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Fevereiro/Março 2013 | Ano 15 | Número 01 | ROCHE NEWS 1 medicina nuclear uma publicação da SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA NUCLEAR ANO 3 JUL•AGO•SET 2015 11 ISSN 2317-384X BEm-vindOS! O ESpEciALiSTA Responsável pela regulação de radiofármacos fala sobre a situação no País cOnTrASTE Super-heróis e a radiação rio de Janeiro recebe 29ª edição do congresso Brasileiro de medicina nuclear. programações - científica e social - prometem boas surpresas aos participantes

uma publicação da Sociedade BraSileira de …rspress.com.br/userfiles/projetos/medicinanuclear/11/...de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal

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Fevereiro/Março 2013 | Ano 15 | Número 01 | Roche News1

medicina nuclearuma publicação da Sociedade BraSileira de Medicina nuclear

ANO 3 JUL•AGO•SET 2015

11ISSN 2317-384X

BEm-vindOS!

O ESpEciALiSTA Responsável pela regulação de radiofármacos fala sobre a situação no País

cOnTrASTE Super-heróis e a radiação

rio de Janeiro recebe 29ª edição do congresso Brasileiro de medicina

nuclear. programações - científica e social - prometem boas surpresas

aos participantes

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 3

índiceeditorial

Durante o mês de outubro, você terá a oportunidade de

participar do XXIX Congresso Brasileiro de Medicina

Nuclear, que acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias

23 e 25. O evento, realizado anualmente pela Sociedade

Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), reunirá médicos

nucleares e especialistas que irão discutir as oportunida-

des, desafios e perspectivas da especialidade.

Nosso diretor científico, Sérgio Altino de Almeida, fala na

reportagem de capa desta edição sobre os principais desta-

ques do evento, a programação científica e outros detalhes.

Você já percebeu que a radiação está presente na história

do surgimento de vários super-heróis dos quadrinhos?

Conheça um pouco mais a origem desses personagens.

Seus criadores explicam como deram vida a eles por meio

da radiação e da energia nuclear. Leia mais em Contraste.

Além disso, o gerente-geral de Produtos Biológicos,

Sangue, Tecidos, Células e Órgãos da Superintendência

de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa,

Marcelo Moreira, fala da criação da RDC nº 70, uma

resolução que foi elaborada para normatizar os radiofár-

macos já comercializados e utilizados no Brasil. Veja a

matéria completa em O Especialista.

Por fim, confira uma reportagem sobre as características

e desafios de se implantar um serviço de PET/CT nas

diferentes regiões do País. A reportagem Capacitação e

Mercado é bastante reveladora.

Tenham todos uma boa leitura e, claro, espero vê-los

em outubro aqui na Cidade Maravilhosa!

Congressoà vista

Veja a Versão digital no site www.sbmn.org.br

Claudio TinoCo MesquiTaPresidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear

In vIvoNotícias institucionais da SBMN e da especialidade04

CapaCItação & merCadoDesafios para a implantação do PET/CT no Brasil22

o espeCIalIstaEspecialista da Anvisa fala sobre a aprovação dos radiofármacos12

na prátICaHumorista do Casseta & Planeta relaciona medicina nuclear e a saúde do coração26ContrasteA relação entre a radiação, a energia nuclear e os super-heróis dos quadrinhos30agendaPrograme-se para participar dos principais eventos do setor

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16XXIXCongresso Brasileiro de Medicina Nuclear

4 Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista

in vivo

Os impactos na forma-ção médica a partir da Lei nº 12.871/2013, que insti-tuiu o programa Mais Médicos, prestes a com-pletar dois anos, foram alvo das discussões no VI Fórum Nacional de Ensino Médico. Promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), o encon-tro foi realizado na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr), em 27 e 28 de agosto.

A mesa-redonda Adequação das Escolas Médicas às Diretrizes Curriculares Impostas pela Lei nº 12.871/13 trouxe à discussão os vários desafios que exis-tem hoje no processo de formação do médico no País. Desafios que vão desde a abertura desen-freada de escolas médi-cas até a determinação prevista na lei de que 30% da carga horária do internato deve ser cum-prida no sistema público. Foram discutidos tam-

bém os Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Saúde (Coapes), convênios fir-mados entre as institui-ções de ensino e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), e a criação de um sistema de acredi-tação das escolas médi-cas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A SBMN foi representada por sua segunda-tesoureira, Barbara Amorim, e pelo presidente da SBMN-DF, Gustavo Gomes. Os médi-cos nucleares puderam

levantar questões relati-vas à inserção da especia-lidade na graduação médica, o que não ocorre atualmente. Na avaliação dos repre-sentantes da SBMN, foi possível aproveitar o momento para expor a necessidade de implantar a medicina nuclear na grade curricular dos cur-sos de graduação - como já ocorre na Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do

Sociedade BraSileira de medicina nuclear participa do Vi Fórum nacional de enSino médico

Ensino

RepResentantes de sociedades Médicas lotaRaM auditóRio eM bRasília (dF)

5medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015

in vivo

Rio de Janeiro (UFRJ). “Defendemos que essa inserção é fundamental para que os alunos tenham contato com a especialidade - em franca expansão no Brasil - ao longo de sua formação, e não mais de maneira pon-tual, como ocorre nas pou-cas instituições em que existe a abordagem”, rela-tou Barbara. Outros pontos defendi-dos foram o ingresso da medicina nuclear nas Ligas Acadêmicas e a realização de um levan-tamento das experiên-cias exitosas nos serviços da área que já participam da graduação e que pos-sam servir de modelo.Como desfecho, a SBMN levantou alguns pontos que podem ser sugeridos

e defendidos dentro do processo de revisão da grade curricular das esco-las médicas:1. Implantação da medicina nuclear na grade em cada escola individualmente - cada uma faria sua inserção na grade de acordo com suas possiblidades. Isso já tem sido feito por algumas, como Unicamp, USP e UFRJ. A SBMN poderia pro-mover um maior incentivo para que isso ocorresse.2. Inserção da medicina nuclear longitudinalmente na graduação, isto é, em grandes temas ao longo da graduação e não de maneira pontual. Isso tem sido uma forte tendência no ensino médico.3. Inserção da medicina nuclear nas Ligas Acadêmicas.

4. Levantamento, dentro dos serviços de medicina nuclear que já participam da graduação, de experiên-cias exitosas e que pode-riam ser copiadas.

Formação em Mn

O presidente da SBMN, Claudio Tinoco, avalia que a abertura inconsequente de faculdades de medici-na pode agravar a má for-mação de médicos no País. Ele acredita que a mudança desse cenário só ocorrerá com investimen-to e criação de novas vagas para médicos espe-cialistas. “Não basta criar residências em áreas mais carentes, pois os estudos de demografia médica demonstram que apenas um terço dos médicos fica no local em

que faz seu treinamento. Assim, a criação de vagas tem que estar ligada dire-tamente à melhora da infraestrutura médica para, consequentemente, melhorar o atendimento da população”, pondera. Para a medicina nuclear, a residência continuará sendo de acesso direto. Para haver mais e melho-res médicos nucleares no Brasil, Tinoco acredita que será necessário haver uma ação, apoiada pela Sociedade, em que as próprias escolas médicas e os serviços que pude-rem promover novas resi-dências o façam. Tendo em vista o número de médicos nucleares atualmente (menos de 700) e número de servi-ços de medicina nuclear em atuação no Brasil (menos de 450), para atender a população bra-sileira (204 milhões) é preciso haver o dobro de serviços, especialmente nas áreas mais carentes do País (diversos estados com um ou dois serviços apenas), e um número maior de médicos nuclea-res (de 50% a 100% mais médicos). “É triste ouvir histórias de serviços de medicina nuclear que estão sem funcionar por-que não há médicos dis-poníveis”, avalia o presi-dente da SBMN.

© CF

M •

Divu

lgaç

ão

báRbaRa aMoRiM e gustavo goMes RepResentaRaM a sbMn

8 Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista

in vivo

Mais um estudo com pesquisadores bra-sileiros e membros da SBMN é publicado em um periódico de referência internacio-nal – o Clinical Nuclear Medicine. O artigo Clinical and Dosimetric Variables Related to Outcome After Treatment of Graves’ Disease with 550 and 1110 MBq of 131I: Results of a Prospective Randomized Trial analisou as variáveis clínicas e de dosimetria associadas com o resultado em terapia HTG que pos-sam contribuir para o planejamento e defi-nir a atividade mais adequada a ser admi-nistrada. O trabalho, de autoria de Marcelo Tatit Sapienza, George Barberio Coura Filho, José Willegaignon de Amorim de Carvalho, Tomoco Watanabe, Paulo Schiavom Duarte e Carlos Alberto Buchpiguel (todos com vín-culo à FMUSP), está disponível para leitura no site da publicação.

intErnacional

PionEiro

© SB

MN

• Div

ulga

ção

eStudo BraSileiro puBlicado no clinical nuclear medicine

1º SimpóSio do cluBe de imagenS dr. ricardo Brandão

Em 1º de agosto, ocor-reu a primeira edição do Simpósio do Clube de Imagens Dr. Ricardo Brandão, no Sincomércio Jaú, na cidade do interior de São Paulo. O encontro reuniu aproximadamente 100 pessoas. A diretoria da SBMN esteve repre-sentada por sua primeira- -tesoureira, Miriam Moreira, e o primeiro--secretário, George Coura Filho, que conduziu a apresentação Experiência Clínica em Radium 223.O evento foi organizado pelo Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Amaral Carvalho (HAC) e integrou as comemora-ções do centenário da instituição, juntamente com a iniciativa dos

médicos nucleares Alexandre Brandão e Daniel Brandão em homenagem à memória do pai. Ricardo Brandão atuava na área de medi-cina nuclear desde 1972, quando o HAC recebeu o primeiro equipamento de medicina nuclear do interior de São Paulo. Isso fez com que o pro-fissional se tornasse um dos precursores da espe-cialidade médica no estado. Além disso, Brandão foi diretor de Ética e Defesa Profissional da SBMN.Também estiveram pre-sentes os médicos nucleares Marcus Vinicius Grigolon, Celso Darío Ramos e Régis Oquendo Nogueira.

gRupo de paRticipantes do siMpósio Realizado eM Jaú (sp)

9medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015

in vivo

Membros da SBMN reuniram-se na sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio de Janeiro (RJ), em 27 de agosto, para juntos avaliarem a situação do ressarcimento dos insu-mos dispendidos pela prá-tica da medicina nuclear no País, no que cabe ao campo da saúde pública. A Sociedade aproveitou a oportunidade para escla-

recer os critérios nos quais se baseia para estabelecer a relação de custos da medicina nuclear x remu-neração do valor dos pro-cedimentos. A situação atual é de defasagem devido à falta de reajuste na tabela do SUS desde 2009. A SBMN pode com-partilhar o impacto sobre a especialidade quando há o aumento no custo do material radioativo, con-

forme o ocorrido em julho deste ano, do montante de 22%. A Sociedade encaminhou ofício ao MS com o objetivo de estabe-lecer uma solução frente à situação, que impacta a especialidade, caso não haja mudança de cenário. A SBMN esteve represen-tada pelo seu presidente, Claudio Tinoco Mesquita; pelo diretor científico, Sérgio Altino; pela asses-

sora econômica, Beatriz Leme; e pelo ex-presidente da Sociedade Adelanir Barroso. Da CNEN, partici-param o coordenador--geral, Luiz Fernando de Carvalho Conti; o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Isaac Obadia; e o coordena-dor da Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação da Comissão, Francisco Rondinelli.

Diretores da SBMN e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) reuniram-se na sede da Sociedade, em São Paulo (SP), em 17 de julho.

SBmn e cBr realizam reunião em São paulo

ParcEria

Pública

diRetoRes da sbMn e do cbR Reunidos

© SB

MN

• Div

ulga

ção

sbMn esclaRece à cnen situação do RessaRciMento da Mn no país

Representantes das duas entidades puderam discu-tir assuntos de interesse comum para o desenvolvi-mento das especialidades. Para os presidentes Claudio Tinoco, da SBMN, e

Antonio Carlos Matteoni de Athayde, do CBR, a aproxi-mação só fortalece o cam-po do diagnóstico por ima-gem no Brasil. Alguns dos temas abordados foram: - Ações conjuntas na

ANS, Câmara Técnica da AMB e Conitec-SUS;- Ações conjuntas que beneficiem os associados de ambas as entidades;- Alinhamentos referen-tes à acreditação de ser-viços de imagem;- Apresentação do projeto de Diretrizes e Guidelines da SBMN – em fase inicial, a expectativa é de que haja formação de grupos de trabalho conjunto;- Estabelecimento de cri-térios de adequação para exames de imagens; - Estabelecimento de um grupo de trabalho com obje-tivo de desenvolver iniciati-vas similares ao Choosing Wisely para a radiologia e a medicina nuclear brasileira.

10 Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista

in vivo

Os médicos nucleares brasi-leiros Juliano Cerci e Claudio Meneghetti foram premiados pelo The Journal of Nuclear Medicine (JNM), periódico oficial publicado pela SNMMI.Em reconhecimento aos resul-tados apresentados no estudo Prospective International Cohort Study Demonstrates Inability of Interim PET to Predict Treatment Failure in Diffuse Large B-Cell Lymphoma, foi concedido o título de Editor’s Choice Award for the Best Clinica Articles in 2014. A premiação ocorreu durante a Reunião Anual SNMMI 2015. O estudo buscou definir melhor o uso da tecnologia PET para a estratificação de risco de linfo-ma não Hodgkin difuso de grandes células B e, também, na avaliação da hipótese de que a diversidade biológica internacional e/ou dos siste-mas de saúde pode influenciar a cinética da resposta ao trata-mento, avaliadas por PET scan interino (I-PET). Participaram mais de 10 cen-tros de referência em oncolo-gia no Brasil, Chile, Hungria, Índia, Itália, Filipinas, Coreia do Sul e Tailândia. Ao todo, foram avaliados 327 pacien-tes. Meneghetti representou o Instituto do Coração (InCor) do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cerci, que representou a Quanta - Diagnóstico e Terapia, instituição na qual é diretor do Serviço de PET/CT, foi o responsável pelo geren-ciamento dos dados.Como conclusão, foram apre-sentados três novos achados: a resposta ao tratamento ava-liada por I-PET é comparável entre sistemas de saúde dife-rentes; observação de resulta-dos negativos do I-PET, quan-do em conjunto com um bom estado clínico, tendo sido identificado um grupo de pacientes com excelente res-posta com percentual de 98% de sobrevida livre da doença; constatação de que uma única varredura com o I-PET positi-va não diferencia linfoma resistente à quimioterapia de resposta completa e não deve ser usada para orientar a tera-pia adaptada ao risco.Para Cerci, que também é vice-presidente da SBMN, a conquista simboliza o reco-nhecimento do potencial do Brasil no âmbito da ciência e reforça a importância de esti-mular a produção de estudos no campo da MN no País, ainda considerados pouco expressivos.

O emprego da medicina nuclear em benefício do trata-mento de hemofilia no Brasil e a perspectiva de incluí-la como opção terapêutica na Política de Atenção aos Pacientes com Coagulopatias Hereditárias foi pauta de reunião realizada no Ministério da Saúde, em 6 de agosto, em Brasília (DF). Recebidos pelo coordenador da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (CGSH/SAS/MS), João Baccara, o presidente da SBMN, Claudio Tinoco, e o coordenador da seção do Distrito Federal da entidade (SBMN-DF), Gustavo Gomes, discutiram a elaboração de uma proposta de incorpora-ção da radiossinoviortese (RSV) no Sistema Único de Saúde (SUS). Em breve, será enviada pela SAS/MS nota técnica com a solicitação da inclusão dos radionuclídeos para fins tera-pêuticos à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). A SBMN irá cola-borar com a CGSH na concepção do documento.

DEstaquEs

coaguloPatiasartigo BraSileiro é premiado pelo Jnm RadiossinovioRtese

pode seR incoRpoRada no sus coMo teRapêutica paRa heMoFilia

11medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015

in vivo

Instituído pela SBMN, o dia 14 de setembro passa oficial-mente a celebrar o Dia do Médico Nuclear. Em alusão à data de fundação da Sociedade, há 54 anos. A data tra-duz o anseio de toda comunidade de espe-cialistas de terem um dia dedicado única e exclusivamente a cele-brar a especialidade, seus avanços alcança-dos ao longo dos anos, bem avaliar os desafios e perspectivas futuras. Para selar a data, a diretoria da SBMN, sob a presidência de Claudio Tinoco Mesquita, inaugurou a Galeria dos Presidentes. Trata-se de um espaço permanente, localizado na sede da entidade, destinado a manter viva a memória da Sociedade, representa-da por cada presidente que a presidiu ao longo dessas cinco décadas. “Não somos nada sem nossas memórias. Mais do que uma gale-ria de fotos, este espa-ço simboliza nossas raízes representadas por cada presidente

que compôs a Sociedade e lutou bravamente para que avançássemos em meio a inúmeros desa-fios”, declarou emociona-do o presidente da SBMN, Claudio Tinoco Mesquita.Passado, presente e futu-ro estiveram juntos em meio às homenagens dedicadas aos pioneiros da Medicina Nuclear. Os ex-presidentes José Carlos Barbério, David Serson, Adelanir Barroso, José Claudio Meneghetti, Marília Marone, José Soares Junior e Celso Darío Ramos deram voz a todos

aqueles que compuseram as gestões da Sociedade. Um a um eles puderam compartilhar – com médi-cos nucleares, familiares, amigos presentes - os momentos marcantes que vivenciaram ao longo de sua trajetória à frente da especialidade. Também receberam a justa homena-gem Lenine Fenelon Costa, Osvaldo Estrela Anselmi e Edwaldo Camargo. José Augusto Villela Pedras, hoje com 94 anos, foi representado por seus netos, que hoje seguem os passos de seu avô.

Outra que mereceu grande destaque foi a memória de Tede Eston de Eston, primeiro presidente da SBMN. Na ocasião, sua família foi representada por sua filha. Com algumas palavras, a notória médica nuclear Anneliese Fischer Tom contou a todos como foi o exato momento da funda-ção da Sociedade pelo Dr. Eston. “Ele tinha a capaci-dade de fazer as pessoas acreditarem em seus pla-nos. Em um dia muito bonito, Dr. Eston chamou a mim e a mais cinco cole-gas para uma reunião na biblioteca do então IPEN. Após expor suas intenções e, sob olhares altivos, nas-ceu a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear”, con-tou. Ao final, Annelise foi aclamada por todos pelo empenho, zelo e dedica-ção em preservar a histó-ria da especialidade.

eMoção MaRca o dia do Médico nucleaRcElEbração

lançaMento da galeRia Reuniu gRandes noMes da especialidade

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista12

o especialista

A aprovação de radiofármacos

ainda é uma novidade no Brasil.

As substâncias foram regulamen-

tadas pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (Anvisa)

somente em 2009 e critérios

quanto ao processo de registro

desses medicamentos no País

foram determinados apenas

no ano passado.

A Resolução de Diretoria

Colegiada (RDC) nº 70, de 22 de

dezembro de 2014, foi elaborada

para normatizar produtos já

comercializados e utilizados no

Brasil. A partir da RDC, estudos

Uma nova fase para os radiofármacosA criação da RDC nº 70 representou um avanço no processo de aprovação de radiofármacos no Brasil. Marcelo Moreira, da Superintendência de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, explica o que mudou

por Lais Cattassini

clínicos podem ser usados para

validar a eficácia de radiofármacos.

O gerente-geral de Produtos

Biológicos, Sangue, Tecidos, Células

e Órgãos da Superintendência de

Medicamentos e Produtos

Biológicos (Sumed) da Anvisa,

Marcelo Moreira, conversou com a

Medicina Nuclear em revista sobre o

processo de regulamentação, a

implantação da RDC no Brasil e

também o papel da Sociedade

Brasileira de Medicina Nuclear

(SBMN) e dos profissionais

da área para a aprovação de

novos medicamentos.

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 13

o especialista

© SBMN • Arquivo

Por que os radiofármacos só foram regulamentados em 2009, se já eram usados no País há mais de 50 anos?Marcelo Moreira - A lacuna regula-

tória identificada após a inclusão

da Emenda Constitucional 49/2006

desencadeou no âmbito da Anvisa

discussões que culminaram com a

publicação da RDC n° 63, que dis-

põe sobre as Boas Práticas de

Fabricação de Radiofármacos,

e da RDC n° 64, que dispõe sobre o

Registro de Radiofármacos, crian-

do o marco inicial da regulamenta-

ção sanitária desses produtos.

Antes da publicação das

Resoluções 63 e 64/2009, a

Comissão Nacional de Energia

Nuclear (CNEN) era responsável

pelo controle desses produtos.

Atualmente, além do controle da

CNEN, todos os produtores de

radiofármacos (públicos e privados)

são submetidos, ainda, ao controle

sanitário da produção, comercializa-

ção e uso desses medicamentos, cuja

competência é da Anvisa.

Marcelo Moreira, gerente- -geral de Produtos Biológicos,

sangue, tecidos, células e órgãos da suPerintendência de MedicaMentos e Produtos Biológicos (suMed) da anvisa

Por que o primeiro registro só foi concedido em junho deste ano?Apesar do esforço institucional

empreendido pela CNEN e pelos

fabricantes privados para a adequa-

ção à regulamentação sanitária

vigente com relação ao registro de

produtos radiofármacos no Brasil

(RDC nº 64/2009), o prazo inicial-

mente concedido e posteriormente

prorrogado não foi suficiente para

regularização desses produtos.

Como era feito o controle desses produtos antes da criação da regu-lamentação específica?A CNEN, uma autarquia federal

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista14

o especialista

criada pela Lei n° 4.118, de 27 de

agosto de 1962, vinculada ao

Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação (MCTI), sempre exerceu

esse controle. Como órgão superior

de planejamento, orientação, super-

visão e fiscalização, estabeleceu nor-

mas e regulamentos em radioprote-

ção e licenciou, fiscalizou e contro-

lou a atividade nuclear no Brasil,

incluindo todas as instalações priva-

das de produção de radiofármacos,

especialmente as atividades de

radioproteção, segurança nuclear e

pesquisa e desenvolvimento.

Na Anvisa, alguns produtos

enquadrados hoje como radiofár-

maco/componente não radioativo

para marcação, e que se asseme-

lham a um medicamento sintético

quando dissociados de sua porção

radioativa, eram importados e

registrados como medicamentos

sintéticos. Ficavam então sujeitos à

regulamentação própria dessas

categorias de medicamentos.

Qual é a importância da criação de regulamentação específica? O que muda?Por se tratar de produtos com carac-

terísticas peculiares e por serem

medicamentos prontos para uso ou

com preparo extemporâneo para

administração em curto prazo, com

indicação diagnóstica e/ou terapêu-

tica e posologia individualizada, os

radiofármacos exigiam uma ade-

quação também por parte da

Agência, que discutiu, elaborou e

publicou regulamentação específica

para esses produtos, levando em

consideração suas particularidades.

A importância da criação de

regulamentação específica é esta-

belecer os requisitos mínimos

para o registro de radiofármacos

no País, visando garantir a quali-

a iMPortância da criação de regulaMentação esPecífica é estaBelecer os requisitos MíniMos Para o registro de radiofárMacos no País, visando garantir a qualidade, segurança e eficácia desses MedicaMentos

dade, segurança e eficácia

desses medicamentos.

Além do Radioglic® - Fludesoxiglicose (18F), outros já receberam o registro?Antes da publicação da Resolução

que dispõe sobre o registro de

radiofármacos, em 2009, cinco pro-

dutos obtiveram registro na catego-

ria de contrastes radiológicos,

como medicamento novo ou como

medicamento similar. Além desses,

um produto obteve registro em

2010, ainda na categoria de similar.

Todos são da categoria de compo-

nentes não radioativos para marca-

ção e essa é sua situação atual: I -

Radiofármacos prontos para o uso;

II - Componentes não radioativos

para marcação com um componen-

te radioativo; III - Radionuclídeos,

incluindo eluatos de geradores

de radionuclídeos.

Quantos pedidos de registro espe-ram aprovação atualmente?Esse levantamento ainda está sendo

finalizado pela Agência. A relação de

processos será disponibilizada para

consulta no site da Anvisa, apontan-

do os protocolos por ordem cronoló-

gica de entrada na Agência, critério

estabelecido para definição da ordem

de prioridade de análise. Estimamos

que tenham sido protocolados todos

os processos que atendiam ao preco-

nizado na RDC nº 70/2004.

Os medicamentos que aguardam aprovação de registro podem ser comercializados normalmente?Não. Os radiofármacos cuja

comercialização não tenha sido

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 15

o especialista

iniciada antes da data de publica-

ção da RDC 70/2014 somente

poderão ser comercializados e

distribuídos no País após a con-

cessão de seu registro no Diário

Oficial da União.

A manutenção da comercializa-

ção fica restrita àqueles que com-

provadamente já estavam em

comercialização no País até a data

de publicação da RDC n° 70/2014 e

que tenham atendido ao prazo

estabelecido por esta para o proto-

colo de registro na Agência, em

cumprimento à RDC n° 64/2009,

que dispõe sobre o registro

de radiofármacos.

Como o senhor vê a relação da Anvisa com a SBMN no que diz respeito à aprovação de radiofár-macos? Existe uma colaboração nesse processo?A relação entre Anvisa e SBMN está

sendo de extrema importância para

o processo de regularização dos

medicamentos radiofármacos pro-

duzidos no País. Em 2014, quando a

Gerência de Produtos Biológicos

assumiu a responsabilidade pelo

registro desses produtos dentro da

Anvisa, estreitou-se relações com a

Sociedade e os fabricantes nacio-

nais, criando um espaço de diálogo

com todos os atores envolvidos. Em

um primeiro momento, a SBMN foi

a grande interlocutora entre o setor

regulado e o agente regulador, pro-

movendo encontros e reuniões entre

as partes, além de inserir em seus

congressos científicos as discussões,

críticas e sugestões que apoiaram

todo o processo regulatório relacio-

nado ao tema dos radiofármacos.

É importante esclarecer esse pro-cesso a médicos nucleares, que dependem da aprovação de radio-fármacos? Por quê?Sim. Essa atividade é extremamente

importante, pois deve haver uma

mudança na cultura já estabelecida

entre os médicos nucleares, os fabri-

cantes de radiofármacos e centros

de pesquisa na área. Como todo

medicamento destinado para uso

em humanos, os radiofármacos

devem cumprir os mesmos requisi-

tos, muito bem estabelecidos para

medicamentos, e passar pelo pro-

cesso de submissão, análise e apro-

vação na Agência Nacional de

Vigilância Sanitária para obtenção

de seu registro sanitário, antes da

comercialização e uso na população.

É possível que médicos nucleares ou a própria Sociedade auxiliem no

processo de aprovação desses medi-camentos? Como?Sim, sem dúvida. Os especialistas em

medicina nuclear são os profissionais

que melhor poderão contribuir com

discussões sobre as indicações de uso,

o estabelecimento de doses e protoco-

los de utilização dos radiofármacos.

A SBMN possui cientistas entre

seus associados e especialistas de

diversos campos de atuação da

medicina nuclear, que podem auxi-

liar na análise de relatórios de expe-

rimentação terapêutica, submetidos

na Anvisa como parte do dossiê de

registro, emitindo, por exemplo, um

parecer de consultor ad hoc.

Sempre que necessário, a Anvisa

solicitará à SBMN a indicação de

um profissional para complementar

a análise documental do pedido de

registro de um medicamento radio-

fármaco novo.

Marcelo Moreira ParticiPou de uMa das Mais iMPortantes e concorridas Palestras do últiMo congresso Brasileiro de Medicina nuclear

© SBMN • Arquivo

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista16

ESPECIAL

© SH

UTTE

RSTO

CK

D e 23 a 25 de outubro, a

efervescência científica

tomará conta da Cidade

Maravilhosa durante o

XXIX Congresso

Brasileiro de Medicina Nuclear.

O evento realizado anualmente pela

SBMN traz para o centro das discus-

sões deste ano as oportunidades, desa-

fios e perspectivas da especialidade.

Além de médicos nucleares e

especialistas de áreas correlatas,

são esperados residentes, biomédi-

cos, tecnólogos, biólogos, físicos,

químicos, farmacêuticos e especia-

listas que tenham interesse na

aplicabilidade de radioisótopos na

medicina. “A medicina nuclear é,

por definição, uma atividade mul-

tidisciplinar, por isso temos que

ter ênfase em diversas especialida-

des que a compõem”, explica o

diretor científico da SBMN, Sérgio

Altino de Almeida.

Uma sala específica do Centro de

Convenções do Hotel Royal Tulip

será reservada para as tarefas multi-

disciplinares. “O Congresso também

servirá como um incentivo para que

mais jovens tenham interesse em

participar da medicina nuclear,

para que busquem treinamento, pós-

-graduação e especialização na área”,

completa o presidente do Congresso e

da SBMN, Claudio Tinoco Mesquita.

Com o mote Medicina Nuclear em

Movimento, o encontro apresentará

as rápidas transformações da espe-

cialidade no Brasil e no mundo, tan-

to no campo educacional quanto

científico e na prática clínica, seja

diagnóstica, seja terapêutica. A evo-

lução também fica evidente nas

modificações dos marcos regulató-

rios da especialidade no âmbito

nacional, na gradual mudança da

relação da especialidade com as fon-

tes pagadoras, com destaque para a

Medicina nuclear eM MoviMentoXXIX Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear discutirá as rápidas transformações da especialidade no Brasil e no mundo

Por Daniella Pina

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 17

ESPECIAL

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista18

ESPECIAL

recente incorporação do estudo de

PET/CT ao SUS. “A medicina

nuclear mudou a história de várias

doenças, mas ainda é subutilizada

no Brasil. Nossa especialidade tem

crescido e precisamos unir esforços

nesse sentido, sobretudo por meio

do estímulo à produção científica

multicêntrica e à ampliação do aces-

so via saúde pública”, diz Tinoco.

A rica programação científica

reflete a pujança da especialidade.

“Teremos duas salas para discutir

temas atuais em medicina nuclear e

outra para as áreas correlatas, como

radiofarmácia, física, questões da

Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa) e da Comissão

Nacional de Energia Nuclear

(CNEN)”, conta Altino. “Além disso,

estamos tentando organizar uma

sala dedicada à pediatria nuclear,

com experts da Agência

Internacional de Energia Atômica

(IAEA, sigla em inglês) que estarão

na cidade para ministrar outro cur-

so antes do Congresso”, completa.

“A medicinA nucleAr mudou A históriA de váriAs doençAs, mAs AindA é subutilizAdA

no brAsil. nossA especiAlidAde tem

crescido e precisAmos unir esforços nesse sentido, sobretudo

por meio do estímulo à produção científicA

multicêntricA e à AmpliAção do Acesso

viA sAúde públicA”

Claudio Tinoco Mesquita

Presidente da SBMN

1

Destaque também para as mesas-

-redondas com abordagens nas

perspectivas para a aplicabilidade

da medicina nuclear em cardiologia;

oncologia – com ênfase em linfomas

e neurologia; e a avaliação de pro-

cessos inflamatórios e infecciosos.

“O Congresso abordará novidades

terapêuticas; PET/CT, tanto com o

FDG – nosso radiofármaco mais uti-

lizado – quanto com novos insumos

radioativos que estão revolucionan-

do a prática de PET/CT; PSMA; e

radiofármacos para tumores neu-

roendócrinos. Falaremos tanto das

perspectivas no Brasil, incluindo o

Reator Multipropósito Brasileiro

(RMB), quanto dos desafios finan-

ceiros e políticos para a especialida-

de”, diz Altino.

“O conteúdo científico está mui-

to bem estruturado. Teremos pales-

tras como PET-ressonância, que é

uma novidade em nossa área; aulas

sobre tratamentos em doenças uti-

lizando radionuclídeos; novos tra-

tamentos como o uso do emissor de © R

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medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 19

ESPECIAL

HigHligHts

de acordo com o presidente da SBMn e do congresso, claudio tinoco Mesquita, o evento deste ano trará muitas novidades. uma delas será o Dia de Educação ao Paciente, uma atividade voltada ao público leigo e à sociedade civil, para esclarecer a atuação da medicina nuclear e sua importância no diagnóstico e tratamento de pacientes. destaque ainda para as reuniões com centros formadores da especialidade para discussão do ensino em medicina nuclear. “os participantes terão oportunidade de assistir a várias mesas-redondas sobre temas altamente avançados e que envolvem a prática da medicina nuclear no País nos próximos anos.”a prática atual também será amplamente explorada. “destaco a palestra de Pet- -ressonância, em que abordaremos a instalação de duas máquinas com essa nova tecnologia no estado de São Paulo. Falaremos das melhores formas de utilização dos radiotraçadores para o diagnóstico dos pacientes”, ressalta tinoco.

partículas alfa, 223Ra; tratamentos

com emissores de partícula aberta

para tumores neuroendócrinos, o

já consagrado 131I para o tratamen-

to do câncer de tireoide, entre

outros”, completa Tinoco.

Outro destaque da programação

fica a cargo dos convidados interna-

cionais: 13 confirmados até o

momento. Representantes de países

como Estados Unidos, Chile,

México, Itália e Espanha comparti-

lharão as experiências praticadas

nos grandes centros de referência

em medicina nuclear espalhados

pelo mundo. “Destaco a participação

do presidente da Sociedade

Americana de Medicina Nuclear e

Imagem Molecular (SNMMI, sigla

em inglês), Dr. Hossein Jadvar,

representante de uma sociedade

médica de alto impacto para a espe-

cialidade mundial, e dos colegas da

Sociedade Europeia de Medicina

Nuclear, como o Dr. Raffaele

Giubbini; Dr. Homer Macapinlac,

do MD Anderson Cancer Center –

1. centro de convençõesdo hotel royAl tulip

2. sérgio Altino, diretor científico dA sbmn

3. membros dA diretoriA AtuAl dA sociedAde

4. clAudio tinoco, presidente do congresso e dA sbmn

2

4

3

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista20

ESPECIAL

pelo sistema e também para que a

gente melhore a questão de financia-

mento da medicina nuclear para

esses pacientes”, afirma o presidente

do Comitê Científico do Congresso.

Durante o encontro, serão reali-

zadas duas mesas-redondas envol-

vendo autoridades da área e especia-

listas com experiência em medicina

nuclear para discutir a necessidade

de expandir a especialidade no País.

“O Brasil tem hoje uma taxa de apro-

ximadamente 1,5 milhão de procedi-

mentos por ano para atendimento

da população. O número é bem infe-

rior a países como a Argentina, por

exemplo. Se compararmos aos

Estados Unidos, temos cinco vezes

menos exames por aqui”, diz Tinoco.

“Temos trabalhado junto ao

Governo para diminuir a dificuldade

de agendamento de exames de medi-

cina nuclear em certas regiões do

País. Isso tem sido feito por meio de

iniciativas como a melhora do trei-

namento dos profissionais, aumento

das possibilidades de criação de

novos serviços em medicina nuclear,

mais vagas de residência em MN,

mais treinamento e capacitação e

reembolso, praticado pelo SUS para

os exames de medicina nuclear,

gerando uma sustentabilidade na

área”, elenca o presidente.

Outra questão que a Sociedade

está lutando para mudar diz respei-

to à permeabilidade da formação

médica, tanto com o aumento no

número de residências em medicina

nuclear quanto na maior exposição à

especialidade por alunos de gradua-

ção em cursos médicos. “A discus-

são desses temas é imprescindível

para que nossa especialidade conti-

nue crescendo”, avalia Tinoco.

Passe mais uns Dias no Rio...

recém-reformado, o centro de convenções do royal tulip oferecerá uma experiência muito positiva aos congressistas em termos de organiza-ção, conforto e infraestrutura. o local dispõe de 25 salões totalmente pre-parados para sediar congressos de alta qualidade e fica localizado em frente a uma das mais belas vistas da cidade, a praia de São conrado, na zona sul do rio de Janeiro.além do local, vale a pena organizar a agenda para conferir alguns dos muitos encantos que a cidade Maravilhosa reserva aos seus visitan-tes. Se tiver oportunidade, estique a estada no rio de Janeiro e aproveite a cidade no mesmo estilo dos cariocas, que não abrem mão de um mergulho no mar, uma cerveja gelada na mureta da urca, uma corrida na lagoa rodrigo de Freitas e um sambinha na lapa. Só não se esqueça das progra-mações de turista, que incluem visitas ao cristo redentor, ao bondinho do Pão de açúcar, ao Jardim Botânico e às ruas do centro antigo. confira as opções de passeios dispo-níveis na agência de turismo do congresso, no site oficial do evento: www.sbmn.org.br/congresso.

University of Texas, um dos maiores

especialistas do mundo em PET/CT;

Dr. Daniel Berman, autoridade

mundial nos exames de cintilografia

miocárdica, entre outros”, ressalta o

presidente do Congresso.

Dessa forma, Tinoco acredita

que o programa científico agradará

a todos, garantindo reciclagem e

atualização em um cenário deslum-

brante como o Rio de Janeiro (RJ).

“Teremos também uma programa-

ção social bastante intensa, com ati-

vidades voltadas para a integração

dos membros da Sociedade.” Estão

sendo preparados jantares, festas e

excursões para que o congressista

aproveite tudo o que o Rio tem de

melhor a oferecer. “Com os esforços

que têm sido feitos para preparar a

cidade para os Jogos Olímpicos de

2016, o espaço urbano está renovado

e as belezas naturais estão ainda

mais destacadas”, convida.

Políticas públicas de saúdeUm dos enfoques centrais do

Congresso será o debate de questões

ligadas às políticas públicas de saú-

de, em especial o que cabe à medici-

na nuclear via Sistema Único de

Saúde (SUS). Para tanto, o evento

terá a participação de representan-

tes dos Ministérios da Saúde (MS) e

de Ciência, Tecnologia e Informação

(MCTI), representados pela CNEN e

pelo Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares (Ipen).

“Uma das preocupações que

temos com a medicina nuclear é a

expansão da especialidade dentro do

SUS. Enxergamos que existe uma

possibilidade de lutar para que os

métodos tenham maior utilização

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Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista22

C apaCitação e merC ado

Por Lais Cattassini

Desde que foi introduzido no Brasil,

em 2003, o PET/CT tem ampliado

sua presença nacional e, de acordo

com a Comissão Nacional de

Energia Nuclear (CNEN), é uma fer-

ramenta de diagnóstico presente em

cerca de 120 clínicas e laboratórios

do país. Embora o aumento seja

considerável em um curto período

de tempo, as dificuldades de implan-

tação e logística, principalmente no

que diz respeito à distribuição do

FDG, principal radiofármaco usado

para o exame, criam barreiras para

que mais serviços especializados

sejam instalados em municípios

afastados dos grandes centros.

A inauguração de um serviço de

medicina nuclear com um equipa-

mento PET/CT deve ser autorizada

pela CNEN. De acordo com o enge-

nheiro e pesquisador da Comissão,

Anderson Oliveira, o primeiro pas-

so para quem pretende construir

um centro de diagnóstico é obter

autorização para a construção do

espaço. “Recebendo o ofício de auto-

rização para a construção, ele solici-

ta a autorização para a operação.

Isso tudo é relativamente simples,

pois são procedimentos muito

conhecidos no meio médico e na

CNEN. A Comissão tem trabalhado

com afinco para que as solicitações

de autorização para operação

tenham prioridade na casa, para

que consigamos ter mais serviços

em funcionamento no País”, afirma.

A estrutura física de um espaço

para um serviço de PET/CT é a pri-

meira preocupação. O isolamento de

portas e paredes deve ser enquadra-

do em normas da CNEN e prepara-

do de modo a proteger completa-

mente o público de emissões.

Apesar de simples, as exigências

normativas da CNEN podem atra-

sar um projeto. Por isso, um traba-

lho de consultoria pode ser essen-

cial. “Em conjunto com o arquiteto

SuPerando obStáculoSAinda existem desafios para a implantação de serviços PET/CT no Brasil, mas os benefícios superam os problemas

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 23

C apaCitação e merC ado

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do cliente, nós sugerimos um layout

no qual o fluxo seja otimizado.

O trabalho está relacionado ao cui-

dado de toda a estrutura, à blinda-

gem das paredes e das áreas em que

há maior emissão de radioativida-

de”, conta o físico Alfonso de Orte,

da Núcleo Consultoria Técnica.

A orientação da CNEN é para

que ela seja procurada antes do iní-

cio da construção ou reforma de

espaços destinados ao serviço.

“Recomendamos que conversem

conosco. Estamos sempre abertos a

isso, para conversas que podem ser

feitas pessoalmente, em reuniões

agendadas conosco”, afirma

Oliveira. A CNEN pode esclarecer

dúvidas como materiais que devem

ser utilizados e a classificação do

laboratório de diagnóstico conforme

exames e materiais realizados.

Os obstáculos enfrentados para

a escolha e construção de uma clíni-

ca, porém, não são as únicas limita-

ções ao local de instalação. Com um

número pequeno de cíclotrons dis-

poníveis no Brasil, a distribuição do

FDG é um grande desafio para

quem implanta serviços fora das

grandes capitais. “A distribuição do

radiofármaco hoje está limitada a

questões de logística. Como é um

material que decai muito rápido,

estamos limitados pela distância.

A meia-vida do FDG é de duas horas,

por isso é preciso ter uma logística

terrestre muito boa ou acesso ade-

quado à malha aérea”, observa o

físico Guilherme Burkhardt.

O material radioativo, feito sob

demanda, é enviado a partir das

cidades de Porto Alegre (RS),

Curitiba (PR), São Paulo (SP),

Campinas (SP), São José do Rio

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista24

C apaCitação e merC ado

Preto (SP), Brasília (DF), Rio de

Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG),

Recife (PE) e Salvador (BA). Para

chegar a municípios mais distantes,

é necessário contar com o transpor-

te aéreo ou terrestre. “Hoje, apenas

duas companhias aéreas aceitam

transportar material radioativo:

Avianca e TAM”, conta Burkhardt.

“É uma preocupação conscienti-

zar todas as empresas aéreas de

que isso é importante para o País.

Quanto mais empresas estiverem

transportando o material radioati-

vo, mais pontos serão cobertos e o

custo do transporte também dimi-

nui”, argumenta Oliveira. A distân-

cia impossibilita, por exemplo, o

transporte de FDG para cidades da

região norte do País.

A conscientização é a principal

arma para que a Sociedade

Brasileira de Medicina Nuclear

(SBMN), médicos e físicos ampliem

a oferta de serviços de PET/CT no

Brasil. Além de mudar a mentalida-

de de empresas que podem auxiliar

Quanto mais empresas estiverem transportando o material radioativo, mais pontos serão cobertos e o custo do transporte também diminui

no transporte do material radioati-

vo, a conscientização do Ministério

da Saúde e de convênios médicos

sobre a importância do exame é

crucial para diminuir os custos e

aumentar o acesso da população ao

melhor diagnóstico. “A cobertura

dos planos de saúde ainda contem-

pla um pequeno número de indica-

ções clínicas. Nos Estados Unidos, o

número de indicações do PET/CT é

muito superior ao brasileiro. Os

auditores dos planos de saúde não

têm conhecimento clínico aprofun-

dado, o que dificulta a aprovação do

exame em situações clínicas não

expressamente incluídas no rol de

procedimentos da Agência Nacional

de Saúde Suplementar (ANS).

Muitas vezes, esses profissionais

não reconhecem que o PET/CT

não somente traria benefícios ao

paciente, como também teria custo-

-efetividade”, afirma o médico

nuclear Fábio Esteves, que abriu

sua clínica em Blumenau (SC) após

um período nos Estados Unidos.

1

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 25

C apaCitação e merC ado

Saúde (SUS) quanto dos convê-

nios”, completa Fiel.

A eficácia do exame justifica o

alto investimento em clínicas de

diagnóstico e medicina nuclear.

Burkhardt afirma que, para aque-

les que decidiram apostar no futu-

ro, o retorno foi satisfatório. “Os

que pensaram no futuro estão

colhendo os frutos hoje. Por isso, é

importante incentivar, e não inibir,

a implantação dos serviços. O PET

é um exame muito importante. As

pessoas que estão instalando os

equipamentos estão desenvolven-

do a medicina nuclear e as técnicas

de diagnóstico. Mesmo com todas

as dificuldades, é algo que trará

benefícios para a população.”

Os desafios e dificuldades podem

ser amenizados com planejamento e

pesquisa. “Não é uma aventura

barata e, justamente por isso, não

aconselho começar o empreendi-

mento sem antes se cercar de infor-

mações e conselhos de quem já pas-

sou por isso. O trabalho de consulto-

ria é importante por isso. O processo

não é difícil para quem já conhece o

caminho”, declara de Orte.

Se sobram desafios e obstáculos

e faltam incentivos, os benefícios

são ainda maiores. “O PET/CT veio

para revolucionar a área oncológica.

Já é sabido que seus resultados alte-

ram em um terço o tratamento dos

pacientes. Isso leva a uma economia

gigantesca do sistema de saúde, tan-

to público quanto privado. Assim,

quanto mais serviços tivermos espa-

lhados pelo Brasil, mais acesso a

população terá no combate ao cân-

cer e maior economia terá o sistema

todo”, conclui Fiel.

Além do alto custo dos equipa-

mentos e serviços, bem como o

preço cobrado pela dose de radio-

fármacos (que se torna mais alto

de acordo com as dificuldades de

transporte), a dificuldade para

encontrar profissionais prepara-

dos para lidarem com os exames

também é um reflexo da falta de

incentivos para a implantação de

serviços PET/CT no Brasil. “O

número de médicos nucleares para

atender a essa demanda ainda não

é grande no Brasil. Temos pouco

mais de 20 centros formadores de

médicos nucleares no Brasil. A

SBMN já está há alguns anos ofe-

recendo cursos intensivos e módu-

los de PET/CT para esses profis-

sionais, buscando sanar o proble-

ma”, avalia o médico nuclear e

diretor técnico de diagnóstico por

imagem do Grupo São Camilo,

Antônio Fiel Cruz Júnior.

O aumento gradativo na oferta

de serviços PET/CT indica o cresci-

mento do interesse pelo exame e

também o reconhecimento de que a

técnica é benéfica para pacientes.

“Atualmente, existe uma projeção

de mais de 100 aparelhos de PET/

CT instalados nos próximos três

anos. Isso demonstra que o Brasil

está na vanguarda de uma medici-

na de ponta. É preciso que o

Governo se mobilize para que as

reivindicações da SBMN sejam

atendidas, incluindo a aprovação

de novos radiofármacos, para que

possamos fazer mais exames,

detectar mais doenças e descobrir

novas patologias, diminuindo o

sofrimento dos pacientes e os gas-

tos tanto do Sistema Único de

1. alfonso de orte, físico da núcleo consultoria técnica

2. fábio esteves, médico nuclear em blumenau (sc)

3. antônio fiel cruz Júnior, médico nuclear e diretor

técnico de diagnóstico por imagem do grupo são camilo

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Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista26

na pr átic a

*Artigo publicAdo no blog dA revistA vejA (26/5) e gentilmente cedido pelo Autor pArA A medicinA nucleAr em revistA

Doenças carDíacas – corDiais sauDações*Por Marcelo Madureira

C omo dizia o velho

Moreira da Silva, o

Kid Morengueira:

“Para se topar com

uma encrenca, basta

andar distraído”.

Por isso, fazia o meu

check-up anual, de rotina. A lista

interminável de exames parece mais

uma gincana escolar. Aliás, outra

boa analogia com os tempos de colé-

gio é a espera pelos resultados. À

medida que se vai envelhecendo,

aguardar o resultado de um exame

de sangue contém a mesma ansieda-

de da espera pelas notas das provas

bimestrais. Você estudou, fez boa

prova, mas, lá no fundo, bem lá no

fundo, existe aquela possibilidade

de um resultado não muito agradá-

vel, um acidente de percurso.

“Quem procura o que não perdeu,

quando encontra não reconhece…” –

essa é do Mestre Marçal, outro sam-

bista do passado.

Eis que chega o dia da angioto-

mografia de coronárias. Trata-se de

um exame muito simples: um con-

traste é injetado na veia do paciente,

que, por sua vez, é submetido ao

scan do tomógrafo e…, voilá!, eis seu

‘relógio’, ao vivo e a cores, pulsando

e, o mais importante, uma visão

geral de suas coronárias. As coroná-

rias são as artérias responsáveis

pela irrigação dos ventrículos, prin-

cipalmente o esquerdo, que faz o

bombeamento do sangue arterial

(rico em oxigênio) para todos os

recantos de sua anatomia. Um entu-

pimento na coronária e… pimba!,

tens um enfarto do miocárdio. Sem

irrigação, uma parte do coração

necrosa, apodrece e deixa de funcio-

nar. Dependendo da extensão do

estrago, a sua ‘bomba hidráulica’

‘deu ruim’, para por completo e lá se

vai mais um para a Terra dos Pés

Juntos. É isso mesmo, meus amigos:

quem tem fé vai ao encontro do

Criador; para os ateus, como eu, é

PT: perda total. Acabado o exame,

me visto e o médico, meu xará, me

o humoristA mArcelo mAdureirA relAtA como descobriu umA obstrução em umA ArtériA

medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 27

na pr átic a

© Marcelo Madureira • divulgação

chama na sala dos controles. Num

monitor, imagens ainda pulsantes

do meu coração. “Está vendo aqui,

seu Madureira? Temos uma obstru-

ção importante na artéria descen-

dente anterior.”

Ou, como saiu no laudo: “artéria

descendente anterior com placa

extensa nos terços proximal e médio

associada a lesões de grau moderado

a importante envolvendo o primeiro

ramo diagonal que apresenta lesão

obstrutiva significativa em sua ori-

gem”. A casa caiu. Enquanto isso, o

médico tentava me tranquilizar:

“Olha, não é caso de ponte de safena,

mas você vai ter que ver isso… Talvez

seja o caso de colocar um stent”.

Saí do laboratório em transe. Já

me via a caminho do Nada Ignoto,

mas antes liguei para o meu clínico,

que, por sua vez, já havia recebido

os exames. É assim a minha medici-

na: eu tenho um clínico que coorde-

na as minhas decisões. Ele me enca-

minhou para um cardiologista, que,

depois de demorado exame, reco-

mendou: “O próximo passo é fazer

uma cintilografia miocárdica de

repouso e esforço. Só assim podere-

mos avaliar com segurança a exten-

são da lesão”.

A cintilografia miocárdica é um

pouco mais complicada. Dessa vez,

injetam no paciente isótopos

radioativos, que possibilitam uma

avaliação mais acurada do tama-

nho do entupimento e suas conse-

quências para o funcionamento do

músculo cardíaco. Vejam bem,

esses exames não são para serem

feitos toda hora e somente com

estrita indicação médica. Você aí,

seu hipocondríaco, nem vá pen-

sando em fazer esses exames por

sua conta, pois envolvem risco e

exposição à radiação.

E lá fui eu, mais uma vez,

me submeter aos sofisticados

equipamentos da medicina contem-

porânea. A diferença é que dessa

vez você é avaliado também depois

de correr em uma esteira por

uns 15 minutos.

Resumo da ópera: para o azar

de vocês, minha obstrução não é

tão grave assim. Posso fazer um

tratamento clínico. Medicação,

dieta, exercícios e (acreditem)

menos estresse. Menos estresse?

Vivendo no Brasil? Com o Lula, a

Dilma, o Renan? Só me mudando

para a Finlândia.

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista28

na pr átic a

Primeiramente, como anda

a sua saúde?

Minha saúde vai bem, obrigado!

Faço check-up anual, exercícios físicos

regularmente e procuro seguir uma

dieta alimentar adequada. 

O senhor conhecia a medicina nuclear

antes de fazer o exame de cintilogra-

fia miocárdica?

Sou um hipocondríaco de carteirinha

e, por isso mesmo, acompanho os

avanços da medicina. Sou fascinado

pelo assunto. Acho métodos de diag-

nóstico não invasivos muito interes-

santes e mais seguros, principalmente

aos órgãos vitais.

Como foi o pré-exame? O senhor pesqui-

sou sobre a especialidade? Ficou

apreensivo por realizar um procedimen-

to que envolve exposição à radiação?

Tenho uma conduta médica bem espe-

cífica. Passo em consulta com um clí-

nico geral há muito tempo. Ele me

conhece a fundo e coordena todos os

Batemos um papo com Marcelo Madureira sobre sua experiência de humor com a temática médica

para relaxar o pessoal. Até em simpó-

sio de psicanálise já me apresentei,

mas psicanálise não é medicina... Há! 

Como são suas palestras?

Que temas costuma abordar?

Quando sou contratado, antes de pre-

parar a apresentação, faço uma reu-

nião com os organizadores. É impor-

tante que o meu trabalho tenha o tom

e o conteúdo adequados às expectati-

vas do público. Antes da exibição,

peço aprovação do cliente. É muito

importante acertar o foco. Geralmente,

preparo uma apresentação que tenha

a ver com a especialidade do encontro,

me fantasio de especialista e apresento

um ‘trabalho’ com slide, filmes e gráfi-

cos. É bem engraçado. Tem participa-

ção do público e todo mundo entende,

inclusive as mulheres e maridos dos

médicos que assistem. Também posso

fazer uma apresentação mais geral

sobre temas da atualidade, mas sem-

pre com bom humor. Minha única

frustração é nunca ter participado de

um congresso de coloproctologia...

Como te contratar?

Muito fácil. Só mandar e-mail para

[email protected] ou procurar

minha agente de palestras, Sandra

Paschoal, em um dos telefones:

(11) 3862-6122 / (11) 3862-6220 /

(11) 7874-2393.

EntrEvista

blogs do mAdureirAvejA.Abril.com.br/blog/mArcelo-mAdureirA

cAssetA.com.br/mAdureirA

exames que realizo. O Dr. Jorge Spitz é

quem determina se devo ou não pro-

curar especialistas em função dos

resultados dos exames e sugere quem

procurar. Faço questão de que os

médicos que me atendem se comuni-

quem entre eles sobre meu caso. Isso

me dá muita confiança, sobretudo

sobre os procedimentos que eles acon-

selham que eu faça. A exposição à

radiação feita em um bom laboratório,

com bons profissionais e os protocolos

adequados, tem um risco muito baixo.

Mais baixo que atravessar uma rua

do Rio de Janeiro.

Como surgiu seu interesse por

escrever sobre medicina?

Na verdade, sou um médico frustrado.

Fiquei em dúvida entre cursar medici-

na ou engenharia e, na graduação, fiz

um curso eletivo de medicina biomé-

dica. Tenho muitos amigos médicos de

diversas especialidades. Gosto de con-

versar com eles sobre novos procedi-

mentos e técnicas. Acho que seria um

bom neurocirurgião. Gosto de escre-

ver textos humorísticos sobre temas

médicos porque faço piadas com

aspectos que só os médicos entendem

e isso dá um resultado muito engraça-

do e surpreendente. Para isso, me pre-

paro, leio bastante sobre o assunto,

procuro especialistas para tirar dúvi-

das. É um processo que dá trabalho,

mas é muito divertido. Já me apresen-

tei em diversos congressos e simpó-

sios como atração de entretenimento

tenho vários Amigos médicos. gosto de conversAr sobre novos procedimentos e técnicAs

© Marcelo Madureira • divulgação

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista30

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medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 31

CONTR ASTE

Personagens de O quartetO FantásticO foram exPostos à radiação durante exPedição esPacial

Peter Parker era apenas um adoles-

cente franzino até ser picado por

uma aranha radioativa. Bruce

Banner não tinha poder algum até

sofrer um acidente durante uma

experiência com uma bomba

nuclear. Acidentes com radiação

também deram poderes a Jon

Osterman e Matt Murdoch. A radia-

ção foi uma criativa maneira encon-

trada por artistas e escritores para

explicar a origem de personagens

como Homem-Aranha, Hulk, Dr.

Manhattan e O Demolidor.

Criados no início da década de

1960, os mais famosos personagens

da editora Marvel são frutos do des-

conhecimento e do medo da mani-

pulação da radiação. A criação da

bomba atômica e a descoberta de

outras possíveis utilidades para ele-

mentos radioativos deram à ciência

uma aura de misticismo e aos artis-

tas uma explicação para poderes

SuperpodereS radioativoSNos quadrinhos, a radiação e a energia nuclear

são usadas para explicar a origem de super-heróis

por Lais Cattassini

sobrenaturais. “Quando os heróis

surgiram, elementos químicos eram

usados como um artifício quase

místico para explicar suas origens.

As explicações eram ‘não científi-

cas’. Com o avanço dos estudos

sobre a radioatividade, nos anos

seguintes, os autores encontraram

uma outra maneira de explicar a

origem de poderes”, explica o colu-

nista de quadrinhos do site de cultu-

ra Mundo Blá, Leandro Shimura.

Nos quadrinhos, médicos, cien-

tistas ou curiosos que lidam com a

radiação ficam expostos à energia

nuclear e sofrem mutações capazes

de lhes dar superpoderes. Bruce

Banner se transforma no Incrível

Hulk após se expor à radiação gama

na tentativa de salvar um colega.

Matt Murdoch é exposto a produtos

radioativos na infância, fica cego e

desenvolve sentidos ultrassensíveis,

transformando-se em O Demolidor

na vida adulta. Susan Storm, Johnny

Storm, Reed Richards e Ben Grimm

ganham poderes bastante específicos

após enfrentarem a radiação solar

sem um escudo de proteção funcio-

nal, criando o Quarteto Fantástico.

A Guerra Fria foi crucial para

levar o tema às páginas das histórias

ilustradas. Até 1961, quando Stan Lee

criou o Quarteto Fantástico, os heróis

mais populares do mundo dos qua-

drinhos eram visitantes de outros

planetas, como Super-Homem e

Mulher Maravilha, ou homens

comuns corajosos o bastante para

combaterem o crime com um punha-

do de armas e uma fantasia, como é o

caso do Batman. Lee e seu parceiro

Jack Kirby transformaram a literatu-

ra pop ao dar superpoderes a huma-

nos comuns por meio da radiação,

um tema atual na época frente à cons-

tante ameaça de uma guerra nuclear

entre Estados Unidos e a então União

Soviética. “A arte é um meio de

expressão de medos, receios e expec-

tativas. A radiação pode sair do con-

trole dos homens e causar tragédias.

Esses efeitos nocivos foram vistos em

bombas atômicas e acidentes em usi-

nas. Por isso, o assunto pode ser mui-

to bem utilizado em obras de ficção”,

observa a neurocirurgiã e fã de qua-

drinhos Paula Annunciato Fabris.

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista32

CONTR ASTE

Enquanto o Quarteto Fantástico

inovou por abordar assuntos bem

mais familiares em histórias de super-

-heróis, foi com o Incrível Hulk, cria-

do em 1962, que Lee decidiu tratar de

assuntos mais políticos e voltou sua

história para temas como as conse-

quências da Guerra Fria e os perigos

da ciência nuclear. “Hulk serviu como

um alerta sobre os perigos do desen-

volvimento científico e tecnológico e

foi uma de muitas obras da cultura

pop a usar imagens monstruosas para

fazer um alerta sobre o holocausto

nuclear”, escreve Robert Genter no

estudo With Great Power Comes Great

Responsibility: Cold War Culture and the

Birth of Marvel Comics, publicado no

Journal of Popular Culture, em 2007.

O personagem do Hulk é inspira-

do nas obras O Médico e o Monstro e

Frankenstein. Atualizado, o monstro

de Stan Lee também faz um alerta

sobre os perigos de lidar com a ciên-

cia de modo indiscriminado, assim

como o monstro criado por Victor

Frankenstein na história de Mary

Shelley. “Como Victor Frankenstein,

que realiza suas experiências isola-

damente, Dr. Banner se recusa a

compartilhar o segredo de sua bom-

ba com seus colegas cientistas. Em

vez disso, ele esconde seus relatórios

sobre a bomba de raios gama. O

livro de Mary Shelley alerta para a fé

cega na capacidade de a razão domi-

nar os excessos da natureza huma-

na. Assim, Hulk representa a agres-

são inconsciente ligada aos experi-

mentos científicos de Bruce Banner,

um novo alerta contra os poderes

destrutivos do desenvolvimento tec-

nológico”, avalia Genter.

O alerta feito com o Incrível

Hulk simula o que a imprensa © a

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medicina nuclear em revista | Jul • Ago • Set 2015 33

CONTR ASTE

declarava na época, frente à destrui-

ção causada pela bomba atômica em

Hiroshima. Entretanto, a bomba

não inspirou apenas histórias ame-

ricanas. Gen, quadrinho de Keiji

Nakazawa publicado em 1973, narra

as experiências do próprio autor

com o ataque americano e as conse-

quências da explosão.

Diferentemente das páginas

americanas, que retratavam a expe-

riência com a radiação de um ponto

de vista mais distante, Gen é mais

realista com os perigos e consequên-

cias da exposição à radiação. “Por

muitos anos nos quadrinhos ameri-

canos, a radiação era mostrada

como algo perigoso, mas não letal.

Suponho que os roteiristas não sou-

bessem realmente os efeitos da

radiação e optavam por manter esse

debate fora das revistas. Essa visão

mudou depois do acidente em

Chernobyl”, afirma Shimura.

O desastre na usina nuclear

ucraniana em 1986 deixou marcas

na cultura pop. Nos quadrinhos, o

assunto foi tema da minissérie da

Marvel Meltdown, estrelada pelos

X-Men Wolverine e Destrutor.

A graphic novel Watchmen, criada

por Alan Moore e Dave Gibbons em

1986, tem mais influências do ocorri-

do em Chernobyl do que o misticis-

mo em volta da radioatividade retra-

tada em quadrinhos mais antigos. Na

história, o cientista Jon Osterman fica

preso em um de seus experimentos

com energia nuclear. Como conse-

quência da exposição, nasce Dr.

Manhattan, que se desintegra total-

mente até conseguir retomar uma

forma humana. Seus poderes seme-

lhantes aos de um deus não protegem

seus amigos e conhecidos da radiação

e o personagem é acusado de causar

cânceres em pessoas mais próximas.

A simplificação de fenômenos

científicos ainda deixa de fora dos

quadrinhos os benefícios da radiação.

“Obviamente, existe um lado nocivo

da radiação. Mas sabemos que ela

também tem seu efeito benéfico e

auxiliou no desenvolvimento de técni-

cas da medicina, por exemplo. Aposto

que poucos sabem que, na neuroci-

rurgia, por exemplo, é um recurso

crucial, já que utilizamos equipamen-

tos de raio-x durante as cirurgias para

visualizar a correta localização de

materiais de implante”, lembra Paula.

Com o tempo e um maior conhe-

cimento dos efeitos da radiação no

corpo humano, o fenômeno deixou

de ser a explicação predominante

para a criação de superpoderes em

histórias em quadrinhos. A ameaça

de uma guerra nuclear já não era tão

iminente e os receios e suspeitas

mudaram de foco. “Ao longo dos

anos, e principalmente depois do

ocorrido em Chernobyl, a radiação

deixou de ser uma fonte de origens

de superpoderes. Nos anos 1980, ela

foi substituída pela robótica, inspi-

rada nos avanços da área, e também

pelos filmes de ficção científica futu-

rística da época. Nos anos 1990, com

a proximidade do que as pessoas

acreditavam que seria o apocalipse

cristão, a temática cristã ganhou

espaço e anjos e demônios começa-

ram a aparecer com mais frequência

nas histórias. No começo do milê-

nio, com o avanço do conhecimento

genético, a temática predominante

passou a ser a manipulação de

genes. Atualmente, o foco são seres

’não humanos’, ou seja, de origem

alienígena”, afirma Shimura.

Essa mudança de perspectiva é

bastante clara nas adaptações para o

cinema dos quadrinhos da Marvel.

Homem-Aranha, de 2002, substi-

tuiu a aranha radioativa criada por

Peter Parker por uma aranha trans-

gênica, resultado de experiências

genéticas. A mais recente versão do

Quarteto Fantástico, filme dirigido

por Josh Trank em 2015, muda a

radiação solar que transformou o

grupo na história original para uma

estranha substância alienígena.

Diante de tantas possibilidades e

informações, a pergunta que fica é se

a ficção irá produzir novos persona-

gens relacionados à radiação e, claro,

se o público irá curtir as histórias

incríveis por trás de cada um deles.

Por muitos anos nos quadrinhos americanos, a radiação era mostrada como algo Perigoso, mas não letal. essa visão mudou dePois do acidente em chernobyl

Jul • Ago • Set 2015 | medicina nuclear em revista34

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