Upload
others
View
21
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UMA METODOLOGIA PARA EXTRACAO DE ANGULOS DE REFLEXAO
EM PROFUNDIDADE UTILIZANDO MATRIZES DE TEMPO DE TRANSITO
Wilson Souza Duarte
Dissertacao de Mestrado apresentada ao
Programa de Pos-graduacao em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessarios a obtencao do tıtulo de Mestre
em Engenharia Civil.
Orientadores: Webe Joao Mansur
Cleberson Dors
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2011
UMA METODOLOGIA PARA EXTRACAO DE ANGULOS DE REFLEXAO
EM PROFUNDIDADE UTILIZANDO MATRIZES DE TEMPO DE TRANSITO
Wilson Souza Duarte
DISSERTACAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO
ALBERTO LUIZ COIMBRA DE POS-GRADUACAO E PESQUISA DE
ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A
OBTENCAO DO GRAU DE MESTRE EM CIENCIAS EM ENGENHARIA
CIVIL.
Examinada por:
Prof. Webe Joao Mansur, Ph.D.
Dr. Cleberson Dors, D.Sc.
Prof. Jose Antonio Fontes Santiago, D.Sc.
Prof. Carlos Andres Reyna Vera-Tudela, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
FEVEREIRO DE 2011
Duarte, Wilson Souza
Uma metodologia para extracao de angulos de reflexao
em profundidade utilizando matrizes de tempo de
transito/Wilson Souza Duarte. – Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2011.
XX, 140 p.: il.; 29, 7cm.
Orientadores: Webe Joao Mansur
Cleberson Dors
Dissertacao (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de
Engenharia Civil, 2011.
Referencias Bibliograficas: p. 128 – 136.
1. Modelagem Sısmica. 2. Extracao de Angulos em
Sısmica. 3. Angulo de Reflexao. 4. Analises de AVA. I.
Mansur, Webe Joao et al. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III.
Tıtulo.
iii
Dedico aquela que muito se
esforcou e se esforca para que eu
chegue cada vez mais longe.
Obrigado D. Valdinete Duarte
iv
Agradecimentos
Agradeco a Deus, por permitir chegar ao fim de mais uma jornada.
Agradeco ao meus orientadores Prof. Webe Joao Mansur e, sobretudo, ao Dr.
Cleberson Dors, o qual confiou a mim o tema desenvolvido neste trabalho.
Agradeco em especial ao professor e amigo Valdomiro Neves Lima. Obrigado
professor! Sem a sua ajuda seria muito difıcil concluir os meus estudos.
Agradeco aos meus professores de graduacao que muito contribuiram para a
minha formacao com seus ensinamentos e conselhos: Rosane Ferreira, Angel Ramon
Sanchez Delagado e Carlos Andres.
Aos amigos do LAMEC, manifesto meus sinceros agradecimentos pela companhia
e discussoes. Ressalto que foi um grande prazer esta ao lado de todos voces durante
estes dois anos. Especialmente a Elias da Conceicao, Gilmar Texeira, Raphael Cor-
reia, Edivaldo Junior, Leandro Di Bartolo, Viviane Ferreira, Israel Nunes, Wilian
Jeronimo, Franciane Peters, Pablo Oyarzun, Cid Monteiro, Edmundo Costa e Ro-
drigo Dias.
Obrigado Ivone, por tudo.
Agradeco ao professor da pos-graduacao Josias Silva, o qual forneceu os elementos
basicos essenciais para que eu trabalhase com o tema desenvolvido, relacioando a
modelagem sısmica, ataves da displina Introducao ao Metodo Sısmico.
Agradeco aos colegas de alojamento Raimundo Freire (Neto), Bruno de Souza,
Gustavo Pereira, Abraao Viana, Hugo Machado e Bruno Jucelino pelo companhei-
rismo e amizade ao longo dos meus estudos na UFRRJ.
Meu muito obrigado a minha famılia, que mesmo de longe me motiva a dar
ousados passos na vida.
Minha sincera gratidao e meu muito obrigado a minha namorada Fabıola Gon-
calves, pela compreensao e apoio nos momentos difıceis durante toda esta jornada.
Obrigado CAPES, pelo apoio financeiro!
v
Resumo da Dissertacao apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessarios para a obtencao do grau de Mestre em Ciencias (M.Sc.)
UMA METODOLOGIA PARA EXTRACAO DE ANGULOS DE REFLEXAO
EM PROFUNDIDADE UTILIZANDO MATRIZES DE TEMPO DE TRANSITO
Wilson Souza Duarte
Fevereiro/2011
Orientadores: Webe Joao Mansur
Cleberson Dors
Programa: Engenharia Civil
Na interpretacao de dados sısmicos, existe um crescente interesse nas chama-
das analises de AVA (Amplitude versus Angulo) que relacionam a amplitude das
ondas refletidas em subsuperfıcie com os angulos de reflexao correspondentes, pois
conhecendo-se estas relacoes pode-se estimar melhor os parametros petrofısicos do
meio. Dentro deste contexto, o presente trabalho visa apresentar uma metodologia
para obter informacoes de angulos de reflexao utilizando o macro-modelo de veloci-
dades e a matriz de tempo de transito associada ao campo de ondas deste modelo.
O procedimento para alcancar tal fim e via aplicacao do operador gradiente tanto
na matriz de tempo de transito quanto no macro-modelo de velocidades. A meto-
dologia proposta e aplicada para meios acusticos e isotropicos, sendo as matrizes de
tempo de transito obtidas via solucao da equacao iconal e pela modelagem baseada
na solucao por diferencas finitas da equacao completa da onda. Como resultados,
apresentam-se neste trabalho curvas de angulos associadas a incidencia ou passagem
da onda direta em cada ponto do refletor em subsuperfıcie. Avaliam-se diferen-
tes esquemas de calculo das derivadas numericas, necessarias para a aplicacao da
metodologia desenvolvida.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
A METHODOLOGY FOR EXTRACTING REFLECTION ANGLES IN DEPTH
BY USING TRAVELTIME MATRICES
Wilson Souza Duarte
February/2011
Advisors: Webe Joao Mansur
Cleberson Dors
Department: Civil Engineering
On seismic data analysis there is an increasing interest on the so called AVA
analysis (Amplitude versus Angle) that relate the amplitude of reflected waves on
subsurface with the corresponding reflection angles because by knowing these re-
lations one can better estimate the petrophysic parameters of the media. Within
this context, this research aims to present a methodology to obtain reflection angle
informations by using the macro-model of velocities and the traveltime matrix asso-
ciated to the wavefield of this model. The procedure to achieve this goal consists on
the application of the gradient operator on the traveltime matrix as well as on the
macro-model of velocities to obtain the angle in depth. The proposed methodology
is applied to acoustic and isotropic media and the traveltime matrices are obtained
by solving the Eikonal equation and by the solution of the complete wave equa-
tion with finite difference operators. As results, in this research are presented angle
curves associated to the incidence or direct wave path in each point of the reflector
on subsurface. Different numerical schemes are explored to evaluate the derivatives,
since they are necessary to apply the proposed methodology.
vii
Sumario
Lista de Figuras xi
Lista de Tabelas xv
Lista de Sımbolos xvi
Lista de Abreviaturas xx
1 Introducao 1
1.1 Consideracoes Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Revisao Bibliografica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Objetivo e Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Estrutura da Dissertacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 Geracao de Matrizes de Tempo de Transito Via Metodos Numeri-
cos 11
2.1 Tempo de Transito Via Propagacao do Campo de Ondas . . . . . . . 12
2.1.1 Equacao da Onda Acustica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.1.1 Aproximacoes Discretas para Derivadas Espaciais e
Temporais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.1.1.2 Equacao da Onda Discretizada por Diferencas Finitas 14
2.1.1.3 Dispersao Numerica e Estabilidade . . . . . . . . . . 15
2.1.1.4 Termo Fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.1.5 Tipos de Condicoes de Contorno . . . . . . . . . . . 17
2.1.2 Equacao nao Reflexiva da Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.3 Obtencao do Tempo de Transito . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2 Tempo de Transito Via Solucao da Equacao Iconal . . . . . . . . . . 22
2.2.1 Equacao Iconal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.2 Obtencao do Tempo de Transito . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.2.1 Fast Marching Method . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.2.2 Multistencils Fast Marching Method 2D . . . . . . . 27
2.3 Suavizacao do Campo de Vagarosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
viii
3 Obtencao de Angulos de Incidencia Utilizando MTT 32
3.1 Conceitos Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.1.1 Frente de Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.1.2 Operador Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1.3 Reflexao e Refracao das Ondas Acusticas . . . . . . . . . . . . 35
3.2 Metodologia Proposta para Obtencao de Angulo de Incidencia . . . . 37
3.2.1 Angulo da MTT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2.2 Angulo do Modelo de Velocidades . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2.3 Composicao do Angulo de Incidencia/Reflexao . . . . . . . . . 38
3.3 Metodos Numericos para Calculo de Gradientes . . . . . . . . . . . . 39
3.3.1 Gradiente Via Operadores de Diferencas Finitas . . . . . . . . 40
3.3.2 Gradiente Via Funcoes de Base Radial . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.3 Gradiente Via Spline Cubica Local . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3.4 Gradiente Via Propagacao do Campo de Ondas . . . . . . . . 45
4 Solucoes de Referencia 48
4.1 Conceitos Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.1.1 Princıpio de Fermat e Lei de Snell . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.1.2 Abordagens Tradicionais do Tracado de Raios . . . . . . . . . 51
4.1.2.1 Shooting Method . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.2.2 Bending Method . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2 Geracao de Solucoes de Referencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5 Exemplos 57
5.1 Analise dos Metodos de Extracao de Gradiente a Partir de Dados
Semi-Analıticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.1.1 Extracao do Angulo do Modelo de Velocidades . . . . . . . . . 58
5.1.2 Extracao do Angulo da Matriz de Tempo de Transito . . . . . 71
5.1.3 Composicao do Angulo de Incidencia/Reflexao . . . . . . . . . 75
5.2 Extracao de Angulos a Partir de Dados Numericos . . . . . . . . . . . 78
5.2.1 Extracao do Angulo a Partir da MTT Obtida Pela Equacao
da Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.2.1.1 Influencia do Tamanho de Incremento de Tempo . . 78
5.2.1.2 Influencia da Frequencia de Corte . . . . . . . . . . . 88
5.2.1.3 Influencia do Contraste de Velocidades . . . . . . . . 99
5.2.1.4 Influencia do Grau de Suavizacao do Modelo . . . . . 102
5.2.2 Extracao do Angulo a Partir da matriz de tempo de transito
Obtida Pela Equacao Iconal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
5.2.3 Aplicacao para um Modelo com Varias Camadas . . . . . . . 116
5.2.3.1 Angulo de Incidencia Oriundo da Propagacao de Ondas117
ix
5.2.3.2 Angulo de Incidencia Oriundo da Solucao Iconal . . . 121
6 Conclusoes e Trabalhos Futuros 124
Referencias Bibliograficas 128
A Operadores de Diferencas Finitas 137
A.1 Expansao em Serie de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
A.2 Operadores para a Primeira Derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
A.3 Operadores para a Segunda Derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
x
Lista de Figuras
2.1 Representacao grafica do operador de diferencas finitas com quarta
ordem no espaco e segunda no tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Funcao fonte dada pela segunda derivada da Gaussiana (CUNHA,
1997) para fcorte = 30Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Camada de amortecimento do lado direito da malha ilustrando a re-
ducao do campo de pressao no ponto (i, j). . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Ilustracao esquematica do funcionamento do FMM. . . . . . . . . . . 25
2.5 Ilustracao dos pontos envolvidos nos estencis S 1 e S 2 para um ponto
central x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.6 Ilustracao do efeito produzido pelo processo de suavizacao com nps =
10 pontos por direcao no macro-modelo de velocidades. . . . . . . . . 31
3.1 Frentes de onda definidas pelas isocronas associadas a amplitude ma-
xima correspondente a propagacao do campo de ondas. . . . . . . . . 33
3.2 Orientacao da forma como e obtido o angulo θ. . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Raio incidente gerando um raio refletido e transmitido no meio acustico. 35
3.4 Ilustracao do surgimento das head waves. . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.5 Raio de propagacao dado pela direcao do vetor gradiente e isocronas
representando as frentes de onda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.6 Vetor gradiente e suas componentes em um certo ponto do refletor. . 38
3.7 Exemplo de um raio de propagacao incidindo sobre um refletor incli-
nado onde as componentes do vetor gradiente da matriz de tempo de
transito sao positivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.8 RBFs tradicionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.9 Malha e celula computacional mostrando os pontos que determinam
o polinomio bicubico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 Ilustracao geometrica do princıpio de Fermat. . . . . . . . . . . . . . 50
4.2 Ilustracao do shooting method. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.3 Ilustracao do bending method. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.4 Ilustracao de modelos discretizados para obtencao de dados. . . . . . 55
xi
5.1 Ilustracao de modelos sem e com suavizacao. . . . . . . . . . . . . . . 59
5.2 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o mo-
delo de velocidades sem suavizacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5.3 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o mo-
delo de velocidades suavizado com 5 pontos. . . . . . . . . . . . . . . 61
5.4 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o mo-
delo de velocidades suavizado com 10 pontos. . . . . . . . . . . . . . 62
5.5 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o mo-
delo de velocidades suavizado com 20 pontos. . . . . . . . . . . . . . 63
5.6 Modelo de velocidades sem suavizacao constituıdo por um refletor
com angulo de mergulho de Φ = 20◦. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.7 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 20◦ com o mo-
delo de velocidades suavizado com 5 pontos. . . . . . . . . . . . . . . 65
5.8 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 20◦ com o mo-
delo de velocidades suavizado com 10 pontos. . . . . . . . . . . . . . 66
5.9 Modelo de velocidades submetido ao processo de suavizacao. . . . . . 67
5.10 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho para o modelo de
velocidades da figura 5.9(b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.11 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho para o modelo de
velocidades da figura 5.9(c). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.12 Resultados na aproximacao do angulo de mergulho para o modelo de
velocidades da figura 5.9(d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.13 Matrizes de tempo de transito semi-analıticas obtidas para dois dife-
rentes modelos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.14 Resultados na aproximacao do angulo α para o modelo de velocidades
da figura 5.1(a). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.15 Resultados na aproximacao do angulo α para o modelo de velocidades
da figura 5.6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.16 Resultados na aproximacao do angulo γ de incidencia apos compo-
sicao do angulo α e β sobre o refletor do modelo de velocidades da
figura 5.1(a). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.17 Resultados na aproximacao do angulo γ de incidencia apos compo-
sicao do angulo α e β sobre o refletor do modelo de velocidades da
figura 5.6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
5.18 Comparacao entre matrizes de tempo de transito obtidas com dife-
rentes equacoes e criterios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.19 Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matriz
de tempo de transito e obtida com ∆t = 10−3 s. . . . . . . . . . . . . . 82
5.20 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor. 83
xii
5.21 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor. 84
5.22 Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matriz
de tempo de transito e obtida com ∆t = 25 × 10−6 s. . . . . . . . . . . 85
5.23 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor. 86
5.24 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor. 87
5.25 Modelo de velocidades para analise da frequencia de corte, fcorte. . . . 88
5.26 Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matriz
de tempo de transito e obtida com fcorte = 30Hz. . . . . . . . . . . . . 90
5.27 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,
utilizando fcorte = 30Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.28 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,
utilizando fcorte = 30Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.29 Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matriz
de tempo de transito e obtida com fcorte = 60Hz. . . . . . . . . . . . . 93
5.30 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,
utilizando fcorte = 60Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.31 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,
utilizando fcorte = 60Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
5.32 Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matriz
de tempo de transito e obtida com fcorte = 120Hz. . . . . . . . . . . . 96
5.33 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,
utilizando fcorte = 120Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.34 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,
utilizando fcorte = 120Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.35 Resultados na aproximacao do angulo α para um contraste baixo de
velocidades entre as camadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.36 Resultados na aproximacao do angulo α para um contraste alto de
velocidades entre as camadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.37 Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pela
modelagem sısmica a partir do modelo de velocidades suavizado com
5 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.38 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,
para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de
velocidades suavizado com 5 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
5.39 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,
para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de
velocidades suavizado com 5 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
xiii
5.40 Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pela
modelagem sısmica a partir do modelo de velocidades suavizado com
10 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.41 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,
para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de
velocidades suavizado com 10 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.42 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,
para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de
velocidades suavizado com 10 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5.43 Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pelo
MSFM a partir do modelo de velocidades sem suavizacao. . . . . . . 110
5.44 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima e abaixo
do refletor, para a MTT obtida pelo MSFM a partir do modelo de
velocidades sem suavizacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
5.45 Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pelo
MSFM a partir do modelo de velocidades suavizado com 3 pontos. . . 112
5.46 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima e abaixo
do refletor, para a MTT obtida pelo MSFM a partir do modelo de
velocidades suavizado com 3 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
5.47 Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pelo
MSFM a partir do modelo de velocidades suavizado com 5 pontos. . . 114
5.48 Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima e abaixo
do refletor, para a MTT obtida pelo MSFM a partir do modelo de
velocidades suavizado com 5 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
5.49 Modelo de velocidades utilizado para obtencao das curvas de incidencia.116
5.50 Modelo de velocidades suavizado com 10 pontos, utilizado na obten-
cao da MTT pela modelagem sısmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
5.51 Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 1 e 2. . . . 119
5.52 Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 3 e 4. . . . 120
5.53 Modelo de velocidades suavizado com 5 pontos, utilizado na obtencao
da MTT pelo MSFM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.54 Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 1 e 2. . . . 122
5.55 Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 3 e 4. . . . 123
xiv
Lista de Tabelas
2.1 Valores da funcao g = g(h) dependente do tipo de orientacao e es-
quema numerico utilizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2 Coeficientes de condicao upwind para ambos os estencis S 1 e S 2. . . . 30
3.1 RBFs tradicionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.1 Parametros utilizados na analise de um modelo contendo um refletor
plano-inclinado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.2 Parametros utilizados nas modelagens do modelo da figura 5.1(a). . . 79
5.3 Parametros utilizados na modelagem do modelo da figura 5.25. . . . . 88
5.4 Parametros utilizados na modelagem sısmica do modelo de velocida-
des da figura 5.50. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
xv
Lista de Sımbolos
A Amplitude da serie assintotica de ordem zero, p. 22
Ak Amplitudes como parte da serie assintotica, p. 22
C Campo de velocidades, p. 12
Cmax Maior velocidade do modelo, p. 16
Cmin Menor velocidade do modelo, p. 16
D+i, j Operador de diferencas finitas progressivas, p. 23
D−i, j Operador de diferencas finitas atrasadas, p. 23
F Polinomio de terceiro grau, p. 44
G Funcao utilizada na definicao do operador gradiente, p. 34
Gx Derivada na direcao x, p. 34
Gz Derivada na direcao z, p. 34
Itotal Numero total de pontos na horizontal, p. 13
Jtotal Numero total de pontos na vertical, p. 13
MV Media movel, p. 30
Ntotal Numero total de passos temporais, p. 13
P Campo de pressao no domınio espaco-tempo, p. 12
Preg Matriz de amplitude registrada, p. 20
Rr Coeficiente de reflexao, p. 36
Rt Coeficiente de transmissao, p. 36
S 1 Estencil com orientacao do sistema de coordenadas naturais,
p. 27
xvi
S 2 Estencil com orientacao nas direcoes diagonais, p. 27
U Campo de pressao no domınio espaco-frequencia, p. 22
∆t Incremento temporal, p. 13
∆x Espacamento da malha na direcao x, p. 13
∆z Espacamento da malha na direcao z, p. 13
Φ Angulo de mergulho, p. 55
Θ Angulo entre vetores direcionais, p. 28
α Angulo entre o raio incidente e a reta vertical, p. 37
N Numero de pontos na definicao de sub-malha, p. 42
β Angulo entre a reta normal e vertical, p. 38
δ Denota aplicacao da fonte pontual, p. 13
` Termos de polinomio de terceiro grau, p. 44
η Normal externa ao contorno, p. 18
γ Angulo de incidencia, p. 35
γc Angulo crıtico, p. 36
κ Razao entre velocidades, p. 36
λ Comprimento de onda, p. 88
µ Numero empırico que define a quantidade mınima de pontos
da malha por comprimento de onda, p. 16
ω Frequencia angular, p. 22
µ Numero que define a quantidade de amostras temporais que
serao necessarias para que a frente de onda percorra uma dis-
tancia equivalente ao espacamento da malha, p. 16
τ Derivada direcional, p. 27
g Coeficientes de condicao upwind no MSFM, p. 30
−→r Vetores unitarios, p. 27
∂ Operador de derivada parcial, p. 12
xvii
φ Angulo de transmissao, p. 35
ψ Funcao de base radial, p. 40
ρ Inverso do produto da volatilidade e distancia, p. 45
σ Pesos da funcao de interpolacao, p. 40
τ Tempo de transito, p. 22
x Ponto no domınio, p. 12
x f Ponto de aplicacao da fonte, p. 13
θ Angulo entre vetor gradiente e reta vertical, p. 34
u Funcao de interpolacao, p. 40
υ Distancia de determinado ponto ao contorno, p. 20
ε Fator de volatilidade, p. 45
$ Soma dos quadrados da distancia, p. 45
% Parametro de raio, p. 35
ζ Parametro de forma da funcao RBF, p. 41
a Indice de somatorio, p. 42
b Indice de somatorio, p. 42
f Termo fonte, p. 13
fcorte Frequencia de corte, p. 16
fc Frequencia central da fonte, p. 17
fmu Fator multiplicativo, p. 20
f at Fator de amortecimento, p. 20
g Tipo de orientacao e esquema numerico utilizado no MSFM,
p. 29
h Espacamento uniforme da malha, p. 14
i f Posicao da fonte na direcao horizontal da malha, p. 14
j f Posicao da fonte na direcao vertical da malha, p. 14
xviii
k Indice de somatorio, p. 30
m Inclinacao de segmento de reta, p. 44
n Indice de discretizacao temporal, p. 13
namort Numero de pontos da camada de amortecimento, p. 20
nps Numero de pontos de suavizacao, p. 30
q Parametro de forma para expoente da funcao RBF, p. 41
ri j Distancia entre os pontos xi e x j, p. 40
t Tempo, p. 12
td Translacao temporal da fonte no tempo, p. 17
t f Perıodo da funcao Gaussiana, p. 17
w Peso da funcao bicubica, p. 42
x Coordenada horizontal, p. 12
x f Coordenada horizontal da fonte, p. 13
y′
Derivada de polinomio de terceiro grau, p. 44
z Coordenada vertical, p. 12
z f Coordenada vertical da fonte, p. 13
xix
Lista de Abreviaturas
ART Asymptotic Ray Theory (Teoria Assintotica do Raio), p. 4
AVA Amplitude versus Angle (Amplitude versus Angulo), p. 2
AVO Amplitude versus Offset (Amplitude versus Afastamento), p. 3
CMP Common Mid Point (Ponto Medio Comum), p. 8
FIM Fast Iterative Method (Metodo Rapido Iterativo), p. 125
FMM Fast Marching Method (Metodo Rapido de Marcha), p. 6
FSM Fast Sweeping Method (Metodo Rapido de Varredura), p. 7
GMM Group Marching Method (Grupo de Metodo de Marcha), p. 6
HAFMM Higher Accuracy Fast Marching Method (Metodo Rapido de
Marcha de Alta Precisao), p. 6
MEF Metodo dos Elementos Finitos, p. 40
MLSA Moving Least-Squares Approximation (Aproximacao por Mıni-
mos Quadrados Moveis), p. 126
MSFM Multistencils Fast Marching Method (Metodo Rapido de Mar-
cha com Multi-Estencis), p. 7
MTT Matriz de Tempo de Transito, p. 4
RBF Radial Basis Functions (Funcoes de Base Radial), p. 39
RNAs Redes Neurais Artificiais, p. 40
RTM Reverse Time Migration (Migracao Reversa no Tempo), p. 1
xx
Capıtulo 1
Introducao
1.1 Consideracoes Preliminares
A aplicacao da tecnica de imageamento sısmico, tambem conhecida como migra-
cao sısmica, durante a fase de processamento e uma das etapas mais importantes
no processo de exploracao de petroleo, pois permite delimitar/verificar o posiciona-
mento das diversas interfaces (refletores) que formam a geologia da subsuperfıcie.
O seu desenvolvimento nos ultimos anos se tornou ainda mais crucial para produzir
imagens mais acuradas, uma vez que os refletores de interesse estao localizados em
altas profundidades e imersos em meios com grande grau de complexidade, como
aqueles envolvendo flancos salinos, onde pode existir expressivas variacoes laterais
de velocidade e mergulhos bastante acentuados.
Gracas aos esforcos de diversos pesquisadores, atualmente, existem varios meto-
dos de migracao sısmica que podem ser aplicados pela industria petrolıfera para a
geracao de imagens sısmicas bi ou tridimensionais, a depender do volume de dados
e da qualidade que se deseja obter. Dentre os diversos metodos de migracao existen-
tes, pode-se citar como o mais indicado para imagear meios altamente complexos o
metodo denominado por Migracao Reversa no Tempo (RTM - Reverse Time Migra-
tion) introduzido por MCMECHAN (1983), WHITMORE (1983) e BAYSAL et al.
(1983) por produzir imagens sısmicas precisas em relacao aos demais, como a migra-
cao Kirchhoff (SCHNEIDER, 1978; WIGGINS, 1984), por exemplo. A habilidade
da RTM em produzir imagens de boa qualidade e devida ao fato desta ser baseada
na equacao completa da onda, nao admitindo simplificacoes na sua formulacao, o
que permite contemplar os diversos eventos de outras ondas que surgem no decorrer
do campo de propagacao, como multiplas reflexoes, refracoes, difracoes, ondas eva-
nescentes, etc. (ZHANG e SUN, 2008), o que e tratado simplificadamente ou mesmo
negligenciado na maioria das demais metodologias.
Os processos de migracao agem, basicamente, em dois aspectos distintos do dado
1
sısmico: tempo de transito (traveltime), que trata da parte cinematica, e amplitude
que trata da parte dinamica. Para o tempo de transito, que carrega informacoes
sobre o posicionamento das estruturas geologicas do meio e de suas velocidades, a
migracao atua de forma a reposicionar as reflexoes tanto em suas coordenadas de
superfıcie quanto nas coordenadas de tempo ou nas coordenadas de profundidade
relativas a origem das reflexoes. Para a amplitude, que traz informacoes sobre a lito-
logia e fluidos na subsuperfıcie, e mais especificamente informacoes sobre o contraste
das propriedades das camadas que definem a interface de reflexao, a migracao age
de modo a corrigir efeitos de propagacao da onda e fornecer valores de amplitude
que, relativamente, representam o conjunto das propriedades petrofısicas do meio
(SANTIAGO, 2004).
No inıcio, o imageamento visava obter somente a posicao dos refletores, sem se
preocupar com a amplitude associada a reflexao gerada por cada refletor. Fato este
ocorrido devido aos grandes volumes de oleo encontrados naquela epoca nao exigi-
rem grande processamento/interpretacao para serem localizados. Entretanto, com
o aumento da complexidade e profundidade das geologias envolvidas foi necessario
levar em conta a importancia das amplitudes associadas as reflexoes, exatamente
por serem estas capazes de fornecer informacoes a respeito da subsuperfıcie. A via-
bilizacao de tal estudo foi possıvel gracas ao aumento dos recursos computacionais,
que possibilitaram realizar as analises sısmicas com tecnicas mais apuradas, como o
uso da equacao completa da onda.
Um dos estudos mais notaveis sobre as amplitudes e aquele relacionado a cons-
trucao de curvas de refletividade, como Amplitude versus Afastamento (AVO - Am-
plitude versus Offset) e Amplitudes versus Angulo (AVA - Amplitude versus Angle),
ja que as amplitudes estao diretamente ligadas as propriedades litologicas do meio
(VEEKEN, 2007). Em funcao destes estudos, passou a ser crucial preservar as am-
plitudes nas imagens migradas. Caracterizando que o objetivo e obter nao so o
posicionamento correto dos refletores em profundidade como tambem a construcao
das curvas de refletividade, para posterior processo de inversao. Tendo em vista isso,
a determinacao das amplitudes com maior acuracia tem se tornado fundamental para
estudos de AVO e AVA (GUITTON et al., 2007) e o desenvolvimento de tecnicas
de migracao que as fornecam corretamente apos a migracao, em meios complexos,
continua sendo um desafio (DENG e MCMECHAN, 2007).
A geracao de imagens, em profundidade, a partir de dados sısmicos utilizando
a RTM fornece, em geral, o valor do coeficiente de reflexao, a menos das perdas
por transmissao, que sao funcao dos parametros geofısicos (densidade e velocidade
das ondas compressionais e cisalhantes) e do angulo de incidencia (Lei de Snell). O
processo de empilhamento tradicional pos migracao nao leva em conta a influencia
do angulo sob o qual uma imagem foi gerada, o que pode acarretar na perda de
2
precisao na visualizacao dos refletores que estao localizados em altas profundida-
des devido aos poucos registros da energia refletida por estes causados pelas perdas
por transmissao em comparacao aqueles em baixa profundidade. Alem de que ha
o surgimento do efeito “sorriso” de migracao decorrente da reflexao total apos um
certo angulo crıtico de incidencia (devido as head waves1). Logo e extremamente
importante delimitar a regiao, para cada geologia complexa, onde ainda e possıvel
obter imagem com razoavel padrao de qualidade em funcao do angulo. Natural-
mente, tambem e desejavel que o coeficiente de reflexao estimado apos a migracao
seja em funcao apenas dos parametros geofısicos e nao mais dependentes dos angulos
de incidencia/reflexao, pois e atraves dos parametros que e possıvel caracterizar os
meios geologicos nos quais estao inseridos os refletores.
Desta forma, obter informacoes de angulo de reflexao corretas, permite melhorar
a qualidade das imagens obtidas pela migracao possibilitando avaliar as amplitudes
registradas nas imagens de maneira mais coerente.
Alem disto, conhecer o angulo de reflexao corretamente, possibilita tracar as
curvas de refletividade de AVA, realizar filtragem de ruıdos, fazer o empilhamento
de imagens no domınio do angulo, etc. auxiliando inclusive no chamado estudo de
anomalias de amplitude. O estudo das anomalias de amplitudes tem sido bastante
usado na industria petrolıfera como uma ferramenta auxiliar tanto na determinacao
de novas reservas de petroleo e gas quanto na caracterizacao daquelas que estao em
processo de producao. Tradicionalmente, esse estudo e feito atraves da analise de
AVO, ja que, a princıpio, nao e possıvel calcular o angulo correto em cada ponto
de reflexao. Essa analise seria mais coerente se fosse feita em relacao ao angulo de
incidencia e nao ao afastamento fonte-receptor, uma vez que a amplitude refletida e
funcao do angulo de incidencia e dos parametros do meio em cada lado da interface
(PAUL, 2004; RESNICK et al., 1987).
Em geral, as analises de AVA sao feitas aplicando-se uma transformada offset
para angulo em dados AVO. Rotineiramente, a mesma e feita supondo-se que o
modelo e constituıdo de camadas planas horizontais e utilizando-se as velocidades
intervalares oriundas do campo de velocidades (determinado atraves da analise de
velocidades) e a Lei de Snell para obter os angulos em profundidade. Assim, a supo-
sicao do modelo de camadas planas horizontais, aplicada em areas onde o mergulho
das camadas geologicas e acentuado, leva a obtencao de valores de angulos de refle-
xao maiores do que os reais, gerando interpretacoes nao confiaveis da presenca ou
ausencia de hidrocarbonetos nos reservatorios (SANTIAGO, 2004). Embora para
meios suaves, os quais nao apresentam variacoes laterais de impedancia, usar AVO
ou AVA nao faca muita diferenca, pois de certa forma offset e angulo de incidencia
estao relacionados, em meios que apresentam altas complexidades estruturais acima
1Ondas reflatadas sob angulo crıtico (SHERIFF, 2002).
3
ou no entorno dos objetivos, AVO e AVA nao possuem uma relacao simples (SILVA,
2009), e portanto nao conduzem a resultados similares.
O tracado de raios (ray tracing) constitui uma das ferramentas principais dentre
as utilizadas na obtencao dos angulos necessarios para fazer a transformacao de
offset para angulo (RESNICK et al., 1987; VEEKEN e RAUCH-DAVIES, 2006;
VEEKEN, 2007). Pelo tracamento de raios, o angulo e obtido naturalmente, uma
vez que este constitui um dos principais parametros do sistema de equacoes. Assim,
o angulo e determinado ao longo do caminho do raio em profundidade.
A abordagem pelo tracado de raios, baseada na teoria assintotica do raio (ART
- Asymptotic Ray Theory), e possibilitada gracas a divisao da equacao da onda em
duas partes: cinematica e dinamica (CERVENY, 1985). Sendo de enorme interesse,
a parte cinematica, nao so por esta permitir obter os angulos de incidencia, mas
tambem pela geracao dos tempos de transito. Embora apresente a vantagem de
possuir um baixo custo computacional, o tracado de raios produz algumas ambigui-
dades em estruturas complexas quanto a existencia de regioes nas quais os raios se
interceptam (caminhos multiplos - multipath) e/ou mesmo naquelas onde estes nao
chegam (zonas de sombras - shadow zones). Salienta-se que os problemas relacio-
nados aos caminhos multiplos sao possıveis de serem resolvidos aplicando a tecnica
denominada por feixes gaussianos (Gaussian beams) (POPOV, 2002).
O calculo dos tempos de transito e de grande importancia sobre varios aspectos
no processamento sısmico (PESTANA e PIMENTEL, 1996; ZHANG et al., 2009)
podendo ser obtido de varias maneiras, como por exemplo, pela solucao direta da
equacao iconal (eikonal) (SETHIAN e POPOVICI, 1999; VIDALE, 1988) ou a solu-
cao dos sistemas de equacoes derivados desta (BLEISTEIN, 1984; CERVENY, 1987;
CHANG e MCMECHAN, 1986), pela extrapolacao da equacao completa (two-way
wave equation) (BULCAO, 2004; LOEWENTHAL e HU, 1991) ou unidirecional
(one-way wave equation) (CLAERBOUT, 1971, 1985) da onda, etc.
A geracao do tempo de transito esta relacionada a ideia de identificar um certo
evento, tal como a chegada da primeira frente de onda em um dado ponto do macro-
modelo de velocidades. Esta ideia e antiga, sendo que o uso do tempo de transito
associado a onda primaria como condicao de imagem constitui a base dos meto-
dos de migracao, ja que e utilizada para ligar um evento registrado no sismograma
(reflexao) com um ponto em profundidade que o gerou (refletor). A obtencao do
tempo de transito utilizando a extrapolacao da equacao completa da onda baseia-
se em registrar o momento em que a frente de onda incide pela primeira vez em
cada ponto do macro-modelo, assim como as amplitudes associadas, de acordo com
um criterio pre-estabelecido. Os tempos de transito sao armazenados em uma es-
trutura de dados denominada por matriz de tempo de transito (MTT), a qual e
geralmente referida como condicao de imagem (quando se esta realizando a etapa
4
de migracao). Ressalta-se que, mesmo nao sendo o objetivo, o procedimento des-
crito anteriormente tem como principal dificuldade a determinacao do coeficiente de
reflexao/transmissao em funcao do angulo.
A determinacao correta do angulo possibilita a recuperacao das perdas por trans-
missao, ocorridas durante a extrapolacao do campo de ondas oriundas da fonte (pro-
pagacao) e dos receptores (depropagacao) (DENG e MCMECHAN, 2007). Uma vez
que ha uma grande dificuldade de obtencao dos angulos de incidencia/reflexao com
precisao, para modelagens utilizando a equacao da onda, o presente trabalho pro-
poe uma nova metodologia para obte-los baseado na matriz de tempo de transito e
no macro-modelo de velocidades. A metodologia proposta considera o meio como
sendo isotropico com modelagem direta baseada na solucao, por diferencas finitas, da
equacao da onda acustica sem simplificacoes na sua formulacao original. Destaca-se
que a metodologia proposta, pode ser facilmente estendida para o caso da equacao
elastica da onda.
A seguir, faz-se uma breve revisao bibliografica sobre os principais metodos de
obtencao de tempo de transito que estao diretamente relacionados com as matrizes
de tempo de transito utilizadas neste trabalho, bem como as metodologias existentes
para a obtencao dos angulos de incidencia/reflexao.
1.2 Revisao Bibliografica
Uma vez que a metodologia desenvolvida neste trabalho e baseada em matrizes
de tempo de transito, cabe revisar as formas de obte-las. Faz-se-ao duas descricoes
diferentes: a primeira sera aquela onde os tempos de transitos sao obtidos direta-
mente da equacao iconal via esquemas de diferencas finitas e outra e atraves de um
criterio numerico, embutido na modelagem sısmica, capaz de registrar os tempos
durante a extrapolacao do campo de ondas.
Em se tratando da obtencao de tempos de transito atraves da solucao da equacao
iconal, RESHEF e KOSLOFF (1986) foram os primeiros a propor calcular os tempos
de transitos diretamente sobre uma malha regular atraves de uma extrapolacao
plana. Desta forma, usando uma aproximacao local de diferencas finitas de primeira
ordem para a equacao iconal, os autores obtem os tempos para todo o macro-modelo
de velocidades. Porem, devido a forma de extrapolacao utilizada neste esquema, o
mesmo apresenta resultados inadequados, mesmo em modelos homogeneos.
Visando resolver esta questao, VIDALE (1988, 1990) desenvolveu, no caso 2D,
uma extrapolacao retangular e, no caso 3D, em forma de cubo, baseado tambem em
diferencas finitas, o qual simula de forma mais adequada o avanco da propagacao
de frentes de ondas circulares e esfericas, respectivamente. Neste esquema, os tem-
pos de transito obtidos eliminam a necessidade do processo de interpolacao usado
5
comumente nos metodos anteriores, como no tracado de raios (CERVENY, 1987),
por exemplo. Caso se deseje fazer o tracamento de raios, este e feito utilizando o
gradiente do tempo de transito. Embora o esquema do autor funcione bem em uma
variedade de modelos, este nao satisfaz o princıpio da causalidade quando aplicado
em modelos contendo fortes contrastes de velocidades.
VAN TRIER e SYMES (1991) propuseram resolver a equacao iconal atraves da
extrapolacao do gradiente do tempo de transito aplicando o metodo upwind finite
difference (ENGQUIST e OSHER, 1980), ja que as mudancas nas componentes do
gradiente do tempo de transito sao descritas pela lei de conservacao hiperbolica
da mecanica dos fluidos. Para melhorar os problemas de precisao, ZHANG (1991)
desenvolveu esta metodologia fazendo a extrapolacao do tempo de transito em co-
ordenadas polares. Uma extensao do esquema de VAN TRIER e SYMES (1991)
foi feita para o caso 3D por POPOVICI (1991) que, mais tarde, foi modificado por
SCHNEIDER (1995) para reduzir problemas de estabilidade usando malhas adap-
tativas.
Inspirado no metodo de Vidale, PODVIN e LECOMTE (1991) sugeriram um
esquema estavel para a obtencao de tempos de transito baseado no princıpio de
Huygens e na aproximacao de frente de ondas planas. Nesta metodologia e possıvel
obter os tempos ate em modelos contendo fortes contrastes de velocidades.
SCHNEIDER et al. (1992) propuseram uma metodologia para a obtencao dos
tempos de transito que utiliza a tecnica de propagacao dinamica. O metodo e
baseado no princıpio de Fermat e usa tecnicas de calculo simples juntamente com
um esquema de mapeamento sistematico para calcular os tempos em uma malha
regular uniforme. O mapeamento e feito atraves de duas abordagens diferentes;
uma chamada de mapeamento de forca bruta (brute force), a qual obtem os tempos
extrapolando coluna por coluna (ou por linha), e a outra e feita de forma mais
natural, atraves da expansao na forma retangular. O metodo consegue obter os
tempos nos casos em que o campo de velocidade apresente grandes contrastes na
distribuicao de velocidades.
TSITSIKLIS (1995), e mais tarde SETHIAN (1996, 1999b) propuseram uma
nova metodologia de solucao para a equacao iconal, popularmente conhecida por
Fast Marching Method (FMM). A abordagem de Tsitsiklis esta voltada para a ob-
tencao de solucoes aproximadas de problemas com trajetorias de tempos mınimos,
enquanto a de Sethian esta direcionada a solucoes de problemas que incorporam fren-
tes evolutivas, isto e, problemas de propagacao de ondas (VAZ, 2004). Utilizando
a discretizacao upwind de GODUNOV (1959), a ideia do FMM e que a solucao em
cada ponto dependa apenas do ponto vizinho que possui o menor tempo, isto e, a
extrapolacao e feita seguindo o princıpio da causalidade (Huygens). Destaca-se que,
a precisao do FMM e dependente do tamanho do espacamento da malha e da ordem
6
do esquema de diferencas finitas utilizado (SETHIAN e POPOVICI, 1999).
Uma desvantagem do FMM e que ele possui uma complexidade computacional
muito elevada, da ordem de O(Nlog(N)), onde N e o numero de pontos da malha,
ja que, a cada passo do esquema, obtem-se a solucao para um unico ponto. Para
tornar o metodo mais rapido, KIM (2001) propos o Group Marching Method (GMM)
onde a solucao e obtida para um grupo de pontos em um unico passo de tempo, os
quais representam o avanco da frente de ondas. Dessa forma, o autor reduziu a
complexidade computacional para O(N).Para melhorar a precisao do FMM, SETHIAN (1999a) sugeriu o Higher Accu-
racy Fast Marching Method (HAFMM) no qual utilizam-se operadores de diferencas
finitas de segunda ordem. Ainda assim, o metodo continuou apresentando graves
erros no inıcio do processo de extrapolacao devido a grande curvatura das frentes
de onda. Para sanar este problema, ALKHALIFAH e FOMEL (2001) propuseram
aplicar o FMM em coordenadas esfericas (3D) e polares (2D). A implementacao em
coordenadas polares melhorou a precisao da solucao sem, praticamente, nenhuma
perda da eficiencia computacional.
Mais recentemente, HASSOUNA e FARAG (2007) propuseram uma versao me-
lhorada do FMM que permite trabalhar com espacamentos diferentes nas duas di-
recoes x e z (∆x = ∆z)), chamada de Multistencils Fast Marching Method (MSFM)
objetivando melhorar a precisao da solucao nas direcoes diagonais da malha. A solu-
cao da equacao iconal e obtida em cada ponto da malha usando dois estencis, sendo
escolhida como solucao aquela que melhor satisfaz a condicao upwind. Os autores
estenderam esta abordagem para o caso 3D onde seis estencis sao usados para cobrir
26 pontos vizinhos, enquanto que no 2D, dois estencis sao suficientes para cobrir 8
pontos.
Motivado pelos trabalhos de BOUE e DUPUIS (1999) e ZHAO et al. (2000),
ZHAO (2004) apresentou um algoritmo iterativo, chamado de Fast Sweeping Method
(FSM) para resolver a equacao iconal sobre uma malha retangular. O metodo usa
a discretizacao upwind de Godunov e Gauss-Seidel para resolver o sistema discreti-
zado, tendo uma complexidade otima de O(N).Agora, da-se-a uma breve revisao bibliografica dos principais trabalhos relacio-
nados a forma de obtencao da matriz de tempo de transito utilizando um criterio
numerico, incorporado na modelagem sısmica.
LOEWENTHAL e HU (1991) desenvolveram dois procedimentos para obter a
matriz de tempo de transito baseada nos seguintes criterios: a matriz de tempo e
formada com base na amplitude maxima da grandeza associada ao campo (pressao
no caso acustico) de ondas e a outra e baseada na amplitude registrada na pri-
meira quebra2 (criterio do tempo mınimo), mas desconsiderando as ondas frontais
2Registro do primeiro evento de pico maximo do sinal sısmico.
7
(head waves). Os autores mostraram que o criterio da amplitude maxima fornece os
melhores resultados.
Inspirado nos trabalhos de LOEWENTHAL e HU (1991), BULCAO (2004)
propos um novo criterio para a extracao do tempo de transito baseado na amplitude
maxima nas proximidades da primeira quebra, isto e, no first break3 do sinal prove-
niente da fonte. Com o emprego deste novo criterio a matriz de tempo de transito
apresenta um numero bem inferior de descontinuidades para as regioes distantes do
ponto de aplicacao da fonte sısmica.
Na sequencia, segue uma rapida descricao dos principais trabalhos relacionados
a extracao de angulos de incidencia/reflexao em profundidade.
RESNICK et al. (1987) foram os primeiros a discutir sobre o procedimento sim-
plificado de calcular os angulos atraves de uma relacao trigonometrica obtida a partir
de um triangulo retangulo fazendo a suposicao de que todas as camadas sao plano
horizontais. Ele mostrou como obter o angulo quando o refletor estava em posicao
inclinada, contanto que o angulo de mergulho do refletor seja conhecido a priori.
BLEISTEIN (1987), TYGEL et al. (1993) e BLEISTEIN et al. (1999) mostraram
como obter o angulo de incidencia e de mergulho do refletor sem conhecimento ne-
nhum acerca da trajetoria do raio incidente ou das propriedades do refletor, usando
para tanto a Migracao para Afastamento Nulo (MZO - Zero Offset Migration) ba-
seada na migracao Kirchhoff e na tecnica de empilhamento ponderado ao longo de
curvas de difracoes para controle das amplitudes. Como demonstrado por VAS-
QUEZ et al. (2003) e TYGEL et al. (1999), a metodologia e aplicada fazendo um
reagrupamento dos dados obtidos pelo experimento sısmico para o domınio CMP
(Common Mid Point) resultando em graficos de AVO. Na sequencia e aplicada uma
segunda MZO, com pesos distintos da primeira, obtendo-se os angulos de incidencia
e consequentemente os graficos de AVA.
O primeiro trabalho a utilizar o tempo de transito na obtencao dos angulos de
incidencia foi proposto por DENG e MCMECHAN (2007), os quais desenvolveram
uma forma de obter os angulos atraves de um processo de interpolacao na matriz
de tempo de transito. Porem os autores nao exploraram adequadamente as tecnicas
e aproximacoes utilizadas, bem como nao abordaram as questoes relacionadas ao
tratamento de descontinuidades destas matrizes, justificando que se trata de um
problema local para geometrias complexas.
Ressalta-se que, as referencias correspondentes aos metodos de obtencao de gra-
dientes utilizados para a aplicacao da metodologia desenvolvida, serao abordadas ao
longo deste trabalho.
3Primeiro evento considerado como sinal proveniente da fonte sısmica (SHERIFF, 2002).
8
1.3 Objetivo e Metodologia
O objetivo deste trabalho e apresentar uma metodologia desenvolvida para extra-
cao de angulos de incidencia/reflexao em profundidade, fazendo-se uma composicao
de angulos obtidos a partir da aplicacao do operador gradiente no macro-modelo de
velocidades e na matriz de tempo de transito. Utilizam-se duas abordagens diferen-
tes para a geracao das matrizes de tempo, a saber: modelagem sısmica da equacao
completa da onda acustica, por diferencas finitas, e solucao direta da equacao iconal,
mediante o Multistencils Fast Marching Method.
Relativamente a obtencao dos gradientes necessarios para a aplicacao da meto-
dologia proposta, sao adotados os operadores de diferencas finitas de quarta ordem,
a interpolacao atraves das funcoes de base radial e a spline cubica local de Akima.
Ressalta-se que foi adicionalmente desenvolvido um esquema numerico para a gera-
cao do gradiente diretamente da frente de ondas propagada, correspondente aquele
obtido da matriz de tempo de transito, aplicando-se para tanto os operadores de
diferencas finitas de quarta ordem ao campo de pressoes, durante a propagacao do
sinal sısmico emitido pela fonte.
1.4 Estrutura da Dissertacao
Este trabalho esta estruturado como segue:
No capıtulo 2, sao apresentados os metodos para obtencao de tempo de transito
pela equacao completa da onda, atraves de um criterio numerico embutido na
modelagem sısmica, e pela solucao da equacao iconal, via Multistencils Fast
Marching Method. Ao final do capıtulo, e descrito o procedimento de suavi-
zacao do macro-modelo de velocidades, necessario para melhores estimativas
dos gradientes ao longo dos refletores que constituem o modelo.
No capıtulo 3, apresentam-se a metodologia desenvolvida para obter os angulos de
incidencia/reflexao em profundidade e os metodos utilizados para calculo dos
gradientes. Inicialmente, e feita uma descricao sobre frentes de onda e como
ocorre o fenomeno de particao de energia, quando esta incide sobre um refletor
contendo diferentes propriedades acusticas. No desfecho do capıtulo, e mos-
trado uma outra abordagem, desenvolvida adicionalmente neste trabalho, para
geracao das curvas de angulos, correspondentes aquelas oriundas da matriz de
tempo de transito, aplicando o operador de diferencas finitas de quarta ordem
diretamente sobre o campo de pressoes durante a propagacao.
No capıtulo 4, e exposto o procedimento empregado para a geracao de solucoes de
referencia (semi-analıticas), que sao utilizadas a tıtulo de comparacao com as
9
solucoes obtidas pelos metodos de gradientes. Sendo o procedimento empre-
gado baseado no tracamento cinematico de raios, e feita uma breve descricao
de duas metodologias tradicionais da teoria de raios, o shooting method e o
bending method. Ainda, com o objetivo de descrever estas duas abordagens,
e presentado, inicialmente, o princıpio de Fermat e a Lei de Snell, necessarios
para compreender os demais conceitos desenvolvidos no capıtulo.
No capıtulo 5, sao apresentados os resultados e respectivas analises da metodolo-
gia desenvolvida neste trabalho para os casos de macro-modelos velocidades
que possuem solucoes de referencia, visando avaliar a precisao dos resulta-
dos numericos obtidos. Destaca-se que e avaliada a influencia dos principais
parametros da modelagem sısmica e do modelo de velocidades que podem
contribuir significativamente na melhor estimativa das curvas de angulos de
incidencia/reflexao em profundidade.
No capıtulo 6, sao apresentados as conclusoes e alguns comentarios, bem como as
sugestoes de trabalhos futuros, envolvendo a metodologia desenvolvida neste
trabalho.
Ao final deste trabalho, no apendice A, e descrito a forma de obtencao dos opera-
dores de diferencas finitas, que sao utilizados ao longo deste trabalho, atraves
da serie de Taylor.
10
Capıtulo 2
Geracao de Matrizes de Tempo de
Transito Via Metodos Numericos
O calculo dos tempos de transito e de grande importancia sobre varios aspectos
no processamento sısmico. Por exemplo, os metodos de migracao e modelagem
Kirchhoff requerem o calculo da funcao de Green, que por sua vez depende do calculo
do tempo de percurso (tempo de transito) entre as posicoes de registro na superfıcie
e os pontos em profundidade no modelo de velocidade (PESTANA e PIMENTEL,
1996).
Da mesma forma, na RTM que pode ser entendida como um problema de con-
dicao de contorno associado a imposicao de uma condicao de imagem, o tempo de
transito e o responsavel por permitir a geracao da imagem em profundidade. Neste
caso, a matriz de tempo de transito contem simplesmente o tempo gasto pelo campo
de ondas para percorrer a distancia entre o ponto de aplicacao da fonte e cada ponto
da malha em profundidade (tempo da onda direta).
Observando-se um evento (frente de onda) de maneira isolada, a solucao da equa-
cao da onda que governa a propagacao do evento possui duas diferentes propriedades
basicas, uma propriedade cinematica e outra dinamica. A informacao cinematica,
que esta associada ao tempo de propagacao, e utilizada no imageamento para li-
gar um evento registrado no sismograma (reflexao) com um ponto em profundidade
que o gerou (refletor), sendo descrita pelas trajetorias de propagacao (raios) e pelos
tempos de transito. A parte dinamica trata da distribuicao espacial da energia pro-
pagada, ou seja, traz informacoes sobre amplitudes, que estao relacionadas com os
coeficientes de reflexao dos refletores.
Em tecnicas como o tracado de raios (BLEISTEIN, 1984; CERVENY, 1987;
POPOV, 2002), que e baseado na solucao da equacao da onda por ondas planas,
as parcelas cinematica e dinamica da solucao podem ser obtidas separadamente
atraves da solucao da equacao iconal e de transporte, respectivamente. Assim, para
obter a matriz de tempo de transito nestes casos, basta resolver a equacao iconal do
11
problema relacionado, como sera visto na secao 2.2. Ja quando se adotam metodos
de discretizacao da equacao da onda (como o MDF ou MEF) associadas a tecnicas
discretas de marcha no tempo, a matriz de tempo de transito e geralmente obtida
aplicando-se as chamadas condicoes de imagem, que nada mais sao do que criterios
baseados na amplitude do campo de ondas propagante, como sera visto na secao
2.1.3.
No presente trabalho, alem da matriz de tempo de transito possibilitar a cons-
trucao de imagens, motivo pelo qual a mesma e associada a chamada condicao de
imagem, ela se constitui como um dado essencial para a geracao de informacoes de
angulo de incidencia em profundidade para cada ponto do macro-modelo de veloci-
dades. Portanto, como ficara mais evidente no decorrer deste capıtulo, a precisao
na obtencao do angulo dependera diretamente da qualidade da matriz de tempo de
transito associada, uma vez que na metodologia proposta o angulo de incidencia
vira, em parte, do gradiente numerico da matriz de tempo de transito. Neste traba-
lho, duas tecnicas distintas serao utilizadas para se obter as matrizes de tempo de
transito, a saber: propagacao de ondas via o metodo das diferencas finitas e solucao
da equacao iconal.
Neste capıtulo serao apresentados os metodos para obtencao de tempo de tran-
sito pela equacao completa da onda, atraves de um criterio numerico embutido na
modelagem sısmica, e pela solucao da equacao iconal, via MSFM. Ao final, e descrito
o procedimento de suavizacao do modelo de macro-velocidades.
2.1 Tempo de Transito Via Propagacao do
Campo de Ondas
2.1.1 Equacao da Onda Acustica
A equacao da onda acustica utilizada neste trabalho e aquela ja amplamente
difundida e utilizada para a modelagem e migracao sısmica, dada pela equacao (2.1)
para o caso 2D (BERKHOUT, 1987; BULLEN e BRUCE, 1985).
∂2P(x, t)∂x2 +
∂2P(x, t)∂z2 −
1C2(x)
∂2P(x, t)∂t2 = 0, (2.1)
onde P(x, t) representa o campo de pressao (pressao acustica) no ponto x = (x, z)no instante de tempo t do meio descrito pelo campo discreto de velocidades de
propagacao C(x).Para o problema geofısico existe ainda a necessidade de se prescrever o termo
12
fonte, denotado por f (t)δ(x − x f )δ(z − z f ) resultando na equacao (2.2).
∂2P(x, t)∂x2 +
∂2P(x, t)∂z2 −
1C2(x)
∂2P(x, t)∂t2 = f (t)δ(x − x f )δ(z − z f ), (2.2)
onde (x f , z f ) = x f representa o ponto de aplicacao da fonte sısmica e δ o delta de
Dirac. Para resolver a equacao (2.2) numericamente, deve-se discretiza-la no espaco
e no tempo, sendo as coordenadas discretas:
x −→ i∆x,
z −→ j∆z,
t −→ n∆t.
Dessa forma:
P(x, t) −→ Pni, j,
f (t) −→ f n.
Onde:
i = 1, 2, ..., Itotal,
j = 1, 2, ..., Jtotal,
n = 1, 2, ...,Ntotal,
e ∆x, ∆z e ∆t sao os respectivos espacamentos da malha na direcao x, z e temporal.
Isto permitira escrever as demais derivadas existentes na equacao (2.2) de forma
discreta atraves dos operadores de diferencas finitas, conforme sera apresentado na
secao 2.1.1.1. Destaca-se que no caso da geofısica, as condicoes iniciais sao dadas
por:
P0i, j = 0, (2.3)(
∂P∂t
)0
i, j= 0 (2.4)
e as condicoes de contorno sao dadas conforme descrito na secao 2.1.1.5.
2.1.1.1 Aproximacoes Discretas para Derivadas Espaciais e Temporais
A obtencao dos operadores de diferencas finitas pode ser feita tanto por expansao
em serie de Taylor como por interpolacao polinomial (FORTUNA, 2000), sendo que
a tecnica mais utilizada nos processos de modelagem sısmica e aquela baseada na
13
serie de Taylor por ser considerada uma ferramenta matematica basica na definicao
de aproximacoes para as derivadas.
Entao, utilizando quarta ordem de precisao para as aproximacoes das derivadas
espaciais e segunda ordem para a derivada temporal de P, chega-se a (conforme
apendice A):
∂2P(x, t)∂x2 = (Pxx)n
i, j =1
12(∆x)2
[−Pn
i−2, j + 16(Pn
i−1, j + Pni+1, j
)− 30Pn
i, j − Pni+2, j
],(2.5)
∂2P(x, t)∂z2 = (Pzz)n
i, j =1
12(∆z)2
[−Pn
i, j−2 + 16(Pn
i, j−1 + Pni, j+1
)− 30Pn
i, j − Pni, j+2
], (2.6)
∂2P(x, t)∂t2 = (Ptt)n
i, j =1
(∆t)2
(Pn−1
i, j − 2Pni, j + Pn+1
i, j
). (2.7)
A justificativa para a adocao destes operadores discretos vem dos inumeros tra-
balhos encontrados na literatura (ALFORD et al., 1974; BULCAO, 2004; CUNHA,
1997; FARIA, 1986; MUFTI, 1990; SILVA, 2009) indicando uma boa relacao entre
a precisao dos resultados e o custo computacional envolvido, comparativamente a
outras aproximacoes.
2.1.1.2 Equacao da Onda Discretizada por Diferencas Finitas
Fazendo a substituicao das equacoes (2.5), (2.6) e (2.7) em (2.2), explicitando-se
o campo de pressoes no tempo n + 1 em funcao dos tempos anteriores e fazendo-
se ∆x = ∆z = h, obtem-se a equacao da onda na versao discretizada, referente ao
equilıbrio em um ponto (i, j) da malha computacional, dada por:
Pn+1i, j = −
112
(Ci, j∆t
h
)2 [Pn
i−2, j + Pni+2, j + Pn
i, j−2 + Pni, j+2
−16(Pn
i−1, j + Pni+1, j + Pn
i, j−1 + Pni, j+1
)+ 60Pn
i, j
]+2Pn
i, j − Pn−1i, j + f nδi,i f δ j, j f . (2.8)
A equacao (2.8) implica que o (n + 1)-esimo passo de tempo depende somente
dos dois tempos anteriores (n)-esimo e (n − 1)-esimo, conforme indicado na figura
2.1, ou seja, esta equacao representa um esquema de marcha recursivo explicito
no tempo. Desta forma, possui ∆t crıtico e, consequentemente, requerendo um
criterio de estabilidade. Contrariamente aos esquemas implıcitos de marcha, que
possibilitam ∆t teoricamente ilimitados. Optou-se por utilizar o esquema explıcito,
uma vez que este e frequentemente adotado para problemas de propagacao de ondas
14
com relativo baixo custo computacional, comparativamente aos esquemas implıcitos
que geram um acoplamento entre equacoes onde o custo computacional e espaco para
armazenamento matricial podem ser muito maiores do que aqueles para esquemas
explıcitos devido a necessidade de solucao do sistema de equacoes envolvido (DORS,
2007).
Figura 2.1: Representacao grafica do operador de diferencas finitas com quartaordem no espaco e segunda no tempo.
2.1.1.3 Dispersao Numerica e Estabilidade
Conforme FORTUNA (2000), a dispersao numerica ocorre quando o metodo
numerico faz com que ondas, de diferentes comprimentos, propaguem-se com velo-
cidades distintas, conduzindo a presenca de oscilacoes na solucao computacional.
Ainda, de acordo com FORTUNA (2000), um metodo numerico estavel e aquele
no qual quaisquer perturbacoes ou erros na solucao nao sao amplificados sem limite.
Os exemplos mais diretos para essas perturbacoes e erros sao condicoes de fronteira
ou iniciais aproximadas de forma incorreta, e acumulo de erros de arredondamento
cometidos durante os calculos. O primeiro caso e evitado com uma correta discreti-
zacao das condicoes auxiliares; o segundo nao pode ser evitado, devendo, portanto,
ser controlado. Os erros de arredondamento nao devem crescer sem limites, a ponto
de influir desastrosamente na solucao numerica. O acumulo desses erros pode ser evi-
tado seguido-se os criterios de estabilidade dos metodos numericos, isto e, condicoes
que garantam que o metodo numerico seja estavel.
Para se evitar a dispersao numerica, deve-se limitar o espacamento entre os
pontos da malha de tal forma que este seja pequeno comparado com o comprimento
15
de onda gerado pela fonte. Para o caso da equacao (2.8), isso e conseguido atraves
da relacao (2.9) (BULCAO, 2004; MUFTI, 1990):
h ≤Cmin
µ fcorte, (2.9)
onde h e o espacamento da malha uniforme, Cmin e a menor velocidade do modelo,
fcorte e a frequencia de corte da fonte ou frequencia maxima utilizada e µ e um
numero empırico que determina quantos pontos da malha serao empregados para
representar o menor comprimento de onda.
Quanto ao intervalo de tempo ∆t, em geral metodos explıcitos apresentam um
limite superior no valor do mesmo que deve ser utilizado para garantir a estabilidade
do metodo. Este e, normalmente, expresso em funcao dos valores de ∆x, ∆z e da
velocidade de propagacao C. Assim, a condicao de estabilidade e dada pela expressao
(2.10) (BULCAO, 2004; FARIA, 1986; MUFTI, 1990):
∆t ≤h
µCmax, (2.10)
onde Cmax e a maior velocidade do modelo e µ e um numero que define quantos inter-
valos de tempo serao necessarios para que a frente de onda percorra uma distancia
equivalente ao espacamento entre os pontos da malha. Para o operador dado pela
equacao (2.8), os valores dos parametros µ e µ sao 5 e 4, respectivamente (BULCAO,
2004).
Destaca-se que, o criterio dado por (2.10) deve ser respeitado para que nao ocorra
instabilidade numerica no processo de marcha no tempo.
2.1.1.4 Termo Fonte
Na secao 2.1.1 foi incorporado um termo fonte a equacao da onda na posicao
x f , cujo objetivo e iniciar a propagacao no tempo e no espaco. Com o proposito de
simular uma fonte sısmica real, este termo fonte precisa ter algumas caracterısticas,
como ser preferencialmente limitado, tanto no domınio do tempo, para simular uma
fonte sısmica do tipo explosiva, quanto no domınio da frequencia, para que se tenha
um controle sobre a frequencia maxima ao qual o modelo numerico esta sujeito
(BULCAO, 2004; COSTA, 2006). Como pode ser observado na expressao (2.9), a
frequencia influencia diretamente no grau de refinamento da discretizacao da malha
computacional.
O termo fonte utilizado neste trabalho para a geracao do sinal sısmico e dado
16
pela derivada segunda da Gaussiana (CUNHA, 1997), como segue:
f (t) =[1 − 2π (π fctd)2
]e−π(π fctd)2
, (2.11)
onde td = n∆t − t f representa uma translacao temporal da fonte no tempo, e sendo
t f o perıodo da funcao Gaussiana, dado por:
t f =2√π
fc(2.12)
e fc a frequencia central da fonte, dada por:
fc =fcorte
3√π. (2.13)
A figura 2.2 ilustra um exemplo da funcao fonte no domınio do tempo para
fcorte = 30Hz.
Figura 2.2: Funcao fonte dada pela segunda derivada da Gaussiana (CUNHA, 1997)para fcorte = 30Hz.
2.1.1.5 Tipos de Condicoes de Contorno
As denominadas condicoes de contorno (ou de fronteira), sao definidas nas bor-
das das regioes que delimitam a malha computacional na qual se deseja resolver a
equacao (2.2).
A condicao de contorno mais comum em levantamentos sısmicos e a chamada
condicao de contorno essencial ou de Dirichlet, e corresponde a prescrever a pressao
Pni, j = 0, (2.14)
17
no respectivo contorno. Esta condicao e utilizada para dados marıtimos simulando
as condicoes de reflexao na superfıcie do mar ou em dados terrestres (CUNHA, 1997),
simulando a superfıcie do solo.
Outra condicao de contorno consiste em especificar o valor da derivada, ou da
taxa de modificacao, de P na direcao normal ao contorno, sendo esta chamada de
condicao de contorno natural ou de Neumann, dada por:(∂P∂η
)n
i, j= 0, (2.15)
onde η corresponde a normal externa ao referido contorno.
Assim, fica caracterizado que e possıvel a ocorrencia no mesmo problema de
condicoes de contorno onde P e prescrito em uma parte do contorno e a sua derivada
normal especificada em outra parte, isto e, o problema pode apresentar condicoes
de fronteira mistas.
Outra condicao de contorno bastante utilizada em modelagem geofısica, devido
a introducao de contornos artificiais, e aquela denominada por condicao de contorno
nao-reflexiva ou condicao de contorno absorsora (REYNOLDS, 1978). Esta e uti-
lizada quando se deseja simular problemas com domınios infinitos ou semi-infinitos
visando garantir um correto truncamento do modelo numerico sem o surgimento de
reflexoes artificiais nos respectivos bordos. Assim, pode-se dizer que as condicoes
de contorno nao-reflexivas visam absorver a energia da frente de ondas quando esta
incide no contorno.
Cabe destacar que, as reflexoes indesejadas geradas pelos contornos artificiais
sao muito problematicas para o resultado da modelagem, pois interagem com as
reflexoes provenientes dos eventos em subsuperfıcie, afetando a qualidade do dado
registrado (SILVA, 2008).
O modo mais simples de se derivar uma condicao de contorno nao-reflexiva e
atraves da fatoracao da equacao da onda unidimensional, tal que
∂2P∂x2 −
1C2
∂2P∂t2 =
(∂
∂x+
1C∂
∂t
) (∂
∂x−
1C∂
∂t
)[P] = 0. (2.16)
O primeiro termo do segundo membro da equacao (2.16) e relativo a ondas viajando
no sentido negativo do eixo x e o segundo termo, no sentido positivo. Assim, para
eliminar as reflexoes no contorno esquerdo e direito basta empregar, respectivamente
as equacoes (2.17) e (2.18) abaixo:(∂
∂x+
1C∂
∂t
)[P] = 0 (2.17)
18
(∂
∂x−
1C∂
∂t
)[P] = 0. (2.18)
Discretizando as equacoes (2.17) e (2.18) usando os operadores de diferencas
finitas de primeira ordem no espaco e no tempo, indicados no apendice A, tem-se
que:
Pn+11, j = Pn
1, j +∆tC1, j
∆x
(Pn
2, j − Pn1, j
), (2.19)
Pn+1Itotal, j = Pn
1, j −∆tCItotal, j
∆x
(Pn
Itotal, j − PnItotal−1, j
). (2.20)
Vale ressaltar que as equacoes (2.19) e (2.20) sao formuladas via suposicao de
que a direcao de propagacao da onda e normal ao contorno. Logo, para aplicar
adequadamente a condicao nao-reflexiva para problemas 2D e 3D, seria necessario
decompor o campo de ondas em sua parte normal e tangencial, de modo a absorver
somente a parcela normal do mesmo.
Outra forma de se reduzir as reflexoes espurias geradas pelo truncamento dos
contornos, e aplicar uma camada de amortecimento numerico para reduzir a inten-
sidade da onda antes desta incidir sobre o contorno (CERJAN et al., 1985).
O procedimento e feito aplicando a expressao (2.21) a cada ponto da malha per-
tencente a camada de amortecimento (figura 2.3) durante a propagacao do campo
de ondas. A reducao da amplitude no ponto (i, j) e feita gracas aos fatores multipli-
cativos gerados pela expressao (2.22).
Figura 2.3: Camada de amortecimento do lado direito da malha ilustrando a reducaodo campo de pressao no ponto (i, j).
Pni, j = fmu(υ)Pn
i, j, (2.21)
sendo
fmu(υ) = e−[ f at(namort−υ)]2
, (2.22)
19
onde fmu e o fator multiplicativo para atenuar o campo de pressao, υ e um ındice
que denota a distancia de determinado ponto em relacao ao contorno do modelo,
f at e o fator de amortecimento referente a intensidade da reducao de amplitude
da pressao que se deseja e namort e o numero de pontos que constitui a camada de
amortecimento.
2.1.2 Equacao nao Reflexiva da Onda
Uma alternativa a equacao da onda acustica tradicional (2.1) que visa melhorar
a qualidade da matriz de tempo de transito e a chamada equacao da onda acustica
nao-reflexiva (two way nonreflecting wave equation) (BAYSAL et al., 1984) que pode
ser expressa via equacao (2.23) assumindo impedancia constante ao longo do meio.
C(x)∂
∂x
(C(x)
∂P(x, t)∂x
)+ C(x)
∂
∂z
(C(x)
∂P(x, t)∂z
)−∂2P(x, t)∂t2 = 0. (2.23)
Em meios homogeneos a equacao (2.23) se torna identica a equacao acustica
tradicional, (2.1), ja que a primeira e obtida via modificacao da segunda. Para
meios heterogeneos, BAYSAL et al. (1984) mostrou que a equacao nao-reflexiva
tem a vantagem de fornecer o coeficiente de reflexao igual a zero para incidencia
normal e menor aquele gerado pela equacao reflexiva para incidencias diferentes de
zero. Portanto a equacao acustica nao-reflexiva possibilita atenuar as reflexoes nas
proximidades do refletor, o que pode, a princıpio, melhorar as matrizes de tempo de
transito obtidas, diminuindo as descontinuidades nestas.
2.1.3 Obtencao do Tempo de Transito
Utilizou-se neste trabalho o criterio da amplitude maxima desenvolvida por LO-
EWENTHAL e HU (1991) e o criterio da amplitude maxima nas proximidades da
primeira quebra (first break) proposto por BULCAO (2004). Destaca-se que uma
grande vantagem deste ultimo criterio, e que as matrizes de tempo de transito apre-
sentam um comportamento mais suave (contınuo), para regioes distantes do ponto
de aplicacao da fonte.
Segue abaixo o Algoritmo 01 referente ao criterio da amplitude maxima. Basica-
mente, neste algoritmo, a partir do sinal sısmico gerado pela fonte, para cada ponto
do modelo (i, j), a matriz de tempo de transito (MTT ), registrara o tempo de chegada
da frente de onda de maxima amplitude naquele ponto. Juntamente com o calculo
da matriz MTT , tambem e feito o registro da maxima amplitude naquele ponto pela
matriz de amplitude, Preg, uma vez que esta faz parte da condicao necessaria para
20
registrar os tempos de transito (linha 1).
Algoritmo 01
1 se (|P(i, j, n)| > |Preg(i, j)|) entao
2 Preg(i, j)← |P(i, j, n)|3 MTT (i, j)← n ∗ ∆t
4 fim se
fim
onde:
P(i, j, n) e o campo de ondas incidente em cada ponto da malha no intervalo
de tempo n;
Preg(i, j) e a matriz que registra a amplitude em cada ponto.
O segundo criterio leva em consideracao o intervalo de tempo associado ao com-
primento de onda da fonte sısmica, dada pela expressao (2.12). Para detectar a
amplitude maxima nas proximidades da primeira quebra, segue o Algoritmo 02,
abaixo.
Algoritmo 02
1 cond1 ←[(t − MTT (i, j)) ≤ 1, 5 ∗ t f
]2 cond2 ←
[|P(i, j, n)| > |Preg(i, j)|
]3 cond3 ←
[Preg(i, j) = 0
]4 se (cond2 e (cond1 ou cond3)) entao
5 Preg(i, j)← |P(i, j, n)|6 MTT (i, j)← n ∗ ∆t
7 fim se
fim
onde cond1, cond2 e cond3 sao variaveis logicas e, em ambos os casos, t = n∆t.
A cada passo de tempo n, quando o campo em cada ponto (i, j) e recalculado,
os algoritmos analisam se o campo nesse novo passo satisfaz as condicoes impostas.
Caso sejam, ele grava o tempo t, substituindo o valor de tempo de transito para este
ponto ate encontrar um valor do campo de onda que volte a satisfazer as condicoes
substituindo pelo valor registrado anteriormente como sendo o campo de maxima
amplitude ou de amplitude maxima nas proximidades da primeira quebra da onda
direta.
21
2.2 Tempo de Transito Via Solucao da Equacao
Iconal
2.2.1 Equacao Iconal
Aplicando a transformada de Fourier em ambos os lados da equacao (2.1), obtem-
se a equacao da onda acustica 2D no domınio da frequencia (equacao de Helmholtz)
dada por (BLEISTEIN, 1984; CERVENY, 1987; POPOV, 2002):
∂2U(x, ω)∂x2 +
∂2U(x, ω)∂z2 −
ω2
C2(x)U(x, ω) = 0, (2.24)
onde U e o campo de pressao no domınio espaco-frequencia e ω representa a frequen-
cia angular.
A equacao da onda acustica no domınio da frequencia (2.24) admite uma solucao
baseada em uma serie assintotica (JEFFREYS e JEFFREYS, 1950), como segue:
U(x, ω) = eiωτ(x)∞∑
k=0
Ak(x)(−iω)k , (2.25)
onde Ak(x) e τ(x) sao funcoes que fornecem amplitude e o tempo de transito, respec-
tivamente. A serie descrita em (2.25) e conhecida como serie de raios (ray series).
Considerando a aproximacao de ordem zero da serie (2.25) (altas frequencias -
ω −→ ∞) e fazendo A0(x) = A(x), tem-se:
U(x, ω) = A(x)eiωτ(x). (2.26)
Substituindo (2.26) na equacao de Helmholtz (2.24), obtem-se a equacao iconal(∂τ(x)∂x
)2
+
(∂τ(x)∂z
)2
=1
C2(x)(2.27)
e a equacao de transporte
2(∂τ(x)∂x
∂A(x)∂x
+∂τ(x)∂z
∂A(x)∂z
)+ A(x)
(∂2τ(x)∂2x
+∂2τ(x)∂2z
)= 0. (2.28)
A partir da EDP, nao linear e nao-homogenea (2.27) e, geralmente, obtido um
sistema nao linear de equacoes diferenciais ordinarias (EDO) de primeira ordem
atraves do metodo das caracterısticas (ZAUDERER, 1989). Este sistema e conhecido
como sistema de tracado de raios ou equacoes cinematicas do raio.
22
2.2.2 Obtencao do Tempo de Transito
Diversas abordagens de solucao da equacao iconal (2.27) tem sido propostas na
literatura, isto se deve ao fato da mesma surgir em varias areas de aplicacao, como
computacao grafica (BRUSS, 1982), processamento de imagens (SETHIAN, 1999a),
geociencias (RAWLINSON e SAMBRIDGE, 2005), remocao de ruıdos (MALLADI
e SETHIAN, 1996), etc.
Como ha um grande numero de estrategias numericas diferentes para resolver
a equacao iconal, existem varias formas de classificar as tecnicas necessarias para
resolve-la. Mas, basicamente, pode-se identificar tres abordagens: a primeira e
aquela ja tradicionalmente conhecida que resolve a iconal utilizando o metodo das ca-
racterısticas (BLEISTEIN, 1984; CERVENY, 1987; ZAUDERER, 1989), a segunda
e aproximando a iconal via o metodo das diferencas finitas (SCHNEIDER et al.,
1992; VIDALE, 1988, 1990) e a terceira e aquela baseada na expansao de frente de
ondas usando esquemas de diferencas finitas avancados (upwind) (SETHIAN, 1996;
SETHIAN e POPOVICI, 1999). Neste ultimo caso esta enquadrado o metodo de-
nominado por Multistencil Fast Marching Method (MSFM) desenvolvido por HAS-
SOUNA e FARAG (2007) que e uma melhoria do Fast Marching Method (FMM)
proposto inicialmente por SETHIAN (1996, 1999b).
Como neste trabalho a obtencao do tempo de transito utilizando a iconal sera
feita atraves do MSFM e este e baseado no FMM, faz-se na proxima secao uma
descricao de ambas as metodologias.
2.2.2.1 Fast Marching Method
O FMM tem como principais vantagens sobre os demais metodos o fato de ser
altamente eficiente e incondicionalmente estavel, uma vez que segue o princıpio da
causalidade de maneira sequencial, isto e, a solucao e atualizada ponto a ponto em
ordem crescente, como explicado abaixo. Como este metodo ainda tem algumas
deficiencias, modificacoes objetivando melhorar sua precisao (RAWLINSON e LIN,
2003) e aumentar sua eficiencia (YATZIV et al., 2006) tem sido propostas.
Seguindo os trabalhos de HASSOUNA e FARAG (2007); SETHIAN (1996,
1999a) o lado esquerdo da equacao (2.27) e escrito como:
max(D−xi, j τ,−D+x
i, j τ, 0)2 + max(D−zi, jτ,−D+z
i, jτ, 0)2 =1
C2i, j
, (2.29)
onde D−i, j e D+i, j representam os operadores de diferencas finitas atrasadas, (A.6), e
progressivas, (A.7), de primeira ordem aplicados no correspondente ponto (i, j) da
malha. Como D−i, j e D+i, j sao aproximados, normalmente, utilizando operadores de
23
primeira ordem, a equacao (2.29) pode ser reescrita como:
max(τi, j − τ1
∆x, 0
)2+ max
(τi, j − τ2
∆z, 0
)2=
1C2
i, j
, (2.30)
sendo
τ1 = min(τi−1, j, τi+1, j
), (2.31)
τ2 = min(τi, j−1, τi, j+1
). (2.32)
A solucao da equacao (2.30) e dada como segue:
1. τi, j > max(τ1, τ2), entao τi, j e a solucao de maximo da equacao quadratica
(τi, j − τ1
∆x
)2+
(τi, j − τ2
∆z
)2=
1C2
i, j
;
2. τ2 > τi, j > τ1, entao τi, j = τ1 + ∆xCi, j
;
3. τ1 > τi, j > τ2, entao τi, j = τ2 + ∆zCi, j
.
A ideia do FMM e gerar frentes de ondas de tal forma que o princıpio de Huygens
seja satisfeito em cada ponto da malha, isto e, as frentes de onda se propaguem
baseadas na relacao de causalidade, o qual implica em dizer que o tempo de transito
τi, j em qualquer ponto depende apenas dos pontos vizinhos que tem o menor valor
de tempo registrado.
Para compreender como a frente de onda se propaga ou, para ser mais claro,
como os tempos de transitos sao obtidos, considere a figura 2.4(a), onde a frente
de onda sera propagada a partir da origem (valor conhecido). A origem esta sendo
representada por um ponto na cor preta, enquanto que as posicoes na cor clara
representam os pontos cujo valores do tempo de transito sao desconhecidos. Ao
resolver a equacao (2.30) para os pontos vizinhos a origem, como mostrado na figura
2.4(b), obtem-se uma possıvel solucao para os mesmos nesta regiao, sendo estes
representados por um quadrado na cor cinza. Estes pontos sao inseridos numa zona
fina, conhecida como narrow band. Agora, a frente avanca sobre um dos quadrados,
como segue: seleciona-se o ponto que possui o menor tempo de transito, τ, do narrow
band, suponha que seja o ponto A conforme figura 2.4(c). Daı, aplica-se novamente
a equacao (2.30) para encontrar os possıveis valores dos pontos vizinhos a A, figura
2.4(d). E assim, segue esse mesmo processo para os demais pontos, como ilustram
as figuras 2.4(e) e 2.4(f) para o caso do ponto B.
Como durante a propagacao da frente de onda sao obtidos tempos de transito
com valor temporario (pontos de cor cinza), estes sao armazenados em uma estrutura
24
(a) Busca dos pontos mais proximo a ori-gem.
(b) Calculo do tempo de transito dospontos vizinhos.
(c) Localiza o ponto A com menor tempode transito.
(d) A partir do ponto fixo A e calculadoo tempo de transito dos pontos vizinhos.
(e) Localiza o ponto B com menor tempode transito.
(f) A partir do ponto fixo B e calculadoo tempo dos vizinhos.
Figura 2.4: Ilustracao esquematica do funcionamento do FMM.
25
de dados do tipo arvore binaria, chamada heap. A cada passo do algoritmo um ponto
com menor valor de tempo e removido e outros sao adicionados.
O FMM honra o princıpio de Huygens, ja que o algoritmo so deve avancar par-
tindo do ponto de menor tempo ao longo da frente de onda, garantindo que cada
ponto da frente se comporte como uma nova fonte (fonte secundaria). Esta estra-
tegia assegura que no FMM as frentes de onda que se propagam no meio sejam
causais, estabelecendo um esquema estavel incondicionalmente (VAZ, 2004).
Uma outra abordagem do FMM e utilizar operadores de diferencas finitas de
segunda ordem para D−i, j e D+i, j, isto e, (A.8) e (A.9), respectivamente . Neste caso o
metodo e chamado Higher Accuracy Fast Marching Method (HAFMM) (SETHIAN,
1999a). Neste caso, a equacao (2.30) e reescrita como:
max[3(τi, j − τ1)
2∆x, 0
]2
+ max[3(τi, j − τ2)
2∆z, 0
]2
=1
C2i, j
, (2.33)
onde
τ1 = min(4τi−1, j − τi−2, j
3,
4τi+1, j − τi+2, j
3
), (2.34)
τ2 = min(4τi, j−1 − τi, j−2
3,
4τi, j+1 − τi, j+2
3
). (2.35)
Cabe destacar que, a primeira aproximacao do FMM, baseada nos esquemas de
diferencas finitas de primeira ordem pode resultar em grandes erros nos tempos de
transito, principalmente nos dois seguintes itens:
1. quando ha uma grande curvatura das frentes de onda, o que ocorre geralmente
em torno da fonte (ALKHALIFAH e FOMEL, 2001);
2. quando as frentes da onda se propagam em direcao diagonal em relacao a
orientacao da malha.
De modo geral, isto e melhorado com a utilizacao do HAFMM, o qual permite
uma reducao da ordem do erro no calculo das derivadas envolvidas, mas implicando
em um inevitavel aumento do custo computacional.
Para minimizar o erro no primeiro item, ALKHALIFAH e FOMEL (2001) pro-
puseram o FMM em coordenadas esfericas (3D) e polares (2D). Segundo os autores,
a implementacao em coordenadas polares melhorou a precisao da solucao, pratica-
mente, sem nenhuma perda da eficiencia computacional. Quanto ao segundo item,
HASSOUNA e FARAG (2007) propuseram o MSFM, que obtem a solucao pela ico-
nal em cada ponto da malha usando dois estencis e entao seleciona a solucao que
satisfaz a condicao de upwind, como explicado abaixo.
26
2.2.2.2 Multistencils Fast Marching Method 2D
De acordo com HASSOUNA e FARAG (2007), dois procedimentos sao possıveis
para minimizar o erro cometido na direcao diagonal. O primeiro consiste em usar
apenas um estencil centrado em x e alinhado com o sistema de coordenadas naturais.
Este sistema de coordenadas e, entao, rotacionado de tal forma a interceptar os
pontos das diagonais. Assim, a equacao iconal e resolvida ao longo do sistema xy
e ao longo do sistema xy. Logo, duas solucoes sao encontradas para o tempo de
transito em x, sendo que aquela que satisfaz a relacao de causalidade do FMM e
selecionada.
Esse procedimento esta limitado a malhas uniformes, onde o espacamento na
direcao x e igual aquele na direcao z (∆x = ∆z).
O segundo procedimento e mais geral, pois usa dois estencis centrados em x
e inclui todos os pontos vizinhos das direcoes horizontais e verticais mais aqueles
das diagonais. Dessa forma, os gradientes nas diagonais sao aproximados usando
derivadas direcionais.
Para descrever o procedimento, considere o estencil S 1, que cobre os pontos na
direcao do sistema de coordenadas naturais, e S 2, que cobre os pontos nas direcoes
diagonais, os quais interceptam os pontos da malha p1, p2, q1 e q2, conforme ilustrado
na figura 2.5. Seja os vetores unitarios −→r 1 = [r11, r12]T e −→r 2 = [r21, r22]T ao longo dos
segmentos de reta p2 p1 e q2q1, respectivamente, e τ1 e τ2 as derivadas direcionais ao
longo de −→r 1 e −→r 2, respectivamente, que podem ser escritas como:
(a) Estencil S 1. (b) Estencil S 2.
Figura 2.5: Ilustracao dos pontos envolvidos nos estencis S 1 e S 2 para um pontocentral x.
τ1 = −→r 1 · ∇τ(x) = r11τx + r12τz, (2.36)
τ2 = −→r 2 · ∇τ(x) = r21τx + r22τz, (2.37)
27
esta duas expressoes podem ser reescrita em forma matricial, entao: τ1
τ2
=
r11 r12
r21 r22
τx
τz
. (2.38)
Assim, tem-se que:
τ = R∇τ(x) → ∇τ(x) = R−1τ,
aplicando a operacao de transposicao em ambos lados na ultima expressao:
[∇τ(x)]T = (R−1τ)T → [∇τ(x)]T = τT R−T .
Uma vez que
|∇τ(x)|2 = [∇τ(x)]T∇τ(x),
entao
|∇τ(x)|2 = τT R−T R−1τ = τT (RRT )−1τ =1
C2(x). (2.39)
Se Θ e o angulo entre os vetores direcionais, entao RRT e dado como: ||−→r 1||2 −→r 1·
−→r 2−→r 1·−→r 2 ||
−→r 2||2
=
1 cos(Θ)cos(Θ) 1
(2.40)
e
(RRT )−1 =−1
sen2(Θ)
−1 cos(Θ)cos(Θ) −1
. (2.41)
Substituindo (2.41) em (2.39), chega-se a uma expressao fechada que relaciona
as derivadas direcionais do tempo de transito ao longo de um estencil arbitrario que
e obtida como segue:
τ21 − 2τ1τ2cos(Θ) + τ2
2 =sen2(Θ)
C2i, j
, (2.42)
A aproximacao de primeira ordem para a derivada direcional τv que obedece a
28
solucao da equacao (2.29) e expressa como:
τv = max(τi, j − τv
||xi, j − xv||, 0
), v = 1, 2, (2.43)
onde τi, j, τ1 e τ2 estao dados em (2.31) e (2.32) e xv e um ponto da malha conhecido
em que τv e mınimo.
Por outro lado, a aproximacao de segunda ordem que tambem obedece (2.29) e
expressa como sendo:
τv = max(
3(τi, j − τv)2‖xi, j − xv‖
, 0), v = 1, 2, (2.44)
onde τ1 e τ2 estao dados em (2.34) e (2.35) e assim como mencionado anteriormente,
xv e um ponto da malha conhecido em que τv e mınimo.
De acordo com HASSOUNA e FARAG (2007), para facilitar a compreensao,
toma-se uma malha uniformemente distribuıda, isto e, ∆x = ∆z = h que implica
Θ = π2 . Neste caso, a solucao na direcao do sistema de coordenadas naturais pode
ser obtida utilizando as aproximacoes de primeira ordem, dadas em (2.30), ou de
segunda, dadas em (2.33). Por outro lado, para as direcoes diagonais, tem-se as
expressoes (2.45) e (2.46) para os esquemas de primeira e segunda ordem, respecti-
vamente.
max(τi, j − τ1√
2h, 0
)2
+ max(τi, j − τ2√
2h, 0
)2
=1
C2i, j
, (2.45)
max[
3(τi, j − τ1)
2√
∆x2 + ∆z2, 0
]2
+ max[
3(τi, j − τ2)
2√
∆x2 + ∆z2, 0
]2
=1
C2i, j
. (2.46)
Para ambos os estencis, se τi, j > max (τ1, τ2), entao as expressoes (2.30), (2.33),
(2.45) e (2.46) podem ser reduzidas a uma equacao do segundo grau na forma:
g(h)[(τi, j − τ1
)2+
(τi, j − τ2
)2]
=1
C2i, j
, (2.47)
onde g esta dado na tabela 2.1.
Tabela 2.1: Valores da funcao g = g(h) dependente do tipo de orientacao e esquemanumerico utilizado.
Estencil Primeira ordem Segunda ordemS 1 g = 1/h2 g = 9/4h2
S 2 g = 1/2h2 g = 9/8h2
A condicao upwind para o caso mais geral (para detalhes sobre a deducao desta
29
condicao, ver HASSOUNA e FARAG (2007)), e dada por:
|τ1 − τ2| ≤g(∆x,∆z)sen(Θ)
Ci, j. (2.48)
Neste caso, o valor de g = g(∆x,∆z) para ambos os estencis e apresentado na
tabela 2.2.
Tabela 2.2: Coeficientes de condicao upwind para ambos os estencis S 1 e S 2.
Estencil Primeira ordem Segunda ordemS 1 g = min(∆x,∆z) g = 2 min(∆x,∆z)S 2 g =
√∆x2 + ∆z2 g = 2
√∆x2 + ∆z2
2.3 Suavizacao do Campo de Vagarosidade
E altamente desejavel que a matriz de tempo de transito seja o mais suave pos-
sıvel, isto e, apresente um reduzido numero de descontinuidades para melhorar o
calculo dos gradientes associados. Sabe-se que, estas descontinuidades sao causadas
durante a propagacao do campo de ondas pelas diversas reflexoes e reverberacoes
provenientes principalmente na presenca de altos contrastes de impedancia entre as
interfaces que podem interagir construtivamente nos valores das amplitudes (BUL-
CAO, 2004). Como observado nos algoritmos mostrados na secao 2.1.3, um efeito
construtivo nas amplitudes significa que a matriz de tempo, MTT , podera regis-
trar tempos que nao o da onda direta, isto e, tempos maiores do que deveria ser
registrado.
Dentro deste contexto, um procedimento que pode ser empregado para minimizar
as reflexoes decorrentes da propagacao do campo de ondas, visando melhorar os
resultados associados a obtencao da matriz de tempo de transito atraves da reducao
das descontinuidades presentes na mesma, e a suavizacao do modelo de velocidades,
para diminuir os contrastes de impedancia acustica ao longo do modelo.
A suavizacao e feita utilizando o campo de vagarosidade (inverso da velocidade),
conforme mostra a expressao (2.49), de modo a garantir que o tempo de transito
necessario para se alcancar um determinado ponto da malha nao seja alterado sig-
nificativamente (LOEWENTHAL et al., 1987).
MVi, j =1
2 ∗ nps + 1
nps∑k=−nps
1Ci+k, j
, (2.49)
onde MVi, j e a media movel atribuıda a cada no (i, j) da malha considerando nps
pontos em uma dada direcao i e/ou direcao j, sendo Ci, j a velocidade em cada no
30
(i, j).A fim de mostrar o efeito do processo de suavizacao sobre o modelo de velocida-
des, o conjunto de figuras 2.6 ilustram a reducao do contraste de impedancia entre
as camadas quando aplicado uma suavizacao com nps = 10 pontos tanto na direcao
i quanto na direcao j. Ressalta-se que, embora o processo de suavizacao seja crucial
para a reducao do contrate de impedancia, o valor de nps adotado nao deve ser alto
a tal ponto que influencie significativamente na direcao de propagacao da onda.
(a) Modelo sem suavizacao. (b) Perfil de velocidades do modelo ao lado.
(c) Modelo com suavizacao. (d) Perfil de velocidades do modelo ao lado.
Figura 2.6: Ilustracao do efeito produzido pelo processo de suavizacao com nps = 10pontos por direcao no macro-modelo de velocidades.
31
Capıtulo 3
Obtencao de Angulos de
Incidencia Utilizando MTT
Durante anos a tecnica de AVO tem sido utilizada com ou sem sucesso, normal-
mente como um caracterizador da litologia, mas em muitos casos como um indicador
da existencia de hidrocarbonetos (VASQUEZ, 1999). A caracterizacao da subsuper-
fıcie atraves dos estudos de AVO pode ser crucial na fase do processamento sısmico
para evidenciar melhor a existencia de hidrocarbonetos. Sendo que, o seu grande
exito e devido ao fato de ser aplicado em meios com baixa ou sem nenhuma varia-
cao lateral de impedancia onde usar AVO ou AVA nao faz muita diferenca (SILVA,
2009), daı o porque da amplitude refletida ser medida em funcao do afastamento
e nao do angulo de incidencia/reflexao. No entanto, a analise de AVO e originaria
dos estudos de AVA (YILMAZ, 2001), como pode ser observado nas equacoes de Zo-
eppritz (Zoeppritz (1919) apud CASTAGNA e BACKUS (1993)) onde a amplitude
refletida e funcao do angulo e dos parametros do meio (PAUL, 2004).
Cada vez mais os refletores de interesse estao localizados em altas profundidades
e imersos em meios com grande grau de complexidade, como aqueles envolvendo
flancos salinos, expressivas variacoes laterais de velocidade e mergulhos bastante
acentuados, requerendo que o estudo das curvas de refletividades sejam feitas atraves
da tecnica de AVA, uma vez que a caracterıstica mais importante do processo de
reflexao e sua dependencia com o angulo, ou seja, a quantidade de energia que e
refletida em uma interface depende do angulo de incidencia do campo de ondas com
relacao a normal do refletor (SILVA, 2009).
A partir deste contexto, desenvolve-se neste trabalho uma metodologia de extra-
cao de angulos de incidencia/reflexao que consiste na utilizacao da matriz de tempo
de transito (MTT) e do macro-modelo de velocidades. Basicamente, a ideia e fazer
a aplicacao do operador gradiente na MTT para extrair o angulo entre o campo
incidente e a componente vertical do mesmo e, de igual modo, repete-se o mesmo
procedimento para o macro-modelo de velocidades, onde e obtido o angulo formado
32
pela reta normal ao refletor e a componente vertical do gradiente. A partir daı,
faz-se a composicao destes dois angulos de tal modo a obter o angulo incidente em
cada ponto ao longo da superfıcie refletora.
Neste capıtulo, serao apresentados a metodologia desenvolvida para obter os
angulos de incidencia e os metodos utilizados para calcular as derivadas numerica-
mente. Mas, primeiramente, faz-se uma descricao sobre frente de onda e como ocorre
o fenomeno de particao de energia quando esta incide sobre um refletor contendo
diferentes propriedades acusticas. No final do capıtulo e mostrado uma outra abor-
dagem desenvolvida neste trabalho para obter os angulos, correspondentes aqueles
oriundos da matriz de tempo de transito, aplicando o operador de diferencas finitas
de quarta ordem durante a propagacao do campo de ondas.
3.1 Conceitos Preliminares
3.1.1 Frente de Onda
A frente de onda e dada pelas curvas de nıvel da variavel tempo, isto e, t =
τ(x) = constante. Matematicamente, as curvas de nıvel descrevem curvas no plano,
e superfıcies no espaco, ao longo das quais uma funcao assume valores constantes.
As curvas de nıvel sao bastante utilizadas em mapas meteorologicos para fazer a
representacao de pontos de mesma temperatura, chamadas isotermas ou da mesma
pressao, chamadas isobaricas. Outro tipo comum de curvas de nıvel sao aquelas
utilizadas com frequencia para representar mapas topograficos, onde as curvas de
nıvel representam colecoes de pontos de mesma altura (LARSON et al., 1998). Daı,
fica caracterizado que as frentes de onda descritas pelo tempo sao curvas de nıvel
no espaco bidimensional e superfıcies no tridimensional (POPOV, 2002).
(a) Isocronas correspondentes a propa-gacao ao lado.
(b) Propagacao de campo de ondasem diferentes instantes de tempo.
Figura 3.1: Frentes de onda definidas pelas isocronas associadas a amplitude maximacorrespondente a propagacao do campo de ondas.
Sendo assim, as curvas de nıvel que representam pontos que possuem o mesmo
33
tempo sao chamadas isocronas. Conforme ilustrado na figura 3.1, durante o processo
de propagacao, para o caso deste trabalho, as isocronas estarao sempre associadas
aos registros da amplitude maxima ou da amplitude maxima nas proximidades da
primeira quebra do sinal da fonte sısmica que passa por cada ponto da malha.
3.1.2 Operador Gradiente
O operador gradiente e o elemento chave da metodologia proposta neste trabalho,
pois e atraves da aplicacao deste operador sobre o macro modelo de velocidades e so-
bre a matriz de tempo de transito que serao obtidos os angulos auxiliares necessarios
para compor o angulo de incidencia/reflexao em profundidade.
A aplicacao do operador gradiente sobre uma funcao G(x, z) no ponto (x, z), de-
notado por−→∇G(x, z), e definido como:
−→∇G(x, z) = (Gx,Gz) =
(∂G(x, z)∂x
,∂G(x, z)∂z
), (3.1)
e sua magnitude∣∣∣−→∇G(x, z)
∣∣∣ dada por:
∣∣∣−→∇G(x, z)∣∣∣ =
√G2
x + G2z . (3.2)
Figura 3.2: Orientacao da forma como e obtido o angulo θ.
Utilizando a equacao (3.1), pode-se entao calcular o angulo associado a direcao
do gradiente com a componente horizontal ou vertical. Conforme ilustrado na figura
(3.2), o angulo sera obtido em relacao a componente vertical pela seguinte expressao:
θ(x, z) = tan−1(Gx
Gz
). (3.3)
34
Ressalta-se que o calculo numerico das derivadas na expressao (3.1) esta direta-
mente relacionado com a precisao do angulo obtido, sendo extremamente desejavel,
portanto, utilizar aproximacoes adequadas nestes calculos.
3.1.3 Reflexao e Refracao das Ondas Acusticas
Considere a figura 3.3 onde um raio de propagacao1 de uma onda compressional
incide obliquamente sobre um refletor plano horizontal. Pelo princıpio de Huygens,
havera o fenomeno de particao de energia (amplitudes) devido a diferenca de pro-
priedades acusticas (velocidade entre os meios - C1 e C2) levando ao surgimento de
um raio de onda refletido e um transmitido. No meio acustico os raios incidente, re-
fletido e transmitido sao sempre perpendiculares as suas respectivas frentes de onda
(CERVENY, 1987; POPOV, 2002).
Associado a cada raio de propagacao, ha naturalmente o surgimento dos angulos
definidos entre os raios de propagacao e a normal ao refletor, sendo que o angulo de
incidencia e igual ao angulo de reflexao.
Figura 3.3: Raio incidente gerando um raio refletido e transmitido no meio acustico.
Como sera mostrado na secao 4.1.1, os angulos γ e φ podem ser relacionados
atraves da Lei de Snell a qual estabelece que os senos dos angulos de incidencia e
transmissao sao diretamente proporcionais as velocidades da onda nos respectivos
meios, ou seja:
C2sen(γ) = C1sen(φ), (3.4)
ou, reescrevendo na forma tradicional:
sen(γ)C1
=sen(φ)
C2= %, (3.5)
1Linha imaginaria na direcao de propagacao da onda.
35
onde % e conhecido como parametro do raio.
A partir da Lei de Snell e possıvel descrever o surgimento das head waves que
ocorrem a partir do angulo crıtico quando toda a energia incidente passar a ser
refletida. As head waves surgem para equilibrar o campo de pressoes em angulos
maiores que o crıtico, onde as frentes de onda abaixo e acima do refletor se separam
causando uma descontinuidade, conforme ilustra figura 3.4. Isto ocorre so se C1 < C2
e, naturalmente, para φ = 90 ◦. Nesta situacao a equacao (3.5) e escrita na forma
da expressao (3.6), onde γc e o angulo crıtico.
C1
C2= sen(γc). (3.6)
Figura 3.4: Ilustracao do surgimento das head waves.
Uma forma de medir o quanto de energia e refletido e transmitido quando o raio
de propagacao incide sobre um certo ponto do refletor e atraves dos coeficientes de
reflexao e transmissao. O coeficiente de reflexao e dado por:
Rr(x, z, γ) =κcos(γ) −
[1 − κ2sen2(γ)
]1/2
κcos(γ) +[1 − κ2sen2(γ)
]1/2 , (3.7)
e o de transmissao
Rt(x, z, γ) = 1 + Rr(x, z, γ) =2κcos(γ)
κcos(γ) +[1 − κ2sen2(γ)
]1/2 , (3.8)
onde κ = C2C1
.
Na teoria dos raios, os coeficientes de reflexao e transmissao governam as ampli-
tudes do raio quando este se reflete ou se transmite atraves de uma interface suave.
36
Isto ocorre porque na vizinhanca da interface, esta se comporta como plano tangente
e a frente de onda do raio incidente e aproximada como uma frente de onda plana
(VASQUEZ, 1999).
3.2 Metodologia Proposta para Obtencao de An-
gulo de Incidencia
A metodologia proposta baseia-se em obter angulos auxiliares a partir da MTT e
do modelo de velocidades para compor o angulo final de incidencia em profundidade,
conforme explicado a seguir.
3.2.1 Angulo da MTT
Novamente, considere um vetor de propagacao ou raio de propagacao para uma
dada isocrona. Uma vez que a direcao de propagacao e perpendicular as isocronas,
o vetor gradiente tambem cumpre o mesmo papel, ou seja, fornece a direcao de
propagacao. Sendo assim, pode-se obter o angulo entre a direcao do raio de pro-
pagacao e a componente vertical do vetor gradiente (eixo z do modelo) usando as
componentes do gradiente obtido a partir das isocronas, conforme figura a 3.5. Este
e o primeiro angulo auxiliar necessario para obter o angulo de incidencia/reflexao, o
qual e chamado aqui de angulo α.
Figura 3.5: Raio de propagacao dado pela direcao do vetor gradiente e isocronasrepresentando as frentes de onda.
3.2.2 Angulo do Modelo de Velocidades
Em se tratando do modelo, considere um refletor plano em situacao inclinada,
conforme figura 3.6. Da mesma forma que descrito anteriormente, pode-se obter o
37
angulo entre a direcao do vetor gradiente e a vertical quando o operador gradiente e
aplicado sobre o macro-modelo de velocidades, ja que este vetor e paralelo a direcao
normal do refletor. Portanto, a aplicacao do operador gradiente fornece o segundo
angulo auxiliar dado como sendo entre a reta normal ao refletor e a componente
vertical do vetor gradiente, o qual e chamado de angulo β.
Figura 3.6: Vetor gradiente e suas componentes em um certo ponto do refletor.
3.2.3 Composicao do Angulo de Incidencia/Reflexao
Para fazer a composicao do angulo de incidencia, vai-se sintetizar as duas con-
sideracoes feitas nas duas secoes anteriores. Para tanto, considere a figura 3.7 que
ilustra os angulos α, sendo formado entre o raio incidente e a reta vertical, e β, o an-
gulo entre a reta normal ao refletor e a reta vertical. Ambos os angulos sao oriundos
da aplicacao das equacoes (3.1), (3.2) e (3.3), sendo que, como ja visto, o primeiro
vem da matriz de tempo de transito e o segundo do macro-modelo de velocidades.
Como resultado final, faz-se a aplicacao da equacao (3.9) para obter o angulo γ de
incidencia/reflexao em cada ponto da malha.
γ =∣∣∣α − β∣∣∣ (3.9)
Os demais casos em que sao consideradas as diversas formas que um raio pode
incidir sobre o refletor, assim como as posicoes que este se encontra em subsuperfı-
cie (inclinado, vertical e horizontal) nao foram mostrados por se tratar de simples
situacoes semelhantes ao caso mostrado aqui.
38
(a) Raio de propagacao incidindo pelo ladodireito em relacao a normal.
(b) Raio de propagacao incidindo pelo ladoesquerdo em relacao a normal.
Figura 3.7: Exemplo de um raio de propagacao incidindo sobre um refletor inclinadoonde as componentes do vetor gradiente da matriz de tempo de transito sao positivos.
3.3 Metodos Numericos para Calculo de Gradi-
entes
A principal dificuldade da aplicacao da metodologia desenvolvida e, numerica-
mente, a obtencao das derivadas que compoem o vetor gradiente. Isto porque tanto
a matriz de tempo de transito quanto o macro-modelo de velocidades possuırem
fortes descontinuidades e a operacao de derivacao leva em conta a influencia local
das propriedades sendo bastante sensıvel a pequenas alteracoes.
Para diminuir as fortes descontinuidades e aplicar os procedimentos de obtencao
de derivadas explicados nas secoes seguintes, faz-se uso do procedimento de suavi-
zacao mostrado na secao 2.3, pois este reduz as reflexoes advindas da propagacao
do campo de ondas durante a obtencao da matriz de tempo de transito. Sendo as-
sim, para a matriz de tempo, menos descontinuidades significa menos contraste de
impedancia acustica por parte do modelo que a gerou, assim como reducao da forte
descontinuidade deste, como mostrado na figura 2.6.
Serao abordados, tres procedimentos de obtencao das derivadas, a saber: os
tradicionais operadores de diferencas finitas (FORTUNA, 2000; STRIKWERDA,
2004); as funcoes de base radial (RBFs - Radial Basis Functions) (BUHMANN, 2003;
LIU, 2002) e splines cubicas locais conhecidas como polinomio de Akima (AKIMA,
1974a,b, 1996), os quais serao mostrados nas proximas secoes.
Uma outra abordagem desenvolvida neste trabalho foi a extracao do gradiente,
atraves do operador de diferencas finitas de quarta ordem, durante a propagacao do
campo de ondas, isto e, diretamente do campo de pressao, como sera visto na secao
3.3.4.
39
3.3.1 Gradiente Via Operadores de Diferencas Finitas
No apendice A, encontra-se o desenvolvimento de como sao obtidos os principais
operadores de diferencas finitas utilizados ao longo deste trabalho, assim como o
operador de derivada primeira de quarta ordem utilizado na obtencao das derivadas
numericas.
3.3.2 Gradiente Via Funcoes de Base Radial
As funcoes de base radial sao muito conhecidas no contexto das redes neurais
artificiais (RNAs) (BISHOP, 1996) e mais recentemente vem sendo usadas nas apli-
cacoes que necessitam resolver EDPs, impondo-se como uma boa alternativa ao
metodo dos elementos finitos (MEF), por exemplo, ja que nao ha a necessidade do
processo de geracao de malha (LIU, 2002).
Embora o metodo das RBFs para aproximacao de funcoes seja hoje uma das
tecnicas mais usadas para aproximar dados dispersos (BUHMANN, 2003), o seu
uso neste trabalho se deu devido a facilidade de implementacao e facil controle dos
pontos de influencia que corroboram para encontrar o valor de um certo ponto em
questao, como sera visto a seguir.
Para facilitar a exposicao da obtencao das derivadas utilizando as RBFs, con-
sidere um conjunto de dados arbitrarios e distintos a serem interpolados, isto e,
{(x1, u1), (x2, u2),...,(xi, ui),...,(xN , uN)}, onde ui e o valor da funcao u amostrada no
ponto xi ∈ R2 e N corresponde ao numero total de pontos da malha. Deseja-se
encontrar uma funcao de interpolacao ui = u(xi) = u(xi) da forma:
ui =
N∑j=1
σ jψi j (3.10)
e, posteriormente, suas derivadas parciais:
∂ui
∂x=
N∑j=1
σ j∂ψi j
∂x, (3.11)
∂ui
∂z=
N∑j=1
σ j∂ψi j
∂z, (3.12)
sendo σ j os pesos da funcao de interpolacao a serem determinados, ψi j = ψ(ri j) uma
funcao de base radial, ou seja, uma funcao radial com respeito a distancia euclidiana
em torno do ponto xi (centro), onde ri j e dado por:
ri j =
√(xi − x j)2 + (zi − z j)2. (3.13)
40
Pertencente a uma classe especial de funcoes, a RBF ψ = ψ(r) esta associada a
uma funcao unidimensional cujos valores, em geral, crescem ou decrescem monoto-
nicamente em relacao a distancia r.
Para possibilitar a determinacao dos pesos σ j em (3.10), MICCHELLI (1986)
mostrou a existencia de uma gama de funcoes adequadas para interpolacao que ge-
ram um sistema linear de equacoes consistente e determinado. A tabela 3.1 mostra
as tradicionais funcoes utilizadas como RBFs (BUHMANN, 2003; LIU, 2002; SCHA-
BACK, 2000). Algumas delas possuem parametros livres chamados de parametros
de forma os quais controlam a forma da RBF, como pode ser visto na figura 3.8.
Estes parametros, portanto, precisam ser ajustados para se conseguir uma melhor
performace (LIU, 2002), como e o caso do parametro ζ que controla o raio de in-
fluencia de cada funcao e que pode alterar significativamente a qualidade da solucao.
Tabela 3.1: RBFs tradicionais.Nome RBF Parametro de forma
Multiquadrica ψ(r) = (r2 + ζ)q ζ, qGaussiana ψ(r) = e−ζr ζ
Logarıtmica ψ(r) = rζlog r ζ
Quando q = ±1/2 a funcao multiquadrica e classicamente conhecida como mul-
tiquadrica de HARDY (1971). Destaca-se que, neste trabalho foi utilizada a funcao
multiquadrica tomando o caso particular quando q = −1/2, a qual e chamada de
multiquadrica inversa. Dessa forma, para uma malha com dimensao total de N pon-
tos, e gerada uma matriz de interpolacao densa da ordem de N2 que apresenta um
custo computacional proibitivo para os problemas a serem analisados. Entao, para
contornar este problema, ao inves de fazer uma interpolacao global com um custo
computacional elevado, adotou-se por usar sub-regioes com tamanho N = 19x19pontos e obter as derivadas parciais apenas no ponto central destas.
Embora existam alguns procedimentos sugeridos na escolha do parametro de
forma ζ a ser usado na funcao multiquadrica (FASSHAUER, 2002; FRANKE, 1982;
HARDY, 1971; KANSA, 1990; RIPPA, 1999), adotou-se um esquema semelhante ao
leave-one-out cross validation cuja ideia e selecionar o parametro atraves da mini-
mizacao de uma funcao custo que coleciona erros para uma sequencia de previsoes
parciais dos dados (LIMA, 2009). Da serie de testes realizados, observou-se que
ζ = 10−4 gera os melhores resultados.
3.3.3 Gradiente Via Spline Cubica Local
A fim de evitar resolver um sistema linear de ordem elevada, diminuir a com-
plexidade e o tempo computacional para fazer a interpolacao de um conjunto de
41
(a) Multiquadrica (q = 1/2). (b) Multiquadrica inversa (q = −1/2).
(c) Gaussiana. (d) Logarıtmica.
Figura 3.8: RBFs tradicionais.
dados, AKIMA (1970) apresentou um novo conceito de interpolacao, inicialmente,
unidimensional, mais tarde estendido para o caso bidimensional aplicado em malhas
retangulares (AKIMA, 1974a,b) e triangulares (AKIMA, 1978a,b).
O grande diferencial do metodo de interpolacao desenvolvido pelo autor e que,
ao inves de ser aplicado no conjunto de dados como um todo, e aplicado localmente
utilizando um polinomio de terceiro grau. Essa caracterıstica o torna muito diferente
da spline cubica tradicional a qual e aplicada em todo conjunto de dados gerando
um sistema linear de ordem elevada. Por ser baseado em um polinomio cubico, a
interpolacao usando o polinomio de Akima costuma ser chamada de spline de Akima
constituindo-se numa classe de spline.
Com o proposito de fazer a explicacao do procedimento de extracao das derivadas
pelo polinomio de Akima, considere o mesmo conjunto de dados definidos na secao
3.3.2 a serem interpolados. O metodo e baseado em uma funcao contınua por partes
composta por um conjunto de polinomios bicubicos ui j da forma (AKIMA, 1974a,b):
ui j =
3∑a=0
3∑b=0
wab(x − xi)a(z − z j)b, (3.14)
42
onde wab sao os pesos do polinomio.
Cada polinomio bicubico e aplicado em uma celula retangular, (x, z) ∈
[xi, xi+1]x[z j, z j+1], sendo determinado atraves dos valores dos dados, ui, j, e pelos
valores das derivadas parciais (3.15), (3.16) e (3.17) nos quatro cantos da celula, isto
e, nos pontos (i, j), (i, j + 1), (i + 1, j + 1) e (i + 1, j) mostrados na figura 3.9.
∂ui j
∂x=
3∑a=0
3∑b=0
awab(x − xi)a−1(z − z j)b, (3.15)
∂ui j
∂z=
3∑a=0
3∑b=0
bwab(x − xi)a(z − z j)b−1, (3.16)
∂2ui j
∂x∂z=
3∑a=0
3∑b=0
abwab(x − xi)a−1(z − z j)b−1. (3.17)
Figura 3.9: Malha e celula computacional mostrando os pontos que determinam opolinomio bicubico.
Como evidenciado, a interpolacao pelo metodo Akima requer que sejam determi-
nadas as derivadas parciais para, posteriormente, poder resolver um sistema linear
localmente. A forma como sao calculadas as derivadas parciais e que torna este
metodo unico. Como neste trabalho se utiliza apenas as derivadas parciais (3.15)
e (3.16), faz-se abaixo a descricao de como as mesmas sao calculadas. Esta descri-
cao sera feita seguindo os trabalhos de AKIMA (1991) para o caso bidimensional
e AKIMA (1996) para o caso unidimensional, nos quais Akima apresenta um novo
procedimento para obter as derivadas.
Como se trata apenas das derivadas nas direcoes do sistema de coordenadas
cartesianas, toma-se, como exemplo, para descrever o procedimento apenas a direcao
do eixo x, como consta em AKIMA (1991). Sendo assim, a equacao (3.14) e reescrita
como:
u =
3∑a=0
wa(x − xi)a. (3.18)
43
Usando os valores dos dados correspondentes ao pontos i e i + 1, Akima deter-
minou que os coeficientes do polinomio cubico sao dados por:
w0 = ui
w1 = u′
i,
w2 =3mi − 2u
′
i − u′
i+1
xi+1 − xi,
w3 =u′
i + u′
i+1 − 2mi
xi+1 − xi,
onde mi e a inclinacao do segmento de reta que liga os pontos i e i + 1, ou seja:
mi =ui+1 − ui
xi+1 − xi.
A derivada, u′
i, e encontrada atraves da expressao:
u′
i =
∑4k=1 ρky
′
k∑4k=1 ρk
. (3.19)
onde y′
k e a derivada calculada em i por um polinomio de terceiro grau passando
pelo ponto i e outros tres pontos vizinhos (figura 3.9):
y′
1 = F(i, i − 3, i − 2, i − 1), (3.20)
y′
2 = F(i, i − 2, i − 1, i + 1), (3.21)
y′
3 = F(i, i − 1, i + 1, i + 2), (3.22)
y′
4 = F(i, i + 1, i + 2, i + 3), (3.23)
sendo F um polinomio de grau tres aplicado nos respectivos pontos acima utilizado
na determinacao de y′
k.
Para os pontos i, i + 1, i + 2 e i + 3, por exemplo, o polinomio e dado por:
F(i, i + 1, i + 2, i + 3) =`1 + `2 + `3
4, (3.24)
onde
44
`1 = (ui+1 − ui)(xi+2 − xi)2(xi+3 − xi)2xi+3xi+2,
`2 = (ui+2 − ui)(xi+3 − xi)2(xi+1 − xi)2(xi+1 − xi+3),
`3 = (ui+3 − ui)(xi+1 − xi)2(xi+2 − xi)2(xi+2 − xi+1),
4 = (xi+1 − xi)(xi+2 − xi)(xi+3 − xi)(xi+2 − xi+1)(xi+3 − xi+2)(xi+3 − xi+1).
Os pesos, ρk, sao inversamente proporcionais ao produto do que Akima chamou
de fator de volatilidade (volatility) e fator distancia:
ρk =1
εk$k. (3.25)
O fator distancia, $k, e a soma dos quadrados da distancia do ponto i aos outros
tres pontos vizinhos e o fator de volatilidade, εk, e a soma dos quadrados dos desvios
obtidos via regressao linear nesses mesmos pontos (o mesmo conjunto de pontos
mostrados nas equacoes (3.20) a (3.23)).
Neste trabalho, utilizou-se a sub-rotina RGPD3P (AKIMA, 1996) adaptada para
obter apenas as duas derivadas parciais, sendo que a mesma se encontra disponıvel
no repositorio Netlib2.
3.3.4 Gradiente Via Propagacao do Campo de Ondas
Neste trabalho, desenvolveu-se um procedimento alternativo para obtencao do
gradiente e, consequentemente, dos angulos auxiliares correspondentes aqueles oriun-
dos da matriz de tempo de transito. A ideia deste esquema e utilizar os mesmos
algoritmos usados para obter os tempos de transito (ver secao 2.1.3), isto e, usar as
condicoes que possibilitam registrar os tempos como condicao auxiliar para obter as
derivadas parciais do campo de pressao durante a propagacao do campo de ondas
em cada ponto da malha.
Partindo do Algoritmo 01, por exemplo, tem-se o Algoritmo 03, onde observa-se
que o procedimento requer que seja determinado o ponto de maxima amplitude,
Preg(i, j). Tao logo registrada tal amplitude em um certo ponto (i, j), da-se inıcio ao
processo do calculo das derivadas do campo de pressao, DPXatual e DPZatual, aplicado
sobre a parte restante da onda que passara naquele ponto. Isto e possibilitado gracas
a variavel T janela(i, j) que, ao inves de armazenar o tempo da amplitude maxima,
armazena o tempo que falta para todo restante do campo passar atraves do ponto
em questao, ou seja, a partir do campo de pressao maximo registrado, abre-se uma
janela de tempo para cada ponto da malha.
2http://netlib.sandia.gov/toms/index.html
45
Algoritmo 03
1 se (|P(i, j, n)| > |Preg(i, j)|) entao
2 Preg(i, j)← |P(i, j, n)|3 T janela(i, j)← n ∗ ∆t + t f
4 fim se
5 se (T janela(i, j) > n ∗ ∆t) entao
6 DPXatual ←∂P(i, j)∂x
7 DPZatual ←∂P(i, j)∂z
8 GRADatual ← (DPXatual)2 + (DPZatual)2
9 GRADreg ← (DPXreg(i, j))2 + (DPZreg(i, j))2
10 se (GRADatual > GRADreg) entao
11 DPXreg ← DPXatual
12 DPZreg ← DPZatual
13 fim se
14 fim se
fim
onde:
T janela(i, j) e uma matriz que contem os valores da janela de tempo criada
para cada ponto a partir do instante de tempo em que e registrada a amplitude
maior do que a anterior ate alcancar a maxima armazenada, Preg(i, j);
DPXatual e DPZatual sao os valores das derivadas parciais nas direcoes x e z do
campo de pressao no instante de tempo atual obtidos atraves dos operado-
res de diferencas finitas de quarta ordem, (A.13), assim como DPXreg(i, j) e
DPZreg(i, j) que contem as derivadas ja registradas;
GRADatual e GRADreg armazenam a soma dos quadrados das derivadas parciais,
respectivamente, no instante de tempo atual e naquele ja registrado.
Dentro da janela de tempo criada, varios valores para as derivadas parciais sao
calculados, selecionando-se as derivadas cuja soma dos quadrados seja maior do que
aquela ja registrada anteriormente (linha 10). Apos o campo de ondas percorrer todo
o modelo de velocidades, calcula-se os angulos auxiliares correspondentes aqueles
obtidos pela matriz de tempo de transito, conforme descrito na secao 3.2.
De forma opcional, no procedimento descrito anteriormente, tambem pode-se
obter a matriz de tempo, MTT . Nos exemplos mostrados no capıtulo 5 isso sera
realizado para efeito de comparacao.
Nota-se que obter o gradiente do campo de pressao no decorrer da propagacao do
campo de ondas com a metodologia descrita implica em um aumento consideravel
46
de tempo de processamento, assim como em um aumento da quantidade de memoria
utilizada. Estes sao fatores que, computacionalmente, podem tornar este procedi-
mento menos atraente, haja vista que a dimensao dos macro-modelos de velocidades
utilizados nas modelagens sısmicas terem dimensoes, geralmente, elevadas.
47
Capıtulo 4
Solucoes de Referencia
Com o intuito de comparar os resultados obtidos com a metodologia proposta
neste trabalho, implementou-se o tracamento cinematico de raios para a geracao dos
angulos de incidencia e das matrizes de tempo de transito de forma semi-analıtica
baseado na ideia do tracado de raios entre dois pontos (two-point ray tracing), mas
resolvido pelo shooting method (tracado de raios tradicional - ray tracing). Este tipo
de problema e considerado como tracado de raios de valor de contorno (boundary-
value ray tracing), cuja solucao e obtida pelo bending method, mas, devido as di-
ficuldades de implementacao e custo computacional, e amplamente resolvido pelo
shooting method (CERVENY, 1987).
Neste capıtulo, faz-se uma breve descricao tanto do shooting method quanto do
bending method para dar uma ideia destas duas abordagens, sendo que mais detalhes
destes dois metodos podem ser encontrados em CERVENY (1987) ou CERVENY
(2001). Com o objetivo de descrever as duas abordagens, apresenta-se inicialmente
o princıpio de Fermat e a Lei de Snell, necessarios para compreender os demais
conceitos desenvolvidos no capıtulo.
4.1 Conceitos Preliminares
4.1.1 Princıpio de Fermat e Lei de Snell
Para descrever inicialmente a teoria de raios, um princıpio bastante utilizado e
aquele formulado por Pierre Fermat conhecido como princıpio de Fermat (tempo
mınimo) (CERVENY, 1987), cuja ideia foi desenvolvida inicialmente para o caso
de raios opticos, mas que e igualmente aplicada para o caso dos raios de ondas
sısmicas. Este princıpio e baseado no fato de que para um conjunto de caminhos
percorridos pelos raios emitidos de um ponto a outro, aquele de caminho mais curto
nao corresponde a chegada de menor tempo entre os dois pontos.
Antigamente, pensava-se que o caminho percorrido pela luz indo de um ponto a
48
outro atraves de uma superfıcie refletora era o de caminho mais curto possıvel. Mais
tarde, descobriu-se que um feixe de luz atravessando uma interface nao toma uma
linha reta ou um caminho mais curto entre um ponto no meio incidente e um no
meio de transmissao. Fermat, propos seu princıpio de tempo mınimo valido tanto
para reflexao quanto refracao onde, basicamente, o caminho real entre dois pontos
tomados por um feixe de luz e aquele que “corre” em menor tempo.
Uma consequencia direta do princıpio de Fermat e a Lei de Snell, ja que o tracado
de raios corresponde aos tempos de transito estacionarios. Neste caso, entende-se a
estacionalidade como mınimo tempo, embora existam importantes situacoes fısicas
para as quais o tempo de transito e maximo (MARGRAVE, 2003). Uma vez que
se esta tratando apenas o caso acustico, a Lei de Snell e uma relacao que rege os
angulos de incidencia e transmissao da frente de onda compressional ao atravessar
uma interface separada por dois meios com propriedades acusticas distintas.
Como exemplo da aplicacao do princıpio de Fermat para o caso da refracao,
considere a figura 4.1(a) onde se deseja encontrar qual curva fornece o tempo de
transito para um campo de onda elementar (raio) que vai do ponto A ao ponto B.
Em outras palavras, deseja-se encontrar o tempo mınimo t com relacao a variavel L.
Sendo assim (HECHT, 2002):
t =AOC1
+OBC2
, (4.1)
isto e,
t =(H2 + L2)1/2
C1+
[H
2+
(L − L
)2]1/2
C2. (4.2)
Minimizando a equacao (4.2) ( dtdL = 0) e observando na figura 4.1(a) que
sen(γ) =L
(H2 + L2)1/2 ,
sen(φ) =L − L[
H2
+(L − L
)2]1/2 ,
tem-se:
sen(γ)C1
=sen(φ)
C2, (4.3)
a qual corresponde a Lei de Snell.
Desta forma, a Lei de Snell relaciona os angulos de incidencia, γ, e transmissao,
φ, da frente de onda de modo que os senos dos angulos de incidencia e transmissao
49
(a) Princıpio de Fermat aplicado a reflacao.
(b) Raio se propagando atraves de um meio estratificado.
Figura 4.1: Ilustracao geometrica do princıpio de Fermat.
sao diretamente proporcionais as velocidades das ondas nos respectivos meios (C1 e
C2). Portanto se um feixe de luz ou um campo de onda viaja do ponto A ao ponto
B no menor tempo possıvel, deve satisfazer a Lei de Snell.
No caso em que se tem um material composto de k camadas estratificadas, cada
uma com diferentes velocidades, como na figura 4.1(b), o tempo de transito de A
ate B sera dado por:
t =
k∑k=1
dk
Ck, (4.4)
onde dk e Ck denotam a extensao e a velocidade, respectivamente, associadas com a
k-esima camada.
50
Claramente que, para uma distribuicao contınua da velocidade, C(x), o tempo
de transito de um raio sısmico ao longo de um possıvel caminho que liga o ponto A
ao ponto B e dado pelo funcional de Fermat:
τ(x) =
∫ B
Adt =
∫ B
A
1C(x)
dl, (4.5)
onde dl denota o comprimento infinitesimal da curva ao longo do caminho.
Um exemplo de aplicacao, e o caso da tomografia sısmica interpocos onde, apro-
veitando a existencia de pocos ja perfurados, coloca-se a fonte em um poco e os
receptores em outro. Emitindo um campo de ondas sısmicas a partir da fonte,
registra-se os tempos de chegada das mesmas.
4.1.2 Abordagens Tradicionais do Tracado de Raios
Na teoria de raios, duas abordagens principais sao tradicionalmente aplicadas
(PIMENTEL, 1994; ZHANG et al., 2009): a primeira e mais usada e conhecida como
shooting method e a segunda como bending method. No caso da primeira abordagem,
a direcao e o ponto de partida do raio sao conhecidos e, assim, constituem um sistema
completo de condicoes iniciais para a determinacao da trajetoria do raio (initial-value
ray tracing). Ja no segundo caso, que tambem e conhecido como tracado de raios
de dois pontos (two-point ray tracing ou boundary-value ray tracing), a direcao do
raio nao e conhecida, exceto o ponto de partida (fonte) e o de chegada (receptor).
Uma forma de encontrar a trajetoria que satisfaca o sistema de tracado de raios e,
neste caso, determinar uma trajetoria inicial a qual e submetida a um processo de
pertubacao ou minimizacao ate encontrar o melhor caminho.
4.1.2.1 Shooting Method
Classicamente o shooting method padrao e conhecido por metodo de tracado de
raios (ray tracing) sendo baseado nas equacoes (2.27) e (2.28) advindas da ART.
Como ja dito anteriormente, a parte cinematica e responsavel por gerar os tempos
de transito, a frente de onda e as trajetorias do raio enquanto que a parte dinamica
e responsavel pelas amplitudes, a qual caracteriza a energia da onda. No entanto,
e possıvel tratar a parte cinematica sem fazer uso da teoria assintotica. De forma
muito mais simples, pode-se utilizar o princıpio de Fermat e a Lei de Snell, os quais
foram usados ao longo de muito tempo na sismologia para a geracao de resultados
bem apreciaveis (CERVENY, 2001). Para um conjunto de angulos de partida, o tra-
cado de raios gera um conjunto de caminhos onde o tempo de transito e os angulos
de incidencia sao obtidos ao longo das trajetorias (figura 4.2). Como dificuldades,
este metodo apresenta problemas quando aplicado em modelos contendo geometrias
51
complexas nas quais podem existir multiplos caminhos (multipath) e a geracao de
zonas de sombra (shadow zones). Como vantagem a relativa facilidade de imple-
mentacao e baixo custo computacional comparativamente a propagacao do campo
de ondas da equacao completa da onda (via MDF, por exemplo).
Figura 4.2: Ilustracao do shooting method.
4.1.2.2 Bending Method
Em relacao ao bending method, de acordo com CERVENY (2001), a ideia e tracar
um raio inicial que posteriormente deve ser perturbado iterativamente ate alcancar
uma solucao que satisfaca o sistema de equacoes do raio ou que minimize o tempo de
transito (figura 4.3). O raio inicial e apenas uma referencia auxiliar para ligar os dois
pontos e, alem disso, nao precisa satisfazer o princıpio de Fermat e nem mesmo a Lei
de Snell. Se o raio inicial arbitrado estiver longe do raio que efetivamente deveria
ser a solucao, o metodo diverge. Esta trajetoria inicial e estimada atraves de um
algoritmo independente chamado de estimador de raio (ray estimator). O bending
method pode ser aplicado como um pos-processador (postprocessor), corrigindo a
trajetoria inicial.
Por um lado, o bending method e geralmente mais rapido do que o shooting
method (CERVENY, 1987), mas tendo como desvantagem o fato de que os tempos
de transito obtidos nao podem ser garantidos como mınimos globais (ZHANG et al.,
2009). Alem disso, o bending method exige estimadores de raios adequados, caso
contrario, os raios e os tempos de transito podem resultar imprecisos ou mesmo
incorretos.
52
Figura 4.3: Ilustracao do bending method.
4.2 Geracao de Solucoes de Referencia
Para gerar as solucoes de referencia, implementou-se um procedimento iterativo
convergente para a obtencao dos angulos de incidencia e das matrizes de tempo de
transito, bem como das respectivas derivadas parciais, baseado no tracado de raios
de dois pontos com procedimento de solucao idealizado no shooting method. Assim,
sao conhecidos o ponto e a direcao inicial de partida do raio, alem disso, tambem
e conhecido o ponto em profundidade que o raio deve atingir. O esquema foi im-
plementado para macro-modelos de velocidades contendo varias camadas paralelas
horizontais e inclinadas.
Para descrever o procedimento, considere as figuras 4.4(a) e 4.4(b), as quais
apresentam um modelo homogeneo e outro constituıdo por tres camadas paralelas
horizontais homogeneas, respectivamente. A obtencao dos angulos, dos tempos de
transito e dos gradientes para o primeiro modelo e feita de forma imediata. Como
pode ser visto neste modelo, os dados analıticos para um certo ponto (xi, zi) sao
dados por:
γ = cos −1(|zi − z f |
di
), (4.6)
τi =di
Ci, (4.7)
∂τi
∂x=
xi − x f
di, (4.8)
53
∂τi
∂z=
zi − z f
di, (4.9)
onde γ e o angulo em relacao a vertical (angulo incidente quando o ponto (xi, zi)esta sobre a interface), τi e o tempo de transito, ∂τi
∂x e ∂τi∂z sao as derivadas parciais
que compoem o vetor gradiente ∇τ, e di e a distancia entre o ponto fonte (x f , z f ) e o
ponto em questao.
Para o caso do segundo modelo onde ha mais camadas e se deseja que um certo
raio atinja um determinado ponto da malha, o procedimento e iterativo. Para fazer
a descricao, suponha que o objetivo e tracar um raio que va da fonte ate o ponto
fixo (x3, z3) localizado na terceira camada. Basicamente, a ideia e:
1. lancar um raio inicial com um certo angulo em relacao a vertical (angulo
incidente), γ1;
2. identificar a posicao que este raio atinge a primeira interface, (x1, z1), atraves
da expressao (4.10), ja que, a priori, se sabe a profundidade da interface,
x1 = x f − |z1 − z f | tan(γ1); (4.10)
3. utilizar a Lei de Snell para conhecer o angulo de partida, φ1, que neste caso
corresponde ao angulo de incidencia na segunda interface, γ2, e, repetir o passo
2, identificando a posicao da incidencia via expressao
x2 = x1 − |z2 − z1| tan(γ2); (4.11)
4. novamente, e aplicado a Lei de Snell e verificado se o raio atingiu o ponto
desejado, (x3, z3), via expressao
x3 = x2 − |z3 − z2| tan(γ3). (4.12)
As expressoes (4.7) a (4.9) sao reescritas para o caso tratado, como segue:
τ3 =d1
C1+
d2
C2+
d3
C3, (4.13)
∂τ3
∂x=
x3 − x2
d3, (4.14)
∂τ3
∂z=
z3 − z2
d3. (4.15)
54
(a) Modelo homogeneo.
(b) Modelo de camadas paralelas horizontais.
(c) Modelo de camadas inclinadas.
Figura 4.4: Ilustracao de modelos discretizados para obtencao de dados.
55
Como, em geral, o raio nao atinge o ponto desejado na primeira tentativa, o
processo precisa ser repetido via incremento ou decremento do angulo de partida
na primeira camada, ∆γ. Alem do fato de o raio nao atingir o ponto em questao,
isto e, nao satisfazer o criterio de tolerancia estabelecido, o processo tambem pode
ser repetido caso o angulo de incidencia em uma dada interface ultrapasse o angulo
crıtico.
Alem do acrescimo ou decrescimo do angulo de partida, a garantia de convergen-
cia e feita atraves do tamanho do incremento, ∆γ, que, dependendo da necessidade,
assume valores cada vez menores para que seja possıvel alcancar o ponto desejado.
Para efeito de reducao do custo computacional, o procedimento e efeito apenas do
lado esquerdo ou direito em relacao a posicao da fonte, dependendo o quao proximo
esta se encontra do bordo, e a solucao nos demais pontos sao encontrados atraves
de simetria.
No caso de modelos contendo camadas paralelas inclinadas com um certo angulo
de mergulho, Φ, como mostrado na figura 4.4(c), os dados sao obtidos via rotacao
inversa em torno da fonte. Por exemplo, dado um ponto (x′i , z′i) no modelo atual, e
possıvel obter o ponto (xi, zi) como se o modelo estivesse na configuracao horizontal
atraves da expressao (4.16) e aplicando-se o procedimento descrito anteriormente. xi
zi
=
cos(Φ) sen(Φ)−sen(Φ) cos(Φ)
+
x′i − x f
z′i − z f
+
x f
z f
. (4.16)
56
Capıtulo 5
Exemplos
Neste capıtulo, serao apresentados os resultados e respectivas analises da metodo-
logia desenvolvida neste trabalho para os casos de macro-modelos de velocidades que
possuem solucao de referencia, visando avaliar a precisao dos resultados numericos
obtidos. Desta forma, sera possıvel avaliar a influencia dos principais parametros
da modelagem sısmica e do modelo de velocidades na estimativa dos angulos de
incidencia/reflexao em profundidade.
Inicialmente, serao testadas as tecnicas para a obtencao dos angulos de refle-
xao utilizando para tal solucoes analıticas para o angulo de mergulho/inclinacao do
macro-modelo de velocidades e solucoes semi-analıticas para a matriz de tempo de
transito correspondente, geradas pela aplicacao do procedimento descrito na secao
4.2. O proposito e avaliar as estrategias desenvolvidas para fazer a composicao dos
angulos α (MTT) e β (modelo) para a geracao dos angulos finais de reflexao, γ, assim
como expor a dificuldade de obtencao das derivadas numericas atraves dos metodos
de gradientes descritos na secao 3.3, relembrando que as mesmas sao necessarias
para a aplicacao da metodologia desenvolvida. Posteriormente, serao desenvolvi-
dos e apresentados exemplos visando avaliar as situacoes onde a matriz de tempo
de transito e obtida via propagacao do campo de ondas e pela solucao da equacao
iconal. Por fim, sera apresentado um exemplo, para um modelo de 5 camadas plana-
inclinadas, no qual sao obtidas as curvas de angulos de reflexao pelas metodologias
propostas.
5.1 Analise dos Metodos de Extracao de Gradi-
ente a Partir de Dados Semi-Analıticos
Pretende-se mostrar nesta secao a capacidade dos metodos de extracao de gradi-
entes quando estes sao aplicados sobre dados com solucao conhecida, visando avaliar
a precisao intrınseca dos mesmos. Para este proposito, serao fornecidos, como dados
57
de entrada, o modelo de velocidades, onde e conhecido o angulo formado pela reta
normal ao refletor e a vertical; e a matriz de tempo de transito semi-analıtica, da
qual e conhecido o angulo formado pela direcao do campo incidente em relacao a
vertical. Ressalta-se que a importancia destes testes, da-se, uma vez que os metodos
de gradientes serao utilizados em dados numericos, nos exemplos que seguem nas
proximas secoes, tornando-se necessario avaliar a qualidade dos resultados obtidos
por estes, quando aplicados em dados analıticos e semi-analıticos, para que se possa
ter uma ideia da suscetibilidade a erros intrınseca de cada um.
Observa-se que, para facilitar a descricao nas figuras que ilustrarao os resultados
nas proximas secoes, os metodos de obtencao de gradientes descritos na secao 3.3,
serao abreviados como segue: (i) operadores de diferencas finitas de quarta ordem,
ODF 4; (ii) interpolacao atraves das funcoes de base radial, Int RBF, e (iii) spline
cubica local de Akima, SCL Akima.
5.1.1 Extracao do Angulo do Modelo de Velocidades
Como ja dito anteriormente, com a aplicacao do operador gradiente sobre o
macro-modelo de velocidades extrai-se o angulo auxiliar, β, necessario para compor
o angulo de incidencia (subsecao 3.2.2). Em funcao disto, ha a necessidade de se
adequar o modelo para obter este angulo. A adequacao do modelo e feita aplicando
o procedimento de suavizacao mostrado na secao 2.3, com o proposito de analisar a
sua influencia nas metodologias de obtencao de gradientes.
Para exibir os resultados das analises realizadas nesta subsecao, inicialmente, sera
considerado um modelo de velocidades constituıdo por duas camadas homogeneas
separadas por um refletor em posicao inclinada. O objetivo e mostrar a habilidade
dos metodos de obtencao de gradientes para estimar os angulos de mergulho adota-
dos, de Φ = 10◦ e Φ = 20◦, quando diferentes numeros de pontos de suavizacao sao
utilizados, mantendo-se o espacamento da malha constante. Destaca-se que, para
os casos em que o refletor encontra-se em posicao plano-inclinada, estimar o angulo
formado pelo vetor gradiente e sua componente vertical e equivalente a estimar o
angulo de mergulho, isto e, implica em Φ = β ao longo de todo o refletor. Ressalta-
se tambem que este angulo de mergulho possui solucao, uma vez que sao utilizadas
funcoes especıficas para a geracao do refletor, como retas e senoides.
A tabela 5.1 mostra os parametros numericos utilizados nesta primeira analise.
As figuras 5.1(a) e 5.1(b) mostram o modelo de velocidades sem e com suavi-
zacao, respectivamente. Destaca-se que, o processo de suavizacao do modelo de
velocidades visa regularizar a curva que forma o refletor fazendo com que os “pa-
tamares” locais presentes na formacao da superfıcie refletora (figura 5.1(a)) sejam
praticamente eliminados, conforme observado na figura 5.1(b).
58
Tabela 5.1: Parametros utilizados na analise de um modelo contendo um refletorplano-inclinado.
Parametros Valor Significado/UnidadeItotal 101 Numero de pontos na direcao xJtotal 101 Numero de pontos na direcao z
h 10 Espacamento da malha (m) (h = ∆x = ∆z)nps 5 Numero de pontos de suavizacao
Φ 10 Angulo de mergulho (graus)
(a) Modelo de velocidades sem suavizacao constituıdo por um refletor com angulode mergulho de Φ = 10◦.
(b) Modelo de velocidades suavizado com 5 pontos. A reta tracejada indica aposicao analıtica do refletor/interface.
Figura 5.1: Ilustracao de modelos sem e com suavizacao.
59
Observando-se a figura 5.1(b) pode-se notar que o processo de suavizacao trans-
forma a linha de interface em uma camada contınua em torno da reta colocada ao
longo do refletor, faixa esta claramente proporcional a quantidade de pontos uti-
lizados na suavizacao. Comparando-se os graficos da figura 5.2 com aqueles das
figuras 5.3 a 5.5, nota-se que a nao suavizacao do modelo pode causar erros locais
elevados no calculo da direcao da normal do refletor. Portanto, para os demais
exemplos, o processo de suavizacao do modelo de velocidades sera um procedimento
indispensavel na obtencao das melhores aproximacoes numericas para as derivadas
(gradientes).
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.2: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o modelode velocidades sem suavizacao.
Avaliando agora a influencia do grau de suavizacao na qualidade dos resultados,
observe inicialmente a figura 5.3, a qual apresenta o angulo de mergulho analıtico
(linha reta) e aqueles estimados pelos tres metodos de gradientes ao longo do refletor
60
da figura 5.1(b). Observa-se que a curva de angulo obtida para cada metodo exibe
um comportamento caracterıstico, isto e, com oscilacoes periodicas. No caso da SCL
Akima e do ODF 4, as oscilacoes ocorrem em torno da solucao analıtica, sendo que
no primeiro, o erro maximo encontra-se em pouco mais de um grau, enquanto que
no segundo, mesmo apresentando comportamento similares ao anterior, apresenta
pontos com erro de 3, 5◦, como pode ser observado na figura 5.3(b). Por outro lado,
a Int RBF mostra um resultado mais regular e consistente, apresentando um erro
maximo em torno de um grau. Vale ressaltar que a RBF utilizada e a multiquadrica
inversa (subsecao 3.3.2) com parametro de forma ζ = 10−4, o qual, neste exemplo e
nos demais, fornece os melhores resultados.
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.3: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o modelode velocidades suavizado com 5 pontos.
O que os resultados apresentam em comum e o fato dos tres metodos, mesmo com
a suavizacao de 5 pontos, ainda conseguirem detectar os“patamares” locais presentes
61
ao longo do refletor (observado pela periodicidade das oscilacoes), significando que
e necessario mais pontos na suavizacao do modelo para estreitamento das oscilacoes
e, consequentemente, melhora da precisao dos resultados.
Desta forma, aplicando-se agora uma suavizacao com nps = 10 pontos, a qual
regulariza ainda mais o contraste de velocidades entre as camadas, Observa-se atra-
ves da figura 5.4, que, de modo geral, houve uma reducao nos erros cometidos pelos
tres metodos na estimativa do angulo de mergulho, a menos da SCL Akima que em
algumas regioes amplificou os erros. Tambem e importante notar que, a Int RBF
apresenta o melhor resultado, com um erro de menos de 0, 5◦ enquanto que o ODF
4 e a SCL Akima exibem erros, ainda, de forma bastante oscilatoria em torno da
solucao analıtica.
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.4: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o modelode velocidades suavizado com 10 pontos.
62
Para uma ultima analise, utiliza-se o valor limite de nps = 20 pontos para a
suavizacao (resultados na figura 5.5). Observando-se que valores maiores do que
este poderiam causar interferencia entre os refletores, conforme descrito a frente.
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.5: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 10◦ com o modelode velocidades suavizado com 20 pontos.
Observando entao os resultados da figura 5.5, nota-se que o erro, como um todo,
foi reduzido quase pela metade em relacao ao caso anterior, com a Int RBF apre-
sentando um resultado ainda mais preciso. Embora esta reducao seja bastante sig-
nificativa, adotar um modelo com elevado numero de pontos de suavizacao, pode
ocasionar a perda de precisao na estimativa dos angulos ao longo do refletor, justifi-
cada, em modelos complexos ou mesmo simples, pela possıvel interferencia entre as
superfıcies refletoras, que contem, por exemplo, elevado grau de curvatura, a qual
pode ser eliminada pela suavizacao. Portanto, deve-se utilizar um numero de pontos
63
adequados de tal forma que o angulo de incidencia obtido no final da aplicacao da
metodologia desenvolvida nao seja gravemente alterado, conforme sera exemplificado
no ultimo exemplo desta subsecao.
Assim, para os tres casos avaliados anteriormente, ficou claro que o aumento
do numero de pontos utilizados na suavizacao do modelo melhora a estimativa dos
angulos de mergulho. A seguir, apresenta-se os resultados para o segundo angulo de
mergulho (Φ = 20◦) ilustrado na figura 5.6.
O objetivo agora e mostrar que a medida que a inclinacao do refletor aumenta,
se aproximando do angulo de 45◦, menos pontos na suavizacao do modelo sao neces-
sarios para estimar o angulo com mais precisao. Como sera verificado, isto e valido
para os tres metodos de gradientes.
Figura 5.6: Modelo de velocidades sem suavizacao constituıdo por um refletor comangulo de mergulho de Φ = 20◦.
A figura 5.7 apresenta os resultados obtidos considerando o modelo suavizado
com nps = 5 pontos. Comparando este resultado com aquele mostrado na figura
5.3, ve-se que os erros produzidos para cada metodo, de modo geral, sao menores.
Isto e justificado pela reducao dos “patamares” locais que formam o refletor, o que
leva a necessidade de menos pontos de suavizacao para estimar os angulos.
Apenas para confirmar o resultado anterior, fez-se uma suavizacao com nps = 10pontos. Na figura 5.8 e possıvel observar os resultados obtidos, os quais podem ser
comparados com aqueles da figura 5.4, de forma a verificar que ha uma reducao dos
erros estimados pelos tres metodos. Um detalhe que e observado na comparacao
das referidas figuras e que a SCL Akima apresenta mais oscilacoes e erros do que
ODF 4, o que caracteriza necessidade de mais pontos na suavizacao do modelo para
64
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.7: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 20◦ com o modelode velocidades suavizado com 5 pontos.
se conseguir um melhor resultado para este metodo. De modo geral, como sera
visto na subsecao 5.1.2 e na secao 5.2, a SCL Akima consegue obter muito bons
resultados quando o dado de entrada fornecido e a matriz de tempo de transito
semi-analıtica (subsecao 5.1.2), mas, por outro lado, mostra-se bastante sensıvel aos
dados numericos, acarretando em erros consideravelmente maiores (secao 5.2).
Ja no caso da Int RBF, como ficou claro nos resultados apresentados, esta
mostrou-se muito mais adequada na estimativa do angulo de mergulho (Φ = β),
por gerar curvas de angulo praticamente sem oscilacoes.
65
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.8: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho de 20◦ com o modelode velocidades suavizado com 10 pontos.
Para finalizar as analises apresentadas, neste exemplo, referentes a obtencao
de angulos de mergulho dos refletores, apresentam-se os resultados para o modelo
de velocidades da figura 5.9(a). Tal modelo visa demostrar a influencia de uma
suavizacao excessiva na precisao do calculo do angulo de mergulho.
Para tanto, o modelo da figura 5.9(a), constituıdo por dois refletores e tres ca-
madas homogeneas, foi submetido as suavizacoes de 5, 10 e 20 pontos. Ressalta-se
que, a geracao da superfıcie curva foi feita por uma senoide, o que implica que os
angulos analıticos sejam dados facilmente pela expressao:
Φ(x) = tan−1(cos(x)).
66
(a) Modelo de velocidades sem suavizacao.
(b) Modelo de velocidades suavizado com nps = 5pontos.
(c) Modelo de velocidades suavizado com nps = 10pontos.
(d) Modelo de velocidades suavizado com nps =
20 pontos.
Figura 5.9: Modelo de velocidades submetido ao processo de suavizacao.
67
A figura 5.10 apresenta os resultados numericos para o modelo da figura 5.9(b).
Como era de se esperar, uma suavizacao com 5 pontos faz com que a SCL Akima e o
ODF 4 apresentem oscilacoes ao longo da curva, enquanto que a Int RBF apresente
uma curva mais regular. Nota-se que na regiao do lado esquerdo da figura 5.10(a)
ha um afastamento maior entre as curvas numericas e teoricas, em relacao ao lado
direito, devido a interferencia ocorrida entre os refletores, ocasionada pelo processo
de suavizacao.
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.10: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho para o modelo develocidades da figura 5.9(b).
68
Adotando-se agora uma suavizacao com 10 pontos (modelo da figura 5.9(c)),
chega-se a resultados menos oscilantes e mais precisos na parte direita do grafico,
como pode ser visto na figura 5.11. Entretanto, em relacao a solucao analıtica, e
comprovada a deterioracao dos resultados apresentados pelas curvas de angulos na
parte esquerda da figura, para os tres metodos de gradientes. Como ja observado,
este fato e ainda mais evidenciado quando e feita uma suavizacao com 20 pontos
(modelo da figura 5.9(d)), conforme apresentado na figura 5.12. Ressalta-se, nesta
figura, que os tres metodos apresentam solucoes quase praticamente identicas, in-
clusive na deteccao da interferencia ocorrida entre os refletores.
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.11: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho para o modelo develocidades da figura 5.9(c).
69
Portanto, conclui-se que, quando o modelo de velocidades e constituıdo por refle-
tores contendo um elevado grau de curvatura, ou proximos entre si, o procedimento
de suavizacao do modelo de velocidades pode ocasionar a deterioracao dos resulta-
dos, e assim implicar na perda de precisao na estimativa dos angulos ao longo do
refletor da respectiva regiao. Sendo assim, deve-se limitar o numero maximo de pon-
tos utilizados na suavizacao, de tal forma que nao haja interferencias ou perda de
curvaturas. Dos exemplos analisados, tira-se como numero adequado a faixa dada
por 0 < nps 6 10.
(a) Angulo de mergulho estimado, Φ.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo de mergulho.
Figura 5.12: Resultados na aproximacao do angulo de mergulho para o modelo develocidades da figura 5.9(d).
70
5.1.2 Extracao do Angulo da Matriz de Tempo de Transito
Nesta subsecao, o objetivo e aplicar os metodos propostos para a extracao de
gradientes, a fim de obter o angulo α a partir da matriz de tempo de transito. Tal
angulo, como ja mencionado, e utilizado para compor o angulo de reflexao em profun-
didade, conforme descrito na subsecao 3.2.1. Para tanto, serao utilizadas as matrizes
de tempo de transito semi-analıticas, obtidas mediante o procedimento apresentado
na secao 4.2, visando avaliar os referidos metodos na ausencia de ruıdos numericos,
gerados geralmente quando utilizam-se modelagens ou a solucao via equacao iconal
para obter a matriz de tempo de transito.
Assim, os exemplos utilizam as matrizes de tempo de transito mostradas na figura
5.13, correspondentes aos dois primeiros modelos de velocidades considerados na
subsecao 5.1.1, ou seja, aqueles das figuras 5.1(a) e 5.6, porem sem aplicar suavizacao.
A figura 5.14 exibe o angulo α estimado e o erro absoluto cometido por cada metodo
ao longo do refletor da figura 5.1(a), que possui angulo de mergulho de 10◦, com a
fonte localizada a 500 metros de distancia e 50 metros de profundidade em relacao
a origem do sistema de eixos mostrado no respectivo modelo.
Observa-se na figura 5.14(a) que a SCL Akima exibe um resultado bastante
apreciavel ja que os erros, presentes na curva de angulo, sao bem reduzidos, ao
contrario do ODF 4, que mostra oscilacoes e amplificacao dos erros proximo aos
dois extremos da curva. Ja no caso da Int RBF, embora a curva de angulo seja
mais suave em relacao ao ODF 4, a mesma mostra tambem um aumento dos erros
quando se aproxima dos extremos. Para se ter uma ideia geral de quao boa e a
aproximacao de cada metodo em todo modelo, a figura 5.14(c) apresenta as curvas
de nıvel referentes aos tres metodos, juntamente com a solucao semi-analıtica. E
possıvel verificar que os tres metodos conseguem estimar o angulo α em cada ponto
do modelo de forma muito satisfatoria, a menos dos pontos localizados na vizinhanca
e sobre o refletor.
Agora, considerando o caso em que o refletor tem uma inclinacao de 20◦ (modelo
da figura 5.6), e possıvel ver na figura 5.15 que, em relacao ao caso anterior, o
metodo ODF 4 apresenta muitas oscilacoes quando os angulos sao avaliados sobre o
refletor, o que se constitui em uma caracterıstica geral dos operadores de diferencas
finitas quando aplicados nas regioes onde ha fortes descontinuidades. Por outro
lado, a Int RBF mantem um certo padrao quanto a suavidade da curva de angulos,
embora a curva apresente um pequeno deslocamento em relacao a solucao semi-
analıtica. Quanto a SCL Akima, os resultados ainda sao bastantes satisfatorios para
a situacao em questao.
Assim, de modo geral, ve-se que nos dois modelos avaliados (Φ = 10◦ e 20◦)anteriormente, os tres metodos utilizados conseguiram obter os angulos com muita
71
(a) Matriz de tempo de transito semi-analıtica correspondente ao modelo dafigura 5.1(a).
(b) Matriz de tempo de transito semi-analıtica correspondente ao modelo dafigura 5.6.
Figura 5.13: Matrizes de tempo de transito semi-analıticas obtidas para dois dife-rentes modelos.
precisao nas regioes homogeneas onde nao ha problemas de descontinuidades na
matriz de tempo de transito (figuras 5.14(c) e 5.15(c)). Porem, quando aplicados
em regioes localizadas sobre ou nas proximidades dos refletores, que sao justamente
as regioes de maior interesse, o erro cometido e bastante significativo, a excecao da
SCL Akima que mostra bons resultados tanto sobre, quanto nas proximidades do
refletor.
72
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representada por curvas de nıveis.
Figura 5.14: Resultados na aproximacao do angulo α para o modelo de velocidadesda figura 5.1(a).
73
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representada por curvas de nıveis.
Figura 5.15: Resultados na aproximacao do angulo α para o modelo de velocidadesda figura 5.6.
74
5.1.3 Composicao do Angulo de Incidencia/Reflexao
Para complementar os resultados das subsecoes 5.1.1 e 5.1.2, apresentam-se aqui
os graficos referentes aos angulos de reflexao em profundidade, obtidos pela com-
posicao dos angulos α (MTT) e β (modelo), utilizando-se o procedimento descrito
na subsecao 3.2.3. Vale ressaltar mais uma vez que, o objetivo desta subsecao, bem
como das duas anteriores, e aplicar o procedimento, ou melhor, os passos necessarios
para obter o angulo de incidencia em profundidade a partir de dados de entrada li-
vres de ruıdos, com o intuito de demonstrar a grande dificuldade existente no calculo
de derivadas de funcoes descontınuas utilizando processos numericos.
Neste contexto, os resultados da composicao entre os angulos, oriundos do modelo
de velocidades e da matriz de tempo de transito, sao realizados fazendo-se uma
correspondencia entre os resultados gerados por cada metodo de gradiente. Entao,
combinando as curvas de angulos procedentes do modelo com angulo de mergulho de
10◦, obtidas utilizando suavizacao com 10 pontos (figura 5.5), com aquelas oriundas
da matriz de tempo de transito da figura 5.14(a), obtem-se as curvas de angulo de
incidencia, indicadas pela figura 5.16. Da mesma forma, para o caso das figuras
5.8(a) com 5.15(a) resulta na figura 5.17 onde, neste caso, o angulo de mergulho e
de 20◦ obtido empregando suavizacao com 10 pontos.
Observando os resultados supracitados, evidencia-se que, apos o procedimento
ser aplicado, as curvas de angulos de reflexao geradas pela SCL Akima sao bas-
tante proximas da solucao de referencia, sendo este o melhor resultado entre todos
os metodos. Embora as curvas produzidas pela Int RBF nao sejam tao precisas
quanto aquelas geradas pela SCL Akima, e a que se destaca por apresentar curvas
mais suaves. Enquanto que aquelas concebidas pelo ODF 4 apresentam oscilacoes e
aumento da magnitude do erro de forma mais acentuada, a medida que se aproxima
dos extremos.
Ressalta-se que, o fato das curvas de angulos obtidas pela SCL Akima, atraves da
matriz de tempo de transito semi-analıtica gerada a partir do modelo nao suavizado,
serem as melhores concebidas entre todos os metodos, nao sera evidenciado adiante.
Quando este metodo sera submetido a matrizes de tempo de transito oriundas da
modelagem sısmica, uma vez que estes introduzem ruıdos numericos na matriz de
tempo.
Relativamente a reducao da magnitude do erro, bem como das possıveis oscilacoes
que possam ser produzidas pelos metodos de gradientes, na proxima secao, serao
avaliadas algumas estrategias inerentes ao procedimento de obtencao da matriz de
tempo de transito visando produzir curvas de angulos mais suaves.
75
(a) Angulo de incidencia, γ.
(b) Erro absoluto.
Figura 5.16: Resultados na aproximacao do angulo γ de incidencia apos composicaodo angulo α e β sobre o refletor do modelo de velocidades da figura 5.1(a).
76
(a) Angulo de incidencia, γ.
(b) Erro absoluto.
Figura 5.17: Resultados na aproximacao do angulo γ de incidencia apos composicaodo angulo α e β sobre o refletor do modelo de velocidades da figura 5.6.
77
5.2 Extracao de Angulos a Partir de Dados Nu-
mericos
O objetivo nesta secao e avaliar a precisao da tecnica proposta para obter os an-
gulos do campo incidente considerando os dados de entrada numericos. Isto significa
que a matriz de tempo de transito sera obtida atraves da propagacao do campo de
ondas (secao 2.1), mediante a aplicacao de um dos criterios descritos na subsecao
2.1.3, e tambem pela solucao da equacao iconal (secao 2.2), utilizando o MSFM
exposto na subsecao 2.2.2.2.
5.2.1 Extracao do Angulo a Partir da MTT Obtida Pela
Equacao da Onda
Igualmente ao objetivo da subsecao 5.1.2, aqui serao mostrados os resultados da
obtencao do angulo do campo incidente com a reta vertical, α, a partir da matriz de
tempo de transito oriunda da propagacao do campo de ondas via equacao da onda.
Uma vez que a qualidade de tal matriz depende dos parametros de modelagem,
torna-se importante avaliar os resultados de angulo em funcao de cada um destes.
Desta forma, os parametros avaliados sao:
1. tamanho do incremento temporal, ∆t;
2. valor da frequencia de corte, fcorte, da fonte sısmica;
3. magnitude do contraste de velocidades do modelo;
4. grau de suavizacao do modelo para obtencao da MTT.
5.2.1.1 Influencia do Tamanho de Incremento de Tempo
Para determinar a influencia do tamanho de incremento de tempo, inicialmente,
e avaliada a diferenca entre as matrizes de tempo de transito obtidas pelas equacoes
acustica tradicional e acustica nao-reflexiva. A fim de fazer esta avaliacao, serao
aplicados os dois criterios vistos na subsecao 2.1.3 (Algoritmos 01 e 02), com o
objetivo de mostrar que os resultados obtidos pelos mesmos sao quase praticamente
indiferentes em se tratando de modelos como o da figura 5.1(a) e que, portanto, para
os exemplos analisados adiante, podera ser adotada apenas uma das duas equacoes
e um dos dois algoritmos citados. Ressalta-se que, tal resultado pode nao ser valido
para modelos muito complexos e que, deste modo, aplica-se somente para os modelos
analisados neste trabalho. A tabela 5.2 mostra os parametros numericos utilizados
nas modelagens.
78
Tabela 5.2: Parametros utilizados nas modelagens do modelo da figura 5.1(a).
Parametros Valor Significado/UnidadeItotal 101 Numero de pontos na direcao xJtotal 101 Numero de pontos na direcao z
h 10 Espacamento da malha (m) (h = ∆x = ∆z)nps 0 Numero de pontos de suavizacao
Φ 10 Angulo de mergulho (graus)x f 500 Posicao da fonte na direcao horizontal (m)z f 50 Posicao da fonte na direcao vertical (m)∆t 10−3 Incremento temporal (s)
ttotal 0,8 Tempo total de analise (s)fcorte 30 Frequencia de corte (Hz)
A figura 5.18(a) mostra uma comparacao entre as matrizes de tempo de transito,
atraves de isocronas, oriundas da solucao de referencia e da propagacao do campo de
ondas mediante a equacao acustica tradicional. Destaca-se que, foram utilizados os
criterios da amplitude maxima e amplitude maxima nas proximidades da primeira
quebra (Algoritmos 01 e 02), os quais sao abreviados como AMPM e AMPMQ.
Similarmente, a figura 5.18(b) exibe as isocronas obtidas mediante a equacao acustica
nao-reflexiva com os mesmo criterios.
Comparativamente a solucao de referencia observa-se, nas figuras 5.18(a) e
5.18(b) que as isocronas obtidas atraves da propagacao do campo de ondas para
cada uma das equacoes, mantem a mesma conformacao ao longo do modelo de velo-
cidades, o que indica que a direcao de propagacao da onda e praticamente a mesma
da solucao de referencia. Nas mesmas figuras citadas, evidencia-se que o resultado
da equacao nao-reflexiva esta sobre aquele da equacao tradicional.
Ressalta-se que, a solucao do campo de ondas pela equacao nao-reflexiva apre-
senta um custo computacional relativamente maior quando comparado com aquele
da equacao acustica tradicional, uma vez que a primeira contem um termo a mais
em relacao a segunda. Em funcao disto e tambem do fato que os modelos de ve-
locidades aqui utilizados nao contem grandes complexidades geometricas, adotou-se
a equacao tradicional nos testes realizados neste trabalho. A mesma justificativa
e utilizada em relacao a adocao do criterio da AMPM em detrimento a AMPMQ.
Sendo assim, seguem os resultados para a equacao acustica tradicional empregando
o criterio da amplitude maxima.
As figuras 5.19, 5.20 e 5.21 mostram o resultado obtido para os parametros descri-
tos na tabela 5.2, destacando-se que, especificamente quanto ao resultado da figura
5.19, e importante compara-lo com aquele da figura 5.14, que mostra os angulos ob-
tidos a partir da matriz de tempo de transito semi-analıtica. Da observacao destas
duas figuras, fica bastante perceptıvel que a estimativa dos angulos feita pela Int
79
RBF mostra uma curva de angulo relativamente suave e bastante semelhante entre
elas. Em contrapartida, observa-se um erro bem mais acentuado produzido pelos
gradientes numericos calculados pelos outros dois metodos, sendo a SCL Akima bas-
tante sensıvel as mudancas ocorridas na matriz de tempo de transito devido ao uso
da modelagem sısmica, mostrando uma curva de angulo bem mais dispersa. Tam-
bem nota-se que a curva gerada por ODF 4 apresenta muitas oscilacoes, chegando a
mostrar o mesmo comportamento que a curva obtida pela SCL Akima em algumas
regioes ao longo do refletor.
Na figura 5.19, alem de serem mostrados os angulos obtidos pelos metodos de
gradientes, tambem exibe-se a curva de angulo determinada atraves da aplicacao do
ODF 4 durante a propagacao do campo de ondas, isto e, obtida pelo gradiente da
frente de ondas, conforme procedimento descrito na subsecao 3.3.4. Confrontando-se
esta curva com aquelas geradas por ODF 4 e a SCL Akima, nota-se que a mesma
apresenta um resultado ligeiramente melhor, ja que produziu curvas mais suaves.
No geral, ve-se que a matriz de tempo de transito obtida pela modelagem levou
os metodos de gradientes a produzirem uma matriz de angulos com muitos ruıdos ao
longo do modelo de velocidades, como pode ser observado na figura 5.19(c). Ainda
assim, cabe destacar que o gradiente numerico produzido pela Int RBF mostrou um
melhor resultado na regiao acima e sobre o refletor, como e indicado pela figura 5.20
que mostra os angulos estimados para a segunda e primeira linhas acima do refletor.
Por outro lado, nas proximidades abaixo do refletor (figura 5.21), isto e, para os
angulos de refracao, as curvas sao melhor computadas quando obtidas diretamente
pela frente de onda, ja que esta exibe uma curva sem oscilacoes e mais proxima
da curva de referencia. Ressalta-se que os erros mostrados nas figuras 5.20 e 5.21
ocorrem somente nas regioes proximas ao refletor.
Assim, para reduzir o espalhamento e as oscilacoes nas curvas de angulos,
realizam-se testes reduzindo o incremento ∆t, ate encontrar-se um valor adequado
para o mesmo, que foi de ∆t = 25×10−6, o qual e chamado de ∆t otimo. Por questoes
de simplicidade e concisao entao, visando somente demonstrar a respectiva melhora
nas curvas de angulos, repetiu-se a modelagem feita anteriormente utilizando este
∆t. As figuras 5.22, 5.23 e 5.24 exibem os resultados obtidos.
Comparando os resultados entre as respectivas figuras provenientes da primeira
modelagem com aquelas desta segunda, para as quatro curvas de angulos, na regiao
sobre e acima do refletor, ve-se que a Int RBF e uma importante metodologia na de-
terminacao das derivadas numericas, uma vez que esta mostra-se quase praticamente
independe do incremento de tempo, possibilitando a geracao de curvas mais suaves
e proximas da solucao de referencia. Ja nos demais metodos, a obtencao de cur-
vas suaves e sem oscilacoes depende do valor de incremento adotado na modelagem
sısmica, o que fica evidenciado nos resultados apresentados.
80
Vale destacar, na comparacao entre os resultados produzidos atraves das duas
modelagens, que para os resultados obtidos utilizando o ∆t otimo, em regioes afasta-
das do refletor, foi melhorado de forma bastante significativa por todos os metodos,
como pode ser observado ao confrontar as figuras 5.19(c) e 5.22(c).
(a) Isocronas obtidas pelos criterios AMPM e AMPMQ via equacao acusticatradicional.
(b) Isocronas obtidas pelos criterios AMPM e AMPMQ via equacao acusticanao-reflexiva.
Figura 5.18: Comparacao entre matrizes de tempo de transito obtidas com diferentesequacoes e criterios.
81
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.19: Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matrizde tempo de transito e obtida com ∆t = 10−3 s.
82
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.20: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor.
83
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.21: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor.
84
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.22: Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matrizde tempo de transito e obtida com ∆t = 25 × 10−6 s.
85
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.23: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor.
86
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.24: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor.
87
5.2.1.2 Influencia da Frequencia de Corte
Um outro parametro da modelagem que influencia nas curvas de angulo e a
frequencia de corte utilizada para controlar o comprimento de onda emitido pela
fonte sısmica (subsecao 2.1.1.4). Para avaliar esta influencia, realizou-se tres mode-
lagens com os respectivos valores de frequencia de 30, 60 e 120Hz. As modelagens
foram feitas no modelo da figura 5.25, o qual contem o mesmo numero de pontos
utilizados no modelo da figura 5.1, mas com o espacamento da malha reduzido para
4m devido ao criterio de dispersao numerica, conforme descrito na subsecao 2.1.1.3.
A tabela 5.3 descreve os parametros utilizados.
Tabela 5.3: Parametros utilizados na modelagem do modelo da figura 5.25.
Parametros Valor Significado/UnidadeItotal 101 Numero de pontos na direcao xJtotal 101 Numero de pontos na direcao z
h 4 Espacamento da malha (m) (h = ∆x = ∆z)nps 0 Numero de pontos de suavizacao
Φ 10 Angulo de mergulho (graus)x f 200 Posicao da fonte na direcao horizontal (m)z f 20 Posicao da fonte na direcao vertical (m)∆t 25 × 10−6 Incremento temporal (s)
ttotal 0,6 Tempo total de analise (s)fcorte 30, 60 e 120 Variacao na frequencia de corte (Hz)
Figura 5.25: Modelo de velocidades para analise da frequencia de corte, fcorte.
O primeiro resultado exibido, corresponde a frequencia de corte de 30Hz nas
figuras 5.26, 5.27 e 5.28. Este resultado e confrontado com aqueles das figuras 5.29,
88
5.30 e 5.31, referentes a frequencia de 60Hz, e aqueles das figuras 5.32, 5.33 e 5.34
relativas a frequencia de 120Hz. As observacoes podem ser agrupadas como segue:
(i) quanto a precisao das curvas obtidas sobre o refletor:
E possıvel observar nas figuras 5.26, 5.29 e 5.32 que, o aumento da frequencia
de corte, fez com que a Int RBF produzisse curvas de angulos com maior
precisao, pois e notado uma reducao na magnitude do erro. No entanto, tal
resultado nao e evidenciado para as curvas geradas por ODF 4, SCL Akima
e para as curvas obtidas atraves da frente de onda, sendo que, nos resultados
apresentados por estes, a magnitude do erro foi ampliada, apos o acrescimo
da frequencia, como pode ser visto nas respectivas figuras que indicam o erro
absoluto. Destaca-se ainda, o surgimento de oscilacoes nas curvas geradas por
estes tres metodos para o ultimo valor de frequencia adotado.
(ii) quanto a precisao das curvas obtidas na regiao acima do refletor:
Contemplando as figuras 5.27, 5.30 e 5.33, respectivamente, ve-se que todos
os metodos originaram curvas suficientemente satisfatorias, apresentando uma
magnitude no erro cada vez menor com o aumento da frequencia. Salienta-se
os bons resultados gerados pela Int RBF na frequencia de corte de 120Hz.
(iii) quanto a precisao das curvas obtidas na regiao abaixo do refletor:
Consultando as respectivas figuras 5.28, 5.31 e 5.34, verifica-se que a magnitude
do erro produzido pelos metodos ODF 4, SCL Akima e pela frente de ondas e
progressivamente reduzida com o acrescimento da frequencia. Por outro lado,
isto nao e comprovado nas curvas originadas a partir da Int RBF.
Por fim, destaca-se que nas figuras 5.26(c), 5.29(c) e 5.32(c), a medida que o valor
da frequencia aumenta, ocorre a contracao e amplificacao das oscilacoes presentes
nas curvas de nıvel nas proximidades do refletor, assinalando que o erro esta mais
concentrado naquela regiao. Tal evento, e razoavel de se esperar, uma vez que o
acrescimo da frequencia implica em reducao do comprimento de onda, fato este
evidenciado pela relacao λ = C/ fcorte. Portanto, pode-se intuir que um aumento
ainda maior na frequencia, poderia contrair ainda mais as oscilacoes. Entretanto,
este procedimento provoca uma diminuicao no valor de incremento de tempo e no
espacamento da malha, e consequentemente um acrescimo no custo computacional
de forma consideravel inviabilizando a estrategia.
Assim, como de modo geral, nao se observa um ganho efetivo de precisao nos
resultados nas vizinhancas proximas ou sobre o refletor com o aumento da frequen-
cia, conclui-se que a melhor opcao e adotar a frequencia de 30Hz para as analises
numericas, uma vez que este representara um menor custo computacional (∆t, ∆x e
∆z maiores) correspondente, inclusive, ao valor comumente utilizado em geofısica.
89
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.26: Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matrizde tempo de transito e obtida com fcorte = 30Hz.
90
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.27: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,utilizando fcorte = 30Hz.
91
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.28: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,utilizando fcorte = 30Hz.
92
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.29: Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matrizde tempo de transito e obtida com fcorte = 60Hz.
93
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.30: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,utilizando fcorte = 60Hz.
94
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.31: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,utilizando fcorte = 60Hz.
95
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıvel.
Figura 5.32: Resultados na aproximacao do angulo α (em graus) quando a matrizde tempo de transito e obtida com fcorte = 120Hz.
96
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.33: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,utilizando fcorte = 120Hz.
97
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.34: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,utilizando fcorte = 120Hz.
98
5.2.1.3 Influencia do Contraste de Velocidades
Para avaliar a influencia da magnitude do contraste de velocidades existente entre
as camadas, realizou-se duas modelagens, como ja dito, com a equacao acustica
tradicional via aplicacao do criterio AMPM, no mesmo modelo da figura 5.1(a),
utilizando-se o ∆t otimo e a frequencia de corte de 30Hz obtidos nas subsecoes
anteriores. A unica mudanca feita no modelo foi alterar a velocidade da camada
inferior de 2000m/s para 1550m/s e, posteriormente, para 3000m/s, criando-se um
contraste baixo e alto, respectivamente.
Destaca-se que, como ja foi observado nos resultados anteriores, que a obtencao
do angulo α nas regioes homogeneas do modelo de velocidades e feita com bastante
precisao, entao, e natural que para um contraste baixo entre as camadas os angulos
sobre o refletor sejam melhor estimados, como pode ser visto na figura 5.35. Por
outro lado, quando a matriz de tempo e obtida a partir de um contraste mais elevado,
a determinacao dos angulos sobre e nas proximidades do refletor apresenta resultados
menos precisos. Neste caso a matriz de tempo possui uma forte descontinuidade
gerada pela grande diferenca de velocidades entre as camadas, o que acarreta em
forte descontinuidade na matriz de angulo, sobre e nas proximidades do refletor,
como pode ser visto na figura 5.36.
Em funcao destes resultados, ve-se que a geracao das curvas de angulos sao
bastante difıceis de serem avaliadas, sobre e nas vizinhancas do refletor, quando
a matriz de tempo de transito e obtida de um modelo de velocidades dotado de
alto contrastes entre as camadas. Destaca-se que isto se trata de um problema
numerico inerente a todos os metodos na obtencao das derivadas que compoem o
vetor gradiente.
Como consequencia, conclui-se que para modelos contendo altos contrastes, deve-
se utilizar o procedimento de suavizacao, para que nao se produzam grandes des-
continuidades na matriz de tempo de transito, e assim melhorem as estimativas
das curvas de angulos nas regioes de maior interesse. Na proxima subsecao e ana-
lisada esta questao do numero de pontos que deve ser utilizado neste processo de
suavizacao.
99
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.35: Resultados na aproximacao do angulo α para um contraste baixo develocidades entre as camadas.
100
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.36: Resultados na aproximacao do angulo α para um contraste alto develocidades entre as camadas.
101
5.2.1.4 Influencia do Grau de Suavizacao do Modelo
Em funcao dos resultados verificados na subsecao 5.2.1.3, envolvendo um modelo
simples de velocidades, pode-se observar que, para os angulos serem melhor esti-
mados, e necessario que haja um gradiente suave entre as camadas que delimitam
a superfıcie refletora, evidenciado pelos resultados do modelo com baixo contraste
entre as camadas. Entao, nesta subsecao e avaliada a influencia da quantidade de
pontos usados na suavizacao do modelo para obter a matriz de tempo de transito
durante a modelagem. Para tanto, foram feitas duas modelagens de forma ana-
loga ao caso da subsecao anterior (5.2.1.3), mas utilizando o modelo de velocidades
suavizado com 5 e 10 pontos.
As figuras 5.37, 5.38 e 5.39 mostram as estimativas nos angulos obtidos atraves
da aplicacao dos metodos de gradientes, sobre a matriz de tempo de transito obtida
pela propagacao do campo de ondas no modelo de velocidades da figura 5.1(b),
suavizado com 5 pontos. Comparando estes resultados com aqueles das figuras 5.22,
5.23 e 5.24, nota-se uma significativa reducao na ordem do erro das curvas geradas
pelos metodos, exceto a Int RBF que, em um primeiro momento, mostrou-se menos
sensıvel a suavizacao em relacao aos demais metodos. Destaca-se que, nas regioes
abaixo do refletor, houve um aumento da magnitude do erro nas curvas geradas
por ODF 4, SCL Akima e aquela obtida pela frente de onda. Tal fato, tambem e
evidenciado para o caso das curvas obtidas quando se utiliza a suavizacao com 10
pontos, inclusive para aquelas geradas pela Int RBF, como observado na figura 5.42.
Comparativamente aos resultados obtidos com a suavizacao de 5 pontos, nas
figuras 5.40 e 5.41, percebe-se que, de modo geral, houve uma reducao no erro
produzido por todos os metodos, sobretudo na regiao sobre o refletor quando utiliza-
se 10 pontos. Tambem e notado que, usando 10 pontos na suavizacao, as curvas
de angulos, a princıpio, tendem para um certo limite onde elas se equiparam, ou
seja, as mesmas se tornam praticamente iguais para os tres metodos de extracao de
gradientes. Isto caracteriza que ha um limite para o numero de pontos utilizados
na suavizacao, a partir do qual os resultados produzidos pelos tres metodos de
gradientes nao mostram praticamente nenhuma distincao. Este fato tambem sera
observado na subsecao 5.2.2 onde a matriz de tempo de transito sera obtida pela
solucao da equacao iconal.
Assim, como o objetivo e determinar os melhores parametros que propiciem
curvas de angulos mais suaves e mais proximas da solucao de referencia sobre o
refletor, passa-se a adotar 10 pontos para a suavizacao do modelo, em se tratando
da obtencao da matriz de tempo de transito originada a partir da modelagem sısmica.
Tal valor, sera utilizado na geracao das curvas de angulos de incidencia que serao
mostradas na subsecao 5.2.3.1.
102
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.37: Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pelamodelagem sısmica a partir do modelo de velocidades suavizado com 5 pontos.
103
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.38: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de velocidadessuavizado com 5 pontos.
104
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.39: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de velocidadessuavizado com 5 pontos.
105
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representado por curvas de nıveis.
Figura 5.40: Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida pelamodelagem sısmica a partir do modelo de velocidades suavizado com 10 pontos.
106
(a) Angulo α estimado para a segunda linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.41: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima do refletor,para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de velocidadessuavizado com 10 pontos.
107
(a) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a segunda linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.42: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes abaixo do refletor,para a MTT obtida pela modelagem sısmica a partir do modelo de velocidadessuavizado com 10 pontos.
108
5.2.2 Extracao do Angulo a Partir da matriz de tempo de
transito Obtida Pela Equacao Iconal
Nesta subsecao, o objetivo e mostrar os resultados obtidos pela aplicacao dos
metodos de gradientes sobre a matriz de tempo de transito oriunda da solucao da
equacao iconal pelo MSFM, para a obtencao de angulos de reflexao em profundidade.
A ideia aqui e apresentar os resultados para o modelo de velocidades da figura 5.1
considerando a mesma posicao da fonte daquela dada na tabela 5.2.
Os primeiros resultados obtidos sao aqueles mostrados nas figuras 5.43 e 5.44,
considerando a matriz de tempo de transito gerada pelo MSFM a partir do modelo de
velocidades sem suavizacao. Nestes resultados, nota-se que os angulos acima e sobre
o refletor sao melhor estimados em relacao aqueles obtidos pela modelagem sısmica
com o modelo de velocidades sem suavizacao (observar figuras 5.22, 5.23 e 5.24).
Ve-se tambem que a curva de angulo que mais se aproxima da solucao de referencia
e aquela gerada pela SCL Akima, a menos dos saltos ocorridos exatamente onde
esta o degrau presente na formacao do refletor. Como ja observado nos resultados
anteriores, tal situacao tambem acontece nas curvas geradas pelo ODF 4.
Tambem e possıvel notar que os angulos, para uma linha acima do refletor (figura
5.44(a)), sao muito bem estimados pelos tres metodos de gradientes, com amplo
destaque para as curvas geradas pela SCL Akima e o ODF 4. Entretanto, quando se
trata das curvas geradas para os angulos situados uma linha abaixo do refletor (figura
5.44(c)), as curvas apresentam uma oscilacao em torno da solucao de referencia,
exceto para a curva gerada pela Int RBF. Entao, como ja foi visto na subsecao
5.2.1.4, para melhorar a solucao e tornar as curvas de angulos mais suaves e sem
oscilacao pode-se similarmente aplicar uma suavizacao no modelo antes de aplicar o
MSFM. Assim, as figuras 5.45 e 5.46 exibem os resultados no caso em que o modelo
de velocidades foi suavizado com 3 pontos. Delas observa-se um fato, ja comentado
na subsecao 5.2.1.4, que refere-se a tendencia apresentada pelas curvas de angulos a
se aproximarem a tal ponto que praticamente nao ha distincao entre os resultados
gerados pelos tres metodos de gradientes. Tal fato tambem e evidenciado nas figuras
5.47 e 5.48, que exibem a caracterizacao do mesmo acontecimento para o caso de
uma suavizacao com 5 pontos.
Assim, como o valor de suavizacao de 5 pontos possibilitou a geracao de curvas de
angulos mais suaves, ele sera utilizado na geracao das curvas de angulos de reflexao
que serao apresentadas na subsecao 5.2.3.2.
109
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representados por curvas de nıveis.
Figura 5.43: Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida peloMSFM a partir do modelo de velocidades sem suavizacao.
110
(a) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.44: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima e abaixodo refletor, para a MTT obtida pelo MSFM a partir do modelo de velocidades semsuavizacao.
111
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representados por curvas de nıveis.
Figura 5.45: Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida peloMSFM a partir do modelo de velocidades suavizado com 3 pontos.
112
(a) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.46: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima e abaixo dorefletor, para a MTT obtida pelo MSFM a partir do modelo de velocidades suavizadocom 3 pontos.
113
(a) Angulo α estimado ao longo do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Matriz de angulos representados por curvas de nıveis.
Figura 5.47: Resultados na aproximacao do angulo α, para a MTT obtida peloMSFM a partir do modelo de velocidades suavizado com 5 pontos.
114
(a) Angulo α estimado para a primeira linha acima do refletor.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
(c) Angulo α estimado para a primeira linha abaixo do refletor.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo α.
Figura 5.48: Resultados na aproximacao do angulo α em regioes acima e abaixo dorefletor, para a MTT obtida pelo MSFM a partir do modelo de velocidades suavizadocom 5 pontos.
115
5.2.3 Aplicacao para um Modelo com Varias Camadas
Neste ultimo exemplo, objetiva-se apresentar diretamente as curvas de angulos
de incidencia/reflexao para as matrizes de tempo de transito obtidas, tanto pela
modelagem sısmica quanto pela solucao da equacao iconal, a partir de um modelo
de velocidades contendo varias camadas. Especificamente, o proposito e avaliar as
curvas sobre os refletores a medida que estes estao localizados em maior profundi-
dade, isto e, localizam-se mais distantes do ponto de aplicacao da fonte. Para tanto,
serao utilizados os valores dos parametros que mais influenciaram significativamente
na melhor estimativa dos angulos oriundos da matriz de tempo de transito, como foi
visto nas subsecoes 5.2.1 e 5.2.2. Em suma, serao mostradas as curvas de angulos
de reflexao apos a composicao dos angulos α e β, igualmente ao que foi feito na
subsecao 5.1.3.
As curvas de angulos de incidencia/reflexao serao apresentadas sobre os 4 refle-
tores presentes no modelo da figura 5.49, os quais estao dispostos em forma planos
inclinados com angulo de mergulho de 10◦ e separados por 5 camadas homogeneas.
Figura 5.49: Modelo de velocidades utilizado para obtencao das curvas de incidencia.
116
5.2.3.1 Angulo de Incidencia Oriundo da Propagacao de Ondas
Para a obtencao das curvas de angulos de incidencia utilizando a matriz de
tempo de transito gerada atraves da propagacao do campo de ondas, a tabela 5.4
sintetiza os parametros empregados. Na figura 5.50, e possıvel observar o modelo,
correspondente aquele da figura 5.49, suavizado com o valor de nps = 10 pontos.
Ressalta-se que os angulos (β) oriundos do modelo foram obtidos a partir daquele
mostrado na figura 5.50.
As figuras 5.51 e 5.52 exibem as curvas de angulos obtidas ao longo dos refletores,
sendo que, na primeira figura, sao mostradas as curvas para os refletores 1 e 2,
enquanto na segunda, para os refletores 3 e 4.
A partir dos resultados apresentados, ve-se que as curvas de incidencia geradas
por todos os metodos de gradientes sao muito proximas da solucao de referencia,
destacando-se que as mesmas apresentam-se bastante suaves ao longo de cada refle-
tor. Alem disso, cabe salientar que aquelas determinadas pela Int RBF sao levemente
mais regulares. Como caracterıstica geral, evidencia-se que, a medida que a profun-
didade aumenta, a magnitude do erro de todas as curvas diminui. Tal caracterıstica
e devida ao fato de, quanto mais distante da fonte estiver o refletor, mais plana e a
configuracao da frente de ondas nas proximidades deste, o que implica na geracao
de curvas de tempo (isocronas) mais planas e suaves naquela regiao.
As curvas finais, apresentadas nas figuras supracitadas, sao os melhores resulta-
dos obtidos atraves da metodologia desenvolvida, a qual depende diretamente dos
metodos estimadores de gradientes que, por sua vez, dependem da qualidade dos
dados de entrada fornecidos.
117
Tabela 5.4: Parametros utilizados na modelagem sısmica do modelo de velocidadesda figura 5.50.
Parametros Valor Significado/UnidadeItotal 101 Numero de pontos na direcao xJtotal 351 Numero de pontos na direcao z
h 10 Espacamento da malha (m) (h = ∆x = ∆z)nps 10 Numero de pontos de suavizacao
Φ 10 Angulo de mergulho (graus)x f 500 Posicao da fonte na direcao horizontal (m)z f 20 Posicao da fonte na direcao vertical (m)∆t 25 × 10−6 Incremento temporal (s)
ttotal 1,2 Tempo total de analise (s)fcorte 30 Variacao na frequencia de corte (Hz)
Figura 5.50: Modelo de velocidades suavizado com 10 pontos, utilizado na obtencaoda MTT pela modelagem sısmica.
118
(a) Angulo γ estimado sobre o refletor 1.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
(c) Angulo γ estimado sobre o refletor 2.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
Figura 5.51: Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 1 e 2.
119
(a) Angulo γ estimado sobre o refletor 3.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
(c) Angulo γ estimado sobre o refletor 4.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
Figura 5.52: Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 3 e 4.
120
5.2.3.2 Angulo de Incidencia Oriundo da Solucao Iconal
Para a matriz de tempo de transito originada a partir da solucao da equacao
iconal, a figura 5.53 apresenta o mesmo modelo de velocidades visto anteriormente,
mas suavizado com 5 pontos, no qual o MSFM foi aplicado. Observa-se que os
angulos originados do modelo foram obtidos da mesma forma descrita na subsecao
anterior.
As figuras 5.54 e 5.55 indicam os resultados obtidos, evidenciando-se aqui a
mesma conclusao feita na subsecao 5.2.3.1, exceto pelo fato de as curvas apresenta-
rem suaves oscilacoes nas proximidades da solucao de referencia.
Destaca-se, quanto a suavidade e precisao das curvas de angulos, que a obtencao
das matrizes de tempo de transito pelo MSFM e mais adequada, em relacao aquelas
obtidas pela modelagem sısmica, a qual requer um modelo suavizado com numero
de pontos superior ao primeiro, assim como apresenta dependencia de parametros
inerentes a modelagem que influem diretamente na qualidade da matriz de tempo.
Figura 5.53: Modelo de velocidades suavizado com 5 pontos, utilizado na obtencaoda MTT pelo MSFM.
121
(a) Angulo γ estimado sobre o refletor 1.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
(c) Angulo γ estimado sobre o refletor 2.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
Figura 5.54: Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 1 e 2.
122
(a) Angulo γ estimado sobre o refletor 3.
(b) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
(c) Angulo γ estimado sobre o refletor 4.
(d) Erro absoluto na estimativa do angulo γ.
Figura 5.55: Resultados na aproximacao do angulo γ sobre os refletores 3 e 4.
123
Capıtulo 6
Conclusoes e Trabalhos Futuros
Neste trabalho, foi apresentada uma metodologia desenvolvida para extracao de
angulos de incidencia/reflexao em profundidade, a partir dos angulos obtidos atraves
da aplicacao do operador gradiente no macro-modelo de velocidades e na matriz
de tempo de transito. Utilizaram-se duas abordagens diferentes para a geracao das
matrizes de tempo: modelagem sısmica da equacao completa da onda, por diferencas
finitas, e solucao direta da equacao iconal, atraves do Multistencils Fast Marching
Method.
Relativamente a obtencao dos gradientes necessarios para a aplicacao da me-
todologia proposta, foram adotados os operadores de diferencas finitas de quarta
ordem, a interpolacao atraves das funcoes de base radial e a spline cubica local de
Akima. Ressalta-se que foi adicionalmente desenvolvido um esquema numerico para
a geracao do gradiente diretamente da frente de ondas propagada, correspondente
aquele obtido da matriz de tempo de transito, aplicando-se para tanto os operadores
de diferencas finitas de quarta ordem ao campo de pressoes, durante a propagacao
do sinal sısmico emitido pela fonte.
A partir dos resultados evidenciados ao longo deste trabalho, viu-se que o pro-
cedimento de suavizacao do modelo de velocidades e uma importante ferramenta
que deve ser utilizada para obtencao das derivadas numericas. Quando tal procedi-
mento e empregado, todos os metodos de gradientes geram curvas de angulos, tanto
do modelo quanto da matriz de tempo de transito, mais suaves e quase sem osci-
lacoes. Entretanto, deve-se utilizar um numero de pontos adequados, de tal forma
que nao ocorra interferencia entre os diferentes refletores que formam o modelo,
assim como perda de curvaturas, nos casos em que os refletores sao formados por
superfıcies muito curvas.
As funcoes de base radial mostram-se como uma notavel metodologia na aquisi-
cao dos gradientes, sobretudo naqueles obtidos do macro-modelo de velocidades, pois
sao capazes de gerar curvas com pouquıssimas oscilacoes e mais contınuas, compara-
tivamente aos demais metodos. Destaca-se que, para se conseguir tal suavidade nas
124
curvas produzidas pelos outros metodos, faz-se necessario aplicar o procedimento de
suavizacao ao modelo.
A aplicacao da spline cubica local de Akima nas matrizes de tempo de transito
obtidas pelo Multistencils Fast Marching Method a partir do modelo de velocidades
sem suavizacao, consegue estimar as curvas de angulo com muita precisao, o que
nao ocorre com as demais metodologias. Igual observacao e evidenciada quando da
adocao da matriz de tempo de transito semi-analıtica, obtida pelo procedimento im-
plementado neste trabalho. Porem, tal evento nao e observado quando e empregado
a matriz de tempo oriunda da modelagem sısmica, devido a introducao de ruıdos
numericos na mesma.
No que tange aos parametros da modelagem sısmica e do macro-modelo de velo-
cidades na estimativa de curvas de angulo mais precisas e com maior suavidade, as
seguintes conclusoes e consideracoes sao pertinentes:
• influencia do incremento temporal: o valor do incremento de tempo, ∆t, ado-
tado nas modelagens, para a obtencao das matrizes de tempo de transito, e
um parametro muito importante para a geracao de curvas de angulo, espe-
cialmente, para os metodos baseados nos operadores de diferencas finitas e
para a spline de Akima. Entretanto, no caso das funcoes de base radial, estas
possibilitam a geracao de curvas mais suaves e sem oscilacoes quase indepen-
dentemente do incremento temporal adotado.
• influencia da frequencia de corte da fonte sısmica: embora o aumento da
frequencia produza contracao das oscilacoes presentes nas curvas de nıvel da
matriz de angulo nas proximidades do refletor, de modo geral, nao foi obser-
vado um ganho efetivo de precisao nos resultados gerados pelas metodologias
de gradientes, a excecao daqueles obtidos pelas funcoes de base radial, para
as regioes sobre e acima do refletor. Destaca-se que o acrescimo da frequencia
de corte implica em reducao do comprimento de onda. Portanto, pode-se in-
tuir que um aumento ainda maior na frequencia, poderia contrair ainda mais
as oscilacoes. Entretanto, tal procedimento provoca uma diminuicao no valor
de incremento de tempo (∆t) e no espacamento da malha (∆x e ∆z), e con-
sequentemente um acrescimo no custo computacional de forma consideravel,
inviabilizando a aplicacao da metodologia desenvolvida.
• influencia do contraste de velocidades: a diferenca de velocidades entre as
camadas e um fator muito importante na determinacao dos gradientes, nas
proximidades e sobre o refletor, pois esta diferenca representa, na verdade, o
grau de descontinuidade existente naquela regiao. Salienta-se que para um
contraste elevado a geracao das curvas de angulos torna-se mais complicada,
125
apresentando erros mais acentuados. Isto se trata de um problema numerico
inerente a todos os metodos aqui estudados para a obtencao das derivadas que
compoem o vetor gradiente.
• influencia do grau de suavizacao do modelo: diretamente relacionado ao con-
traste de velocidades entre as camadas, esta o numero de pontos utilizados
no processo de suavizacao, tanto para obter os gradientes do modelo quanto
da matriz de tempo de transito. Assumindo um contraste de velocidades de
500m/s (1500m/s para 2000m/s), foi observado que usando 10 e 5 pontos para
a obtencao da matriz de tempo de transito pela modelagem sısmica e pelo
Multistencils Fast Marching Method, respectivamente, as curvas de angulos se
tornaram suaves e praticamente iguais. Isto ocorre para todos os metodos de
extracao de gradientes abordados neste trabalho. Portanto, ha um limite para
o numero de pontos utilizados na suavizacao, a partir do qual os resultados
produzidos pelos metodos de gradiente sao praticamente iguais.
Enfatiza-se, quanto a suavidade e precisao das curvas de angulos, que a obtencao
das matrizes de tempo de transito pelo Multistencils Fast Marching Method e mais
adequada, em relacao aquelas obtidas pela modelagem sısmica, a qual requer um
modelo suavizado com numero de pontos superior ao primeiro, assim como apre-
senta dependencia de parametros inerentes a modelagem que influem diretamente
na qualidade da matriz de tempo.
Destaca-se ainda que, apesar de nao terem sido apresentados resultados de custo
computacional para a obtencao das matrizes de tempo de transito, foi observado que
o Multistencils Fast Marching Method, como ja e conhecido na literatura, apresenta
custo muito inferior as solucoes baseadas na propagacao via equacao da onda.
Em suma, destaca-se que, como caracterıstica da propagacao de ondas, a qual
e refletida na matriz de tempo de transito, o fato de que a precisao das curvas de
angulos se tornar cada vez maior a medida que ocorre o aumento da profundidade,
devido a configuracao mais plana das isocronas.
Sugere-se como trabalhos futuros duas abordagens, a saber:
(i) quanto a melhoria da precisao dos resultados obtidos:
1. Utilizacao de novas metodologias de obtencao de matrizes de tempo de
transito, como o Fast Iterative Method (FIM) (JEONG e WHITAKER,
2008).
2. Avaliacao de outras metodologias de obtencao dos parametros de forma
para as funcoes de base radial (FASSHAUER, 2002; KANSA, 1990;
RIPPA, 1999), assim como outras funcoes base (LIU, 2002; SCHABACK,
2000).
126
3. Utilizacao do metodo dos mınimos quadrados moveis aproximados
(MLSA - Moving Least-Squares Approximation) (LANCASTER e SAL-
KAUSKAS, 1981) para avaliacao dos gradientes.
4. Utilizacao de Galerkin descontınuo (JOHNSON, 1995) para obter os gra-
dientes em regioes com altos contrastes de impedancia.
5. Utilizacao de transformadas para avaliacao dos gradientes;
(ii) quanto a aplicacao da metodologia desenvolvida:
1. Avaliacao da metodologia em modelos mais complexos, utilizando tracado
de raios como solucao de referencia.
2. Desenvolvimento de um procedimento de “mute” automatico, utilizando-
se os angulos em profundidade para eliminacao de ruıdos nas imagens
produzidas pela RTM.
3. Construcao de curvas de AVA.
4. Extensao da metodologia desenvolvida para o meio elastico.
5. Construcao de secoes de impedancia de reflexao.
6. Construcao de secoes de angulo comum.
7. Migracao no domınio do angulo.
127
Referencias Bibliograficas
AKIMA, H., 1970, “A new method of interpolation and smooth curve fitting based
on local procedures”, Journal of the ACM, v. 17, n. 4, pp. 589–602.
AKIMA, H., 1974a, “A method of bivariate interpolation and smooth surface fitting
based on local procedures”, Communications of the ACM, v. 17, n. 1,
pp. 18–20.
AKIMA, H., 1974b, “Algorithm 474, Bivariate Interpolation and Smooth Surface
Fitting Based on Local Procedures”, Communications of the ACM, v. 17,
n. 1, pp. 26–31.
AKIMA, H., 1978a, “A method of bivariate interpolation and smooth surface fitting
for irregularly Distributed Data Points”, ACM Transactions on Mathema-
tical Software, v. 4, n. 2, pp. 148–159.
AKIMA, H., 1978b, “Algorithm 525. Bivariate interpolation and smooth surface
fitting for irregularly Distributed Data Points”, ACM Transactions on
Mathematical Software, v. 4, n. 2, pp. 160–164.
AKIMA, H., 1991, “A method of univariate interpolation that has the accuracy of a
third-degree polynomial”, ACM Transactions on Mathematical Software,
v. 17, n. 3, pp. 341–366.
AKIMA, H., 1996, “Algorithm 760: Rectangular-Grid-Data Surface Fitting that
Has the Accuracy of a Bicubic Polynomial”, ACM Transactions on Mathe-
matical Software, v. 22, n. 3, pp. 357–361.
ALFORD, R. M., KELLY, K. R., BOORE, D. M., 1974, “Accuracy of finite diffe-
rence modeling of the acoustic wave equation”, Geophysics, v. 39, n. 6,
pp. 834–842.
ALKHALIFAH, T., FOMEL, S., 2001, “Implementing the fast marching eikonal
solver: spherical versus cartesian coordinates”, Geophysical, v. 49, pp. 165–
178.
128
BAYSAL, E., KOSLOFF, D., SHERWOOD, J. W. C., 1983, “Reverse Time Mi-
gration”, Geophysics, v. 48, pp. 1514–1525.
BAYSAL, E., KOSLOFF, D., SHERWOOD, J. W. C., 1984, “A two-way nonre-
flecting wave equation”, Geophysics, v. 49, pp. 132–14.
BERKHOUT, A. J., 1987, Applied Seismic Wave Theory. New York, Elsevier
Publishing Company.
BISHOP, C. M., 1996, Neural Networks for Pattern Recognition. Oxford, Oxford
University Press.
BLEISTEIN, N., 1984, Mathematical Methods for Wave Phenomena. New York,
Academic Press Inc.
BLEISTEIN, N., 1987, “On the imaging of reflectors in the earth”, Geophysical
Prospecting, v. 52, pp. 931–942.
BLEISTEIN, N., COHEN, J., JARAMILLO, H., 1999, “True-amplitude transfor-
mation to zero offset of data from curved reflectors”, Geophysics, v. 64,
pp. 112–129.
BOUE, M., DUPUIS, P., 1999, “Markov chain approximations for deterministic
control problems with affine dynamics and quadratic cost in the control”,
SIAM Journal on Scientific Computing, v. 36, n. 3, pp. 667–695.
BRUSS, A., 1982, “The eikonal equation: some results applicable to computer
vision”, Journal of Math. Phy., v. 23, n. 5, pp. 890–896.
BUHMANN, M. D., 2003, Radial Basis Functions: Theory and Implementations
(Cambridge Monographs on Applied and Computational Mathematics).
New York, Cambridge University Press.
BULCAO, A., 2004, Modelagem e Migracao Reversa no Tempo Empregando Opera-
dores Elasticos e Acusticos. Tese de Doutorado, UFRJ, Rio de Janeiro-RJ,
Outubro.
BULLEN, K. E., BRUCE, A. B., 1985, An Introduction to the Theory of Seismo-
logy. 4 ed. Ney York, Cambridge University Press.
CASTAGNA, J. P., BACKUS, M. M., 1993, Offset-dependent reflectivity - theory
and practice of AVO analysis, v. 8. Society of Exploration Geophysicists.
CERJAN, C., KOSLOFF, D., RESHEF, M., 1985, “A Nonreflecting Boundary
Condition for Discrete Acoustic and Elastic Wave Equations”, Geophysics,
v. 50, pp. 705–708.
129
CERVENY, V., 1985, “Ray Synthetic Seismograms for Complex Two- and Three-
Dimensional Structures”, J. Geophysics, v. 58, pp. 2–26.
CERVENY, V., 1987, Ray methods for three-dimensional seismic modeling.
Trondheim, Petroleum Industry Course.
CERVENY, V., 2001, Seismic ray theory. New York, Cambridge University Press.
CHANG, W., MCMECHAN, G., 1986, “Reverse-Time Migration of Offset Verti-
cal Seismic Profiling Data Using the Excitation Time Imaging Condion”,
Geophysics, v. 51, pp. 67–84.
CLAERBOUT, J., 1971,“Toward a unified theory of reflector imaging”, Geophysics,
v. 36, pp. 469–481.
CLAERBOUT, J., 1985, Imaging the earth’s interior. Inc, Blackwell Scientific
Publications.
COSTA, J. L., 2006, Migracao reversa no tempo de super-sismograma visando obje-
tivos localizados nos flancos e abaixo de domos salinos. Tese de Mestrado,
UFRJ, Rio de Janeiro-RJ, Dezembro.
CUNHA, P. E. M., 1997, Estrategias eficientes para migracao reversa no tempo
pre-empilhamento 3-D em profundidade pelo metodo das diferencas finitas.
Tese de Mestrado, UFBA, Salvador-Bahia, Dezembro.
DENG, F., MCMECHAN, G., 2007, “True Amplitude prestack depth migration”,
Geophysics, v. 72, pp. 155–166.
DORS, C., 2007, Propagacao de Ondas Elasticas Utilizando Funcoes de Green
Numericas Locais em Modelos Discretizados por Elementos Finitos. Tese
de Doutorado, UFRJ, Rio de Janeiro-RJ, Abril.
ENGQUIST, B., OSHER, S., 1980, “Stable and entropy satisfying approximati-
ons for transonic flow calculations”, Mathematics of Computation, v. 34,
pp. 45–75.
FARIA, E. L., 1986, Migracao antes do empilhamento utilizando propagacao reversa
no tempo. Tese de Mestrado, UFBA, Salvador-Bahia, Abril.
FASSHAUER, G. E., 2002, “Newton iteration with multiquadrics for the solution
of non-linear pdes”, Computers and Mathematics with Applications, v. 43,
n. 3-5, pp. 423–438.
130
FORTUNA, A. O., 2000, Tecnicas Computacionais para Dinamica dos Fluidos:
Conceitos Basicos e Aplicacoes. Sao Paulo, Editora Edusp.
FRANKE, R., 1982, “Scattered data interpolation tests of some methods”, Mathe-
matics of Computation, v. 38, n. 157, pp. 181–200.
GODUNOV, S., 1959, “Finite difference method for numerical computation of dis-
continuous solutions of the equation of fluid dynamics”, Matematicheskii
Sbornik, v. 47, n. 3, pp. 271–306.
GUITTON, A., VALENCIANO, A., BEVC, D., et al., 2007, “Smoothing image
condition for shot-profile migration”, Geophysics, v. 72, n. 3, pp. 149–154.
HARDY, R. L., 1971, “Multiquadric equations of topography and other irregular
surfaces”, Journal of Geophysical Research, v. 176, pp. 1905–1915.
HASSOUNA, M. S., FARAG, A. A., 2007, “Multistencils Fast Marching Methods:
A Highly Accurate Solution to the Eikonal Equation on Cartesian Do-
mains”, IEEE TRANSACTIONS ON PATTERN ANALYSIS AND MA-
CHINE INTELLIGENCE, v. 29, n. 9, pp. 1–11.
HECHT, E., 2002, Optics. 4 ed. San Francisco, Addison Wesley.
JEFFREYS, H., JEFFREYS, B., 1950, Methods of Mathematical Physics (Cam-
bridge Mathematical Library). 2 ed. Cambridge, Cambridge University
Press.
JEONG, W. W., WHITAKER, R., 2008, “A Fast Iterative Method for Eikonal
Equations”, Society for Industrial and Applied Mathematics, v. 30, n. 5,
pp. 2512–2534.
JOHNSON, C., 1995, Numerical Solution of PDEs by the Finite Element Method.
Cambridge University Press.
KANSA, E. J., 1990, “Multiquadrics- A scattered data approximation scheme with
applications to computational fluid-dynamics: I. Surface approximations
and partial derivative estimates”, Computers and Mathematics with Ap-
plications, v. 19, n. 6-8, pp. 127–145.
KIM, S., 2001, “An O(N) level set method for eikonal equation”, SIAM Journal on
Scientific Computing, v. 22, n. 6, pp. 2193–2001.
LANCASTER, P., SALKAUSKAS, K., 1981, “Surfaces generated by moving least
squares methods”, Mathematical of Computational, v. 37, n. 155, pp. 141–
158.
131
LARSON, R. E., HOSTETLER, R. P., EDWARDS, B. H., 1998, Calculo com
Geometria Analıtica, v. 2. 5 ed. Rio de Janeiro, LTC.
LIMA, C. M. M., 2009, Um estudo sobre o metodo mınimos quadrados moveis por
aproximacoes iteradas. Tese de Mestrado, PUC-Rio, Rio de Janeiro-RJ,
Setembro.
LIU, G. R., 2002, Mesh Free Methods: Moving Beyond the Finite Element Method.
New York, CRC Press.
LOEWENTHAL, D., HU, L., 1991, “Two Methods for computing the imaging
condition for common-shot prestak migration”, Geophysics, v. 56, pp. 380–
399.
LOEWENTHAL, D., STOFFA, P. L., FARIA, E. L., 1987, “Suppressing the
Unwanted Refletions of the Full Wave Equation”, Geophysics, pp. 1007–
1012.
MALLADI, R., SETHIAN, J., 1996, “A unified approach to noise removal, image
enhancement, and shape recovery”, IEEE Trans. on Image Processing,
v. 5, n. 11, pp. 1554–1568.
MARGRAVE, G. F., 2003, Numerical Methods of Exploration Seismology with al-
gorithms in Matlab. Calgary-Canada, The University of Calgary.
MCMECHAN, G. A., 1983, “Migration by extrapolation by time dependent boun-
dary values”, Geophysical Prospecting, v. 31, pp. 413–420.
MICCHELLI, C. A., 1986, “Interpolation of Scatter Data: Distance Matrices and
Conditionally Positive Definite Functions”, Constructive Approximation,
v. 2, pp. 11–22.
MUFTI, I. R., 1990, “Large-scale three-dimensional seismic models and their inter-
pretive significance”, Geophysics, v. 55, pp. 1166–1182.
PAUL, M. K., 2004, “Rock properties and amplitude versus angle”, The Leading
Edge, v. 23, n. 10, pp. 986–988.
PESTANA, M., PIMENTEL, A., 1996, “Calculo dos tempos de transito por dife-
rencas finitas: uma comparacao”, Revista Brasileira de Geofısica, v. 14,
pp. 115–130.
PIMENTEL, A. L., 1994, Tracado de raios usando o princıpio da reciplocidade.
Tese de Mestrado, UFBA, Salvador-Bahia, Agosto.
132
PODVIN, P., LECOMTE, I., 1991, “Finite-difference computation of traveltimes
in very contrasted velocity models: A massively parallel approach and its
associated tools”, Geophys. J. Int., v. 105, pp. 271–284.
POPOV, M. M., 2002, Ray theory and gaussian beam method for geophysicists.
SALVADOR-BAHIA, EDUFBA.
POPOVICI, A. M., 1991, Finite-difference traveltime maps. Relatorio Tecnico 70,
Stanford Exploration.
RAWLINSON, N., SAMBRIDGE, M., 2005, “The fast marching method: an effec-
tive tool for tomographic imaging and tracking multiple phases in complex
layered media”, Exploration Geophysics, v. 36, pp. 341–350.
RAWLINSON, P. E., LIN, Q., 2003, “A Modified Fast Marching Method”, Proc.
Scandinavian Conf. Image Analysis, pp. 1154–1161.
RESHEF, P., KOSLOFF, D., 1986, “Migration of Common Shot Gathers”, Ge-
ophysics, v. 51, pp. 324–331.
RESNICK, J., PATRICK, N., LARNER, K., 1987, “Amplitude versus offset analy-
sis in the presence of dip”, 57th Ann. Internat. Mtg. - SEG Expanded
Abstracts, pp. 617–620.
REYNOLDS, A. C., 1978, “Boundary conditions for the numerical solution of wave
propagation problems”, Geophysics, v. 43, pp. 1099–1110.
RIPPA, S., 1999, “An Algorithm for selecting a good value for the parameter c in
radial basis function interpolation”, Adv. Comput. Math, v. 11, pp. 193–
210.
SANTIAGO, T. M. G., 2004, Migracao Kirchhoff 2,5D em Tempo no Domınio
de Angulo Comum e em Amplitude Verdadeira. Tese de Mestrado, UNI-
CAMP, Campinas-Sao Paulo, Dezembro.
SCHABACK, R., 2000, “Remarks on Meshless Local Construction of Surfaces”,
Proceedings of the 9th IMA Conference on the Mathematics of Surfaces,
pp. 34–58.
SCHNEIDER, W. A., 1995, “Robust and efficient upwind finite difference travel-
time calculations in 3d”, Geophysics, v. 60, pp. 1108–1117.
SCHNEIDER, W. A. A., RANZINGER, K. A., BALCH, A. H., et al., 1992, “A
dynamic programming approach to first traveltime computation in media
with arbitrarily distributed velocities”, Geophysics, v. 57, pp. 39–50.
133
SCHNEIDER, W. S., 1978, “Integral formulation for migration in two and three
dimensions”, Geophysics, v. 43, n. 1, pp. 49–76.
SETHIAN, J. A., 1996, “A fast marching level set method for monotonically advan-
cing fronts”, Proceedings of National Academy of Sciences, v. 93, pp. 1591–
1595.
SETHIAN, J. A., 1999a, Level Sets Methods and Fast Marching Methods. 2 ed.
New York, Cambridge University Press.
SETHIAN, J. A., 1999b, “Fast marching methods”, SIAM Review, v. 41, n. 2,
pp. 199–235.
SETHIAN, J. A., POPOVICI, A. M., 1999,“Three-dimensional Traveltime Compu-
tation Using the Fast Marching Method”, Geophysics, v. 22, pp. 516–523.
SHERIFF, R. E., 2002, Encyclopedic Dictionary of Applied Geophysics (Geophysi-
cal References, V. 13). USA, Society of Exploration.
SILVA, J. J., 2009, Migracao Reversa no Tempo na Determinacao das Amplitudes
de Reflexao em Funcao do Angulo de Incidencia. Tese de Doutorado,
UFRJ, Rio de Janeiro-RJ, Marco.
SILVA, M. W. X., 2008, Estudo da Variacao de Parametros de Aquisicao de Da-
dos Sısmicos Associado ao Imageamento de Falhas Utilizando Migracao
Reversa no Tempo. Tese de Mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro-RJ, Marco.
STRIKWERDA, J., 2004, Finite Difference Schemes and Partial Differential Equa-
tions. 2 ed. Philadelphia, SIAM: Society for Industrial and Applied Mathe-
matics.
TSITSIKLIS, J., 1995, “Efficient Algorithms for Globally Optimal Trajectories”,
IEEE Trans. Automatic Control, v. 40, n. 9, pp. 1528–1538.
TYGEL, M., SCHLEICHER, J., HUBRAL, P., et al., 1993, “Multiple weights in
diffraction stack migration”, Geophysics, v. 58, n. 12, pp. 1820–1830.
TYGEL, M., SANTOS, L. T., JCHLEICHER, J., et al., 1999, “Kirchhoff imaging
as a tool for AVO/AVA analysis”, The Leading Edge, v. 18, pp. 940–945.
VAN TRIER, J., SYMES, W., 1991, “Upwind finite-difference calculation of tra-
veltimes”, Geophysics, v. 56, n. 6, pp. 812–821.
VASQUEZ, A. C. R., 1999, Recuperacao de Atributos Sısmicos Utilizando a Migra-
cao para Afastamento Nulo. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas-Sao
Paulo, Dezembro.
134
VASQUEZ, A. C. R., OLIVEIRA, A. S., TYGEL, M., 2003, “Recuperacao de Atri-
butos Sısmicos Utilizando Migracao para Afastamento Nulo”, Brasilian
Journal of Geophysics, v. 20, pp. 59–65.
VAZ, J. R. P., 2004, Solucao da Equacao Iconal por Diferencas Finitas em 3D em
Meios Anisotropicos. Tese de Mestrado, UFPA, Belem-Para, Outubro.
VEEKEN, P., RAUCH-DAVIES, M., 2006, “AVO attribute analysis and seismic
reservoir characterization”, First Break, v. 24, pp. 41–52.
VEEKEN, P. C. H., 2007, Seismic Stratigraphy, Basin Analysis and Reservoir
Characterisation, v. 37, Handbook of Geophysical Exploration: Seismic
Exploration. Amsterdam, Elsevier Science.
VIDALE, J., 1988, “Finite-difference calculation of traveltimes”, Bull. Seis. Soc.
Am., v. 78, n. 6, pp. 2062–2076.
VIDALE, J., 1990,“Finite-difference calculation of traveltimes in three dimensions”,
Geophysics, v. 55, n. 5, pp. 521–526.
WHITMORE, N. D., 1983, “Iterative depth migration by backward time propaga-
tion”, 53rd Ann. Internat. Mtg. SEG - Expanded Abstracts, pp. 225–244.
WIGGINS, J. W., 1984,“Kirchhoff integral extrapolation an migration of nonplanar
data”, Geophysics, v. 49, pp. 1239–1248.
YATZIV, L., BARTESAGHI, A., SAPIRO, G., 2006, “O(N) Implementation of the
Fast Marching Algorithm”, J. Computational Physics, v. 212, pp. 393–399.
YILMAZ, O., 2001, Seismic Data Analysis: Processing, Inversion and Interpreta-
tion of Seismic Data. Tulsa, Society of Exploration Geophysicits.
ZAUDERER, R., 1989, Partial Differential Equations of Applied Mathematics.
John Wiley and Sons.
ZHANG, L., 1991, “Finite difference calculation of Green’s function”, SEP, v. 72,
pp. 153–170.
ZHANG, M., FU, L., LI, X. L. X., 2009, “2D efficient ray tracing with a modified
shortest path method”, Exploration Geophysics, v. 40, pp. 301–307.
ZHANG, Y., SUN, J., 2008, “Practical issues of reverse time migration: true-
amplitude gathers, noise removal and harmonic-source encoding”, 70th
EAGE Conference & Exhibition.
135
ZHAO, H., 2004, “A Fast Sweeping Method for Eikonal Equations”, Mathematics
of Computation, v. 74, n. 250, pp. 603–627.
ZHAO, H. K., OSHER, S., MERRIMAN, B., et al., 2000, “Implicit and non-
parametric shape reconstruction from unorganized points using variational
level set method”, Computer Vision and Image Understanding, v. 80, n. 3,
pp. 295–319.
136
Apendice A
Operadores de Diferencas Finitas
Neste apendice, sera descrito a forma de obtencao dos operadores de diferencas
finitas, utilizados ao longo deste trabalho, atraves da serie de Taylor.
O metodo das diferencas finitas pode ser utilizado para resolver problemas de
valor de contorno ou valor inicial, envolvendo equacoes diferenciais ordinarias ou
parciais (FORTUNA, 2000; STRIKWERDA, 2004). A tecnica consiste em substituir
cada derivada ou diferencial das equacoes diferenciais por aproximacoes de diferencas
finitas ou acrescimos finitos das variaveis.
A.1 Expansao em Serie de Taylor
Como os operadores de diferencas finitas tem como base a expansao em serie de
Taylor de uma funcao contınua, supoem-se que tal funcao seja ϕ, definida em um
intervalo [a, b] de interesse e que possua derivadas ate ordem ~ contınuas no intervalo.
Assim, o Teorema de Taylor nos permite escrever, para todo ponto x ∈ [a, b]:
ϕ(x ±h∆x) =
∞∑~=0
(±h ∆x)~ϕ~(x)~!
. (A.1)
Considerando h = 1, tem-se:
ϕ(x−∆x) = ϕ(x)−∆xdϕ(x)
dx+
(∆x)2
2!d2ϕ(x)
dx2 −(∆x)3
3!d3ϕ(x)
dx3 +(∆x)4
4!d4ϕ(x)
dx4 −O(∆x)~, (A.2)
ϕ(x+∆x) = ϕ(x)+∆xdϕ(x)
dx+
(∆x)2
2!d2ϕ(x)
dx2 +(∆x)3
3!d3ϕ(x)
dx3 +(∆x)4
4!d4ϕ(x)
dx4 +O(∆x)~, (A.3)
137
por outro lado, considerando h = 2:
ϕ(x−2∆x) = ϕ(x)−2∆xdϕ(x)
dx+
(2∆x)2
2!d2ϕ(x)
dx2 −(2∆x)3
3!d3ϕ(x)
dx3 +(2∆x)4
4!d4ϕ(x)
dx4 −O(∆x)~,(A.4)
ϕ(x+2∆x) = ϕ(x)+2∆xdϕ(x)
dx+
(2∆x)2
2!d2ϕ(x)
dx2 +(2∆x)3
3!d3ϕ(x)
dx3 +(2∆x)4
4!d4ϕ(x)
dx4 +O(∆x)~,(A.5)
onde O(∆x)~ representa a ordem do erro local de truncamento.
A.2 Operadores para a Primeira Derivada
Explicitando-se a primeira derivada de ϕ e omitindo o termo relacionado a ordem
do erro em (A.2) e (A.3), obtem-se o operador de primeira ordem dado por:
dϕ(x)dx
=ϕ(x) − ϕ(x − ∆x)
∆x(A.6)
e
dϕ(x)dx
=ϕ(x + ∆x) − ϕ(x)
∆x. (A.7)
sendo que (A.6) representa o operador de diferencas atrasadas (backward differences)
e (A.7) de diferencas progressivas (forward differences), ambos chamados de formula
de dois pontos.
Para obter os operadores de diferencas atrasadas e progressivas de segunda or-
dem, faz-se: (A.4)-4(A.2) e (A.5)-4(A.3), respectivamente. Apos explicitar o termo
relacionado a derivada primeira e omitir a ordem do erro, tem-se:
dϕ(x)dx
=3ϕ(x) − 4ϕ(x − ∆x) + ϕ(x − 2∆x)
∆x(A.8)
e
dϕ(x)dx
= −3ϕ(x) − 4ϕ(x + ∆x) + ϕ(x + 2∆x)
2∆x. (A.9)
Uma outra possibilidade para o operador de primeira derivada de segunda ordem
e combinar as expressoes (A.2) e (A.3) de forma a eliminar a segunda derivada de
ϕ. Para isso basta subtrair estas duas expressoes e explicitar a primeira derivada
omitindo o termo relacionado a ordem do erro. Daı, tem-se o classicamente chamado
138
operador de diferencas centrais (central differences):
dϕ(x)dx
=ϕ(x + ∆x) − ϕ(x − ∆x)
2∆x. (A.10)
Para obter um operador de quarta ordem para a derivada primeira, expande-se os
termos da serie nas expressoes (A.2) a (A.5) ate a derivada quarta para que a ordem
do erro seja O(∆x)5. Entao, faz-se, respectivamente, (A.2)-(A.3) e (A.4)-(A.5):
ϕ(x − ∆x) + ϕ(x + ∆x) = −2(∆x)dϕ(x)
dx−
2(∆x)3
6d3ϕ(x)
dx3 − O(∆x)5, (A.11)
ϕ(x − 2∆x) − ϕ(x + 2∆x) = −4(∆x)dϕ(x)
dx−
2(∆x)3
6d3ϕ(x)
dx3 − O(∆x)5. (A.12)
Daı, o passo final e fazer (A.12)-8(A.11) para eliminar o termo relacionado a terceira
derivada. E assim, omitindo a ordem do erro e explicitando a derivada primeira,
chega-se ao operador de quarta ordem:
dϕ(x)dx
=1
12(∆x)[−ϕ(x + 2∆x) + 8 (ϕ(x + ∆x) − ϕ(x − ∆x)) + ϕ(x − 2∆x)
]. (A.13)
A.3 Operadores para a Segunda Derivada
Utilizando as expansoes (A.2) e (A.3), pode-se combina-las para que a primeira
derivada de ϕ seja eliminada e assim obter um operador de segunda ordem para a
segunda derivada. Esse procedimento e feito somando-se (A.2) com (A.3) e, posteri-
ormente, explicitando a segunda derivada sem o termo relacionado a ordem do erro,
tem-se:
d2ϕ(x)dx2 =
ϕ(x + ∆x) − 2ϕ(x) + ϕ(x − ∆x)(∆x)2 . (A.14)
Por outro lado, se o objetivo e obter um operador de quarta ordem para a segunda
derivada, expande-se os termos da serie nas expressoes (A.2) a (A.5) ate a derivada
quinta, a fim de que a ordem do erro seja O(∆x)6. Daı, faz-se, respectivamente,
(A.2)+(A.3) e (A.4)+(A.5):
ϕ(x + ∆x) + ϕ(x − ∆x) = 2ϕ(x) + (∆x)2 d2ϕ(x)dx2 +
(∆x)4
12d4ϕ(x)
dx4 + O(∆x)6, (A.15)
139
ϕ(x + 2∆x) + ϕ(x − 2∆x) = 2ϕ(x) + 4(∆x)2 d2ϕ(x)dx2 +
16(∆x)4
12d4ϕ(x)
dx4 + O(∆x)6. (A.16)
Sendo assim, o ultimo procedimento e fazer 16(A.15) - (A.16) para eliminar o termo
de derivada quarta. Entao, suprimindo a ordem do erro e isolando a derivada se-
gunda, tem-se o operador de quarta ordem:
d2ϕ(x)dx2 =
112(∆x)2
[−ϕ(x + 2∆x) + 16 (ϕ(x + ∆x) + ϕ(x − ∆x)) − 30ϕ(x) − ϕ(x − 2∆x)
].
(A.17)
140