletrônico, e que a utilização desses

serviços somente pode ser feita através da existência de uma conexão, a convergência

entre tecnologias de comunicação e informática fica evidente5.

A CNAE, por exemplo, possui uma classificação para empresas em segmentos

distintos de TI de acordo com seção, divisão, grupo e classe, a denominação e com a

atividade, conforme tabela a seguir. Esta classificação da CNAE tem como ano base

1998 e vem sendo atualizada constantemente na Internet.

5 Essa dificuldade de caracterizar as empresas tem inúmeras conseqüências e pode ser fonte de discussões e estudos em diferentes áreas. Cite-se o caso da discussão, no final dos anos 90, se os provedores de Internet deveriam pagar ICMS (caso das empresas de telecomunicações) ou ISS (caso das empresas de informática).

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8

SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE DENOMINAÇÃO

D

30.2 FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE SISTEMAS ELETRÔNICOS PARA PROCESSAMENTO DE DADOS

30.21-0 Fabricação de computadores

30.22-8 Fabricação de equipamentos periféricos para máquinas

eletrônicas para tratamento de informações

K 72

ATIVIDADES DE INFORMÁTICA E SERVIÇOS

RELACIONADOS 72.1 CONSULTORIA EM HARDWARE 72.10-9 Consultoria em hardware 72.2 CONSULTORIA EM SOFTWARE

72.21-4 Desenvolvimento e edição de softwares prontos para

uso

72.29-0 Desenvolvimento de softwares sob encomenda e

outras consultorias em software 72.3 PROCESSAMENTO DE DADOS 72.30-3 Processamento de dados

72.4 ATIVIDADES DE BANCO DE DADOS E DISTRIBUIÇÃO ON-LINE DE CONTEÚDO ELETRÔNICO

72.40-0 Atividades de banco de dados e distribuição on-line de

conteúdo eletrônico

72.5 MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE MÁQUINAS DE

ESCRITÓRIO E DE INFORMÁTICA

72.50-8 Manutenção e reparação de máquinas de escritório e

de informática

72.9 OUTRAS ATIVIDADES DE INFORMÁTICA, NÃO

ESPECIFICADAS ANTERIORMENTE

72.90-7 Outras atividades de informática, não especificadas

anteriormente Tabela I.3 – Classificação das empresas segundo CNAE

Essas transformações da definição do setor ao longo do tempo dificultam, por

exemplo, a construção de séries históricas a partir de fontes secundárias de dados,

como a RAIS, por exemplo. Rapkiewicz (1999) apresenta, por exemplo, situações

pontuais dadas à falta de continuidade das classificações propostas, o que limita a

análise possível de ser feita. A título de exemplo, note-se os dados apresentados nas

tabelas a seguir. A Tabela 4 mostra que o termo utilizado pela RAIS nos anos 80 era o

de processamento de dados e que o setor caracteriza-se pela concentração de

pequenas empresas.

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9

Qtd de empregadosProcessamento.de

Dados (%)

0 15.91

De 1 a 4 42.58

De 5 a 9 14.77

De 10 a 19 9.78

De 20 a 49 8.18

De 50 a 99 3.26

De 100 a 249 3.08

De 250 a 499 1.35

De 500 a 999 0.6

1000 ou + 0.5

Total 100

Tabela I.4 – Empresas de processamento de dados por nº de empregados (Brasil - 1988)

Fonte: RAIS Estabelecimento apud Rapkiewicz (1999)

Já a Tabela I.5 mostra, que, nos anos 90, passou a ser utilizado o termo

informática, sendo possível caracterizar subsetores. A possibilidade de comparação

restringe-se à verificação de que o setor continua caracterizado pela concentração de

pequenas empresas. Porém, dada à mudança na classificação, não é possível uma

série histórica mais longa, caracterizando-se, portanto, uma limitação da fonte de dados

secundária utilizada.

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10

Qtd de

emprega-

dos

%

Consultori-

a em Sist.

de

Informática

%

Desenv.

de

Progra-

mas de

Inf. %

Proces-

samento

de

Dados %

Ativ. De

Banco

de

Dados

%

Manut.

De máq.

Escrit. e

inf.

%

Outras ativ.

de Inf.

%

Total

%

0 16.09 14.77 11.76 10.64 14.11 16.62 14.83

De 1 a 4 60.02 55.57 56.11 62.77 63.45 56.32 57.38

De 5 a 9 12.56 13.82 14.41 10.64 12.45 15.1 14.09

De 10 a 19 5.99 8.97 6.96 10.64 7.39 6.86 7.33

De 20 a 49 3.61 4.89 4.61 1.06 1.6 3.23 3.69

De 50 a 99 1.15 0.95 2.27 0 0.67 1.05 1.24

de 100 a 249 0.41 0.8 1.92 2.13 0.2 0.56 0.85

de 250 a 499 0.16 0.15 0.73 2.13 0.13 0.25 0.32

de 500 a 999 0 0.04 0.81 0 0 0.02 0.18

1000 ou + 0 0.04 0.42 0 0 0 0.1

Total 100 100 100 100 100 100 100

Tabela I.5 - Distribuição percentual de empresas de informática por nº de empregados (Brasil - 1997)

Fonte: RAIS Estabelecimento apud Rapkiewicz (1999)

Uma tentativa de classificação setorial mais macro é feita pelo MEC nas

diretrizes curriculares para Computação e Informática (MEC, 2000). O MEC pretende

separar os cursos de acordo com o perfil dos egressos em dois grandes blocos: cursos

de graduação plena que têm predominantemente a computação como atividade fim,

ou seja, pretende formar profissionais que atuem diretamente na produção de bens e

serviços relacionados com a TI e cursos de graduação que têm a computação como

atividade meio, isso é, pretendem formar profissionais que atuem na automação de

sistemas de informação nas organizações. Ou seja, um grupo atuaria em setores da

economia, caracterizados como propriamente de computação e informática, e o outro

utilizaria essas tecnologias como ferramenta em outros setores da economia. Apesar de

ser mais macro que a classificação proposta pelo CNAE, a classificação proposta pelo

MEC também apresenta algumas limitações. Particularmente, dificuldade de situar

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11

alguns profissionais quando atuam de forma terceirizada. Por exemplo, se um analista

de sistemas trabalha numa empresa de desenvolvimento de software claramente

estaria na atividade fim. Já sendo empregado de um banco, estaria claramente na

atividade meio (dado que a atividade fim de um banco não é a informática, esta é um

vetor para o negócios no setor bancário). Porém, o que dizer de um analista de

sistemas que trabalhe no banco sem ser funcionário do mesmo, e sim empregado de

uma empresa (esta de atividade fim) mas que atua nas dependências do próprio banco

desempenhando praticamente as mesmas funções que o analista funcionário do

banco?

Estes dois exemplos de tentativas de classificação do setor da economia

relativo à área de TI (CNAE e MEC) explicitam a dificuldade de enquadramento da área.

Assim sendo, estudos setoriais estão desde o início limitados à identificação do que é o

setor em si. Conforme veremos na subseção que segue, esta dificuldade também está

presente no mapeamento das possíveis categorias profissionais, quer atuem na

atividade meio, quer atuem na atividade fim.

1.5 As categorias profissionais

Segundo Tierney (1992), a organização de uma atividade profissional consiste

em três componentes principais:

i. Uma estrutura de atividades relacionadas a categorias de empregos;

ii. Uma estrutura dessas categorias, relacionadas seqüencialmente entre si;

iii. A alocação de pessoas específicas aos empregos;

Ou seja, é necessário identificar quais são as categorias profissionais, como

elas se relacionam entre si (por exemplo, relacionando o trabalho de concepção com o

de execução) e que perfil devem ter as pessoas que de fato desempenharão as

atividades sob o rótulo de tal categoria profissional. Este último aspecto está

relacionado com as demandas de qualificação, tema abordado na próxima seção.

Já no que diz respeito à identificação da gama de categorias profissionais

envolvidas no contexto da assim chamada Sociedade da Informação, o mínimo que se

pode afirmar é que o escopo é bastante amplo. Segundo Rapkiewicz (1998), enumerar

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12

quais são essas categorias não é tarefa simples. Segundo a autora, a Sociedade dos

Usuários de Computadores (SUCESU) identificava no Brasil, em 1987, 35 tipos

diferentes de ocupações. Na França, uma organização patronal da área, a Chambre

Syndicale des Sociétés de Services et d’Ingénierie Informatique (SYNTEC

Informatique), mencionava 21 ocupações diferentes no seu balanço de 1995. Nos EUA,

identificou-se mais de 300 títulos diferentes para profissionais de informática em

pesquisa junto a empregadores, feita no final dos anos 70 (Debons et al., 1981 apud

Rapkiewicz, 1998). Esta multiplicidade de denominações é uma das principais razões

para se tentar mapear quais são as categorias profissionais relacionadas a TI e,

conseqüentemente, identificar a estrutura ocupacional da área.

Assim como no que diz respeito à classificação das atividades econômicas

relacionadas à computação e informática, conforme citado na seção anterior, diferentes

tentativas de classificação têm sido feitas para as categorias, porém sem se chegar a

um lugar comum. Além de se tentar formas de classificar as categorias é necessário

identificar o escopo de qualificações, competências e habilidades necessárias para tais

categorias, o que é tratado na próxima seção.

1.6 As competências

A organização do trabalho sofre modificações ao longo do tempo, de forma

que, para acompanhar tais mudanças, as características demandadas para os

profissionais que exercem o trabalho em si também foram se modificando,

caracterizando diferentes modelos, identificados na literatura como Qualificação,

Competências e Empregabilidade. O modelo da qualificação foi construído sobre a

visão mecanicista de trabalho proposta por Taylor (tarefas) e Ford (linha de montagem).

Por isso, tende a não levar em consideração a subjetividade do trabalhador e sim a sua

adequação a um determinado trabalho, compreendido nesse contexto como um

conjunto de tarefas padronizadas. É, portanto, uma abordagem centrada em um

indivíduo visto apenas em seus atributos específicos para ocupar um determinado

posto. Qualquer outra característica que o trabalhador possua, além daquelas

estritamente necessárias à execução do trabalho, não é levada em consideração.

Outras abordagens são mais amplas, incluindo na qualificação do trabalhador

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13

características muitas vezes desprezadas, mas que são fundamentais: as qualificações

tácitas, desenvolvidas através de experiências subjetivas.

O conceito de qualificação varia no tempo e está estreitamente relacionado

com o modelo de produção vigente. Conseqüentemente, o trabalhador deve procurar se

manter de acordo com a exigência local de emprego a fim de evitar a sua exclusão do

mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que se mantém atento aos aspectos globais

do contexto no qual seu trabalho está inserido.

O modelo das competências tem sua origem na transição de uma visão de

produção em massa para a produção flexível, na qual a forma de trabalhar sofre

modificações e tende a ser mais flexível. Note-se, porém, que o escopo da flexibilidade

neste modelo é delimitado, pois ainda há prazos, metas e tarefas a cumprir. O

trabalhador, mais do que atender a uma fórmula completa, rígida e fixa de passos a

serem executados, passa a ter que responder a demandas de vários tipos. Algumas

delas são meramente operacionais, mas outras são táticas ou estratégicas,

dependendo da função desempenhada pelo trabalhador na empresa. Esta visão a

respeito das mudanças no trabalho é referendada pelo pesquisador francês Yves Clot

(1995) que se refere ao ato de trabalhar, na atualidade, como sendo o “ato de arbitrar”.

Deluiz (1996) também observa que o trabalho deixou de ser prescrito e repetitivo para

tornar-se um trabalho de arbitragem, onde o profissional precisa fazer escolhas e

opções todo o tempo. Certamente que o escopo de arbitragens feitas pelos

trabalhadores encontra-se num âmbito mais ou menos restrito, o que motivou Appay

(1996) a utilizar a expressão “paradoxo da autonomia controlada”, isto é, ao mesmo

tempo em que se exige do trabalhador certa autonomia, tal autonomia é restrita na

medida em que o mesmo tem que responder, por exemplo, a exigências cada vez

maiores de produtividade.

Para Deluiz (1996), as competências individuais de um trabalhador não se

constituem em um “estoque de conhecimentos e habilidades fixo no tempo, mas como

fluxo, pois são mobilizadas e desmobilizadas em um processo seqüencial de ajuste no

mercado interno e externo de trabalho”. Sendo assim, deve-se verificar fatores técnicos,

sociais, organizacionais e cognitivos das atividades profissionais a serem exercidas

pelos egressos para se inferir sobre a formação a eles oferecida.

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14

Na transição da produção em massa para a produção flexível, o grupo passa a

ser vital para a geração de lucros e é conceituado, pelo capital, na persona de

Recursos Humanos, como “equipe”. Além disso, a inteligência humana transferida para

os equipamentos torna o trabalho mais abstrato e com demandas não tão previsíveis

quanto as que se dão em uma linha de montagem. Com isso, a lógica de trabalho

desloca-se de uma pessoa em um posto de trabalho para uma “equipe”, atuando sobre

um sistema produtivo. Na informática, os "Ambientes de Desenvolvimento Rápido"

como o Delphi e o Visual Basic, são um exemplo disso. O ambiente em si responde por

uma grande parte da programação passível de padronização, como definições de

classes e objetos, automaticamente, e possui recursos para o gerenciamento de

projetos nos quais diversos profissionais trabalham em conjunto na elaboração de um

produto de software. Ou seja, pode haver trabalho cooperativo e a própria tecnologia

oferece recursos para isso através de ferramentas do tipo CSCW6.

Empregabilidade pode ser definida como a aptidão de um indivíduo para o

trabalho. Este termo provavelmente teve sua origem nos anos 50 e 60 nos Estados

Unidos, sendo usado para designar a aptidão de um indivíduo para o trabalho, medida

pelo resultado de testes funcionais. Criavam-se inclusive “escalas” de empregabilidade,

como por exemplo, cegos, cardíacos, delinqüentes, etc. Gazier (1990).

Segundo Hirata (1996), ainda que usado com maior freqüência em economia e

estatística nas análises da passagem da situação de desemprego para a de emprego,

em certa medida empregabilidade e competência no debate francês podem ser

considerados sinônimos. Fleury e Fleury (2000) definem competência como sendo “a

capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços”. Assim

sendo, o que procuramos estabelecer, na ferramenta proposta, é um mapeamento das

competências demandadas para os profissionais de TI. Para tanto, consideramos a

classificação das competências proposta por Fleury e Fleury (2000), conforme segue:

• Competência de negócio: são aquelas relacionadas à compreensão do

negócio e o meio onde ele se desenvolve, incluindo a política, o mercado, as relações

com os clientes assim como as relações com os concorrentes. Em resumo, o

conhecimento do negócio. 6 Computer Supported Cooperative Work

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15

• Competências técnico-profissionais: correspondem àquelas

específicas para uma determinada ocupação, atividade ou operação.

• Competências sociais: correspondem àquelas necessárias para a

interação com as pessoas.

Utilizamos esta classificação para agrupar, na ferramenta proposta, as

características demandadas para os profissionais de TI, conforme explicado no Anexo

3. A partir da coleta de dados feita, foi necessária a ampliação dessa classificação,

adicionando-se a categoria “outros”, com as seguintes subdivisões:

• Aparência: são as “competências” ou “características” explicitadas

relativo à aparência do profissional, como por exemplo, ótima aparência, ótima

apresentação.

• Comportamental: são as competências comportamentais como:

disciplina, perseverança, talento.

• Disponibilidade: são as competências que solicitam do profissional

disponibilidade de qualquer aspecto, como: disponibilidade de 8:00 às 16:00, horário

integral, disponibilidade para viajar, disponibilidade integral.

• Vínculo: são as características que diz respeito ao tipo de vínculo como

por exemplo, “free lancer”, autônomo.

1.7 A modelagem e desenvolvimento da ferramenta

Pressman (1995) apresenta diversas possíveis abordagens que podem ser

utilizadas no desenvolvimento de uma aplicação de software. Uma parte delas voltada

para os processos, outra parte para os controles e por último aquelas voltadas para os

dados. No caso, a proposta é a de uma aplicação que utiliza intensamente dados.

Pressman (1995) menciona que para aplicações de software desta natureza a técnica

de análise denominada Modelagem de Dados vem sendo utilizada há muitos anos. A

fundamentação desta escolha encontra-se no Capítulo 3.

Uma das etapas para modelagem é a construção do modelo conceitual.

Existem diversas possibilidades de notações gráficas para o Modelo Conceitual de

Dados. A escolha recaiu sobre técnica de Modelagem de Entidades e Relacionamentos

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(MER) utilizando a representação gráfica proposta em Chen (1990) acrescida das

extensões necessárias à representação da base de dados de classificados. A

fundamentação desta escolha também se encontra no Capítulo 3.

Outra questão é criar a base de dados de classificados de jornais, fonte de

dados selecionada, em meio magnético. Optou-se pela utilização de um produto de

banco de dados que permitisse a implementação de um modelo relacional, no caso,

tabelas Paradox. A fundamentação para seleção de um banco de dados relacional

encontra-se no Capítulo 3.

Em resumo, a construção da ferramenta de que trata esta dissertação utilizou

um método de análise orientado a dados (no caso, Modelagem de Dados) e a

implementação ocorreu utilizando um Banco de Dados Relacional. O ambiente de

programação utilizado foi o Borland Delphi 5.0. A arquitetura utilizada no projeto do

sistema está definida no Capítulo 4.

1.8 Tratamento estatístico dos dados

A análise da configuração do mercado de trabalho na área de TI tem por base

os dados históricos e a possibilidade de projetar os diversos componentes desta base.

A ferramenta inicialmente possibilita a construção gráfica do comportamento

dos diversos componentes que compõem um anúncio conforme a modelagem,

mostrando através destes gráficos a trajetória do mercado de trabalho de TI. O modelo

para o tratamento estatístico utilizado foi de regressão linear. A partir de uma consulta à

base de dados em determinado período e aplicando o modelo de regressão linear

possibilita mostrar uma tendência linear para os dados componentes do modelo. A

explicação detalhada da parte estatística consta do Capítulo 5.

Estruturação da dissertação

Além da presente introdução, esta dissertação está estruturada em cinco

capítulos e os anexos, organizados conforme segue:

O Capítulo 2 objetiva contextualizar o problema abordado neste projeto, qual

seja, a identificação de categorias profissionais na área de TI e as demandas de

qualificação para as mesmas. Para tanto, é apresentado um breve histórico sobre a

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evolução da informática no cenário mundial e, especificamente, no Brasil. Essa visão

histórica situa a evolução tecnológica que fundamenta a evolução das categorias

profissionais associadas de forma a especificar um conjunto de indicadores que devem

estar presentes numa ferramenta que se proponha a viabilizar o acompanhamento das

mudanças no mercado de trabalho da área.

O Capítulo 3 mostra a fundamentação e a construção da base de dados nos

anúncios de oferta de empregos dos classificados de jornal, a representação das

entidades, atributos e relacionamentos do conteúdo do anúncio. A modelagem descrita

neste capítulo é a “ponte” entre o anúncio do jornal e a construção de um modelo que

possibilite a criação de uma base de dados que permita o acompanhamento do

mercado de trabalho. Também é mostrado, passo a passo, o projeto da base de dados

desde o modelo conceitual, a construção das tabelas e o projeto do aplicativo.

A arquitetura utilizada no projeto do sistema está definida no Capítulo 4.

O Capítulo 5 contém a especificação do módulo estatístico, o qual é

exemplificado a partir de alguns resultados oriundos da base de dados.

O Capítulo 6 contém as considerações finais decorrentes dos capítulos

anteriores, sendo apresentados destaques sobre pontos relevantes verificados no

estudo realizado. Também são apresentadas as dificuldades encontradas no

desenvolvimento desta dissertação e as possibilidades de continuidade do estudo

contido na mesma.

Os Anexos, a seguir relacionados, contêm todo o material de apoio utilizado

para a produção deste texto.

No Anexo 1 está descrita a construção dos agrupamentos dos conhecimentos

requeridos dos profissionais de TI. Este agrupamento é proposto dado que os anúncios

têm uma grande diversidade de conhecimentos e o não agrupamento dificulta a análise.

No Anexo 2 mostra-se o agrupamento das características solicitadas nas

categorias. As características foram agrupadas de acordo com as definições de Fleury e

Fleury (2000) em competências técnico-profissionais, sociais e de negócios. Para as

características que não puderam ser relacionadas a nenhumas destas competências se

fez necessária a criação de outros agrupamentos que as contemplassem.

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No Anexo 3, mostram-se os agrupamentos das áreas de escolaridade de

acordo com as grandes áreas. Isto se faz necessário, pois os anúncios solicitam

diversas formações profissionais em diferentes áreas. O objetivo deste agrupamento é

conhecer quais as áreas de formação este mercado solicita dos profissionais, sejam em

nível do 2º ou do 3º grau.

O Anexo 4 apresenta todas as fases do trabalho com as respectivas subfases

que compõe a base de dados. Estas fases se fazem necessário para o conhecimento

de processo de construção de um produto de TI.

O Anexo 5 mostra todas as tabelas que compõem a base de dados, assim

como os campos e tipos necessários para a construção desta base de dados.

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CAPÍTULO 2

A disponibilidade dos recursos de informática atualmente era inimaginável

quando surgiu o ENIAC em 1946, considerado o primeiro computador do mundo. A

denominação processamento de dados até os anos 80 definia todo o conjunto de

recursos necessários para o processamento de informações. Atualmente utilizamos a

denominação Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ou apenas TI, conforme

definido no Capítulo 1, para englobar uma quantidade cada vez maior de

equipamentos, aplicações, serviços e tecnologias, tendo como base segmentos

interligados pela informação, isto é, a computação e a telecomunicação.

A sociedade está inserida na tecnologia, na disseminação dos computadores

pessoais, na Internet, na computação móvel, no relacionamento virtual, conectando

empresas e pessoas, para negócios ou entretenimento. Além das aplicações

convencionais da informática, que envolve hardware e software, o emprego de

tecnologias concomitantes para objetivos específicos na área empresarial como a

internet, interligando clientes, usuários, consumidores, entre outros.

Este capítulo descreve a evolução histórica dessa tecnologia com o objetivo de

situar as categorias profissionais de TI ao longo dos anos em concomitância com a

evolução de hardware e software.

2.1 Processamento de dados a TI

A evolução da tecnologia da informação é principalmente relacionada com a

indústria de equipamentos da área. Os períodos citados abaixo não possuem a

precisão cronológica conforme descrita, eles são apenas um referencial para o

acompanhamento da evolução.

2.1.1 Década de 50

A evolução das tecnologias de informática e computação resulta de dois

segmentos distintos que são o hardware e o software. Ambos foram sendo

desenvolvidos em paralelo ao longo do tempo. No caso do hardware, convencionou-se

identificar as transformações em torno do termo “geração”.

Até o inicio da década de 50, os computadores eram considerados de primeira

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geração e eram à base de válvulas com programação externa ou mista de interna e

externa. Meirelles (1988) afirma que em 1951 surgem os primeiros computadores em

escala comercial, de 1º geração que permanecem até 1959. Os computadores desta

geração possuíam memória externa. Segundo Breton (1990), a construção dos

primeiros computadores está relacionada às pesquisas desenvolvidas pelas

universidades americanas e inglesas e pela convergência de interesses científicos e

militares.

No que diz respeito ao segmento de software, as primeiras linguagens de

programação dos computadores eram denominadas por linguagem de máquina, pois

este tipo de linguagem utilizava diretamente o sistema binário. A linguagem que logo

conseguiu notoriedade foi à linguagem Fortran7 criada em 1957. É considerada a

primeira linguagem de alto nível. Depois surgiram outras linguagens de alto nível como

Cobol8. Ainda na década de 50 surgiu o Algol9 que foi uma linguagem que obteve muito

êxito já que o Fortran era considerado uma linguagem científica.

No caso específico do Brasil, neste período ocorria uma forte influência

internacional na área de computação. Inicia a chegada no país de computadores como

o IBM-1401 como afirma Pacitti (2000), orientado para gestões administrativas. Pacitti

(2000) afirma que “a pesquisa não estava ligada ao ensino e pouco se fazia em ciência

aplicada... eram muito mais humanísticas e menos tecnológicas Os centros de

tecnologia, hoje essenciais na estrutura da universidade, eram praticamente

inexistentes”.

Ainda no final dos 50, Pacitti (2000) cita que “em 1958, foi instalado pela

primeira vez no ITA e em uma instituição de ensino, um computador de primeira

geração, o Univac-120”. Em 1959, foi instalado na PUC-RJ (Pontifícia Universidade

Católica) um computador Burroughs-205· (a válvula), que funcionava em Assembler10.

A característica desta linguagem para a época era extremamente trabalhosa para ser

manuseada pela maioria dos usuários não profissionais da área de informática. De fato,

nesta década não havia propriamente profissionais de informática, sendo estes 7 Linguagem de programação científica denominada Fórmula Translator. 8 Common Business Oriented Language. 9 Algorithm Language 10 Denominada de linguagem de máquina ou linguagem de baixo nível.

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profissionais oriundos de outras áreas como matemática, física e engenharia.

2.1.2 Década de 60

Neste período os computadores possuíam dimensões gigantescas e exigências

técnicas de infra-estrutura, assim como corpo técnico especializado e os equipamentos

obviamente caros. Meirelles (1988) aponta para a chegada ao Brasil, em 1961, do

primeiro computador o UNIVAC 1105, a válvulas para o IBGE11. Segundo o autor, até

1965 o uso do computador era restrito a algumas áreas especificas predominantemente

universidades, órgãos governamentais e grandes empresas. A partir de

aproximadamente 1965, os circuitos integrados (CI) passaram a ser usados nos

computadores. Nesta época houve a expansão da capacidade de memória dos

equipamentos o que Pacitti (2000) afirma tornaram as máquinas mais amigáveis e de

melhor entendimento. As principais linguagens de programação deste período foram o

Cobol, PL-1, LISP e o Basic12. O Basic popularizou-se no final dos anos 60 e anos mais

tarde na microinformática.

O principal profissional de informática na década de 60 era o analista de

suporte que tinha a responsabilidade sobre o funcionamento de todo o sistema, assim

como ter sólidos conhecimentos do sistema operacional e da linguagem Assembler que

era específico de cada máquina ou processador. Este período foi considerado

centralizador, pois somente técnicos especializados, e em locais específicos, tinham

acesso a esta tecnologia.

A formação de profissionais e a capacitação nesta geração são exclusivamente

oferecidas pelos fabricantes de equipamentos. Também surgiram os primeiros cursos

com segmentos distintos como de processamento de dados para o segmento de

software e de tecnologia digitais para o segmento de hardware. Nota-se, que, durante

vários anos, as áreas de hardware e software eram considerados segmentos distintos.

Porém as tecnologias eram agregadas, isto é, o fabricante fornecia o equipamento e os

serviços de software e manutenção agregados.

Já no início dos anos 60, segundo Pacitti (2000), o Brasil recebe os primeiros

11 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - órgão governamental de pesquisa. 12 Beginners All Purpose Symbolic Instruction Code

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22

computadores para fins comerciais acarretando os benefícios do processamento de

dados e acelerando as mudanças na área educacional, no mercado de trabalho e no

comportamento da indústria nacional. Neste período surgem as primeiras empresas

caracterizando assim uma “indústria do software”.

Na maioria das vezes, os equipamentos apresentavam características comuns

quanto a sua construção e funcionamento. Os componentes eram exclusivamente de

determinado fornecedor, inclusive os softwares para estes equipamentos eram de uma

única linha de produto assim como de fornecedores. Obviamente não existiam muitas

alternativas quanto a fornecedores de computadores no Brasil ou no mundo inteiro,

acarretando preços altos, para aquisição e manutenção de equipamentos e softwares

dependentes entre si e que, por conseqüência, a troca de fornecedor para outro

fornecedor acarretava altos investimentos, pois não existia compatibilidade nem de

equipamentos e de softwares.

2.1.3 Década de 70

No cenário da tecnologia da informação mundial acontece a evolução da parte

eletrônica dos computadores. Na plataforma mainframe, são amplamente usados os

terminais “burros” que são equipamentos sem processamento local e todo o

processamento era centralizado numa máquina central que podia ser usada por vários

usuários ao mesmo tempo. Castells (1999) afirma que os anos 70 foram ao mesmo

tempo à época provável do nascimento da revolução da TI e também uma linha

divisória na evolução do capitalismo.

Segundo Breton (1990), com a evolução da parte eletrônica dos computadores,

inicia-se um processo de renovação científica, iniciando o desenvolvimento da

cibernética, da inteligência artificial, da teoria de sistemas, da teoria da informação e a

tecnologia das comunicações de um modo geral.

Na área de software, a construção de diversos tipos de sistemas operacionais

multiusuários, multitarefa assim como sistemas operacionais dedicados exclusivamente

para o processamento de dados em tempo real. A evolução do hardware possibilitou o

início de projetos na área de banco de dados, programação estruturada, inteligência

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23

artificial e a computação gráfica. Ainda no período da década de 70, é lançado o Unix,

sistema operacional aberto e não proprietário ainda não contextualizado até a época.

Com relação às linguagens de programação, surge a linguagem Pascal. Na

programação comercial, amplia-se a utilização do Cobol e, na área de projetos

científicos, a linguagem Fortran. Surgem os primeiros projetos de banco de dados e

assim como as linguagens específicas para esta finalidade. As linguagens de controle

se tornaram mais sofisticadas com o objetivo de atender às novas demandas dos novos

hardwares.

As metodologias passam a ser largamente utilizadas, sendo discutidos

amplamente o uso dos seus métodos e técnicas, caracterizando a Engenharia de

Software. Neste período, o hardware e o software ficaram um pouco melhores, os

profissionais dividiam-se basicamente em quatro categorias: digitadores, operadores,

programadores e analistas.

No Brasil, o desenvolvimento da informática é extremamente difícil. O país

inicia a consolidação da utilização da tecnologia de computadores. Neste período, os

computadores mais utilizados no país eram da empresa Digital para o processamento

científico e IBM 360/370 para o processamento comercial.

No inicio dos anos 70, conforme afirma Oliveira (1991), dá-se o inicio da

intervenção governamental no setor a partir da criação em 1972 da Capre13 com o

objetivo de propor uma política governamental de desenvolvimento do setor e o autor

afirma ainda que esta comissão também é “responsável pelo controle e produção e

mercado de computadores e periféricos no País”. Meirelles (1988) menciona o

estabelecimento da reserva de mercado para os minicomputadores. Em seguida é

fundada a empresa Cobra (1974). É criada a SEI14 que era ligada diretamente ao

Conselho de Segurança Nacional (CSN), órgão superior de orientação, planejamento,

supervisão e fiscalização do setor de informática no país. Ou seja, é nesta década que

ocorrem os primeiros passos para uma política publica de regulamentação do setor de

informática.

Diversos autores como Tierney (1991), afirmam que o desmembramento dos

13 Comissão Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico. 14 Secretaria Especial de Informática

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24

serviços de hardware e software, que anteriormente eram agregados foi um marco para

o desenvolvimento do software que de modo independente do hardware.

Segundo Segre e Rapkiewicz (2002), não existia distinção entre usuários e

profissionais de informática e estes detinham o conhecimento de todo o processo de

trabalho. Porém, neste período, entre as categorias profissionais de informática há um

novo contexto na conformação destes profissionais, tendo uma escala hierárquica bem

definida pelos programadores, analistas de sistemas, operadores, conforme Segre e

Rapkiewicz (2002). Categorias estas que tem modificações não na denominação, mas

com a evolução da tecnologia os atributos necessários para a inserção destes

profissionais no mercado são alterados profundamente.

Algumas definições sobre estas categorias são pertinentes, conforme segue:

i. Analista de Sistemas, profissional com formação de nível superior ou ser

especialista em uma determinada atividade da empresa;

ii. Programador, profissional com habilidade em programação com uma ou mais

linguagens de programação podendo ter formação de nível superior ou técnico;

iii. Operador de Microcomputador, de Computador ou de Terminal, profissional com

a função de operar determinado equipamento de processamento de dados com

formação de 1º Grau;

iv. Digitador: profissional com a função de digitação de dados, num determinado

sistema, com rapidez em datilografia.

Esta é descrição destes profissionais neste período, pois as habilidades e

funções são bastante delineadas e definidas no contexto da época. Segundo Tierney

(1991), estes profissionais estavam muito mais associados à tecnologia que dominavam

do que propriamente à empresa em que trabalhavam.

2.1.4 Década de 80

Nesta década há o “boom” dos computadores de uso pessoal, os

microcomputadores. Os preços destes microcomputadores caem vertiginosamente.

Iniciam-se a tecnologia de redes locais e o processamento distribuído, assim como os

primeiros bancos de dados distribuídos. Os periféricos eram extremamente lentos,

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25

frágeis e de alto custo. Amplia-se o desenvolvimento dos sistemas operacionais

particularmente os disponíveis para os computadores PC, plataforma que naquela

época se encontrava em pleno processo de expansão. Os aplicativos são direcionados

especificamente para PC’s, como por exemplo, Visicalc15, WordStar, Lotus 1-2-3.

Com a expansão dos microcomputadores, as linguagens baseadas no padrão

Xbase16 (dbase e Clipper) passam a ser amplamente utilizadas para o desenvolvimento

de sistemas. Na plataforma de mainframes, a linguagem de programação utilizada

centrava-se em Cobol com possibilidade de demanda de banco de dados. Busca-se a

substituição dos terminais “burros” por PC’s que tinham a vantagem de dupla função

ora como emuladores de terminais ora para processamento local. Neste período os

sistemas operacionais dos mainframes da IBM, Burroughs, Univac e Digital eram

largamente utilizados.

Em 1982 são lançados no mercado brasileiro o CP-50017 da empresa

Prólogica, da linha de PCs, a partir de 1985 o mercado é dominado pelo IBM-PC18 e

compatíveis: os primeiros modelos foram lançados pelas empresas Dismac, Cobra,

Prológica, SID, Digitus, Softec, Microtec e Scopus. Também são encontrados no

mercado nacional os sistemas operacionais da empresa Cobra (Computadores do

Brasil).

No Brasil, em 1984, entra em vigor a lei da reserva de mercado que proibia a

importação de equipamentos de médio porte e limitava a importação de equipamentos

de grande porte, exigindo justificativa de importação. Nesta época o país desenvolve

projetos de hardware e em diversos casos reproduzia os equipamentos já existentes no

mercado externo. Os profissionais começaram a ser conhecidos e mais organizados.

Neste período iniciou a desmistificação da informática; o mercado era carente de

profissionais devido ao crescimento desordenado do país e à falta de estruturação

educacional. Neste período o segmento de software consolida-se no mercado como um

artefato (produto) independente do hardware.

15 Visicalc – planilha eletrônica para máquinas Apple. 16 Programas de banco de dados simples. 17 CP-500 – tipo de computador lançado pela Prológica empresa montadora de computadores. 18 IBM-PC – surgem os microcomputadores e a empresa IBM traz para o país o PC (personal computer – computador pessoal).

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26

Ainda neste período, com a disseminação dos microcomputadores (PCs,

devido ao baixo custo) das redes locais, que acarreta uma mudança substancial na

organização interna das empresas e também nos profissionais de TI, que é o desmonte

dos CPDs, gerando uma aproximação dos usuários com a tecnologia de informática.

No final dos anos 80, tem início o crescimento do mercado para os

profissionais de TI. Pode-se enfatizar o crescimento das categorias relacionadas ao

software como Analistas de Sistemas e Programadores. Com a demanda em ascensão

dos microcomputadores, surgem os profissionais para este segmento, como Operador

de Microcomputador, Analista de Microcomputador, assim como os profissionais ligados

à tecnologia de Banco de Dados como Administrador de Banco de Dados. Neste

período, diversos níveis hierárquicos são inseridos junto à categoria, como por

exemplo, chefes, gerentes e supervisores.

2.1.5 Os anos 90....

Os periféricos desenvolvidos para PC’s são consolidados num mercado em

expansão. A Microsoft lança os sistemas operacionais Windows 95, 98 e NT. O sistema

operacional Unix é largamente utilizado.

No Brasil há o fim da reserva de mercado em 1992. O sistema operacional de

rede local - Netware19 - teve uma enorme participação no mercado até meados desta

década. Em 1994 a internet inicia sua difusão no país, em larga escala. Surgem várias

linguagens de programação para aplicações na Internet.

Os aplicativos são desenvolvidos para plataforma Windows com a difusão de

linguagens “visuais”, como Delphi20 e Visual Basic21, entre outras, e a tecnologia de

banco de dados com produtos como Oracle e Ms-SqlServer. Amplia-se utilização de

linguagens de programação orientada a objetos.

As técnicas de modelagem de dados são bastante utilizadas na grande maioria

das aplicações em banco de dados relacionais. Também há a difusão da ferramenta de

metodologias para acompanhamento e monitoramento de projetos de construção de

softwares. O hardware e o software tiveram uma redução de custo, obteve maior 19 Sistema operacional de rede da empresa Novell. 20 Linguagem de Programação Visual da Empresa Borland 21 Linguagem de Programação Visual da Empresa Microsoft

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confiança, tornaram-se mais amigáveis e efetivos; a informática começa a ser

efetivamente aplicável ao mercado e aos negócios das empresas.

Em infraestrutura, ocorre grande utilização de fibra ótica, recursos de

telecomunicações devido à larga utilização da internet. Em 1993 a Intel22 lança o seu

processador Pentium (80586)23 e em1997 são lançadas as primeiras máquinas

utilizando processadores com tecnologia MMX24 da Intel.

O mercado de TI tem uma forte demanda, devido à redução de custos dos

equipamentos que é uma das justificativas, assim como o mercado de trabalho também

está em ascensão. Surgem diversas denominações para profissionais na área de

informática dificultando a caracterização e a identificação destes profissionais.

Em 1994 a Internet comercial tem seu início no país, de forma não previsível

considerando a dimensão que tomou no mercado de TI, e uma série de mudanças de

paradigmas são introduzidas junto a esta tecnologia em todos os segmentos da

sociedade, tendo a área de TI também forte influência no mercado de trabalho de TI,

por exemplo, novas categorias profissionais, como webmaster, webdesigner.

Esta breve apresentação permite situar o leitor na dinâmica da evolução das

tecnologias de computação e informática e mostra, ao mesmo tempo, que há questões

relacionadas a hardware, software, metodologias de desenvolvimento, prestação de

serviços e inúmeras áreas a que hoje chamamos de TI.

2.2 A evolução das categorias profissionais de TI

O breve histórico da evolução da informática apresentada na seção anterior

mostra uma trajetória na qual as tecnologias de informática foram evoluindo desde o

processamento de dados até a tecnologia de informação, momento sobre o qual

Castells (1999) afirma que:

“um prognóstico importante da teoria original do pós-industrialismo refere-se a expansão das

profissões ricas em informação, como os cargos de administradores, profissionais especializados e

técnicos, representando o cerne da nova estrutura ocupacional”.

22 Empresa fabricante de microprocessadores e placas de computadores. 23 Pentium – modelos de microprocessadores da empresa Intel. 24 Modelos de microprocessadores da empresa Intel

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O autor aponta para o surgimento de uma nova estrutura ocupacional,

destacando a expansão das profissões ricas em informação, as quais seriam

fundamentais na assim chamada Sociedade da Informação. Porém, o autor não

explicita quem seriam tais profissionais. Algumas tentativas nesse sentido têm sido

feitas.

A primeira delas, associando a evolução dos profissionais com a evolução das

tecnologias foi proposta por Breton (1990). O autor propõe um modelo que divide a

evolução das tecnologias de informática em três períodos, que o autor denominou de

“as três informáticas”, conforme segue:

i. Na primeira, centrada nas máquinas, não existia distinção entre cientistas,

matemáticos, engenheiros e os “profissionais dos computadores”, nem tampouco uma

organização formal do trabalho. Segundo Segre e Rapkiewicz (2002) não existiam

distinção entre usuários e profissionais de informática.

ii. Na segunda informática, o foco passou para os grandes sistemas centralizados

e na adoção de princípios tayloristas/fordistas representados pela fragmentação e

especialização do trabalho. Segre e Rapkiewicz (2002) ressaltam que o início desse

processo de estratificação do trabalho foi decorrente do desenvolvimento de atividades

como a programação e a entrada de dados, e o uso civil de computadores que criou um

mercado de maior abrangência. Castells (1999) também referencia o trabalho nos

CPDs através dos seus fluxos de informação rígidos e hierárquicos, pela padronização

e pelas rotinas de trabalho. Se, na primeira informática, as categorias profissionais se

confundiam com os cientistas, matemáticos e engenheiros, nesta “segunda informática”

é possível perceber a presença de “especialistas informaticisistas” Breton (1990),

representada pelos programadores, analistas de sistemas e operadores. Segre e

Rapkiewicz (2002) destacam que tais profissionais constituíam uma “casta a parte”

dentro das empresas. Tierney (1991) indicava que estes profissionais estavam muito

mais associados à tecnologia que dominavam do que propriamente à empresa em que

trabalhavam.

iii. A terceira informática é caracterizada, sobretudo pela revolução da

microeletrônica, pelo crescimento vertiginoso da comercialização dos computadores e

pela expansão do desenvolvimento de software. Nesta fase ocorre a descentralização

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dos CPDs possibilitada pela adoção de microcomputadores e de redes que permitem

disseminar a informação por toda a estrutura das empresas. Destaca-se nesta fase o

aumento das categorias relacionadas ao software como analistas de sistemas e

programadores, aqueles associados à tecnologia dos microcomputadores (operador de

microcomputador, analista de microcomputador) e a inclusão dos termos indicativos de

hierarquia (chefe, supervisor, gerente) indicando possibilidade de encarreiramento para

os profissionais da área.

Como o modelo de Breton (1990) contempla somente até o final dos anos 80,

Albuquerque (2003) propôs uma continuidade do modelo através do desenvolvimento

da quarta informática. Este período é caracterizado pelo fortalecimento do software

como produto, pelas transformações possibilitadas pela TI em termos da utilização do

conceito de rede aplicado à organização das empresas e pelo aumento significativo do

uso de redes remotas conectadas através da internet. Nesta quarta informática as

trajetórias tecnológicas e organizacionais passam a estar imbricadas conforme indicado

por Castells (1999): “... mediante a interação entre crise organizacional e a

transformação das novas tecnologias de informação, surgiu uma nova forma

organizacional como característica da economia informacional/global: a empresa em

rede”.

Esta última colocação deixa clara a relação estreita entre a estrutura

tecnológica e a estrutura organizacional, fundamental para caracterização da estrutura

ocupacional do setor de TI. Seguindo esta tendência, ma das possibilidades de

categorização de quem são os profissionais de TI depende da fase da organização do

trabalho, conforme proposto inicialmente por Rapkiewicz (1998) e desenvolvidas em

Segre e Rapkiewicz (2001). As autoras propõem a análise da evolução dos

profissionais de informática em três fases:

i. fase artesanal consiste na época da primeira geração dos computadores em

que a absorção era nos computadores, em laboratórios de pesquisa, para fins

específicos ou órgãos governamentais; cabe ressaltar que nesta fase que os usuários

finais e os profissionais específicos de informática são os mesmos.

ii. fase sistêmica, centralizada na criação dos grandes CPDs (Centro de

Processamento de Dados), locais específicos com todos os equipamentos e

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profissionais reunidos, os profissionais têm funções bastante distintas: analistas de

sistemas e programadores são responsáveis pelo desenvolvimento; os operadores pela

atividades de operações e os digitadores são contratados com características de tps

(toques por segundo).

iii. fase flexível, caracterizada pela disseminação das TICs em diversos setores da

sociedade; conseqüentemente novas formas de trabalho são criadas assim como o

desaparecimento de categorias ou a incorporação deste trabalho por outras categorias.

Marques et al. (2000) citam quatro importantes vertentes desta fase: a) a disseminação

da microinformática que tem como conseqüência uma maior aproximação entre a

informática e os usuários; b) as metodologias e as ferramentas de desenvolvimento; c)

integração da informática com o negócio; d) popularização das redes locais e

corporativas.

Rapkiewicz (1998) propõe uma estrutura ocupacional simplificada para a área

de informática relacionada com a fase sistêmica, a qual é apresentada na figura a

seguir. Note-se que são definidos três grandes escopos de atividade: desenvolvimento,

produção, manutenção e suporte25. O desenvolvimento refere-se à definição dos

requisitos do software, projeto e programação do mesmo. A produção diz respeito à

colocação em uso do software desenvolvido, envolvendo a entrada dos dados

necessários e os procedimentos de operação do equipamento para a execução do

software de forma a se obter o resultado pretendido a partir da entrada de dados. A

manutenção e suporte do ambiente (hardware e software) constituem um domínio à

parte na estrutura, o que não significa que ela não tenha importância, pois se encarrega

da manutenção e suporte das máquinas e software básico que os demais profissionais

da estrutura utilizam.

25 A modelagem da ferramenta proposta neste estudo (vide capítulo 3) mostrou a necessidade de ampliar o escopo de atividades e o agrupamento de categorias profissionais de acordo com grupos de atividades que foram chamadas de fases do trabalho (vide Anexo 1).

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Análise de sistemas

Programação

Operação

Digitação

Des

envo

lvim

ento

Prod

ução

Man

uten

ção

e su

porte

Figura II.2 - Estrutura de atividades na área de informática na fase sistêmica

Fonte: Rapkiewicz (1998)

A esta estrutura de atividades parece corresponder a definição formal das

categorias profissionais de acordo com Classificação Brasileira de Ocupações (CBO),

do Ministério do Trabalho, que identifica as seguintes categorias:

i. analistas de sistemas;

ii. programadores de computador;

iii. operadores de máquinas de processamento automático de dados, que inclui a

categoria dos digitadores.

Note-se, porém, que tanto a estrutura de atividades quanto as correspondentes

categorias existentes na CBO não dão conta da amplitude de atividades e categorias

que podem atualmente ser encontradas no mercado de trabalho. Conforme apontado

por Rapkiewicz (1998), o mercado de trabalho encontra-se atualmente numa fase de

transição entre a fase sistêmica e a flexível, e a estrutura apresentada para a fase

sistêmica tornou-se obsoleta. Outra proposta de classificação é feita por Freeman e

Aspray (1999). Seguindo um pouco a tendência de separação entre atividade-meio e

atividade-fim, propõem a separação entre os profissionais em si da TI e aqueles para os

quais a TI é uma ferramenta, conforme mostrado na figura abaixo.

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32

Con

heci

men

to d

e N

egóc

io

Conhecimento em TI

VP Marketing

Gerente de Desenvolvimento

de Software

Administrador de Sistemas

Gerente de Produto

Profissional de TI

Usuário de TI

Caixa de

Banco

Operadorde Call Center

Desenvolvedor de Sistema Operacional

Desenvolvedor de Aplicação

Gerente deSistemas

de Informação

Gerente Financeiro

Figura II.3 – Classificação dos profissionais de TI nos EUA

Fonte: Adaptado de Freeman e Aspray (1999)

Para o escopo deste estudo, interessam os profissionais considerados pelos

autores como sendo da área de TI, ou seja, aqueles do quadrante inferior. O grupo

compreende quatro grandes categorias:

i. Os que concebem e esboçam a natureza dos produtos de informática;

ii. Os que desenvolvem os produtos, isto é, especificam, projetam, constroem e

testam os artefatos de TI;

iii. Os que modificam ou agregam partes aos artefatos (hardware e software) de TI;

iv. Os que dão suporte e manutenção para a instalação, operação e reparação de

artefatos de TI.

Freeman e Aspray (1999) apresentam um quadro que procura distinguir os

diversos trabalhos na área de TI, assim como os profissionais de TI.

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Categorização dos Trabalhos de TI Projetistas (são os profissionais que conce-bem e esboçam a natureza básica de um computador, isto é, o artefato (hardware e software) de sistema.

Desenhista de produto Engenheiro de pesquisa Analista de sistema Pesquisador de ciência da computação Analista de requisitos Arquitetura de sistema

Desenvolvedores (são os profissionais que trabalham especificando, projetando, cons-truindo e testando um artefato (hardware e software) de tecnologia de informação.

Desenhista de sistema Programador Engenheiro de software Profissional de Teste Engenheiro de computador Desenhista de microprocessador

Manutenção / Administração (são os profis-sionais que modificam um artefato (software) de tecnologia da informação.

Programador de manutenção Programador Engenheiro de software Engenheiro de computador Administrador de banco de dados

Tabela II.6 - Caracterização dos profissionais de TI

Fonte: Adaptado de Freeman e Aspray (1999)

Definindo ainda sobre os trabalhos executados pelo profissional de TI,

atualmente, segundo Gudivada (2003) há quatro áreas bem distintas de categorias de

emprego, conforme a seguir:

i. Projetar e fabricar de hardware de computador;

ii. Desenvolvimento de software de sistema, sistemas embutidos, e software de

objetivos gerais, como servidores de banco de dados, ferramentas de autoria, e

construção de aplicação;

iii. Desenvolvimento de aplicações com programação mínima, usando configuração

e operação componentes para fins comerciais;

iv. Aplicação e implementação que usam pacotes de software usando recursos de

planejamento de sistemas.

As definições, quanto aos tipos trabalho para as categorias de TI, são

importantes e não se esgotam somente com estas definições, pois somente com as

possíveis definições dos trabalhos dos profissionais de TI tem-se a possibilidade de

definir quem são os profissionais de TI.

Note-se que, na verdade, os autores não propõem a identificação em si das

categorias, mas sim um conjunto de atividades desempenhadas por eles. Seguem,

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assim, num certo sentido, a forma de categorização proposta por Rapkiewicz (1998) ao

associar as categorias profissionais da fase sistêmica com as atividades

desempenhadas pelas respectivas categorias. Esse mesmo caminho foi percorrido na

modelagem da ferramenta especificada neste estudo, quando propusemos o

agrupamento das categorias profissionais de acordo com a fase do trabalho ao qual as

atividades de cada categoria estariam relacionadas (vide capítulos 3 e Anexo 1).

2.3 Mercado de trabalho de TI

A seção anterior mostrou a fundamentação para considerar como indicadores

das transformações no mercado de trabalho em TI a identificação de quantas e quais são as categorias profissionais bem como as fases do trabalho ao qual as mesmas

estão relacionadas.

Seguindo esta tendência, alguns trabalhos com fonte de dados baseada em

empresas têm procurado quantificar tais indicadores. Conforme já citado, a

identificação de quantas e quais são as categorias profissionais tem sido trabalho até o

momento infrutífero, haja vista, por exemplo, a identificação de mais de 300 categorias

já ao final dos anos 70 (Debons et al., 1981 apud Rapkiewicz, 1998), época na qual a

difusão das tecnologias de informática e computação podia ser ainda considerada

insipiente. É fundamental, pois, buscar-se formas de agrupamento para reduzir a

quantidade de itens a serem acompanhados ao longo do tempo.

Um estudo que pode ser citado, buscando quantificar o mercado de trabalho

em TI, é o de Mayer (2002). O autor apresenta uma pesquisa realizada em 750

empresas do mercado brasileiro de desenvolvimento de software e/ou sistemas e

apresenta dados extraídos das últimas 13 edições do relatório Brasil Software26,

publicado pela empresa Mayer e Bunge27 Informática, de 1995 até 2001, com

estatísticas das empresas em diversos ramos de atividade sobre desenvolvimento, que

para serem incluídas na pesquisa (deveriam ter pelo menos um profissional de

desenvolvimento). A Tabela detalha o percentual de desenvolvedores em cada setor de

atividade econômica.

26 Relatório citada na pesquisa sobre desenvolvedores de software. 27 Empresa que realizou a pesquisa

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Tabela II.7 – Total de desenvolvedores nas empresas em %

Fonte: Mayer (2002)

A Figura II.3 mostra a evolução do percentual de desenvolvedores nas

empresas e apresenta um crescimento no percentual de desenvolvedores até 1998,

para logo em seguida, 1998-1999, haver uma queda na demanda destes profissionais.

Nota-se que no ano 1999-2000 há uma queda acentuada neste percentual.

Figura II.4 – Evolução de desenvolvedores no país

Fonte: Mayer (2002)

A amostra relativa às empresas de informática especificamente aponta para

uma forte diminuição no número de profissionais de desenvolvimento que atuam nas

empresas de informática. Mayer (2002) realiza uma análise como conseqüência desta

queda “resultado da opção de muitas destas empresas em comercializar, implantar e

suportar apenas software estrangeiro”.

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Desenvolvedores em Informática em %

34

46

54

47525049

44455047

4545

20

40

60

nov/9

7fev

/98

mai/98

ago/9

8no

v/98

fev/99

mai/99

ago/9

9no

v/99

fev/00

mai/00

ago/0

0no

v/00

fev/01

mai/01

ago/0

1no

v/01

Período

%

Gráfico II.1 – Desenvolvedores no setor de informática

Fonte: Mayer (2002)

Nota-se que os desenvolvedores do setor de TI, de acordo com esta pesquisa,

tem uma linha de declínio a partir do ano de 2001. O módulo estatístico da ferramenta

proposta nesta dissertação permite, além de quantificar as categorias ao longo do

período avaliado (1970 a 2000), a projeção de tendências do mercado conforme será

mostrado no Capítulo 5, indicando, por exemplo, possível escassez em algum

segmento.

Cabe ressaltar que, no mercado de trabalho, quando há muitas empresas que

competem na mesma atividade, isto é, necessitam de categorias escassas no mercado

de trabalho, categorias profissionais de outras áreas outros campos são atraídos para a

área de escassez. A intervenção governamental em um mercado geralmente é

considerada aconselhável toda vez que este mercado não apresenta harmonia entre a

oferta e a procura, isto é, no caso acima é importante esta intervenção, pois poderia

haver incentivos na formação de determinadas categorias em que for detectada a

escassez.

Em quais áreas há escassez? Esta é a indagação mais importante pertinente a

este estudo. Portanto, é muito difícil a resposta ser de forma direta por causa das

definições imprecisas de previsão, assim como a complexidade do trabalho de TI,

conforme definido anteriormente, existem muitos tipos diferentes de trabalhos que

envolvem habilidade amplamente variada, e distribuída por muito setores diferentes da

economia, e a falta de dados sistemáticos.

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37

A afirmativa sobre a escassez de profissionais em determinada categoria,

como por exemplo, administradores de rede, mas pode não ter a mesma escassez para

categoria digitador. Também temos a possibilidade do tempo em que estas conjunturas

se alteram rapidamente. O que é escassez pode ser verdadeiro na ocasião em que este

trabalho é escrito e pode não ser verdadeiro após um ano.

Segundo Dash e Johnston (2000) a Information Technology Association of

America (ITAA) apresenta um relatório afirmando que nos Estados Unidos, no ano de

2000, a demanda para profissionais de TI seria maior nas empresas possuindo entre 50

e 99 funcionários. Estas empresas, que não desenvolvem produtos para vender, mas

sim para uso próprio, necessitariam de aproximadamente um milhão de profissionais.

Uns terços das novas vagas abertas durante os próximos doze meses estariam na área

de suporte técnico, com empregadores interessados em profissionais que resolvam

problemas, especializados em serviços de atendimento, instalação de hardware e

software e operação e manutenção de sistemas.

No Brasil, algumas considerações refletem a tendência deste mercado. A

empresa de consultoria Andersen Consulting28 publica em relatório que, em menos de

dois anos, a economia da Internet abrigará mais de 10 milhões de empregos em várias

indústrias no mundo. Afirma ainda que mais de 300 mil empregos no Brasil serão

disponibilizados pela Internet para profissionais de TI para o ano de 2002. A Associação

Brasileira dos provedores de Acesso, Serviços e Informações da Internet (Abranet),

contestando esta afirmação, diz que esta previsão pode ser de 100 mil empregos.

Segundo Arica (2002), o Brasil é um dos dez maiores mercados de software do

mundo, de acordo com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Segundo o

Ministério da Ciência e Tecnologia, o mercado de Tecnologia da Informação no Brasil

movimentou cerca de R$ 25 bilhões no ano 2000, dos quais aproximadamente R$ 6

bilhões correspondem à comercialização de software. Segundo dados da Associação

das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet (Assespro),

em 2001 o crescimento da indústria de software no Brasil caiu, ficando em apenas 15%.

O mercado de software nacional, que em 1998 era 36%, teve uma queda para pouco

mais de 18% no ano 2000.

28 Empresa de Consultoria Empresarial.

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38

A revista IG Educação publica que em Seminário promovido pela Associação

Nacional da Educação Tecnológica (Anet) com diversos especialistas de instituições de

ensino e profissionais de recursos humanos, projetou que em 2005 o mercado de

trabalho terá um déficit de 250 mil técnicos na área de informática no Brasil. Há uma

estimativa de que, para cada 100 empregos disponíveis na área de TI, 28 não são

preenchidos por técnicos especializados.

Agora especificamente para a área de TI, no Rio de Janeiro, diversas

empresas de consultoria têm opinião divergente com relação ao mercado de trabalho

de TI no Rio de Janeiro: Lang (2003) apresenta relatos de especialistas do Grupo

Catho29 Rio afirmando que a área tem demanda por profissionais que tenham a

possibilidade de mapear informações e que atuam em áreas estratégicas da empresa,

especialistas do Grupo Foco30 afirmando que a demanda deste mercado para o Rio de

Janeiro não é por gerentes de informática e sim por profissionais de implantação de

sistemas de gestão empresariais e desenvolvedores para trabalhar com linguagens

atualizadas na medida da evolução destas linguagens, o profissional de

desenvolvimento. Outra característica importante citada por esta empresa é dos

profissionais optarem por trabalhar sem vínculo empregatício, conforme Lang (2003).

Note-se que são citados, nestas pesquisas, diferentes conhecimentos demandados

para os profissionais da área de TI.

Estes breves dados a respeito do mercado de trabalho e, especificamente do

mercado de TI, são apenas para mostrar que os números a respeito deste mercado não

contemplam, por exemplo, quais as categorias profissionais são demandadas por este

mercado, assim como algumas dessas pesquisas demonstram a evidência de que o

mercado de trabalho de TI, no Rio de Janeiro, tem forte segmentação na área de

desenvolvimento. No Capítulo 5 alguns destes dados poderão ser confrontados com os

resultados deste trabalho. O Capítulo 3 tem a possibilidade de justificar a criação da

base de dados para este mercado assim como agrupá-los da forma de obter

informações mais concisas a respeito deste mercado.

Em resumo, as pesquisas existentes com base em fontes de dados distintas

29 Empresa de Recursos Humanos 30 Empresa de Recursos Humanos

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mostram a pertinência de considerar como indicadores para acompanhamento do mercado de trabalho: a quantidade e a diversidade das categorias profissionais, os

conhecimentos demandados e as fases do trabalho. Considerando-se, ainda, o uso

potencial deste tipo de ferramenta para o planejamento de cursos para formação de

profissionais da área de TI em diferentes níveis de escolaridade e a indicação feita por

Lacerda (2002) do aumento da importância de competências não-técnicas, incluímos

ainda outros dois indicadores: a escolaridade e as características, estas agrupadas de

acordo com o modelo proposto por Fleury e Fleury (2000), conforme apontado no

Capítulo 1.

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40

CAPÍTULO 3

No Capítulo 2 foi apresentada uma visão panorâmica sobre a Sociedade da

Informação, mostrando-se que há dificuldades para identificar as categorias

profissionais e as competências demandadas para os profissionais que atuam naquela

sociedade. Neste capítulo o objetivo é a fundamentação para a construção de uma

base de dados para identificação das categorias profissionais e competências.

Ora, para que se possa estudar a demanda por profissionais de um dado

segmento do mercado de trabalho da formação (formal ou não) necessária aos

mesmos, é importante identificar o contexto e a natureza do ambiente no qual tal

trabalho ocorre, no caso o contexto da Sociedade da Informação.

Na medida em que o esteio desta sociedade é tecnológico, a mesma está

sujeita a constantes atualizações decorrentes das freqüentes inovações que ocorrem

no segmento de TI. Para responder à velocidade das modificações que ocorrem, faz-se

necessário o acompanhamento do mercado de trabalho, o que requer constante

atualização das informações sobre as demandas para cada uma das categorias

profissionais e das competências relacionadas.

O presente capítulo apresenta o projeto de uma ferramenta de software que

mantém uma base de dados sobre o mercado de trabalho de TI. Tal ferramenta viabiliza

o conhecimento e a observação das mutações ocorridas neste mercado como, por

exemplo, as atualizações nas categorias e competências demandadas para os

profissionais em TI.

A ferramenta proposta é relevante no sentido de preencher a lacuna existente

entre a literatura sobre a Sociedade da Informação, que trata de sua repercussão sobre

o mercado de trabalho em TI, e a efetiva mutação deste mercado. Tratando de tema

correlato, Gonzales e Prado (2001) apontam para o hiato existente entre as

representações teóricas do mercado e o funcionamento real do mesmo, advertindo: "...

afirmamos que há uma defasagem entre o funcionamento real do mercado de trabalho

e algumas das representações teóricas a seu respeito". Assim, a sistematização dos

dados referentes ao mercado de trabalho em TI permitirá a análise e o

acompanhamento efetivo do mesmo. Este acompanhamento deverá ser feito a partir

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dos indicadores apontados no capítulo 2, quais sejam: a quantidade e a diversidade das

categorias profissionais, os conhecimentos demandados, as fases do trabalho, a

escolaridade as características. A primeira etapa, portanto, para a especificação da

ferramenta proposta nesta dissertação é a identificação de fonte de dados que possua

informações relativas a estes indicadores, o que é feito na próxima seção.

3.1 A Seleção da fonte de dados

Tendo estabelecido o interesse e relevância em se acompanhar as

transformações no mercado de trabalho em TI, através das informações obtidas de uma

base de dados sobre o mesmo, cabe esclarecer algumas questões de ordem mais

específicas no sentido de tornar concreta esta proposta. Nesse caso particular, o cerne

do problema reside em criar as condições para a existência, em meio magnético, da

base de dados sobre o mercado de trabalho em TI que esteja organizada de forma a

fornecer eficientemente as informações exemplificadas anteriormente. O primeiro passo

nessa tarefa é, pois, conhecer-se a natureza dos dados envolvidos no processo. Mas,

que dados são esses? Como acompanhar as transformações nas demandas por

profissionais de TI? Que fonte de dados pode ser utilizada para tal empreitada?

A resposta para as questões acima pode ser procurada em várias fontes como,

por exemplo, empresas, sindicatos, agências governamentais, agências de empregos,

Internet e jornais. Mas, que ponto específico procurar nessas fontes? Que tipos de

dados procurar e acompanhar? Deve-se utilizar fontes primárias ou secundárias?

Existem várias fontes de dados sobre o mercado de trabalho em diversos

órgãos governamentais como IBGE31, CAGED32, IPEA33, assim como o SENAC – tais

órgãos possuem dados para acompanhar o mercado de trabalho, mas não

especificamente em TI.

Entre as várias fontes citadas, parece-nos que a procura por profissionais para

o preenchimento de vagas seja um caminho adequado porque revela pontualmente

requisitos de contratação para as categorias profissionais. Esses requisitos pontuais,

31 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. 32 CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados órgão ligado Ministério do Trabalho. 33 IPEA – Instituo de Pesquisa Econômicas Aplicadas.

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observados sob um prisma histórico, podem indicar as transformações que o presente

estudo propõe evidenciar e disponibilizar para as instituições interessadas.

A procura de profissionais para o preenchimento de vagas de trabalho se dá

através de diversos veículos como, por exemplo, as agências de emprego, os contatos

pessoais, os classificados de jornais, páginas da Internet e head hunters 34. A nosso ver

o anúncio de emprego em páginas classificadas de um jornal de grande circulação é

uma fonte interessante porque agrega tanto a busca por profissionais feita diretamente

pelas empresas, como também uma parcela da busca indireta feita por agência de

emprego.

Todavia, tal fonte apresenta o benefício de ser de fácil acesso porque a coleta

de dados pode ser efetuada em biblioteca pública ou no acervo do próprio jornal. Além

disso, esta mesma fonte já foi utilizada em outros trabalhos de pesquisa sobre o

mercado de trabalho como é o caso de Gonzales e Prado (2001). Entendemos que

para comparações futuras é importante que as fontes de coleta dos dados sejam

homogêneas.

3.2 A identificação da fonte e a coleta de dados

A utilização da literatura como fonte de dados mostrou-se insuficiente,

conforme fica evidenciado nas explanações anteriores. A revisão da literatura apenas

dá mais consistência à noção prévia quanto à dificuldade de identificar as profissões e

ocupações relacionadas com TI e os respectivos conhecimentos e habilidades

necessários para as mesmas. Essa consistência dá, inclusive, maior sustentação ao

objetivo da presente dissertação na disponibilização de uma ferramenta com dados

sistematizados para análise do mercado de trabalho em TI.

Além da literatura, diferentes possibilidades podem ser apontadas para tal

análise:

i. Análise de dados históricos de tecnologia e conhecimentos;

ii. Projeção de dados a partir de informações históricas disponíveis;

34 Profissional ou empresa de consultoria em recursos humanos que localiza e convida um trabalhador que atenda a uma série de requisitos para ocupar um cargo específico. O que diferencia esse processo é que a iniciativa pelo preenchimento de uma vaga específica parte do empregador e não do trabalhador.

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iii. Avaliação do comportamento de novas tecnologias;

iv. Estudo do comportamento do mercado de trabalho com a substituição de novas

tecnologias;

v. Avaliação do comportamento de novas tecnologias em mercados específicos.

Note-se, porém, que tais possibilidades são limitantes. A análise de dados

históricos e a projeção apontada em i e ii demandam consultas a fontes de dados

secundárias, particularmente quantitativas, como por exemplo, IBGE e a RAIS, que não

fornecem dados referentes aos diferentes tipos de conhecimentos demandados e sua

transformação ao longo do tempo Rapkiewicz (1998).

As demais possibilidades citadas implicam em revisão da literatura que trate da

problemática do emprego na área de TI ou levantamentos junto a grupos de empresas.

Ora, a revisão da literatura tem mostrado que poucos estudos sistemáticos existem

relativos a profissionais específicos do setor de TI. Alguns estudos tratam de visão

histórica do desenvolvimento da informática Breton (1990) ou das políticas dos países

com relação ao setor Tigre (1984). Outros são mais específicos em relação à

constituição das categorias profissionais do setor ao longo do tempo Tierney (1991) ou

da definição e qualificação da estrutura de emprego relacionada com TI (Denning,

1991; Freeman e Aspray, 1999). Conforme já citado, a revisão de tal literatura somente

aumenta a indefinição existente quanto à identificação das profissões e os respectivos

conhecimentos e habilidades necessários. Já o levantamento junto às empresas não

permite uma visão histórica dado que, na maioria das vezes, as empresas não mantêm

registro sistematizado quanto às ocupações e critérios de seleção em épocas

pregressas.

Assim sendo, a fonte de dados selecionada foi a de anúncios veiculados em

jornal. Esta fonte oferece diversas restrições, como segue:

i. Não necessariamente o jornal é o principal veículo de divulgação de ofertas de

emprego na área de TI, em particular após o surgimento da Internet;

ii. O jornal nem sempre precisa o número de vagas ofertadas.

Por outro lado, esta fonte oferece uma grande vantagem: a possibilidade de

recuperação de dados ao longo de um período determinado, dado o armazenamento de

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edições através de microfilmagem nas sedes dos editores e também em bibliotecas.

Além disso, esta fonte de dados é utilizada por outros estudos, como por exemplo, o

SENAC – Departamento Nacional que realiza um acompanhamento das demandas

anunciadas nos classificados dos principais jornais de algumas capitais do Brasil

Gonzalez e Prado (2001). Também ABENGE35 possui trabalho de análise do mercado

de trabalho através de anúncios de jornal veiculados aos domingos no Estado de São

Paulo Fernandes e Pinto (1998).

Definida qual fonte de dados será utilizada, é preciso conhecer-se a natureza

dos dados contidos nesta fonte a fim de poder-se planejar a ferramenta que irá

transformar tais dados em informação. Os parágrafos seguintes descrevem a natureza

dos dados contidos em anúncios de emprego de jornal.

O levantamento da natureza dos dados contido especificamente nos anúncios

de jornal foi efetuado mediante as observações do conteúdo dos mesmos. Esta

observação mostrou que os anúncios são elaborados referenciando a demanda por

uma ou diversas categorias profissionais, podendo conter também requisitos

relacionados a: conhecimentos específicos, escolaridade, aspectos de aparência ou

comportamento, certificação em algum produto de software, sexo, local de atuação,

faixa etária, faixa salarial e idioma. Também há presença de outros tipos de

informações como documentos a serem apresentados em caso de contratação,

benefícios ofertados, entre outros, conforme apontado por Machado e Regis (2002).

Porém, nem todas informações possíveis de aparecerem nos anúncios de emprego são

necessárias para o tipo de acompanhamento do mercado do trabalho proposto nesta

dissertação, de forma que, conforme ficará evidenciado mais adiante, tais informações

não foram representadas no modelo conceitual para a ferramenta proposta.

O jornal selecionado para coleta de anúncios foi “O Globo”, por atender às

seguintes características:

i. Ser de grande circulação no estado do Rio de Janeiro;

ii. Forte utilização para as pessoas que buscam emprego;

iii. Forte utilização por empresas e instituições que ofertam emprego;

35 ABENGE – Associação Brasileira de Ensino de Engenharia.

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iv. Disponibilidade no acervo armazenado na Biblioteca Nacional para que sejam

consultados;

v. Existência de acervo em microfilmagem na sede da empresa.

O período definido para a coleta foi de trinta anos, iniciando-se em 1970. Esta

data está relacionada, de acordo com diversos autores, como os primórdios da

utilização da informática no Brasil, conforme apontado por Pacitti (2000).

Após consulta a exemplares de diferentes datas e anos, verificou-se que a

maior concentração de anúncios ocorria num dia específico da semana, sendo o dia de

sábado, nos anos 70, e o domingo a partir dos anos 80. Assim, se definiu a coleta de

anúncios publicados somente nesses dias da semana.

Finalmente, considerando-se o volume de dados existente, também se definiu

o intervalo de três em três anos, no período de 1970 a 1988, e intervalo de dois anos,

no período a partir de 1990. A razão para o encurtamento do intervalo de coleta a partir

de 1990 é a intensificação das transformações tecnológicas na área de TI. Considerou-

se, pois, que o corte de três em três anos poderia representar perda de informação

quanto às transformações ocorridas no mercado de trabalho.

A coleta de dados foi feita na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, utilizando-

se para isso o formulário da Figura III.1. A coleta efetiva dos dados ficou sob a

responsabilidade da linha de pesquisa Informática e Sociedade da COPPE/UFRJ,

Programa de Engenharia de Sistemas e Computação. Foram responsáveis pela coleta,

o aluno de mestrado da UFRJ Jayme Liande Marinho e a secretária da linha de

pesquisa, Viviane Souza.

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Figura III.5 – Formulário para coleta dos anúncios

Muitos exemplares do jornal não estavam armazenados na Biblioteca Nacional.

Assim, a complementação da coleta de dados foi feita na própria sede do jornal, no Rio

de Janeiro. A direção do jornal permitiu à equipe da UFRJ acesso aos exemplares

microfilmados e à impressão das páginas contendo anúncios de interesse para a base

de dados. Neste caso, para entrada de dados na ferramenta não foi utilizado o

formulário e sim o próprio anúncio impresso.

Tendo identificado a natureza dos dados dos anúncios de jornal, é necessário

verificar-se o emprego dos mesmos aos objetivos da ferramenta. Efetuando tal

verificação, observou-se que os dados desta forma gerariam informações pulverizadas,

o que dificultaria o acompanhamento efetivo do mercado de trabalho em TI. Evidenciou-

se, desta forma, a necessidade de se acoplar a esses dados, em particular a demanda

por uma determinada categoria profissional, a possibilidade de agrupamentos mais

genéricos que viabilizassem as consultas à base de dados, conforme o pretendido para

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a ferramenta, descrito a seguir.

3.3 Definindo agrupamentos para os dados dos anúncios

Os agrupamentos propostos para serem associados à demanda com a

finalidade de atender aos requisitos planejados para a ferramenta foram: a fase do

trabalho em TI para a qual a demanda foi registrada; a existência de hierarquias dentro

de uma categoria profissional; a classe do conhecimento dentro da área de TI e, qual a

área de atuação do profissional em relação a sua formação acadêmica. A seguir cada

um desses agrupamentos é conceituado.

Fase do trabalho em TI: Contém a associação das categorias profissionais

demandadas com os ciclos de produção, quer de produtos em geral, quer de software.

(A tabela contendo as fases do trabalho e a respectiva base teórica para tal uso

encontra-se no descrito no Anexo 4);

Hierarquia entre categorias: Contém a associação da demanda com um

sistema hierárquico. Por exemplo, uma equipe de analistas de sistemas sendo

gerenciada por um líder de projeto ou um pool de digitação subordinado a um

supervisor. Ou seja, não se trata de hierarquizações dentro de uma categoria, como por

exemplo, um programador de computador que pode ser hierarquizado em júnior, pleno

e sênior, nem de hierarquias de qualificações, como por exemplo, a suposta hierarquia

entre analistas de sistemas e programadores (em que os primeiros definiriam o trabalho

que os segundos deveriam fazer);

Classe do conhecimento: Contém a associação da demanda com o

agrupamento por áreas de conhecimento em TI, como por exemplo, "Banco de Dados"

ou "Linguagens de Programação". Este agrupamento é aplicado tanto para categorias

profissionais quanto para os conhecimentos em si demandados para as categorias. (A

tabela contendo as classes do conhecimento e a respectiva base teórica para tal uso

encontra-se no Anexo 1);

Classe de características: Contém o agrupamento das diferentes

características solicitadas nos anúncios em grupos significativos de forma a facilitar o

tratamento da informação. A tabela contendo todas as classes propostas e a respectiva

base teórica para tal encontra-se no Anexo 2);

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Grande área: Contém a associação da demanda com a área de formação

acadêmica requerida. Por exemplo, Engenharia, Ciências exatas ou Ciência da

Computação. (A tabela com as classes propostas encontra-se descritas no Anexo 3).

Após a identificação da natureza dos dados dos anúncios de jornal e dos

agrupamentos necessários à usabilidade36 da ferramenta, torna-se possível elaborar o

projeto da mesma.

3.4 A Seleção da abordagem no desenvolvimento do software

No desenvolvimento de uma ferramenta de software, é fundamental identificar-

se inicialmente qual tipo de aplicação será atendido pela ferramenta, visto que

diferentes abordagens devem ser utilizadas variando de acordo com a natureza da

aplicação. Pressman (1995) orienta: "O conteúdo de informação e a determinância [da

informação]37 são fatores importantes na natureza de um aplicativo". No caso em

questão a ferramenta proposta implica em uma aplicação que faz uso de dados de

entrada estruturados e tem como saídas informações formatadas sob a forma de

consultas a uma base de dados.

Diversas abordagens são apresentadas por Pressman (1995) para possíveis

abordagens que podem ser utilizadas no desenvolvimento de uma aplicação de

software. Uma parte delas voltada para os processos, outra parte para os controles e,

por último, aquelas voltadas para os dados. No caso, a proposta é a de uma aplicação

que utiliza intensamente dados. Pressman (1995) menciona que, para aplicações de

software desta natureza, a técnica de análise denominada Modelagem de Dados vem

sendo utilizada há muitos anos.

Outra questão é criar a base de dados de classificados de jornais, fonte de

dados selecionada, em meio magnético. Tecnologicamente há dois caminhos possíveis.

A implementação da base de dados através de sistema de arquivos ou através do uso

de um banco de dados. A seguir estas duas possibilidades são conceituadas e

36 A usabilidade, segundo a International Standards Organisation (ISO), pode ser definida como a efetividade, eficiência e satisfação com que determinados usuários conseguem atingir objetivos específicos em circunstâncias particulares. 37 "Determinância da Informação refere-se à previsibilidade da ordem e da oportunidade da informação” (PRESSMAN, 1995, p.19).

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comparadas de acordo com Kroenke (1997).

Sistemas de arquivos: Foi a primeira tecnologia aplicada para o

armazenamento e recuperação dos dados relativos a uma aplicação de negócio. Os

dados eram armazenados em grupos de registros localizados em arquivos separados.

Essa tecnologia apresentava graves limitações como: dados separados e isolados;

redundância de dados, programas dependentes do formato dos dados,

incompatibilidade entre arquivos e dificuldade de representar os dados sob a

perspectiva do usuário.

Os sistemas gerenciadores de bancos de dados, ou simplesmente bancos de

dados, foram desenvolvidos com a finalidade de resolver os problemas decorrentes das

limitações dos sistemas de arquivos. Num sistema de arquivos, os dados armazenados

são acessados diretamente pelos programas enquanto que, num sistema de banco de

dados, os dados armazenados são acessados por um programa chamado de

gerenciador de banco de dados. Em função disso, um Sistema Gerenciador de Banco

de Dados (SGBD) possui as seguintes características: dados integrados, redundância

de dados reduzida e controlada, independência entre programas e dados e fácil

representação dos dados sob a perspectiva do usuário.

Do acima exposto, evidencia-se que a possibilidade tecnológica mais

adequada às necessidades da ferramenta proposta é a utilização de um banco de

dados visto que favorece tanto a organização, segurança e independência dos dados

quanto, ao desenvolvimento do software (aplicação) que irá operar sobre os mesmos.

Um banco de dados pode ser compreendido, sinteticamente como sendo um

conjunto de dados estruturados de maneira adequada de forma que pode ser utilizado

com eficiência por uma diversidade de aplicações dentro de uma organização e que

corresponde a uma coleção de arquivos inter-relacionados e um conjunto de programas

que permitem a manutenção destes dados.

Há cinco possibilidades tecnológicas para se implementar um banco de dados.

Tais possibilidades são chamadas de modelos de banco de dados e são as seguintes:

Hierárquico, Rede, Relacional, Orientado a Objetos e Relacional/Orientado a Objetos

Date (2000). Destas cinco, a mais amplamente utilizada é a correspondente ao Modelo

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Relacional Silberschatz et al,. (1999).

A escolha pela construção do modelo relacional se deu por suas

características, conforme Machado e Abreu (1996):

i. Uma tabela é acessível por qualquer campo (atributo) independente se este é

declarado ou não, isto é, as entidades e os relacionamentos são representados através

de relações de uma definição simples para organizar os dados;

ii. O relacionamento entre conjunto de dados (tabelas) não existe fisicamente, pois

este relacionamento é apenas lógico e representado através de chaves estrangeiras;

iii. Utilização de linguagens autocontidas e não-procedurais, isto é, possuem

linguagens cujos comandos podem ser executados independentes da aplicação;

iv. Os ambientes relacionais possuem um otimizador estratégico para escolher o

melhor caminho para recuperação dos dados.

Furlan (1998) apresenta uma análise comparativa entre os modelos Orientado

a Objetos, Relacional/Orientado e Relacional que denota a robustez e segurança deste

último. Unindo-se as duas últimas referências bibliográficas à opção tecnológica para

implementação da base de dados, no tocante ao modelo do banco de dados a escolha

recai sobre o Modelo Relacional.

Em resumo, a construção da ferramenta de que trata este capítulo utilizou um

método de análise orientado a dados (no caso, Modelagem de Dados) e a

implementação ocorreu utilizando um Banco de Dados Relacional.

3.5 O Projeto de banco de dados

O projeto de um banco de dados atravessa três fases distintas e seqüenciais,

chamadas de modelos, até sua efetiva implementação. Essa estratégia vem sendo

utilizada desde os anos 70 e compreende três níveis de abstração, cada um

correspondente a uma das fases que são conforme Cougo (1997): o Modelo Conceitual

de Dados, o Modelo Lógico de Dados e o Modelo Físico de Dados.

O Modelo Conceitual de Dados corresponde à descrição, fiel ao ambiente

observado, dos objetos, suas características e relacionamentos entre os mesmos,

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independentemente de quaisquer limitações ou imposições tecnológicas. Por

conseguinte, este modelo permanecerá inalterado qualquer que seja a opção

tecnológica38 eleita para a base de dados.

O Modelo Lógico de Dados corresponde à representação dos elementos do

Modelo Conceitual de Dados dentro das regras de implementação e limitações

associadas à tecnologia escolhida. No caso específico da ferramenta tratada neste

capítulo, tal modelo conterá a tradução do modelo conceitual de dados para o modelo

de banco de dados relacional. Este modelo é independente dos dispositivos ou meios

de armazenamento físicos.

O Modelo Físico de Dados corresponde às estruturas internas de dados

relacionadas às características e aos recursos necessários para armazenamento e

manipulação das mesmas como, por exemplo, ocorrências ou instâncias, seus

relacionamentos, disposição física de elementos, alocação de espaço físico nos

diversos níveis de agrupamento possíveis.

Este capítulo contempla os modelos Conceitual e Lógico (subseções a seguir)

por serem suficientes para que se faça a implementação da ferramenta em qualquer

sistema gerenciador de banco de dados relacional. O diagrama a seguir (Figura III.6)

ilustra as três fases de projeto de um banco de dados.

38 Escolha entre sistema de arquivos ou gerenciador de banco de dados e, no caso da opção por esse último, seu modelo (Relacional, Rede, Hierárquico, Orientado a Objetos).

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MundoReal

ModeloConceitual

ModeloLógico

ModeloFísico

Banco deDados

Objetos

EntidadesRelacionamentosAtributos

Itens de dadosLógicos

ArquivosRegistrosÍndices

Modelo ER

ModeloRelacional

EstruturaInterna

Figura III.6 – Fases de um projeto de banco de dados

3.6 O modelo conceitual

Existem diversas possibilidades de notações gráficas para o Modelo Conceitual

de Dados. Cougo (1997) menciona, dentre as diversas existentes, as seguintes

propostas de notação: a de Peter Chen, a de James Martin, a IDEF1X, a de Bachman,

a notação de setas e a notação "pé-de-galinha".

Consultando diversos autores (Setzer, 1987; Cougo, 1997; Kroenke, 1997;

Silberschatz A, Korth H F e Sudarshans, 1999; Date, 2000) observamos que todos

fazem menção e utilizam a proposta de Chen (1990) em seus exemplos, com algumas

extensões. Em decorrência disso, adotaremos a representação gráfica proposta em

Chen (1990) acrescida das extensões necessárias à representação da base de dados

de classificados.

Há ainda um documento complementar ao diagrama que consiste em uma

descrição textual das características dos elementos identificados no ambiente que está

sendo modelado. Tal documento é chamado de "Dicionário de Dados".

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3.7 Notações utilizadas

A seguir apresentamos a definição dos elementos utilizados na representação

adotada, que é denominado “Modelo E/R", isto é, modelo entidade/relacionamento,

aplicando tais definições na modelagem da base de dados de anúncios.

No Modelo E/R, três elementos são representados: Entidade, Relacionamentos

e Atributos, cujas definições e representações constam a seguir.

Uma entidade corresponde a um objeto concreto ou abstrato sobre o qual

serão armazenadas informações. Numa outra perspectiva pode-se entender Entidade

como um elemento sobre o qual se tem interesse em acompanhar ou monitorar e cuja

existência é independente das demais entidades identificadas. Cada entidade é

representada, no diagrama, como um retângulo no interior do qual consta o nome da

mesma.

Figura III.7 – Representação gráfica de entidade

As entidades identificadas na análise da base de dados de classificados e

explicadas mais adiante são: Anúncio, Categoria, Certificação, Escolaridade,

Característica, Conhecimento, Fases do Trabalho, Hierarquia, Fabricante, Nível, Área,

Instituição, Classe de Características, Classe do Conhecimento e Grande Área.

Um relacionamento corresponde à associação entre duas Entidades, ou seja, à

ligação de elementos de uma entidade a elementos de outra Entidade. Geralmente um

relacionamento é expresso por um verbo. Cada relacionamento, no diagrama, aparece

como um losango no interior do qual consta o nome do mesmo.

Figura III.8 – Representação gráfica de relacionamento

Os diferentes tipos de Relacionamentos que podem ocorrer entre Entidades

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54

são catalogados sob o título Classe do relacionamento ou Conectividade. Tais tipos

são: i) "um para um" (1,1), quando ocorrem à razão de um elemento de cada Entidade;

ii) "um para muitos" (1,N), quando ocorrem à razão de um elemento de uma Entidade

se associando a diversos elementos da outra Entidade; iii) "muitos para muitos" (N,N)39,

quando ocorrem à razão de diversos elementos em ambas as Entidades.

Os relacionamentos podem ser totais ou parciais. Quando um relacionamento é

total, todos os elementos da entidade participam obrigatoriamente no relacionamento.

Quando o relacionamento é parcial, pode haver elementos que não participem do

mesmo. Esta informação é complementar à conectividade e corresponde às seguintes

possibilidades: i) (0,N), indica que não há restrição alguma; ii) (0,1) Indica que pode ou

não se relacionar uma vez; iii) (1,1) indica a existência obrigatória de um único

relacionamento; iv) (1,N) indica que deve haver no mínimo a existência de um

relacionamento.

Os Relacionamentos identificados na análise da base de dados de

classificados são: Demanda (entre Anúncio e Categoria), Deseja (entre Demanda e

Certificação), Pede (entre Demanda e Escolaridade), Elenca (entre Demanda e

Característica), Conhece (entre Demanda e Conhecimento), Atua em (entre Demanda e

Fase do Trabalho), Pertence a (entre Demanda e Hierarquia), Fornece (entre

Certificação e Fabricante), Corresponde a (entre Escolaridade e Nível), Referente a

(entre Escolaridade e Área), Feita em (entre Escolaridade e Instituição), Agrupada em

(entre Característica e Classe de Características), Trabalha em (entre Categoria e

Classe do Conhecimento), Pertence a (entre Área e Grande Área) e Classificado em

(entre Conhecimento e Classe do Conhecimento).

Existem tipos especiais de relacionamentos como: o auto relacionamento e a

agregação. Um auto relacionamento se dá quando elementos de uma entidade se

relacionam entre si. Como exemplo citamos uma entidade hipotética "Materiais" em um

contexto industrial onde há inventários de matéria prima, produtos em processo e

produtos acabados. Um determinado material pode compor outro material. Na base de

dados de classificados não ocorrem relacionamentos desta natureza.

39 Alguns autores adotam a notação (M:N) a fim de explicitar que a conectividade não possui necessariamente o mesmo valor para todas as Entidades envolvidas no Relacionamento.

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55

A agregação é uma extensão ao modelo originalmente proposto em Chen

(1990), cuja definição proposta por Cougo (1997) é:

"uma estrutura que denota a existência de uma junção de elementos através de um

relacionamento, e que permite que essa junção seja percebida como um novo elemento a ser, por sua

vez, relacionado a outro elemento".

No caso da base de dados de classificados, há uma agregação das Entidades

"Anúncio" e "Categoria" através do relacionamento "Demanda". A representação gráfica

da agregação é a seguinte:

Anúncio Demanda Categoria(1,N)(1,N)

NúmeroData

Seção

EndereçoTipo de Anunciante

Nome do AnuncianteIdioma

NúmeroSetor

Local de atuaçãoSexo

Faixa EtáriaFaixa Salarial

Idioma1Idioma2

NúmeroCategoria

Figura III.9 - Exemplo de agregação entre relacionamentos

Há outras extensões ao modelo proposto em Chen (1990), mas que

representam situações que não ocorreram na base de dados de classificados. Por esse

motivo, optamos por omiti-las.

Um atributo corresponde às propriedades ou características de uma Entidade

ou Relacionamento. A fim de simplificar a leitura do diagrama, evitou-se a apresentação

de todos os atributos. A relação completa dos atributos, com suas respectivas

descrições, encontra-se no dicionário de dados da ferramenta.

Figura III.10 - Representação de atributos

Na Figura 6, quando a parte circular do atributo está fechada indica que aquele

atributo é uma chave. Elmasri e Navathe (1994) define chave como uma determinada

entidade que normalmente possui um atributo cujos valores são distintos para cada

entidade individual. Tal atributo é chamado um atributo chave, e seus valores podem

ser usados para identificar cada entidade exclusivamente.

Com relação à representação no diagrama “E/R”, Elmasri e Navathe (1994)

mostram que cada atributo chave tem seu nome sublinhado dentro de uma oval, nesta

dissertação adotou-se a representação do atributo chave com a bola preenchida,

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56

conforme Figura 10.

O conceito de chave é fundamental para a construção do modelo relacional e

para a identificação dos dados que compõem a base de dados assim como os

relacionamentos entre estes dados. O modelo relacional define duas referências de

chave; Elmasri e Navathe (1994).

i. Chave primária (pk) como um atributo ou grupo de atributos que permite a

identificação unívoca de uma tupla em uma tabela;

ii. Chave estrangeira (ek): atributo ou grupo de atributos de uma determinada

tabela que estabelece um relacionamento de equivalência, por valor, com uma chave

primária (pk) de uma outra tabela. São os elos de ligação entre as tabelas.

Figura III.11 - Representação gráfica de um atributo chave

3.8 O modelo conceitual da base de dados de classificados

Com base nos elementos descritos, foi elaborado o seguinte modelo

conceitual para a base de dados de classificados:

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Anúncio Demanda Categoria

Escolaridade

Certificação Características

Feita emFornece

Instituição

Fabricante

(1,N)(1,N)

(0,N)

(0,1)

(1,1)

Diagrama Entidade Relacionamento

Deseja Elenca

Pede

(1,N)

(0,N)(0,N)

NúmeroData

Seção

EndereçoTipo de Anunciante

Nome do AnuncianteIdioma

NúmeroSetor

Local de atuaçãoSexo

Faixa EtáriaFaixa Salarial

Idioma1Idioma2

Concluída

Grau deExigência

NomeTipo

(1,N) (1,N)

Grau deExigência

NúmeroCategoria

(1,N)

(1,N)Conhece

Conhecimento

(0,N)

Referente a

Área

(1,N)

Nível

(1,N)

Descrição

Tempo

Classe deCaracterísticas

Agrupadaem

Fases doTrabalho Hierarquia

Pertence aAtua em

(1,N)(1,N)

Classe doConhecimento

Classificadoem

(1,1)

(1,1)

Trabalhaem

(1,N)(0,N)

(0,1)

TipoProduto

Correspon-dente a

Pertence a

(1,1)

(1,N)

(1,1)

(1,N)

(1,N)Grau de

Exigência

Conhecimento

Grande Área

Figura III.12 - Modelo conceitual de dados da aplicação classificados de jornal

A seguir as Entidades, Relacionamentos e respectivos Atributos são descritos.

Optamos por apresentá-los em ordem lógica de leitura do DER de forma a facilitar a

compreensão em vez de agrupados por tipo de elemento (qual seja, primeiras

entidades depois o relacionamento, conforme muitas vezes encontra-se na descrição

de aplicações):

Anúncio – Entidade que representa a expressão da procura de um profissional

para ocupar uma determinada colocação de trabalho. Seus atributos são: a data da

publicação do anúncio; a seção dos classificados onde o anúncio foi publicado; nome

do anunciante; endereço do anunciante; tipo de anunciante (agência de emprego, o

próprio anunciante, por exemplo) idioma do anúncio. A cardinalidade do relacionamento

“anúncio demanda categoria” é (1,N) indicando que um anúncio, para existir, demanda

pelo menos uma categoria profissional. Um anúncio pode, porém, demandar várias

categorias profissionais.

Categoria – Entidade que representa a Categoria Profissional solicitada em um

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determinado anúncio. A cardinalidade mínima do relacionamento da categoria para o

anúncio é 1 porque para um anúncio existir este tem que explicitar pelo menos uma

categoria profissional. A cardinalidade mínima zero poderia permitir maior flexibilidade

ao modelo de forma a contemplar instâncias que, apesar de não serem referenciadas

em nenhum anúncio real, mas citadas na literatura, estejam presentes na

implementação para acompanhamento das transformações do mercado, assim como

podem existir categorias que estão inseridas na CBO (Classificação Brasileira de

Ocupações) que não são referenciadas em anúncios de jornal. No entanto, como a

modelagem apresentada é específica para a fonte de dados anúncio de jornal, optamos

por indicar a cardinalidade mínima como sendo 1. Fica claro, portanto, que cada

categoria presente terá sido demandada por pelo menos um anúncio, podendo, no

entanto, ser demandada por vários.

A CBO-2002 define como ocupação: a agregação de empregos ou situações

de trabalho similares quanto às atividades realizadas. Também define emprego ou

situação de trabalho como: um conjunto de atividades desempenhadas por uma

pessoa, com ou sem vínculo empregatício. Profissão é definida como ocupação que

requer conhecimentos especiais e geralmente preparação longa e intensiva e também

um conjunto de pessoas que exercem a mesma ocupação especializada. Posto de

trabalho é definido como emprego, cargo ou local onde se exerce o cargo de acordo

com Larousse (1995).

Os conjuntos de empregos (campo profissional) são identificados por

processos, funções ou ramos de atividades. A CBO-2002 mostra, a respeito das

definições anteriores, que assim como a ocupação, o grupo de base ou família

ocupacional é uma categoria sintética, um construto, ou seja, ela é elaborada a partir de

informações reais, mas ela não existe objetivamente.

A observação a respeito das definições sobre os termos categoria, profissão e

ocupação é situar os diversos termos a realidade do mercado já que no mercado de

trabalho existe um número maior de ocupações do que profissões, por exemplo, um

indivíduo com determinada profissão pode exercer diferentes ocupações.

A opção deste trabalho pela denominação por categoria profissional se dá pelo

termo ser mais abrangente e contemplar os conhecimentos requeridos para o exercício

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da profissão.

Demanda – Representa o relacionamento entre anúncio e categoria que possui

os seguintes atributos: setor e local de atuação, sexo, faixa etária, faixa salarial e

idiomas solicitados.

Conhecimento – Entidade que representa o tipo de conhecimento técnico

específico demandado para a categoria em um dado anúncio. A cardinalidade do

relacionamento “anúncio-categoria conhece conhecimento/experiência” é (0,N) já que o

anúncio pode solicitar uma determinada categoria e não explicitar nenhum

conhecimento ou experiência. Pode, porém, indicar a necessidade do candidato àquele

emprego conheça várias coisas. Existem dois atributos de relacionamento: o grau de

exigência e o tempo. No primeiro caso indica-se se o conhecimento em questão é

exigido, desejado ou não foi explicitado no anúncio. O tempo explicita que o anúncio

exigiu ou solicitou determinado tempo de experiência profissional relativa ao

conhecimento demandado.

Escolaridade – Entidade que representa a formação escolar requerida pelo

anúncio para uma dada categoria. A cardinalidade “anúncio-categoria pede

escolaridade” é (0,N) já que o anúncio pode solicitar uma determinada categoria e não

solicitar nenhuma escolaridade. No sentido contrário à cardinalidade mínima é 1 porque

nenhuma escolaridade é armazenada a não ser que tenha sido referenciada em pelo

menos um anúncio. A identificação precisa de uma escolaridade compreende relações

desta com as seguintes entidades: Nível, Área e Instituição. Por exemplo, superior

(nível) em Economia (área) e na UFRJ (instituição).

Característica – Entidade que representa os itens que não se enquadram nas

outras categorias, tais como características pessoais (boa aparência, empreendedor),

de relacionamento e outras habilidades. A cardinalidade “anúncio-categoria pede

característica” é (0,N). O anúncio pode explicitar determinada característica ou não

explicitar nenhuma característica. Visualizando em sentido contrário à cardinalidade

mínima é 1, pois, se e somente se, é cadastrada determinada característica se houver

referência em pelo menos um anúncio.

Certificação – Entidade que representa as Certificações obtidas junto a

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fabricantes ou seus representantes. Por exemplo, certificação MCSE (Microsoft

Certified System Engineer). A cardinalidade “anúncio-categoria pede certificação” é

(0,N). O anúncio pode explicitar determinada característica ou não explicitar nenhuma

característica. Conforme item anterior à cardinalidade mínima para a entidade

certificação também é 1 e o cadastro de determinada certificação somente existe se

houver referência em pelo menos um anúncio. A identificação precisa de uma

certificação compreende a inclusão de uma entidade: Fabricante que tem como

atributos nome do fabricante e tipo, isto é, se é hardware ou software. Por exemplo, a

certificação MCSE tem fabricante: Microsoft e Tipo: Software.

As entidades e relacionamentos até aqui apresentados dizem respeito à

modelagem das informações contidas nos anúncios. A seguir descrevemos as

entidades e relacionamentos utilizados para os agrupamentos, conforme já citado no

início deste capítulo.

Fase do Trabalho – Entidade que representa as fases de trabalho durante as

quais uma determinada categoria atua. Como exemplo, citamos: entrada de dados,

operação, desenvolvimento, vendas e distribuição. A cardinalidade (1,N) é

representada, pois cada categoria só pode ser agrupada em uma fase do trabalho,

porém temos várias fases do trabalho. A relação completa das fases do trabalho e a

respectiva explicação do processo para identificação das mesmas constam no Anexo 4.

Hierarquia – Representa a hierarquização das categorias. A consulta aos

anúncios de jornal, durante o levantamento dos requisitos, mostrou que nos primeiros

anos da década de 80 termos como “gerente”, “chefe”, “supervisor”, “líder”,

“coordenador” entre outros começaram a ser acoplados às diferentes categorias

profissionais, mostrando uma hierarquização no setor. O nível Auxiliar é usado quando

a categoria é precedida de termos como “Auxiliar” ou em determinados “Assistente”. O

nível Básico se usa quando a categoria não explicita nenhuma posição na hierarquia. O

nível Intermediário se usa quando a categoria explicitar, por exemplo, “supervisor”,

“coordenador”, “líder de equipe”, “líder de projeto” pois mostra um nível intermediário

entre o nível superior e básico. O nível Superior se usa quando a categoria explicita

Gerentes e Diretores, mas esta classificação não é linear, pois as categorias

administradores de Redes e administradores de Banco de Dados possuem “hierarquia”

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sobre o sistema técnico e não sobre pessoas (posição no organograma).

Nível Exemplos

Auxiliar Assistente de CPD, Assistente de Operação.

Básico Analista de Sistema, administrador de redes; digitador.

Intermediário Coordenado de CPD, Coordenador de Projetos.

Superior Gerente de Projetos, Gerentes de Redes. Tabela III.8 - Níveis de hierarquia

Classe de conhecimento – Entidade que representa o agrupamento dos

conhecimentos em classes. A entidade classe de conhecimento está relacionada a

duas outras entidades; i) a entidade “categoria” significa que, por exemplo:

“administrador de banco de dados” e “suporte de banco de dados” são categorias

diferentes que trabalham com a mesma classe de conhecimento, no caso, “banco de

dados”. A cardinalidade mínima para este relacionamento é (0,N), pois podemos ter

categorias que não são agrupadas em nenhuma classe de conhecimento; ii) a entidade

“conhecimento” significa que, por exemplo: o conhecimento em Access40 pertence à

classe de conhecimento “banco de dados/simples”. A cardinalidade mínima (1,1)

significa que o conhecimento só tem o agrupamento a uma única classe de

conhecimento. A relação completa das classes de conhecimento e a respectiva

explicação do processo para identificação das mesmas constam no Anexo 1.

Classe de característica – Entidade que representa o agrupamento das

características em classes. A cardinalidade mínima é (1,N), pois podemos agrupar as

características somente em uma classe correspondente. Os anúncios demandam

diversas características e são agrupadas em classes, por exemplo, temos a

característica boa caligrafia e é classificada na classe Competência Técnico-

Profissional assim como Boa comunicação é classificada na classe Competência

Social, boa visão de negócios Competência de Negócios e autônomo que se agrupa na

classe Vínculo. A relação completa das classes de características e a respectiva

explicação do processo para identificação das mesmas constam no Anexo 3.

Grande Área: Entidade que representa a correspondência entre as áreas de

40 Programa de banco de dados simples comercializado pela empresa Microsoft.

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formação acadêmica constantes nos anúncios e as padronizadas pelos órgãos

governamentais de fomento à pesquisa. A cardinalidade mínima do relacionamento

“Área pertence Grande Área” é 1, pois determinada área obrigatoriamente pertence a

uma grande área de formação. A padronização adotada baseou-se na classificação das

áreas de conhecimento do CNPq41e Faperj42. Consideramos apenas as áreas de

conhecimento necessárias aos agrupamentos. A partir daí construíram-se os

agrupamentos das áreas explicitadas nos anúncios coletados. A relação completa das

grandes áreas e alguns exemplos da formação e o respectivo agrupamento estão

descrito no anexo 4.

3.9 O projeto lógico

Conforme mencionado anteriormente, o Modelo Lógico de Dados corresponde

à representação dos elementos do Modelo Conceitual em uma forma adequada à

tecnologia que será utilizada para a implementação da base de dados. No caso, para a

ferramenta proposta neste capítulo, conforme já exposto, é a tecnologia de banco de

dados relacional.

3. 10 O processo de transposição

A transposição dos elementos do modelo conceitual de dados para o modelo

relacional de banco de dados envolve principalmente as seguintes questões: chaves de

acesso, controles de chaves duplicadas, itens de repetição (arrays), normalização de

dados43 e integridade referencial Cougo (1997).

Este modelo essencialmente informa como serão as estruturas de dados que

darão suporte à base de dados. Na produção dessas informações, duas orientações

norteiam o trabalho técnico do projetista do banco de dados: i) a primeira, como

representar as entidades e os relacionamentos entre as mesmas e a ii) segunda, qual a

forma ideal de organizar os dados evitando anomalias no acesso aos mesmos.

Como modelo conceitual de dados será mapeado para o modelo relacional, é

importante que se destaquem as principais características do modelo de destino. Desta 41 CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa. 42 Faperj – Fundação de apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 43 O processo de normalização de dados é descrito em detalhes até a sua terceira forma em parágrafos subseqüentes.

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forma, o referido modelo caracteriza-se, conforme Date (2000), pelo seguinte:

i. O banco de dados é visto como um conjunto de tabelas;

ii. Os relacionamentos não existem fisicamente, apenas logicamente e sua

existência é representada pelo programador através das chaves estrangeiras e tabelas

derivadas do processo de tradução do modelo conceitual para o banco de dados

relacional;

iii. As linguagens são autocontidas (funcionam completamente por si sós), mas

podem ser utilizadas de forma embutida em uma outra linguagem de programação;

Utiliza Chaves e Índices; Dicionário de dados ativo e interno; Baseia-se no princípio de

que os dados em um banco de dados podem ser considerados como relações

matemáticas.

O processo de mapeamento descrito a seguir corresponde à síntese do

conteúdo de Setzer (1986), Cougo (1997), Silberschatz et al, (1999) e Date (2000),

sobre este tema.

A transposição das entidades é simples e direta. Já os conjuntos de dados são

vistos como tabelas, e é natural que cada entidade do modelo conceitual de dados se

traduza em uma tabela no modelo lógico.

Após serem transpostas as entidades do modelo conceitual para as tabelas do

modelo relacional, o passo seguinte é explicitar a forma como as linhas dessas tabelas

podem ser identificadas univocamente. Esse processo se dá mediante a eleição de um

dos campos da tabela como identificador da mesma. O processo de eleição de um

identificador para a tabela é tratado em toda a bibliografia sobre banco de dados.

Citaremos apenas Setzer (1986); Date (2000), como referências a este procedimento.

Tal identificador é tratado na literatura de banco de dados pelo termo "chave".

Uma chave pode ser atômica ou composta. A regra para a eleição de qualquer coluna

da tabela como identificador é: os valores contidos no domínio da coluna são únicos em

toda a tabela e, em nenhuma linha da tabela, tal coluna possui valor nulo. Existe uma

extensa classificação de chaves na bibliografia de banco de dados, mas que

entendemos foge ao escopo deste trabalho.

Os relacionamentos são resolvidos conforme os seguintes princípios: para a

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classe de relacionamento (1,N), o procedimento é: a entidade cuja conectividade é N

carrega o identificador da entidade cuja conectividade é 1. O atributo transposto é

denominado chave estrangeira Cougo (1997).

Para a classe de relacionamento M:N, o procedimento é o seguinte: é criada

uma nova tabela cujo identificador corresponde aos identificadores das duas entidades

envolvidas no relacionamento.

Uma agregação "é a abstração por meio da qual os relacionamentos são

tratados como entidades de nível superior" assim definida por Silberschatz et al.,

(1999). Em outras palavras, a agregação é o recurso conceitual que permite que se

ligue um relacionamento a outro. Isso significa que o mapeamento das agregações se

dá concatenando as chaves dos relacionamentos envolvidos nesta abstração.

Há regras de transposição para todos os elementos representáveis através do

modelo conceitual de dados. Entretanto, optamos por tratar apenas daquelas que se

referem a elementos presentes na modelagem conceitual de dados da ferramenta.

Recomendamos ao leitor interessado em um estudo completo deste processo de

mapeamento a leitura de Setzer (1986), Cougo (1997) e Silberschatz et al., (1999).

O passo seguinte à transposição dos relacionamentos para o modelo relacional

é a normalização das tabelas. O diagrama a seguir ilustra o processo de elaboração do

modelo lógico de dados até a efetiva implementação da base de dados em um banco

de dados.

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MUNDO REAL

M ODELOCONCEITUAL

DEFINIRINTEGRIDADEREFERENCIAL

DEFINIR CHAVEPRIMÁRIA E

ESTRANGEIRA

ORGANIZAROS DADOS EM

TABELAS

NORM ALIZARTABELAS

MODELO

Lógico

M ODELOFÍSICO

BD

Figura III.13 - Etapas do projeto de um banco de dados

A normalização de dados é um processo que visa organizar os dados de forma

a evitar anomalia no acesso aos mesmos. Por anomalia de acesso entende-se evitar

problemas de inconsistência no banco de dados após operações de inclusão e

exclusão, assim como evitar a redundância de dados. Cougo (1997) destaca que "a

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normalização não é um processo com finalidade restritiva, mas sim com caráter

organizativo".

Ainda segundo Cougo (1997) a normalização traz os seguintes benefícios ao

projeto do banco de dados: estabilidade do modelo lógico, impacto sobre a estabilidade

lógica das aplicações e impacto sobre a estabilidade lógica dos dados.

A estabilidade do modelo lógico diz respeito ao modelo permanecer inalterado,

em sua essência, no caso de serem percebidas ou introduzidas mudanças no ambiente

modelado. Ou seja, trata da independência dos dados.

O impacto sobre a estabilidade lógica das aplicações diz respeito a código

escrito para contornar problemas na modelagem lógica. Se um determinado campo em

uma tabela é repetido, como por exemplo, uma tabela que contém os campos mês 01,

mês 02 e mês 03, o tratamento desta repetição terá que ser feito no código da

aplicação, o que compromete a independência entre os dados e os programas.

O impacto sobre a estabilidade lógica dos dados diz respeito a ser necessário

alterarem-se as tabelas do banco de dados. Tomando como exemplo a situação

proposta no parágrafo anterior, vamos supor que seja necessário expandir-se mais um

mês (mês 04). Além da manutenção em todo o código fonte de todas as aplicações que

utilizam a tabela, a própria estrutura (esquema) do banco de dados terá que ser

alterada.

O processo de normalização é feito utilizando-se a técnica de decomporem-se

as relações anômalas em relações normalizadas. Tal processo tende a aumentar a

quantidade de tabelas a serem gerenciadas e conseqüentemente diminuir a

performance final da aplicação. Ora, sendo o processo de normalização benéfico e

existindo pelo menos seis formas normais Date (2000)44, como contemporizar o rigor do

processo de normalização com a necessidade de performance da aplicação que faz

uso de um banco de dados?

A resposta a esta questão é que, em geral, são utilizadas as três primeiras,

conforme Date (2000): "assim, o projetista de banco de dados deve em geral buscar a

44 Primeira forma normal, segunda forma normal, terceira forma normal, forma normal Boyce-Codd, quarta forma normal e quinta forma normal.

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meta de fazer um projeto envolver variáveis de relações em 3FN45". O mesmo segundo

Cougo (1997): "o conhecimento das três formas normais46, vistas até aqui, com certeza,

será suficiente para que seus projetos atinjam o grau de normalização necessário à

implementação sem anomalias".

Sintetizando as definições de Setzer (1986), Cougo (1997), Silberschatz et

al. (1999) e Date (2000), sobre as três primeiras formas normais, desprende-se que: a

primeira forma normal visa aos atributos serem atômicos (ou seja, sem repetição), a

segunda forma normal, que se aplica apenas a tabelas com chave composta, visa a

que todos os atributos que não fizerem parte da chave devem estar relacionados à

mesma, integralmente. A terceira forma normal diz que todos os atributos não chave

estão relacionados apenas à mesma. As três formas foram aplicadas ao modelo.

3.11 Modelo lógico de dados

O diagrama a seguir apresenta o modelo lógico de dados para a

ferramenta que está sendo definida no presente capítulo. As representações do modelo

são a forma de conectividade entre as tabelas que compõem o sistema, da forma que

estão relacionadas. O modelo lógico planifica a construção das tabelas e os respectivos

relacionamentos e as chaves conforme definida neste capítulo que compõe a formação

das tabelas. As tabelas são descritas no Anexo 4.

45 Terceira Forma Normal 46 Em parte anterior à citação o autor trata da primeira, segunda e terceira formas normais.

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AnúncioNumAnuncio

DataSeçãoEndereçoTipoAnuncianteNomeAnuncianteIdioma

CategoriaNumCategoria

Categoria

Anuncio_CategoriaNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

SeçãoLocalAtuaçãoSalárioQtdSMFaixaEtáriaIdioma1Idioma2Sexo

HierarquiaNumHierarquiaNumCategoria (FK)

Hierarquia

ÁreaNumÁreaNumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade (FK)

Área

NívelNumEscolaridade (FK)NumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumNível

Nível

Anúncio_Categoria_EscolaridadeNumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade

Concluído

InstituiçãoNumInstituiçãoNumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade (FK)

Instituição

Anúncio_Categoria_ConhecimentoNumConhecimentoNumClasseConhecimentoNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

GrauExigenciaTempo

ConhecimentoNumConhecimento (FK)NumClasseConhecimento (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

Conhecimento

Anuncio_Categoria_CertificaçãoNumCertificacaoNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

GrauExigencia

CertificacaoNumFabricanteNumCertificacao (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

TipoProduto

CaracterísticaNumCaracteristicaNumClasseCaracteristicaNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)NumCaracterística (FK)

Descrição

Anúncio_Categoria_CaracterísticaNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)NumCaracterística

GrauExigencia

Grande ÁreaNumGrande AreaNumÁrea (FK)NumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade (FK)

Área

FabricanteNumFabricante (FK)NumCertificacao (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

Fabricante

ClasseCaracterísticaNumClasseCaracterísticaNumCaracteristica (FK)NumClasseCaracteristica (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)NumCaracterística (FK)

Característica

Fase do TrabalhoNumFaseTrabalhoNumCategoria (FK)

FaseTrabalho

ClasseConhecimentoNumClasseConhecimento (FK)NumConhecimento (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)

ClasseConhecimento

Figura III.14 - Modelo lógico de dados

O produto de banco de dados utilizado na implementação foi o Paradox. A

escolha da utilização do produto Paradox se deu por ser um sistema baseado em

arquivos, pois os arquivos de dados possuem uma ordem fixa, fácil navegação entre os

registros, é possível localizar determinado registro em uma tabela através de sua

posição, sem a necessidade de referenciar seu conteúdo. O Paradox possui uma

concepção de poder “navegar” através dos registros um de cada vez em ordem

previsível, os dados são manipulados por máquinas monousuárias e, no caso de leitura

e manipulação desses dados, os mesmos têm que ser transportados para uma

aplicação.

Uma vez identificada à fonte de dados que permite acompanhar o mercado

através dos indicadores já identificados e modelado o banco de dados para armazenar

tais informações é necessário definir a arquitetura do software que tornará possível a

manipulação de tais dados, o que é apresentado no Capítulo 4.

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69

Capítulo 4

O objetivo deste capítulo é descrever os principais métodos, ferramentas e

procedimentos, destacando os seus principais aspectos, de forma a explicitar o

processo de desenvolvimento de um projeto de classificados de jornal efetivamente

utilizado para a criação de uma base de dados com objetivo de acompanhar o mercado

de trabalho.

O segmento que define as etapas para a construção de um sistema é a

Engenharia de Software que abrange um conjunto de três elementos fundamentais:

métodos, ferramentas e procedimentos. Os métodos detalham "como fazer" para se

construir o software as ferramentas proporcionam apoio automatizado ou semi-

automatizado aos métodos, e os procedimentos constituem o elo de ligação que

mantém juntos os métodos e suas ferramentas, e possibilita um processo de

desenvolvimento claro, eficiente, visando garantir ao desenvolvedor e aos usuários um

software de qualidade.

Independentemente do paradigma a ser utilizado, três fases genéricas dividem

o processo de desenvolvimento Pressman (1995):

i. Definição: esta fase focaliza o "o quê" (análise do sistema, planejamento do

projeto de software e análise de requisitos);

ii. Desenvolvimento: focaliza-se o "como" (projeto de software, codificação e

realização de testes do software);

iii. Manutenção: concentra-se nas "mudanças" (correção, adaptação e

melhoramento funcional).

Através da modelagem de dados, detalhada no Capítulo 3, o sistema foi

definido com bastante exatidão assim como os objetivos a serem alcançados com o

sistema. Caso o sistema fosse complexo seria recomendável a utilização de protótipos

e estes muitas vezes necessitam de um alto nível de colaboração do usuário no

processo de desenvolvimento do sistema. Esta colaboração foi importante nas

definições de armazenamento dos dados assim como nas possíveis consultas

realizadas pelo sistema.

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70

O gerenciamento de projetos deve abranger todo o desenvolvimento, sendo

praticado em cada etapa do processo. Uma das primeiras atividades de gerenciamento

é a viabilidade do projeto. A proposta é justificar a necessidade para o desenvolvimento

do sistema do ponto de vista técnico.

O sistema é justificado sob o ponto de vista de acompanhar o mercado de

trabalho, e, do ponto de vista técnico, a implementação de uma ferramenta para criar

uma base de dados que armazene os atributos pertinentes aos anúncios de

classificados. A seguir especificamos, no âmbito da análise dos requisitos, os objetivos

do sistema:

4.1. Descrição dos objetivos

Objetivo Geral

O sistema de classificados de jornal tem por objetivo disponibilizar uma base

de dados para acompanhar o mercado de trabalho de tecnologia da informação.

Específicos

Os objetivos específicos da ferramenta são necessários, pois a união destes

objetivos contempla os objetivos gerais do sistema.

i. Construir uma ferramenta que oferecesse uma possibilidade de cadastrar os

atributos das categorias de TI;

ii. Fazer a interação entre as categorias e os diversos componentes demandados

pela categoria;

iii. Possibilitar que a consulta à base seja com objetivo de construir uma planilha ou

construir o gráfico no próprio sistema;

iv. Acompanhar a evolução dos atributos demandados nos anúncios;

v. Classificar os atributos pertinentes às categorias;

O planejamento, como atividade de gerenciamento, deve ocorrer baseado em

estimativas seguras que, em geral, possuem a experiência passada de outros sistemas

como base desta construção. Porém o sistema a ser construído não possui similar que

possa servir de base, pois os órgãos de pesquisa de mercado trabalho, sejam

governamentais ou não, somente utilizam como acompanhamento planilhas que muitas

vezes não contêm todos os atributos dos anúncios, assim como é especificamente no

mercado de TI.

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71

4.2 Projeto e implementação

Enquanto as fases de requisito e análise se concentram no “o quê” o sistema

fará, o projeto descreve “como” o software será implementado A fase de projeto

também pode ser vista como um aprofundamento da análise caminhando em direção à

implementação do sistema. Nesta fase de projeto são definidos a estrutura geral e o

estilo do sistema, assim como a arquitetura de software.

4.2.1 Arquiteturas de softwares

A arquitetura de um software é definida por Mendes (2002) como a estrutura

global do sistema, absorvida através da organização do sistema, porém descrito no

nível de abstração, em termos dos elementos computacionais pertinentes e das

interações entre esses elementos. O projeto de arquitetura de software visa decompor o

sistema em componentes e identificar as interações existentes entre estes

componentes. Esta decomposição em componentes fornece uma visão global do

sistema permitindo a análise, as propriedades e restrições do sistema.

A arquitetura de software procura analisar as propriedades do software no nível

de subsistema ou módulo. O objetivo da arquitetura de software, num contexto mais

amplo de gerenciamento de processo de software, é ordenar as diversas técnicas que

têm surgido na atualidade.

O processo de desenvolvimento de um sistema tem um percurso que se inicia

na concepção do sistema, quando os requisitos do sistema são explicitados e

analisados e, por fim, a implementação do sistema. O nível de descrição do sistema

descrito por Mendes (2002) é descrito a seguir:

i. Requisitos ! Decomposição da funcionalidade;

ii. Possíveis soluções ! Arquiteturas (de referência);

iii. Implementação ! Arquitetura selecionada;

Os requisitos de funcionalidade do sistema são especificados através da

necessidade de construção de uma base de dados com o objetivo de armazenar os

atributos especificados no Capítulo 3. O sistema é composto de vários componentes

que possuem funções específicas. As possíveis soluções arquiteturais requerem

inicialmente uma breve descrição desses estilos, conforme a seguir:

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72

A caracterização das arquiteturas de softwares, utilizadas nos sistemas

identificando componentes, mecanismos de interação e propriedades, permite a

classificação e daí a identificação das famílias de arquiteturas. Um estilo de arquitetura

permite determinar a classe a que pertence a organização de um sistema.

Característica dos componentes (subsistemas) e conectores dos sistemas, topologia da

arquitetura, restrições semânticas e mecanismos de interação entre os componentes

ajudam a identificar o que retrata a arquitetura de software do sistema. Existem diversos

estilos de arquitetura de software, dentre eles destacamos:

O estilo Pipes e Filtros, que segundo Mendes (2002), “prevê uma forma

unidirecional de fluxo de dados”, isto é, os dados são conectados numa extremidade,

isto é, na origem e a outra extremidade é o destino que recebe estes dados.

Uma das características principais desta arquitetura é o uso em projetos de

sistemas que requerem vários estágios de processamento. Cada estágio atua como

uma fonte de dados e o estágio seguinte como o receptor destes dados. Um

inconveniente é que a necessidade de uma mudança em um componente pode ter

impactos sobre os componentes posteriores.

O estilo de arquiteturas por Camadas estrutura os sistemas num conjunto de

camadas, onde cada uma delas é agrupada num conjunto de tarefas em determinado

nível de abstração. O exemplo mais freqüente para este estilo de arquitetura é o de

protocolos de redes de computadores.

O estilo de arquitetura de Camadas decompõe o sistema em um conjunto de

camadas, onde cada camada acrescenta um nível de abstração sobre a camada

anterior. Também usado em sistema bancário onde uma camada inferior emite os

dados para uma camada superior.

A concepção principal na arquitetura de objetos (Mendes, 2002) afirma que é a

“abordagem orientada a objetos é combinar em uma única entidade tanto os dados

quanto as funções que atuam sobre os dados”, isto é, organiza o sistema em termos de

uma comunicação entre objetos. Os objetos são entidades que possuem um estado e

operações para acessar e alterar este estado.

Neste estilo de arquitetura, para que um objeto possa se comunicar com outro

objeto é necessário que o segundo objeto seja reconhecido pelo primeiro. Mendes

(2002) afirma que este estilo de arquitetura constitui uma desvantagem para o reuso,

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73

pois há a necessidade de alteração de classes no caso de mudanças. Alguns autores

como Larman (1998) questionam a orientação a objetos como sendo uma arquitetura,

considerando-a, sobretudo como uma técnica de modelagem.

O estilo de arquitetura Invocação Implícita é baseada no estilo de objetos,

porém no estilo de invocação Implícita a abordagem principal é o tratamento das

mudanças de modo que os componentes do sistema possam ser alterados

independentemente, assim como as inovações possam ocorrer de forma incremental.

Porém Mendes (2002) salienta que os componentes não podem fazer qualquer

suposição sobre o tipo de computação a ser realizada ou ordem de processamento.

Não conhecer a ordem de processamento de eventos ou de qual componente será

obtido a resposta, afirma Mendes (2002) “constitui uma desvantagem, pois, nesse caso,

os componentes não detêm mais controle sobre a computação realizada pelo sistema”.

O estilo de arquitetura Quadro-negro considera a existência de um repositório

central de dados circundado por um conjunto de componentes (células de

conhecimento). Este estilo arquitetural “prescreve a organização do conhecimento do

domínio, todas as entradas e soluções parciais para solucionar o problema” Mendes

(2002). O estilo de arquitetura quadro-negro consiste em três componentes: i) células

de conhecimento; ii) estrutura de dados quadro-negro; iii) controle. O estilo possui um

banco de dados compartilhado (quadro-negro) que possui uma organização

dependente da aplicação. Uma variação desta arquitetura é a do tipo repositório na

qual a diferença principal é que o elemento central é totalmente passivo, normalmente

um banco de dados.

O estilo de arquitetura cliente-servidor é um processo que permite que as

tarefas sejam divididas entre produtores e consumidores de dados. Mendes (2002)

aponta alguns cenários envolvendo este estilo de arquitetura, como o sistema

computacional tem um processo instalado no servidor, que é inicializado e logo após o

sistema se encontra em condições de prestar algum serviço, caso seja solicitado.

4.2.2 Arquitetura do sistema de classificados

O SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) do Rio de Janeiro,

com objetivo de ministrar cursos de atualização profissional para as categorias

profissionais do setor terciário, em concomitância com as transformações do mercado

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de trabalho, utiliza como fonte de pesquisa anúncios de emprego veiculados em jornal.

Diversos resultados desta análise, feita a partir da coleta de dados, são apresentados

por Gonzalez e Prado (2001). Esta pesquisa é iniciada em janeiro de 2001, reunindo as

informações sobre os atributos requeridos das categorias profissionais pela oferta de

emprego através das empresas que oferecem estas vagas. Cabe ressaltar que esta

fonte de informação é utilizada com os anúncios de classificados dos jornais de

domingo de diversas capitais brasileiras. Os anúncios são relativos somente ao setor

terciário, perfazendo um total de trinta e cinco mil anúncios somente nos meses de

janeiro e fevereiro do ano da pesquisa. O armazenamento dos dados é realizado em

uma planilha eletrônica Excel. A digitação é feita através de consulta a tabelas de

códigos e valores, impressas em papel e mantidas pelos usuários da planilha. A partir

desta, os dados são exportados para um software estatístico, no qual são gerados

gráficos e tabelas que, por sua vez, podem ser utilizados em relatórios.

A Abenge de São Paulo também possui um sistema idêntico na forma de coleta

de dados para a categoria profissional de engenheiros. O armazenamento também é

numa planilha eletrônica que contém os atributos. A partir daí são gerados gráficos na

própria planilha.

Nota-se que os sistemas não tratam especificamente dos profissionais de TI,

são sistemas para acompanhar o mercado de trabalho num período específico, com isto

não possui dados históricos, entre outras.

Conforme já citado, a aplicação proposta nesta dissertação prevê o

armazenamento de dados de classificados de jornal voltados para a área de TI e o

tratamento dos mesmos. O capítulo 3 descreveu a modelagem e projeto para

armazenamento dos dados, bem como os agrupamentos necessários para o tratamento

adequado das informações. A figura a seguir mostra o projeto da aplicação em si, com

os quatro módulos que a compõem.

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75

Módulo de cadastro

Módulo de cadastro de

agrupamento

Módulo de consulta

Módulo estatístico

REPOSITÓRIO DE CLASSIFICADOS

Figura IV.15 – Modularização da aplicação

No mundo real as arquiteturas dos sistemas não são tão puras quanto descrito

na seção anterior. Geralmente os sistemas reais utilizam arquiteturas híbridas de forma

a atender as especificidades de diferentes projetos. A opção deste projeto foi por uma

arquitetura clássica do tipo repositório dado que o elemento central é passivo (banco de

dados) organizando-se as diferentes funções em módulos, conforme apresentado na

figura anterior.

Conforme descrito no Capítulo 3, os sistema de classificados é orientado a

dados e pode ser caracterizado pela forma com qual o sistema manipula dados.

Dentre os atributos que caracterizam o sistema de informação de classificados

podemos destacar: o desempenho, a segurança, a integridade e a disponibilidade de

dados. No sistema de classificados, requisitos de usabilidade têm por finalidade a

possibilidade de ampliação do sistema de acompanhar todo o mercado de trabalho e

não somente área de TI.

A complexidade de um sistema de software é determinada tanto por seus

requisitos funcionais, isto é, quais as funções do sistema, quanto pelos requisitos não-

funcionais, isto é, como são realizadas estas funções. Os requisitos arquiteturais

compreendem os requisitos funcionais e não-funcionais e atributos de projeto

associados à arquitetura do sistema a ser desenvolvido.

Atributos do Projeto

Os atributos do projeto norteiam o processo de desenvolvimento de software,

visando obter um produto final que satisfaça aos requisitos identificados no início do

processo. Estes atributos foram definidos no Capítulo 3 e são pertinentes aos anúncios

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76

e às categorias. Também são definidas as necessidades de hardware para a

implementação do sistema.

Separação de interesses

A separação de interesses permite identificar aspectos de um problema e

forma como são concentrados os esforços em cada um deles isoladamente. A

separação de interesse tem sido aplicada a sistemas que são decompostos em vários

módulos de modo que a arquitetura do sistema contenha mais de um componente.

Como podemos definir que parte do sistema deve constituir um módulo? O objetivo de

construir o isolamento de determinados componentes e as respectivas funcionalidades

vêm com o objetivo um conjunto de qualidades ou requisitos não-funcionais.

O sistema de acompanhamento do mercado de trabalho tem o objetivo de ser

construído modularizado, pois permite a uma série de requisitos não-funcionais, isto é,

requisitos da interface externa, requisitos de desempenho, entre outras.

Abstração

O objetivo do uso da abstração é lidar com a complexidade do sistema a ser

desenvolvido. No sistema de acompanhamento do mercado de trabalho, temos a

descrição de um anúncio nos termos dos seus elementos constituintes: data do

anúncio, nome do anunciante, endereço do anunciante, seção do jornal em que foi

publicado o anúncio. Os componentes são modelados em termos da modelagem

conforme descrita no Capítulo 3. Esta representação do anúncio é uma abstração de

determinado dispositivo, as tabelas que armazenam estes dados, neste caso o

dispositivo anúncio propriamente dito.

Modularidade

Um sistema composto por um conjunto de módulos é denominado de modular

e um benefício deste atributo de projeto é a possibilidade da separação de interesses. A

modularização é considerada em todo o processo de desenvolvimento de um sistema.

O objetivo de modularizar o sistema é que isto possibilita a decomposição de um

sistema complexo ou de grande porte, também possibilita a construção de um sistema a

partir de um conjunto de módulos e a compreensão da modularização do sistema. A

compreensão sobre a modularidade do sistema é definir cada parte do sistema

separadamente, assim como facilita as alterações que porventura se façam necessários

ao sistema.

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Requisito funcional

Requisito de sistema que especifica uma função que o mesmo ou um de seus

componentes devem ser capaz de realizar. Estes são requisitos de software que

definem o comportamento do sistema, ou seja, é o processo ou as transformações que

componentes de software ou hardware efetuam sobre os atributos de entrada e com

isto gerar as saídas. O sistema de classificados possui um conjunto de tabelas

interligadas entre si por intermédio de chaves primárias e secundárias. O sistema foi

desenvolvido na plataforma Windows e utilizando a linguagem Delphi 6.

Requisitos não-funcionais

São os requisitos que não estão diretamente ligados a funcionalidade do

sistema. Os requisitos não-funcionais abordam os aspectos:

i. usabilidade, os requisitos de usabilidade especificam tanto o nível de

desempenho quanto a forma de uso do sistema. Mendes (2002) expressa a usabilidade

como facilidade de aprendizado e facilidade de uso. O projeto das interfaces tem como

objetivo a usabilidade da ferramenta;

ii. manutenibilidade, este geralmente é usado para a exigência de manutenção do

sistema, seja por reparo devido a determinado erro, alteração, evolução caso haja

adição de inovações ao projeto inicial;

iii. Confiabilidade é a probabilidade do software não causar falhas durante

determinado período de tempo sob condições específicas;

iv. Portabilidade, o sistema deve permitir “migrar” de um sistema computacional

para outro ambiente;

v. Reusabilidade é a possibilidade do sistema se constituir num módulo de outro

sistema, isto é, o sistema se torna um componente de outro sistema. Mendes (2002)

destaca os diversos tipos de reuso, como por exemplo, aplicação, subsistemas, objetos

ou módulos, funções;

vi. Segurança é caracterizada pelo acesso ao sistema. Portanto, a segurança

também corresponde à integridade do sistema quanto à manipulação ou a ataques de

usuários não autorizados.

Requisitos de Segurança

A utilização da base de dados tem como finalidade única o acompanhamento

das categorias de TI, não podendo sob hipótese alguma servir a fins comerciais ou

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outros que venham ferir os direitos das empresas que porventura possam ser citadas

através de consultas à base de dados. Um usuário desta base só deve ter direito de

acesso aos dados na forma única e exclusiva necessária para os fins alegados,

justificados e autorizados.

O sistema de classificados foi concebido tendo em mente a importância da

segurança das informações. Para tanto, como parte da arquitetura do sistema, foi

proposta uma política de segurança abrangendo quatro requisitos básicos: privacidade,

autenticidade, integridade, controle de acesso. Os mecanismos de segurança adotados

pelo projeto incluem os seguintes aspectos:

No requisito de privacidade/confidencialidade, os dados são protegidos do

monitoramento, tanto na forma ativa, onde poderá ser feita uma alteração, quanto na

forma passiva, cujo objetivo é simplesmente o da obtenção da informação.

No requisito de autenticidade, toda e qualquer inclusão ou alteração de

informações no sistema deve estar vinculada a um operador devidamente cadastrado

que é um profissional orientado para executar tal tarefa. O sistema é operado por

profissionais previamente cadastrados no projeto de acompanhamento de mercado de

trabalho.

No requisito de integridade, ainda não implementados na ferramenta, devem

existir proteções contra a adulteração dos dados enquanto esses são transferidos ou

armazenados nos diversos níveis do sistema. Além disso, o sistema armazena os

dados coletados por tempo indeterminado e não registra todas as alterações neles

ocorridas, assim como apaga os registros anteriores.

No requisito de controle de acesso, o sistema ainda não possui qualquer

política de definição de privilégios de acessos, porém para trabalhos futuros deve

permitir a implementação de classes de operadores e normas de divulgação da

informação.

4.2.3 Estrutura do sistema desenvolvido

Diversos autores afirmam que quanto ao desenvolvimento de novos sistemas

utilizando a orientação a objetos nas fases de análise de requisitos, análise de sistemas

e design, não existe de uma notação padronizada que possa abranger de forma eficaz

qualquer tipo de aplicação que se modelar.

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Cada simbologia existente possuía seus próprios conceitos, gráficos e

terminologias, resultando em diversos padrões e gerando uma grande desordem,

especialmente para os desenvolvedores que utilizam a orientação a objetos.

A UML (Unified Modeling Language) é de um conjunto de métodos de análise e

projeto orientados a objeto (OOAD), tendo diversos trabalhos apresentados através de

Rumbaugh et al., (1999) e Booch (2000).

Este método pressupõe um modelo de linguagem e um processo. O modelo de

linguagem é a notação na qual o método é usado para descrever o projeto. Os

processos são os passos que devem ser seguidos para se construir o projeto.O modelo

de linguagem é uma parte muito importante do método. Corresponde ao ponto principal

da comunicação.

A UML define uma notação e um meta-modelo. As notações são todos os

elementos de representação gráfica vistos no modelo (retângulo, setas, o texto, etc.), é

a sintaxe do modelo de linguagem. A notação do diagrama de classe define a

representação de itens e conceitos, tais como: classe, associação e multiplicidade. Um

meta-modelo é um diagrama de classe que define de maneira mais rigorosa a notação.

Nas próximas seções será apresentada a notação UML através de algumas definições

e a aplicação no sistema de classificados.

Após esta breve descrição das classes e as representações oriundas pela

UML, temos como descobrir as outras classes pertinentes ao sistema.

Como descobrir Classes de Objetos? Esta fase é de suma importância, pois

significa o início de um processo de avaliação do sistema.

Análise do caso de uso: É o processo de examinar o conjunto de “Use Cases”

para extrair os Objetos e Classes do sistema sob desenvolvimento. Os Objetos e

Classes podem ser obtidos do detalhamento dos Cenários (instâncias de caso de uso).

Cenário para criar Anúncio

O usuário inicia a aplicação e o sistema aguarda a inserção do anúncio. Em

seguida apresenta um formulário para o cadastro de Anúncio para que o usuário inicie o

cadastro do anúncio, isto é, os atributos da classe Anúncio. O usuário insere o nome do

anunciante e uma lista de anunciantes já cadastrados fica disponível. Caso o

anunciante não tenha sido cadastrado há a possibilidade de cadastrá-lo em

concomitância com a inserção do anúncio. Após a inserção do nome do anunciante, a

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próxima inserção é o endereço que também tem a possibilidade de escolher endereços

já cadastrados. Após a inserção dos atributos do anúncio, o usuário tem a possibilidade

de cadastrar a categoria através de outro formulário.

Objetos pertencentes à Classe de Entidades: são identificados examinando-se

os substantivos e frases substantivadas no cenário. No cenário acima estão destacados

os substantivos candidatos a Objetos da Classe de Entidade. Os substantivos podem

ser: Objetos, descrição do Estado ou Atributos de um Objeto, entidade externa e/ou ator

ou ainda nenhuma das anteriores.

Exemplo de uma Lista de substantivos e sua classificação

Usuário – ator.

Data - Estado ou Atributos.

Seção do jornal - Estado ou Atributos (que é selecionado quando aplicável)

Nome do anunciante – Estado ou Atributos (que é selecionado quando

aplicável).

Endereço do anunciante – mesmo que nome do anunciante.

Idioma - Estado ou Atributos.

Lista de Objetos da Classe Anúncio

Data – data do anúncio.

Nome do anunciante – Lista todos os anunciantes já cadastrados.

Endereço do anunciante – Lista os endereços já cadastrados.

Seção do jornal - Lista de todas as seções do jornal.

Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.

Lista de Classes de Entidades presentes no Cenário “Anúncio”

Data – data do anúncio.

Nome do anunciante – Lista todos os anunciantes já cadastrados.

Endereço do anunciante – Lista os endereços já cadastrados.

Seção do jornal - Lista de todas as seções do jornal.

Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.

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Figura IV.16 – Representação da entidade

Objetos pertencentes à Classe Interface são identificados examinando-se cada

par ator/cenário e criando-se as classes interfaces óbvias. Classes Interfaces também

são criadas para comunicação sistema/sistema e para descrever a escolha de

protocolos de comunicação.

Exemplos de classe interface

Deve ser apresentado ao usuário, quando a opção do caso de uso “Categoria”.

Para tanto, é criada a Classe “FormulárioDeCategoria” para permitir ao usuário

selecionar a opção desejada. O usuário deve inserir no sistema as informações

referentes aos atributos do anúncio.

Conexões de Controle

Objetos pertencentes à Classe de Controle: nas classes de controle estão

contidas as informações de seqüência. Cada caso de uso deve ter uma Classe de

Controle, responsável pelo fluxo de eventos.

Para tanto, é criada a Classe “NomeCategoria”. Esta classe está referenciada,

para cada anunciante selecionado na Classe Interface “FormulárioDeAnuncio” deve

executar as seguintes atividades:

i. Busca na Classe Anunciante os anunciantes já cadastrados;

ii. Caso o anunciante não esteja cadastrado não propicia ao usuário cadastrar o

anúncio;

<<Entidade>> Anúncio

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Figura IV.17 – Objeto de controle

Diversos cenários assim como todas classes e interfaces do sistema podem

ser construídas. Através destes cenários também é possível a construção de uma série

de controle.

4.2.4 Casos de uso e cenários

O sistema permite que o usuário cadastre além do anúncio propriamente dito,

as categorias, os conhecimentos, escolaridade, certificação, características. Também

poderá fazer consultas, gerar gráficos relativos a estas consultas e aplicar uma

metodologia estatística.

Modularidade

Conforme a Figura IV.1 o sistema é composto por dois módulos distintos:

i. Módulo de Cadastro;

ii. Módulo de Consulta;

iii. Módulo de Cadastro de Agrupamento;

iv. Módulo Estatístico.

A adoção desta arquitetura tem como objetivo a possibilidade da separação de

interesses. A seguir teremos a descrição do módulo de cadastro.

Módulo de Cadastro

Diagrama de “Caso de Uso” para Sistema Classificados Módulo de

Cadastramento:

<<interface>> FORMULÁRIODEANÚNCIO

<<Controle>> NOMECATEGORIA

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Figura IV.18 - Diagrama de casos de uso

Diagrama de caso de uso: Mostra um conjunto de casos de uso e atores e seus

relacionamentos Booch (2000) assim como organiza os componentes do sistema. O

diagrama é usado para identificar como o sistema se comporta em várias situações que

podem ocorrer durante sua operação. Descrevem o sistema, seu ambiente e a relação

entre os dois. Os componentes deste diagrama são os atores e os casos de uso. A

notação usada pelo Diagrama de caso de uso:

Ator: Representa um conjunto coerente de papéis que os usuários de casos de

uso desempenham quando interagem com esses casos de uso. Qualquer entidade que

interage com o sistema, corresponde aos papéis que o usuário do sistema pode

desempenhar. Pode ser uma pessoa, outro sistema, etc. Algumas de suas

características são: i) ator não é parte do sistema; ii) ator pode interagir ativamente com

o sistema; iii) ator pode ser um receptor passivo de informação; iv) ator pode

representar um ser humano, uma máquina ou outro sistema.

Casos de uso: Especifica o comportamento do sistema é uma descrição de um

conjunto de seqüências. Os casos de uso fornecem determinado comportamento ser a

necessidade de especificar como esse comportamento é implementado. Os casos de

Caso de uso

Ator

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uso também tëm por objetivo validar a arquitetura do sistema e a verificação na medida

da evolução durante o desenvolvimento Booch (2000). É a descrição de um conjunto de

ações, que o sistema executa com um determinado objetivo observável pelo ator. Uma

de suas aplicações é confirmar aos usuários e clientes as suas funcionalidades e

comportamento. É uma seqüência de ações que o sistema executa, produzindo um

resultado de valor para o ator. Algumas de suas características são:

i. Modela o diálogo entre atores e o sistema;

ii. É iniciado por um ator para invocar uma certa funcionalidade do sistema;

iii. É fluxo de eventos completo e consistente;

iv. O conjunto dos casos de uso representa as situações possíveis de utilização do

sistema.

O diagrama de casos de uso da Figura IV.4 mostra o único ator e os onze

casos de uso identificados. A maioria dos cadastramentos é semelhante entre si, à

exceção de Cadastrar anúncios, a funcionalidade principal é a que recebe maior volume

de informações do usuário. A representação gráfica é baseada na UML.

Descrição e Identificação do Módulo

O módulo de cadastramento tem a função, essencialmente, de registrar no

banco de dados as informações sobre os anúncios digitados pelo usuário. Assim sendo,

seus casos de uso podem ser genericamente descritos como o cadastramento dos

anúncios propriamente ditos e das informações secundárias (informações dependentes

dos anúncios) que contam dos anúncios. A relação completa dos casos de uso e suas

respectivas descrições, conforme a seguir.

Caso de uso Descrição Registrar Anúncio Inclui um novo anúncio no sistema. Registrar Categoria Inclui uma nova categoria profissional no sistema. Registrar Seção Inclui uma nova seção associada a um jornal no sistema.Registrar Anunciante Inclui um novo anunciante no sistema. Registrar Setor Inclui um novo setor de atuação no sistema Registrar Local Inclui um novo local de atuação no sistema Registrar Conhecimento Inclui um novo conhecimento no sistema Registrar Idioma Inclui um novo idioma no sistema Registrar Nível Inclui um novo nível de escolaridade no sistema Registrar Área Inclui uma nova área de formação no sistema Registrar Instituição Inclui uma nova instituição no sistema Registrar Característica Inclui uma nova característica no sistema

Tabela IV.9 - Identificação dos casos de uso

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85

Cadastrar anúncios

A descrição deste caso de uso permite abertura do sistema da janela de

cadastramento de anúncios. A entrada de dados do anúncio foi dividida em diversas

janelas: a de cadastramento de anúncios (permite a digitação de data, jornal, seção,

anunciante e a escolha das categorias mencionadas) e a de categoria que possibilita a

inclusão das categorias demandadas no anúncio e, a partir daí, é possível a inclusão de

conhecimentos, escolaridade, características e certificação. Nestas telas é possível

ainda realizar o cadastramento de dados que constituem o anúncio sem a necessidade

de retornar à tela inicial. Por exemplo, é possível incluir uma categoria ou uma

competência que ainda não esteja cadastrada no sistema durante a edição do mesmo,

sem, portanto, fechar as janelas de cadastramento de anúncio.

Diagrama de classes

Figura IV.19 – Diagrama de classes

As definições dos atributos e às classes são explicitadas nos Anexos. As

descrições posteriores estão organizadas de acordo com as definições e enfocam os

relacionamentos entre as classes e as demais particularidades do modelo.

CertificaçãoEscolaridade

Atributos

InserirEscola-ridade

ConhecimentoCaracterística

Atributos

InserirCarac-teristica

Atributos Atributos

InserirConheci-mento

InserirCertifi-cação

1

N N N N

Anúncio Atributos InserirAnúncios

Categoria Atributos InserirCategorias

N1

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86

Contexto do Anúncio

Descrição

Dados do anúncio Contextualizam o anúncio indicando os atributos pertinentes. Categorias Indica que categorias profissionais estão sendo demandadas. Competências Diz respeito ao que se espera do profissional especificado em

termos de conhecimentos, escolaridades, características, etc. Tabela IV.10 - Divisão conceitual dos anúncios

Descrição do caso de uso “Cadastrar Anúncio”

O caso de uso apresentado no Diagrama será descrito apenas como o de

“Cadastro”. Este caso de uso é iniciado pelo usuário. Fornece os meios para o usuário

cadastrar os anúncios.

O caso de uso se inicia quando o usuário acessa o sistema. Ainda não está

implementada no sistema nenhuma restrição de acesso ao usuário. O usuário seleciona

Inserir Anúncio. O sistema aguarda a inserção do anúncio pelo usuário. Os atributos

dos anúncios propriamente ditos e também o acesso para cadastrar a categoria. A

seguir é apresentado o exemplo de caso de inserção de anúncio ativado pelo caso de

uso Cadastro (CadastarAnúncio).

Cadastrar Anúncio: O sistema apresenta numa interface formulário de

anúncios em branco. O usuário preenche todos os dados disponíveis nos anúncios. A

seguir, o usuário tem a possibilidade de cadastrar categorias. Nota-se que o anúncio só

vai ser cadastrado se houver uma categoria especificada, isto é, o sistema possibilita ir

para o cadastro de categoria, mas não inseriu na base o anúncio. Após a inserção da

categoria, o sistema permite a inserção do cadastro do anúncio propriamente dito.

Cenário

Cenário: É uma instância de um caso de uso. Os cenários são como os

usuários interagem como o sistema, cada cenário é uma noção de quais serviços e

facilidades oferecidas pelo sistema, conforme define Mendes (2000). O caso de uso

deve ser descrito através de vários cenários. Devem ser construídos tantos cenários

quantos forem necessários para se entender completamente todo o sistema. Podem ser

considerados como teste informal para validação dos requisitos do sistema.

Existem dois tipos de Cenários:

i. Primários;

ii. Secundários.

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87

Os Cenários primários são aqueles nos quais o fluxo segue normalmente. Não

há quebra no fluxo por alguma espécie de erro. Os Cenários Secundários são os casos

em que o fluxo normal de operação é interrompido e, portanto formam, as exceções.

Um Cenário Primário

i. O usuário inicia o cadastro de anúncio. O sistema valida a data, e o usuário

inicia o cadastro da categoria inserindo os atributos pertinentes à categoria.

ii. O usuário não possui mais nenhum outro atributo a ser inserido, o usuário fecha

a inserção de categoria e volta à tela de cadastro com a possibilidade de cadastrar

outro anúncio ou encerrar o sistema;

iii. O sistema cadastrou o anúncio e está apto a inserir novo anúncio.

Cenário secundário

i. O usuário inicia a inserção de um anúncio com os atributos dos anúncios;

ii. O usuário verifica que a categoria não pertence à área de TI.

Classes de Objetos

Na orientação a objetos, temos diversos conceitos representativos como:

i. Objeto. Representa uma entidade que pode ser física, conceitual ou de

software;

ii. Identidade: É o que identifica unicamente um objeto, mesmo que ele possua

estados ou comportamento comuns a outros objetos;

iii. Estado ou atributo de um objeto: É cada condição na qual o objeto pode

existir;

iv. Comportamento de um objeto: Determina como um objeto age e reage a

estímulos de outros objetos.

v. Classe: É uma descrição de um grupo de objetos com atributos,

comportamentos, relacionamentos com outros objetos e semântica comum.

Na UML a classe de objeto é representada por um retângulo, subdividido em

três áreas. A primeira contém o nome da Classe. A segunda contém seus atributos. A

terceira contém suas operações. É definida como a representação gráfica em que os

atributos são listados imediatamente abaixo do nome das classes Booch (2000). A

representação abaixo corresponde às classes descritas acima.

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88

Cadastro Categoria NumAnuncio Data SeçãoAnuncio NomeAnunciante Endereço TipoAnunciante Idioma

NumCategoria Categoria

Adicionar um Anúncio() Cadastrar Categoria () Figura IV.20 – Classe CadastrarAnúncio

Na metodologia UML podemos distinguir categorias de classes. Uma Classe de

Objetos pode ser de uma ou mais categorias. As categorias mais comuns são:

i. Classe interface;

ii. Classe de Entidade;

iii. Classe de Controle.

<<Entidade>> Anúncio

<<Entidade>> Categoria

NumAnuncio Data SeçãoAnuncio NomeAnunciante Endereço TipoAnunciante Idioma

NumCategoria Categoria

Cadastrar Anúncio() Cadastrar Categoria Figura IV.21 – Interface CadastrarAnúncio

A notação usada pela UML para categorias, dentro da representação gráfica da

Classe de Objeto, é colocá-la entre << >> na área reservada para o nome da classe e

acima deste.

Diagrama de Classes do Módulo Consulta

De forma análoga, o sistema possui um módulo de consulta que permite as

consultas simples, isto é com um único atributo ou a consulta cruzada através de dois

atributos da base de dados.

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89

Figura IV.22 – Módulo de consult

Descrição do caso de uso “Consultar”

O caso de uso apresentado no Diagrama ser

“ConsultaSimples”. Este caso de uso é iniciado pelo usuário

usuário efetuar uma consulta.

O caso de uso se inicia quando o usuário acessa o

de consulta. Ainda não está implementada no sistema nenhu

usuário. O usuário seleciona o ano ou período de consulta e

O sistema tem como resposta uma tabela oriunda desta

construção do gráfico caso o usuário manifeste este desejo

exemplo de caso de consulta da categoria programador.

Consultar a categoria programador: O sistema

formulário de consultas em branco. O usuário preenche o

executar uma consulta da seguinte forma. O usuário tem a p

anos que deseja consultar. Logo após o usuário solicita a ca

através de um novo formulário “FiltrarConsulta” este form

escolher a categoria Programador. Após esta seleção o usu

consulta. O sistema emite como resposta uma tabela que po

exportada para o Excel ou gerar o gráfico na própria ferrame

Um Cenário Primário

i. O usuário inicia a consulta por categoria. O usuário

consultados;

ii. O sistema propicia ao usuário filtrar a consulta, isto é

deseja consultar;

iii. O sistema emite uma tabela como resultado da consul

Consulta

Consulta_Simples Consulta_Cruzad

11

a

á descrito apenas o de

. Fornece os meios para o

sistema através do módulo

ma restrição de acesso ao

o atributo a ser consultado.

consulta e possibilita a

. A seguir é apresentado o

apresenta numa interface

s dados disponíveis para

ossibilidade de escolher os

tegoria. O sistema propicia

ulário possibilita o usuário

ário solicita a execução da

ssui a possibilidade de ser

nta.

escolhe os anos a serem

, escolher a categoria que

ta.

a

Análise

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90

Cenário secundário

i. O usuário inicia a consulta por categoria, mas não informa os anos a serem

consultados;

ii. O usuário verifica que após a seleção da categoria não escolheu os anos a

serem consultados.

4.2.5 As interfaces

As interfaces foram projetadas com objetivo de usabilidade e confiabilidade, por

exemplo, a facilidade de uso da ferramenta assim como o rápido aprendizado para usar

a ferramenta. O aspecto da confiabilidade, a inserção de um anúncio na base só é

realizada após a inserção de uma categoria. Isto implica que não é possível o

cadastramento de um anúncio na base sem que haja pelo menos uma categoria

relacionada a este anúncio.

A aplicação em si foi desenvolvida no ambiente Borland Delphi 5.0 como

projeto de iniciação científica de Marcelo Garnier Mota, MOTA (2001), constando

portanto naquele âmbito o projeto da interface e a descrição detalhada da aplicação.

Apresentamos a seguir apenas uma descrição sucinta com o objetivo de situar o leitor.

O módulo de cadastro permite a entrada de dados na base com uma interface

amigável. Na primeira tela deste módulo é feita a digitação de campos pertencentes à

tabela Anúncio.O menu é composto por dois principais itens:Anúncios e tabelas

secundárias, conforme mostrado na figura a seguir. As tabelas secundárias permitem a

digitação de categorias, características, certificações, conhecimento e escolaridade

antes que os mesmos sejam referenciados num anúncio específico. Somente é possível

salvar um anúncio quando houver a especificação de pelo menos uma categoria

associada ao mesmo. A partir da tela relativa a categoria é possível cadastrar todos os

outros elementos relacionados ao anúncio.

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91

Figura IV.23 - Tela de entrada do módulo de cadastramento

O módulo de cadastramento de agrupamentos segue a mesma lógica do

módulo de cadastramento dos dados do anúncio, com o único diferencial de que

permite, além de cadastrar os agrupamentos em si (grande área, classe de

característica, classe de conhecimento, fase do trabalho e hierarquia) relacioná-los com

as respectivas instâncias.

O módulo de consulta destina-se a extrair informações da base de dados,

também fazendo uso de uma interface amigável, conforme apresentado na figura a

seguir. Permite várias possibilidades de cruzamento dos dados cadastrados contando

para isso com o uso do SQL (Structured Query Language – Linguagem de consulta

estruturada).

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Figura IV.24 - Tela para seleção dos parâmetros de consulta

No lado esquerdo da tela existem campos que permitem a escolha do período

a ser consultado (os anos). No centro da tela estão os itens disponíveis (anúncio,

categoria e competências). O termo competências inclui idiomas, conhecimentos e

características. Nesses itens pode-se encontrar as informações procuradas, ou seja,

são nesses itens que estão todas as informações fornecidas pelo anúncio de jornal. No

lado direito da tela ficam os itens selecionados para o resultado. Após a seleção basta

clicar no botão que diz executar consulta para que a consulta seja executada. Há um

botão na parte superior da tela que permite voltar aos critérios da consulta caso se

esteja nos resultados e queira voltar. Existe ainda o botão nova consulta que serve

para limpar os campos preenchidos caso se queira fazer uma nova consulta. A interface

do módulo estatístico, cuja implementação foi feita no âmbito do presente projeto, é

apresentada no capítulo 5.

4.3 Análise da arquitetura

Mendes (2002) ilustra que após o conjunto de requisitos arquiteturais, sejam

funcionais ou não funcionais a atributos de projeto, esses requisitos são representados

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93

através de três propriedades: eficiência, integridade e flexibilidade. O autor apresenta o

método de análise de arquitetura de software SAAM (Software Architecture Analysis

Method) que tem como objetivos comparar as soluções arquiteturais de software. Este

método de análise está baseado nos seguintes objetivos: i) definir um conjunto de

cenários para representar os casos de uso do sistema; ii) utilizar cenários para gerar as

diversas partes dos sistemas, assim como os acoplamentos dos cenários; iii) este

método de análise arquitetural tem como base o uso de cenários e este sistema

compreende um conjunto de cinco passos independentes, como descreve Mendes

(2002);

i. Desenvolvimentos de cenários para ilustrar todos os tipos de atividades do

sistema;

ii. Descrição da arquitetura: esta especificação deve informar os componentes

funcionais e de dados dos sistemas e as relações existentes entre estes componentes;

iii. Avaliação de cada cenário para cada cenário há a determinação de uma

arquitetura que possivelmente pode ser adotada;

iv. Determinação da interação entre cenários;

v. Avaliação dos cenários e a interação entre eles.

Estas análises permitem também definir a arquitetura de software que apresenta

melhor suporte para o sistema, assim como ao conjunto de requisitos não-funcionais

desejados para o sistema.

Outro método de análise arquitetural é ATAM (Architecture Analysis Method)

que tem como objetivo entendimento das implicações em decorrência das decisões

arquiteturais em relação aos requisitos de atributos.

Este método está baseado em análise de risco, ponto susceptibilidade e pontos

de compromisso, conforme aponta Mendes (2002).

i. Os riscos compreendem as decisões arquiteturais sem a compreensão completa

das conseqüências desta decisão;

ii. Ponto susceptibilidade é o conjunto de componentes na arquitetura que são de

suma importância para a obtenção de algum atributo;

iii. Ponto de compromisso é o ponto crítico para a obtenção de múltiplos atributos.

O sistema de avaliação adotado para o sistema de classificados é SAAM, pois

melhor define a avaliação dos cenários. No sistema de classificados foram

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94

desenvolvidos diversos cenários onde foram definidas todas as situações, como por

exemplo, do cadastro de Anúncios.

Na descrição da arquitetura são informados os componentes funcionais e os

dados do sistema. Mendes (2002) afirma que a representação arquitetural faz uma

distinção entre componentes passivos, pois são os componentes que armazenam os

dados e os componentes ativos que efetuam a transformação dos dados. Outra

importante conexão, na descrição da arquitetura, é de controle, pois define quais os

componentes atuam sobre o outro. Além de uma definição das arquiteturas usadas no

sistema através de gráficos algumas dos cenários e conexões de controle foram

apresentadas de forma descritiva.

Avaliação do cenário neste trabalho é descrição do cenário de cadastro de

anúncio que foi construído como exemplo, pois o sistema não possui grande

complexidade para que se construam todas as possibilidades de cenários referentes ao

sistema, isto é, apenas um modelo de cenário com objetivo da avaliação.

Após a descrição da arquitetura do sistema, assim como, os métodos e os

processos utilizados na ferramenta, o Capítulo 5 contém a implementação estatística e

alguns resultados mostrando a funcionalidade da ferramenta. O módulo de cadastro de

agrupamento não foi descrito já que é idêntico ao módulo de cadastro de anúncio,

sendo que permite ainda relacionar os itens agrupados.

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95

Capítulo 5

O objetivo deste capítulo é a descrição da arquitetura de software para o

módulo estatístico, assim como, analisar diversos resultados construídos através do

módulo de consulta estatístico. Primeiramente, definimos os objetivos do módulo.

Objetivo Geral

O módulo tem por objetivo tratar estatisticamente os dados a partir de

determinada consulta à base de dados.

Específicos

i. Conhecer a existência de correlação entre os atributos da base;

ii. Criar um modelo a partir dos dados usando a estatística de regressão linear;

Conforme descrito no Capítulo 4 a construção da modelagem estatística tem a

mesma metodologia usada no módulo cadastro e consulta. Inicialmente temos a análise

do caso de uso que é o processo de examinar o conjunto de “Use Cases” para extrair

os Objetos e Classes do sistema sob desenvolvimento. Os Objetos e Classes podem

ser obtidos do detalhamento dos Cenários (instâncias de caso de uso).

5.1 Cenário para a Modelagem Estatística

O usuário inicia a aplicação do módulo de consulta e o sistema aguarda a

seleção para as consultas através de um formulário que possui as seguintes seleções:

i. Os anos a serem consultados;

ii. Os atributos pertinentes as categorias.

Após selecionados para a consulta o sistema permite filtrar esses atributos,

isto é, o usuário pode selecionar o atributo a ser consultado. O usuário após selecionar

este atributo executa a consulta gerando uma tabela referente a consulta realizada.

Após a geração desta tabela o usuário tem a possibilidade de gerar os cálculos e o

gráfico referente a estatística utilizada.

Exemplo de uma Lista de substantivos e sua classificação

Usuário – ator.

Data – Estado ou Atributos.

Idioma – Estado ou Atributos (que é selecionado quando aplicável)

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Categoria – Estado ou Atributos (que é selecionado quando aplicável).

Endereço do anunciante – mesmo que nome do anunciante.

Lista de Objetos da Classe Consulta

Data – data do anúncio.

Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.

Categoria – Lista todas as categorias.

Classe de Conhecimento – Lista todas as classes de conhecimento.

Classe de Características – Lista todas as classes de características.

Classe de Escolaridade – Lista todas os níveis de escolaridade.

Lista de Classes de Entidades presentes no Cenário “Consulta”

Data – data do anúncio.

Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.

Categoria – Lista todas as categorias.

Classe de Conhecimento – Lista todas as classes de conhecimento.

Figura V.25 – Representação da entidade

Objetos pertencentes à Classe Interface são identificados examinando-se cada

par ator/cenário e criando-se as classes interfaces óbvias. Classes Interfaces também

são criadas para comunicação sistema/sistema e para descrever a escolha de

protocolos de comunicação.

Exemplos de classe interface

Deve ser apresentado ao usuário, quando a opção do caso de uso “Consulta”.

Para tanto, é criada a Classe “FormulárioDeConsulta” para permitir ao usuário

<<Entidade>> Consulta

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97

selecionar a opção desejada. O usuário deve inserir no sistema as informações

referentes aos atributos selecionadas para consulta.

Conexões de Controle

Objetos pertencentes à Classe de Controle: nas classes de controle estão

contidas as informações de seqüência. Cada caso de uso deve ter uma Classe de

Controle, responsável pelo fluxo de eventos.

Para tanto, é criada a Classe “NomeCategoria”. Esta classe está referenciada,

para cada anunciante selecionado na Classe Interface “FormulárioDeConsulta” deve

executar as seguintes atividades:

Buscar na Classe Anunciante as categorias já cadastradas.

Figura V.26 – Objeto de controle

Diversos cenários assim como todas classes e interfaces dos sistemas podem

ser construídas. Através destes cenários também é possível a construção de uma série

de controle.

5.2 Casos de uso e cenários

O sistema permite que o usuário consulte além do anúncio propriamente dito,

as categorias, os conhecimentos, escolaridade, certificação, características. Também

poderá fazer consultas, gerar gráficos relativos a estas consultas e aplicar uma

metodologia estatística.

<<interface>> FormulárioDeConsulta

<<Controle>> NomeCategoria

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5.3 Descrição e Identificação do Módulo Estatístico

5.3.1 Descrição e Identificação do Módulo

O módulo estatístico tem a função, essencialmente, de tratar estatisticamente

os dados de determinada consulta. Assim sendo, seus casos de uso podem ser

genericamente descritos como uma consulta (informações dependentes dos anúncios)

que constam dos anúncios. As consultas possíveis são os atributos da base e os casos

de uso e as suas respectivas descrições, são conforme os atributos da base.

Consultar anúncios

A descrição deste caso de uso permite abertura pelo sistema da janela de

consulta de anúncios. A consulta à base de dados foi dividida em duas janelas: a de

seleção dos atributos propriamente dito, isto é, a seleção dos anos e dos itens da

serem consultados, e a janela seguinte na qual há a filtragem dos itens dos atributos

dos anúncios, isto é, onde se permite a seleção do item/atributo a ser(em)

consultado(s). Nestas telas é possível ainda realizar novas consultas sem a

necessidade de retornar a tela inicial desde que a consulta seja do mesmo atributo. Por

exemplo, é possível consultar uma determinada categoria ou uma determinada

competência no sistema, gerar o gráfico ou os cálculos estatístico para regressão linear

e tornar a fazer nova consulta com outra categoria sem retornar à tela inicial.

O diagrama de classe do módulo consulta foi descrito no Capítulo 4. A

descrição a seguir é para a análise estatística já que as consultas simples e cruzadas

foram definidas ainda no Capítulo 4. O Diagrama de Classes do Módulo Consulta é

apresentado com a finalidade de situar o leitor da localização da análise estatística.

Figura V.27 – Módulo de con

Consulta

Consulta_Simples Consul

11

sulta - Análise

ta_Cruzada

Análise

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5.4 Casos de uso e Cenários

Descrição do caso de uso “Análise”

O caso de uso apresentado no Diagrama será a “Análise”. Este caso de uso é

iniciado pelo usuário. Fornece os meios para o usuário efetuar uma análise estatística.

O caso de uso se inicia quando o usuário acessa o sistema através do módulo

de consulta, conforme já descrito. Após a consulta o sistema permite a geração dos

cálculos necessários para a análise estatística e posteriormente a geração da linha de

tendência no gráfico resultante da consulta.

Cenário Primário

iv. O usuário inicia a consulta selecionando os anos e a categoria;

v. O sistema propicia ao usuário filtrar a consulta, isto é, escolher a categoria que

deseja consultar. Após a seleção da categoria a ser consultada;

vi. O sistema emite uma tabela como resultado da consulta;

vii. O sistema propicia ao usuário gerar os cálculos para a análise estatística;

viii. Após a geração dos cálculos o sistema gera o gráfico de regressão linear com a

linha de tendência;

Cenário secundário

iii. O usuário inicia a consulta por categoria e informa os anos a serem consultados;

iv. O usuário gera a tabela;

v. O usuário tenta gerar o gráfico de regressão sem construir a tabela de cálculos;

Primeiramente a arquitetura desenvolvida avalia que análise estatística pode

ser implementada na ferramenta. A escolha de uma análise estatística tem como

objetivo a possibilidade de acompanhar o mercado de trabalho assim como criar um

modelo estatístico que possibilite a predição de determinada variável, caso seja

possível à realização desta predição que possui determinadas condições,

primeiramente se há correlação linear entre as variáveis envolvidas. Somente a partir

desta de conhecer a correlação há a validade do modelo. Esta decisão inicial recai

sobre a regressão linear, pois é usada por diversos pesquisadores no caso de estudos

sociais.

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Classes de Objetos

Conforme definido no Capítulo 4, temos a Classe de controle e a Classe

interface como objetos de análise, inicialmente definiremos a classe de controle.

Classe Controle a principal função desta classe diz respeito a análise

estatística, pois só é possível a construção do modelo após a realização dos cálculos.

Isto proporciona ao usuário visualizar os cálculos necessários para a construção do

modelo. O usuário pode executar uma consulta e não gerar o modelo estatístico

correspondente a esta consulta. As classes de interface são as classes que interagem

com o usuário e são definidas conforme a seguir.

5.5 A interface

A interface do módulo estatístico, cuja implementação foi feita no âmbito do

presente projeto, é descrito a seguir.

Figura V.28 – Tabela gerada na ferramenta

O usuário tem a possibilidade, após a construção da tabela, de gerar uma tela

contendo os cálculos referentes a análise estatística e, a partir daí gerar gráfico

contendo a linha de tendência.

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101

Figura V.29 - Tela dos cálculos de análise estatística

Análise da arquitetura

Conforme descrito no Capítulo 4 a análise da arquitetura adotada foi a SAAM

(Software Architecture Analysis Method) que analisa a descrição dos possíveis cenários

do sistema para o módulo estatístico. Os cenários descritos são simples, pois o não

cumprimento do cenário primário gera o cenário secundário, isto é, cenário pelo qual o

sistema não contempla a necessidade do usuário e emite uma mensagem de erro. A

seguir diversos resultados são apresentados através da implementação dos módulos

de consulta e estatístico simultaneamente.

5.6 Análise dos dados

Este item tem como objetivo apresentar a análise de alguns resultados

oriundos de consultas à base de dados através da implementação do módulo de

consulta e estatístico. A ferramenta apresenta diversos resultados sobre as categorias

profissionais de TI. A base de dados possui um total de 8.845 anúncios compreendidos

entre os anos de 1970 a 2002, conforme especificado na metodologia da coleta de

dados. A primeira análise a ser realizada sobre o comportamento do mercado de

trabalho de TI, no período da pesquisa, baseada em anúncios de jornal, é a demanda

da quantidade de anúncios.

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5.6.1 Quantidade de anúncios

Conforme descrição anterior, a ferramenta possibilita consultar e construir o

gráfico na própria ferramenta ou exportar a planilha para o Excel, para possíveis

melhorias de gráfico ou outras análises estatísticas. Neste caso, para a construção do

gráfico para quantidade de anúncios, foi realizada uma consulta à base de dados e a

partir daí os dados são exportados para o Excel para a construção do gráfico. Diversas

análises são pertinentes com base nos atributos contidos nesta base, mas através da

quantidade de anúncios pode se mensurar o comportamento do mercado de trabalho

no período da pesquisa.

No período de 1970 a 1976 há uma quantidade de anúncios bem próximos:

neste período a informática não é utilizada no nível comercial. No período de 1979-

1982, há uma queda acentuada pela quantidade de anúncios neste período que

literaturas econômicas apontam para um período de recessão das atividades

econômicas.

De 1985-1992, há um aumento na quantidade de anúncios em relação ao

período anterior: é o inicio da inserção dos microcomputadores em diversas atividades

econômicas. O período de 1992-2000 foi o de maior crescimento na quantidade de

anúncios correspondendo ao período que diversos autores afirmam ser de maior

crescimento da área de informática.

TOTAIS DE ANÚNCIOS

314 231 23970 77

288 174 299 162

596

1106

16531993

1643

0

1000

2000

3000

1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002

Anos

Quant.

Gráfico V. 1 – Quantidade de anúncios por ano

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103

O Gráfico V.2 apresenta a quantidade de anúncios em porcentagem por ano

desde 1970 a 2002. No período de 1990-2002, temos um percentual de 84,3% dos

anúncios demandados na pesquisa, conforme explanações anteriores, o que

corresponde ao período de maior crescimento de TI.

Quantidade de Anúncios em %

3,6 2,6 2,70,8 0,9

3,3 2,0 3,41,8

6,7

12,5

18,7

22,5

18,6

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002

Anos

%

Gráfico V. 2 – Quantidade de Anúncios em %

5.6.2 Características

O Gráfico V.3 ilustra a demanda pelas competências sociais e de negócios,

mostrando que as competências sociais estão sendo mais valorizadas do que as

competências de negócio.

Gráfico V. 3 – Competências de negócios e sociais

O Gráfico V.4 ilustra a demanda pelas competências técnico-profissionais que

em comparação com o gráfico V.3 mostra que a competência técnico-profissional está

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104

sendo mais valorizada do que as outras competências.

Gráfico V. 4 – Competência técnico-profissional

A classe de características competência-Outros foi criada para as

características não definidas por Fleury e Fleury (2000). Nota-se, portanto, a

valorização pela disponibilidade do profissional, isto é, disponibilidade de viagem,

disponibilidade de horário, entre outras.

Gráfico V. 5 – Competência - Outros

5.6.3 Nível de escolaridade

O Gráfico V.6 aponta o nível de escolaridade mais demandada para as

categorias de TI. O nível de escolaridade terceiro grau é mais demandado.

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105

Gráfico V. 6 – Demanda por nível de escolaridade

Nível de Escolaridade Segundo Grau

O nível de escolaridade segundo grau tem uma demanda de acordo com a

demanda de anúncios em todos os períodos. De 1996-2002, há uma demanda quase

que constante para este nível de escolaridade, indicando que, por exemplo, não há

necessidade de crescimento nesta formação.

Gráfico V. 7 – Demanda segundo grau 1970-2002

Nível de Escolaridade Terceiro Grau

O nível de escolaridade terceiro grau tem uma demanda de acordo com a

demanda de anúncios. Em todos os períodos em que houve crescimento da demanda

de anúncios também há um crescimento na demanda do nível de escolaridade terceiro

grau.

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106

Gráfico V. 8 – Demanda Terceiro Grau 1970-2002

Nível de Escolaridade Mestrado

Também é importante ilustrar o crescimento de demanda por profissionais de

nível de escolaridade que possuam mestrado em 1990, em 1992 não há demanda para

esta escolaridade; já em 2002 há uma demanda de dezenove profissionais para esta

escolaridade.

Gráfico V. 9 – Escolaridade – Mestrado

5.6.4 Conhecimentos

Os conhecimentos demandados para os profissionais de TI têm grande

importância, por exemplo, através destes conhecimentos as instituições de ensino

podem construir seus currículos ou a avaliação dos mesmos. Este trabalho não propõe

que a lógica de mercado seja reguladora do sistema de ensino como apregoam muitos

na mídia, mas também mostra quais os conhecimentos estão sendo demandados e

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107

que também é função da instituição de ensino estar em consonância com o mercado de

trabalho na qual a instituição está inserida. O Gráfico V.10 ilustra os conhecimentos

mais demandados desde de 1970. A classe de conhecimento Linguagem de

programação é a mais demandada para o Rio de Janeiro.

Classes de Conhecimento

321 3401.189 1.258 1.977 2.493

3.2944.235

7.5048.378

0

4000

8000

12000

Ferra

men

taC

AS

E

Met

odol

ogia

Pro

gram

asG

ráfic

os

Sof

twar

e de

Apl

icaç

ão

Red

es

Aut

omaç

ãoE

scrit

ório

Equ

ipam

ento

s

Sis

tem

asO

pera

cion

ais

Ban

co d

eD

ados

Ling

uage

m d

eP

rogr

amaç

ão

Demanda

Gráfico V. 10 – Classes de conhecimento

A Tabela V.2 ilustra as três subclasses do conhecimento mais demandadas no

período de 1990-2002, equivalendo a um total de 91% da demanda neste período.

Isto mostra que os conhecimentos baseados em Orientação a Objetos ou

Eventos, Procedural, Internet são as demandadas da classe Linguagem de

Programação, nesta base de dados.

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108

Tabela V.11 – Classes linguagem de programação 1990-2002

Tabela V.12 – Classes mais demandadas 1990-2002

Gráfico V. 11 – Subclasses – linguagem de programação

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109

5.6.5 Hierarquia

O Gráfico V.12 gerado na própria ferramenta, mostra a hierarquia das

categorias profissionais de TI. Baseados nos classificados de jornal, para as categorias

profissionais de TI, a hierarquia mais demandada é a Básica. Esta hierarquia se

mantém como a de maior demanda ao longo do período da pesquisa, conforme o

gráfico abaixo independente do período pesquisado, pois os resultados se mantêm da

mesma forma seja de 1970-1970 ou 1982-1985 ou de 1990-2002.

Gráfico V. 12 – Hierarquia 1970-1979

Gráfico V. 13 – Hierarquia de 1982-1988

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110

Gráfico V. 14 – Hierarquia de 1990-2002

5.6.6 Fases do trabalho

O Gráfico V.15 ilustra a evolução das fases do trabalho, porém nesta consulta foi

usada a possibilidade de exportar a tabela para o Excel. O exemplo utilizado para este

gráfico contempla as seis fases do trabalho mais demandadas. A fase do trabalho mais

demandada no período de 1970-2002 para os profissionais de TI é de

Desenvolvimento, conforme também afirma pesquisa realizada pela empresa Mayer e

Bunge, descrita no Capítulo 2. A fase do trabalho que segue ao desenvolvimento é de

Produção. A terceira fase do trabalho mais demandada pertinente para a área de TI é

Suporte-Manutenção. Cabe ressaltar que a Fase Treinamento no período de 1990-2000

tem uma demanda expressiva, significando que este é um segmento promissor para

profissionais de TI.

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111

Fases do Trabalho

101 121 532

2.013 2.213

5.310

0

2.000

4.000

6.000

Treina

mento

Desen

volvi

mento

Demanda

Gráfico V. 15 – Evolução das fases do trabalho (1970-2002)

As subclasses – desenvolvimento

Como a fase do trabalho desenvolvimento é a mais demandada, é importante

pesquisar quais as subfases são as mais exigidas pelas categorias de TI. Também é

objeto de análise a pesquisa realizada pela empresa Mayer e Bunge sobre os

desenvolvedores, confirmando que este segmento é o mais demandada de TI,

indicando para o Rio de Janeiro um mercado de maior demanda baseados em

classificados de anúncios de jornal.

Fase do Trabalho - Desenvolvimento

2 5 7 3 741 21 2514 19

4317 25

8138

66 47100

307

118

187

292

421

533

449

6628

179

319296

163 115

418

239

28 5222

50 4625

5690100

200

300

400

500

600

1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002

Anos

Demanda

Desenvolvimento Desenvolvimento/Análise Desenvolvimento/Programação

Gráfico V. 16 – Subfase de desenvolvimento

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112

5.6.7 Quantidade de categorias demandadas

O Gráfico V.17 ilustra a quantidade de categorias demandadas entre 1970-

2002, isto é, em 1970 foram demandadas nove categorias profissionais, em 1990 foram

demandadas quarenta e quatro categorias: em 2000 temos 241 categorias e em 2002

cento e oitenta e três categorias. Há uma diversidade de categorias, o que dificulta a

classificação destes profissionais e acarreta o não delineamento das necessidades,

como por exemplo, dos conhecimentos necessários para estes profissionais.

De 1970-1979 praticamente o mercado de trabalho não tem alterações com

relação à quantidade de categorias. Neste período as categorias se caracterizam pela

fase artesanal e a sistêmica Rapkiewicz (1998).

No período de 1985-1990, o número de categorias é praticamente estável,

porém, em relação ao período anterior este acréscimo não é devido ao aumento tão

expressivo do número de categorias e sim pelas transformações que as categorias

sofrem neste período, em relação às denominações que são alteradas para supervisor

de digitador, diferente de CPD, aumentando a hierarquização entre as categorias.

Quantidade de Categorias por Ano

9 7 13 12 1745 43 44 34

6091

157

241

183

0

50

100

150

200

250

300

1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002Ano

Qtd de Categorias

Gráfico V. 17 – Quantidade categorias por ano

5.6.8 As categorias

A ferramenta possibilita consultar as categorias mais demandadas em qualquer

período, pois a base de dados possui um total de mais de trezentas categorias

cadastradas, porém, com o objetivo de melhor visualização do gráfico gerado na

ferramenta optou-se pela construção do gráfico com as cinco categorias mais

demandadas. O gráfico abaixo mostra as categorias mais demandas por ano no

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113

período de 1990 e 2002.

Categorias mais Demandadas

A categoria Programador é mais demandada em todos os anos. A segunda

categoria mais demanda é de Operador e, em seguida, a categoria Analista-

Programador, que surge a partir de 1990 e é oriunda de mudanças no mercado de

trabalho que demanda profissionais que possuam conhecimentos de analista de

sistema e programação.

Gráfico V. 18 - Categorias mais demandadas

5.7 Metodologia estatística – regressão linear

Conforme descrito no Capítulo 4 a categoria Programador foi a mais demandada

na base de dados baseada em anúncios de jornal, como exemplo, foi usada para a

aplicação da metodologia estatística de regressão linear.

Categoria programador

O Gráfico V.19 ilustra o comportamento da Categoria Programador no período de

1970-2002. Conforme explicitada anteriormente, a ferramenta possibilita traçar o gráfico

de barras (V.19) e por pontos (V.20) de acordo com gráficos a seguir:

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114

Gráfico V. 19 – Comportamento da categoria programador

Gráfico V. 20 – Comportamento da categoria programador

Regressão linear

O objetivo desta análise é construir um modelo de regressão linear que relacione

o ano (X) e a demanda da categoria Programador (Y). Observamos que a demanda

pela categoria não pode ser controlada, porém pode ser prevista. O procedimento

adotado consistiu em consultar através dos anos (X) e a demanda pela categoria

Programador (Y) através da interface de consulta do sistema.

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115

Coeficiente de determinação

A grandeza r2 denominada coeficiente de determinação Freund (2000) define

como o percentual do modelo que pode ser representado por uma regressão linear. O

coeficiente de determinação pode ser interpretado como a proporção da variação total

na variável y que é explicada na reta de regressão.

Com o objetivo de quantificar o relacionamento linear entre X e Y, visualizado a

partir da análise do digrama de dispersão, o sistema calcula o coeficiente de correlação

amostral entre X e Y. O coeficiente de correlação foi de r= 0,97, conforme a Figura V.6,

que mostra que existe uma forte correlação positiva entre as variáveis.

O sistema calcula também o coeficiente de determinação que mede a

proporção da variável independente no modelo de regressão, o resultado foi de r2 =

0,94, que significa que 94% deste modelo pode ser representado pela regressão linear,

isto é, a demanda da categoria programador no período de 1990-2000 pode ser

explicado por este modelo.

Ajuste da equação de regressão e adequação do modelo

Construir um modelo de regressão linear, de Y sobre X, consiste em obter, a

partir dos valores consultados na base de dados, uma reta que melhor represente a

verdadeira relação entre essas variáveis. A determinação dos parâmetros desta reta é

determinada ajustamento. Estimando-se os valores dos parâmetros da equação de

regressão linear simples, pelo método de mínimos quadrados, o sistema obtém a

seguinte equação: Y = 96,94 x – 78,13.

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116

Figura V.30 – Tela de geração dos cálculos

Gráfico da reta de regressão – linha de tendência

Quando o modelo de regressão é escolhido, em uma pesquisa, deve-se

verificar a que propósito se destina. Neste trabalho se tem o objetivo de conhecer a

tendência do mercado de trabalho nos vários atributos que compõem a base, assim

como o exemplo da metodologia é o comportamento do mercado de trabalho com a

categoria Programador. As características do modelo podem não se ajustar aos dados

da amostra, logo se torna necessário uma investigação da aptidão do modelo.

Para avaliar se a reta de regressão ajustada no Gráfico V.21 pode ser

empregada com base em futuras análises, é de grande valia a introdução na ferramenta

a possibilidade de avaliação, através da análise de resíduos. Neste gráfico os resíduos

devem estar situados aproximadamente em torno de uma faixa horizontal. A análise

destes gráficos, e dos testes realizados, não indicou a presença de quaisquer

inadequações do modelo de regressão, porém foram utilizados os recursos do Excel.

Diversos pressupostos do modelo de regressão devem ser considerados:

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117

i. Analisando o Gráfico V.21, não são percebidas quaisquer indicações de que os

pressupostos de linearidade e homocedasticidade47 tenham sido violados pelo gráfico;

ii. Outro pressuposto a ser considerado na construção de um modelo de regressão

linear é a independência dos resíduos. Esse pressuposto é, geralmente, violado quando

os dados são de origem ao longo do período seqüencial de tempo, uma vez que o

resíduo, em qualquer tempo, pode tender a ser idêntico a resíduos em quaisquer

pontos adjacentes no tempo Netter, et al., (1996).

A análise de regressão baseia-se, também, em que erros seguem uma

distribuição normal. A condição de normalidade dos resíduos não é necessária para a

obtenção dos estimadores de mínimos quadrados, mas é fundamental para a definição

de intervalos de confiança e teste de significância. Ou seja, na falta de normalidade, os

estimadores são não-tendenciosos, mas os testes não têm validade, principalmente em

amostras pequenas. Entretanto, pequenas fugas da normalidade não causam grandes

problemas Neter, et al., (1996).

47 Homocedasticidade é a variância constante dos resíduos. Esta é uma propriedade fundamental, que deve ser garantida, sob pena de invalidar toda a análise estatística. Fonte: http://www.inf.unisinos.br/~gonzalez/valor/inferenc/pressup/homoceda.html

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118

Gráfico V. 21 – Linha de tendência

Diversos estudos realizados sobre categorias profissionais de TI apontam para

um crescimento de demanda destes profissionais, porém não explicita em quais

segmentos de TI para o Rio de Janeiro, por exemplo, são mais promissores. A pesquisa

realizada através de anúncios de jornal aponta que o Rio de Janeiro tem a vocação na

área de TI para o segmento de Desenvolvimento e, principalmente, para Programação.

Diversas outras consultas, e a partir outras análises, poderão ser realizadas através

desta base. Outras categorias profissionais estão surgindo que têm uma trajetória que

está apenas iniciando.

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119

Capítulo 6

6. Considerações Finais

Esta dissertação teve por objetivo a disponibilização de uma ferramenta para

acompanhamento do mercado de trabalho na área de tecnologia da informação a partir

da fonte de dados anúncios de oferta de emprego em um jornal de grande circulação.

Alguns resultados, contribuições, as limitações e sugestões de trabalhos futuros são

descritos a seguir.

6.1 Principais Resultados do Trabalho

A partir da construção da ferramenta, através dos módulos de cadastramento e

consulta, o cruzamento e análise dos dados coletados para validação do modelo

proposto, é possível acompanhar, diagnosticar, por exemplo quais as categorias

profissionais, conhecimentos, características, entre outros atributos mais demandados

no mercado de trabalho de TI, no Rio de Janeiro, ao longo de trinta anos.

As informações extraídas são um retrato da demanda por profissionais na área

de Tecnologia de Informação, no Estado do Rio de Janeiro. A partir das mesmas, pode-

se definir políticas de formação de recursos humanos com base em dados consistentes,

definindo assim a importância da existência deste tipo de ferramenta.

6.2 Contribuição

Este trabalho pretende contribuir com dados e subsídios para responder a

diversos questionamentos com relação ao acompanhamento do mercado de trabalho

de TI, no Estado do Rio de Janeiro. Questionamentos estes que podem ser realizados

da seguinte forma. Quais as categorias profissionais existentes no mercado? Que

conhecimentos e habilidades estas demandam? Este acompanhamento permite que

instituições de ensino tenham dados referentes ao mercado de trabalho de TI.

Tais levantamentos dariam subsídios ao Estado para definir um conjunto de

estratégias nas diferentes áreas de atuação, para obter seu desenvolvimento

econômico e social. Isto é particularmente importante dada a vocação do Estado do Rio

de Janeiro na formação de recursos humanos em tecnologia de informação

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120

(concentração de cursos de nível superior e de níveis técnicos), e no desenvolvimento

de software em centros universitários e em empresas, sendo também um centro do

programa Softex. Pelas justificativas acima, a ferramenta se transforma num

instrumento que possibilita qualquer consulta e assim permite a tomada de decisões

baseadas em dados coletada de uma determinada fonte de informação.

A categoria mais demandada na área de TI no período da pesquisa é de

Programador, sendo, portanto, de grande valia para ilustrar a tendência do mercado do

Rio de Janeiro pela área de desenvolvimento de software, assim como a fase do

trabalho mais demandada também é a de Desenvolvimento.

A ferramenta possibilita analisar não somente o mercado de trabalho na sua

essência e sim os resultados e as análises posteriores que possibilitam que outros

setores da sociedade analisem os dados deste mercado e a possível influência, como

por exemplo, nas políticas econômicas, industriais, entre outras.

6.3 Limitações e Dificuldades Encontradas

A categorização dos profissionais de TI é bastante abrangente pois estes

profissionais permeiam todos os segmentos da sociedade e a definição dos trabalhos

destes profissionais também

O trabalho possui dificuldades em diversos aspectos:

i. Na coleta de dados à fonte nos anos de 1970 e parte dos anos 80 só são

encontrados estes exemplares na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro) num único local

como fonte de consulta;

ii. Com relação aos anúncios propriamente ditos as informações contidas nem

sempre retratam a real necessidade;

iii. Ainda com relação aos anúncios, as especificidades de cada empresa;

iv. As diversas nomenclaturas usadas pelas empresas para os diversos

profissionais, conhecimentos entre outros, para mesmo significado.

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121

6.4 Estudos Futuros

A proposta de continuidade de estudos neste trabalho tem segmentos bem

distintos, como a melhoria da ferramenta até a disponibilidade na Internet, como segue:

i. A ferramenta desenvolvida mostra a possibilidade de acompanhar apenas um

segmento do mercado de trabalho, isto é de TI, porém é possível a continuidade de se

desenvolver uma ferramenta mais genérica e flexível para acompanhamento do

mercado de trabalho de diversas categorias a partir de anúncios de jornal no Estado do

Rio de Janeiro;

ii. A disponibilidade desta ferramenta na Internet possibilitará que outros segmentos

da sociedade tenham acesso a estes dados;

iii. A continuidade com relação ao tratamento estatístico dos dados e da

possibilidade de outros tratamentos, como por exemplo, análise temporal, regressão

múltipla.

iv. A implementação na ferramenta do requisito de integridade, pois possibilitará a

proteção contra a adulteração dos dados quando esses são transferidos ou

armazenados nos diversos níveis do sistema.

v. O sistema ora implementado não possui qualquer política de definição de

privilégios de acessos, isto é, não há controle de acesso, porém para novas

implementações no sistema deverá permitir a implementação de classes de operadores

e normas de divulgação da informação.

vi. Considerando-se as limitações da fonte de dados utilizada, confrontar os

resultados obtidos na base de dados com as demandas dos empregadores utilizando-

se algum método de busca de consenso, como Delphi e relacionados.

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122

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129

ANEXO 1 – CLASSES DE CONHECIMENTOS

A área de TI, conforme definido anteriormente, é oriunda de uma convergência

tecnológica, assim como ocorreu nas categorias de TI, o conhecimento requerido dos

profissionais de TI, através dos anúncios tem uma grande diversidade e como

conseqüência à construção de agrupamentos das classes de conhecimento,

possibilitando uma melhor definição dos tipos de conhecimento solicitados destes

profissionais. A classe de conhecimentos é referente aos tipos de tecnologia e/ou

produtos, como por exemplo, “Banco de dados” ou tipo de serviço relacionado com o

conhecimento, como por exemplo ”suporte a banco de dados”.

Os conhecimentos solicitados são os mais abrangentes possíveis dentro das

áreas de software, hardware e metodologias, sendo portanto necessária a construção

de classes e subclasses sob algum aspecto ou critérios. A construção das classes e

subclasses do conhecimento tem sido objeto de consideração. A questão do tempo em

que estes conhecimentos foram solicitados, pois determinados conhecimentos como

equipamentos, linguagens de programação assim como softwares têm um processo de

inovação, difusão e depois de determinado período são ultrapassados por outras

tecnologias.

A classe de conhecimento Automação de Escritório foi construída para

absorver os conhecimentos que estejam relacionados ao ambiente de escritório do

computador como afirma Pressman (1995) "Software de Computador Pessoal (...) “processamento de textos, planilhas eletrônicas, computação gráfica, diversões, gerenciamento

de dados, aplicações financeiras pessoais e comerciais, redes externas ou acesso a bancos de dados

são apenas algumas das centenas de aplicações”

De fato, o software de computador pessoal continua a representar os mais

inovadores projetos de interface com seres humanos de toda a indústria de software”.

Seguindo a definição do Pressman (1995) várias subclasses foram propostas

para a classe Automação de Escritório como seguem:

" Editor de Texto: foi construído para contemplar os conhecimentos para os

profissionais que executam trabalho com programas editores de texto, como por

exemplo, Carta Certa, WordStar, Microsoft Word.

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" Internet: são os conhecimentos relativos aos usuários de escritório que usam a

Internet, como por exemplo, programas de e-mail48, chats49.

" Planilha Eletrônica: são softwares usados para a construção de planilhas de

cálculos e temos como exemplo Visicalc, Lotus 123, Quatro Pró, Excel, entre

outros.

" Software de Apresentação: os softwares de apresentação são utilizados pelas

empresas, instituições de ensino para como exemplo, citamos o software power

point.

" Workflow: são programas que permitem construir organogramas, fluxogramas e

fluxo de documentos tarefas como exemplo citamos o software Flow.

A classe de conhecimento Banco de Dados foi construída para abranger todos

os conhecimentos nesta área de TI. Elmasri e Navathe (1994) indicam as etapas para a

construção de um banco de dados que são: definição, construção e manipulação. Para

cada etapa são necessários conhecimentos específicos. As subclasses do banco de

dados dizem respeito a etapas do trabalho com os mesmos ou produtos:

" A subclasse Administração se refere conforme cita Date (2000), aos

conhecimentos necessários à administração dos bando de dados o autor afirma

ainda que “implica que haverá na empresa alguma pessoas identificável que

tenha responsabilidade central pelos dados” Este profissional é o

Administrador de Dados. (...) tendo em vista que os dados constituem um dos

bens mais valiosos da empresa, é imperativo que deva existir alguma pessoa

que entenda esses dados e as necessidades da empresa com relação a esses

dados, em um nível elevado de administração. (...) Observe que o administrador

de dados não é um técnico (...) o técnico responsável pela implementação das

decisões do administrador de dados é o administrador de banco de dados. (...)

O trabalho do DBA50 é criar o banco de dados propriamente dito e implementar

os controles técnicos necessários para pôr em prática as várias decisões sobre

normas tomadas pelo administrador de dados. O DBA também é responsável

por assegurar que o sistema operará com desempenho adequado e por

oferecer uma ampla variedade de outros serviços técnicos. 48 Email serviço de correio eletrônico para enviar mensagens, arquivos. 49 Programas de chats de conversação em texto, voz, vídeo. 50 Sigla para administrador do banco de dados, amplamente utilizada no linguajar do mercado (Date, 2000,p. 14)

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" A subclasse Desenvolvimento tem como definição para Date (2000) “os

usuários do banco de dados são os programadores de aplicação, os

usuários finais, e os administradores de banco de dados e

administradores de dados”. O trabalho de desenvolvimento de um banco de

dados compreende, por conseguinte, a interação dos programadores de

aplicação e dos administradores de dados e do banco de dados. Tal trabalho é

distribuído nas fases de modelagem e implementação do banco, já

apresentadas anteriormente, assim como a implementação das aplicações. A

implementação do banco de dados é tarefa do Administrador do Banco de

Dados enquanto que a implementação das aplicações ocorre sob a

responsabilidade dos programadores de aplicação. Tais atividades podem ser

compreendidas como "desenvolvimento" do banco de dados.

" A subclasse Corporativos são classificadas conforme Kroenke (1997), de

acordo com o número de usuários, em: Pessoal (1 usuário), Grupo de Trabalho

(menos de 25 usuários), Corporativo (centenas de usuários) e Multimídia (talvez

centenas de usuários).

" A subclasse Linguagem Date (2000) Um Sistema Gerenciador de Banco de

Dados (SGBD) corresponde a um software. Desta forma é executado sob um

determinado Sistema Operacional. Assim, dependendo do sistema operacional,

há variantes relativas ao tipo de linguagem possíveis de serem utilizadas. Por

exemplo, se o SGBD é implementado sob a arquitetura "Cliente/Servidor", a

linguagem utilizada para acesso ao SGBD varia conforme a disponibilidade de

linguagens com possibilidade de conexão com o mesmo. Além disso, as

linguagens variam de acordo com o modelo no qual o SGBD foi implementado

(Hierárquico, Rede, Relacional etc.). Tomando como base um SGBD

Relacional, a linguagem padrão é a SQL. Via de regra, há três subsistemas que

integram um SGBD, o de definição de dados (DDL), o de manipulação de dados

(DML) e o de manutenção do banco de dados. As linguagens para banco de

dados devem contemplar as finalidades desses três subsistemas.

" A subclasse Simples são sistemas de fácil construção, execução e uso. É

definido por Date (2000) e Kroenke (1997) " (...) ao passo que os sistemas de

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máquinas menores ('sistemas pequenos') , tendem a ser de usuário único" "

Pessoal (1 usuário)"

" A subclasse SQL Date (2000) está ligada especificamente à linguagem padrão

para bancos de dados relacionais e não para produtos, como por exemplo,

Microsoft SQL,.

" A subclasse Suporte Date (2000) Atividades atinentes ao DBA.

A classe de conhecimentos Equipamentos foi construída para contemplar as

diferentes plataformas da área de informática e inclui as seguintes subclasses.

" A subclasse Mainframe: os computadores mainframes são máquinas de

grande porte, com velocidades de processamento e capacidade de

armazenamento bastante elevadas. São utilizadas em grandes organizações

como bancos, companhias de seguros e centros de pesquisa.

" A subclasse Mecanografia: foi criada porque em determinado período da

pesquisa esses conhecimentos eram freqüentes em anúncios da área de

informática.

" A subclasse Periférico: são os equipamentos periféricos ao hardware> Temos,

como exemplo, impressoras, vídeos, teclados, mouse, scanner, entre outros.

" A subclasse Plataforma Baixa: refere-se aos microcomputadores.

" A subclasse Plataforma Média: se refere aos minicomputadores e estações de

trabalho. São computadores de médio porte adequados a tarefas, como por

exemplo, o controle de processos industriais. Com o aparecimento e posterior

desenvolvimento dos microcomputadores, a distinção entre estas duas

categorias é cada vez menos clara.

" A subclasse Portátil: inclui os “notebooks51”, ou laptops52.

" A subclasse Supercomputador: os supercomputadores são máquinas de

grande porte capazes de processar grandes quantidades de informação a uma

velocidade bastante elevada. Estes computadores são de âmbito específico,

realizando um grupo de tarefas reduzidas.

51 notebook - (caderno universitário em inglês) 52 laptop - (“lap em inglês, significa colo. Daí o nome, já que estes equipamentos podem ser facilmente colocados no colo de seus usuários” (Norton, 1996,p.32).

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A classe de conhecimento Ferramenta CASE refere-se às ferramentas de

auxílio ao projeto de sistemas baseados em computador ou seja Pressman (1995)

refere-se a acompanhamento de projetos de software de forma automatizada.

A classe de conhecimento Linguagem de Programação, segundo Sebesta

(2000) as linguagens de programação são classificadas como: Imperativas, Funcionais,

Lógicas e Orientadas a Objetos. Uma outra distinção precisa ser elaborada no sentido

de analisar os ambientes de programação ou ambientes de desenvolvimento rápido,

visto que não podem ser considerados como simples linguagens de programação.

Sebesta (2000) conceitua tais ambientes como sendo “um conjunto de ferramentas

usadas no desenvolvimento de software”.

As linguagens Imperativas são aquelas cujo projeto se ajusta perfeitamente ao

modelo da máquina de Von Neuman, ou seja, programas e dados armazenados em

memória, canalização entre a memória e a unidade central de processamento,

comandos de atribuição e de interação. Exemplos dessas linguagens de programação

são Fortran, Cobol, Algol, Basic, C e Pascal.

As linguagens Funcionais são aquelas cujo principal meio de computar é

aplicando funções a determinados parâmetros. A programação pode ser feita em uma

linguagem funcional sem que o programador utilize dos recursos próprios das

linguagens imperativas. Um exemplo dessas linguagens é LISP.

As Linguagens Lógicas são aquelas nas quais os programas são escritos na

forma de lógica simbólica e se utilizam de processos de inferência lógica para produzir

resultados. Os programas de computador escritos em linguagens lógicas são

declarativos e não baseados em procedimentos, ou seja, a especificação do resultado

desejado é declarada ao invés de procedimentos detalhados para obtê-lo. As

linguagens lógicas também são referenciadas como linguagens de programação lógica

ou linguagens declarativas. Um exemplo desse tipo de linguagem é PROLOG.

As Linguagens Orientadas a Objetos são aquelas que oferecem três recursos

chave: tipos de dados abstratos, herança e vinculação dinâmica. Um exemplo desse

tipo de linguagem é o SMALLTALK.

" A subclasse Baixo Nível contempla os programas denominados de baixo pois

são definidos por diversas literaturas como uma linguagem mais próxima ao

hardware, isto é, a máquina por exemplo Assembly.

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" A subclasse Internet inclui linguagens voltadas para desenvolvimento de

aplicações para Internet. Como exemplo citamos, HTML, ASP, PHP.

" A subclasse OO (Orientação a Objetos) ou Eventos, Vide definição geral de

Linguagens de Programação referente à linguagem OO.

" A subclasse Procedural Vide definição geral de Linguagens de Programação

referente a linguagens imperativas

A classe Metodologia foi criada com o objetivo de monitorar o desenvolvimento

e construção de determinado produto de TI e a metodologia constitui numa abordagem

organizada para atingir objetivos, através de passos preestabelecidos. Conforme

abordado anteriormente, através do ciclo de desenvolvimento do produto de TI a

metodologia é um roteiro para desenvolvimento o estruturado de projetos, sistemas ou

software.

No desenvolvimento de software, a metodologia não é uma técnica tão somente,

pois se utiliza qualquer técnica para o desenvolvimento de projeto, sistema ou software,

de acordo com a preferência e competência da equipe multidisciplinar envolvida. Como

exemplo de técnicas, podem ser utilizadas a Análise Estruturada, Análise Essencial,

Análise Orientada a Objetos entre outras técnicas e suas respectivas ferramentas.

Assim a classe de conhecimentos Metodologia tem como objetivo o

acompanhamento das metodologias empregadas ao longo do tempo pelas categorias

profissionais.

A classe Programas Gráficos são os softwares que são utilizados para os

segmentos de gráficos e tem diversas aplicações desde softwares de autoria até

Internet e possui as seguintes subclasses:

A subclasse Autoria: são definidos como um processo para integrar vários

elementos de mídia (nós de informação) para criar um programa interativo (aplicativo

hipermídia). Softwares classificados como “de autoria” (Paula, 2000) permitem, com

certa facilidade, a montagem de programas específicos para determinado conteúdo,

tanto aqueles destinados à utilização independente da rede quanto aqueles que

prescindem da Internet como ambiente de trabalho. Os softwares de autoria mais

comuns são o Toolbook da Asymetrix53, os da Macromedia54, o Director e o Authorware.

53 Empresa que comercializam softwares de autoria.

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A subclasse CAD: os softwares de CAD (“Computer Aided Design” – Projeto

Auxiliado por Computador) são softwares identificados como uma sub-área da

computação gráfica dedicada à manipulação de desenho técnicos e projetos.

A subclasse Computação Gráfica: os softwares de computação gráfica são

originalmente não de cálculos de computação, mas sim de imagens como, por exemplo,

3D Studio, 3D Max. Esta subclasse contempla os softwares gráficos que não podem ser

classificados nas demais subclasses.

A subclasse Editoração Eletrônica: são softwares conforme define (Norton,

1996) usados para layout sofisticado, o software incorpora textos, gráficos, design. Os

softwares de editoração eletrônicos integram projetos, composição e arte final numa só

tarefa e controlada por um só usuário. São exemplos de softwares de editoração

eletrônica como Publisher, Ventura, QuarkXpress, Microsoft Publisher, Page Maker.

A subclasse Internet: são os softwares que são usados para a construção de

interfaces de home pages55. Esta subclasse refere-se a pacotes como Front Page

Linguagens de marcadores foram classificados na classe de linguagens de

programação sub classes Internet

A classe de conhecimentos Redes: definida com uma interligação de dois ou

mais computadores por si mesmos através de interfaces, compartilhamento de

recursos, dispositivos de hardware, software e cabos. A classe Redes, devido a esta

complexidade de interligação entre softwares, hardwares e periféricos acarretou numa

subdivisão destes conhecimentos como mostra a seguir:

A subclasse Administração: refere-se aos conhecimentos que Thomas (1997)

define como “ entender o sistema, manter backups, manter a segurança, gerenciar

impressão, avaliar e manter aplicativos, monitorar as funções da rede para a máxima

eficiência”.

" A subclasse Comercialização: refere-se aos profissionais que têm

conhecimento técnico de rede associados à comercialização de softwares e

equipamentos.

54 Empresa que comercializam softwares de autoria. 55 Home pages – páginas pessoais ou de empresas que estão disponíveis na internet.

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" A subclasse Comunicação de Dados: transferência eletrônica de dados entre

computadores.

" A subclasse Desenvolvimento: Thomas (1997) apresenta diversas atividades

que concernem aos profissionais de desenvolvedores de redes com “análise

das instalações lista de configurações, análises das necessidades, estruturas

de diretórios do servidor”.

" A subclasse Infraestrutura: são conhecimentos necessários aos profissionais

de TI sobre os equipamentos e infraestrutura lógica e física necessários para o

funcionamento de uma rede.

" A subclasse Protocolo: é definido por Soares (1995) como um conjunto de

regras e formatos (semântica e sintaxe), através dos quais informações ou

dados do nível N são trocados entre as unidades do nível N localizados em

sistemas distintos Refere-se a conhecimentos da forma de comunicação entre

as máquinas de sistemas distintos Soares (1995) define como protocolo a ”

linguagem" usada pelos dispositivos de uma rede de modo que eles consigam

se entender, isto é, trocar informações entre si. Uma rede pode usar diversos

protocolos, como o TCP/IP, o NetBEUI e o IPX/SPX, entre outros.

" A subclasse Sistema Operacional: diz respeito aos sistemas operacionais de

rede. Soares (1995) define como os sistemas operacionais de rede que têm um

“conjunto de funções básicas e de uso geral necessárias à operação das

estações... o gerenciamento do acesso ao sistema de comunicação”, também

Thomas (1997) define que sistema operacional de rede “é um software que

proporciona uma plataforma de serviços de menor nível compartilhados por

vários aplicativos”.

" A subclasse Suporte: refere-se aos conhecimentos dos profissionais que

mantém a rede em funcionamento sob ponto de vista de hardware e software.

Conhecimentos para a manutenção de componentes de uma rede.

" A subclasse Telecomunicações: em determinados períodos da informática aos

profissionais de rede eram solicitados conhecimentos em telecomunicações.

" A subclasse Teleprocessamento: Silveira (1991) define teleprocessamanto “a

troca de informações em sistemas de computação utilizando as facilidades das

telecomunicações”. Na primeira fase da evolução do teleprocessamento, os

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hardwares e os dispositivos de entrada e saída eram mantidos num mesmo

ambiente, com a evolução ocorrem à descentralização estando os

equipamentos em locais distintos. Os conhecimentos relativos a

teleprocessamento foram agrupados quando explicitado no anúncio.

" A subclasse Sistemas Operacionais: tem por objetivo contemplar estes

conhecimentos que é definido por Soares (1995) como “um software composto

de um conjunto de rotinas que fornecem serviços básicos de uso geral que

simplificam a utilização dos recursos de hardware de uma maquina”. As

subclasses de sistemas operacionais dizem respeito as plataformas de

hardwares nas quais funcionam os sistemas. Nesta classe os profissionais têm

os conhecimentos necessários para que os sistemas gerenciem o ambiente

informatizado.

" A subclasse Job: refere-se a um sistema interpretador usado em computadores

de grande porte.

" A subclasse Mainframe: são os sistemas operacionais relativos aos

mainframes.

" A subclasse Plataforma Média e Plataforma Baixa: são os sistemas

relacionados aos equipamentos citados na seção de equipamentos tanto de

plataforma média ou baixa.

" A subclasse Unix-like: abrange são os sistemas operacionais de plataformas

abertas.

A classe Softwares de aplicação são os softwares de aplicações específicas

para determinado segmento de mercado.e as subclasses referem-se às áreas de

aplicação como seguem: Automação Comercial ,Automação Industrial, Gestão, Internet, Serviços, Setor Financeiro.

Foi criada uma classe de conhecimentos denominada “Até duas referências”

como o objetivo de agrupar os conhecimentos pouco referenciados.

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A seguir apresentamos a tabela completa com as classes e subclasses.

Classe Subclasses Exemplos

Até duas referências -

Conhecimentos que ao longo dos 32 anos de período da pesquisa foram referenciados menor ou igual a duas citações. Conhecimentos incluídos

nesta classe podem ser usados para análise específica visando identificar tendências futuras ou conhecimentos passados que não tiveram aceitação

ou "pegaram" no mercado. Editor de Texto Word, Carta Certa, Office Internet Adm. de correio eletrônico Planilha Eletrônica Visicalc, Quatro Pró, Excel. Software de Apresentação PowerPoint

Automação de Escritório

Workflow Flow, Lotus Notes

Administração Adm. de banco de dados, adm.servidor de BD

Corporativos APO, Adabas. Desenvolvimento Aplicativos de BD para Internet Linguagem BD Sistema Burroughs, Centura. Simples Access, Clipper. SQL SQL Suporte Suporte em BD, Servidor de BD.

Banco de Dados

Baixa PCs, 286, 386, 486. Mainframe B 6000 Mecanografia Audit Média Minicomputadores, Alpha 2100. Periférico Impressoras, vídeos, scanner. Portátil Notebooks, laptops. Supercomputador supercomputador

Equipamentos

Ferramenta Case Ferramentas Case.

Ambiente Mainframe Linguagens de Mainframe Baixo Nível assembler OO ou Eventos Active X, ADO, C++ Procedural Algol, Basic, C Web Java

Linguagem de Programação

Orientada a Objetos Delphi

Eventos Análise Essencial Estruturada Análise Estruturada Metodologia Orientada a Objetos Análise Orientada a Objetos

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Classe Subclasses Exemplos

Autoria ToolBook, Director. CAD AutoCad. Computação Gráfica 3D Max, 3D Studio Editoração Eletrônica Page Maker

Programas Gráficos

Internet Front Page, Edit Plus

Administração Cadastro de usuários de redes Comunicação de Dados Comunicação de dados

Desenvolvimento Análise Desempenho de redes, Apache.

Infraestrutura Backbone, Cabeamento. Protocolo IPX Sistema Operacional NetWare Suporte Adm. Serviços diretórios Telecomunicações Telecomunicações Teleprocessamento. Teleprocessamento.

Redes

Job Job Mainframe VSAM Plataforma Baixa Dos Plataforma Média AIX Unix-Like Linux, Unix

Sistemas Operacionais

Administração Billing. Automação Comercial Automação de supermercados Automação Industrial Automação Industrial Automação Setor Financeiro Automação bancária Internet Aplicações Web. Gestão ABAP, SAP. Serviços Automação Predial

Software de Aplicação

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ANEXO 2 – AGRUPAMENTO DE ESCOLARIDADE

A construção dos agrupamentos das áreas de formação explicitadas nos

anúncios de jornal para o mercado de trabalho de TI tem como parâmetros as grandes

áreas da Faperj56. As áreas também foram consideradas em relação ao nível de

escolaridade sejam de 2º grau ou 3º grau. Considerando as áreas de 3º grau, a classe

Ciências da computação contempla a formação relativa à informática, à computação e

sistemas.

A classe de Ciências Exatas engloba as formações que não explicitamente

são abrangidas pela computação, assim como não são contempladas pelas áreas de

engenharia.

A classe Engenharia é de anúncios que explicitam diretamente esta área de

formação, porém não diretamente explicitada como sendo de Sistemas ou Computação

que já seriam agrupadas na área de Ciências da Computação.

A classe Ciência Social Aplicada contempla a formação de escolaridade

relativa a esta área de conhecimento que é de aplicação em setores sociais.

No nível de 2º grau não há necessidade de contemplar as classes já que as

nomenclaturas usadas nos anúncios correspondem, na íntegra, a formação requerida.

Tanto para áreas de 2º e 3º foi criada uma classe denominada Outros,

conforme definido abaixo:

Outros: no caso de determinado anúncio explicitar uma formação não

contemplada no agrupamento.

A tabela, a seguir, apresenta as áreas de escolaridade com seus respectivos

agrupamentos.

56 Faperj – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=58.

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141

Classe (Grande Área) Área de Escolaridade Ciências da Computação Análise de Sistemas

Engenharia de Sistemas Engenharia de Computação Computação Processamento de Dados Ciências da Computação Informática Tecnólogo em Processamento Dados Tecnólogo em Eletrônica Ciências Exatas

Tecnologia de Rede Ciências Exatas Matemática

Física Estatística

Engenharia Engenharia Química Engenharia de Produção Engenharia Mecânica Engenharia Elétrica Engenharia Civil

Engenharia Eletrônica Ciências Sociais Aplicadas Administração

Desenho Industrial Economia

Outros 2º grau Processamento de Dados Téc. Processamento de Dados Informática Téc. Informática Informática Industrial Téc. Informática Industrial Eletrônica Téc. Eletrônica Programação Téc. Programação Outros Outros

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142

ANEXO 3 – CLASSES DE CARACTERÍSTICAS

O agrupamento das classes de características tem como objetivo analisar

o comportamento das competências profissionais requeridas dos profissionais ao longo

dos anos do período da pesquisa. Algumas definições de competências são

necessárias para caracterizar as informações extraídas dos anúncios.

McClelland (1973) define competências como características observáveis

do profissional como conhecimentos, habilidades, objetos e valores, Rodrigues y

Rodrigues (2001) diz que competência também pode ser demonstrada pelos

conhecimentos que os profissionais dispõem e que agregam valor às atividades

organizacionais.

Fleury e Fleury (2000) além das definições de competência apresentados

no corpo dessa dissertação aponta para a classificação do nível de formação das

competências dos profissionais em três segmentos distintos que procuram abranger

todas as características necessárias aos profissionais para o exercício do trabalho.

Competências de negócios são definidas como sendo relacionadas

diretamente à atividade fim da empresa, os objetivos do negócio da empresa com o

mercado. Os autores observam ainda que esta competência deve ser compreendida

pelos profissionais na relação entre “clientes e competidores, assim como com o

ambiente político social”. Estas competências são também caracterizadas por Cidral et

al. (2001a) i) compreender a dinâmica empresarial em função das mudanças sociais,

econômicas; ii) participar de desenvolvimento de novos produtos e processos de

mudanças da área de negócios da empresa; iii) implantar novos modelos

organizacionais.

Competências Técnico-profissionais: Fleury e Fleury (2000) define como as

competências para determinadas atividades técnicas. Afirmam ainda que “são

competências específicas para certa operação, ocupação ou atividade”. São os

profissionais que possuem os conhecimentos técnicos e o autor declara ainda que “são

capazes de utilizá-los e atualizá-los visando à resolução de problemas ou

desenvolvimento de produtos”. Estas competências são também caracterizadas por

Cidral et al. (2001b) os profissionais que possuem esta competência para participar de

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143

inovações, planejamentos, gerenciamento de infraestrutura.

Competências sociais são competências definidas por Fleury e Fleury (2000)

como “competências necessárias para interagir com as pessoas”. Inseridas num

contexto social da TI no mundo contemporâneo, estas competências podem ser

entendidas como capacidade de negociação, comunicação e trabalho em equipe. Estas

competências são também caracterizadas por Cidral et al. (2001c) expressar de forma

clara e objetiva os trabalhos relativos área de atuação, criar grupos de trabalhos.

Nos anúncios foram explicitadas diversas características que não foram

classificadas junto às competências definidas por Fleury e Fleury (2000),

conseqüentemente foi criada uma classe denominada de Outros e com subclasses para

contemplar estas competências.

A classe de característica "Outros" abrange, portanto as características

não agrupadas em nenhuma das classes propostas por Fleury e Fleury (2000).

Incluídos na classe Outros são construídas as subclasses:

A subclasse Aparência significa em determinados anúncios explicitar a

aparência física, como por exemplo, boa aparência, ótima apresentação.

A subclasse Comportamental diz respeito aos comportamentos como:

comprometido, disciplina.

A subclasse Disponibilidade é a disponibilidade relacionada aos horários,

local de trabalho, viagens.

A subclasse Vínculo é a modalidade de contratação dos profissionais, como

por exemplo, free lancer.

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144

A seguir apresenta a tabela completa com as classes e subclasses.

Classe Exemplos de competências Competência de Negócio Boa visão de negócios, capacidade de tomar

decisões.

Competências Técnico /

Profissionais

boa didática, boa digitação.

Competências Sociais Relacionamento, trabalhar sob pressão, facilidade

de comunicação.

Vínculo Free lancer, autônomo, CTPS

Outros Carteira de habilitação

Outros/Aparência Ótima aparência, ótima apresentação, simpatia.

Outros/Comportamental Comprometido, disciplina, perseverança, talentoso.

Outros/Disponibilidade Disponibilidade de 8:00 às 16:00, horário integral,

Viajar.

Tabela 13 – Agrupamento das Classes de Características e Exemplos

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145

ANEXO 4 - FASES DO TRABALHO

As Tecnologias de Informação e Comunicação correspondem a convergência

tecnológica que ocorre na seguinte tríade: telecomunicações, computação e

informática. A gama de categorias profissionais envolvidas em tal contexto, por

conseguinte, é bastante ampla. Segundo Rapkiewicz (1998), enumerar quais são essas

categorias não é tarefa simples. Segundo a autora, a Sociedade dos Usuários de

Computadores (SUCESU) identificava no Brasil em 1987, 35 tipos diferentes de

ocupações. Na França, uma organização patronal da área, a Chambre Syndicale des

Sociétés de Services et d’Ingénierie Informatique (SYNTEC Informatique), mencionava

21 ocupações diferentes no seu balanço de 1995. Nos EUA, identificou-se mais de 300

títulos diferentes para profissionais de informática em pesquisa junto a empregadores,

feita no final dos anos 70 (Debons et al; 1981 apud Rapkiewicz, 1998). Esta

multiplicidade de denominações é uma das principais razões para tentar-se buscar o

agrupamento das diferentes categorias profissionais sob algum critério. Um desses

critérios é a fase do trabalho, isto é, o conjunto de atividades executadas por cada

categoria profissional no que seria o ciclo do produto da área de TI. Porém, como definir

este conjunto de fases do trabalho?

Os produtos ligados àquela tríade (telecomunicações, computação e

informática) são compostos por uma parte eletrônica e elétrica, e por isso, tangível em

seus volumes e conexões físicas e por uma parte imaterial que corresponde às

instruções previamente armazenadas que são executadas automaticamente pelos

componentes da porção anteriormente citada. À primeira parte convencionou-se

chamar hardware e a segunda software. Berlisnki (2002) aponta esta dicotomia nas

seguintes palavras:

"Todo computador se divide entre hardware e software, a máquina

hospedeira de seu algoritmo, o ser humano de sua mente. Não é de se

surpreender que homens e mulheres tenham feito o que os computadores

agora fazem muito antes que eles pudessem fazer qualquer coisa. A

dissociação entre a mente e a matéria nos homens e nas máquinas é

notável; sugere que quase toda a organização estável e confiável de

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146

objetos pode executar um algoritmo e, portanto, ter uma forma de

inteligência."

Há portanto, duas categorias de produtos-componentes que atuam

simbioticamente no funcionamento dos produtos relacionados à TI. Cada uma dessas

categorias possui suas respectivas demandas por profissionais, além daqueles

profissionais que, cada vez mais, trabalham com as duas categorias de produto e na

fronteira de ambos. Dada a maior materialidade dos componentes do hardware

podemos dizer que, em certa medida, as atividades relacionadas ao mesmo seguem o

ciclo do produto conforme definido na Engenharia de Produção, qual seja,

planejamento, desenvolvimento, implementação, controle (aperfeiçoamentos),

avaliação, vendas, e este ciclo é aplicado ao desenvolvimento de qualquer produto.Já

no que tange ao software é fundamental relembrar uma das características do mesmo –

a imaterialidade, o que torna difícil a aplicação do ciclo do produto ao mesmo. Produtos

de software têm, portanto, particularidades. Pressman (1995) destaca esta diferença

nas seguintes palavras:

"Quando o hardware é construído, o processo criativo humano (análise,

projeto, construção e teste) é imediatamente traduzido numa forma física

... O software é um elemento de sistema lógico, e não físico. Portanto, o

software tem características que são consideravelmente diferentes das do

hardware"

Há que se buscar, portanto, para viabilizar o agrupamento das categorias

profissionais através do critério fases do trabalho um conjunto de fases que reflita tanto

o ciclo de produto definido na Engenharia de Produção quanto o ciclo de vida de

atividades de desenvolvimento de software. Além disso, estas fases do trabalho devem

contemplar atividades de prestação de serviços na área de TI (vendas e treinamento,

por exemplo) e não somente de desenvolvimento de produtos de hardware e software.

O conjunto de fases do trabalho utilizadas na base de dados dos classificados de jornal

encontra-se no final deste anexo e, no corpo deste, o referencial utilizado para a

definição de tais fases, conforme segue.

As etapas a serem seguidas na elaboração de um produto de software

corresponde aos passos genéricos da engenharia de software descritos em Pressman

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147

(1995).

O primeiro passo implica na definição do software em si, passo este no qual se

produz o planejamento e verificação da viabilidade do projeto.

O passo subsequente é o de análise e definição dos requisitos de software,

onde é produzida uma definição detalhada que se traduzem na "especificação de

software". Em seguida, é mencionado o passo correspondente ao desenvolvimento,

que corresponde à tradução do conjunto de requisitos do passo anterior no software

propriamente dito. Esse passo se subdivide em diversas atividades sendo a primeira a

elaboração do projeto57 onde são descritos a arquitetura e os dados do produto a ser

construído. Os aspectos relativos aos procedimentos de cada um dos módulos

identificados na arquitetura são então detalhados na atividade seguinte, sendo a última

atividade desta etapa a codificação, que corresponde a geração dos programas de

computador.

O passo subseqüente à programação é o referente à verificação, liberação e

manutenção. Nesta etapa o software desenvolvido é testado e posteriormente liberado

para a utilização. A partir deste momento, toda alteração no software é considerada

manutenção. O diagrama a seguir ilustra esses passos.

57 Projeto no sentido da fase de análise do software. Vide ciclo de vida clássico em Pressman(1995, p. 33)

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Definição

Requisitos

Projeto

Detalhamento

Codificação

VerificaçãoLiberação eManutenção

Desenvolvimento

Planejamento eVerificação da Viabilidade

Especificação de Software

Software

Tais etapas, correspondentes ao fluxo existente da concepção à produção, são

organizadas cronologicamente, embora nem sempre linearmente, em etapas. Esta

organização é chamada de "ciclo de vida". Há diversas propostas para a condução do

processo de desenvolvimento de software. Essas propostas podem ser encontradas em

obras como Pressman (1995), Peters (1988), Yourdon (1990) dentre outros. Da

verificação dos modelos propostos chegamos ao entendimento que o modelo que

melhor se ajusta a este estudo é o definido em Pressman (1995) sob o título "Ciclo de

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Vida Clássico". Ainda segundo este autor, o mesmo foi elaborado em função do ciclo da

engenharia convencional pressupondo uma abordagem sistemática e seqüencial. As

etapas de tal ciclo são: Engenharia de Sistemas, Análise, Projeto, Codificação, Teste e

Manutenção. A seguir é apresentada a descrição sintética de tais etapas58, conforme

representado no diagrama que segue e descrito a seguir.

Engenharia de Sistemas

Análise

Projeto

Codificação

Teste

Manutenção

Engenharia de sistemas: Corresponde ao estabelecimento dos requisitos

para os elementos do sistema e da definição do subconjunto desses requisitos que será

atribuído ao software.

Análise: Corresponde à intensificação do processo de coleta dos requisitos

concentrada no software. A natureza dos programas a serem construídos e o domínio

da informação para o software, assim como a função, desempenho e interface exigidos

são especificados em nível conceitual.

Projeto: Corresponde ao detalhamento em nível lógico do software. Esta etapa

se concentra em quatro atributos do software: estrutura de dados, arquitetura de

software, detalhes procedimentais, e caracterização de interface. A finalidade desta

etapa é traduzir as exigências da especificação da análise em uma representação do

software que possa ser avaliada antes que a codificação se inicie.

58 Além disso, independente do ciclo ser o clássico ou em espiral, o conjunto de atividades tende a ser o mesmo, apenas em seqüências diferentes, uma vez que o ciclo chamado de “em espiral” compreende várias retomadas das várias fases do ciclo associada a prototipação do software o qual vai ganhando novas funcionalidades a cada novo subciclo.

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Codificação: Corresponde a tradução do projeto em uma forma legível por

máquina. Esta etapa é também conhecida como "programação".

Testes: Corresponde à fase de aferição das fases anteriores. É quando se

verifica se a especificação de requisitos elaborada para o software corresponde à

implementação.

Manutenção: Corresponde às modificações efetuadas no software. O mesmo

sofre modificações depois de entregue. Essas modificações podem ser decorrentes de

equívocos em alguma das fases anteriores, alterações na plataforma do hardware ou

por alteração da especificação de requisitos original.

Numa outra perspectiva, Peters (1998) em sua orientação sobre a leitura e

aplicação, lembra que a percepção das fases do desenvolvimento de um projeto de

software deu-se através de uma perspectiva ligada diretamente ao trabalho de

desenvolvimento. Por isso, iniciaram-se pela fase de "codificação" em seguida, foi

constatada a necessidade do "design59". Depois, tal percepção, passou para a fase de

"análise" para em seguida tratar da "modelagem da informação". O autor adverte que,

embora as etapas de desenvolvimento de software tenham sido compreendidas nesta

ordem, o livro segue a ordem de desenvolvimento do software de acordo com o ciclo de

vida do mesmo.

Este autor propõe uma ordem objetiva de leitura de acordo com o trabalho do

profissional interessado no estudo de seu texto. Em nosso entendimento, ao proceder

desta forma, o autor apresenta uma visão tanto as fases de trabalho em

desenvolvimento de software como os profissionais relacionados às mesmas. Em seu

comentário final, este autor menciona que os recursos humanos ligados ao software

trabalham em diversas formas de organização que combinam, não completamente, os

perfis genéricos dos profissionais e as descrições propostas pelo mesmo. As duas

tabelas a seguir apresentam esses perfis que a partir de agora serão tratados como

"papéis" e a correlação dos conhecimentos para cada um dos destes.

59 As traduções desta palavra para português, em geral, são: ou "projeto" ou "desenho". Nenhuma das duas corresponde ao significado da mesma na esfera de sistemas de informação e, a utilização de qualquer dessas opções ou comprometeria a clareza do texto ou torná-lo-ia ambíguo. Em função disso optamos por manter o termo na grafia de sua língua original.

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Papel Descrição Gerente de Desenvolvimentode Sistemas

Dirige os esforços dos profissionais de desenvolvimento e manutenção de sistemas de computador.

Usuário, Cliente ou Usuário Gestor

Responsável por iniciar e gerir o projeto de desenvolvimento ou modificação de um sistema de computador. Eventualmente o usuário gestor pode também ser usuário do sistema que corresponde ao projeto. Esse papel inclui em suas atribuições, todas as ações, pontos tanto de vista quanto comportamentais dos usuários do sistema correspondente ao projeto.

Analista de Sistemas Profissional capaz de atuar combinando os papéis ao longo do ciclo de vida. Tal profissional deve ser capaz de atuar em qualquer dos papéis propostos nesta lista.

Projetista de Sistema Responsável pela criação e detalhamento da arquitetura do sistema.

Programador-Analista Descrição idêntica ao papel de Analista de Sistemas.

Engenheiro de Software Responsável pela definição, especificação, projeto e detalhamento de um software entretanto, não necessariamente no nível de codificação.

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Conhecimento GDS UCG ANS PRS PRA EGSCompreensão e Domínio da aplicação dos modelos do ciclo de vida

X X X X X X

Visão sistêmica do desenvolvimento de software

X X X X X X

Domínio da dicionarização do ciclo de vida X X X X X Domínio dos diagramas de modelagem conceitual de dados

X X X

Domínio dos diagramas de fluxo de dados X X X X X Domínio dos métodos para descrição de processos

X X X X

Domínio dos diagramas de representação dos eventos

X X X

Compreensão da análise estruturada como um processo

X X X X X

Domínio do design estruturado e do diagrama de estrutura modular

X X X X X

Domínio das técnicas de transição da análise para o design

X X X X X

Domínio das técnicas de design de banco de dados

X X X X

Capacidade de analisar a interação entre os módulos do projeto

X X X

Capacidade de avaliar e aprovar os módulos componentes do projeto

X X X

Compreender diversas heurísticas de projeto X X X Compreensão do design como um processo X X X Legenda: GDS: Gerente de Desenvolvimento de Sistemas.

UCG: Usuário, Cliente ou Usuário Gestor.

ANS: Analista de Sistemas.

PRS: Projetista de Sistema.

PRA: Programador-Analista.

EGS: Engenheiro de Software.

O diagrama a seguir foi proposto por Peters (1998) e apresenta a visão do

autor referente às interfaces entre as fases de Análise, Projeto e Codificação (chamada

no texto de "implementação"), indicando os conhecimentos necessários em cada uma

dessas conexões entre as fases. Note-se, portanto, a pertinência de utilizar como

critério para agrupamento de categorias profissionais a fase do trabalho no qual as

mesmas atuam.

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ANÁLISEANÁLISE DEHARDWARE

PROJETO

(ENGENHARIA DE SOFTWARE) MÉTODOS, TÉCNICAS

PADRÕES E PROCEDI-MENTOS

(CLIENTE)PROJETO, ESCOPO,OBJETIVOS ECRITÉRIOS ESPECIFICAÇÃO

DO SISTEMA(DFD/DTE, DER, DD)

RESTRIÇÕES

REQUISITOS

SISTEMA COMPLETAMENTEDEDINIDO

(IMPLEMENTAÇÃO)

Figura 31 – Desenvolvimento de Software

A partir da visão desses diferentes autores aqui apresentados e buscando-se a

convergência das fases do ciclo clássico do produto, das fases do ciclo de vida do

software e, ainda, das atividades complementares na prestação de serviços de TI

estabelecemos o elenco de fases do trabalho para agrupamento das categorias

profissionais na base de dados proposta nesta dissertação, conforme segue. A subfase

“Internet” foi incluída visando diferenciar, nos resultados, aquelas categorias que

explicitamente atuam nesta nova plataforma.

A tabela, a seguir, apresenta as fases do trabalho com os respectivos

agrupamentos.

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Elaboração do Produto Distribuição do Produto Utilização do ProdutoPlanejam ento-Estratégia Planejam ento-Estratégia ProduçãoDesenvolv im ento Com ercialização SuporteDocum entação Treinam ento Auditoria

Im plantação de Sistem as

Desenvolv im ento Produção SuporteAnálise Adm inistração MatuntençãoHardware Conferência Matuntenção/Adm inistraçãoProgram ação Editoração HardwareProjeto Entrada de Dados InfraestruturaTestes Operação Software AplicativoW eb Software Básico

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ANEXO 5 - TABELAS

As tabelas que compõem a base de dados são descritas a seguir. Note-se que

os nomes dos campos não contêm caracteres acentuados nem cedilha para manter a

correspondência com o efetivo nome utilizado na implementação. Na fase de

implementação o nome atributo usado anteriormente durante a fase de projetos e

especificação da ferramenta nas tabelas foi substituído por campo por tratar-se de

melhor compreensão para a implementação da ferramenta.

As tabelas a seguir correspondem às tabelas implementadas. O símbolo “+”

significa que o campo é do tipo autoincrementável e o símbolo “*” significa que o campo

é uma chave.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio + * Nº que identifica o anúncio Data D Data da publicação do anúncio Seção A 30 Seção em que o anúncio foi publicado Endereco A 50 Endereço para contato divulgado no anúncio TipoAnunciante A 30 A própria empresa ou agência de empregos NomeAnunciante A 30 Nome da empresa que publicou o anúncio Idioma A 15 Idioma em que o anúncio foi publicado

Tabela 14 – Tabela correspondente à entidade Anúncio

A tabela acima mostra os campos do anúncio propriamente dito. O tipo e os

números representam o tamanho reservado para cada campo. O nome Anúncio.DB é o

nome da tabela a ser implementada, o campo NumAnuncio é o número do anúncio

inserido na tabela e é do tipo auto incrementável. Os nomes dos campos a seguir

correspondem aos conteúdos dos anúncios e todos são do tipo Alfanumérico.

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Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumCategoria + * Nº que identifica a categoria Categoria A 40 Nome da categoria NumFaseTrabalho I Nº da fase do trabalho correspondente NumHierarquia I Nº da hierarquia correspondente NumClasseConhecimento I Nº da classe de conhecimento correspondente

Tabela 15 - Tabela correspondente à entidade Categoria

A tabela acima mostra os campos da tabela categoria sendo que NumCategoria

corresponde ao número da categoria na medida em que estas são inseridas na tabela.

O nome do campo Categoria é do tipo alfanumérico e de tamanho 40. Os campos

NumFaseTrabalho, NumHierarquia, NumClasseConhecimento compõem a chave

estrangeira do relacionamentos com outras entidades.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere Setor A 30 Setor ou área de atuação LocalAtuacao A 20 Cidade onde o profissional iria trabalhar Salario $ Salário oferecido QtdSM N Salário oferecido, medido em salários mínimos. FaixaEtaria A 16 Faixa etária desejada para aquela categoria Sexo A 25 Sexo do profissional Idioma1 A 15 Idioma cujo conhecimento é solicitado Idioma2 A 15 Idem acima Tabela 16 - Tabela Demanda oriunda do Relacionamento Anúncio-Categoria

A tabela acima é composta das chaves primárias de duas outras tabelas tabela

Anúncio e a tabela Categoria. Os atributos Setor, Atuação, FaixaEtaria, Sexo, Idioma1,

Idioma2 são do tipo alfanumérico e salário corresponde é do tipo Money QtdSM é

numérico e representa quantidade de salários mínimos ofertada para o salário.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumConhecimento + * Nº que identifica o conhecimento Conhecimento A 40 Nome do conhecimento NumClasseConhecimento I Nº da classe de conhecimento correspondente

Tabela 17 - Tabela correspondente a entidade Conhecimento

A tabela acima é composta dos seguintes campos: NumConhecimento é o

número do conhecimento inserido na tabela e nome do campo Conhecimento tipo

Alfanumérico é o conhecimento explicitado no anúncio que é de tamanho 40 e a chave

estrangeira da referida tabela NumClasseConhecimento.

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Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere NumConhecimento I * Nº do conhecimento ao qual o registro se refere GrauExigencia A 15 Se o conhecimento especificado é exigido ou desejado Tempo A 15 Tempo de experiência com esta competência

Tabela 18 - Tabela de relacionamento Anúncio-Categoria com Conhecimento

A tabela acima é composta dos seguintes campos: NumAnuncio, NumCategoria,

NumConhecimento, são as chaves estrangeiras que compõem o relacionamento com

as tabelas Anúncio e Categoria. Os atributos GrauExigencia e Tempo são do tipo

alfanumérico e tem 15 como tamanho de campo.

Nodo campo Tipo Taman Chave Descrição NumNivel + * Nº que identifica o nível de escolaridade Nivel A 20 Nome do nível de escolaridade (técnico, mestrado, etc.).

Tabela 19 - Tabela correspondente à entidade Nível

A chave primária da tabela acima é o atributo NumNivel e o atributo Nivel é do

tipo alfanumérico e tem 20 como tamanho de campo.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumArea + * Nº que identifica a área de formação Area A 40 Nome da área de formação NumGrandeArea I Nº da grande área correspondente

Tabela 20 - Tabela correspondente à entidade Área

A chave primária da tabela acima é NumArea que corresponde ao número da

área de formação e a identificação desta. O atributo Área é do tipo alfanumérico e de

tamanho 40 que é nome da área de formação NumGrandeArea é chave estrangeira

que identifica a correspondência com Grande Área.

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Nome do campo Tipo Tan Chave De NumInstituicao + * Nº que identifica a instituição Instituição A 20 Nome da instituição onde a escolaridade foi obtida.

Tabela 21 - Tabela correspondente à entidade Instituição

A chave primária da tabela acima é NumInstituicao que corresponde ao número

da instituição. O atributo Instituição é do tipo alfanumérico e de tamanho 20 que

corresponde ao nome da Instituição.

Nome do ampo Tipo Taman Chav Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere NumNivel I * Nº do nível de escolaridade NumArea I * Nº da área de formação NumInstituicao I * Nº da instituição Concluído L Se o curso especificado foi concluído ou não

Tabela 22 - Tabela de relacionamento Anúncio-Categoria com Escolaridade

As chaves compõem a tabela acima são oriundas de tabelas anteriores

NumAnuncio, NumCategoria, NumNivel, NumArea e NumInstituicao que corresponde

as chaves primárias das tabelas correspondentes. O atributo Concluido é do tipo

Logical especificando a conclusão ou não da escolaridade.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumCaracteristica + * Nº que identifica a característica Descricao A 40 Descrição da característica NumClasseCaracteristica I Nº da classe de característica correspondente

Tabela 23 - Tabela correspondente à entidade Característica

A chave primária da tabela acima é NumCaracterisitica que corresponde ao

número da característica. O atributo Descrição é do tipo alfanumérico e de tamanho 40

e a chave estrangeira da referida tabela NumClasseCaracteristica.

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Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere NumCaracteristica I * Nº da característica à qual o registro se refere GrauExigencia A 15 Se a característica especificada é exigida ou desejada

Tabela 24 - Tabela de relacionamento Anúncio-Categoria com Característica

A chave estrangeira da tabela acima é composta de NumAnuncio,

NumCategoria, NumCaracterisitica. O atributo GrauExigencia é do tipo alfanumérico e

de tamanho 15.

NumFabricante + * Número que identifica o fabricante Nome A 20 Nome do fabricante Tipo A 20 Tipo do fabricante (hardware, software, etc.).

Tabela 25 - Tabela correspondente à entidade Fabricante

A chave primária da tabela acima é NumFabricante que corresponde ao número

do fabricante. Os atributos Nome e Tipo são do tipo alfanumérico e de tamanho 20.

NumCertificacao + * Número que identifica a instituição Tipo A 30 Tipo ou título da certificação Produto A 30 Produto ao qual a certificação se refere NumFabricante I Nº do fabricante outorgante da certificação

Tabela 26 - Tabela correspondente à entidade Certificação

A tabela acima é composta da chave primária NumCertificacao e chave

estrangeira da tabela Fabricante NumFabricante e os atributos Nome, Tipo do tipo

alfanumérico e 30 o tamanho do campo.

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NumAnuncio I * Nº do anúncio ao Qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à Qual o registro se refere NumCertificacao I * Nº da certificação especificada GrauExigencia A 15 Se a certificação é exigida ou desejada

Tabela 27 -Tabela relacionamento Anúncio-Categoria com Certificação

A chave estrangeira da tabela acima é composta de NumAnuncio,

NumCategoria, NumCertificacao. O atributo GrauExigencia é do tipo alfanumérico e de

tamanho 15.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumFaseTrabalho + * Nº que identifica a fase do trabalho FaseTrabalho A 30 Nome da fase do trabalho

Tabela 28 - Tabela correspondente à entidade Fase do Trabalho

A chave primária da tabela acima é NumFaseTrabalho que corresponde a fase

do trabalho de determinada categoria. O atributo FaseTrabalho é do tipo alfanumérico e

de tamanho 30 que é nome da fase do trabalho.

NumHierarquia + * Nº que identifica a hierarquia Hierarquia A 30 Nome da hierarquia

Tabela 29 - Tabela correspondente à entidade Hierarquia

A chave primária da tabela acima é NumHierarquia que corresponde ao número

da hierarquia de determinada categoria. O atributo Hierarquia é do tipo alfanumérico e

de tamanho 30 que é nome da hierarquia.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumClasseConhecimento + * Nº que identifica a classe do conhecimento ClasseConhecimento A 70 Nome da classe do conhecimento

Tabela 30 - Tabela correspondente à entidade Classe de Conhecimento

A tabela acima é composta da chave primária NumClasseConhecimento e o

atributo ClasseConhecimento do tipo alfanumérico e 70 o tamanho do campo.

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NumGrandeArea + * Nº que identifica a grande área GrandeArea A 30 Nome da grande área

Tabela 31 - Tabela correspondente à entidade Grande Área

A tabela acima é composta da chave primária NumGrandeArea e o atributo

GrandeArea do tipo alfanumérico e 30 o tamanho do campo.

Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumClasseCaracteristica + * Nº que identifica a classe de característica ClasseCaracteristica A 50 Nome da classe de característica

Tabela 32 - Tabela correspondente à entidade Classe de Característica

A chave primária da tabela acima é NumClasseCaracteristica que corresponde

ao número da classe da característica. O atributo Classecaracteristica é do tipo

alfanumérico e de tamanho 50 que é nome classe de característIca.