Umbanda e Espiritismo - José Queid Tufaile Huaixan

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UMBANDA E ESPIRITISMO Jos Queid Tufaile Huaixan

Dezembro de 1997 Tema: UMBANDA E ESPIRITISMO Coordenao: Jos Queid Tufaile Huaixan AS ORIGENS DA UMBANDA

Para compreendermos as origens da Umbanda precisamos entender que o mundo no se r esume s nas atividades, nem na cultura que observamos nossa volta. Cada pas, cada povo, p ossui seu atavismo cultural, sua bagagem histrica. Atavismo o conjunto de valores morais, fsicos e culturais que cada nao possui e que foram herdados das geraes antecedentes. Essas experincias so passadas de gerao a gerao, m do ao longo da histria, uma gama de caractersticas comportamentais que identificam os povos e as naes. Carl Gustav Jung (Sua, 1875-1961), eminente estudioso do psiquismo humano, afirmou que o atavismo provocado por um mecanismo que ele denominava "inconsciente coletivo", cujos contedos so arqutipos, isto , representantes comuns dos instintos nas diferentes culturas. n esse sistema que os costumes, conhecimentos e valores dos antepassados se deslocam pelo hbito e po r uma espcie de esprito conservador para as geraes vindouras. Chega-se a dizer popularmente que os jovens possuem no "sangue" muitos valores e defeitos dos seus antepassados. Ora, ns espri tas sabemos que a alma no herda caracteres morais ou intelectuais daqueles que se constituram em p ais carnais do indivduo. Portanto, o inconsciente coletivo mesmo um mecanismo de transferncia de valores. Para se entender a Umbanda preciso primeiro compreender como foi formada a socie dade brasileira e quais so suas razes tnicas. Uma seita, culto ou religio, instala-se num dado grupo social quando encontra elementos culturais favorveis sua proliferao. Quais so, pois, as caractersticas scio-culturais da sociedade brasileira? Vejamos: Sabe-se que no Brasil existe uma mistura muito grande de raas. Se, por um lado, esse fato deixou o brasileiro sem identidade definida, por outro fez com que a nao se transformasse num verdadeiro b ero, onde qualquer Esprito encarnado encontra espao para suas realizaes. Da a facilidade para f rutificar idias religiosas de diversificadas tendncias. Quem chega ao pas, depois de certo tempo acaba sentindo-se em casa, dada a divers idade de raas e costumes. No princpio, no entanto, no foi assim. Ao desembarcar no continente no a no de 1500, os colonizadores portugueses encontraram aqui uma significativa nao indgena. No passar do tempo, esses povos foram dominados e subjugados pelos conquistadores europeus. O reflex

o desse domnio perdura at os dias de hoje na forma de perseguies, abandono e preconceitos contra a s tribos aborgenes. Pode-se, pois, afirmar que a primeira raiz do povo brasileiro o ndio.

Habituados vida na natureza, os silvcolas no se adaptaram ao que os brancos queria m com sua diferente cultura e reagiam como podiam ao trabalho escravo, imposto pelos novos donos da terra. As "capitanias", imensas fazendas feudais, deveriam produzir riquezas destinadas Coroa Portuguesa. Mas faltava mo de obra. Os ndios no se mostravam dispostos a servirem de fora de tra balho. Onde se poderia arranjar trabalhadores capazes de cumprir com as obrigaes do campo? Na Europa certamente no seria. Ningum por l estava disposto a deixar as delcias da Corte para encarar o servio braal numa terra quente, cheia de mosquitos, doenas e outras coisas mais, a no ser os degredados, e obviamente porque lhes era imposto. Tiveram ento a idia de buscar na frica o elemento negro. No tendo razes lgicas para c nvencer esses irmos a deixarem sua terra, empreenderam verdadeiras caadas, caracterizadas pela forma desumana com eram executadas. Nascia o trfico de escravos negros. E, eles foram t razidos para o pas em grande quantidade. Muitos dos que embarcavam nos imundos navios negreiros, nunca chegavam a desembarcar na terra tupiniquim, pois ao serem tratados como animais, adoeciam e era atirados aos tubares para que no contaminassem o resto da "carga". O negro: eis a segunda raiz de nossa gente! Antes do aparecimento do povo brasileiro, cada uma dessas duas raas, o ndio e o ne gro, j trazia particularmente sua histria milenar e, com ela, um patrimnio cultural e religioso. Ao misturarem-se, pela convivncia, com a cultura europia trazida pelos descobridores, pelos aventure iros e mais tarde pelos imigrantes, deram origem ao conhecido "povo brasileiro". A Umbanda foi fundada no Brasil por razes diversas. Uma delas essa bagagem religi osa atvica que nos liga ao passado do negro e do ndio (pretos-velhos e caboclos). Ela teve facil idade para crescer nesse stio espiritual. Outra razo, foi a de desenvolver junto ao povo, um trabalho mais voltado para os interesses imediatistas, popularescos. A Umbanda tambm nasceu em terras brasileiras para atuar na soluo de certos processo s obsessivos, no alcanados pela prtica esprita da poca: a magia negra. A DOUTRINA ESPRITA E O POVO A Doutrina Esprita, Consolador prometido por Jesus, tendo como representante huma no a figura de Allan Kardec, apoiou-se no pensamento e na cultura europia. Seria muito bom que t ais ensinamentos fossem absorvidos por todos os povos, de modo a direcionar-lhes a vida e o futur o, mas a realidade tem se mostrado outra: o "povo", que forma o grosso da massa humana no Brasil, no

absorve seu contedo como o desejado. Prefere outras formas religiosas mais afinizadas com sua s condies atvicas e conforme seu grau de desenvolvimento espiritual. A tradio catlica, por exe mplo, muito forte em nosso meio, embora a maioria das pessoas que dizem professar essa relig io, s o faam nas aparncias. O Espiritismo, como a experincia demonstra, deu seus melhores frutos junto s class es mais intelectualizadas, mais sintonizadas com o esprito europeu. O povo brasileiro sof reu uma influncia atvica secular, onde os valores religiosos foram basicamente aqueles introduzidos pelo ndio, pelo negro e pelo catolicismo. Boa parte da populao tem dificuldades para compreender a s finalidades do Espiritismo. Antes confundem-no com toda ordem de seitas que lidam com o element o espiritual. Isto perfeitamente compreensvel, pois sendo uma doutrina bastante nova no mundo, levar tempo para que as pessoas possam compreender seus verdadeiros objetivos. Alia-se a iss o a imaturidade de esprito de um povo j secularmente arraigado a princpios religiosos dogmticos e sectri os, pode-se entender quais dificuldades encontraria a Doutrina Esprita para se firmar no seio do povo brasileiro. Embora diga-se o contrrio, o Espiritismo ainda no foi bem compreendido entre ns. Ai nda somos minoria e mesmo entre os espritas, existe uma certa dificuldade em compreender os nobres propsitos dessa doutrina de libertao do Esprito. O povo, de uma maneira geral, no se beneficia do melhor que o Espiritismo tem a o ferecer que o estmulo s mudanas do indivduo. Encara a Doutrina apenas como uma "religio" que faz mu ita caridade, devido as caractersticas assumidas pelos primeiros adeptos no pas. Mas, com o tempo, e com a maturidade do povo, essa viso se modificar e o Espiritis mo poder exercer a influncia salutar entre os povos, que poder modificar a face do planeta, se assim o quisermos. O CANDOMBL

Os negros africanos, ao chegarem ao Brasil, trouxeram um culto primitivo, oriund o de sua ptria, conhecido como Candombl. Aparentemente de maneira infantil, cultuavam alguns deu ses chamados por eles de "orixs". Essas divindades seriam, por um lado, ligadas natureza e por outro aos homens. Praticantes seculares do mediunismo, os negros adeptos do Candombl, no aceitavam e no aceitam at hoje, a "incorporao" em seus mdiuns de Espritos de "mortos". No Candombl um Espri errante chamado de "egum". Nos terreiros de Candombl, s se manifestam mediunicamente as divindades chamadas d e "orixs". O Panteo Africano constitui-se basicamente por sete Orixs Maiores e ainda por muit os Orixs Menores. Os primeiros, so voltados para o lado mais divino da obra de Deus. Os lti mos, so mais

ligados prpria criatura humana. Os "orixs", ao presidirem a prpria natureza atravs de seus agentes, trariam em si c aractersticas de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da espcie humana. A vibrao provocada pelo tipo de personalidade de um certo indivduo, vai coloc-lo sob a infl uncia de determinado "Orix". Diz-se, ento, que ele oriundo daquela faixa psquica, ou como fa zem no Candombl, que ele "filho de Santo". Os Orixs maiores so: OXAL - Smbolo da natureza religiosa, santificada. No Deus, mas est abaixo Dele, pres idindo seus desgnios. Para os iniciados o Cristo, para os umbandistas, Jesus. Na naturez a, liga-se aos cus e tudo o que nele h. IEMANJ - Smbolo da natureza feminina, da beleza e da reproduo. Na natureza, liga-se s guas do mar. No sincretismo, Nossa Senhora. XANG - Smbolo da justia. Envolve o cumprimento da lei de causa e efeito, com os seu s "agentes" de naturezas diversas. Segundo os estudiosos, esse orix que d origem justia terrena . Na natureza liga-se s montanhas. No sincretismo, seria So Jernimo. OGUM - Simboliza a idia de trabalho, de luta, de guerra, de vitria. Na natureza, l iga-se aos metais. No sincretismo, So Jorge. OXSSI - Simboliza a natureza jovem, de homens e mulheres, a alegria saudvel, a ene rgia jovial. Na natureza est ligado s matas. No sincretismo, So Sebastio.

IORIM - smbolo de maturidade, de serenidade, amor, compreenso e humildade. Na natur eza, liga-se movimentao das guas, cachoeiras etc. o estado de experincia do velho. No si cretismo, So Cipriano. IORY - Traz em si a natureza infantil. Representa as vibraes inocentes da criana, s ua simplicidade etc. Na natureza, simboliza a alegria existente nas matas, nos rios, nos lagos e tc. No sincretismo, Cosme e Damio. Essas variedades de divindades formam o mundo dos Orixs, dos sentimentos, com o q ual cada criatura possui sintonia em determinada faixa, segundo o grau evolutivo que atin giu em sua ascenso espiritual. Mas, conforme o Candombl, existe outro lado espiritual, de uma natureza ruim, ond e as mentes se encontram em desequilbrio: o reino de Elegbara. Na Umbanda conhecido como mundo d e Exu e na Igreja catlica, como regio do Diabo. A origem dos orixs, segundo as lendas do povo africano, a fragmentao do pensamento

criativo, quando este, por sua vontade, vai presidir a criao de determinado orbe. Os orixs no estariam sujeitos evoluo, embora fossem ligados aos Espritos que o esto, pela afinidade vibra tria que os caracterizam. Filhos do grande "Olorum" (Deus Pai), os "orixs" seriam cumpridores de Sua vontad e, em plano mais grosseiro. As histrias narradas pelas lendas, primeira vista parecem infantis, ma s quase sempre elas possuem fundamentos lgicos. Infelizmente, tudo o que veio da frica est atualmente muito diludo, misturado prtica de adivinhaes, de baixa magia e de rituais inconsequentes. Entretanto importante que se compreenda as origens dessa crena a fim de que se tenha uma viso mais completa do que ela rep resenta em nossa cultura. O CANDOMBL E A UMBANDA O Candombl, ao desembarcar no Pas com os escravos, encontrou aqui um outro culto d e natureza medinica, chamado "Pajelana", praticado pelos ndios nativos em variadas formas. Em ambos os cultos havia a comunicao de Espritos. Os jesutas, incumbidos de "doutrinar" os ndios e depois o negro, proibiram que estes ltimos cultuassem seus "deuses" ptrios. Naquela poca no h avia liberdade religiosa. Os escravos, por no terem outra alternativa (os aoites falava m alto), construam altares com imagens e gravuras dos santos do catolicismo. Nas prticas exteriores, chamavam-nos segundo a vontade dos padres, mas em sua intimidade associavam essas imagens aos orixs que evocavam fervorosamente. Era a nica forma de continuarem com suas crenas de origem . Formou-se assim o "sincretismo religioso", ou seja, a associao entre o orix e o santo da Igre ja Catlica. Os rituais eram realizados naturalmente nos terreiros das senzalas. Com o tempo, alguns terreiros comearam a misturar os rituais do Candombl com os da Pajelana, dando origem a um outro culto chamado "Candombl de Caboclo". Naturalmente, os Espr itos que se manifestavam eram os de ndios e negros, que o faziam com finalidades diversas. Do Candombl primitivo, restou um tronco original que continuou fiel a suas razes e que ainda hoje a melhor linhagem de terreiros na Bahia e outros Estados do pas. O Candombl de Caboclo, porm, degenerou-se na prtica de baixa magia, conjuros, Canje r, Catimb, macumba e Quimbanda. Uma mistura de cultos que precisava sofrer a ao do pro gresso mas que no poderia ser pela influncia da Doutrina Esprita, pois sua natureza abstra ta e totalmente despida de rituais, afastava-a de tudo o que os praticantes dessas variantes do Candombl estavam habituados. Em 1908, por vontade dos Espritos superiores, criou-se um movimento espiritualist a, destinado a fazer progredir aqueles cultos primitivos nascido do Candombl. Por meio do mdium Zl

io Moraes e do Esprito de um padre, chamado Gabriel Malagrina, na cidade de Niteri, Estado do Rio de Janeiro, nasceu a Umbanda crist, bem brasileira. O trabalho desse Esprito deu origem a uma linhagem de terreiros onde no se faziam rituais de sacrifcios, no se olhava sorte; os trabalhos tinham disciplina, com hora para comea r e terminar; os adeptos eram convocados ao estudo do Evangelho de Jesus e a fazer a "caridade" j unto do povo sofredor. Esse culto deveria misturar-se na mentalidade dominante dos terreiros j existentes, enfraquecendo-a aos poucos quanto ao primitivismo e fazendo esses trabalhos prog redir no mundo das idias. Segundo Frei Malagrina, a Umbanda seria a manifestao do Esprito para a prtica da caridade. Ao contrrio do Candombl, a Umbanda admite a manifestao de Espritos errantes, exatamen te como no Espiritismo. Alguns terreiros fazem sesses de desobsesso e estudam as obra s espritas. MACUMBA: SER QUE EXISTE ? Um conhecido nosso, j desencarnado, era catlico fervoroso. Andava por todos os lug ares com folhetinho de Nossa Senhora no bolso da camisa. Sempre que ouvia falar de feitios , fazia questo de mostrar a todos os presentes a sua santinha e dizer: "No acredito nisso. Se que e xiste esta tal de macumba, mandem fazer para mim". Exibia, ento, a santinha, e completava: "Est aqui minha protetora. Nela eu confio". Certo dia, tendo entrado numa mercearia vizinha de sua casa, acabou pegando uma conversa pela metade. Nela, algumas pessoas falavam de trabalhos de macumba. Ele, como fazia m uitas vezes, no deixou por menos: foi logo fazendo seu costumeiro desdm, apresentando a todos sua santinha protetora. L no canto do balco estava encostado um homem moreno, meia idade, que tomava seu g olinho de cachaa. Nosso conhecido nem desconfiava que o tal senhor era o piv de toda a conve rsa. Depois de falar que macumba era bobagem, e que os macumbeiros poderiam mandar se us "trabalhos" sobre ele, pois sua santinha o protegeria, ele ouviu o que no esperava. O baixinh o do canto do balco pegou o copo de cachaa, jogou um golinho no cho, e disse: " bom mesmo que tua santa te proteja, pois assim que o amigo dela se afastar, correndo vais mandar me chamar". Termin ou sua cachainha e despediu-se com um "int!". Nosso amigo disse que tinha sado dali firme na f, mas no fundo, havia ficado preoc upado com a histria do desconhecido. Ao chegar em casa preparou-se para o banho. Tirou a camisa como sempre fazia e, bruscamente, ficou "tomado" de um Esprito desordeiro que tudo fazia para jog-lo ao cho. Se colocava a camisa o Esprito saa, se tirava a camisa o Esprito o subjugava.

No outro dia, mal se abrira a mercearia, o dono, seu Manoel, encontrou a figura do nosso conhecido, apavorado, l fora. O vendeiro, estranhando aquela presena to cedo, arriscou: "Bom d ia fregus. O senhor j por aqui? Veio buscar po?". Ele respondeu: "No, seu Manoel, eu preciso que voc chame depressa aquele homenzinho de ontem". Chamaram. Ele chegou com olhar meio maroto, cumprimentou os presentes e, num can tinho da venda, fechou os olhos e rezou sabe-se l pr quem. Da a pouco, disse: "Pode ir meu c ompadre, agora est tudo bem". E l se foi nosso amigo, agora com mais cuidado com suas falas . Sempre que seus amigos o encontravam, logo lhe perguntavam: "E ento, como que ? Ag ora voc acredita em macumba?". Ele, ento, respondia: "Acreditar eu no acredito, mas tambm no abuso". A EXISTNCIA DA MAGIA NEGRA O assunto Magia Negra ainda no foi convenientemente estudado pelos praticantes do Espiritismo. H espritas que no acreditam na possibilidade da existncia dos conjuros, ou trabalhos feitos, como conhecida a Magia Negra. Mas, um estudo cuidadoso da teoria de O Livro dos Esprit os, e de algumas citaes feitas por Allan Kardec na Revista Esprita, mostra que essas manobras medinic as, com a finalidade de prejudicar o prximo, so perfeitamente possveis. A Magia Negra, macumba ou conjuro, ainda um tema que desperta curiosidade. Mas, ser que a macumba existe mesmo? Ou a crena na sua existncia seria produto da ignorncia ou sup erstio? Estas perguntas vem sendo feitas com frequncia por quem participa dos trabalhos p rticos de Espiritismo, sem que se possa encontrar respostas convincentes. H pessoas que sim plesmente no acreditam. Outras, dizem que a prtica do bem poderia livrar-lhes destes malefcios.

Destacamos a seguir, um trecho da pergunta 549 de 0 Livro dos Espritos, para demo nstrar que ali est a definio bvia do que a macumba. Acreditamos que essa questo, se examinada luz da r zo e da experimentao, poder ser resolvida de maneira lgica. O raciocnio e a experincia tm nos fornecido elementos seguros para afirmarmos que a Magia Negra um tipo de obsesso grave e que merece a ateno de todo trabalhador esprita sincero. Questo 549 - H alguma coisa de verdadeiro nos pactos com os maus Espritos? Resposta - No, no h pactos, mas uma natureza m simpatiza com Espritos maus. Por exemp lo: queres atormentar o teu vizinho e no sabes como faz-lo; chamas ento os Espritos infe riores que, como tu, s querem o mal; e para te ajudar querem tambm que os sirva com seus maus desgnios. Mas disso no se segue que o teu vizinho no possa se livrar deles, por uma conjurao c ontrria ou pela sua prpria vontade. Aquele que deseja cometer uma ao m, pelo simples fato de o querer chama em seu auxlio os maus Espritos, ficando obrigado a servi-los como eles o aux

iliam, pois eles tambm necessitam dele para o mal que desejam fazer. somente nisso que constitui o pacto.

No trecho citado, o Esprito de Verdade demonstra de maneira muito clara que possve l uma criatura evocar maus Espritos para ajud-la a causar mal a uma outra pessoa. A resposta escl arece ainda, que este ato pode ser realizado por uma sequncia de procedimentos conhecidos como con jurao*. Vai mais longe dizendo que a pessoa atingida pelo malefcio, poder se livrar dele, por uma vontade poderosa ou por uma conjurao contrria quela que foi usada para faz-lo. Um desconjuro, que nos terreiros de Umbanda se chama: desmanche. Na questo 551, pergunta-se ao Esprito de Verdade, se algum poderia fazer mal ao seu prximo, com auxlio de um Esprito mau que lhe fosse devotado. A resposta do Consolador taxativa : No, Deus no o permitiria. Aparentemente parece encerrar a questo. Entretanto, continuando o estudo vemos que ainda temos muito a aprender. Recordando as bases nas quais se assentam os argumentos a favor da Doutrina, lem bramos da conhecida citao de Moiss, em que ele proibia o contato com os mortos. Vozes sbias af irmaram que o legislador hebreu somente proibiria algo que fosse possvel acontecer; depondo a ssim a favor da comunicabilidade dos Espritos. As palavras do Consolador em relao possibilidade de algum valer-se de um Esprito inf erior para fazer mal ao seu prximo uma situao semelhante. Deus s no permitiria, uma coisa que f sse possvel acontecer, o que por si mesmo, testifica a possibilidade da ocorrncia do f enmeno obsessivo. Continuemos: quando o Esprito de Verdade responde que Deus no o permitiria, parece se contradizer, pois h duas questes atrs, na 549, Ele disse que o conjuro possvel, e at demonstra como que uma vtima pode se livrar dele. Aqui, na 551 diz que Deus no o permitiria. Ora; se Deus no o permitiria no haveria necessidade, nem razo, para Ele (O Esprito de Verdade), e xplicar l atrs, as formas de libertao do conjuro. Seria perda de tempo e o Esprito Consolador no veio a isso. Certamente tem alguma coisa a mais no ensinamento que passou despercebida. Procuremos! Examinando os textos das perguntas seguintes, vamos encontrar a resposta a nossa s dvidas. Na questo 557, a Verdade explica: "Deus no ouve uma maldio injusta". Isso quer dizer qu e permite uma maldio justa, ou seja, quando o indivduo de alguma forma, ou por alguma razo, me rea aquele mal. No final do mesmo texto o Esprito de Verdade deixa ainda mais claro: "A Providncia e a justia Divina no ferem algum que foi amaldioado, se a pessoa no for m". E elucida ainda: ".. . a proteo Divina, no cobre aqueles que no o meream".

Vejamos a questo 557 na ntegra:

Pergunta: A bno e a maldio podem atrair o bem e o mal para aqueles a quem so lanadas Resposta - Deus no ouve uma maldio injusta, e aquele que a pronuncia culpvel aos seu s olhos. Como temos as tendncias opostas do bem e do mal, pode nestes casos haver uma infl uncia momentnea, mesmo sobre a matria; mas essa influncia nunca se verifica sem a permisso de Deus, como acrscimo de provas para aquele que a sofre. De resto, mais frequentemente se maldizem os maus e bendizem os bons. A bno e a maldio no podem jamais desviar a Providncia da se da justia: esta no fere o amaldioado se ele no for mau, e sua proteo no cobre aquele q no a merea.

Entende-se, pois, que o Esprito de Verdade no entrou em contradio, como se poderia p ensar a princpio. O Livro dos Espritos que precisa ser estudado com mais ateno. No se pode e tender uma questo analisando-a fora do contexto geral do qual faz parte. A macumba ou conjurao possvel sim. Deus, porm, no permite que este tipo de maldio sobre algum que no a merea. Eis a verdade! O que a Magia? Ns espritas sabemos que a magia, no sentido literal da palavra, no e xiste. Segundo Allan Kardec, todos os fenmenos espirituais tm uma explicao lgica. Mais uma vez, a Ve rdade nos traz luz na questo 552 de O Livro dos Espritos. Faz compreendermos que: "...alguma s pessoas tm um poder magntico muito grande, do qual podem fazer mau uso, se seu prprio Esprito for mau. Nestes casos, podero ser secundadas por maus Espritos". Mostra ainda, que no se trata de magia sobrenatural, mas de efeitos decorrentes d as leis naturais, mal observadas e compreendidas. Aliando o contedo desta questo quela primeira, a 549, temos a figura inegvel do feit io e do feiticeiro. Exercitemos a razo: o que o mal? Sabemos que uma fase transitria do bem! Existe o bem e o mal? No, s existe o bem! Os Espritos, quando em suas fases primrias da evoluo, passam pelo caminho da ignorncia, constituindo temporariamente o mal. tudo uma questo de posic ionamento de idias. Quando na ignorncia, o Esprito obra o mal; quando no entendimento, o bem. As leis que regem as aes, tanto numa rea como na outra, so as mesmas. Isto equivale dizer que, p elo menos teoricamente, tudo o que magneticamente se pode fazer no campo do bem, pode-se t ambm fazer no campo do mal. Num processo inverso ao que utilizamos nos centros espritas, pessoas de mentalida de doentia, cheias de maus pensamentos, dotadas de grande poder magntico, com ms intenes, secundadas po r maus Espritos, podem arremessar cargas fludicas negativas sobre aqueles a quem querem p rejudicar. A mediunidade uma faculdade, um instrumento, que pode ser usado de forma certa o u errada, assim

como tantos outros, onde as obras dependem do pensamento de quem as maneja. A na tureza do mundo astral una. Suas leis so nicas e servem tanto para reger a movimentao de fluid os e vibraes positivas como negativas. Entre os fluidos bons e maus, s existe uma difere na: a natureza das vibraes que o impregnam, alterando a disposio de suas molculas primitivas. Usando uma grosseira imagem: como gua limpa e gua suja. Tudo o que se pode fazer com uma, pod e-se fazer com a outra. Onde, pois, o impedimento? No vemos nenhum; ou seja, quase nenhum! O nico impedime nto possvel est nos aspectos morais que regem a vida, pois so eles que determinam a afi nidade e o merecimento - citados anteriormente - que facilitaro ou dificultaro a recepo das vib raes e fluidos deletrios. evidente que a ao da ignorncia e a movimentao do mal limitada e controlada pelo Be a nica realidade. Mas, a ignorncia encontra largo acesso em ns, por causa do atraso e volutivo em que ainda nos posicionamos, pelas prprias disposies crmicas, e pelo prprio comportamento atual em face do livre arbtrio. Podemos definir a macumba, como sendo uma forma de obsesso provocada. E, no se tra ta de uma obsesso muito simples, nem fcil de se tratar como comumente se pensa. Em alguns de sses casos, podem estar envolvidos Espritos habitantes do baixo mundo astral, espertos e mali ciosos, com os quais difcil se lidar. Nos terreiros mais evoludos de Umbanda, os trabalhadores e dirigentes possuem bom entendimento neste campo. Identificam essas obsesses com habilidade, as pessoas encarnadas env olvidas, e, no raro, curam definitivamente o mal. Pergunta-se: E ns, kardecistas, como que ficamos?! Temos que virar umbandistas? T emos que usar os mesmos mtodos daquele culto para realizarmos o "desconjuro"?! No, no necessrio. U m Centro Esprita srio, digno do nome de Allan Kardec, pode identificar e tratar com preciso, os trabalhos inferiores. Em suas obras, deixou todos os caminhos para se compreende r os fenmenos medinicos e os cuidados que devemos ter no trato com os Espritos, inclusive os mau s. Estudou com profundidade essas situaes. Temos portanto, apenas que dar a devida ateno a elas. * Questo 553-a. MECANISMO DA MAGIA NEGRA Os mecanismos da Magia Negra so os mesmos utilizados nos trabalhos sob a orientao d o Esprito de Verdade. E, no poderia ser diferente, pois no mundo invisvel, tudo est sujeito a uma s Lei. Vejamos um dos seus mecanismos, na palavra do Codificador: "O fluido perispiritual do encarnado , pois, acionado pelo Esprito. Se, por sua vo

ntade, o Esprito, por assim dizer, dardeja raios sobre outro indivduo, os raios o penetram. Da a ao ma gntica mais ou menos poderosa, conforme a vontade, mais ou menos benfazeja, conforme sejam o s raios de natureza melhor ou pior, mais ou menos vivificantes. Porque podem, por sua ao, pen etrar os rgos e, em certos casos, restabelecer o estado normal. Sabe-se da importncia da influnc ia das qualidades morais do magnetizador. Aquilo que pode fazer um esprito encarnado, dardejando se u prprio fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, faz-lo um desencarnado, desde que tenha o mes mo fluido. Deste modo pode magnetizar e, sendo bom ou mau, sua ao ser benfica ou malfazeja" - ( Allan Kardec, na Revista Esprita, nmero de 1826, Estudo sobre os possessos de Morzine).

No ano de 1990 lemos a entrevista de um conhecido orador esprita num publicado na cidade de Campinas, SP, onde ele era questionado sobre o assunto "magia negra". Sua respos ta foi a seguinte: "Quando Kardec perguntou a respeito de feitios, a resposta dos Espritos foi que el es gargalham e zombam de crendices e supersties". O orador no foi muito feliz na resposta. O Codificador demonstra em seus estudos que a movimentao de fluidos de natureza inferior e a evocao de maus Espritos com o intuito de prejudicar algum perfeitamente possvel. Na verdade, os Espritos acharam graa daquele s que crem em pretensos poderes mgicos, sobrenaturais, inexplicveis pela razo. Como veremo s, entre uma e outra coisa, existem diferenas patentes. Pelo texto apresentado na abertura desse captulo, pode-se deduzir facilmente, que um Esprito encarnado pode, por sua vontade, lanar uma carga de fluidos mrbidos sobre uma pess oa, e que se este magnetismo inferior encontrar sintonia no destino, sua ao poder ser malfica. Ka rdec explica que um Esprito desencarnado tambm pode faz-lo, com consequncias iguais s do encarnado . Ora, os trabalhos feitos ou macumbas nada mais so do que o movimento de baixo magnetis mo, realizado por homens e Espritos maus. Sabe-se que uma reunio prtica de Espiritismo constitui-se de elementos diversos: E spritos encarnados, Espritos desencarnados e ambiente apropriado. Contamos ainda com cert os valores abstratos, tais como os sentimentos dos presentes, suas intenes, seus conhecimento s etc. Sabe-se tambm, que uma reunio governada por leis espirituais imutveis, que so as leis natura is. As boas intenes dos presentes, por um espcie de sintonia, atraem Espritos bons. A fora psquica dos vivos e sua capacidade medinica, ficam multiplicadas pela influnc ia espiritual. Cargas fludicas benficas e aes benfazejas podem ser realizadas no local ou distncia. Por ltimo, sabemos que a pessoa que recebe a ao desses trabalhos beneficiada de acordo com a sintonia que tenha com eles, ou seja, suas condies morais. Isto , em resumo, a reunio prtica de Es

piritismo. J foi dito que o Mal no existe, pois somente a ausncia do Bem. O Mal o estado primi tivo do Bem. a gua suja e a gua limpa. No existe, pois, uma lei que age no Bem e outra no M al. S uma lei governa tudo. Faamos um pequeno exerccio de imaginao. Tomemos uma reunio esprita a viremos pelo avesso: teremos a a imagem da gua turva. Entrou a alguma lei nova? No, tudo regido pelas mesmas leis que atuava na reunio do bem, a gua lmpida. S foram alterada s as disposies morais e, por consequncia a natureza dos fluidos e entidades desencarnada s presentes. Nas reunies de Magia Negra os objetos materiais e os rituais so utilizados para da r fora f que, neste caso, usada para prejudicar. A assistncia espiritual de Espritos inferiores, que simpatizam com aquela assemblia m, desejosa de prejudicar o prximo ou de conseguir atender int eresses de ordem material. Na verdade, tudo o que ali se faz contrrio ao ideais do Esprito Divino, mas as lei s que governam os dois trabalhos, so as mesmas. Se as criaturas visadas tiverem sintonia com estas vibraes, no tenham dvidas que sero atingidas por elas. No meio esprita existe uma idia errada, vinda da m interpretao do conhecimento, de qu e os bons Espritos nos protegem destes malefcios. Isto no bem da forma como se entende. Os Es pritos amigos nos protegem, mas temos que ter merecimento para isso. a sintonia. E, pel as nossas experincias nesse campo temos aprendido que a porta de acesso s ms influncias no se f echa to facilmente. H dirigentes espritas que fazem uso de um mtodo estranho para combater este malefcio : no informam o pblico de que a macumba existe. Se interrogados saem-se com explicaes su perficiais. Pensam que se as pessoas no souberem no sero atingidas. Outro engano. Se isso fosse verdade, seria at um bom procedimento: bastaria escondermos das pessoas que existem os mau s Espritos e, ento, elas no sofreriam sua perniciosa influncia. A Umbanda um culto medinico que trabalha no combate s prticas dos trabalhos de Magi a Negra. Usa de rituais e prticas que nada tem a ver com o Espiritismo. Ao abordarmos essa questo no Movimento Esprita, no temos a inteno de trazer as prticas de Umbanda para o Centro Es prita. Umbanda e Espiritismo constituem-se em coisas diferentes, dois mundos antagnicos, mas que no fundo, so regidos pelas mesmas leis. Convidamos os homens srios, que lidam e dirigem sesses prticas de Espiritismo, a es tudar o assunto com amor. Kardec nos d a chave para tudo compreender. Precisamos saber lidar com o problema da Magia Negra, para solucionarmos os casos que aparecerem nas sociedades espritas s ob nossa responsabilidade. De outro modo, no teremos como ajudar as criaturas que caem pre sas dessas

entidades diuturnamente. Alguns tipos de entidades desencarnadas, envolvidas nestas prticas, so criaturas m alficas, maliciosas e primitivas. Estes seres nem sempre obedecem doutrinao comum, pois no possuem inte ligncia suficientemente desenvolvidas a ponto de compreenderem os princpios evanglicos. So agressivos e perigosos, e podem colocar em risco a segurana dos grupos. Para se libertar algum que est sendo vtima deste mal, no necessrio o uso de nenhum bjeto material, ou ritual, como se faz na Umbanda. Mas, necessrio um preparo moral e in telectual mnimo. Primeiro, pela lgica doutrinria, preciso aceitar a existncia desse tipo de malefcio. Depois, adquirir gradualmente o conhecimento prtico para lidar com ele. Ao nos colocarmos na inteno de servir neste setor de atendimento, Espritos superiores, vo se aproximar das nossas sesses com a inteno de nos amparar no desempenho dessa tarefa. OS LIMITES DA PRTICA ESPRITA A Doutrina Esprita foi obra realizada por um grupo de Espritos superiores, denomin ados "Esprito de Verdade" e organizada por um dos seus membros encarnados, Hipollite Leon Rivail Denizard, que utilizava o pseudnimo "Allan Kardec". Por tudo que podemos ler e compreender em seus livros, vse que seu trabalho tinha uma origem muito elevada. O Espiritismo codificado nos traz princpios racionais nunca observados em outras doutrinas filosfica e morais. ele o Consolad or Prometido por Jesus para ajudar na edificao do futuro da humanidade. Todos os homens que nele ap oiarem suas vidas e tomarem suas normas como guia para o sua vida moral e desenvolvimento de suas faculdades psquicas, muito tero a ganhar. Pode-se afirmar, sem sombra de dvidas, que no existe orientao moral, filosfica e prtica mais segura do que aquelas deixadas pelo Codificador. Pergunta-se: Por que razo o Espiritismo vem sendo considerado como uma doutrina i ncapaz de solucionar certas dificuldades espirituais da problemtica humana? Seus conhecimen tos estariam ultrapassados? No! No h nada de errado com a Doutrina Esprita. O problema dessas dif iculdades resume-se na falta de estudo e de preparo moral e intelectual adequados. Por raze s diversas, algumas pessoas tornam-se dirigentes de centros espritas sem possurem condies doutrinrias par a isso. O mesmo acontece com os dirigentes de sesses prticas, orientadores etc. Quando no pos suem a suficiente humildade para aprender com o posto que assumiram, acabam por orienta r as pessoas de maneira inadequada, dando origem a um grande nmero de ncleos improdutivos. Toda essa situao seria minimizada se as casas espritas criassem escolas de estudos doutrinrios em suas dependncias, selecionando os candidatos ao quadro de associados, evitando qu e pessoas problemticas se transformassem em mdiuns ou servidores na Seara do Bem. O Espiriti

smo seria praticado com mais seriedade. O grande mal ainda o pouco interesse que os adepto s tem pelo estudo da Doutrina e das coisas em geral. Por isso, preciso que se faa um esforo para se modernizar as prticas espritas e para fazer com que o Centro Esprita seja mais organizado em termos doutrinrios e administrativos. Pode parecer que exista um limite de ao na prtica esprita para casos dessa natureza, uma vez que no meio esprita criou-se uma espcie de preconceito, originado pelo desconhecimento do problema. Ele existe e como se no existisse. E se existe precisa ser solucionado. E se no fo r resolvido com a viso racional que a Doutrina nos d, ser como? COMO VER A UMBANDA? Com que olhos devemos olhar a Umbanda?! Como uma famlia de irmos, respondemos! Aco ntece que, pela ignorncia da sociedade, frequentemente nos meios de comunicao o Espiritis mo confundido com a Umbanda. E pior, no com a Umbanda genuna, mas com o popularismo umbandista, que o sincretismo e mediunismo praticado em sua pior forma. Como dissemos no princpio desse trabalho, somos uma comunidade com caractersticas scioculturais muito diversificadas. Temos visto comentrios e escritos confusos a respeito da Umbanda. Em geral, colo cam Candombl, Quimbanda, Canger, Catimb e outras variantes histricas, que constituem a maior part e da prticas de terreiros, num mesmo patamar. Muitos acreditam que estes amontoados de velas, garrafas de aguardente, charutos e outras bugigangas que frequentemente se encontram nas praias, encruzilhadas e ruas das cidades Umb anda. Enganamse! Os despachos e o vasto comrcio de interesses que se observa com nome de Umban da, nada tm a ver com ela. Por no possuir um corpo doutrinrio codificado, de acesso aos adeptos, a Umbanda mi stura-se aos cultos que lhe deram origem, tomando uma feio que em verdade no tem. Nas nossas sesses prticas de Espiritismo buscamos entrar em contado com os Espritos que militam nesse campo de ao para sondar-lhes os pensamentos. Ligadas a esse trabalho, conhec emos todo tipo de entidades. Das mais grosseiras criaturas at o contato com Espritos que nos pare ceram bem elevados. Dos mais imperfeitos, colhemos experincias mais ou menos parecidas com aquelas qu e viriam de homens grosseiros, maldosos. Dos Espritos medianos, tiramos informaes tambm parecida s com aquelas que nos passariam um homem comum: hbitos terrenos, costumes, apego vida m aterial e ritos. Dos superiores, embora se apresentassem em algumas ocasies como ndios ou co mo negros, tivemos a mais salutar impresso. Pensamentos elevados, nenhum apego a rituais pri mitivos e capacidade de solucionar e orientar a maioria dos problemas de ordem humana.

Interrogamos os Espritos que nos pareceram mais desmaterializados a respeito de m uitos aspectos da prtica umbandista e suas respostas foram sempre lgicas, no nos deixando dvidas acerc a das questes formuladas. Entre os Espritos inferiores que militam em terreiros, achamos contradies e embuste s de toda ordem. Tivemos contato com entidades habitantes do baixo mundo astral, com feies d istorcidas ou animalescas. A presena dessas criaturas sempre foi controlada por Espritos bondoso s, que usando de auxiliares, mantinham-nos comportados e em atitude de colaborao. Entre os superiores, achamos alguns Espritos tambm um pouco estranhos. No quanto ao

pensamento, mas pela autoridade que pareciam possuir e ainda o pelo conhecimento que demonstraram ter quanto estrutura do mundo invisvel. Colhemos deles a mais agradve l impresso. Nunca foram contrrios s nossas prticas e sempre quando se dirigiam ao nome do codif icador, Allan Kardec, o faziam com especial reverncia. Interrogados a respeito de processos de baixa magia, em nenhuma ocasio nos disser am ser necessrio procedermos utilizando de rituais para realizar o "desconjuro". Explicaram que r ituais podem ser usados para desmanchar certos arranjos hipnticos feitos por Espritos inferiores qu e se dedicam a isso, mas que um grupo esprita bem preparado moralmente, instrudo intelectualmente e assistido por Espritos bons, de nada material necessita. S o processo de desobsesso segundo o mod elo ensinado por Allan Kardec, respeitando certas limitaes de entidades em fase primria. Para ns, em nada contrariaram a Codificao. Existe muito folclore em torno da Umbanda, muita histria, muitas prticas desneces srias e escolhos de toda espcie. Alguns disseram que ela seria a nica religio verdadeira (todos dize m que a sua o ); outros, que ela a seara de altos mestres da Espiritualidade. No achamos nada disso! Na Umbanda, como no Espiritismo, existem pessoas e Espritos que sabem o que esto fazendo e outros que no tem a menor idia da gravidade das manifestaes. H s res honestos e desonestos, humildes e orgulhosos; verdades e mentiras, faltas e exce ssos. um campo de ao espiritual como outros tantos. Ali, como em qualquer outro lugar, pode-se obrar tanto o bem como o mal. Fora da linha do seu pensamento, tudo o que se auto-denomina Umbanda carece de m elhoramento, e no pouco! Os umbandistas verdadeiros devem trabalhar para o progresso de seu cult o, por uma Umbanda crist, evangelizada, sem sacrifcios, sem rituais excessivos, sem exus! Ass im poder atender aos objetivos para os quais nasceu que fazer com que os trabalhos espirituais pr imitivos possam progredir no mundo das idias, afastando-se da faixa de atraso e ignorncia cada vez mais, atravs dos ensinamentos da moral crist. Por ltimo, lembrar que todos estamos em nveis evolutivos diferentes, estando porta

nto em diferentes estgios de entendimento. Compreender isso fundamental para que possamos exercitar o respeito aos nossos irmos, quaisquer que sejam suas crenas. LIES DE PRETO-VELHO

Cenrio: reunio medinica num Centro Esprita. A reunio na sua fase terica desenrola-se sob a explanao do Evangelho Segundo o Espiritismo. Os membros da seleta assistncia ouvem a lio atentamente. Sobre a mesa, a gua a ser fluidificada e o Evangelho aberto na lio non a do captulo dez: "O Argueiro e a trave no olho". Dr. Anestor, o dirigente dos trabalhos, tecia as ltimas consideraes a respeito da l io daquela noite. O ambiente estava impregnado das fortes impresses deixadas pelas palavras do Mest re: "Por que vs tu o argueiro que est no olho do teu irmo, e no vs a trave que est no teu?". Findos o s esclarecimentos, apagaram-se as luzes principais, para que se desse abertura com unicao dos Espritos. Um dos presentes fez a prece e deu-se incio s manifestaes medinicas. Pequenas mensage ns, de consolo e de apoio, foram dadas aos presentes. Quando se abriu o espao destinado comunicao das entidades no habituais e para os Espritos necessitados, ocorreu o inesperado: a mdium Letcia, moa de educao esmerada, traos delicados, de quase trinta anos de idade, dez dos quai s dedicados educao da mediunidade, sentiu profundo arrepio percorrendo-lhe o corpo. Nunca, nas suas experincias de intercmbio, tinha sentido coisa parecida. Tomada por uma sacudidela incontrolvel, suspirou profundamente e, de forma instantnea, foi "dominada" por um Esprito. Letci a nunca tinha visto tal coisa: estava consciente, mas seus pensamentos mantinham-se sob o cont role da entidade, que tinha completo domnio da sua psiqu. O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prtica esprita, deu-l he as boas vindas, em nome de Jesus: - Seja bem vindo, irmo, nesta Casa de Caridade, disse-lhe Dr. Anestor. O Esprito respondeu: "Zi-boa noite, zi-fio. Sunc me d licena pra eu me aproxim de seus trabaios, fio?". - Claro, meu companheiro, nosso Centro Esprita est aberto a todos os que desejam p rogredir, respondeu o diretor dos trabalhos. Os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho, Esprito qu e habitualmente comunica-se em terreiros de Umbanda. A entidade comunicante continuou: "Vs mec no tem a uma cachainha pra eu beb, Zi-Fio ?". - No, no temos, disse-lhe Dr. Anestor. Voc precisa se libertar destes costumes que traz de terreiros, o de beber bebidas alcolicas. O Esprito precisa evoluir, continuou o dirigente.

"Vs mec no tem a um pito? T com vontade de pit um cigarrinho, Zi-fio". - Ora, irmo, voc deve deixar o hbito adquirido nas sesses de Umbanda, se queres prog redir. Que benefcios traria isso a voc? O preto-velho respondeu: "Zi-preto vio gostou muito de suas falas, mas sunc e mais alguns dos que aqui esto, no faz uso do cigarro l fora, Zi-fio? Sunc mesmo, no toma suas bebidinhas nos fins de sumana? Vs m ec pode me explic a diferena que tem o seu Esprito que bebe whisky, no fim de sumana, do me u Esprito que quer beber aqui? Ou explic pr mim, a diferena do cigarrinho que sunc queima na r ua, daquele que eu quero pit aqui dentro?". O dirigente no pde explicar, mas ainda tentou arriscar: - Ora, meu irmo, ns estamos num templo esprita e preciso respeitar o trabalho de Je sus. O Esprito do preto-velho retrucou, agora j no mais falando como caipira: "Caro dirigente, na Escola Espiritual da qual fao parte, temos aprendido que o ve rdadeiro templo no se constitui nas quatro paredes a que chamais Centro Esprita. Para ns, estudiosos da alma, o verdadeiro templo o templo do Esprito, e ele que no deve ser profanado com o uso d o lcool e fumo, como vem sendo feito pelos senhores. O exemplo que tens dado sociedade, p erante estranhos e mesmo seus familiares, no tem sido dos melhores. O hbito, mesmo social, de beber e fumar deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lio do prpri o comportamento que fundamental na vida de quem quer ensinar". Houve profundo silncio diante de argumentos to seguros. Pouco depois, o Esprito con tinuou: "Desculpem a visita que fiz hoje e o tempo que tomei do seu trabalho. Vou-me emb ora para o lugar de onde vim, mas antes queria deixar a vocs um conselho: que tomassem cuidado com su as obras, pois, como diria Nosso Senhor, tem gente "coando mosquito e engolindo camelo". Cuidado , irmos, muito cuidado. Deixo a todos um pouco da paz que vem de Deus, com meus sinceros votos de progresso a todos que militam nesta respeitvel Seara". Deu uma sacudida na mdium, como nas manifestaes de Umbanda, e afastou-se para o mun do invisvel. O dirigente ainda quis perguntar-lhe o porqu de falar "daquela forma". No houve resposta. No ar ficou um profundo silncio, uma fina sensao de paz e uma importante lio: lio pa os confrades meditarem. Grupo Esprita Bezerra de Menezes Caixa Postal 1011 So Jos do Rio Preto, Sp Cep. 15025-990 Brasil Tel. (017) 224 7081 (Nacional) +55 17 224 7081 (Internacional) Internet: [email protected]