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Fevereiro/Março 2013 | Ano 15 | Número 01 | Roche News1
medicina nuclearuma publicação da Sociedade BraSileira de Medicina nuclear
ANO 3 JUL•AGO•SET 2015
11ISSN 2317-384X
BEm-vindOS!
O ESpEciALiSTA Responsável pela regulação de radiofármacos fala sobre a situação no País
cOnTrASTE Super-heróis e a radiação
rio de Janeiro recebe 29ª edição do congresso Brasileiro de medicina
nuclear. programações - científica e social - prometem boas surpresas
aos participantes
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 3
índiceeditorial
Durante o mês de outubro, você terá a oportunidade de
participar do XXIX Congresso Brasileiro de Medicina
Nuclear, que acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias
23 e 25. O evento, realizado anualmente pela Sociedade
Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), reunirá médicos
nucleares e especialistas que irão discutir as oportunida-
des, desafios e perspectivas da especialidade.
Nosso diretor científico, Sérgio Altino de Almeida, fala na
reportagem de capa desta edição sobre os principais desta-
ques do evento, a programação científica e outros detalhes.
Você já percebeu que a radiação está presente na história
do surgimento de vários super-heróis dos quadrinhos?
Conheça um pouco mais a origem desses personagens.
Seus criadores explicam como deram vida a eles por meio
da radiação e da energia nuclear. Leia mais em Contraste.
Além disso, o gerente-geral de Produtos Biológicos,
Sangue, Tecidos, Células e Órgãos da Superintendência
de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa,
Marcelo Moreira, fala da criação da RDC nº 70, uma
resolução que foi elaborada para normatizar os radiofár-
macos já comercializados e utilizados no Brasil. Veja a
matéria completa em O Especialista.
Por fim, confira uma reportagem sobre as características
e desafios de se implantar um serviço de PET/CT nas
diferentes regiões do País. A reportagem Capacitação e
Mercado é bastante reveladora.
Tenham todos uma boa leitura e, claro, espero vê-los
em outubro aqui na Cidade Maravilhosa!
Congressoà vista
Veja a Versão digital no site www.sbmn.org.br
Claudio TinoCo MesquiTaPresidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear
In vIvoNotícias institucionais da SBMN e da especialidade04
CapaCItação & merCadoDesafios para a implantação do PET/CT no Brasil22
o espeCIalIstaEspecialista da Anvisa fala sobre a aprovação dos radiofármacos12
na prátICaHumorista do Casseta & Planeta relaciona medicina nuclear e a saúde do coração26ContrasteA relação entre a radiação, a energia nuclear e os super-heróis dos quadrinhos30agendaPrograme-se para participar dos principais eventos do setor
34
16XXIXCongresso Brasileiro de Medicina Nuclear
4 Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista
in vivo
Os impactos na forma-ção médica a partir da Lei nº 12.871/2013, que insti-tuiu o programa Mais Médicos, prestes a com-pletar dois anos, foram alvo das discussões no VI Fórum Nacional de Ensino Médico. Promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), o encon-tro foi realizado na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr), em 27 e 28 de agosto.
A mesa-redonda Adequação das Escolas Médicas às Diretrizes Curriculares Impostas pela Lei nº 12.871/13 trouxe à discussão os vários desafios que exis-tem hoje no processo de formação do médico no País. Desafios que vão desde a abertura desen-freada de escolas médi-cas até a determinação prevista na lei de que 30% da carga horária do internato deve ser cum-prida no sistema público. Foram discutidos tam-
bém os Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Saúde (Coapes), convênios fir-mados entre as institui-ções de ensino e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), e a criação de um sistema de acredi-tação das escolas médi-cas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A SBMN foi representada por sua segunda-tesoureira, Barbara Amorim, e pelo presidente da SBMN-DF, Gustavo Gomes. Os médi-cos nucleares puderam
levantar questões relati-vas à inserção da especia-lidade na graduação médica, o que não ocorre atualmente. Na avaliação dos repre-sentantes da SBMN, foi possível aproveitar o momento para expor a necessidade de implantar a medicina nuclear na grade curricular dos cur-sos de graduação - como já ocorre na Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do
Sociedade BraSileira de medicina nuclear participa do Vi Fórum nacional de enSino médico
Ensino
RepResentantes de sociedades Médicas lotaRaM auditóRio eM bRasília (dF)
5medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015
in vivo
Rio de Janeiro (UFRJ). “Defendemos que essa inserção é fundamental para que os alunos tenham contato com a especialidade - em franca expansão no Brasil - ao longo de sua formação, e não mais de maneira pon-tual, como ocorre nas pou-cas instituições em que existe a abordagem”, rela-tou Barbara. Outros pontos defendi-dos foram o ingresso da medicina nuclear nas Ligas Acadêmicas e a realização de um levan-tamento das experiên-cias exitosas nos serviços da área que já participam da graduação e que pos-sam servir de modelo.Como desfecho, a SBMN levantou alguns pontos que podem ser sugeridos
e defendidos dentro do processo de revisão da grade curricular das esco-las médicas:1. Implantação da medicina nuclear na grade em cada escola individualmente - cada uma faria sua inserção na grade de acordo com suas possiblidades. Isso já tem sido feito por algumas, como Unicamp, USP e UFRJ. A SBMN poderia pro-mover um maior incentivo para que isso ocorresse.2. Inserção da medicina nuclear longitudinalmente na graduação, isto é, em grandes temas ao longo da graduação e não de maneira pontual. Isso tem sido uma forte tendência no ensino médico.3. Inserção da medicina nuclear nas Ligas Acadêmicas.
4. Levantamento, dentro dos serviços de medicina nuclear que já participam da graduação, de experiên-cias exitosas e que pode-riam ser copiadas.
Formação em Mn
O presidente da SBMN, Claudio Tinoco, avalia que a abertura inconsequente de faculdades de medici-na pode agravar a má for-mação de médicos no País. Ele acredita que a mudança desse cenário só ocorrerá com investimen-to e criação de novas vagas para médicos espe-cialistas. “Não basta criar residências em áreas mais carentes, pois os estudos de demografia médica demonstram que apenas um terço dos médicos fica no local em
que faz seu treinamento. Assim, a criação de vagas tem que estar ligada dire-tamente à melhora da infraestrutura médica para, consequentemente, melhorar o atendimento da população”, pondera. Para a medicina nuclear, a residência continuará sendo de acesso direto. Para haver mais e melho-res médicos nucleares no Brasil, Tinoco acredita que será necessário haver uma ação, apoiada pela Sociedade, em que as próprias escolas médicas e os serviços que pude-rem promover novas resi-dências o façam. Tendo em vista o número de médicos nucleares atualmente (menos de 700) e número de servi-ços de medicina nuclear em atuação no Brasil (menos de 450), para atender a população bra-sileira (204 milhões) é preciso haver o dobro de serviços, especialmente nas áreas mais carentes do País (diversos estados com um ou dois serviços apenas), e um número maior de médicos nuclea-res (de 50% a 100% mais médicos). “É triste ouvir histórias de serviços de medicina nuclear que estão sem funcionar por-que não há médicos dis-poníveis”, avalia o presi-dente da SBMN.
© CF
M •
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ão
báRbaRa aMoRiM e gustavo goMes RepResentaRaM a sbMn
8 Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista
in vivo
Mais um estudo com pesquisadores bra-sileiros e membros da SBMN é publicado em um periódico de referência internacio-nal – o Clinical Nuclear Medicine. O artigo Clinical and Dosimetric Variables Related to Outcome After Treatment of Graves’ Disease with 550 and 1110 MBq of 131I: Results of a Prospective Randomized Trial analisou as variáveis clínicas e de dosimetria associadas com o resultado em terapia HTG que pos-sam contribuir para o planejamento e defi-nir a atividade mais adequada a ser admi-nistrada. O trabalho, de autoria de Marcelo Tatit Sapienza, George Barberio Coura Filho, José Willegaignon de Amorim de Carvalho, Tomoco Watanabe, Paulo Schiavom Duarte e Carlos Alberto Buchpiguel (todos com vín-culo à FMUSP), está disponível para leitura no site da publicação.
intErnacional
PionEiro
© SB
MN
• Div
ulga
ção
eStudo BraSileiro puBlicado no clinical nuclear medicine
1º SimpóSio do cluBe de imagenS dr. ricardo Brandão
Em 1º de agosto, ocor-reu a primeira edição do Simpósio do Clube de Imagens Dr. Ricardo Brandão, no Sincomércio Jaú, na cidade do interior de São Paulo. O encontro reuniu aproximadamente 100 pessoas. A diretoria da SBMN esteve repre-sentada por sua primeira- -tesoureira, Miriam Moreira, e o primeiro--secretário, George Coura Filho, que conduziu a apresentação Experiência Clínica em Radium 223.O evento foi organizado pelo Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Amaral Carvalho (HAC) e integrou as comemora-ções do centenário da instituição, juntamente com a iniciativa dos
médicos nucleares Alexandre Brandão e Daniel Brandão em homenagem à memória do pai. Ricardo Brandão atuava na área de medi-cina nuclear desde 1972, quando o HAC recebeu o primeiro equipamento de medicina nuclear do interior de São Paulo. Isso fez com que o pro-fissional se tornasse um dos precursores da espe-cialidade médica no estado. Além disso, Brandão foi diretor de Ética e Defesa Profissional da SBMN.Também estiveram pre-sentes os médicos nucleares Marcus Vinicius Grigolon, Celso Darío Ramos e Régis Oquendo Nogueira.
gRupo de paRticipantes do siMpósio Realizado eM Jaú (sp)
9medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015
in vivo
Membros da SBMN reuniram-se na sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio de Janeiro (RJ), em 27 de agosto, para juntos avaliarem a situação do ressarcimento dos insu-mos dispendidos pela prá-tica da medicina nuclear no País, no que cabe ao campo da saúde pública. A Sociedade aproveitou a oportunidade para escla-
recer os critérios nos quais se baseia para estabelecer a relação de custos da medicina nuclear x remu-neração do valor dos pro-cedimentos. A situação atual é de defasagem devido à falta de reajuste na tabela do SUS desde 2009. A SBMN pode com-partilhar o impacto sobre a especialidade quando há o aumento no custo do material radioativo, con-
forme o ocorrido em julho deste ano, do montante de 22%. A Sociedade encaminhou ofício ao MS com o objetivo de estabe-lecer uma solução frente à situação, que impacta a especialidade, caso não haja mudança de cenário. A SBMN esteve represen-tada pelo seu presidente, Claudio Tinoco Mesquita; pelo diretor científico, Sérgio Altino; pela asses-
sora econômica, Beatriz Leme; e pelo ex-presidente da Sociedade Adelanir Barroso. Da CNEN, partici-param o coordenador--geral, Luiz Fernando de Carvalho Conti; o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Isaac Obadia; e o coordena-dor da Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação da Comissão, Francisco Rondinelli.
Diretores da SBMN e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) reuniram-se na sede da Sociedade, em São Paulo (SP), em 17 de julho.
SBmn e cBr realizam reunião em São paulo
ParcEria
Pública
diRetoRes da sbMn e do cbR Reunidos
© SB
MN
• Div
ulga
ção
sbMn esclaRece à cnen situação do RessaRciMento da Mn no país
Representantes das duas entidades puderam discu-tir assuntos de interesse comum para o desenvolvi-mento das especialidades. Para os presidentes Claudio Tinoco, da SBMN, e
Antonio Carlos Matteoni de Athayde, do CBR, a aproxi-mação só fortalece o cam-po do diagnóstico por ima-gem no Brasil. Alguns dos temas abordados foram: - Ações conjuntas na
ANS, Câmara Técnica da AMB e Conitec-SUS;- Ações conjuntas que beneficiem os associados de ambas as entidades;- Alinhamentos referen-tes à acreditação de ser-viços de imagem;- Apresentação do projeto de Diretrizes e Guidelines da SBMN – em fase inicial, a expectativa é de que haja formação de grupos de trabalho conjunto;- Estabelecimento de cri-térios de adequação para exames de imagens; - Estabelecimento de um grupo de trabalho com obje-tivo de desenvolver iniciati-vas similares ao Choosing Wisely para a radiologia e a medicina nuclear brasileira.
10 Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista
in vivo
Os médicos nucleares brasi-leiros Juliano Cerci e Claudio Meneghetti foram premiados pelo The Journal of Nuclear Medicine (JNM), periódico oficial publicado pela SNMMI.Em reconhecimento aos resul-tados apresentados no estudo Prospective International Cohort Study Demonstrates Inability of Interim PET to Predict Treatment Failure in Diffuse Large B-Cell Lymphoma, foi concedido o título de Editor’s Choice Award for the Best Clinica Articles in 2014. A premiação ocorreu durante a Reunião Anual SNMMI 2015. O estudo buscou definir melhor o uso da tecnologia PET para a estratificação de risco de linfo-ma não Hodgkin difuso de grandes células B e, também, na avaliação da hipótese de que a diversidade biológica internacional e/ou dos siste-mas de saúde pode influenciar a cinética da resposta ao trata-mento, avaliadas por PET scan interino (I-PET). Participaram mais de 10 cen-tros de referência em oncolo-gia no Brasil, Chile, Hungria, Índia, Itália, Filipinas, Coreia do Sul e Tailândia. Ao todo, foram avaliados 327 pacien-tes. Meneghetti representou o Instituto do Coração (InCor) do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cerci, que representou a Quanta - Diagnóstico e Terapia, instituição na qual é diretor do Serviço de PET/CT, foi o responsável pelo geren-ciamento dos dados.Como conclusão, foram apre-sentados três novos achados: a resposta ao tratamento ava-liada por I-PET é comparável entre sistemas de saúde dife-rentes; observação de resulta-dos negativos do I-PET, quan-do em conjunto com um bom estado clínico, tendo sido identificado um grupo de pacientes com excelente res-posta com percentual de 98% de sobrevida livre da doença; constatação de que uma única varredura com o I-PET positi-va não diferencia linfoma resistente à quimioterapia de resposta completa e não deve ser usada para orientar a tera-pia adaptada ao risco.Para Cerci, que também é vice-presidente da SBMN, a conquista simboliza o reco-nhecimento do potencial do Brasil no âmbito da ciência e reforça a importância de esti-mular a produção de estudos no campo da MN no País, ainda considerados pouco expressivos.
O emprego da medicina nuclear em benefício do trata-mento de hemofilia no Brasil e a perspectiva de incluí-la como opção terapêutica na Política de Atenção aos Pacientes com Coagulopatias Hereditárias foi pauta de reunião realizada no Ministério da Saúde, em 6 de agosto, em Brasília (DF). Recebidos pelo coordenador da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (CGSH/SAS/MS), João Baccara, o presidente da SBMN, Claudio Tinoco, e o coordenador da seção do Distrito Federal da entidade (SBMN-DF), Gustavo Gomes, discutiram a elaboração de uma proposta de incorpora-ção da radiossinoviortese (RSV) no Sistema Único de Saúde (SUS). Em breve, será enviada pela SAS/MS nota técnica com a solicitação da inclusão dos radionuclídeos para fins tera-pêuticos à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). A SBMN irá cola-borar com a CGSH na concepção do documento.
DEstaquEs
coaguloPatiasartigo BraSileiro é premiado pelo Jnm RadiossinovioRtese
pode seR incoRpoRada no sus coMo teRapêutica paRa heMoFilia
11medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015
in vivo
Instituído pela SBMN, o dia 14 de setembro passa oficial-mente a celebrar o Dia do Médico Nuclear. Em alusão à data de fundação da Sociedade, há 54 anos. A data tra-duz o anseio de toda comunidade de espe-cialistas de terem um dia dedicado única e exclusivamente a cele-brar a especialidade, seus avanços alcança-dos ao longo dos anos, bem avaliar os desafios e perspectivas futuras. Para selar a data, a diretoria da SBMN, sob a presidência de Claudio Tinoco Mesquita, inaugurou a Galeria dos Presidentes. Trata-se de um espaço permanente, localizado na sede da entidade, destinado a manter viva a memória da Sociedade, representa-da por cada presidente que a presidiu ao longo dessas cinco décadas. “Não somos nada sem nossas memórias. Mais do que uma gale-ria de fotos, este espa-ço simboliza nossas raízes representadas por cada presidente
que compôs a Sociedade e lutou bravamente para que avançássemos em meio a inúmeros desa-fios”, declarou emociona-do o presidente da SBMN, Claudio Tinoco Mesquita.Passado, presente e futu-ro estiveram juntos em meio às homenagens dedicadas aos pioneiros da Medicina Nuclear. Os ex-presidentes José Carlos Barbério, David Serson, Adelanir Barroso, José Claudio Meneghetti, Marília Marone, José Soares Junior e Celso Darío Ramos deram voz a todos
aqueles que compuseram as gestões da Sociedade. Um a um eles puderam compartilhar – com médi-cos nucleares, familiares, amigos presentes - os momentos marcantes que vivenciaram ao longo de sua trajetória à frente da especialidade. Também receberam a justa homena-gem Lenine Fenelon Costa, Osvaldo Estrela Anselmi e Edwaldo Camargo. José Augusto Villela Pedras, hoje com 94 anos, foi representado por seus netos, que hoje seguem os passos de seu avô.
Outra que mereceu grande destaque foi a memória de Tede Eston de Eston, primeiro presidente da SBMN. Na ocasião, sua família foi representada por sua filha. Com algumas palavras, a notória médica nuclear Anneliese Fischer Tom contou a todos como foi o exato momento da funda-ção da Sociedade pelo Dr. Eston. “Ele tinha a capaci-dade de fazer as pessoas acreditarem em seus pla-nos. Em um dia muito bonito, Dr. Eston chamou a mim e a mais cinco cole-gas para uma reunião na biblioteca do então IPEN. Após expor suas intenções e, sob olhares altivos, nas-ceu a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear”, con-tou. Ao final, Annelise foi aclamada por todos pelo empenho, zelo e dedica-ção em preservar a histó-ria da especialidade.
eMoção MaRca o dia do Médico nucleaRcElEbração
lançaMento da galeRia Reuniu gRandes noMes da especialidade
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista12
o especialista
A aprovação de radiofármacos
ainda é uma novidade no Brasil.
As substâncias foram regulamen-
tadas pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa)
somente em 2009 e critérios
quanto ao processo de registro
desses medicamentos no País
foram determinados apenas
no ano passado.
A Resolução de Diretoria
Colegiada (RDC) nº 70, de 22 de
dezembro de 2014, foi elaborada
para normatizar produtos já
comercializados e utilizados no
Brasil. A partir da RDC, estudos
Uma nova fase para os radiofármacosA criação da RDC nº 70 representou um avanço no processo de aprovação de radiofármacos no Brasil. Marcelo Moreira, da Superintendência de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, explica o que mudou
por Lais Cattassini
clínicos podem ser usados para
validar a eficácia de radiofármacos.
O gerente-geral de Produtos
Biológicos, Sangue, Tecidos, Células
e Órgãos da Superintendência de
Medicamentos e Produtos
Biológicos (Sumed) da Anvisa,
Marcelo Moreira, conversou com a
Medicina Nuclear em revista sobre o
processo de regulamentação, a
implantação da RDC no Brasil e
também o papel da Sociedade
Brasileira de Medicina Nuclear
(SBMN) e dos profissionais
da área para a aprovação de
novos medicamentos.
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 13
o especialista
© SBMN • Arquivo
Por que os radiofármacos só foram regulamentados em 2009, se já eram usados no País há mais de 50 anos?Marcelo Moreira - A lacuna regula-
tória identificada após a inclusão
da Emenda Constitucional 49/2006
desencadeou no âmbito da Anvisa
discussões que culminaram com a
publicação da RDC n° 63, que dis-
põe sobre as Boas Práticas de
Fabricação de Radiofármacos,
e da RDC n° 64, que dispõe sobre o
Registro de Radiofármacos, crian-
do o marco inicial da regulamenta-
ção sanitária desses produtos.
Antes da publicação das
Resoluções 63 e 64/2009, a
Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN) era responsável
pelo controle desses produtos.
Atualmente, além do controle da
CNEN, todos os produtores de
radiofármacos (públicos e privados)
são submetidos, ainda, ao controle
sanitário da produção, comercializa-
ção e uso desses medicamentos, cuja
competência é da Anvisa.
Marcelo Moreira, gerente- -geral de Produtos Biológicos,
sangue, tecidos, células e órgãos da suPerintendência de MedicaMentos e Produtos Biológicos (suMed) da anvisa
Por que o primeiro registro só foi concedido em junho deste ano?Apesar do esforço institucional
empreendido pela CNEN e pelos
fabricantes privados para a adequa-
ção à regulamentação sanitária
vigente com relação ao registro de
produtos radiofármacos no Brasil
(RDC nº 64/2009), o prazo inicial-
mente concedido e posteriormente
prorrogado não foi suficiente para
regularização desses produtos.
Como era feito o controle desses produtos antes da criação da regu-lamentação específica?A CNEN, uma autarquia federal
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista14
o especialista
criada pela Lei n° 4.118, de 27 de
agosto de 1962, vinculada ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI), sempre exerceu
esse controle. Como órgão superior
de planejamento, orientação, super-
visão e fiscalização, estabeleceu nor-
mas e regulamentos em radioprote-
ção e licenciou, fiscalizou e contro-
lou a atividade nuclear no Brasil,
incluindo todas as instalações priva-
das de produção de radiofármacos,
especialmente as atividades de
radioproteção, segurança nuclear e
pesquisa e desenvolvimento.
Na Anvisa, alguns produtos
enquadrados hoje como radiofár-
maco/componente não radioativo
para marcação, e que se asseme-
lham a um medicamento sintético
quando dissociados de sua porção
radioativa, eram importados e
registrados como medicamentos
sintéticos. Ficavam então sujeitos à
regulamentação própria dessas
categorias de medicamentos.
Qual é a importância da criação de regulamentação específica? O que muda?Por se tratar de produtos com carac-
terísticas peculiares e por serem
medicamentos prontos para uso ou
com preparo extemporâneo para
administração em curto prazo, com
indicação diagnóstica e/ou terapêu-
tica e posologia individualizada, os
radiofármacos exigiam uma ade-
quação também por parte da
Agência, que discutiu, elaborou e
publicou regulamentação específica
para esses produtos, levando em
consideração suas particularidades.
A importância da criação de
regulamentação específica é esta-
belecer os requisitos mínimos
para o registro de radiofármacos
no País, visando garantir a quali-
a iMPortância da criação de regulaMentação esPecífica é estaBelecer os requisitos MíniMos Para o registro de radiofárMacos no País, visando garantir a qualidade, segurança e eficácia desses MedicaMentos
dade, segurança e eficácia
desses medicamentos.
Além do Radioglic® - Fludesoxiglicose (18F), outros já receberam o registro?Antes da publicação da Resolução
que dispõe sobre o registro de
radiofármacos, em 2009, cinco pro-
dutos obtiveram registro na catego-
ria de contrastes radiológicos,
como medicamento novo ou como
medicamento similar. Além desses,
um produto obteve registro em
2010, ainda na categoria de similar.
Todos são da categoria de compo-
nentes não radioativos para marca-
ção e essa é sua situação atual: I -
Radiofármacos prontos para o uso;
II - Componentes não radioativos
para marcação com um componen-
te radioativo; III - Radionuclídeos,
incluindo eluatos de geradores
de radionuclídeos.
Quantos pedidos de registro espe-ram aprovação atualmente?Esse levantamento ainda está sendo
finalizado pela Agência. A relação de
processos será disponibilizada para
consulta no site da Anvisa, apontan-
do os protocolos por ordem cronoló-
gica de entrada na Agência, critério
estabelecido para definição da ordem
de prioridade de análise. Estimamos
que tenham sido protocolados todos
os processos que atendiam ao preco-
nizado na RDC nº 70/2004.
Os medicamentos que aguardam aprovação de registro podem ser comercializados normalmente?Não. Os radiofármacos cuja
comercialização não tenha sido
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 15
o especialista
iniciada antes da data de publica-
ção da RDC 70/2014 somente
poderão ser comercializados e
distribuídos no País após a con-
cessão de seu registro no Diário
Oficial da União.
A manutenção da comercializa-
ção fica restrita àqueles que com-
provadamente já estavam em
comercialização no País até a data
de publicação da RDC n° 70/2014 e
que tenham atendido ao prazo
estabelecido por esta para o proto-
colo de registro na Agência, em
cumprimento à RDC n° 64/2009,
que dispõe sobre o registro
de radiofármacos.
Como o senhor vê a relação da Anvisa com a SBMN no que diz respeito à aprovação de radiofár-macos? Existe uma colaboração nesse processo?A relação entre Anvisa e SBMN está
sendo de extrema importância para
o processo de regularização dos
medicamentos radiofármacos pro-
duzidos no País. Em 2014, quando a
Gerência de Produtos Biológicos
assumiu a responsabilidade pelo
registro desses produtos dentro da
Anvisa, estreitou-se relações com a
Sociedade e os fabricantes nacio-
nais, criando um espaço de diálogo
com todos os atores envolvidos. Em
um primeiro momento, a SBMN foi
a grande interlocutora entre o setor
regulado e o agente regulador, pro-
movendo encontros e reuniões entre
as partes, além de inserir em seus
congressos científicos as discussões,
críticas e sugestões que apoiaram
todo o processo regulatório relacio-
nado ao tema dos radiofármacos.
É importante esclarecer esse pro-cesso a médicos nucleares, que dependem da aprovação de radio-fármacos? Por quê?Sim. Essa atividade é extremamente
importante, pois deve haver uma
mudança na cultura já estabelecida
entre os médicos nucleares, os fabri-
cantes de radiofármacos e centros
de pesquisa na área. Como todo
medicamento destinado para uso
em humanos, os radiofármacos
devem cumprir os mesmos requisi-
tos, muito bem estabelecidos para
medicamentos, e passar pelo pro-
cesso de submissão, análise e apro-
vação na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária para obtenção
de seu registro sanitário, antes da
comercialização e uso na população.
É possível que médicos nucleares ou a própria Sociedade auxiliem no
processo de aprovação desses medi-camentos? Como?Sim, sem dúvida. Os especialistas em
medicina nuclear são os profissionais
que melhor poderão contribuir com
discussões sobre as indicações de uso,
o estabelecimento de doses e protoco-
los de utilização dos radiofármacos.
A SBMN possui cientistas entre
seus associados e especialistas de
diversos campos de atuação da
medicina nuclear, que podem auxi-
liar na análise de relatórios de expe-
rimentação terapêutica, submetidos
na Anvisa como parte do dossiê de
registro, emitindo, por exemplo, um
parecer de consultor ad hoc.
Sempre que necessário, a Anvisa
solicitará à SBMN a indicação de
um profissional para complementar
a análise documental do pedido de
registro de um medicamento radio-
fármaco novo.
Marcelo Moreira ParticiPou de uMa das Mais iMPortantes e concorridas Palestras do últiMo congresso Brasileiro de Medicina nuclear
© SBMN • Arquivo
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista16
ESPECIAL
© SH
UTTE
RSTO
CK
D e 23 a 25 de outubro, a
efervescência científica
tomará conta da Cidade
Maravilhosa durante o
XXIX Congresso
Brasileiro de Medicina Nuclear.
O evento realizado anualmente pela
SBMN traz para o centro das discus-
sões deste ano as oportunidades, desa-
fios e perspectivas da especialidade.
Além de médicos nucleares e
especialistas de áreas correlatas,
são esperados residentes, biomédi-
cos, tecnólogos, biólogos, físicos,
químicos, farmacêuticos e especia-
listas que tenham interesse na
aplicabilidade de radioisótopos na
medicina. “A medicina nuclear é,
por definição, uma atividade mul-
tidisciplinar, por isso temos que
ter ênfase em diversas especialida-
des que a compõem”, explica o
diretor científico da SBMN, Sérgio
Altino de Almeida.
Uma sala específica do Centro de
Convenções do Hotel Royal Tulip
será reservada para as tarefas multi-
disciplinares. “O Congresso também
servirá como um incentivo para que
mais jovens tenham interesse em
participar da medicina nuclear,
para que busquem treinamento, pós-
-graduação e especialização na área”,
completa o presidente do Congresso e
da SBMN, Claudio Tinoco Mesquita.
Com o mote Medicina Nuclear em
Movimento, o encontro apresentará
as rápidas transformações da espe-
cialidade no Brasil e no mundo, tan-
to no campo educacional quanto
científico e na prática clínica, seja
diagnóstica, seja terapêutica. A evo-
lução também fica evidente nas
modificações dos marcos regulató-
rios da especialidade no âmbito
nacional, na gradual mudança da
relação da especialidade com as fon-
tes pagadoras, com destaque para a
Medicina nuclear eM MoviMentoXXIX Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear discutirá as rápidas transformações da especialidade no Brasil e no mundo
Por Daniella Pina
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista18
ESPECIAL
recente incorporação do estudo de
PET/CT ao SUS. “A medicina
nuclear mudou a história de várias
doenças, mas ainda é subutilizada
no Brasil. Nossa especialidade tem
crescido e precisamos unir esforços
nesse sentido, sobretudo por meio
do estímulo à produção científica
multicêntrica e à ampliação do aces-
so via saúde pública”, diz Tinoco.
A rica programação científica
reflete a pujança da especialidade.
“Teremos duas salas para discutir
temas atuais em medicina nuclear e
outra para as áreas correlatas, como
radiofarmácia, física, questões da
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e da Comissão
Nacional de Energia Nuclear
(CNEN)”, conta Altino. “Além disso,
estamos tentando organizar uma
sala dedicada à pediatria nuclear,
com experts da Agência
Internacional de Energia Atômica
(IAEA, sigla em inglês) que estarão
na cidade para ministrar outro cur-
so antes do Congresso”, completa.
“A medicinA nucleAr mudou A históriA de váriAs doençAs, mAs AindA é subutilizAdA
no brAsil. nossA especiAlidAde tem
crescido e precisAmos unir esforços nesse sentido, sobretudo
por meio do estímulo à produção científicA
multicêntricA e à AmpliAção do Acesso
viA sAúde públicA”
Claudio Tinoco Mesquita
Presidente da SBMN
1
Destaque também para as mesas-
-redondas com abordagens nas
perspectivas para a aplicabilidade
da medicina nuclear em cardiologia;
oncologia – com ênfase em linfomas
e neurologia; e a avaliação de pro-
cessos inflamatórios e infecciosos.
“O Congresso abordará novidades
terapêuticas; PET/CT, tanto com o
FDG – nosso radiofármaco mais uti-
lizado – quanto com novos insumos
radioativos que estão revolucionan-
do a prática de PET/CT; PSMA; e
radiofármacos para tumores neu-
roendócrinos. Falaremos tanto das
perspectivas no Brasil, incluindo o
Reator Multipropósito Brasileiro
(RMB), quanto dos desafios finan-
ceiros e políticos para a especialida-
de”, diz Altino.
“O conteúdo científico está mui-
to bem estruturado. Teremos pales-
tras como PET-ressonância, que é
uma novidade em nossa área; aulas
sobre tratamentos em doenças uti-
lizando radionuclídeos; novos tra-
tamentos como o uso do emissor de © R
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medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 19
ESPECIAL
HigHligHts
de acordo com o presidente da SBMn e do congresso, claudio tinoco Mesquita, o evento deste ano trará muitas novidades. uma delas será o Dia de Educação ao Paciente, uma atividade voltada ao público leigo e à sociedade civil, para esclarecer a atuação da medicina nuclear e sua importância no diagnóstico e tratamento de pacientes. destaque ainda para as reuniões com centros formadores da especialidade para discussão do ensino em medicina nuclear. “os participantes terão oportunidade de assistir a várias mesas-redondas sobre temas altamente avançados e que envolvem a prática da medicina nuclear no País nos próximos anos.”a prática atual também será amplamente explorada. “destaco a palestra de Pet- -ressonância, em que abordaremos a instalação de duas máquinas com essa nova tecnologia no estado de São Paulo. Falaremos das melhores formas de utilização dos radiotraçadores para o diagnóstico dos pacientes”, ressalta tinoco.
partículas alfa, 223Ra; tratamentos
com emissores de partícula aberta
para tumores neuroendócrinos, o
já consagrado 131I para o tratamen-
to do câncer de tireoide, entre
outros”, completa Tinoco.
Outro destaque da programação
fica a cargo dos convidados interna-
cionais: 13 confirmados até o
momento. Representantes de países
como Estados Unidos, Chile,
México, Itália e Espanha comparti-
lharão as experiências praticadas
nos grandes centros de referência
em medicina nuclear espalhados
pelo mundo. “Destaco a participação
do presidente da Sociedade
Americana de Medicina Nuclear e
Imagem Molecular (SNMMI, sigla
em inglês), Dr. Hossein Jadvar,
representante de uma sociedade
médica de alto impacto para a espe-
cialidade mundial, e dos colegas da
Sociedade Europeia de Medicina
Nuclear, como o Dr. Raffaele
Giubbini; Dr. Homer Macapinlac,
do MD Anderson Cancer Center –
1. centro de convençõesdo hotel royAl tulip
2. sérgio Altino, diretor científico dA sbmn
3. membros dA diretoriA AtuAl dA sociedAde
4. clAudio tinoco, presidente do congresso e dA sbmn
2
4
3
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista20
ESPECIAL
pelo sistema e também para que a
gente melhore a questão de financia-
mento da medicina nuclear para
esses pacientes”, afirma o presidente
do Comitê Científico do Congresso.
Durante o encontro, serão reali-
zadas duas mesas-redondas envol-
vendo autoridades da área e especia-
listas com experiência em medicina
nuclear para discutir a necessidade
de expandir a especialidade no País.
“O Brasil tem hoje uma taxa de apro-
ximadamente 1,5 milhão de procedi-
mentos por ano para atendimento
da população. O número é bem infe-
rior a países como a Argentina, por
exemplo. Se compararmos aos
Estados Unidos, temos cinco vezes
menos exames por aqui”, diz Tinoco.
“Temos trabalhado junto ao
Governo para diminuir a dificuldade
de agendamento de exames de medi-
cina nuclear em certas regiões do
País. Isso tem sido feito por meio de
iniciativas como a melhora do trei-
namento dos profissionais, aumento
das possibilidades de criação de
novos serviços em medicina nuclear,
mais vagas de residência em MN,
mais treinamento e capacitação e
reembolso, praticado pelo SUS para
os exames de medicina nuclear,
gerando uma sustentabilidade na
área”, elenca o presidente.
Outra questão que a Sociedade
está lutando para mudar diz respei-
to à permeabilidade da formação
médica, tanto com o aumento no
número de residências em medicina
nuclear quanto na maior exposição à
especialidade por alunos de gradua-
ção em cursos médicos. “A discus-
são desses temas é imprescindível
para que nossa especialidade conti-
nue crescendo”, avalia Tinoco.
Passe mais uns Dias no Rio...
recém-reformado, o centro de convenções do royal tulip oferecerá uma experiência muito positiva aos congressistas em termos de organiza-ção, conforto e infraestrutura. o local dispõe de 25 salões totalmente pre-parados para sediar congressos de alta qualidade e fica localizado em frente a uma das mais belas vistas da cidade, a praia de São conrado, na zona sul do rio de Janeiro.além do local, vale a pena organizar a agenda para conferir alguns dos muitos encantos que a cidade Maravilhosa reserva aos seus visitan-tes. Se tiver oportunidade, estique a estada no rio de Janeiro e aproveite a cidade no mesmo estilo dos cariocas, que não abrem mão de um mergulho no mar, uma cerveja gelada na mureta da urca, uma corrida na lagoa rodrigo de Freitas e um sambinha na lapa. Só não se esqueça das progra-mações de turista, que incluem visitas ao cristo redentor, ao bondinho do Pão de açúcar, ao Jardim Botânico e às ruas do centro antigo. confira as opções de passeios dispo-níveis na agência de turismo do congresso, no site oficial do evento: www.sbmn.org.br/congresso.
University of Texas, um dos maiores
especialistas do mundo em PET/CT;
Dr. Daniel Berman, autoridade
mundial nos exames de cintilografia
miocárdica, entre outros”, ressalta o
presidente do Congresso.
Dessa forma, Tinoco acredita
que o programa científico agradará
a todos, garantindo reciclagem e
atualização em um cenário deslum-
brante como o Rio de Janeiro (RJ).
“Teremos também uma programa-
ção social bastante intensa, com ati-
vidades voltadas para a integração
dos membros da Sociedade.” Estão
sendo preparados jantares, festas e
excursões para que o congressista
aproveite tudo o que o Rio tem de
melhor a oferecer. “Com os esforços
que têm sido feitos para preparar a
cidade para os Jogos Olímpicos de
2016, o espaço urbano está renovado
e as belezas naturais estão ainda
mais destacadas”, convida.
Políticas públicas de saúdeUm dos enfoques centrais do
Congresso será o debate de questões
ligadas às políticas públicas de saú-
de, em especial o que cabe à medici-
na nuclear via Sistema Único de
Saúde (SUS). Para tanto, o evento
terá a participação de representan-
tes dos Ministérios da Saúde (MS) e
de Ciência, Tecnologia e Informação
(MCTI), representados pela CNEN e
pelo Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (Ipen).
“Uma das preocupações que
temos com a medicina nuclear é a
expansão da especialidade dentro do
SUS. Enxergamos que existe uma
possibilidade de lutar para que os
métodos tenham maior utilização
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Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista22
C apaCitação e merC ado
Por Lais Cattassini
Desde que foi introduzido no Brasil,
em 2003, o PET/CT tem ampliado
sua presença nacional e, de acordo
com a Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN), é uma fer-
ramenta de diagnóstico presente em
cerca de 120 clínicas e laboratórios
do país. Embora o aumento seja
considerável em um curto período
de tempo, as dificuldades de implan-
tação e logística, principalmente no
que diz respeito à distribuição do
FDG, principal radiofármaco usado
para o exame, criam barreiras para
que mais serviços especializados
sejam instalados em municípios
afastados dos grandes centros.
A inauguração de um serviço de
medicina nuclear com um equipa-
mento PET/CT deve ser autorizada
pela CNEN. De acordo com o enge-
nheiro e pesquisador da Comissão,
Anderson Oliveira, o primeiro pas-
so para quem pretende construir
um centro de diagnóstico é obter
autorização para a construção do
espaço. “Recebendo o ofício de auto-
rização para a construção, ele solici-
ta a autorização para a operação.
Isso tudo é relativamente simples,
pois são procedimentos muito
conhecidos no meio médico e na
CNEN. A Comissão tem trabalhado
com afinco para que as solicitações
de autorização para operação
tenham prioridade na casa, para
que consigamos ter mais serviços
em funcionamento no País”, afirma.
A estrutura física de um espaço
para um serviço de PET/CT é a pri-
meira preocupação. O isolamento de
portas e paredes deve ser enquadra-
do em normas da CNEN e prepara-
do de modo a proteger completa-
mente o público de emissões.
Apesar de simples, as exigências
normativas da CNEN podem atra-
sar um projeto. Por isso, um traba-
lho de consultoria pode ser essen-
cial. “Em conjunto com o arquiteto
SuPerando obStáculoSAinda existem desafios para a implantação de serviços PET/CT no Brasil, mas os benefícios superam os problemas
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 23
C apaCitação e merC ado
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do cliente, nós sugerimos um layout
no qual o fluxo seja otimizado.
O trabalho está relacionado ao cui-
dado de toda a estrutura, à blinda-
gem das paredes e das áreas em que
há maior emissão de radioativida-
de”, conta o físico Alfonso de Orte,
da Núcleo Consultoria Técnica.
A orientação da CNEN é para
que ela seja procurada antes do iní-
cio da construção ou reforma de
espaços destinados ao serviço.
“Recomendamos que conversem
conosco. Estamos sempre abertos a
isso, para conversas que podem ser
feitas pessoalmente, em reuniões
agendadas conosco”, afirma
Oliveira. A CNEN pode esclarecer
dúvidas como materiais que devem
ser utilizados e a classificação do
laboratório de diagnóstico conforme
exames e materiais realizados.
Os obstáculos enfrentados para
a escolha e construção de uma clíni-
ca, porém, não são as únicas limita-
ções ao local de instalação. Com um
número pequeno de cíclotrons dis-
poníveis no Brasil, a distribuição do
FDG é um grande desafio para
quem implanta serviços fora das
grandes capitais. “A distribuição do
radiofármaco hoje está limitada a
questões de logística. Como é um
material que decai muito rápido,
estamos limitados pela distância.
A meia-vida do FDG é de duas horas,
por isso é preciso ter uma logística
terrestre muito boa ou acesso ade-
quado à malha aérea”, observa o
físico Guilherme Burkhardt.
O material radioativo, feito sob
demanda, é enviado a partir das
cidades de Porto Alegre (RS),
Curitiba (PR), São Paulo (SP),
Campinas (SP), São José do Rio
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista24
C apaCitação e merC ado
Preto (SP), Brasília (DF), Rio de
Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG),
Recife (PE) e Salvador (BA). Para
chegar a municípios mais distantes,
é necessário contar com o transpor-
te aéreo ou terrestre. “Hoje, apenas
duas companhias aéreas aceitam
transportar material radioativo:
Avianca e TAM”, conta Burkhardt.
“É uma preocupação conscienti-
zar todas as empresas aéreas de
que isso é importante para o País.
Quanto mais empresas estiverem
transportando o material radioati-
vo, mais pontos serão cobertos e o
custo do transporte também dimi-
nui”, argumenta Oliveira. A distân-
cia impossibilita, por exemplo, o
transporte de FDG para cidades da
região norte do País.
A conscientização é a principal
arma para que a Sociedade
Brasileira de Medicina Nuclear
(SBMN), médicos e físicos ampliem
a oferta de serviços de PET/CT no
Brasil. Além de mudar a mentalida-
de de empresas que podem auxiliar
Quanto mais empresas estiverem transportando o material radioativo, mais pontos serão cobertos e o custo do transporte também diminui
no transporte do material radioati-
vo, a conscientização do Ministério
da Saúde e de convênios médicos
sobre a importância do exame é
crucial para diminuir os custos e
aumentar o acesso da população ao
melhor diagnóstico. “A cobertura
dos planos de saúde ainda contem-
pla um pequeno número de indica-
ções clínicas. Nos Estados Unidos, o
número de indicações do PET/CT é
muito superior ao brasileiro. Os
auditores dos planos de saúde não
têm conhecimento clínico aprofun-
dado, o que dificulta a aprovação do
exame em situações clínicas não
expressamente incluídas no rol de
procedimentos da Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS).
Muitas vezes, esses profissionais
não reconhecem que o PET/CT
não somente traria benefícios ao
paciente, como também teria custo-
-efetividade”, afirma o médico
nuclear Fábio Esteves, que abriu
sua clínica em Blumenau (SC) após
um período nos Estados Unidos.
1
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 25
C apaCitação e merC ado
Saúde (SUS) quanto dos convê-
nios”, completa Fiel.
A eficácia do exame justifica o
alto investimento em clínicas de
diagnóstico e medicina nuclear.
Burkhardt afirma que, para aque-
les que decidiram apostar no futu-
ro, o retorno foi satisfatório. “Os
que pensaram no futuro estão
colhendo os frutos hoje. Por isso, é
importante incentivar, e não inibir,
a implantação dos serviços. O PET
é um exame muito importante. As
pessoas que estão instalando os
equipamentos estão desenvolven-
do a medicina nuclear e as técnicas
de diagnóstico. Mesmo com todas
as dificuldades, é algo que trará
benefícios para a população.”
Os desafios e dificuldades podem
ser amenizados com planejamento e
pesquisa. “Não é uma aventura
barata e, justamente por isso, não
aconselho começar o empreendi-
mento sem antes se cercar de infor-
mações e conselhos de quem já pas-
sou por isso. O trabalho de consulto-
ria é importante por isso. O processo
não é difícil para quem já conhece o
caminho”, declara de Orte.
Se sobram desafios e obstáculos
e faltam incentivos, os benefícios
são ainda maiores. “O PET/CT veio
para revolucionar a área oncológica.
Já é sabido que seus resultados alte-
ram em um terço o tratamento dos
pacientes. Isso leva a uma economia
gigantesca do sistema de saúde, tan-
to público quanto privado. Assim,
quanto mais serviços tivermos espa-
lhados pelo Brasil, mais acesso a
população terá no combate ao cân-
cer e maior economia terá o sistema
todo”, conclui Fiel.
Além do alto custo dos equipa-
mentos e serviços, bem como o
preço cobrado pela dose de radio-
fármacos (que se torna mais alto
de acordo com as dificuldades de
transporte), a dificuldade para
encontrar profissionais prepara-
dos para lidarem com os exames
também é um reflexo da falta de
incentivos para a implantação de
serviços PET/CT no Brasil. “O
número de médicos nucleares para
atender a essa demanda ainda não
é grande no Brasil. Temos pouco
mais de 20 centros formadores de
médicos nucleares no Brasil. A
SBMN já está há alguns anos ofe-
recendo cursos intensivos e módu-
los de PET/CT para esses profis-
sionais, buscando sanar o proble-
ma”, avalia o médico nuclear e
diretor técnico de diagnóstico por
imagem do Grupo São Camilo,
Antônio Fiel Cruz Júnior.
O aumento gradativo na oferta
de serviços PET/CT indica o cresci-
mento do interesse pelo exame e
também o reconhecimento de que a
técnica é benéfica para pacientes.
“Atualmente, existe uma projeção
de mais de 100 aparelhos de PET/
CT instalados nos próximos três
anos. Isso demonstra que o Brasil
está na vanguarda de uma medici-
na de ponta. É preciso que o
Governo se mobilize para que as
reivindicações da SBMN sejam
atendidas, incluindo a aprovação
de novos radiofármacos, para que
possamos fazer mais exames,
detectar mais doenças e descobrir
novas patologias, diminuindo o
sofrimento dos pacientes e os gas-
tos tanto do Sistema Único de
1. alfonso de orte, físico da núcleo consultoria técnica
2. fábio esteves, médico nuclear em blumenau (sc)
3. antônio fiel cruz Júnior, médico nuclear e diretor
técnico de diagnóstico por imagem do grupo são camilo
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Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista26
na pr átic a
*Artigo publicAdo no blog dA revistA vejA (26/5) e gentilmente cedido pelo Autor pArA A medicinA nucleAr em revistA
Doenças carDíacas – corDiais sauDações*Por Marcelo Madureira
C omo dizia o velho
Moreira da Silva, o
Kid Morengueira:
“Para se topar com
uma encrenca, basta
andar distraído”.
Por isso, fazia o meu
check-up anual, de rotina. A lista
interminável de exames parece mais
uma gincana escolar. Aliás, outra
boa analogia com os tempos de colé-
gio é a espera pelos resultados. À
medida que se vai envelhecendo,
aguardar o resultado de um exame
de sangue contém a mesma ansieda-
de da espera pelas notas das provas
bimestrais. Você estudou, fez boa
prova, mas, lá no fundo, bem lá no
fundo, existe aquela possibilidade
de um resultado não muito agradá-
vel, um acidente de percurso.
“Quem procura o que não perdeu,
quando encontra não reconhece…” –
essa é do Mestre Marçal, outro sam-
bista do passado.
Eis que chega o dia da angioto-
mografia de coronárias. Trata-se de
um exame muito simples: um con-
traste é injetado na veia do paciente,
que, por sua vez, é submetido ao
scan do tomógrafo e…, voilá!, eis seu
‘relógio’, ao vivo e a cores, pulsando
e, o mais importante, uma visão
geral de suas coronárias. As coroná-
rias são as artérias responsáveis
pela irrigação dos ventrículos, prin-
cipalmente o esquerdo, que faz o
bombeamento do sangue arterial
(rico em oxigênio) para todos os
recantos de sua anatomia. Um entu-
pimento na coronária e… pimba!,
tens um enfarto do miocárdio. Sem
irrigação, uma parte do coração
necrosa, apodrece e deixa de funcio-
nar. Dependendo da extensão do
estrago, a sua ‘bomba hidráulica’
‘deu ruim’, para por completo e lá se
vai mais um para a Terra dos Pés
Juntos. É isso mesmo, meus amigos:
quem tem fé vai ao encontro do
Criador; para os ateus, como eu, é
PT: perda total. Acabado o exame,
me visto e o médico, meu xará, me
o humoristA mArcelo mAdureirA relAtA como descobriu umA obstrução em umA ArtériA
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 27
na pr átic a
© Marcelo Madureira • divulgação
chama na sala dos controles. Num
monitor, imagens ainda pulsantes
do meu coração. “Está vendo aqui,
seu Madureira? Temos uma obstru-
ção importante na artéria descen-
dente anterior.”
Ou, como saiu no laudo: “artéria
descendente anterior com placa
extensa nos terços proximal e médio
associada a lesões de grau moderado
a importante envolvendo o primeiro
ramo diagonal que apresenta lesão
obstrutiva significativa em sua ori-
gem”. A casa caiu. Enquanto isso, o
médico tentava me tranquilizar:
“Olha, não é caso de ponte de safena,
mas você vai ter que ver isso… Talvez
seja o caso de colocar um stent”.
Saí do laboratório em transe. Já
me via a caminho do Nada Ignoto,
mas antes liguei para o meu clínico,
que, por sua vez, já havia recebido
os exames. É assim a minha medici-
na: eu tenho um clínico que coorde-
na as minhas decisões. Ele me enca-
minhou para um cardiologista, que,
depois de demorado exame, reco-
mendou: “O próximo passo é fazer
uma cintilografia miocárdica de
repouso e esforço. Só assim podere-
mos avaliar com segurança a exten-
são da lesão”.
A cintilografia miocárdica é um
pouco mais complicada. Dessa vez,
injetam no paciente isótopos
radioativos, que possibilitam uma
avaliação mais acurada do tama-
nho do entupimento e suas conse-
quências para o funcionamento do
músculo cardíaco. Vejam bem,
esses exames não são para serem
feitos toda hora e somente com
estrita indicação médica. Você aí,
seu hipocondríaco, nem vá pen-
sando em fazer esses exames por
sua conta, pois envolvem risco e
exposição à radiação.
E lá fui eu, mais uma vez,
me submeter aos sofisticados
equipamentos da medicina contem-
porânea. A diferença é que dessa
vez você é avaliado também depois
de correr em uma esteira por
uns 15 minutos.
Resumo da ópera: para o azar
de vocês, minha obstrução não é
tão grave assim. Posso fazer um
tratamento clínico. Medicação,
dieta, exercícios e (acreditem)
menos estresse. Menos estresse?
Vivendo no Brasil? Com o Lula, a
Dilma, o Renan? Só me mudando
para a Finlândia.
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista28
na pr átic a
Primeiramente, como anda
a sua saúde?
Minha saúde vai bem, obrigado!
Faço check-up anual, exercícios físicos
regularmente e procuro seguir uma
dieta alimentar adequada.
O senhor conhecia a medicina nuclear
antes de fazer o exame de cintilogra-
fia miocárdica?
Sou um hipocondríaco de carteirinha
e, por isso mesmo, acompanho os
avanços da medicina. Sou fascinado
pelo assunto. Acho métodos de diag-
nóstico não invasivos muito interes-
santes e mais seguros, principalmente
aos órgãos vitais.
Como foi o pré-exame? O senhor pesqui-
sou sobre a especialidade? Ficou
apreensivo por realizar um procedimen-
to que envolve exposição à radiação?
Tenho uma conduta médica bem espe-
cífica. Passo em consulta com um clí-
nico geral há muito tempo. Ele me
conhece a fundo e coordena todos os
Batemos um papo com Marcelo Madureira sobre sua experiência de humor com a temática médica
para relaxar o pessoal. Até em simpó-
sio de psicanálise já me apresentei,
mas psicanálise não é medicina... Há!
Como são suas palestras?
Que temas costuma abordar?
Quando sou contratado, antes de pre-
parar a apresentação, faço uma reu-
nião com os organizadores. É impor-
tante que o meu trabalho tenha o tom
e o conteúdo adequados às expectati-
vas do público. Antes da exibição,
peço aprovação do cliente. É muito
importante acertar o foco. Geralmente,
preparo uma apresentação que tenha
a ver com a especialidade do encontro,
me fantasio de especialista e apresento
um ‘trabalho’ com slide, filmes e gráfi-
cos. É bem engraçado. Tem participa-
ção do público e todo mundo entende,
inclusive as mulheres e maridos dos
médicos que assistem. Também posso
fazer uma apresentação mais geral
sobre temas da atualidade, mas sem-
pre com bom humor. Minha única
frustração é nunca ter participado de
um congresso de coloproctologia...
Como te contratar?
Muito fácil. Só mandar e-mail para
[email protected] ou procurar
minha agente de palestras, Sandra
Paschoal, em um dos telefones:
(11) 3862-6122 / (11) 3862-6220 /
(11) 7874-2393.
EntrEvista
blogs do mAdureirAvejA.Abril.com.br/blog/mArcelo-mAdureirA
cAssetA.com.br/mAdureirA
exames que realizo. O Dr. Jorge Spitz é
quem determina se devo ou não pro-
curar especialistas em função dos
resultados dos exames e sugere quem
procurar. Faço questão de que os
médicos que me atendem se comuni-
quem entre eles sobre meu caso. Isso
me dá muita confiança, sobretudo
sobre os procedimentos que eles acon-
selham que eu faça. A exposição à
radiação feita em um bom laboratório,
com bons profissionais e os protocolos
adequados, tem um risco muito baixo.
Mais baixo que atravessar uma rua
do Rio de Janeiro.
Como surgiu seu interesse por
escrever sobre medicina?
Na verdade, sou um médico frustrado.
Fiquei em dúvida entre cursar medici-
na ou engenharia e, na graduação, fiz
um curso eletivo de medicina biomé-
dica. Tenho muitos amigos médicos de
diversas especialidades. Gosto de con-
versar com eles sobre novos procedi-
mentos e técnicas. Acho que seria um
bom neurocirurgião. Gosto de escre-
ver textos humorísticos sobre temas
médicos porque faço piadas com
aspectos que só os médicos entendem
e isso dá um resultado muito engraça-
do e surpreendente. Para isso, me pre-
paro, leio bastante sobre o assunto,
procuro especialistas para tirar dúvi-
das. É um processo que dá trabalho,
mas é muito divertido. Já me apresen-
tei em diversos congressos e simpó-
sios como atração de entretenimento
tenho vários Amigos médicos. gosto de conversAr sobre novos procedimentos e técnicAs
© Marcelo Madureira • divulgação
Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista30
CONTR ASTE©
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ção
medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 31
CONTR ASTE
Personagens de O quartetO FantásticO foram exPostos à radiação durante exPedição esPacial
Peter Parker era apenas um adoles-
cente franzino até ser picado por
uma aranha radioativa. Bruce
Banner não tinha poder algum até
sofrer um acidente durante uma
experiência com uma bomba
nuclear. Acidentes com radiação
também deram poderes a Jon
Osterman e Matt Murdoch. A radia-
ção foi uma criativa maneira encon-
trada por artistas e escritores para
explicar a origem de personagens
como Homem-Aranha, Hulk, Dr.
Manhattan e O Demolidor.
Criados no início da década de
1960, os mais famosos personagens
da editora Marvel são frutos do des-
conhecimento e do medo da mani-
pulação da radiação. A criação da
bomba atômica e a descoberta de
outras possíveis utilidades para ele-
mentos radioativos deram à ciência
uma aura de misticismo e aos artis-
tas uma explicação para poderes
SuperpodereS radioativoSNos quadrinhos, a radiação e a energia nuclear
são usadas para explicar a origem de super-heróis
por Lais Cattassini
sobrenaturais. “Quando os heróis
surgiram, elementos químicos eram
usados como um artifício quase
místico para explicar suas origens.
As explicações eram ‘não científi-
cas’. Com o avanço dos estudos
sobre a radioatividade, nos anos
seguintes, os autores encontraram
uma outra maneira de explicar a
origem de poderes”, explica o colu-
nista de quadrinhos do site de cultu-
ra Mundo Blá, Leandro Shimura.
Nos quadrinhos, médicos, cien-
tistas ou curiosos que lidam com a
radiação ficam expostos à energia
nuclear e sofrem mutações capazes
de lhes dar superpoderes. Bruce
Banner se transforma no Incrível
Hulk após se expor à radiação gama
na tentativa de salvar um colega.
Matt Murdoch é exposto a produtos
radioativos na infância, fica cego e
desenvolve sentidos ultrassensíveis,
transformando-se em O Demolidor
na vida adulta. Susan Storm, Johnny
Storm, Reed Richards e Ben Grimm
ganham poderes bastante específicos
após enfrentarem a radiação solar
sem um escudo de proteção funcio-
nal, criando o Quarteto Fantástico.
A Guerra Fria foi crucial para
levar o tema às páginas das histórias
ilustradas. Até 1961, quando Stan Lee
criou o Quarteto Fantástico, os heróis
mais populares do mundo dos qua-
drinhos eram visitantes de outros
planetas, como Super-Homem e
Mulher Maravilha, ou homens
comuns corajosos o bastante para
combaterem o crime com um punha-
do de armas e uma fantasia, como é o
caso do Batman. Lee e seu parceiro
Jack Kirby transformaram a literatu-
ra pop ao dar superpoderes a huma-
nos comuns por meio da radiação,
um tema atual na época frente à cons-
tante ameaça de uma guerra nuclear
entre Estados Unidos e a então União
Soviética. “A arte é um meio de
expressão de medos, receios e expec-
tativas. A radiação pode sair do con-
trole dos homens e causar tragédias.
Esses efeitos nocivos foram vistos em
bombas atômicas e acidentes em usi-
nas. Por isso, o assunto pode ser mui-
to bem utilizado em obras de ficção”,
observa a neurocirurgiã e fã de qua-
drinhos Paula Annunciato Fabris.
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CONTR ASTE
Enquanto o Quarteto Fantástico
inovou por abordar assuntos bem
mais familiares em histórias de super-
-heróis, foi com o Incrível Hulk, cria-
do em 1962, que Lee decidiu tratar de
assuntos mais políticos e voltou sua
história para temas como as conse-
quências da Guerra Fria e os perigos
da ciência nuclear. “Hulk serviu como
um alerta sobre os perigos do desen-
volvimento científico e tecnológico e
foi uma de muitas obras da cultura
pop a usar imagens monstruosas para
fazer um alerta sobre o holocausto
nuclear”, escreve Robert Genter no
estudo With Great Power Comes Great
Responsibility: Cold War Culture and the
Birth of Marvel Comics, publicado no
Journal of Popular Culture, em 2007.
O personagem do Hulk é inspira-
do nas obras O Médico e o Monstro e
Frankenstein. Atualizado, o monstro
de Stan Lee também faz um alerta
sobre os perigos de lidar com a ciên-
cia de modo indiscriminado, assim
como o monstro criado por Victor
Frankenstein na história de Mary
Shelley. “Como Victor Frankenstein,
que realiza suas experiências isola-
damente, Dr. Banner se recusa a
compartilhar o segredo de sua bom-
ba com seus colegas cientistas. Em
vez disso, ele esconde seus relatórios
sobre a bomba de raios gama. O
livro de Mary Shelley alerta para a fé
cega na capacidade de a razão domi-
nar os excessos da natureza huma-
na. Assim, Hulk representa a agres-
são inconsciente ligada aos experi-
mentos científicos de Bruce Banner,
um novo alerta contra os poderes
destrutivos do desenvolvimento tec-
nológico”, avalia Genter.
O alerta feito com o Incrível
Hulk simula o que a imprensa © a
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medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 33
CONTR ASTE
declarava na época, frente à destrui-
ção causada pela bomba atômica em
Hiroshima. Entretanto, a bomba
não inspirou apenas histórias ame-
ricanas. Gen, quadrinho de Keiji
Nakazawa publicado em 1973, narra
as experiências do próprio autor
com o ataque americano e as conse-
quências da explosão.
Diferentemente das páginas
americanas, que retratavam a expe-
riência com a radiação de um ponto
de vista mais distante, Gen é mais
realista com os perigos e consequên-
cias da exposição à radiação. “Por
muitos anos nos quadrinhos ameri-
canos, a radiação era mostrada
como algo perigoso, mas não letal.
Suponho que os roteiristas não sou-
bessem realmente os efeitos da
radiação e optavam por manter esse
debate fora das revistas. Essa visão
mudou depois do acidente em
Chernobyl”, afirma Shimura.
O desastre na usina nuclear
ucraniana em 1986 deixou marcas
na cultura pop. Nos quadrinhos, o
assunto foi tema da minissérie da
Marvel Meltdown, estrelada pelos
X-Men Wolverine e Destrutor.
A graphic novel Watchmen, criada
por Alan Moore e Dave Gibbons em
1986, tem mais influências do ocorri-
do em Chernobyl do que o misticis-
mo em volta da radioatividade retra-
tada em quadrinhos mais antigos. Na
história, o cientista Jon Osterman fica
preso em um de seus experimentos
com energia nuclear. Como conse-
quência da exposição, nasce Dr.
Manhattan, que se desintegra total-
mente até conseguir retomar uma
forma humana. Seus poderes seme-
lhantes aos de um deus não protegem
seus amigos e conhecidos da radiação
e o personagem é acusado de causar
cânceres em pessoas mais próximas.
A simplificação de fenômenos
científicos ainda deixa de fora dos
quadrinhos os benefícios da radiação.
“Obviamente, existe um lado nocivo
da radiação. Mas sabemos que ela
também tem seu efeito benéfico e
auxiliou no desenvolvimento de técni-
cas da medicina, por exemplo. Aposto
que poucos sabem que, na neuroci-
rurgia, por exemplo, é um recurso
crucial, já que utilizamos equipamen-
tos de raio-x durante as cirurgias para
visualizar a correta localização de
materiais de implante”, lembra Paula.
Com o tempo e um maior conhe-
cimento dos efeitos da radiação no
corpo humano, o fenômeno deixou
de ser a explicação predominante
para a criação de superpoderes em
histórias em quadrinhos. A ameaça
de uma guerra nuclear já não era tão
iminente e os receios e suspeitas
mudaram de foco. “Ao longo dos
anos, e principalmente depois do
ocorrido em Chernobyl, a radiação
deixou de ser uma fonte de origens
de superpoderes. Nos anos 1980, ela
foi substituída pela robótica, inspi-
rada nos avanços da área, e também
pelos filmes de ficção científica futu-
rística da época. Nos anos 1990, com
a proximidade do que as pessoas
acreditavam que seria o apocalipse
cristão, a temática cristã ganhou
espaço e anjos e demônios começa-
ram a aparecer com mais frequência
nas histórias. No começo do milê-
nio, com o avanço do conhecimento
genético, a temática predominante
passou a ser a manipulação de
genes. Atualmente, o foco são seres
’não humanos’, ou seja, de origem
alienígena”, afirma Shimura.
Essa mudança de perspectiva é
bastante clara nas adaptações para o
cinema dos quadrinhos da Marvel.
Homem-Aranha, de 2002, substi-
tuiu a aranha radioativa criada por
Peter Parker por uma aranha trans-
gênica, resultado de experiências
genéticas. A mais recente versão do
Quarteto Fantástico, filme dirigido
por Josh Trank em 2015, muda a
radiação solar que transformou o
grupo na história original para uma
estranha substância alienígena.
Diante de tantas possibilidades e
informações, a pergunta que fica é se
a ficção irá produzir novos persona-
gens relacionados à radiação e, claro,
se o público irá curtir as histórias
incríveis por trás de cada um deles.
Por muitos anos nos quadrinhos americanos, a radiação era mostrada como algo Perigoso, mas não letal. essa visão mudou dePois do acidente em chernobyl
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